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Raízen

Programa ELO
Roteiro para visitas de campo

Outubro/2015
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Sumário

1. Planejamento ........................................................................................................... 3
1.1 Definindo as áreas a serem visitadas.................................................................... 3
1.2 Agendando as visitas........................................................................................... 3
2. Visitas ....................................................................................................................... 4
2.1 - Entrevista inicial................................................................................................ 4
2.2 – Visita de campo ................................................................................................ 4
2.2.1 – Observando a infraestrutura da propriedade ............................................. 5
2.2.2 - Acompanhamento de operações e entrevistas com trabalhadores ............. 9
2.2.3 – Observando aspectos ambientais e operacionais na propriedade............. 11
2.2.4 – Relacionamento com a Comunidade ........................................................ 12
2.2.5 Verificando documentos e registros (escritório) ......................................... 13
3. Encerramento da visita ........................................................................................... 17
4. Registros e relatórios .............................................................................................. 17

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Programa ELO - Raízen

Roteiro para Visitas de Campo

Apresentação
Como parte das atividades do Programa Elo, estão as visitas de inspeção e
acompanhamento das propriedades de fornecedores de cana-de-açúcar que
aderiram ao programa.
Nessas visitas, a equipe da Raízen deverá realizar uma avaliação geral da
propriedade, acompanhar as ações corretivas e recomendações levantadas
durante a fase de verificação (Imaflora) e propor ou sugerir soluções para os
possíveis desafios enfrentados pelo produtor. Além disso, poderão ser
identificadas boas práticas já implementadas pelos fornecedores, para
serem compartilhadas ou promovidas dentro do programa.
O objetivo do presente roteiro é orientar a equipe do Programa ELO – Raízen
quanto às práticas gerais na realização de visitas aos fornecedores de cana,
buscando verificar a conformidade aos requisitos de sustentabilidade do
programa.

O roteiro foi elaborado pelo Nucleus- Sustentabilidade e Mudanças


Climáticas, a partir de um treinamento de campo realizado com a equipe da
Raízen em setembro de 2015.

Além de dicas para abordagem, entrevistas e registros, o presente guia


também fornece referências para que a equipe possa buscar informações
adicionais sobre as ações voltadas ao melhor desempenho dos fornecedores
nos pilares Econômico, Social e Ambiental.

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1. Planejamento

O Programa ELO tem três regiões de abrangência – duas no estado de São Paulo e uma em Goiás
- e cada qual conta com um grande número de fornecedores de cana, de diferentes perfis, desde
o tipo “Familiar tradicional” até o “Empresarial empreendedor”.

As visitas de campo devem ser bem planejadas, para uma melhor utilização do tempo da equipe
e para alcançar os objetivos do programa.

A seguir estão detalhadas as ações de planejamento que fazem parte dessa etapa:

- Definindo as áreas a serem visitadas

- Agendando as visitas

1.1 Definindo as áreas a serem visitadas

A relação de propriedades visitadas dependerá dos critérios de amostragem ou de priorização a


serem definidos pela Raízen.

Em discussão com a equipe do ELO, foi comentado pelos supervisores que as áreas prioritárias
seriam aquelas que foram amostradas na verificação realizada pelo Imaflora. A equipe da Raízen
visitaria os fornecedores amostrados para acompanhar a implementação de ações corretivas e
melhorias, de acordo com os resultados da verificação.

Entretanto, sugere-se que as visitas de acompanhamento não fiquem restritas às áreas já


verificadas. É importante visitar fornecedores com diferentes perfis e que não foram amostrados
antes, a fim de identificar possíveis desafios que possam não ter sido observados na
amostragem. Essa visão mais ampla irá contribuir para definir as ações coletivas e temas que
deverão ser tratados para que o grupo como um todo possa passar de um estágio para outro
mais elevado.

1.2 Agendando as visitas

Depois de elaborar uma lista de fornecedores a serem visitados na região, o supervisor deverá
revisar informações mais detalhadas já existentes sobre ele, como:

 Dados do cadastro de fornecedor da Raízen;


 Informações gerais da propriedade (dados coletados na Auto-avaliação do Programa
ELO);
 Resultados da Auto-avaliação: Estágio 1, 2, 3 ou 4;
 Resultados da verificação realizada pelo Imaflora (no caso de propriedades amostradas).

O supervisor deverá entrar em contato com o fornecedor para agendar a visita.

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Para o agendamento, verifique:


É importante padronizar
 Data e período do dia mais adequados; um texto para que os
 Disponibilidade das pessoas chave, que possam acompanhar supervisores se
a visita, acessar documentos e responder aos apresentem aos
questionamentos; fornecedores a serem
 Locais onde estarão disponíveis os documentos (controles visitados e expliquem os
operacionais, RH e Saúde e Segurança, contratos e objetivos da visita, como
documentação de terras, licenças e outorgas, entre outros); parte do Programa ELO.
 Quais as atividades estão previstas para o período e quais os
horários da jornada de trabalho.
 Acessos e distâncias.

2. Visitas

2.1 - Entrevista inicial

Um bom contato inicial do supervisor do Programa ELO com o fornecedor ou seu representante
é importante, para estabelecer uma relação de confiança e garantir abertura para o diálogo.

Para isso, lembre-se sempre de:

 Se apresentar corretamente, de forma educada e amigável;


 Agradecer a disponibilidade do fornecedor de receber a sua visita;
 Confirmar o objetivo da visita, de forma clara e objetiva;
 Confirmar o itinerário (o que você gostaria de ver no campo e no escritório) e se você
poderá tirar fotos;
 Estar preparado para fornecer informações sobre o Programa ELO (objetivos, etapas,
próximos passos); estas informações devem estar bem alinhadas internamente, de
modo que todos os supervisores tenham uma mesma compreensão para repassar aos
fornecedores.

2.2 – Visita de campo

A visita de campo geralmente compreende:

 Observação da infraestrutura disponível;


 Acompanhamento de operações e entrevistas com trabalhadores;
 Observação de aspectos ambientais e operacionais da propriedade;
 Verificação de registros e documentos (escritório).

Recomenda-se que sejam realizadas visitas às operações e à infraestrutura, antes da visita ao


escritório. Frequentemente, as visitas e entrevistas de campo geram uma série de dúvidas ou

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questões que precisam ser depois esclarecidas por meio de registros. Por isso, costuma ser mais
produtivo deixar a visita ao escritório como uma etapa final.

A seguir estão detalhadas boas práticas e dicas a serem seguidas para as visitas de campo, de
acordo com os temas tratados no Programa ELO.

Para as visitas de campo, não se esqueça de ter sempre à mão:

 Os EPIs para visitar as frentes de trabalho


 Caderno e caneta para anotações
 Celular ou câmera fotográfica
 Informações gerais sobre o fornecedor (se for necessário)
 Material informativo sobre o Programa ELO e referências, como a NR31.

2.2.1 – Observando a infraestrutura da propriedade:


A infraestrutura rural está relacionada aos pilares Ambiental, Social e Econômico. Vários
requisitos são preconizados pelas Normas Regulamentadoras do Trabalho (em especial, pela
NR31) e falhas em seu atendimento podem resultar desde insatisfação dos trabalhadores até
processos junto à Justiça do Trabalho. Outros estão vinculados a controles ambientais e sua
ausência ou baixa eficiência podem levar a impactos ambientais negativos, como contaminação
do solo e de fontes de água. Uma infraestrutura adequada e bem dimensionada às necessidades
da propriedade permite o armazenamento adequado de insumos, máquinas e equipamentos,
evitando perdas ou deterioração do patrimônio rural.

Dependendo do tamanho da propriedade e do perfil do produtor, pode haver muitas diferenças


em termos de infraestrutura disponível no local visitado.

De modo geral, deve-se observar (quando existente na propriedade):

 Locais de armazenamento de agroquímicos (pesticidas e fertilizantes);


 Oficinas, pátio de máquinas e equipamentos, lavador de veículos;
 Locais de armazenamento de combustíveis, óleos e afins (incluindo óleo usado);
 Locais de armazenamento de embalagens de agrotóxicos vazias;
 Local de disposição de resíduos;
 Alojamentos;
 Moradias rurais;
 Áreas de apoio: refeitório, vestiário, banheiros, lavanderia de EPIs.

Além de observações diretas, você deve entrevistar as pessoas responsáveis e os trabalhadores


que estiverem nos locais, para conhecer como é a rotina das atividades e quais os desafios eles
enfrentam relativos à infraestrutura.

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Caso o fornecedor de cana terceirize sua mão-de-obra agrícola e o terceiro esteja fazendo uso
da infraestrutura da fazenda, isto é, utilizando os alojamentos, barracões de máquinas ou
depósitos, os mesmos requisitos se aplicam.

Nos casos dos fornecedores de perfis “Familiares”, é importante que você verifique a existência
de qualquer infraestrutura na pequena propriedade e avalie se as condições são seguras para as
pessoas da família que estão trabalhando no local, principalmente no armazenamento de
agroquímicos e de suas embalagens vazias.

A localização das construções rurais é um dos pontos que deve ser observado. Um resumo,
adaptado de do Programa Soja Plus (ABIOVE), pode ser útil na sua visita:

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Distância mínima (em metros) entre as principais construções rurais:

Lavador de Barracão Depósito de APPs


Poço Tanque de Lavanderia Depósito de
Distância (m) Alojamento Refeitório Moradia máquinas e de embalagens (mata
artesiano abastecimento de EPIs agroquímicos
equipamentos máquinas vazias ciliar)
Alojamento 30 - 50 - - 4,5 - 30 50 -
Poço artesiano - - 50 - - 4,5 - 30 50 -
Refeitório - 30 50 - - 4,5 - 30 50 -
Moradia 50 50 50 50 50 50 - 50 50 -
Lavador de
máquinas e
equipamentos - 30 - 50 - 4,5 - * - -
Barracão de
máquinas - 30 - 50 - 4,5 - * - -
Tanque de
abastecimento 4,5 30 4,5 50 4,5 4,5 4,5 4,5 4,5 -
Lavanderia de EPIs - 30 - 50 - - 4,5 - - -
Depósito de
agroquímicos 30 30 30 50 * * 4,5 - - 200
Depósito de
embalagens vazias 50 50 50 50 - - 4,5 - - 300
APPs (mata ciliar) - - - - - - - - 200 300
(Adaptado de Soja Plus - Construções Rurais, fascículo 2/2013)
As APPs devem ser respeitadas de acordo com o Código Florestal. Para depósitos de agroquímicos e de embalagens, existem distâncias mínimas exigidas.
* Não há distância mínima estabelecida em lei.

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O descarte correto de embalagens vazias é um item fundamental para o produtor rural estar em
dia com a lei e cuidar da saúde e segurança de seus trabalhadores e de sua família. Observe se
estão sendo realizadas as seguintes etapas:

1. Tríplice lavagem
2. Inutilização das embalagens (cortes ou furos para que ela não possa ser
reutilizada)
3. Armazenamento em local adequado
4. Devolução em posto de recebimento
5. Arquivo dos comprovantes de devolução das embalagens

Mais informações sobre o descarte de embalagens de agrotóxicos podem ser encontradas em www.inpev.org.br

Grande parte dos requisitos relativos à infraestrutura Fique atento!


rural está descrita na NR31. Considere sempre a
Alguns problemas comuns
versão mais atualizada da NR31 como referência para
relativos à infraestrutura:
as suas visitas de campo (Anexo 1).
- Falta de locais para armazenar
A cartilha completa do Programa Soja Plus também
traz informações úteis para verificar e sugerir produtos e resíduos;
adequações na infraestrutura (Anexo 2). - Materiais diversos sendo
Muitas vezes, as falhas relativas à infraestrutura não armazenados em um mesmo local;
estão relacionadas diretamente à disponibilidade de - Localização inadequada (veja a
recursos do fornecedor para investir nessa área, mas
tabela das distâncias mínimas
podem ser decorrentes de:
definidas por lei);
- Falta de informação: o produtor desconhece os
- Construção não atendendo aos
requisitos legais e as boas práticas;
padrões mínimos da NR31;
- Ausência de alternativas que possam ser
“customizadas” para a realidade do produtor, como no - Falta de sinalização e de controle
caso de pequenas escalas; de pessoas não-autorizadas nos
depósitos de agrotóxicos e de
- Má gestão da infraestrutura existente, como falta de embalagens de produtos usados;
organização e limpeza.
- Falta de contenções nos
depósitos e tanques de
Converse com o produtor e busque identificar as causas combustíveis;
dos problemas.
- Efluentes de lavador de veículos e
Registre também os casos de sucesso, isto é, soluções equipamentos lançados
encontradas e implementadas pelo fornecedor e que diretamente no solo ou em cursos
podem servir como modelo ou referência para os d’água, sem caixas separadoras de
demais fornecedores do Programa ELO. água e óleo.

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2.2.2 - Acompanhamento de operações e entrevistas com trabalhadores

Nos contatos iniciais com o fornecedor (no agendamento da visita e na entrevista inicial), você
já terá recebido informações sobre as operações que estão sendo realizadas na propriedade.

Otimize seu tempo e se organize para visitar as áreas dentro dos horários em que os
trabalhadores ainda estejam no campo.

Dependendo da escala do produtor, das distâncias a serem percorridas e da época do ano, nem
sempre será possível acompanhar uma amostra representativa de todas as operações. Caso
necessário, recomenda-se então que sejam priorizadas aquelas que possam representar um
maior risco diante dos temas tratados pelo Programa ELO:

- Colheita manual: apesar de ser cada vez mais rara, ainda é uma atividade realizada por alguns
fornecedores. Por envolver um maior número de trabalhadores rurais, há um maior risco de
desvios em relação às leis trabalhistas (jornada de trabalho, idade mínima de 18 anos,
recolhimento correto de encargos sociais, trabalho feminino etc) e à NR31 (área de vivência,
transporte de trabalhadores, água potável, uso de EPI etc). No caso de mão-de-obra terceirizada,
os riscos são ainda maiores, por haver um menor controle por parte do proprietário rural.

- Aplicação de agrotóxicos (herbicidas ou inseticidas): é uma operação importante para avaliar


os requisitos de saúde e segurança (transporte de produtos, preparo de calda e aplicação, uso
de EPI, treinamentos obrigatórios, reposição e lavagem dos EPIs), os requisitos ambientais (tipos
de produtos usados, tríplice lavagem e disposição de embalagens vazias, locais de captação de
água para aplicação, cuidados referentes às APPs) e os requisitos econômicos (recomendações
técnicas para aplicação, registros operacionais, controles de insumos e custos).

- Abastecimento de máquinas (caminhão comboio): é importante verificar requisitos legais e de


saúde e segurança, como treinamento do motorista, sinalização do veículo de acordo com os
produtos transportados, fichas de emergência, kit de emergência para casos de derramamentos,
entre outros.

- Colheita mecanizada, carregamento e transporte: alguns fornecedores possuem estrutura


própria para corte, carregamento e transporte. Alguns pontos de atenção, além das verificações
referentes à NR 31, são: jornada de trabalho e horas-extras, treinamentos dos motoristas e
operadores de máquinas, controles operacionais (produtividade e custos das operações),
registros/documentos para transporte de cana, tacógrafo e registros de inspeções de segurança
do caminhão e se há monitoramento do limite de peso da carga transportada.

Demais operações poderão ser visitadas, como:

- Reforma de áreas;

- Plantio;

- Adubação;

- Manutenção de estradas e aceiros;

- Aplicação de vinhaça ou Irrigação;

- Outras

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Independente da atividade amostrada, lembre-se sempre que você estará observando o


desempenho do fornecedor em relação aos pilares Ambiental, Social e Econômico descritos no
Programa ELO.

Muitas questões relativas ao pilar Social só poderão ser avaliadas por meio de cruzamento de
informações, o que inclui entrevistas com os encarregados e trabalhadores.

Alguns temas importantes para entrevistas:

- Jornada de trabalho (a que horas sai de casa? A que horas retorna? Em quais dias da semana?
Tem intervalos durante o dia?)

- Origem do trabalhador (Migrante? Morador da região?)

- Onde mora (na fazenda, alojamento, casa na cidade?)

- Como se desloca para o local de trabalho?

- Está trabalhando na fazenda há quanto tempo?

- Tem carteira assinada?

- Fez algum exame médico? Quando? Quais?

- Recebeu treinamentos formais? Quais? Quando?

- Recebeu orientação para realizar suas tarefas? Como? Tem supervisão em campo?

- Recebe EPIs? Quais? Por que usa (ou não usa)?

- Quanto recebe por mês? Como é feito o pagamento? Tem descontos? Quais?

- Como são as refeições no campo (traz de casa? Onde almoça? Tem acesso a água potável?)

- Conhece o sindicato da região? É filiado?

- Peça ao trabalhador que explique ou demonstre como faz a sua atividade.

Dicas para a realização de entrevistas no campo:

 Sempre se apresente e explique os objetivos da sua visita;


 Seja informal e amigável;
 Utilize linguagem simples e seja claro em suas perguntas;
 Evite fazer anotações na frente do entrevistado;
 Evite entrevistar trabalhadores na frente do encarregado ou de seu
empregador;
 Caso surjam depoimentos muito divergentes, aumente a sua
amostragem (converse com mais pessoas)
 Após a entrevista, antes de seguir com a visita, registre suas observações.
Você poderá precisar de detalhes para verificar registros no escritório.

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Converse com o produtor sobre possíveis ações do Programa ELO que poderiam ajudá-lo a
superar os desafios e a melhorar seu desempenho no Pilar Social.

2.2.3 – Observando aspectos ambientais e operacionais na propriedade

Diversos aspectos ambientais e operacionais podem ser observados na visita de campo e depois
complementados por acompanhamento das operações, entrevistas e verificação de
documentos.

Dependendo do tamanho da propriedade, recomenda-se percorrer os talhões, verificando e


registrando:

 Sistematização do canavial de acordo com as boas práticas agrícolas;


 Situação de estradas e aceiros (se existem focos de erosão, se a manutenção tem sido feita
de forma adequada, sendo possível circular em toda a propriedade);
 Condições das APPs (áreas de preservação permanente) e outras áreas de vegetação nativa,
se estão sendo mantidas e respeitadas ou se estão degradadas, inclusive se estão sendo
utilizadas para plantio de cana ou outras atividades agropecuárias;
 Condições dos cursos d’água ou represas, se estão sofrendo assoreamento ou contaminação
direta (por exemplo, por meio de efluentes lançados diretamente sobre eles);
 No interior dos talhões, observar se há manutenção de palhada sobre o solo e se há focos de
erosão;
 Em termos gerais, observe se há presença de depósitos de lixo e “bota-foras” dentro da
fazenda, bem como descarte inadequado de embalagens de agroquímicos;
 Projetos de recuperação ambiental: se o produtor tem algum TAC que está sendo cumprido;
 Pontos de captação de água (nascentes, açudes, represas);
 Sistema de distribuição de vinhaça (quando aplicável);
 Expansão do canavial para novas áreas (agrícolas, pastagens ou nativas?).

Complemente as suas observações com informações adicionais obtidas junto ao


produtor ou encarregado por meio de entrevistas durante a visita. Isso poderá ajudar na
compreensão das práticas adotadas na propriedade, como:

- Se há recomendações técnicas para o uso de agroquímicos, quem recomenda os


produtos e dosagens de pesticidas e fertilizantes, e se é utilizado controle biológico?

- É realizado algum tipo de monitoramento de pragas e doenças?

- Ainda é realizada a queima para colheita em alguma parte do canavial? Há um plano de


eliminação da queima?

- É realizada a irrigação?

- Existe algum projeto ambiental sendo desenvolvido na fazenda (recuperação de áreas,


formação de corredores ecológicos, estudos de fauna e flora)?

- Há estudos a respeito do uso do solo na propriedade a partir de janeiro de 2008?

- Há proibição e controle de caça, pesca e captura de animais silvestres na fazenda?

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Mudança de uso do solo:

Os padrões de sustentabilidade para biocombustíveis possuem datas limites, a partir


das quais não são aceitas conversões de áreas naturais para áreas agrícolas. No caso
do Bonsucro, essa data é 01/janeiro/2018 (Diretiva Europeia de Energia
Renovável).

Alguns exemplos de áreas que não podem ser convertidas (para a certificação),
mesmo que tenham sido licenciadas pelo órgão ambiental:

- Florestas primárias ou outras formas de vegetação lenhosa pouco perturbada;

- Áreas protegidas por lei;

- Áreas de brejos, banhados ou pântanos;

- Áreas de solos de turfa.

Converse com o produtor sobre possíveis ações do Programa ELO que poderiam ajudá-lo a
superar os desafios e a melhorar seu desempenho nos Pilares Ambiental e Econômico.

Registre também os casos de sucesso, isto é, soluções encontradas e implementadas pelo


fornecedor e que podem servir como modelo ou referência para os demais fornecedores do
Programa ELO.

2.2.4 – Relacionamento com a Comunidade

As “Partes interessadas” ou “stakeholders” na produção de cana são todas as pessoas, grupos


ou entidades que possuem interesses, ou que afetam ou que são afetadas pelas atividades
agrícolas. Podem incluir, entre outros: órgãos governamentais, vizinhos ou comunidades que
vivem no entorno do empreendimento, trabalhadores, ONGs, povos indígenas e populações
tradicionais, clientes e consumidores, investidores e acionistas.

Durante a visita, entreviste o produtor e observe o entorno da fazenda:

- Como é o relacionamento com os vizinhos e comunidades locais?

- Como é a comunicação com as partes interessadas?

- Há algum conflito local? (acesso á água, direitos de passagem etc)

- Exsitem reclamações? (uso do fogo, deriva de pesticidas, poeira, trânsito e velocidade de


caminhões e máquinas nas vias locais, histórico de acidentes).

- Existe algum estudo social realizado pelo produtor?

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- O produtor apóia algum projeto social ou da comunidade do entorno?

Fique atento!

Geralmente, os impactos negativos sobre as comunidades estão relacionados às


operações de aplicação de agroquímicos (inclusive pulverizações aéreas), ao uso do
fogo e ao uso intensivo de estradas.

As boas práticas ambientais, como eliminação da queima e uso responsável e


criterioso de agrotóxicos, resultam em menores impactos sociais negativos.

Um aspecto a ser observado é o trânsito de máquinas e caminhões. Motoristas mal


treinados, trabalhando sob pressão, com jornadas diárias excessivas e com cargas
acima do permitido por lei podem provocar acidentes e danos às estradas utilizadas
pela comunidade. Estes têm sido considerados como um dos principais impactos
sociais negativos das operações.

2.2.5 Verificando documentos e registros (escritório)

Existem diversos documentos relevantes para acompanhamento dos requisitos do Programa


ELO. Esse roteiro não tem como objetivo listar todos os documentos ou registros que devem ser
amostrados, mas aqueles que usualmente representam maiores riscos no contexto do produtor
de cana, nas regiões de atuação da Raízen.

Direitos de uso da terra:

As áreas usadas para cultivo agrícola devem ter os direitos de uso da terra avaliados,
documentados e estabelecidos. Isso indica que a propriedade, a posse ou o direito de uso de
uma área deve ser claramente demonstrado como sendo do fornecedor.

Os tipos de posse e os documentos válidos e reconhecidos são muito variáveis. Em geral, as


escrituras dos imóveis, contratos de arrendamento ou de parceria agrícola em nome dos
produtores, provas de direitos costumários ou de posse, entre outros, são documentos aceitos.
Os documentos mais comuns na região são:

 Escritura da fazenda, confirmando os dados com aqueles mencionados no contrato


entre a usina e o fornecedor;

 Contratos de arrendamento, mencionando o fornecedor como arrendatário, e


acompanhado de dados da escritura do imóvel arrendado;

 Contratos de parceria agrícola, mencionando o fornecedor como parceiro e


acompanhado de dados da escritura do imóvel objeto da parceria;

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 Você pode solicitar ainda o CCIR - Certificado de Cadastro de Imóvel Rural, que é um
documento emitido pelo Incra que constitui prova do cadastro do imóvel rural; e o
comprovante de pagamento do ITR – Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural.

Quais são os riscos que devem ser evitados?

- Fornecedor produzindo cana em áreas onde direitos tradicionais estão sendo violados (terras
indígenas, áreas reconhecidas como de quilombolas);

- Conflitos e disputas pela posse da terra em área de fornecedor, envolvendo violência ou


exposição na mídia;

- Ausência de contrato formal entre o proprietário da terra e o fornecedor de cana, ameaçando


a legalidade da atividade e sem garantias de que as operações serão realizadas no longo prazo.

A área de fornecimento de cana da Raízen já realiza uma avaliação minuciosa da documentação


das fazendas, de modo que os contratos de fornecimento são firmados em áreas de baixo risco.

Legislação ambiental:*

Os principais documentos relativos à legislação ambiental e que podem ser verificados são:

 Licença do empreendimento agrícola (quando aplicável);

 Outorga para captação e lançamentos em recursos hídricos ou dispensa de outorga por


uso insignificante;

 Cadastro Ambiental Rural (CAR), se já foi realizado ou se está dentro dos prazos
permitidos;

 Recibos de devolução de embalagens de agrotóxicos

 Recibos de destinação adequada de óleo usado ou resíduos contaminados com óleos e


graxas e demais resíduos que requerem destinação especial;

 Existência de TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) ou TCRA (Termo de


Compromisso de Recuperação Ambiental);

 Autorização para supressão de vegetação nativa (se houver desmatamento);

* Para maiores informações, veja a apostila do treinamento teórico ministrado pelo Nucleus
sobre o tema Ambiental (Anexo 3).

Recursos Humanos e Saúde e Segurança do trabalho: **

É importante compreender como é a relação entre o fornecedor de cana e seus trabalhadores.


Ele pode utilizar exclusivamente mão-de-obra familiar, pode ter trabalhadores rurais
contratados, pode utilizar prestadores de serviços para algumas ou todas as atividades, pode
fazer uso de condomínio de mão-de-obra, entre outros.

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Caso você já tenha realizado a visita às operações e


entrevistas com os trabalhadores, a revisão de registros no
escritório será uma oportunidade de confirmar suas
observações de campo. Fique atento!
Sugere-se que sejam anotados alguns nomes de
trabalhadores entrevistados, para efeitos de amostragem, As responsabilidades sobre
e solicitados alguns documentos, como: prestadores de serviços são as
mesmas existentes sobre
- Contrato de trabalho; funcionários próprios.
- Certificados de treinamento; Se as operações forem
- Ficha de entrega de EPIs; terceirizadas, procure ter
acesso à documentação dos
- Comprovante de pagamento de salários, incluindo trabalhadores de terceiros, a
detalhamento de horas-extras e qualquer adicional (por
fim de esclarecer qualquer
exemplo, dos dois últimos meses);
dúvida que tenha sido
- ASOs; atestado de saúde ocupacional (admissão e levantada em campo.
periódico).
Com frequência, as relações
Ainda no escritório, você deve solicitar o PPRA e o PCMSO, de trabalho terceirizadas
para verificar se estão válidos, consistentes com o que foi apresentam maiores riscos de
visto em campo e se seus cronogramas de atividades estão
desvios em relação à
sendo seguidos.
legislação e às NRs.
O Acordo Coletivo (ou a Convenção Coletiva de Trabalho),
se existente, pode ser também verificado.

Nos casos em que é exigida a CIPA – TR (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do


Trabalho Rural) - quando o empregador possui acima de 19 empregados – podem ser verificados
documentos relativos ao processo de eleição de seus membros, calendário anual de reuniões e
atas de reuniões.

No caso da mão-de-obra familiar, é importante confirmar a idade dos familiares que colaboram
nas operações, tipos de atividades realizadas por eles e, sendo menores, os comprovantes de
frequência escolar. De qualquer modo, os cuidados com a segurança e com a saúde do agricultor
rural devem ser considerados, em especial quando há o uso de agrotóxicos e máquinas agrícolas.

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Fique atento!

Os direitos humanos e do trabalho encontram-se, em grande parte, descritos nas


Convenções da OIT – Organização Internacional do Trabalho, e incluem:

 Havendo trabalhadores contratados para a produção agrícola, que sejam


garantidos a eles: liberdade de associação, direito de organização e de
negociação coletiva.
 Banir o trabalho escravo ou forçado;
 Banir o trabalho infantil (menores de 15 anos), com exceções específicas
relacionadas à agricultura familiar e ao menor aprendiz, desde que o trabalho
não prejudique as atividades escolares e não coloque em risco a saúde do menor;
 Eliminar a discriminação no trabalho, seja por gênero, cor, religião, opinião
política etc.

** Para maiores informações, veja a apostila do treinamento teórico ministrado pelo Nucleus
sobre o tema Social (Anexo 4).

Controles operacionais e financeiros:

Os produtores de perfil “Empresarial”, ‘Empresarial Empreendedor” e mesmo o “Empresarial


tradicional” costumam ter uma melhor gestão do seu negócio e manter controles operacionais
e financeiros de sua produção de cana.
Já os produtores de perfil “Familiar” e “Familiar Tradicional” mantêm controles informais e
pouco sistematizados, geralmente centralizados pelo produtor e que não são analisados
criticamente para a tomada de decisões.
Você pode enfrentar certa dificuldade para abordar temas financeiros com o produtor de
qualquer perfil, uma vez que ele pode ficar desconfortável (ou mesmo desconfiado!) em
apresentar seus custos e sua situação financeira, uma vez que a Raízen é o seu comprador de
cana.
É importante identificar quem é a pessoa responsável pelos controles, se são mantidos registros
e se os dados são avaliados periodicamente para decidir sobre investimentos na continuidade
da produção de cana.
Recomenda-se uma abordagem indireta, com o objetivo de identificar se o produtor necessita
de informações, ferramentas ou algum tipo de apoio para melhorar a sua gestão. Somente
solicite dados ou registros se houver abertura para isso.
A Emater costuma ter treinamentos e disponibilizar ferramentas para gestão de propriedades
rurais. Soluções coletivas podem ser úteis no caso dos fornecedores dos perfis “Familiares”,

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como a organização de palestras ou treinamento sobre planejamento financeiro e gestão da


propriedade rural. Identifique se o produtor teria interesse em participar.
Existem também diversos softwares disponibilizados por universidades e empresas de
consultoria agropecuária que podem ser úteis ao produtor (por exemplo, no site:
http://www.agronline.com.br/).

3. Encerramento da visita

Ao final da visita, você deve:

 Agradecer a disponibilidade das pessoas que te receberam;


 Comentar sobre os desafios e também ressaltar os pontos positivos observados;
 Verificar se o fornecedor precisa de apoio, informação ou suporte para resolver
problemas e se tem sugestões ao programa ELO;
 Informar sobre os próximos passos: haverá um relatório ou algum “feedback” para o
produtor? Como os desafios e problemas observados serão tratados e acompanhados
no Programa ELO? Haverá uma nova visita, para verificar as melhorias implementadas?
 Informar os seus contatos e os contatos do Programa ELO, para que o fornecedor possa
esclarecer qualquer dúvida ou enviar sugestões.

4. Registros e relatórios

Durante a visita de campo e de escritório, você deve tomar nota dos pontos principais, de acordo
com os temas observados dos pilares Ambiental, Social e Econômico, conforme as
recomendações descritas na Seção 2 desse roteiro.

Se for permitido pelo produtor, fotografe as áreas ou situações mais relevantes, sejam elas
representativas de desafios ou mesmo de boas práticas.

É importante manter uma consistência de registros com os itens do Programa ELO, para facilitar
a análise dos dados coletados e o acompanhamento das ações.

Sugere-se a criação de um formulário padronizado, a ser usado por cada um dos supervisores
do Programa, de modo que, a partir do formulário, se possa inserir as informações em um
Sistema de Gestão do ELO. Assim, é possível manter o histórico das visitas e os registros para
acompanhamento de qualquer ação.

Antes do início das visitas, é fundamental definir, no Sistema de Gestão do ELO, se serão abertas
solicitações de ação corretivas para os desvios identificados em campo e se serão feitas
notificações formais aos fornecedores.

Sugere-se a criação de uma “Biblioteca” de referências do Programa ELO, com documentos úteis
para assistência técnica (leis, normas, cartilhas, NR31 etc) e registros das “Boas Práticas ELO”
(exemplos de soluções implementadas pelos próprios fornecedores, para serem compartilhados
com os participantes do programa).

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