Crescimento e revitalização da igreja

SUMÁRIO
crescimento e revitalização da igreja

PASTORAL
Pr Antônio Dionízio ............................................................ 07

AULA 01
Igreja: fundada para CRESCER ......................................... 12

AULA 02
Jerusalém: cresça em QUANTIDADE .............................. 18

AULA 03
Samaria: cresça em PROCLAMAÇÃO .............................. 24

AULA 04
Listra: cresça em EDIFICAÇÃO ........................................ 30

AULA 05
Antioquia: cresça em LIDERANÇA .................................. 36

AULA 06
Corinto: cresça em UNIDADE ........................................... 42

AULA 07
Roma: cresça em RELACIONAMENTOS ......................... 50

AULA 08
Esmirna: cresça em PERSEVERANÇA ............................ 56

AULA 09
Atenas: cresça em URBANIDADE ..................................... 62

AULA 10
Macedônia: cresça em CONTRIBUIÇÃO ........................ 68

AULA 11
Bereia: cresça em TEOLOGIA ............................................ 74

AULA 12
Éfeso: cresça em AMOR ................................................... 80

AULA 13
Síntese do Trimestre .................................................. 12 a 85

55
AULA | 1
IGREJA
fundada para CRESCER
Data: ___|___|______
TEXTO ÁUREO
“Em verdade,
em verdade lhes digo: se
o grão de trigo, caindo na
terra, não morrer, fica ele
só; mas, se morrer, produz
muito fruto."
JOÃO 12.24
VERDADE APLICADA
O crescimento
integral da igreja tem
um fim: a glória de Deus.
Jesus indicou a razão para
o discípulo dar muito fruto:
glorificar o Pai (Jo 15.8)
Harpa Cristã: 24, 46, 65
LEITURA DIÁRIA
Segunda-feira (Mt 6.28)
Lírios crescem
Terça-feira (Mc 4.8)
Sementes crescem
Quarta-feira (1 Pe 2.2)
Bebês crescem
Quinta-feira (Lc 1.80; 2.40)
Meninos crescem
Sexta-feira (Ef 4.15; Cl 1.10)
O crente cresce
Sábado (Ef 2.21,22)
As igrejas crescem
Crescimento e revitalização da igreja
PERÍCOPE
20 Ora, entre os que foram para adorar
durante a festa, havia alguns gregos.
21 Estes se dirigiram a Filipe, que era
de Betsaida da Galileia, e lhe pediram:
Senhor, queremos ver Jesus.
22 Filipe foi dizê-lo a André, e André e Fili-
pe o comunicaram a Jesus.
23 Então Jesus se dirigiu a eles, dizendo:
É chegada a hora de ser glorificado o Fi-
lho do Homem.
24 Em verdade, em verdade lhes digo: se o
grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica
ele só; mas, se morrer, produz muito fruto.
25 Quem ama a sua vida perde-a; mas
aquele que odeia a sua vida neste mundo
irá preservá-la para a vida eterna.
SUMÁRIO DA AULA
1. Da numerolatria à numerofobia
2. O crescimento que Deus reprova
3. O crescimento saudável da igreja
INTRODUÇÃO
E
estudaremos nesta lição
pistas bíblicas, teológicas
e práticas para o cresci-
mento saudável e integral da igreja.
O crescimento em foco não se refere
ao extremo da numerolatria – quan-
do a liderança pastoral, preocupada
apenas com o crescimento numérico,
recorre ao pragmatismo nocivo e
distancia a igreja dos propósitos bí-
blicos. Nem é apologia ao extremo da
numerofobia – quando a liderança da
igreja tem aversão ao crescimento;
não há empenho em identificar suas
falhas no afã de corrigi-las e, dora-
vante, frutificar para a glória de Deus.
JOÃO 12.20-28,31-33
26 Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu
estou, ali estará também o meu servo. E, se
alguém me servir, meu Pai o honrará.
27 Agora a minha alma está angustiada,
e o que direi? “Pai, salva-me desta hora”?
Não, pois foi precisamente com este pro-
pósito que eu vim para esta hora.
28 Pai, glorifica o teu nome. Então veio
uma voz do céu: Eu já o glorifiquei e ainda
o glorificarei.
31 Chegou o momento de ser julgado este
mundo, e agora o seu príncipe será expulso.
32 E eu, quando for levantado da terra,
atrairei todos a mim mesmo.
33 Isto dizia, significando de que gênero
de morte estava para morrer.
OBJETIVOS
1. Abordar os paradoxos do crescimento
2. Avaliar o crescimento nocivo à igreja
3. Realçar marcas do crescimento sadio
A Bíblia não legitima a postura da
liderança pastoral que busca resulta-
dos a qualquer custo, por meios ilíci-
tos e fins pecaminosos. Nem aprova
quem nada faz para ganhar vidas.
Crescer alheio aos princípios das
Escrituras é errado. Não crescer por
completa ineficiência e ineficácia dos
líderes e dos fiéis, também. O desafio
é identificar o equilíbrio. Uma igreja
fiel deve crescer saudavelmente, an-
corada nas Escrituras e em diálogo
com o seu contexto. Veremos neste
trimestre algumas pistas bíblicas
que podem auxiliar o povo de Deus
a crescer debaixo da bênção divina.
1313
 Crescimento e revitalização da igreja

I. DA NUMEROLATRIA À NUMEROFOBIA
1.1 Numerolatria: obsessão pelos números
O Brasil representa um dos maiores contingentes de evan-
gélicos do mundo. Já é o terceiro país com a maior comunidade
evangélica do planeta, perdendo apenas para a China e os Es-
tados Unidos. Os evangélicos, segundo o IBGE, em 1980, eram
6,6% da população brasileira; em 1991, o percentual subiu para
9%; em 2000, 26,2 milhões se disseram evangélicos (15,4%); em
2010, passaram a ser 42,3 milhões (22,2%) dos brasileiros. O
crescimento é motivo de euforia e de inquietação. Muitas igrejas,
seduzidas pelos números, negociam a verdade (2 Tm 4.1-4).
Atraem fiéis com mensagens centradas em prosperidade finan-
ceira, saúde, felicidade, segurança e fama. Crescem a qualquer
custo. Têm nome de que estão vivas, mas já morreram (Ap 3.1).

1.2 Numerofobia: aversão aos números

Estima-se que mais da metade das igrejas locais no Brasil
tem menos de 200 membros. A “enorme” igreja deste País é uma
miscelânea de “pequenas comunidades de fé”. Elas se reúnem
Muitas
igrejas, na igreja Família (entre 1 e 75 pessoas) e na igreja Pastoral (a
seduzidas frequência dominical situa-se entre 76 e 225 pessoas). A taxa
pelos de crescimento é modesta. Muitas não crescem por razões
números, justas. Outras não crescem por erros humanos. Dizem que Deus
negociam despreza números. Defendem, com retórica frágil, sua esterili-
a verdade. dade. Ninguém planta nem rega (cf. 1 Co 3.6) e Deus não dá
crescimento. Não buscam a ovelha, nem a dracma, nem o filho
pródigo, nem salvam o irmão mais velho que está perdido (Lc 15).

1.3 O crescimento nas Escrituras

É pecado a igreja fiel a Deus crescer saudável e integral-
mente? Não! A Bíblia não é refratária ao crescimento. O termo
grego auxanõ – "crescer" ou "aumentar" – é comum no NT: lírios
crescem (Mt 6.28; Lc 12.27); mostarda cresce (Mt 13.31,32; Lc
13.19); sementes brotam, crescem e dão frutos (Mc 4.8); bebês
crescem (1 Pe 2.2); meninos crescem (Lc 1.80; 2.40); ministérios
autênticos crescem (Jo 3.30); o povo cresce (At 7.17); a palavra
de Deus cresce e prevalece (At 12.24; 19.20); a fé cresce (2 Co
10.15); o crente cresce (Ef 4.15; Cl 1.10; 2 Pe 3.18); a igreja cresce
(At 6.7; 11.21); as igrejas crescem (Ef 2.21,22). É possível, à luz
dos princípios bíblicos legítimos, enfrentar e superar a esterili-
dade e frutificar para a glória do Deus Pai.

14
Crescimento e revitalização da igreja

II. O CRESCIMENTO QUE DEUS REPROVA

2.1 O surgimento da religião de mercado
A Cristandade antiga-medieval (regime eclesial de poder),
almejava formar uma sociedade cristã unificada. Unidade era
o termo teológico central (cf. Jo 17.11; At 2.42; Rm 12.5,16; 2
Co 13.11 etc.); na colonização das Américas pretendia-se que
o império cristão tivesse uma só fé, um só rei e uma só língua.
Mas os tempos mudaram. Surgiram muitas igrejas, por várias
razões: (i) quebra do monopólio católico romano, na Reforma
Protestante – facilitou a abertura de novas igrejas sem perder
a identidade cristã; (ii) liberdade de ordem jurídica – possibilitou
a abertura de diferentes entidades religiosas; (iii) liberdade do
consumidor: o indivíduo pesquisa, analisa, seleciona e ingressa
nas religiões mais apropriadas às suas ambições pessoais.

2.2 O perfil das igrejas de mercado

A igreja fiel, firmada em Cristo (cf. Mt 16.18), reproduz os
valores da cultura do Reino de Deus: (i) ensino dos apóstolos, (ii)
comunhão, (iii) adoração ou partir do pão, (iv) oração (cf. At 2.41-
A igreja
47; 4.32-37). Nas igrejas de mercado a realidade é outra. Elas fiel repro-
têm: (i) características empresariais de prestação de serviços ou duz os
de oferta de bens religiosos mediante recompensa pecuniária, valores da
com modernos sistemas de marketing; (ii) distanciamento da cultura do
Bíblia — usada de forma esporádica e sem rigor hermenêutico; Reino de
(iii) inexistência de comunidade — a relação é entre empresa e Deus.
cliente; (iv) culto fortemente caracterizado pelo anseio de obter
os favores do sagrado; (v) intenso ambiente de magia etc.

2.3 O comércio do sagrado

As igrejas de mercado não surgiram por acaso. A sociedade
capitalista criou o cenário perfeito para que muitos pastores
se transformassem em profissionais do sagrado. Eles, por
ganância ou sede de poder, procuram crescimento a qualquer
custo. O imperativo é crescer, não importa como. Por que é tão
difícil identificá-los? Simples: são mestres na arte do engano.
São lobos devoradores e selvagens "disfarçados em ovelhas"
(Mt 7.15; Lc 10.3; Jo 10.12). Paulo disse à liderança pastoral de
Éfeso que lobos vorazes se infiltrariam no meio do rebanho (At
20.29). Pedro alertou que falsos mestres, movidos por ganân-
cia, fariam negócio da igreja (2 Pe 2.1-3). O cristão precisa de
discernimento para descobrir e denunciar os falsos mestres.

1515
 Crescimento e revitalização da igreja

III. O CRESCIMENTO SAUDÁVEL DA IGREJA

3.1 Ambição santa: crescer com a motivação certa
A ambição santa é o primeiro passo para a igreja crescer
saudavelmente. O que é ambição? Barclay justifica que ambição,
eritheia no grego, é uma palavra cujo significado se degenerou;
era a mão de obra em troca de salário; mas depois se degenerou
passando a significar o tipo de trabalho focado no lucro — o que
ganho com isso? Sanders explica que ambição significa “procurar
promoção”, ou seja, inclui: (i) ser visto e aprovado pelos homens,
(ii) ser popular e sobressair-se entre seus semelhantes, (iii)
exercer controle sobre as pessoas. Essa ambição não é nobre.
A motivação para crescer uma igreja não pode ser a busca por
autopromoção, projeção pessoal e bem-estar, mas a convicção
de que a obra é santa (1 Tm 3.1) e a finalidade é a glória de Deus.

3.2 Finalidade santa: crescer com o propósito certo

O crescimento integral da igreja tem um fim: a glória de
Deus. Jesus indicou a razão para o discípulo dar fruto: "Nisto é
glorificado meu Pai: que deis muito fruto" (Jo 15.8). A missão,
O cres-
cimento quando cumprida, deve visar a glória de Deus (Jo 17.4). O pedido,
integral da em nome de Jesus, tem um objetivo: a glória do Pai (Jo 14.13).
igreja tem As boas obras, praticadas pelos santos e vistas pelos homens,
um fim: a têm um fim: glorificar o Pai (Mt 5.16; 1 Pe 2.12). A operação de
glória de milagres tem um propósito: levar a multidão a glorificar a Deus
Deus! (Mt 9.8; 15.30,31). A unidade no pensar, segundo Cristo, é para a
glória de Deus (Rm 15.5,6). A conversão à fé cristã deve glorificar
a Deus (Gl 1.23,24). Até mesmo o sofrer, como um cristão, é
motivo para glorificar a Deus (1 Pe 4.16). Tudo o que discípulo
sente, pensa e faz deve ser para a glória de Deus (1 Co 10.31).

3.3 Método santo: empregar as ferramentas certas

Bounds disse: "Nós estamos à procura de melhores métodos.
Deus está a procura de melhores homens". Mas melhores homens
não podem usar melhores métodos? Método — "meta" (para) +
"hodos" (caminho) — é "caminho para", "procedimento, técnica ou
meio de fazer alguma coisa". Paulo queria quantidade: ganhar "o
maior número possível" (1 Co 9.19) e tinha métodos: (i) pregar
em cidades estratégicas: Tessalônica, Atenas, Corinto, Éfeso
etc.; (ii) organizar igrejas domésticas (Rm 16.3,5; 1Cor 16.19;
Fm 2; Cl 4.15); (iii) treinar líderes (At 19.9,10; 2 Tm 2.2) etc. Usar
estratégias certas favorece o crescimento da igreja fiel.

16
Crescimento e revitalização da igreja
CONCLUSÃO
A igreja pode crescer saudável e
para a glória de Deus. Os meios e os
fins, quando o assunto é crescimento
integral da igreja, devem ser santos. A
liderança pastoral de boa índole não
deve recorrer a métodos pragmáticos
e indecentes para que a comunidade
de fé experimente o crescimento. A
igreja íntegra não precisa negociar os
valores da cultura do Reino de Deus
para atrair novos adeptos. Igrejas do
período bíblico cresceram em várias
dimensões seguindo princípios divi-
nos que serão estudados neste tri-
mestre. Finalmente, comprovada sua
atualidade, o desafio será praticá-los.
o
FOCO NA PRÁTICA!
Faça sua parte:
1. Ajude sua igreja a crescer, de
maneira saudável e integral;
seja um agente de crescimento.
2. Analise as áreas mais caren-
tes da sua comunidade de fé
e prepare-se para ser solução;
seja benção, não tropeço.
3. Tudo que você puder fazer
para crescer, revitalizar e forta-
lecer sua igreja, faça para a gló-
ria de Deus; Ele o abençoará.
QUESTIONÁRIO
1. Diferencie Numerolatria de Numerofobia.
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
2. A Bíblia fala sobre crescimento, em
especial no NT. Cite exemplos.
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
3. Qual a finalidade do crescimento?
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
4. Paulo tinha métodos. Quais?
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
1717