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TEXTO – AULA 22 – ENTENDIMENTO DE TEXTO 6 –

MED – 2021

Prof.Tiago Fernandes

01. (Unifesp 2017 – o texto não foi reproduzido aqui.) “Ele prometia aos seus É preciso entender de uma vez por todas que respeitar o próprio corpo e
discípulos e fiéis as delícias da terra, todas as glórias, os deleites mais mente também é cuidar da sua startup e dos seus colaboradores. Respire, medite,
íntimos.” (1° parágrafo) Tal promessa do Diabo constitui, sobretudo, uma dance e reconheça momentos que te façam sentir mais leve com a vida.
inversão da seguinte máxima cristã:
Beatriz Bevilaqua, https://wwwl.folha.uol.com.br 6/3/2021. (Adaptado)
(A) “Amai-vos uns aos outros.”
(B) “Aquele que não tiver pecado, atire a primeira pedra.”
03. (FGV Adm 2021-2) A afirmação que reproduz corretamente uma ideia
(C) “Não façais da casa do meu Pai casa de comércio.”
contida no texto é:
(D) “Meu reino não é deste mundo.”
a) No mundo do empreendedorismo, o termo “unicórnio” é usado
(E) “Se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra face.”
pejorativamente para designar as startups.
b) Apesar de seu ambiente parecer mágico, as startups podem gerar mais
02. (FGV Adm 2021-2) Examine a tirinha.
ansiedade e exaustão do que as empresas tradicionais.
c) Para funcionar como uma “ferramenta” ou um “hardware”, a mente
humana precisa superar o excesso de competição.
d) Antes do chamado home office, a “síndrome de i” costumava ocorrer mais
no ambiente das empresas tradicionais do que no das startups.
e) Ao cuidarem do corpo e da mente, os que estão à frente dos negócios
conseguem eliminar o sentimento de culpa por não se preocuparem com os
colaboradores.

04. (FGV ADM 2021-2 – mesmo texto da questão anterior) Na frase “que
apresenta sintomas similares aos da ansiedade e da depressão”, empregou-
se “aos” para evitar a repetição de palavra anterior. Recurso também
O efeito de humor da tirinha decorre, sobretudo, da relação de sentido entre destinado a evitar repetição de termo anterior ocorre em:
os dois quadrinhos, a qual se caracteriza, principalmente, pela a) “A pandemia acelerou a digitalização dos negócios, alterou o
a) incongruência. comportamento do consumidor e abriu ainda mais espaço para as novas
b) literalidade. tecnologias”.
c) redundância. b) “O ambiente de startups parece mágico, mas a verdade é que, há tempos,
d) irracionalidade. tenho visto CEOs no fundo do poço”.
e) similitude. c) “Várias pesquisas apontam o aumento de transtornos mentais durante a
crise da Covid-19 em todo o mundo”.
Leia o texto para as questões 03 e 04 d) “Você vai se desconectando do próprio corpo, despersonalizando-se, e
não ouve os primeiros sinais de exaustão, como dores de cabeça e insônia
Ambiente de startups parece mágico, mas burnout em mentores é alerta à comunidade recorrente”.
A pandemia acelerou a digitalização dos negócios, alterou o e) “É notável a diferença entre a estrutura de negócio de uma startup e a de
comportamento do consumidor e abriu ainda mais espaço para as novas tecnologias empresas tradicionais”.
— não à toa tivemos recordes de investimentos nas startups brasileiras.
Acredito que este ano não será diferente. O mercado está bastante
aquecido e é possível que muitos novos unicórnios, como chamamos as empresas 05. (Unicamp 2021 – dia 1) A Equipe AzMina fez um experimento buscando
com valor de mercado de 1 bilhão, surjam ainda neste primeiro semestre. no Google “frases para o Dia das Mães”. E o resultado foi um festival de
O ambiente de startups parece mágico, mas a verdade é que, há tempos, frases que romantizam a maternidade. Ativaram, então, “sua caneta
tenho visto CEOs no fundo do poço. São pessoas talentosas, criativas e com paixão. desromantizadora” para “corrigir” essas frases que estamos tão acostumados
Que dão o melhor de si, mas que se esquecem da ferramenta mais importante que a ouvir, e muitas vezes reproduzir.
possuem: o hardware da própria mente.
As conexões sociais são um dos pilares mais importantes e poderosos
para proteger a nossa mente. Várias pesquisas apontam o aumento de transtornos
mentais durante a crise da Covid-19 em todo o mundo. Um deles é a síndrome de
burnout, que apresenta sintomas similares aos da ansiedade e da depressão. A
diferença é que o fator determinante para essa síndrome é única e exclusivamente o
trabalho.
Numa tradução livre, burnout significa "totalmente queimado". O corpo
queima os fusíveis e desliga para evitar uma sobrecarga fatal do sistema. É um nível
de estresse extremo que leva o profissional à exaustão física e mental.
Com o isolamento social, é muito mais fácil as pessoas mergulharem
profundamente e sem qualquer restrição no home office. O trabalho antes " full time" foi
substituído pelo "full life" – muitos já não conseguem separar vida profissional e
pessoal. Você vai se desconectando do próprio corpo, despersonalizando-se, e não
ouve os primeiros sinais de exaustão, como dores de cabeça e insônia recorrente.
Trabalhamos com tecnologia, mas não somos robôs. Temos emoções e às
vezes elas gritam dentro da gente pedindo socorro e, se não ouvimos, o corpo dá um
jeito de se fazer escutar.
É notável a diferença entre a estrutura de negócio de uma startup e a de
empresas tradicionais. As startups crescem de maneira exponencial e nós, de carne e
osso, podemos não acompanhar esse ritmo frenético.
O ambiente de inovação é muito competitivo e existe uma baita pressão.
Quem está à frente dos negócios muitas vezes nem consegue cogitar a possibilidade
de fazer um intervalo ou se dar um pequeno descanso por causa do sentimento de
culpa. Ter estresse é normal e até nos ajuda a tomar decisões no trabalho e na vida
pessoal. Em excesso, porém, pode gerar doenças psicossomáticas. Ao insistir, As frases são “desromantizadas” porque a Equipe AzMina reconhece
chegamos em nosso limite, que é o burnout.

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a) o sofrimento como condição para a vocação materna e para a realização Todas as pessoas que participaram do estudo tiveram a mesma chance de
feminina. ficar doentes, mas aquelas que relataram sentir-se mais solitárias manifestaram
b) o amor materno como herança familiar, mesmo quando ele é remunerado. sintomas de resfriado, como dor de garganta, espirro e coriza, mais graves do que as
que não se sentiam sozinhas. Segundo os resultados, os participantes solitários
c) a sobrecarga das mães na criação dos filhos, considerando também outras
apresentaram uma probabilidade 39% maior para os sintomas mais agudos.
formas de maternidade.
d) a maternidade como sendo difícil, trabalhosa e, ainda assim, heroica e Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em: 1 dez. 2017 (adaptado).
instintiva.
Nessa reportagem, a referência à pesquisa é acionada como uma estratégia
06. (Unicamp 2021 – dia 2) argumentativa para
A) promover o estudo sobre as consequências da solidão.
Num mundo dominado por homens, a mulher é tratada como um ser
B) questionar o número de participantes envolvidos no estudo.
diferenciado, que merece uma designação especial. Enquanto a expressão “o homem”
pode equivaler a “o ser humano”, como na frase “O homem é mortal”, a expressão “a C) demonstrar a opinião de cientistas sobre as reações ao vírus.
mulher” só se refere aos seres humanos do gênero feminino. A língua também revela D) comparar os impactos da solidão entre solitários e não solitários.
um tratamento diferente dado à mulher na sociedade ao conter designações E) embasar o debate sobre os riscos da solidão para a saúde humana.
específicas para ela, inexistentes para o homem. Assim, a mulher de um chefe de
governo é chamada de “primeira-dama”, mas o marido de uma mulher que 09. (ENEM 2020 – segunda aplicação)
desempenha aquele cargo não é chamado de “primeiro-cavalheiro”.
Conta-se que Cecília Meireles recusava a designação de “poetisa”, por Ação coloca baleia encalhada às margens do Rio Sena
achar que esse termo não tinha a mesma conotação de “poeta” (usado para os As pessoas em Paris acordaram com uma notícia inusitada: uma baleia
homens), ao contrário, soava até pejorativo. Por outro lado, Dilma Rousseff exigia que encalhada foi encontrada nas margens do Sena, perto de Notre Dame. Para deixar
a tratassem por “presidenta” para enfatizar que quem ocupava o cargo de chefe da tudo ainda mais surreal, cientistas forenses foram vistos estudando o fenômeno. O
nação brasileira era finalmente uma mulher. público ficou impressionado com as cenas e bombou as redes sociais de comentários
e fotos. Horas mais tarde, a verdade por trás do espetáculo bizarro foi revelada.
(Adaptado de Francisco Jardes Nobre de Araújo, O machismo na linguagem.) Embora parecesse muito com um animal real, tudo não passava de uma instalação
artística criada pelo coletivo belga Capitão Boomer. A escultura gigante media 17
Segundo o autor de “O machismo na linguagem”, metros e simulava o cheiro de uma baleia morta, com todos os seus detalhes, incluindo
a) o hábito de usar “o homem” para representar a humanidade faz com que o o sangue. O projeto foi desenvolvido para aumentar a conscientização sobre o impacto
feminino se torne um gênero subalterno. provocado pelos seres humanos no meio ambiente, em todas as espécies, incluindo as
b) a prática da designação do gênero feminino na língua portuguesa leva ao baleias.
fim do privilégio do masculino na linguagem.
Disponível em: http://exame.abril.com.br. Acesso em: 16 ago. 2017 (adaptado).
c) o emprego de palavras no feminino evita o viés machista e incentiva uma
menor diferenciação entre os gêneros.
Essa notícia tem sua relevância informativa estabelecida ao apresentar um
d) a escolha de algumas palavras para marcar o gênero feminino pode se
fato inesperado relativo ao(à)
relacionar com a valorização social da mulher.
A) excesso de comentários nas redes sociais sobre valores ecológicos e
meio ambiente.
07. (Unifae 2017 – Vunesp) Leia o poema “Ode IX” de Antero de Quental
B) presença de um animal marinho encalhado e em decomposição no centro
para responder à questão.
de Paris.
C) uso de uma instalação artística realista como instrumento de denúncia
Por mais que o mundo aclame os vãos triunfadores,
social.
Os que passam cantando e os que passam ovantes*,
D) falta de ações de preservação do meio ambiente no continente europeu.
Os que entre a multidão vão como uns hierofantes*,
E) opção por uma análise sensacionalista de um evento inusitado.
E os que repartem d’alto, augustos julgadores,
Às turbas* o favor e os desdéns cruciantes,
10. (ENEM 2020 – segunda aplicação)
Não há glória ou poder, cousa que o mundo aclame,
Igual à morte obscura, erma, vil, impotente, Razão de ser
D’um homem justo e bom, que expira injustamente
Na miséria, no exílio, ou em cárcere infame, Escrevo. E pronto.
Mas que aplaude a consciência – e que morre contente! Escrevo porque preciso,
(Antero de Quental. Antologia, 1991.) preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
ovante: triunfante, vitorioso. Escrevo porque amanhece,
hierofante: guia, guru. E as estrelas lá no céu
turba: multidão. Lembram letras no papel,
No poema, o eu lírico coloca-se a favor do homem que Quando o poema me anoitece.
(A) desiste da glória e do poder para estar entre as multidões. A aranha tece teias.
(B) anda entre as multidões a consagrar-se como vitorioso. O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
(C) morre fiel ao que dita sua consciência, embora injustiçado.
Tem que ter por quê?
(D) consegue o poder com o exílio injusto de seu semelhante.
(E) expira na injustiça para não perder sua glória com o povo. LEMINSKI, P. Melhores poemas de Paulo Leminski. São Paulo: Global, 2013.

08. (ENEM 2020 – segunda aplicação) Ao abordar o próprio processo de criação, o poeta recorre a exemplificações
com o propósito de representar a escrita como uma atividade que
Como a solidão pode comprometer a sua saúde A) requer a criatividade do artista.
Segundo estudo, solitários têm risco 39% maior de apresentar sintomas
B) dispensa explicações racionais.
mais intensos de um resfriado. Ter muitos amigos nas redes sociais não diminui o
risco. C) independe da curiosidade do leitor.
Você se sente sozinho? Uma nova pesquisa, publicada na revista Health D) pressupõe a observação da natureza.
Psychology, sugere que seu nível de solidão pode impactar diretamente na gravidade E) decorre da livre associação de imagens.
e na resposta do organismo a uma doença.
Para o atual estudo, os pesquisadores avaliaram níveis de solidão de 159
pessoas, entre 18 e 55 anos, além da quantidade de amigos que elas tinham nas
redes sociais. Depois, os voluntários receberam, por via nasal, doses iguais de vírus
de resfriado comum. Eles, então, ficaram isolados por cinco dias em um hotel para que
os sintomas manifestados fossem avaliados pelos especialistas.

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13. (Santa Casa 2021 – Vunesp) Leia o trecho de Raízes do Brasil, de Sérgio
11. (ABC 2020 – Vunesp) Buarque de Holanda.

Nas formas de vida coletiva podem assinalar-se dois princípios que se


Tendo a literatura até aqui enaltecido a imobilidade pensativa, o combatem e regulam diversamente as atividades dos homens. Esses dois princípios
êxtase e o sono, nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia encarnam-se nos tipos do aventureiro e do trabalhador. Já nas sociedades
febril, o passo ginástico, o salto mortal, a bofetada e o soco. rudimentares manifestam-se eles, segundo sua predominância, na distinção
(Filippo Tommaso Marinetti. “Manifesto do Futurismo”. fundamental entre os povos caçadores ou coletores e os povos lavradores. Para uns, o
objeto final, a mira de todo esforço, o ponto de chegada, assume relevância tão capital,
Em concordância com este preceito do Futurismo estão os seguintes versos que chega a dispensar, por secundários, quase supérfluos, todos os processos
de Fernando Pessoa: intermediários. Seu ideal será colher o fruto sem plantar a árvore.
Esse tipo humano ignora as fronteiras. No mundo tudo se apresenta a ele
em generosa amplitude e, onde quer que se erija* um obstáculo a seus propósitos
(A) Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto, ambiciosos, sabe transformar esse obstáculo em trampolim. Vive dos espaços
Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento ilimitados, dos projetos vastos, dos horizontes distantes.
A todos os perfumes de óleos e calores e carvões O trabalhador, ao contrário, é aquele que enxerga primeiro a dificuldade a
Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável! vencer, não o triunfo a alcançar. O esforço lento, pouco compensador e persistente,
que, no entanto, mede todas as possibilidades de esperdício e sabe tirar o máximo
(B) Velo, na noite em mim, proveito do insignificante, tem sentido bem nítido para ele. Seu campo visual é
Meu próprio corpo morto. naturalmente restrito. A parte maior do que o todo.
Existe uma ética do trabalho, como existe uma ética da aventura. Assim, o
Velo, inútil absorto.
indivíduo do tipo trabalhador só atribuirá valor moral positivo às ações que sente ânimo
Ele tem o seu fim de praticar, e, inversamente, terá por imorais e detestáveis as qualidades próprias do
Inutilmente, enfim. aventureiro — audácia, imprevidência, irresponsabilidade, instabilidade,
vagabundagem. Por outro lado, as energias e esforços que se dirigem a uma
(C) Nada que sou me interessa. recompensa imediata são enaltecidos pelos aventureiros; as energias que visam à
Se existe em meu coração estabilidade, à paz, à segurança pessoal e os esforços sem perspectiva de rápido
Qualquer cousa que tem pressa proveito material passam, ao contrário, por viciosos e desprezíveis para eles. Nada
Terá pressa em vão. lhes parece mais estúpido e mesquinho do que o ideal do trabalhador.

(Raízes do Brasil, 2014. Adaptado.)


(D) A minha vida é um barco abandonado *erigir: erguer.
Infiel, no ermo porto, ao seu destino.
Por que não ergue ferro e segue o atino De acordo com o texto,
De navegar, casado com o seu fado? (A) o horizonte de visão do indivíduo do tipo trabalhador revela-se mais
amplo do que aquele do tipo aventureiro.
(E) Meu pensamento é um rio subterrâneo. (B) o ideal do indivíduo do tipo aventureiro seria, em última instância, a busca
Para que terras vai e donde vem? da segurança pessoal.
Não sei... Na noite em que o meu ser o tem (C) a persistência constitui o traço mais característico do indivíduo do tipo
Emerge dele um ruído subitâneo aventureiro.
(D) o indivíduo do tipo trabalhador tende a ver com desconfiança a
12. (São Camilo 2017-2 – Vunesp) Leia o texto de Eugênio Bucci. possibilidade de uma recompensa imediata.
(E) a ética derivada do trabalho mostra-se mais elaborada e complexa do
Se há, como há, um “marketing do bem” que promove a solidariedade
que aquela oriunda da aventura.
social, devemos admitir que a solidariedade se tornou um valor de mercado e um valor
para o mercado. Logo, estamos diante de uma “solidariedade de mercado”, uma
solidariedade que é não bem um sentimento interior, mas uma imagem de 14. (Santa Casa 2021 – Vunesp – mesmo texto da questão anterior) O
solidariedade. É uma imagem que ganha vida própria e que vai se associar a outras sentido do termo que qualifica o substantivo na expressão “generosa
imagens para valorizá-las – imagens de empresas, de marcas, de governos e amplitude” (2º parágrafo) aproxima-se daquele que também qualifica o
governantes, de personalidades públicas. A solidariedade, assim posta, como imagem substantivo em
autônoma ou como imagem que reforça outras imagens, existe no mercado não como (A) “distinção fundamental” (1º parágrafo).
um fim que se basta, um fim desinteressado, mas como um argumento para o (B) “processos intermediários” (1º parágrafo).
consumo – o consumo de marcas (consumo que é pago em dinheiro, pela compra dos
(C) “esforço lento” (3º parágrafo).
produtos), de governos e governantes (consumo que é pago em delegação de poder,
pelo voto), de personalidades públicas, as tais celebridades (que são consumidas pela (D) “máximo proveito” (3º parágrafo).
imitação, pela admiração, o que se remunera com índices de popularidade). Portanto, (E) “projetos vastos” (2º parágrafo).
esse tipo mercadológico de solidariedade, além de constituir um valor de mercado e
para o mercado, torna-se também um fator que, para usar aqui a linguagem dos 15. (São Caetano 2019-2) Leia o poema de Murilo Mendes.
marqueteiros e marquetólogos, “agrega valor” a produtos, marcas, empresas, pessoas
e governos. A solidariedade assim posta, mais que um valor ético, é um fator de lucro Poema de além-túmulo
– ou de proteção contra prejuízos (econômicos e de imagem). É, necessariamente, Deste horizonte estável
uma solidariedade exibicionista. Vejo homens e bichos combatendo
(Eugênio Bucci. “A solidariedade que não teme aparecer”. In: Eugênio Bucci e Maria Ao mesmo tempo pela guerra e pela paz,
Rita Kehl. Videologias: ensaios sobre televisão, 2004.) Vejo campos de sangue e ossadas,
Faixas de terror:
Implícita à argumentação do autor está a ideia de que a solidariedade Mas vejo essencialmente uma coisa branca,
deveria ser Um castelo branco e simples
(A) um bem de consumo, pago em dinheiro, voto e popularidade. Feito de um só diamante
(B) um valor ético, social e desinteressado com um fim em si mesmo. Que da terra não se vê.
(C) um fator de lucro ou de proteção contra prejuízos tanto para as empresas
(Luciana Stegagno (org.). Os melhores poemas de Murilo Mendes, 2000.)
e governos quanto para os indivíduos.
(D) um fator necessariamente visto e exibido como uma espécie de
O poema
ostentação dissimulada.
(A) opõe um mundo complexo, povoado por conflitos, a outro, íntegro, sem
(E) um fator que pelo marketing “agrega valor” a produtos diversos, marcas,
tensões.
empresas pessoas e governos.
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(B) defende que a vida terrena é falsa, um caos que não pode ser explicado. fato de que, nesta, o juízo de valor se confunde com os próprios fatos expostos, sem o
(C) escolhe uma vida com guerras, para substituir o tédio da existência dogmatismo do editorial, no qual a opinião do autor (representando a opinião da
pacificada. empresa jornalística) constitui o eixo do texto.
(Dicionário de comunicação, 1978.)
(D) afirma uma beleza obscura, só possível num plano superior ao terreno.
(E) desconfia da existência de qualquer coisa diferente da hostil vida terrena.
18. (Unesp 2016-1) Segundo o verbete, uma característica comum à crônica
e à reportagem é
16. (Unifesp 2019) Leia o poema de Fernando Pessoa.
(A) a relação direta com o acontecimento.
Sou um evadido. (B) a interpretação do acontecimento.
Logo que nasci (C) a necessidade de noticiar de acordo com a filosofia do jornal.
Fecharam-me em mim, (D) o desejo de informar realisticamente sobre o ocorrido.
Ah, mas eu fugi. (E) o objetivo de questionar as causas sociais dos fatos.
Se a gente se cansa
Do mesmo lugar, 19. (Unesp 2016-1) De acordo com o verbete, o editorial representa sempre
Do mesmo ser (A) o julgamento dos leitores.
Por que não se cansar?
(B) a opinião do repórter.
Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte1, (C) a crítica a um fato político.
Oxalá que ela (D) a resposta a outros veículos de comunicação.
Nunca me encontre. (E) o ponto de vista da empresa jornalística.
Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser. 20. (Unesp 2016-1) De acordo com o verbete, o tema de uma crônica se
Viverei fugindo baseia em
Mas vivo a valer. (A) juízos de valor.
(Obra poética, 1997.)
(B) anedotário popular.
(C) fatos pessoais.
A fuga retratada no poema é uma fuga
(D) eventos do cotidiano.
(A) do anonimato.
(E) eventos científicos.
(B) da identidade.
(C) da multiplicidade.
21. (Unicamp 2017) Leia o soneto abaixo, de Luís de Camões.
(D) da sociedade.
(E) da aparência. “Enquanto quis Fortuna que tivesse
esperança de algum contentamento,
17. (ENEM 2019) o gosto de um suave pensamento
me fez que seus efeitos escrevesse.
Uma ouriça
Porém, temendo Amor que aviso desse
Se o de longe esboça lhe chegar perto, minha escritura a algum juízo isento,
se fecha (convexo integral de esfera), escureceu-me o engenho com tormento,
se eriça (bélica e multiespinhenta): para que seus enganos não dissesse.
e, esfera e espinho, se ouriça à espera.
Mas não passiva (como ouriço na loca); Ó vós, que Amor obriga a ser sujeitos
nem só defensiva (como se eriça o gato); a diversas vontades! Quando lerdes
sim agressiva (como jamais o ouriço), num breve livro casos tão diversos,
do agressivo capaz de bote,
de salto (não do salto para trás, como o gato): verdades puras são, e não defeitos...
daquele capaz de salto para o assalto. E sabei que, segundo o amor tiverdes,
Tereis o entendimento de meus versos!”
Se o de longe lhe chega em (de longe),
de esfera aos espinhos, ela se desouriça. a) Nos dois quartetos do soneto acima, duas divindades são contrapostas
Reconverte: o metal hermético e armado por exercerem um poder sobre o eu lírico. Identifique as duas divindades e
na carne de antes (côncava e propícia),
explique o poder que elas exercem sobre a experiência amorosa do eu lírico.
e as molas felinas (para o assalto),
nas molas em espiral (para o abraço). b) Um soneto é uma composição poética composta de 14 versos. Sua forma
MELO NETO, J. C. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. é fixa e seus últimos versos encerram o núcleo temático ou a ideia principal
do poema. Qual é a ideia formulada nos dois últimos versos desse soneto de
Com apuro formal, o poema tece um conjunto semântico que metaforiza a Camões, levando-se em consideração o conjunto do poema?
atitude feminina de
A) tenacidade transformada em brandura.
B) obstinação traduzida em isolamento.
C) inércia provocada pelo desejo platônico.
D) irreverência cultivada de forma cautelosa.
E) desconfiança consumada pela intolerância.

Para responder às questões de 18 e 20, leia o seguinte verbete do Dicionário


de comunicação de Carlos Alberto Rabaça e Gustavo Barbosa:

Crônica
Texto jornalístico desenvolvido de forma livre e pessoal, a partir de fatos e
acontecimentos da atualidade, com teor literário, político, esportivo, artístico, de
amenidades etc. Segundo Muniz Sodré e Maria Helena Ferrari, a crônica é um meio-
termo entre o jornalismo e a literatura: “do primeiro, aproveita o interesse pela
atualidade informativa, da segunda imita o projeto de ultrapassar os simples fatos”. O
ponto comum entre a crônica e a notícia ou a reportagem é que o cronista, assim como
o repórter, não prescinde do acontecimento. Mas, ao contrário deste, ele “paira” sobre
os fatos, “fazendo com que se destaque no texto o enfoque pessoal (onde entram
juízos implícitos e explícitos) do autor”. Por outro lado, o editorial difere da crônica, pelo
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22. (Unicamp 2020) 24. (Fuvest 2021) Leia o poema e o excerto da crônica para responder à
questão.
Texto I
IV. Hotel Toffolo
Em Bacurau, vilarejo fictício no meio do nada que recebe o nome de um
pássaro “brabo” de hábitos noturnos, o sertão é também o centro do país. Bacurau E vieram dizer-nos que não havia jantar.
cheira a morte. A primeira sequência do longa é a passagem de um caminhão-pipa Como se não houvesse outras fomes
que atropela caixões pelo caminho. No povoado isolado, mas hiperconectado à e outros alimentos.
internet, os moradores, com uma grande variedade de gêneros, raças e sexualidades,
vivem sem água e escondem-se quando o prefeito em campanha pela reeleição chega Como se a cidade não nos servisse o seu pão
para distribuir mantimentos vencidos, e despejar livros velhos em frente à escola local. de nuvens.
Aí já começa a resistência: em meio à penúria, os moradores organizam-se e ajudam-
se entre si. Quando o vilarejo literalmente desaparece dos mapas digitais e a Não, hoteleiro, nosso repasto é interior,
comunidade perde a conexão com a internet, a presença de forasteiros coincide com o e só pretendemos a mesa.
misterioso aparecimento de cadáveres crivados à bala e Bacurau vive uma carnificina. Comeríamos a mesa, se no-lo ordenassem as Escrituras.
Tudo se come, tudo se comunica, tudo, no coração, é ceia.
(Adaptado de Joana Oliveira, Em ‘Bacurau’, é lutar ou morrer no sertão que espelha o
Brasil. El País. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/20/cultura/15663 Carlos Drummond de Andrade, “Estampas de Vila Rica” de Claro Enigma.
28403_365611.html. Acessado em 20/10/2019.) -------------------------------
(...) A população de Ouro Preto nutre convicções e paixões, como
Texto II qualquer outra, mas cultiva-as in petto [no íntimo], com impecável
benignidade de espírito, sem o menor azedume ou nojo pela paixão ou
BACURALIZAR
verbo transitivo direto opinião contrária. Essas preferências diversas confraternizam, não raro, junto
1. autogovernar-se em comunidade, fazer a própria gestão dos recursos e serviços à mesa no Hotel Toffolo, e chega-se à conclusão de que política não vale
que deveriam ser oferecidos pelo estado, sem a ajuda de empresas ou de parcerias positivamente uma boa cerveja.
público-privadas.
2. entricheirar-se em suas comunidades como forma de defesa à máquina de matar do Carlos Drummond de Andrade, “Contemplação de Ouro Preto”, de Passeios
estado. na Ilha.
(Adaptado do Instagram de Lia de Itamaracá. Disponível em https://www.insta a) Que relação de sentido liga a imagem “pão de nuvens” (v. 4-5) ao verso
7zu.com/tag/LiaDeltamaraca. Acessado em 20/10/2019.) “tudo, no coração, é ceia” (v. 10)? Justifique.
b) As atitudes dos dois grupos à mesa do Hotel Toffolo, no poema e na
Considere as informações sobre o enredo do filme Bacurau presentes no crônica, são equivalentes? Explique.
texto I e sobre o papel do Estado na vida da comunidade no texto II. A partir
dessas informações, crie um exemplo do uso de “bacuralizar” para cada 25. (Unicamp 2021) Leia a definição abaixo e a transcrição de parte do vídeo
acepção da palavra registrada no texto II. feito por Regina Casé e a filha Benedita no dia do surdo.
23. (Fuvest 2018) Leia o texto e responda ao que se pede.

Da idade
Não posso aprovar a maneira por que entendemos a duração da vida.
Vejo que os filósofos lhe assinam* um limite bem menor do que o fazemos
comumente. (...) Os [homens] que falam de uma certa duração normal da vida,
estabelecem-na pouco além. Tais ideias seriam admissíveis se existisse algum
privilégio capaz de os colocar fora do alcance dos acidentes, tão numerosos, a que
estamos todos expostos e que podem interromper essa duração com que nos acenam.
E é pura fantasia imaginar que podemos morrer de esgotamento em virtude de uma
extrema velhice, e assim fixar a duração da vida, pois esse gênero de morte é o mais
raro de todos. E a isso chamamos morte natural como se fosse contrário à natureza
um homem quebrar a cabeça numa queda, afogar-se em algum naufrágio, morrer de
peste ou de pleurisia; como se na vida comum não esbarrássemos a todo instante com
esses acidentes. Não nos iludamos com belas palavras; não denominemos natural o
que é apenas exceção e guardemos o qualificativo para o comum, o geral, o universal.
Morrer de velhice é coisa que se vê raramente, singular e extraordinária e
portanto menos natural do que qualquer outra. É a morte que nos espera ao fim da Essa aqui é a Benedita, minha filha. Ela tem uma perda auditiva
existência, e quanto mais longe de nós menos direito temos de a esperar. severa. Ela teve essa perda quando era muito bebezinha. Desde então, eu vi
que as pessoas têm muita dificuldade de se comunicar com ela. Ficam
Michel de Montaigne, Ensaios. Editora 34. Trad. de Sérgio Milliet. agoniadas quando percebem que ela não escuta ou que ela usa aparelho.
*assinar: fixar, indicar. Então, nós duas resolvemos ajudar um pouquinho, com nossa experiência,
nessa comunicação com situações do dia a dia. Por exemplo: não dá para
No texto, o autor retifica o que corriqueiramente se entende por “morte falar de costas para a pessoa, porque muitas vezes ela depende da leitura
natural”? Justifique. labial para entender. Outro exemplo: não precisa gritar porque volume (alto-
baixo) é uma coisa completamente diferente de frequência (agudo-grave).
Outra coisa que acontece direto: em vez de falarem com a pessoa surda,
perguntam para a pessoa que está do lado. E para terminar, é uma loucura
quando alguém fala: “Nossa, mas ela é tão linda! Ninguém diz que ela é
surda”. Procure saber o que é capacitismo e daqui para frente seja
anticapacitista! Ela é linda. E é surda!
(Adaptado de Regina Casé)

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a) Considerando as noções de capacitismo e anticapacitismo, explique o uso 03. B
de “mas” e de “e” nas frases “Nossa, mas ela é tão linda!” “Ela é linda. E é 04. E
surda!”. 05. C
06. D
07. C
b) Apontando as dificuldades de comunicação com uma pessoa surda, 08. E
Regina Casé observa que uma situação frequente é o interlocutor dirigir-se a 09. C
quem está ao lado. 10. B
11. A
12. B
13. D
14. E
15. A
16. B
17. A
18. A
19. E
20. D
21. a) A primeira divindade é a Fortuna, que ajuda o eu lírico a escrever, isto é, a fazer
um registro da sua experiência amorosa. A segunda divindade é o Amor, que dificulta o
engenho do poeta, produz enganos e sujeita aquele que ama. Portanto, o soneto
elabora a tensão entre o ato de criação poética, marcado por certo contentamento e “o
gosto de um suave pensamento”, e os efeitos contraditórios que o Amor produz na
experiência criativa e amorosa do eu lírico.
b) A tese defendida é a de que o entendimento dos versos é possível na medida em
que o leitor experimente o amor. Por conseguinte, a escrita do poema é produção
dotada de sentido com lastro na experiência e compreensível em grau proporcional à
experiência existencial do possível leitor da lírica.
22.
Exemplos:
1)
– Diante do abandono de Bacurau pelas autoridades, os moradores decidem se
bacularizar para sobreviver. (acepção 1)
– Para suprir suas necessidades básicas, os moradores da periferia de São Paulo
bacuralizaram a distribuição de cestas básicas. (acepção 1)
2)
– No vale tudo da campanha pela reeleição, os moradores se bacuralizam para evitar o
assédio do prefeito. (acepção 2)
– Para evitar a matança policial, os cidadãos de Paraisópolis tentaram se bacularizar.
(acepção 2)
(resposta oficial)

23. O trecho indica que Jó Joaquim ficou surpreto com o fato de que a mulher (Livíria)
tinha um segundo amante, ou seja, que estava envolvida com três homens. No caso,
os “três estribos” a que o trecho se refere são o marido, Jó Joaquim (o primeiro
amante) e o terceiro homem (o segundo amante).
22. Sim, ele retifica o conceito de morte natural ao propor uma nova forma de pensá-la.
Para o autor, morte natural deve ser a morte mais comum, isto é, aquela que não seja
causada pela velhice (tradicionalmente trada como a natural), como numa queda, num
afogamento, por causa de uma peste etc.

24.
a) A imagem “pão de nuvens” confirma a ideia do verso “tudo, no coração, é ceia”:
ambos os trechos apontam para a satisfação do espírito, da alma, no “repasto interior”.
O primeiro trecho apresenta o pão como nuvem, portanto como algo abstrato, algo que
satisfaz sem ser concreto. Ideia semelhante há ao se dizer que no coração tudo é ceia,
isto é, tudo, não só coisas concretas, pode nos alimentar. Então, quando se trata de
alma, coração, desejos, o desejo de satisfação pode ser oriundo de outras fomes, as
espirituais, numa referência às “Escrituras”, que dizem que o ser humano não vive
apenas do pão.
b) Sim. Os dois grupos fazem suas reuniões de confraternização em que se admitem a
pluralidade num clima benigno. Na ceia no hotel do grupo do poema, “tudo se come,
“tudo se comunica, tudo, no coração, é ceia”, isto é, a comunicação é impecável, e
tudo se aceita. Na do grupo da crônica, igualmente, cada qual tem sua convicção “com
benignidade de espírito”, “sem nojo pela paixão ou opinião contrária”, num clima em
que se bebe “uma boa cerveja”.

25. a) Na primeira frase, o usou da conjunção adversativa “mas” indica surpresa pelo
fato de Benedita ser considerada linda, como se a surdez impedisse a beleza; isto é,
as duas características são apresentadas como incompatíveis, revelando o
capacitismo do autor do comentário. Na segunda frase, a conjunção aditiva “e”
acrescenta uma qualidade de Benedita, enfatizando que ela pode ser linda e surda. A
presença dessa conjunção reitera a defesa do anticapacitismo na sequência
argumentativa. A relação de oposição, presente na conjunção adversativa, dá lugar à
ideia de complementaridade, com o uso da aditiva.
b) Trata-se de uma atitude capacitista. Em uma conversa, dirigir-se a alguém que está
ao lado da pessoa surda é discriminá-la e excluí-la de uma relação social, pois assim
_____________________________________________________________ se pressupõe que ela não tem condições de estabelecer comunicação com o seu
GABARITO entorno, seja por meio de leitura labial ou por outros recursos disponíveis. (resposta
01. D oficial)
02. A

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