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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO
DOUTORADO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO

NAYARA DO VALE MOREIRA

RELIGIÃO, RESILIÊNCIA E VIOLÊNCIA

GOIÂNIA
2021
NAYARA DO VALE MOREIRA

RELIGIÃO, RESILIÊNCIA E VIOLÊNCIA

Resumo apresentado à matéria


Fenômeno Religioso aplicada a
Ciências da Religião do Programa de
Pós-Graduação Stricto Sensu em
Ciências da Religião, como requisito
parcial para o processo seletivo de
Mestrado.
Profa. Dra. Carolina Teles Lemos

GOIÂNIA
2021
FRANKL, Viktor. A presença ignorada de Deus. Petrópolis: Vozes; São
Leopoldo: Sinodal, 2007 (10ª ed.).

Frankl(2007) trata em sua narrativa a religiosidade e a espontaneidade,


destacando que a religiosidade se manifesta apenas como objeto espontâneo
e não como uma imposição, numa suposta intenção de se tornar uma
psicoterapia confessional. E da mesma forma o médico não pode forçar uma
imposição de suas crenças, dessa forma o paciente que deve optar ou não por
ela, brotando de forma espontaneamente. Assim, aquele que deve ter
consciência do potencial da religião como algo próprio do humano, não deve
abrir mão dos seus credos pessoais, da mesma forma que não deve querer
impô-lo. E como a religiosidade se torna realmente genuína se e a pessoa não
é forçada a ela, mas que seja tomada por si mesma.

Frankl (2007) delimita os papéis destinados aos sacerdotes e os


médicos, que desenvolvem papéis e funções distintas, onde da mesma forma
que o médico deve respeitar seu paciente com sua fé, o sacerdote fica
destinado ao seu ministério.Frankl (2007) defende a utilização da
logoterapeuta como complementação da psicoterapia, mas que nunca poderia
a substituir, podendo ser utilizado como uma auxiliadora por meio da teologia,
beneficiando com maiores que serviços, e que poderá prestar a ela. A
diferenciação entre elas está na finalidade de cada uma, onde a psicoterapia
tem por objetivo a “cura da alma” (seelische Heilung),e a religião é a “salvação
da alma” (Seelenheil). Entre elas, cada uma desempenha uma competência,
não suprimindo assim uma a outra, pois elas se posicionam em planos
distintos.

A relação entre os campos da logoterapia e da teologia, a logoterapia


tem como intenção a saúde psíquica, mas pode “per effectum”, pode motivar a
salvação da alma. Da mesma forma em que pode acontecer com a religião em
relação à psicoterapia. A logoterapia advém de dentro da psicoterapia, e dessa
forma só pode ser exercida por médicos, e tem por objeto a religião. E dentro
da teologia a logoterapia tem por objetivo a salvação da alma, mas, pode
acontecer também a cura da alma.
Frankl (2007) defende que a vivência da religião dispõe em uma esfera
mais alta do que a psicoterapia, o acesso a essa dimensão se dá com a
utilização da fé. E a logoterapia tem por encargo lidar com situações
concretas,e que por conseguinte lida com pessoas também de forma concreta,
onde o contexto da logoterapia significa ‘sentido’, sentido esse que quando
maior é, menos compreensível se torna. A existência humana vai sempre além
de si própria, e sempre indica algum tipo de sentido. Frankl (2007) compreende
a religião como porto seguro para o estabelecimento de uma vida tranquila. Na
diferenciação entre religião e psicoterapia, a religião teria mais o que oferecer
ao ser humano do que psicoterapia, porém exigiria dele um ir além de sua
consciência e se estabeleça pela fé em uma última percepção.Já a relação
entre a teologia e a logoterapia seria caracterizada por sua abertura e
autonomia, e por meio da amplitude da psicoterapia à religiosidade passa por
um processo para ser compreendida não apenas como manifestação, mas
também como fenômeno próprio de cada pessoa.
NIEVES, Katiuska Florencia Serafin; LEMOS, Carolina Teles. Religião como
oferta de sentido em casos de violência. In: Estudos Teológicos São Leopoldo
v. 59 n. 1 p. 80-93 jan./jun. 2019.

Nieves (2019) realizou seu estudo com base em estudo de campo


relacionado a quatro mulheres baseadas em suas histórias de violência vividas,
para assim compreender os significados que conferem às suas experiências de
vida. Essa análise se baseia em duas categorias :violência e religião como
centrais.Geertz trata que a religião tem como uma das principais funções
aplicação de sentido nos mais diversos eventos da vida, em valores e aspectos
sociais, principalmente naquelas que representam sofrimento. Dentre as
diversas concepções acerca do conceito sobre a religião, tem como base “o
sagrado”, e por outro lado, não deixa de ser entre seus diversos aspectos um
sistema cultural simbólico.

A sociedade como parte de uma realidade cultural, e a religião é


composta dentro desse meio, essa assim compões nessa realidade um
“sistema cultural simbólico”. E através da religião nos levam a descobrir que o
mundo transcendente advém por meio de uma salvação assegurada por uma
ordem superior, e dentro seus diversos significados podem causar um
deslocamento entre as ações humanas pela noção de salvação, como para
desenvolvimento de valores no mundo.

Já a violência se atribui por meio de noções produzidas por Hannah


Arendt como um instrumento de sua própria natureza, e ao diferenciar o poder
e a violência, afirma que a primeira seria o fim e a última o meio. Levando em
consideração toda violência sofrida por um indivíduo, percebe-se uma
amplitude de vivências desiguais entre os sistemas de poder e as categorias
sociais. Assim a violência se instala onde não existe poder, e as violências
sofridas pelas mulheres entrevistadas representam uma natureza problemática
na vida cotidiana, onde a partir desta são acionados dispositivos e mecanismo
para superar ou integrar esses estados de caos.

Nieves (2019) trata nesse processo para analisar a violência e o


processo de sua superação acarreta considerar a religião e sua importância ou
não como um mecanismo de compressão para assim chegar em sua essência,
compondo seu entrecruzamento de significados que se compõe na história
referida. Nieves (2019) destaca a história de uma das mulheres entrevistadas a
nomeando de A, e em seu contexto de violência no Brasil, relata que violência
possui um viés político, por que esse possui instrumentos de mediação para o
estabelecimento das relações de poder, e que ao mesmo tempo determina os
meios para a manutenção do poder de determinados sujeitos.

O crescimento acelerado da violência denunciados no estado de Goiás,


demonstra um padrão de relações patriarcais vividos pelas mulheres que é
ligado por diversas formas de violência no âmbito social e doméstico que vão
de encontro direto com suas vidas. A religião atua para elas como forma de
seguirem o caminho do bem e se livrarem dos sentimentos de revolta e ódio
como forma busca da vontade e certeza que Deus é a única forma de
salvação.

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