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Programa – Módulo 2
1. A família em Cuidados Paliativos: avaliar e intervir.
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1. A família em CP
A doençaTavares
é do doente ou(1996)
e Takeda é da família?
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1. A família em CP
“The patient is not alone in the diagnosis, but rather the family is being recognized, not
only as a source of support for the patient, but in need of support as well” (Veach, Nicholas,
& Barton, 2012).
“Quando uma família é confrontada com a doença de um dos seus membros, todos os
elementos vão sofrer de ansiedade e stress (...) a doença de um dos membros vai
converter-se em doença familiar e todos sentirão a influência negativa do sofrimento e
da dor” (Moreira, 2001).
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1. A família em CP
A família é muito mais do que um grupo de pessoas e, quando funciona como família, tem
uma força reequilibrante (Guarda et al., 2006).
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1.1. Evolução do conceito de família
A família pode ser constituída por pessoas que estão unidas por vínculos de sangue, pelo
casamento, a adoção e pela convivência.
■ À medida que os tempos avançam observamos que a família apresenta formas cada
vez mais complexas, resultado da própria evolução da sociedade.
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1.1. Evolução do conceito de família
A que tipologia pertence esta família?
Família ampliada • Lares onde vivem casais, com os seus filhos e pais;
Família monoparental • Lares onde vive apenas o progenitor com a sua descendência;
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1.1. Evolução do conceito de família
A que tipologia pertence esta família?
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1.1. Evolução do conceito de família
A que tipologia pertence esta família?
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1.2. Conceitos
❑ é a esposa, cujo marido lhe foi diagnosticado um tumor e que está a fazer um
tratamento de quimioterapia;
❑ é mãe de um filho que teve um acidente que o deixou com lesões medulares que
❑ é o marido idoso, que cuida da companheira de uma vida, a quem as forças já faltam.
1.2. Conceitos
profissional, e que de repente é mãe de uma criança com uma doença rara que a
❑ é o filho de uns pais idosos que progressivamente necessitam de apoio nas atividades
Cuidador/a INFORMAL
Apoio emocional
Prevenção do isolamento
O modo como a família lida com a doença e com o doente vai interferir no modo como o
doente reage e aceita a aproximação da morte (Pereira e Lopes, 2005).
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1.3. As necessidades da família em CP
Quando um dos membros de uma família adoece e se encontra numa fase terminal da sua
vida, a família acaba muitas vezes por esquecer os seus próprios problemas, incidindo
toda a sua atenção no elemento doente (Pereira e Lopes, 2005).
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1.3. As necessidades da família em CP
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1.3. As necessidades da família em CP
Quais as necessidades mais comuns? (Lamau, 1995)
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1.3. Dificuldades do CI
Pouco
Problemas apoio
Pressão social
financeiros familiar e
profissional
Impacto e Desorganização
choque inicial
1ª Etapa: confirmação
Procura de uma
do diagnóstico. Pressão social
explicação
Dificuldades
emocionais
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1.5. Intervenção com a família em CP
A família também tem fases de adaptação à doença do seu familiar
Pereira e Lopes (2002)
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1.5. Intervenção com a família em CP
A família também tem fases de adaptação à doença do seu familiar
Pereira e Lopes (2002)
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1.5. Intervenção com a família em CP
A família também tem fases de adaptação à doença do seu familiar
Pereira e Lopes (2002)
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1.5. Intervenção com a família em CP
Princípios orientadores da intervenção familiar em CP (Purce-Joxe, 1989)
– em vida do doente
■ Dar tempo para que se estabeleçam relações de confiança que permitam às pessoas
verbalizar a dor que sentem;
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1.5. Intervenção com a família em CP
Princípios orientadores da intervenção familiar em CP (Purce-Joxe, 1989)
■ Desenvolver o sentimento de que fizeram tudo para ajudar nos cuidados ao seu
familiar (deixar que o doente prepare a família para a sua ausência).
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1.5. Intervenção com a família em CP
Psicoeducação
• Consideram-se incompetentes e esperam que a equipa expert assuma esta função, porque
querem o melhor cuidado para o seu ente querido;
• Receiam provocar algum dano físico devido à sua inexperiência;
• Sentem que o doente não aprecia a sua dedicação;
• Sentem-se censurados ou questionados pela equipa de cuidados ou outros familiares e
cuidadores.
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1.5. Intervenção com a família em CP
Principais objetivos da Psicoeducação Familiar em CP
■ Ajudar a família a ser autónoma nos cuidados que presta: reforça autoestima, sentido
de utilidade, sentido de vida, mantém as dinâmicas familiares, protege o doente do
isolamento e ajuda na prevenção de lutos complicados;
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1.5. Intervenção com a família em CP
Etapas para a Psicoeducação Familiar em CP
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1.5. Intervenção com a família em CP
Etapas para a Psicoeducação Familiar em CP
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1.5. Intervenção com a família em CP
Psicoeducação
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1.5. Intervenção com a família em CP
Conferências Familiares
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1.5. Intervenção com a família em CP
Objetivos das Conferências Familiares
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1.5. Intervenção com a família em CP
Objetivos das Conferências Familiares
Concordar com a conspiração do silêncio pode fazer com que o doente se sinta incapaz de
resolver assuntos considerados importantes, em fim de vida, podendo mesmo dificultar
posteriormente a vivência do luto por parte da família.
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1.5. Intervenção com a família em CP
Objetivos das Conferências Familiares
O doente pode desejar não ser informado, devendo indicar, caso o entenda, quem deve
receber a informação no seu lugar.
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1.5. Intervenção com a família em CP
Objetivos das Conferências Familiares
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1-5. Intervenção com a família em CP
Objetivos das Conferências Familiares
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1.5. Intervenção com a família em CP
Timing das Conferências Familiares
“Family meetings should not be saved for «crisis» situations. Instead, a preventative
approach is advocated where issues are anticipated before they become major dilemmas.
(Hudson et al., 2009).
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1.5. Intervenção com a família em CP
Timing das Conferências Familiares
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1.5. Intervenção com a família em CP
Grupos de Apoio
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Programa – Módulo 2
2. A intervenção psicológica no processo de luto:
2.5. Avaliação.
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2.1. O luto na família
O luto corresponde a uma reação característica a uma perda significativa que poderá ser
real (como a perda de uma pessoa) ou simbólica (como a perda de um ideal, de uma
expectativa ou de uma potencialidade).
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2.1. O luto na família
Apoio dá-se, essencialmente, em 3 momentos:
durante o processo de doença, na agonia e momento de morte, e após a morte.
• Transmissão da notícia
Agonia e momento • Gestão emocional
de morte • Psicoeducação
• Conferências familiares e preparar para a despedida – luto antecipatório
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2.1. O luto na família
Luto antecipatório
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2.1. O luto na família
Luto antecipatório
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2.1. O luto na família
Tarefas no Luto antecipatório
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2.1. O luto na família
Avaliação no Luto Antecipatório
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2.1. O luto na família
Intervir no Luto Antecipatório
■ Capacitar a pessoa para lidar com esta perda e reforçar a perceção da importância do
cuidar → psicoeducação: informação acerca da doença e prestação de cuidados (inclui
autocuidados)
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2.1. O luto na família
Intervir no Luto Antecipatório
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Permitir sofrer
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2.2. As diferentes fases do luto
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2.2. As diferentes fases do luto
4 fases propostas por Bowlby (1985)
)
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2.2. As diferentes fases do luto
4 fases propostas por Bowlby (1985)
)
Fase de mesmo tempo sente que deve continuar com a sua vida → fase
desorientação e de de grande ambivalência, geradora de muita angústia existencial
desespero
(O que sou eu sem ele? O que faço eu aqui sem ele?
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2.2. As diferentes fases do luto
4 fases propostas por Bowlby (1985)
)
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2.2. As diferentes fases do luto
Modelo de luto de Worden
■ Atribui à pessoa enlutada um papel mais ativo na resolução do seu luto → as tarefas
envolvem “trabalho de luto” (esforço e investimento pessoal) para alcançar o
ajustamento completo.
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2.2. As diferentes fases do luto
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2.2. As diferentes fases do luto
Reposicionamento e
reinvestimento ■ Espera-se que a pessoa vá para além da “mera continuidade
emocional na vida
da vida” (modo sobrevivência);
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2.2. As diferentes fases do luto
Ao avaliar um enlutado, ter em consideração:
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2.2. As diferentes fases do luto
Ao avaliar um enlutado, ter em consideração:
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2.2. As diferentes fases do luto
Intervenção no luto:
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2.2. As diferentes fases do luto
Intervenção no luto:
■ Treino de competências:
→ Desenvolver habilidades para novos relacionamentos no âmbito social (eg. treino de
assertividade, divisão de tarefas, …);
→ Treinar a resolução de problemas;
→ Reestruturar pensamentos (modelo ABC);
→ Treinar novas estratégias de coping e de regulação emocional (relaxamento);
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2.2. As diferentes fases do luto
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2.2. As diferentes fases do luto
Intervenção no luto:
■ Existem vários modelos teóricos que podem suportar a intervenção psicológica no luto.
■ Após a avaliação, estabelecer um conjunto de objetivos terapêuticos: que vão para
além da reformulação e da integração emocional, cognitiva, social, comportamental e
existencial da perda → treinar competências.
■ relaxamento, técnica da cadeira vazia, carta não enviada, explorar estratégias
distrativas (envolvimento em novas tarefas para gerir o sofrimento – atenção!), apoiar a
pessoa no desenvolvimento de novos papeis, relações e rotinas
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■Quando está terminado o luto?
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2.3. Luto normal
Luto normal?
■ Processo de luto que decorre com sentimentos normativos de tristeza e que permitem a
elaboração da perda;
■ Quando o enlutado está a permitir-se sentir a dor e o sofrimento desta perda.
■ Não há uma data precisa que indique a sua conclusão.
■ Quando se perde uma relação próxima é muito improvável levar menos de um ano e
para muitos casos dois anos ou até mais não é muito tempo. Só assim é possível para
a família experienciar datas significativas sem a presença da pessoa falecida e se
readaptar.
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Avaliar o risco de luto prolongado!
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2.3. Luto prolongado
Luto prolongado
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2.3. Luto prolongado
Luto prolongado
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2.3. Luto prolongado
Fatores de risco para o luto prolongado
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2.3. Luto prolongado
Luto crónico
“só ele é que me percebia. Estava sempre preocupado se eu comia ou não. Compreendia-me como
ninguém. Ele enchia esta casa de alegria e cuidava de mim”
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2.3. Luto complicado?
Luto complicado – DSM5
■ Qualquer alteração mental diagnosticada a partir dos 6 meses do falecimento de uma pessoa querida
deve ser explorada como tendo uma possível conexão com essa perda: fundamentalmente
perturbações de humor, de ansiedade, e de comportamentos aditivos).
■ Atenção a situações de: luto proibido (COVID) e luto traumático (perdas inesperadas).
Inibido: “é assim a vida, não se pode fazer nada. Há que seguir em frente”
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Luto complicado: aspetos peculiares da intervenção
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Atividade
■ Maria, 50 anos, divorciada de seu segundo casamento. Tem três filhos, sendo que o mais velho falecera de cancro cerebral, há 6 meses.
Não tem atividade laboral, nem tem por hábito manter atividades sociais. Afirma conviver, apenas, com os seus dois filhos e algumas tias.
Tem duas netas, mas com as quais pouco convive.
■ Apresenta-se com excesso de peso, é diabética e afirma ter poucos cuidados com a sua alimentação. Não gosta de si própria nem se ver ao
espelho. Antes do filho falecer, relata que as suas atividades de vida diárias eram vividas apenas em função dos cuidados que lhe prestava.
Estes cuidados foram prestados durantes 3 anos, sendo que, nos últimos 6 meses de vida do seu filho, Maria vivia com ele, uma vez que o
filho necessitava de supervisão regular de dia e de noite. O filho que morrera era o mais velho e, conforme relata Maria, exercia o papel de
pai e filho. António (o filho falecido de maria), apoiou-a durante os seus dois divórcios. Presenciou todo o seu sofrimento e esteve sempre ao
seu lado, “segurava as minhas mãos e deixava-me chorar no ombro dele. Era o meu melhor amigo. Tratou de mim quando eu não
conseguia…Foi como um pai para mim” (sic).
■ Segundo Maria, António ajudava-a com os seus cuidados pessoais, compras, pagamento de contas, tratava de coisas burocráticas e ajudava
a tomar decisões. Quando questionada sobre os anteriores casamentos e a relação com os maridos, Maria refere que foi sempre
dependente dos dois maridos para tomar decisões e que, depois dos 2 divórcios, se tornou dependente de António. Quando questionada
sobre o significado da “dependência”, Maria explica e dá exemplos, afirmando que o filho tomava todas as decisões sobre a sua aparência
(escolhia as suas roupas, o corte e cor do cabelo, os moveis de casa, ….) e as suas finanças (ligava para o filho e pedia autorização e a sua
opinião para fazer determinada compra, esperava por um consentimento). Como não trabalhava, Maria dependia financeiramente dos filhos
que a ajudavam com uma valor mensal. Porém, diz ser incapaz de administrar o dinheiro sozinha. Nunca precisou de o fazer durante os
seus casamentos e depois o filho António sempre a ajudou.
■ Afirma que se sente sozinha, porque os outros dois filhos não são “tão bons como o António” (sic) e não têm uma relação muito próxima.
“Sinto muita dor. Só Deus sabe a dor que eu sinto”. “O quer vai ser da minha vida sem o meu filho António”. Eu não sei viver sem ele”.
Afirma sentir-se muito deprimida e diz que chora todos os dias “todos os dias. E falo com ele, através de Deus, todos os dias também”.
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Exercício em conjunto
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Exercício em conjunto
■ Com base nessa tarefa, que objetivos terapêuticos propõem (lembrem-se que
■ 10 de outubro
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