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Fichamento do texto: “Jogar Representar” de Jean-Pierre Ryngaert

Joseane da Silva Santos

“Os participantes de uma oficina de jogo não têm a ambição de adquirir um savoir-faire
profissional. Entretanto, desde que se trate de um jogo teatral, aparecem modelos
implícitos e com eles a ideia de que há “bons jogadores” e “maus jogadores”.” (p.43);

“Quando se trata de descrever o jogo teatral, a tendência é reter apenas os aspectos mais
visíveis, ou mesmo mais evidentes. Tão evidentes que às vezes o jogo é confundido com
seus excessos.” (p.43);

“Os maiores atores são discretos sobre os mecanismos que lhes são familiares, às vezes
porque não conseguem descrevê-los.” (p.44);

“A paralisia é uma dificuldade familiar ao jogador iniciante, talvez a mais comum.”


(p.45);

“Uma das funções do jogo é derrubar uma parte das defesas que provocam a inibição.”
(p.45);

“Há poucos exemplos de inibição propriamente dita, exceto em casos extremos que
apenas aparecem raramente em nossas oficinas.” (p.47);

“A capacidade do jogo não é uma qualidade intrínseca, que paira no ar. Ela se manifesta
quando a ocasião real permite representar para si diante dos outros, fora de qualquer
noção de prova ou de exercício.” (p.47);

“Tanto no adulto como na criança, trata-se de brilhar a qualquer preço.” (p.48);

“O cabotinismo naturalmente agrada, mesmo em suas manifestações mais


espalhafatosas.” (p.48);

“Cabe ao responsável pela oficina propor as instruções que relancem o jogo,


enfatizando o engajamento individual, o risco pessoal e a concentração.” (p.49);

“O abandono total a um “estado de jogo” não é vivido facilmente por um adolescente ou


um adulto que não tem tal hábito de concentração.” (p.49);
“O jogo existe precisamente por esse estado de tensão do jogador que faz como se ela
estivesse totalmente absorvido pela situação, quando ele é capaz de escapar
instantaneamente dela.” (p.50);

“Os professores das escolas de teatro conhecem bem as deformações de jovens alunos
que de boa-fé demonstram uma parte de seu savoir-faire a cada vez que a ocasião se
apresenta.” (p.51);

“O principal interesse da arte viva reside nessa capacidade de produzir instantes


longamente preparados e, no entanto, arriscados, uma vez que, se a qualidade da
apresentação no aqui e agora depende em grande parte da preparação, ela existe também
pela aptidão dos atores para refazer como se fosse a primeira vez, com a mesma
inocência, o mesmo prazer e o mesmo frescor.” (p.52);

“O jogo desliza nos espaços mais ínfimos entre dois atores, dois jogadores; ele existe,
de maneira precária, apenas no movimento que o faz nascer, no jorro do instante que
possibilita seu surgimento.” (p.53);

“A capacidade de jogo de um indivíduo se define por sua aptidão de levar em conta o


movimento em curso, de assumir totalmente sua presença real a cada instante da
representação, sem memória aparente daquilo que se passou antes e sem antecipação
visível do que irá ocorrer no instante seguinte.” (p.55);

“A presença não se confunde com uma vontade de se mostrar de maneira ostensiva.”


(p.55);

“Mais modestamente, estar em jogo desencadeia uma disponibilidade sensorial e


motora, liberando um potencial de experimentação.” (p.56);

“O espaço do jogo, como espaço potencial, é um lugar no qual se experimenta a escuta


do outro, como tentativa de relação entre o dentro e o fora.” (p.56);

“Exagerando um pouco, chamo de ingenuidade a capacidade do jogador de não


antecipar o comportamento do outro mediante suas próprias reações.” (p.57);

“Na improvisação, o jogador que escuta a fala do parceiro apropria-se dela e a conduza
como desejar, na direção que lhe parecer mais propícia.” (p.58);
“Nessa relação de comunicação privilegiada, os jogadores disponíveis no espaço,
atentos às invenções repentinas, compreendem com facilidade propostas que
enriquecem o jogo e asseguram resposta da mesma natureza.” (p.59);

“O jogo desenvolve no individuo uma espécie de flexibilidade de reações, pela


diminuição das defesas e pela multiplicação das relações entre o fora e o dentro.” (p.60);

“No limite, parece-me difícil prever totalmente o início de uma oficina se não se
conhece o grupo, a sala, se não se está sensível à atmosfera daquele dia, daquele
instante.” (p.77);

“Um grupo que não se conhece e não sabe nada sobre as atividades que o esperam,
naturalmente tem necessidade de ganhar segurança.” (p.78);

“Alguns jogadores às vezes se espantam com a ruptura entre jogos agradáveis, nos quais
são solidamente enquadrados por um grande número de instruções, e o seu abandono
em situações posteriores de improvisação.” (p.80);

“A escuta mútua é indispensável para os parceiros discutirem, sempre que possível, o


conteúdo de uma sessão ou a evolução de um trabalho.” (p.255);

“A divisão de tempo é determinado para a evolução e a progressão de um trabalho de


longa duração (um ano por exemplo).” (p.256);

“O formador adapta-se ás novas situações, sabe jogar a partir de suas próprias


instruções, é capaz de reinventa-las, modificando-as, ainda que superficialmente.”
(p.257);

“É indispensável que se pratique a criação de instruções, reagindo-as para si mesmo e


que se avalie a pertinência da redação.” (p.258);

“Distribuir a fala, fazê-la circular, saber tomá-la sem monopolizá-la, ousar proibi-la
quando é proferida num momento inoportuno, sem ferir aquele que queria falar, são as
principais tarefas.” (p.258);

“A confiança permite ao participante arriscar-se a dizer e a fazer, sabendo que não está
sujeito a uma censura brutal.” (p.259);
“Cabe ao formador ajudar nessa formulação, seja por um trabalho de verbalização, seja
por um trabalho com imagens ou improvisações que auxiliem, por meio do jogo, a
exprimir as direções de trabalho que os participantes desejam adotar.” (p.261);

“Não é desejável que se confunda os momentos nos quais os participantes vivem uma
experiência de aprendizagem com aqueles em que se preocupam com uma eventual
transmissão, caso sejam formadores, educadores, professores.” (p.262);

O texto aborda a pratica do jogo, não fazendo parte apenas da formação do ator,
mas também do indivíduo que se desenvolve ao se ver de frente com o inesperado, com
o outro e consigo mesmo.

Ele trata de questões que estão intrínsecas nos jogos e jogadores, sejam eles
profissionais de teatro ou não. A capacidade de jogo aborda que os participantes de
oficinas de teatro, não tem a mesma ambição e savoir-faire de um profissional. Os
obstáculos do jogo trás as dificuldades que são comuns nos grupos de oficinas teatrais,
são: a inibição, a extroversão, a negação ao jogo e o savoir-faire limitado. Esses
obstáculos devem ser observados pelo mediador e trabalhados para não comprometerem
o desenvolvimento do jogo.

A favor do jogo seria o oposto aos obstáculos, assim sendo, são importantes para
dar movimento ao jogo, são elas: a presença, a escuta, a ingenuidade, reação,
imaginação, cumplicidade e júbilo.

Os jogos de entrar em cena são baseados na improvisação. É pôr-se à prova,


trabalhar com o inesperado através de cenas improvisadas.

Por último o texto aborda a funções do formador em atividades dramáticas, que


seria a orientação das atividades em grupo. Esse mediador deve organizar bem o tempo,
ter um domínio de um estoque de propostas de instruções e de jogos, ter clareza na
formulação das instruções, a fala deve circular por toda a sala, estabelecer um clima de
confiança, introduzir uma informação sobre as possibilidades de transmissão, examinar
questões técnicas e ajudar o participante a definir a natureza de sua demanda.

O livro “Jogar Representar” é fundamental para aqueles que já são professores


de teatro, como também para aqueles que ainda estão em formação, pois ele aborda de
maneira clara e simples a importância de jogar para que é ator e principalmente para
quem não é. Trazendo de uma maneira objetiva as questões acerca da natureza dos
jogos teatrais.

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