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Autor: Davi Nakamura Cardoso

Série: Primeira do Ensino Médio


Profs: Eduardo Walneide, Rubeval Bastos, Laurindo Cattache e Paulo Málaga
Colégio: Poliedro
Cidade: São José dos Campos

A TABELA PERIÓDICA E SUAS APLICAÇÕES

Em 1869 Dimitri Ivanovich Mendeleev criava a tabela periódica1, uma ferramenta útil para
classificar, comparar e prever diversos comportamentos químicos1. Segundo Pedro Álvares
Porto, escritor da Revista Química Nova na Escola, a tabela periódica é “um dos
instrumentos mais valiosos para iluminar os caminhos na pesquisa científica.”2No plano
prático, esse recurso é de notável atuação nas áreas da química, engenharia e biologia, se
constituindo em um importante instrumento para os profissionais dessas áreas3.
No entanto, entre a classificação proposta por Mendeleev e a versão aceita pela
IUPAC (União Internacional de Química Pura e Aplicada) há uma diferença fundamental:
ao passo que a primeira era organizada de acordo com a massa atômica, a atual tem sua
configuração baseada no número de elétrons na última camada4. Essa característica que
orienta a tabela mais moderna é determinante no comportamento dos elementos4 e, dessa
forma, elementos com o mesmo número de elétrons na última camada (da mesma família)
possuirão características semelhantes quanto à reatividade, eletronegatividade, densidade
e raio atômico4.
Uma propriedade essencial para a compreensão dos elementos e que determina
muitas outras propriedades é a carga nuclear efetiva. Essa característica se relaciona com
o número de prótons e a blindagem que os elétrons exercem uns sobre os outros5. Ou seja,
a carga que o núcleo exerce sobre os elétrons mais externos depende quantidade de
elétrons que, estando entre o núcleo é o último nível, impedem a totalidade da carga do
núcleo5.
O cálculo utilizado para a determinação da carga nuclear efetiva é dado por:

Z’ = Z – S
Z’- Carga nunclear efetiva
Z- Número de prótons
S- Blindagem
Para um elétron do nível “n” A carga de blindagem S é6
§ Zero para cada elétron mais externos ou para o próprio elétron6
§ 0,35 para cada elétron no mesmo grupo do considerado6
§ 0,85 para cada elétron de nível n-16
§ 1,0 para cada elétron de nível n-26

Quanto menor a carga efetiva, mais eletropositivo é o elemento5, e mais distantes


estarão seus elétrons do núcleo, o que se configura por um raio atômico maior4.
Analogamente, quanto mais eletronegativo é um elemento, mais próximos seus elétrons
serão do núcleo, e logo seu raio atômico será menor.
Uma propriedade importante que deriva da carga nuclear efetiva é a reatividade. Tal
propriedade, nos metais, é crescente de maneira diretamente proporcional ao raio atômico.
Já nos ametais a relação é oposta: quanto menor o raio atômico, mais reativo será o ametal.
Tal propriedade implica em fenômenos que podem ser experimentalmente
demonstrados como pela adição de sódio em ácido clorídrico, descrita pela equação:

2Na(s) + 2H2O (l) H2(g) + 2NaOH(aq)

Essa reação, classificada como de simples troca7 ou deslocamento, ocorre porque o


Sódio, sendo mais eletropositivo, tende a perder elétrons mais facilmente que o Hidrogênio.
Doando um de seus elétrons para o Hidrogênio que compõe o ácido clorídrico, o átomo de
Sódio torna-se um cátion monovalente, e, consequentemente, liga-se a Hidroxila, formando
o Hidróxido de Sódio.

H2O H2O H2O


OH- OH-

H2 H2
H+ H+ H2 H2


NaOH H2O
Na H2O Na+ H2O


H2O NaOH
H O Na OH-
2 H O Na+ OH-
2 H2
OH- H+ OH- H2 NaOH
Na Na+

Figura 1: Representação de um sistema fechado no qual se reage o Sódio com água


É interessante notar a aplicabilidade do conceito abordado (carga nuclear efetiva) na
situação destacada. O fato da carga nuclear efetiva sobre o elétron da camada de valência
do sódio determinar um raio atômico maior do que o raio atômico do Hidrogênio explica a
oxidação que o átomo de Sódio sofreu7, à medida que o Hidrogênio reduziu7.
Uma aplicação notável do conhecimento de eletronegatividade e, por conseguinte, de carga
nuclear efetiva, é o funcionamento politetrafluoretileno8, conhecido na indústria como
Teflon. Sendo este composto formado por átomos de Flúor e Carbono, a ligação forte entre
tais átomos, por meio de forças elétricas de Van der Waals8, gera uma repulsão de outras
partículas. Esse fenômeno se constitui na alta impermeabilidade do material, que repele
uma grande variedade de compostos.

F F

C C

Figura 2: Representação
do monômero do
F F politetrafluoretileno

A força da ligação entre os átomos de Carbono e Flúor é explicada pela alta


eletronegatividade do Flúor. Como já explicado, a eletronegatividade é consequência direta
da carga nuclear efetiva8, e no caso do Flúor tal carga, sendo muito elevada, gera o
fenômeno amplamente utilizado pela sociedade, a impermeabilidade.
Em suma, nota-se os efeitos do conceito de carga nuclear efetiva em muitas esferas
do estudo da Química e de nosso cotidiano. Nos testes experimentais, é perceptível o
acontecimento de reações em decorrência da alta reatividade, uma característica
decorrente da carga nuclear efetiva. É também notável que o conceito de eletronegatividade
está presente em instrumentos de uso cotidiano, como panelas ou frigideiras dotadas da
capacidade de repulsão de substâncias.
BIBLIOGRAFIA
1. MENDES, Paulo em “Breve História da Tabela Periódica”, professor de química
assistente da UEVORA, Universidade de Ciências e Tecnologia.
2. PORTO Paulo Alves, em “Nas salas de aula, uma nova versão da tabela”. Disponível
em Química Nova na Escola Vol. 38, N° 1, p. 3, FEVEREIRO 2016
3. CÉSAR, Eloi; REIS Rita e ALIANE C.S.M. em “Tabela Periódica Interativa”.
Disponível em Química Nova na Escola Vol. 37 N° 3, p. 180-186, AGOSTO 2015
4. LEE, John Doyle em “Química Inorgânica Não Tão Concisa”, Capítulo 1- Estrutura
Atômica e Tabela Periódica
5. FRANCIS, Eden em “Effective Nuclear Charge”, disponível em
http://dl.clackamas.edu/ch104-06/efffective_nuclear_charge.htm
6. “Carga nuclear efetiva” –Departamento de Química Universidade Federal do
Paraná, disponível em: http://www.quimica.ufpr.br/paginas/marcio-peres/wp-
content/uploads/sites/6/2018/05/carga-nuclear-efetiva.pdf , acessado em
13/11/2018
7. SALGADO, Camila em “Reações Químicas”. Disponível em
http://educacao.globo.com/quimica/assunto/materiais-e-suas-
propriedades/reacoes-quimicas.html acessado em 13/11/2018
8. KETTERMANN, Viviane em “Você realmente conhece o Teflon”. Disponível em
http://engenheirodemateriais.com.br/tag/eletronegatividade/

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