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CONTRATO DE TRABALHO VERDE E AMARELO - CONDIÇÕES CONTRATUAIS

 
A modalidade de contrato Verde e Amarelo foi instituído pela
Medida Provisória 905/2019 com a finalidade de criar
novos postos de
trabalho para as pessoas entre 18 e 29 anos de idade, para fins de registro do primeiro emprego em Carteira de Trabalho e Previdência
Social - CTPS.
 
Um dos principais objetivos da MP foi incentivar as empresas, através de isenções fiscais e trabalhistas, a contratar trabalhadores que
não tiveram a oportunidade de ingressar no mercado de trabalho como empregados.
 
Conforme dispõe o art. 4º da MP 905/2019, os direitos previstos na Constituição eram garantidos aos trabalhadores contratados na
modalidade contrato de trabalho Verde e Amarelo, bem como os direitos previstos na CLT, nos acordos e convenções coletivas de
trabalho, desde que não fossem contrários ao que dispõe a MP 905/2019.
 
Além da referida MP, foi publicada a
Portaria SEPRT 950/2020 que dispõe sobre normas complementares relativas ao contrato Verde e
Amarelo.
 
Perda da Validade - Consequências para Novos Contratos de Trabalho
 
A referida MP 905/2019 foi revogada pela
Medida Provisória 955/2020 (publicada em 20.04.2020). Assim, a partir de 21.04.2020, o
empregador não pode mais se utilizar das regras estabelecidas pela MP 905/2019 para formalizar qualquer tipo de contrato de
trabalho.
 
Com a revogação, o eSocial também foi ajustado para não permitir a inclusão de novos contratos de trabalho dessa modalidade
(categorias 107 e 108) com datas de admissão a partir de 21 de abril de 2020.
 
Portanto, a modalidade de contrato verde e amarelo teve validade entre a publicação da MP 905/2019 (12.11.2019) até a sua
revogação estabelecida pela MP 955/2020 (20.04.2020).
 
Embora as regras do contrato verde e amarelo não tenha mais validade, veja abaixo como funcionou esta modalidade de contrato
enquanto vigorou a
Medida Provisória 905/2019.
 
CONTRATO VERDE E AMARELO - ELEGIBILIDADE
 
De acordo com o art. 2º da
Portaria SEPRT 950/2020 estão elegíveis para o contrato Verde e Amarelo os trabalhadores que
apresentarem as seguintes condições no momento da celebração do contrato:

Ter entre 18 e 29 anos de idade, no máximo;


Ser o primeiro emprego do trabalhador.

De acordo com o art. 1º , § 4º da MP 905/2019, o trabalhador contratado por outras formas de contrato de trabalho, uma vez
dispensado, não poderá ser recontratado pelo mesmo empregador, na modalidade contrato de trabalho Verde e Amarelo, pelo prazo de
180 dias, salvo se o vínculo anterior tenha sido por uma das
modalidades abaixo.
 
PRIMEIRO EMPREGO - CATEGORIAS EXCLUÍDAS
 
Nos termos do art. 1º, § único da MP 905/2019, para fins da caracterização como primeiro emprego, não serão considerados os
seguintes vínculos laborais:

I - menor aprendiz;
II - contrato de experiência;
III - trabalho intermitente; e
IV - trabalho avulso.

Portanto, mesmo que o trabalhador já tenha trabalhado na empresa com um dos vínculos laborais acima, uma vez rescindido o contrato,
o mesmo poderá ser contratado (de imediato) pela empresa na modalidade de contrato Verde e Amarelo.
Veja abaixo condição que
limita a contratação depois de 180 dias.
 
De acordo com o art. 17 da MP 905/2019 é vedada a contratação, sob a modalidade de que trata esta a citada MP, de trabalhadores
submetidos a legislação especial, sendo considerado especiais o empregado doméstico, os trabalhadores rurais, os funcionários
públicos e os servidores de autarquias, nos termos do
artigo 7º da CLT.
 
LIMITE MÁXIMO DE CONTRATAÇÃO - BASE DE CÁLCULO
 
De acordo com o art. 1º da MP 905/2019, a contratação de trabalhadores na modalidade contrato de trabalho Verde e Amarelo será
realizada observando os seguintes requisitos:

Contratação exclusiva para novos postos de trabalho, sendo considerados para tanto, as contratações que tornem o total de
empregados da empresa superior à média base de referência, conforme art. 3º, § 2º da
Portaria SEPRT 950/2020;
A base de referência será a média do total de empregados registrados na folha de pagamentos entre 1º de janeiro e 31 de outubro
de 2019;
O limite máximo será de 20% do total de empregados da empresa, levando-se em conta a folha de pagamento do mês de
apuração;
O empregado dispensado da empresa só poderá ser recontratado pelo mesmo empregador, na modalidade de contrato Verde e
Amarelo, depois de 180 dias contados da data de demissão, salvo se o vínculo que originou a demissão, se enquadrar em um dos
citados acima.

De acordo com o art. 3º da


Portaria SEPRT 950/2020, para aferição da média total de empregados registrados na folha de pagamento,
serão considerados:

Todos estabelecimentos da empresa; e


O número total de empregados a cada mês, correspondendo à quantidade de vínculos ativos no último dia daquele mês.

A média acima poderá ser consultada (mediante certificado digital), por estabelecimento, nos sítios
www.gov.br ou
https://servicos.mte.gov.br/verdeamarelo.
 
Para verificação do quantitativo máximo de contratação deverá ser computado como unidade a fração igual ou superior a cinco
décimos e desprezada a fração inferior a esse valor.
 
Nota: Se em outubro/2019 o número de empregados da empresa for 30% (ou mais) inferior que em outubro/2018, fica assegurado o
direito de contratar na modalidade de contrato Verde e Amarelo, sem que seja necessário apurar a média (entre 1º de janeiro e 31
de outubro de 2019), desde que limitado a 20% do total de empregados da empresa, conforme dispõe o art. 1º, § 5º da MP
905/2019.
 
Empresas com até 10 Empregados
 
De acordo com o art. 1º, § 2º da MP 905/2019, as empresas com até 10 empregados, inclusive aquelas constituídas após 1º de janeiro
de 2020, a contratação será limitada a:

Dois empregados na modalidade contrato de trabalho Verde e Amarelo; e,


20% do total de empregados da empresa, levando-se em conta a folha de pagamento do mês de apuração, na hipótese de o
quantitativo de dez empregados ser superado.

LIMITE SALARIAL PARA CONTRATAÇÃO - DESCARACTERIZAÇÃO DO CONTRATO VERDE E AMARELO


 
As empresas poderão contratar nesta modalidade os trabalhadores com salário-base mensal de até um salário-mínimo e meio nacional.
Considerando o disposto no art. 3º da
MP 905/2019, o limite salarial de admissão de empregados no contrato Verde e Amarelo é de:

Janeiro/2020: R$ 1.558,50 (R$ 1.039,00 + 50%); e


Fevereiro a Dezembro/2020: R$ 1.567,50 (R$ 1.045,00 + 50%).

Nos termos do art.4º da Portaria SEPRT 950/2020, descaracteriza a modalidade Contrato Verde e Amarelo a contratação de trabalhador
em desrespeito às regras de equiparação salarial de que trata o
art. 461 da CLT, ou de trabalhador cujo piso salarial da categoria ou o
salário profissional for superior a um
salário-mínimo e meio nacional.
 
Com relação ao limite salarial, nos termos do § único do art. 3º da referida MP, a empresa ainda poderá manter o contrato Verde e
Amarelo nas seguintes situações:

Se houver aumento salarial que ultrapasse o limite estabelecido, desde que o aumento ocorra após 12 meses da contratação;
A isenção dos
encargos previstos abaixo fica limitado ao valor de um salário-mínimo e meio.

PRAZO MÁXIMO DE CONTRATAÇÃO E ATIVIDADES PERMITIDAS


 
O contrato de trabalho Verde e Amarelo será celebrado por prazo determinado, por até 24 meses (incluindo as prorrogações), a critério
do empregador, podendo ser utilizado para qualquer tipo de atividade, transitória ou permanente, e para substituição transitória de
pessoal permanente (art. 5º MP 905/2019).
 
De acordo com o art. 1º, § 2º da
Portaria SEPRT 950/2020, a prorrogação do contrato de trabalho Verde e Amarelo pode ocorrer até o
dia 31 de dezembro de 2022 e enquanto o trabalhador tiver idade inferior a 30 anos.
 
Ultrapassado o prazo máximo acima, o contrato de trabalho Verde e Amarelo será convertido automaticamente em contrato por prazo
indeterminado, data a partir da qual todas as condições previstas na MP 905/2019 ficam afastadas ao contrato, passando a vigorar as
condições normais dos contratos previstos na CLT.
 
Nota: O disposto no
art. 451 da CLT não se aplica ao contrato Verde e Amarelo.
 
Período Para Contratação Pelas Empresas - Janeiro/2020 a Dezembro/2022
 
De acordo com o art. 16 da MP 905/2016, as empresas poderão contratar trabalhadores pela modalidade de Contrato Verde e Amarelo
no período compreendido entre 01/01/2020 a 31/12/2022.
 
O prazo do contrato determinado com o empregado de 24 meses (mencionado acima) poderá ser firmado ainda que o termo final seja
superior a 31/12/2022, ou seja, a empresa poderá contratar um empregado na modalidade Verde e Amarelo no dia 30/12/2022, cuja
duração seja de 24 meses, tendo como termo final a data de 30/12/2024.
 
Nota: Caso o empregador firme contrato Verde e Amarelo fora do prazo compreendido entre 01/01/2020 a 31/12/2022, o contrato de
trabalho será transformado automaticamente em contrato de trabalho por prazo indeterminado.
 
Havendo conversão ou transformação do contrato de trabalho Verde e Amarelo em contrato de trabalho por prazo indeterminado, de
acordo com o art. 8º da
Portaria SEPRT 950/2020, o empregado fará jus:

I - ao gozo de férias após 12 meses de trabalho, nos termos do art. 134 da CLT, remuneradas com base no salário devido no
mês da concessão e abatidos os valores recebidos de forma antecipada a título de férias proporcionais com acréscimo de
um terço;
II - ao 13º salário pago da seguinte forma:
a) adiantamento, até o mês de novembro, correspondente à diferença entre a metade do valor do 13º, considerado o
salário recebido no mês anterior, e os valores recebidos antecipadamente nos correspondentes meses relativamente ao
13º salário proporcional; e
b) pagamento, até 20 de dezembro, correspondente à diferença entre o salário do mês de dezembro e os valores já
recebidos a título de 13º salário.
III - na hipótese de despedida pelo empregador sem justa causa, após a conversão, à indenização de 40% sobre o saldo do
FGTS prevista no art. 18 da Lei 8.036/1990, sobre:
a) o montante dos depósitos de FGTS realizados a partir da data da conversão ou transformação, para o empregado que
fizer acordo para pagamento de forma antecipada;
b) o montante dos depósitos de FGTS realizados relativos a todo o período de trabalho, para o empregado que não fizer
o acordo referido na alínea "a" deste inciso.

JORNADA DE TRABALHO - ACORDO DE COMPENSAÇÃO E BANCO DE HORAS


 
Conforme já
mencionado, a jornada normal de trabalho do empregado com contrato Verde e Amarelo será de 8 horas diárias e 44 horas
semanais, conforme dispõe o art. 7º, XIII da CF e
art. 58 da CLT.
 
Nos termos do art. 8º da MP 905/2019, a duração da jornada diária de trabalho no âmbito do contrato de trabalho Verde e Amarelo
poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, desde que estabelecido por acordo individual, convenção
coletiva ou acordo coletivo de trabalho.

A compensação de jornada é permitida, desde seja feita no mesmo mês e mediante acordo individual, tácito ou escrito. Para ter acesso
ao modelo de acordo de compensação acesse o tópico Acordo de Compensação de Horas.

Nesta modalidade de contrato o banco de horas poderá ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra no
período máximo de seis meses, nos termos do art. 8º, § 3º da MP 905/2019.

Rescisão de Contrato com Saldo de Banco de Horas


 
Havendo rescisão do contrato de trabalho Verde e Amarelo sem que tenha havido a compensação integral da jornada extraordinária, o
trabalhador terá direito ao pagamento das horas extras não compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração a que faça jus na
data da rescisão.
 
REMUNERAÇÃO DA HORA EXTRA E DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
 
De acordo com o art. 8º da MP 905/2019 a remuneração da hora extra será, no mínimo, 50% superior à remuneração da hora normal.
Havendo o pagamento de horas extras, o empregado também terá direito ao reflexo do
descanso semanal remunerado.
 
O adicional de periculosidade somente será devido quando houver exposição permanente do trabalhador, caracterizada pelo efetivo
trabalho em condição de periculosidade por, no mínimo, 50% de sua jornada normal de trabalho.
 
Comprovada a exposição permanente do trabalhador, o empregador fica obrigado ao pagamento de adicional de periculosidade de
apenas 5% sobre o salário-base do trabalhador, desde que opte pela contratação do seguro de vida, conforme estabelece o art. 15, § 3º
da MP 905/2019.
 
Nota: caso o empregador não faça a contratação do seguro de vida, o adicional de periculosidade será de 30%, nos termos do art. 193,
§ 1º da CLT.
 
Exemplo
 
Empregado (eletricista), foi contratado na modalidade de contrato Verde e Amarelo com salário de R$ 1.400,00 por mês, trabalhando
em condição permanente de periculosidade. Neste caso o empregador fica obrigado ao pagamento de 5% a título de adicional de
periculosidade, acrescido do descanso semanal remunerado.
 
Se este mesmo empregado fosse contratado na modalidade de contrato celetista normal, o adicional de periculosidade seria de 30%
sobre sua remuneração. Veja abaixo a redução que o empregador terá optando pelo contrato Verde e Amarelo:
 
Comparativo de Pagamento de Adicional de Periculosidade
Modalidade de Contrato Verde e Amarelo Modalidade de Contrato Celetista Normal
Salário R$  1.400,00 Salário R$   1.400,00
Adicional de Periculosidade 5% R$       70,00 Adicional de Periculosidade 30% R$      420,00
Descanso semanal remunerado
25/5 R$       14,00 Descanso semanal remunerado
25/5 R$        84,00
Total a receber R$  1.484,00 Total a receber R$   1.904,00
Veja que a redução no custo ao contratar pela modalidade de contrato Verde e Amarelo é de R$ 420,00 mensais, além da redução nos
encargos sociais e reflexos em férias e 13º salário.
 
PAGAMENTO ANTECIPADO DE PARCELAS - ACORDO ENTRE AS PARTES
 
De acordo com o art. 6º da MP 905/2019, caso haja acordo entre as partes, o empregador poderá pagar ao final de cada mês (ou de
outro período de trabalho, desde que inferior a um mês) além do salário mensal, as seguintes parcelas ao empregado (discriminadas em
folha de pagamento):

1/12 de férias proporcionais + 1/3 constitucional, mantido o direito ao gozo de férias (art. 6º da
Portaria SEPRT 950/2020);
1/12 avos de 13º salário proporcional;
Pela metade e de forma irrevogável, a multa de 40% sobre o saldo do FGTS prevista no art. 18 da
Lei 8.036/1990,
independentemente do motivo da demissão do empregado, mesmo que por justa causa prevista no art. 482 da CLT.

As parcelas referidas acima são devidas ao empregado independentemente do número de dias trabalhados no mês, conforme dispõe o
art. 5º, § 1º da Portaria SEPRT 950/2020 e a antecipação da indenização sobre o saldo do FGTS deverá ser paga diretamente ao
empregado, sem necessidade de depósito em conta vinculada (art. 7º da
Portaria SEPRT 950/2020).
 
Em casos de celebração de acordo entre as partes estipulando prazo menor de pagamento, não haverá alteração do mês de referência
para fins de recolhimentos fundiários, tributários e previdenciários.
 
RESCISÃO DE CONTRATO DE TRABALHO - DIREITOS
 
Conforme dispõe o art. 10 da MP 905/2019, na hipótese de extinção do contrato de trabalho Verde e Amarelo (sem justa causa), serão
devidos os seguintes haveres rescisórios, calculados com base na média mensal dos valores recebidos pelo empregado no curso do
respectivo contrato de trabalho:

Saldo de salários;
Salário família (se houver);
Horas extras ou saldo de banco de horas (se houver);
Aviso prévio indenizado (se for o caso);
13º salário proporcional, salvo se tal valor já tiver sido pago antecipadamente por acordo entre as partes, conforme mencionado
acima;
Férias vencidas indenizadas + 1/3 constitucional, salvo se tal valor já tiver sido pago antecipadamente por acordo entre as partes,
conforme
mencionado acima;
Férias proporcionais indenizadas + 1/3 constitucional, salvo se tal valor já tiver sido pago antecipadamente por acordo entre as
partes, conforme
mencionado acima;
Indenização de 40% sobre o saldo do FGTS (art. 18, § 1º da Lei nº 8.036/1990) em conta vinculado do empregado, salvo se tal
valor já tiver sido pago antecipadamente por acordo entre as partes, conforme mencionado acima.

A ocorrência de rescisão com férias pendentes de gozo ou com período aquisitivo incompleto, não muda a natureza remuneratória dos
valores pagos mensalmente, conforme dispõe o art. 9º, § 2º da Portaria SEPRT 950/2020.

De acordo com o art. 10 da citada MP, havendo outras formas de rescisão de contrato de trabalho como pedido de demissão ou
dispensa por justa causa, por exemplo, os haveres rescisórios serão de acordo com cada tipo de rescisão contratual. Para maiores
detalhes sobre cada tipo de rescisão, acesse o tópico
Quadro de Incidências na Rescisão de Contrato de Trabalho.

Multa de 40% do FGTS - Pagamento Mensal Antecipado de 20% Isenta do Pagamento Integral ao Final
 
Como já mencionado acima, o art. 6º, § 2º da MP 905/2019 estabelece que o pagamento mensal de forma antecipada da multa do
FGTS será paga sempre por metade.
 
O art. 10, inciso I da referida MP estabelece que havendo rescisão de contrato de trabalho o empregado por iniciativa do empregador, o
empregado terá direito à multa integral de 40% sobre o saldo do FGTS (art. 18, § 1º da
Lei 8.036/1990), caso não tenha sido acordada a
sua antecipação, nos termos do disposto nos § 1º e § 2º do art. 6º.
 
Significa dizer que se houver acordo entre as partes pelo pagamento mensal (pela metade - 20%) da multa do FGTS, havendo rescisão
de contrato o empregador estará isento do pagamento dos outros 20%, nos termos do art. 10, inciso I da MP.
 
Por outro lado, conforme estabelece o art. 6º, § 2º da MP 905/2019, o pagamento mensal (pela metade) da multa do FGTS é
irrevogável, ou seja, ainda a rescisão seja por justa causa, o empregador não poderá mais reaver o valor já pago.
 
Exemplo
 
Empregado e empregador decidem, por comum acordo, pelo pagamento das verbas mensais antecipadas como férias + 1/3
constitucional, 13º salário proporcional e multa de 40% (pela metade - 20%) do saldo do FGTS.
 
Se ao final do contrato de trabalho o empregador demitir o empregado sem justa causa, com base no art. 10, inciso I da MP 905/2019,
este empregador estaria isento do pagamento dos outros 20% do saldo do FGTS.
 
Entretanto, se ao final do contrato de trabalho o desligamento ocorrer por justa causa ou por pedido de demissão (situações em que o
empregado não teria direito à multa do FGTS), com base no art. 6º, § 2º da MP 905/2019 este empregador não poderá reaver o valor já
pago de 20% do saldo do FGTS.
 
Multa do art. 479 da CLT
 
O art. 479 da CLT prevê que, nos contratos que tenham prazo estipulado (prazo determinado), não havendo cláusula recíproca de
direito de rescisão, o empregador, ao dispensar o empregado antes do término, fica obrigado ao pagamento de indenização igual à
metade (50%) da remuneração que o empregado teria direito até o final do contrato.
 
Esta indenização não se aplica ao contrato Verde e Amarelo, ou seja, o empregador que demitir o empregado antes do término do
contrato por tempo determinado, não estará sujeito ao pagamento da multa do art. 479 da CLT, conforme estabelece o art. 11 da MP
905/2019.
 
Isto porque, havendo a rescisão antecipada do contrato Verde e Amarelo por tempo determinado, deve ser aplicada a cláusula
assecuratória do direito recíproco de rescisão prevista no art. 481 da CLT. Significa dizer que o término do contrato se dará pelos
princípios que regem a rescisão dos contratos por prazo indeterminado.
 
Portanto, no contrato Verde e Amarelo (por tempo determinado) deverá haver a cláusula assecuratória do direito recíproco de rescisão
prevista no art. 481 da CLT. Neste caso, ainda que o contrato seja determinado, fica assegurado às partes a rescisão antes do término do
prazo, devendo, entretanto, comunicar a outra a parte (mediante aviso prévio) com antecedência, conforme prevê o
art. 487 da CLT.
 
Exemplo de Cláusula Assecuratória no Contrato Verde e Amarelo por Tempo Determinado

DA RESCISÃO DE CONTRATO
 
CLÁUSULA "X": É assegurado às partes a rescisão do presente contrato Verde e Amarelo antes do término do prazo,
devendo, entretanto, comunicar à outra parte com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, nos termos
do art. 481 da CLT.

ENCARGOS SOCIAIS SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO - ISENÇÃO E REDUÇÃO


 
As empresas que contratarem empregados na modalidade de contrato Verde e Amarelo ficarão isentas da grande maioria dos encargos
sociais incidentes sobre a folha de pagamento, bem como terá reduzida a contribuição de FGTS para 2%.
 
Contribuições Gerais - Isenção Total
 
De acordo com o art. 9º da MP 905/2019, as empresas ficarão isentas das seguintes parcelas sobre a folha de pagamento:

I. Contribuição Previdenciária de 20% prevista no art. 22, inciso I da


Lei 8.212/1991;
II. Salário-educação de 2,5% previsto no art. 3º, inciso I do Decreto 87.043/1982;
III. Contribuição destinada ao:
a) SESI - Serviço Social da Indústria (art. 3º do Decreto-Lei 9.403/1946)
b) SESC - Serviço Social do Comércio (art. 3º do Decreto-Lei 9.853/1946);
c) SEST - Serviço Social do Transporte (art. 7º da Lei 8.706/1993);
d) SENAI - Serviço Nacional de aprendizagem Industrial (art. 4º do Decreto-Lei 4.048/1942);
e) SENAC - Serviço Nacional de aprendizagem Comercial (art. 4º do Decreto-Lei 8.621/1946);
f) SENAT - Serviço Nacional de aprendizagem do Transporte (art. 7º da Lei 8.706/1993);
g) SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (§ 3º do art. 8º da Lei 8.029/1990);
h) INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (art. 1º do Decreto-Lei 1.146/1970);
i) SENAR - Serviço Nacional de aprendizagem Rural (art. 3º da Lei 8.315/1991); e
j) SESCOOP - Serviço Nacional de aprendizagem do Cooperativismo (art. 10 da Medida Provisória 2.168-40/2001).
Contribuição ao FGTS - Redução Para 2%
 
Nos termos do art. 7º da MP 905/2019, a alíquota mensal relativa à contribuição devida para o FGTS (art. 15 da
Lei 8.036/1990), fica
reduzida de 8% para 2%, independentemente do valor da remuneração.
 
SEGURO DESEMPREGO
 
De acordo com o art. 12 da MP 905/2019, os contratados na modalidade de contrato de trabalho Verde e Amarelo poderão ingressar no
Programa Seguro-Desemprego, desde que preenchidos os
requisitos legais e respeitadas as condicionantes previstas no art. 3º da
Lei nº
7.998/1990.
 
QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
 
Os trabalhadores contratados na modalidade contrato de trabalho Verde e Amarelo receberão prioritariamente ações de qualificação
profissional, conforme disposto em ato do Ministério da Economia.
 
ACORDO EXTRAJUDICIAL
 
Nos termos do art. 14 da MP 905/2019, é facultado ao empregador comprovar, perante a Justiça do Trabalho, acordo extrajudicial de
reconhecimento de cumprimento das suas obrigações trabalhistas para com o trabalhador, nos termos do disposto no
art. 855-B da CLT.
 
SEGURO DE VIDA
 
O empregador poderá contratar, mediante acordo individual escrito com o trabalhador, seguro privado de acidentes pessoais para
empregados que vierem a sofrer o infortúnio, no exercício de suas atividades, em face da exposição ao perigo previsto em lei.
 
O seguro de vida terá cobertura para as seguintes hipóteses:
I - morte acidental;
II - danos corporais;
III - danos estéticos; e
IV - danos morais.

A contratação do seguro não excluirá a indenização a que o empregador está obrigado quando incorrer em dolo ou culpa.
 
PENALIDADES
 
As infrações cometidas na contratação da modalidade de contrato Verde e Amarelo serão punidas com a multa prevista no inciso II do
caput do art. 634-A da CLT.
 
SINOPSE DAS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE CONTRATO VERDE E AMARELO E CONTRATO CELETISTA
NORMAL
 
As principais diferenças entre o contrato Verde e Amarelo e o contrato normal da CLT são as seguintes:
 
Contrato Verde e
Item / Verba Salarial Contrato CLT
Amarelo
O salário é
Salário Não há limite. O valor é definido com base na média de mercado limitado a 1,5
salário mínimo
O período de
contratação fica
Período de Contratação Não há limite. O empregador pode contratar a qualquer tempo restrito entre
01/01/2020 a
31/12/2022
O adicional
somente será
devido quando
houver
exposição
O adicional é devido ainda que a exposição seja intermitente (Súmula
Periculosidade - Direito permanente do
364, I do TST)
trabalhador por,
no mínimo, 50%
de sua jornada
normal de
trabalho.
5% do salário do
empregado,
desde que haja
Adicional de Periculosidade 30% do salário do empregado (art. 193, § 1º da CLT)
seguro de vida
(art. 15, § 3º da
MP 905/2019)
Pode ser pago
antecipadamente
de forma
Pago em 2 parcelas sendo a 1ª entre fevereiro a novembro e a 2ª em 20 de mensal, caso
13º Salário
dezembro (Lei 4.090/62,
Lei 4.749/65 e o Decreto 57.155/65) haja acordo
entre as partes
(art. 6º, II da
MP 905/2019)
Podem ser pagas
antecipadamente
de forma
Podem ser fracionadas em até 3 vezes (havendo acordo entre as partes)
mensal, caso
Férias + 1/3 Constitucional conforme
 § 1º do art. 134 da CLT. e pagas até 2 dias antes do início do
haja acordo
gozo (art. 145 da CLT)
entre as partes
(art. 6º, III da
MP 905/2019)
20% se for paga
antecipadamente
de forma
mensal, caso
haja acordo
entre as partes
Indenização (Multa) sobre o (art. 6º, § 2º da
40% sobre o saldo do FGTS (art. 18, § 1º da Lei 8.036/1990) MP 905/2019);
saldo do FGTS
ou
40% se for paga
somente ao final
do contrato (art.
10, I da MP
905/2019)
Indenização (Multa) sobre o Não há direito à multa de 40% 20% se for paga
saldo do FGTS na Justa Causa ou antecipadamente
Pedido de Demissão de forma
mensal, caso
haja acordo
entre as partes
(art. 6º, § 2º da
MP 905/2019).
O pagamento
mensal (pela
metade) da
multa do FGTS
é irrevogável, ou
seja, ainda que a
rescisão seja por
justa causa ou
pedido de
demissão, o
empregador não
poderá mais
reaver o valor já
pago
2% sobre a
remuneração
Alíquota do FGTS 8% sobre a remuneração (art. 15 da Lei 8.036/1990)
(art. 7º da MP
905/2019)
Não se aplica o
art. 479 da CLT,
pois deve ser
aplicada a
cláusula
Indenização equivalente a metade da remuneração a que teria direito até o assecuratória do
Rescisão Antecipada do Contrato
termo de contrato (art. 479 da CLT) direito recíproco
de rescisão
prevista no art.
481 da CLT (art.
11 da MP
905/2019)
Há direito ao
benefício do
Em contrato por tempo determinado não há direito ao seguro-desemprego,
seguro-
Seguro-Desemprego por não se enquadrar como dispensa sem justa causa (art. 2º, I da Lei
desemprego (art.
7.998/1990)
12 da MP
905/2019)
De acordo com
o art. 9º da MP
905/2019, as
empresas são
  isentas dos
encargos sobre
A contribuição prevista no  art. 22, inciso I da
Lei 8.212/1991, o salário-
a folha de
Encargos Sociais educação e os encargos sobre terceiros incidem normalmente sobre a
pagamento,
folha de pagamento
desde que o
salário pago ao
empregado
esteja limitado a
1,5 salário
mínimo.
 
Bases: Medida Provisória 905/2019 e os citados no texto.
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