Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ROTEIRO DE PRÁTICAS
ORGÂNICA EXPERIMENTAL II
2018.1
Aluno:
Química Orgânica Experimental II - UFRN 2
Introdução
Os alcoó is sã o compostos orgâ nicos que contêm o grupo funcional hidroxila (OH), possuindo
fó rmula geral R−OH, em que R é um grupo substituinte alquila. Os alcoó is podem ainda ser
classificados em primá rios, secundá rios ou terciá rios, quando o grupo hidroxila encontra-se ligado a
carbonos primá rios, secundá rios ou terciá rios, respectivamente.
Propriedades físicas de alcoóis
A presença da ligaçã o O−H faz com que os alcoó is, à semelhança com a á gua, sejam capazes de
formar interaçõ es intermoleculares do tipo ligação de hidrogênio, que é o tipo mais forte de
interaçã o intermolecular. Como o ponto de ebuliçã o de um composto orgâ nico depende
fundamentalmente de sua massa molar e do tipo de interaçã o intermolecular que é capaz de realizar,
é de se esperar que os alcoó is apresentem um alto ponto de ebuliçã o. De fato, se compararmos o
ponto de ebuliçã o de alcoó is, éteres e hidrocarbonetos com massa semelhante, como mostrado na
Tabela 1, fica evidenciado que quanto mais forte o tipo de interaçã o intermolecular, maior o ponto
de ebuliçã o do composto.
Tabela 1 – Comparação entre o ponto de ebulição de alcoóis, éteres e alcanos
Composto Peso Função Interação Ponto de
molecular orgânica intermolecular ebulição
CH3−CH2−CH3 44,09 g/mol Alcano Van der Waals –44,5 ºC
CH3−O−CH3 46,07 g/mol É ter Dipolo-dipolo –24,0 ºC
CH3−CH2−OH 46,07 g/mol Á lcool Ligaçã o de hidrogênio 78,5 ºC
A solubilidade por sua vez está relacionada à polaridade do soluto e do solvente. Compostos
polares dissolvem-se em solventes polares e compostos apolares em solventes apolares, quando
formam interaçõ es intermoleculares com ordem de grandeza similares as que existiam no composto
puro, isso dá suporte a uma antiga regra empírica: “semelhante dissolve semelhante”. A grande
diferença de eletronegatividade entre os á tomos de oxigênio e hidrogênio torna o grupo hidroxila
altamente polar e faz com que os alcoó is de baixo peso molecular (até 3 carbonos) sejam totalmente
solú veis em á gua. A alta solubilidade desses alcoó is provém da possibilidade de formaçã o de ligaçõ es
de hidrogênio entre o grupo hidroxila do á lcool e a hidroxila da á gua (Figura 1). No entanto, à
medida que sã o acrescentados á tomos de carbono, aumenta-se a cadeia hidrocarbô nica, que é
Química Orgânica Experimental II - UFRN 3
hidrofó bica, ou seja, apolar, provocando a diminuiçã o da solubilidade do á lcool em á gua. Assim,
alcoó is superiores, como 1-butanol, 1-pentanol e 1-hexanol sã o apenas parcialmente solú veis em
á gua.
O O O
H R H H H H
R R R
O O O
H H R
ligação de hidrogênio ligação de hidrogênio ligação de hidrogênio
entre dois álcoois entre um álcool e a água entre um éter e a água
No que diz respeito aos alcoó is isoméricos, como, por exemplo, 1-butanol, 2-butanol e 2-metil-
2-propanol, estes também apresentam ponto de ebuliçã o e solubilidade diferentes entre si, conforme
observado na Tabela 2.
+
centro nucleofílico (2) H
(1) Susceptível a ataques por nucleófilos via SN1 ou SN2: R OH + NuH R Nu + H2 O
- +
+
+ O + (2) Capaz de atacar eletrófilos: R OH + H R OH2
R (2) H
(1) (3)
centros eletrofílicos (1) e (3) (3) Susceptível a abstração do próton por bases fortes: R O H + B R O + B H
Teste para fenó is: Cloreto férrico reage com fenol formando fenó xido de ferro III.
Química Orgânica Experimental II - UFRN 5
Questionário Pré-Laboratório
1. Explique como as interaçõ es intermoleculares influenciam no ponto de ebuliçã o e na
solubilidade de um composto orgâ nico.
2. Coloque os á lcoois a seguir em ordem crescente de ponto de ebuliçã o: (i) 1-propanol, (ii) 2-
metil-1-butanol e (iii) 1-pentanol.
3. Qual a ordem de solubilidade em á gua para os á lcoois abaixo? Justifique sua resposta.
OH
OH
OH
4. Justifique o fato de o éter dietílico apresentar ponto de ebuliçã o mais baixo que os á lcoois
butílicos isoméricos e aproximadamente a mesma solubilidade em á gua.
5. Explique a maior acidez do fenol em relaçã o a um á lcool qualquer.
6. Indique os sítios de maior densidade eletrô nica (δ) e assinale a carga eletrô nica
correspondente na molécula do etanol (CH3CH2OH).
Metodologia
No presente experimento serã o investigadas propriedades físicas e químicas de alcoó is
através de testes rá pidos e eficazes.
A solubilidade á gua será verificada pela simples mistura dos alcoó is com o solvente, seguida
da observaçã o de formaçã o ou nã o de uma soluçã o homogênea. A temperatura de ebuliçã o será
verificada a partir do aquecimento dos alcoó is até fervura, anotando a temperatura dos respectivos
vapores.
As propriedades químicas dos alcoó is serã o exploradas a partir de reaçõ es de substituiçã o
nucleofilica (utilizando o reagente de Lucas), de oxidaçã o (utilizando o reagente de Bordwell-
Wellman) e formaçã o de xantato (a partir da reaçã o com dissulfeto de carbono). Em todos os três
casos, a estrutura do á lcool vai ser primordial para a efetividade da reaçã o.
Por fim, será realizado um teste de identificaçã o de fenó is a partir da formaçã o de um
complexo de coordenaçã o colorido, via complexaçã o com ferro.
Parte Experimental
Materiais e Reagentes
Tubos de ensaio, pipetas de Pasteur, pipetas, béquer bastã o de vidro, termô metro, chapa de
aquecimento, á lcool metílico, á lcool etílico, n-butílico, á lcool s-butílico, á lcool t-butílico, glicerol,
resorcinol 3%, reagente de Lucas, soluçã o sulfocrô mica, acetona, dissulfeto de carbono, hidró xido de
só dio, soluçã o de FeCl3 5%, amostras desconhecidas A e B.
Química Orgânica Experimental II - UFRN 6
Cuidados e Segurança
O reagente de Lucas contém á cido clorídrico concentrado, que provoca queimaduras quando
em contato com a pele. Utilize luvas e faça a adiçã o desse reagente na capela.
A soluçã o sulfocrô mica (Reagente de Bordwell-Wellman) contém á cido sulfú rico concentrado,
que é corrosivo. Utilize luvas e faça a adiçã o deste reagente na capela.
A exposiçã o prolongada aos vapores de dissulfeto de carbono pode causar danos à saú de. Faça a
adiçã o deste reagente na capela e evite aspirar seus vapores.
Procedimento experimental
entrada do tubo de ensaio de modo que o bulbo fique 4 a 5 cm acima do nível do líquido. Atente-se
para que o bulbo do termô metro nã o esteja tocando nas paredes do tubo de ensaio. Acompanhe a
temperatura dos vapores formados com o termô metro e anote seu valor na Tabela 4 quando a
temperatura observada permanecer constante durante 3 minutos. Repita esta mesma operaçã o para
o etanol P.A.
3. Em seguida, na capela, adicione em cada um destes tubos 1 gota do reagente de cromo (Bordwell-
Wellman) e agite. Registre suas observaçõ es na Tabela 5.
Questionário Pós-Laboratório
1. Discuta os diferentes resultados de solubilidade encontrados para os três isô meros do butanol
e para o glicerol.
2. Escreva as reaçõ es químicas envolvidas no teste de Lucas, no teste de Bordwell-Wellman, na
formaçã o de xantatos e no teste para fenó is. Qual a evidência experimental em cada reaçã o?
3. Explique a maior velocidade da reaçã o do á lcool terciá rio na reaçã o com o teste de Lucas.
Forneça o mecanismo para esta reaçã o.
4. A que espécie se deve a coloraçã o esverdeada observada em um teste positivo de Bordwell-
Wellman? Escreva o mecanismo para esta reaçã o e explique por que a reaçã o com alcoó is
terciá rios nã o ocorre nas condiçõ es utilizadas neste experimento.
5. Explique por que apenas alcoó is primá rios e secundá rios formam xantatos com velocidade
apreciá vel nas condiçõ es utilizadas neste experimento. Forneça o mecanismo para esta
reaçã o.
6. Com base em todas as reaçõ es e testes realizados, classifique em primá rio, secundá rio ou
terciá rio os alcoó is desconhecidos A e B.
Química Orgânica Experimental II - UFRN 9
Introdução
Aldeídos como funçã o química, têm destacado papel na química orgâ nica, dentre eles a
facilidade de sofrer oxidaçã o. Por outro lado, as cetonas sã o mais resistentes à oxidaçã o requerendo
reagentes e condiçõ es adequadas. Esta diferença de reatividade permite diferenciar aldeídos de
cetonas através de reaçõ es simples de oxidaçã o, importantes para um teste qualitativo rá pido e
eficaz. De fato, diversos sã o os agentes oxidantes conhecidos para oxidaçã o de um determinado
aldeído a á cido carboxílico ou íon carboxilato (Esquema 1), dentre os quais se destacam os cá tions
metá licos Ag+ e Cu2+ e o â nion MnO4-.
O O
[O]
R H R OH
Cetonas também podem se oxidadas usando reaçõ es tais como de Bayer-Villiger, a reaçã o entre
uma cetona e um perá cido levando à formaçã o de um éster (produto de oxidaçã o da cetona) e um
á cido carboxílico (subproduto da reaçã o), conforme exemplificado pelo Esquema 2. Ainda,
metilcetonas podem ser oxidadas à á cidos carboxílicos via reaçã o do halofó rmio, que ainda será visto
no presente componente curricular.
O O
R R + RCO3H R OR + RCO2H
Questionário Pré-laboratório
1. Por que carbonilas de aldeídos e cetonas sã o tã o reativas?
2. Explique a maior reatividade da carbonila em aldeídos do que cetona frente tanto à s reaçõ es de
adiçã o nucleofílica quanto de oxidaçã o.
3. Busque na literatura o mecanismos de reaçã o para a oxidaçã o de um aldeído pelo â nion
permanganato.
Metodologia
Serã o realizados três testes qualitativos envolvendo reaçõ es de oxidaçã o específicas de
aldeídos, sendo cetonas inertes sob as mesmas condiçõ es, e, dessa forma, uma boa maneira de
diferenciar tais classes de compostos carbonílicos. O sucesso dos testes é baseado em observaçõ es
tais como: mudanças de coloraçã o e formaçã o de precipitados em funçã o, principalmente, da reduçã o
sofrida pelos agentes oxidantes.
Curiosidade: O complexo diamino fluoreto de prata I é usado para previnir á rias e aliviar a
hipersensibilidade dental.
Reagente de Fehling:
Tem como principal componente o cá tion Cu2+. O â nion tartarato mantém o cá tion em soluçã o
no meio alcalino. A soluçã o apresenta coloraçã o azul intenso. Na presença de aldeído o cá tion Cu2+ é
Química Orgânica Experimental II - UFRN 11
reduzido a Cu+ que precipita sob a forma de Cu2O vermelho cerâ mica. A coloraçã o azul intenso da
soluçã o desaparece. Cetonas nã o sã o oxidadas pelo Cu 2+. Nã o descolorem a soluçã o azul nem
precipitam Cu2O. A oxidaçã o utilizando o reagente de Fehling é apresentada no Esquema 4.
O O
+
+ 2 Cu 2 + - CALOR
5 HO + CuO2 + 3 H2O
-
R H R O PRECIPITADO
MARROM
AVERMELHADO
O O
-
R H + MnO4 R OH + MnO2
Materiais e Reagentes
Pipeta, tubos de ensaio, béquer, chapa de aquecimento, formaldeído, acetaldeído, acetona,
soluçã o de nitrato de prata 10%, só luçã o de hidró xido de só dio 10%, soluçã o de hidró xido de amô nio
5%, reativos de Fehling (A e B), soluçã o de permanganato de potá ssio 4%, soluçã o de á cido sulfú rico
10%.
Cuidados e Segurança
Soluçõ es de hidró xido de só dio, hidró xido de amô nio, permanganato de potá ssio e á cido
sulfú rico sã o corrosivas e causam queimaduras em contato com a pele.
Formaldeído é tó xico se inalado ou ingerido.
Procedimentos
Oxidação com reagente de Tollens
1. Separe um tubo de ensaio adicione 1 ml de soluçã o de nitrato de prata a 10%, e (10 gotas) 0,5
ml de NaOH 10%, agitando em seguida. Acrescente 15 gotas de NH 4OH P.A. e agite vigorosamente
até que o precipitado castanho se dissolva. Se o precipitado nã o se dissolver acrescente mais
algumas gotas de NH4OH com agitaçã o e ou aquecimento em banho-maria ~75 C (obs: as soluçõ es
de NH4OH perdem NH3(g) com o tempo).
2. Adicione15 gotas de soluçã o de acetaldeído 12,5%. Observe.
3. Repita a operaçã o anterior substituindo o acetaldeído por acetona. Observe
Descarte: Combine os reagentes usados e não usados num becker, adicione HCl 6 M até terminar
formação de precipitado, cloreto de prata e guardar. Filtre o cloreto de prata e filtrado deve ser
neutralizado com carbonato de sódio para descartar na pia.
Descarte de resíduos:
Química Orgânica Experimental II - UFRN 13
Para proteger o meio ambiente o conteúdo dos tubos de ensaio contendo cobre deverá ser descartado
em frasco reservado na capela. Não despeje na pia.
Questionário Pós-laboratório
1. Apresente o mecanismo de uma reaçã o de oxidaçã o de aldeído por permanganato de
potá ssio.
2. Qual a funçã o do tartarato de só dio e potá ssio na oxidaçã o de Fehling?
3. Represente alguns compostos orgâ nicos que você poderia diferenciar com as reaçõ es da
prá tica de hoje.
Química Orgânica Experimental II - UFRN 14
Introdução
O grupo funcional carbonila ocupa uma posiçã o central na química orgâ nica, especialmente
em funçã o da variedade de derivados carbonilados existentes e, consequentemente, de suas
propriedades físicas, químicas e bioló gicas. Na carbonila, a ligaçã o C=O é altamente polarizada,
fazendo com que o carbono se torne consideravelmente eletrofílico e reaja com diferentes
nucleó filos. As substâ ncias carboniladas podem ser divididas em dois grupos principais, em funçã o,
principalmente, dos tipos de reaçõ es com nucleó filos à quais estes grupos estã o sujeitos:
i) aldeídos e cetonas: salvo exceçõ es, essas duas classes de compostos sofrem apenas reaçõ es de
adiçã o nucleofílica e condensaçã o, por nã o possuírem um grupo de saída em potencial ligado
diretamente ao carbono carbonílico;
ii) á cidos carboxílicos e derivados: conhecidos por realizarem reaçõ es de substituiçã o nucleofílica
por possuírem grupos de saída em potencial ligado ao carbono carbonílico.
Aldeídos e cetonas, de modo geral, sã o líquidos e, dessa forma, difícil de serem isolados e,
inclusive, caracterizados prontamente em laborató rio sem o auxílio de dados espectroscó picos.
Todavia, os mesmos podem ser indiretamente identificados através de reaçõ es de caracterizaçã o, as
quais sã o baseadas na formaçã o de um derivado só lido de propriedades bem definidas,
especialmente, a temperatura de fusã o. No presente experimento, serã o exploradas duas reaçõ es de
caracterizaçã o de aldeídos e cetonas: a adiçã o de bissulfito e a condensaçã o com 2,4-
dinitrofenilhidrazina.
Questionário Pré-laboratório
1. Por que, de modo geral, aldeídos e cetonas nã o possuem grupo de saída em potencial?
2. Apresente os mecanismos completos das reaçõ es envolvidas no presente experimento.
3. Justifique a utilidade de preparar um derivado de aldeídos e cetonas que seja só lido a
temperatura ambiente.
4. Defina reaçõ es: a) de adiçã o nucleofílica; b) de susbtituiçã o nucleofílica; c) de condensaçã o.
5. Apresente ao menos um exemplo dos derivados carbonilados: aldeído, cetona, imina, enamina,
á cido carboxílico, haleto de á cido, anindrido á cido, éster, amida e nitrila.
Química Orgânica Experimental II - UFRN 15
Metodologia
O O2 N H NO2
H H + N
H N NO2 N
+
H2 N NO2
Parte Experimental
Materiais e reagentes
Pipeta, espá tula, erlnemeyer, funil de Buchnner, kitassato, tubos de ensaio, cicloexanona,
cinamaldeído, bissulfito de só dio, soluçai de 2,4-dinitrofenilhidrazina a 1% em etanol 95% com 1mL
de á cido clorídrico concentrado, etanol 95%, soluçã o de á cido clorídrico 1M, soluçã o de bicarbonato
de só dio a 5%.
Cuidados de segurança
Química Orgânica Experimental II - UFRN 16
Soluçã o de á cido clorídrico é corrosiva, causa queimadura em contato com a pele e é tó xica se
ingerida.
Procedimento experimental
Reação de cicloexanona com bissulfito de sódio
1. Num erlenmeyer de 50 ml coloque 3 ml de soluçã o saturada de bissulfito de só dio e adicione 0,5 ml
de cicloexanona. Agite o erlenmeyer contendo a mistura e deixe em repouso por 10 minutos.
2. Adicione 8 ml de etanol 95 %, agite muito bem e resfrie o sistema em banho de gelo:sal.
3. Coletar o precipitado formado (produto de adiçã o do bissulfito) por filtraçã o a vá cuo e, antes de
removê-lo do funil, lave-o com 3 ml de etanol 95 % gelado.
4. Divida o precipitado obtido em três porçõ es.
5. Separe dois tubos de ensaio e coloque uma porçã o em cada tubo de ensaio. Acrescente ao primeiro
3 ml de soluçã o de HCl 1M e ao segundo 3 mL de soluçã o de NaHCO 3 5%. Agite cada um deles e
observe.
6. A terceira porçã o use para medir a temperatura de fusã o do só lido obtido.
Questionário Pós-laboratório
1. Como você procederia para calcular os rendimentos das reaçõ es realizadas no experimento
de hoje?
2. Pesquise e descreva o princípio do funcionamento do etilô metro, ( “bafô metro”).
3. Discuta acerca de como se verificar a pureza dos derivados de aldeídos e cetonas obtidos no
experimento de hoje.
4. Por que o produto da reaçã o entre cicloexanona e o â nion bissulfito é uma á lcool e nã o um
alcó xido?
5. A reaçã o de condensaçã o ocorreria de forma efetiva sem a presença do meio á cido?
Justifique.
Química Orgânica Experimental II - UFRN 17
Introdução
O O O
HO-
H
R R .. R
De fato, a possibilidade de gerar uma espécie nucleofílica (carbâ nion) abre um leque de
possibilidades sintéticas no que se refere à funcionalizaçã o de compostos carbonílicos, incluindo:
reaçõ es de alquilaçã o e acilaçã o (processos altamente ú teis na formaçã o de ligaçã o carbono-carbono)
e de halogenaçã o.
O HO- OH O O
HO-
H H (- H2O) H
Tanto a reaçã o aldó lica quanto a etapa de desidrataçã o podem ocorrer também via catá lise
á cida. Ainda, se a espécie carbonilada nã o possuir hidrogênio alfa, nenhum dos dois processos pode
ocorrer.
Essas reaçõ es podem envolver também dois compostos carbonilados diferentes (reaçã o
aldó lica mista ou cruzada), todavia, para ser ú til, devemos escolher bem qual derivado será o
componente precursor do eletró filo e qual será precursor do enolato nucleofílico. É bem ilustrativa a
reaçã o envolvendo um aldeído aromá tico reagindo com uma alquil cetona. O aldeído aromá tico nã o
pode formar enolato e, portanto, nã o pode atuar como nucleó filo. Ainda, um produto de desidrataçã o
neste caso é favorá vel devido à conjugaçã o da ligaçã o dupla com o anel aromá tico.
Reação do halofórmio
A reaçã o do halofó rmio é uma das mais antigas na Química. Em 1822, Serulla, acidentalmente,
verificou que o tratamento de etanol com hipoiodito, formado a partir de iodo em soluçã o bá sica de
hidró xido, levava à obtençã o de iodofó rmio e íon formato, por reaçã o de oxidaçã o do á lcool a
acetaldeído, seguida da tri-iodometilaçã o e finalizada por hidró lise bá sica da respectiva cetona via
substituiçã o do â nion CX3 (X = I, Br, Cl). Muitas aplicaçõ es e adaptaçõ es da reaçã o de halofó rmios sã o
relatadas na literatura.
A reaçã o do halofó rmio tem início pela abstraçã o de um hidrogênio alfa pela base, formando
um â nion enolato que é α-halogenado. Apó s a primeira halogenaçã o, um novo enolato é formado,
mais rapidamente em funçã o do efeito indutivo dos halogênios, acarretando em um derivado α,α-
dihalogenado. Uma terceira halogenaçã o, ainda mais rá pida, acarreta na formaçã o na tri-
halometilcetona. O â nion CX3- (X = Cl, Br, I), apesar de se tratar de um carbâ nion, é comumente
relatado na literatura como grupo de saída, sendo que, quando substituído pelo â nion hidró xido,
ocorre consequente formaçã o de um â nion carboxilato e do respectivo halofó rmio.
De fato, a reaçã o do halofó rmio é de extrema versatilidade sintética, uma vez que transforma
uma metilcetona (ou acetaldeído) em um â nion carboxilato (Esquema 3). Ainda, uma vez que o
iodofó rmio é um só lido, de cor amarelada, a mesma é um bom teste qualitativo para identificaçã o de
metilcetonas (Obs. Tanto clorofó rmio quanto bromofó rmio sã o líquidos).
O O O O
HO-, X2 (3 eq.) HO- -
R R CX3 R OH + CX3 R O- + CHX3
Questionário Pré-laboratório
1. Apresente o mecanismo completo de condensaçã o aldó lica para o tratamento de acetaldeído
com soluçã o de hidró xido de só dio
2. Por que um hidrogênio ligado ao Cα é considerado á cido? O hidrogênio ligado ao C β também o
é?
3. Apresente o mecanismo completo da reaçã o do halofó rmio.
4. Por que na reaçã o do halofó rmio, o produto formado é um â nion carboxilato e nã o um á cido
carboxílico?
Metodologia
Condensação aldólica
No presente experimento, será preparada a dibenzalacetona através da reaçã o aldó lica
clá ssica entre acetona e benzaldeído, em meio bá sico (NaOH). À medida que a reaçã o evolui
observaremos a precipitaçã o de um só lido amarelo. Um ponto crítico desta experiência é a lavagem
do produto que nã o poderá conter qualquer traço de NaOH, razã o pela qual esta operaçã o deve ser
acompanhada de controle do pH. A operaçã o final será a recristalizaçã o do produto em etanol.
O O O
+ NaOH + 2 H2O
H
2
Reação do halofórmio
A partir da α,α,α-triiodaçã o da acetona, seguida de hidró lise da mesma, será verificada a
formaçã o do iodofó rmio, um só lido de coloraçã o amarelada. O experimento exemplificará um teste
qualitativo para identificaçã o de metilcetonas.
O O
HO-, X2 (3 eq.)
O- + CHX3
sólido amarelo
Parte Experimental
Materiais e reagentes
Pipetas, balã o de fundo redondo, erlenmeyer, espá tula, funil de Buchnner, kitassato,
termô metro, acetona, benzaldeído, iodo, iodeto de potá ssio, aparelho de medida de temperatura de
fusã o, tubo de ensaio, balã o volumétrico.
Cuidados e Segurança
Hidró xido de só dio é corrosivo e causa queimaduras em contato com a pele.
Iodo desprende vapores tó xicos.
Química Orgânica Experimental II - UFRN 20
Apó s o produto estar seco, determine o ponto de fusã o e calcule o rendimento da reaçã o.
Dados:
Benzaldeído: MM 106,12 g/mol, d = 1,0415 g/ml,
NaOH : MM = 39,9971 g/mol.
Acetona : MM = 58,08 g/mol; d=0,79 g/ml
Temperatura de fusão da Dibenzalacetona 110-112 ºC.
1. Separe um tubo de ensaio, adicione 5 gotas de acetona em seguida adicione cerca de 1,0 mL de
soluçã o aquosa de NaOH 10% e uma soluçã o de iodo/iodeto gota a gota até a cor vermelho do iodo
persistir.
2. Agite a mistura e aqueça em banho-maria, em torno de 60 ºC, por aproximadamente 10 minutos.
Adicione mais algumas gotas da soluçã o de iodo/iodeto se a cô r vermelho do iodo desaparecer.
((Caso tenha sido colocado excesso da soluçã o de iodo (persistência da coloraçã o do iô do), este
excesso pode ser eliminado por adiçã o de gotas de soluçã o aquosa NaOH 10% e pequena porçã o de
á gua destilada ~3,0 mL)).
4. O teste positivo para a reaçã o é a formaçã o de um só lido amarelo que deve formar-se em até ~15
minutos.
Questionário Pós-laboratório
1. O cinamaldeído, um constituinte aromá tico do ó leo extraído da canela,
pode ser sintetizado por uma reaçã o de condensaçã o aldó lica mista. Indique os
reagentes que você usaria para esta síntese e escreva a reaçã o e as estruturas.
2. O infravermelho é a espectroscopia vibracional das ligaçõ es químicas,
pequenas diferenças na força de uma ligaçã o podem ser detectadas. Qual
principal indicativo que você apontaria nestes sinais desta regiã o de infra-vermelho (transmitâ ncia x
numero de onda) do reagente e produto, para evidenciar e confirmar a formaçã o do produto de
condensaçã o aldó lica, o dibenzalacetona, explique.
3. Qual característica estrutural deve ter a cetona para dar teste positivo de iodofó rmio?
4. Um líquido solú vel em á gua, nã o reage com o reagente de Tollens, mas o faz com
dinitrofenilhidrazina. Ele pode ser identificado por duas observaçõ es: (1) tratamento com iodo e
soluçã o de NaOH dá um precipitado de iodofó rmio (2) o tratamento com hidrogênio e catalisador
forma um á lcool que nã o pode ser resolvido em formas oticamente ativas por método algum. Qual é o
liquido? Apresente a seqü ência de reaçõ es envolvidas.
Química Orgânica Experimental II - UFRN 22
Experimento 5 – Esterificação
Objetivo
Obtenção de um éster, o acetato de etila, a partir da reação entre uma ácido carboxílico e um álcool, em
meio ácido (esterificação de Fisher)
Conceitos e habilidades abordados neste experimento
Substituição nucleofílica em carbono carbonílico
Reações sob refluxo
Solubilidade de compostos orgânicos
Referências para estudo complementar
PAVIA, Donald L. et al. Introduction to Laboratory Techiques: Small Scale Aproach,. Harcourt Brace
and Company, 1998. 957p. (p.529-533; p. 619-620)
VOGEL, A.I. et al. Vogel´s Textbook of organic chemistry. Longman, 1989, 1514p. (p.80; p.1198; 696-
697)
Introdução
De origem natural ou sintética, os ésteres constituem uma classe de compostos de extrema
importâ ncia para a química orgâ nica em si e mesmo para a sociedade de um modo geral. Em termos
estruturais, um éster contém um grupo alcó xi ligado diretamente a uma carbonila, conforme
representado pela estrutura I, abaixo.
O
R1 OR2
I
A importâ ncia dos ésteres para química orgâ nica é bastante significativa. De fato, as reaçõ es
de hidró lise de ésteres contribuíram (e continuam a contribuir) sobremaneira para os estudos
mecanísticos das reaçõ es de substituiçã o nucleofílica na carbonila, especialmente do que diz respeito
à catá lise e processos bioló gicos.
Outra aplicaçã o dos ésteres que atualmente vem sendo considerada de alta relevâ ncia diz
respeito quanto à atuaçã o dos mesmos como fonte de energia. Por exemplo, biodiesel nada mais é do
que um éster obtido por uma reaçã o de transesterificaçã o a partir de outros ésteres derivados do
glicerol e de cadeia longa, constituintes naturais dos ó leos vegetais ou gorduras animais.
Por fim, outra classe de ésteres de extrema relevâ ncia, em especial para sistemas bioló gicos,
diz respeito aos ésteres de fosfato. Tal classe de compostos, bastante abrangente, é componente
fundamental de biomoléculas tais como o ATP, ADP, DNA e RNA. Além disso, os mesmos possuem
aplicaçõ es como pesticidas ou mesmo armas químicas.
De modo geral, os ésteres orgâ nicos representados pela estrutura I podem ser obtidos em
laborató rios de química orgâ nica de três formas:
iii) Reações de alcoóis com derivados de ácidos carboxílicos: nesse método, se utiliza derivados
de á cido carboxílico dotados de bons grupos de saída, tais como haletos de á cidos e
anidridos á cidos.
Metodologia
O O
H+
OH + HO O + H2 O
II
Esquema 1 – Obtençã o do acetato de isoamila.
Química Orgânica Experimental II - UFRN 24
Uma vez que tal processo é reversível, e, mais além, desfavorece a formaçã o do éster, para que o
mesmo apresente bons rendimentos deve-se deslocar a reaçã o no sentido de formaçã o do éster.
Dessa forma, será aplicado o princípo de Le Chatelier utilizando refluxo e excesso de á lcool (“Se for
imposta uma alteração, de concentrações ou de temperatura, a um sistema químico em equilíbrio, a
composição do sistema deslocar-se-á no sentido de contrariar a alteração a que foi sujeito”).
O isolamento e purificaçã o do produto (éster) se dará , basicamente, em funçã o da diferença de
solubilidade entre os componentes do sistema.
Parte Experimental
Materiais e reagentes
Pipetas, provetas, balã o de fundo redondo, condensador de refluxo; á cido acético glacial,
á lcool etílico absoluto, á cido sulfú rico concentrado, soluçã o saturada de cloreto de só dio.
Cuidados e Segurança
Á cido sulfú rico concentrado é altamente corrosivo e provoca queimaduras quando em contato com a
pele.
Á cido acético é irritante ao ser inalado.
Reaçõ es sob refluxo requerem cuidado extra em funçã o do aquecimento.
Qualquer procedimento de adicionar reagentes deve ser feito evitando molhar a boca esmerilhada
dos frascos.
Procedimento
1. Num balã o de fundo redondo ou chato, misture 5,0 mL de á cido acético (~0,087 mol) com 2,5 mL
de á lcool n-butílico (0,027 mol), faça essa mistura na capela.
2. Adicione cuidadosamente à mistura 0,5 mL (cerca de 10 gotas) de á cido sulfú rico concentrado
(catalisador) depois adicione pequenos pedaços de louça quebrada ou barra magnética se usar
agitador magnético. Cuidado para nã o molhar a tetina de sucçã o com á cido
3. Adapte o balã o numa montagem para aquecimento em refluxo, aqueça e agite a mistura reacional
durante 50 minutos (Figura 1). Apó s este período, esfrie o balã o à temperatura ambiente.
4. Transfira a mistura reacional, para uma proveta de 50 ml contendo 10 mL de á gua, com auxilio de
uma pipeta. Agite suavemente essa mistura com o auxílio de um bastã o de vidro, em seguida, deixe a
mesma repousar meça o volume da camada superior do acetato de butila, para determinaçã o
(aproximada)* do rendimento da reaçã o.
*Rendimento exato requer lavagem da mistura reacional com auxilio de solventes e isolamento do
produto por evaporaçã o do solvente.
Questionário Pós-laboratório
1- Escreva o mecanismo da reaçã o de esterificaçã o. Qual a funçã o do á cido sulfú rico? É ele
consumido ou nã o, durante a reaçã o?
2- Mostre a reaçã o do á cido acético com o bicarbonato de só dio e comente sua evidencia
experimental.
3- Que condiçõ es experimentais sã o empregadas para deslocar o equilíbrio para o éster?
4- Qual é o reagente limitante na esterificaçã o de Fisher? Demonstre através de cá lculos:
5- Calcule o rendimento da reaçã o de esterificaçã o e discuta seus resultados (purificaçã o,
dificuldades, rendimentos):
6- É steres também estã o presentes na química dos lipídeos. Forneça a estrutura geral de um
ó leo e uma gordura.
Química Orgânica Experimental II - UFRN 26
Introdução
Dentre os fá rmacos conhecidos como inibidores da cefaleia (popular dor de cabeça), se
encontram algumas aminas aromá ticas simples N-aciladas, tais como acetanilida, p-
hidroxiacetanilida (acetaminofen) e p-etoxiacetanilida (fenacetina). De fato, esses fá rmacos, que
possuem açã o analgésica suave (aliviam a dor) e, inclusive, antipirética (reduzem a febre), podem ser
preparados a partir da reaçã o entre o respectivo derivado de anilina e uma gente acilante,
comumente anidrido acético ou cloreto de acetila, na presença de uma soluçã o tampã o, conforme
exemplificado através do Esquema 1, para a acetanilida.
O
NH2 HN
O O O
+ CH3CO2Na/CH3CO2H +
O OH
Esquema 1. Obtençã o da acetanilida via reaçã o de acilaçã o da anilina por anidrido acético.
A reaçã o operante envolve uma substituiçã o nucleofílica na carbonila, sendo que a amida
formada pode ser purificada através de uma recristalizaçã o (utilizando, inclusive, carvã o ativado),
uma técnica simples, porém de grande importâ ncia, que é baseada na diferença de solubilidade que
pode existir entre um composto cristalino e as impurezas presentes no produto de uma determinada
reaçã o. Dessa forma, uma escolha adequada do solvente (ou de uma mistura de solventes) é
imprescindível, e deve preencher os seguintes requisitos:
Deve proporcionar uma fá cil dissoluçã o da substâ ncia a altas temperaturas;
Deve proporcionar pouca solubilidade da substâ ncia a baixas temperaturas;
Deve ser quimicamente inerte (ou seja, nã o deve reagir com a substâ ncia);
Deve possuir um ponto de ebuliçã o relativamente baixo (para que possa ser facilmente
removido da substâ ncia recristalizada);
Deve solubilizar mais facilmente as impurezas que a substâ ncia.
Química Orgânica Experimental II - UFRN 27
Outro fator importante no processo de recristalizaçã o é o resfriamento, que deve ser feito
lentamente para que se permita a disposiçã o das moléculas em retículos cristalinos, com formaçã o de
cristais grandes e puros.
Sempre que se isola um composto orgâ nico fruto de uma síntese (ou tora sintética), deve-se ter
certeza de que o produto obtido é o que se almejava e, sendo assim, o mesmo deve ser caracterizado.
Em geral, as técnicas espectroscó picas (tais como infravermelho, ressonâ ncia magnética nuclear,
massas, dentre outras) sã o à quelas indicadas para tal funçã o, todavia, caso já tenha sido relatado na
literatura, uma simples mediçã o da temperatura de fusã o da substâ ncia pode informar o sucesso ou
nã o na preparaçã o, além de ser um bom indicativo da pureza do produto.
Questionário Pré-Laboratório
1. Defina reaçã o de.substituiçã o acila.
2. Apresente o mecanismo completo da reaçã o realizada no presente experimento.
3. Faça uma discussã o geral acerca da técnica de recristalizaçã o.
4. O fenol também pode ser acetilado por anidrido acético? Justifique.
5. Quem reage mais facilmente com cloreto de acetila: anilina ou benzilamina? Justifique.
6. Na preparaçã o da acetanilida, por que é necessá ria uma soluçã o tampã o?
7. Como você pode caracterizar um determinado composto orgâ nico pela medida de sua
temperatura de fusã o?
Metodologia
Parte experimental
Materiais e reagentes
Béqueres, erlenmeyers, espá tulas, pipetas, pedrinhas de porcelana, funil simples, funil de Buchnner,
kitassato, papel filtro, anilina, anidrido acético, acetato de só dio seco, á cido acético glacial, á gua
destilada, etanol, banho de gelo, carvã o ativado.
Química Orgânica Experimental II - UFRN 28
Cuidados e Segurança
A anilina é um composto tó xico.
O á cido acético glacial possui açã o corrosiva.
Procedimentos
1ª Parte: Preparação da acetanilida
1. Fazer as misturas na capela. Em um erlenmeyer de 250 mL, na capela, prepare uma suspensã o de
1,0 g de acetato de só dio anidro em 3,0 mL de á cido acético glacial.
2. Coloque uma barrinha magnética no frasco, agite por rotaçã o manual suave e adicione 3,0 mL de
anilina .
3. Mantenha essa agitaçã o e adicione lentamente 3,5 mL de anidrido acético.
4. Apó s bem misturados, cubra com papel filme plá stico a boca do erlenmeyer e leva para a bancada,
ligue o agitador magnético e agite durante 5 minutos.
5. Apó s esse período, adicione à mistura reacional 100 mL de H2O destilada.
6. A acetanilida separa-se em palhetas cristalinas incolores. Resfrie a mistura em banho de gelo, filtre
os cristais sob vá cuo em funil de Buchner e lave com H2O gelada. Seque e determine o ponto de fusã o.
Síntese demonstrativa (por comparaçã o): O professor fará a síntese acima sem soluçã o tampã o, com
maior tempo de reaçã o e leve aquecimento (faça a reaçã o na capela).
Questionário Pós-Laboratório
Introdução
As reaçõ es de hidró lise de ésteres estã o entre as mais conhecidas da química orgâ nica, sendo,
inclusive, de suma importâ ncia em estudos mecanísticos e bioquímicos. Um determinado éster,
quando colocado em meio fortemente alcalino, é hidrolisado de forma a produzir uma molécula de
á cido carboxílico e um â nion alcó xido, que por diferença de acidez, dã o origem ao par â nion
carboxilato e á lcool (Esquema 1).
O O O
R1 OR2 + HO- R1 OH + R 2O - R1 O- + R2OH
Os lipídeos englobam uma variedade de classes de compostos orgâ nicos, que como o pró prio
nome sugere, sã o insolú veis em á gua. Dentre os principais lipídeos, encontram-se os triglicerídeos
(ou triacilgliceró is), conhecidos popularmente como ó leos e gorduras. Essas substâ ncias sã o
formadas a partir da associaçã o de uma molécula de glicerol e três moléculas de á cidos graxos
(á cidos carboxílicos de cadeia alongada, 18 a 30 á tomos de carbono, saturados ou insaturados) e,
dessa forma, quando as mesmas sofrem hidró lise em meio bá sico, produzem glicerol e uma mistura
de sais de á cido carboxílico. Esses sais de á cidos graxos sã o popularmente conhecidos como sabões e,
consequentemente, a reaçã o de formaçã o dos mesmos, é a saponificação, exemplificada no Esquema
2.
R1 O
O O
3 NaOH
O R2 HO OH + R1CO2Na + R2CO2Na + R3CO2Na
O OH
O
R3
Os á cidos graxos formadores dos triacilgliceró is podem ser de diferentes naturezas, mais
além, um ó leo vegetal ou gordura animal, pode ser constituído por diferentes triacilgliceró is. Por
exemplo, hidró lise bá sica do ó leo de soja fornece, em média, uma mistura de sais de: á cido mirístico
(0,1%), á cido palmítico (10,5%), á cido esteá rico (3,2%), á cido oléico (22,3%), á cido linoléico
(54,5%), á cido linolênico (8,3%), á cido araquídico 0,2% e á cido eicosanó ico (0,9%).
Questionário Pré-laboratório
1. Pesquise e defina índice de saponificaçã o e explique sua utilidade.
3. Considerando a massa molecular média para o ó leo de soja como sendo 875,00 g/mol que
volume de uma soluçã o a 20 % de NaOH m/v seria necessá rio para hidrolisar totalmente o ó leo de
soja.
4. O que sã o micelas? De que forma as mesmas atuam no uso do sabã o como agente de limpeza?
Metodologia
No presente experimento, será realizada uma reaçã o de saponificaçã o a partir da hidró lise
bá sica de ésteres constituintes do ó leo vegetal. O produto obtido (sabã o) será isolado por filtraçã o e
testado qualitativamente.
Parte Experimental
Materiais e reagentes
Pipeta, proveta, espá tula, erlnemeyer, barra de agitaçã o magnética, funil de Buchner, sistema
de filtraçã o a vá cuo, tubos de ensaio, ó leo vegetal, soluçã o de hidró xido de só dio 20% em etanol,
soluçã o saturada de cloreto de só dio, á gua destilada, soluçã o saturada do sabã o obtido, soluçã o
aquosa de á cido clorídrico 0,1 M, soluçã o de cloreto de só dio saturada, soluçã o aquosa de cloreto de
cá lcio a 10%.
Procedimento experimental
1. Adicione ~10 mL de ó leo vegetal num balã o de boca de 250 mL com boca esmerilhada.
2. Em seguida adicione, sobre o ó leo, 20 mL de soluçã o aquosa de NaOH 20% e mais 4 mL de etanol,
tenha cuidado para nã o molhar a conexã o esmerilhada do balã o com a soluçã o de base, use um funil
de vidro. (Molhar o esmerilhado com soluçã o de NaOH pode dificultar a desconexã o, se molhar limpe
antes de ajustar o condensador ).
3. Aqueça a soluçã o resultante num sistema de refluxo até ebuliçã o, sob agitaçã o constante, por
aproximadamente 30 minutos, até a formaçã o de uma ‘massa pastosa’ opaca.
4. Apó s esse período, resfrie o balã o de reaçã o sob fluxo de á gua corrente em suas paredes (cuidado
frasco quente), depois em banho de gelo.
Química Orgânica Experimental II - UFRN 32
5. Apó s a mistura resfriada, adicione 50 mL de uma soluçã o saturada de cloreto de só dio, agite a
mistura e filtre num sistema de vá cuo em funil de Buchner, pressionando com uma espá tula para
retirar o má ximo de soluçã o. Lave o só lido pastoso resultante (sabã o) no funil usando ~20 mL de
á gua destilada gelada e retire o papel filtro com o sabã o e reserve sobre um vidro de reló gio.
Testes qualitativos para o sabão obtido
Teste 1
Prepare uma soluçã o aquosa saturada do sabã o obtido e coloque 2 mL dessa soluçã o em 4
tubos de ensaio. Em seguida, adicione os reagentes conforme a tabela abaixo e anote os resultados
observados.
Teste 2
Numere 2 tubos de ensaio e adicione os reagente conforme apresentado na tabela abaixo. Em
seguida, agite vigorosamente os tubos de ensaio, anote os resultados imediatos e de apó s 10 minutos
de repouso.
TUBO 1 TUBO 2
ó leo de soja 0,5 ml 0,5 ml
á gua destilada 10 ml -
soluçã o de sabã o - 10 ml
Questionário Pós-laboratório
1. Qual a diferença entre sabã o e o detergente?
2. Desenhe uma estrutura molecular geral para um sabã o de á cido graxo.
3. O que é um á cido graxo saturado?
4. O que é um á cido graxo insaturado? Represente uma estrutura geral com a estereoquímica
correta.
5. Liste os percentuais dos á cidos graxos componentes do ó leo de soja e da manteiga.
6. Represente o mecanismo da saponificaçã o, a partir de um triacilglicerol.
7. A medir o pH da soluçã o do sabã o obtido, o a mesma seria á cida, bá sica ou neutra.
8. O que sã o grupos hidrofó bicos e hidrofó licos do sabã o?
9. Por que o sabã o perde eficiência da “limpeza” na á gua “dura”?
Química Orgânica Experimental II - UFRN 33
Na+ -406
K+ -322
Mg+ -1921
Ca+ -1577
Química Orgânica Experimental II - UFRN 34
Objetivo
Preparar um azo composto de importância na indústria de corantes
Conceitos e habilidades abordados neste experimento
Reatividade de aminas e compostos aromáticos
Corantes
Controle de temperatura
Referências para estudo complementar
PAVIA, Donald L. et al. Introduction to Laboratory Techiques: Small Scale Aproach,. Harcourt Brace
and Company, 1998. 957p. (p.317-318, p.611)
VOGEL, A.I. et al. Vogel´s Textbook of organic chemistry. Longman, 1989, 1514p. (p.70; p.946-952)
Introdução
A prá tica do uso de corantes é uma arte que vem desde a antiguidade. Os egípcios, fenícios e
romanos já empregavam alguns corantes, que eram compostos químicos em estado puro como o
indigo, a alizarina e a henna. Até meados do século XIX, os principais corantes eram de origem vegetal
como o índigo, isolado da planta Indigosfera tinctoria, conhecido há mais de 4000 anos na Á sia.
Cl-
NaNO2, HCl B B
NH2 N N N N
A A A
Os azo compostos, de modo geral, sã o espécies contendo conjugaçã o π-estendida, que emitem
luz na regiã o do visível e, por isso, dentre outras aplicaçõ es, podem ser utilizados com corantes. À
Química Orgânica Experimental II - UFRN 35
medida que uma molécula se torna mais conjugada, a mesma requer menos energia para passar do
estado fundamental para o estado excitado (ou seja, tem seu gap de energia diminuído) por,
basicamente, dois motivos: i) aumento da energia do HOMO; ii) diminuiçã o da energia do LUMO; e
como E ~ 1/λ, a emissã o de luz tende a ocorrer em comprimentos de ondas maiores. Tal fato se torna
ainda mais pronunciado quando na presença simultâ nea de grupos doadores e aceptores de elétrons
nas moléculas, o que explica a atuaçã o dos azo-compostos como corantes, uma vez que os anéis
aromá ticos unidos pela ‘ponte’ azo (-N=N-) sã o funcionalizados por grupos NR 2, OH, OH, SO3Na,
dentre outros. Ainda, substituintes polares como –SO 3Na e –OH sã o importantes agentes de fixaçã o
do corante na superfície de uma fibra polar como algodã o, lã ou ná ilon.
Abaixo estã o apresentados dois exemplos de azo compostos utilizados como corantes na
indú stria e também como indicador de pH..
NaO3S N N NaO3S N N N
HO
Alaranjado II Alaranjado de metila
Questionário Pré-laboratório
Química Orgânica Experimental II - UFRN 36
1. Justifique o porque dos compostos azo serem estruturalmente adequados para serem
utilizados como corantes.
2. Comente acerca da relaçã o conjugaçã o/absorçã o/emissã o de luz.
3. Apresente o mecanismo de formaçã o de um sal de diazô nio.
4. Apresente um mecanismo geral de substituiçã o eletrofílica aromá tica envolvendo um sal de
diazô nio como eletró filo.
5. Explique o que é cromó foro e auxocromo. Identifique-os na estrutura do alaranjado II.
6. Dê todas as estruturas de ressonâ ncia do alaranjado II.
Metodologia
No presente experimento, será obtido o corante alaranjado II (um azo composto) a partir da
reaçã o de acoplamento entre o β-naftol, um composto aromá tico rico em elétrons, e o sal de diazô nio
do á cido sulfanílico. O produto obtido será testado no tingimento de um pedaço de tecido. Para a
obtençã o do Alaranjado II, sã o necessá rias duas preparaçõ es prévias e simultâ neas, a do sal de
diazô nio e a do anel aromá tico rico em elétrons. A primeira preparaçã o, a do sal de diazô nio, envolve
a uma reaçã o de nitrosaçã o e requer cuidado rigoroso com a temperatura, que deve ficar pró xima de
0°C, para evitar as decomposiçõ es do á cido nitroso e do sal de diazô nio. A segunda preparaçã o, a do
anel rico em elétrons, consiste na deprotonaçã o do β-naftol em soluçã o alcalina. A etapa final, a
reaçã o de acoplamento, é feita pela combinaçã o destes reagentes.
Parte Experimental
Materiais e reagentes
Pipetas, erlenmeyers, espá tula, funil, termô metro, á cido sulfanílico, β-naftol, nitrito de só dio,
á cido clorídrico, hidró xido de só dio, á gua destilada, banho de gelo, cloreto de só dio.
Cuidados e Segurança
De modo geral, os derivados de anilina sã o tó xicos.
Á cido clorídrico e hidró xido de soído sã o corrosivos, causam queimaduras em contato com a
pele e é tó xico se inalado e/ou ingerido.
Procedimento
pró xima de zero grau e acrescente, lentamente e com agitaçã o vigorosa (agitaçã o com barra
magnética), 5 ml de HCl 5 N.
3. Com a mistura ainda sob agitaçã o, adicione a soluçã o alcalina e gelada de β-naftol.
4. Continue a agitaçã o da mistura e deixe que adquira espontaneamente a temperatura ambiente
(~10minutos).
5. Acrescente entã o 2 g de NaCl a mistura, filtre o corante (filtraçã o comum) e lave-o com 30 ml de
á gua gelada. Deixe secar ao ar.
Reação alternativa feita pelo professor (para comparação): Não reagir ácido sulfanílico com
NaOH (o resto do procedimento é igual ao descrito acima).
2ª Parte:Tingimento
Coloque um pedaço de tecido (2x5 cm) em um Becker com 50 ml de á gua e aqueça a 50°C por
10 minutos.
Em outro Becker de 100 ml contendo 50 ml de á gua prepare o banho de tingimento
dissolvendo aproximadamente 0,25 g de Alaranjado II, 0,4 G de sal de Glauber (sulfato de
só dio) e 0,25 ml de á cido acético. Aqueça a 50°C. Com o auxilio de um bastã o de vidro transfira
o tecido para o banho de tingimento e eleve lentamente a temperatura até alcançar ebuliçã o
mantendo-a por 10 minutos. Remova o tecido, lave bem, esprema e seque.
Procedimento alternativo feito pelo professor (para comparação): não usar sulfato de sódio e
ácido acético no tingimento.
Questionário Pós-laboratório