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UNIDADE CURRICULAR: METODOLOGIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS-

MÉTODOS QUANTITATIVOS

CÓDIGO: 41039

DOCENTE: Ana Isabel Silva

Tutor/Tutora:

A preencher pelo estudante

NOME: Paula Cristina Freire da Glória

N.º DE ESTUDANTE: 2002796

CURSO: Licenciatura em Ciências Sociais

DATA DE ENTREGA: 14 de maio de 2022

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TRABALHO / RESOLUÇÃO:

Para se elaborar e desenvolver uma investigação é necessário que seja


traçado uma planificação para que o tema que se pretende estudar seja objetivo e
elucidativo.

Verificamos que ainda se assiste, nos dias de hoje, quer em Portugal, quer na
Europa, a uma desigualdade ao acesso e ao sucesso escolar por parte da
comunidade cigana. A abordagem a este tema, suscitou em mim interesse, uma vez
que sou funcionária, há já vários anos, numa escola de 2º e 3º ciclos, no concelho de
Torres Vedras, da qual fazem parte muitos ciganos. O Agrupamento vai do ensino pré-
escolar ao 3º ciclo de ensino básico. Desde forma, tenho vindo a assistir a um
crescente número de inscrições de alunos desta comunidade, nos diferentes ciclos,
devido a uma exponencial confiança e motivação, por parte dos pais jovens, na
educação dos seus filhos. Esta investigação pretende conhecer e avaliar se existem
condições que motivem estas novas gerações de famílias ciganas, a prosseguirem
com os seus estudos.

O procedimento apresentado por Campenhoudt; Marquet; Quivy (2019),


permite a realização de uma investigação, que para ser bem-sucedida, divide-se em
três (3) atos, que se encontram encadeados: Rutura, Construção e Verificação. Dentro
destes atos existem sete (7) etapas: 1ª - A pergunta de partida; 2ª - A exploração; 3ª -
A problemática; 4ª - A construção do modelo de análise; 5ª - A observação; 6ª - A
análise das informações e 7ª - As conclusões. Neste trabalho irei somente elaborar a
pesquisa até à 4ª etapa – e a formulação de duas hipóteses de acordo com a pergunta
de partida.

A etapa 1, refere-se, à pergunta de partida, que é a base para o desenrolar


da investigação, que Segundo (Campenhoudt, et. al 2019, p.44) “…um projeto de
investigação sob a forma de uma pergunta de partida só será útil se essa pergunta for
corretamente formulada”, sendo que “uma boa pergunta de partida deve preencher
várias condições”.

Assim, a minha pergunta de partida será: Quais as motivações que levam os alunos
da comunidade cigana a prosseguirem os seus estudos?

Seguidamente, partindo para a etapa 2 - a exploração do tema em análise,


pretende aprimorar a informação, por forma a se encontrar as melhores formas de
abordagem, para se obter um resultado de qualidade. “A exploração comporta as

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operações de leitura, as entrevistas exploratórias e alguns métodos de exploração
complementares”, (Campenhoudt, et. al 2019, p.65). As leituras devem obedecer a
critérios concretos, provendo ao investigador as perspetivas mais pertinentes a serem
abordadas na sua investigação. Desta forma foquei-me na leitura de apoio do plano do
Alto Comissariado para as migrações (ACM) com o observatório das comunidades
ciganas (ObCig) e com a ressalva para o conselho consultivo para a integração das
Comunidades Ciganas (CONCIG) e ainda o Plano Local de Inclusão da Comunidade
Cigana (PLICC) do concelho de Torres Vedras, que pretendem contribuir e
implementar estratégias para a inclusão destas comunidades e a desconstrução de
estereótipos acerca das mesmas. Pretendi com estas leituras, a elucidação de
suportes válidos para a compreensão do campo de ação destas organizações, para a
inclusão destas comunidades. Vários programas como a “OPRE” (desenvolvido em
parceria pelo Alto Comissariado para as Migrações e Associação Letras Nómadas),
programas, como “ROMA Educa”, entre outros, têm como foco o incentivo, dirigido a
jovens estudantes, através da atribuição de bolsas de estudo e acompanhamento
através da mediação. A visualização de várias reportagens de diferentes canais
televisivos a estudantes destas comunidades, onde ressalta a importância já atribuída
aos estudos superiores, uma vez que começa a existir a ideia que quanto mais
formação e escolaridade, melhores condições de trabalho poderão vir a adquirir. A
Entrevista exploratória com o responsável pela “Associação Letras Nómadas”, foi
essencial para a recolha de informação pertinente sobre este tema, bem como a
Associação Intercultural e Inclusão das Comunidades Ciganas, “Sendas e Pontes”,
criada há cerca de 2 anos, que em parceria com a Câmara Municipal, colocou uma
mediadora cigana no agrupamento onde trabalho, desempenhado um papel fulcral,
tendo como missão fazer a ponte entre esta comunidade e a escola.

Na 3º etapa, surge a problemática, que “é a abordagem ou a perspetiva


teórica que decidimos adotar para tratarmos o problema formulado pela pergunta de
partida” (Campenhoudt, et. al 2019, p.117). Nesse sentido a elaboração da minha
problemática, é baseada na constatação de que, embora ainda exista uma elevada
taxa de insucesso escolar e de um abandono precoce por parte de alunos de
comunidades ciganas o que, para além de prejudicar os direitos sociais dos mesmos,
dificulta o processo de inclusão. É notório, que a vida ambulante está cada vez mais
insustentável, muito devido ao empoderamento das grandes superfícies e, que quanto
maior for a escolaridade mais hipóteses de acesso ao mercado de trabalho e à
formação profissional poderão ter, garantindo maior estabilidade e melhores condições
de vida. Contudo, constata-se que existe uma crescente confiança e motivação, por

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parte dos pais das novas gerações na educação dos seus filhos, o que, em conjunto
com os intervenientes no processo educativo (família, professores, mediadores, etc.),
ajuda ao processo de abolir as barreiras que separam as comunidades ciganas do
ensino (em qualquer dos níveis de escolaridade, inclusive o superior) e se construam
cada vez mais pontes.

Na 4º etapa temos “O modelo de construção de análise, “é o prolongamento


natural da problemática, articulando de forma operacional os marcos e as pistas que
serão finalmente retidos…” (Campenhoudt, et. Al 2019, p.211). Os projetos que já se
encontram instituídos dão o mote incentivador para que “o saber não ocupa espaço” e
que, não é por isso que deixarão de ser ciganos. Porém, deve-se compreender, que
embora apresentem identidades culturais diferentes, estas deverão ser respeitadas e
desconstruídos preconceitos, facultando recursos para uma maior inclusão, que não
passa só pela integração escolar, mas também habitacional. O peso das tradições e
de alguma resistência à escolaridade, está mais presente nos bairros que aglomeram
famílias com uniformidade cultural (bairros sociais), originando por vezes censura
interna. De qualquer forma, não podemos descurar que continuam a existir
determinados fatores, como por exemplo, a quebra das rotinas diárias exigidas pela
frequência escolar que podem influenciar negativamente levando ao afastamento da
escola.

De acordo com Gil, A. (1995, p.64), definimos hipótese como “uma suposta
resposta a um problema a ser investigado”, desta forma os aspetos aqui explanados
parecem-me relevantes para a elaboração das duas hipóteses, resultantes de
preocupações geradas pelos encarregados de educação dessas comunidades e a
relação que a escola deverá estabelecer com a mesma, pretendendo aprimorar
informação na esperança de um resultado mais esclarecedor e positivo para ambas as
partes.

Hipótese 1 - Uma maior relação da escola com as famílias destas comunidades trará
um maior sucesso no desempenho escolar?

Hipótese 2 – Estarão a ser implementadas as medidas apropriadas para que o


preconceito caía e se alcance a diminuição do absentismo?

Em suma, considero que uma sociedade que se preze pela diversidade


cultural, pela igualdade de direitos e tolerância, este estudo alargou a minha visão
sobre a temática e, embora já se constate algum caminho trilhado o importante é

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continuar a desconstruir estereótipos e alcançar sucesso na inclusão destas
comunidades minoritárias.

Bibliografia:

 Campenhoudt, L.; Marquet, J.; Quivy, R. (2019). Manual de Investigação em


Ciências Sociais. Lisboa: Gradiva
 Gil, A.C. (1995). A construção de hipóteses. In Métodos e técnicas de Pesquisa
Social
 Gil, A.C. (1995). A operacionalização de variáveis. In Métodos e Técnicas de
Pesquisa Social

Outras referências:

 Alto Comissariado para a migrações – Observatório das comunidades Ciganas


(ObCig);
https://www.acm.gov.pt/ru/-/observatorio-das-comunidades-ciganas-obci-1
 Câmara Municipal de Torres Vedras;
http://www.cm-tvedras.pt/desenvolvimento-social/inclusao-de-minorias/
 OPRE- Programa Operacional para a promoção da educação
https://sigarra.up.pt/feup/pt/noticias_geral.ver_noticia?p_nr=68409
 Programa de Bolsas Roma Educa
https://www.dge.mec.pt/noticias/programa-de-bolsas-roma-educa-0
 Associação Letras Nómadas;
 Associação Intercultural e Inclusão das Comunidades Ciganas, “Sendas e
Pontes;

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