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Os metais alcalinos, possuem somente um único electrão de valência. Esse electrão é fácil de
remover para tornar estáveis os elementos, o que os torna bastante reactivos, ocorrendo, por isso,
na natureza, na forma de compostos.
O sódio e o potássio são os elementos mais abundantes do grupo. Eles são respectivamente o 7º e
o 8º elementos mais abundantes da terra. Ocorrem em grande quantidade na água dos mares ou
em compostos como o NaCl, bórax Na2B4O7.10H2O, trona Na2CO3.NaHCO3.2H2O, NaNO3,
tenardite Na2SO4, mirabilite Na2SO4.10H2O, criolite Na3AlF6, carnalite KCl.MgCl2.6H2O,
silvite KCl, leucite K2AlSi2O6, ortoclase KalSi3O8, filipsite KCaAl3Si5O16 e cainite
MgSO4.KCl.3H2O.
Os restantes metais alcalinos são raros. O lítio aparece na espodumena LiAl(Si2O6), lepidolite
K(Li,Al,Rb)3(Al,Si)4O10(F,OH)2, petalite LiNaAlSi4O11, trifilite (Li, Na)(Fe, Mn)PO4 e
ambligonite (Li,Na)Al(PO4)(F,OH). O césio e o rubídio são obtidos como produtos secundários
durante o processamento de lítio. O frâncio, por ser radioactivo, é o mais raro. Tem um tempo de
meia vida de T1/2 = 21 minutos.
Como os elementos IA têm somente 1 electrão de valência, os seus valores de energia de ligação
são baixos e, por isso, apresentam menores pontos de fusão e ebulição entre os metais. À
temperatura ambiente, todos os metais do grupo adoptam a estrutura cúbica de corpo centrado
(ccc), com o número de coordenação 8. Contudo, a temperaturas muito baixas, o lítio forma uma
estrutura hexagonal de empacotamento compacto com número de coordenação 12. Os metais
alcalinos são macios e moles, sendo o lítio o mais duro de todos, apresentam o brilho típico dos
metais e conduzem calor e electricidade. Estas propriedades podem ser interpretadas em termos
de estrutura e tipo de ligação que existe nos metais. Os electrões de valência deixam de pertencer
a um átomo específico e passam a fazer parte de toda a rede metálica. Eles podem mover-se de
forma mais ou menos livre por toda a estrutura. Esta mobilidade dos electrões é responsável pela
elevada condutividade térmica e eléctrica dos metais.
Os elementos IA emitem facilmente electrões ou são facilmente excitados sob acção de radiação,
como mostram os seus valores muito baixos de potencial padrão de redução, o que sugere
facilidade de oxidação. Quando excitados por meio de uma chama, os electrões, no seu regresso
ao estado fundamental, emitem energia ΔE = hυ, que é acompanhada por uma cor característica
na chama. O lítio tem uma cor vermelha, o sódio amarela, o potássio lilás, o rubídio e o césio
azul/violeta. Este fenómeno é usado na química analítica qualitativa para detectar a presença
destes elementos numa amostra.
As suas soluções aquosas conduzem corrente eléctrica. A sua capacidade de conduzir a corrente
eléctrica decresce na sequência: Cs+ ˃ Rb+ ˃ K+ ˃ Na+ ˃ Li+, contrariamente ao que seria de
esperar face a menor mobilidade de partículas menores. Isto deve-se ao facto de os iões com
menor tamanho serem fortemente hidratados, o que reduz a sua mobilidade.
Obtenção
Os elementos deste grupo são redutores mais fortes e não podem, por isso, ser obtidos por
redução dos seus óxidos ou outros compostos. Também não podem ser obtidos a partir da
electrólise de soluções aquosas devido a reacções concorrentes que levam a obtenção de
produtos indesejados.
Assim, são obtidos normalmente por electrólise de sais fundidos. A electrólise de sais fundidos é
usada normalmente para metais muito eletropositivos. Por causa das temperaturas elevadas a que
se trabalha, são processos caros, exigem investimentos elevados em equipamentos para o
trabalho à altas temperaturas e têm custos elevados de energia. Estes processos são usados
normalmente quando outros processos não são aplicáveis.
O lítio e o sódio são obtidos através da electrólise dos seus cloretos fundidos. Por não cumprir
com todos os requisitos exigidos aos eletrólitos usados nestes processos, como uma baixa
temperatura de fusão, conductividade eléctrica elevada, viscosidade baixa e não dissolver o metal
3 Adélio Cônsula Química Inorgânica I - 2016
formado, trabalha-se normalmente com misturas de sais. Por exemplo, na electrólise de NaCl
fundido adiciona-se CaCl2 até aproximadamente 2/3 para baixar o ponto de fusão de 803 até
505oC.
A energia eléctrica que é usada na electrólise para provocar reacções redox não espontâneas é
usada para remover electrões dos iões cloreto e forçá-los (passá-los) aos iões sódio:
O potássio é obtido ao reduzir KOH ou KCl fundido com sódio, enquanto que rubídio e césio são
preparados por redução dos seus cloretos fundidos com cálcio.
Propriedades Químicas
Os elementos deste grupo são muito reactivos, aumentando a sua reactividade ao descer no
grupo, devido a diminuição da energia de ionização. Com a água, os metais alcalinos reagem
formando os respectivos hidróxidos e libertando H2:
2M + 2H2O → 2MOH + H2
Durante a reacção dos metais alcalinos com o oxigénio, estes mostram um comportamento
variado:
O lítio é o único que mesmo na presença de excesso de oxigénio forma somente o Li2O.
Li + O2 → Li2O
2Na + O2 → Na2O2
M + O2 → MO2
Os compostos do tipo M2O são óxidos básicos. Com efeito, reagem com ácidos para formar sais
e água. A sua basicidade aumenta ao descer no grupo. Os peróxidos e superóxidos são oxidantes.
2M + H2 → 2MH
Esses hidretos possuem propriedades básicas e por isso reagem com a água, formando o
hidróxido respectivo, mas também libertam hidrogénio:
MH + H2O → MOH + H2
Os halogenetos dos elementos IA podem ser obtidos, no geral, por combinação directa desses
metais com os halogénios.
2M + X2 → 2MX
2M + 2HX → 2MX + H2
O lítio é o único elemento do grupo que reage directamente com o nitrogénio, formando o
nitreto.
6Li + N2 → 2Li3N
3M + P → M3P
3M + As → M3As
3M + Sb → M3Sb
Os metais alcalinos também reagem com os restantes elementos do grupo dos calcogénios, tais
como S, Se e Te, formando sulfuretos, selenetos e teluretos, respectivamente.
2M + S → M2S
2M + Se → M2Se
2M + Te → M2Te
Lítio: é usado na gaseificação do cobre e suas ligas e o endurecimento de ligas à base de chumbo
e cálcio. Na medicina o lítio é empregado sob a forma de bicarbonato, utilizado no combate à
uremia - excesso de ácido úrico no sangue - pela sua facilidade de formar sais solúveis com este
ácido. O hidreto (LiH) e o hidreto misto de lítio-alumínio (LiAlH4) são empregados na química
orgânica como fornecedores de iões hidreto (redutores enérgicos) e o LiOH para absorver CO2.
O cloreto, o sulfato e o nitrato são altamente deliquescentes, isto é, possuem uma forte tendência
a absorver água e a se liquefazerem. Por isso estes sais são utilizados em sistemas de
condicionamento de ar, participando da confecção de elementos higroscópicos. Também utiliza-
se o carbonato de lítio para endurecer vidros e espelhos.
Sódio: o cloreto de sódio é largamente utilizado na alimentação, além de servir para conservar
carnes, para se obter misturas refrigerantes e para a preparação de outros sais de sódio. O nitrato
é usado como fertilizante, no tratamento de minérios de níquel, na preparação de vidros e como
integrante de misturas explosivas (a própria pólvora tem como um de seus componentes o nitrato
de sódio, conhecido como salitre do Chile).
Sob a forma de vapor, o sódio é usado nas lâmpadas que iluminam os túneis e nas lâmpadas de
rua. É também utilizado no interior de válvulas de admissão de combustíveis e nos cilindros de
combustão dos aviões, impedindo que, durante a combustão, as válvulas fiquem submetidas a
temperaturas muito elevadas, o que provocaria o desgaste excessivo. Também o hidróxido de
Potássio: o potássio metálico apresenta pouco interesse industrial, mas combinado com o sódio,
na proporção de 70% do total, ele forma uma liga de grande aplicação, servindo como veículo de
condução de calor em máquinas térmicas, devido ao alto calor específico dessa mistura. Encontra
enorme importância no campo dos fertilizantes, especialmente como cloreto e como sulfato.
Nos processos químicos os sais de potássio são preferidos aos de sódio, por possuírem maior
solubilidade e melhor cristalização. Na indústria de vidros e sabões é importante o carbonato de
potássio (K2CO3) e, na preparação da pólvora, o nitrato (KNO3). O superóxido de potássio é
empregado em aparelhos de respiração e em submarinos, e o KBr encontra uso na fotografia.
Rubídio: juntamente com o césio, é utilizado em masers - aparelhos usados para amplificação de
microondas por meio de emissão estimulada de radiação. Os masers são gerados de microondas
dotados de frequência rigorosamente constante. Dentre seus usos, um dos mais importantes é
servir de padrão de tempo para relógios de extrema precisão. Também a relação entre rubídio e
estrôncio numa rocha permite-nos conhecer sua idade.
Tal como veremos nos outros grupos, os primeiros elementos de cada grupo apresentam algumas
particularidades, em termos de comportamento, que os diferenciam dos restantes elementos.
O lítio tem uma temperatura de fusão e de ebulição anormalmente elevada e é muito mais
duro.
1. Quais as fontes principais dos elementos do grupo dos metais alcalinos? Como estes
elementos são obtidos?
2. Fale da reactividade dos elementos do grupo dos metais alcalinos. Que tipo de óxidos e/
hidróxidos formam estes elementos?
3. Como varia o carácter básico e a solubilidade dos hidróxidos dos metais alcalinos?
7. De uma amostra de KCl e de NaCl com uma massa total de 0,1225 g obteve-se um
precipitado de AgCl com a massa de 0,2850 g. Calcular a composição percentual de KCl
e de NaCl na mistura.