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Oil Fantasy

Manifesto Oil Fantasy #07: Oportunidades e


perigos paralelos
postado por Rafael Balbi em fevereiro 06, 2023

Uma das coisas mais legais do RPG é a possibilidade de confluirmos nossas


criatividades, mas para isto é necessário admitir que nem sempre nossas
vontades estarão alinhadas e que isso não pode emperrar o jogo; muito pelo
contrário. Afinal, se isto é típico desta mídia, ele tem que crescer com as
diferenças!

Comporte oportunidades e perigos paralelos em seu desafio. Pergute-me como!

Situação e contexto
Uma dica comum dada a mestres é a seguinte: não prepare roteiros, prepare
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situações. A situação é o contexto do desafio, é o que lhe dá
tridimensionalidade e profundidade, e traz elementos à ficção que podem ser
abordados e utilizados pelos jogadores ao perceberem novas oportunidades,
possibilidades e perigos.

Poder trabalhar esse contexto para o desafio, com antecedência, permite


aprofundá-lo e facilita o improviso quando o jogo estiver correndo. Estimula,
principalmente, que os jogadores vejam e intepretem a situação diferente do
mestre e o surpreendam, ao passo que percebem que há uma base sólida para
atuarem, o que faz muito bem para o RPG.

Espiralando desafios e oportunidades

Nutrindo bem o desafio de contexto, portanto, você dá oportunidade aos


jogadores utilizarem-no para superar o problema proposto e perceberem novas
oportunidades. Por outro lado, dá também corda para se enforcarem.

Conforme a ficção é explorada e o mudo de aventuras responde às decisões dos


jogadores, seus elementos podem criar espirais de desafios e oportunidades,
piorando ou melhorando as situações e as chances do grupo em superarem seus
desafios.

A armadilha flamejante que pode mater um


personagem imprudente é a mesma que pode ser
utilizada para incinerar fungos venenosos que
dominam a antesala do tesouro.
A mesma porta de bronze, imensa e pesada, que bloqueia a entrada pra o
esconderijo do lich, pode ser um tesouro levado de volta à civilização, e ao
mesmo tempo atrapalhar os jogadores a se moverem pelos ermos, na volta, ou
ajudá-los a evitarem as investidas aéreas de uma serpe, mais à frente.
Poder explorar o contexto em torno do desafio principal e ver as situações
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evoluírem, para bem e para mal, faz as decisões e a criatividade dos jogadores
gerarem impacto na fição para além do quintal do mestre, gerando imersão e a
percepção da agência, portanto pense e anote coisas como:

- Elementos narrativos: quem são as pessoas envolvidas no problema? O que


querem? Seu principal traço de personalidade? Qual a história do local? Será
que o Troll debaixo da ponte esconde um coração partido?

Os elementos narrativos são aqueles relativos ao que houve até se chegar na conclusão
e detalhes dos personagens no encontro.

- Elementos de verossimilhança: como é o ambiente? Como ele é influenciado


pelos componentes do desafio? Quais vestígios há em torno? Será que o Troll
defende a ponte porque ela é uma passagem para Arcadia? Será que ela está em
ruínas?

Os elementos de verossimilhança dizem respeito ao que faz sentido existir por ali e
como são as situações presentes.

- Playground: tem alguma armadilha no local? Há algum aviso sobre o Troll no


caminho? Será que há um dique represando uma quantidade massiva de água?
Será que está chovendo ao longe e há a possibilidade de uma tromba d'água?
Será que o Troll guarda algum tesouro debaixo da ponte?

Os elementos de playground dizem respeito a elementos de jogo, coisas que podem gerar
mais interatividade, evoluir as situações, etc.

Fontes interessantes nos jogos

Os jogos costumam ajudar a criar contextos, não só com algum cenário


eventual que descreva, mas também por tabelas, geradores, descrições de
monstros, etc. Um exemplo é o tipo de impulso criativo que vem da rolagem
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nas tabelas de encontros do D&D clássico, com o mapa aberto.

Os resultados das tabelas podem ajudar a popular o mundo, junto com o


contexto gerado pelas características e habitat de cada criatura, sua eventual
organização social e até o tipo de tesouro que guardam.

Claro que você irá certamente improvisar detalhes e dinâmicas dos encontros;
eventualmente ter tabelas para ajudar no improviso pode ser importante, mas
preparar um repetório é interessante para informar o diálogo criativo com mais
consistência.

Por exemplo: você improvisa um monstro e, depois que ele é derrotado, rola seu
tesouro. Digamos que você o resultado indique uma espada mágica. Por mais
que você possa, certamente, improvisar uma desculpa para a criatura não usar a
espada que tinha ao ser atacada pelo grupo, se você tivesse preparado antes a
situação, ela não só poderia usar a arma em combate, mas você teria tempo para
pensar informações legais como quem fez a arma, qual seu propósito, qual seu
nome, commo foi parar na mão de tal criatura e muitos outros detalhes que
dariam muito mais contexto à cena e chances de interação, sem depender da
fagulha do improviso.

Nem sempre é possível improvisar, mas ter repertório nunca atrapalha e


anotações não precisam ser jogadas no lixo. Elas podem sempre ser
reaproveitadas caso não tenham entrado na ficção ainda.
Oil Fantasy Preparando aventuras de RPG com D&D Rules Cy…
Cy…

Criar contexto gera elementos de jogo e deixa que os jogadores explorem e


surpreendam o DM em cima de uma estrutura que facilita o improviso de
todos. Isso se relaciona intimamente com uma postura muito importante do
mestre frente o melhor desafio: promover amplitude de soluções, que é o
próximo tema.
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