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O actual contexto económico e social vem desta forma, influenciar o ambiente escolar que se
apresenta cada vez mais conflituoso e carente de ajuda psicológica e social que pode ser
melhorada com o reforço de recursos humanos especializados e aptos a contribuir para atenuar
desequilíbrios, reforçando de forma favorável a função da Escola e contribuindo para uma
sociedade “mais saudável” e equilibrada.
A intervenção socioeducativa é uma área de saber que tem como objectivo a definição de
estratégias para a integração de famílias, crianças, jovens e adultos que correm risco de ser
marginalizados socialmente.
Os conhecimentos e informações decorrentes das investigações desenvolvidas em torno da
resiliência no âmbito da intervenção social, têm permitido avanços na realização de intervenções
nos domínios educativos e sociais, levando à implementação de programas de prevenção e
intervenção social.
Os educadores sociais são profissionais de intervenção social, pautados pela sua polivalência
técnica, multiplicidade de funções e contextos onde pode intervir. O educador social é um agente
de mudança social e de mediação que procura satisfazer as necessidades da sociedade, utilizando
estratégias de intervenção educativas e socioeducativas.
A intervenção socioeducativa consiste numa acção de intervenção, na qual o sujeito tem uma
função activa e directa na sua própria intervenção, sendo necessário que o técnico tenha em conta
as necessidades e especificidades do indivíduo. Seguindo a mesma linha de pensamento, Sarrate
Capdevila (2009) refere que a intervenção socioeducativa tem como finalidade “que sujeito
queira ver de si mesmo um projecto educativo permanente”.
Neste sentido, a intervenção socioeducativa não é consensual quanto aos métodos, metodologias
ou áreas de intervenção. Dias de Carvalho e Baptista (2004), referem que as metodologias ou
áreas de intervenção constituem-se como ferramentas que auxiliam na intervenção dos técnicos
sociais, mas que estão em constante transformação, tendo em conta as especificidades e
exigências da própria intervenção. No fundo, este também é o papel dos educadores sociais, visto
que devem basilar a sua intervenção num “saber de carácter técnico e instrumental”, mas não
devem descurar o caráter reflexivo e dinâmico perante as realidades situacionais. No entanto,
apesar da controvérsia gerada em torno das metodologias ou estratégias que a intervenção
socioeducativa pode assumir, importa compreender que a intervenção social deve focar-se “na
“actividade” a desenvolver, preocupando-se com os objectivos a alcançar, com o desenho das
estratégias e definição das técnicas para os pôr em marcha”.
Conceitos de factores de risco, proteção e coping
Segundo Couto (2007) os factores de risco são de natureza pessoal, social ou ambiental que
coadjuvam ou incrementam a probabilidade de os indivíduos virem a padecer de perturbações
psicológicas. Os factores de risco estão assim, associados a eventos negativos, os quais
potencializam resultados disfuncionais de ordem física, social e/ou emocional e predispõem os
indivíduos a resultados indesejáveis também em termos desenvolvimentais. Assim, considera-se
risco todo evento que se configura como obstáculo ao nível individual ou ambiental e que
potencializa a vulnerabilidade do indivíduo a resultados desenvolvimentais negativos.
Assim, as variáveis que aumentam a probabilidade da predisposição dos factores de risco, são:
(1) a quantidade e duração da exposição aos eventos estressores; (2) o significado atribuído pelo
sujeito do evento; (3) a acumulação de factores de risco; (4) a frequência da ocorrência dos
eventos estressores, e; (4) a capacidade de tolerância ao estressse.
Estamos assim, perante um factor de risco sempre que as características individuais e contextuais
manifestem a probabilidade de disfuncionalidade, uma vez que o indivíduo não apresenta a
capacidade de se adaptar e suportar a situação.
Rutter (1999) cit.in Wosiak et al. (2013) considera como cruciais ao desenvolvimento da
resiliência três factores de proteção: a) caraterísticas da personalidade: autonomia, autoestima,
orientação social positiva; b) harmonia familiar e ausência de conflitos; c) disponibilidade de
sistemas externos de apoio que animem e reforcem a capacidade do indivíduo de lidar com as
circunstâncias da vida..
Assim, conseguimos afirmar que a habilidade de estar resiliente difere dos diversos recursos que
cada indivíduo tem, que por sua vez, diferem de indivíduo para indivíduo e ainda do
desenvolvimento e das mudanças decorrentes ao longo da vida. No entanto, não nos podemos
esquecer que as interações dos recursos dos indivíduos no processo de resiliência são constantes,
mas não implica que esses mesmos recursos sejam estáticos, uma vez que as adversidades ao
longo da vida transformam os recursos dos indivíduos.
Segundo Taboada et al. (2006), referimo-nos a coping como o “conjunto das estratégias
utilizadas pelas pessoas para adaptarem-se a circunstâncias adversas ou estressantes”. Para
Hayman et al. (2016), o coping ou as estratégias de enfrentamento podem ainda, classificar-se
em coping centrado no problema/ coping assimilativo ou centrado na emoção/ coping
acomodativo. O coping centrado no problema consiste na adopção de estratégias mais
adaptativas que permitem efectivamente a alteração da situação, quer pela vontade de eliminá-lo
ou pela diminuição do impacto causado. Por outro lado, no coping centrado na emoção, o
indivíduo evita o confronto com a situação de adversidade, tentando substituir ou regular o
impacto desse evento. Neste sentido, os estudos desenvolvidos têm concluído que os indivíduos
que numa determinada situação estiveram resilientes, utilizam estratégias de coping focadas no
problema (Hayman et al., 2016).