Você está na página 1de 6

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

CURSO DE BACHARELADO EM TEOLOGIA

Introdução aos Estudos Teológicos


(CEL 1004/5674881) 9001

ATIVIDADE ESTRUTURADA
Entre o Sagrado e o Humano: a hierofania nossa de cada dia !

SERGIO LUIZ SIMÕES


202101098161

Jundiaí - SP
2021
Introdução

A proposta é identificar e compreender como a teologia cristã se apresenta,


calcada em seus padrões culturais basilares e suas possíveis interferências, no
dia a dia do homem, o que isso representa para o ser humano de forma individual
e coletiva (família/sociedade).

Levando-se em conta, obviamente, essas influências do cotidiano com o sagrado


e com a fé na compreensão das manifestações através do culto a divindades,
acatamento a rituais e aceitação de elementos e objetos sagrados, e, finalmente,
como todas essas questões instigam e induzem o sentido da vida.
Desenvolvimento

Definir o que é sagrado, tem variantes interessantes quando se estuda o lugar em


que “ele” (sagrado) se encontra para determinada pessoa ou cultura, uma vez que
a forma que cada qual aceita o sagrado, determina de certa forma, a posição que
ocupa ou vai ocupar na vida.

Durkheim (1996), via o sagrado como um traço essencial dos fenômenos


religiosos, e que tal se definia pela oposição ao profano. Portanto, sagrado e
profano são contrapontos, que entre esse e aquele é que se movimenta a vida
religiosa.

Já no entendimento de Rudolf Otto (1992) o sagrado é uma categoria que denota


a manifestação do poder divino, como o “outro absoluto”, totalmente distinto de
qualquer outra experiência, portanto, tem o sagrado como uma realidade
plenamente diversa da realidade natural.

Talvez pudéssemos dizer, que o sagrado, é tudo que esta “fora do nosso alcance”
de entendimento, que “foge” da nossa compreensão, que extrapola o que é
tangível, adentrando no campo das manifestações sobrenaturais, deixando para
trás, os padrões materiais para ultrapassar os limites da vida normal, cotidiana.

O sagrado, é envolvido pelos “mistérios” da fé, do acreditar, do aceitar, mantém o


ser humano, através de sua crença religiosa, unido e embuído na formação de si
mesmo, “formatando” novos e melhores indivíduos.

Em todos os tempos, a busca do homem foi sempre no sentido de entender e


estar conectado com o divino, para tanto, lançou mão, como lança até os dias de
hoje, de “considerar” elementos, objetos, e lugares, aqueles que normalmente lhes
são mais confortáveis, e que se sentem mais a vontade, com manifesto respeito e
veneração para adorarem e manifestarem a sua fé, dessa forma então, a
presença Divina se faz presente, resultando em sentimentos de paz, equilíbrio e
esperança.

Essas manifestações, se apresentam de várias formas nas mais diversas crenças


e religiões, vejamos a dimensão do sagrado a partir da teologia bizantina, ela trata
como uma visão em que Deus é transcendente em sua essência e imanente em
suas energias, de modo que Deus contém o mundo, sem estar contido nele.

Uma visão teológica em que o arquétipo da criação, da cultura, da vida humana é


a ação litúrgica, e nela o homem figura como co-criador com Deus, o fato seguinte
é que tudo que leva o espírito humano para perto da verdade, entrará no Reino
Divino. Tudo que o homem expressa na arte e descobre na ciência, na vida, será
integrado ao Reino.
Nesse sentido, dizia Dostoiévski (1995) que se o homem perdesse sua fé na
possibilidade de ser integrado no Divino, perderia até mesmo sua forma externa.
O homem bizantino cultiva a natureza, nomeia os seres e coisas humanizando-os.

São Máximo, o Confessor (1985) afirma que a natureza é investida de energias


que trazem certa condensação do mundo espiritual. A matéria é epifenômeno do
espírito. Visão que se aproxima das formulações de Eliade.

Já Gregório Palamas (1983) comenta que o homem eleva a si mesmo sem ser
separado da matéria, que o acompanha desde o início. Toda a vida humana, no
mundo, na matéria é litúrgica. Um pedaço de ser transforma-se em hierofania, em
epifania do sagrado.

A noção de sagrado aqui se articula na noção de participação. A ação humana,


sendo litúrgica, possibilita que todo o cosmos possa ser sacralizado. A arte e a
teologia bizantina mostram-se bastante profícuas na construção de projeto em que
as dimensões artísticas e sacras sejam apreciadas como experiências
constitutivas e expressivas da pessoa humana.

O senso do sagrado, nasce com a experiência antes mesmo que o indivíduo tenha
qualquer tipo de representação ou concepção sobre o divino, esta relacionado à
dimensão ontológica da pessoa.

Poderíamos entender o sentimento religioso como uma tentativa de busca do


sagrado, se fazendo necessário distinguir o sentimento religioso do sentimento de
sagrado.

No sentimento religioso opera-se o sentimento de reverência, de solenidade diante


da Origem, enquanto que no sagrado, o indivíduo pressente a Presença do Divino,
e vive uma transformação em seu ser.

Cabe salientar, que para melhor compreendermos o que é sagrado, também é


necessário, conhecermos sobre o profano, que nada mais é, que seu oposto.

Portanto, sendo o sagrado uma manifestação diferente da realidade natural, algo


misterioso e “quase” sobrenatural, seguindo essa ideia, o profano só pode ser um
simples acontecimento natural, normal, corriqueiro, pleno e seguramente
explicável.

De forma que o sagrado é, pois, o alicerce da ontologia que estuda e tenta


explicar as principais questões que norteiam o pensamento filosófico, cuja
finalidade é a de reconhecer de forma absoluta a manifestação de uma divindade.
Conclusão

Durante o trajeto do homem sobre a terra, ser de natureza especulativa, agitado,


sempre a procura de desvendar o desconhecido, e na busca constante do que
ainda não possui, que portanto lhe falta, tanto em relação a condição material,
humana, afetiva e profissional, quanto na espiritual, caminha, incansavelmente, na
procura de sua religiosidade, no contato com o sagrado, de entender o Divino,
busca conectar-se com Deus das mais variadas formas, a fim de manter-se fiel
aos mandamentos através da fé, e para o seu próprio crescimento e
desenvolvimento, em todos os aspectos da vida humana.
Referências

ANÔNIMO. O peregrino russo. São Paulo, Edições Paulinas, 1986.

BÍBLIA. N.T. Marcos. In BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Revista e atualizada


no Brasil. Tradução de João Ferreira de Almeida. Barueri – SP. Sociedade Bíblica
do Brasil, 2011. 1664p.

BOSCO, João. Santa Ceia – Simbolo e rito nas pinturas. Ensino Religioso, 2010.

DOSTOIÉVSKI, F. M. Os irmãos Karamazov.Rio de Janeiro. Aguillar, 1995.

DURKHEIM, E. As formas elementares da vidareligiosa. São Paulo, Martins


Fontes, 1996.

ELIADE, M. O sagrado e o profano. A essência das religiões. São Paulo, Martins


Fontes, 1995.

MÁXIMO CONFESSOR Maximus Confessor. Selected Writings. Nova York,


Paulist Press, 1985.

MUTZ, Alvano. Hierofania. Cultura Religiosa. 2006.

OTTO, R. O Sagrado. Lisboa, Edições 70, 1992.

PALAMAS, G. The Triads. New Jersey, Paulist Press, 1983.

TAGORE, R. La Religion del Hombre. Madri, Biblioteca Edaf, 1982.

Você também pode gostar