Em Capitão Fantástico (2016), podemos perceber que a abordagem da
educação oferecida as crianças era a homeschooling (estudo doméstico), a qual os pais são responsáveis pelos ensinamentos que são dados aos seus filhos, tudo isso acontecendo no ambiente familiar, sem que haja a necessidade de frequentar a escola ou a qualquer ambiente semelhante. Essa modalidade de ensino visa preservar os valores culturais, morais, religiosos e ideológicos da família e inibe o contato das crianças com certos atritos que poderiam acontecer no ambiente escolar, como o bullying, por exemplo. No filme, Ben e sua esposa criaram uma estrutura, em sociedade, para educar seus filhos, onde ambos eram os tutores/professores que ensinavam ou guiavam os filhos no processo de ensino-aprendizagem de todos os conhecimentos. Nela os jovens aprendiam a caçar, lutar, plantar, preparar alimentos, tocar instrumentos diversificados (sejam eles de corda, percussão ou até mesmo de sopro) sem a necessidade de saírem do âmbito de sua família, tudo monitorados pelos responsáveis. Além disso, eram oferecidos livros (de qualquer disciplina) para leitura e posteriormente explanação do tema abordado para os irmãos (como se fossem seminários), agenda de teste e cronogramas de estudo, respeitando uma certa quantidade de dias preestabelecidos para que realmente as atividades fossem realizadas sem deixar de levar em consideração também que as crianças tinham, além desses já citados, outros para leitura no tempo livre, caso quisessem. Essa metodologia mostrou-se extremamente promissora, pois o filho mais velho conseguiu entrar nas melhores universidades dos Estados Unidos e um dos mais novos mostrou-se extremamente mais preparado que qualquer outra criança de sua idade. Porém, ela também tem seu lado negativo, foi visto que as crianças (e até mesmo os quase na fase adulta) não conseguiam ter interações sociais (o que entrou nas universidades é um exemplo), não conseguiam expressar suas emoções ou interagir com pessoas da mesma faixa etária. Além disso, também ficou evidenciado uma falta de organização curricular dos conteúdos propostos, de modo a abranger a idade correta para a abordagem de cada conteúdo (podemos observar no filme uma criança de oito anos lendo sobre os prazeres no sexo). Sem deixar de levar em consideração também que as ideologias políticas e sociais dos pais foram, em sua grande maioria, aceitas e postas em prática pelos filhos sem deixá-los sem muita abertura para uma escolha própria sem interferência. Mais para o final da narrativa, os filhos começaram a perceber e indagar sobre a necessidade de uma nova metodologia ou até mesmo modalidade de ensino (visando, com certeza, uma melhoria na interação interpessoal fora da rede familiar), porque eles sentiam a necessidade de conviver com mais pessoas para adquirirem ainda mais conhecimentos (viver em sociedade), para se sentirem mais inclusos no novo local de moradia.
Pergunta: Pensando acerca das características da Educação Informal, Formal e Não- formal, em qual desses tipos de Educação você classificaria o homeschooling?
O homeschooling é classificado como uma educação não-formal, pois,
diferentemente da educação formal, acontece em um espaço alternativo, que é a casa da criança, no qual o único público será o aluno e o seu professor, que pode ser até seus próprios pais, sem a necessidade de frequentar um ambiente de praxe, que seria a escola. Além disso, essa modalidade de ensino tem intencionalidade educativa, uma vez que os pais ou responsáveis visam uma melhor ambientação para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça de maneira mais eficaz e sem maiores problemas que possam o atrapalhar. Para que isso acontece, é feito uma completa organização curricular, no qual estão inseridos um plano de ações e os objetivos predefinidos (diferenciando-o da educação informal) com a finalidade de trabalhar todos os conteúdos de modo sistêmico, sem que haja prejuízo ou defasagem de alguma área do conhecimento.
A relação entre afetividade e inclusão escolar: uma abordagem sobre a importância da afetividade na relação professor-aluno, no desenvolvimento e na aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais
Campos, R.H.F., de Gouvea, M. C. S., & Guimarães, P. C. D. (2014) - A Recepção Da Obra de Binet e Dos Testes Psicométricos No Brasil. Rev. Br. de Hist. Da Educação, 14 (2), 215-242