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RESUMO
ABSTRACT
1
Assistente Social graduado pela Universidade Paulista (UNIP), Campus Assis SP.
2Assistente Social graduada pela UNIMAR; Mestre em Serviço Social e Política Social pela
UEL; professora no curso de Serviço Social da Universidade Brasil, Campus Assis.
2013, with the Guardianship Council of the municipality of "Patati-Patata" (not
her real name), of cases of children enrolled in school "Ciranda" (not his real
name).
A mulher, que é colocada como uma serva fiel dos mandos do homem,
com a nascente fase social começa a produzir para si escravos, através de
guerras e dominações de povos menos desenvolvidos, é erigida a propriedade
privada e a conquista de novas terras, assim também o comércio e a troca de
valores, como nos coloca Engels (2012, p. 206) “A diferença entre ricos e
pobres veio somar-se à diferença entre homens livres e escravos; a nova
divisão do trabalho acarretou uma nova divisão da sociedade de classes”.
Lyra et. al. (2010), revelam-nos como essa primitiva composição sócio-
familiar foi se decompondo a partir de novas descobertas culturais, que criaram
um novo modo de se relacionar dentro das comunidades. O homem foi
identificado como o chefe e provedor da casa, estando à mulher e os filhos
debaixo de sua ‘proteção’, como nos é descrito: “O homem, agora pai, torna-se
mais inacessível para os filhos e domina a família como uma figura de
autoridade e poder, requerido principalmente para as grandes decisões” (OP.
CIT., p.81).
Os pais que eram tratados como senhores em suas casas, agora teriam
de enfrentar um mercado de trabalho totalmente diferenciado, num processo de
produção fragmentado que tirou do homem o privilégio de gozar dos resultados
finais de seu laboro3, teriam de se submeter às excessivas horas de trabalho
por baixos salários, que mal dava para alimentar seus filhos.
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Do Latim labor; trabalho.
convívio harmonioso, pois a “[...] burguesia rasgou o véu de sentimentalismos
que envolvia as relações familiares e as reduziu a simples relações monetárias”
(MARX; ENGELS; 2009 p. 57).
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Termo aqui entendido como espaço de conflitos sociais, ou a luta de interesses antagônicos, de um lado
o projeto ético político da classe burguesa e do outro lado o projeto ético político da classe proletária
(trabalhadora).
tease e no final do espetáculo é deixado apenas com as necessidades básicas:
seu poder de repressão”. (OP.CIT., p. 74)
A mãe relatou aos conselheiros que ela e seu marido trabalham a noite,
e de dia têm de dormir, por isso não compareceram as reuniões marcadas pela
escola, o que nos mostra a opressão realizada pelo sistema capitalista de
produção, que suga as forças físicas e até mentais dos trabalhadores,
tornando-os meros espectadores da vida dos filhos.
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Nome dado pelo mundo do tráfico a crianças e adolescentes que lhes servem de transporte para drogas, a
fim de tentar passar despercebido pelas autoridades policiais.
mercado de trabalho, lutando supostamente pelo bem-estar da família,
encontrando-se agora em um mar de frustrações. Percebemos isso em um
relatório de atendimento feito pelo Conselho Tutelar devido à denúncia
realizada pela direção da escola “Ciranda”, onde os pais foram chamados na
escola, pois Pedro estava com um colega, ambos sem roupa com uma menina
da mesma idade, onde tinham a intenção de fazer sexo, chegando também ao
conhecimento dos genitores que o menino teria tido relação sexual com um
garoto em um local público, e seu pai estava presente assistindo a atividade.
Ao serem indagados sobre o fato Sr. João disse não ter visto nada, a mãe
Anastácia solicitou ajuda da escola e do Conselho sobre essa situação.
A situação não parou por aí, dado que o cunhado resolveu se vingar,
violentando fisicamente as crianças Ana, Beatriz e Julia. Quando interrogada
pelo delegado Rita quis encobertar a ação violenta do cunhado, dizendo que
era ‘invenção das crianças, ele não bateu nelas tanto assim’. Deduzimos por
esta fala, a fragilidade dos laços familiares da classe proletária, e a
naturalização da violência física, aqui empregada como forma de justiça contra
uma suspeita de um ato delituoso.
Novamente neste caso, fica latente a violação dos direitos das crianças,
pois são agredidas fisicamente, contrapondo o disposto no ECA. O ranço
cultural e muitas vezes a desinformação ocasionada pela ausência de acesso
escolar e ou outro tipo de formação pessoal, limita a atenção às crianças e as
coloca como vítimas de um processo dentro do sistema capitalista de
produção. Mais uma vez, a ação efetiva do Estado, em proteger as crianças se
torna ineficaz e deixa as crianças a mercê dos pais.
Sendo assim, o Conselho Tutelar passou a acompanhar diariamente a
família de Rita e Marcos, fazendo várias visitas domiciliares, indo também a
escola Ciranda onde estudam as crianças, a fim de cruzar alguns dados, e
fazer com que os pais se sensibilizem a participar de programas de proteção a
família no CREAS.
No “Caso C” temos uma família formada pela mãe, Silvia e seu filho,
Tiago de nove (9) anos. O genitor teria os abandonado há pouco tempo,
perdendo-se assim a segurança econômica do domicilio, estando à mãe
‘encostada’ do trabalho por problemas emocionais, sendo requerida a visita do
Conselho por vizinhos da família, por notarem a dificuldade vivenciada na casa.
Referências
LOSACCO In: ACOSTA, Ana Rojas; VITALE, Maria Amália Faller . Família:
redes, laços e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 2010.
LYRA In: ACOSTA, Ana Rojas; VITALE, Maria Amália Faller. Família: redes,
laços e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 2010.
MATTIOLI, Olga Ceciliato; ARAÚJO, Maria de Fátima; RESENDE, Vera da
Rocha. A produção da violência na família e nas relações de gênero:
estudos e pesquisas. Curitiba: Editora CRV, 2010.
Recebido: 28/03/2019
Aprovado: 01/06/2019