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Unidade 04 Design Thinking
Unidade 04 Design Thinking
Introdução
O termo design thinking é utilizado nos mais diferentes cenários, desde
áreas de gestão da saúde até setores de desenvolvimento de novos
produtos nas indústrias. No entanto, o conceito ainda é muito ques-
tionado, principalmente em relação a como ele pode ser aplicado aos
modelos de negócios, auxiliando nos processos de inovação das empresas
e instituições.
Atualmente, com a grande oferta de produtos e serviços no mercado,
é preciso que as empresas inovem no que apresentam ao consumidor,
seja por meio de um novo produto ou facilitando a usabilidade de um
existente. Com isso, as empresas precisam pensar em soluções, focando
na melhoria da experiência do usuário.
Neste capítulo, você vai aprender sobre os conceitos de design thinking,
as etapas e ferramentas dessa metodologia e os exemplos de onde é
possível aplicá-la.
A escola Bauhaus foi fundada em 1919, por Walter Gropius, na Alemanha. Uma das
grandes contribuições para o desenvolvimento do design no século XX está nesta
máxima: a forma segue a função.
Você pode conhecer um pouco mais sobre a história da IDEO no site da empresa,
disponível no link a seguir.
https://goo.gl/isWAln
O design thinking é uma metodologia utilizada por muitas áreas, e alguns autores
podem apresentar três etapas, em vez de cinco. Isso não significa que o modelo está
incorreto ou incompleto, mas que as informações estão aglutinadas em uma mesma
etapa, de forma que esse processo seja apresentado da maneira mais clara possível
para todos os envolvidos.
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É importante que você saiba que, apesar de esse processo apresentar uma
estrutura sequencial, isso não significa que você e a sua equipe não poderão
voltar a uma etapa anterior para revisá-la sempre que for necessário.
A informação tende a diminuir ao longo do processo, já que a ideia é
ir diminuindo e selecionando as melhores ideias para a solução final, que
contemple as necessidades dos usuários. As fases e as suas características
são descritas a seguir.
Empatia
É quando inicia o processo, isto é, a etapa de levantamento de dados. Nesse mo-
mento, você deve buscar reunir o maior número de informações sobre o produto
ou serviço que está desenvolvendo. Buscar os usuários do produto ou serviço é
fundamental, assim como questionar os pontos fracos do produto e analisar como
esse usuário interage com ele. Por exemplo, se for uma embalagem de sabão
para roupas, você pode verificar desde como esse produto está apresentado no
seu local de venda (expositores) até a maneira como o consumidor o condiciona
em sua residência (se guarda dentro de armários ou deixa exposto, por exemplo).
Toda essa parte observacional servirá para que você tenha subsídios para
gerar novas ideias. Essa é a fase na qual você vai perceber o que falta no
produto ou serviço analisado, por meio das necessidades do usuário — que
nem sempre são ditas por ele. Ferramentas interessantes para a fase de em-
patia são questionários sobre a usabilidade do produto ou mapas de atores
(consiste em organizar graficamente as relações existentes entre os usuários
de um serviço). Dependendo do público com o qual você está trabalhando, o
storytelling serve como uma opção para que as pessoas consigam construir
narrativas de problemas por meio do discurso.
Definição
Após ter realizado o levantamento de dados, é preciso trabalhar com esses dados,
ou seja, interpretá-los com o objetivo de definir o problema que será solucionado
ao final. É importante delimitar esse problema, de forma a não desenvolver
um projeto que não atenda às questões levantadas na fase anterior. Algumas
ferramentas que podem ser utilizadas para definir o problema de pesquisa são
os mapas conceituais, com o objetivo de apresentar aos envolvidos uma visão
geral da problemática. Para essa ferramenta, é interessante realizar um trabalho
coletivo, no qual todos os colaboradores possam expressar a sua visão. Ao final,
todos conseguem enxergar o problema a partir de uma perspectiva coletiva.
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Ideação
Depois de definida a problemática a ser solucionada, é o momento de começar
a buscar soluções. A etapa de ideação — ou de idear — é o momento em que a
equipe se reúne para, de maneira coletiva, apresentar ideias. Nesse momento,
todos da equipe devem gerar muitas ideias com o objetivo de solucionar o
problema. Quanto maior for a quantidade de ideias apresentadas, maiores as
possibilidades de inovação no que está sendo desenvolvido.
No entanto, essa etapa costuma apresentar algumas dificuldades, pois
algumas pessoas da equipe se sentem desconfortáveis e inseguras ao apresentar
as suas ideias, com receio de que não sejam boas. É preciso desmistificar isso
para os colaboradores e explicar que não existem ideias ruins em um processo
criativo. A solução para um problema geralmente é o produto de várias ideias
trabalhadas, que geram o resultado da problemática.
Uma ferramenta útil nessa fase é o brainstorming (ou tempestade de ideias).
A equipe pode organizar, por exemplo, um quadro com post-its para que sejam
colocadas as ideias. É importante que sejam respostas curtas, e que essa atividade
ocorra de forma dinâmica. Após apresentar a problemática, é interessante pedir para
que cada membro apresente um mínimo de dez ideias para resolver esse problema.
Outra ferramenta válida para auxiliar o processo criativo é a thinkpak.
Trata-se de uma ferramenta para realizar o brainstorming apresentada por
Michalko (2006): cartas propõem questões para os colaboradores da equipe,
com o objetivo de que pensem de maneira diferente daquela a que estão
habituados. Durante a etapa de ideação, essas ferramentas são aliadas a fim
de melhorar o processo criativo da equipe e gerar as ideias.
Prototipação
Essa é a etapa em que se começa a dar forma à solução esperada. Após analisar
as ideias apresentadas na etapa anterior, inicia-se o processo de selecionar as
ideias que são viáveis de serem aplicadas a essa problemática.
Aqui consideram-se fatores tecnológicos, econômicos, entre outros que
podem inviabilizar o desenvolvimento da ideia. A equipe pode ter pensado
como solução um tecido tecnológico que mantenha a pele resfriada, por exem-
plo, mas se a empresa não dispõe de recursos ou não tem interesse em investir
nesse tipo de tecnologia, a solução torna-se inviável.
A prototipação é o momento de materializar as ideias. No caso do desenvolvi-
mento de novos produtos, é interessante fazer maquetes e protótipos 3D — tudo
vai depender da disponibilidade da empresa para investir em maquetes. Essas
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maquetes podem ser desde simulações feitas pelo computador até protótipos
ou modelos funcionais em escala 1:1. É importante considerar que, quanto mais
próximo da realidade o protótipo, maiores são as chances de ajustar possíveis
problemas antes de iniciar a produção.
Teste
Essa é a última etapa, mas ela não deve ser esquecida ou diminuída pela equipe.
Após ter desenvolvido o protótipo do produto, o teste é o momento no qual é
verificada a usabilidade desse produto. É nessa etapa que é possível observar
a relação do usuário com esse produto — se a solução encontrada resolve de
fato a problemática inicial do processo.
Nesse momento, apesar de constituir a validação da solução, também ocor-
rem ajustes, se necessário, antes de apresentar o resultado. É interessante nessa
etapa ter como ferramenta questionários que identifiquem as problemáticas
apresentadas no início do projeto. Outras ferramentas interessantes de serem
aplicadas são as utilizadas na administração e no marketing, como a matriz
FOFA (forças, oportunidades, fraquezas e ameaças) ou ainda um estudo de
tendências. No caso de um novo produto ou serviço que foi desenvolvido, essas
ferramentas ajudam a validar esse produto em relação ao mercado.
Essas etapas representam a construção da solução dentro do design thinking.
É importante que você lembre que o usuário está presente durante essas cinco
etapas, a fim de garantir que as suas demandas foram atendidas.
Outro ponto é o processo criativo empregado nessa metodologia. Para
realizar um projeto desse modo em uma empresa, é necessário trabalhar o
mindset (mentalidade) dos envolvidos. É preciso que haja um envolvimento
por parte de todos os envolvidos para o êxito de projetos que tenham como
foco as necessidades do design.
https://goo.gl/56G11A
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A empresa Telefônica utiliza o design thinking como uma referência para melhorar a
experiência do usuário com o seu serviço: a partir da usabilidade com o serviço, são
desenvolvidas as melhorias.
Esses exemplos nos permitem pensar que é uma necessidade latente das
empresas investirem em pesquisa e desenvolvimento nas demandas que as
instituições possuem. Ao investir no processo de design thinking, a empresa
poderá apresentar um maior retorno financeiro no longo prazo, já que a ten-
dência é que, ao conhecer as demandas reais do usuário, as empresas fidelizem
e absorvam novos usuários.
Ao longo deste capítulo, você pôde aprender sobre os conceitos do design
thinking e como isso vem sendo aplicado no âmbito das empresas. Você pode
utilizar essa metodologia tanto para inovar em um novo produto, serviço ou
até mesmo em um processo interno da empresa que precise de melhorias
como para melhorar o fluxo de comunicação entre diferentes setores de
uma fábrica.
Outro segmento que utiliza o design thinking são as instituições de ensino.
Essa atenção por parte dessas instituições acontece em função das dificuldades
que o ensino tem em gerar envolvimento do estudante com o processo de ensino
na atualidade. Logo, o design thinking pode ser utilizado com o objetivo de
reunir as equipes dentro das escolas para gerar novas soluções para a maneira
como é trabalhado o processo de ensino e aprendizagem.
Ainda dentro da educação, o design thinking pode servir como uma ferra-
menta para identificar a proposta de valor da instituição atuando diretamente
na gestão. Para a instituição, isso é importante para que ela entenda o seu
diferencial mercadológico em relação às outras, por exemplo.
A partir desses exemplos, você pode concluir como essa metodologia está
modificando a estrutura das grandes e pequenas marcas. O design thinking é
uma metodologia inovadora porque trata de entender o que o usuário precisa,
ou seja, foca na experiência e na usabilidade do produto. Esse é o grande
diferencial, comparado com outras metodologias que desenvolvem produtos
sem esse olhar criativo.
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A marca Havaianas, que já é conhecida em nível mundial pelas suas sandálias, resolveu
investir em outros tipos de produtos, como toalhas, acessórios de praia e bolsas. Para
isso, utilizou o design thinking para criar a sua estratégia no mercado internacional. O
desafio da Havaianas era descobrir o que seria a identidade do Brasil. Após realizar
entrevistas com usuários brasileiros e não brasileiros, a fim de ter coerência com o que
o mercado internacional considera como identidade brasileira, a marca desenvolveu
um protótipo, que foi apresentado no São Paulo Fashion Week.
Leituras recomendadas
BROWN, T. Design Thinking en español. Disponível em: http://www.designthinking.es/
inicio/index.php. Acesso em: 5 mar. 2019.
JOHNSON, S. De onde vem boas idéias? Globulocelulacriativ, 2011. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=zmj1lX2TMxc&t=42s. Acesso em: 5 mar. 2019.
MACEDO, M. A.; MIGUEL, P. A. C.; CASAROTTO FILHO, N. A caracterização do design
thinking como um modelo de inovação. RAI-Revista de Administração e Inovação,
v. 12, nº. 3, p. 157–182, 2015.Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rai/article/
view/101357/105529. Acesso em: 5 mar. 2019.
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