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DURKHEIM, Émile. As formas elementares de vida religiosa. Trad.


Joaquim Pereira Neto. São Paulo: Paulinas, 1989.

Durkheim (1989) dá início à questão do culto apresentando conceitos


presentes em todo culto, que seria seu aspecto positivo e um negativo no qual
um pressupõe o outro. Assim, o conjunto de ritos são realizados de forma
separados, pois os seres sagrados são separados por definição. O culto
negativo é o nome dado ao sistema que forma particularmente esses ritos, que
proíbem ou ditam aos fiéis formas para se portar ou agir, assumindo o ato
como um tabu ou com proibição. Entre todas as religiões há a imposição de
abstenções de tipos específicos, como por exemplo o sacrilégio que se utiliza
da censura e desmoraliza a opinião pública, que coloca a violação em posição
de culpa, enquanto na magia essa desobediência de alguma proibição mágica
não tem a mesma indignação.

Durkheim (1989) compreende que a vida profana e a religiosa não


podem coexistir se baseando nas formas de agir a partir das tribos estudadas,
têm assim de haver um afastamento sobre a vida profana para se aproximar da
religiosa por meio de um rito de purificação. Desse fundamento tem-se o
surgimento das instituições de espaços sagrados e reservados denominados
templos, espaços esses que também servem como morada para esses seres
sagrados.

Como não pode haver essa coexistência entre a vida religiosa e sagrada
tem se a atribuição às religiões períodos e dias sagrados para festividades,
Durkheim (1989) destaca que apesar de não haver nenhuma manifestação
desses dois tempos por nenhuma religião, seria impossível como essa se
mantenha apenas em locais sagrados, pois a prática de ritos sempre existiu em
dias úteis e objetos sagrados afastados de templos.

Assim, o culto além de comprometer conexões proibidas, tem uma ação


direta na introdução ao culto positivo, pois as consequências das abstenções é
da mudança extrema do estado, que ao se distanciar do profano se aproxima
do sagrado. Durkheim (1989) apresenta a doutrina ascetismo, que expressa
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autocontrole do espírito e do corpo, que seriam fundamentais para chegar ao


sagrado, sendo associado ao culto negativo, pois não existe uma oposição
aquele que não possui um caráter com desenvolvimento espiritual, e se
mantendo se afastado do profano seria o mesmo que uma imposição de pena.

Durkheim (1989) descreve que para haver o ascetismo e preciso que


essas práticas se tornem a base da vida, quando o culto negativo passa a ser
uma forma principal e não apenas uma meio de acesso ao culto positivo,
havendo assim o ascetismo sistemático que por sua vez seria o
desenvolvimento do culto negativo. Onde as virtudes do ascetismo homem se
elevaria e atingiria a santidade.

Essa separação entre o sagrado e o profano seria originada por meio do


antagonismo sobre seus referentes mundos. Esses correspondem a vidas
excludentes, onde não se pode haver uma dedicação ao mesmo do profano e
do sagrado que se propaga a tudo do qual entra em contato, pois ao menor
contato com o profano haveria a contaminação do sagrado fazendo com que
esse saísse do seu domínio.

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