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de sua personalidade. A companheira passa a ser tratada com deferência” (p.

139). No entanto, os homens encontram-se numa outra situação. A palavra


“equiparação” tem para eles um outro significado. Não significa — como para
as mulheres — mais educação, melhores oportunidades profissionais, menos
trabalho doméstico, mas sim, pelo contrário: mais concorrência, renúncia à
carreira, mais trabalho doméstico. A maioria dos homens entrega- -se à ilusão
de que o bolo pode ser comido duas vezes. Assumem como compatíveis, sem
mais problemas, a equiparação de mulher e homem e a preservação da antiga
divisão do trabalho {especialmente no próprio caso). De acordo com a regra
largamente aceita segundo a qual, onde quer que a igualdade seja iminente,
cabe recorrer à natureza, iludem-se, para além das contradições entre suas
palavras e ações, por meio do recurso a justificações biológicas para as
desigualdades vigentes. A partir da fertilidade da mulher, inferem sua
responsabilidade pelos filhos, pelo trabalho doméstico e pela família,
impondo-se-lhes, a partir daí, a renúncia à carreira e a subordinação no
trabalho.
Nesse contexto, os conflitos que surgem afetam de modo especiaímente
sensível os homens. Em conformidade com o tradicional estereótipo do papel
sexual masculino, o “sucesso” do homem é substantivamente vinculado ao
sucesso económico e profissional. Apenas uma renda segura pode assegurar- -
Ihe que possa realizar o ideal da masculinidade como um “bom provedor” e
um “marido e pai de família diligente”. Nesse sentido, também a satisfação de
necessidades sexuais está definitivamente vinculada ao sucesso economica-
mente mensurável. Reversivamente, isto também quer dizer que, para a ob-
tenção desses objetivos e para a satisfação dessas expectativas, o homem deve
dar “o máximo de si” no trabalho, internalizar constrições da carreira, deve
entregar-se, “explorar-se”. Essa estrutura da "faculdade masculina de traba-
lhar” é, por um lado, o pré-requisito para que tenham êxito as estratégias
empresariais de disciplinamento relacionadas à recompensa e à punição. Quem
tem mulher e filhos faz o que lhe mandam fazer. Por outro lado, a oferta da
força de trabalho masculina continua referida ao “lar harmonioso”, pelo qual
responde a mulher. Assim, a personificação do “profissionalismo” torna os
homens em certa medida emocionalmente dependentes. Eles integram-se
numa divisão do trabalho que os faz delegar à mulher aspectos fundamentais
de sua individualidade e de suas capacidades no trato consigo mesmos.
Paralelamente, aumenta a pressão para harmonizarem-se em todos os assuntos
relativos à relação entre os sexos. Os homens desenvolvem uma notável
capacidade de não se inteirar dos conflitos que fermentam ao seu redor. Na
mesma medida, tornam-se vulneráveis através da privação dosada ou definitiva

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do intercâmbio emocional contido na sua concepção de relacionamento. Se a
relação com a mulher já não é harmónica, mas conflitiva, sofrem duplamente:
à privação soma-se o desamparo e a incompreensão.

Teses
Os temas e conflitos entre homens e mulheres não são, porém, apenas
aquilo que parecera ser: temas e conflitos entre homens e-mulheres. Neles
rompe-se também uma estrutura social da vida privada. Aquilo que emerge
como “conflito no relacionamento” tem um aspecto universal, sociológico, que
será desenvolvido aqui em três teses:
(1) A atribuição de caracteres de gênero é basilar para a sociedade in-
dustrial, e não uma relíquia tradicional de fácil renúncia. Sem a distinção dos
papéis de mulheres e homens, não haveria família nuclear. Sem família nu-
clear, não haveria sociedade industrial em seu esquematismo de vida e tra-
balho. A imagem da sociedade industrial baseia-se numa mercantilização
incompleta (ou, mais precisaraente, cortada pela metade) da capacidade hu-
mana para o trabalho. Industrialização plena, mercantilização plena e família,
com suas formas e atribuições tradicionais, excluem-se mutuamente. Por um
lado, o trabalho remunerado pressupõe o trabalho doméstico, a produção
mediada pelo mercado exige as formas e atribuições da família nuclear. A
sociedade industrial refere-se, nessa medida, às posições desiguais de homens e
mulheres. Por outro lado, essas posições desiguais estão em contradição com os
princípios da modernidade e, na continuidade dos processos de modernização,
tornam-se problemáticas e conflitivas. Mas no curso da equiparação efetiva de
homens e mulheres, os fundamentos da família (casamento, sexualidade,
paternidade etc.) são colocados em questão. Quer dizer, na fase de
modernização posterior à Segunda Guerra Mundial, realização e supressão da
sociedade de mercado coincidem. O universalismo do mercado tampouco
conhece seus tabus próprios e autoimpostos, e compromete a integração das
mulheres no "destino estamental” industrialmente produzido da vinculação ao
trabalho doméstico e do sustento conjugal. Com isto, tanto a sintonia
biográfica de produção e reprodução quanto as normas e a divisão de trabalho
na família tornam-se frágeis, as lacunas na segurança social das mulheres,
visíveis, e por aí afora. Nos conflitos que hoje em dia se desencadeiam entre
homens e mulheres, numa sociedade industrial que, na modernização e na
individualização de fundo, anula simultaneamente os fundamentos modernos
e estamentais de sua vida em comum, é necessário portanto que as
contradições, tornadas pessoais, sejam reguladas.

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(2) A dinâmica individualízatória que liberta as pessoas das culturas de
classe tampouco se detém diante dos portões da família. Com uma violência
que não chegam a compreender e cuja encarnação mais íntima são elas mes-
mas, apesar de todo o estranhamento com que se lança sobre elas, as pessoas
são libertadas dos enquadramentos de gênero, de seus atributos e prescrições
estamentais, ou então, sacudidas até no mais íntimo da alma. A lei que lhes
sobrevém decreta: eu sou eu, e em seguida: sou mulher. Eu sou eu, e em se-
guida: sou homem. Há mundos nessa distância entre o eu e a mulher exigida, o
eu e o homem exigido. Nesse caso, o processo individualizatório acarreta
consequências em grande medida opostas nas relações entre os sexos: de um
lado, na busca por uma “vida própria”, homens e mulheres são libertados das
tradicionais formas e atribuições de papéis. De outro, as pessoas são levadas
pela diluição das relações sociais à comunhão a buscar a felicidade com outra
pessoa. A necessidade de compartilhar a intimidade, conforme prescrito pelo
ideal do casamento e da união, não constitui uma necessidade originária. Ela
surge com as perdas causadas peia individualização, como o inverso de suas
possibilidades. Em consequência, o caminho que sai diretamente do casamento
e da família conduz, antes do que se imagina, de volta a ela — e vice-versa.
Aquilo que está para além do gozo e da dor do sexo é sempre outra vez gozo e
dor do sexo, aquilo que coloca um contra o outro, um sobre o outro, um sob o
outro, um junto ao outro, um sem o outro, um pelo outro — ou tudo ao
mesmo tempo.
(3) Em todas as formas da vida em comum de homens e mulheres (antes,
durante, à margem ou depois do casamento) explodem os conflitos do século.
Mostram ali sempre a sua face privada, pessoal. Mas a família é apenas o lugar
em que isto ocorre, e não a razão para que ocorra. É possível mudar de cenário.
A peça encenada continua a mesma. A implicação dos sexos começou a
balançar com toda a sua multiplicidade de níveis (trabalho, paternidade, amor,
profissão, política, desenvolvimento e realização pessoal, tudo isto obtido com
e contra o outro). Nas relações conjugais (e extraconjugais), a conscientização
dos conflitos acende-se com as possibilidades eletivas emergentes (p. ex., a
mobilidade profissional dos cônjuges em direções divergentes, a repartição do
trabalho doméstico e do cuidado com as crianças, o tipo de método
anticoncepcional, a sexualidade). Com as decisões, os efeitos e riscos, distintos
e opostos para homens e mulheres, e consequentemente a oposição de suas
posições tornam-se conscientes. Assim, por exemplo, juntamente com a
decisão sobre a responsabilidade pelas crianças, decide-se sobre a carreira
profissional dos cônjuges e também sobre sua atual e futura dependência ou
independência económica, com todas as diversas consequências para homens e

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mulheres que disto decorrem. Estas possibilidades decisórias têm um aspecto
pessoal e um institucional. Quer dizer, a falta de soluções institucionais (p. ex.,
falta de creches e jornadas de trabalho inflexíveis, insuficientes garantias
sociais) potencializa conflitos nas relações privadas, e vice-versa: medidas
institucionais aliviam a discórdia privada entre os sexos. Estratégias privadas e
políticas de solução precisam portanto ser consideradas em seu devido
contexto.
As três teses fundamentais — o “caráter estamental” da sociedade in-
dustrial, as tendências individualizatórias em contextos femininos e masculi-
nos da vida, assim como as situações de conflito tornadas conscientes a re-
boque de oportunidades e obrigações eletivas — precisarão agora ser suces-
sivamente desenvolvidas e explicadas.

i. A SOCIEDADE INDUSTRIAL É UMA


SOCIEDADE ESTAMENTAL MODERNA

As peculiaridades e confrontos nas situações de vida de homens e mu-


lheres podem ser teoricamente determinados por meio de sua delimitação
segundo as posições de classe. Os confrontos de classe foram desencadeados no
século XIX na pauperização de amplos setores do operariado. Foram
publicamente expostos. Os confrontos entre os sexos surgidos com a des-
tradicionalização da família emergem fundamentalmente na vida em comum,
têm seu cenário de disputa na cozinha, na cama e no quarto das crianças. Seu
ruído de fundo e seu signos são as eternas discussões sobre a relação ou a muda
confrontação no casamento; refugiando-se na solidão e refugiando-se dela;
perdendo a confiança no outro, que de repente já não se pode compreender;
sofrendo com a separação; deificando as crianças; lutando por uma porção de
vida própria, que deve ser arrancada ao outro e, ainda assim, com ele dividida;
percebendo a opressão no ridículo do dia a dia, a opressão que se é para si
mesmo. Dê-se a isto o nome que se queira: “entrincheiramento dos sexos”,
“recuo à subjetividade”, “era do narcisismo”. Este é precisamente o modo pelo
qual uma forma social — a trama estamental da sociedade industrial —
implode no âmbito privado.
Os confrontos de classe surgidos com o sistema industrial são, por assim
dizer, “imanentemente modernos”, baseados no próprio modo de produção
industrial. Os confrontos entre os sexos, no entanto, não se curvam nem ao
esquema dos modernos confrontos de classe, nem tampouco constituem um
mero resquício tradicional. São algo distinto. São, assim como os confrontos

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entre capital e trabalho, produto e fundamento do sistema industrial, pois que
trabalho remunerado pressupõe trabalho doméstico e as esferas e formas de
produção e família foram separadas e criadas no século XIX. Ao mesmo tempo,
as posições assim surgidas de homens e mulheres sustentam-se em atribuições
de nascença. Nessa medida, são um híbrido bizarro: “estamentos modernos”.
Com eles estabelece-se na modernidade uma hierarquia so- cioindustrial
estamental. Seu potencial explosivo e sua lógica conflitiva são extraídos da
contradição entre modernidade e antimodernidade na sociedade industrial.
Assim, as atribuições e confrontos estamentais de gênero não surgem como os
confrontos de classe, na fase inicial da modernização industrial, mas em sua
fase tardia, num momento, portanto, em que as classes sociais já foram
destradicionaíizadas e a modernidade já não se detém diante dos portões e
formas da família, do casamento, da paternidade e do trabalho doméstico.
No século XIX, o estabelecimento da sociedade industrial cunha as for-
mas da família nuclear que atualmente são por sua vez destradicionaíizadas.
Trabalho familiar e produção são subordinados a princípios organizativos
contrapostos (ver M. Rerrich, 1986). Valendo aqui as regras e o poder do
mercado, presume-se ali a realização obviamente gratuita do trabalho coti-
diano. À formalidade contratual das relações, contrapõe-se a comunitane-
dadè coletiva de casamento e família. Concorrência individual e mobilidade,
exigidas no âmbito produtivo, enfrentam na família uma exigência contrária:
sacrificar-se em função dos outros, submergir no projeto comunitário coletivo
da família. Assim, sob o formato da reprodução na família e da produção
vinculada ao mercado, são soldadas no projeto da sociedade industrial duas
épocas distintas — modernidade e antimodernidade. Com princípios
organizativos e sistemas axiológicos contrapostos, elas complementam- -se,
condicionam-se e contradizem-se.
Coerentemente, as situações de vida geradas e assinaladas com a sepa-
ração entre família e produção também são distintas em termos históricos.
Existe, portanto, mais que apenas um sistema de desigualdade que se baseia na
produção: diferenças de remuneração, de profissão, de posicionamento em
relação aos meios de produção etc. Existe também um sistema de desigualdades
que atravessa e abarca, por um lado, as diferenças epocais entre as “situações
familiares” em sua relativa igualdade e, por outro lado, a pluralidade das
posições produtivas. Os trabalhos produtivos são mediados pelo mercado de
trabalho e executados em troca de dinheiro. Encarregar-se deles converte as
pessoas — apesar de todos os vínculos do trabalho subosdinado — em
autoprovedores. Elas tornam-se portadoras de processos de mobilidade, dos
planos relacionados cora esses processos etc. O trabalho não remunerado na

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família é atribuído como um dote natural decorrente do casamento.
Encarregar-se dele significa de saída insuficiência para sustentar-se. Quem
dele se encarrega — e sabemos quem é que o faz —, administra dinheiro de
“segunda mão” e permanece subordinado aos vínculos do casamento como
porta de acesso à autossuficiência. A distribuição desses trabalhos — e nisso
residem os fundamentos feudais da sociedade industriai — segue imune à
decisão. São atribuídos em decorrência do nascimento e do sexo. Em princípio,
o fado já está num dos pratos da balança na sociedade industrial: trabalho
doméstico vitalício ou condução da vida determinada pelo mercado de
trabalho. Esses "destinos sexuais” estamentais são suavizados, suspensos,
intensificados e ocultos através do amor que também os trespassa. O amor
cega. Já que o amor surge também como a saída da miséria que ele mesmo cria,
a desigualdade realmente existente pode não o ser. Mas ela existe, e faz o amor
arrefecer e esvaziar-se.
Do ponto de vista da teoria e da história social, aquilo que surge e é
lamentado como “terror da intimidade” são, portanto, as contradições de uma
modernidade bissecáonada no projeto da sociedade industrial., que desde
sempre fragmentou os indivisíveis princípios da modernidade—liberdade
individual e igualdade, para além das limitações de nascença — e, desde o
nascimento, atribuiu-os a um dos sexos, vedando-os ao outro. A1 sociedade
industrial jamais foi e continua não sendo possível como sociedade puramente
industrial, mas apenas como sociedade semi-industrial e stmiestamental, cuja
dimensão estamental é, em lugar de resquício tradicional, produto e
fundamento da própria dimensão industriai dessa sociedade, inserida no es-
quema institucional de trabalho e vida.
Na modernização do Estado de Bem-Estar posterior à Segunda Guerra,
sucede um fenômeno duplo: por um lado, as demandas de uma biografia
normalizada, dependente do mercado, são estendidas também ao contexto da
vida feminina. Com isso, nada de novo se consuma, apenas a aplicação dos
princípios da sociedade de mercado desenvolvida por sobre as linhas de
gênero. Por outro lado, porém, são amplamente estabelecidas desse modo
situações inteiramente novas no interior da família e entre homens e mulhe-
res, ou seja, são dissolvidos os fundamentos estamentais da vida na sociedade
industrial. Com a consolidação da sociedade industrial de mercado para além
de sua bissecção específica de gênero, opera-se na mesma medida a supressão
de sua moral familiar, de seus destinos sexuais, de seus tabus relacionados ao
casamento, à paternidade e à sexualidade, ocorrendo até mesmo a reunificação
de trabalho profissional e doméstico.
O edifício da hierarquia estamental da sociedade industrial compõe-se de

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vários elementos: divisão das esferas de trabalho entre família e produção e sua
organização conflitante, atribuição das situações de vida correspondentes em
função do nascimento, acobertamento do universo de relações com as
promessas de delicadeza e antissolidão do amor, do casamento e da pa-
ternidade. Considerado retrospectivamente, esse edifício também teve de ser
construído e consolidado contra resistências. Assim, até o presente momento, a
modernidade foi vista de forma demasiado unilateral. Ela tem uma dupla face.
Paralelamente ao surgimento da sociedade industrial no século XIX, foi erigida
a moderna ordem de estamentos sexuais. Nesse sentido, no século XIX, a
modernização vai acompanhada de uma coníramodernização. As diferenças e
contrapontos temporais entre produção e família são estabelecidos, justificados
e transfigurados em elementos perenes. Um vínculo entre filosofia de
inspiração masculina, religião e ciência ata isto tudo à “essência” da mulher e à
“essência” do homem.
Desse modo, a modernização não dissolve apenas as relações feudais da
sociedade agrária, mas também produz outras e nos dias de hoje retoma ainda
outra vez sua dissolução. Uma mesma coisa — a modernização —, sob o marco
de circunstâncias distintas, no século XIX e no fim do século XX, gerou
consequências opostas: naquela época, a separação entre trabalho doméstico e
trabalho profissional; hoje, a disputa em torno de novas formas da sua
reunificação; lã, a vinculação das mulheres à provisão conjugal; hoje, sua
pressão sobre o mercado de trabalho; lá, a consolidação de estereótipos fe-
mininos e masculinos; hoje, a libertação das pessoas em relação às noções
estamentais de gênero.
Esses são indícios de que atualmente a modernidade se alastra sobre o
âmbito da contramodernidade que ela havia inserido na sociedade industrial:
vêm-se rompendo as relações de gênero, soldadas à separação entre produção e
reprodução e mantidas na tradição coesa da família nuclear, com tudo o que alí
está contido em termos de comunidade concentrada, predeterminações e
emotividade. Tudo torna-se repentinamente incerto: a forma de convivência,
quem faz o quê, onde e como, as noções de sexualidade e amor e sua
vinculação com o casamento e a família, a instituição da paternidade decai na
oposição entre maternidade e paternidade; os filhos, com a intensidade
crescentemente anacrónica do vínculo que representam, convertem-se nos
únicos parceiros que não partem. Inicia-se uma luta e uma experimentação
geral com “formas de reunificação” de trabalho e vida, de trabalho doméstico e
profissional etc. Em resumo, o privado torna-se político e irradia-se por todas
as esferas.

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