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Pfund
Arthur Queiroz Ramos1 , Samara Cavalcante Lemos2 , Ana Caroline Tavares Veras3 ,
Riedel Linhares Lima4
Instituto Tecnológico de Aeronáutica, Laboratório de Fı́sica Experimental (Fis46), Profs. Resps.: Ro-
drigo Sávio Pessoa e Marcelo Pego Gomes, São José dos Campos, São Paulo, 12 de novembro de 2021
1
E-eletrônico: arthur.ramos@ga.ita.br
2
E-eletrônico: samara.lemos@ga.ita.br
3
E-eletrônico: ana.veras@ga.ita.br
4
E-eletrônico: riedel.lima@ga.ita.br
RESUMO
Neste experimento, foi realizado o método de Pfund, isto é, foram feitas medições do
diâmetro do padrão de reflexão e de espalhamento gerado ao se incidir um laser em uma
placa de vidro pintada de branco em um dos lados, e as diferenças causadas por cada um
dos meios transparentes nos quais se realiza o experimento, com o intuito de determinar
seus respectivos ı́ndices de refração. Além disso, foram discutidas as discrepâncias obser-
vadas entre os valores encontrados e os valores tabelados para o ı́ndice de refração, assim
como suas possı́veis causas.
1 INTRODUÇÃO
Neste experimento, foram utilizados uma placa de vidro pintada de branco em um dos
lados, um laser e uma fonte, assim como etileno glicol e água para servirem como meios
transparentes, dos quais se deseja descobrir o ı́ndice de refração. Primeiramente, é ne-
cessário determinar o ı́ndice de refração do vidro a ser utilizado, para assim tê-lo como
referência e determinar o ı́ndice de refração do etileno glicol e da água. Da Lei de Snell,
tem-se que: π
nvidro sen(θc ) = nar sen
2
nar
nvidro =
sen(θc )
Então, descoberto o ı́ndice de refração do vidro, faz-se para a água e para o etileno glicol:
π
nvidro sen(θc ) = nmeio sen
2
nmeio = nvidro sen(θc )
Logo, basta calcular o valor do seno do ângulo limite, por meio das dimensões da coroa
iluminada e da placa de vidro. Sejam h a espessura da placa de vidro e D o diâmetro
1
externo da coroa escura, então:
D/4 D
tg(θc ) = =
h 4h
D
tg(θc ) 4h
sen(θc ) = p = q
1 + tg 2 (θc ) 1+ D 2
4h
D
sen(θc ) = √
D2
+ 16h2
Logo, o ı́ndice de refração medido pelo método de Pfund para o meio é dado por:
D
nmeio = nvidro √
D2 + 16h2
2 DESCRIÇÃO EXPERIMENTAL
2
Figura 1: Fotos dos 12 arranjos do método de Pfund com medidas de diâmetro
3
Após isso, as placas foram recobertas com água e mediu-se os diâmetros dos cı́rculos
escuros novamente, obtendo D1 = 15,7 ± 0,8 mm e D2 = 25,3 ± 1,3 mm. Com os valores
de ı́ndice de refração do vidro das duas placas obtidos anteriormente, calculou-se o ı́ndice
de refração da água para cada placa, com o auxı́lio da equação abaixo, e novamente as
incertezas foram obtidas pela propagação de incertezas.
D
nl = nv √
D2 + 16h2
nagua1 = 1, 29 ± 0, 03
nagua2 = 1, 24 ± 0, 03
Comparando com o valor do ı́ndice de refração da água encontrado na literatura, que
é 1,333, vê-se um erro relativo de 3,2% para a placa 1 e de 7,0% para a placa 2.
Posteriormente, as placas foram recobertas com etileno glicol e realizou-se o mesmo
procedimento, em que D1 = 17,0 ± 0,9 mm e D2 = 20,4 ± 1,0 mm foram os diâmetros
dos cı́rculos escuros medidos de cada placa. A partir da equação utilizada anteriormente
para a água, calculou-se o ı́ndice de refração do etileno glicol para cada placa, obtendo-se:
netileno1 = 1, 32 ± 0, 03
netileno2 = 1, 13 ± 0, 04
Comparando com o valor encontrado na literatura de 1,431, tem-se um erro relativo
de 7,8% para a placa 1 e de 21,0% para a placa 2.
É possı́vel perceber que os valores calculados para a água apresentam erros menores
que aqueles calculados para o etileno glicol. Além disso, os ı́ndices de refração para o vidro
se mostraram diferentes em cada placa, ainda que cada valor esteja dentro do respectivo
intervalo de incerteza do outro. Em especial, é possı́vel perceber que há um erro bem
alto para o etileno glicol na placa 2, sugerindo contaminação do meio, o que justificaria a
alteração no ı́ndice de refração.
Por fim, calculou-se o ângulo crı́tico para os meios vidro/ar, vidro/água e vidro/etileno
glicol de cada placa, com o auxı́lio das equações a seguir para cada meio:
• Meio vidro e ar
1
θc = arcsin
nv
θc1 = 39, 2 ± 1, 5◦
θc2 = 38, 4 ± 1, 4◦
nl
θc = arcsin
nv
θc1 = 54, 5 ± 3, 1◦
θc2 = 50, 6 ± 2, 9◦
4
• Meio vidro e etileno glicol
nl
θc = arcsin
nv
θc1 = 56, 6 ± 3, 3◦
θc2 = 44, 5 ± 2, 6◦
netileno1 = 1, 36 ± 0, 03
netileno2 = 1, 15 ± 0, 04
Comparando com o valor encontrado na literatura de 1,431, tem-se um erro relativo
de 5,0% para a placa 1 e de 19,6% para a placa 2.
É possı́vel perceber que os valores calculados para a água apresentam erros relativos
mais próximos, ainda que erros absolutos quase simétricos em torno do valor de referência.
Além disso, aquele calculado para o etileno glicol na placa 1 mostrou-se menor que aqueles
5
da água, ao contrário do que ocorreu com o laser vermelho, e os ı́ndices de refração do
vidro se mostraram iguais, o que era esperado. Novamente, é possı́vel perceber que há
um erro bem alto para o etileno glicol na placa 2, sugerindo contaminação do meio, o que
justificaria a alteração no ı́ndice de refração.
Por fim, calculou-se o ângulo crı́tico para os meios vidro/ar, vidro/água e vidro/etileno
glicol de cada placa, com o auxı́lio das equações a seguir para cada meio:
• Meio vidro e ar
1
θc = arcsin
nv
θc1 = 38, 4 ± 1, 5◦
θc2 = 38, 5 ± 1, 4◦
• Meio vidro e água
nl
θc = arcsin
nv
θc1 = 61, 3 ± 3, 8◦
θc2 = 51, 5 ± 2, 9◦
• Meio vidro e etileno glicol
nl
θc = arcsin
nv
θc1 = 57, 7 ± 3, 4◦
θc2 = 45, 7 ± 2, 7◦
4 CONCLUSÕES
Através dos experimentos, pôde-se calcular o ı́ndice de refração das placas de vidro bem
como dos meios transparentes empregados. De modo geral, foram observados erros relati-
vos maiores na placa 2, de maior espessura, em relação à placa 1, e valores mais uniformes
entre as duas placas na utilização do laser verde, em comparação com o laser vermelho.
Também, houve um grande desvio do valor de referência na determinação do ı́ndice de
refração do etileno glicol na placa 2, o que pode ter ocorrido devido a uma contaminação
no meio, pelo que se sugere a repetição desta parte do experimento, com maior cuidado
na seleção da amostra.
Referências