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Ficha técnica
Professores que colaboraram neste número (fotografias; textos), composto pelo Jornal e
pelo Suplemento:
Ana Santos, Ana Simas, Arminda Magalhães, Carlos M Severino, Carlota Monjardino, Cláudio
Henriques, Graça Coelho, Helena Marquês, Luís Martins, Nuno Azevedo, Rosário Costa,
Roxana Ferreira, Simone Simões, Telma Veríssimo, Teresa Amaral.
Este é um jornal não comercializável, que pode ser partilhado desde que não seja
alterado; procura respeitar os direitos de autor e os direitos conexos. Para mais informação, vai aqui.
Editorial
E eis que o Natal chegou! Já se ouvem músicas natalícias por todo
o lado e todos desejamos esta pausa: estar em casa com a família,
confortáveis no sofá, com uma manta, um livro, um chocolate quente e
um filme ou uma série na televisão! Mas continuaremos atentos ao que
está a acontecer à nossa volta e sempre curiosos, para podermos pensar
criticamente sobre este mundo em constante mutação.
Pelas circunstâncias atuais e para que nada corra mal, reiteramos os
principais cuidados a ter com Covid-19: uso de máscara, lavar e desinfetar
as mãos, distanciamento físico, particularmente durante esta pausa! Vale
mais prevenir do que remediar…
O Vid’Académica apresenta notícias de algumas das atividades
realizadas e continua a partilhar os textos e trabalhos do seu mais
importante colaborador: TU! Muito obrigado por todo o teu apoio e
envolvimento neste jornal escolar… Divulga-o junto dos teus colegas,
amigos e familiares, porque ele também é o resultado do teu trabalho!
O Jornal e o Suplemento mantêm-se num documento só e, como tal,
primeiro surgirão notícias e, depois, os textos de opinião, poemas,
exercícios de escrita das aulas, trabalhos artísticos, etc.
Mantemos o formato A5, por ser prático. Se não concordares, envia-
nos as tuas sugestões para o seguinte e-mail!
Apesar da intenção “digital”, achámos que devíamos ter exemplares
em papel, que se encontram na reprografia, na Biblioteca Escolar
Almeida Garrett, na Associação de Estudantes, na sala dos Diretores de
Turma, no Conselho Executivo e também na Biblioteca Pública e Arquivo
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Índice
JORNAL ..................................................................................................... 5
Erasmus+: “Technology and Media Education” in Angra ........................ 6
TAGráficas visita BPARLSR e Feira do Livro ............................................. 8
Comemorações do Dia Mundial da Arquitetura ................................... 10
Turmas da ESJEA comemoram Dia Europeu da Estatística .................... 11
8.ºE assiste a “Rubra flor da fajã” ........................................................ 13
Turma de Técnico de Logística visita Fruter ......................................... 14
Turma de Técnico Administrativo visita ISSA ........................................ 16
Visita de estudo ao TERinov................................................................. 17
Ação de sensibilização com o apoio do Canil Intermunicipal da Ilha
Terceira .............................................................................................. 18
Turma de Animador Sociocultural em atividades ................................. 19
Eco-Escolas ......................................................................................... 22
Mobilidade do Erasmus+ ..................................................................... 23
Aniversário do 20.º número do Jornal Escolar Vid’Académica .............. 29
Atividades da Biblioteca Escolar Almeida Garrett até dezembro ........... 30
EPIS – Dicas para os próximos tempos ................................................. 31
SUPLEMENTO ......................................................................................... 33
PENSAR FAZ BEM! ............................................................................... 33
Who am I? ...................................................................................... 33
Cursos Reativar: Testemunhos de Formação .................................... 36
ESCREVEMOS LOGO EXISTIMOS .......................................................... 38
Room in New York de Edward Hopper: uma reflexão sobre a solidão
acompanhada ................................................................................. 38
Les Amants II de René Magritte: amor em sofrimento ...................... 40
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JORNAL
Chegámos à pausa do Natal! Que bom!
Por isso, cá estamos, para te dar a conhecer algumas das atividades que
se fizeram na ESJEA ou fora dela!
Lembra-te sempre de todos os cuidados, porque só podemos parar o
vírus com a ajuda e responsabilidade de todos!
Erasmus+:
“Technology and Media Education” in Angra
Between 4 and 10 of last July, a group of ten teachers from Germany,
Hungary, Italy and Slovakia participated in the course Technology and Media in
Education, in ESJEA, in Angra do Heroísmo, Açores, Portugal, organized by
Pricalica organisation and facilitated by Graça Coelho, financed by the European
Union program: Erasmus+.
The program of this
education event had subjects as
“storytelling and narrative
building as a teaching and
learning style” or “workshop in
video production and editing”
with Mike Maciel, or how a
school newspaper can be
edited by Carlos Severino,
during which was possible to write this news.
Besides that, it was also possible to visit and know the city and the island
during several cultural activities, as going to Monte Brasil to see the view of the
city from the top, or Algar do Carvão with the volcanic chimney, or São
Sebastião with the oldest church of the island. While travelling through the
island we got an insight into the flora and fauna of Terceira. During these
programs the participants had the chance to experience intercultural
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thank you to our facilitator Graça. She gave our group the vibes, we needed to
enjoy our unforgettable trip to the Azores.”
Teachers from Hungary said: “We are all very satisfied with the course.
The facilitator Grace is amazing, she is a wonderful person who was like our
mother on the Azores. She showed us the best dining places, told us the
Azorean gossips, and brought us out to the ocean to test our braveness among
the whales. Finally, we found only dolphins who were very nice We visited
the only European volcano chimney, walked down all the steps to the
underground lake. Afterwards we could marvel at the automated milking
machine which follows the cows in the fields. The video editing with Mike was
great, we learnt how to use a new tool called FilmoraGo. We edited small video
clips which we uploaded to the Facebook group of the course. Carlos showed
us the first school newspaper and we learnt how to make a digital newspaper
on issuu.com
Teachers from Italy considered this initiative “very positive, with a lots of
news proposals for work in my school next year. It’s a beautiful place to stay
without the chaos and people are very kind.”
Teacher from Slovakia considered: “After one and half year of pandemic
and strict restrictions which
didn't allow us to travel on
mobilities, July 2021 was again
a time to start. Although
pandemic is not over, the
situation got better and
Erasmus courses around
Europe welcomed the
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Castro Parreira.
A visita à obra foi guiada pelo
arquiteto José Parreira, autor do
projeto, e acompanhada pela
TAGráficas em visita ao Zenite Boutique Hotel
arquiteta Filipa Bettencourt, vice-
visitaram o SREA e foram recebidos por alguns dos colaboradores deste Serviço
que estiveram disponíveis para informar/esclarecer todos aqueles que os
visitaram.
Aos alunos foi explicado que a estatística serve para conhecer a realidade,
planear e tomar decisões. O SREA é uma Autoridade Estatística para as
estatísticas de interesse e de iniciativa da Região e é também uma Delegação
do Instituto Nacional de Estatística (INE), para estatísticas do âmbito nacional
que se realizam na Região. Através da recolha, análise e a difusão de dados, o
SREA produz e divulga informação sobre pessoas, famílias, empresas e
organismos públicos.
“Gostei muito da peça de teatro, porque representa uma realidade por que
o nosso país passou na altura de Salazar (entre 1941- 1969). A peça conta a
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história de Maria dos Santos Machado que foi presa diversas vezes por não ser a
favor do Estado salazarista.”
Matilde Leonardo
“A vida de Maria Machado era uma vida cheia de perigo, mas ela era uma
mulher de coragem e que não desistia do que queria. A minha parte favorita da
peça foi a história do rato, porque foi uma história engraçada. A atriz interpretava
muito bem e o seu olhar transmitia paixão pelo que fazia.”
Luísa Castro
Finalmente, a
última secção visitada foi a de horticultura, orientada
pela Sr.ª Mónica Melo, na qual os formandos começaram por visitar as arcas
frigoríficas, ver o processo de preparação e lavagem das caixas de transporte,
conhecer a área de expedição e observar o tratamento das batatas e das
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“Quando as tintas não vinham dos tubos” e consistiu numa abordagem aos
pigmentos naturais e à preparação da têmpera, técnica antiga que se prepara
com gema de ovo.
de dezembro.
Eco-Escolas
Reuniu na nossa ESJEA, a 13 de dezembro, o primeiro Eco-Conselho relativo
ao ano letivo 2021/2022. Este Conselho
contou com a presença dos Eco-Delegados e
vários membros da comunidade educativa,
incluindo representantes da Câmara
Municipal de Angra do Heroísmo, o Vereador
do Ambiente, Eng. Paulo Lima, da Associação
Os Montanheiros, Eng. Paulo Barcelos, e da Resiaçores, Eng. Nelson Ávila.
No início da reunião foi apresentado o vídeo “Don’t Choose Extinction”, da
Organização das Nações Unidas – ONU.
Seguidamente, para além das linhas orientadoras do Programa Eco-Escolas,
foram apresentados pela professora Teresa Amaral, Coordenadora do Programa,
os principais resultados da auditoria ambiental, realizada com base nos
questionários aplicados a todas as turmas do 3.º ciclo do ensino básico e do
Formação Profissional - Programa Formativo de Inserção de Jovens (FP- Profij),
sobre resíduos, água, energia e espaços exteriores.
A Coordenadora salientou que, relativamente ao ano letivo anterior,
registou-se uma ligeira melhoria dos indicadores em
qualquer um dos temas. Contudo, e apesar da educação
para a sustentabilidade ambientar ser trabalhada neste
estabelecimento de ensino em diversos contextos, é
necessário continuar a abordar com os nossos alunos as
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Mobilidade do Erasmus+
Os docentes Ana Simas e Nuno Azevedo, da ESJEA, participam, de 25 a
27 de outubro, nas jornadas de trabalho e formação de professores, no âmbito
do projeto Erasmus+ “Notre identité, c'est notre diversité” (A nossa identidade
é a nossa diversidade), realizadas na escola IES Joaquín Artiles, na localidade
de Agüimes, ilha de Gran Canária.
Para além dos docentes representantes dos Açores, as sessões de trabalho
contaram com a presença de professores do Luxemburgo, país coordenador do
projeto, Chipre, Ilha da Reunião (um departamento ultramarino francês no
Oceano Índico), Valência e Gran Canária.
“O projeto iniciou-se em setembro de 2019 e terminará no final do
presente ano letivo. Desde março de 2020 foi impossível a realização de
encontros internacionais de alunos e docentes, devido à pandemia da Covid-
19, pelo que agora estamos a retomar as mobilidades”, referiu a professora
Ana Simas, responsável pelo projeto.
Os alunos participantes no
projeto assistiram também a aulas
na escola de acolhimento, o Lycée
Stella, em Saint-Leu, inseridos nas
turmas dos alunos que os acolheram
nas suas casas, o que lhes permitiu
contactar com novas dinâmicas,
novas metodologias de ensino/
aprendizagem e de trabalho. O facto
de os alunos participantes terem ficado alojados em casa das famílias dos
alunos da escola de acolhimento permitiu-lhes um contacto mais aprofundado
com a realidade local.
Todos os participantes tiveram a oportunidade de visitar alguns locais da
Ilha de Reunião, possibilitando um maior conhecimento da geografia da ilha,
assim como dos modos de vida, das
atividades económicas predominantes, etc.
“Atendendo a que vivemos num
mundo cada mais globalizado, a
participação nas diversas atividades ao
longo da semana foi essencial para os
alunos compreenderem melhor a
importância da diversidade cultural e da
sua preservação para um mundo que ser quer plural, em que a tolerância pelas
diferenças culturais, usos, costumes e tradições de cada país/região seja uma
prática efetiva. A era digital não anula a importância do contacto presencial, in
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projetos.
Uma árvore de palavras, vestida com poemas de
Natália Correia, Manuel Alegre, David Mourão-Ferreira e,
claro, do intemporal Conto de Natal, de Charles Dickens!
Em suma, a tua biblioteca está ativa e à espera de ti. Passa por lá, lê um
livro, uma revista, sugere atividades em que gostarias de participar!
SUPLEMENTO
Estamos a chegar ao Natal, altura ideal para nos dedicarmos a ler
aquilo que os nossos colegas escreveram sobre este incerto Mundo
em que vivemos. 😉
Dedica algum tempo à sua leitura e aprende sempre! 😊
Who am I?
the huge ego, but sometimes just wanted someone to glimpse through
her armor and be a shoulder to support her despair.
In reality, we are all of this. Obviously in our own different
perspectives. There are times that we just want to be alone and there are
times that we are truly lonely. There are times that we are deeply happy
and feeling loved and there are times that we just wished we were
No v a série | N.º Especial | maio de 2015 |
| Nova série | N.º20 | dezembro de 2021 | Jornal + Suplemento
| Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano
de Andrade, Angra do Heroísmo |
anywhere else in the world. Who am I? Who are we? Whoever we want
to be, because, at the end of the day, the most important thing is that we
feel good in our own skin and don’t feel ashamed of being “different” or
“weird”. The world is cruel sometimes when we just want to be ourselves;
however, once we embrace our awkwardnesses and stand up for who we
are there’s nothing more gorgeous than that. We can ask ourselves this
question a million times but we have all of our lives to find out the best
way to give a response to that. Instead of thinking about who we are, we
shouldn’t just breathe but we should live, because these two are different
even if someone says they are not.
Moral of the story, it’s fine not knowing how to answer the question
“Who are we?”, what’s vital is that we don’t get lost in the perspectives
and labels other people give us.
Leonor Monteiro, 10.ºH
(1)
Who am I? This is indeed a rather extensive and onerous thing to
ask an individual. I feel as if placed on the spot, suddenly the most
fundamental question of my existence seems impossible to answer. So
No v a série | N.º Especial | maio de 2015 |
| Nova série | N.º20 | dezembro de 2021 | Jornal + Suplemento
| Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano
de Andrade, Angra do Heroísmo |
much can be said about me that I can't even think of something to begin
with. The one thing I can say is that I don't particularly know who I am yet.
I can say what I enjoy doing, what I've gone through, what my beliefs
are and what I favour/disfavour among a multitude of divergent things and
situations are what truly define me. But even these elements do not
remain static. They can change and most probably will.
So…Who am I, really?
(2)
Who am I? Who am I without school? Would I feel alone, would I have
no purpose?
I feel like our identities as teenagers are based on school. For real, if
we don't have school what achievements do we have to ourselves, who
are we?
If you take away school, what's your daily routine? It becomes
challenging when you try to remove school out of the equation. Our daily
routines revolve around school, you can do a lot of different things every
day, but one thing that doesn't change is school.
School has become such a defining factor of people's lives. When
you're ages 15-18, you're a «high school kid». When you're ages 18-21,
you're a «college kid». It's on the shirts we wear, it's the name of a sports
team, it's the name of a school club, it's often the first thing we see in
Instagram bios, it's the first thing relatives want to ask you about, etc.
When you meet someone (teenagers in particular) the first thing you often
get asked, or ask is «Which school are you in? », «Which major are you
in? », «How is school going? »
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My point is, until we become adults and get out of school, our life will
always revolve around school and school will always be a determining
factor on whom we are, and that cannot change.
Marta Blayer, 10.ºH
Acho que nestes dois anos letivos aprendi muito, embora ainda tenho muito
para aprender, porque aprender nunca é demais.
Por isso, fico muito satisfeito ao conseguir o 9.º ano. É um objetivo de vida
e um orgulho, tanto para mim como para a minha família, principalmente para
minha mãe, que Deus a tenha num bom lugarzinho. Já lhe devia isto há muito
tempo. Agora é olhar para a frente e tentar melhorar a escolaridade ainda mais.
Acho que vou sair daqui uma pessoa melhor, tanto para o dia-a-dia como
profissionalmente, com esta nova etapa concluída na minha vida.
Acho que lá fora me vai ser muito
benéfico, tanto para arranjar trabalho
como para ajudar os meus filhos nos seus
trabalhos de casa, etc.
Mais uma vez, quero agradecer a
todos os responsáveis pela ESJEA,
formadores e ao EPAH pela oportunidade
que me foi dada para concluir o 9.º ano, e
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Gostaria de agradecer aos professores em geral, pois sem eles nada disto
era possível. Agradecer-vos o empenho em fazer com que nós, formandos,
possamos retirar o que há de melhor na escola.
Nem sempre é tarefa fácil estudar no ambiente em que estamos, mas estar
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aqui e saber que todos eles têm o intuito de nos ajudarem a progredir na nossa
vida e carreira com maior escolaridade, faz com que eu esqueça tudo o resto e
me dedique ao máximo na conclusão deste curso.
Agradeço-lhes imensamente por terem aceitado a minha inclusão neste
curso, porque garantidamente darei o meu melhor para o concluir com êxito.
Um muito obrigado a todos vós!
Ruben Borba, Reativar B3 (20/21)
Room in New York do artista plástico Edward Hopper foi pintado em 1932, é um
óleo sobre tela e encontra-se no Sheldon Museum of Art, no Nebrasca.
Neste quadro, está representada uma cena vista do lado de fora de um
apartamento, por meio de uma janela, que nos deixa ver uma sala de cor amarela
bastante viva. Aqui, encontram-se duas pessoas, um senhor e uma senhora. Ele está
sentado na poltrona voltada para uma pequena mesa ao centro a ler o jornal. Ainda está
vestido com colete e gravata, dando a ideia de ter voltado, cansado, de um dia de
trabalho. A senhora, por outro lado, encontra-se voltada de costas para a mesa do
centro. O seu olhar baixo demonstra, do mesmo modo, algum cansaço de desolação.
O toque com a mão direita em apenas uma tecla do piano, para o qual está voltada e
apoiada com o desmotivado braço esquerdo, dá ênfase a este sentimento de melancolia.
Isto porque a imagem transmite solidão, apesar de estarem duas pessoas na mesma
sala, pois, mesmo tendo em conta a proximidade, não têm qualquer interação ou
diálogo.
Todo este sentimento transmitido pelas duas figuras contrasta com as cores vivas
presentes na sala. O amarelo das paredes, o vestido avermelhado, tal como o candeeiro
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A pintura de René Magritte, Les Amants II, foi feita em 1928 e faz parte de uma
coleção particular.
Neste óleo sobre tela, é possível observar uma figura masculina de fato e gravata
pretos, abraçada a uma mulher vestida de vermelho, com o ombro desnudo. As duas
figuras estão a partilhar um beijo, mas curiosamente encontram-se os dois com a
cabeça coberta por um tecido branco, o que torna a imagem um tanto provocadora.
Existe, então, uma barreira de tecido que impede o beijo íntimo entre os dois
amantes. Sendo assim, este ato de amor é transformado numa sensação de frustração
e agonia, que se pode relacionar com a incapacidade de expressar o verdadeiro “eu”.
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A parte exterior está retratada com cores frias, o que, em conjunto com os rostos
tapados, dá a ideia de que este é um amor proibido e que não pode ser descoberto pelo
mundo. Em oposição, a parte interior, pintada a cores quentes, maioritariamente a
vermelho, demonstra o amor que têm em provado, mas que continua proibido.
É possível, através dos aspetos já referidos, fazer uma analogia com um caso de
adultério ou então um caso onde as diferenças sociais são tão acentuadas que tornam
este amor proibido para a sociedade. Esta tela remete, ainda, para a ideia de que o amor
No v a série | N.º Especial | maio de 2015 |
| Nova série | N.º20 | dezembro de 2021 | Jornal + Suplemento
| Vid’Académica, Jornal Escolar da Escola Secundária Jerónimo Emiliano
de Andrade, Angra do Heroísmo |
é maior que tudo e é algo tão bonito que muitas vezes nos faz contrariar todos os
padrões que são impostos pela sociedade.
Enfim, Magritte, com esta obra, pretende dizer que nem sempre o amor
verdadeiro é possível de concretizar facilmente.
Sara Areias, 12ºA
A obra de René Magritte Les Amants II (1928) é um óleo sobre tela, incluído
numa coleção privada.
Numa visão objetiva, pode ser observado no plano de fundo o canto de uma
parede, que, do lado esquerdo, é azul e do lado direito vermelha, com o teto em branco.
Num primeiro plano, encontram-se dois indivíduos de cara tapada com uma espécie
de tecido branco, mas é fácil identificar que se trata de um homem e uma mulher.
Numa perspetiva subjetiva, é possível verificar a presença de algumas cores
dominantes: o azul, o vermelho e o branco. O azul, embora seja uma cor fria, confere
um caracter de imensidão, como o céu ou o mar. O vermelho remete para a intensidade
e para a paixão dos amantes e o branco para a paz e a calma, apesar da situação
angustiante de ambos. Refletindo nos dois sujeitos, estes vivem uma paixão cega (por
estarem com as cabeças cobertas), mas, ao mesmo tempo, estão de certo modo isolados
do mundo que os rodeia. É como se o amor não tivesse noção, porque na realidade não
existe, não é palpável; existem, sim, os seus intermediários, os amantes, que sentem
um misto de emoções que os leva a sentir amor.
O facto de o homem estar com um fato e de a mulher estar com um vestido
vermelho remete para a conceção social de que as mulheres são idealizadas para
manifestarem de forma mais fácil o amor do que propriamente os homens, que são
mais sérios e fechados no que diz respeito aos sentimentos. O facto de as cabeças
estarem cobertas faz de ambos seres iguais, porque nem a aparência, nem a idealização
social são comprometedoras para a relação de ambos, porque os sentimentos e aquilo
que é metafisico ao indivíduo sobrepõe-se ao manto branco que os separa.
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Nas LETRAS,
Pedro Mário de Alles Tamen
O mar é longe, mas somos nós o vento; (Lisboa, 01.12.1934-Setúbal,
e a lembrança que tira, até ser ele, 29.07.2021) foi um poeta e
é doutro e mesmo, é ar da tua boca
onde o silêncio pasce e a noite aceita.
tradutor português. Licenciado em
Donde estás, que névoa me perturba Direito, foi diretor da Moraes Editora,
mais que não ver os olhos da manhã fundamental na divulgação da poesia
com que tu mesma a vês e te convém?
Cabelos, dedos, sal e a longa pele, portuguesa da segunda metade do
onde se escondem a tua vida os dá; séc. XX. Traduziu grande autores,
e é com mãos solenes, fugitivas,
que te recolho viva e me concedo como Gabriel Garcia Marquez,
a hora em que as ondas se confundem Gustave
e nada é necessário ao pé do mar.
Flaubert ou
in Daniel na Cova dos Leões (1970) Marcel Proust,
43 | Voltar para Índice
do qual de
destaca os sete volumes da obra Em busca do tempo
perdido. A sua poesia encontra-se reunida no volume
Retábulo das Matérias.
Notícia do óbito aqui, aqui. Podes ver documentário sobre o poeta aqui.
Podes ler mais alguns poemas aqui.
– Tem graça vir no dia de Natal. O anúncio saiu ontem… Julguei que ninguém
procurava quartos no dia de Natal. Sim, claro, essa também procurou… E a
senhora também está no fim do tempo. Ora faz favor de entrar e ver: creia que
não é caro. Um quarto grande como este, cheio de sol, ou seja, cheio de luz, o sol
chega apenas à varanda, mas vê, vê, lá está ele a bater nas sardinheiras o nome
de sardinheiras é feio para flor não é? A mãezinha chamava-lhes sempre
gerânios. A rua da Rosa aqui para cima é muito sossegada tem isto de apanhar
menos sol mas é muito sossegada e ainda nós estamos voltados a poente num
terceiro andar. Menos é que não posso fazer por isso explicava logo no anúncio.
Início do conto “Já não há Salomão” in Solo para Gravador (1973)
Notícia do óbito aqui, aqui e aqui.
Dezembro, 15
O Natal deve estar muito contente com tanto frio à solta. Cada um se defende como pode.
Eu que o diga. Esta noite… Depois de ter saído da Faculdade, fui até Praça da República.
Cerca das sete e meia. Nem vontade tinha de comer e não jantei. Precisava espairecer e
oxigenar o peito. O melhor oxigénio é a ternura… Ao passar junto da livraria Finisterra,
fechada àquela hora, ouço uma voz a chamar-me. Tive sorte. Era o António Alferes. Ainda há
pessoas com quem vale a pena repartir a amizade. Toda a tarde esperara por mim, mas eu
não tinha comparecido. Recebera o último diário de Miguel Torga, o 16.º volume, ainda
quentinho da Gráfica de Coimbra. Ele sabe da minha devoção torguiana, por isso esperou por
mim. Entregou-me o livro, o primeiro que saiu da livraria.
in Relação de Bordo, Diário ou nem tanto ou talvez muito mais 1964-2015, pág. 614.
Notícia do óbito aqui, aqui e aqui.
Fernando Echevarría
O tempo vive, quando os homens, nele,
se esquecem de si mesmos,
Ferreira (26.02.1929-Porto,
ficando, embora, a contemplar o estreme 04.10.2021) foi um poeta
reduto de estar sendo. português, que nasceu em
O tempo vive a refrescar a sede Santander (Espanha), onde o seu pai
dos animais e do vento,
se havia exilado. Veio muito
quando a estrutura estremece
a dura escuridão que, desde dentro, pequeno para Portugal e sempre
irrompe. E fica com o uivo agreste escreveu em português. Começou a
espantando o seu estrondo de silêncio. publicar em 1956 (Entre Dois Anjos).
in Sobre os Mortos (1991)
Porque a sua
formação passou
pela Filosofia e pela Teologia, era considerado o mais filosófi-
co dos poetas portugueses. Só se sentia bem a escrever
poesia, a ler filosofia e a ouvir música.
Poemas disponíveis aqui. Notícia do óbito aqui, aqui e aqui.
45 | Voltar para Índice
Nas ARTES…
Na SOCIEDADE…
E VIVAM AS ARTES!
Educação Visual
Os trabalhos de EV continuam a ter destaque e a animar o
Vid’Académica! Neste número, encontramos os postais de Natal, feitos plo
7.º ano com a aplicação de linhas concordantes trabalhadas em
Geometria e para flores nas suas várias existências, pelos formandos de
Animador Sociocultural, que fizeram um belo jardim!
Inês Ataíde, Técnico de Anim. Sociocultural Paulina Gomes, TAnim. Sociocultural 50 | Voltar para Índice
Educação Tecnológica
Aqui ficam algumas fotografias dos projetos desenvolvidos nas
disciplinas de Educação Tecnológica, Educação Visual e Tecnologias da
Informação e Comunicação! Há coisas espetaculares! Espero que gostes!
Já pensaste no que é a energia eólica, como ela se transforma em
eletricidade e quais são as suas vantagens? Na disciplina de ET, os alunos
de 7.º ano estão a desenvolver o projeto de um aerogerador, recorrendo
à reutilização de cartão. Se estiveres interessado em saber mais sobre o
tema, podes passar nas salas 104 e 106 . Na próxima edição mostramos-
te o resultado final dos nossos aerogeradores