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XX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica

IX Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas


IX Simpósio Brasileiro de Engenheiros Geotécnicos Jovens
VI Conferência Sul Americana de Engenheiros Geotécnicos Jovens
15 a 18 de Setembro de 2020 – Campinas - SP

Uso do Instrumento Ultrassônico para Obtenção dos Módulos


Elásticos de Rochas Compactas do Quadrilátero Ferrífero em
Comparação a Outros Meios Triviais
Guilherme Alex Sanders Cardoso Vasconcelos de Freitas
Gerente Técnico, Geocontrole BR. Sondagens S.A, Nova Lima, Brasil, guilhermefreitas@geocontrole.com

Josias Eduardo Rossi Ladeira


Coordenador Engenharia Civil, PUC Minas, Belo Horizonte, Brasil, engcivil.bar@pucminas.br

RESUMO: Habitualmente os módulos elásticos de amostras de rochas, quais sejam, o Módulo de Yong (E) e
o Coeficiente de Poisson () são obtidos via a realização do ensaio de determinação da resistência à
compreensão simples (UCS), com as medidas de deformações axiais e transversais por transdutores elétricos
em laboratório. O objetivo desse estudo é apresentar uma via alternativa para obtenção destes módulos, através
do uso do instrumento ultrassônico (PROSEG) e uma comparação entre os dados obtidos pelos dois métodos
para amostras de rochas compactas de Itabiritos, oriundas do Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais.

PALAVRAS-CHAVE: Comportamento mecânico, rochas, ensaio de compressão simples, ensaio de


determinação do pulso ultrassônico, Quadrilátero Ferrífero.

ABSTRACT: Usually the elastic modules of rock samples that is the Yong Modulus (E) and the Poisson's
Coefficient () are obtained by performing the simple comprehension resistance test (UCS), with deformation
measures axial and transversal by electric transducers in laboratory. The objective of this study is to present
an alternative way to obtain these modules, using the ultrasonic instrument (PROSEG) and a comparison
between the data obtained by the two methods for samples of compact rocks of the Itabirites from the
Quadrilátero Ferrífero - Minas Gerais.

KEYWORDS: Mechanical behavior, rocks, simple compression test, ultrasonic pulse determination test,
Quadrilátero Ferrífero.

1 Introdução

O Quadrilátero Ferrífero corresponde a uma estrutura geológica cuja forma se assemelha a um quadrado
e perfaz uma área de aproximadamente 7000 km², estendendo-se entre a cidade de Ouro Preto a sudeste, e
Belo Horizonte, capital de Minas Gerais a noroeste. Geograficamente, configura-se na continuação sul da Serra
do Espinhaço. Seu embasamento e áreas circunvizinhas são compostos de gnaisses tonalítico-graníticos de
idade arqueana (> 2.7 bilhões de anos). Acima deste embasamento cristalino encontram-se três unidades de
rochas metassedimentares supracrustais: o supergrupo arqueano Rio das Velhas, o supergrupo proterozóico
Minas e o grupo proterozóico Itacolomi.

O Supergrupo Rio das Velhas, composto de metassedimentos vulcanoclásticos, químicos e pelíticos,


encontra-se discordante acima do embasamento e é considerado um cinturão de rochas verdes (greenstonebelt).
Neste supergrupo ocorrem as jazidas de ouro em sua paragênese clássica de sulfetos.

O supergrupo Minas que possui até 6000 m de espessura é composto principalmente de metassedimentos
pelíticos e quartzosos e coloca-se discordante acima do cinturão verde Rio das Velhas. Dentre os seus quatro
grupos, o da região do município de Itabira (MG) é o mais significativo em termos econômicos, contendo os
minérios de ferro, localmente denominados itabiritos, internacionalmente conhecidos como banded Iron
Formations (BIF´s), minérios bandeados do tipo lake superior. O grupo Itacolomi é basicamente composto de
quartzitos.
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O objetivo principal deste artigo é correlacionar, à luz do contexto geológico do Quadrilátero Ferrífero,
os resultados dos testes de resistência à compressão simples (UCS) com a determnição dos módulos elásticos,
comparativamente a obtenção de parâmetros similares pelos testes de determinação do pulso ultrassônico
(PROSEG), ensaio este que, atravez da geração induzida de ondas elásticas ultrassônicas e, da resposta à
propagação destas ondas e suas respectivas reflexões no interior do espécie, provoca pequenas deformações
estritamente elásticas, mensurando assim, numericamente, tais propriedades elásticas de forma dinâmica.

Todo o estudo tem como foco os ensaios realizados em litotipos que compõem o conjunto petrográfico
regional, em destaque, os Itabiritos Compactos Silicosos (ICS).

2 Ensaios Realizados

Este item apresenta a identificação dos tipos de ensaios que foram realizados nos corpos de prova (CPs)
extraídos a partir de blocos semi-deformados de ICS. A extração, moldagem e preparação dos CPs, assim
como os ensaios, foram realizados no laboratório de mecânica das rochas da Geocontrole BR Sondagens S.A,
localizado na cidade de Nova Lima/MG, no bairro Jardim Canadá.

No total extraíram-se 10 CPs, dos quais, 09 foram utilizados para consubstanciar as análises envolvidas
nos estudos do presente artigo. A Tabela 1 sintetiza as características primárias dos CPs analisados

Foram então realizados os ensaios de determinação do índice esclerométrico (ASTM D 5873 - 2000), ensaio
de carga pontual (ASTM D5731 - 16), determinação da massa específica (ABNT NBR NM 53:2009),
determinação das velocidades do pulso ultrassônico e constantes elásticas dinâmicas (ASTM - D 2845 – 00) e
determinação da resistência à compressão uniaxial (ISRM 2015), como mostram os dados da Tabela 1.

Tabela 1. Índices físicos dos CPs analisados, onde: h = altura; d = diâmetro,  = orientação do CP em relação
à descontinuidade principal;  = massa específica.
ID h (cm) d (cm) h/d (°)  seca (g/cm³)  úmida (g/cm³)

CP-01 11,75 5,01 2,35 90 3,716 3,717


CP-02 11,88 4,99 2,38 90 3,740 3,741
CP-03 12,08 5,00 2,42 90 3,888 3,889
CP-04 11,82 5,00 2,37 90 3,788 3,789
CP-05 12,02 5,01 2,40 90 3,762 3,762
CP-06 12,09 4,99 2,42 90 3,765 3,766
CP-07 11,41 4,98 2,29 90 3,713 3,714
CP-08 12,01 5,01 2,40 90 3,728 3,729
CP-09 11,94 5,01 2,39 90 3,966 3,967

A extração e preparação dos CPs após extração foram realizadas com o artifício de perfuratriz elétrica
modelo Makita e retífica especial do fabricante Brasil Solos. Os CPs foram retificados conforme a norma
ASTM D4543 -08.

2.1 Ensaio de Resistência à Compressão Unixial (UCS) e Módulos Estáticos de Deformabilidade

A resistência à compressão uniaxial é uma das propriedades fundamentais das rochas e, este ensaio é,
ainda, o método mais usual para a determinação das propriedades mecânicas de uma rocha (Jaeger & Cook,
1979). Ensaios de compressão uniaxial são normalmente realizados em amostras cilíndricas de rochas, onde a
carga é aplicada paralela ao eixo da amostra.
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Segundo Azevedo & Marques (2006), apesar de ser um ensaio simples, as preparações de amostras
cilíndricas podem ser demasiadamente caras e morosas, especialmente para rochas já alteradas. Todas as
amostras foram testadas de acordo com a metodologia ISRM (2007), cuja relação entre altura e diâmetro H/D
deve estar entre 2 e 3, e possuem H/D entre 2,29 e 2,42. A resistência à compressão uniaxial, σc, correspondente
à carga de ruptura, é simplesmente calculada como na Equação 1.

𝑃
c = (1)
𝐴𝑜

Em que:

"c" = resistência à compressão uniaxial;


P = carga de ruptura;
Ao = área inicial da amostra, transversal ao carregamento P.

Os ensaios foram realizados em um conjunto de duas prensas hidráulicas, fabricante ELE de capacidade
até 300t automatizada e Utest servo controlada. As amostras foram cuidadosamente centralizadas entre os
pratos de carregamento, para se evitar concentrações não uniformes de cargas e, portanto, excentricidade do
carregamento.

Desde que instrumentado da forma adequada, com o uso de transdutores elétricos de pressão e
deslocamento, por exemplo, o ensaio UCS é a uma excelente alternativa utilizada para a obtenção dos
parâmetros elásticos estáticos do material experimentado, em termos de módulos de deformabilidade, sendo o
módulo de Young () e o coeficiente de Poisson ()

O módulo de Young ou módulo de elasticidade é um parâmetro mecânico que proporciona uma medida
da rigidez de um material sólido Segundo o professor Nestor Cezar Heck (UFRGS – DEMET), o módulo de
Young origina-se da energia de ligação entre os átomos do material e divide os materiais em duas grandes
classes: os flexíveis e os rígidos. Um material rígido possui elevado módulo de Young. A obtenção do módulo
de Young a partir de ensaios UCS é feita segundo a expressão da Equação 2.

E= (2)
𝜀

Onde:

"" é a tensão aplicada, medida em pascal (Pa);


“ε” é a deformação elástica longitudinal (axial) a direção de aplicação da tensão no CP. É uma grandeza
adimensional.

O coeficiente de Poisson corresponde a uma grandeza que mensura a deformação transversal, em relação
à direção longitudinal de aplicação de uma dada carga em um material maciço, independentemente das
características físicas em relação às direções de observações deste material. Maciços rochosos, ou rochas
intactas, como por exemplo, os CPs de ICS avaliados no presente estudo, enquadram-se, portanto, no conceito
de material maciço aplicado a tal determinação. A relação para obtenção do coeficiente de Poisson é segundo
a Equação 3:
𝜀x 𝜀y
=− = − (3)
𝜀z 𝜀z

Sendo:
"" = coeficiente de Poisson;
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“εx" = Deformação na direção ‘x’, que é a transversal;


“εy" = Deformação na direção ‘y’, que é a transversal;
“εz" = Deformação na direção ‘z’, que é a longitudinal;

A instrumentação dos CPs, por sua vez, foi feita utilizando-se dois pares de transdutores elétricos do
tipo medidores de tensão “strain gauges”, sendo um par para a determinação de cada parâmetro ( e ) ligados
ortogonalmente entre si, em posições distintas do CP. A Figura 1 ilustra o arranjo de strain gauges utilizado.

Todos as informações oriundas dos deslocamentos e aplicação de carga, foram obtidas e condensadas
por um dispositivo digital tipo datalogger modelo DATALOG 8 do fabricante CONTROLS com capacidade
de aquisição de dados em até 8 canais simultâneos, mostrados na Figura 1.

Figura 1. CP instrumentado antes (esquerda) e depois (direita) da execução do ensaio UCS

2.2 Determinação das velocidades do pulso ultra-sônico e constantes elásticas dinâmicas, com uso do
equipamento PROSEG

O uso de ondas mecânicas ultrassônicas corresponde a um dos métodos dinâmicos de obtenção de


parâmetros elásticos dos materiais. O método por sua vez, consiste basicamente, na determinação da frequência
natural de um CP pelo emprego da energia de ondas elásticas e na medição de propagação de onda através do
Corpo de Prova.

Na determinação das propriedades mecânicas com uso do método dinâmico, as tensões aplicadas são
muito menores em relação ao caso do método estático, como o UCS, por exemplo, garantindo que o material
ensaiado permaneça no regime elástico e, principalmente, que o CP seja preservado. É portanto, um método
de ensaio não destrutivo e pouco invasivo.

A técnica da velocidade de pulso ultra-sônico envolve a medida do tempo de propagação de pulsos


mecânicos gerados eletronicamente. As medidas são repetitivas num espaço de tempo amostral e precisas,
sendo um método rápido e de qualidade que pode ser utilizado em um grande leque de materiais, naturais ou
sintéticos.

A rigor a técnica de ensaio com uso do pulso ultra-sônico deve ser aplicada em meio sólido, homogêneo,
isotrópico e perfeitamente elástico, muito embora, esse método se mostre bastante utilizado de forma
satisfatório em concretos, argamassas e, rochas, como o caso do trabalho em apreço.

O princípio do método se baseia no conceito de ressonância de barras e consiste no estímulo de um CP


com frequência constante, na busca das velocidades de propagação de ondas desse espécimen que, por meio
de relações matemáticas, resultam na determinação dos módulos elásticos.
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Os ensaios de determinação do pulso ultra-sônico (US) foram conduzidos, no âmbito deste estudo, com
artifício do instrumento ultra-sônico PROSEG Pund Link com uso de transdutores de ondas "shear” de
250KHz.

Segundo a normativa ASTM D 2845 – 00, denominada Standard Test Method for Laboratory
Determination of Pulse Velocities and Ultrasonic Elastic Constants of Rock, que corresponde a norma aplicada
para a condução dos ensaios, as velocidades de propagação de onda Vp – primária e Vs – secundária, podem
ser obtidas aplicando- se as equações do conjunto Equação 4.

𝐿𝑝
Vp = (4a)
𝑇𝑝
𝐿𝑠
Vs = (4b)
𝑇𝑝

Onde:

V = velocidade de propagação do pulso (m/s);


L = trajetória de propagação do pulso (m);
T = tempo efetivo da trajetória do pulso (s)

A partir da definição das velocidades de propagação das ondas primária e secundária, estabelecem-se às
relações para a determinação das constantes elásticas dinâmicas do CP ensaiado, conforme formulário do
conjunto Equação 5.

𝐸 = [𝑝𝑉𝑠 2 ([3𝑉𝑝2 − 4𝑉𝑠 2 )] / (𝑉𝑝2 − 𝑉𝑠 2 ) (5𝑎)

e,

 = (𝑉𝑝2 − 2𝑉𝑠 2 )] / [2(𝑉𝑝2 − 𝑉𝑠 2 )] (5𝑏)

Onde:

E = Módulo Elástico de Young (GPa);


p = Densidade (kg/m³);
 = Coeficiente de Poisson.

3 Resultados

Os resultados obtidos através dos ensaios UCS e US, em termos dos parâmetros analisados e, à luz da
metodologia formulada e proposta, encontram-se sintetizados na Tabela 2 em relação aos ensaios UCS e
Tabela 3 em relação aos ensaios US.

Em termos gráficos os resultados encontrados podem ser visualizados, como exemplo, na Figura 4, onde
é ilustrada a obtenção dos parâmetros mecânicos do CP via o ensaio UCS. A figura da direita (Poisson) possui
quatro diferentes curvas conforme constam na legenda, pois, é obtida uma curva para cada strain gauge
utilizado, comprovando a utilização de dois pares desses transdutores.
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Nos resultados apresentados da Tabela 3 pode-se perceber que a velocidade de onda Vp é maior
que a velocidade de onda Vs condizentemente com o princípio físico, onde a onda primária
compressiva é a mais veloz e, portanto, possui tempo de resposta menor, em relação a onda secundária
cisalhante mais lenta e de maior energia.

Figura 4. Curva Tensão/Deformação para determinação da Rc, E e  no ensaio UCS – CP03.

4 Considerações Finais

É importante ressaltar que, em primeiro momento e, a partir das análises elencadas como propostas para
o presente estudo, ambas as metodologias de ensaio utilizadas, além de consagradas, cumprem fidedignamente
o objetivo a que se propõem: a determinação de parâmetros elásticos de materiais.

O ensaio UCS é amplamente utilizado no meio cientifico, comercial e acadêmico, para a determinação
assertiva da resistência à compressão uniaxial de materiais sólidos e, desde que acompanhado do conjunto de
instrumentação correto, é de sobremaneira, eficaz na determinação dos módulos elásticos na mesma medida.

O ensaio US, entretanto, apesar de ser menos usual, corresponde a um método mais ágil e eficiente para
a determinação de parâmetros físicos e mecânicos de meios sólidos, além de ser um método não destrutivo, ou
seja, que preserva a amostra para outras determinações e/ou pode ser utilizado em materiais sensíveis que não
necessariamente podem ser comprometidos após o ensaio.
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Num segundo momento e, após a análise dos dados obtidos, é possível de estabelecer uma correlação
direta entre a velocidade de propagação de onda (Vp e Vs) e a resistência compressão uniaxial (Rc) dos CPs
ensaiados, onde, por exemplo, o CP03 apresenta o maior valor de velocidade de onda e, por consequência a
maior resistência a compressão (Tabela 4). Outra correlação obtida através dos ensaios US mostra que de
forma geral a velocidade de propagação da onda secundária Vs é cerca de 50% menor em relação a velocidade
da onda primária Vp, ou sendo mais específico, a luz dos nove CPs ensaiados essa relação na média
corresponde a 0,54 vezes (Tabela 5). Esse resultado está fortemente alinhado com a literatura cientifica e
comprova a eficácia do uso do método do ensaio US.

A mesma correlação pode ser obtida graficamente com a velocidade Vp em relação ao módulo elástico
E, nos ensaios US, conforme a Figura 6 adiante.

Outrossim, a correta aplicação de ambos os métodos de ensaios, conforme dito anteriormente, se faz em
amostras de materiais homogêneos e isotrópicos. Os CPs de ICS não cumprem fidedignamente tais requisitos,
muito por conta, da característica anisotrópica imposta pelo bandamento composicional intrínseco aos
Itabiritos. Tal afirmação possa ser vislumbrada ao se comparar os parâmetros E e  obtidos a partir dos dois
métodos, conforme mostram as Tabelas 4, 5 e 6.

É possível perceber de imediato que os módulos de elasticidades obtidos pelo método US são superiores
em relação ao mesmo parâmetro obtido pelo UCS na totalidade dos casos observados. Porém, não há uma
correlação definitiva ainda de quão maiores os valores são e, se é possível se obter o módulo dinâmico (US) a
partir do módulo estático (UCS) ou vice-versa.

A mesma afirmação é válida para os valores de coeficiente de Poisson. O fato do ensaio US expor aos
CPs ensaiados às condições exclusivamente elásticas pode ser uma justificativa para os valores mais elevados
dos parâmetros elásticos, relativamente aos ensaios UCS que, por sua vez, expõem os CPs às fases elásticas,
plástica e rúptil.

Recomenda-se portanto, que novos estudos mais aprofundados em relação ao comportamento de rochas
tais como o ICS sejam realizados, no sentido de se alcançarem melhores correlações entre os módulos elásticos
obtidos para estes materiais com uso de ambos dos métodos aqui propostos e, ainda, para que sejam
esclarecidas as dúvidas em relação as diferenças de grandeza entre os módulos elásticos obtidos para cada
método.
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Figura 5. Relação entre os Módulos de Elasticidade (E) obtidos pelo ensaio US e UCS.

É possível concluir com base neste estudo que os valores de “E” obtidos por meio ao ensaio US são mais
elevados em relação aos valores de E obtidos pelo ensaio UCS. O ensaio US induz de forma dinâmica
pequenas deformações no CP, o que permite ao espécime deformar-se exclusivamente no campo do regime
elástico, ou seja, uma vez aplicado o esforço no CP, mesmo que ínfimo, todo esse esforço é considerado como
deformação no domínio elástico e, por conta disso, será incrementado ao cálculo do módulo elástico. Já no
ensaio UCS essa condição não é garantida, pois, são aplicados esforços maiores, levando o CP a se deformar
para além do regime elástico, ou seja, a se plastificar, inclusive, ser conduzido até a exaustão ou ruptura.

Referências Bibliográficas

ASTM D4543-01, Standard Practices for Preparing Rock Core Specimens and Determining Dimensional
and Shape Tolerances, ASTM International, West Conshohocken, PA, 2001
ASTM D5873-14, Standard Test Method for Determination of Rock Hardness by Rebound Hammer
Method, ASTM International, West Conshohocken, PA, 2014.
ASTM D5731-16, Standard Test Method for Determination of the Point Load Strength Index of Rock and
Application to Rock Strength Classifications, ASTM International, West Conshohocken, PA, 2016.
ASTM D2845-00(2004)e1, Standard Test Method for Laboratory Determination of Pulse Velocities and
Ultrasonic Elastic Constants of Rock, ASTM International, West Conshohocken, PA, 2000
Azevedo, I.C.D. e Marques, E.A.G. (2006). Introdução à Mecânica das Rochas. Ed. UFV,Viçosa, 361 p.
Heck C. N (2009). Introdução a Engenharia Metalúrgica - Módulo de Elasticidade ou de Young.
Departamento de Energia Metalúrgica e de Materiais – DEMET - UFRGS
Jaeger, J. C. and Cook, N. W (1979). Fundamentals of Rock Mechanics.3ª Ed. London, 593 p.
International Societyfor Rock Mechanics – ISRM (1979). Standard method of test for elastic moduli of
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