Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
'15887
A QUALIDADE NA PERSPECTIVA
ESTRATÉGICA DA GESTÃO
Júri:
Presidente: Professor Doutor Vítor Fernando da Conceição Gonçalves (ISEG)
Vogais: Professor Doutor Eduardo da Cruz Gomes Cardoso (ISCTE)
Professor Doutor Alberto Augusto Ferreira Pereira (ISEG)
Mestre Francisco António Lopes dos Santos (AGESFAL)
Lisboa
Out/1996
AGRADECIMENTOS (*' 0
Vi W
XÇ- t
Quando, no decorrer do ano lectivo de 1994/95, foi colocada a questão de elaborar uma
dissertação para concluir o curso de mestrado em Gestão e Estratégia Industrial, debrucei-me sobre
alguns temas da actualidade e, rapidamente, cheguei à conclusão que nenhum trabalho deste género
seria possível sem o contributo dos "gurus" da Estratégia espalhados pelo mundo que, com a sua visão,
criatividade, inovação e investigação, enriquecem o Saber da Gestão. O primeiro e merecido
agradecimento vai, pois, para eles.
Mas, mais próximo, a lista de agradecimentos é muito longa, pois os conhecimentos e incentivos
para que fosse possível a concretização deste trabalho, resultaram sobretudo do relacionamento com
professores, colegas de curso, colegas de trabalho e amigos que, de forma directa ou indirecta,
contribuíram decisivamente. Por este motivo, é-me impossível agradecer individualmente a todos os que
me ajudaram.
Não posso, contudo, deixar de citar alguns "contribuintes" mais directos:
Os meus superiores, Senhor General Fernando Seabra (ex-Comandante), Senhor Brigadeiro
Taveira Martins (Comandante), Senhor Coronel Armando Barros (Director de Ensino Universitário) e os
meus camaradas na Academia da Força Aérea pelo incentivo e apoio prestado;
Os professores do mestrado, dos quais destaco o Professor Doutor Vitor Gonçalves (ISEG),
pelos conhecimentos e orientações transmitidas nas suas aulas na disciplina de Gestão Estratégica.
Devo, no entanto, um agradecimento especial ao Dr. Francisco Lopes dos Santos (AGESFAL),
pois com ele aprendi e dei os primeiros passos no estudo da Estratégia Empresarial em 1991 na disciplina
de Estratégia e Planeamento da Empresa e, para que este trabalho fosse possível muito contribuíram os
seus incentivos, a sua paciência para me ouvir, ler os "rascunhos" e dar valiosas sugestões e orientações
com a Qualidade que o caracteriza.
Mas, a minha maior gratidão vai para a minha esposa Ana e a minha filha Joana, a quem dedico
> -%
A Ana
eà Joana
RESUMO
2
ABSTRACT
Competitiveness has become a structurai issue in the past few decades, where change and
permanent adaptation to the surrounding environment become imperative for the survival of companies.
The new challenges that the globalization of business, information and economy in general, brought
about are not compatible with traditional management techniques that seek an improvement in
competitiveness through production costs reduction alone.
To respond in a competitive way has become the main concem of current strategies. It is not only
necessary to have good planning, with accurate forecasts and act in accordance with them. It is also
necessary to seek opportunities and anticipate new trends. It ali comes down to having a Strategic Vision,
whom without the success is not possible.
Business currently customeroriented. Information has led to more demanding customers, are more
aware of their negotiating power, and choose the product they think will satisfy their needs in a "rational" way.
As a result, the only way to ensure success in the future, is to ugiveu the customers what he values
most. It is to add Value to goods or services in order to satisfy or even exceed the customers expectations.
A broadly accepted way of adding Value to goods or services is Quality which became a strategic
concem. Companies seek a competitive advantages through Quality.
At first, Quality was implemented only at the end of the production process, through checking -
product oriented quality contrai. Then it spread out to the organization as a whole - the age of a system
oriented Total Quality. Currently are already thinking in terms of Global Quality - in which the main concem is
not organization but every things that sunrounds it, We talk about metaoríented.
Since the concept of Quality was first introduced several ways of assessing it, both intemally and
extemally, have been established. In the sixties that assessment evolved to institutional recognition through
the implementation of warranty certificates, or Quality prizes and awards.
3
índice geral
ÍNDICE GERAL
ÍNDICE DE QUADROS 7
ÍNDICE DE FIGURAS 8
INTRODUÇÃO 9
CARI - COMPETITIVIDADE E ESTRA TÉGIA 14
1. A COMPETITIVIDADE 14
1.1. COMPETITIVIDADE: CLARIFICAÇÃO METODOLÓGICA 14
1.2. A EMPRESA COMPETITIVA 15
1.2.1. Determinantes da Competitividade 16
1.2.2. Imperativo da mudança 18
2. ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS 20
2.1. NOÇÃO DE ESTRATÉGIA 20
2.2. ESTRATÉGIA EMPRESARIAL 21
2.3. PLANEAMENTO ESTRATÉGICO 22
2.3.1. Orientação do planeamento estratégico 24
2.4. QUESTÕES IMPORTANTES DO PLANEAMENTO ESTRATÉGICO 25
2.4.1. Onde competir 25
2.4.2. Em que base 28
2.4.3. Em que direcção 29
2.4.4. De que forma 30
2.4.5. Como 30
3. O NOVO MODELO DE MUDANÇA E OS NOVOS DESAFIOS 31
3.1. FACTORES DE MUDANÇA 32
3.2. O DECLÍNIO DO PLANEAMENTO ESTRATÉGICO 33
3.3 VISÃO ESTRATÉGICA 34
3.3.1. Bonzai tecnológico como ajuda na busca de oportunidades 36
4. ESTRATÉGIAS COM VISTA À EXCELÊNCIA 38
4.1. O CLIENTE COMO CENTRO DA ESTRATÉGIA 38
4.2. IMPORTÂNCIA DA INOVAÇÃO 39
4.3. O ELEMENTO HUMANO 39
4.4. LIDERANÇA PARA A MUDANÇA 40
4.5. O NOVO CONTROLO 41
5. FACTORES CRÍTICOS DE SUCESSO 43
5.1. A QUALIDADE COMO FACTOR CRÍTICO DE SUCESSO 45
CAP. II-A EVOLUÇÃO DO CONCEITO - QUALIDADE 47
1. A QUALIDADE 47
1.1.0 QUE É A QUALIDADE 47
2. A QUALIDADE NUMA PERSPECTIVA HISTÓRICA 48
2.1. O APARECIMENTO E A EVOLUÇÃO DO CONCEITO 48
2.1.1. O desenvolvimento da Qualidade nos E.U.A. 49
2.1.2. O movimento da Qualidade no Japão 50
2.1.3. O movimento da Qualidade na Europa 52
2.1.4. A internacionalização da Qualidade 53
4
índice geral
5
índice geral
ANEXO I 146
ANEXO 2 148
ANEXO 3 155
ANEXO 4 157
ANEXOS 168
6
índice de quadros
ÍNDICE DE QUADROS
7
índice de figuras
ÍNDICE DE FIGURAS
8
Introdução
INTRODUÇÃO
PROBLEMÁTICA
Desde os tempos mais remotos que se fala em mudança, ou melhor, o Homem gera a mudança e
adapta-se às novas situações que, por sua vez, não estabilizam, mudam.
A Mudança é, por conseguinte, um tema pouco original e ligado, inclusive, ao senso comum. No
entanto, ao longo dos tempos, gente que marcou a Humanidade sempre se referiu a esta qualidade do
Universo, o que leva realmente a crer que a mudança é uma qualidade eterna, crescentemente acelerada,
isto é, ir-se-à processando a um ritmo cada vez mais rápido.
Mas, neste mundo em mudança, se olharmos para as organizações, que vemos? Umas paralisam
no tempo e morrem; outras adaptam-se e vão sobrevivendo, e outras antecipam a própria mudança e vão
garantindo o sucesso.
A grande questão, até aqui, é saber porque não antecipam a mudança todas elas, parecendo,
obviamente, ser o melhor caminho.
A resposta parece simples: é uma questão de ter ou não visão estratégica da tal lei do universo
social e empresarial - a mudança.
As empresas de sucesso sempre tiveram , e continuam a ter, a tão importante Visão Estratégica.
E se, para simplificar, só nos referirmos aos tempos em que a gestão passou a ser uma
preocupação do Homem, mais profissional e com bases científicas, desde o início deste século que essa
Visão também foi olhando cada vez mais além e, se há uns bons anos atrás o garante do sucesso passava
por estratégias de volume com grande intensidade de mão-de-obra, uma super-especialização, por
estruturas rígidas onde tudo estivesse previamente definido, mais tarde a questão dos processos de
trabalho e a tecnologia e a diferenciação de produtos passaram a ser determinantes.
Até há umas décadas atrás, os objectivos estratégicos das empresas centravam-se em processos,
produtos, custos, quotas de mercado, etc., pouco ligando à razão da sua própria existência - o seu Cliente.
Só há bem pouco tempo as empresas olharam "com olhos de ver", para o seus clientes e se
aperceberam de que algumas coisas teriam de mudar.
A tal Visão Estratégica determinou que o factor central de qualquer estratégia era o Cliente.
Aperceberam-se, então, de que o sucesso é atingível se, e só se, satisfizerem as necessidades ou
9
Introdução
cliente, que passa a ser cada vez mais exigente e informados, fazendo depender a sua preferência do
"valor" que dá a cada produto ou serviço.
O negócio antigo era "produzir mais, mais e mais para cada vez maiores mercados"; e nesta altura
é "criar «valor acrescentado», fazendo cada vez melhor para um mercado segmentado e exigente".
Assim, a ideia "dar valor ao cliente" foi amadurecendo e cimentando-se na "mente" das empresas.
Mas, como "dar" esse valor, garantindo o sucesso e mantendo-se sempre na vanguarda da
competitividade?
A forma seguida por algumas empresas foi a de ganhar vantagens competitivas através da
Qualidade.
Assim, as questões que se colocam, e que vamos tentar responder com este trabalho, são:
Será a Qualidade uma prioridade estratégica das organizações que procuram o sucesso?
A Qualidade é um factor de Vantagem Competitiva?
DESENVOLVIMENTO
A competição é algo que nos é incutido à nascença, e que permanece em nós até à morte. É tão
abrangente que podemos questionar-nos se existe ao cimo da Terra algum organismo que não compita.
A competitividade entre organizações é, portanto, natural. Mas mais do que natural, com a
evolução meteórica do mundo em geral, passa a ser sinónimo de sobrevivência. Só sobrevive quem for
competitivo (verdade insofismável no mundo dos negócios).
Assim, vamos, neste trabalho, estudar as estratégias empresariais com vista à competitividade,
demonstrando como evoluiu o próprio conceito de estratégia e a sua forma de a planear e implementar.
Mas, para poderem ser competitivas, as empresas têm de centrar a sua estratégia em algum factor
de sucesso ou, dito por outras palavras, devem ter vantagens competitivas.
Vamos, ao longo deste trabalho, ver como a Qualidade pode ser considerada uma vantagem
competitiva.
Há umas décadas atrás, a "qualidade" fazia parte do dia-a-dia. Os negociantes tinham orgulho em
oferecer produtos e serviços que satisfariam as condições para as quais tinham sido por si criados e
imaginados. Os negócios cresciam, porque os seus fundadores eram melhores a proporcionar "qualidade"
do que a concorrência. A sua reputação atraía mais clientes e a "qualidade" mantinha-os.
Acontece então que, a maior parte do mundo adoptou a produção em massa. "Empilhem-nos
depressa - vendam-nos depressa". Os princípios da "qualidade" muitas vezes eram perdidos na
complexidade dos negócios das corporações. Volume, operações em grande escala, serviços mínimos
eram as regras do jogo. Isto estava bem nos anos cinquenta e sessenta, quando havia sempre alguém a
quem vender os produtos. "Pegar ou largar. Se não o quiser mais alguém quer".
10
Introdução
Esta situação mudou no final dos anos setenta princípios dos anos oitenta. Gradualmente o mundo
saturou-se. Muitos produtos e muitos serviços estavam disponíveis para poucos Clientes, que por sua vez
estavam mais exigentes. Os Clientes começaram a exigir os standards antigos e, mais ainda: atenção
individual, entregas em casa, classes diferentes nas viagens de avião, juros, etc.
Hoje a Qualidade retomou... de uma maneira estrondosa. As melhores companhias responderam
ao desafio, e estão a pôr Qualidade em tudo; as outras estão a segui-las, e as que não aderirem morrem.
Quotidianamente, a empresa deve pôr tudo em causa; e, então, fazer bem, já não basta; é preciso
fazer melhor, sempre melhor.
O mundo redescobriu a Qualidade como um factor de negócio. Será o mais importante?
METODOLOGIA
Com este trabalho não se pretende apresentar um manual sobre competitividade, estratégia ou
qualidade mas, com a apresentação de algumas ideias de autores mais ou menos conceituados,
experiências de organizações e estudos efectuados nestas áreas, pretende-se verificar se a Qualidade é
realmente uma prioridade estratégica das organizações de sucesso.
Assim, está estruturado da seguinte forma:
♦ Capítulo I: Estratégia com vista à Competitividade - Onde é abordado o tema - competitividade, e a
forma de a garantir. É ainda referida a estratégia empresarial, a evolução do seu conceito, do seu
planeamento e a utilização das estratégias genéricas de Michael Porter como guia de decisão.
Apresenta-se um novo contexto de mudança, onde o planeamento clássico deixa de ter razão de existir,
dado o seu imobilismo, aparecendo o conceito de Visão Estratégica. Apresentam-se por último as
Estratégias com vista à Excelência e os seus factores críticos de sucesso.
♦ Capitulo II: A Evolução do Conceito - Qualidade. - É apresentado o "nascimento" da Qualidade, fazendo
um resumo histórico da sua evolução e o seu desenvolvimento na "tríade" (Europa, EUA, e Japão).
Mostra-se a evolução do conceito da Qualidade. A garantia da Qualidade, os programas de custos da
Qualidade e a sua implementação. Aparece o conceito da Qualidade Total e da Gestão pela Qualidade
Total (TQM) e a preocupação com os programas de melhoria contínua. Apresenta-se uma crítica ao
modelo TQM.
♦ Capítulo III: A Importância e a Globalização da Qualidade - São apresentados os desafios actuais às
empresas, onde o TQM pode deixar de ser o "best way", pelo aparecimento de novas filosofias de
gestão - downsizing, empowerment, reengenharia e leaming organization. A capacidade de exceder as
expectativas dos clientes logo na fase de concepção, é muito importante. O Benchmarking é
apresentado como uma ferramenta potente para a melhoria contínua com vista à Excelência. É
apresentado um novo Modelo da Qualidade Global para os anos 90. São apresentados alguns estudos
11
Introdução
efectuados nos EUA sobre a Qualidade e, por último demonstra-se que a Qualidade pode, realmente,
ser encarada como vantagem competitiva. Apresenta-se ainda o reconhecimento institucional da
Qualidade; a Certificação e os prémios da Qualidade.
♦ Anexo 1: O Valor como Vantagem Competitiva - É apresentado um estudo, e as suas conclusões, sobre
as "disciplinas do valor": excelência operacional, intimidade com o cliente e liderança no produto.
♦ Anexo 2: O Processo de Certificação e as Normas - Apresentam-se as fases do processo de
Certificação, as Normas ISO e as funções da ISO 9001.
♦ Anexo 3: O Prémio Excelência (PEX) - São apresentados os critérios para avaliação do prémio
português da Qualidade; o PEX.
♦ Anexo 4: As ferramentas para a melhoria da Qualidade - Apresenta-se uma descrição breve sobre
algumas ferramentas da Qualidade Total.
♦ Anexo 5: Conceitos - Uma descrição sumária dos conceitos mais importantes que têm a ver com a
Qualidade.
CONDICIONANTES
Aquando da escolha do tema e o primeiro pensamento em relação a esta dissertação, a ideia era
fazer um trabalho com duas partes distintas:
♦ Um quadro teórico que visasse a construção de um suporte de análise e de referência para a
interpretação dum Estudo de Caso;
♦ Um Estudo de Caso.
A ideia, quanto ao estudo de caso, era a de ver como uma empresa (a Rank Xerox, Portugal) tinha
aplicado as várias ferramentas da Qualidade no sentido desta se tomar uma filosofia de gestão. Estudar
alguns indicadores de gestão no antes e pós implementação dos programas da Qualidade. Ver o impacte
interno e externo, ao nível da satisfação dos clientes (internos e externos), do seu concurso ao PEX, onde
se consagrou vencedora. Por último fazer uma breve análise das "receitas" que a RXP implementou para
vencer o PEX.
Por motivos de diversa natureza não houve essa possibilidade.
Seria óptimo analisar estudos sobre a realidade portuguesa no que diz respeito à Qualidade mas o
próprio Instituto Português da Qualidade não os possui. Está a decorrer no âmbito da Associação Industriai
Portuguesa (AIP) um programa de análise das empresas certificadas mas os resultados não foram ainda
divulgados.
Existe, em Portugal, pouca documentação sobre esta matéria, pelo que se teve de recorrer a cinco
estudos efectuados nos Estados Unidos da América a empresas americanas, europeias e asiáticas. Esta
limitação tem alguma importância porque, se julga que. teria interesse concluir este trabalho com dados
12
Introdução
actuais da realidade empresarial portuguesa no que diz respeito à Qualidade como factor de Vantagem
Competitiva..
13
A competitividade
1. A COMPETITIVIDADE
Nos últimos anos, vem-se acentuando um conjunto de tendências económicas e sociais com
implicações profundas na gestão das organizações, de que se salientam:
• Uma mudança acelerada, geradora de turbulência e potenciais conflitos;
• Uma situação de competitividade sem precedentes em que se esbatem as fronteiras entre negócios e
tecnologias e se encurtam ciclos de vida dos produtos;
• Sofisticação do consumidor, cada vez mais "bem educado" e melhor informado e, por isso, mais
exigente, tanto mais que depara com muitas opções alternativas e em melhoria contínua;
• Globalização, com profundas implicações culturais e na estrutura da oferta e da procura de bens e
serviços.
Recordando Alvin Toffler, em A Terceira Vaga e Os Novos Poderes, que caracterizou a revolução
agrícola de há 10 mil anos, como a primeira grande vaga de mudança humana, a revolução industrial, como
a segunda vaga e, a era da informação, como a terceira vaga, podemos dizer que caminhamos para a
quarta vaga de mudança da sociedade humana, em que o valor acrescentado resulta da criatividade e da
inovação. A manufactura cede o lugar à mentefactura (CARDOSO - 1995).
1 Mateus,. 1995
14
A competitividade
4) Processo de comercialização.
É neste domínio que a empresa se vai pôr em contacto com o mundo exterior, defrontando a
concorrência e, assim, aquilatar das suas capacidades competitivas.
2 Romão, 1995
15
A competitividade
3 Mateus, 1995
16
A competitividade
No entanto, a ideia de competitividade aparece, cada vez mais, ligada ao sen/iço (que está
associado ao bem vendido) do que ao produto em si, ou à sua produção. Não resultando daí que o processo
produtivo seja menos importante mas, em iguais condições de produção, levará vantagens quem apresentar
17
A competitividade
4
Kovács, I. (1992)
^ Ainda recentemente, em 1994, o ex-Presidente da Comissão da UE, Jacques Delors, na apresentação das ideias em
debate na Comissão sobre o Livro Branco para o crescimento, a competitividade e o emprego, defendia a
necessidade de procurar um modelo de crescimento diferente do dos anos 60 e 80 capaz de equilibrar a
solidariedade e a competitividade.
6
Michel Robert, norte americano, inventor da frase "Pensamento estratégico".
18
(a' i
do mundo; uma decisão que lhe custou 350 milhões de dólares. Esse produto era uma cápsula envenenada*
que, no entanto, só tinha afectado a região de Chicago!"
Para outros, entre os quais estão os japoneses em particular, que argumentam que a empresa
existe, em primeiro lugar e acima de tudo, para benefício dos seus trabalhadores - um ponto de vista
difícil de rebater, considerando o sucesso que têm tido durante os últimos 30 anos - mas, a realidade é
que têm também como preocupação central a pessoa (neste caso o cliente interno).
19
Estratégias competitivas
2. ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS
"Aquele que não espera ganhar já perdeu."
José Joaquim Olmedo
Poeta equatoriano - 1780/1847.
Deste modo, a globalização dos negócios, da informação, da economia e toda esta mudança de
atitude em geral, implica, na actividade empresarial, um redefinir de estratégias num contexto concorrencial
cada vez mais alargado e desconhecido. A salvaguarda da posição competitiva de cada empresa é, cada
vez mais, uma questão a ter em conta porque as mudanças são rápidas e factores como a qualidade, a
diversidade, os prazos de entrega, as condições de pagamento, a assistência após venda e "outras
facilidades", tomaram-se os principais elementos geradores de competitividade.
A competitividade passa, portanto, a será preocupação central das estratégias empresariais.
20
Estratégias competitivas
O outro exemplo é mais actual; as forças multinacionais (onde se enquadra a NATO), nestes
últimos conflitos optaram, como dizia Giulio Douhet7, por "partir os ovos no ninho", dito de outra forma,
combater o potencial do inimigo na sua origem, veja-se a "Guerra do Golfo". Esta é uma opção estratégica
do "onde" combater o inimigo.
Na II Guerra Mundial, a estratégia utilizada pelos alemães foi exactamente a mesma. Só que,
nessa altura, houve um pequeno senão, a opção táctica não foi a melhor. Os alemães desenvolveram
bombardeiros e atacaram Inglaterra, esquecendo-se dos radares e dos caças ingleses com mais
mobilidade. Estes iam para o ar muito antes dos bombardeiros chegarem, uma vez que os tinham
antecipadamente detectado.
No caso das forças multinacionais, por que já prevenidos, a táctica utilizada foi a de desenvolver
aviões de combate "invisíveis" aos radares, para poder ser eficaz com a estratégia escolhida. Assim nasceu
o F 117.
7
Giulio Douhet, 1869-1930, militar de carreira, grande analista das questões da guerra aeronáutica.
8 Henry Mintzberg, artigo intitulado "Crafting Strategy" publicado na Harvard Business Revicw Jul/Ago87.
9 Peter Drucker, "Management: Tasks, Responsabilities, Practices", Harper & Row, New York, 1974, pág. 104.
10 William F. Glueck, "Business Policy and Strategic Management", McGraw Hill, New York, 1980, pág. 9.
21
Estratégias competitivas
i i Artigo intitulado "The Four Phases of Strategic Management" no Journal of Business Strategy, 1982, pp. 9-21.
22
Estratégias competitivas
e meios para atingi-los, num determinado período de tempo, através da constante interacção com o
ambiente envolvente (ANSOFF, DECLER, HAYES- 1987).
O planeamento estratégico caracteriza-se por
* Ser função básica dos dirigentes mas, deve ser descentralizado e "pensado" com a participação dos
elementos que compõem a organização;
* A perspectiva da organização corresponder à noção de sistema aberto, examinando os aspectos
internos e externos;
* Visar a eficácia e a eficiência, com base em informações qualitativas e quantitativas;
* Análise prospectiva da previsão do futuro com amplitude de curto/médio prazo;
* O produto, do processo de planeamento, são as decisões críticas materializadas nas estratégias (ao
contrário do plano escrito - produto por excelência - do planeamento tradicional);
* Preocupar-se com o controlo e execução, tendo como finalidade (evolutiva) a redefinição dos objectivos
e das estratégias.
Dizem, os defensores do planeamento estratégico, que é importante e necessário nas
organizações porque:
* Permite que a organização se aproxime dos seus objectivos e metas, a partir da análise do ambiente
externo e interno;
* Prepara as organizações para funcionarem e enfrentarem um ambiente em rápida transformação;
* Surge como um meio de crescimento e aperfeiçoamento das organizações;
* É balizador do processo decisório;
* É um instrumento para maximizar resultados obtidos na utilização estratégica de recursos escassos;
* Favorece um processo de mudança;
* Analisa alternativas para construir um estado futuro melhor e desejado.
O planeamento estratégico tradicional é dividido em três fases (figura n01):
1. A análise estratégica;
2. A selecção ou escolha da estratégia;
3. A implementação estratégica.
23
Estratégias competitivas
EXPECTATIVAS
OBJECTIVOS
PODER
ANALISE ANALISE
INTERNA EXTERNA
ANALSE
CENÁRIOS
RECURSOS
ESCOLHA
IMPLEMENTAÇÃO
QUANTIFICAÇÃO ESTRUTURA
PESSOAS
OPÇÃO E
SISTEMAS
24
Estratégias competitivas
25
Estratégias competitivas
dessa área geográfica e os segmentos de mercado (segmentos estratégicos) dessa indústria. É a escolha
do negócio da organização.
Escolha do negócio:
A organização escolhe o seu negócio de forma a ser competitiva. Na analise das áreas geográficas
e dos negócios possíveis (compatíveis) e mais atractivos para actuar, há que escolher os segmentos
estratégicos.
A entrada em novos segmentos deve partir de uma análise estratégica apropriada e nunca da
intuição do momento. O sucesso de uma organização não reside na capacidade de "agarrar" as
oportunidades que surgem, mas antes, no discernimento de identificar e construir oportunidades várias e só
aceitar as "certas". A capacidade para dizer "não", é crítica para o sucesso de longo prazo da empresa.
Para analisar os segmentos estratégicos podemos socorrer-nos do Modelo de Michael Porter
sobre as cinco forças determinantes da rendibilidade ou atractividade de cada segmento. São elas:
a) Grau de rivalidade entre os concorrentes actualmente no segmento;
b) Poder negocial dos fornecedores do segmento;
c) Poder negocial dos clientes do segmento;
d) Ameaça de entrada de novos concorrentes;
e) Ameaça de produtos ou serviços substitutos.
Quanto ao primeiro aspecto, há que não confundir rivalidade com competitividade. Enquanto a
rivalidade tem como determinantes o crescimento do segmento (da industria), a relação dos custos
fixos/valor acrescentado, a sazonalidade e sobrecapacidade intermitente, a diferenciação de produtos, o
montante das despesas irreversíveis de investimento, a concentração e o equilíbrio, as barreiras à saída, as
26
Estratégias competitivas
necessidades de fundo de maneio, etc.12, a competitividade persegue o domínio dos factores críticos de
sucesso e, tem como determinantes os atrás expostos. Este ponto consiste na análise interna ao segmento,
às oportunidades e ameaças que lhe estão inerentes.
Os outros pontos são análises externas do segmento que evidenciam o valor actualmente
existente na actividade e as ameaças ou oportunidades futuras.
Assim, em primeiro lugar, há que identificar os segmentos estratégicos em que se está ou se
deseja actuar. Pode dizer-se, que pertencem ao mesmo segmento estratégico, negócios que sejam
influenciados pelos mesmos factores internos, que são os que determinam se a empresa sabe, e pode,
fazer o negócio e factores externos, que determinam as regras do negócio, a saber
• Factores internos: tecnologias, know-how, competências e recursos;
• Factores externos: fornecedores, concorrentes, clientes, meio em geral.
De uma forma mais simplista, pode dizer-se, que pertencem ao mesmo segmento estratégico os
negócios, para os quais, são exigidas as mesmas competências organizacionais e possuem os mesmos
factores críticos de sucesso.
Quanto às competências organizacionais, pode dizer-se que resultam de uma acção de conjunto
que agrega recursos materiais, pessoais, formas organizativas, capacidades técnicas e de gestão, dispostas
de forma ao melhor atingimento de objectivos bem definidos.
Os factores críticos de sucesso são uma variável exógena, que a empresa procura dominar, e
podem ser diagnosticados de duas formas: através duma análise ao que a empresa líder faz, melhor que as
restantes (tentando estabelecer assim uma relação causa-efeito); ou analisando os factores determinantes
da atractividade do segmento, detectando aqueles que são decisivos e que, sendo dominados pela
empresa, duma forma mais eficaz que os concorrentes, constituirão uma vantagem competitiva.
Após a identificação e análise dos segmentos estratégicos, deve a empresa definir o seu mercado
pertinente. Que é a área desse segmento (geralmente uma fatia e não a totalidade) em que a empresa tem
condições de possuir vantagem competitiva.
Pode, assim, escolher-se o(s) negócio(s), com base no conhecimento dos segmentos estratégicos.
Este segmentos para serem bem descritos devem conter (definir) quatro elementos:13 o produto ou serviço,
a necessidade servida (satisfeita), o tipo de cliente alvo e a área geográfica de actuação.
27
Estratégias competitivas
Escolha do posicionamento:
Pode posicionar-se segundo dois eixos; quanto ao nível de diferenciação do produto/serviço
oferecido (de nulo a grande) e quanto ao mercado alvo (de restrito a global). Escolhendo, assim, uma das
três estratégias genéricas: baixo custo, diferenciação ou focalização.
GLOBAL
BAIXO CUSTO
DIFERENCIAÇÃO
QUANTO (VOLUME)
AO
MERCADO
FOCALIZAÇÃO
RESTRITO
NULO GRANDE
QUANTO AO NÍVEL DE
DIFERENCIAÇÃO
A estratégia de baixo custo, também chamada de volume, é escolhida quando existe vantagem
competitiva com base nos custos e quando uma empresa tem um grande volume de mercado e se baseia
nas economias de escala que essa condição permite.
Mas, por baixo custo, deve entender-se, a capacidade de colocar no mercado produtos ou
serviços, a preços comparáveis aos dos concorrentes, mas obtidos a mais baixo custo, gerando por isso
lucros mais elevados.
28
Estratégias competitivas
As empresa que escolhem este posicionamento têm, geralmente, competências nas seguintes
áreas: produção, supervisão do trabalho, concepção dos produtos de moldes a facilitar a sua fabricação, um
sistema de distribuição eficaz e de baixo custo, um controlo de custos apertado, uma organização bem
estruturada, onde as responsabilidades estão bem definidas e um sistema de incentivos adequado (com
metas quantitativas). Devem, ainda, ter acesso fácil a capital para proceder a um investimento sustentado
(por exemplo, possuir um prazo médio de pagamento bastante superior ao prazo médio de recebimento).
Por diferenciação, entende-se a oferta de um produto ou serviço, percebido pelo mercado como
"único", proporcionando por isso a prática de um "premium price".
A diferenciação pode ser conseguida de várias formas: imagem de marca e design, tecnologia,
modelos, serviços a clientes, rede de distribuição e outras.
Com a estratégia de diferenciação consegue-se criar uma forte barreira a ataques rivais (pela
lealdade à marca) e diminuir o poder negocial dos clientes (por falta de alternativas por parte deste).
Com esta estratégia, procura-se atingir uma faixa de mercado mais pequena do que com a
estratégia anterior.
As competências necessárias são: uma forte capacidade ao nível do marketing, criatividade,
capacidade de investigação, reputação de qualidade e boa tradição no negócio, bem como uma forte
coordenação interdepartamental Marketing/l&D/Produção.
Finalmente, com a estratégia de focalização, pretende-se atingir uma parcela específica do
mercado quer por diferenciação, quer por baixo custo do produto ou serviço (ou por ambos).
O compromisso de fundo da empresa deve ser claro, embora a intensidade da estratégia genérica
seguida possa variar. Contudo, não é possível prosseguir simultaneamente mais de uma estratégia
genérica, a médio/longo prazo, sem que a empresa seja relegada para "performances" medíocres.
Esclarecidas as duas primeiras questões, negócio e posicionamento da empresa, pode dizer-se
que existem mais três "passos a dari1.
29
Estratégias competitivas
2.4.5. Como
Por último, mas não menos importante, trata-se de determinar a forma de "combate". Neste ponto
deve, também, ter-se em consideração a estrutura da actividade, o poder dos actuais e potenciais
competidores, a intersubstituibilidade entre produtos, a atractividade dos segmentos em análise e as
margens de comercialização.
O principio-base a seguir, para entrar num mercado, é o de se fazer uma "guerrilha". Nesta
tipologia estratégica, não se entra em concorrência com os "grandes". O negócio é suficientemente atractivo
para quem faz a "guerrilha", e razoavelmente pequeno para os "grandes".
Se não for possível fazer a "guerrilha", então, deve considerar-se a hipótese de concretizar um
"isolamento". Neste tipo de estratégia, o produto em causa não vai concorrer directamente com os
"grandes", embora, a necessidade que o produto satisfaz, seja a mesma. No médio/longo prazo, os
"grandes" irão responder, pelo que se deve negociar com menores margens de comercialização.
Não sendo possível "isolar", pode considerar-se a possibilidade de um "ataque de flanco". Neste
tipo de estratégia entra-se em concorrência directa com os "grandes". Deve, portanto, escolher-se uma área
geográfica, uma actividade, um segmento ou um produto onde, a presença dos "grandes", se faz sentir
duma forma fraca. Desta forma, minimiza-se as probabilidades duma retaliação. É evidente que, o segmento
a escolher para o "ataque de flanco", deve ser aquele, onde a empresa reúne mais pontos fortes em
factores críticos de sucesso.
Por fim, se nenhuma hipótese anterior for possível, pode considerar-se um "ataque frontal". Esta
opção requer um sofisticado grau de análise na detecção dos pontos fortes e fracos das empresas
competidoras. O ataque deve sempre recair onde a "vítima" é mais vulnerável. Nada será como dantes, pelo
que deve esperar-se sempre uma forte reacção. É fundamental que a empresa atacante tenha uma
capacidade financeira superior à visada.
30
O novo modelo de mudança e os novos desafios
14
Michel Robert, 1993.
31
O novo modelo de mudança e os novos desafios
( CLIENTES )
MAIS / \ MAIS
INFORMAÇÃO / X AUTONOMIA
MAIS OFERTAS / MAIS OFERTAS
f MAIS
í TECNOLOGIAS ) COMODIDADE 1 PESSOAS )
\. y MAIS
^ — AUTONOMIA
32
O novo modelo de mudança e os novos desafios
É fundamental, para a empresa, reconhecer o seu triângulo dos factores que se inter-relacionam e
que criam uma dinâmica de evolução permanente e acelerada, para se armarem e poderem responder
competitivamente.
As economias de escala que caracterizam as estratégias de baixo custo, dão lugar às economias
de gama onde além da problemática dos custos, está também patente a questão da diferenciação de
produtos.
E, esta diferenciação, começa a ser habitual caracterizá-la em dois estágios distintos:
• A diferenciação "hard", feita através de qualidades (atributos) do produto e que é cada vez mais fácil de
imitar;
• A diferenciação "soft", realizada, com base no serviço intangível prestado ao cliente e, na qual,
indiscutivelmente, cada empresa será singular.
33
O novo modelo de mudança e os novos desafios
Henry Mintzberg15 arrasa definitivamente a orientação, centralizada e analítica, que imperou nos
negócios até aos anos 80, diz: "...0 próprio termo planear é imbecil: tudo pode mudar amanhã... Enquanto
os dados quantitativos informam o intelecto, os qualitativos geram sabedoria. São difíceis de analisar, mas
indispensáveis à síntese - a chave para as opções estratégicas... A ênfase dos números favorece as
estratégias de liderança em custos que são mensuráveis, em relação às estratégias de diferenciação, cuja
ênfase vai para o design inovador, qualidade e outros aspectos dificilmente mensuráveis... Os bons
estrategos não são os que se abstraem dos detalhes diários, mas os que se envolvem neles, sendo
capazes, no entanto, de retirar as mensagens estratégicas desejáveis... Planeamento estratégico não é
pensamento estratégico, que envolve criação e criatividade. O planeamento é imobilista, dificulta as
mudanças organizacionais profundas, retira autonomia e, por isso motivação operacional."
Em França, surgiu recentemente um defensor de Prospectiva Estratégica - Michel Godet - que diz,
tratar-se de uma metodologia de antecipação para guiar a acção. Serve para agarrar o futuro em mão,
tentando dominá-lo, moldá-lo, e não sofrê-lo passivamente ou reactivamente. Para o autor, existem duas
atitudes: a da prè-actividade, que nos leva a antecipar e a prevenir, e a da pró-actividade, que nos
transforma em "conspiradores do futuro", gente voluntariosa, possuída de uma visão global e de um projecto
de longo prazo, mas também com os pés assentes na tenra, que age para provocar mudanças desejadas
"num futuro que está sempre por escreveri*.
15 Mintzberg, 1993.
34
O novo modelo de mudança e os novos desafios
16 Frase retirada do artigo de Prahalad and Hamel, "Stralegic Intent", publicado na Harvard Business Review, em
Maio/Junho de 1989.
35
O novo modelo de mudança e os novos desafios
36
O novo modelo de mudança e os novos desafios
PRODUTOS
MARCADOS KNOW-HOW
COMPETÊNCIAS INDUSTRIAL
COMERCIAIS
CTO
^lO O
o
o
o
o
o o
INTEGRAÇÃO DAS
COMPETÊNCIAS
COMERCIAIS E
INDUSTRIAIS COM AS
TENOLOGIAS
GENÉRICAS DEFININDO
O NEGÓCIO ESPECIALIZAÇÃO
DOMINANDO
OS CUSTOS
COMPETÊNCIAS NAS
TECNOLOGIAS
GENÉRICAS
37
Estratégias com vista à excelência
1
8 Anexo 1.
38
Estratégias com vista à excelência
o cliente, significa a configuração que considera óptima para satisfazer o seu desejo. A isso chama-se o
conjunto esperado. É o produto ideal.
Para ser escolhido o produto de determinada empresa, conjunto percebido, deve significar para o
cliente a configuração de atributos o mais próxima possível com o conjunto esperado.
Assim, acrescentar valor para o cliente, é aproximar o produto do seu produto ideal.
Para essa aproximação, as empresa procuram:
• A alta qualidade na percepção do cliente;
• Atendimento superior;
• Forte ligação ao cliente;
• Perspectiva internacionalista;
• Singularidade.
39
Estratégias com vista à excelência
agentes para o sucesso junto dos clientes externos. Sendo assim, os cliente internos têm de ser
cuidadosamente atraídos, mantidos e apoiados pela estrutura, que assume a forma de pirâmide invertida, e
através de uma política cuidada de Marketing In, constituída pelo mesmo mix do Marketing Out (product,
place, promotion, price), embora revestindo formas de aplicação adequadas ao cliente In. A contrapartida
será o preço que o cliente In se dispõe a pagar, composto pela produtividade, motivação, fidelidade,
feedback activo e promoção da empresa num processo de Marketing de boca em boca.
A relevância do modelo não se restringe aos princípios enunciados, mas vai mais além, apontando
que os órgãos e pessoas que compõem a estrutura da empresa só terão razão de existir se estiverem
ligados aos clientes in e out, sendo redundantes todos os restantes elementos.
A consequência da aplicação do modelo leva a uma predisposição para a qualidade em todas as
pessoas e departamentos da empresa, uma vez que, mesmo internamente, todos os elementos, quer sejam
pessoas, quer sejam órgãos, quer sejam departamentos, são entendidos como clientes uns dos outros,
constituindo canais de intermediários para o cliente Out.
40
Estratégias com vista à excelência
livro Thriving on Chãos", aponta exactamente o contrário com alguns paradoxos, dando a indicação qu^ttó
de uma forma estável se pode partir para a mudança, e que esta é necessária:. Eis alguns: $
• A uma menor estabilidade do ambiente é necessário responder com uma maior estabilidade de metas e"
empregos:
• Maior qualidade consegue-se com menos supervisores;
• Alta qualidade gera custos mais baixos;
• O sucesso virá para aqueles que amarem o Caos - a Mudança constante - e não para os que tentarem
eliminá-lo.
41
Estratégias com vista à excelência
0
Número de prémios a fracassos interessantes;
0
Percentagem de vendas oriundas de novos produtos.
• Equipas (pessoas):
0
Percentagem de pessoas em configurações de equipas;
0
Número de actos de reconhecimento de mérito;
0
Tempo/orçamento dedicado ao aperfeiçoamento de qualificações;
0
Percentagem da remuneração total vinda de lucros ou de prémios de reconhecimento;
0
Número de actos de redução de barreiras na estrutura;
0
Número de regulamentos, humilhantes ou debilitantes, abandonados.
• Liderança:
0
Tempo dedicado à mais alta prioridade:
0
Percentagem de tempo fora do gabinete;
0
Percentagem do tempo com cliente e com a linha da frente;
0
Indicador linha/staff em pessoas e remunerações;
0
Volume de coisas mudadas;
0
Avaliação formal de cada pessoa de acordo com as mudanças efectuadas.
42
Factores críticos de sucesso
43
Factores críticos de sucesso
44
Factores críticos de sucesso
45
Factores críticos de sucesso
Prazo
Quota Mercado
Custo
C
Produtividade
Qualidade
\ Rentabilidade
Flexibilidade
C
Inovação
46
A Qualidade
QUALIDADE
1. A QUALIDADE
47
A Qualidade numa perspectiva histórica
48
A Qualidade numa perspectiva histórica
49
A Qualidade numa perspectiva histórica
primeiro "experf em qualidade a ter responsabilidades importantes numa empresa, a GE. A partir dessa
data as suas intervenções são seguidas de perto pelos japoneses.
Além de Feigenbaum, mais dois homens se começam a distinguir no domínio da qualidade nos
anos 40; Edwards Deming e J. M. Juran, ambos discípulos de Shewhart.
Deming participou por duas vezes num estudo económico no Japão e, porque a sua presença não
passou despercebida, foi convidado, em Julho de 1950, a dar formação aos principais lideres empresariais
nipónicos. Somente trinta anos mais tarde, em 1980, através duma reportagem televisiva sobre a sua acção
no Japão, difundida nos EUA, é que se toma célebre no seu próprio país.
Juran participou com Deming na redacção de documentos de controlo estatístico e no famoso
programa de formação no domínio da qualidade. Em 1951, publicou o seu primeiro livro "Quality Contro!
Handbook" e, em 1954, é convidado, no Japão, para completar a formação ministrada por Deming.
Até ao início dos anos 60, a qualidade é do domínio da gestão e sobretudo dos engenheiros. O
homem comum da empresa é somente um factor, não tem responsabilidade na obtenção da qualidade.
Em 1961, Philip B. Crosby lança o conceito "zero defeitos". E porque, após os primeiros ensaios
espaciais, se chega à conclusão que os principais defeitos provêm quase exclusivamente de erros
humanos, é sobre o homem que se devem concentrar os esforços.
A ITT, em 1966, com Crosby a liderar, responsabiliza os operários pela qualidade das operações
que lhes estão confiadas, suprimindo diversos controlos e incutindo o espírito de "fazer bem à primeira vez".
A partir de 1967 várias empresas lançam, com sucesso, o programa "Zero Defeitos".
Após a crise do petróleo de 1973, a indústria americana mostra as suas debilidades e, pela
primeira vez, as empresa japonesas ameaçam as empresa americanas. A qualidade e a fiabilidade dos
automóveis e televisores fabricados no Japão são nitidamente superiores às dos produtos americanos.
Os consumidores começam a modificar os seus critérios de escolha na compra de um produto.
No início, a fraqueza da indústria americana face à sua concorrente japonesa era explicada,
sobretudo, por causas externas, como cultura e modo de vida. Mas, estes argumentos são contrariados
quando uma empresa japonesa consegue obter os mesmos resultados em qualidade que obteria no Japão
trabalhando nos EUA com americanos.
Este choque para a gestão americana faz com que os métodos sejam repensados. O papel do
homem na empresa tem de ser mudado. As pirâmides hierárquicas esbatem-se. Os programas de
médio/longo prazo de melhoramento são desenvolvidos em todos os mecanismos das empresas.
50
A Qualidade numa perspectiva histórica
falhanço; e fomentar as telecomunicações, meio decisivo para o relançamento económico, mas também um
instrumento do domínio americano sobre o Japão.
Em relação aos dirigentes, a sua substituição poderia facilitar o dinamismo e a revitalização da
economia mas haveria, certamente, uma perda de experiência não declinável para uma indústria já por sl
desorganizada.
A solução encontrada foi a de escolher novos gestores, com espírito inovativo, para liderar a
mudança. Presidiram na constituição das equipas dirigentes das empresas americanas e foram a chave do
seu sucesso.
A indústria japonesa do pós-guena, liderada por uma nova equipa, encontrava-se assim totalmente
aberta a novas ideias.
Em relação às telecomunicações, criou-se um organismo cuja missão seria aconselhar os
fabricantes de componentes telefónicos. Estes conselhos foram dados através de formação, que se pode
considerar como a primeira acção de introduzir a qualidade no Japão. Foi desta formação que saíram os
pioneiros da qualidade no Oriente; B. Inoué (Sumito Electric), T. Kato (Mitsubishi), K. Kwake (Fumhawa), K.
Kobayashi (Nippon Electric) e E. Nishibori (Nippon Telegraph & Telephone).
Os responsáveis pela formação, C. Protzman e H. Sarasohn, deram grande ênfase, e foram
originais, quanto às relações humanas, dizendo que "...a principal obrigação de um líder é dar confiança
aqueles que lhe estão subordinados e respeitá-los..." pelo que, a maior parte do que virá a ser considerado
como uma particularidade da gestão japonesa, estava já contida nos seus cursos.
Kato e Inoué foram então escolhidos para "espalhar" por toda a indústria e por todo o Japão " a
palavra da qualidade". Até 1974, cinco mil e cem dirigentes já tinham assistido a seminários.
Em 1949, é organizado um curso de 6 meses sobre qualidade. Em 1950, Deming aceita o convite
da JUSE (Japonese Union of Scientists and Engineers) e lecciona um curso de 8 dias, sublinhando a
importância das estatísticas. No ano seguinte foi criado o Prémio Deming. Em 1954, é a vez de Juran ser
convidado para protagonizar a necessidade de ruptura no processo de melhoramento da qualidade.
No início dos anos 60, a tónica é colocada no desenvolvimento da qualidade noutros sectores da
empresa - Marketing, l&D. Vendas, Pessoal - sendo o exemplo dado pela Sumitomo Electric Industries
(vencedora do prémio Deming em 1961).
No início, a divulgação da qualidade fez-se de duas formas: a partir de 1956 até 1962, a rádio
emite um programa semanal para os quadros das empresas e, a partir de 1962, a JUSE publica uma revista
mensal dirigida aos contramestres e edita um manual de Kaom Ishikawa, que teve uma venda de 200 mil
exemplares.
51
A Qualidade numa perspectiva histórica
Em Maio de 62, é registado o primeiro Círculo de Qualidade (CQ). Após vinte anos existiam
148.106 CQ agrupando 1.305.780 membros. Todo este movimento se deve a um homem que dedicou a sua
vida à qualidade - Kaoru Ishikawa.
52
A Qualidade numa perspectiva histórica
No final da década, existe grande cooperação entre o Japão e a Europa em relação ao tema
"Círculos de Qualidade" e, em 1981, é traduzido para francês um manual japonês intitulado "Princípios
Gerais dos Círculos de Qualidade".
A Inglaterra, teve um papel particularmente importante no desenvolvimento de leis estatísticas e
matemáticas, aplicáveis no mundo industrial. Estas leis, foram utilizadas em grande escala pelos EUA no
início da II GM.
Um dos primeiros ensaios estatísticos foi efectuado por Ronald Fisher, engenheiro agrónomo,
aplicado à cultura de batatas e cereais. Sendo, os métodos por ele utilizados, rapidamente adoptados por
outros países na agricultura, medicina, biologia e indústria.
No que diz respeito à standardização, a Inglaterra, deu um grande contributo desde a fundação do
British Standards Institution em 1901. Desde o primeiro Standard on Quality Control, British Standard (BI)
600, em 1935, (Industrial Standardisation and Quality Control), o Quality Assurance Council, criou o conjunto
de publicações mais compreensivas sobre gestão da Qualidade. Existem ainda, no momento, várias listas
deuStandards" actuais e da responsabilidade da BSl.
A "Garantia de Qualidade" passou, assim, a ser a preocupação da Inglaterra, havendo, inclusive,
um envolvimento activo do Governo de Sua Majestade, quanto à imagem e à performance nacional da
qualidade. Actualmente, este país, representa cerca de 50% dos certificados de garantia passados em todo
o mundo.
53
A Qualidade numa perspectiva histórica
54
A Qualidade numa perspectiva histórica
As empresas não cumpriam com os requisitos que haviam prometido aos clientes e estes não
reclamavam porque achavam impossível fazer melhor. Eram acordados limites e desvios permitidos para
cada produção.
O método de aceitação-rejeição de lotes (caso não cumprisse os parâmetros) começou por ser o
primeiro principio da qualidade. Se o produto era aceite, era fiável, logo, tinha qualidade.
Nos anos 20, sob o nome de Statistical Quality Contrai, surgiram, nos EUA, alguns gráficos de
limites , de dispersão e de desvios apropriados para medir procedimentos.
As normas militares de estandardização, as famosas "MIL STD", concebidas pelas forças armadas
americanas, para a fabricação de armamento e outros produtos, começam a ser adaptadas e usadas pela
indústria em geral.
Mais tarde, nos anos 60, com o evoluir da industria de material aeronáutico e espacial, houve uma
progressão, em termos de medição. Alguns produtos, sobretudo electrónicos, faziam menção dum MTBF -
Mean Time Between Faiiures.
Para os japoneses, a prescrição de Deming era: "métodos estatísticos para tudo e para todos."
A qualidade era, assim, medida no laboratório, segundo normas preestabelecidas mas quase só
exclusivamente na função produção.
55
A Qualidade numa perspectiva histórica
despersonaliza-se, já que passa a ser feito segundo critérios matemáticos universais e, por isso,
independentes do estado de espírito dos inspectores. A partir da II GM, a concepção da qualidade
autonomiza-se da produção, ficando contudo a qualidade da conformidade na dependência do director de
produção.
Podemos afirmar que houve evolução nos sistemas de produção e que a gestão da qualidade se
tomou mais complexa e despersonalizada. Contudo, uma característica da produção irá manter-se
inalterada até aos anos 60; os produtores, unilateralmente, concebem e realizam a qualidade que entendem
ser adequada aos produtos, sem quaisquer influências dos consumidores.
Além disso, com preços de matérias primas e energia extremamente baixos, associados à
inexistência de inflação e mão-de-obra barata, os sistemas industriais permitiam-se ao luxo de manter nas
suas cadeias de produção elevadas percentagens de não-qualidade, já que somente procediam às
inspecções e ensaios destinados a segregar os produtos defeituosos, pouco ou nada fazendo para evitar a
sua ocorrência. Portanto, até finais dos anos 60, as sociedades industriais avançadas viveram a era da
Qualidade Reactiva, ou seja, da qualidade pela conformidade (figura n0 6), com comportamentos de gestão
empresarial estáticos e onerosos, caracterizados por
• Níveis e especificações da qualidade, unilateralmente estabelecidos pelo produtor e impostos ao
mercado;
• Níveis e especificações da qualidade, permanecendo inalterados por períodos relativamente longos;
• Controlo da qualidade da produção realizado uà posteriori", isto é, somente após a realização das
actividades, com o objectivo de segregar os produtos defeituosos;
56
A Qualidade numa perspectiva histórica
• Grande percentagem da não-qualidade nas cadeias de produção, com os inerentes custos de reparação
ou de reconstrução dos produtos defeituosos detectados;
• Acentuada existência de sucata, assim como elevados custos no cumprimento de garantias.
PLANEAMENTO DA QUALIDADE
AVALIAÇÃO DA
QUALIDADE
NÍVEIS QUALIDADE
E CONTROLO DA
SISTEMA PRODUTIVO QUALIDADE
ACÇÕES
CORRECTIVAS
57
A Qualidade numa perspectiva histórica
Este controlo estatístico da qualidade sempre foi usado para ajudar os gestores a formular as
decisões. Este métodos, operando com base na excepção, alertam a gestão para quando alguma coisa
"corre" mal e necessita ser corrigida.
58
A Qualidade numa perspectiva histórica
(a] Ib)
59
A Qualidade numa perspectiva histórica
tradicional é uma divisão das não-conformidades em "poucos vitais" e "muitos triviais". Estes últimos não
são levados em conta, são deixados para envenenar o produto para o cliente. No "Zero Defeitos" não
podem existir os "triviais".
Ligado a este programa, aparece a base quantitativa que mede o número de peças defeituosas em
cada milhão. Esta percentagem de erro aparece em termos de "sigma", que representa o número total de
defeitos por unidade. Em termos práticos, quanto mais elevado for o sigma, menor é o número de defeitos
que é apresentado por cada milhão de peças. Por exemplo, em três sigma, a taxa de erro é de 66810 peças
por cada milhão; em quatro sigma, 6210 peças; em cinco sigma, 233 peças; e em seis sigma, 3,4 peças.
Pode dizer-se que em seis sigma não existem virtualmente erros de fabrico e que, em termos de qualidade
se atingiu o "zero defeitos".
60
A Qualidade numa perspectiva histórica
aceites, por um lado, trabalhavam com maior empenho e interesse na tentativa de atingir os objectivos
"acordados", por outro lado, contribuíam com mais ideias.
Normalmente, a participação nestes círculos era voluntária e reuniam-se após o horário norma! de
serviço diário.
As ideias "novas" eram às dezenas por ano, sendo muitas delas aplicadas, ficando as outras "em
arquivo", não se perdendo nenhuma. Todo o trabalho destes grupos era levado a sério pela gestão.
A realidade é que estes Círculos de Qualidade, que nos anos 80 ainda eram bastante activos,
sobretudo no Japão, trouxeram grandes benefícios para as empresas no que diz respeito à qualidade, à
produção, aos custos, etc. Mas, segundo Juran (JURAN -1988), o grande contributo para a qualidade não foi
dado directamente do trabalho do próprios círculos de qualidade (que se preocupavam com o "trabalho do
dia-a-dia"), mas sim duma forma indirecta, porque libertaram a gestão e deram-lhe tempo disponível para se
dedicar aos problemas vitais e globais das organizações.
61
Um novo movimento
3. UM NOVO MOVIMENTO
62
Um novo movimento
em dividir o processo em etapas, inspeccionar o produto no final de cada uma, só passando à e apa
*
seguinte aquele que estivesse em condições, mantendo-se, no entanto, a inspecção final. Como era ds^y^
prever, este novo sistema de produção, por si só, diminuiu drasticamente as não conformidades do produto,
aumentando na mesma proporção os custos.
Para resolver este problema, a única solução foi envolver os operários na concepção e melhoria do
processo produtivo. Inicialmente no Japão, posteriormente nos EUA e na Europa, os trabalhadores
passaram a ter autonomia para criar este tipo de melhorias contínuas, através da utilização de ferramentas e
metodologias da Qualidade, por exemplo a metodologia de resolução de problemas e as ferramentas de
controlo da Qualidade.
As empresas, desta forma, atingiram o nível da Qualidade da conformidade ao custo, obtendo,
assim, produtos bastante fiáveis e funcionais a baixo custo.
Os círculos de qualidade e as estatísticas, até aí já usadas, não passam de pequenas parcelas da
tarefa de causar qualidade. O uso das duas ferramentas apenas, nenhuma das quais exige mudanças na
política de gestão, passa a ser ridículo (CROSBY -1989). Segundo este autor, a ênfase dada por Deming às
estatísticas e os métodos relativos à engenharia de qualidade utilizados por Juran são muito importantes,
mas mais importante que o controlo da qualidade defendido por ambos, é a gestão da qualidade e a própria
educação para a qualidade.
Nesta fase, as empresas começam a deixar de pensar em níveis de qualidade "aceitáveis".
Para P. Crosby (CROSBY - 1989), os novos fundamentos da gestão da qualidade, aquilo a que ele
chama "os 4 absolutos", são:
• A qualidade é definida como conformidade aos requisitos, não como bondade;
• A qualidade é conseguida através de prevenção, não por meio de avaliações (verificações);
• O padrão de desempenho da qualidade é o zero defeitos, não níveis de qualidade aceitáveis;
• A qualidade é medida pelo preço da não conformidade, não por índices.
63
Um novo movimento
personalização dos produtos vai acabando com a massificação da produção, o mercado toma-se global e
as margens de lucro são "esmagadas" com o aumento generalizado dos custos.
Neste contexto, a Qualidade Reactiva, com o seu comportamento de gestão empresarial estático e
bastante oneroso, conduz inevitavelmente ao insucesso comercial, senão mesmo à falência do negócio, em
situações extremas.
A função qualidade teve portanto de abandonar a prática exclusiva da verificação da qualidade "à
posteriori" e passar a preocupar-se fundamentalmente com a Garantia da Qualidade, isto é, com a
verificação "à priori" da qualidade: passou a ter como objectivo principal a prevenção da ocorrência da não
qualidade em todos os sectores das empresas, e não apenas a tradicional preocupação de eliminar os
defeitos detectados na produção; por outra palavras, a Qualidade passou a ser assumida como Total, nas
práticas de gestão empresarial.
Por sua vez, a prevenção da ocorrência da não-qualidade exige um comportamento dinâmico da
gestão da qualidade, que permita a todo o momento adaptar os produtos ao mercado e simultaneamente
optimizar economicamente os sistemas de produção. Iniciou-se, assim, a era da Qualidade Proactiva, ou
seja, da qualidade pela prevenção (figura n0 8), caracterizada por um comportamento dinâmico de gestão,
consubstanciado na preocupação permanente de implementar acções de melhoria contínua da qualidade da
concepção e da qualidade da conformidade, ou seja, da Qualidade Total.
64
Um novo movimento
Como refere P. Crosby no seu livro Quality is Free, "o sistema de provocar a qualidade é o da
prevenção, não o da avaliação" (CROSBY -1989).
PLANEAMENTO DA QUALIDADE
\
AVALIAÇAO DA
QUALIDADE
NÍVEIS QUALIDADE
CONTROLO DA
SISTEMA PRODUTIVO QUALIDADE
ACÇÕES
CORRECTIVAS
MELHORIA DA QUALIDADE
65
Um novo movimento
66
Um novo movimento
3.4.1.3. Certificação
Na terceira fase, o objectivo seria a certificação do sistema pelas normas ISO 9000, não deixando
de parte o caminho da Qualidade Total. As ferramentas para esta fase seriam: os grupos de trabalho para a
resolução de problemas, auditorias de fornecedores, monitorização da qualidade dos fornecimentos e
auditorias de materiais ou de matérias-primas.
67
A Garantia da Qualidade
4. A GARANTIA DA QUALIDADE
"É melhor subsistir pelas nossas próprias forças do que pelas
fraquezas dos outros."
Gustave Flaubert
Escritor francês - 1821/1880.
Na sua acepção normativa, a Garantia da Qualidade é definida como "o conjunto de todas as actividades
planeadas e sistematicamente implementadas no âmbito do Sistema da Qualidade e, quando necessário,
demonstradas por forma a proporcionar confiança adequada de que uma entidade está em condições de
satisfazeres requisitos da Qualidade" (ISO 8402).
Esta confiança pode ser interna quando é proporcionada à direcção da empresa (Garantia da
Qualidade interna) e externa quando é proporcionada, em situações contratuais ou outras, aos clientes ou a
outras entidades (Garantia da Qualidade externa).
Vários são os mecanismo ao dispor das empresa com vista a proporcionar a tal confiança. No
entanto, a história da Qualidade tem mostrado que a via normativa tem sido mais utilizada para conseguir tal
objectivo. Aliás, a Garantia da Qualidade é, na maioria das vezes, associada à ideia de normalização.
Esta ideia aparece ligada ao surgimento dos Sistemas da Qualidade formalizados, com todo o
trabalho normativo desenvolvido antes da primeira edição das normas ISO 9000 em 1987. No entanto é esta
data que vai marcar uma etapa fundamental no desenvolvimento teórico-conceptual dos referenciais
normativos no domínio da Qualidade.
O aparecimento destes referenciais veio contribuir de forma decisiva para uma certa clarificação e
definição da Qualidade e tomaram-se numa "ferramenta" de grande utilidade para as empresas.
Na maior parte das vezes, a grande dificuldade reside na interpretação e aplicação que se faz
destes referenciais. As normas de Garantia da Qualidade não se destinam a dizer às pessoas o que e como
fazer, mas tão só a servirem de orientações.
Outro mecanismo para garantir a confiança do produto/serviço pode ser a "Garantia Contratual"
dada ao cliente.
Desta forma, a garantia de um produto ou serviço pode ser a forma de demonstrar aos clientes que
houve ou há uma melhoria contínua no sentido da satisfação dos seus desejos. Pode também servir como
"alarme" para algum problema. Pois, a garantia de um produto/serviço, além de transmitir confiança é mais
uma forma de encorajar clientes insatisfeitos a reclamar e fornece um mecanismo claramente definido para
os recuperar.
68
A Garantia da Qualidade
69
A Garantia da Qualidade
70
Os custos da Qualidade
5. OS CUSTOS DA QUALIDADE
71
Os custos da Qualidade
Chegou-se à conclusão que a melhor forma de reduzir os custos passa por uma boa acção de
prevenção. A acção de avaliação, só por si, não chega.
Vendo a Qualidade como um investimento que envolve custos, é fundamental saber-se se o
investimento é reembolsável num período considerado aceitável, aliás, tal como se deve fazer com qualquer
investimento.
Os custos de controlo ou inspecções são normalmente parcelas importantes dos custos da
qualidade, tomando-se naturalmente necessários controlá-los, quer se fale de serviços ou de uma
actividade industrial.
Para além da divisão clássica dos tipos de custos feita anteriormente, existe um outro tipo de
custo, nem sempre mensurável directamente, que é a perda de oportunidades. Sabe-se que uma falha de
qualidade pode significar uma perda de mercado, factor normalmente muito mais importante para a empresa
do que o eventual custo da falha, considerado isoladamente.
São estes tipos de custos que, generalizadamente, não têm qualquer tipo de avaliação e
respectivo tratamento que vão influenciar permanentemente os encargos de uma empresa, passando a ser
considerados como inquestionáveis. Mas, mais grave será, não se saber que eles existem e que podem ser
eliminados ou atenuados através duma aplicação correcta de acções de prevenção.
72
Os custos da Qualidade
grande importância. Mesmo para os factores "invisíveis" dos custos, como variáveis do mercado,
oportunidades perdidas, etc., e que influem em muito nos resultados e sobrevivência da empresa, é
extremamente vantajosa a sua objectivação, mesmo que a avaliação seja feita por factores que derivam
daqueles aspectos. Eles não podem ser secundarizados pelo facto de ser mais difícil, mas não impossível,
objectivá-los.
Conclui-se afirmando com segurança que uma análise, controlo e consequente redução dos custos
da qualidade, contribui significativamente para o aumento do lucro e possibilita que se conheça melhor o
funcionamento dos diversos serviços, permitindo a introdução de melhorias nos seus processos de trabalho
e conduta humana, que garantirão à empresa um salto qualitativo e, naturalmente, competitivo.
73
A Qualidade total
6. A QUALIDADE TOTAL
74
A Qualidade total
Qualidade
Expectativa do Cliente
Quality
Gap
Performance do Fornecedor
Tempo
Empresas nesta situação tiveram (têm) de fazer um corte radical na sua actuação, de modo a
focarem nas áreas que os pudessem distinguir no mercado. A isto chama-se Quality Edge, como se mostra
na figura n010.
Qualidade
Expectativa do Cliente
Tempo
A Qualidade Total é. portanto, dirigida para substituir o Quality Gap pelo Quality Edge. Por isso, a
gestão tem que determinar como dirigir o negócio, de modo a entregar esta distinção ao mercado. Este é o
aspecto organizacional da Qualidade. As "velhas" maneiras de trabalhar já não são suficientes. Novas
formas de pensar e novas técnicas de gestão têm de ser utilizadas.
Planear os passos pragmáticos para se transitar do Quality Gap para o Quality Edge é muito
importante. É aqui que entra a Gestão pela Qualidade Total.
75
A Qualidade total
Percepção de Valor
Qualidade que
distingue a um " » --—
preço competitivo
Clientes satisfeitos
Qualidade da / i CICLO DA
Organização l QUALIDADE TOTAL
j)
/ Acções de
Qualidade do Gestão dirigidas
Trabalho
<
Aumento da Competitividade
A Gestão pela Qualidade Total é, além de tudo, uma nova forma de pensar (quadro n0 5):
Antiga Nova
76
A Qualidade total
77
A Qualidade total
Distantes vão os tempos de Taylor e Fayol, do racionalismo total e da tecnocracia, bem como de
Élton Mayo e tantos outros defensores duma escola de relações humanas, incapaz de compreender a
dinâmica das relações de poder e o confronto das estratégias individuais como fonte de vitalidade imanente
nas organizações. O TQM reinventa, um espaço organizacional mais dominado pelas sinergias
interdepartamentais, do que pela análise desgarrada dos departamentos e das suas relações.
Pensando na organização como um todo, não esquecendo as relações e o encadeamento do
processo, o TQM inaugura uma nova era na gestão empresarial, onde faz finalmente sentido, pensar o
sucesso organizacional associado intrínseca e indissociavelmente ao sucesso das pessoas, agora e aqui
consideradas como elemento absolutamente determinante no êxito do projecto da empresa.
Por isto, se entende a Qualidade como uma estratégia efectivamente de tipo novo, capaz de
mobilizar as empresas e as pessoas que nelas trabalham para objectivos que, tendo o cliente externo e a
sua satisfação como finalidade última, assumem a sua coerência na configuração de um espaço
organizacional que faça sentido para os colaboradores, onde cada um possa revelar-se como elemento
actuante e determinante nos resultados finais.
É assim que, como perspectiva global de fazer e pensar a Gestão, o TQM encerra uma inegável
filosofia social, na medida em que, ao situar a decisiva importância da satisfação dos clientes como vocação
última das empresas, e ao considerar cada colaborador interno como um actor organizacional, que
desempenha um papel específico e particular na produção das condições para essa satisfação, o TQM
assinala a importância do envolvimento, da plena participação e da dinamização de todo o corpo social
interno para os grandes objectivos da organização.
É necessário ter colaboradores satisfeitos para que, interagindo cooperativamente numa lógica de
processo, possam mobilizar-se efectivamente para a satisfação dos clientes. Quem satisfaz outrém se não
se sente satisfeito a si?
Esta filosofia social é ainda sustentada pela extensão de cliente à realidade interna da
organização, através da dinamização da gestão de processos.
78
A Qualidade total
//
A perspectiva clássica de GPO (Gestão por Objectivos) conduziu a uma absolutização do corj^ito^^^
de objectivo que levou a que, pela imperatividade do seu atingimento, as empresas tivessem criadà\UÇi " í
ambiente interno de grande rivalidade e competitividade. Esta competição interna conduzia muitas vezes a" '
práticas do tipo uos meios justificam os fins".
Sem dúvida que a sã competição conduz à eficácia, ao atingimento dos resultados esperados, mas
a utilização de certos meios ou instrumentos pode conduzir à geração de "efeitos perversos" que, por não
serem completamente controlados acabam por resultar na destruição (no longo prazo) de algumas das
condições potencialmente favoráveis à eficácia.
Neste contexto, os objectivos de curto prazo valorizam-se em detrimento dos objectivos de longo
prazo, o imediatismo sobrepõe-se ao planeamento e o improviso acaba por ser a regra.
A ênfase no processo, por contraponto, estabelece a necessária coerência entre os meios e os
fins, e também a coerência interna entre todos os agentes que intervêm no processo, estabelecendo
relações de sinergia e moralizando o tecido organizacional interno da empresa.
Assim, uma das preocupações do TQM, é o "espírito de serviço", pelo que procura um novo tipo de
colaboração que atravessa todo o interior da empresa.
Para Oren Harari25, "o caminho é tortuoso. Coragem, firmeza e uma grande dose de bom senso,
são requisitos para não tropeçar'. O mesmo autor refere que existem três passos importantes para a
qualidade total, mas adverte que esta "poção" não é mágica porque estes passos têm de ser dados durante
toda a vida da empresa. E, porque a qualidade não estagna, as medidas a tomar no sentido de a atingir são:
• Fazer com que todas as pessoas da organização leiam, falem e se empenhem em abordagens
inovadoras da qualidade;
• Fazer com que todo o pessoal tenha oportunidade (obrigatoriedade) de ouvir os clientes;
• Insistir em objectivos impossíveis e procurar ideias de como os alcançar.
Só com o empenho do gestor de topo e seguido pelo resto da organização, nesse movimento em
direcção à total quality management, se consegue uma cultura organizacional de qualidade total.
Só ouvindo os clientes se pode saber os seus desejos e preocupações, no sentido da satisfação
total. Já lá vai o tempo em que o gestor duma organização não sabia descrever com pormenor os produtos
ou serviços fornecidos pela sua companhia. A Cadillac, por exemplo, conseguiu transformar um defeituoso e
lento automóvel numa elegante obra de elevada performance. A mudança deveu-se a duas razões. Em
primeiro lugar, os pontos de venda tomaram-se "pontos de escuta" com acesso imediato à sede sempre que
fosse necessário comunicar um feedback importante dos clientes. Em segundo lugar, os executivos
passaram a telefonar a cinco clientes recentes, escolhidos aleatoriamente, todas as semanas.
79
A Qualidade total
Em relação aos objectivos impossíveis, a atitude deve ser que, a perfeição é possível. Satisfazer
99% dos cliente já não chega (no movimento de meio milhão de encomendas diárias, se houver 1% de
falhas, significa 5 mil clientes insatisfeitos diariamente, ou na distribuição de energia eléctrica, significa estar
mais de 3 dias e meio por ano sem electricidade), por exemplo a Motorolla, (vencedora do prémio de
qualidade Baldrige) adoptou padrões de qualidade 6 sigma (99.997% sem defeitos) à produção, auditoria e
serviços alimentares internos.
80
A Qualidade total
81
A Qualidade total
Empresa A
COMPETITIVIDADE Empresa B
—Empresa C
Ganhos em
Competitividade
Inovação
Melhoria
►
TEMPO
82
A Qualidade total
que define: "Quando o factor trabalho, seja de que tipo e a que nível for, se direcciona de forma decisiva e
livre na humanização da empresa, os resultados desta mudam".
A palavra empenhamento (verdadeiro) passa, assim, a ser palavm-chave no processo de melhoria.
Mas, qualquer estrutura que deseje que os produtos que fabrica , ou serviços que presta, tenham
qualidade, deve ter como objectivo final atingir a perfeição.
Só haverá, contudo, lugar a pensar-se em perfeição, ou num nível muito elevado de qualidade, se
for possível ter encargos bastante baixos, na implementação de um processo de melhoria, especialmente se
comparados com os benefícios previstos.
Num processo de melhoria da qualidade total, em que essencialmente o "capital" é humano, e se
encontra disponível, é necessário apenas potenciá-lo para que os objectivos se atinjam mais facilmente.
Os custos da qualidade serão, portanto, mais reduzidos, face aos benefícios que se podem obter
da acção, o que pode permitir uma longa duração do processo e consequentemente viabilizar a
aproximação a um estado próximo da perfeição.
A frase "errar é humano", neste contexto, tem de ser banida do vocabulário da empresa. É
necessário uma mudança generalizada de atitude, relativamente aos padrões de desempenho, porque não
é admissível um nível de falhas ser "relativamente baixo", tem de ser "zero defeitos".
O início deste processo deve fazer-se pelo topo da hierarquia, com pleno envolvimento e
participação dos seus membros, havendo sempre abertura para propostas sugeridas porque a atitude é -
acreditar que há sempre coisas que se podem melhorar.
83
A Qualidade total
Se o processo produzir resultados fora dos limites de controlo, accionam-se as acções correctivas
preestabelecidas para corrigir os seus defeitos.
Há um Standard que é usado para Desenvolver o processo, os resultados desse processo são
Controlados e as Acções apropriadas são tomadas. Este ciclo, também conhecido por ciclo SDCA, foi
desenvolvido por Ishikawa28, destina-se a monitorar o controlo de processos, implica a prática de inspecção
e a utilização de algumas das Sete Ferramentas da Qualidade ("Brainstorming", Diagrama de Pareto,
Diagrama causa-efeito, Gráficos, Cartas de controlo, Histogramas e Diagrama de dispersão)29
Quando ocorre algum erro ou saída além dos limites, há que melhorar o processo. Pode usar-se o
ciclo PDCA (espirai ou roda de Deming)30 para encontrar as causas maiores da variância natural e/ou
perturbação, para de seguida se melhorar o processo através da sua eliminação.
A melhoria é, assim, encarada como um processo de resolução de problemas.
Os três estádios normalmente considerados na manutenção e melhoria da Qualidade - Controlo do
processo, Melhoria reactiva e Melhoria proactiva - são apresentados no modelo de resolução de problemas
desenvolvido por Kawakita31 (Modelo WV) que, genericamente funciona do seguinte modo:
• Tem-se a percepção de um problema; colectam-se os dados relativos a essa questão, com vista a
habilitar-nos a identificar o problema e a
• Escolher-se uma actividade específica de melhoria; recolhem-se os dados do que está errado,
permitindo detectar as causas mais remotas e
• Planear uma solução recolhendo dados para assegurar que ua coisa" funciona; em caso afirmativo
• Estandardiza-se a nova solução.
A Melhoria reactiva lida com o corrigir e melhorar de processos existentes - reagindo a falhas como
defeitos, atrasos, desperdícios, etc.
Para esta melhoria pode usar-se o processo de Ozeki32 que é conhecido como a metodologia das
sete etapas de resolução de problemas:
84
A Qualidade total
1. Seleccionar um tema;
2. Recolher e analisar os dados;
3. Analisar as causas;
4. Planear e implementar a solução;
5. Avaliar os resultados;
6. Estandardizar a solução;
7. Reflectir no processo e próximo problema
Estas sete etapas do processo de resolução de problemas, mais não são do que um
desdobramento do ciclo de Deming (PDCA) demonstrando o principio da iteração na resolução de
problemas.
Todavia, cada uma das etapas requer métodos específicos de colecta e tratamento de dados. Isto
leva-nos à necessidade de utilização das Sete Ferramentas da Qualidade (sobretudo nas três primeiras e na
quinta etapa) (quadro n0 6).
CICLO
7 Etapas de Resolução de Problemas 7 Ferramentas da Qualidade
PDCA
PLANEAR 1. Seleccionar um tema Gráficos, Diagrama de Pareto, Histograma,
Diagrama de causa-efeito, Diagrama de
(P) 2. Colectar e analisar dados
dispersão
3. Analisar as causas
FAZER 4. Planear e implementar a solução
(D)
VERIFICAR 5. Avaliar os efeitos Gráficos, Diagrama de Pareto, Histograma,
Carta de controlo, Diagrama de dispersão.
(C)
ACTUAR 6. Estandardizar a solução
(A) 7. Reflectir no processo
(fornece a (fornece os passos) (fornece as ferramentas)
iteração)
(Fonte: Revista Qualidade, 1 de 1996)
85
A Qualidade total
Condensado do livro Fad Surfing in lhe Boardroom - Reclaiming the Courage to Manage in lhe Age of Instant
Answers, na Executive Digest, 23.
86
A Qualidade total
Como pode verificar-se no quadro síntese (quadro n0 7) elaborado a partir de Wamotte (1992),
apenas na corrente "Escola IBM" existe uma referência que não se enquadra na preocupação economicista
e evoca uma preocupação que podemos classificar na vertente organização/recursos humanos: "relações
clientes-fomecedores internos" centrados na resolução dos disfuncionamentos organizacionais.
Como refere A. Lopes (LOPES - 1996), Neuville, no seu artigo intitulado "La Qua/tfé en Question",
publicado em Maio de 1996, encontra cinco pontos comuns a todos os autores de referência às grandes
linhas da abordagem económica do TQM:
• A qualidade do produto está reduzida à dimensão de contrato social dependente de uma relação
fomecedor-cliente;
• A relação fomecedor-cliente é reduzida por sua vez à dimensão mercantil, aceitando-se que existe
qualidade desde que o fornecedor satisfaça as exigências do cliente;
• Nesta relação mercantil a posição central é ocupada pelas exigências do cliente;
• Na definição da qualidade não intervêm nem os custos nem o preço;
• A qualidade do produto é interpretada como a perenidade de uma relação optimizada entre as
características que lhe conferem conformidade (normas) e as propriedades subjectivas que lhe conferem
idoneidade (ex: ruído, aspecto).
A corrente mais preocupada com a vertente qualidade/organização - recursos humanos aponta
para a necessidade de compatibilizar a abordagem económica da qualidade, com a gestão pela "cultura da
qualidade", centrada na formação, na informação e comunicação aberta, na capacidade de escuta, no
87
A Qualidade total
envolvimento de todo o pessoal nos processos de decisão (RANJAND - 1988). Diversos autores vêm
designando este modelo de gestão como pós-Taylorista.
Refira-se, por último, que a excessiva ênfase colocada nas actividades de planeamento e nos
aspectos quantitativos tendem a introduzir factores geradores de rigidez, incompatíveis com uma concepção
flexível de empresa e de práticas de gestão actuais.
88
Os anos 90
DA QUALIDADE
1. OS ANOS 90
89
Os anos 90
8)-
Em primeiro lugar é preciso qualidade:
1) A ausência de qualidade hoje é inqualificável. A empresa é INACEITÁVEL
2) A eliminação da não qualidade é essencial. A empresa é ACEITÁVEL.
3) A certificação exige qualidade. A empresa é SELECCIONÀVEL.
4) O sucesso exige qualidade global. A empresa é EXCELENTE e uma referência para o mercado.
Embora esta evolução tenha sido sequencial, em termos da Qualidade, o fim ainda vem longe,
Perfeição é a etapa seguinte.
Quadro n.0 8 - Evolução da Empresa
TIPOS DE
SERVIÇO LEALDADE ESTRUTURA QUALIDADE DO
EMPRESAS/DEPART
CLIENTE CLIENTE INTERNA OUTPUT
AMENTOS
Primitiva Inexistente Desinteresse Apaga fogos, Produtos ou serviços
pelas sem standards ou básicos
reclamações formação
Interessada Existência Feedback, pedido Rapidez, prazos, Produtos
formal e reclamações incentivos concorrenciais
Empenhada Existência Definição, cliente, Eliminação da Inovação para
publicitada expectativas não qualidade clientes s/
necessidades
Competitiva Acções Relação e planos Fazer bem à Antecipação a
programadas cliente/fornecedor primeira, check clientes,
lists ultrapassando
necessidades
Excelente Plano global Prospecção de Zero defeitos, Integração de
orientado para o necessidades de formação de inovações, standards
cliente clientes e equipa pessoal, cultura próprios, referência
do mercado
(Fonte; Estudos de Gestão, Vol. I, n.0 3, 1994.)
90
Os anos 90
91
A "Qualidade actual"
2. A "QUALIDADE ACTUAL"
Depois de muitos livros e autores dizerem que o sucesso das companhias japonesas era a
Qualidade Total; que era a forma de transformar o negócio e garantir futuros sucesso competitivos. Após as
empresas gastarem milhões em esforços de integração da Qualidade Total nas suas culturas empresariais.
Os anos 90 bateram à porta e muitas destas companhias desligaram-se desses esforços de TQM devido à
falta de resultados tangíveis.
Porque não se atingiram os resultados prometidos em todas as empresas? Neste momento um
ponto tomou-se claro: o aperfeiçoamento da qualidade representava uma mudança fundamental, mas até
então os esforços conceníravam-se apenas em técnicas. Os empregados foram formados em tudo, dos
diagramas de Pareto às metodologias de melhoria de processos, mas ninguém os informou sobre as razões
ou as expectativas ligadas ao esforço de mudança. Ninguém assumiu claramente o papel de verdadeiro
líder da mudança. Poucos ou nenhuns trabalhadores recebeu informações sobre o processo e, menos
ainda, sentiu que podiam influenciar de fornia activa estas decisões, que os afectavam pessoalmente.
Como poderia haver o verdadeiro empenhamento? A resistência aumentou na mesma medida da
extensão do esforço. Os instrumentos de que precisavam os empregados eram os que facilitassem,
sustentassem e ultrapassassem a resistência à mudança, em vez de meras técnicas para melhorar a
qualidade.
Kent Sterett (colaborador no desenvolvimento do prémio Malcolm Baldrige National Quality
Award35, sendo actualmente juiz, vencedor, pela Florida Power & Light, do Prémio Deming no Japão, e no
presente é membro do Conselho dos Executivos Americanos para a Excelência da Produção), diz numa
entrevista à revista Exame (n.0 53) que para aumentar a competitividade num curto espaço de tempo "o
importante é determinar quais são as áreas em que se deve actuar, as oportunidades de melhorar. Olha-se
primeiro para as necessidades dos clientes, vendo as implicações no mercado da performance actual da
empresa, e quais as oportunidades de melhorar a satisfação dos clientes. Tudo isto implica mobilizar e obter
o empenho dos funcionários." E para obter esse empenho, Sterett explica que"... Há várias possibilidades:
melhorar, por exemplo, a segurança, o bem-estar, a qualidade dos produtos e a sua competitividade no
mercado. São benefícios para os funcionários porque geram estabilidade de emprego. É preciso também
fazer formação; o empregado é enriquecido do ponto de vista pessoal e a qualidade do produto da empresa
sobe."
Neste sentido, os executivos seniores devem ser os primeiros a reconhecer a necessidade de
mudança e a liderar as mudanças na empresa. Diz Sterett que "...devem reunir-se frequentemente para
92
A "Qualidade actuar
saber o que as chefias do topo deveriam e poderiam fazer para provocar essas mudanças. Para além de
identificar as necessidades, devem envolver-se pessoalmente."
As técnicas chamadas de qualidade são os instrumentos da mudança; são adaptáveis a qualquer
negócio mas, é preciso que os empregados sejam informados dos objectivos e que se comprometam no
longo prazo. Só assim serão tomadas decisões consistentes que melhoram a competitividade.
93
A "Qualidade actuai"
foram despedidos nos Estados Unidos da América mais de 2.6 milhões de pessoas, segundo dados duma
consultora de Chicago36.
O problema consiste em que o downsizing enfraquece uma das pedras basilares do TQM: a
motivação dos empregados. Para alcançar a qualidade perfeita, segundo Deming, as empresas precisam de
"deixar de ter medo, para que toda a gente possa trabalhar eficientemente".
A Xerox Corporation, compreendeu que o downsizing é uma boa via para cortar custos mas
realmente encoraja o medo. Segundo o responsável máximo pela qualidade na Xerox,"... a empresa tem
atravessado um processo de mudanças bruscas desde que adoptou o TQM, em 1987" e embora tenha
confiança absoluta na qualidade total como forma de fortalecer a empresa, acredita também que "... os
despedimentos efectuados e a redução dos níveis hierárquicos provocou distúrbios em termos de motivação
e tomou bastante mais difícil a circulação da mensagem de TQM".
director de qualidade da Hewlett-Packard, concorda que este empowerment é essencial em empresas que
estão a enfrentar esta mudança caótica: "...é necessário relacionar as pessoas com as consequências do
seu trabalho". O efeito desse relacionamento pode ser espectacular.
Os programas de TQM que delegam responsabilidade de qualidade aos empregados de nível
operacional tendem a ser muito mais bem sucedidos do que os outros que assentam na gestão "de cima
para baixo"
Na Xerox Corporation, para ultrapassar o problema do downsizing, a empresa está a encorajar os
trabalhadores individuais a centrarem-se nas necessidades dos clientes. A todos os empregados são
exigidas responsabilidades em termos de qualidade.
94
A "Qualidade actual"
Segundo alguns pontos de vista, é neste aspecto que as empresas costumam falhar. O dilema
enfrentado pelos gestores resume-se ao facto de que enquanto a gestão da qualidade total é continuamente
acentuada, com um desenvolvimento gradual, a reengenharia tem como base o abandono radical de todos
os processo negociais já existentes. A tensão existente entre ambos os conceitos, pode acabar por sabotar
completamente um programa de qualidade total (quadro n0 9).
95
A "Qualidade actuar*
96
A "Qualidade actual"
Deve ainda divulgar-se quem atingiu e quem não atingiu esses padrões.
6. Utilizar a tecnologia. A tecnologia deve ser usada no sentido de facilitar e tomar mais eficazes as
exceder as expectativas quando se entende claramente quais são. Por exemplo, A IBM Japão
39 Turpin, 1994.
97
A "Qualidade actual"
descobriu que os clientes que tiveram um problema resolvido rapidamente revelam um índice de
satisfação maior do que os que nunca tiveram qualquer problema.
VISÃO ANTIGA
VISÃO ACTUAL
VOZ DO
CLIENTE
1r
PLANEAMENTO OPTIMIZAÇÃO CONTROLO
A visão antiga privilegia o controlo sobre as actividades existentes, onde se salienta o Controlo
Estatístico do Processo a partir do qual se desencadearão acções de optimização (orientadas muitas vezes
pelos resultados do controlo) e só numa fase posterior se efectua algum planeamento (aqui entendido como
^ American Supplier Institute, Despliégue de la Function de la Calidad, 1990; citado por Pires, A. R. (1996).
98
A "Qualidade actual"
2.4.1. O Benchmarking
O Benchmarking, consiste no processo de comparar o desempenho actual da companhia com o
das organizações consideradas "as melhores da classe", ou seja, com as que registam um melhor nível de
desempenho na indústria. Segundo a International Benchmarking Clearinghouse (IBC) o benchmarking é
um processo sistemático e contínuo de medida. Ao contrário de outras ferramentas do planeamento, o
benchmarking, encoraja as empresas a procurar, além das suas próprias operações ou indústrias, factores-
chave que influenciem a produtividade e os resultados. Esta filosofia pode ser aplicada em qualquer função
(vendas, distribuição, investigação e desenvolvimento, finanças, engenharia, recursos humanos), embora
produza geralmente melhores resultados quando posta em prática na empresa toda. Utiliza-se grande
variedade de fontes, desde a observação das melhores operações internas, dos concorrentes ou de outra
empresas não concorrentes, que podem ser directamente copiadas ou adaptadas. Não se pode confundir
com espionagem industrial, para combater isso, existe um código de comportamento. Como dizia Edwards
Deming, "copiar é arriscado porque falta compreender o que se deseja fazer. Adapte não adopte".
A ideia duma melhoria de desempenho na ordem dos 20% ou 30% pode ser pouca ambiciosa. Na
perspectiva do benchmarking não se pode, pois, ignorar que existem empresas que conseguem ser 100%
ou mesmo 1000% mais eficazes em certas áreas em que se está a pensar melhorar.
Antes de adoptarem um projecto de benchmarking, é necessário que as empresas cumpram três
objectivos:
1. Conhecer as suas operações e avaliar os seus pontos fortes e fracos;
2. Conhecer os líderes da indústria ou os concorrentes (os seus pontos fortes e fracos);
3. Adoptar os pontos fortes nas áreas desejadas e excedê-los.
A chave para o sucesso consiste, em primeiro lugar, na identificação das melhores práticas e,
posteriormente, na reunião de dados quantitativos capazes de serem medidos. Podem ser indicadores de
desempenho reais, como por exemplo, o nível de satisfação do cliente, o custo unitário do produto ou o nível
99
A "Qualidade actual"
de produtividade. A ideia não é copiar o desempenho do melhor, mas perceber porque razão o melhor
mais bem sucedido que nós.
A Xerox Corporation foi a primeira empresa, em 1981, a adoptar o benchmaricing como arma
estratégica. Foram utilizados três tipos de benchmarking; o interno, o competitivo e o funcional. O interno
envolveu uma comparação das funções análogas dentro da empresa; o competitivo alargou essa análise
aos concorrentes directos; e o funcional analisou o desempenho de actividades similares, mas em indústrias
distintas. Foi um êxito. Actualmente a Xerox está envolvida em cerca de 35 projectos de benchmarking.
2.5. A EXCELÊNCIA
As empresas que estabelecem os objectivos na Qualidade Total dos seus produtos, serviços,
processos, relacionamentos, etc. Em tudo o que fazem não admitem falhas, para essas a meta é a
excelência.
Mas, o que são empresas excelentes? Não são mais do que as empresas onde todos gostariam
de trabalhar e à qual todos gostam de comprar.
O caminho da excelência passa pelo seguinte:
• A empresa tem de estar ligada a uma causa de fundo - ter uma Visão;
• Não pode "pensar" que está sozinha no mercado, as alianças são fundamentais;
• Retirar o máximo das competências das pessoas;
• Concentrar-se naquilo que realmente sabe fazer melhor;
• Ter sentido de missão com total empenhamento;
• Ser sempre uma leaming organization]
• Utilizar o benchmarking]
• Procurar continuamente "trunfos";
• Ter responsabilidade social41 - empresa cidadã + eco-gestão.
Podemos, assim, considerar que este movimento da "Excelência" está nos limites (ou já passou)
da Gestão pela Qualidade Total (TQM).
2.5.7. Auto-avaliação
A opção destes modelos implica a consideração da empresa como um todo e, para a cada
momento saber em que ponto está, no caminho da "excelência", a organização precisa de ter um processo
de avaliação.
^ Como refere Lopes do Santos na sua obra Quarta Vaga, a empresa deve ter " responsabilidade social - uma visão
de crescimento sustentado, baseado nos chamados «SE^» - Ética, Educação e Ambiente (Environment). A
empresa faz regressar ao meio ambiente parte do que dele recolhe, criando assim um eco-sistema".
100
A "Qualidade actual"
101
• pontuar segundo o método estabelecido
7. Construir o plano de acção
Se necessário, confirmar os inputs das áreas de negócio
• Rever as áreas a considerar
• Estabelecer prioridades
• Negociar responsabilidades e metas
• Comunicar o plano de acção e orientações estratégicas
8. Implementar o plano de acção
Constituir equipas de melhoria
• Fornecer recursos adequados.
102
Novo modelo de Qualidade Global
103
Novo modelo de Qualidade Global
O axioma "pensamento global e actuação local" é verdadeiro se o objectivo fôr no sentido dos
produtos e serviços serem globais mas localmente aceites.
Há que estender o TQM no sentido de incorporar toda esta diversidade para integrar e coordenar
actividades e formas de pensar diferentes em diferentes locais do planeta. Estamos no terceiro grande
estádio da Qualidade; após o Controlo Estatístico da Qualidade e a Gestão pela Qualidade Total, o contexto
é global - é o estádio da Qualidade Global (Global Quality Management - GQM). No quadro n0 10
apresenta-se os três estádios da Qualidade. De notar que, actualmente, a GQM tem como pontos sensíveis
a diversidade, a sensibilidade quanto a culturas e a flexibilidade.
A visão da Qualidade tem de ser sistémica, tudo influencia e é influenciado pela Qualidade.
Em 1988, Shigeru Mizuno43 apresentou alguns desafios à melhoria da Qualidade nas empresas em
geral:
1. Trocando os modelos de resolução de problemas por modelos de procura de problemas;
2. Eliminando os programas de melhorias da qualidade nas divisões e departamentos que não tivessem
uma visão e um processo interdivisional e interdepartamental;
3. Criando aprendizagem em toda a organização em relação aos processos adequados e não adequados
às políticas estabelecidas nos anos anteriores;
!
104
Novo modelo de Qualidade Global
43
Shigeru Mizuno, Company-Wide Total Quality Control, Tokyo, Asian Productivity Organization, 1988, pp. 289-
291.
105
Novo modelo de Qualidade Global
Apresentou, nessa obra, o modelo de Qualidade Global, num gráfico tridimensional (figura n015),
onde o eixos são:
• 8 Processos característicos;
• 24 Abordagens da Qualidade Total no mundo actual;
• 30 características partilhadas por todas as 24 abordagens
106
Novo modelo de Qualidade Glol
. 3 J
Figura n." 15 - Modelo da Qualidade Global
('■
&
a Krocess unaractensíjcs
rve^quaity 'N \
VtetargaTzaxn
Maa nprexeriBrt
>. 'raTsoaren CccuraTrg SS3
Tra^parert Tranng
Tidctwin IfTTJtxertrt
Transparan CXflity
|
Z4 Approacnes to i otaJ UuaJity in tr»e vvbfia i ociay
Melacognitive Corporation
a> £ e E>* Eo O9- G03
ca> oQ. <3 c CTÍ 1
ul ~ _ Theaobal
6
oQ.
<s3 c•D <c3 mcn<a O■oo o» 03 1
C
QuaJity Modd ot/t§ i o>•o. QO>« ac<o c(D E<s C31
QT3 31 •Cc<D 2c o
o§>* O)o 2 o>Q. •■o=
E>« S1
"DCD Qc<D 0c a|o G "5.031
831 nO sz 03C "tõ
o 3 8 íQ. 5 < o> s 03
\
t—cE CLg O m «/> o 5a> s. O«D>% <ut E Q UJ 03G Uic =)CL 31>
O3 ?D >—8 CO .§• IAc T3T33) c01
'£3<23 oe3 o 3) 3) 8o oIA
g
«3 õro C7>OJ "*T
2
1
g3
OJ Õ O O
£ 1
X5
g3 g3 03
¥ 2 g
o
Ccnpensaefcr r*tí)crtí Naxcses
\
\ Estdaish Madae Stnxtues
Usa RepíaoarrBt S&aeçy
N Captua Oganízaianal Laaming
BuiJiiutdng
i ne baerttic ivarca as tsasic
VUiVgrup Ptocess
VVaJe VVtrK Icrca UepacyrHl
cí Bcsress Rrcoons
X bincere Hídaticrs loVMinrytíeycra
Lifespan Ttirgs
1 he Nbw Lht a Ucrrpetmg
TheOcss-UTt
Ujsjcrrrr a-a Lorpartcr Laa
(/> Di\eAíl CeasiaTs
£0)o IrwaOe Man^errart cí
Ora Seff-fyta-egrg VUiWcrces
Lorpetjtice (Jjarty Ucpytfig byslarn
X Q.
Q. Soaa Fraaarty
< Lhfying Saying «th Cong
T
-
< The Whda OganízaiQn as Cda
• >S TheWhde Perscn as CDer
X
X T30) TheO-EJcmar as Ctw
ro
sz
co The MBtadrrTOcr to Dang
tf)
tn The FWarraTCB Rafcrmaxl Vctoy
X 1 he l ecTrtíogy Haiuin aU
X 0)
o SupasangCachUp
XX 1 he Lcgatian Hafcnnartí
szra CaaChNemess
1 he berw» H aicrni artí
o CLBlomer
n Sédsíaaion
Mnasac Ma agarat
\
X ssLefess fcyaiat
\ UeprcfesscnaizaKnci
X MaT^era and Stífs
X ZarpeWrye fArtflnrties
F^rcspl vs Cax^Jt Carparies
Ccrrpartise Rocess FYnlxO
X X
r\«itte\8 Msde Assets
Bisnessas TransléOcn
Aífed-hased Rocess
107
Novo modelo de Qualidade Global
Segundo o autor, os vários modelos por que é composto o Modelo da Qualidade Global, podem
ser usados como:
• Modelo para todas as abordagens da qualidade;
• Modelo de resumo de tudo o que as diferentes abordagens da Qualidade compartilham;
• Modelo para implementar um sistema tecnológico e de Qualidade;
• Modelo duma nova forma de gestão tomando a Qualidade competitiva.
Em 1995, os autores Kee Young Kim e Dae Ryun Chang definem GQM como sendo "o
planeamento estratégico e a integração de produtos e processos no sentido de alcançar alta aceitação dos
clientes e baixas disfunções organizacionais ao longo de cada um dos mercados nacionais".
108
Os estudos efectuados
4. OS ESTUDOS EFECTUADOS
Com o objectivo de estudar quais as atitudes dos vários intervenientes, sobretudo dos clientes,
localizados em países tão diferentes como são os da América do Norte, Ásia e Europa, foram efectuados
cinco estudos de comparação de comportamentos. Estes estudos, sem que nunca conceptualizem a
Gestão da Qualidade Global, incorporam nas suas conclusões uma forte filosofia nesse sentido. Baseiam-se
em comparações entre países e sugerem uma dupla necessidade para a integração dos vários elementos
do processo de gestão e da responsabilidade pela Qualidade em ambientes distintos e diferentes no modo
de ver e sentir a Qualidade.
Façamos uma breve referência a cada um desses estudos.
109
Os estudos efectuados
0 SERVQUAL é um instrumento que mede o "gap" entre as expectativas dos clientes e aquilo que
eles realmente recebem (produto ou serviço) através duma escala com 22 itens. È uma comparação entre a
expectativa e a percepção. Este instrumento foi desenvolvido por Parasuraman, Zeithaml e Berry em 1988
nos EUA.
Como o SERVQUAL não podia ser usado, sem qualquer adaptação, em todos os países, uma vez
que as expectativas e a percepção final são diferentes de cliente para cliente consoante estejam em
mercados distintos, os autores refinaram-no usando o ISF de cada contexto (mercados, países e clientes
diferentes). Usaram, assim, quatro das cinco dimensões do SERVQUAL para efectuar o estudo:
- Fiabilidade - capacidade de realizar os serviços prometidos da ISF de forma confiante e precisa;
- Capacidade de resposta - desejo de ajudar os clientes da ISF e fornecer um serviço rápido;
- Garantia - conhecimento e cortesia dos funcionários do sistema da ISF de transmissão de crédito e
confiança:
- Empatia - capacidade de fornecer uma atenção individualizada aos clientes da ISF.
O reconhecimento das diferenças culturais é vital para as multinacionais. Por exemplo, num estudo
desenvolvido em 1988, descobriu-se que os computadores pessoais são usados com fins distintos nos EUA
e no Japão. Portanto, uma das preocupações dos homens das informações é a dicotomia entre a
standardização ou a ucustomização,, do produto ou do serviço. Assim, neste estudo e tendo em vista esta
questão, o sistema de informações é dividido em dois subsistemas: o técnico ou de procedimentos
(standardização) e o comportamental (diferenciação ou "customização"). Este estudo concentra-se no
subsistema comportamental.
De acordo com Hofstede, existem cinco dimensões bipolares para caracterizar as nações e a sua
cultura, conforme os comportamentos sejam:
Individualismo versus colectivismo;
Pequeno versus grande distanciamento em relação ao poder;
Fraca versus forte aversão ao risco;
Masculinidade versus feminilidade e
Orientação de curto prazo versus orientação de longo prazo.
Consoante cada posicionamento da nação, assim influencia as organizações e concomitantemente
a avaliação dos serviços de informações. Nos quatro países estudados a situação é a referenciada no
quadro n011.
110
Os estudos efectuados
Assim, após análise das respostas dadas por vários estudantes dos vários países e, tendo em conta esta
questão das diferenças culturais, os serviços de informações são similares nos EUA e na Holanda e
diferentes dos da Coreia e Hong-Kong, que apresentam semelhanças entre si. Esta diferença pode dever-se
ao nível de maturidade dos respectivos serviços de informações. Por exemplo, os asiáticos dão importância
ao tangível - a Qualidade vê-se - enquanto os ocidentais atribuem valor ao intangível ou ao serviço - a
Qualidade sente-se.
No estudo conclui-se que o modelo EUA ISF/SERVQUAL não pode ser usado para medir a
Qualidade dos serviços de informações em países asiáticos, sobretudo por uma questão de diferenças
culturais. Enquanto não se conseguirem identificar e isolar cada um dos factores que diferencia a percepção
da Qualidade as medidas não podem ser as mesmas. O mesmo já não se pode dizer para os países
ocidentais (neste caso a Holanda e os EUA) onde as medidas, com ligeiras adaptações, são as mesmas,
pelo que o modelo pode ser usado em ambos os países.
111
Os estudos efectuados
estudo assume-se que a melhoria continua não é uma excepção dos japoneses, ela pode ser implementada
nos Estados Unidos. A cultura é importante mas não é determinante.
A maioria da literatura sobre ciências sociais argumenta que existe uma dicotomia em termos de
orientação da gestão; ou se tem uma orientação para os processos ou para os resultados. Na orientação
para os resultados o que interessa são as consequências de determinadas acções. Na orientação para o
processo enfatiza-se a maneira ou forma de fazer as coisas. Existem defensores para ambas as orientações
mas a maioria citada neste estudo atribui o sucesso das empresas japonesas a orientação para o processo
(da melhoria continua e da gestão).
No modelo de estudo proposto neste trabalho assume-se que existe uma relação directa entre a
orientação para o processo e a eficácia da melhoria continua e uma relação indirecta entre as comunicações
da melhoria continua e a sua eficácia. Parte-se do pressuposto que os gestores orientados para o processo
estão mais predispostos para atribuir meios humanos, materiais e financeiros para os programas de
melhoria continua. Assim, definiram-se algumas proposições para, de forma empírica, tentar comprovar;
Proposição 1: A orientação para o processo, comparada com a orientação para os resultados, está
positivamente associada à eficácia da melhoria continua;
Proposição 2: A quantidade e importância das comunicações sobre a melhoria continua está positivamente
relacionada com a sua eficácia (da MC);
Proposição 3: A orientação para o processo está positivamente relacionada com a quantidade e importância
das comunicações da melhoria continua;
Proposição 4: As comunicações da melhoria continua que envolvem trabalhadores está positivamente
relacionada com a eficácia da melhoria continua;
Proposição 5: A orientação para o processo está positivamente relacionada com as comunicações da
melhoria continua que envolvem os trabalhadores.
Foi então efectuado um questionário às sete empresas americanas e, após analisadas as 169
respostas (de 169 gestores), concluiu-se que as empresas que têm uma orientação para o processo têm
uma maior percepção do impacto e da eficácia da melhoria continua.
O sucesso da melhoria continua deve-se assim à orientação para o processo (conclusão que não
se retiraria da simples análise da literatura sobre ciências sociais) e confinma-se a frase de Brannen" que a
cultura das organizações é mais importante que a cultura nacional no que diz respeito à eficácia da melhoria
continua".
Outras conclusões que se retiraram da análise das respostas foram:
- A comunicação informal é muito importante, sendo a voluntariedade o garante da eficácia da melhoria
continua e
- A orientação para o processo é fundamental para a comunicação sobre melhoria continua;
112
I
Os estudos efectuados
Todas as proposições foram confirmadas sendo que, para os autores, a orientação para o
processo não é mutuamente exclusiva da orientação para os resultados, uma vez que existe uma terceira
dimensão que as une - a orientação para o valor - que é o garante da eficácia organizacional.
113
Os estudos efectuados
conceituadas, atribuem o seu sucesso ao ""Método de Gestão" teorizado por Deming. Neste trabalho
examina-se empiricamente este método. A essência do método está baseada em sete conceitos: Liderança
visionária, Cooperação interna e externa, Aprendizagem, Processos de gestão, Melhoria contínua,
Satisfação dos empregados e Satisfação dos clientes.
Estes conceitos estão relacionados como se mostra na fig. n016.
Muito do que existe sobre qualidade foi iniciado por Deming - os prémios da Qualidade e as obras
de Juran e Crosby. As suas propostas foram implementadas por todo o mundo, o que demonstra a sua
possibilidade de adaptação, e prescrição. No entanto os resultados da sua utilização podem não ser os
mesmos nos diferentes países devido às diferenças culturas - este estudo procura desenvolver,
empiricamente, este aspecto.
Para conduzir esta análise devem ser respondidas três perguntas:
1. Como podem os conceitos e as suas relações ser operacionalizados por um estudo empírico?
2. Quais são as forças empíricas das relações especificadas na teoria proposta (modelo de Deming)?
3. Haverá outras relações observáveis?
/ N f
Cooperação Melhoria
Interna e Contínua
Externa
l J
l J
A
Satisfação
Dos
Aprendizagem Empregados
▲ x
i
l..y
114
Os estudos efectuados
As empresas usadas no estudo foram americanas instaladas nos EUA, americanas com reputação
e instalação mundial e japonesas instaladas nos EUA. Todas nos negócios da electrónica, maquinaria e
componentes para automóveis. Estudou-se a relação entre os sete conceitos. Os resultados foram:
• Liderança visionária:
□ Influencia fortemente a Cooperação Interna e Externa;
□ Influencia fortemente (mas menos) a Aprendizagem;
• Processos de Gestão:
□ São fortemente influenciados pela Cooperação Interna e Externa;
□ Pouco influenciados pela Aprendizagem;
□ Influenciam a Melhoria Contínua;
□ Influenciam significativamente a Satisfação dos Empregados;
Do estudo de correlação e dos efeitos directos, indirectos e inexplicados, dos oito "caminhos" do
diagrama, só dois não têm significado estatístico; as relações entre a Aprendizagem e os Processos de
Gestão e as relações entre a Melhoria Contínua e a Satisfação dos Clientes.
No 1o caso pode ter a ver com questões estatísticas, enquanto o 2o é intrigante se se olhar à
experiência. As razões não podem ser explicadas por este estudo.
Há que salientar uma importante relação; a Satisfação do Empregados com a Satisfação dos
Clientes que, como neste caso a satisfação dos clientes è medida pela resposta dos empregados, precisa
de ser confirmada por respostas efectivas por parte dos clientes. Esta relação pode ter a ver com o orgulho
da Qualidade por parte dos empregados.
Nota-se ainda a existência de uma relação directa entre a Liderança Visionária, os Processos de
Gestão e a Satisfação dos Clientes.
Existe uma relação biunívoca de influencias entre a Cooperação Interna e Externa e a Aprendizagem. O
mesmo acontece com a Melhoria Contínua e a Satisfação dos Empregados. Assim, a Melhoria Contínua
afecta indirectamente a Satisfação dos Clientes.
Desta observação empírica conclui-se que existem efectivamente as relações teorizadas pelo
modelo mas nada se pode concluir quanto a outras relações que possivelmente possam existir. Este modelo
é de fácil validação em empresas americanas e japonesas, conhecedoras e influenciadas por Deming, mas
115
Os estudos efectuados
Uma sugestão dos resultados é que, as organizações podem teoricamente sobreviver satisfazendo
os clientes através de inovações nos produtos e serviços e melhorando processos de gestão e, este esforço
toma possível aumentar o orgulho dos empregados tomando-os mais satisfeitos contribuindo por outra via
para a satisfação dos clientes.
116
Os estudos efectuados
Relações
com clientes Processo
de design Qualidade
do produto percebida
pelo
mercado
Relações com
fornecedores
Apoio da
gestão de Fluxo do
topo processo Vantagem
Gestão de gestão competitiva
operacional
Atitudes de
trabalho Percentagem
Controle passada sem
estatístico rejeição
e feedback
Inffa-estrutura Resultados
Praticas centrais de
gestão
A figura n017 propõe um quadro de referencia para a gestão da Qualidade e os seus efeitos na
performance organizacional. As cinco componentes de infra-estrutura da gestão da Qualidade influenciam o
conjunto das praticas centrais de gestão e estas, por sua vez, influenciam os resultados organizacionais ou
a performance da organização que podem contribuir para a Vantagem Competitiva.
O quadro de referência explica-se resumidamente da seguinte forma:
Práticas centrais da Gestão da Qualidade:
Uma das praticas centrais da gestão da Qualidade aponta para a manutenção preventiva. O fluxo
do processo de gestão não deve ter grande variância e deve constituir uma rápida resolução de problemas.
O processo de design do produto toma-o "a medida do cliente" porque este é incorporado nas
equipas de design, o que faz aumentar a Qualidade.
O controlo estatístico e o feedback servem para medir desvios em relação ao normal, no sentido
de resolver os problemas duma forma mais rápida, fácil e eficaz.
117
Os estudos efectuados
118
I
Os estudos efectuados
Relações
com clientes Processo
de design Qualidade
do produto percebida
pelo
mercado
Relações com ▲
fornecedores
Apoio da
gestão de Fluxo do
topo processo Vantager
Gestão de gestão competiti\
operacional
Atitudes de
trabalho Percentagem
Controle
passada sem
estatístico
rejeição
e feedback
As conclusões a tirar são que a Qualidade percebida é o principal factor de Vantagem Competitiva,
sendo a passagem na inspecção final sem rejeição menos importante. De notar que este factor, de não
rejeição, é um pré-requisito básico para qualificar a empresa como tendo Qualidade. A Vantagem
Competitiva é uma construção multidimensional onde a performance da Qualidade é unicamente um dos
contributos. Sensivelmente um terço da explicação da Vantagem Competitiva é dada pela percepção da
Qualidade por parte do mercado e da conformidade, sendo que, os outros dois terços terão explicação
noutras práticas ou factores.
Os resultados deste estudo não se podem extrapolar para o universo das empresas, uma vez que
é muito relativo e restrito. Somente forma estudadas algumas empresas de três industrias.
119
Os estudos efectuados
eficácia de custos, flexibilidade e por ultimo a inovação. As primeiras constatações deste estudo exploratório
são as seguintes:
1. A informação forneceu dados para suporte de um modelo cumulativo, com a informação coreana a ser
a que mais suporta o modelo;
2. Os gestores norte americanos, europeus e coreanos adoptam diferentes abordagens para a melhoria
da competitividade;
3. Em vez de incidir numa ou duas capacidades em particular, as firmas com melhor desempenho
competem geralmente com base em capacidades múltiplas.
4. Que a Qualidade não é apenas a base do modelo cumulativo, mas que está frequentemente entre as
múltiplas capacidades.
Mostra a importância da gestão da Qualidade na sua globalidade
Desenvolvimento do estudo: O modelo cumulativo das estratégias de produção compreende as
seguintes capacidades:
1a Uma forte fundação de Qualidade;
2a Fiabilidade;
3a Eficiência através do custo e
a
4 Flexibilidade
Em estudos anteriores efectuados nos EUA, Japão e Europa, conclui-se que os europeus e
americanos centram a sua atenção na Qualidade enquanto os orientais se focalizam no baixo custo e na
flexibilidade. Esta realidade parece natural porque para os japoneses a Qualidade é um pré-requisito normal
para ter uma organização aberta, por isto todas as empresas japonesas têm níveis de Qualidade bastante
aceitáveis.
Os japoneses concentravam os seus esforços na Qualidade por volta dos anos 50/60. Chegados
aos anos 80 focalizam a sua atenção para outras metas entre as quais está a flexibilidade. Os ocidentais só
nos anos 80 se apercebem da importância da Qualidade e é nessa época que alteram a sua concentração
nesse sentido. A Qualidade e os seus custos são assim a preocupação central dos anos 80 por parte das
empresas ocidentais, sobretudo americanas. Assim observado, podemos concluir que existe ainda um
caminho longo a percorrer na progressão das metas atrás enumeradas e já alcançadas pelas empresas
japonesas.
Neste estudo procura-se determinar as prioridades estratégicas da competitividade e relacionando-
se a performance de cada empresa.
Se observarmos a literatura sobre o assunto, uma grande parte aponta a Qualidade como a
primeira prioridade para a competitividade. Alguns autores dão também alguma importância a outras
prioridades - fiabilidade, custo, flexibilidade, distribuição e inovação. Assim se pode construir uma pirâmide
de prioridades competitivas (figura n019).
120
Os estudos efectuados
INOVAÇÃO
z.
FLEXIBILIDADE
CUS
DISTRIBUIÇÃO
FIABILIDADE
Q U A L I A D
Foram analisadas 265 empresas norte americanas, 129 europeias e 167 coreanas. Cada empresa
respondeu a mais de 220 perguntas.
No Quadro n012 mostram-se as prioridades competitivas e as intenções quanto à produtividade.
As três regiões dão importância diferenciada às prioridades competitivas mas todas elas
apresentam correlação positiva entre a prioridade Qualidade e a prioridade Custo.
No Quadro n013 mostram-se as correlações (sinal ou inexistência) entre as diferentes prioridades.
Qualidade - Custo + + +
Fiabilidade - Custo +
Distribuição - Flexibilidade • -
Distribuição - Inovação - -
Após analise das respostas, o modelo cumulativo não é rejeitado, antes pelo contrário, é validado,
pois as empresas realmente competem tendo múltiplas prioridades em relação à estratégia de produção. A
121
Os estudos efectuados
grande realidade é que a prioridade Qualidade está sempre presente, em qualquer das empresas
estudadas, logo seguida da fiabilidade e do custo.
Existe na maioria dos casos uma correlação positiva entre a Qualidade e o aumento da produção,
não sendo de desprezar a correlação (também positiva) entre a fiabilidade e a produtividade e entre a
inovação e a produtividade.
Algumas diferenças de atitude: os norte americanos focalizam-se na Qualidade para aumentar a
produtividade e os europeus focalizam-se na inovação.
No quadro n014 apresenta-se o resumo dos estudos efectuados.
122
Os estudos efectuados
o d
tf) T3roro •3. •3.
ro3
08 "O ro>
cO) n —
C 01 rô3
1c
_co
2 .52 '- oO o roc roc
•d) 2 E O
Vt ro ro
OJ ~ sc ■oo 8 ro
XJroro
<2
ro
cOJ (OO -Co •rooo
oCL ron c=
o .52 S I ^5
O rô> •g 'k-roo
«io 2C •c:o õro
"Oro .52
•rooo
cno
£ro õro COro li-
sa s g ro Ê "«IO ro TJ3o cra ro
XJ
Sc
3 ro «= cno ■gro
«>CO "5o ^o <"ro O a.
rô3 rô
a> ■ora "Oro
5. ro ■oro
w
tf)ro ro .ro o tf)ro O a
§ S" ro õ tf)o roc
cro «o 2?X? CL -Q
8 cn c coo
1 S. í> -oroo < 2
e .2gc O Q.
ro rô XJraro 2"
c«J c® 0ro -C
•roòtf>
rôro
'c3 EÍ -o™ "Ororo rô
.ro «nro
.«u 8 2 ■o ro- XJro cro ot3
-<u "Oro ro </)ro ro
T3 om "rô s
•ro E rocn
■g(TJ i(TJwO 1 S (/>wo ^«c o s. ro •rooo coo
rô3 "Oro >ro ero ro £ E
32a)
0 cro
P Ero
O -g ■roo i_ s
2 1ro
o>
raN 8 Ero
rô
E5 c
TJroro
«J ^(D s Q-
S3 roCL ro
tf) 3 O- oro ro3 "Oc 0 O) ro8c
2c C = 'S. ro oE çn ■g rô
roN oo
ro™
nj ro - o. "ro 1 |
OJ T3 QC O
tf)
iQ < roO) O E "CoCL a. .52
ro «)ro £ > cn "ro
10 ."2S
«ro o. 2Q. roE roCL TJro rô
tf)o "O ro S •roOo iSS* o •8. ■ao ta" XJro
5
roE
xj ^ ca) _ço XIro
2ro roc rop O)
TJoC
"oo
tf)£ «o ro o)ro ros tf> > ro to tf)ro g (/>
O- < ro 8 < T3o < E < ro Q ro 3" «roo
< ro O
ÇQ_ ro jn_
cra
0
ro 3 ro roroc
O) ro ro ro cro $5
^ a)c roo 3
xjc
5 ro® roro o roo
«roro ro« «í rod) o
o Ero rooC rororo c ro
s tu "O Q. ^ .52ro
^ ro Q. d) roo> o e rororo" oc P"
t
0 cm
TJ l_f ro d)c Ero roro
52 ro
É- | i | roo. ® õ « roo
Xro | Ero
Ero -
1 s
IO
T C gc: i —■
cn I trroo £
ol
ro
x: « ^-- co
"O «, 9" O1 o ro3 ^® •aro E« CO ■»- c
roro
^
c ro ro roro —' co co g ro .i= roro «d ro .52ta d) roro
tjro cta
2c c ro i— ro" o roro ro 5=0 io ■oo c .52
5w "o ro oro gro •oro ro -o cro cro r>-
*3oZÍ oroc
£ 1
ro 2ro "Oro -a3
roo) oc: CN ^ w roo ro J®
tjd) S:O)
r-, ro 3ro wro 'Croo *w_ro ro01 a» ro
c .iso Ero §ro
O) «E rov—c ro io o
r--® co
ro- co ro ro Ero Era g
h- |E Ero |1
.E co
CM CM
i-
_ÇQ
Ero
Sro
cro -od)ro XJroro ro ro
■co ro^
w o oro X)o
O .•* cn "u -Co
O ro = 00 CO j*.ro <
cra
CT) _lro >% O c= d CO rô
8 2 ro ro1 52 roO) o roO)
JCo 3c itro So ro o TJroro ro
O (O o: co CC CO 2
cn TJro
2ro o
•3 o
2tf) «roo ■3 •§ c •ro
'2«n ro
XJroro 3 ro ro 0d) S
x:ro d>
c E roO)
XJ tf) •=c cro '8. ro .Ç
-Ero .oro E3 o3 Fro 2CL XJro
3 o sro*— ro°_ 3c ro ^ro Q tf) </)
O ro -o 3
roCL —
ro £
xj TJro 3 li
ra o. 8 •ro CL roCL
.52ro 1 1 CL
jQO —roc c ^
.5 CL mro V)ro Ero tf)ro Eo
XJ c o xj O) to TJ O
O)
«)
o
.S>
8 ro « o ro TJro •croro o
rôro Ero ~o S
o
rô -oo o
2ro ?
g 1 3 S XJo •« 8
XJ CL o
ro ^ o -5ro "oro
TJ tf) III •ro cn8 F cro tf) d) C
■5
2
0
xj SES XJro < o § 1
TJ E ro a.
ro E O > E E
Quadro n0 14 - Resumo dos estudos efectuados
123
A Qualidade como factor esratégico
45
Direcçao-Geral da Indústria da Comissão Europeia (DG III) in Exame de Junho 1995.
46 Lopes do Santos, artigo intitulado "Qualidade para que te quero?", AGESFAL.
124
A Qualidade como factor esratégico
47 Como refere Lopes dos Santos na sua obra "Excelência Estratégica - Métodos para a mudança", "Os conceitos de
"hard" e "soft" nào devem ser apenas interpretados como elementos tangíveis c intangíveis da oferta da empresa.
De facto, numa versão mais actual, devemos considerar "hard" todos os elementos, atributos e actividades, que são
essenciais à existência da oferta em termos de transacção, isto é, que sem eles nào havia troca. Por exemplo, as
formas de comunicação entre a empresa e os seus clientes (do telefone ao fax) nào são atributos tangíveis da
oferta; no entanto, sem um processo desses, que todos os concorrentes têm de possuir, nào haveria lugar às
transacções. Logo deve ser considerado como parte "hard" da oferta.
Por outro lado, nem todo o "soft" é verdadeiramente intangível. Por exemplo, consideremos a imagem e o design
duma embalagem. As correlações que estabelece nas clientelas vão muito para além do estado físico do material.
Neste caso, estamos perante um apelo "soft", claramente ligado à oferta.
Resulta daqui, que uma melhor classificação de "hard" e "soft" será a que considera o ponto de vista do valor do
cliente quanto à sua percepção do que é standard, portanto "hard", e quanto à sua percepção de valor adicional
atribuível à oferta, ou seja o "soft".
A grande questão é que, actualmente, o "hard" é facilmente delimitável, enquanto que o "soft" pode revelar-se
através das formas e a partir das origens mais diversas. Tanto pode estar muito relacionado com a oferta tangível,
como estar ligado ao comportamento das pessoas e da organização, como ainda à imagem da empresa. Daí que ,
nos tempos actuais, o "soft" seja um poderoso campo de criação sustentada da singularidade e da diferenciação da
empresa.
Inquéritos levados a efeito em mercados fortemente concorrenciais permitem concluir que, para além do produto,
todas as transacções encerram, pelo menos, mais dois outros atributos "soft": - Tempo c Confiabilidadc.
Sobre este assunto, deverá merecer especial atenção a última obra do Boston Consulting Group intitulada
Managing Against Time.'*
125
I
A Qualidade como factor esratégico
É, portanto, possível e desejável que uma empresa imprima um processo de busca permanente
desses atributos que superam as expectativas do cliente e que geram uma tão grande satisfação,
garantindo, é claro, tudo o que é importante do ponto de vista da funcionalidade do produto.
Aliás, só esta postura de evolução permanente, pode garantir a defensibilidade da Qualidade como
factor de competitividade, uma vez que os atributos que geram satisfação entusiástica são rapidamente
imitados e, os clientes rapidamente incluem essas características no cabaz da qualidade esperada, a tal que
já não gera um entusiasmo por aí além.
Concluindo, portanto, a Qualidade como factor de competitividade, mais do que uma característica
emblemática é uma via dinâmica, isto é, não é a Qualidade em si que é determinante, mas sim a velocidade
no processo de criação de cada vez maior Qualidade.
A sustentabilidade da Qualidade, adquire-se através de uma organização aprendiz e de uma
estratégia sustentada.
A sustentabilidade da vantagem competitiva pela Qualidade implica uma Visão Estratégica muito
clara quanto ao desafios e incertezas do futuro.
Numa projecção a 10 anos, apenas se pode concluir que, de certeza, não se sabe o que irá
acontecer.
Logo, a Qualidade da estrutura sobrepõe-se como factor decisivo ao planeamento e controlo
estratégicos rígidos.
Organizações aprendizes (Leaming Organizations), que consigam:
• Que todas as pessoas conduzam as suas energias e capacidades de fornia talentosa criando saber e
informação:
• Estar em total e permanente interacção com o exterior com uma atitude de contínua pesquisa de
oportunidades sistematizáveis;
• Criar estruturas flexíveis, rápidas a responder, achatadas e focalizadas em micro-segmentos, numa
perspectiva de Marketimização.
Serão, certamente, aquelas que manterão a liderança porque, desta forma, a Qualidade passa a
ser uma consequência natural e espontânea.
Há, no entanto, alguns pilares a incluir no conceito de Qualidade, quer actualmente, quer no futuro
e que constituem os alicerces da denominada estratégia sustentada:
• Empresa cidadã que assume a sua responsabilidade social em todos os seus vectores e que interioriza
que a Qualidade tem de ser global, interna e externa à empresa e que, portanto, é um projecto
partenarial amplo;
• Eco-gestão. Não há Qualidade inimiga do ambiente;
• Evolução permanente. Só a velocidade na busca da excelência é, de facto, um factor estrategicamente
relevante:
126
A Qualidade como factor esratégico
• Ética. A empresa criará cada vez a sua imagem a partir de Valores, Crenças e Atitudes eticamente
integrados e adequados.
127
O reconhecimento institucional da Qualidade
6.1. A CERTIFICAÇÃO
A Certificação é um exemplo do segundo caso, onde a empresa se candidata (sozinha) a receber o
Título de "Empresa Certificada" (ver Anexo 2). Existe ainda a possibilidade de não certificar toda a empresa
mas só alguns sectores ou produtos.
A certificação do sistema de qualidade de empresas, normalmente referida apenas como
certificação de empresas, é a demonstração, por uma entidade reconhecida, Instituto Português da
Qualidade (IPQ) no caso português, da conformidade de um dos seus processos com os requisitos de um
documento normativo, neste caso com uma das normas de garantia da qualidade.
Estas normas têm merecido uma aplicação generalizada a nível mundial e em especial europeu,
onde a certificação passou a ser, cada vez mais, um requisito prévio para se fazer negócio.
A certificação veio maximizar os benefícios do uso da norma da garantia da qualidade sob o ponto
de vista organizacional, cultural e financeiro da empresa.
As normas da série ISO 9000 são a base da actividade da certificação e requerem que a empresa
documente as práticas e os procedimentos implementados, para um funcionamento interno de garantia da
qualidade. Elas são de carácter genérico e global, referem o que deve ser organizado e implementado.
128
i
O reconhecimento institucional da Qualidade
129
O reconhecimento institucional da Qualidade
economia europeia chegue ao século XXI com dez anos de atraso em relação aos seus competidores"...
M
0 certificado dá garantia de que a empresa é capaz, mas não dá garantia de satisfação" ... " Há uma
urgência grande de alargar os critérios..." - referindo-se à futura série das ISO 14000 sobre a preservação
do ambiente.
Segundo um estudo elaborado em 1994 pela Comissão Europeia, a imagem da Qualidade pode
nada ter a ver com certificação: 82% associam Qualidade a Performance, 68% a Características, 28% a
Preço elevado, 23% a Inovação, 18% a Luxo e só 3.2% a Certificação.
De acordo com o mesmo estudo, os benefícios da certificação são: Aumento da consciência da
Qualidade (16.3%), Clareza das responsabilidades (11%), Envolvimento dos empregados (9.3%), Confiança
do consumidor (9%), Eficácia interna (8%), Imagem (7%), Execução uniforme das tarefas (6%).
Não se pode então dizer que a certificação do sistema da qualidade, seja a que nível for, é a meta
final. A certificação não é um fim, é um passo para a Qualidade, como que a "meta volante" do ciclismo,
onde existe ainda um percurso para chegar à "meta final" que alguns chamam "Excelência" ou a via da
"Perfeição".
130
1
O reconhecimento institucional da Qu " '
liquido por empregado e as vendas por empregado pioraram ligeiramente, só a remuneração média távjB -
comportamento neutro.
Uma das conclusões foi que "...a situação das empresas certificadas, em geral, piorou após a
certificação, comparativamente com a mediana de cada sector industrial", no entanto, diz um dos seus
autores "... a certificação não está errada, o que provavelmente não funciona é a estratégia em que ela se
insere na maioria das empresas que ganham a 'etiqueta'".
Entretanto, a Associação Portuguesa de Certificação realizou um inquérito a cerca de 400
empresas certificadas sobre a avaliação da satisfação, as respostas foram: 91% declararam "melhoria da
organização interna", 58% "melhoria da imagem", 48% "confiança no sistema", 43% "melhoria da posição
competitiva" e 40% "aumento da satisfação dos clientes".
131
O reconhecimento institucional da Qualidade
132
O reconhecimento institucional da Qualidade
(7 'g»
Este prémio, após a sua instituição, deu origem a vários prémios internos em organizações quê ajM? -
\\) *
utilizam exactamente os mesmos critérios para avaliar as suas próprias empresas (ex: U.S. Airforce, AJ^T^ jj//
IBM, Kodak, Westinghouse, etc.).
133
O reconhecimento institucional da Qualidade
MEIOS RESULTADOS
50% 50%
(Fonte: IPQ)
Cada um destes nove elementos são critérios que podem ser utilizados na avaliação do progresso
de uma organização em direcção ao TQM. 0 grupo de resultados indica o que a empresa está a conseguir,
e os meios indicam como esses resultados estão a ser obtidos. O modelo também demonstra que as
pessoas de níveis diferentes e em funções diferentes trabalham em equipas multifuncionais e são co-
responsáveis pelos resultados, e não obrigatoriamente através da estrutura vertical nas funções usuais tais
como produção, finanças, marketing, etc..
Cada um dos critérios está dividido em sub critérios que estão mais directamente relacionados com
o envolvimento da empresa com a Qualidade Total.
O modelo é utilizado como base para a auto-avaliação. Uma organização pode medir a sua
performance através da identificação das áreas positivas e das áreas carentes de aperfeiçoamento. Isto
pode ser feito de várias formas, desde uma abordagem através de um simples workshop, a um relatório que
reflicta a situação actual da empresa.
Todos os anos o modelo é examinado e aperfeiçoado com a ajuda dos membros da organização
divididos em equipas de trabalho.
134
i
O reconhecimento institucional da Qualidade
6.2.1.4. PEX52
Tendo em consideração o esforço das empresas que têm perseguido os objectivos da Gestão pela
Qualidade Total, o Ministério da Indústria e Energia criou em 1992 o PEX - Prémio de Excelência - Sistema
Português da Qualidade (PEX - SPQ). que teve a sua primeira edição em 1994.
"Num processo de melhoria contínua, a empresa tem de traçar objectivos, proceder
permanentemente a avaliações, conhecer os seus pontos fortes e fracos", resume um documento de
apresentação do PEX.
Este prémio tem o seu modelo inspirado no European Quality Award e compõe-se de três trofeus:
um Trofeu Ouro e dois Trofeus Prata e ainda atribui o Galardão Qualidade à empresa que der o maior
"salto" em duas edições consecutivas
Podem candidatar-se a este prémio todas as empresa certificadas pelo IPQ ou com o processo em
curso.
O PEX está decisivamente centrado em mecanismos de auto-avaliação, sendo que, este processo
possibilita uma análise fundamentada dos mais diversos aspectos da organização e é feita de acordo com
uma visão própria. A auto-avaliação é feita pela análise de um grupo de nove critérios, dos quais cinco se
referem aos meios utilizados pela empresa na sua actividade (Liderança, Políticas e Estratégia, Gestão da
pessoas, Recursos, Processo), e quatro aos resultados dessa actividade (Satisfação dos clientes,
Satisfação dos colaboradores, Impacte na sociedade, Resultados do negócio).
A situação da organização no caminho da gestão pela qualidade total pode ser avaliada
verificando, verticalmente, a extensão do seu empenhamento, e horizontalmente através de todos os níveis
dos seus resultados em todas as áreas de actividade.
Uma das vantagens de concorrer ao PEX é a ver os relatórios de auto-avaliação serem apreciados
por pessoas independentes (Assessores do PEX) e receber um Relatório de Avaliação, onde se identificam
os pontos fracos e as áreas passíveis de melhoria. O que não acontece com a certificação - já que esta
apenas se dedica a analisar o ciclo do produto.
135
O reconhecimento institucional da Qualidade
136
O reconhecimento institucional da Qualidade
Os critérios estão, assim, direccionados no sentido do que foi dito antecipadamente; o japonês
mede, sobretudo, o controlo da Qualidade, o europeu dá igual peso aos meios e aos fins que são atingidos
(50% contra 50%), o americano centra-se na relação da empresa com a sociedade e, na eficácia dessa
relação, nos seus resultados (50%).
137
O reconhecimento institucional da Qualidade
Recursos Impacto na
wm Snfipdade
i «mi m
(Fonte: IP(
138
Conclusão
CONCLUSÃO
Neste final de século podemos assumir como verdadeiro que estamos no auge da competitividade
entre as empresas.
Essa competitividade não é mais do que a chama viva de todos os agentes empresariais para a
inovação e a mudança.
O veículo dessa inovação é a própria estratégia da empresa. Mas, para a estratégia resultar, é
necessário que, no seu intimo, tenha havido uma Visão para a basear em factores críticos de sucesso que a
levem a alcançar vantagens competitivas.
De facto, a competitividade resulta, antes de tudo, da predisposição dos decisores empresariais
para inovarem e assumirem que, nos tempos actuais, os chamados factores críticos de sucesso que
conduzem à vantagem competitiva estão em constante pressão evolutiva e que, portanto, constituem um
objecto a ser constantemente trabalhado a nível estratégico.
Só uma postura inovadora e dinâmica é favorável à geração de competitividade e, ao mesmo
tempo, é a única via para a sobrevivência no longo prazo. Nos tempos que correm, podemos dizer que
quem tem esta postura, tem Visão Estratégica. Quem tem essa Visão centra toda a sua estratégia, todos
os seus esforços, naquilo que é a razão da sua existência - o Cliente. Para essas empresas o Cliente é Rei.
O cliente, porque viu o seu poder negocial mais alargado, tomou-se mais exigente, recusa-se a
pagar preços inflacionados por níveis adicionais de intermediários, ou processos que não acrescentem
qualquer valor ao produto. O cliente questiona tudo - preços, condições, garantias. Em suma, apela para
uma oferta de produtos com maior valor acrescentado.
E este conceito de valor, do ponto de vista do cliente, corresponde a três factores importantes: o
preço, o serviço e a qualidade. Do ponto de vista da empresa, se o preço e o serviço podem ser facilmente
imitáveis, para obter vantagem competitiva, terá de centrar a sua estratégia na Qualidade.
Daqui resulta que as únicas empresas de sucesso centram os seus esforços no cliente, e não o
podem fazer de outra forma que não seja através da Qualidade.
A Qualidade talvez seja o conceito da gestão que tem mais definições: mas, em termos muito
simplistas, consiste em satisfazer as necessidades e as expectativas dos clientes, e tentar excedê-las.
Em termos históricos distinguem-se três grandes fases do conceito: a 1a fase, ligada ao controlo da
qualidade do produto e do serviço, depois alargado ao processo de fabrico, o que só se verificava no fim do
processo; a 2a fase, do alargamento do controlo a toda a organização, refere-se à garantia de qualidade
obtida pela certificação segundo as normas da International Organization for Standartization (ISO), que é
uma fasquia mínima e a 3a fase, do alargamento da Qualidade a toda a organização, a Qualidade Total, que
139
Conclusão
o cliente. Não fazendo um corte completo com este pensamento, o conceito está a alargar-se de Qualidade
Total para Qualidade Global, através da qual se procura a Excelência. A perfeição é a meta nesta fase.
A principal diferença reside no facto de, nunca deixando de pensar no cliente, haver uma
preocupação mais alargada com outros valores e variáveis como o ambiente, a educação e a ética.
A Qualidade é uma preocupação estratégica que toca todos os domínios da política geral das
empresas e que se toma imprescindível, como base de qualquer cultura organizacional.
Sendo um movimento contínuo, a filosofia da Qualidade garante a única via estratégica capaz de
dar continuidade ao sucesso empresarial se se basear nas três orientações fundamentais; no cliente
externo, tomando-o parceiro; no cliente interno, como principal via da inovação e no meio ambiente,
tomando-se co-responsável pelo eco-sistema.
Um dos vários méritos da cultura da Qualidade, que lhe trazem uma vantagem singular quando
assumida formalmente pela organização, é o facto de atravessar diagonalmente a empresa, anulando assim
alguns efeitos nefastos da verticalização especializada e criando sinergias pela gestão dos "interfaces" entre
organismos da empresa. Repensar a empresa como um todo é uma das acções inevitáveis e obrigatórias
desta cultura.
Na sua forma mais completa - a Qualidade Global - como filosofia estratégica e organizacional é,
também, a terapêutica eficiente para alguns dos grandes males competitivos das organizações. De facto a
Qualidade Global parece ser a única via que permite ao mesmo tempo extinguir custos evitáveis,
desburocratizar, reposicionar competitivamente a imagem das organizações, partilhar níveis avançados de
fidelização de clientelas, eco-gerir sustentadamente os factores críticos de sucesso, integrar a organização
como centro de poder ideologicamente responsável e fundamental no desenvolvimento social, reconstruir a
dignidade criadora do Homem face ao trabalho e reposicionar as organizações com uma missão mais ampla
abrangente e social.
Por isso, a Qualidade Global é um factor estratégico de todas as organizações que não contradiz
nem inviabiliza nenhuma das denominadas estratégias genéricas, sendo, como foi apresentado, uma via
complementar a essas estratégias, criando as condições para o seu apuramento optimizador.
Por último, e para responder às perguntas formuladas no início do trabalho;
Será a Qualidade uma prioridade estratégica das organizações que procuram o sucesso?
A Qualidade é um factor de Vantagem Competitiva?
percebida pelo mercado é o factor que melhor explica a Vantagem Competitiva e a principal
prioridade estratégica para aumentos da produtividade (e, por conseguinte, da competitividade) é a
Qualidade. E, como refere o estudo efectuado pela Comissão Europeia (parágrafo 5.1. do Capítulo IV),
48,4% das compras são influenciadas pelo factor Qualidade - é o principal factor. Finalmente, como
140
í
I
Conclusão
ficou demonstrado no parágrafo 5.2 do Capítulo IV, a Qualidade é, realmente, um factor centrar de
Vantagem Competitiva.
Em conclusão, a Qualidade é, pela sua importância e pela forma como as organizações a
enfatizaram ao longo dos tempos, conforme se demonstrou no presente trabalho, uma prioridade
estratégica das organizações de sucesso porque é um factor central de Vantagem Competitiva. Não é um
produto nem um objectivo, mas sim um meio e uma cultura organizacional, que tem como objectivo a
criação de valor para o cliente. Citando Henry Mintzberg: "Qualidade? Não sei o que é. Reconheço-a
quando a vejo."
Num futuro, não muito distante, a única forma de ganhar vantagem competitiva é ter uma filosofia
de Qualidade Global. A responsabilidade vai aumentar a todos os níveis e as variáveis determinantes das
decisões vão mudar - o Ambiente será, talvez, a mais importante.
141
Bibliografia
BIBLIOGRAFIA
Bemillon, A. e Cérutti, O. (1990), A Qualidade Total - Implementação e Gesfão, Edições Lidei, Lisboa.
Bom, G. (1994), Process Management to Quality Improvement, John Wiley & Sons, New York.
Brannen, M. Y. (1995), Does culture matter? Negotiating a complementary culture to successfully support
Camp, R. (1994), Aprenda com os melhores e será um deles, Executive Digest, 1, Nov94, pp. 38-41.
Cardoso, J. F. (1994), As 10 ideias que estão na moda, Executive Digest, 0, Out94, pp. 48-51.
Cardoso, J. F. (1996), 50 Conceitos deAaZ, Executive Digest, 18, AbrS6, pp. 32-37.
Cardoso, L. (1995), 15 Ideias para o Êxito, Revista Exame, 76, pp. 44-46.
Ceitil, M. (1996), A Gestão da e pela Qualidade, Revista Qualidade, 2, pp. 10-12, APQ, Lisboa.
Collet, D., Lansier, P. e Ollivier, D. (1991), ObjectifZero Defaut, ESF Editeur, Paris.
Cruz, C. V. e Carvalho, O. (1994), Qualidade - uma filosofia de gestão, Texto Editora, Lisboa.
142
i
Bibliografia
Economist (1995), Por que a Qualidade Total deixou de estar na moda, Executive Digest, 4, Fev95, pp. 38-
40, Lisboa.
Fernandes, A. J. (1994), Métodos e regras para elaboração de trabalhos académicos e científicos, Porto
Editora.
Garvin, D. A. (1987), Competing on the eight dimensions ofquality, Harvard Business Review (Nov/Dec).
Hill, A. V. (1995), Perspectives forManagers, IMD, International Business School, Lausanne, Mar95.
Hodgetts, R. M. ((1994), 8 Lições das campeãs da Qualidade, Executive Digest, 15, Jan96, pp. 70-72.
Hofstede, G. H. (1983), The cultural relativity of organizational practice and theoríes, Journal of International
Business Studies.
Jesus, H. M. A. (1994), Garantia de Qualidade Conceito e Aplicação na FAP, Boletim 6, IAEFA, Sintra
Juran, J. M. (1988), Juran's Quality Control Handbook - Fourth Ed, McGraw Hill, Singapore.
Kettinger, W. J. and Lee, C. C. (1994), Perceived service quality and user satisfaction with the information
Kim, Kee Young and Chang, Dae Ryun (1995), Global Quality Management: A Research Focus, Decision
Kóvacs, I. (1992j, Novas tecnologias, recursos humanos, organização e competitividade, CESO l&D/PEDIP,
Lisboa.
Laboucheix, V. e outros (1990), Traité dela Qualité Totale, Paris, Dunod Entreprise.
Lopes dos Santos, F. (1992), Excelência Estratégica - Métodos para a Mudança, Lisboa.
143
Bibliografia
Lopes dos Santos, F. (1993), Estratégia e Competitividade, Estoril, Ed. Quarta Vaga.
Lopes dos Santos, F. e Rodrigues, J. N., (1993), Quarta Vaga, Estoril, Ed. Quarta Vaga.
Lopes, A. e Fidalgo, A. (1996), Neotaylorismo versus Cultura da Qualidade, Revista Qualidade, 3, pp. 8-15,
Lorange, P. (1995), Em busca da aprendizagem, Executive Digest, 21, Jul96, pp. 96-98.
Mateus, A., Brito, J. M. B. e Martins, V. (1995), Portugal XXI - Cenários de Desenvolvimento, Bertrand
Editora.
Mintzberg, H. (1993), The Rise and Fali of Strategic Planning, Prentice Hall.
Nelson, R., Weiss, L. R. and Yamazaki, K. (1992), Information resource management within multinational
Parasuraman, A., Zeithaml, V. A. and Berry, L. L (1988), SERVQUAL: A multiple-item scale for measuring
Pereira, C. e Stosberg, R. S. (1996), Segmentar para Ganhar Mercado, Case-studies, Revista Exame, 92,
pp. 100-104.
Peters, T. (1987), Thriving on Chãos, Harper & Row Publishers, New Yorlc.
Peters, T. (1994), O Seminário de Tom Peters - Tempos Loucos Pedem Organizações Loucas, Bertrand
Editora.
Pfeffer, J. (1994), A Competitividade através dos Recursos Humanos, Executive Digest, 3, Jan95, pp. 56-60.
Pires, A. R. (1996), Usos, limitações e integração de diversas técnicas e métodos utilizados na melhoria dos
Prahalad, C. K. & Hamel, G. (1989), Strategic Intent, Harvard Business Review, May/Jun
144
Bibliografia
Reis, F. (1996), Enquadramento da Garantia da Qualidade e sua correcta utilização, Revista Qualidade, 2,
Robert, M. (1993), Modelo Americano no Banco dos Réus, Revista Exame, 49, pp. 130-136.
Romão, A. (1995), A Competitividade Europeia, Estudos de Gestão, Vol. II, Revista do ISEG, 1, pp. 3-17.
Santos, R. D. (1995), Os Custos da Qualidade, Revista Dirigir, 35, pp. 25-31, IEFP.
Santos, R. D. (1995), Qualidade Global, Revista Dirigir, 36, pp. 44-48, IEFP.
Shapiro, E. C. (1996), Cuidado com as novas ondas da gestão, Executive Digest, 23, pp. 60-63.
Silva, C. (1996), O que vai mudar na concorrência, Revista Exame, 90, pp. 4647.
Tucker, R. R. (1995), Quando o Cliente é Rei, Executive Digest, 18, Abr96, pp. 72-74.
Turpin, D. (1994), 7 Regras para tratar o cliente na palma da mão, Executive Digest, 4, Fev95, pp. 68-70.
Vasconcellos e Sá, J. (1993), O Quadrado Estratégico - Como Definir a Missão, ISEG Working Paper, n.0
33.
Vasconcellos e Sá, J. (1994), Guia de Planeamento Estratégico, Revista Exame, 64, pp. 109-118.
Wamotte, G., Rousseau, A. et Nizert, J. (1992), Llmplantation de la Qualité Totale dans quatrre enterprise,
Watson, G. (1993), Strategic Benchmarking: How to Rate your Company Against the Wor1d's Best, John
145
Anexo 1
ANEXO 1
Para se ser excelente, do ponto de vista do mercado, é preciso dominar uma cultura de empresa
que se traduza pelo menos num dos vários atributos perceptíveis pelos clientes, como "valor", e ao mesmo
tempo conjugar essa "filosofia" com actos, com a vertente operacional.
Aos que conseguirem esse "alinhamento" o mercado deve reconhecê-los como "lideres no valor"
("value leaders"), um neologismo do mundo dos negócios lançado em Boston pela CSC Index. E esses
ganham uma vantagem competitiva indiscutível, que traduzem nos indicadores financeiros e económicos no
final do ano.
Vantagens da focalização
Foi recentemente efectuado um estudo, liderado por Fred Wiersema, que publicou, em 1995, com
o seu colega Michael Treacy, o "best seller" The Discipline of Market Leaders, onde foram inquiridos mais de
400 administradores e chefes de empresas norte americanos e europeus..
O estudo baseou-se nas três "disciplinas de valor" de que fala esse livro - a excelência operacional
que permita o melhor custo total, a "intimidade' com o cliente, que lhe forneça uma solução total, e a
liderança no produto, que garanta o melhor produto - e testou-as no universo referido.
Afinal, o que parece óbvio em termos de alcance da excelência, é um problema, é que, em média,
menos de 15 por cento o conseguem. Por outro lado, 71 por cento considera que, no terreno específico dos
processos mais críticos do seu negócios, a "performance" apercebida pelo cliente é moderada ou baixa.
O estudo confirmou a ideia de que "a maioria tende sempre a focalizar-se numa das três
(disciplinas) para bater a concorrência", quer se pense em termos de estratégia ou no terreno operativo.
A multifocalização, tentando ganhar excelência em mais do que uma frente, é algo que só minorias
declararam tentar.
"Nós achamos que a esmagadora maioria escolheu a focalização numa dada disciplina, porque as
vantagens de focalizar são óbvias e muito poderosas", declara-se nas conclusões do inquérito.
"As tensões internas normais entre as diferentes soluções tendem a ser resolvidas por via da
opção por uma delas".
146
Anexo 1
Nota: O inquérito foi lançado em Abril de 1995 junto de um universo de 6308 destinatários - presidentes e
CEO (chief executive officers) - em empresas norte-amerícanas e europeias com mais de 200 milhões de
147
i
Anexo 2
ANEXO 2
1. O PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO
O processo de certificação da organização é um projecto que envolve todo o seu colectivo, sob a
liderança da Alta Direcção. É , sobretudo, um projecto de mudança, que se deve desenvolver por fases,
cada uma correspondendo a objectivos específicos.
1.1. Fase I - Pré-requisitos
O projecto inicia-se coma preparação das condições apropriadas para que o seu desenvolvimento
decorra com sucesso.
Nesta fase procura-se o comprometimento da direcção, o esclarecimento e o envolvimento dos
trabalhadores, a viabilização dos meios e a responsabilidade do projecto.
Assim, três acções devem ser tomadas:
1. A aprovação e divulgação da política da Qualidade da organização;
2. A nomeação do representante da Direcção a quem passará a competir a coordenação das tarefas
decorrentes do projecto e, mais tarde, da manutenção do Sistema de Gestão da Qualidade,
nomeadamente a monitorização e o reporting da execução do orçamento;
3. A sensibilização dos colaboradores no sentido de demonstrar que é um projecto de todos.
1.2. Fase II - Análise da organização
Nesta fase faz-se o levantamento dos processos operativos que terão de ser objecto de
normalização e de adequação aos requisitos das normas de referência.
O resultado desta avaliação documenta-se no mapa de procedimento.
Esta fase permite compreender o esboço do SGQ da organização, identificar os colaboradores que
terão de participar na revisão dos processos operativos e sua descrição em procedimentos e definir a
dimensão do "trabalho de campo".
148
Anexo 2
• Técnicas estatísticas.
1.4. Fase IV - Trabalho de campo
Esta fase do projecto envolve a participação dos colaboradores com responsabilídades-chave nos
processos operativos.
O "trabalho de campo" tem como resultado a descrição normalizada dos processos operativos em
procedimentos específicos e tem, entretanto, o alcance de atribuir aos operacionais da organização a
responsabilidade pelos "seus" procedimentos.
Neste momento atinge-se um estágio que se pode representar pela frase:
149
Anexo 2
implementados.
1.7. Fase VII - Formação
O Sistema de Gestão da Qualidade deve ser dominado por todos os colaboradores. Assim, a
formação deve incidir sobre dois pontos:
• Conceitos básicos sobre Sistemas da Qualidade (Normas ISO, papel do IPQ, processo e significado da
certificação, etc.)
• Características do SGQ da organização (processo de criação e intervenção dos colaboradores na
utilização e melhoria do SGQ)
1.8. Fase VIII - Conclusão do projecto
Com a conclusão da fase anterior, o SGQ está pronto a ser auditado, tendo em vista a sua
certificação.
Antes da "verdadeira" auditoria de concessão, deve fazer-se uma pré-auditoria interna.
Após pedida, é então feita uma auditoria de concessão, que tem duas componentes, a teórica
(conformidade do Manual da Qualidade e Procedimentos aos requisitos da Norma) e a prática
(conformidade dos processos em prática na organização ao Manual).
150
1
Anexo 2
Depois é elaborado, pelo IPQ, um relatório da auditoria, onde são relatadas as não-conformi
ou emitida de imediato a certificação. No primeiro caso, a organização deve executar um plano de
correctivo com vista a anular as não-conformidades.
2. AS ISO 9000
A International Organization for Standardization criou, em 1987, as ISO, onde as iniciais foram
trocadas para formar um prefixo grego que indica igualdade (veja-se o exemplo de isósceles).
Na actualidade, a designada "família" ISO 9000 conta já com um amplo conjunto de documentos,
designadamente:
• A série básica ISO 9000:
* ISO 9000-1. Normas para a gestão da qualidade e garantia da qualidade. Parte 1 - Linhas de
orientação para a sua selecção e utilização;
* ISO 9001. Sistemas da qualidade. Modelo de garantia da qualidade na
concepção/desenvolvimento, produção, instalação e assistência após venda;
* ISO 9002. Sistemas da qualidade. Modelo de garantia da qualidade na produção, instalação e
assistência após venda;
* ISO 9003. Sistemas da qualidade. Modelo de garantia da qualidade na inspecção e ensaios
finais:
* ISO 9004-1. Gestão da qualidade e elementos do sistema da qualidade. Parte 1 - Linhas de
orientação.
• As "outras" normas:
* ISO 8402. Gestão da qualidade e garantia da qualidade - Vocabulário;
* ISO 9000-2. Normas para a gestão da qualidade e garantia da qualidade. Parte 2 - Linhas de
orientação genéricas para a aplicação da ISO 9001, ISO 9002 e ISO 9003;
* ISO 9000-3. Normas para a gestão da qualidade e garantia da qualidade. Parte 3 - Orientações
para aplicação da ISO 9001 ao desenvolvimento, fornecimento e manutenção de software;
* ISO 9000-4. Normas para a gestão da qualidade e garantia da qualidade. Parte 4 - Guia para a
gestão de um programa de confiabilidade;
* ISO 9004-2. Normas para a gestão da qualidade e elementos do sistema da qualidade. Parte 2
- Linhas de orientação para serviços;
* ISO 9004-3. Normas para a gestão da qualidade e elementos do sistema da qualidade. Parte 3
- Linhas de orientação para materiais processados;
* ISO 9004-4. Normas para a gestão da qualidade e elementos do sistema da qualidade. Parte 4
- Linhas de orientação para melhorias da qualidade;
* ISO 10 005. Gestão da qualidade. Linhas de orientação para planos da qualidade.;
* ISO 10 007. Gestão da qualidade. Linhas de orientação para gestão da configuração;
151
i
Anexo 2
Concepçao/Desenvo
Ivimento Produção
Inspecção
Produção e ensaios
Instalação finais
Âmbito
Instalação
Assistência
Assistência após venda
após venda
(Fonte; IPQ)
Se analisarmos esta "família" no sentido ISO 9003 ===> ISO 9001, podemos, de alguma forma,
considerar que existe uma analogia com a própria evolução do conceito Qualidade - que começou
unicamente no fim do processo, alargou-se a todo o processo e "estendeu-se" para fora da organização.
As ISO 9000 têm tido grande aplicação, praticamente em todos os sectores. Algumas empresas
ainda as utilizam como seu referencial de qualidade.
152
1
I Anexo 2
Por exemplo, os construtores de automóveis, fazem com que milhares de fornecedores desta
indústria implementem as normas. A referência em Directivas Comunitárias alastrou o seu uso e aplicação
por toda a Europa. O alargamento rápido que se efectuou ao sector dos serviços, fez com que esta norma ,
nascida essencialmente para a indústria, se alargasse para sectores dos serviços em geral, os serviços
públicos e as instituições militares.
Existem cerca de 100 000 certificados ISO 9000 em todo o mundo. A vertiginosa escalada mundial
de adesão às normas ISO 9000 fez com que estas normas se tomassem em poucos anos o pivot da
divulgação das questões da qualidade.
Quando as ISO 9000 surgiram, o objectivo era principalmente o da certificação de sistemas da
qualidade, uma vez que este passo obrigava as empresas, a integrarem-se na cultura da qualidade. Houve,
porém, muitas empresa que começaram a utilizar a certificação como um fim "o de obter apenas o papel".
Foi desvirtuado o seu uso como instrumento de gestão intrínseca às necessidades da empresa e com
objectivos claramente definidos a longo prazo.
Hoje parecem estar a começar a ficar ultrapassados estes problemas, estando as empresas mais
conscientes dos grandes benefícios da implementação do sistema e também das vantagens de
transparência, credibilidade e imagem que um certificado lhes pode conferir.
2.1. AS FUNÇÕES DA ISO 9001
A norma ISO 9001 sobreleva os requisitos que incidem directamente na relação contratual
Cliente/Fornecedor, relação essa que, cronologicamente, se inicia na âmbito da "Análise do Contrato", isto é,
no momento imediatamente anterior à apresentação duma proposta. Conheçamos então melhor esta norma
(figura n0 23).
153
Anexo 2
6.
Aprovisionamento 16. Controlo dos
registos da
Qualidade
8. Ident. e
rastreabil idade do
produto
20. Técnicas
9. Controlo dos 11. Contr. de estatísticas
N processos equip. de insp.,
med. e ensaio
154
Anexo 3
ANEXO 3
Liderança (10%).
Como reagem os gestores à aplicação da qualidade total como processo de melhoria contínua? O
envolvimento traduz-se nos recursos humanos e na relação com clientes e entidades externas. Os
executivos incluirão, por exemplo, os resultados da qualidade total na avaliação e promoção dos
empregados, ouvirão o cliente para promover acções conjuntas e participarão na comunidade onde se
inserem.
progressão na carreira. O recrutamento e os planos de formação são elementos chave neste processo.
Recursos (9%).
Como aproveita os recursos para sustentar a política e estratégia da empresa? Procure sempre
considerar qualquer cliente, mesmo interno, como digno de satisfação. A fiabilidade, validação e acesso à
informação, a gestão financeira, a gestão de matérias-primas e fornecimentos, os inventários, o controlo de
desperdícios e as tecnologias são melhorados consoante o seu impacte no negócio.
155
Anexo 3
Processos (14%).
Os processos geradores de valor acrescentado são revistos para garantir a melhoria contínua dos
negócios? Começa-se por identificar processos criticos, associados aos critérios dos resultados e analisa-se
a sua gestão com base na aplicação de normas como as ISO 9000. Todos os indicadores de desempenho
do processo e informações são utilizados na fixação de objectivos de melhoria. Restará estimular a
criatividade e implementar as mudanças.
156
Anexo 4
ANEXO 4
5 PROBLEMAS A, B, C, D, E
80%-
O problema A é responsável
por 80% dos custos
n
20% y y
• principio de Pareto também se aplica quando queremos resolver um problema provocado por
causas diferentes.
157
Anexo 4
80%-
A causa A é responsável por
M -fl 80% das ocorrências do
■
|| problema
1 i)
Is
fj
20%' 1 D o m ,
A B C D E
2. Diagrama causa-efeito
0 diagrama causa-efeito foi criado pelo japonês Kaoru Ishikawa e, por isso, também se designa
por diagrama de Ishikawa ou "espinha de peixe" (bonefish) de Ishikawa.
É um bom auxiliar quando se realiza um brainstorming para procurar as causas de determinado
problema. Além disso, a sua utilização permite agrupar todas as causas possíveis que estão na origem do
problema a estudar, por famílias e sub famílias.
CAUSAS
EFEITO
Para nos recordarmos do nome das famílias de causas mais comuns, recorremos à regra dos
cinco «M^». Métodos, Máquinas, Mão-de-obra, Matérias-primas e Meio envolvente.
Quando se faz um diagrama, devem escrever-se todas as causas, mesmo aquelas que, à partida,
parecem ser improváveis. Depois do diagrama feito, procurar-se-á, na prática, verificar qual delas ocorre
com mais frequência. É usual marcar um período para observação e, de cada vez que uma das causas é
identificada, regista-se numa folha de recolha de dados.
Uma vez identificada a causa mais frequente, por aplicação do principio de Pareto, há que eliminar
essa causa.
158
Anexo 4
3. Histograma
Um histograma é uma representação gráfica da relação entre valores medidos para uma
determinada grandeza e a frequência com que esses valores ocorrem.
No exemplo seguinte, mostramos o histograma realizado com valores obtidos para o tempo de
resposta por fax a pedidos de um determinado tipo de informação por parte do cliente.
O histograma permite mostrar de uma forma visual qual é o valor mais frequente para esse
trabalho e qual é a dispersão ou variabilidade do mesmo.
2°
18 ..
2 3 4 5 6 7 8
Tempo de resposta em horas (valores medidos)
4. Técnicas de Estratificação
Estratificar significa separar por estratos ou camadas aquilo que está sobreposto.
Os dados existentes necessitam, por vezes, de ser analisados, pois podem resultar de situações
diversas que estão sobrepostas e que há que separar.
Vejamos com um exemplo simples.
No histograma seguinte, mostram-se os tempos de demora aos pedidos de informação por fax
feitos pelos clientes.
159
Anexo 4
20
18
16 ..
Í2 14
12
10
6 .
4 .
3 4 5
Tempo em horas
Olhando para o histograma, verificamos que há duas modas ou seja, dois valores (o valor 3 e o
valor 6) com frequências superiores às demais. Nestas situações, devemos reflectir se não existirão
situações diferentes sobrepostas.
Haverá mais do que um tipo de informação? Haverá pessoas diferentes a dar a resposta?
No nosso exemplo, suponhamos que a resposta às duas questões foi afirmativa. Temos que voltar
a colher os dados estratificando a sua origem.
Da análise dos novos histogramas (ver gráficos) podemos concluir que não existe diferença
significativa entre os dois colaboradores: tanto o colaborador A como o colaborador B têm histogramas
semelhantes, ambos apresentando duas modas.
Por outro lado, quando comparamos os histogramas obtidos depois de estratificado o tipo de informação
solicitada, verificamos que existe uma diferença significativa entre os dois.
160
Anexo 4
Colaborador A
3 4
■o» 3
mn
Horas
Colaborador B i
"3 4
9? 3
o. 1
Horas
Informações
6^ sobre preços
3 4-.
9» 3
cr o
Horas
Informações
6 sobre características
5 técnicas
•2o 4A
3 ..
o-
a» 2
^ 1
0
Horas
161
Anexo 4
1 2 3 4
ORTOGRAFIA 6 3 5 3 17
PONTUAÇÃO 2 2 3 1 8
OUTROS 1 - 2 - 3
TOTAL 9 5 10 4 28
6. Diagrama de dispersão
Um diagrama de dispersão utiliza-se para estudar a possibilidade de existência de uma relação
entre duas variáveis. Uma aplicação interessante é procurar verificar se existe alguma relação entre uma
hipotética causa e um efeito. Não se pode provar que uma variável causa a outra, mas põe em evidência a
existência de uma possível relação entre as duas e qual o grau dessa relação.
O diagrama de dispersão constrói-se representando numa escala horizontal (eixo dos xx) os
valores de uma variável e na escala vertical (eixo dos yy) os valores da segunda variável. Um diagrama de
dispersão típico representa-se como segue:
162
Anexo 4
VARIÁVEL 2
X X
X
X XX
X
X
X
VAR1AVEL 1
E de salientar que os pontos representados se agrupam de uma forma tanto mais evidente quanto
maior for a relação entre as variáveis.
Quanto mais o agrupamento de pontos se aproximar de uma recta, mais forte é a relação entre as
duas variáveis. Isto faz sentido porque se tivermos uma recta, sempre que uma das variáveis se altera a
outra variável altera-se de igual modo.
7. Cartas de controlo
163
Anexo 4
LSC
LINHA MÉDIA
LIC
TEMPO —►
Uma vez calculados os limites, o processo controla-se retirando amostras ao longo do tempo,
calculando a média dos valores medidos e inscrevendo o valor encontrado sobre o gráfico. Se o ponto cai
dentro do campo delimitado pelos dois limites, o processo diz-se dentro de controlo. E, inversamente, se cai
fora dos limites, diz-se que está fora de controlo.
Convém notar que estes limites nào são os limites de tolerância superior e inferior que se
costumam especificar para as diversas cotas de um qualquer componente. Na realidade, pode acontecer
que o processo se mantenha consistentemente ao longo do tempo dentro dos limites de controlo
determinados e não cumpra as especificações.
Isto pode ser ilustrado pelo desenho seguinte:
164
Anexo 4
LSC
LST
LIC
LIT
TEMPO —►
Num caso destes, é óbvio que o processo não é apropriado para produzir o que pretendemos e
devera ser alterado.
Paralelamente a este gráfico, é costume utilizar-se um gráfico de controlo da dispersão, onde se
inscrevem os valores encontrados para R ao longo do tempo. Os princípios de funcionamento são
semelhantes.
n A2 D3 D4
2 1.880 0 3.268
3 1.023 0 2.574
4 0.729 0 2.282
5 0.577 0 2.114
6 0.483 0 2.004
165
Anexo 4
3 [i-p]
Limite Superior de Controlo (LSC) = p + —
166
3
]Ip(1~P)
=:
Limite Inferior de Controlo (LIC) p- ^
167
Anexo 5
ANEXO 5
CONCEITOS
Análise de Pareto - Gráfico de barras que ordena causas da variação de um processo de acordo com o
impacte na qualidade.
Análise de valor - Técnica nascida nos anos 60 com o objectivo de procurar soluções mais económicas
para os produtos. Hoje também se aplica ao processo produtivo e aos serviços.
Calibração - Conjunto de operações que estabeleçam a relação entre os valores indicados por um
instrumento de medição. Ajusta a exactidão do aparelho, medida pelo seu erro, reduzindo-o a valores
aceitáveis.
Certificação - Garantia de que a empresa, o processo e o produto têm um nível aceitável de qualidade. Em
Portugal, obtém-se via Instituto Português da Qualidade, segundo as normas das séries NP EN 29000 (ISO
9000).
Círculos de qualidade - Grupos de pessoas da mesma área de trabalho, que se reúnem voluntária e
periodicamente para analisar e solucionar os problemas concretos dessa área.
Clientes Externos - O cliente imediato da organização e todos os outros clientes na cadeia de distribuição
dos produtos e serviços até ao consumidor final.
168
Anexo 5
Controlo estatístico do processo - Analisa os desvios ocorridos no processo durante a fabricação através
de técnicas estatísticas, como as distribuições de frequência, amostragem, análise de regressão, etc.
Custos da não qualidade - São os custos não visíveis e dificilmente quantificáveis, como a paragem de
máquinas, atrasos, quebras de stocks, defeitos, stress, perdas, horas extra, maus contratos e outras
ineficiências.
Custos da Qualidade - Despesas que ocorrem com a prevenção de defeitos e avaliação das actividades.
Ferramentas clássicas da qualidade - Inclui técnicas usadas para diagnosticar a actividade da empresa,
como os fluxogramas, diagramas de Pareto, de Ishikawa e de espalho, histogramas, cartas de controlou
registos e análise de dados.
Gestão da Qualidade - Aspecto da função geral de gestão que determina o política da qualidade e a
implementa.
Gráficos de controlo - Quadros estatísticos elaborados com dados do processo de fabrico. Ajudam a
prever e detectar os desvios antes de produzirem defeitos na fabricação.
Kaisen - Denominação japonesa para o processo de contínuo melhoramento dos níveis de qualidade
através do isolamento das causas. O objectivo é atingires zero defeitos.
Levantamento do clima - Detecção das causas latentes e manifestas que determinam a predominância
das atitudes e comportamentos no seio de uma organização.
169
Anexo 5
Manual de qualidade - Documento que regista a política de qualidade, sistemas e práticas de um^
organização. *' ^ Á
Método Taguchi - Técnicas estatísticas desenvolvidas pelo consultor japonês Genichi Taguchi para
optimização do design e da produção.
Missão da Organização - É a razão de existir das organizações e da sua continuidade expressa em termos
de mercado (clientes, necessidades, serviços, produtos e área geográfica de actuação). Não é tanto "Qual é
o nosso negócio ou função" mas mais "Porque deve o nosso negócio ou função existir?" Que objectivos
justificam a continuidade do negócio?
Nível aceitável de qualidade - Número mínimo de partes que devem respeitar o padrão de qualidade,
normalmente expresso em percentagem.
Política - As declarações ao mais alto nível que definem a missão subjacente da organização, seus valores,
visão, e objectivos.
Processo - Sequência de passos que acrescentam valor, produzindo "outputs" exigidos a partir de uma
série de Inputs". Em qualquer organização tem de existir uma rede de processos, os quais precisam de ser
geridos e constantemente aperfeiçoados. Alguns deles são Processos Críticos para o êxito da organização.
Estes têm de ser identificados ou funcionais e exigem especial atenção.
Programa zero defeitos - Visa prevenir ineficiências como os defeitos e atrasos. Crosby definiu 14 fases
progressivas até ser atingida uma atitude global de prevenção.
Qualidade seis-sigma - Uma medida estatística que expressa a proximidade do produto em relação ao seu
objectivo de qualidade. Um-sigma significa que 68% dos produtos estão aceitáveis. E seis-sigma revela que
99,7% estão aceitáveis. E seis-sigma, 99,999997 porcento.
Recursos de Informação - Dados económicos, técnicos e outras informações sob todas as formas, com o
propósito de tomar a informação disponível e aceitável.
170
Anexo 5
Recursos Materiais - Bens físicos em todas as formas, incluindo "stocks" de matérias-primas e produto
/o
acabados, produtos em vias de fabrico e activos fixos. I
V
V
Valores da Organização - Os entendimentos e as expectativas (de carácter ético) através das quais se
pode caracterizar o comportamento das pessoas da organização, e sobre os quais se baseiam as relações
do negócio (por ex. confiança, apoio, verdade, etc.).
Visão da Organização - Declarações que mostram o tipo de organização ambicionada, ou seja, para onde
a organização se quer dirigir.
i
Ii
171