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1. INTRODUÇÃO
Os dados mostram ainda que a maioria das denúncias tem como vítimas
meninas (66,4%) na faixa etária de 12 a 14 anos (5,3 mil). Logo atrás estão 5,1 mil
denúncias crianças de 2 a 4 anos. Nessa faixa etária, 52% das denúncias possuem
meninas como vítimas.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. Breve Histórico
1
BRASIL. Ministério da Cidadania e Direitos Humanos. Disponível em: Disque 100 tem mais de 6 mil
denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes em 2021 — Ministério dos Direitos
Humanos e da Cidadania (www.gov.br)
Isso porque, quando nasce, o indivíduo é inserido em grupos, o primeiro
deles é o familiar, em seguida tem-se os grupos vicinal (vizinhos), educativo, religioso,
profissional, lazer e político.
2
Vulnerabilidade Social no Contexto Escolar: Implicações no desempenho e aprendizagem. CONEDU.
Disponível em:
https://www.editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2019/TRABALHO_EV127_MD1_SA18_ID10744_280920
19210052.pdf. Acesso em: 03/07/2023.
p.6.
Como bem cita Paulo Freire em seu livro Pedagogia do Oprimido (Rio de
Janeiro, 1978): “Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho, os homens se
libertam em comunhão”.
3
Revista da Faculdade de Educação - Cáceres - MT - Ano II nº 2 / Jan-Jun 2004. Disponível em:
https://dokumen.tips/documents/contribuies-piagetianas-prtica-pedaggica-doa-.html?page=1. Acesso em
03/07/2023.
4
Piaget,1998a, p.153 apud Oliveira, 2004, p.53.
principalmente, nas situações em que se encontra em estado de vulnerabilidade
social.
Nesse contexto, fica claro os direitos que lhe são garantidos a cada
pessoa, direito à educação, à instrução, bem como é dever também da família,
prover e matricular seus filhos na escola.
(...) os pais devem tomar consciência de que a escola não é uma entidade
estranha, desconhecida e que sua participação ativa nesta é a garantia da
boa qualidade da educação escolar. As crianças são filhos e estudantes ao
mesmo tempo. Assim, as duas mais importantes instituições da sociedade
ontemporânea, a família e a escola, devem unir esforços em busca de
objetivos comuns.
Assim gestores, educadores e família precisam estabelecer uma relação
de confiança em prol da educação da criança. Porém, infelizmente, a família
transfere sua responsabilidade para a escola, que por sua vez esta culpa a família
por não acompanharem como deveriam a vida escolar dos seus filhos.
Para CASTEL,2005:
Segundo Bee: “ a mais óbvia influência que não a família sobre a criança
entre os 6 e 12 anos é a escola que ela frequenta.” (1997, p.284).
Diante de tudo que foi discutido até aqui, não podemos deixar de ressaltar
as situações que certamente são de responsabilidade do Conselho Tutelar, como
evidências de abandono, abuso ou violência. Casos como esses o gestor (a) precisa
acionar o CT, a fim de que sejam evitados problemas mais graves a essa criança e
adolescente.
Sendo assim, nota-se que a conduta ética dos professores de instruir não
tem fundamento apenas nos teóricos da Educação, mas também na Norma
Fundamental e na própria legislação ordinária. Assim, o respeito ao aluno se trata de
um dever do docente que está previsto no art.53, II, do Estatuto da Criança e do
Adolescente (Lei nº 8.069/1990).
No mesmo sentido, o art. 58, do referido diploma legal determina que “No
processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e históricos
próprios do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a
liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura.”
Ora, se uma criança começa a ser agredida em casa por qualquer motivo,
ela entende que agredir é a forma adequada de tratar seus iguais e começa a replicar
esse comportamento. Essa reprodução de comportamento acaba por se tornar um
ciclo vicioso, já que cresce e acaba fazendo o mesmo com os próprios filhos. Daí a
importância do convite à reflexão e o do instruir que do docente e o peso da Lei.
A luta pelos direitos das crianças e dos adolescentes ocorre por meio de
algumas instituições intituladas governamentais e não-governamentais, dentre
estas estão o Conselho Tutelar e a escola, instituições essenciais e
indispensáveis para que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) se
estabeleça em plenitude. Para efetivação do estatuto, é necessário que
aconteça uma interação de parceria entre essas instituições, pois ambas
possuem grande importância no processo de prevenção, identificação e
intervenção dos casos.
Isto posto, verifica-se que num primeiro momento, a escola faz uma espécie
de filtro dos alunos que merecem atenção do Conselho Tutelar, que por sua vez
tomará as medidas cabíveis dentro de sua esfera de atuação.
Isso porque, pelo princípio da inércia, o judiciário deve ser provocado para
que possa fazer valer o aparato punitivo Estatal sobre aquele que tem um
comportamento desviante, isso tudo devidamente apurado pela polícia ostensiva,
sendo chamado a intervir apenas nos casos excepcionais em que o Conselho Tutelar
não pode atuar.
10
; VOOS, Charles Henrique; ALVES, Evelyn de Lima Machado Alves. A atuação do Conselho Tutelar no
sistema escolar municipal em Joinville/SC. Monumenta – Revista Estudos Interdisciplinares. Joinville, v. 2 , n.
4 , jul. / dez., 2021, p. 214 - 235. ISSN 2675 - 7826.
cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei”11.
Importante destacar que, até para evitar punições injustas, por se tratar de
intervenção muito sensível, já que se toca na estrutura familiar, vale citar a violência
intrafamiliar, tipo mais comum de maus-tratos enfrentado pela criança e o adolescente
que tem por subsespécies, a negligência e o abandono, além da violência física,
violência psicológica, abuso sexual, além de outras formas de maus-tratos que as
crianças podem sofrer.
11
BRASIL, 1990, não paginado.
12
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Notificação de maus-tratos contra crianças e
adolescentes pelos profissionais de saúde: um passo a mais na cidadania em saúde. Ministério da Saúde, Secretaria
de Assistência à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/notificacao_maustratos_criancas_adolescentes.pdf. Acesso em:
05/07/2023.
Feitos esses apontamentos, após identificada a situação de violação de
direitos da criança e do adolescente, deve se providenciar a notificação do conselho
tutelar.
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade
competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de
responsabilidade;
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino
fundamental;
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção,
apoio e promoção da família, da criança e do adolescente; (Redação dada
pela Lei nº 13.257, de 2016)
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime
hospitalar ou ambulatorial;
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e
tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
Vigência
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; (Redação dada pela Lei
nº 12.010, de 2009) Vigência
IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Vigência
Por oportuno registrar que este órgão também pode tomar uma série de
providências, as quais estão elencadas no art. 139 do ECA, conforme pode ser
observado a seguir.
“No caso, por exemplo, de uma criança vítima de abuso sexual, precisamos
buscar a intervenção inicial da saúde, a fim de evitar uma gravidez indesejada
ou que se contraia uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), além dos
próprios danos físicos em razão do abuso”, explica um conselheiro tutelar do
Distrito Federal (DF)*.13
Ante o exposto, observa-se que as normas estão todas postas, mas quem
realmente faz a diferença na defesa dos direitos da criança e do adolescente são os
profissionais que estão na base, quais sejam: o professor, o gestor, o agente de
saúde, o médico, dentre outros. Assim, para que se possa realmente proteger nossas
13
BRASIL. Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.CONSELHOS TUTELARES: Saiba o que faz e
como é a rotina de um conselheiro tutelar, profissional essencial para proteger os direitos das crianças e
adolescentes. Disponível em https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2023/julho/saiba-o-que-faz-e-como-
e-a-rotina-de-um-conselheiro-tutelar-profissional-essencial-para-proteger-os-direitos-das-criancas-e-adolescentes.
Acesso em 05/07/2023.
crianças e adolescentes é indispensável um esforço conjunto tanto da família, quanto
do Estado e da própria Sociedade.
3. CONCLUSÃO