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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS DO PONTAL

Estudante:________________________________________________ Data: 15/09/2021

Questão 01. Responda as questões a e b:


a) Explique as ligações que ocorrem para o átomo de carbono nas estruturas cristalinas do
grafite e diamante (Figura abaixo).
Resposta: O átomo de carbono apresenta configuração eletrônica 1s2 2s2 2p2;
consequentemente, evidenciam-se quatro elétrons de valência, contudo o orbital p possui
apenas dois elétrons distribuídos. Logo, torna-se viável, a fim de se formarem ligações
químicas, a hibridização, uma vez que um elétron do 2s é promovido ao 2p; a partir disso,
tais orbitais tornam-se capazes de sobreposição. A sobreposição dos orbitais pode ocorrer
de forma frontal, a qual chamamos de ligação sigma, com maior recobrimento dos mesmos,
principalmente entre orbitais ss, sp e pp. Já para a sobreposição dos orbitais de maneira
lateral, denominamos ligação pi, em que não se constata a participação do orbital s, sendo,
então, a partir dos orbitais p, d e f.
Na estrutura cristalina do grafite, notam-se folhas planas de carbonos ligados
covalentemente na forma de hexágonos, uma vez que esta seja a estrutura de menor
energia e, logo, a mais viável para os átomos se estabilizarem. O carbono central de cada
hexágono liga-se a outros três carbonos e, assim, sucessivamente por toda folha; a
hibridização destes carbonos pode ser considerada sp2, visto que apenas três elétrons de
valência participam da formação das ligações sigma, enquanto o quarto elétron encontra-se
desemparelhado no orbital p perpendicular à mistura sp 2, a fim de se formar uma ligação pi.
Na estrutura cristalina do diamante, nota-se um arranjo cúbico de carbonos ligados
covalentemente na forma de tetraedros, em que se visualiza que cada átomo de carbono se
liga a outros quatro, com distância de 0,15 nm. Assim, cada átomo de carbono na estrutura
apresenta hibridização sp3 e, logo, todos os orbitais p participam da ligação sigma.
b) Qual forma alotrópica possui maior condutividade elétrica? Justifique sua resposta.
A forma alotrópica do carbono que possui maior condutividade elétrica é o grafite.
Isto porque, conforme dito anteriormente, o grafite apresenta estrutura com folhas planas de
carbonos e cada átomo possui um elétron desemparelhado em um orbital p, para formar
ligação pi. Logo, em cada folha plana constata-se uma onda de elétrons, os quais são
capazes de conduzir corrente elétrica. Diferentemente do diamante, que todos os orbitais p
participam da ligação sigma, não havendo uma onda de elétrons para conduzir corrente
elétrica.
Questão 02. Responda as questões a e b:
a) Dados os potenciais-padrões de redução, é verdadeira a afirmação: “o alumínio metálico
não estável em meio de ácido clorídrico”?
b) E em meio de ácido nítrico, o alumínio é estável?
Justifique suas respostas e escreva as equações químicas envolvidas.
Dados: Al3+(aq) + 3e-→Al(s) E= -1,66 V
2H+(aq) + 2e- →H2(g) E= 0,0 V
NO3-(aq) + 2H+(aq) + e- → NO2(g) + H2O(l) E= + 0,79 V

Questão 03. Responda as questões a e b:


a) Coloque em ordem crescente de ângulo de ligação os hidretos dos elementos do Grupo
15 (NH3, PH3, AsH3 e SbH3). Justifique sua resposta.
Resposta: Colocando-se os hidretos do Grupo 15 em ordem crescente de ângulo de
ligação, observa-se SbH3 < AsH3 < PH3 < NH3, visto que o ângulo de ligação entre H-Sb-H,
conforme a literatura, seja de 91°18’; entre H-As-H seja de 91°48’; entre H-P-H seja de
93°36’; por fim, entre H-N-H seja de 107°48’.
É notório que, para estes hidretos, o ângulo de ligação diminui à medida em que se
desce no grupo 15 e, logo, à medida em que se aumenta o raio atômico. O elemento
nitrogênio apresenta número atômico igual a 7 e configuração eletrônica 1s2 2s2 2p3; o
elemento fósforo apresenta número atômico igual a 15 e configuração eletrônica 1s 2 2s2 2p6
3s2 3p3; o elemento arsênio apresenta número atômico igual a 33 e configuração eletrônica
1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p3; o elemento antimônio apresenta número atômico igual a 51
e configuração eletrônica 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10 5p3. Logo, quando
estabelecidas as ligações destes elementos com o hidrogênio e utilizando-se a Teoria da
Repulsão dos Pares Eletrônicos de Valência para prever a geometria das moléculas. A partir
disso, três pares de elétrons são denominados de pares ligantes, por participarem da
ligação covalente entre o átomo central e os átomos de hidrogênio, enquanto um par é
denominado não ligante (ou isolado), presente no átomo central. Tal estrutura descrita pode
ser representada por um tetraedro, o qual, teoricamente, apresenta ângulo de ligação de
109°27’, de acordo com a literatura. Em NH 3, porém, tal ângulo de 109° 27’ é distorcido para
107°48’, como apresentado, devido à presença de pares não ligantes no átomo central, que
são capazes de provocar repulsão dos pares ligantes. Já para os demais hidretos, como
PH3, AsH3 e SbH3, à medida em que o raio atômico aumenta ao se descer no grupo, menor
a chance de um efetivo recobrimento (sobreposição) dos orbitais para formação de ligação
pi. Consequentemente, maior o comprimento da ligação e, logo, os pares de elétrons
ligantes tornam-se mais afastados do átomo central. Assim, o par de elétrons isolado
(nuvem eletrônica) é capaz de distorcer, ainda mais, o ângulo de ligação para PH 3, AsH3 e
SbH3.
b) Descreva a ligação química nas moléculas BCl3 e AlCl3. Qual o modelo de ligação é
aplicado para cada molécula?
Primeiramente, o tricloreto de boro (BCl 3) pode ser considerado uma molécula
trigonal planar (com ângulo de 120°), de acordo com o previsto pela Teoria da Repulsão dos
Pares Eletrônicos de Valência; isto porque o boro apresenta três elétrons de valência e,
ainda, após a formação das ligações, na qual se utiliza a sobreposição de um orbital s e dois
orbitais p, o átomo de boro apresenta apenas seis elétrons em seu nível mais externo,
sendo, portanto, considerado deficiente de elétrons. A partir da hibridização sp 2, é
indubitável que o orbital 2pz encontra-se vazio e, logo, perpendicular aos três orbitais
híbridos sp2 (das três ligações B-Cl); assim, o átomo de boro pode atingir o octeto, uma vez
que o orbital 2pz é capaz de receber outros dois elétrons de um dos três átomos de cloro,
através da formação de ligações dativas. Portanto, o boro, sendo o elemento de menor raio
atômico do grupo 13, e, ademais, com maior chance de recobrimento efetivo dos orbitais,
consegue atingir o octeto a partir da formação de ligação pi. Conclui-se, então, que os
haletos de boro são compostos covalentes.
Já o tricloreto de alumínio (AlCl 3), o mesmo pode ser considerado dimérico, a fim de
atingir o octeto. Isto ocorre porque o elemento alumínio apresenta apenas três elétrons de
valência e, após estabelecidas as três ligações covalentes com o cloro, resulta-se a seis
elétrons; diferentemente do boro, o alumínio possui maior raio atômico, o que dificulta o
recobrimento efetivo dos orbitais, a fim de se formarem ligações pi e, assim, haver influência
para que o cloro atinja o octeto. Ademais, ressalta-se que o AlCl 3, quando anidro (não
contém água em sua estrutura) pode ser considerado um composto covalente; contudo,
quando em solução (dissolvido em água), AlCl3 é capaz de liberar íons (Al3+ e 3Cl-). Para
que este caráter iônico seja predominante, é necessário que a energia de hidratação dos
íons Al3+ e Cl- seja superior à energia de ionização do íon Al3+.

Questão 04. Explique, descrevendo as reações químicas, o que acontece quando dióxido
de carbono é borbulhado em uma solução de hidróxido de cálcio. O que acontece quando
excesso de dióxido de carbono é borbulhado à solução?
Resposta: Primeiramente, o dióxido de carbono (CO2) pode ser considerado um
óxido ácido, o qual reage com bases, formando sais e água. Já o hidróxido de cálcio
(Ca(OH)2), trata-se de uma base forte obtida pelo aquecimento do carbonato de cálcio
(CaCO3), transformando-se em óxido de cálcio (CaO), conforme a reação CaCO 3(s)  CaO(s)
+ CO2(g). A partir disso, o óxido de cálcio (CaO) é hidratado, chegando-se ao hidróxido de
cálcio (Ca(OH)2) como em CaO(s) + H2O(l)  Ca(OH)2(s).
Por conseguinte, quando necessária a detecção de CO2, por exemplo, no ar expirado
pelos seres vivos, o gás pode ser borbulhado em uma solução de hidróxido de cálcio
(Ca(OH)2), formando um precipitado branco (sal) e água, conforme a reação CO 2(g) +
Ca(OH)2(aq)  CaCO3(s) + H2O(l), sendo o carbonato de cálcio (CaCO3) o precipitado branco.
Por fim, quando uma maior quantidade (excesso) de dióxido de carbono (CO2) passa
a ser borbulhado na solução de hidróxido de cálcio (Ca(OH) 2), nota-se a formação de
bicarbonato de cálcio, a partir da reação CO 2(g) + CaCO3(s) + H2O(l)  Ca(HCO3)2(aq). Assim,
observa-se o bicarbonato de cálcio (Ca(HCO3)2) mais solúvel se comparado ao carbonato de
cálcio (CaCO3), contribuindo para o desaparecimento do precipitado.

Questão 05. Discuta os motivos que levam os elementos do grupo 13 a formarem


compostos trivalentes e monovalentes.

Questão 06. Responda:


a) Por que não são conhecidos haletos de nitrogênio do tipo NX5?
Resposta: Primeiramente, o elemento nitrogênio apresenta número atômico igual a 7
e, logo, configuração eletrônica 1s2 2s2 2p3. Através disso, nota-se raio atômico menor em
comparação com os demais elementos do grupo 15. Consequentemente, maior é a
proximidade, em relação ao núcleo, dos elétrons distribuídos nos níveis e subníveis de
energia; logo, maiores são as energias de ionização e, assim, mais difícil para retirada
destes elétrons. Além disso, o nitrogênio, com base na configuração eletrônica citada acima,
não apresenta orbitais d acessíveis e, dificilmente número de coordenação maior do que 4;
isto porque o segundo nível eletrônico pode conter até oito elétrons (2s 2 2p6) e, portanto,
quatro ligações. Tais fatores impedem a formação de pentahaletos.
b) O nitrogênio forma uma gama variada de compostos em muitos estados de oxidação.
Explique porque a molécula N2 tem uma reatividade tão baixa?
Resposta: Primeiramente, o elemento nitrogênio apresenta menor raio atômico
perante os demais elementos do grupo 15; logo, maior recobrimento dos orbitais para formar
a tripla ligação na molécula diatômica N2. Assim, esta molécula possui menor comprimento
de ligação (cerca de 109 pm, de acordo com a literatura) e maior energia de ligação (cerca
de 945 kJmol-1, de acordo com a literatura), principalmente, se comparada com demais
moléculas diatômicas com elementos do grupo 15, como, por exemplo, P 2; isto porque o
elemento fósforo possui maior raio atômico e, assim, menor sobreposição efetiva dos
orbitais, apresentando, então, molécula diatômica P2 com maior comprimento de ligação
(cerca de 189 pm, de acordo com a literatura) e menor energia de ligação (cerca de 489
kJmol-1, de acordo com a literatura).
Ademais, retornando ao ponto principal do enunciado, o nitrogênio molecular (N 2),
pode ser considerado uma superfície inerte, com baixa reatividade, em função,
principalmente, de fatores cinéticos, envolvendo a velocidade da reação, e termodinâmicos,
envolvendo o balanço energético da reação. Isto porque, primeiramente, nota-se uma
lentidão nas reações envolvendo N2, devido à barreira energética envolvida na quebra da
ligação tripla (a título de comparação: 946 kJmol -1 para a ligação tripla, 413 kJmol-1 para a
ligação dupla, 161 kJmol-1 para a ligação simples), principalmente devido às duas ligações
pi. Logo, exige uma alta energia de ativação para a quebra, cabendo à nitrogenase o
enfraquecimento da ligação química no N2. Além disso, constata-se, a partir dos orbitais p, a
diferença de energia entre os orbitais moleculares ligantes e antiligantes homo-lumo. Esta
diferença é denominada de GAP e indica estabilidade da molécula; moléculas com alto valor
de GAP, como é o caso de N2, são consideradas altamente estáveis e, portanto, com baixa
reatividade. Logo, a passagem de um elétron do orbital de fronteira homo (ocupado por
elétrons) para o orbital de fronteira lumo (vazio de elétrons) é dificultada, afetando, assim, o
processo redox. Por fim, a molécula N2 apresenta, ainda, baixa polarizabilidade, portanto,
baixa distorção da configuração eletrônica para interagir com um campo elétrico.
Termodinamicamente, N2 apresenta baixa reatividade uma vez que, pelo diagrama de
energia, o orbital molecular σx apresenta maior energia que os orbitais moleculares πy e πz;
estes últimos, devido à menor energia e maior proximidade com o orbital atômico s,
apresentam maior caráter s. A partir disso, quando a carga nuclear é aumentada ao longo
do período, este caráter s decresce, a exemplo do que ocorre com elementos do grupo 16;
assim, os orbitais moleculares πy e πz passam a apresentar maior energia que o orbital
molecular σx. Assim se explica a capacidade de N 2 arrastar O2 do meio, mas evita participar
da reação.

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