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Comida enlatada

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A comida enlatada é uma forma de conservação dos alimentos através do seu
acondicionamento apropriado em um recipiente geralmente produzido
em metal.
Atualmente os mais diversos gêneros alimentícios e bebidas são vendidos
enlatados, muitos deles exclusivamente deste modo. Como exemplo podemos
citar o extrato de tomate, o leite condensado, o milho cozido, refrigerantes,
entre outros. Alimentos enlatados podem manter sua qualidade para consumo
por até dois anos.[1]

Índice

 1Método
 2História
o 2.1Cronologia
 3Referências
 4Ligações externas

Método
Atualmente os alimentos enlatados passam por um processo que tem por
objetivo eliminar microorganismos e outros agentes nocivos que podem
comprometer a qualidade do alimento e a saúde de seus consumidores. Entre
os microorganismos nocivos que precisam ser eliminados está o Clostridium
botulinum causador do botulismo.
Primeiramente os alimentos são acondicionados nas latas, que são
preenchidas por água, óleo ou uma solução ácida. Em seguida, as latas são
fechadas hermeticamente e expostas a altas temperaturas e pressões. Todo o
processo é automatizado sendo realizado por máquinas sem requerer contato
manual.[2]
Alguns tipos de alimentos podem receber alguns compostos químicos durante
o processo para melhorar ainda mais o tempo de conservação ou mesmo a
aparência. Carnes enlatadas recebem nitrato de sódio para preservar a sua
cor.

História
Os homens têm buscado formas de melhorar a conservação dos
alimentos para que eles estivessem disponíveis em épocas de pouca produção
ou em locais de difícil abastecimento.
Nicolas Appert

A primeira iniciativa que levou a criação da comida enlatada foi feita


pelo francês Nicolas Appert em 1809[3] atendendo uma convocação
do governo de seu país[4] para levar comida em conservas para a frente de
batalha durante o governo de Napoleão Bonaparte. A estratégia se mostrou um
sucesso e por isso ele recebeu um prêmio de doze mil francos ao publicar suas
idéias num livro. Inicialmente foram empregados vasilhames de vidro grosso ao
invés de latas.[2]
O processo utilizado por Appert é parecido com o atual, envolvendo o
aquecimento da conserva com os recipientes fechados com rolha de cortiça.
Na época seu criador atribuiu a conservação ao fechamento hermético dos
recipientes, algo contestado anos mais tarde por Louis Pasteur em 1846 que
atribuiu a conservação ao fato do processo eliminar os microorganismos
identificados por Anton van Leeuwenhoek.[2]
Tomando conhecimento do processo, Peter Durand o patenteou no Reino
Unido em 1810. No ano seguinte vendeu sua patente para uma empresa que
substituiu os vasilhames de vidro e a rolha de cortiça por latas de ferro
estanhado, iniciando o uso de latas de metal.[4]
Inicialmente as latas não foram amplamente aceitas pelos consumidores pois o
alto preço da lata, a grande oferta de comida fresca e a dificuldade para abrir
as latas desmotivavam o consumo. Curiosamente o abridor de latas foi criado
apenas em 1815[2] e até então as latas precisavam ser abertas
com martelo e talhadeira.
Desde então o processo de produção das latas tem se aprimorado, tornando o
processo de produção mais fácil com menor custo. Passaram a ser largamente
utilizadas em navios durante viagens longas. As latas também marcaram
presença importante em diversos momentos como na Primeira Guerra
Mundial e na Guerra Civil Americana no abastecimento das tropas. Os conflitos
impulsionaram o desenvolvimento de melhores técnicas que mais tarde seriam
aproveitadas com fins civis.
Portugal possui uma longa tradição na preparação de conservas alimentares.
As primeiras fábricas conserveiras instalaram-se nesse país no final do século
XIX. A indústria conserveira portuguesa floresceu nas décadas seguintes,
durante todo o século XX. Na década de 1940, Portugal era o maior exportador
de conservas à escala mundial, tendo o sector se desenvolvido
exponencialmente durante a II Guerra Mundial, dado que esta indústria se
tornaria subsidiária da indústria de guerra[5]. Na actualidade, Portugal continua a
ser um grande produtor e exportador de conservas alimentares, primando pela
excelente qualidade dos seus produtos.
Só em 1935 bebidas passariam a ser vendidas em latas com o surgimento da
primeira cerveja vendida deste modo.
Cronologia
A recente história da conservação de alimentos em latas pode ser assim
resumida nos seguintes eventos:[6]

 1795 - Nicolas Appert criou em Ivry sur Seine a appertização, alimentos


conservados em vidros hermeticamente fechados a 100 °C.
 1810 - Appert publica em 6 mil exemplares "A arte de conservar por vários
anos todas as substâncias animais e vegetais". O inglês Pierre
Durand adapta o método para embalagens metálicas. Em Nantes, Joseph-
Pierre Collin se torna o pioneiro na confecção de latas de sardinhas.
 1815 - Invenção do abridor de latas.
 1824 - Já havia muitas fábricas de sardinha em lata no litoral
da França no Oceano Atlântico.
 1841 - Os britânicos sofisticam a appertização usando estufas
para esterilização e melhoram o controle de qualidade.
 1849 - Surgem as latas de sardinha com abertura por deslocamento e
também por cinta.
 1858 - Ezra Warner, de Waterbury, Connecticut (EUA) patenteia o abridor
de latas.
 1865 - Louis Pasteur enaltece o invento de Warner.
 1869 - Inaugurada a fábrica de sopas enlatadas da Campbell's Co.
 1870 - William Lyman patenteia o abridor de latas por roda cortante.
 1898 - A solda nas latas é substituída por encravamento.
 1920 - Em Toulon surge o primeiro sistema automático para fabricar latas
com três folha de flandres.
 1930 - Na Noruega são criadas as latas de conserva em alumínio.
 1932 - São criadas as latas em folhas de aço com abertura (fita retirada por
"chave") ao longo da lateral das mesmas.
 1935 - Primeira cerveja em lata - Newark, Nova Jersey (EUA).
 1952 - Folhas de aço de menor espessura passam a permitir formas mais
criativas.
 1958 - Surgem as latas de alumínio em duas peças.
 1973 - Latas de abertura fácil e rápida, com tampa destacável.
 1975 - Passa a ser usado o "TFS", aço sem estanho - folhas mais finas,
mais resistentes, menor custo.
 1990 - Tampas "saturno" para latas de patê - em alumínio termosselado,
abertura ao puxar lingueta plástica
 1995 - Tampas "top dot" - lacre plástico que libera a pressão interna.

Referências
1. ↑ «Can Manufacturers Institute» (em inglês)
2. ↑ Ir para:a b c d «Correio Gourmand: História das Conservas»
3. ↑ Esther Inglis-Arkell (27 de novembro de 2017). «Don't lose a finger: The 200-year
evolution of the can opener». Ars Technica. Consultado em 27 de novembro de 2017
4. ↑ Ir para:a b «Portal CSN: História da Lata»
5. ↑ ALMEIDA, Andreia (2015). A Indústria Conserveira de Sesimbra (1933-1945).
Saarbrücken: Novas Edições Académicas. Consultado em 25 de maio de 2016
6. ↑ Revista "Gosto" - Editora Isabella, n.º 9, abril 2010, pg. 93 Walterson Sardenberg"

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