Você está na página 1de 3

COVID-19: IMPLEMENTAÇÃO DE MEDIDAS DO GOVERNO,

EFEITOS ECONÓMICOS, SIMULAÇÕES SOBRE POBREZA E DESIGUALDADES

WEBINAR 2: EVOLUÇÃO, ASPECTOS DE ECONOMIA E ADESÃO ÀS MEDIDAS


DE PREVENÇÃO

Decorreu, no dia 13 de Agosto, a segunda sessão de debate, via Zoom, integrada num ciclo
de webinars organizado pelo OMR sobre COVID-19: Políticas Públicas (Economia e Saúde).
Esta sessão abordou a “Evolução, Impactos da Pandemia da COVID-19 na Economia e adesão
às Medidas de Prevenção “, tendo sido palestrantes Aleia Rachide Agy, Avertino Barreto e Jerry
Maquenzi. Foram abordados os seguintes tópicos: a evolução da pandemia da COVID-19,
adesão às medidas de prevenção, e efeitos da COVID-19 na economia

1. A EVOLUÇÃO DA PANDEMIA DA COVID-19

A actual situação epidemiológica mostra que, em termos de número de casos, os países mais
afectados são, aparentemente, os Estados Unidos, Brasil, India, Rússia, África do Sul, Peru,
México, Chile, Reino Unido, e alguns outros países europeus. Exemplos da distribuição dos
casos em alguns países do mundo, até 07 de Agosto de 2020. O quadro abaixo representa os
dez países com um maior número de casos infectados.

PAÍS TOTAL DE CASOS CASOS/106 HABIT. ÓBITOS


MUNDIAL 18.986.629 2.442 712.334
EUA 4.889.599 14.837 159.588
Brasil 2.917.562 13.805 98.644
Índia 2.027.074 1.490 41.586
Rússia 871.894 5.942 14.606
África do Sul 538.184 9.157 9.604
Chile 334.683 17.516 8.677
Reino Unido 308.134 4.638 46.413
Espanha 309.855 6.579 28.499
Arábia Saudita 284.226 8.306 3.055
Itália 249.204 4.137 35.187

Em relação ao continente africano, a África do Sul lidera quanto ao número real e total de
casos (538.184), seguindo-se o Egipto (95.006), Nigéria (45.755), Gana (40.097), Argélia
(33.626), Marrocos (29.624) e os Camarões (17.255). Em relação aos países que fazem fronteira

1
com Moçambique, temos, para além da África do Sul, a Zâmbia (7.164), Malawi (4.491),
ESwatini (2.968), Zimbabwe (4.968).

Para além do número de casos, ressalta-se o indicador com maior importância analítica que é
a incidência do número de infectados por 100 mil habitantes. Este indicador (e os restantes)
revela uma posição menos grave para o caso de Moçambique, embora o número de
infectados esteja em crescimento bastante acentuado e com um maior número de zonas de
propagação comunitária.

2. ADESÃO ÀS MEDIDAS DE PREVENÇÃO

O cumprimento das medidas administrativas, no âmbito da declaração de Estado de


Emergência, de cumprimento obrigatório, com vista a evitar a propagação da COVID-19, não
foi de total adesão.

O OMR conduziu uma avaliação do nível de cumprimento dessas medidas em locais de maior
concentração de pessoas: paragens e terminais de transporte; mercados municipais e agentes
informais; cemitérios e casas mortuárias; casas de pasto, nos meses de Abril, Maio e Junho nas
cidades de Maputo, Beira e Nampula.

A implementação das mediadas de prevenção foi mais rápida (mais percebida) na cidade de
Maputo e periferia. Nas cidades da Beira e de Nampula, o cenário demostrou que a
implementação das medidas foi menos eficaz. Apesar do baixo cumprimento, a
implementação parcial das medidas foi possível, sobretudo, devido à fiscalização, ainda que,
por vezes, de forma agressiva e oportunista. Portanto, recomenda-se o reforço da persistência
das acções de fiscalização das forças policiais, aconselhando-se uma atitude mais pedagógica
e construtiva na relação com o cidadão, particularmente nas zonas periféricas das cidades,
onde os factores de risco são maiores e se assiste a um menor grau de cumprimento das
medidas de precaução.

3. EFEITOS DA COVID-19 NA ECONOMIA

Usando uma abordagem microeconómica, foi analisada a evolução de indicadores


socioeconómicos dos agregados familiares na cidade de Maputo nas zonas urbanas,
suburbanas e periurbanas.

2
As conclusões desse levantamento podem ser visualizadas no quadro a seguir:

Observa-se no quadro acima uma significativa perda de rendimentos com correspondência


no nível das despesas efectuadas. O desemprego é mais acentuado nas zonas periurbanas,
geralmente habitada por cidadãos que emigraram para Maputo há mais tempo e encontraram
emprego além e não existirem nestas zonas espaços para o auto-emprego e produção agrícola
e de outras actividades, como acontece nas zonas periurbanas mais distantes da cidade
urbanizada.

Considerando o aumento do desemprego, a redução do rendimento, a redução das despesas,


a redução de número de refeições por parte de famílias sem posses e o aumento da pobreza
resultantes da perda de rendimento com reflexos no consumo, torna-se necessário a
canalização de apoio social e, eventualmente, distribuição de dinheiro às famílias onde houve
desemprego, nas que trabalham por conta própria, que possuem menores rendimentos,
incidindo-se nas zonas suburbanas da cidade, onde acrescem os riscos de conflitualidades
sociais.

Você também pode gostar