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Faculdade De Veterinária

Departamento de Clínicas

Tema:

Relatório do estágio pré-profissional no Hospital Escolar Veterinário


(HEV) e na clínica privada Veterinários Associados Lda. (VAL)

Caso estudo: Feocromocitoma canino disseminado

Discente: Bijorca Elisa João Nhanala

Supervisor: Profa Doutora Otília Rafael Bata Bambo


Co-Supervisor: Professor Dr. José Manuel da Mota Cardoso
Co-Supervisora: Doutora Gaby Ermelindo Roberto Monteiro

Maputo, Outubro de 2019


Declaração
Eu, Bijorca Elisa João Nhanala, declaro por minha honra que o presente trabalho, com o tema
“Relatório do estágio pré-profissional no Hospital Escolar Veterinário (HEV) e na clínica privada
Veterinários Associados Lda. (VAL) e caso estudo: feocromocitoma canino disseminado”, é da
minha autoria e resultado do meu empenho e esforço, que nunca foi usado para outro propósito
que não seja para a obtenção do grau de licenciatura em Medicina Veterinária.

Maputo, 10 de Outubro de 2019

____________________________________
Bijorca Elisa João Nhanala

i
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
Dedicatória
Dedico este trabalho aos meus pais, João Alberto Nhanala e Sandra Castigo Falcão.

À minha mãe Elisa Alexandre Cumbana in memória.

Aos meus irmãos: Djot Nhanala, Adriano Nhanala, Valdete Nhanala, João Nhanala Jr., Célia
Nhanala e Uwanga Nhanala.

À minha cunhada Carla Comé e ao meu sobrinho Eythan Nhanala.

Aos meus tios: Luisa Alexandre Cumbana e Agostinho Alexandre Cumbana.

Aos meus avós maternos e paternos.

Aos meus primos Abida Ercina, Shaire Jaime e Hélio Nhanala.

À minha Supervisora Profa Doutora Otília Rafael Bata Bambo.

E a mim.

ii
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
Agradecimentos

Em primeiro lugar agradeço a Deus, por ter iluminado meu caminho todos os dias da minha
vida, principalmente durante esta jornada, por doptar-me de saúde, amor, simplicidade,
protecção.
Em segundo lugar aos meus familiares, em especial aos meus pais, irmãos pelo amor
incondicional, por me incutirem a importância da aprendizagem e do desenvolvimento
académico, e por serem os impulsionadores da minha educação, pois sem eles não teria
chegado a este ponto.
À minha supervisora, Profa Doutora Otília Rafael Bata Bambo, pela disponibilidade, supervisão,
apoio ao desenvolvimento deste tema, pela paciência e por ser uma mãe para mim. Aos meus
Co-Supervisores Professor Dr. José Manuel da Mota Cardoso e Doutora Gaby Monteiro pela
disponibilidade e transmissão de conhecimento que permitiram a realização deste trabalho.
Ao Dr. Sérgio Oliveira, proprietário da Clínica VAL, por ter proporcionado a oportunidade de
estagiar na sua clínica e pelos ensinamentos transmitidos.
Aos professores da Faculdade de Veterinária no geral, em especial ao Sector de Medicina
Interna e Patologia Animal, pelos ensinamentos, disponibilidade e profissionalismo.
Aos médicos do Hospital Escolar Veterinário: Dr. Dimande, Dra. Cesaltina, Dra. Mónica, Dr.
Milton, Dra. Denise e Dra. Narcisa.
Aos médicos da Clínica VAL: Dra. Emy, Dra. Mónica Paes, Dra. Salma, Dra. Helga e Dra.
Mafalda pelos ensinamentos e ajuda.
Aos técnicos do Hospital Escolar Veterinário e da Clínica VAL pela recepcção, comodidade,
pelos ensinamentos e pelos momentos de diversão e descontração.
Ao grupo de estagiários que me acompanhou, por toda a ajuda prestada, pela amizade e pelo
trabalho de equipa.
Aos meus amigos, especialmente: Leucina António, Jescka Aleixo, Velosa Monis, Inácio David
e Ercílio Bila.
Aos meus colegas que me acompanharam ao longo do curso, e que tornaram estes 5 anos
memoráveis, especialmente: Dércia, Hagnésio, Augusto, Michele, Edmilson e Paula.
A todos que colaboraram directa ou indirectamente e que por um equívoco não foram citados,
mas que tiveram importância na realização deste trabalho o meu mas sincero obrigado.
A todos os animais que deram entrada no HEV e Clínica VAL, pois sem eles não teria adquirido
todo o conhecimento e prática.
iii
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
Lista de abreviaturas, siglas e símbolos

Abreviaturas e Siglas

ALB – Albumina;
ALT - Alanina aminotransferase;
AST - Aspartato aminotransferase;
Av. - Avenida;
Dr. - Doutor;
Dra. - Doutora;
EDTA - Ácido Etilenodiamino Tetra-Acético;
et al. - E colaboradores;
FA - Fosfatase Alcalina;
FAVET - Faculdade de Veterinária;
FIV/FeLV – Vírus de Imunodeficiência Felina/Leucemia Felina;
fL – Femtolitro;
GGT - Gama Glutamiltranspeptidase;
g/L - Grama por litro;
HCT – Hematócrito;
HE – Hematoxilina e Eosina;
HEV - Hospital Escolar Veterinário;
HGB – Hemoglobina
I-MBG – Meta-iodo-benzil-guanidina;
Km - Quilómetro;
L1 - Primeira vértebra lombar;
L2 - Segunda vértebra lombar;
MAO – Monoamina Oxidase;
MCH - Hemoglobina Corpuscular Média;
MCHC - Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média;
MCV - Volume Corpuscular Médio;
mg/Kg - miligramas por quilo;
mL – Mililitro;
PAAF - Punção aspirativa por agulha fina;
Pg - Picograma;
v
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
PNMT - Feniletanolamina N-metiltransferase;
Profa. - Professora;
Prof. - Professor;
RM - Ressonância Magnética;
SAP - Secção de Anatomia Patológica;
SRD - Sem Raça Determinada;
TAC - Tomografia Axial Computadorizada
TP - Tempo de protrombina;
TVTC - Tumor Venéreo Transmissível Canino;
UEM - Universidade Eduardo Mondlane;
U/L - Unidades por Litro;
VAL - Veterinários Associados Lda;.
WBC - Células Brancas do Sangue;

Simbolos
% - Percentagem;
® - Marca registada;
> - Maior;
< - Menor.

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
Lista de figuras

Figura 1. Vista frontal do HEV.....................................................................................................3


Figura 2. Vista frontal da clínica VAL..........................................................................................4
Figura 3. Localização anatómica da glândula adrenal (Fonseca, 2016)....................................12
Figura 4. Prolapso bilateral da glândula da terceira pálpebra...................................................23
Figura 5. a. Posição ventro-dorsal: massa radiopaca no corpo do ilio e displasia da anca; b.
Posição lateral: osteofitóse........................................................................................................26
Figura 6. Em a e b: Massas tumorais na região lombar; c: Massa tumoral na região
mediastínica; d, e e f: Corte longitudinal das massas tumorais, interior mole deixando escorrer
exsudado mucopurulento...........................................................................................................29
Figura 7. Localização das massas tumorais: a: Mediastínicas; b: Pulmão; c e d: Fígado........30
Figura 8. Fotografias tiradas aquando da fixação da glândula adrenal. Seta mostrando medula
da adrenal direita com massa cor castanho claro......................................................................30

Lista de gráficos
Gráfico 1. Resumo das actividades mais realizadas em cães durante o período de estágio no
HEV.............................................................................................................................................. 7
Gráfico 2. Resumo das actividades mais realizadas em cães durante o período de estágio na
clínica VAL.................................................................................................................................... 8
Gráfico 3. Resumo das actividades realizadas em gatos durante o período de estágio no HEV 8
Gráfico 4. Resumo das actividades realizadas em gatos durante o período de estágio na
clínica VAL.................................................................................................................................... 9
Gráfico 5. Cirurgias realizadas em cães durante o período de estágio no HEV.......................... 9
Gráfico 6. Cirurgias realizadas em cães durante o período de estágio na clínica VAL..............10
Gráfico 7. Cirurgias acompanhadas em gatos durante o período de estágio no HEV...............10
Gráfico 8. Exames complementares de diagnósticos realizados durante o período de estágio
no HEV........................................................................................................................................ 11
Gráfico 9. Exames complementares de diagnósticos realizados durante o período de estágio
na clínica VAL..............................................................................................................................11

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
Lista de pranchas
Prancha 1. a. Glândula adrenal esquerda normal a objectiva de 4X; b. Hiperplasia da medula
adrenal direita. c. Medula adrenal normal (esquerda) com células cromafins redondas,
citoplasma abundante eosinofílico e núcleo central hipercrómico a objectiva de 40X; d. Medula
adrenal anormal (direita) com células cromafins redondas com núcleo central hipercrómico,
citoplasma abundante eosinofílico e células em divisão celular. Coloração HE.......................32
Prancha 2. a. Edema pulmonar; focos múltiplos de diferentes tamanhos com células
neoplásicas a objectiva de 4X; b. Pulmão com células redondas, núcleo redondo central
hipercrómico, citoplasma abundante eosinofílico (característica semelhante às da medula
adrenal) objectiva de 40X: c. Fígado: Hemorragia difusa no parênquima hepático, foco de
células similares às observadas na medula adrenal, pulmão, e massas mediastinais e lombares
(L1-L2) objectiva de 4X; d. Figado com células similares às observadas na medula adrenal,
pulmão, e massas mediastinais e lombares (L1-L2) e degenerescência hidrópica a objectiva de
20X. Coloração HE................................................................................................................... 33
Prancha 3. a. Massas metastáticas: proliferação de tecido conjuntivo com aspecto de ilhas
(Objectiva de 4X); b. Foram observadas células similares as da medula adrenal direita objectiva
de 20X. Coloração HE.............................................................................................................. 34

Lista de tabelas
Tabela 1 - Principais patologias que afectam as adrenais.........................................................14
Tabela 2. Classificação do feocromocitoma (Bohannon e Mauldin, 2001; Queiroz et al., 2017)17
Tabela 3. Manifestações clínicas de acordo com o excesso de catecolaminas em cães com
feocromocitoma......................................................................................................................... 18
Tabela 4. Manifestações clínicas de acordo com o efeito de massa, invasão local e metástases
em cães com feocromocitoma...................................................................................................18
Tabela 5. Resumo dos principais meios utilizados para o diagnóstico do feocromocitoma.......20
Tabela 6. Patologias a ter em conta no diagnóstico diferencial do feocromocitoma em cães e
humanos.................................................................................................................................... 21
Tabela 7. Resultado do exame hematológico............................................................................24
Tabela 8. Resultado do exame bioquímico...............................................................................25
Tabela 9. Patologias que foram tidas em conta durante o diagnóstico......................................28
Tabela 10. Lesões macroscópicas observadas durante a necrópsia........................................31

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
Índice
1. Introdução............................................................................................................................ 2

2. Objectivos:............................................................................................................................ 5

2.1. Objectivo geral..................................................................................................................5

2.2. Objectivos específicos......................................................................................................5

3. Descrição das actividades realizadas durante o estágio......................................................6

3.1. Actividades realizadas......................................................................................................6

4. Resultados........................................................................................................................ 7

4.1. Estágio.............................................................................................................................. 7

5. Revisão bibliográfica........................................................................................................... 12

5.1. Características da glândula adrenal................................................................................12

5.2. Histologia e Fisiologia.....................................................................................................13

5.3. Feocromocitoma............................................................................................................. 14

5.3.1. Características.....................................................................................................14

5.3.2. Etiologia............................................................................................................... 15

5.3.3. Fisiopatologia.......................................................................................................15

5.3.4. Classificação........................................................................................................ 16

5.3.5. Epidemiologia.......................................................................................................17

5.3.6. Sinais clínicos.......................................................................................................17

5.3.7. Diagnóstico........................................................................................................... 19

5.3.8. Diagnóstico diferencial.........................................................................................21

5.3.9. Tratamento........................................................................................................... 21

5.3.10. Prognóstico.......................................................................................................22

6. Relato do caso clínico.........................................................................................................23

7. Exames complementares...................................................................................................24

8. Diagnóstico diferencial........................................................................................................28

9. Exame post-mortem/Necrópsia..........................................................................................29
ix
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
10. Histopatologia................................................................................................................. 32

11. Diagnóstico definitivo......................................................................................................34

12. Diagnóstico diferencial....................................................................................................34

13. Discussão....................................................................................................................... 35

14. Conclusões..................................................................................................................... 39

15. Recomendações............................................................................................................. 40

16. Referências Bibliográficas...............................................................................................41

x
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
I. Resumo

O presente trabalho relata as actividades realizadas durante o estágio supervisionado para a


obtenção do grau de licenciatura em Medicina Veterinária, realizado no Hospital Escolar
Veterinário (H.E.V.), da Faculdade de Veterinária Universidade Eduardo Mondlane (U.E.M.) e
na clínica Veterinários Associados Lda. (VAL). As actividades realizadas foram:
acompanhamento de casos clínicos e intervenções cirúrgicas; realização de exames
complementares (exame clinico geral, hematologia, coprologia, urinálise) e os exames de
diagnóstico por imagem (radiografia, ultrassonografia). As consultas mais assistidas foram as
de medicina preventiva e gastroenterologia, e os exames complementares mais frequentes
foram hematologia, coprologia e ecografia, nas espécies canina e felina. Descreveu-se um
caso sobre feocromocitoma canino. O feocromocitoma é um tumor das células cromafins da
medular adrenal, secretoras de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina). O trabalho relata
um caso de feocromocitoma, numa cadela de raça resultante do cruzamento de Labrador x
Leão da Rodésia, 7 anos, cuja queixa principal foi a falta de apetite, letargia e depressão. O
exame hematológico revelou leucocitose. Ao exame radiográfico observou-se uma massa ao
nível do corpo do ilio direito, e a ultrassonografia revelou a presença de três massas redondas,
com aspecto hipoecogénico, áreas anecogénicas, com contornos definidos de 6,5 cm x 4 cm
de diâmetro, cranialmente à bexiga, dificultando a visualização do rim direito. Na laparotomia
exploratória observaram-se massas tumorais próximas à veia cava abdominal, constituindo
assim um risco cirúrgico. Após consentimento do proprietário foi realizada a eutanásia e o
cadáver encaminhado para a Secção de Anatomia Patológica (SAP) da Faculdade de
Veterinária, para a realização do exame post-mortem (necrópsia). Após análise histopatológica
das neoplasias, diagnosticou-se feocromocitoma disseminado.

Palavras-chave: Estágio, cães, medula adrenal, tumor da adrenal, feocromocitoma.

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
Parte 1. Relatório do estágio pré-profissional no Hospital Escolar
Veterinário (HEV) e na clínica privada Veterinários Associados Lda. (VAL)

1. Introdução
O estágio é uma forma de complementar, desenvolver e aperfeiçoar as competências do saber
fazer e saber estar, interligar a teoria com a prática, de modo a permitir a integração em novas
áreas ocupacionais no domínio da formação profissional ou académica. Por outro lado, permite
a troca de experiências e conhecimento dos obstáculos que o recém graduado enfrentará no
dia-a-dia da sua profissão. O estágio supervisionado foi realizado no Hospital Escolar
Veterinário (HEV) da Faculdade de Veterinária (FAVET) da UEM, com a supervisão da Profa.
Doutora Otília Rafael Bata Bambo e na Clínica privada VAL pelo Professor Dr. José Manuel da
Mota Cardoso, nas áreas de cirurgia, laboratório clínico e clínica médica de pequenos animais,
no período de três meses. Na Secção de Anatomia Patológica (SAP) foi supervisionado pela
Doutora Gaby Ermelindo Roberto Monteiro.
A descrição que segue resume as actividades acompanhadas e realizadas durante o estágio
pré-profissional que teve uma duração de 3 meses (1 de Abril a 30 de Junho 2019).

1.1. Descrição dos Locais de Estudo

1.1.1. O Hospital Escolar Veterinário (H.E.V.)

O HEV é uma unidade hospitalar de ensino, investigação e prestação de serviços médico-


veterinários, pertencente à FAVET e subordinada ao seu Director, dotada de autonomia
financeira. O hospital conta com um corpo clínico que é constituído por nove membros (três da
secção de Medicina Interna, dois da secção de reprodução e quatro de cirurgia) e quinze
enfermeiros e pessoal auxiliar. O HEV está localizado no bairro Luís Cabral, Avenida de
Moçambique Km 1,5 na Cidade de Maputo (figura 1). Possui as seguintes infra-estruturas: Um
edifício principal, também designado complexo clínico-cirúrgico, que possui um gabinete para
administração, dois gabinetes para clínicos da secção de Cirurgia, três casas de banho, das
quais uma foi reconvertida em câmara escura para a revelação das chapas radiográficas; três
enfermarias: uma para cães e gatos; uma para médios animais (composta por dois gabinetes
para os clínicos de Medicina Interna, um laboratório e uma pequena farmácia) e uma para
grandes animais (constituída por dois gabinetes para clínicos de Reprodução animal e um
laboratório); Um pavilhão para animais que tenham suspeita de doenças infecto-contagiosas

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
com dois gabinetes clínicos; Um anfiteatro para aulas; Um refeitório com uma pequena cozinha
e uma lavandaria do complexo clínico-cirúrgico. Também existem os serviços de Consulta
Externa e instalações anexas, localizado na Av. Emília Daússe, número 1695, composta por
um gabinete de administração, uma sala de consultas, um gabinete para o clínico em serviço,
um laboratório, uma enfermaria e sala de enfermeiros (Santos, 2003).

Figura 1. Vista frontal do HEV

1.1.2. Clínica Veterinários Associados Limitada (VAL)

A VAL é uma clinica Veterinária vocacionada no atendimento de pequenos animais. Destaca-se


pela oferta de serviços de atendimento de pequenos animais e disponibilidade de meios
auxiliares de diagnóstico como: Raio-x digital, ultrassonografia, endoscopia, urinálise,
hematologia e bioquímica. A equipa da clínica VAL é composta por sete médicos, dois
enfermeiros, dois auxiliares de enfermagem, quatro tratadores, um analista e dois técnicos de
tosquia. Localiza-se na Av. Ho Chi Min, número 438, Maputo (figura 2). É composta por dois
consultórios, um centro cirúrgico, uma farmácia, dezasseis canís de internamento e
hospedagem, uma enfermaria, um escritório para os médicos, uma recepção, duas casas de
banho, uma lavandaria e um refeitório.

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
Figura 2. Vista frontal da clínica VAL

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
2. Objectivos:

2.1. Objectivo geral


 Desenvolver e aperfeiçoar as competências teórico-práticas, de modo a permitir a
integração em clínica de pequenos animais no domínio da formação académica e
profissional.

2.2. Objectivos específicos


 Acompanhar as actividades de rotina, como são os casos clínicos e as intervenções
cirúrgicas, bem como as análises laboratoriais:coprologia, hematologia, urinálise e os
exames complementares de diagnóstico por imagem: radiografia e ultrassonografia.

 Descrever detalhadamente um caso de feocromocitoma canino disseminado: sua


apresentação clínica, laboratorial, imagiológica e anátomo-patológica.

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
3. Descrição das actividades realizadas durante o estágio
O estágio foi realizado em dois locais nomeadamente: HEV e VAL e obedeceu ao seguinte
horário: das 8 às 12 horas no HEV (consultas de urgência) e das 14:30 às 16:30 na Consulta
Externa de segunda à sexta e aos sábados das 8:00 às 12:00 na Consulta Externa. E na clínica
VAL as actividades foram realizadas em dias alternados (segundas, quartas e sextas) no
horário das 14:30 às 18:30.

3.1. Actividades realizadas


A parte clínica do estágio consistiu no acompanhamento de consultas, casos clínicos,
realização da anamnese, exame clínico dos animais e procedimentos médicos, tais como:
administração de fármacos de entre eles: vacinas, desparasitantes, antibióticos e anestésicos;
cateterização venosa, tratamento de feridas e alimentação. Também houve a possiblidade de
realizar exames complementares nomeadamente citologia, otoscopia, raspado cutâneo,
hematologia, bioquimica, urinálise, radiografia e ultrassonografia; e testes rápidos de
diagnóstico para as seguintes enfermidades: vírus de imunodeficiência felina (FIV) e leucemia
felina (FeLV) e parvovirose.
Na área de oncologia foi também possível participar no tratamento quimioterápico de sete
animais com tumor venéreo transmissível canino.
No âmbito de cirurgia foram realizadas as seguintes actividades:

o Preparação do paciente: administração de fármacos na pré-medicação


anestésica, tricotomia, assépsia e antissépsia.
o Ajudante na cirurgia, assim como anestesista.
o Tratamento pós-operatório (acompanhamento da recuperação, aferição diária da
temperatura, medicação, tratamento local da ferida cirúrgica, observação diária
até à retirada dos pontos de sutura).

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
4. Resultados

4.1. Estágio
As consultas com maior assistência no HEV e clínica VAL foram as de medicina preventiva e
gastroenterologia em canídeos e felídeos conforme os gráficos 1, 2, 3 e 4.
No âmbito cirúrgico, as intervenções mais realizadas em cães e gatos foram ao nível do
sistema reprodutor (vide gráficos 5, 6 e 7).

HEV
Ortopedia
5% 3% 3% Sistema reprodutor
Oncologia
2% 5%
2% Dermatologia
Sistema digestivo/gastroen-
terologia
20
% Medicina preventiva
Nutrição
60% Outros: corte de unha, banho
estetico

Gráfico 1. Resumo das actividades mais realizadas em cães durante o período de estágio no
HEV.

7
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
VAL

1 Dermatologia
4% 4 Sistema digestivo/gastroen-
24% % terologia
Medicina preventiva
Nutrição
12% Aparelho auditivo
Outros: corte de unha, banho
5% 41% estetico

Gráfico 2. Resumo das actividades mais realizadas em cães durante o período de estágio na
clínica VAL

HEV

Ortopedia
9% 9% Sistema digestivo/gastroen-
9% terologia
Uronefrologia
27% Medicina preventiva
Nutrição
36% Outras: Corte de unha, banho
9% estetico

Gráfico 3. Resumo das actividades realizadas em gatos durante o período de estágio no HEV

8
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
VAL

Ortopedia
11% Sistema digestivo/gastroen-
4% 4% terologia
Uronefrologia
22% Medicina preventiva
22%
Nutrição
Outras: Corte de unha, banho es-
tetico
11% 4% Dermatologia
Aparelho auditivo
22%

Gráfico 4. Resumo das actividades realizadas em gatos durante o período de estágio na


clínica VAL

HEV

6%
12% Ovariohisterectomia
Drenagem de abcesso
12% 47% Oftalmologia
Oto-hematoma
Ortopedia
24%

Gráfico 5. Cirurgias realizadas em cães durante o período de estágio no HEV

9
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
VAL

29% Ovariohisterectomia
43% Gastrotomia
Drenagem de Abcessos
Oftalmologia
14%
14%

Gráfico 6. Cirurgias realizadas em cães durante o período de estágio na clínica VAL

HEV

22%
Ovariohisterectomia
Orquidectomia

78%

Gráfico 7. Cirurgias acompanhadas em gatos durante o período de estágio no HEV

Nota: Na Clínica VAL não acomponhou-se nenhuma cirurgia em gatos, pois muitas delas
aconteciam no período de manhã (sendo que o estágio decorria no período da tarde).
Dos exames complementares, os mais realizados foram a hematologia e coprologia no HEV
(gráfico 8); hematologia e ultrassonografia na clínica VAL (gráfico 9). Na hematologia os
resultados encontrados indicavram maioritariamente anemia e leucocitose. Quanto aos
exames coprológicos foram visualizados maioritariamente ovos de ancylostoma, toxocara e
coccidia.

10
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
O teste rápido mais realizado em felinos foi de FIV/FeLV.

HEV

3% 5%
1%
1% Ultrassonografia
Raio-X
Hemograma
Coprologia
46% 45% Urinálise
Liquido orgânico

Gráfico 8. Exames complementares de diagnósticos realizados durante o período de estágio


no HEV

VAL

6% Ultrassonografia
Raio-X
8% 2% 23% Hemograma
9% Coprologia
Urinálise
15% Liquido orgânico
Testes rápidos
38%

Gráfico 9. Exames complementares de diagnósticos realizados durante o período de estágio


na clínica VAL

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
Parte 2. Caso estudo: Feocromocitoma canino disseminado

5. Revisão bibliográfica

5.1. Características da glândula adrenal


As glândulas adrenais são um par de órgãos endócrinos, localizadas crânio-medialmente aos
rins (figura 3). Estas glândulas têm por função preparar o organismo para situações de stress,
conceito conhecido como resposta de luta ou fuga, ou reacção de alerta. Durante o stress
agudo, as catecolaminas mobilizam glicose e ácidos graxos como fonte de energia, e preparam
o coração, pulmões e músculos para agir, enquanto os glucocorticoides do córtex protegem
contra reações exageradas do organismo durante a resposta. Frente a um stress mais crónico
(privação de alimento ou água), as hormonas adrenocorticais estimulam a gliconeogénese para
manter a glicemia, e aumentar a reabsorção de sódio de forma a manter o volume hídrico
corporal (Fonseca, 2016; Pöppl, 2017).

Glândula adrenal direita

Figura 3. Localização anatómica da glândula adrenal (Fonseca, 2016)

A glândula adrenal é constituída por uma cápsula e duas camadas: a cortical (na periferia) e a
medular (no centro), sendo que a parte medular representa 10 a 20% da glândula e a cortical
80 a 90% (Silva, 2005; Fonseca, 2016).
A camada cortical divide-se em três zonas celulares distintas que são: zona glomerular (25%
do córtex), zona fasciculada (60%) e zona reticular (15%). Estas três zonas controlam a
produção de hormonas esteroidais derivadas do colesterol. Na zona glomerular ocorre a
produção de mineralocorticoides (aldosterona), na fasciculada de glicocorticoides (cortisol e
corticosterona) e na zona reticular são produzidas as hormonas sexuais ou esteróides

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
androgénicos (estrogénio, progesterona e andrógenos). Na camada medular são produzidas as
catecolaminas: dopamina, adrenalina e noradrenalina (Silva, 2005; Tochetto, 2015).

5.2. Histologia e Fisiologia


A medula corresponde a um quarto da dimensão total da glândula adrenal, desenvolve-se
durante a fase embrionária (crista neural) como parte do sistema nervoso. As suas principais
funções são: síntese, armazenamento (nas vesículas secretoras ou grânulos cromafins) e
libertação de catecolaminas (adrenalina, noradrenalina e dopamina) (Fonseca, 2016; Pöppl,
2017).
O seu parênquima é comparado a um gânglio simpático modificado, especializado na
libertação neuro-hormonal. É constituído por células modificadas denominadas feocromócitos
ou células cromafins (Fonseca, 2016).

A denominação cromafins, é devida à presença de grânulos citoplasmáticos, de coloração


amarelo-acastanhado, quando sujeitas a fixação com agentes que possuem ácido crómico
(reacção cromafim). Estas células apresentam forma poligonal e organizam-se em cordões ou
aglomerados arredondados em torno dos capilares sanguíneo (Fonseca, 2016; Queiroz et al.,
2017). Existem dois tipos de células cromafins: as produtoras de adrenalina e outras de
noradrenalina. No cão, sensivelmente 70% das células cromafins secretam adrenalina (60%
nos gatos e em humanos cerca de 80%), enquanto que as restantes 30% secretam
noradrenalina (Reusch, 2016; Pöppl, 2017).

Grande número das células cromafins encontra-se na medula adrenal, porém podem estar
presentes nos gânglios simpáticos do sistema nervoso autónomo, cérebro, epitélio intestinal,
pele, junto à aorta e nas três camadas do córtex e cápsula da glândula (células cromafins
extra-adrenais com características morfológicas e funcionais semelhantes às células cromafins
presentes na medula adrenal) (Fonseca, 2016).
As principais alterações/doenças que afectam as adrenais encontram-se resumidas na tabela 1
(Tochetto, 2015).

13
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
Tabela 1 - Principais patologias que afectam as adrenais

Distúrbio Alteração Síndromes

Clínica
Desenvolvimento Degenerativa Inflamatória Circulatória Proliferativa Neoplasica Adrenocorticismo

Agenesia unilateral Amiloide Adrenalite Hemorragia Hiperplasia  Corticais Hipo e Hiper


Hipoplasia do córtex Mineralização Telangiectasia Hipertrofia Adenoma
Atrofia idiopática Mielolipoma
Carcinoma
Medulares
Feocromocitoma
Neuroblastoma
Ganglioneuroma

As neoplasias são consideradas as principais patologias da medula adrenal, dentre as quais a


mais comum em cães, tem origem nas células cromafins e é denominada feocromocitoma
(Fonseca, 2016; Pöppl, 2017).

5.3. Feocromocitoma

5.3.1. Características
O feocromocitoma é uma neoplasia neuroectodérmica rara, das células cromafins
(feocromócitos) da medula adrenal, que biossintetizam, armazenam, metabolizam e secretam
altas concentrações de catecolaminas (adrenalina, noradrenalina) e seus metabólitos ( Paturle
e Silva, 2002; Ângelo e Paiva, 2008; Thangapandiyan et al., 2014; Reusch, 2016; Pires, 2017).
Em humanos, a catecolamina produzida é a noradrenalina, mais do que a adrenalina ou
mistura de ambas, facto observado em cães (Bohannon e Mauldin, 2001; Manger, 2006;
Reusch, 2016).
Embora descrito em diversos animais domésticos e em humanos, é uma neoplasia bastante
rara, e pode ocorrer associada normalmente a outras doenças como hiperadrenocorticismo,
diabetes mellitus e outras neoplasias, o que torna difícíl o seu diagnóstico presuntivo (Paturle e
Silva, 2002; Couto e Nelson, 2006; Palm et al., 2006; Coelho et al., 2011; Pöppl, 2017). O
termo feocromocitoma deriva do grego: phaios (escuro), chroma (cor) e cytoma (tumor)
(Fonseca, 2016).
Grande parte dos casos de feocromocitomas em animais é identificada de forma acidental
durante a cirurgia ou exame post-mortem, pois os sinais clínicos são pouco específicos, visto
14
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
que os feocromocitomas funcionais são raros em animais, ao contrário do que é observado em
humanos (Bohannon e Mauldin, 2001; Carvalho et al., 2004; Couto e Nelson, 2006; Ângelo e
Paiva, 2008).
Em humanos, a maioria dos feocromocitomas são benignos, a taxa de malignidade varia de 5 a
35% e, em cães é mais de 50% (Fonseca, 2016).
Em cães, os sinais são: perda de peso, anorexia, taquipneia, letargia, depressão e colapso, e
em humana hipertensão sistémica, que leva a cefaleia, palpitações e sudorese (Coles, 1986;
Gilson et al., 1994; Thangapandiyan et al., 2014)
Ocorre como tumor solitário, com tamanho variável, unilateral (10% bilateral), multilobulados,
firmes e encapsulados, com coloração variável de castanho claro a amarelo e rosa ou
vermelho, devido à necrose e áreas hemorrágicas (Bohannon e Mauldin, 2001; Couto e Nelson,
2006; Ângelo e Paiva, 2008; Coelho et al., 2011; Queiroz et al., 2017).

5.3.2. Etiologia
Este tumor geralmente é benigno, sendo considerado maligno nas seguintes condições (Couto
e Nelson, 2006; Palm et al., 2006; Queiroz et al., 2017):
i) Massa de diâmetro superior a dois centímetros;
ii) Metástase para as células não-cromafins (linfonodos regionais, baço, rim, pâncreas,
peritoneu, pulmão, coração, coluna vertebral, ossos e cérebro);
iii) Compressão de órgãos adjacentes;
iv) Compressão e invasão de vasos adjacentes (veia cava, artéria/veia frénica-
abdominal, artéria/veia adrenal, a aorta, artéria/veia renal e veia hepática).

5.3.3. Fisiopatologia
A adrenalina e a noradrenalina são as catecolaminas mais secretadas pela medula adrenal,
sendo que a dopamina é produzida em menor quantidade. Devido à falta de inervação, a
secreção de catecolaminas nos feocromocitomas funcionais geralmente é paroxística
(momento de intensificação de secreção de catecolaminas) devido a alterações no fluxo
sanguíneo, produtos químicos ou fármacos ou pressão directa sobre o tumor (palpação
abdominal) (Bohannon e Mauldin, 2001; Queiroz et al., 2017).
A síntese de adrenalina e de noradrenalina inicia com a hidroxilação da tirosina em dopa,
passo limitante na taxa da síntese de catecolaminas. A noradrenalina é a hormona responsável
pela inibição da acção da tirosina hidroxilase (Bohannon e Mauldin, 2001; Fonseca, 2016). Em
casos de feocromocitoma não se verifica o feedback negativo pela noradrenalina. Este facto
15
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
deve-se ao incremento da actividade da tirosina hidroxilase ou à rápida metabolização da
noradrenalina, interferindo negativamente na concentração da hormona. Desta forma, os níveis
desta hormona serão insuficientes para garantir o feedback negativo (Bohannon e Mauldin,
2001; Fonseca, 2016).
De acordo com Capen (2002), a noradrenalina é a principal catecolamina encontrada nos
feocromocitomas em cães, devido à baixa concentração da enzima feniletanolamina N-
metiltransferase (PNMT) quando comparado com a medula adrenal normal. As catecolaminas
secretadas exercem seus efeitos fisiológicos interagindo com receptores (α e β) nos tecidos-
alvo (Bohannon e Mauldin, 2001; Fonseca, 2016).

Este tumor pode libertar outras hormonas e péptidos: a adrenocorticotropina, somatostatina,


factor natriurético atrial, péptido intestinal vasoactivo, neuropeptídeo Y, endotelina-1. Em
humanos, os feocromocitomas também podem produzir citocinas inflamatórias (interferons,
interleucinas) (Reusch, 2016).
A elevação da pressão arterial induzida pela secreção súbita de catecolaminas pode ocasionar
a insuficiência cardíaca congestiva aguda, edema pulmonar, enfarte do miocárdio, fibrilação
ventricular e hemorragia cerebral (Bohannon e Mauldin, 2001; Fonseca, 2016).

Os tumores não funcionais também podem produzir sinais clínicos devido à compressão e
invasão de órgãos e vasos adjacentes. Possui como complicações secundárias: trombose da
veia caudal, tromboembolismo aórtico, ruptura espontânea do tumor, paresia secundária à
compressão da medula espinhal, arritmias, hipertrofia cardíaca ou hipertensão sistémica. Cerca
de 15-38 % dos feocromocitomas invadem a veia cava caudal, causando ascite, edema de
membros posteriores ou distensão das veias epigástricas caudais (Fonseca, 2016; Queiroz et
al., 2017).

5.3.4. Classificação
Os feocromocitomas podem ser classificados de acordo com a sua funcionalidade, localização
e grau de malignidade (tabela 2).

16
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
Tabela 2. Classificação do feocromocitoma (Bohannon e Mauldin, 2001; Queiroz et al., 2017)
Critérios
Funcionalidade Localização Malignidade
Funcional: catecolaminas Unilteral: uma adrenal Benigno: sem metástase, <2 cm
Não funcional: sem catecolaminas Bilateral: ambas adrenais Maligno: metástase, >2 cm

5.3.5. Epidemiologia
O feocromocitoma é frequente em humanos, cães e raro em gatos, ratos, bovinos, ovelhas e
cavalos (Coles, 1986; Malachias, 2002; Ângelo e Paiva, 2008; Thangapandiyan et al., 2014;
Queiroz et al., 2017). Na espécie canina, este tumor representa cerca de 0,01 a 0,13 % em
relação os tumores que afectam esta espécie (Carvalho et al., 2004; Coelho et al., 2011).
Ocorre em animais com idade compreendida entre 1 a 18 anos, sendo mais frequente em cães
geriátricos (10 a 11 anos), sem predisposição por raça ou sexo (Palm et al., 2006; Seixas e
Alho, 2013; Fonseca, 2016; Queiroz et al., 2017). Embora alguns autores não descrevam a
predileção racial, as raças Poodle miniatura, Pastor alemão, Boxer, Golden Retriever, Labrador
Retriever, Pinscher e cães sem raça definida (SRD) são descritas como as que apresentam
maior predisposição (Carvalho et al., 2004; Pöppl, 2017; Queiroz et al., 2017). Em animais com
distúrbios metabólicos, como o hiperadrenocorticismo, algumas células cromafins da medula
adrenal são expostas excessivamente ao sangue venoso da cortical, estimulando a síntese de
catecolaminas e promovendo a hiperplasia ou neoplasia da medula adrenal (Queiroz et al.,
2017). Em humanos, 20-30% dos feocromocitomas são considerados hereditários (Palm et al.,
2006; Reusch, 2016).

5.3.6. Sinais clínicos


A secreção de catecolaminas é o principal responsável pelo quadro clínico (tabela 3), seguida
pelo efeito da massa, invasão local do tumor e a presença de metástases (tabela 4) (Fonseca,
2016; Queiroz et al., 2017). Cerca de 50% dos animais permanecem assintomáticos (Carvalho
et al., 2004; Couto e Nelson, 2006; Fonseca, 2016; Pöppl, 2017; Queiroz et al., 2017). Os sinais
clínicos estão referenciados na tabela 3 e 4 (Gilson et al., 1994; Couto e Nelson, 2006;
Marcasso et al., 2011; Ham, 2017).

17
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
Tabela 3. Manifestações clínicas de acordo com o excesso de catecolaminas em cães com
feocromocitoma

Sistema afectado Sinais clínicos


Não específicos Anorexia, perda de peso, letargia
Cardiorrespiratório e/ou Taquipneia/arfar, dispneia, taquicardia, arritmias, colapso,
hipertensão membranas mucosas pálidas, hemorragias, cegueira súbita
Fraqueza, ansiedade, desorientação, ataxia/incoordenação,
Neuromuscular
tremores musculares, convulsões.
Retinopatia hipertensiva, midríase, hemorragia ou
Ocular
descolamento da retina com cegueiras úbita

Outros Poliúria/polidipsia, vómito, diarreia, dor abdominal

Tabela 4. Manifestações clínicas de acordo com o efeito de massa, invasão local e metástases
em cães com feocromocitoma

Sinais clínicos

Efeito de massa Distensão abdominal, ascite e edema dos membros posteriores


Invasão local
Letargia grave aguda, taquipneia, fraqueza, colapso,
Ruptura do tumor taquicardia, mucosas pálidas, aumento do tempo de
reenchimento capilar e abdómen doloroso

Metástases

Cérebro Convulsões e outros sinais do SNC

Canal vertebral Paraparésia, dor na coluna vertebral, ataxia

Osso Claudicação, tumefação, dor local

18
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
5.3.7. Diagnóstico
O diagnóstico de feocromocitoma divide-se em três etapas (Pereira et al., 2004; Fonseca,
2016):

1) Diagnóstico clínico: Baseia-se na recolha de dados epidemiológicos tais como: raça,


idade, sinais, duração da doença, histórico da doença actual e anteriores; observação do
estado geral do animal. Observação de outros sinais como a distensão abdominal, como
consequência do efeito de massa, invasão incluíndo o tamanho do tumor. Durante a
auscultação cardíaca pode-se detectar sopro sistólico, assim como taquicardia e arritmia, e
à auscultação pulmonar taquipneia.
Cerca de 90% dos humanos com feocromocitoma apresentam hipertensão sistémica. Em
cães, esta informação é escassa devido à falta de monitorização. Nos cães com
feocromocitoma a hipertensão sistémica varia, não consistindo num sinal patognomónico. É
importante salientar que os achados do exame físico não são suficientemente específicos
para o diagnóstico definitivo do feocromocitoma, e normalmente estão associados à
senilidade.

2) Exames laboratorias: Estes exames (hemograma, bioquímica e urinálise) são importantes


para descartar doenças concomitantes. O diagnóstico bioquímico e a urinálise permitem
a mensuração da concentração de catecolaminas plasmáticas e seus metabólitos.

3) Diagnóstico topográfico: Permite a detecção de massas adrenais e sua infiltração em


tecidos adjacentes (órgãos e vasos). Estes meios de diagnóstico do feocromocitoma
possuem vantagens e desvantagens que estão resumidos na tabela 3 (Manger, 2006;
Turcios, 2015; Moore e Aird, 2016; Desmas, 2017).

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
Tabela 5. Resumo dos principais meios utilizados para o diagnóstico do feocromocitoma
Método Vantagem Desvantagem

Detecção de tumores Limitação: tumores com


Radiológico
Posições extra-adrenais localizações incomuns.

Método propedêutico
Ultrassonografia Não é rotineiro
Disponibilidade e praticabilidade
Tomografia Não é rotineiro
Axial Indisponível
Detecção de tumor adrenal
Computadorizada Custo elevado
(TAC)
Ressonância Detecção de tumores extra-adrenais Não é rotineiro
Magnética (intra-cardíacos). Indisponível
(RM) Realização em gestantes Custo elevado
Não é rotineiro
Tumores extra-adrenais e metástases Limitação: alergia
Cintigrafia contraste
Detecção de tumores (< 2cm)
Custo elevado
Outros
Testes
Supressão com clonidina, estímulo com glucagon e metoclopramida.
funcionais Uso limitado em cães, inacessível e custo elevado

Bioquimica Detecção de níveis plasmáticos e urinários de catecolaminas e


metabólitos: adrenalina, noradrenalina, metanefrina, normetanefrinas e
Urinálise
ácido vanililmandélico.
Necrópsia Achados macroscópicos (cor, consistência, tamanho e metástases)

Histopatológica Confirmação após adrenalectomia- achados histopatológicos:


morfologia celular, e figuras de mitose.
Os testes funcionais e as técnicas imagiológicas utilizadas em humanos são de uso limitado em
Medicina Veterinária devido à sua inacessibilidade e custo elevado (Fonseca, 2016).

5.3.8. Diagnóstico diferencial


Devido a inespecificidade dos sinais clínicos e resultados dos exames complementares, o
feocromocitoma pode ser confundido com diversas patologias como ilustra a tabela 4.

20
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
Tabela 6. Patologias a ter em conta no diagnóstico diferencial do feocromocitoma em cães e
humanos.

Diagnóstico diferencial Cães Humanos

Hipertensão arterial
 
(inibidores do MAO)

Hiperadrenocorticismo  

Tumor Adrenocortical  

Neuroblastoma  

Ganglioneuroblastoma  

Infecções agudas (Adrenalite  


relacionada a doença
sistêmica)

Quistos renais  

Hiperplasias nodulares  

5.3.9. Tratamento

i. Cirúrgico
A técnica cirúrgica consiste na adrenalectomia da glândula afectada e retirada total de todos os
focos de tecido tumoral, em casos de localização extra-adrenal, constitui o único tratamento
definitivo do feocromocitoma (Birchard et al., 1994; Couto e Nelson, 2006; Fonseca, 2016;
Queiroz et al., 2017). Para o tratamento cirúrgico é necessário o conhecimento dos fármacos
hipotensores adequados para uso nos períodos pré e intra-operatório, pois o controlo
hemodinâmico é importante para um bom prognóstico (Fonseca, 2016).
A fenoxibenzamina é um antagonista α-adrenérgico, não-selectivo e não-competitivo. Este
fármaco não bloqueia a síntese de catecolaminas, mas sim a resposta α-adrenérgica das
catecolaminas circulantes. Tem as seguintes funções: corrige a vasoconstrição crónica, auxilia
na expansão do volume sanguíneo e controlo da pressão arterial (Fonseca, 2016).
O hipotensor mais utilizado é a fenoxibenzamina uma a duas semanas antes da cirurgia até
atingir a normotensão (dose inicial em cães, é de 0,25 mg/kg, devendo ser aumentada
gradualmente, a cada dois ou três dias até um máximo de 2,5 mg/kg, duas vezes por dia)
(Birchard et al., 1994; Couto e Nelson, 2006; Fonseca, 2016; Queiroz et al., 2017).
21
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
Para o tratamento da taquicardia ou taquiarritmia que podem ocorrer durante o período pré-
cirúrgico, pode usar-se o propanolol que é antagonista β-adrenérgicos (Fonseca, 2016).
Deve-se ter especial atenção durante o procedimento cirúrgico devido à instabilidade
hemodinâmica provocada por este tumor (Marcasso et al., 2011). Neste período, são descritas
outras complicações tais como: hipertensão, taquicardia grave; arritmias cardíacas,
hemorragias, hipotensão (Fonseca, 2016).

ii. Tratamento sintomático ou tratamento de suporte


Desempenha um papel importante em pacientes em que a cirurgia está contraindicada devido
a metástase, dimensão, doenças concomitantes graves, incluíndo restrições económicas. Este
tratamento segue o mesmo protocolo que a preparação pré - cirúrgica, em que recomenda-se o
uso de fenoxibenzamina e propanolol (Couto e Nelson, 2006; Fonseca, 2016).

iii. Quimioterapia e radioterapia


Estes procedimentos apresentam sucesso limitado em medicina humana, sendo que o seu uso
em medicina veterinária foi pouco reportado (Faiçal e Shiota, 1997; Manger, 2006; Fonseca,
2016).
Para a quimioterapia os citostáticos usados são: ciclofosfamida, sulfato de vincristina e
dacarbazina (Manger, 2006). O uso da radioterapia com Meta-iodo-benzil-guanidina (I-MBG)
reduz o tamanho do tumor e a secrecção de catecolaminas que é útil para a redução de
metástase no esqueleto (Manger, 2006).

5.3.10. Prognóstico
Tumores passíveis de excisão cirúrgica apresentam prognóstico que varia de bom à reservado,
devido à alta taxa de morbilidade e mortalidade associada à cirurgia. Em 50% ou mais dos
casos varia de reservado a desfavorável, pois não é possível a remoção cirúrgica deste tumor
devido à invasão ou metástases através da veia cava caudal (Couto e Nelson, 2006; Coelho et
al., 2011; Pöppl, 2015).
O prognóstico pode também ser influenciado por outros factores tais como: a presença e
natureza de doenças concomitantes; tamanho do tumor, metástases; duração da cirurgia e
actividade endócrina do tumor (Couto e Nelson, 2006; Fonseca, 2016; Queiroz et al., 2017).
Com a cirurgia consegue-se um período de sobrevivência de aproximadamente três anos após
a remoção cirúrgica completa, desde que não haja metástase. Porém, é preciso frisar que

22
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
muitos cães são submetidos à eutanásia ou morrem antes da identificação do feocromocitoma
(Couto e Nelson, 2006; Oliveira et al., 2009).

6. Relato do caso clínico


No dia 10 de Abril de 2019, deu entrada na clínica VAL uma cadela de raça resultante do
cruzamento de Labrador x Leão da Rodésia, sete anos, com peso vivo de 41 kg, cuja queixa do
dono era falta de apetite (comia pouco), letargia e depressão há uma semana. Durante o
exame clínico observou-se que o animal apresentava-se deprimido, letárgico e com prolapso
bilateral das glândulas da terceira pálpebra (figura 4).

Figura 4. Prolapso bilateral da glândula da terceira pálpebra

Exame fisico
Ao exame físico, o paciente apresentava 24 movimentos respiratórios por minuto, 112
pulsações por minuto e 39,2º C de temperatura rectal. As mucosas estavam rosadas, o tempo
de reenchimento capilar inferior a 2 segundos e durante a palpação dos linfonodos, não foram
observadas anormalidades. A palpação abdominal sentiu-se uma massa.
Após o exame clínico geral foram realizados os seguintes exames complementares:
hematológico e bioquímico; radiográfico; ultrassonográfico e laparotomia exploratória.

23
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
7. Exames complementares

I. Hematologia e Bioquímica

®
Após desinfecção com solução de povidato de iodo a 5% (Oberdine , OberonPharmaPty,
RSA), realizou-se a venopunção na veia cefálica, com auxílio de uma seringa de 5 ml e uma
agulha 21G. Uma parte (2ml) foi colocada em um tubo com anticoagulante Ácido
Etilenodiamino Tetra-Acético (EDTA) para a hematologia e a outra parte (3ml) em um tubo sem
anticoagulante para a análise bioquímica. Para a leitura dos parâmetros hematológicos e
bioquímicos foi utilizado o analisador IDEXXlaser.
Ao exame hematológico observou-se uma ligeira policitemia e leucocitose, caracterizada por
uma neutrofilia e monocitose (vide perfil na tabela 7). A bioquímica não apresentou nenhuma
alteração (vide perfil na tabela 8).

Tabela 7. Resultado do exame hematológico


Resultado
Referência
Parâmetros 10.04.1 17.04.19
(Meyer et al., 1992)
9
WBC (x109/L) 20,61 14,17 5,50 – 16,90
Linfócitos (x109/L) 0,89 0,89 0,50 –4,90
Monócitos (x109/L) 2,26 1,42 0,30 – 2,00
Neutrófilos (x 109/L) 17,34 11,68 2,00 – 12,00
Eosinófilos (x109/L) 0,11 0,17 0,10 – 1,49
Basófilos (x109/L) 0,01 0,02 0,00 – 0,10
HGB (g/dL) 15,3 17,5 12,0 – 18,0
MCV (fL) 69,4 75,7 60,0 – 77,0
MCH(pg) 22,5 23,0 18,5 – 30,0
MCHC(g/dL) 32,4 30,3 30,0 – 37,5
HCT (%) 47,1 57,8 37,0 – 55,0
HGB - Hemoglobina; MCV - Volume Corpuscular Médio; MCH - Hemoglobina Corpuscular
Média; MCHC - Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média e HCT - Hematócrito.

24
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
Tabela 8. Resultado do exame bioquímico
Referência
Parâmetro Resultado
(Meyer et al., 1992)
ALB (g/L) 28 23 – 40
AST (U/L) 11 0 – 50
ALT (U/L) 18 10-100
FA (U/L) 133 23 – 212
Urea (mmol/L) 5,2 2,5-9,6
Creatinina (umol/L) 114 44 – 159
GGT (U/L) 0 0–7
Globulina (g/L) 36 25 – 45
TP (g/L) 64 52 – 82
ALB - Albumina; AST - Aspartato aminotransferase; ALT - Alanina aminotransferase; FA -
Fosfatase alcalina - GGT: Gama Glutamiltranspeptidase e TP - Tempo de protrombina.

Os resultados do exame bioquímico não revelaram nenhuma alteração embora


macroscopicamente tenham sido observadas metástases em um dos orgãos avaliados a nível
bioquímico (fígado) o que tornou evidente a inespecificidade dos resultados bioquímicos para o
diagnóstico do feocromocitoma.

II. Radiografia

Para a realização do exame radiográfico usou-se o raio-x digital da marca Poskom. O animal foi
colocado em posição lateral e ventro-dorsal, fez-se incidir o raio-x sobre o abdomén do animal,
por forma a gerar as duas imagens.

Ao resultado radiográfico foi observada uma massa abdominal radiopaca no corpo do ilio direito
(A) e osteofitóse (b) (vide figura 5).

25
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
a b

Figura 5. a. Posição ventro-dorsal: massa radiopaca no corpo do ilio e displasia da anca; b.


Posição lateral: osteofitóse

III. Ultrassonografia

Para a realização da ultrassonografia usou-se o ultrassom da marca SIUI. Após a realização da


tricotomia, desde a cartilagem xifóide até a pelve, o paciente foi colocado em decúbito dorsal.
Posteriomente aplicou-se o gel e deslizou-se o transdutor sob a pele para visualização dos
orgãos internos.

Resultado: a nível abdominal foram observadas massas arredondadas, aspecto hipoecogénico


e áreas anecogénicas, com 6,5 cm x 4 cm de diâmetro, localizadas cranialmente à bexiga, que
impediam a visualização do rim direito.

No dia 6 de Maio o animal retornou à clínica. Continuava com falta de apetite e apático.

Terapia de suporte/sintomático

Como tratamento imediato, foi realizado uma antibioterapia com base em amoxicilina 250 mg e
àcido clavulânico (synolox®, Zoetis, South Africa) na dose de 12,5 mg/kg (Bula da Zoetis),
divididas em tomas (duas vezes ao dia) durante 7 dias para corrigir a neutrofilia e monocitose.
E prednisolona 5 mg (prednisolona, Intermed, India) na dose de 1 mg/Kg, que é um anti-
inflamatório esteroidal.

Também foi administrado um suplemento nutricional (procaína/vitamina - Gerivet®, Kyron,


South Africa) específico para animais com sintomas de senilidade.

26
Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
IV. Laparotomia exploratória

No dia 22 de Maio foi realizada uma laparotomia exploratória para auxiliar o diagnóstico
definitivo.

a) Protocolo Anestésico

Pré-medicação: antibioterapia, na base de penicilina procaínica benzantínica (Procaben LA®,


Venray, Holland), na dose de 1mL/10kg, pela via intramuscular e meloxicam 20 mg
(Metacam®,Boehringer Ingelheim, Brasil), na dose de 0,2 mg/kg, pela via subcutânea.

Indução anestésica: com propofol 1 % (Propofol®, Phar e Vide, India), na dose de 4 mg/kg,
pela via endovenosa, seguida de intubação endotraqueal.

Manutenção anestésica: com isoflurano (Isoflurano®, Baxter healthcare corporation, USA)


administrado juntamente com oxigénio em circuito fechado.

Durante todo o acto cirúrgico foi feita fluidoterapia com solução fisiológica NaCl 0,9 %.

b) Procedimento cirúrgico

A preparação cirúrgica consistiu na colocação do animal em decúbito dorsal, lavagem e


®
desinfecção da região abdominal com solução de povidato de iodo a 5% (Oberdine ,
OberonPharmaPty, RSA) após a tricotomia. Posteriormente procedeu-se à colocação dos
panos de campo e foi realizada uma aproximação pela linha alba (abertura de cerca de 10 cm)
2 cm abaixo do umbigo.

Resultado: foram visualizadas massas crânio-medialmente ao rim direito, 10 cm de diâmetro,


vascularizada e próxima à veia cava caudal abdominal, tornando o prognóstico mau.
Após a exploração da cavidade abdominal a fim de identificar a patologia e sua extensão,
procedeu-se ao fechamento da ferida cirúrgica. A aproximação dos músculos foi feita através
de pontos isolados simples, com poliglatina (Vicryl® 2−0, Johnson & Johson, International).
Depois, seguiu-se a sutura intradérmica com poliglatina (Vicryl® 2−0, Johnson & Johson,
International), com uma sutura contínua simples, e a pele foi suturada com pontos isolados
simples, com nylon (Nylon® 3−0, Medgut, R.S.A.).

c) Pós-operatório
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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
Terminada a cirurgia realizou-se a limpeza da ferida cirúrgica, com peróxido de hidrogénio 6%
(peróxido de hidrogénio®, Kyron, South Africa), e aplicou-se uma pomada a base de vitamina E,
lanolin e clorexidina (Madaji rich milking cream®, Kyron, South Africa).

Nota: Devido ao tamanho, distribuição e localização das massas visualizadas na cavidade


abdominal, prognóstico foi considerado mau.

Após consentimento do proprietário, realizou-se a eutanásia e o cadáver foi encaminhado a


Secção de Anatomia Patológica da FAVET para realização da necrópsia e análise
microscópica das lesões. Para eutanásia foi administrado propofol 1 % (Propofol®, Phar e Vide,
India) por via endovenosa.

8. Diagnóstico diferencial
De acordo com sinais clínicos, achados do exame clínico e complementares, para o
diagnóstico foram consideradas as seguintes patologias (tabela 9)

Tabela 9. Patologias que foram tidas em conta durante o diagnóstico

Patologias Sinais/Semelhanças

Tumor da adrenal Anorexia, letargia e depressão;


Abcesso Leucocitose e massa
Hemangiossarcoma Anorexia, letargia, depressão e massa.

Quisto Massa

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
9. Exame post-mortem/Necrópsia
Após a eutanásia do animal no dia 22 de Maio, o animal foi encaminhado para a Secção de
Anatomia Patológica (SAP) para a realização do exame de necrópsia.

Durante a necrópsia foram visualizadas massas no pulmão, região mediastínica, fígado,


medula adrenal direita e região lombar. As massas tinham consistência firme, eram
encapsuladas, cor variável (medula adrenal: castanho claro e as restantes rosa) (figuras 6, 7 e
8).

Aspectos macroscópicos

a b c

d e f

Figura 6. Em a e b: Massas tumorais na região lombar; c: Massa tumoral na região


mediastínica; d, e e f: Corte longitudinal das massas tumorais, interior mole deixando escorrer
exsudado mucopurulento.

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
a b

c d

Figura 7. Localização das massas tumorais: a: Mediastínicas; b: Pulmão; c e d: Fígado.

Figura 8. Fotografias tiradas aquando da fixação da glândula adrenal. Seta mostrando medula
da adrenal direita com massa cor castanho claro.

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
As características das lesões observadas durante a necrópsia estão resumidas na tabela 8

Tabela 10. Lesões macroscópicas observadas durante a necrópsia


Figura 6 Figura 8 Figura 7
(Tumor (Metástase)
primário)
Orgão
Massas tumorais
(mediastínicas e Adrenal direita Pulmão Fígado
lombares)
Cor rosa
Massa medular Edema e Hepatomegalia e
Lesão/ Firme
(cor castanho massas massas
Característica Capsula
claro) pulmonares (cor hepaticas (cor
s Ao corte: exsudado
rosa) rosa)
mucopurulento

Após a realização da necrópsia foram colhidas amostras no pulmão, fígado, massas


(mediastino e região lombar) e intestino, conservadas em formalina a 10% para posterior
preparação e observação microscópica (Figura 6, 7 e 8).

A preparação das amostras consistiu na clivagem, posteriormente passou-se para etapa de


desidratação que consistiu na retirada da água dos tecidos. Após a desidratação fez-se a
inclusão em parafina para formação de blocos firmes que permitem-se à obtenção de cortes
finos dos tecidos. Após a obtenção de cortes fez-se a motangem nas lâminas.

As lâminas foram secadas na estufa. Posteriormente coloradas com Hematoxilina e Eosina


(HE), montagem e observação microscópica.

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
10. Histopatologia
As figuras das pranchas 1, 2 e 3 ilustram as anormalidades microscópicas observadas nos
tecidos colhidos durante a necrópsia.

a b

c d

Prancha 1. a. Glândula adrenal esquerda normal a objectiva de 4X; b. Hiperplasia da medula


adrenal direita. c. Medula adrenal normal (esquerda) com células cromafins redondas,
citoplasma abundante eosinofílico e núcleo central hipercrómico a objectiva de 40X; d. Medula
adrenal anormal (direita) com células cromafins redondas com núcleo central hipercrómico,
citoplasma abundante eosinofílico e células em divisão celular. Coloração HE.

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
a b

c d

Prancha 2. a. Edema pulmonar; focos múltiplos de diferentes tamanhos com células


neoplásicas a objectiva de 4X; b. Pulmão com células redondas, núcleo redondo central
hipercrómico, citoplasma abundante eosinofílico (característica semelhante às da medula
adrenal) objectiva de 40X: c. Fígado: Hemorragia difusa no parênquima hepático, foco de
células similares às observadas na medula adrenal, pulmão, e massas mediastinais e lombares
(L1-L2) objectiva de 4X; d. Figado com células similares às observadas na medula adrenal,
pulmão, e massas mediastinais e lombares (L1-L2) e degenerescência hidrópica a objectiva de
20X. Coloração HE.

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
a b

Prancha 3. a. Massas metastáticas: proliferação de tecido conjuntivo com aspecto de ilhas


(Objectiva de 4X); b. Foram observadas células similares as da medula adrenal direita objectiva
de 20X. Coloração HE

11. Diagnóstico definitivo


Após os achados macroscópicos: presença de massas com diferentes localizações, coloração,
e forma, incluindo a avaliação microscópica das mesmas, concluiu-se que tratava-se de um
feocromocitoma canino, disseminado para o pulmão, fígado, mediastino e região lombar, entre
as L1 e L2.

12. Diagnóstico diferencial


 Neuroblastoma
 Ganglioneuroma

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
13. Discussão
Estágio

O estágio foi importante pois permitiu desenvolver e aperfeiçoar as competências teórico-


práticas.
A guarda responsável é a condição na qual o proprietário atende às necessidades ambientais,
físicas e psicológicas do animal, bem como evita que ele provoque acidentes, transmita
doenças ou cause quaisquer danos à comunidade ou ao ambiente. O bem-estar animal
significa: um animal em boas condições, saudável, confortável, bem alimentado, seguro, capaz
de expressar sua forma inata de comportamento, sem dor e medo (Jorge et.al., 2018). Durante
o período de estágio foi constatado que os proprietários preocuparam-se com o bem-estar
animal, sendo a área mais solicitada em cães assim como em gatos a de medicina preventiva
que consistia na vacinação e desparasitação.

Caso clínico
O feocromocitoma é uma neoplasia das células cromafins (feocromócitos) da medula adrenal,
caracterizada pela secreção de altas concentrações de catecolaminas (adrenalina,
noradrenalina) e seus metabólitos (Paturle e Silva, 2002; Couto e Nelson, 2006; Ângelo e
Paiva, 2008; Fonseca, 2016; Pires, 2017).

Quanto à faixa etária de ocorrência do feocromocitoma existe uma controvérsia. Ocorre em


cães geriátricos com 10 a 11 anos (Palm et al., 2006; Seixas e Alho, 2013, Fonseca, 2016;
Queiroz et al., 2017), enquanto que Reusch (2016), descreveu que a maioria dos cães tem 7
anos ou mais. Estes dados corroborram com os resultados do presente caso que ocorreu numa
cadela de 7 anos.

Embora não exista predisposição racial, alguns autores descreveram a ocorrência em algumas
raças tais como: Poodle miniatura, Pastor alemão, Boxer, Golden retriever, Labrador retriever,
Pinscher e SRD (Carvalho et al., 2004; Fonseca 2016; Pöppl, 2017; Queiroz et al., 2017). A
raça animal do presente caso encontrase dentro do grupo de risco ao tratar-se de uma cadela
de raça resultante do cruzamento entre um Labrador e Leão da Rodésia.

Os sinais clínicos dos animais com feocromocitoma são inespecíficos, sendo os mais
observados a fraqueza generalizada, letargia e depressão (sinais manifestados em várias
patologias) dificultando assim o diagnóstico presuntivo (Thangapandiyan et al.,2014; Fonseca,

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
2016; Queiroz et al., 2017). A queixa principal do presente caso foi depressão, letargia e falta
de apetite, sinais que corraboram com o descrito na literatura. A fraqueza e/ou letargia são
causadas pela atrofia muscular devido à alteração no metabolismo dos carbohidratos e
proteínas incluindo as metástases ao nível do cérebro e do pulmão (Fonseca, 2016).
A prolapso da glândula da terceira pálpebra, também conhecida como membrana nictitante,
“olho de cereja” (cherry eye) é uma patologia que geralmente afecta cães com menos de um
ano de idade (Santos et al., 2012; Lorenset et al., 2018). Autores descreveram como causas: a
fragilidade dos ligamentos que unem a glândula ao globo ocular, neoplasias, ou em decorrência
de doenças sistêmicas como raiva e tétano ou devido à Síndrome de Horner (Moore, 1993;
Menezes, 2007). No presente caso o prolapso da terceira pálpebra provavelmente deveu-se ao
processo neoplásico (feocromocitoma disseminado).

Os achados bioquímicos e hematológicos do presente caso foram inespecíficos tal como é


referido na literatura (Thangapandiyan et al.,2014; Pöppl, 2017; Queiroz et al., 2017).
Fonseca (2016) descreveu que durante a avaliação dos resultados hematológicos, alterações
como anemia não regenerativa ou policitemia, trombocitose ou trombocitopenia e leucocitose
com neutrofilia podem ser observadas. No presente caso, observou-se uma policitemia e
leucocitose caracterizada por neutrofilia e monocitose. A policitemia é devida à diminuição do
volume plasmático, secundária à vasoconstrição periférica induzida pelas catecolaminas. E
quanto à leucocitose caracterizada por neutrofilia, é resultado da diminuição da migração dos
neutrófilos do sangue para os tecidos, induzida pelas catecolaminas, ou devido à necrose e
inflamação provocadas pelo tumor (Fonseca, 2016; Pöppl, 2017).

Para o diagnóstico diferencial do feocromocitoma é necessário a realização de um exame


clínico minucioso coadjuvado com as técnicas de diagnóstico por imagem e dosagens de
catecolaminas (Queiroz et al., 2017). Para o presente caso foram usados os exames
hematológico, bioquímico, radiográfico e ultrassonográfico.
Muitos casos de feocromocitomas em animais são identificados de forma acidental durante a
cirurgia ou exame post-mortem, pois os sinais clínicos são inespecíficos, porque
feocromocitomas funcionais são raros em animais, ao contrário do que é observado em
humanos (Carvalho et al., 2004; Couto e Nelson, 2006; Ângelo e Paiva, 2008; Almeida e
Silva, 2009; Fonseca, 2016; Pöppl, 2017). No presente caso, o diagnóstico presuntivo foi feito
através da laparotomia, sendo o definitivo obtido através da histopatologia.

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
A necrópsia é um método importante para elucidar a causa da morte assim como a extensão
da patologia. Embora a sua realização não contribua para a instituição da terapêutica
individual, é útil para fornecer dados epidemiológicos, e quando se trata de um grupo de
animais, com base nos resultados, pode-se instituir medidas preventivas e ou terapêuticas para
os demais animais (Gonçalves e Salgado, 2011). No presente caso, a necrópsia serviu para a
colheita de dados sobre o feocromocitoma tais como: aspecto, localização e extensão.
O feocromocitoma usualmente ocorre de forma unilateral e afecta a adrenal direita (Carvalho et
al., 2004; Couto e Nelson, 2006; Ângelo e Paiva, 2008; Fonseca, 2016). O que coincide com o
observado no presente caso.
O tamanho do feocromocitoma varia de 0,5 cm á 10 cm de diâmetro, podendo atingir dimensão
superior a dez centímetros (Couto e Nelson, 2006; Ângelo e Paiva, 2008; Coelho et al., 2011;
Queiroz et al., 2017). No presente caso, o tamanho das massas tumorais foi variável sendo:
quatro, oito e as maiores com dez centímetros de diâmetro.

Os feocromocitomas normalmente têm consistência firme e são encapsulados, e a cor varia de


castanho claro a amarelo e/ou rosa a vermelho, por causa da hemorragia e necrose (Capen,
2002; Coelho et al., 2011; Fonseca, 2016; Queiroz et al., 2017). No presente caso, a massa da
medula adrenal, apresentava cor castanho claro, que é a forma usual do feocromocitoma
descrita na literatura. As massas resultantes de metástase apresentaram características
distintas. Assim, as localizadas no mediastino e próximas às L1 e L2, eram de consistência
firme, encapsuladas, coloração rosa, deixando escorrer exsudado mucopurulento, enquanto
que as localizadas no fígado e pulmão eram firmes, de coloração rosa e não encapsuladas.

Microscopicamente, as células dos feocromocitomas variam de pequenas a grandes, redondas


a poliédricas, similar às células medulares normais, isto é: com citoplasma abundante,
levemente eosinofílico a basófilo, núcleo hipercromático, com células em actividade mitótica
variável (Coelho et al., 2011; Fonseca, 2016), achados também observados no presente caso,
chegando-se à conclusão de tratar-se de um feocromocitoma unilateral (direito) disseminado.

Estudos retrospectivos demonstraram a ocorrência de metástases em 14 a 23% dos casos de


feocromocitomas em cães (Almeida e Silva, 2009). A presença de metástases geralmente
ocorre para os pulmões, fígado, baço, linfonodos regionais, pâncreas, coração, rim e esqueleto
axial (Faiçal e Shiota, 1997; Capen, 2002; Carvalho et al., 2004; Couto e Nelson, 2006; Coelho
et al., 2011 e Fonseca, 2016). Os dados descritos na literatura corraboram com o encontrado
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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
no presente estudo, onde foram observadas metástases para os pulmões, fígado, mediastino e
região lombar onde as massas encontravamse aderidas às vértebras L1 e L2, factos estes que
levaram à classificação do feocromocitoma como maligno.

O tratamento de eleição para o feocromocitoma é a remoção cirúrgica da glândula adrenal


envolvida (adrenalectomia). Porém esta decisão é influenciada por factores como presença de
metástases, aderências aos orgãos adjacentes, aliado ao risco anestésico-cirúrgico (Almeida e
Silva, 2009; Marcasso et al., 2011). No presente caso não foi possível a remoção das massas
tumorais devido aos seguintes factores: aderências às L1 e L2, proximidade da veia cava
caudal abdominal, metástase pulmonar, hepática e mediastínica, risco anestésico-cirúrgico,
associado à má condição geral do paciente e à inexperiência na manipulação do
feocromocitoma. Por isso surgiu a ideia de descrevê-lo como caso clinico, para que sirva não
só como trabalho de culminação de estudos para a candidata como também a comunidade
clínica e científica.

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
ante mortem no cão do presente rela

14. Conclusões
1. O estágio foi importante pois permitiu desenvolver e aperfeiçoar as competências do saber
fazer e saber estar por forma a interligar a teoria com a prática. Foi o momento de colocar à
prova todo o aprendizado adquirido durante o curso, mostrando a nossa capacidade de
adaptação á diversas situações. A rotina hospitalar, as dificuldades encontradas, a tomada
de decisão, a condução de um caso de maneira ética, lidar com sentimentos dos
proprietários e os próprios sentimentos, fez desenvolver habilidades que não são ensinadas
na sala de aula e sim com a prática.
2. A realização deste estudo permitiu actualizar os aspectos clínico-patológicos e terapêuticos
do feocromocitoma em cães.
3. O diagnóstico do feocromocitoma é um desafio, pois é um tumor de ocorrência rara no cão
e requer um alto grau de conhecimento clínico. Tem sido identificado de forma acidental
durante a ultrassonografia abdominal, laparotomia, ou necropsia sendo o diagnóstico ante-
mortem extremamente raro.
4. Os achados bioquímicos e hematológicos foram inespecíficos.
5. O diagnóstico presuntivo foi feito com base na radiografia, ultrassonografia e laparatomia
exploratória, e o conclusivo através do exame histopatológico.

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
15. Recomendações

Ao HEV:
 Ao pessoal clínico é importante realizar o exame de triagem completo, isto é, colher
máximo da história, pois é de grande utilidade no diagnóstico e algumas doenças não
possuem sintomatologia específica.
 Recomenda-se a aquisição de outros meios de diagnóstico, em particular os testes
rápidos (FIV/FeLV, Parvovirose, Erlichiose).
 Devemos também incentivar a discussão e publicação de casos clínicos entre os
médicos veterinários.
 Adoptar medidas de separação no atendimento de animais saudáveis e animais com
doenças infecto-contagiosas.
 Preenchimento adequado das fichas de necrópsia

A VAL:
 Continue sempre a inovar.
 Publicação de casos clínicos.

A Secção de Anatomia Patológica:


 Introdução de novas técnicas de diagnóstico como a imunohistoquímica.
 Recomenda-se a colheita de mais orgãos durante a necrópsia, pois algumas patologias
não apresentam lesões macroscópicas.

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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala
16. Referências Bibliográficas
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Elaborado por: Bijorca Elisa João Nhanala

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