Henri F Ellenberger - A Descoberta Do Inconsciente

27/01/2021 Descoberta Inconsciente
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Descoberta
DO
Inconsciente
O HISTC) RY E EVOLUÇÃO
DA PSIQUIATRIA DINÂMICA
Henri F. Ellenberger
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• FontanaPress
- Uma marca de HarperCoilinsPublishers
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Fontana Press
Uma marca de HarperCollinsPublishers
77-85 Fulham Palace Road,
Hammersmith, Londres W6 8JB
Publicado pela Fontana Press 1994

135798642
Publicado pela primeira vez nos EUA por

Livros Básicos 1970
Copyright © Henri F. Ellenberger 1970
Henri F. Ellenberger afirma o direito moral de

ser identificado como o autor deste trabalho
ISBN 0 00 686320 5
Set in Times
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Página 3
INTRODUÇÃO
ESTE LIVRO DESTINA-SE A SER uma história da psiquiatria dinâmica

baseada em metodologia científica, com levantamento detalhado e objetivo de
os grandes sistemas psiquiátricos dinâmicos, notadamente os de Janet, Freud, Adler,
e Jung. Uma interpretação dos fatos e sistemas é proposta, com base
de uma avaliação do contexto socioeconômico, político e cultural,
bem como da personalidade dos pioneiros, seu ambiente e o papel
de certos pacientes.
O ponto de partida do meu estudo surgiu através da reflexão sobre o
contraste entre a evolução da psiquiatria dinâmica e a de outros
ciências. Nenhum ramo do conhecimento passou por tantas metamorfoses
como psiquiatria dinâmica: da cura primitiva ao magnetismo, magnetismo ao
hipnotismo, hipnotismo para a psicanálise e as novas escolas dinâmicas.
Além disso, essas várias tendências passaram por repetidas ondas de
rejeição e aceitação. No entanto, a aceitação nunca foi tão ruim
ambíguo como no caso de descobertas físicas, químicas ou fisiológicas,
para não mencionar o fato de que os ensinamentos das escolas dinâmicas mais novas são
em grande medida mutuamente incompatíveis. Como outra característica notável,
os relatos atuais da história da psiquiatria dinâmica contêm mais
erros, lacunas e lendas do que a história de qualquer outra ciência.
O objetivo da minha pesquisa era triplo. A primeira tarefa foi reconstituir o
história da psiquiatria dinâmica com a maior precisão possível, partindo de
a perspectiva de "adoração ao herói" de certos relatos anteriores, mantendo
uma visão rigorosamente imparcial e se abstendo de qualquer tipo de polêmica.
A metodologia relevante pode ser resumida em quatro princípios: (1) Nunca
tome qualquer coisa como certa. (2) Verifique tudo. (3) Substitua tudo
em seu contexto. (4) Desenhe uma linha nítida de distinção entre os fatos e
interpretação dos fatos. Sempre que possível, eu recorreu a fontes primárias,
como arquivos, bibliotecas especializadas e os testemunhos de pessoas confiáveis
Página 4
vi A DESCOBERTA DO INCONSCIENTE
testemunhas. As fontes secundárias foram avaliadas quanto à sua confiabilidade.

Por meio de extensa pesquisa realizada por uma dúzia de anos com este
método, fui capaz de coletar um grande número de fatos novos, enquanto muitos fatos
já conhecidos são colocados sob uma nova luz. Muitas lendas que foram
repetidas de autor para autor são consideradas errôneas.
Minha segunda tarefa foi reconstruir e expor a grande dinâmica
sistemas psiquiátricos. Isso implica que o desenvolvimento de cada sistema teve
a ser seguido em ordem cronológica desde o início. (O estudo
de Janet teve, portanto, que começar com os escritos filosóficos de sua juventude, que
de Freud com seus escritos neuroanatômicos, o de Adler com seus primeiros
artigos sobre medicina social, e o de Jung com as palestras que deu para
membros de sua associação de estudantes.) Cada sistema teve que ser mostrado no
luz de seus próprios princípios. Para tornar cada sistema inteligível, explora implícita
ção de suas fontes e um esforço para substituir seu originador no contexto de
seu ambiente social e a rede de relações com seus contemporâneos.
Substituir uma obra em seu contexto também é o melhor meio de avaliar seu verdadeiro
originalidade.
Minha terceira tarefa foi dar uma interpretação da história da dinâmica
psiquiatria e dos grandes sistemas dinâmicos. Para esse efeito, a história de
a psiquiatria dinâmica teve que ser recontada em uma perspectiva dupla, isto é,
como os eventos apareceram para os contemporâneos e como eles aparecem para nós em
retrospecto (muitos fatos que pareciam de pouca importância para os contemporâneos
parecem ter sido cruciais e vice-versa). Esta forma de escrever
história envolveu uma extensa investigação sobre os aspectos sócio-econômicos, políticos,
cultura e formação médica, bem como nas personalidades dos
pioneiros e seu ambiente, incluindo seus pacientes. O objetivo disto
investigação era encontrar uma explicação para as características paradoxais da evolução
da psiquiatria dinâmica, e para lançar alguma luz sobre a origem, fontes e
significado dos grandes sistemas psiquiátricos dinâmicos.
O presente livro começa com um levantamento da ancestralidade da dinâmica

psiquiatria. Esta pesquisa tem interesse histórico porque uma cadeia contínua
pode ser demonstrado entre exorcismo e magnetismo, magnetismo e
hipnotismo, hipnotismo e os grandes sistemas dinâmicos modernos. Também tem
interesse teórico porque encontramos na cura primitiva evidências de sutis
técnicas terapêuticas, muitas das quais semelhantes às mais modernas
métodos psicoterapêuticos, enquanto outros não possuem paralelos conhecidos
hoje. Dez variedades de cura primitiva são, portanto, revisadas e comparadas
com métodos modernos. A ênfase é colocada também sobre os métodos psíquicos
treinamento que foram ensinados pelas escolas filosóficas greco-romanas
e totalizou variedades de psicoterapia, e na cura religiosa de
o "segredo patogênico". Aqui, também, uma linha contínua de evolução é mostrada
entre este tipo de cura e certas técnicas de dinâmica moderna
psiquiatria.
Página 5
Introdução vii
O Capítulo 2 conta a história do nascimento, evolução e vicissitudes de

psiquiatria dinâmica entre Mesmer e Charcot, ou seja, de 1775 a
1893. Uma série de novos pontos importantes são trazidos à luz sobre Mesmer,
Puysegur e Kerner. Mostra- se que o advento do espiritismo nos anos
1848 a 185 3 significou uma virada decisiva na história da dinâmica
psiquiatria, e que muitos dos ensinamentos dos antigos magnetizadores eram
esquecido após 1850 e parcialmente redescoberto por Bernheim e Charcot
por volta de 1880. Usei uma biografia de Charcot publicada em russo pela
o médico Lyubimov, amigo de Charcot por vinte anos; esta
fonte importante havia escapado à atenção de todos os outros historiadores até agora.
A principal inovação no Capítulo 3 é a noção da Primeira Dinâmica
Psiquiatria. É mostrado que ao longo do século XIX existiu
um sistema completo de psiquiatria dinâmica, apesar da inevitável flutuação
ções e divergências entre os grupos rivais de magnetistas e hipnotizadores.
As características básicas da primeira psiquiatria dinâmica foram o uso da hipnose
como uma abordagem para a mente inconsciente, o interesse em certas
condições chamadas "doenças magnéticas", o conceito de um modelo dual do
mente com um ego consciente e um inconsciente, a crença na psicogênese
de muitas condições emocionais e físicas, e o uso de psico-
procedimentos terapêuticos; o canal terapêutico era visto como sendo o
"relacionamento" entre hipnotizador e paciente. Magnetismo e hipnotismo -
produziu um novo tipo de curador cujas características são descritas em
com base em autobiografias de magnetistas antigos e em outros documentos
nunca utilizado por historiadores até hoje. Mostra- se, ainda, que a cultura
impacto da primeira psiquiatria dinâmica foi muito maior do que é geralmente
acreditava.
O Capítulo 4 é dedicado a uma interpretação nova e original da história
e características da primeira psiquiatria dinâmica. A mudança paradoxal de
Da técnica de Mesmer à de Puységur, e deste último ao
terapia hipnótica autoritária da segunda metade do século XIX
são explicados como reflexos de mudanças nas relações entre
Aulas. Outras vicissitudes na evolução da psiquiatria dinâmica são inter-
pretendida como manifestações das lutas entre grandes tendências culturais:
o Barroco, Iluminismo, Romantismo, Positivismo. Notáveis semelhanças
são apresentados entre os conceitos básicos de Freud e Jung, de um lado,
e certos conceitos de filósofos e psiquiatras românticos sobre o
outros, incluindo os recém-chegados do Romantismo, Fechner e Bachofen.
O impacto das convulsões socioeconômicas trazidas pela indústria
revolução também é analisada, bem como a influência exercida por Darwin e
Marx sobre a psiquiatria dinâmica.
Nos anos 1880 e 1890, teria parecido que a primeira dinâmica
a psiquiatria conquistou seu triunfo final, pois muitos de seus ensinamentos foram aceitos
por Charcot e Bernheim. No entanto, esse triunfo teve vida curta e
seguido por um rápido declínio. O objetivo do Capítulo 5 é encontrar uma interpretação
Página 6
viii A DESCOBERTA DO INCONSCIENTE
desses eventos paradoxais por meio de uma investigação socioeconômica

convulsões e tendências culturais que deram uma nova orientação ao público
mente. Entre as tendências que explicam a orientação para uma nova dinâmica
psiquiatria, a ênfase é colocada sobre a nova psicologia "reveladora" de
Nietzsche e outros, o movimento neo-romântico, a tendência para
repsicologização da psiquiatria, o rápido desenvolvimento da psico-
patologia, o interesse pelos sonhos, a exploração do inconsciente (um
grande pioneiro aqui foi Flournoy). É mostrado que a palavra "psicoterapia"
tinha se tornado moda por volta de 1890 e que havia uma demanda por um
nova psicoterapia que iria satisfazer as necessidades intelectuais da classe alta
pacientes.
O Capítulo 6 constitui o primeiro estudo biográfico de Pierre Janet a ser
dada em qualquer idioma, com base em dados fornecidos pela comunidade
registros, os arquivos da Escola de Medicina de Paris, a École Normale
Superieure, o Lyceums em Chateauroux e Le Havre, o College de
França, e informações abundantes fornecidas pelas duas filhas de Janet e
muitas pessoas que o conheciam. Várias lendas preocupam-
ing Janet são refutadas. Este capítulo também apresenta, pela primeira vez,
abrangente pesquisa do sistema psicológico de Janet. A prioridade de Janet no
descoberta da terapia catártica é evidenciada por meio de numerosas
citações, e chama-se atenção para o fato de que o primeiro (e possivelmente
apenas) caso de possessão diabólica tratada e curada por psicologia dinâmica
terapia era a do paciente "Aquiles" de Janet em 1890 e 1891. O leitor
encontrará uma descrição das teorias de Janet sobre automatismo psicológico, de seu
análise psicológica, da grande síntese psicológica que ele construiu
a partir de 1908, e de suas idéias sobre a psicologia da religião. Devido crédito
é dado à psicoterapia de Janet, que raramente é mencionada em qualquer livro didático.
Tanto foi publicado sobre Freud e a psicanálise que
pareceria impossível trazer algo realmente novo para este campo. Nunca
menos o leitor encontrará no Capítulo 7 uma série de anteriormente desconhecidas
fatos e novas interpretações. Analisando a formação judaica de Freud, o
autor mostra que houve vários grupos de judeus austríacos com bastante
diferentes condições de vida, e que essas diferenças se refletiam no
grande variedade de atitudes demonstradas por seus descendentes, ou seja, os austríacos
Judeus na época de Freud. Sobre a vida de Freud, alguns novos materiais biográficos
é gerado. O autor conseguiu utilizar material recentemente descoberto
referente à história da família Freud em Freiberg, um episódio de
Anos escolares de Freud, uma parte do recém-descoberto Freud-Silberstein
correspondência, uma avaliação da capacidade de Freud como oficial (recentemente
desenterrado pela Sra. Renee Gicklhorn nos arquivos da Áustria
Ministério da Guerra). Um levantamento crítico da história do artigo de Freud sobre o sexo masculino
histeria perante a Sociedade de Médicos Vienense em 15 de outubro de 1886, é
dado e mostra que a versão comum deste episódio é apenas uma lenda.
A auto-análise de Freud é interpretada como uma ocorrência de um criativo específico
Página 7
Introdução ix
doença. O episódio da viagem de Freud à América em 1909 é ilustrado

com detalhes até então não publicados. A intervenção de Freud na chamada
O ensaio de Wagner-Jauregg é reconstruído com a ajuda de documentos não publicados
mentos recentemente descobertos pela Sra. Renee Gicklhorn. O livro presente
inclui a coleção mais completa de entrevistas de Freud já registradas. isto
também traz uma revisão das principais interpretações da personalidade de Freud. UMA
levantamento detalhado da obra de Freud é dado em sequência cronológica tomando
em consideração o movimento cultural e científico da época. Freud's
mestres e aqueles homens que desempenharam um papel importante na formação de seu
pensamento são examinados à luz de novos dados. Quanto a Breuer, por
Por exemplo, usei dados não publicados fornecidos pela família de Breuer, principalmente
os documentos relativos à Fundação Breuer (Breuer-Stiftung) a
a própria existência parece ter escapado à atenção de outros
historiadores antes de agora. A ênfase é colocada em Moritz Benedikt como sendo um dos
as fontes muito importantes para Freud, ao passo que é mostrado o de Freud
relacionamento com Charcot não era de discípulo para mestre, mas sim no
disfarce de um encontro existencial. Um exame cuidadoso dos fatos já conhecidos
e investigações nos arquivos vienenses me convenceram de que a versão usual
da doença de Anna O. é insustentável, que sua condição pertencia ao grande
"doenças magnéticas" do passado, mas porque os ensinamentos do antigo
os magnetistas haviam sido esquecidos, o caso estava fadado a ser mal interpretado.
Muito material novo foi descoberto sobre as fontes de Freud, sua relação
com alguns de seus contemporâneos, o contexto de suas descobertas e
seu impacto.
O leitor encontrará no Capítulo 8 um relato crítico da obra de Alfred Adler
antecedentes familiares e história de vida, com base em extensa pesquisa no
Arquivos vienenses e pesquisas entre membros da família Adler e
vários de seus primeiros discípulos. É mostrado que a origem judaica de Adler
era bem diferente de Freud, o que explicaria as grandes diferenças
nas atitudes dos dois homens em relação ao mundo judeu e gentio. isto
é mostrado também como a constelação da família de Adler se refletiu em seu posterior
teorias. Entre outros fatos não familiares está a revelação do pré-freudiano
período no pensamento de Adler. Após uma pesquisa prolongada, consegui encontrar um
cópia (provavelmente a única sobrevivente) da primeira publicação de Adler, sua
Livro de saúde para o comércio de alfaiates (1898). Uma série de artigos publicados por
Adler em um periódico austríaco pouco conhecido também foi descoberto. Um escrutínio
do livreto e artigos mostra que os princípios principais do futuro de Adler
sistema já estava presente nestes primeiros trabalhos, ou seja, que
A psicologia individual de Adler não pode ser considerada como "uma distorção de
psicanálise ", mas como um retorno e uma elaboração das idéias de Adler
desenvolvido durante os seis anos de seu período pré-psicanalítico. O evolu-
ção do pensamento de Adler está relacionada passo a passo e suas várias facetas são
ilustrado com exemplos extraídos de seus escritos pouco conhecidos,
incluindo entrevistas dadas a jornais ou revistas. Um completo e
Página 8
X A DESCOBERTA DO INCONSCIENTE
descrição precisa dos métodos de Adler de psicologia individual e coletiva

terapia e educação terapêutica são dadas; muitos dados espalhados por
nossa literatura psicológica individual é reunida aqui e apresentada em

uma forma sistemática. Várias fontes desconhecidas de Adler são descritas para
por exemplo, as obras de escritores russos.
O Capítulo 9 traz muitas informações novas sobre Carl Gustav
Jung. Ele começa com uma descrição de sua formação suíça e
história comum de seus avós. Memórias do ex-colega de escola de Jung,
Gustav Steiner (publicado recentemente no Basler Stadtbuch, uma publicação
pouco conhecido fora de Basileia). provou ser inestimável para a reconstrução daquele
período da vida e pensamento de Jung. Eu fui capaz de identificar o jovem médium
em quem Jung realizou experimentos iniciais e para obter novos dados sobre
este episódio. Eu definitivamente refuto o estereótipo atual de que o sistema de Jung é
apenas uma distorção da psicanálise de Freud. É mostrado que vários dos
As principais ideias de Jung já estavam presentes nos dias de estudante de Jung. O próprio Jung
experimento de 1913 a 1919 está relacionado com base em publicações
material publicado e interpretado como exemplo de doença criativa. o
pesquisa do sistema de Jung é provavelmente a mais completa e
abrangendo tudo o que foi escrito até o momento: não apenas utilizei
todos os trabalhos publicados de Jung, e as entrevistas que ele deu a notícias
jornais e revistas, mas tive acesso à coleção completa de
Palestras e seminários não publicados de Jung. A evolução do pensamento de Jung
é descrito em sua seqüência cronológica e progresso. A conta dada
A psicoterapia de Jung também é a mais completa dada até hoje. Vários
aspectos pouco conhecidos do pensamento de Jung são referidos, como sua filosofia
da história e os comentários extensos e não publicados que ele deu
Zaratustra de Nietzsche . Fontes até então desconhecidas ou esquecidas de Jung's
idéias são apontadas. bem como a influência de Jung em campos insuspeitados (para
por exemplo, a origem do detector de mentiras, a origem dos Alcoólicos Anônimos,
e teorias recentes da economia nacional e filosofia política).
O capítulo ! 0 é a pedra-chave, por assim dizer, de todo o livro. Ele visa
dando uma síntese da história do nascimento e crescimento da nova dinâmica
sistemas psiquiátricos de 1893 a 1945. A origem e o desenvolvimento de cada
sistema é mostrado ano a ano, em sua interação, bem como em sua relação
navios para outras tendências psiquiátricas e psicoterapêuticas, e para a cultura
e antecedentes políticos. Desta forma, parecerá ao leitor que o
crescimento da psicanálise e dos sistemas dinâmicos mais novos não foi assim
tanto uma revolução quanto uma evolução gradual desde a primeira psiquiatria dinâmica
para os mais novos. A história da psiquiatria dinâmica é, portanto, misturada
com os acontecimentos da época: guerras e convulsões políticas, literárias e
movimentos artísticos, congressos internacionais, julgamentos sensacionais e até
sistemas psiquiátricos de 1882 a 1945. A origem e o desenvolvimento de cada
são enfatizados, por exemplo, a morte de Charcot e a publicação de
livros psiquiátricos ou obras literárias que causaram sensação. É mostrado que,
Página 9
Introdução XI
ao contrário de uma suposição atual, polêmicas em torno da psicanálise dificilmente

começou antes de 1907, isto é, antes que a psicanálise assumisse a forma de um
movimento. Vários episódios dessas polêmicas são apontados, particularmente
a polêmica de Zurique de 1912 (que nunca foi relatada por outro
historiadores até agora); mostra-se que o significado dessas polêmicas para

as pessoas daquela época eram um pouco diferentes do aspecto que adquiriram
Em retrospecto. A atenção é atraída para uma variedade de sistemas dinâmicos ou psicológicos
técnicas terapêuticas que desempenharam um grande papel em seu tempo, mas são mais ou
menos esquecido hoje. Ao longo de todo este capítulo, um grande número de
dados desconhecidos ou pouco conhecidos são oferecidos ao leitor.
Um curto capítulo de conclusão é dedicado a classificar e definir o
fatores que causaram e direcionaram a evolução da psiquiatria dinâmica, a saber,
o background socioeconômico; a sucessão de, e os conflitos entre,
grandes tendências culturais; a personalidade, situação familiar, eventos de vida e
neuroses dos fundadores; o fenômeno da "doença criativa" (em relação
para Freud e Jung); o papel da classe social da qual os fundadores
desenhou seus pacientes; o papel complexo e ambíguo de certos privilegiados
pacientes (principalmente mulheres histéricas); o papel do meio ambiente, colegas,
discípulos, rivais, livros contemporâneos e eventos contemporâneos.
Página 10
PESSOAL
AGRADECIMENTOS
A PESQUISA QUE CONSTITUI a substância do presente

livro foi possível graças a uma bolsa do Instituto Nacional de Mental
Saúde que me permitiu passar quatro meses na Áustria, Alemanha, Suíça
Land, e França, entrevistando pessoas e coletando dados de arquivo, e que
garantiu o salário de uma secretária de pesquisa por três anos. Uma estada em
A Inglaterra foi possibilitada por uma concessão do British Council, e um segundo
verão de pesquisa em Viena e Zurique por uma bolsa da Direção do
Serviços psiquiátricos em Quebec. Este último também pagava o salário de uma secretária
para a conclusão do livro. Eu também recebi incentivo e um generoso
cessão de tempo da Universidade de Montreal.
Preciosos conselhos e informações foram recebidos do Professor Werner
Leibbrand de Munique, o Professor Erwin Ackernecht de Zurique, e particu-
principalmente a professora Erna Lesky, de Viena, que também me emprestou sua História da
Escola Médica de Viena enquanto este trabalho ainda não era publicado.
O Visconde du Boisdulier forneceu-me muitas informações
dos arquivos da família sobre seu ilustre ancestral, o Marquês de
Puysegur. Informações em primeira mão sobre Pierre Janet foram fornecidas por seu
duas filhas, Srta. Fanny Janet e Sra. Helene Pichon-Janet, também
como pelo Professor Jean Delay e Sr. Ignace Meyerson. Sra. Kathe Breuer
me deu muitas informações sobre seu sogro, Dr. Joseph Breuer,
e permissão para utilizar cartas não publicadas e outros documentos, entre
outros, os da Fundação Breuer.
O Sr. Ernest Freud gentilmente me mostrou o escritório e a biblioteca de seu
pai, reconstruído em sua casa em Maresfield Gardens, Londres, e
forneceu informações sobre vários pontos. Dr. KR Eissler, diretor do
Freud Archive, deu ao autor conselhos valiosos e gentilmente emprestou-lhe o
manuscrito de seu estudo não publicado sobre a personalidade de Freud. Em primeira mão
memórias sobre Freud e o início da história do movimento psicanalítico-
xiii
Página 11
xiv A DESCOBERTA DO INCONSCIENTE
mentos foram recebidos principalmente do falecido reverendo Oskar Pfister e do Dr.

Alphonse Maeder, ambos em Zurique. A grande discrepância entre o
versão atualmente aceita de certos eventos e a relação dada do
mesmo por esses dois veteranos foi um dos incentivos que me levou a
uma atitude mais crítica em minhas investigações. Em minhas perguntas sobre Freud
Fui ajudada da maneira mais generosa pela Sra. Renee Gicklhorn, em
Viena, que me emprestou o manuscrito de seu livro não publicado sobre o
chamado de julgamento de Wagner-Jauregg, bem como fotocópias de vários
documentos.
Reminiscências sobre Alfred Adler foram fornecidas pela Dra. Alexandra

Adler e parentes na Áustria, Alemanha e América. Dr. Hans Beckh-
Widmanstetter introduziu o autor no labirinto dos vienenses
arquivos, ajudaram-no de todas as formas possíveis, prosseguiram as pesquisas sobre o seu
nome depois, e deu-lhe permissão para utilizar seu estudo não publicado
na infância e juventude de Alfred Adler. Mais informações foram fornecidas
pelo Professor Viktor Frankl, Reverendo Ernst Jahn, de Berlin-Stieglitz, e
Professor e Sra. Ansbacher, de Burlington, Vermont.
Eu tinha conhecido pessoalmente o falecido CG Jung e
entrevistei-o sobre todos os pontos que achei obscuros em seus ensinamentos; Eu então
escreveu o rascunho de um relato das teorias de Jung, após lê-lo, Jung
retornou para mim com anotações a lápis. Obrigado também ao Sr.
e Sra. Franz Jung, Dr. von Sury, Dr. C. A. Meier, Srta. Aniela Jaffe,
e aqueles que me permitiram ler as palestras e seminários não publicados de Jung.
Informações sobre vários pontos importantes foram fornecidas pelo Dr. Charles
Baudouin, Dr. Ludwig Binswanger, Dr. Oscar Diethelm, Dr. Henri Flournoy,
Dr. Eugene Minkowski, Dr. Jacob Moreno, Dr. Gustav Morf, Sra. Olga
Rorschach, Dr. Leopold Szondi e muitos outros.
Devo agradecer coletivamente a ajuda dos bibliotecários no
Biblioteca Pública de Nova York, Biblioteca do Congresso em Washington, o
Biblioteca Nacional de Medicina em Bethesda, Maryland, a Bibliotheque
Nationale em Paris, a Biblioteca do Museu Britânico em Londres, a Suíça
Biblioteca Nacional de Berna, Bibliotecas da Universidade de Estrasburgo, Nancy,
Basel, Zurich, Geneva, Vienna e Sofia, the Library of the Goetheanum
em Dornach, Suíça, o departamento de arquivo do Neue Zurcher Zeitung,
Zurique e, por último, mas não menos importante, as Bibliotecas da Universidade McGill e da
University of Montreal.
Por mais que esteja, esta lista ainda está incompleta e deve incluir pelo menos aqueles
alunos cujas perguntas e comentários muitas vezes me incitaram a olhar mais de perto
em certos problemas, confirmando assim a verdade da frase do Rabino Chanuna
no Talmud: "Muito eu aprendi com meus professores, mais com minha
colegas, a maioria de meus alunos. "
Página 12
CONTEÚDO
Os ancestrais da psicoterapia dinâmica 3
2 O Surgimento da Psiquiatria Dinâmica 53
3 A Primeira Psiquiatria Dinâmica (1775-1900) 110
4 O Histórico da Psiquiatria Dinâmica 182
S no limiar de uma nova psiquiatria dinâmica 254
6 Pierre Janet e a análise psicológica 331
7 Sigmund Freud e a psicanálise 418
8 Alfred Adler e a psicologia individual 571
9 Carl Gustav Jung e a psicologia analítica 657
10 O alvorecer e a ascensão da nova psiquiatria dinâmica 749
11 Conclusão 886
Reconhecimentos 899
Índice 901
Página 13
ILUSTRAÇÕES
SEGUINTE A PÁGINA 330 SEGUINTE A PÁGINA 656
Franz Anton Mesmer Família de Pierre Janet

Amand-Marie-J acques De Chaste- Pierre Janet em seu jardim
net, Marquês de Puysegur Pierre Janet no auge da fama

Puységur apoiado no "ímã- Carta da Fundação Breuer
ized "olmo de Buzancy Página 1 de 28 de outubro de 1886,
Justinus Kerner edição do Boletim do Impe-
Friedericke Hauffe rial Royal Society of Physicians
Gustav Theodor Fechner em Viena, discutindo sobre Freud
papel sobre histeria
Johann Jakob Bachofen
Sigmund Freud em 1891, trinta anos
Jean-Martin Charcot
cinco
Autógrafo de charcot
Freud caminhando em Viena
A pintura de A. Brouillet de Charcot em
Alfred Adler
a clínica dele
Alfred Adler e seus irmãos
Joseph Breuer
C. 0. J ung the Elder
Bertha Pappenheim
Carl Gustav Jung
Theodore Flournoy
Jung especulando
Moritz Benedikt
Rev. Oskar Pfister
Richard von Krafft-Ebing
Dr. Alphonse Maeder
Charles Richet
Hermann Rorschach
Ambroise Liebeault
Ludwig Binswanger
Hipólito Bernheim
Auguste Forel
Paul Dubois
Eugen Bleuler
Adolf Meyer
xvi
Página 14
A descoberta do inconsciente
Página 15
Eu
Os Ancestrais de
Psicoterapia dinâmica
EMBORA A INVESTIGAÇÃO SISTEMÁTICA do inconsciente

mente e do dinamismo psíquico é bastante novo, as origens da psique dinâmica
a terapia pode ser rastreada no tempo através de uma longa linha de ancestrais e
precursores. Certos ensinamentos médicos ou filosóficos do passado, também

como certos métodos de cura mais antigos, oferecem um grau surpreendentemente alto de percepção
no que geralmente são consideradas as descobertas mais recentes no reino de
a mente humana.
Por muitos anos, relatos de curas realizadas entre povos primitivos
por curandeiros, xamãs e semelhantes despertou pouca atenção entre
psiquiatras. Esses relatos foram considerados histórias estranhas, de interesse
apenas para historiadores e antropólogos. Os curandeiros eram considerados
indivíduos grosseiramente ignorantes e supersticiosos, capazes de curar apenas aqueles
pacientes que teriam se recuperado espontaneamente em qualquer caso, ou perigosos
impostores explorando a credulidade de seus semelhantes.
Hoje chegamos a outra avaliação mais positiva. O desenvolvimento
mento da psicoterapia moderna chamou a atenção para o mistério da
mecanismo de cura psicológica e mostrado quantos de seus detalhes
ainda nos confunde. Por que certos pacientes respondem a um certo tipo de
cura enquanto outros não? Nós não sabemos; portanto, qualquer coisa que possa
lançar luz sobre esses problemas é bem-vindo.
A pesquisa histórica e antropológica trouxe importantes
documentos e evidências reveladas do uso entre primitivos e antigos
povos de muitos dos métodos usados pela psicoterapia moderna, até mesmo
embora de uma forma diferente, bem como evidências de outras sutis terapêuticas
técnicas para as quais os paralelos atuais dificilmente podem ser encontrados. O estudo
da cura primitiva, portanto, não é de interesse apenas para antropólogos e seus
torians (como sendo a raiz da qual, após uma longa evolução, a psicoterapia
desenvolvido), mas também é de grande importância teórica para o estudo de
a psiquiatria como base de uma nova ciência da psicoterapia comparada.
Página 16
4 A DESCOBERTA DO INCONSCIENTE
Neste capítulo, vamos primeiro discutir a descoberta da psicologia primitiva

terapia e, em seguida, apresentar um levantamento das principais técnicas dos primitivos
cura que levará a uma comparação com a psicoterapia moderna. Nós
concluirá com um breve esboço da evolução da cura primitiva para
psicoterapia dinâmica atual.
A descoberta da psicoterapia primitiva

Um dos primeiros cientistas a entender a relevância científica dos primitivos
A cura ativa foi o antropólogo alemão Adolf Bastian (1826-1905). 1
Durante seu trabalho de campo na Guiana, Bastian um dia sofreu de
forte dor de cabeça e febre e ele pediu ao curandeiro local para tratar
ele com seu método usual. Ele vale a pena resumir a conta
aquela experiência:
O curandeiro pediu a seu paciente branco que viesse para sua cabana logo após o anoitecer
e trazer consigo sua rede e algumas folhas de fumo, que eram
colocado em uma tigela com água colocada no chão do alojamento. O tratamento foi
realizado na presença de cerca de trinta nativos que se reuniram lá.
Não houve windm1. sem chaminé; a porta estava fechada e estava escuro como breu.
O paciente foi instruído a deitar na rede e ficar quieto. não para
levante a mão ou a cabeça; ele 11 avisou que se ele tocasse o chão com seu
pé. sua vida estaria em perigo. Um jovem menino nativo que falava inglês leigo
em outra rede e traduziu o máximo que pôde das palavras
falado pelo curandeiro e pelos kenaimas (demônios ou espíritos). o
o curandeiro começou evocando as kenaimas. Não demorou muito para que estes
manifestou sua presença por todos os tipos de ruídos. primeiro baixo e macio. então mais alto e
eventualmente se tornando ensurdecedor. Cada um deles falou com sua própria voz. que variou
de acordo com a suposta personalidade do kenaima. Alguns deles foram sup-
posado para voar pelo ar; o paciente podia ouvir o farfalhar de suas asas e
sentir uma corrente de ar em seu rosto. Ele até sentiu o toque de um deles e foi ágil
o suficiente para morder alguns fragmentos, que mais tarde ele descobriu serem folhas de galhos
que o curandeiro devia estar balançando no ar.
Ele também podia ouvir os demônios lambendo as folhas de tabaco que estavam no
terra. A cerimônia deixou uma forte impressão no paciente, que gradualmente
caiu em uma espécie de sono hipnótico. acordando ligeiramente quando o ruído diminuiu,
mas caindo novamente em uma insensibilidade mais profunda assim que aumentava. O ritual
durou não menos de seis horas e foi concluído quando o curandeiro
de repente colocou a mão no rosto do paciente. Mas quando o último surgiu, sua cabeça
a dor não havia desaparecido. O curandeiro. Contudo. insistiu no pagamento
de sua taxa. alegando que ele havia curado o paciente. Como prova da cura ele mostrou
ele uma lagarta. qual, ele alegou. era a "doença" da qual ele havia extraído
paciente ao colocar a mão na testa.
Bastian comentou sobre a fantástica conquista desse homem que. por seis inteiros
horas. havia demonstrado intensa atividade e habilidade incomparável em ventriloquismo.
Infelizmente. Bastian. que aparentemente não entendeu muito as palavras ex-
mudou entre o curandeiro e os kenaimas. não relatou sobre o
significado da cerimônia ou sobre a personalidade do curandeiro. e faz
não parece ter perguntado sobre a eficácia de tais tratamentos entre os nativos
Página 17
pacientes. Ele insistiu na necessidade de coletar dados semelhantes porque, disse ele,
a medicina primitiva estava desaparecendo rapidamente, e esses dados seriam dos
maior valor para a medicina, bem como para a etnologia.
Uma grande quantidade de dados dispersos relacionados à medicina primitiva tinha, de

curso, já publicado na época. A árdua tarefa de coletar
e a organização desses dados foi tentada por Bartels com base em
material tenso J.2 Ele mostrou que uma série de tratamentos usados em primitivas
remédios são racionais - por exemplo, medicamentos, pomadas, massagem, dieta e
outros - e que eles representam um estágio anterior no desenvolvimento de
medicina moderna, enquanto muitos outros são procedimentos irracionais baseados em
teorias falaciosas de doenças que não têm contrapartida na medicina científica.
Exemplos disso são a busca pela restauração de uma alma supostamente perdida,
a extração da doença na forma de um corpo estranho (obviamente,
duzidas por meio de malabarismo), a expulsão de espíritos malignos e outros. Bartels '
compilação, no entanto, ainda era apenas um mosaico de fatos isolados extraídos de
povos muito diferentes. Desde sua época, nosso conhecimento da medicina primitiva
aumentou muito. Agora estamos em uma posição melhor para distinguir o
características específicas da medicina primitiva entre os muitos povos do
mundo. Mas não devemos perder de vista o fato de que nosso conhecimento sempre será
permanecem fragmentários. Numerosas populações primitivas desapareceram antes
qualquer investigação etnológica séria poderia ser conduzida e daqueles
que sobreviveram, muitos mantiveram apenas remanescentes distorcidos de seus antigos
costumes e tradições. No entanto, os dados em nossa posse nos fornecem
conhecimento bastante preciso das principais características da medicina primitiva, como

pode ser visto, notadamente, nos livros de Busch an 3 e Sigerist. 4
Forest E. Clements distinguiu cinco formas principais de tratamento que podem
ser deduzida da teoria da doença por meio de uma "causa-e- muito simples
tipo de raciocínio de efeito. "Eles estão resumidos na Tabela 1-1. 5
TABELA 1-1
TEORIA DA DOENÇA TERAPIA
1. Intrusão de objeto de doença Extração de objeto-doença

2. Perda da alma Para encontrar, trazer de volta e restaurar o
alma perdida
3. Intrusão de espírito uma. Exorcismo
b. Extração mecânica do
espírito estrangeiro
c. Transferência do espírito estrangeiro
em outro ser vivo.
4. Quebra de tabu Confissão, propiciação
5. Feitiçaria Contra-magia.
Essas formas de terapia são altamente diferenciadas, e é claro que muitos

outros procedimentos poderiam ter sido planejados com base na mesma doença
Página 18
teorias. Por exemplo, dada a teoria de que a doença resulta da

fusão de um objeto-doença, não há razão para que o tratamento deva
consistem na extração do objeto-doença por meio da sucção bucal, em vez
do que por qualquer um dos outros meios possíveis. No entanto, uma pesquisa do
fatos conhecidos mostram que quase todos os lugares onde o objeto da doença é extraído
apenas por este método. Este fato peculiar nos leva à conclusão lógica
que estamos lidando com uma forma específica de tratamento que deve ter
originou-se em um lugar e depois se espalhou para o resto do mundo. Como nós
veremos mais tarde, podemos até tentar uma reconstrução do desenvolvimento de
medicina primitiva desde os primeiros tempos pré-históricos até os dias atuais.
À medida que as muitas formas de terapia primitiva se tornaram mais conhecidas e confiáveis
documentos tornaram-se disponíveis, os psiquiatras começaram a mostrar interesse por eles.
Charcot estava interessado em manifestações psicopatológicas entre
populações primitivas, e queria compará-los com os de seus
pacientes histéricos em Paris. Um de seus associados, Meige, 6 reuniu relatórios
sobre possessão e exorcismo entre os nativos da África Central, e um
Mulher africana, que havia chegado de sua terra natal com graves crises histéricas
sintomas, foi examinado e tratado na enfermaria de Charcot na Salpetriere 7
Em 1932, Oskar Pfister comentou sobre o relato de uma cura por um navajo
curandeiro e tentou uma interpretação em termos psicanalíticos. 8
Outros estudos semelhantes foram publicados por analistas freudianos e junguianos.
Entre os antropólogos, Claude Lévi-Strauss enfatizou vigorosamente o
identidade básica de certos conceitos antigos da medicina primitiva para certos
novos conceitos de psiquiatria dinâmica moderna. 9
Perda e restauração da alma
De acordo comou
instantaneamente umpor
conceito
acidenteantigo, a doença
- deixa o corpoocorre quando por
ou é roubado a alma
fantasmas ou feiticeiros.
O curador procura a alma perdida, traz de volta e a restaura para o
corpo ao qual pertence.
A teoria da doença é generalizada, mas não universal. É prevalente entre
algumas das populações mais primitivas da Terra, como os Negritos
da Península Malaia, os pigmeus das Filipinas, os australianos e,
de modo geral, aqueles povos que pertencem ao que Graebner e
Schmidt chamou o Urkulturkreis. No entanto, esta teoria da doença também pode
ser encontrados entre populações de culturas mais avançadas. principalmente em tal
áreas como a Sibéria, onde é a principal teoria da doença, Noroeste
África, Indonésia, Nova Guiné e Melanésia. Mas mesmo em uma determinada área
existem muitas variedades locais quanto aos conceitos relativos à natureza
da alma, as causas e agentes da perda da alma, o destino dos perdidos
alma, e a cura da doença. 10
Esta teoria da doença está ligada a um conceito específico da alma que
tem sido o objeto dos estudos pioneiros de Tylor. 11 Durante o sono ou desmaio,
a "alma" parece separar-se do corpo. Em sonhos e visões,
Página 19
quem dorme vê formas humanas que diferem daquelas de seu consciente

experiência. Essas duas noções são combinadas na teoria de que o homem carrega
dentro de si mesmo, uma espécie de duplicata, uma alma-fantasma cuja presença no corpo
é um pré-requisito para a vida normal, mas que é capaz de deixar o corpo tem-
temporariamente e vagar, especialmente durante o sono. Nas palavras de
Frazer, "a alma de um adormecido deve vagar para longe de seu corpo
e realmente visitar os lugares, ver as pessoas e realizar os atos
com que ele sonha. "Durante essas andanças, a alma pode encontrar
acidentes e perigos de todos os tipos, que foram descritos por Frazer
em seu livro clássico Taboo and the Perils of the Soul. 12 A alma, para
por exemplo, pode perder o caminho, ser ferido ou ser separado do corpo se o
dorminhoco é subitamente despertado, enquanto a alma está longe. Ele pode ser pego
e detido por espíritos malignos durante suas andanças, e também pode deixar o
corpo em estado de vigília, especialmente após um susto repentino. Finalmente, também pode
ser removido à força do corpo por fantasmas, demônios ou feiticeiros.
Logicamente, então, o tratamento da doença consiste em encontrar, trazer
de volta, e restaurando a alma perdida. No entanto, as técnicas, bem como as
teoria da doença, variam amplamente. Às vezes, a alma perdida permanece no físico
mundo, distante ou próximo do paciente; às vezes vagueia
para o mundo dos mortos ou dos espíritos. O último conceito é encontrado antes
predominantemente na Sibéria, onde a cura pode ser realizada apenas por um xamã,
isto é, um homem que, durante sua longa iniciação, foi introduzido no
mundo dos espíritos e, portanto, pode funcionar como um mediador entre
esse mundo e o mundo dos vivos. Etnólogos russos reuniram
muitos relatos notáveis de xamanismo. Um deles, Ksenofontov, afirma:
Quando um ser humano ·· perdeu sua alma. "'O xamã entra em êxtase
por meio de uma técnica especial; enquanto ele permanece nesse estado. sua alma viaja
para o mundo dos espíritos. Os xamãs afirmam ser capaz. por exemplo. rastrear
descendo a alma perdida no unden10rld da mesma maneira que um caçador rastreia
jogo no físico \\ Orld. Eles muitas vezes devem fazer uma barganha com os espíritos
que roubaram a alma, os propicia e traz presentes. Às vezes eles
tem que lutar contra os espíritos. de preferência com a ajuda de outros espíritos que estão no
o lado deles. Mesmo se eles forem bem-sucedidos, devem antecipar a vingança de
os espíritos malignos. Uma vez que eles recapturaram a alma perdida, eles a trazem de volta e
devolva-o ao corpo privado. alcançando assim a cura. 13
Em outras partes do mundo, o curador não precisa ir tão longe, nem deve
ele trabalha em êxtase. A técnica pode consistir simplesmente em con
júris e outras operações mágicas. É o caso dos quíchuas
Índios do Peru. Agradecemos ao Dr. Federico Sal y Rosas uma detalhada
estudo sobre a doença da perda de alma nessa população. 14 De 1935 a
1957, Sal y Rosas observou 176 casos de Susto (a palavra espanhola para "susto")
em Huaraz e nas províncias vizinhas. A palavra quíchua Jani
designa tanto a doença quanto a alma e a cura curativa. Sal y Rosas
Página 20
enfatizou que Susto não é uma mera superstição, mas uma condição médica
que pode ser abordado tanto científica quanto antropologicamente. A seguir
ing é um resumo do relato de Sal y Rosas:
Os índios Que chua acreditam que a alma (ou talvez parte dela) pode partir
o corpo, espontaneamente ou por força. A doença de Susto pode
ocorrem de duas maneiras: ou através do susto causado, por exemplo, por um trovão, o
visão de um touro, uma cobra e assim por diante, ou por causa de influências malévolas, não seguir
mugindo sobre o susto (o último sendo chamado de "Susto sem Susto"). Entre o
forças malévolas que podem produzir a abdução da alma, a influência
da terra é considerado supremo. Os Quechuas demonstram um grande medo de certas
encostas e cavernas, e especialmente das antigas ruínas incas. Seja o Susto
ocorre após um susto ou não, em ambos os casos o poder a ser propiciado é o
terra.
Como a doença pode ser designada como Susto se não foi precedida por um
susto? Ela pode ser diagnosticada como tal quando um indivíduo perde peso e
energia e torna-se irritável, tem sono perturbado e pesadelos, e especialmente
quando ele cai em um estado de depressão física e mental chamado Michko.
O assunto é então esclarecido por uma curandera. Esta mulher vai esfregar o corpo
do paciente da cabeça aos pés com uma cobaia viva de tal forma que o
animal morre no final da operação. Então ela vai tirar a pele e lê-la
diagnóstico oracular no sangue do animal, que goteja em uma tigela de
água e das lesões que ela descobre nos órgãos do animal.
A cerimônia de cura começa com uma operação chamada Shokma, que
também é executado por uma curandera. que recita certas invocações enquanto esfrega
o paciente da cabeça aos pés com uma mistura de várias flores e folhas e o
farinha de vários tipos de grãos. A mistura é então coletada e entregue ao
um curandeiro, um curiosa, que agora executa as partes essenciais dos ritos.
A curiosa chega à casa do paciente à meia-noite, embrulha a mistura em um
peça da roupa do paciente, e o prepara para receber o espírito ausente.
Ele então deixa o paciente, que fica sozinho na casa escura com o
porta aberta; ele se afasta, usando a mistura para fazer uma linha branca ao longo do
base para permitir que a alma encontre seu caminho de volta; ele vai para o local onde
o paciente experimentou seu susto inicial ou para algum lugar temido, como um
túmulo antigo ou a ruína de uma fortaleza inca. Lá, usando a mistura, ele faz
uma cruz no chão, se coloca no centro da cruz e oferece o que
restos da mistura como um sacrifício propiciatório para a terra. Ele então solenemente
chama a alma perdida, repetindo sua chamada cinco vezes. No final da quinta invocação,
ele deve perceber um ruído especial que indica a presença da alma perdida
antes que ele possa voltar para a casa do paciente, seguindo cuidadosamente o branco
faixa. O paciente deve estar dormindo; o curandeiro levanta cuidadosamente o cobertor
os pés do paciente, sendo este o lugar onde a alma supostamente reentra no
corpo acompanhado por um farfalhar especial que é audível para o curador. Neste
momento, espera-se que o paciente sonhe que sua alma retorne ao seu corpo em
a forma de um animal domesticado. O curandeiro agora sai de casa, seja por meio de
outra porta ou andando para trás. A família do paciente não tem permissão para
voltam até a manhã seguinte, e na maioria dos casos, quando voltam, eles
encontre o paciente curado. Caso contrário, a falha é atribuída ao fato de que o paciente
Página 21
não estava dormindo quando deveria, ou por algum outro defeito no

procedimento, e a operação será repetida em outro momento.
Sal y Rosas compilou estatísticas sobre 176 pacientes, a maioria crianças ou adolescentes
aflito com Susto, que foi submetido a um exame médico. Foi descoberto que
esses pacientes pertenciam a dois grupos distintos: o primeiro consistia em 64 emoções
indivíduos perturbados que sofrem de ansiedade, depressão, sintomas histéricos
toms. e similar. O segundo grupo incluiu 112 pacientes afetados com
doenças físicas, como tuberculose, malária, colite pós-disenteria, desnutrição
ção, anemia e assim por diante, tudo ainda mais complicado por distúrbios emocionais.
Um fato notável é o resultado frequentemente bem-sucedido do processo de cura
cedimento. Com louvável honestidade. Sal y Rosas escreve: "Eu pessoalmente tenho
observaram muitos casos de Susto típico ou mesmo atípico melhorar abruptamente ou voltar a
cubra completamente após uma ou duas sessões de Jani. ... Tal sucesso alcançado
por uma humilde curiosa rural ou por uma camponesa, com seus primitivos e
psicoterapia selvagem, contrasta com o fracasso dos médicos formados
entre eles o autor deste artigo - na cura de Susto. "
Entre todas as teorias de doenças primitivas, provavelmente nenhuma é mais estranha para nós do que
a ideia de perda da alma. Nada está mais longe de nossos princípios de tratamento
do que a restauração de uma alma perdida a um paciente. E ainda, se ignorarmos o
elemento cultural e buscar as raízes dos fatos, podemos encontrar um terreno comum
entre esses conceitos primitivos e os nossos. Não dizemos que nosso mental
os pacientes são "alienados", "estranhos" de si mesmos, que seu ego está
empobrecido ou destruído? O terapeuta que dá psicoterapia não poderia
terapia para um paciente esquizofrênico gravemente deteriorado, tentando es-
estabelecer um contato com as partes saudáveis restantes da personalidade e
para reconstruir o ego ser considerado o sucessor moderno daqueles xamãs
que se propôs a seguir as pegadas de uma alma perdida, rastreá-la no mundo de
espíritos, e lutar contra os demônios malignos que os detêm, e trazê-los
de volta ao mundo dos vivos?
Intrusão e extração do objeto-doença
Esta teoria sustenta que a doença é causada pela presença no corpo

de uma substância estranha prejudicial, como um pedaço de osso, uma pedra, uma lasca
de madeira, ou um pequeno animal. Algumas pessoas acreditam que a doença é
causado não pelo próprio objeto, mas por uma doença-essência especial contida
no objeto. Às vezes, acredita-se que o objeto-doença prejudicial tenha
foi baleado no corpo por um feiticeiro.
Esta teoria da doença é amplamente difundida na América (exceto no leste
Esquimós), muito comum no leste da Sibéria, sudeste da Ásia, Austrália,
Nova Zelândia e em várias outras partes do mundo. Também deixou muitos
vestígios da medicina popular europeia e do folclore. Um fato marcante é o
conexão entre esta teoria da doença e um tipo peculiar de tratamento:
o curandeiro usa a boca para sugar o objeto-doença. De outros
métodos, como massagem, são muito menos frequentes.
É óbvio que o objeto-doença aparentemente extraído pelo medicamento
Página 22
o homem é produzido por meio de um truque, o que explica porque alguns europeus
que assistiram a tais procedimentos de cura declararam que os curandeiros eram
charlatães e impostores. No entanto, há poucas dúvidas de que essas curas são frequentemente
bem sucedido. Ele também tem sido apontado que entre certas populações
o objeto da doença é de tal natureza que um paciente não poderia possivelmente
acredita que foi extraído de seu corpo. Enfrentamos aqui uma situação
que freqüentemente ocorre na antropologia. Para entender o significado
de um costume ou crença, deve-se considerá-lo dentro da estrutura sociológica
da comunidade. Da mesma forma, não podemos entender este tipo de terapia
sem conhecer as atitudes e crenças dos indígenas em relação à doença,
o curandeiro e o tratamento.
Para esclarecer este ponto, faremos um breve resumo de um documento publicado
por Franz Boas em 1930. É um fragmento autobiográfico, relacionado a ele
por um xamã Kwakiutl e publicado no Kwakiutl original, com um
Tradução do inglês. 15 Levi-Strauss chamou a atenção para o grande
interesse deste documento do ponto de vista de
terapia.16 O que se segue é um resumo dos relatos de Boas sobre as aventuras
de Qaselid, um xamã Kwakiutl pertencente a uma tribo de índios do Norte
Costa do Pacífico da Colúmbia Britânica:
O narrador. Giving-Potlatches-to-the-World, relata como ele duvida dos poderes
dos xamãs. e para descobrir a verdade, ele tenta ser admitido
para um de seus grupos. Por conhecer dois deles, ele
consegue assistir a um desempenho terapêutico e observa de perto sua cura
técnicas. A cerimônia está sendo conduzida pelo xamã, Making-Alive,
que é assistido por quatro outros xamãs e vários cantores, na presença
de vários homens. mulheres. e crianças na casa do paciente. Depois de vários
ritos. Making-Alive apalpa o peito do paciente e molha sua boca; ele então é uma merda
o lugar onde localizou a doença. Depois de um tempo, ele tira de seu
boca algo parecido com um verme sangrento. declarando que ele extraiu
a "doença", após a qual ele canta sua canção sagrada. No final da cerimônia,
Making-Alive pressiona seu estômago. vomita sangue. e pega nele um pedaço de
quartzo brilhante que ele joga no ar e declara ter atirado no
estômago de Giving-Potlatches-to-the-World. Essa é a vocação. O narrador
é então convidado a se tornar um xamã; ele tem a escolha de aceitar ou recusar.
Ele decide aceitar. e logo depois recebe, em reunião secreta do
grupo xamanístico. sua primeira lição de xamanismo.
O currículo de quatro anos dessa escola incluía memorizar uma série de
canções mágicas relativas a vários tipos de doenças, a técnica de "sentimento"
a doença (isto é, palpação do corpo. incluindo algumas técnicas obstétricas),
exercícios práticos de simulação de desmaio. tremendo. convulsões, vômitos de
sangue e as técnicas terapêuticas. Nosso aluno aprende como os xamãs,
antes da cerimônia de cura. coloque uma águia no canto da boca,
misture-o com o sangue obtido mordendo a língua ou esfregando as gengivas;
depois de muitas canções e gestos mágicos, o xamã, com mais ou menos esforço, ex-
retira a "doença" do corpo do paciente e a mostra ao paciente e ao
família na forma de uma minhoca sangrenta. Nosso aluno também aprende como ele deve
Página 23
The Ancestry of Dynamic P:, ychotherapy II
fingir passar a noite entre os túmulos e como os xamãs utilizam

"'sonhadores." isso é. espiões que discretamente obtêm informações dos pacientes
sobre suas doenças e secretamente relatar aos xamãs.
O narrador realiza sua primeira cura em um jovem. Food-Owner, neto
de um chefe. O paciente sonhou que foi curado pelo novo xamã candi-
encontro; este sonho é uma indicação suficiente. e ele é solicitado a curar o paciente.
Ele usa o método da minhoca sangrenta. e o paciente afirma estar curado.
É um grande sucesso para o candidato. a quem é dado o nome de Qaselid e
adquire a reputação de ser um grande xamã. O paciente foi curado "porque
ele acreditava fortemente em seu sonho comigo ", afirma o narrador; mas parece
isso neste ponto. ele começa a se considerar um grande xamã.
Durante uma visita à tribo vizinha de Koskimo. Qaselid é convidado a ser
um espectador em uma cerimônia terapêutica realizada para a filha de um chefe,
Feito para ser convidado por uma mulher. Qaselid nota que os xamãs Koskimo usam um dif-
técnica diferente; em vez de extrair a doença na forma de uma terra sangrenta
Minhoca. eles simplesmente mostram um pouco de saliva. finja que é a "doença". Então, o
Os xamãs Koskimo são piores charlatães do que os xamãs Kwakiutl, que pelo menos
produzir algo tangível. Nesse ponto, a história dá uma guinada inesperada:
os xamãs Koskimo não conseguem curar Mulheres Feitas para Convidar. Solicitações Qaselid e
recebe permissão para tentar seu método. ele extrai e mostra a suposta "doença"
(a maldita minhoca). e a paciente declara-se curada. O Koskimo
os xamãs têm vergonha. e o próprio Qaselid provavelmente um tanto surpreso ao ver
que embora ambos os métodos. o Kwakiutl e o Koskimo, são uma farsa, um dos
no entanto, eles curam melhor do que o outro!
Os xamãs Koskimo convidam Qaselid para uma conferência secreta com eles que
se passa em uma caverna ao pé de uma colina, em meio às árvores da floresta. Um dos
xamãs. Grande-dança. cumprimenta Qaselid de maneira amigável e explica a ele
sua teoria da doença e do tratamento. A doença, diz ele, é um homem; quando eles
capture sua alma, a doença morre e o paciente fica curado; portanto, eles têm
nada para mostrar ao povo. Eles pedem que Qaselid explique, por sua vez, porque é
que a doença gruda em suas mãos. Mas Qaselid se recusa a falar, dizendo que ele
ainda é apenas um xamã novato e não pode falar até que tenha
completou seu aprendizado de quatro anos. O Koskimo não conseguiu fazê-lo falar,
mesmo que eles mandem suas filhas para ele na esperança de seduzi-lo.
Depois de voltar para sua aldeia. Qaselid é desafiado por um velho xamã de
reputação considerável para uma competição na cura de vários pacientes. Qaselid vê isso
o velho usa outro tipo de truque: ele finge incorporar o extraído
doença em seu anel de cabeça ou em seu chocalho. que tem a forma de um entalhado
pássaro. Então. em virtude da força da doença. esses objetos podem, por um tempo,
flutuar no ar. Entre os pacientes está uma mulher que declara que o velho xamã
sempre tentou, sem sucesso, curá-la. Qaselid tenta o método do
minhoca sangrenta, e a mulher afirma estar curada. Desafiando o
velho xamã, Qaselid canta sua canção sagrada e distribui duzentos dólares
entre os espectadores. para que saibam seu nome.
O velho xamã fica chateado e manda a filha pedir uma conferência com
Qaselid. "Oro para que você tente salvar minha vida por mim", diz ele, "para que
Não posso morrer de vergonha. pois sou um joguete de nosso povo por causa do que
você fez ontem à noite. "Ele pede a Qaselid que lhe explique seu método. Qaselid
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exige uma demonstração dos truques do velho xamã, aos quais o velho
cumpre, mas Qaselid se recusa a falar por sua vez, apesar do velho e seu
súplicas da filha. Na manhã seguinte, o velho xamã e sua família
desapareceram, e dizem que ele ficou "louco" logo depois.
Qaselid continua a estudar os truques de outros xamãs, enquanto adiciona
próprios sucessos terapêuticos com o método da minhoca sangrenta. No
final da narrativa, é claro que ele acha cada vez mais difícil
reconhecer os xamãs "reais" dos charlatães. Ele tem certeza apenas de quem é
um xamã "real" porque não aceita pagamento de seus pacientes e
porque ele nunca foi visto rindo; todos os outros "fingem ser xamãs".
Por outro lado, Oaselid relata seus próprios sucessos sem, aparentemente, re-
lembrando que ele começou sua carreira com a intenção de desmascarar os truques
que agora ele se aplica com muito sucesso.
Separando o possível elemento da mitomania no narrador, o

história daquele homem que se tornou um curandeiro apesar de si mesmo pode nos ajudar
para entender melhor o processo de tal tratamento. É obvio que
a ação de sugar o objeto-doença é apenas uma parte de um elaborado
cerimônia que inclui outros ritos, como canções e gestos mágicos, e
requer a ajuda de assistentes (bateristas). A sessão terapêutica
é cuidadosamente preparado e bem estruturado. Acontece na presença
de homens, mulheres. e crianças e culmina em um clímax dramático, com
o xamã mostrando o objeto-doença ao paciente, sua família e ao
público.
Mas esta cerimônia, por sua vez, pode se tornar eficiente apenas dentro de uma psicologia
quadro jurídico e sociológico que inclui: (1) A fé do curador em
suas próprias habilidades, mesmo sabendo que parte da técnica depende de
algum tipo de charlatanismo. (2) A fé do paciente nas habilidades do curador,
como mostrado no caso do primeiro paciente de Qaselid. (O sucesso e reputação
de um aumento de curandeiro. claro. a fé do público em suas habilidades.) (3) O
doença, o método de cura e o curador devem ser todos reconhecidos pelo
grupo social. O xamã é membro de uma organização que tem sua
treinamento, suas escolas, suas regras estritas, seus locais de encontro, seus agentes secretos,
bem como rivalidades com outras organizações semelhantes.
Para nós, a ideia de tratar doenças extraindo e demonstrando
um objeto de doença é tão impensável quanto a recaptura de uma alma perdida.
Contudo. não é, mesmo para um paciente civilizado, um momento impressionante
quando o objeto de sua doença é demonstrado a ele, quando um cirurgião
mostra a ele, por exemplo, o tumor que ele removeu de seu corpo; um dentista,
o dente ruim; um praticante, a tênia expulsa?
O psiquiatra não pode mostrar nenhum objeto concreto a seu paciente; mas se
pensamos no significado da "neurose de transferência", poderíamos encontrar
alguma semelhança com o processo de materialização da doença. o

neurose é substituída por uma "neurose de transferência", a natureza e origem de
que são demonstrados ao paciente e conseqüentemente curados.
Página 25
Posse e Exorcismo
De acordo com a teoria desta doença, a doença é causada por vírus malignos
que penetraram no corpo do paciente e "tomaram posse" dele. Pos-
sessão, no entanto, é um conceito mais amplo do que doença, uma vez que também existem
numerosos casos de possessão eremonial ou artificial .
Como forma de doença, a possessão é generalizada, embora não seja universal.
Ele parece ser desconhecido entre os Negritos da península malaia, a
Pigmeus das Filipinas, australianos e outros. Não é muito
comuns no continente americano. Seu centro de difusão parece ter
estado na Ásia Ocidental.
Dada essa teoria da doença, pelo menos três métodos podem ser - e
escritura foram concebidos. O primeiro consiste em tentar expulsar o espírito
mecanicamente, por meio de sangramento, espancamento ou chicotadas no paciente, ou por
meio de ruídos e cheiros. A segunda consiste em transferir o espírito
no corpo de outro ser, geralmente um animal (um método que pode ser
associado ao exorcismo). O terceiro e de longe o mais frequente
o método aplicado é o exorcismo. isto é, a expulsão do espírito por conju-
rações ou outros meios psíquicos. O exorcismo tem sido um dos principais
procedimentos de cura na área do Mediterrâneo e ainda está em uso em vários
países; é de particular interesse para nós porque é uma das raízes
a partir da qual, historicamente falando, a psicoterapia dinâmica moderna tem
evoluiu.
Posse e exorcismo têm sido objeto de extensos estudos,
entre os quais podemos listar um livro clássico de Oesterreich, que contém um
grande quantidade de material cuidadosamente analisado. 1 7 Oesterreich enfatiza que
posse, apesar de sua infinita variedade de aspectos, exibe universalmente
os mesmos recursos básicos.
Um indivíduo de repente parece perder sua identidade para se tornar outro
pessoa. Sua fisionomia muda e mostra uma notável semelhança com o
indivíduo de quem ele é. supostamente, a encarnação. Com um alterado
voz, ele pronuncia palavras correspondentes à personalidade do novo
Individual. Não raramente ele se torna capaz de realizar movimentos de
amplitude e força surpreendentes. A possessão normalmente ocorre em acessos de
frequência, duração e intensidade variadas.
Existem dois tipos diferentes de possessão, a sonâmbula e a
lúcido. O indivíduo em possessão sonâmbula repentinamente perde o controle
consciência de si mesmo e fala com o "eu" do suposto intruso;
depois de recuperar a consciência, ele não se lembra de nada do que "o outro
alguém "disse ou fez. Nos casos de possessão lúcida, o indivíduo permanece
constantemente consciente de si mesmo, mas sente "um espírito dentro de seu próprio espírito",
grita contra ele, mas não pode impedi-lo de falar às vezes. Em ambas as formas
possessão é vivida como uma espécie de parasitismo intrapsíquico: assim como um
A tênia pode viver no corpo, assim como um espírito parasita pode viver na alma,
Página 26
A teologia católica, aliás, reservou a palavra posse para o

forma sonâmbula e chamada de obsessão da forma lúcida , palavra que tem
foi adotado pela psiquiatria, embora com outro significado.
Uma segunda distinção importante é aquela que existe entre
e possessão artificial. Possessão espontânea ocorre sem ou contra
a vontade do sujeito; é uma condição mental específica a partir da qual o
paciente busca alívio com a ajuda do exorcista. Posse artificial não é
uma doença; é uma técnica mental praticada voluntariamente por certos indivíduos
para atingir objetivos específicos. As pitonisas de Delfos na Grécia antiga, a
Os xamãs siberianos de hoje, e os espíritas de nossa civilização ocidental, todos
cultivar tipos artificiais de posse em que o ataque começa à vontade e termina
espontaneamente.
Uma terceira distinção básica é aquela que existe entre aberta e latente
posse. A possessão, seja sonâmbula ou lúcida, é evidente quando o
o espírito possuidor fala espontaneamente pela boca do possuído
Individual. Está latente quando o paciente não tem consciência disso; ele pode sofrer
de doença mental ou distúrbios neuróticos ou físicos por meses e
anos, nunca suspeitando que seus problemas provêm de um espírito maligno. Em tal
casos, a primeira tarefa do exorcista é tornar a posse manifesta por compelir
mandar o espírito maligno falar; só então o exorcismo pode ser realizado. o
a cura é normalmente mais facilmente obtida do que nos casos de possessão aberta.
O procedimento usado para obrigar o espírito maligno a se manifestar pode ser com-
parecido com o que chamamos de neurose de transferência, embora um tanto dramático e
de curta duração: seu efeito é provocar uma ab-reação e cura de
distúrbios neuróticos anteriores.
O exorcismo é a contrapartida exata da possessão e um bem estruturado
tipo de psicoterapia. Suas características básicas são as seguintes:
exorcista não fala, normalmente, em seu próprio nome, mas em nome de um
ser superior. Ele deve ter confiança absoluta neste ser superior e
em seus próprios poderes, bem como na realidade da posse e do
espírito possuidor. Ele se dirige ao intruso de uma forma solene em nome do
ser superior a quem ele representa. Ele dispensa encorajamento para os pós
sessed indivíduo e salva suas ameaças e advertências para o intruso.
A preparação do exorcista para sua tarefa é longa e difícil, muitas vezes incluindo
oração e jejum. O exorcismo deve, sempre que possível, ocorrer em
um local sagrado, em um ambiente estruturado e na presença de testemunhas
e, ao mesmo tempo, evitando multidões de curiosos. o
o exorcista deve induzir o intruso a falar e, após longas discussões,
uma barganha às vezes pode acontecer. O exorcismo é uma luta entre os
exorcista e o espírito intruso - muitas vezes um longo, difícil e desesperado
luta que pode continuar por dias, semanas, meses ou até anos antes
uma vitória completa pode ser alcançada. Não é raro que o exorcista
encontre a derrota; além disso, ele próprio corre o risco de ser infestado
com o próprio espírito que acabou de expulsar do paciente.
Embora as características básicas de possessão e exorcismo sejam constantes,
Página 27
uma infinita variedade de aspectos existe de um país para outro e de

uma época para a outra.
No Japão, muitas vezes assumia o aspecto de possessão por um animal, principalmente
a raposa, que desempenha um papel considerável na superstição e no folclore japonês
lore. O seguinte é um breve relato do caso de Kitsune-Tsuki (pós-
sessão pela raposa), conforme descrito por um médico alemão, Von Baelz.
Uma mulher irascível e teimosa de dezessete anos de idade estava se recuperando de uma grave
febre tifóide. Parentes femininos estavam ao redor de sua cama, sentados, ou melhor, ajoelhados
de acordo com o costume japonês. Alguém mencionou que uma raposa foi vista
entrando em casa ao anoitecer; isso era algo sinistro. O paciente
ouvindo isso, sentiu um estilhaçamento por todo seu corpo e ficou possuída. A Raposa
havia entrado nela e falado várias vezes ao dia de dentro de seu corpo. Ele
logo agiu como seu mestre, repreendendo e tiranizando a pobre jovem.
Depois de algumas semanas, um suposto exorcista da seita Nichiren foi chamado e
pronunciou seus exorcismos, mas sem sucesso. A raposa declarou sarcasticamente
que ele era muito inteligente para ser enganado por tal truque. No entanto, ele estava pronto para
deixar o corpo doente e faminto voluntariamente, desde que alguém lhe desse um
refeição rica. Como isso foi feito? Num certo dia às 4 horas alguém
teve que ir a um Fox Temple, cerca de 12 quilômetros de distância, e trazer dois potes de
arroz preparado de uma certa forma, bolinhos de feijão torrados, muitos ratos assados e
vegetais crus, claro. todos os pratos favoritos das raposas sobrenaturais. Então o
a raposa deixaria o paciente exatamente ao mesmo tempo. E assim aconteceu.
Exatamente às 4 horas. no momento em que os pratos foram colocados no
templo remoto, a jovem respirou fundo e disse: "Ele se foi."
A possessão foi curada. 18
Este é um exemplo de possessão espontânea, lúcida e aberta por um animal

espírito. Devemos considerar a formação cultural e social do paciente.
A superstição tradicional japonesa afirma que a raposa é dotada de super
poderes naturais; diz-se que ele pode tomar qualquer forma no wiii, para servir
aqueles que o usam para se proteger e vingar, e para possuir outros
indivíduos contra sua vontade. De acordo com Kiyoshi Nozaki, Kitsune-Tsuki
está atualmente restrito a certas regiões e a mulheres de classe baixa, geralmente
pessoas nervosas e hipersensíveis que crescem em um ambiente supersticioso
mento e foram testemunhas oculares de casos semelhantes. 19 Esta doença específica responde
a um tipo específico de curador. Os sacerdotes da seita Nichiren eram conhecidos
para serem os melhores exorcistas (talvez por causa de sua crença sincera em
a raposa e em seus poderes). Como em muitos outros casos de exorcismo, o
barganha aqui também é inerente ao procedimento de expulsão do possuidor
espírito: a raposa concorda em retirar, mas não sem obter algum comp.
pensão.
A posse por um espírito ancestral existe em Madagascar em um cerimonial
forma, o culto da Tromba.2 ° Os espíritos dos ex-reis ou guerreiros são
evocados em uma cerimônia ritual e se encarnam temporariamente em cer-
Há pessoas que desempenham o papel de médiuns nessas cerimônias. Os espíritos"
Página 28
então converse com a população. Mas pode acontecer que alguns espectadores
cair espontaneamente na posse, e este pode ser o início de um col-
psicose coletiva. Possessão espontânea também existe em Madagascar sob
outra forma, o Bilo, cujo tipo especial de cura será mencionado
mais tarde.
A Tromba pode ser comparada ao culto vodu haitiano, no qual
os espíritos possuidores, ou Loa, costumam ser considerados os espíritos dos antigos
heróis ou de divindades vodu. Mas aqui também, a possessão ritual é às vezes
o ponto de partida da possessão espontânea de caráter mórbido.
A posse por um deus é uma característica de certas religiões. Anos
atrás, Von Baelz descreveu, no Japão, a peregrinação em Minobu, o chefe
templo da seita Nichiren, onde os peregrinos se sentavam por horas orando antes
as estátuas gigantescas de deuses de aparência feroz, repetindo incessantemente o
mesmas invocações, balançando seus corpos para frente e para trás até que alguns deles
de repente viu os olhos da estátua ganharem vida e olhar para eles. Em que
momento, eles sentiram uma serpente ou tigre entrando em seus corpos, eles caíram
ataques convulsivos e, portanto, prontos para o exorcismo. Estas são instâncias de
possessão artificial e voluntária; mas aqui, também, espectadores sugestionáveis poderiam
ser apreendido por possessão involuntária e espontânea. Outros relatos estranhos de
possessão por deuses japoneses foram feitas por Percival Lowell, que
descreveu esta possessão ritual como um meio de manter uma relação viva -
navio com os protetores míticos da nação.2 1
Muito diferente é a possessão por espíritos malignos, uma manifestação temida
provavelmente lançará um véu de opróbrio sobre o indivíduo possuído. Demoníaco
possessão tem sido uma ocorrência frequente por muitos séculos no meio
Oriente e na Europa, e é característico que seus sintomas e ritos
de exorcismo são quase iguais entre judeus, cristãos e maometanos
medans. Na Etiópia e no Egito, uma forma mais diferenciada é a do
Zar ou possessão pelos Djinns, uma manifestação que será discutida mais tarde.
No Oriente Médio e na Europa, as manifestações clínicas de demônios
possessão pode ser tripla: a primeira é doença mental grave, geralmente
esquizofrenia, que é moldada pela pressão da crença e da tradição em
a forma de posse permanente. Isso foi bem documentado por Kriss
e Kriss-Heinrich em sua descrição dos santuários gregos e locais de
peregrinação. 22 No mosteiro de St. Gerasimos · na ilha de Cefalônia,
os autores viram pacientes mentais crônicos e graves que foram confinados
lá por anos. Suas mãos e pés estavam acorrentados e eles estavam em um
estado de grande agitação motora e verbal. Quando um ritual religioso era
realizado na presença deles, sua agitação aumentou e eles proferiram
blasfêmias e obscenidades (o que deve ser entendido como uma desesperada
luta pelo poder entre a autoridade da Igreja e a vontade de
os pacientes). O paciente mental mais genuíno foi pressionado a jogar
o papel de sua doença de acordo com um padrão estabelecido pela tradição
e crença em torno dele. No caso acima, os psicóticos acreditaram que
Página 29
foram possuídos por demônios e agiram de acordo. Nas palavras de Kriss

e Kriss-Heinrich:
Isso pode ser explicado pelo fato de que esses pacientes foram, em sua juventude, im-
grávida de noções firmes de como é a insanidade, com o resultado que, quando
eles próprios são vítimas de doenças mentais, essas noções tornam-se um meio de vida
realidade.
Seja por remissão espontânea ou por efeito de sugestão,

muitos desses pacientes se recuperaram e experimentaram essa recuperação
como resultado da vitória da Igreja sobre o "poder das trevas".
A segunda forma, possessão latente manifestada por meio de um
exorcismo preliminar, tem sido usado em muitos lugares para curar fisicamente ou
doença mental. O demônio, tendo se tornado manifesto, pode então ser expulso
por um segundo exorcismo que ao mesmo tempo liberta o paciente de seu
doença. Knotz, um médico austríaco que atuou no início de
neste século na Bósnia, numa época em que a medicina científica ainda estava quase
inexistente naquela parte do mundo, relatado como todos os anos, no dia
de São João Batista, multidões de peregrinos chegaram a um antigo
Capela franciscana onde os padres passaram a noite inteira ouvindo suas
confissões.2 3 Na manhã de 24 de junho, os padres pronunciaram o
orações rituais e aqueles peregrinos que manifestaram sinais de posse foram
então exorcizado. Os Padres foram, portanto, capazes de curar mulheres histéricas
quem a medicina oficial não poderia ter ajudado. O mesmo tipo de exorcismo
foi praticada pelo Padre Gassner por volta de 1775, e sua importância histórica
será mostrado no Capítulo 2.
A terceira forma, possessão espontânea aberta, é agora considerada
uma forma mais ou menos grave de neurose histérica. É , no momento,
não raro em algumas regiões do Mediterrâneo oriental. Hartocollis, quem
visitou Cefalônia em 195 3, deu uma descrição de tais casos e do
exorcismo em que várias características parecem dignas de nota. 24 O primeiro é o
agravamento repentino dos transtornos mentais no momento em que o exorcista
exibe as relíquias sagradas. Esta manifestação pode se tornar tão grave que
alguns pacientes devem ser amarrados durante o exorcismo. ele é
explicada pelos ilhéus como a raiva do demônio, que antecipa seu
expulsão. (Na linguagem moderna, isso seria chamado de resistência e curto
neurose de transferência.) Os habitantes de Cefalônia também afirmam que o
momento em que o demônio é expulso um galho cairá de forma misteriosa ou
a janela de uma igreja se quebrará inexplicavelmente, o que também é atribuído ao ex
Estimulou a raiva do demônio. Quanto mais asqueroso e poderoso o demônio, mais
provavelmente ele demonstrará sua raiva dessa maneira. Quando o paciente
foi curado, ele não sai da ilha sem apresentar um presente ao
mosteiro; é, nas palavras de Janet, "um ato de rescisão", e também en-
aumenta a autoestima do paciente.
Página 30
A história do mundo ocidental durante os últimos vinte séculos

está repleto de histórias de possessão, sejam individuais ou coletivas, algumas
tempos de forma epidêmica - e com histórias de exorcismo. Roskoff2S mostrou
que a manifestação de posse, bem como a de caça às bruxas
desapareceu gradualmente, em grande parte por causa da influência do Iluminismo,
que dissipou a crença no diabo, de modo que mesmo os círculos religiosos atribuíram
cada vez menos importância para ele. Não é de admirar, então, que a última manifestação
ções de possessão e exorcismo podem ser encontradas naqueles cenários que, por
uma razão ou outra, se opunham ao espírito do Iluminismo:
primeiro, entre tradicionalistas como o padre Gassner (de quem falaremos
no Capítulo 2); então, entre certos Romanticos - Justinus Kerner, para
exemplo, que ficou intrigado com tais manifestações; terceiro, entre os
pietistas, que se opuseram violentamente ao espírito racionalista do Iluminismo;
para eles, os poderes das trevas eram uma realidade viva que os cristãos devem
enfrentar e lutar em todos os momentos de sua existência.26 Johann Christoph
Blumhardt (1805-1880) foi um produto desse cenário.
O caso de Gottliebin Dittus e do Reverendo Blumhardt é um típico
exemplo de possessão e exorcismo, modelado exatamente no modelo de
aqueles realizados na Igreja Cristã primitiva. Aconteceu , no entanto,
em meados do século XIX - e foi, portanto, um exemplo de
cura primitiva nos tempos modernos e em um ambiente moderno. Além disso, é
uma ocorrência excepcionalmente bem documentada que foi objeto de
muito estudo, tanto do ponto de vista psiquiátrico quanto religioso.
Este célebre exorcismo aconteceu na pequena vila de Mottlingen,
Wiirttemberg, durante 1842 e 1843, logo após Blumhardt ter sido
nomeado pastor luterano lá. Vamos primeiro dar um resumo das pos-
sessão e exorcismo conforme relatado por Blumhardt no relatório oficial que ele enviou
às autoridades de sua igreja.
Gottliebin Dittus, de vinte e oito anos de idade, perdeu os pais em seu filho
hood e agora vivia com três irmãos mais velhos, todos solteiros. B1umhardt's
a primeira impressão dela em um encontro casual foi desfavorável: ele encontrou alguns
coisa repulsiva sobre ela. No final de abril de 1842. Blumhardt foi informado de que Gottliebin
estava tendo visões de uma mulher que havia morrido dois anos antes e que estava
segurando uma criança nos braços; ele também foi informado de que a casa em que Gottliebin
morava com seus irmãos era assombrada. Os vizinhos podiam ouvir coisas estranhas e assustadoras
ruídos à noite. Numa dessas noites, o médico do interior e várias testemunhas
permaneceu na casa e confirmou os rumores. Blumhardt foi chamado para o
cena, onde a jovem deixou Jain inconsciente por um dia inteiro. Em seu
conselho, ela foi levada para ficar com seu primo. A casa deixou de ser assombrada,
mas os sintomas de possessão, entre outras convulsões violentas, apareceram em
Gottliebin. Durante uma das visitas de Blumhardt, sua expressão e voz mudaram
e ela começou a falar com a voz da mulher morta. Um diálogo dramático
ocorreu entre o pastor e o espírito, que afirmou que ela poderia encontrar
nenhum descanso no mundo inferior, nem ela poderia orar, porque ela teve em sua vida
Página 31
assassinou duas crianças pequenas e agora estava nas mãos do diabo. Blumhardt
nunca duvidou que ele estava enfrentando os poderes das trevas e decidiu que ele
não iria evitar a luta. Ele veio várias vezes para ver Gottliebin, cujo
os sintomas pioraram cada vez mais. Ela logo foi possuída por três demônios,
depois, às sete e quatorze. Eles finalmente chegaram às centenas e
milhares, proferindo as piores blasfêmias pela boca. Supostamente empurrado
pelos demônios. Gottliebin dava socos em quem estava perto, mas nunca em
Blumhardt. Este último nunca se entregou a nenhum ritual; sua arma, em
de acordo com a palavra do Evangelho, consistia na oração e no jejum. 1
dia de fevereiro de 1843, Gottliebin relatou que durante seu mais recente ataque de perda
de consciência, sua alma voou ao redor da terra e viu os demônios
causando um terremoto em algum país distante que, a partir de sua descrição,
Blumhardt pensou ser as Índias Ocidentais. Poucos dias depois, a notícia deste
a catástrofe atingiu a aldeia. Por volta da mesma época, Gottliebin começou a
vomitar areia, pedaços de vidro, pregos e outros objetos. Ela também estava perdendo
enormes quantidades de sangue. Entre os espíritos que falavam por sua boca,
muitos alegaram ser as vítimas dos demônios e pediram permissão a Blumhardt para
descansar em sua casa ou então na igreja, ao que concordou após muita hesitação,
com a condição, porém, de que Jesus concedesse sua permissão primeiro. Gottliebin
estava começando a sentir a influência de Blumhardt e a aceitar suas ordens. o
A crise final ocorreu no Natal de 1843. Os demônios tentaram uma última vez e des-
assalto perate. Não contente em torturar Gottliebin, eles agora também a atacaram
irmão e sua irmã Katharina; a provação do irmão logo acabou, e ele
recuperou rapidamente; os demônios também pareciam ter perdido o interesse por Gottliebin.
Katharina, no entanto, que nunca antes tinha sido incomodada por eles, agora se tornou
seu brinquedo e agia da mesma maneira que Gottliebin em seu pior
momentos. Finalmente, em 28 de dezembro de 1843, após uma luta desesperada entre
Blumhardt e o mundo demoníaco, Katharina soltou um grito horrível
durante a noite, e às 2 da manhã, ela gritou "Jesus é o vencedor!" Às 8 SOU o
Manhã seguinte. os espíritos haviam desaparecido e Katharina se recuperou. o
o poder das trevas foi quebrado. e Gottliebin foi libertado de espíritos e demônios. 27
Este caso será melhor compreendido quando o histórico do paciente

e a do curandeiro - bem como o ambiente social e cultural peculiar
em que o incidente ocorreu foram considerados.
Infelizmente, pouco se sabe sobre a história de Gottliebin Dittus.
O relatório de Blumhardt afirma que ela cresceu em uma família profundamente religiosa que
era ao mesmo tempo muito supersticioso. Ela disse a Blumhardt que em breve
após seu nascimento, ela havia sido roubada duas vezes por um espírito invisível que tinha
largou-a na porta quando sua mãe assustada invocou o nome de
Jesus. Isso parece bastante extraordinário, mas naquela época a crença de que
bebês recém-nascidos podem ser roubados e trocados por fadas, goblins ou demônios
foi generalizado em muitas áreas rurais da Europa. 28 Ela também lhe contou sobre um
tia, que, disse ela, era uma bruxa e que tentou seduzi-la a segui-la
passos. A possessão e cura de Gottliebin podem, portanto, ser consideradas como um
expressão do conflito cultural entre a Igreja e a superstição.
O histórico de Johann Christoph Blumhardt é muito mais conhecido.
Página 32
De acordo com seus biógrafos, ele veio de uma cidade carente e extremamente piedosa
casa. 2 9 Desde a infância ele mostrou fortes inclinações religiosas
(tendo lido a Bíblia duas vezes aos doze anos). Um estudante diligente, ele
estudou teologia e trabalhou em várias paróquias, período durante o qual escreveu

profusamente sobre a história das missões cristãs e outros assuntos relacionados.
Em julho de 1838, aos trinta e três anos, foi nomeado pastor em Mottlin-
gen e se casou em setembro daquele ano. Blumhardt sempre foi
convencido de que o diabo era uma realidade terrível que desempenhou um papel importante na
assuntos humanos. Algumas de suas idéias podem parecer estranhas para nós. Ele pensou, para
exemplo, que a argamassa usada na construção das pirâmides tinha sido
misturado por bruxos que foram ajudados pelo diabo. Ele também estava convencido
que o pecado era a raiz da maioria das doenças, e ele reprovou o uso de drogas
extraído de plantas venenosas. Ele também pensou que o uso de sedativos
medicamentos eram perigosos para o espírito. 30 ideias dessa natureza, no entanto,
não eram incomuns entre os médicos e filósofos românticos. Em
por outro lado, Blumhardt foi, sem dúvida, um altamente inteligente e cul-
homem motivado, de coragem heróica e com a fé de um apóstolo.
A vila de Mottlingen está localizada em uma parte remota do Black
Floresta, onde floresceu a superstição e a crença na feitiçaria. The Rev-
erend Barth, antecessor de Blumhardt e também pietista, havia conduzido um
campanha intensiva de reavivamento religioso sem muito sucesso. 31 É digno de nota
que Gottliebin Dittus teria sido seu paroquiano favorito.
A nomeação de Blumhardt foi considerada um alívio pela população.
Durante os dois anos de exorcismo, os habitantes da aldeia tomaram um
interesse vivo e duradouro nas vicissitudes diárias da luta, e o
eventual expulsão dos espíritos e demônios foi considerada o triunfo de
toda a comunidade.
Como primeiro resultado da vitória de Blumhardt, o renascimento religioso que havia sido
tentado em vão pelo Reverendo Barth estava agora se tornando uma realidade. 1
após o outro, paroquianos iam a Blumhardt, confessando seus pecados e
solicitando sua bênção. Em um relato que ele deu deste avivamento, vemos como
horrorizado ele estava com o número e a gravidade dos pecados confessados a ele, para
as quais foram adicionadas práticas supersticiosas, bruxaria e a prática de
controle de natalidade. 32 É , parece que as autoridades da Igreja considerado Blum-
com alguma ansiedade e suspeita, e ele foi submetido a veementes
ataques de alguns de seus colegas.
O próprio Blumhardt havia passado por uma grande mudança. Ele agora era o homem,
que, com o único meio de oração e jejum, havia sustentado um prolongado
lute contra os poderes das trevas e vença-os com a ajuda
de Deus. "Jesus é o vencedor" tornou-se o seu lema. Ele tinha um prestígio extraordinário
e respeito em Mottlingen e seus arredores. Multidões se aglomeraram a ele para
confessar seus pecados e obter alívio de seus males através do poder de
sua oração. Quatro anos depois, amigos o ajudaram a adquirir uma propriedade em
Bad Boll, onde continuou seu trabalho, pregando, curando os enfermos e
Página 33
correspondendo extensivamente. Neste ponto Gottliebin Dittus entrou em seu

família e tornou-se inestimável para ele em suas atividades, especialmente em seu
trabalhar com os doentes mentais. Comentando sobre esse fato, Viktor von Weizsacker
escrevi:
Considero um dos exemplos mais notáveis de ação recíproca do ajudante e
pessoas que precisam de ajuda o incidente da luta de dois anos do velho Blumhardt
com Gottliebin Dittus .... Esta jovem seria considerada hoje um caso
da histeria mais severa. Após dois anos de luta incessante, ela se tornou uma
membro da família de Blumhardt .... Esta solução significou uma vitória de Blumhardt
sobre a histeria e uma vitória de Gottliebin sobre Blumhardt: ele obteve o
retirada dos demônios, e ela comunidade de vida com ele. Na verdade, este
a vitória foi um compromisso para ambos os lados, mas ao mesmo tempo o passo para um novo
nível de vida .... 33
Vários psiquiatras tentaram interpretar a cura de Blumhardt de

Gottliebin Dittus em termos modernos. Um deles, Michaelis, concluiu que
o incidente só poderia ser traduzido em parte em termos de psicanálise ou
outras doutrinas dinâmicas modernas; permanece um aspecto "transcendental"
acima e além dessas doutrinas modernas. 3 4
Outro psiquiatra, Benedetti, que se especializou em psicoterapia de
psicoses, escreveu um estudo no qual sublinhou as semelhanças impressionantes
entre essa cura e a psicoterapia de esquizofrênicos graves. Ele diz
que Blumhardt descobriu intuitivamente, mais de um século antes dos outros,
o princípio de tais curas. Em suma:
A primeira reação de Blumhardt foi de hesitação e defesa, um prelúdio necessário

a respeito de um caso em toda a sua gravidade. O principal esforço foi direcionado para
ele mesmo (oração e jejum). assim como o terapeuta de psicoses deve dar primário
atenção à sua "contra-transferência ... O curador então apela ao paciente,
que responde com sua primeira resposta positiva: este foi o momento em que Gottliebin
aceitou repetir algumas palavras de oração pronunciadas por Blumhardt, que ele
bem entendido como o ponto decisivo para iniciar a cura. Blumhardt
em seguida, se joga no mundo demoníaco de Gottliebin, assim como o terapeuta moderno
explora o mundo interno dos delírios de seu paciente esquizofrênico. O fato de que
as manifestações de posse cada vez piores são comparadas por Benedetti a
a aparente piora dos sintomas psicóticos por meio do efeito do paciente
resistência. O paciente tenta superar o terapeuta, que deve responder por
frustrar tais desejos, e isso, diz Benedetti, foi exatamente o que Blumhardt fez.
Blumhardt também diferenciou nitidamente sua atitude em relação aos espíritos "vitimados"
e espíritos malignos; da mesma forma, o terapeuta é muito sensível a qualquer coisa
que vem da parte saudável da mente do paciente, enquanto repudia todos
manifestações doentias. O insight psicológico agudo de Blumhardt é mostrado no fato
que enquanto a resistência se tornava cada vez mais absurda, exagerada e desesperada
formulários, ele agora estava estabelecendo condições, testando sua paciente e dando-lhe ordens.
(Poderíamos acrescentar neste ponto que Blumhardt fez pleno uso do que existencial
Página 34
os terapeutas chamam de kairós, ou seja, o ponto eletivo para intervenção decisiva ou

decisão.) 35
Este exorcismo memorável ocorreu em um momento em que o positivismo e

perspectiva científica estava penetrando todos os campos da vida, e instâncias de demoníaca
possessão estava se tornando extremamente rara. Ocasionalmente, pacientes possuídos
foram levados para hospitais psiquiátricos ou para o Salpetriere em Paris até
o final do século XIX. Um deles passou a ser tratado lá

por Janet durante os anos de 1890 e 1891, e vale a pena comparar
as diferentes abordagens nos dois tratamentos que foram separados por apenas
meio século. Veremos no Capítulo 6 como Janet curou este paciente,
sem, é claro, recorrer ao exorcismo, mas desvendando o "sub
ideia consciente "que foi a raiz da perturbação e por trazê-la para o
consciência do paciente.
Os psicoterapeutas dinâmicos de hoje dificilmente poderiam encontrar algo mais obsoleto
do que o método de cura do exorcismo. No entanto, existem algumas semelhanças,
como apontado por Benedetti com relação à psicoterapia de graves
esquizofrenia. Outra comparação poderia ser feita com a do próprio Maeder
método de psicoterapia curta, em que o desejo genuíno do paciente por
a ajuda é um primeiro requisito, enquanto demandas muito fortes são feitas ao psiquiatra
quiatra. 3 6 Não se trata apenas de analisar sua própria contratransferência,
mas de trabalhar em sua própria personalidade e de desenvolver e manter
em si mesmo, um desejo genuíno de ajudar o paciente. Nesse procedimento ativo, o
o paciente primeiro pede ajuda (este é o "processo de apelação"); o terapeuta
responde com sua vontade e prontidão para ajudar e, em seguida, clama por si mesmo
tendências de cura dentro do paciente. O último responde projetando em
o terapeuta, o "arquétipo do Salvador", com uma ativação gradual de seu
tendências de autocura, embora o terapeuta deva às vezes induzir isso
reação com técnicas especiais. Este processo deve, eventualmente, levar
o paciente à capacidade de amor construtivo, que, segundo Maeder,
é o critério da cura.
Cura através da confissão

Entre certos povos primitivos, essa doença grave ou mesmo aguda
a morte psicogênica pode resultar da violação de um tabu não é um
"teoria da doença", mas um fato real, confirmado por muitos olhos confiáveis
testemunhas. Um exemplo, relatado por um missionário no Congo francês, o
Reverendo Grebert, segue:
Em Samkita, um aluno chamado Onguie foi repentinamente acometido por convulsões

e foi levado para o dormitório. \\ aqui ele desmaiou. Quando voltamos para ver
ele, ele estava cercado por meninos; alguns estavam segurando seus braços e pernas rígidos,
outros tentavam em vão abrir os punhos cerrados, correndo o risco de quebrar seu
dedos. Assustados como eles estavam. não lhes ocorreu remover a espuma
Página 35
Os Ancestrais da Psicoterapia Dinâmica 23
isso o estava sufocando. O pequeno corpo estava arqueado. mas logo relaxou. fomos
deu algumas explicações apressadas: "Ele comia bananas que eram cozidas em uma panela que
tinha sido usado anteriormente para mandioca. Mandioca é eki para ele; os avós dele
disse a ele que se ele comesse qualquer coisa, mesmo um pouquinho, ele morreria. "
A violação do comando ancestral causa-lhes tanto susto, tão visceral
angústia. um colapso orgânico. que as fontes de vida se esgotam rapidamente.
"Veja." disseram apontando para o diafragma que tremia como se fosse um pequeno animal
estavam lutando sob a pele. "ele tem um evur, que está ficando animado."
Não havia dúvidas sobre a gravidade do caso. Ai de mim! sem medicação
passaria pela garganta obstruída. A pobre criança tinha perdido a consciência
e estava começando a tremer. Um homem de sua tribo correu para a aldeia vizinha para
obtenha o medicamento contra o evur, um ovo misturado com certas outras substâncias. Nós,
enquanto isso. estavam lutando contra a asfixia com apresentações rítmicas
trações do peito. mas foram incapazes de se apossar da língua. Era tudo para não
aproveitar. O coração sobrecarregado parou de bater. e o menino morreu em nossos braços. 37
Este é um dos três casos relatados pelo reverendo Grebert. Em dois de

eles o paciente morreu. O terceiro paciente foi salvo pela medicina europeia,
embora com a maior dificuldade. Casos semelhantes foram relatados
de Uganda e da África Central, e o fato notável é que, em tais
casos, a medicina ocidental é quase impotente, enquanto o curandeiro é
capaz de alcançar uma recuperação surpreendentemente rápida e completa em pacientes no
beira da morte.
Na Polinésia, há relatos frequentes de mortes psicogênicas
resultante da violação de um tabu, embora as características sejam diferentes de
aqueles comuns na África. A morte ocorre de forma menos dramática, mais lentamente
e silenciosamente; o paciente se deita, recusa a alimentação e morre em um
poucos dias 3 H O que é importante aqui não é tanto a violação de um tabu,
mas sim que a violação foi exposta e tornada pública e o
assim, o ofensor foi tornado objeto de vergonha. 3 9
Muitas populações primitivas acreditam que certas doenças resultam da
violação de tabus ou de outras ofensas. No entanto, inúmeras variações
existem quanto às crenças sobre a natureza de tais crimes, a curabilidade
das doenças resultantes e dos possíveis tratamentos. Confissão de pecados é
não considerado em todos os lugares como um método de tratamento; quando existe,
frequentemente envolve mais do que apenas um método de tratamento de doenças.
Um levantamento abrangente de dados relativos à confissão de pecados foi
feito por Raffaele Pettazzoni, que enfatizou que entre os mais primitivos
populações, o conceito de "pecado" é idêntico ao de "quebra de tabu". 4 0
Nenhuma distinção é feita quanto a se essa violação foi voluntária ou não; até
eventos fortuitos podem ser identificados com o pecado, que é o caso, por exemplo,
entre os Kikuyu, se um indivíduo encontra um certo tipo de cobra ao longo de sua
caminho. No entanto, algumas populações primitivas também cometem certas ofensas morais
em consideração, nomeadamente os de carácter sexual. Entre as doenças mais
freqüentemente tidos como resultado do pecado são filhos dolorosos e prolongados
Página 36
nascimento e esterilidade em mulheres. A confissão de pecados geralmente é pública entre

povos primitivos; o segredo da confissão não existe. A própria confissão
é frequentemente complementado por certos procedimentos eliminatórios, como lavagem,
vômito ou sangramento.
Os astecas do México antigo muitas vezes confessavam a um padre, com adultério
e a embriaguez são os dois principais pecados. Entre os mixtecas, a confissão
de pecados era comumente utilizado em casos de doença, e pecados de roubo e
as ofensas contra a propriedade foram particularmente levadas em consideração. No
Reino inca, a confissão era um costume universal: as datas foram marcadas para
confissão geral a padres chamados ichuris. A cerimônia incluiu
invocação dos deuses; confissão, que seguiu uma longa lista de possíveis
pecados; exortação; e penitência. Aqui, também, a confissão foi recorrida em
caso de sua
quando doença; umestava
esposa pai confessaria quandoum
doente. Quando seuInca
filhoestava
estavadoente,
doentetodos
e umos
marido
habitantes do
reino teve que confessar. Segundo Pettazzoni, o inverso ocorreu em
China, onde o imperador confessou seus pecados em caso de uma
calamidade.
O conceito de doença como punição pelo pecado era predominante entre
as civilizações semíticas do antigo Oriente. O pecado foi então claramente definido
como uma ofensa voluntária contra as leis morais e religiosas. Muitas doenças,
entre eles doenças emocionais e mentais, pensava-se ser o resultado de
pecado. A confissão também existia como meio de alívio e, muitas vezes, de cura.
Muitos traços deste conceito de doença sobreviveram até hoje. Popular
crenças sobre as terríveis doenças resultantes do "pecado" da masturbação
ainda não desapareceram. Reagindo contra tal cientificamente insustentável
conceitos, a psiquiatria excluiu radicalmente a palavra "pecado" de seu vocabulário
lar. Mas foi redescoberto pela psiquiatria dinâmica moderna, se não como
"pecado", pelo menos na noção de "sentimento de culpa". A ação patogênica de
sentimentos de culpa e o efeito terapêutico da confissão, mesmo no físico
doenças não podem ser desconsideradas. Uma observação clínica publicada por
Aldenhoven pode ser citado a esse respeito:
Uma mulher de quarenta e dois anos foi internada no hospital no quinto dia de um
pneumonia que estourou enquanto ela estava sozinha em seu apartamento sem aquecimento.
No momento de sua admissão. ela estava em estado crítico, exausta, com
dispneia severa. leve cianose. pulso 120. temperatura retal 40,0 C. (I 04,0 F.).
As radiografias mostraram uma pneumonia no lobo superior esquerdo.
No dia seguinte, sua condição piorou. apesar dos medicamentos. (Este
foi antes da era dos antibióticos.) Na mesma noite - o sexto da doença
-o pulso era como um fio, com frequência de 150; a cianose aumentou,
e a respiração tornou-se extremamente superficial. O paciente estava coberto com
suor frio. a expressão de seus olhos arregalados expressava angústia, e ela disse repetidamente
que ela iria morrer.
O Dr. Aldenhoven a visitou à noite. Uma velha amiga de sua família era
presente na sala. Aldenhoven ordenou uma sangria de 180 cc. e um
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injeção de cânfora. Ele tinha a sensação de que essas medidas poderiam ligeiramente
prolongar a vida do paciente. mas dificilmente impediria seu declínio gradual; pulso e
a respiração estava sumindo, o olhar ansioso ficou mais turvo, a voz estava
dificilmente perceptível. O médico sentou-se ao lado da cama e disse à paciente
aquela irmã dela. a quem ela era muito apegada, viria na manhã seguinte.
Ela sussurrou baixinho: "Eu morrerei antes do amanhecer ... e será adequado
punição! "-" Punição'J '' perguntou baixinho ao médico, "bem, então você vai
não morrer. Vamos cuidar para que você pague a pena acima da terra e não abaixo. "
Essas palavras, que expressam uma convicção médica positiva, acertaram o alvo.
A paciente sentiu-se compreendida. Ela pediu ao visitante para sair da sala e
disse ao médico que a pneumonia havia acontecido com ela no local onde ela
tinha sido infiel ao marido (de quem ela agora estava afastada e
que ainda era prisioneiro de guerra); agora, doença e morte representavam punição.
Imediatamente após esta confissão. uma mudança surpreendente ocorreu no
quadro clínico: o olhar ansioso sumiu da fisionomia do paciente, o
pulso ficou mais forte e mais relaxado, a respiração se aprofundou e tornou-se
mais tranquila, a cianose diminuiu. Uma ou duas horas depois. ela tinha se recuperado para
a ponto de poder beber alegremente seu café da manhã. O curso posterior
de recuperação desenvolvida sem qualquer incidente digno de nota 41
Cura por meio da gratificação de frustrações

O papel dos desejos frustrados na etiologia da doença é conhecido
desde tempos imemoriais. "A esperança adiada faz mal ao coração, mas o desejo
tornar-se realidade é uma árvore da vida ”(Provérbios XIII, 12). Um provérbio Maori diz:
'Há um poço de insatisfação no coração do homem e, portanto, de vexação
e ansiedade. " 42
Por muitos séculos, os livros de medicina continham descrições de dois
condições que estão em grande parte esquecidas hoje: saudades de casa e amor.
A primeira, também chamada de nostalgia, foi vivida por soldados ou por
outros indivíduos que deixaram seu próprio país; eles sentiram falta de casa, dia-
sonhava com isso incessantemente, não conseguia se concentrar em mais nada, e iria
muitas vezes morrem, a menos que retornem lá, caso em que um rápido e espetacular
a recuperação ocorreu. 43 A nostalgia foi observada em homens ou mulheres jovens
perdidamente apaixonado. Eles desapareceriam lentamente e morreriam, a menos que fossem
unido com o objeto de seu amor (que muitas vezes era mantido em segredo). Nove-
a psiquiatria do século XV excluiu essas duas condições de sua nosologia
e se não atribuir muita importância aos desejos frustrados como psicogênica
fator. A psiquiatria dinâmica voltou a enfatizar o seu significado, que primi-
a medicina ativa às vezes entendia bem.
Quando os jesuítas franceses iniciaram seu trabalho missionário entre os índios
do nordeste da América no século XVII, eles ficaram surpresos com
veja a importância atribuída pelos hurons e iroqueses aos grati-
ficção dos desejos de um indivíduo expressos em seus sonhos. " Seria
crueldade, não, assassinato, para não dar a um homem o tema de seu sonho; para tal
a recusa pode causar sua morte ", escreveu um padre jesuíta. 44 Era, portanto,
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um dever sagrado de dar a um homem o que ele viu em seu sonho ou deixá-lo
realizar a ação que ele sonhou - ainda mais quando o indivíduo
já estava doente. Nada então poderia salvá-lo, exceto a gratificação de
o desejo de seu coração revelado por seus sonhos.
Um dos missionários jesuítas, o padre Raguenau, fez um excelente relato sobre

as crenças e práticas dos Hurons a esse respeito. 45 Os Hurons distinguidos
três causas de doença: causas naturais; feitiçaria; desejos não realizados. Do
desejos não realizados, alguns eram conhecidos do indivíduo; outros, chamados ondinnonk,
não eram conhecidos, mas podiam ser revelados a ele em seus sonhos. Esses sonhos poderiam
entretanto, ser esquecido, e certos desejos nem apareceriam em sonhos.
Adivinhos, chamados de saokata, foram então capazes de determinar aqueles
desejos olhando, por exemplo. em uma jarra cheia de água. Se o paciente fosse
mortalmente doente, os adivinhos declarariam que o objeto de seus desejos era impossível
possível obter. Quando havia chances de recuperação, eles enumeravam
objetos supostamente desejados pelo paciente, e um "festival de sonhos" seria
organizado. Foi feita uma coleta entre o grupo, e os objetos coletados
foram dados ao paciente durante um banquete que incluiu danças e outras
manifestações
objeta de júbilo
aos doadores. público.
Assim, Não havia
o paciente dúvida
não só de devolver
se recuperaria de estes
sua doença
com todos os seus desejos satisfeitos. mas às vezes saía um homem rico. No
outra mão. alguns dos doadores podem ficar doentes por sua vez e sonhar em receber
alguma compensação por sua perda. Um "festival de sonhos" era, portanto, uma combinação
de terapia, alegria pública e trocas de propriedade.
Em outras contas. os padres jesuítas descreveram o festival dos sonhos como um
louco frenesi coletivo em que os sonhadores corriam gritando e ameaçando
ing os outros. obrigando-os a adivinhar seus sonhos e dar-lhes uma coisa
após o outro, até adivinharem corretamente.
Existem também instâncias do que poderia ser chamado de realização simbólica: A
O padre jesuíta visitou uma comunidade iroquesa no dia do festival
dos sonhos. Um dos iroqueses queria matá-lo sob o pretexto de que ele tinha
sonhou em matar um francês; Contudo. ele recebeu um casaco de francês
e descobri que é um substituto bom o suficiente. 46 Outra história descreve um jovem
mulher gravemente doente. Alguém na comunidade sonhou que ela iria
se recuperasse se seus pais preparassem um banquete com vinte cabeças de alce, uma coisa
impossível de obter naquela época do ano. Um intérprete de sonhos apropriadamente
decidiu que as vinte cabeças de alce poderiam ser substituídas por vinte pães de
pão. 47
Este tipo de terapia pode parecer impensável para nós: quem trataria um
paciente, dando-lhe tudo o que ele desejaria? No entanto, os efeitos de cura
da satisfação dos desejos talvez seja subestimada hoje. Bom para-
tune pode, às vezes, ainda desempenhar o papel de um terapeuta.
Um exemplo histórico é mostrado na biografia de Franc; ois Magendie

(1783-1855). Ao estudar medicina entre as idades de vinte e um e
com vinte e dois anos, Magendie vivia na mais extrema pobreza e quase morria de fome; ele
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ficou deprimido. e desgostoso com a vida. Neste ponto, um advogado não-

provavelmente veio vê-lo e disse-lhe que ele havia herdado uma soma de vinte
mil francos - o que era. naquela hora. uma quantia muito considerável. Magendie
foi curado instantaneamente. Ele estabeleceu um estábulo com bons cavalos e cães com pedigree e
viveu de uma maneira tão extravagante que. um ano depois. nenhum dinheiro sobrou
~ apenas a memória de uma época maravilhosa. Magendie então voltou para seu
estudos médicos e mais tarde se tornou um grande fisiologista.

A psicodinâmica deste caso torna-se inteligível se lembrarmos que
Magendie pertencia a uma família rica que havia perdido sua fortuna durante a
Revolução. O pai dele. um admirador de Rousseau. o tinha criado em um
forma indisciplinada. O jovem Magendie estava, portanto, ao mesmo tempo frustrado
e intolerante à frustração. Seus puros-sangues e seus cães representaram para ele
o que a festa dos sonhos significava para um iroquesa. 48
É provável que a gratificação de desejos frustrados desempenhe um papel decisivo

em certos exorcismos e outros procedimentos terapêuticos. Bruno Lewin mostrou
que a gratificação vicária dos desejos sexuais pode ser responsável pela terapia
sucessos peuticos do Zar egípcio .
A cerimônia de Zar é realizada no Egito entre as classes sociais mais baixas como um
tratamento para mulheres neuróticas e histéricas. É organizado por uma mulher chamada
o kudya 11 ho é ajudado por três outras mulheres que cantam, dançam e tocam
tambor e o pandeiro. A participação é restrita às mulheres. Depois de vários ritos,
o paciente é conduzido à sala em traje de noiva. Um animal é sacrificado,
incenso é queimado. e o paciente está despido e vestido com uma camisa branca.
O kudya então começa a dançar como se estivesse em transe. seus movimentos ficando mais selvagens, até
ela cai exausta no chão. Depois de um tempo, a música começa novamente, a princípio em um
humor lento e gentil; o kudya chama pelo djinn que supostamente é ela
amante. A música e a dança tornam-se selvagens novamente, e o kudya em seu transe
sucumbe ao seu amante imaginário com movimentos orgíacos e cai no chão
mais uma vez, convidando outros demônios para vir. A paciente se junta ao kudya nela
dança selvagem. e as outras mulheres também se juntam até que todas elas joguem fora seus
roupas e. em seu transe. são sexualmente possuídos pelos djinns. Dr. Lewin afirma
que uma grande proporção dos pacientes é realmente ajudada por tal cerimônia.
Algumas mulheres vão a um Zar todos os meses. A maioria deles são frígidos e infelizes
casado. e o Zar fornece-lhes a única gratificação sexual que podem
obter 49
Às vezes, os desejos frustrados não são possessivos nem libidinais

unidades. mas sim leva à auto-realização. Dr. Louis Mars descreve
reações paranóicas que ocorrem no Haiti entre indivíduos ativos e ambiciosos
als que estão sob o estresse de dificuldades crescentes e fracassos repetidos. 50
Essas pessoas se sentem perseguidas e, por sua vez, começam a irritar e incomodar os outros.
A atitude coletiva no Haiti é digna de nota; o paciente é ouvido com
atenção simpática e uma posição adequada às suas capacidades é procurada. o
as projeções diminuem gradualmente e o indivíduo perturbado é reintegrado
em sua comunidade.
Página 40
Muitas pessoas se sentem frustradas porque suas vidas são monótonas e desinteressantes
e porque eles não recebem consideração de seus semelhantes, incluindo
suas próprias famílias. De certos relatos de Madagascar, parece
que os procedimentos terapêuticos visam diretamente à gratificação de tais frus-
necessidades tratadas. Duas contas são resumidas aqui:
Le Barbier descreveu o Bilo (palavra que designa, ao mesmo tempo, o
doença, o paciente e a cerimônia terapêutica): Bilo, disse ele, é "o
A doença mais estranha, mais estranha e mais imaginária, e a mais fácil de curar. "
os pacientes ficam nervosos, hipersensíveis ao ruído, incapazes de permanecer quietos. O local
o curandeiro, ou ombiasa, decide em que dia será realizada a "coroação". O herói
da cerimônia é o próprio paciente, que está sendo tratado como "Rei", enquanto
sua família é o "tribunal" e os moradores, seus súditos. No dia da cerimônia,
o paciente está vestido com roupas bonitas e é mostrado respeito e deferência.
Duas vezes por dia, canções e danças são executadas para ele, e ele pode participar se
assim deseja. Essas celebrações continuam por quinze a vinte dias, até o
o paciente está curado. Um boi é então sacrificado e o Bilo bebe de seu sangue. 51
Em um relato de outra província de Madagascar, é relatado que depois
quinze dias cantando e dançando, o procedimento culmina na "elevação"
do Bilo. Uma plataforma de aproximadamente 2 1/2 metros (cerca de 8 pés) de altura é
erguido, no qual o paciente é colocado com uma pequena estátua a seus pés; um sacrifício
é realizada, e o paciente é banhado e servido uma refeição que ele come no
plataforma elevada. 52
É compreensível como o "ego" do paciente (no sentido coloquial

desta palavra) deve ser inflado quando, por duas semanas inteiras, ele for abordado
e tratado como um rei e depois elevado a uma plataforma. Não admira o
A biocura é freqüentemente relatada como bem-sucedida. 53 Em um estudo sobre milagroso
curas, Janet enfatiza que muitos dos pacientes assim curados estavam doentes
porque careciam de reconhecimento social. 54 Uma cura milagrosa, para eles, era
equivalente a um aumento repentino de prestígio e reconhecimento social.
Cura Cerimonial
Uma das principais diferenças entre o tratamento científico moderno e
cura primitiva é que a primeira é prática, enquanto a última é
geralmente realizado como uma cerimônia. Isso é verdade para todos os métodos que nós
discutimos até agora. Em alguns casos, parece que as cerimônias são
não simplesmente um elemento secundário do procedimento de cura, mas o principal
agente terapêutico.
Existem muitos tipos de cura cerimonial. Hocart mostrou que certo
cerimônias de cura são antigos ritos de iniciação (ou partes deles) que são
obsoleto como tal, mas que adquiriu um novo significado como métodos de cura. 55
Às vezes, a cerimônia de cura é uma espécie de reencenação da inicial
trauma (patogênico). Às vezes, é uma reconstituição dos grandes mitos
da tribo, como a criação do mundo ou as histórias dos deuses. 56
Em muitas curas cerimoniais - com ou sem essas encenações - o
o paciente é integrado a um grupo (nomeadamente uma sociedade de curandeiros, como entre
Página 41
os Zufii) ou no ambiente social a que pertence: família, clã,

tribo. Finalmente, a cerimônia pode ser eficaz por meio da beleza absoluta de
os ritos, os trajes, a música e as danças.
A cura por meio da reconstituição do trauma inicial foi
descrito entre os Porno, uma tribo indígena da Califórnia. Freeland re-
portos que o Porno tem vários tipos diferentes de médicos. 57 Um deles,
chamado de médico da roupa (ou médico cantor), é o único a fazer uso de
um método chamado assustador. Se a origem da doença é desconhecida, é
sintomas obscuros, seu curso de evolução prolongado, o curandeiro suspeita
que foi causado por um encontro entre o paciente e um espírito (um evento
que o paciente pode não se lembrar). O curandeiro consulta a família
para descobrir o que o paciente estava fazendo quando adoeceu, e juntos
eles especulam quanto à natureza provável do espírito. O curandeiro
então decide reproduzir a visão o mais fielmente possível. Ele pode se vestir bem
como um fantasma ou construir um modelo de um monstro. Um cenário realista é criado, e
a cena é repentinamente revelada ao paciente. Se ele reagir com muito medo,
a suposição é considerada correta. Tratamentos comuns são usados para trazer
o paciente sai do estado de colapso que se segue a esta provação. o
o curandeiro então tira sua fantasia de fantasma ou destrói o modelo antes
os olhos do paciente para aliviar sua mente do medo. A recuperação é considerada rápida.
Um paciente sofria de uma doença crônica que não havia sido tratada.
A família lembrou que ele tinha caçado nas montanhas no dia
ele adoeceu. O palpite do curandeiro foi que o paciente tinha visto uma água
monstro
tinha umem umae fonte.
metro oitentaEle
de fez um modeloe de
comprimento umuma grande ecobra
de largura podiacom várias articulações;
ser movido e puxado por cordas;
o monstro foi então pintado de branco, vermelho e preto. Quando o paciente viu
a terrível aparição, ele foi tomado de tanto medo que começou a atacar
pessoas ao seu redor; seis pessoas foram necessárias para segurá-lo, até que ele finalmente
desmaiou. O curandeiro então o fez suar. banhou-o e deu-lhe
um gole de água, e disse-lhe então que tinha visto inicialmente um monstro de água
que o assombrava desde então. O homem logo melhorou.
Outra paciente, uma mulher, havia se assustado durante a noite e
desmaiou. Um "médico cantor", que por acaso estava por perto, presumiu que ela
deve ter visto um fantasma. Ele rapidamente se disfarçou de fantasma e, com o
ajuda de seu pai, assustou a paciente, após o que ele a tranquilizou, explicando
a história. No dia seguinte, ela se sentiu bem novamente.
Chamaríamos esses procedimentos terapêuticos de terapia de choque psíquico

ou psicodrama.
Um procedimento mais elaborado foi encontrado entre os Zufii, onde a cura
atividade não era prerrogativa de um homem, mas de uma série de medicina
sociedades, isto é, grupos de curandeiros que afirmavam realizar suas curas
por intermédio dos deuses de suas sociedades. Esses deuses foram acreditados
para entrar nos corpos dos curandeiros durante a cerimônia. Mathilda Stevenson escreveu
Página 42
uma descrição detalhada dessas sociedades e de suas cerimônias de cura. 58

Estes diferem de uma sociedade para outra, de acordo com os mitos de seus
respectivos deuses.
Como um exemplo. A Sra. Stevenson descreveu uma cerimônia, realizada por um dos
sociedades. para a cura de uma dor de garganta. Os membros da sociedade se reuniram em
pôr do sol no quarto do paciente. O paciente estava em um tapete no centro do chão,
reclinado nos braços de seu pai de fraternidade. "Três teurgos, vestindo o
máscaras e fantasias dos três deuses da sociedade, entraram na sala através
o telhado, liderado por um membro feminino carregando a insígnia da sociedade e carregando
uma cesta contendo uma refeição sagrada. Os "deuses" realizaram várias danças e
outros ritos ao redor do paciente, desenhando linhas com pólen sagrado em seu corpo. 1
dos ritos consistia na expectoração do paciente pela abertura da boca de
a máscara do Grande Deus (entregue a ele pelo teurgo e depois devolvida a ele).
Durante toda a cerimônia, um coro continuou cantando com o acompanhamento de certos
instrumentos. Depois de uma longa série de outros ritos. os "deuses" partiram. A fraternidade
o pai então deu dois bolos ao paciente, que teve que comer um e dar o outro
um para um cachorro vadio, depois do qual os outros membros da sociedade partiram. Uma festa teve
foi preparado para eles pela família do paciente.
Existem vários fatos evidentes neste tratamento. (1) É um coletivo

tratamento, organizado e realizado não por um homem, mas por um curador
sociedade. (2) É um psicodrama: os três principais curadores, usando o
fantasias e máscaras dos três deuses, são assistidos pelos outros membros da
a sociedade, enquanto o paciente desempenha um papel ativo nos ritos. (3) é um
Terapia religiosa , visto que os deuses são aproximados e seus mitos reconstituídos.
(4) É também uma "terapia de beleza" por causa da magnificência das canções,
os ritos e os trajes. (5) Em parte, é um tratamento por meio do
transferência de doença ou mal para outro ser. (A dor de garganta é trans-

encaminhado a um cão de rua.) (6) Espera-se que o paciente se junte à sociedade após
sua recuperação (um procedimento que a psiquiatria moderna está começando a redescobrir:
ex-alcoólatras freqüentemente ingressam em sociedades de temperança; pacientes mentais dispensados
juntar-se em clubes) _s9
Uma forma ainda mais elaborada de cura cerimonial é encontrada entre os
Navaho, uma tribo indígena conhecida por sua tecelagem fina e belas areias coloridas
pinturas e música. Eles também têm uma mitologia altamente elaborada. Deles
as curas cerimoniais, em contraste com as dos Zufii, não são realizadas
pelas sociedades de medicina, mas sob a direção de um curandeiro. O ritual
é tão complexo que um curandeiro leva vários anos para aprender um dos
os "Cantos dos Nove Dias". as cerimônias principais, que são encenações
dos grandes mitos da criação do mundo e das festas do Navaho
Deuses.
Freqüentemente, um navajo cai em um estado de depressão ansiosa como resultado de um
sonho ruim, a ilusão de ter visto um fantasma, ou o medo de ter ofendido
um animal sagrado. O paciente pode se sentir tão mal que às vezes permite
Página 43
morrer de fome lenta. Nesse caso, uma cura cerimonial oportuna

realizada pelo curandeiro certo pode ser surpreendentemente eficaz e
rápido.
Um exemplo notável de tal caso foi observado e filmado em 1928
por Laura Adams Armer. O Reverendo Oskar Pfister deu uma ilustração ilustrada
relato dessa cura na revista Imago e acrescentou um psicanalítico
comentário. 60
O paciente, um homem de cerca de cinquenta anos, sonhou que viu seus filhos mortos. este
transtornou-o tanto que ele caiu em uma depressão severa. Um observador de estrelas foi consultado por
algumas semanas depois. Ele entrou em transe, olhou para as estrelas e viu um
Urso; ele então disse ao paciente, '"Procure o cantor que pode cantar a montanha
Canto; pois você certamente morrerá se não o encontrar. "O cantador foi encontrado e
disse ao paciente; "Quando você era menino, viu um urso doente ou morto; ou
sua mãe viu antes de você nascer. Este urso era sagrado; agora deve ser
reconciliado. "Para conseguir isso. um dos Cantos dos Nove Dias, a Forma Masculina de
o canto da montanha. teve que ser executado.
Duas cabanas foram construídas; 1. a "casa das canções" ou "casa de remédios" para o
paciente, o segundo para sua esposa e filhos. Todos os irmãos do clã vieram ajudar
durante a cura de nove dias. enquanto as mulheres da família ajudaram com o
cozinha e serviço. O paciente. o curador. e os outros homens começaram por
tomando banhos de vapor e realizando ritos de purificação.
As músicas. ritos. e as cerimônias realizadas durante os nove dias são tão complexas
que seria necessário um livro inteiro para descrever em detalhes apenas uma cerimônia. (UMA
a monografia do Night Chant foi escrita por Washington Matthews.) 61 A
uma dúzia de homens se reuniram diante da casa de remédios nos dias seis, sete, oito e
nono dias e, sob a direção do curandeiro. fez lindas fotos com
areias coloridas no chão. Esses desenhos são notáveis por sua arte
valor quanto aos seus significados mitológicos e simbólicos. O curandeiro acompanhou
esses ritos com gestos e canções mágicas. Todos os dias, no final do per-
formance, a imagem foi destruída, as areias coloridas juntaram-se e despejaram
sobre o paciente. No final do nono dia, cerca de dois mil Navaho-
homens. mulheres. e as crianças se reuniram em torno da família para cantar a conclusão
canções do canto da montanha. e a cerimônia foi encerrada com um alegre
dança religiosa. Neste ponto. o paciente sentiu-se curado. Informação obtida
dois anos depois, afirmou que a cura foi um sucesso total e que não
recaída ocorreu.
Em seus comentários sobre esta cura. o reverendo Oskar Pfister propõe um psicopata
interpretação analítica: o urso é o símbolo do pai. Quando criança, o paciente
tinha desejos de morte contra seu pai. e agora ele temia que seus filhos sentissem o
mesmo em relação a ele; ele retaliou com desejos de morte inconscientes contra seus filhos
e se sentiu culpado por isso. Ele teve que se reconciliar com o pai por meio de
dois substitutos (o contemplador das estrelas e o curandeiro), bem como com todo o
comunidade e os deuses da tribo. Durante a cerimônia de nove dias, ele foi o primeiro
reconciliado com sua família e seus irmãos do clã, depois com um grupo maior, e
finalmente, na última noite. com a tribo como um todo. Todas essas expiações e
reconciliações ocorreram em um nível simbólico inconsciente.
Página 44
Essa interpretação pode lançar alguma luz sobre a cura; no entanto, deve haver
ser muito mais do que isso. O próprio Pfister acrescenta que a participação intensiva de
toda uma comunidade simpática é uma reminiscência de certas curas religiosas em
santuários sagrados. Nas cerimônias de cura Navaho, no entanto, o paciente é
não só reconciliado com a comunidade e com os deuses, mas esta gradual
a reconciliação é conseguida através da reconstituição do cosmogônico
e outros mitos sagrados. Além disso, os navajos são incomparáveis em seus
abundância esmagadora de performances altamente culturais inerentes a tal
cura: arte, música, poesia. dança - uma "terapia de beleza" para a qual não encontramos
contrapartida na psicoterapia moderna.
O único paralelo com essas curas cerimoniais encontradas no mundo ocidental
são as curas em santuários sagrados, muitos dos quais florescem no Mediterrâneo
área. Um dos santuários mais conhecidos fica em Lourdes, um lugar famoso por
beleza impressionante do local, a Primavera e a Gruta, a majestade do
ritual, o esplendor das procissões e "a oração perpétua em curso
dia e noite, por parte de um grande número de pessoas, de modo que o próprio ar
é carregado e vibrante com ele. " 62 Menos perceptível, talvez, é o gradual
integração de peregrinos e pacientes em grupos de número cada vez maior
bers. Depois de uma preparação individual séria (confissão, oração, exortação
ção) em seu local de residência, o paciente se junta a um grupo de peregrinos de
sua própria paróquia. Vários grupos paroquiais se fundem em grupos maiores de
um bispado e a longa e incômoda jornada acontece em um
atmosfera de entusiasmo brilhante. A estada de três dias em Lourdes é
programado e cronometrado com grande exatidão; o paciente se encontra em um
multidão imensa na qual, porém, ele nunca se sente perdido e está sempre bem
cuidado; Cada paróquia, bispado ou nação mantém sua individualidade.
Mas no auge das cerimônias de peregrinação, todas essas distinções derretem
longe, e o peregrino sente-se fundindo temporariamente em um incontável
multidão, em uma alma enorme que fervilha de entusiasmo religioso. UMA
número de curas ocorreram neste clímax, assim como
O paciente de Stevenson foi curado na última noite do Canto dos Nove Dias.
Cura por incubação

Os procedimentos da terapia primitiva são frequentemente tão complexos que não é
fácil classificá-los. Isso se aplica, por exemplo, à incubação, que poderia
ser classificado entre outros tipos de cura cerimonial porque o essencial
parte, a incubação, foi precedida e seguida por vários ritos e
cerimônias. No entanto, é apropriado descrevê-lo separadamente porque
obviamente era o principal agente terapêutico.
Incubação significa "deitado no chão": esperava-se que o paciente
passar uma noite em uma caverna, deitado no chão. Ele então teria um sonho
de visão, o que o curaria.
Página 45
Os ancestrais da psicoterapia dinâmica 33,
Este tipo de terapia parece ter atingido seu ponto mais alto de perfeição
na Grécia antiga em Asklepeia, ou templos de Asklepios (Esculapius),
um dos deuses da medicina. Mas sua origem deve ter sido muito anterior. Dentro
tempos antigos, a incubação aparentemente ocorreu em uma caverna sagrada (mais tarde
substituída por uma câmara subterrânea em Asklepeia). Ha outro
exemplos do uso de cavernas para fins mágico-religiosos, como o
oráculo de Trofônio na Grécia antiga. 63 Aqueles que lá visitaram tiveram que
passam por uma preparação especial, incluindo a ingestão de água da
"Fonte do Esquecimento" e "Fonte da Memória". Na caverna,
eles tiveram visões assustadoras, que os deixaram apavorados quando eles
emergiu. Os padres então colocavam os visitantes na "Cadeira da Memória" para que
eles poderiam contar o que viram. O mesmo temor cercava o
cerimônias misteriosas da Asklepeia; em que havia o mesmo
preparações elaboradas, os mesmos misteriosos acontecimentos subterrâneos e
a mesma expectativa de receber um oráculo - na Asklepeia uma cura
oráculo em forma de sonho.
Entre os muitos Asklepeia de \\ dos quais temos registros. os mais conhecidos são aqueles
de Epidauros. Pergamon. e Cos. 64 O templo de Asklepios foi um importante
instituição, como sabemos de relatos de autores antigos e modernos
pesquisa arqueológica. Os enfermos vieram de longe em busca de curas nestas sagradas
lugares. Infelizmente. muito sobre seus métodos é desconhecido para nós, como o
significado e uso de um labirinto circular. o tholos, que foi encontrado no
ruínas de vários Asklepeia.
Podemos supor que o belo local de muitos Asklepeia, a jornada, o
período de espera, os rumores sobre curas maravilhosas, tudo afetou o paciente.
Antes de ser admitido no santuário. ele passou por uma determinada preparação, um
purificação incluindo jejum. beber a água de fontes sagradas, e vários
outros ritos. O destaque do tratamento foi a incubação, ou seja, o sono
no santuário. O paciente estava vestido com um vestido especial adornado com roxo
listras e às vezes usava uma coroa na cabeça. A morada sagrada na qual ele
teve que passar a noite era um lugar subterrâneo chamado abaton. Suas paredes
foram cobertos com inscrições que falam de milagres que aconteceram ali. Dentro
primeiros tempos. o paciente teve que deitar no chão; este foi mais tarde substituído por um
sofá chamado kline. Em contraste com o leito analítico de hoje, o kline era
destinado a dormir e sonhar.
Durante a noite em que o paciente passou no abaton, ele pode ver aparições,
receba um oráculo, ou tenha visões ou sonhos.
Uma "aparição" significava que o paciente, ainda acordado, viu a figura de um
Deus. principalmente Asklepios, que permaneceu em silêncio ou que lhe trouxe uma mensagem; ou ele
podia ouvir vozes, sentir o vento soprando ou ver uma luz ofuscante. Estas manifestações
ções foram amplamente discutidas e atribuídas de forma diferente, seja ao
uso de drogas, hipnose ou para enganar os padres. Um "oráculo" significava que
o paciente teve um sonho em que recebeu instruções de um deus ou sacerdote.
Uma "visão" era um sonho em que o paciente recebia o conhecimento prévio de um
evento que ocorreria em breve. Um "sonho propriamente dito" era um tipo muito especial de
sonho que por si só traria a cura. Não foi um sonho que precisava
Página 46
interpretação para revelar o conselho que continha; o paciente simplesmente sonhou, e

então a doença desapareceu! Este é obviamente um tipo de psicoterapia que
não tem equivalente em nosso tempo e isso merece mais atenção. Em um estudo de
esses fenômenos, o analista junguiano C. A. Meier menciona que um semelhante
conceito foi expresso por Kieser. um aluno de Mesmer: "Onde o sentimento interior
da doença se personifica e se expressa em símbolos, curando
pode ocorrer. " 65
Cura através da hipnose

Até que ponto a hipnose foi ou é aplicada a objetivos terapêuticos no primitivo
medicina ainda é uma questão polêmica, apesar da quantidade de dados que
foi recolhido. 66 Estados hipnóticos ou semi-hipnóticos, sem dúvida, ocorrem frequentemente
em pacientes durante muitos procedimentos de cura primitivos. Bastian afirma claramente
em seu relato de sua própria experiência na Guiana, que ele caiu em uma agradável
tipo de estado hipnótico. No entanto, não está claro até que ponto o hipnótico
estado em tais casos é trazido voluntariamente pelo curandeiro, e
se é antes um efeito colateral do procedimento total.
Não há dúvida, também, de que certos curandeiros são capazes de fazer um
uso consciente e proposital da hipnose, como exemplificado pelas cerimônias
em torno da iniciação dos curandeiros australianos. Este seria o
explicação provável para as descrições dadas por esses curandeiros de
os poderes fantásticos de que foram alegadamente dotados. Estes
as descrições são semelhantes em todo o continente, mesmo nas regiões mais distantes.
De acordo com Elkin, os curandeiros australianos são unânimes em dizer que,
durante a iniciação final, seus corpos foram abertos, seus órgãos removidos
e substituídos por outros, e as incisões cicatrizaram sem deixar cicatrizes. 67
Diz- se também que esses curandeiros são capazes de produzir coletivos
alucinações, como visões de um cordão mágico. As declarações de Elkin foram
confirmado por R. Rose, um investigador que recebeu treinamento em para-
psicologia. 68 Essas alucinações são muito semelhantes àquelas que têm
foi relatado do Tibete, e Elkin, portanto, assume que os australianos
e os tibetanos obtêm seu conhecimento secreto de uma fonte comum.
Embora esses fatos pareçam indicar um conhecimento da hipnose entre
curandeiros, eles não implicam necessariamente que a hipnose já
cientificamente usado para objetivos terapêuticos. A instância que mais de perto
aproxima-se do procedimento hipnótico moderno é encontrado em um documento de um
Pergaminho egípcio que remonta ao século III DC, publicado por Brugsch. 6 9
Ele relata como a hipnose foi induzida em um menino através da fixação de um

objeto luminoso e o que ele supostamente viu e ouviu enquanto estava em transe.
Isso indicaria que a hipnose foi usada apenas como um meio de produzir
clarividência e não como dispositivo terapêutico. Ele foi dito que o
visões aterrorizantes na caverna de Trophonius e as visões de cura no
Asklepeia era de natureza hipnótica; isso é bem possível, mas as evidências
esta faltando.
Página 47
Cura mágica
Muitos dos procedimentos de cura que analisamos até agora foram chamados
magia ou continha certos elementos mágicos; mas a magia cobre muito um campo
mais ampla do que a medicina.
A magia pode ser melhor definida como uma técnica inadequada de poder do homem
sobre a natureza e uma antecipação falaciosa da ciência. 70 '71 a
pseudo-técnica, o mágico se esforça para alcançar tudo que o homem moderno
é capaz de atingir por meios científicos adequados. Mas enquanto a ciência é
· 'Neutro "e pode ser aplicado para fins bons e maus, a magia é geralmente
mais fortemente dividido em "ruim" ou "bom" ("preto" ou "branco).
o primeiro supostamente cria doenças, o último supostamente a cura.
A magia também foi descrita como um sistema em que as características do sistema social
a vida é indevidamente projetada no mundo material. 72 Em sua ignorância do
leis abstratas, constantes e impessoais do universo, a magia substitui
com um sistema de regras semelhante ao da vida social. As forças de
natureza são endereçados com conjurações e encantamentos formados no
modelo de pedidos e mandamentos sociais. Os ritos são concebidos no modelo
de cerimônias sociais. Desta forma, o mago deve ganhar
controle sobre as forças da natureza, como o clima, a fecundidade de
animais, e a abundância de colheitas, e também para criar e curar doenças.
As práticas da medicina primitiva, chamadas de magia, constituem um
grupo heterogêneo que pode ser dividido em vários subgrupos:
I. Às vezes, há um uso racional (embora disfarçado) de eficiente
drogas ou venenos, mesmo que a maioria das substâncias mágicas provavelmente funcione como placebos.
2. Poderes parapsicológicos, como clarividência e telepatia podem ser
usado ocasionalmente.
3. As manifestações hipnóticas provavelmente desempenham um papel às vezes.
4. Há, sem dúvida, um amplo uso de truques e malabarismos.
5. A sugestão é provavelmente de longe o agente mais importante no trabalho no
prática de magia. Um procedimento mágico pode realmente atingir seu objetivo porque
o indivíduo que se submete a ela acredita firmemente em sua eficácia; o Mágico
acredita em seu próprio poder, e toda a comunidade acredita na existência
e eficácia da arte mágica, porque esta arte é considerada necessária para
coesão. 73
A crença na magia é universal entre as populações primitivas. ele persistiu
entre os povos civilizados (principalmente sob o nome de bruxaria) até um
data comparativamente recente, retrocedendo apenas sob a influência da ciência.
O poder, para não dizer onipotência, atribuído à magia entre os primitivos
populações é mostrado na crença generalizada de que é possível matar um

pessoa através da magia e para salvá-la no último momento antes da morte
através da contramagia. Isso, na verdade, é mais do que apenas um supersticioso
crença, e há muitos relatos confiáveis de tais acontecimentos em alguns
partes do mundo, como Austrália e Melanésia.
Página 48
Entre outros autores, H. Basedow descreveu como, na Austrália central,

uma pessoa pode ser morta por meio de um "bastão apontador" ou "osso apontador"
usado em conjunto com certos ritos e conjurações. A morte do
a vítima ocorre dentro de algumas horas:
Um homem que percebe que está sendo "desossado" por um inimigo é, de fato, um lamentável
vista. Ele fica horrorizado. seus olhos fixos no ponteiro traiçoeiro, suas mãos
levantado como se para afastar o meio letal que ele imagina estar despejando
O corpo dele. Suas bochechas empalidecem e seus olhos ficam vidrados. e a expressão em
seu rosto fica horrivelmente distorcido, como o de uma pessoa paralisada. Ele
tenta gritar. mas geralmente o som engasga em sua garganta, e todos podem
vê a espuma em torno de seus lábios. Seu corpo começa a tremer e seus músculos se contraem
involuntariamente. Ele balança para trás e cai no chão, e aparece por um
pouco tempo para desmaiar; mas ele logo começa a se contorcer como se estivesse em agonia mortal
e. cobrindo o rosto com as mãos. começa a gemer. Depois de um tempo, ele compõe
ele mesmo um pouco e rasteja para sua wurley [cabana]. A partir de então, ele adoece e
trastes. recusando-se a comer e mantendo-se afastado dos afazeres diários da tribo.
A menos que a ajuda esteja disponível na forma de um contra-feitiço administrado por
o Nangarri ou curandeiro. sua morte é apenas uma questão comparativamente
tempo curto. 74
O Nangarri que foi chamado para salvar o paciente permite a presença

de vários parentes. Ele canta versos mágicos. localiza a suposta sede de
o mal, extrai-o pelo método da sucção na boca. e mostra para o
família.
O efeito é surpreendente. O miserável sujeito. até então, bem no caminho para

morte. levanta a cabeça para olhar fixamente para o objeto segurado pelo Nangarri.
que ele imagina com toda a seriedade foi extraído de dentro de seu corpo.
Satisfeito com a realidade, ele até se coloca sentado e chama
para beber água. A crise acabou. e a recuperação do paciente é rápida e
completo. Sem a intervenção do Nangarri, o sujeito "desossado" teria
preocupou-se até a morte com certeza; mas a visão de um objeto concreto. reivindicado
pela autoridade reconhecida da tribo como a causa da reclamação,
significa recuperação para ele. e depois de sua remoção, vem um novo sopro de vida.
A fé implícita que um nativo nutre nos poderes mágicos de sua medicina tribal
o homem resulta em curas que excedem qualquer coisa registrada pelos discípulos de cura pela fé
de comunidades mais cultas. 74
Esses exemplos nos ajudam a entender o significado da medicina mágica. E se

um mago é capaz, por meio de sugestão coletiva, de causar a psicose aguda
morte gênica de sua vítima e, em seguida, arrancá-lo rapidamente da beira de
morte, um mago também é capaz de produzir um grande número de sugestões
sintomas ou doenças, e depois curá-los. Ele também deve ser capaz de
curar muitos doentes que simplesmente acreditam ou suspeitam que são as vítimas
de mágica. Nesses casos, um outro processo mágico está envolvido: diagnosticar
Página 49
se uma pessoa está enfeitiçada ou não, e se está, descobrir quem é o

O instigador é uma tarefa frequentemente atribuída a um especialista, o adivinho.
A cura mágica pode, portanto, ser dividida em dois procedimentos principais. O primeiro
é contramagia. Uma doença supostamente causada por magia negra é curada
por meio da remoção da causa. Isso implica a morte do
suposto feiticeiro ou a neutralização de sua feitiçaria. Outra aplicação de
contramagia é a prevenção de ações mágicas através de talismãs ou outros
significa. O segundo procedimento é a aplicação direta de magia ao tratamento
de uma doença, sem sugerir que a doença foi causada por magia.
Existem muitos tipos de mágicos e inúmeras variedades de mágicas
e práticas contra-mágicas. Muito disso ainda sobrevive no popular
medicina de países civilizados. Uma investigação sistemática da medicina mágica
irá sem dúvida nos ajudar a entender melhor aquelas manifestações que chamamos
sugestão e auto-sugestão.
Terapias Racionais na Medicina Primitiva

Muitas vezes se presume que a medicina primitiva pertenceu ao
reino do irracional e do fantástico. Não devemos esquecer que o remédio
o homem está lidando principalmente com doenças graves e extraordinárias e que
geralmente há outros homens. a quem podemos chamar de médicos leigos, que se preocupam
com doenças menores ou obviamente físicas. Conforme mostrado por Bartels,
uma parte considerável da medicina primitiva representa um estágio anterior de
medicina empírica, como o uso de banhos e casas de transpiração, massagens,
cirurgia elementar e drogas. É bem sabido que a farmacopéia moderna
deriva um grande número de seus medicamentos mais ativos da medicina primitiva.
Certas populações desenvolveram este tipo de terapia racional e empírica
a um nível mais alto do que os outros. Um dos melhores estudos de primitivos racionais
medicina é a de GW Harley, que viveu entre a tribo Mano em
Libéria. 75 Ele lista cerca de cem condições, das quais apenas quinze
foram tratados por métodos mágicos ou outros métodos irracionais. Mais de duzentos
as plantas eram usadas pelos curandeiros na forma de infusão, decocção e
outras.
RW Felkin, um jovem médico que havia feito trabalho missionário em
Uganda em 1884. publicou um relato de uma cesariana que ele
testemunhado em 1879 em Katura, então parte do Reino Bunyoro. 76 Este
a descrição despertou considerável ceticismo. Pesquisas recentes, no entanto, mostram
que a medicina no reino de Bunyoro tinha conseguido outros excelentes resultados
plishments. Como Davies afirmou, alguns gênios locais aparentemente "tinham
cruzou o Rubicão que divide o mundo mágico daquele governado por
ciência experimental. " 77
No que se refere ao tratamento das doenças mentais, o mesmo poderia ser dito sobre
os métodos usados por um curandeiro nativo na Lapônia que foram relatados pelo
etnólogo J. Qvistad. 78 Para um paciente mental, este curador prescreveria um
regra geral da vida: abster-se de bebidas alcoólicas, tabaco e
Página 50
café; acordar e dormir cedo; mantendo-se ocupado com trabalhos leves. Alguém
deve atender constantemente o paciente, sem lhe dar a impressão de
ele sendo observado. O paciente não deve tomar medicação, mas deve tomar banho
duas vezes ao dia, na água do mar pela manhã e na água doce à noite. Ele
não deveria ser amarrado se ele se tornasse agressivo, ao invés disso, ele deveria ser colocado em um
sala da qual todos os objetos potencialmente perigosos foram removidos. E se
ele atacou alguém, ele deveria levar um tapa no corpo nu com
um galho sem folhas; deve-se falar com ele asperamente e não mostrar medo. este
Diz-se que o curandeiro da Lapônia curou muitos pacientes com distúrbios mentais.
Características básicas da cura primitiva

Temos, até agora. fez um levantamento dos principais métodos de pnnutiVe
cura e apontou certas semelhanças entre vários desses métodos
e métodos psicoterapêuticos modernos. Mas as diferenças entre primi-
cura ativa e psicoterapia moderna não devem ser minimizadas, nem devem
deve ser esquecido que, ao longo das inúmeras variedades de primitivas
cura, certas características básicas podem ser reconhecidas.
I. O curandeiro primitivo desempenha um papel muito mais essencial em sua comunidade
do que os médicos hoje. Sigerist escreve: "É um insulto ao curandeiro
chamá-lo de ancestral do médico moderno. Ele é isso, com certeza, mas
ele é muito mais, ou seja, o ancestral da maioria de nossas profissões. " 79 Ele é
não apenas preocupado com o bem-estar de seu povo (desde fazer chuva até
proporcionando vitória na guerra); ele é frequentemente um feiticeiro temido, às vezes é o bardo
quem sabe da origem do mundo e da história de sua tribo. Grandes
antes que qualquer divisão de trabalho fosse planejada, o curandeiro era o único
homem com status profissional, junto com o chefe e o padre, e ele
às vezes ocupava todos os três cargos. Mais frequentemente, no entanto, os diferentes
as funções do curandeiro foram divididas entre várias pessoas. Certas tribos
teve várias classes de curandeiros: pode ter havido xamãs dotados
com grande prestígio que só trataria doenças causadas pela perda do
alma, enquanto o tratamento de doenças físicas comuns foi atribuído a
curandeiros de um grau inferior.
2. Na presença de uma doença, especialmente grave ou perigosa, o
paciente coloca suas esperanças e confiança na pessoa do curador, em vez
do que em seus medicamentos e outros ensinamentos de cura. Seria, portanto,
parece que a personalidade do curador é o principal agente da cura, além disso
a qualquer habilidade ou conhecimento necessário. Maeder distinguiu três tipos
do curandeiro primitivo: o primeiro pode ser chamado de curador leigo, ou seja, aquele
quem trata com métodos racionais ou pretensos métodos racionais. O segundo é o
mágico, que atua por seu prestígio e sugestão. O terceiro é o re-
curandeiro ligeiro, sobre quem, segundo Maeder, o paciente projeta
o "arquétipo do Salvador", enquanto o curador desperta e se desenvolve em
o paciente suas próprias tendências de autocura. então
3. O curandeiro primitivo é um homem muito habilidoso e erudito, "um homem de alta
Página 51
grau ", como Elkin chama o curandeiro australiano, que adquire seu status
através de um treinamento longo e difícil. A maioria dos curandeiros primitivos recebem seus
treinamento de outros curandeiros e são membros de um grupo que transmite seus
conhecimento secreto e tradições. Muitos deles têm que passar por uma "iniciação
doença. "Na verdade, muitos curandeiros primitivos estão sujeitos a exames psicopatológicos
manifestações. A este respeito, Ackerknecht distingue três tipos de
curandeiros: (a) os não inspiradores, cujas visões e transes são
induzida pelo jejum. alcool e drogas; (b) o inspirador, que sofre
possessão ritual. isto é, uma variedade de auto-hipnose um tanto semelhante ao
transes de nossos médiuns ocidentais; (c) verdadeiros xamãs, isto é, aqueles que
tornam-se xamãs somente depois de passar por um estado peculiar de severo estado mental
doença. 81 Tais são os xamãs de certas tribos sul-africanas, tribos em
Indonésia e, principalmente, na Sibéria. A doença iniciática do siberiano
xamã foi descrito por etnólogos russos:
Nioradze relata como o jovem que recebeu o chamado se retira

da sociedade; ele passa as noites no chão nu ou mesmo na neve,
observa longos períodos de jejum. sofre grandes sofrimentos. e conversa com o
espíritos; ele apresenta a imagem de um indivíduo severamente psicótico. Contudo,
contrastando com uma doença mental comum. este começa com um xamanístico
vocação e, durante o curso de sua doença. o paciente passa por profissional
iniciação nas mãos de outros xamãs; a doença termina no momento em que
o treinamento é concluído e o próprio paciente é proclamado xamã. sz
É óbvio que não estamos lidando aqui com um mental comum

doença, mas sim com uma espécie de "doença iniciática" que poderia ser classificada
no grupo mais amplo de "doenças criativas". 83 Este grupo também inclui o
experiências de certos místicos, poetas e filósofos. Vamos examinar mais tarde
o papel que este tipo de doença pode ter desempenhado na fundação da dinâmica
psiquiatria.
4. O curador pode ou não ser proficiente no tratamento de fraturas,
no conhecimento de drogas, em massagens e outros tratamentos empíricos que
são freqüentemente deixados para curandeiros leigos. Mas seus métodos mais importantes de cura são
de natureza psicológica, seja uma questão de tratamento de um físico ou
uma doença mental. Nas sociedades primitivas, a distinção entre corpo e
a mente não é tão nítida como em nossa sociedade, e o curandeiro pode muito bem
ser considerado um psicossomático.
5. A cura primitiva é quase sempre um procedimento público e coletivo.
Normalmente, o paciente não vai sozinho ao curador, mas é acompanhado
por parentes que permanecem presentes durante o tratamento. Como vimos, o
o tratamento é ao mesmo tempo uma cerimônia conduzida dentro de uma estrutura bem estruturada
grupo, envolvendo toda a tribo do paciente ou membros de um medicamento
sociedade à qual o paciente entra depois de curado.
Até agora, resumimos as características básicas comuns e revisamos
as variedades mais importantes de cura primitiva. Forest E. Clements tem
Página 52
tentou reconstruir sua evolução histórica com base em um cuidadoso

comparação das áreas de difusão das principais teorias da doença. 84 His
hipótese quanto ao seu período de origem e a ordem cronológica de
seu surgimento está resumido na Tabela 1-2.
TABELA 1-2
TEORIA DA DOENÇA PERÍODO DE EMERGÊNCIA CENTRO GEOGRÁFICO
1. Objeto-doença Paleolítico (anterior) Mundo antigo

intrusão
2. Perda de alma Paleolítico (mais tarde) Sibéria
3. Intrusão de espírito Fim do Pleistoceno Ásia Ocidental
4. Quebra de tabu Relativamente recente Três centros
simultaneamente
A teoria da doença "feitiçaria" é a mais difundida de todas, e sua

a cronologia é incerta.
Cura do templo e psicoterapia filosófica

Em algum momento desconhecido por volta de 4000 AC, os primeiros reinos e impérios
foram fundados na Ásia. Eles estabelecem as bases para o desenvolvimento de
religiões organizadas com colégios de padres e a constituição de sistemas
corpos organizados de conhecimento que eram a prefiguração da ciência, uma ciência
fundada na observação e dedução ao invés de medição e
experimentação, como na ciência moderna.
Certas técnicas da medicina primitiva foram assumidas pelos novos
medicina do templo. (Exorcismo é um exemplo.) Outros provavelmente foram trabalhados
fora e desenvolvido nos templos (como as curas no Asklepeia). Deitar
a medicina também teve um desenvolvimento autônomo, mas se mostrou
mais proficiente no tratamento de doenças físicas do que no tratamento
de condições emocionais. Assim surgiu a separação da medicina sacerdotal e
medicamento propriamente dito, sendo o primeiro representado pelo sacerdote curador, o último
pelo médico. Ackerknecht mostrou de forma convincente que os verdadeiros ancestrais
do médico moderno são os curandeiros, isto é, aqueles homens a quem
o curandeiro deixou os cuidados empíricos e físicos dos pacientes), enquanto
"o curandeiro é antes o ancestral do padre, o médico
antagonista por séculos. " 85 Por muitos séculos o médico e a cura
padre vivia lado a lado: Cos foi o berço de Hipócrates e de sua
escola, mas também era famosa por seu Asklepeion. Galen, o primeiro
médico do segundo século DC, sem hesitar , recorreu ao
Asklepeion de Pergamon para certos assuntos. Parece que psicológico
a cura foi mais desenvolvida na Asklepeia do que na medicina leiga.
Além da medicina do templo e da medicina científica inicial, um notável
característica dessas culturas era a elaboração de técnicas altamente desenvolvidas
Página 53
de treinamento mental, muitas vezes com implicações psicoterapêuticas, com base

de certos ensinamentos filosóficos e religiosos. Mais famoso entre eles
é Yoga, uma "técnica mística" extraordinariamente elaborada que é comum
para a maioria das escolas religiosas e filosóficas na Índia. 8 6 Outro fisio-
técnicas lógicas e psicoterapêuticas surgiram do budismo,
como os da seita Zen.
No mundo ocidental, certas técnicas de treinamento mental também
sido associado a escolas filosóficas. Muitas vezes é esquecido que em
a era greco-romana, a adoção de uma filosofia não implicava apenas
a aceitação de uma certa doutrina. Os pitagóricos, os platônicos, os
Aristotélicos, estóicos e epicureus não eram apenas adeptos da
"sistemas filosóficos", mas membros de "escolas" organizadas, também chamadas
"seitas", que lhes impunham um método específico de treinamento e uma forma de
vida. 87 Cada um deles tinha uma espécie de instituto central ou sede,
além das filiais locais. O Instituto Pitagórico de Crotona, no
ao sul da Itália, foi destruída pelos inimigos da associação, mas por
séculos os platônicos. os aristotélicos e os epicureus tiveram sua
respectivos institutos (a Academia, o Liceu, a Casa e Jardim de
Epicuro) em Atenas. Esses institutos incluíam alojamentos para importantes
membros, salas de aula, bibliotecas e workshops para publicação. Cada um de
essas escolas foram organizadas em sua própria maneira, sob a liderança de um
estudioso, que foi o sucessor do fundador, com uma hierarquia de
e membros mais jovens. Membros, que às vezes haviam passado por uma espécie de
conversão filosófica, teve que passar por uma iniciação e manter
um certo modo de vida que poderia se estender à dieta e ao vestuário. Eles também
defendeu as doutrinas e observou as regras da escola ou foi expulso.
Cada escola transmitiu o que seu fundador ensinou; seus sucessores foram
muitas vezes em desacordo com ele, mas sempre houve uma doutrina "oficial" de
a escola. A doutrina não compreendia apenas metafísica, mas lógica, moral,
física e outras ciências também. O ensino mais fundamental era
reservado para os discípulos, mas havia palestras e escritos para o público.
As escolas costumam polemizar contra os não-filósofos, outras escolas,
e aqueles que se separaram de seus próprios grupos. Membros de cada escola
estavam ligados por suas crenças comuns, a prática do mesmo
exercícios, o mesmo modo de vida. e o culto do fundador - de sua memória,
com mais frequência, provavelmente, sua lenda. e seus escritos. Isto foi particularmente
notável entre os epicureus; onde quer que tenham um grupo local, eles
reuniam-se uma vez por mês para um banquete em homenagem ao seu fundador. Eles mantiveram o seu
retrato em seus locais de encontro e em seus anéis. e aqueles que foram para
A Grécia nunca deixou de visitar a casa do fundador e seu jardim perto de Atenas.
Cada escola ensinou e praticou um método específico de treinamento psíquico.
Os pitagóricos, uma comunidade ligada a uma disciplina estrita e obediência
ao "mestre", seguia severas restrições alimentares, exercícios de autocontrole
(por exemplo, um longo período de silêncio foi observado durante a iniciação),
Página 54
exercícios de recuperação da memória e memorização para recitação. Eles também

estudou matemática. astronomia e música. Os platônicos procuraram juntos
pela verdade. que era esperado surgir em conversas entre professores
e discípulos. A escola aristotélica era uma espécie de instituto de pesquisa de
âmbito enciclopédico. O elemento de treinamento psíquico foi enfatizado entre
os estóicos e os epicureus. 88 Os estóicos aprenderam a controlar as emoções
e praticava exercícios escritos e verbais de concentração e meditação,
método que foi retomado, séculos depois, por Santo Inácio de Loyola.
Eles escolheram um determinado assunto, por exemplo a morte, e o objetivo era dissociar
de todas as opiniões estabelecidas, medos e memórias que se tornaram
associado a isso. Outra prática era a das "consolações", que
foi um discurso filosófico amigável dito ou escrito a uma pessoa em sofrimento.
Os epicureus, em suas meditações, evitavam enfrentar o mal diretamente; em vez,
eles evocaram alegrias passadas e futuras. Eles também recorreram a um intensivo
memorização de um compêndio de máximas, que eles recitavam incessantemente,
em voz alta ou mentalmente. Não há dúvida de que tais práticas também exerceram uma
ação psicoterapêutica em muitos indivíduos. Ele foi alegado que
O estoicismo mostrou certas características que podem ser encontradas no Adleriano e
escolas existencialistas de hoje. que algumas das características de Platão
Academia pode ser encontrada na Escola Junguiana, enquanto Epicuro visava
a remoção da ansiedade e foi comparado a Freud a esse respeito.8 9
Essas escolas exerceram uma influência considerável na vida da época.
Eles se esforçaram para disseminar seu ensino por meio de palestras e livros (o
A Casa Epicurista perto de Atenas também era uma editora), e eles
ocasionalmente influenciou políticos. Muitos de seus discípulos eram professores
ou médicos. Na perspectiva atual. essas escolas parecem iguais
importância. e os capítulos dedicados a eles nas histórias da filosofia são de
comprimento semelhante, mas os contemporâneos ficaram impressionados com seus muito desiguais
sucesso e adesão. Os estóicos superaram os discípulos de Platão e
Aristóteles. mas de longe os mais populares eram os epicureus, que tinham grande
comunidades em quase todas as cidades do mundo greco-romano.
A psicoterapia filosófica não consistia apenas nos métodos de
educação coletiva. disciplina e treinamento mental que ensinaram em um
nível coletivo. Eles também podem inspirar métodos de terapia individual, como
evidenciado pelo tratado de Galeno sobre as paixões da alma. Método de Galen 90
deve ser entendido no contexto da cultura contemporânea e
costumes. A brutalidade reinou em seu tempo. A própria mãe de Galen, diz ele, costumava
para morder seus servos. e Galeno cita, como exemplo de moderação, seu
pai. quem, quando ele estava com raiva de seus servos. não os chutei, mas
esperou até que sua raiva diminuísse antes de espancá-los. Galen também conta
isso em uma viagem com um amigo. dois servos não conseguiram encontrar um pedaço de
bagagem. então seu amigo os golpeou com uma espada e feriu
eles severamente. O imperador Adriano perfurou o olho de um de seus escravos em um ataque
de raiva. Ele parece que os gregos e romanos daquela época eram
Página 55
propenso a ataques de comportamento descontrolado. emissão do "irascível" ou

dos poderes "concupiscíveis" da alma (na terminologia de Galeno). o

existência de uma massa de escravos passivos sobre os quais qualquer explosão de paixão
poderia ser dispensado promovendo esse modo de comportamento. Isso também pode explicar
a extraordinária importância atribuída pelos filósofos contemporâneos e
moralistas para o domínio de suas paixões e do lugar central que ocupa em
O tratado de Galeno.
O método ensinado por Galen para dominar as paixões parece ter
foi emprestado principalmente dos estóicos (embora aqui, como na medicina, ele fosse
um eclético). O primeiro passo consistia em se abster do tipo mais cruel de
explosão emocional. notavelmente de chutar. morder ou ferir os escravos.
O segundo passo era encontrar um mentor, um conselheiro sábio e mais velho que iria
aponte seus defeitos e dê conselhos; Galen enfatiza o supremo
importância de. e a dificuldade em encontrar tal homem. A terceira etapa é
se envolver, com a ajuda de seu mentor, em um esforço incessante para controlar
suas paixões. Este treinamento Galeno considerou viável em qualquer idade, mesmo em
cinquenta, mas era mais sensato começar no início da juventude. Havia também auxiliares
métodos, como aquele em que o sujeito releia diariamente e recita em voz alta
as máximas da escola pitagórica. Com o passar dos anos, o assunto
reduziria seu padrão de vida às meras necessidades da vida. Ele iria,
por exemplo. contentar-se com dois naipes e dois escravos. Nessa fase, quando
ele alcançou a serenidade e a liberdade até da dor, ele veria
paixões como doenças graves da alma e, então, seria capaz de ajudar os outros.
O método do homem sábio em aconselhar seu jovem discípulo é ilustrado em
o tratado acima mencionado e em Sobre os Erros da Alma, em que
Galeno distingue duas fontes de erros: aqueles de natureza puramente intelectual
e aqueles que derivam das paixões.
Cura Religiosa e "Cura de Almas"

A Igreja Católica assumiu. de religiões anteriormente estabelecidas,
práticas como orações, votos. peregrinações (que certamente tiveram um estímulo
virtude lante em uma época em que as pessoas viviam uma vida monótona, enraizadas em um
Lugar, colocar). e deu grande importância à prática da confissão feita
individualmente a um padre vinculado ao segredo absoluto. Existem razões para
acreditam que a prática comum de confissão exerceu uma influência sobre
o desenvolvimento da psicologia. na forma de autobiografias como St.
As Confissões de Agostinho e do romance psicológico. 91 Um corpo de
o conhecimento psicológico foi adquirido pelos padres e foi sistematizado
em certa medida, em livros de teologia moral. mas a própria natureza e
a rigidez do segredo sacerdotal da confissão fez com que o conhecimento sistematizado
bastante abstrato. 92
Os reformadores protestantes aboliram a confissão compulsória, mas estava entre
Comunidades protestantes que uma nova prática e tradição surgiu, a "Cura
of Souls " (Seelsorge). Havia muitos aspectos e variedades de" Cure of
Página 56
Almas. "Uma delas é de particular importância. 93 Certos ministérios protestantes

isters foram considerados como sendo dotados de um dom espiritual particular que
permitiu-lhes obter a confissão de um segredo perturbador de angustiado
almas áridas para ajudar aquelas pessoas a saírem de suas dificuldades. Estes homens clericais
manteve a tradição de sigilo absoluto, embora não tenha sido imposto a
com a mesma rigidez da Igreja Católica. Por falta de um
exemplo histórico autêntico de tal cura, vamos nos voltar para um romance de
Heinrich lung-Stilling, Theobald oder die Schwarmer, publicado em 1785.
Em um dos episódios principais daquele noveL, encontramos um relato detalhado de um
"Cure of Souls", que provavelmente foi inspirado por uma ocorrência real
isso chamou a atenção do romancista.
Uma jovem solteira. Sannchen. sofre de um tipo peculiar de

depressão. Os médicos atribuem isso a uma "fraqueza dos nervos", chamam de histeria,
e tratar o paciente com medicamentos sem sucesso. A família ansiosa então
ouve falar de um pastor de aldeia. Reverendo Bosius, que dizem ter um dom especial
para "Cure of Souls" e eles pedem sua ajuda. O reverendo Bosius é descrito em
o romance como um devoto. aprendeu. modesto. e homem dedicado. Assim que ele
chega ele vai para um 11 alk no jardim com Sannchen. Sua bondade impressiona
ela favoravelmente. Ele começa com uma longa e amigável conversa sobre o amor de Deus que é
refletido em toda a natureza. 11 aqui, todo ser é um pensamento de Deus. Agora, qual é o
mais bonito de todos os pensamentos de Deus? É amor. E o que é amor? É o
impulso do amante para se unir ao amado. Isso leva Sannchen para lhe dizer
de seu amor secreto e ardente por Teobaldo e de uma transgressão que ela tem
comprometido. Depois de ouvir sua confissão, o reverendo Bosius exclama: "Bom
Almas 'Quão pouco você sabe sobre o amor' "Então ele começa a explicar a ela
que sob o pretexto de lol'e ela foi enganada pela paixão. Paixão não é nada
mas "impulso sexual natural" (naturlicher Geschlechtstrieb), isto é, o natural
instinto dos animais que 11 se reproduzem, porém refinado e sublimado
pode parecer.
Seguindo essa primeira conversa. O reverendo Bosius traz Sannchen para aceitar
seu destino. e agora. com a concordância dela, ele explica a situação aos pais dela;
então ele convence Theobald a concordar em se casar com ela, de modo que a primeira parte do
o romance é concluído com um casamento tranquilo de Theobald e Sannchen. 94 • 9 5
Notaremos que o segredo patogênico que o reverendo Bosius descobriu

tão rapidamente foi relacionado a um caso de amor; parece que ele sabia de seu passado
experiência com sua "Cura das Almas" que deve ter sido assim. Notamos também
que o reverendo Bosius não considerou que havia cumprido sua tarefa quando
tinha acabado de obter a confissão e dar consolo. Com o paciente
permissão, ele desempenhou um papel ativo em trazer soluções para o
problemas angustiantes do paciente. Todo o procedimento lembra um pouco
de uma psicoterapia curta atual.
Chegou um momento em que o conhecimento do segredo patogênico e sua
o tratamento caiu nas mãos de leigos. Quando isso aconteceu não é conhecido,
mas pode ter sido entre os primeiros magnetistas (a quem discutiremos em
Página 57
capítulo seguinte). A noção do segredo opressor tornou-se conhecida por

esses homens logo após a descoberta por Puységur do estado de "magnética
sono "(mais tarde chamado de hipnose). O primeiro paciente em quem Puységur
sono magnético induzido em 1784, Victor Race, informou-o de um conflito que ele
teve com sua irmã e sobre a qual ele nunca ousaria falar em um normal
Estado. Ele seguiu o conselho de Puységur em um estado normal para sua própria satisfação
ção. 96 Em 1786, o conde de Lutzelbourg publicou a história de um de seus

pacientes que estavam apaixonados por um amigo do sexo masculino, em quem ele tinha o máximo
confiança em um estado de vigília. 97 No entanto, em "sono magnético" ele sabia que
seu suposto amigo era um traidor que o machucou e explicou ao
magnetista o que ele tinha que fazer para transmitir esse conhecimento de seu
"dormir" ao seu estado de vigília. No período inicial do magnetismo, casos semelhantes
foram relatados em todos os lugares; eles se tornaram menos frequentes na segunda metade de
século XIX, mas nas décadas de 1880 e 1890, ainda havia
hipnotizadores que sabiam como livrar seus pacientes de segredos onerosos
contada em estados hipnóticos.
A noção do segredo patogênico gradualmente tornou-se conhecida por um amplo
público. As evidências podem ser encontradas em uma série de obras literárias ao longo do
século dezenove. Um romance de Jeremias Gotthelf (pseudônimo dos suíços
pastor Albert Bitzius), publicado em 1843, conta a história de um jovem,
o filho de camponeses ricos, que está morrendo lentamente em desespero porque está secretamente
apaixonado por uma jovem empregada com quem seus pais não permitiram que ele se casasse
porque ela é órfã e pobre. 98 A família arranjou um casamento
com uma noiva rica e arrogante. Uma vidente experiente adivinha
o segredo e induz a família a romper o noivado e se casar com o
jovem ao seu ente querido: a partir desse momento ele está curado. Em 1850,
Nathaniel Hawthorne descreveu, em sua obra-prima The Scarlet Letter, como
um segredo patogênico pode ser descoberto por um homem perverso e explorado em
a fim de torturar sua vítima até a morte. 9 9
Uma história notável de um segredo patogênico e sua cura foi contada em 1888
de Ibsen em sua peça The Lady from the Sea.
Uma mulher neurótica. Ellida, sofre de uma neurose misteriosa que deve ter
alguma conexão com o mar: Ellida passa uma quantidade anormal de tempo tomando banho
e nadar no fiord. embora ela diga que odeia o seu "doentio
água. "em contraste com a água viva do mar aberto. Sempre que se fala de
o mar e os marítimos. ela fica assustada e mostra um profundo interesse. Ela
sugere a um artista a ideia de pintar uma sereia morrendo na praia após o mar
retrocedeu. Conversando com um escultor, ela imediatamente pensa em modelar
Tritões. sirenes e vikings. Falando de seu bebê que morreu na infância, ela
afirma que a cor e o brilho de seus olhos mudaram de acordo com os vários
cores e aspectos do mar. Ela defende a teoria de que se a humanidade tivesse escolhido
viver no mar em vez de na terra. os homens seriam melhores e mais felizes, mas
a humanidade tomou o caminho errado. é tarde demais para voltar ao mar; um confuso
o sentimento desse erro é a raiz mais profunda do sofrimento humano. Gradualmente, o segredo
Página 58
emerge: Ellida foi atraída (ou talvez seduzida) por um marinheiro misterioso;
ela juntou seus anéis em uma única corrente; ele jogou a corrente no mar e
desapareceu, dizendo que um dia voltaria para ela. O misterioso mar
farer retorna e exige de Ellida o cumprimento de sua promessa, mas em
entretanto, ela se casou. Seu marido deixa a escolha entre
ele mesmo e o estranho. embora apelando para seu senso de dever. Ela escolhe
seu marido, e o escritor nos dá a entender que esta livre e responsável
decisão trará sua cura. 100
A peça de Ibsen enfatiza dois aspectos do segredo patogênico: (1) os muitos

formas simbólicas em que se expressa involuntariamente, e (2) a cura
pode não depender apenas da intervenção do psicoterapeuta, mas da
a escolha livre e responsável permitida ao paciente.
Ele parece que o primeiro homem médica que sistematizou o conhecimento do
segredo patogênico e sua psicoterapia foi o médico vienense, Moritz
Benedikt.I 01 Em uma série de publicações que apareceu entre 1864 e
1895, Benedikt mostrou que a causa de muitos casos de histeria e outros
as neuroses residem em um segredo doloroso, principalmente relacionado à vida sexual, e que
muitos pacientes podem ser curados pela confissão de seus segredos patogênicos
e pela resolução dos problemas relacionados.
Alguém pode se perguntar até que ponto a psiquiatria dinâmica moderna foi influenciada
pela velha noção do segredo patogênico e sua cura. Como veremos
nos capítulos posteriores, alguns dos casos de Janet e Freud referem-se ao inconsciente
segredos patogênicos (como era com os magnetistas e hipnotizadores). No dele
"Comunicação Preliminar" publicada juntamente com Breuer em 1893, Freud
menciona em uma nota de rodapé que "encontramos a abordagem mais próxima ao nosso
e declarações terapêuticas em observações ocasionalmente publicadas de Benedikt. "
Com o desenvolvimento da psicanálise, o conceito do patogênico
segredo foi gradualmente absorvido pelas reminiscências traumáticas,
repressão e sentimentos neuróticos de culpa.
Entre os pioneiros da psiquiatria dinâmica, aquele que dedicou a
a maior atenção a este conceito foi C. G. Jung, que pode ter ouvido falar dele
de seu pai. um ministro protestante. 102 Jung considerou este tratamento um
parte preliminar do tratamento psicoterápico completo. Entre
Os primeiros discípulos de Freud. O reverendo Oskar Pfister, de Zurique, foi o primeiro a
aplique a psicanálise ao Seelsorge. Para aqueles que o conheceram por-
ler sonoramente ou cuidadosamente seus escritos, é claro que a psicanálise deveria
Pfister até certo ponto uma redescoberta e um aperfeiçoamento do tradicional
"Cura de Almas." Pfister sempre pensou em sua prática psicanalítica como parte
de seu trabalho pastoral. Por esse motivo, encontram-se em seus escritos muitos relatos
de curtas terapias analíticas baseadas na rápida descoberta de mais ou menos
memórias desagradáveis "reprimidas". O círculo agora estava concluído:
terapia do segredo patogênico, que tinha começado com a "Cura das Almas",
havia retornado a ele de uma forma modernizada.
Página 59
Psicoterapia científica
Uma nova era foi inaugurada no final do século XVI e durante a
séculos XVII com o nascimento da ciência moderna. Considerando que no início
era científica, o conhecimento baseava-se na observação e dedução, moderno
o conhecimento científico é baseado na experimentação e medição. Ciência
se esforça para a unificação do conhecimento humano: há apenas um
ciência, da qual as ciências particulares são ramos. Isso exclui o
possibilidade de existirem escolas distintas lado a lado, cada uma com suas doutrinas
e tradições em oposição às de outras escolas. Assim, medicina
tornou-se um ramo da ciência, a psiquiatria um ramo da medicina e a psico-
terapia uma aplicação da psiquiatria, baseada em descobertas científicas. Naquilo
perspectiva, o médico, incluindo o psiquiatra, torna-se mais e
mais um técnico e um especialista. Uma vez que a ciência é um conhecimento abrangente,
não pode admitir a validade da cura extra-científica - daí o desprezo da
medicina "oficial" para todos os tipos de medicina primitiva e popular, a última
contendo vestígios da medicina científica primitiva e inicial. 103
A diferença entre terapia primitiva e científica pode ser resumida
na Tabela 1-3.
TABELA 1-3
CURA PRIMITIVA TERAPIA CIENTÍFICA
1. O curador é muito mais do que um 1. O terapeuta é um especialista entre

médico; ele é a pessoa mais importante muitos outros.
alidade de seu grupo social.
2. O curador exerce sua ação antes de 2. O terapeuta aplica uma tecnologia específica
marily através de sua personalidade. niques de uma forma impessoal.
3. O curador é preponderantemente um 3. Existe uma dicotomia entre

psicossomático; ele trata muitos terapia física e psíquica. o
doenças físicas por psicológico sotaque em psiquiatria está no físico
técnicas. tratamento de doenças mentais.
4. O percurso do curador é longo e 4. O treinamento é puramente racional e

exigente, e muitas vezes inclui o ex- não leva em consideração o
experiência de uma doença emocional grave problemas pessoais, médicos ou emocionais
que ele tem que superar para lems do médico.
ser capaz de curar outras pessoas.
5. O curandeiro pertence a uma escola que 5. O terapeuta atua com base em um

tem seus próprios ensinamentos e tradições medicina unificada, que é um ramo
divergindo das de outras escolas. da ciência e não é um esotérico
ensino.
Página 60
Este paralelo pode ser concluído citando a observação de Ackerknecht de que

o curandeiro "desempenha seu papel de homem mais irracional de uma forma irracional
padrão. "enquanto o médico moderno está" racionalizando até mesmo o irra-
internacional. " 104
Psicoterapia Dinâmica Moderna

O relato de como a psiquiatria e a psicoterapia dinâmicas lentamente
desenvolvido durante o século XIX e rompeu a virada do
este século com Charcot, Janet, Freud e seus seguidores constitui o
assunto do presente livro.
Historicamente, a psicoterapia dinâmica moderna deriva do primitivo
medicina, e uma continuidade ininterrupta pode ser demonstrada entre
exorcismo e magnetismo,
as escolas dinâmicas magnetismo e hipnotismo e hipnotismo e
modernas.
Referindo-nos à tabela acima, podemos ver que certas características do moderno
a terapia dinâmica aponta para uma afinidade inconfundível com a cura primitiva.
Os psicanalistas são muitas vezes considerados membros mais proeminentes do
comunidade do que o médico "científico" médio. De psicanalista
a personalidade é sua principal ferramenta terapêutica. O treinamento psicanalítico é incom-
parably mais exato do que a maioria dos outros especialistas e inclui um
longa análise pessoal destinada a trabalhar o emocional do psicanalista
problemas. A psicoterapia dinâmica produziu um renascimento da psicossomática
remédio. A psiquiatria dinâmica moderna é dividida em uma variedade de "escolas",
cada um com sua própria doutrina, seu próprio ensino, seu próprio treinamento. Faz tudo isso
significa que a psicoterapia dinâmica é uma regressão na direção do
passado, ou melhor, que a abordagem científica se mostrou insuficiente para cobrir o
toda a personalidade do homem e deve ser complementada por outras abordagens? Nós
retornarei a esse problema no final deste livro.
Notas
I. Adolf Bastian, "Dber psychische Beobachtungen bei Naturvolkern", Schriften der

Gesellschaft fur Experimental-Psychologie zu Berlin, II (Leipzig: Ernst Gunther, 1890),
6-9.
2. Max Bartels, Die Medizin der Naturvolker. Ethnologische Beitriige zur Urgeschichte
der Medizin (Leipzig: Th. Grieben, 1893).
3. Georg Buschan, Vber Medizinzauber und Heilkunst im Leben der Volker (Berlim:
Oswald Arnold, 1941).
4. Henry Sigerist, A History of Medicine, vol. I (Nova York: Oxford University Press,
1951) 0
5. Forest E. Clements, "Primitive Concepts of Disease," University of California

Publications in American Archaeology and Ethnology, XXXII, No. 2 (1932), 185-252.
6. Henri Meige, Les Possedees noires (Paris: Schiller, 1894).
7. Georges Gilles de Ia Tourette, Traite clinique et therapeutique de / 'hysterie (Paris:
27/01/2021 Psiquiatria Dinâmica
Página 1
A emergência de
Psiquiatria Dinâmica
A EMERGÊNCIA DA PSIQUIATRIA DINÂMICA pode ser atribuída ao

ano de 1775, a um confronto entre o médico Mesmer e o exorcista
Gassner.
Gassner, um curandeiro muito bem-sucedido e popular, personificou o
forças da tradição. Ele havia dominado uma técnica milenar que aplicou
em nome da religião estabelecida, mas o espírito da época era
contra ele. Mesmer, um filho do "Iluminismo", tinha novas ideias, novos
técnicas e grandes esperanças para o futuro. Ele foi fundamental para derrotar
Gassner e acreditava que o momento era propício para o início da
revolução científica que ele tinha em mente.
No entanto, a derrubada de uma tradição declínio não em si mesmo in-
augure um novo. As teorias de Mesmer foram rejeitadas, a organização ele
tinha fundado teve vida curta, e suas técnicas terapêuticas foram modi-
encontrado por seus discípulos. No entanto, ele forneceu o impulso decisivo
para a elaboração da psiquiatria dinâmica, mesmo que fosse um
século antes que as descobertas de seus discípulos fossem integradas ao
corpus oficial de neuropsiquiatria de Charcot e seus contemporâneos.
Gassner e Mesmer
Nos primeiros meses de 1775, multidões de pessoas, ricas e pobres, nobres

e camponeses, incluindo entre eles pacientes de todos os tipos, enxamearam para
a pequena cidade de Ellwangen, em Wiirttemberg, para ver o Padre Johann Joseph
Gassner, um dos curandeiros mais famosos de todos os tempos. Ele exorcizou pacientes
na presença de autoridades da Igreja Católica e Protestante, médicos,
nobres de todas as classes, membros da burguesia e também céticos
como crentes. Cada palavra e gesto seu e de seus pacientes foram
registrados por um tabelião

distintas testemunhas público,
oculares. e os registros
O próprio Gassner oficiais foram assinados
era um modesto pelo
padre rural;
53
Página 2
mas uma vez que ele vestiu suas vestes cerimoniais, tomou seu assento, e
se o paciente se ajoelhasse diante dele, coisas surpreendentes aconteceriam.
Numerosas coleções de registros oficiais sobreviveram, bem como relatos
dado por testemunhas oculares. Entre este último estava um Abade Bourgeois, de
cuja narrativa tomamos emprestados os seguintes detalhes: 1
Os primeiros pacientes foram os \\ O nuns \\ ho foram forçados a deixar sua comunidade

por conta de ataques convulsivos. Gassner disse ao primeiro para se ajoelhar diante dele,
perguntou a ela brevemente sobre seu nome. sua doença. e se ela concordou que
qualquer coisa que ele pedisse deveria acontecer. Ela concordou. Gassner então pronunciou
solenemente em latim: '"Se houver algo sobrenatural sobre esta doença, eu ordeno
em nome de Jesus que se manifeste imediatamente. "O paciente começou
imediatamente ter convulsões. De acordo com Gassner. esta foi a prova de que a con
as vulsões foram causadas por um espírito maligno e não por uma doença natural. e ele agora
passou a demonstrar que tinha poder sobre o demônio, a quem ordenou
em latim, para produzir comunicações em várias partes do corpo do paciente; ele chamou
por sua vez, as manifestações exteriores de dor. tolice, escrupulosidade, raiva.
e assim por diante. e até mesmo a aparência de morte. Todos os seus pedidos foram pontuais
executado. Agora parecia lógico isso. uma vez que um demônio foi domesticado para aquele
ponto. deve ser relativamente fácil expulsá-lo. o que Gassner fez. Ele então
procedeu da mesma maneira com a segunda freira. Depois que a sessão teve
terminou. O Abade Bourgeois perguntou-lhe se tinha sido muito doloroso; ela
respondeu que ela tinha apenas uma vaga memória do que havia acontecido e que
ela não tinha sofrido muito. Gassner então tratou um terceiro paciente, um bem nascido
senhora que já havia sofrido de melancolia. Gassner chamou
a melancolia e explicou à senhora o que deveria fazer para
superá-lo no caso de ela ser perturbada por isso novamente.
Quem era o homem cujas curas quase milagrosas atraíram tais

multidões? A história de vida de Johann Joseph Gassner (1 727-1779) não é
bem conhecido. Entre relatos biográficos. 1. por Sierke, 2 é fortemente
preconceituoso contra ele; outro. por Zimmermann. J é melhor documentado
mas é tendencioso a seu favor; ambos são baseados principalmente em pam contemporâneos
phlets. não no material de arquivo. Gassner nasceu no Braz, uma vila de
camponeses indigentes em V orarlberg. uma província montanhosa do oeste de Aus-
tria. Ele foi ordenado ao sacerdócio em 1750 e começando em
1758 realizou seu ministério em Kli :: isterle, uma pequena vila no leste
Suíça. Alguns anos depois. de acordo com Zimmermann, ele começou a
sofrem de violentas dores de cabeça. tontura. e outros distúrbios que sejam
piorou sempre que começou a celebrar a missa, pregar ou ouvir
confissão. Este detalhe particular o levou a suspeitar que "o Maligno"
pode estar no trabalho; ele recorreu ao exorcismo da Igreja, orações e seu
problemas eventualmente desapareceram. Ele então começou a exorcizar pessoas doentes
dentro de sua paróquia. aparentemente com muito sucesso. desde que os pacientes começaram a
venha a ele de todos os distritos vizinhos. Em 1774 sua fama estava em
Página 3
O Surgimento da Psiquiatria Dinâmica 55
enrugado depois de ter curado uma senhora de nascimento nobre, a condessa Maria Bernardine
von Wolfegg.
No mesmo ano, Gassner escreveu um livreto no qual explicava o
princípios de seu método de cura. 4 Ele distinguiu dois tipos de doenças:
naturais, que pertenciam ao domínio do médico, e sobrenaturais
uns, que ele classificou em três categorias: circumsessio (uma imitação
de uma doença natural, causada pelo demônio); obsessio (o efeito da feitiçaria);
e possessio ( possessão diabólica evidente), a menos frequente delas. Em tudo
desses casos, Gassner primeiro disse ao paciente que a fé no nome de Jesus era
um pré-requisito essencial para ser curado e pediu seu consentimento para o uso de
exorcismus probativus (exorcismo experimental). Ele então solenemente suplicou ao
demônio para manifestar os sintomas da doença; se os sintomas fossem
produzida, Gassner considerou provado que a doença foi causada pelo
diabo e passou a exorcizá-lo. Mas se nenhum sintoma apareceu, ele
enviou o paciente ao médico. Dessa forma, ele sentiu que sua posição era
impeachable, tanto do ponto de vista da ortodoxia católica quanto de
o da medicina.
Por causa de sua repentina fama, Gassner recebeu convites de vários
lugares; incluindo Constance, onde ele realizou curas por exorcismo com-
aparentemente conseguindo ganhar o favor do Cardeal Roth,
Bispo de Constança. Mas ele encontrou um protetor poderoso no Príncipe
Bispo de Regensburg, Conde Fugger, que o nomeou para um honorário
escritório em seu próprio tribunal. Gassner fixou residência na velha igreja
cidade de Ellwangen e viveu lá entre novembro de 1774 e junho
1775. Nesse período, ele atingiu o auge de suas atividades; pacientes
aglomerou-se em Ellwangen, e uma tempestade de polêmicas grassou ao seu redor. Dezenas
de panfletos foram publicados, a favor ou contra ele, na Alemanha,
Áustria, Suíça e até na França.
Gassner teve o apoio de alguns protetores eclesiásticos, além
à das massas e daqueles que esperavam ser curados por ele. (Dele
inimigos acrescentaram que ele era particularmente popular entre os estalajadeiros e
motoristas de carruagem. que se beneficiaram muito com a moda.) Um de seus anúncios
mirers era o célebre pastor de Zurique, Lavater. Entre seus adversários
foram o teólogo católico Sterzinger, o teólogo protestante Semmler,
e a maioria dos representantes do Iluminismo. Os rumores eram cerca
concluiu que os casos de posse certamente ocorreriam onde quer que Gassner
a visita foi anunciada; imitadores, entre eles até camponeses e crianças,
começou a exorcizar com seu método. 5 Em Viena, controvérsias animadas
aconteceu. tanto a favor como contra ele.
Por que houve tal explosão de paixão? Isso pode ser melhor sob
ficou olhando para a situação na Europa em 1775.
Politicamente, a Europa havia começado a deixar para trás a velha organização feudal
rumo ao desenvolvimento dos estados nacionais. Em contraste com
Página 4
nações unificadas, como França e Inglaterra, Alemanha, sob o

soberania do imperador. era um conglomerado inextricável de mais de
trezentos estados de todos os tamanhos. A maior parte da Europa continental estava sob
a dominação da monarquia austríaca, que governou não só sobre
A Áustria propriamente dita, mas também mais de uma dúzia de nações sujeitas. Viena, uma artística
e centro científico de primeira ordem, foi a sede de sua brilhante corte. UMA
sistema forte e rígido de classes sociais hereditárias prevaleceu em toda parte:
nobreza, burguesia, campesinato e trabalhadores, cada classe tendo suas subclasses.
A Igreja tinha um controle firme sobre as classes média e baixa. Mas europa
tinha sido enfeitiçado por uma nova filosofia, o Iluminismo, que
proclamou a primazia da Razão sobre a ignorância, superstição e cego
tradição. Sob a orientação da Razão, esperava-se que a humanidade pro-
avançar por um caminho de progresso ininterrupto em direção a um futuro de
felicidade. Na Europa Ocidental, o Iluminismo se desenvolveu radicalmente
tendências que se materializariam mais tarde nas revoluções americana e francesa
ções. O restante da Europa era governado por "despotismo esclarecido", um
compromisso entre os princípios do Iluminismo e os interesses de
as classes dominantes. Maria Teresa da Áustria, Frederico II da Prússia e
Catarina, a Grande da Rússia foram os representantes típicos daquele
sistema. Na Igreja. também, tendências "iluminadas" estavam ganhando terreno:
a fim de jesuítas foi feita como bode expiatório e abolida em 1773. O
notórias caça às bruxas e processos ainda não haviam desaparecido completamente
(uma das últimas execuções foi a de Anna Gi: ildi em Glarus,
Suíça, em 1782), mas tudo relacionado a demônios, possessão ou
o exorcismo foi evitado. 6
Diante dessa atmosfera, torna-se compreensível por que tanto
oposição surgiu contra Gassner, e também porque até mesmo seus mais fiéis
os protetores foram forçados a posições de extrema cautela. O príncipe
O bispo de Regensburg ordenou um inquérito que ocorreu em junho de 1775,
após o que Gassner foi aconselhado a reduzir sua atividade e exorcizar apenas
pacientes que foram enviados a ele por seus respectivos ministros da igreja.
A Universidade de Ingolstadt delegou uma comissão com representantes
de suas quatro faculdades para fazer uma investigação. Esta investigação foi realizada em 27 de maio,
1775, em Regensburg e teve um resultado bastante favorável. O imperial
O Tribunal de Viena também teve um interesse ativo no assunto. 7
Em Munique, o Príncipe Eleitor Max Joseph da Baviera também nomeou um
comissão de inquérito. Esta comissão convidou o Dr. Mesmer, que afirmou ter
descobriram um novo princípio chamado magnetismo animal e quem tinha
acabou de voltar de uma viagem ao longo do Reno e para Constança, onde
disse ter realizado curas maravilhosas. Mesmer chegou a Munique,
e. em 23 de novembro de 1775. deu demonstrações durante as quais provocou
nos pacientes, o aparecimento e desaparecimento de vários sintomas, até mesmo
de convulsões. simplesmente com um toque de seu dedo. H Padre Kennedy, o
Secretário da Academia. estava sofrendo de convulsões, e Mesmer
Página 5
mostrou que ele era capaz de trazê-los adiante e dissipá-los em

vai. No dia seguinte. na presença de membros do tribunal e membros
da Academia. ele provocou ataques em um epiléptico e afirmou que
ele foi capaz de curar o paciente por meio do magnetismo animal. Em vigor
isso equivalia ao procedimento de Gassner, sem envolver o uso de exorcismo.
Mesmer declarou que Gassner era sem dúvida um homem honesto, mas que
ele estava curando seus pacientes através do magnetismo animal sem estar ciente
disso. Podemos imaginar que, ao ouvir o relatório de Mesmer, Gassner deve
me senti um pouco como Moisés quando os feiticeiros egípcios reproduziram sua
milagres na presença do Faraó. Mas, ao contrário de Moisés, Gassner não
foi permitido testemunhar o desempenho de Mesmer ou responder ao seu relatório.
Enquanto isso. a Corte Imperial, que decididamente não foi desfavorável
posou para Gassner. tinha pedido ao Príncipe Bispo de Regensburg para
demiti-lo e ele foi enviado para a pequena comunidade de Pondorf. Em Roma,
Papa Pio VI (Giovanni Angelo Braschi) ordenou uma investigação
nas atividades de Gassner. No decreto que se seguiu, foi afirmado que
embora o exorcismo fosse uma prática comum e salutar da Igreja,
deveria ser realizado com discrição e com estrita observância ao
prescrições do ritual romano.
Gassner morreu em Pondorf em 4 de abril de 1779. Sua lápide trazia uma longa
inscrição em latim, descrevendo-o como o exorcista mais célebre da
seu tempo.
Ninguém jamais questionou a devoção absoluta de Gassner, sua falta de pretensões,
e seu altruísmo. Infelizmente para ele, ele chegou tarde demais, e o
as controvérsias que surgiram em torno dele tinham um aspecto muito mais importante
objeto: a luta entre o novo Iluminismo e as forças da tradição
ção. A queda de Gassner preparou o caminho para um método de cura que manteve
nenhum vínculo com a religião e satisfez os requisitos de um "iluminar
"era". Curar os doentes não é suficiente; é preciso curá-los com
métodos aceitos pela comunidade.
Franz Anton Mesmer (1734-1815)

O momento decisivo do exorcismo para a psicoterapia dinâmica foi
assim alcançado em 1775 por Franz Anton Mesmer, que às vezes foi
em comparação com Colombo. Tanto Colombo quanto Mesmer descobriram um novo
mundo, ambos permaneceram em erro pelo resto de suas vidas sobre o
natureza real de suas descobertas, e ambos morreram homens amargamente decepcionados.
Outro ponto de semelhança é o conhecimento imperfeito que temos do
detalhes de suas vidas.
Nenhum dos discípulos de Mesmer parece ter se interessado na história
da vida de seu mestre. O primeiro a perguntar sobre isso foi Justinus Kerner, 9
que viajou para Meersburg, onde Mesmer morreu, e se reuniu primeiro
entregar documentos e informações sobre ele. Recentemente, a pesquisa feita
por Tischner, 10 Schiirer-Waldheim, 11 Bittel, 12 Wohleb, 13 Milt, 14 e
Página 6
Vinchon 15 lançou alguma luz sobre vários períodos da vida de Mesmer, sobre
que, no entanto, ainda existem grandes lacunas.
Franz Anton Mesmer nasceu em 23 de maio de 1734, em Iznang, uma pequena
vila na margem alemã do Lago de Constança, a terceira de nove filhos.
Seu pai era um guarda florestal a serviço do Príncipe Bispo de
Constance. Nada se sabe sobre a infância e juventude de Franz Anton; a
O primeiro fato registrado de sua vida afirma que em 1752, aos 18 anos, ele era
matriculado na Escola Teológica Jesuíta em Dillingen. Em 1754, Mesmer
registrado na Universidade Jesuíta de Ingolstadt pelo terceiro ano em
teologia. Suas atividades e paradeiro durante os anos de 1754 a 1759
não são conhecidos. É provável que ele os tenha passado estudando filosofia. Ele
registrou-se como estudante de direito em Viena em 1759 e mudou para medicina
O ano seguinte. Mesmer completou seus estudos médicos em Viena,
onde sua dissertação sobre a influência dos planetas nas doenças humanas ganhou
ele se formou em 1766, aos trinta e três anos.
A carreira escolar de Mesmer foi notável em vários aspectos. ele foi
certamente não é incomum para a Igreja notar um inteligente e diligente
menino, e dar-lhe a possibilidade de estudar na área eclesial
escolas com vista a uma futura vocação clerical. Um de seus irmãos,
Johann, mais tarde se tornou um padre em uma comunidade próxima, e isso é obviamente
como Franz Anton também iniciou seus estudos. No entanto, é muito improvável que
a Igreja ou sua família continuaram a apoiá-lo quando ele mudou de
da teologia à filosofia, depois ao direito e, finalmente, do direito à medicina. isto
é mais provável que ele tenha encontrado ricos protetores, como fez em períodos posteriores
de sua vida. Ele também pode ter sido associado a sociedades secretas.
Em 1767, o jovem médico casou-se com uma viúva rica de descendência nobre,
Maria Anna von Posch, e se estabeleceu em Viena como médico. 16
Um homem refinado do mundo e um patrono das artes, ele viveu em um esplêndido
propriedade da qual Leopold Mozart disse: "'O jardim é incomparável,
com suas avenidas e estátuas, um teatro, uma casa de pássaros, um pombal e um
mirante no cume. " 17 Amigos que visitaram a casa incluíam o
músicos Gluck, Haydn. e a família Mozart. (Wolfgang Amadeus
A primeira ópera de Mozart, Bastien und Bastienne, teve sua primeira apresentação
no teatro privado de Mesmer.) Mesmer foi um dos primeiros a jogar o vidro
harmônica. um novo instrumento musical que foi aperfeiçoado na América
por Benjamin Franklin.
Durante os anos de 1773 a 1774. Mesmer tratou em sua própria casa um
Paciente de 27 anos. Fraulein Oesterlin. quem foi afligido com
nada menos que quinze sintomas aparentemente graves. Ele estudou o quase
periodicidade astronômica de suas crises e tornou-se capaz de prever suas
recorrência. Ele então se esforçou para modificar seu curso. Ele tinha acabado de se tornar
sabiam que alguns médicos ingleses estavam tratando certas doenças com
ímãs, e ocorreu a Mesmer provocar uma "maré artificial" em seu
paciente. Depois de fazê-la engolir uma preparação contendo ferro, ele
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prendeu três ímãs especialmente concebidos em seu corpo, um em seu estômago,

os outros dois em suas pernas. O paciente logo começou a se sentir extraordinário
fluxos de um fluido misterioso descendo pelo corpo dela e
todos os seus males foram varridos por várias horas. Isso aconteceu, Mesmer
relatou, em 28 de julho de 1774, uma data histórica. 18 Ele entendeu que estes
os efeitos no paciente não poderiam ser causados apenas pelos ímãs,
mas deve resultar de um "agente essencialmente diferente", isto é, que estes
fluxos magnéticos em seu paciente foram produzidos por um fluido acumulado em
sua própria pessoa, que chamou de magnetismo animal. O ímã era
mas um meio auxiliar de reforçar esse magnetismo animal e dar-lhe
uma direção.
Mesmer tinha quarenta anos quando fez essa descoberta. Ele era para
dedicar o resto de sua vida à sua elaboração e apresentá-la ao mundo.
Como resultado deste novo método, Fraulein Oesterlin melhorou muito
que ela foi capaz de se casar com o enteado de Mesmer e se tornar uma esposa saudável
e mãe. Mas as primeiras decepções não tardaram a chegar. Pai
Inferno, o astrônomo que forneceu ímãs a Mesmer, afirmou
que a descoberta era dele, enquanto os amigos médicos de Mesmer desapontam fortemente
prova de sua nova tendência de pesquisa. Não obstante, Mesmer deve ter
dessa vez se tornou uma espécie de celebridade, porque em junho de 1775, o Barão
Horeczky de Horka, um nobre húngaro, convidou-o para seu castelo em
Rohow, Eslováquia. O Barão estava sofrendo de espasmos nervosos, que tinham
persistiu apesar dos esforços dos médicos mais importantes de Viena. Mesmer's
estadia em Rohow durou cerca de duas semanas, das quais um relato foi escrito por
o professor doméstico do Barão Seyfert, que serviu como intérprete de Mesmer
e, supondo que ele fosse um charlatão, observou-o intensamente a fim de desfazer
mascará-lo. 19
Pouco depois da chegada de Mesmer. vários dos habitantes do castelo começaram a sentir
dores ou sensações peculiares em seus corpos assim que se aproximavam dele.
Até o cético Seyfert percebeu que foi tomado por um invencível sono ...
ness quando Mesmer tocava música. Não demorou muito para que ele se tornasse completamente
convencido dos poderes extraordinários de Mesmer. Ele viu como Mesmer poderia eliciar
sintomas mórbidos nas pessoas ao seu redor, especialmente naquelas a quem ele tinha
magnetizado. Uma senhora que estava cantando perdeu a voz assim que Mesmer tocou
a mão dela e a recuperou quando ele fez um gesto com o dedo. Enquanto eles
estavam sentados juntos, Seyfert viu que Mesmer era capaz de influenciar as pessoas
sentado em outra sala simplesmente apontando para suas imagens refletidas em um espelho,
mesmo que essas pessoas não pudessem vê-lo nem direta nem indiretamente no
espelho. Em outro momento, quando dois músicos tocavam o hom, Mesmer
tocou um dos instrumentos; imediatamente. um grupo de pessoas que poderiam
não o vi - começou a ter sintomas que desapareceram quando Mesmer re-
moveu sua mão. Enquanto isso. o boato se espalhou que um extraordinário
curandeiro havia chegado a Rohow. e os pacientes vieram de todas as áreas vizinhas
para vê-lo. Mesmer magnetizou muitos deles, enquanto enviava outros para ver
seus próprios médicos.
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Na sexta noite, Mesmer anunciou que o Barão teria uma crise
na manhãeseguinte
violento, - o que
foi relatado querealmente aconteceu.
a febre aumentou ou A crise foideincomum
diminuiu acordo com
se Mesmer se aproximou do paciente ou se afastou dele. Um segundo,
crise menos violenta ocorreu alguns dias depois, mas o Barão encontrou o tratamento
muito drástico e Mesmer deixou Rohow, embora não sem cura, no último
minuto, um camponês que havia perdido repentinamente a audição seis semanas antes.
Seyfert também relata suas conversas com Mesmer, que admitiu que Gassner pos-
experimentou magnetismo a um grau extraordinário e que seus próprios poderes eram
não tão grande, portanto ele teve que reforçá-lo por certos meios. Seyfert teve
razões para acreditar que Mesmer o fez usando ímãs em seu corpo e
mantê-los em sua cama.
No mês seguinte, julho de 1775, Mesmer viajou para as costas de

Lago de Constança, sua terra natal, onde realizou várias sensacionais
cura seguindo de perto os passos de Gassner. Sua estada em Rohow tinha ap-
aparentemente o convenceu de que era capaz de superar Gassner. 20 como nós temos
visto, este período glorioso da vida de Mesmer culminou em ele ser chamado para
Munique pelo Príncipe Eleitor, sua demonstração de seus próprios poderes magnéticos,
seu testemunho sobre Gassner e sua nomeação como membro do
Academia de Ciências da Baviera. Quando ele voltou a Viena no final de
1775, Mesmer deve ter tido certeza de que sua grandiosa descoberta
traga-lhe fama duradoura.
Mas o mundo médico vienense ainda era indiferente ou até hostil.
Mesmer recebeu vários pacientes em sua própria casa. Um deles, Maria-
Theresia Paradis, a filha de dezoito anos de um rico e influente
funcionário público oficial, era cego desde os três anos e meio.
De acordo com um biógrafo, ela recebeu a educação mais refinada
com a ajuda de instrumentos especialmente concebidos, como mapas em relevo para
ensinou-lhe geografia, e Kempelen, o famoso fabricante de autômatos, tinha
construiu para ela uma impressora com a qual ela era capaz de escrever. 21 ela se mudou
ao redor graciosamente, poderia dançar e fazer bordados, mas seu melhor
talento era a música, o que lhe valeu a atenção especial e a proteção de
a Imperatriz Maria Theresa. 22 principais médicos de Viena trataram
ela por muitos anos sem resultados (ela até recebeu mais de três
mil descargas elétricas). Mas depois de uma série de sessões magnéticas com
Mesmer, ela declarou que estava vendo. Sua primeira percepção visual
foi o de Mesmer; ela descobriu que o nariz humano tinha um estranho, uniforme
forma assustadora e expressou medo de que pudesse machucar seus olhos.23
Sua visão foi gradualmente restaurada - ou, isso é o que ela disse e o que Mes-
mer anunciou - e sua família expressou grande satisfação. Mas o anterior
os médicos negaram a realidade da cura. Uma comissão médica em-
faseado que o paciente afirmava ver apenas quando Mesmer estava presente.
Um conflito agudo surgiu entre Mesmer e a família Paradis; o paciente
perdeu a visão para sempre. Ela voltou para casa e seguiu sua carreira como uma
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músico cego. Mesmer sugeriu que sua cura não estava nela nem
no interesse de sua família: ela teria perdido a fama de música cega,
e talvez também o generoso apoio financeiro da Imperatriz.24
Logo depois, no final do ano de 1777, Mesmer deixou Viena.
As razões de sua partida são desconhecidas; seus inimigos mais tarde argumentaram
que ele foi forçado a sair. Ele tinha sido assumido que ele estava dis-
perturbado por seu fracasso no caso de Maria-Theresia Paradis e pela
hostilidade de seus colegas. Também pode ser que o jovem paciente tenha decaído
desenvolveu um forte apego por ele, e Mesmer um forte at-
tacão para ela. (É digno de nota que sua esposa permaneceu em Viena; ele
nunca mais a vi.) Mas a verdadeira razão talvez esteja na superação de Mesmer.
caráter sensível e instável, em sua psicopatologia.
De acordo com seu próprio relato, Mesmer havia passado por uma depressão
período. 25 Ele perdeu a esperança de encontrar a verdade. Ele ia a pé no
bosques, conversando com as árvores, e por três meses tentei pensar sem o
ajuda de palavras. Gradualmente, ele recuperou sua paz de espírito e de si mesmo
confiança e passou a visualizar o mundo sob um aspecto completamente novo.
Ele agora sentia que era sua missão fazer sua grande descoberta conhecida para
o mundo. Ele partiu para Paris e chegou lá em fevereiro de 1778.
A atmosfera que Mesmer encontrou em Paris era bem diferente da
um que ele havia deixado em Viena. O Império Austríaco era um estado estável com um
governo enérgico, uma administração competente, uma polícia vigilante. Paris
não era menos um centro cultural do que Viena, mas a vida lá era estranhamente sossegada.
Menos. Sob um rei fraco e uma rainha frívola, o governo era instável
e a situação financeira catastrófica; enormes somas de dinheiro eram
engolfado em suborno, especulação e jogo. As ideias do Iluminismo
desenvolveu uma tendência radical e anti-religiosa. A nobreza estava agarrada
obstinadamente aos seus privilégios exorbitantes, mas paradoxalmente estava mostrando uma
tendência notável para a filantropia e serviço público desinteressado.
Em uma guerra desastrosa contra a Inglaterra, a França havia perdido a Índia e o Canadá;
agora, em parte por sentimentos de vingança, o público estava entusiasmado com o
Guerra da Independência Americana. Havia, especialmente em Paris, um general
tendência à histeria em massa; o público foi de uma mania para outra.2 6
Parece que a fama de Mesmer o precedeu em Paris, onde naquele
época, um interesse peculiar prevalecia para estrangeiros ilustres. Mesmer era
quarenta e três anos de idade, um homem alto, robusto e bonito, cuja personalidade imponente
a sonoridade e os modos mundanos deram a ele acesso fácil à sociedade francesa,
apesar de seu forte sotaque alemão. Por razões desconhecidas, ele logo se separou
com seu primeiro associado, o cirurgião francês Le Roux, e começou a magnetizar
pacientes em uma residência privada em Creteil. Ele então se estabeleceu em um privado
mansão na Place Vendôme, onde recebia pacientes do
círculos sociais mais altos e os magnetizou por altas taxas. Ele era extremamente
ansiosos para estabelecer contatos com representantes dos órgãos científicos:
Academie des Sciences, Societe Royale de Medecine, Faculte de
Página 10
Medecine. Ele ganhou pelo menos um discípulo influente no Dr. D'Eslon,

médico particular do conde d'Artois, um dos irmãos do rei.
Mesmer complementou seus esforços com publicações escritas por ele mesmo2 7 e
por D'Eslon. 28
Nesse ínterim, sua prática aumentou gradualmente. Antes de sair
Viena, ele dispensou o uso de ímãs e eletricidade como auxiliares
significa. Em 1780
individualmente, eleouinaugurou
1781, tendo
um mais pacientes
tratamento do queo era
coletivo, capazque
baquet, de tratar
será discutido mais tarde. Dois de seus clientes mostraram-lhe uma forte dedicação pessoal
votação: Nicolas Bergasse. um advogado habilidoso com grandes interesses filosóficos,
que era politicamente ativo 2 9 e o banqueiro Kornmann, cujo filho
Mesmer tratou de uma doença ocular grave. 3 °
O sistema de Mesmer, como ele o expôs em 27 pontos no ano de 1779, pode ser
resumido em quatro princípios básicos. 31 ( 1) Um fluido físico sutil preenche
o universo e forma um meio de conexão entre o homem, a terra e
os corpos celestes, e também entre o homem e o homem. (2) Origem da doença
da distribuição desigual desse fluido no corpo humano; recuperação é
alcançado quando o equilíbrio é restaurado. (3) Com a ajuda de certos
técnicas, este fluido pode ser canalizado, armazenado e transportado para outros
pessoas. (4) Desta forma, "crises" podem ser provocadas nos pacientes e
doenças curadas.
É bastante fácil distinguir os vários elementos em que Mesmer e
seus discípulos chamaram a doutrina. O primeiro e mais imediato foi
A intuição de Mesmer de ser o portador de um fluido misterioso, magnetismo animal,
que ele havia notado em si mesmo pela primeira vez ao tratar Fraulein
Oesterlin. Mesmer descreveu como foi capaz de provocar a aparência
de sintomas em pacientes por sua presença física ou por seus gestos; ele também
relatou que quando ele se aproximou de um homem que estava passando por uma
deixando, o sangue começou a fluir em uma direção diferente. De acordo com Mes-
mer, todo ser humano possui uma certa quantidade de magnetismo animal:
Gassner possuía em alto grau, Mesmer tinha um pouco menos,
e os doentes têm menos do que os saudáveis. Uma analogia poderia ser traçada entre
esta teoria e o conceito polinésio de "mana", um universal, impessoal
energia que pode ser armazenada nas pessoas. objetos, ou lugares, e podem ser detectados
apenas através de seus efeitos objetivos.
O segundo elemento da doutrina eram as teorias físicas que eram
supostamente para explicar a natureza e a ação do magnetismo animal. Começar um
filho do Iluminismo, Mesmer estava procurando uma explicação "racional"
e rejeitou qualquer tipo de teoria mística. Por outro lado, uma vez que a psicologia
era quase inexistente na época, ele foi naturalmente levado a pensar em um
conceito físico, de algo na forma da gravitação universal de Newton
ou de eletricidade. Em sua dissertação médica, Mesmer já havia descrito
um fluido universal que permeia o cosmos, que ele chamou de gravitatio
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universalis. Por meio desse fenômeno, a influência do sol, da lua e

planetas no corpo humano poderiam ser explicados, bem como o periódico
manifestações de certas doenças. Mais tarde, ele chamou esse fluido de agente geral.
Acreditava- se que existia de várias formas: uma era a influência do
ímã, outro era eletricidade e outro era magnetismo animal. este
parte física da doutrina foi, sem dúvida, seu ponto mais fraco e sempre
permaneceu obscuro na mente de Mesmer porque ele não era um bom sistematizador.
Um terceiro elemento do sistema de Mesmer foram as analogias dadas pelo
descobertas contemporâneas no campo da eletricidade. Mesmer imaginou o seu
fluido como tendo pólos, correntes, descargas, condutores, isoladores e ac-

cumuladores. Seu baquet, um instrumento que deveria concentrar o
fluido, era uma imitação do jarro de Leyden recentemente inventado. Ele também ensinou
que havia um fluido positivo e um negativo que neutralizavam um ao outro-
uma suposição que nunca foi aceita por seus discípulos.
O quarto elemento da doutrina era a teoria das crises, obviamente
derivado da prática de Gassner. Gassner acreditava que a crise era a
evidência de posse, bem como o primeiro passo no procedimento de exorcismo.
Para Mesmer, a crise foi a prova artificial da doença
e os meios para sua cura. As crises, disse ele, eram específicas: em um asmático,
seria um ataque de asma e em um epiléptico seria um epiléptico
em forma. Quando o paciente era provocado repetidamente, essas crises diminuíam e
menos severo. Eventualmente, eles desapareceram, e isso significou recuperação.
Esses ingredientes básicos que Mesmer tentou sintetizar em sua doutrina
levou ao seu famoso aforismo: '' Existe apenas uma doença e uma cura. "
medicação ou procedimento terapêutico já curou um paciente por si só; curas
foram alcançados apenas através do efeito do magnetismo, embora os médicos tivessem
não estava ciente disso. O magnetismo animal agora forneceria à humanidade
um meio universal de cura e prevenção de todas as doenças, assim "trazendo
medicina ao seu ponto mais alto de perfeição. "
O egocentrismo de Mesmer o levou a esperar que as escolas de medicina ac-
exceto uma teoria que cancelaria tudo o que havia sido descoberto desde Hip-
pócrates, e tornaria a profissão médica supérflua.
Não surpreendentemente, o tipo de terapia realizada por Mesmer foi tão
repugnante para a medicina contemporânea como a medicina contemporânea o era para ele.
Mesmer não usava nenhum medicamento além da água magnética. Ele se sentaria em
frente de seu paciente com os joelhos tocando os joelhos do paciente, pressionando o
polegares do paciente em suas mãos, olhando fixamente em seus olhos, em seguida, tocando
sua hipocondria e fazendo passes sobre seus membros. Muitos pacientes sentiram
sensações peculiares ou entrou em crise. Isso deveria trazer o
cura.
O método coletivo de Mesmer era ainda mais extraordinário. Um inglês
médico, John Grieve, que estava em Paris em maio de 1784, descreveu em uma carta
sua visita à casa de Mesmer, observando que nunca houve menos de dois
cem pacientes de uma vez: 32
Página 12
Eu estava em sua casa outro dia e testemunhei seu método de operação.

No meio da sala é colocado um vaso de cerca de um pé e meio de altura
que é chamado aqui de baquet. É tão grande que vinte pessoas podem se sentar facilmente
em torno dele; perto da borda da tampa que a cobre, há orifícios perfurados
responder ao número de pessoas que estão ao seu redor; nestes buracos
são introduzidas barras de ferro, dobradas em ângulos retos para fora e de diferentes alturas,
de modo a responder à parte do corpo à qual devem ser aplicados. Além de
essas hastes, há uma corda que se comunica entre o baquet e um
dos pacientes. e dele é transportado para outro, e assim por diante.
Os efeitos mais sensíveis são produzidos na abordagem de Mesmer, que é
dito para transmitir o fluido por certos movimentos de suas mãos ou olhos, sem tocar
a pessoa. Conversei com vários que testemunharam esses efeitos, que
ter convulsões ocasionadas e removidas por um movimento da mão ....
Todo o cenário tinha como objetivo aumentar as influências magnéticas: grande

espelhos refletiam o fluido, que era transmitido por sons musicais emanados
de instrumentos magnetizados. O próprio Mesmer às vezes tocava em seu
gaita de vidro, um instrumento que muitas pessoas achavam estar se estilhaçando.
Os pacientes permaneceram em silêncio. Depois de um tempo, alguns deles experimentariam
sentimentos corporais peculiares, e os poucos que entraram em crise foram controlados por
Mesmer e seus assistentes na chambre des crises (sala de crise). As vezes
uma onda de crises se espalhou de um paciente para outro.
Um procedimento ainda mais extraordinário foi o da árvore magnetizada,
uma espécie de terapia coletiva ao ar livre para os pobres.
Esses procedimentos terapêuticos pareciam tão extravagantes que poucos médicos
podia escapar da sensação de que Mesmer era um charlatão. Ressentimento profissional
deve ter sido aumentado pelo sucesso crescente de Mesmer e pelo fabuloso
taxas que ele exigia de seus pacientes nobres e ricos.
Em meados de 1782, Mesmer parece ter entendido que tinha
chegou a um impasse. Por cinco anos, ele trabalhou para ter seu
descoberta reconhecida pelas sociedades científicas, que ele então
venderam com grande lucro ao governo francês para que ele pudesse aplicar
e ensinar seu método em um hospital público. Mas ele estava mais longe do que nunca
de seu objetivo. Em julho de 1782 ele partiu para uma estada em Spa, um resort de saúde em
o que é hoje a Bélgica - com seus amigos devotados Bergasse e Kornmann.
De acordo com o relato de Berg a sse, Mesmer recebeu uma carta afirmando que
D'Eslon, fingindo substituí-lo, havia aberto uma prática de animais
magnetismo. 33 Mesmer estava consternado e furioso com o "traidor" e visual
ized sua própria ruína. Ele tinha certeza que depois de ter roubado seu segredo, D'Eslon
também roubaria sua clientela. O advogado Bergasse e o financista Kom-
mann então formulou um novo plano: eles iriam organizar uma assinatura para
levantar uma grande quantia de dinheiro para comprar a descoberta de Mesmer. O sub-
escribas receberiam o "segredo" e seriam organizados
em uma sociedade que iria educar os alunos e espalhar o ensino de Mesmer.
Página 13
O projeto foi um grande sucesso. Apesar da enorme conta de

dinheiro exigido dos assinantes, eles foram encontrados. Entre eles estavam
os nomes mais ilustres da cidade e da corte, nomes pertencentes ao
famílias aristocráticas mais antigas, como Noailles, Montesquieu e os
Marquês de Lafayette, bem como magistrados, advogados e médicos proeminentes
cians. O Bailli des Barres da Ordem de Malta deveria introduzir o magnetismo
para os cavaleiros na ilha. 34 No entanto, dificuldades crescentes surgiram entre
Mesmer e seus discípulos. Bergasse posteriormente publicou um relato documentado
sobre essas árduas negociações de 1783 e 1784, que, se todas as
caudas eram verdadeiras - mostra Mesmer como uma pessoa fundamentalmente egocêntrica e desconfiada
homem, temperamental, despótico, ganancioso e às vezes até desonesto.
No entanto, a sociedade (chamada Societe de! 'Harmonie) - um estranho
mistura de empresa comercial, escola particular e loja maçônica - era
lançado
cidades. eEle
floresceu.
garantiuFiliais foram fortuna
uma grande fundadas emMesmer,
para outras cidades francesas
além de e
seus ganhos
de suas práticas magnéticas. A sociedade também publicou um epítome de Mes-
a doutrina de Mer 35 e transformou o que tinha sido o segredo de um homem no
conhecimento comum de um grupo entusiasta. O despotismo de Mesmer era frequentemente
ressentido por seus discípulos, mas o magnetismo animal era agora um estabelecimento
instituição na França, e se desenvolveu rapidamente. O interesse do público,
que se concentrou na Guerra da Independência Americana e na
tratado de paz com a Inglaterra, agora foi lançado e voltado para Mesmer.
O ano de 1784 foi tão fatídico para Mesmer quanto 1776 foi para Gassner:
ele encontrou um pico de sucesso, agitação e, em seguida, uma queda rápida.
Em março de 1784, como resultado da agitação em torno de Mesmer, o rei
nomeou uma comissão de inquérito composta por membros da Académie
des Sciences e a Academie de Medecine, e outra comissão
composta por membros da Societe Royale. Essas comissões
compreendiam os principais cientistas de sua época: o astrônomo Bailly, o
o químico Lavoisier, o médico Guillotin e o embaixador americano
Benjamin Franklin. O programa de experimentos foi elaborado por
Lavoisier e foi um modelo de aplicação do experimental
método. 36 O ponto litigioso não era se Mesmer curou seus pacientes
mas sim sua contenção de ter descoberto um novo fluido físico. o
a conclusão das comissões foi que nenhuma evidência pôde ser encontrada do
existência de um "fluido magnético". Os possíveis efeitos terapêuticos não foram
negados, mas foram atribuídos à "imaginação". 37 Um suplemento e segredo
relatório foi elaborado para o rei e apontou para os perigos resultantes de
a atração erótica da paciente magnetizada por seu corpo masculino
netizer. 3H Um dos comissários. 1 ussieu, dissociou-se de seu
colegas e escreveu um relatório sugerindo que certamente havia um desconhecido
agente eficiente no trabalho, provavelmente "calor animal". 3 9 Mesmer era indig-
nant porque os comissários não tinham vindo a ele com suas perguntas,
mas tinha ido para o "traidor" D'Eslon. Mais tarde, no entanto, esta circunstância
Página 14
teve sorte para Mesmer: quando o Ministério Público, com base no

relatório dos comissários, decidiu proibir a prática do magnetismo animal,
Bergasse teve sucesso em seus esforços para que a interdição fosse levantada pelo Parlamento
- a mais alta instância judicial - em um tecnicismo jurídico: a comissão
O relatório dos sioners dizia respeito à prática de D'Eslon, não à prática de Mesmer.
Em qualquer caso, os relatórios não parecem ter prejudicado seriamente o
desenvolvimento do movimento magnético. A Societe de! 'Harmonie desenvolvida
suas atividades e sociedades semelhantes foram fundadas em várias cidades francesas.
Simultaneamente, no entanto, o movimento experimentou uma experiência sem precedentes
número de contratempos: Mesmer foi amplamente ridicularizado em desenhos animados, populares
canções e peças satíricas. 40 Houve o infeliz episódio envolvendo
Court de Gebelin, um célebre estudioso que publicou um entusiástico
panfleto sobre Mesmer após ter sido "curado" por ele, após o que ele
sofreu uma recaída e morreu na própria casa de Mesmer. 41 Mas agitação pública
foi desviada de Mesmer alguns meses depois pelos novos temas do Conde
Allesandrodi Cagliostro (Giuseppe Balsamo) e o escândalo do
"Colar da Rainha." Muito mais sério, no que dizia respeito a Mesmer,

foram as críticas dirigidas a ele por cientistas e estudiosos. A
autor anônimo publicou um livro, L 'anti-magnetismo, 42 no qual ele
traçou de maneira objetiva as fontes da doutrina de Mesmer e mostrou
a conexão entre seu método de cura e o de Gassner. Outro
autor, Thouret, 43 publicou um estudo ainda mais completo, tomando o de Mesmer
27 proposições uma a uma e mostrando que cada uma delas já havia sido
afirmado nos mesmos termos por autores como Paracelsus, Van Helmont
e Goclenius, e acima de tudo por Mead e Maxwell. Thouret concluiu
que a teoria de Mesmer, longe de ser uma novidade, era um sistema antigo que
havia sido abandonado por quase um século. Mesmer negou ter lido
qualquer um desses autores (ainda não estava na moda chamá-los
fontes com o nome de "precursores"). Os físicos, por sua vez, não
ouvir falar do chamado fluido magnético. Um médico e físico com o nome
de Marat declarou que o magnetismo animal não tinha nenhuma pretensão de ser um físico
teoria. 44
Ainda pior do ponto de vista de Mesmer foi o fato de que ele dificilmente
começou a revelar sua doutrina quando seus discípulos se rebelaram. Eles encontraram
vago e incoerente, embora D'Eslon já tivesse dado alguns
e suas formulações límpidas. Um Comite d'instruction foi nomeado para
publicar a doutrina de uma forma aceitável para os alunos. 45 Bergasse, quem
estava desempenhando um papel de destaque na sociedade, encontrou no Mesmerismo o
base para uma nova filosofia mundial e expôs sua teoria em um trabalho
intitulado "Teoria do Mundo e dos Seres Organizados". 46 foi publicado
em número limitado e, a fim de dar-lhe o aspecto de um conhecimento secreto,
115 palavras-chave foram substituídas por símbolos para que os não iniciados fossem
incapaz de entender isso. Mas esta publicação despertou a ira de Mesmer, e,
após uma polêmica aguda entre os dois homens, Bergasse deixou a sociedade.
Página 15
Enquanto isso, muitos membros ficaram desiludidos e também desiludidos

afetado. Pior talvez, do ponto de vista de Mesmer, foi que um de seus
discípulos fiéis, Puységur, de quem falaremos mais tarde, embora proclamemos
demonstrando sua lealdade ao ensino de Mesmer. descobriu o sono magnético, que foi
para dar uma nova direção ao movimento.
Outro contratempo de natureza mais pessoal foi um incidente ocorrido
na Sexta-feira Santa (16 de abril de 1784) no Concerto Spirituel du Careme em
a presença da corte real e da elite da sociedade parisiense. Um cego
jovem músico tinha chegado de Viena para tocar harpsicord-Maria-
Theresia Paradis. Grimm relatou que "todos os olhos se voltaram para Mesmer que
tinha sido imprudente o suficiente para ir ao concerto. Ele estava bem ciente de ser
o centro das atenções e sofreu uma das piores humilhações de sua
vida. " 4 7 Seus inimigos prontamente reviveram a velha história que Mesmer havia pré-
tendeu a curá-la, mas ficou provado que ele falhou. Maria-Theresia passou
nos seis meses seguintes na França, e sua presença em Paris deve ter sido
muito perturbador para Mesmer. Em agosto daquele ano, o Societe de! 'Harmonie
em Lyon o convidou a demonstrar sua habilidade na presença do Príncipe
Henrique da Prússia (irmão do rei Frederico II). Para sua própria consternação
e para consternação de seus discípulos, ele falhou completamente. É provável que Mes-
Mer reagiu a esses eventos como fizera em 1777: caindo em uma depressão
e decolar.
Na verdade, Mesmer desapareceu de Paris, provavelmente tendo partido no
início de 1785. Seus lugares eram desconhecidos para seus discípulos. Rumores
circulou que ele estava morando na Inglaterra com um nome falso. o
movimento que ele fundou estava se desenvolvendo rr.ore e mais na direção
dado por Puysegur.
As atividades de Mesmer durante os vinte anos seguintes são em grande parte
conhecido. Apenas parte de suas andanças pela Suíça, Alemanha, França,
e a Áustria foram rastreados. 4 H Verificou -se que quando ele voltou
para Viena em 1793, ele foi expulso por ser politicamente suspeito, e que,
em 1794, seu nome foi associado a uma obscura trama política. Ele foi para
Suíça, onde adquiriu a cidadania suíça e se estabeleceu em Frauenfeld,
uma pequena cidade perto do Lago de Constança. Ele havia perdido parte de sua fortuna, mas
ainda era suficientemente rico para viver como um homem de lazer pelo resto
de sua vida, no estilo de um rico aristocrata. Uma pesquisa recente revelou
testemunhos de pessoas que o conheceram naquela época. Eles o descrevem
como um homem de maneiras mundanas refinadas, mas tão orgulhoso e egocêntrico, mostrando
nenhum interesse nas idéias de outras pessoas. Ele se ressentia do mundo que não tinha
aceitou sua descoberta, os médicos que o rejeitaram, e seu
discípulos que haviam distorcido seus ensinamentos.
Naquela época, Mesmer estava tão completamente esquecido que a maior parte de seus
Os discípulos nem sabiam que ele ainda estava vivo. Wolfart, um médico alemão,
finalmente fui visitá-lo em 1812. Romântico e patriota, Wolfart era
surpreso que Mesmer se expressou exclusivamente em francês - no
Página 16
maneira da velha aristocracia alemã. Ele publicou uma tradução alemã

do último livro de Mesmer, que continha não apenas o esboço final de sua
sistema, mas também uma coleção de suas opiniões sobre uma grande variedade de assuntos:
educação, vida social, festividades públicas, impostos e prisões. 49 Infelizmente,
a maioria dos papéis que Mesmer confiou a Wolfart foram perdidos. Wolfart
foi tão descuidado que, ao publicar o livro de Mesmer, ele deu a sua
nomeie como Friedrich em vez de Franz.
Um ou dois anos antes de sua morte, Mesmer mudou-se para Meersburg, no
margens do Lago de Constança, e morreu lá em 5 de março de 1815 - algumas milhas
de seu local de nascimento.
Quando Justinus Kerner visitou Meersburg em 1854, ele ouviu coisas maravilhosas
histórias de velhos que conheceram o grande homem. 50 Foi-lhe dito que
quando Mesmer fosse para a ilha de Mainau, bandos de pássaros voariam em direção
ele, seguindo-o v.Â · sempre que ele caminhou, e se acomodando em torno dele quando ele
sentou-se. Mesmer, acrescentaram, tinha um canário de estimação em uma gaiola aberta em seu
quarto. Todas as manhãs, o pássaro voava para seu mestre, pousava em sua cabeça,
e acordá-lo com sua música. Ele o faria companhia durante seu
café da manhã, às vezes colocando torrões de açúcar em sua xícara. Com um ligeiro
com um toque de sua mão, Mesmer colocava o pássaro para dormir ou o acordava. 1
de manhã o pássaro permaneceu na gaiola: Mesmer morrera durante a noite.
O canário não cantou e não comeu mais, e alguns dias depois foi encontrado
morto em sua jaula.

Qual foi a verdadeira personalidade deste homem, que, em sua terra natal, teve
deixou a reputação de ser um mago? Não podemos obter um satisfatório
responda; muito sobre ele é desconhecido. Não sabemos nada de sua infância
nem de sua vida emocional, além de seu casamento infeliz. Com base em
documentos existentes, várias imagens podem ser desenhadas:
A primeira e mais conhecida foto é dada por seus discípulos franceses, especialmente
por Bergasse em seu longo relato cheio de amargo ressentimento, escrito
depois que Mesmer o expulsou do movimento. 51 Nestas contas
Mesmer é mostrado como um homem dominado pela ideia fixa que ele fez
uma descoberta marcante que o mundo deve aceitar imediatamente,
mesmo antes que pudesse ser totalmente revelado. Ele queria manter seu segredo para
a si mesmo enquanto quisesse e para torná-lo conhecido apenas quando se tornasse
conveniente para ele. Sua doutrina do magnetismo animal, no entanto, deve
permanecerá sua propriedade permanente e exclusiva; ninguém foi autorizado a
adicionar, modificar ou subtrair qualquer coisa sem sua permissão. Ele demandou
devoção absoluta de seus discípulos, embora ele não sentisse a necessidade de
retribuir, mostrando-lhes gratidão, e ele rompeu com qualquer um que
manifestou idéias independentes. Mesmer se sentia como se estivesse vivendo em um
mundo de inimigos que continuamente tentavam roubar, distorcer ou suprimir
sua descoberta. Ele tomava indiferença por hostilidade e contradição por per-
segurança. Esta imagem de Mesmer talvez não seja muito diferente daquela
de vários outros grandes cientistas. É (nos termos de Jung) a síndrome típica
Página 17
de "inflação psicológica" e deve ser considerada um desenvolvimento secundário

mento sobreposto a uma estrutura de personalidade mais básica.
Mesmer sentiu um poder misterioso dentro de si, o que foi demonstrado
por suas curas sensacionais e pelas estranhas ocorrências no castelo de
Rohow. Mas, além dessas ocorrências provavelmente temporárias, ele pos-
avaliava em alto grau um "magnetismo pessoal" - uma mistura atraente de
charme e autoridade. Ele era incomparável na arte de convencer as pessoas
e obtendo grandes favores deles. Isso também pode explicar o mistério de
sua escalada social em uma era de diferenciação de classes impermeável e seu
capacidade de lidar com príncipes e aristocratas numa base de igualdade.
As flutuações de seu magnetismo pessoal foram talvez subordinadas
a certas características psicopatológicas mais básicas: uma hipersensibilidade mórbida,
mau humor e euforia e depressão alternadas. Durante seus períodos
de sucesso, ele mostrou uma atividade inquieta, quase hipomaníaca. Parece que
ele expressou às vezes o que pode ser chamado de delírios paranóicos de
grandeza. (Um médico suíço, Egg, relata que Mesmer lhe disse em
1804 que a água corrente foi magnetizada porque ele, Mesmer, tinha magnetismo
tinha o sol vinte anos antes.) 52 Mas ele também teve ataques repentinos
de desânimo. Mesmer descreveu a condição anormal que sofreu
no final de 1776. É bem possível que algo semelhante tenha ocorrido
em 1785. Ambos os episódios foram talvez associados a seus sentimentos de que
seus poderes magnéticos estavam exaustos.
Com seus poderes misteriosos, Mesmer está mais perto do antigo mago do que
ao psicoterapeuta
mais do século
uma competição XX. Sua
entre xamãs vitória
rivais sobre Gassner
do Alasca lembra
do que uma moderna
controvérsia psiquiátrica. No entanto, sua doutrina continha as sementes de
vários princípios básicos da psiquiatria moderna:
Um magnetizador, proclamou Mesmer, é o agente terapêutico de suas curas:
seu poder está em si mesmo. Para tornar a cura possível, ele deve primeiro estabelecer
um relacionamento, que é uma espécie de "sintonia", com seu paciente. A cura ocorre
através de crises - manifestações de doenças latentes produzidas artificialmente pela
magnetizador para que ele possa controlá-los. É melhor produzir vários,
cada vez mais fracos do que uma crise severa. No tratamento coletivo o
o magnetizador deve controlar as reações dos pacientes uns sobre os outros.
Mesmer agrupou seus discípulos em uma sociedade na qual médicos e leigos
magnetizadores estavam em pé de igualdade. Seus membros, que fizeram pesado
sacrifícios financeiros, aprendeu sua doutrina, discutiu os resultados de sua terapia
trabalho peutico, e manteve a unidade do movimento.
É uma questão em aberto se Mesmer foi um precursor da dinâmica
psiquiatria ou seu fundador real. Qualquer pioneiro é sempre o sucessor de
anteriores e o precursor de outros. Não há dúvida, no entanto, que
o desenvolvimento da psiquiatria dinâmica moderna pode ser rastreada até a de Mesmer
magnetismo animal, e essa posteridade tem sido notavelmente ingrata a
ele.
Página 18
Puységur e o novo magnetismo

Sempre chega um momento em que a criação se emancipa de
o criador e segue seu curso de vida independente.
Mesmer mal havia começado a desvendar sua doutrina quando um de seus mais
discípulos fiéis, os Mar4uis de Puysegur, fizeram uma descoberta que
dar um novo curso à evolução do magnetismo. Na opinião de certos
historiadores, esta descoberta iguala ou até excede a importância da
próprio trabalho. Charles Richet disse "o nome de Puységur deve ser colocado
na mesma posição de Mesmer. ... Mesmer é sem dúvida o iniciador
do magnetismo, mas não seu verdadeiro fundador. " 53 Sem Puységur, acrescenta,
magnetismo teria vida curta e teria deixado apenas o
memória de uma epidemia psíquica transitória em torno do baquet.
Entre os discípulos mais entusiastas de Mesmer estavam os três irmãos De
Puységur, que pertencia a uma das famílias mais ilustres da
Nobreza francesa. No decorrer dos séculos, a família deu à França
muitos homens proeminentes, especialmente no campo militar. 54 família deles
pertencia ao ramo da aristocracia francesa que atuava em
assuntos filantrópicos. Todos os três irmãos se tornaram alunos de Mesmer e
desempenhou um papel na história do magnetismo animal. 55
O irmão mais novo, Visconde Jacques Maxime de Chastenet de
Puységur (1755-1848), ganhou sua reputação no recinto do desfile em
Bayonne: um oficial, aparentemente atingido por apoplexia, caiu para o
terra. O visconde magnetizou-o no local e o curou no
presença de todas as tropas. Ele disse ter sido posteriormente colocado em
encarregado do tratamento dos soldados doentes em seu regimento.
O segundo irmão. Antoine-Hyacinthe, conhecido como Conde de Chastenet

(1752-1809), foi um oficial da Marinha que havia feito investigações sobre o
Guanches das Ilhas Canárias e trouxeram algumas de suas múmias de volta
para Paris. Foi ele quem introduziu o magnetismo animal em Saint-Domingue,
a rica e próspera colônia de escravos francesa. Os mestres brancos em breve
enxamearam em torno dos baquets, e os escravos negros exigiram e obtiveram
um baquet para uso próprio.
O irmão mais velho, Amand-Marie-Jacques de Chastenet, Marquês de
Puységur (1751-1825), um oficial de artilharia que se destacou
no cerco de Gibraltar e participou de uma missão oficial à Rússia,
dividiu seu tempo entre sua vida militar e seu castelo em Buzancy perto
Soissons, onde possuía a imensa propriedade de seus ancestrais. Como fez
muitos de seus contemporâneos aristocráticos, ele manteve um gabinete de físico,
onde ele tentou vários experimentos com eletricidade. Cético a princípio sobre
Mesmerismo, ele foi convertido a ele por seu irmão Antoine-Hyacinthe e
passou a dar tratamentos individuais e coletivos em sua propriedade. 56
Um de seus primeiros pacientes foi Victor Race, um jovem camponês de vinte e três anos,
cuja família esteve a serviço da família Puységur por vários
Página 19
gerações. Victor, que sofria de uma doença respiratória leve, estava

facilmente magnetizado e, naquele estado, apresentava uma crise muito peculiar. Lá
não houve convulsões, nem movimentos desordenados, como foi o caso com outros
pacientes; em vez disso, ele caiu em um tipo estranho de sono em que parecia
estar mais desperto e atento do que em seu estado normal de vigília. Ele falou em voz alta,
respondeu a perguntas e mostrou uma mente muito mais brilhante do que em seu normal
doença. O Marquês, cantando inaudivelmente para si mesmo, percebeu que o jovem
o homem cantava as mesmas canções em voz alta. Victor não tinha memória da crise
uma vez que passou. Intrigado, Puysegur voltou a produzir esse tipo de crise
em Victor e tentei com sucesso em vários outros assuntos. Uma vez que eles estavam em
naquele estado, eles foram capazes de diagnosticar suas próprias doenças, prever seu curso
da evolução (que Puységur chamou de pressão), e prescrever a
tratamentos.
O número de seus pacientes tornou-se tão grande que Puységur logo organizou
um tratamento coletivo. A praça pública da pequena aldeia de Buzancy,
cercado por casas de palha e árvores, não estava longe do majestoso
castelo dos Puysegurs. No centro daquela praça ficava uma grande e bela
velho olmo, ao pé do qual uma nascente derramava suas águas límpidas.
Os camponeses se sentariam nos bancos de pedra ao redor. Cordas foram penduradas
nos ramos principais da árvore e ao redor de seu tronco, e os pacientes ferem
pontas da corda em torno das partes enfermas de seus corpos. A operação
começou com os pacientes formando uma corrente, segurando um ao outro pelo
polegares. Eles começaram a sentir o fluido circulando entre eles, variando
graus. Depois de um tempo, o mestre ordenou que a corrente fosse quebrada e o
pacientes para esfregar as mãos. Ele então escolheu alguns deles e, tocando-os
com sua barra de ferro, coloque-os em "crise perfeita". Esses assuntos, agora chamados
médicos, doenças diagnosticadas e tratamento prescrito. Para "desencantar"
eles (isto é, para acordá-los de seu sono magnético), Puységur ordenou
eles a beijarem a árvore, após o que eles acordaram, não se lembrando de nada do que
aconteceu. Esses tratamentos foram realizados na presença de curiosos
e espectadores entusiasmados. Foi relatado que em pouco mais de um
mês, 62 dos 300 pacientes foram curados de várias doenças.
O novo tipo de tratamento introduzido por Puysegur incluía, assim, dois
diferentes manifestações: a primeira foi a própria "crise perfeita" com seus
aparecimento de um estado de vigília, sua relação eletiva com o magnetizador
cujos comandos o sujeito executou, e a amnésia que se seguiu.
A analogia desse sono magnético com o sonambulismo natural foi logo
reconhecido, daí o nome "sonambulismo artificial". (Só muito depois
foi Braid para dar a essa condição seu nome atual, "hipnose".) O segundo
aspecto foi a "lucidez" apresentada por determinados pacientes, ou seja, sua capacidade
para diagnosticar doenças, prever seus cursos e prescrever tratamentos para
para si próprios, bem como para os outros com quem foram colocados em relacionamento.
Puységur logo aprendeu com o próprio Victor sobre outro psicoterapêutico
uso da crise perfeita. 57 Naquela época, Victor estava muito preocupado com um
Página 20
briga que ele teve com sua irmã. Ele nunca teria ousado falar sobre isso para
qualquer um; mas quando em sono magnético, ele se sentia livre para confiar no Marquês,
que sugeriu a Victor cuidar de seus próprios interesses e encontrar um
solução satisfatória. Victor então realmente tomou medidas para retificar sua situação.
O papel desempenhado por Victor Race na história do magnetismo merece
atenção especial. Não só ele foi um dos de Puységur fi ~ st pacientes, eo
o primeiro a cair na crise perfeita - da qual ele se tornou o protótipo -
mas foi com ele que o marquês aprendeu os princípios fundamentais. No
início de 1785, Puysegur levou Victor para Paris, onde o usou para
demonstrações. Duas vezes ele o mostrou a Mesmer, cuja reação não é
conhecido. A piora ocorreu na condição de Victor, que explicou durante
sono magnético que resultou de sua exibição a curiosos e frequentemente
pessoas incrédulas. Puységur, portanto, aprendeu que o magnetismo deve ser usado
apenas para fins terapêuticos e não para experimentação e demonstração
ções. Além disso, enquanto fazia experiências com Victor, Puységur percebeu
a vaidade do ensino de Mesmer sobre o fluido físico e entendeu que o
O verdadeiro agente na cura foi a vontade do magnetizador . 58
O efeito das descobertas de Puysegur foi considerável. O maravilhoso
curas de Buzancy foram imitadas em outros lugares. De vilas remotas vieram
histórias idílicas de camponeses e servos curados ao pé de árvores magnetizadas
por contagens filantrópicas e marqueses. 59 Mas, acima de tudo, o novo tipo de
tratamento magnético introduzido por Puysegur espalhou-se rapidamente, muito para
O desagrado de Mesmer, que afirmou que o sono magnético foi apenas um dos
as muitas formas de crise, e ele defendeu firmemente sua doutrina do físico
fluido, embora muitos de seus discípulos tenham desertado. Daquele dia em diante lentamente
crescente divisão ocorreu entre os mesmeristas ortodoxos que se apegaram ao
crise e a teoria do fluido, e os seguidores de Puysegur que concentraram
sua atenção no sonambulismo artificial, adotando uma teoria psicológica,
e, eventualmente, simplificando a técnica de mesmerização.
Em agosto de 1785, Puysegur recebeu a ordem de assumir o comando de sua artilharia
regimento estacionado em Estrasburgo. 60 A sociedade maçônica local havia pedido
ele a ensinar os princípios do magnetismo animal aos seus membros. Puységur

ministrou um curso, que concluiu com as seguintes palavras:
Eu acredito na existência dentro de mim de um poder.

Dessa crença deriva minha vontade de exercê-lo.
Toda a doutrina do magnetismo animal está contida nas duas palavras:
Acredite e queira.
Eu acredito que tenho o poder de colocar em ação o princípio vital do meu
colegas; Eu quero fazer uso disso; tudo isso é minha ciência e todos os meus meios.
Acredite e queira, senhores. e você fará tanto quanto eu
Em Estrasburgo. Puységur organizou a Societe Harmonique des Amis

Reunis, cujo objetivo era treinar magnetizadores e montar centros para
tratamento magnético. Em 1789, contava com mais de duzentos membros
Página 21
incluindo a elite da aristocracia da Alsácia, que se comprometeu a dar seu presente

mentos gratuitamente, para escrever relatórios precisos de todas as suas experiências, e para
submetê-los à sociedade. Sob sua supervisão, uma série de tratamentos
centros foram criados em toda a Alsácia. A atividade da sociedade de Estrasburgo
é de particular interesse porque, ao contrário de outros centros franceses, publicou
relatórios anuais listando as curas com histórias curtas de casos, incluindo os nomes
do médico e do paciente, e a natureza da doença. 61 Coletivo
tratamentos não foram mais mencionados, seja na forma de baquet ou
na forma da árvore magnetizada. Ele parece que consi- teórica
ções desempenharam um papel sem importância nas atividades da sociedade.
Não há como saber como o movimento teria se desenvolvido
se não tivesse sido abruptamente interrompido pela Revolução de 1789. A Societa
de! ”Harmonie e todos os seus ramos desapareceram. Os camponeses, em vez de
sentado ao pé de árvores magnetizadas, reunidos em torno de "árvores da liberdade" para
ouvir discursos revolucionários. Muitos dos discípulos aristocráticos de Mesmer
emigrou; outros morreram no cadafalso, assim como vários ex-membros
das Comissões Reais: Bailly, Lavoisier e seu oponente Thouret.
Bergasse escapou por pouco da guilhotina e mais tarde tornou-se um místico
filósofo e amigo próximo do czar Alexandre. Quando Malta foi tomada
por Bonaparte e, posteriormente, pelos ingleses, os Cavaleiros Mesmerianos
foram expulsos. Em Saint-Domingue, o magnetismo degenerou em psíquico
epidemia entre os escravos negros. aumentando sua agitação, e o
A dominação francesa terminou em um banho de sangue. Mais tarde, Mesmer se gabou de que o
A nova república - agora chamada de Haiti - concedeu sua independência a ele.
O Marquês de Puysegur passou dois anos na prisão. depois do qual ele foi
capaz de recuperar seu castelo. tornar-se o prefeito de Soissons. escrever literário
trabalhos e retomar suas pesquisas sobre magnetismo. Ele investigou
a hipótese de que a doença mental grave pode ser um tipo de sonambulismo
distorção e que algum dia o magnetismo pode ser usado em hospitais para curar
o insano. Ele fez o tratamento de um menino de 12 anos, Alexandre
Hebert, que às vezes era acometido por terríveis ataques de fúria frenética. o
Marquis passou seis meses com o menino. deixando-o nem de dia nem de noite,
antecipando assim as tentativas posteriores de uma psicoterapia de psicose grave. 62
Após a queda de Napoleão. uma nova geração de magnetizadores, que tinham

não conhecido Mesmer, viu em Puységur seu patriarca respeitado, e foi
mal percebi que o termo "hipnotizar" na verdade significava usar o
procedimento inaugurado por Puysegur. Retornando a Buzancy em abril de 1818,
o marquês de 67 anos aprendeu que Victor Race, que agora
cinquenta e oito anos de idade, estava gravemente doente e falava continuamente sobre
ele. Puységur foi ver Victor e magnetizou-o na mesma
chalé em que ele o fizera pela primeira vez trinta e quatro anos antes.
Ele ficou impressionado com o fato de que Victor, em seu sono magnético, lembrou
cada detalhe de sua vida sonâmbula anterior. A saúde de Victor melhorou e
o marquês voltou a Paris. Victor, o reitor dos sonâmbulos franceses ,
Página 22
morreu pouco depois e foi enterrado no cemitério de Buzancy. o

Marquês ordenou que uma inscrição fosse colocada em sua lápide. 6 3
Em 29 de maio de 1825, Carlos X foi solenemente coroado em Reims em um
celebração realizada de acordo com um ritual arcaico. Puységur, o
descendente de uma das famílias francesas mais antigas, viveu durante
a coroação em uma das tendas cerimoniais que foram armadas no
Praça pública. Provavelmente devido à alta umidade, a jovem de 74 anos
aristocrata ficou gravemente doente e foi levado de volta para seu castelo em Buzancy,
onde ele logo morreu, deixando a reputação de um homem totalmente honesto e
homem generoso, embora um tanto acrítico. 64 Com seu respeito inato por posição
e primazia, ele sempre se proclamou discípulo respeitoso de Mesmer
e nunca tentou substituí-lo de forma alguma. Seu nome gradualmente caiu em
esquecimento; seus escritos tornaram-se escassos. Charles Richet redescobriu Puységur
em 1884 e mostrou que muito do que seus ilustres contemporâneos
que se acredita ter descoberto no campo da hipnose já estava contido
nos escritos de Puységur.
Hoje. Buzancy é uma pequena vila encantadora em meio a florestas e férteis
campos e prados. O castelo da velha e poderosa família Puységur
desapareceu quase totalmente. O olmo centenário sobreviveu até
1940; a Societe des Amis de Mesmer estava prestes a fazer um filme de
A vida de Mesmer, um episódio centrado em torno desta árvore, quando uma tempestade
desenraizou-o. Os fazendeiros correram para recolher seus pedaços; alguns fazendeiros pegaram
pedaços de sua casca que eles guardaram cuidadosamente, atribuindo a eles certos
propriedades profiláticas ou curativas. 65 A primavera continua a jorrar
suas águas no mesmo lugar e acredita-se ter certas
virtudes. A tumba de Victor Race no cemitério da pequena aldeia tem dis-
apareceu, e seus descendentes, que foram rastreados até os dias atuais,
desconhecem completamente o papel histórico de seus ancestrais. 66 O pacífico
igreja contém os túmulos de vários puysegurs, incluindo o de
Amand-Marie-Jacques de Chastenet, Marquês de Puysegur, um dos
grandes contribuintes esquecidos para a história das ciências psicológicas.
A difusão do mesmerismo
O movimento mesmerista era muito jovem e inexperiente quando perdeu
seu líder em 1785. No entanto. continuou, desenvolvendo-se lentamente ao longo de novas linhas.
Os primeiros magnetistas fizeram muito trabalho terapêutico e publicaram artigos
observações. Mas o estranho fenômeno do sono magnético superexcitado

suas imaginações e voltaram suas mentes para a busca pelo extraor-
dinário. Em 1787, Petetin em Lyons publicou a história de uma mulher histérica
que caiu em um estado cataléptico no qual suas funções sensoriais estavam dis-
colocado no epigástrio. isso é. ela podia ver e ouvir apenas através dela
epigástrio. 67 Na Alemanha, embora fosse conhecido lá e tivesse
fez demonstrações desde 1775 a 1776, o nome de Mesmer mais tarde
apegou-se ao novo magnetismo inaugurado por Puysegur. Dentro
Página 23
1786, o Margrave Karl Friedrich de Baden enviou uma delegação ao

Mesmerist Society em Estrasburgo e introduziu o magnetismo animal em seu
estados. Em 1787, o Professor Bockmann, um físico de Karlsruhe, fundou
the Archiv fiir Magnetismus und Somnambulismus. O extraordinário
estados de lucidez magnética foram usados para tentar obter revelação sobrenatural.
ções. Muito foi dito sobre o caso de uma jovem de 23 anos
morando na pequena cidade de Rastadt (estado de Baden), que, em sono magnético,
explicou os mistérios da alma humana, dos sete graus de magnética
sono, da Natureza. e até mesmo de Deus e da Trindade. 68
Após a prisão temporária causada pela Revolução, o desenvolvimento
do magnetismo animal teve um curso diferente na França e na Alemanha.
Na França, como vimos, o magnetismo foi retomado em torno
1805 por Puysegur, que publicou vários trabalhos sobre o assunto. Junto com aqueles
de Mesmer, eles foram considerados por pelo menos uma geração como os grandes
clássicos sobre o assunto. Mas, começando por volta de 1812, novos homens foram introduzidos
introduzindo novos conceitos e novos métodos no estudo do magnetismo.
Houve primeiro o conspícuo Abade Faria, um padre português que
alegou ter vindo da Índia e ser um brâmane. Ele abriu um público
curso sobre o sono lúcido em Paris em 1813, no qual criticou a teoria da
o fluido físico, bem como o do relacionamento e sustentou que o
processo essencial de magnetização foi devido menos ao magnetizador do que a
o sujeito. 69 Ele ensinou ainda que certos tipos de indivíduos eram
suscetíveis à magnetização e chamados de epoptas naturais. A técnica dele
consistia em sentar seus pacientes em cadeiras confortáveis e colocá-los
fixe sua mão aberta e levantada. depois do que ele ordenou em voz alta:
"Dormir!" Os sujeitos então caíram em sono magnético. Enquanto eles estavam naquele
estado, ele produziu visões neles, bem como sugestões pós-hipnóticas.
Infelizmente para Faria, ele foi prejudicado por seu pobre francês e
(de acordo com Noizet) foi vítima de uma brincadeira de ator
que tinha vindo a uma de suas sessões com a intenção de ridicularizá-lo,
depois do que Faria se tornou motivo de chacota em Paris. O nome dele sobreviveu
principalmente porque Alexandre Dumas o usou para um personagem de seu romance
O Conde de Monte Cristo. Janet mostrou que foi Faria, que, via
Noizet e Liebeault. foi o verdadeiro ancestral da Escola Nancy.
Deleuze teve sucesso onde Faria havia falhado, e o renascimento de
magnetismo na França é geralmente atribuído a ele. Ele também deu um curso público
e publicou um livro didático claro e bem organizado. 70 Deleuze afirmou que
a era das "curas prodigiosas" passara com Mesmer e Puységur, e
que o período da técnica elaborada e codificada havia se estabelecido. Ele também

observou que a velha disputa entre os "fluidistas" (que acreditavam na teoria de Mesmer
fluido físico), os "animistas '' (que acreditavam em fenômenos psicológicos),
e a teoria intermediária (sustentada por aqueles que acreditavam na física
o fluido sendo dirigido pelos doentes) era uma coisa do passado; os praticantes
tinha entrado em seu próprio. Ele deu excelentes descrições dos fenômenos
Página 24
ocorrendo durante o sonambulismo artificial, era cético sobre o alegado

manifestações sobrenaturais, e alertou contra os vários perigos
inerente ao tratamento magnético.
Se Deleuze era predominantemente um clínico e um empacotador, Alexandre
Bertrand, que tinha formação dupla como médico e engenheiro,
abordou os fenômenos do magnetismo animal com vista a explorar
tratando-os de maneira científica e experimental. 71 1 anet, que segurou
O trabalho de Bertrand na mais alta estima, o considerava o verdadeiro
iniciador do estudo científico da hipnose.
Noizet, oficial do exército francês, que assistiu à manifestação de Faria
ções, relata como ele conheceu Bertrand em 1819, que tinha
começou sua pesquisa sobre magnetismo, e como ele convenceu Bertrand do
falácia da teoria dos fluidos. Eles se tornaram amigos e ambos enviaram manuscritos
a um concurso proposto pela Academia de Berlim; mas os manuscritos
foram devolvidos. Bertrand revisou seu na forma de seu Traite, enquanto
levou Noizet trinta e cinco anos para publicar o seu em uma edição limitada. 72 Noizet's
o ensino deveria ser assumido por Liebeault, e desta forma, o de Faria
técnica eventualmente se tornou o método geral aplicado pela Nancy
Escola. Bertrand e Noizet enfatizaram o fato de que a mente humana
concebe pensamentos e raciocínios dos quais não temos consciência e que
podem ser reconhecidos apenas pelos efeitos que produzem.
Entre os estudantes franceses de magnetismo, também havia homens como
Charpignon, Teste, Gauthier, Lafontaine, Despine, Dupotet, Durand (de
Gros), e outros que merecem o maior crédito, embora sejam em grande parte
esquecido hoje. Janet protestou contra o nome de "precursores", que
foi dado a eles com desdém. Esses homens, disse ele (bem como
Puységur e os primeiros mesmeristas), foram os verdadeiros fundadores da
ciência do hipnotismo; eles descreveram todos os seus fenômenos desde o
iniciar e nada de substancial foi adicionado durante o século XIX.
Esses homens entenderam, por exemplo, que o relacionamento era o
fenômeno central no magnetismo e sonambulismo e que sua influência
estendido muito além da sessão real. As sugestões pós-hipnóticas tinham
já foram descritos em I 787 e eram bem conhecidos por Faria e
Bertrand. 73 A influência recíproca entre o paciente e o magnetizador
logo foi incluído no conceito de rapport. 74 primeiros magnetizadores avisados
contra o perigo inerente à poderosa atração interpessoal que emite
do relacionamento, embora soubessem que essa influência também teve sua
limitações. Tardif de Montrevel enfatizou em 1785 que o assunto em
sono magnético foi bem capaz de resistir a quaisquer comandos imorais que um
magnetizador inescrupuloso pode dar. 75 Eles investigaram as vicissitudes de
tratamentos individuais, explicou como iniciá-los e encerrá-los e
alertou sobre os perigos de sessões muito frequentes e de sessões muito prolongadas

tratamento. 76 Eles também investigaram vários tipos de condições "magnéticas",
incluindo casos de dupla personalidade. A influência da mente sobre o corpo e o
Página 25
possibilidade de cura de muitas doenças orgânicas através do magnetismo eram uma questão
claro para eles. Eles costumavam se encontrar em grupos de trabalho e
registrou cuidadosamente um diário de seus tratamentos.
Apesar de todos os seus méritos, a ampla experiência que reuniram,
honestidade escrupulosa e a abordagem racional dos melhores entre eles, estes
os homens falharam em promover a causa do magnetismo. Eles ficaram desesperados e
esforços infrutíferos para que o magnetismo seja reconhecido pelas autoridades científicas:
as sucessivas comissões nomeadas pela Academie des Sciences
sempre concluíam suas investigações com uma rejeição. 77 Janet apontou
que a maioria deles, em vez de se dedicar ao estudo da maioria
manifestações elementares do sono magnético, imaginou que poderiam demonstrar
demonstrar a validade de sua doutrina por fenômenos extraordinários. Além disso,
não apenas eram leigos, mas também escolheram pessoas incultas e sensíveis
sujeitos, colocá-los em transe e fazê-los diagnosticar doenças e prescrever
tratamentos. Essa era uma prática ilegal da medicina de segundo grau, pois
era, e atraiu a ira da profissão médica. Finalmente, eles
estavam indefesos contra uma série de charlatães que utilizaram a técnica de
magnetismo para demonstrações de palco bem remuneradas, que às vezes resultavam
em epidemias psíquicas e trouxe descrédito ao magnetismo.
O desenvolvimento do mesmerismo na Alemanha assumiu um caráter distinto
porque, em contraste com a França, as universidades alemãs mostraram uma
interesse no magnetismo animal e foi adotado pelos românticos
e os filósofos da Natureza. Em 1812, o governo prussiano nomeou
uma comissão oficial de inquérito cujos relatórios, publicados em 1816, foram
favorável, após o que as universidades de Berlim e Bonn instituíram cátedras
do Mesmerismo. 78
Os mesmeristas alemães incluíam homens de alta distinção intelectual
como Gmelin. Kluge. os irmãos Hufeland, Kieser, Nasse, Passavant,
e arte lobo, quem. em 1811, fundou o jornal Asklapeion 79 no qual
muito espaço foi dedicado ao magnetismo. Wolfart viajou para Frauenfeld para
visite Mesmer e trouxe de volta com ele o último livro não publicado de Mesmer.
Assim como seus colegas franceses, os mesmeristas alemães compreenderam o
papel fundamental do relacionamento no tratamento, mas deu-lhe um aspecto mais filosófico
interpretação. Em seu livro, Kluge escreveu que magnetizador e paciente
formou um círculo magnético. ., isso é. um mundo fechado de dois indivíduos, que
teve que ser protegido de ruído, luz e interferência externa. 80
Friedrich Hufeland comparou a unidade do magnetizador e do paciente ao
relação entre a mulher grávida e o feto, e ensinou que
o tratamento magnético passou por estágios semelhantes aos vivenciados por
o feto até o nascimento - o que corresponde ao fim da cura .
Os românticos alemães estavam interessados no magnetismo animal para dois
razões: a primeira sendo a atração da teoria de Mesmer de um universal,
"fluido" físico. Os filósofos românticos visualizaram o universo como uma vida
organismo dotado de uma alma que permeia o todo e conecta seus
Página 26
partes. O fluido físico de Mesmer - se sua existência tivesse sido demonstrada -

teria fornecido evidências da concepção romântica. O segundo
razão foi a descoberta de Puységur do sonambulismo magnético com seu
manifestações extra-lúcidas. Mesmer já havia falado de um "sexto sentido"
revelado na sensibilidade ao fluido; Puységur havia acrescentado que este sexto
sentido forneceu aos humanos a capacidade de descrever eventos distantes e
prever acontecimentos futuros. Os Romanticos agora presumiam que algum
lucidez nâmbica permitiria à mente humana estabelecer a comunicação
com a Alma do Mundo.
Por essas razões, considerável atenção foi devotada ao fenômeno
ogia do sonambulismo magnético. Kluge, em seu livro sobre magnetismo animal,
distinguiu seis graus do estado magnético: (1) estado de vigília, com um
sensação de aumento do calor; (2) Meio-sono; (3) "Escuridão interna", que
é, dormir bem e insensível; (4) "Clareza interior", isto é, consciência
dentro do próprio corpo, percepção extra-sensorial, visão através do
epigástrio e assim por diante; (5) "Auto-contemplação": a capacidade do sujeito de
perceber com grande precisão o interior de seu próprio corpo e o daqueles
com quem ele se relaciona; (6) "Clareza universal": a remoção de
véus de tempo e espaço e o sujeito percebe coisas escondidas no passado,
futuro, ou a distâncias remotas. 8 2
Muito poucos assuntos. no entanto, provou ser capaz de atingir os últimos três estágios
e particularmente o sexto, e acreditava-se que era um científico
e tarefa filosófica da mais alta importância para encontrar um daqueles raros
assuntos e trabalhar sistematicamente com ele. Assim, enquanto os franceses
estavam procurando sonâmbulos extra-lúcidos como assuntos auxiliares para
prática, os alemães os utilizaram em uma tentativa audaciosa de experi-
metafísica mental.
Entre os assuntos extraordinários que floresceram na Alemanha durante
naquela época, nenhuma ficou tão famosa quanto Katharina Emmerich e Friede-
ricke Hauffe. Katharina Emmerich (1774-1824), uma camponesa pobre
e uma ex-freira em Diilmen, Westfália, teve visões e carregou os estigmas
da Paixão. Depois de visitá-la. o poeta Clemens Brentano de-
decidiu romper com sua vida anterior. e se nomeou secretário para
o Santo. Ele se estabeleceu em Diilmen e viveu lá de 1819 até sua morte
em 1824. 83 Em seus estados catalépticos, Katharina teve uma visão da Paixão de Cristo e
Sofreu muito. Todas as noites ela tinha sonhos que se seguiam
em sequência regular de acordo com o ciclo do ano litúrgico e que
mostrou a vida de Cristo e de sua Santa Mãe. Brentano visitou Katharina
todas as manhãs e escrevia seus sonhos e visões enquanto ditava
eles para ele. Com este material ele compilou dois livros que foram ótimos
sucesso. 84 85 Apesar dos enfeites do poeta, 86 muitas pessoas
acreditava que essas revelações eram registros históricos reais.
O outro sujeito Friedericke Hauffe (1801-1829), não era um santo mas
uma vidente. Ela ficou famosa pelo poeta-médico Justinus Kerner e
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ela, por sua vez, trouxe-lhe grande fama. Apesar de suas deficiências, Ker-
as investigações de ner sobre a vidente foram um marco na história da dinâmica
psiquiatria.
Justinus Kerner (17 86-1862) era filho de um modesto funcionário público
no estado de Wi.irttemberg. Em sua adorável autobiografia, 87 ele conta
de sua infância em Ludwigsburg, uma pequena cidade com uma casa mal-assombrada e
a torre onde se diz que o Dr. Faust praticou magia negra. De Anúncios-
jacent para a casa de seus pais era o asilo para os loucos, que ele podia
veja de sua janela. Em sua primeira infância, ele conheceu o poeta Schiller. Em
aos doze anos, ele foi curado de uma doença nervosa pelo magnetizador
Gmelin e manteve um interesse duradouro nos mistérios da mente humana.
Alguns dos poemas de Kerner permanecem entre os clássicos menores da poesia alemã.
Como médico, ele foi o primeiro a descrever um tipo de intoxicação alimentar hoje
chamado de botulismo e complementou suas observações clínicas com engenhosos
experimentos em animais com a substância venenosa. 88 Em 1819 ele era
nomeado médico municipal na pequena cidade de Weinsberg, em Wi.irttemberg,
onde permaneceu até sua morte em 1862. A casa Kerner, celebrada
pela requintada hospitalidade demonstrada aos visitantes, logo se tornou um pouco
Meca para poetas, escritores, filósofos e pessoas de todas as classes e classes
-incluindo reis e príncipes. ~> 9 Kerner era gentil, generoso, bem-humorado,
e homem erudito. um conversador brilhante, um amante da natureza, dos animais,
musicas populares. e folclore. e tinha um grande interesse no misterioso e
o oculto. 90 Ele foi o primeiro a fazer uma investigação sobre a vida de Mesmer e
para coletar documentos biográficos relevantes. Entre seus pacientes ele en-
conteve os casos de possessão, que ele chamou de doença magnética demoníaca.
Sua terapia nesses casos era uma curiosa mistura de exorcismo e mag-
netismo. 91 Em sua atitude em relação à possessão, sonambulismo magnético e
manifestações supostamente supranormais, Kerner era, de acordo com seu amigo
David Strauss, menos crédulo do que se supõe. 92 Ele olhou para
assuntos como um poeta, desejando que fossem verdadeiros, mas não firmemente con
vinculados de sua verdade.
25 de novembro de 1826 foi uma data crucial na vida de Kerner: marcou sua
conhecido com Friedericke Hauffe, que foi trazido a ele em uma condição
ção perto da morte. Em 6 de abril de 1827, ele a levou para sua casa, onde ela
permaneceu até pouco antes de sua morte em 1829. Sua história, contada por Kerner,
pode ser resumido da seguinte forma: 9 - '
Friedericke Hauffe. filha de um guarda-caça, nasceu na aldeia de

Prevorst em Wurttemberg. Uma pessoa sem educação, ela não tinha lido nada, mas
a Bíblia e um livro de hinos. Quando criança. ela já teve visões e premoni-
ções. Aos dezenove anos. seus pais a comprometeram com um homem que ela não
amar. Nesse mesmo dia. um pregador que ela admirava muito foi enterrado.
Durante o funeral dele. ela morreu para o mundo visível "e sua" vida interior "
começasse. Pouco depois de seu casamento. ela adoeceu. imaginando que ela estava mentindo
na cama com o cadáver do pregador. Ela entrou em uma série de "círculos magnéticos",
Página 28
enquanto suas doenças físicas se tornaram cada vez mais graves: ela sofria de
convulsões. catalepsia. hemorragias. e febre para a qual nenhum médico
nem os curadores conseguiram encontrar um remédio. Ela finalmente foi trazida para Kerner, emaciada,
mortalmente pálida, seus olhos brilhando. e seu rosto envolto em um pano branco assim
de uma freira. Kerner primeiro tentou tratá-la com os remédios médicos habituais,
mas notei que todos os medicamentos que ele deu a ela, mesmo a menor dose, trazida
quase exatamente o reverso da reação antecipada. Ele então recorreu a
Â · passes magnéticos. "Com o que o paciente melhorou gradualmente.
Pelo restante de sua estada em Weinsberg. Friedericke liderou um "sem corpo
vida. "isto é, suas forças vitais deveriam se originar não de seu organismo
mas exclusivamente por ser magnetizada em intervalos regulares. dia após dia.
Durante grande parte do tempo. ela se encontrou em um sono magnético no qual.
Contudo. estávamos mais acordados do que qualquer um "e revelou seu notável
capacidades como uma "vidente". Kerner realizou uma investigação muito completa sobre ela,
registrando suas palavras e fazendo experimentos sistemáticos com a ajuda e
conselho de um grupo de filósofos e teólogos.
Nenhuma das pessoas que visitaram a "vidente Â · nunca suspeitou que ela fosse uma
fraude. Muitos ficaram profundamente impressionados. O teólogo David Strauss disse que
suas feições "antes delicadas. nobres. e iluminadas. que ela se expressava
lentamente em um solene. voz musical quase como em um recitativo. e que ela falou
o mais puro alto alemão em vez do dialeto suábio comumente falado por
as pessoas. Sua voz estava cheia de sentimento quando ela deu conselhos e exortações
e falou sobre o mundo espiritual.
Alega- se que a "vidente .. ga, Â · e evidência de sua habilidade de ver à distância
eventos e prever acontecimentos futuros. Fenômenos físicos, por exemplo, o
deslocamento espontâneo de objetos. Também foi dito que ocorria na presença dela.
Ela recebeu mensagens de espíritos desencarnados sobre aspectos pessoais e gerais
assuntos. Portanto. ela \\ como capaz de trazer revelações sobre a natureza do homem
e sobre um sistema de · círculos magnéticos ": havia sete" círculos solares "e
um "círculo de vida". Estas eram representações aparentemente simbólicas de espiritual
condições.
A vidente "falava frequentemente em uma língua desconhecida que Kerner e
seus amigos achavam sonoro e magnífico. Foi . ela disse. a língua original
da humanidade. esquecido desde a época de Jacob. mas que poderia ser recuperado
em certas circunstâncias. Já que ela falou fluentemente e traduziu. alguns
as pessoas ao seu redor se tornaram capazes de entender isso. Infelizmente, Kerner não
compilar sua gramática e vocabulário, mas registrou apenas algumas frases como
como: 0 pasqua non ti bjat handacadi? (Não me darás tua mão,
médico?) ou Bona finto girro (o povo tem que ir). Este idioma era
escrito em um sistema de cifras em que cada uma também representava um número.
Friedericke combinava constantemente esses e outros números em um sistema de
computação que constante e automaticamente passou por sua mente.
Kerner. que havia notado a hipersensibilidade do paciente a muitas coisas. debaixo-
fez um estudo sistemático da ação de várias substâncias sobre ela: minerais,
plantas. produtos de origem animal. bem como a influência do sol, o
lua. electricit). sons. e música em seu organismo.
Em seus transes magnéticos. a "vidente .. freqüentemente prescreveu medicamentos que
infalivelmente a curou exatamente quando previsto. Em um de seus sonhos, ela planejou
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um aparelho que ela chamou de "sintonizador de nervos" (Nervenstimmer) e que

Kerner construído de acordo com suas instruções; provou ser eficiente. Curas pelo
Â · vidente "de várias outras pessoas também foram relatadas. Mas Kerner não parece
por ter incentivado muito esse aspecto de seus talentos.
A vidente despertou enorme interesse na Alemanha. Filósofos como

Gorres. Baader. Schelling. G. \ On Schubert, Eschenmayer. e teolo-
gians como David Strauss e Schleiermacher. veio várias vezes para vê-la
em Weinsberg e discutiu suas revelações muito seriamente. Logo depois dela
morte, Justinus Kerner publicou um livro. Die Seherin von Prevorst, 94
compilar suas observações clínicas e experimentos sobre o assunto. Para estes
Foi adicionado um estudo teórico de Adam Carl August von Eschenmayer.
O livro teve um sucesso prodigioso na Alemanha. e foi republicado
várias vezes; foi a primeira monografia dedicada a um paciente individual
no campo da psiquiatria dinâmica. Foi alegado que Kerner e seu
associados foram enganados por uma mulher histérica, mas não há evidências
que Friedericke era desonesto e não havia razão para acreditar que Kerner dis-
torturado ou embelezado suas palavras. Ele obviamente fez grandes esforços para ser
objetivo. separando suas observações de suas experimentações e de
as interpretações filosóficas. que ele deixou para Eschenmayer. Mas isso
não lhes ocorreu que o mero fato de observar um assunto com certa
as expectativas podem influenciar o desenvolvimento de seus sintomas.
A Vidente de Prevorst ainda é valiosa como o registro de uma involuntária
experimento sobre o desempenho das funções "" mitopoéticas "do
inconsciente, quando dado o tempo e em circunstâncias favoráveis.
O interesse gerado pelas observações de Kerner sobre a "vidente" resultou
em uma enxurrada de cartas e relatórios sobre fenômenos semelhantes. Kerner
e seus amigos publicaram muito desse material no Blatter von
Prevorst (1831-1839) e no Magikon (1840-1853). Estes foram
provavelmente os primeiros periódicos dedicados principalmente à parapsicologia.
Durante o último período de sua vida, Kerner perdeu sua amada esposa e
gradualmente tornou-se cego. Ele caiu em uma depressão pronunciada, mas permaneceu
criativo o tempo todo. Como passatempo, ele costumava fazer manchas de tinta em uma folha
de papel. dobre-o e elabore as figuras resultantes. dando-lhes fantasiosas
formas e versos escritos sob cada um deles. Essas fotos, disse ele, eram
fantasmas e monstros aos quais ele atribuiu um lugar no Hades (o
casa dos espíritos). Este livro. publicado postumamente sob o título
Klecksographien, tornou-se uma fonte de inspiração para Hermann Rorschach
muito mais tarde para seus testes de borrão de tinta. 95
Como veremos mais tarde. muitos alemães do início do século XIX
estavam. como Kerner, profundamente influenciado pelo magnetismo animal, mas
a fluência declinou rapidamente após 1850 sob o impacto do positivismo e
racionalismo científico.
Fora da França e da Alemanha, o desenvolvimento do mesmerismo foi
Página 30
muito mais lento. Encontrou - se com forte e obstinada oposição na Inglaterra até
um avanço ocorreu entre 1840 e 1850. Um médico de Manchester,
James Braid, ficou muito impressionado com as manifestações feitas em novembro
1841 pelo magnetizador francês Lafontaine. Cético no início, ele repetiu
As experiências de Lafontaine e logo se convenceram. Ele rejeitou o fluido
teoria e propôs uma nova baseada na fisiologia do cérebro; ele adaptou
A velha técnica de Faria e Bertrand de fixar a mão fixando um
objeto luminoso. Sob o termo mais adequado "hipnotismo", ele fez
magnetismo aceitável para certos círculos médicos, que passaram a atribuir a
Trança a si mesmo a descoberta desses fenômenos. 96 Infelizmente, ele
tentou combinar hipnotismo com frenologia, o que deu origem a muitos
confusão. Independentemente de Braid. um cirurgião inglês com o nome
de John Elliotson publicou um relatório sobre operações cirúrgicas que ele teve
realizada sem dor em pacientes que foram colocados em sono magnético. 97
Elliotson reclamou que encontrou oposição violenta por parte da
a Royal Medical and Chirurgical Society. Quase simultaneamente outro
O cirurgião inglês Esdaile, que estava praticando na Índia, relatou em 345
intervenções cirúrgicas importantes que ele realizou com a ajuda exclusiva
da anestesia mesmérica, uma técnica que ele achou mais fácil de aplicar aos hindus
do que para pacientes ingleses. 98 Ele também o usou como um método geral de tratamento
ment. Alguns anos depois, ele mencionou a existência de uma doença mesmérica,
ou seja, uma condição artificial, mas de forma alguma insignificante em pessoas que tiveram
habituar-se à magnetização frequente. 99 Logo depois, a descoberta
de anestesia com éter tornou esta técnica obsoleta.
O magnetismo também encontrou seguidores na Escócia. Um autor anônimo
relataram uma série de experimentos engenhosos e notaram o peculiar at-
pacientes magnetizados de tração tiveram um para o outro enquanto sob a influência
do sono mesmérico. 100 Ele também relatou excelentes resultados terapêuticos com um
paciente colocado em sono magnético por dez dias. O entusiasmo pelo mesmerismo era
de tal forma que uma epidemia psíquica estourou em Edimburgo e outras cidades de
Escócia no ano 185 1. 1 o 1
A introdução do magnetismo nos Estados Unidos ocorreu no início
encontro. Podemos mencionar aliás que Lafayette, que tinha sido um dos
Alunos aristocráticos de Mesmer. foi convidado por ele para ser seu embaixador para
George Washington. Mas a introdução prática do magnetismo no Norte
A América ocorreu principalmente via New Orleans. que naquela época ainda era
uma cidade francesa e onde uma florescente sociedade mesmérica logo se desenvolveu. Dentro
todas as outras partes dos Estados Unidos, a difusão do magnetismo foi lenta
mas aumentou constantemente depois de 1840. Entre seus adeptos. dois pelo menos
merecem menção especial. Um \\ como Phineas Parkhurst Quimby (1802-
1866). um jovem relojoeiro. Ele entendeu que o verdadeiro agente da cura
foi sugestão e praticou uma espécie de "cura mental". Um de seus pacientes
mais tarde ficou conhecido com o nome de Mary Baker Eddy (1821-
1910). o fundador da Ciência Cristã. 102 Outro foi Andrew Jackson
Página 31
O Surgimento da Psiquiatria Dinâmica

Davis, um jovem que, magnetizado diariamente, ditava em seu

trance um enorme livro de revelações sobre o mundo dos espíritos.
O livro foi um grande sucesso e abriu caminho para a propagação de
espiritismo, que logo se seguiria.
É notável como a história do Mesmerismo passou por uma sucessão
de fases positivas e negativas. A primeira fase foram os grandes anos de
A atividade de Mesmer em Paris de 1777 a 1785; o segundo aconteceu depois
1815 e no início da década de 1820; o terceiro, começando por volta de 1840,
culminou na década de 1850. De acordo com Janet, 104 pelo menos nove periódicos
dedicado ao magnetismo apareceu na França de 1815 a 1850. Mesmerista
sociedades realizaram reuniões e congressos, conferiram prêmios e prêmios, e sobre
23 de maio de 1850, organizou uma grande celebração por ocasião da festa de Mesmer
aniversário, que incluía concertos, banquetes e discursos.
Mas conforme os discípulos de Mesmer se tornavam mais numerosos, entusiasmados e
fanático, o movimento desviou-se mais de sua norma inicial e caiu no
descrédito: misturou - se cada vez mais com especulação selvagem, ocultismo e, em
vezes. com charlatanismo. Neste ponto ocorreram desenvolvimentos inesperados,
subsequente ao advento do espiritismo. Para acompanhar esses desenvolvimentos, devemos
voltar para os Estados Unidos da América.
O Impacto do Espiritismo
Nos anos de 1840 a 1850, os Estados Unidos foram um grande, mas rapidamente
país em expansão com uma população energética, embora relativamente pequena, de
aproximadamente 20 milhões de habitantes, a maioria dos quais vivia em
pequenas "cidades". O nível médio de educação do homem comum era
maior do que em outros países. mas não havia nenhuma "classe alta educada" para
impor a pressão de uma tradição e normas culturais. Todo homem reivindicou
o direito de pensar por si mesmo e usar este direito com mais vigor e novo
mais do que disciplina intelectual. Pregadores e congregações frequentemente mudavam
suas crenças e seitas religiosas eram numerosas. Havia um general e
predisposição permanente para epidemias psíquicas, que surgiram inesperadamente
edly. espalha rapidamente. e foram aceitos "quase que um homem" em vastas áreas.
Descobertas recentes. por exemplo. o telégrafo, acendeu a imaginação;
nada parecia fantástico demais para ser rejeitado sem um exame mais aprofundado.
Portanto. aconteceu que um incidente aparentemente trivial se tornou o ponto de partida
para uma epidemia psicológica de amplitude inesperada - a ascensão e propagação
do Espiritismo. 105
A se acreditar nos relatos contemporâneos, a história começou em 184 7
quando um homem em Hydesville perto de Arcadia, Nova York. começou a se incomodar
por ruídos misteriosos ocorrendo em sua casa à noite e saindo de casa para um
fazendeiro, John Fox, que o ocupou com sua esposa e duas filhas, envelhecido
quinze e doze. Os distúrbios persistiram. Na noite de 31 de março,
1848, a batida repetiu os ruídos propositalmente feitos por um dos
filhas e então - na presença de vizinhos - perguntas feitas por
Página 32
a mãe foi respondida em um código rudimentar; foi revelado que um

um homem foi assassinado naquela casa e enterrado no porão. Multidões
de pessoas curiosas lotaram a casa da Fox nos dias seguintes. Sra.

Fox e suas filhas foram visitar; as batidas os seguiram por toda parte
e se comunicou com eles, pretendendo ser os "espíritos" dos falecidos
pessoas. A Sra. Fox e suas filhas logo comercializaram suas sessões
com os espíritos, e eles tinham muitos imitadores. O contágio se espalhou rapidamente
sobre os Estados Unidos; o sistema de código para comunicação com os espíritos
foi aperfeiçoado. Fenômenos físicos foram relatados em fevereiro de 1850. Para
exemplo, as mesas começaram a se mover durante as sessões, alto e extraordinário
ruídos foram ouvidos e um fluido tornou-se visível. Uma controvérsia apaixonada
versy desenvolvido. Havia grupos espíritas, panfletos, jornais e
congressos. Muitos mesmeristas estavam entre os primeiros e mais ativos sup-
carregadores do novo movimento.
No início de 1852 a onda do espiritismo cruzou o Atlântico,
invadindo a Inglaterra e a Alemanha. Em abril de 1853, ele varreu a França, e
logo alcançou todas as partes do mundo civilizado.
Enquanto isso, descobriu-se que as manifestações dependiam de um
em grande medida nas personalidades dos participantes: algumas pessoas impediram
os "espíritos" aparecessem, outros os ajudaram e alguns poucos privilegiados
poderiam servir como "médiuns" ou intermediários entre os vivos e os
morto. Alguns médiuns eram capazes de escrever automaticamente, falar em transe,
e supostamente evocam a ocorrência de fenômenos físicos. Por aí
1860 "espíritos" começaram a se manifestar visualmente durante as sessões,
e em 1862 fotos supostamente tiradas deles, bem como moldes de seus
mãos foram mostradas. Este foi seguido pelo período do extraordinário
médiuns: Florence Cook, Stainton Moses, Slade, Home e outros. 106 It
foi dito que, durante as sessões de Home, pianos foram levantados no ar, harpas
e acordeões tocados sem ninguém tocá-los, e os espíritos eram
ouviu. 107 Home foi visto tocando fogo, e foi relatado que ele
uma vez saiu por uma janela e voltou pela janela no
sala seguinte, tendo "voado" para fora e para dentro no nível 108 do terceiro andar, Sir William
Crookes, um físico conhecido, fez experiências com Home e Florence
Cozinhar; Crookes jurou ter visto, na presença deste, o "material
"de uma bela mulher que se chamava Katie Ki'lg. Ela se permitiu
ser fotografado por Crookes e conversado com ele e seus amigos. 109
A epidemia recuou lentamente, mas muitos grupos espíritas permaneceram bastante
ativo. Em Paris, Hippolyte Rivail, um ex-professor que havia sido um
discípulo de Pestalozzi na Suíça, converteu-se ao espiritismo, que
ele sistematizou em vários \\ Orks sob o pseudônimo de Allan Kardec
e ao qual deu a forma de uma religião laica de imenso sucesso. Dele
Livro dos Espíritos 11 0 tornou-se, segundo Janet, “um guia não só para o
espíritas, mas também para os espíritos. "
O estudo científico dessas manifestações, que havia sido tentado
Página 33
de forma acrítica por Crookes, Zollner e outros, agora estava sob

tomado de forma mais sistemática por Charles Richet. Uma nova ciência, a de
parapsicologia, gradualmente emergiu. Na Inglaterra, Myers e Gurney
fundou em 1882 a Society for Psychical Research, que reuniu um
grande quantidade de dados cuidadosamente selecionados. Um investigador cauteloso, Myers

admitiu a hipótese de sobrevivência após a morte e de comunicação com
os espíritos dos falecidos, enquanto Flournoy, em Genebra, pensava que estes
fenômenos podem ser explicados pela percepção subliminar e criptografia
nesia.111
O advento do espiritismo foi um acontecimento de grande importância na história
da psiquiatria dinâmica, porque indiretamente forneceu psicólogos e
psicopatologistas com novas abordagens da mente. Escrita automática, um
dos procedimentos introduzidos pelos espíritas, foi assumida por cientistas
como um método de explorar o inconsciente. Chevreul, que já tinha em
1833 demonstrou que os movimentos da vara divina e do
pêndulo foram inconscientemente dirigidos pelo pensamento oculto do artista_, 11 2
retomou seus antigos experimentos com o objetivo de fornecer uma
explicação das mesas giratórias.113 Um novo assunto, o meio, tornou-se disponível
capaz de investigações psicológicas experimentais, das quais evoluiu um
novo modelo da mente humana.
Outro incentivo ao desenvolvimento da psiquiatria dinâmica foi
o aparecimento de grandes hipnotizadores profissionais que deram sessões públicas
em toda a Europa e que atraiu grandes multidões para seu espetacular
performances. Vimos como Braid, em Manchester, começou a experimentar
com hipnotismo depois de ter visto o magnetizador Lafontaine. Similarmente,
por volta de 1880, vários neurologistas começaram a reconsiderar suas atitudes em relação
hipnotismo depois de ver apresentações de Hansen na Alemanha e Donato em
Bélgica, França e Itália. 1 I4
Essas novas abordagens da psicologia dinâmica levaram a um renascimento do interesse
no hipnotismo infame e à sua investigação por médicos universitários
como o fisiologista Charles Richet.115 Duas escolas surgiram e
fez suas contribuições para a psiquiatria dinâmica mais recente: o Nancy
Escola e a Escola Salpetriere.
A Escola Nancy 1 1 6
No período de 1860 a 1880, o magnetismo e o hipnotismo caíram

em tal descrédito que um médico trabalhando com esses métodos
comprometeram irremediavelmente sua carreira científica e perderam sua carreira médica
prática. Janet 117 mencionou a estranha história de uma ilustre prá da cidade
titioner que secretamente montou um hospital em uma cabana em um vizinho
aldeia, onde manteve alguns pacientes nos quais atuou interminável
tratamentos hipnóticos e investigações.
Entre os poucos que ousaram hipnotizar abertamente estava Auguste Ambroise
Liebeault (1823-1904), de quem a Escola Nancy se originou.
Página 34
Liebeault era o décimo segundo filho de uma família de camponeses que vivia no
província de Lorraine. 118 Com muito trabalho, ele se tornou um médico rural
em Pont-Saint-Vincent, uma vila não muito longe de Nancy. Ele provou ser um
praticante de notável sucesso, e dentro de dez anos sua prática tinha
ganhou-lhe uma pequena fortuna. Como estudante de medicina, ele encontrou um livro antigo
no magnetismo e magnetizou com sucesso alguns pacientes. Não é
sabiatinha
que o que o fez
sido tãodecidir usar este
desfavorável. método
Como seusdepois de estavam
clientes todos os relutantes,
anos em ele
ofereceu-lhes uma alternativa: ele propôs tratá-los com magne-
tismo gratuitamente ou com remédios "oficiais" pelo valor habitual. O número
de pacientes que escolheram o magnetismo aumentou tão rapidamente que, quatro anos depois,
Liebeault tinha uma prática imensa que quase não lhe rendia renda. Ele
então decidiu tirar uma licença de dois anos de sua vida profissional e se aposentou para
uma casa que comprou em Nancy, dedicando todo o seu tempo a escrever um livro
sobre seu método. 119 O sono hipnótico, ele ensinou, é idêntico ao natural
sono, com a única diferença de que o primeiro é induzido por sugestão, por
concentrando a atenção na ideia de sono. Esta também é a razão pela qual
o assunto permanece em relacionamento com o hipnotizador. De acordo com Janet,
As ideias de Liebeault foram derivadas principalmente de Noizet e Bertrand. (Curi-
o bastante, Liebeault muito mais tarde se tornou um crente na teoria do
fluido magnético, que ele rejeitou durante a maior parte de sua vida.) Mas ele era um
melhor hipnotizador do que \ Hiter; a história diz que em dez anos apenas uma cópia
de seu livro foi vendido. 120 Ele então reabriu sua prática médica, dando
consultas de 7:00 AM até meio-dia e tomando apenas as taxas que a sua
os pacientes se ofereceram voluntariamente para pagar.
Van Renterghem, que visitou Liebeault na época de sua fama tardia,
descreveu-o como um homem pouco falador e vivaz, com um rosto enrugado
rosto, pele escura e aparência de camponês. 121 Liebeault, ele
disse, recebeu entre vinte e cinco a quarenta pacientes todas as manhãs em um antigo
galpão com paredes caiadas de branco e pavimento com grandes pedras planas. Cada paciente
foi tratado publicamente e sem preocupação com o ruído envolvente.
Liebeault hipnotizou o paciente, ordenando-lhe que olhasse em seus olhos,
sugerindo que ele estava ficando cada vez mais sonolento. Uma vez que o paciente foi
ligeiramente hipnotizado, Liebeault assegurou-lhe que estava dispensado de seu
sintomas. A maioria de seus pacientes eram pessoas pobres da cidade e camponeses
da vizinhança. a quem ele tratou indiscriminadamente com o mesmo
método, independentemente da doença que sofreram - artrite, úlceras,
icterícia ou tuberculose pulmonar.
Por mais de vinte anos, Liebeault foi considerado por seu médico
colegas para ser um charlatão (porque ele hipnotizou) e um tolo (porque ele
não cobrou nenhuma taxa). Rumores de seus milagres terapêuticos chegaram
Bernheim, que decidiu visitá-lo em 1882 e se converteu a
suas idéias. De fato, é raro que um renomado professor adote
um método até então mal-conhecido de um homem velho que se diz ser um charlatão
Página 35
e um tolo. Bernheim tornou-se publicamente o admirador, aluno e aluno de Liebeault

amigo dedicado, e introduziu seus métodos na área médica de sua universidade
hospital. Liebeault subitamente adquiriu fama como um grande médico; dele
livro foi resgatado do esquecimento e foi amplamente lido.
Liebeault pode ser considerado o pai espiritual de Nancy
SchooL, mas seu verdadeiro líder \\ como Hippolyte Bernheim (1840-1919). 122
Um patriota da Alsácia e francês, Bernheim deixou o hospital e a universidade
posições em Strashourg \\ uando foi anexado pelos alemães em 1871, e
foi nomeado em Nancy. A velha capital da Lorena pulsava com novas
vida como resultado da chegada de numerosos refugiados da Alsácia, a criação de

uma nova universidade em 1872, e o florescimento de uma nova escola de decoração
artes lideradas por Emile Galle e Victor Prouve, que se espalhou e
tornar-se. por volta de 1900, o "estilo moderno". Bernheim, cuja reputação era
já estabelecido por meio de suas pesquisas sobre febre tifóide, bem como coração
e doenças pulmonares, foi nomeado professor titular de medicina interna
na nova universidade em 1879. Três anos depois, em 1882, ele fez um teste e
adotou o método hipnótico de Liebeault. embora ele, ao contrário de seu professor, utilizasse
isso apenas quando ele pensava que tinha uma boa chance de sucesso.
Van Renterghem descreveu Bernheim como um homem baixo, de olhos azuis, que
falava com voz suave, mas tinha uma maneira muito autoritária de lidar
sua enfermaria do hospital e hipnotizando seus pacientes. Bernheim ensinou que
a hipnose era mais fácil de induzir em pessoas acostumadas à obediência passiva
como velhos soldados ou operários. entre os quais ele teve o seu melhor
sucessos terapêuticos. Ele teve resultados ruins com pessoas do alto e
\\ classes mais saudáveis.
Bernheim revelou a existência do trabalho de Liebeault ao médico
mundo logo depois que Charcot leu seu célebre artigo sobre hipnotismo no
Academie des Sciences. 123 Isso deu início a uma luta acirrada entre
os dois homens. Em 1886. Bernheim publicou seu livro didático, 124 que foi um
grande sucesso e fez dele o líder da Escola de Nancy. Em oposição
para Charcot, ele proclamou que a hipnose não era uma condição patológica
encontrado apenas em histéricos, mas era o efeito de "sugestão". Ele definiu
sugestionabilidade como "a aptidão para transformar uma ideia em um ato", uma característica
que cada ser humano possui em um grau diferente. Hipnose, ele disse,
era um estado de sugestionabilidade forçada induzido pela sugestão. Bernheim
atualmente usado hipnotismo para tratar muitas doenças orgânicas do sistema nervoso
sistema. reumatismo. doenças gastrointestinais e distúrbios menstruais. Ele
negou veementemente a validade da teoria da histeria de Charcot e afirmou
que as condições histéricas. demonstrado na Salpetriere foram
artefatos. Conforme o tempo passava, Bernheim fazia cada vez menos uso do hipnotismo,
argumentando que os efeitos que poderiam ser obtidos por este método foram
igualmente obtido por sugestão no estado de vigília, um procedimento que o Nancy
Escola agora denominada "psicoterapêutica". 125
Bernheim. no entanto, era um interno, não um psiquiatra, e ele não tinha
Página 36
escola organizada em torno dele. Em seu sentido restrito, a Escola Nancy

consistia em um grupo de quatro homens: Liebeault, Bernheim, o médico forense
o especialista em cal Beaunis e o advogado Liegeois. Os dois últimos foram
particularmente preocupado com as implicações da sugestão no crime e
responsabilidade criminal. Em seu sentido mais amplo, a Nancy School era um grupo solto
de psiquiatras que adotaram os princípios e métodos de Bernheim. Entre
eles foram Albert Moll e Schrenck-Notzing na Alemanha, Krafft-Ebing
na Áustria, Bechterev na Rússia, Milne Bramwell na Inglaterra, Boris Sidis
e Morton Prince nos Estados Unidos, e alguns outros que merecem
Menção especial.
Otto Wetterstrand, um médico sueco da moda, morava em Estocolmo
em um apartamento amplo e suntuoso com uma sucessão de salões decorados

com os melhores tapetes e móveis. Ele era um homem loiro e de olhos azuis de
altura média, usava bigode e tinha tique nas pálpebras. Ele viu
entre trinta e quarenta pacientes todas as tardes e os hipnotizava em
a presença dos outros. Ele também tinha um hospital privado com equipe
enfermeiras que eram suas ex-pacientes. Ele aplicou um método de tratamento por
sono hipnótico prolongado e manteve seus pacientes neste estado entre
8 e 12 dias. Seus métodos estranhos deram origem a uma lenda que o descreve como
um extraordinário mago moderno.1 2 6 Ele foi o verdadeiro iniciador do
método de sono contínuo prolongado - uma técnica que Otto Wolff
modificado em 1898, substituindo a hipnose por um medicamento, Trional.
Na Holanda, Frederik Van Eeden, 1 2 7 mais conhecido como um holandês proeminente
poeta, fez algumas experiências audaciosas com a hipnose. Ele tentou
ensinar francês a uma menina de dez anos que ele hipnotizou, um idioma
que ela não sabia em seu estado de vigília. Ele então transferiu esse conhecimento
de seu estado de sono para seu estado de vigília de modo que, para seu espanto,
ela conseguiu entender e falar um pouco de francês.
1887 ele e Van Renterghem organizaram uma clínica psicoterapêutica em
Amsterdã que levou o nome de Institut Liebeault. 1 29
Na Suíça, Auguste Forel, professor de psiquiatria em Zurique e
diretor do hospital psiquiátrico Burgholzli, visitou Bernheim em 1887
e logo se tornou um dos mestres do hipnotismo. Como Liebeault e
Bernheim, ele teve muito sucesso com o tratamento de certos aspectos físicos
doenças. Ele organizou um serviço ambulatorial de terapia hipnótica. O mais dele
aplicação original do hipnotismo foi na gestão de sua
hospital onde o pessoal, não os pacientes, foram hipnotizados. Forel
hipnotizou uma série de enfermeiras, homens e mulheres, que se ofereceram como voluntárias e
sugeriu a eles que seu sono nas enfermarias para pacientes agitados seria
soar, apesar do barulho, mas que eles acordariam assim que um
paciente fez algo incomum ou perigoso. Foi dito que este método
foi bastante bem sucedido. 13o
Sigmund Freud foi um dos muitos visitantes de Nancy131 e passou um
Página 37
algumas semanas lá com Bernheim e o velho Liebeault em 1889. Ele ficou impressionado
com a afirmação de Bernheim de que a amnésia pós-hipnótica não era tão complicada
completo, como geralmente se presumia. Através da concentração e com a ajuda
de questionamento habilidoso, Bernheim poderia levar o paciente a lembrar o que
ele experimentou sob hipnose. 132
Por volta de 1900, Bernheim foi considerado por muitos como o primeiro da Europa
a maioria psicoterapeuta; mas dez anos depois ele foi quase esquecido. De outros,
supostamente mais modernos, os homens alcançaram a fama, particularmente Dubois em
Berne, que Bernheim disse com amargura, "anexou" sua descoberta
em 1871 (no mesmo sentido em que os alemães "anexaram" a Alsácia e a Lor-
raine). Depois de ter sido discípulo respeitoso de Liebeault por anos, Bern-
heim agora obviamente o considerava como seu precursor e a si mesmo como o verdadeiro
fundador da psicoterapia. 133 Pelo menos ele teve o conforto, pouco antes
sua morte, ao ver sua Alsácia natal devolvida à França.

Charcot e a escola Salpetriere
Ao contrário da Escola Nancy, a Escola Salpetriere foi fortemente
organizado e liderado por uma figura poderosa, a do grande mestre
Jean-Martin Charcot (1835-1893), um neurologista que veio tardiamente
para o estudo de certos fenômenos mentais.
Durante os anos de 1870-1893, Charcot foi considerado o maior
neurologista de sua época. Ele era o médico consultor de reis e príncipes,
e pacientes vieram vê-lo "de Samarcanda e das Índias Ocidentais". Mas
a fama havia chegado a ele depois de longos anos de labuta incessante e obscura, e
poucos daqueles que se maravilharam com o extraordinário sucesso de Charcot perceberam que
foi um atraso alcançado depois de muitos anos de labuta.
Nenhuma biografia real de Charcot foi escrita ainda. A maioria das contas
como o de Guillain 134 são baseados em necrologias e retratam para o
a maior parte do Charcot dos anos brilhantes. Memórias valiosas foram
gravado por seu discípulo Souques, 135 e particularmente pelo russo
médico Lyubimov, 136 que conheceu Charcot durante o
últimos vinte anos de sua vida.
Charcot nasceu em Paris, filho de um construtor de carruagens que era
disse, fazia carruagens de grande beleza e que tinha fama de ser mais
de um artista do que de um artesão. Muito pouco se sabe sobre a infância de Charcot e
juventude. Diz-se que ele era um jovem frio, silencioso, tímido e indiferente que
tinha um problema de fala. Ele usava um bigode preto (a história diz que
seu primeiro paciente rico foi encaminhado a ele com a condição de que ele raspasse
seu bigode). Como interne (residente médico), o jovem Charcot foi
atribuído por algum tempo ao Salpêtrière, um antigo hospital, que, naquele
época, era principalmente um abrigo médico para quatro ou cinco mil
mulheres. Charcot percebeu que este hospital abrigava vários pacientes
com doenças neurológicas raras ou desconhecidas e seria uma grande fonte
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para pesquisa clínica. Ele manteve isso em mente enquanto lentamente perseguia sua carreira
como anátomo-patologista. Como um jovem médico, ele foi questionado por um de seus
professores para serem médicos e companheiros de um rico banqueiro viajando para a Itália,
que lhe deu a oportunidade de se familiarizar com a arte artística da Itália
riqueza. 137 Sua carreira médica foi bastante lenta e laboriosa. No entanto, o
o ponto de viragem veio em 1862, quando, aos 36 anos, Charcot estava
nomeado médico-chefe em uma das maiores seções da Salpetriere e
retomou seus planos antigos com atividade febril. Histórias de casos foram feitas,
autópsias realizadas, laboratórios abertos, enquanto, ao mesmo tempo, ele começou
adquirir uma equipe de colaboradores dedicados. Ele foi inspirado por Duchenne
(de Boulogne), um neurologista de excelente capacidade que não tinha
posição e a quem Charcot chamou de seu mestre em neurologia. 138 dentro do
Período de 8 anos de 1862 a 1870, Charcot fez as descobertas que fizeram
ele o principal neurologista de seu tempo.
Em 1870, Charcot assumiu o cargo suplementar de uma ala especial,
que a administração do hospital reservou para um número bastante grande de
pacientes mulheres que sofrem de convulsões. Alguns eram epilépticos, outros

eram histéricos que aprenderam a imitar as crises epilépticas. Charcot se esforçou
descobrir meios para distinguir entre convulsões histéricas e epilépticas
sessões. Ele também começou a simular a histeria com o mesmo método que usou
para doenças neurológicas orgânicas, e, com seu discípulo Paul Richer, deu um
descrição da crise histérica totalmente desenvolvida (a grande hysterie) _139
Em 1878, provavelmente sob a influência de Charles Richet, Charcot ex-
tendeu seu interesse para o hipnotismo, do qual empreendeu uma suposta
estudo científico (como havia feito com a histeria), tomando como seus temas
várias das mais talentosas de suas pacientes histéricas. Ele encontrou isso
esses sujeitos desenvolveram a condição hipnótica por meio de três
estágios: "letargia", "catalepsia" e "sonambulismo", cada estágio mostrando
sintomas muito definidos e característicos. Charcot leu suas descobertas para
a Academie des Sciences no início de 1882. 140 Era, Janet
disse, um tour de force para ter o hipnotismo aceito pela mesma Academie
que o condenou três vezes no século passado sob o nome
de magnetismo. Este jornal retumbante deu ao hipnotismo uma nova dignidade, e
o assunto até então evitado mais uma vez tornou-se o tópico de inúmeras
publicações.
Entre as realizações mais espetaculares de Charcot estavam as investigações
em paralisias traumáticas, que conduziu em 1884 e 1885. 141 Em seu
paralisias de tempo eram geralmente consideradas como resultado de lesões do
sistema nervoso causado por um acidente, embora a existência de "psíquica
paralisias "foram postuladas na Inglaterra por B. C. Brodie 142 em 1837 e
por Russel Reynolds 143 em 1869. Mas como poderia um processo puramente psicológico
fator causa paralisia sem a consciência do paciente desse fator
e excluindo a possibilidade de simulações?
Charcot já havia analisado as diferenças entre orgânicos e
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paralisias histéricas. Em 1884, três homens sofriam de monoplegia de um

braço após trauma foram internados no Salpetriere. Charcot primeiro
demonstrou que os sintomas dessa paralisia, embora fossem diferentes de
aqueles de paralisias orgânicas. coincidiu exatamente com os sintomas de
paralisias histéricas. A segunda etapa foi a reprodução experimental
de paralisias semelhantes sob hipnose. Charcot sugeriu a alguns hipnotizados
assuntos que seus braços ficariam paralisados. O para- hipnótico resultante
lise provou ter exatamente os mesmos sintomas que a histeria espontânea
paralisias terapêuticas e as paralisias pós-traumáticas dos três pacientes do sexo masculino.
Charcot foi capaz de reproduzir essas paralisias passo a passo, e ele também
sugeriu seu desaparecimento na ordem inversa. O próximo passo foi um
demonstração do efeito do trauma. Charcot escolheu facilmente hipnotizar-
sujeitos capazes e sugeriu-lhes que em seu estado de vigília, assim que
eles levaram tapinhas nas costas. seu braço ficaria paralisado. Quando
acordados, os sujeitos mostraram a amnésia pós-hipnótica usual, e assim que
quando eles foram tapados nas costas. eles foram instantaneamente atingidos por um mono-
plegia do braço exatamente do mesmo tipo da monopólio pós-traumática
gia. Finalmente, Charcot apontou que em certos assuntos que vivem em um estado
de sonambulismo
Eles permanente.
receberam a paralisia a sugestão
do braço hipnótica
após levarem nemnas
tapas mesmo
costasera necessária.
sem sugestão verbal especial. O mecanismo de paralisia pós-traumática
irmã assim parecia ter demonstrado. Charcot presumiu que o nervoso
choque após o trauma era uma espécie de estado hipnóide análogo a
hipnotismo e, portanto, permitindo o desenvolvimento de uma auto-sugestão
do indivíduo. "Eu não acho que em qualquer experiência fisiopatológica -
pesquisa mental, muitas vezes seria possível reproduzir com mais precisão
a condição que se propôs a estudar, "Charcot con
incluído.
Charcot colocou o histérico. pós traumático. e paralisias hipnóticas
no grupo de paralisias dinâmicas em contraste com resultados de paralisias orgânicas-
devido a uma lesão do sistema nervoso. Ele deu uma demonstração semelhante
no que diz respeito ao mutismo histérico e coxalgia histérica. Aqui tambem ele
reproduzidas experimentalmente, por meio de hipnotismo, quadros clínicos
idêntico às condições histéricas. Em 1892, Charcot distinguiu
"amnésia dinâmica", na qual memórias perdidas podem ser recuperadas sob
hipnose, de "amnésia orgânica" onde isso é impossível. 144
Nos últimos anos de sua vida. Charcot percebeu que existia um vasto reino
entre a consciência clara e a fisiologia orgânica do cérebro.
Sua atenção foi atraída para a cura pela fé, e em um de seus últimos artigos
ele afirmou que tinha visto pacientes indo para Lourdes e retornando curados
de suas doenças. 145 Ele tentou elucidar o mecanismo de tais curas
e antecipou que um maior conhecimento das leis de "cura pela fé"
resultaria em grandes avanços terapêuticos.
Existem muitas descrições e fotos de Charcot, mas pertencem
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quase sem exceção a Charcot em seu apogeu por volta de 1880 ou o

declínio Charcot dos últimos anos. Os mais animados foram dados por
Leon Daudet, que estudou medicina na Salpetriere e
cujo pai, o romancista Alphonse Daudet, fora o amigo íntimo de Charcot
amigo. Aqui está um trecho condensado de Memórias de Leon Daudet que descreve
ing Charcot: 146
Charcot era pequeno. cerveja preta. e homem vigoroso com uma grande cabeça, um pescoço de casco,
uma testa baixa, bochechas largas. A linha de sua boca era dura e meditativa.
Ele estava barbeado e mantinha o cabelo liso penteado para trás. Ele um tanto
parecia Napoleão e gostava de cultivar essa semelhança. Seu andar era
pesado, sua voz autoritária, um pouco baixa, muitas vezes irônica e insistente, sua
expressão extraordinariamente ardente.
Homem muito culto, conhecia as obras de Dante, Shakespeare,
e os grandes poetas; ele leu inglês. Alemão, espanhol e italiano. Ele tem um
grande biblioteca cheia de livros estranhos e incomuns.
Ele era muito humano; ele mostrou uma profunda compaixão pelos animais e
proibiu qualquer menção de caçadores e caça em sua presença.
Um homem mais autoritário que eu nunca conheci, nem que pudesse colocar tal
um jugo despótico sobre as pessoas ao seu redor. Para perceber isso, bastava ver como
ele poderia, de seu púlpito, lançar um olhar amplo e suspeito para seus alunos
e ouvi-lo interrompê-los com uma palavra breve e imperativa.
Ele não suportava contradições, por menores que fossem. Se alguém ousasse contra-
ditar suas teorias, ele se tornou feroz e mesquinho e fez tudo o que podia para destruir
a carreira do homem imprudente, a menos que ele se retraísse e se desculpasse.
Ele não suportava estupidez. Mas sua necessidade de dominação o levou a
eliminar o mais brilhante de seus discípulos, de modo que no final ele ficou surpreso
arredondado por pessoas medíocres. Como compensação, ele manteve as relações sociais
embarca com artistas e poetas e dava recepções magníficas.
Era uma de suas idéias favoritas que compartilhar a vida dos sonhos ao acordar
estado é muito mais do que apenas "imenso".
Muitas referências a Charcot podem ser encontradas no Diário de Edmond e

Jules de Goncourt. Esses dois irmãos eram conhecidos por suas mordidas
descrições e parecem ter sido particularmente antagônicos em relação
Charcot, a quem eles descreveram da seguinte forma: 14 7
Charcot era um homem ambicioso, com inveja de qualquer superioridade, mostrando uma feroz
ressentimento contra aqueles que recusaram convites para suas recepções, um déspota
na universidade, duro com seus pacientes a ponto de lhes falar sem rodeios de
sua morte iminente, mas covarde quando ele próprio estava doente. Ele era um tirano
com seus filhos e compeliu, por exemplo, seu filho Jean, que queria ser um
marinheiro, para se tornar um médico. Como cientista, Charcot era uma mistura de
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gênio e charlatão. O mais desagradável foi sua indiscrição em falar de seu

assuntos confidenciais dos pacientes.
A descrição dada pelo médico russo Lyubimov é tão extensamente

diferente que mal se pode acreditar que diz respeito à mesma pessoa: 148
Além de seu extraordinário dom como professor, cientista e artista, Charcot era
extremamente humano. dedicado a seus pacientes e não tolerava nada
cruel sendo dito sobre qualquer pessoa em sua presença. Ele era um equilibrado e sensato
homem, muito circunspecto em seus julgamentos, com um olho rápido para distinguir
valor das pessoas. Sua vida familiar era harmoniosa e feliz; sua esposa, quem
era viúva com uma filha quando se casou com ela, ajudou-o com o trabalho
e era ativo em organizações de caridade. Ele deu muito carinho à educação
de seu filho Jean que espontaneamente escolheu ser médico e cujo
as primeiras publicações científicas foram uma grande alegria para seu pai. Ele gostou do
devoção de seus alunos e de seus pacientes. de modo que o dia de seu santo padroeiro, o
São Martinho, no dia 11 de novembro, foi comemorado com entretenimento e re-
alegria no Salpetriere.
Alguém pode se perguntar como Charcot ganhou o enorme prestígio que ele
desfrutado nos anos de 1880 a 1890. Vários motivos podem ser discernidos.
Em primeiro lugar, o Salpetriere era tudo menos um hospital comum. isso foi
uma cidade dentro de uma cidade no estilo do século XVII, consistindo em cerca de
45 edifícios com ruas, praças, jardins e uma antiga e bela igreja.
Foi também um lugar de fama histórica: São Vicente de Paulo carregou
suas atividades de caridade lá. Posteriormente, foi convertido por Louis

XIV para um asilo de mendigos. prostitutas. e o louco, e era
um dos lugares onde os notórios massacres de setembro ocorreram
lugar durante a Revolução Francesa e onde Pinel alcançou seu
reformas do hospital psiquiátrico. Também era conhecido por um episódio do clássico
romance Manon Lescaut do Abade Prevost. São milhares de velhas
inspirou alguns dos poemas de Baudelaire. Antes de Charcot, o Salpetriere
era pouco conhecido pelos estudantes de medicina, e os médicos não gostavam
o pensamento de ser nomeado lá. Charcot agora era considerado
o mago científico que transformou este lugar histórico em um templo de
Ciência.
Aquele hospital antiquado com seus edifícios antiquados não tinha laboratórios
tórios, sem salas de exame e sem instalações de ensino. Com seu ferro
vontade - e com a ajuda de suas conexões políticas - Charcot construiu um
tratamento, pesquisa. e unidade de ensino. Ele tinha escolhido cuidadosamente sua cor
trabalhadores; instalou consultórios de oftalmologia, otorrinolaringologia,
e assim por diante, além de laboratórios e serviço fotográfico. Depois ele
adicionou um museu para anátomo-patologia, um serviço ambulatorial onde
homens também foram admitidos, e um grande auditório. Entre os discípulos de Charcot
Página 42
foram Bourneville, Pitres, Joffroy, Cotard, Gilles de Ia Tourette, Meige,

Paul Richer, Souques, Pierre Marie, Raymond, Babinski. Dificilmente há
um neurologista francês da época que não tinha sido aluno de
Charcot. Charcot exerceu um domínio absoluto sobre a escola que foi
sua criação. Cada uma de suas palestras foi cuidadosamente gravada por alunos e
publicado em uma das várias revistas médicas que fundou. Lá
chegou um momento em que ninguém poderia ser nomeado para a faculdade de medicina de Paris
sem sua sanção. Esse sentimento patriótico contribuiu para a fama de Charcot:
ele e Pasteur eram para os franceses uma prova do gênio científico da França,
desafiando a suposta superioridade científica da Alemanha.
Charcot personificou o que os franceses chamam de ciência do príncipe de Ia; ele
não era apenas um homem de grande reputação científica, mas também um poderoso e
homem rico. Através de seu casamento com uma viúva rica e extremamente
altas taxas que cobrava de seus pacientes, ele foi capaz de levar a vida de um
membro da classe rica. Além de sua villa em Neuilly, ele havia adquirido
em 1884 uma esplêndida residência no Boulevard Saint-Germain, que tinha
foi decorado de acordo com seus próprios planos. Era uma espécie de privado
museu com móveis renascentistas, vitrais, tapeçarias,
pinturas, antiguidades e livros raros. Ele próprio era um artista que se destacou
emprestava desenhos e era especialista em pintura em porcelana e esmalte. Ele era
um grande conhecedor da história da arte e um mestre da prosa francesa
que tinha um grande conhecimento da literatura francesa. 149 Charcot também possuía
um conhecimento de inglês, alemão e italiano, que era uma realização rara
mento naquela época. Ele demonstrou uma admiração particular por Shakespeare,
que ele frequentemente citou em inglês, e para Dante, a quem ele citou em
Italiano. Todas as terças-feiras à noite dava recepções suntuosas em seu esplêndido
lar da Tout-Paris de cientistas, políticos, artistas e escritores. Ele

era conhecido por ser o médico e às vezes o confidente de reis e
príncipes. O imperador Pedro II do Brasil, dizia-se, ia à sua casa, tocava
bilhar com ele, e assistiu a suas palestras na Salpetriere. Charcot
foi uma figura muito influente nos círculos médicos ingleses. Em um internacional
congresso que ocorreu em Londres em 1881. sua demonstração no
as artropatias tabéticas foram recebidas com uma tempestade de aplausos. Ele tinha muitos
admiradores na Alemanha, embora tenha recusado convites para congressos em
naquele país após a guerra franco-prussiana de 1870 a 1871. Em Viena, ele
conhecia bem Meynert e Moritz Benedikt. Charcot era
muito popular na Rússia, onde foi chamado várias vezes como con
médico assistente do Czar e sua família. Médicos russos acolheram
ele porque os aliviou de sua forte dependência do alemão
cientistas. De acordo com Guillain, ele arranjou um encontro não oficial
entre Gambetta e o Grão-Duque Nikolai da Rússia, de onde
a aliança franco-russa estava por vir. 15 ° Charcot viajou extensivamente;
todos os anos ele fazia uma viagem cuidadosamente planejada para um diferente europeu
país, visitando museus, fazendo desenhos e escrevendo travelogues.
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Por melhor que fosse, o prestígio de Charcot ainda era reforçado por um halo de
mistério que o rodeava. Ele cresceu lentamente depois de 1870 e atingiu
seu auge com seu célebre artigo sobre hipnotismo em 1882. Ele ganhou o
reputação de ser um grande taumaturgo. Instâncias de seu quase milagroso
curas são relatadas pelo Dr. Lyubimov: 1 51
Muitos pacientes foram trazidos para Charcot de todo o mundo, paralíticos em

macas ou usando aparelhos complicados. Charcot ordenou a remoção de
esses aparelhos e disse aos pacientes para andar. Houve, por exemplo, um
jovem que estava paralisada há anos. Charcot pediu que ela se levantasse e
andar. o que ela fez sob os olhos espantados de seus pais e do
Madre Superiora do convento em que estava hospedada. Outro jovem
senhora foi levada a Charcot com paralisia de ambas as pernas. Charcot não encontrou
lesão orgânica; a consulta ainda não havia acabado quando o paciente se levantou
e caminhou de volta para a porta onde o cocheiro, que estava esperando por ela,
tirou o chapéu com espanto e benzeu-se.
Aos olhos do público, Charcot foi o homem que explorou o

abismos da mente humana, daí seu apelido de "Napoleão das Neuroses".
Ele passou a ser identificado com a descoberta da histeria, hipnotismo,
personalidade dupla, catalepsia e sonambulismo. Coisas estranhas foram ditas
sobre seu domínio sobre as jovens histéricas da Salpêtrière e sobre
acontecimentos lá. Jules Claretie relata que durante um baile de pacientes no
Salpêtriere, um gongo soou inadvertidamente, após o que muitos
mulheres calmas caíram instantaneamente em catalepsia e mantiveram as poses de plástico
em que se encontraram quando o gongo soou. 152 Charcot
foi também o homem cujo olhar penetrante penetrou nas profundezas do
passado e que interpretou retrospectivamente obras de arte, dando
diagnósticos neurológicos de aleijados representados por pintores. 153 ele fundou
um jornal. a / conographie de fa Salpetriere, seguida pela Nouvelle

Iconographie de Ia Salpetriere, que foram provavelmente as primeiras revistas
para combinar arte e medicina. Charcot também foi considerado o fundador
uma explicação científica para possessão demoníaca, que, ele assumiu,
não era nada além de uma forma de histeria. Ele também interpretou esta condição
retrospectivamente em obras de arte. 1 ~ 4 Ele era conhecido por sua coleção de raridades
obras antigas sobre bruxaria e possessão, algumas das quais ele havia reimpresso
em uma série de livros intitulada 'The Diabolical Library'.
Todas essas características contribuíram para o fascínio incomparável exercido por
De Charcot sessões no Salpetriere. As manhãs de terça foram dedicadas
para examinar novos pacientes, até então não vistos, na presença de médicos
e alunos. Eles gostaram de ver Charcot exibir sua perspicácia clínica,
e a segurança e rapidez com que ele foi capaz de desembaraçar o
casos mais complicados para chegar a um diagnóstico, mesmo de doenças raras
atenua. Mas a maior atração foram suas palestras solenes proferidas na sexta-feira
manhãs, cada uma das quais preparada com o maior cuidado. Grandes
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antes do início das palestras, o grande auditório estava lotado de

capacidade com médicos, estudantes, escritores e uma multidão curiosa. O pódio
sempre foi decorado com fotos e esquemas anatômicos relativos
para a aula do dia. Seu porte lembrando Napoleão ou Dante, Charcot
entrou às 10h , muitas vezes acompanhado por um ilustre visitante estrangeiro
e um grupo de assistentes que se sentaram nas primeiras filas. Em meio ao absoluto
silêncio do público, ele começou a falar em um tom baixo e gradualmente
levantou a voz, dando explicações sóbrias que ilustrou com habilidade
desenhos de giz colorido na lousa. Com um talento inato de atuação,
ele imitou o comportamento, mimetismo, marcha e voz de um paciente afligido com
a doença de que ele estava falando, após a qual o paciente foi internado.
A entrada do paciente às vezes também era espetacular. Quando Charcot
ensinada sobre tremores, três ou quatro mulheres foram apresentadas usando chapéus
com penas muito longas. O tremor das penas permitiu ao público
para distinguir as características específicas dos tremores em várias doenças.
O interrogatório assumiu a forma de um diálogo dramático entre Charcot
e o paciente. Mais espetaculares foram as palestras que deu sobre
histeria e hipnotismo. Outra inovação de Charcot foi o uso de
projeções fotográficas, procedimento incomum para o ensino de medicina
na época. A palestra foi encerrada com a discussão do diagnóstico
e uma recapitulação, indicando os principais pontos da palestra; ambos eram
modelos de lucidez e concisão. Ele durou duas horas, mas o público nunca
achei muito longo, mesmo quando o tópico dizia respeito ao cérebro orgânico raro
doenças. 1 56 Lyubimov aponta para a diferença entre as palestras de Charcot
e os de Meynert, que ele também frequentou em Viena e que
deixou-o exausto e confuso, enquanto ele deixou as palestras de Charcot com
uma sensação de alegria.
É fácil entender o efeito fascinante que os ensinamentos de Charcot
exercida sobre leigos, muitos médicos e, especialmente, visitantes estrangeiros
como Sigmund Freud, que passou quatro meses no Salpetriere durante
1885 e 1886. Outros visitantes foram mais céticos. O médico belga
Delboeuf, cujo interesse pelo trabalho de Charcot o trouxera a Paris em

o mesmo período de Freud, logo foi assaltado pelas mais fortes dúvidas quando
ele viu como experiências descuidadas com pacientes histéricos eram realizadas
Fora. Em seu retorno à Bélgica, ele publicou um relato fortemente crítico de
Métodos de Charcot. É 7
Aqueles visitantes que vieram ver Charcot em Paris por um curto período, e
tinham inveja dele, muitas vezes não sabiam que ele estava cercado por um anfitrião
de inimigos poderosos. Ele foi carimbado como ateu pelo clero e pelo
Católicos (uma das razões é que ele substituiu as freiras no
Salpêtrière por enfermeiras leigas), mas alguns ateus o acharam muito espiritual.
Ele foi publicamente acusado de charlatanismo pelos magnetistas.
também tinha inimigos ferozes nos círculos políticos e sociais (como é óbvio a partir
o Diário dos irmãos Goncourt). Entre os neurologistas, alguns que tiveram
Página 45
permaneceram seus admiradores, enquanto ele permaneceu no solo sólido da neuro-

patologia o abandonou quando ele mudou para o estudo do hipnotismo e
a experimentos espetaculares "com pacientes histéricos. Lyubimov conta como
o neurologista alemão Westphal expressou profunda preocupação com o novo
volta dada pela pesquisa de Charcot depois que ele o visitou em Paris. Na América
Charcot foi atacado pelos mesmos motivos por Bucknill. Barba quem
admitiu que Charcot cometeu erros graves ". no entanto, respeitado
ele "como um homem de gênio e um homem de honra." 159 Charcot também teve que
travar uma batalha contínua contra a Escola Nancy na qual ele foi
perdendo terreno constantemente para seus oponentes. Bernheim proclamou sarcasticamente
que entre milhares de pacientes que ele havia hipnotizado, apenas um dis-
jogou os três estágios descritos por Charcot - uma mulher que passou
três anos na Salpetriere. Charcot também encontrou ódio imorredouro em
por parte de alguns de seus colegas médicos e particularmente por parte de
seu ex-discípulo Bouchard, um homem ambicioso doze anos mais novo.
Pior ainda, alguns de seus discípulos aparentemente leais o enganaram, mostrando
ele manifestações cada vez mais extraordinárias que ensaiavam com
pacientes e, em seguida, demonstrou a ele. É verdade que muitas de suas doenças
discípulos nunca participaram de tais atividades, mas aparentemente ninguém ousou
avise-o. Ele foi extremamente cauteloso por um longo tempo, mas eventualmente
A máxima de La Rochefoucauld passou a se aplicar a ele: "A decepção sempre vai
além da suspeita. "De acordo com Guilla in, Charcot começou a sentir
fortes dúvidas no final de sua vida e estava pensando em tomar novamente
todo o estudo do hipnotismo e da histeria, cuja morte, no entanto,
desabafou ele de fazer. Um inimigo secreto. que estava bem familiarizado com
O estado de saúde de Charcot e que durante anos lhe enviou cartas anônimas
retratando sua angina de peito e anunciando sua morte iminente, a maioria
provavelmente pertencia ao círculo médico em torno de Charcot. 1 01i
As opiniões extremas que prevaleciam sobre Charcot, o fascínio que ele ex-
declarado de um lado, e as ferozes inimizades que ele havia feito do outro,
tornou difícil em sua vida formar uma avaliação verdadeira do valor de
O trabalho dele. Contrariando as expectativas; o passar do tempo não fez isso
tarefa muito mais fácil. Portanto, é necessário distinguir os vários campos
de sua atividade. Primeiro, muitas vezes é esquecido que Charcot, como interno e
anátomo-patologista, fez contribuições valiosas para o conhecimento de
doenças pulmonares e renais. e que suas palestras sobre doenças dos velhos
anos foram por muito tempo um clássico de "chapéu agora é chamado de geriatria. Em segundo lugar,
em neurologia, que foi sua segunda carreira, ele fez excelentes discursos
disfarces sobre os quais sua fama duradoura irá, sem dúvida, descansar: delineamento de
esclerose disseminada, esclerose lateral amiotrófica ("doença de Charcot"),
ataxia locomotora e suas artropatias peculiares ("articulações de Charcot"), sua
trabalhe nas localizações cerebrais e medulares e na afasia.
Por outro lado, é mais difícil avaliar objetivamente o que poderia
ser chamada de "terceira carreira" de Charcot. sua exploração da histeria e
Página 46
hipnotismo. Como acontece com muitos cientistas, ele perdeu o controle do novo
ideias que ele formulou e foi levado pelo movimento que ele
tinha criado.
Pierre Janet descreveu com precisão os erros metodológicos de Charcot em
esse campo. 161 O primeiro foi sua preocupação excessiva em delinear
entidades de doença, escolhendo como tipos de modelo aqueles casos que apresentaram tantos
os sintomas possíveis; ele presumiu que os outros casos estavam incompletos
formulários. Tendo este método se mostrado frutífero para a neurologia, Charcot o adotou
por certo que o mesmo seria verdadeiro para as condições mentais também.
Ele, portanto, deu descrições arbitrárias da grande hysterie e da grande
hipnotismo. Um segundo erro foi simplificar demais as descrições desses
entidades de doença, a fim de torná-los mais inteligíveis para seus alunos. UMA
o terceiro erro fatal foi a falta de interesse de Charcot nas experiências de seus pacientes
e na vida da enfermaria do Salpetriere. Ele quase nunca fazia rondas; ele
atendeu seus pacientes na sala de exames do hospital, enquanto seus colaboradores,
quem os examinou, relatou a ele. Charcot nunca suspeitou que seu
os pacientes eram frequentemente visitados e magnetizados nas enfermarias por incompetentes
pessoas. Janet mostrou que as alegadas "três fases da hipnose" foram
nada, mas o resultado do treinamento que os pacientes de Charcot passaram no
mãos de magnetizadores. Vendo que o início da história do magnetismo e
o hipnotismo foi esquecido, Charcot - ainda mais do que Bernheim - acreditava
que tudo o que ele encontrou em seus pacientes hipnotizados foram novas descobertas.
Outro fato, que desde o início distorceu as investigações de Charcot em
psiquiatria dinâmica, era o espírito coletivo peculiar que permeou o
Salpetriere. Esta comunidade fechada não abrigava apenas multidões de velhos
mulheres, mas compreendia também enfermarias especiais para pacientes histéricos, algumas das
eles jovens. bonita. e astuto: nada poderia ser mais eminentemente propício
ous para o desenvolvimento de contágio mental. Essas mulheres eram a estrela
atrações, utilizadas para demonstração de casos clínicos aos alunos e também
nas palestras de Charcot. que foram dados na presença do Tout-Paris.
Por causa da atitude paternalista de Charcot e seu tratamento despótico de
alunos, sua equipe nunca ousou contradizê-lo; eles, portanto, mostraram a ele
o que eles acreditavam que ele queria ver. Depois de ensaiar as demonstrações,
eles mostraram os assuntos a Charcot, que foi descuidado o suficiente para discutir
seus casos na presença dos pacientes. Uma atmosfera peculiar de sugestão mútua
gestação desenvolvida entre Charcot. seus colaboradores e seus pacientes,
o que certamente seria digno de uma análise sociológica precisa.

Janet apontou que as descrições de Charcot da histeria e
o hipnotismo foi baseado em um número muito limitado de pacientes. A prima
donna, Blanche Wittmann, merece mais do que uma menção anedótica.
O papel dos pacientes na elaboração da psiquiatria dinâmica tem sido todo
muito negligenciado e também seria digno de uma investigação intensiva. Un-
felizmente, é muito difícil reunir informações relevantes em retrospecto.
Não sabemos nada sobre a origem e formação de Blanche Wittmann antes
Página 47
à sua admissão na enfermaria para pacientes histéricos no Salpetriere.

De acordo com Balduíno, ela era jovem quando chegou lá e rapidamente
tornou-se um dos temas mais famosos de Charcot e foi apelidado de Ia
reine des hysteriques. 162 Ela era freqüentemente exibida para demonstrar o
"três estágios de hipnose", da qual ela não era apenas o tipo, mas a proto
tipo, de acordo com Frederick Myers que a viu. 163 estados de Balduíno
que ela é a mulher em plena crise histérica, retratada entre Charcot
e Babinski na famosa pintura de Brouillet; ela também pode ser reconhecida em
várias fotos no Jconographie de Ia Salpetriere e em outros lugares.
Ela era autoritária, caprichosa e desagradável com os outros pacientes
bem como o pessoal.
Por alguma razão desconhecida, Blanche Wittmann deixou a Salpetriere para
algum tempo e foi internada no H6tei-Dieu, onde foi investigada
por Jules Janet, irmão de Pierre Janet. 164 Depois de atingir o "primeiro estágio de
hipnose ", isto é, letargia, Jules Janet modificou a técnica usual e
viu o paciente em uma condição totalmente nova. Uma nova personalidade, a de Blanche
II, surgiram, mostrando-se como muito mais equilibrado do que Blanche I. A
nova personalidade revelou que ela tinha estado permanentemente presente e con
scious, escondido atrás de Blanche I. Ela sempre esteve ciente de tudo que
ocorreram durante as muitas manifestações quando Blanche I encenou
os "três estágios da hipnose" e deveria estar inconsciente. Myers
observou que "é estranho refletir por quantos anos a fúria silenciosa
Blanche II ajudou, portanto, em experimentos aos quais Blanche I submeteu
com fácil complacência. "
Jules Janet manteve Blanche Wittmann em seu segundo estado por vários
meses e descobri que ela \\ tão notavelmente (e aparentemente duradoura) im-
comprovado por seu tratamento. O que mais tarde aconteceu com Blanche Wittmann
foi relatado de forma sucinta b) Balduíno. Ela voltou para o Salpetriere
onde ela conseguiu um emprego no laboratório de fotografia e mais tarde, quando
foi aberto um laboratório de radiologia, ela começou a trabalhar lá. Ela
ainda era autoritária e caprichosa, negou sua história passada e se tornou
zangada quando questionada sobre aquele período de sua vida. Desde os perigos de
radiologia ainda não era conhecida, ela se tornou uma das primeiras vítimas do
câncer do radiologista. Seus últimos anos foram um calvário que ela atravessou sem
mostrando o sintoma menos histérico. Ela teve que sofrer uma amputação
após o outro e morreu um mártir da ciência.
Foi , no entanto, a terceira carreira de Charcot, que contribuiu mais do que qualquer outra.
outra coisa para sua fama contemporânea. O escritor T. de Wyzewa, em um
obituário que ele escreveu sobre Charcot, disse que em alguns séculos seu neurológico
o trabalho pode ser esquecido. mas que ele permaneceria na memória do homem-
gentil como aquele que revelou ao mundo um reino insuspeitado do
mente. 165 É por causa dessa descoberta, e não por causa de sua própria
obras (que permaneceram não publicadas) que Charcot exerceu um poder
influência ful na literatura. Como afirma de Monzie, ele foi o começo
Página 48
ponto de toda uma tradição de escritores com orientação psiquiátrica, como

Alphonse Daudet e seu filho Leon Daudet, Zola, Maupassant,
Huysmans, Bourget, Claretie e, posteriormente, Pirandello e Proust, para não falar
de muitos autores de romances populares. 166 O próprio Charcot foi o modelo para
um personagem específico em muitos romances e peças na década de 1890: o grande
cientista de renome mundial impavidamente perseguindo sua pesquisa misteriosa no
abismo da mente humana.
Um visitante americano que viu Charcot no início de 1893 percebeu
que, embora sua força intelectual fosse tão viva como sempre, sua saúde física
ficou muito abalado. 1 117 Ele continuou trabalhando febrilmente até 15 de agosto,
1893, quando ele saiu de férias com dois de seus discípulos favoritos, Debove
e Strauss, com a intenção de visitar a catedral de Vézelay. Ele morreu inesperadamente
em seu quarto de hotel na noite de 16 de agosto, e recebeu um funeral nacional
em Paris em 19 de agosto. Apesar do dilúvio de elogios que foi derramado
em sua memória, sua fama logo minguou. A publicação de suas obras completas,
que havia sido planejado em quinze volumes, foi abandonado após o volume
IX apareceu em 1894. De acordo com Lyubimov, Charcot havia deixado
uma quantidade considerável de obras literárias: memórias, travelogues ilustrados,
estudos críticos sobre obras filosóficas e literárias, todas as quais ele não
quer publicado em sua vida. Lyubimov acrescenta que a verdadeira personalidade de Charcot
não poderia ter sido conhecido antes de sua publicação. No entanto, nenhum destes
escritos já foram impressos. Jean, filho de Charcot (1867-1936), que
havia estudado medicina para agradar ao pai, desistiu dessa profissão alguns
anos depois e tornou-se famoso como um marinheiro e explorador do Sul
Pólo. A preciosa biblioteca de 168 Charcot foi doada por seu filho ao
Salpetriere e gradualmente caiu no mais lamentável estado de abandono, também
assim como o Musee Charcot.l 6 9
O mal que os homens fazem vive depois deles;

O bom é freqüentemente enterrado com seus ossos.
Foi o que aconteceu com Charcot. Não demorou muito para que sua glória se transformasse em
o estereótipo do cientista despótico cuja crença em sua própria superioridade
o cegou para desencadear uma epidemia psíquica. Um ano depois do Charcot
morte, Leon Daudet, que era estudante de medicina em sua ala, pub-
publicou um romance satírico, Les Morticoles, que deu nomes fictícios a
médicos proeminentes e ridicularizaram o mundo médico de Paris. 170 Charcot
foi retratado sob o nome de Foutange e Bernheim foi chamado
Boustibras. Sessões hipnóticas falsas no "Hospital-tifo" com
"Rosalie" (retratando Blanche Wittmann) foram descritos em uma caricaturística
maneira. Outro relato malévolo da Salpetriere de Charcot foi mais tarde
dada por Axel Munthe em seu romance autobiográfico The Story of San
Michele. 111
Jules Bois, que conhecia bem Charcot, relata que durante
os últimos meses de sua vida. o velho expressou seu pessimismo em relação
Página 49
para o futuro de seu trabalho. que ele sentia que não iria sobreviver por muito tempo. 172
Na verdade, antes que dez anos se passassem após sua morte, Charcot estava
esquecido e rejeitado pela maioria de seus discípulos. Seu sucessor, Raymond,
enquanto defendia da boca para fora o trabalho de Charcot sobre neuroses, ele próprio pertencia
à tendência organicista em neurologia. Um dos discípulos favoritos de Charcot,
Joseph Babinski, que se deu a conhecer durante a vida de Charcot
por seus experimentos na transferência de sintomas histéricos com um ímã de
um paciente para outro, 173 agora se tornou o principal protagonista de uma radical
reação contra o conceito de histeria de Charcot. A histeria, afirmou ele, era
nada mais que o resultado de sugestão, e poderia ser curado pela "persuasão". 174
O próprio nome "histeria" foi substituído pelo seguinte: 'lt de "pithiatisme", cunhado
por Babinski. Guillain relata que quando era residente na Salpetriere
em 1899, ou seja, seis anos após a morte de Charcot, ainda havia alguns
das pacientes histéricas de Charcot que, por uma pequena remunera-
ção, represente para os alunos o ataque de pleno direito da grande hysterie.
Mas os pacientes histéricos eventualmente desapareceram do Salpetriere.1 7 S
Com o passar dos anos, as descobertas neurológicas de Charcot foram tomadas por
concedida e seu nome foi associado a um episódio lamentável no
longa história do Salpetriere. Em 1925, seu centenário foi comemorado
no Salpêtrière com forte ênfase em seu alcance neurológico
e algumas desculpas rápidas sobre a defaillance Iegere (o
ligeiro lapso), que tinha sido seu trabalho sobre histeria e hipnose. Psicopata-
analistas, no entanto, elogiaram-no a esse respeito como um precursor de Freud.
Em 1928, um grupo de surrealistas de Paris, em seu esforço para neutralizar todos
aceitou as idéias de seu tempo, decidiu comemorar a descoberta de Charcot
histeria, "a maior descoberta poética do final do século XIX
século. " 176
Vários anos depois, o autor do presente livro, então um médico
estudante na Salpêtrière, conheceu uma paciente muito idosa que tinha
passou quase toda sua vida lá e conheceu Charcot e sua escola.
Ela continuou falando sozinha e teve alucinações durante as quais
ouvir todos esses homens falando por sua vez. Essas vozes do passado, que
nunca tinha sido gravado, mas ainda ressoava na mente perturbada daquele
velha miserável foi tudo o que sobreviveu da glória que tinha sido
Salpetriere de Charcot.
Conclusão
Podemos agora olhar para trás, para o desenvolvimento da psiquiatria dinâmica a partir de
Mesmer para Charcot.
Havia pouca psicoterapia dinâmica antes de Mesmer, além da
prática de exorcismo amplamente obsoleta e não médica. Os médicos tinham
elaborou uma teoria da "imaginação", isto é, um "poder da mente" en-
dotado de manifestações múltiplas e multiformes - às vezes extraordinárias -
(entre as quais o sonambulismo espontâneo despertou especial interesse).
Página 50
Mesmer desenvolveu o que ele acreditava ser uma teoria científica e uma
terapia médica universal. Ele visava provocar "crises", que eram suprimidas
apresentada para ter valor diagnóstico e ser a arma de cura. Seu principal
descoberta foi a do "relacionamento" entre magnetizador e paciente.
Puységur substituiu a teoria pseudo-física do "fluido" pela
percepção de que forças psicológicas desconhecidas estavam em ação. Sua grande clínica
descoberta foi a do "sono magnético" ou "sonambulismo artificial",
ou seja, uma condição semelhante ao sonambulismo espontâneo, com a diferença
que poderia ser induzido e interrompido à vontade e utilizado para a exploração
de funções psíquicas desconhecidas, bem como para terapia. O conceito de rapport
foi elaborado e agora considerado um fenômeno psicológico e
o canal para a ação psicoterapêutica.
A grande onda de espiritismo no século XIX resultou na
descoberta de novas abordagens para a mente consciente, como escrita automática
ing. Além do "sonambulismo artificial", uma nova condição, a mediunidade
transe tique, foi explorado. Charcot apontou para a existência de inconscientes
"idéias fixas" como núcleos de certas neuroses, um conceito que deveria ser de-
velado por Janet e Freud.
Assim, antes desses dois grandes pioneiros residiu todo um século de dinâmica
psiquiatria, durante a qual uma quantidade considerável de investigação foi
realizado, embora não tenha sido totalmente sistematizado. Este primeiro
a psiquiatria dinâmica será o assunto do próximo capítulo.
Notas
1. Seguimos a tradução alemã dessas cartas, dada por Eschenmayer, "" Ober
Gassners Heilmethode, " Archiv fur thierischen Magnetismus, VIII, No. 1 (1820),
86-135.
2. Eugen Sierke, Schwiirmer und Schwindler zu Ende des achtzehnten Jahrhunderts
(Leipzig: S. Hirzel, 1874), pp. 222-287.
3. JA Zimmermann, Johann Joseph Gassner, der beruhmte Exorzist. Sein Leben
und wundersames Wirken (Kempten: Jos. Kosel, 1879).
4. Johann Joseph Gassner, Weise, dem und gesund zu Ieben, auch gottselig zu
sterben, oder nutz! icher Unterricht mais amplo den Teufel zu streiten (Stift Kempten, em
der Hochfiirstlkhen Ruchdruckerei, 177 4).
5. JA Zimmermar.r â € ¢. op. cit., pp. 115-122.
6. A vida e o destino daquela infeliz mulher foram objeto de uma
romance historicamente bem documentado de K. Freuler, Anna Goldi, die Geschiclzte der
letzten Hexe (Frankfurt am Main: Biichergilde Gutenberg, 1945).
7. Haen, médico da corte da Imperatriz Maria Theresa, era fortemente contra Gassner,
que, ele afirmou, curou apenas alguns pacientes, e que essas curas foram o resultado
de fraude, imaginação ou as longas viagens e a dieta dos pacientes. Vejo
Antonii de Haen, Dissertatio theologico-physica de miraculis (Nápoles: Typis Vincentii
Ursini, 1778), p. 131
8. A. Mesmer, Schreiben uber die Magnetkur (np, 1776). II, 44-46.
27/01/2021 A Primeira Psiquiatria Dinâmica
Página 1
A Primeira Psiquiatria Dinâmica

(177 5-1900)
A EXPERIÊNCIA CUMULATIVA de várias gerações de magnetizadores

e os hipnotizadores resultaram no desenvolvimento lento de um sistema completo
de psiquiatria dinâmica. Esses pioneiros empreenderam com grande audácia o
exploração e a utilização terapêutica do inconsciente psicológico
energias. Com base em suas descobertas, eles elaboraram novas teorias sobre
a mente humana e a psicogênese da doença. Esta primeira dinâmica
a psiquiatria foi uma conquista impressionante, ainda mais desde que foi introduzida
sobre principalmente fora da - se não diretamente em oposição à - medicina oficial.
Visto que a primeira psiquiatria dinâmica não foi obra de um único homem,
não havia, em contraste com muitos outros sistemas, nenhum conceito conceitual rígido
estrutura para direcionar seu crescimento. Os princípios principais foram dados por Mesmer e
Puysegur. Eles foram seguidos por um grande número de leigos e
médicos, atuando individualmente ou em diversos sistemas assistemáticos e até
grupos ou escolas rivais, principalmente na França e na Alemanha, e mais tarde também na
Inglaterra e América do Norte. A evolução não foi contínua: durante todo
No século XIX, houve várias ondas, vazantes e marés.
Por volta de 1880, um grande surto foi sentido e a primeira psiquiatria dinâmica
recebeu reconhecimento universitário com Charcot e Bernheim. Um rápido
desenvolvimento seguido. Durante esse período, uma nova psiquiatria dinâmica
emergiu lentamente, e por algum tempo os dois sistemas existiram juntos até
por volta de 1900, quando as novas escolas vieram ao primeiro plano com a subsequente
declínio da primeira psiquiatria dinâmica. No entanto, dois fatos devem ser
enfatizou: (I) Nas novas escolas dinâmicas, muito do que parece
para nós, ser o mais original estava, de fato, enraizado na primeira psiquiatria dinâmica.
(2) Embora o novo sistema parecesse às vezes ser radicalmente oposto a
a primeira psiquiatria dinâmica, a última na realidade não foi substituída,
mas sim suplementado, pelo primeiro.

110
Página 2
A primeira psiquiatria dinâmica (1775-1900) 111
As características principais
Ao longo dos inúmeros vanatlons da primeira psiquiatria dinâmica,
várias características principais permaneceram constantes:
1. O hipnotismo foi adotado como a abordagem principal, da via regia para o
inconsciente. Abordagens suplementares foram adicionadas durante a última parte
do século (mediunismo, escrita automática e observação de cristais).
2. Particular atenção foi dedicada a certos quadros clínicos (às vezes
chamadas doenças magnéticas): sonambulismo espontâneo, letargia, catalepsia,
personalidade múltipla e, no final do século, surgiu o interesse
concentre-se cada vez mais na histeria.
3. Um novo modelo da mente humana foi desenvolvido. Foi baseado no
dualidade de psiquismo consciente e inconsciente. Mais tarde, foi modificado para
a forma de um agrupamento de subpersonalidades subjacentes à personalidade consciente.
4. Novas teorias sobre a patogênese da doença nervosa, que
foram baseados no conceito de um fluido desconhecido, logo foram substituídos
pelo conceito de energia mental. Na última parte do século XIX
os conceitos da atividade autônoma de fragmentos cindidos de personalidade
e da função mitopoética do inconsciente surgiu.
5. A psicoterapia se baseou principalmente no uso de hipnotismo e sugestão,
com especial consideração dada ao relacionamento entre o paciente e
magnetizador. Surgiram novos tipos de terapeutas: o magnetizador e, posteriormente, o
hipnotizador, que era apenas uma variação do primeiro.
Neste capítulo, consideraremos brevemente as fontes da primeira dinâmica
psiquiatria, faça um levantamento das principais características enumeradas acima, e
em seguida, olhe para a influência da primeira psiquiatria dinâmica na cultura
vida naqueles dias.
As fontes da primeira psiquiatria dinâmica
Entre as muitas fontes da primeira psiquiatria dinâmica, três deveriam

receber ênfase especial:
Já descrevemos a maneira pela qual o magnetismo animal
evoluiu historicamente a partir da velha prática de exorcismo, e temos
visto como a crise de Mesmer foi induzida exatamente da mesma maneira que a de Gassner
exorcismus probativus; o mal foi trazido como um primeiro passo em direção ao seu
remoção. Posse eventualmente desapareceu, mas foi substituída pelo
manifestação de personalidade múltipla. Casos isolados de posse foram
observada, no entanto, ao longo do século XIX, como no sul
Alemanha, e homens como Justinus Kerner tratavam os possuídos com uma
método · que era uma curiosa mistura de magnetismo e exorcismo. Eu
Outra fonte muito importante da primeira psiquiatria dinâmica foi o
velho conceito de "imaginação". Na época do Renascimento, os filósofos
e os médicos ficaram muito interessados em um poder da mente, Imaginatio,
um termo que tinha um significado muito mais amplo do que hoje e incluía
Página 3
o que chamamos de sugestão e auto-sugestão. Muitos já foram famosos, mas agora

obras esquecidas foram dedicadas à Imaginatio. Em um capítulo de seus Ensaios,
Montaigne resume algumas das idéias predominantes de sua época. 2 Ele atribui
à imaginação os efeitos contagiosos das emoções humanas. Imaginação, ac-
de acordo com Montaigne, era uma causa frequente de problemas físicos, emocionais e
doença mental, e até mesmo de morte, bem como todas as manifestações comumente
atribuído à magia. A imaginação pode causar fenômenos físicos conspícuos
como o aparecimento de estigmas ou mesmo a transformação de um
sexo em outro. Mas a imaginação também pode ser usada para a cura de
doenças físicas e mentais. No século XVIII, o italiano Muratori
escreveu um tratado, On the Power of Human Imagination, que foi amplamente
lido e citado. 3 Dentre as muitas manifestações da imaginação, ele
sonhos descritos, visões, delírios, idéias fixas, antipatia (isto é,
fobias), e acima de tudo sonambulismo. Na segunda metade do décimo oitavo
século, o sonambulismo se tornou o ponto focal de todas as discussões sobre
imaginação. Histórias maravilhosas foram publicadas em todos os lugares sobre o sono
caminhantes que escreviam, nadavam em rios ou caminhavam sobre telhados na lua cheia
noites e cujas vidas corriam perigo se fossem repentinamente chamados por
seus nomes e despertaram. Mal podemos perceber hoje o quão incrível
e a afirmação fantástica de Puységur deve ter parecido a seus contemporâneos,
que o sonambulismo pode ser induzido e interrompido artificialmente quase à vontade
e usado na investigação dos segredos mais escondidos da humanidade
mente.
Uma terceira fonte foi o conhecimento do próprio hipnotismo, que, ao longo
história humana foi descoberta, esquecida e redescoberta. 4 Com-
indo até os antigos egípcios ou mesmo o Renascimento
estudantes de magia natural, vemos que Gassner curou muitos de seus pacientes
hipnotizando-os (isso se torna óbvio ao ler o relato
dado pelo Abbe Bourgeois). O próprio Mesmer, ao magnetizar, foi
colocando alguns de seus pacientes em um sono hipnótico. O relatório do com
missionários mencionaram que "... todos eles foram subjugados de uma forma surpreendente
caminho para o homem que os estava magnetizando; apesar de sua sonolência,
eles acordaram com sua voz, seu olhar ou um sinal dele. "No entanto, nenhum dos dois
Gassner nem Mesmer entenderam claramente as implicações do que eles
estavam fazendo, e foi Puysegur, que em 1784 descobriu que o
crise perfeita que ele provocou em seus pacientes não era nada além de artificialmente
sonambulismo induzido.
A estrada real para a mente desconhecida: hipnotismo

De 1784 a cerca de 1880, o sonambulismo artificial foi o principal método
de obter acesso à mente inconsciente. Primeira chamada de crise perfeita
por Puységur, sono magnético ou sonambulismo artificial, foi dado o
nome do hipnotismo por Braid em 1843. 5
A natureza dessa condição foi contestada desde o início. Mesmer
Página 4
recusou-se a ver nele mais de uma forma particular de crise. Uma polêmica de-
velado entre os fluidistas, que o explicaram nos termos do suposto
fluido magnético, e os animistas, que afirmaram ser um psicológico
fenômeno. Mas a identidade da natureza do sonambulismo espontâneo
e do sono mesmérico nunca foi seriamente questionado durante todo o
século dezenove. 6
Os principais argumentos a favor dessa concepção foram posteriormente resumidos
por Janet. 7 Primeiro, os indivíduos que estão sujeitos a somnambu-
lism também são facilmente magnetizados e hipnotizados. Em segundo lugar, é fácil estabelecer
estabelecer um relacionamento com um indivíduo que está em sonambulismo espontâneo e
para fazê-lo mudar dessa condição para um típico sono hipnótico.
Terceiro, uma pessoa que teve um ataque de sonambulismo espontâneo de
que ele não se lembra de nada em seu estado de vigília vai se lembrar quando hipno-
tized. O contrário também é verdade.
Por outro lado, porém, há uma diferença essencial entre
sonambulismo natural e artificial, em que este último é dirigido e sob
o controle estrito de um homem, o magnetizador, que o induz, molda seu mani-
festações, e termina à vontade.
Desde o início, a relação peculiar entre o magnetizador
e o magnetizado era objeto de muita admiração e especulação. Puyse-
gur percebeu que seu assunto, Victor, não se limitava a cumprir todas as suas ordens
exatamente, mas que ele parecia antecipar ou adivinhar. A questão
imediatamente surgiu se o assunto se oporia às limitações de
a vontade do magnetizador e se ele poderia ser forçado pelo magnetizador a
cometer atos imorais ou criminosos. O relacionamento, o relacionamento especial ser-
entre o magnetizador e o assunto, também impressionou os primeiros mesmeristas
do começo. Ficou claro que a pessoa magnetizada estava alheia
para todos, exceto o magnetizador e que ele pudesse perceber o mundo exterior
apenas através do último. Ele logo se descobriu que o relacionamento ampliou sua
influência além da sessão de sono magnético: uma pessoa que é colocada em
sono magnético, pela segunda vez, lembra tudo o que aconteceu durante
a primeira sessão. O magnetizador está, portanto, evocando em seu assunto um especial
vida própria, além da vida consciente normal, isto é, uma segunda condição
com continuidade própria, sob crescente dependência do
magnetizador.
Uma das provas mais conclusivas e marcantes de que a influência de
o hipnotismo se estende à vida consciente normal e é dado pelos fatos pós-
amnésia hipnótica e sugestão pós-hipnótica. Os primeiros mesmeristas notaram
que o sujeito em sua condição normal não se lembrou de nada do que
aconteceu durante sua queda magnética , e eles compararam corretamente este estado
com o que se segue a ataques de sonambulismo espontâneo. Logo lá-
depois que descobriram que um sujeito iria, em seu estado de vigília, executar um
ordem dada a ele durante seu sono hipnótico. Este fenômeno de pós
sugestão hipnótica foi descrita já em 1787 8 e foi abundantemente
Página 5
experimentado por Deleuze9 e Bertrand, 10 e mais tarde por Bernheim

e a Escola Nancy. O fato de que a amnésia pós-hipnótica não é absoluta
e que um indivíduo pode ser levado, por certos procedimentos, a lembrar em
seu estado de vigília o que aconteceu durante a sessão hipnótica também era conhecido
em um período inicial e nunca foi completamente esquecido, até que foi redistribuído
coberto por Bernheim. 11
Quanto aos meios de induzir o sono mesmérico (que iremos doravante
designada por seu nome posterior de hipnose), os primeiros magnetizadores fizeram uso
da técnica dos passes de Mesmer, mas essa técnica foi logo abandonada
em favor de dois outros. O primeiro foi o fascínio (método já conhecido
aos antigos egípcios, a Cornelius Agrippa e outros). O paciente
foi solicitado que olhasse para um ponto fixo ou ligeiramente móvel, luminoso ou
não, ou simplesmente olhar fixamente nos olhos do hipnotizador. Este foi o
método mais tarde popularizado por Braid. e também foi usado pela Salpetriere
Escola. Esta técnica foi combinada com a verbal do Abade
Faria, que sentou seu assunto em uma cadeira confortável e deu-lhe o im-
ordem perativa: "Sleep!". Outros hipnotizadores dariam a ordem em um
voz mais suave e mais baixa. A técnica de Faria foi posteriormente adotada por Liebeault
e a Escola Nancy. Os primeiros mesmeristas usavam métodos como soprar
nos olhos dos sujeitos como um meio de terminar o estado hipnótico.
Os magnetizadores logo perceberam que outros requisitos de natureza mais geral
não eram menos importantes. Eles entenderam bem o que chamamos hoje de
situação hipnótica e que nenhuma pessoa pode ser hipnotizada contra sua vontade.
O assunto deve ser colocado à vontade, tranquilizado e orientado a relaxar. o
elemento de auto-sugestão na hipnose também foi bem compreendido por aqueles
pioneiros e foi claramente eliciado por Braid e mais tarde pela Nancy School.
O papel da sugestão mútua também foi percebido pelos primeiros magnetistas,
que, seguindo o exemplo de Mesmer, tratava pacientes em grupos. Um ou dois
sujeitos, que já estavam familiarizados com o procedimento, foram hipnotizados
primeiro na presença dos outros. Foi notado que uma pessoa poderia
ser mais receptivo pelo simples fato de ver os outros hipnotizados.
Este método coletivo foi amplamente aplicado de Mesmer a Bernheim
e Charcot, e também por hipnotizadores populares.
Os primeiros magnetizadores não perceberam, no entanto, até que ponto o hipnótico
condição é moldada pelo hipnotizador e deve ser aprendida pelo sub
ject. Janet tornou o último ponto bastante explícito. 12 Se o seu assunto nunca
ouvi falar de hipnotismo, disse Janet, é improvável que você seja capaz de induzir
ele na condição hipnótica usual; se ele já foi sujeito a spon-
sonambulismo instantâneo ou crises convulsivas, ele provavelmente cairá em seu
padrão anterior de sonambulismo ou de crise convulsiva, ou talvez em
algum estado nervoso vago, a menos que o hipnotizador explique o que é esperado
dele e assim o prepara para desempenhar seu papel. Esta também é a razão pela qual
a condição hipnótica difere de acordo com o hipnotizador particular, a escola
a que pertence, e os sucessivos períodos da história do primeiro
Página 6
psiquiatria dinâmica. É assim que os primeiros mesmeristas tinham inconscientemente

moldou um tipo específico de condição hipnótica, que eles acreditavam ser
o padrão de sono magnético. O estado hipnótico, conforme desenvolvido por eles,
compreendeu muitas manifestações. alguns deles bastante comuns e não muito longe
removido dos estados psicológicos normais. outros raros e extraordinários.
Uma das primeiras características do sono magnético a atingir o início
mesmeristas era o aumento da agudeza da percepção exibida pelo
assuntos. Indivíduos hipnotizados são capazes de perceber estímulos que são
normalmente negligenciado ou abaixo do limiar de percepção. Puységur era
surpreso ao ouvir Victor cantar em voz alta, que ele, Puységur, estava cantando
para si mesmo. Aparentemente, Victor reconheceu as músicas por meio do
movimentos voluntários dos lábios do marquês, já que a maioria das pessoas move seus
lábios quando cantam para si próprios. Essa hipersensibilidade se estende a todos os campos
de percepção e pode explicar muitos casos de alegada clarividência sob
hipnose. Não menos notável é o aumento da capacidade da memória;
a pessoa hipnotizada pode se lembrar de incidentes antigos e aparentemente esquecidos
de sua infância e descrever os acontecimentos durante o artificial ou espontâneo
sonambulismo ou durante a intoxicação. Essa hipermnésia se estende às coisas
que aparentemente passou despercebido pelo assunto.
Logo foi descoberto que o hipnotismo abre um acesso direto a certas
processos psicológicos. Não só o assunto é capaz de exibir maior
força física do que ele acredita ser capaz em sua vigília normal
estado, mas ele pode ~ espontaneamente ou por ordem do hipnotizador ~
ficar surdo, cego, alucinado. paralisado, espástico, cataléptico ou anestésico.
A anestesia pode ser tão perfeita que as operações cirúrgicas às vezes
realizado sem dor sob hipnose. Parece que Recamier
foi o primeiro a realizar uma operação cirúrgica sob anestesia magnética
em 1821. É surpreendente que tão pouca atenção tenha sido dada às descobertas
isso poderia ter evitado muito sofrimento. Quando Esdaile começou a se inscrever
anestesia hipnótica sistemática em operações cirúrgicas, ele se deparou com ceticismo
e hostilidade. Por outro lado, a aplicação do sono mesmérico para
a cura de doenças físicas era comum entre mesmeristas e nunca foi
completamente esquecido. Principalmente por meio da influência de Liebeault, foi amplamente
conhecido no final da década de 1880 que muitas condições poderiam ser curadas ou
aliviado por sugestão hipnótica (neuralgias, reumatismo, gota e
dismenorreia). Experimentos sobre modificações fisiológicas produzidas sob
a hipnose era realizada antes mesmo de meados do século XIX
por Charpignon e Du Potet. 13
Desde o início, os mesmeristas ficaram impressionados com a capacidade de seus súditos de
exibir emoções e desempenhar papéis com uma perfeição surpreendente, o máximo
aparente sinceridade, e, parecia-lhes, com mais habilidade do que experiente
atores. Lembramos como Victor impressionou Puységur ao mostrar mais
vivacidade e inteligência sob hipnose do que em seu estado de vigília. Esta habilidade
foi tão longe que Du Potet falou em 1849 de uma metamorfose da per-
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sonalidade, e este fenômeno tem sido o ponto de partida da ainda dis-

problema colocado de regressão de idade. "1 4
Os primeiros magnetistas prestaram muita atenção às manifestações objetivas
da hipnose que eles não investigaram muito sobre a experiência subjetiva de
sendo hipnotizado. Eles presumiram que a condição era um sono, embora
um de um tipo peculiar, uma vez que muitas vezes se pode dizer que o sujeito está mais alerta
do que em seu estado de vigília. Eles não fizeram nenhum grande esforço para reconciliar esta aparente
contradição, a coexistência de sono e vigília. Sem sistemática in-
investigações foram empreendidas até quase o final do século sob as investigações
fluência da Escola Nancy. Até hoje, o melhor relato de um hipnotizado
pessoa é talvez aquela dada por Eugen Bleuler, que se hipnotizou
por seu colega, Dr. von Speyr de Berna:
Von Speyr utilizou a técnica de fixação de Liebeault combinada com a verbal

sugestão. Bleuler se esforçou para cooperar com o hipnotizador, mantendo o máximo
consciência quanto ele podia. Ele logo percebeu que partes de seu campo visual estavam caindo
por assim dizer. Então, esses pontos vazios se expandiram e o resto do visual
o campo ficou velado. Finalmente, ele podia perceber apenas o contraste de luz e
sombra. Ele sentiu como se seus olhos estivessem úmidos e queimando um pouco, mas ele
me senti relaxado. Um calor confortável invadiu seu corpo da cabeça até
suas pernas; ele não sentia vontade de se mover ou fazer qualquer coisa, e parecia-lhe
que seus pensamentos estavam bem claros. Ele ouviu o hipnotizador dizer-lhe para mover seu
braços; ele tentou resistir à ordem. mas falhou parcialmente. O hipnotizador então disse
ele que as costas de sua mão eram insensíveis; Bleuler pensou que isso poderia
não ser verdade e que Von Speyr estava brincando quando disse que ele estava picando
(o que ele estava realmente fazendo). Ele acordou como se de um sono no
injunção do hipnotizador. Ele descobriu que não tinha amnésia e lembrou-se do
sugestão pós-hipnótica de que ele acordaria exatamente às 6h15
a manhã seguinte. Ele tentou, sem sucesso, permanecer ciente do tempo durante
durante a noite. Às 6h15, ele acordou de repente: alguém tinha acabado de bater
na porta. Bleuler concluiu a partir desse experimento que o processo hipnótico
havia envolvido seu inconsciente mais do que seu consciente o deixaria acreditar.
Duas ou três sessões adicionais com Von Speyr e Fore! produziu o mesmo
resultados como o primeiro 15
Ele seria útil para comparar as experiências subjetivas de vários

tipos de indivíduos e de pessoas hipnotizadas por hipnotizadores pertencentes
para escolas diferentes. Uma pesquisa recente de Stokvis aponta inequivocamente
ao elemento de encenação inconsciente, que se manifesta em hip-
nosis.16
Entre as inúmeras manifestações do sono mesmérico, uma que par-
particularmente impressionado Puységur e seus seguidores foi a lucidez inesperada
exibido pelo assunto. Esta extraordinária agudeza de percepção
levou os primeiros hipnotizadores a pesquisar mais e mais no reino do
maravilhoso. Como visto no capítulo anterior, eles descobriram que o paciente
foi capaz de diagnosticar não apenas suas próprias doenças e prever seu curso e
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prescrever o remédio, mas que ele parecia capaz de fazer tanto pelas pessoas
com quem ele

que alguns doshavia estabelecido
sujeitos um relacionamento.
hipnotizados, Além disso,
os chamados sonâmbulos foi afirmado
extra-
lucides, eram capazes de ler com os olhos tapados, de ler os pensamentos
de outros, para encontrar objetos perdidos e até mesmo para prever o futuro. Agora sabemos
que estes foram os resultados de sugestão mútua desenvolvida entre mag-
netizer e magnetizado. Mas, ao contrário da suposição da primeira mag-
netizadores, tornou-se evidente que um sujeito hipnotizado é perfeitamente capaz de
mentir, não apenas por sugestão, mas por sua própria vontade.
Uma das questões mais controversas do hipnotismo foi o fenômeno
de regressão de idade reconhecida precocemente por alguns hipnotizadores e sujeita a
escrutínio nas décadas de 1880 e 1890. O sujeito hipnotizado é informado que ele
está voltando no tempo, por exemplo, para sua adolescência ou infância em
um determinado momento de seu passado. Seu comportamento, seus movimentos e sua voz
mude de acordo. Ele parece ter esquecido tudo o que aconteceu a
ele desde o momento que ele está reencenando, e ele dá um relato detalhado
de acontecimentos neste período de sua vida. É esta "verdadeira regressão", isto é,
reviviscência do que o sujeito realmente experimentou naquela idade, ou
é apenas uma excelente imitação histriônica do que ele acredita ter
experiente então? Este foi um problema muito discutido. Coronel de Rochas,
um hipnotizador que já foi famoso, conduziu esses experimentos ao extremo
limites e até mesmo ad absurdum. 1 7 Ele assim obteve de seus súditos
uma regressão de idade não apenas de um tipo comum, mas também a reconstituição
de sua infância, seu nascimento, de seu período fetal. Então veio um apagão,
seguido pela imagem da vida anterior da pessoa, voltando de
da velhice à infância, primeira infância, nascimento e período fetal, seguido por um novo
apagão e o renascimento da segunda vida anterior. Assuntos de De Rochas
assim, reencenou várias vidas anteriores, sempre alternando a vida de um homem
com a vida de uma mulher. As descrições dessas vidas anteriores eram frequentemente
plausível, mas um tanto desfigurado por anacronismos. Alguns acreditaram que
O Coronel de Rochas havia encontrado uma confirmação experimental da doutrina
de reencarnação. Outras dúvidas surgiram quando De Rochas começou a ter filhos
as pessoas representam os vários estágios da vida à sua frente. O ceticismo aumentou
quando ele afirmou ter evocado uma externalização da sensibilidade: ele
removeu a sensibilidade do sujeito hipnotizado e a transferiu para
algum objeto externo. Assim, quando o assunto estava sendo picado, ele sentiu
nada; mas quando este objeto material estava sendo picado, o sujeito sentiu
como se ele próprio tivesse sido picado. Durante todo o século dezenove
século, a literatura sobre magnetismo e hipnotismo foi inundada com fantásticas
histórias desse tipo, e esta foi sem dúvida uma das principais razões para
a oposição dos círculos científicos à primeira psiquiatria dinâmica.
Outra razão para a oposição ao hipnotismo foi a consciência de
certos inconvenientes e perigos associados à sua prática. O primeiro de
todos, grave preocupação foi expressa sobre o fato de que, enquanto sob hipnose,
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o assunto parecia estar sob o feitiço do hipnotizador, obedecendo até mesmo a sua
demandas às vezes desagradáveis ou ridículas. Já em 1785, uma contro-
verso surgiu em Paris para saber se o assunto mulher iria ceder a um
ordem imoral dada pelo magnetizador. Tardif de Montrevel argumentou
que se um magnetizador inescrupuloso tentasse seduzir uma mulher, ela iria

despertar. 1B No entanto. homens como Deleuze. Gauthier, Charpignon e outros
enfatizou a necessidade de grande cautela por parte do magnetizador.
Teste observou que o sujeito logo se tornou capaz de detectar os desejos secretos
do magnetizador e alertou contra os perigos, não apenas de rudes sexuais
sedução, mas de cair em uma relação de amor sincera e verdadeira. 19 reverendo
Debreyne, que era um padre e educador com formação médica, observou que
o magnetizador era geralmente um homem forte e saudável, o sujeito geralmente
uma mulher jovem e bonita (raramente uma velha ou feia), e ele tinha um bom motivo
acreditar que a sedução ocorria com frequência. 20 Outro perigo era o
entrega de um segredo importante do paciente ao magnetizador. Como
veremos mais tarde, o problema de atos imorais e crimes cometidos sob
a hipnose tornou-se o tema de discussões acaloradas na década de 1880 e
1890.
Hipnotizadores inexperientes ou insensatos às vezes tinham grande dificuldade em
despertando seus pacientes do sono hipnótico. Em um relato autobiográfico,
Du Potet relata como. em sua juventude, ele amadoristicamente magnetizou dois jovens
senhoras e ficou frenético quando ele smv eles caíram em um estado dataléptico
e por horas fez esforços desesperados para tirá-los 'desta condição
ção, até que finalmente acordaram. 21 Não menos graves foram os distúrbios
experimentado pelo sujeito após sessões hipnóticas que também foram
longa ou muito extenuante, especialmente após experimentos envolvendo clarividência
e extra-lucidite. Outra manifestação patológica foi vigilambu-
lism. um estado peculiar de meio-sonambulismo permanente de pessoas que tiveram
foi hipnotizado repetidamente, mas não foi submetido ao regime regular
manobras que encerrariam seu sono magnético. Essas pessoas parecem
estar totalmente acordados, mas são suscetíveis de receber sugestões de qualquer pessoa que
fale com eles.
Assim que o fenômeno de sugestão pós-hipnótica foi reconhecido,
perigos potenciais tornaram-se aparentes e histórias foram contadas de indivíduos
a quem hipnotizadores inescrupulosos ordenaram que cometessem atos tolos após
eles acordaram. Voltaremos a este ponto ao lidar com o forense
implicações da primeira psiquiatria dinâmica. Bernheim enfatizou o fato
que pseudo-memórias podem ser sugeridas sob hipnose. Depois de acordar,
o paciente vai acreditar que viu ou fez algo de acordo com o
sugestão do hipnotizador. 22
Deleuze e os primeiros mesmeristas também descreveram os males resultantes de
sessões hipnóticas muito frequentes ou muito prolongadas. Esses assuntos gradualmente
tornou-se viciado em hipnose: não só a necessidade de freqüentes
aumento da hipnotização, mas eles se tornaram dependentes de sua
Página 10
A primeira psiquiatria dinâmica ( 1775-1900) 119
magnetizador, e essa dependência muitas vezes pode assumir uma inclinação sexual. este
fato bem conhecido foi redescoberto por Charcot, que relatou um
mulher que foi hipnotizada cinco vezes em três semanas e que
não conseguia pensar em nada além de seu hipnotizador, até que ela fugiu dela
casa para morar com ele.23 Seu marido a aceitou de volta, mas ela caiu
distúrbios histéricos graves que exigiram sua internação em um hospital.
O tratamento prolongado por hipnose também foi acusado de precipitar

o surto de psicoses em sujeitos predispostos.
Finalmente, epidemias psíquicas inteiras foram provocadas por hipnotizadores de palco
e charlatões, especialmente entre jovens e crianças em idade escolar
que brincavam de hipnotizar uns aos outros.2 4
Vendo que o fenômeno do hipnotismo foi o principal na
primeira psiquiatria dinâmica, não é surpreendente que um grande número de teorias
e especulações foram formuladas sobre sua natureza. Uma opinião extrema
foi aquela sustentada pelos céticos que simplesmente negaram sua existência ou acreditaram
que era no máximo uma espécie de auto-sugestão. A visão oposta extrema,
realizada pelos místicos, sustentava que a hipnose era um elo entre o natural e
os mundos sobrenaturais. os meios pelos quais o indivíduo humano
alma poderia obter acesso à Alma do Mundo. Entre esses dois extremos,
havia todos os tipos de opiniões intermediárias. Mesmer e os ftuidistas
pensava na hipnose como um fluido físico que circulava no corpo do
magnetizado ou entre o sujeito e o magnetizador. Mais tarde, esses especula-
ções foram substituídas por teorias envolvendo noções de energia nervosa ou a
repartição de zonas de excitação e inibição dentro do cérebro. ele é
digno de nota que as teorias sexuais foram enunciadas desde o início. Em um
apêndice secreto ao Relatório dos Comissários ao Rei Luís XVI,
afirmou-se que as "crises" sofridas por mulheres magnetizadas eram frequentemente de
uma natureza obviamente sexual. 25 Meynert baseou sua oposição ao hipnotismo
no fato de que toda a atitude da mulher em relação ao hipnotizador
foi permeado por fortes conotações sexuais e as emoções sexuais também
desempenhou um papel em homens hipnotizados. 2 6 Quanto às teorias psicológicas primeiro
enunciados por Puysegur e desenvolvidos por Bertrand, eles se tornaram
previsto no final do século. Voltaremos a este ponto.
Não pode ser considerado contra os primeiros mesmeristas que eles não organizaram
ize uma investigação científica do hipnotismo. A psicologia experimental era
inexistente então e, como enfatizado por Janet, Bertrand merece elogios
para uma investigação verdadeiramente objetiva e sistemática do hipnotismo. Investiga-
ções foram realizadas ao mesmo tempo por Deleuze e Noizet, e mais tarde
por Despine, Charpignon, Du Potet, Durand (de Gras) e outros. Janet
observa que as manifestações essenciais do hipnotismo eram conhecidas desde o
início e que nada de importante foi adicionado durante os nove
século X.
A grande lacuna no estudo do hipnotismo era que, a partir do
início, os hipnotizadores não conseguiram entender todas as implicações do relacionamento
Página 11
eles estabeleceram com seu paciente. Eles estavam bem cientes de que, através
a repetição das sessões hipnóticas, eles estavam convocando um novo e
vida oculta na mente do sujeito; mas eles não reconheceram em que medida
que a vida secreta exerceu uma atração específica sobre o próprio hipnotizador. Dentro-
voluntariamente, o hipnotizador sugeriu ao paciente mais do que ele pensava
fez, e o paciente devolveu ao hipnotizador muito do que o último
secretamente esperado. Um processo de sugestão mútua pode então se desenvolver; a
a história da psiquiatria dinâmica está repleta de mitos e romances fantásticos
que evoluiu através da colaboração inconsciente do hipnotizador e

hipnotizado. Podemos, assim, entender por que todo o século XIX
foi por sua vez atraído e repelido pelo fenômeno do hipnotismo. Em
à primeira vista, parecia abrir um acesso a um novo e misterioso reino de
a sensibilidade aumentada da alma, memória aguçada, novo comando de
processos fisiológicos, revelação de habilidades insuspeitadas do sujeito-
tudo isso parecia prometer descobertas maravilhosas. Mas uma vez que o explora-
estava em andamento, o explorador muitas vezes se perdeu e se tornou
o joguete de uma enganosa e enganadora Fata Morgana.
Outras abordagens para a mente desconhecida
Durante todo o século XIX, a hipnose permaneceu como a prática básica

abordar a mente inconsciente. No entanto, na segunda metade do século,
foi complementado por outras técnicas, algumas das quais eram variações
da hipnose, outras eram técnicas de uma nova natureza. Outros ainda eram
combinação de hipnose clássica com novas técnicas.
Desde o início, os mesmeristas consideraram o sonambulismo artificial
como uma espécie de sono (daí a palavra "hipnose" cunhada por Braid a partir do
Hipnos grego , sono). Eles distinguiram diferentes níveis desse sono,
dependendo de sua profundidade. Quanto mais profundo o sono, mais notável é o
resultados que poderiam ser obtidos do indivíduo hipnotizado. É , portanto,
parecia improvável no início, quando alguns hipnotizadores, como Du Potet,
ensinado que os pacientes poderiam ser levados a obedecer a comandos, a se tornar
paralisado, ou ter alucinações, sem ser adormecido, ou seja, o
sujeito permaneceu ciente dos acontecimentos e lembrou-se dos eventos do
sessão depois. Esta técnica foi usada em larga escala pelo palco
o hipnotizador Donato, que chamou de "fascinação". Em uma forma mais suave, foi
comumente usado por Bernheim e a Escola Nancy sob o nome de
sugestão a I'i: tat de veil / e.
De muito maior importância foi uma nova técnica que apareceu como um
resultado da onda espírita de meados do século. No início de 1850, certo
médiuns começaram não só a escrever sob as ordens do espírito, mas até mesmo
emprestou, por assim dizer, suas penas aos espíritos. Em Paris, o Baron de Gulden-
stubbe supostamente teria produzido mensagens autografadas de Platão
e Cícero. A maioria dos médiuns, no entanto, parecia contente em derrubar o
ditado do espírito, que eles receberam enquanto em transe, e eles foram grandemente
Página 12
surpreso ao acordar e mostrar o que haviam escrito. Um justo

abundante literatura desse tipo foi publicada durante a segunda metade de
o século. Alguns psicólogos como Frederick Myers 27 e William
James 28 entendeu que a escrita automática fornecia um meio de acesso a
o inconsciente. Eles o aplicaram, dando a esse método o caráter de um
procedimento científico. Como veremos mais tarde, Janet aplicou sistematicamente
escrita automática nas investigações do subconsciente de seus pacientes.
Outra técnica de acesso à mente inconsciente foi elaborada em
uma prática milenar usada por adivinhos e adivinhos, que consistia
em olhar para espelhos, bolas de cristal, água (lekanomantia) e assim por diante.
No início dos anos 1850, o magnetizador Du Potet desenhou um círculo de giz branco em um
chão preto e fez seus pacientes olharem fixamente para ele até que tivessem uma grande variedade de
visões e alucinações. 2 9 Na década de 1880, Myers e outros membros da
a Society for Psychical Research chegou à conclusão de que esses métodos,
muito parecido com a escrita automática. eram um meio para detectar o subconsciente
material na mente de seus pacientes.
O advento do espiritismo trouxe um novo tipo de indivíduo: o
médio. Muito é comum tanto ao sono hipnótico quanto ao auto-induzido
transe do médium, mas o material produzido por este é mais espontâneo
natural e provavelmente mais original. Foi um grande passo em frente para
psiquiatria dinâmica quando Flournoy no final do século XIX,
seguido logo pelo pulmão CG, empreendeu uma investigação sistemática de
médiuns. 30
Esses métodos foram finalmente combinados entre si e, posteriormente
período, os experimentos foram feitos com indivíduos hipnotizados que foram feitos
para escrever automaticamente e olhar em espelhos. Os assuntos foram ainda mais longe
hipnotizado em uma espécie de hipnose de segundo grau e esforços intensivos
estavam sendo feitos em toda parte nessa direção no final do século.
Mas, como veremos mais tarde. as respostas estão nas novas escolas de dinâmica
psiquiatria.
Imagens clínicas modelo: doenças magnéticas

Muitos sistemas psiquiátricos cresceram. o estudo de um particular
doença. A psiquiatria organicista muitas vezes escolheu a paresia geral ou afasia como um
paradigma da doença mental a que se refere no estudo de outras doenças mentais.
A primeira psiquiatria dinâmica evoluiu em torno de uma condição particular:
sonambulismo espontâneo. e sua contraparte induzida artificialmente, hip-
nosis. Mas não demorou muito para que outras condições mostrassem estreitas afinidades
com sonambulismo \\ foram descobertos e classificados com ele em um grupo
às vezes chamadas de doenças magnéticas.
Não devemos insistir no sonambulismo, que há muito tem sido o foco do
interesse como o exemplo mais puro do maravilhoso funcionamento da imaginação. Interesse
no sonambulismo se espalhou muito além do reino da medicina e teve
expandiu-se para os campos da filosofia e da literatura. Precisamos apenas citar
Página 13
A foto inesquecível de Shakespeare de Lady Macbeth reencenando fragmentos

da cena de seu crime à noite, entregando-se assim em um ato de
auto-traição. Kleist, em sua Kate hen von Heilbronn ( 1868), também deu
descrições literárias de sonambulismo. Do ponto de vista psiquiátrico, o
problema da relação do indivíduo entre seu sonambulismo e seu
estado normal foi muito especulado durante o século XIX,
e o problema da responsabilidade do indivíduo despertou especial interesse.
Outra condição clínica, que à primeira vista parece ser bem diferente
do sonambulismo, é "letargia", um sono muito profundo e prolongado que é
de outra forma desprovida de qualquer perturbação física particular, mas que às vezes
assume a forma de morte aparente (daí o medo generalizado de ser
enterrado vivo) . Da época da medicina grega antiga até o século XIX
século, houve muita especulação sobre a natureza e as causas da letargia.
Às vezes, considerada uma doença específica por si só, às vezes um sub

forma de histeria. notou-se que a letargia ocasionalmente ocorria em
sonâmbulos e que as manobras hipnóticas às vezes induzem letargia
em vez de sonambulismo artificial.
Um ainda mais misterioso e mais especulado sobre a condição era
catalepsia. Casos famosos foram relatados por Boissier de Sauvages, Lorry,
e muitos outros no século XVIII. Em 1785, Petetin, um médico em
Lyons, publicou um estudo notável de uma jovem de dezoito anos
que havia, por dois meses, estado em extrema angústia com a condição de
seu filho gravemente doente. 31 Assim que a criança se recuperou, ela foi apreendida
com dores violentas no epigástrio. Ela então teve uma crise nervosa durante
que ela cantou com uma voz maravilhosa, e caiu em um estado de catalepsia
com completa Joss aparente de movimento e sensibilidade. Ela era, no entanto,
capaz de responder de alguma forma às perguntas feitas. Petetin empreendeu uma série
de experimentos com esta paciente e descobriu que ela era insensível a ela
corpo inteiro com exceção do epigástrio, ao qual todos os seus sentidos
parecia ter sido transferido. Ela podia ouvir, ver e cheirar apenas
através de seu epigástrio. Ela foi capaz. além disso, para perceber seu interior
órgãos e prever os sintomas que apareceriam no dia seguinte.
Petetina conectou esta condição cataléptica com sonambulismo em um
lado e com histeria do outro, e avançou uma explicação baseada
na distribuição de fluidos elétricos no corpo. Depois do Petetín, mais
estudos críticos foram escritos por Bourdin 32 e por Puel, 33 que descreveu
como sintomas básicos a cessação de todo movimento voluntário, a passividade
em direção a movimentos impostos. a fiexibilitas cerea, e o prolongamento de
atitudes musculares impostas ao sujeito, que em um estado normal seriam
ele difícil ou impossível de manter por um período prolongado. O rela-
A relação entre a catalepsia e a histeria ainda era controversa. Briquet
vi que a catalepsia era igualmente frequente em homens e mulheres. enquanto a histeria
foi vinte vezes mais frequente nas mulheres. -> .. J No entanto, ele acrescentou que
a catalepsia ocorreu com mais freqüência em pacientes histéricos do que não histéricos,
Página 14
e ele, portanto, assumiu que deve haver uma afinidade entre catalepsia
e histeria. Por outro lado. hipnotizadores descobriram que assuntos que eram
hipnotizar não raro caía em catalepsia em vez de sonambulismo.
Essas três condições magnéticas, sonambulismo, letargia e catalepsia
tinha em comum o fato de que todos eles tinham afinidades pouco claras com a histeria,
eles às vezes ocorriam no mesmo paciente e poderiam ser induzidos
por meio de manobras hipnóticas. Posteriormente, duas outras condições foram adicionadas
a este grupo de doenças magnéticas e foram denominados "ecstasy maníaco" e
“visões extáticas”. por Prichard .- '~
O êxtase maníaco (ou loucura extática) foi descrito por Prichard como
um estado hipnótico com incoerência na mente. Considerando que o sonâmbulo
parece ter uma visão coerente de suas ações, em êxtase maníaco o paciente
confunde ou conecta imperfeitamente seus pensamentos; o paciente parece um
maníaco ou uma pessoa demente. Muitos hipnotizadores observaram tais
condições, especialmente na forma de confusão alucinatória, em pacientes
eles estavam hipnotizando ou durante uma fase de ataque histérico.
O que Prichard chamou de "visão extática" é uma espécie de devaneio intensivo
em uma pessoa que, aparentemente, está vivendo uma vida normal, então
que as interferências mais estranhas ocorrem entre a vida normal e os devaneios.
Assim que o paroxismo acabar. o indivíduo retém uma memória vívida disso
bem como a impressão de ter vivido um episódio fantástico. Dentro
Palavras de Prichard, "há casos em que as impressões retidas
após um paroxismo de êxtase estão tão ligados a eventos ou objetos externos
e tão misturado com a realidade a ponto de compor a mais singular e intrigante
combinação, e esta talvez seja a verdadeira razão de muitos estranhos e
conto misterioso. "
Prichard conta a história de um clérigo que tinha estado com saúde indiferente por algum tempo
quando. parado um dia na esquina de uma rua. ele viu um cortejo fúnebre chegando
para ele. Ele esperou e viu passar por ele. e então notou o seu próprio
nome no caixão e viu a procissão entrando em sua própria casa. Este foi o
início de uma doença que o levou à morte em poucos dias.
Em outro caso. um cavalheiro de cerca de trinta e cinco anos, que caminhava por Londres
em torno da Igreja de São Paulo. encontrou um estranho que primeiro o convidou para ter
jantar no bairro e, em seguida, sugeriu uma visita ao topo da Igreja
cúpula. Lá. o estranho puxou algo como uma bússola de seu bolso que
mais tarde revelou-se para ele um espelho mágico e ofereceu ao cavalheiro para fazê-lo ver
nele qualquer um que ele desejasse. não importa a distância que os separava; pensando em
seu pai doente. o senhor realmente viu -o claramente no espelho, reclinando
em sua poltrona. Tomado de terror. ele pediu a seu companheiro que eles pudessem
descer imediatamente. Mas ao despedir-se. o estranho disse a ele: "Lembre-se,
você é o escravo do homem do espelho. "Durante os meses seguintes,
o cavalheiro permaneceu obcecado com a lembrança dessa experiência. Prichard
pensa que ele realmente havia subido ao topo da Catedral de São Paulo em um estado de êxtase
devaneio e que mais tarde ele foi incapaz de distinguir o real do
imaginário nesses eventos.
Página 15
Descrições literárias de visões extáticas podem ser encontradas em várias obras

por Gerard de Nerval, 36 na Gradiva de Wilhelm Jensen , 37 e mais recentemente
em comunicantes Les Vases de Andre Breton , 38 uma história autobiográfica
complementado por uma análise psicológica do fenômeno.
Fotos clínicas modelo: automatismo ambulatorial

Por muito tempo, a atenção foi voltada para aquelas ações coordenadas que
uma pessoa realizada em sono sonâmbulo. Ficou claro, porém, que
ações semelhantes podem ser realizadas durante o dia por indivíduos que
parecia estar acordado. No entanto, como no sonambulismo, essas ações foram cortadas
fora da continuidade da consciência. O indivíduo então veio de repente
de volta à sua consciência normal e parecia totalmente inconsciente do que ele tinha
feito.
Como exemplo, podemos citar o caso outrora famoso de um jovem pastor alemão,
Sorge !, que era epiléptico. Um dia. quando ele foi enviado para a floresta para reunir
madeira, ele conheceu um homem. matou-o, cortou seus pés e bebeu seu sangue. Ele então
voltou para a aldeia. silenciosamente relatou o que tinha feito e voltou um pouco
mais tarde, ao seu estado normal de consciência, no qual parecia não se lembrar de nada
em absoluto. O tribunal. mostrando muito mais compreensão psicológica do que alguns de
os juízes de hoje, absolvido Sorge! com base no fato de que ele não poderia ser mantido
responsável pelo que aconteceu. 39
Casos semelhantes foram muito discutidos durante o século XIX e

às vezes eram interpretados como instâncias de personalidade múltipla transitória.
Na década de 1880, Charcot se interessou por tais casos, aos quais
dedicou várias de suas palestras mais brilhantes. 40 Ele classificou as fugas
(estados errantes seguidos de amnésia) de acordo com a etiologia, descrevendo
ing traumático. epiléptico. e formas histéricas de automatismo ambulatório.
Ao primeiro grupo pertence o caso de uma parteira parisiense de 54 anos que teve
foi chamada para um paciente nesta noite particular em 1885. Ela caiu na escada,
machucou gravemente a cabeça e perdeu a consciência por cerca de quinze minutos, após o que
ela foi até a paciente, deu à luz a criança e adormeceu. Sendo chamado
pela mulher três horas depois. ela foi tomada por arrepios violentos, voltou
para ela mesma e não conseguia entender como a criança tinha sido
entregue. Ela havia perdido completamente a memória do que se seguiu ao acidente.
Como um exemplo de automatismo ambulatorial epiléptico, Charcot cita o caso
de um porteiro epiléptico em Paris que, depois de descontar o aluguel de três meses
de todos os inquilinos da casa, desapareceu, calçando chinelos,
e foi passar uma semana na Cote d'Azur. Depois ele recuperou seu
consciência e ficou tão chateado que se entregou à polícia,
pedindo para ser preso. Um especialista psiquiátrico. Dr. Motet, teve um momento difícil
convencer o tribunal de que o homem não era responsável por sua ação.
Outro paciente epiléptico tratado por Charcot tinha sido empregado como delicatessen
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muito homem por uma loja de móveis de Paris por dezenove anos. Um dia em 1889, depois
descontando 900 francos de clientes. ele desapareceu. Sete dias depois, ele de repente
recuperou sua consciência anterior durante um show de uma banda militar, encontrando
em Brest, com apenas 700 francos no bolso. Ele se entregou a um
policial militar que o colocou na prisão. O mesmo paciente teve vários outros
fugas. Durante um deles, ele recuperou a consciência para se encontrar nadando
no Sena: aconteceu que em estado de fuga, ele estava viajando na cidade
treinar mais longe do que sua passagem permitia; como o trem estava cruzando uma ponte, ele pulou
através de uma janela e se jogou no rio, onde recuperou seu antigo
auto.
Charcot inclui no grupo do automatismo ambulatório histérico o

numerosos casos para os quais nenhuma etiologia traumática ou epiléptica pôde ser encontrada.
Alguns desses casos foram notáveis por causa da duração de sua duração
e o comportamento consequente e coerente do paciente a partir do momento
ele perdeu a consciência no momento em que de repente voltou a si mesmo
talvez se encontre em um ambiente desconhecido ou em um país remoto.
Um dos casos mais conhecidos foi o de um dos pacientes de Forel,
de acordo com o relato publicado por seu discípulo Naef.
Em agosto de 1895, um homem de trinta e dois anos, sentado em um café de Zurique, estava
assustado com uma notícia que leu em um jornal. Foi relatado que um certo
Sr. N. quem. alguns meses antes, tinha saído da Suíça para a Austrália, tinha dis-
apareceu e foi considerada morta como vítima de assassinato ou de uma infecção epidêmica.
Agitado com a notícia, o homem correu para sua pensão, procurou ansiosamente
através dos bolsos de suas roupas, e encontrou um passaporte com o nome do Sr.
N. A ideia de que ele próprio era o Sr. N. o dominava, mas ele não era bem
certeza: havia uma grande lacuna em sua memória. Tudo o que ele se lembra é que ele
havia se inscrito um ano antes para um cargo no exterior, e ele tinha uma vaga
imagens de uma longa viagem marítima. Nas últimas semanas. ele levou um imperceptível
e a vida mais isolada em Zurique. Em sua angústia. ele foi ver o Dr. Fore! quem
internou-o no Burghblzli como paciente. As investigações mostraram que o Sr. N.
foi nomeado pelo governo suíço para um cargo oficial na Austrália, que ele
havia partido para aquele país em novembro do ano anterior e cumprido seu
funciona normalmente durante seis meses. Ele havia deixado sua residência em maio em um
dever oficial para uma cidade da Austrália Central. onde ele foi atingido por um
doença epidémica. e sua pista foi perdida neste ponto. Porém, alguém
alegou tê-lo reconhecido posteriormente em um porto marítimo australiano, e foi encontrado
que ele havia retornado da Austrália para Nápoles com um nome falso.
O paciente estava deprimido. exausto e nervoso. Tenta estimular seu
memória com pedidos de concentração em determinados pontos, confrontos com
a família dele. e com um homem que ele conheceu na Austrália, tudo permaneceu infrutífero.
Fore! hipnotizou o Sr. N. e, começando com as memórias mais recentes do paciente,
procedeu lenta e progressivamente para trás em ordem cronológica, começando
cada sessão hipnótica com as últimas memórias trazidas pela anterior.
O paciente, assim, deu uma descrição detalhada de sua viagem da Suíça para
Austrália. suas atividades naquele país, sua viagem à cidade na Austrália Central
onde ele teve problemas difíceis e foi atingido por febre. De lá
Página 17
em diante, o tratamento hipnótico mostrou-se consideravelmente mais difícil. No entanto, o

resistências hipnóticas foram gradualmente superadas de modo que uma quase completa
a recuperação da amnésia poderia ser alcançada. 41
Podemos notar que a amnésia anterógrada começou em maio e teve

cessou no momento do retorno do paciente à Suíça, enquanto o
amnésia retrógrada se estendeu para trás até as circunstâncias que tinham
apenas precedeu a partida do paciente para a Austrália; era como se todo
O episódio australiano teve que ser cortado da memória do paciente. No
por outro lado, não houve tentativa de moldar uma personalidade secundária, exceto
pelo fato de o Sr. N. ter adotado um nome falso para sua viagem de volta
de barco. (O histórico do caso não menciona sob qual nome ele viveu
em Zurique.)
Devemos também notar que, com a maioria desses pacientes, tanto epilépticos quanto
histérico, o aparecimento e desaparecimento do estado de fuga curiosamente
respondeu às necessidades de certas situações. Ambos os pacientes de Charcot caíram
nessa condição imediatamente após o recebimento de quantias apreciáveis de dinheiro;
eles não foram capazes de explicar a maneira como o haviam gasto. Tendo
voltaram à consciência, eles se sentiram culpados e exibiram um comportamento autopunitivo.
O segundo paciente de Charcot voltou à consciência logo após seu "segundo eu"
conseguiu escapar com mais habilidade das consequências que poderia ter enfrentado
por viajar além da estação permitida por sua passagem. A conta dada em
em relação ao paciente de Forel é muito discreto, mas pode-se deduzir, depois de ler
a história completa, que o paciente tinha motivos pessoais para deixar a Austrália.
Em tais casos, bem como naqueles de múltiplas personalidades sucessivas, nove-
autores do século dezoito não enfatizaram suficientemente o consciente ou
motivações pessoais inconscientes subjacentes a essas mudanças de personalidade.
Na verdade, o primeiro caso clínico em que essas motivações pessoais foram
devidamente sublinhado foi o publicado por Raymond e Janet em 1895. 42
Imagens clínicas modernas: personalidade múltipla

No final do século XVIII e durante todo o século XIX
século, ocorrências de personalidade dividida tornaram-se conhecidas, a princípio como muito
acontecimentos raros, senão lendários. Depois de 1840, eles foram considerados em um
de maneira mais objetiva, e em 1880 esse problema estava entre os mais
discutido por psiquiatras e filósofos.
O problema da unidade da personalidade já havia sido ponderado sobre
por Santo Agostinho em suas Confissões. 43 Considerando a mudança que ocorreu
lugar nele desde sua conversão, Agostinho observou que seu antigo pagão
personalidade, da qual nada parecia permanecer em seu estado de vigília, ainda
deve existir, pois foi revivido à noite e em seus sonhos. Ele escreveu: "Am
Eu não sou, ó Senhor, meu Deus. E, no entanto, há muita diferença entre
eu e eu mesmo dentro do momento em que passo do despertar para
dormir ou voltar do sono para a vigília .. Isso traz Agostinho para discutir
Página 18
o problema da responsabilidade moral do sonhador por seus sonhos. Mais tarde

o problema análogo da responsabilidade do indivíduo pelas ações cometidas
por sua "personalidade secundária" se tornaria o assunto de semelhante
investigação.
O fenômeno da possessão, tão frequente por muitos séculos, poderia
bem ser considerado como uma variedade de personalidade múltipla. Nós já temos
mencionou as duas formas de possessão: possessão lúcida (em que o
sujeito sente dentro de si as duas almas lutando uma contra a outra), e
possessão sonâmbula (em que o sujeito perde a consciência de sua
enquanto um intruso misterioso parece tomar posse de seu corpo
e age e fala com uma individualidade da qual o sujeito nada sabe
quando ele volta à consciência). Podemos notar o paralelismo entre estes
duas formas de posse e as duas formas principais de personalidade múltipla.
Além disso, assim como a posse pode ser manifesta ou latente, a personalidade múltipla
pode ser manifesto (ou seja, aparecer e se desenvolver espontaneamente), ou pode
aparecem apenas sob a influência de manobras hipnóticas ou escrita automática.
É possível que instâncias de personalidade múltipla tenham existido anos atrás ao longo
com posse, mas permaneceu despercebido. Os historiadores recorreram a este
explicação para elucidar certos enigmas históricos como o caso
do misterioso "Amigo de Deus de Oberland", que parece ter
sido apenas uma segunda personalidade sonâmbula do místico Rulman Merswin. 4 4
Na verdade, foi somente após o desaparecimento do fenômeno da pós-
sessão em que histórias de casos de personalidade múltipla começaram a aparecer em
escritos mesmeristas e mais tarde também na literatura médica. Já em 1791,
Eberhardt Gmelin publicou um caso de umgetauschte Personlichkeit
(personalidade trocada):
Em 1789, no início da Revolução Francesa. refugiados aristocráticos chegaram
em Stuttgart. Impressionado com a visão deles. uma jovem alemã de 20 anos
de repente "trocou" sua própria personalidade pelas maneiras e maneiras de um francês
senhora nascida, imitando-a e falando francês perfeitamente e alemão como faria uma
Francesa. Esses estados "franceses" se repetiram. No francês dela
personalidade, o sujeito tinha memória completa de tudo o que ela disse e fez
durante seus estados franceses anteriores. Como alemã, ela não sabia nada sobre ela
Personalidade francesa. Com um movimento da mão, Gmelin foi facilmente capaz de fazer
sua mudança de uma personalidade para as outras 4 s
Reil estava muito interessado neste caso, elaborou e conectou

com o fenômeno dos sonhos. Ele cita, entre outros, um sonho relatado
por Lichtenberg, um escritor alemão, que sonhou que estava relatando um triste
mas uma história verdadeira para alguém quando uma terceira pessoa o interrompeu para lembrá-lo
ele de um ponto importante, que ele, Lichtenberg, tinha esquecido. "Porque
sua fantasia, "perguntou Rei !," criar uma terceira pessoa que o surpreendeu e fez
ele se sentir envergonhado, como pode o ego se dividir em pessoas que, a partir de
ele mesmo, produzir coisas das quais não está ciente de que estão nele, e
Página 19
surpreendê-lo como sabedoria externa? " 46 Como Rei! tão bem entendido, este problema
é basicamente igual ao da personalidade múltipla.
Então veio um período de casos semilegendários vagamente relatados. Erasmus
Darwin relata uma em algumas linhas:
Certa vez, fiquei preocupado com uma jovem muito elegante e engenhosa, que tinha um
devaneio em dias alternados que continuou quase o dia todo; e como nela
dias de doença, ela teve o mesmo tipo de idéias. que ela conversou
aproximadamente no dia alternativo anterior. e não conseguia se lembrar de nada sobre ela
bem dias; ela parecia a seus amigos possuir duas mentes. Este caso também foi
do tipo epiléptico. e foi curado. com algumas recaídas. por ópio administrado
antes do início do paroxismo 47
Um dos casos mais famosos de personalidade múltipla foi o de Maria

Reynolds, disse ter sido publicado pelo Dr. John Kearsley Mitchell 48
por volta de 1815, e posteriormente publicado de uma forma mais extensa com um acompanhamento
pelo Rev. WilliamS. Plumer. 49
Mary Reynolds. a filha do Reverendo William Reynolds, nasceu em

Inglaterra e ainda era criança quando a família migrou para os Estados Unidos. Eles
estabeleceu-se perto de Titusville. Pensilvânia; este ainda era um campo selvagem, habitado
principalmente por índios e alguns brancos. e bestas selvagens vagavam livremente. Na primavera
de 1811. com cerca de dezenove anos. Maria foi para o campo com um livro em
a mão dela. e mais tarde foi encontrado deitado no chão tendo aparentemente perdido o controle
consciência; ela logo o recuperou. mas permaneceu aparentemente cego e surdo por
cinco ou seis semanas. Sua audição voltou de repente. e sua visão estava gradualmente
restaurado. Três meses depois. ela foi encontrada em um sono profundo que durou por muitos
horas e das quais ela acordou tendo perdido toda a memória, até mesmo o uso da fala.
Sua condição era como a de um bebê recém-nascido. No entanto, ela rapidamente recuperou
seu conhecimento perdido. Cinco semanas depois. ela acordou uma manhã em seu estado natural
estado e expressou surpresa com a mudança das estações. sem saber que nada
anormal acontecera com ela nas últimas semanas. A algumas semanas mais tarde, ela
novamente caiu em um sono profundo. acordou em seu segundo estado e retomou a vida
precisamente onde ela o havia deixado algum tempo antes; essas alternâncias de um
estado para outro continuou por quinze ou dezesseis anos, mas finalmente cessou quando
ela havia atingido a idade de trinta e cinco anos. deixando-a permanentemente em seu segundo
estado em que ela permaneceu sem mais alterações até sua morte em 1854.
As diferenças entre as duas personalidades foram bastante marcantes. No primeiro dela
estado Maria estava quieta. sóbrio. e pessoa atenciosa com tendência a deprimir
sion. um pensador lento e desprovido de imaginação. Em seu segundo estado ela era gay,
alegre extravagante. gosta de companhia. Diversão. e piadas práticas. com um forte
propensão para versificação e rima. Suas duas caligrafias eram totalmente diferentes.
Em cada estado, ela conhecia o outro e temia cair de volta nele, mas para diferentes
razões. Em seu segundo estado, ela considerou o outro como enfadonho e estúpido.
Seu segundo estado causou muita preocupação para sua família porque ela ficou inquieta
e excêntrico; ela vagou pela floresta sem se preocupar com lobos e
ursos. e uma vez tentou pegar uma cascavel. Ela também estava sob o feitiço de
Página 20
um cunhado. Imediatamente após adormecer, ela contaria os eventos de

o dia e às vezes ria alegremente das piadas que ela havia feito durante o dia.
O caso de Mary Reynolds é geralmente citado como um exemplo de
separação entre as duas personalidades. No entanto, está claro a partir do Rev. Plumer
conta que a separação nem sempre foi tão completa. Em seu segundo estado, antes
ela tinha aprendido a ler novamente e não tinha nenhuma memória das Escrituras, ela contou sobre
seus sonhos que manifestavam um conhecimento da Bíblia, bem como memórias dela
irmã morta Eliza, de quem ela não tinha a menor lembrança quando acordada.
Este caso foi popularizado pelo livro escrito por Macnish, The Philosophy
of Sleep, e foi amplamente citado na França sob o nome de Ia dame de
Macnish. 50 Em 1889, Dr. S. Weir Mitchell, filho do Dr. John Kearsley
Mitchell, publicou um relato mais completo da história de Mary Reynold
dos papéis de seu pai. Parece que certos leitores não
perceber que Mary Reynolds e a "senhora de Macnish" eram uma só, e para
algum tempo as duas observações foram erroneamente citadas separadamente como duas
instâncias de dupla personalidade; isso, aliás, demonstra a imprecisão
do primeiro relato feito pelo ancião Dr. Mitchell. 51
O estudo verdadeiramente objetivo da personalidade múltipla foi inaugurado em
França pela publicação da história de "Estelle" por Despine Sr. no
forma de um relato detalhado equivalente a uma monografia. 52 Des Pine era um
clínico geral que foi nomeado Inspetor Médico do
estação termal de Aix-en-Savoie. Ele ocasionalmente praticava magnética
tratamento.
Em julho de 1836, Estelle, uma garota suíça de onze anos, foi trazida para Despine
por sua mãe e sua tia. Seus médicos em Neuchatel haviam diagnosticado um
paralisia severa resultante de uma lesão da medula espinhal. Estelle, que tinha perdido
seu pai durante uma epidemia em 1832, era uma criança mimada. Em novembro de 1834,
enquanto brincava com uma criança de sua idade, ela foi ligeiramente empurrada e caiu sobre ela
assento. A partir de então. ela reclamou de dores que gradualmente aumentaram para o
ponto de se tornar eventualmente excruciante. Todos os outros tratamentos falharam,
ela foi enviada para Aix. Ela viajou de ônibus por cinco dias, deitada de costas
em uma grande cesta de salgueiro acolchoada com edredom. As janelas do treinador
estavam bem fechadas e cobertas com cortinas. Ela causou uma sensação a cada
pare e uma grande multidão se reuniu para vê-la sendo carregada para a pousada local. Não
um exceto sua mãe e tia poderia tocá-la sem fazê-la gritar.
Ela estava absorta em devaneios, visões e alucinações fantásticas e
esqueceu de um momento para o outro tudo o que estava acontecendo ao seu redor.
É claro que o médico de sessenta anos sentia um forte apego por
o pequeno paciente. Ao longo de seu livro, ele fala de sua admiração por sua inteligência
ligência e coragem durante suas provações. Despine começou cuidadosamente um programa de
tratamentos hidroterapêuticos e elétricos, que foram seguidos por uma lenta im-
comprovação. Em dezembro, sua mãe disse ao Dr. Despine que
Estelle era confortada todas as noites por um coro de anjos. Este foi
esclarecedor para o médico que de repente entendeu que o caso de Estelle era
um de ·· êxtase .., uma condição que poderia ser curada pelo magnetismo animal. Estelle
Página 21
a princípio, recusou-se obstinadamente a ser magnetizado, mas, por insistência de sua mãe,
ela finalmente aceitou em seus próprios termos, que eram que ela se submeteria a
magnetismo apenas quando ela queria e apenas na medida em que ela estava disposta, e
que tudo o que ela dissesse em estado de sonambulismo seria repetido à sua palavra
por palavra. O tratamento magnético foi iniciado no final de dezembro de 1836. Ela
mãe escreveu o diário da cura, do qual grandes trechos estão contidos em
O livro de Despine. O sono magnético foi fácil de induzir e sempre foi seguido
por amnésia. Durante o sono, Estelle prescreveu seu próprio tratamento e dieta.
Logo após as primeiras sessões. um anjo reconfortante apareceu para ela em seu magnético
dormir a quem ela chamou de Angeline e com quem ela se envolveu em conversas animadas
(das quais, é claro, apenas as partes de Estelle foram registradas). Foi agora
Angeline que dirigiu o tratamento. A dieta proibia todos os alimentos que Estelle
não gostou e ordenou que ela tivesse tudo o que desejasse, incluindo
neve. Também era proibido contradizê-la. O anjo disse: "Deixe-a agir
de acordo com seus caprichos; ela não vai tirar vantagem da situação. "
A partir de janeiro de 1837, Estelle começou a levar uma vida dupla. Em seu normal
estado que ela ainda estava paralisada. O menor movimento a tornava insuportável
dor. Ela teve que ser coberta com almofadas, cobertores, cobertores de edredom; ela
amava sua mãe e exigia sua presença constante; ela se dirigiu
Despine respeitosamente com vous. Em seu estado magnético, ela se tornou capaz de
movia-se, começava a andar, sentia vontade de neve e não conseguia tolerá-la
presença da mãe; ela se dirigiu a Despine da maneira familiar com tu. Dela
capacidade de andar dependia da presença de ouro em seu corpo. Alguns outros
substâncias tiveram uma influência negativa sobre ela.
No final de janeiro de 1837, ela começou a cair espontaneamente em
estados, que se alternavam a cada doze horas com seu chamado estado normal;
neste último, ela ainda não conseguia dar um único passo. Em seu estado magnético
ela andava, corria e viajava de carruagem sem se cansar; ela amava brincar
com neve e comê-lo. No entanto, ela permaneceu intolerante com certas coisas
como gatos, cuja visão a lançaria em catalepsia, a partir da qual um
esfregar com ouro a traria para fora. Despine ficou particularmente impressionado com
a diferença entre suas duas dietas. Em seu estado normal, a criança poderia
tolera poucos alimentos. Durante seu estado magnético, ela comia abundantemente
de tudo. Ele parecia como se tivesse dois estômagos, um para a crise
condição e uma para a condição \\ rei.
No início de março de 1837, Despine foi chamado de Aix para
alguns dias. Como ela havia previsto, Estelle sofreu alucinações e distúrbios
bancos durante sua ausência, e a família teve que suportar silenciosamente todos
de suas extravagâncias. No final de março, Estelle previu que ela
visualize uma grande bola que estouraria, na qual uma grande melhoria seria
Segue. Essa profecia se tornou realidade em 14 de abril, quando, pela primeira vez, o
paciente foi capaz de dar alguns passos em seu estado de vigília. Houve também um
melhora em seu estado magnético. Ela era capaz de nadar e fazer excursões
nas montanhas, embora ela mantivesse suas idiossincrasias.
Em junho, a fusão gradual de seus estados normal e magnético ocorreu lentamente
Lugar, colocar. Em 13 de junho, o paciente recebeu alta do tratamento de Despine e
viajou lentamente de volta para Neuchatel com sua mãe. A notícia de sua cura tinha
já chegou à sua cidade natal, onde jornais locais publicaram sua história,
Página 22
chamando-a de Ia petite ressuscitee, "a pequena ressuscitada". Ela gradualmente

perdeu suas idiossincrasias a ponto de ser capaz de enfrentar um gato com ...
caindo em catalepsia.
O notável estudo de Despine logo caiu no esquecimento, em parte porque ele estava
um clínico geral, e em parte porque seu livro nunca foi re-
impresso e agora é extremamente raro. Janet repetidamente apontou o
importância do caso, que inspirou sua própria pesquisa. Um interessante
faceta da história de Estelle é a maneira pela qual a cura foi alcançada.
A condição "normal" de Estelle era na verdade patológica, enquanto
sua condição anormal ou magnética era realmente saudável. Despine
trouxe esta última condição ao seu desenvolvimento completo, sobre a qual o
fusão entre as duas condições ocorreu e a personalidade saudável
assumiu a liderança. O histórico do caso mostra como Despine, em uma primeira fase,
estabeleceu um relacionamento com a criança que se tornou dependente dele em seu
condição magnetizada enquanto se torna antagônico em relação à mãe; ele assim
libertou Estelle de sua dependência mórbida de sua mãe. As meninas
forte dependência de Despine durante sua ausência. Ele parece
que ele gradualmente afrouxou essa dependência até o ponto em que ela estava
capaz de retornar a Neuchatel com sua mãe.
Seria interessante saber o que aconteceu com Estelle depois dela
cura memorável. Nenhuma menção é feita a ele nas obras posteriores de Despine. Quão-
desde que ele uma vez citou o nome completo de Estelle, foi possível identificar
dela. Ela pertencia a uma família proeminente de Neuchatel, S \ Yitzerland, e
era filha de um comerciante suíço que se estabelecera em Paris,
onde ela nasceu em 18 de março de 1825. Após sua cura, ela passou a maior parte do
sua vida na França, casou-se em Le Havre e morreu lá em 15 de dezembro,
1862, sem deixar filhos. ' 1
Classificação e formas de personalidade múltipla

Vendo que mais e mais casos de personalidade múltipla foram publicados
durante o século XIX. parecia ser cada vez mais necessário
distinguir suas variedades clínicas e classificá-las. Entre vários
tipos de classificação, o mais racional é provavelmente o seguinte:
I. Múltiplas personalidades simultâneas

2. Sucessivas personalidades múltiplas

uma. mutuamente cientes um do outro
b. mutuamente amnéstico
c. amnéstico unilateral
3. Clusters de personalidade
Devemos agora realizar uma breve pesquisa desses diferentes tipos, citando
para cada tipo, um ou dois dos exemplos clínicos mais típicos, incluindo
casos recentes sempre que forem de particular interesse. 54
Página 23
Múltiplas personalidades simultâneas:

Personalidades são chamadas de simultâneas quando são capazes de se manifestar
se distintamente em um e no mesmo momento. Ele deve ser recordado
que não se pode falar de múltiplas personalidades onde há simplesmente
dois focos de atenção ou dois fluxos de consciência simultaneamente
(como pode acontecer com místicos religiosos, poetas, artistas, inventores); ou quando
uma pessoa está desempenhando um papel no palco. Em uma verdadeira personalidade múltipla,
cada personalidade tem o sentimento de sua própria individualidade na exclusão
do outro ou de outros.
Essas condições são muito raras. No entanto, mesmo um indivíduo normal pode
experimentam sentimentos semelhantes ao passar do sono para o estado de vigília e
vice-versa. Lembramos como Santo Agostinho se perguntou sobre as mudanças
de sua nova personalidade cristã para sua antiga personalidade pagã e cerca de
aqueles na direção oposta.
Flournoy menciona estados transitórios semelhantes em seu meio Helfme
Smith:
É um estado de consciência sui generis. que é impossível descrever

adequadamente e que só pode ser representado pela analogia dos curiosos
estados, excepcionais na vida normal de vigília. mas menos raro em sonhos quando um
parece mudar sua identidade e se tornar outra pessoa.
Helene me disse mais de uma vez que teve a impressão de se tornar
ou ser momentaneamente Leopold. Isso acontece com mais frequência à noite, ou
ao acordar pela manhã. Ela tem primeiro uma visão fugitiva de seu pró
tector. Então parece que aos poucos ele vai submergindo nela; ela o sente
superando e penetrando todo o seu organismo. como se ele realmente se tornasse ela
ou ela ele. 55
Em seu relato de suas experiências pessoais com mescalina, Giovanni Enrico

Morselli relata sua sensação de que uma fera estava se fundindo com ele, ou,
em outras palavras, ele sentiu que era como o licantropo da antiga metamorfose
em um animal selvagem, do qual ele podia até perceber a cor. 56
Mais complexos são os fenômenos do surgimento de memórias de um
vida anterior que às vezes ocorre com vivacidade alucinatória em uma pessoa,
que, ao mesmo tempo, mantém a consciência clara de sua própria identidade e
paradeiro. Um desses casos é a curiosa história do paciente de Max Bircher
"Ikara":
Ikara. uma dona de casa de Zurique. tinha perdido sua mãe aos treze anos e teve
passou uma infância e juventude infelizes. Ela era muito diligente, prática e
pessoa séria. mas levou uma vida secreta de fantasia. que ela escondeu dela
conhecidos. Na idade de quinze anos, ela foi atingida pela repentina compreensão
que ela sabia sobre o parto como se por experiência própria. Aos vinte e cinco,
ela começou a ter reminiscências muito vívidas de eventos que aconteceram a um
Página 24
pessoa que ela identificou consigo mesma em uma vida anterior. Ela passou dois anos em
O sanatório médico de Bircher, e ele conta sobre cerca de dez dessas manifestações
de interferência de uma vida anterior. Essas reminiscências tiveram uma absolutamente
caráter pessoal e vívido, embora pertencente a um caráter totalmente diferente
modo de vida. Naquela vida anterior, Ikara era uma mulher robusta que vivia em um ambiente primitivo
cabana à beira de uma floresta em meio a um povo selvagem vestido com peles de animais.
Certa vez, ela contou sua experiência de ter roubado uma galinha; ela estava devorando
crua e sentiu o gosto de seu sangue em sua boca quando os homens furiosos, brandindo
grandes varas para ela, começou a persegui-la. Ela buscou refúgio em uma caverna próxima - e
a visão parou de repente. O Dr. Bircher estava convencido de que eram reais
reminiscências de uma vida anterior que esta mulher viveu em uma era pré-histórica. isto
é lamentável que ele não tenha feito uma investigação detalhada do paciente
antecedentes pessoais. s 7
A coexistência na consciência de duas personalidades é um excepcional

estado que é improvável que dure por muito tempo. Mesmo quando as duas personalidades
estão cientes um do outro, um deles é sempre dominante (embora
a presença do outro é sentida em segundo plano). Portanto, um caso
como a do paciente de Cory pertence ao primeiro grupo de sucessivas
múltiplas personalidades.
Sucessivas personalidades múltiplas, mutuamente cientes

Este tipo de múltiplas personalidades não parece ser frequente. Um de
o melhor exemplo é o caso publicado por Charles E. Cory:
Cory descreve o caso de uma mulher de 29 anos, cuja personalidade teve

se dividiu em A e B três anos antes, após o choque que ela teve
experiente no suicídio de seu pai. Por algum tempo depois disso, ela tinha sido
afligido por distúrbios motores, alucinações e uma instabilidade peculiar e
mudanças de humor. Uma noite, enquanto estava sentada ao piano, ela sentiu como se
alguém dentro dela disse a ela para respirar fundo e depois tentou cantar
com a voz dela. Várias semanas se passaram antes que a personalidade B aprendesse a
·· emergir completamente e tomar posse do corpo. "Desde então. Os dois
as personalidades se alternaram, mas sempre permanecem conscientes umas das outras.
A permanece a personalidade normal e habitual e mantém seu caráter anterior.
Ela é uma mulher brilhante e culta, de boa origem, mas bastante tímida e
inibido. Ela canta mal. Ela teve uma educação rígida em casa, bem como em
a escola do convento e, em sua educação, um estrito tabu foi mantido como
às questões sexuais. B é aparentemente mais velho. mais ousado, mas digno e sério
mulher bonita que afirma ser a reencarnação da alma de um espanhol
cantor. Ela canta bem e com segurança e fala inglês com uma forte
Sotaque espanhol. Às vezes ela fala uma língua que finge ser espanhol, mas
é na verdade uma composição de sucessos de espanhol quebrado e de palavras que soam espanholas
formações. Ela é extremamente egocêntrica. mostra fortes paixões, e seu principal
o interesse está no instinto sexual. Ela finge ser uma voluptuosa, fascinante
bela e ter sido dançarina, cortesã e amante de um nobre.
A e B consideram-se em boas relações um com o outro, mas como
Página 25
sendo pessoas completamente separadas, tanto quanto dois amigos seriam. Cada um sabe
o outro apenas na medida em que o outro deseja ser conhecido e está disposto a re-
vitela sobre si mesma. Cada. se interessado, está consciente do outro e lembra
o que ela faz. Eles podem olhar para a mesma coisa ou ler o mesmo livro
simultaneamente. No entanto, parece que B nunca dorme. e ela afirma
conhece o início da vida de A melhor do que a própria A. Ela também afirma que é A's
anjo da guarda e uma vez a hipnotizou. Ela é obviamente a pessoa dominante
sonalidade.
Cory foi capaz de hipnotizar cada personalidade separadamente. Ele encontrou isso
sob hipnose. A lembrança de coisas das quais ela estava inconsciente
estado normal, mas sobre o qual B lhe falara sem ser hipnotizado. Uma vez,
enquanto em hipnose. B inesperadamente caiu em um delírio de medo e sofrimento:
ela tinha visto o corpo de um amante que se suicidou. "Para baixo nela
subconsciente, existe uma casa de horrores. "
O relato de Cory contém algumas dicas sobre possíveis fatores psicogenéticos. Em
a escola do convento A conheceu três meninas que vieram do México
e que falavam espanhol entre si. Pouco depois da morte de seu pai,
ela conheceu um homem muitos anos mais velho que parecia um espanhol e cujo
minha mãe era na verdade espanhola. Por outro lado. o paciente sofria de
forte repressão sexual e conflito interno. Cory observa que os "dois eus
foram formados ao longo das linhas do antigo conflito. "
Finalmente, deve ser enfatizado que o paciente de Cory nunca sugeriu que
8 pode ser uma releitura de uma vida anterior de A (como na história de Ikara). 8 era
suposto ser a reencarnação de um espírito. Vale ressaltar que 8 é amigável
com um círculo de crentes no espiritismo que encorajam sua crença de ser um
espírito de volta e sobre mim ela exerce uma influência tirânica;
Sucessivas personalidades múltiplas, mutuamente amnésticas

Nesse grupo, as personalidades A e B não sabem nada uma sobre a outra.
Este foi o caso do jovem paciente de Gmelin, cuja personalidade francesa
não sabia nada sobre o alemão, nem o alemão sobre os franceses.
Mary Reynolds é geralmente citada como uma instância típica deste grupo, mas,
como vimos acima, algum conhecimento de sua primeira personalidade às vezes
permeou sua segunda personalidade. Deve-se ser cauteloso no estudo de
históricos de casos antigos, que nem sempre foram registrados com o cuidado
desejaria por hoje. Uma das primeiras instâncias registradas de forma confiável de
personalidades mutuamente amnésticas é a de Ansel Bourne, publicado por
Hodgson 59 e examinado por William 1 ames. 60
Ansel Bourne nasceu em 1826. Filho de pais divorciados, passou um

infância infeliz e mais tarde tornou-se um carpinteiro que trabalhava na pequena Rhode
Cidades insulares. Ateu, declarou publicamente, em 28 de outubro de 1857, que
ele prefere ser surdo e mudo do que ir à igreja. Momentos depois, ele perdeu
sua audição. discurso. e visão. No dia 2 de novembro, ele foi à igreja, mostrando
uma mensagem escrita anunciando sua conversão. No domingo seguinte, novembro
ber 15. ele se levantou na igreja no meio de várias centenas de fiéis e
proclamou que Deus o curou de suas enfermidades. Este suposto milagre
trouxe-lhe enorme prestígio, e daí em diante Bourne combinou seu carpinteiro
Página 26
comércio com a atividade de pregador itinerante. Anos depois, ele perdeu sua esposa e voltou a
casado, mas seu segundo casamento foi infeliz.
Trinta anos após sua conversão, Ansel Bourne um dia desapareceu de
sua casa em Coventry, Rhode Island. Ele tinha ido para Providence, descontou
$ 55 1,00 no banco, paguei 1 é isso para seu sobrinho amado, e a partir daí seu
pista foi perdida.
Duas semanas depois, um certo Albert Brown chegou a Norristown, Pennsyl-
vania: ele alugou uma lojinha. comprei algumas mercadorias e comecei um pequeno
negócio de papelaria, confeitaria e pequenos artigos. O homem liderou um pouco
vida discreta e isolada. Em 14 de março, ele acordou de manhã cedo
e estava completamente desorientado. Ele havia voltado à sua antiga personalidade
de Ansel Bourne e não conseguia entender o que ele estava fazendo neste estranho
Lugar, colocar. Ele ligou para seus vizinhos, que pensaram que ele tinha se tornado mentalmente deprimido
variou. Por fim, seu sobrinho chegou, liquidou o estoque de mercadorias e
levou seu tio de volta para Coventry. Ansel Bourne não tinha nenhuma lembrança
do que ele fez durante os dois meses que passou vivendo sob o nome
de Albert Brown.
Em 1890, Ansel Bourne foi hipnotizado por William James e trouxe
de volta, em transe, à sua personalidade secundária, Albert Brown. Brown sabia
nada de Bourne, mas deu um relato coerente do que ele havia feito durante
os dois meses de sua existência. Onde quer que suas declarações possam ser verificadas por
uma investigação objetiva, eles foram considerados verdadeiros. Em relação a sua fuga, ele foi
obviamente insatisfeito com a vida e sofreu com a insistência de sua segunda esposa
natureza. Ele desapareceu logo depois de sacar uma grande quantia em dinheiro. Dele
nova identidade (Albert Brown de Newton, NH) era um leve disfarce de sua
verdadeiro (Ansel Bourne de New York, NY). É estranho que em seu secundário
estado, Albert Brown não notou nada de incomum sobre os papéis, talão de cheques,
e assim por diante, levando o nome de Ansel Bourne, que tinha consigo todos
daquela vez. Seria interessante saber as circunstâncias que precederam seu
voltar à sua personalidade anterior e quanto dinheiro ele tinha sobrado.
Um caso mais recente e melhor documentado de per-

sonalities \ Vas publicado em 1933 por SI Franz:
Em dezembro de 1919, a polícia de Los Angeles prendeu um homem que estava vagando
pelas ruas em estado de pasmo. O homem, que estava carregando britânicos
e medalhas de guerra francesas com ele, disse que não se lembrava de nada de sua vida
antes de 1915 e que estava preocupado com o problema de sua identidade. A
velha senhora californiana garantiu-lhe que o reconhecia como seu filho perdido, mas
ele não conseguia reconhecê-la como sua mãe. Franz tentou elucidar o caso, tanto
por meio de inquéritos oficiais e por meio de entrevistas repetidas com o paciente.
Os papéis do homem foram entregues a Charles Poulting, da Flórida, mas
ele não parecia um nativo americano. Seu sotaque era irlandês. Ele pensou
que ele poderia ser canadense e tinha um interesse inexplicável pelo estado de
Michigan. Ele tinha viajado extensivamente pelos Estados Unidos, bem como
no exterior. Suas memórias começaram 11 com o mês de fevereiro de 1915, mas havia
também algumas lacunas importantes após essa data. Ele lutou na Primeira Guerra Mundial em
França, na Bélgica e na África Oriental britânica. Com intensa emoção, ele disse
Página 27
Franz sobre suas experiências de guerra na selva africana e relatou como, após
escapando do cativeiro alemão com outro soldado, ele viu seu com
panion devorado por leopardos.
Enquanto Poulting tentava recuperar sua memória, a polícia novamente
encontrou-o nas ruas, em março de 1930, completamente desorientado. Para Franz, ele
declarou que seu nome era Charles Poultney; ele indicou a data e local
de seu nascimento, seu endereço em Dublin, bem como os nomes de seus pais, irmãos,
esposa e dois filhos. Ele teria estado em Dublin em setembro
ber 1914. Ele tinha vindo para os Estados Unidos em 1913 e morava em Michigan.
Ele não conseguia se lembrar de nada do que aconteceu depois de setembro de 1914. "
era um homem de quarenta e dois anos com memórias e experiências de apenas vinte e sete
anos."
Franz tentou fazer Poultney recuperar as memórias da segunda parte de seu
vida, usando mapas de países onde ele era conhecido por ter permanecido. Estudando
mapa da África Oriental Britânica, Poultney de repente ficou intensamente emocional
enquanto apontando uma pequena cidade: lá. ele disse que tinha um macaco de estimação que tinha
foi capturado e devorado por um leopardo. (Do ponto de vista dinâmico, o
emoção foi obviamente deslocada da memória mais assustadora de ter
viu seu companheiro ser devorado por leopardos na mesma região.) Este emocional
ab-reação foi acompanhada por uma enxurrada de memórias, que agora fluíam
incessantemente. "Em poucos minutos, ele viveu quinze anos. Ele conheceu e ele
tinha se reconhecido. "
A história de vida do paciente foi, portanto, dividida em três partes de comprimentos desiguais,
qual Franz. chamadas personalidades AB e C. Personalidade A (Poulting) ex-
cuidou desde o nascimento do paciente até setembro de 1914. Personalidade B cobriu o
período de setembro de 1914 a fevereiro de 1915. Este fragmento de personalidade
tinha sido apagado, provavelmente sob o efeito de uma bomba de choque na batalha
campo no norte da França. Personalidade C começou em fevereiro de 1915 e continuou
até a época em que Franz realizou o tratamento do paciente em 1930. No
início do tratamento. o paciente conhecia apenas a personalidade C e tinha
perdeu A e B. Após este episódio de confusão mental, ele recuperou A, mas teve
perdido B e C. Franz conseguiu reunir A e C, mas não o perdido
link de B (daí o ti tie de seu livro: Pessoas Um e Três) 61
Sucessivas personalidades múltiplas: amnéstico unilateral
Isso significa que a personalidade A não conhece nada da personalidade B, mas o

este conhece não apenas a si mesmo, mas também a personalidade A. O protótipo deste
variedade de múltiplas personalidades foi dada pelo famoso paciente de Azam
Felida. Eugene Azam ( 1822-1899), professor de cirurgia da
Bordeaux Medical School, estava interessado em hipnotismo na época em que
foi considerado não científico. De 1858 a 1893, ele estudou e
seguia a intervalos uma mulher, Felida X., para quem ele cunhou o
termo dedoublement de la personnalite. Ele leu uma série de jornais
sobre este paciente a várias sociedades médicas e, posteriormente, compilou seu
observações, completou-as com um acompanhamento e publicou-as em 1887
com uma introdução de Charcot. 6 2
Página 28
Felida, nascida em 1843, era filha de um capitão da marinha mercante.

Ele morreu quando ela era um bebê e Felida teve uma infância difícil. Ainda um
criança, ela tinha que ganhar a vida como costureira. De seu décimo terceiro ano em diante,
ela desenvolveu sintomas histéricos graves. Ela era uma menina taciturna e taciturna e
trabalhadora, mas reclamava constantemente de dores de cabeça, nevralgias e
uma grande variedade de sintomas. Quase todos os dias. ela teve uma "crise": ela iria
de repente sentia uma dor aguda nas têmporas, após a qual ela cairia em um
estado letárgico de poucos minutos de duração. Quando ela acordou, ela era uma dif-
pessoa feroz como um todo, alegre, vivaz, às vezes exultante e completamente livre
de doenças. Essa condição geralmente durava algumas horas e, então, daria
caminho para um curto estado letárgico do qual ela voltou ao seu desempenho normal
sonalidade. Azam afirma que em sua condição normal, Felida era de inteligência média
ligência, mas que ela se tornou mais brilhante em sua condição secundária. Dentro
o último, ela estava muito bem ciente não só de seus estados secundários anteriores, mas
também de toda a sua vida. Em seu estado normal, ela não sabia nada do secundário
condição exceto aquela sobre a qual outros lhe contaram. Muito menos frequentemente, Felida
teve outro tipo de crise, que Azam chamou de sua terceira condição: ataques de terríveis
ansiedade com alucinações assustadoras.
Um dia, Felida consultou Azam por causa de náuseas e um quadro abdominal alargado
domen. Azam diagnosticou gravidez, mas Felida protestou que ela não
entender como isso pode ser possível. Então, ela mudou para seu secundário
condição e rindo admitiu que sabia de sua gravidez, mas não
preocupado com isso. Ela se casou com seu namorado, seu bebê nasceu e ela
provou marcadamente. Ela parou de ver Azam por um longo tempo. Todas as anteriores
os sintomas voltaram com sua segunda gravidez.
Entre os sintomas de Felida. Azam descreveu distúrbios incomuns do
funções nervosas vegetativas que se tornaram cada vez piores no sub
anos subsequentes de sua vida. Ela estava sofrendo de hemorragia pulmonar e gástrica
rhages sem qualquer sinal de lesão pulmonar ou gástrica. Durante o sono dela, sangue
fluiu lenta mas continuamente de sua boca. Qualquer parte de seu corpo poderia
de repente inchar, por exemplo, metade do rosto.
Azam afirmou em 1876 que Felida, agora com trinta e dois anos e
gerenciar um supermercado, apresentou basicamente os mesmos sintomas. Mas o
personalidades primárias e secundárias estavam agora em relação inversa a cada
outro, isto é, os períodos de personalidade secundária foram muito mais longos do que o
períodos de personalidade normal. Este último piorou. Em seu secundário per-
sonalidade, Felida se sentia bem, ela era mais livre, se preocupava mais com sua aparência pessoal
Pearance, era mais sensível e mais afetuoso com sua família. Ela
lembrou-se de sua vida inteira. Durante os curtos períodos de sua personalidade primária,
ela foi privada de grande parte de suas memórias (desde que ela se lembrou
nada de sua outra personalidade). ela trabalhou mais, mas ela estava triste e
desagradável com o marido. Em todos os aspectos, esta chamada condição normal
provou ser menos desejável do que o secundário ou anormal. Onze da felida
os partos ocorreram sem exceção em seu estado normal, ou seja, em seu estado ruim.
Em ambas as condições, ela considerou seu estado atual como seu estado normal e
o outro é anormal.
Nos anos seguintes, até 1887, Azam continuou a observar Felida e
Página 29
escreveu vários estudos de acompanhamento sobre ela. A condição secundária tornou-se mais
e mais o predominante, embora nunca tenha se tornado exclusivo. Enquanto
Azam a observou, Felida teve recaídas curtas em sua condição normal primária
ção. Os distúrbios do sistema nervoso locativo agravaram-se progressivamente ao
grau que ela teve hemorragias frequentes em todas as mucosas de seu
corpo, sem qualquer sinal de doença grave.
A maioria dos casos de múltiplas personalidades pertencem a este grupo de um -

maneira amnésica. Como vimos, B sabe tudo sobre A, enquanto
A não sabe nada sobre B. Além disso, SW Mitchell enfatizou o fato
que em todos os casos conhecidos, verificou-se que a personalidade B é mais livre e mais
exaltado; a personalidade A é inibida, compulsiva e deprimida. Myers, e
então Janet, declarou que era incorreto, como Azam, chamar a personalidade
A normal e a personalidade B anormal. Na verdade, a personalidade A é o doente
pessoa, e B pode ser considerado um retorno à pessoa anteriormente saudável
sonalidade, como era antes do início da doença.
Entre as inúmeras ocorrências de múltiplas personalidades deste grupo,
vamos selecionar e resumir um outro, a paciente de Morselli, Elena, talvez
o caso mais notável de personalidade múltipla já publicado. Elena
esteve sob observação e tratamento de Morselli durante três anos. 63 His
relato, publicado em um jornal italiano, é uma monografia bem documentada
de um caso deste tipo.
Em maio de 1925, uma professora de piano de 25 anos, Elena F., foi admitida na
Clínica psiquiátrica de Morselli em Milão. Ela se dirigiu a ele em um francês perfeito.
Morselli perguntou por que ela, uma italiana, não falava com ele em sua língua natal
língua. Ela respondeu com aparente surpresa que estava falando italiano. Ela
teve a sensação de algo estranho e misterioso ao seu redor e reclamou que
as pessoas estavam lendo seus pensamentos, e que ela estava ouvindo vozes que eram
pronunciando terríveis acusações contra ela. Ela também garantiu a Morselli (con
contrário aos fatos) que seu pai estava morto. Enquanto Morselli estava realizando um
exame neurológico nela, ela teve um curto estado letárgico, e então,
expressando-se em italiano. ela ficou surpresa ao ver Morselli a quem ela fez
não reconhece.
A partir de então. as personalidades de língua francesa e italiana se alternaram. Dentro
cada um deles, Elena acreditava que ela estava falando italiano. No francês dela
doença. ela falava italiano como um francês faria e vice-versa.
Além dessas duas personalidades, ela tinha estados delirantes de vez em quando
com alucinações terríveis em que viu, por exemplo, sua mãe sendo
morto por seu pai (estados semelhantes também foram descritos por Azam como de Felida
terceira condição.)
A personalidade italiana de Elena não sabia nada sobre sua contraparte francesa, enquanto
este último conhecia a si mesmo e a personalidade italiana. A personalidade francesa
era abertamente psicótico, a personalidade italiana muito menos doente.
Investigações objetivas mostraram que o pai de Elena era um homem de sessenta e seis anos de idade.
industrialista. sua mãe, uma mulher de 62 anos de idade, gravemente neurótica e alcoólatra.
A vida em casa era insuportável por causa das cenas violentas entre os pais.
Página 30
Elena sempre foi doentia; ela devotou toda a sua paixão e energia
à música. Ela mostrou uma aversão por questões sexuais e não tinha conhecido
caso de amor. Doenças pulmonares e outras doenças resultaram em grandes gastos
tempo em estâncias climáticas. O início dos distúrbios mentais ocorreu após uma estadia
com seu pai em uma vila às margens do Lago Maggiore.
A terapia de Morselli foi guiada por dois princípios: (I) Ver que o italiano
personalidade era a mais sólida. ele tentou manter Elena dentro dele tanto quanto possível.
Ele descobriu que poderia fazê-la mudar à vontade dos franceses para os
Condição italiana ao fazê-la ler em voz alta 50 versos de Dante. (2) Ele tentou
uma elucidação cuidadosa de seu passado com ela sem o uso de hipnose. Morselli
ficou impressionado com a aparente ignorância de seu paciente dos fatos da vida sexual e por
certas lacunas em sua memória: ela não conseguia se lembrar de nada sobre as semanas
passou com seu pai em um lugar do qual ela nem conseguia lembrar o nome.
Gradualmente, Elena recuperou suas memórias esquecidas ao custo de terríveis
ab-reações emocionais. Ela se lembrou de ter sido vítima de
ataques incestuosos (cuja realidade foi confirmada por outras fontes).
O mais horrível para ela foi a memória de suas tentativas de colocar a língua
sua boca. Sua fuga para uma personalidade francesa foi, portanto, uma tentativa de reprimir
a memória da "língua" do pai e de seus ataques incestuosos em geral.
O progresso decisivo assim alcançado foi seguido pelos esforços de Morselli para
unir as personalidades de língua francesa e italiana e fundir-se em uma
de outros. Os sintomas psicóticos desapareceram gradualmente. O tratamento foi
assim, provou ser eficaz, mas, logo após deixar o hospital em julho de 1927,
Elena morreu de uma infecção renal.
Grupos de personalidade
Por muito tempo, os únicos casos a serem publicados foram os de "dupla

personalidade. "Mas percebeu-se mais tarde que a mente humana era bastante parecida com
uma matriz da qual conjuntos inteiros de subpersonalidades poderiam emergir e
diferenciar-se. Os mesmeristas descobriram que ao sobrepor um
procedimento hipnótico no paciente já hipnotizado, uma terceira personalidade
às vezes parecia, como diferente da personalidade magnética usual
assim como o último do indivíduo normal em seu estado de vigília. Pierre
Janet foi uma das primeiras a fazer experimentos sistemáticos com seus assuntos
Lucie, Leonie e Rose sobre essas múltiplas subpersonalidades hipnóticas.
Ele mostrou o importante papel de tomar ou dar nomes: "Uma vez
batizada, a personalidade inconsciente é mais clara e definida; isto mostra
seus traços psicológicos mais claramente. " 64
Grupos de personalidade às vezes se desenvolvem espontaneamente, embora sempre
caminhos permanecem abertos para questionar até que ponto o investigador pode, por
sugestão consciente ou inconsciente, solicite a multiplicação e decida
velopment dessas personalidades. Entre as instâncias mais conhecidas iremos
cite o caso da Srta. Beauchamp, a quem Morton Prince dedicou um clássico
monografia cal.
Página 31
Christine Beauchamp, nascida em 1875, tinha vinte e três anos quando Morton
Prince a conheceu em 1898. Naquela época, ela era estudante em
uma faculdade da Nova Inglaterra, uma pessoa bem-educada, mas muito tímida, que passou todo o
seu tempo lendo livros. Ela tinha um alto senso de dever, era diligente, escrupulosa,
orgulhosa e reservada e mostrou uma reticência mórbida em falar sobre si mesma. Ela
sofria de dores de cabeça, fadiga e uma inibição da vontade, motivos pelos quais
Morton Prince foi consultado e a recebeu para tratamento. Príncipe sabia que senhorita
Beauchamp tinha perdido a mãe aos treze anos, ela sempre foi
infeliz em casa, e ela tinha sofrido uma série de traumas psíquicos entre
aos treze e dezesseis anos, a ponto de ter fugido de casa em
uma ocasião.
A fim de aliviá-la de seus sofrimentos neurastênicos, o Príncipe empreendeu
para hipnotizá-la, o que ele achou fácil de fazer. Sob hipnose, ela se livrou do
reserva artificial de seu estado de vigília, mas mostrou basicamente o mesmo
personalidade. Algumas semanas depois. Prince ficou surpreso ao ver que quando hipno-
tizada, ela exibiu um de dois estados diferentes (que ele chamou de B II e B III,
dando à personalidade em estado de vigília o nome de BI). Considerando que B II era
A própria Srta. Beauchamp se intensificou, B III foi exatamente o oposto: ela era gay,
animado, imprudente. rebelde, e ela frequentemente gaguejava. BI (Miss Beauchamp nela
estado normal) nada sabia de suas duas subpersonalidades hipnóticas; B II sabia
BI, mas não B III. Por outro lado, B III sabia tudo sobre BI e B II. o
segunda subpersonalidade hipnótica, B III, a quem Prince chamou de Chris, escolheu o
nome de Sally. Ela shm \ ed escárnio e desprezo FORB I. quem ela encontrou estúpido.
No entanto, Sally não tinha a cultura de Miss Beauchamp e não falava francês.
Não demorou muito para que Sally manifestasse sua existência indiretamente na Srta. Beau-
a vida de campeão, sugerindo palavras e ações estúpidas; foi uma espécie de
"encenando." Poucos meses depois, Sally apareceu diretamente em cena no
forma de uma personalidade alternada evidente que sabia tudo sobre a senhorita
Beauchamp, enquanto o último ficava constantemente intrigado e envergonhado, nunca
sabendo que piadas práticas Sally tinha pregado nela nos intervalos.
Mais tarde, uma nova personalidade emergiu, B IV, o Idiota; parecia ser um regressivo
personalidade. Neste ponto, o príncipe descobriu que a Srta. Beauchamp havia sofrido
um choque nervoso aos dezoito anos. Durante os anos 1898 a 1904, disse
Príncipe, todas essas personalidades representaram "uma comédia de erros que foi
vezes farsesco e às vezes trágico. ·· Ele teve dificuldade em lidar com eles.
No entanto, ele teve sucesso em amalgamar essas personalidades em uma, a verdadeira
Senhorita Beauchamp. Os detalhes desse tratamento. qual alguém pode chamar corretamente
uma terapia de grupo, são descritos mais completamente no livro de Prince, The Dis-
associação de uma Personalidade. "'
Por mais complicado que este caso possa parecer, é ainda menos do que o de Doris,
publicado por Walter Franklin Prince. 66 Este caso, muito longo e com-
plex a ser analisado aqui, envolve vários enigmas que são extremamente
dificil de explicar. como o fato de que uma das subpersonalidades (Doente
Doris) foi gradualmente absorvida pela personalidade primária (Real Doris),
enquanto outra (Margaret) recuou lentamente e desapareceu sem
Página 32
suas memórias, sendo integradas por Real Doris, e outra, Sleeping
A verdadeira Doris desapareceu silenciosamente.

Observações gerais sobre personalidade múltipla
Vimos que alunos de múltiplas personalidades descreveram casos
de complexidade crescente, variando de pequenas fugas de auto-
matismo a casos prolongados e extraordinariamente complexos e misteriosos de
múltiplas personalidades. Vários autores também se empenharam em descrever atípico
e casos atenuados de personalidade múltipla. As manifestações do
duplo foi explicado como sendo uma espécie de projeção do secundário per-
sonalidade. O francês Binet 67 e o alemão Lucka 6 s descreveram fenômenos
de despersonalização e falso reconhecimento como transiente, extenuado
formas de dupla personalidade.
Várias teorias foram elaboradas para explicar esses fenômenos. No início,
a discussão ocorreu entre os associacionistas que falavam de mental
divisão e perda de conexão entre os dois grupos principais de associações,
e os organicistas que mantiveram a ideia de modificação orgânica do
cérebro. Em um período posterior, no final do século XIX, o
fatores de motivação, dramatização, regressão e progressão do total
personalidade foram trazidas à luz, como veremos mais tarde, especialmente por
F1ournoy. Gardner Murphy concluiu que "a maioria dos casos de múltiplos
as sonalidades parecem representar essencialmente o esforço do organismo para viver, em
tempos diferentes, em termos de diferentes sistemas de valores. " 69 Múltiplos por-
as sonalidades, portanto, ilustram dramaticamente o fato de que a unidade da personalidade é
não dado ao indivíduo como uma coisa natural, mas deve ser realizado e
alcançados através dos esforços persistentes do indivíduo, e talvez ao longo da vida.
Depois de 1910, houve uma onda de reação contra o conceito de
personalidade triplo. Foi alegado que os investigadores, de Despine a
Prince, foi enganado por pacientes mitômanos e que eles
moldou voluntariamente as manifestações que estavam observando. A nova dinâmica
a psiquiatria mostrou pouco interesse nos problemas de personalidade múltipla.
No momento, no entanto, parece haver um renascimento parcial do interesse
iniciar. Na Itália, Morselli 70 descreveu dois casos muito notáveis, o de
Elena, já citada, e de Marisa, 71 onde foram registrados os EEG's
e encontrado diferente nas duas personalidades. Na Suíça, Binder publicou
dois casos de dupla personalidade; em um desses casos, o secundário por
sonalidade enviou cartas anônimas e a personalidade primária participou
no rastreamento de seu autor. 72 Nos Estados Unidos, houve o
caso sensacional de Thipgen e Cleckley, que despertou muito interesse e
foi transformado em um filme. 7 - '
Fotos clínicas do modelo: histeria

Do ponto de vista clínico, o primeiro foco de atenção do primeiro
a psiquiatria dinâmica era sonambulismo. Múltipla personalidade assumiu
Página 33
um período posterior, mas no final do século XIX, a histeria começou

veio mais proeminente, e foi neste ponto que uma síntese foi
alcançado entre os ensinamentos de hipnotizadores por um lado e oficial
psiquiatria,
Por vintepor outro.séculos, a histeria foi considerada uma doença estranha
e cinco
com sintomas incoerentes e incompreensíveis. A maioria dos médicos acreditava
ser uma doença própria da mulher e com origem no útero. Iniciando
com o século XVI, alguns médicos afirmavam que sua sede era no
cérebro e que ocasionalmente também pode ser encontrado em homens. Um verdadeiro objec-
estudo sistemático e sistemático da histeria começa com o médico francês
Briquet, cujo célebre Traité de / 'Hysterie foi publicado em 1859.7 4
Como internista, Briquet foi nomeado para chefiar um departamento de hospital de
pacientes histéricos no Hopital de Ia Charite em Paris. Não demorou muito
antes de descobrir que esses pacientes eram muito diferentes do que
acreditava-se que eram e descobriu que a histeria nunca tinha sido propriamente
investigado. Em dez anos e com a ajuda de sua equipe, ele fez um
investigação de 430 pacientes histéricos. Ele definiu a histeria como "um neu-
rosis do cérebro, as manifestações consistindo principalmente em um distúrbio
bação daqueles atos vitais que estão preocupados com a expressão de emoção
ções e paixões. "Ele encontrou um caso de histeria masculina em vinte casos
da histeria feminina, que ele atribuiu à maior impressionabilidade de
mulheres. Briquet negou totalmente a visão então comumente aceita de erótico
desejo ou frustrações como sendo a raiz desta doença (ele descobriu a histeria
quase inexistente entre as freiras, mas muito frequente entre as prostitutas de Paris).
Ele deu muita importância aos fatores hereditários (ele descobriu que 25 por
cento das filhas de mulheres histéricas tornaram-se elas mesmas histéricas).
Ele descobriu ainda que a histeria era mais comum nas classes sociais mais baixas
que em estratos mais elevados da sociedade, mais frequente no país do que no
cidade, e ele concluiu que a histeria foi causada pelo efeito de emoções violentas
dores prolongadas, conflitos familiares e amor frustrado, na pré-
pessoas dispostas e hipersensíveis. Charcot mais tarde assumiria o
linhas principais desse conceito de histeria.
Nesse ínterim, magnetizadores e hipnotizadores acumularam uma grande
muitos dados sobre a histeria e sua relação com o sonambulismo e
e outras doenças magnéticas. Finalmente chegou um momento em que a histeria era
considerada uma grande síntese de todas essas várias condições. Esta nova
conceito foi baseado em três argumentos:
Em primeiro lugar, houve a associação frequente de mais de uma dessas condições
ções em pacientes não histéricos e histéricos. Há muito se sabia que
letargia, catalepsia e êxtase eram freqüentemente vistos em histéricos. Dentro
1787, Petetin afirmou que a catalepsia era apenas uma subforma da histeria. Dur-
ataques histéricos, o paciente pode mostrar, por sua vez, fases de letargia,
alepsia, sonambulismo, êxtase e alucinações. Múltiplas personalidades
foram mostrados para ocorrer com frequência em indivíduos histéricos, e a mudança de
Página 34
uma personalidade para outra era frequentemente introduzida por um ataque de letargia ou
qualquer outra condição magnética.
Em segundo lugar, condições exatamente semelhantes a esses quadros clínicos podem ser
provocada por hipnotização, a própria hipnose sendo reconhecida desde o início
como sonambulismo induzido artificialmente. Mas logo foi mostrado que o hipno-
tização também pode produzir estados como letargia, catalepsia, êxtase, cer-
vários tipos de alucinações e mudanças transitórias de personalidade. Além disso,

foi sob repetidas sessões de hipnotismo que o fenômeno da divisão
tingimento da personalidade havia sido descoberto. Os primeiros magnetizadores já tinham
descreveu as personalidades magnéticas induzidas que às vezes até adotaram
um nome mesmérico. 75
Terceiro, a experiência mostrou que todas essas condições poderiam, pelo menos
sob circunstâncias favoráveis, ser curado pelo hipnotismo. Magnetizadores primitivos
já havia obtido curas aparentemente milagrosas por magnetizar
pacientes e, como vimos, curas de paralisias histéricas graves por sugestão
gestação no estado de vigília deu a Charcot a reputação de ser um grande médico
assistente ical.
Enquanto isso, a teoria de que a histeria derivava de frustração sexual
touros nunca foi completamente abandonado: manteve-se atual não apenas no
mente pública, mas também foi mantida por ginecologistas e por muitos neurologistas.
Como já foi dito, o conceito de histeria de Charcot foi amplamente inspirado
por Briquet, que negou a teoria sexual da histeria. Charcot concordou com
ele no sentido de que não admitia que a histeria fosse per se uma neurose sexual.
No entanto, ele reconheceu que o elemento sexual desempenhava um papel extremamente
parte importante na vida de suas pacientes histéricas, como pode ser visto
de uma leitura do livro sobre a grande histeria por seu discípulo Paulo
Mais rico. 76 Alucinações e ações do paciente durante as crises histéricas,
Richer disse, poderia ser a reencenação de um trauma psíquico anteriormente
vivenciado pelo paciente (por exemplo, voar antes de um cão raivoso),
mas na maioria dos casos eles se referiam a eventos sexuais (dramáticos, como
uma tentativa de estupro, ou cenas francamente eróticas, ou cenas de amor de mais
natureza reservada). O mesmo paciente pode ter alucinações em outros momentos
de um tipo imaginário. O ataque histérico também pode expressar o paciente
desejos secretos, como aconteceu com uma das pacientes de Richer que teve
apaixonada por um homem a quem ela tinha visto apenas uma vez, e que expressou
em seu delírio histérico, seus sentimentos por ele que ela escondia em seu
Estado normal.
No final do século XIX, foram feitas tentativas de combinar
a então atual teoria sexual da histeria com a da dupla personalidade
emanando da primeira psiquiatria dinâmica. Binet declarou em 1887, "Eu
acreditam ter estabelecido satisfatoriamente, de uma forma geral, que dois estados de
consciência, desconhecida uma da outra, pode coexistir na mente de um
paciente histérica. "Em 1889, ele proclamou:" O problema que procuro
resolver é entender como e por que, em pacientes histéricos, uma divisão
Página 35
de consciência ocorre. " 77 Um ginecologista americano, AFA King,

tentou dar uma resposta. A chave do problema, disse ele, é que há
são dois departamentos de governo fisiológico do indivíduo, o
"departamento de autopreservação" e o "departamento de reprodução
ção. " 78 Sob certas circunstâncias, a vida civilizada pode privar uma mulher
de satisfação no "departamento de reprodução". O processo histérico
expressa o funcionamento automático dessa necessidade, e, visto que este
processo não atinge seu objetivo, é obrigado a se repetir indefinidamente
novamente, por meses e anos.

Em apoio a essa teoria, King fez uma análise fenomenológica detalhada
da crise histérica; primeiro, disse ele, embora "centenas de casos de
histeria havia sido registrada em homens ", é principalmente uma doença de mulheres
entre a puberdade e a menopausa, e especialmente em mulheres cujo
quer permanecer insatisfeito; os ataques são mais frequentes na primavera e
verão, em mulheres ociosas do que naquelas empenhadas na luta pela existência.
O ataque nunca ocorre quando o paciente está sozinho. O paciente está aparentemente
inconsciente, mas não realmente; durante o ataque, ela não parece muito
doente, "sua beleza não é prejudicada", e muitas vezes ela está particularmente
atraente para os homens. Enquanto ela estiver nessa condição, um toque suave da mão
produzirá dores violentas, que desaparecem com uma pressão firme e áspera
tratamento. Quando o ataque acaba, a mulher invariavelmente se sente envergonhada de
isto; ela adora evocar simpatia, mas quanto mais ela recebe, pior
sua condição se torna. Em suma, pode-se dizer que "há método nela
loucura "; tudo parece estar dirigido e a mulher" parece
estar desempenhando um papel ". Toda a sua atitude lembra a de uma mulher
que se expõe a ser estuprada enquanto aparentemente rejeita a ideia. o
fato de que o paciente não tem conhecimento da relação entre os ataques e
suas necessidades sexuais são explicadas pela teoria da dupla personalidade. este
conceito de histeria, como veremos mais tarde, é notavelmente semelhante àquele
que Moritz Benedikt estava formulando em Viena na mesma época.
Ele vale a pena mencionar que este conceito de histeria também permeia Flaubert
descrição do personagem Salammb6 em seu romance de mesmo título pub-
acabado em 1859. É a imagem de uma donzela histérica que sofre de
desejos eróticos, cuja natureza ela não entende, mas que
ditar seus sentimentos, atitudes e ações. Seus distúrbios neuróticos
desaparecer depois de Salammbo, sacrificando-se pelo bem de seu país,
entrega-se ao chefe inimigo. 79
Charcot fez a primeira síntese entre as duas tradições,
a dos hipnotizadores e a da psiquiatria oficial. Ele adotou o de Briquet
teoria da histeria como sendo uma neurose do cérebro em constitucionalmente
indivíduos predispostos (às vezes homens também) e de sua psicogenética
ongm. Charcot também assimilou a hipnose e a histeria e (sem perceber-
ing) assumiu dos antigos magnetizadores a equação do sonambulismo,
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letargia e catalepsia. Ele também correlacionou muitos casos de ambulatório

automatismo e de múltiplas personalidades com histeria.
Além dessa síntese clínica, o próprio mecanismo da histeria começou
a ser explicado em termos de conceitos da primeira psiquiatria dinâmica. Charcot
ocasionalmente descreveu a histeria como um estado permanente de semissom
nambulismo. Este conceito foi posteriormente elaborado por Sollier, que deu este
condicionar o nome de "vigilambulismo". Outro conceito, sugerido por
Binet e mais completamente desenvolvido por Janet, explicou a histeria como
um estado permanente de dupla personalidade. Na verdade, tais conceitos não eram
apenas a culminação da primeira psiquiatria dinâmica, mas, como veremos
mais tarde, também

notavelmente o ponto
os de Janet, de partida
Breuer, dos
Freud novos sistemas de psiquiatria dinâmica,
e Jung.
Modelos da Mente Humana

O estudo e a prática do magnetismo e do hipnotismo levaram a reflexões
sobre a constituição da mente humana. Dois modelos evoluíram: primeiro, um
conceito da dualidade da mente humana (dipsiquismo) e, posteriormente, uma noção
da mente humana como um agrupamento de subpersonalidades (polipsiquismo).
Dipsiquismo
Os primeiros magnetizadores ficaram imensamente impressionados com o fato de que, quando eles
sono magnético induzido em uma pessoa, uma nova vida se manifestou da qual
o sujeito não sabia, e que um novo e muitas vezes mais brilhante pessoal
a cidade emergiu com vida própria contínua. Todo o século dezenove
estava preocupado com o problema da coexistência dessas duas mentes
e de seu relacionamento com o outro. Daí o conceito de "dupla
ego "ou" dipsiquismo ".
Desde o início, as ideias divergiram quanto a se aquele outro, ou oculto,
a mente deveria ser considerada "fechada" ou "aberta". De acordo com o primeiro
concepção, a mente oculta é "fechada" no sentido de que contém apenas
coisas que, em um momento ou outro, passaram pela mente consciente,
notavelmente memórias esquecidas ou ocasionalmente memórias de impressões que
a mente consciente tinha percebido apenas fugazmente, bem como memórias de
devaneios e fantasias. Alguns autores afirmaram que este esquecido
material poderia seguir um desenvolvimento autônomo, independente do
mente consciente. A teoria do dipsiquismo foi especialmente desenvolvida por
Dessoir, que escreveu o outrora famoso livro The Double Ego (1890), em
que ele expôs o conceito de que a mente humana normalmente consiste
duas camadas distintas, cada uma com suas próprias características. 80 cada um
esses dois egos consistem, por sua vez, em complexas cadeias de associações. Dessoir
chamou-os Oberbewusstsein e Unterbewusstsein, "consciência superior"
e "sob consciência"; temos uma noção do último durante os sonhos
e impressões mais claras durante o sonambulismo espontâneo. Induzido
a hipnose nada mais é do que um chamado do ego secundário, que assim
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vem temporariamente para o primeiro plano. Quanto à dupla personalidade, Dessoir

acreditava que a segunda personalidade havia adquirido tal força que
competia pela predominância com a personalidade principal. Todos, ele acrescentou,
traz dentro de si as sementes de uma personalidade dual. Autores subsequentes
complementou essa teoria com um rico material que incluía inspiração,
misticismo e manifestações mediúnicas. 81
Outros autores afirmaram que a mente inconsciente oculta estava "aberta",
virtualmente em comunicação com um reino extra-individual e misterioso.
Nós recordamos que muitos dos primeiros magnetizadores alemães acreditavam que
o sono colocou alguns assuntos em comunicação com a Alma do Mundo, portanto
sua capacidade de ver o passado e prever o futuro. Alguns, como o
o sonâmbulo Alexis, em Paris, afirmou que a história do homem é anterior
serviu em sua totalidade e que ele, quando em transe magnético, possuía o
faculdade de viajar no tempo e no espaço, podendo assim testemunhar

qualquer evento que tenha ocorrido em qualquer momento no passado. Alexis era
reputado por ter encontrado incontáveis objetos perdidos por causa deste precioso
habilidade. 8 2 Outros afirmaram que as memórias de vidas anteriores eram acessíveis
para humanos em transe mediúnico ou em sono hipnótico. Mesmo antes do
grande onda espírita dos anos 1850, havia magnetizadores que afirmavam
que o sono magnético tornou possível a comunicação com desin-
espíritos carnados. Finalmente, alguns pensaram que a mente inconsciente estava
capaz de compreender realidades superiores, seja diretamente ou na forma de
símbolos universais.
Polipsiquismo
Esta palavra parece ter sido cunhada pelo magnetizador Durand (de
Gros). Ele afirmou que o organismo humano consistia em
segmentos, cada um dos quais tinha um ego psíquico próprio, e todos eles
submetido a um ego geral, o Ego-em-Chefe, que era nossa consciência habitual
ness. Nesta legião, cada subego tinha uma consciência própria, era capaz
perceber e guardar memórias e elaborar psíquicas complexas
operações. A soma total desses subegos constituiu nossa vida inconsciente.
Durand (de Gros) chegou a dizer que, ao ser operado
sob anestesia, alguns desses subegos sofreram atrozmente, embora
o ego consciente permaneceu totalmente ignorante desses sofrimentos. Na hipnose,
o ego principal foi colocado de lado e o hipnotizador ganhou acesso direto
a vários subegos. Kl A teoria do polipsiquismo foi adotada e
dada uma elaboração filosófica de Colsenet, que a relacionou com a de Leibniz
conceito de uma hierarquia de mônadas. 8 4
Magnetizadores e outros reuniram vários dados psicológicos a favor
desta teoria. Já em 1803, Rei! conectou o fenômeno de
personalidades dissociadas com uma ocorrência semelhante que se manifesta em um
certos tipos de sonhos normais:
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Os atores aparecem, os papéis são distribuídos; destes, o sonhador leva apenas um

que ele se conecta com sua própria personalidade. Todos os outros atores são para ele como
estrangeiros como estranhos, embora eles e todas as suas ações sejam a criação do
a própria fantasia do sonhador. Alguém ouve pessoas falando em línguas estrangeiras, admira
o talento de um grande orador, surpreende-se com a profunda sabedoria de um professor
que nos explica coisas das quais não nos lembramos de ter ouvido.
Em tais sonhos, encontramos o modelo do complexo agrupamento de personalidades,

com um de \\ hom o sonhador se identifica, embora outra pessoa-
alidades têm seu curso independente e são mais bem informadas do que ele.
Como vimos no Capítulo I, o xamã vivia entre uma série de espíritos,
alguns amigáveis e subordinados, outros hostis. O mesmo é verdade para o
possuído: Ele pode estar possuído, não apenas por um ou vários espíritos,
mas (como foi o demoníaco de Gadara) por uma "legião" deles. Espiritismo
nos familiarizou com a noção de um meio que evoca, por sua vez, um
número inteiro de espíritos. \\ ho às vezes são divididos em grupos em um

tipo de ordem hierárquica. como testemunhado pelo famoso médium americano,
Sra. Piper. Um estado semelhante existia nessas instâncias complexas de múltiplas
personalidades como Miss Beauchamp e Doris Fisher, onde encontramos
uma série de personalidades, cada uma das quais tinha seu papel e todas eram
ligados entre si por um sistema complexo de relações interpessoais.
Instâncias como essas tornaram a teoria do duplo ego insuficiente, e
sentiu-se que era necessário recorrer a um conceito de polipsiquismo. GNM
Tyrrell expressou bem aquele conceito de polipsiquismo para o qual ambos
pesquisas e a tradição do magnetismo apontaram: "A personalidade é um
multiplicidade na unidade de um tipo que é quase impossível expressar em
palavras. " 86 Esta multiplicidade de personalidades implica que pertencem a
de profundidades variadas e também são classificados em alguma ordem hierárquica. "A lição
é certamente que a identidade da individualidade não depende da separação numérica
da maneira que habitualmente pensamos que é .... A individualidade não tem o tipo
de unidade que associamos com separação numérica. "
Não se pode enfatizar demais a influência que esses dois modelos de
mente, dipsiquismo e polipsiquismo, exercidos sobre os sistemas do novo
psiquiatria dinâmica. Dipsiquismo em sua variedade fechada foi o modelo de
que Janet desenhou seu conceito de subconsciente e Freud seu primeiro conceito
do inconsciente como sendo a soma total de memórias reprimidas e
tendências. A teoria do inconsciente de Jung logo era de uma variedade aberta, em
que o inconsciente individual está aberto ao inconsciente coletivo de
os arquétipos. Freud e Jung evoluíram de um dipsíquico para um
modelo polipsíquico da personalidade humana. Com Freud, isso ocorreu
quando ele substituiu seu antigo modelo de consciente-inconsciente por seu
modelo triplo posterior do superego ego-id, enquanto Jung desenvolveu um
sistema mais complexo.
Página 39
Conceitos de psicogênese e doença

Uma das contendas mais constantes da primeira psiquiatria dinâmica
foi o da psicogênese de muitas condições físicas e mentais. o
a psicogênese da doença foi evidenciada sobretudo por aquelas curas realizadas
com a ajuda de magnetizar e hipnotizar. Teorias também foram trazidas
em relação à patogênese.
A Teoria Fluídica
Mesmer acreditava ter descoberto a existência de um corpo físico universal
fluido, cujo equilíbrio ou distúrbios explicavam a saúde e a doença. Dele
discípulos deram três explicações sobre a doença: insuficiência, distribuição defeituosa,
ou má qualidade do fluido. Foi assumido que o magnetizador, através
o canal do relacionamento, transmitiu seu próprio fluido mais forte e melhor
para o paciente, restabelecendo assim o equilíbrio no paciente. Certo
magnetizadores foram capazes de fazer seus pacientes visualizarem este fluido cujo
forma e cor que eles descreveram. Mesmo depois de Puységur ter demonstrado
alado
natureza
a ladopsicológica
com a teoriadapsicológica
cura magnética, a teoria
durante todo ofluídica
século persistiu
XIX
século. A teoria fluídica às vezes reaparecia em uma versão modernizada,
por exemplo, por volta de 1880. com a teoria de Reichenbach do "Od", e
tem adeptos até hoje que acreditam na teoria das ondas cerebrais sendo
transmitido do hipnotizador para o assunto.
Depois que a teoria do fluido foi abandonada, os conceitos psicológicos
foram utilizados, como o poder da vontade (Puysegur), ou mais tarde o
idéia de forças psicológicas ou energia nervosa. Durante a última parte de
século XIX, a visão era comumente sustentada por hipnotizadores e
compartilhado por muitos médicos acadêmicos que a doença era o resultado de uma falta
de energia nervosa. Apesar de ser vago, esse conceito sempre esteve presente em
a primeira psiquiatria dinâmica e estava pronta para ser desenvolvida posteriormente por Janet,
Freud, Jung e outros.
Jdeodinamismo
O fenômeno da hipnose mostrou como a implantação de uma ideia
durante o estado de sonambulismo pode levar à evolução autônoma
dessa ideia e sua materialização na forma de realização de
a sugestão pós-hipnótica. Os primeiros magnetizadores ficaram maravilhados com este fato,
que se encaixava bem nas teorias associacionistas dinâmicas atuais de Herbart
na Alemanha e da filosofia de Laromiguiere na França. 87 Este bastante
naturalmente levou à suposição de que certos sintomas mórbidos poderiam ser
derivada de idéias implantadas na mente por meio de algum tipo de sugestão.
Essa ideia avançou na segunda metade do século XIX. Liebeault
escreveu em 1873:
Página 40
Uma ideia induzida durante o sonambulismo artificial torna-se uma ideia fixa e
permanece inconsciente após a11 a11. . . . Vê-se seguir seu curso
apesar da atividade habitual de pensamento com um ímpeto que nada pode parar. Mais
do que isso, enquanto a mente está ocupada com as ações diárias da vida normal que
o sujeito realiza, de forma consciente e por sua própria vontade, algumas das ideias
sugerido naquele antigo estado passivo, continue seu movimento oculto. Não
obstáculo pode impedi-los em seu curso fatal .... 8 8
Em uma palestra sobre paralisia histérica dada em maio de 1885, Charcot mencionou
que era sabido que, por sugestão,
... uma ideia, um grupo coerente de ideias associadas se instalam na mente

na forma de parasitas, permanecendo isolado do resto da mente e
expressando-se solidamente por meio de fenômenos motores correspondentes
ena .... O grupo de ideias sugeridas encontra-se isolado e separado de
o controle dessa grande coleção de ideias pessoais acumuladas e organizadas
de muito tempo, que constitui a própria consciência, isso é o Ego. 8 9
Charcot concluiu que a paralisia histérica se originou da mesma maneira,

embora espontaneamente. Este foi o início do conceito de pequeno,
fragmentos separados da personalidade podem seguir um desenvolvimento invisível

próprias e se manifestam por meio de distúrbios clínicos. Janet
chamou esse fenômeno de idéias fixas subconscientes e declarou:
Seria preciso passar por toda a patologia mental e parte do físico

patologia para mostrar as perturbações produzidas por uma ideia excluída da per-
consciência sonal. . . . A ideia, como um vírus, se desenvolve em um canto do
personalidade inacessível ao sujeito, funciona subconscientemente e traz à tona todos
distúrbios da histeria e das doenças mentais. 9 0
Mais tarde, quando Jung definiu o que chamou de "complexo", ele o equiparou a
o que Janet chamara de idee fixe subconsciente.
A velha teoria da imaginação, tendo sido descartada por Mesmer e
substituído por esta teoria fluídica, foi considerado obsoleto durante o século XIX
século. No entanto, uma vez que a teoria do fluido foi rejeitada por sua vez, um
nova explicação teve que ser encontrada para as várias e misteriosas aparições
ances, desaparecimentos e metamorfoses de fenômenos encontrados em hipno-
pacientes tizados, em doenças magnéticas e em pacientes histéricos. O termo mais antigo
"sugestão" recebeu um novo favor junto com a noção de auto-sugestão,
e os dois passaram a designar todo o reino anteriormente coberto pelo
noção de imaginação.
No final do século XIX, magnetizadores e médicos
tornou-se cada vez mais consciente do fato de que havia uma tendência entre
Página 41
indivíduos histéricos e hipnotizados para simular, mais ou menos conscientemente,

todos os tipos de sintomas e para criar situações em que tentaram envolver
os hipnotizadores ou médicos. A palavra "mitomania", que foi mais tarde
cunhado por Dupre, aplica-se a um grande número de histéricos. Actu-
aliado, a mitomania pode ser entendida como um aspecto particular de uma ampla
conceito, o da função mitopoética do inconsciente. Com o ex-
percepção de alguns estudos brilhantes, como o de Fournoy sobre seu meio
Helen Smith, esta função mitopoética não recebeu a atenção que
merece, e é lamentável que os novos sistemas de psiquiatria dinâmica
ainda não preencheram esta lacuna.
Procedimentos psicoterapêuticos
O século XIX foi uma grande era para a psicoterapia. Em 1803 Rei !,
em seu livro Rhapsodien, apresentou um programa completo de psicoterapia
métodos para a cura de doenças mentais. Vários métodos de terapia moral
foram aplicados com vários graus de sucesso em países como a França,
Inglaterra e Estados Unidos. Magnetizadores e hipnotizadores dedicados
esforços consideráveis para a cura de doenças nervosas e doenças físicas.
Terapia mesmérica. magnetizando com o uso de passes, visando provocar
gerando uma crise. Como vimos, esta crise foi simultaneamente a convocação
dos sintomas e o primeiro passo para sua eliminação. Isso na verdade
era uma variedade do que chamamos hoje de terapia catártica.
Começando com Puységur, o sonambulismo artificial tornou-se o grande

arma terapêutica. que permaneceu até o final do século. isto
deve ser enfatizado que o hipnotismo é capaz de exercer seus efeitos terapêuticos
em várias formas. Às vezes, o paciente é aliviado por meio do benéfico
efeito do próprio sono hipnótico, um sono do qual alguns pacientes deram maravilhosos
descrições. Um dos pacientes de Bjerre. por exemplo, falou de um "... mais
sensação maravilhosa, uma sensação de concentração de si mesmo com o corpo
como se estivesse isolado dentro de si mesmo. Tudo desaparece, apenas o
! -a consciência é deixada. Esta concentração é como o repouso mais absoluto
pode imaginar. " 91
Bjerre presumiu que "a hipnose é um afundamento temporário naquele
estado primário de repouso obtido durante a vida fetal. "Usado dessa forma, a hipnose
aparentemente agiu como um poderoso sedativo.
Às vezes, mas certamente não sempre, o hipnotismo agia por sugestão,
isto é, a implantação direta de uma ideia na mente passiva do
paciente. No entanto, essa ação muitas vezes foi mal interpretada. Hipnótico
sugestões não foram necessariamente forçadas sobre o assunto. É verdade que
tem havido uma tendência de sugestão imperativa, que pode ser rastreada historicamente
icamente de Faria, passando por Noizet, Liebeault e a Escola Nancy.
Essas sugestões imperativas funcionam melhor com pessoas que
ocupavam posições subordinadas na vida e estavam acostumados a obedecer
ordens (soldados e operários.) ou com pessoas cuja força de vontade era fraca
Página 42
A primeira psiquiatria dinâmica (1775-1900) ! 51
ou que estavam ansiosos para submeter sua vontade à do hipnotizador. Mas mesmo em
nesses casos, o poder da sugestão imperativa tinha suas limitações. Quando
usado com uma pessoa que não estava disposta a se submeter, verificou-se que havia
não teve nenhum sucesso, ou então apenas uma remoção temporária dos sintomas
tom, que então reapareceu ou foi substituído por outro.
Outro tipo de cura hipnótica que não recebeu atenção suficiente
implica uma espécie de barganha entre o paciente e o hipnotizador. Isto é
uma reminiscência do que muitas vezes acontecia no exorcismo, das longas discussões
entre o exorcista e os espíritos malignos, e o acordo do espírito para partir
em um determinado momento e sob certas condições. Repetir algo semelhante-
Ocorreu significativamente na cura magnética. Durante seu sono sonambúlico, o
paciente iria prever a evolução de seus sintomas e profetizar a exata
data de sua cura definitiva. Ele também prescreveria seu próprio tratamento. isto
não foi de forma alguma uma tarefa fácil para o magnetizador encontrar o compro-
mise com as demandas de seu paciente, sem se expor a ser
manobrado por ele. A história de Estelle é um exemplo característico: enquanto
aparentemente aceitando suas inúmeras fantasias. Despine trabalhou em direção a uma con
recesso constante e gradual de seus sintomas. cada recesso deve ser ac-
recebido pelo paciente. Este tipo de terapia hipnótica foi generalizado durante
durante a primeira metade do século XIX, mas foi negligenciado posteriormente, em grande parte
porque as escolas Salpetriere e Nancy usaram o método de
comando na cura hipnótica. No entanto, mesmo com Bernheim, encontramos
às vezes, algumas características do método anterior. '~ 2 Há, por exemplo,
a história de Bernheim contando a um homem que sofre de afonia histérica
que ela em breve recuperaria sua voz e que ela sabia a data em
que isso aconteceria. A resposta do paciente foi "em oito dias"; dentro
Na verdade, oito dias depois, ela conseguiu falar.
No final do século XIX, um novo método de hipnose
a cura passou a ser aplicada: o método catártico, que consistia em encontrar
para fora e atacando a raiz inconsciente do sintoma. no entanto
permanece em aberto para questionar até que ponto certos supostamente "catárticos"
curas foram alcançadas através de um processo de compromisso entre o paciente
e médico de que o médico desconhecia.
A sugestão no estado de vigília, o terceiro grande procedimento terapêutico, foi
já sendo praticado no início do século XIX sob
o nome de fascinação. Tornou- se amplamente utilizado na década de 1880 com
Liebeault. Bernheim e a Escola Nancy. A sugestão é baseada no
conceito de "ideodinamismo". isto é, nas palavras de Berheim, "a tendência de
uma ideia para se materializar em um ato. "Segundo ele, o estado hipnótico
foi o resultado de uma sugestão induzida em vista de facilitar outra sugestão
gestação. De outra forma. não havia diferença fundamental entre as sugestões
ção sob hipnose e sugestão no estado de vigília. Perto do final do
século XIX, a palavra "sugestão" foi usada tão vagamente que veio
perder seu significado.
Página 43
O canal terapêutico: o relacionamento

Qualquer que seja o procedimento psicoterapêutico, ele mostrou o mesmo
característica básica: a presença e utilização do rapport. Este termo foi
usado desde o início por Mesmer e foi transmitido por gerações
de magnetizadores e hipnotizadores até o início do século XX,
enquanto o conceito estava sendo gradualmente desenvolvido e aperfeiçoado. Mesmer
parece ter emprestado a palavra da física contemporânea: Em exper-
momentos que eram populares na época, as pessoas formavam correntes ao tocar
uns aos outros, transmitindo assim um ao outro a origem da corrente elétrica
nating em uma máquina; para esse fim. eles haviam sido colocados em relacionamento um com o outro.
Da mesma maneira, Mesmer colocou seus pacientes em relacionamento direto com o
baquet ou entre si. Ao magnetizar um paciente, ele considerou
a si mesmo para ser uma fonte de fluido magnético com o qual o paciente teve que ser colocado
em relacionamento de acordo com certas especificações. Não está claro até que ponto
Mesmer percebeu que a relação que ele estabeleceu com seus pacientes
era mais do que físico. Puységur entendeu o psicólogo
implicações lógicas do relacionamento. Ao ler os escritos do início
magnetizadores, ficamos impressionados com a tremenda importância que atribuíram
para o relacionamento.
Na realidade. o fenômeno do relacionamento não era tão novo quanto
pareceria; já era conhecido no procedimento de exorcismo.
Aldous Huxley observa que "a relação entre demoníaco e exorcista
é provavelmente ainda mais íntimo do que entre psiquiatra e
neurótico. " 93 O tipo específico de relacionamento entre o confessor e
o penitente era, é claro, \\ ell conhecido, e Noizet provavelmente se referiu a ele
quando ele comparou o magnetizador com o directeur (que é directeur
de consciência ou "guia espiritual ··). 94

Ao lado dessas semelhanças, o relacionamento magnético tinha certo caráter -
isticas próprias, que foram objeto de muito estudo por parte da
primeiros mesmeristas. O que os impressionou foi a sensibilidade peculiar de
o magnetizado em direção ao magnetizador e sua capacidade de perceber o
pensamentos do último e até mesmo suas sensações corporais. Que o inverso também foi
verdadeiro era conhecido e. já em 1784, o termo "reciprocidade magnética"
foi introduzido. 95
A possibilidade de conotação erótica no relacionamento magnético também foi
conhecido desde o início, pois, como vimos, foi levado ao
atenção do rei em um relatório secreto anexo da Comissão
sioners. Vimos também que a possibilidade de sedução foi levantada e
que foi descartado em 1785 por Tardif de Montrevel, embora ele o tenha
admitir que algum tipo de apego platônico pode se desenvolver entre mag-
netizer e magnetizado. 96 Em 1787, um romancista escreveu que desde o ímã
izer estava ativo enquanto o magnetizado estava passivo, uma situação perigosa
poderia se desenvolver facilmente se o magnetizador masculino e o ímã feminino
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ized eram jovens. 97 Em 1817, um certo Klinger escreveu uma curiosa dis-
sertação que contém uma longa comparação entre o commercium
magnetum (a relação magnética) e o ato de geração. 98 na Alemanha
muitos, a estrutura do relacionamento estava sob escrutínio do ponto de vista
de "simpatia". um conceito elaborado pelos promotores da Filosofia da
Natureza. Friedrich Hufeland 9 '~ afirmou que o relacionamento magnético é o
relação mais íntima que pode existir entre dois seres humanos e
o único que pode ser comparado com o do feto na mãe
útero. De acordo com Hufeland. cada cura alcançada por meio de animais mag-
o netismo passa pelas mesmas fases que a criança ainda não nascida na maternidade
útero.
Todos os magnetizadores franceses estudaram o relacionamento em cauda e distinção
deduzi-o da influência, do prolongamento do relacionamento entre
sessões. Aubin Gauthier distinguiu cuidadosamente a crise magnética
(sonambulismo induzido) do estado magnético durante o qual o mag-
netizer ainda poderia exercer certo efeito sobre seu assunto. Charpignon reivindicou
que não raramente um sujeito recebia. entre suas sessões, uma visão
de seu magnetizador tão claro e fiel à natureza que ele não foi perturbado por
it.loo Na Alemanha, Von Schubert observou o fascínio exercido sobre o sub
jeto por qualquer coisa que veio do magnetizador. Alguns pacientes iriam
beba apenas algo que tenha sido tocado pelo magnetizador. Von
Schubert observou ainda que esses pacientes adotariam as teorias médicas
que estavam na mente do magnetizador e dariam prescrições nesse
sentido para sua própria cura. 10 I
Os magnetizadores alemães Gmelin e Heinecken também notaram que
pacientes que foram magnetizados pelo mesmo magnetizador sentiram um
atração irresistível um pelo outro. Um autor escocês anônimo ob-
serviu exatamente aos mesmos fenômenos; pacientes que ele magnetizou
eram extremamente atraídos um pelo outro, deram-se um ao outro hipnotizante
nomes, e se consideravam irmãos e irmãs. 102

A noção de relacionamento, que tinha sido tão forte e clara no
início do século XIX, tornou-se um tanto obscurecido posteriormente
período, em parte como resultado da insistência de Braid na hipnose auto-induzida
e no papel do paciente. Nem Charcot nem Bernheim pagaram muito
atenção ao relacionamento. Mas depois de 1885, houve uma renovação do interesse
seguindo os primeiros experimentos de Janet com "Leonie". Procurando um ex- plausível
planejamento para este fato de sugestão mental, Ruault analisou cuidadosamente
a estrutura ou a relação entre o hipnotizador e seu sujeito.l 0 3
Ele descobriu que o assunto tinha seus pensamentos constantemente fixos na pessoa
do hipnotizador. tanto durante as sessões como nos intervalos entre elas.
Durante as sessões, o assunto era hipersensível ao hipnotizador para o
medida que ele foi capaz de perceber os sinais mais tênues do último. Pelo hábito
e treinamento, um processo de compreensão mútua por signos desenvolvidos antes de
entre eles, do qual nenhum estava ciente. O assunto tornou-se sensível a
Página 45
os mais leves tons dos pensamentos do hipnotizador sem perceber como, e

sem a consciência do hipnotizador. Além disso, o sujeito havia sido treinado
pelo magnetizador e acreditou nele e em seus poderes sobrenaturais.
Ruault acrescentou que muitos magnetizadores impressionaram seus pacientes
mentes que ninguém mais seria capaz de magnetizá-los. Alguns deles
ainda reiterou esta sugestão no final de cada sessão ou deu a sua
pacientes um talismã que eles deveriam sempre manter em seus corpos. este
é como a influência do magnetizador se tornou suficientemente poderosa para que ele
foi capaz de magnetizar seus assuntos à distância, às vezes até involuntariamente
Tarily. Isso confirmou a crença do magnetizador em seus próprios poderes, aumentou
sua autoconfiança, o que por sua vez aumentou seu domínio sobre seus vários
assuntos.
Em 1889. Janet mencionou brevemente este tópico em seu Automatisme psycho-
°
logique.1 4 Ele enfatizou o papel da eletividade no relacionamento e na
fato de que. sujeito tinha uma espécie de alucinação negativa para tudo
que não estava conectado diretamente com o magnetizador (na linguagem moderna
um "escotoma"). O mesmo fator também foi enfatizado por Moll em 1892. 105
No Congresso Internacional de Psicologia de Munique em 1896, Janet
trouxe à tona uma teoria totalmente elaborada do relacionamento e do sonambulismo
influência. 106 Ele havia analisado em detalhes o que havia ocorrido em seus pacientes
mentes nos intervalos entre as sessões hipnóticas e descobri que em uma primeira
fase (de influência adequada), uma grande melhoria aparentemente ocorreu. UMA
o paciente histérico foi libertado da maioria de seus sintomas; ele se sentiu mais feliz,
mais ativo e mais inteligente, e não pensava muito sobre seu
hipnotizador. Isso foi seguido por uma segunda fase, a do sonâmbulo
paixão na qual os sintomas retrocederam e o paciente sentiu um aumento
precisa ver o hipnotizador e ser hipnotizado. Este desejo frequentemente assumido
a forma de paixão. Dependendo do caso, isso pode se transformar em
amar. ciúmes. medo supersticioso. ou profundo respeito, e foi acompanhado
pela sensação de ter sido aceito ou rejeitado. O assunto alguns-
vezes vi o hipnotizador em sonhos ou alucinações. Janet descobriu
o fato muito importante de que as sugestões pós-hipnóticas seriam obedecidas

principalmente durante o período de influência sonâmbula e muito menos durante
a fase da paixão sonâmbula. Ele enfatizou as implicações terapêuticas
dessas observações.
Janet ampliou este artigo e publicou-o novamente um ano depois, em
1897. 107 Com base em experimentos com trinta pacientes, ele con
confirmou o fato de que as sugestões pós-hipnóticas seriam realizadas enquanto
enquanto durou a influência sonâmbula. Além disso, Janet analisou o
sentimento do sujeito em relação ao hipnotizador durante a paixão sonâmbula e
descobri que era uma mistura, diferindo de um paciente para outro, de erotismo
paixão, amor filial ou maternal, e outros sentimentos em que havia
sempre um certo tipo de amor. No entanto, o principal fator foi o paciente
besoin de direction, a necessidade de ser direcionado. As implicações terapêuticas
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eram duas: primeiro, o terapeuta tinha que assumir o comando completo do

mente do paciente. Uma vez que isso foi alcançado, ele teve que ensinar o paciente a
fazer sem ele, o que poderia ser alcançado alargando gradualmente
os intervalos entre as sessões. O paciente também precisava ser informado sobre
seus próprios sentimentos.
As investigações de Janet sobre a influência sonâmbula despertaram considerável
interesse e estimulou outras observações sobre o mesmo tema. Sollier
concordou com a descrição de Janet e acrescentou outro fato de sua própria experiência
cia: Foi de grande importância para o assunto que o hipnotizador conhecesse
muito sobre ele. particularmente quando houve experiências
de regressão de idade. 1 oH O paciente então sentiu como se o hipnotizador tivesse
o conhecia toda a sua vida.
Muita coisa mudou desde o primeiro conceito elétrico de Mesmer de
o relacionamento, e esta noção de mudança recebeu um complexo psicológico
elaboração por magnetizadores e hipnotizadores antes de culminar na
visão da influência como sendo uma variedade peculiar de sentimentos em relação ao
hipnotizador misturado com a necessidade do paciente de ser dirigido por ele, que
poderia ser usado pelo hipnotizador como uma poderosa arma terapêutica.
O psicoterapeuta
Os magnetizadores e hipnotizadores constituíram um novo tipo de curador, tendo
muito em comum e sendo ao mesmo tempo muito diferente de qualquer
coisa que já existia. Não só ambos os grupos consideraram
Mesmer e Puysegur como seus grandes fundadores, e não apenas compartilharam
doutrinas e técnicas semelhantes, mas também tinham suas associações,
periódicos e sua ética profissional.
É difícil para nós hoje imaginar como eles eram, como eles
pensamento, como eles trabalharam em sua prática diária. Podemos no entanto ganhar
alguns insights sobre essas questões lendo alguns de seus antigos livros,
como os de Deleuze, Bertrand, Charpignon e, especialmente, de
Aubin Gauthier. 10 9 O magnetizador, diz Gauthier, deve estar em boas condições de saúde
para que ele não transmita suas próprias doenças aos seus pacientes; se ele adoecer,
ele terá que se "purificar" antes de retornar ao seu trabalho. Ele deve
leve uma
digno, vida
e não "sábia
falar e bem
muito, bemregulada",
como serseja sóbrio, calmo,
rigorosamente reservado,
honesto e gentil e
escrupuloso. Para se tornar um magnetizador, é preciso fazer um treinamento
curso e ler as obras de Mesmer, Puysegur e todos os clássicos
no magnetismo. O velho princípio de Puységur de que o magnetizador nunca deve
aceitar quaisquer taxas pelo seu tratamento não é mais aceitável, diz Gauthier,
porque um homem que dedica tanto do seu tempo ao estudo do magnetismo
não pode dar tratamento gratuito. Um magnetizador pode até mesmo
taxas mais altas do que um médico porque ele deve possuir todas as qualidades de
uma pessoa com treinamento médico, além do conhecimento de magnetismo e perfeito
saúde. Ele não apenas dá seu conhecimento, como fazem os médicos, mas também
Página 47
transmite suas forças vitais para seus pacientes. Para o paciente, a escolha do
magnetizador certo é de suma importância; certos magnetizadores são mais
bem-sucedido com alguns pacientes do que com outros. Um magnetizador nunca deve
aceitar um paciente se ele não estiver preparado para realizar o tratamento até
fim, porque muitas vezes pode ser perigoso interromper um tratamento.
Antes de iniciar o tratamento, a questão dos honorários deve ser resolvida
entre o magnetizador e o paciente e os dias e horas de tratamento
decidido, após o qual as sessões devem ser atendidas pontualmente
pelo paciente. Este último não deve manter segredos do magnetizador sobre
sua doença ou sobre qualquer coisa que possa ajudar a explicá-la. Durante o tratamento
o paciente terá que se abster de qualquer tipo de excesso, manter a moderada
dieta e abster-se de fumar. A duração do tratamento pode variar
de uma semana a seis meses ou mais, mas nunca deve haver mais do que
duas sessões por dia. O magnetizador deve manter um diário sobre cada
paciente em que cada sessão deve ser registrada. Nenhuma mulher deveria ser
hipnotizada, a menos que seu marido ou outra testemunha esteja presente. Um básico
regra é abster-se de qualquer tipo de experimentação com os pacientes.
Os acontecimentos clínicos fornecerão ao magnetista experiência suficiente para
satisfazer sua curiosidade científica. Gauthier propôs um "juramento de magnetizador"
inspirado no hipocrático.
Outro problema levantado naquele período foi a reivindicação das sociedades médicas
que apenas um médico deve ter permissão para praticar magnetismo.
Os magnetizadores leigos se opuseram violentamente a essa afirmação. Em 1831, a Académie de Paris
de Medecine determinou que magnetizadores leigos devem ser autorizados a praticar,
mas sob controle médico; seus diários teriam que ser enviados em
intervalos regulares para inspeção por médicos. No entanto, esta regra dificilmente era
já observado.
Temos uma série de autobiografias interessantes de magnetizadores, a maioria
deles escritos por magnetizadores itinerantes ou de palco. Um dos mais celebrados
Os magnetizadores franceses, o Barão Du Potet de Sennevoy, relata em seu auto
biografia que ele nasceu em 1796 em uma família aristocrática em ruínas. 110
Ele admite ter sido um aluno pobre e uma criança rebelde. Tendo
ouviu falar de magnetismo, ele experimentou em duas meninas e se tornou o terror
atingido quando ele foi incapaz por horas de tirá-los de seu
doença. No entanto, este incidente o levou a acreditar que possuía
grandes poderes magnéticos. Ele partiu para Paris para estudar magnetismo, mas não foi
muito antes de romper com seus colegas e fundar sua própria escola.
Homem orgulhoso e arrogante, Du Potet estava convencido de que "ele era o
cravo do magnetismo "e que ele tinha uma missão a cumprir. Após a introdução
duzindo a técnica do "espelho mágico", ele gradualmente evoluiu em direção
magia e parece ter desenvolvido reais delírios de grandeza.
O Conde de Maricourt, outro magnetizador conhecido da época,
passou a infância em Nápoles, onde conheceu o magnetismo
por um velho padre irlandês e um velho médico italiano que o praticavam.
Página 48
A primeira psiquiatria dinâmica (1775-1900) 15-7
As primeiras tentativas de Maricourt de magnetizar foram quase tão infelizes quanto

os de Du Potet. Depois de retornar à França, ele testemunhou uma performance
dado por um magnetizador itinerante para os alunos de seu colégio. Um dos
os alunos sofreram acidentes graves depois de serem magnetizados. Contudo,
o jovem De Maricourt não desanimou com esses acontecimentos. Assim que ele
chegou a Paris, foi ver o magnetizador Marcillet e seu ilustre
sonâmbulo Alexis. Mais tarde, ele adotou os ensinamentos de Du Potet e escreveu um
longa comparação entre puysegurism (que implica sono magnético)
e potetismo (um estado de fascinação sem sono). Mais tarde ele se tornou um
espírita e estudioso da relação entre encarnados e desencarnados
espíritos carnados. 11
Uma deliciosa obra esquecida é a autobiografia de Charles Lafon-
taine.l12 Nascido em 1803, ele também afirmou pertencer a um dos mais
famílias antigas e aristocráticas. Seu pai ocupava uma importante administração
posto experimental, e o jovem Charles começou a trabalhar com ele. Contudo,
desejando ser ator, ele trocou sua família por Paris, onde trabalhou
com companhias de teatro por vários anos, experimentando muitos "ups" e
"baixos." Uma vez, ele acidentalmente magnetizou uma mulher e descobriu que
ela era um somnambu / e lúcido e, ao mesmo tempo, que ele possuía grande
poderes magnéticos. Ele relata que no dia em que se tornou um magnetizador, ele era
condenado ao ostracismo por sua família, amigos e antigos conhecidos e
foi tratado como um fora da lei. Ele então se dedicou ao magnetismo, que
tornou-se seu único interesse em uma vida de constante errância e luta. Ele
deu ótimas apresentações no palco, que às vezes foram marcadas por motins em
que a polícia teve que intervir. Ele também tratou vários pacientes em particular.
De acordo com seu próprio relato, onde quer que fosse, os cegos voltariam a ver,
o surdo ouviria e o paralítico andaria. Na cidade de Rennes,
ele magnetizou uma mulher e ensinou-lhe um papel teatral que ela então desempenhava
formou-se lindamente no palco diante de um grande público e do qual ela
não conseguia se lembrar de nada em seu estado de vigília. Ele viajou para Londres onde
seu sucesso foi tão grande que os ladrões ficaram com tanto medo dele que ele podia
visite com segurança as piores tavernas. Após a visita de Lafontaine a Manchester,
um cirurgião daquela cidade com o nome de Braid foi convertido ao magnetismo
e mais tarde tornou-se conhecido como o promotor da trança. Livro de Lafontaine
parece um romance divertido de aventuras.
Outra autobiografia digna de menção, embora escrita em um bombas-
estilo tique, é o de Auguste Lassaigne.113 Nasceu em Toulouse em 1819,
Lassaigne trabalhou primeiro em uma fábrica, enquanto lia histórias fantásticas e
aprendendo malabarismo (prestidigitação) nas horas vagas. Seus truques o trouxeram

tanto sucesso que ele finalmente decidiu ganhar a vida com essa habilidade.
Durante uma de suas viagens, ele conheceu uma jovem de dezoito anos, Prudence Bernard,
que era um sonâmbulo natural. Ele a viu ser tratada por um
magnetizador, e seu ceticismo sobre o magnetismo foi varrido; ele logo
tornou-se um apóstolo dessa doutrina. Ele se casou com Prudence e a levou
Página 49
junto em suas viagens, magnetizando-a publicamente, já que ela era um somnam lúcido
bulist. Lassaigne acreditava ser dotado de uma missão sagrada; ele
considerou o magnetismo uma ciência sublime capaz de tocar no
mistérios mais profundos da natureza humana. Ele admitiu, no entanto, que lá
também pode ser algo muito humano sobre esses mistérios. Ele notou que
magnetismo poderia produzir "volúpia celestial" no magnetizado
mulher e que essas sensações serão infinitamente mais deliciosas se a
magnetizador é amado por ela. De Prudence, ele disse que "em estado de vigília ela
é uma mulher, no sonambulismo ela é um anjo. "Ele acreditava que era ela
destino de trazer a França de volta à Fé Verdadeira e compará-la a Joana
of Arc. O livro está cheio de invectivas amargas contra os inimigos de Magne-
tismo. Existem também declarações curiosas sobre a influência do casamento na
a relação entre o magnetizador e seu sonâmbulo. As dificuldades
decorrentes de uma ligeira desarmonia matrimonial resultam no fracasso subsequente
do experimento sonâmbulo. "Magnetismo", concluiu Lassaigne, "é o
Ciência do futuro. "
É preciso entender que essas autobiografias, informe-nos apenas cerca de
um tipo de magnetizador. Na verdade, a maioria dos magnetizadores era silenciosa, reservada
homens que, além de sua profissão médica ou outra, praticavam magnetismo
em alguns pacientes e manteve registros cuidadosos de suas observações, que
eles discutiram em pequenas sociedades locais. Estes foram os homens com quem
Janet entrou em contato quando ele era um jovem professor em Le Havre. Janet
disse repetidamente que estes eram realmente os homens que descobriram tudo aquilo
que Charcot, Bernheim e seus contemporâneos acreditavam ter dis-
coberto.
O impacto cultural da primeira psiquiatria dinâmica
A primeira psiquiatria dinâmica exerceu grande influência na filosofia,

literatura e até artes. Três tendências principais dessa ciência surgiram
por sua vez: magnetismo animal, espiritismo e os ensinamentos do hipnotismo e
Personalidade múltipla.
Já em 1787, um \\ Titer, Charles de Villers, que havia servido como um
oficial de artilharia sob Puysegur, publicou um romance. Le Magnetiseuramoureux,
em que ele desenvolveu uma teoria filosófica deduzida do fenômeno
de magnetismo.
Já em I 790. magnetismo animal tornou-se tão difundida na Ale-
muitos que era prática quase comum consultar sonâmbulos por
problemas de doença e saúde, para conselhos práticos, e às vezes para
orientação espiritual. É claro que também houve muita oposição a essa tendência
e os inimigos do mesmerismo acharam fácil torná-lo um alvo para
ridículo. Em 1786, foi relatado que uma atriz fingiu de forma tão convincente
doença e sonambulismo que enganou vários médicos. 114

Frederico Guilherme II, rei da Prússia e indigno sucessor de Frederico
o Grande, foi ele próprio vítima de uma intriga extraordinária forjada
Página 50
em torno dele por uma série de homens cínicos em sua corte. Eles inscreveram o
ajuda de uma sonâmbula, uma mulher corcunda que foi instruída a
fingir um transe e agir como se seu espírito estivesse conferindo com Deus
Todo-poderoso. As supostas palavras divinas que ela transmitiu ao rei
originou-se, é claro, dos homens que a empregavam. Eles assim obtiveram
do Rei todas as honras e fortunas que eles lutaram e influenciaram
suas decisões políticas até entrarem em conflito com a Condessa Lichtenau,
amante do rei. O rei então deixou de acreditar no sonâmbulo, que
posteriormente caiu em desgraça. Está
Apesar de tais incidentes, o mesmerismo progrediu constantemente em
Alemanha. De 1790 a 1820. não foi apenas professada por homens como
Gmelin. Kluge. e Kieser. mas também ganhou uma posição nas universidades
de Bonn e Berlim. Médicos conhecidos, como Wolfart, Hufeland,
e Rei! estavam convencidos de sua validade. Entre filósofos e escritores,
vários permaneceram céticos; Goethe, por exemplo, nunca demonstrou interesse
no mesmerismo. Por outro lado, os promotores da Filosofia da
A natureza saudou o magnetismo como uma descoberta que marcou época. Schelling viu em
sonambulismo magnético, um meio para estabelecer uma conexão entre
homem e a Alma do Mundo e por lançar as bases de meta-
física. Fichte foi mais crítico, mas, tendo assistido a demonstrações no
sonâmbulos. ele chegou à conclusão da relatividade do ego
e viu que a individualidade do homem pode ser alterada, dividida ou submetida
à vontade de outro homem. 116 Schopenhauer, que ficou profundamente impressionado
pelas apresentações públicas do magnetizador Regazzoni em 1854,
expressou repetidamente seu interesse pelo magnetismo em seus escritos. 117 "embora
não de uma perspectiva econômica ou técnica, mas certamente de uma filosofia
ponto de vista, o magnetismo animal é o mais importante (inhaltsschwer)
descoberta já feita, mesmo que, por enquanto, traga mais enigmas
do que resolve. " 1 18
O impacto do magnetismo foi sentido igualmente por protestantes e católicos
teólogos e tornou-se particularmente importante para um grupo de católicos místicos
filósofos. Windischmann defendeu uma "arte de cura cristã", para ser
praticado por padres que combinariam os sacramentos da Igreja com
a ciência do magnetismo. '' "Ennemoser recomendou que as crianças deveriam
ser magnetizados no ventre de sua mãe, assim como nas árvores nos campos. 12 0
Ringseis tornou-se o promotor de uma "medicina germânica cristã". 12 1
Já vimos o tremendo interesse despertado nos filósofos e
teólogos por Friedericke Hauffe, a vidente de Prevorst, e que Clemens
Brentano, após sua conversão, passou cinco anos em Di.ilmen, gravando o
revelações de Katharina Emmerich.
O mesmo interesse se refletiu na literatura da época. Há sim
dificilmente um poeta romântico alemão que permaneceu intocado pelos
fluência do magnetismo animal. O escritor cuja obra é permeada por
magnetismo, mais do que o de qualquer outra pessoa, é E. T. A. Hoffmann. Uma completa
Página 51
livro didático de magnetismo poderia ser compilado de seus romances e curtas

histórias. 122
O sonambulismo magnético é visto por Hoffmann como a verdadeira penetração de um

pessoa em outra e, portanto, comparável ao fenômeno da posse.
Durante o sonambulismo. o magnetizado (a parte feminina passiva) está em
simpatia com o magnetizador (a parte masculina ativa), mas há mais
para ele: o magnetizador também é um mediador (ein Mittler) entre os magnetizados
e harmonia universal. Mas a sessão magnética é apenas um caso particular
de um fenômeno mais geral. As pessoas magnetizam umas às outras inconscientemente e
involuntariamente; daí a formação de "cadeias magnéticas" ligando os indivíduos
um para o outro. O mundo é um sistema de vontades onde o mais fraco é dominado
pelo mais forte. O poder desconhecido, do qual o magnetizador é um meio, é
um duplo: pode ser bom ou mau. O magnetizador do mal é uma espécie de
vampiro moral que destrói seu assunto. O magnetizado é geralmente um fraco,
personalidade ingênua, crédula e hipersensível. Portanto, o re- magnético
o relacionamento pode ser bom (amigável, paternal) ou mau (demoníaco). o
noções de dupla personalidade e do duplo são particularmente perceptíveis em
\\ ork de Hoffmann.
Hoffmann deu descrições de curas magnéticas, principalmente em um conto intitulado
Das Sanktus. 12 J Bettina. um si ~ ger. tinha perdido sua bela voz, para o desespero
do Kapellmeister (condutor) e do médico que não conseguiu curar
dela. Ele acha a doença misteriosa: Bettina pode falar em voz alta, mas sua afonia re-
aparece assim que ela tenta cantar. Ela não está fazendo nenhum progresso. o
a doença começou no domingo de Páscoa, quando, após cantar alguns solos, ela deixou o
igreja como o tenor começou a cantar o Sanctus. Um magnetizador que viu que ela
estava prestes a ir embora disse a ela para não sair da igreja ainda. A partir daí, ela
não poderia cantar mais. O magnetizador, que involuntariamente causou o mal
ness. agora vai curá-lo. Enquanto Bettina escuta por trás da porta, ele diz
o Kapellmeister a história de uma mulher que perdeu a voz por causa de um
ato ímpio e quem o recuperou quando ela aliviou sua consciência. Retornando
três meses depois, o magnetizador encontra Bettina curada. Esta história mostra que
uma cura magnética não era necessariamente sempre o resultado de uma ordem sugestiva
impressa na mente do paciente, mas também pode resultar de uma
procedimento psicológico multado. A doença de Bettina fora causada por um infortúnio
sugestão natural feita em um momento em que ela se sentiu culpada; ela não está ciente de
a causa de sua condição. O magnetizador a torna indiretamente ciente disso,
e este já é o mecanismo de uma cura catártica.
Como já vimos, o mesmerismo encontrou mais resistência e ceticismo

cismo na França do que na Alemanha. Muitas pessoas rejeitaram completamente, como
Napoleão fez quando falou com Puységur: "Se o seu sonâmbulo é assim
inteligente, que ela preveja o que estarei fazendo daqui a oito dias e que
serão os números vencedores na loteria de amanhã. " 124 O magnetismo foi contra
rejeitado pela Académie e desprezado pelas universidades. Entre
psiquiatras, sabia-se que experimentos realizados no Pinel e
Os hospitais de Esquirol permaneceram sem resultados, e foi dito que Georget
Página 52
tinha sido enganado por uma mulher histérica. Os círculos religiosos eram
relutante ou positivamente hostil. No entanto, em 1846, o célebre Domini
pode o pregador Padre Lacordaire declarado em um de seus sermões em Notre-
Catedral da Dame que ele acreditava em magnetismo, que, ele sentiu, consistia
de "forças naturais, mas irregulares, que não podem ser reduzidas a científicas
fórmulas e que estão sendo usadas por Deus a fim de confundir
materialismo temporário ". 125 A influência do magnetismo foi muito mais forte
entre certos grupos de filósofos espiritualistas, místicos e esotéricos,
bem como nos círculos românticos. Vários dos escritores mais importantes também
mostrou muito interesse no magnetismo.
Balzac acreditava no magnetismo, recomendou-o como um tratamento,
e ocasionalmente praticava ele mesmo; magnetismo também desempenha um papel na
várias de suas obras. 126 Paul Bourget mostrou que a "teoria do
vontade "contida no romance Louis Lambert de Balzac é idêntica à
teoria do fluido magnético conforme interpretada por Deleuze. 127 Em Ursule Mirouet,
outra das obras de Balzac, um médico cético é apresentado a um magne-
tizer trabalhando com uma mulher sonâmbula cujo espírito pode ser enviado a qualquer
onde no mundo. A pedido do médico, o espírito do sonâmbulo
visita sua casa em uma cidade do interior e relata o que está acontecendo lá
no momento; ela até diz a ele o que sua pupila está dizendo nela
orações. Ao voltar para casa, o médico descobre que todos os detalhes relacionados
pela mulher eram factuais. Alexandre Dumas acreditava que estava en-
dotado de poderes magnéticos, e sua villa foi palco de magnéticos
experimentos. 12H Em um de seus romances históricos, ele retrata Cagliostro não
como o impostor que ele realmente era, mas como um grande mágico e magnetizador. ' 29
Flaubert, em um episódio de seu romance Bouvard, publicado postumamente
et Pfxuchet, dá uma imagem cômica de como o magnetismo poderia se tornar
nas mãos de pessoas autodidatas inexperientes. Os dois personagens organizam
sessões coletivas em torno de uma pereira magnetizada, e tentam curar
uma vaca doente por magnetismo. Mas o magnetismo foi mais explorado por
escritores populares do que por grandes. 12 9 Um best-seller da época foi um
romance de Frederic Soulie, Le Magm! tiseur. 130 O vilão, um alemão
magnetizador, magnetiza uma mulher com doença mental e, assim, aprende um segredo
cidente, que ela havia testemunhado no passado e que ela agora
obtida em seu estado normal de vigília. O magnetizador agora vai explorar isso
segredo para fins de chantagem.
Na Inglaterra, Robert Browning escreveu um poema bastante obscuro, Mesmerism
(1855), em que um magnetizador, à distância, manda uma mulher vir
para sua casa em uma noite chuvosa. Ele está chocado com a influência de sua mente
pode exercer sobre o outro e ora para que nunca faça mau uso. 13 1
Nos Estados Unidos, o interesse pelo magnetismo desenvolveu-se mais lentamente
mas ganhou importância durante a década de 1830. Já vimos o
conexão entre magnetismo e as origens da Ciência Cristã e
do espiritismo. Edgar Allan Poe ficou impressionado com a doutrina do magnetismo.
Página 53
Supõe -se que ele foi o autor de um livro anônimo ex-

crença urgente na realidade do fluido magnético, que um sonâmbulo
poderia supostamente ver, "branco como uma luz", espalhando faíscas brilhantes.
A história de Poe Os Fatos do Caso Valdemar são bem conhecidos: a
o espírito do moribundo está sendo mantido ligado ao seu corpo morto por um
magnetizador que era amigo dele. Semanas depois, quando o espírito está em
liberado pela última vez, o corpo cai em decomposição instantânea_133 Inci-
dentalmente, esta história cruzou o Atlântico em uma época em que Poe ainda não era
conhecido na França, o que poderia explicar por que foi aceito pelo valor de face
em vários lugares e citado por Mabru como um exemplo do inconcebível
absurdos em que os magnetizadores acreditam. 13 4
O tema da dupla personalidade, que inspirou tantos escritores
durante a segunda metade do século, apareceu na literatura sob a
forma do "duplo", uma dupla personalidade projetada.135 O protótipo de
esse tipo de escrita foi a história de E. T. A. Hoffmann, Os Elixires do Diabo:
O monge Medard, tendo bebido um elixir mágico que encontrou em seu mosteiro,
tem sua personalidade secretamente transformada na de um homem perverso. Enviado por
seus superiores no dever para com Roma, ele comete crimes e foge. Mas ele
encontra seu duplo: um monge. vindo do mesmo mosteiro. tendo cometido
os mesmos crimes e sofrendo dos mesmos sentimentos de culpa. The Double bebe
o restante do elixir. enlouquece e é internado em um asilo.
Medard vai para a Corte. e então retoma sua vida criminosa. o
O dobro reaparece. é acusado de ter cometido os crimes de Medard, está ar-
descansado e condenado à morte. Mas pouco antes da execução, Medard confessa
sua culpa e escapa, seguido pelo Duplo que desaparece. Medard se recupera
consciência em um sanatório na Itália, e após a devida penitência, ele retorna para
seu mosteiro, onde ele novamente encontra sua paz de espírito. 136
Este romance é notável como uma antecipação do conceito de lung do

"sombra": Medard projetou sua sombra (o lado mau de sua pessoa
sonalidade) para outro ser, daí sua vida perversa e errática. Uma vez que ele
aceitou sua culpa e assimilou a sombra, ele alcança uma maior
integração de sua personalidade. O conceito do duplo é compreendido em
uma maneira diferente de Edgar Allan Poe em sua história "William Wilson":
O narrador notou outro menino em sua escola que por acaso tinha o mesmo
nome e data de nascimento como ele mesmo, se parece muito com ele, mas fala em um
voz mais baixa. Ele não gosta daquele outro garoto e fica com tanto medo de vê-lo
que ele foge da escola. Ele embarca em uma vida de libertinagem, mas em
cada etapa crucial. o duplo reaparece inesperadamente e o acusa, até
um dia William Wilson o mata e ouve o duplo agonizante lhe dizer que ele
se matou e, portanto, também está morto. 137
Aqui, o duplo é entendido como a consciência moral no clássico

sentido da luta entre o bem e o mal dentro do homem (como, mais tarde, em Oscar
Página 54
The Picture of Dorian Gray de Wilde ). Uma noção bem diferente do duplo
é dado por Dostoievski em seu romance Dvoinik (O Duplo):
Golyatkin, um mesquinho escriturário. começa a exibir um comportamento errático, o que atrai

a atenção de seus superiores e de seus colegas. De repente ele conhece um homem
que tem exatamente suas características físicas e usa roupas semelhantes. Na seguinte
dia. o duplo é apresentado no escritório como um novo escriturário que tem o mesmo nome
e data de nascimento como Golyatkin, fala com ele em um tom humilde e implora
Golyatkin para protegê-lo. Golyatkin o leva para seu apartamento. Mas como coisas
progresso. o duplo se torna cada vez mais arrogante com ele, o expulsa
de sua postagem. vive às suas custas e leva seus amigos para longe dele.
Golyatkin fica cada vez mais confuso. até que um dia o dobro ajuda
coloque-o na carruagem que irá conduzi-lo ao hospita mental. 136
Nesse romance, o duplo é obviamente entendido como sendo o mórbido

personalidade de um homem que está se tornando psicótico, aquele estranho "outro eu",
que é fraco no início, mas cada vez mais assume o controle do ego saudável.
A grande onda do espiritismo, que teve início nos Estados Unidos em 1848 e
espalhou-se pela Europa no início de 1850, forçou o magnetismo a ficar em segundo plano
por algum tempo. Experimentos espíritas tornaram-se moda, e
grandes médiuns eram as atrações da época. Houve uma inundação de
literatura supostamente escrita por espíritos ou ditada de outro mundo.
Durante seu exílio em Jersey. Victor Hugo realizou sessões espíritas em sua casa
em que seu filho Charles era provavelmente o médium. Ésquilo, Agite-
Spere. e os espíritos de outros homens ilustres ditaram belos versos franceses,
que se assemelhavam a imitações inteligentes da poesia do próprio Hugo.1 39 O astrono-
mer Flammarion, um crente entusiasta do espiritismo, publicou revelações
por espíritos de pessoas famosas. entre os quais estava um Gênesis supostamente
ditado pelo espírito de Galileu. 140 Alguns médiuns que preferiam medi
ocre formações educacionais escreveram romances que, em alguns casos, e ac-
de acordo com certos críticos. eram de um nível inesperadamente alto. Ao melhor-
exemplo conhecido é provavelmente o de Pearl Lenore Curran, uma mulher nascida
de pais britânicos em Illinois em 1883. Embora um tio dela fosse um
médium, ela aparentemente nunca se interessou pelo espiritismo. Em 1912, como-
nunca, ela começou a experimentar com o tabuleiro Ouija. Gradualmente, as letras
veio a ela com velocidade crescente, e então imagens mentais vívidas
veloped. De repente, em 8 de julho de 1913, ela recebeu uma comunicação de
uma personalidade que se autodenomina Patience Worth, supostamente uma mulher que tinha
viveu em uma fazenda Dorset na Inglaterra no século XVII, e quem
ditou à Sra. Curran uma enorme quantidade de composições literárias,
incluindo poemas e romances. Vários desses romances e uma seleção de
poemas foram publicados. 141 Esta produção literária foi escrita em uma variedade de
peculiares dialetos ingleses antigos, que entretanto nunca haviam sido falados. Estes
dialetos (um diferente em cada obra), bem como o conhecimento histórico
contido em cada romance confundiu os especialistas. Casper S. Yost 142 e Walter
Página 55
Franklin Prince, 14 3 que entrevistou a Sra. Curran, considerou seu caso

ser uma instância incomum dos poderes criativos do subconsciente
mente. 144
A prática da escrita automática levou naturalmente à prática da escrita automática
desenho e logo foi assumido por médiuns e membros do espírita
grupos.14 S O dramaturgo Victorien Sardou atraiu a atenção com seu
desenhos curiosos supostamente mostrando cenas pictóricas do planeta Júpiter
e apresentava, entre outras, as casas de Zoroastro, o profeta
Elijah e Mozart naquele planeta. Fernand Desmoulins, um profissional
artista, em seus transes, fez retratos de pessoas falecidas com estupendas
rapidez, mesmo no escuro. O número de tais desenhos automáticos era
suficientemente grande para permitir que a estética dos espíritos seja objeto de
estude. Jules Bois descreveu as principais características dessas produções artísticas
do inconsciente como tendo tendência à assimetria, abundante e
detalhes desnecessários, a substituição de linhas firmes por linhas "equívocas", e
irregularidade na saída. Ele acreditava que a arte mediúnica exerceu uma
influência definitiva sobre a escola de arte dos simbolistas, que começou
cerca de 1891.
A onda espírita recuou lentamente, e a moda voltou ao mag-
netismo em sua forma modernizada de hipnotismo e para o problema de múltiplas
personalidade. O aspecto que mais impressionou o público foi o da sedução
e crime sob hipnose. Charpignon dedicou um estudo sério a isso
problema em 1860.146 Na década de 1880, a questão atraiu considerável
atenção por causa da crença unânime da Escola de Nancy na possibilidade
de tais crimes. e foi amplamente discutido em jornais, revistas,
e romances. A Escola Salpetriere, no entanto, recusou-se a admitir o pos-
possibilidade de tais crimes, de modo que, sempre que o hipnotismo
invocada na gênese dos crimes nos tribunais, gerou disputas entre
especialistas das duas escolas. Bernheim não afirmou, é claro, que ninguém
poderia ser hipnotizado para cometer um crime, mas ele acreditava que
poderia acontecer em certas circunstâncias, seja em um sujeito amoral que
não ofereceria resistência a uma sugestão criminosa ou em um indivíduo fraco
quem cometeria o crime de forma impulsiva, como um epiléptico ou,
indiretamente, em um indivíduo a quem delírios de perseguição haviam sido sugeridos
gesticulou que resultaria em cometer o crime. Também foi possível
para sugerir falsas memórias a um sujeito e, assim, transformá-lo em um falso
testemunha. Bernheim também acreditava que a auto-sugestão desempenhava um importante
papel em muitos casos criminais. Certos criminosos, disse ele, foram as vítimas
de auto-sugestão e, portanto, não é responsável.147 Na Alemanha, Schrenck-
Notzing acreditava firmemente na criminogênese hipnótica e descreveu uma ampla
gama de crimes que podem ser cometidos sob o efeito da hipnose e
sugestão. 148
Mal podemos perceber hoje em que medida o hipnotismo e a sugestão
foram invocados na década de 1880 para explicar incontáveis históricos, antropológicos,
Página 56
e fatos sociológicos, como a gênese das religiões, milagres e guerras.

Gustave Le Bon popularizou uma teoria da psicologia coletiva baseada em
a suposição de que a "alma coletiva" da multidão pode ser comparada
para a mente hipnotizada, e o líder para o hipnotizador. 149
os sistemas tradicionais baseavam-se no conceito de sugestão. Grande interesse
foi mostrado em sujeitos que, sob hipnose, desempenharam papéis teatrais, ou
pintou ou cantou lindamente.
O hipnotismo inspirou uma infinidade de romances. Alguns tomaram como tema
um crime cometido em estado normal, mas confessado sob hipnose151
ou sob o efeito de uma sugestão da vítima moribunda após seu assassinato
derer.152 Em outros romances, o criminoso hipnotizaria uma pessoa inocente
em cometer um crime sob sua direção, mas o verdadeiro criminoso iria
ser descoberto se o especialista psiquiátrico foi inteligente o suficiente para hipnotizar
o performer do ato criminoso.153 O romance de maior sucesso baseado em
o hipnotismo foi talvez o best-seller de George du Maurier, Trilby. 154 o
filha de um senhor inglês, Trilby foi criada em Paris como costureira
e se tornou um modelo de artista. Um pérfido professor de música, Svengali,
hipnotizou-a e treinou-a para se tornar uma cantora brilhante, após o que
Ele se casou com ela. Mas ela só conseguia cantar quando em transe hipnótico enquanto
Svengali manteve os olhos nela de um teatro. Quando Svengali morreu
de um ataque cardíaco no início de uma apresentação, Trilby, não mais
hipnotizada, não conseguia cantar e sua carreira terminou catastroficamente.
Não menos interessante é Le Horta. um conto escrito por De Maupas-
santo quando estava prestes a desabar em uma paresia geral. 155 Um homem
veio tomado pela ansiedade quando percebeu que estranho e inexplicável
eventos ocorreram em sua casa, como se misteriosos seres invisíveis tivessem
vadiei. Ele partiu para Paris, onde, assistindo a uma sessão hipnótica, ele estava
perplexo ao ver uma mulher hipnotizada receber uma ordem para que ela pontualmente
realizado no dia seguinte, sem saber por que o fez. O homem,
reconhecer que isso também estava acontecendo em sua própria mente, foi
consternado: "Alguém possui minha alma e a governa. Alguém dirige
todas as minhas ações, todos os meus movimentos, todos os meus pensamentos. Eu mesmo não sou nada
mas um espectador apavorado e escravizado das coisas que estou realizando. "
Não menos numerosos foram os romances inspirados no tema dos múltiplos
personalidade. Na França, um best-seller popular da época foi um romance de
Gozlan: Le Medecin du Pecq. Durante uma fuga sonâmbula, um rico
jovem neurótico morando em um sanatório engravidou uma jovem,
do qual ele não tinha consciência em seu estado de vigília.1 5 6 O médico doente
emaranhou sua confusão ao analisar os sonhos que o jovem re-
portado para ele todas as manhãs. Depois de 1880, romances sobre múltiplas personalidades
aumentou rapidamente. Jules Claretie reuniu cuidadosamente os documentos no
Salpetriere antes de escrever L 'Obsession, a história de um pintor que foi ...
veio obcecado com o conhecimento de que sua personalidade secundária
às vezes assume o controle de seu corpo, e quem nunca soube que travessura
Página 57
o outro era passível de execução. 157 Finalmente, o pintor foi curado por um
Médico alsaciano que lhe sugeriu a morte e o enterro do outro.
Irmã Marthe, de Charles Epheyre, foi outro romance sensacional daquele
tempo: durante as férias no campo, um jovem médico foi convidado a

trate uma jovem órfã que estava prestes a se tornar freira. 158 ele hipnotizou
Irmã Marthe para curá-la de seus sintomas nervosos, mas outra
personalidade apareceu: Angele. quem sabia que ela era filha de
um homem rico e herdeira de uma grande fortuna (que a Irmã não parecia
suspeitar). Angele estava apaixonada pelo jovem médico e queria
fugir com ele. No entanto, na manhã da fuga planejada, a irmã
A personalidade de Marthe reapareceu repentinamente na estação ferroviária e ela
foi lançado em confusão. Ela então fez seus votos e morreu de tuberculose
logo depois. Poucos leitores da Revue des Deux Mondes suspeitaram
Epheyre será o pseudônimo do conhecido fisiologista Charles
Richet. Minnie Brandon de Hennique foi outro sucesso. Um jovem francês
homem estava apaixonado por uma jovem inglesa charmosa e distinta,
Minnie, que, ao beber a menor quantidade de álcool, infelizmente
se transformou em uma megera horrível, Brandon. 159 A luta entre Minnie
e Brandon foi finalmente vencido por este último, e o jovem, para seu
profunda tristeza, foi forçado a se despedir de ambos. Ainda pior foi o destino
do herói do romance de Mintorn, O Sonâmbulo: um Protestante digno
ministro, bom marido e pai, transformou em seu estado de sonambulismo
um criminoso que seduziu e estuprou mulheres e matou crianças, enquanto
sua personalidade normal era desavisada. 160 Paul Lindau escreveu um famoso
sucesso teatral, The Other: 161 um juiz estava conduzindo uma investigação
sobre um crime e descobriu que ele, ou melhor, sua segunda pessoa insuspeitada.
sonalidade, foi seu autor. Mas a maior conquista deste tipo de literatura
foi provavelmente o romance de Stevenson O Estranho Caso do Dr. Jekyll e Sr.
Hyde. 162 Este livro é de especial interesse devido à maneira como foi
concebido e escrito. Stevenson afirmou que, ao longo dos anos,
desenvolveu uma intensa vida de sonho. Em seus sonhos, as "pessoas pequenas" iriam
venha até ele e sugira idéias para seus romances. Esta nítida distinção entre
sua vigília e suas personalidades de sonho podem ter sugerido a ele o
tema de seu romance. Ele acrescentou que muitos detalhes do romance foram ditados
pelos "pequenos". 163 É importante notar que, além de alguns bons
romances e peças, uma infinidade de romances populares e literatura barata,
que estão totalmente esquecidos hoje, foram publicados na década de 1880 envolvendo
os temas de sonambulismo, personalidade múltipla e crimes sob
hipnose, o que certamente contribuiu para moldar a mentalidade daquele
período.
Na verdade, uma evolução gradual levou de tais temas simplificados demais para
mais sutis. Vimos que Binet, Lucka e outros autores
insistiu no fato de que não houve apenas casos dramáticos de divisão por
sonalidade, mas também todos os tipos de estágios transitórios entre a personalidade real
Página 58
divisão e a ocorrência normal de facetas da personalidade. Esta tendência

também se refletiu na literatura. Alguns autores escolheram mudanças repentinas de
uma faceta da personalidade para outra como temas para seus romances. Paul Bourget
escreveu L 'Irreparable em 1883. descrevendo a história de uma mulher, que,
antes de seu casamento, tinha sido desinibido, despreocupado e alegre, e que de repente
denly se tornou uma pessoa depressiva e arrependida depois disso.16 4 Um dos

os personagens do romance, um filósofo à maneira de Ribot, explicaram
a metamorfose para o leitor. Em seu romance Le Jardin secret, 16 5 Marcel
Prevost contou a história de uma mulher que deixou sua personalidade para trás quando
ela casou. Treze anos depois, ela encontrou o
diário de sua virgindade e, assim, redescobriu seu anterior
ity. Esta descoberta fez com que sua mente se tornasse ativa e a fez
mais consciente do mundo ao seu redor. Ela encontrou evidências de seu marido
infidelidade e pensamento de divorciar-se dele. Mas depois de um longo conflito interno,
ela decidiu ficar com ele e reorganizar sua vida. Ela manteve ela
segunda personalidade, embora em um nível superior de consciência.
No início do século XX, a literatura começou a dar mais sutis
descrições das muitas facetas da personalidade humana, de sua interação,
e da estrutura polipsíquica da mente humana, como se vê nas obras
de Pirandello, Joyce, Italo Svevo, Lenormand, Virginia Woolf e acima
todos nos de Marcel Proust. A clássica ocorrência de múltiplas
agora estava quase obsoleto; foi mencionado apenas uma vez no livro de Marcel Proust
trabalho, durante conversa ociosa no salão de Madame Verdurin, quando alguém
citou o caso de um homem honesto que, em sua personalidade secundária, se transformou
em um canalha. 1 06 Vale ressaltar que essa mesma história foi publicada
pelo pai de Marcel Proust, Adrien Proust, como um importante psicopatológico
caso. 167 O que Marcel Proust analisou incansavelmente foram os muitos homens
manifestações de polipsiquismo, os vários tons de personalidade dentro de nós.
Ele considerou o ego humano como sendo composto de muitos pequenos egos,
distintos, embora lado a lado, e mais ou menos intimamente ligados. Nossa pessoa-
alidade, portanto, muda de momento a momento, dependendo das circunstâncias,
o lugar, as pessoas com quem estamos. Os eventos afetam certas partes do nosso pessoal
e deixar outros de fora. Em uma descrição bem conhecida, o narrador disse
como, depois de ser informada da morte de uma mulher, Albertine, a notícia
estava sendo compreendido sucessivamente por várias partes da personalidade. o
soma de nossos egos passados é um reino geralmente fechado, mas certos egos passados podem
reaparecer de repente, trazendo um renascimento do passado. É então um dos nossos
egos do passado que estão em primeiro plano, vivendo para nós. Entre nossos muitos egos,
também existem elementos hereditários. Outros (nosso ego social, por exemplo),
são uma criação dos pensamentos e da influência de outras pessoas sobre nós. este
explica a fluidez contínua na mente, que é devido a esses meta-
morfoses de personalidade. O trabalho de Marcel Proust é de particular interesse
porque suas análises sutis não foram influenciadas por Freud e os outros
representantes da nova psiquiatria dinâmica. Suas fontes acadêmicas
Página 59
não foi além de Ribot e Bergson. Ele seria bastante viável para
extrair de sua obra um tratado sobre a mente, o que daria uma plausível
imagem do que a primeira psiquiatria dinâmica teria se tornado se tivesse
seguiu seu curso natural.
Filósofos profissionais concentraram sua atenção nos fenômenos de
hipnotismo e personalidade múltipla. Taine 168 e Ribot 169 foram muito
impressionado por eles. Janet afirma que a história de Felida foi a grande
argumento usado na França pelos psicólogos positivistas contra o de Cousin
escola de psicologia filosófica dogmática. "Mas para Felida, não é

certeza de que haveria uma cátedra de psicologia no College de
França. " 17 ° Fouillee viu nos fenômenos de hipnotismo e som-
nambulismo uma confirmação da doutrina das idees-forças. Contudo,
um de seus biógrafos sugere que o hipnotismo possivelmente inspirou ao invés de
confirmou esta concepção. 1 71 Bergson tinha um conhecimento pessoal de hipno-
tismo; ele foi professor em Clermont-Ferrand de 1883 a 1888, e
participou ativamente de sessões hipnóticas organizadas em particular por Moutin, um
médico dessa cidade. O próprio 1 72 Bergson fez alguns experimentos notáveis
sobre simulação inconsciente de assuntos hipnotizados. 173 Mais tarde em um de seus
obras principais, Bergson argumentou que as artes são uma forma refinada e espiritualizada
versão dos meios usados pelo hipnotismo. 1 74
Os críticos literários também recorreram ao · fenômeno da personalidade múltipla
para explicar certos enigmas. Em sua interpretação de Navalis, Spenle fez
hipóteses sobre uma dualidade de personalidade. 1 75 Ainda criança, Navalis
desenvolveu uma segunda personalidade de devaneio e imaginação. este
personalidade cresceu, e enquanto Novalis vivia uma vida aparentemente normal como um
engenheiro de minas, ele também proclamou seu sonho poético de ser superior a
qualquer realidade. Paul Valery explicou de forma semelhante a personalidade de
Swedenborg, o grande místico sueco: Com cerca de quarenta anos, a Suécia-
Os olhos de borg foram "abertos para o mundo espiritual". 176 Ele viveu simultaneamente
em dois mundos, o real e um "mundo espiritual" no qual ele estava
relacionamento contínuo com anjos e espíritos. Como Valery observou com propriedade,
isso não era uma confusão de dois mundos como acontece na ilusão, mas o
superposição de dois mundos entre os quais Swedenborg poderia ir e vir
como ele quisesse.
Os fenômenos da criação literária foram de grande preocupação para os primeiros
psiquiatria dinâmica; os conceitos da mente dual, de dipsiquismo e
o polipsiquismo e as faculdades mentais desconhecidas eram frequentemente utilizados.
O hipnotismo forneceu um primeiro modelo da mente humana como um ego duplo,
um ego consciente, mas restrito, que o indivíduo acredita ser o único
um, e um ego subconsciente, muito mais amplo, desconhecido para o consciente,
mas dotado de desconhecidos poderes perceptivos e criativos. O fe-
o fenômeno da inspiração pode ser explicado como um fenômeno mais ou menos intermitente
explosão na mente consciente de material psíquico, que havia sido armazenado
na mente subconsciente. Francis Galton expressou uma ideia semelhante: "Há
Página 60
parece ser uma câmara de presença em minha mente, onde plena consciência
detém tribunal, e onde dois ou três ideias estão no mesmo tempo em audiência,
e uma antecâmara cheia de ideias mais ou menos aliadas, que se situa apenas
além do ken cheio de consciência." 177 Um trabalho bem-sucedido da mente
implica um "grande atendimento", uma combinação ordenada de idéias no
"antecâmara" e uma fluência de saída. Ele acontece às vezes que tal
o material acumulado surge automaticamente na mente; então, "dividualidade
substitui a individualidade, e uma porção dos comunica mente com
outra parte como com uma pessoa diferente. "
Uma concepção mais sofisticada foi desenvolvida por Chabaneix, 178 que
distinguido entre vários níveis do subconsciente diurno e noturno
e descreveu vários tipos de relações entre o subconsciente e
o consciente (intermitente ou permanente, não controlado ou controlado
contato) e sua relação com a criação artística, científica e literária.
O fenômeno da inspiração também foi frequentemente comparado ao de um
segunda personalidade, que se desenvolve lentamente no subsolo e de repente
surge por um tempo; daí a sensação de ter o trabalho ditado por
algum tipo de ser desconhecido. embora não tão visivelmente como com a Sra.
Curran e "Patience Worth". C. G. Jung interpretou o de Nietzsche
Zaratustra como resultado de uma segunda personalidade, que silenciosamente
desenvolveu-se até que um dia repentinamente veio à tona. 179 em Nietzsche's
próprias palavras:
Da, plotzlich, Freundin! Wurde Eins zu Zwei

Und Zaratustra gieng an mir vorbei ...
(Então, de repente, amigo, um se tornou dois-
e Zaratustra passou por mim)
Outra teoria da criação literária centrada em torno da polipsíquica

modelo da mente humana: uma vez que a mente humana é um agrupamento de subpessoais
cidades, pode-se imaginar que um grande romancista, digamos Balzac, seja capaz de dar
para muitos deles uma identidade. uma ocupação, traços de personalidade e deixar
eles se desenvolvem lentamente à sua própria maneira. Falando da multidão de
personagens diferenciados nos romances de Balzac, Jules Romains supõe que
cada um deles foi um dos o escritor "personalidades embrionárias", que
ou seja, eles não eram personalidades inconscientes ou reprimidas, mas "completas
sistemas psicológicos, orgânicos e individualizados, cada um tendo em
se tudo o que é necessário para suprir, no contato das ocorrências vitais
e o condicionamento social, destino completo do homem ou da mulher. " Jso Jean
Delay também acha que o romancista tem esse poder de desenvolver latentes
subpersonalidades em si mesmo e de transformá-las em literárias
personagens. 181 Ele também enfatiza o processo de "criação de um duplo":
qualquer pessoa que mantém um diário pessoal tende a desenvolver uma dupla personalidade que
gradualmente emerge naquele diário, de modo que uma relação interpessoal peculiar
Página 61
nave se desenvolve entre o diarista e seu segundo eu fictício. Este segundo

o eu pode então, em um determinado ponto, ganhar vida, por assim dizer, na forma de um
personagem literário em que o escritor revelará seus problemas secretos, seu
"venenos" (como fez Goethe com The Sorrows of Werther, e Andre
Gide com Andre Walter).
O processo de criação literária foi finalmente abordado a partir da noção
de "criptomnésia". Esse termo, que parece ter sido cunhado por
Flournoy, designa um fenômeno bem conhecido dos magnetizadores
e hipnotizadores. Em transe hipnótico, e especialmente na forma de hipnose
regressão. um indivíduo pode dar contas de muitos fatos que seu normal
o eu acordado se esqueceu completamente. Nossa verdadeira e enigmática memória é, portanto,
imensamente mais amplo do que nossa memória consciente. Outras evidências de
a criptomnésia tem surgido em sonhos, na febre ou em outros
condições físicas. 182 Flournoy mostrou que os "romances de subliminal

imaginação "de sua médium Helen Smith emitiu uma grande parte em
"criptomnésias" de livros que lera quando criança e depois esqueceu.
A criptomnésia forneceu uma explicação para as ocorrências de pseudo-
plágio. Jung. por exemplo, descobriu que um parágrafo inteiro de
O Zaratustra de Nietzsche originou-se em um artigo do quarto volume da
o Blatter von Prevorst (o jornal editado por Justinus Kerner), um public
cação que Nietzsche era conhecido por ter examinado quando jovem. O incon-
natureza consciente do plágio foi tornada provável pelo fato de que o
o texto original foi desajeitadamente distorcido e inserido de uma forma desnecessária
maneira na história de Zaratustra. 183 Muitos outros exemplos de pseudo-
plágio foi reconhecido desde então; até parece que
certos autores são particularmente propensos a isso. Aqui, também, Nietzsche pode ser
mencionado. Lou Andreas Salome assegurou que toda a substância de seu
A genealogia da moral se originou com Paul Ree, que vinha discutindo
sua concepção em uma conversa com Nietzsche; Nietzsche ouviu atentamente
para Ree. tornando seus os pensamentos de Ree, e mais tarde tornou-se hostil a
ele. 184 De acordo com H. Wagenvoort, Nietzsche teve um excepcional
capacidade de assimilar com incrível rapidez os pensamentos dos outros e
esquecer que ele tinha feito isso. 185 Assim, quando o pensamento lhe ocorreu
novamente, ele não reconheceu sua origem estrangeira e acreditou que o pensamento
derivam de sua própria mente. É assim que, diz Wagenvoort, Nietzsche emprestou,
os principais conceitos desenvolvidos em sua Origem da Tragédia a partir de Michelet
livro La Bible de l'Humanite. De acordo com outros historiadores literários,
Os principais conceitos originais de Nietzsche viriam de Emerson, por meio de
criptomnésia. 18 6 De fato. a criptomnésia parece ser tão frequente
ocorrência que Paul Valéry passou a considerá-la como a mola mestra da
criação literária, "Um plagiador é aquele que digeriu imperfeitamente o
substância dos pensamentos dos outros: ele permite que os pedaços sejam reconhecidos
capaz. "187
Página 62
O declínio da primeira psiquiatria dinâmica

A história da primeira psiquiatria dinâmica mostra um paradoxo: para um
século inteiro (1784 a 1882), novas descobertas lutaram por reconhecimento,
e, depois que foram finalmente reconhecidos pela "medicina oficial" com
Charcot e Bernheim, eles viveram uma fase brilhante de sucesso de menos
de vinte anos, a ser seguido por um rápido declínio. O problema desses
altos e baixos confundiram muitas mentes. Janet sugeriu que existem tendências,
não só no estilo de vida, mas também na medicina. Depois de 1882 o médico
\\ Orld tornou-se apaixonado pelo hipnotismo; publicações sobre ele alcançaram o
centenas até que um ponto de saturação foi alcançado e a tendência abandonada.
Isso pode ser verdade; mas também deve ter havido fatores inerentes a
hipnotismo que causou esse rápido declínio.
Uma leitura atenta da literatura sobre hipnotismo da época mostra o que aqueles
fatores podem ter sido. Numerosos hipnotizadores que a princípio estavam en-
tão entusiasmado com o hipnotismo. logo descobriu desvantagens importantes. Não
todo mundo foi capaz de se tornar um bom hipnotizador, nem o melhor hipnotizador
1ble para hipnotizar a todos. Tornou-se óbvio que muitos pacientes pré-
tendiam a ser hipnotizados quando não o eram. Benedikt, por exemplo, re-
alegou que ele havia permitido que alguns de seus alunos hipnotizassem pacientes em seu
serviço ambulatorial; esses pacientes então disseram que tinham estado em hipnose
dormir, mas para médicos veteranos, eles confessaram que tinham apenas fingido
ser hipnotizado para agradar aos jovens médicos. 188 O mesmo é
relatado ter ocorrido não apenas com Charcot (como visto acima), mas também
com Fore !, Wetterstrand. e outros hipnotizadores experientes cujos pacientes
até fingiu estar curado porque não ousou contradizer sua
médicos autoritários.
Também aconteceu que os sujeitos fingiram hipnose para se sentirem livres para
libertar-se de segredos dolorosos, dos quais teriam ficado embargados
rassed para revelar othemise. Isso pode ter sido assim desde o início
de magnetismo. Já contamos a estranha história de um homem que foi
apaixonado por um amigo do sexo masculino em \ Vhom, ele tinha a maior confiança em
'' meu estado. mas quem. em crise magnética. disse ao conde de Lutzelbourg que
seu suposto amigo o traiu e o prejudicou. e explicou o que era
ser feito para transmitir esse conhecimento desde sua "crise" até sua vigília
stateiH <J Muitos exemplos semelhantes poderiam ser citados. Dr. Bonjour, 190 um suíço
psicoterapeuta. diz a ele \ ele notou em 1895 que certos pacientes iriam
revelar. sob hipnose. coisas dolorosas que eles fingiram não saber em
estado de vigília, mas que mais tarde admitiu sempre tê-los conhecido, mas tinha
tenho sido muito tímido para falar sobre eles.
Um problema mais sério era a tendência à simulação inconsciente,
que se desenvolveu em muitos indivíduos hipnotizados e os levou a
Página 63
adivinhe a vontade do hipnotizador e cumpra-a. Bernheim, por exemplo,

disse: "É incrível com a perspicácia que certos sujeitos hipnotizados detectam,
por assim dizer, a idéia que eles deveriam levar à execução. Uma palavra, uma
gesto, uma entonação os coloca na pista. " 191 Bergson que tinha feito
algumas pesquisas sobre a alegada leitura de pensamentos na hipnose, concluíram que o
paciente que recebeu ordem de realizar um tour de force "agirá de boa fé
e fazer o mesmo que faria o menos escrupuloso e mais habilidoso dos charlatães,
que ele inconscientemente utilizará meios dos quais mal suspeitamos
a existência. " 192 O médico belga Crocq contou como, depois de ter
obteve resultados maravilhosos com o hipnotismo, ele finalmente percebeu
de certos fatos:
Pratiquei muitas experiências hipnóticas e obtive aparentemente

resultados maravilhosos; é por isso que me tornei extremamente cauteloso. eu tenho
evocou da maneira mais surpreendente a exteriorização da sensibilidade, o
visibilidade de eflúvios magnéticos e elétricos. e eu quase me tornei a vítima
dos meus assuntos. Tão maravilhosamente bem-sucedidos foram os experimentos. Mas um cuidado
o escrutínio dos fatos me convenceu de que isso nada mais era do que o efeito da auto-
sugestão. Não se deve esquecer que o sujeito hipnotizado se esforça com todas as
meios à sua disposição para satisfazer os desejos de seu hipnotizador e realizar
não apenas suas ordens. mas seus pensamentos também. O hipnotizado examina o cérebro
do hipnotizador. que geralmente não se preocupa com as extraordinárias
sensibilidade e não percebe que um sinal, que é imperceptível ao acordar
estado, pode tornar-se de extrema importância para o indivíduo hipnotizado. 193
Crocq acrescentou que o mesmo se aplica à histeria e alertou: "Se

você quer ser enganado, então experimente com pacientes histéricos. "
Delboeuf, outro belga, que visitou o Salpetriere e o Nancy

School em 1886, comentou sobre as diferenças marcantes obtidas por Charcot,
por Bernheim, e pelo hipnotizador Donato. 194 Delboeuf concluído
que não só houve uma ação inegável do hipnotizador em seu
sujeito ("como mestre, como discípulo"), mas que havia para um ainda maior
extensão, uma ação sugestiva do hipnotizado sobre o hipnotizador ("como doença
ciple, como mestre "); o primeiro sujeito hipnotizado impressões sobre o hipno-
é um método e uma determinada expectativa de resultados, que estabelece o padrão
para o método e resultados do hipnotizador com assuntos novos. Além disso,
o hipnotizador que foi treinado de uma determinada maneira transmite seu método
e expectativa de resultados aos seus discípulos, o que explica a origem da rival
escolas, cada uma tendo o monopólio de fenômenos hipnóticos específicos.
Aliás, é digno de nota que essas descobertas de Delboeuf foram
duplicado recentemente com base em pesquisas novas e independentes por
Martin Orne. 1 95 Não é de admirar que a situação hipnótica tenha sido freqüentemente
a
pareado a uma folie deux, onde "não se sabe qual dos dois é
mais louco. "Nos últimos anos do século XIX, esses relatórios negativos
Página 64
acumulado ao ponto onde uma poderosa reação ocorreu contra o

uso do hipnotismo e as teorias contemporâneas da histeria. Entre o
líderes dessa reação eram homens que haviam experimentado por anos com
meios como a metaloscopia, a ação de medicamentos à distância e
a transferência de sintomas de um paciente para outro. Janet, que tinha sido
mais cauteloso e tinha experimentado hipnotismo e histérico
pacientes sem cair em nenhuma de suas armadilhas, foi um dos poucos que
continuou os ensinamentos da primeira psiquiatria dinâmica, que tinha sido
provado ser bom.
A rejeição da primeira psiquiatria dinâmica foi tão irracional e
repentina como tinha sido a moda que causou sua ascensão à fama no
1880. É ocorreu apesar de grande resistência por parte de certos
adeptos da primeira psiquiatria dinâmica que estavam descobrindo novos e
fatos promissores. Havia. por exemplo, os novos métodos de hipnose
catarse, com a qual Janet experimentou a partir de 1886, e Breuer e
Freud em 1893 e 1895, do qual falaremos em outras partes deste
livro. Houve também um método desenvolvido por Oskar Vogt, ao qual ele deu
o nome de "hipnose parcial". 196 Este método exigia facilmente hipnotizar
sujeitos capazes, que também foram capazes de manter seu senso crítico agudo sob
hipnose. O assunto
fato ou memória foi hipnotizado
nitidamente e suaoatenção
delineada, que lhemanteve-se focada oem um
permitiu explorar
substrato inconsciente de um sentimento particular presente ou passado, um as-
sociação, um sonho ou um sintoma psicopatológico. Aliás, este
forma particular de hipnose é notavelmente semelhante ao que Ainslie Meares
descrito como o "Estado Y". 197 Frederick Myers. que era bem conhecido
com as armadilhas e falácias do hipnotismo, histeria e personalidade dupla,
enfatizou consistentemente o progresso real que essas noções trouxeram
sobre o nosso conhecimento da mente humana e o progresso posterior que
poderia ser esperado no futuro. 198 Um ponto foi que um secundário por
a sonalidade não era necessariamente inferior à principal, mas às vezes significava,
pelo contrário, uma melhoria acentuada (uma ideia que mais tarde seria
desenvolvido por Jung). No entanto, "as sucessivas descobertas de intoxicantes,
narcóticos adequados. e anestésicos, formaram três etapas importantes na
nosso crescente controle sobre o sistema nervoso ", e a descoberta de
a hipnose era um estágio posterior. A hipnose proporciona a muitas pessoas um ex
pansão e liberdade de espírito que eles são incapazes de alcançar no
estado de vigília: "Afirmo que o transe hipnótico (...) tem alguma analogia
ao gênio, bem como à histeria. Eu defendo que, para assuntos não educados,
foi a condição mental mais elevada em que já entraram;
e que, quando melhor compreendido e aplicado a assuntos de tipo superior,
pode estar disposto a fluxos de pensamento mais imperturbáveis e constantes do que pode ser
mantida pelo esforço desperto de nossos dias agitados e fragmentados. "
Pode chegar o tempo em que o homem alternará não apenas entre acordar
e dormindo, mas onde "outros estados podem vir a coexistir com eles."
Página 65
Finalmente, Myers lembrou que houve notável e permanente

curas obtidas sob hipnose. Em relação ao futuro, ele sentiu que nosso
o conhecimento desses estados poderia ser expandido e usado em três novos
maneiras: primeiro, trazendo melhoria moral por meio da impressão "hipnótica
sugestões de tipo salutar ''; segundo, adquirindo "um estado de insus-
sensibilidade à dor física ''; e terceiro, ganhando poder por meio de dis-
socializar os elementos de nosso ser de maneiras novas. Essas previsões de
Myers iria se materializar no método de auto-sugestão de Cow ~ , no
técnica de parto sem dor e no treinamento autógeno de Schultz.
Mas é claro que é mais fácil rejeitar em bloco um ensino que incorporou
erros do que realizar a difícil tarefa de selecionar o grão do
chaff, e, como Janet teve que concluir. "o hipnotismo está morto ... até o dia
ele vai reviver. "
Conclusão
A primeira psiquiatria dinâmica constituiu um corpo bem construído de
conhecimento, que, apesar das inevitáveis flutuações, foi muito mais
de uma unidade orgânica do que geralmente é assumido. A opinião comum afirma que
a primeira psiquiatria dinâmica desapareceu por volta de 1900 para ser substituída por
sistemas totalmente novos de psiquiatria dinâmica. Mas um exame cuidadoso dos fatos
revela que não houve uma revolução repentina, mas, pelo contrário, uma gradual
transição de um para o outro, e que as novas psiquiatrias dinâmicas
assumiu muito mais desde o início do que se imaginava. O cultural

A influência da primeira psiquiatria dinâmica foi extremamente persistente
e ainda permeia a vida contemporânea em um grau insuspeitado.
As novas psiquiatrias dinâmicas, tendo incorporado muito desde o primeiro
um, também assimilou muito conhecimento de outras fontes. o
novas psiquiatrias dinâmicas podem ser entendidas apenas se alguém fizer uma pesquisa
de todo o contexto sociológico e cultural ao longo do século XIX
século. Este será o assunto do capítulo seguinte.
Notas
eu. Justinus Kerner, Geschichten Besessener neuerer Zeiten. Beobachtungen aus dem
Gebiete kakodiimonischer-magnetischer Erscheinungen (...). Nebst Ref / exionen von C. A.
Eschenmayer iiber Besessenseyn und Zauber (2ª edição ampliada; Karlsruhe: G. Braun,
1835).
2. Montaigne, Essais (1581) (Paris: ed. Pleiade, 1940), pp. 110-120. Eng. trans.,
The Essays. Grandes Livros do Mundo Ocidental, vol. 25 (Chicago: Encyclopedia Britan-
nica, 1952), pp. 36-42.
3. Lodovico Antonio Muratori, Della Forza della Fantasia Umana (Veneza: Presso
Giambatista Pasquali, 1745).
4. Otto Stoll, Suggestion und Hypnotismus in der V olkerpsycho / ogie (2ª ed.; Leipzig:
Von Weit & Co., 1904).
27/01/2021 O Fundo da Psiquiatria Dinâmica
Página 1
O Fundo de
REVISAMOS a ancestralidade da psiquiatria dinâmica (Cap-

ter I), seu nascimento por volta de 1775 e sua evolução histórica de Mesmer a
Charcot (Capítulo 2), e fizemos um levantamento geral do primeiro
a psiquiatria dinâmica como um sistema orgânico e coerente (Capítulo 3). Nós
irá agora investigar sua base social, econômica e cultural em
a fim de ver em que medida a primeira psiquiatria dinâmica pode ser explicada
pelas condições existentes na Europa no final do século XVIII, e
como as mudanças nessas condições durante o século XIX levaram à
formação de novos sistemas de psiquiatria dinâmica. Os ensinamentos de Janet,
Freud. Adler. e Jung \\ foram, em grau variável, os herdeiros do primeiro
psiquiatria dinâmica. mas eles próprios são determinados por fatores sociais
e pelo científico filosófico. e tendências culturais que pesquisaremos como
brevemente, por um assunto tão complexo que eu não permita.
O Fundo Social
O advento do magnetismo animal e a mudança de Mesmer para Puysegur
não pode ser devidamente compreendido sem levar em consideração as condições sociais
dições prevalecentes na Europa no final do século XVIII. 1-
cento e oitenta anos são um curto espaço de tempo em comparação com o re-
história com fio da humanidade; mesmo assim, é extremamente difícil para nós imaginar
o modo de vida e de sentimento daqueles antepassados cujas nacionalidades e
línguas que herdamos. Hm \ e \ er. deixe-nos imaginar isso
estamos viajando no tempo para a Europa dos anos 1780. Quão estranho seria
tudo nos parece. Que estranho o modo de vida de nossos antepassados. Nós
seria. claro. tem que esquecer a bomba atômica. televisão. rádio, aviões,
automóveis, o telefone. ferrovias. e centenas de invenções e
commodities que consideramos garantidas. Homens e mulheres daquela época
parecem quase tão estranhos para nós como se fossem de outra raça; eles diferiam de
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O Fundo da Psiquiatria Dinâmica 183
nós até mesmo biologicamente: eles eram de constituição mais curta, mais robustos, extremamente resistentes
(não existia anestesia cirúrgica, sedativos e narcóticos dificilmente
conhecido; as pessoas estavam acostumadas ao sofrimento físico e à visão dele). Até
os ricos, em meio a seus luxos. viveu em condições que pareceriam
incrivelmente desconfortável para nós. A grande maioria da população comeu
alimentos grosseiros e com pouca variedade. Ser de higiene pública
rudimentar. eles foram atingidos por muitas outras doenças infecciosas, para o
medida que cerca de um quarto da população carregava marcas de varíola.
O encanamento não existia; a sujeira estava por toda parte e as pessoas
personalizado para odores fortes. Voltando a esse período, poderíamos ainda-
mais tem que esquecer muitas de nossas formas mais queridas de pensar, acreditar
e de se relacionar com os outros. Para a maioria, havia muito menos intelectuais
estimulação do que hoje. Basta ler um romance escrito então, digamos
Goethe Os Sofrimentos do Jovem Werther e imaginar viver a vida de um
de seus personagens: tal estilo de vida nos pareceria intoleravelmente entediante
(Considerando que nosso modo de vida os teria parecido com toda a probabilidade como um
frenesi perigoso). A grande maioria da população vivia no país-
lado onde lobos e bestas selvagens vagavam livremente. As cidades eram menores,
e mesmo em grandes cidades como Viena e Paris as pessoas levavam vidas que nós
consideraria "provinciano. ·· conhecendo-se e vivendo mais de perto
unidades conectadas do que fazemos hoje.
A visão de vida de nossos antepassados não nos pareceria menos estranha. Deles
modo de pensar era geralmente menos preciso do que o nosso. Eles sem dúvida sabiam
muitas coisas curiosas esquecidas hoje. mas eles também tinham muitas ideias, super
stições e preconceitos que nos pareceriam absurdos. Ciência, para -
posição. era uma noção bastante vaga para a maioria das pessoas. Alguns grandes pioneiros
como Priestley e Lavoisier ficaram isolados em meio a uma multidão de amadores
cientistas. Física \\ como usada principalmente para demonstrações de palco, divertir-
ment, ou charlatanismo. ou era um hobby dos aristocratas e ricos
burguês que possuía um gabinete de físico. No entanto, havia um pervad-
sentimento de que a humanidade estava amadurecendo após longos séculos de escuridão,
e essa opinião foi fortalecida por um fluxo ininterrupto de descobertas.
Franklin foi saudado como o homem que domesticou o raio, e
Montgolfier como aquele que inaugurou a conquista do ar. Ex-
plorers trouxe de volta notícias da descoberta de novos países e novas populações
no Pacífico Sul e em outros lugares. Em 1771. após completar um
circunavegação do mundo, o navegador francês Bougainville publicou
uma narrativa de suas viagens. excitante imaginações com sua descrição do
alegada felicidade natural e máxima liberdade sexual entre os nativos
do Taiti. 1 Comentando a narrativa de Bougainville, Diderot concluiu que
os benefícios da civilização e da moral (que ele não negou) foram
adquirida à custa da felicidade natural do homem. 2 Homem civilizado, disse ele,
é a presa de conflitos internos entre o · 'homem natural "e o" homem moral
e homem artificial ": se um ou outro prevalece nesta contenda,
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o homem civilizado permanece para sempre uma criatura infeliz - uma ideia que foi
mais tarde a ser assumido por Nietzsche e Freud. The American War of In-
dependência e o estabelecimento da Primeira República através do oceano
tinha despertado o entusiasmo do público francês, que imaginou esta nova
nação a ser modelada em Esparta ou no início da República Romana. Quadra
de Gebelin (um dos admiradores de Mesmer) teria decifrado
os mitos mais antigos e reconstruiu a linguagem primitiva da humanidade. Dentro
resumindo, o público "esclarecido" teve a sensação de viver em uma época de maravilhas
em que nada era impossível.
A estrutura política e social da sociedade não era menos diferente de
nosso. A monarquia prevaleceu em todos os lugares sob várias formas, com o ex
concepção de pequenas repúblicas, como os cantões suíços, e é difícil
imagine hoje quão incrível era a noção de que um grande país como
as colônias britânicas da América do Norte haviam adotado uma convenção republicana
stituição. Reis, imperadores, príncipes e pequenos soberanos desfrutavam de grande recuperação
espectador de seus súditos. No entanto, eles foram forçados a aceitar muitos
limitações ao seu poder estabelecidas pelo costume, lei ou opinião pública. Um funda-
diferença mental entre as pessoas daquela época e nós era o rigor
nossa divisão da sociedade em classes. Teoricamente, havia muitos
deles; na verdade, havia uma distinção básica, a de aristocratas e
plebeus. Os nobres originalmente eram descendentes do antigo feudal
famílias; mas poucas famílias eram realmente tão velhas, e a maioria das famílias aristocráticas
adquiriram sua nobreza como recompensa pelos serviços prestados ao estado,
através de funções públicas, ou simplesmente porque compraram propriedades em
alto custo ou funções públicas que incluíam um título de nobreza. Não só foi
há uma hierarquia na aristocracia. mas também havia uma divisão entre
nobreza militar e nobreza judicial. Quaisquer que sejam essas distinções, há
eram certas características comuns: todos os aristocratas tinham privilégios em relação a
impostos, à administração da justiça. e para as escolas para as quais eles enviaram
seus filhos. Eles podiam carregar S \\ Ords e caçar onde quisessem.
Mas eles também tinham obrigações muito rígidas e um grande número de lucrativas
ocupações eram proibidas para eles. Além disso. se eles tivessem o privilégio de
carregando uma espada, era considerado seu dever natural defender seus
soberano. Os aristocratas também desempenhavam funções na marinha, serviços diplomáticos,
e altos cargos da igreja. Os castelos medievais ainda existentes haviam se tornado
estavam na moda e eram tema de lendas e "romances negros". O mais alto
a nobreza escolheu cada vez mais viver em mansões elegantes e pacíficas no
campo. possuíam casas na cidade e tinham tanto contato quanto possível com
O tribunal. Esta classe desenvolveu um tipo novo e extremamente sofisticado de
vida social, uma marca da qual era uma polidez requintada e o inimitável
sutilezas de comersação em que os franceses se destacaram; daí a prevalência
da língua francesa e modos entre a nobreza na maior parte da Europa.
Os aristocratas das classes superiores se sentiram obrigados a manter uma posição muito elevada e
padrão de vida caro. Quantias enormes eram, portanto, frequentemente desperdiçadas
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em luxos e jogos de azar. No entanto, a nobreza estava passando por uma crise,
que foi particularmente notável na França. 3 Um número crescente de jovens
Os nobres franceses não encontraram mais saída suficiente para suas ambições e
sua necessidade de atividade. Além disso, a hostilidade contra a aristocracia continuou se espalhando
entre a burguesia, que invejava seus privilégios. A reação dos franceses
a nobreza era variada: muitos se agarraram desesperadamente a seus privilégios e tentaram
para aplicá-los. Um número bastante grande se voltou para atividades filantrópicas;
alguns até afetaram os ideais republicanos e mostraram entusiasmo pelo
Guerra da Independência Americana. Como as atividades abertas a eles eram limitadas,
e como sua vida social não absorvia todas as suas energias, uma série de
eles se esforçaram para encontrar novas saídas. como empresas coloniais ou científicas
pesquisa que eles levaram a sério, embora na maior parte seus esforços
seria classificado como amador hoje.
Entre os plebeus. a burguesia estava em ascensão e estava começando
vindo cada vez mais numeroso e poderoso. Seu modo de vida era bem diferente
diferente daquele da aristocracia. A principal virtude deste último consistia
em sua maneira generosa e ostentosa de gastar dinheiro, enquanto o
a burguesia considerava a economia aliada ao trabalho árduo como a principal virtude.
O proletariado era quase inexistente no Continente (o
A Revolução, que começou na Inglaterra na década de 1760, ainda não tinha
atravessou o Canal). Na base da escada social estavam os camponeses,
de longe a grande maioria da população. As reais condições do
o campesinato tem sido avaliado de forma diferente: muitos historiadores dão uma avaliação
foto deles, enfatizando sua vida miserável e seus sofrimentos. Outras
apontar para as grandes melhorias que ocorreram durante o décimo oitavo
século. O destino do camponês era sem dúvida difícil, mesmo considerando o
fato de que a vida naquela época era mais difícil para todos. A servidão ainda era pré
valente para milhões na Rússia e em algumas partes da Europa Central. Mesmo em
Europa Ocidental ainda não havia desaparecido completamente, permitindo que um alemão
príncipe, o Landgrave de Hesse. para vender seus súditos masculinos como soldados para
potências estrangeiras. Na melhor das hipóteses, os métodos agrícolas eram primitivos em comparação
aos modernos. Os camponeses foram esmagados com impostos e tiveram que se submeter a
trabalho obrigatório (que era chamado de trabalho de robô na Áustria) para o proprietário
ou estado. Na maior parte da Europa, os camponeses eram analfabetos, falavam inúmeras
dialetos e dificilmente entendiam a língua oficial de seu país. Mas quase
desconhecido para o resto da população) os camponeses tinham uma estrutura bem desenvolvida
subcultura própria, que consiste em costumes populares, práticas médicas,
artes populares, uma rica literatura oral e numerosas tradições, incluindo
crença em poços sagrados e árvores sagradas.
O modo de vida de cada classe era, portanto, muito diferente, e a relação
navios entre classes extremamente complexos. A relação dos servos e
seus mestres aristocráticos eram de uma qualidade peculiar, que não é fácil de entender.
ficar hoje. Famílias nobres que viviam em suas propriedades rurais estavam perto
relação com as mesmas famílias camponesas, geração após geração. o
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mesmo homem poderia ser o camponês de seu senhorio e temporariamente tornar-se seu
doméstico ou seu soldado quando o mestre assumiu o comando de seu regimento.
Esses relacionamentos podem se estender por muitas gerações. Esta inter-relação
entre o senhor e seu servo era, sem dúvida, bastante autoritário.
Na Rússia, era costume os aristocratas punirem seus camponeses com
o knout. Mesmo na França, o costume de um mestre bater em seu servo ou
esquecendo de pagar-lhe o seu salário ainda existia até pouco antes disso
Tempo. No entanto, frequentemente havia uma forte devoção mútua e muito
franqueza no discurso entre o nobre senhor e o servo. Podemos encontrar
tais relações descritas nas peças de Moliere, Marivaux e Beau-
marchais, e veja como eles eram diferentes das relações entre
um senhor burguês e seu servo. Com a aristocracia, era uma relação
navio de despotismo e submissão, mas também de simbiose com uma peculiar
mistura de respeito e familiaridade. Com a burguesia, era um mais im-
relação pessoal de exploração e ressentimento.
Visto na perspectiva de hoje, a história do magnetismo animal parece preenchida
com paradoxos. Parece incrível que Mesmer pudesse ter empreendido
para curar pacientes por taxas muito altas, montando-os em torno de um contêiner
cheio de água magnetizada. ou que tal prática causou distinto
senhoras caiam em crises nervosas. Seria muito fácil falar de charlatanismo
e histeria coletiva. Também não é menos estranho que membros proeminentes
da aristocracia pagou a Mesmer, um estrangeiro, enormes somas de dinheiro em
a fim de adquirir um suposto "segredo" que lhes permitiria curar pacientes
gratuitamente, ou que um homem como Puységur magnetizou uma árvore para
curar pacientes ao seu redor. E, finalmente, resta explicar como o
primeiras duas ondas de magnetismo animal, uma com Mesmer, a outra com
A técnica de Puységur, foi seguida após a Revolução Francesa por um terceiro,
em muitos aspectos diferente, método de aplicação de magnetismo. Nós acreditamos, como-
sempre, que a estranheza desaparecerá e os fatos se tornarão
capaz quando visto à luz do contexto sociológico, conforme esboçado
acima.
A vitória de Mesmer sobre Gassner foi tripla: representou o
vitória do Iluminismo sobre o espírito decadente do Barroco, o
vitória da ciência sobre a teologia, e a vitória da aristocracia sobre o
clero. Em sua fase inicial, o magnetismo animal deve ser compreendido dentro
o quadro de referência da aristocracia e seu sistema de valores. Não
ter nascido nobre, Mesmer, que se casou com uma senhora de Viena
aristocracia, levou a vida de um patrício rico e procurou seus clientes entre
os nobres. Do ponto de vista então atual, era bastante natural que
ele deve cobrar taxas elevadas; na verdade, teria sido absurdo em seu
parte para não tirar dinheiro de pessoas que o desperdiçaram sem um segundo
pensamento em jogos de azar e outros passatempos semelhantes.
Em relação ao seu baquet, este foi um aparelho ingênuo inspirado por aqueles
recentes descobertas físicas que apaixonaram os aristocratas amadores.
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Por acreditar que havia descoberto um novo fluido físico, era natural que
Mesmer tentou acumulá-lo em um recipiente da mesma maneira que os físicos
eletricidade acumulada na jarra de Leyden. Mesmer moldou seu físico
teoria em imitação da então atual teoria da eletricidade, daí a noção
do relacionamento e da cadeia formada pelos pacientes através dos quais o fluido
supostamente correu. Pode-se agora perguntar por que a maioria de seus pacientes acreditava que
eles estavam sentindo os efeitos fisiológicos daquele fluido; mas precisamos apenas lembrar
que os efeitos do placebo ocorrem não apenas com drogas e medicamentos, mas com
qualquer agente físico. Mesmo o principal cientista da época tinha dificuldade em
apreciando os efeitos fisiológicos da eletricidade. Bertrand, um físico
que se tornou um dos melhores alunos do magnetismo animal, contou curiosos
histórias sobre os primeiros experimentadores que podiam sentir choques terríveis de um
descarga elétrica que consideraríamos apenas ligeiramente desagradável, e
como ficaram assustados a ponto de passar dois dias na cama, enquanto
outros físicos realizaram experiências muito perigosas, que
às vezes levava à morte. 4 Ele levou algum tempo até que o verdadeiro fisio-
efeitos lógicos de agentes físicos foram compreendidos.
Outra pergunta que se poderia fazer é por que as distintas senhoras sentadas
em torno do baquet de Mesmer sentiu o efeito do suposto fluido magnético apenas
na forma de crises. A explicação parecerá lógica para aqueles que têm
ouvi falar dos vapeurs, que era a neurose das mulheres da sociedade da época.
Na verdade, houve duas neuroses em voga durante a segunda metade do
Século XVIII: Um, hipocondria, afetou distintos cavalheiros
e consistia em acessos de depressão e irritabilidade. O outro era o
vapeurs, a neurose de senhoras distintas. que desmaiou e tinha variado
tipos de ataques nervosos. Essas neuroses foram descritas em detalhes em tratados
que foram clássicos, como o Tratado sobre os Vapeurs de Joseph
Raulin 5 e de Pierre Pomme. 6 médicos elegantes trataram do
vapeurs com todos os tipos de dispositivos "modernos", como hidroterapia e
eletricidade. Era, portanto, muito na moda para aquelas senhoras irem para
Mesmer, que introduziu um novo método terapêutico e que ainda
thermore desfrutava do prestígio de ser estrangeiro (um tipo peculiar de
xenofilia permeando a França naquela época). O tipo de crise produzida
em torno do baquet não passava de um ataque dos vapeurs. Poderíamos
assim dizer que essas crises foram uma ab-reação da neurose atual, provocada
por uma terapia sugestiva que seu autor considerou ser uma aplicação racional
ção de pesquisas físicas recentes. Na opinião de Mesmer, o sucesso terapêutico
cesses que ele obteve em torno do baquet não poderiam ser nada além de uma confirmação
de sua teoria; daí sua indignação com o Relatório dos Comissários
a quem acusou de ser tendencioso contra ele.
Qual foi a razão por trás da mudança abrupta e radical que levou
lugar entre as técnicas e conceitos de Mesmer e os de Puysegur
no ano de 1784? Ele parece que aqui, também, uma explicação pode ser encontrada
no contexto sociológico. Vamos primeiro lembrar que Amand-Marie Jacques
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de Chastenet. Marquês de Puységur, era descendente de um dos mais
antigas famílias da nobreza francesa, que, ao longo dos séculos, tiveram
deu muitos homens proeminentes para a França, particularmente no campo militar, e
que ele mesmo fizera uma carreira militar brilhante. Como muitos de seus
contemporâneos aristocráticos, ele manteve um gabinete de corpo, no qual
realizou vários experimentos com eletricidade. Ele dividiu seu tempo entre
sua vida militar e seu castelo em Buzancy, onde possuía uma grande propriedade
que estava na família por muitas gerações. O marquês também
como seus dois irmãos, evidentemente pertenciam à ala progressista dos franceses
aristocracia que direcionou sua atividade para canais filantrópicos. Isso explica
porque Puységur e seus associados da Societe de! 'Harmonie praticou
magnetismo gratuito. Em vista de sua posição, era para eles uma questão de
claro que eles não poderiam usar seu conhecimento de magnetismo para fins lucrativos
fins (uma vez que, como nos lembramos, quase todas as atividades lucrativas eram
proibido a nobres franceses). Além disso, eles não podiam cobrar taxas de seus
próprios camponeses. Todos os discípulos aristocráticos de Mesmer compartilhavam dessa visão, assim como
os nobres da Alsácia.
Voltando a Buzancy, vemos que o Marquês não organizou seu
tratamento coletivo em torno de um baquet como fez Mesmer, mas sim em torno de um
árvore que ele magnetizou, um procedimento que Mesmer usou muito pouco.
Para Puységur, a magnetização da árvore era um procedimento científico; mas
para os camponeses, a árvore tinha um significado e apelo específicos, que podem
ser explicado pelas crenças e costumes populares. Em sua obra monumental
O Folclore da França, Sebillot dedica um capítulo às crenças populares e
práticas relacionadas com árvores:
Sebillot afirma que as florestas e árvores sagradas eram provavelmente as mais

divindades espiadas dos velhos gauleses. e que durante séculos missionários cristãos
e os bispos encontraram as maiores dificuldades para erradicar o culto às árvores;
este culto eventualmente desapareceu, devido mais ao desenraizamento de árvores e ao
reclamação da terra para fins agrícolas do que para as proibições religiosas.
Contudo. o culto de certas árvores continuou de uma forma mais ou menos disfarçada
até os tempos modernos. Ainda em 1854. uma pesquisa mostrou que no Departamento
de l'Oise sozinho ainda não havia menos de 253 árvores para as quais mais ou menos
culto secreto ou disfarçado foi dado. Entre eles estavam 74 olmos e 27 carvalhos.
Além disso, e até a Revolução Francesa, muitas árvores foram associadas a
a prestação de justiça. e muitos outros foram considerados dotados de
virtudes profiláticas ou terapêuticas. Durante o século XVII e até
mais tarde. pessoas doentes muitas vezes se prendiam a troncos de árvores com a ajuda de
cordas ou algum outro meio para transferir sua doença para a árvore. Sebillot
enumera um grande número de outras práticas. alguns dos quais ainda persistiam em
início do século XX. Visto sob essa luz, a história do
O olmo magnetizado de Huzancy perde muito de seu caráter paradoxal. o
utilização de árvores magnetizadas não desapareceu após Puysegur, mas parece
ter recuado para o fundo. O livro de Gauthier sobre magnetismo
contém um capítulo sobre este assunto, no qual notamos que apenas certas espécies
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de árvores foram consideradas aptas para magnetização, sendo estas precisamente as

o mesmo tipo de árvore que foi reverenciado como sagrado no passado. s talvez o
a última menção de uma árvore magnética pode ser encontrada no romance póstumo de Flaubert
Bouvard e Pecuchet. 9 Os dois personagens excêntricos deste romance organizam

um tratamento em torno de uma pereira magnetizada (que para o leitor informado
era puro absurdo. uma vez que nenhuma árvore frutífera foi considerada apta para magnetização.).,
Como se pode explicar que o mesmo procedimento dos passes chamados

frente crises no paciente quando usado por Mesmer e sono magnético quando
usado por Puysegur? Mesmer havia produzido inúmeras crises em seus pacientes,
mas quase nenhum sono magnético; mas a partir de 1784, casos de sonambulismo
poderia ser contado aos milhares. Aqui também a resposta será encontrada em
a formação sociológica dos pacientes. Como vimos, quando Mes-
mer magnetizou a mulher da sociedade, seria bastante natural se ela respondesse
com a crise, que reproduziu um de seus antigos ataques de vapor. Mas quando
camponeses e servos foram magnetizados, outro tipo de patologia, re-
relacionado à sua classe social, foi eliciado. Mas por que o camponês Victor exibiu
habilidades inesperadas quando colocadas em sono magnético? A resposta é sem dúvida
a ser encontrada na relação peculiar entre um nobre francês de
o final do século XVIII e seu camponês. A família Race teve
vivia na propriedade dos Puysegurs na aldeia de Buzancy e tinha
serviu-os por muitas gerações. O Visconde du Boisdulier, um con
descendente temporário do Marquês de Puységur, desde que o seguinte
a seguir informações:
A família Race está ao serviço dos Puységur há muitos séculos.

Uma pintura representando um piquenique de caça organizado pelo Marechal de
Puységur, o avô do magnetizador, incluía dois cavalariços, um dos
quem era uma raça; um de seus descendentes, Gabriel, que ainda vive hoje,
estava a serviço de minha mãe como guarda-caça em 1914. " 10
No relato de Puységur sobre os vários episódios com Victor,

notamos a mistura peculiar de familiaridade e respeito, cujo tom,
no entanto, variava muito dependendo se Victor estava acordado ou em
sono magnético. Na última condição, ele mostrou não apenas mais alerta
e inteligência, mas também muito mais confiança no Marquês, confiando
suas preocupações para ele e pedindo seu conselho. Ele foi muito franco e fez
não se abstém de criticar os erros do Marquês no manejo do magnetismo.
O tratamento magnético de Victor por Puységur mostra duas características notáveis:
o primeiro foi o aparecimento de uma dupla personalidade, sendo a nova
menos inibido e mais brilhante do que o normal. O segundo foi
a qualidade do diálogo ou mesmo da barganha entre o magnetizador e
o magnetizado, que muitas vezes dava ao tratamento o aspecto de um "paciente
terapia dirigida. "No caso de Victor, bem como em todas as instâncias contemporâneas
do sono magnético, notamos que o paciente magnetizado declarou seu próprio
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diagnóstico, anunciou a evolução de sua doença, e muitas vezes prescreveu seu

terapia própria ou pelo menos discutida aquela prescrita pelo magnetizador. Nós
acreditam que todas essas características novamente encontram uma explicação na sociologia
fundo.
A hipnose foi definida como a quintessência da relação de de-
pendência de um indivíduo sobre o outro. É uma rendição de alguém
vontade para a vontade de outro e é mais provável de ocorrer quando há uma
distância psicológica ou social considerável entre dois indivíduos, aquele
dotado de poder e prestígio, o outro, passivo e submisso. UMA
observador crítico, o médico Virey escreveu em 1818:
São sempre os proprietários que operam em seus subalternos, nunca estes últimos em
seus superiores; parece que o magnetismo sempre funciona para baixo, nunca
para cima. Os oficiais que tão avidamente magnetizaram em suas guarnições, sem dúvida
realizaram maravilhas sobre os pobres soldados que se sentiram muito honrados com aquela mar-
queses. contagens, os cavaleiros estariam dispostos a gesticular sobre eles. 11
Essas características estiveram eminentemente presentes nas curas Buzancy. Puységur

controlar os súditos era poderoso porque seus ancestrais haviam governado
este território por séculos, e os camponeses sempre os consideraram
como seus senhores legítimos. Só assim se pode entender a autoridade exercida
pelo Marquês sobre seus súditos e sua habilidade de ganhar sua confiança
e junte-os ao redor do olmo magnetizado para tratamento. Seu prestígio
foi evidentemente reforçada pelo fato de que ele estava perto da Corte Real,
teve um alto comando militar, e manteve um gabinete de corpo onde
ele realizou experiências misteriosas.
Por que a nova personalidade que apareceu no sono magnético foi mais
brilhante do que o normal? Não estamos lidando aqui com um isolado
facto. Também foi observado muitas vezes na manifestação de pós
sessão que o "espírito" supostamente falando pela boca do pos-
sessed revelou-se uma personalidade mais brilhante do que seu "anfitrião".
Miihlmann apontou para o fato de que os espíritos que possuíam um indivíduo
em um país conquistado tendia a falar na língua do opressor. 12
Tem sido frequentemente relatado que camponesas hipnotizadas ou servas tendem
falar uma língua mais correta do que em sua condição normal. este
fenômeno poderia ser chamado de identificação com uma classe social superior. Nós
são levados a supor que havia uma tendência semelhante entre os camponeses franceses
e servos antes da Revolução Francesa. Um episódio no auto-
A biografia de Madame Roland é muito significativa:
Quando ela era uma criança. sua mãe a levou para um castelo onde ela teve
alguns negócios. e foram convidados para jantar com os criados. Eles eram
golpeados com a discórdia de um mundo que eles nunca haviam suspeitado. As empregadas
afetados em suas roupas e maneiras o comportamento de suas amantes, e o
servos homens também se esforçaram para imitar seus senhores. falando de nada além
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marquês, condes e outras pessoas ilustres cujos assuntos eles estavam discutindo
xingando como se tivessem um conhecimento íntimo deles. Os pratos e o serviço
eram um paralelo estreito com os dos mestres, e a refeição foi seguida por
jogos em que estavam em jogo grandes somas, ao melhor estilo aristocrático. 13
Da mesma forma, e desconhecido para Puységur, deve ter havido

um desejo profundo em Victor de ser como seu mestre ou, na linguagem moderna,
para se identificar com ele. É também a relação social entre o
mestre aristocrático e seu camponês que poderia explicar por que Puységur
o tratamento hipnótico de Victor assumiu a forma peculiar de uma terapia de barganha,
uma característica que era tão comum naquela época e estava gradualmente diminuindo
após a revolução.
As implicações sociológicas do estilo de tratamento magnético de Puységur
são bem ilustrados pelos relatórios sobre as curas registradas em Estrasburgo em
1786 a 1788. Vimos que o Marquês, em agosto de 1785, fundou
um ramo próspero da Societe de! 'Harmonie e que vários
centros de tratamento foram abertos na Alsácia sob sua supervisão. Estes
relatórios são de interesse especial porque cada histórico de caso leva o nome,
posto e profissão do magnetizador e, muitas vezes, indicações sobre o
paciente também. O volume, publicado em 1787, contém os relatos de
82 curas, 53 das quais realizadas por nobres: Barão Klinglin
d'Esser, 26; Baronne de Reich. 13; Conde de Lutzelbourg, 6; Flachon de
Ia Jomariere, 6; Baron de Dam pierre, 1; Baron Krook, 1. 14 O relatório
publicado em 1788 pesquisas 104 curas; os nomes dos magnetizadores são
dado em 95 curas, das quais 56 foram realizadas por nobres. 15 entre
os pacientes curados cujas ocupações estão listadas, encontramos a maioria de
camponeses, artesãos e servos (servindo principalmente à burguesia ou aristocracia
famílias).
A nova escola de magnetismo animal que surgiu após o Napoleão
era diferente em muitos aspectos das dos dois primeiros períodos. o
mudança pode ser entendida à luz da convulsão social provocada
pela Revolução Francesa, com sua derrubada da nobreza e ascensão do
burguesia. Ainda havia vários nobres entre os magnetizadores
na França, mas eles eram. na maior parte, como o Barão du Potet, o
descendentes de famílias arruinadas, e cada vez mais burgueses eram
entrar na profissão. Qualquer que seja sua origem social, os magnetizadores agora tinham
para ganhar a vida; pode-se ver facilmente porque o período de
o tratamento tinha acabado. Com a mudança do magnetismo para o hipnotismo ao redor
meados do século, a estrutura autoritária foi fortalecida.
O baquet e a árvore magnetizada estavam agora obsoletos; o paciente
dirigido e o método de negociação retrocedeu antes do método de ordens
administrado sob hipnose, um procedimento que no final do século
passou a ser identificado com o próprio hipnotismo. Os hipnotizadores vieram principalmente de
a alta e média burguesia, e seus pacientes eram, na maioria
Página 11
parte trabalhadores, soldados e camponeses. O personagem burguês agora assumido

por meio do hipnotismo talvez também possa ser responsável por aspectos mais racionais e
abordagem sistemática dada aos aspectos teóricos e didáticos da
hipnotismo. Mas, como veremos mais tarde, novos fatores sociais contribuídos por
o final do século XIX com o advento de novos tipos de psicopatias
terapia.
Enquanto isso, novas forças motrizes de natureza econômica e política tinham
se tornarem manifestos, e iremos analisá-los brevemente a fim de avaliar seus
influência no desenvolvimento da psiquiatria dinâmica.
O contexto econômico e político
Junto com os fatores sociais, poderosos fatores econômicos e políticos
já havia causado uma transformação de vida. Entre eles estavam os
A Revolução Industrial e o princípio das nacionalidades.
A Revolução Industrial, o nascimento e desenvolvimento de grande escala
indústria, ocorreu na Inglaterra entre 1760 e 1830. 16 Novo, aperfeiçoado
máquinas que usam fontes naturais e artificiais de energia (água, vapor,
eletricidade) aumentou a produção enormemente, mantendo a mesma
necessidades de mão de obra. O artesanato tradicional desapareceu gradualmente, e um novo
surgiu a maré da vida econômica, centrada no conceito de lucro. isto
implicava uma ampla competição econômica que gradualmente transformou o mundo
em um mercado gigantesco, vigorosamente disputado pelas grandes indústrias do
várias nações, juntamente com um sistema de transporte em expansão e
comunicação, o que por sua vez conduziu à abertura de novos mercados. Novo
fábricas surgiram por toda parte, fazendo com que os camponeses deixassem o país-
lado, trazendo uma urbanização em larga escala e proletarização do
massas, problemas sociais amargos e a ascensão do socialismo. Simultaneamente,
um rápido aumento da população na Europa foi seguido por uma grande escala
emigração para a América do Norte e outros países. Ao longo do
mundo inteiro, a "fronteira" foi aberta ao alcance do homem branco,
que veio como um colono, conquistando novos países, ou como um colono,
ou comerciante, explorando os países e seus povos. 1 7
O principal aspecto da vida política foi a tendência para o estabelecimento
dos estados nacionais. Vários estados nacionais surgiram lentamente das ruínas
do feudalismo e o velho sonho da unidade europeia sob a égide de
papa e imperador. No final do século XVIII, Espanha, Inglaterra,
e a França se tornaram estados nacionais unificados, enquanto a Itália e a Alemanha
ainda estavam subdivididos em muitos pequenos estados soberanos e os austríacos
monarquia permaneceu um vasto conglomerado de povos sob o cetro de
os Habsburgos. Como a dominação de Napoleão agitou os povos da Europa
contra ele, um renascimento do espírito nacional começou a ser sentido em todos os lugares,
e este movimento continuou após a queda do Imperador. 18 muitos
povos que estavam sob domínio estrangeiro tomaram conhecimento de sua
identidade nacional, que estava intimamente ligada à sua língua nacional.
Página 12
O princípio foi proclamado que todas as nações têm o direito de constituir

um estado nacional próprio. Como a nação foi identificada com o idioma,
amargas guerras lingüísticas ocorreram em toda a Europa central e sudeste.
Essa situação teve um forte impacto na ciência e na cultura. Para muitos
séculos, o latim foi a língua comum da Igreja, administra-
ção e universidades em toda a Europa. Sua supremacia, já desafiada
pela Reforma, deveria ser derrubado pelo surgimento do nacionalismo. É re-
mantido, no entanto. a língua oficial do Parlamento, estado e administração
da Hungria até a década de 1840, e todas as pessoas cultas no Ocidente
Ainda esperava-se que a Europa falasse isso com força. 19 Mas na maioria dos países,
cientistas já haviam começado a usar suas próprias línguas nacionais, e o
o uso do latim diminuiu rapidamente após o advento da Revolução Francesa.
O motivo do desaparecimento do latino como europeu internacional
linguagem não pode ser encontrada em sua inadequação científica: Newton, Harvey,
e Linnaeus publicou suas descobertas em latim. Mach sugere
que a razão era que a nobreza queria gozar dos frutos da literatura
°
e ciência sem ter que aprender essa linguagem acadêmica. 2 Condor-
cet proclamou que, por meio do uso de sua língua nacional, a
ções de cientistas franceses não seriam mais um reino inacessível para o
francês médio; ele deixou para os cientistas aprenderem as línguas de seus
colegas estrangeiros. 21 Quando a elite usa a língua nacional para a filosofia
para fins cal e científicos, disse ele, esta linguagem necessariamente se tornará
enriquecido e aperfeiçoado; isso, por sua vez, dará às pessoas a vantagem de
ter uma ferramenta linguística mais perfeita à sua disposição e com ela uma
acesso à cultura geral. Não há dúvida de que o abandono de
Latim e a adoção de línguas nacionais deram um enorme impulso
para o desenvolvimento da ciência nos países da Europa Ocidental (como
como o desenvolvimento da psicologia e da psiquiatria), mas a ciência tendeu a
ser menos universal do que tinha sido até então e tornou-se uma con-
cern, às vezes até mesmo uma arma política.
O contexto cultural: o iluminismo
A história da civilização ocidental é, em grande medida, a de alguns

grandes movimentos culturais, o Renascimento, o Barroco, o Iluminismo e
Romantismo. que se sucederam desde o final do meio
Idades ao século XIX. Cada um deles não apenas mostrou específico
características em sua filosofia, literatura, arte e ciência, mas implicava um novo
estilo de vida e culminou na formação de um tipo ideal de homem. 22
Cada movimento teve seu centro de origem em um país, do qual manteve
certas características ao se espalhar pelo resto da Europa: o Renais-
ascensão e barroco na Itália, o Iluminismo na França, Romantismo na
Alemanha. Esses movimentos (bem como outros menos importantes) não podem
ser definidos como entidades cronológicas estritas; eles se espalharam lentamente a partir de um
país para outro e se sobrepuseram.
Página 13
A Renascença desenvolveu-se na Itália durante os séculos XIV, XV,

e parte do início do século XVI. Ele floresceu na corte dos príncipes
e nas cidades-estado em um período de lutas intensas, quando o feudalismo estava
começando a ser abalado pela burguesia em ascensão. Se espalhou pela França
e em outras partes do século dezesseis. Suas principais características eram um
interesse sincero na cultura greco-romana antiga, não apenas como uma fonte de
informação e ensino, mas como modelo de vida, associada a uma vinda
à consciência da personalidade humana, de sua natureza e de seu lugar na
o universo. 2 3 Nas artes, a Renascença buscou o ideal de
proporção perfeita em sua forma estática, e descobriu as leis da perspectiva
e destacou sua importância. Seu tipo ideal de homem foi descrito por
Baldassare Castiglione como sendo de nascimento nobre, versado em exercícios físicos, de
uma educação refinada, incluindo arte, música e literatura, combinando dignidade
com espontaneidade e graça nas maneiras, e pouco se preocupando com
religião. A Renascença também exaltou o político astuto, o poderoso
gênio, e o grande erudito. 2 -1 A partir de então e até o final do

século dezenove. é considerado normal que um educado
pessoa deve possuir um excelente conhecimento de latim e grego e de
suas literaturas. bem como dos clássicos modernos nas línguas nacionais.
Não se pode, portanto, compreender homens como Janet, Freud e Jung sem
percebendo que estiveram imersos desde a infância em uma atmosfera
da cultura clássica intensiva e que esta cultura permeou todo o seu pensamento
ing. Um aspecto negativo da Renascença foi seu desprezo pelo vulgo,
o analfabeto e o "tolo". Mas também havia um grande interesse na área mental
doença e, como vimos, nas manifestações multiformes atribuídas a
aquela faculdade peculiar da mente, imaginatio. O estudo da imaginação,
um dos legados da Renascença para os séculos seguintes foi
tornou-se uma fonte principal da psiquiatria dinâmica inicial.
Na época do nascimento da psiquiatria dinâmica, a Renascença foi
acabou, e a tendência cultural subsequente, o barroco, ainda estava florescendo
na Espanha e na Áustria. O movimento barroco foi relacionado ao surgimento de
poderes centralizados, nos quais o monarca se empenhava em manter a nobreza
e a burguesia intimamente ligada à sua pessoa. Os modelos de vida eram
não mais procurado na antiguidade grega e romana, mas em torno do idealizado
figuras de grandes monarcas (como o rei da Espanha, o francês Roi
Soleil), em grandes impérios, envolvendo cerimoniais elaborados, trajes e
mobiliário. Também estava intimamente ligado ao movimento do Contra
Reforma. Nas artes, em vez do estático e perfeitamente proporcionado
Ideal do Renascimento, o Barroco buscou movimento, mudança e crescimento.
Muitas vezes tinha uma predileção pelo ilimitado, o colossal, a desproporção
comia, e ornamentação exagerada. Seu homem ideal foi retratado por
Baltasar Gracian como um homem de nascimento nobre e boa educação, a quem
religião e honra eram sagradas; ele estava se esforçando acima de tudo para o interior
grandeza, embora com ostentação, "o homem de qualidades majestosas e
Página 14
realizações. " 25 Num estilo frequentemente bombástico, a literatura barroca relacionou-se

histórias de heróis que enfrentaram dificuldades e obstáculos incríveis e que
foram os pm1 ns do destino. O Barroco foi um período de grande filosofia filosófica
sistemas e de grandes descobertas em todos os ramos da ciência. De acordo
para Sigerist o interesse barroco no movimento e desenvolvimento foi expresso
na medicina com a descoberta de Harvey sobre a circulação sanguínea e com seus estudos
em embriologia. 26 Em psiquiatria, tendeu à construção de sistemas
e classificações elaboradas. Infelizmente, o Barroco também foi um dos
os piores períodos de caça às bruxas e crença na possessão diabólica. o
nascimento da psiquiatria dinâmica no final do século XVIII pode ser
totalmente compreendido apenas quando colocado de volta no contexto cultural e histórico
perspectiva do declínio do Barroco e do triunfo do Iluminismo
ment. Como vimos, isso é simbolizado pela contestação em 1775
entre Gassner, o sacerdote devotado e exorcista convicto, e Mesmer,
o leigo esclarecido e aspirante a cientista.
O terceiro grande movimento cultural, o Iluminismo, foi definido
por Troeltsch como "o movimento espiritual que levou à secularização do
pensamento e estado. " 27 De acordo com a definição bem conhecida de Kant:

Iluminismo é o abandono, pelo homem, da minoria que ele mesmo causou. Minoria
é a impossibilidade de usar a própria razão sem a orientação de outra.
Essa minoria é causada por si mesma quando não é devido à falta de poder de raciocínio
mas à falta de decisão e coragem de fazer uso dela sem a orientação
de outro. Sapere aude! Tenha a coragem de usar a sua própria razão!
é, portanto, o lema do Iluminismo, 2 8
O Iluminismo, que estava intimamente relacionado com a ascensão e a guerra

solidificação da burguesia, originada na França por volta de 1730, se espalhou
rapidamente sobre a Inglaterra e na Alemanha, e culminou em torno de 1785. Ele as-
somaram diferentes formas em cada um desses países. Na França, tornou-se
político e às vezes anti-religioso. Na Inglaterra desenvolveu um especial
interesse em economia. Na Alemanha, manteve-se dentro dos limites estabelecidos
religião e foi adotada pelos príncipes governantes na forma de iluminados
despotismo, normalmente representado por Frederico II, rei da Prússia; não-
resistindo à sua atitude despótica, ele pensou e se proclamou
como o primeiro servo de seu povo em contraste com o soberano barroco típico,
Luís XIV, que disse: "O Estado sou eu" (L 'Etat, c'est moi) . Mas em toda parte
reinava a convicção de que a humanidade finalmente atingiu a maioridade após um
período extremamente longo de ignorância e servidão, e agora poderia, sob
o controle da razão, orientar em direção a um futuro de progresso ilimitado. 29 o
A característica mais fundamental do Iluminismo era o culto da razão,
considerada uma entidade universal permanente, que era a mesma para todos
homens de todas as idades e de todos os países. A razão se opôs à ignorância, erro,
preconceito, superstição, crenças impostas, a tirania das paixões e a
aberrações de fantasia. Seguindo essas ideias estava a noção de que o homem era
Página 15
um ser sociável e a sociedade foi criada para o homem. O tipo ideal de homem
pertencia à aristocracia ou à burguesia, e sua vida era dirigida
de acordo com as exigências da razão e da sociedade. Na França,
ele foi representado pelo honnete homme, uma figura sociável. Na Inglaterra,
ele tinha uma mente mais pública e estava preocupado com os problemas econômicos. o
filosofia do Iluminismo era otimista e prática, e
alegou que a ciência poderia e deveria ser aplicada para o bem-estar de
humanidade. O progresso foi entendido não apenas em seu sentido material, mas como um
progresso qualitativo e moral, implicando reformas sociais. Um outro recurso
do Iluminismo foi também sua fé e profunda preocupação com a educação.
Na ciência, o Iluminismo eliminou o princípio da autoridade, e
começou a aplicar a análise, até então usada na matemática, a outros ramos
de conhecimento, incluindo o estudo da mente humana, sociedade e política.
A psicologia se esforçou para analisar os elementos básicos da mente: sensações
e associações, e então reconstruir, por síntese, todo o tecido do
a mente humana. Da mesma forma, homens como Rousseau tentaram imaginar o
evolução da sociedade, começando com indivíduos separados que se reuniram para-
e concluíram entre si um "contrato social". Até então,
a ciência progrediu principalmente por meio do trabalho individual de grandes
cientistas vivendo isolados uns dos outros e entretendo um grupo ativo
resposta um com o outro. O Iluminismo promoveu a criação

de uma rede de sociedades científicas, que publicou anais de seus
Atividades. Os membros, que muitas vezes eram compostos por muitos amadores, consideraram
é seu dever assistir às sessões e comunicar as suas conclusões.
As características racionais, práticas e otimistas do iluminismo
quase na preocupação com reformas e ajuda aos menos privilegiados
membros da grande família humana. O Iluminismo proclamou o
princípios de liberdade religiosa e de tolerância mútua entre os vários
religiosas, conforme ilustrado por Lessing em sua célebre peça Nathan der Weise
(1779). Ele lutou pela emancipação dos protestantes nos países católicos,
de católicos em países protestantes e de judeus em toda a Europa. Lá
foi um movimento entre os cristãos pela emancipação dos judeus, e entre
. Comunidades judaicas para a emancipação dos rígidos grilhões dos judeus
ortodoxia tradicional e modo de vida. 30 O movimento pela abolição do
a servidão e a escravidão também tiveram suas raízes no Iluminismo. Entre Protes-
representa uma tendência chamada racionalismo. desenvolvido, que foi bem definido por
o título do tratado de Kant, Religião dentro dos Limites da Mera Razão. o
elemento da razão na fé foi enfatizado ao invés do da tradição cega
ou élan místico . 3 1 Foram feitas tentativas para encontrar racionalizações para
milagres (isto é, para encontrar explicações supostamente científicas para
milagres). Roskoff mostrou que a crença no diabo foi gradualmente dissipada
em círculos religiosos influenciados pelo Iluminismo, que conta em parte
para o retrocesso gradual dos julgamentos de bruxas. 32 No reino da justiça, o
O Iluminismo lutou contra o uso de tortura e outros abusos graves,
Página 16
que ainda eram atuais. O movimento em direção à reforma judicial e penal

é ilustrado pelo famoso tratado Dei Delitti e delle Pene de Beccaria (1764)
e a atividade filantrópica de Howard para a melhoria das prisões e
hospitais.
O enorme impacto do Iluminismo na medicina geralmente é pequeno
conhecido. 33 Inaugurou a pediatria, ortopedia, higiene pública e pro-
filaxia, entre outras, com sua campanha de inoculação contra a varíola.
Ele influenciou psiquiatria, em muitos aspectos, começando com a sua laicização.
Muitos sintomas, que foram considerados efeitos de bruxaria
ou posse, passou a ser considerada como forma de doença mental. Esforços
estavam sendo levados a compreender a doença mental de uma maneira científica.
O rápido progresso da mecânica e da física sugeriu a adoção de
modelos mecanicistas em fisiologia e a redução da vida psíquica ao
atividade do sistema nervoso. Devido à ênfase dada ao corpo docente
da razão, a doença mental foi considerada como sendo essencialmente um distúrbio
da razão. Acredita-se que suas causas sejam alguma lesão física,
especialmente do cérebro, ou os efeitos de paixões descontroladas. Portanto,
representantes do Iluminismo ensinaram princípios do que faríamos
chamar de higiene mental, com base no treinamento da vontade e da subordinação
das paixões à razão. O próprio Kant, em um de seus livros, escreveu um capítulo
intitulado "Do poder da mente para ser o mestre dos sentimentos mórbidos de alguém
Por meio de decisão simples ", em que deu regras para superar a insônia
ness, hipocondria e várias doenças físicas através de uma dieta adequada,

respiração adequada, e particularmente por meio de trabalho sistemático intercalado
com períodos de relaxamento total e estabelecimento de hábitos sólidos, principalmente
realizando atos de vontade frequentes e conscientes. 34 The Enlighten-
o interesse por doenças mentais também foi evidenciado pelo número crescente
de tratados sobre o assunto publicados na segunda metade do século XVIII
século, alguns dos quais já apresentavam um contorno semelhante ao de
livros didáticos modernos. Mas o mais importante, o Iluminismo foi o período
quando os esforços foram feitos pela primeira vez para a reforma dos hospitais psiquiátricos, que
até o final do século foram realizados por homens que estavam entre os
representantes mais típicos do Iluminismo: Chiarugi, Tuke, Daquin,
e Pinel. A preocupação com os pacientes mentais também se espalhou fora da área médica
mundo; pessoas como o pastor da Alsácia Oberlin levaram pacientes mentais
em suas casas e os tratou com uma mistura de apoio e trabalho
terapia. 35 Foi também o espírito do Iluminismo que inspirou ltard
em seus esforços para a educação especial de crianças com deficiência mental, o
Abbe de! 'Epee para o surdo-mudo, e de Haiiy para o cego.
A importância histórica e cultural do Iluminismo não pode ser
superestimada: constitui a espinha dorsal da civilização ocidental moderna.
Os princípios da liberdade de religião, pensamento, expressão, os princípios da
justiça social, igualdade, estado social, noção de bem-estar público como sendo
uma função normal do estado ao invés de um ato de caridade, o princípio de
Página 17
educação obrigatória e gratuita, e as conquistas positivas da

As revoluções americana e francesa, todas surgiram do Iluminismo, como
fez a fundação da psiquiatria moderna.
Mas o Iluminismo também teve seus pontos negativos. Tende a colocar todos
homens na mesma categoria e subestimar as diferenças físicas
e composição mental e tradições culturais. Ele promoveu um one-sided
conceito das emoções como sendo uma perturbação da mente racional, sem
reconhecendo-os em seu próprio direito. Enquanto promove o método histórico
ecologia, faltou perspectiva histórica. Apesar de sua forte ênfase em
razão, ainda não era suficientemente crítica, e a ciência ainda estava
Bachelard chamou a era pré-científica. 36 Uma curiosa mistura de racional
ismo e especulação irracional podem ser encontrados em muitos cientistas do
Iluminação. Havia. por exemplo, numerosas especulações no
Ciências Naturais. A descoberta de Newton da lei universal da gravitação
cientistas fascinados, que estavam em busca da força universal: o fogo,
flogístico, eletricidade e até magnetismo animal. Outro pré-prevalente
ocupação era a busca pelo "mundo primitivo", que se supunha
ter existido na origem da humanidade, um mundo dotado de suprema
conhecimento e sabedoria insondável. Este mundo foi acreditado para ter
foi destruída por alguma catástrofe, mas que partes de suas tradições
foi secretamente transmitido por uma cadeia de alguns sábios iniciados. este
mundo primitivo foi considerado por alguns como tendo sido localizado submerso
Atlantis, por outros na Ásia Central. Boulanger afirmou que a civilização humana
ção tinha sido destruída várias vezes, mas reconstruída a cada vez por um
um punhado de sobreviventes. A mais recente dessas catástrofes, disse ele,
foi o dilúvio bíblico, a memória intolerável de que havia sido re-
pressionados pela humanidade, mas sobreviveram em inúmeros mitos ao longo do
mundo e que Boulanger se esforçou para interpretar (batismo cristão,
por exemplo, era para ele uma lembrança simbólica das águas do dilúvio). 37
De acordo com outra crença, a sabedoria submersa do mundo primitivo
foram escritos em hieróglifos indecifrados e mantidos em
Egito. Um romance do Abade Terrasson, Sethos, descreveu a vida de
Os sábios do Egito e seus rituais misteriosos. - ' 8 ritos maçônicos eram supostos
para reproduzir alguns desses ritos antigos e misteriosos. Antoine Court
de Gebelin publicou um conjunto de volumes enormes e magníficos,
expondo em seus mínimos detalhes uma reconstituição do primitivo
mundo, tirado do grego e outros mitos, e até mesmo reconstruindo o
linguagem primitiva da humanidade a partir da análise das línguas existentes. 3 9
Caracteristicamente, Court de Gebelin tornou-se o seguidor entusiástico de Mesmer,
e muitos acreditavam que Mesmer havia redescoberto um dos segredos da
o mundo primitivo.
Podemos ver como o nascimento da psiquiatria dinâmica pode, assim, ser compreendido
como uma manifestação do Iluminismo em sua forma racional e irracional
aspectos. Mesmer era fundamentalmente um representante do Iluminismo.
Página 18
Ele acreditava ser um cientista que assumiu o controle de onde Newton

tinha parado. Seu conhecimento superficial de física o levou a construir pretensos
teorias físicas, que não eram muito mais especulativas do que as de
muitos físicos-amadores. enquanto a atmosfera geral também levou muitos dos
seus contemporâneos o consideram um cientista. Puységur e o mem-
bers da Societe de! 'Harmonie revelou outra faceta do Iluminismo
a tendência filantrópica de colocar as descobertas da ciência e seus
benefícios à disposição de toda a humanidade e não se restringir a apenas aqueles
quem poderia pagar. Na Alsácia, o Societe de! 'Harmonie abriu um
número de serviços ambulatoriais gratuitos para quem precisa de magnetização
ção. (Este, ao nosso conhecimento, é o primeiro caso historicamente registrado de
tratamento psiquiátrico disponível gratuitamente para os desfavorecidos.)
Assim, vemos que o magnetismo foi uma criação do Iluminismo. Isto é
ainda mais irônico que o magnetismo logo seria assumido e reinterpretado
de uma maneira bastante diferente pela seguinte tendência cultural, Romantismo. Mas
o antagonismo e a interação entre o Iluminismo e os romanos
ticismo pode ser seguido ao longo da história da psiquiatria dinâmica,
de Mesmer aos tempos modernos. Como veremos nos próximos capítulos,
O ensino de Janet pode definitivamente ser rastreado até as tradições emanadas do
Iluminismo, enquanto Freud e Jung podem ser identificados como epígonos tardios
do Romantismo.
O Fundo Cultural: Romantismo
Romantismo originado na Alemanha, atingiu seu maior desenvolvimento

lá entre 1800 e 1830, e depois diminuiu, embora se espalhou
sobre a França, Inglaterra e outros países. Seu impacto foi tal que teve
efeitos
Em seuduradouros naestrito,
sentido mais vida cultural europeia aplicava-se
o Romantismo ao longo doaséculo XIX.de pequenas e vagas
uma série
grupos conectados de poetas, artistas e filósofos do início de
o século XIX. Em seu sentido mais amplo, se aplica a um vasto movimento
que se expressou em uma visão característica da vida. 40
O romantismo tem sido frequentemente considerado uma reação cultural contra o
Iluminação. Enquanto este último proclamava os valores da razão e da
sociedade, o Romantismo tinha o culto do irracional e do individual.
Tendências místicas, que foram empurradas para segundo plano pelo
Iluminismo, agora foram lançados. Uma teoria política considerada Romanti
cismo como movimento de renovação nacional em consonância com o princípio de
nacionalidades. Este movimento foi mais forte na Alemanha do que em qualquer outro lugar como um
resultado das circunstâncias políticas infelizes que prevaleceram lá
por séculos: a Alemanha sofreu a Guerra dos Trinta Anos,
levado à impotência política por Richelieu, Louis XIV e Napoleão,
e foi dividido em uma multiplicidade de pequenos estados soberanos, sendo assim um
nação sem estado. Até mesmo sua língua e cultura foram ameaçadas
por uma influência estrangeira excessiva. Romantismo deu um sentimento próprio
Página 19
hack da identidade nacional para a Alemanha, contribuindo, assim, para sua recuperação política
novação. Brunschwig correlacionou a ascensão do Romantismo à demonstração
desequilíbrio gráfico na Alemanha no final do século XVIII. 4 1
A população urbana da Alemanha aumentou enormemente e uma nova geração
ção de jovens burgueses e intelectuais, privados de oportunidades de carreira
e diante de um presente sombrio, adotou uma mentalidade irracional, voltada para
o passado remoto ou o futuro remoto, e viveu em uma expectativa constante
de milagres na religião, medicina, amor, ocupação e vida diária.
Quaisquer que sejam as explicações sobre sua origem, várias características do Romano
ticismo são essenciais:
1. O mais importante era seu profundo sentimento pela natureza, em contraste com o En-
iluminação, que estava centrada em torno do Homem e encontrou sua expressão em
um versículo muito citado pelo Papa: "O estudo adequado da humanidade é o homem."
O Romantismo olhou para a natureza com um sentimento de profunda reverência, com
Einfohlung (sentimento ou empatia), com um desejo de penetrar em seu
profundidades para descobrir a verdadeira relação do homem com a natureza. este
sentimento pela natureza foi mostrado em Romantic poesia lírica, bem como no da
especulações da filosofia da natureza. Foi até encontrado no
interesse do fisiologista pelo ritmo e periodicidade do organismo humano
e sua relação com os movimentos cósmicos.
2. Por trás da natureza visível, o Romântico procurou penetrar na
segredos do "fundamento" da natureza (Grund), que ele considerava estar no
ao mesmo tempo, o fundamento de sua própria alma. Os meios para alcançar esse fundamento
ment não estava apenas no intelecto, mas também no Gemut, ou seja, o mais
qualidade íntima de vida emocional. Daí o interesse demonstrado por
Romantismo para todas as manifestações do inconsciente: sonhos, gênio,
doença mental, parapsicologia, os poderes ocultos do destino, seu interesse em
a psicologia dos animais. Portanto, também se preocupava com
contos e folclore. e a expressão espontânea do gênio popular.
Isso também explica o entusiasmo pelo magnetismo. Este princípio, também

chamado de lado noturno da Natureza, continha também os símbolos universais
como a semente das coisas para ele. O estudo sistemático de mitos e símbolos foi
iniciado por pensadores como Christian Gottlieb Heyne, Friedrich Schlegel,
Creuzer e Schelling, para quem não eram meros erros históricos ou
conceitos abstratos. mas forças vivas e realidades.
3. Em terceiro lugar estava o sentimento de ... tornar-se " (Werden). Considerando que o Iluminado
mento acreditava na razão eterna e sua manifestação constante na forma de
progresso da humanidade, o Romantismo sustentava que todos os seres originaram-se da origem
princípios, que se desenvolveram em indivíduos, sociedades, nações, línguas,
e culturas. A vida humana não foi apenas um longo período de maturidade após
um período mais curto de imaturidade, mas um processo espontâneo de desdobramento, um
série de metamorfoses (que C. G. Jung chamaria mais tarde de individuação).
O Bildungsroman, romances que descrevem o processo de intelectual e emocional
desenvolvimento profissional de um indivíduo, tornou-se uma forma favorita de literatura
Página 20
e provavelmente inspirou psiquiatras a escrever histórias de casos em

conexão com toda a história de seus pacientes.
4. O Romantismo preocupava-se com nações e culturas particulares,
não apenas com a sociedade em geral. Os românticos alemães não apenas restauraram
a língua e a cultura alemãs ao seu devido lugar, mas estudaram avidamente
um grande número de outras culturas com seus folclores, contos populares, mitos,
literatura e filosofias. Seu Einfuhlung mto outras culturas é melhor-
mostrado na perfeição surpreendente de suas traduções de autores estrangeiros,
em que os poetas românticos conseguiram, por exemplo, fazer Shakespeare
em um poeta nacional alemão. Friedrich Schlegel proclamou: "Um verdadeiramente livre
e uma pessoa educada deve ser capaz de se sintonizar à vontade, filosoficamente
ou filologicamente, criticamente ou poeticamente, historicamente ou retoricamente, para o
antigo ou moderno, da maneira como se afina um instrumento, a qualquer momento
e em qualquer grau. " 42 Novalis também pensava que" a pessoa perfeita deve
viver igualmente em vários lugares e em várias pessoas. " 43
5. O romantismo trouxe um novo sentimento para a história, esforçando-se para evocar,
por assim dizer, o espírito dos séculos passados. Foi dito que o Romantismo
alcançou Einfohlung com todos os períodos possíveis da história, com o único
exceção do Iluminismo. Mas sua predileção era pelo Meio
Idades, que foi redescoberto da mesma forma que o Renascimento
redescoberta a antiguidade greco-romana.
6. Em contraste com o Iluminismo, o Romantismo coloca uma forte ênfase
fasis sobre a noção de indivíduo. Em 1800 em seus monólogos,
Schleiermacher 44 enfatizou a singularidade absoluta de cada indivíduo, um
conceito mantido por todos os românticos. O conceito tipicamente romântico de Weltan-
schauung (vie \\ do mundo) indica uma forma específica de perceber o
mundo particular para uma nação. um período histórico. ou um indivíduo. De acordo
para Max Scheler, essa palavra \\ conforme cunhada por Wilhelm von Humboldt, que
alegou que a ciência de um determinado período foi sempre inconscientemente de-
encerrado por sua Weltanschauung. 4 ~ Considerando que o Iluminismo tendeu
considerar a sociedade como um produto mais ou menos voluntário, senão artificial, do
vontade humana, ou de um contrato social, Romantismo considerado vida comunal

como dado pela natureza e independente da vontade do homem. Os românticos frequentemente
trabalharam ou viveram juntos como dois amigos, dois irmãos, irmão e irmã,
ou em pequenos grupos de amigos que se encontravam em intervalos regulares para trocar
visões e idéias. Na relação entre os sexos, os românticos de-
exigia, acima de tudo, uma qualidade emocional e espiritual e detestava o
idéia do casamento da razão do Iluminismo. Em 1799, Friedrich
Schlegel despertou muita polêmica com seu romance autobiográfico
Lucinde, 4 6 em que exaltou a noção de amor duradouro-amor romântico-
como uma fusão de paixão física e atração espiritual. Novalis expressou
a visão de que o amor deve transmitir "o impulso para se aperfeiçoar com o
amada e ajudá-la a alcançar a perfeição ", 47 uma noção que antecipa
a de C. G. Jung, como veremos em um capítulo posterior.
Página 21
Assim como os movimentos culturais anteriores, o Romantismo produziu sua

tipo ideal de homem. Suas principais características eram uma extrema sensibilidade
capacitando o Homem a "sentir" a Natureza e "sentir-se com" outros homens, uma rica
vida interior, crença no poder da inspiração, intuição e espontaneidade, e
a importância atribuída à vida emocional. Românticos eram às vezes
criticado por sua tendência ao entusiasmo fácil e sentimentalismo. Mas
Friedrich Schlegel e os primeiros românticos apontaram para a virtude da "ironia",
no sentido romântico do termo, uma atitude distanciada em relação à própria
sentimentos, embora íntimos. 48 No entanto, muitas vezes acontecia que Romântico
homens e mulheres foram afligidos com a doença que Schlegel deu
uma imagem em Lucinde-a Sehnsucht, um desejo por algo indefinível e
extraordinário, o herói, em contínua inquietação, vagando sem rumo,
levando uma vida errática que o leva finalmente à beira do colapso.
Muitos românticos eram realmente inquietos e sem autodisciplina,
dando o melhor de seus talentos para improvisação e conversas, e
deixando para trás obras inacabadas. Alguns morreram prematuramente, seja de
doença cal, como Novalis, na doença mental, como Hõlderlin, ou por suicídio,
como Kleist. A doença romântica apareceu na Inglaterra e na França também e
deu origem a brilhantes descrições literárias de Chateaubriand e de
Alfred de Musset.
Quando se fala de Romantismo, geralmente se pensa em sua expressão em
literatura, na música e nas artes; mas na Alemanha, o Romantismo também
permeou os campos da filosofia, ciência e medicina. Em vista de seu
importância particular no que diz respeito a desenvolvimentos posteriores na psiquiatria dinâmica,
devemos dar uma olhada mais de perto nas implicações do Romantismo naqueles
esferas.
Filosofia da Natureza e Filosofia Romântica
Uma escola de pensamento específica, a da Naturphilosophie (filosofia da

natureza) foi fundada como um desdobramento do Romantismo alemão pelo filósofo
pher Friedrich Wilhelm von Schelling (1775-1854) e incluído entre
seus adeptos cientistas, bem como filósofos. 4 9
O ponto de partida da filosofia de Schelling foi a afirmação de que
natureza e espírito surgiram do absoluto e constituído e in-
unidade dissolúvel. "A natureza é espírito visível, o espírito é natureza invisível." Lá-
portanto, a natureza não pode ser entendida em termos de mecânica e física
conceitos apenas, mas devem ser entendidos em termos de espiritualidade subjacente
leis, que a filosofia da natureza se esforçou para elucidar. Invisível
natureza, o mundo orgânico e visível surgiu de um espiritual comum
princípio, a alma do mundo ( Weltseele), que por si mesma e por meio de um
série de gerações produziu sucessivamente matéria, a natureza viva, e
consciência no homem. A natureza orgânica e os vários reinos do
mundo vivo diferia em seu grau de perfeição, mas eles obedeciam
as mesmas leis. Portanto, as leis que governam um dos reinos podem ser
Página 22
descoberto através da exploração de outros reinos e do uso de analogia,

que foi a varinha mágica da filosofia romântica.
Um dos princípios básicos da filosofia da natureza era o essencial
unidade do homem e da natureza; a vida humana era considerada uma participação em
uma espécie de movimento cósmico dentro da natureza. O universo era organizado
todo em que cada parte estava conectada a todas as outras por meio de uma relação
de simpatia. 50 Daí o interesse demonstrado pelos filósofos da natureza pela
A teoria do magnetismo animal de Mesmer, que eles interpretaram de acordo com
às suas próprias teorias.
Outro princípio básico da filosofia da natureza era a "lei da
polaridades ", pares de forças antagônicas e complementares que podem
unir-se na forma de indiferença. Havia, de acordo com Schelling, polaridades
dentro da natureza, como dia e noite, força e matéria, gravidade e luz.
A polaridade masculino e feminino foi atribuída uma grande importância estendendo
além dos limites do mundo animado. Schelling e seus discípulos procuraram
polaridades em todos os lugares. Tratados de química foram escritos sob o aspecto
da polaridade ácido e base. A fisiologia humana foi interpretada em termos
das polaridades acordando e dormindo, esfera vegetativa e esfera animal
(Rei!), Cérebro e sistema ganglionar (Von Schubert) .s 1 Polaridades eram frequentemente
concebido como uma interação dinâmica de forças antagônicas. O fisiologista
August Winkelmann, 5 2 em sua Introdução à Fisiologia Dinâmica (1802),
afirmou que "a natureza é a luta de forças, o conflito de um positivo e um
força negativa. "Ele baseou todo um sistema de fisiologia dinâmica na
conceito dessas polaridades conflitantes, como a do sistema nervoso e
o sistema de circulação.
Outro conceito básico da filosofia romântica era o do primordial
fenômenos ( Urphanomene) e a série de metamorfoses decorrentes
deles. Goethe, que havia antecipado a abordagem da filosofia
da natureza de muitas maneiras, aplicou esses dois conceitos em seus estudos sobre a
metamorfoses de plantas. 53 A palavra "metamorfose", como usada por Goethe,
designou nem uma transformação material visível para o observador, nem um
pura abstração, mas uma suposta mudança na "força formativa" (como
formulado por Agnes Arber). 54 Goethe, portanto, acreditava no Urpjlanze
(uma planta primordial) como modelo para todas as plantas, das quais cada
as espécies participariam em algum grau. Curiosamente, Goethe veio a
acredita que o Urpjlanze existiu e ele procurou por ele, embora em seu
concepção original, sua existência real não era necessária. Que CG

Carus chamou o método genético era uma forma de conectar um primordial
fenômeno com as metamorfoses que daí derivaram e encontrando
leis que regem sua conexão. 55 \ mong outro Urphiinomene era
o mito do Andrógino. Em seu Simpósio, Platão havia contado de forma figurativa
sentido que o ser humano primordial possuía ambos os sexos, que tinham
mais tarde se separaram um do outro por Zeus e que, desde então,
homem e mulher procuravam um ao outro em um esforço para se reunir. este
Página 23
mito, assumido por Boehme. Baader e outros eram adequados para expressar
a ideia romântica da bissexualidade fundamental do ser humano,
e foi elaborado de muitas maneiras pelos românticos. 56 Não menos básico para
eles era a noção do inconsciente. Esta palavra não significava mais St.
As memórias esquecidas de Agostinho ou as "percepções pouco claras" de Leibniz, mas foi
o próprio fundamento do ser humano enraizado na vida invisível do
universo e, portanto, o verdadeiro vínculo que liga o homem à natureza. De perto re-
associada à noção de inconsciente estava a de "interior" ou "universal
sentido " (All-Sinn) pelo qual o homem, antes da queda, foi capaz de reconhecer na-
ture. Por mais imperfeito que esse sentido tenha se tornado, ele ainda nos permitiu, disse o
Romantics, para ganhar alguma compreensão direta do universo, seja ele em
êxtase místico, inspiração poética e artística, sonambulismo magnético ou
sonhos. Estes últimos também foram uma preocupação central desses homens, e há
dificilmente um filósofo ou poeta romântico que não expressou suas idéias sobre
sonhos. 5 7
Os conceitos e a forma de pensar da Filosofia Romântica podem parecer
estranho para nós, que nos acostumamos com os métodos de experimentação
Ciência. No entanto, eles reapareceram inconfundivelmente na nova dinâmica
psiquiatria. Leibbrand disse que " os ensinamentos de C. G. lung no campo da
psicologia não são inteligíveis se não estiverem conectadas com Schelling. "
Ele também apontou para a influência exercida pela concepção de mitos de Schelling
na psiquiatria dinâmica moderna. (Também pode ser dito que Leibbrand tem
mostramos analogias entre o conceito de Schelling de doença mental como um não
reação específica da substância viva e as teorias modernas de Selye
e de Speransky.) ss Jones também observou que os conceitos de Freud de
a vida era dominada por polaridades (dualismo de instintos, polaridades de sub
objeto-objeto, prazer-desprazer, ativo-passivo), e ele acrescenta que um peculiar
característica do pensamento de Freud, ao longo de sua vida, foi "sua tendência constante
às ideias dualísticas. " 5 <)Essa era uma maneira tipicamente romântica de pensar. o
O conceito filosófico romântico de Urphimomen não reaparece apenas em
A obra de Jung sob o nome de "Arquétipo", mas pode ser encontrada na obra de Freud
também. Quais são o complexo de Édipo, o assassinato do primordial
pai, senão Urphimomene, que são postulados para a humanidade como um todo
e descrito em indivíduos sob suas várias metamorfoses? Para Freud,
não importava se o assassinato do pai primordial tivesse ocorrido
sido perpetrado ou não, não mais do que preocupava Goethe se
o Urpflanze realmente existia como uma espécie botânica. Importantes apenas eram
as relações que poderiam ser deduzidas dele em relação ao humano
cultura.
da mesma religião.
forma,aaordem social. e a da
ideia romântica psicologia do indivíduo.
bissexualidade Dentrodo
fundamental
o ser humano encontrou seu caminho para os sistemas psiquiátricos de Freud e Jung.
O conceito de animus e anima de Jung são apenas uma reencarnação posterior do
Urphimomen romântico . expresso no mito do Andrógino.
Fundamentalmente romântico também são os conceitos do inconsciente, par-
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particularmente como revivido no "inconsciente coletivo" de Jung e a ênfase em

sonhos e símbolos. Como veremos nas páginas seguintes, dificilmente há
um único conceito de Freud ou Jung que não havia sido antecipado pelo
filosofia da natureza e medicina romântica.
Além dessas características gerais pertencentes à con romântica
ceptos do homem e da natureza, cada um dos pensadores românticos tinha seu próprio
sistema. Alguns como Von Schubert, Troxler e CG Carus mostraram
notável antecipação dos ensinamentos da nova psiquiatria dinâmica.
Schopenhauer. embora não fosse exatamente um romântico, pertencia à mesma época
e estava definitivamente entre os ancestrais da psiquiatria dinâmica moderna.
Gotthilf Heinrich von Schubert (1780-1860) foi o autor de um altamente
visão poética da natureza, que às vezes lembra o leitor moderno de
Bergson e Teilhard de Chardin e é notável em suas semelhanças com
certos conceitos freudianos e junguianos. 60 De acordo com Von Schubert,
o homem em um estado primordial original. vivia em harmonia com a natureza, então
separou-se dele através de seu Ich-Sucht (amor próprio), mas irá reverter
a ele mais tarde de uma forma aperfeiçoada. A intuição desse fato, ele acreditava, era
expressa por antigas religiões agrícolas em suas representações do
mistérios da morte e ressurreição de Ísis, Adônis e Mithra. Von
Schubert deu um esboço grandioso da evolução da Terra, o sucesso
sive aparecimento dos reinos mineral, vegetal e animal, e seus
coroando com o homem, o portador do espírito, e das inter-relações do
reinos mineral, vegetal e animal dentro do universo e humano
natureza. De acordo com Kern, Von Schubert deu uma indicação clara do que
von Uexkiill deveria chamar o Umwelt. 61 Von Schubert distinguiu três
partes constitutivas do ser humano: Leib (o corpo vivo), alma e
espírito, e acrescentou que estes passam por um processo de "tornar-se". Vida humana
foi uma série de metamorfoses; um repentino às vezes ocorrerá em breve
antes da morte, ou depois que o meio da vida foi alcançado. Assim, o homem é
uma "estrela dupla"; ele é dotado de um segundo centro, seu Selbstbewusstein,
que gradualmente emerge em sua alma. No homem, como em todos os seres vivos, o
anseio (Sehnsucht) por amor não pode ser facilmente separado do anseio
pela morte (Todessehnsuchl), que é o esforço para voltar "para casa"
natureza, mas que também aponta para uma vida futura.
Em outro trabalho. O Simbolismo dos Sonhos, declarou Von Schubert
que quando o homem adormece, sua mente começa a pensar em uma "imagem
linguagem ", em contraste com a linguagem verbal da vida desperta. 62 Por um tempo
ambas as línguas podem fluir paralelamente ou se misturar, mas nos sonhos próprios apenas
a linguagem da imagem (Traumbildsprache) permanece. É um hieróglifo
linguagem no sentido de que pode combinar muitas imagens ou conceitos em um
cenário. Os sonhos usam uma linguagem universal de símbolos, que é o mesmo para
homens em todo o mundo, e se aplica aos homens do passado, assim como para
homens contemporâneos. A linguagem pictórica dos sonhos é "um tipo superior de
álgebra "; às vezes assume uma qualidade poética, às vezes irônica (como
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em sonhos onde a imagem do nascimento significa de fato a morte, ou onde excre-

mento significa ouro). À noite, a mente humana às vezes se torna capaz de
perceber visões de eventos que estão por vir, mas os sonhos mais frequentemente têm um caráter amoral
e caráter demoníaco porque o negligenciado, reprimido e estrangulado
(vergewaltigte) aspectos da personalidade vêm à tona.
Podemos resumir graficamente algumas das semelhanças entre Von
Os conceitos de Schubert e os de Freud e Jung na tabela a seguir:
SCHUBERT FREUD JUNG
Natureza tríplice do homem:

Leib (corpo vivo) Eu iria
Alma Ego
Espírito Superego
lch-Sucht (amor-próprio) Narcisismo
Mudanças no curso da vida Individuação
Segundo centro da alma humana Selbst ("eu")
Todessehnsucht (ansiando pela morte) Instinto de morte
Sonho: linguagem de palavras e imagem Mesmo conceito
língua
Hieróglifos Condensação
Símbolos universais Arquétipos de símbolos universais
Outro filósofo da natureza, o lgnaz suíço Paul Vital Troxler

(1780-1866) foi um discípulo de Schelling, amigo de Beethoven, um
médico experiente e educador que ensinou filosofia em Basel
e Berne. 63 Depois de um século de esquecimento. ele foi redescoberto e
recentemente trazido à luz. Troxler ensinou que o ser humano é composto,
não dos três princípios corpo, alma e espírito (como professado por outro
Românticos). mas de quatro princípios, alcançados através da distinção de
Korper e Leib, sendo Korper o corpo visto pelo anatomista
ou cirurgião, Leib sendo o corpo animado e sensível (que pode ser
processado por soma). O Tetraktys consiste em duas polaridades: soma-alma,
que estão em um nível igual e se complementam, e o corpo-espírito,
sendo o último subordinado ao primeiro. Esses quatro princípios são mantidos
juntos pelo Gemut, que é o centro vivo de Tetraktys e,
nas palavras de Troxler, "A verdadeira individualidade do homem, por meio da qual ele
é em si mesmo mais autenticamente, o coração de sua individualidade, o mais vivo
ponto central de sua existência. "O curso da vida é uma emergência sucessiva
de graus mais elevados de consciência. A criança aprende primeiro a distinguir
entre o ego e o não ego e então entre a alma e o
soma. Depois que a alma se desprende do soma, o homem pode satisfazer
ele mesmo com um conhecimento puramente intelectual, mas ele também recebe o
liberdade de escolher atingir um terceiro nível de desenvolvimento, que é o de
o espírito, abrindo-se assim à luz divina. O verdadeiro objetivo da filosofia
é fazer do espírito um órgão de conhecimento por meio do qual o homem pode
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tome consciência de realidades espirituais superiores; o que Troxler chamou de antroposofia.

Existem semelhanças definidas entre a doutrina de desenvolvimento de Troxler
da mente humana e o conceito de individuação de Jung, bem como entre
Troxler's Gemut e Jung's Selbst (self).
Carl Gustav Carus ( 1789-1869). um médico e pintor, é conhecido por
seu trabalho em psicologia animal e na fisionomia, e particularmente para
seu livro Psique, que foi a primeira tentativa de dar uma visão completa e
teoria objetiva sobre a vida psicológica inconsciente. O livro começa com
as seguintes palavras:
A chave para o conhecimento da natureza da vida consciente da alma está no

reino do inconsciente. Isso explica a dificuldade. se não a impossibilidade,
de obter uma compreensão real do segredo da alma. Se fosse um segredo absoluto
impossibilidade de encontrar o inconsciente no consciente, então o homem deve se desesperar
de obter um conhecimento de sua alma, isso é um conhecimento de si mesmo. Mas se
esta impossibilidade é apenas aparente. então a primeira tarefa de uma ciência da alma é
diga como o espírito do Homem é capaz de descer a essas profundezas. 64
Carus define psicologia como a ciência do desenvolvimento da alma a partir de

do inconsciente para o consciente. Segundo ele, a vida humana está dividida
em três períodos: ( 1) Um período pré-embrionário em que o indivíduo
existe apenas como uma pequena célula dentro do ovário da mãe. (2) o embrionário
período; através da fecundação, em que o indivíduo é subitamente acordado
de seu longo sono, e o inconsciente formativo se desenvolve. (3) Depois
nascimento, em que o inconsciente formativo continua a direcionar o indivíduo
crescimento e função de seus órgãos. A consciência surge gradualmente, mas
sempre permanece sob a influência do inconsciente e do indivíduo
retorna a ele periodicamente durante o sono.
Carus distingue três camadas do inconsciente: (1) O absoluto geral

inconsciente. que é total e permanentemente inacessível à nossa consciência.
(2) O inconsciente absoluto parcial ao qual pertencem os processos de formação,
crescimento e atividade dos órgãos. Esta parte do inconsciente exerce um efeito indireto
influência em nossa vida emocional. Carus descreve os "distritos da alma", como
respiração, circulação sanguínea, atividade hepática; cada um desses distritos tem um
tonalidade emocional própria e contribui para a constituição do vital
sentindo a vida emocional subjacente. Pensamentos e sentimentos conscientes também exercem uma lenta
e mediar a ação no inconsciente absoluto parcial; isso explica porque um
a fisionomia da pessoa pode refletir sua personalidade consciente. (3) O parente ou
inconsciente secundário compreendendo a totalidade dos sentimentos, percepções e
representações, que foram nossas em um momento ou outro e que se tornaram
inconsciente.
Carus atribui as seguintes características ao inconsciente: (1) O
inconsciente tem aspectos "prometéicos" e "epimetéicos", está voltado para o
futuro e em direção ao passado, mas não conhece o presente. (2) O incon-
scious está em constante movimento e transformação; pensamentos conscientes ou
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sentimentos, ao ficarem inconscientes, sofrem modificações contínuas e

maturação. (3) O inconsciente é infatigável; não precisa de descanso periódico,
ao passo que nossa vida consciente precisa de descanso e restauração mental que encontra por
mergulhando no inconsciente. (4) O inconsciente é basicamente sólido e faz
não conhece doença; uma de suas funções é "o poder curativo da natureza". (5)
O inconsciente trabalha de acordo com suas próprias leis inelutáveis e não tem liberdade. (6)
O inconsciente possui sua própria sabedoria inata; nele, não há tentativa e erro,
sem aprendizagem. (7) Sem estarmos conscientes disso, permanecemos em conexão
através do inconsciente com o resto do mundo, particularmente com nossos companheiros
seres.
Carns distingue quatro formas de relacionamento interpessoal: (1) do
consciente para o consciente; (2) do consciente para o inconsciente; (3)
do inconsciente para o consciente; (4) do inconsciente para o inconsciente
scious. Ele formulou o princípio de que o inconsciente individual está relacionado com o
inconsciente de todos os homens.
Tem. disse Carus. três tipos de sonhos, cada um pertencendo a um dos
três "círculos de vida" (Lebenskreise): mineral, vegetal e animal. É digno de nota
que ele tentou interpretar os sonhos de acordo com sua forma, ao invés de
conteúdo.
Carus ' Psyche representa o trabalho da vida de um médico e observador atento de

a mente humana. Ela mostra a forma alcançado pela teoria da uncon-
scious no final do período romântico, antes da tendência positivista
tornou-se dominante. Carus foi a fonte de Von Hartmann e do posterior
filósofos do inconsciente, bem como da teoria dos sonhos de Schemer.
Sua noção de uma função autônoma, criativa e compensatória do
inconsciente seria enfatizado meio século depois por C. G. Jung.
Arthur Schopenhauer (I 7 8 8-1860) publicou sua obra principal, The
Mundo como Vontade e Representação em 1819, muito antes de Carus publicar
sua Psique, mas passou despercebida por filósofos e críticos
por vinte anos. Só depois de 1850 Schopenhauer alcançou a fama. Ele
tornou-se o mestre de Wagner e Nietzsche, e seu trabalho alcançou grande
sucesso na década de 1880. 6 ~ Kant distinguiu o mundo dos fenômenos e
o mundo da coisa em si, inacessível ao nosso conhecimento.
Schopenhauer chamou os fenômenos de representações, e a coisa em
própria vontade, igualando a vontade com o inconsciente, conforme concebido por alguns de
os românticos; A vontade de Schopenhauer tinha o caráter dinâmico de cego,
Forças dirigentes. \\ que não só reinou sobre o universo, mas também conduziu
homem. Assim, o homem é um ser irracional guiado por forças internas, que são
desconhecido para ele e do qual mal tem consciência. Schopenhauer comparado
consciência à superfície da terra, cujo interior é desconhecido
para nós. Essas forças irracionais consistem em dois instintos: o instinto de conservação
ção e o instinto sexual. o último, de longe, o mais importante dos dois.
Ele compara o instinto sexual às características mais íntimas (innere Zug) de
uma árvore da qual o indivíduo é apenas uma folha, extraindo seu alimento da
árvore e participando de sua nutrição. 66 "O homem é o instinto sexual encarnado,
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uma vez que ele deve sua origem à cópula e o desejo de seus desejos é
copular. "O instinto sexual é a mais elevada afirmação da vida", a mais
importante preocupação do Homem e do animal "..." Em conflito com ele, não há motivo
vação, embora forte, seria a certeza da vitória "..." O ato sexual é
o pensamento incessante do impuro e involuntário, o sempre recorrente
sonhar acordado com a casta, a chave de todas as sugestões, um tapete sempre pronto
para se divertir, uma fonte inesgotável de piadas. "Mas, é" uma ilusão do
indivíduo, que acredita para cuidar de seu bem-estar, enquanto ele está cumprindo o
objetivo das Espécies. "Este é um exemplo de como somos iludidos pela vontade.
A vontade conduz nossos pensamentos e é o antagonista secreto do intelecto.
A vontade pode obrigar o homem a evitar a intrusão de pensamentos que iriam
ser desagradável com ele: o que é contrário ao nosso desejo, não podemos realizar
ceive. Em um parágrafo famoso sobre "insanidade" (Wahnsinn), Schopenhauer
explicou-o com a ocorrência de repressão: 'A oposição da vontade à
deixe o que é repelente para ele vir ao conhecimento do intelecto é o local
através da qual a insanidade pode irromper no espírito. " 6 7
As semelhanças entre certos ensinamentos essenciais de Schopenhauer e
Freud foi mostrado por Cassirer, 68 Scheler, 6 " e particularmente por
Thomas Mann. 70 Mann, que durante sua juventude esteve profundamente imerso
na metafísica de Schopenhauer, declara que, ao tornar-se ac-
familiarizado com a psicanálise de Freud, ele "foi preenchido com uma sensação de rec-
reconhecimento e familiaridade. "Ele sentiu que a descrição de Freud do id e do
ego era "até um fio de cabelo" a descrição de Schopenhauer da vontade e da inteligência
lect, traduzido da metafísica para a psicologia. Psicologia do sonho,
a grande importância dada à sexualidade e todo o complexo de pensamento
"é uma antecipação filosófica das concepções analíticas, de uma forma bastante surpreendente
extensão. "Na verdade, se a psicanálise de Freud às vezes foi
chamado de "pansexualismo", esse termo se aplicaria muito mais a Schopen-
ensino de hauer. A principal diferença é que Schopenhauer viu o
o instinto sexual acima de tudo como um truque da vontade a serviço da geração,
enquanto Freud via esse instinto em si mesmo e raramente falava de sua relação
com a procriação. Luis S. Granjel diz que Schopenhauer e Freud têm
três pontos principais em comum: uma concepção irracionalista do homem, o
identificação do impulso geral de vida com o instinto sexual, e sua
pessimismo antropológico radical. 71 Essas semelhanças, de acordo com
Granjel, não pode ser explicado apenas em termos de uma influência direta de Schopen-
hauer sobre Freud, mas também em termos de semelhança nas personalidades
desses dois pensadores: uma reação contra a burguesia contemporânea assim-
ciedade por parte daqueles homens que, por motivos diversos, foram permeados
com ressentimento.
As especulações e conclusões da filosofia romântica alemã no
primeiros dois terços do século XIX culminou em 1869 em Eduard
a famosa Filosofia do Inconsciente de von Hartmann . 72 A vontade de
Boehme, Schelling e Schopenhauer finalmente aceitaram muito mais ap-
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nome próprio de inconsciente. O inconsciente de Von Hartmann, aparentemente

adquiriu as qualidades do idee de Hegel; portanto, é um altamente inteligente
embora um dinamismo cego subjacente ao universo visível. Von Hartmann
descreveu três camadas do inconsciente: (1) o inconsciente absoluto,
que constitui a substância do universo e é a fonte do
outras formas de inconsciente; (2) o inconsciente fisiológico, que
como o inconsciente de Carus, está em ação na origem, desenvolvimento e evolução
ção de seres vivos, incluindo o homem; (3) o familiar ou psicológico
inconsciente, que está na origem de nossa vida mental consciente. o
principal interesse da Filosofia do Inconsciente não reside tanto em sua
teorias filosóficas como em sua riqueza de material de apoio. Von Hartmann
coletou numerosos e relevantes fatos relativos à percepção, o
ciação de ideias, sagacidade, vida emocional, instinto, traços de personalidade, individual
destino, bem como o papel do inconsciente na linguagem, religião, história,
e vida social.
Medicina Romântica
Embora a medicina romântica muitas vezes seja considerada um caos de vagas
e especulações confusas, continha, de acordo com Leibbrand, bastante
vários insights valiosos. 73 A natureza da doença, para a qual eles trouxeram
dezenas de teorias engenhosas, foi o primeiro em suas preocupações. Navalis,
ele próprio um homem doente, disse que as doenças deveriam ser as con mais importantes
preocupação do homem, que "eles são talvez os estimulantes e alimentos mais interessantes
por nosso pensamento e ação, e que sabemos muito pouco sobre a arte de
utilizando-os. 74 Ele acrescentou que existem dois tipos de hipocondria, a
comum e sublime, e que o último poderia fornecer um ap-
abordar a investigação da alma. Isso leva a crer que Navalis
antecipou o conceito de doença criativa. Na verdade, não há dúvida
que existe uma doença criativa da qual uma pessoa emerge
com uma nova visão de mundo ou com uma nova filosofia, como vimos
ao falar dos xamãs e veremos ao falar de Fechner,
Nietzsche. Freud. e Jung. 75 A higiene mental também foi um dos Ro-
preocupações dos mantics, embora, em contraste com a perspectiva otimista de
o Iluminismo. agora adquirira uma conotação um tanto pessimista.
Feuchtersleben, em seu livro Dietética da Alma, diz que cada pessoa
abriga uma semente terrível de insanidade, e ele aconselha; “Luta, com a ajuda
de todas as forças alegres e ativas, para impedir seu despertar. " 76 Não significa
são mais eficientes para domar as emoções do que obter uma compreensão de
eles; também, deve-se mergulhar no trabalho absorvente, o que exige
o compromisso total de todas as forças. Qualquer afrouxamento significa doença
ou morte.
O interesse dos românticos pela doença mental foi promovido pela
fato de que naquele período, inúmeras instituições mentais foram abertas e
passou a ser chefiado por médicos especializados que viviam constantemente com
Página 30
seus pacientes. Um tipo específico de psiquiatria desenvolveu-se neste meio. Asilo

médicos, sendo bastante independentes. cada um poderia desenvolver pontos de vista sobre
a natureza e o tratamento da doença mental, o que pode ser responsável pelo
originalidade e audácia desses pioneiros, fossem eles pertencentes ao
escola do Físico (organicistas) ou do Psiquiatra (que
enfatizou as raízes psicológicas da doença mental). Alguns daqueles asy-
Os médicos mais numerosos foram fortemente influenciados pela maré romântica. Unfortu-
naturalmente, é difícil explorar este capítulo esquecido da história psiquiátrica:
os escritos desses homens se tornaram escassos e muitas vezes são escritos em
terminologia obsoleta. 77 Mas ,, · hoever os estuda fica surpreso ao ver
até que ponto eles anteciparam noções que acreditamos hoje ser bastante
Novo. Vamos nos restringir a quatro desses pioneiros: Rei !, Heinroth,
Ideler e Neumann.
Johann Christian Rei! ( 1759-1813) foi um estudante de anatomia do cérebro
e um dos principais clínicos de seu tempo. Kirchhoff o chama de "o
descobridor consciente e fundador da psicoterapia racional. "O grande
interesse e, particularmente, o caráter moderno de seu trabalho foram apontados
por Ernest Harms. 78 Sob o título Rapsódias sobre a aplicação de
o método de cura psíquica para transtornos mentais. Rei! elabora um todo
programa para o tratamento de doenças mentais também com os métodos existentes
como com outros dos quais ele propõe a introdução.
Primeiro, é preciso mudar o nome das instituições: a notória palavra

Tollhaus (manicômio) deve ser substituído por "hospital para médiuns
métodos de cura "ou semelhantes. e colocados sob a direção tripla de um
administrador, um médico. e uma psicóloga. O hospital deve ser localizado
em uma paisagem agradável e subdividida em pavilhões e deveria ter uma fazenda
em seus fundamentos. Ele deve ser concebido em duas seções que diferem radicalmente em
seu objetivo e construção: um. dedicado àqueles pacientes que são obviamente
incuráveis, devem visar não apenas a proteção da sociedade. mas deve se esforçar
tornar a vida o mais agradável possível aos pacientes e mantê-los ocupados.
O outro, de caráter bem diferente. deve ser dedicado à cura de
doença mental e neurose. Rei! distingue três tipos de curas: química
curas (que incluem dietética e tratamento medicamentoso); mecânico e físico
curas (que incluem cirurgia); e curas psíquicas que, Rei! enfatiza, é
um ramo da terapia por si só, tão importante quanto a cirurgia ou a farmacologia.
Para os casos em que uma causa física está por trás do distúrbio mental, ap-
a cura médica apropriada será dada. A cura psíquica deve ser baseada em uma precisa
sistema de "psicologia empírica prática". O método de cura deve ser adaptado
às necessidades específicas de cada paciente, embora decorrentes de um sistema geral.
Rei! distingue três classes de meios psíquicos de cura: (I) estimulação corporal-
ções que visam uma modificação das sensações corporais gerais. Esses estímulos,
dependendo do caso, será prazeroso ou desagradável a fim de corrigir
o que chamamos hoje de 'tônus vital. "(2) Estímulos sensoriais, incluindo um todo
gama de procedimentos que hoje seria chamada de "reeducação da percepção".
Cada um dos sentidos é objeto de reeducação através de métodos específicos
Página 31
de treinamento. Entre esses métodos está o do "teatro terapêutico" em que

os funcionários da instituição 11 desempenham vários papéis, e onde os pacientes

também receberão peças de acordo com suas condições específicas. (3) O
11
método de "sinais e símbolos" é uma espécie de shoo! baseado na leitura e na escrita.

Ele também inclui um 1 ariety de terapias ocupacionais compreendendo trabalho físico.
exercício. e arte-terapia 7 Y
Ernest Harms considera o conceito de doença mental de Reil "o mais

magnífica filosofia biológica psicológica que já encontrei
conhecido. • ·: -; o Rei! não acreditava que todas as doenças mentais fossem inteiramente psíquicas:
ele deu a devida consideração ao substrato orgânico, mas ele manteve
que também havia doenças da psique causadas por um afrouxamento ou desintegração
criação do Gemeingefuhl, que é o sentimento básico de "centralidade" de
nossa vida mental subjacente ao ego consciente. Um grande número de psicopatas
as manifestações patológicas são descritas dentro desse quadro de referência.
Johann Christian August Heinroth (1773-1843) é frequentemente ridicularizado hoje
como o homem que proclamou que a principal causa da doença mental era o pecado.
Na verdade, bastaria substituir o termo "pecado" pelo de "sentimento de culpa"
para fazê-lo parecer quase contemporâneo. Heinroth era um homem culto, um
o principal clínico e autor de uma teoria completa da mente humana
na saúde e na doença. Entre suas muitas obras está Lehrbuch, um livro didático
que começa com uma descrição da mente humana em seu estado normal, e
do surgimento de graus de consciência, primeiro o de Selbstbewusstein
(autoconsciência) por meio de um confronto com a realidade externa; então isso
de Bewusstsein (consciência) propriamente dita, através de um confronto com o eu
consciência; e finalmente Gewissen (consciência), um "estranho dentro de nossa
ego. " 81 C ~~ ciência não se origina nem no mundo externo, nem no ego,
mas em um Uber-Uns (sobre nós), que Heinroth parece igualar à razão
e um caminho para Deus. Segundo ele, saúde é liberdade e doença mental
é uma redução ou perda de liberdade. Esta perda de liberdade é resultado de
lch-Sucht (self-1m e) e das várias paixões. Ilusão é uma perturbação
do intelecto, embora sua causa esteja na paixão. O segundo volume de
O livro de Heinroth contém uma descrição sistemática de sua psicoterapia
métodos peutic: A primeira etapa consiste em determinar em que grau um
estado patológico requer ajuda terapêutica e, em seguida, para evoluir um específico
plano terapêutico que considerará não só os sintomas, mas também o sexo,
era. ocupação. personalidade. e as condições econômicas e sociais do
paciente. Este plano de tratamento também deve se estender à família do paciente
e arredores. Uma das principais preocupações é se abster de qualquer tipo de
ou tratamento perigoso. Heinroth então descreve de uma forma detalhada e prática
forma os vários tratamentos que devem ser dados aos excitados e
os pacientes deprimidos, bem como os pacientes de todas as condições. De novo,
o leitor fica maravilhado com o caráter moderno de muitos desses conceitos.
Karl Wilhelm Ideler ( 1795-1860) desenvolveu os de Stahl e Langermann
ensinando a suprema importância das paixões como causa de problemas mentais
Página 32
doença. Um escritor prolífico, as obras publicadas de ldeler incluem um livro-texto de

cerca de 1.800 páginas, a primeira parte das quais é dedicada a uma descrição do
mente humana com ênfase especial dada à vida emocional. 8 3 cada
impulso emocional é capaz de desenvolvimento ilimitado, e toda paixão é

o início de uma doença emocional, de modo que a psicoterapia deve ser
começou neste ponto. 84 Uma lei básica, assumida por Ideler de Stahl, que
que chama de Lei da Vida é que o ser humano está em constante processo de
autodestruição e autoconstrução, e, a fim de manter uma correta
equilíbrio, ele deve constantemente se apropriar dos elementos necessários do
mundo externo. Na segunda parte de seu livro, Ideler expõe o
patogênese das doenças mentais. Ele descreve em detalhes a origem do
várias paixões, sua luta uma contra a outra, e o destrutivo
efeito da solidão e da necessidade insatisfeita de atividade. Uma grande parte em
a psicogênese da doença mental é atribuída a uma sensação sexual insatisfeita
ings. A natureza, diz Ideler, desejou que o sentimento mais forte de que
seres humanos são capazes é o amor sexual, a fim de aumentar sua po-
potencialidades para um desenvolvimento mais livre e rico. Daí a amarga luta
resultante da não gratificação. Ele descreve a condição desconsolada
da virgem amorosa que tem que substituir sua necessidade de calor por frívola
divertimentos sociais. "Antes de exigir renúncia de sua parte, treine-a
em autocontrole; deixe-a se fortalecer com ação energética por meio do
cumprimento do dever, e fornecer-lhe substitutos para os privados
das emoções mais belas e fervorosas. "Ataques histéricos, ldeler
acrescenta, nada mais são do que uma luta da alma consigo mesma. Doença mental,
entretanto, nunca é o resultado de uma única causa. A predisposição desempenha um papel,
assim como a discrepância entre desejo opressor e restrito
realidade. Assim, desgostoso com a realidade, o homem voa para a fantasia onde
ele pode se deleitar com a alegria incomensurável de seu mundo de sonho, ou justificar para
ele mesmo seus sofrimentos em imagens horrivelmente distorcidas. 85 Ideler insiste que
a gênese da ilusão pode ser rastreada até a primeira infância ( bis in die
frilheste Kindheit). No que diz respeito ao tratamento, ele acredita firmemente no
possibilidade de uma psicoterapia de psicoses. No entanto, ele afirma que
"a cura da ilusão só pode ser realizada por auto-atividade psíquica
qual. o médico deve apenas estimular e dirigir. "Essa direção implica
um hospital bem organizado e as personalidades bem equilibradas e dedicadas
do médico e de seus colegas de trabalho.
Um dos últimos representantes dessa tendência psiquiátrica foi Heinrich
Wilhelm Neumann (1814-1884), cujo livro didático também começa com um
sistema original de psicologia médica. 86 Não existem acontecimentos casuais
na vida mental, Neumann diz. Assim como Ideler, ele afirma que a vida é uma
constante processo de autodestruição e reconstrução - para o primeiro ser -
anseia por esquecer, para a última memória. No curso de seu desenvolvimento,
o homem adquire uma capacidade crescente de autocontrole, que pode ser
igualado ao "grau de liberdade" individual. No que diz respeito à psicologia
Página 33
patologia, Neumann atribui a maior importância aos distúrbios de

as unidades (Triebe). As necessidades instintivas se expressam na con-
consciência pelo que Neumann chama de Estesias, que não só têm a
características de sensação, mas também de um desafio para o organismo como
um todo. A estética também atua como um aviso de um perigo potencial, ensinando
ao mesmoé tempo,
o alarme como
dado, mas o perigo
onde deveé ser
a estética enfrentado. Há casos
"metamorfoseada" em talem que
maneira que não mostra como o perigo deve ser enfrentado. O resultado é ansiedade
(Angústia). Neumann enfatiza a relação entre impulso e ansiedade:
"O impulso que não pode ser satisfeito torna-se ansiedade", e ele acrescenta que
ansiedade se origina apenas quando as funções vitais estão ameaçadas e quando o
ameaça vem à nossa consciência. H 7
Entre os muitos tópicos desenvolvidos por Neumann está o da clínica
manifestações do instinto sexual originadas em pacientes mentais. o
os seguintes sintomas podem ser observados: interesse pela limpeza corporal ou
limpeza, arrancamento do cabelo. lavagem perpétua do corpo ou
("o que considero patologicamente equivalente") impureza absoluta e
manchar o corpo, não gostar ou rasgar a roupa. alívio desinibido
a si mesmo na presença do médico, irritação com as funcionárias que estão
xingamentos como "prostitutas" ou acusações de natureza sexual feitas
contra conhecidas do sexo feminino, conversa constante sobre casamentos diferentes do seu
própria, cuspir frequente, religiosidade mórbida. e interesse exagerado por
o serviço divino e o pastor. Neumann proclamou que o médico
não deve tratar doenças, mas pacientes. e que ele deve tratar ambos os corpos
e mente simultaneamente. No entanto, a cura específica de doenças mentais, ele
adicionado, encontra-se em meios psíquicos.
A partir das breves discussões sobre Rei !, Heinroth, ldeler e Neumann, nós
pode ver a originalidade de pensamento de cada um, e o mesmo é verdade para vários
de seus contemporâneos. 88 No âmbito da psiquiatria romântica,
descobrimos que todos esses homens tinham várias características em comum. Eles
classificações psiquiátricas desconfiadas. Diagnóstico. Neumann disse, não tem nada
a ver com dar nomes; é encontrar uma chave que fará com que os sintomas
inteligível. Cada um insistiu na necessidade de considerar cada indivíduo
caso como um caso específico por direito próprio. Todos eles. seguindo a tradição
de Stahl e Langermann. distintas causas físicas e psíquicas de
doença mental, mas acreditava que as causas psíquicas eram suficientes para causar
doença mental grave. No entanto, eles diferiram em relação aos respectivos
importância das várias paixões: Heinroth insistiu no papel de
"pecado" (na verdade, sentimentos de culpa), Guislain sobre o papel da ansiedade, Ideler e
Neumann sobre o papel dos impulsos e frustrações sexuais.
Cada um desses homens expôs um sistema altamente original de medicina
psicologia. Entre outros conceitos, eles desenvolveram o da lei de
equilíbrio entre entrada e saída psíquica, reconhecendo assim o papel
de estímulos excessivamente intensos. Lembramos o conceito de Neumann da Estesia
Página 34
e das "metamorfoses", e da conexão entre não gratificados

impulsos e ansiedade.
Todos ficaram profundamente impressionados com a terapia, especialmente com psicologia
terapia, mesmo para doenças mentais graves. Rei! e Heinroth, elaborado elaborado
sistemas de métodos psicoterapêuticos que vão do trabalho ao choque
terapia, e até ao que hoje se chamaria psicodrama (Rei!).
Infelizmente, esses homens viviam em isolamento comparativo e aparentemente
teve pouco ou nenhum entendimento por parte das autoridades públicas.
A metade do século ainda não havia acabado quando novos conceitos científicos surgiram. o
o estudo da anatomia do cérebro tornou-se de importância primordial, e o trabalho desses
os pioneiros caíram no descrédito ou no esquecimento. Mas qualquer pessoa familiarizada com o
trabalho de Rei !, Heinroth, Ideler, Neumann e Guislain reconhecerão um
retornar a essas fontes esquecidas em muitas das descobertas de Bleuler,
Freud, Jung e a nova psiquiatria dinâmica.
Os epígonos do romantismo: Fechner e Bach de en

Depois de 1850, a filosofia da natureza e do Romantismo parecia ter
desapareceu completamente. Foi o período do positivismo e do triunfo
da Weltanschauung mecanicista . No entanto, o Romantismo produziu
representantes atrasados, incluindo dois que são de particular importância
para nós: Fechner e Bachofen.
Gustav Theodor Fechner, filho de um ministro protestante, estudou
medicina em Leipzig, onde permaneceu até sua morte. 89 Seu primeiro interesse
levou-o à física experimental. Ele obteve um cargo universitário não remunerado
e ganhava a vida escrevendo traduções científicas e compilando
livros didáticos e enciclopédias populares. De vez em quando ele publicava
breves panfletos literários sob o pseudônimo de Dr. Mises. Em um,
Anatomia Comparada dos Anjos, Fechner seguiu a curva de
evolução do reino animal, da ameba ao homem e então, por
extrapolação, tentou construir a forma ideal de um ser ainda mais elevado,
um anjo. 90 Ele concluiu que tais seres devem ser esféricos, devem perceber
gravitação universal da mesma forma que os humanos percebem a luz e
comunicar uns com os outros por meio de uma linguagem de signos luminosos, muito
enquanto os humanos conversam entre si por meio de uma linguagem acústica.
Em 1836, Fechner publicou O Pequeno Livro da Vida após a Morte sob sua
próprio nome, 91 em que escreveu que a vida humana se divide em três
períodos: da concepção ao nascimento, do nascimento à morte e após a morte.
A vida embrionária é um sono contínuo, a vida presente uma oscilação entre
estado de sono e vigília, a vida após a morte pode ser uma vigília contínua
Estado.
Em 1833, com a idade de trinta e dois anos, Fechner casou-se e obteve o cargo
de professor de física na Universidade de Leipzig. Nas palavras de Wundt, "de
no momento em que ele alcançou uma posição independente que lhe daria
liberdade para o próprio trabalho, a partir desse momento sua força foi quebrada.
Página 35
Seu trabalho excessivo o havia exaurido. Ele teve dificuldade em terminar seu
palestras. "Durante os seis anos seguintes, de 1834 a 1840, Fechner
exerceu sua ocupação sob considerável tensão e realizou experiências
mentos sobre fenômenos visuais subjetivos sobre si mesmo. Sua visão era
danificado e em 1840, aos 39 anos, Fechner desabou e teve que
desistir de suas atividades profissionais pelos três anos seguintes. Em moderno
Nosologia A doença de Fechner seria denominada depressão neurótica grave
com sintomas hipocondríacos. possivelmente complicada por uma lesão do
retina resultante de olhar diretamente para o sol. Na verdade, também pode ser
considerada como um exemplo do que Novalis chamou de hipocondria sublime,
uma doença
percepção criativa
e uma da qual um em
transformação homem emerge com uma nova filosofia
sua personalidade.
Durante a maior parte de sua doença. Fechner sentiu-se compelido a viver em reclusão completa,
permanecendo em uma sala escura, cujas paredes foram pintadas de preto ou
colocando uma máscara no rosto para bloquear a luz. Ele foi incapaz de tolerar a maioria
alimentos. não sentia fome. e comeu muito pouco. de modo que sua condição física se tornou
precário. Sua cura. de acordo com seu próprio relato. ocorreu de uma forma incomum
caminho. Uma senhora amiga da família sonhou que estava preparando um prato de
presunto fortemente temperado cozido em vinho do Reno e suco de limão para ele. o
dia seguinte. ela realmente preparou o prato e trouxe para ele. insistindo
que ele deveria pelo menos prová-lo. Ele o fez com relutância. e me senti melhor. De
naquele dia. ele regularmente comia pequenas quantidades deste prato e sentia seu físico
força voltando para ele. Ele então começou a forçar suas faculdades mentais
de volta à ação. que por um ano exigiu um tremendo esforço de sua parte.
Em suas próprias palavras. ele .. se sentiu como um cavaleiro tentando subjugar um cavalo em fuga. "
Ele então teve um sonho em que viu o número 77. que ele entendeu
para significar que ele deveria ser curado no septuagésimo sétimo dia. e, diz ele, este
realmente aconteceu.
O período de depressão de três anos foi seguido por um período mais curto de euforia.
Fechner desfrutava de uma sensação crescente de bem-estar. idéias expressas de grandeza,
sentiu como se tivesse sido escolhido por Deus e agora era capaz de resolver todas as
os enigmas do mundo. Tudo isso culminou em sua convicção de que havia descoberto
um princípio universal tão fundamental para o mundo espiritual quanto o de Newton
o princípio da gravitação era para o mundo físico. Fechner chamou de das
Lustprinzip (o princípio do prazer): sua euforia hipomaníaca tinha sido
transformado em um conceito filosófico. Abrindo os olhos em seu jardim para o
primeira vez após seus três anos de escuridão. ele ficou impressionado com a beleza de
flores; ele entendeu que eles tinham uma alma e isso o levou a seu livro Nanna,
ou a alma das plantas. 9 2
Após sua recuperação, Fechner viveu em perfeita saúde pelo restante de

sua vida, mas uma metamorfose notável havia ocorrido dentro dele.
Antes de sua doença, ele havia sido um físico que (de acordo com Wundt)
desprezou a filosofia da natureza. Agora, ele próprio se tornou um filósofo
pher dessa escola. Ele então trocou sua cátedra de física na
Página 36
Universidade de Leipzig para a filosofia. Sua primeira série de palestras foi

dedicado ao princípio do prazer, e ele os publicou em um pequeno
livro 93 e em um jornal filosófico. 94 Posteriormente, Fechner nunca
deixou de desenvolver esse conceito e de aplicá-lo a novos campos da psicologia.
Durante a segunda metade de sua vida, Fechner escreveu muitos livros bem organizados
e tratados originais, geralmente em um belo estilo lírico. Sob seu antigo
pseudônimo do Dr. Mises, ele publicou uma coleção de enigmas que tinha
composta durante sua doença. 95 Sob seu nome verdadeiro, ele escreveu dois de
as obras mais típicas da filosofia da natureza: Nanna, 9 6 provavelmente
a primeira monografia dedicada à psicologia das plantas, uma eminentemente
ramo romântico da psicologia. O seguinte trabalho, Zend-A vesta, cujo
título foi emprestado dos livros sagrados dos antigos persas, foi
aparentemente pretendia, na mente de Fechner, ser uma Bíblia da filosofia
da natureza. 97 Fechner afirma que a terra é um ser vivo, de um ser superior
nível do que o homem, um nível correspondente ao dos anjos como ele tinha
hipoteticamente deduziu-os em sua anterior Anatomia Comparativa do
Anjos. Todas as formas de vida terrena emanam do ser vivo ("Poderia um
mãe morta dá à luz filhos vivos? "); esta é também a razão pela qual todos
criaturas vivas são tão bem ajustadas ao seu ambiente físico e
são complementares entre si. Neste reino vivo, o homem ocupa
uma posição privilegiada: "ele foi feito para a Terra como a Terra foi feita
para ele. "Discutindo o lugar da Terra no sistema solar, Fechner
apresenta os princípios de "estabilidade" e de "repetição". O solar
sistema se mantém através do fato de que posições e tipos idênticos
de movimentos são repetidos periodicamente; a estabilidade, portanto, leva o
forma específica de repetição. Zend-A vesta contém as primeiras dicas do
aplicação do princípio de estabilidade e repetição à fisiologia humana
e psicologia, e a primeira menção da "lei psicofísica" de Fechner.
Essas obras filosóficas foram publicadas em um ambiente altamente desfavorável
período, uma vez que a filosofia da natureza havia se tornado completamente fora de moda
capaz. No entanto, Fechner nunca desistiu de propagar sua filosofia,
mas, diz Wundt, ele mudou sua tática e se voltou para a psicologia experimental
chology. Por muitos anos Fechner se preocupou com a relação -
navio entre os mundos físico e espiritual. Ele sentiu que havia
ser uma lei geral que rege essa relação, e ele tentou descobrir
qual fórmula matemática seria a mais provável para tal
lei. De acordo com seu próprio relato, essa fórmula, que ele chamou de
lei psicofísica, ocorreu-lhe repentinamente na manhã de outubro
22 de 1850, a tempo de permitir que ele o mencionasse brevemente em seu livro Zend-
A vesta. Ele agora planejou uma longa série de experimentos para
verificar se esta lei era verdadeira e foi absorvida por esta pesquisa
pelos dez anos seguintes. Suas descobertas estavam contidas nos dois volumes
da Psicofísica publicada em 1860, que despertou considerável interesse
e foram o ponto de partida da psicologia experimental moderna. 98
Página 37
Em um levantamento crítico da teoria de Darwin sobre a evolução das espécies,

Fechner formulou seu "princípio da tendência à estabilidade", um universal
o princípio finalístico alegou ser complementar ao princípio causal. 99
Isso foi depois do princípio do prazer e da "base psicofísica
lei ", o terceiro grande princípio universal enunciado por ele. Em 1876,
Fechner publicou seu trabalho sobre estética experimental, uma tentativa de basear
estética na pesquisa experimental, e entendê-la do ponto de vista
do princípio do prazer-desprazer. 100 Ele também aplicou esse princípio para
a psicologia da inteligência e das piadas. Em 1879, aos 78 anos , publicou
A visão diurna em contraste com a visão noturna em que seu próprio panteísta
visão do mundo (a "visão diurna") opõe-se ao seco, desconsolado
concepção do cientificismo materialista contemporâneo (a "visão noturna"). 101
Em 1879, o primeiro instituto de psicologia experimental foi inaugurado em
Leipzig, do grande seguidor de Fechner, Wilhelm Wundt. Leipzig, Fechner
cidade adotada, tornou-se o centro da nova ciência e os alunos vieram
lá de todo
figura, suaocabeça
mundo. O próprio
careca Fechner
coroada era agora
com longos um lendário
cabelos brancos, seu antiquado
roupas e sua proverbial distração. Quando Fechner morreu no
aos oitenta e seis anos, em 1887, ele ganhou fama tardia e foi aclamado como o
pai da psicologia experimental.
No final do século XIX, parecia que Fechner seria
lembrado apenas como um pioneiro da psicologia experimental e como o
autor da "lei psicofísica fundamental". Ironicamente, no entanto,
foi da filosofia da natureza de Fechner que Freud tomou emprestado vários
conceitos básicos que incorporou à sua metapsicologia. Fechner
influência na psicanálise é evidenciada pelo fato de que Freud citou
ele em The Interpretation of Dreams, The Wit and the Inconscious, e
Além do princípio do prazer. 102 Freud tirou de Fechner o conceito
da energia mental, o conceito "topográfico" da mente, o princípio
do prazer-desprazer, o princípio da constância e o princípio da
repetição. Grande parte do referencial teórico da psicanálise
dificilmente teria surgido sem as especulações do homem
a quem Freud chamou de o grande Fechner.
Johann Jakob Bachofen (1815-1887), o promulgador da teoria de

matriarcado, nasceu em BaseL S \\ itzerland, em 1815 em um velho e rico
família patrícia. 10 3 Bachofen estudou direito em Berlim, Paris e Cambridge,
mas um forte interesse pela arqueologia o levou à Itália. Lá, examinando o
decorações em túmulos antigos e suas representações do culto do
morto, ele começou a pensar que esta arte continha os vestígios simbólicos de
um mundo esquecido. Depois de vários anos como juiz e professor de
A lei romana na BaseL Bachofen renunciou à maioria de seus cargos para
para se dedicar aos seus estudos preferidos. Decifrando os símbolos de
Página 38
arte e mitologia antigas, ele concluiu que expressavam o esquecido

memória de um período da humanidade que não deixou registros históricos, quando
o poder estava nas mãos das mulheres, não dos homens. A interpretação correta
desses símbolos nos permitiria reconstruir o social e político
características, bem como a Weltanschauung e a fisionomia desse
período do matriarcado, e também do período ainda mais primitivo que teve
precedeu. Foi assim que Bachofen se tornou, nas palavras de Turel, "o historiador
de uma época sem história. "Em 1861, Bachofen publicou sua capital
trabalho, A Lei das Mães, que encontrou indiferença ou
críticas por parte de especialistas. ' 04 Morando na BaseL Bachofen, uma digna
cavalheiro bigodudo com modos cerimoniosos levava a vida de um
Privatgelehrter (erudito principal). dividindo seu tempo entre escrever livros
e estudando na Itália e na Grécia. Solteirão, ele viveu na casa de seus pais
casa até os cinquenta anos, quando se casou com uma linda jovem prima
com idade de vinte. Em sua cidade natal, ele era considerado um velho um pouco excêntrico
estudioso. Quando ele morreu em 1887, sua fama apenas começou a se espalhar por toda a
o mundo. Eu
Desconhecido para Bachofen, a teoria do matriarcado já havia sido

antecipado por Joseph Fran <; ois Lafitau ( 1681-1746), um estudioso jesuíta que
passou cinco anos entre os iroqueses. 10 .s Padre Julien Garnier. quem tinha
passou sessenta anos de sua vida com o Algonquin, Huron e Iroquois,
disse a Lafitau tudo o que sabia sobre seus costumes e organização social.
A propriedade e o poder real pertenciam às mulheres, que delegavam parte da
seu poder em assuntos civis e militares para os chefes. Lafitau comparado
este sistema com o dos antigos Lycians e vários outros antigos
civilizações, e alegou que a ginecocracia já foi generalizada
entre as antigas populações mediterrâneas e asiáticas. Outro francês
estudioso, o Abade Desfontaines descreveu, em um romance que pretende relacionar
as aventuras do filho de Gulliver, uma ilha imaginária de Babilary, onde
o poder residia nas mãos das mulheres que o usavam na mesma
maneira como fazem os homens na maioria das civilizações contemporâneas. 106 o livro
continha um apêndice supostamente escrito por um estudioso. quem, tendo lido o
história de Gulliver Junior. descobriu que não havia nada em sua ilha que
era novo para quem estava familiarizado com a história do antigo
Lícios e citas.
Na opinião de Bachofen, o matriarcado era mais do que meramente social e
sistema político. Era uma noção mais ampla envolvendo religião, Weltanschauung,
e a totalidade da cultura. relacionado a todos os aspectos possíveis da vida.
Além disso, Bachofen afirmou que o desenvolvimento da humanidade
passou por três estágios: "heterismo", matriarcado e patriarcado, cada um dos
que reteve vestígios simbólicos do anterior.
O primeiro estágio, o heterismo, foi o da promiscuidade sexual, onde as mulheres
estavam indefesos e expostos à brutalidade dos homens, e onde as crianças
Página 39
não conhecia seus pais. Foi também o período do "telurismo", o

símbolo do qual é o pântano lamacento, e sua divindade a deusa
Afrodite (Vênus).
O segundo estágio, matriarcado, foi estabelecido depois de milhares de anos
de luta. As mulheres fundaram a família e a agricultura, e exerciam funções sociais
e poder político. As mães favoreciam um sistema social geral
liberdade, igualdade e relações pacíficas entre os cidadãos. A principal virtude
residia no amor pela mãe; matricídio foi considerado o mais hediondo dos
todos os crimes. O matriarcado também foi uma civilização materialista que elogiava
educação do corpo acima da educação do intelecto e onde for prático
valores prevaleceram e encontraram sua expressão no desenvolvimento da agricultura.
cultura e a construção de enormes muralhas. Sua maior divindade era a
deusa Deméter (Ceres). Entre suas características simbólicas estavam a primazia
da noite. O tempo foi calculado de acordo com o número de noites, batalhas
foram lutados, conselho foi dado, justiça foi feita e cultos foram realizados
durante a noite. Outras características incluem primazia da lua, da terra,
o morto; foi dada preferência às irmãs sobre os irmãos; para o último nascido
as crianças mais velhas; finalmente a preferência pelo lado esquerdo em relação ao lado direito.
Bachofen considerou a mudança do matriarcado para o patriarcado um progresso
em direção a um estágio superior de civilização. Esta transição ocorreu após amargo
lutas, das quais Bachofen acredita ter encontrado inúmeras provas em

Mitologia grega. Também houve recaídas temporárias do patriarcado
ao matriarcado (como antes, do matriarcado ao heterismo). Bachofen inter-
fingiu os fenômenos do amazonismo e do culto dionisíaco daquele
ponto de vista.
O amazonismo, conforme expresso nas antigas lendas das Amazonas, foi um
tipo de imperialismo feminino (disse Turel), que ocorreu durante o antigo
luta entre o heterismo e o matriarcado, e mais tarde como uma degeneração de
matriarcado durante sua luta contra o patriarcado emergente.
O culto a Dionísio, que foi um episódio da luta entre
heterismo e matriarcado, ocorreu como uma rebelião das mulheres contra
patriarcado. O sistema dionisíaco favoreceu as artes plásticas, mas em contraste
para a disciplina casta que prevalecia no matriarcado Demeterico, trouxe
adiante a corrupção moral, e, sob o pretexto de emancipar as mulheres,
realmente os levou a serem explorados pelos homens. Era um sistema favorecido por
tiranos.
Uma vez que o sistema patriarcal foi solidamente estabelecido, a memória de
o matriarcado tornou-se tão intolerável para os homens que foi "esquecido". (Nós
lembrar que uma ocorrência semelhante de esquecimento coletivo já havia ocorrido
invocado por Boulanger em sua teoria sobre a destruição de um antigo
civilização pelo dilúvio). Mas a memória do matriarcado sobreviveu no
forma de símbolos e mitos. e de acordo com Bachofen indiretamente inspirado
algumas das grandes obras-primas da literatura grega. Trilogia de Ésquilo, a
Orestia, foi interpretada por Bachofen como a representação simbólica de
Página 40
a vitória do matriarcado, a vingança do princípio patriarcal, e o

o triunfo final do último. No mito de Édipo, Bachofen considera o
a esfinge é o símbolo do antigo estágio heteroirístico. Matando a esfinge,
Édipo contribuiu para o estabelecimento do matriarcado em Tebas sob
o cetro da Rainha Jocasta, mas o desastre que se seguiu significou o colapso
do matriarcado, que seria substituído pelo patriarcado. 10 7
Bachofen descreveu o patriarcado como uma reversão completa do matriarcado
organização política e social, e de suas religiões e filosóficas
princípios. O patriarcado favorece a independência individual e isola os homens de
uns aos outros, mas os leva a um nível espiritual superior. Seres humanos
ame primeiro a mãe e passe a amar o pai apenas numa fase posterior.
A maternidade implica uma relação mais direta e material com a criança
por causa da gravidez e amamentação. O amor paterno se eleva acima de tais
recursos e é um princípio mais abstrato. Isso foi expresso na lei pela
procedimento de adoção e pelo conceito de "procriação espiritual". isto
também foi expressa na mudança simbólica da noite para o dia, do meio-dia para
sol, da terra ao céu, da esquerda para a direita. A maior divindade do patriarcado é
Apolo, o deus da luz e das belas artes.
A falta de sucesso do trabalho de Bachofen foi em parte devido aos pobres
organização de seu livro, suas numerosas digressões e o longo latim e
Citações gregas para as quais ele não deu tradução. Acima de tudo foi porque
do fato de que suas teorias abalaram a noção anteriormente incontestável de que
a família patriarcal tinha sido uma instituição permanente em todo o

história da humanidade. Em Basel, nem mesmo um estudioso como Jakob Burckhardt
entendeu essas teorias. No entanto, o velho Bachofen encontrou um admirador no
jovem Nietzsche, que adotou seus conceitos de dionisíaco e apolíneo
civilizações (com a diferença que Nietzsche considerou dionisíaca
civilização mais viril do que feminina). 108 Em sua primeira filosofia
trabalho, A Origem da Tragédia, Nietzsche explicou o nascimento do grego
tragédia resultante da fusão de duas correntes, a "dionisíaca"
inspiração impetuosa e o princípio "apolíneo" de ordem e perfeição
(assim como Freud explicou mais tarde a origem da obra de arte pela fusão
do princípio do prazer e do princípio da realidade). 1 0 9
Mas historiadores, sociólogos e antropólogos ignoraram Bachofen
por um longo tempo, com algumas exceções, como Lewis Morgan, o pai de
Etnologia americana, que já havia dado uma excelente descrição de
o sistema matriarcal que prevalece entre certas tribos indígenas americanas
e ao descobrir as teorias de Bachofen, citou-o abundantemente em seu
livro Sociedade Antiga. 11 0 Morgan foi fundamental para ter
sociedades e o governo dos Estados Unidos enviam um presente de várias
livros que tratam dos índios americanos para Bachofen. Trabalho de Bachofen
mais tarde inspirou o conceito de Kulturkreis, popular entre os alemães
antropólogos (Wilhelm Schmidt, Koppers e Grabner) e tentativas
de certos pré-historiadores para reconstruir estágios anteriores da cultura, um dos quais
Página 41
era matriarcado. Friedrich Engels deu uma interpretação socialista de

O trabalho de Bachofen em suas Origens da Família. 111 Mathilde e Mathias
Vaerting se esforçou para distinguir entre um dominado pelo homem e um
sociedade dominada pela mulher, e concluiu que o que chamamos de homem e
personagens femininas correspondem apenas ao caráter do dominador
e o sexo dominado, de modo que, segundo eles, as mulheres em uma mulher-
sociedade dominada teria o chamado "caráter masculino", e vice-
versa.112 Outro teórico socialista, August Bebel, explicou que
mulheres foram os primeiros seres humanos a serem escravizados 113 Enquanto isso,
Bachofen também foi interpretado por Elisee Reclus e por Bakunin em
o sentido de sua ideologia anarquista, e ele até se tornou popular entre
sufragistas.
Inesperadamente, a fama de Bachofen alcançou um público mais amplo no início
do século XX por causa de um grupo de poetas neo-românticos,
filósofos. e artistas de Munique que se autodenominavam Kosmiker 114
Eles ficaram entusiasmados com as descrições de Bachofen de culturas anteriores
e sobre seu método de interpretação de símbolos. Eles o proclamaram um
profeta e o nomeou o mitologista do Romantismo. 11 5 textos escolhidos
de suas obras foram publicadas sob sua influência, e suas idéias, portanto,
propagado, eventualmente alcançou círculos mais amplos. Embora quase nenhum de
Os \\ orks de Bach of en foram traduzidos para outras línguas, muitos de seus
conceitos tornaram-se populares e devem ser encontrados (de uma forma mais ou menos distorcida
forma) em inúmeras publicações de historiadores, etnólogos, sociólogos,
escritores políticos, psicólogos e psiquiatras, a maioria sem referência
ao seu nome.
A influência das ideias de Bachofen atingiu os círculos psiquiátricos através
vários canais, e sua influência na psiquiatria dinâmica tem sido
imenso. Turel apontou certas semelhanças nos conceitos básicos de
Bachofen e Freud. 11 r, Bachofen. ele escreveu, descobriu o fenômeno
de repressão meio século antes de Freud. Pode-se acrescentar que ele também
encontrou o fenômeno da formação de reação: ele apontou, no
fotos de batalhas com as amazonas, que as mulheres guerreiras sempre foram
mostrado como derrotado, ferido. e morto. Bachofen também afirmou que, se
os romanos destruíram a cultura etrusca até seus últimos vestígios, foi porque
de seu medo excessivo e ódio do matriarcado etrusco. Há um ótimo
semelhança, Turel diz mais. entre Bachofen e Freud em seus conceitos
de interpretar símbolos. Ambos afirmam que existe um limite além do qual o
a memória do indivíduo ou da humanidade não pode alcançar, e é aqui que
Bachofen reconstrói a história da humanidade interpretando mitos, e Freud
a história do indivíduo pela interpretação dos sintomas. Baeumler apontou
que (muito antes de Nietzsche e Freud) Bachofen tinha perturbado o sistema de
valores da burguesia do século XIX, mostrando que o domínio da sexualidade
a vida não estava originalmente subordinada a valores morais, mas que tinha
dimensões insuspeitadas e um elaborado simbolismo próprio. 117
Página 42
As comparações entre Bachofen e Freud poderiam ser levadas mais longe.

De pensamentos às vezes expressos por Bachofen. parece que
ele tinha a noção de que os estágios de evolução que descreveu para a sociedade
como um todo também eram válidos para o indivíduo. Este pensamento deve ser seguido
baixado e transposto da sociedade para o indivíduo, obter-se-ia
a seguinte imagem:
BACHOFEN FREUD
Período "Hetaírico" do primitivo pró Período infantil de "polimorfo por-

miscuidade versão"
Matriarcado: dominação do "Mo- Pré-edipiano, período "incestuoso", forte
thers ", ginecocracia apego à mãe
Período dionisíaco Estágio fálico
Mitos de Orestes e Édipo, sim- Complexo de Édipo
consolidando a mudança do matriarcado
ao patriarcado
Patriarcado Estágio genital adulto
Repressão da memória do matriarcado "Amnésia infantil"
Mitos Memórias de tela, sintomas
O conceito de Bachofen sobre a origem do amazonismo também pode ser comparado

com a teoria de Freud sobre a origem da homossexualidade feminina.
A influência de Bachofen alcançou Alfred Adler através dos intermediários,
Engels e Bebel. Adler afirma que a atual opressão das mulheres por
homens era uma supercompensação do homem contra um estágio anterior de
domínio feminino. O homem internaliza a noção de luta ancestral
entre os sexos. Segundo Adler, o neurótico, portador de deficiência
um medo das mulheres. desenvolve dentro de si um "protesto viril", de modo que ele
é, em sua neurose, o joguete dessa luta entre o homem e
princípios femininos.
Quanto a CG Jung, ele provavelmente leu as principais obras de Bachofen,
e seu ensino está repleto de conceitos que podem, pelo menos parcialmente, ser atribuídos
à influência de Bachofen. como os da Anima e do Animus, o
"velho sábio" e a "magna mater".
Crise de meados do século
Poderosas transformações sociais, políticas e culturais ocorreram durante

o século XIX. Essas transformações não aconteceram
de forma consistente, mas sim em ciclos de aceleração e desaceleração. O melhor
crise ocorreu em meados do século; seu aspecto mais notável era o
revolução de 1848 e sua subsequente repressão que abalou a Europa.
Mas se estendeu a todos os outros campos da atividade humana e suas consequências
foram decisivos até mesmo para o destino da psiquiatria dinâmica.
Muitas mudanças ocorreram durante a primeira metade do século.
Após seu início na Inglaterra, a Revolução Industrial expandiu todos
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sobre a Europa e América do Norte, resultando em um aumento nas forças

de produção. produção industrial. volume de transações comerciais, e
na criação de novos meios de transporte. Paralelo ao Industrial
A revolução foi um aumento considerável na taxa de natalidade dos europeus
população. As condições comparativamente pobres em que os camponeses
viveu fez com que muitos deles migrassem para os centros urbanos. O general
processo de urbanização foi particularmente marcado na França. Paris absorveu
o melhor da vida econômica, política e intelectual da nação.
O efeito combinado de urbanização e industrialização resultou no
surgimento de uma nova classe social: as "massas" proletárias, que se tornaram
o terreno fértil para a propagação do socialismo. Depois de Owen e Saint-Simon,
que foram os primeiros pioneiros dessa doutrina. veio entre 1830
e 1848 uma nova geração de homens como Proudhon, que eram de
inspiração generosa, mas muitas vezes de ideias vagas, e que mais tarde foram chamados
socialistas utópicos. O Manifesto Comunista, publicado em 1848 por
Karl Marx e Friedrich Engels, marcaram um novo ponto de viragem, e depois
1860 o movimento socialista identificou-se cada vez mais com a ideologia
e o movimento criado por esses dois homens.
Como consequência da mudança demográfica, as massas de europeus
transmitido para os países da América do Norte e para a Argentina, Austrália,
e Sibéria. Países impróprios para a imigração em massa foram abertos pela
homem branco para sua exploração. 118 Estes setores industriais, demográficos e
desenvolvimentos científicos e a rápida conquista política e econômica de
a terra deu ao homem branco otimismo, autoconfiança e agressividade
ness que pertencia à cultura ocidental da segunda metade do
século dezenove.
A burguesia, a classe dirigente e criadora e operadora de grandes
a indústria de escala não estava ficando com medo da nova classe em crescimento, a
proletariado. O socialismo se tornou o pesadelo da burguesia.
O mundo foi dividido cada vez mais em grandes países soberanos, independentes
nações. A Inglaterra era a principal potência e o centro dos britânicos
Império. A França ficou em segundo lugar, enquanto a Alemanha e a Itália ainda lutavam
para sua unidade nacional. Alguma preocupação estava sendo expressa sobre o novo
nações emergentes. os Estados Unidos e a Rússia. Em 1840, Alexis de Tocqueville
profetizou que eles emergiriam de repente como as duas principais potências
que algum dia dominaria o mundo e o dividiria entre eles .
Em 1869, Bachofen predisse que o historiador do século XX
falaria apenas sobre a América e a Rússia, e o papel da velha Europa
ficaria restrito ao de professor para os novos mestres.l 20 Mas tal
ideias dificilmente eram levadas a sério. O fermento nacionalista que teve
estimulado pelo romantismo estava começando a abalar o grande
impérios multinacionais, Áustria, Rússia e Turquia. A revolução de
1848 deu mais uma prova da força das aspirações nacionais.
Enquanto isso, surgiu uma nova filosofia que se tornaria
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cada vez mais popular, o do positivismo. Sua origem pode ser rastreada até o
Enciclopedistas franceses do século XVIII e particularmente para
Condorcet, que argumentou que o progresso da mente humana seria
alcançados através do progresso da ciência. A nova filosofia, que
tinha sido inaugurado no início do século XIX por Saint-
Simon, foi sistematizado por Auguste Comte, seu discípulo Littre na França,
e por John Stuart Mill e Herbert Spencer na Inglaterra. Positivismo
o princípio básico era o culto aos fatos; os positivistas não procuraram por
o incognoscível, a coisa em si, o absoluto, mas pelo tipo de
certeza proporcionada pela ciência experimental e por leis constantes como
leis da física. O positivismo rejeita qualquer especulação semelhante à filosofia
da natureza. Outra característica do positivismo é seu interesse pela ciência aplicada
e sua busca pelo útil. Seguindo a linha do Iluminismo,
está preocupado com o homem como um ser social. Foi Auguste Comte quem
criou a palavra "sociologia" e estabeleceu as bases da
essa ciência, que ele dividiu em sociologia estática e dinâmica.
Estas foram as principais tendências que lentamente trabalhavam em seus
caminho ao longo da primeira metade do século e foram precipitados pela
crise de meados do século. Seu aspecto mais notável foi a revolução de 1848.
Esta revolução foi um movimento político com forte sobrecarga emocional
tons. Foi recebido com entusiasmo juvenil por toda a Europa
que tem sido chamada de primavera dos povos. 121 Foi o aumento
da democracia contra o conservadorismo, do socialismo contra os privilégios de
a burguesia, das nações oprimidas contra o governo estrangeiro
poderes. Em muitos aspectos, foi um renascimento temporário do Romantismo e um
conflito entre gerações. Na Alemanha, assumiu o aspecto especial de um
busca pela unidade nacional, mas a convocação do Parlamento em Frankfurt
foi seguido por um lamentável fracasso, com o resultado de que o procurado
a unidade só se tornou um fato mais tarde, através de Bismarck e sob o
hegemonia. Em todos os lugares da Europa continental, a revolução começou em
entusiasmo, foi seguido por um período de euforia, e então foi derrotado,
trazendo consigo o triunfo da reação política. Isso resultou em

um período de depressão entre os jovens. Muitos entre os mais progressistas
e enérgico dos jovens europeus, especialmente na Alemanha, sentia-se cansado de
Europa (Europa-miide) e emigrou para os Estados Unidos.
As manifestações psicológicas generalizadas e coletivas que acompanham
acompanhou e acompanhou a revolução de 1848 não foi feito o objeto
de uma investigação sistemática. Entre suas várias facetas estava um aumento
importância do magnetismo animal. Em muitos lugares, epidemias psíquicas
ocorreu após demonstrações de palco. Ao mesmo tempo, a grande onda de
o espiritismo já mencionado no capítulo 2 varreu os Estados Unidos
e depois sobre a Inglaterra e a Europa continental. A conexão entre
as epidemias espíritas e a revolução de 1848 foram bem compreendidas por
Littre, que escreveu: "Em nossa época de revoluções, convulsões consideráveis
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frequentemente perturbam a sociedade, enchendo alguns de medos profundos, outros

com esperança ilimitada. O sistema nervoso ficou mais sensível (...)
Tais são as circunstâncias que favoreceram a explosão contemporânea. " 122
A crise de meados do século completou a derrota do Romantismo. Os poucos
epígonos como Fechner e Bachofen certamente seriam mal compreendidos. o
a segunda metade do século pertenceu à ciência e à crença na ciência.
Durante a Revolução Francesa e o reinado de Napoleão, os cientistas foram chamados
em cima, talvez pela primeira vez. contribuir, por meio de suas descobertas,
para a defesa de seus países. Isso é possivelmente o que inspirou certos ousados
propostas. Em 1803, Henri de Saint-Simon proclamou que a ciência deveria
ser organizado em um corpo unificado de conhecimento e que os cientistas devem
ser organizado em um corpo hierárquico modelado no clero católico, sob
a direção de um Conselho de Newton. 123 Johann Christian Reil pro-
propôs que a ciência deveria ser organizada de maneira militar como um estado
instituição. 124 Cientistas de várias especialidades trabalhariam em uma doença
forma disciplinada sob o comando de seus superiores hierárquicos e
se dedicariam à pesquisa em ciências práticas e aplicadas.
Em seus momentos de lazer, eles teriam permissão para fazer pesquisas no puro
ciências.
Contudo. o tipo de organização científica que prevaleceu nos nove
século dezoito estava tão longe do caos construtivo do século dezoito
século a partir da ciência regulamentada proposta por Saint-Simon e
Reil. A pesquisa agora estava sendo realizada principalmente nas universidades. Apesar
cada universidade era independente das outras, uma relação entre
eles foram assegurados por uma rede de sociedades científicas e científicas
revistas. Um evento decisivo \\ como a fundação da Universidade de Berlim
(1806), um gesto extremamente ousado naquela época, já que a Prússia havia sido
derrotado e arruinado. A fundação da universidade foi concebida como
um primeiro passo para a regeneração da nação. Foi organizado em
um alto nível científico e com grande custo sob a liderança de Wilhelm
von Humboldt. 125 A Universidade de Berlim logo se tornou o modelo sobre
quais outras universidades alemãs foram organizadas e novas foram criadas.
Ele se tornou um padrão para toda a Europa Central. Assim, alemão
a ciência deu passos rápidos e começou a substituir a França em torno do
meados do século, e a Alemanha se tornou o principal país científico do mundo.

Sob as influências combinadas da filosofia positivista, a concentração
tração da pesquisa científica nas universidades e a tendência da cultura
otimismo, a ciência ocidental foi permeada por uma fé quase religiosa
na ciência que alcançou mais e mais camadas da população. Ciência
foi considerado para satisfazer a sede desinteressada do homem por conhecimento, acima de tudo.
"Você acredita", perguntou Nietzsche, "que as ciências poderiam ter levado
moldar e se tornar grande se os mágicos, os alquimistas, os astrólogos
e as bruxas não os precederam? Aqueles que primeiro tiveram que criar,
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através de suas promessas e pretextos enganosos, a sede, a fome e o sabor

pelos poderes ocultos e proibidos! "126
Isso também significa que a ciência teve que provar sua eficácia, protegendo o
vida do homem, e por superar e conquistar a natureza para o seu benefício.
A ciência agora era também uma síntese de técnicas experimentadas e tinha que seguir uma
metodologia rigorosa de eficiência prática. Além disso, a ciência era
agora considerado como um corpo unificado de várias disciplinas e como um tesouro
de conhecimento comum a toda a humanidade, do qual todos podem se beneficiar
bem como contribuir. Isso descartou a existência de ciências secretas e
também daquelas "escolas" científicas dependentes de filosóficos específicos
sistemas como os que existiam na Grécia antiga. Seguindo a tradição de
o Iluminismo, o positivismo afirmava que a ciência resolveria o
enigmas do universo. Apenas mais um passo precisava ser dado antes de reivindicar
que a ciência forneceria um substituto para a religião.
Ele deve ser dito, no entanto, que nunca foi fácil encontrar um critério
para o que a ciência é e o que não é, magnetismo animal, frenologia e
a homeopatia foi saudada como uma descoberta científica maravilhosa e como uma nova
ramos da ciência. Eles tinham milhares de discípulos entusiasmados, estavam em
vezes ensinado nas universidades, mas ao longo do século XIX eles
foram demitidos pela maioria dos cientistas.
A crença universal na ciência muitas vezes assumiu a forma de uma fé religiosa
e produziu a mentalidade que tem sido chamada de cientificismo. O cientificismo
tendência chegou a negar a existência de tudo o que não era acessível
por métodos científicos, e muitas vezes se fundiu com o ateísmo. Depois de 1850, um
onda de livros populares propagando a crença exclusiva na ciência.
combinou-o com o ateísmo e às vezes com um ensino simplificado de
materialismo. Essas foram as obras de Buchner, Moleschott e Vogt,
e mais tarde os de Haeckel.
Se a crença na ciência assumiu essa forma extrema ou se
permaneceu mais moderado, o otimismo geral permaneceu um personagem-
característica istica até o final do século e é bem ilustrada na
romances de Júlio Verne, que retrata maravilhas científicas sob uma luz promissora.
O cientista tornou-se um personagem conhecido da sociedade sob o sistema estéreo
tipo de savant. 12 1 O savant por necessidade pertence a uma universidade
(fora do qual quase não havia ciência). Mas ele não era apenas o
erudito de outrora, agora era pesquisador e também professor. Dele
ae característica
a descoberta damais manifesta
verdade era seudaquela
o objetivo desinteresse. A que
religião, ciência
teveera para
seus ele uma
santos e religião,
seus mártires. O sábio era necessariamente também um trabalhador árduo, absorvido em seu
pesquisar a ponto de ficar distraído. Embora a modéstia não fosse
sempre sua principal virtude, ele muitas vezes parecia tímido, era um conversador pobre,
e tinha pouco tempo para a vida social (fora do que era necessário
por suas legítimas ambições acadêmicas). Sua vida emocional foi envolta
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em segredo, sua esposa era uma pessoa modesta e corajosa, preocupada apenas
com o bem-estar dele e dos filhos, muitas vezes incapaz de compreendê-la
trabalho do marido, mas sempre ao seu lado. O savant acreditava em "puro"
ciência e não sentia nada além de desprezo pelo pesquisador industrial cujo
o trabalho foi aplicado para fins práticos. Claro, era sabido que a ciência
poderia ser aplicado também para os meios de matar, mas foi considerado
um paradoxo divertido quando pessoas como o anarquista Bakunin t2S ou
Ernest Renan expressou a ideia de que a ciência um dia poderá ser usada para
a opressão e destruição da humanidade. 129
A fé geral na ciência foi mantida, não apenas pelos positivistas
adoração dos istas, mas também através de inúmeras descobertas e invenções
que incessantemente passou a aumentar essa crença, seguindo um ao outro de forma
rapidamente que se poderia, por assim dizer, ver a face da terra modificada sob
seu impacto. O progresso da medicina e da higiene estava mudando o
condições de vida humana, cuja duração média nunca cessou de
aumento a partir do início do século XIX. Este progresso
teve profundas implicações sociais e biológicas. 13 ° Finalmente, a descoberta
da anestesia cirúrgica entre 1840 e 1850 não só fez o progresso
de cirurgia possível, mas eliminou a experiência de dor física, que
foi promovida pela descoberta subsequente de analgésicos e sedativos.
O homem não estava mais condicionado à dor como antes, e
ele se tornou mais sensível e também com mais medo da dor. 31 Assim, o homem em
o final do século não era exatamente o mesmo ser biológico que ele tinha
estava no início e, portanto, não é surpreendente que ele não tivesse
exatamente a mesma psicopatologia.
As novas doutrinas: Darwin e Marx
As grandes mudanças sociológicas e políticas que ocorreram no
Mundo ocidental durante o século XIX e mais particularmente após
1850 resultou na necessidade de novas ideologias. Romantismo parecia ter
completamente desabou. O Iluminismo nunca recuperou o prestígio que
desfrutou no final do século XVIII; no entanto, permaneceu
suficientemente forte para trazer a emancipação dos servos na Rússia
e os escravos nas colônias europeias e nos Estados Unidos. Quão-
sempre, o espírito do Iluminismo foi cada vez mais combatido por novos
tendências culturais. A filosofia da Revolução Industrial, livre entrada
prêmio, competição, a abertura de novos países e a luta feroz
para os mercados mundiais, encontrou uma racionalização aparentemente científica em Darwin-
ismo, enquanto o marxismo forneceu uma base filosófica para o socialismo
partidos que surgiram do desenvolvimento de um crescente proletariado industrial

e a intensificação da luta de classes. Essas duas doutrinas, Darwinismo
e o marxismo, exerceu uma influência avassaladora após 1860, uma influência
que se fez sentir em todas as áreas, incluindo a psiquiatria dinâmica.
CHARLES DARWIN (1809-1882) Charles Darwin o fez pela primeira vez-
Página 48
auto conhecido como um jovem cientista talentoso que, em sua capacidade de naturalista, par-
ticipou na circunavegação feita pelo Beagle, barco cuja missão
era fazer inquéritos geodésicos e cartográficos de áreas costeiras no
hemisfério sul. 132 O resultado das observações de Darwin durante aqueles cinco
anos de viagens ao redor do mundo (1831-1836) estabeleceram-no imediatamente como
um dos eminentes naturalistas de sua época. Alguns anos depois, sua saúde debilitada
forçou-o a se isolar em sua propriedade perto de Londres, onde dedicou
as poucas horas diárias durante as quais ele se sentiu bem o suficiente para trabalhar para o natural
ciências. Em outubro de 1838. Darwin por acaso leu o Ensaio de Malthus sobre o
Princípio da População em que a "luta pela existência" foi contra
tida como princípio que rege o desenvolvimento das populações humanas. isto
ocorreu a Darwin que a "luta pela existência" também poderia fornecer
uma explicação para a seleção natural a partir da qual o progresso e trans-
formação de espécies naturais originam. Ele escreveu breves esboços desse
teoria em 1842 e 1844. Durante os vinte anos seguintes, ele con
continuou a escrever monografias sobre vários assuntos de geologia e zoologia,
enquanto lentamente aperfeiçoa sua teoria sobre a evolução das espécies e coleta
uma grande quantidade de fatos relevantes. Ele começou a escrever sua magnum opus
em maio de 1856 e completou metade dela em junho de 1858, quando recebeu
um manuscrito de Alfred Wallace em que a mesma teoria da evolução
de espécies através da seleção natural e luta pela existência foi desenvolvida.
Os amigos de Darwin organizaram uma apresentação conjunta do artigo de Wallace e
trechos do esboço de Darwin de 1844 na Linnean Society em julho de 1858 e
para uma publicação conjunta. 133 Então. Darwin começou a escrever um condensado
versão de seu livro. e em 1859 a publicação de A Origem das Espécies
trouxe-lhe fama mundial. 134 Ele de repente se encontrou no centro de
controvérsias científicas, filosóficas e religiosas que ele tentou
evite o melhor que puder. Entre suas últimas obras foi The Descent of Man,
que estendeu ao homem as teorias desenvolvidas em A Origem das Espécies,
e The Expression of Emotions em que uma pista é procurada para o antigo
problema em uma análise dos instintos subjacentes às várias emoções.
Quando Darwin morreu em 1882, uma petição parlamentar solicitou seu enterro
na Abadia de Westminster, onde seu túmulo pode ser encontrado próximo ao de Newton.
A fama de Darwin está associada principalmente ao transformismo, que ele chamou
a teoria da descendência, a evolução das espécies, uma teoria que se opõe ao conceito
ção da constância e imutabilidade das espécies. Na verdade, a transformação
a teoria do ismo pode ser rastreada até os filósofos gregos Anaximandro e
Empédocles e seu contemporâneo chinês, Tson-Tse, que, de acordo com
Nehru havia escrito o seguinte no século VI aC:
Todas as organizações são originadas de uma única espécie. Esta única espécie tem
passou por muitas mudanças graduais e contínuas e deu origem a todos
organismos de diferentes formas. Tais organismos não foram diferenciados imediatamente
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atamente, mas ao contrário, eles adquiriram suas diferenças por meio de

mudança, geração após geração.
Os historiadores da ciência encontraram vários precursores de Darwin

durante e após o século XVII e concluiu que evolucionista
o pensamento era bastante difundido no século antes de Darwin. 136
O ponto fraco dos primeiros sistemas era a falta de argumentos convincentes
mentos apoiando a teoria e de uma explicação plausível para o mecanismo
anismo da transformação das espécies. Lamarck (1 744-1829) ex-
explicou a transformação das espécies pelo efeito da adaptação, o pro-
uso e não uso de órgãos há muito tempo, e a transmissão de carvão adquirido
acterísticas, mas as evidências eram escassas. O mérito de Charles Darwin não é
que ele introduziu a noção de transformismo, mas que ele propôs um novo
explicação causal e fundamentou sua teoria com uma esmagadora
quantidade de argumentos pacientemente acumulados por vinte anos.
Darwin começou com o fato de que muitas variações de chance espontâneas
ocorrem em plantas e animais e são transmitidas a seus descendentes.
Este fato é bem conhecido por criadores de plantas e animais, que selecionam va-
riedades com certas características. cruzá-los, e assim obter novas raças
tendo as características procuradas. Às vezes, os criadores apenas selecionam
aquelas amostras que eles consideram as melhores cruzam-nas e obtêm novas,
variações previstas (isso é o que Darwin chamou de seleção inconsciente). então
muito pela seleção artificial pelos criadores. Em relação ao se natural
seleção, Darwin supôs que novas espécies poderiam se originar por acaso
variações e sua transmissão hereditária podem ocorrer da mesma maneira
como acontece com novas raças. Mas hm \ a natureza realiza um processo de seleção
comparável à seleção dirigida dos criadores? Darwin pensou que
o principal agente deve ser a luta pela existência dentro da natureza, um processo
semelhante ao invocado por Malthus no campo da demografia. este
significaria que em uma determinada espécie de planta ou animal, o número de índios
indivíduos excedem as limitações estabelecidas pelo espaço e forragem, que existe uma
luta incessante pela existência e que aqueles indivíduos que sobreviverão
pertencem a uma atividade espontânea que os torna mais adequados para esse esforço
gle, enquanto os inaptos são eliminados. No entanto, as modificações do ambiente
mento constantemente cria desafios para a aptidão dos seres vivos.
Entre os argumentos apresentados por Darwin a favor da trans-
formismo eram fatos como a estrutura homóloga em indivíduos de
espécies relacionadas, a existência de órgãos rudimentares (sobrevivendo de anteriores
espécies ancestrais), fenômenos de reversão. o ressurgimento do ancestral
formas, e numerosos fatos relativos à distribuição de animais no
períodos geológicos e no espaço. Mas para fazer sua teoria explicativa
consistente, Darwin teve que assumir várias outras hipóteses: que
variações instantâneas podem dar origem a novas espécies (não apenas a novas raças),
que as características adquiridas podem ser transmitidas hereditariamente, que o
Página 50
duração dos períodos geológicos tinha sido imensamente longa, e que o

progresso da paleontologia forneceria os elos que faltavam conectando o
espécies conhecidas com suas supostas formas ancestrais.
Em A Origem das Espécies, Darwin não disse nada sobre o ser humano
espécies, mas sua teoria foi logo estendida à origem do homem por Thomas
Huxley na Inglaterra e por Ernst Haeckel na Alemanha. Em sua segunda graduação
livro, The Descent of Man, Darwin apresentou a hipótese de que
"o homem é descendente de um quadrúpede peludo com cauda, provavelmente arbóreo em
seus hábitos, e um habitante do Velho Mundo. " IJ? Este ancestral do homem
era tão diferente dos selvagens mais primitivos que vivem hoje quanto aqueles sav-
idades são do homem civilizado. Darwin tentou reconstruir uma imagem desse
ancestral e dar uma explicação puramente biológica de sua evolução para
proteger a presente espécie humana. A sociedade, diz ele, surgiu do instinto
de amor paternal e filial, a partir do instinto de simpatia e ajuda mútua
entre animais da mesma espécie. Linguagem emitida de gritos proferidos
como acompanhamento de certas emoções e da imitação de choro
oferecido por outros animais. A moral resultou principalmente dos homens acima
instintos cionados, reforçados pela sensibilidade do homem à opinião pública e posteriormente
pela razão, instrução e hábito. Em The Descent of Man, Darwin parte
do papel quase exclusivo que ele atribuiu em A Origem das Espécies a
a luta pela existência. Ele fala do instinto de ajuda mútua, e
declara que, na evolução do homem, o fator mais importante foi o sexo
seleção final. isso é. o fato de que os indivíduos mais fortes tendem a escolher o
mulheres mais atraentes. que essas mulheres mostram uma preferência pelo
machos mais fortes. e que esses indivíduos selecionados têm os mais numerosos
descendência.
A história do darwinismo é um exemplo típico de uma teoria que emanci-
patina-se de seu fundador e assume uma forma autônoma e inesperada
curso da vida. A Origem das Espécies mal havia sido publicada quando
Darwin encontrou-se identificado com muitas interpretações contraditórias
de seu trabalho e se tornou uma lenda viva. 138 Foi dito que Darwin, um
velho patriarca de barbas brancas das ciências naturais e da saúde debilitada,
vivendo em isolamento e reclusão. alcançou a inteligência mais importante
Revolução intelectual desde o tempo de Copérnico. 139 Ele disse ter sido
o primeiro a enunciar a teoria da evolução (ex-partidários deste
teoria, incluindo seu avô Erasmus Darwin, foram chamados de precursores
se não for simplesmente ignorado). Além disso, esquecendo que Darwin havia proposto
a teoria da evolução como uma hipótese, agora assumia-se que ele tinha
provou-o e elevou-o ao nível de verdade científica indiscutível. o
noção de luta pela existência, longe de ser apenas uma explicação
hipótese, era agora considerado o esteio do darwinismo. Tinha acabado-
parecia que Darwin havia proposto vários outros mecanismos (um dos quais
foi a seleção sexual). A luta pela vida, agora entendida de uma forma mais
O sentido hobbesiano de uma "guerra de todos contra todos" foi proclamado
Página 51
uma lei universal descoberta e demonstrada por Darwin, uma "lei de ferro"
governando o mundo vivo e a humanidade e fornecendo um parâmetro para
ética. Houve, no entanto, alguns cientistas que tentaram se certificar de uma
forma objetiva o real significado dos pensamentos de Darwin, para avaliá-los sci-
significativamente, e descartar as interpretações errôneas de seu apoio entusiástico
carregadores, bem como os de seus oponentes cegos. 140
A importância histórica de uma teoria não se restringe ao que foi original
finalmente na mente de seu autor. Ele também é composto das extensões, adjunc-
ções, interpretações e distorções a que é submetido, e o
reações que resultam do impacto da teoria e de suas distorções.
O campo apropriado da teoria darwiniana era a história natural, e
foi apresentada por seu autor como uma hipótese tendente a fundamentar a teoria
do transformismo. Nesse sentido. seus efeitos foram múltiplos. ele forneceu
um forte impulso para as ciências naturais. A busca pelos links perdidos
na reconstrução das transformações das espécies promoveu o prog-
ress de paleontologia. e os argumentos embriológicos a favor da trans-
o formismo foi o ponto de partida de novos estudos em embriologia comparada.
Acima de tudo, a publicação de A Origem das Espécies mudou o
perspectiva dos naturalistas; a teoria do fixismo perdeu praticamente todo o seu suporte
portadores, e o transformismo, agora chamado de Teoria da Evolução, foi adotado
ed pela grande maioria dos cientistas. Mas se isso significa que o
hipóteses particulares formuladas por Darwin para explicar o mecanismo de
evolução foram confirmadas é uma das questões mais controversas em
Ciência moderna. Apesar da ampla aceitação do Darwiniano
teoria. dúvidas continuam sendo expressas em relação ao verdadeiro papel desempenhado por
a luta pela existência, 141 142 e seus efeitos na evolução, quanto a
se variações aleatórias podem resultar em novas espécies (não apenas novas raças),
e quanto à existência da maioria dos elos perdidos. 143 Gertrude Himmel-
farb cita declarações de vários naturalistas contemporâneos proeminentes que
afirmam que a aceitação comum do darwinismo não é o resultado de qualquer
evidência satisfatória, mas decorre do medo na mente humana de qualquer
lacuna em nosso conhecimento e do fato de que os cientistas preferem um insatisfatório
explicação de fábrica para nenhuma explicação. 44
Se tivesse permanecido restrito ao seu campo original, o darwinismo nunca
alcançou a fama que alcançou. Mas seus princípios foram logo estendidos
para outras ciências. Biólogos chamaram de "intra-seleção" o suposto esforço
gle entre as partes do organismo durante seu desenvolvimento. Psicólogos
assumiu que os instintos e faculdades mentais também se originaram em um processo
da seleção natural. A evolução das sociedades humanas, a família, lan-
medidores. instituições morais. ou religiões. foram reconstruídos de maneiras semelhantes,
e nenhum ramo da ciência ficou livre de tal especulação. 14 S
Darwin foi cauteloso para não invadir o campo da filosofia,
mas seus seguidores decidiram que um sistema filosófico poderia ser deduzido
de suas idéias e, particularmente, um novo conceito de evolução e progresso.
Página 52
O Iluminismo entendeu a ideia de progresso como um processo contínuo

processo, que a humanidade seguiu sob a orientação da razão, um processo
que visa o bem e a felicidade da humanidade (incluindo seu
membros deserdados). Românticos especularam sobre um processo oculto
natureza subjacente essencial. de forças irracionais inconscientes, que, no entanto,
trabalhou em direção a um objetivo racional. Agora, o darwinismo apontou para a ocorrência
do progresso biológico entre as espécies vivas e sociais, e até mesmo morais,
progresso dentro da humanidade como resultado do efeito automático e mecânico
de acontecimentos fortuitos e de uma luta cega e universal. Essa ideia era
apreendido por ateus que o usaram como uma arma contra a crença religiosa em
a criação e contra a própria religião. Mas enquanto certos círculos identificam
com o fundamentalismo bíblico perseguiu a luta contra o darwinismo, a maioria
os teólogos logo reconciliaram a ideia de evolução com a religião. Os americanos
o botânico Asa Gray (1810-1888), o primeiro defensor de Darwin na América,
tinha sido o proponente da "ala teísta" do pensamento evolucionário
do começo. 146
Nos Estados Unidos, o darwinismo exerceu uma forte influência na filosofia
e um novo modo de pensar surgiu que não considerava mais as coisas como
entidades manentes, mas sim do ponto de vista universal da evolução. 147
Instrumentalismo, pragmatismo. e utilitarismo são expressões favoritas
dessa atitude filosófica.
Na Alemanha, o darwinismo filosófico assumiu uma forma diferente sob o
influência de Ernst HaeckeL, um biólogo que ganhou elogios por seu excelente
emprestou pesquisa sobre infusórios, medusas. e esponjas. Haeckel proclamou
ele próprio o profeta do darwinismo e afirmou substanciá-lo com um
nova prova, a "lei biogenética fundamental", 148 Em seus estágios embrionários,
ele disse, qualquer ser vivo passa pelas transformações que seus ancestrais
passou durante toda a evolução ("ontogenia recapitula phy-
logeny "). No entanto, ele mais tarde reconheceu que essa lei não era constante,
já que a série de metamorfoses pode ser abreviada ou mesmo alterada.
Mas Haeckel incorporou o transformismo darwiniano em uma vasta rede filosófica
sistema chamado monismo. A natureza, disse ele, é o teatro de um processo universal
da evolução, da molécula aos corpos celestes. Não há diferença entre
natureza orgânica e inorgânica, a vida é um fenômeno físico caracterizado
por um tipo peculiar de vibração na matéria. Todas as espécies vivas na natureza
originado da matéria através da intervenção de um vivente elementar
sendo, o "monere", um ser unicelular sem núcleo. Haeckel
alegou ter visto o monere através do microscópio. Todo o processo
do transformismo, começando com o monere, abrange os três reinos
dos "protistes", plantas e animais. Haeckel reconstruiu o todo
árvore genealógica do homem em vinte e dois graus, dos quais o monere era o
primeiro e o homem vigésimo segundo; todos os outros eram seres hipotéticos.
O vigésimo primeiro, isto é, o ancestral mais próximo do homem, era para ser um
"'pithecanthrope", relacionado aos macacos. O homem apareceu na Lemúria, agora
Página 53
um continente submerso entre a Índia e a África; houve doze

espécies e trinta e seis raças de homens. Haeckel ensinou que as células, e até
moléculas, são dotadas de consciência elementar, e ele propôs a
criação de uma nova religião baseada na adoração do cosmos. Haeckel
nunca entendi que seu sistema era apenas um ressurgimento tardio da filosofia
da natureza. Ele o considerou absolutamente científico, e é difícil
hoje para imaginar o fantástico sucesso que suas teorias desfrutaram durante
várias décadas, especialmente na Alemanha, onde eram frequentemente identificados
com o darwinismo. Foi principalmente sob o manto de Haeckel que os jovens
da geração de Freud primeiro se familiarizou com o darwinismo, e seu
o prestígio permaneceu tão alto que, quando o jovem Rorschach hesitou em 1904
entre as vocações da arte ou das ciências naturais, foi um passo lógico para ele
escrever para Haeckel e pedir seu conselho.
A influência mais importante do darwinismo foi sentida através do Social
Darwinismo, ou seja, a aplicação indiscriminada dos conceitos de
"luta pela vida", "sobrevivência do mais apto" e "eliminação dos inaptos"
aos fatos e problemas das sociedades humanas. Foi o naturalista Thomas
Huxley, um dos primeiros discípulos de Darwin, que resumiu essa filosofia
em um famoso discurso feito em 1888, relativo ao contemporâneo da Inglaterra
situação:
Do ponto de vista do moralista, o mundo animal é quase o mesmo

nível como um show de gladiadores. As criaturas são muito bem tratadas e prontas para lutar
- onde o mais forte, o mais rápido e o mais astuto vivem para lutar outro dia.
O espectador não precisa virar o polegar para baixo, pois não há piedade
(...) No ciclo dos fenômenos apresentados pela vida do homem, do animal, não
fim mais moral é discernível do que aquele apresentado pela vida do lobo e
o veado (...) Então, entre os homens primitivos, os mais fracos e estúpidos iam para o
walL enquanto os mais resistentes e astutos, aqueles que estavam mais bem preparados para lidar com
suas circunstâncias. mas não o melhor em qualquer outro sentido, sobreviveu. A vida era uma
luta livre contínua e. além das relações limitadas e temporárias do
família. a guerra hobbesiana de cada um contra todos era o estado normal de existência
(...) Mas o esforço do homem ético para trabalhar em direção a um fim moral de forma alguma
abolido. talvez tenha dificilmente modificado. os impulsos orgânicos profundamente arraigados que
impele o homem natural a seguir seu código não moral (...) 149
Se o ensino de Darwin pudesse ser interpretado por um naturalista, pode-se

facilmente imaginar como isso foi distorcido nos escritos de sociólogos e
autores políticos que souberam disso apenas por ouvir dizer. Em nome disso
fantasia darwinismo, esta alegada lei universal foi usada como uma racionalização
para justificar o extermínio de populações primitivas pelo homem branco.
Os marxistas usaram isso como um argumento a favor da luta de classes e da revolução.
Os criminologistas Ferri e Garofalo da Escola Positiva Italiana usaram
o conceito de "eliminação dos inaptos" como argumento para a preservação
da pena de morte. Atkinson estendeu a noção de universal
Página 54
luta para o reino da família e descreveu o assassinato do antigo

pai pelos filhos adultos como sendo a regra entre os homens primitivos. 150 Mili-
taristas de todo o mundo transformaram-no em um argumento científico para o
necessidade de guerra e de manutenção de exércitos. A filosofia pseudo-darwiniana
que persuadiu a elite europeia de que a guerra é uma necessidade biológica e uma
lei inescapável foi responsabilizada pelo desencadeamento da World
Guerra J.1 51 Uma longa série de políticos proclamou o mesmo princípio,
culminando com Hitler que invocou Darwin repetidamente. 152 Em suma, como afirmado
por Kropotkin. "Não há infâmia na sociedade civilizada, ou nas relações de
os brancos para as chamadas raças inferiores, ou dos fortes para as
fraco. que não teria encontrado sua desculpa nesta fórmula. " 153 Esta linha
de pensamento. que pode ser rastreada a partir do princípio de Hobbes de "o homem é um lobo
ao homem "a Malthus e de Darwin à descrição literária de Kipling de" o
lei da selva ", deu seu colorido específico ao mundo ocidental, particularmente
nas últimas décadas do século XIX e início do século XX
séculos.
O impacto de qualquer doutrina consiste também em suas distorções e na con
tradições que surgem contra a doutrina e suas distorções. De
logo no início, houve forte oposição à ideologia derivada de
Darwin. Durante sua prisão em Clairvaux (1883-1886), o russo
o anarquista Kropotkin viu a necessidade de reavaliar a fórmula de Darwin sobre
com base nos dados que encontrou nas obras dos zoólogos russos Kessler
e Syevertsoff. Ele elaborou sua teoria de ajuda mútua como a lei básica da
seres vivos. 1 54 Esta teoria parece ter ganhado algum terreno, também,
caracteristicamente, com naturalistas britânicos contemporâneos. 155 Outros naturalistas
há muito tempo apontam que mesmo se a chamada luta pela vida fosse aplicável
para o mundo animal, isso ainda não era razão para aplicá-lo à sociedade humana,
que tem suas leis e estrutura específicas. 156 O economista inglês Norman
Angell alertou antes da Primeira Guerra Mundial contra a falácia dessa suposta lei
isso estava levando as nações da Europa à catástrofe. 157
O próprio princípio da evolução encontrou contradições. O francês
o biólogo Rene Quinton proclamou o "princípio da constância". Ele disse
que, se o mar tivesse sido o berço de todas as coisas vivas, incluindo o homem,
estes, por sua vez, mantiveram em todas as fases de evolução o meio
interieur. qual. do ponto de vista físico e químico, é muito
semelhante à composição da água do mar. 158 Remy de Gourmont aplicado
este princípio para a vida intelectual e negou que tivesse havido qualquer
progresso no desenvolvimento da inteligência do homem. Inventores e artistas de
tempos prehistoricos. ele disse. possuía tanto gênio quanto qualquer inventor moderno
ou artistas. O mais alto nível de inteligência humana permaneceu o mesmo
em todas as fases da evolução cultural. 15 9
A lei da "sobrevivência do mais apto" e da "eliminação do
impróprio "é de particular interesse para a psiquiatria dinâmica. Na verdade, poucos homens
foi menos apto para uma vida de dura competição do que o próprio Darwin, cujos primeiros
Página 55
ambição tinha sido tornar-se um clérigo rural e dedicar seu dinheiro extra
tempo para seu hobby de história natural. Sua má saúde o teria barrado
de qualquer carreira universitária. Ele não teria sido capaz de realizar seu
trabalho se não fosse por sua fortuna pessoal e os cuidados de uma devotada
esposa. Ele evitou a participação pessoal nas controvérsias suscitadas por
suas teorias e deixou isso para seus apoiadores.
Alfred Adler sistematicamente inverteu o princípio da "eliminação de
os inaptos. "Ele mostrou que as inferioridades orgânicas frequentemente davam um impulso para
compensação biológica. Ele então estendeu este princípio ao psicológico
reino também, fazendo da "compensação" um conceito básico de seu sistema. portanto
inferioridade, longe de ser causa de fracasso, pareceria ao contrário
para ser o melhor estimulante para a luta e vitória social.
Como tantos de seus contemporâneos, Freud era um leitor entusiasta de
Darwin, e a influência do darwinismo na psicanálise é múltipla.l 60
Primeiro, Freud seguiu Darwin na formação de uma psicologia baseada na
conceito biológico dos instintos. Uma psicologia desse tipo já tinha
foi formulado por Gall e seus seguidores e por alguns psiquiatras como
como J. C. Santlus. 161 Mas a teoria dos instintos de Freud é obviamente derivada
de Darwin. É digno de nota que Freud começou com o exclusivo
consideração da libido e, mais tarde, chegou à suposição de um
instinto agressivo e destrutivo, enquanto Darwin seguiu o oposto
caminho. Em A Origem das Espécies ele centrou sua teoria em torno do fato
da luta pela existência, enquanto em The Descent of Man ele suplementa
mentou atribuindo o papel principal na origem e desenvolvimento do homem
à atração sexual. Em segundo lugar, Freud seguiu Darwin em sua perspectiva genética
sobre as manifestações da vida. Darwin suscitou fatos de prisões localizadas de
desenvolvimento e de "reversão", aquilo que Freud mais tarde chamou de fixação e
regressão. Terceiro. Freud parece ter transposto para a psicologia e
a "lei da recapitulação" de Haeckel da antropologia; o princípio de que
"a ontogenia recapitula a filogenia" encontra seu equivalente na suposição de Freud
que o desenvolvimento individual do homem passa pelas mesmas fases que o
evolução da espécie humana, e que o complexo de Édipo é o indi-
renascimento do vidual do assassinato do velho pai por seus filhos. Finalmente, Darwin's
influência pode ser reconhecida na elaboração de Freud de uma teoria biológica sobre
a origem da sociedade humana e da moral, tomando como ponto de partida o
consideração de um ancestral antigo e hipotético do homem que viveu em uma pequena
grupos ou hordas. Outra influência indireta de Darwin sobre Freud também pode ser
rastreado. Paul Ree explicou a elaboração da consciência moral como emissão
de um tipo de luta darwiniana legalizada pela vida, como é relatado
existiram entre os antigos islandeses. 162 Eles proclamaram que o homem tem
nenhum direito àquilo que ele não pode defender, para que, se alguém quisesse outro
propriedade de uma pessoa, ele poderia desafiar o proprietário para um duelo. Se o dono
recusado, ou se ele foi morto na luta, sua propriedade legalmente passada para seu
Página 56
desafiador. Mas chegou um momento em que a lei não tolerava mais que
costume primitivo. e o frustrado impulso agressivo e aquisitivo do homem
tornou-se a raizem
por Nietzsche dosua
remorso. portanto,
Genealogia de consciência.
da Moral. que era oEsta teoriado
protótipo foi desenvolvida
noções posteriormente expostas por Freud em Civilization and Its Discontent. 163
KARL MARX (1818 ~ 1883)

Já vimos todo o darwinismo. que tinha sido originalmente um sistema de
hipóteses enunciadas em apoio à Teoria da Evolução, foi trans-
formado pelos seguidores de Darwin no Darwinismo Social, uma filosofia que deu um
racionalização aparentemente científica para o espírito de competição implacável que
animou o mundo industrial, político comercial e militar durante o
últimas décadas do século XIX. Em contraste com o darwinismo social,
O marxismo foi um sistema filosófico desde o início; mas logo também se tornou
uma filosofia da história. uma teoria econômica. uma doutrina política, e até mesmo
um modo de vida. Seu autor foi Karl Marx. que colaborou com seu amigo
Friedrich Engels ( 1820 ~ 1895).
Tanto o marxismo quanto o darwinismo compartilham a noção do progresso da humanidade,
mas suas doutrinas divergem em seus pontos de vista sobre a natureza do subjacente
processo. O darwinismo atribui progresso (na evolução das espécies, bem como
no da humanidade) ao efeito mecânico e determinístico do biológico
fenômenos; O marxismo o atribui a um processo "dialético", que, no entanto,
deve ser auxiliado pelo esforço consciente do homem.
Outra característica compartilhada pelo marxismo e pelo darwinismo é a ideia de que
justiça e moralidade não são princípios absolutos e permanentes como antes
ensinado por filosofias tradicionais e pelo Iluminismo, mas que eles são
relativo. Para Darwin, eles são o resultado da evolução social, para Marx
eles são inteligíveis em termos de "materialismo histórico" e da história
da luta de classes.
Como um sistema filosófico. A principal fonte do marxismo foi Hegel, diretamente como
bem como através de alguns de seus discípulos. A filosofia de Hegel forneceu a Marx
com o "método dialético", isto é, um método para analisar aparentemente
conceitos contraditórios e para descobrir o princípio comum que iria
uni-os em uma síntese superior, progredindo assim de noção em noção em direção
O absoluto. Mas enquanto Hegel havia usado seu método dialético para o
construção de um poderoso sistema de idealismo filosófico. Marx aplicou
a uma filosofia materialista.
Marx também tirou de Hegel o conceito de "alienação", que o homem é
"alienado" (alienado) de si mesmo. "Alienação" significa que o homem tem
externalizou uma parte de si mesmo. que ele então percebe como uma verdade externa.
Houve extensas discussões sobre alienação entre os seguidores de Hegel.
Um deles. Ludwig Feuerbach, afirmou que o homem é "alienado de
a si mesmo 'porque criou um Deus à sua imagem, projetando assim o
Página 57
melhor parte de seu espírito fora de si mesmo e adorando-o como se fosse um

ser superior. Pondo fim a esta "alienação", o homem iria
reconstruir a síntese de seu próprio ser. Marx modificou e ampliou o
conceito de alienação. Não são apenas a religião e as filosofias abstratas um
alienação, mas também há uma alienação política, social e econômica.
O homem está alienado de si mesmo. Marx afirma, por causa da divisão de
sociedade em classes. a classe dominante oprimindo e explorando os governados
Aulas. Portanto. ele disse. uma sociedade socialista sem classes traria o
desaparecimento da alienação e todas as suas manifestações.
Marx afirmou isso até então. filosofia tentou explicar o
mundo. ao passo que o verdadeiro problema consistia em mudá- lo. Filosofia dele
é, portanto, inseparável da ação. isso é. praticamente, de revolucionário
açao. (Na verdade, Marx e Engels não se contentaram em dirigir a revolução
organizações cionárias. mas participou de vários movimentos revolucionários
Na Alemanha.)
Assim como Hegel, Marx diz que a espécie humana passa por uma dialética
processo de evolução. mas ele vê esse processo de uma forma substancialmente diferente
caminho. A filosofia da história de Marx é baseada na ideia de que a história pode ser
interpretado pela luta de classes. e a luta de classes pode ser entendida
pela noção de uma superestrutura ideológica sobreposta a uma
subestrutura. 1 04 A descoberta dos meios de produção determinou mudanças
na estrutura social, ou seja, na divisão de classes e na relação
dessas classes entre si. As classes dominantes oprimem as inferiores;
para esse fim. eles impõem seus sistemas e organizações políticas. Mas o
classe dominante também cria uma "ideologia", que inclui religiões, moral,
e filosofia. e que é ao mesmo tempo um reflexo do social
estrutura e um meio de oprimir as classes inferiores. Por meio disso
ideologia, a classe dominante estabelece um corpo de leis e o aparelho judicial
necessário para manter seu domínio sobre as classes inferiores.
Ao aplicar sua ideologia. homens das classes dominantes muitas vezes não sabem
do que eles estão fazendo. Nas palavras de Friedrich Engel, 'O reflexo de
relações econômicas sob a forma de princípios jurídicos ... ocorre sem
a consciência de quem está agindo; o advogado acredita para agir em
de acordo com as proposições a priori , ao passo que são apenas econômicas
reflexões. " 165 Portanto, uma regra prática da análise marxista é:" Atrás
o que as pessoas dizem. por trás do que eles pensam de si mesmos, para
descobrir o que são analisando o que fazem. " 166 A obra de Marx
contém muitas análises do que ele chama de "mistificações", isto é,
processos pelos quais as pessoas enganam a si mesmas e aos outros para seus
vantagem própria.
A superestrutura ideológica determinada pela subestrutura social deve
necessariamente seguir suas mudanças. No entanto, pode haver atrasos, discrepâncias,
Página 58
e resistência a essas mudanças. Isso é particularmente verdadeiro quando a estrutura

de relacionamento de classe foi modificado de tal forma que a classe alta é
declinando enquanto a classe inferior está em posição de derrubá-lo. Em tal
casos, as pessoas da classe inferior podem não estar cientes da situação, e
homens da classe alta podem resistir conscientemente à mudança ou elaborar novos
ideologias para enganar a classe baixa. De acordo com Marx, a guerra é um
"mistificação" das classes mais baixas pelos governantes que esperam assim
desviar uma revolução iminente.
Como uma doutrina política, o marxismo clássico, expresso em Marx e

O Manifesto Comunista de Engel (1848) e em trabalhos posteriores, não
acreditam na possibilidade de uma mudança gradual e pacífica de poder
uma aula para outra. A estrutura do relacionamento de classe pode se tornar
gradualmente modificado até um ponto crítico em que a atividade revolucionária
deve interferir e provocar a mudança inevitável. Inter revolucionário
convenção implica primeiro uma "análise dialética" da situação econômica e social
ção, a fim de avaliar suas contradições internas e a direção para
qual está apontando. Neste ponto, a primeira fase da atividade revolucionária
consiste em trazer consciência às classes mais baixas ou pelo menos à sua elite, e
a última etapa é a atividade revolucionária propriamente dita. Uma outra contenção de
O marxismo é que, em certas circunstâncias, pode ser necessário provocar
a "situação revolucionária" para precipitar a crise.
Não é necessário para nossos propósitos desenvolver ainda mais essas considerações
ções. No que diz respeito à psiquiatria dinâmica, o que foi dito deve bastar
para esclarecer certas características das psicologias dinâmicas de Freud e Adler.
No caso de Adler, a relação com Marx é bastante óbvia e direta, uma vez que,
embora ele não fosse um comunista ou um marxista ortodoxo, ele era um
apoiante do socialismo. Até certo ponto, Adler considera uma neurose como um
reflexão das relações sociais internalizadas pelo indivíduo. o
influência do socialista August Bebel é aparente no conceito de Adler de
relações entre homem e mulher.
Paralelos curiosos foram apontados entre alguns dos conceitos básicos de Freud
idéias e as de Marx. 167 Marx e Freud, cada um tinha rabinos entre seus
ancestrais; cada um pertencia a uma família dentro daquele círculo de judeus que tinha
ficar sob a influência do Iluminismo; no trabalho de cada teoria
está indissoluvelmente ligado à prática (na forma de atividade revolucionária para
Marx. de psicoterapia para Freud). Cada homem considerava a religião como um
"ilusão." Na opinião de Marx, a religião é um sonho consolador para os frustrados
proletariado criado pela classe dominante para explorar o proletariado
e perpetuar sua opressão. "A religião é o ópio do povo."
Na opinião de Freud, a religião é uma ilusão determinada pelo pensamento positivo, como
afirmado em The Future of an Illusion. Embora não haja evidências de que
Freud leu as obras de Marx ou de seus seguidores, as semelhanças podem ser
Página 59
encontrados em suas formas de pensar. Se transpormos certos conceitos marxistas

dos campos social e político ao da psicologia e terapia, nós
obteria os seguintes paralelos:
MARX FREUD
Ênfase no aspecto econômico de Ênfase na parte sexual do homem

homem (teoria da libido).
A cultura de uma sociedade é uma superestrutura A vida consciente é uma superestrutura construída
construída sobre uma subestrutura de relações de classe na subestrutura do inconsciente
relações e fatores econômicos. e forças conflitantes.
A classe dominante
promover cria uma
seu interesse deideologia
classe, e para
o O indivíduo acredita
pensar e agir que
livremente, enquanto seu
indivíduo, sob a influência de pensamentos e ações conscientes são
essa ideologia, inconscientemente acredita determinado por inconsciente com
estar agindo e pensando plexos (racionalização).
livremente.
As classes inferiores são vítimas de Isso seria ao mesmo tempo um
"mistificações", pelas quais a decisão "racionalização" e uma "defesa-me-
as classes também se enganam (pois chanism. "
exemplo, guerra).
O homem está "alienado" de si mesmo por ser- O indivíduo neurótico é alienado
causa da divisão da sociedade em de si mesmo por causa de seu interior
classes sociais, que geram conflitos.
luta de classes.
A fim de realizar a revolução, Para curar o paciente, o
é necessário realizar uma "dialética estuprador deve realizar uma "dinâmica"
análise ", para trazer consciência e para análise, traga o indivíduo para
provocar uma · · situação revolucionária: · consciência ("Onde eu estava, o Ego
ser "), e provocar uma transferência
neurose para resolvê-lo.
O objetivo é o estabelecimento de uma classe O objetivo é ter uma pessoa curada,
menos sociedade onde o homem não mais sem conflito e totalmente ciente dele-
ser alienado de si mesmo. auto.
Essas semelhanças não deveriam ser levadas longe demais. Contudo. não há
dúvida de que existia um padrão comum de pensamento que Marx aplicou a
fatos econômicos e sociais e Freud à psicologia do indivíduo.
Mudanças na psiquiatria do século XIX

Houve uma dualidade durante o século XIX entre os primeiros
psiquiatria dinâmica. que saiu de Mesmer e Puysegur, e oficial
psiquiatria. Apesar de certas influências recíprocas. cada um tinha seu separado
desenvolvimento e mudanças não intencionais que iremos resumir brevemente.
Psiquiatria oficial \\ como o nome dado pelos magnetistas à psiquiatria
que foi reconhecido pelo estado. ensinou em escolas médicas, e expôs
em seus livros didáticos. Durante 1850 a 1860, ocorreu uma mudança gradual de
Página 60
psiquiatria de hospital mental (Anstaltspsychiatrie) para psiquiatria universitária-

tente.168 Durante a primeira metade do século, os hospitais psiquiátricos haviam sido os
lares do progresso psiquiátrico onde teorias originais foram desenvolvidas e
tratamento moral aplicado a pacientes mentais. Por volta do meio do
século, a psiquiatria sofreu forte influência do positivismo e
o cientismo e o ponto de vista organicista prevaleceram enquanto a psiquiatria romântica
diminuiu rapidamente. Homens como Rei !, Ideler. Neumann e Heinroth eram
agora esquecido ou ignorado. e o tratamento moral foi impedido quase todos -
Onde.
Neste ponto de viragem está o nome de um grande pioneiro, Wilhelm
Griesinger ( 1817-1869). o psiquiatra representativo de meados do século.
Em 1845, ele publicou um livro sobre psiquiatria, após o qual passou vários
anos no Egito como diretor do serviço público de saúde e médico para
o quediva. 169 Após seu retorno à Europa, ele se tornou em 1860 o primeiro
diretor do recém-fundado hospital psiquiátrico universitário de Zurique, o
Burgholzli. Em 1867 ele publicou uma segunda edição consideravelmente ampliada
de seu livro de psiquiatria, que se tornou o livro padrão daquele
ciência para uma geração inteira. Griesinger é frequentemente considerado como o homem
que conquistou a vitória do Somatiker sobre o Psíquico. É verdade que
ele proclamou que "doenças mentais são doenças cerebrais" e que ele ex-
detectou o segredo da doença mental a ser elucidado através do progresso
de anatomopatologia cerebral. Ele também introduziu o conceito fisiológico
dos reflexos na teoria das doenças mentais. No entanto, Griesinger
era quase um Somatiker exclusivo . Ele aplicou à psiquiatria a dinâmica
conceitos associativos de Herbart. e ele manteve muitos dos princípios
do Psiquiatra. Estudos recentes têm mostrado até que ponto
Griesinger era um representante da psiquiatria dinâmica. 170 Ele proclamou
que a maior e mais importante parte dos processos psíquicos não eram
consciente. Ele assumiu e desenvolveu o conceito do Psychiker de
papel patogênico das emoções e, portanto, explicou a psicogênese de
idéias fixas. "Quase todas as ideias fixas são essencialmente expressões de uma frustração
ou gratificação do próprio interesse emocional "de modo que, em certo
casos. a terapia só pode ser baseada na verificação de quais são os elementos subjacentes
estados psíquicos. Griesinger também desenvolveu toda uma psicologia do ego.
Distorções do ego podem resultar de grupos não assimilados de representações
ções, que então podem enfrentar o ego como se fossem um estranho e
entrar em conflito com ele. Griesinger, portanto, está na encruzilhada da maioria dos
as tendências psiquiátricas da anatomopatologia do cérebro do século XIX,
e neuropsiquiatria. psiquiatria clínica. e psiquiatria dinâmica. Mais-
sobre. ele era um bom organizador de hospitais psiquiátricos. Ele também é considerado
o fundador da psiquiatria universitária. e depois dele os grandes líderes em
a psiquiatria era necessariamente professores universitários. Finalmente, ele inaugurou
a predominância da psiquiatria alemã sobre a psiquiatria francesa. Até 1860,
Página 61
A psiquiatria francesa estava tão em primeiro plano que a maioria dos casos
histórias contadas no próprio livro de Griesinger foram emprestadas do francês
autores.
Seguidores de Griesinger. homens como WestphaL Meynert e Wernicke
assumiu e desenvolveu sua abordagem orgânica para a doença mental, mas eles
parecem ter tido um ponto cego em relação à parte psicológica dinâmica
de seu ensino. Uma nova síntese da psiquiatria orgânica e dinâmica foi
ser alcançado apenas mais tarde pelo sucessor remoto de Griesinger no Burgholzli,
Eugen Bleuler.
Ao mesmo tempo, havia também uma psiquiatria oficial das neuroses,
que era praticado principalmente por neurologistas (vendo que os pacientes eram
relutante em ir a psiquiatras de hospitais psiquiátricos). Este ramo da psiquiatria
também passou por certas mudanças importantes no curso do século XIX
século, o mais importante dos quais estava nas próprias neuroses.
A possessão diabólica já havia desaparecido, embora em casos esporádicos
ainda poderia ser observado (como visto no Capítulo 1 com o caso de Gottliebin
Dittus e o Pastor Blumhardt), e duas neuroses típicas dos anos oitenta
século X declinou rapidamente. Os vapeurs das mulheres da sociedade dis-
apareceu com a queda da aristocracia e a hipocondria, que
tinha sido a neurose masculina da moda. gradualmente tornou-se antiquado.
Mas uma nova entidade de doença tomou o seu lugar. Ele apareceu pela primeira vez sob o nome
de .. síndrome de desgaste. "Conforme apontado por Ilza Veith, 171 a inglesa
o médico James Johnson a descreveu em 1831 como uma doença peculiar à
os ingleses em oposição aos seus vizinhos franceses, e atribuíram isso aos
esforço excessivo físico e mental e as múltiplas tensões resultantes
da vida contemporânea na Inglaterra sob o impacto da
Revolução. 1 7 2 Johnson enfatizou o papel desempenhado pelo excesso de trabalho, falta de
exercícios ao ar livre e a fumaça escura pairando sobre as cidades. Ele viu
nenhum remédio para isso, exceto relaxamento anual e viagens ao exterior.
Em 1869, uma doença um tanto semelhante, a neurastenia, foi descrita em
os Estados Unidos por George M. Beard. 173 O sintoma básico de neur
astenia, disse ele, era exaustão física e mental manifestada no
impossibilidade de realizar trabalho físico e mental. O paciente com
planícies de dores de cabeça. neuralgias. uma hipersensibilidade mórbida ao clima,
ruído, luz a presença de outras pessoas, e qualquer tipo de sensorial ou
estímulos mentais. insônia. perda de apetite, disfagia, distúrbios de
as secreções. e tremores dos músculos. A neurastenia, porém, era
compatível com uma longa vida. Um dos pacientes de Beard, um ativo setenta
homem de negócios de um ano de idade ... tinha sofrido com isso todos os dias no passado
cinquenta e cinco anos. Beard atribuiu primeiro neurastenia a uma desfosforização
do sistema nervoso. Como terapia, ele recomendou um uso abundante
de tônicos físicos e químicos "do sistema nervoso, incluindo
exercício muscular. ..eletrização geral, '' fósforo, estricnina e
arsênico. Mais tarde, Beard revisou sua descrição. Ele agora viu neurastenia
Página 62
como uma neurose essencialmente americana. 174 Suas causas estão no clima
(extremos de calor e frio. umidade e secura, eletricidade no ar)
e, acima de tudo, no modo de vida peculiar da América do Norte. um jovem e
nação em rápido crescimento com liberdade religiosa ("liberdade como uma causa de ner-
vousness ") em processo de intenso desenvolvimento econômico.
de vida envolvia uma quantidade maior de trabalho. premeditação. e pontualidade,
um aumento na velocidade da vida (ferrovias. o telégrafo). e também o
repressão da emoção ("um processo exaustivo"). Beard previu que
a neurastenia alcançaria o velho continente se a Europa se tornasse
Americanizado. Em publicações posteriores. Beard reinterpretou neurastenia em
termos do equilíbrio da energia nenosa própria dos indivíduos. tem
pessoas com recursos muito pequenos. ele disse. e há '' milionários
de força nervosa. ”“ Alguns têm uma pequena quantidade de força de reserva. outros um grande
montante. "Homens. Como baterias. Precisam de uma força de reserva. E homens. Como morcegos
teries. precisa ser medido pelo valor da reserva. e não por
o que são obrigados a gastar na vida cotidiana. "Beard gostava de
expressar essas idéias com comparações financeiras. "O homem com um pequeno
a renda é muito rica, desde que não haja cheque especial na conta, então
o homem nervoso pode realmente estar bem e em boas condições de funcionamento, desde que
ele não usa seu estoque limitado de força nervosa. "Por outro lado,
"um milionário pode tirar muito dinheiro de seus fundos e ainda assim manter uma grande
excedente. "O que importa, portanto. não é gastar mais força do que um
pode pagar. Um neurastênico é uma pessoa que está sacando sua conta
e. se ele persistir. ele entra em falência nervosa. " É digno de nota
que tanto a noção do orçamento das forças nervosas quanto a compreensão financeira
parisons foram encontrados novamente de uma forma mais sistematizada no
escritos. Na descrição de Beard. neurastenia era uma doença própria de
homens. As mulheres se beneficiaram do que Beard chamou de uma "posição social incomum
ção "de modo que, em suas próprias palavras." a beleza fenomenal do americano
menina do tipo mais elevado "\\ como a contrapartida dos fatores sociais que fizeram
neurastenia prevalente entre os homens. Em uma obra póstuma. ele colocou um
maior ênfase na etiologia sexual da neurastenia. 175
Beard foi um dos primeiros, senão o primeiro médico a buscar uma dinâmica
explicação psicológica do alcoolismo. O século XIX viu um
extremo crescimento e disseminação do alcoolismo. e médicos em todos os lugares
descreveu e classificou as diversas condições decorrentes da ingestão de
álcool. Os patologistas descreveram as lesões. mas ninguém parece ter
vestigou o problema de por que os homens cientes dos perigos do álcool recorreram
para beber. Beard sugeriu que os homens começassem a beber quando havia
uma discrepância entre o esforço que eles tiveram que fornecer e a quantidade de
força nervosa que sentiam dentro de si. 176 Curiosamente, um
teoria semelhante da psicogênese do alcoolismo foi mais tarde
colocado por Janet.
As ideias de Beard tiveram grande sucesso. Não era apenas a neurastenia um
Página 63
doença de profissionais e trabalhadores, mas era a neurose de

a própria vida moderna. Sanatórios para seu tratamento foram erguidos na América
e na Europa. Contudo. na medida em que a neurastenia se tornou um
diagnóstico mais difundido sua origem foi atribuída mais a constitucional
fatores e outros fatores além do trabalho árduo, por exemplo, a dis-
turbâncias e masturbação.
Os estudos clínicos de Beard sobre a neurastenia foram mais bem-sucedidos do que o
terapias que ele propôs contra a doença. Foi dado a outro americano
pode o médico, Silas Weir Mitchell (1829-1914), para elaborar um padrão
método para sua cura. 1 77 Weir Mitchell, que se tornou conhecido como um dos
Neurologistas mais importantes da América, tinham o mais elegante
prática. 1 7 " Seu método 179 era baseado em descanso, isolamento e alimentação
cura. O paciente foi isolado em um sanatório, deitado na cama, recebeu um
dieta rica. e submetido a pelo menos uma hora de massagem diária. Em ordem
para compensar os efeitos do descanso prolongado e dieta rica, massagem
e eletricidade foram consideradas partes indispensáveis do tratamento pro-
grama. Este tratamento pode durar meses e às vezes anos, e
tornou-se moda entre os ricos. Recebeu o apelido
"método do Dr. Diet e Dr. Quiet." Weir Mitchell aparentemente não
suspeito que uma boa parte do sucesso terapêutico desse método pode ser
atribuído ao forte relacionamento psicológico, que foi estabelecido entre

o paciente e o massagista.
No final do século XIX, duas condições eram universalmente
consideradas as principais neuroses: histeria e neurastenia, a primeira
sendo principalmente uma neurose de mulheres. o último predominantemente uma neurose de
homens. Histeria e neurastenia foram frequentemente descritas lado a lado e
contrastados uns com os outros. No entanto, este conceito foi criticado e esforços
foram feitos para delinear outros tipos específicos de neurose.
Mesmo antes da descrição de Beard da neurastenia, Benedict Augustin
Morel (1809-1873) havia descrito uma nova neurose sob o nome de
de / ire emotif (delírios emocionais). 180 Ele deu um caso notável
histórias dessa condição supostamente nova, que ele considerava uma
doença do sistema vegetativo. Depois de Morel, "ilusão emocional" foi
recebeu o nome de "fobia" e houve uma competição pelo isolamento
e descrição de novas subformas de fobia: agorafobia, claustrofobia,
topofobia. e similar. A situação nosológica dessas fobias era
controversos, e muitas vezes foram incorporados como subformas da neurastenia.
Em 1873. Krishaber descreveu 38 observações de um novo tipo de neurose,
que ele chamou de neuropatia cerebra-cardíaca. 181 Seus pacientes foram repentinamente
denly tomado por acessos de ansiedade. batimentos cardíacos e tonturas. Eles
também sofria de insônia e pesadelos. Esses sentimentos de ansiedade
não estavam relacionados a nenhum objeto definido de medo, como foi o caso com
fobias, e essa neurose era obviamente idêntica ao que foi mais tarde
chamada neurose de ansiedade.
Página 64
Com o avanço do século, o campo da neurose parece ter

tornam-se cada vez mais complexos. Além das duas grandes neuroses, a histeria
e neurastenia, havia agora uma infinidade de casos neuróticos que foram
difícil de classificar. Com o desenvolvimento da indústria e a multiplicação
de acidentes industriais de um lado, e o desenvolvimento de seguros
empresas de outro, surgiram neuroses traumáticas que os autores classificaram
sob o título histeria ou neurastenia. Mais e mais,
"medicina oficial" estava em busca de novas teorias e novos
métodos para essas neuroses.
Essa era a situação por volta de 1880, e explica, pelo menos para um certo
extensão, o repentino renascimento do interesse pela hipnose. Ele esperava-se que hypno-
sis forneceria uma nova solução para os problemas das neuroses. Mas como nós
veremos, esta esperança permaneceu insatisfeita, e foi dada a Janet e
Freud para encontrar novas maneiras de abordar esse velho problema.
Conclusões
A história da psiquiatria dinâmica torna-se totalmente inteligível somente após

considerando sua base sociológica, econômica, política, cultural e médica
motivos.
No final do século XVIII, as populações da Europa eram
divididos em rígidas classes sociais, sendo as duas classes principais as de
aristocratas e plebeus. Isso explica porque o magnetismo animal assumiu
características diferentes
as distintas damas de sua com Mesmer
clientela e com Puysegur.
aristocrática, MesmerAo tratar crises,
provocou
que eram na verdade ab- reações de sua neurose da moda, os vapeurs.
Quando Puységur tratou seus camponeses, ele provocou sono magnético, um
fenômeno que expressa uma relação de autoridade e subordinação ser-
entre o senhor aristocrático e seu servo camponês, uma relação que
não estava isento, entretanto, de uma característica peculiar de negociação. Mesmer's
baquet, um aspirante a aparato físico, apelou para os contemporâneos
o gosto da aristocracia pela física amadora. Árvore magnetizada de Puységur
encaixado no folclore camponês e sua crença nas árvores sagradas. A derrubada
da aristocracia e a subsequente ascensão da burguesia resultou na
propagação de uma forma mais autoritária de caráter individual e coletivo
psicoterapia, a sugestão hipnótica.
O nascimento da psiquiatria dinâmica também pode ser entendido como um mani-
festa da vitória do movimento cultural do Iluminismo
sobre o espírito do Barroco na fortaleza deste último, a Áustria. o
as vicissitudes da psiquiatria dinâmica durante o século XIX podem ser
considerados como manifestações da luta entre o Iluminismo
(que enfatizava o culto da razão e da sociedade), e Romantismo
(que enfatizava o culto ao irracional e ao individual). Romano-
filosofia tic e psiquiatria exerceram uma influência particularmente grande sobre
psiquiatria dinâmica. Após a crise política e cultural de meados do século,
Página 65
O romantismo foi derrotado e deu lugar ao positivismo, que chegou tarde

ramificação da filosofia do Iluminismo; portanto, um declínio temporário de
psiquiatria dinâmica.
Enquanto isso, a Revolução Industrial, o crescimento do proletariado,
e o crescimento do nacionalismo promoveu o advento de duas novas doutrinas:
Darwinismo (e sua distorção do darwinismo social) e marxismo. Estes
duas novas ideologias também se refletiram na psiquiatria dinâmica. Todos estes
mudanças também encontraram expressão na forma de neuroses, das quais novos
tipos desenvolvidos: neurastenia e fobias, trazendo consigo a necessidade
para novos métodos de psicoterapia.
Por meio da ação combinada de todos esses fatores, um novo tipo de dinâmica
a psiquiatria substituindo a primeira finalmente surgiu. As circunstâncias
que precedeu e acompanhou seu nascimento precisa de um exame mais detalhado e
será tratada no capítulo seguinte.
Notas
1. Louis-Antoine de Bougainville, Voyage autour du monde (2ª ed.; Paris: Saillant

et Nyon, 1772). Ver particularmente II, 44-47, 86-88.
2. Denis Diderot, Supplhnent au voyage de Bougainville (1772), em Oeuvres, ect.
Plelade (Paris: Gallimard, 1957), pp. 993-1032.
3. Henri Carre, La Noblesse en France et / 'Opinion Publique au XVI / Je sih-! E (Paris:
Champion, 1920).
4. Alexandre Bertrand, Lettres sur Ia physique (Paris: Bossange, 1825), pp. 422-432.
5. Joseph Raulin, Traite des affections vaporeuses du sexe, avec / 'exposition de leurs
sintomas, causas de leurs difjhentes, et Ia methode de les guhir (2ª ed.; Paris:
Herissant, 17 59).
6. Pierre Pomme, Traite des affections vaporeuses des deux sexes, ou maladies ner-
veuses vulgairement appelees IIWIIX de nafs (Paris: Desaint et Saillant, 1760).
7. Paul Sebillot, Le Folk-Lore de France (Paris: Guilmoto, 1906), III, 367-442.
8. Aubin Gauthier, Traite pratique du magnetisme et du somnambulisme (Paris:
Bailliere, 1845), pp. 154-162.
9. Gustave F1aubert, Bouvard et Pecuchet (1881), em Oeuvres complete, II, ed.
Plelade (Paris: Gallimard, 1952), 888-891.
10. Viscount du Boisdulier, Carta de 22 de maio de 1963.
11. Virey, "Magnetisme animal", Dictionnaire des Sciences Medicales, XXIX (Paris:
Panckoucke, 1818), 495, 547.
12. Wilhelm MUhlmann, Chiliasmus und Nativismus (Berlin: Reimer, 1961), pp.
215-217.
13. Madame Roland. Oeuvres de J. M. Ph. Roland, femme de l'ex-Ministre de
/ 'lnterieur, I (Paris: Bideault, an VIII). pp. 148-150.
14. Expose des difjerentes cures op (; ree.1 depuis le 25 d'aofit 1785 .. jusqu'au 12 du
mois de juin 1786 ... (2ª ed.; Estrasburgo: Librairie Academique, 1787).
15. Suite des cures faites par difjhents magnetiseurs, Membres de Ia Societe Harmo-
nique des Amis-Reunis de Strashuurg (Estrasburgo: Lorenz et Schouler, 1788), vol. II.
16. TS Ashton, The Industrial Rn · olution, 1760-1830 (New York: Oxford Uni-
versity Press, 1948). Paul Mantoux, La Rh-olution industrie / le au XVII / e siec / e (1906)
(edição revisada; Paris: Genin. 1959).
17. Walter Prescott Webb, The Great Frontier (Boston: Houghton Mifflin, 1952).
27/01/2021 No limiar de um novo
Página 1
No limiar de um novo
O PERÍODO DE 1880 a 1900 foi crucial em dois aspectos. isto

foi então que a primeira psiquiatria dinâmica foi finalmente reconhecida por
"medicina oficial" e que adquiriu uma grande difusão; foi também o
período do alvorecer de uma nova psiquiatria dinâmica. A história daqueles dois
processos não podem ser separados do novo social, político e cultural
contexto.
O mundo em 1880
A face geral do mundo mudou radicalmente no curso de
o século, com a Revolução Francesa e as guerras napoleônicas; a
ascensão de novos estados nacionais; o rápido progresso da ciência, indústria e
comércio; e a exploração das restantes regiões desconhecidas do
mundo. Prevaleceu a sensação de que a cultura humana estava chegando ao auge.
No entanto, em retrospecto, esse mundo era em muitos aspectos muito diferente
do nosso, e é preciso um esforço real para visualizá-lo como era.
Acima de tudo, prevalecia um sentimento de segurança enraizada. Apesar
de guerras locais e limitadas, greves de trabalhadores, agitação socialista e o an-
tentativas criminosas de arquivistas, o mundo parecia inabalável. O mesmo foi
verdade em questões econômicas, apesar das crises periódicas. Não houve problemas
de desvalorização ou de variações nas taxas de câmbio entre as
moedas. Como as transações financeiras foram realizadas com moedas de ouro, dinheiro
parecia ser algo constante, confiável e universal e duradouro
valor. Apesar das rivalidades nacionais, naquela era de "paz armada",
Áries quase podia ser esquecido às vezes; qualquer um poderia deixar sua residência
a qualquer momento e, desde que ele pudesse pagar, viajar para qualquer parte do
mundo sem passaporte, visto ou qualquer outra formalidade (com a única exceção
da Rússia e da Turquia). Esta base de vida firme e estável também foi refletida
na arquitetura: edifícios de bancos e hotéis foram construídos com paredes como
254
Página 2
No limiar de uma nova psiquiatria dinâmica 255
fortes como as de uma fortaleza, as vilas privadas costumavam ser cercadas por pedras
paredes. A vida parecia tão segura que muitas pessoas perderam o interesse pela vida social e
problemas políticos e vividos no dia a dia.
Houve uma forte ênfase na dominação masculina. Era um mundo moldado
de homem para homem, em que a mulher ocupava o segundo lugar. Direitos políticos
para as mulheres não existia. A separação e dessemelhança dos sexos era
mais nítido do que hoje. O exército era uma organização exclusivamente masculina - um
serviço auxiliar feminino era inédito. Funcionários de escritório, incluindo
secretários, eram todos homens. As universidades não admitiam alunas
(os primeiros apareceram no início de 1890). Havia muitos gentis
clubes masculinos, e mesmo em encontros sociais mistos, os homens iam ao
sala de fumar enquanto as senhoras foram para a sala de estar, uma vez que o jantar foi
sobre. As virtudes masculinas (ambição, agressividade, dureza) foram exaltadas
na literatura. As maneiras viris incluíam o uso de barba, bigode,
ou bigodes, andar com bengala ou bengala, a prática de atletismo, cavalo
back-riding e esgrima, ao invés de outros esportes que são mais difundidos
hoje. Outro costume viril, o duelo, existia entre os oficiais, em alemão
associações de estudantes e em certos círculos aristocráticos e de "alta vida".!
No entanto, as mulheres tinham seus salões, seus comitês, seus diários e
os trens tinham compartimentos especiais para senhoras. Mulheres que usavam calças compridas, usavam
seus cabelos curtos, ou esfumados, dificilmente eram encontrados. Autoridade do homem sobre
seus filhos e também sobre sua esposa eram inquestionáveis. Educação era
autoritário; o pai despótico era uma figura comum e era particularmente
visível apenas quando ele se tornava extremamente cruel. Conflitos entre gêneros
ções, especialmente entre pais e filhos, eram mais frequentes do que hoje.
Mas o autoritarismo era uma característica da época e reinava em todos os lugares,
não só na família. Os militares, magistrados e juízes gostaram muito
prestígio. As leis eram mais repressivas, os jovens delinquentes severamente punidos,
e o castigo corporal era considerado indispensável. Tudo isso deve ser
considerada a respeito da gênese do complexo de Édipo de Freud.
Algumas classes eram divididas de forma mais estrita do que hoje. O aris-
tocracia, embora privada de autoridade factual, gozava de muito prestígio,
especialmente na maioria dos países que tiveram uma realeza ou imperial
quadra. (Na Europa, apenas a França e a Suíça eram repúblicas.) Mas
em todos os lugares, a classe dirigente era a alta burguesia. A maior parte
da riqueza e do poder político estava em suas mãos, e controlava a indústria
e finanças. Abaixo da burguesia estavam as classes trabalhadoras. Para ter certeza,
as condições dos trabalhadores melhoraram muito desde o início do
século, mas, apesar do progresso feito, os trabalhadores eram muito mais pobres do que
eles agora são e também eram menos protegidos por leis sociais. O trabalho
as horas eram longas; muitos trabalhadores se sentiram explorados e as manifestações durante
greves ou no primeiro de maio muitas vezes ocorreram em uma atmosfera "carregada".
O trabalho infantil foi proibido, mas o trabalho feminino e as fábricas exploradoras
não eram mitos. As condições materiais do campesinato também foram amplamente im-
Página 3
provado, mas não o suficiente para evitar um fluxo constante de agricultores de

emigrar para as vilas e cidades. O empobrecimento ou desaparecimento
do folclore era perceptível em todos os lugares. O degrau mais baixo da escada social
foi ocupado pelo chamado Lumpenproletariado, ou seja, pessoas que viviam
em favelas na maior miséria. Problemas sociais inextricáveis estavam ligados
com a existência dessas classes. Outra característica desse período foi o
existência de um grande número de domésticas. Praticamente toda família burguesa
tinha pelo menos um servo, e famílias ricas e aristocráticas muitas vezes tinham
uma dúzia ou mais. Suas condições materiais eram em geral medíocres. o
relacionamento entre senhores e servos não era mais patriarcal,
como tinha sido um século antes, mas principalmente um autoritário e pouco
sentimental.
A dominação do homem branco, celebrada na obra de Kipling, foi inquestionável
citado e proclamado como uma necessidade para o bem-estar dos povos coloniais.
Quando a atenção foi atraída para o rápido desaparecimento da população primitiva
em várias partes do mundo, muitas vezes foi explicado como um triste, mas
conseqüência necessária do progresso ou da luta pela vida. Os objetores
foram rejeitados por frases envolvendo a missão civilizatória dos europeus e
o "fardo do homem branco".
Outra característica era a grande quantidade de lazer usufruída
por certas classes. Não só as mulheres da aristocracia e da burguesia
sociedade não funcionava, mas também havia muitos homens de lazer entre os
aristocratas, ricos e homens de posses. Havia também um
mundo especial de artistas, escritores, jornalistas e pessoas do teatro, que
passou grande parte do tempo em cafés e outros locais públicos. Naquele período
quando nem rádio, nem televisão, nem cinema existia, o teatro
teve uma importância enorme. Grandes atores desfrutaram de imensa popularidade
comparável ao das estrelas de cinema mais famosas de hoje. Uma indústria de publicidade
como existe hoje, dificilmente era conhecido na época, de modo que todo homem tinha que
fazer sua própria publicidade seja por meio de conhecidos jornalísticos, salão de beleza
fofoca, ou tornando-se visível de alguma outra forma. Daí o
modo de vida teatral, poses, violência verbal, brigas públicas e reconcilia-
ções de figuras proeminentes. O trabalho de Marcel Proust capturou o espírito de
aquele tempo em suas descrições daqueles homens e mulheres de lazer, seus carros
riage drives, sua conversa fiada. Muitas vezes se perguntou por que a histeria era tão
freqüente na década de 1880 e declinou rapidamente após 1900. Uma plausível
explicação é que estava de acordo com a maneira teatral e afetada de
vida desse período.
Em um mundo de lazer, o amor era naturalmente uma preocupação primordial dos homens e
mulheres. Não é à toa que o espírito daquela época estava impregnado de refinados
erotismo. Essas pessoas que estavam "apaixonadas por amor" deram aos seus
amoroso intriga o caráter peculiarmente formal ou teatral de seus
período, como visto em sua literatura e teatro (por exemplo, no trabalho de
Arthur Schnitzler). Esta mesma atmosfera gerou modismos repentinos, como
Página 4
a mania da música de Wagner, de Schopenhauer e de Von Hartmann

filosofias do inconsciente, mais tarde para os escritos de Nietzsche, para o Sym-
bolistas, os neo-românticos e outros. Apenas nessa perspectiva particular
pode a origem da nova psiquiatria dinâmica ser compreendida.
O Fundo Político
O nascimento da nova psiquiatria dinâmica também deve ser visto dentro

sua configuração no contexto político do período. O mundo era agora
divididos entre poderes, estados soberanos nacionais, que estavam em duras
competição uns com os outros e ligados por uma complexa rede de tratados
e mudança de alianças.
O poder dominante era o Império Britânico, embora fosse mais e
seguido de perto pelos Estados Unidos. A Marinha britânica controlada
os sete mares, a Union Jack estava voando sobre vastas colônias e territórios
espalhadas pelo globo, a moeda britânica era a mais sólida, e Londres
foi o maior centro comercial e financeiro do mundo. Rainha Victoria,
que em 1876 também havia sido coroada Imperatriz da Índia, foi a incorporação
do poder da Inglaterra e de suas tradições de dignidade e respeitabilidade.
Para as gerações atuais, o espírito vitoriano representa arqui-
estilo tectural, móveis pesados, cortinas pesadas, cerimônias pomposas,
fraseologia solene, preconceitos antiquados e pudor ridículo.
Mas para seus contemporâneos, a palavra "vitoriana" era bastante sugestiva de
"vitória" e, de fato, a Inglaterra era constantemente vitoriosa sobre terras e
mar. O que seus descendentes atuais chamam de hipocrisia era para vitoriana
antepassados, sim, autodisciplina e dignidade. O espírito vitoriano era realmente
o resultado de uma mudança cultural que ocorreu durante os anos cinquenta
anos anteriores à coroação da rainha Victoria em 1837. 2 Ele tinha começado
como uma reação contra a vida dissoluta da sociedade inglesa do século XVIII
e contra o perigo mortal que ameaçou a Inglaterra durante o
Revolução Francesa e o reinado de Napoleão. Um movimento de religiosos
zelo foi iniciado por William Wilberforce, um membro infiuencial do Parlamento
que também foi fundamental na abolição do comércio de escravos. O movimento
pela reforma religiosa e moral paralelamente a uma série de movimentos sociais
e reformas educacionais de todos os tipos. 3 Também se sentiu que a Inglaterra, tendo
para governar um grande império, também teve a tarefa de educar gerações de
funcionários públicos eficientes e honestos. Ao contrário das suposições atuais,
as questões sexuais eram tratadas com franqueza na literatura médica e antropológica.
ture. Eles também foram discretamente mencionados na literatura. Longe de ser velho
modelada, a Inglaterra estava no auge de sua força e produziu muitos
personalidades heróicas, construtores de impérios, exploradores e filantropos, também
tantas mulheres notáveis, como Florence Nightingale. Uma necessidade apenas
olhe retratos de personalidades vitorianas e veja suas expressões de silêncio
e energia concentrada. O verso de Longfellow "A vida é real! A vida é séria!"
parecia ser o seu lema. Eles não se ressentiram do fato de que a Inglaterra, sendo
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tão poderoso, tinha muitos inimigos. A Grã-Bretanha também exerceu uma grande atração
sobre os estrangeiros, que zelosamente imitavam as maneiras britânicas. Mas a vitoriana
espírito, que começou antes da Rainha Vitória e prevaleceu durante
a maior parte do século XIX, já estava em declínio acentuado em 1880.
No continente, a principal potência era agora a Alemanha, que, após
tendo sido por vários séculos uma "nação sem Estado", finalmente
alcançou sua unidade. No entanto, isso não aconteceu sob o regime democrático
Parlamento de Frankfort em 1848, mas em 1871 sob a liderança da Prússia
com seu Chanceler de Ferro, Bismarck. Durante sua nacionalidade apátrida, a Alemanha
muitos vacilaram entre dois pólos de atração, Áustria e Prússia.
O primeiro foi eliminado pela vitória da Prússia sobre a Áustria em 1866,
e a unificação alemã foi finalmente alcançada como resultado da
vitória sobre a França na Guerra Franco-Prussiana de 1870-1871. Na Europa
os alemães até então eram considerados uma nação de românticos, músicos,
filósofos, poetas e cientistas altruístas; agora, depois que eles chegaram a um
plena consciência política, muitas vezes davam a impressão de ser um agressor
sive pessoas que apenas respeitavam a força. A população alemã aumentou
enormemente, apesar da incessante emigração maciça para a América. Lá
foi uma expansão industrial e comercial extraordinária, e a Alemanha
construiu um exército gigantesco e bem treinado. Agora, porém, o outro
As nações europeias compartilharam entre si o melhor do ter-
territórios, e Alemanha, que entrou na competição colonial apenas no
1890, teve que se contentar, a contragosto, com as sobras. Então, lembrando
que a Alemanha possuía uma poderosa marinha na Idade Média, o Imperador
Guilherme II decidiu construir um novo, para grande aborrecimento da Grã-Bretanha.
O ressentimento da Alemanha foi aumentado pelo medo da vingança francesa e
Ambições da Rússia. Com o passar do tempo, os alemães ficaram obcecados com
o medo do "cerco" pelas forças combinadas da França, Inglaterra,
e a Rússia. A liderança alemã permaneceu quase incontestável no
campos da ciência e da cultura, com exceção das artes plásticas em que
os franceses prevaleceram. Alemão se tornou a língua científica mais importante
do mundo ocidental, na medida em que a falta de seu conhecimento poderia
ser uma deficiência severa para os cientistas em muitos campos (incluindo psicologia
e psiquiatria).
A vitória da Alemanha sobre a França na guerra de 1870-1871 foi desastrosa
consequências para a Europa. Aos olhos de muitos alemães, a anexação de
A Alsácia foi apenas uma reconquista do antigo território alemão "roubado" por Luís
XIV (o que, no entanto, não justificou a anexação simultânea de um
grande parte da Lorena francófona, de importância estratégica).
Mas, sob Napoleão III, a França havia proclamado o direito de auto-
determinação dos povos, princípio que os franceses haviam aplicado quando
assumindo as províncias de Sabóia e Nice em 1860. Desde a população
da Alsácia e da Lorena manifestaram claramente seu desejo de ser francês,
sua anexação pela Alemanha foi considerada pelos franceses como uma
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tanto anacronismo quanto crime, e eles permaneceram irreconciliáveis. A col-

sentimento coletivo de inferioridade permeou a França após sua derrota por
Alemanha e sua posição inferior em relação ao Império Britânico. Mas encontrou
compensação parcial através da aquisição de um novo império colonial,
por meio de brilhante prosperidade financeira e por meio de sua cultura e ciência
realizações fic que desafiaram as da Alemanha. Em contraste com o caule,
alemães disciplinados e autoritários, os franceses afirmavam personificar
criatividade instantânea e liberdade intelectual. Uma característica peculiar da França
foi a extraordinária concentração da vida intelectual de todo o
país em sua capital. Arte, música, literatura e ciência floresceram em Paris,
a Ville Lumiere, que os franceses consideravam a capital dos civilizados
mundo. Embora a língua francesa estivesse gradualmente perdendo sua antiga
ponderância, ainda era amplamente utilizado e permaneceu como a língua oficial
da diplomacia internacional. Aos olhos de muitos franceses, seu país
foi o campeão do "espírito", enfrentando o pesado "culto alemão do
força. "Mas a população da França não aumentou como a de outros
países, que contribuíram para a imagem estereotipada da França como um "de-
nação clining ", sentimento amplamente difundido na Alemanha.
Na Europa central, a monarquia austro-húngara ocupou uma vasta área
entre a Alemanha no norte, Suíça e Itália no oeste, Rússia
no leste, e as novas nações dos Balcãs e a Turquia no sul. Austro-
A Hungria não era um estado nacional unificado, como a França ou a Alemanha,
mas foi descrito como "um mosaico de nações e restos de nações"
misturado da maneira mais complexa. A opinião atual muitas vezes vê o
Monarquia austro-húngara tão ridiculamente antiquada com sua
Corte e sua aristocracia que ainda conservou tradições do barroco.
É acusado de ter "oprimido" algumas de suas nações e, às vezes,
pelo contrário, de lhes ter concedido demasiada liberdade. Na verdade, como
bem expresso por Somary, longe de ser um anacronismo político, o Austro
A Hungria estava bem à frente de outros países ao estabelecer o que
hoje ser chamado de "estado supranacional", pelo qual aqueles que hoje lutam
Estudo de unificação da Europa com admiração. 4 Depois que o Imperador renunciou
seu poder absoluto em 1859, e após alguns anos de crises, o Império
recebeu uma constituição baseada no Ausgleich ("compromisso") de
1867. O Império foi dividido em dois estados com direitos estritamente iguais,
ambos sujeitos ao mesmo soberano que foi imperador da Áustria e
"Rei apostólico" da Hungria. Cada um desses estados compreendia um dominante
nação e várias minorias nacionais. Os dois estados estavam unidos, não só
através de sua lealdade ao seu soberano, o Imperador Habsburgo, mas por um
Governo "Imperial e Real" (KuK) , que foi responsável por
certos assuntos como guerra e diplomacia. Os assuntos internos eram o
responsabilidade na Áustria do governo "Imperial-Royal" (KK) e
administração, e na Hungria do governo "Real" (Kngl.) e
administração. As relações entre a administração central e
Página 7
os minícios nacionais dentro de cada um dos dois estados eram governados por
regulamentos complexos. A maioria das minorias nacionais eram turbulentas e
exigente, e foi uma preocupação constante do governo dos estados
conceder-lhes tantos direitos quantos considerasse necessários ou admissíveis sem
perturbando a coesão do Império. A unidade dessa vasta política
estrutura foi assegurada, não apenas por sua lealdade ao imperador Franz-Josef,
mas também por um serviço público eficiente e pelo exército. O austro-húngaro
a monarquia era considerada por alguns como um castelo no ar que desabaria
ao menor toque, e por outros como um milagre da sabedoria política e
um elemento indispensável do equilíbrio europeu. Muitos austríacos e
Os húngaros consideravam seu país como o posto avançado da civilização.
Problemas espinhosos resultaram da proximidade da Turquia. Por causa do
A corte despótica de Sultan com seu harém e eunucos, e o mas- periódico
sacros dos armênios e outras comunidades cristãs, a Turquia não era
considerado um país civilizado. Mas a decomposição do Império Turco,
chamado homem doente da Europa, deu origem a países recém-independentes
cuja turbulência e agressividade eram uma ameaça à paz. Mas o dual
monarquia se sentiu ameaçada pela Rússia, cujo governo, enquanto oprimia
as minorias eslavas dentro de seu próprio território, afirmavam ser seu protetor
e encorajou sua rebelião fora.
A monarquia austro-húngara abraçou uma grande e diversificada
país com toda a gama de paisagens, do litoral às montanhas,
planícies amplas, lagos e florestas. e três belas cidades históricas, Viena,
Budapeste e Praga. A capital do Império e a sede de uma gloriosa
e antiga corte, Viena era uma das cidades mais famosas do mundo.
Apesar do caráter multilíngue da monarquia, o alemão foi o seu
língua principal, sendo falada na corte e tendo prestígio cultural.
Viena foi a sede de muitos cargos públicos, um importante centro diplomático,
um local de grande concentração cultural onde o nível de escolaridade era
extremamente alto. Numerosos artistas, músicos, poetas, escritores e dramaturgos,
bem como cientistas da mais alta distinção viviam lá. Por causa do
fluxo constante de pessoas pertencentes às várias minorias do Império,
a vida em Viena era muito pitoresca. Mas muitos de seus habitantes levaram um pouco
tipo de vida provinciana. A população vienense, muito diferente da
alemães frios, severos e disciplinados, era cordial, descontraído, bem-humorado,
e gosta de piadas. Eles falavam alemão com um sotaque específico e usavam
termos e expressões idiomáticas particulares que constituíam o chamado "dia vienense
lect. "Uma característica típica da vida vienense eram os cafés, que naquele
o tempo ainda era frequentado apenas por homens. Muitos desses cafés tinham uma
clientela de uma determinada classe social, ocupação e visão política.
Na Europa Oriental, a Rússia era um império em rápida expansão, e depois
a emancipação de mais de vinte e dois milhões de servos pelo czar Alexandre II
em 1861, também se tornou o cenário de um rápido processo industrial e comercial
expansão. O governo autocrático concedeu uma série de liberdades
Página 8
para o povo. As artes estavam florescendo. A Rússia produziu alguns dos

maiores escritores e cientistas ilustres do mundo em várias disciplinas,
incluindo psiquiatria. Duas outras características merecem menção especial. Primeiro é

o fato de que, enquanto no resto da Europa as classes mais altas olhavam para baixo
sobre o campesinato, havia entre a intelectualidade russa uma ampla
crença de que as pessoas eram a fonte de toda a cultura. Sob o lema "o
voltar ao povo ", muitos intelectuais e artistas tentaram renovar seus
inspiração naquela fonte ainda intocada. Na verdade, o campesinato russo
ainda gostava de seu rico folclore e artes populares, e era dotado de
um senso inato de beleza. Uma segunda característica foi que a Rússia foi a escolhida
base para o "niilismo", uma tendência que pode ser definida como um fascínio por
a ideia de destruição. Fontes remotas de niilismo podem ser rastreadas até
o genocídio em larga escala perpetrado pelos mongóis, que desde a
séculos décimo ao décimo quinto. invadiram mais da metade da Ásia e
A Rússia, massacrou incontáveis milhões de seres humanos, reduziu todo
países a desertos, e destruíram cidades florescentes até o último residente.
Na Rússia, o massacre tornou-se, por sua vez, um método político nas mãos
do Czar Ivan, o Terrível. Mas uma mentalidade apocalíptica se espalhou entre os
pessoas e resultou em autodestruição em massa. Assim, em meados do décimo sétimo
século, os Raskolniki ('"velhos crentes") destruíram suas fazendas e queimaram
até a morte em vez de aceitar certas modificações na Igreja
livros. O Raskolniki inspirou uma série de seitas nas quais autodestrutivas
tendências eram conspícuas (como o Skoptzy ou "autocastra" e
os khlisty ou "autoflagelantes"). Também estava entre as comunidades Raskolniki
que os niilistas políticos se originaram, particularmente o notório Nechayev,
cujo Catecismo Revolucionário é um livro didático na ciência da destruição
da sociedade por meios violentos. ' História política da Rússia do século XIX
século foi dominado pelas atividades de grupos revolucionários mais ou
menos influenciado por tendências niilistas, e o niilismo era uma preocupação geral da
pensadores e escritores. Alguém pode se perguntar se foi por puro acaso
que o conceito de instinto de morte foi expresso por dois cientistas russos
por volta do final do século XIX: o psiquiatra Tokarsky 6 e
o fisiologista Metchnikoff. 7 Para outros europeus, as tendências russas de
o "retorno ao povo" e do niilismo apareciam como traços inquietantes
da alma russa, que não os preocupava diretamente.
A maioria dos europeus ainda considerava seu país como a parte principal da
mundo e a Rússia e a América como estando na fronteira. A imagem
dos Estados Unidos aos olhos europeus, no entanto, mudou muito
desde a época da Revolução Americana. Os franceses, que tiveram em
primeiro olhou para a nova república como sendo um renascimento do grego antigo
ou a democracia romana, agora vista como um experimento político em uma massa
escala. DeTocqueville, um representante da aristocracia francesa em declínio,
estudou o desenvolvimento da democracia americana com paixão
interesse e previu o modelo de governos europeus do futuro.
Página 9
Uma visão romântica da América como sendo a terra de índios nobres e

cowboys despreocupados também eram populares na Europa. e sem dúvida contribuiu
em promover a emigração em grande escala da juventude alemã para os Estados Unidos
Estados. A América também logo foi elogiada por seus engenhosos cientistas, e
na década de 1880, Edison se tornou uma figura popular na Europa. Europeus começaram
olhar com admiração para a economia americana sem precedentes e
desenvolvimento industrial. e pouco antes do final do século, em 1898,
a Guerra Hispano-Americana trouxe a repentina revelação de que os Estados Unidos
Os Estados ocuparam seu lugar entre as principais potências mundiais. Cultura americana
realizações estruturais eram menos conhecidas na Europa. No entanto, como veremos
no capítulo seguinte. o trabalho psiquiátrico de George Beard. e S. Weir
Mitchell, a filosofia de Josiah Royce, a psicologia de William James
e James Mark Baldwin exerceu uma grande influência sobre a dinâmica psíquica
quiatria de Pierre Janet.
Cultura, ciência e universidade
Dois fatos básicos são característicos daquele período: a predominância de

clássico:.: ulture em educação. e a predominância da universidade como
um centro de ciência.
O significado da cultura greco-latina mudou desde o Renascimento
e as eras barrocas. Latim '' não é mais a grande língua universal
para ciência, cultura. Igreja. ou governo. Ele havia perdido sua última fortaleza
quando o magiar foi proclamado a língua oficial da Hungria no lugar do latim
na década de 1840. No entanto, o latim ainda não havia desaparecido como uma linguagem científica:
uma dissertação em latim permaneceu obrigatória para as letras de doutorado em
França até 1900. Além da dissertação principal em francês, Bergson,
Durkheim, Pierre Janet e outros. ainda tinha que escrever uma tese em latim. isso foi
acreditava que nada "era mais importante do que transmitir um completo
conhecimento do latim nas escolas secundárias através do método de análise
e síntese. O jovem estudante primeiro teve que memorizar as declinações,
conjugações. e regras gramaticais. bem como o vocabulário. e depois
passou a compor frases. traduzir de e para o latim, escrever composi-
primeiro em prosa e depois em verso. enquanto prestava muita atenção ao seu
estilo para que fosse o mais próximo possível ao do grande romano
clássicos. Depois de seis ou oito anos de estudo, ele teria um perfeito
domínio do latim, mas isso era usado apenas para escrever, quase nunca para
Falando. Algumas pessoas zombaram das "horas desperdiçadas aprendendo
uma língua morta, que não teria nenhuma utilidade na vida ", mas, vista na perspec-
daquele período, encaixou-se perfeitamente na lógica do que era esperado
de uma educação liberal. Como disse o filólogo Wilamowitz-Moellendorf,
era um exercitio intelectualis comparável aos exercícios espirituais
dos Jesuítas. 8 Era um método de adquirir uma capacidade cada vez maior
para concentração mental e síntese mental. que também pode ser com-
em comparação com o estudo da matemática. Homens que passaram por esse treinamento
Página 10
tornaram-se capazes de construir uma vasta síntese própria. É assim

podemos entender essa Janet. Freud ou Jung estavam bem preparados para o
construção de uma construção de conhecimento imensamente sistematizada. Outro
vantagem desta educação e cultura clássicas é que ela proporcionou a
estudante com a chave da antiga cultura greco-romana e de tudo
que tinha sido escrito em latim no curso de vinte e cinco séculos. Janet
que
nos leram
textos as obras dee Bacon
originais. em liam
Jung. que latim.osFreud que leumedievais
alquimistas livros antigos sobre bruxaria
em seus
difícil latim. não houve exceção entre os homens educados naquela época. o
o ensino de latim teve precedência sobre o de línguas estrangeiras, be-
porque aprender latim significava adquirir um conhecimento das próprias raízes
cultura nacional, enquanto aprender uma língua estrangeira estava adquirindo
conscientemente o padrão de pensamento de uma cultura estrangeira. Um francês, um
Inglês, ou alemão que teve uma educação clássica foi assim
mais francês, inglês. Alemães do que seus descendentes atuais, mas
eles eram ao mesmo tempo mais europeus porque todos eles compartilhavam o
conhecimento da base comum de suas respectivas culturas. Eles também
compartilharam um tesouro comum de seu conhecimento dos clássicos. Eles
foram capazes de reconhecer muitas citações e alusões do grego e
Autores latinos, que poucos fariam hoje. Por exemplo, lá
não foi nada extraordinário em colocar uma epígrafe a um livro científico
um verso de Virgílio, como Freud fez em sua Interpretação dos Sonhos. Não somente
Rousseau ou Puysegur. mas também contemporâneos, como Frazer ou Myers,
fiz assim. Esses homens esperavam que o leitor entendesse a citação, para
localize-o no contexto do poema. e entender o significado.
Além do estudo da cultura greco-romana antiga, muito tempo
foi dado ao estudo de clássicos nacionais e estrangeiros. Na França, um trabalho
o conhecimento do alemão era considerado indispensável para qualquer intelectual.
Na Alemanha, o conhecimento do francês era considerado essencial. e
familiaridade com Goethe e Shakespeare uma coisa natural. Outro
elemento básico da filosofia da cultura. Na França, o último ano do
o liceu foi dedicado ao seu estudo; na Alemanha e na Áustria, aqueles que aspiram
para o doutorado teve que fazer um curso obrigatório de filosofia.
O principal centro de ciência e cultura era a universidade. Cada
homem culto tinha ido para uma universidade, e uma carreira científica era necessária
necessariamente vinculado à carreira universitária. Exceções como Bachofen e
Darwin eram muito raros (ambos os homens tinham a vantagem de um substancial
fortuna pessoal). Não era tanto o objetivo da universidade se formar
especialistas. mas sim desenvolver homens de cultura geral que se especializaram
em um ramo da ciência. Ele enfatizou o valor da pesquisa imparcial.
A pesquisa "pura" muitas vezes tinha mais status do que a pesquisa "aplicada", especialmente
se essa pesquisa aplicada estava sendo realizada fora da universidade.
Dentro da universidade, os professores gozavam de ampla autonomia e havia
um respeito geral pelas profissões eruditas, pelo menos na Europa continental.
Página 11
A carreira universitária costumava ser longa e árdua. Foi extremamente

raro que um acadêmico seja nomeado professor titular da universidade enquanto
ele ainda era jovem. O Nietzsche de 25 anos, que foi nomeado
em 1869, foi uma exceção notável. Não só havia uma competição feroz
ção, mas as condições materiais nos graus universitários inferiores eram precárias.
Já havia passado o tempo em que jovens estudantes podiam esperar pela universidade
vagas enquanto ensinava filhos de famílias ricas, tarefa que Fichte,
Hegel e outros não gostaram muito. Na Alemanha e na Europa central,
o sistema vigente era o do Privatdozent, que consistia em
lecionando na universidade com a única remuneração sendo as taxas pagas

pelos alunos que assistiram às palestras. Mesmo no seu melhor, isso poderia
nunca enriquece o palestrante. Assim, o jovem cientista poderia gastar o melhor
anos de sua vida em uma espera tediosa e cansativa pelo tão esperado encontro
mento como Extraordinarius. que pelo menos trouxe consigo algum
segurança. Quanto à nomeação como Ordinário, ou professor titular, que
foi o coroamento de uma carreira universitária de sucesso, houve "muitos chamados
mas poucos escolhidos. "Mais ainda, não bastava ser talentoso ou ser um
trabalhador, também era preciso obedecer a certas regras. Embora fosse necessário
sário para ser ambicioso, não era menos necessário evitar ser o que os alemães
chame o Streber e os franceses de arriviste. Albert Fuchs conta como seu
pai, cuja vida foi devotada à carreira universitária em Viena,
ensinou-o totalmente a distinguir entre essas duas coisas. Esforços para
garantir um título superior na hierarquia universitária pertencia ao legitimamente
ambicioso. mas foi considerado Streberei buscar obter um título de nobreza
ou uma decoração. 9 Fuchs admite que a diferença entre
ambições e Streberei às vezes era bastante nebuloso.
Em suas memórias. Max Dessoir fez um esboço das regras que levam ao sucesso
na universidade na Alemanha por volta de 1885. 10 A maneira mais certa era anexar
a si mesmo a uma personalidade universitária de destaque. Outra forma era escrever artigos
que seria notado por especialistas e através do qual se poderia entrar
contato com personalidades importantes. No entanto, foi aconselhável evitar escrever também
muito e se tornando um "Narciso do pote de tinta." A maneira mais rápida era fazer
pesquisa ativa em uma das tendências prevalentes reconhecidas, que também
significava que era perigoso afastar-se muito dos espancados
faixa. Deve-se também evitar ser muito versátil e tentar, em vez disso, dominar
um campo estreito. Era bom que o nome de alguém fosse sinônimo de
certo livro, certa invenção ou certa teoria. Mas era indesejável
e perigoso ser mais conhecido pelo público em geral do que na universidade
círculos, como foi o caso de Haeckel, que começou um brilhante
carreira universitária, mas cujos escritos populares sobre ciência e filosofia
tinha evocado ataques ferozes de seus colegas.
É óbvio, pela literatura da época, que uma carreira universitária era
repleto de muitas deficiências e que demorou pouco para destruí-lo. o
anatomo-patologista Lubarsch conta como sua carreira foi quase arruinada
Página 12
através de um faux-pas dele. Trabalhando como assistente no Rostock Patho-

instituto lógico, ele perguntou uma manhã "quem era o idiota que havia colocado um
peça anatômica em uma determinada solução química ", para o qual o segundo assistente
respondeu que tinha sido feito por ordem de Herr Professor. Nas próximas
dia, Lubarsch recebeu uma carta do Professor Thierfelder, que, por conta
do insulto dirigido contra ele, imediatamente demitiu Lubarsch de
o Instituto. Lubarsch acrescenta que em alguns campos científicos, como anatomia,
fisiologia, bacteriologia e química. o jovem cientista foi totalmente
dependente do material e da oportunidade de trabalho fornecida por
um instituto. Portanto. ser forçado a deixar o instituto pode equivaler a
ter a carreira arruinada. Também era perigoso mudar repentinamente o
direção do trabalho ou para mudar para outro campo. Assim, Bachofen, que
tinha embarcado em uma carreira promissora como historiador do direito, viu isso
sua carreira foi destruída quando ele publicou seu trabalho sobre tumbas antigas. o
o mesmo aconteceu com Nietzsche. cuja brilhante carreira como filólogo foi
ameaçado quando publicou sua Origem da Tragédia, e definitivamente terminou
quando ele publicou suas obras filosóficas subsequentes. A posse
de uma grande fortuna era também uma espada de dois gumes; poderia fazer os anos
do Privatdozent tolerável, mas complicou as coisas quando o cientista
mais tarde tornou-se seu próprio Mecenas. Surgiram dificuldades, por exemplo, para os físicos
ologista Czermak. que ergueu um grande auditório em Leipzig, em seu próprio
despesa. especialmente projetado para demonstrações experimentais. Obersteiner,
professor de anatomia e patologia do sistema nervoso, lecionou sem
remuneração na Universidade de Viena por trinta e sete anos. Ele fundou um
instituir às suas próprias custas. e depois doou para a universidade todos
seu material, suas coleções e sua biblioteca de 60.000 volumes. Mas ele
experimentou muita resistência e hostilidade por parte da universidade
administração e de alguns de seus colegas. Aqueles que não tinham
a vantagem de possuir uma grande fortuna morria frequentemente na pobreza
apesar de sua fama. Benedikt relata que quando o ilustre patologista
Rokitansky morreu. sua esposa ficou com uma pensão escassa, que era
mais tarde suplementado apenas por causa da intervenção pessoal de Benedikt.
O mesmo se aplica à medicina clínica. Embora um médico pudesse confiar
em sua clientela, isso nunca poderia substituir os recursos científicos fornecidos
por um hospital ou outra instituição oficial.
As inter-relações dos acadêmicos universitários foram marcadas por intensas
rivalidades, paradoxalmente aliadas a um Korpsgeist rígido ou profissional tradicional
solidariedade. Por conta do Korpsgeist, as universidades às vezes mantinham
antigos professores em sua equipe cujo ensino se tornou bastante obsoleto ou
que eram excêntricos ou incapazes. Um exemplo trágico foi o caso do
Hospital Obstetrício da Universidade de Viena nos anos de 1844 a 1850. Centenas
das mães perderam suas vidas lá por causa da febre puerperal endêmica, enquanto
o outro hospital obstétrico anexo à universidade, que funcionava como
a escola de treinamento de parteiras, não mostrou tais registros de mortalidade. O chefe
Página 13
assistente, Dr. Semmelweiss, incansavelmente apontou para a fonte do mal e

denunciou a incapacidade de seu chefe, o professor Johann Klein, contra
a quem nenhuma ação foi tomada, e o colégio universitário, que
auxiliado por pessoas honestas e responsáveis, não interferiu por conta
do Korpsgeist. Quando o professor finalmente saiu, Semmelweiss não recebeu
a nomeação por ter infringido uma regra ética na denúncia
seu chefe. 13 Essa história, que tanto provocou indignação na época,
teve uma contraparte recente na história do Professor Ferdinand Sauer-
Bruch (1875-1951), um cirurgião brilhante cuja vaidade sobre suas capacidades
tornou-se patológico. Em seus últimos anos, um paciente após o outro morria
na mesa de operação sem ninguém ousar intervir. 14
Era inevitável que um sistema que envolvesse tantas dificuldades e competições
Também geraria muita inveja, ciúme e ódio entre os rivais.
Mas esses sentimentos tiveram que ser reprimidos, a fim de se conformar com o oficial
padrões de comportamento. Daí a manifestação de ressentimento tão apropriadamente
analisado por Nietzsche e Scheler. O escritor francês Leon Daudet
descreveu, sob o nome de invidia, o tipo de profissional ressentido
que surgiu entre os escritores, mas sua descrição seria igualmente aplicável
cabo para acadêmicos de seu período. 15 Raramente o invidia
degenera em um conflito aberto entre professores da mesma universidade.
Um dos poucos exemplos é a disputa entre os professores vienenses
Hyrtl e Brucke. Esses dois renomados estudiosos viveram no Anatomy
Instituto, Brucke no andar térreo e Hyrtl no andar superior. Hyrtl
gozava da reputação de ser um dos maiores anatomistas de seu tempo;
ele era extremamente rico, mas igualmente mesquinho, excêntrico e caloroso
detestado por todos os seus colegas. Um prussiano severo, rígido e disciplinado,
Brucke odiava Viena e era odiado por muitos de seus alunos
por sua severidade excessiva. Seu conflito com Hyrtl começou no dia em que
ele anunciou que daria um curso de "anatomia superior" (como
Anatomie). Esta forma de designar histologia atingiu Hyrtl como uma
insulto. Ele começou a usar ferramentas barulhentas quando soube que Brucke tinha
empresa no apartamento abaixo. Brucke retaliou colocando os cães,
em quem ele conduziu experimentos de fome, sob as janelas de Hyrtl, ex-
tentando perturbá-lo com seus uivos. Para sua surpresa, no entanto,
Bri.icke descobriu que os animais não conseguiram perder peso como esperado, até
um dia ele descobriu que Hyrtl secretamente alimentava os pobres animais com carne
que ele atirou para eles de suas janelas. 16 Mas normalmente, dentro do
mesma universidade, professores que não gostavam uns dos outros mantinham uma fachada
de correção, se não de cortesia, e nunca falaram mal um do outro em
público. Mas, de uma universidade para outra, eles se sentiam menos obrigados por
autocontrole e atacariam um ao outro veementemente, seja verbalmente
(um exemplo é o discurso mordaz que Virchow proferiu em Munique contra
Haeckel em 1877), ou na forma de panfletos venenosos. Quando Nietzsche
publicou seu Nascimento da Tragédia, do filólogo Von Wilamowitz-Moel
Página 14
lendorf criticou-o severamente por escrito.17 Amigo de Nietzsche, o filólogo

Erwin Rohde, 18, respondeu com um panfleto virulento começando com o
frase famosa "Quando uma cabeça e um livro colidem e soa vazio,
isso decorre necessariamente do livro? ” 19 Novas ideias e descobertas
às vezes eram aceitos imediatamente com entusiasmo (como o de Roentgen
descoberta dos raios X). mas não raro eles despertavam con tempestuosos
trovérsias. Quando Pasteur inventou seu tratamento preventivo para raiva, ele
foi o objeto de ataques tão violentos por parte do internista Peter que
ele caiu em depressão e teve de tirar alguns meses de férias.
Alemanha. quando Ehrlich descobriu o tratamento para a sífilis com arseno-
benzóis. ele foi atacado impiedosamente por vários anos depois. Certo
tópicos como hipnotismo foram constantemente trazidos de volta à luz e abandonados
novamente por causa de tais ataques. Quando Kratft-Ebing, então professor em Graz,
comecei a trabalhar com hipnose. ele foi furiosamente atacado por Benedikt, que
disse que o submeteria a uma "análise psicológica", isto é, teria
sua personalidade analisada e reconstruída por síntese.21 Qualquer que seja a

explicação, não há dúvida de que houve muito mais violência verbal em
o mundo científico então do que há hoje, e isso deve ser levado em
conta ao julgar as atuais controvérsias contra Freud, Adler e Jung.
No entanto, deve ser dito com toda a justiça que a desconfiança de novas idéias e
descobertas foi justificado mais de uma vez. Seria simples listar os supostos
descobertas que se revelaram errôneas. Com que frequência os arquenlogistas
afirmam ter decifrado a língua etrusca, os físicos têm dis-
cobriram novos raios, médicos uma cura para o câncer ou historiadores da literatura
ter identificado o verdadeiro autor de Shakespe: drama ean. Às vezes e
descoberta errônea induziria outros pesquisadores às mesmas ilusões,
trazendo assim uma falsa confirmação que deveria ser refutada por um mais crítico
inquérito. Isso aconteceu com o físico Blondlot em Nancy, que acreditava
que ele havia descoberto um novo tipo de raios. Raios N. que foram eventualmente
mostrado ser o resultado de uma ilusão. 22 Outra ilusão coletiva, que
foi mais duradouro. foi a alegada descoberta dos canais do
planeta Marte pelo astrônomo italiano Schiaparelli em 1879. Vários
astrônomos de todo o mundo começaram a acreditar que viram esses canais
e outros semelhantes em números crescentes; mapas de Marte foram publicados
mostrando até oitocentos desses canais. A conclusão foi então tirada
que Marte \\ como habitado por seres inteligentes.23 No entanto, ninguém nunca foi
capaz de obter uma fotografia dos canais. Neste caso, a ilusão era mais
tenaz por causa da conotação emocional relacionada ao problema de
a existência de seres inteligentes em outros mundos. Não se deve esquecer
que a ciência oficial também teve que resistir a ataques persistentes por parte de vários
pseudociências como frenologia, homeopatia. e astrologia, que en-
alegre popularidade entre grandes seções do público e do intelectual
mundo.
A intensidade da competição entre os cientistas também explica o
Página 15
amargura dinâmica de contestações de prioridade. Certos cientistas de gentileza

personagem ficaria furioso se alguém publicasse como uma nova descoberta
algo que eles já publicaram. No século XVIII, havia
havia uma polêmica entre Leibniz e Newton sobre a descoberta
do cálculo infinitesimal que amargurou os últimos anos de Newton. Naquilo
caso, tratava-se de uma das maiores descobertas da história da ciência.
Mas, durante todo o século XIX, surgiram controvérsias sobre o
prioridade de assuntos que, em retrospecto, parecem mesquinhos ou ridículos. Raramente
foi uma questão de prioridade concluída na forma generosa como Darwin
e Wallace resolveram sua disputa em 1858 sob os auspícios do Linnean
Sociedade. Também não era muito frequente ver uma descoberta realmente roubada
de seu descobridor, embora vários casos tenham sido relatados. Auguste
Fore! insiste que ele havia descoberto o núcleo de origem do coelho
nervo auditivo em 1884 e enviou um artigo sobre esta descoberta ao Professor
Bechtereff em Petersbourg, que o informou que ele próprio acabara de fazer
a mesma descoberta. e \\ ho publicou algum tempo depois no Neuro-
logisches Zentralblatt. Fore! nunca duvidou que Bechtereff tivesse roubado seu
descoberta. 24 Na maioria dessas controvérsias, no entanto, as disputas eram
sobre a prioridade da descoberta. A regra foi estabelecida que

foi dada prioridade ao primeiro a publicar a descoberta; a data oficial
de publicação foi considerado decisivo. Como resultado, surgiram disputas sobre
o tempo que os autores tiveram que esperar entre a data de envio
o manuscrito e a data de sua publicação impressa nas revistas. Fore!
alegou ter descoberto a unidade da célula nervosa em 1886 e enviado
seu trabalho para o Archiv fur Psychiatrie, que o publicou apenas em janeiro
ary 1887. A mesma descoberta foi feita simultaneamente por His, que
havia enviado seu artigo para outro jornal, que o publicou em outubro de 1886,
com o resultado de que ele recebeu prioridade. Depois deles, Ramon y Cajal,
Kolliker. e finalmente Waldeyer publicou a mesma descoberta, mas o
último. tendo cunhado o termo "neurônio", foi geralmente creditado com isso
descoberta. Circularam 25 boatos de que certos autores não hesitaram
para alterar a data de publicação de seus livros ou panfletos, a fim de garantir
prioridade.
As controvérsias científicas também foram acirradas por paixões nacionalistas. De
início do século. havia crescentes rivalidades entre os alemães
Ciência. Ciência francesa. e ciência inglesa. cada país tentando empurrar seu
0 \\ n cientistas em primeiro plano. A guerra franco-prussiana de 1870-1871
inflamou ainda mais as paixões. Disputas surgiram entre cientistas de ambos
países, às vezes de forma digna entre Renan e David Strauss,
às vezes de forma mais hostil entre Fustel de Coulanges e
Mommsen. Às vezes, havia trocas de insultos. Após sua derrota militar,
os franceses apoiaram Pasteur com suas descobertas que marcaram época em benefício
da humanidade como um símbolo da superioridade francesa no reino do espírito.
A Alemanha opôs Koch a Pasteur. No Congresso Internacional de
Página 16
Higiene em Genebra em I 882, Pasteur leu um artigo em defesa de sua dis-

encobrimentos contra os argumentos de Koch. Ele passou a citar um recueil
allemand (coleção alemã) de jornais sobre higiene. Koch, quem era
entre a assembleia. entendeu Pasteur para dizer orgueil allemand (alemão
presunção). surgiu. interrompendo Pasteur com veementes protestos, para o
surpresa do público que não conseguia entender o que Koch era protesto-
ing26 Não há dúvida de que a ciência havia perdido muito do internacional
caráter que ainda tinha no século XVIII. Tenta criar um novo
a ciência internacional enfrentou dificuldades crescentes por causa da expansão
da ciência, entretanto, e o número crescente de cientistas. No
passado, um estudioso foi capaz de se concentrar por anos em um volume importante,
que seria a síntese da obra e do pensamento de uma vida.
Com o desenvolvimento do movimento científico, veio a era das academias
e sociedades eruditas que se reuniam regularmente nas quais os cientistas anunciavam
sumariamente qualquer nova descoberta assim que a tenham feito. Foi também o
era dos inúmeros congressos, nos quais os cientistas anunciaram apressadamente
coberturas que ainda estavam em construção e resultados que esperavam encontrar. Isto é
geralmente não percebi que os congressos científicos são uma coisa relativamente nova.
Houve reuniões nacionais anuais de associações científicas profissionais,
e também reuniões de cientistas delegados por seus respectivos governos para
a discussão de certos problemas, mas os grandes congressos que tomamos para
concedidos eram bastante novos na década de 1880. 27 Os primeiros congressos internacionais
eram pequenas reuniões. Como um exemplo. o primeiro Congresso Internacional de
A psicologia em 1886 tinha cento e sessenta participantes registrados; o segundo-
ond. em Paris, em I 889, duzentos e dez; a terceira, em Londres em 1892, três
cem; o quarto. em Munique em 1896, quinhentos e três. O oficial
línguas eram o francês. Alemão, inglês e às vezes italiano. Cientistas
de todos os países, era esperado que ele fosse capaz de se entender sem
intérpretes. (não havendo, é claro, tradução simultânea, um procedimento
que nem existia na ficção científica da época).
A história da ciência, como geralmente é ensinada. exalta os vencedores e ignora
os muitos que foram derrotados naquela luta feroz. Alguns dos últimos foram
homens das qualidades mais brilhantes, senão de gênio. Vamos citar apenas um
exemplo, o de Moritz Benedikt (1835-1920), cujas memórias contam um
relato desconsolado de uma vida de frustração científica e profissional em
Viena.28 À primeira vista, Ould parece que Benedikt teve um sucesso
carreira: um pioneiro em neurologia, eletrologia, criminologia e psiquiatria, ele
ensinou na Universidade de Viena, teve uma clientela particular rica, publicou
numerosos jornais, e viajou amplamente em países estrangeiros onde esteve
aclamado como um dos chefes da medicina austríaca. Ele ganhou a admiração
e amizade de Charcot, que deu seu nome a uma doença rara (o Benedikt
Síndrome. que Benedikt foi o primeiro a descrever).
No entanto, as memórias de Benedikt são de um homem frustrado que literalmente
engasga de ressentimento. Ele conta como suas descobertas tiveram, uma após a outra,
Página 17
foi apropriado e desenvolvido por outros cientistas que então colheram o

crédito que era devido a ele; como ele nunca foi nomeado para o cargo de professor
que ele sentia que era seu por direito, e como seus méritos nunca foram reconhecidos por
seus conterrâneos. Ele descreve a hostilidade dos austríacos contra qualquer
tipo de grandeza e lembra sua ingratidão para com grandes artistas, músicos
como Mozart, Haydn, Schubert, o poeta Grillparzer e outros. ele é
inquestionavelmente verdade que a contribuição de Benedikt para a psiquiatria dinâmica foi
de grande valor, como veremos mais tarde.
Ele seria uma grande contribuição para a história secreta da ciência para analisar
em detalhes aqueles fatores que trazem fama para alguns cientistas, esquecimento para outros.
Como exemplo, uma comparação pode ser feita entre Champollion
(1790-1832), que é aclamado como um gênio por ter decifrado o egípcio
hieróglifos e Grotefend (1775-1853) que, embora ele deci-
a antiga escrita cuneiforme persa está quase esquecida hoje. 29
Não há evidências para assumir que havia mais mérito em decifrar o
um em vez do outro. Como então pode a diferença de atitude em relação
eles sejam explicados? Em primeiro lugar, Champollion se beneficiou de um século
antigo mito em torno do antigo Egito. Os hieróglifos (escrita sagrada)
deveriam conter os mistérios de uma prodigiosa e esquecida
sabedoria da antiguidade insondável. Por outro lado, a antiga Pérsia tinha
foi completamente destruído pelos conquistadores islâmicos e mongóis
aquele pouco disso havia sobrevivido. Só mais tarde, com o livro de Fechner Zend-
A
Em vesta e o Zaratustra
segundo de Nietzsche
lugar, os caracteres , ficou umeram
cuneiformes pouco mais
mais na moda.
abstratos e menos decorativos
do que os hieróglifos egípcios altamente artísticos. Terceiro, a doença de Champollion
Covery tinha uma formação política: a expedição de Napoleão ao Egito (ela própria
um episódio mais romântico da história) foi frustrado pelos ingleses,
e a contenda anglo-francesa estava sendo perseguida no campo científico. Enquanto
Estudiosos britânicos estavam na pista, a decifração dos hieróglifos foi
alcançada pela primeira vez por um francês, o que significou uma vingança para a França. Grote-
A descoberta de fencl, no entanto, ocorreu em um momento de falta de receptividade na Alemanha.
muitos. Quarto, a vida do próprio Champollion é repleta de aventuras
e episódios românticos. Ainda criança, ele experimentou a emoção do
Expedição egípcia. Aos doze anos, ele fez um voto solene de que
iria decifrar os hieróglifos. Ele então conheceu um monge egípcio que
ensinou-lhe a língua copta, que logo dominou e conheceu como
bem como sua língua materna quando tinha dezesseis anos. Seu primeiro artigo sobre o
A língua copta foi recebida com entusiasmo no Institut de France.
Quando ele fez sua descoberta decisiva, ele correu para seu irmão, gritando:
"Je tiens / 'affaire! Â · Â · (entendi!), Sobre o qual ele desmaiou e teve que descansar por cinco
dias. Sua descoberta foi celebrada como um triunfo nacional pelos franceses
face aos violentos protestos britânicos. A vida de Grotefend, no confronto
trário, era o filho de um sapateiro que se tornou um professor meticulosamente
em uma pequena faculdade clássica e que não poderia subir no nível acadêmico
Página 18
escada. Sua descoberta foi recebida com incredulidade, suspeita e hostilidade no

parte dos orientalistas, que consideravam inadmissível que tão grande e importante
uma descoberta deveria ter sido feita fora dos círculos universitários. Com muito
esforço, Grotefend foi capaz de publicar parte de sua descoberta, e passou o
resto de sua vida lutando desesperadamente para ganhar o reconhecimento que foi dado
ele só postumamente. Muitos paralelos podem ser traçados em outras ciências
aos destinos de Champollion e Grotefend. Na verdade, no mundo científico,
talvez mais do que em qualquer outro lugar, o versículo de Kipling se aplica: "Triunfo
e desastre. .. esses dois impostores. "
O Profeta de uma Nova Era: Nietzsche

Por volta de 1880, o mundo ocidental estava sob a influência do positivismo,
cientificismo e evolucionismo. As tendências predominantes foram, além do
resquícios da velha filosofia iluminista, darwinismo social, marxismo,
e as novas filosofias materialistas e mecanicistas. Entre o
os principais pensadores foram os utilitaristas e filósofos sociais Herbert
Spencer, John Stuart Mill e Hippolyte Taine. Na literatura, naturalismo
visa reproduzir o mais exatamente possível a imagem da vida e dos fatos como
Balzac tinha feito e como estava sendo feito por Flaubert, Maupassant,
e Zola. Romantismo parecia uma coisa do passado.
No entanto, por volta de 1885, uma nova virada cultural, uma mudança marcante em
a orientação intelectual podia ser sentida em toda a Europa. Ele afetou muitos
aspectos da cultura, e o nascimento da psiquiatria dinâmica mais recente pode ser
compreendido apenas em seu contexto. Friedrich Nietzsche se destaca entre os
líderes deste novo movimento. Nietzsche (1844-1900), era filho de um
Ministro protestante, que morreu quando Nietzsche era muito jovem. De Nietzsche
A primeira vocação foi a filologia greco-latina. Um aluno excepcionalmente brilhante,
ele foi nomeado professor de filologia clássica na Universidade de
Basiléia em 1869 aos 25 anos - um feito lendário. Em 1872 ele sur-
elogiou e decepcionou seus colegas com seu livro O nascimento da tragédia.
Doença obrigou-o a renunciar a seu cargo em 18 de 79. Ele já tinha começado
para escrever uma série de livros em que ele proclamou em um aforístico brilhante
estilo e um tom profético a necessidade de derrubar o valor aceito
ues da sociedade contemporânea, o princípio da vontade de poder, e o
ensinamentos mais obscuros do super-homem e do eterno retorno. Em 1889 ele
foi atingido por paresia geral e passou seus anos restantes no total
alienação mental até sua morte em 1900.
Nietzsche representa em alto grau o que os alemães chamam de problema
natureza atica. isso é. uma personalidade que é difícil de avaliar e dá origem a
opiniões conflitantes. Todo o seu desenvolvimento seguiu um padrão de sucesso
crises cessivas. Após a dramática perda de sua fé cristã no início da juventude,
veio seu entusiasmo por Schopenhauer e Wagner, sua mudança da filologia
à filosofia. e então o rompimento abrupto de sua amizade com Wagner.
Essas experiências combinadas com uma sucessão de severas condições físicas e
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sofrimentos neuróticos, dos quais ele emergia a cada vez com novas filosóficas
concepções. o último dos quais foi seu célebre livro Assim Spake Zara-
thustra. É difícil determinar em que medida as últimas obras de Nietzsche
expressar uma evolução posterior em seu pensamento ou sua distorção por meio mental
doença.
Três fatos contribuíram para conferir uma importância particular na contemporaneidade.
mundo europeu porary em Nietzsche: sua lenda, seu estilo e suas idéias.
A lenda ao seu redor começou em sua vida: a de um homem separando
ele próprio da sociedade, vivendo na solidão nas montanhas suíças como Zara-
thustra em sua caverna, e lançando um anátema na sociedade contemporânea.
30 Então veio sua doença mental que alguns alegaram ser a vingança do destino
luta contra um humano que fingia se elevar acima de seus semelhantes. Depois de
sua morte, a lenda de Nietzsche foi promovida principalmente através do Nietzsche
Arquivos, cujo verdadeiro propósito parece ter sido propagar essa lenda
de acordo com os desejos de sua irmã e um pequeno grupo de seguidores
que não hesitou em publicar versões falsificadas de suas obras póstumas.
31 A lenda de Nietzsche, por sua vez, seria explorada por várias ideologias,
incluindo o nazismo.
A influência da obra de Nietzsche talvez se deva tanto ao seu estilo quanto
ao seu conteúdo, O nascimento da tragédia é o seu único livro cujo esboço
é sempre claro. As seguintes obras foram sucessões de espumantes
aforismos. Assim falou Zaratustra, a história de um profeta e de sua fala
ances, um livro repleto de alegorias e mitos, exerceu um fascínio extraordinário
cinação sobre a juventude europeia entre 1890 e 1910.
As ideias de Nietzsche são particularmente difíceis de avaliar, por causa de
sua falta de sistematização e inúmeras contradições. Não admira
eles deram origem a muitas interpretações conflitantes. Contemporâneos
ficaram impressionados com seu caráter polêmico e com a veemência de Nietzsche

ataques contra as ideologias atuais, a ordem social, a religião estabelecida,
e moralidade convencional. Ele negou a existência de causalidade, natural
leis, e a possibilidade do homem chegar a qualquer verdade, uma conclusão expressa
em um de seus aforismos: "Nada é verdade, tudo é permitido!" Naquilo
perspectiva, o pensamento de Nietzsche tem sido entendido como um sistema radical
do niilismo filosófico e moral. 32 A maioria dos intérpretes de Nietzsche, como-
sempre, considere o aspecto negativo de seu pensamento como sendo uma preliminar para um
reconstrução filosófica do homem, da sociedade e da ética.
Em seus aspectos positivos, Nietzsche é tão importante para seu psicológico quanto
por seus conceitos filosóficos. A novidade da primeira foi tardiamente
reconhecido principalmente através do trabalho de Ludwig Klages,: 13 Karl Jaspers,
34e Alwin Mittasch. 35 Klages chega a chamar Nietzsche de verdadeiro
fundador da psicologia moderna. Thomas Mann considerou Nietzsche ser
"o maior crítico e psicólogo da moral conhecido da história do
mente humana. " 36 Até mesmo suas idéias sobre crime e punição têm sido
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demonstrou ser de grande originalidade e interesse do ponto de vista do mod-

criminologia moderna. 37
Alwin Mittasch descreveu a conexão entre a psicologia de Nietzsche
idéias ecológicas e descobertas contemporâneas sobre energia física. Nietzsche
transposto para a psicologia o princípio de conservação e
transformação de energia. Da mesma forma que a energia física pode permanecer
potencial ou ser realizado, Nietzsche visualizou como "um quantum de
energia represada (psíquica) "poderia esperar até que pudesse ser utilizada, e
como às vezes uma leve causa precipitante pode liberar uma doença poderosa
carga de energia psíquica. A energia mental também pode ser acumulada voluntariamente
com vista a uma utilização posterior a um nível superior. Também poderia
ser transferido de um instinto para outro. Isso levou Nietzsche a considerar
a mente humana como um sistema de impulsos e, eventualmente, a emoção como um
"complexo de representação inconsciente e estados da vontade."
Ludwig Klages caracterizou Nietzsche como um representante eminente
tendência de uma tendência que prevalecia na década de 1880, a "descoberta" ou
"desmascarando" a psicologia, que Dostoiévski e Ibsen desenvolveram em outro
instruções. Era preocupação de Nietzsche desvendar como o homem é um enganador
ser, que também está constantemente enganando seus semelhantes. "Com tudo aquilo que
uma pessoa deixa aparecer, pode-se perguntar: o que é que se quer esconder? o que
deve desviar os olhos de? Que preconceito deve conceber? Quão longe
vai a sutileza dessa dissimulação? Até onde ele se engana em
esta ação? "3 8 Visto que o homem mente para si mesmo ainda mais do que para os outros, o
psicólogo deve tirar conclusões do que as pessoas realmente querem dizer, ao invés
do que pelo que eles dizem ou fazem. Por exemplo, o Evangelho está dizendo: "Aquele que
se humilha será exaltado "deve ser traduzido para", Aquele que
se humilha deseja ser exaltado. "39 Além disso, o que o homem acredita
para ser seus próprios verdadeiros sentimentos e convicções muitas vezes são apenas os restos de
convicções, ou simplesmente afirmações, de seus pais e ancestrais. Assim vivemos
tanto da loucura quanto da sabedoria de nossos ancestrais. Nietzsche é inesgotável

em suas tentativas de mostrar como todo tipo possível de sentimento, opinião,
atitude, conduta e virtude, está enraizada no auto-engano ou um inconsciente
mentira. Assim, "todos estão mais distantes de si", o inconsciente é o
parte essencial do indivíduo, a consciência sendo apenas uma espécie de cifrada
fórmula do inconsciente ", um comentário mais ou menos fantástico sobre um
inconsciente, talvez incognoscível, mas sentido texto. " 40
Nietzsche concebeu o inconsciente como uma área de pensamentos confusos,
emoções. e instintos. ao mesmo tempo, como uma área de reconstituição do passado
estágios do indivíduo e da espécie. A obscuridade, desordem e
incoerência de nossas representações em sonhos relembram a condição do
mente humana em seus estágios iniciais. As alucinações dos sonhos também lembram
nós daquelas alucinações coletivas que se apoderaram de comunidades inteiras de
homens primitivos. “Assim, no sono e no sonho, repetimos mais uma vez a tarefa
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(Pensum) realizada pela humanidade primitiva. " 41 O sonho é uma reconstituição de

fragmentos de nosso próprio passado e do passado da humanidade. O mesmo vale
verdadeiro para surtos de paixão descontrolada e doenças mentais. 42
Klages e Jaspers mostraram o grande interesse de Nietzsche
teorias dos instintos, sua interação, seus conflitos e metamorfoses.
Em suas primeiras obras, ele fala da necessidade de prazer e luta, da sexualidade
e instintos de rebanho, e mesmo do instinto de conhecimento e verdade.
Gradualmente, ele deu prevalência a um instinto básico, a vontade de poder.
Acima de tudo, Nietzsche descreve as vicissitudes dos instintos, sua ilusória
compensações e descargas vicárias, suas sublimações, inibições,
voltando-se contra si mesmo, não esquecendo a eventualidade de sua consciência e
controle voluntário.
O conceito de sublimação, que não era novo, foi aplicado por Nietzsche
tanto para o instinto sexual quanto para o agressivo. 43 Ele considerou a sublimação
resultado de inibição ou de um processo intelectual, e um muito difundido
manifestação. "Boas ações são ações más sublimadas." 44 Mesmo em seus
formas mais sublimadas, os instintos mantêm sua importância: "O grau e
qualidade da sexualidade de uma pessoa encontra seu caminho até o ponto mais alto de seu
espírito. " 45
Sob o nome de inibição (Hemmung), Nietzsche descreve o que é
hoje chamado de repressão, e aplica-o à percepção e à memória. "Esquecimento
não é uma mera força de inércia ... Pelo contrário, é um ativo, e no
sentido estrito, uma capacidade positiva de inibição. " 46 " Eu consegui, diz
minha memória. Não posso ter feito isso, diz meu orgulho e continuo inexorável.
Finalmente, a memória cede. " 4 7
Quanto a se voltar contra si mesmo, fornece a chave para vários dos
Conceitos básicos de Nietzsche: ressentimento, consciência moral e a origem
da civilização.
A palavra "ressentimento", que abrangia todos os tipos de sentimentos de
rancor, despeito, inveja, rancor, ciúme e ódio, recebeu um novo significado
por Nietzsche. Quando tais sentimentos são inibidos e, portanto, tornam-se
inconsciente para o sujeito. eles se manifestam em formas disfarçadas,

notavelmente como falsa moralidade. 4 " A moralidade cristã, proclamou Nietzsche, era
uma forma refinada de ressentimento; era uma moralidade de escravos que eram incapazes
para se rebelar abertamente contra seus opressores e, portanto, levou a este tortuoso
forma de se rebelar, sentindo-se superior e humilhando seus inimigos.
A ordem cristã, "Ama o teu inimigo", diz Nietzsche, é uma
maneira de levar os inimigos à exasperação. daí uma vingança cruel.
O conceito de ressentimento de Nietzsche deveria ser retomado, modificado e
desenvolvido por Max Scheler 4 9 e Marafion. então
A teoria de Nietzsche sobre a origem da consciência moral foi inspirada por seu
amigo Paul Ree, que sustentou que a consciência se originou no imposto
capacidade de descarregar os instintos agressivos do homem. qual homem conheceu em um determinado
período da história. 51 Em sua Genealogia da Moral, Nietzsche, como Ree,
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figurou o homem primitivo como uma "besta selvagem", uma "besta de rapina", "o magnífico
besta loira errante, ansiando pelo butim e pela vitória. " 52 Mas com a fundação de
a sociedade humana, os instintos do homem selvagem e livre, não podiam mais ser
descarregado para fora e, portanto, teve que ser girado para dentro. Este foi o
origem dos sentimentos de culpa, que por sua vez foram as primeiras raízes da consciência moral
na humanidade. No indivíduo, esse processo é reforçado pela ação de
comandos morais e inibições de todos os tipos. "O conteúdo da nossa consciência
consiste em tudo o que, em nossa infância, nos foi exigido, sem
explicação e regularmente, de pessoas que respeitávamos ou temíamos ... Fé
na autoridade está a fonte da consciência; não é a voz de Deus no homem
peito, mas a voz de vários homens no homem. " 53 Além disso, o indivíduo
carrega dentro de si todos os tipos de opiniões e sentimentos decorrentes de seu
pais e ancestrais, mas que ele acredita serem seus. "No filho
torna-se convicção o que no pai ainda era uma mentira. " 54 Não apenas os pais,
mas as mães também determinam a conduta do indivíduo. "Toda pessoa
carrega dentro uma foto de mulher que ele adquiriu de sua mãe.
A partir desta foto, ele estará determinado a respeitar ou desprezar as mulheres ou ser
indiferente em relação a eles.Â · Â · ss
Nietzsche explica a origem da civilização de uma forma idêntica àquela
da origem da consciência: a partir de uma renúncia à gratificação de nosso
instintos. Reconhecemos aqui a velha teoria de Diderot e seus seguidores.
A civilização é equiparada à doença e ao sofrimento da humanidade, porque
é "A consequência de uma separação forçada do passado animal, ...
uma declaração de guerra contra os antigos instintos, que, até então, constituíam
sua força, seu prazer e sua grandiosidade. " 56
Uma característica notável da psicologia de Nietzsche é a importância que ele
atribui não apenas a agressividade, mas também a instintos autodestrutivos. Entre
as manifestações deste último, segundo Nietzsche é a sede de
conhecimento. Nas palavras de Nietzsche, a ciência é "um princípio hostil à vida e
destrutivo. A vontade de verdade pode ser um desejo disfarçado de morte. " 57 Ciência
é uma afirmação de um mundo diferente do nosso e, portanto, a negação de
nosso mundo, que é o mundo da vida.
Entre as ideias propriamente filosóficas de Nietzsche, duas merecem especial
atenção: a do super-homem e o eterno retorno. O conceito de

superman deu origem a uma ampla gama de interpretações. Não tem nada em
comum com a imagem de um "super-homem" como um extraordinariamente forte e
indivíduo vigoroso dotado de poderes misteriosos. O super-homem era
não é um conceito novo, mas o que Nietzsche quis dizer exatamente com isso ainda é um contro-
assunto versátil. 5 H Uma possível interpretação deriva da con de Nietzsche
menção de que “o homem é algo que deve ser superado”, a primeira mensagem
dada por Zaratustra em suas predicações. 5 <J O homem tem que se conquistar, mas
como e com que propósito? Pode ser que o homem esteja sofrendo por ser
preso entre sua falsa moralidade e seu animal enraizado agressivo em
stincts. A fim de resolver este conflito, o homem deve abandonar todas as
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valores, e experimentar dentro de si o surgimento de todos os violentos e re-

instintos pressionados; assim, os pensamentos de um homem sedento de vingança devem
deleite-se com tais sentimentos nauseam, até que se sinta pronto para perdoar, abençoar e
honrar seu inimigo. 60 Tendo assim reavaliado todos os seus valores, o homem agora es-
estabelece sua própria escala de valores e sua própria moralidade e vive de acordo
com eles. 6 1 Este homem, o super-homem, agora é forte, até mesmo duro, mas gentil com
o fraco, e segue a regra moral mais elevada possível, a do eterno re-
virar. Este último também deu origem a muitas interpretações divergentes. isto
não deve ser entendido no sentido de "palingênese cíclica" proclamada por
certos filósofos antigos que pensavam que, em vista das condições físicas
constituição do universo, os mesmos eventos necessariamente se repetirão
em determinados intervalos ad infinitum. Como disse WD Williams, a ideia de Nietzsche é
Os seguintes:
Nós voltamos várias vezes, não para uma vida exatamente como esta, mas para esta
própria vida ... A visão de Nietzsche é que toda a vida, a mais alta e a mais baixa, a
nobre e mesquinho, o bom e o mau, é eterno, queiramos ou não ...
Podemos ver na ideia uma expressão extrema da consciência de nosso
responsabilidade final como ser humano ~ da qual não há como escapar. Nós devemos
responder por cada momento de nossas vidas, reencenando-o na eternidade. 63
Isso também é o que Nietzsche expressou na fórmula concisa: "Esta vida

tua vida eterna. "Nietzsche ligou os conceitos do super-homem e do
retorno eterno. O super-homem conforma sua vida ao princípio do eterno
retorno, vivendo assim sub specie aetemitatis: daí a impressionante majestade de cada
ato humano.
Nietzsche disse uma vez que todo sistema filosófico nada mais é do que um
confissão disfarçada. "O homem pode se expandir como ele pode com seu conhecimento
margem e parecer tão objetivo quanto pode; em última análise ele
não dá nada além de sua própria biografia. " 64 Isso é mais verdadeiro para Nietzsche
talvez do que qualquer outra pessoa. Lou Andreas-Salome foi o primeiro a entender
a estreita relação entre o sofrimento físico e nervoso de Nietzsche
e a produtividade de sua mente. 65 De acordo com Andreas-Salome,
Nietzsche passou por uma série de ciclos que foram marcados por fases de
doença, recuperação acompanhada com o ganho de novos insights filosóficos,
e um período de euforia que precedeu a próxima recaída na doença. este
também pode ser responsável por sua convicção inabalável de que ele estava trazendo um novo
mensagem para
pelo sucesso a humanidade fantástico
verdadeiramente e foi o profeta deideias
que as uma nova era, podendo
de Nietzsche também
tiveram contarem
na Europa
a década de 1890. Uma geração inteira foi permeada pelo pensamento nietzschiano
-qualquer interpretação foi dada a ele, da mesma forma que o anterior
geração esteve sob o feitiço do darwinismo. Também é impossível
superestimar a influência de Nietzsche na psiquiatria dinâmica. Mais ainda do que
Bachofen, Nietzsche podem ser considerados a fonte comum de Freud,
Adler e Jung.
Para aqueles que estão familiarizados com Nietzsche e Freud, a semelhança de
Página 24
Seu pensamento é tão óbvio que não pode haver dúvida sobre o primeiro
influência sobre o último. Freud fala de Nietzsche como um filósofo "cujo
suposições e intuições muitas vezes concordam da maneira mais surpreendente com a
trabalhosas descobertas da psicanálise ", acrescentando que por muito tempo ele evitou
lendo Nietzsche por conta própria, a fim de manter sua mente livre de
influências externas. 66 É conveniente recordar, no entanto, que no momento da
A maturidade precoce de Freud não era necessário ter estudado Nietzsche para ser
permeado pelo seu pensamento, vendo o quanto ele foi citado, resenhado,
e discutido em cada círculo e em cada jornal ou jornal.
A psicanálise evidentemente pertence a essa tendência de "desmascaramento", que busca
para motivações inconscientes ocultas características das décadas de 1880 e 1890.
Em Freud como em Nietzsche, palavras e ações são vistas como manifestações de
motivações inconscientes, principalmente de instintos e conflitos de instintos. Para
ambos os homens, o inconsciente é o reino dos instintos selvagens e brutais que
não consegue encontrar saídas permitidas, derivam de estágios anteriores do indivíduo
e da humanidade, e encontrar expressão na paixão, sonhos e doenças mentais.
Mesmo o termo "id" (das Es) se origina de Nietzsche. 67 A dinâmica
conceito de mente, com as noções de energia mental, quanta de latente ou
energia inibida, ou liberação de energia ou transferência de uma unidade para outra,
também pode ser encontrado em Nietzsche. Antes de Freud, Nietzsche concebeu o
mente como um sistema de unidades que podem colidir ou fundir-se umas às outras. Dentro
contraste com Freud, no entanto, Nietzsche não deu prevalência ao sexual
impulso (cuja importância ele devidamente reconheceu), mas para agressivo e
impulsos autodestrutivos. Nietzsche entendeu bem os processos que
foram chamados de mecanismos de defesa por Freud, particularmente sublimação (um termo
que aparece pelo menos uma dúzia de vezes nas obras de Nietzsche), repressão (sob
o nome inibição) e o direcionamento dos instintos para si mesmo. o
conceitos da imago de pai e mãe também estão implícitos em Nietzsche.
A descrição de ressentimento, falsa consciência e falsa moralidade
antecipou as descrições de Freud da culpa neurótica e do superego.
A Civilização de Freud e seu descontentamento também mostra um paralelismo notável
com a Genealogia da Moral de Nietzsche . Ambos dão uma nova expressão a
A velha suposição de Diderot de que o homem moderno sofre de uma doença peculiar
ligado à civilização, porque a civilização exige do homem que ele
renuncie à gratificação de seus instintos. Espalhados por Nietzsche's
obras são inúmeras idéias ou frases cujos paralelos podem ser encontrados em
Freud. Nietzsche ensinou que ninguém reclamará ou se acusará sem
um desejo secreto de vingança, portanto, "Cada reclamação (Klagen) é acusação
(Anklagen). " 68 A mesma ideia com o mesmo jogo de palavras pode ser encontrada
no célebre jornal de Freud Luto e Melancolia: "Suas 'queixas'
são na verdade 'queixas' no sentido antigo da palavra. " 69
Se a interpretação do super-homem sugerida por Lou Andreas-
Salomé seja o certo, conteria a semente do conceito de Freud
de tratamento psicanalítico. O super-homem, que superou o conflito
Página 25
entre sua moralidade convencional e seus impulsos instintivos, tornou-se livre

em seu íntimo, ele ergueu sua própria escala de valores e sua própria
moralidade autônoma. Se ele é "bom", não é por outra razão senão que ele
decidiu ser assim. Ele se superou mais ou menos da mesma maneira
como o neurótico após uma psicanálise bem-sucedida.
Embora a influência de Nietzsche na psicanálise não tenha sido muito
°
completamente investigado até agora, 7 Bichento fez um estudo detalhado de
Nietzsche e Adler. 71 paralelos extensos podem ser traçados. Para Nietzsche como
para Adler, o homem é um ser incompleto que deve alcançar seu próprio complemento
ele mesmo. O princípio de Nietzsche "o homem é algo que deve ser superado -
vir "encontra seu equivalente no princípio de Adler" ser humano significa ser
estimulado por um sentimento de inferioridade que visa ser superado. "
O conceito posterior de Nietzsche de que o único impulso básico do homem é a vontade de poder
se reflete no ensino de Adler sobre o esforço básico do homem em direção à superioridade.
Nesse sentido, as obras de Nietzsche são uma mina inesgotável de exemplos
mostrando como a vontade de poder se manifesta sob incontáveis disfarces
formas, incluindo até ascetismo e sujeição voluntária a outros homens (em
linguagem moderna, masoquismo moral). A principal divergência entre Adler
e Nietzsche é que o primeiro iguala a superação do homem de si mesmo com
sua aceitação do "sentimento de comunidade", enquanto Nietzsche, um radical
individualista, fala com desprezo do "instinto de rebanho". Contudo,
A ideia de Nietzsche de que "o erro sobre a vida é necessário à vida" e que
auto-engano é necessário para que o indivíduo antecipe o conceito de Adler de
"ficção orientadora" no neurótico.
Ao contrário de Freud, o pulmão sempre proclamou abertamente o enorme estímulo
ção que recebeu de Nietzsche. as teorias do pulmão estão cheias de conceitos
que pode ser atribuída, de forma mais ou menos modificada, a Nietzsche. Tal
são reflexos do pulmão sobre o problema do mal, sobre os instintos superiores do homem,
no inconsciente, no sonho, nos arquétipos, na sombra, na persona,
o velho sábio e muitos outros conceitos. pulmão também deu uma interpretação
da personalidade de Nietzsche. Zaratustra, disse ele, era uma personalidade secundária
de Nietzsche, que se formou e se desenvolveu lentamente em seu inconsciente
até que de repente estourou, trazendo consigo uma enorme quantidade de arquetípicas
material. os cursos de pulmão em Zaratustra estão contidos em dez inéditos
volumes datilografados, que constituem a exegese mais completa que tem
já foi tentada na obra célebre de Nietzsche. 72
Neo-Romantismo e Fin de Siècle

Como já foi dito, uma mudança rápida e marcante de orientação intelectual
ocorreu em toda a Europa por volta de 1885. Este movimento foi uma reação
contra o positivismo
romantismo, e oqual
razão pela naturalismo
recebeu e, em certa
o nome medida, um retorno73 ao
de Neo-Romantismo.
Não substituiu as tendências positivistas e naturalistas, mas caminhou lado a lado
Página 26
ficar do lado deles até o final do século. É afetada filosofia,

literatura, artes, música e modo de vida geral, e exerceu uma
influência inconfundível sobre as profundas mudanças que ocorreram em
aquele tempo na psiquiatria dinâmica.
Em seu sentido restrito, o termo Neo-Romantismo designa uma série de
Poetas alemães, incluindo Stefan Georg, Gerhard Hauptmann, Hugo Von
HofmannsthaL e Rainer Maria Rilke. Em seu sentido estendido, inclui um
uma gama muito mais ampla de poetas. artistas, músicos. e pensadores que pertenceram a
uma variedade de grupos locais e temporários. Tais eram os pré-rafaelitas em
Inglaterra, os simbolistas na França e o movimento Jugendstil na Alemanha.
Ele culminou com a "decadência" ea .fin de siècle espírito.
Apesar do nome, esse movimento estava longe de ser simplesmente um retorno ao
Romantismo. Em certos aspectos, poderia ser chamado de imitação distorcida,
quase uma caricatura, do Romantismo. A relação com a natureza primeiro de
todos, possivelmente não poderiam ser os mesmos. Devido à industrialização em grande escala,
urbanização e novas descobertas científicas, a vida no decurso do
século XIX tornou-se cada vez mais artificial. Não é de admirar que
não encontrar no neo-romantismo aquele sentimento imediato e pungente de intimidade
contato com a natureza que estava na raiz do Romantismo. Mesmo onde lá
não era uma busca direta pelo artificial e de onde ele se aproximava da natureza,
Os neo-românticos visualizavam-no estilizado, visto pelos olhos dos artistas
e estetas. Considerando que o Romantismo tinha visto tudo no processo
de crescimento e evolução, o Neo-Romantismo estava inclinado a vê-lo no
processo de decadência. Considerando que o Romantismo teve a habilidade peculiar de
empatia com quase todos os períodos da história, o Neo-Romantismo mostrou um
predileção pelos períodos de decadência. Nem o Neo-Romantismo encontrou
um contato direto com a alma da população, como românticos alemães
feito. Com o declínio do campesinato, o folclore, que havia sido um rico
fonte de inspiração para os românticos, estava desaparecendo no século XIX
século, e os neo-românticos tiveram que se contentar com um mais ou menos vago
procure o mito. Romantismo enfatizou o único e insubstituível
valor do indivíduo, vendo-o ao mesmo tempo no contexto de
contatos interpessoais na amizade, amor, pequenos grupos e a comunidade.
O neo-romantismo enfatizou a adoração do indivíduo a ponto de
isola-o dos outros, de modo que o narcisismo é uma de suas características comuns.
Nunca, na história da literatura, os poetas celebraram Narciso e
heróis narcisistas a tal ponto. Foi demonstrado que o Narciso
figura era um símbolo geral e encarnação do espírito da época. 74
No entanto, os neo-românticos não estavam menos preocupados do que seus antecessores
com o irracional, o oculto e a exploração das profundezas ocultas de
a mente humana. Como os românticos se voltaram para Mesmer e os animais
magnetismo, os neo-românticos agora estavam entusiasmados com o hipnotismo,
e exigiu novas evidências sobre o inconsciente.
Página 27
Em suas memórias, Jules Romains destacou o contraste extraordinário

entre o movimento simbolista na França e a marcha geral de
civilização no mundo contemporâneo:
O mundo estava em marcha ascendente e transbordava de vitalidade. Cada-

onde, liberdade política e justiça social estavam em andamento. Material de homem
condição não parava de melhorar, não para uns poucos privilegiados, mas para os maiores
número. A ciência e a técnica moderna dificilmente mostraram mais do que seus
aspectos benéficos e parecia não prometer nada além de uma melhoria contínua
da permanência terrena. . . Em um mundo que está se tornando cheio de empresas gigantes,
fábricas, máquinas, desdobrando imenso poder, e onde um dos principais
problemas é ter consciência de tudo, incorporar tudo isso na vida do
espírito, para dominar toda essa turbulência, a fim de tirar dela a harmonia de um novo
civilização, o simbolista puro, em sua torre de marfim, conta lendas para si mesmo, alguns
momentos agradáveis, às vezes livresco ou infantil .... [Ele considerou seu tempo como um
decadência, uma podridão bizantina] ... que é certamente a mais fenomenal
interpretação errônea já cometida pela literatura. Havia uma espécie de coletivo
esquizofrenia, cujo significado provavelmente não era desprezível. 7 5
O que Jules Romains diz sobre o movimento simbolista na França poderia, sobre
claro, ser dito exatamente da mesma maneira de outros movimentos semelhantes
em toda a Europa, isto é, de todos aqueles que proclamaram a decadência de
civilização moderna e pertencia à tendência neo-romântica.
Um historiador da literatura, A. E. Carter, descreve essa tendência em um
maneira semelhante:
Quase todos os autores da época consideravam sua idade decadente. Este não foi o capricho
de alguns excêntricos. mas a opinião estabelecida de patologistas, filósofos e
críticos ... Visto das ruínas do presente, o século 19 parece quase
incrivelmente grande, um acúmulo de vapor, ferro fundido e autoconfiança,
um pouco como uma de suas exposições internacionais. Foi o século que absorveu
continentes e conquistou o mundo ... Por que tal época, que viveu uma vigorosa
vida vigorosamente. deveria ter passado tanto tempo meditando taciturno por conta própria
"decadência." real ou imaginário. é um problema estranho para o qual nenhuma resposta simples
Pode ser dado. 76
Conforme mostrado por Carter. a palavra "decadência" havia mudado de significado e

no final do século XIX. adquiriu uma conotação peculiar
de corrupção rica e atraente. Os homens daquela época compararam sua época com
o do declínio de Roma (ou melhor, a uma imagem lendária e fantasiosa
da Roma imperial), a uma imagem não menos lendária da decadência bizantina,
e à deboche frívola da corte de Luís XV. Em todo lugar um
encontraram expressões da ideia de que o mundo havia envelhecido, apoiado por
teorias pseudocientíficas, particularmente a da degeneração. Daí o sucesso
do livro de Max Nordau, Degeneration, que continha uma condenação radical
ção dos movimentos culturais contemporâneos da época. 77
Página 28
As noções de decadência e degeneração, sob todas as formas imagináveis

e disfarces, permeavam o pensamento da época. Na década de 1850, Morel teve
formulou uma teoria psiquiátrica em que quase todas as doenças mentais crônicas
turbâncias foram unidas sob o nome de "degeneração mental". Morel's
teoria teve grande sucesso, e na década de 1880 dominou a França
psiquiatria com Magnan. Chegou um ponto em que quase todos os diagnósticos
certificados em hospitais psiquiátricos franceses começavam com as palavras degeneres-
cence menta / e. avec ... ("degenerescência mental, com ..."), sobre a qual o
os principais sintomas foram listados. No início da década de 1880, Lombroso falou sobre a
"criminoso nato", que supostamente resultou de uma regressão a um ancestral
tipo de homem. As teorias médicas de Morel e Magnan foram popularizadas por
os romances de Zola e outros escritores naturalistas. Mas também se espalhou em mais
forma sutil através dos grupos neo-românticos. O conde de Gobineau
afirmou que as raças humanas eram desiguais e que todas as civilizações existentes
tinha sido fundada por raças superiores, que, através do processo de inter-
casamento com raças inferiores, foi absorvido por estas, de modo que o homem
tipo estava condenado a um estado final de mestiçagem em que terá perdido
toda a sua capacidade criativa. 78 Mais frequentemente, no entanto, os pensadores se contentavam em
descrever a alegada decadência de uma raça ou nação específica. Na França
e Itália, e também na Espanha após sua derrota de 1898 no Hispano-Americano
Guerra, a ideia da inferioridade dos povos latinos era bastante difundida
e era frequentemente associado a uma obsessão da superioridade dos anglo-
Saxões. 79 No entanto, o britânico Houston Stewart Chamberlain afirmou
a superioridade dos alemães e a necessidade de se protegerem
por seleção racial. 80 Outra versão do conceito de decadência foi o
ideia de "decadência aristocrática": como consequência da difusão universal da
democracia, indivíduos e famílias superiores seriam engolidos pela
massas. Finalmente, havia a afirmação de Nietzsche de que a espécie humana como
um todo estava em declínio, porque a civilização é incompatível com a natureza
do homem. Daí também a nostalgia então atual da vida primitiva, primitiva
populações e arte primitiva.
Essa tendência geral culminou no espírito do fin de siècle . Este expres-
Sion parece ter surgido em Paris em 1886 e foi posta na moda por
Paul Bourget em 1887 por meio de seu romance Mensonges. Em 1891, tornou-se
uma "calamidade literária", que ocorria a cada momento durante as conversas
e podia ser lido uma dúzia de vezes em todas as páginas dos jornais. 81 apenas
como a época do Romantismo havia experimentado o mal du siècle, o
período antes do final do século estava agora impregnado com o fin de
si (xle mood. Em primeiro lugar, havia um sentimento geral de pessimismo, supostamente
fundada nas doutrinas filosóficas de Von Hartmann e de
Schopenhauer. É difícil para nós hoje imaginar o fascínio que
A filosofia de Schopenhauer exerceu sobre a elite intelectual da época.
Malwida von Meysenbug, amiga de Wagner e Nietzsche, conta em seu
Memórias de como a descoberta da obra de Schopenhauer foi uma espécie de religião
Página 29
conversão para ela. 82 problemas filosóficos que a preocuparam por

anos foram repentinamente esclarecidos. Ela encontrou uma nova interpretação de Christian
fé, junto com paz de espírito e um novo sentido de vida. Mas mais
frequentemente, o pessimismo de Schopenhauer e Von Hartmann foi expresso em
formas menos dignas e inspirou ensaios, peças e peças sombrias e mórbidas
romances.
Uma segunda característica do fin de si " é o culto do Anti-Physis,
ou seja, de tudo que é o oposto da natureza. Considerando que, no oitavo
século X, o mito predominante era o do "nobre selvagem", do
o homem vigoroso e primitivo que vive em sua floresta e luta por sua liberdade,
havia agora um mito invertido de um "homem civilizado corrupto", enfraquecido
e sofisticado em meio aos luxos da grande cidade. 83 Em contraste direto
com a comunhão dos românticos com a natureza, o homem do fin de siècle
sente-se em casa nas cidades monstruosas e extensas, os vi está tentaculaires do
poeta Verhaeren, e deleita-se com os luxos corruptos e pervertidos que
eles oferecem. Tudo isso aliado ao culto do esteticismo, da elegância requintada
em roupas e móveis, e da busca pelo raro que levou a todos
possível tipo de excentricidade. Raramente na história da cultura existiram
tantos excêntricos quanto naquele período.
Uma outra característica do fin de sii: xle spmt era sua vaga
misticismo. Nos casos mais favoráveis, levou alguns literatos a um mais
ou conversão religiosa menos sensacional (como também aconteceu com
vários românticos), mas levou outros a aderirem a seitas espíritas ou ocultistas de
um tipo ou outro. Freqüentemente, aumentava o interesse pelos fenômenos
de hipnose, sonambulismo, dupla personalidade e doença mental. Uma nova
dispositivo literário, o monólogo interno. foi adotado, pretendendo ser um
reprodução exata do fluxo de consciência do indivíduo. O francês
v.riter Edouard Dujardin, H4 e o austríaco Arthur Schnitzler, 85 começaram
escrever novelas em que não houvesse ação, apenas descrição do suposto
desenrolar do fio de pensamento do personagem durante um determinado período de
Tempo.
Outra característica importante do espírito do fin de siècle era o seu culto à
erotismo. O chamado espírito vitoriano, que reinou principalmente em
A Inglaterra, até meados do século, declinou em todos os lugares,
e pouco dele permaneceu na Europa continental. Pelo contrário, livros,
periódicos e jornais estão cheios de preocupações eróticas, embora
com um pouco mais de contenção e mais sutileza de expressão do que hoje.
A abundância de literatura obscena era tanta que Jules Claretie, em um
crítica do ano de 1880, escreveu o epitáfio "Aqui repousa o pornográfico
ano de 1880. " 8 6 O erotismo dominou a literatura desde o início no
obras refinadas de homens como Anatole France e Arthur Schnitzler para baixo
para as publicações mais inúteis para os ignorantes. Um abundante médico ou
literatura pseudo médica sobre perversões estava prontamente disponível e encontrada
uma grande audiência. As perversões sexuais também foram descritas, em mais ou
Página 30
forma menos velada, em muitos romances da época. Foi então que alguns
perversões sexuais receberam os nomes sob os quais ainda são
tecnicamente referido hoje: sadismo, masoquismo, fetichismo e ciência
a descrição científica freqüentemente seguia a literária. Mario Praz mostrou o
papel desempenhado pelo vampirismo no século XIX, e que o personagem
do "vampiro masculino,. (sedutor destrutivo ou lobo) foi gradualmente substituído
pelo personagem da "vampira" (a femme fatale) pelo
final do século. 8 7 Outro tema notável foi o culto do
prostituta: artistas como Toulouse-Lautrec e Klimt pintaram essas mulheres
com certo carinho; escritores como De Maupassant, Wedekind,
Wildgans. e Popper-Lynkeus os glorificou.
O espírito do fin de siècle prevaleceu particularmente em duas cidades: Paris e
Viena. Os historiadores do pensamento enfatizam que a geração que tinha vinte
a idade de trinta anos na França, em que 890 foi um dos França mais talentoso tinha
já conhecido. Houve um florescimento de gênio e talento na filosofia,
científico. artístico. e reinos literários. e uma enxurrada de novos e contraditórios
Ideias. Representantes das gerações mais velhas muitas vezes ficavam apreensivos com
aquela anarquia espiritual; eles não suspeitaram que o fin de siècle era um
humor temporário e que formas originais de pensamento estavam em formação.
Escritores como Paul Morand, olhando para trás em retrospecto naquele período, estão
propenso a vê-lo como algo frívolo que não produz nada além de trivialidades,
e insistir no erotismo mórbido que permeou a vida. 88 Andre Billy,
no entanto, afirma que esse erotismo, que ele não nega, era de um
alta qualidade e parte da então atual busca pela felicidade. 89 ele pensa
que o período do fin de siècle sofreu sobretudo com uma superabundância
de riquezas culturais.
Viena era o outro grande centro da atmosfera do fin de siècle . Dentro
Áustria, a ideia de decadência que prevaleceu sobre a Europa assumiu especial
significando porque estava sendo aplicado à monarquia e ao império, de
que muitos previram a queda e desintegração vindouras. Como em
Paris, a jovem geração de Viena, era extraordinariamente talentosa e brilhante.
O círculo "Jovem Viena" contou entre seus membros poetas como
Hermann Bahr. Richard Beer-Hofmann. Hugo von Hofmannsthal, Richard
Schaukal e Arthur Schnitzler. Aqui. também. o principal mal foi provavelmente o
superabundância de idéias e riquezas culturais.
A afinidade de longo alcance entre o novo. psiquiatria dinâmica incipiente
e o espírito da época é revelado pela semelhança entre os pacientes
descrito pelos psiquiatras e pelos romancistas e dramaturgos. ele tem
já foi apontado que muitos dos casos de Pinel parecem ser
emprestado dos romances de Balzac. Da mesma forma, os pacientes de Janet mostram
semelhanças notáveis com alguns dos personagens de Lola. (Irene de Janet, para
exemplo, com Pauline, a heroína do romance de Zola, La Joie de Vivre) .
No entanto, a Elektra de Hofmannsthal lembra a famosa Anna 0 de Breuer .
muito mais do que a Elektra de Eurípide. e a Dora de Freud parecem pertencer
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um dos contos de Schnitzler. Não admira, pois escritores e psiquiatras

cresceu na mesma geração e viveu na mesma atmosfera,
e como era do mesmo fin de siècle refinado e altamente erotizado
meio que uns desenharam seus personagens literários, os outros seus pacientes.
Psiquiatria e psicoterapia
Como vimos no capítulo anterior, duas tendências psiquiátricas principais

prevaleceu nas primeiras décadas do século XIX: a do
Somatiker, e do Psychiker (como eram chamados na Alemanha). o
primeiro atribuiu as doenças mentais a causas físicas e doenças cerebrais,
o segundo enfatizou as causas emocionais de tais doenças. Como nós temos
também visto, a última tendência diminuiu por volta de 1840, e uma combinação de
ambas as tendências foram tentadas por Griesinger. Depois dele, no entanto, a organização
A tendência cística dominou todo o campo da psiquiatria. Por toda a Europa,
dois princípios principais aparentemente presidiam ao tratamento de doenças mentais
pacientes. Primeiro, um princípio humanitário emanado de Pinel e sua con
temporários: os pacientes mentais devem ser tratados tão humanamente quanto possível. o
em segundo lugar, o princípio de que "doenças mentais são doenças cerebrais"; Portanto,
a melhor coisa que um psiquiatra poderia fazer por seus pacientes era estudar o cérebro
anatomia e patologia, com a esperança de que esta investigação fosse
acabou levando à descoberta de tratamentos específicos para doenças mentais.
Essa atitude resultou em muitos hospitais psiquiátricos se tornando centros para o
estudo da anatomia e patologia do cérebro. Ocasionalmente, um médico era
nomeado diretor médico de um hospital psiquiátrico, sua única qualificação
sendo que ele era um bom estudante de anatomia cerebral. Vários pendentes
descobertas nesse campo foram, portanto, feitas em pequenas e remotas
hospitais.
Com seu slogan de que "doenças mentais são doenças cerebrais", Griesinger
declarou guerra contra os sobreviventes da velha psiquiatria romântica. Em que
tempo, Rokitansky e Virchow estavam lançando as bases da
anatomo-patologia, que parecia ser a única base firme de toda a medicina.
Em seguida, Meynert, Wernicke e seus seguidores tentaram fundar a psiquiatria
nesta mesma base. Theodor Meynert (1833-1892) e Carl Wernicke
(1848-1905), dois estudantes entusiastas de anatomia cerebral e médicos qualificados,
tentou construir um sistema global de psiquiatria orgânica e mecanicista.
Mas eles frequentemente complementavam suas descobertas objetivas com hipóteses sobre o
substrato anatômico e fisiológico da atividade psíquica, e no final
do século XIX, muitos psiquiatras costumavam formular
distúrbios patológicos em termos emprestados da anatomia do cérebro: este foi
chamado Hirnmythologie (mitologia do cérebro).
O crédito por superar essa tendência vai para Emil Kraepelin
(1856-1926) com sua abordagem múltipla à psiquiatria-neurologia e
anatomia do cérebro, psicologia experimental com a aplicação de novos
métodos de teste elaborados, e a investigação completa do paciente
Página 32

historia de vida. Kraepelin se tornou o chicote de muitos dos dias atuais
psiquiatras que afirmam que sua única preocupação com seus pacientes era colocar
rótulos de diagnóstico neles, após o que nada mais foi feito para ajudar
eles. Na verdade, porém, ele tomou o maior cuidado para que cada um de seus
os pacientes devem receber o melhor tratamento disponível em seu tempo, e ele
era uma pessoa extremamente humana. 90 Uma de suas maiores conquistas foi
a construção de uma nosologia racional e classificação da doença mental,
com a concepção de "demência precoce" e "doença maníaco-depressiva".
Por volta de 1900, Kraepelin estava sendo elogiado como o homem que apresentou
clareza no capítulo das doenças mentais, e seu sistema gradualmente encontrou
aceitação em todos os lugares.
Enquanto isso, o trabalho de homens como Heinroth, Ideler, Neumann e
o outro Psiquiatra, que talvez nunca tenha sido completamente esquecido,
experimentou um reavivamento em 1880. Dois homens merecem menção especial em
esta conexão: Fore! e Bleuler.
Auguste Fore! (1848-1931) foi uma personalidade extraordinariamente vigorosa
cuja vida é bastante conhecida graças à sua autobiografia 91 e a um
biografia de Annemarie Wettley. 92 Sua vida é um exemplo típico de um jovem
menino sofrendo de sentimentos de inferioridade, encontrando compensação e se tornando
ing um dos cientistas mais importantes de sua geração. A compensação que
que ele descobriu em sua infância foi o estudo das formigas, das quais ele se tornou
provavelmente o maior especialista do mundo. O desejo de Forel era estudar o
ciências naturais, mas ele escolheu a medicina por razões práticas e logo
distinguiu-se por suas descobertas no campo da anatomia cerebral, que
levou-o ao cargo de professor de psiquiatria na Universidade de Zurique,
função que incluía a supervisão do hospital psiquiátrico de Burgholzli.
Ele trouxe uma reforma muito necessária nesta instituição, com tais
sucesso que o Burgholzli alcançou renome mundial. Fore! inicialmente
pertencia à escola dos organicistas, mas sua atitude mudou gradualmente.
Ele se perguntou por que os psiquiatras eram incapazes de curar alcoólatras, enquanto
alguns leigos conseguiram fazer isso. Ele perguntou a um desses leigos, o
sapateiro Bosshardt, qual era o seu segredo, e foi dito: "Não é de admirar, Herr
Professor, eu sou um abstêmio, enquanto você não. " 9 3 Esta resposta impressionou
Fore! tanto que ele próprio assinou um compromisso de abstinência, e a partir de então
depois ele foi capaz de tratar alcoólatras com sucesso. Este foi o primeiro passo de Forel
em direção à compreensão de que o segredo do sucesso da terapia residia no
atitude pessoal do psicoterapeuta. Seu segundo passo nesta direção
foi sua descoberta da hipnose. Tendo ouvido falar do trabalho de Bernheim, ele
imediatamente viajou para Nancy e permaneceu lá o tempo suficiente para adquirir
a técnica do tratamento hipnótico, que ele então trouxe de volta para
Zurique. Fore! logo se tornou um dos maiores especialistas desse método. Ele
organizou um serviço ambulatorial em que o tratamento hipnótico também foi
aplicado com sucesso a pacientes que sofrem de reumatismo e vários
doenças físicas. Entre os alunos de Forel estavam Eugen Bleuler (1857-1939),
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que se tornou o psiquiatra mais proeminente da Suíça, e Adolf Meyer
(1866-1950), que se tornou o principal psiquiatra dos Estados Unidos.

Eugen Bleuler 94 é universalmente conhecido por sua teoria e descrição de
"esquizofrenia" (um termo que ele cunhou para substituir o termo "demência precoce",
cujo significado original não era mais compreendido). 9 5 Ela é mal
possível entender o trabalho de Bleuler sem levar em conta o
histórico das lutas sociais e políticas no cantão de Zurique no
século dezenove. Eugen Bleuler nasceu em 1857 em Zollikon, então um
aldeia agrícola e agora um subúrbio de Zurique. Seus ancestrais eram agricultores,
mas seu pai era um comerciante e administrador da escola local como
bem. O pai, o avô de Bleuler e todos os membros de sua família ainda
teve uma vívida lembrança dos tempos em que a população agrícola do
cantão estava sob o domínio das autoridades da cidade de Zurique, que
restringiu estreitamente o acesso dos agricultores a certos negócios, profissões e
sobretudo para o ensino superior. A população agrícola tinha consciência de classe,
às vezes de forma agressiva ou revolucionária, às vezes de uma forma mais
forma progressiva. Eles organizaram círculos de leitura e outros
Atividades. A família Bleuler participou da luta política que,
em 1831, finalmente levou à conquista de direitos iguais para os agricultores e para os
fundação da Universidade de Zurique em 1833, que foi destinada a promover
o desenvolvimento intelectual da geração jovem de agricultores. Muitos estrangeiros
professores foram chamados para ocupar os cargos que não puderam ser preenchidos pela
Cidadãos suíços.
Os primeiros professores que vieram ensinar psiquiatria em Zurique foram
Alemães: Griesinger, Gudden e Hitzig. Eles também foram os primeiros diretores
do hospital psiquiátrico Burgholzli. Reclamações surgiram de que esses homens ocupavam
mais com seus microscópios do que com seus pacientes e que
eles não foram capazes de se fazerem compreender pelos pacientes porque
eles falavam apenas alto alemão e não estavam familiarizados com o dialeto local.
Durante os anos que passou na escola secundária, Bleuler muitas vezes ouviu tais
reclamações de pessoas em seu próprio ambiente. Ele decidiu se tornar um
psiquiatra que entenderia os pacientes mentais e se tornaria
compreendido por eles.
Assim que obteve o diploma, Bleuler tornou-se residente em
o hospital psiquiátrico Waldau perto de Berna, onde ele mostrou um incomum
devoção para com seus pacientes. Ele então saiu para estudar com Charcot e Magnan
em Paris, viajou para Londres e Munique, e depois juntou-se à equipe da
Hospital Psiquiátrico Burgholzli, que na época estava sob a direção
de Fore !. Em 1886, Bleuler foi nomeado diretor médico da Rheinau
hospital psiquiátrico, um grande asilo habitado por velhos pacientes dementes que foi
considerada uma das instituições mais atrasadas da Suíça. Bleuler
assumiu a tarefa de reabilitar este hospital e cuidar de seus pacientes
com abnegação incomum. Solteiro, viveu no hospital e passou todos
seu tempo com seus pacientes, de manhã cedo até tarde da noite, participando de
Página 34
seu tratamento físico, organização de terapia de trabalho e como chegar a um fim

contato emocional com cada um de seus pacientes. Ele assim alcançou um único
compreensão dos pacientes mentais e os detalhes mais íntimos de seus
vida
livro psicológica. Desta experiência,
sobre esquizofrenia ele tirou
e seu livro-texto a substância
sobre de seu futuro
psiquiatria.
Em 1898, Bleuler foi escolhido para suceder Fore! como chefe do Burgholzli
Hospital psiquiátrico. Seus deveres incluíam o ensino, o que lhe proporcionou o
possibilidade de transmitir os resultados da sua experiência Rheinau ao seu
alunos, e essas palestras se tornaram o núcleo de seu livro celebrado sobre
esquizofrenia, que publicou tardiamente em 1911. 96 Enquanto isso, ele tinha
continuou suas investigações com a ajuda de sua equipe que, após 1900,
incluiu C. G. Jung.
Como a doutrina de Bleuler sobre esquizofrenia tem sido frequentemente mal interpretada,
talvez não seja errado relembrar suas características principais aqui. Seu ponto de partida
foi o esforço do próprio Bleuler para compreender uma categoria de pessoas que nunca
sido compreendido antes. esses são os esquizofrênicos. Durante os doze anos
que ele passou em Rheinau, vivendo continuamente com um grande número de tais
pacientes, ele não só falou com eles em seu próprio dialeto, mas fez cada
possível esforço para compreender o significado de sua suposta "falta de sentido"
declarações e seus delírios. Bleuler foi, portanto, capaz de estabelecer uma "
contato " (a.ffektiver Rapport) com cada um de seus pacientes.
a abordagem clínica foi complementada posteriormente no Hospital Psiquiátrico Burgholzli
com uma investigação por meio do teste de associação de palavras sob a direc-
de Jung, e ainda mais tarde com a ajuda dos conceitos psicanalíticos de Freud.
Com base em sua pesquisa clínica, Bleuler desenvolveu uma nova teoria de
esquizofrenia. Em contradição com as teorias puramente organicistas que
prevaleciam em sua época, Bleuler professou uma teoria que seria chamada
organo-dinâmico hoje. Ele presumiu que a esquizofrenia derivava de um
causa desconhecida (talvez pela ação de substâncias tóxicas no cérebro)
e em que a hereditariedade desempenhou um papel importante. No caos do múltiplo
sintomas de esquizofrenia, ele distinguiu primária ou fisiogênica
sintomas causados diretamente pelo processo orgânico desconhecido e secundário
ou sintomas psicogênicos derivados dos sintomas primários. Este dis-
A tintura provavelmente foi inspirada no conceito de psicastenia de Janet. Assim como
Janet distinguiu um distúrbio básico na psicastenia, isto é, o rebaixamento
de tensão psicológica, Bleuler concebeu, da mesma forma, o
sintomas primários da esquizofrenia são um afrouxamento da tensão de
associações, de uma maneira mais ou menos semelhante ao que acontece nos sonhos ou
em devaneios. Ele pensou que todas as variedades ricas do secundário
sintomas derivados desses sintomas básicos, notavelmente o Spaltungen
ou divisões entre as várias funções psíquicas, por exemplo, entre efeitos
atividade e intelecto, e entre efetividade e vontade. O autismo, que é o
perda de contato com a realidade, foi no conceito original de Bleuler uma consequência
da dissociação (só mais tarde os alunos de Bleuler viram nisso o básico
Página 35
A DESCOBERTA DO INCONSCIENTE
288
sintoma de esquizofrenia). Uma comparação curiosa poderia ser neste ponto

feita entre o conceito de esquizofrenia de Bleuler e a filosofia filosófica de Schlegel
teoria 97 de que o homem está separado da comunicação com Deus, a natureza e
o universo porque ele está dividido dentro de si entre a razão, vontade e
fantasia, e que é tarefa da filosofia restabelecer a harmonia dentro
homem. É duvidoso, no entanto, que essas idéias de Schlegel influenciaram
Teoria da esquizofrenia de Bleuler, apesar das semelhanças de pensamento.

Do ponto de vista nosológico, o conceito de esquizofrenia de Bleuler
é mais amplo do que a demência precoce de Kraepelin , uma vez que Bleuler inclui
na esquizofrenia várias condições agudas que foram previamente consideradas
doenças próprias. Isso era mais do que uma sutileza diagnóstica.
Bleuler afirmou que se os pacientes com essas condições agudas recebessem
cuidados intensivos adequados, eles tinham boas chances de recuperação, enquanto se eles
foram negligenciados ou tratados indevidamente, muitos deles evoluiriam para
esquizofrenia crônica.
O conceito de esquizofrenia de Bleuler não era apenas uma nova teoria, mas, como
enfatizado por Minkowski, tinha em si uma implicação terapêutica. 98
Bleuler introduziu a noção otimista de que a esquizofrenia seria
parou ou regrediu em qualquer estágio de sua evolução e, em um momento em que
não existiam métodos de tratamento fisiológico e farmacológico, ele
usou uma série de dispositivos que, de acordo com o testemunho de todos aqueles
que trabalharam no Hospital Psiquiátrico Burgholzli naquela época, alguns
vezes produziu efeitos milagrosos. Ele iria, por exemplo, recorrer ao início
alta de pacientes aparentemente gravemente enfermos, ou de uma súbita e inesperada
transferir para outra ala ou atribuir uma responsabilidade ao paciente. Ele também
organizou um sistema de terapia do trabalho e organizou o tempo de lazer de seu
pacientes, bem como o funcionamento de uma comunidade humana na área mental
hospital. Bleuler não foi o único psiquiatra que, nos anos de 1890 a
1900, se esforçou para introduzir a compreensão psicológica e o tratamento de
pacientes mentais, mas provavelmente foi ele cujos esforços neste sentido
foram mais bem sucedidos. Ele foi pioneiro no caminho que mais tarde foi seguido
nos Estados Unidos por Adolf Meyer. 99 Na Alemanha, experimentos semelhantes
foram realizados em muitos hospitais psiquiátricos e gradualmente provocados
melhorias que muitas vezes surpreendiam os visitantes estrangeiros. Em 1906, Stewart
Paton enfatizou o otimismo dos psiquiatras alemães e elogiou
os institutos psiquiátricos de Erlangen, Wiirzburg e Munique como modelo
hospitais psiquiátricos. 100 Ele também observou o estabelecimento de serviços ambulatoriais
e a melhoria resultante na saúde mental geral da população
ção. Esses esforços culminaram na aktivere Therapie de Hermann Simon
(terapia mais ativa), um método que ele desenvolveu alguns anos antes
Primeira Guerra Mundial . 101 Foi um elaborado sistema de terapia do trabalho em que cada
paciente foi atribuído uma tarefa particular com uma determinada quantidade de trabalho para
realizar, e que foi projetado para trazer o máximo de melhoria
nele, com o resultado que a agitação desapareceu completamente do
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hospital psiquiátrico; isso em um momento em que fisiológico e farmacológico

os tratamentos eram desconhecidos. A terapia de trabalho também foi organizada em privado
instituições por Mobius, Grohmann e outros, para o tratamento de
neuróticos. 1 02
Outra característica dos anos 1880 a 1900 foi a elaboração gradual
da noção de uma psiquiatria dinâmica. A palavra "dinâmico" veio a ser
comumente usado em psiquiatria, embora com uma variedade de significados que muitas vezes
acarretou alguma confusão. Filósofos e fisiologistas o usaram com
significados que muitas vezes não eram claros, de modo que o dicionário do francês
A Sociedade de Filosofia alertou contra seu uso. "A palavra dinâmica", diz,
"é sedutor pelo seu aspecto científico, mas não deixa de ser (especialmente
como adjetivo) uma das moedas falsas mais atuais do mundo filosófico
linguagem de estudantes e escritores pseudo-filosóficos. " 103 Deixe-nos agora
examine os diversos significados que o termo adquiriu na neuropsiquiatria.
1. Leibniz é geralmente creditado por ter cunhado a palavra "dinâmico"
em contraste com as palavras "estático" e "cinematográfico". Ele usou em
mecânica. O termo foi retomado e aplicado à psicologia por Herbart,
que distinguiu os estados estáticos e dinâmicos de consciência, e mais tarde
à sociologia de Auguste Comte, que distinguiu entre um estático e um
sociologia dinâmica. Em fisiologia, a palavra foi usada desde
1802, e magnetizadores alemães comumente falavam de "dinâmico-psíquico"
forças. 104 No entanto, foi principalmente Fechner quem deu o impulso ao
conceito de energia psíquica e, como veremos mais tarde, durante a segunda metade
do século XIX, existiam teorias de energia nervosa e mental
energia modelada mais ou menos na teoria física da energia.
2. Fisiologistas franceses, entretanto. tinha usado a palavra "dinâmico" para
expressar a noção de "funcional" em oposição a "orgânico". Macario escreveu
um estudo frequentemente citado sobre "paralisias dinâmicas", com o que ele quis dizer
paralisia sem lesões do sistema nervoso. Mais tarde, Charcot ensinou o
distinções entre paralisia "orgânica" e "dinâmica", o último grupo
incluindo aquelas paralisias resultantes de histeria, hipnose e psíquica
traumatismo.
3. Um terceiro significado foi introduzido por Brown-Sequard com sua teoria
de "ações dinâmicas" no sistema nervoso. 106 A estimulação de uma parte de
o sistema nervoso, disse ele, pode produzir efeitos em uma de suas outras partes,
tanto como "dinamogênese" (uma estimulação do funcionamento), ou como "inibição"
(uma diminuição do funcionamento). Os psiquiatras começaram a aplicar esses conceitos a
os fenômenos de distúrbios mentais, especialmente a neurose, complementados
às vezes por outros conceitos herdados da fisiologia do cérebro, como aquele
de "facilitação". 107
4. Enquanto isso, o termo "dinâmico" foi aplicado à potência do motor
de imagens, um conceito provavelmente datado do filósofo Malebranche e
seus sucessores. De acordo com De Morsier, este conceito foi transferido de
filosofia à psiquiatria de Esquirol que assistiu às palestras do
Página 37
filósofo Laromiguiere de 1811 a 1813. 108 Este conceito foi tomado

por Bernheim, que centrou sua teoria da sugestão em torno dele. Debaixo
o nome de "lei do ideodinamismo", ele expôs sua alegação de que
"qualquer ideia sugerida e aceita tende a se transformar em atos." 109
Em 1897, Aime esboçou uma teoria da psicologia dinâmica baseada na
ensinamentos de Brown-Sequard e da Escola Nancy. 110 Ele distinguiu
três classes de distúrbios nervosos: puramente orgânicos, puramente dinâmicos
uns (sem lesão conhecida) e condições intermediárias (que hoje
seria denominado organodinâmica). Ele ensinou que ideias e emoções são
"fatos nervosos dinâmicos", isto é, expressões de dinamogênica ou inibitória
fenômenos em certas estruturas nervosas. Um verdadeiro diagnóstico visa fazer

uma avaliação das respectivas partes dos fatores orgânicos e dinâmicos em
doença. Existem duas classes de tratamentos dinâmicos: aqueles baseados em inibição
e aqueles baseados na dinamogênese. Entre os últimos estão a sugestão
sugestão hipnótica adequada, "sugestão materializada" (agora chamada de placebo
terapia) e, finalmente, métodos de treinamento. O autor atribui um particular
papel muito importante para a terapia dinâmica no tratamento, ou pelo menos
alívio de muitas doenças físicas.
5. Finalmente, a palavra "dinâmica" adquiriu ainda outro significado relacionado
ao conceito de evolução e regressão. Ele parece que o primeiro
para aplicar essas noções à psiquiatria (sem ainda usar o termo
"dinâmico") foi Moreau (de Tours), que ensinou que a doença mental é um
mundo próprio, basicamente diferente do nosso mundo e comparável ao
mundo dos sonhos, mesmo que seus elementos sejam todos retirados do mundo real
mundo. 111 O fato básico subjacente a este mundo de ilusão e alucinação
não é a estimulação de qualquer função cerebral, mas, pelo contrário, uma modificação
ção trazendo uma diminuição das funções intelectuais e uma desproporção
desenvolvimento de atividades psíquicas vestigiais. Janet sempre insistiu
que sua própria teoria dinâmica foi inspirada pelo que ele chamou de Moreau
a "lei fundamental da doença mental" de de Tours. 11 2 Henry Ey repetidamente
sublinha a originalidade das ideias de Moreau. 113 Um conceito semelhante foi mais tarde
introduzido na neurologia por Hughlings Jackson, o primeiro a aplicá-lo ao
estudo de afasia e epilepsia. 114 Jackson levou em consideração o
evolução do sistema nervoso. No sistema nervoso humano, certo
centros surgiram em uma fase mais recente da evolução humana do que
outras. Quanto mais recentes os centros, mais vulneráveis eles são, e quando
um deles é danificado, a atividade dos centros mais antigos aumenta. Conseqüentemente
a distinção feita em lesões nervosas de sintomas negativos (causados diretamente
pela lesão) e sintomas positivos (resultantes da reativação de
funções dos centros mais antigos). Na verdade, o termo "dinâmico",
como Jackson o usou, combinou vários dos significados anteriores daquele
palavra. É designado o aspecto fisiológico, em contraste com o anatómica, o
funcional em contraste com o orgânico, o regressivo em contraste com o status
quo, e expressou ao mesmo tempo o aspecto energético, incluindo inclusive
Página 38
No limiar de uma nova psiquiatria dinâmica ' 291
às vezes a conotação de conflito e resistência. A concepção de Jackson, como

é bem conhecido hoje, teve grande influência não só em neurologistas como
como Head e Goldstein, mas também em psiquiatras: provavelmente em Freud,
e certamente em Adolf Meyer, que estudou com Jackson em Londres em 1891.
Psicologia Sexual e Patologia, 1880-1900

Uma das características das décadas de 1880 e 1890 foi o rápido progresso
de investigações em psicologia sexual e psicopatologia. Apesar
esse período não é muito distante, é muito difícil para a gente conseguir uma imagem exata
disso. O estereótipo usual representa uma era de ignorância sexual,
repressão e hipocrisia. quais 'tabus' assuntos sexuais. Um exame mais atento
nação mostra, no entanto, que na década de 1880, a "hipocrisia vitoriana" era principalmente
uma coisa do passado, embora ainda persistisse em alguns burgueses "gentis"
círculos. A imagem estereotipada que temos desse período pode resultar de nossa
incompreensão do fato de que seu código social fazia as pessoas se referirem a questões sexuais
importa de uma forma mais discreta do que é o caso hoje, e que certo
assuntos, como homossexualidade, foram ignorados e proibidos. Repressão sexual,
uma característica supostamente característica desse período, muitas vezes era apenas o
expressão de dois fatos: a falta de difusão de anticoncepcionais, e o medo
de doenças venéreas. A gonorréia envolveu vários meses de tratamento doloroso,
e a sífilis, via de regra, permaneceu com o paciente durante seu
vida, muitas vezes ameaçando acabar com ela em paresia geral. Sífilis foi a causa
de inúmeras tragédias, que a literatura refletiu em obras como a de Ibsen
Fantasmas, Brieux ' Les A varia e poemas de Anton Wildgans. Mas literatura
foi incapaz de expressar todo o horror dos destinos individuais que ocorreram em
realidade. O jovem Nietzsche, que, aos vinte anos, fez uma parada para um
noite em Colônia, em fevereiro de 1865, e foi levado de surpresa para uma casa
de prostituição, contraiu sífilis e nunca foi tratada. A doença foi
insidiosamente em seu curso, e levou à paresia geral e ao
catástrofe de 1889. 115 As doenças venéreas eram ainda mais perigosas
por causa da grande disseminação da prostituição e porque as prostitutas eram
quase invariavelmente contaminado e, portanto, fontes potenciais de infecção.
Mal podemos imaginar hoje como a sífilis monstruosa parecia para as pessoas
daquele tempo, agravado pelo fato de que provavelmente seria transmitido para
a próxima geração na forma de "sífilis hereditária", que, por sua vez,
tornou-se um mito de pesadelo e ao qual muitos médicos atribuíram
todas as doenças de origem desconhecida. Assim, quando Freud considerou hereditário
a sífilis como uma das principais causas das neuroses, ele simplesmente refletiu uma
opinião que era comum aos círculos médicos da época.
Outra característica desse período foi a luta pelo reconhecimento da
direitos das mulheres. O movimento feminista voltou para Mary Wolstonecraft
e para alguns revolucionários franceses do final do século XVIII,
mas tinha se desenvolvido lentamente. No período de 1880 a 1900, no entanto, o
a luta foi retomada com vigor renovado, embora a maioria
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temporários o viam como idealista e sem esperança. No entanto, resultou

em discussões ideológicas sobre a igualdade natural ou não qualidade do
sexos e a psicologia das mulheres. Várias opiniões foram representadas.
A opinião comum afirmava que o homem era naturalmente superior a
mulher, não apenas na força física, mas no caráter, força de vontade, inteligência
gência e criatividade. Em 1901, o psiquiatra alemão Moebius publicou
um tratado, Sobre a Imbecilidade Fisiológica da Mulher, segundo o qual,
mulher é fisicamente e mentalmente intermediária entre a criança e
homem. 116 Ela tem uma natureza mais animal do que o homem, ela exibe uma carência total
de crítica e de autocontrole, mas isso é uma sorte, porque, em Moebius '
palavras, "se a mulher não fosse física e mentalmente fraca, ela seria
extremamente perigoso. '' Não faltaram homens, e mesmo mulheres,
quem apoiou esta visão. Mesmo no início do século XX,
a inferioridade da mulher era geralmente tida como certa, e a única
problema discutido a esse respeito foi o da razão para sua inferência
oridade. O tema oposto, o da superioridade natural da mulher, era

reivindicado por algumas feministas apaixonadas, e ninguém poderia ter adivinhado que
também haveria homens para defendê-lo mais tarde. 117
A tese da igualdade natural dos sexos foi reivindicada pela maioria
feministas, que responderam ao argumento da menor criatividade da mulher,
que essa inferioridade intelectual era o resultado de séculos de opressão masculina
sion. Os escritos de Bachofen foram usados como argumento em tais discussões,
notadamente pela socialista Bebel, que reivindicou exatamente os mesmos direitos e
deveres para mulheres como para homens e educação igual para ambos os sexos.
Uma terceira tese foi a de uma diferença qualitativa ao invés de uma de
superioridade e inferioridade, que sustentavam que os sexos eram psicologicamente
complementares entre si. Esta teoria às vezes foi associada a
o da bissexualidade fundamental dos seres humanos. Era o velho
Mito romântico do Andrógino, que voltou à luz sob um
manto psicológico. Michelet já havia dito que "homem e mulher são
dois seres incompletos e relativos, uma vez que são apenas as duas metades de
o mesmo todo. " 118 Esta teoria agora estava sendo revivida sob vários
formulários.
Vale ressaltar que cada um dos três grandes pioneiros, Freud, Adler e
Jung, mais tarde, adotou uma dessas três teorias. Freud parece ter levado
a inferioridade natural da mulher como certa, uma vez que, em um de seus primeiros
escritos, ele assumiu que a repressão sexual mais forte na mulher é a
causa de sua inferioridade intelectual. Mais tarde, ele passou a falar do natural
masoquismo de mulher. Adler, por outro lado, era um defensor ferrenho
da teoria da igualdade natural dos sexos. Quanto a Jung, é óbvio
que sua teoria da Anima no homem e do Animus na mulher está relacionada
para a terceira contenção.
Durante as últimas duas décadas do século XIX, muitas ideias surgiram
em torno dessas discussões, e muitos deles encontraram seu caminho mais tarde para
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as teorias dos psiquiatras dinâmicos mais novos. Uma ideia favorita principal-
disse aquele homem, em vez de ver a mulher como ela realmente é, projeta nela
imagens que podem ser classificadas em três categorias: (I) o imaginário
ideal; (2) imagens tiradas de seu próprio passado; e (3) o que poderia ser chamado
imagens arquetípicas. ET A. Hoffmann, Achim von Arnim e outros
Os românticos já haviam retratado longamente o caráter imaginário e ilusório
ato da imagem da amada vista pelo amante, e havia escrito sobre o
conseqüências destrutivas de tais delírios. O conflito entre o ilusório
e a mulher real seria mais tarde usada por Spitteler como o tema de seu
romance Imago, um romance muito admirado por Freud e Jung, cujo título
forneceu à psicanálise um dos termos favoritos de seu vocabulário_11 9
Outro tema foi o da influência duradoura do primeiro amor, seja
esquecido ou não. Em Os discípulos em Sais, Novalis já havia contado a história
de um jovem que vagueia de um lugar para outro, em busca do objeto
de sua visão, chegando finalmente ao templo de Ísis, este objeto é revelado a
ele e ele reconhece nela sua namorada de infância.12 0 O tema de
este romance antecipa o de Gradiva de Wilhelm Jensen , que Freud
tanto admirado e honrado com um comentário. 21 Para outros, como
Nietzsche, a figura orientadora ideal, era considerada a mãe.
Karl Neisser afirmou que, se uma mulher deve ser amada por um homem, ela
tem que se parecer com suas ancestrais femininas, aquelas mulheres que no passado
despertou o amor de seus antepassados.122 O que Neisser explicou em um
cem páginas de linguagem psicológica foram expressas por Verlaine em seu
lindo soneto "Meu sonho familiar", e este conceito não está muito longe
removido do conceito de Anima de Jung. Um terceiro tema favorito era
aquele homem projeta na mulher uma das várias fotos prontas que ele
carrega dentro de si: a imagem do mero objeto sexual, da femme
fatale, da musa, da virgem-mãe, aquelas figuras pertencentes ao que Jung
mais tarde chamado de arquétipos. Alguns desses arquétipos foram objeto de muito
discussão na época.
Uma dessas figuras arquetípicas (ou Frauenphantome, como eram chamadas
nos países de língua alemã) era o da mulher como um mero sexo
objeto, uma imagem que pode ser rastreada de Lutero a Schopenhauer, e
estava sendo revivido naquela época nos escritos de Laura Marholm: o objetivo
da mulher é satisfazer os desejos do homem, sendo este o único significado dela
! ife.123 Esta ideia deveria ser desenvolvida e levada ao seu extremo por Weininger
em seu célebre livro Sex and Character. 12 4 Ele argumentou que aquela mulher
não possuía inteligência, nem caráter, nem qualquer relação com o
mundo das idéias ou a Deus. Ela é um indivíduo, mas não uma pessoa, que o
essência de seu ser é sexo, que ela é uma prostituta nata, e que, em
ficando mais velha, ela planeja fazer com que as jovens sigam o mesmo caminho.
O livro de Weininger foi um enorme sucesso e foi muito admirado por
vários escritores proeminentes da época.
Outro "fantasma" ou arquétipo era a musa, ou o que os franceses chamavam
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a femme inspiratrice, que muitas vezes desempenhou um grande papel na vida e no trabalho
de escritores e pensadores. 125 Biografias de um autor seriam divididas em
períodos de acordo com as mulheres que o inspiraram sucessivamente. Lá
era uma variedade de inspiradoras, desde o aventuri'ere em busca de amor
casos com homens famosos, para o idealista que busca amizades platônicas com
pensadores dos quais eles poderiam ser discípulos, colaboradores espirituais,
ou protetores. Uma célebre femme inspiradora foi Malwida von
Meysenbug, uma mulher de uma família aristocrática alemã, que fugiu para
Inglaterra por causa de suas convicções democráticas, viveu na França e na Itália,
e desempenhou um grande papel nas vidas de Alexander Herzen e Richard
Wagner_126 Suas memórias descreve uma galeria impressionante de homens famosos:
patriotas e revolucionários, compositores, romancistas e dramaturgos,
filósofos e estudiosos.127 Ela foi fundamental para apresentar Nietzsche
para outra femme inspiradora mais jovem , Lou Andreas-Salomé. O último
era para desempenhar um papel importante na vida de uma sucessão de grandes homens, de
Nietzsche para Rilke, e encerraria sua carreira como psicanalista.
A femme fatale também era um "fantasma" popular. Ela é a mulher que
destrói o gênio de um homem, ou mesmo o leva à morte. As vezes
ela é ainda mais perigosa porque aparece disfarçada de
musa inspiradora, como Rebecca no drama de Ibsen, Rosmersholm. Não muito

diferente dela, mas de um caráter um pouco mais ambíguo, é o tipo
de mulher que Jung chamou de Anima-Figur em quem ele vê um exemplo em
O romance de Ayesha de Rider Haggard, Ela, a mulher que fascina o homem
e quem poderia facilmente destruí-lo, mas cujos feitiços podem ser superados, como
visto na história de Ulisses e do mágico Circe.
Outra figura arquetípica, a da Virgem-Mãe, foi definida por
Ria Claassen como a mulher que ajuda o homem a "sublimar e espiritualizar"
seus instintos inferiores. 1 2 M Tal era o papel da imagem da Santa Mãe na
vida espiritual dos monges católicos e a imagem de Beatriz para Dante.
Um curioso produto literário dessas preocupações com as mulheres é encontrado
no romance L 'Eve Future de Villiers de L'Isle-Adam , no qual podemos encontrar
vários desses arquétipos femininos. 129 Há a vampira Evelyn, que
seduz um homem de família honesto e o leva à ruína e ao suicídio. Há sim
Alicia, a bela, mas estúpida e vulgar mulher. Existe um faz de conta
mulher, feita por Thomas Edison para ser a semelhança física exata
de Alicia, mas cujo vazio interior deve ser preenchido com o espírito de uma falecida
mulher, Hadaly, que será a femme inspiratrice do herói do romance. isto
é indicativo do espírito daquele período que o autor também recorreu ao
temas de dupla personalidade e espiritismo ao escrever este mestre típico
peça de ficção científica de 1886.
Enquanto todas essas discussões psicológicas sobre os sexos estavam acontecendo
local, os biólogos buscavam novas abordagens para os mesmos problemas em
seus laboratórios. Um progresso decisivo foi feito por volta de 1830, quando
Baer na Alemanha e outros cientistas depois dele descobriram ou esclareceram
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No limiar de uma nova psiquiatria dinâmica
o fenômeno da ovulação. Michelet, na França, enfatizou a

importância dessas descobertas para a compreensão da psicologia da
mulher e os vulgarizou em um tom um tanto romântico. 130 Mais tarde, em
década de 1880, quando os fisiologistas estavam começando a lançar as bases da
endocrinologia. o fisiologista Brown-Sequard, de setenta e dois anos, em
1 de junho de 1889. li um artigo na Societe de Biologie em Paris sobre o
efeitos produzidos no homem por injeções subcutâneas de um produto extraído
dos testículos das cobaias e dos cães. 131 Ele relatou que havia dado uma série
de oito injeções desse produto em um velho com o resultado de um
extraordinário rejuvenescimento fisiológico e psicológico. O sujeito
era o próprio Brown-Sequard, e os ouvintes que o conheciam não podiam
mas reconheça o fato de que ele parecia vinte anos mais jovem. Ele tinha sido
conhecido há séculos, a partir do exemplo dos castrados, que o sexo masculino
glândulas continham um produto que tinha uma ação poderosa sobre o homem
organismo e maior agressividade, entre outros. A prova era agora
dado da ação "dinamogenética" dessa secreção glandular e era para
ser confirmado posteriormente pela descoberta do próprio hormônio masculino. Castanho-
Sequard enfatizou o paralelismo entre o fenômeno fisiológico
e os efeitos psicológicos. Este pode muito bem ter sido o ponto de partida
para a teoria da libido de Freud, que ele primeiro concebeu como um psicopata
fenômeno biológico no substrato de uma substância química desconhecida
posição.
A abordagem psicológica para o estudo dos fatos sexuais não era menos
frutífero, mas aqui duas observações são necessárias. Primeiro, é uma ocorrência frequente
na história da ciência que certos fatos são de conhecimento comum para
cientistas em uma disciplina e são completamente esquecidos em outras. Certo
fatos poderiam ser bem conhecidos por ginecologistas e desconhecidos por neurologistas, bem
conhecido pelos educadores e desconhecido pelos médicos. O outro fato é o ótimo
persistência de certos erros depois de enraizados. Assim, durante o
séculos XVIII e XIX, havia ideias falsas atuais sobre
os alegados perigos da masturbação, como a crença de que poderia ser o
causa de medula severa e outras doenças cerebrais ou hebefrenia. No
final do século XIX, tais contendas começaram a ser questionadas, mas
eles ainda reinavam na literatura popular e em parte da literatura científica.
Era comum acreditar que a masturbação era uma das principais causas
da neurastenia, e essa ideia pode ser encontrada até mesmo nas primeiras
escritos.
Embora os médicos geralmente considerem a sexualidade infantil uma rara anormalidade
cidade, ela havia sido tomada como donatária: há muito tempo por padres e educadores.
O padre Debreyne, um teólogo moral que também era médico, insistia em
seus livros sobre a grande frequência de masturbação infantil, de jogos sexuais
entre crianças pequenas, e da sedução de crianças muito pequenas por
amas de leite e servas. 132 Bispo Dupanloup de Orleans, um eminente
edu.cator, enfatizou repetidamente em seu trabalho a extrema frequência do sexo
Página 43
brincar entre as crianças, e afirmou que a maioria das crianças adquiriu "maus hábitos"
entre as idades de um a dois anos. 133 Ideias semelhantes foram brilhantemente
exposta por Michelet em algumas das obras que escreveu para populares
Educação. Em Nossos Filhos, ele alertou os pais sobre os perigos do
seria chamado hoje de sexualidade infantil e complexo de Édipo.134 Ele
cita com aprovação os antigos escritos judaicos que recomendam que o
pai mantém uma certa distância de sua filha, e os moralistas católicos
que recomendam o mesmo comportamento por parte das mães em relação a seus
filhos. Michelet diz que a ciência moderna confirma a sabedoria de tal
comanda, e mostra que o menino é um homem quase no nascimento: "Se lhe faltar
o poder, ele tem os instintos e os sonhos de uma vaga sensualidade. "Crianças
no berço já pode ser amoroso, diz ele, e portanto a mãe
deve ter cuidado a esse respeito. Quase sempre a criança tem ciúmes de seus
irmãos e de seu pai. Michelet descreve perceptivelmente como o pequeno
criança simula o sono para melhor observar com atenção aguda o
conversas e intimidades entre seus pais. Se a mãe fizer um
hábito de levar a criança para a cama, estabelece-se um laço "magnético"
entre eles, o que pode resultar em graves perigos para a criança no futuro.
Michelet também alerta contra ligações incestuosas entre irmãos em um
idade precoce e diz que observou pelo menos cinco ou seis estimados e
famílias bem conhecidas onde tais ligações produziram frutos amargos.
Como tantos de seus contemporâneos, Michelet também alerta para o possível
sedução de crianças por servos e contra os perigos de um
marcada preferência da mãe por um de seus filhos. Obras de Michelet
foram amplamente lidos e de seu exemplo, bem como de muitos de seus

contemporâneos, é óbvio que em sua mente a "pureza angelical do
criança pequena "não era, de forma alguma, uma crença comum.135
O estudo médico e psiquiátrico dos desvios sexuais também fez
progresso decisivo após 1880, mas este estudo não era uma novidade.13 6 Por séculos
tinha sido tratado por teólogos morais, por exemplo, no décimo sétimo
século no De Sancto Matrimonii Sacramento por Sanchez, um
enorme obra, cujas versões resumidas eram conhecidas por muitas paróquias
padres. 13 7 No século XVIII, uma obra de Alfonso de Liguori ganhou
um público ainda mais amplo.l38 Do ponto de vista teológico do pecado, Liguori
distinguido entre atos cometidos de acordo com a natureza, como estupro,
adultério e incesto, e aqueles cometidos contrariamente à natureza, como sodomia
e bestialidade. Outra distinção foi feita entre "atos consumados"
e "atos não consumidos" (o último incluindo uma gama inteira de
de pensamentos impuros e palavras obscenas ao contato físico sem real
consumação). Esta classificação foi ampliada pelo Padre Debreyne,
que, sendo também médico, desenvolveu o aspecto psicológico do
problema e deve ser considerado um dos pioneiros da patologia sexual.
Remy de Gourmont disse que a patologia sexual se originou de dois
fontes principais: as obras de teólogos morais católicos e as do porno-
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escritores gráficos. Mas chegou a hora em que os escritores começaram a tratar

assuntos de uma forma objetiva e não pornográfica. Jean-Jacques Rousseau
(1712-1778) alegou dar em suas Confissões uma completa e sincera
relato das experiências mais íntimas de sua vida, incluindo sua sexualidade
experiências relacionadas à masturbação, inibição sexual, exibicionismo e
masoquismo moral. Uma geração depois, Restif de la Bretonne (1734-1806)
descreveu seu fetichismo em vários de seus romances, particularmente em Monsieur
Nicolas. O Marquês de Sade (1740-1814), que pertencia a um francês
família aristocrática, era um psicopata de costumes dissolutos, mas de brilhante
inteligência, que, como resultado de várias ofensas, passou quatorze anos de seu
vida na prisão e treze anos em hospitais psiquiátricos.139 Ele usou sua força
lazer para escrever romances há muito tempo considerados enfadonhos.
Recentemente, acredita-se que Sade foi um gênio profundo e um grande
pioneira em patologia sexual. Deve ser lembrado, no entanto, que ele
passou sua infância e juventude com seu tio, o erudito e rico
Bispo de Sade. Se o jovem Sade lesse tratados de teologia moral em sua
grande biblioteca do tio, ele poderia ter tirado delas uma boa parte de seu
conceitos supostamente originais de patologia sexual. Entre os mais recentes
escritores, Leopold Sacher-Masoch (1836-1895), descreveu seu próprio
tendências sexuais em vários romances, principalmente em Venus in Furs. 140 o
herói desse romance anseia por humilhação por parte da mulher que ama
e é morbidamente atraído por suas peles.
Enquanto isso, um médico russo, Kaan, publicou um tratado em latim,
Psychopathia Sexualis, em 1844, descrevendo sucintamente as modificações de
o nisus sexualis (instinto sexual) .141 Um psiquiatra alemão, Jakob
Christoph Santlus, fundou um sistema de psicologia e psicopatologia
em uma teoria dos instintos. 14 2 A tendência básica de ser (Seinstrieb)

foi dividido por Santlus nas partes animal e espiritual do homem,
daí dois impulsos fundamentais: o sexual e o espiritual. Estes dois
impulsos se desenvolvem, mas há interações entre eles que incluem muitos
desvios dos quais uma variedade é descrita por Santlus. Entre outros, ele
enfatiza a conexão entre delírios religiosos e o sexual
unidades. Na França, Pierre Moreau (de Tours) escreveu um tratado clássico sobre
desvios sexuais.143 Em 1870, sob o nome de "sentimento sexual contrário",
Westphal inaugurou o estudo psiquiátrico objetivo de homossexuais masculinos
ality.144
Mas a honra de ser o fundador da patologia sexual científica moderna
vai para o clínico austríaco, Richard von Krafft-Ebing (1840-1902),
já conhecido como um psiquiatra forense proeminente. Em 1886 ele publicou
seu Psychopathia Sexualis, baseado em muitas histórias de casos de abnor-
indivíduos mal. O livro foi um enorme sucesso e foi constantemente
reeditado, pois Krafft-Ebing modificou o conteúdo do livro e seu
classificações de anomalias sexuais de uma edição para a outra. Ele
cunhou os termos "sadismo" e "masoquismo"; o primeiro em memória do
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Marquês de Sade, para designar aquele desvio em que o prazer sexual é

associado à crueldade física infligida ao parceiro, e o termo
"masoquismo" em memória de Sacher-Masoch, para designar uma associação de
prazer sexual com a ideia ou o fato de ser humilhado e maltratado
por uma mulher. 145 Ao contrário de uma suposição frequente, Krafft-Ebing não
falar de dor física nessa conexão; pelo contrário, ele disse que
os masoquistas detestam a ideia de flagelação. Ele considerou o último como um
condição bastante diferente não necessariamente conectada com a patologia sexual.
A primeira classificação de patologia sexual de Krafft-Ebing distinguiu quatro
classes de anormalidades sexuais: (I) Ausência de impulso sexual. (2) Patho-
aumento lógico do impulso sexual. (3) Período anormal de surgimento do sexo
dirigir (muito cedo ou muito tarde na vida). (4) Perversões: sadismo,
necrofilia e "sentimento sexual contrário". 146 Nas edições subsequentes
de Psychopathia Sexualis, ele modificou sua classificação várias vezes e
finalmente chegou a distinguir dois grupos principais: o primeiro de acordo com o
objetivo (sadismo, masoquismo, fetichismo e exibicionismo), o segundo acordo
ao objeto (homossexualidade, pedofilia, zoofilia, gerontofilia e
autoerotismo). Krafft-Ebing deu um impulso tremendo ao estudo da sexualidade
patologia, e após 1880 estudos sobre o assunto apareceram em
números, especialmente na Alemanha. Em 1899 Magnus Hirschfeld fundou
o primeiro periódico especializado na área, o Jahrbuch fur sexuelle
Zwischenstufen. e ele foi o primeiro a fazer uma distinção radical entre
homossexualidade e travestismo. Entre outros estudos estavam os de Iwan
Bloch, Lowenfeld, Marcuse, Moll e os de antropólogos alemães
sobre psicopatologia sexual comparada. Na França, Lasegue já tinha
apresentou o primeiro estudo psiquiátrico sobre exibicionismo em 1877. 147 Alfred
Binet cunhou a palavra "fetichismo" em um extenso estudo dedicado a isso
desvio. 148 Um dos alunos de Charcot, Chambard, mencionou erógeno
zonas, pela primeira vez em 1881, um termo assumido por Krafft-Ebing que
mais tarde encontrou seu caminho para a psicanálise. 149 Na Inglaterra, Havelock Ellis
ficou conhecido principalmente por sua grande compilação sobre os estudos sobre o
Psicologia do Sexo.
Esses estudos de Krafft-Ebing e outros provocaram um profundo interesse que
logo atingiu um grande público, que, como vimos, já estava previsto
com um grande número de romances sobre o tema sexo. Ao contrário do presente-
lenda do dia que nos faria acreditar que aqueles foram dias de
obscurantismo, no continente não havia barreiras para a publicação,
distribuição e acesso a tais escritos. Foi também a época em que
livros populares sobre assuntos sexuais começaram a aparecer em toda parte. Na Alemanha
por exemplo, um livro de Bolsche, Love Life in Nature, que descreve em detalhes
as múltiplas variedades dos processos de reprodução em todo o
reino animal, tornou-se um best-seller. 150 É verdade que as críticas cresciam
contra esse estouro de literatura sexual, mas o verdadeiro significado disso
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crítica é mal compreendida hoje. Moritz Benedikt relata que quando Krafft-
Psychopathia Sexualis de Ebing foi publicado, ele teve que dissuadir o
comitê da British Medico-Psychological Association de cancelar
Membro honorário de Krafft-Ebing na Associação. 151 a reclamação
contra Krafft-Ebing não estava em publicar seu livro, mas que ele não tinha
evitou que fosse vendido indiscriminadamente. Benedikt percebeu que "hoje,
os alunos de escolas superiores para meninas tinham mais conhecimento sobre o
tema de perversões sexuais do que éramos quando jovens médicos. "Benedikt
acrescenta que Mantegazza, um professor italiano, publicou um livro sobre sexualidade
matérias que também se tornaram um best-seller e foram traduzidas em vários
línguas, e justificou-se dizendo isso, por causa de sua modesta
remuneração como professor, ele teve que encontrar outras fontes de renda.
Obviamente, a linha divisória entre vulgarização científica e pornografia
foi difícil determinar desde o início. Outra objeção que
Moritz Benedikt e outros feitos aos novos "sexólogos" foi que eles
havia criado uma espécie de "romantização" da perversão sexual. Enquanto que
no passado os desviantes sexuais eram considerados semelhantes aos fora da lei,
eles agora eram frequentemente retratados passando por sofrimentos inéditos. Também em
esse respeito. o delineamento nem sempre foi fácil entre os escritos de
psiquiatras profissionais e aqueles de desviados sexuais defendendo sua causa.
Uma questão muito discutida naquela época era se os desvios sexuais
eram inatos ou adquiridos. Aqui também pode ser vista a diferença de perspectiva de
pessoas de acordo com o seu ramo de atividade. Para os educadores, o problema
era simples: eles viam a homossexualidade como um resultado quase natural de certo
condições desfavoráveis entre adolescentes e jovens. O mesmo aplicado
para o exército, a marinha. e as prisões. Krafft-Ebing, que como perito
especialista, teve que examinar os casos mais graves de anomalias sexuais trazidos
perante os tribunais, e quem foi influenciado pela teoria da degeneração
de Morel e Magnan. estava inclinado a atribuir perversões sexuais mais graves
a uma origem constitucional. Esta opinião foi compartilhada inicialmente por muitos
psiquiatras; no entanto, a noção de que as causas psicológicas podem ser o
origem da perversão sexual ganhou terreno. A origem de muitas perversões

foi atribuída a um evento particular na infância. Rousseau já tinha
descreveu como uma surra que recebeu de uma jovem, no
aos oito anos, foi o ponto de partida de seu desvio sexual. Binet,
sem negar o papel de predisposição, anotado na história de sua
fetichistas uma ocorrência que dera à perversão sua característica
Formato. Em 1894, Fen ~ contou sobre duas mulheres que, na primeira infância, tiveram
sido objeto de carícias sexuais por parte de domésticas, sem qualquer
efeito, mas mais tarde na vida, sob estresse circunstancial, um desvio sexual
apareceu. 152 Fere acreditava que o mesmo poderia acontecer nos casos de
sedução sexual em bebês. Em 1901, Moll enfatizou o perigo do cabo
punição para crianças pequenas, alertando que pode se tornar a causa de
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estimulação sexual no professor, nos colegas que testemunham o

punição, e particularmente na criança punida em quem pode haver um
efeito duradouro.! 5 3
A ocorrência de desvio sexual originado em certas relações interpessoais
situações no início da juventude foi ensinado por Theodor Meynert. 154 Sua clínica
experiência, disse ele, o levou a descobrir que a homossexualidade sempre foi de
origem adquirida. Como exemplo, ele contou a história de um homem que foi
atraído por seu próprio sexo, e cuja mãe ficou viúva no início
sua vida e convidou meninos da idade de seu filho para lhe fazerem companhia, sendo
incapaz, no entanto, de ajudá-lo a perceber seus próprios sentimentos eróticos em relação
eles. Simplesmente seguindo o exemplo dela, ele se tornou
atraído por seu próprio sexo. Meynert também conta a história de um necrófilo
cujo desvio se originou por ele ter trabalhado em um necrotério onde
ele recebeu sua primeira estimulação sexual com a visão de uma mulher nua
cadáveres.
A ideia de que distúrbios sexuais podem resultar de
causas psicológicas inconscientes cujas origens foram encontradas em
infância. Dallemagne contou sobre excitações sexuais transitórias aos cinco anos ou
seis, produzindo associações que por sua vez formaram nos anos posteriores o inconsciente
substrato de nossos sentimentos e atos. 155 Ribot, em 1886, deu uma classificação
de distúrbios sexuais com base em sua origem: (1) anatômica e fisiológica
causas; (2) causas sociológicas (comunidades fechadas de homens); (3)
causas psicológicas inconscientes do tipo descrito por Dallemagne,
expressando a ação de uma subpersonalidade inconsciente que dirige o
personalidade consciente e (4) causas psicológicas conscientes (a imaginação
ção trabalhando em um tema erótico, tanto quanto poderia fazer em uma arte ou
tema científico) _1so
A suposição de uma psicogênese de perversões sexuais levou naturalmente
às tentativas de tratá-los por psicoterapia. Esse foi o caso com um paciente
de Charcot e Magnan, que, aos seis anos de idade, tinha visto soldados
se masturbando, e que a partir de então foi estimulado apenas pelo
visão de homens, mostrando nenhum interesse em mulheres. 157 O tratamento consistiu em
substituindo a imagem de uma mulher nua pela de um homem, e depois
alguns meses o paciente tornou-se capaz de ter relações satisfatórias com

uma mulher. Vinte anos depois, Magnan publicou o seguimento desse
história: o paciente ficou convencido de que sua "obsessão" não era
invencível e após um grande esforço em vista de criar novos, heterossexuais
associações, ele foi capaz de se casar e nunca teve uma recaída em seu antigo
hábitos na época dessa publicação. Iss
Durante o período de 1880 a 1900, um crescente interesse foi despertado no
manifestações disfarçadas do instinto sexual, que antes havia sido
feito objeto de investigações por Ideler, Neumann, Santlus e outros.
O papel do instinto sexual na histeria foi dado como certo por
quase todos os médicos até Briquet, que, como vimos acima, expressamente
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negou em seu livro escrito em 1859. Depois de Briquet, opiniões sobre este
assunto foram divididos. Aqui ocorreu uma daquelas divisões curiosas que às vezes
acontecem na história da ciência: enquanto a maioria dos neurologistas tendem a
seguir a visão de Briquet e Charcot, os ginecologistas ainda acreditam na sexualidade
psicogênese da histeria. Descrevemos no Capítulo 3 como o
A ginecologista americana AFA King, após adotar a teoria de Binet da
personalidade dupla de pacientes histéricos, sustentou que essas duas personalidades
são o "ego reprodutivo" e o "ego autoconservador". 159 Se uma mulher
decide dizer "não" às demandas das funções reprodutivas, histeria
pode ocorrer, a menos que a necessidade de atividade da mulher seja totalmente absorvida em
a luta pela existência. Entre os neurologistas, no entanto, um não aceitou
Teoria de Briquet: Moritz Benedikt afirmou em 1864 que a histeria dependia
sobre distúrbios sexuais funcionais (não físicos). 160 Em 1868, ele comprovou
esta teoria com observações clínicas sobre a relação da histeria e
distúrbios da libido (como ele chamou), publicou quatro casos de casos masculinos
histeria que ele atribuiu aos maus-tratos na infância e proclamou o
necessidade de psicoterapia.161 Em 1891 e nos anos seguintes, ele
descreveu o que ele chamou de segunda vida, a existência e a importância de um
vida secreta em muitas pessoas, especialmente em mulheres, e o papel patogênico
de um segredo, que ele disse quase sempre diz respeito a algum aspecto do sexual
vida do paciente. 1 62 Ele deu exemplos de condições histéricas graves
rapidamente curado pela confissão de tais segredos patogênicos e o subsequente
desaparecimento dos problemas do paciente.
Em relação à outra neurose então atual, a neurastenia, a maioria dos especialistas
ainda acreditava que a masturbação era uma de suas causas mais frequentes, mas o
começou a crescer a crença de que havia outras causas sexuais, especialmente o coito
interruptus. Alexander Peyer, um médico de Zurique, citou uma dúzia de autores
que compartilhou essa opinião com ele.163 Peyer também afirmou que havia
também uma forma especial de asma causada por uma variedade de distúrbios sexuais
vida e, especialmente, por coito interrompido. 16 4
Outro tópico frequente de discussão foram as várias reações assumidas
quando os instintos sexuais não foram satisfeitos, além da psicose ou
neurose. O criminologista austríaco Hans Gross deu atenção especial a
esse problema, porque ele assumiu que o instinto sexual frustrado poderia
dadas as circunstâncias tornam-se o ponto de partida dos crimes, e que foi
portanto,
da necessário
sexualidade para oUm
oculta.165 investigador deele,
deles, disse justiça conhecer
é a falsa as várias
piedade; outromáscaras
é o tédio, isto é, um vazio interior, que, não importa o quão ocupada a vida possa ser,
nunca é preenchido. Um terceiro ele descreveu como "vaidade mórbida" e um quarto
um, ressentimento. Uma questão muito discutida foi se a abstinência sexual
pode ser prejudicial. A maioria dos autores acreditava que sim. Krafft-Ebing, no entanto,
era um daqueles que pensavam que a abstinência sexual só poderia prejudicar
indivíduos predispostos, nos quais seus efeitos podem variar de leve agitação
ou insônia a alucinações. 166
Página 49
Não menos discutidas foram as metamorfoses normais ou superiores do

instinto sexual. Curiosamente, Gall, embora o iniciador de um
psicologia baseada no estudo dos instintos, se opôs a essa ideia e ex-
alegou: "Quem ousaria derivar de uma condição dos órgãos de
geração, poesia, música e artes gráficas? "167 Ostwald em seu
biografia de grandes cientistas, apontou que suas vidas amorosas haviam sido de
pouca importância e não exerceu nenhuma influência em suas descobertas. 168 Mas
Metchnikov, seguido pela maioria dos autores, acredita na importância
da sexualidade na criatividade dos gênios, e reuniu muitos documentos
comentários sobre esse problema. 69
Muitos foram ainda mais longe e atribuíram uma origem sexual ao sentimento de
beleza. Espinas apresentou uma teoria do sentimento estético originada na
competição entre homens para ganhar mulheres na forma de
plumagem, música e danças, e no esforço da mulher para se fazer
atraente para o homem.1 70 Nietzsche disse que "todo tipo de beleza incita
à reprodução, sendo este o seu efeito específico da mais baixa sensualidade ao
espiritualidade mais elevada. "171 Steinthal sustentava que durante a ascensão do homem
do mundo animal, uma parte de seu instinto sexual se transformou
no sentido da beleza.1 72 Moebius ensinou que tudo o que encontramos
bela por natureza decorre do instinto sexual, e que a estética
o próprio sentimento mostra uma conexão direta com ele.173 Santayana ensinou que o
o impulso sexual irradia para a religião, filantropia, amor pela natureza e
animais, e o senso de beleza.174 Naumann enfatizou que "o primitivo
e toda poderosa fonte de atividade estética, bem como prazer, é sexual
vida. "175 Yrji :: i Hirn considerava mais moderadamente o instinto sexual um dos quatro
fatores básicos da origem da arte, e considerou o erotismo um meio de
seleção em evolução e como estimulante emocional. 176 Remy de Gourmont
alegou que nem os homens nem as mulheres são bonitos em si mesmos, mulher
ainda menos do que o homem; se o corpo feminino se tornou a encarnação de
beleza, é através de uma ilusão sexual do homem.177 Em suma, este conceito de
origem sexual do sentimento de beleza foi a mais prevalente e se encaixou bem
no quadro geral daquela época.
Também nesse período começaram as investigações sobre os estágios de evolução de
o instinto sexual, tanto na história da espécie humana quanto na
desenvolvimento do indivíduo. Em 1894, Dessoir prestou contas da
evolução do instinto sexual nos jovens. Existe, diz ele, uma fase
de não-diferenciação, seguida por uma fase de diferenciação que leva a
normalmente para heterossexualidade ou anormalmente para homossexualidade. Perturbações
nesse processo de diferenciação pode levar a anormalidades sexuais, mas

sentimento também pode permanecer em um estágio "embrionário" em que o indivíduo
permanece sexualmente indiscriminado e pode ser atraído por qualquer estilo de vida caloroso
corpo, mesmo o de um animal. É importante distinguir entre
homossexuais e indivíduos que permaneceram em um estágio de não diferença
entiation, e quem pode ser atraído por ambos os sexos. Albert Moll em seu livro
Página 50
A investigação sobre a Libido Sexualis deu continuidade à ideia de Dessoir de uma fase de
não diferenciação antes da puberdade, precedendo a fase de diferenciação. 179
Aliás, a palavra "libido" já havia sido usada muitas vezes antes por aqueles
médicos que misturaram mais ou menos palavras latinas em seus termos
nology. Para eles, significava simplesmente desejo sexual. Tinha sido usado ocasionalmente
por Meynert, 180 mais frequentemente por Benedikt, 181 e por Krafft-Ebing, 182
e atualmente por autores menos conhecidos, como Effertz, 183 e
Eulenburg. 184 Parece que foi Moll quem lhe deu o significado mais amplo
do instinto sexual em seu sentido evolutivo, e Freud se refere a Moll em
essa conexão.
Em 1886, o filósofo francês Arreat sugeriu que, assim como o
ato é apenas um momento no próprio instinto sexual, o instinto sexual pode ser um
parte de um instinto mais geral. 1 Hs No casal, há uma maior
círculo de amor conjugal em torno do núcleo da sexualidade pura que é im-
engravidou, no entanto, de sensações sexuais. No amor dos pais por
seus filhos, há mais do que apenas amor dos pais; o pai tem ciúme de
sua filha, com mais frequência até do que a mãe de seu filho. O reverso
já se vê na criança, na avidez sensual com que a criança
chupa o peito da mãe e os filhos pequenos beijam os pais. Arreat conta
de uma menina de seis ou sete anos que se enrolou na roupa suja de seu pai
roupas. dizendo "cheira a papai". Ele também cita Perez e muitos
outros sobre o papel do sexo nos sentimentos emocionais dos irmãos mais novos. Dentro
atos comuns de cortesia (especialmente de um homem para com uma jovem)
e de "amizade pura", há sempre um tom sexual. A contribuição
A relação entre o instinto sexual e os sentimentos sociais é considerável, diz ele. Naquilo
quadro de referência, as anormalidades sexuais podem ser consideradas no quadro de Lombroso
sentido como um desenvolvimento interrompido.
Do exposto, pode-se ver que por volta do ano 1900
psicologia e psicopatologia já estavam em pleno desenvolvimento
por vinte anos, e fez inúmeras contribuições que tendiam a
ser sintetizado na nova ciência da sexologia.
O Estudo dos Sonhos
Pela importância que a teoria e interpretação dos sonhos

foram destinados a adquirir em psicologia dinâmica, é apropriado investigar
sobre seu desenvolvimento durante o período decisivo entre 1880-1900.
Naquela época, havia uma grande quantidade de pesquisas sendo feitas sobre
sonhos. No entanto, para entender seu significado, devemos voltar algumas décadas.
Lembramos que o Romantismo colocou uma enorme ênfase em
sonhos, que quase todos os românticos tinham uma teoria completa ou
idéias dispersas
processo criativosobre eles, e aEnnemoser
dos sonhos. maioria desses
186
autores insistiu no disse "a essência de
sonho é a vida potencial de um gênio. "Troxler 187 foi mais longe a ponto de dizer que
sonhar era um processo mais fundamental do que a vida desperta, pelo qual ele
Página 51
aparentemente significava que o processo de sonhar sob o estado de consciência

era contínuo, do qual nos tornamos conscientes apenas quando sonhamos
no sono. A concepção romântica dos sonhos culminou com Von Schubert
cujas ideias foram resumidamente revisadas no Capítulo 4.
Após o declínio do Romantismo, a era do positivismo trouxe o
noção de que os sonhos eram um subproduto sem sentido de
atividade cerebral coordenada que ocorre durante o sono. Foi , no entanto, durante
aquele período que o trabalho de três grandes pioneiros da investigação dos sonhos
apareceu - o de Schemer, Maury e Hervey de Saint-Denis. Deles
trabalho foi básico para a posterior elaboração da teoria dos sonhos de 1880 a
1900 e ainda mais tarde nas teorias dos sonhos de Freud e Jung.
Enquanto isso, os alunos dos sonhos gradualmente estabeleceram um conjunto de técnicas
para a investigação de sonhos com base na observação, experimentação,
e o domínio dos sonhos. Verificou-se que a observação poderia ser
conduzido ao adormecer, ao ser acordado durante o sono, ou
ao acordar espontaneamente. É importante ficar parado depois de acordar
a fim de relembrar o sonho de alguém, que deve então ser escrito imediatamente
exatamente em uma folha de papel preparada que está por perto. Hervey de Saint-Denis
complementou a anotação de seus sonhos com o desenho deles.
Os alunos dos sonhos perceberam que podiam facilmente treinar para o
ponto de ser capaz de se lembrar de seus sonhos muito bem. O método de
a produção experimental de sonhos foi inaugurada por Maury e a de
a dominação dos sonhos de Hervey de Saint-Denis.
O livro de Schemer, The Life of the Dream, apareceu em 1861 como o único
uma de uma série proposta de oito descobertas no reino da alma. 18B
O trabalho de Schemer nunca foi popular. Alguns leitores não gostaram do romântico
tom com que fala da alma na introdução, que se manifesta
-se em sonhos "como um amante para sua amada." Outros leitores estavam dis-
encorajados pela secura do texto principal e pelo que sentiram ser um
tendência exagerada de classificação. Quando adicionamos que o livro é
extremamente condensado e que se tornou muito escasso, pode-se entender
por que é tão raramente lido hoje. Schemer começa sua investigação com o que
seria hoje chamada de fenomenologia dos sonhos. Luz nos sonhos, ele
diz, é a expressão do pensamento claro e da agudeza da vontade; claro-escuro,
a expressão de sentimentos imprecisos. Ele também descreve os estágios do sonho
em adormecer, sono pleno e despertar. No que diz respeito ao sonho
organização interna, ele distingue entre a descentralização (que
seria hoje chamado de dissolução ou regressão), e as manifestações positivas
tações da fantasia do sonho. Sua ideia principal é que a atividade psíquica em
sonhos são expressos diretamente em uma linguagem de símbolos, daí a possibilidade
de interpretá-los. Schemer propôs um sistema de interpretação de sonhos
baseado em uma teoria plausível, que resultou de objetivo prolongado
observações.
Alguns símbolos são determinados por estimulação espiritual, outros pelo corpo
Página 52
estimulação. Sentimentos religiosos são expressos na forma de revelação

trazido por um mestre respeitado, sentimentos intelectuais na forma de discussão
entre iguais, sentimentos de vitalidade diminuída são vistos na visão de um doente
individual, e assim por diante. Grande parte do livro de Schemer é dedicada a uma análise
dos símbolos eliciados de sensações corporais. Certos símbolos correspondem
a cada um dos órgãos e não são arbitrárias, mas reveladas pela experiência.
Schemer estudou a correlação entre os sonhos e os sonhos do sonhador
doenças físicas ou modificações funcionais no momento do despertar. Ele
descobriram, por exemplo, que os sonhos de voar estavam relacionados a um aumento
funcionamento dos pulmões; sonhos de tráfego intenso nas ruas
às vezes expressam condições cardíacas ou circulatórias. De acordo com Schemer,
há um símbolo básico de sonho: a imagem de uma casa, que é o
expressão do corpo humano, partes da casa representando partes do
corpo. Schemer relata a história de uma senhora que foi para a cama com um violento
dor de cabeça e quem sonhou que ela estava em uma sala em que o teto
estava coberto de teias de aranha fervilhando de aranhas grandes e nojentas. UMA
dezenas de páginas do livro de Schemer são dedicadas a símbolos relacionados ao sexo
órgãos. Como símbolos masculinos, ele menciona torres altas, flautas, clarinetes, facas
e armas pontiagudas, cavalos correndo e pássaros esvoaçantes sendo perseguidos;
entre os símbolos sexuais femininos, Schemer menciona um pátio estreito e um
escada que se deve subir.
Depois de Schemer, vários autores, com ou sem referência a ele,
encontraram os mesmos símbolos relativos às mesmas partes do corpo.189 Em seu
explicação dos símbolos sexuais Freud se refere a Schemer; no entanto, Freud's
símbolos são unidades mais abstratas de significado e são independentes de
condições fisiológicas. Mas o trabalho de Schemer teve outro desenvolvimento inesperado
opções. Friedrich Theodor Vischer mostrou o paralelismo do
Simbolismo Schemerian com o simbolismo arquitetônico de templos em
antigo Egito e na Índia, que parecem ter sido concebidos como um
representação simbólica do corpo humano. Recentemente, muita especulação
desse tipo foi dado ao Templo de Luxor. I90 A ideia de Schemer
foi também o ponto de partida de um novo conceito de estética, expresso pela primeira vez por
Robert Vischer, e desenvolvido por Friedrich Theodor Vischer.191 Nós
temos a tendência de projetar (hineinversetzen) nossas sensações corporais em
coisas, conforme revelado por certos idiomas (por exemplo, "uma árvore anã") no
estado de vigília, bem como em sonhos. Empatia artística (Einfuhlung) descansa
em um obscuro impulso para se unir a outros seres (na linguagem moderna, um
diria para projetar nossa imagem corporal em outros seres ou representações).
O livro clássico de Maury, Sleep and Dreams, foi publicado no mesmo ano
como o de Schemer, mas em contraste com este último foi reeditado muitas vezes.
Maury experimentou em si mesmo dois métodos de investigação de sonhos.
Primeiro, ele treinou para escrever seus sonhos assim que acordasse, e
dedicou considerável atenção a escrever todas as circunstâncias que
pode ter levado a cada um deles. Ele ficou impressionado com a grande sensibilidade
Página 53
de seus próprios sonhos a qualquer mudança na dieta ou nas condições atmosféricas. Ele
também acreditava que ele observou que as ilusões hipnagógicas de alucinações
ções estavam fornecendo a "embriogênese" do sonho da noite. O outro dele
método foi a experimentação com estimulação sensorial. Assistente de Maury
daria perfume para ele respirar durante o sono, e Maury sonhou
que ele estava no Cairo, na loja de um vendedor de perfumes. Seu assistente
faria um barulho com vibrações metálicas e Maury sonhava em ouvir
a campainha de alarme e que uma revolução havia estourado.
Maury entendeu que a estimulação sensorial não explicava o
a maior parte dos sonhos. Sua observação prolongada e anotação de seu
os sonhos o levaram a reduzir a parte da fantasia e da criatividade nos sonhos.
Ele percebeu que muitas coisas que ele acreditava ter imaginado em seu
sonhos eram apenas memórias esquecidas, às vezes voltando para a primeira infância
de capuz. Maury também acreditava que a velocidade dos sonhos superava em muito
de pensamento no estado de vigília.
O trabalho de Maury inaugurou o estudo da estimulação experimental de
sonhos. John Mourly Void, da Noruega, realizou experimentos com ele-
ele e seus alunos, nos quais os membros foram amarrados, e descobriram que este
sonhos induzidos de movimento (o sonhador viu a si mesmo ou alguém
mais se movendo). 1 '1 3 Aliás, este mais tarde se tornou a base teórica da
O conceito de "respostas cinestésicas" de Hermann Rorschach em sua mancha de tinta
teste. A crítica de Sante de Sanctis aos experimentos de Maury era que suas expectativas
ção de ter certos sonhos suficientes para criar no sonho do sonhador
para confirmar a teoria do sonhador-experimentador, uma crítica que também
aplicado a todos aqueles que experimentaram sonhos. 194
O terceiro grande pioneiro da psicologia dos sonhos foi o Marquês Hervey
de Saint-Denis (I 823-1892), que ensinou língua e literatura chinesa
no College de France. Seu livro Sonhos e os meios para direcioná-los,
publicado anonimamente em 186 7, é um dos mais extensos e completos
estudos sempre dedicados aos sonhos do próprio autor. 195 É também um dos mais
livros citados, mas menos lidos, sobre literatura sobre sonhos porque são extremamente raros.
Freud afirmou que nunca havia conseguido encontrar uma cópia dele. A escassez de
o livro é ainda mais lamentável porque contém as descobertas de uma vida inteira de
investigação dos sonhos por um homem que abriu novos caminhos que poucos homens eram
capaz de seguir.
Na primeira parte, Hervey de Saint-Denis conta como, aos treze anos
rapaz, ocorreu-lhe a ideia de desenhar um sonho curioso que tivera na noite
antes. Ele ficou satisfeito com o resultado e iniciou um álbum no qual
desenhou todos os seus sonhos. Ele percebeu que se tornou cada vez mais capaz de
lembre-se deles, de modo que depois de seis meses ele raramente se esquecesse de algum de seus sonhos.
Mas ele ficou tão absorto nesta ocupação que não conseguia pensar em nada
outra coisa e tinha dores de cabeça, de modo que foi obrigado a parar um pouco. Ele pegou
de novo e continuou anotando e desenhando seus sonhos para o próximo
vinte anos. Ele disse que nunca perdeu um único sonho durante todo aquele
Página 54
tempo e assim obteve vinte e dois cadernos contaminando os sonhos de

mil novecentos e quarenta e seis noites. Hervey descreve as sucessivas
estágios do treinamento que ele passou para dominar seus sonhos. o
o primeiro passo foi dado quando, poucos meses após o início, ele se tornou
ciente de que estava sonhando. A segunda etapa foi alcançada quando ele
tornou-se capaz de acordar à vontade para notar sonhos interessantes. o
o terceiro passo foi adquirir a capacidade de se concentrar à vontade em qualquer parte do
sonho que ele desejava explorar mais profundamente. A quarta e última etapa foi
a direção voluntária de pelo menos uma parte de seus sonhos, embora ele tivesse que
reconhecer que havia certas limitações. Para dar apenas um exemplo,
Hervey desejava sonhar com sua própria morte e direcionou seu sonho para
levá-lo ao topo de uma torre da qual ele se jogou, mas neste
ponto ele se pegou sonhando que estava entre a multidão de espectadores
observando um homem que se jogou do topo de uma torre.
A segunda parte do livro de Hervey é dedicada a uma pesquisa crítica de
teorias dos sonhos anteriores, às quais Hervey adiciona uma grande quantidade de material
extraído de sua própria experiência. A primeira pergunta é: de onde sonho
imagens vêm? Aqui, Hervey confirma a observação de Maury de que a memória
parte é muito maior do que imaginamos. Como Maury, ele cita exemplos de sonhos
fotos que pareciam bastante novas para ele, mas que ele foi capaz de identificar mais tarde
por acaso como memórias esquecidas, imagens oníricas sendo em sua maioria reproduzidas
de clichês-souvenirs (que poderiam ser traduzidos como "instantâneo-
memórias "). À pergunta:" Por que os sonhos às vezes são confundidos ou
absurdo? "Hervey responde que a percepção pode ter sido rápida e
obscuro, de modo que a própria reprodução no sonho é obscura e turva.
Às vezes, os sonhos são obscuros porque existem dois ou mais clichês-
lembranças sobrepostas umas às outras. Finalmente, às vezes há um
"abstração", ou seja, uma certa qualidade é abstraída de um objeto e
atribuído a outro. Assim, o que Hervey chama de abstração e sobreposição
ção é o que hoje chamamos de deslocamento e condensação. Conversação
entre várias pessoas, outra ocorrência em sonhos, representa, de acordo
para Hervey, um conflito dentro do sonhador.
As memórias de imagem, no entanto, não dão conta de todo o material de
sonhos, diz Hervey. A fantasia criativa também desempenha seu papel. Embora ele uma vez
relata a história de um problema de xadrez resolvido em um sonho, Hervey enfatiza
as performances imaginativas dos sonhos. Vários de seus sonhos são na verdade
de alta qualidade poética e beleza. Em um deles Hervey olha para uma magia
espelho, se vê como um jovem envelhecendo até se tornar um velho feio
homem, e acorda assustado. Outro (pp. 322-323) curiosamente antecipa
um episódio em HG Wells Invisible Man. Ainda mais notáveis são aqueles
sonhos que seriam chamados de arquetípicos na terminologia junguiana, e que
realmente pareceria, para o leitor de hoje, ser emprestado de um
dos escritos de lung.
Hervey também contribuiu para o estudo experimental dos sonhos. Enquanto que
Página 55
Maury se contentou em experimentar uma estimulação sensorial simples e

a resposta a eles, Hervey imaginou uma técnica de solidarite
rememorativo, isto é, algo semelhante ao condicionamento onírico. Durante
uma estadia de duas semanas em uma parte pitoresca do interior da França, ele colocou um
gota de um certo perfume em seu lenço todos os dias, e deixou de fazer
assim como em seu retorno a Paris. Vários meses depois, ele pediu a seu assistente para colocar
algumas gotas desse mesmo perfume no travesseiro durante o sono. Na realidade,
doze dias depois sonhou com Vivarais, a região onde havia passado
suas férias e, ao acordar, percebeu que o perfume havia sido colocado
em seu travesseiro naquela noite. Ele então concebeu experimentos mais complicados.
Em um baile onde ele dançou com duas mulheres, ele pagou aos músicos
para que eles sempre tocassem uma determinada música quando ele dançasse com cada senhora
por sua vez. Algum tempo depois, ele tinha as músicas tocadas para ele em uma caixa de música,
durante o sono, e descobriu que cada uma das duas valsas trouxe o
imagem do sonho da senhora com quem ele havia dançado aquela música particular.
É um crédito de Hervey que ele chamou a atenção para a plasticidade do
processo de sonho. Mas a técnica que ele desenvolveu para dominar e
dirigir conscientemente seus próprios sonhos era tão difícil que ele encontrou poucos
imitadores. Um desses poucos foi o psiquiatra e poeta holandês Frederik
van Eeden, que começou em 1896 a estudar seus sonhos com uma técnica semelhante
para Hervey's. Como Hervey, a quem ele se refere, Van Eeden diz que como um primeiro
passo ele se tornou consciente de seus sonhos e mais tarde adquiriu a habilidade de
direcioná-los à vontade. Ele primeiro condensado suas observações em um romance, The
Noiva dos Sonhos. 196 Ele estava relutante em publicar suas descobertas como seu
próprio, por causa de seu caráter incomum. No entanto, ele relatou sobre eles em
um artigo lido em uma reunião da Society for Psychical Research, e ele
distinguiu várias classes de sonhos, entre eles sonhos demoníacos, em
que ele teve que lidar com personalidades demoníacas, que não são humanas, agindo
e falantes, seres independentes.197 Ele também teve sonhos lúcidos, nos quais
ele se dirigiu a encontrar pessoas mortas com quem havia estado
familiarizado. Ele também afirmou ter sido capaz de transmitir em um sonho lúcido
uma mensagem subliminar para um médium. Os experimentos de Hervey podem ter inspirado
O romance Peter Ibbetson de George du Maurier , um best-seller da década de 1890, em
que dois amantes separados conseguem se encontrar todas as noites em seus
sonhos e juntos exploram o mundo de sua infância, de seus ancestrais,
e dos séculos passados. 198 A vida dos sonhos de Robert Louis Stevenson, que nós
mencionado no Capítulo 3, poderia ser chamado de dirigido semiconscientemente_l99
Ele relata ter usado a ajuda de seus "pequenos" ou "brownies" como
colaboradores para a escrita de seus romances. É estranho ver como, depois
Hervey de Saint-Denis, o poder plástico dos sonhos - consciente ou inconsciente
scious - foi negligenciado pelos estudantes dos sonhos, com poucas exceções.
O trabalho dos três pioneiros, Schemer, Maury e Hervey de Saint-
Denis. dominou a investigação subsequente do sonho durante o último terço
do século XIX. Uma quantidade considerável de pesquisa foi dedicada
Página 56
aos sonhos, nesse período, de autores que são, na sua maioria

esquecidos hoje e que mal foram mencionados pelos historiadores, com
a exceção de Binswanger. 201 Striimpell, professor da Universidade de Leipzig
versidade, me perguntei por que o mundo é tão diferente em sonhos do que é em
acordando a vida, e deu esta resposta: quando despertamos, não conseguimos colocar
o sonho em nosso passado ou presente, e é também por isso que os homens tiveram um
tendência de buscar seu significado no futuro. 202 Para a pergunta "Por que
o sonhador acredita que seu sonho é real? "ele responde que o sonho
alma constrói um "espaço de sonho" no qual imagens e memórias são projetadas
que dão a impressão de percepção verdadeira no momento em que a distinção
relação entre o objetivo e o subjetivo e o senso de causalidade
desaparece. Para o problema "Por que o sonho é tão facilmente esquecido?"
Striimpell aponta para a fraqueza, frouxidão e incoerência da maioria
imagens de sonho, e diz que a verdadeira questão deveria ser "Por que nós
lembra tanto disso? "Ele também apontou para o papel das imagens de fala em
sonhos.
O livro de Volkelt, Dream-Phantasy, critica alunos de sonhos anteriores
porque deram muita importância aos processos negativos nos sonhos
e não o suficiente (com a única exceção de Schemer) para o positivo
elemento, fantasia de sonho. 203 Eles também deram muita importância, ele
acreditou, ao papel das associações, e não o suficiente ao fato demonstrado por
Esquematizador de que a fantasia do sonho traduz impressões corporais diretamente em
símbolos. Volkelt traz vários exemplos pessoais de sonhos em que
Os símbolos de Schemer são confirmados. Longe de admitir, como a maioria dos românticos
fez, que no sonho a alma escapa das amarras do corpo,
Volkelt diz que, ao contrário, cai em uma forma mais imediata
dependência do corpo. A percepção do corpo como um todo ocorre
de uma forma muito diferente em sonhos daquela que ocorre durante o
estado de vigília. Volkelt aqui aborda o problema da modificação do
imagem corporal em sonhos.
No mesmo ano, 1875, o estudo de Friedrich Theodor Vischer sobre os sonhos
apareceu, que apresenta uma análise aprofundada do processo pelo qual o
o sonhador se entrega às suas imagens, criando a possibilidade de
vendo-se espelhado nessas imagens. 204 As ideias de Schemer são desenvolvidas
do ponto de vista de sua aplicação à teoria da estética.
Em 1876, o estudo de Hildebrandt sobre os sonhos e sua utilização na vida
apareceu. 205 Ele distingue quatro possibilidades a esse respeito. Primeiro, o
a beleza de alguns sonhos pode ser um conforto para o sonhador. Segundo, o
o sonho dá ao sonhador uma imagem ampliada de suas tendências morais. o
Palavras bíblicas "Todo aquele que está com raiva de seu irmão é um assassino"
são confirmados em sonhos em que o sonhador comete um ato imoral
isso o angustia quando ele acorda. Em um exame mais atento, ele pode encontrar
que o sonho foi a materialização de algum pensamento imoral incipiente.
Hildebrandt conclui que um homem perfeitamente moral nunca sonharia
Página 57
qualquer coisa impura. Terceiro, o sonho pode dar uma visão clara de certas coisas
que na vida acordada foi obscuramente percebido, por exemplo, que alguém
quer prejudicar o sonhador. Quarto, existem aqueles sonhos que anunciam
uma doença, como foi relatada desde Aristóteles, e aqueles sonhos
que nos informam sobre as condições fisiológicas do corpo, como aquelas
descrito por Schemer.
A propósito, a discussão de Hildebrandt sobre a responsabilidade moral do sonhador
capacidade para seus sonhos foi posteriormente assumida por Josef Popper, que, em um curioso
ensaio, descreve como, acordado ou dormindo, é a mesma pessoa que
tem os mesmos pensamentos e sentimentos e, portanto, se houver algo
escondido ou impuro em uma pessoa, seus sonhos parecerão sem sentido ou mesmo
nonsensicaJ. 20 6 Reconhecemos aqui a noção que se tornaria o
pedra angular da teoria de Freud sobre os sonhos.
Binz, em 1878, apontou o papel das causas químicas e toxicológicas
na gênese dos sonhos. 207 Certas substâncias químicas fornecem
sonhos, como o sonho gerado pelo ópio, atropina, álcool,
haxixe e éter. De acordo com Binz, os alunos do sonho superaram
enfatizou o lado psicológico e ignorou em grande parte o aspecto fisiológico
fatores lógicos que causam sonhos.
Robert apresentou um novo ponto de vista. 208 A natureza, ele acredita, não
ing desnecessariamente. Se sonhar existe, deve ter uma função necessária.
O que poderia ser isso? Robert assume que é um processo de eliminação que
ocorre no cérebro e cujo reflexo percebemos como o sonho. Lá-
portanto, não é que o homem possa sonhar, mas que ele deve sonhar, a fim de
elimine as imagens que sobrecarregam sua mente; como o caso quando há
um transbordamento de percepções de fora ou de imagens fantasiosas. Tal é
particularmente o caso de percepções ou ideias pouco claras que não foram
completamente pensado. A eliminação ocorre por meio de um processo que
Robert chama o trabalho dos sonhos ( Traumarbeit) , através do qual eles são
sejam incorporados à memória ou esquecidos. As imagens eliminadas
são percebidos por nós como imagens oníricas; eles são "chips da oficina de
a mente. "Uma consequência importante disso é que" uma pessoa de quem
a capacidade de sonhar seria mais cedo ou mais tarde
mentalmente perturbado ", e o tipo de desarranjo mental iria ser
determinado pelo tipo de preocupação que não foi eliminada nos sonhos.
Ele dá o exemplo de dois comerciantes, cada um dos quais recebe uma carta
em seu escritório, mas que cada um se esquece de ler. O primeiro comerciante está em grande
dificuldades de negócios das quais o segundo acaba de se recuperar. Portanto
eles estão em estados de ânimo diferentes e isso se refletirá em seus sonhos. Mas
se esses comerciantes não pudessem descarregar suas mentes em sonhos, o
o primeiro desenvolveria delírios de perseguição, o segundo, delírios de
grandeza.
Yves Delage, um biólogo francês. dedicou muitos anos ao estudo de
sonhos. Ele deu um primeiro esboço de sua teoria em 1891. 209 Ele começou seu
Página 58
investigação de uma perspectiva original: quais são as coisas das quais nós
que não sonhar? Ele descobriu que as coisas que ocupam muito a mente durante
o dia não aparece nos sonhos, nem os acontecimentos importantes da vida. Amantes,
por exemplo, não sonhem um com o outro antes do casamento, durante o mel
lua, ou por algum tempo depois; só mais tarde, quando eles forem usados
um com o outro, eles sonham um com o outro. À pergunta "o que fazer
realmente sonhamos? '' ele respondeu que a grande maioria das imagens dos sonhos
vêm de atos ou pensamentos inacabados ou de percepções elusivas, principalmente
do dia anterior. (Parece que Delage não sabia de Robert.)
não exclui o fato de que os sonhos podem ser eliciados por um sensorial real
estimulação, como descrito por Maury. A psicologia de Delage é um ener-
getic-dynamic, nos moldes de Herbart. Nossas impressões, ele diz,
são "acumuladores de energia", em outras palavras, cada um tem sua própria carga de
energia, e dependendo da carga de energia, eles repelem ou inibem cada
de outros. Embora em nossos sonhos pensamentos ou imagens recentes e inacabados dominem
inato, as impressões que são completas podem surgir, se tiverem um
forte carga de energia; isso é exatamente o que acontece nos pesadelos. Mas
há também uma atividade independente em sonhar, que prossegue em
ordem decrescente de devaneio para meio-sonho, e de parcialmente dirigido
sonho para sonho comum. Mas o sonho não consiste apenas em recente
imagens não modificadas. Nesse sentido, Delage menciona dois processos
isso já havia sido descrito por Maury e Hervey de Saint-Denis.
Um é a fusão de representações em uma imagem e a outra o
atribuição de um ato neutro a outro sujeito (em termos modernos, condensa-
deslocamento e deslocamento). Além disso, não apenas memórias recentes, mas também antigas
pode ocorrer em sonhos. Descobrimos que velhas memórias são trazidas de volta
através de associações com memórias recentes, e cadeias de associações podem
às vezes ser reconstruída (como Maury fez com cadeias de associação verbal
ções). Delage acreditava que tais cadeias de associações deveriam existir dentro
os sonhos.
A partir desta breve revisão, pode-se ver que os investigadores dos sonhos de
1860 a 1899 já havia descoberto quase todas as noções que foram
a ser sintetizado por Freud e pelo pulmão, e muitos outros que não
ainda recebeu atenção suficiente. Nas teorias de Freud pode ser reconhecido o
influências de Maury, Schemer. Striimpell, Volkelt e Delage. Quanto a
Jung, sua teoria dos sonhos nos lembra mais de Von Schubert e do
Românticos, e às vezes mostra analogias marcantes com Hervey de Saint-
Denis.
A Exploração do Inconsciente
Nas últimas décadas do século XIX, o conceito filosófico
do inconsciente, conforme ensinado por Schopenhauer e Von Hartmann, foi
extremamente popular, e a maioria dos filósofos contemporâneos admitiu o
existência de uma vida mental inconsciente. Os psicólogos procuravam ciências
Página 59
evidências científicas e, nesse sentido, contribuições decisivas foram feitas no

anos 1880 a 1900. Aqui, também, temos que voltar para ver o
problema em seu contexto adequado. A suposição de que uma parte da vida psíquica
O conhecimento consciente do homem escapa foi mantido por muitos séculos. Dentro
nos séculos XVII e XVIII, atraiu mais atenção; no
décimo nono, como um dos problemas mais debatidos, tornou-se finalmente

uma das pedras angulares da psiquiatria dinâmica moderna. O tradicional
abordagem especulativa, que também era a dos românticos, era agora
suplementado por duas outras abordagens, a experimental e a clínica . J.2 10
A abordagem especulativa foi a dos filósofos panteístas e
os místicos da Índia e da Grécia, o Vedanta, Plotino, Dionísio
opagita, muitos místicos da Idade Média, Boehme, Schelling e os
filósofos da natureza, Schopenhauer, CG Carus e Von Hartmann.
É de notar, no entanto, que no decorrer do tempo, os argumentos
trazidos por esses filósofos eram cada vez mais psicológicos
natureza. A abordagem especulativa também foi usada por certos filósofos
psicólogos. Foi Leibniz quem propôs a primeira teoria do inconsciente
mente consciente apoiada em argumentos puramente psicológicos. 211 Ele apontou
às pequenas percepções, isto é, aquelas que estão abaixo do limiar de
percepção, embora desempenhem um grande papel em nossa vida mental. Herbart
pegou o conceito de pequenas percepções e o limiar de Leibniz, mas
introduziu um ponto de vista dinâmico. 212 Herbart pensava no limite como um
superfície onde uma multidão sempre mutante de percepções e representações
ções lutam constantemente umas contra as outras. Os mais fortes empurram o
os mais fracos abaixo do limiar, as representações reprimidas se esforçam
para ressurgir, e por esse motivo, muitas vezes se associam a outros
representações. Abaixo do limite, as representações obscuras constituem
uma espécie de refrão que acompanha o drama sendo tocado no consciente
palco. Abaixo do limiar está também a massa de apercepção, um compacto
feixe organizado de representações inconscientes. Seja uma nova percepção
será retido ou não depende se ele se encaixa na massa de apercepção
e pode ser facilmente assimilado por ele. Herbart deu a fórmula matemática
ções das relações de forças entre as percepções. Embora seu
teoria do inconsciente era amplamente especulativa, exerceu uma grande
influência na psicologia alemã ao longo do século XIX,
concordando com Griesinger e com o conceito psicanalítico de Freud. Um biológico,
abordagem especulativa foi usada por Hering, que argumentou que a memória é
uma função geral da matéria organizada e que além do indivíduo
memória há também uma memória da espécie da qual o instinto é um
manifestação. Idéias semelhantes foram expressas na Inglaterra pelo romancista
Samuel Butler, e posteriormente desenvolvidos por Richard Semon, Hans Driesch,
e Eugen Bleuler.
A abordagem experimental para o estudo do inconsciente foi introduzida
produzido por Fechner com sua psicofísica. 213 A fim de verificar seu meta-
Página 60
hipótese física sobre a relação entre mente e corpo, cerca de 1850

ele começou uma longa série de experimentos sobre a relação matemática de
a intensidade dos estímulos e a intensidade das percepções. Enquanto comput-
com a intensidade das percepções, ele deu valores negativos para aqueles abaixo
o limiar da percepção. No entanto, ele descobriu que a diferença entre
o estado de vigília e o estado de sono não eram principalmente uma diferença no
intensidade de uma determinada função mental. Era como se as mesmas atividades mentais
foram exibidos
esse seria alternadamente
o ponto de partida do em diferentes
conceito cenas oudepalcos
topográfico Freudde
doteatro (uma observação
mente). Enquanto Fechner e seus sucessores tentavam medir o desempenho inconsciente
percepções, Helmholtz descobriu o fenômeno da "inferência inconsciente
ence ": percebemos os objetos não como eles impressionam nossos órgãos sensoriais, mas
"como deveriam ser." 214 A percepção é uma espécie de instantânea e inconstante
reconstrução consciente do que nossa experiência passada nos ensinou sobre o objeto.
Não só adiciona sensação, mas também abstrai dela, retendo apenas aquele
que é utilizável para o nosso conhecimento de objetos, a partir dos dados sensoriais.
Uma nova abordagem experimental foi desenvolvida por Chevreul, 215 que foi capaz
para mostrar que os movimentos da vara divina e do pêndulo resultaram
de movimentos musculares inconscientes do sujeito causados por inconscientes
pensamentos. Chevreul estendeu sua pesquisa aos movimentos do "giro
mesas ": não são os" espíritos ", disse ele, que movem as mesas, mas os
movimentos musculares inconscientes dos participantes; as supostas mensagens
dos "espíritos" são a expressão de pensamentos inconscientes do médium.216
O conceito de Chevreul de pensamentos inconscientes sendo expressos através de
movimentos inconscientes foram posteriormente aplicados ao fenômeno de "Cumber-
landism "(isto é, leitura da mente) e escrita automática. Outra experiência
abordagem mental foi concebida por Galton quando ele concebeu a palavra-asso-
teste de ciação. Ele descobriu que as respostas não eram dadas ao acaso, mas tinham
alguma relevância para os pensamentos, sentimentos e memórias do indivíduo. 217
Este aspecto do teste de associação de palavras, no entanto, foi esquecido por
Seguidores de Galton, e foi C. G. Jung quem primeiro usou esse teste como um
detector de representação inconsciente. Finalmente Narziss Ach, que, em um
série de investigações laboratoriais aperfeiçoadas, abordou diretamente o problema
de atividade inconsciente no pensamento e na vontade, mostrado experimentalmente
o papel de tendências determinantes inconscientes na execução de
atos de vontade e pensamento. 21s
Outra abordagem foi dada pela nova pesquisa parapsicológica,
que teve suas origens na Inglaterra. Na década de 1870, um movimento surgiu na
Cambridge University para explorar a profundidade da mente desconhecida e
particularmente os fatos de clarividência, presciência do futuro e
supostas comunicações com o falecido. Após um longo período de informal
associação, a Society for Psychical Research foi fundada em 1882 por um
físico, William Barrett; um clérigo, o reverendo Stainton Moses; uma
filósofo, Henry Sidgwick; e um jovem estudioso clássico, Frederick
Página 61
Myers, que desempenharia o papel principal nos primeiros vinte anos do

Sociedade. 219 A base do pensamento de Myers era a questão filosófica:
"O Universo é amigável?" Uma resposta satisfatória para isso, ele pensou, poderia
ser dada apenas após responder a uma pergunta preliminar, "A vida do homem
tem alguma continuidade além do túmulo? ", a fim de garantir um maior desenvolvimento-
mento e realização. O problema da sobrevivência após a morte foi, portanto, colocado em
o primeiro plano da pesquisa parapsicológica. Neste contexto, muitos outros
surgiram problemas, e Myers acreditava que uma análise completa tinha que ser
feito dos problemas de hipnose e personalidade dupla, bem como o
fenômenos parapsicológicos atuais, antes da questão da
comunicação com espíritos falecidos poderia ser abordada de maneira adequada. Ele começou
um exame crítico de toda a literatura que trata desses tópicos.
Os resultados desta investigação, além dos resultados de sua própria parapsia-
pesquisa ecológica e de seus colegas, foram compilados em uma enciclopédia
pedic trabalho que foi publicado postumamente em 1903. 220 Myers, portanto, não foi
apenas um parapsicólogo, mas também um dos grandes sistematizadores da noção
da mente inconsciente. Na visão de Myers, o "eu subliminar" (como ele chamou
it) tem funções inferiores e superiores. As funções inferiores são mostradas em
aqueles processos de dissociação, descritos por psicopatologistas, e o
funções superiores são reveladas em certas obras de gênio, que poderiam ser
entendido como o "aumento subliminar" de ricos depósitos de informações,
sentimento e reflexão que estão sob a consciência do criativo
pensador. Myers acreditava que por meio das funções superiores, o humano
mente também pode ocasionalmente estar em comunicação com os espíritos dos
falecido. Uma terceira função do Myers inconsciente chamada mitopoética
função, que é a tendência inconsciente de tecer fantasias. Não é
afinal, Myers não seguiu a implicação desta noção muito fecunda
em toda a sua extensão.
A abordagem clínica para a exploração do inconsciente tinha amplamente
foi utilizado durante todo o século XIX, desde grande parte do
o trabalho dos magnetistas e hipnotizadores foi basicamente uma investigação clínica
do inconsciente, embora tenha sido amplamente feito de uma forma assistemática
e muitas vezes sem crítica ou distinção suficiente entre
conceitos e teoria.
Na França, o interesse por essas pesquisas foi renovado após Charles
Publicação de Richet em 1875. 221 No início de 1880, quando Charcot e
Bernheim iniciou o estudo clínico da hipnose, um fluxo contínuo de
pesquisas e publicações começaram a surgir. O estado do problema do
inconsciente, como era no final de 1880, foi esboçado por Hericourt em um
pesquisa publicada em 1889, afirmando que a atividade inconsciente da mente
é uma verdade científica estabelecida sem qualquer dúvida, e ele deu crédito a
Chevreul por ter provado isso experimentalmente. 222 Como manifestação cotidiana
ções da vida inconsciente, Hericourt menciona hábitos e instinto, por-
memórias obtidas, ocorrendo espontaneamente na mente, problemas sendo
Página 62
resolvido durante o sono, movimentos inconscientes que têm efeitos psicológicos

conteúdo e significado, e sentimentos inexplicáveis de simpatia e
antipatia. Mesmo na vida diária, nossa mente consciente permanece sob a direção
do inconsciente. Recebemos sugestões do meio ambiente não só
em experimentos hipnóticos. mas no estado de vigília. e transformá-los em
pensamentos e sentimentos que acreditamos serem nossos. Outras provas do
atividade do inconsciente são encontrados na histeria, mediunidade e auto-
escrita matemática. A relação da mente consciente e inconsciente pode
ser de três tipos: (I) Normalmente, deve haver colaboração pacífica,
o inconsciente se contenta em ser um auxiliar silencioso. (2) Mas uma espécie de
o estranhamento pode ocorrer e o inconsciente então se organiza na
forma de uma "segunda personalidade"; isso é o que ocorre temporariamente na hipnose
e permanentemente em pacientes como Felida. (3) Finalmente, uma rebelião aberta
do inconsciente contra a mente consciente pode ocorrer com mais
ou luta menos prolongada e uma variedade de resultados, como impulsos, fobias,
e podem ocorrer obsessões. A insanidade se manifesta quando a mente consciente
cedeu ao inconsciente.
Entre 1889 e 1900, grandes avanços foram feitos na exploração clínica
ção do inconsciente. Janet publicou seu Automatisme Psychologique
em 1889, cujo impacto. como veremos no capítulo seguinte, foi
considerável e dominou a exploração do inconsciente para alguns
hora de vir. Janet conduziu suas investigações nessa linha por vários anos.
Enquanto isso, Breuer e Freud publicaram seu "artigo preliminar" de 1893,
e seus Studies in Hysteria em 1895, aos quais retornaremos no Capítulo 7.
Ao mesmo tempo. Flournoy conduzido independentemente em Genebra um
pesquisa de grande originalidade.
Theodore Flournoy ( 1854-1920), um médico, filósofo e psicólogo
chologista e discípulo de Wundt. foi nomeado professor de psicologia
ogy na Universidade de Genebra em 1891. Ele havia aprendido as técnicas
de psicologia experimental e comprometeu-se a aplicá-los aos problemas de
parapsicologia. Ele tomou como máximas o que chamou de princípio de
Hamlet: "Tudo é possível" e o princípio de Laplace: "O
o peso da evidência deve ser proporcional à estranheza do fato. "
Ele realizou um longo estudo sobre os médiuns de Genebra. Em dezembro
1894, Flournoy foi convidado para uma sessão em que uma médium, Catherine
Muller, estava revelando suas capacidades. Ele ficou intrigado ao ouvir o médium
falar de certos eventos que ocorreram há muito tempo em sua própria família, e
perguntou-se como ela poderia saber deles. Mas Flournoy não se apressou em desenhar
qualquer conclusão. Ele conduziu uma longa investigação sobre a origem e a origem
base do meio, e descobri que, muito tempo atrás, havia alguns
conexão temporária entre os pais da médium e os dele, para que ela
poderia ter ouvido falar sobre esses eventos e esquecido deles. Flournoy tornou-se
um participante regular nas sessões com o assunto, e a partir desse momento
sua mediunidade sofreu uma mudança notável. 223 Ela agora caiu em um
Página 63
estado de sonambulismo completo e mudanças manifestadas na personalidade em que

ela supostamente reencenou cenas de suas vidas anteriores. Este foi o
início de uma investigação de cinco anos. Catherine Muller, a médium, melhor
conhecido sob o pseudônimo de Helen Smith, era um alto e bonito
mulher de trinta anos de idade, que trabalhava como vendedora em uma loja de departamentos.
Ela era uma crente fervorosa no espiritismo, e nunca aceitou qualquer dinheiro para
seu trabalho mediúnico. Suas declarações foram consideradas por seu círculo de
admiradores como sendo revelações de outro mundo, enquanto os céticos
considerou-a uma fraude. Flournoy afirmou que não era nem um nem o
outro, e que uma explicação natural poderia ser dada. Ele começou analisando
os três ciclos do meio. No primeiro ciclo, ela reencenou seu suposto
vida anterior como uma princesa indiana do século XV. No segundo ciclo,
ela reencenou cenas da vida de Maria Antonieta, de quem ela também
alegou ser uma reencarnação. No ciclo marciano, ela fingiu ser
familiarizado
que com oe escrever.
ela podia falar planeta Marte, suasfoi
Flournoy paisagens,
capaz dehabitantes
identificareuma
linguagem,
grande
deste material como vindo de livros que ela leu quando criança. Em uma história
da Índia, ele encontrou os principais detalhes que deram origem ao ciclo hindu.
O resultado da investigação de cinco anos de Flournoy foi publicado em um livro
Da Índia ao Planeta Marte, no qual ele mostrou que as revelações
do meio eram "romances da imaginação subliminar" baseados em
memórias esquecidas e expressando desejos, e que Helen Smith
o espírito-guia, Leopold, era uma subpersonalidade inconsciente do médium. 224
Cada um dos ciclos, acrescentou Flournoy, foi construído sobre uma "reversão" de
a personalidade para uma idade diferente: o ciclo de Maria Antonieta até a idade de
dezesseis, o ciclo hindu aos doze anos e o romance marciano aos
primeira infância. Flournoy concluiu: "Assim como a teratologia ilustra
embriologia, que por sua vez explica a teratologia, e como ambas se unem em
lançando luz sobre a anatomia, da mesma forma, pode-se esperar que o estudo da
fatos da mediunidade podem algum dia ajudar a nos fornecer alguns
visão frutífera da psicogênese normal. "Um aspecto da investigação
que parece insuficiente hoje é o do relacionamento (na linguagem atual,
transferência) entre o médium e o investigador. O anexo
de Helen Smith a Flournoy é sugerido mais de uma vez no livro.
De acordo com Claparede, Flournoy havia entendido sua natureza psicossexual
muito bem, mas a discrição o impediu de aprofundar, já que ele
sabia que o livro seria lido pela médium e seu círculo de
conhecidos. 225
A publicação do livro teve repercussões inesperadas. Enquanto que
Flournoy havia mostrado que a linguagem "marciana" foi construída na
padrão gramatical da língua francesa, um linguista, Victor Henry,
alegou que grande parte do vocabulário era composta de distorcidas
Palavras húngaras. 226 (o húngaro era a língua materna da médium
pai.) Helen Smith então rompeu com Flournoy e com seu espírita
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amigos. Uma mulher americana rica deu a ela uma fortuna grande o suficiente para
capacitá-la a se dedicar inteiramente à sua atividade mediúnica. Este foi
um golpe fatal para a saúde mental do médium. Ela deixou sua posição,
rompendo assim seu último vínculo com a realidade, e viveu em isolamento quase completo,
entrar no sonambulismo para pintar pinturas religiosas.227 Depois
sua morte, essas pinturas foram exibidas em Genebra e Paris.22 8
Esta foi a mais conhecida das investigações de Flournoy no reino de
o inconsciente, e mostra a direção que ele seguiu. Seu primeiro
preocupação era evitar hipóteses desnecessárias envolvendo parapsicologia
processos. Ele poderia rastrear muitos desses fenômenos de volta ao inconsciente
memórias esquecidas (para as quais ele cunhou a palavra "criptomnésia"). Dentro
da mesma maneira, ele demonstrou o psicológico, embora inconsciente,
origem de certas mensagens espíritas.229 Outra grande preocupação de Flournoy
foi a investigação das várias funções do inconsciente, com o
primeiro sendo a atividade criativa. Ele descreve uma jovem mãe que de
de tempos em tempos, fragmentos filosóficos ditados que estavam muito acima do escopo
de seus interesses e conhecimento.230 Em segundo lugar, o inconsciente tem proteção
funções. Flournoy menciona casos em que o inconsciente fornece avisos

ção, conforto ou meios de se recuperar de um erro cometido. UMA
a terceira função é a compensação, e foi particularmente perceptível no caso
de Helen Smith, uma jovem bem-educada e ambiciosa que sentiu
frustrada em suas condições sociais e financeiras e com quem romances
de fantasia subliminar trouxe a realização vicária de desejo. Finalmente, o lúdico,
ou função lúdica, do inconsciente se manifesta nesses romances de
imaginação subliminar. De acordo com Flournoy, isso é essencial para o
compreensão da psicologia do meio. A maioria dos médiuns não deseja
para enganar, eles só querem brincar, como garotinhas com suas bonecas, mas
às vezes, a vida fantasiosa ganha controle.
No final do século XIX, o problema do inconsciente
tinha sido abordado sob vários pontos de vista. Para resumir, podemos
dizem que no ano de 1900 quatro aspectos diferentes da atividade do
inconsciente foi demonstrado: o conservador, dissolutivo, criativo,
e mitopoético.
I. As funções conservadoras foram reconhecidas como sendo a gravação de um
grande número de memórias, mesmo de percepções inconscientes, que têm
sido armazenado e do qual o indivíduo consciente nada sabe em
todos. Houve histórias de casos de pacientes que durante a febre falaram uma língua
que aprenderam quando crianças e se esqueceram completamente.
O hipnotismo forneceu exemplos abundantes de "hipermnésia", e temos
visto que os alunos astutos dos sonhos, como Maury e Hervey de Saint-
Denis foi capaz de identificar imagens de sonhos aparentemente novas como esquecidas
recordações. A ação contínua de percepções e memórias esquecidas
foi ilustrado por Korsakoff, que contou a história de um paciente amnésico que manifestou
seu medo de máquinas elétricas, embora cada vez que ele parecesse ter
Página 65
completamente esquecido de seus tratamentos elétricos anteriores.232 Flournoy insistiu em

a ação persistente da criptomnésia e como ela poderia explicar o suposto
fatos de clarividência ou telepatia. Uma discussão clássica no final do
século XIX entre psicólogos e filósofos era se o
indivíduo retém um registro inconsciente da totalidade das memórias de
sua vida inteira.
2. As funções dissolutivas do inconsciente foram entendidas como incluindo
dois conjuntos de fenômenos. Um é feito daqueles fenômenos psíquicos que
em um momento estavam conscientes, mas se tornaram automáticos (como é o caso
com hábitos). O outro é feito de partes dissociadas da personalidade que
ainda pode levar uma existência parasitária e interferir nos processos normais. o
exemplo clássico foi a sugestão pós-hipnótica. Havia também os fatos
investigado por Charcot, Binet, Janet, Delboeuf e Myers. Por volta de 1895,
"a suposição de que tendências perturbadoras foram forçadas ao inconsciente
era uma questão de curso. "233 Esses fenômenos foram o ponto de partida
da pesquisa de Janet e Freud.
3. A função criativa do inconsciente foi enfatizada por muito tempo
atrás pelos românticos, depois de uma forma mais psicológica por Galton, e
mais tarde por Flournoy e Myers.23 4
4. A função mitopoética (um termo aparentemente cunhado por Myers) é um
"região intermediária" do eu subliminar, onde uma estranha fabricação de

romances continuam perpetuamente.235 Seu grande explorador foi Flournoy com seu
pesquisa sobre Helen Smith e outros médiuns. Nesta concepção, o
inconsciente parece estar continuamente preocupado em criar ficções e
mitos, que às vezes permanecem inconscientes ou aparecem apenas em sonhos.
Às vezes, eles assumem a forma de devaneios que evoluem espontaneamente
no fundo da mente do sujeito (um fato sugerido por Charcot).
Às vezes, essas ficções são encenadas na forma de sonambulismo,
hipnose, possessão, transe do médium, mitomania ou certos delírios.
Às vezes, as funções mitopoéticas se expressam organicamente, e
isso sugere um dos possíveis conceitos de histeria. É surpreendente, no entanto,
ver que a noção da função mitopoética do inconsciente, que
parecia tão promissor, não foi investigado de forma mais completa.
O grande ano
Os últimos quinze anos do século XIX não podem ser bem inferiores
ficou sem a noção do fin de steele que permeou a vida e
pensei naquela época. Mas conforme o século chegava ao fim, a preocupação
de fin de steele estava sendo substituído por aquele do Grande Ano, que foi
para fechar o século e abrir caminho para uma nova era desconhecida. O ano
1900 adquiriu o valor de um símbolo, significando imediatamente o fim de um
século e o nascimento de um novo. Os astrônomos, é claro, apontaram que
o ano de 1900 seria um ano como qualquer outro, mas o sentimento popular
persistiu com o significado simbólico que os etruscos ou astecas
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deu à mudança dos séculos e ao Grande Ano. Foi pelo menos

a oportunidade de ouro para filósofos, professores, cientistas e escritores
para traçar o equilíbrio do século XIX e fazer suas previsões
para o vigésimo.
Alfred Wallace em seu Wonderful Century tentou avaliar os sucessos
e as falhas do século XIX.236 Os aspectos positivos incluíram um
catálogo de descobertas em todos os campos da ciência, desde física e astronomia até
ciências naturais, incluindo a teoria da seleção natural e da aplicação
ção dessas ciências aos modos de viajar, a transmissão do pensamento,
máquinas que economizam trabalho e assim por diante. Do lado negativo, Wallace agrupou
vacinação (uma ilusão) e sua aplicação penal (um crime), a vergonha
negligência total da frenologia, que, ele previu, "certamente alcançaria
aceitação geral no século 20 ", e também hipnotismo e psiquismo
pesquisa. Acima de tudo, as três grandes pragas do século XIX tiveram
foi o "demônio da ganância", a "pilhagem da terra" e o "vampiro
de guerra. "O primeiro trouxe consigo um enorme aumento no total
massa de miséria no mundo, o segundo foi um dano feito à posteridade, e
o terceiro fez do mundo "a mesa de jogo das seis grandes
Poderes, “sem falar no extermínio das populações nativas.
vista desse aspecto, as perspectivas para o século XX pareciam
bastante sombrio.
A maioria dos novos profetas viu o futuro do ponto de vista de seus próprios
interesses. Um autor de livros conhecidos sobre ciência popular, Buchner,

predisse que o século XX alcançaria tudo que o século XIX
tinha deixado de fazer, e traria a síntese da ciência e da vida.23 7
Ellen Key, uma sueca que se destacou como lutadora de
os direitos das mulheres, anunciou que o século XX se tornaria
estar ciente dos direitos e se preocupar com o bem-estar das crianças; isto
seria "o século da criança". 238 Um socialista, Hertzka, descreveu o
mundo futuro em um romance como um paraíso socialista fornecido com todos os tipos de
melhorias técnicas, incluindo viagens de avião. 239 Haeckel profetizou
o desaparecimento das velhas religiões baseadas em crenças supersticiosas, e
o surgimento de uma nova religião, a Igreja Monística, baseada na ciência
mas realizando ritos estéticos em imitação de antigas cerimônias religiosas.2 40
Nos novos templos não haveria cruzes nem estátuas de santos,
mas belas palmeiras e aquários com medusas, corais e estrelas do mar.
O altar seria substituído por um globo celeste mostrando os movimentos
das estrelas e planetas.
Os marxistas não deixaram de fazer prognósticos com base em sua dialética
análise. Friedrich Engels escreveu que uma espada de guerra de Dâmocles estava pendurada
sobre as cabeças da humanidade e que no primeiro dia daquela guerra, todos os tratados
e as alianças seriam quebradas. Ele seria uma guerra de raças, com a
Alemães de um lado, os povos latinos e eslavos do outro. Lá
seria de quinze a vinte milhões de lutadores, e a única razão pela qual isso
Página 67
a guerra ainda não havia estourado, era a total imprevisibilidade de seu resultado.241
HG Wells tentou previsões racionais com base em uma análise cuidadosa
das tendências sociais, políticas e científicas do final do século XIX
século.242 Ele previu um tremendo desenvolvimento da ciência e da tecnologia
tecnologia e de tráfego; a morte das ferrovias, que seriam substituídas
por tráfego motorizado (tráfego aéreo que considerou impraticável); um enorme
expansão das cidades; o surgimento de uma nova classe média composta principalmente
de técnicos; o desaparecimento da classe camponesa e dos parasitas sociais,
isto é, tanto dos ricos ociosos quanto dos pobres improdutivos; o desaparecimento de
"línguas secundárias", deixando apenas inglês e francês; novos tipos de
guerras que seriam "um impulso monstruoso e pressão das pessoas contra
pessoas "; e o desrespeito aos direitos das populações civis. Mas no
em meio a essas turbulências, o surgimento de um grupo de "homens cinéticos"
trazer uma nova filosofia e uma nova moralidade.
Talvez a mais lida de todas essas previsões tenha sido a "vigésima
romances do século "do escritor francês Albert Robida, que ilustrou
com desenhos fantasiosos de pessoas na moda de 1895 , no meio
de máquinas fantásticas e edifícios gigantescos em "estilo moderno". 243 Ele,
também, previu um desenvolvimento fabuloso da ciência e tecnologia, e
que todas as manifestações da vida dependeriam da eletricidade. Clima
seria controlado pelo instituto meteorológico; desertos seriam irrigados
e todas as terras não utilizadas recuperadas e povoadas. Em todos os lugares, as cidades iriam
propagação; a população de Paris aumentaria para onze milhões de habitantes.
Haveria um tráfego incessante de um lugar para outro através
túneis pneumáticos e de avião. Ele seria possível ter instantane-
nossa comunicação com pessoas em todo o mundo através da "tele", que

é, um telefone combinado com uma espécie de espelho no qual se pode ver o
pessoa com quem se estava falando. As pessoas não escreveriam mais para cada um
outro, mas enviaria registros. Os livros seriam substituídos em sua maior parte por
"phonobooks." Ele seria uma era de confusão linguística e cultural na
que os velhos clássicos seriam lidos apenas em forma condensada. Donas de casa
não iria mais cozinhar; um instituto alimentar supervisionado despachava refeições
através de tubos pneumáticos. A ciência tornaria possível ouvir vozes
do passado, para reviver espécies animais extintas, para produzir artificialmente uma vida
ser humano sob condições experimentais artificiais. Mulher iria
em todos os lugares seja igual ao homem. Uma nova feudalidade empresarial surgiria
e seria uma vida de terrível dureza para milhões de trabalhadores. Vida
seria febril, perturbador e sob constante superestimulação. Lá
seriam novas formas de arte e novos esportes, como a caça de submarinos. Privacidade
desapareceria porque a ciência forneceria meios ilimitados de espionagem.
Haveria guerras terríveis, não mais por ideais antiquados, mas pelo
conquista de mercados comerciais. A coragem individual agora parece
inútil em tais guerras onde gases venenosos e micróbios foram usados.
Haveria, no entanto, alguns paraísos de paz. Bretanha, por exemplo,
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seria transformado em uma reserva na qual os bretões viveriam

exatamente no estilo do século XIX, enquanto a Itália seria
transformado em um gigantesco parque de atrações para turistas.
Pelo menos um psiquiatra experimentou esse jogo. Concluindo um livro
sobre as grandes psicoses coletivas do século dezesseis ao décimo nono
séculos, Regnard tentou esboçar o que seria a psicose em massa do
século XX.244 Levando em consideração o declínio da família,
aristocracia e religião, o desencadeamento da competição social descontrolada,
a propagação de ideologias revolucionárias e a ação perniciosa de
alcoolismo, ele previu que a psicose em massa do século XX
provavelmente seria "a loucura da matança, a loucura do sangue e
destruição."
Em psicologia e psiquiatria, como em outros lugares, poucas pessoas pareciam duvidar
que o futuro traria grandes avanços e talvez grandes surpresas. Dentro
1892, Janet afirmou que no século XX "todos os pacientes, desde o
do reumático simples ao parético geral, terão sua psicologia minuciosamente
investigado em todos os seus detalhes ", uma suposição que parecia paradoxal
naquela época.245 Bergson declarou em 1901: "Para explorar o inconsciente,
trabalhar no subterrâneo da mente com métodos especialmente adequados, este
será a principal tarefa da psicologia no século de abertura. eu não duvido
que boas descobertas virão, tão importantes talvez quanto foram na
séculos anteriores os das ciências físicas e naturais. "246
Enquanto isso, um novo termo estava na moda, a palavra "psico-
terapia ", usada inicialmente por alguns dos discípulos de Bernheim.247 Foi rapidamente
adotado por escritores e pelo público, e foram feitas suposições sobre o
psicoterapia do futuro.248 Van Eeden reconheceu que a hipnose
e a sugestão funcionava apenas com pacientes das classes mais baixas; "é inad-
missível que uma terapia seja adequada apenas para pacientes de hospitais ", acrescentou.
teve que encontrar uma psicoterapia para pessoas instruídas; seria um não
método autoritário, que manteria intacta a liberdade pessoal, explica
ao paciente o que está acontecendo em sua mente, e garantir "que todo o
métodos empregados atuam apenas através de sua própria psique. "
Assim, muitas pessoas em 1900 estavam esperando o surgimento de uma nova dinâmica
psiquiatria, mas poucos, aparentemente, perceberam que já havia nascido.
Notas
1. De acordo com Andre Billy, L'Epoque 1900: 1885-1905 (Paris: Tallandier, 1951).
Entre os anos de 1895-1905, houve pelo menos 150 políticos, jornalísticos e literários
duelos em Paris, dos quais dois resultaram em morte.
2. Muriel Jaeger, Before Victoria (Londres: Chatto and Windus, 1956).
3. Strathearn Gordon e TGB Cocks, A People's Conscience (Londres: Constable
& Co., 1952).
27/01/2021 Pierre Janet e a análise psicológica
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Pierre Janet e a análise psicológica
CRONOLOGICAMENTE FALANDO, Pierre Janet foi o primeiro a fundar

um novo sistema de psiquiatria dinâmica que visa substituir aqueles dos nove
século dezoito, e por isso, sua obra também é o elo entre o
primeira psiquiatria dinâmica e os sistemas mais novos. Nenhum dos novos
pioneiros tiveram um melhor conhecimento da primeira psiquiatria dinâmica ou desenharam
mais (ou, pelo menos, mais conscientemente) dele. Seu trabalho também foi um
das principais fontes de Freud, Adler e Jung que, ao contrário de Janet, derivou
mais ou menos diretamente do Romantismo, enquanto Janet buscou o seu próprio
desenvolvimento. No contraste entre Janet de um lado, Freud, Adler,
e Jung do outro. pode-se ver uma manifestação posterior do contraste
entre o espírito do Iluminismo e o do Romantismo.
O cenário da vida de Pierre Janet
Pierre Janet nasceu em Paris em 1859 e morreu lá em 1947. À parte

de sete anos passados ensinando nas províncias e várias viagens ao exterior,
Ele viveu toda a sua vida em Paris e foi completamente parisiense nas maneiras e
costumes.
No nascimento de Janet em 1859, o reinado de Napoleão III estava em seu apogeu; uma
poucos anos depois, no entanto, Napoleão III envolveu-se na desastrosa
Guerra mexicana; o regime declinou e acabou sendo varrido por
derrota na guerra franco-alemã de 1870. Aos onze anos, Pierre
Janet suportou com sua família o cerco de Paris com a fome e bom-
bardments que vieram com ele. Estrasburgo, local de nascimento de sua mãe, foi oc-
acolhido e anexado pelos alemães. Os anos de sua adolescência e
jovens foram aqueles da rápida recuperação da França e grande economia e inteligência
prosperidade intelectual e da constituição do império colonial francês.
Em 1886, quando Janet publicou seus primeiros artigos científicos, a França foi
experimentando a febre do movimento Boulangism que despertou, tern-
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necessariamente, uma exaltação patnótica e o desejo de reanexar a Alsácia e a Lor-

Raine. Os primeiros grandes trabalhos de Janet foram publicados durante a relativamente pacífica
período de 1889 a 1905. As tensões crescentes foram sentidas na Europa a partir de
1905 a 1914, manifestada por uma série de crises, cuja gravidade
aumentou até que, em 1914, estourou a Primeira Guerra Mundial. Janet tinha sessenta anos
quando a guerra terminou com a vitória dos Aliados e o Tratado de Versalhes.
A França, exausta com a guerra, havia perdido seu status de grande potência mundial
e passou por uma crise intelectual e moral. Janet começou a reconsiderar
suas teorias em 1925 e construiu um novo sistema que permaneceu quase
notado no meio da confusão política e moral. Quando Hitler
tomou o poder na Alemanha em 1933, Janet tinha setenta e três anos. Ele se aposentou
dois anos depois, mas continuou produtivo. Na eclosão do mundo
Segunda Guerra ele havia atingido os oitenta anos de idade. Ele então experimentou o alemão
invasão e ocupação da França, e na época da libertação de
Paris em 1944, ele era um velho de oitenta e quatro anos. Ele parecia ser um "homem
de outra idade "quando morreu em 194, 7 aos oitenta e sete anos.
Janet veio da classe média alta, de uma família que produziu
muitos acadêmicos, advogados e engenheiros. Ele pertencia a círculos profissionais
e conhecia os mais importantes sábios franceses de sua época. Ele era
agnóstico e liberal, mas nunca participou da política. De 1907 a
sua morte, ele viveu na Rue de Varennes em um exclusivamente aristocrático
e ambiente diplomático. No entanto, a maioria dos pacientes a quem ele
tratado e quem forneceu o material para seu trabalho psiquiátrico pertencia
para as classes mais pobres.
Assim, Janet pode ser retratada como uma representante da alta sociedade francesa
classe média, cuja vida, abrangendo todo o período da Terceira República,
foi gasto quase inteiramente em Paris.
O contexto familiar 1
O bisavô de Pierre Janet, Pierre-Etienne Janet (1746-1830), foi

o próspero fundador e proprietário de uma livraria que ele havia estabelecido
na Rue Saint-Jacques em Paris. 2 Ele havia cultivado o gosto pela literatura
e o teatro em seus seis filhos. Um desses filhos foi Pierre-Honore
Janet, que também se tornou livreira, com especialização em música. Ele morreu antes
maduro em 1832, deixando dois filhos e uma filha, Jules, Paul e Felicite.
O filho mais novo, Paul (1823-1899). tornou-se o filósofo conhecido
e o orgulho da família. O filho mais velho, Jules (1813-1894) começou um
carreira comercial, embora de acordo com registros familiares ele fosse encorajador
envelhecido por Paulo para mudar para o estudo da lei. No entanto, embora Jules seja
referido como um avoca !, em certos documentos, parece que ele nunca
na verdade, exerceu a advocacia, mas ganhava a vida como editor jurídico. Ele casou
duas vezes. Sua primeira esposa, uma prima, foi Adelaide-Antoinette Janet, a quem ele
casou-se em 5 de setembro de 1832. Em 1850 ela lhe deu uma filha,
Berthe. Pouco depois, ela morreu, e vários anos depois, enquanto ele estava
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Pierre Janet e a análise psicológica 333
visitando seu irmão Paul, que era então professor universitário em Estrasburgo,
Jules conheceu Fanny Hummel, uma jovem vizinha de Paul.
Eles se casaram em 10 de abril de 1885 e tiveram três filhos, Pierre,
Marguerite e Jules.
Pouco se sabe sobre a família Hummel. O pai de Fanny Hummel,
Francais-Jacques Hummel foi um empreiteiro de construção em Estrasburgo. Ele
teve cinco filhos, dos quais Fanny, nascida em 4 de setembro de 1836, era a mais velha.
Os Hummels eram católicos devotos e Fanny, a mãe de Pierre Janet, era
muito apegado à sua fé por toda a sua vida. Sua irmã Marie, nascida em 2 de maio de 1838,
tornou-se freira na ordem da Assunção e passou a vida em conventos
dessa ordem, primeiro na França, depois na Inglaterra. (Filha de Janet, Madame
Helene Pichon-Janet, relembrou uma visita de infância a sua tia em Londres
onde seu pai a tinha levado.) Os Hummels pertenciam ao grupo de
Alsacianos que eram intensos patriotas franceses e para quem a anexação
da Alsácia e da Lorena pela Alemanha foi considerada uma tragédia familiar. 4
Em muitas dessas famílias, alguns membros permaneceram na Alsácia, enquanto outros
foi morar na França. A tradição da família fala de um dos irmãos de Fanny
fugindo para a França e se juntando ao exército francês, onde se tornou um,
oficial (sendo assim suspeito do ponto de vista alemão) e de como
uma vez ele voltou para uma visita clandestina a Estrasburgo em roupas civis,
acompanhado por seu jovem sobrinho Pierre.
Pouco se sabe sobre a personalidade do pai de Pierre Janet. De acordo
para a tradição familiar, ele era um homem muito gentil, embora tímido, recluso e
"psicastênica". Detalhes sobre ele são escassos e difíceis de interpretar.
Pierre Janet uma vez mencionou um incidente lembrado de sua infância.
Ele estava no escritório de seu pai, indo e voltando e chutando a porta, enquanto
seu pai continuou olhando placidamente sem dizer uma palavra. Enfim jovem
Pierre se cansou do jogo e saiu da sala. Isso significa que seu
pai era tão passivo que não conseguia mostrar uma reação, ou, no
ao contrário, ele foi um homem muito sábio que triunfou sobre o mal de seu filho
temperamento por sua demonstração de paciência?
Dizem que a mãe de Pierre Janet foi muito sábia, sensível e
pessoa calorosa. Pierre era profundamente ligado a ela e sempre falou sobre
ela com o mais profundo afeto. Ele era o filho mais velho de uma jovem mãe
(que tinha vinte e um ao nascer), enquanto o pai tinha quarenta e cinco, um
geração mais velha. Meio-irmã de Pierre Janet e irmãos mais novos de sua mãe
pertencia cronologicamente a uma geração intermediária.
Jules e Fanny tiveram três filhos, Pierre, Jules e Marguerite. Mar-
guerite, que se casou com um homem chamado Vuitel, permaneceu um católico devoto como
a mãe dela. Jules (nascido em 22 de dezembro de 1861) tornou-se médico e um
conhecido especialista em urologia. Ele estava muito interessado em psicologia,
e durante seus anos de estágio colaborou com seu irmão em hipnóticos
experimentos. Sua dissertação médica, dedicada a distúrbios neuróticos de
micção, é uma bela contribuição para o que hoje é chamado de psicossomático
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medicina, como aconteceu com um estudo posterior que ele fez sobre a anúria. Pierre e
Jules permaneceu perto de suas respectivas famílias ao longo de suas vidas. s
A única pessoa da família que exerceu uma grande influência sobre Pierre
Janet era seu tio Paul. Ele não só ajudou Pierre em sua carreira, mas ele
parece ter sido o modelo que o jovem se esforçou para imitar. Notável
paralelos podem ser traçados na vida desses homens. Ambos eram tímidos, reclusos
meninos que passaram por um período de depressão adolescente, e que, após
superando-o, engajado em uma carreira de sucesso. Ambos foram ao liceu
Louis-le-Grand, ingressou na Ecole Normale Supieure, tornou-se Agreges
de Philosophie, ensinou filosofia em um liceu e depois tornou-se universidade
professores e membros do Institut de France. Paul Janet também foi o
autor de livros didáticos de filosofia, que foram clássicos na França por dois
ou três gerações, e ele também escreveu vários estudos sobre a história da
filosofia. O filho do filósofo, cujo nome também era Paul Janet, tornou-se
um conhecido engenheiro elétrico que fundou a Eletrotécnica
Instituto em Grenoble e mais tarde a École Superieure d'Electricite em Paris.
Ele também tinha orientação filosófica e escreveu estudos sobre a filosofia
da ciência e na psicologia das descobertas científicas. 6 por meio dele
numerosos parentes, Pierre Janet tinha várias outras conexões no
mundo da universidade, engenharia e administração pública.
Eventos na vida de Pierre Janet

Pierre Janet nasceu em Paris em 30 de maio de 1859, na rua Madame 46, a
pequena rua perto do Jardin du Luxembourg. Logo depois, seus pais
mudou-se para Bourg-la-Reine, onde compraram uma casa. Bourg-la-Reine,
agora um subúrbio de Paris, naquela época ainda era uma pequena cidade. A casa
era antiga, que, ao contrário das outras casas da região, tinha
foi construído no estilo renascentista, com telhados inclinados de ardósia e paredes rosa.
Segundo a tradição familiar, a casa era o último remanescente de uma residência
dado pelo valente rei Henrique IV a sua célebre amante Gabrielle d '
Estrees. Até hoje, a rua leva o nome de "Impasse Gabrielle
d'Estrees. "Pierre Janet sempre manteve uma imagem carinhosa daquela casa e de seus
jardim.
Ele foi para a escola no College Sainte-Barbe-des-Champs no vizinho
cidade de Fontenay-aux-Roses. Ele disse ter sido um menino muito tímido
que achava difícil o contato com seus colegas de escola. Alguns anos depois, ele
foi para o College Sainte-Barbe em Paris, que era a escola principal.
O College Sainte-Barbe é um dos mais antigos e conceituados
escolas na França. Poucas escolas podem se orgulhar de ter produzido tal
lista impressionante de grandes homens como Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier,
e Calvino, e vários cientistas proeminentes, escritores, políticos e
homens militares. O nível escolar era alto, como era de se esperar de
uma instituição tão honrada. Quando Janet tinha onze anos, no início do
a guerra franco-prussiana de 1870, seus pais tiveram a infeliz ideia de
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deixando Bourg-la-Reine para se estabelecer temporariamente em Paris, pensando que eles

estaria mais seguro lá. Como resultado, a família Janet sofreu o cerco de
Paris com suas consequências. Assim que a luta acabou, as crianças
foram enviados para a família da mãe em Estrasburgo. Consequentemente, o jovem Pierre
testemunhou a dor e angústia sofrida por aqueles alsacianos, que, como o seu
família da mãe, eram patriotas franceses fervorosos e viram a Alsácia arrancada
da França e anexado pela Alemanha. 7
Aos quinze anos, Pierre passou por um período de depressão, que
interrompeu seus estudos por vários meses e que foi ao mesmo
tempo uma crise religiosa. Ele foi capaz. no entanto, para superar a depressão
e para encontrar um novo equilíbrio. Daquela época em diante, Janet se tornou uma brilhante
estudante e decidiu se dedicar à filosofia.
Depois de passar com sucesso seu bacharelado em exame em 10 de julho de 1878,
e completando um ano de aula preparatória especial no Lycee
Louis-le-Grand, Janet teve sucesso no rigoroso concurso de admissão
para a Ecole Normale Supérieure. Esta é uma escola preparatória conhecida
onde um grupo de elite de estudantes vive por três anos e é treinado
intensivamente para cátedras em liceus franceses. Também produz muitos
professores universitários. A Ecole Normale Supérieure oferece aos alunos
com uma educação da mais alta qualidade, mas também deixa uma grande quantidade de
liberdade e tempo livre para os alunos, a fim de permitir que eles se desenvolvam
seu próprio pensamento independente. Apesar da afeição do cinismo
e controversialismo - o chamado espírito normaliano que muitas vezes é o
forma assumida por tal pensamento independente - o meio é, no entanto, altamente
propício para o estabelecimento de amizades duradouras entre homens que
estão destinados a ser os líderes intelectuais de sua geração. 8 Quando Janet
foi admitido nos concursos de 1879 havia, entre
os candidatos aprovados, vários que se tornariam estudiosos renomados,
particularmente Durkheim (o futuro sociólogo) e Goblot (o lógico).
Muito pouco se sabe sobre os três anos que Janet passou naquela escola, 9
embora se saiba que obteve sua Licença es Lettres em 3 de agosto,
1880, e aquele diretor Ernest Bersot, 10 um filósofo e moralista,
morreu no mesmo ano. em 1º de fevereiro, e foi substituído pelo historiador
Fustel de Coulanges. Janet passava parte de seu tempo livre estudando ciências
e obteve o grau de bacharel - em recesso em ciências em 7 de abril,
1881.11 Em 7 de setembro de 1882, ele alcançou o segundo lugar na rígida
exames competitivos da Agregation de Philosophie (apenas oito
candidatos foram recebidos, entre os quais Durkheim, que entrou
sétimo). Durante a estada de Janet na Ecole Normale Supérieure em 1881, o
A Exposição Elétrica Internacional foi organizada em Paris, trazendo o
revelação de um novo mundo do futuro em que a vida seria dominada
pela ciência, tecnologia e eletricidade. Outro evento sensacional em 1882
foi o artigo de Charcot lido na Academie des Sciences, trazendo
uma reabilitação oficial da hipnose, que de repente adquiriu
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status. Charcot foi muito discutido naquela época e, de acordo com

Parodi, Janet já estava visualizando seu futuro como médico capaz de dis-
as teorias de Charcot. 12 Entre os alunos admitidos a
um ano antes de Janet foram Bergson e Jaures. Este último deveria adquirir
fama como um grande líder socialista francês; o primeiro se tornaria o mais
célebre filósofo francês de sua geração. Bergson e Janet eram
permanecer em estreito contato intelectual durante toda a vida.
Depois de ficar em segundo lugar na Agn? Gation de Philosophic em 7 de setembro,
1882, Janet iniciou imediatamente sua carreira profissional. Em
naquela época os normais foram dispensados do serviço militar, os dez
anos de ensino aos quais se comprometeram foram considerados
serviço suficiente. 13
O professor de vinte e dois anos foi nomeado por uma decisão do Ministério
de 23 de setembro de 1882, para ensinar filosofia no Liceu de Chateau-
raux, na província rural de Berry, onde assumiu a função em
4 de outubro de 1882. Curiosamente, ele deixou o Liceu em 22 de fevereiro de
1883, tendo sido nomeado para o Liceu de Le Havre. 4 Foi bastante
incomum para um professor se transferir de um liceu para outro no
meio de um ano escolar; a única explicação plausível é que, como um
resultado de uma vaga repentina em Le Havre, um professor era necessário com urgência
há. Le Havre era considerado uma posição muito superior do que Chateau-
raux. Pouco antes de sua partida de Châteauroux em 10 de fevereiro,
1882, Janet deu uma palestra sobre a Fundação do Direito de Propriedade. 15
É interessante ver, nesta primeira publicação conhecida de Pierre Janet, o
esboço lógico, a firmeza de pensamento e a clareza de estilo que ele era
para exibir em todos os seus escritos subsequentes. Propriedade privada, escreveu ele,
nem sempre existiu; não é uma necessidade metafísica nem natural,
mas foi inventado pelo homem devido à sua utilidade. Ele deve ser aperfeiçoado,
e o objetivo deve ser reconciliar interesse e justiça.
Pierre Janet passou os seis anos e meio seguintes (a partir de fevereiro
1883 a julho de 1889) em Le Havre. uma cidade marítima, industrial e comercial
que contava com 105.000 habitantes na época. Foi administrado por um
prefeito progressista, Jules Siegfried, que pertencia a um protestante da Alsácia
família que havia deixado a Alsácia após a anexação alemã. Siegfried era um
administrador ativo e enérgico, muito preocupado com o bem estar dos
a cidade. Uma leitura de dois periódicos locais semanais do dia, Le Passe-
Temps du Havre e Le Carillon mostram que o espírito vitoriano (que
supostamente predominava a Europa naquela época) certamente não tinha fortaleza
em Le Havre, dois jornais semanais sendo preenchidos com zombarias no puritano
prefeito que tentava controlar a prostituição e o vício na cidade. Outro
aspecto da vida da cidade foram as ondas de fervor político de nacionalistas e
sentimentos anti-alemães tomavam conta de Le Havre de tempos em tempos. No que diz respeito
para entretenimento e atividade social, havia, além de
apresentações de grupos teatrais de Paris, apresentações espetaculares no palco
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por hipnotizadores. Em maio de 1883, por exemplo, os semanários relataram um professor
que teve a infeliz ideia de tentar expor os truques usados por
Donato e que foi forçado a sair de cena sob o escárnio do
público. Casos de mulheres se apaixonando por músicos, ou enviando
cartas anônimas, foram atribuídas a "histeria", que por sua vez era contra
considerado o resultado da não gratificação sexual das mulheres. Tão histérico
as mulheres eram sarcasticamente aconselhadas nesses jornais a ver Charcot. isto
não se sabe até que ponto Janet estava interessada nessa vida febril ou
se ele participava da vida social da cidade. Para ele, um ótimo
a vantagem de morar em Le Havre era que a comunicação com Paris era rápida
e fácil para que ele pudesse visitar sua família com bastante frequência. Durante seu
fica em Paris, ele também costumava ver pacientes com seu irmão Jules, que era um
estudante de medicina e que também estava profundamente interessado em neuroses e em
hipnotismo. Foi também durante esses anos que Pierre Janet perdeu a mãe
(falecido em 3 de março de 1885, aos 49 anos).
Não sabemos muito sobre as atividades docentes de Janet. Sem dúvida
ele deu um curso de filosofia cuidadosamente preparado e original, como pode
ser visto no livro que ele publicou mais tarde. É costume em francês
escolas a que se dedica a cerimónia de encerramento do ano escolar
a distribuição do prêmio (a atribuição de prêmios aos mais bem sucedidos
alunos), que é precedido por um discurso proferido por um dos mais jovens
membros do corpo docente, que escolhe seu próprio tema. Assim, em 5 de agosto,
1884, Pierre Janet veio dar um discurso intitulado Sobre o Ensino de
Filosofia, sob a presidência do prefeito Jules Siegfried.16 Tomamos
por certo, disse Janet, que a filosofia está sendo ensinada em todos os franceses
liceu; mas esquecemos as lutas travadas por nossos antecessores para
estabelecer o direito de ensinar uma filosofia independente em nossas escolas.
Agora que desfrutamos de tantas liberdades civis e políticas, o ensino de
a filosofia tornou-se ainda mais importante, uma vez que o verdadeiro objetivo da filosofia
é ensinar o homem a ter cuidado com suas próprias opiniões preconcebidas e a respeitar
as opiniões de seus semelhantes. Dois anos depois, em 1886, Janet publicou
uma edição de uma das obras de Malebranche com introdução e notas
para uso em escolas secundárias. 17
Em Le Havre, Janet dividia uma casa com um amigo. Estava rodeado por um
jardim, no qual ele poderia desfrutar de seu hobby de jardinagem. Por algum tempo
o outro ocupante da casa era o matemático Gaston Milhaud,
um colega e, como Janet, um solteiro. Sabe- se que Janet dedicou o
grande parte de seu tempo livre para trabalho voluntário no hospital Le Havre
e para a pesquisa psiquiátrica que ele estava realizando por conta própria.
Em uma nota autobiográfica, Janet descreveu sua chegada em Le Havre como
um jovem professor ansioso por encontrar um tema adequado para sua tese para o
letras de doutorado. 18 ele estava considerando uma tese sobre alucinações em
conexão com o mecanismo de percepção e voltou-se para o Dr. Gibert,
um conhecido médico em Le Havre, que não tinha paciente adequado para sugerir
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mas quem tinha falado a Janet de um assunto notável, Leonie, que poderia ser
hipnotizado à distância. Leonie, a pedido do Dr. Gibert, foi chamada

a Le Havre e submetido aos experimentos de Janet por um período que durou vários
anos, em vários intervalos. As primeiras experiências de Janet com Leonie levaram
lugar de 24 de setembro a 14 de outubro de 1885. Ele foi capaz de provar que
a si mesmo que era fácil hipnotizar Leonie, não apenas diretamente, mas também
à distância, e dar-lhe sugestões "mentais" de que ela
realizar exatamente. Ele escreveu um artigo sobre seus primeiros experimentos, que foi
lido por Paul Janet em nome de seu sobrinho na Societe de psychologie
physiologique em Paris em 30 de novembro de 1885, sob a presidência de
Charcot. 19 Não se sabe se Pierre Janet esteve presente nessa sessão.
No entanto, o artigo causou sensação, como pode ser visto na discussão
que seguiu a leitura conforme relatado por um dos participantes,
Dr. Ochorowicz. 20 Janet teve o cuidado de expor suas observações sem
tirar quaisquer conclusões, mas, como resultado dessa comunicação, um número
de visitantes ilustres vieram a Le Havre, ansiosos para ver Leonie. De
Paris veio Charles Richet, Julian Ochorowicz e Marillier; e de
A Inglaterra veio uma delegação da Society for Psychical Research com
Frederick Myers, seu irmão A Myers e Sidgwick. O tio da Janet Paul
e o irmão Jules também se juntou ao grupo. Experimentos preliminares iniciados
em 13 de abril, e os principais experimentos ocorreram de 21 a 24 de abril,
1886. O resultado parecia confirmar a existência do fenômeno de
sugestão à distância. Esses experimentos, no entanto, foram aparentemente
escondido do público naquela época, quando havia tanta mania de palco
hipnotismo em Le Havre. 21 No entanto, esses experimentos foram altamente
considerado no mundo científico, e Janet conheceu Charcot,
Richet, Myers e outros. Mas para "espanto e pesar" de Janet, muitos
pessoas o citaram por ouvir dizer em vez de escrever para ele para
em formação. Ele sentiu que não foram tomadas precauções suficientes para evitar
sugestão indireta e que os relatórios publicados não eram suficientemente precisos.
Ele também adquiriu uma suspeita duradoura de pesquisa parapsicológica, e
decidiu restringir-se, pelo menos temporariamente, à investigação sistemática
ção dos fenômenos elementares de hipnose e sugestão.
Enquanto isso, Janet já havia começado o trabalho clínico regular no hospital em
Le Havre, onde o Dr. Powilewicz colocou uma pequena enfermaria à sua disposição
onde ele poderia examinar mulheres histéricas. É relatado que Janet brincando
chamou esta sala de Salle Saint-Charcot (naquela época, wards em muitos franceses
hospitais receberam nomes de santos). A grande vantagem de trabalhar em
Le Havre, Janet sentiu, era que os pacientes lá eram frescos e nada sofisticos
citado e, ao contrário dos internos da Salpêtrière, não havia sido examinado
centenas de vezes por médicos e estudantes. Mas Janet logo faria
uma descoberta inesperada: Leonie já havia sido magnetizada no
passado. Suas performances atuais foram a repetição de exercícios magnéticos
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ela havia se apresentado anteriormente e que Janet agora encontrou descrita no

escritos dos magnetizadores da geração anterior. Tudo ensinado por
Charcot e Bernheim como novidades incríveis já eram conhecidas por
esses homens obscuros. Era um mundo de conhecimento esquecido que Janet redis-
coberto e, voltando ao passado de geração em geração, ele
descobriram que mesmo os primeiros magnetizadores, Puysegur e Bertrand, tinham
já sabia muito do que os modernos acreditavam ter descoberto.
Janet começou a coletar as obras desses antigos pioneiros e mais tarde usou este
conhecimento para a parte histórica de Les Medications Psychologiques.
Com base na sua experiência com Leonie e com a delegação
que veio examiná-la em Le Havre, Janet impôs três métodos
regras lógicas sobre si mesmo: primeiro, sempre examinar seus pacientes por si mesmo,
sem testemunhas; segundo, para fazer um registro exato de tudo que os pacientes
disse ou fez (isso ele chamou de método da caneta-tinteiro); e terceiro, para
examinar toda a história de vida dos pacientes e seus tratamentos anteriores.
Esses princípios podem parecer óbvios hoje, mas naquela época eles eram um
novidade. Os primeiros resultados dessas investigações foram publicados em série em
a Revue Philosophique de 1886 a 1889 e foram a base para a
tese principal, L'Automatisme Psychologique.
As letras de doutorado exigiam a elaboração de uma tese principal em francês.
e um menor em latim sobre um assunto diferente. Para sua dissertação em latim,
Janet escolheu como tema Bacon e os Alquimistas. 22 Francis Bacon's
personalidade, a de quem foi ao mesmo tempo aluno do antigo
alquimistas (portanto, herdeiros de um conhecimento obsoleto), bem como um pioneiro
da nova ciência experimental, parecia fascinar Janet. Alguém pode
suponha que ele encontrou um reflexo de seu próprio problema. Ele também era o
herdeiro de uma tradição centenária de psicologia filosófica da qual seu
tio Paul foi um dos representantes falecidos, e ao mesmo tempo ele sentiu
ele próprio chamado a participar na fundação de um novo experimental
psicologia para a qual Ribot estava apontando e para a qual sua tese principal,
L 'Automatisme Psychologique, foi um primeiro passo.
Uma foto de 1889 mostra a Janet de trinta anos sentada aos pés de
sua árvore favorita em seu jardim em Le Havre, no final de sua estadia em
aquela cidade. Em breve ele partiria para Paris para enfrentar a prova da aparência
destes, após o qual ele deveria iniciar uma nova carreira científica. A cara dele
mostra uma expressão de energia calma e pensamento concentrado, que é
encontrada na maioria das fotos tiradas dele durante esses anos.
A cerimônia de apresentação da tese aconteceu na Sorbonne
em 21 de junho de 1889, sob a presidência de Dean Himly. 23 o júri
era composto pelos professores Boutroux, Marion, Seailles, Waddington e
Paul Janet. 24 Muitas objeções e argumentos foram apresentados contra o
tese, mas Janet impressionou o júri com sua mente afiada e as sutilezas
de seus argumentos e sua eloqüência. O júri o parabenizou e
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reconheceu o fato de que ele permaneceu firme na filosofia filosófica

terreno e se absteve cuidadosamente de invadir a área médica
campo.
Janet, que já era bem conhecida na área filosófica e psicológica
círculos para suas publicações durante os três anos e meio anteriores,
agora adquiriupara
foi nomeado a reputação
um novo de um mestre.
cargo. Ele sede
A cerimônia mudou para Paris,
apresentação onde ele tinha
de seu
A tese foi realizada durante a grande Exposição Universal de 1889 em Paris.
Cientistas de todo o mundo estavam se reunindo na Ville-Lumi'ere
em congressos que foram realizados na proporção de três ou mais de uma vez, sem
interrupção. Entre muitos outros eventos, o Congresso Internacional de
Hipnotismo experimental e terapêutico ocorreu a partir de 8 de agosto
a 12. 25 Janet foi um dos membros do comitê junto com Liebeault,
Bernheim, Dejerine e Fore! E teve ampla oportunidade de se tornar
familiarizado com celebridades do mundo psicológico e psiquiátrico.
Entre os 300 participantes do congresso estavam Dessoir, Myers, William
James, Lombroso e um neurologista vienense chamado Sigmund Freud.
Janet sabia desde o início que ele seria incapaz de perseguir seu
pesquisa psicopatológica se ele não adquiriu o grau de MD , e
ele decidiu retomar seus estudos de medicina enquanto continuava sua profissão
e sua própria pesquisa. Os anos de 1889 a 1893 o viram intensamente
absorto em seu trabalho, tendo que cumprir seus compromissos de ensino no
Lycee Louis-le-Grand durante o ano escolar de 1889 a 1890 e
a partir de então no College Rollin. O único vestígio de suas atividades
durante esse tempo é o endereço que ele deu na distribuição dos prêmios no
30 de julho de 1892. em que falou assim aos alunos de conclusão: “O que
você aprendeu durante seus dez anos de escola secundária? Algum conhecimento
e ciência básica, certamente, e também o hábito de trabalho intelectual adquirido
através de exercícios como tradução e composição. Mas tem mais:
o objetivo do ensino médio é ajudar a compreender os outros também
como problemas sociais; adquirir uma atitude de dúvida razoável e tolerância
respeito às opiniões dos outros. " 2 6
Janet começou seus estudos médicos em novembro de 1889. 27 Naquela época, medi-
os estudos básicos levaram apenas quatro anos, incluindo um ano preparatório de física,
química e ciências naturais, e geralmente exigia um quinto ano para o
exames finais e a tese. Janet foi, no entanto, isento de
o primeiro ano. Tendo, além disso, a boa sorte de ser libertado de
muitas obrigações por meio da benevolência de seus professores, ele gastou desde
1890 em muito tempo nas enfermarias de Charcot na Salpetriere, examinando
pacientes. Também há registros de seus estágios clínicos nos hospitais
Laennec e St.-Antoine. No último, ele observou o caso de um quatorze
menina de um ano que foi internada com sintomas aparentemente neuróticos e
que logo morreu. Uma autópsia mostrou que ela tinha um cisto hidático no
cérebro. Janet publicou um artigo sobre esse caso e se perguntou como um
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lesão cerebral de tal importância poderia ter produzido tão poucos

sintomas. 28 O paciente, acrescentou ele, pertencia a uma família fortemente contaminada
por hereditariedade neuropática, o que talvez pudesse explicar o fato de que
o cisto estava localizado no cérebro, e não em outro órgão. Janet
passou em seus exames terminais em 31 de maio de 1893, e apresentou seu
tese médica em 29 de julho do mesmo ano. Charcot foi presidente e
Charles Richet um dos três outros membros do júri. Ele estava graduado
com grandes honras.
Enquanto isso, em 1890, Janet havia retomado sua pesquisa clínica,

investigando na Salpetriere os pacientes Madame D, Marcelle,
Isabelle e Achille, que desempenharam um papel importante na elaboração do
suas teorias. Com base em suas descobertas, ele construiu sua teoria da histeria
que ele expôs primeiro em periódicos 'a rio us e depois em sua tese de doutorado
em 1893. Sua reputação já havia cruzado o Canal da Mancha, e
no Congresso Internacional de Psicologia Experimental em Londres em
Julho de 1892 ele leu um artigo sobre sua pesquisa sobre a relação da amnésia
às idéias fixas inconscientes. 29
Por muito tempo Charcot se interessou profundamente por psicologia. Ele
fundou a Societe de Psychologic Physiologique com Charles Richet.
Desejando incorporar a psicologia experimental à grande pesquisa
unidade que ele havia construído no Salpetriere, ele abriu um laboratório para este
propósito, que confiou a Pierre Janet. Como Charcot precisava de Janet
a esse respeito e Janet precisava de Charcot para o rico material clínico para
ser encontrado no Salpetriere, este prometia ser o início de um
colaboração longa e gratificante. Mas em 17 de agosto de 1893, apenas
três semanas após Janet ter obtido seu diploma de MD com Charcot como
um de seus examinadores, veio a notícia da repentina e inesperada
morte.
Durante o período de 1893 a 1902, Janet trabalhou com relativa liberdade
no Salpetriere. O sucessor de Charcot, o neurologista Professor
Fulgence Raymond, pessoalmente não estava interessado em neuroses, mas principal-
treinou o laboratório psicológico da Salpêtrière e deu sua
aprovação da pesquisa de Janet. Na medida em que diziam respeito a pacientes do
Salpetriere, a maioria dos artigos de Janet foram publicados por vários anos
sob as assinaturas conjuntas de Raymond e Janet. Foi também um período de
trabalho intensivo em outras áreas. Janet ainda ensinava filosofia na faculdade
Rollin até 1897 e durante o ano escolar de 1897-1898 no Liceu
Condorcet. Ele foi então nomeado, primeiro como encarregado de cours (1898-1899)
em psicologia experimental na Sorbonne, depois como maitre de conferences
(1898-1902). Nesse mesmo período, foi solicitado por Ribot para substituir
ele temporariamente no College de France de dezembro de 1895 a
Agosto de 1897. 30 Em 1894, Janet publicou o livro didático de filosofia sobre
que ele trabalhou por doze anos e de que falaremos
mais tarde.
Página 12
A vida privada de Janet também passou por mudanças. Em 1894 ele se casou
Marguerite Duchesne, filha de um leiloeiro de Le Havre, que tinha
veio morar em Paris após a morte de seu pai. O jovem casal tomou um
apartamento na Rue de Bellechasse e mudou-se, em 1889, para a Rue
Barbet-de-Jouy perto do Quartier Latin. Eles tiveram três filhos: Helene
(que iria se casar com o psicanalista Edouard Pichon), Fanny (que
tornou-se professor de francês) e Michel (que teve uma breve carreira como
engenheiro e morreu prematuramente). Janet levou a vida acadêmica usual, que
é que ele ensinou por nove meses em Paris, tirando férias de três meses em
que escreveu ou preparou suas palestras para o ano letivo seguinte.
Ele geralmente passava as férias em Fontainebleau, onde iria para

longas caminhadas botânicas pela floresta. Seu pai morreu em 22 de outubro,
1894, aos oitenta e dois anos.
Durante aqueles anos, o interesse de Janet cobriu um amplo campo, como mostrado por
suas resenhas de livros sobre tópicos que vão desde histologia do cérebro a experimental
psicologia e criminologia. O foco de sua pesquisa clínica mudou de
a investigação clínica da histeria à da neurastenia. Pesquisa de Janet
foi extenso ao mesmo tempo, visto que viu muitos pacientes no ambulatório
clínica e nas enfermarias, e intensivo, em que escolheu um pequeno número
de pacientes que ele submeteu a estudos cuidadosos e prolongados de duração
por anos. Entre este último estava uma mulher a quem ele chama de "Madeleine"
admitido na Salpêtrière com um êxtase religioso delirante e
estigmas em fevereiro de 1896. Ela ocuparia um lugar quase central
em seus estudos por vários anos. Além disso, ele tinha uma prática própria
e pacientes particulares em um sanatório em Yanves. Sua reputação como
a maioria dos especialistas em neuroses já estava bem estabelecida e recebeu
muitos visitantes estrangeiros. Em 1896, ele leu um artigo sobre "influência sonâmbula"
no Congresso Internacional de Psicologia de Munique, que foi um novo
elaboração do antigo conceito de rapport.
Por muitos anos, Janet tinha pensado em fundar um novo sistema psicológico
sociedade para substituir a Societe de Psychologie Physiologique, que
não sobrevivera por muito tempo à morte de Charcot. Em 1900, um Institut Psychologique
International foi fundada em Paris com a ajuda financeira de vários
de doadores, entre os quais Serge Yourievitch, um adido do russo
Embaixada Imperial. Estava sob o patrocínio de um comitê internacional
mittee entre cujos membros estavam William James, Frederick Myers,
Lombroso, Theodore Flournoy. e Theodule Ribot. 31 Os objetivos desse
instituto não parece ter sido bem definido; foi planejado para ter um
clínica psicopatológica, laboratórios, biblioteca e publicação de boletim.
Muitos desses projetos ambiciosos não puderam ser realizados, mas pelo menos um novo
sociedade psicológica foi fundada com quarenta membros fundadores, que
realizava suas reuniões mensais nas dependências do instituto e utilizava seus
boletim para publicação de anais. Entre seus membros ativos estavam Pierre
Janet e um colega mais jovem dele, Dr. Georges Dumas, que era ap-
Página 13
apontou secretário da nova sociedade. A história desse Institut Psycho-

logique nunca foi escrito; seria interessante saber por que aconteceu
não se desenvolveu mais, mas desapareceu alguns anos depois.
Em 1902, Theodule Ribot deixou o cargo de professor titular de experi-
psicologia mental no College de France. Havia dois candidatos
por seu posto, Pierre Janet e Alfred Binet. Na assembleia do professor
RUP em janeiro I 9, I 902. candidatura de Janet foi defendida por Bergson
e o de Binet, do fisiologista Marey. 32 Marey enumerou os muitos
experimentos conduzidos por Biner em vários campos da psicologia e
enfatizou sua habilidade em psicologia experimental. Bergson enfatizou o
forma metódica e concentrada em que Janet conduziu sua pesquisa
e experimentos, e a extrema importância de suas descobertas no
campo da mente subconsciente. A decisão estava nas mãos do
Ministro da Educação que decidiu a favor de Janet em 17 de fevereiro de 1902.

Janet já havia substituído Ribot de dezembro de 1895 a agosto de 1897
e de novembro de 1900 em diante. Daí em diante, o College de
A França se tornou o centro de suas atividades. Suas palestras eram principalmente
frequentado por visitantes estrangeiros, por não especialistas e por muito poucos alunos.
É regra do College de France que os professores lecionem uma vez
por semana e que escolham um novo tema para cada ano letivo, um
anunciar este tópico com antecedência. Entre 1902 e 1912, Janet ensinou
sobre as emoções normais e mórbidas, consciência, histeria e
psicastenia, psicoterapia. a psicologia das tendências, percepção,
e tendências sociais. Parte do material foi incorporado em seus livros,
particularmente em Les Obsessions et la Psychasthenie e em Les Medications
Psychologiques. Em 1904, Janet fundou o Journal de Psychologie com
seu amigo Georges Dumas, no qual publicou a maioria de seus artigos da
em seguida. Em 1907 mudou-se para um grande e bonito apartamento no qual
ele viveria até sua morte. Ele foi localizado em 44 rue de Varenne no
chamado Faubourg Saint-Germain, o bairro aristocrático de Marcel
Romances de Proust. O apartamento era composto por sete grandes quartos, um esplêndido
corredor e uma varanda onde Janet cultivava flores e cactos.
Enquanto isso, Raymond do Salpetriere havia morrido em 1910 e
foi substituído por Dejerine, que era hostil a Janet e seu trabalho. No
por outro lado, homens como Babinski. que reteve apenas o neurológico
parte do ensino de Charcot, suspeitavam muito de Janet, a quem acusavam
acusado de perpetuar os erros de Charcot. Não está claro que tipo de
intrigas foram planejadas para remover Janet de seu laboratório e de Charcot
ex-enfermarias. No entanto, dentro da Salpetriere havia enfermarias ad-
ministrado por outros médicos, entre eles o Dr. Nageotte, um neurologista
cujo interesse quase exclusivo era a histologia do cérebro. Ele ensinou este assunto
no College de France. Nageotte instalou um quarto em sua ala em
A disposição de Janet, onde ele poderia manter um pequeno número de pacientes e visitar
regularmente. Essas condições precárias não permitiram que Janet desse
Página 14
ensino clínico, de modo que ele foi forçado a recusar inscrições de

alunos. 33
No entanto, a fama de Janet continuou a se espalhar no exterior. Em 24 de setembro,
1904, ele lecionou sobre psicopatologia no Congresso Internacional
durante a grande Exposição Universal em St. Louis, Missouri, sob a
presidência do Dr. Edward Cowles e com o Dr. Adolf Meyer como
secretário da seção. 34 De acordo com relatos familiares, Janet estava en-
tão entusiasmado com os Estados Unidos e a esplêndida recepção que foi
dado em St. Louis, Boston. Chicago e em outros lugares. Ele visitou o Rocky
Montanhas e Cataratas do Niágara. Em junho de 1906. ele foi um dos delegados
do College de France, que viajou a Londres para participar de
as festividades organizadas pela London University. Em outubro e novembro
ber do mesmo ano. ele "" foi convidado pela Universidade de Harvard por um segundo
tempo para os Estados Unidos, onde deu uma série de quinze palestras sobre
histeria. 3 5 Participou também em vários congressos internacionais em Roma
(1905), Amsterdam (1907). e Genebra (1909).

Em agosto de 1913, o Congresso Internacional de Medicina aconteceu em
Londres. Na seção psiquiátrica. uma sessão foi organizada para discutir
A psicanálise de Freud. Janet deveria ler uma crítica e Jung estava
para defendê-lo. A principal crítica de Janet dizia respeito a dois pontos: primeiro, ele afirmou
prioridade em ter descoberto a cura catártica das neuroses produzidas
pelo esclarecimento das origens traumáticas. e ele acreditava que a psicanálise
foi simplesmente um desenvolvimento desse conceito fundamental. Segundo, ele
criticou duramente o método de Freud de interpretação simbólica dos sonhos
e sua teoria da origem sexual da neurose. Ele considerou psico-
análise um sistema "metafísico". 36 Voltaremos em um ponto posterior para
aquela sessão memorável de 8 de agosto de 1913, com o relatório de Jung sobre psicologia
análise e discussão que se seguiu. Nessa circunstância, Janet parece
ter se afastado de sua atitude geralmente conciliatória na discordância científica
cussões. Normalmente, ele sempre tomava o máximo cuidado para enumerar seus
fontes e dar aos seus predecessores o que lhes é devido, mesmo nos mínimos detalhes. Quão-
nunca, ele esperava a mesma cortesia dos outros e, portanto, não
dúvida magoada e irritada ao ver Freud desenvolver o que considerava
eram originalmente suas próprias idéias, quase sem menção de obrigação. Janet
lamentou ter mostrado sua irritação. mas permaneceu convencido do resto
de sua vida que Freud lhe fez uma injustiça. No entanto, quando Freud era
ferozmente atacado em uma reunião da Societe de Psychotherapie em
16 de junho de 1914, Janet o defendeu. um ato que exigiu coragem considerando
o crescente sentimento anti-alemão na França. Sua intervenção foi publicada
na Revue de Psychotherapie em 1915, quando a guerra já estava
furioso. 37
De 1910 em diante, Janet desenvolveu seu ensino em direção a uma
sistema afetado das "funções hierárquicas da mente". Seu estudo sobre
alcoolismo em 1915 também revelou uma preocupação com questões sociais e nacionais
Página 15
problemas. Na enxurrada de jingoísmo, que submergiu a França, bem como

Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial, apenas alguns cientistas permaneceram imunes a
aquele contágio mental. Em todos os escritos de Janet daqueles anos, não se pode
encontrar o menor traço de chauvinismo, apesar - ou talvez por causa de - seu
mãe sendo alsaciana e alguns de seus parentes alsacianos provavelmente servindo em
o exército alemão, enquanto alguns membros da família Janet estavam no
Exército francês.
A publicação de Les Medications Psychologiques, em que Janet
havia trabalhado muitos anos, foi adiado até 1919. Um estudo completo e
tratado sistemático de psicologia com mais de 1.100 páginas,
estava, no entanto, em organização e estilo não condizente com o pós-guerra
perspectiva e sentimento. O espírito da época havia mudado. De todos os de Janet
obras, esta foi a última a ser traduzida para o inglês.
Mas Janet começou a desenvolver seu sistema em novas direções. Em 1921
e 1922 ele deu um curso sobre a evolução da moral e da religião.
duto. Um americano que participou do curso, o reverendo WM Horton
de Nova York, publicou um resumo dele no American Journal of Psy-
chology. 38 Janet, que por vinte e cinco anos foi fascinada pelo
caso de Madeleine. fez disso um ponto de partida em torno do qual ele organizou
uma grande quantidade de pesquisa psicológica que foi exposta em seu livro
a
De / 'Angoisse /' extase. Comunicações científicas entre a França e
outros países foram reorganizados gradualmente, e em maio de 1920 Janet deu
três palestras na Universidade de Londres em maio de 1921, ele foi convidado
para participar das cerimônias do Centenário do Hospital Bloomingdale
perto de Nova York, onde deu uma palestra em 26 de maio. Em maio de 1922 ele
compareceu às cerimônias que marcam o centenário da independência de
Brasil como delegado do Institut de France e do College de
França. Ele também participou do Congresso Internacional de Psicologia
em Oxford (27 de julho a 2 de agosto de 1923). Em 1925 ele foi delegado por
o governo francês como professor de intercâmbio para o México e recebeu
uma grande recepção na Universidade da Cidade do México, onde deu quinze
palestras em francês. 39 Ele também deu dois em Puebla e um em Guadalajara.
Em sua viagem de volta à França, ele visitou novamente os Estados Unidos com
escalas em Princeton, New Jersey; Filadélfia; e Columbia University
Em Nova Iórque.
De 1925 em diante, Janet desenvolveu ainda mais seu novo sistema de psicologia
De conduta. Seus cursos no College de France de 1925 a 1930
foram publicados em uma versão que não passou em sua revisão. No
anos seguintes, ele começou a escrever seus cursos e, mais tarde, usou
para a preparação de seus últimos livros. Mas apesar da enorme
quantidade de trabalho dedicado a este novo sistema e à originalidade de seu
novas teorias, parece que muitas pessoas na França não foram capazes de
siga Janet nesse novo caminho. Aparentemente seu nome era muito longo
identificado com o conceito de automatismo psicológico e psicastenia.
Página 16
Sua fama, porém, ainda era grande no exterior. Em setembro de 1932 ele foi
convidado a dar uma série de palestras em Buenos Aires e viajou por
o país até as Cataratas do Iguaçu. 40 Em 1933, ele deu novamente uma série
de vinte palestras no Rio de Janeiro. Em abril de 1937 ele também foi para Viena
e visitou Wagner von Jauregg. Freud, porém, se recusou a vê-lo. 41
Em fevereiro de 1935, Janet se aposentou do College de France, mas
manteve sua prática privada. Ele agora voltou sua curiosidade para novos reinos de
psicologia (como a grafologia) e a novos tipos de pacientes. Ele
examinou casos paranóicos no H6pital Henri-Rousselle e foi levado a
modificar e completar sua teoria dos delírios de perseguição. 42 Ele também ex-
mulheres criminosas e criminosas condenadas na prisão Petite-Roquette. 43
É lamentável, no entanto, que ele nunca tenha escrito nada sobre seu crime
pesquisa inológica. Entre 1935 e 1937 ele publicou seus três últimos
livros, e em 1938 ele escreveu um esboço condensado de toda a sua psicologia
sistema ecológico na forma de uma contribuição para o oficial francês En-
ciclopédia. 44 Ele foi convidado em setembro de 1936 para participar do
cerimônias do tricentenário da Universidade de Harvard, onde também
lecionado.
Janet celebrou seu octogésimo aniversário em 1939. Um Jestschri {t em seu
honra foi compilada por seu genro, Edouard Pichon, contendo papéis
escrito por parentes. Seu irmão Jules escreveu reminiscências da Leonie

caso e sobre os experimentos em Le Havre. 45 Em 22 de junho de 1939, o
centenário de Teódulo Ribot foi celebrado na Sorbonne, e o
os organizadores decidiram combinar a festa de Janet com a de seu
mestre Ribot. Janet foi aprovado em sua tese L 'Automatisme Psychologique exatamente
cinquenta anos e um dia antes. Houve discursos em homenagem a Janet por
Piaget, Minkowski e outros, depois que o próprio Janet leu um endereço
em memória de Ribot. 4 6
Mas o ano ainda não havia acabado quando a Segunda Guerra Mundial estourou. No começo
ning da invasão da França, Janet e sua esposa deixaram Paris e passaram algum
tempo em Ledignan, no sul da França, com seus amigos Professor
e a Sra. Georges Dumas, mas optou por retornar a Paris. além da
tribulações gerais do povo francês, Janet sofreu a perda de seu
parentes e amigos mais próximos. Ele já havia perdido seu genro Edouard
Pichon em janeiro de 1940; sua irmã Marguerite e seu irmão Jules morreram
em 1942, sua esposa em outubro de 1943, pouco antes de seu quinquagésimo casamento
aniversário, seu filho Michel em janeiro de 1944; sua cunhada em 1945; Como
bem como muitos velhos amigos queridos.
Após a morte de sua esposa, Janet continuou a viver em seu grande apartamento
na Rue de Varenne com sua filha Fanny. Em 1942, Dr. Jean Delay,
que tinha sido um de seus alunos, foi nomeado professor de psiquiatria
e chefe da Clínica Psiquiátrica da Universidade Sainte-Anne em Paris. Ele em
convidou Janet para ver alguns pacientes a cada semana. 47 Janet foi apreendida
com um interesse renovado pela psiquiatria e durante o ano escolar
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1942-1943, aos oitenta e três anos, frequentou regularmente o Professor

As palestras de Delay, nunca perdendo nenhuma, para surpresa e admiração do
alunos que também frequentavam o curso. Eles não ficaram um pouco surpresos
apreciado por ver o interesse apaixonado do grande velho. Ele também estava
pediu para dar várias palestras aos alunos. Extremamente observadora, Janet
testemunhou as conquistas de uma nova psiquiatria, muito diferente daquela
que ele tinha aprendido no Salpetriere. Ele também ficou feliz em ver
como algumas de suas próprias idéias tomaram uma nova forma. Narco-análise foi
o cumprimento de sua velha previsão de que um novo tipo de hipnose seria
induzido por substâncias químicas, e ele notou a semelhança do narcótico
tratamento hipnótico de traumas psíquicos com seus antigos experimentos com
seus primeiros pacientes em Le Havre. 48 Ele estava muito interessado em choque elétrico
terapia e em ver um paciente deprimido, que estava passando por psicologia
coanálise por quase um ano sem sucesso, curada após a terceira elétrica
choque. 49
Em agosto de 1946, Janet foi convidada para Zurique e recebida no
Hospital Psiquiátrico Burgholzli pelo professor Manfred Bleuler, filho de
Eugen Bleuler, com quem ele conhecia bem. Janet deu palestras
no Burgholzli Mental Hospital e na Swiss Society of Applied
Psicologia.
Ele ainda estava trabalhando em um livro sobre a psicologia da crença em 194 7, mas
esse trabalho permaneceu inacabado. Ele morreu durante a noite de 23 a 24 de fevereiro,
1947, aos oitenta e sete anos. A cerimônia fúnebre aconteceu em

27 de fevereiro na Igreja de Santa Clotilde em Paris, e ele foi enterrado em
o túmulo da família no cemitério de Bourg-la-Reine ao lado de sua mãe,
pai, esposa, irmão e cunhada. Seu túmulo traz esta inscrição simples
ção: PIERRE JANET + 1859-194 7.

A Personalidade de Pierre Janet
Não é fácil fazer uma avaliação exata da personalidade de Pierre
Janet. Ele sempre traçou uma linha nítida de distinção entre seu público e
vidas privadas, e evitou toda publicidade. Ele nunca, por exemplo, concedeu qualquer
entrevistas a jornalistas. 50 Mesmo ao falar livremente com amigos íntimos,
ele não revelou facilmente seus próprios sentimentos.
Pierre Janet era um homem de estatura bastante baixa, magro em sua juventude, mas
denso nos últimos anos, com cabelos castanhos, olhos escuros, sobrancelhas grossas e pretas,
e uma barba bem cuidada. Muitas pessoas se lembram dele como uma pessoa muito ativa e
homem vivo, vivaz, perspicaz e um conversador brilhante. Outras
descrevê-lo como um homem quieto que ouviu com uma expressão de concentração
atenção tratada, mas que também ficaria absorto em sua meditação,
era freqüentemente distraído e tinha tendência à depressão. Ele parece
que essas duas facetas refletiam as personalidades de sua ativa e vivaz
mãe de um lado e de seu pai "psicastênico" do outro.
Ambas as facetas também se refletem nas fotografias existentes de Pierre Janet.
Página 18
Essas fotos para as quais ele se sentou geralmente o mostram em uma atitude de
atenção silenciosa. Algumas fotos tiradas inesperadamente mostram que ele está envolvido em
conversa vivaz. Sua caligrafia era clara e legível. Quanto mais
estudiosos de seu tempo, ele manteve uma correspondência ativa com os colegas.
Ele nunca ditou suas cartas, mas as escreveu ele mesmo e, mais tarde, digitou seu
próprios manuscritos.
Janet escreveu duas vezes breves notas autobiográficas, a primeira para Carl
History of Psychology in Autobiography, de Murchison . 5 1 No segundo, escrito
um ano antes de sua morte e mais completo que o primeiro, ele explica seu
vocação psicológica como uma espécie de compromisso entre o seu
inclinação para as ciências naturais e os fortes sentimentos religiosos de sua
infância e adolescência. 52 Ele sempre reprimiu tendências místicas e
sonhava, como Leibniz, em conseguir uma reconciliação entre ciência e religião
na forma de uma filosofia aperfeiçoada que poderia satisfazer a razão, bem como
fé. "Não descobri essa maravilha", escreveu ele, "mas permaneci um
filósofo. "Voltando seus esforços para a psicologia, Janet construiu uma
sistema extremamente vasto e abrangente em que quase todos os possíveis
aspecto dessa ciência encontrou seu lugar. Há uma continuidade notável
entre seus primeiros escritos filosóficos e aqueles que a morte o impediu
de completar. Houve, é claro, muitas mudanças, mas estas assumiram
em vez disso, o caráter de novos desenvolvimentos que raramente substituem seus anteriores
teorias. A mesma continuidade também pode ser notada no desdobramento de sua
vida. Quando criança, disse-se que Janet era tímida e isolada. Entao veio
a crise de seu décimo sétimo ano com sua depressão e preocupação religiosa
depois do que ele se tornou um aluno brilhante e trabalhador
ele permaneceu durante toda a sua vida. Infelizmente, temos poucos testemunhos
dinheiro referente aos sete anos que passou em Le Havre, mas sua publica-
ções daquela época o mostram não apenas como um estudioso, mas também como um extremamente
clínico e psicoterapeuta habilidoso. Essas qualidades brilhantes devem ter
desenvolvido ainda mais em Paris depois de ter ampliado sua experiência clínica
no Salpetriere. Max Dessoir, que visitou Janet em Paris em 1894, falou
dele assim: "Ele era um estudioso de renome e um especialista procurado de
doenças nervosas. . . Ele era um homem vivaz de cabelos negros que falava
Francês à maneira parisiense e que gostava de falar sobre sua experiência
cias. " 53 Dessoir acrescenta que, embora Janet tenha feito experiências bem-sucedidas
com telepatia e sugestão à distância, ele permaneceu cético sobre
essas questões. "Sua crítica continha um ácido que dissolveria o
platina de fatos. Mas ele sempre permaneceu cortês em suas maneiras. "
neste ponto, uma hipótese pode ser proposta: Em 1893, Marcel Prevost
publicou um romance, The Autumn of a Woman, descrevendo vários neuróticos
pessoas, bem como um certo Dr. Daumier da Salpetriere que dá
tratamentos psicoterapêuticos extremamente habilidosos com métodos que lembram
de Janet. 54 Não se pode deixar de pensar que o Dr. Daumier, conforme descrito em
seus maneirismos e fala, era um retrato do próprio Janet.
Página 19
Durante toda a sua carreira em Paris, Janet não foi apenas uma médica ocupada e
estudioso trabalhador, mas também envolvido em uma extensa vida social,
dando boas recepções em seu apartamento. Ele tinha amigos íntimos entre seus
colegas, em casa e no exterior, sendo dois destes últimos Morton Prince
e James Mark Baldwin. De acordo com todos os testemunhos, Janet era um homem
de cortesia refinada, com, no entanto, uma tendência para o paradoxo, para que as pessoas
que não o conhecia bem, às vezes ficava em dúvida se ou
ele não falou a sério. Assim, às vezes ele dava a impressão de jogar
com ideias, em vez de parecer buscar uma troca séria de pensamento.
Em seus últimos anos, parece que as características psicastênicas, que tinham
nunca foi completamente Jacking em Janet, tornou-se mais visível. Ele pode
bem ter sido mais afetado do que ele gostaria de revelar pela hostilidade de
seus colegas na Salpêtrière e pelo relativo isolamento que se seguiu.
Talvez o trabalhador esforçado tenha ultrapassado o limite de suas forças. Janet
é retratado como tendo humor depressivo cada vez mais frequente e como
tendo se tornado cada vez mais impraticável e distraído.
De acordo com sua família, seu julgamento sobre as pessoas que conheceu no dia a dia
a vida era freqüentemente superficial, a menos que se tornassem seus pacientes. Essas características
tornou-se mais pronunciado durante os últimos anos de sua vida no meio de
eventos mundiais sombrios e perdas pessoais. Janet também foi relatado para se agarrar
obstinadamente a velhos hábitos e noções. No entanto, quando ele passou a aceitar
novas idéias, ele mostrou um renovado frescor mental. Madame Pichon-Janet
relata que, uma vez convencido de que deveria ir além do antigo
autores favoritos como Victor Hugo, ele se entusiasmou com Marcel
Proust e Paul Valery, a ponto de citar frequentemente o primeiro
e decorar Le cimetiere marin.
Janet era um homem de hábitos regulares, econômico e ordeiro, e era uma
colecionador
minuciosamente fervoroso. Suacom
registrado coleção principal
sua própria era a de histórias
caligrafia. de casos denumeraram
Eles eventualmente seus pacientes,
mais
de cinco mil e ocupava um quarto inteiro em seu apartamento. Outro
sala foi ocupada com sua extensa biblioteca, que continha um único
coleção das obras dos antigos magnetizadores e hipnotizadores, e também um
grande número de livros apresentados a ele pelos autores. Ele manteve um cartão
catálogo de todos os seus livros. Uma terceira coleção foi seu herbário considerável, con-
a retenção de plantas coletadas e classificadas ao longo de sua vida.
Pierre Janet pertenceu àquela geração de cientistas que o considerou
seu dever de dedicar muito de seu tempo e atividades a acadêmicos oficiais
organizações e às sociedades e revistas científicas reconhecidas. Ele
portanto, era um membro ativo da Societe de Neurologie, a Societa
Medico-Psychologique, e particularmente a Societe de Psychologie,
e desempenhou várias funções na Academie des Sciences Morales
et Politiques. De acordo com todos os relatos, Janet sempre foi meticulosa em
suas relações com colegas. Na Societe de Psychologie, ele não
falar com frequência, mas comparecia regularmente às reuniões, ouvia atentamente
Página 20
alto-falantes e às vezes tomavam notas. Se ele discutisse os papéis, ele iria

"traduzir" seus conteúdos, por assim dizer, para a linguagem de suas próprias teorias.
Não encontramos nenhuma descrição do ensino de filosofia de Janet no
liceus, mas é provável que ele o fizesse da mesma maneira que
lecionou mais tarde no College de France e em outros lugares. O universal
o consenso é que ele foi um conferencista admirável. Seja qual for o assunto
assunto, seu público foi cativado desde o início. Reverendo Walter Horton
de Nova York, que participou das palestras de Janet no inverno de 1921-1922,
escreve sobre os ouvintes:
... eles lotaram sua sala de aula suja na primeira sessão, e

durante todo o inverno eles suportaram alegremente o desconforto de bancos sem encosto
e má ventilação sem uma vez denegrir seu interesse. A popularidade do
curso era devido em alguma medida. para ter certeza. para as cintilações de Janet
Sagacidade voltairiana - que nenhuma reprodução maçante poderia esperar preservar
não escurecido, mas principalmente. Acredito. à importância intrínseca do assunto e
a originalidade das opiniões apresentadas. Estou confiante de que não fui o único
auditor estrangeiro que sentiu que apenas essas palestras o haviam recompensado por sua viagem para
França. 5 5
A maneira de falar de Janet era clara e viva, e seu estilo um tanto

entre o estilo escrito e o oral. Sua maneira de falar é ilustrada
na publicação dos registros estenográficos de suas palestras de 1926 a
1929, uma vez que não foram revisados por ele antes da publicação e às vezes
até mesmo conter lapsos de língua, como "Arnold Meyer" em vez de "Adolf
Meyer "ou alguma daquelas piadinhas que um professor às vezes conta em um
claro, mas não manterá em seus artigos publicados. Ele diria, por exemplo,
que “o amor é uma hipótese transformada em uma ideia fixa”. 56 Às vezes, quando
discutindo um assunto que era caro ao seu coração, Janet falou com mais vivacidade
e fez movimentos com as mãos para sublinhar seus pensamentos. Um olho-
testemunha diz que no Congresso Internacional de Psicologia em Paris em
1937 Janet foi convidada a falar devagar por causa do intérprete, mas
esqueci esse pedido depois de alguns minutos e comecei a falar com animação. o
intérprete em sua cabine, que não podia ver Janet, foi apreendido com o mesmo
animação e fez os mesmos gestos de Janet "como se fosse uma espécie de
telepatia."
No relacionamento de Janet com seus pacientes, duas características se destacam. o
primeiro é sua perspicácia. Ele estava extremamente interessado em discernir o que era
autêntico no paciente e o que foi fingido. Ele repetidamente insistiu em
o fato de que no comportamento de muitos pacientes um elemento de jogo era
envolvidos (isto é, a mesma "função lúdica" que Flournoy havia mostrado em
trabalho em seus médiuns), bem como a necessidade de ser admirado. Este foi
particularmente verdadeiro, disse ele, no que diz respeito às perversões sexuais. Em uma reunião de
a Societe de Psychologie em 1908, 57 Janet expressou dúvidas sobre o
sinceridade de muitos desviantes sexuais, e em seu prefácio aos franceses
Página 21
tradução de Psychopathia Sexualis, de Kratft-Ehing , 58 Janet não hesitou

para dizer que uma grande parte do comportamento sexual anormal nada mais é do que
atuação e jogo. Ele chegou a questionar a sinceridade de muitos
psicóticos: "Na maioria das vezes, os psicóticos estão agindo. Não acredite em um quarto
do que eles dizem. Eles tentam impressionar você com sua grandeza ou sua culpa,
em que eles próprios acreditam apenas indiferentemente ou não acreditam em nada. " 59
Outra característica de Janet era sua habilidade como psicoterapeuta, "seu
ingeniousness prodigiosa ", como os editores do Hommage um
Janet colocá-lo. 6o
Embora exemplos disso possam ser encontrados em Medications Psychologiques,
eles não esgotam o assunto. e deve-se ler muitos de seus curtas
papéis para aprender sobre a variedade quase ilimitada de suas atividades psicoterapêuticas
dispositivos. Mas parece não haver registro de cura com Janet escrita por um
de seus ex-pacientes, embora um deles, Raymond Roussel, a quem Janet
tratou por vários anos de ideias megalomaníacas e que mais tarde se tornou
conhecido como escritor surrealista. copiado em um de seus livros sem qualquer
comentário sobre o que Janet havia escrito sobre sua doença. 61 Muito poucos alunos
poderia aprender psicoterapia com Janet (que, como já mencionado, tinha sido
privado da possibilidade material de dar qualquer ensino clínico consistente
após as intrigas na Salpetriere). Dr. Ernest Harms, que visitou
Janet na Salpetriere. escreveu o seguinte:
Quando fui a Paris estudar as técnicas de Janet. Fui orientado a familiarizar

eu com os presidiários e seus aposentos. Vindo de Kraepelin e
Zurique, fiquei surpreso com a configuração. Encontrei alojados juntos muitos perseguidores
pacientes que se despediram emocionalmente com contos fantásticos. Quando eu perguntei
Janet qual era sua abordagem terapêutica aqui. Recebi a estranha resposta: "Eu
acredite nessas pessoas. até que me seja provado que o que eles dizem não é verdade. "
tinha acabado de enfrentar um jovem que evitou pisar em qualquer sombra porque, em
sombras. vagou Napoleão. que queria recrutá-lo para o exército. ao lado
ele era uma mulher de 70 anos que temia a perseguição do prefeito de Paris,
que queria fazer lme para ela. Achei difícil ver qualquer verdade em tal
idéias fixas. Janet percebeu minha perplexidade com suas palavras oraculares. Ele veio para
mim. "Veja, essas pessoas são perseguidas por algo, e você deve investigar
com cuidado para chegar à raiz. "O que ele queria me fazer ver era aquele
não deve descartar fantasias de perseguição como ridículas, ou vê-las apenas
sintomaticamente; deve-se levá-los a sério e analisá-los, até que
as condições causais foram reveladas. Eu nunca esqueci as palavras sábias de Janet
sobre a perseguição, nem as muitas outras que foram um elemento importante em sua
relações com seus alunos. Eles representavam uma arte socrática que eu nunca
experiente de qualquer outro professor de psiquiatria proeminente. No caso de Janet
era inseparável de seu conceito de psiquiatria. 62
Um pequeno incidente mostra a consideração de Janet pelos pacientes do hospital

e como ele os protegeu de indiscrições e curiosidade inoportuna:
Durante uma das estadias de Madeleine no Salpetriere, o presidente do
Republic fez uma visita ao hospital. O estagiário, que era ninguém menos que
Página 22
Jean Charcot, filho do grande neurologista, chamou-a para demonstrar

para o presidente. "Imediatamente", escreveu Madeleine à irmã em uma carta
de 26 de junho de 1898, "Dra. Janet, que conhece minha relutância, deu um passo à frente
e acenou para o Sr. Charcot não dizer nada. " 63 Algumas pessoas pensaram
que Janet foi longe demais para disfarçar a identidade dos pacientes cujo caso
histórias que ele publicou. Quando ele morreu, seus cinco mil ou mais pacientes
os arquivos foram queimados de acordo com sua vontade. Não se pode deixar de lamentar a perda de
este material extraordinariamente rico e bem classificado e particularmente do
arquivos de pacientes como Leonie e Madeleine, mas ao mesmo tempo um
sente-se obrigado a respeitar esse ato de reverência ao sigilo profissional.
Sobre a vida familiar de Janet, algumas notas foram escritas por Madame
Helene Pichon-Janet. Seus pais eram ambos bastante reservada no
expressão de seus sentimentos, ela disse, mas eles nunca se separaram e
eram inseparáveis, Madame Janet acompanhou o marido em todas as suas viagens
e era indispensável para ele em sua vida social e em questões práticas.
Ela acrescenta que ele era um pai afetuoso e terno. Por exemplo,
embora estivesse extremamente absorto em seu trabalho, ele sempre encontrava um momento
ler para seus filhos depois do almoço.
Como é o caso de muitos cientistas, Janet começou com vários
interesses em sua juventude, mas gradualmente restringiu seu campo de interesse para
para se concentrar no trabalho de sua vida. Na época ele estudava na Ecole
Normale Supérieure, o ensino de grego e latim foi excelente e
os alunos de filosofia estavam totalmente familiarizados com Cícero e Virgílio,
bem como com os clássicos franceses. Janet parece ter perdido um pouco o
contato vivo com os clássicos, embora pudesse ocasionalmente demonstrar
sua habilidade na língua latina. De acordo com a tradição familiar em seu primeiro
encontro com JM Baldwin, nenhum deles falava a língua de
o outro e então eles recorreram a uma conversa em latim, que a
a diferença na pronúncia tornava-se bastante trabalhosa. Janet tinha aprendido alemão
na escola, mas (possivelmente devido à influência de sua mãe patriótica) ele
parecia ter desenvolvido uma inibição para aquela linguagem. A falta de um
o conhecimento fluente de alemão era uma grande deficiência para ele. Quanto ao Inglês,
ele aprendeu mais tarde e veio a dominá-lo, embora sempre falando com um
pronunciado sotaque francês.
Talvez por falta de tempo, Janet não leu muito além
literatura psicológica e psiquiátrica. Ele também não estava particularmente interessado

Na música. arte ou arquitetura. Mas nada estaria mais longe da verdade
do que imaginar Janet como uma velha estudiosa distraída ou um leitor ávido.
Profundamente enterrado em sua alma estava o amor pela natureza. O herbário, que ele
colecionado por tantos anos, era apenas um aspecto de seu amor pelas flores.
Desde sua infância, quando ele manteve um pequeno jardim próprio, ele
gostava de cultivar plantas de todos os tipos. Cada espécie de flor, disse ele, tinha sua
própria individualidade, que descreveu em termos poéticos. Janet tinha feito algum
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cavalgando com um de seus tios Hummel. Mais tarde, ele aprendeu a montar
uma bicicleta, na época uma nova invenção. Mas sua preferência era por
caminhando. Mesmo na velhice gostava de vagar pelas ruas de Paris.
Ele descansou de seu trabalho durante o ano em caminhadas e botanização no
Madeiras de Fontainebleau. Os destaques de sua vida foram suas jornadas ao
Montanhas Rochosas e para o Parque Yellowstone, e para o Brasil primitivo
florestas e as quedas de lguassu.
Antes de se tornar psicóloga e psiquiatra, Janet há muito tempo
filósofo. Seus livros de filosofia revelam sua opinião sobre muitos
assuntos. Ele se mostra preocupado com a justiça social e o futuro
emancipação de colônias. Ele diz que a ideia de propriedade privada é um
noção que deve ser aperfeiçoada, que a pena de morte é um resquício de
barbárie, e que seria bom para a humanidade ter uma internacional
linguagem artificial. 64 Embora ele tivesse muito cuidado para nunca se misturar
conceitos filosóficos com teorias psicológicas, há uma metafísica
ideia que ocorre repetidamente em seus escritos como uma espécie de leitmotiv: a ideia
que o passado da humanidade como um todo foi preservado em sua totalidade
de alguma maneira. 65 Ele chegou a predizer que o tempo viria
quando o homem seria capaz de viajar pelo passado da mesma forma que
ele agora viaja pelo ar. "Tudo o que existiu", disse ele,
"ainda existe e perdura em um lugar que não entendemos, para o qual
não podemos ir. "Ele também disse que se o" paleoscópio "fosse inventado,
o homem aprenderia coisas extraordinárias sobre as quais não temos a
menor suspeita hoje.
No pano de fundo de todas as suas idéias filosóficas estava não apenas a influência
da "filosofia espiritualista" de seu tio Paul Janet, mas o suprimido
sentimentos religiosos de sua infância. Embora ele fosse comumente designado
como ateu, Janet era na verdade uma agnóstica que provavelmente nunca
abandonou seus laços com a religião. Sua esposa, que foi criada em um
convento, parece ter ido mais longe do que ele em sua dissociação de
religião e ter se oposto abertamente à Igreja Católica. Madame
Helene Pichon-Janet disse ao autor da insistência de seu pai que o
três crianças frequentam a instrução religiosa protestante em uma das
Igrejas protestantes em Paris. Aparentemente, foi idéia dele que seus filhos pudessem
desejo voltar para a religião mais tarde na vida, e que nessa eventualidade ele iria
não os prive do ensino religioso elementar. Com a morte de Madame
Janet, ele insistiu que ela tivesse um enterro católico, como ele mesmo foi
dado alguns anos depois. Quanto mais se estuda as obras de Janet, mais se
tem a sensação de que seu sorriso socrático escondia uma sabedoria que ele adotou
o túmulo.
Contemporâneos de Janet
Nenhuma mente criativa trabalha sozinha. Os maiores pioneiros não só
mestres e discípulos, mas também companheiros de viagem, homens da mesma geração
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que podem ser amigáveis, hostis ou indiferentes, mas que seguem um curso paralelo
da evolução e cujas idéias estão fadadas a influenciar umas às outras.
Se tivermos uma visão panorâmica da geração de Pierre Janet, isso é do
homens que nasceram no mesmo ano ou dentro de um ou dois anos a partir desse
ano, encontramos, na França, uma lista impressionante de grandes pensadores. Para Pierre
A geração de Janet pertence, entre outros, aos filósofos Henri Bergson
(1859-1941), Emile Meyerson (1859-1933), Edmond Go blot (1858-
1935) e Maurice Blonde! (1861-1949); os sociólogos Emile Durkheim
(1858-1917) e Lucien Levy-Bruhl (1857-1939); o líder socialista
Jean Jaures (1859-1914); o matemático e filósofo Gaston
Milhaud (1858-1918); e o psicólogo Alfred Binet (1857-1911).
Uma rápida olhada na biografia de Bergson mostra um certo paralelismo entre
sua vida e a de Janet. 66 Ambos nasceram em Paris em 1859. Ambos estudaram em
um liceu em Paris (Bergson no Lycee Condorcet, Janet no College
Sainte-Barbe). Ambos foram aceitos na Ecole Normale Supérieure,
Bergson em 1878, Janet em 1879. Ambos ensinaram filosofia pela primeira vez em uma província
liceu (Bergson passou um ano em Angers e cinco anos em Clermont-
Ferrand, Janet, um ano e meio em Châteauroux e seis anos e meio
em Le Havre). Para ambos os homens, esses anos passados nas províncias foram um
período de maturação e trabalho intensivo. Ambos experimentaram hipnotismo.
O primeiro artigo de Bergson, em 1886, foi dedicado ao tema do inconsciente
simulação em hipnose, e o primeiro artigo de Janet no mesmo ano foi sobre
seus experimentos com Leonie. 67 Ambos os artigos revelaram seus autores '
ceticismo sobre as interpretações parapsicológicas. Ambos os homens também editaram
obra de um filósofo, e ambos apresentaram suas teses na Sorbonne
em 1889. 68 Cada homem procurou encontrar um ponto de partida para a psicologia no
a maioria dos fenômenos psicológicos elementares; Bergson em seu Ensaio sobre o
Dados imediatos da consciência e Janet em seu automatismo psicológico
abordou o mesmo problema, embora de uma forma diferente. Ambos eram
nomeado para ensinar filosofia em um liceu de Paris; Bergson vindo
um pouco antes no College Rollin, onde Janet se tornou sua
sucessor. Ambos também lecionaram na Sorbonne e posteriormente no College de
França, onde Bergson havia sido nomeado antes de Janet e defendeu
Candidatura de Janet na assembleia de professores. Por muitos anos depois
eram colegas no College de France, mais tarde também na Academie
des Sciences Morales et Politiques, e também se conheceram socialmente. Enfim, é
também notável que ambos os homens revelaram sua profunda preocupação
com a religião tarde na vida.
A influência de Bergson no trabalho de Janet foi extremamente importante, pois Janet
devidamente reconhecido. A noção de Bergson de "atenção à vida" (atenção
aBergson
La vie)disse
mostra muita
sobre semelhança
a ponta de lançacom a função
da vida comodu reel de Janet
a vanguarda da ,evolução
e o que
também mostra muita semelhança com o conceito de "tensão psicológica" de Janet.
Janet também reconheceu que quando ele começou a apresentar fatos psicológicos
Página 25
como condutas, foi provavelmente pela influência do primeiro

livros. 69 Mas a influência de Janet sobre Bergson não foi de menor importância.
Em Matter and Memory, Bergson refere-se à pesquisa de Janet sobre a
da personalidade, e ele também tomou emprestado o termo fonction fabulatrice,
de Janet, um conceito que talvez não seja muito diferente do que
Frederick Myers havia chamado a função mitopoética do inconsciente.
Não menos complexas foram as influências recíprocas entre Janet e Binet.
Alfred Binet era dois anos mais velho que Janet, tendo nascido em 1857 em
Agradável. 70 Ele estudou primeiro no Liceu de Nice, depois em Paris no Liceu
Louis-le-Grand, onde Babinski era seu colega de escola. Seu primeiro interesse estava em
direito, depois em biologia e depois em psicologia. Ele então se tornou conhecido
com Ribot e Charcot, que lhe permitiu examinar pacientes em seu
enfermarias. Uma de suas primeiras pesquisas foi sobre a "vida psíquica de
microrganismos. " 71 Como Janet e Bergson, Binet também estava interessado
no problema da forma mais elementar de vida psicológica, e ele
abordou o problema examinando criaturas vivas que considerou
estar no grau mais baixo da escala de vida, ou seja, o infusório, e ele
acredita-se ter evidenciado neles manifestações de atividade sensorial,
inteligência e até mesmo rudimentos de ajuda mútua. Seu primeiro livro, publicado
em 1886, foi a Psicologia do Raciocínio, em que optou pelo hipnotismo
como método de abordagem, e concluiu que existe um permanente e,
processo automático de raciocínio inconsciente na base do psíquico do homem
atividade. 72 Por vários anos, ele se dedicou a investigações de
hipnose, histeria e dupla personalidade. As investigações de Binet correram paralelas
aos de Janet, de modo que um ou outro estava à frente em seu
pesquisa em determinados momentos. Quando Janet publicou seu L 'Automatisme
Psychologique, Binet escreveu uma revisão detalhada para a Revue Philosophique
em que ele reconheceu que Janet havia antecipado certos resultados que
ele esperava encontrar em sua própria pesquisa, tornando-se desnecessário
para ele continuar. 73 Como Janet, Binet também estava interessado no
história do magnetismo animal e escreveu um livro sobre o assunto em colaboração
ção com Fere. 74 No entanto. ele não tinha o conhecimento penetrante de que
Janet sabia do assunto. Nos anos seguintes, Janet e Binet devem ter se conhecido
com bastante frequência. Cada um deles se referia ao trabalho do outro, e ambos
trabalhou por algum tempo no laboratório de psicologia experimental do
Sorbonne. Mas parece que por algum motivo ocorreu um afastamento
entre eles. Em 1893, Binet fundou a L 'Annee Psychologique, uma
conhecido anuário de psicologia que ele usou para publicar seus numerosos
artigos, mas que nunca trouxeram nenhuma contribuição de Janet. Binet sofreu
sérios reveses em sua carreira. Quando ele se candidatou a um cargo de professor em
o College de France, ele perdeu para Janet, e quando se candidatou a um
professor da Sorbonne, Georges Dumas teve preferência.
Isso fez com que Binet gradualmente se afastasse do contato com seus colegas.
Seu laboratório na Sorbonne estava localizado em um sótão remoto para o qual
Página 26
poucas pessoas conseguiram encontrar o caminho e, devido à sua extrema timidez, ele
nunca participou de nenhum congresso. Mas ele era um trabalhador árduo, pioneiro
em muitos campos da psicologia. Em seu Estudo Experimental de Inteligência,
ele publicou uma investigação detalhada das funções intelectuais de seu
duas filhas, Armande e Marguerite, regidas com a ajuda de
testes psicológicos, e mostraram que eles representavam dois psicológicos
tipos precisamente aqueles que, alguns anos depois, CG Jung chamaria
o introvertido e o extrovertido. 75 Foi Binet quem estabeleceu o primeiro
escala para medir a inteligência de crianças em idade escolar, o Binet e
Teste de Simon, em 1905; ele foi um pioneiro em psicologia infantil e experi-
pedagogia mental; e em psicologia sexual. Ele descreveu o fetichismo, que
termo que ele cunhou. Binet também escreveu peças teatrais sombrias sob um pseudônimo,
sozinho ou em colaboração. Ele foi um escritor infatigável que
infelizmente espalhou suas atividades em muitos campos e nunca teve sucesso
na criação do trabalho final no qual ele teria concentrado o resultado
do trabalho de sua vida. Quando ele morreu prematuramente em 1911, ele aparentemente
perdeu todo o contato com Janet, com quem seu trabalho tinha sido tão intimamente re-
há muito tempo.
Outros paralelos podem ser traçados entre Janet e Durkheim, Levy-
Bruhl e outros entre seus contemporâneos. Ele seria um impossível
comprometendo-se a tentar verificar as influências mútuas que esses homens tiveram sobre
um outro. Vistos à distância, eles parecem estátuas em pé
isolamento majestoso; visto de perto, torna-se aparente que eles
estavam envolvidos em diálogos mais ou menos intermitentes.
Trabalho de Janet: 1-Filosofia

Não se pode compreender totalmente o sistema psicológico de Pierre Janet com
levando em conta sua subestrutura filosófica. Janet tinha estudado
filosofia no Lycee Louis-le-Grand e depois na Ecole Normale
Superieure, onde essa disciplina foi ensinada pelo moralista Bersot, o
o lógico Rabier, o filósofo acadêmico Olle-Laprune, e o neo-
Kantian Boutroux. Sem dúvida, Janet também estava familiarizada com as obras de
seu tio Paul Janet. Como ele diz em sua autobiografia, Janet havia mostrado
profundos sentimentos religiosos em sua juventude e passou por uma crise religiosa no
idade de dezessete. Ele tinha sonhado em construir uma filosofia que iria
alcançar uma reconciliação entre ciência e religião. "Eu não encontrei isso
maravilha ", ele admitiu em sua velhice, acrescentando que seus esforços para construir um
a nova psicologia havia sido um substituto para o sonho de sua juventude. Há sim
razão para acreditar, no entanto, que Janet fez mais do que apenas sonhar, por
algum tempo, mas na verdade buscou esse sistema filosófico. O único
maneira de obter alguma clareza nesta questão é examinar a filosofia de Janet
escritos, ou seja, seus livros de filosofia.
Em seu primeiro livro-texto, publicado em 1894, Janet faz uma pronunciada dis-
Página 27
distinção entre filosofia científica e moral. 76 A primeira parte começa

com uma definição de ciência: os homens têm se defendido contra
forças naturais, as dominaram e, em seguida, tentaram modificar o
mundo. A ciência nasceu do desejo do homem de conquistar o mundo, que
implicado em compreendê-lo, primeiro por meio da aquisição de conhecimento dele,
daí a necessidade de um método apropriado baseado em análise e síntese.
Janet, em seguida, dá uma classificação das ciências e um levantamento das principais
uns: matemática, ciências naturais, ciências morais (que incluem
psicologia e sociologia) e história. Em seguida, vem um capítulo sobre o
grandes hipóteses científicas; inclui uma crítica ao darwinista
teoria e do culto exagerado ao progresso, dizendo que é perigoso
esperar muito do progresso porque isso leva ao desprezo pelo
presente e destruição do passado. A segunda parte do livro, dedicada
à filosofia moral, inclui uma análise de problemas como a liberdade,
responsabilidade, consciência e justiça e, finalmente, a existência de Deus
e religião. O livro, que começou com uma perspectiva baconiana, termina
com uma citação de Epicteto: "Eu sou um ser racional e tenho que
louve a Deus; essa é a minha vocação e eu a sigo. " É claro que Janet devotou
considerável cuidado e consideração por aquele livro. Ele contém quase textualmente
a palestra que deu em 1882 com a idade de vinte e dois anos em Chateauroux sobre
o conceito de propriedade. Cada termo filosófico recebe uma definição clara
ção. Para cada problema, as principais teorias são expostas em um objetivo
caminho. Ele parece que, sob o disfarce de um livro didático para escolas, Janet
deu um esboço de sua própria filosofia. Dois anos depois, em 1896, o
a segunda edição foi totalmente reformulada. Continha o mesmo assunto, mas agora
variou de acordo com o programa do ensino oficial de filosofia
nos liceus, assim como as edições seguintes e frequentemente aumentadas.
Não está claro em que ponto o principal interesse de Janet mudou da filosofia
para a psicologia, uma vez que anteriormente havia mudado da religião para a filosofia.
Sua atitude posterior em relação à filosofia pode ser inferida do que ele escreveu
em sua introdução à sua edição de Malebranche: a ciência é possível
apenas através da inspiração de algumas idéias gerais que fornecem um método
e meios de explicação. Essas idéias gerais são inventadas por filósofos,
que, para concebê-los, precisa de um scaf metafísico ou místico
dobrando. 77 A esse respeito, é interessante ver o que Janet tirou de
filosofia quando se voltou para a psicologia. Sua preocupação era usar um
método estritamente científico, para abordar fenômenos psicológicos em um
espírito científico do qual ele disse que a curiosidade e a independência eram a base,
com a exclusão do princípio de autoridade e tradição. Janet definiu
o método científico como uma combinação de análise e síntese. Análise
significa quebrar um todo em seus elementos, desde que este último
são os verdadeiros elementos constituintes. Um anatomista, por exemplo, não
corta o corpo em quatro ou cem partes, mas separa os músculos,
Página 28
nervos, vasos sanguíneos e outras partes do corpo. Janet visualizou

psicologia científica da mesma maneira: deve começar com psicologia
análise cal, isto é, identificação e estudo separado de psico elementar
funções psicológicas, uma fase que seria seguida posteriormente por funções psicológicas
síntese, isto é, a reconstrução do todo com base na
partes separadas.
Trabalho de Janet: 11-Automatismo psicológico
Um grande número de filósofos antes de Janet tentou re-

construir a psique humana por meio de análise e síntese. A maioria
deles usaram a sensação como elemento básico e ponto de partida.
Condillac havia imaginado o mito filosófico de uma estátua que
ser dotado de um sentido após o outro, e com este ponto de partida ele
descreveu o desenvolvimento hipotético da mente da estátua; o único
a desvantagem era que era uma construção puramente fictícia. Quando Janet
embarcou em um empreendimento semelhante, ele permaneceu na base sólida
ção da psicologia experimental. Sua tese principal, Psychological Auto-
matismo, traz o subtítulo revelador: "Experimental-Psicológico
Ensaio sobre as formas inferiores de atividade humana. "Assim, Janet não
começar, como fez Condillac, de "pura sensação", mas de "atividade", ou
ao contrário, ele nunca dissocia a consciência da atividade.
O Automatismo Psicológico contém o fruto das pesquisas realizadas
por Janet em Le Havre de 1882 a 1888. Os artigos que publicou
em série na Revue Philosophique durante esse tempo nos permite seguir
o desenvolvimento dessa pesquisa. Após os primeiros experimentos com
hipnose à distância em Leonie que Janet não achou convincente, ele
examinou Lucie, uma jovem de dezenove anos, que teve ataques
de terror sem motivação aparente. Por meio de escrita automática,
Janet descobriu que a causa e o significado dos ajustes de terror. Quando ela
tinha sete anos, dois homens escondidos atrás de uma cortina contaram uma piada
de assustá-la. Uma segunda personalidade dentro de Lucie, Adrienne, foi
revivendo esse episódio inicial em que teve seus ataques de terror. Janet de
escreveu como ele fez uso do relacionamento a fim de aliviar o paciente
de seus sintomas, e como a segunda personalidade eventualmente desaparece
perolado. 78 Lucie teve uma recaída oito meses depois, que, no entanto, diminuiu
rapidamente com a ajuda de uma terapia combinando hipnose e
escrita. Janet descreveu o fenômeno do relacionamento de uma forma mais precisa
forma, e particularmente seu traço característico de eletividade, isto é, o
estado permanente de sugestionabilidade em relação a apenas uma pessoa, Janet, ao
exclusão de todos os outros. 7 9
Novos experimentos com Leonie trouxeram Janet a uma série de descobertas
de interesse particular. 80 Ele mostrou que, sob hipnose, duas muito diferentes
conjuntos de manifestações psicológicas podem ser eliciadas: de um lado estão os
"papéis" desempenhados pelo sujeito para agradar ao hipnotizador, por outro
lado está a personalidade desconhecida, que pode se manifestar espontaneamente,
Página 29
particularmente como um retorno à infância. Na hipnose, Leonie se referiu

ela mesma pelo sobrenome de infância de Nichette. Mas por trás daquele hipnótico
personalidade, um terceiro oculto pode existir e emergir por sua vez como o hipno-
tização da segunda personalidade. O fato notável é que este terceiro
personalidade foi uma revivescência após vinte anos de uma antiga per- hipnótica
sonalidade que os magnetizadores haviam provocado em Leonie no passado. ele tinha
nunca se manifestou nesse ínterim, mas agora apareceu exatamente como
tinha estado no passado. Janet descobriu que um caso semelhante já havia sido
publicado por Bertrand em 1823.
L 'Automatisme psychologique foi dedicado aos médicos Gibert
e Powilewicz que havia fornecido os pacientes a Janet: quatorze
mulheres histéricas. cinco homens histéricos e oito psicóticos e epilépticos.
A maior parte da pesquisa. no entanto, foi baseado na investigação de quatro
mulheres: Rose, Lucie, Marie. e acima de tudo a célebre Leonie. Janet
se esforçou para permanecer no terreno sólido de fatos objetivos, e para isso
razão se absteve de falar de experimentos parapsicológicos com
Leonie. Ele também teve que ter cuidado e se abster de relatar
as implicações terapêuticas de sua pesquisa. primeiro porque o Faculte
des Lettres foi sensível neste ponto. e segundo para não despertar
a suspeita dos médicos.
O termo "automatismo psicológico" não era novo. Ele tinha sido usado
entre outros por Despine. que o definiu como "muito complexo e inteligente
atua alcançando uma meta que é perfeitamente específica e ajustada às circunstâncias
posturas; age exatamente de forma semelhante àquelas que o ego comanda em outras
ocasiões através do mesmo aparelho. " 81 No entanto, para Despine, psy-
o automatismo ecológico é o produto de uma máquina viva desprovida de con
consciência, enquanto para Janet é um fenômeno psicológico em sua
direito próprio, sempre envolvendo uma consciência rudimentar.
Janet classificou as manifestações do automatismo psicológico em dois
grupos: automatismo total, processo que se estende ao sujeito como um todo,
e automatismo parcial, o que implica que uma parte da personalidade é
separa-se da consciência da personalidade e segue um autônomo,
desenvolvimento subconsciente. 82 A forma mais rudimentar de auto-total
matismo, disse ele, é catalepsia. O estado de consciência de um cataléptico
poderia ser comparado ao de um indivíduo que começa a se recuperar de
uma síncope: existe alguma consciência sem consciência do ego.
As investigações de Janet sobre catalepsia revelaram três descobertas: (1) Que
esses estados de consciência tendem a continuar sem modificação, a menos que
há algum estímulo de fora; (2) Que não há consciência
ness sem alguma forma de mobilidade; (3) Que qualquer emoção que seja provocada
durante esse estado tende a determinar um movimento adequado a esse sentimento,
desde que o sentimento não seja contrário à personalidade do sujeito.
Um estado menos rudimentar do que a catalepsia é o sonambulismo artificial, que
é, o estado hipnótico do qual Janet dá três critérios: (1) amnésia
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ao despertar; (2) memória de estados hipnóticos anteriores durante

hipnose; e (3) memória do estado de vigília durante estados hipnóticos.
Mas as coisas são mais complexas, e aqui Janet dá conta de sua
experimentos com Leonie e suas três condições: Leonie I, Leonie
II, e Leonie III (também conhecido por Leonore), e das relações destes
três existências uma para a outra. Janet acreditava que havia encontrado
correlações entre as várias condições de amnésia e memória em
por um lado e as várias condições de amnésia e memória em
outro lado, e ele interpreta o fenômeno da amnésia pós-hipnótica
por uma condição alterada na sensibilidade.
Mais complexo do que o estado hipnótico é o que Janet chama de
existências cessivas (evitando assim a expressão pessoa alternada-
alidades). Janet analisa como cada uma dessas personalidades se sente sobre o
outros: às vezes os outros não são percebidos como tal, mas há
uma sensação de algo estranho ou peculiar em si mesmo; às vezes eles são
percebido com um sentimento de hostilidade ou desprezo. Às vezes o outro
a personalidade é mais infantil e adota o apelido de sua infância.
Janet começa o estudo do Automatismo Parcial com seus mais simples
formas, catalepsia parcial e as distrações, que são estados peculiares de
distração. No último, enquanto a atenção do sujeito é mantida
absorvido por outra coisa, o médico sussurra uma pergunta para a qual
o sujeito responderá sem saber. Janet mostrou que por meio de dis-
trações, sugestões ou mesmo alucinações podem ser impressos no
sujeito, que produz curiosas misturas e interferências entre
manifestações conscientes e subconscientes. Intimamente relacionado ao dis-
tração é o fenômeno da escrita automática, amplamente praticada pela
espíritas desde 1850. Colocando um lápis na mão de um indivíduo, e
mantendo sua atenção em outro lugar, pode-se vê-lo começando a escrever coisas
do qual ele não está ciente, e extrair dessa forma grandes fragmentos de sub
material consciente. Outra manifestação do automatismo parcial é pós-
sugestão hipnótica, um problema controverso para o qual Janet propôs a
seguinte explicação: a mente subconsciente, que foi trazida
à frente durante a hipnose e agora recuou, persiste e verá
para a execução pontual de ordens dadas pelo hipnotizador durante
hipnose. O difícil problema das existências simultâneas é inter-
pretendida pela teoria geral da desagregação psicológica de Janet,
um conceito não muito diferente daquele de dissolução psicológica, primeiro
proposto por Moreau (de Tours) e mais tarde por Hughlings Jackson.
O restante do livro é dedicado à descrição e interpretação
tação de várias formas de Automatismo Psicológico Parcial: a adivinhação
vara, espiritismo e mediunismo, impulsos obsessivos, ideias fixas e
alucinações de pacientes psicóticos e, finalmente, o que ele chama de possessão,
ou seja, as atitudes, atos e sentimentos do indivíduo sendo controlado
por uma ideia subconsciente. desconhecido para ele, como era o caso de "Lucie".
Ela dizia com gestos de terror: "Estou com medo e não sei
Página 31

por quê. "Janet explica:" É porque o inconsciente tem seu sonho; isto
vê os homens atrás das cortinas, e coloca o corpo na atitude de terror. "
Quando Leonie diz: "Eu choro e não sei por quê", também se pode supor
que uma ideia subconsciente está agindo por trás das coisas. "Deve-se passar
todo o campo das doenças mentais e uma parte das doenças físicas para
mostrar os distúrbios mentais e corporais decorrentes do banimento
de um pensamento da consciência pessoal ", conclui Janet.
Automatismo psicológico, cujas partes eram conhecidas através
a publicação de excertos na Revue Philosophique, foi saudada de
o começo como um clássico das ciências psicológicas. Ele esclareceu muitas con-
assuntos polêmicos enquanto levantam novas questões. Suas principais características podem ser
resumido da seguinte forma: (1) Vendo que ele trabalhou com novos pacientes,
Janet escapou da objeção de que os sintomas investigados eram os
produto da cultura de estufa da Salpêtrière e sua mentalidade
contágio. Uma paciente, porém, Leonie, já havia sido experimentada
por velhos magnetizadores, e investigando sua história de vida, Janet foi conduzida
para descobrir o mundo esquecido de um século de pesquisas de magnetizadores
e hipnotizadores. 83 (2) Em sua análise psicológica, Janet partiu de
o quadro de referência da psicologia clássica, com sua nítida distinção
entre intelecto, afetividade e vontade. Janet afirmou que mesmo no
níveis mais baixos de vida psíquica, não havia sensação ou sentimento sem
movimento, e ele concordou com Fouillee que é a tendência natural
de uma ideia para se desenvolver em um ato. (3) Janet utilizou a abordagem dinâmica
em termos de força psíquica e fraqueza. Em casos graves de histeria, ele
falou de miséria psicológica (misere psychologique). (4) Janet em-
fasearam a noção de "campo de consciência" e seu estreitamento em
pacientes histéricos como resultado de sua fraqueza psicológica. (5) Em
o grau mais baixo de vida mental, Janet encontrou os dois níveis de sentimento
per se. e sentimento em relação ao ego consciente. Isso fez com que ele
formular o conceito de função de síntese (o embrião de seu futuro
conceito de hierarquia de funções psíquicas e de tensão psicológica).
(6) Voltando-se para o conceito centenário do relacionamento, Janet o concebeu
como uma forma particular de anestesia, ou seja, uma distorção na percepção de
o mundo, em outras palavras como um modo peculiar de percepção do mundo
centrado na pessoa do hipnotizador. (7) Janet argumentou que cer-
Esses sintomas histéricos podem estar relacionados à existência de partes divididas de
personalidade (ideias fixas subconscientes) dotada de uma vida autônoma
e o desenvolvimento. Ele mostrou sua origem em eventos traumáticos do passado
e a possibilidade de cura dos sintomas histéricos através da doença
disfarce e posterior dissolução dessas psicológicas subconscientes
sistemas. Nesse sentido, a história da doença e cura psicológica de
Marie merece menção especial:
Este jovem foi trazido do país para o hospital de Le Havre

aos 19 anos porque era considerada louca, e a esperança de ver
Página 32
sua cura quase havia desistido. O fato é que ela teve períodos de
ataques convulsivos com delírio que duraram dias. Após um período de
observação, ficou claro que a doença consistia em mani-
festações que ocorreram regularmente no momento de suas menstruações, e de
manifestações menos graves que foram mais prolongadas e ocorreram em
vezes regulares durante os intervalos.
Vamos começar com os primeiros. Na época que precede suas menstruações,
O caráter de Marie mudou; ela se tornou sombria e violenta, o que não era
em seus hábitos. e sofreu dores. espasmos nervosos e tremores em toda a sua
corpo. Contudo. as coisas aconteceram quase regularmente durante o primeiro dia, mas
mal 20 horas após o início, a menstruação parou repentinamente e um
um grande tremor atingiu todo o corpo; então, uma dor aguda subiu lentamente
do abdômen à garganta, e uma grande crise histérica se seguiu. o
ataques, embora muito violentos, nunca duraram muito tempo, e
nunca se pareceram com tremores epileptoides; em vez disso, houve um longo e
delírio severo. Às vezes, ela soltava gritos de terror, falando sem parar
de sangue e fogo, fugindo para escapar das chamas; outras vezes ela
brincava de criança, falava com a mãe, subia no fogão ou no
móveis e criar confusão na ala. Este delírio e o violento corporal
contorções alternadas com curtos períodos de descanso durante 48 horas. O ataque
terminou vomitando sangue várias vezes. depois do qual tudo voltou
aproximadamente ao normal. Após um ou dois dias de descanso, Marie se aquietava
ela mesma e não se lembrava de nada do episódio. Durante os intervalos daqueles
intensas manifestações mensais, ela manteve contraturas limitadas no
braços ou os músculos intercostais ou vários, mudando anestesias, e acima
tudo uma cegueira completa e permanente do olho esquerdo (...) Além disso,
ela ocasionalmente tinha crises menores sem o grande delírio, mas que
foram caracterizados predominantemente por atitudes de terror. Esta doença,
que estava tão obviamente ligado aos períodos menstruais, parecia ser unicamente
um físico. e de pouco interesse para o psicólogo. Portanto, no
no começo, tratei muito pouco com essa pessoa. No máximo, eu fiz com ela um
alguns experimentos hipnóticos e alguns estudos sobre sua anestesia, mas evitei
qualquer coisa que pudesse tê-la perturbado no momento em que suas principais manifestações
tações estavam se aproximando. Ela permaneceu por sete meses no hospital,
durante o qual os vários medicamentos e hidroterapia não trouxeram
a menor modificação. Além disso. sugestões terapêuticas, notavelmente
gestos referentes à menstruação. não tinha nada além de efeitos ruins e
aumentou o delírio.
Por volta do final do oitavo mês, ela reclamou de sua triste situação e
disse. com uma espécie de desespero. que ela estava bem ciente de que seus sintomas iriam
continue a ocorrer novamente. .. Olhe aqui. "Eu disse a ela por curiosidade," explique-me agora
o que acontece quando você fica doente. "-" Mas, você sabe disso ... todo-
a coisa para, estou com um grande calafrio e não sei o que acontece a seguir. "
queria obter informações precisas sobre a forma como seus períodos tinham sido inau-
gurado e foi interrompido. Ela não deu uma resposta clara e parecia
ter esquecido a maioria dos eventos sobre os quais perguntei a ela. Então ocorreu a
eu para colocá-la em uma condição de sonambulismo profundo, um estado onde (como nós temos
visto) é possível trazer de volta memórias aparentemente esquecidas, e assim eu
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foi capaz de descobrir a memória exata de um incidente que até então tinha sido
apenas muito incompletamente conhecido.
Aos 13 anos, ela teve sua primeira menstruação. mas, como resultado de um
ideia infantil ou de algo que ela ouviu e entendeu mal, ela imaginou
que havia alguma vergonha nisso. e ela tentou um meio de parar o fluxo,
assim que possível. Cerca de 20 horas após o início. ela saiu secretamente e
mergulhou em um grande balde de água fria. O sucesso foi total; a
a menstruação foi repentinamente interrompida. e apesar de um violento tremor, ela estava
capaz de voltar para casa. Ela ficou doente por um longo tempo e teve vários
dias de delírio. Contudo. tudo se acalmou. e a menstruação fez
não aparecer novamente até cinco anos depois. Quando reapareceu, trouxe de volta o
perturbações que observei. Agora. se compararmos a parada repentina. o arrepio
ing. as dores que ela descreve hoje em estado de vigília. com o que ela descreve em um
condição sonâmbula - que. aliás. foi confirmado por outro
sources-one chega a esta conclusão: todo mês. a cena do frio
o banho se repete. traz a mesma parada da menstruação e um
delírio que é. é verdade. muito mais severo do que antes, até um
a hemorragia mental ocorre no estômago. Mas. no normal dela
estado de consciência. ela não sabe nada sobre tudo isso. nem mesmo que a faca
ering é provocado pela alucinação do frio. Portanto, é provável que
esta cena ocorre abaixo da consciência. e daí as outras perturbações
entrar em erupção.
Esta suposição é verdadeira ou falsa. e após consultar o Dr.
Powilewicz. Tentei tirar da consciência sonâmbula este
e a ideia absurda de que a menstruação foi interrompida por um banho frio. No começo eu
não conseguia fazer isso; a ideia fixa persistiu; e a menstruação. qual
era devido dois dias depois. ocorreu como de costume. Mas. já que agora tenho mais tempo
à minha disposição. Tentei novamente: só consegui graças a um singular
significa. Era necessário trazê-la de volta. por sugestão. até a idade de
treze, colocá-la de volta nas circunstâncias iniciais do delírio. convencê-la
que a menstruação durou três dias e não foi interrompida durante
qualquer incidente lamentável. Agora. uma vez que isso foi feito. a seguinte menstruação
veio no momento devido e durou três dias. sem dor, convulsão
ou delírio.
Depois de perceber esse resultado. os outros sintomas deveriam ser investigados. Eu omito
os detalhes da exploração psicológica. o que às vezes era difícil. o
ataques de terror foram a repetição de uma emoção que esta jovem teve
senti ao ver. na idade de 16 anos. uma velha se matando ao cair
escadas; sangue. do qual ela sempre falou durante suas crises. era memória de
esta cena; em relação à imagem do incêndio. provavelmente era uma associação
de ideias. porque não estava ligado a nada preciso. Através do mesmo pro
cedimento como antes. trazendo o assunto de volta por sugestão para o momento
do acidente. Consegui, não sem dificuldade, mostrar a ela que o antigo
mulher apenas tropeçou, mas não se matou: os ataques de terror fizeram
não se repete.
Por fim, queria estudar a cegueira do olho esquerdo; mas Marie se opôs
para ele e disse que ela era assim desde o nascimento. Foi fácil verificar por meio
de sonambulismo que ela se enganou; se alguém a transforma em uma de cinco anos
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criança velha, pelos métodos bem conhecidos, ela recupera a sensibilidade que tinha em
nessa idade e se observa que vê bem com os dois olhos. Portanto, foi
na idade de seis anos que a cegueira começou. Em que ocasião? Marie
afirma, em estado de vigília, que não sabe. Durante o sonambulismo, eu
fazê-la representar as principais cenas de sua vida naquela época, e vejo que o cego
ness começa em um certo ponto por ocasião de um incidente insignificante. Ela tinha sido
obrigada, apesar de seus gritos, a dormir com uma criança da mesma idade que tinha
impetigo em todo o lado esquerdo do rosto. Algum tempo depois, Marie desenvolveu
um impetigo quase idêntico, no mesmo lugar. Então as pragas apareceram novamente
várias vezes mais ou menos na mesma época do ano e finalmente foram curados; mas ninguém
notou que, de agora em diante, ela recebeu uma anestesia do lado esquerdo do rosto
e era cego do olho esquerdo! Desde aquela época, a anestesia persistiu ou
pelo menos - para não ir além do que pode ser observado - seja o que for
o período em que a recuei por sugestão, essa anestesia permanece
constante, embora suas várias outras anestesias desaparecessem completamente
às vezes. Mesma tentativa de cura anterior. Eu a coloquei de volta com a criança que
a havia horrorizado tanto; Eu a faço acreditar que a criança é muito legal e faz
não tem impetigo (ela está meio convencida. Depois de duas encenações desta cena
Eu tiro o melhor disso); ela acaricia sem medo a criança imaginária. A sensibilidade
do olho esquerdo reaparece sem dificuldade, e quando eu a acordo, Marie vê
claramente com o olho esquerdo.
Já se passaram cinco meses desde que esses experimentos foram realizados. Marie tem
nunca mostrou o menor sinal de histeria, ela está bem e acima de tudo está
se tornando mais forte. Seu aspecto físico mudou completamente. Eu não apego
para esta cura mais importância do que ela merece, e não sei por quanto tempo
vai durar, mas achei esta história interessante por mostrar a importância de
idéias subconscientes e o papel que desempenham em certas doenças físicas, também
como nas doenças emocionais. 8 4
Trabalho de Janet : análise mal-psicológica

Assim que começou seus estudos médicos em Paris, no final de 1899,
Janet iniciou suas investigações psicológicas na Salpetriere, onde
ele tinha os pacientes das enfermarias de Charcot, Falret e Seglas em sua
disposição.
Um dos primeiros pacientes em quem ele demonstrou seu método de psicologia
análise lógica e síntese foi Marcelle, uma jovem de vinte anos.
tinha sido internado na enfermaria do Dr. Falret por causa de grave doença mental
turbâncias que começaram aos quatorze anos e pioraram gradualmente.
Ela mostrou uma dificuldade peculiar em mover as pernas, embora não fosse
paralisado e também com graves distúrbios de memória e pensamento. Quão
poderia tal paciente ser abordado do ponto de vista experimental
psicologia? Janet alertou que qualquer tipo de medição psicológica de
funções seriam infrutíferas. "Uma abordagem experimental", disse ele, "con
é, acima de tudo, conhecer bem o paciente - em sua vida, sua escolaridade, seu
personagem e suas idéias - e estar convencido de que nunca o conhecemos
suficiente .... Então, deve-se colocar essa pessoa em circunstâncias simples e específicas ~
Página 35
posições e observe com precisão o que ele vai fazer e dizer. "A observação deve
ser direcionado primeiro para o comportamento do paciente, começando com seu
ações e palavras. em seguida, examinando cada função específica. O mais contra
sintoma picante em Marcelle \\ como sua dificuldade de movimento. ele apareceu
que os movimentos habituais automáticos eram fáceis, enquanto os movimentos implicando
uma decisão voluntária foi dificultada. A corrente de pensamento era frequentemente
interrompido pelo que o paciente chamou de nuvens durante as quais sua mente estava
invadido por todos os tipos de idéias confusas e alucinações. Memória provada
bom para todos os eventos que ocorreram antes dos quinze anos, vago para
os eventos se estendendo de quinze a dezenove, e houve um completo

amnésia por tudo o que acontecera daquele tempo em diante. O paciente era
absolutamente incapaz de imaginar o futuro e se sentia alienada de si mesma
personalidade.
Janet agora se comprometeu a avaliar os sintomas de acordo com sua profundidade
(profondeur). No nível mais superficial estavam as nuvens, que ele
em comparação com os efeitos das sugestões pós-hipnóticas. Ele se perguntou se
seu conteúdo pode não ser um reflexo parcial dos romances populares que ela tinha
li com paixão por vários anos. Em um nível intermediário estavam os
impulsos que Janet atribuiu à ação de ideias fixas subconscientes que emitem
de certas memórias traumáticas. Profundamente arraigado estava o terreno mórbido,
dependendo da hereditariedade, doenças físicas passadas graves e traumático precoce
eventos.
A análise psicológica teve que ser seguida por uma síntese psicológica,
isso é. uma reconstrução do desenvolvimento da doença. Primeiro houve
sido de constituição hereditária, depois uma febre tifóide severa aos quatro anos de idade -
adolescente, que desferiu um golpe fatal ao privar o paciente da capacidade
para ajuste. Isso resultou em um círculo vicioso; sendo incapaz de se ajustar a
novas situações, Marcelle recuou em seus devaneios, o que a fez
mais desajustado. e assim por diante. Outro trauma veio um ano depois. O pai dela,
que era paraplégico havia dois anos, morreu. Um infeliz
caso de amor foi o último golpe. trazendo idéias suicidas. Neste ponto, o paciente
perdeu sua memória de eventos recentes.
O que poderia ser feito por este paciente? No início, Janet tentou em vão desenvolver
a função de síntese por meio de exercícios elementares de leitura. Então
ele tentou usar a sugestão para combater as idéias fixas, mas um sintoma foi
dificilmente se dissipou quando foi substituído por outro, enquanto o paciente
a resistência durante a hipnose foi aumentada. Tentativas de escrita automática
resultou em crises histéricas clássicas. No entanto, Janet logo percebeu que
essas várias tentativas não foram infrutíferas. Para ter certeza, hipnose e auto-
a escrita matemática desencadeou crises, mas depois a mente ficou mais clara. o
as crises tornaram-se cada vez mais graves, e as ideias fixas que surgiram foram
de origem cada vez mais antiga. Todas aquelas ideias que o paciente desenvolveu
no decorrer de sua vida apareceu um após o outro, na ordem reversa. "De
removendo a camada superficial dos delírios. Eu favoreci a aparência
Página 36
de velhas e tenazes idéias fixas que ainda pairavam no fundo de sua mente.
Este último desapareceu por sua vez, trazendo assim uma grande melhoria. "
Entre outros pontos discutidos naquele histórico de caso estava a declaração
enfatizado por Janet que "na mente humana, nada se perde" e
"ideias fixas subconscientes são o resultado de fraqueza mental e um
fonte de fraqueza mental ainda pior. "
Embora Janet tivesse o cuidado de escolher apenas pacientes novos no Salpetriere
a fim de evitar os maus efeitos de contágio mental que era galopante lá,
ele abriu uma exceção no caso de uma paciente quase lendária, Madame
D., em torno de quem Charcot desenvolveu seu conceito de amnésia dinâmica.
Em uma cidade no oeste da França, a costureira de 34 anos casou-se
foi encontrado em 28 de agosto de 1891, em estado de extrema ansiedade. Um desconhecido
homem, ela disse, tinha acabado de chamá-la pelo nome e disse que ela
marido estava morto. A notícia era falsa e o incidente nunca foi
esclarecido, mas por três dias, o paciente permaneceu em letargia histérica
e delírio. Em 31 de agosto, ela manifestou uma amnésia retrógrada estendendo-se
mais de seis semanas. Ela se lembrava de toda a sua vida até 14 de julho de 1891.
Durante as seis semanas anteriores, houve alguns eventos em sua vida, como
como a cerimônia de distribuição de prêmios na escola de seus filhos, e uma viagem que ela
tinha feito para Royan, mas ela não se lembrava de nada. Ela também tinha um
amnésia anterógrada completa. Ela se esqueceu de um minuto para o outro enquanto
fazer pacientes com doença de Korsakov. Assim, ela foi mordida por um
presumivelmente cão raivoso, queimado com cautério, trazido ao Pasteur
Instituto em Paris por seu marido, mas não conseguia se lembrar de nada disso.
Antes de deixar Paris, seu marido a trouxe para Charcot no Salpetriere,
onde ela foi admitida. Ele observou foi que ela falou na noite em sua
sonhos e relatos de incidentes aparentemente esquecidos. Isso levou Charcot a
hipnotizá-la por um de seus assistentes. Em um dos memoráveis de Charcot
palestras clínicas, em 22 de dezembro de 1891, Madame D. foi mostrada ao
audiência antes de ser hipnotizado. Charcot perguntou a ela sobre o marido
morte, Royan, a mordida de cachorro, a Torre Eiffel, o Instituto Pasteur e o
Salpetriere. Ela não conseguia se lembrar de nada disso. Após este primeiro interrogatório
gação, o paciente foi levado, hipnotizado e trazido de volta para o
auditório. Desta vez, quando Charcot fez as mesmas perguntas, ela foi
capaz de responder a todos eles. 8 6 O paciente foi confiado a Janet para
psicoterapia. Ele percebeu isso. apesar da amnésia contínua, recente
memórias devem ter sido retidas de alguma forma, caso contrário, o paciente poderia
não se adaptaram tão bem à vida no hospital. Janet então empreendeu
para explorar essas memórias subconscientes. Além da manifestação
de memórias esquecidas em sonhos e em estado hipnótico, ele foi capaz de
elicia-los por meio de escrita automática e distrações, e por um novo
procedimento, conversa automática, que consiste em deixar o paciente falar em voz alta
aleatório em vez de escrever automaticamente. 87 Mas por que o paciente foi
incapaz de se lembrar dessas memórias latentes? Janet presumiu que fosse
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por causa do trauma psíquico, e assim empreendeu a dissolução do

idéias fixas. Sob hipnose, ele evocou cautelosamente a figura do homem
que a assustou e sugeriu à paciente uma modificação do
foto do homem. Ele então a trouxe para reencenar a cena, na qual o
homem desconhecido foi substituído pelo próprio Janet perguntando se ele poderia
seja um convidado em sua casa. As memórias voltaram à consciência, mas
o paciente agora tinha fortes dores de cabeça e impulsos suicidas, que eventualmente
ally desapareceu. O tratamento hipnótico foi complementado por um tratamento especial
planejado programa de treinamento intelectual. Aqui, também, Janet enfatizou o
aspecto duplo das idéias fixas como sendo tanto o resultado quanto a causa da
fraqueza. 88 No último volume das Clínicas de Doenças do
Sistema nervoso, a história de Madame D. foi incluída com uma nota reconhecendo
o resultado favorável do tratamento de Janet. 89
Outra das primeiras pacientes de Janet em Paris foi Justine, uma jovem de quarenta anos
mulher casada que procurou o ambulatório do Dr. Seglas no

Salpetriere em outubro de 1890. Por vários anos, ela teve um medo mórbido
de cólera e gritava repetidamente: "Cólera ... está me levando!" qual
seria o sinal de uma crise histérica. Quando criança, ela já tinha um medo mórbido de
morte, provavelmente porque ela às vezes ajudava a mãe que era enfermeira
e quem tinha que cuidar de pacientes moribundos. Ela também uma vez viu os cadáveres de
dois pacientes que morreram de cólera. Janet tratou Justine como uma paciente ambulatorial
por três anos e conseguiu uma de suas curas mais célebres com ela. 90
Aqui também, a análise psicológica não pode ser separada da terapêutica
processo.
Janet começou analisando o conteúdo das crises histéricas. ele foi
inútil tentar falar com Justine durante sua crise. Ela não pareceu ouvir.
Janet, portanto, entrou no drama privado de sua crise como um segundo ator.
Quando o paciente gritou: "Cólera! Ele vai me levar!" Janet respondeu: "Sim,
ele te segura pela perna direita! "e o paciente retirou aquela perna. Janet
então perguntou: "Onde ele está, seu cólera?" ao que ela respondia: "Aqui!
Veja ele, ele é azulado e fede! "Janet poderia então iniciar um diálogo com
ela e foi capaz de continuar durante a crise e transformar gradualmente
a crise em um estado hipnótico comum. Mais tarde, ele poderia facilmente obter
hipnose diretamente e obter uma descrição completa de sua experiência subjetiva
durante a crise. Ela viu dois cadáveres parados nas proximidades, um dos quais estava
mais perto dela, um velho feio e nu de tom esverdeado com um fedor de
putrefação. Simultaneamente, ela ouviu sinos dobrando e gritos de "Cólera,
cólera! "Passada a crise, Justine parecia ter esquecido de tudo
coisa, mas a ideia de cólera, que permaneceu constante em sua mente. Janet
elaborado sobre como a hipnose poderia ser usada em tal caso. Comandos dados
para o paciente hipnotizado eram de utilidade limitada. A quebra
da imagem alucinatória foi mais eficaz, mas foi um processo lento
cedimento e também tinha limitações. O método mais eficaz provou ser
substituição, isto é, sugestões de uma transformação gradual da alucina
Página 38
imagem atory. O cadáver nu foi munido de roupas e identificado

com um general chinês que Justine ficou muito impressionada em ver em
a Exposição Universal. O general chinês começou a andar e agir assim
que em vez de ser aterrorizante, sua imagem se tornou cômica. O histérico
ataque mudou no sentido de que agora consistia em alguns gritos seguidos por ataques de
riso. Então os gritos desapareceram e as visões de cólera persistiram
só quando ela sonhava, até que Janet os expulsou por sua vez, sugerindo
sonhos inócuos. Esse resultado exigiu cerca de um ano de tratamento.
Mas a ideia fixa de cólera persistiu tanto no consciente quanto no sub
nível consciente. Às vezes, Justine era observada sussurrando a palavra
"cólera" enquanto sua mente estava ocupada com alguma outra atividade. Tentativas
com a escrita automática não produziu nada além de intermináveis repetições da palavra
"cólera, cólera ...." Janet agora dirigia seu ataque contra a própria palavra,
e sugeriu que Cho-le-ra era o nome do general chinês. o
a sílaba cho foi associada a outras terminações até o dia chegar
quando a palavra "cólera" perdeu suas conotações malignas.
Mas o paciente ainda não estava curado. Após o desaparecimento do principal
ideia fixa, ideias fixas secundárias começaram a se desenvolver. Janet classificou-os

em três grupos: ( 1) As idéias fixas derivadas resultantes da associação
com o principal (por exemplo. medo mórbido de caixões e cemitérios).
(2) As idéias fixas estratificadas: Alguém fica surpreso, após ter removido
uma ideia fixa, ver surgir outra que não tem ligação com o
primeiro, ou qualquer relação com as circunstâncias que o cercam. Ele é, então, a mais
ideia antiga, anterior à que acabamos de tratar, que reaparece. Quando isso
um é removido por sua vez. um descobre um terceiro, ainda mais antigo, de modo que
tratamento das principais idéias fixas das quais o paciente sofreu
durante sua vida deve ser aplicado na ordem inversa. (3) O acidental corrigido
ideias que são absolutamente novas e provocadas por qualquer incidente da vida diária são
fácil de apagar, no entanto. desde que sejam tratados imediatamente. O fato de que
eles podem ocorrer tão facilmente prova que o paciente está em um estado de alta
perceptividade, que por sua vez cria a necessidade de tratamento adicional. Sugestivo
o tratamento não pode ser aplicado aqui. Em vez disso, a solução do problema reside
no desenvolvimento da capacidade de atenção e síntese mental do paciente.
Para tanto, Janet elaborou um programa de exercícios do ensino fundamental para
Justine, começando com operações aritméticas fáceis ou algumas linhas de escrita,
para o qual ele garantiu a cooperação de seu marido muito compreensivo.
Depois de um ano de treinamento, claro. até o final do terceiro ano, o paciente
estava em uma condição aparentemente normal, mas Janet ainda alertou contra
falando de recuperação total.
Na reconstrução sintética da doença de Justine, Janet considerou
hereditariedade e a história de vida do paciente. Neste último, ele discutiu o
ação recíproca de doenças físicas e traumas psíquicos. Na idade de
seis ou sete anos, Justine tinha uma doença grave de natureza desconhecida, talvez
meningite. Mais tarde, ela teve febre tifóide (Janet enfatiza que em muitos pacientes
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febre tifóide ou gripe freqüentemente ocorrem antes de uma neurose grave). Como um
criança, Justine havia sofrido vários sustos e choques emocionais, culminando
nando no episódio dos cadáveres dos pacientes que morreram de cólera.
Reconstruindo a genealogia do paciente ao longo de três ou quatro gerações,
Janet descobriu que havia, nas gerações anteriores, impulsos mórbidos
e obsessões, e alcoólatras, nas gerações mais jovens, epilépticos e
imbecis, exatamente como naqueles pedigrees com base nos quais Morel baseou
sua teoria da degeneração mental. No entanto, Janet não acreditava no
caráter fatal da degeneração; ele afirmou que as doenças das famílias podem
regredir da mesma forma que as doenças dos indivíduos. O ponto principal, disse ele, era
entender que a doença se estende para além do indivíduo, sendo este também
a razão pela qual, em um caso desse tipo, nunca se deve esperar
recuperação. Advertindo contra outra ilusão, ele enfatizou que "quanto mais fácil o
cura parece ser, quanto mais doente a mente realmente está, "porque uma alta sugestão
bilidade é a marca de grande fraqueza da mente, o que leva o paciente
a uma necessidade de sonambulismo, uma necessidade que pode se tornar uma espécie de vício,
que Janet considerou tão perigoso quanto o morfinismo. Esses pacientes não só
anseia ser hipnotizado, mas tem uma necessidade permanente de confessar ao psiquiatra
quiatra cuja imagem eles mantêm constantemente em sua 'mente subconsciente, e
ser repreendido e dirigido por ele. Justine tinha visões frequentes de Janet
e ouviu sua voz. Em estado de alucinação, ela pediu conselhos a ele, e
ele respondeu com bons conselhos que, curiosamente, foram mais
do que uma mera repetição do que ele realmente disse, mas provou ser de um
natureza nova e sábia. O problema terapêutico, concluiu Janet, consiste
primeiro de assumir a direção da mente do paciente, e segundo de reduzir
essa direção ao mínimo necessário, principalmente espaçando as sessões
com o paciente. No começo, ele via Justine várias vezes por semana, depois uma vez por
semana e, no terceiro ano, uma vez por mês. Por quanto tempo tal
o tratamento tem que continuar? Janet responde citando a história de Morel que
magnetizou uma paciente psicótica em seu hospital psiquiátrico e a curou.
O paciente teve alta, mas passou a vê-lo em intervalos regulares.
No entanto, quando Morel morreu, ela teve uma recaída abrupta e teve que ser internada
permanentemente. "Esperamos que este acidente não aconteça tão cedo para
nossos pacientes ", concluiu Janet.
Outra cura célebre de Janet foi a de Aquiles. Este homem de
trinta e três foi trazido para o Salpetriere no final de 1890 com
manifestações de possessão demoníaca. Ele veio de um supersticioso
ambiente e seu pai disse ter encontrado o diabo uma vez aos pés
de uma árvore. Aquiles estava em um estado de furiosa agitação, golpeando repetidamente
a si mesmo, proferindo blasfêmias e falando às vezes com a voz do
diabo, que alternava com o seu. Charcot pediu a Janet para tratar disso
paciente. A história da doença não esclareceu muito as coisas. Sobre
seis meses antes, o paciente havia feito uma curta viagem de negócios por alguns
dias, e ao voltar, sua esposa percebeu que ele estava preocupado, sombrio,
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e taciturno. Os médicos que o examinaram não encontraram nada de errado

com ele. De repente, o homem teve um ataque de riso terrível, que durou
por duas horas, e afirmou que viu o inferno, Satanás e demônios. Então depois
amarrando suas pernas, ele se jogou em um lago, de onde foi pescado,
e disse que este tinha sido um teste para ter certeza se ele estava ou não
possuído. Aquiles permaneceu nessa condição de possessão diabólica por
vários meses e Janet percebeu que ele carregava os antigos estigmas clássicos
de possessão diabólica. Mas Aquiles se recusou a falar, e foi impossível
para hipnotizá-lo.
Janet então aproveitou as distrações do paciente, colocou um lápis
sua mão, e sussurrou perguntas para ele por trás. Quando a mão começou
para escrever as respostas, Janet sussurrou: "Quem é você?" A escrita respondeu,
"o Diabo", e Janet respondeu: "Então podemos conversar", e exigiu
como prova da identidade do diabo, ele deve levantar o braço do paciente
contra a vontade do paciente, o que o diabo fez. Como mais uma prova, ele perguntou
o diabo para colocar o paciente em uma condição hipnótica, mesmo contra o último
vontade, o que também foi feito. Uma vez hipnotizado, o próprio paciente começou a
respondeu e contou sua própria história. Durante sua viagem de negócios seis meses antes,
ele tinha sido infiel à esposa. Ele tentou esquecer o incidente
mas descobriu então que não conseguia falar. Ele começou a sonhar com o
Muito demônio, ao que de repente se viu possuído.
Como Janet explicou, os delírios do paciente eram mais do que simples
desenvolvimento de seus sonhos: "É a combinação, ou seja, a reação de

dois grupos de pensamentos que dividem esta pobre mente; é a interação mútua
ação do sonho que ele tem e a resistência da pessoa normal. "
é também por isso que a sugestão seria um tratamento insuficiente. "É preciso pesquisar
pelo fato básico que está na origem do delírio .... A doença de nosso
o paciente não mente no pensamento do demônio. Esse pensamento é secundário
e é antes a interpretação fornecida por suas idéias supersticiosas. o
a verdadeira doença é o remorso. "Janet assegurou ao paciente hipnotizado de sua esposa
perdão. A ilusão desapareceu externamente, mas persistiu no
sonhos, dos quais tinha de ser expulso por sua vez. Ao publicar este
observação em dezembro de 1894, Janet disse que o paciente tinha até agora
permaneceu curado por três anos, e ele chegou à conclusão: "Cara, todos também
orgulhoso, imagina que é o mestre dos seus movimentos, das suas palavras, das suas ideias
e ele mesmo. 91 Talvez seja de nós mesmos que temos o menor comando.
Existem muitas coisas que operam dentro de nós, sem o nosso
vontade. "Ele acrescentou que os humanos têm uma tendência a se consolar
contra a realidade maçante, contando belas histórias para si mesmos. Em algumas pessoas estes
as histórias levam a melhor, a ponto de assumirem mais importância
do que a realidade. 92
Outro caso clássico, um tanto posterior, foi o de Irene, que foi
trazido para o Salpêtrière com a idade de 23 anos, com grave histeria
Página 41
distúrbios térmicos, crises de sonambulismo, alucinações e amnésia. 93

A doença começou após a morte de sua mãe, dois anos antes. Irene
era filho único de uma trabalhadora alcoólatra e de uma mãe neurótica. Ela era
muito inteligente, zeloso e trabalhador, mas ansioso e extremamente tímido.
Aos 20 anos, ela teve que cuidar de sua mãe, que tinha um caso grave de
tuberculose, ao mesmo tempo em que sofre o fardo de ter que ganhar um
sustento para toda a família. Durante os últimos dois meses de vida de sua mãe,
Irene cuidou dela dia e noite, sem nem mesmo ir para a cama. Nela
morte da mãe em julho de 1900, o comportamento de Irene mudou completamente.
Ela riu no cemitério, não ficou de luto; e começou a ir
para o teatro. Ela sabia que sua mãe estava morta, mas falou disso como um
incidente histórico que não a preocupava. Uma amnésia severa se estendeu
os três ou quatro meses que antecederam a morte de sua mãe, e ela
também tinha um grau bastante alto de amnésia para os eventos que se seguiram.
De vez em quando, no entanto, ela tinha alucinações em que via o
foto de sua mãe e ouviu sua voz que às vezes a mandava
cometer suicídio. Acima de tudo, ela teve ataques de sonambulismo em que
reencenou a morte de sua mãe. Isso duraria horas, e Janet disse
que foi um "espetáculo dramático admirável" e que nenhuma atriz poderia
realizaram essas cenas sombrias com tanta perfeição. Irene então
falou por algum tempo com sua mãe morta e sob seu comando estendeu
nos trilhos da ferrovia, mostrando seu terror de uma forma impressionante quando o
trem chegou para esmagá-la. Ela também reencenou outras experiências traumáticas,
como o de testemunhar um homem atirando em si mesmo com um revólver. Irene
passou três meses isolado no hospital e foi tratado

com hidroterapia e eletricidade sem nenhum resultado. Quando Janet tentou
hipnotizá-la, ele encontrou uma resistência muito forte. Memórias devolvidas
apenas com muito esforço e estimulação por parte do terapeuta.
Além disso, a recuperação de memórias perdidas foi acompanhada por graves
dores de cabeça, como havia acontecido com Madame D., e memórias recuperadas
facilmente recairia em amnésia. O principal agente terapêutico foi o
estimulação da memória: "A partir do momento em que Irene se tornou capaz de
pense em sua mãe à vontade, ela deixou de pensar nela involuntariamente; depois de-
enfermaria, nem amnésia nem hipermnésia permaneceu; crises histéricas, hal-
lucinações, terrores repentinos de origem subconsciente desapareceram completamente. "
Janet percebeu que, no caso de Irene, o processo terapêutico tinha sido
o reverso daquele de Madame D., em quem a dissolução da ideia fixa
provocou o desaparecimento da amnésia. Janet concluiu que em
tais casos histéricos "a doença consiste em duas coisas simultaneamente:
(1) A incapacidade do paciente de evocar consciente e voluntariamente certas
recordações; (2) o renascimento automático, irresistível e inoportuno desses
mesmas memórias. Portanto, temos que lidar com um sistema psicológico que
escapa do controle da consciência e se desenvolve de forma independente. "
Página 42
o caso de Irene como nos outros, o tratamento hipnótico e sugestivo

teve que ser complementado por um tratamento de estimulação mental e re-
Educação.
Gradualmente, Janet estendeu a noção de ideias fixas subconscientes além
o campo da histeria clássica, por exemplo, para ocorrências de teimosos
insônia, lembrando que Noizet e os antigos magnetizadores enfatizaram
o papel da vontade e da sugestão no sono. Janet apontou que uma forma de
a insônia é causada por idéias fixas subconscientes, das quais ele deu o
seguinte ilustração: Uma mulher de trinta e sete anos que perdeu um filho
sofreu de febre tifóide severa quatro meses depois, na sequência da qual
ela manifestou uma preocupação obsessiva com seu filho morto por um ou
dois meses. 94 Quando essa obsessão desapareceu, sua insônia começou
e já durava três anos. Medicamentos soporíferos traziam dores de cabeça
e confusão mental, mas sem sono. O paciente foi internado no
Salpetriere e assistiu durante a noite. Em nenhum momento ela foi encontrada
adormecido. Quando Janet começou a hipnotizá-la, ela primeiro adormeceu por dois
ou três minutos e então acordou aterrorizado. Assim, foi estabelecido que
ela pode adormecer, mas não continuar a dormir. Janet teve sucesso em es-
estabelecer relacionamento com ela durante seus poucos minutos de sono espontâneo,
e, falando com ela gentilmente, ele poderia mantê-la dormindo por até dois
horas. Durante esse tempo, ela conseguiu falar com ele e disse-lhe que
estava constantemente diante da ideia fixa da morte e do enterro de seu filho,
que às vezes era substituída pela ideia da morte de seu pai. O fixo
ideia tinha, portanto, primeiro sido uma ideia consciente obsessiva e depois se tornou
subconsciente, causando a insônia. Aqui também, o tratamento consistia na
dissociação da ideia fixa, mas após o desaparecimento dos sintomas,
o paciente continuava
Em um estudo com precisando da orientação
oito pacientes que sofrempersistente
de espasmosde Janet.
dos músculos do tronco,
Janet descobriu que cada um deles havia sofrido de trauma psíquico ou
choques emocionais. 95 A contratura persiste porque a emoção persiste,
ele disse. É uma espécie de "emoção congelada" da qual o paciente não tem consciência.
O tratamento sugestivo, continuou ele, não é suficiente. É preciso tratar o
ideia fixa subconsciente e complementar o tratamento psicológico com
massagem, cujos resultados, de acordo com Janet, dependem muito da
influência pessoal exercida pelo massagista sobre o paciente.
O trabalho de Janet apresenta inúmeras outras histórias detalhadas de doenças curadas
através da identificação e dissolução do "subconsciente fixo
ideias ", começando com a história de Lucie (1886), Marie (1889) e
Marcelle (1891), da qual a pesquisa Janet deveria tirar a conclusão
que "a análise psicológica também pode ter um valor terapêutico". 96
Vamos agora resumir brevemente as principais descobertas do estudo psicológico de Janet
análise."
1. Houve a descoberta das "idéias fixas subconscientes" e de
seu papel patogênico. A causa geralmente era traumática ou assustadora
Página 43
Pie "e Janet e Análise Psicológica 373
evento que se tornou subconsciente e foi substituído por sintomas.

Esse processo estava conectado, pensou Janet, a um estreitamento do campo de
consciência.
2. Janet encontrou níveis intermediários de ideias subconscientes entre claras
consciência e a composição constitucional de pacientes estudados. Mais distante-
mais, parecia ainda maior complexidade em torno do fixo primário
ideias surgiram ideias fixas secundárias, por associação ou substituição.
Às vezes, pode até haver toda uma série de ideias fixas subconscientes,
cada um originado em um determinado momento da vida do paciente.
3. Ideias fixas subconscientes, de acordo com Janet, são ao mesmo tempo
causa e efeito da fraqueza mental e, a esse respeito, constituem um caminho
círculo vicioso ecológico. Eles passam por mudanças lentas. Às vezes eles
se desenvolvem e aumentam espontaneamente, às vezes se modificam
dentro da mente subconsciente.
4. Ele nem sempre é fácil identificar essas idéias fixas subconscientes. Alguns-
vezes o conteúdo da crise é revelador (como na sonâmbula de Irene
reconstituições da morte de sua mãe). Mais frequentemente, as crises histéricas são
reconstituições disfarçadas da ideia fixa subconsciente. Janet às vezes
mencionou o caráter simbólico dos sintomas (por exemplo, em
Caso de Marie). A ideia fixa subconsciente deve ser buscada por objeto
cinco meios de investigação. Às vezes (como com Madame D.) um inquérito
nos sonhos do paciente daria algumas pistas, mas o principal recurso de Janet
proach era através da hipnose, em que o paciente iria ceder seu esquecido
memórias com mais ou menos resistência. A hipnose muitas vezes pode ser flexível
mentado por escrita automática ou o uso de distração. Janet também ocasionou
ally usou o método de conversa automática (como no caso de Madame D.) ou
o de olhar para o cristal. 97
5. Ideias fixas subconscientes são uma característica da histeria, em
contraste com as neuroses obsessivas onde estão conscientes. No entanto, Janet
logo descobriu a existência de idéias fixas subconscientes em condições como

como grave insônia e espasmos musculares. Seu estudo sobre ambulatório
automatismo, publicado em conjunto com Raymond, parece ter sido o primeiro
estudo em que os vários atos realizados durante as fugas foram
explicado como os efeitos coordenados de uma variedade de formas fixas subconscientes
Ideias. 98
6. A terapia deve ser dirigida à ideia fixa subconsciente, mas Janet
enfatizou desde o início que trazer as ideias subconscientes para
a consciência não foi suficiente para curar o paciente. Isso poderia simplesmente mudar
tal ideia em uma obsessão fixa e consciente. Idéias fixas devem ser destruídas
por meio de dissociação ou transformação. Obviamente, desde a ideia fixa
é em si uma parte de toda a doença, sua remoção deve ser complementada por um
sintetizar o tratamento na forma de reeducação ou outras formas de
Treinamento. Eletricidade e massagem, pensou Janet, funcionam em grande medida como
formas disfarçadas de psicoterapia. 99
Página 44
7. Janet enfatizou o papel do rapport no processo terapêutico. Dentro

Automatismo psicológico, ele já havia discutido o relacionamento do
ponto de vista do estreitamento eletivo do campo de consciência em torno do
pessoa do hipnotizador. Janet pagou o devido reconhecimento ao trabalho do
magnetizadores antigos que descreveram e investigaram o relacionamento e tiveram
mostrou como se estendeu além do tempo da sessão hipnótica (Janet
"influência sonâmbula"). Em seu artigo de 1891 sobre Marcelle, Janet
deu regras para o manejo da "influência" em benefício do paciente.
No primeiro período, a relação deveria ser estabelecida; no segundo período,
era preciso evitar seu desenvolvimento indevido e restringi-lo espaçando o
sessões terapêuticas. Em agosto de 1896, no Congresso Internacional da
Psicologia em Munique, Janet leu um artigo sobre "A influência sonâmbula e
a necessidade de direção. " 100 Ele observou que o intervalo entre duas hipnóticas
as sessões podem ser divididas em dois períodos. No primeiro, o paciente se sentiu aliviado,
mais feliz e mais eficiente. e não pensei muito sobre o hipnotizador.
No segundo, o paciente ficou deprimido e sentiu necessidade de hipnose,
e constantemente pensava no hipnotizador. O sentimento em relação ao hipnotizador
variados: amor apaixonado, terror supersticioso, veneração ou ciúme. Alguns
os pacientes aceitaram essa influência, outros se rebelaram contra ela. Mas mesmo quando
a influência não era tão claramente consciente, existia abaixo da superfície
e poderia ser evidenciado. por exemplo, nos sonhos do paciente, em cristal
olhar e escrever automaticamente. Janet logo percebeu que um análogo
fenômeno existia em pacientes não histéricos. Mas enquanto, com histeria,
tomou a forma de uma necessidade de ser hipnotizado, desenvolveu-se em obsessão ou
pacientes deprimidos como uma "necessidade de ser dirigido". Tais manifestações
de dependência psicológica, Janet pensou, seria um bom começo
ponto para o estudo da psicologia dos sentimentos sociais e inter-relação
navios entre pessoas em geral. Ele desenvolveu essas ideias em maior
detalhes em publicações posteriores. 10 1
Quando ele falou de análise psicológica, Janet nunca afirmou que fosse
seu próprio método. Ele aparentemente usou este termo no mesmo sentido geral
que os matemáticos fazem quando falam de análise algébrica e químicos

de análise química. No entanto, parece que as palavras "psico-
análise lógica "às vezes tornou-se. identificada com a exploração de Janet de
processos subconscientes. 102
Trabalho de Janet: IV-A Exploração das Neuroses

Janet começou sua pesquisa clínica em pacientes histéricos e a partir daí
mudou para outros neuróticos, tendo à sua disposição numerosos pacientes ambulatoriais de
a Salpetriere e mais tarde também seus clientes particulares. Ele se esforçou para trazer
alguma ordem nesse campo e elaborou uma teoria sintética da neurose,
que ele expôs em dois longos livros: Neurosis and Fixed Ideas, 103
e Obsessões e Psicastenia.l 04 As características essenciais desse
concepção foram resumidas posteriormente em um pequeno livro, Neuroses.l 05
Página 45
Janet nunca separou seu trabalho teórico da observação clínica

e, a esse respeito, quaisquer que sejam as mudanças na teoria das neuroses,
Os históricos de caso de Janet mantêm seu valor no que diz respeito à descrição de
sintomas. Esse material clínico foi classificado e integrado em um
síntese caracterizada pela distinção de duas neuroses básicas: histeria
e psicastenia. Janet descartou a palavra "neurastenia", que
implicava uma teoria neurofisiológica para a qual não havia evidências, e
cunhou o termo "psicastenia" para um grupo de neuroses em que ele
incorporou as obsessões, fobias e várias outras manias neuróticas
festações.
A pesquisa de Janet sobre a histeria foi publicada em uma série de artigos da
1886 a 1893 e compilado em sua dissertação médica (1893), 106 que
foi seguido dois anos depois por uma contribuição sobre a psicoterapia de
histeria.1 ° 7 Mais tarde, ele fez certas revisões, como pode ser visto no livro
Les Nevroses. (Neuroses). A essência do conceito de histeria de Janet
é a distinção entre dois níveis de sintomas: os "acidentes"
(sintomas acidentais ou contingentes) e "estigmas" (permanente, básico
sintomas). Os "acidentes" dependem da existência do subconsciente
idéias fixas. Os "estigmas", que Janet também chama de sintomas negativos,
são a expressão de um distúrbio básico que Janet chama de "o estreitamento
do campo da consciência. "
Em 1893, Janet fez um levantamento e revisão das várias teorias de
histeria que havia sido proposta até então.1 08 Ele rejeitou
tanto a teoria puramente neurológica quanto a teoria segundo a qual
os sintomas histéricos eram "falsos". Seguindo Briquet e Charcot, Janet
considerada a histeria como uma doença psicogênica (embora se desenvolva no
base de uma constituição fisiológica anormal). A teoria do "mórbido
representações ", defendido por Moebius e Strum pel !, foi aceito por
Janet, no que se refere à patogênese de "acidentes" histéricos. Ele
concordou com a teoria da histeria de Binet como uma forma de personalidade dupla; ele
disse que em pessoas histéricas, realmente existe uma existência subconsciente que
manifesta-se abertamente durante os ataques e na hipnose, e que é
a causa invisível de "acidentes". No entanto, um relato completo da natureza
da histeria deve envolver uma característica mais básica, o "estreitamento do
campo de consciência. "Para citar Janet," A personalidade histérica não pode

perceba todos os fenômenos; ele definitivamente sacrifica alguns deles.
É uma espécie de autotomia, e os fenômenos abandonados se desenvolvem em
dependentemente sem que o sujeito esteja ciente deles. "109 O" estreitamento
de consciência ", por sua vez, é condicionado pela falta de psicologia do paciente
força.
As descrições e investigações de Janet sobre a histeria não mencionam
metaloscopia e fenômenos de "transferência", nos quais alguns dos fenômenos de Charcot
os alunos estavam extremamente interessados. Obviamente, Janet nunca acreditou neles,
mas ele se absteve de contradizê-los.
Página 46
Janet também reuniu uma grande quantidade de material sobre psicastenia, que
ele sistematizou em um vasto quadro teórico. Aqui, também, ele dis-
distinguiu dois níveis de sintomas. No nível mais superficial estavam os
vários tipos de crises psicastênicas, acessos de ansiedade e todos os tipos de
manifestações conspícuas relacionadas a ideias fixas. Mas, em contraste com a histeria,
essas idéias fixas eram conscientes na forma de obsessões e fobias.
No nível inferior estavam os "estigmas" psicastênicos, que Janet
relacionado à perturbação abdominal da "função da realidade". "O mais dif-
operação mental fictícia, uma vez que é aquela que desaparece primeiro e mais
frequentemente, é a função do reel. ", diz Janet. Ele a comparou com o que
Bergson havia chamado a "atenção para a vida presente", mas deu uma mais
análise detalhada: s of it.tto
A manifestação mais evidente da função da realidade é a
capacidade de agir sobre objetos exteriores e de mudar a realidade. Sua dificuldade
aumenta quando tem que lidar com o meio social, quanto mais
atividades complexas da profissão, com adaptação a novas situações, e
quando tem que levar a marca de nossa liberdade e personalidade, isto é,
quando a ação deve ser coordenada tanto com os requisitos do
mundo exterior e com toda a nossa personalidade. A função de
realidade implica atenção, que é o ato de perceber a realidade externa como
bem como nossas próprias idéias e pensamentos. Essas duas operações, voluntárias
ação e atenção, são combinados em uma operação sintética, presentifi-
cação, isto é, a formação na mente do momento presente. o
a tendência natural da mente é vagar pelo passado e pelo futuro;
requer um certo esforço para manter a atenção no presente, e ainda
mais para concentrá-lo na ação presente. "O verdadeiro presente para nós é um
ato de certa complexidade que entendemos como um único estado de con
consciência apesar desta complexidade, e apesar de sua duração real
que pode ser em maior ou menor extensão. . . . A presentificação consiste em
tornando presente um estado de espírito e um grupo de fenômenos. "
operações da mente em um nível inferior são chamadas de atividade desinteressada
por Janet (ações habituais, ações indiferentes e automáticas). Em uma parada
nível inferior são as funções da imaginação (memória representativa,
fantasia, raciocínio abstrato. sonhando acordado) . Existem finalmente dois inferiores
níveis, o das reações emocionais e o do movimento muscular inútil
mentos.
Pode-se ver como os conceitos de Janet se desenvolveram: In L'Automatisme

Psychologique ele distinguiu apenas dois níveis: a função de síntese
e a função automática. Mais tarde, ele concebeu um sistema de hierarquia
de funções com cinco níveis, no topo dos quais está a função da realidade
cujo ponto mais alto é a apresentação (isto é, a capacidade de
agarrando a realidade ao máximo) e tendo em seu nível mais baixo o motor
descargas. Esta nova concepção torna possível atribuir a cada
operação da mente um "coeficiente de realidade", que fornece a chave para
Página 47
a compreensão dos sintomas da psicastenia. "Se considerarmos o

ordem de frequência e rapidez em que as funções psicológicas desaparecem
no paciente, percebe-se que quanto maior o coeficiente de realidade, mais
rapidamente retrocedem, mas quanto menor o coeficiente, mais tempo
persistir."
Janet agora chegou a pensar que não era suficiente pensar em
energia em termos de quantidade, mas isso também deve ser levado em consideração
a "tensão psicológica" do indivíduo, isto é, sua capacidade de aumentar
energia a um certo nível na hierarquia de funções. Psicológico
tensão, conforme definida por Janet em 1903, consiste na combinação de dois
fatos: (1) o ato de concentrar e unificar fenômenos psicológicos
em uma nova síntese mental; (2) o número de fenômenos psicológicos
que são sintetizados desta forma. 12 O grau de tensão psicológica
de um indivíduo é manifestado pelo nível mais alto que ele atinge no
hierarquia das funções mentais. Em Les Obsessions et Ia psychasthenie
Janet, assim, esboçou aquela teoria dinâmica que ele deveria desenvolver para considerar
habilmente nos anos seguintes.
O conceito de neuroses de Janet não pertence ao puramente organicista
nem às teorias puramente psicogênicas. Na histeria, bem como na psicastenia,
ele distinguiu um processo psicogenético derivado de eventos de vida e
ideias fixas e um substrato orgânico, ou seja, uma predisposição neurótica.
Ele atribuiu o último a esses fatores hereditários e constitucionais, que,
no final do século XIX, na França foram agrupados sob
o termo impróprio de "degeneração mental", um termo herdado de
Morel que havia perdido todo o significado, mas ainda estava sendo usado de forma rotineira.
A dualidade entre o papel da psicogênese na formação de
sintomas e o papel dos fatores orgânicos em causar a doença em si foi
bem ilustrado em um artigo de 1906: Um paciente do sexo masculino foi admitido no
Salpetriere com delírios de perseguições que começaram há muito tempo
e pode ser parcialmente explicado por certos eventos de vida. No entanto, subse-
exame frequente mostrou que o paciente sofria de
paresia; em seus delírios paréticos "ele caiu para o lado para o qual
ele estava inclinado. "113
Trabalho de Janet: V-The Dynamic Theory

A distinção de Janet de duas neuroses principais, histeria e psicastenia,
foi assumido por C. G. Jung, que os tornou os protótipos do
personalidades extrovertidas e introvertidas (estas últimas também ligadas
com a teoria da esquizofrenia de Bleuler). Enquanto isso, pelo menos na França,
a escola neurológica que sucedeu Charcot questionou o próprio

existência de uma neurose histérica, e pacientes histéricos gradualmente dis-
apareceu de hospitais franceses. O conceito de psicastenia também foi
criticado: era mesmo uma entidade nosológica?
Janet revisou sua pesquisa sobre neuroses e desenvolveu uma dinâmica
Página 48
teoria da qual ele deu o primeiro esboço em Les Obsessions et Ia

Psychasthenie (1903). Esses novos desenvolvimentos podem ser encontrados em
Les Medications Psychologiques (1919), e ainda mais tarde em La Force et
Ia Faiblesse Psychologiques (1930). Com o tempo, tornou-se um elaborado
construção, que tentaremos resumir aqui tão brevemente quanto
a plexidade permitirá.
Na época de Janet, muitos autores presumiram a existência de um hipotético
energia nervosa ou mental cuja insuficiência resultaria em neurastênica
perturbações. Mas eles ficaram intrigados com alguns fatos, como um indivíduo que
parecia completamente exausto, mas poderia de repente, sob certos estímulos
ção, encontre a força necessária para realizar ações difíceis. Janet
superou essas aparentes contradições elaborando um sistema no qual
a energia psicológica é caracterizada por dois parâmetros: força e tensão.
Força psicológica é a quantidade de energia psíquica elementar, ou seja,
a capacidade de realizar numerosos, prolongados e rápidos
atos. Ele existe em duas formas: latentes e manifestas. Para mobilizar meios de energia
para que passe do estado latente ao manifesto.
A tensão psicológica é a capacidade de um indivíduo de utilizar seu psíquico
energia em um nível mais ou menos alto na hierarquia de tendências como
descrito por Janet. Quanto maior o número de operações sintetizadas, o
mais nova a síntese e, portanto, quanto mais elevada for a correspondência psicológica
tensão. 114
Comparações foram feitas com fenômenos físicos. A relação de
força psicológica e tensão foram comparadas às do calor
expressa em termos de calorias e em termos de temperatura, e à de
eletricidade em termos de corrente e tensão.
Essas relações de força psicológica e tensão são manifestadas por
vários fenômenos. Agitações ocorrem quando a quantidade de força é principal
enquanto a tensão psicológica é reduzida. Crises psicolépticas e
outras descargas são os efeitos de uma redução repentina da tensão psicológica.
A drenagem ocorre quando a energia psicológica de um certo nível é utilizada em um
Nível superior. Deve haver um equilíbrio entre força e tensão.
Este equilíbrio é muitas vezes difícil de manter, daí as oscilações, que,
de acordo com Janet, desempenham um papel importante na patologia mental.
Com a ajuda desses conceitos de força psicológica, psicológica
tensão e suas inter-relações, Janet foi capaz de construir um novo
modelo teórico relativo às condições neuróticas e à psicoterapia.
“É provável que algum dia possamos estabelecer o balanço patrimonial
do orçamento do espírito, tal como se faz hoje nos negócios. O psiquiatra
será então capaz de utilizar recursos fracos de forma eficaz, evitando
despesas gerais e direcionamento do esforço exatamente onde necessário; Melhor
ainda assim,
mentes. ele vai
" 115 Este é oensinar seus
princípio pacientes
que a aumentarna
Janet desenvolveu suapágina
renda,1.100
para enriquecer seus
volume de seu Medications Psychologiques. Seu sistema foi mais longe
Página 49
elaborado e codificado por seu discípulo suíço Leonhard Schwartz_11 6 O

o material a seguir é baseado nos princípios de Janet e de Schwartz
elaborações. 11 7
Ao lidar com qualquer paciente neurótico, a primeira preocupação deve ser
faça uma avaliação de sua força psicológica e tensão. Isso implica que
atenção cuidadosa deve ser dada à descrição do paciente sobre seu modo de vida
e de seus relacionamentos dentro de seu ambiente social. Esta investigação sistemática
permitirá ao médico separar as respectivas partes das duas
síndromes da neurose: as síndromes astênica e hipotônica,
que quase sempre se mesclam.
A síndrome astênica, definida como insuficiência de força psicológica, é
manifestada acima de tudo por uma lassidão, que aumenta após o esforço e diminui
depois do descanso.
Existe uma grande variedade de condições astênicas. Janet distinguiu três
grupos principais. 118 Na astenia leve, os pacientes estão insatisfeitos com eles-
eus, incapazes de desfrutar plenamente a felicidade ou prazer, e ficam facilmente ansiosos
ou deprimido. Sabendo que se cansam facilmente, evitam esforços, iniciativas,
e relações sociais, e são considerados egoístas ou enfadonhos. Eles restringem seu
interesses, sentimentos e ações, tanto quanto possível ao ponto de conduzir
uma vida ascética (ascetismo neurótico). Eles desconfiam dos outros, são instáveis,
e lento para se ajustar a novas situações; eles tentam ser reservados, mas não podem
facilmente manter um segredo e muitas vezes são grandes mentirosos. Como conseqüência de seu
astenia, dão muito esforço e atenção às coisas que outros fariam
considere desnecessário.
O grupo intermediário de astenias, que Janet também chama de social
astenias, inclui pacientes que sofrem de sensação de vazio (sentimento
du vide): coisas ou pessoas ou sua própria personalidade parecem-lhes ser
vazio-mesmo repulsivo se a astenia for pior. Eles não gostam de gente, nem
eles se sentem amados pelos outros, daí seu sentimento de isolamento. Eles frequentemente procuram
fora uma pessoa a quem eles poderiam se submeter; parte de sua atividade é dedicada a
encontrar meios de evitar esforços. Muitos alcoólatras pertencem a esta categoria.
O terceiro grupo compreende aqueles pacientes cuja astenia é tão grave que
eles são incapazes de manter uma ocupação estável. Aqui pertence severo
condições esquizofrênicas - que naquela época ainda eram chamadas de demência
praecox. Janet costumava dizer que Ia demence precoce est une demence
sociale (a demência precoce é uma demência social).
A "síndrome hipotônica", definida por uma insuficiência da
tensão, é caracterizada por duas ordens de sintomas: sintomas primários
resultante da incapacidade de realizar atos de síntese psicológica em um
certo nível psicológico e sintomas secundários (ou derivações)
expressando um desperdício de força nervosa que não pode ser utilizado na desejada
nível. O sintoma subjetivo básico é um sentimento de inadequação (sentimento
d'incomph! tude) expressando o fato de que, devido à sua incapacidade de executar
completados atos em um determinado nível, o indivíduo tem que trabalhar em um inferior
Página 50
nível de atividade. Os sintomas secundários consistem em uma ampla gama de

agitações às quais Janet deu descrições minuciosas em Obsessions et
Psicastenia em 1903: agitações motoras, tiques, gesticulação, tagarelice,
ansiedade, obsessão, ruminações mentais e também asma, palpitações cardíacas,
e enxaquecas. Caracteristicamente, o cansaço aqui é aumentado pelo repouso e
frequentemente diminui com o esforço. Além disso, este tipo de paciente procura espontaneamente
estimulação, porque a estimulação não só mobiliza forças latentes, mas também
eleva essas forças a um nível mais alto de tensão psicológica.
É óbvio, então, que essas duas síndromes exigem diferentes tipos de
tratamento, que às vezes pode até ser diametralmente oposto.
O tratamento da síndrome astênica deve considerar que o astênico
indivíduo é psicologicamente pobre. O tratamento pode ser resumido em
três pontos: (1) para aumentar a receita, (2) para diminuir as despesas,
e (3) para liquidar dívidas.
Primeiro, para aumentar a receita. Não sabemos a natureza exata de
forças psicológicas. Janet nunca duvidou de que eles eram de natureza fisiológica
natureza, e ele parece ter acreditado que chegaria o dia em que eles
poderia ser medido. Ele considerou que essas forças eram, em grande medida,
conectado com a condição do cérebro e órgãos e também relacionado ao
várias tendências. Cada tendência tem uma certa carga de energia psíquica
que difere de um indivíduo para outro. Essas forças podem obviamente ser
reconstituído e armazenado de alguma forma. "Eu não sei onde essas reservas
são, mas sei que existem ", disse Janet. Uma das principais fontes de
essa reconstituição é o sono; daí a importância para o terapeuta ensinar
seu paciente a melhor maneira de se preparar para dormir. O mesmo pode ser
disse sobre as várias técnicas de descanso e relaxamento, a distribuição de
pausas durante o dia, dias de descanso durante o mês e de férias
durante o ano. Outra fonte de forças reside na nutrição, não em
no sentido do método de superalimentação de Weir Mitchell, mas no sentido
de uma dieta qualitativa utilizando a ação de vitaminas e outros ainda insuffi
agentes dietéticos amplamente conhecidos.
Os estimulantes geralmente não são úteis aqui porque tendem a mobilizar
reservas que muitas vezes são insuficientes e desperdiçá-las. No entanto, parece que
alguns tipos de estimulação aumentam a energia. Eles incluem
certos produtos endócrinos e métodos fisioterapêuticos que exercem uma
estimulando a ação sobre a pele.ll9
Em segundo lugar, para diminuir as despesas é o que Janet chamou de psicológico
economia (economias psicológicas) . Aqui, também, deve-se lembrar que
forças psicológicas são, até certo ponto, idênticas às fisiológicas
forças. Portanto, deve-se procurar todos os possíveis vazamentos de
força, às vezes ligada a infecções crônicas, doenças do aparelho digestivo
trato e fadiga ocular. Existem também supérfluos ou excessivamente energéticos
atividades de consumo. Mas, como enfatizado por Leonhard Schwartz, os dois
Página 51
pontos fracos são geralmente encontrados na relação do paciente com seu ambiente social
meio ambiente e seu trabalho profissional.
O médico irá primeiro perguntar sobre as várias pessoas com quem o
paciente entra em contato e sobre sua relação com cada um deles, em
a fim de verificar em que grau eles lhe dão força ou o privam dela.
Mais perigosos são os comedores de energia (ou "sanguessugas"), ou seja, essas pessoas
que, por meio de seu temperamento perpétuo, brigas, ciúme e autoridade
anismo, exaure seus semelhantes. Sua ação às vezes é suficientemente
nocivo que o psiquiatra possa se sentir autorizado a realizar uma operação
de "cirurgia social", como disse Janet. isto é, para espaçar ou separar indivíduos, ou
até mesmo para separá-los permanentemente. Mulheres astênicas, por exemplo, não deveriam
tenho filhos. Ou, se o fizerem, por um tempo, eles devem cuidar deles em
uma instituição ou em um acampamento de férias. Em casos mais brandos, seria suficiente para
dar a uma família certas regras ou conselhos sobre como lidar com a situação
e tratamento do paciente. É justo acrescentar aqui que o neurótico
o próprio paciente é frequentemente um consumidor de energia para o seu ambiente e que ele é
precisa muito de conselho sobre suas atitudes para com as pessoas ao seu redor.
O objetivo mais importante é chegar, de uma forma ou de outra, à resolução
dos conflitos. 120
Também seria de extrema importância dar conselhos ao paciente em
em relação ao seu trabalho profissional. Este é um ponto que o Dr. Leonhard Sc'l.wartz
elaborado por causa de seu conhecimento de psicotécnicas e da psicologia
de trabalho profissional. Schwartz indagou em detalhes sobre as demandas
colocado sobre o trabalhador por várias profissões no que diz respeito à psicologia
força e tensão. É lamentável que ele nunca publicou mais do que um
esboço preliminar de suas descobertas. 121 Muitos neuróticos, disse ele, podem ser
ajudou muito meramente por mudar sua ocupação, ou talvez o momento
ou duração de seu trabalho. O elemento humano, a relação com
superiores, colegas de trabalho e subordinados também devem ser considerados. o
Os conceitos janetianos, portanto, devem ter uma grande relevância no que diz respeito à indústria
higiene e psicologia industrial.
Terceiro, para liquidar dívidas. Quando o paciente, graças ao acima mencionado
tratamentos, recuperou uma certa quantidade de força, a liquidação de
dívidas psicológicas podem então ser assumidas. Em certos casos, será
considere o que Janet chamou de moratória: acompanhamento físico ou emocional
excesso de trabalho, um indivíduo pode parecer normal por um certo tempo e então
colapso repentino. Isso acontece quando ele vive há algum tempo no
despesa de suas reservas latentes e os esgotou. O psiquiatra que
vê um indivíduo <.. l nesse período latente deve ser capaz de diagnosticar
exaustão sob a máscara da saúde aparente, e dar tratamento enquanto ele
seria para um astênico.
Aqui pertencem também as idéias fixas subconscientes, ou reminiscências traumáticas,
com o qual Janet se preocupara tanto no passado. Mais tarde, ele passou a considerar
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como uma forma particular de um fenômeno mais geral, o de não

atos liquidados. Qualquer evento, qualquer conflito, qualquer doença, até mesmo qualquer fase da vida
deve ser liquidado em um determinado ponto, caso contrário, os traços patogenéticos podem
subsistir e causar uma perda invisível contínua de energia mental. Com o
psiquiatra, o paciente deve fazer um levantamento de toda a sua história de vida,
discutir com ele a interpretação de certos fatos, e também a conveniência
de realizar certos atos de renúncia e liquidação. Janet insistiu
sobre a grande importância dos atos de rescisão. É impressionante ver quando
examinando as histórias de vida de pacientes neuróticos e mentais, o número
e a importância de situações não liquidadas de forma inadequada,
entre os quais a própria doença mental pode ser variada.122
O tratamento da síndrome hipotônica inclui dois grupos de terapia
dispositivos peutic, cuja proporção varia de um caso para outro.
O primeiro grupo está relacionado às derivações; o segundo visa o alto -
tensão psicológica
Primeiro, é necessário reabsorver as derivações. Ele seria possível
diminuir as derivações até certo ponto, enfraquecendo o paciente
energia, como acontece naturalmente em uma febre. De acordo com Janet, brometos e
os sedativos atuam de maneira semelhante, proporcionando apenas uma espécie de vitória de Pirro.
Um método muito melhor consiste em canalizar agitações por transferência
em atividades úteis ou toleráveis. Isso é semelhante à estratégia de um
mãe inteligente que atribui jogos e ocupações específicas aos filhos
de modo que, em vez de brigar e perturbar a paz da família,
cada um estará absorvido em sua própria tarefa. Este princípio também está na base de
o método de terapia do trabalho sistematizado elaborado na Alemanha por
Hermann Simon.123 Determinando o tipo exato de trabalho que para
cada paciente traria uma reabsorção de sua agitação, Simon conseguiu
em ter todo o ruído e agitação desaparecendo de seu hospital psiquiátrico de uma vez
quando os métodos de tratamento fisiológico não existiam e havia quase
sem sedativos. Em relação aos neuróticos hipotônicos, um psiquiatra pode cometer
nenhum erro maior do que tratá-los com repouso, o que é aconselhável para
pacientes astênicos. Dependendo da força dos indivíduos e do grau de
suas agitações, eles deveriam estar engajados em ocupações ativas: caminhadas, esportes,
caça ou trabalho manual. O problema se torna mais difícil quando o
derivações assumiram um caráter de organização autônoma, como é o
caso com síndromes obsessivo-compulsivas. Em tais casos, o acima mencionado
as prescrições devem ser combinadas com outros dispositivos destinados a obter o
dissociação dessas atividades autônomas.
Em segundo lugar, é necessário aumentar a tensão psicológica. Ao aumentar
tensão psicológica a um nível suficientemente alto, o hipotônico primário
os sintomas desaparecem, bem como os sintomas secundários resultantes da
derivações. Em termos janetianos, o excedente de energia psicológica é agora
drenado, isto é, utilizado em um nível superior.
Um primeiro meio de aumentar a tensão psicológica é a estimulação, uma
Página 53
cedência de que o paciente tem uma tendência natural de procurar. A estimulação é um

fenômeno complexo que combina a mobilização de forças latentes com um
elevação dessas forças a um nível mais alto de tensão psicológica. Janet
descreveu em detalhes os vários tipos de estimulantes, tanto químicos
tipo (álcool, café e estricnina) e o tipo psicológico (estímulo-
emoções, viagens, mudanças na vida, casos de amor), que os pacientes espontaneamente
busquem. Mas a estimulação não é mais do que um deslocamento ou trans-
formação de energia e, portanto, é temporário e antieconômico
método.
Um procedimento muito melhor, embora mais longo e difícil, é
treinamento, cujo princípio básico é que realizando uma completa e
ação alcançada, um aumento da tensão psicológica é obtido. este
método, conforme aplicado e aperfeiçoado por Schwartz. consiste em quatro etapas:
I. Para verificar o nível em que um paciente é capaz de realizar uma comparação

ação completa.
2. Para que ele execute e conclua uma tarefa desse tipo, primeiro lentamente
e minuciosamente, então mais rapidamente, mas sempre perfeitamente, até que a tarefa apresente
nenhuma dificuldade adicional.
3. Mudar o paciente para outro tipo de trabalho, mais difícil e de um
nível um pouco mais alto.
4. Para encontrar vários outros investimentos psicológicos.
Este é exatamente o princípio de todas as variedades de educação e re-
educação digna desse nome.
Janet e Schwartz apontaram que distúrbios exatamente semelhantes

para aqueles da síndrome hipotônica podem aparecer em indivíduos que são
compelidos a trabalhar em um nível de tensão psicológica inferior ao seu,
por exemplo, em imigrantes tendo que trabalhar em uma ocupação inferior a sua
profissão anterior e, claro, ainda mais em trabalhadores desempregados.
A teoria janetiana da energia mental vai muito além da interpretação
das condições neuróticas acima mencionadas. Existem transições infinitas
entre os indivíduos normais. os neuróticos e os psicóticos. Janet nunca
elaborou uma tipologia baseada em seus conceitos de energia dinâmica, mas
seria fácil estabelecer uma juntando várias observações
espalhados por toda a sua obra.
Janet às vezes menciona os milionários psicológicos. isto é, aqueles
dotado de uma grande quantidade de força psicológica combinada com uma alta
nível de tensão psicológica. Essas pessoas são capazes de realizar um ótimo
número de atos altamente sintetizados. Pode-se pensar em Napoleão no
campo de batalha combinando um grande número de dados conhecidos e presumidos sobre o
força e os movimentos do inimigo e ter que adivinhar, pesar e
tomar decisões rapidamente durante um período de tempo prolongado.
Outro tipo frequentemente referido por Janet são aqueles indivíduos que
Página 54
A DESCOBERTA DO INCONSCIENTE
384
são propensas a uma redução repentina da tensão psicológica. O epiléptico
crise nada mais é do que um colapso repentino de tensão psicológica na forma
de uma descarga de energia. o indivíduo afundando para um nível baixo a partir do qual
ele se levanta lentamente. Menos espetaculares são as crises psicolépticas do psiquismo
thenics.124 Há um borrão repentino de ação e percepção e uma perda
do sentimento de realidade, e seu término pode ser repentino ou gradual.
Janet presumiu que, em certos indivíduos, as oscilações psicológicas
a tensão tinha um padrão cíclico; esses pacientes poderiam viver por um certo período de
tempo em estado de equilíbrio perfeito, então, devido à exaustão ou
ao efeito de eventos externos, sua tensão psicológica pode diminuir
e ficar em um nível inferior por um determinado período, e isso daria certo
pacientes com o aspecto de sofrer de uma doença maníaco-depressiva.
O tipo de indivíduo cuja tensão psicológica é permanente
abaixo do nível desejável, embora ele tenha força psicológica suficiente é
também freqüentemente referido por Janet. Não só esta maquiagem conta para
um grande número de psicastênicos nas formas clássicas de obsessão,
fobias e semelhantes. mas também permite a compreensão de uma variedade de
distúrbios psicopatológicos. A necessidade de estimulação pode trazer tais
indivíduos recorram a formas artificiais de aumentar sua tensão psicológica.
Esta é, na opinião de Janet, a principal psicogênese do alcoolismo e também
é responsável por muitos casos de dependência de drogas, perversão sexual e certos
formas de criminalidade.125 A relação entre cleptomania e mental
depressão foi bem ilustrada no caso de um paciente que acidentalmente
aprendeu a aliviar sua depressão através da estimulação fornecida por
furtos em lojas. 12 6
O indivíduo que tem uma quantidade muito pequena de energia psicológica,
em um nível baixo, seria o reverso do milionário psicológico. Tal
os homens às vezes são capazes de atingir um certo ajuste na vida, adotando uma
modo de vida humilde e restrito. Sua ocupação pode ser mal paga, mas
silencioso e seguro. Eles têm poucos conhecidos, nenhuma esposa, nenhuma amante. Janet
escreveu: "As pessoas os consideram egoístas e covardes; talvez sejam apenas
indivíduos sábios. "12 7
Em um nível ainda mais baixo estão certos esquizofrênicos sobre os quais Janet fala
em termos de demência astênica.
Embora sempre reconhecendo a importância de hereditários, congênitos,
e fatores orgânicos. Janet atribui um grande lugar ao dinamismo autônomo
de energia psíquica. Desde que o psiquiatra compreenda e saiba
como utilizar as leis desse dinamismo psicológico, ele tem o direito de
esperar resultados psicoterapêuticos substanciais. Nesse sentido, a lei principal
do dinamismo psicológico poderia ser formulado da seguinte forma: "O com
ato concluído e encerrado aumenta a tensão psicológica do indivíduo
vidual, enquanto um ato incompleto e não realizado o abaixa. "Janet faz
comparações com investimentos financeiros: um bom investimento traz benefícios;
uma sucessão de bons investimentos traz ganhos crescentes e um aumento
Página 55
na fortuna. Um mau investimento traz uma perda; uma sucessão de maus investimentos
termina com dívidas e ruína.128 Isso é exatamente o que acontece espontaneamente
com vários indivíduos. Deixando de lado todas as formas intermediárias, vamos
con.: Considere os dois casos extremos. De um lado estaria a pessoa que,
graças a uma sucessão ininterrupta de
age, torna-se capaz de aumentar sua tensão psicológica. Janet particularmente
refere-se ao caso de pessoas tímidas que podem fazer esforços para aprender social
condutas para que eventualmente superem sua timidez e se tornem capazes
para desfrutar de triunfos sociais.
Diametralmente oposto é o caso do indivíduo que deixa suas ações
incompleto e não alcançado, cada vez reduzindo sua tensão psicológica
e deixando-o cada vez menos capaz de se ajustar; ele assim cai em um
círculo vicioso cujo término lógico é uma síndrome astênica-hipotônica,
da qual a esquizofrenia hebefrênica é a expressão extrema. Esta con
percepção é surpreendentemente próxima à teoria da esquizofrenia de Adolf Meyer como sendo
o resultado de uma longa série de reações inadequadas e deterioração de hábitos.
O conceito janetiano também pode lançar luz sobre o muito discutido
mecanismo de terapia do trabalho. É claro que na mente de Janet havia dois
diferentes tipos de terapia de trabalho. O primeiro trabalha através da canalização
das derivações. É esse tipo de terapia que se encontra recomendado em
certos livros populares escritos para neuróticos e que aconselham os nervosos
indivíduos ficam ocupados e assumem tantos hobbies e ocupações quanto pos-
sible.129 Em psiquiatria, este é também o princípio que Hermann Simon desenvolveu
operado em toda a sua extensão com seu método de terapia mais ativa da
doenças.
O segundo método, bastante diferente, é o do treinamento, ou seja, dar o
paciente uma tarefa manual ou intelectual que exige que ele opere de forma justa
alto nível de sua habilidade, ensinando-o a fazê-lo lentamente, completamente e por
corretamente e, em seguida, aumentando gradualmente o nível. Este era o princípio do clássico
educação e também de escolas profissionais, mas pode ser usado com
pacientes ao ensinar-lhes uma nova habilidade, um novo ofício ou um novo idioma. o
os resultados desse método podem não ser tão imediatamente óbvios quanto os de
Hermann Simon, mas eles são mais recompensadores no longo prazo.
Alguém pode se perguntar qual é o lugar da hipnose dentro desse quadro de
referência. Janet nunca desistiu deste método e o usou com histérica
pacientes. Do seu novo ponto de vista dinâmico, a hipnose era um meio de
regular a energia mental em pacientes nos quais uma distribuição desigual teve
ocorreu. 130
O antigo conceito de relacionamento terapêutico, que Janet havia estudado em
1886 sob seu aspecto de eletividade e em 1896 sob o aspecto mais geral
aspectos da influência sonâmbula e necessidade de direção, agora também
ampliado e se tornou o ato de adoção. Na relação entre o
paciente e o diretor, como disse Janet, mais cedo ou mais tarde apareceu,
às vezes, de repente, uma mudança notável. O paciente mostraria
Página 56
um comportamento específico em relação ao terapeuta, que ele não tinha em relação a mais ninguém.
Ele afirmaria que o terapeuta era um ser excepcional e que ele, o
paciente, tinha finalmente encontrado alguém que poderia entendê-lo e tomar
ele sério. Na realidade, isso significava que o paciente agora era capaz de falar sobre
seus próprios sentimentos e falar seriamente sobre si mesmo. A imagem irreal

que ele tinha do diretor era uma mistura de todos os tipos de anteriores, mais ou menos
inclinações semelhantes em relação a outras pessoas, agora sintetizadas em um particular
caminho. Essas opiniões e atitudes do paciente, expressas no ato de
adoção, e sua elevada auto-estima, permitiu-lhe realizar atos que ele
tinha sido incapaz de alcançar até agora, e também permitiria ao terapeuta
para ajudar o paciente a superar muitas de suas dificuldades.
Poderíamos dizer mais sobre a psicoterapia dinâmica de Janet; Contudo,
o que foi dito acima deve ser suficiente para mostrar que é flexível e
método inclusivo que pode ser ajustado a qualquer doença e a qualquer paciente. Mais
do que uma psicoterapia específica, é um sistema geral de psicoterapia
economia.
Trabalho de Janet: VI-A Grande Síntese
Para Janet, a análise psicológica sempre foi a primeira fase de um método

cuja segunda fase seria a síntese psicológica. Em psicológico
Automatismo ele fez a distinção entre o consciente e o subconsciente
mente com uma função de síntese realizada pela mente consciente. Dentro
Obsessões e Psicastenia ele apresentou uma hierarquia mais complexa
da mente com cinco níveis, o conceito de tensão psicológica e o
interpretação da psicastenia como sendo uma redução da tensão psicológica
ao longo desses níveis. A partir de 1909, em suas palestras no College de France,
Janet começou a criar uma síntese maior e mais completa, cujo primeiro
O esboço apareceu em 1926 no primeiro volume de From Angguish to Ecstasy. 13 1
Janet uma vez declarou que os psicólogos do final do século XIX
tinha escrito muitas monografias sobre tópicos limitados, a ponto de
criando grande confusão. Havia agora a necessidade de um sistema abrangente
ferramentas que permitiriam aos psicólogos ordenar, classificar e interpretar os fatos
e provocar discussão que mais tarde levaria à substituição daqueles
sistemas.
Janet empreendeu a construção de um vasto modelo conceitual que foi
baseado não apenas na psicologia e psicopatologia de adultos, mas também em dados
fornecido pela psicologia infantil, etnologia e psicologia animal. Dentro
esse quadro de referência, dificilmente há um fenômeno da mente que
não pode ser iluminado de alguma forma. Percepção, memória, crença e pessoa
alidade recebem novas interpretações, assim como as manifestações anormais, como
como alucinações e delírios.
Nesse sistema aperfeiçoado, Janet retém seus antigos conceitos de psicologia
energia lógica e tensão, mas agora ele se concentra no psicológico
análise das tendências (conceito que ele prefere ao de instinto;
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tendências são mais flexíveis e podem combinar-se entre si). Cada

tendência é dotada de uma certa carga de energia latente que difere de
um indivíduo para outro. Cada tendência, uma vez ativada por estímulos adequados
ulação, pode ser trazida mais ou menos perto de sua realização completa.
Cada tendência é variada em um nível na hierarquia de tendências, e
isso dá a chave para a compreensão de muitos contras psicopatológicas
dições. Nesse novo quadro de referência. um ato subconsciente agora é definido como
"um ato que manteve uma forma inferior em meio a atos de nível superior"; dentro
outras palavras, um ato em qualquer nível pode se tornar subconsciente quando o indivíduo
vidual está conscientemente realizando atos de um nível superior. 132
A grande síntese psicológica de Janet é um monumento de tal 11mplitude
que exigiria um volume de pelo menos 400 a 500 páginas para expor sua
elementos Janet nunca percebeu esse volume. 133 O autor que esteve mais perto
para escrevê-lo foi Leonhard Schwartz. cujo livro póstumo permaneceu
inacabado (faltavam, entre outras coisas, os capítulos sobre os conceitos de Janet
de alucinações e delírios). 1 34
A seguir, tentaremos dar uma visão extremamente sucinta da
ótima síntese. Que seja lembrado isso, em sua obra. isso requer cerca de vinte
livros e várias dezenas de artigos.
Faremos agora um breve resumo de cada uma dessas tendências. Os nove
tendências são divididas em três grupos:
I. As tendências mais baixas

I. Tendências reflexivas
2. Tendências perceptivas-suspensivas
3. Tendências sociopessoais
4. Tendências intelectuais elementares
II. As tendências médias

5. Ações imediatas e crenças assertivas
6. Ações e crenças reflexivas
III. As tendências superiores

7. Tendências racional-ergéticas
8. Tendências experimentais
9. Tendências progressivas
Faremos agora um breve resumo de cada uma dessas tendências.

1.1. TENDÊNCIA REFLEXIVA: -JCIES: Estes são atos explosivos que são desencadeados
somente quando um estímulo atingiu um certo grau. ter um organizado
forma, e são ajustados a algum objeto ou situação exterior. Às vezes eles
consistem em movimentos de repulsão. puxando para, excreção ou incor-
poração. Às vezes, são atos mais complexos, cadeias de reflexos, cinéticas
melodias. Aqui não há regulamentos psicológicos como nas emoções, e
Página 58
uma vez iniciado, o movimento deve seguir seu curso até o fim. Psicopata-
patologia nos mostra exemplos de tais tendências reflexivas no comportamento de
certos casos de idiotice grave. Um ataque epiléptico é uma regressão transitória
a esse nível.
1.2. TENDÊNCIAS PERCEPTIVO-SUSPENSIVAS: São tendências cujas
a ativação completa requer uma estimulação em duas etapas: a primeira estimulação se agita
a tendência e é seguido por um período de suspense (período de espera), após
que uma segunda estimulação é necessária para levar o ato à sua conclusão.
Às vezes, a tendência é mais complexa e inclui uma sequência de ações.
Em contraste com as tendências meramente explosivas, a percepção-suspensiva

tendências, uma vez desencadeadas por um estímulo externo, visam modificar alguns
coisa no mundo exterior (tal é a ação da fera sobre
sua presa) e, portanto, implicam um certo grau de ajuste. Perceptivo-
tendências suspensivas são o ponto de partida de todas as formas de ação que
implicam fases de espera ou busca. Eles são a base do ato de per-
percepção e da noção de objetos. A percepção está a meio caminho entre o primeiro
e segundos estímulos. Um objeto, basicamente, é um esquema perceptivo (para
por exemplo, a percepção de uma poltrona é um esquema perceptivo do movimento
envolvidos no ato de sentar-se nele). Entre os vários objetos,
tem-se uma condição privilegiada: o próprio corpo, por sua falta de exterioridade
e por causa de nossa conduta conservadora em relação a ele.
Uma ilustração psicopatológica desse nível é a história de Janet do
ciclista que começa sua corrida com espírito competitivo (tendência sociopessoal
ency), mas sob o efeito de crescente exaustão torna-se indiferente ao
espectadores, a paisagem e a ideia de vencer. Seu campo de atuação
a percepção é estreitada dentro da forma do estágio intermediário da per-
tendência ceptivo-suspensiva. O próximo passo na regressão seria cair
dormindo e andando de maneira puramente reflexiva .13s
1.3. TENDÊNCIAS SÓCIO-PESSOAIS: Ocorreu uma diferenciação entre
dois grupos de condutas, aquelas voltadas para o socius e aquelas voltadas para o nosso
corpo. No entanto, existem interações e influências recíprocas entre
essas duas linhas de conduta.
O indivíduo ajusta seus próprios atos aos atos do socius. Como um resultado,
tais atos são sempre atos combinados de proporções variáveis ou, como diz Janet,
actes dobra. Entre esses atos estão imitação, colaboração e comando
e obedecer. No que diz respeito à imitação, Janet adota a definição de Durkheim:
percepção do ato de outro homem parece controlar a execução do
ato do imitador, mas a imitação é um 'ato duplo "que implica uma ação que não
apenas do imitador, mas também do imitado. A imitação espontânea é
aperfeiçoado pela imitação consciente que as crianças aprendem no processo de
jogando. Em colaboração, duas sociedades compartilham uma ação comum visando a um
resultado comum e dando a ambos a sensação de triunfo. O ato de comp
mandar e obedecer pode ser considerado um tipo especial de colaboração
onde os membros de um grupo aceitam o ato do chefe como parte do total
Página 59
act e as demais funções são distribuídas entre os participantes. Mas como fazer
os socii chegam a essa distribuição de papéis? Por meio de atos de valorização
sociale (definição de valor competitivo), atribuindo a si mesmo um certo valor
e trazer outros para aceitá-lo. Entre vários outros atos no mesmo nível
Janet analisa pena, rivalidade, luta, presente e roubo, escondendo e mostrando,
conduta sexual e assim por diante.
Mas o indivíduo não apenas ajusta seus próprios atos aos atos do
socius, ele faz o mesmo ajuste consigo mesmo. Em outras palavras, ele
age consigo mesmo da mesma maneira que age com os outros. Aqui está o
ponto de partida do que Janet chama de ato de sigilo, uma conduta para a qual ele
atribui a maior importância, já que seu último termo é o pensamento interior. 136
Estar sozinho significa não ser observado e não ter que cumprir deveres de
respeito e consideração ( cartões); significa uma simplificação de conduta,
um menor gasto de energia.
No mesmo nível, do ponto de vista da psicologia social, pertencem o
cerimônias. Em seus estudos sobre a intichiuma dos australianos, Durkheim
enfatizou o papel da estimulação mútua fornecida pelos participantes.
De acordo com Janet, este é também o nível ao qual pertencem as quatro
emoções. O maior número de sentimentos que constituem a emoção de uma pessoa
vida profissional depende da combinação de certas condutas sociais com
quatro emoções básicas: esforço, fadiga, tristeza e alegria. Esses quatro básicos
os sentimentos correspondem a mecanismos de regulação das ações. Como comparação,
não existem apenas funções de respiração e circulação de sangue, mas também
mecanismos regulatórios que. dependendo da necessidade ou circunstância,
enrugar ou diminuir a respiração e a circulação. Da mesma forma, existem
regulamentos psicológicos que aumentam ou diminuem a necessidade de energia
essencial para ativar uma tendência. Depois de ter aprendido a reagir aos atos
de sua sociedade, o homem aplica as mesmas condutas a si mesmo, aprendendo assim a reagir
às suas próprias ações. Em algumas condições, esses regulamentos faltam, e o
paciente experimenta uma sensação de vazio ou sentimento du vide. Os dois
emoções elementares, esforço e fadiga, são comparados por Janet ao
ação do acelerador e dos freios de um carro. Os neuróticos obsessivos
são pessoas que sempre fazem esforços exagerados e desnecessários, enquanto
a preguiça é uma tendência ao esforço insuficiente. Na mesma teoria, triste-
ness é o medo da ação e uma reação ao fracasso perpétuo, enquanto a alegria é uma
excedente de energia restante após uma ação terminada com sucesso (a reação de
triunfo). Janet compara a tristeza a uma mudança para marcha à ré na direção.
Nesse caso, a alegria seria comparada com um gasto de gás excedente após um
pisando forte nos freios. Na verdade, no entanto, a teoria das emoções de Janet é
infinitamente mais complexo. Em seu livro sobre amor e ódio, por exemplo, Janet
fornece uma análise completa que compreende muitas nuances e implicações
desses dois sentimentos. 13 7
Do ponto de vista da psicopatologia, Janet estava muito interessada em
todas as formas de conduta social abaixo do nível da fala, como as que ocorrem
Página 60
entre idiotas. Por outro lado, a regressão ao nível de sociopessoal

tendências deram-lhe a pista para muitas manifestações psicopatológicas
em níveis superiores. Os distúrbios nas valorizações sociais se manifestam em
duas maneiras diferentes entre os tímidos e os autoritários. Também é uma falta
na valorização sociale que provoca a reação de fracasso. Delírios
de perseguição originam-se através do processo de objeto social e intencional
ivation. Outro tipo de ilusão de perseguição, a ilusão de referência
(como em pacientes que acreditam que são constantes; sendo vigiados e que
outros leem seus pensamentos), é atribuída por Janet a deficiências no
capacidade do paciente de realizar o "ato de sigilo".
1.4. TENDÊNCIAS INTELECTUAIS ELEMENTARES: Este nível tornou-se um
dos assuntos favoritos de Janet, aos quais dedicou dois de seus últimos livros.1 38
É o nível de inteligência antes da linguagem e do início da linguagem,
memória, pensamento simbólico, produção e explicação.
O ato de inteligência mais elementar, segundo Janet, consiste em

o confronto e combinação de duas condutas em direção a duas
objetos. Como ilustração, Janet analisou o comportamento da cesta de maçãs.
Ele consiste de duas ações que não pertencem nem ao nor- cesta para as maçãs:
encher a cesta e esvaziá-la. Da mesma forma, Janet analisou o
significado da ferramenta elementar, do retrato ou estátua, do peito de
gavetas, da porta, da rua e do logradouro. Em cada um de
essas análises sutis Janet mostrou como existe uma combinação de duas ações
em que dois objetos estão envolvidos.
É também o nível do início da linguagem, que também é um ato
duplo, isto é, uma combinação de falar e ser falado. 139 Janet
pensei que a linguagem originou-se de uma transformação dos atos de comando
e obedecendo. Atos vocais, como um grito de guerra, substituíram a necessidade de gesticular
um comando para o chefe. Uma teoria semelhante explicaria o início do
memória. A memória é uma transformação de ação como aquela que pode ser
comunicado até mesmo para o ausente (por exemplo, uma sentinela, na chegada do
inimigo, dará o alarme, e esta é uma linguagem incipiente; Na falta de
o inimigo, ele vai dar um relatório ao chefe, e esta é uma memória incipiente).
Assim, "mer.wry é a ordem dada aos ausentes, antes de se tornar o
ordem dada pelo ausente. "
Outra conduta intelectual elementar também explica a origem da
produção: o oleiro, em sua opinião, combina duas representações, a do
o ato ao qual o objeto servirá, e aquele do ato que ele realiza
formando. Ele muda incessantemente de um ponto de vista para outro, inventando
ações que combinam as duas visualizações. Perto da origem da produção está o
origem da explicação, a tomada de consciência de outros atos de produção.
Nesse nível, também existem implicações psicopatológicas. Certo
idiotas e imbecis que estão no nível da pré-linguagem são capazes de realizar
certos atos de inteligência rudimentar. Podem ocorrer regressões a esse nível
em certos estados de confusão mental e onirismo.
11.5.1 AÇÕES MEDIATÓRIAS E CRENÇAS ASSERTIVAS: Uma vez que nasceu,
Página 61
a linguagem se desenvolveu enormemente, estendendo-se a todos os atos humanos. Cada

o ato motor era agora acompanhado por um ato de fala. Este desenvolvimento teve
consequências importantes. A linguagem estava dissociada da ação e do homem
utilizou-o para falar consigo mesmo e com a sociedade. A conduta humana começou a
ser dissociado em conduta corporal e conduta verbal. Como Janet disse, neste
estágio "toda a conduta do homem se torna a análise das relações
entre a conduta corporal e a fala. "Conduta corporal, a única que
pode mudar o mundo imediatamente e diretamente, é o único eficiente, mas
é lento, pesado e exaustivo. A conduta verbal é fácil, rápida e barata
sive, mas não pode mudar o mundo imediatamente. Janet pensou que isso
grande diferença entre as duas condutas tornou-se o ponto de partida da
conceito de separação entre corpo e mente.
No início, a palavra falada era apenas o começo de uma ação. Mas
a palavra agora emancipou-se da conduta corporal; o homem começou a jogar
com a linguagem, e isso é o que Janet chama de linguagem inconsistente.l 4 0
Linguagem inconsistente pode ser observada em crianças de três a seis anos de idade
que muitasdescrito
conforme vezes conversam
por Piaget.sem prestar
Também atenção
é visto, ao que oJanet,
acrescenta outro na
estámono-
dizendo,
logues de certos imbecis, e às vezes até mesmo entre adultos normais. UMA
a reação contra a linguagem inconsistente foi manifestada de duas maneiras. Primeiro,
por meio da afirmação, \ que Janet iguala a uma promessa e
considera como a origem da crença. Em segundo lugar, pelo ato de vontade, que é um
forma de estabelecer um vínculo estreito entre linguagem e ato.
Finalmente, a linguagem foi aplicada pelo homem para falar consigo mesmo na forma de
linguagem interna. Esta foi a origem do pensamento. Janet dedicou um curso inteiro
de palestras sobre a origem do pensamento interior. 41 Uma das principais características do
esta fase é o que Janet chama de crença assertiva, ou seja, que a crença é adequada
aos sentimentos e não aos fatos e, portanto, freqüentemente contraditórios ou absurdos.
Nesse estágio, o homem acredita no que deseja ou teme. É o tipo de crença
que é comum em crianças, pessoas de mente fraca ou no processo de sugestão,
e ocasionalmente entre muitas pessoas normais. A representação do homem do
mundo assume a forma do que Janet chama de mundo da crença assertiva: apenas
como a conduta perceptiva cria objetos, a conduta afirmativa agora cria
seres; os seres nada mais são do que objetos aos quais o nome e a crença acrescentam
persistência e estabilidade.
A memória, neste estágio, passa por um processo semelhante ao da linguagem;
a memória inconsistente é emancipada da memória congruente com os atos.
A memória inconsistente ignora uma localização precisa no tempo e é o
ponto de partida de lendas e mitos.
Nesse ponto, o indivíduo se desenvolve na forma de personagem,
caracterizado por atitudes e papéis. O personagem é um indivíduo que atua
de acordo com a imagem que ele fez de si mesmo e que apresenta
para outros homens. Daí sua sugestionabilidade e plasticidade; ele também atribui papéis
para outros.
Do ponto de vista psicopatológico, este é o nível não só de
Página 62
linguagem e memória inconsistentes, mas de sugestionabilidade (que é uma espécie

de crença inconsistente) e de confabulação. Janet distingue nitidamente
entre confabulação e mitomania. Neste último, o indivíduo é
consciente de que está mentindo, mas o nível de crença assertiva está abaixo do nível
da conduta mais complexa de mentir.
11.6. AÇÕES REFLETIVAS E CRENÇAS: Reflexão, de acordo com Janet,
questões de discussão entre um indivíduo e vários socii. Este coletivo
conduta foi internalizada na forma de uma discussão interna em que
várias fases podem ser distinguidas. Primeiro vem a dúvida, que é uma suspensão
de afirmação, depois deliberação, que é uma luta entre tendências e
argumentos, e então uma conclusão em um ato de decisão. A luta desses
tendências é chamado de deliberação quando termina com uma vontade ou
com uma crença. As ações e crenças reflexivas ainda não estão no nível lógico.
No entanto, eles implicam um conhecimento coerente de um objeto externo e de
si mesmo.
A representação do mundo pelo homem nesta fase assume a forma do
mundo da crença reflexiva (que Janet também chama de le reel rejlechi, o
reflexivo real) onde não existem apenas seres, mas corpos e espíritos. Em
neste ponto Janet traz um novo conceito de real, mais complexo que aquele
ele propôs em 1903. Esta é a parte do ensino de Janet que tem o mais próximo
conexões com suas teorias de alucinações e delírios. Consciente
realidade, Janet diz, é uma estrutura complexa com a interação de três níveis de
realidade: o carretel complet (o real completo) 'o carretel presque (o quase
real), e o semirreel (o semi-real).
O real completo é fruto de uma crença ligada à possibilidade de um
ação imediata ou permanência intangível. Compreende corpos e espíritos.
Um corpo é uma realidade persistente sobre a qual se afirma com reflexão que ele
tem um lugar, uma forma, qualidades perceptivas - que é distinto e desprovido de
intencionalmente. Um espírito é a realidade invisível que é distinta da
indivíduo que fala e é distinto de outros espíritos, e é dotado de
intencionalmente. Essas duas realidades distintas (corpo e espírito) podem ser unidas em
o homem em geral e em si mesmo em particular.
O quase real está vinculado à conduta de expectativa e relato
para si mesmo, e corresponde um pouco ao que Janet havia chamado anteriormente
presentificação. Ele inclui a noção do instante presente, da ação
que estamos realizando e temos imediatamente em mente, e o relatório para
a si mesmo, e assume o mundo da consciência, que é o regulamento de
nossas ações presentes.
O semi-real compreende as franjas da realidade, que são, na ordem de
proximidade decrescente: a percepção do futuro próximo, do passado recente,
do ideal, do futuro remoto, do imaginário e, finalmente, o abstrato
idéia.
No estado normal, deve haver uma adequação entre a realidade e a
sentimento que temos disso. Na doença mental ocorrem inadequações, seja no
forma de surrealização (superrealização), isto é, como quando um evento do
Página 63
passado distante é dotado de um sentimento de crença que o coloca no presente,

ou subrealização, isto é, a incapacidade de sentir os objetos do presente como
sendo realmente perceptível, como quando o relato do paciente não corresponde mais
às idéias que seus sócios têm sobre os mesmos eventos ou objetos. Nesses
conceitos Janet encontrou uma chave para a compreensão dos delírios de que ele
desenvolvido em vários artigos elaborados.
No mesmo nível pertencem a memória consistente, atos de vontade consciente e
um desenvolvimento posterior do indivíduo na forma do self reflexivo
(moi rejlechi, ego). Comparado com o personagem, o ego consciente
implica uma organização temporal da personalidade e uma biografia integrada.
Este nível é de particular importância do ponto de vista psicopatológico
de vista. Regressão a esse nível, ou distúrbios no processo de reflexão
crença, são evidenciadas naqueles indivíduos que se queixam de uma perda do
sentir a realidade e desenvolver uma busca ansiosa pelo real. Este também é o
nível a que pertencem as perturbações da vontade, como abulia e, como já
mencionado, mitomania. Indivíduos que não vão além do nível de
ação reflexiva e crença mostram características como paixão, egoísmo,
preguiça e mentira.
111,7. TENDÊNCIAS RACIONAL-ERGÉTICAS: O nível racional-ergético é o
primeiro das tendências mais elevadas. Uma nova função é adicionada aqui, a saber
a tendência para trabalhar. Trabalho não existe entre animais ", o trabalho de um
boi não é um trabalho real ", trabalho quase não existe entre os povos primitivos. Ele dis-
aparece em certas categorias de indivíduos civilizados, como criminosos e
prostitutas, bem como em muitos neuróticos e psicóticos.
O trabalho implica uma distribuição particular de força. A força é puxada não só
de tendências inferiores, mas de uma reserva especial. Isso significa que um
indivíduo nesse nível executa decisões e promessas, mesmo que ele
não obtém nenhuma satisfação com isso. Kant expressou isso em linguagem filosófica
com seu conceito de "imperativo categórico". Janet acrescenta que "O valor
da pessoa pode ser medido por sua capacidade de realizar tarefas "
(corvees) . 142 O dever é uma das muitas tarefas que o homem superior
é capaz de se impor. Aqui também pertencem a ação voluntária, iniciativa,
perseverança e paciência. ou seja, a capacidade de suportar a espera, o tédio,
e fadiga. Aqui também pertence o conceito de verdade. A verdade implica individual
crença em uma realidade permanente que se estende além do campo do presente do homem
conhecimento. Aqui também pertencem, segundo Janet, as regras da lógica. Antes
havia conceitos abstratos, havia regras de conduta que o homem impôs
sobre si mesmo. Aqui, além disso, pertence o ato de ensinar, um procedimento que,
em toda a sua extensão, permeia toda a cultura. Neste nível, a individualidade
se desenvolve mais, do ego para a pessoa. A diferença entre o
ego e a pessoa é que a pessoa implica uma coerência de atos e uma unidade
da vida.
Embora as tendências racional-ergéticas pertençam aos níveis superiores,
eles não são completamente desprovidos de implicações psicopatológicas. Uma pessoa
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permanecer nesse nível corre o risco de se tornar impraticável e um espírito

faux, um indivíduo dogmático e pedante cujo julgamento é baseado em
sistemas teóricos e princípios rígidos em vez de experiência.
Ill.8. TENDÊNCIAS EXPERIMENTAIS: Em contraste com a racional-ergética
nível, a conduta experimental leva a experiência em consideração e apresenta
aos fatos. Essa conduta é, portanto, o ponto de partida da ciência. o
o sentimento do absoluto é substituído pelo conceito do possível. A natureza é
agora concebido como um sistema de leis naturais. O homem sente necessidade de "verificar
um aparelho assim como o que é dito "e criticar um sistema de acordo
para seu sucesso prático. Essas tendências também incluem o que os moralistas chamam
conduta virtuosa em que haja humildade, firmeza de caráter e
aceitação da verdade objetiva.
111,9. TENDÊNCIAS PROGRESSIVAS: O que Janet chama de "tendência progressiva
cies "é o maior desenvolvimento da conduta individual e original.
homem nível atinge sua própria individualidade única, mas ele também reconhece o
plena individualidade de cada um de seus semelhantes, estabelecendo com eles
uma relação de intimidade espiritual. A busca pela individualidade se estende também
aos eventos, notadamente aos históricos. Janet chega aqui em um de seus favoritos
especulações, que ele expressa em termos velados: “Crescemos no tempo como
plantas no espaço. "Isso significa que a evolução do homem, mesmo do homem como um
entidade biológica, está aberta para o futuro. Nesse sentido, Janet parece
concordar com certos pensamentos expressos por Bergson em seu Creative
Evolução.I 4 3 "A evolução", ele conclui, "não está acabada, e a ação humana
foi e será uma fonte de maravilhas. "
Trabalho de Janet: VII-Psicologia da Religião

Janet nunca perdeu a profunda preocupação com a religião que havia marcado sua
juventude, e no decorrer de seu trabalho clínico conheceu vários casos de
interesse particular do ponto de vista da psicologia religiosa e da psicologia
patologia. Ele posteriormente elaborou uma teoria psicológica completa de
religião, que ele expôs em suas palestras de 1921-1922. Janet nunca
escreveu o livro que ele havia planejado sobre o assunto, mas estamos familiarizados com
suas teorias a partir de uma versão condensada publicada por um auditor, o
Reverendo Walter Horton, e de dicas dadas por Janet em vários de seus
publicações posteriores. 44
Ele pode ser brevemente apropriado para descrever alguns dos casos clínicos de Janet.
Uma era a célebre história de Aquiles, o homem que, em 1891, havia sido
admitido na Salpetriere \\ om possessão demoníaca e a quem Janet
conseguiu curar por meio do desvendamento do subconsciente do paciente
idéias fixas. Outro caso foi o de Meb, uma jovem de vinte e seis anos, que
veio para a Salpêtrière por causa de alucinações histéricas com mística
e temas eróticos.145 O paciente afirmou ter tido alucinações
dos oito aos doze anos. Ela recebeu visitações de anjos, um dos
a quem ela chamou de Sainte Philomene. Na idade de dezessete, seguindo
trauma emocional, as alucinações recomeçaram. A mãe do paciente
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e tia eram espíritas fervorosos. Uma das manifestações que ocorrem no

casa eram os transportes: seixos brilhantes foram encontrados na escada,
penas de pássaros caíram sobre a mesa durante as refeições; na mesa do quarto dela Meb
encontraram pequenos cacos de vidro em forma de cruz; e todo
família acreditava que esses objetos haviam sido colocados lá por espíritos. Debaixo
hipnose, a paciente disse a Janet que ela se lembrava de ter eliminado o
cruzar durante a noite em estado de sonambulismo. Ela também colocou o
pedras na escada, acreditando ter visto feito por Sainte Philomene.
Ela também lembrou que, durante o dia, ela havia caído em uma espécie de transe
ou estado de sonambulismo no qual ela acreditava ser Sainte Philomene.
Ela reencenou a cena como tinha acontecido: ela subiu em uma mesa
e colou as penas no teto com farinha e pasta de água, e eles
posteriormente se desprendeu e caiu sobre a mesa durante o
refeição. Ela também foi exorcizada por Janet, da mesma forma que Aquiles.
A terceira, e de longe a mais interessante, paciente foi Madeleine, uma
mulher sobre a qual muito mu; :: h foi escrito, tanto por Janet quanto por
Teólogos católicos. A mulher de quarenta e dois anos, que foi internada
ao Salpetriere em fevereiro de 1896, foi colocado sob os cuidados de Janet desde
10 de maio de 1896 a 2 de dezembro de 1901 e novamente a partir de 2 de janeiro de 1903,
a 5 de março de 1904. Após sua alta e até sua morte em 1918, ela escreveu
a Janet quase diariamente, de modo que ele foi capaz de segui-la por vinte e cinco anos.
A vida de Madeleine foi extraordinária desde o início. 146 ela era
nascido em 185 3 em uma parte tradicionalmente católica do oeste da França. Desde cedo
infância ela tinha sido muito devota. Quando ela tinha dezoito anos, ela partiu para
Inglaterra como governanta, mas voltou depois de alguns meses e a perturbou
família, dizendo-lhes que queria viver uma vida de pobreza absoluta e
anonimato. Ela manteve comunicação com sua família através dela

irmã. Ela passou muito tempo cuidando dos pobres, cuidando de uma mulher que tinha
câncer, e cumpriu pena de prisão por se recusar a revelar seu verdadeiro nome
aos funcionários. Na verdade, Madeleine foi admitida no Salpetriere
por causa de uma contratura peculiar e dolorosa dos músculos da perna, que
permitiu que ela andasse apenas na ponta dos pés. Esses distúrbios motores foram
atribuído à histeria. Janet suspeitou de siringomielia ou alguma outra lesão de
a medula, mas o diagnóstico final nunca foi feito. Madeleine também
teve delírios místicos peculiares. Ela acreditava que tinha revelações divinas
e que ela era capaz de levitar.
Durante sua estada na Salle Claude Bernard (onde Janet guardou seus poucos
pacientes) foi observado que Madeleine às vezes tinha sangramento peculiar
lesões cutâneas nas costas das mãos, nos pés e uma na
lado esquerdo do tórax. Esses cinco pontos estavam sangrando ao mesmo tempo,
intervalos irregulares, várias vezes ao ano, e correspondiam aos estigmas de
a Paixão, como também foi relatado em São Francisco de Assis e vários
outros santos. Durante todo o tempo ela foi acompanhada por Janet, Madeleine
foi submetida a uma dupla direção: ela tinha um diretor religioso e
ela tinha Janet como psicoterapeuta, a quem sempre chamava de homem Pere
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("Pai"). É óbvio pelas cartas de Madeleine e pela publicação católica

ções de que Janet sempre a tratou com o mais profundo respeito por ela
realidade, mas como psicólogo, ele abordou o caso dela de uma forma estritamente objetiva.
Janet observou grandes oscilações na condição e distinção de Madeleine
adivinhou cinco estados anormais, que chamou de estados de consolação,
êxtase, tentação, secura e tortura, bem como o estado de equilíbrio,
que era temporário no início, mas se tornou predominante no último
anos de sua vida. Essas várias condições foram descritas detalhadamente por
Janet no primeiro volume de seu livro From Angguish to Ecstasy. É para um
grande medida a partir dessas observações que Janet desenvolveu sua teoria de
emoções e parte de seus conceitos de psicologia religiosa.
A publicação do livro de Janet em 1926 gerou polêmica em alguns
Círculos católicos. Janet tornou-se objeto de ataques veementes e foi
marcado como ateu. Por outro lado, um teólogo católico, padre
Bruno de Jesus-Marie, escreveu um relato do caso de Madeleine que
menta as publicações de Janet de uma forma muito interessante. Do ponto de vista dele,
Madeleine era sem dúvida neurótica, mas também era uma bela e notável
pessoa cujo misticismo era uma mistura de psicopatologia e genuína
sentimentos religiosos.
A psicologia da religião de Janet deve ser vista dentro do quadro de referência
de seus conceitos de energia psíquica e a hierarquia das tendências. o
conduta moral-religiosa, diz Janet, é originalmente uma função do governo,
ou seja, a função de controlar o orçamento das forças mentais. O instinto
da economia é a raiz de toda moralidade. O homem o aplica principalmente ao
economia de seus recursos mentais, e secundariamente aplica esses princípios
para a economia de seus recursos financeiros. A economia financeira é apenas uma saída
crescimento do controle original do orçamento da mente. Conduta moral é
basicamente o controle do indivíduo sobre todas as suas funções com o objetivo de
conservação de energia mental. Mas no nível sociopessoal, ele dá um passo
para a frente, uma vez que ocorre uma consideração recíproca da energia mental
do indivíduo e da sociedade em processo de imitação. Energia mental é
tratado de maneira diferente pelos imitadores e pelo líder. Para o imitador,
a imitação é uma ação menos custosa. Para o líder, dar o exemplo é um
ação custosa pela qual ele é mais do que recompensado pelo sentimento de satisfação
que ele deriva de ser imitado. Assim, a imitação conserva energia
tanto para o líder imitado quanto para seus imitadores. No nível do elementar
tendências inteligentes, aumenta a especialização social. O líder não tende
apenas para continuar a desempenhar suas funções, mas para aumentá-las, e ele
insiste em ser obedecido.
No nível assertivo, rituais e mitos são criados. Ritos são complicados
condutas em que os mínimos detalhes são rigidamente fixados, que os homens obrigam a
outro para observar, e para o qual nenhuma razão, lógica ou moral, pode ser
dado. Mitos, diz Janet, não são tão primitivos quanto os ritos e geralmente são
anexado a eles como uma reflexão tardia, para explicá-los. A função do
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rito é o estimulador das reservas mentais, o tonificação do emocional

conteúdo da consciência. Em seu tom mais alto, os ritos coletivos trazem
uma espécie de intoxicação coletiva. Não é surpreendente que em muitos primitivos
religiões ritos orgíacos eram realizados em que a intoxicação alcoólica
desempenhou um papel proeminente. Mesmo as cerimônias de luto visam intensificar
a energia dos participantes, como apontado por Durkheim.
O nível reflexivo é. de acordo com Janet, aquele em que a idéia de deus
surge. Janet diz que não existe religião real onde não existem deuses.
A característica de um deus (ou espírito) é ser antropomórfico, invisível,
poderoso e ter uma função especial que nenhum ser humano comum
poderia realizar. Essas funções variam de acordo com as necessidades do adorador. o
as características de deus estão correlacionadas com a conduta do crente, que
honra o deus como ele lisonjeia os homens. Ele se humilha como antes de um
chefe; ele ora por favores e agradece pelos favores anteriores. Em troca, o
o crente espera uma resposta do deus. O deus responde através do
crente, ou pelo menos através do sacerdote, cuja função é "fazer o
Deus, responda. "
Para explicar como essas crenças e práticas surgiram, Janet recorre ao
análise do fenômeno do pensamento. O pensamento é uma linguagem intenorizada
e, como mencionado anteriormente, com esta internalização originou-se a ideia
de um duplo, ou espírito, existindo invisivelmente por trás das ações visíveis do
Individual. Essa também foi a origem do animismo. "O animismo surge
espontaneamente no momento em que você primeiro aprende a necessidade de distinguir
entre o homem que fala e age como se fosse seu amigo, e o
inimigo invisível e inaudível que se esconde atrás dele. "A ideia de espíritos divinos
também cresceu a partir da conduta em relação aos ausentes, um especial
categoria dos ausentes sendo os mortos. Mas por que os espíritos divinos vieram para
desempenhar um papel tão importante? Janet responde que todas as religiões têm alianças
(convênios) com um deus, seja por medo ou por uma questão de força moral
ening, ou porque o homem anseia por direção e amor. O homem procura um ideal,
diretor e amigo invisível, onipotente e abrangente, isto é, um
Deus. Aqui
falar "e, é revelada
de acordo comaJanet,"
funçãonão
da religião,
devemosque é "fazer
supor que aoreligião
deus jamais
poderia ter persistido se os deuses nunca tivessem falado. "
Os deuses podem falar de várias maneiras. Uma é a oração, que
é uma conversa interior. O crente pede algo ao deus, e
algo dentro de si, então, dá a resposta e conforto no deus
nome. Aqui está uma parte do automatismo, que pode ser observada como se sob
uma lupa em estados patológicos. Meb, por exemplo, invocou Sainte
Philomene, cujo papel ela mesma desempenharia quando estivesse sonâmbula
estado, atendendo seus próprios pedidos. Madeleine também desempenha alternadamente o papel
da humilde suplicante e de Cristo respondendo-lhe e confortando-a.
Janet assume que o mesmo ocorre nas orações, embora o crente seja
inconsciente disso. Um pouco mais complexo é o culto à Tromba em Madagascar,
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onde toda a tribo ora aos espíritos, seguindo-se alguns entre os

multidão são possuídos pelos espíritos e, portanto, revelam sua resposta ao
comunidade. No entanto, também ocorre que a resposta esperada não é imediata
vir, como nas ocorrências de acedia (condição que era frequente em
mosteiros na Idade Média); acedia pode ser explicada como um processo gradual
empobrecimento da energia mental. O reverso da acedia é "conversão",
que envolve uma recuperação da fé e um novo senso de poder mental e
estabilidade, seguindo certo processo de recuperação da energia mental e de
certos estímulos.
É aqui também que entram os fenômenos de fanatismo e proselitismo,
O fanatismo pode ser explicitado apontando a diferença entre um
uma discussão filosófica e religiosa. Em uma discussão filosófica lá
é a aceitação de uma possível derrota, o respeito pelo adversário e intelectual
honestidade. Em uma discussão religiosa, há uma falta de resignação científica,
desprezo pelo adversário e falta de honestidade intelectual, por exemplo, em
a forma de citações incorretas dos escritos do adversário. Proselitismo
o zelo é outra marca característica de toda religião real. Dependendo do
vezes, os convertidos podem ser amedrontados ou seduzidos a ela pelo
promessa de benefícios. Entre os argumentos na discussão religiosa, um proeminente
um é a ocorrência de milagres que Janet define como "eventos seguintes
algum ato religioso e ostentando o selo religioso oficial. "O mais elevado
grau de proselitismo é perseguição religiosa, que Janet explica como um
desejo de domínio, de unidade intelectual e de alívio da mentalidade
depressão.
O fenômeno da possessão demoníaca é considerado por Janet como sendo
o reverso da oração. Como em oração. é uma conduta dupla em que o
sujeito desempenha dois papéis, mas, enquanto na oração a segunda personalidade é
bom (um deus ou santo), em possessão é mau (um demônio ou demônio). Em oração,
o crente permanece mestre do drama interior - a fala da divindade
pode ser interrompido à vontade - enquanto em posse, a segunda função vai além
controle e o primeiro papel desaparece.
Em relação ao êxtase, que os místicos consideram a forma autêntica de
comunhão com o divino, Janet refere-se às suas observações sobre Madeleine.
Durante o êxtase, os movimentos são reduzidos ao mínimo, os desejos extáticos
ser deixado sozinho, seu tônus psicológico aumenta, e uma onda de calma, passiva,
uma alegria abençoada o invade. Ele se sente iluminado e tem um
convicção enfática de que tudo o que acontece em sua mente é verdade e
imensamente importante. De certa forma, lembra o sonambulismo, mas
difere disso porque a memória da experiência é preservada e o
seus efeitos costumam durar por toda a vida. É uma experiência que a religião valoriza
mas também desconfia, pois o extático tende a ter revelações privadas, à parte
do dogma da igreja.
A pergunta "Os deuses existem?" é abordado por Janet do ponto
de vista da análise psicológica da crença. Os deuses não são "coisas"
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nem "fatos", mas na terminologia de Janet, "seres", isto é, entidades religiosas.

Os fatos estão no nível de verificação experimental, mas as entidades religiosas estão
nos níveis assertivo e reflexivo. Crença em um fato da ciência e crença
em uma realidade religiosa, há dois assuntos totalmente diferentes. No primeiro caso, crença
vem passo a passo por meio de hipóteses e experimentação. Crença religiosa
vem de uma vez, e nenhuma quantidade de experiência pode desacreditá-lo. Também pode
vá de uma vez, e a perda de fé é muitas vezes acompanhada de nervosismo
colapso. As verdades científicas ou filosóficas nunca envolvem nossa lealdade como
crença religiosa, pela qual se pode morrer como se morre por seu país.
A influência da religião, diz Janet, foi incomensurável. Isto é
religião que criou a moralidade no sentido moderno. Comparado com o
comandos usuais do líder, comandos morais têm dignidade (categórica
qualidade), uma qualidade imperativa (ou seja, também devem ser obedecidas em segredo),
e a obediência a eles dá um sentimento de orgulho. A razão para isso dif-
A diferença, diz Janet, é que os deveres não são mandamentos do chefe ou
líder, mas dos deuses. Assim, a moralidade tem uma marca religiosa e é uma
conseqüência da religião. Por causa da moralidade religiosa, o homem se tornou um ego,
isto é, ele aprendeu a subordinar e organizar seus desejos. Logic, Janet
acrescenta, que é a moralidade intelectual, também traz a marca da religião
influência.
Os níveis racional-ergético e experimental introduziram influências
fazendo para a destruição da religião. De acordo com Janet, quatro importantes
tipos de conduta aparecem pela primeira vez no ergetic ou experimental
nível: trabalho, educação, filosofia e ciência. Todos são direta ou indiretamente
fruto da religião, mas todos tendem a exercer uma influência destrutiva sobre
religião. A religião é desafiada pela filosofia e, acima de tudo, pela ciência, então
que surge o problema quanto ao que acontecerá à humanidade se a religião
seja destruido. Por causa do enorme papel que a religião desempenhou e ainda
brinca na vida da humanidade, o problema é encontrar um substituto para a religião.
A religião nos últimos anos foi se fragmentando em seus momentos constituintes,
conforme explicitado nas três fases da oração: interrogatório (a busca de
deus), resposta do deus e satisfação com a resposta. O interroga-
momento histórico foi assumido pela filosofia, que, no entanto,
nunca será capaz de substituir a religião. O momento responsivo foi aproveitado
pelo espiritismo, movimento ao qual Janet dedicou muita atenção. 147
Espiritismo, sendo a tentativa de conversar por meio de “médiuns” com doenças
espíritos corpóreos, é um fenômeno muito antigo, mas o espiritismo moderno, que
desenvolvido por volta de 1850, é diferente de tudo o que existia antes porque é
analítico e realizado em um ambiente de curiosidade científica. portanto
spiri ~ sm involuntariamente forneceu contribuições valiosas para a psicologia científica
(como o trabalho de Flournoy), mas para a maioria de seus adeptos, o espiritismo
tornou-se uma espécie de metafísica popular, um substituto barato e insatisfatório
para a religião. Quanto ao "momento de satisfação" na religião, foi aproveitado
por Romantismo, um termo que Janet usa aqui em um sentido amplo como
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a religião do sentimento. Sua proposição fundamental é que onde quer que você
encontrar alegria, força e satisfação, aí você tem a evidência imediata
do Divino. O exemplo clássico seria The Varieties, de William James
de experiência religiosa. No entanto, como Boutroux observou em sua introdução
à edição francesa dessa obra ", não há evidências de que o entusiasmo
e a alegria sempre acompanha a verdade. "
Procurando por substitutos mais satisfatórios para a religião, Janet pensou em
dois deles, um que ele pensava estar "destinado a fazer talvez mais do que todos
outros para colocar a religião fora de moda "foi a psicoterapia científica, que visa
tratar cientificamente aqueles estados de espírito para os quais a religião é a soberana
mas remédio popular imperfeito. Um segundo substituto seria a adoração
de progresso. Janet não entende esta palavra no sentido de material ou
progresso mecânico e parece pensar ainda mais do que intelectual e
progresso social. Sua máxima central é a de Guyau, um filósofo que ele muito
admirado: "Ter confiança em nós mesmos e no mundo."
Este é um resumo extremamente esquemático do relato do reverendo Horton
das palestras de Janet de 1921-1922. O livro que Janet planejou escrever
sobre a psicologia da religião nunca se materializou. Uma razão para isso pode
seja que, durante o resto de sua vida, seus pensamentos sobre religião se desenvolveram
ao longo de linhas um tanto novas. Uma inferência pode ser tirada de um artigo
publicado por Janet em 1937. 148 Nesse ínterim, o livro de Bergson, Os Dois
Fontes de Moral e Religião foram publicadas, bem como outros estudos
no misticismo. Janet agora não parecia mais considerar o misticismo como sendo um
tipo de crença meramente assertiva. Ele agora tendia a considerar os místicos como um
grupo de pensadores progressistas que tentaram ir além dos tipos de crença de que
a ciência e a lógica de seu tempo oferecidas a eles. Místicos abriram
abrir novos caminhos para a humanidade: "Muitas noções que são atuais hoje têm
começou nas obras dos místicos como meras aspirações a um mais
conhecimento perfeito. "Eles foram os primeiros a considerar a verdade como" uma virtude adquirida
pelas práticas ascéticas e merecidas pela conduta moral. "
místicos também inauguraram um novo tipo de lógica que considerava humana
sentimentos, especialmente o de amor, como tendo um valor demonstrativo. No
mesma conexão, Janet aponta como o conceito de individualidade é pene-
tratando até mesmo a física, o conceito de valor na sociedade e como a história
o século XIX foi permeado pelos dois princípios da "história
verdade "e de" progresso ", ou seja, dois conceitos absolutamente estranhos
às ciências positivas. É como se a história assumisse que o passado da humanidade é um
espaço permanente que algum dia deverá ser acessível ao investimento direto do homem
gação. Mais uma vez, Janet conclui com seu pensamento prometeico favorito
que a evolução da humanidade não terminou e eventualmente levará

um curso inimaginável.
Fontes de Janet
A primeira e mais imediata fonte de qualquer pensador criativo é a sua própria
Página 71
personalidade. Embora Janet cuidadosamente evitasse falar de si mesmo, ele fez

dê algumas dicas que lançam alguma luz sobre certos aspectos de seu trabalho. Dentro
Automatismo psicológico, Janet menciona aliás que ele pertence a
o tipo de motor.
Quando estou acordado, só consigo pensar falando em voz alta, ou escrevendo, e meu
o pensamento é sempre um gesto meio interrompido. À noite, ao contrário, eu mantenho, como eu
freqüentemente notaram. a mais absoluta imobilidade. Eu sou apenas um espectador e
não é mais um ator; imagens e sons formando tableaux e cenas passam antes
mim. Eu me vejo agindo. ou me ouvir falando, embora raramente, -e eu sempre
manter. ao mesmo tempo, uma vaga sensação de minha imobilidade e impotência.
Precisamente por causa dessa grande diferença entre meus sonhos e meu pensamento em
no estado de vigília, acho difícil lembrar dos meus sonhos. 149
Em outra parte do mesmo livro, Janet faz uma curiosa digressão sobre o
fenômeno de se apaixonar, que ele considera uma espécie de doença
isso não ocorreria em uma pessoa perfeitamente saudável ou equilibrada. 150 nestes
dois lugares, Janet dá uma pista que poderia explicar a direção geral de seu
pensando. Ele obviamente pertence ao tipo ativo e não emocional de indi-
vidual. Todos aqueles que o conheceram enfatizaram sua atividade prodigiosa, também
como sua equanimidade. Não é surpreendente que Janet foi levada a elaborar um
teoria psicológica centrada na noção de atividade e na qual
emoções eram consideradas um distúrbio de ação um tanto problemático,
ou, na melhor das hipóteses, regulamentos de ação. Não é à toa que Jean Delay chamou Janet de "a
psicólogo de eficiência. "
Duas outras características da personalidade de Janet também são dignas de nota. O primeiro é
o episódio de depressão que ele passou aos quinze anos, e o
tendência à psicastenia, que não era muito visível em seus anos de maturidade
mas veio à tona mais tarde em sua vida. Pode-se supor que suas excelentes análises
de psychasthenia eram, em certa medida, derivados da auto-observação. o
a segunda característica é a crise religiosa que ele passou aos dezessete anos e
o que sem dúvida foi também um acontecimento decisivo em sua vida. É duvidoso que ele
teria seguido tão atentamente o caso de Madeleine durante vinte e cinco
anos, não fosse por sua preocupação contínua com a fé perdida
de sua juventude.
Na família de Janet, seu tio Paul estava entre as principais fontes de
pensamento. Paul Janet foi um representante da escola espiritualista em phi-
losofia, uma escola cujo credo pode ser resumido em três pontos: crença
na liberdade humana com base no testemunho direto da consciência - uma moralidade
com base no princípio do bem absoluto e na crença no dever absoluto, que
relaciona a liberdade humana com o bem absoluto, como um meio para o seu fim. Paul Janet
expôs sua filosofia em muitos livros cujo principal mérito, de acordo
para Fouillee, foi o grande número de questões secundárias, exemplos e

argumentos tratados por ele e não podem ser encontrados em outro lugar. 51 Embora Pierre
Página 72
Janet, sob a influência do espírito positivista vigente na época,

distanciou-se da visão espiritualista professada por seu tio, e
mudou de psicologia filosófica para científica, a influência duradoura de
O pensamento de Paul Janet pode ser reconhecido no trabalho de seu sobrinho. O que paul
Janet exposta em detalhes sob o nome de "moral" foi incorporada por
Pierre Janet em sua hierarquia de tendências sob o nome de "racional-
condutas ergéticas, "experimentais" e "progressivas". Uma abordagem mais pessoal
A influência sobre Janet foi a de JM Guyau, o autor de The Irreligion of
o Futuro, que influenciou muito jovens intelectuais franceses de
Geração de Janet. I 52 Guyau é weltanschauung era a de uma profunda
homem religioso afiliado a nenhuma religião estabelecida e que não poderia
adotar um credo religioso nem ateísmo.
Não se sabe quais filósofos foram o objeto particular de Janet
estudou na École Normale Supérieure e durante seus anos de ensino.
Ele parece ter um conhecimento bastante bom da história da filosofia
in generaJ.l 5 3 Entre os filósofos que ele mais citou estavam Francisco
Bacon (o tema de sua tese em latim), Malebranche, Condillac, a escola
dos Ideologistas, e particularmente Maine de Biran. O último é um
direta e uma fonte indireta da psicologia de Janet. No décimo oitavo
século, uma teoria prevalente era que a sensação era a substância primária
a partir do qual toda a vida da mente se desenvolveu. Por volta de 1750, filósofos
interessou-se por ocorrências de pessoas cegas que se tornaram capazes de ver
após operações cirúrgicas. Eles começaram a especular sobre o papel da visão
e de cada um dos outros tipos de percepção sensorial na vida mental. Lá-
após, Condillac ( 1715-1 780) publicou seu outrora famoso Traite des
Sensations (1754), em que imaginou o mito de uma estátua cuja
constituição física seria a de um ser humano, mas que seria
desprovido de vida psíquica e, então, seria dotado de um sentido após o
de outros. Condillac especulou sobre como a estátua ficaria animada,
passando de sensações para imagens, idéias, pensamentos, julgamentos e o
elaboração da ciência. Maine de Biran (1766-1824) elaborou um novo
construção teórica da mente humana em que o fato básico é
esforço. 154 A consciência é a apercepção do esforço. Descartes '
O princípio "Penso, logo existo" é substituído por "Existo, logo existo".
O esforço voluntário cria consciência e eleva a mente das sensações
à percepção e às operações superiores da mente, e fornece as noções
de força, causalidade, unidade, identidade e liberdade. Abaixo daquele propriamente humano
vida de esforço consciente, há uma vida animal que é o reino do hábito,
emoções elementares e instintos, uma vida que continua abaixo da consciência
e se manifesta no sono e sonambulismo. Mais tarde em sua vida, Maine de
Biran chegou a afirmar que acima da vida propriamente humana de esforço voluntário
houve uma terceira vida espiritual e religiosa.
A influência de Maine de Biran na psicologia de Janet foi de visão direta
que ele havia lido suas obras - e indiretas, por conta da grande influência
Página 73
exercido por Maine de Biran sobre os alienistes franceses do meio de

o século XIX. Henri Delacroix mostrou bem como o teórico
conceitos de Baillarger e Moreau de Tours derivados do Maine de Biran
ensino. 155 Em sua teoria das alucinações, Baillarger afirmou que
alucinações e delírios ocorrem quando a memória e a imaginação emanam
separam-se da personalidade consciente. A mesma ideia é mais
expressa sistematicamente na teoria da desagregação de Moreau de Tours
(o que hoje seria chamado de regressão). "Alucinação e ilusão
ocorrem através de um enfraquecimento gradual do livre arbítrio, do poder através do qual
ligamos e coordenamos nossas ideias. "Por esse motivo, Moreau de Tours
considerou o sonho como a chave para o conhecimento da doença mental. Janet
constantemente referia-se ao que chamou de "lei básica de Moreau de Tours
vida psíquica. "
Entre os psicólogos, o mestre de Janet foi, sem dúvida, Theodule Ribot,
por quem tinha o mais profundo respeito e afeição pessoal. Enquanto que
psicologia experimental na época desenvolvida na Alemanha sob o
influência de Wundt como a ciência da medição da psicologia
fatores, a escola francesa com Taine e Ribot preferiu a psicologia
abordagem patológica. Ribot pegou emprestado de Claude Bernard a ideia
que a doença é uma experiência instituída pela natureza. Ele aplicou essa ideia no
campo da psicologia. A fim de estudar as funções normais da memória, irá,
e personalidade, Ribot investigou as doenças dessas funções, e
dedicou uma monografia a cada um. Porém, por não ser médico, Ribot
teve que confiar nas descrições dadas por um psiquiatra, enquanto Janet tomou
seu diploma de médico para realizar estudos clínicos diretos. Ribot também
introduzido na França o princípio de evolução e dissolução de Jackson e de
os sintomas positivos e negativos em doenças nervosas. Ribot aplicou isso
princípio à psicopatologia da memória (que na amnésia senil, o
memórias mais recentes desaparecem antes que as anteriores, foi chamado
"Lei de Ribot"), e a vontade (em doenças da vontade, disse Ribot, voluntária
atividades desaparecem antes das automáticas, e esta é a origem do
teoria da psicastenia).
Do ponto de vista clínico, Janet é geralmente considerada uma discípula
de Charcot. Muitas vezes é esquecido que, antes de vir para a Salpetriere
em 1899, Janet já tinha seis ou sete anos de experiência em trabalho clínico
com neuroses e doenças mentais em Le Havre com o Doutor Gibert e
Doutor Powilewicz, de modo que ele veio para a Salpetriere, não como um estudante,
mas sim como um colaborador experiente. Ele aprendeu a lidar com psicóticos,
principalmente nas enfermarias do doutor Seglas e do doutor Falret na Salpetriere.
Outra fonte fundamental do trabalho de Janet foi a primeira dinâmica
psiquiatria. Lembramos que enquanto em Le Havre ele descobriu o trabalho do Doutor
Perrier e o pequeno grupo de magnetizadores em Caen, e que ele posteriormente
explorou o mundo inteiro do conhecimento esquecido investigado pelos homens
como Puysegur, Deleuze, Bertrand, Noizet, Teste, Gauthier, Charpignon,
Página 74
os dois Despines, Du Potet, e uma longa série de pioneiros cujos méritos

e descobertas que Janet nunca deixou de mencionar.
As teorias de energia psicológica de Janet têm muito em comum com
ideias expressas por George Beard e S. Weir Mitchell, e
particularmente por William James. Artigo de William James, The Energies of Man
trata os problemas de nosso orçamento de energia, da taxa de energização e de
as várias formas de mobilizar energia. 15 6 William James menciona esforço,
oração e conversão religiosa entre fatores dinamogênicos. Janet's
a noção favorita de tensão psicológica é prenunciada aqui.
As teorias posteriores de Janet sobre a hierarquia de tendências, sua ampliada
behaviorismo, também foram, sem dúvida, amplamente inspirados na obra de Josias
Royce e James Mark Baldwin. Josiah Royce afirmou que "o
distinção entre o Eu e o não-Eu tinha uma predominância social
origem. " Nossa autoconsciência empírica, acrescentou ele, depende de um
série de efeitos de contraste, cuja origem psicológica reside na vida social.
O Self da criança cresce e se forma por meio da imitação. "Na origem,
então, o Ego empírico é secundário em relação às nossas experiências sociais. Literalmente
vida social, o Ego é sempre conhecido como em contraste com o Alter. "A criança,
Royce diz, idealiza (isto é, internaliza) suas relações sociais, então
que o contraste entre Ego e Alter "pode ser refinado no consciente
contraste entre eu presente e passado, entre meu eu superior e inferior,
ou entre minha consciência e meus impulsos. Minha vida reflexiva, pois
ocorre empiricamente em mim de momento a momento, é uma espécie de abstrato e
epítome de toda a minha vida social. " 157 Royce também desenhou o psicopatológico
implicações dessas teorias. 158 O eu social tem suas doenças, pode ser
deprimido, exaltado ou iludido. Delírios de suspeita, perseguição e
grandeza são variações patológicas do aspecto social da autoconsciência
ness, o que em estados normais significaria ser uma pessoa ciente de
posição social, dignidade, lugar no mundo e caráter.
As teorias de JM Baldwin são semelhantes às de Royce, mas com mais
acento no aspecto genético desse desenvolvimento. Baldwin distingue
três estágios na gênese do Ego e do Outro. 15 9 Primeiro, há um
estágio projetivo em que o bebê "projeta", em outras palavras, sentidos, outros
personalidades antes de ter um sentido próprio. Depois do sétimo mês
vem o estágio subjetivo em que a imitação permite que a criança "passe
da minha experiência do que você é para uma interpretação do que eu sou. "
Em seguida, vem a fase "ejetiva", na qual a criança inverte o processo;
isso significa ir "do sentido mais pleno do que sou, de volta a um sentido mais completo
conhecimento do que você é. "Isso também significa que o Ego e o
Alter nascem juntos. "Meu senso de mim mesmo cresce pela imitação de você,
e meu senso de você cresce em termos de meu senso de mim mesmo. Ambos Ego e
Alter são, portanto, essencialmente sociais; cada um é um Socius e cada um é um imitativo
criação."
Janet nunca escondeu o fato de que muitas das ideias que desenvolveu
Página 75
extensivamente em sua grande síntese foram inspirados por Royce e Baldwin. Até
o termo "socius", de que tanto gostava, foi substituído por Baldwin.
A influência da psicologia alemã no trabalho de Janet não é fácil de
verificar. Embora Janet não tenha lido psicólogos alemães diretamente no
texto, ele sabia deles através de Ribot e outras fontes. A influência
da psicologia de Herbart é particularmente questionável. Um dos de Janet
conceitos favoritos. "'a estreiteza do campo da consciência", parece
eram desconhecidos dos psicólogos franceses antes dele, mas podem ser definitivamente
rastreada até Herbart. Na teoria de Herbart, repressão e estreiteza de
campo de consciência eram dois aspectos do mesmo fenômeno. Desde o
campo de consciência é muito estreito, um número limitado de representações
pode vir à tona simultaneamente, daí uma luta entre os mais fortes
e as representações mais fracas e a repressão dos mais fracos pelo
mais forte. 1 60
Torna- se impossível rastrear as fontes de Janet entre seus contemporâneos.
Como já mencionado em relação a Bergson, Durkheim e Binet, é
mais uma questão de influências recíprocas, que muitas vezes surgiam por meio de
conversa e contato pessoal, em vez de por escrito.
Outro problema é apresentado pelas semelhanças que podem ser encontradas em
As teorias de Janet em comparação com as teorias de algumas de suas con estrangeiras
temporários. W. Drabovitch apontou a "convergência de doutrinas"
entre Janet e Pavlov. 161 Ambos proclamaram a importância da força
ou energia na atividade psíquica, embora Pavlov expressasse em fisiológicas
termos e Janet. em termos psicológicos. De acordo com Drabovitch, Janet's
conceitos de tensão psicológica. da "drenagem", da sugestão, da
a hipnose é paralela aos conceitos de Pavlov. Pavlov comentou ocasionalmente
nas teorias de Janet. 162
Semelhanças entre as teorias de Janet e McDougall foram
apontado por Kerris. 163 Ambos descrevem o processo de desenvolvimento
e construção da personalidade a partir das tendências. McDougall,
no entanto, não fornece uma imagem ou escala tão elaborada da hierarquia
de tendências. Ele mostra mais a rivalidade e luta entre as tendências
e enfatiza o processo integrativo do sistema nervoso. No outro
Por outro lado, Janet se mantém mais próxima da experiência clínica.
Analogias entre as teorias posteriores de Janet e os ensinamentos de George
Herbert Mead é particularmente notável. O sistema de Mead também é um sistema social
o behaviorismo, que toma como ponto de partida o social do indivíduo
atividade e a cooperação de vários indivíduos em torno de um
objeto. 164 Consciência, segundo Mead, é uma interiorização do
ação dos outros, e o raciocínio é a interiorização simbólica da dis-
discussão entre vários indivíduos. 165 Mead também considera a emoção como
a resposta do organismo humano às nossas próprias atitudes. Ele vê
percepção como um estágio intermediário que evolui de impulsão para manipulação
(a conduta "perceptiva suspensiva" de Janet). Mead se distingue em
Página 76
a personalidade consciente o /, o eu e o eu, que correspondem

bastante bem para o indivíduo, personalidade e moi de Janet . O eu, o mesmo que
O "personagem" de Janet é uma coleção de papéis internalizados. Outras semelhanças
poderia ser citado e inevitavelmente levantar a questão: Mead
influenciou Janet ou Janet influenciou Mead? O problema é processado por par-
particularmente difícil pelo fato de os trabalhos de Mead terem sido publicados
postumamente em 1934 e depois, embora em sua vida eles tenham aparecido
fragmentariamente em artigos espalhados em periódicos não facilmente acessíveis em
Europa. Por outro lado, a primeira publicação importante de Janet de seu posterior
sistema apareceu em 1926 em seu livro From Anguish to Ecstasy, embora
ele também já havia ensinado essas teorias por quinze anos em suas palestras na
o College de France. Não há evidências de que Janet e Mead tenham sido
pessoalmente conhecido. Uma possível explicação pode ser que cada um
desenvolveram separadamente os mesmos conceitos que encontraram nas obras
de Josiah Royce e James Mark Baldwin.
A Influência de Janet
Janet está no limiar de toda a psiquiatria dinâmica moderna. Dele
idéias tornaram-se tão amplamente conhecidas que sua verdadeira origem é muitas vezes
reconhecidos e atribuídos a outros. Poucas pessoas percebem, por exemplo,
que a palavra "subconsciente" foi cunhada por Janet.
A concepção de esquizofrenia de Bleuler como consistindo em sintomas primários
com uma diminuição da tensão da associação e sintomas secundários
derivados dos primários \\ como, em grande medida, uma transposição de
O conceito de psicastenia de Janet com sua redução da tensão psicológica.
O próprio Bleuler disse que a palavra "autismo" designa essencialmente de
o ângulo positivo que Janet chamou de "perda do sentido do real"
do ângulo negativo_l6 6
C. G. Jung referiu-se repetidamente a Janet (em cujas palestras ele participou -
atendeu em Paris durante o semestre de inverno 1902-1903). A influência de
Automatismo psicológico pode ser visto a partir da maneira de Jung de considerar o
mente humana como compreendendo uma série de subpersonalidades (Janet
"existências psicológicas simultâneas"). O que Jung chamou de "complexo"
era originalmente nada mais que o equivalente do "subconsciente fixo de Janet
idéia."
O trabalho de Janet também exerceu uma grande influência na mente individual de Adler.
chology. Adler reconheceu que seu trabalho sobre o sentimento de inferioridade
representou um desenvolvimento da observação de Janet sobre o sentiment d'incom-
pletude.167
A influência de Janet sobre Freud é um problema polêmico que irá
ser tratada em um capítulo posterior. Devemos agora nos contentar em dar alguns
vislumbres disso. Em seu relatório preliminar (1893) e em seus Estudos sobre
Hysteria (1895), Breuer e Freud referiram-se à obra de Janet. Janet's
histórias de caso de Lucie (1886). e Marie (1889), Marcelle (1891),
Sra. 0 (1892), Achilles (1893), e vários outros mais curtos publicados
Página 77

entre 1886 e 1893 continha exemplos de pacientes histéricos sendo

curado trazendo ideias fixas subconscientes de volta à consciência e por
trabalhando-os. A estreita afinidade do conceito de trans-
relação com o conceito de influência sonâmbula de Janet e necessidade de
direção foi observada por Jones em um de seus primeiros escritos. 168
Na Formulação do Duplo Princípio da Vida Psíquica, Freud, ao definir
seu princípio de realidade, refere-se à função de Janet do real. Janet's
função de síntese, que ele posteriormente ampliou em sua psicologia da
tendências e em sua teoria da construção da personalidade, antecipou
a mudança da psicanálise de Freud de uma psicologia do inconsciente para
uma psicologia do ego.
A influência de Janet também foi considerável na psiquiatria francesa e
seus três principais líderes contemporâneos, Henri Baruk, Henri Ey e Jean
Demora. No centenário de Janet, Henri Baruk saudou-o como o homem que
deu base clínica ao desenvolvimento da psicofisiologia moderna
e proclamou que no futuro o trabalho de Janet levaria ao desenvolvimento
de novas descobertas em neurofisiologia.16 9 Psicologia organodinâmica de Henry Ey
chologia e sua teoria da estrutura dos estados de consciência são para um
desenvolvimentos em grande medida do pensamento de Janet. 170 Jean Delay acredita que
descobertas modernas em neurofisiologia dão suporte ao conceito de Janet de
tensão psicológica. As funções de vigilância, bem como as de Janet
presentificação tem um substrato em certas partes do diencéfalo.
A psicofarmacologia, acrescenta Delay, trouxe a confirmação de alguns
Idéias de Janet, e por isso Delay classificou os psicotrópicos
como "psicoléptico", "psicanaléptico" e "psicodisleptico", uma classificação
baseado em conceitos J anetian. 1 71
Pierre Janet é um exemplo notável da forma como a fama e
esquecimento são desigualmente distribuídos entre os cientistas. Por volta de 1900 dele
contemporâneos tiveram a impressão de que ele logo seria o fundador de um
grande escola. Porém, apesar do constante desenvolvimento de sua obra,
é como se ele lentamente se afastasse da corrente geral. Muitos psiquia-
tristas e psicólogos, bem como o público culto, ainda o viam como único
o autor de Psychological Automatism e o clínico que deu
descrições precisas de neurose obsessiva. Comparativamente poucos pareciam
note que ele estava criando uma síntese de imenso escopo e dimensões.
É tentador, neste ponto, especular sobre as razões pelas quais Janet
foi favorecido por Lesmosyne, a deusa do esquecimento, ao invés de Mne-
mosyne, a deusa da memória. As explicações podem ser encontradas no livro de Janet
inimigos, na própria Janet e nas flutuações do espírito da época.
No decorrer de sua carreira, Janet se encontrou pelo menos três vezes com fortes
resistências ou inimizades implacáveis. A primeira vez foi seguindo Charcot
morte; já falamos em outro lugar da forte reação que então surgiu
contra os ensinamentos de Charcot sobre histeria e hipnotismo. Embora Janet tivesse
cuidadosamente se absteve de seguir as especulações imprudentes sobre o metal
Página 78
terapia e transferência, no entanto, ele se identificou com a doença de Charcot
ensinamentos simplesmente porque no Salpetriere ele foi o único que per-

ajudava a utilizar a hipnose e a acreditar que a histeria era mais do que um
falso. A reação contra Charcot foi tão longe a ponto de promover um órgão rígido
espírito antipsicológico entre os neurologistas franceses. Homens como
Babinski e Dejerine foram abertamente hostis a Janet e finalmente
conseguiu verificar sua influência no Salpetriere. Janet não era menos
atacado pela Escola Nancy contra a qual manteve a distinção
entre hipnotismo e sugestão. Uma segunda onda de ataques contra Janet,
desencadeada por uma série de teólogos católicos e leigos, seguiu o
publicação de sua obra From Anguish to Ecstasy. No entanto, o mais feroz
ataques vieram dos psicanalistas. Embora Freud tivesse sumariamente
reconheceu a pesquisa anterior de Janet em 1893 e 1895, ele se tornou
cada vez mais crítico dele. O relatório de Janet sobre psicanálise no London
Congresso em 1913, no qual reivindicou prioridade para a descoberta de sub
idéias fixas conscientes e terapia catártica, foi o sinal para violentos
ataques contra Janet por alguns psicanalistas. Ernest Jones publicamente e
expressamente acusou-o de desonestidade, afirmando que as descobertas de Freud deviam
nada para Janet. 1 72 Em 1945, a psicanalista francesa Madeleine Cave,
em desafio à cronologia, acusou Janet de plágio apressado sobre o
publicação do artigo de Breuer e Freud de 1893. 173 Janet, disse ela,
publicou em 1889 o caso de Marie sem entender como e por quê
o paciente havia sido curado, mas isso, após a publicação de Breuer e
O artigo de Freud de 1893, ele entendeu e se apressou em aplicar este
terapia e publicar outros casos, referindo-se a Breuer e Freud como sendo
seus imitadores. O homem de 86 anos talvez não tivesse conhecimento deste
ataque e não respondeu a ele, mas certamente contribuiu para a manutenção
de uma atitude hostil em relação a ele entre os psicanalíticos mais jovens
geração.
Outras razões para a falta de fama de Janet podem ser encontradas em sua personalidade.
Ele sempre manteve uma independência implacável; ele realmente não
mestre, nem mesmo Charcot ou Ribot. Ele nunca pertenceu a um grupo ou
equipe. Ele não tinha discípulos nem escola; qualquer tipo de proselitismo era absoluto
totalmente estranho para ele. Para ter alunos, Janet precisava de um posto na
a Sorbonne, onde ele teria ensinado psicologia, ou um pupilo próprio
no Salpetriere, o que o teria permitido dar aulas clínicas
para estudantes de medicina. No entanto, ele não tinha nada disso, e seu ensino
atividade era restrita ao College de France, um local de ensino superior
independente de qualquer universidade e, portanto, frequentada principalmente por especialistas,
visitantes estrangeiros, e o público instruído, em vez de estudantes. Um pequeno
vários de seus auditores ficaram entusiasmados com o ensino de Janet e tentaram
propagá-lo. Entre eles estava o reverendo Horton, que publicou um
versão condensada das palestras de Janet sobre psicologia da religião, Dr.
Benjamin Subercaseaux do Chile 174 , que expôs a teoria de Janet do
Página 79
hierarquia de tendências em espanhol, e Dr. Leonhard Schwartz da Basiléia,

cujo livro postumamente publicado sobre a psicologia de Janet, infelizmente
permaneceu inacabado. 11s
A terceira razão pela qual a fama de Janet não se desenvolveu como se poderia
que esperava pode ser procurado no Zeitgeist. As palestras de Janet sobre psicologia
terapia foi dada em 1909, e em 1910 ele estava começando com a psicologia
de tendências. Mas levou vários anos para escrever os Medicamentos
Psychologiques, cuja publicação teve que ser adiada por conta
da guerra. Quando apareceu em 1919, o público teve a impressão de que
Os conceitos de Janet não mudaram por dez anos, e poucos perceberam que com isso
vez que seus interesses tomaram uma nova direção. Por outro lado, o pós-guerra
período foi de convulsão geral e iconoclastia, no campo das idéias
bem como na política e nos costumes, e à medida que mais tempo passava o
maior se tornou a lacuna entre Janet e as preocupações do
jovens psiquiatras.
Pareceria quase como se algum destino misterioso tivesse decretado o apagamento
da memória de Janet. Quando ele morreu em 24 de fevereiro de 1947, nenhum jornal
estavam aparecendo em Paris como resultado de uma greve de impressoras; sua morte permaneceu,
portanto, quase despercebido. Quando os jornais voltaram a aparecer em março
18, foi mencionado em duas linhas em meio a um grande acúmulo de informações de
todos os tipos.176 Os cinemas anunciaram sua morte, mas desde que não
filmes já haviam sido tirados dele, eles tinham que se contentar em projetar
A foto de Janet na tela. O único registro conhecido de sua voz parece
ter desaparecido. Em 1956, o centenário de Freud foi comemorado na
Salpêtrière e um memorial foi erguido para ele em memória de sua
visita à clínica de Charcot em 1885-1886. Mas ninguém pensou em erguer no
Salpetriere um memorial a Janet em seu centenário em 1959, embora tenha sido
lá que ele fez seus célebres estudos de Madame D, Marcelle,
Justine, Aquiles, Irene, a famosa Madel <= ine e tantos outros. Dentro
1960, quando foi publicado um volume para a celebração da fundação
do College Sainte Barbe, uma lista dos ilustres que estudaram
não continha o nome de Janet. Pior ainda, as obras de Janet nunca foram
reimpresso; eles estão se tornando cada vez mais escassos ou inalcançáveis. 177
Assim, o trabalho de Janet pode ser comparado a uma vasta cidade enterrada sob
cinzas, como Pompéia. O destino de qualquer cidade enterrada é incerto. Ele pode permanecer
enterrado para sempre. Pode permanecer escondido enquanto é saqueado por
saqueadores. Mas também pode ser desenterrado algum dia e trazido
de volta à vida.
E assim, enquanto o véu de Lesmosyne estava caindo sobre Janet, o véu de
Mnemosyne foi erguido para iluminar seu grande rival, Sigmund Freud.
27/01/2021 Sigmund Freud e a psicanálise
Página 1
Sigmund Freud e a psicanálise
COM SIGMUND FREUD, um novo recurso é visto na história da

psiquiatria dinâmica. Considerando que homens como Pierre Janet se mantiveram intimamente ligados
os limites das organizações científicas tradicionais, da universidade, do
sociedades eruditas estabelecidas, escrito em jornais abertos a qualquer psicologia
ou ponto de vista médico, e nunca tentou fundar uma escola, Freud abertamente
rompeu com a medicina oficial. Com Freud começa a era da dinâmica mais recente
escolas, com sua doutrina oficial, sua organização rígida, sua
periódicos, sua adesão fechada e a iniciação prolongada imposta
sobre seus membros. A fundação deste novo tipo de psiquiatria dinâmica
estava ligada a uma revolução cultural comparável em escopo àquela
Eu, facilitado por Darwin.
O quadro de vida de Sigmund Freud
Sigmund Freud nasceu em Freiberg, Morávia, em 1856 e morreu em

Londres em 1939. Exceto por seus primeiros quatro anos e o último, ele passou
toda a sua vida em Viena.
Em 1856, o Império Austríaco ainda sentia o choque da revolução
de 1848, que havia sido suprimido pelo exército, e os vinte e seis anos
o velho imperador Francisco-José I estava tentando conter os militares e
implementar seu poder pessoal. A Guerra da Criméia deixou a Áustria
potência dominante na Europa Central. Em 1857, o jovem imperador decidiu
para fazer de Viena a capital moderna de um grande império. As antigas muralhas da cidade
foram demolidos para deixar espaço para o "Anel", uma grande avenida en-
circundando a cidade, em ambos os lados dos quais esplêndidos palácios e edifícios
deviam ser erguidos nas décadas seguintes. Durante esses anos de fundação,
o Império desfrutou de um desenvolvimento industrial e econômico sem precedentes -
mento, embora também tenha sofrido transtornos políticos. Em 1859, a Áustria era
derrotado na Itália pelos piemonteses e franceses, e perdeu a Lombardia.
Em 1866. A Áustria, em guerra com Pru.> Sia, sofreu uma rápida e esmagadora
derrota em Sadowa e Venetia perdida. O Império Austríaco teve que abandonar
418
Página 2
Sigmund Freud e a psicanálise 419
suas ambições em relação à Alemanha e Itália e começar a olhar para o

Península Balcânica para a expansão política e econômica, onde conheceu o
crescente rivalidade da Rússia. Em 186 7, o Império Austríaco se tornou o austríaco
Monarquia dupla húngara. Em 1875, as províncias vizinhas da Bósnia
e Herzegovina rebelou-se contra os turcos, o que gerou uma Rússia
Guerra sian-turca (1877-1878). Este conflito foi resolvido pelo Congresso
de Berlim, que colocou essas duas províncias sob a proteção e ad-
ministério da Áustria-Hungria. Em 1890, os subúrbios de Viena eram
incorporada à capital, que agora tinha mais de um milhão de in-
habitantes e tornou-se uma das cidades mais bonitas do mundo.
O assassinato do rei Alexandre da Sérvia e sua esposa em 1903
inaugurou um período de hostilidade aberta por parte da Sérvia contra
Áustria-Hungria. Em 1908 veio a revolução dos Jovens Turcos, e
A Bósnia e Herzegovina foi anexada pela Áustria-Hungria. Étnico
conflitos e problemas de línguas administrativas oficiais tornaram-se
cada vez mais complexo dentro da Monarquia Dual. A opinião pública estava contra
referia-se às Guerras dos Balcãs, que ocorreram durante 1912 e 1913.
Em junho de 1914, o assassinato em Sarajevo, do arquiduque Francisco
Fernando, herdeiro do trono, e sua esposa desencadearam a Primeira Guerra Mundial, e
posteriormente, a derrota e o colapso da Áustria-Hungria, em novembro
ber 1918. A pequena República Austríaca que emergiu de suas ruínas foi
abalada por convulsões sociais e políticas. Em 1926, a economia e
situação política melhorou temporariamente na Áustria, mas logo depois
vieram os motins de 1927, a insurreição socialista, o assassinato de
Chanceler Dollfuss e, finalmente, a ocupação nazista de Viena em fevereiro
ary 1938. Freud foi salvo pela intervenção de amigos influentes.
Ele partiu para a Inglaterra e morreu em Londres em 23 de setembro de 1939, no
aos oitenta e três anos, três semanas após o início da Segunda Guerra Mundial.
A vida de Sigmund Freud é um exemplo de ascensão social gradual de
da classe média baixa à alta burguesia. Depois dos anos difíceis
do Privat Dozent, ele se tornou um dos médicos mais conhecidos em
Viena, com o invejado título de Professor Extraordinário. Os pacientes em
quem ele fez seus estudos neurológicos pertenciam aos estratos inferiores de
a população, mas sua prática privada, na qual baseou sua psicologia
análise, foi composta por pacientes de círculos sociais mais elevados. No dele
no início dos anos cinquenta, ele se viu o chefe de um movimento cuja influência
gradualmente se espalhou pela vida cultural do mundo civilizado, de modo que em
no final dos anos sessenta, ele alcançou fama mundial. Quando ele morreu exilado em
Inglaterra, ele foi celebrado como um símbolo da luta pela liberdade
contra a opressão fascista.
Histórico familiar
Muito da história familiar de Sigmund Freud ainda é desconhecida ou
pouco claro. O pouco que sabemos deve ser entendido dentro do quadro mais amplo de
referência das condições dos judeus na Áustria-Hungria nos nove-
Página 3
século X. Antes da Emancipação, os judeus da Áustria e da Hungria

pertencia a vários grupos que viviam sob condições políticas, sociais e
Condições económicas.
Em Viena existiam as chamadas famílias toleradas. 3 Embora os judeus
tinha sido banido de Viena em 1421, e novamente em 1670, no segundo
metade do século XVIII, uma "terceira comunidade" foi reconstituída em torno
várias famílias ricas e influentes. Em Vonniirz (o período de 1790
a 1848) seu número aumentou e, apesar de regulamentos restritivos,
alcançou um grande papel na vida econômica, e controlou, notadamente, o setor têxtil
e comércio de grãos.
Outro grupo judeu em Viena, o chamado turco-israelita com
comunidade, consistia de judeus sefarditas que tinham vindo de Constantinopla
e Salônica, que por muito tempo desfrutou da proteção do Sultão. 4
Eles falavam um dialeto judaico-espanhol e pronunciavam o hebraico de uma forma diferente
maneira dos judeus de língua alemã. Supostamente, eles eram invejados por
os outros judeus, e corria o boato de que alguns destes tentaram se juntar ao
Comunidade judaica espanhola, mas foram rejeitados com desdém.
Havia também os judeus do gueto de certas cidades. O modo de vida
dos judeus de Pressburg foi bem descrito por Sigmund Mayer, um rico
comerciante que nasceu e foi educado lá. 5 Pressburg, uma cidade de 40.000
habitantes naquela época, tinha 5.000 judeus, todos eles vivendo em um longo, nar-
rua em fila fechada em cada extremidade por um portão trancado pela polícia a cada
tarde. Um lado dessa rua pertencia à cidade, o outro à propriedade
do conde Palffy, um magnata húngaro, e os inquilinos do último lado
sofreram restrições menos despóticas. No entanto, ninguém em nenhum dos lados parou
direito de comprar uma casa ou propriedade. Cada lado consistia em lojas e residências
onde as pessoas viviam em condições de superlotação. Alguns dos judeus eram
artesãos, mas a maioria deles eram lojistas. Alguns tinham grandes empresas,
particularmente no negócio têxtil. Uma vez que os judeus eram os únicos comerciantes em
a cidade, as ruas do gueto estavam superlotadas o dia todo com
clientes. Os judeus viviam sob grande pressão, devido à competição, e
trabalhou febrilmente de manhã cedo até tarde da noite, seis dias por semana. o
o resto de seu tempo foi absorvido pela religião. Eles foram para a sinagoga por
orações duas vezes ao dia, e celebrava o sábado e os feriados judaicos
de uma maneira estritamente ortodoxa. As crianças frequentavam a escola na Sinagoga,
onde a maior parte do ensino consistia na leitura dos Livros Sagrados em hebraico,
sem entender o significado, uma provação para a maioria deles. Família
a vida era rigorosamente patriarcal, o homem era a autoridade indiscutível no
casa. A disciplina era rígida, mas os pais fizeram o possível para garantir um
futuro melhor para seus filhos. Sob tais condições de confinamento, onde
todo mundo sabia o que o outro estava fazendo, desenvolveu uma mentalidade especial
a repressão instintiva severa, honestidade inevitável, raciocínio rápido em um
veia sarcástica (como visto em escritores como Heinrich Heine e Ludwig
Borne, que cresceu em um gueto). A principal característica era o medo, medo de seu
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Sigmund Freud e a psicanálise 44J

pais, seus professores, seus maridos, os rabinos, Deus e, acima de tudo,
Gentios. "Em Pressburg, nenhum judeu teria ousado dar um golpe de volta
recebido de um cristão, e mesmo nós, crianças, não teríamos ousado
lutar contra as crianças cristãs que nos atacaram ", escreveu Sigmund
Mayer. Finalmente, dentro do gueto havia uma certa estrutura social que consistia
do sucesso e do fracasso, dos ricos e dos pobres, e um
aristocracia de algumas famílias ricas, como Gomperz, Todesco,
o Ullmann, o Pappenheim, que manteve uma grande rede de negócios e
conexões sociais.
Outros grupos judeus estavam espalhados em lugares onde viviam sob muito
diferentes condições. Havia uma comunidade judaica ativa e próspera
na pequena cidade de Kittsee, entre Viena e Pressburg, no sopé da
o castelo do conde Batthyaniy. Eles eram comerciantes de grãos que tinham seus
armazéns e suas casas lá, gozavam de relativa liberdade e eram
ativamente engajado no comércio com Viena e Budapeste.
A maior parte da população judaica da Áustria vivia em pequenas cidades e
aldeias da Galiza, em tão estreita relação com os camponeses polacos que
eles freqüentemente se dirigiam um ao outro com o familiar Du (tu). A mentalidade
desses judeus era diferente da dos judeus do gueto. Entre eles estavam
comerciantes ambulantes. Os pobres iam a pé com suas mercadorias
nas costas, os outros carregavam carroças puxadas por cavalos. Também havia muitos
negociantes e artesãos, estalajadeiros e pequenos agricultores. A vida daqueles
As comunidades judaicas da Galícia no final do século XVIII foram
retratado de forma vívida nas memórias de Ber de Bolechow (1723-1805), um
Comerciante judeu que estava profundamente interessado na vida cultural de sua comunidade
comunidade. 6 Ele descreveu seu comércio, regras de negócios, negociações comerciais,
cunhagem e moeda, crédito e preços, a estreita relação de alguns de
com centros comerciais estrangeiros, suas viagens distantes a cavalo
de volta, seu conhecimento de línguas e suas relações amigáveis com o
Gentios. Ber também descreveu a autonomia dessas comunidades judaicas
sob a administração do Kaha /, cujas funções abrangiam a legalidade
questões, atividades econômicas e instituições de caridade, e quem também
recolheu os impostos pelos quais era responsável. O Kaha / tinha seu próprio
administração e manteve uma força policial. Além do Kahal estavam os
rabino, chefe religioso e Dayan Uudge). Uma característica marcante em
A descrição de Ber é a intensidade da vida cultural. Além do general
respeito pelo aprendizado e reverência pelos sábios rabinos, havia
controvérsias entre judeus ortodoxos e os seguidores do hassidismo,
e da Haskalah. Ber fala com ironia de sua educação talmúdica e
do pi / put, isto é, uma discussão acurada de homens eruditos sobre obscuras
pontos do Talmud, cada um rivalizando com os outros em argumentos sutis,
distinções absurdas e afirmações audaciosas obtidas de engenhosos
combinações do texto. Entre esses judeus galegos, o renascimento do
A língua e a literatura hebraicas ocorreram na primeira metade do
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século dezoito. Portanto, não há nada de surpreendente no fato de que

Jacob Freud (pai de Sigmund), que veio de Tysmienica, sabia escrever
Hebraico fluentemente.
Na Morávia, os judeus não tinham permissão para estabelecer uma base permanente. Mora-
Judeus vian eram em sua maioria imigrantes da Galícia com uma autorização de residência limitada
para seis meses, que teve de ser renovado após esse período. Além disso,
eles poderiam viver apenas em pousadas especiais, o chamado stadtische Bestand-
hauser, propriedade da cidade e alugada a estalajadeiros. Permissão para ficar
em aposentos privados poderiam ser concedidos mediante o pagamento de um imposto especial.
Essas condições drásticas não impediram muitos judeus na Morávia de contrariar
realização de atividades comerciais, que foram incentivadas pelas autoridades locais
contanto que fossem lucrativos para a comunidade.
Essa era a condição dos judeus antes da Emancipação. O un-
a revolução bem-sucedida de 1848 foi seguida por uma reação curta, mas dura,
que também afetou os judeus, mas em 1852 um período de política liberal começou.
Em 1867, os judeus receberam oficialmente direitos políticos iguais, que em
prática que já desfrutavam há uma década. Foi um ótimo
influxo de judeus de todas as partes da monarquia para Viena, e também da
partes vizinhas do Império Russo à Áustria-Hungria.
A emancipação e a abolição dos guetos mudaram completamente
a vida dos judeus. Não só muitos deles migraram do
país para as cidades, e das províncias para Viena, mas a maioria
eles sofreram uma modificação radical em seu modo de vida. Uma grande fração
dos judeus, especialmente nas cidades, lutaram para a "assimilação" por
adotando os costumes, maneiras, roupas e modo de vida do
arredondando a população, e os judeus que falavam iídiche (um décimo quarto
dialeto alemão do século intercalado com palavras hebraicas) adotou o
uso do alemão moderno padrão. Muitos desses judeus "assimilados"
manteve sua religião na forma do chamado Judaísmo liberal; outras
que tinham pouco ou nenhum sentimento religioso permaneciam tradicionalmente ligados a
suas comunidades. Certos judeus foram mais longe e descartaram seus al-
legião à religião de seus ancestrais, que não significava mais nada
para eles, e uma vez que era obrigatório ser classificado em uma religião, eles
registrados como católicos ou protestantes. Algumas comunidades de ortodoxos
Os judeus mantinham rigorosamente suas crenças, ritos e costumes. Lendo cer-
contêm descrições da vida do gueto, como as de Sigmund Mayer 7 ou H.
Steinthal, 8 sente-se um curioso tom de nostalgia daquele tempo em que
a vida religiosa e a disciplina moral eram muito rígidas.
É claro que tal generalização social, política, econômica e
revolução cultural acarretou problemas difíceis para as famílias ou os indígenas
indivíduos em causa. A situação lembrava um pouco a da Europa
imigrantes nos Estados Unidos em processo de mudança de uma cultura
para outro. Para muitos jovens, a Emancipação foi um tremendo
experiência que abriu um mundo de possibilidades insuspeitadas para eles.
Josef Breuer disse de seu pai, Leopold Breuer:
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Ele pertencia àquela geração de judeus que foi a primeira a sair do

gueto espiritual no ar do mundo ocidental. . . . Não se pode avaliar
altamente suficiente a energia espiritual que foi exibida por aquela geração.
Para trocar o jargão pelo alemão correto, a estreiteza do gueto por
os costumes educados do mundo ocidental, para ter acesso à literatura, poesia
e filosofia da nação alemã .... 9
Por outro lado, numerosos conflitos surgiram entre pais ortodoxos

e seus filhos distantes, que não podiam perceber as condições adversas
sob o qual seus pais viveram. Freud relata que quando ele era
dez ou doze anos de idade, seu pai disse a ele como uma vez em sua juventude, como ele
estava andando na rua, um gentio passou e jogou jovens
O boné de Jacó na lama dizendo: "Judeu, saia da calçada!" Sigmund
perguntou a seu pai o que ele fez então, e Jacob respondeu: "Eu fui para a estrada
e o pegou. " 10 O menino ficou indignado com o que ele
sentiu que era covardia em seu pai. Uma anedota desse tipo ilustra o
abismo entre a geração jovem e os mais velhos, e pode ajudar a explicar
a gênese do conceito de complexo de Édipo.
Como outra consequência da Emancipação, os judeus tiveram que se submeter
ao mesmo registro civil que outros cidadãos. Muitos novos nomes adotados,
sobrenomes e datas fictícias de nascimento; eles foram registrados no Judeu
comunidade com primeiro nome hebraico e no registro da comunidade
com outro primeiro nome, para que tivessem uma espécie de identidade dupla. Dentro
Áustria, o registro civil era frequentemente realizado de forma aleatória.
Nas certidões de casamento ou óbito, o registro civil se baseou nas datas de nascimento
na informação dada verbalmente pelo povo, e também pode acontecer
que em um documento oficial o local de nascimento foi confundido com
um antigo local de residência. Por essas razões, os historiadores devem ser cuidadosos
na utilização de documentos oficiais austríacos da época, especialmente
aqueles relacionados ao povo judeu.
A tendência de assimilação foi facilitada pelo fato de que, para dois
ou três décadas, o anti-semitismo era quase completamente desconhecido em
Áustria. Em Viena, a população judaica aumentou de forma constante, e de um
algumas centenas no início do século XIX, seus membros
atingiu 72.000 em 1880, 118.000 em 1890 e 147.000 em 1900.ll
havia muitos advogados, médicos e cientistas judeus. Entre os judeus
professores da Faculdade de Medicina de Viena, Max Grunwald men-
ções o oculista Mauthner, o fisiologista Fleisch! von Marxow, o
o anatomista Zuckerkandl, os dermatologistas Kaposi e Zeiss !, o larin-
os gologistas Stoerk e Johann Schnitzler, o hidrólogo Winternitz, o
o pediatra Kassowitz, o otologista Politzer, o patologista experimental
Stricker e o neurologista Moritz Benedikt. 12 Havia também Josef
Breuer, os dois vencedores do prêmio Nobel, Fried e Barany, e muitos outros.
Ele parece que os primeiros sinais de anti-semitismo apareceu após o
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Pânico na Bolsa de Valores de 1873, e que aumentou lentamente na década de 1880

e 1890, embora alguns judeus proeminentes que viveram em Viena em
dessa vez, afirmam que não perceberam nada, ou muito pouco disso. 13 No entanto,
mesmo durante essas duas ou três décadas durante as quais o anti-semitismo foi
praticamente inexistente em Viena, muitos judeus permaneceram hipersensíveis a
qualquer coisa que parecesse implicar o menor antagonismo. Josef Breuer
criticou essa atitude em um artigo que escreveu em 1894 em resposta a um
inquérito feito pelo Kadimah, uma associação estudantil judaica:
Nossa epiderme quase se tornou sensível demais, e eu gostaria que

Os judeus tinham uma consciência firme de nosso próprio valor, quietos e meio indiferentes a
o julgamento dos outros, ao invés de vacilar, facilmente insultado, hiper
ponto de honra sensível . Seja como for, esse ponto de honra é certamente
um produto da "Assimilação". 14
Entre os judeus que viviam em Viena na segunda metade do século, um

olho perspicaz poderia reconhecer várias características em relação à família
fundo. Dependendo se eles se originaram do vienense
famílias "toleradas", da comunidade "hispano-turca", de outras
comunidades privilegiadas, do gueto, ou de algum município galego,
sua visão geral da vida estava fadada a ser muito diferente. Não é
irrelevante notar que o pai de Josef Breuer foi emancipado em seu
anos jovens de uma comunidade muito unida e rígida, que Bertha Pappen-
o avô de heim era um homem proeminente no gueto de Pressburg, que
O pai de Adler veio da próspera comunidade judaica de Kittsee,
que Moreno se originou de uma família judia espanhola, e que a de Freud
antepassados viveram na Galícia e na Rússia.
O anterior nos ajudará a entender o problema da família de Freud

fundo em toda a sua complexidade. Dados factuais e confiáveis sobre Freud's
ancestrais, mesmo sobre seus pais, são escassos. Como muitos de seus con
temporários, eram muito discretos no que divulgavam de seu passado.
Quase tudo sobre a vida e personalidade de Jacob Freud é
obscurecer. Recentemente, pesquisas meticulosas feitas pela Dra. Renee
Gicklhorn e o Dr. J. Sajner trouxeram alguma luz. É
O documento mais antigo que possuímos sobre a história da família de Freud é
uma carta datada de 24 de julho de 1844, escrita por um comerciante judeu, Abraham
Siskind Hoffman, que morava na pequena cidade de Klogsdorf, perto de Freiberg,
na Morávia. Ele informou às autoridades que "como um homem velho de 69" ele
tomou como parceiro de negócios seu neto Jacob Kelemen (Kallamon)
Freud, da Tysmienica, na Galiza. Abraham Hoffman lembra o
autoridades que ele compra tecido de lã em Freiberg e arredores,
tingido e vestido. envia-o para a Galiza e traz produtos regionais de
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Galiza para Freiberg. Ele acrescenta que adquiriu para si e para seus
neto passaporte de viagem do governo de Lemberg, válido até
Maio de 1848. Ele pede às autoridades a permissão para ambos

que residam em Freiberg pelo mesmo período.
Após a aprovação do Clothmakers 'Guild, o aplicativo de Abraham Hoffman
autorização foi concedida. A idade de Jacob Freud é dada como 29 anos naquela época.
Sabemos por outros atos que ele era filho de Salomon Freud, um comerciante,
e de Pepi Hoffman, da Tysmienica. Sua esposa, Saly Kanner, permaneceu
em Tysmienica com seus dois filhos. Abraham Hoffman e Jacob
Freud pertencia ao grupo de Wandeljuden (judeus viajantes) que con
mudou-se constantemente entre a Galiza e Freiberg. Todos eles eram parentes
de Tysmienica, Stanislau e Lemberg. Sabemos pelo registro da cidade
de Freiberg, e do passaporte de Jacob Freud, que nos anos seguintes
ele passou seis meses em Klogsdorf ou Freiberg e viajou o resto do
o ano para a Galícia, Budapeste, Dresden e Viena.
Em fevereiro de 1848, a cidade de Freiberg decidiu cobrar um imposto sobre o
grupo de oito mercadores judeus galegos. Isso implicou em uma investigação sobre
o negócio de cada um. The Clothmakers 'Guild declarou que Abraham
Hoffman e Jacob Freud eram conhecidos como empresários honestos, e que
sua presença trouxe grandes vantagens para a população. Isso aconteceu
pouco antes da revolução de 1848, que deu aos judeus liberdade de
residência. Evidências documentais apontam para o fato de que Jacob Freud
os negócios atingiram seu pico em 1852. No mesmo ano, sua segunda esposa
Rebecca veio morar em Freiberg com os dois filhos de sua primeira esposa,
Emanuel, de vinte e um, e Filip, de dezesseis. Emanuel era casado
e teve um filho. Rebecca Freud morreu entre 1852 e 1855.
Jacob Freud casou-se pela terceira vez em 29 de julho de 1855, em Viena,
Amalia Nathanson. 16
Não se sabe quando Jacob assumiu os negócios de seu avô. Nós
também não sei por que motivo o deixou para seu filho Emanuel em 1858.
Em 1859, ele solicitou um certificado de moral e boa conduta do
autoridades, e logo depois ele deixou Freiberg. Isso, aliás, foi
durante o ano, quando todas as restrições legais para os judeus eram oficialmente
abolido na Áustria.
Além desses poucos dados documentais, sabemos muito pouco sobre
Jacob Freud, e até mesmo sua data de nascimento é incerta. 17 nós não sabemos nada
de sua infância, sua juventude, sua primeira esposa e primeiro casamento, nem onde
ele viveu até 1844, nem sobre sua segunda esposa, nem quando e como ele conheceu
sua terceira esposa, o que ele fez em Leipzig em 1859 e, finalmente, como ele ganhou
sua morada em Viena, e qual era sua situação financeira.
A ocupação de Jacob Freud em Viena é geralmente listada como "mer-
cantar ", mas mesmo esse assunto é incerto. Renee Gicklhorn afirma que
ela não conseguiu encontrar uma menção a ele no Registro Comercial de Viena
(Gewerberegister), ou no Registro de Impostos Comerciais (Gewerbesteuerkataster),
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o que excluiria a possibilidade de ele ter praticado qualquer comércio em

Viena. 18 Segundo Jones, Jacob Freud sempre esteve em uma situação precária
situação financeira e recebeu dinheiro da família de sua esposa.19 No entanto,
como Siegfried Bernfeld observa:
... Jacob Freud tinha, de fato, conseguido de alguma forma manter a família razoavelmente
bem alimentado e vestido e vivendo em um apartamento espaçoso. Nenhuma das crianças
teve que interromper sua educação, e até mesmo alguns dos luxos foram fornecidos.
Havia dinheiro para livros. para ingressos de teatro, para um piano, para aulas de música, para
uma pintura a óleo de Sigmund aos nove anos, e de todas as crianças vários
anos depois, para a lâmpada de petróleo moderna e aprimorada - a primeira de seu tipo
em Viena - e até mesmo para as férias de verão em um resort na Morávia. 20
Renee Gicklhorn acrescenta que de acordo com os dados do arquivo, Jacob Freud sempre
pagou a mensalidade integral do filho no ginásio, embora o menino
poderia facilmente ter obtido uma isenção, já que ele sempre foi o primeiro em seu
classe. (No entanto, isso implicaria em uma investigação sobre o estado financeiro
da família.)
Ainda mais obscuras são as personalidades dos irmãos de Jacob Freud,
particularmente do tio Josef de Sigmund e os conflitos deste último com a lei.
A terceira esposa de Jacob, Amalia Nathanson, de acordo com a certidão de casamento,
era "de Brody" (o que não significa necessariamente que ela nasceu
lá), tinha dezenove anos (então a data de seu nascimento seria 1836), e
seu pai, Jacob Nathanson, era um "agente comercial" (Hr; mdelsagent) em
Viena. Uma parte de sua infância foi passada em Odessa, sul da Rússia, de
onde seus pais se mudaram para Viena em uma data desconhecida. Testemunhos sobre
sua concordância em três pontos: sua beleza, sua personalidade autoritária e
sua admiração sem limites por seu primogênito Sigmund. Ela morreu em 1931 no
idade de noventa e cinco.
Jones apontou a configuração incomum da família Freud, com os dois
os meio-irmãos Emanuel e Filip têm mais ou menos a mesma idade que os de Sigmund
mãe, e Sigmund sendo apenas um pouco mais velho que seu sobrinho John. 21 de
seus irmãos mais novos, apenas um, Anna, nasceu em Freiberg; os outros cinco,
Rosa, Marie, Adolfine, Paula e Alexander nasceram em Viena. o
sete filhos de Jacob e Amalia Freud nasceram no espaço de dez
anos.
Obviamente, a família Freud seguiu a tendência de muitos judeus em
Viena em direção à assimilação. Qualquer que seja a língua materna de
Jacob Freud e Amalia Nathanson, parece que falavam apenas padrão
Alemães em sua casa, e que logo adotaram o modo de vida dos
Classe média vienense. Quanto à religião, eles não pertenciam aos ortodoxos
grupo, mas como a instrução religiosa era obrigatória, Sigmund recebeu
de professores judeus.
Embora ele não tenha sido criado no estilo judaico ortodoxo e seja incapaz
Página 10
para ler hebraico, Freud manteve um apego ao judaísmo que parece ter
desenvolvido sob o impacto do crescente anti-semitismo e foi refletido
mais tarde, em seu fascínio pela figura de Moisés. A personalidade de Freud teve
foi fortemente moldado pelas tradições de sua comunidade judaica.22 Ele manteve
a ideologia patriarcal, com sua crença na dominação do homem e subou
dinação da mulher, sua devoção à família extensa e sua severa
costumes puritanos. Além disso, ele sempre teve um profundo respeito por seus mestres, como
mostrado na maneira como ele deu o nome a alguns de seus filhos. Outro típico
característica era seu humor rápido e sarcástico, e sua predileção por judeus
anedotas.
Freud tinha em comum com alguns judeus austríacos sua extrema sensibilidade
a qualquer forma (verdadeira ou suposta) de anti-semitismo, bem como sua discrição em
falando de sua família e de si mesmo, sem revelar nada embora pareça
diga muito. Ele atribuiu à sua origem judaica sua capacidade de não deixá-lo-
ser influenciado pelas opiniões da maioria; para isso, ele poderia ter
acrescentou sua disposição em acreditar que foi rejeitado.
Eventos na vida de Sigmund Freud

A dificuldade em escrever sobre Freud decorre da profusão da
literatura sobre ele, e pelo fato de que uma lenda cresceu ao seu redor,
o que torna a tarefa de um biógrafo objetivo extremamente trabalhosa e
ingrato. Por trás dessa montanha de material factual e lendário estão
grandes lacunas em nosso conhecimento de sua vida e personalidade. Além disso, muitos dos
as fontes conhecidas não estão disponíveis, particularmente aquelas contidas no
Arquivos de Freud depositados na Biblioteca do Congresso em Washington. o
as fontes disponíveis podem ser divididas em quatro grupos:
1. Além de um esboço autobiográfico, Freud menciona muitos detalhes de

sua vida ao longo de sua obra, em particular na Interpretação dos Sonhos. 23
Uma porção comparativamente pequena de sua ampla correspondência foi publicada
lished, como parte de suas cartas para Fliess, 24 para Pfister, 2s para Abraham, 26 para
Lou Andreas-Salome, 27 e uma escolha de outras cartas.28 De seus novecentos
cartas para sua noiva, apenas algumas foram publicadas, mas muitas outras
foram utilizados por Jones.
2. Memórias de Freud foram publicadas por seu filho Jean Martin, e
por numerosos discípulos, colegas, visitantes e entrevistadores.29 A maioria destes
as publicações estão relacionadas aos últimos anos da vida de Freud.
3. Uma investigação precisa da vida de Freud, com base em material de arquivo,
foi inaugurado por Siegfried Bernfeld, com seus artigos sobre a
infância, 30 estudos médicos, 31 primeiras pesquisas, 32 estudos de cocaína, 33 e seus
primeiro ano de prática médica. 34 De valor básico são os documentários
pesquisas de Josef e Renee Gicklhorn sobre a carreira acadêmica de Freud, 35 sup-
complementado pelo esclarecimento de Renee Gicklhorn de certos episódios em Freud
vida e seu livro sobre o chamado "Processo Wagner-Jauregg". 36 Outro documento
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mentos foram apresentados por KR Eissler. 37 O estudo objetivo de Freud

fontes foi inaugurado por Maria Dorer, 38 e um inquérito sobre o
o desenvolvimento dos conceitos de Freud com base no material de origem foi
realizado por Ola Andersson.39
4. Esboços biográficos sobre Freud foram publicados por Wittels, 40 Puner, 41
e Sachs. 4 2 A principal, e por assim dizer oficial, biografia de Ernest Jones43 é
inestimável, porque este autor teve acesso a muito material que foi, e
provavelmente ficará por muito tempo, indisponível para outros pesquisadores. Isto é,
no entanto, não está livre de imprecisões. No geral, estamos longe de ter o
conhecimento completo
existir. Mas mesmo uma ereconstrução
exato da vidacompleta
de Freud,
daque
vidageralmente
de Freud esedosupõe
desenvolvimento
de sua obra não seria suficiente para dar uma imagem precisa, porque esses
deve ser visto no contexto de eventos contemporâneos, e o
a originalidade de seu trabalho não pode ser medida sem o conhecimento de
e ideias contemporâneas.
Ele seria redundante para escrever uma nova biografia de Freud. Nossa preocupação
será dar um panorama cronológico, tentando separar o certo
do incerto, os dados históricos da lenda, e para situar a
realizações pessoais em seu contexto histórico.
Sigmund Freud nasceu em Freiberg (na República Tcheca, Pribor), Morávia.44
Na Bíblia da família de Jacob Freud, seu nascimento foi registrado sob seu nome judeu
de Schlomo, como ocorrido na terça-feira, Rosch Hodesch Iyar 5616 do
Calendário judaico, ou seja, em 6 de maio de 1856.45 Em 1931, quando o conselho municipal
decidiu colocar uma placa comemorativa na casa onde nasceu,
teria sido constatado no registro municipal que a data real de nascimento era março
6, 1856. Jones presumiu que fosse um lapso da caneta do escrivão. Na verdade, Renee
Gicklhorn e o Doutor Sajner mostraram que a data de nascimento era indiscutivelmente
6 de maio de 1856.4 6
Os primeiros três anos de vida de Freud foram passados em Freiberg. Foi , naquele
tempo, uma pequena cidade de cerca de 5.000 habitantes, em uma paisagem pitoresca
de prados e bosques, longe dos trilhos da ferrovia. O que fala alemão
Os judeus eram minoria entre os tchecos. A casa onde Freud nasceu
pertencia à família do chaveiro Zajic e ostentava o número 117 em
Freiberg. Havia duas salas no térreo para a oficina e duas salas
no andar de cima, um para a família do senhorio e outro para a família de Jacob e Amalia.
Emanuel Freud e sua família moravam em outra casa e tinham Monica Zajic
ao seu serviço como empregada doméstica, que tinha que cuidar dos filhos de ambos Freud
famílias, e ela provavelmente era a "babá" das primeiras lembranças de Freud.
A alegação de que Jacob Freud possuía uma tecelagem pertence ao
lenda, bem como a história de que ele deixou Freiberg por causa da fúria
anti-S ~ mitism.
Não menos fragmentário é o nosso conhecimento do ano em Leipzig que se seguiu,

e a viagem de lá para Viena, onde Jacob Freud se estabeleceu
Fevereiro de 1860.
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Quase nada, também, se sabe sobre a infância de Freud em Viena.

O único ponto certo é que Jacob Freud mudou de residência vários
vezes entre 1860 e 1865, e depois viveu na Pfeffergasse, no
bairro predominantemente judeu de Leopoldstadt. 47 Nem se sabe se
Sigmund recebeu sua primeira escola em casa de seu pai, ou se ele
frequentou uma das escolas primárias judaicas da vizinhança.
Sigmund Freud foi para a escola secundária de 1866 a 1873. Essa escola,
o primeiro Leopoldstadter Communal Gymnasium, comumente chamado de Sperl-
gymnasium ou Sperlaeum, tinha alto padrão educacional. Entre o
professores foram o naturalista Alois Pokorny, o historiador Annaka e o
futuro político Victor von Kraus. A pesquisa dos Bernfelds e da
Renee Gicklhorn trouxe informações precisas sobre o currículo
dessa escola e das conquistas de Freud. A afirmação de Freud de que ao longo de sua
escolaridade que ele constantemente conduzia sua classe foi confirmada pela escola
arquivos. Freud também relata que quando tinha quinze anos, sua classe decidiu
revolta em corpo contra um professor ignorante e impopular, e que ele
foi escolhido por aclamação comum para atuar como porta-voz do grupo. 4 8 Não
menção desse incidente foi encontrada nos arquivos bem preservados da escola,
mas outro episódio emergiu através da pesquisa de R. Gicklhorn. 49
Em junho de 1869 (Freud tinha treze anos), o corpo docente ficou chateado ao saber que
vários alunos visitaram lugares de reputação duvidosa. Consultas foram feitas, e
foi convocada uma reunião da diretora com os professores da escola para
instituir ação disciplinar contra os culpados. Sigmund Freud não estava entre
estes, e seu nome é apenas mencionado como um daqueles que disseram o que ele
tinha ouvido falar sobre o assunto.
Não se sabe muito sobre a vida do jovem Sigmund em casa durante esses anos.
Podemos até visualizá-lo por meio de uma descrição da casa de Jacob Freud
segurar escrito por Judith Bernays-Heller que ficou um ano com ela
avós em 1892 e 1893. 50 Naquela época, Jacob Freud não era mais
trabalhando, e Judith se perguntou "quem realmente apoiava este estabelecimento."
Ele dividia seu tempo entre a leitura do Talmud e muitos outros livros hebraicos
e livros alemães, sentados em uma cafeteria e caminhando nos parques. Ele
vivia um tanto distante dos outros membros da família e não aceitava
participar da palestra durante as refeições. A avó Amália, em contraste, é retratada
como tirânico, egoísta e sujeito a explosões emocionais. Neste momento Sigmund
já tinha saído de casa há algum tempo, mas todos os detalhes que apontamos
o fato de que, enquanto ele estava lá, ele desfrutou de uma posição privilegiada.
Os biógrafos de Freud ficaram intrigados com seu conhecimento do espanhol,
uma língua geralmente não aprendida na Áustria naquela época. Um judeu espanhol
dialeto era a língua da não numerosa comunidade sefardita. Poderia
o prestígio dessa comunidade atraiu o jovem Sigmund a aprender sua
língua? Por outro lado, verificou-se que Freud aprendeu espanhol
com um colega de escola chamado Eduard Silberstein. Os dois adolescentes tiveram
fundou entre eles uma espécie de "Academia Espanhola" de dois membros, com
uma "mitologia" própria. Mais tarde, Silberstein estudou direito e se estabeleceu em
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Romênia. Eles trocaram cartas por um período de dez anos, e o de Freud

cartas para Silberstein foram descobertas recentemente. Quando são publicados,
irá sem dúvida fornecer informações valiosas sobre a vida de Freud entre os
idades de dezesseis e vinte e seis. s 1
Sigmund deixou o Gymnasium em meados de 1873. Foi um ano de
eventos dramáticos em Viena. Uma Exposição Internacional dificilmente foi
abriu quando uma epidemia de cólera estourou e os visitantes de fora
Viena fugiu em pânico, ao que o mercado de ações quebrou, causando
rupturas, suicídios e uma profunda depressão econômica. Se e para que
extensão, isso afetou o negócio de Jacob Freud não é conhecido. Em qualquer caso
não parecia ter impedido Sigmund de seus estudos. De acordo com seu
conta própria, ele foi influenciado em sua escolha de uma vocação quando foi para
uma palestra do zoólogo Carl Bruhl, que leu um poema, Nature, atribuído
para Goethe. 5 2 Para muitos jovens naquela época, o estudo da medicina era um
meios de satisfazer
Adolf Meyer tambémseuchegou
interesse
ao pelas
estudociências naturais.
da medicina dessaAugust Fore! e
maneira.
Naquela época, os estudos médicos na Áustria duravam no mínimo dez semestres
(cinco anos). O ano letivo foi dividido em um semestre de inverno com duração
de outubro a março, e um semestre de verão com duração de abril a julho.
O aluno pode começar seus estudos em qualquer semestre. Na escola de medicina,
como na universidade em geral, reinava a liberdade acadêmica. Este termo significava
que um aluno era absolutamente livre para trabalhar ou não trabalhar; que havia
sem controles de frequência, sem testes ou atribuições e sem exames
exceto os finais. Um aluno pode escolher qualquer curso para o qual ele
taxas registradas e pagas. No entanto, havia uma série de
cursos. Poucos alunos se restringiram às disciplinas obrigatórias, a maioria
eles também se inscreveram em cursos de medicina de acordo com seus interesses pessoais
ou especialização futura. Freqüentemente, um aluno fez um ou dois cursos em
outro corpo docente, principalmente se o curso foi ministrado por um professor de destaque.
A maioria dos alunos não abusou da "liberdade acadêmica"; eles sabiam que teriam
para passar em exames finais exigentes. Estudantes de medicina tiveram que passar nos três
rigorosa, os dois primeiros em determinados pontos durante os cinco anos, e o terceiro em
o fim; no entanto, eles tinham o direito de adiar os dois primeiros rigorosa até
o fim. Muitos alunos fizeram trabalhos adicionais, especialmente durante a universidade
férias, contratou asfamuli em hospitais ou laboratórios, isto é, fazendo servis
trabalho, a fim de ser gradualmente autorizado a fazer trabalhos mais importantes, mesmo
os pagos, se mostrassem zelo e capacidade. Muitos alunos também deram
parte do tempo livre para as "Corporações de Estudantes" (fraternidades).
Freud começou seus estudos médicos no inverno de 1873, e recebeu
seu diploma de medicina em 31 de março de 1881. O fato de que seus estudos médicos
durou oito anos intrigou os biógrafos de Freud, ainda mais porque sua família
diz-se que era pobre. Siegfried Bernfeld publicou uma lista dos cursos
tomadas por Freud durante seus estudos médicos com base em um inquérito realizado
nos arquivos da Universidade de Viena. 53 Durante os três primeiros semestres,
Página 14
Freud acompanhou os cursos realizados pelos outros alunos, com alguns adicionais
uns. Começando no quarto semestre, ele se envolveu em um estudo intensivo do
ciências naturais, particularmente zoologia. No final do quinto semestre, ele começou
trabalho regular no laboratório do professor de anatomia comparada,
Carl Claus. Isso durou dois semestres, com duas temporadas na Marinha
Estação Zoológica de Trieste, e foi coroada com a publicação de
seu primeiro artigo científico. Freud parece ter ficado desapontado com Claus,
e depois de seus dois semestres com ele, ele mudou de seu laboratório para aquele
de Briicke, que ensinou fisiologia e "anatomia superior" (como ele chamou
histologia). Freud adotou Ernst Briicke (1819-1892) como seu venerado
professor, e encontrou em seu laboratório um lugar agradável para trabalhar
pelos seis anos seguintes. Benedikt deu, em suas memórias, um curioso
foto daquele prussiano rígido e autoritário, que nunca se sentiu confortável em
Viena, e que impressionou o vienense como estrangeiro, com seu cabelo ruivo,
rosto rígido e sorriso mefistofélico. 54 O nível científico de seu ensino
era alto demais para seus alunos e ele nunca se dignou a ensinar no nível deles.
O mais temido de todos os examinadores, ele fez apenas uma pergunta, e se o candidato
data não sabia a resposta, nunca foi perguntado uma segunda. Briicke
esperou em silêncio impassível até que os quinze minutos atribuídos terminassem.
"Isso mostra o enorme respeito que ele infundiu nos alunos, que eles nunca
se rebelaram contra ele ", acrescenta Benedikt. A história de sua longa e feroz inimizade
com o anatomista Hyrtl tornou-se lendário no mundo científico de
Viena. 55 Briicke foi aluno de Johannes von Miiller, o grande
Fisiologista e zoólogo alemão, que marcou a mudança da filosofia de
natureza à nova tendência mecanicista-organística inspirada pelo positivismo. 56 Este
significa que junto com Helmholtz, Dubois-Reymond, Carl Ludwig e
alguns outros, Briicke rejeitou qualquer tipo de vitalismo ou finalismo na ciência, mas
se esforçou para reduzir os processos psicológicos a leis fisiológicas, e
processos lógicos às leis físicas e químicas. 57 O interesse de Briicke coberto
muitos campos; ele escreveu sobre os princípios científicos das artes plásticas, a fisiologia
base lógica da poesia alemã, e inventou Pasigraphia, um universal
escrita supostamente aplicável a todas as línguas do mundo.
No Instituto de Briicke, Freud conheceu seus dois veteranos
assistentes, o fisiologista Sigmund Exner e o altamente talentoso Fleisch! von
Marxow, e também com o Dr. Josef Breuer, que estava desenvolvendo algumas pesquisas
há. Freud achou Breuer um colega estimulante, um amigo paternal que
ajudou-o nos últimos anos com empréstimos substanciais de dinheiro e quem também
aguçou sua curiosidade com a história da extraordinária doença e cura de um
jovem histérica que se tornaria famosa sob o pseudônimo
de AnnaO.
Josef Breuer (1842-1925) nasceu em Viena, onde seu pai Leopold
foi professor de religião na comunidade judaica. 58 Em um breve autobio-
nota gráfica Breuer diz que perdeu a mãe muito jovem, e que
ele passou sua infância e juventude "sem miséria e sem luxo". S9 Ele
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concedeu os maiores elogios a seu pai, um educador dedicado, sempre pronto

para ajudar os membros da comunidade (obviamente seu pai era o modelo
a quem Breuer se esforçou para imitar ao longo de sua vida). Leopold Breuer comÂ ·
apresentou um livro didático de religião, que foi usado nas escolas judaicas em Viena
por muitos anos. 6 0 Josef Breuer, no entanto, afastou-se do Judaísmo ortodoxo 61
e adotou os pontos de vista do chamado judaísmo liberal. Ele estudou medicina,
mas seguiu cursos em muitas outras ciências também. Seu grande interesse em e
grande talento para as ciências experimentais foi manifestado por dois notáveis
trabalhos de pesquisa, um sobre o mecanismo de autorregulação da respiração,
e a outra no mecanismo de percepção dos movimentos corporais e
posições através do labirinto da orelha. De acordo com seus biógrafos, ele havia começado
uma brilhante carreira científica, mas renunciou ao cargo de Privat Dozent e
recusou o título de Professor Extraordinário. Uma explicação é que ele era
tão totalmente dedicado a seus pacientes que não queria sacrificá-los
para uma carreira científica; outro que renunciou ao cargo de Privat Dozent
seguindo intrigas de colegas. Ele certamente não era de natureza beligerante.
Todos aqueles que o conheceram concordam em dizer que ele era "o mais
homem modesto que se pode imaginar. "Um clínico admirável, ele combinou
perspicácia científica com humanidade. Ele tratou dois grupos de pacientes gratuitos
prezamente: seus colegas e suas famílias de um lado e os destituídos do
outro, e muitos destes expressaram sua gratidão a ele ao tocar

maneiras. 62 Como um dos médicos mais procurados de Viena, ele teve um grande
renda e poderia pagar um alto padrão de vida, incluindo viagens regulares
para a Itália. Um homem excepcionalmente culto, ele era um conhecedor de música,
pintura e literatura, e era um conversador inspirador. Ele era
conheci pessoalmente o compositor Hugo Wolf, o escritor Schnitzler,
o filósofo Brentano, e ele manteve uma correspondência com o
poetisa Maria Ebner-Eschenbach. 63 De acordo com certas testemunhas, ele era
abnegado ao extremo e excessivamente confiante. 64 O fisiologista De Kleyn, que visitou
em sua velhice, admirava-o por "seu vigor mental perfeito, sua familiaridade
com as publicações médicas mais recentes, o julgamento infalível do próximo
octogeneriano ", e também fala de sua" extrema simplicidade e calor pessoal ",
bem como de sua faculdade crítica que "permaneceu notavelmente aguda, embora
benevolente, até o fim. " 65 Ele tinha tantos amigos e admiradores dedicados
em Viena quando Sigmund Exner organizou uma assinatura em homenagem a
Aniversário de 70 anos de Breuer em 1912, as personalidades mais conhecidas de Viena
contribuiu para isso. Assim foi fundada a Breuer-Stiftung, uma fundação cuja
objetivo era dar prêmios para pesquisas científicas meritórias, ou convidar proeminentes
cientistas para dar palestras em Viena. 66
Freud ainda não havia completado seus estudos médicos quando teve que cumprir um
ano de serviço militar (1879-1880). Sua principal conquista durante aquele
tempo foi a tradução de um volume das Obras coletadas de John Stuart Mill . 67
Ele percebeu que precisava se concentrar para obter seu diploma de médico. Dentro
A Interpretação dos Sonhos, ele diz que estava ganhando a reputação de um
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estudante perene. Embora ainda trabalhe no laboratório de Briicke, ele passou em seu
dois primeiros rigorosa em junho de 1880, e seu terceiro rigorosum em 30 de março de 1881,
de modo que ele recebeu seu diploma de médico em 31 de março de 1881. Em seguida, ele
recebeu um posto temporário de "demonstrador" (uma espécie de auxiliar de ensino)
no laboratório de Briicke, com um pequeno salário, e prosseguiu seu histológico
pesquisa lá. Ele também trabalhou por dois semestres no Professor Ludwig's
laboratório de química, mas obviamente não era sua especialidade.
Nesse ponto, uma mudança notável ocorreu na vida de Freud. Até agora ele
parecia ter decidido seguir uma carreira científica. Agora, em junho de 1882, ele
de repente deixou o laboratório de Briicke, onde trabalhou por seis anos-
manter um bom relacionamento com ele - e se voltou para uma carreira de
médico praticante, visivelmente sem grande entusiasmo.
Naquela época, havia três caminhos para uma carreira médica. O primeiro implicou
cinco anos de trabalho concentrado com ênfase na clínica e trabalho
como um famulus em hospitais durante as férias, após o que se poderia colocar um sinal
na porta de alguém e esperar que os pacientes cheguem. A segunda era para suplementar
estudos regulares com dois ou três anos de estágio voluntário, para
adquirir mais experiência ou se especializar. A terceira e mais difícil maneira foi,
após a conclusão dos estudos, para competir por posições sucessivas no
carreira acadêmica em um dos ramos da medicina teórica ou clínica. isto
levou de dois a cinco anos para se tornar Privat Dozent, e cinco ou dez anos
mais de uma competição dura para se tornar um Professor Extraordinário. Só muito

poucos foram capazes de atingir o posto de professor comum, uma posição de substancial
vantagens e alto status social. Freud, em 1882, parecia se voltar para o
segunda solução, ou seja, a prática médica especializada, mas ele não
desistir de seu interesse no trabalho cérebro-histológico, onde talvez ele já tenha visto
os meios para uma futura carreira científica. Duas explicações foram dadas
por esta mudança: o próprio Freud explicou que Briicke apontou a falta
de perspectivas em seu instituto, já que seus dois assistentes, Exner e Fleisch !, tinham
dez anos de antiguidade, o que significava que Freud teria de se contentar com um
muito tempo com uma posição inferior e mal paga. Siegfried Bernfeld e
Jones sugeriu que a verdadeira razão seria encontrada nos novos planos de Freud de
casamento e fundação de uma família.
Freud conheceu Martha Bernays, se apaixonou e ficou noivo dela
em junho de 1882. De acordo com Jones, ela pertencia a uma conhecida família judia
de Hamburgo. 68 Seu pai, um comerciante, tinha vindo para Viena vários anos
antes e morreu em 1879. Aqueles que a conheceram a descreveram como sendo muito
atraente e dotado de um caráter firme. Nesses dois aspectos ela
parecia a mãe de Freud. Ambas as mulheres também viveram muito (Martha Bernays
nasceu em 26 de julho de 1861 e morreu em 2 de novembro de 1951, com a idade de
noventa.) Seguindo o costume da época, esperava-se que um casamento durasse
local somente depois de estabelecida uma situação financeira adequada. Grandes
compromissos, envolvendo separação e correspondência assídua, foram
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freqüente. Os laços entre as famílias Freud e Bernays foram rein-

forçado pelo casamento do irmão de Martha, Eli, com a irmã de Sigmund, Anna.
Nesse momento decisivo de sua vida, a situação de Freud estava longe de ser fácil. Ele
começou três anos de residência hospitalar com um salário baixo, e se viu
quatro anos atrás daqueles que escolheram a medicina clínica inicialmente. Seus prós-
os pects eram brilhantes, mas situados em um tempo futuro remoto. A única maneira de encurtar
que carreira lenta e árdua teria sido fazer uma descoberta brilhante
isso lhe traria fama rápida (a esperança secreta de muitos jovens médicos).
O antigo Hospital Geral de Viena, com seus quatro ou cinco mil pacientes,
foi um dos centros de ensino mais famosos do mundo, onde quase
cada chefe de departamento era uma celebridade médica. Houve grande emula-
entre a equipe médica e uma competição acirrada pelos tão cobiçados e
cargos mal pagos. 69 Sigmund Freud começou trabalhando dois meses em
o Departamento Cirúrgico, em seguida, trabalhou com o grau de Aspirante sob o
grande internista Nothnagel de outubro de 1882 a abril de 1883. Em 1º de maio de 1883,
ele foi nomeado Sekundararzt no Departamento de Psiquiatria, chefiado
pelo ilustre Theodor Meynert. Freud já havia se engajado na histologia
pesquisa sobre a medula oblongata no laboratório de Meynert, onde permaneceu
e trabalhou de 1883 a 1886, e parecia que agora tinha encontrado um novo
mestre.
Theodor Meynert era uma figura proeminente em Viena, mas ele também tinha o que
os alemães chamam de natureza problemática. 70 Bernard Sachs, que trabalhou em
seu laboratório durante o mesmo período que Freud, o descreve como "notável
o suficiente na aparência - uma cabeça enorme apoiada em um corpo curto - desgrenhado
mechas que tinham o hábito irritante de cair na testa e tinham

ser adiado de vez em quando. " 71 Meynert foi considerado o maior
anatomista do cérebro na Europa, junto com Flechsig. Infelizmente ele gradualmente
caiu na "mitologia do cérebro", a tendência então atual para descrever
e fenômenos psicopatológicos em termos de cérebro real ou hipotético
estruturas. August Fore! conta em suas memórias como ele ficou desapontado quando
ele veio trabalhar com Meynert apenas para perceber que muitos tratos cerebrais
supostamente descobertos por ele eram apenas criações de sua imaginação. n
Meynert era conhecido como um bom clínico, mas um professor bastante tedioso, e ele
teve pouco contato com seus alunos. Ele também era um poeta, 73 um conhecedor de
música e arte, e seu círculo social compreendia a elite intelectual de Viena,
mesmo tendo uma personalidade difícil e inimizades violentas. 74
Depois de passar cinco meses no departamento de Meynert, em setembro de 1883,
Freud mudou-se para a quarta Divisão Médica chefiada pelo doutor Scholtz, onde
ele adquiriu excelente experiência clínica com pacientes neurológicos.
Enquanto isso, um artigo escrito pelo Doutor Aschenbrandt, em dezembro de 1883,
apontou o interesse da cocaína, o alcalóide da coca. 75 Freud experimentou
sobre si mesmo e outros com a substância supostamente inofensiva, que ele encontrou
para ser eficaz contra a fadiga e os sintomas neurastênicos. Em julho de 1884
Freud publicou um artigo em que elogiou as virtudes da nova droga com
Página 18
eloquência. 76 Ele afirmou que a cocaína pode ser usada como um estimulante, como um
afrodisíaco, contra distúrbios estomacais, caquexia, asma e para o re-
movimento dos sintomas dolorosos que acompanham a retirada da morfina
em viciados. Ele realmente aplicou dessa forma no tratamento de seu amigo Fleischl,
que, após nevralgia severa, se tornou um viciado em morfina. Contudo,
este tratamento resultou em Fleisch! tornando-se um viciado em cocaína.
Ao falar sobre cocaína com seus colegas Leopold Konigstein (a
Privat Dozent seis anos mais velho) e Carl Koller (um ano mais novo que
ele mesmo), Freud mencionou que a cocaína causava dormência na língua.
Koller estava procurando por um produto que produzisse anestesia
do olho. Enquanto Freud saiu de férias para visitar sua noiva em Wandsbek
(um subúrbio de Hamburgo) em agosto de 1884, Koller foi ao laboratório de Stricker
e experimentou cocaína nos olhos dos animais, e ele rapidamente
descobriu suas propriedades anestésicas. Como era comum entre os cientistas
ansioso para garantir a prioridade de uma descoberta, ele se manteve em silêncio e se apressou em enviar
um relatório preliminar para ser lido por um amigo, o Dr. Brettauer, no Oftal-
congresso mológico em Heidelberg em 15 de setembro. 77 O jornal despertou um
sensação. Konigstein se apressou em realizar experimentos do mesmo tipo e
para aplicar a descoberta à cirurgia humana. Ele e Koller apresentaram a dis-
cobertura para a Sociedade de Médicos em 17 de outubro de 1884. Quando Freud
voltou de Wandsbek, ele descobriu que Koller foi o feliz vencedor que
adquiriu fama repentina, e foi ainda mais frustrante para ele, uma vez que
foi ele quem deu a Koller a dica que levou à descoberta. Mas Freud fez
não desistir de seu estudo da cocaína. 78 Ele experimentou seu efeito em
força muscular e continuou a defender o uso médico da nova droga.
Não demorou muito para que Albrecht Erlenmeyer publicasse um alerta em papel
contra o perigo do vício da cocaína, e este seria o início do
uma tempestade contra Freud. 79

Enquanto isso, em 21 de janeiro de 1885, Freud havia se candidatado ao cargo de Privat
Dozent em Neuropatologia, e em março ele se candidatou a uma bolsa de viagem de
seis meses da Universidade de Viena. Freud trabalhou na oftalmologia
Departamento de março a final de maio, e no Departamento de Dermatologia -
em junho. Seu artigo sobre as raízes e conexões do nervo acústico
também apareceu em junho e foi bem recebido. No mesmo mês ele passou
o exame oral para Privat Dozent e deu a palestra experimental.
foi nomeado em 18 de julho, e então ele soube que, como resultado da intervenção
ção de Briicke e Meynert, ele havia sido eleito como o destinatário do
bolsa de viagem para dois outros candidatos, que ele decidiu gastar
estudando em Paris com Charcot.
Em 1º de agosto de 1885, Freud deixou o Hospital Geral de Viena, onde
passou os três anos anteriores. Ele então tirou férias de seis semanas em
Wandsbek perto de sua noiva e em 11 de outubro partiu para Paris. Aparentemente ele
considerou esta estada em Paris como a grande oportunidade de sua vida. 81
Para um jovem cientista sério e não mundano como Freud, deve ter sido
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uma experiência avassaladora de ser lançada de repente no meio febril

da capital francesa. Com grande interesse, ele observou a vida cotidiana de Paris,
visitou os museus e a Catedral de Notre Dame e assistiu a peças de teatro em
quais grandes atores atuaram. Mas ele não conseguiu evitar de se sentir perdido no
o Salpetriere. Apesar da carta de apresentação de Benedikt, Freud foi, para
Charcot, apenas mais um dos muitos visitantes que vieram ao Salpetriere.
Ele começou a fazer pesquisas no laboratório de patologia com o russo
neurologista Darkschewitch, e aparentemente ficou desapontado com o trabalho
condições. Freud então ofereceu seus serviços a Charcot como tradutor de alguns
de seu trabalho para o alemão. O grande homem convidou Freud para alguns de seus
recepções capazes. Desde o início, Freud esteve sob o feitiço de Charcot,
que o impressionou não apenas pela ousadia de suas concepções de hipnose,
histeria e neuroses traumáticas, mas também pelo imenso prestígio e
vida suntuosa do Príncipe da Ciência. Aparentemente, Freud não percebeu
que Charcot estava cercado por inimigos ferozes, e ele não ficou muito tempo
o suficiente para sentir (como fez Delboeuf, que estava lá ao mesmo tempo)
quantidade de sugestões que foram dadas a muitos dos pacientes histéricos de Charcot.
Freud gostava de dizer que tinha sido aluno de Charcot em Paris durante
1885 e 1886. Isso às vezes levava as pessoas a acreditar que ele havia permanecido
lá por muito tempo. Na verdade, Jones afirma, com base nas cartas de Freud
a sua noiva, que Freud viu Charcot pela primeira vez em 20 de outubro de 1885,
e despediu-se dele em 23 de fevereiro de 1886, e a partir desses quatro meses
deve ser subtraído uma semana do feriado de Natal, que Freud passou
com sua noiva na Alemanha, e "algumas semanas" da doença de Charcot.
Podemos supor que o encontro de Freud com Charcot foi mais da natureza de
um encontro existencial do que uma relação normal entre mestre e
discípulo. Freud deixou Paris em 28 de fevereiro de 1886, com a impressão de ter
conheceu um grande homem, com quem manteria contato para a tradução
de seus livros, e que lhe proporcionou um mundo de novas idéias.
Depois de passar o mês de março em Berlim estudando pediatria com

Baginsky, Freud voltou a Viena em 4 de abril de 1886. Ele alugou um apartamento
na Rathausstrasse e abriu sua prática no final de abril de 1886.
Foi um período agitado em sua vida, com preparativos para seu casamento e
preocupação com seu trabalho científico. Ele escreveu um relatório sobre sua viagem
conceder atividades para a assembleia de professores, 83 e em maio leu papers
sobre hipnotismo perante o Clube Fisiológico e a Sociedade Psiquiátrica. 84
No mesmo mês, um segundo artigo de Erlenmeyer apareceu alertando
dos perigos da cocaína e mencionou o nome de Freud de forma crítica. 85 Freud
tinha poucos pacientes pagantes e preencheu seu tesouro forçado, traduzindo um
volume das palestras de Charcot que apareceu com um prefácio de Freud,
com a data 18 de julho de 1886.8 6
De 11 de agosto a 9 de setembro, Freud completou um período militar
serviço com o posto de médico de batalhão em um regimento de língua alemã
que realizava manobras em Olmutz. É curioso comparar o de Freud
Página 20
carta a Breuer, 87 expressando suas queixas sobre a vida militar e sua

desprezo por ela, com o relatório escrito pelos superiores de Freud após a conclusão
desse período de serviço. 88 Em 30 de setembro de 1886, Sigmund Freud's
casamento com Martha Bernays ocorreu em Wandsbek, e eles passaram o
resto do mês em lua de mel, nas margens do vizinho
Mar Báltico.
Após seu retorno a Viena, Freud mudou sua prática para um novo apartamento
no Kaiserliches Stiftungshaus, um grande prédio de apartamentos construído
por instigação do Imperador Francisco José I no local do Anel
Teatro que pegou fogo em 8 de dezembro de 1881, com perda de cerca de
400 vidas. Ele ainda não foi capaz de começar seu ensino Privat Dozent, mas
começou a trabalhar no Kassowitz Institute, um hospital infantil privado,
onde ele havia sido nomeado para o departamento neurológico e poderia
reunir rico material para estudos clínicos. 8 9
Freud voltou de Paris entusiasmado com o que havia aprendido
no Salpetriere e ansioso para torná-lo conhecido em Viena. O papel
que leu na Sociedade de Médicos Vienense o deixou desapontado.
ponto, e este incidente deu origem a uma lenda tenaz. Uma vez que é
impossível para nós discutir os numerosos episódios da vida de Freud no
quadro limitado deste livro, destacaremos este em particular como um
exemplo.
O relato padrão desse evento é o seguinte: Freud apresentou um

artigo sobre histeria masculina perante a Sociedade de Médicos em 15 de outubro de 1886.
Este artigo foi recebido com incredulidade e hostilidade. Freud foi desafiado
para apresentar um caso de histeria masculina à Sociedade, e embora ele conheceu este
desafio em 26 de novembro do mesmo ano, a recepção foi legal, e
este foi o ponto de partida da rivalidade de toda a vida de Freud com o médico vienense
mundo.
Ao verificar a história, quatro pontos devem ser esclarecidos: (1) Que tipo
de corpo científico era a Sociedade de Médicos? (2) O que fez o conceito
da histeria masculina significa naquela época? (3) O que realmente ocorreu durante
a reunião? (4) Como os eventos da reunião podem ser explicados?

A Sociedade Imperial de Médicos (Kaiserliche Gesellschaft der Arzte em
Wien) foi uma das sociedades médicas mais conceituadas da Europa. 90 sua origem
datado de um grupo de médicos, que, por volta de 1800, começou a
reunir-se uma vez por semana para discutir problemas de medicina e higiene pública.
Após várias vicissitudes, a Sociedade recebeu reconhecimento oficial e sua
estado atual em 1837. A Sociedade manteve sua preocupação especial original
com problemas de saúde pública, mas também tratava de todos os ramos da medicina
e se esforçou para manter o mais alto padrão científico possível em cada ramo.
Muitas descobertas importantes foram anunciadas pela primeira vez antes da Sociedade. Dentro
1858, Czermak demonstrou o laringoscópio descoberto por Turck. Em
15 de maio de 1850, Semmelweiss explicou sua descoberta de que o puerpério
Página 21
infecção na maternidade de um hospital foi transportada de lá

salas de anatomia. Em 1879, Nitze e Leiter demonstraram seu cistoscópio;
e em outubro de 1884, dois anos antes do artigo de Freud, Konigstein e
Koller anunciou o uso de cocaína em cirurgias oculares. Outra característica de
a Sociedade era que qualquer médico poderia apresentar trabalhos, desde que ele
ofereceu algo original. Mas embora os alto-falantes nunca tenham se afastado
sua maneira digna e cortês, as contribuições foram expostas a
crítica. O cirurgião Breitner descreveu em sua autobiografia como, durante
a discussão de um de seus papéis, Wagner-Jauregg "esmagou-o contra
a parede como um cinquenta. " 91 As sessões aconteciam todas as sextas-feiras à noite no
edifício da Academia de Ciências, de forma bastante formal. O dis-
cussões foram gravadas por um secretário (Schriftfuhrer) e resumidas em
o boletim quinzenal da Sociedade. As sessões foram assistidas por médicos
jornalistas que enviaram relatos para seus respectivos periódicos.
O que realmente ocorreu na reunião de 15 de outubro de 1886, é unintel-
ligável se não se define o que o termo "histeria masculina" significava naquele
tempo, e para isso devemos recuar algumas décadas. Na última década lá
tinha havido um enorme aumento no tráfego ferroviário, acidentes ferroviários e
reivindicações de seguros. Um novo capítulo da patologia foi aberto, iniciado por
Médicos britânicos, que descreveram a coluna vertebral e o cérebro ferroviário, e
distinto choque nervoso de choque traumático. Na Inglaterra, Doctor Page
alegou que muitos casos de coluna ferroviária não resultaram de nervosismo
lesões, mas de distúrbios funcionais, que ele chamou de histéricos; ele
encontrados nesses pacientes hemianestesia e outros sintomas geralmente con
estigmas considerados de histeria. 92 As afirmações do Dr. Page criaram discussões animadas
em torno de dois pontos: primeiro, a frequência comparativa de orgânicos e dinâmicos
(na linguagem moderna funcional) lesões, e em segundo lugar, se estas não
as condições nervosas orgânicas eram idênticas à histeria. Esses pontos eram de
considerável importância prática para os pacientes, para as companhias de seguros,
e aos especialistas médicos que avaliaram as alegações. Opinião do Dr. Page
ponto foi amplamente defendido na Inglaterra e foi aceito nos Estados Unidos
por Walton, 93 Putnam e outros. 94 Na Alemanha, dois importantes neurologistas,
Thomsen e Oppenheim, objetaram que a hemianestesia não era prova de
histeria (porque, como eles mostraram, poderia ser encontrada em muitos outros
condições), e que em seus próprios casos de coluna ferroviária eles descobriram que
a hemianestesia era muito mais grave do que em pacientes histéricos, que
a depressão era mais profunda e havia pouca resposta à terapia. 9s
Casos não orgânicos de coluna ferroviária foram descritos por eles como um
neurose traumática distinta de histeria. Na França, Charcot negou o
existência da neurose traumática de Thomsen e Oppenheim; ele admitiu
que os casos não orgânicos de coluna ferroviária tinham certas peculiaridades sintomáticas
(como afirmado pelos alemães), mas ele insistiu que eles pertenciam à histeria.
Como prova, Charcot disse que sob hipnose produziu paralisias
Página 22
que eram sintomaticamente idênticos às paralisias traumáticas. Desde muitos

vítimas de acidentes eram homens, o diagnóstico histeria masculina, anteriormente restrito a
homens com sintomas histéricos clássicos, foi agora estendido a homens com
distúrbios funcionais pós-traumáticos. Assim, a frequência da histeria masculina
aumentou na França, pelo menos como um rótulo de diagnóstico, e agora havia
dois tipos de histeria masculina em Paris: a clássica (em que a hereditariedade foi
considerado o principal fator etiológico). e o pós-traumático (em que
a hereditariedade desempenhou um papel menor, se houver). Em Viena, a existência de clássicos
a histeria masculina não foi mais questionada, mas os principais neurologistas não
aceitar a identificação de Charcot de paralisia traumática em homens com homens
histeria.
Assim, para compreender a discussão que se seguiu ao artigo de Freud, duas
fatos devem ser lembrados: que o termo "histeria masculina" se aplica a dois
diferentes condições, ou seja, histeria masculina clássica, cuja existência foi
aceita por todos, e a traumática histeria masculina de Charcot, que foi a
objeto de discussões acaloradas entre neurologistas; e que a discussão de
histeria masculina traumática foi parte de uma controvérsia mais ampla referente a
as consequências de acidentes ferroviários e outros traumas.
A melhor forma de reconstituir o ocorrido na reunião de 5 de outubro,
1886, é contar com relatórios publicados imediatamente depois. Nós não
possuir o texto do artigo de Freud, mas provavelmente era semelhante ao relatório que ele
enviado para o Professoren-Collegium. 96 Um breve levantamento da discussão que
que seguiu a apresentação de Freud foi registrada na próxima edição do boletim
da Sociedade de Médicos, e procedimentos mais detalhados foram dados em
cinco revistas médicas. 97 98 9 9 1 oo 1 o 1 1 o2
O artigo de Freud foi precedido pela demonstração clínica de um caso de
lúpus da laringe e palato, por um laringologista, Dr. Grossmann. Então
Freud contou à Sociedade como havia passado alguns meses em Paris com Charcot,
e explicou o conceito de histeria deste último. Charcot, ele explicou,
distinguido entre um grande histérico (com um tipo específico de convulsões,
hemianestesia e vários outros estigmas) e pequena histérica. Charcot,
ele acrescentou, tinha o mérito de mostrar que os pacientes histéricos não eram fingidores,
que a histeria não resultou de distúrbios dos órgãos genitais, e que
a histeria masculina era mais frequente do que geralmente se supunha. Freud então
relatou um caso de histeria masculina que vira quando estava a serviço de Charcot. ele foi
um jovem que sofreu um acidente de trabalho e depois contraiu
paralisia em um braço e toda uma gama de estigmas também. Na base
de tais casos Charcot estava inclinado a igualar a maioria dos casos de coluna ferroviária
e cérebro ferroviário com histeria masculina.
A discussão foi aberta pelo professor Rosenthal, neurologista. Masculino
histeria, disse ele, não era uma raridade. Ele havia descrito dois desses casos dezesseis anos
mais cedo.
O professor Meynert afirmou que observou repetidamente casos de epilepsia
Página 23
convulsões e distúrbios de consciência após o trauma, e que seria

interessante verificar se esses casos sempre apresentaram os sintomas
retratado por Freud.
O professor Bamberger, o presidente, reconheceu os méritos de Charcot, mas
não vi nada de novo no interessante artigo de Freud. Ele questionou a dis-
tintura de grande e pequeno hystenÂ · e porque alguns dos mais severos
casos de histeria não pertenciam a grande hysterie. Quanto à histeria masculina,
era uma condição bem conhecida, mas com base em suas próprias observações
Bamberger discordou de igualar a coluna vertebral de uma ferrovia a um macho genuíno
histeria, apesar de certas semelhanças no quadro clínico.
O professor Leidesdorf mencionou que costumava examinar pacientes que,
após um acidente ferroviário ou trauma semelhante, desenvolveram
sintomas que nada tinham em comum com a histeria. Ele não negou que
houve casos em que o choque foi seguido de histeria, mas ele
alertou contra a conclusão de que a histeria era consequência do trauma,
porque a verdadeira extensão das lesões ainda não pôde ser avaliada nessa fase.
O artigo de Freud foi seguido por um apresentado pelo professor Latschenberger,
sobre a presença de pigmento de bílis em tecidos e líquidos em doenças graves em
animais. O Professor Bamberger objetou veementemente ao Professor Latschenberger
afirmações. (Obviamente, frieza era o tom da Sociedade, e nesse
em relação a Latschenberger não foi tratado melhor do que Freud, apesar de
título de seu professor).
Nos relatos lendários desse encontro, pareceria que tre-
descobertas medonhas, que ainda não haviam chegado a Viena, foram reveladas
a Freud em Paris (como a existência de histeria masculina), e que, enquanto
agindo como o missionário de Charcot para os "eruditos" vienenses, ele era uma vergonha-
totalmente desprezado e rejeitado. Na verdade, as coisas eram bem diferentes. Freud teve
voltou de Paris com uma foto idealizada de Charcot. Muito do que ele
atribuídas a Charcot foram as opiniões de autores anteriores e a histeria masculina
era uma condição bem conhecida, da qual histórias de casos foram publicadas em
Viena, há muito tempo, por Benedikt 103 Rosenthal e outros. 1 04 Charcot era
popular em Viena; Benedikt o visitava todos os anos. Meynert1 ° 5 estava ligado
termos amigáveis com ele, e Leidesdorf falou muito bem dele. 106 Mas o
O mundo médico de língua alemã ficou inquieto com a nova virada dada pela
A pesquisa de Charcot desde 1882. É característico que os Neurologisches
Centralblatt publicou uma revisão detalhada da tradução de Freud do livro de Charcot
palestras, nas quais o maior elogio foi concedido a Freud como tradutor,
mas uma crítica cortante, embora educada, foi expressa sobre o novo
ensino. 10 7
Do processo é óbvio que ninguém negou a existência de

histeria masculina clássica. Dos quatro debatedores dois, Rosenthal e Bam-
Berger, afirmou expressamente que a histeria masculina era bem conhecida, e Leidesdorf
falou disso como uma noção atual. Meynert necessariamente compartilhava da mesma opinião
desde que um caso de histeria masculina clássica de suas enfermarias foi publicado
apenas um mês antes, sob seus auspícios, não porque a histeria masculina foi
Página 24
incomum, mas como resultado de um raro sintoma histérico que o caso pré-
enviado.108 É claro que o ponto crucial da discussão era a equação de Charcot
de neurose traumática com histeria masculina.
Assim , parece que os neurologistas vienenses discordaram de três pontos
no artigo de Freud. Primeiro, Freud não se conformava com a tradição da Sociedade
que o palestrante traga algo novo e original. (Este é o significado de
Comentário de Bamberger: "Tudo isso é muito interessante, mas não vejo nada de novo em
") Freud provavelmente teria sido melhor recebido se, em vez de relatar
um dos históricos de caso de Charcot ele trouxera um de sua autoria. Segundo,
Freud interveio sob a autoridade exclusiva de Charcot em uma controvérsia de
que ele não parecia ter apreendido a complexidade e a prática
implicações. Na verdade, a atitude cautelosa dos neurologistas vienenses em
em relação ao diagnóstico de distúrbios histéricos era vantajoso para
seus pacientes. (Este é o significado da observação de Leidesdorf). Terceiro, pode
têm sido irritantes para esses neurologistas que Freud atribuiu a Charcot
a descoberta de que a histeria não era fingimento nem resultado de distúrbios
órgãos genitais, dois pontos que eram conhecidos em Viena por
muito tempo, tanto que Freud parecia tratá-los como ignorantes e estar falando
até eles.
Alguém pode se perguntar como aconteceu que Freud não percebeu que estava
ofendendo esses homens que tinham sido bem dispostos para com ele. 109 Uma razão
foi aquele Freud, que sempre esteve sujeito a pronta e forte
entusiasmo, estava agora sob o feitiço de Charcot. Outra razão foi a de Freud
ansiando pela grande descoberta que lhe traria fama. Ele ainda estava
doendo com a decepção causada pelo episódio da cocaína, e ele
aparentemente pensou que a revelação que ele havia recebido na Salpetriere
pode ser o ponto de partida para novas descobertas. Portanto, o legal
a recepção dada ao seu jornal foi ainda mais dolorosa para ele.
Não há nenhuma evidência documental de que Freud foi desafiado a mostrar
a Sociedade, um caso de histeria masculina. Seja como for, o próprio Freud sentiu
obrigado a fazê-lo. Ele conseguiu encontrar um caso uma semana após a reunião,
teve o exame oftalmológico realizado pelo Dr. Konigstein em
24 de outubro, e a manifestação ocorreu em 26 de novembro. Freud começou
seu artigo, afirmando que ele estava enfrentando o desafio do professor Meynert para
demonstrar à Sociedade um caso de histeria masculina com os estigmas descritos
por Charcot.110 O paciente era um trabalhador de 29 anos, que no
aos oito anos foi atropelado na rua, sofreu a perda de um
tímpano, e foi afetado por convulsões de natureza obscura durante
os dois anos que se seguiram ao acidente. Agora, depois de um choque nervoso
experimentado três anos antes, ele havia desenvolvido sintomas histéricos.
Ele mostrou uma grave hemianestesia e outros estigmas histéricos, como
descrito por Charcot. Na verdade, era um caso ambíguo que poderia ser
diagnosticado como histeria traumática revivida (por causa do antigo acidente),

ou como histeria masculina clássica (por causa do choque nervoso), e poderia
dificilmente contribuem para elucidar o ponto que vinha sendo criticado durante a
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reunião de 15 de outubro. Desta vez não houve discussão, talvez por conta
da programação pesada. Freud afirmou mais tarde em sua autobiografia que este
papel tinha sido aplaudido, mas aparentemente não dissipou a impressão
criado pela reunião anterior.
Ao contrário da lenda, Freud não rompeu seus laços com a Sociedade após
aquela reunião. Sua candidatura foi apresentada por sete membros proeminentes
da Sociedade em 16 de fevereiro de 1887, e ele foi eleito em 18 de março,
1887. Ele nunca deixou de ser membro da Sociedade antes de deixar Viena. 111
A sessão de 15 de outubro de 1886 foi reconvocada três meses depois por
Arthur Schnitzler em uma revisão da tradução de Freud do livro de Charcot. 112
Schnitzler fala sobre a "fantasia do médico engenhoso" (die Phantasie
des geistreichen Arztes), isto é, Charcot, e como seu conceito de traumático
a histeria masculina foi recebida com reserva. 13 Isso foi confirmado "quando
o doutor Freud falou recentemente sobre o assunto perante a Imperial-Royal Society
de médicos em Viena, e uma discussão animada se desenvolveu. "
versos sobre neurose traumática versus histeria masculina continuou a grassar em
Europa por alguns anos, até que, por volta de 1900, o mundo médico perdeu o interesse
na histeria, deixou de acreditar na existência dos estigmas de Charcot, e
a própria doença tornou-se muito menos frequente. 114
Nos dez anos que se seguiram, Freud lutou para criar sua família, construir
aumentar sua prática, realizar um trabalho neurológico e criar uma nova psicologia.
Freud começou, em 1886, com a costumeira deficiência do jovem médico
quem tem dívidas e nenhuma fortuna. Pacientes particulares demoravam a chegar, e ele
teve dificuldade em encontrar casos para suas demonstrações como Privat Dozent. UMA
poucos fatos mostram que ele deve ter sofrido alguma crítica durante este
período. Ele foi acusado de ter desencadeado sobre a humanidade aquele "terceiro
flagelo, "vício em cocaína (os outros sendo alcoolismo e morfinismo).
Em um último artigo sobre cocaína, de julho de 1887, Freud tentou se justificar:
a cocaína, disse ele, era perigosa apenas para os viciados em morfina, mas
resultados maravilhosos podem ser obtidos tratando morfinistas com cocaína
durante a fase de retirada. 5 E acrescentou: " Talvez não seja supérfluo
É importante notar que esta não é uma experiência pessoal, mas um conselho dado a alguém
outra coisa. "Um jornal médico tendo publicado uma breve revisão por Freud de um
livro de Weir Mitchell, trouxe logo depois uma revisão mais extensa de
o mesmo livro por outro reviewer.l 16 Freud tinha quebrado com Meynert,
e uma disputa acirrada eclodiu entre eles em 1889. Em um jornal
em neuroses traumáticas, Meynert criticou as teorias de Charcot sobre traumático
paralisa e acrescentou em uma nota de rodapé que as opiniões de Freud eram mais dogmáticas
do que científico e contradisse o ensino de Charcot. 11 7 A isso Freud respondeu
com um ataque veemente a Meynert, a quem acusou de ser preconceituoso.
Esses episódios ilustram a atmosfera de isolamento e desconfiança em que
Freud começou sua carreira.
Mas Freud também tinha ativos. Seu velho amigo Josef Breuer, que gostava
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uma das clientelas mais ricas de Viena, enviou-lhe pacientes. Além disso,
Freud foi colocado no comando, após seu retorno de Paris, do
departamento neurológico do Instituto Kassowitz. 118 Um assíduo
trabalhador, Freud gradualmente criou para si sua posição social e sua
reputação como especialista.
De acordo com todos os testemunhos, seu casamento com Martha foi um feliz
1. Seis filhos nasceram deles: Mathilde em 16 de outubro de 1887,
Jean-Martin em 7 de dezembro de 1889, Oliver em 19 de fevereiro de 1891, Ernst
em 6 de abril de 1892, Sofie em 12 de abril de 1893 e Anna em 3 de dezembro,
1895. 119 A família também incluía a cunhada de Freud, Minna
Bernays e dois ou três criados. No verão de 1891 a família
mudou-se para o apartamento na Berggasse 19, que Freud deveria deixar apenas
em 1938.
O apartamento de Freud estava localizado em um bairro residencial, próximo ao
Innere Stadt ou cidade velha, nas imediações da Universidade,
os museus, a ópera, o Burgtheater, o grande governo
edifícios, e por último, mas não menos importante, a Corte Imperial. Este último incluiu
o Palácio Imperial (Hofburg), seus jardins, galerias de arte, biblioteca, coroa
joias (Schatzkammer) e a Escola Imperial Espanhola de Equitação. o
família assim viveu e cresceu perto do coração pulsante do grande
Império. Era uma ocorrência frequente ver o Imperador passando por
o bairro em sua diligência. Em muitos aspectos a vida era muito diferente
do que é agora. Os profissionais receberam seus clientes em seu local de
residência, de modo que eles acharam fácil interromper seu trabalho para ver seus
família. As crianças tinham vislumbres da ocupação de seu pai, que gostava
enorme prestígio aos seus olhos. Não era incomum trabalhar desde cedo
da manhã até tarde da noite, seis dias por semana, mas profissionais e prósperos
as pessoas tiraram três meses de férias de verão, que passaram em
o país ou viajando com Baedeker na mão.
A evolução científica de Freud durante esses dez anos é mostrada pela
fato de que em 1886 ele era principalmente um neurologista que aceitou completamente
As teorias da neurose de Charcot, ao passo que em 1896 ele não estava mais interessado
em neurologia, e depois de ter desistido das idéias de Charcot e Bernheim,
lentamente começou a elaborar seu próprio sistema.
O primeiro passo foi seu crescente interesse por Bernheim, cujo livro ele
traduzido, e então, em julho de 1889, ele foi a Nancy para visitá-lo e
Liebeault, após o qual participou do Congresso Internacional de Psicologia
em Paris. 120
Em 1891, o livro de Freud sobre paralisia cerebral em crianças apareceu em
colaboração com Oscar Rie, assim como seu estudo crítico da teoria de
afasia, e em 1892 Freud publicou a tradução de outro de
Livros de Bernheim. 21 Em uma série de duas palestras que ele deu em 27 de abril e
Â · 4 de maio de 1892, no Wiener Medizinischer Klub, o conceito de sugestão
Página 27
que ele expôs foi quase exatamente o de Bernheim. 122 Mas Freud
também traduziu um outro volume das palestras de Charcot, que ele forneceu
com notas de rodapé, algumas explicando as ideias de Charcot, outras declarando seu
próprio conceito de histeria ou contradizendo Meynert. 123
Em 1893, um esboço biográfico de Freud apareceu em Das geistige Wien,
uma espécie de Quem é Quem das celebridades vienenses. 124 Freud publicou vários
artigos sobre histeria, notadamente sua "Comunicação Preliminar" com Josef
Breuer intitulou "Mecanismos psíquicos dos fenômenos histéricos". Charcot's
conceito do mecanismo da neurose traumática foi estendido à histeria
em geral, e um método psicoterapêutico proposto, com base no conceito
de catarse e ab-reação. Em 1894, em seu artigo "Defense Neuro-
Psicose, "Freud passou da histeria às fobias, obsessões e
até mesmo alucinações. Freud pressionou Breuer para a conclusão dos Estudos sobre
Hysteria, e foi publicado em 1895. Era um livro bem organizado. Depois de
um pequeno prefácio afirmando que eles não usaram tantos históricos de casos quanto eles
desejaria, em razão do sigilo profissional, a "Comunicação Preliminar
ção "de 1893 foi reimpresso, seguido pelo caso da paciente Anna 0.,
dado como um protótipo de uma cura catártica. Então vieram quatro casos de Freud
histórias, a primeira das quais foi Emmy von N., o primeiro tratamento catártico de Freud-
ment. O livro foi concluído com um capítulo sobre o conceito de histeria por
Breuer, e outro de Freud sobre sua psicoterapia. Voltaremos mais tarde para
o efeito produzido por este livro e os artigos contemporâneos de Freud.
Naquela época, a posição profissional e financeira de Freud havia melhorado para
o ponto onde ele poderia pagar viagens periódicas na Itália e a coleção
de objetos de arte. No ano seguinte, ele sentiu que sua teoria e terapêutica
método era suficientemente original para receber um nome novo e específico:
psicanálise. Mas o nascimento desta nova ciência viria através de um
processo muito incomum que já havia começado.
Durante um período de cerca de seis anos (1894 a 1899), quatro eventos são inexistentes
intrincadamente mesclados na vida de Freud: sua relação íntima com Wilhelm
Fliess. seus distúrbios neuróticos, sua auto-análise e sua elaboração do
princípios básicos da psicanálise. Vamos primeiro resumir os fatos conhecidos,
em seguida, proponha uma interpretação. As duas fontes principais são o Inter
pretação de Sonhos, que analisa várias dezenas de sonhos de Freud sobre
esse período, e a parte publicada de sua correspondência com Fliess.
(A publicação completa dessas cartas possivelmente modificará um pouco
nossa foto daquele período.)
Freud conheceu em 1887 Wilhelm Fliess, um ouvido e
especialista em nariz de Berlim. Fliess foi o autor de teorias cujas três
pontos principais foram a correspondência entre a mucosa nasal e a
órgãos genitais, a bissexualidade dos seres humanos e a existência em cada
indivíduo de dupla periodicidade, feminino com ciclo de vinte
oito dias e um masculino com ciclo de vinte e três dias. 12S
Página 28
A primeira carta de Freud a Fliess de 24 de novembro de 1887, diz respeito ao diagnóstico de

um paciente. Uma amizade se desenvolveu, marcada em junho de 1892 pela adoção
do modo familiar de endereço Du (tu). Ele logo adquiriu uma mais emocional
personagem. Para Freud, Fliess era um correspondente científico, um médico
que tratou de seu problema nasal, e um confidente que também o estimulou
e em cujo julgamento ele depositou confiança ilimitada.
No início de 1894, Freud sofreu de sintomas cardíacos. Em
O conselho de Fliess ele parou de fumar e, apesar de muito sofrimento, manteve
sua decisão. Neste momento ocorreu um episódio conforme descrito por Max Schur.l26
Freud estava tratando uma mulher, Emma, com histeria, e chamou Fliess para
determinar se havia uma conexão entre seus sintomas e um
possível condição do nariz. Fliess operou o nariz de Emma e voltou para
Berlim. O paciente, no entanto, sofreu de graves complicações pós-operatórias
e outro especialista descobriu que Fliess havia acidentalmente deixado um longo
pedaço de gaze iodofórmica na cavidade. Semanas depois, o paciente teve um
hemorragia de tal gravidade que sua condição permaneceu crítica por bastante
às vezes. Segundo Schur, Freud expressou, em cartas até então não publicadas
satisfeito, sua total confiança em Fliess, que permaneceu para ele o curandeiro "até
cujas mãos alguém confia na própria vida. "Esses eventos ocorreram em um momento
quando Freud estava inteiramente absorvido por sua cogitação sobre uma nova psicologia.
Em junho de 1895, ele escreveu a Fliess que havia recomeçado a fumar após um
interrupção de quatorze meses. Ele não aguentou mais. Foi durante
na noite de 23 a 24 de julho de 1895, que Freud teve seu célebre sonho de
A injeção de Irma, primeiro sonho do qual fez uma análise completa com
sua nova técnica de associações. Era para se tornar o protótipo de um
análise dos sonhos, não apenas no Traumdeutung de Freud, mas aos olhos de todos
psicanalistas. Max Schur mostrou que os elementos básicos desse
sonho estiveram presentes na história da paciente Emma, e que pode ser
interpretado como uma tentativa do sonhador de justificar Fliess. Freud teve a sensação
que ele havia resolvido o mistério dos sonhos e encontrado uma chave para sua interação
pretação, uma chave que ele agora poderia utilizar na investigação e tratamento
de seus pacientes.
No período de julho de 1895 até a morte de seu pai em 23 de outubro,
1896, Freud publicou, junto com Breuer, os Studies in Hysteria, quebrou
fora de seu relacionamento com Breuer, e escreveu um projeto para um projeto científico
Psicologia que ele, no entanto, logo abandonou de modo que permaneceu não publicado
lished. Os sofrimentos de Freud aumentaram. Durante uma excursão nas montanhas
ele perdeu o fôlego e foi obrigado a voltar. Mais uma vez ele desistiu
fumar, mas logo retomou. Sentimentos de ter feito grandes descobertas
foram seguidos por dúvidas atormentadoras. Jacob Freud, que tinha sido severamente
doente por vários meses, morreu em 23 de outubro de 1896. Durante a noite seguinte
o funeral, Sigmund sonhou que estava em algumas instalações onde leu
um pôster: "É necessário fechar os olhos." 127 Havia uma conotação
de autocensura no sonho. Freud agora percebeu o quanto seu pai
Página 29
significava para ele. Muito provavelmente ele tinha sentimentos de culpa sobre a hostilidade que ele
há muito sentia por ele. A partir daí, a autoanálise de Freud, que
parecia ter procedido de forma intermitente até então, tornou-se sistemático e
o absorvia cada vez mais, principalmente a análise de seus sonhos. Edith
Buxbaum 128 em um artigo, e Didier Anzieu em um livro, 129 tentaram
reconstruir a auto-análise de Freud, colocando os sonhos em ordem cronológica
ordem e em justaposição com a correspondência Fliess.
Por cerca de um ano após a morte de seu pai, os sofrimentos internos de Freud
piorou, como mostram suas cartas a Fliess. Ele meditou dia e noite
sobre o aparelho psicológico e a raiz das neuroses. Ele pagou
maior atenção às fantasias que cobrem certas memórias. Ele sentiu em
a ponto de descobrir grandes segredos, ou de tê-los descoberto, mas
logo caiu para trás, vítima de dúvidas. Ele contou sobre sua neurose, sua pequena histeria.
Afirmou ser indiferente às intrigas que podem ter ocorrido no
Universidade. Em 14 de agosto de 1897, ele disse a Fliess que "o principal paciente que
me mantém ocupado sou eu mesmo ", e que sua análise foi mais árdua do que qualquer
de outros.
Em 21 de setembro de 1897. Freud escreveu a Fliess uma confidência surpreendente. o
histórias de sedução precoce pelo pai, contadas por todos os seus histéricos
pacientes, eram meras fantasias, de modo que toda a sua teoria da histeria era
abalado. A falta de sucesso terapêutico, a impobabilidade de que tantos
as seduções do pai poderiam passar despercebidas, a impossibilidade de dis-
distinguir no inconsciente uma memória de uma ficção, foram as principais
motivos que agora o levam a desistir da esperança de elucidar o mistério da
neurose. Desapareceram as expectativas de uma grande descoberta que traria
fama e riqueza. No entanto, o tom desta carta era otimista. Lá
permaneceu para Freud seu método de interpretação dos sonhos e sua incipiente
metapsicologia (seu sistema de aparelho psíquico). De agora em diante,
sua autoanálise passou por uma fase fecunda. Memórias de infância correram
adiante. A velha e feia "babá", que lhe contou sobre Deus e o inferno, ele agora
visto como sendo a raiz de sua experiência sexual mais antiga, enquanto a libido
em relação a sua mãe tinha sido despertado na idade de 2 anos e meio . Relação-
navios com seu sobrinho de um ano forneciam o padrão para o neurótico
lado de suas amizades subsequentes. Ele se lembrou de seu ciúme de seu
irmão mais novo e subsequentes sentimentos de culpa após sua morte. Procurando por
memórias sobre sua babá, ele descobriu um exemplo do que mais tarde
chamada de memória de tela. Ele presumiu que os sentimentos amorosos do menino
pois sua mãe e o ciúme de seu pai eram fenômenos gerais. Ele
invocou os nomes de Édipo e Hamlet. Ele deu importância crescente
à resistência. agora considerada como a persistência de características infantis.
Ele reformulou sua ideia sobre a origem da histeria e das obsessões. Dentro
este processo, auto-análise e a análise de seus pacientes foram estreitamente
misturados, e Freud disse a Fliess: "Não posso lhe dar nenhuma idéia do
beleza intelectual do trabalho. "
Página 30

Em novembro de 1897, Freud escreveu que sua auto-análise estava estagnada

novamente. Mais memórias de infância lentamente emergiram. Freud estava preocupado
com problemas relativos às antigas zonas sexuais, particularmente o anal
memórias e fantasias. Ele comparou sonhos. fantasias, sintomas neuróticos,
espirituosidade e criações artísticas. Ele sentiu uma melhora em sua neurose,
emancipou-se da influência de Briicke e Charcot, e identificou
se identificou com Goethe. Suas cartas para Fliess tornaram-se menos frequentes, mais curtas,
e manifestou uma mudança da dependência para a competição. No inicio
de 1898 ele começou a escrever um livro sobre sonhos. Esse trabalho foi interrompido
pelas férias de verão, e no outono por um novo período de depressão
ação e inibição, mas foi retomada e concluída em setembro de 1899.
A publicação de A Interpretação dos Sonhos marcou o fim de
Neurose de Freud, mas ele nunca cessou sua autoanálise, e desde então
em dedicar um momento a ele diariamente. Ele emergiu desta experiência com um
transformação interior de longo alcance. Ele superou sua dependência de
Fliess, e sua estreita amizade terminou no início de 1902. Freud
foi capaz de superar uma inibição misteriosa que o impediu de
visitando Roma, e em setembro de 1901 ele passou doze dias naquela cidade de
seus sonhos. Ele finalmente tomou medidas para promover sua nomeação como professor,
e agora se sentia pronto para reunir ao seu redor um pequeno círculo de adeptos.
A estranha doença que Sigmund Freud passou entre 1894 e
1900, juntamente com sua auto-análise, deram origem a várias interpretações
ções. Alguns de seus adversários afirmam que ele era um homem gravemente doente e
a psicanálise era a expressão de uma neurose. Seus seguidores, como
Jones. afirmam que sua auto-análise foi um feito heróico sem precedentes,
que nunca mais seria realizado, pelo qual os abismos do
inconscientes foram revelados à humanidade pela primeira vez. É a nossa hipótese
que a auto-análise de Freud foi um aspecto de um processo complexo (os outros
sendo sua relação com Fliess, sua neurose e a elaboração de
psicanálise), e que este processo foi um exemplo do que pode ser
chamada de doença criativa.
Isso nos obriga a definir a doença criativa e dar suas características principais. 130
Ela ocorre em vários ambientes e pode ser encontrada entre os xamãs, entre os
místicos de várias religiões, em certos filósofos e escritores criativos.
Um exemplo já mencionado neste livro é o de Fechner, 131 e nós
descreveremos em um capítulo posterior a doença criativa de CG Jung. 132 A
doença criativa sucede um período de intensa preocupação com uma ideia e
busca por uma certa verdade. É uma condição polimorfa que pode levar a
forma de depressão, neurose, doenças psicossomáticas ou mesmo psicose.
Quaisquer que sejam os sintomas, eles são sentidos como dolorosos, se não agonizantes, pelo
sujeito, com períodos alternados de alívio e agravamento. Ao longo
a doença, o sujeito nunca perde o fio de sua preocupação dominante
ção. Muitas vezes é compatível com a atividade normal, profissional e familiar
vida. Mas mesmo que ele mantenha suas atividades sociais, ele é quase inteiramente
Página 31
absorto consigo mesmo. Ele sofre de sentimentos de total isolamento, mesmo quando
ele tem um mentor que o guia através da provação (como o xamã
aprendiz com seu mestre). O encerramento é muitas vezes rápido e marcado

por uma fase de alegria. O sujeito emerge de sua provação com um
transformação permanente em sua personalidade e a convicção de que ele tem
descobriu uma grande verdade ou um novo mundo espiritual.
No caso de Freud, todas essas características podem ser encontradas. Desde sua visita
a Charcot em 1885 e 1886, ele estava preocupado com o problema
da origem da neurose, um problema que em algum ponto se tornou um problema dominante
preocupação. De 1894 em diante, os sofrimentos de Freud, conforme descritos em suas cartas
para Fliess seria, sem dúvida, classificado como neurótico, e às vezes como
psicossomático. Mas, para a diferença da neurose, a concentração em um
a ideia fixa tinha não apenas um caráter obsessivo, mas também criativo.
Especulação intelectual, auto-análise e trabalho com seus pacientes ocorreram
em uma espécie de busca desesperada por uma verdade elusiva. Repetidamente ele sentiu que
ele estava prestes a descobrir um grande segredo ou estar agora em suas posses-
missão, apenas para ser novamente tomada por dúvidas. A sensação característica de
isolamento absoluto é um dos leitmotivs de suas cartas a Fliess. Não há
evidências de que Freud estava realmente isolado, e menos ainda de que foi maltratado
por seus colegas durante aqueles anos. Suas três palestras antes do
Doktorenkollegium foram bem recebidos, apesar da estranheza do
teorias. Outro, sobre sonhos, antes que a B'nai B'rith, Freud diz, fosse dada
uma recepção entusiástica. Ainda mais, pode-se falar de respeito genuíno
e tolerância para com Freud por parte de seus colegas. Em 2 de maio de 1896,
quando Freud deu uma palestra para a Sociedade de Psiquiatria e Neurologia,
expondo sua teoria da sedução precoce como causa da histeria, Krafft-
Ebing, que era o presidente do conselho, simplesmente comentou que parecia um cientista
conto de fadas e, no entanto, propôs a nomeação de Freud para o título de
Extraordinarius no ano seguinte. 133 Quanto ao público, quem iria
culpá-lo por seu ceticismo quando o próprio Freud, alguns meses depois, descobriu
ered que ele estava errado? Uma característica frequente na neurose é o
abundância de julgamentos pejorativos; tais foram as emitidas por Freud em
essas cartas em relação aos seus colegas. Já em agosto de 1888, ele disse
que seus colegas tiveram que moderá-lo em seus ataques a Meynert. Dele
livro sobre afasia é um ataque a vários colegas, e particularmente a
"o ídolo entronizado" Meynert. Até o bom Breuer foi tratado
com desprezo. Nessas cartas também aparece uma forte intolerância a qualquer
tipo de crítica. A revisão de Striimpell sobre os Estudos da Histeria, que
reconhece os méritos do livro, embora com certas reservas,
Freud qualificado como "base" (niedertrachtig) . 134 Quando CS Freund
publicou um artigo sobre paralisias psíquicas 135 Freud chamou de "quase um
plágio " 136, embora o artigo expressasse uma teoria bastante diferente
da de Freud, a quem o autor até menciona a esse respeito. Freud
era sensível em questões de prioridade e estava ansioso para não ser impedido,
Página 32
por exemplo, por Moebius ou Janet. Sua atitude para com seus colegas
apareceu nessas cartas como um sinal de desconfiança ou de provocação. 137
A relação de Freud com Fliess, que intrigou tantos psicopatas
analistas, podem ser facilmente compreendidos quando colocados no contexto de
doença. A pessoa tem a sensação de abrir caminho em um mundo desconhecido

em completo isolamento. Ele precisa desesperadamente de um guia para ajudá-lo nisso
provação. Freud havia deixado para trás aquelas figuras paternais: Briicke, Meynert,
Breuer e Charcot, e ele agora recorria a uma amizade com um homem de
a mesma geração que a sua. Em sua adolescência, Freud teve um
amizade íntima com um colega de escola, Eduard Silberstein, com quem passou
a maior parte de seu tempo livre. Os dois amigos aprenderam espanhol, para usar como espécie
de linguagem secreta, assumiu nomes espanhóis, fundou uma Academia Castelhana,
e continuou a corresponder por cerca de dez anos. Em um algo semelhante
modelo, Freud e Fliess tiveram uma estreita amizade. Eles trocaram
ideias e, particularmente, novas percepções e descobertas ainda mantidas em segredo de
O resto do mundo. No entanto, uma leitura das cartas de Freud a Fliess mostra
que o relacionamento inicial de dois amigos iguais foi gradualmente substituído
por outro de subordinação intelectual de Freud a Fliess, até Freud
eventualmente recuperou sua posição anterior de igual. Isto mostra que
durante o período crucial da doença criativa de Freud, Fliess involuntariamente
e inconscientemente assumiu o papel de mestre xamã antes do xamã
aprendiz, e de diretor espiritual para o místico.
Típico para doença criativa é a recuperação rápida e espontânea
acompanhado por um sentimento de euforia. Lembramos como Fechner passou por
uma fase ligeiramente hipomaníaca durante a qual ele pensou que poderia decifrar
todos os enigmas do mundo. Um sentimento um tanto semelhante é expresso em
a frase: "Quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir convence-se
que os mortais não podem manter nenhum segredo escondido. Ele cujos lábios são conversas silenciosas
com as pontas dos dedos, e a auto-traição jorra por todos os poros de seu
pele. " 138 Todos os anos de sofrimento haviam desaparecido, mas permaneceram os
impressão de ter passado por um longo período de terrível isolamento em um
mundo hostil. Típico para o fim da doença criativa é a mudança gradual de
interesse do mundo interior para o exterior. Considerando que em suas cartas ele
disse a Fliess que ele era indiferente à sua nomeação e até mesmo visu
rompeu completamente com a Universidade, Freud agora interveio ativamente
no Ministério para promover seus interesses.
Como a personalidade de um cientista pode ser afetada por sua descoberta é
mostrado, por exemplo, no caso de Robert Bunsen, conforme representado por Von
Uexkiil1. 139 Quando Bunsen descobriu a análise espectral, sua visão do
o mundo mudou, assim como sua personalidade; a partir de então "ele se aborreceu
como um rei viajando incógnito. "Paul Valery mostrou como a personalidade
de um escritor criativo também pode ser remodelado após a imagem de seu trabalho. 140 dentro
em relação à doença criativa, a transformação resultante da personalidade é
ainda mais profundo. É como se o indivíduo tivesse seguido o chamado de Santo Agostinho,
Página 33
"Não busque no exterior, volte para você mesmo, pois no homem interior mora o
verdade. "141 Por essa razão, também, a transformação da personalidade é
indissoluvelmente unido à convicção de ter descoberto um grandioso
verdade que deve ser proclamada à humanidade. No caso de Freud, foi o
descoberta do método psicanalítico e de uma nova teoria da mente,
e sua primeira evidência está em seu livro The Interpretation of Dreams,
(Traumdeutung).
Freud sempre considerou A Interpretação dos Sonhos sua obra principal,
e é certamente um livro extraordinário. Embora muito tenha sido publicado a cada
ano sobre sonhos, o tema de sua interpretação não havia sido renovado
desde Schemer em 1855. Em segundo lugar, o livro trouxe não apenas um original
teoria dos sonhos, mas a base de uma nova psicologia. E terceiro, o
livro foi, em um grau sem precedentes, vinculado à vida e à personalidade
de seu autor. Hervey de Saint-Denis e outros encheram livros inteiros
com seus próprios sonhos e explicações dos mesmos, mas nenhum tinha analisado
sonhos que tiveram durante uma doença criativa.
Hoje, A Interpretação dos Sonhos é um clássico, e estamos tão familiarizados
com isso, é difícil para nós visualizar a impressão que causou em 1900.
A versão atual hoje é que Freud era naquela época um neurônio obscuro
ogista que foi "ostracizado" por seus colegas, e que o livro que
trouxe tantas inovações foi desprezado ou recebido com silêncio mortal.
Um exame objetivo dos fatos dá uma imagem diferente. Durante aqueles
anos de doença criativa, a reputação de Freud cresceu lentamente em Viena e
no exterior. No Congresso Internacional de Psicologia em Munique em agosto
1896, o nome de Freud foi mencionado como uma das maiores autoridades em
histeria. 142 Van Renterghem em 1897 listou Freud entre os principais representantes
resentativos da Escola Nancy.143 Como mencionado anteriormente, um biográfico
esboço sobre Freud apareceu em 1901 em uma espécie de Quem é Quem da medicina
celebridades.144 Além disso, em Lyon, um ginecologista, Dr. Cesar Tournier,
já em 1895, tornou-se profundamente interessado nas idéias de Freud sobre as crianças
sexualidade. 145 A afirmação de que Freud foi condenado ao ostracismo em Viena é infundada.
Ele nunca deixou de ser membro da Imperial-Royal Society of
Médicos, 146 e pelo menos em 1899-1900 foi um avaliador do
Association for Psychiatry and Neurology, 147 (o mesmo grupo onde seu
palestra sobre histeria foi recebida com descrença em 1896). Um oficial
certificado de 4 de outubro de 1897, afirmava que "Freud vive em obviamente muito
boas circunstâncias, tem três servos e desfruta de um ambiente não muito extenso
mas prática lucrativa ", e é claro que sua posição havia melhorado até
mais entretanto. 14B
Apesar de sua fama, A Interpretação dos Sonhos é uma das menos
entendeu as obras de Freud hoje, por vários motivos. Primeiro, porque o
o texto sofreu muitas alterações, adições e subtrações de um
edição para outra, de modo que a edição agora disponível é bastante diferente em
Página 34
forma e conteúdo do original. Em segundo lugar, o livro era difícil de

traduzir, e muitas nuances da fuga original na melhor tradução
ção.149 A única maneira de obter um conhecimento real de seu conteúdo é ler o
edição original alemã, que, infelizmente, é muito escassa. Terceiro, o
A Interpretação dos Sonhos está repleta de alusões a eventos e costumes que
eram familiares para o leitor contemporâneo, mas são quase incompreensíveis
hoje sem um comentário. 150 Literalmente fervilha de detalhes engraçados
sobre a vida em .fin de siècle Viena.
Além disso, o livro poderia ser chamado de autobiografia disfarçada.
Freud menciona seu nascimento e a previsão de uma velha camponesa feita

na época, a educação áspera que recebeu de uma velha enfermeira, a
mistura peculiar de amizade e hostilidade entre ele e seu sobrinho
John, um ano mais velho que ele, a emigração de seus meio-irmãos para
Inglaterra, um pesadelo de infância em que viu sua mãe e um pássaro
figuras de bico, sua posição como o primeiro da classe na escola, a "conspiração
contra o professor impopular ", os primeiros indícios que teve de anti-semitismo
em colegas de escola e muitos outros detalhes. Freud também menciona
eventos: o governo liberal em 1866 no qual havia dois judeus
Ministros, a Guerra Hispano-Americana de 1898, o criminoso anarquista
tentativas em Paris. Freud fala de seus trabalhos anteriores, sua decepção
no caso da cocaína, sua sensação de alegria quando pôs os pés em Paris
em 1885, e de seu amigo Fliess. Ele sugere suas descobertas sobre a tela
memórias, sexualidade infantil e o complexo de Édipo. Ele com cuidado
esconde tudo o que diz respeito à sua própria vida amorosa, mas ele conta sobre a sua
crianças e dá exemplos de seus sonhos. Ele não esconde seu ateu
sentimentos, nem sua descrença na imortalidade.
Por outro lado, Freud se valeu do estratagema a que recorreram
Dante quando ele jogou as pessoas de quem não gostava no inferno. Assim era o tio Josef,
a ovelha negra da família, a quem Freud afirmou "nunca, é claro,
amou "; tal era a velha babá que o tratou duramente como uma criança,
e o estúpido professor de ginásio contra o qual houve uma rebelião. o
muito severo, Briicke foi retratado em um sonho como obrigando Freud a
dissecar sua própria perna e pélvis. Meynert disse ter sido tratado por
dependência de clorofórmio em um hospital psiquiátrico privado. Foi feita menção de
A luta amarga de Meynert contra Freud, e que pouco antes de sua morte
Meynert confessou a Freud que sofria de histeria masculina, que
ele escondeu cuidadosamente toda a sua vida. 51 Os mais impressionantes são os remédios
niscências sobre o pai de Freud: quando Sigmund tinha seis anos, Jacob
deu a ele e sua irmã um livro ilustrado para rasgar em pedaços ", que foi
dificilmente justificável do ponto de vista pedagógico. "Depois do pequeno Sigmund
tinha urinado no quarto de seus pais, seu pai disse que ele iria
nunca equivalem a nada. Houve também o incidente do cristão
que insultou Jacob, e do comportamento covarde de Jacob. Em um sonho
ele foi mostrado como estando embriagado e preso. Havia
Página 35
também os sintomas dolorosos que afligiram Jacob e a família na última

dias antes de sua morte. Não há muito do lado positivo, e isso
faz-nos perguntar se Freud não tinha razões mais profundas
por essa atitude em relação ao pai do que apenas a rivalidade da primeira infância por
a mãe dele.
Uma característica peculiar do livro é um elemento deliberado, mas bem
provocação oculta. Naquela época, a palavra Traumdeutung era usada
para designar a interpretação popular dos sonhos por adivinhos; portanto
o filósofo Gomperz 152 publicou um panfleto, Traumdeutung
und Zauberei (Interpretação de Sonhos e Magia). Para a ciência contemporânea
Mas o título Traumdeutung continha algo intrigante e chocante. 153
Freud colocou no início de seu livro um lema emprestado de Virgílio

Eneida:
Flectere si nequeo Superos, Acheronta movebo!
(Se o céu eu nãoposso curvar, então o inferno eu vou despertar!) L 54
Estas foram as palavras de Juno quando Júpiter se recusou a impedir que Enéias
tornando-se rei do Lácio; ela então convocou do Inferno a Fúria
Allecto, que com um bando de mulheres enfurecidas atacou os troianos. este
lema pode ser interpretado como uma alusão ao destino das pulsões reprimidas, mas
também como referindo-se ao fracasso de Freud em obter reconhecimento acadêmico e seu
revolucionando a ciência da mente. Freud, em carta a Fliess, em
9 de fevereiro de 1898, escreve que está desfrutando em pensamento de todo o "headshak-
ing" sobre as 'indiscrições e impudences' o livro contém. 1 55
Essas características incomuns do Traumdeutung, o título provocador e
lema, a alta qualidade literária, sua conexão íntima com a vida de Freud
e personalidade, suas alusões humorísticas à vida vienense naquela época,
tudo isso contribuiu para o efeito que o livro teve sobre os leitores. Alguns foram
crítico do que lhes parecia uma falta de rigor científico, mas por
alguns outros foi uma revelação que os abalou e colocou suas vidas em um
novo curso. O psiquiatra alemão Bliiher 156 conta em sua autobiografia
como ele tinha pouco interesse na obra de Freud até que um amigo emprestou-lhe o
Interpretação de sonhos que ele não poderia deixar de lado até que tivesse
terminou e que deu uma orientação decisiva para sua carreira. É através
experiências semelhantes de que Stekel, Adler e Ferenczi se tornaram discípulos de
Freud. Quanto à afirmação de que o livro foi recebido com silêncio ou aniquilador
crítica, foi refutada por lise Bry e Alfred Rifkin. 157
Um ponto obscuro na vida de Freud é por que sua nomeação como Extraordinária
O professor veio tão tarde. A história tradicional fala do anti-semitismo,
do escândalo causado pelas teorias sexuais de Freud, e da mesquinhez de
seus colegas que se ressentiam de sua superioridade. A nomeação final de Freud, o
acrescenta a lenda, foi obtido quando um de seus pacientes ricos subornou o ministro
da Educação em nomeá-lo, com o presente de uma pintura de Rocklin
para a galeria de arte que ele patrocinou. Um estudo objetivo dos fatos foi feito
possível quando Joseph e Renee Gicklhorn encontraram uma série de quarenta documentos
Página 36
mentos relativos à carreira universitária de Freud nos arquivos do

Universidade de Viena e no Arquivo do Estado austríaco. 158 Dois outros
documentos foram adicionados posteriormente por KR Eissler. 159 É um confirmado
fato de que em janeiro de 1897, os professores Nothnagel e Krafft-Ebing perguntaram
a assembleia de professores para propor Freud para o cargo de Extraordi-
professor nary. Em sua reunião de 13 de fevereiro de 1897, a assembléia acusou um
comissão de seis professores para apresentar relatório sobre o assunto. Em 12 de junho,
1897, depois de ouvir um relatório favorável lido por Krafft-Ebing, a assembleia
propôs ao Ministério a nomeação de Freud como Pró-Extraordinário
fessor. Porém, foi somente em 27 de fevereiro de 1902, que o Ministro da
Educação Pública, Freiherr W. von Hartel, propôs a nomeação, que
foi assinado pelo Imperador Francis Joseph em 5 de março de 1902. O que aconteceu
durante esse intervalo de cinco anos não é suficientemente explicado pela disponibilidade
documentos capazes. Em uma carta a Fliess datada de 11 de março de 1902, Freud conta como,
ao voltar de Roma, ele percebeu que teria que agir por si mesmo se ele
sempre quis receber a nomeação há tanto adiada, como no Ministério
foi sugerido a ele por Sigmund Exner que "influências" estavam funcionando
contra ele, e que é melhor ele procurar por "contra-influências", como ele
descobri isso em uma ex-paciente, Frau Elise Gomperz, e como ele perguntou
Nothnagel e Krafft-Ebing para renovar o pedido em seu favor. Finalmente, como
resultado da intervenção de outra ex-paciente, a Baronesa von
Ferstel, a cátedra extraordinária foi concedida.
É certo que o pedido renovado de Nothnagel e Krafft-Ebing de
5 de dezembro de 1901, foi seguido pela nomeação de Freud, mas isso ainda
não explicam o motivo pelo qual a primeira solicitação da assembleia de professores
permaneceu enterrado por mais de quatro anos. Para isso, os Gicklhorns têm
dada a seguinte explicação. Em 28 de maio de 1898, por decreto secreto
(Geheimerlass) o Ministério da Educação decidiu reduzir o número
de indicações para o título de Professor Extraordinário, estipulando que
os indicados deverão poder substituir o Professor Titular, e também
aquele tinha que considerar aqueles Privat Dozents que já tinham uma extensa
prática de ensino. De acordo com os Gicklhorns, Freud não cumpriu
essas condições: ele tinha o título de Privat Dozent em neurologia, mas não
(como foi o caso de Wagner-Jauregg) na psiquiatria. Além disso, ele tinha
deu mais atenção à sua prática lucrativa do que à sua função de Privat
Dozent. Estas conclusões pelos Gicklhorns foram contestadas por
ponto por KR Eissler. 160 É certo que os candidatos que haviam sido
proposto ao mesmo tempo que Freud e depois dele recebeu sua nomina-
ções antes dele. Para ter certeza, houve mudanças repetidas no
Ministério, e o novo Ministro, Wilhelm von Hartel, um extraordinariamente
homem ativo, que era responsável por todo o sistema escolar austríaco como
bem como para assuntos religiosos e culturais, não se poderia esperar para manter
informado de cada candidatura individual. 61 Mas ele foi submetido a todos
tipos de pressões políticas; muitas nomeações de professores foram obtidas
Página 37
mais por influências políticas do que por méritos dos candidatos. Para
por isso Von Hartel foi objeto de veementes ataques de Karl Kraus. 162
Von Hartel também foi atacado por anti-semitas porque tinha sido instruído
mental em conceder um prêmio literário a Arthur Schnitzler e porque ele tinha
condenou publicamente o anti-semitismo perante o Parlamento austríaco. que
Freud não foi nomeado antes, não pode, portanto, ser atribuído a
Semitismo. Quanto à lenda de que a nomeação de Freud foi obtida por
Frau Ferstel em troca de uma pintura de Bocklin (Die Burgruine),
Renee Gicklhorn mostrou que esta pintura permaneceu em posse
de seus proprietários, a família Thorsch, até 1948, e que a Galeria Moderna
já havia adquirido outro quadro de Bocklin. 163 KR Eissler
respondeu que a Galeria Moderna havia de fato recebido uma pintura de
Baronesa Marie von Ferstel em 1902, do artista Emil Orlik: “Igreja na
Auscha. " 1 64 Tendo em vista o pequeno valor da pintura, este prefere
confirmar a improbabilidade de a história da nomeação de Freud ser obtida
por meio de suborno. 165 Possivelmente, este presente não foi mais do que um sinal de gratidão
da
poisBaronesa
o atraso ao
na Ministro.
nomeaçãoÉde possível concluir
Freud foi que a principal
o burocrático razãoe
vis inertiae,
essa prioridade sempre foi dada aos candidatos recomendados, enquanto Freud
tinha estado muito absorto em sua auto-análise para cuidar de seus interesses.
Assim, em 1902, Freud viu essa uma de suas ambições realizada. O título
de Professor Extraordinário foi um reconhecimento de seu trabalho científico
e também permitiu que ele esperasse taxas mais altas. Então veio para Freud um
período de intensa produtividade. No outono de 1902 ele se reuniu
um pequeno grupo de pessoas interessadas, que se reunia em sua casa todas as quartas-feiras
noite para discutir problemas de psicanálise. Eles se chamavam de
Sociedade de psicologia de quarta-feira. Os primeiros seguidores foram Kahane, Reitler,
Adler e Stekel. Este foi o início do movimento psicanalítico,
que deveria se expandir até atingir dimensões mundiais.
A partir dessa época, a história de vida de Freud é em grande parte a do psicanalítico

movimento. Em 1904. Freud publicou The Psychopathology of Everyday
Vida em forma de livro. Apesar de uma polêmica desagradável com Fliess, ele descobriu
crescente reconhecimento em vários setores; em setembro ele começou a cor-
responda com Eugen Bleuler. Em 1905, três de suas obras mais conhecidas
apareceu: Três Ensaios sobre Sexualidade, Piadas e o Inconsciente, e
a história da paciente Dora. A perspectiva de quem viu a psicanálise
de fora mudou. Considerando que por volta de 1900 Freud era visto como um
explorador do inconsciente e intérprete de sonhos, ele agora apareceu
como proponente de uma teoria sexual. A história tradicional é que esses novos
as teorias geraram uma tempestade de indignação e abusos; mas aqui também um objetivo
exame revela um quadro diferente. Bry e Rifkin, com base em
resenhas das obras de Freud da época, concluem que "o conhecimento e
apreciação da obra de Freud espalhou-se ampla e rapidamente, "que" para o
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tempo durante o qual Freud teria sido ignorado, muitos

sinais de reconhecimento e respeito extraordinário poderiam ser adicionados a alguns
ilustrações fornecidas em seu artigo. " 166 Freud tornou-se uma celebridade e um
muito procurado terapeuta. Em 1906, por ocasião de seu quinquagésimo nascimento,
dia, Freud recebeu um medalhão em relevo com seu retrato de seu
discípulos. Com exceção de uma polêmica de Fliess, cujo primeiro
amizade havia se transformado em ódio, Freud recebeu sinais de reconhecimento
e devoção de todos os lugares.
Em março de 1907, CG Jung e Ludwig Binswanger vieram visitar Freud,
e em seu retorno a Zurique eles fundaram um pequeno grupo psicanalítico.
Em 1908 o movimento adquiriu caráter internacional e o primeiro
Congresso Internacional de Psicanálise se reuniu em Salzburg, e em 1909, o
primeiro periódico psicanalítico foi fundado. Freud foi convidado a dar
palestras na Clark University em Worcester, Massachusetts, e fez o
Viagem americana com Jung e Ferenczi. Este destaque na vida de Freud
foi, como ele disse, "o fim do isolamento".
Isso nos leva a examinar o significado desse isolamento sobre o qual
Freud reclamou muito. Em sua autobiografia, ele fala de "dez anos
ou mais de isolamento "sem especificar em que ano começou ou terminou.
Este suposto isolamento certamente não estava relacionado ao seu círculo imediato:
ele teve uma vida familiar feliz, e Jones fala de sua "surpreendentemente ampla"
círculo de conhecidos. 1 67 Há poucas evidências de inveja e maldade
por parte dos colegas. Sempre que a animosidade sucedeu à amizade (como em
os casos de Meynert, Breuer. Fliess), é difícil avaliar quem estava
culpa. Tanto quanto se sabe, nenhum dos artigos de Freud foi recusado por um
jornal, nem nenhum de seus livros foi rejeitado por uma editora. Ao contrário do
afirmação usual, suas publicações não encontraram o silêncio gélido ou o
críticas depreciativas que dizem ter existido. Na verdade a recepção
foi mais favorável, embora às vezes acompanhado por uma mistura de surpresa
e perplexidade. Raramente era uma rejeição direta e, a esse respeito, outros
não se saiu melhor do que ele. Pode ser que a sensação de extremo e amargo
isolamento, que é uma característica da neurose criativa, persistiu em
Freud e foi reforçado porque durante esses anos ele tinha notadamente
isolou-se do mundo médico vienense.
Durante o ano de 1910, um pico veio na vida de Freud e na história de
psicanálise. A Sociedade Psicanalítica de quarta-feira, que em 1908
tornou-se a Sociedade Psicanalítica de Viena, não poderia mais se reunir em
O apartamento de Freud, com seu número crescente de membros. No segundo Interna-
Congresso Internacional, em Nuremberg, International Psychoanalytic Association
foi fundado, bem como um segundo periódico psicanalítico. Freud publicou
Uma memória de infância de Leonardo da Vinci. Mas o próprio fato de
a psicanálise foi proclamada um "movimento" (e não apenas um novo ramo
da ciência) inevitavelmente provocou oposição nos círculos psiquiátricos e crises
dentro do grupo inicial, e um sentimento antipsicanalítico rapidamente surgiu
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nos círculos psiquiátricos. 16B Em junho de 1911, Alfred Adler deixou Freud e fundou
uma sociedade dissidente. Em outubro de 1912, Stekel saiu, mas por algum tempo o
deserções foram amplamente compensadas por progressões. A grande crise
veio em setembro de 1913, quando Freud e lung romperam o relacionamento
e o grupo suíço estava desorganizado. Naquele ano, Freud publicou
outra de suas principais obras, Totem e Tabu.
No final de julho de 1914, estourou a Primeira Guerra Mundial. Freud, cujos dois filhos
Jean-Martin e Ernst foram mobilizados no Exército austríaco, seguido pelo
tendência geral de entusiasmo patriótico. Sua prática foi seriamente diminuída.
Ele escreveu suas considerações sobre guerra e morte, e suas últimas palestras
na Universidade foram publicados sob o título Palestras Introdutórias
em Psicanálise. A preocupação com as neuroses de guerra reacendeu o interesse pela psicologia
coanálise, e um congresso para esse efeito foi organizado em Budapeste em
Setembro de 1918. Mas logo depois veio a derrota, a desintegração de
Áustria-Hungria e os anos de ruína econômica e fome. Freud era
oficialmente nomeado Professor Ordinário em 1º de janeiro de 1920, e no seguinte
mês participou do denominado Processo Wagner-Jauregg.
Gradualmente, os laços internacionais foram renovados. A prática de Freud cresceu novamente
com pacientes vindos de países estrangeiros. Ele expôs sua revisão
teorias em Além do Princípio do Prazer e em Psicologia de Massa e Ego
Análise.
O ano de 1923 foi crítico e agourento. 169 Em fevereiro, Freud

notou uma leucoplasia no palato e na mandíbula. Em abril, ele consultou um especialista
foi quem fez uma operação e descobriu que era cancerígena. Este foi
a primeira de uma série de trinta operações que ele deveria sofrer até seu
morte. Naquela época, Freud tinha acabado de perder sua filha Sophie; e ele
neto Heinerle Halberstadt, a quem ele era particularmente ligado e
que estava com eles, morreu em 19 de junho de 1923. Isso fez com que Freud o
maior dor de sua vida. Nos dias 4 e 11 de outubro daquele ano Freud passou por
uma grande operação em que sua mandíbula superior e palato foram parcialmente removidos
e substituída por uma prótese. Durante aquele ano, ele escreveu The Ego and the
/ d. A partir de então, até sua morte dezesseis anos depois, Freud viveu no
aura de fama mundial, mas sua vida também consistiu em uma longa série de sofrimentos
suportado com coragem estóica. O movimento psicanalítico espalhou-se rapidamente;
em 1925, Freud escreveu Inhibition, Symptom and Anxiety e um auto
esboço biográfico. Em 1926, seu panfleto sobre Análise de Leigos era um forte apelo
a favor da prática da psicanálise por leigos. Psicanálise
tornou-se imensamente popular na Inglaterra e ainda mais nos Estados Unidos,
para surpresa e às vezes inquietação de Freud.
Em 1927, Freud publicou The Future of an Illusion, um dos mais nítidos
críticas à religião já publicadas, e em 1929, Civilization and Its Discon-
apareceram tendas . Em agosto de 1930, recebeu o Prêmio Goethe e em
Em outubro de 1931, uma cerimônia foi realizada na cidade de seu nascimento, Freiberg, agora
chamado Przibor. Em 1932, Freud revisou parte de suas idéias escritas na forma
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de palestras diante de um público imaginário, as novas palestras introdutórias

em Psicanálise. Em 1933, Hitler tomou o poder, e o futuro parecia
sombrio para a Europa. Em 1934, os livros de Freud foram queimados em Berlim e em
1936, todo o estoque da International Psychoanalytic Publishing House
foi confiscado em Leipzig. Naquele ano, por ocasião da festa de Freud
octogésimo aniversário, um discurso foi lido por Thomas Mann.170 No seguinte
mês seguinte, houve uma recorrência do câncer de Freud.
Os amigos e discípulos de Freud tentaram persuadi-lo a emigrar, mas ele
recusou. Em 12 de março de 1938, os nazistas entraram em Viena e Freud finalmente
resignou-se à emigração, mas os nazistas dificultaram isso. Freud's
a fuga foi obtida por meio de árduas negociações, por parte da princesa
Marie Bonaparte e outros amigos influentes e devotados. Ele já tinha
recebeu refúgio em Londres por seu filho Ernst, e ele deixou Viena
em 4 de junho de 1938. Ao passar por Paris, foi recebido na ferrovia
estação pelo embaixador americano Bullitt.
Freud foi recebido em Londres com grande honra. Apesar de sua idade e
seus sofrimentos intoleráveis, sua mente permaneceu alerta. Depois de alguma hesitação,
ele publicou Moisés e o monoteísmo, talvez seu texto mais controverso.
Recebeu visitas e homenagens de muitos admiradores fervorosos, e foi feito
um membro da Royal Medical Society; a delegação trouxe o ato de
nomeação para sua casa por exceção única. Desde sua primeira operação em
Abril de 1923, Freud foi submetido a outras trinta e duas operações, bem como
Tratamentos de raio-X e rádio. Havia cicatrizes em sua boca, e por anos
ele teve que usar uma prótese complicada. Houve momentos em que ele poderia
não falava, mal conseguia engolir e ouvia com dificuldade. Freud mostrou
nem impaciência nem irritação, nem nunca deu lugar à autopiedade. Ele
recusou todos os analgésicos para manter a mente totalmente alerta. Sigmund Freud
morreu em Londres na casa de seu filho Hampstead, em 23 de setembro de 1939, em
a idade de oitenta e três. Ele foi cremado no Golders Green Crematorium.
Não houve cerimônia religiosa, mas os tributos foram prestados pelo Dr. Ernest Jones
em nome da International Psychoanalytic Association, pelo Dr. P.
Neumann em nome do Comitê de Austríacos na Inglaterra, e por
outro refugiado proeminente, o escritor Stefan Zweig.171
A Personalidade de Sigmund Freud
Freud pertence aos poucos homens que viram sua vida e personalidade colocadas
no centro das atenções e expostos como objeto à curiosidade de
humanidade. Ele tentou se proteger atrás de uma tela de sigilo, mas
as lendas cresceram ainda mais ao seu redor, e ele foi submetido a muitos
julgamentos contraditórios.
Uma razão para isso pode ser que sua personalidade sofreu substancial
mudanças durante sua vida. Relatos de sua infância o descrevem como o primeiro
filho nascido de uma jovem mãe, que esbanjou amor e confiança nele.
Provavelmente foi ela quem o inspirou com aquela ambição que era
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para ficar cada vez mais forte ao longo de sua vida. Nas reminiscências de sua irmã
Anna, Sigmund aparece como o filho mais velho privilegiado e uma jovem família
tirano, que a proibiu de ler Balzac e Dumas, que foi o único
ter um quarto e uma lamparina para si mesmo. 1 72 Ele se opôs à dis-
turbância da prática do piano, fazendo com que o piano fosse vendido e suas irmãs a
ser privado da formação musical habitual em Viena. Na escola ele era
um aluno brilhante, sempre à frente da turma. Isso é confirmado pelo
arquivos da escola, que também revelam que em um escândalo escolar ele não foi
entre os delitos, mas um dos que cooperaram com o
autoridades, dando informações. 1 73 Como estudante de medicina, Sigmund ainda
parecia ambicioso e trabalhador, mas seus estudos prolongados e
os cursos extracurriculares parecem sugerir uma certa falta de senso prático.
De seu vigésimo sétimo a seu trigésimo ano, sua correspondência com
sua noiva ainda refletia ambição e trabalho árduo; Freud se mostrou
um homem de fortes gostos e desgostos, um amante fervoroso e dedicado, embora
às vezes possessivo e ciumento.
Não sabemos muito sobre a relação de Freud com Martha após sua
casamento. Os discípulos e visitantes apenas falam dela como uma boa dona de casa
e mãe, embora não esteja muito familiarizada com os estudos científicos de seus maridos
trabalhos. Ela teria dito: "A psicanálise para na porta do
quarto das crianças ", e uma intimação em uma carta a Fliess, de 8 de fevereiro de 1897,
parece apoiar isso. Lafargue relata que enquanto caminhava no vienense
madeiras com ela, ela enigmaticamente observou que "a natureza desde que o
as árvores não crescem no céu. " 174 Seu filho, Jean-Martin, descreve Freud
como um bom educador e pai gentil, que tinha tempo para a família aos domingos
e durante as férias de verão. 175 Ele também fala da adesão rígida de Freud
às convenções da vida profissional, e sua relutância em aceitar tal

inovações como a bicicleta, o telefone e a máquina de escrever.
O primeiro documento disponível que dá uma descrição substancial da
personagem é um relatório sobre suas qualificações como oficial médico, escrito após
um período de serviço militar no Exército austríaco, de agosto II a
9 de setembro de 1886. Faremos uma tradução de suas partes essenciais. 176
RELATÓRIO DE QUALIFICAÇÕES
Nome: Dr. Sigmund Freud

Classificação: K. K. Oberarzt, nomeado em 13 de junho de 1882
Promoção militar: De 11 de agosto a 9 de setembro de 1886, durante o
exercício principal, Médico Chefe do Batalhão e
durante a concentração do Regimento de
31 de agosto a 6 de setembro, Chefe Regimental
Médico.
Conhecimento de línguas: Alemão perfeito na palavra e na escrita, francês e
Inglês bom, italiano e espanhol razoavelmente bons.
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Aptidões profissionais Muito hábil na sua profissão, conhece as áreas sanitárias

e conhecimento do prescrições e o serviço sanitário mesmo.
serviço sanitário:
Ele gosta do Goza de grande confiança entre militares e civis.
confiança do
militares e civis?
Qualidades mentais e Caráter honesto, firme, alegre.
personagem:
Zelo, ordem e Muito zeloso no cumprimento do dever, é ordeiro e
confiabilidade no serviço: muito confiável no serviço.
Ele está em posse de Possui uniforme e curativo prescrito.
o uniforme prescrito
e material de bandagem?
Conduta no serviço:
1. Antes do inimigo: Não servido.
2. Em relação aos superiores: Obediente e aberto, além do mais modesto.
3. Em direção a igual: Amigáveis.
4. Em relação aos subordinados: Benevolente e exercendo uma boa influência.
5. Em relação aos pacientes: Muito solícito com seu bem-estar, humano.
Conduta fora do dever: Muito decente e modesto, maneiras agradáveis.
Condição de saúde, Delicado, mas completamente saudável, apto para o serviço de guerra.
aptidão para o serviço de guerra:
Qualificações para Na ordem de classificação.
promoções:
Esta avaliação confirma outras declarações que retratam Freud como um homem
de caráter sólido e um forte senso de dever. Digno de nota é a palavra
"alegre" (heiter), que nem sempre foi associado à tradição
imagem internacional de seu personagem. 1 77
As cartas para Fliess. escrito durante o seguinte período da vida de Freud,
revelar sua ambição, seu desejo de realizar uma obra de grande magnitude, seu
amizade apaixonada por Fliess, reclamando muito de depressão
doenças, seu julgamento crítico de muitas pessoas e sua sensação de ser
isolado em um mundo hostil.
A partir de 1900, a personalidade de Freud aparece sob uma nova luz. A si mesmo
a análise transformou o jovem praticante inseguro em um autoconfiante
fundador de uma nova doutrina e escola, convencido de que havia feito uma grande
descoberta, que ele viu como sua missão de dar ao mundo. Infelizmente,
carecemos de descrições contemporâneas de Freud durante esse período. A maioria
relatos sobre ele foram escritos muito mais tarde, depois de 1923.
Nesse período, a personalidade de Freud foi transformada por meio de seu mundo
fama e os sofrimentos físicos causados por uma doença implacável. Dele
cartas, bem como testemunhos de seus discípulos, mostram-no como um bom marido,
pai, filho, amigo e médico, bom coração, diplomático ao escrever
cartas e a escolha de presentes, desprovidos de qualquer tipo de pose ou teatralidade,
Página 43
como um mestre capaz de conduzir um movimento em meio a circunstâncias difíceis

posturas, e como um homem enfrentando seus sofrimentos físicos e o conhecimento de sua
morte iminente com a maior coragem. Ele assim apareceu para aqueles próximos
para ele como uma rara personificação de um homem sábio e um herói.
Alguns exemplos da impressão que Freud causou nos entrevistados

ele são os seguintes:
A primeira entrevista conhecida de Freud foi dada durante sua jornada americana.
ney para um jornalista de Boston que o retratou da seguinte maneira:
Vê-se à primeira vista que ele é um homem de grande refinamento, de intelecto e de uma
educação multifacetada. Seus olhos afiados, embora gentis e claros, sugerem imediatamente o médico.
Sua testa alta, com as grandes saliências da observação, e sua bela,
mãos enérgicas são muito marcantes. 1 78
Há uma grande lacuna entre essa entrevista e as próximas, que

caem no período após 1923, ou seja, quando a personalidade de Freud teve
passou por uma transformação causada por sua fama mundial e o câncer
isso fez de sua vida um martírio. Foi durante este período que ele teve o
a maioria dos visitantes e que a maior parte foi escrita sobre ele.
Recouly, um jornalista francês, descobriu que o apartamento de Freud parecia
um museu, e que o próprio Freud era como um velho rabino:
Vemos um tipo judeu extremamente acentuado, o ar de um velho rabino recém

chegou da Palestina, o rosto magro e emaciado de um homem que já faleceu
dias e noites discutindo com seus seguidores iniciados sobre as sutilezas do
Law, em quem se sente uma vida cerebral muito intensa e o poder de brincar com
idéias como um oriental brinca com as contas de âmbar de seu chapelim. Quando ele fala
de sua doutrina, de seus discípulos, ele o faz com uma mistura de orgulho e desapego
ment. No entanto, é o orgulho que domina.
Max Eastman, em 1926, foi pego de surpresa pelo preconceito ultrajante
Freud se manifestou
expressou-o contra os Estados
perante visitantes Unidos
americanos. 80
e a maneira chocantemente aberta com que
Andre Breton relatou que "o maior psicólogo desta época vive
em uma casa de aparência medíocre, em um bairro perdido de Viena. " 18 1 Ele fez
não achar a empregada que abriu a porta bonita. Quando ele finalmente voltou a
Escritório de Freud, Breton diz: "Eu me vi na presença de um pequeno,
velho modesto que recebeu em seu consultório miserável, como um médico
para os pobres. "
O dramaturgo Lenormand encontrou o escritório de Freud "como o de qualquer universidade
professor de versidade. " 182 Freud mostrou-lhe as obras de Shakespeare e de
os trágicos gregos em suas prateleiras e disse: "Aqui estão meus mestres." Ele
afirmou que os temas essenciais de suas teorias foram baseados no
intuição dos poetas.
Schultz, um psiquiatra alemão, via Freud como um homem com um pouco mais de
Página 44
do que a altura média, ligeiramente curvada, fortemente construída, com a maneira típica
de um professor, que lembra muito Paul Ehrlich.183 Ele teve um curto,
barba cheia, usava óculos e tinha uma aparência penetrante. Ele combinou um
atitude objetiva e intelectual com espírito alegre e um típico austríaco
amabilidade e se expressou em uma linguagem estilística clássica. Schultz
chamou Freud de um homem extraordinariamente talentoso com uma harmonia de personalidade.
“Você realmente não acredita que é capaz de curar?” Freud perguntou a ele.
Schultz respondeu: "De forma alguma, mas pode-se, como um jardineiro, remover
impedimentos ao crescimento pessoal. "" Então, nos entenderemos ",
Freud atendeu.
Viktor von Weizsacker descreveu Freud como um "homem erudito do mundo,
da alta cultura burguesa. "184 Em seu escritório havia uma longa fila de antiguidades
estatuetas em bronze e terracota, sátiros e deusas e outras curiosidades.
"Ele não mostrou nenhum traço de pedantismo acadêmico, e sua conversa deslizou
facilmente de temas sérios e difíceis para conversas leves e graciosas. o
homem eminente sempre esteve presente. " Era óbvio que Freud estava sofrendo
fisicamente, mas não era opressor para aqueles ao seu redor.
Emil Ludwig contou sobre uma visita a Freud no outono de 1927 e como encontrou
sua interpretação das vidas de Goethe, Napoleão e Leonardo da
Vinci para ser fantástico.
Uma entrevista foi extorquida de Freud por uma jornalista francesa, Odette
Pannetier, que conquistou reputação por seus boatos literários.1 B 6
Sabendo que Freud, de oitenta anos e sofrendo fisicamente, havia fechado seu
porta para jornalistas, ela fingiu ser uma paciente com uma fobia sobre cães,
e trouxe a Freud uma carta de recomendação de um psiquiatra francês.
A entrevista, como ela relatou, longe de fazer Freud parecer ridículo,
mostrou-o como um velho simpático e bem-humorado que não parecia
levaram sua fobia muito a sério. Ele pediu para ver o marido dela, explicou
os custos e dificuldades do tratamento; "Eu estendi um envelope. Seus modos
parecia mais amigável do que profissional. Mas ele pegou o envelope. "
Contas fornecidas por pessoas que foram analisadas por Freud principalmente
datam dos últimos anos de sua atividade. Roy Grinker retrata Freud como um
sábio e uma fonte de sabedoria.1 B7 Hilda Doolittle descreveu a inspiração
ela baseou-se em sua análise com ele em termos altamente poéticos. Joseph Wortis,
que passou por quatro meses de análise didática com Freud em 1934, manteve
um diário de suas sessões e reformulá-lo em forma de livro.189 Seu relatório mostra
muito da técnica usada por Freud, e que Freud relatou sua opinião
em todos os tópicos possíveis: dinheiro, socialismo, velhice, mulheres americanas, o
Questão judaica e assim por diante; ele também fez comentários mordazes sobre certos
colegas.
Para finalizar, citaremos as entrevistas que Bruno Goetz realizou com
Freud em 1904 e 1905, e que ele relatou de memória quase
meio século depois.190 Naqueles anos, Goetz era um estudante pobre e faminto
em Viena, sofrendo de violenta nevralgia facial. Um de seus professores
Página 45
aconselhou-o a consultar o Dr. Freud, a quem ele havia mostrado um pouco de Goetz '
poemas. Goetz ficou impressionado com a maneira como Freud olhou atentamente para ele
com seus "olhos maravilhosamente bondosos, afetuosos, de coração pesado e conhecedores". Freud
disse que achava seus poemas muito bons, mas: "Você se esconde atrás
suas palavras, em vez de se deixar levar por elas. "Freud também
perguntou por que o mar reapareceu em seus versos e se era um símbolo ou um
realidade para ele. Goetz então derramou sua vida para ele, dizendo-lhe que
seu pai tinha sido capitão do mar, como ele passou sua infância com
marinheiros e muitos outros detalhes. Freud disse-lhe que não precisava de um
análise e prescreveu um medicamento para sua neuralgia. Freud indagou sobre
Situação financeira de Goetz e assim soube que ele tinha comido um bife para o
última vez quatro semanas antes de sua reunião. E se desculpando por jogar o
parte de um pai, Freud entregou-lhe um envelope com "um pequeno honorário
pelo prazer que você me deu com seus versos e a história de sua
jovens. "O envelope continha 200 coroas. Um mês depois Goetz, cujo
a nevralgia já havia desaparecido, fiz uma segunda visita a Freud, que
alertou-o contra seu entusiasmo pelo Bhagavad-Gita e revelou
suas idéias sobre poesia para ele. Vários meses depois, antes de retornar a
Munique, Goetz foi se despedir de Freud, que criticou alguns de seus
artigos que ele havia lido nesse ínterim e acrescentou: "É bom que não
vêem-se um ao outro e não se falam ", e perguntou Goetz
não escrever para ele.
Freud era um homem de estatura média (alguns o achavam baixo), esguio

em sua juventude, mais rotundo com o passar dos anos. Seus olhos eram castanhos, seus
cabelo castanho escuro, sua barba bem cuidada era mais longa em sua juventude
do que mais tarde. Ele era um trabalhador árduo e assim permaneceu, mesmo durante o pior
período de sua doença. Seu único esporte era caminhar durante as férias de verão.
Ele se tornou um fumante inveterado a ponto de colocar sua vida em perigo, mas
tentativas de parar de fumar lhe causaram tanto desconforto que ele
recaída todas as vezes. Dos relatos que temos de Freud, dois muito diferentes
as imagens podem ser desenhadas. Algumas pessoas ficaram impressionadas com o que chamaram
A frieza de Freud e C. G. Jung chegaram a afirmar que a principal personagem de Freud
terística era amargura ", cada palavra sendo carregada com isso ... sua atitude
foi a amargura de quem é totalmente incompreendido, e seu
boas maneiras sempre pareciam dizer: 'Se eles não entendem, eles devem ser
carimbado no inferno. ' " 191 Freud, sem dúvida, pertencia àqueles que" não podem
toleram os tolos de bom grado. "Ele também poderia ir longe guardando rancores e em seu
ressentimento contra aqueles que ele acreditava, com ou sem razão, terem ofendido
ele. 192 Muitos outros o descreveram como um homem extremamente gentil e civilizado,
cheio de sagacidade e humor e totalmente encantador. É como se ambos de sua mãe
a indiferença fria e a natureza descontraída de seu pai estavam unidas nele.
Uma característica básica de Freud era sua tremenda energia; ele combinou
sua capacidade ilimitada de trabalho com intensa concentração em um
Página 46
objetivo. A coragem física foi aliada à coragem moral, que culminou em

sua atitude estóica durante os últimos dezesseis anos de sua vida. Sua convicção de
a verdade de suas teorias era tão completa que ele não admitia contradições.
Isso foi chamado de intolerância por seus oponentes e paixão pela verdade por seus
seguidores.
Freud viveu, moral, social e profissionalmente, de acordo com o
padrões mais elevados de um homem de seu tempo e posição. Um homem escrupuloso
honestidade e dignidade profissional, ele rejeitou com desprezo qualquer sugestão
de emprestar seu nome para fins comerciais. Ele foi extremamente meticuloso,
manteve seus compromissos exatamente, e definiu todas as suas atividades com um cronograma, para o
hora, o dia, a semana e o ano. Ele foi igualmente meticuloso sobre
a aparência dele. Em retrospecto, algumas dessas características foram consideradas
obsessivo-compulsivo, mas são normais se vistos no contexto do
vezes. 193 Consideráveis dignidade e decoro eram esperados do profissional
homens de sua posição. Chamar Freud de não vienense mostra uma confusão entre
o estereótipo de uma opereta vienense e a realidade histórica. 194
A dificuldade em compreender a complexa personalidade de Freud tem
levou muitos a buscarem uma noção básica que o tornasse inteligível. Interpre-
referências foram dadas de Freud como judeu, como um profissional vienense
de seu tempo, como um romântico, como um homem de letras, como um neurótico e como um
gênio.
Freud 195 escreveu em 1930 que estava completamente alienado do
religião de seus ancestrais (bem como de qualquer outra), e que ele não poderia
esposar a ideia nacionalista judaica, mas ele nunca negou pertencer a
seu povo, que sentia sua singularidade como judeu e não queria que fosse
caso contrário, e se alguém se perguntasse o que ainda era judeu nele, ele iria
resposta: "Não muito, mas provavelmente o principal." 19 6 Seu judeu
sentimento parece ter seguido a mesma curva de muitos de seus
Contemporâneos austríacos. O anti-semitismo era quase inexistente na Áustria
no momento de seu nascimento. Havia alguns em certas associações de estudantes
durante sua juventude. Nas últimas duas décadas do século XIX, anti
O semitismo aumentou, mas dificilmente poderia prejudicar a carreira de um profissional
homem. Em proporção ao aumento do anti-semitismo, principalmente depois do Mundial
Guerra I, o sentimento de identidade judaica foi revivido, e muitos judeus que tinham
inclinado a rejeitar sua identidade judaica passou a enfatizá-lo. Provavelmente
a melhor interpretação da personalidade de Freud como judeu foi dada por
Hyman:
Aqui está o menino, crescendo em uma família judia de classe média com uma fábula de
descendência de estudiosos famosos e uma lendária história familiar que remonta ao
destruição do Templo. Ele era o primogênito e querido de sua mãe, seu
o "erudito" mimado do pai e o orgulho, o animal de estimação de seus professores. Nós sabemos que ele
vai ser um pouco radical quando jovem, mas vai se estabelecer, e isso ele vai
torne-se um bom marido e um pai amoroso e indulgente, um cartão apaixonado
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jogador. um grande conversador entre seus camaradas. Ele é ambivalente sobre seu judaísmo,
como uma centena de semi-intelectuais que conhecemos. Ele não gosta do cristianismo sem qualquer
correspondente nova fé, seus amigos são quase inteiramente judeus, ele é fascinado
pelos rituais judaicos, mas zomba de tudo como superstição, ele brinca com a conversão, mas
nunca é sério, ele tem uma ambição ardente de sucesso e fama, e um
correspondente desprezo por Goyim sem ambição , ele não acredita que qualquer
Autor gentio (neste caso George Eliot) poderia escrever sobre judeus e saber
coisas "das quais falamos apenas entre nós", ele sofre de "schnorrer"
fantasias (termo do próprio Freud) sobre herdar riquezas imerecidas, ele identifica
com o heroísmo judaico na história e na lenda ("Muitas vezes me senti como se tivesse
herdou toda a paixão de nossos ancestrais quando defenderam seu Templo ").
Podemos ter certeza de que esse sujeito acabará em B'nai B'rith, e ele acabou. Se nós
disseram que esse Dr. Freud ganhava bem como clínico geral,
forneceu uma educação de primeira classe para seus filhos, e nunca foi ouvido falar de fora
a vizinhança, não teríamos ficado surpresos. 197
Sem dúvida, havia muitos entre os contemporâneos judeus de Freud cujo

vidas e carreiras seguiram um padrão semelhante (sem, no entanto, ganhar mundo
fama). Uma comparação de Freud e Breuer pode ser instrutiva: Breuer,
quem tinha sido vítima de intrigas e quem tinha perdido a oportunidade
de uma brilhante carreira acadêmica, nunca atribuiu nenhum de seus reveses a
Semitismo, e declarou que estava perfeitamente satisfeito com a vida que tinha;
enquanto Freud repetidamente se referia à atitude hostil dos anti-semitas
colegas e funcionários. Falando de seu pai, Breuer enfatizou como
maravilhoso tinha sido para um homem de sua geração estar livre do
gueto e capaz de entrar no mundo mais amplo; A única referência de Freud ao seu
a juventude do pai era a história da afronta que ele sofreu de um gentio.
Breuer dedicou metade de sua autobiografia a um elogio de seu pai, em
contraste com Freud, que não tinha escrúpulos em expressar sentimentos hostis
para seu pai. Breuer criticou a hipersensibilidade do judeu ao
o menor toque anti-semita, e o atribuiu à assimilação imperfeita; de
o início Freud sentiu que pertencia a uma minoria perseguida e atribuiu
sua criatividade em parte ao fato de ter sido compelido a pensar
diferente da maioria. Benedikt, em sua autobiografia, deu uma longa
lista de reclamações sobre muitos de seus contemporâneos, mas nunca os acusou
do anti-semitismo. Assim, ser judeu em Viena pode levar alguém a adotar
diferentes atitudes em relação ao judaísmo e ao mundo gentio, e não era
obstáculo para se sentir completamente vienense ao mesmo tempo.
Freud também poderia ser entendido se visto como um representante típico da
Mundo profissional vienense do final do século XIX. ele foi
não incomum em Viena, um caldeirão étnico e social, que um homem talentoso
da classe média baixa poderia subir a escada social e alcançar, por

meia-idade, um status social e financeiro bastante elevado, desde que ele tivesse
foi para a escola secundária e uma universidade. Um exemplo foi Josef Breuer,
filho de um modesto professor, que se tornou um dos médicos mais abastados
Página 48
em Viena e que certamente poderia ter ido mais longe se quisesse.

O homem, é claro, tinha que ser talentoso, trabalhador e ambicioso - e
Freud foi tudo isso. Para um médico, isso significava enfrentar um período de
empregos mal pagos em hospitais. Ensino Privat Dozent, competição intensa e
anos trabalhando com dificuldade em trabalhos científicos pouco recompensados. Freud era um
daqueles que passaram por esses testes com sucesso. De seu trigésimo quinto ano em diante
ele foi capaz de viver a vida de um rico burguês vienense, que tinha uma grande
apartamento com vários empregados em um dos melhores bairros residenciais de
Viena, tirou três meses de férias de verão na Áustria e no exterior, leu
o Neue Freie Presse, e estritamente em conformidade com as obrigações de seu
profissão. Freud também possuía em alto grau as maneiras do
A alta burguesia vienense de seu tempo, a cultura refinada e multifacetada,
a requintada urbanidade, o bom humor e a arte da conversação.
A interpretação dos sonhos, a psicopatologia da vida cotidiana e
Piadas e sua relação com o inconsciente, são cheias de alusões a
Vida vienense e eventos locais contemporâneos. Freud era vienense para seu
pontas dos dedos (incluindo a afetação característica de odiar Viena).
Freud também compartilhou os valores de sua classe. David Riesmann, ao tentar
reconstruir a weltanschauung de Freud a partir de seus escritos, enfatizar suas noções
de trabalho e lazer. 198 Freud via o mundo do trabalho como o mundo real,
e até estendeu isso para o inconsciente na forma de "sonho
trabalho "e o" trabalho de luto ", em oposição ao mundo do prazer,
que é o mundo da criança, do imaturo, do neurótico, da mulher,
e o aristocrata. Os critérios de saúde mental, segundo Freud, eram os
capacidades para trabalhar e desfrutar do prazer. Nesta fórmula, Freud expressou
o ideal do trabalhador burguês vienense que se conformava com o
exigentes requisitos de sua posição, mas reivindicou sua parte nos fundamentos
ures da cidade. Freud via a sociedade como sendo natural e necessariamente
autoritária e a família paternalista. Como ele tinha respeitado seu
mestres, então ele esperava que seus discípulos o respeitassem. Para ter certeza, Freud fez
não se conformar em todos os detalhes com um certo tipo de vienense da classe alta. Ele
não era freqüentador de teatro ou ópera, nem teve casos com
atrizes. Mas o comportamento puritano e a monogamia, como o de Freud, eram
não tão excepcional quanto a lenda diz. Aqueles que ligaram freud
os não vienenses compreenderam mal o caráter de Freud e de Viena.
A personalidade de Freud também pode ser vista como a de um romântico. Wittels
disse que embora Freud fosse um contemporâneo da Alemanha bismarkiana, ele
pertencia idealmente à Alemanha de Goethe. 199 Em seu estilo de vida havia
muito do Romantismo. Suas cartas para sua noiva mostram a exaltação
encontra-se, por exemplo, nas cartas de Herzen à sua amada. Freud's pas-
relação sionária com Fliess, que é tão estranha aos nossos dias
padrões, era semelhante aos encontrados entre os jovens românticos. É tão
embora Freud se identifique com a figura byroniana do herói solitário
lutando contra uma série de inimigos e dificuldades. Reuniões semanais de
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amigos em Cenáculos eram um hábito entre poetas românticos, estudantes e jovens

cientistas. Em 1900, no entanto, os cientistas se reuniram em reuniões oficiais
sociedades. O grupo de Freud na noite de quarta-feira teria sido mais
contexto entre os poetas neo-românticos, ou um século antes entre os românticos
cientistas. A formação de um grupo secreto de seis discípulos escolhidos que
juraram fidelidade à defesa da psicanálise, cada um deles
receber um anel de Freud, foi uma ideia eminentemente romântica. Esse freud
deve de repente abrigar sentimentos de patriotismo austríaco, após um longo período
de indiferença política, quando a guerra estourou, é uma reminiscência do
fervor patriótico dos jovens românticos alemães em 1806. Finalmente, muito
na psicanálise pode ser entendida como um renascimento dos conceitos da
filosofia da natureza e medicina romântica.
Wittels encontrou a chave para a personalidade de Freud em sua identificação com
Goethe, lembrando que a escolha vocacional de Freud foi feita após ouvir
Poema On Nature de Goethe . 19Y A ideia de beleza de Goethe e o interesse por
arte e arqueologia, bem como seu conceito de ciência com sua busca por
padrões arquetípicos, podem ser encontrados em Freud. O estilo literário de Freud é modelado
depois de Goethe; a influência de Goethe pode até ser encontrada na de Freud
predileção por certas palavras, como "internacional" (no sentido de
supra nacional).
Freud também pode ser entendido como um homem de letras. Ele possuía o
atributos de um grande escritor em um grau supremo. Primeiro ele teve linguística
e dons verbais, o amor por sua língua nativa, uma riqueza de vocabulário,
o Sprachgefiihl (sentimento pela linguagem) que infalivelmente o levou a
escolha a palavra apropriada. 200 Mesmo seus primeiros artigos sobre histologia são
escrito em estilo magnífico. Como Wittels escreveu:
Para seus leitores que não estão profissionalmente interessados, muitas vezes o que ele diz não é
tão importante quanto a maneira fascinante como ele o diz. As traduções de
seus escritos não podem reproduzir o espírito inteiramente alemão que as obras de Freud
expire. A magia da linguagem não pode ser carregada. Se alguém deseja
na verdade, para compreender a psicanálise de Freud de baixo para cima, é preciso
leia seus livros em sua própria língua ...
Em segundo lugar, ele tinha aquele dom de curiosidade intelectual que impele um escritor a
observar seus semelhantes, para tentar penetrar em suas vidas, seus amores, seus
atitudes íntimas. (Esta curiosidade ardente foi bem descrita por
Flaubert e Dostoiévski.) Terceiro, Freud adorava escrever e tinha propensão
para escrever cartas, diários, ensaios e livros: Nulla dies sine linea. Para
homem de letras, escrever os próprios pensamentos e impressões é mais
importante do que verificar sua exatidão. Este é o princípio de Borne
método, isto é, anotar as impressões imediatas de tudo,
buscando a sinceridade acima de tudo; esta é também a forma como Popper-Lynkeus escreveu seu
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ensaios. Os ensaios de Freud sobre Michelangelo e Leonardo da Vinci poderiam ser

considerados como ensaios escritos na maneira Borne. Quarto, Freud possuía
uma das qualidades mais raras em um grande escritor, que Paul Bourget chamou
credibilidade. Escritores medíocres farão uma história verdadeira parecer fabricada,
enquanto um grande escritor pode fazer a história mais implausível parecer verdadeira. UMA
O historiador hebraico, comentando sobre Moisés e o monoteísmo, deu uma longa lista
de imprecisões e impossibilidades contidas nele, mas acrescentou que por seu
grande talento, Freud havia feito uma história plausível desta rede de impossíveis
capacidades.201 Freud referiu-se repetidamente ao fato de que os grandes poetas e
escritores precederam os psicólogos na exploração da mente humana.
Ele frequentemente citava os trágicos gregos, Shakespeare, Goethe, Schiller,
Heine e muitos outros escritores. Sem dúvida Freud poderia ter sido um dos
escritores mais importantes do mundo, mas em vez de usar seu conhecimento profundo e intuitivo
da alma humana para a criação de obras literárias, ele tentou formular
tarde e sistematizar.
Tem havido interpretações da personalidade de Freud na forma de
aquelas "patografias" que ficaram famosas por Moebius e desenvolvidas posteriormente por
psicanalistas.202 Maylan explicou o trabalho e a personalidade de Freud por meio de
seu complexo de pai. 203 Natenberg coletou, dos escritos de Freud e
material biográfico disponível, todas as evidências de neurose, e adaptado
juntos em um retrato de um indivíduo profundamente perturbado com um delirante
sistema.204 Na patografia de Erich Fromm, Freud é visto como um fanático
para a verdade, que, auxiliado por vários traços neuróticos, foi imbuído com o convicto
ção de que era sua missão liderar uma revolução intelectual para transformar
o mundo por meio do movimento psicanalítico.205 Percival Bailey
retrata Freud como uma espécie de gênio excêntrico e desajeitado que invocou
anti-semitismo e a hostilidade de seus colegas como desculpa para seu
falhas, e quem se extraviou construindo teorias fantásticas.206 Maryse
Choisy vê na raiz de sua personalidade e em seu trabalho a fraqueza de sua
libido: "Não é então a teoria de Freud uma racionalização de sua própria sexualidade
inibição? "207 De acordo com Alexander, Freud sofria de um problema não resolvido
conflito entre ter que permanecer na oposição e seu desejo de ser
totalmente reconhecido.2 ° 8
Uma variedade de outras características foram apontadas em Freud e estampadas
como neurótico. Freud é dito ter sido crédulo em certos assuntos (ele
acreditava, por exemplo, na propaganda de guerra dos impérios centrais), ter
cometeu erros de julgamento em relação a certas pessoas, por ter mantido
ressentimentos injustificados contra outros, bem como preconceitos contra o americano
civilização, por ter sido intolerante, por ter cometido indiscrições quando
falando de alguns de seus pacientes, por ter mostrado preocupação excessiva com
assuntos de prioridade enquanto finge não cuidar dele, ter atribuído
para si mesmo a origem de muitos conceitos existentes, e ter sido um; tabaco
viciado. 20 9 Até mesmo seu comportamento puritano e sua monogamia estrita têm sido
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considerado anormal: a poetisa Anna de Noailles, depois de lhe fazer uma visita,
ficou chocado que um homem que escreveu tanto sobre sexualidade deveria
nunca foi infiel a sua esposa.210 Marthe Robert desculpou seu
modo de vida puritano porque, disse ela, na época em que ele adquiriu seu
conhecimento da sexualidade, ele estava muito velho para mudar. 211 Na verdade, em tudo isso
não há nada que justifique um diagnóstico de neurose. Um muito mais difícil
problema é como a hipersensibilidade de Freud e o sentimento subjetivo de isolamento
poderia tê-lo levado à convicção de que foi rejeitado e condenado ao ostracismo, um
convicção de que todos os documentos disponíveis são infundados.
Até onde sabemos, KR Eissler é o único autor que tentou um
estudo sistemático de Freud como um gênio. 213 Em um livro anterior sobre Goethe,
Eissler define homens de gênio como "... pessoas que são capazes de recriar
o cosmos humano, ou parte dele, de uma forma que seja compreensível para
humanidade, e contém um aspecto da realidade novo, até então não percebido. "
Genius é o resultado de uma combinação extraordinária de fatores e cir-
circunstâncias. Na raiz está um fator biológico inato: em Goethe foi
a intensidade e qualidade da função sonho, que estava ao serviço
da criação; em Freud, um perfeito domínio da linguagem. Mas o surgimento
de gênio requer também todo um conjunto de fatores ambientais. Sendo o
amado primogênito de uma jovem mãe, que ela mesma era a segunda esposa de um
homem mais velho com o nome de Jacob, Freud foi predestinado a uma identidade precoce
identificação com o caráter bíblico de José, o intérprete dos sonhos
que superou seu pai e irmãos. O jovem Sigmund teve
investiu sua libido em seu trabalho científico e ambições; seu encontro com
Martha Bernays o levou a transformar uma parte de sua libido em Martha e
o mundo lá fora; mas os quatro anos de seu noivado acarretaram uma severa
frustração, daí um maior grau de sublimação. Pelo amor de Martha, Freud
desistiu de seus sonhos de ambição científica, voltando-se para o trabalho clínico, e é
esta renúncia que lhe permitiu fazer descobertas no campo da
neuroses. A correspondência diária com Martha aguçou sua habilidade para
observação psicológica e introspecção. Eicsler acha que este período de quatro anos
período de noivado foi fundamental para causar uma reestruturação da
personalidade, o que por sua vez tornou possível sua auto-análise e, posteriormente,
o surgimento gradual de uma nova visão do mundo, isto é, da psicanálise.
No entanto, ainda não chegou o momento em que se possa adquirir um verdadeiro
avaliação satisfatória da personalidade de Freud. Os dados ainda são insuficientes (nosso
o conhecimento de sua infância é tão escasso quanto nosso conhecimento de sua
auto-análise antes da publicação da correspondência de Fliess). Não é
inconcebível que, com o passar do tempo, ficará cada vez mais difícil
para entendê-lo. Freu ~ pertencia a um grupo de homens do mesmo molde,
incluindo Kraepelin, Fore! e Bleuler, que passou por um longo treinamento
na disciplina intelectual e emocional; eles eram homens de alta cultura,
costumes puritanos, energia sem limites e fortes convicções, que eles
vigorosamente afirmado. Apesar de todas as divergências pessoais ou doutrinárias, estes
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os homens foram capazes de se entender imediatamente, enquanto seus

tipo ascético-idealista está se tornando cada vez mais estranho para um hedonista
geração utilitária.
Contemporâneos de Freud
A personalidade de Freud, como a de qualquer homem, não pode ser totalmente compreendida se
isolado do contexto de seus contemporâneos, seus paralelismos, divergen-
cidades e inter-relacionamentos. Dentre esses homens, escolheremos Wagner
von Jauregg, que, seguindo o caminho tradicional, destacou-se
descobertas em psiquiatria e Arthur Schnitzler, que começou como um neurologista
patologista e se tornou um dos grandes escritores austríacos.
Julius Wagner von Jauregg, filho de um funcionário público, nasceu em
7 de março de 1857, um ano depois de Freud. 215 De acordo com sua autobiografia,
ele escolheu a medicina sem ter uma vocação especial para isso, e registrou
na Escola de Medicina de Viena em outubro de 1874 (um ano depois de Freud) .216
Ao contrário de Freud, ele terminou seus estudos médicos em um tempo mínimo, embora
ele também fez trabalhos extras em laboratórios a partir do terceiro ano. Seu ótimo
mestre era o professor de patologia experimental, Salomon Stricker. Como
fez Freud, sua primeira publicação científica apareceu nos Proceedings of the
Academia Real-Imperial de Ciências, quando era aluno do quarto ano.
Ele se formou como MD em 14 de julho de 1880 e permaneceu na Stricker's
laboratório, onde conheceu Freud, e eles passaram a se abordar por
o familiar Du. Percebendo que não havia futuro para ele com Stricker,
Wagner-Jauregg voltou-se para a medicina clínica, brincou por algum tempo com a
ideia de emigrar para o Egito, estudou com Bamberger e Leidesdorf, e
estava até, em certo momento, interessado em pesquisas sobre as propriedades anestésicas de
cocaína. Em 1885 ele se tornou Privat Dozent em Neuropatologia, após seu
o mestre Leidesdorf superou a forte oposição de Meynert. Três
anos depois, o estágio de privatização de Wagner-Jauregg foi estendido à psiquiatria.
Este passo, que Freud não havia dado, deu a Wagner-Jauregg a possibilidade
para uma nomeação posterior como Professor Titular. Em 1889, ele foi nomeado
Professor Extraordinário de Psiquiatria em Graz, e em 1893 (enquanto Freud
e Breuer acabara de publicar sua Comunicação Preliminar), ele era
nomeado Professor Titular de Psiquiatria em Viena.
O trabalho psiquiátrico de Wagner-Jauregg foi marcado por três grandes acompanhantes
plishments. Primeiro, tendo em vista o fato de que o cretinismo está correlacionado com um
deficiência de iodo e poderia ser evitada pela ingestão regular de iodado
sal, ele lutou pela aplicação em larga escala desta medida profilática,
o que resultou no desaparecimento quase total do cretinismo em certos
partes da Europa. Em segundo lugar, foi sua descoberta da cura da paresia geral
(uma condição até então considerada incurável) pela terapia da malária. este
descoberta foi o resultado de experimentos sistemáticos conduzidos por muitos
anos. A terceira grande conquista foi propor e ter realizado
uma reforma da lei austríaca em relação aos doentes mentais. Wagner-Jauregg
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recebeu diversas homenagens, culminando, em 1927, com o Prêmio Nobel. Ele

foi o primeiro psiquiatra a recebê-lo.
Wagner-Jauregg era um alpinista e cavaleiro ativo, e tinha
recebeu uma educação multifacetada. Ele escreveu em um estilo claro e conciso,
evitando comparações e imagens literárias. Seu ensino foi considerado
bom, mas não eloqüente. Dizia- se que sua maneira com os alunos era ao mesmo tempo
autoritário e benevolente. Além de seu ensino, pesquisa, hospital responder
sibilidades e prática privada, ele foi ativo em muitas sociedades científicas e
funções acadêmicas.
As orientações da personalidade de Freud e Wagner-Jauregg eram tão
diferente que dificilmente se poderia esperar que os dois se entendessem.
Wagner-Jauregg reconheceu plenamente o valor do trabalho neurológico de Freud,
e, possivelmente, seus primeiros estudos em neurose, mas ele não poderia aceitar como um cientista
desenvolvimentos posteriores de Freud significativamente válidos, como a interpretação de
sonhos e a teoria da libido. Muito se tem falado de Wagner-Jauregg
hostilidade para com Freud, embora em sua autobiografia Wagner-Jauregg main-
disse que ele nunca expressou qualquer animosidade em relação a Freud, com exceção de alguns
palavras em tom de brincadeira em reuniões privadas. No entanto, um de seus alunos, Emil Raimann,
tornou-se um forte adversário de Freud, e Freud parecia culpar Wagner-
Jauregg por esses ataques. Wagner-Jauregg disse que Freud, sendo um intolerante
homem formiga, não conseguia entender que outra pessoa pudesse permitir que seus alunos
têm opiniões próprias, mas a pedido de Freud, Wagner-Jauregg perguntou
Raimann para parar de criticar Freud, o que Raimann fez. Quando Freud
finalmente recebeu o título de Professor Ordinário em 1920, era Wagner-
Jauregg que escreveu o relatório recomendando sua nomeação. Freudianos
apontaram que, no final deste relatório, Wagner-Jauregg fez um
lapso, recomendando a nomeação de Freud como "Extraordinária"
Professor, e então marcando o prefixo "Extra". Pode-se tirar a conclusão
que Wagner-Jauregg estava relutante, mas apoiou a candidatura de Freud
de solidariedade profissional.
Muitas declarações contraditórias surgiram em torno do chamado Wagner-
Processo Jauregg de 1920, evento ao qual voltaremos. 217 Mesmo se
O relatório do especialista de Freud sobre o processo de Wagner-Jauregg foi moderado em termos,
é claro que ele, por sua vez, estava relutante. A relutância apareceu mais
abertamente durante as discussões, e Wagner-Jauregg se ressentiu, conforme aprendemos
de sua autobiografia. Quando esses dois homens envelheceram e mundialmente ...
famosos, no entanto, eles trocaram parabéns por seu octogésimo nascimento
dias, de uma maneira quase real. Pergunte. R. Eissler disse:
Dada sua enorme diferença de personalidade e temperamento, alguém poderia ter

esperava o desenvolvimento de uma inimizade pessoal entre Freud e Wagner.
A amizade que havia sido contraída na juventude, no entanto,
durou todas as vicissitudes da vida. O respeito mútuo e a estima amigável não eram
Página 54
destruída pelas diferenças científicas, e este é um episódio verdadeiramente exemplar em

a biografia dos dois pesquisadores.21 h
Paralelos entre Sigmund Freud e Arthur Schnitzler repetidamente

foi desenhado. Em uma carta a Schnitzler por ocasião de seu sexagésimo aniversário,
Freud escreveu: "Vou lhe fazer uma confissão ... Acho que evitei
você de uma espécie de medo de encontrar meu próprio duplo (Doppelgiinger-
Scheu) .219 Como Freud, Schnitzler pertencia a uma família judia que tinha
rompeu seus laços com a religião de seus ancestrais. Ele nasceu em Viena em
15 de maio de 1862 (o que o torna seis anos mais novo que Freud). O pai dele,
um conhecido laringologista e professor da Universidade de Viena, foi o editor
de uma revista médica, e tinha atrizes e cantores de ópera entre seus clientes.
Arthur estudou medicina em Viena de 1879 a 1885, e assim se formou
três anos depois de Freud. Como Freud, ele passou três anos no vienense
Hospital Geral, foi aluno de Meynert, e se interessou pelo atual
discussões sobre histeria e hipnose. Seu primeiro artigo dizia respeito a seis pacientes
ele se curou da afonia histérica em uma ou duas sessões de hipnose cada. Ele
preferiu chamá-la de afonia funcional porque tinha algumas dúvidas sobre
o diagnóstico e os conceitos de histeria. 220
Seguindo os passos de seu pai, Schnitzler se lançou
em uma carreira em jornalismo médico. Ele relatou no Wiener Medizinische
Presse sobre as reuniões da Imperial-Royal Society of Physicians, e
foi assim que ele fez um relato da reunião de 15 de outubro de 1886,
em que Freud falou sobre a histeria masculina.221 Em um artigo subsequente,
relembrando aquela discussão animada, Schnitzler expressou seus temores de que
seqüência muitos casos de suposta histeria masculina seriam apresentados em
reuniões futuras; mas o excesso de entusiasmo, disse ele, era certamente mais benéfico
para a ciência do que uma atitude negativa. 222 Schnitzler também escreveu muitas análises de
livros médicos no Intemationale Klinische Rundschau, com uma preferência
para aqueles que lidam com histeria, neurose e hipnose. Comentando sobre
As traduções de Freud dos livros de Charcot e Bernheim, ele elogiou seu
habilidade como tradutor, mas questionou parte do conteúdo. Em sua revisão
do livro de Bernheim sobre sugestão, Schnitzler falou sobre a "pose" e
"atuação" do indivíduo hipnotizado, com base em sua própria experiência
ence.223 Da mesma forma, Schnitzler deu o devido crédito a Liebeault, mas deplorou
as "fantasias engenhosas" (geistvolle Phantastereien) em que ele teve
se entregou. Em 14 de outubro de 1895, quando Freud leu aquele célebre jornal
no Doctorencollegium em que propôs sua classificação de quatro
neuroses básicas, com uma origem sexual específica para cada uma, foi Schnitzler quem
escreveu a revisão mais exaustiva e objetiva.224
Enquanto isso, o tempo e o interesse de Schnitzler estavam sendo cada vez mais
absorvido pela literatura e pelo teatro, e sua prática encolheu gradualmente.
Casos de amor tempestuosos com atrizes causaram-lhe sofrimento, mas deram-lhe
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com o material para suas peças. Por volta de 1890 ele reuniu um grupo
de talentosos jovens poetas e dramaturgos austríacos, que se autodenominavam
Jovem Viena. 225 A fama literária de Schnitzler começou com A nato !, a história
de um playboy vienense da época.226 Um episódio de sua peça trata de
hipnose: Max parabeniza Anatol pela maneira como ele hipnotiza
sua jovem amante, e ela desempenha vários papéis. Ele sugere que, por meio
hipnose, Anatol descobrir se ela é fiel a ele. Anatol hipnotiza
Cora, que diz a ele que tem vinte e um anos, e não dezenove como ela
o tinha deixado acreditar, e que ela o ama. Anatol tem medo de questioná-la
mais longe e a acorda. Max conclui: "Uma coisa é clara para mim, que nós
os homens também contam mentiras sob hipnose. "
Uma das próximas peças de Schnitzler, Paracelsus, também gira em torno
hipnose.22 7 Na Basiléia do século XVI, Paracelso é rejeitado pelo autor
é um charlatão, mas atrai as massas e faz milagres
curas. Ele hipnotiza Justina, esposa de um cidadão rico, alegando que ele
pode fazê-la sonhar com o que ela quiser. Justina então torna surpreendente
revelações. Ninguém sabe o quanto disso é verdade. O ponto em que ela
desperta do estado hipnótico não é esclarecido. A moral da peça
é a relatividade e a incerteza, não só da hipnose, mas da vida mental
em si. Paracelso afirma que se um homem pudesse ver seus últimos anos retratados,
ele mal conseguia reconhecê-los ", porque a memória engana quase tanto
como esperança, "que estamos sempre desempenhando um papel, mesmo em questões mais profundas, e
que "todo aquele que o conhece é sábio". O Paracelso de Schnitzler, portanto, dá uma
imagem diferente da hipnose e da vida mental das de Breuer e Freud
estudos em histeria. Breuer e Freud pareciam ter as revelações de
seus assuntos hipnotizados pelo valor de face. e construíram suas teorias sobre isso
base, enquanto Schnitzler sempre enfatizou o elemento de fabricação e
papel atuando na hipnose e na histeria.
As semelhanças entre Schnitzler e Freud não devem ser superestimadas.
Se Freud introduziu o método de associação livre na psicoterapia,
Schnitzler foi um dos primeiros a escrever um romance inteiramente no "fluxo de
consciência ". 228 Comum a Schnitzler e Freud era seu
interesse em sonhos. Dizem que Schnitzler gravou seus próprios sonhos,
e ele fez um uso extensivo do motivo do sonho em suas obras. No dele
romances, as pessoas têm sonhos. em que eventos recentes, memórias passadas e
as preocupações atuais são distorcidas e misturadas em múltiplas variações
ções. Mas não há nada de "símbolos freudianos", e apesar de seus
beleza e riqueza artística, esses sonhos fornecem pouco material para
interpretações psicanalíticas. A mesma independência da psicologia de Freud
análise é mostrada no romance Frau Beale de Schnitzler , uma história de incesto entre
um jovem e sua mãe viúva. 229 Aqui, nenhuma referência foi feita a um
Complexo de Édipo ou a situações infantis; uma combinação extraordinária
de circunstâncias fez o resultado parecer quase inevitável.
A Primeira Guerra Mundial fez com que muitos homens refletissem sobre a tragédia em que
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estavam participando. Freud concluiu seu Reflexões para os tempos sobre a guerra
e a morte , afirmando que os instintos agressivos eram mais fortes do que o desprezo
homem civilizado porário tinha acreditado, e ele viu a manipulação e canalização
da agressividade como o problema principal.230 Schnitzler contestou o papel
de ódio: nem soldados, nem oficiais, nem diplomatas, nem estadistas
realmente odiava o inimigo.23 1 O ódio é artificialmente apresentado ao público

opinião da imprensa. As verdadeiras causas da guerra são a malevolência de um
poucos indivíduos que têm interesse na guerra, a estupidez de um
poucos homens no poder que recorrem à guerra para resolver os problemas que poderiam ser
resolvido de outra forma, e acima de tudo a incapacidade das massas de
visualize a verdadeira imagem da guerra. Finalmente, uma ideologia de guerra é imposta
as pessoas com alegações pseudofilosóficas e pseudocientíficas, e
falsos imperativos políticos, usando um vocabulário carregado de emoção. o
prevenção da guerra, disse Schnitzler, implicava a erradicação de todas as possibilidades
do lucro, um Parlamento permanente das Nações para resolver os problemas
geralmente levando à guerra, o desmascaramento da ideologia de guerra e o silenciamento de
fomentadores da guerra.
Após a Primeira Guerra Mundial, a nova geração austríaca desprezou Schnitzler como
um protótipo do "espírito corrupto da monarquia decadente" e do "
vida frívola da classe do tesouro vienense. "Em 1927, ele publicou um
livreto, O Espírito no Trabalho e o Espírito em Ação, uma tentativa curiosa
na tipologia de variedades de homens como o poeta, o filósofo, o
padre, o jornalista, o herói, o organizador, o ditador, e assim por diante.
Outra coleção de pensamentos e fragmentos teria exigido apenas
uma pequena organização para formar um esboço de uma filosofia. 233 Schnitzler
revelou-se muito menos cético do que alguém teria pensado de
sua obra literária anterior. Ele se posicionou contra a teoria da universalidade
determinismo. Ele via a liberdade de vontade não apenas como a base da moralidade,
mas como base da estética; sua crença na existência de Deus é expressa,
embora em termos velados.
Freud e Schnitzler foram atingidos por sofrimento físico para
o fim de suas vidas, Freud com seu câncer e Schnitzler com otosclerose.
Naqueles últimos anos dolorosos, Schnitzler escreveu o romance que geralmente é
considerado sua obra-prima, Flight into Darkness: o estado subjetivo de um
a mente esquizofrênica do homem é descrita de tal forma que o desenvolvimento de
sua doença a ponto de assassinar seu irmão médico é feita
inteligível. 234
Freud viu semelhanças entre seu pensamento e o de Schnitzler, mas
Schnitzler, apesar de toda sua admiração pelos escritos de Freud, enfatizou seu
desacordo com os principais princípios da psicanálise.235 Ambos os homens, na verdade,
exploraram, à sua maneira, o mesmo reino, mas chegaram a conclusões diferentes.
É fácil imaginar que tipo de psicologia profunda Schnitzler poderia
ter concebido: ele teria enfatizado o desempenho de papéis e o enganoso
elemento em hipnose e histeria, a falta de confiabilidade da memória, o
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função mitopoética do inconsciente, mais temática do que

elemento simbólico nos sonhos, e o auto-enganador ao invés do agressivo
componente ativo na origem da guerra. Ele também teria escrito filosófico
ensaios em uma veia menos pessimista do que Freud. Um é livre para especular sobre
as possibilidades literárias fizeram Freud abandonar a medicina para desenvolver seu grande talento
como escritor. Emmy von N., Elisabeth von R. e a jovem Dora teriam
tornar heroínas em contos de um Ia Schnitzler. As obsessões do
O Homem-Lobo
moda, teriasobre
e uma história se tornado um romance
Leonardo da Vinci de pesadelo
teria na obra de Hoffmann
ofuscado
Ficção histórica de Merezhkovsky. Um romance de Freud sobre o velho cruel
pai e a horda teriam levado à perfeição esse gênero literário
de romances pré-históricos que os irmãos Rosny popularizaram na França,
embora Freud o tivesse concebido mais no estilo de Hesse
Rainmaker. 236 A história de Moisés teria tornado um romance comparável
aos romances bíblicos de Sholem Asch e Thomas Mann. Seria então
permaneceram para os discípulos de Schnitzler analisarem tais escritos e
reconstruir o sistema psicológico implícito neles. Freud, entretanto,
evitou essa possibilidade, pois escolheu a psicologia, com o objetivo de anexar
trazendo para a ciência um sistema dessa intuição psicológica e conhecimento
possuído por grandes escritores.
O Trabalho de Freud-1-Da Anatomia Microscópica à Neurologia Teórica

Tantos relatos da obra de Freud foram dados que não
tentar aqui mais do que um breve levantamento, com especial atenção às suas fontes,
relação com a ciência contemporânea e, particularmente, com sua linha de evolução.
Os primeiros historiadores da psicanálise dividiram a carreira científica de Freud em
um período pré-analítico e um período psicanalítico. Eles consideraram Freud como
um neurologista que deixou sua primeira vocação para fundar uma nova psicologia. isso foi
mais tarde reconheceu que um conhecimento do primeiro período é necessário para uma plena
compreensão da origem da psicanálise. Um exame ainda mais detalhado
dos fatos revela uma linha definida de evolução ao longo da pré-psicologia
período analítico.
Quando o estudante de dezenove anos Sigmund Freud começou a fazer
pesquisa no Instituto de Anatomia Comparada do Professor Claus, ele foi
engajar-se em uma carreira de natureza particularmente exigente. Trabalhe com um micro
escopo era uma escola de ascetismo científico e abnegação. Agassiz tem
bem descrito o longo e árduo treinamento dos olhos, da mão e do
intelecto que é necessário antes que se possa trabalhar de forma eficiente com o micro
escopo ou o telescópio:
Eu acho que as pessoas geralmente não estão cientes da dificuldade do microscópio

observação, ou da quantidade de preparação dolorosa necessária apenas para ajustar
os órgãos de visão e tato para o trabalho ... Parece uma tarefa fácil para um homem
sentar e olhar objetos através de um vidro que amplia tudo para
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sua visão; mas há assuntos de pesquisa microscópica tão obscuros que o

o aluno deve observar uma dieta especial antes de empreender sua investigação, a fim de
que mesmo o batimento de suas artérias não pode perturbar a firmeza de seu olhar,
e a condição do sistema nervoso seja tão calma que toda a sua figura
permanece por horas em rígida obediência ao seu olhar fixo e concentrado. 237
Muitas vezes, requer anos de treinamento antes que o jovem cientista seja capaz de
fazer sua primeira descoberta, e como Agassiz apontou, a obra de uma vida
cientista pode ser resumido em uma frase. 238 Mas mesmo aqueles adeptos de
este método não era imune ao autoengano: Haeckel descreveu
efez
ilustrou configurações
com que imaginárias
ele fosse acusado que confirmaram
de fraude, suas teorias
Meynert descreveu e ilusórios no
tratados
substância cerebral, e várias gerações de astrônomos viram e mapearam
os "canais" em Marte.
O jovem estudante geralmente recebia uma pequena pesquisa para fazer,
tanto para testar suas capacidades quanto para os resultados. Primeira investigação de Freud
estava na estrutura gonádica da enguia. Jones contou como Freud dissecou
cerca de quatrocentas enguias, mas não conseguiu chegar a nenhuma conclusão decisiva.
No entanto, Claus ficou satisfeito com o trabalho de Freud e apresentou seu
papel na Academia de Ciências, mas Freud estava insatisfeito. 239
(Aparentemente, o jovem ambicioso ainda não tinha entendido a filosofia
de pesquisa microscópica.)
Durante os seis anos passados no laboratório de Bri.icke, Freud fez pesquisas
de alta qualidade em assuntos limitados. Naquela época, a anatomia do cérebro era um
campo recém-aberto, onde qualquer pesquisador diligente poderia fazer descobertas.
Para tanto, havia três abordagens: a primeira era a investigação de rotina
de novos casos com as técnicas atuais; o segundo, o aperfeiçoamento de um novo
técnica (como um micrótomo ou agente de coloração) para dar novas possibilidades
para estudos; e o terceiro, conceituação (uma abordagem adotada por aqueles
que apresentou a teoria do neurônio). Freud tentou todas essas abordagens em
virar. Ele começou com uma investigação limitada em certas células da coluna vertebral
acorde em uma espécie de peixe, o Petromyzon.240 Aqui também o mestre estava
mais satisfeito do que o aluno com os resultados. Uma característica notável é o
alta qualidade do estilo em que este artigo técnico foi escrito. Freud
em seguida, voltou suas investigações para as regiões menos conhecidas do sistema nervoso
sistema. Tal foi o seu trabalho no corpus restifonne, e no núcleo do
nervo acústico. Este era o tipo de trabalho através do qual homens como
August Fore! e Constantin von Monakow estavam se tornando
conhecido pelo mundo neurológico. Em relação à segunda abordagem, Freud
introduziu um método de coloração com cloreto de ouro, que, no entanto,
não produziram resultados uniformes e, portanto, não foi amplamente adotado.241
ponto de vista conceitual, Freud escreveu um artigo "Sobre a estrutura dos elementos
do Sistema Nervoso ", que alguns historiadores consideram uma antecipação de
a teoria do neurônio. 242
Página 59
Durante seus três anos de residência no Hospital Geral de Viena,

Freud pela primeira vez entrou em contato com pacientes, e sua pesquisa
alterado em conformidade. Foi o período de suas tentativas com cocaína, durante
que ele também experimentou com o método anátomo-clínico, isto é,
comparar os diagnósticos clínicos com os resultados das autópsias. Freud mostrou
habilidade nesta arte e publicou três dos casos que ele diagnosticou em
1884.243 244 245
No período seguinte, depois que Freud deixou o Hospital Geral de Viena
e no laboratório de Meynert, ele se voltou para a neurologia puramente clínica. Em que
tempo em que o neurologista dependeu muito do hospital ou instituição para
pacientes. Freud foi colocado como responsável pela neurologia no Instituto Kassowicz,
onde examinou tantas crianças com paralisia cerebral que se tornou
um especialista nessa condição. Em 1891 ele conseguiu publicar, com Oskar

Rie, um estudo de trinta e cinco casos de hemiplegia na paralisia cerebral.246 Este
estudo aponta a existência de dois tipos extremos, o de início agudo
de paralisia, e o outro, um início gradual com coreia, e todos os possíveis
combinações intermediárias de sintomas. Isso mostra uma instância do que
Freud mais tarde chamou de séries complementares.
Em 1891, Freud publicou um livro sobre afasia dedicado a JosefBreuer.247
Este livro foi por muito tempo esquecido pelos psicanalistas; mais tarde foi elogiado como um
marco na história do estudo da afasia e um arauto de
conceitos psicanalíticos. Na verdade, é mais fácil verificar o seu significado em
na evolução da obra de Freud do que na história da afasia. Naquela hora
houve uma enxurrada de literatura sobre afasia. Hoje, esses escritos não são
facilmente acessível; muito neles está escrito no estilo do contemporâneo
mitologia do cérebro. As teorias prevalentes da afasia, como as de Wernicke
e Lichtheim, foram baseados na suposição de que as imagens sensoriais foram
armazenados em certos centros do cérebro, e que as lesões nessas áreas foram
a causa da afasia. No início da década de 1880, Heymann Steinthal248 propôs
o que hoje seria chamado de teoria dinâmica da afasia, mas sendo um
lingüista, ele foi ignorado pelos neuropatologistas.249 Historiadores da afasia 250
Saliente que desde a época de Bastian até a de Dejerine ocorreram
um reconhecimento gradual dos fatores dinâmicos na afasia. Neste mono-
gráfico, Freud prenunciou os conceitos de Dejerine; ele provavelmente era o
primeiro no continente a referir-se ao trabalho de Hughlings Jackson, e ele
introduziu e definiu o termo "agnosia". Freud aparentemente não
considero este trabalho uma contribuição importante para o problema da afasia; era um
discussão teórica sem novas observações clínicas ou novas patológicas
descobertas. A história tradicional de que o livro de Freud sobre afasia não encontrou
sucesso em tudo e nunca foi citado por outros autores é, para dizer o mínimo,
um exagero. 251
Em 1892, o aluno de Freud, Rosenthal, publicou em sua dissertação médica
cinquenta e três observações sobre casos de formas diplégicas de paralisia cerebral, que
ele tinha visto a serviço de Freud. 252 Em 1893, Freud expôs sua concepção
Página 60
de diplegia cerebral em crianças. 253 Uma crítica anônima do livro argumentou que
Freud descreveu a anatomia patológica desta condição, não de
suas próprias observações, mas a partir de uma compilação das descobertas de outros
autores, o que tornou as interpretações fisiopatológicas de Freud não convincentes
ing, porque a conexão sugerida por Freud entre certos grupos de
sintomas e certos fatores etiológicos não foram suficientemente comprovados
pelos fatos. 254 Por outro lado, o estudo de Freud recebeu o maior
elogios de Pierre Marie, e Freud escreveu um artigo em francês sobre o mesmo
tópico para a Revue Neurologique.2ss
A reputação de Freud como um especialista em paralisia cerebral estava agora tão boa
estabeleceu que Nothnagel pediu-lhe para escrever uma monografia sobre o assunto,
que apareceu tardiamente em 1897. 25 6 Esta obra foi muito apreciada
na França, de Brissaud e Raymond. 257 Na Bélgica, a teoria de Freud
de paralisia cerebral e sua classificação de subformas foi criticada por Van
Gehuchten, que descobriu que era uma concepção artificial sem qualquer
base anátomo-patológica. 25 H Estes fatos são interessantes porque eles

mostrar isso, também em seu período neurológico. Freud recebeu elogios e
crítica, ao contrário do pressuposto de que ele recebeu apenas elogios como
contanto que ele fosse um neurologista, e nada além de abuso assim que ele se transformasse
para o estudo das neuroses. Desde o início, foi a tendência de Freud para
fazer generalizações ousadas que deram origem a críticas.
Vemos, assim, que durante os vinte anos de sua pré-psicanálise
período, Freud seguiu uma longa linha de evolução, indo de micro
anatomia escópica para neurologia anátomo-clínica, e daí para puramente
neurologia clínica, e mesmo para o tipo de neurologia teórica não clínica,
manifestado em seu livro sobre afasia. Esta última tendência estava para atingir seu apogeu
com o Projeto Freud de uma psicologia científica. para o qual vamos agora.
Trabalho de Freud-II-A busca por um modelo psicológico
Existem duas maneiras de construir uma teoria psicológica. O primeiro é para

reunir fatos e encontrar fatores comuns a partir dos quais deduzir leis e
generalizações. A segunda é construir um modelo teórico e ver como o
os fatos cabem nele, a fim de reformular o modelo, se necessário. Seguindo uma tendência
comum em sua época, a preferência de Freud foi para o último. Entre aqueles
que tentou correlacionar as funções psicológicas com a estrutura do
cérebro, Meynert se distinguiu. mas infelizmente muitas vezes escorregou
na mitologia do cérebro. Outras. inspirado na psicofísica de Fechner,
postulou a existência de energia nervosa no modelo de energia física,
e tentou expressar fenômenos mentais em termos desse hipotético sistema nervoso
energia. Tentativas ainda mais ousadas foram feitas para interpretar os fenômenos mentais em
termos de anatomia do cérebro e energia nervosa.
Freud dedicou muito tempo e cuidado à elaboração de um
modelo teórico desse tipo. Sua correspondência com Fliess preservou
o esboço de 1895 conhecido como Projeto de uma psicologia científica. 259
Página 61
Estudantes de psicanálise concordam em dois fatos: primeiro, que este modelo foi
altamente artificial e, em segundo lugar, que pode nos ajudar a entender a origem
de certos conceitos psicanalíticos.
A ideia central do Projeto é a correlação de processos psicológicos
com a distribuição e circulação de quantidades de energia em todo
certos elementos materiais, isto é, estruturas cerebrais hipotéticas.
A energia chamada quantidade por Freud é equiparada a somas de excitação
originando-se do mundo exterior através dos órgãos sensoriais, ou de
o mundo interior, isto é, o corpo. A quantidade é regida por dois princípios,
inércia, que é a tendência para a descarga total da energia, e
constância, que é a tendência de manter constante a soma da excitação.
Os elementos materiais de Freud foram os neurônios, dos quais ele postulou três
tipos. Os neurônios phi recebem quantidades de excitação do exterior
mundo, mas não retêm a corrente, porque são regulados pelo
princípio da inércia. Os neurônios psi recebem quantidades de excitação também
do corpo ou dos neurônios phi, mas porque eles são governados por
o princípio da constância, eles retêm traços de qualquer estimulação recebida;
portanto, constituem o substrato da memória. Os neurônios ômega
recebem quantidades de estimulação do corpo e dos neurônios phi,

e tem a peculiaridade de transformar quantidade em qualidade, por causa de um
período de movimento. Esses neurônios constituem o substrato da percepção
ção. O princípio do prazer-desprazer é explicado no sentido de que
o desprazer é um aumento e o prazer uma descarga do nível de
quantidade.
O ego é uma organização de neurônios dotada de uma reserva constante
de quantidade e capaz de inibir a excitação de entrada. Isso fornece um critério
da realidade; o teste de realidade é equiparado a uma inibição do ego.
Freud distinguiu um processo primário e um secundário. No primário,
uma quantidade de imagens de memória estimuladas por excitação nos neurônios Psi e
em seguida, reverteu para os neurônios Omega, evocando alucinação; nesse processo,
a energia era tônica e limitada. e as alucinações foram verificadas através
inibição pelo ego.
Estes são alguns dos princípios básicos do Projeto 1895 ; eles eram
desenvolvido em um sistema extraordinariamente complexo; dentro desta estrutura
quase qualquer função psicológica e várias manifestações psicopatológicas-
explicações.
Para tornar o Projeto inteligível, ele deve ser colocado em seu contexto, ou seja,
na longa linha de evolução. que começou com Herbart. Ao longo do
século XIX, a anatomia e fisiologia do cérebro foram construídas em um
base científica e experimental, mas também havia uma linha paralela de especulação
anatomofisiologia do cérebro lativo, que na última parte do século foi
chamado Himmythologie (mitologia do cérebro). Curiosamente, foi
às vezes os mesmos homens que foram os pioneiros da anatomofisiologia científica
do cérebro que também se entregou à mitologia do cérebro, embora tenha concebido
Página 62
consideravam-se "positivistas" e desprezavam a filosofia da natureza. Freud's

O projeto é apenas um descendente tardio dessa sequência especulativa. Sua dinâmica inicial
filosofia especulativa pode ser rastreada até Herbart, e o maior
parte de sua energética para Fechner. 260 O princípio da inércia e o
princípio da constância são muito semelhantes ao que Fechner chamou de absoluto
estabilidade e estabilidade aproximada. Fechner já havia conectado o
princípio do prazer-desprazer com a ideia de abordagem e recuo de
estabilidade aproximada, e ele também equiparou a qualidade da percepção com o
periodicidade de um movimento estável. Esses princípios fechnerianos foram posteriores
complementado por Heinrich Sachs com sua alegada lei da constante
quantidade de energia psíquica: "A soma das tensões de todas as moléculas presentes
ondas maiores estão, dentro de certos limites de tempo, no mesmo indivíduo aproximadamente
imatemente constante. "261 As três outras fontes principais do Projeto são
Briicke, Meynert e Exner. Isso foi bem demonstrado em um estudo de Peter
Amacher. 262
Briicke foi um dos que reduziu a psicologia à neurologia, e
explicou todo o funcionamento do sistema nervoso como uma combinação
de reflexos. 263 A estimulação dos mesmos órgãos determina quantidades de
excitação, que foram transmitidas por todo o sistema nervoso, trans-
transferido de célula para célula, e muitas vezes acumulado em certos centros até que
poderia ser descarregado na forma de movimentos. Briicke, bem como

Meynert e Exner, descreveram processos mentais indiferentemente no físico
e termos psicológicos.
Meynert também descreveu processos psicológicos em termos de quantidades
de excitação e de neurologia reflexa, embora mais elaboradamente do que
Bruck e. 264 Ele tirou de seu bar e dos empiristas ingleses o
doutrina do associacionismo, mas ele a reduziu a uma neurologia reflexa semelhante
ao de Briicke. e aos seus próprios conceitos de estrutura e funcionamento
do cérebro. Ele distinguiu dois tipos de respostas reflexas, aquelas
determinado no nascimento, que seguiu vias subcorticais, e aqueles que
foram adquiridos, que seguiram as vias corticais. Houve associação
feixes entre centros corticais, e quando um influxo de excitação chegou
simultaneamente em dois centros, uma via cortical foi aberta e um
fenômeno de indução ocorreu. o concomitante físico de um associado
ção e uma função lógica elementar. Essas experiências, começando no
primeiro dia de vida. desenvolveu um sistema de vias corticais (isto é, de associação
ções) que constituem o ego primário, ou seja, o núcleo da individualidade.
Mais tarde. um ego secundário foi constituído, cuja função era controlar o
ego primário, e que era a subestrutura dos processos de pensamento ordenados.
Como clínico, Meynert descreveu a amência, uma condição mental com inco
alucinações e delírios herent, que reproduziam um estado infantil
confusão quando não havia controle do ego. Meynert igualou o ac- cortical
atividade durante o sonho com a atividade cortical que produziu amência.
Exner, o terceiro professor de neurologia de Freud, publicou seu Entwurf
Página 63
em 1894, que pode ser considerada uma síntese de Briicke e Meynert

sistemas.26 S Nesse ínterim, porém, a teoria do neurônio apareceu,
e Exner discutiu como as quantidades de excitação poderiam ser transferidas em
as junções entre os neurônios, onde ele acreditava que as somas de
excitações ocorreram. Exner também presumiu que as junções poderiam ser alteradas
durante a vida do indivíduo, embora a excitação simultânea de
duas células. Exner chamou os processos de Bahnung (canalização), pelos quais o
a excitação simultânea de duas células corticais abriria uma via nervosa
entre si e iria transferir a excitação de um para o outro,
quando qualquer um deles foi subsequentemente envolvido pela excitação. Ele descreveu
centros de emoção, particularmente o centro de dor ou desprazer. Debaixo de
nome dos instintos, ele descreveu associações entre ideias e emoção
centros. Ele desenvolveu extensivamente sua psicologia neurológica, dando
explicações de percepção, julgamento, memória, pensamento e outras
processos.
O projeto de Freud de 1895 pode ser entendido como um desenvolvimento lógico
das teorias de seus predecessores, particularmente de seus mestres Briicke,
Meynert e Exner. É o resultado e legado de um século de cérebro
mitologia. É provavelmente por isso que Freud abandonou este projeto assim que
ele o havia completado. Mas muitas das ideias formuladas no Projeto foram
reaparecer sob várias novas formas na subseqüente análise psicanalítica de Freud
teorias.
Trabalho de Freud-III-Teoria das Neuroses

As circunstâncias que levaram Freud a conceber uma nova teoria das neuroses
pertencem tanto ao zeitgeist quanto a experiências pessoais específicas. Em mudança
da neuroanatomia à neurologia anátomo-clínica, e daí a um
conceito dinâmico de neuroses, Freud seguiu um padrão contemporâneo também
ilustrado por Charcot, Fore! e, posteriormente, por Adolf Meyer. Neuropatologia
(naquela época, bastante distinto da psiquiatria) estava começando a estar na moda
especialização médica. Duas experiências pessoais orientaram Freud ao longo
este caminho: sua visita a Charcot e a história da paciente Anna 0 de Breuer.
Freud viu o ponto de partida da psicanálise na experiência de Breuer
com Anna 0. Até hoje, o relato mais elementar da psicanálise
começa com a história daquela jovem "cujas numerosas histórias histéricas
os sintomas desapareceram um a um, conforme Breuer foi capaz de fazê-la evocar
as circunstâncias específicas que levaram ao seu aparecimento. "O véu de
a lenda que cerca esta história foi apenas parcialmente levantada pelo objetivo
pesquisa.
Ernest Jones revelou o nome verdadeiro da paciente: Bertha
Pappenheim (1860-1936). Sua vida é conhecida através de um breve biográfico
aviso publicado após sua morte, 266 e uma breve biografia de Dora
Edinger.267 Bertha Pappenheim pertencia a um ilustre antigo judeu
família. Seu avô, Wolf Pappenheim, foi uma personalidade proeminente
Página 64
do gueto de Pressburg, e seu pai, Siegmund Pappenheim, era um

comerciante afazeres em Viena. Pouco se sabe sobre sua infância e juventude. Ela
recebeu uma educação refinada, falava inglês perfeitamente e lia francês
e italiano. De acordo com seu próprio relato, ela levava a vida normal de uma jovem
senhora da alta sociedade vienense, fazendo muitos bordados e ao ar livre
atividades, incluindo passeios a cavalo. Nos editais biográficos de 1936,
nada foi dito sobre uma doença nervosa em sua juventude. Foi relatado que depois
a morte de seu pai, ela e sua mãe deixaram Viena para se estabelecer em Frankfurt em
o Meno, onde Bertha gradualmente se preocupou com o trabalho social. Dentro
no final da década de 1880, ela começou a apresentar notável atividade filantrópica. Para
cerca de doze anos ela foi diretora de um orfanato judeu em Frankfurt.
Ela viajou pelos países dos Balcãs, Oriente Próximo e Rússia, para indagar
em prostituição e escravidão branca. Em 1904 ela fundou o Jiidischer
Frauenbund (Liga das Mulheres Judias), e em 1907 ela fundou um ensino
instituição afiliada a essa organização. Entre seus numerosos escritos
são contos, peças teatrais sobre temas sociais, relatos de viagens, estudos
sobre a condição das mulheres judias e sobre a criminalidade dos judeus. Nela
nos últimos anos, ela reeditou antigas obras religiosas judaicas em obras modernizadas
forma, e uma história de seus ancestrais com extensas tabelas genealógicas.
Perto do final de sua vida, ela foi descrita como uma pessoa profundamente religiosa e rígida.
e pessoa autoritária, totalmente altruísta e dedicada à sua tarefa, que tinha
reteve de sua educação vienense um vivo senso de humor, um gosto
pela boa comida e o amor pela beleza, e que possuía uma impressionante
coleção de bordados. porcelana e artigos de vidro. Ela morreu em março de 1936,
cedo o suficiente para escapar do destino de um mártir, mas tarde o suficiente para prever o
o extermínio iminente de seu povo e a destruição de sua vida

trabalhos. Após a dominação nazista, ela foi lembrada como uma quase
figura lendária, na medida em que o governo da Alemanha Ocidental
honrou sua memória em 1954, ao emitir um selo postal com sua foto.
Há uma grande lacuna entre as descrições do filantropo judeu
e a assistente social pioneira Bertha Pappenheim, e da histérica de Breuer
paciente Anna 0. Nada na biografia de Bertha Pappenheim nos permitiria
acho que ela era Anna 0 .. e nada na história de Anna O.
vamos adivinhar que ela se tornaria conhecida como Bertha Pappenheim. If Jones
não revelou a identidade das duas figuras, é provável que ninguém
jamais teria descoberto isso. 268 Quanto à história de Anna 0., existem
duas versões, a dada por Breuer em 1895, 269 e a outra por Jones
em 1953. 270
De acordo com Breuer, Fraulein Anna 0. era uma atraente, inteligente
jovem, dotada de uma forte vontade e muita imaginação. Ela era
gentil e caridoso. mas afligido por uma certa instabilidade emocional. Ela
foi criado em uma família fortemente puritana, e havia uma marcada
contraste entre a educação refinada que ela recebeu e a monótona
vida doméstica que ela levava. Isso a fez escapar em devaneios, que ela
Página 65
chamou seu teatro privado. Sua doença, conforme relatado por Breuer, passa por quatro
períodos:
De julho de 1880 a dezembro de 1880, ela cuidou de seu pai gravemente doente e
sinais manifestos de fraqueza física. Este. Breuer chamou o período de latência
incubação.
De dezembro de 1880 a abril de 1881, houve um período de psicose manifesta.
Uma grande variedade de sintomas apareceu em pouco tempo: paralisias, contrações,
distúrbios oculares. desorganização linguística; ela falava uma espécie de agramática
jargão; sua personalidade foi dividida em uma pessoa normal, consciente e triste e uma
mórbido. rude. pessoa agitada. que às vezes tinha alucinações de preto
cobras. Durante o período. Breuer a visitava com freqüência; sob hipnose, ela
contou a ele seus últimos sonhos. então ela se sentiu aliviada. Isso é o que ela
chamou ela de cura pela fala.
De abril a dezembro de 1881, seus sintomas pioraram significativamente. o
a morte de seu pai em 5 de abril foi um choque severo. Ela não reconheceu ninguém, exceto
Breuer, que teve que alimentá-la por algum tempo. e ela só falava inglês.
Ela foi transferida para um sanatório particular perto de Viena, onde Breuer visitou
ela a cada três ou quatro dias. Seus sintomas agora apareciam em um ciclo regular, e
foram aliviados pelas sessões hipnóticas de Breuer. Em vez de contar a ele seu dia
sonhos. ela contou a ele suas alucinações recentes.
De dezembro de 1881 a junho de 1882, a recuperação ocorreu lentamente. As duas personalidades
os laços agora eram nitidamente distintos e Breuer poderia fazê-la mudar de um para
o outro, mostrando-lhe uma laranja. A principal característica era que os doentes
personalidade viveu 365 dias antes do saudável. Graças ao diário dela
mãe manteve Breuer foi capaz de verificar se os eventos que ela alucinou tiveram
ocorreu, dia a dia. exatamente um ano antes. Uma vez, sob hipnose, ela disse
Breuer como sua dificuldade em engolir água começou depois que ela viu um cachorro
bebendo de seu copo. Tendo dito isso a Breuer. o sintoma desapareceu. Aqui
iniciou um novo tipo de tratamento: Ela contou a Breuer, em ordem cronológica inversa
ordem. cada aparecimento de um determinado sintoma com datas exatas, até que ela atingiu
a manifestação original e o evento inicial e então o sintoma desapareceram.
Breuer erradicou todos os sintomas dessa maneira tediosa. Finalmente, o último sintoma
foi rastreada até um incidente que ocorreu enquanto ela estava cuidando de seu doente
pai; ela teve uma alucinação de uma cobra negra, ficou chateada e teve
murmurou uma oração em inglês. o único que lhe veio à mente. Assim que
Anna havia recuperado essa memória. a paralisia deixou seu braço, e ela foi capaz
falar alemão. Anna decidiu e anunciou com antecedência que ela
ser cu; -ed até o final de junho de 1882. a tempo para suas férias de verão. Então,
de acordo com Breuer. ela deixou Viena para uma viagem. mas levou algum tempo para ela
recuperar seu equilíbrio completo.
Os relatos correntes da doença de Anna O. não enfatizam o incomum

características desta história. Primeiro, foi a coexistência de uma personalidade vivendo em
o presente e outro que vivia 365 dias antes. Em segundo lugar, o fato de que cada um
os sintomas supostamente apareceram imediatamente após o evento traumático,
sem qualquer período de incubação. Terceiro, que os sintomas podem ser causados
27/01/2021 Sigmund Freud e a Psicanálise 483 para desaparecer. No entanto, não é absolutamente (como as contas correntes dizem) que
Página 1
para desaparecer. No entanto, não é absolutamente assim (como as contas correntes seriam
tem) que "bastava lembrar as circunstâncias em que os sintomas
apareceu pela primeira vez. "Anna teve que se lembrar de cada instância quando o
sintoma apareceu, seja qual for o número, exatamente no sentido inverso
ordem cronológica. Essas características tornam a história de Anna O. um caso único
da qual nenhuma outra instância é conhecida, nem antes nem depois dela.
Em um seminário dado em Zurique em 1925, Jung revelou que Freud havia contado
ele que o paciente realmente não tinha sido curado. 271 Em 1953, Jones publicou
uma versão da história que difere notavelmente daquela fornecida por Breuer.
De acordo com ele, Freud disse a Jones que no momento do alegado
término da doença, o paciente estava longe de estar curado e estava em
as dores de parto histérico após uma gravidez fantasma, que
Breuer a hipnotizou e saiu de casa suando frio, após o que
ele partiu para Veneza para passar uma segunda lua de mel, o que resultou na
concepção de uma filha, Dora. A paciente Anna 0. foi internada em um
instituição em Gross Enzersdorf, onde permaneceu doente por vários anos.
A versão de Jones indica que Breuer foi enganado pelo paciente, e
que o suposto "protótipo de uma cura catártica" não era uma cura de forma alguma.
Comparando a biografia de Bertha Pappenheim com as duas versões do
história de Anna 0., nota-se que, na primeira, Bertha saiu de Viena para
Frankfurt em 1881, enquanto Anna permaneceu no sanatório vienense
até junho de 1882, de acordo com Breuer, e muito mais tempo, de acordo com Jones. 272
Um fato ainda mais estranho é que a fotografia de Bertha (cujo original
o autor tem visto) tem a data de 1882 gravada por t ~ e fotógrafo
e mostra, uma mulher ostentando com aparência saudável em um traje de montar, em nítido
contraste com o retrato de Breuer de uma jovem voltada para casa que não tinha saída
por suas energias físicas e mentais.
Em relação à versão de Breuer, deve-se lembrar que naquela época
psiquiatras se esforçaram bastante e se esforçaram muito para disfarçar o
identidade de seus pacientes quando publicaram suas histórias, alterando o
nomes, lugares, profissões e às vezes as datas. 273 caso de Breuer
a história é obviamente uma reconstrução da memória, escrita treze ou
quatorze anos depois, como ele mesmo disse, "de notas incompletas" e
publicado sem entusiasmo, para agradar a Freud.
Quanto à versão de Jones, é repleta de impossibilidades. Primeiro, Breuer
última criança Dora nasceu em 11 de março de 1882 (como evidenciado pelo
Heimat-Rolle em Viena), e, portanto, não poderia ter sido concebido
após o suposto incidente terminal de junho de 1882. 274 Em segundo lugar, houve
nunca um sanatório em Gross Enzersdorf; Sr. Schramm, que escreveu uma história
da localidade, disse ao autor que deve ter sido confundido com
Inzersdorf, onde havia um moderno sanatório. Após investigação, o
autor soube que tinha sido fechado, após o que seus arquivos médicos
foram transferidos para o Hospital Psiquiátrico de Viena. Sem histórico de caso,
no entanto, de Bertha Pappenheim pode ser encontrado lá. Versão 275 Jones,
Página 2
publicado mais de setenta anos após o evento, é baseado em boatos,

e deve ser considerado com cautela. 276
Voltando à história de Breuer de Anna 0., é claro que radicalmente
difere de outros casos de histeria naquela época, mas é análogo ao
grandes casos exemplares de doenças magnéticas na primeira metade do século XIX
século, como os de Katharina Emmerich, Friedericke Hauffe ou Estelle
L'Hardy.277 alucinações de Anna O. sobre o que tinha acontecido com ela,
dia após dia, exatamente um ano antes, poderia ser comparado ao de Katharina
visões noturnas que coincidiam exatamente com o calendário da Igreja. Anna O.'s
lembranças de cada ocorrência de cada um de seus sintomas, com a exata
datas, vai lembrar um dos feitos mnemônicos prodigiosos da Vidente
de Prevorst. Breuer e seu paciente jogaram um jogo acirrado, como Despine e
Estelle tinha feito no passado, embora Breuer tivesse menos sucesso do que
Despine. Para os magnetizadores mais antigos, a história de Anna O. não teria
parecia tão extraordinário quanto para Breuer. Foi um daqueles casos,
tão frequente na década de 1820, mas tão rara na década de 1880, em que o paciente
ditou ao médico os dispositivos terapêuticos que ele deveria usar, profetizou
o curso da doença, e anunciou sua data terminal. Mas em 1880,
quando o uso autoritário da hipnose suplantou a antiga negociação
terapia, uma história como a de Anna 0. não podia mais ser entendida.
Juan Dalma278 mostrou a conexão entre a cura de Anna O. e
o amplo interesse pela catarse que se seguiu à publicação, em 1880, de
um livro sobre o conceito aristotélico de catarse de Jacob Bernays279 (o
tio da futura esposa de Freud). Por um tempo, a catarse foi uma das mais dis-
assuntos polêmicos entre estudiosos e foi o tema atual das conversas em
Salões vienenses.280 Não é de admirar que uma jovem da alta sociedade o tenha adotado
como um dispositivo para uma cura autodirigida, mas é irônico que Anna O.
tratamento bem sucedido deveria ter se tornado, para a posteridade, o protótipo de um
cura catártica.
A segunda experiência pessoal que orientou Freud em direção a seu novo
teoria das neuroses foi sua visita a Charcot, onde viu o último
demonstrações de paralisias traumáticas e sua reprodução sob
hipnose. A opinião comum hoje é que esses experimentos com
pacientes histéricos não tinham valor científico, porque com tal sugestionável
e assuntos mitomaníacos qualquer um poderia ter demonstrado qualquer coisa.
No entanto, juntamente com a história de Anna O., foram o incentivo para o
criação da psicanálise de Freud.
O desenvolvimento da nova teoria das neuroses de Freud, de 1886 a 1896,
pode ser seguido por meio de suas publicações e cartas a Fliess. 281
Em 1886 e 1887, Freud estava cheio de respeito por Charcot, mostrou
a si mesmo como seu discípulo zeloso, e apresentou as teorias do mestre como
como ele os entendia. Em 1888, uma enciclopédia médica publicou um
artigo não assinado sobre histeria, quase certamente escrito por Freud.2s2
Página 3
autor mencionou a teoria de Charcot, embora ele apenas questionasse a

localização cerebral da histeria e a terapêutica de Breuer mencionada
método.
Em julho de 1889, Freud, que acabara de traduzir um dos livros didáticos de Bernheim,
fui visitá-lo e a Liebeault em Nancy, e então foi para o
Congresso Internacional de Psicologia em Paris. É provável que ele tenha visto Janet
lá, embora não haja registro de seu encontro. Se Freud já
conhecesse Janet ou não, ele não poderia deixar de se familiarizar com
Automatismo psicológico, com sua história de Marie e sua cura catártica.
Quase ao mesmo tempo, Freud tentou um método terapêutico semelhante com seu
paciente, Emmy von N.283 Como de costume em tais casos, Freud alterou muitos fatos
para proteger seu paciente, cuja verdadeira identidade foi posteriormente descoberta por Ola
Andersson.284 O relato de Freud dá a impressão de que o tratamento
ocorreu em um período antes de ele ir para Paris, mas as descobertas de Andersson
indicam que o tratamento realmente ocorreu em dois períodos, antes e
após a viagem de Freud. Leibbrand assume esse interesse no caso de Anna O.
foi revivido com a publicação do livro de Janet; isso explicaria por que
Freud esperou de 1882 a 1889 para aplicar o mesmo método.285 Na verdade, o
a cronologia do caso de Emmy von N. é tão obscura286 que nenhuma
conclusão pode ser extraída dos dados existentes.287 Esta história mostra a
primeira tentativa de trabalhar com o método de Breuer, diferindo desse método
por fazer o paciente recordar sob hipnose apenas o traumático inicial
evento e que uma vez que o evento foi lembrado, o médico teve que sugerir
que o sintoma desapareça. Este procedimento era, portanto, idêntico ao
inaugurado por Janet em 1886.
Em 1892 e 1893, Freud parecia oscilar entre a Escola de Nancy,
sua antiga fidelidade a Charcot e a adoção do método catártico de Breuer.
Em palestra proferida em 27 de abril de 1892, para o Viennese Medical Club, Freud
abraçou abertamente o conceito de hipnose de Bernheim, recomendou sua aplicação
catação, e aconselhou os médicos a irem a Nancy para aprendê-la. 288 em 1893, Freud
publicou a história de uma mulher que foi impedida de amamentar
seu filho por causa de vários sintomas histéricos; duas sessões de hipnótico
sugestões bastaram para remover todos os sintomas, e o mesmo aconteceu
após o nascimento de outra criança um ano depois. 299 Não havia dúvida aqui
de catarse. Foi uma cura no estilo de Bernheim. Em 24 de maio de 1893, antes
no Clube Médico de Viena, Freud deu uma palestra sobre paralisias histéricas, 290
que ele escreveu em francês para os Arquivos de Neurologia de Charcot. 291 Aqui
ele se referia constantemente a Charcot, dando apenas uma ligeira modificação de seu
teoria (em vez de lesão dinâmica dos centros cerebrais motores, ele assumiu que
a representação do braço foi dissociada de outras representações).
Referindo-se a Janet, Freud e: enfatizou que as paralisias histéricas não
corresponde à distribuição dos nervos, como se a histeria não conhecesse
anatomia. Mas quatro meses antes, em 11 de janeiro de 1893, Freud já havia
Página 4
revelou ao mesmo público a nova teoria da histeria sobre a qual

estava trabalhando com Breuer.292 Esta foi a base para o "Preliminar
Comunicação "que muitos consideram a primeira pedra na construção de
psicanálise.
Os autores estenderam o conceito de histeria traumática de Charcot para a histeria em

geral. Sintomas histéricos. eles disseram, estão relacionados, às vezes claramente, alguns-
vezes em disfarce simbólico. a um determinado trauma psíquico. Este trauma pode ter
ocorreu durante um estado de leve auto-hipnose, ou seu caráter doloroso causado
deve ser excluído da consciência. Em ambos os casos, não foi seguido por
reação suficiente (por exemplo, gritos ou atos de vingança), e desapareceu
da consciência. Sob hipnose. no entanto, a memória do trauma é tão
vívido como era o evento real. A psicoterapia cura os sintomas histéricos
(embora não a predisposição histérica), trazendo o trauma para a consciência
ness e descarregando-o por meio do afeto. palavras ou associação corretiva. este
teoria pode ser considerada uma combinação do conceito de Benedikt do patogênico
segredo e a terapia de Janet de trazer "idéias fixas subconscientes" de volta à realidade
consciência. A respeito de Janet, os autores relembraram em nota de rodapé o caso de um
jovem histérica que foi curada "através da aplicação de um
procedimento análogo ao nosso. "Outra nota de rodapé dizia que" a abordagem mais próxima
às nossas afirmações teóricas e terapêuticas que encontramos no ocasional
publicou observações de Benedikt. com o qual trataremos em outro lugar. "[Lá
foi, no entanto. nenhuma outra referência a Benedikt. ] 2 93
O artigo de Breuer-Freud despertou muito interesse e foi avaliado favoravelmente

em várias revistas neurológicas. 2 '~ 4
No mesmo ano, Freud escreveu um elogio a Charcot, atribuindo-lhe um
teoria da histeria que de fato pertencia a seus antecessores, e acrescentou um
crítica respeitosa. 2 95 Ele se perguntou o que Charcot teria encontrado
se ele tivesse recebido a descarga de forte emoção durante ataques histéricos
como seu ponto de partida. Ele poderia ter procurado traumas na vida do paciente
história, da qual este último não tinha conhecimento. Isso teria explicado
essas emoções. Estranhamente, não ficava muito longe da casa de Charcot
teoria da grande hysterie, conforme consta da tese de sua
discípulo Richer.296
Em 1894, algo definitivamente novo emergiu na escrita de Freud, o
conceito de defesa (Abwehr) .297 Este termo veio de Meynert, que
distinguiu duas atitudes básicas do organismo, ataque e defesa, que
foram refletidos nos temas de idéias delirantes. Freud deu a palavra
"defesa", o significado de "esquecer" memórias ou idéias dolorosas, e
enfatizou quatro pontos. Não o trauma em si é patogênico, mas seu
representação ou ideia; a defesa é dirigida contra ideias sexuais; a
defesa é uma característica comum em neuroses e foi encontrada em um caso de
psicose; a teoria da degeneração é negada.
Página 5
Em 1895, Freud publicou uma contribuição sobre neurose de ansiedade, ou seja,

em pacientes que sofriam constantemente de ansiedade difusa e tinham sintomas agudos
ataques de angústia, sem saber a causa. 298 Esta neurose já tinha
foi descrito por Hecker 299 como uma subforma da neurastenia, por
Krishaber 300 como uma entidade específica, e por Kowalewsky 301 como uma toxicação de
o organismo após estimulação consecutiva e exaustão de certos
centros cerebrais. A suposição de que a frustração sexual causava ansiedade
sintomas já estavam bastante difundidos, e a inovação de Freud foi
a ligação de uma forma específica de neurose de ansiedade com uma teoria etiológica
de frustração sexual.
O ano de 1895 também viu a publicação dos Estudos de Breuer e Freud
na histeria. 302 A "Comunicação Preliminar" foi reimpressa. Entao veio
uma reconstrução por Breuer do caso de Anna 0., dado como um protótipo de
uma cura catártica, e quatro dos relatos de caso de Freud, o primeiro dos quais foi
Emmy von N. (o primeiro tratamento catártico de Freud em 1889), seguido pelo
histórias de Lucie R., Katharina e Elisabeth von R. (todas as três durante o
última parte de 1892). O livro encerrou com um capítulo sobre a teoria da
histeria de Breuer e outra de Freud em sua psicoterapia. Freud agora
declarou abertamente suas divergências com Breuer; ele viu apenas uma possível origem de
histeria: por meio do Abwehr. Na história de Elisabeth von R. ele
adescreveu o novo paciente.

ele pela própria método deOs"associação livre",
quatro casos que havia
de Freud sido sugerido
são fortemente
uma reminiscência daqueles de Benedikt. A influência de Janet ainda era aparente em
O uso de Freud dos termos "análise psicológica" e "psicológico
miséria."
No início de 1896, Freud esboçou sua nova classificação de
neuroses. 303 Ele ainda invocou o grande nome de Charcot, mas enfatizou
sua divergência com Janet. Assim, Freud não falou mais em psicológico
análise, mas chamou seu próprio método de psicanálise. Neuroses foram divididas
em neuroses reais, cuja fonte estava na vida sexual atual do
paciente e psiconeuroses, cujas fontes estavam em sua vida sexual anterior.
Neuroses reais foram subdivididas em neurastenia, cuja origem específica
era masturbação e neurose de ansiedade, cuja origem específica foi frustrada
estimulação sexual, particularmente na forma de coito interrompido. Psicopata-
as neuroses foram subdivididas em histeria e obsessões. A causa específica de
a histeria era o abuso sexual de um adulto, sofrido passivamente na infância.
Esse trauma muitas vezes deixou pouca impressão aparente, e pode ter parecido
ser esquecido até a puberdade, quando uma pequena causa reviveu o anterior
impressão, e agiu como um trauma real. A etiologia específica de obses-
sive neurose era a mesma que a da histeria, com a diferença de que a
o papel da criança era mais ativo, que sentia prazer. Ideias obsessivas eram
meramente autocensura de forma modificada. Desta forma Freud explicou o
prevalência de histeria em mulheres e de obsessões em homens.
Página 6
No mesmo ano, o artigo de Freud "On the Etiology of Hysteria" marcou

um ponto de realização na teoria da histeria em que ele trabalhou
por dez anos. 3 ° 4 A pedra angular de sua teoria permaneceu a suposição de Breuer
ção de que a histeria é determinada por experiências traumáticas, cuja memória
reaparece inconscientemente de forma simbólica nos sintomas da doença, 305
e que pode ser curado relembrando a memória na consciência. 306
Com base nisso, Freud agora afirma que as coisas são consideravelmente mais
complexo.
O trauma deve ter ambos determinantes de qualidade (uma conexão lógica
entre causa e efeito), e poder traumático (deve ser capaz de causar
uma reação intensa). A dificuldade era que na busca pelo trauma, um
frequentemente encontrou eventos não relacionados aos sintomas ou inofensivos. o
dificuldade poderia ser explicada com a ideia de Breuer de que o trauma ocorreu
durante um estado hipnóide, mas Freud rejeitou esta teoria e assumiu que
os temas registrados pelo paciente eram apenas links de uma série, e que
atrás deles havia traumas mais formais e elementares. Na verdade, Freud disse,
conforme cadeias de memórias foram reveladas, elas divergiram e convergiram em
pontos nodais, chegando finalmente a eventos de natureza sexual na puberdade. Aqui um
nova dificuldade surgiu, porque esses eventos pubertais eram muitas vezes de um
caráter trivial, dificilmente justificando sua origem na histeria. Então freud
assumiu que os eventos pubertais foram apenas causas precipitantes que
reviveu memórias inconscientes de traumas anteriores da infância, que
sempre foram de natureza sexual. Em dezoito casos totalmente analisados, Freud
disse que havia descoberto que o paciente havia sido vítima de uma sedução
por um adulto de seu ambiente imediato, muitas vezes seguido por uma relação sexual
experiência com crianças da mesma idade. Essas experiências, Freud acrescentou,
no momento não deixou nenhuma impressão aparente; o efeito traumático foi
revivido por eventos triviais na puberdade, embora a experiência da infância
permaneceu perdido na memória.
Freud proclamou esta teoria como uma grande descoberta, que ele comparou
ao da "nascente do Nilo em neuropatologia". Em contraste com o
"Comunicação Preliminar" de 1893, ele agora afirmava ser capaz de
curar não apenas os sintomas da histeria, mas a própria histeria. Na realidade,
apenas um ano se passou antes que Freud, como visto em uma carta a Fliess, tivesse que
admitir que foi enganado pelas fantasias de seus pacientes. 307 Este foi um
ponto de viragem decisivo na psicanálise: Freud descobriu que no incons-
assustador, é impossível distinguir fantasias de memórias, e de
dessa vez ele não estava tão preocupado com a reconstrução de
eventos do passado através da descoberta de memórias suprimidas, que
com a exploração de fantasias.
As fontes da nova teoria da histeria de Freud são múltiplas. Primeiro foram
A teoria da histeria de Breuer deduzida do caso mal compreendido de Anna
0., os conceitos de Charcot e Richer sobre a grande histeria, e
Página 7
Os experimentos de Charcot com seus pacientes Salpetriere. A segunda foi Janet,

que havia explicado, particularmente no caso de Marcelle em 1891, que em
a exploração e o tratamento de pacientes histéricos, um teve que refazer
uma cadeia de idéias fixas inconscientes. O terceiro foi o associacionista de Herbart
psicologia. O livro de Lindner, que Freud havia usado no Ginásio,
explicou como cadeias de associações podem divergir e convergir em nodal
pontos. Em quarto lugar, a ênfase de Benedikt na extrema importância de
vida de fantasia no normal e no neurótico, e a frequência do início sexual
trauma na histeria. Quinto era um interesse atual na sexualidade infantil (em
a esse respeito, Freud citou um artigo de Stekel). Em 1894, Dallemagne teve
alegou que muitos desvios sexuais na adolescência resultaram de
experiências sexuais da infância, que foram revividas na puberdade. o que
pertencia a Freud era a ênfase particular no papel da defesa
(Abwehr), e a confiança com que ele sintetizou esses elementos
em uma teoria geral da histeria.
Tendo em vista a sua grande importância, mostraremos aqui uma representação gráfica.
desse modelo. (O diagrama é do autor, não de Freud, mas segue seu
pensado com a maior precisão possível.)
Surto de histeria - Evento real
Adolescência Cadeias de memórias
Puberdade - Trauma (frequentemente trivial)
Infância - Experiência sexual precoce
Trabalho-IV-Psicologia de Profundidade de Freud

Pode ter parecido, em 1896, que Freud havia alcançado seu objetivo
de construir uma nova teoria das neuroses, explicando cada detalhe de sua
Página 8
sintomas e origens. Esta teoria foi vista por alguns, como Krafft-Ebing,
com ceticismo benevolente, por outros como Lowenfeld com interesse,
mas na literatura daquela época nenhuma expressão de hostilidade pode ser encontrada.
Para Freud, no entanto, este foi apenas o ponto de partida para a criação do que
passou a ser chamada de psicologia profunda. 308 A psicologia profunda afirmava
fornecem uma chave para a exploração da mente inconsciente, e através
este é um conhecimento renovado da mente consciente, com aplicação mais ampla para
a compreensão da literatura, arte, religião e cultura.
A primeira dinâmica da psiquiatria foi, no essencial, a sistematização
de observações feitas em pacientes hipnotizados. Com o método de Freud de
associação, uma nova abordagem foi introduzida. O paciente relaxou em um sofá,
e foi informada a regra básica, dizer o que quer que venha à sua mente, não importa
quão fútil, absurdo, embaraçoso ou mesmo ofensivo parecia. Tentando
para fazer isso, o paciente sentiu momentos de inibição e outras dificuldades internas,
que Freud chamou de "resistência". À medida que as sessões continuavam no dia a dia,
o paciente começou a manifestar sentimentos irracionais de amor ou hostilidade para com
o terapeuta; Freud os chamou de "transferência".
Na verdade, tanto "resistência" quanto "transferência" eram conhecidos por magnetizar
izadores e hipnotizadores. Os hipnotizadores sabiam que seus assuntos frequentemente mostravam
resistência a cair em um sono hipnótico, e que uma vez hipnotizado, eles
resistiu a certos comandos, ou eles executariam atos sugeridos em um
forma distorcida ou incompleta. Forel havia descrito como, ao recordar para-
eventos obtidos, sob hipnose, o procedimento tornou-se cada vez mais difícil
quanto mais ele se aproximava dos pontos críticos que eram dolorosos para o paciente.3 ° 9
Quanto à transferência, foi uma reencarnação do que se conhecia por um
século como relacionamento e que Janet recentemente trouxe de volta ao foco como
influência sonâmbula. 31 ° A inovação de Freud não reside na introdução do
noções de resistência e transferência, mas na ideia de analisá-las
como uma ferramenta básica de terapia.
A psicologia profunda pode ser entendida como as descobertas combinadas de
A autoanálise de Freud e a análise de seus pacientes. Em sua mente o
as descobertas se confirmaram e confirmaram muito da teoria de
neurose e o modelo de mente que ele formulou anteriormente.
Os principais aspectos da psicologia profunda foram a teoria dos sonhos de Freud e sua
teoria das parapraxias, as duas primeiras generalizações do padrão que ele tinha
funcionou para a histeria. Essas teorias foram elaboradas simultaneamente
e apresentado em dois de seus livros mais conhecidos: The Interpretation of
Dreams, em 1900, e The Psychopathology of Everyday Life em 1904.
A teoria dos sonhos de Freud foi contada com tanta frequência que se tornou comum
conhecimento. Visto na linha de desenvolvimento da psicanálise, segue
quase o mesmo padrão de sua teoria da histeria em 1896. Isso se torna
óbvio se a teoria do sonho também for representada graficamente, e o
gráficos dos dois comparados.
Página 9
Estímulos sensoriais CONTEÚDO DO MANIFESTO CONSCIENTE
Elaboração secundária PRECONSCIENTE
INCONSCIENTE
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Situação de vida ____ .. CONTEÚDO LATENTE
LIBIDO
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No topo do gráfico temos o conteúdo manifesto, ou seja, o sonho
em si, na medida em que somos capazes de lembrá-lo. Psicólogos experimentais
tentou conectar este conteúdo manifesto com a estimulação sensorial ou motora real
ções que ocorrem durante o sono. Freud considerou seus papéis como secundários. Ele viu
como ponto principal a relação entre o conteúdo manifesto e o
conteúdo latente, uma relação semelhante à que ele havia encontrado em seu
pacientes entre o sintoma histérico e as memórias patogênicas. Para
detectá-los e distingui-los um do outro, ele usou o mesmo método,
isto é, associação livre. Entre o sintoma histérico e o patogênico
a memória estendeu uma rede de associações divergentes e convergentes. Dentro
da mesma forma, entre o conteúdo manifesto e o conteúdo latente, Freud
descreveu o trabalho do sonho com seu mecanismo de deslocamento e condensação
ção, na qual também ocorreu o processo de simbolização. Como o histérico
sintoma expressava o trauma de forma simbólica, no sonho o latente
o conteúdo também tende a se expressar em símbolos oníricos. Por que o sonho
o trabalho transforma o latente em manifesto? Porque assim como existe um
conflito dinâmico entre o trauma e o sintoma histérico, há
Página 10
um fator dinâmico, o censor se esforça para manter baixo o conteúdo latente no
inconsciente. O censor não permite que conteúdo latente encontre expressão em
o sonho, a menos que seja modificado por meio de deslocamento, condensação,
e simbolização.
Mas a teoria do sonho de Freud, bem como sua teoria da histeria, foi um
edifício com duas histórias. O andar de cima era o próprio sonho com seu
conteúdos latentes e manifestos. No conteúdo latente, Freud encontra como um
elemento constante o resíduo do dia, ou seja, algum mais ou menos insignificante
acontecimento do dia anterior ao sonho. E assim como ele conectou um pubertal
trauma com uma experiência sexual esquecida cedo, Freud também encontrou uma
conexão entre o resíduo do dia e as memórias da infância. Entre muitos
eventos triviais do dia, o sonho escolhe aquele que mostra alguma relação
navio para uma memória de infância, e como Freud coloca, o sonho permanece com
um pé no presente e um pé na infância. Assim, um é conduzido do
conteúdo latente ainda mais distante de uma memória de infância expressando uma
desejo realizado daquele tempo remoto. Aqui Freud introduziu a noção de que
tinha encontrado em sua auto-análise e em seus pacientes, o complexo de Édipo: o
menino quer possuir sua mãe, deseja se livrar de seu pai, mas
tem medo deste rival ameaçador e da castração como castigo
por seus sentimentos incestuosos em relação à mãe. Tal é, Freud diz, o terrível
segredo que todo homem guarda no fundo de seu coração, reprimido e
esquecido, e que aparece em uma forma velada em um sonho todas as noites.
Para completar o quadro, devemos adicionar a elaboração secundária, que
é, as mudanças que ocorrem no conteúdo manifesto quando o sonhador está
despertar. Devemos compará-lo com a edição feita por certos periódicos para
artigos enviados por autores; o artigo pode adquirir um aspecto mais organizado e
forma agradável, enquanto o autor pode achar que muito do que ele realmente
significado foi perdido ou distorcido.
Freud considerou como sua principal descoberta que o sonho é a realização de
um desejo, ou, para ser mais preciso, a realização vicária de um reprimido,
desejo sexual inaceitável, e é por isso que o censor deve intervir, para manter
para baixo ou para permitir seu aparecimento apenas em forma disfarçada. Freud também definiu
o sonho como guardião do sono: sentimentos que podem despertar o sonhador
estão disfarçados de maneira que não o perturbem. Deve isso
mecanismo falhar, o sonhador tem um pesadelo e acorda. O sonho
é também, diz Freud, um processo de regressão que se manifesta simultaneamente
em três formas: como regressão tópica do consciente para o inconsciente,
como regressão temporal do tempo presente para a infância, e como forma
regressão do nível da linguagem para o pictórico e simbólico
representações.
As fontes da teoria dos sonhos de Freud são numerosas. Começar com,
Freud era um bom sonhador, que se lembrava de seus sonhos e tinha anos
anteriormente mantive um registro deles por algum tempo. O sonho da injeção de Irma
(24 de junho de 1896) forneceu-lhe um protótipo de análise de sonhos e o
Página 11
noção de que a essência dos sonhos é a realização do desejo. Como aqueles grandes
alunos dos sonhos do passado, Schemer, Maury e Hervey de Saint-Denis,
Freud usou muitas experiências íntimas refletidas em seus sonhos para nutrir seus
livro. Para ter certeza, Hervey de Saint-Denis revelou mais de sua vida amorosa,
mas Freud mais de sua infância, sua família e suas ambições.
A segunda fonte foi a investigação de Freud sobre a vasta literatura de sonhos de
o século XIX. 311 Suas reclamações a Fliess sobre a futilidade disso
a literatura não deve ser tomada muito literalmente, uma vez que ele se baseou fortemente nela.
No entanto, ele não conseguiu encontrar uma cópia do livro de Hervey de Saint-Denis, e
ele aparentemente conhecia o trabalho de Schemer apenas por meio de relatos fornecidos por Volkelt,
de modo que ele subestimou a originalidade de Schemer. 312 Foi Schemer quem
sustentou que os sonhos podem ser interpretados cientificamente de acordo com regras
inerente à sua natureza, e que certos símbolos de sonho têm valor geral.
Entre outros, havia símbolos sexuais, que eram praticamente os mesmos que os posteriores
descrito por Freud.313 O mecanismo de deslocamento e condensação
foram descritos com outros nomes por muitos autores. O termo "sonho
trabalho " (Traumarbeit) foi usado por Robert. Muito da teoria de Freud pode ser
encontrado em Maury, Striimpell, Volkelt e particularmente Delage. Delage
propôs um conceito de energia dinâmica, implicando que as representações
carregados de energia psíquica, reprimem ou inibem uns aos outros, ou podem se fundir
juntos, que existem nos sonhos cadeias de associações que às vezes podem
ser parcialmente reconstruída, e que velhas memórias podem ser evocadas a partir de
sonhos por associação com imagens recentes.
A originalidade de Freud reside em quatro inovações. O primeiro é o seu modelo de
o sonho com sua distinção de conteúdo manifesto e latente e seu conteúdo específico
padrão de ser vivido simultaneamente no presente e no passado remoto.
A segunda é a afirmação de Freud de que o conteúdo manifesto é uma distorção de
o conteúdo latente, resultante da repressão da censura. Para ter certeza
Popper-Lynkeus expressou recentemente a ideia de que o absurdo e
a falta de sentido dos sonhos derivados de algo impuro e escondido no
sonhador.314 Mas Freud certamente não extraiu dele sua teoria.315
A terceira inovação de Freud foi a aplicação da associação livre como um
método para a análise de sonhos, e o quarto foi a introdução de
interpretação sistemática dos sonhos como ferramenta de psicoterapia.
Curiosamente, Freud atribuiu a Liebeault a ideia de que o sonho
é o guardião do sono, ao passo que nada desse tipo pode ser encontrado em
Obras de Liebeault. 31 6 Em edições posteriores, Freud deu mais exemplos de
sonhos e ampliou a seção dedicada aos símbolos dos sonhos, parcialmente sob
a influência de Abraham, Ferenczi, Rank e Stekel. Freud também ...
incorporou as descobertas de Silberer sobre a dramatização em sonhos hipnagógicos.
Ele tratou tipos específicos de sonhos com mais detalhes, como os de passagem
exames, de estar sem roupa ou da morte de entes queridos.
Depois da teoria da histeria e da teoria dos sonhos, a terceira
grande contribuição para a psicologia profunda foi seu "Psychology of Everyday
Página 12
Vida ", que também foi elaborada por ele durante e a partir de sua auto-análise.
Foi publicado em série em um jornal psiquiátrico, de 1898 a 1903, 317
e a maior parte dele apareceu na forma de livro em 1904.3 18
Na primeira contribuição de 1898, Freud tratou da situação da
pessoa que repentinamente esquece um nome, não consegue se lembrar, apesar de seus esforços,
e o reconheceria imediatamente se o ouvisse. Fazendo esforços para encontrar o
nome esquecido só traz outras palavras à mente. Freud descobriu que estes
outras palavras não vêm ao acaso, que formam cadeias de associações
que divergem e convergem em pontos nodais, e que essas associações pertencem
ao material reprimido. O esquecimento é, portanto, o resultado de um conflito entre
o consciente e o inconsciente, ao invés de meramente o resultado do
enfraquecimento da representação.
Em 1899, o artigo de Freud sobre "Screen Memories" (Deckerinnerungen) ap-
perolado. Entre nossas memórias mais antigas, algumas são aparentemente insignificantes
embora notavelmente vívido. Freud distinguiu dois tipos de memórias de tela.
No tipo mais simples, a memória preservada é apenas uma parte de uma forma mais significativa
todo, que foi reprimido. Por exemplo, um homem tinha uma memória
datando do quarto ano: a foto de uma mesa com uma bacia cheia de gelo;
isso estava ligado a um evento perturbador, a morte de sua avó, e
apenas esse quadro fragmentário não foi submerso pela repressão. Dentro
quanto mais complexo o tipo de memória, como parece ao indivíduo, é um
construção na qual um certo evento da primeira infância foi combinado
com um evento reprimido da adolescência. A memória anterior não é necessariamente
falso, mas é um substituto inofensivo para a memória de um posterior, inaceitável,
representação. Como exemplo, Freud falou de uma análise da tela
memória de um suposto paciente, que Siegfried Bernfeld tem convincentemente
mostrado ser um relato autobiográfico ligeiramente modificado.
O narrador conta como, quando tinha três anos. sua família foi obrigada a
mude de uma vida feliz no campo para uma vida mais difícil na cidade. Ele lembrou
jogando, com a idade de dois e meio. em um prado cheio de dentes-de-leão, com um menino
e uma prima de sua idade. Ele e o primo menino arrebataram da menina
o monte de dentes-de-leão colhidos por ela, e ela recebeu um pedaço de
pão por uma camponesa como consolo. Os meninos também receberam pedaços de
o delicioso pão. Essa memória ocorreu ao narrador depois que ele teve, no
idade de dezessete. visitou sua cidade natal e se apaixonou por uma garota de
quinze em um vestido amarelo. Quando ele tinha vinte anos, o narrador visitou um bem de vida
tio e novamente conheceu a prima menina dos primeiros tempos; os dois jovens
falharam em se apaixonar e se casar como seus antepassados desejavam, um plano que iria
garantiram a segurança econômica do narrador. O significado da memória da tela
foi, portanto, oferecer uma "defloração" infantil inocente como um substituto para o adolescente
desejo; e do desejo de provar o pão da segurança econômica. Deste
exemplo, vê-se que a relação entre o evento mais recente da juventude
Página 13
e a memória da primeira infância é semelhante à relação entre o "dia

resíduo "e os eventos da infância na teoria dos sonhos de Freud. 319
A maior parte da Psicopatologia da Vida Cotidiana consiste em mais

artigos sobre lapsos de língua, da pena e outros atos que foram
agrupados sob o nome de parapraxias. Embora a fonte desses estudos
reside principalmente na auto-análise de Freud e nas observações feitas em seu
pacientes, o campo não era muito novo. Schopenhauer e Von Hartmann tiveram
já apontou tais fatos como manifestações do inconsciente. 320
Goethe, que ditava seu trabalho, uma vez analisou os erros cometidos por seu
secretárias. 321 Ele descobriu que alguns erros eram seus, alguns eram devidos ao
falta de familiaridade da secretária com palavras difíceis ou estrangeiras, mas outras vieram
do estado emocional da secretária, que, por exemplo, pensou que ele
ouviu o nome da pessoa que amava e escreveu no lugar do que havia
realmente foi dito. Na época de Freud, a psicologia começou a investigar
o problema. Em 1895, Meringer e Mayer publicaram um estudo sobre o
deslizes da língua, mas eles estavam mais preocupados com a pronúncia do que
com significados. 322 Várias outras fontes estavam mais próximas da abordagem de Freud:
um foram os estudos de Hanns Gross, o célebre criminalista de Graz e
fundador da psicologia judicial. 323 Na década de 1880, Gross sistematicamente
procurou o depoimento de testemunhas e acusados por
lapsos de língua e manifestações semelhantes, e publicados relevantes
observações em seus artigos e livros didáticos. Gross falou de um homem que sub-
instituído por uma testemunha genuína, a fim de dar falso testemunho, primeiro verbalmente
e então por escrito, e que se traiu no último momento por
inadvertidamente assinando seu nome real sob seu falso testemunho. Gross encontrado
que as falsas testemunhas invariavelmente se traíram, mesmo que por apenas uma
palavra, e também por sua atitude, semblante ou gestos. Houve também um humor
romance de Theodor Vischer no qual ele criou e popularizou o termo
"a malícia dos objetos" (TUcke des Objekts) para descrever as desventuras
que acontecia continuamente com algumas pessoas, como se algum pequeno demônio controlasse
os objetos, ocultando-os ou substituindo-os.3 24
A noção de parapraxias, se não sua teoria; era bem conhecido por alguns de
Contemporâneos de Freud. Karl Kraus, em seu jornal Die Fackel, costumava col-
ler erros de impressão divertidos que mostraram que o tipógrafo adivinhou e
traiu involuntariamente o verdadeiro pensamento do escritor. Alguns escritores atualmente
usou parapraxias como um dispositivo que era tão óbvio que não era necessário
para explicar ao leitor.
Em sua Viagem ao Centro da Terra, 325 Júlio Verne retratou um velho alemão
professor tentando decifrar um criptograma com a ajuda de seu sobrinho, que é
secretamente apaixonado pela filha do professor, Grauben. O jovem acredita
Página 14
ter encontrado a chave e, para sua surpresa, ela lhe deu estas palavras: "Estou em
amor com Grauben. "Em Vinte Mil Léguas Submarinas 326 o mesmo
autor conta como o professor Arronax procura por pérolas gigantes na parte inferior do
mar. Ele deixa de informar seus companheiros que o local está infestado de tubarões, mas
quando ele lhes fala sobre uma ostra gigante, ele diz que contém "nada menos que um
cento e cinquenta tubarões. "Vendo a surpresa de seus companheiros ele prontamente ex-
afirma: "Eu disse tubarões? Quero dizer cento e cinquenta pérolas! Tubarões iriam
não tem significado. "
A psicopatologia da vida cotidiana foi bem recebida, com frequência

reeditada, ampliada e traduzida para muitas línguas e psicanalistas
começaram a publicar suas próprias coleções de parapraxias. 327
A quarta grande contribuição de Freud para a psicologia profunda foi seu livro Jokes
e sua relação com o inconsciente, um tópico sobre o qual ele começou a
trabalho em 1897. 328 Muitas teorias surgiram sobre a psicologia das piadas,
o cômico e de humor. Freud foi estimulado pelo livro de Theodor Lipps
Komik und Humor, mas seu verdadeiro ponto de partida foi a observação de certos
semelhanças entre os mecanismos das piadas e dos sonhos. 32 9
Freud distinguia nas piadas uma certa técnica e uma certa tendência
(em outras palavras, um elemento de forma e um de conteúdo). Ele encontrou técnicas
de condensação, deslocamento, expressão de uma ideia pelo contrário, e
assim por diante, semelhantes aos do trabalho dos sonhos. No que diz respeito às tendências, Freud
piadas inofensivas distintas, cujo prazer vinha apenas do
técnica e tendenciosa, cujas molas principais eram agressivas
ness ou obscenidade, ou ambos. Piadas obscenas implicam na presença de pelo menos
três pessoas, o curinga, o sujeito e um espectador. Eles mentalmente
expressar o desejo de se despir ou seduzir. Piadas são apreciadas tanto por causa do
tendências e as técnicas. As piadas tendenciosas também nos ajudam a
tolerar necessidades reprimidas, permitindo uma forma socialmente aceitável de dar
desabafar com eles. As duas principais diferenças que Freud encontrou entre sonhos e
piadas eram que os sonhos expressam a realização de desejos e as piadas satisfazem o prazer
de jogo; sonhos são uma regressão do nível da linguagem para o pensamento em
imagens, mas em jqkes a regressão é da linguagem lógica para a linguagem do jogo
(a função lúdica da linguagem na qual as crianças encontram tanto
prazer).
O livro de piadas de Freud é um dos menos lidos de suas obras. Está cheio de
trocadilhos divertidos, mas intraduzíveis e implica o conhecimento do leitor sobre o
Clássicos alemães
mais engraçado como
para Heine edaquela
os leitores Lichtenberg.
época Suas "histórias
do que judaicas"deeram
para os leitores hoje. É o trabalho de um
homem que gostava imensamente de anedotas e humor, mas muito disso
preciso de um comentário hoje. Em um grau maior do que a Interpretação de
Sonhos, este livro reflete a vida contemporânea vienense. Com este trabalho Freud
ergueu um pequeno memorial ao espírito da Viena do Dual Mon-
Archy. 330
Até agora, resumimos as suposições da psicologia profunda sobre
Página 15
histeria, sonhos, parapraxias e piadas; agora vamos tentar definir os dois

modelos comuns que se baseiam nessas premissas. O único é simples, o
outro mais complexo.
Repressão
I ::::::::: "J \. · - - ·· T T T
.! _... · -.; _____ j '____ ·· - ::::::::,.

O modelo simples pode ser expresso graficamente por duas linhas correndo
paralelo, o superior é o nível de consciência e manifestações aparentes,
o mais baixo é o nível de inconsciência e as manifestações ocultas
que são a causa das manifestações conscientes. A vida psicológica é
exibidos simultaneamente nestes dois níveis, que podem ser muito diferentes
um do outro e podem entrar em conflito. Este modelo foi originalmente desenvolvido por
Breuer e Freud em seus estudos na histeria. Na linha superior, colocamos o
sintomas histéricos e, na parte inferior, as motivações inconscientes que
Breuer e Freud, seguindo Charcot e Janet, descobriram que estavam inconscientes
representações (ou, na linguagem da época, reminiscências traumáticas).
Suponha que o sintoma S esteja na linha superior, e a reminiscência traumática
T está na parte inferior, a associação entre S e T é tripla. Existe um
relação hermenêutica, o sintoma é como a cifra em uma linguagem conhecida
linguagem que ajuda a decifrar o texto em uma língua desconhecida. Há sim
uma relação do efeito com a causa e, em terceiro lugar, há uma relação terapêutica
navio. S pode ser removido exercendo uma certa manobra em T, como trazer
tornando-o consciente e abreagindo-o. A interpretação clínica, o
compreensão científica e a remoção terapêutica do sintoma, portanto
quase coincidem.
Este é um desenvolvimento do que Janet e Breuer descobriram. Freud's
inovação foi seu conceito dinâmico da relação de S e T. T tem
uma tendência de se expressar na consciência, mas T é verificado e mantido
no inconsciente por meio de uma força ativa chamada repressão. Este interior
conflito absorve energia psicológica que pode ser liberada quando o paciente
está curado de seu sintoma.
O sucesso da repressão é variável. Se a repressão é extremamente forte,
as reminiscências traumáticas podem permanecer latentes e S desaparece, pelo menos
temporariamente. Se a repressão é extremamente fraca, T emerge diretamente para o
superfície e se expressa de forma indisfarçável; aqui S e T são tão
semelhante que não há necessidade de decifrar. Temos que lidar com um sintoma
ação matemática. Nos casos intermediários, quando a repressão é incapaz de manter
T inteiramente no inconsciente, há uma espécie de equilíbrio ou compromisso
Página 16
entre ambas as forças na forma de um sintoma. S expressa T disfarçado

forma e precisa ser decifrada.
O mesmo modelo se aplica à psicologia dos sonhos, com a diferença
que em vez do sintoma S, temos o conteúdo manifesto, em vez do
trauma T temos o conteúdo latente, e entre eles as forças de
repressão são chamados de censura e resultam nos mecanismos de deslocamento
e condensação. Aqui também encontramos três tipos de sonhos. Os primeiros são
irremediavelmente perdido assim que o sonhador acorda, comparável àqueles
sintomas latentes onde a repressão é tão poderosa que nada aparece no
superfície. O tipo oposto são os sonhos infantis lúcidos comparáveis a
os atos sintomáticos; a repressão é tão fraca que o conteúdo latente é
mostrado sem disfarces no conteúdo do manifesto. A maioria dos sonhos são inter-
tipo mediato, um compromisso entre as forças inconscientes que se esforçam para
expressam-se na consciência e nas forças da repressão.
O mesmo esquema também se aplica às parapraxias. No caso de sintomático
esquecendo, por exemplo, que temos como S a perda de memória, em vez de T
a perturbadora representação latente, e entre eles a força da representação
sion. Aqui também vemos os três tipos, conforme distinguidos por Dalbiez.33l O
primeiro são os atos inibidos onde há representações completas e bem-sucedidas
missão, como esquecer algo importante que se conhece bem. o
oposto são os atos sintomáticos realizados sob a influência de um
impulso consciente, onde o indivíduo não sabe por que age como ele
faz. Entre os dois está um grupo de atos perturbados onde a repressão é
incompleto. A maioria dos deslizes da língua e da caneta pertencem a este grupo.
Em relação às piadas pode ser aplicado um modelo semelhante, desde que o
o jogo com as próprias palavras é dado em vez de S e o pensamento subjacente ao invés
ofT, e a técnica do gracejo é dada em vez da repressão.
Até agora, descrevemos o modelo mais simples de psicologia profunda, mas
há também um modelo mais complexo que compreende um superior e um inferior
chão. Na histeria, encontramos no andar superior os sintomas ligados por
cadeias de memória a alguma reminiscência traumática da puberdade, e de
lá para a memória da infância no andar inferior. No sonho o superior
andar mostra o conteúdo manifesto conectado através do trabalho do sonho e o
censura ao conteúdo latente. Este último está relacionado ao piso inferior, o
sede de desejos de infância reprimidos. Na psicopatologia do cotidiano
A vida, um modelo igualmente complexo, se aplica às memórias de tela onde
um acontecimento da adolescência, entre a memória presente e a infância
evento, dá a pista. Finalmente, o modelo de dois andares se aplica a essas piadas em
qual prazer preliminar é oferecido pela "técnica" (comparável
para o trabalho do sonho), mas no nível inferior um prazer malicioso ou sexual
encontra sua gratificação.
Mas isso não é tudo, uma vez que a psicologia profunda oferece o núcleo de um terceiro,
modelo ainda mais complexo. Como na mente adulta, Freud encontrou a influência
do mundo esquecido da infância, então ele visualizou uma camada mais profunda, comum
à humanidade, à qual pertencem muitos dos símbolos sexuais universais encontrados
Página 17
Em sonhos. Não demorou muito para que Freud deduzisse, do universal
personagem do complexo de Édipo, o conceito do assassinato do primordial
pai por seus filhos.
Todos esses conceitos de psicologia profunda podem parecer teóricos e
abstratos, mas se tornam uma realidade viva quando ilustrados com uma clínica
caso. Essa é a clássica história de Dora, que foi tratada por Freud em 1900,
embora ele publicou sua história apenas em 1905. 332 Esta história é notável
pelo seu valor literário e pela habilidade com que o autor mantém o
leitor em suspense por toda parte. No início, Freud se esforça muito para
explicar que não há nada de errado em discutir assuntos sexuais sob um
ponto de vista científico (esta precaução parece estranha quando se considera o
enxurrada de literatura sexual-patológica que continuou a submergir a Europa
desde Krafft-Ebing). A história de Dora também pode ser vista como pertencente a
a literatura reveladora contemporânea. De maneira verdadeiramente Ibseniana, somos
primeiro confrontado com uma situação aparentemente inofensiva, mas como a história
desdobra-se, somos levados a descobrir relacionamentos complexos e segredos importantes
são divulgados.
Dora. uma jovem de dezoito anos. afligido com alguns sintomas clássicos de
petite hysterie, mora com o pai. uma industrial abastada, sua mãe, que
está totalmente absorta em suas tarefas domésticas. e um irmão mais velho. Como em muitos
famílias. a filha está apegada ao pai. e o filho para a mãe.
Os pais de Dora têm uma amizade próxima com o Sr. e a Sra. K., com quem
costumam passar as férias. e Dora dá seu carinho carinhoso aos dois
crianças pequenas.
Uma primeira investigação já mostra uma situação turva. O pai da Dora, que é
frequentemente doente, é cuidada pela Sra. K. e Dora se ressente disso. Sr. K. · oprime
Dora com presentes e flores. para seu aborrecimento. Indignada, Dora revela
a sua mãe que o Sr. K. tem feito propostas a ela, que ela
pai recusa-se a acreditar \ c. Sr. K. nega tudo e retruca que aprendeu
de sua esposa que Dora tem lido os escritos semipornográficos
de Mantegazza33 3 Gradualmente Dora faz confissões cada vez mais surpreendentes
para seu analista. Ela está plenamente ciente da adúltera de seu pai e da Sra. K.
relação. Quatro anos antes. O Sr. K. a beijou e ela foi fortemente
repelido por ele. Ela se sente entregue ao Sr. K. por seu pai em troca
pelo consentimento do Sr. K. ao caso de seu pai com a Sra. K. Por outro lado,
torna-se óbvio que Dora encoraja as ações do pai. Então, um também
aprende sobre uma governanta que a havia esclarecido sobre questões sexuais,
explicou a ela a natureza do relacionamento de seu pai com a Sra. K., e, sendo
ela mesma apaixonada pelo pai de Dora. ela esbanjou seu cuidado com o jovem.
Mas quando Dora percebeu isso, fez com que seus pais dispensassem a governanta.
Por outro lado, torna-se claro que se Dora é tão fortemente ligada ao pequeno K.
filhos é porque ela está profundamente apaixonada pelo Sr. K., apesar de suas afirmações
ao contrário. No entanto, Dora é muito ligada ao pai e parece
que o objetivo secreto de sua neurose histérica é tocar o coração de seu pai
e separá-lo da Sra. K.
Mas isto não é tudo. Por meio de sugestões veladas que Dora dá para entender
Página 18
que ela está ciente de que seu pai é sexualmente impotente e que, portanto, seu
relacionamentos com a Sra. K. devem ser necessariamente de natureza anormal. De fato,
parece que Dora está muito melhor informada sobre questões sexuais do que parecia em
primeiro. É aí que o analista encontra a chave para a compreensão da
tosse histérica. Mas Dora não está apenas apaixonada pelo pai e pelo Sr. K .;
ela também tinha uma ligação romântica com a Sra. K. Nos anos anteriores, Dora costumava
dividir o quarto com ela e ainda falar de seu "adorável corpo branco", e foi
Sra. K. quem, antes mesmo da governanta. tinha ensinado a ela assuntos sexuais e
emprestou-lhe
que a Sra. K. seosimportava
livros de com
Mantegazza. Mas
ela apenas a partir
porque elado momento
amava em ela
seu pai, quea Dora entendeu
rejeitou
exatamente como ela fez com a governanta mais tarde.
Neste ponto, a psicanálise mostra-se capaz de ir mais longe do que qualquer coisa que
"descobrir literatura" teria alcançado. Freud quer demonstrar como
interpretação dos sonhos irá promover um tratamento para preencher as lacunas de memória e por
fornecer uma explicação dos sintomas. Os dois sonhos de Dora e seus
interpretação são muito complexas para resumir aqui. Que seja apenas dito
que o primeiro sonho expressou seu desejo de que seu pai a ajudasse a evitar o
tentação do Sr. K .. que revela seu antigo amor incestuoso por seu pai, que
ela se entregou à masturbação infantil, que sabia que seu pai tinha
pegou sífilis e transmitiu para a mãe dela, e que ela ouviu
intimidades sexuais entre seus pais. O segundo sonho ainda leva o leitor
mais longe nos domínios dos desejos sexuais secretos de Dora e do simbolismo de um
tipo de "geografia sexual".
Este breve relato não pode transmitir toda a complexidade da história de Dora com
as complexidades das relações interpessoais e seu reflexo como neurótico
sintomas. Então, vemos como a mãe de Dora regularmente fica doente na véspera de seu
o retorno do marido. enquanto Dora está doente enquanto o Sr. K. está ausente e se recupera
quando ele voltar. Também aprendemos como as pessoas pegam emprestado. por assim dizer, um do outro
sintomas neuróticos. como, em outros casos, os sintomas somáticos são a expressão
de sentimentos ocultos ou inconscientes. como uma negação pode ser o equivalente a uma con
fession. e como acusações contra outros podem representar autoacusações. o
importância hermenêutica e terapêutica da transferência também é trazida à luz.
Os psicanalistas atuais considerariam o tratamento de três meses de Dora

muito breve e a técnica empregada não é mais adequada em muitos aspectos.
Mas, além de seu interesse intrínseco, o caso Dora mostra exatamente o palco
alcançado pela psicologia profunda no início do século XX. O próprio Freud teve
proclamou que o inconsciente não faz distinção entre fatos e
fantasias. Alguns leitores descobriram que essa distinção não era nítida o suficiente
no caso Dora e não se convenceu. É sob esta luz que o
as primeiras controvérsias em torno da psicanálise devem ser vistas.
O Trabalho-V-Teoria da Libido de Freud
Em 1905, Freud publicou seus Três Ensaios sobre Teoria Sexual. 334 Este
panfleto conciso dá a impressão de ser um resumo de um folheto mais extenso
livro, em vez de uma obra original em si. Aqui, também, as edições posteriores
Página 19
foi consideravelmente aumentado, e para entender a teoria original

deve lê-lo na edição de 1905.
O primeiro ensaio classifica os desvios sexuais de acordo com o objeto e a
alvo. No primeiro grupo está a inversão (homossexualidade), em cuja etiologia
Freud apontou a bissexualidade básica dos seres humanos, e a falta de
delimitação nítida entre a perversão e as variedades normais da sexualidade.
Na sexualidade dos neuróticos, Freud viu três características: a repressão enérgica
sensação de um forte impulso sexual, uma sexualidade de qualidade perversa (neurose
é o negativo da perversão), e suas características infantis (ainda
impulsos parciais não unificados localizados em zonas erógenas).
O segundo ensaio trata da sexualidade infantil. "Por que esse fenômeno
quase desconhecido? ", perguntou Freud. Não apenas por causa do convencional
ideias sobre a inocência da criança, mas por causa de uma amnésia peculiar,
semelhante ao causado pela repressão em neuróticos, apaga a memória de
os primeiros seis ou oito anos de vida. "Essa amnésia serve para cada indivíduo
como uma pré-história. "O" período de latência ", que se segue, resulta não apenas de
cultural, mas de condições orgânicas, e permite a sublimação da sexualidade
instintos para o benefício da sociedade. Freud então descreveu as fases sucessivas
do desenvolvimento da sexualidade infantil. Primeiro, há um auto-erótico
fase, em que qualquer parte do corpo pode ser uma zona erógena, mas sua
local usual é a boca, com gratificação na forma de sucção. Depois de
nesta "fase oral", o ânus se torna a principal zona erógena, e o
a retenção de fezes fornece gratificação. Esta zona é substituída na terceira
fase pelos genitais, daí a frequência da masturbação infantil. Durante
nessas fases, a criança é "polimorfa perversa", o que significa que o
potencialidades para todas as perversões estão presentes, e sob circunstâncias específicas
pode ser desenvolvido em muitos adultos. Freud também deu uma lista de fontes de
estimulação sexual (incluindo movimentos rítmicos, atividade muscular,
fortes emoções e intenso trabalho intelectual), e ele apontou o
elemento constitucional nas variedades individuais de sexualidade. Em edições posteriores
Freud acrescentou a este segundo ensaio detalhes de teorias sexuais infantis, e
os efeitos da "cena primária" (a observação pelo filho de pais
relação sexual).
O terceiro ensaio é intitulado "As transformações na puberdade". Segue
a agitação biológica da puberdade, há uma mudança do auto-erotismo para
objetos sexuais, de impulsos parciais à sua unificação sob a primazia de
a zona genital, e do prazer individual ao serviço da procriação.
Nesta fase, o prazer sexual, tal como existia na criança, sobrevive no
forma de "prazer preliminar", um incentivo para uma gratificação mais plena. Freud
comparou esse mecanismo com o das piadas em que a técnica
fornece prazer preliminar e estimula uma gratificação mais profunda por meio
liberação de sentimentos agressivos ou eróticos. Segue-se o psicossexual
diferenciação de homens e mulheres. A libido, disse Freud, é fundamentalmente
Página 20
de natureza masculina, quer ocorra em homens ou mulheres, e seja lá o que for

objeto; mas ao mesmo tempo Freud adotou de Fliess o fundamental
bissexualidade dos seres humanos. Freud então descreveu o desenvolvimento de
a psicossexualidade nos homens, nos quais é simples, e nas mulheres, onde é
mais complexo, daí a maior predisposição da mulher à histeria. Lá-
A parte principal do ensaio é dedicada ao problema de encontrar um objeto de amor.
O primeiro objeto da sexualidade infantil é o próprio corpo e o
seio materno; após o desmame, a sexualidade torna-se auto-erótica e apenas
mais tarde, a sexualidade tem de ser redirecionada para um objeto. O primeiro objeto, o
a mãe, ao beijar e acariciar o bebê, desperta sua sexualidade infantil,
o que leva à situação de Édipo - um ponto que seria consideravelmente
desenvolvido na literatura psicanalítica posterior. Freud destacou a importância
desta educação inicial para a futura escolha do amor e o destino do
Individual. Em sua recapitulação, Freud enfatizou o papel da
elemento constitucional, no qual também se refere à frequência de hereditariedade
sífilis em neuróticos.
Apesar de sua brevidade, os Três Ensaios contêm uma síntese de con
largura e escopo consideráveis, sobre os quais o próprio Freud, e gerações de
psicanalistas, deveriam se expandir. Não devemos nos alongar sobre esses desenvolvimentos
que foram explicados em detalhes por tantos autores. Devemos apenas tentar
colocar as teorias de Freud no contexto da patologia sexual contemporânea.
As teorias sexuais de Freud giram em torno de vários temas. Primeiro, o conceito
da libido, isto é, do instinto sexual com sua embriologia, fases sucessivas
de evolução e metamorfoses. Segundo. uma ênfase nas vicissitudes
da escolha do objeto de amor. particularmente no complexo de Édipo. Terceiro, com base em
o prect.:ding,
oral e anal). deuma interpretação
neuroses desexuais.
e desvios certos tipos de caracteres
Quarto, um (notadamente o
sistema de simbolismo sexual. E finalmente. uma investigação sobre os primeiros eventos de
vida sexual, primeiras fantasias sexuais. e seus papéis no emocional subsequente
vida.
Quando os Três Ensaios apareceram em 1905, o zeitgeist era de extremo
interesse em problemas sexuais, e é difícil distinguir o limite entre
As fontes de Freud e os desenvolvimentos paralelos que estavam ocorrendo
Em volta dele. 335 Os costumes sexuais contemporâneos naquela época retinham pouco,
no mínimo, das atitudes simbolizadas pela palavra "vitorianismo". agosto
Fore !, em suas memórias. dá uma descrição viva da frouxidão dos costumes sexuais
em Viena. acrescentando que '' não é melhor em Paris. 336 menções de Zilboorg
que "ligas de amor livre" prosperavam em todo o Império Czarista entre
alunos e adolescentes. e que este foi "um fenômeno de uma sociologia
natureza "de forma alguma limitada à Rússia. Problemas de doenças venéreas, contra-
a percepção e a iluminação sexual das crianças eram discutidas livremente em todos os
Onde. Todas as facetas possíveis da vida sexual apareceram "com franqueza flagrante"
(nos termos de Zilboorg) nas obras de Maupassant, Schnitzler, Wedekind,
e muitos outros; eles também foram discutidos de uma forma um tanto veemente
Página 21
em periódicos como Die Fackel de Karl Kraus . Schopenhauer já havia dado

a metafísica de Sexus um lugar central em sua filosofia; agora, Weininger
trouxe à tona uma doutrina de misticismo sexual em um livro que foi
enorme sucesso. -'- 'H Outros sistemas semelhantes deveriam ser desenvolvidos por
Rozanov e Winthuis.-'- '' ~ Acima de tudo, a nova ciência da patologia sexual,
que cresceu lentamente durante o século XIX, recebeu seu
ímpeto decisivo trinta anos antes, com a publicação do livro de Krafft-Ebing
Psychopathia Sexualis. Desde 1886, o fluxo da literatura sobre o assunto
tinha crescido continuamente e se tornado difícil de avaliar. Em 1899 Magnus
Hirschfeld havia iniciado a publicação de um anuário, parte do qual tentou
cobrir a bibliografia então atual. 340 Considerando que o primeiro volume teve 282
páginas, a quarta (em 1902) contava 980 páginas, a quinta (em 1903) tinha
1.368 páginas, a sexta (em 1904) 744 páginas, e a de 1905, 1.084 páginas.
Não é de admirar que não haja muito nos três ensaios de Freud que não possa ser
encontrado entre os fatos. teorias e especulações contidas nesse dilúvio
da literatura.
As fontes da teoria da libido são múltiplas. Que seja lembrado que o
termos auto-erotismo. zonas erógenas. e libido. já estavam em uso. 341
Os primeiros modelos de um conceito unificado do instinto sexual foram desenhados
por filósofos, começando com Platão. Platão e Freud ensinaram o
bissexualidade originária do ser humano e a sublimação do sexual
instinto. Georgiades destaca que Freud considerava a libido como masculina,
enquanto Platão valorizou o amor homossexual acima do heterossexual, e considerou o
sublimação de um amor homossexual como a origem de todos os sentimentos superiores. 342
Analogias de longo alcance entre a teoria da libido de Freud e a de Schopenhauer
filosofia foi mencionada anteriormente, 343, bem como a ampliada
conceito de instinto sexual. 344 Biólogos seguiram os passos da
filósofos. Gley, em 1884, sugeriu que a biologia anatômica original
a sexualidade pode deixar traços fisiológicos no ser humano, e que estes no
sua vez pode ser o ponto de partida da homossexualidade. 345 Por sua vez, semelhante
teorias foram desenvolvidas por clínicos. Dessoir346 em 1894 e Moll347 em
1898, descreveu dois estágios de evolução do instinto sexual, um
estágio diferenciado seguido por outro diferenciado; alguns indivíduos, eles
dito, permanecem pelo menos parcialmente no estágio indiferenciado, daí a ocorrência
de homossexualidade ou outras perversões. Duas obras em 1903 propuseram uma teoria
baseado no conceito da bissexualidade fundamental do homem. Um foi
O célebre Sexo e Caráter de Weininger já mencionado; o outro
foi - em uma abordagem menos filosófica, mas mais clínica - o livro de Herman,
Libido e Mania. 348 Todos os desvios sexuais, Herman diz, se originam de
o efeito combinado da bissexualidade humana e distúrbios nos estágios
de evolução da libido (no sentido dado a esse termo por Moll). Sexual
as anormalidades são classificadas em três grupos: primeiro, as várias formas de "assexualidade
ismo "(infantilismo sexual, auto-erotismo, etc.). Em segundo lugar, aqueles derivados
do "bissexualismo". Terceiro, aqueles que pertencem ao "supra-sexualismo" (principalmente
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a sexualidade anormal senil). A maior parte dos desvios sexuais pertencem a

o segundo grupo em que Herman classifica em pares (uranismo-lesbianismo,
sadismo-masoquismo e assim por diante). Se a libido indiferenciada será
dirigido a um homem ou mulher depende muito do acaso: Meynert
é referido a esse respeito. 349 A Libido e Mania de Herman era certamente
conhecido por Freud, uma vez que o mencionou em seus Três Ensaios.
Noções de sexualidade infantil e fases iniciais do desenvolvimento sexual
não eram totalmente novos. A ideia de que o prazer do bebê com a mãe
mama encontrou expressões posteriores no prazer estético já era vista por
Erasmus Darwin. 350 O investigador pioneiro de erotismo oral em crianças
foi o pediatra húngaro Lindner, que descreveu muitas variedades de
chupar o dedo, simples e combinada, e assumiu que essas eram expressões
de gratificação erótica infantil. 351 Este artigo chamou alguma atenção
de Krafft-Ebing e outros, que presumiram que certas mulheres amamentando
também obteve gratificação erótica com a amamentação.
O conceito de erotismo anal de Freud parece ser mais original, embora
alguns de seus aspectos foram antecipados. Charles Fourier, o francês utópico
socialista, variou a vontade de brincar com lama e sujeira como uma infância transitória
fase entre os instintos humanos básicos. 352 Fourier propôs socializar
essa unidade: as crianças nesta fase seriam organizadas em "pequenas gangues" de
coletores de esterco, para seu próprio deleite e benefício da sociedade. Em mais
nível especulativo, um representante da medicina romântica, KR Hoffmann,
havia desenvolvido uma teoria de que excretar não era apenas uma função corporal, mas
era um "impulso básico de vida" (Grundtrieb des Lebens), que poderia ocorrer
ocasionalmente se volta contra o indivíduo. 353 Uma correlação entre
A teoria do erotismo anal e do zeitgeist de Freud também pode ser apontada.
É uma tendência humana de negligenciar coisas que são muito óbvias e pagar
atenção a eles quando eles desaparecem. Assim, o folclore dos camponeses europeus
permaneceu desconhecido para os cientistas ou foi desprezado por eles, até que começou a
declinou, e só então surgiram folcloristas para registrá-lo. De maneira semelhante,
por séculos a humanidade teve a visão e o cheiro de excrementos por
concedido, mas quando, no final do século XIX, o encanamento tornou-se
geral, quando os homens começaram a viver em um mundo dulcificado e desodorizado,
atenção foi atraída para este assunto. A nova preocupação era il-
lustrado por uma compilação de 600 páginas por Krauss e lhm, dando uma visão geral
levantamento das funções dos excrementos em várias populações do mundo, com
um laudatório prefácio escrito por Freud no qual ele fala de coprofilia
manifestações em crianças, sua repressão e sua conexão com o
instinto sexual. 354
O que Freud disse da fase fálica da libido refletiu uma
preocupação de seu tempo. Educadores, pediatras e patologistas sexuais, todos
sabia da frequência da masturbação entre bebês e crianças pequenas,
e estavam preocupados com as possibilidades de sedução de crianças por
servos e outros adultos. 355 A existência da sexualidade infantil não era
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dúvida ignorada por muitos, ou considerada uma ocorrência rara e anormal, mas
havia aqueles que sabiam melhor. Menção especial deve ser feita ao
livros populares de Michelet: Our Sons and Woman; o último era conhecido por
Freud, já que ele citou em outra conexão. 3 56
O termo e o conceito de sublimação eram bem conhecidos, e Freud nunca
alegou tê-los introduzido. Eles são mencionados como uma ideia atual em
um romance publicado em 1785, e mais tarde usado por Navalis, Schopenhauer e
particularmente por Nietzsche. 3 57
Freud sistematizou a ideia de que o instinto sexual passou por seu primeiro
fases de desenvolvimento na infância, seguido por um período de latência, que é
aparente início na puberdade foi realmente um reavivamento e reorganização.
Fatos semelhantes foram observados e descritos primeiro por Dallemagne, e
então por Ribot, mas esses autores consideraram tal desenvolvimento uma exceção
ção. 358
A ideia do instinto sexual sendo direcionado para o próprio sujeito
em vez de em direção a um objeto exterior era bastante difundido. O conceito de
amor narcisista, tendo sido abundantemente desenvolvido por poetas e escritores,
tinha alcançado psiquiatras. 35 9 Havelock Ellis descreveu várias formas
de "autoerotismo", e Naecke introduziu o termo "narcisismo".
A grande importância das imagens da mãe e do pai para a
a vida amorosa futura do indivíduo também foi antecipada, e Nietzsche
não era o único que acreditava que "todo homem carrega consigo mesmo
a imagem de sua mãe, e da qualidade dessa imagem dependerá seu
atitude futura para com as mulheres. "Em um romance célebre, Laclos teve seu arqui-
sedutor Valmont explica que não se pode seduzir um inocente e honesto
jovem, até que um destrua seu respeito por sua mãe. 360
Jules Lafargue explicou que foi sua perda de respeito por sua mãe que
fez com que Hamlet tratasse Ofélia de maneira tão rude. 361 A inovação de Freud foi a
introdução e sistematização deste conceito de pai e mãe
imago em psiquiatria.
Que um vínculo erótico possa surgir entre o bebê e a mãe estava bem
conhecido por muitos educadores. Stendhal tinha falado de seu amor incestuoso
para sua mãe. 362 Michelet popularizou essa noção. Freud agora afirmava
que, dentro de certos limites, esse vínculo era natural e normal, e acrescentou as ideias de
os desejos de morte da criança para com seu pai, e de seu medo de punição
e castração pelo pai. O conceito completo do complexo de Édipo, como
Freud mais tarde o sistematizou, incluiu estes três componentes: um
desejo incestuoso para com a mãe, um desejo de matar o pai, e a imagem
de um pai cruel e castrador.
Na verdade, o modelo mitológico desse complexo não é tanto para ser
encontrado no drama de Édipo, assim como no mito de Saturno e Júpiter. Saturno
foi ameaçado de morte por seu pai Urano, o primeiro deus do mundo,
mas foi salvo por sua mãe. Saturno então castrou seu pai. Mais tarde, Saturno
comeu seus próprios filhos, exceto o mais novo, Júpiter, que foi salvo por
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a mãe dele. Júpiter então suplantou seu pai. O mesmo mito foi
encontrado na Índia e entre os hititas. 363 Para Dumezil, um historiador Qf
religiões, este mito é simplesmente um reflexo das condições que existiram.
364 Nas antigas dinastias da Índia, os poderes políticos e sexuais foram identificados
uns com os outros, e o rei era um grande homem tirânico, com medo de ser
destronado e roubado de sua virilidade por seus filhos. Por outro lado, filósofos
da Índia explicou o processo de renascimento ao atribuir sentimentos ao
reencarnam semelhantes aos do complexo de Édipo. Vasubandhu descreveu
da seguinte maneira:
O ser intermediário ... possui o olho divino. Veja o lugar do seu

nascimento. embora longe. Veja seu pai e sua mãe unidos. Seu espirito esta perturbado
pelo efeito de complacência e hostilidade. Se for um homem, é apreendido pelo
desejo de um homem por sua mãe; se for mulher. é apreendido pelo desi ('e de
a mulher para o pai; por outro lado odeia o pai ou a mãe,
que considera um rival masculino ou feminino. Como é dito no Prajnapti:
'então ocorre no Gandharva um pensamento de luxúria ou um pensamento de ódio.'
O Espírito estando tão perturbado por esses dois pensamentos errôneos que, por amoroso
desejo. ele se liga ao local onde os dois órgãos estão unidos, imaginando
que é ela mesma que se torna unida ... o ser intermediário desfrutando assim
o prazer de se instalar na matriz. 3 ~> 5
Um dos aspectos da psicanálise que se tornou mais popular diz respeito

aos símbolos sexuais (os "símbolos freudianos"). Neste campo, os muitos
predecessores podem ser colocados em quatro grupos:
1. Os antropólogos fizeram coleções dos símbolos obscenos tradicionais

encontrado na poesia priápica e de "Kryptadia" de todos os países. Freud
assim, foi solicitado a dar comentários psicanalíticos para uma coleção de
tipo pelo folclorista Oppenheim. 3 66
2. O interesse em símbolos de sonho também chamou a atenção para aqueles com um
significado sexual. De acordo com Laignel-Lavastine e Vinchon, um livro dos sonhos
da Renascença, a de Pierus, descreve sonhos de serpentes, árvores,
flores, jardins, dentes, colunas e grutas, com significados semelhantes a
aqueles do simbolismo freudiano. 367 O primeiro estudo objetivo do simbolismo dos sonhos
foi de Schemer, e lembramos que os símbolos encontrados por ele como sendo
sexuais eram idênticos aos descritos trinta e nove anos mais tarde no livro de Freud
Interpretação de sonhos. 368
3. Amplas investigações do simbolismo sexual em cultos, mitos e religiões
foi realizada ao longo do século XIX. O pioneiro desses
estudos, Jacques-Antoine Dulaure, afirmou que as primeiras civilizações que
adorava o sol incorporou suas forças regenerativas na imagem de
o falo. 369 Ele descreveu detalhadamente o culto ao falo e sua
simbolismo, com inúmeros exemplos de civilizações antigas. este
livro teve enorme sucesso e popularizou a ideia de que um culto universal
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do falo existia. Muitos arqueólogos amadores ficaram apaixonados

com a busca por relíquias simbólicas desse culto. Para dar apenas um exemplo:
no romance de Flaubert, Bouvard et Pecuchet, os dois heróis da história,
em sua preocupação com a "arqueologia celta", pressupõe que o
"tumulus" simboliza o órgão feminino e "pierre levee", o masculino;
que as torres. pirâmides, velas de igreja, marcos e árvores eram
símbolos fálicos. Eles abriram um Departamento de Falos em seu privado
museu. Enquanto isso, um estudioso sério, Adalbert Kuhn, interpretou o ritual
fogo acendendo como símbolo da geração humana. 370 no meio do
Era vitoriana na Inglaterra, George Cox explicou o simbolismo sexual de
religiões antigas: a vara, a árvore, o cajado do pastor, o cetro, o
a serpente, o touro, eram símbolos masculinos; e a arca, o navio, a taça (incluindo
o Santo Graal), o poço, a cesta, a lâmpada, o lótus, eram femininos
símbolos. Já que “os pensamentos despertados pelo reconhecimento da diferença
entre homens e mulheres estão entre as agitações mais misteriosas do
coração humano ", Cox admitiu que" uma filosofia que professava reconciliar
os impulsos naturais dos adoradores com um senso de direito e dever
carregam consigo um fascínio estranho e quase irresistível. "Na Alemanha,
Nagele interpretou o culto da serpente na antiguidade como um culto fálico.372
Na Itália, Gubernatis desenvolveu uma teoria sistemática da sexualidade universal
simbolismo retirado da botânica · 73 e da zoologia. 374
4. A experiência clínica forneceu muitos dados sobre o simbolismo sexual.
A psiquiatria romântica se concentrou no papel dos impulsos e frustrações sexuais
em psicoses. 375 Neumann, mais tarde Santlus, e em menor grau Griesinger,
des, criou as manifestações disfarçadas do instinto sexual em seus
pacientes. A consciência de que muitas formas de misticismo patológico resultaram
da sexualidade reprimida era o conhecimento atual entre os romancistas,
psiquiatras. e escritores religiosos. 376 O criminologista Hanns Gross também
fez uma investigação sistemática sobre as formas disfarçadas de sexualidade frustrada
e seu papel na criminalidade.
Outro campo de investigação de Freud foram as vanetles e vicissitudes de

fantasias sexuais e seu subsequente papel na vida emocional. Freud con
tendeu que a observação por crianças pequenas de seus pais sexuais
relação sexual. isso é. do que ele chamou de cena primária, tinha um alcance profundo
influência perturbadora na criança. especialmente quando interpretado como um sádico
Aja. Freud também atribuiu grande importância às teorias jovens
as crianças imaginam para responder às suas próprias perguntas sobre como os bebês
venha ao mundo. e as relações sexuais de seus pais. Freud mencionou
como mais um argumento a favor da tendência contemporânea de dar
iluminação sexual das crianças. Outra fantasia era o Romance em Família
ocorrendo em certas crianças que imaginam que seus pais reais sejam muito importantes
status social mais elevado do que seus pais reais. Este tópico foi consideravelmente
desenvolvido por Otto Rank.377 Aqui novamente encontramos uma reflexão psicanalítica
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de um tema popular contemporâneo. Naquele período, quando a maioria dos europeus

países tinham um rei ou imperador, muitos pacientes mentais afirmavam ser
descendentes de famílias soberanas, ou mesmo para ser o monarca legítimo.
Krafft-Ebing descreveu uma variedade dessas ilusões sob o nome de
Originare Paranóia (este termo tem sido frequentemente mal interpretado como "ilusão
sobre a origem familiar "; na verdade, significava uma forma de paranóia cujo
"origem" pode ser rastreada até a idade da memória inicial). Na França, um
paciente célebre, Hersilie Rouy, foi, seguindo suas alegações de nascimento real,
internado em um hospital psiquiátrico, mas liberado com uma compensação substancial
devido a um erro técnico na ordem de confirmação. Ela publicou dois
"autobiografias": em uma ela dissimulou grande parte de seu delírio
idéias, na outra ela as expressou plenamente. 378 A originalidade de Freud estava em
mostrando que o Romance em Família não existe apenas sob condições extremas
formas paranóides, mas é frequente entre as crianças na sua forma embrionária, e
também tem alguma relevância para o folclore e a mitologia.
Relatos atuais da vida de Freud afirmam que a publicação de seu livro sexual
teorias despertaram raiva por causa de sua novidade inédita em um "Victorian"
sociedade. A evidência documental mostra que isso não corresponde ao fato.
Os Três Ensaios de Freud apareceram em meio a uma enxurrada de
literatura sobre sexologia e foram bem recebidos. 379 Freud's main
originalidade era sintetizar ideias e conceitos, a maioria dos quais leigos
dispersos ou parcialmente organizados, e aplicá-los diretamente à psicoterapia.
Uma ilustração clínica foi o caso do pequeno Hans, que era para a libido
teoria o que o caso Dora tinha sido para a psicologia profunda.
A história tem menos qualidade literária do que o caso Dora e contribui para
leitura mais longa. Foi contada pelo pai do pequeno Hans e comentou
sobre por Freud.
Hans foi o primogênito de um psicanalista que foi um dos mais próximos

discípulos. Sua mãe esbanjou carinho sobre ele. Ela frequentemente o levava dentro dela
cama. e até mesmo. como aparece mais tarde. ela costumava levá-lo consigo quando ia
para o banheiro. Aos três anos. Hans estava muito interessado em seu "pipi".
Tendo perguntado à mãe se ela tinha um, ela disse: "Sim". Quando ele era
3112 sua mãe descobriu que ele se masturbava e o ameaçou com
castração. Mais ou menos na mesma época, sua irmã nasceu. Hans foi dito que
a cegonha a trouxe. mas ele ficou impressionado com a maleta do médico e o
bacias cheias de água e sangue no quarto de sua mãe. Ele ficou preocupado
com se outras pessoas e animais tinham um "pipi" e pareciam
particularmente interessado pelo grande tamanho dos cavalos. Ele chegou à conclusão
que a presença desse órgão distinguia os seres animados dos inanimados;
Contudo. ele percebeu que sua irmãzinha não tinha um, e ele disse que
iria gro \\. Mesmo antes dos quatro anos de idade, Hans era de uma doença "polígama"
posição; ele se apaixonou por uma série de garotas de 7 a II anos de idade, mas ele
também passou os braços com ternura em torno de um primo menino de cinco anos.
Na idade de 4% anos, Hans (como foi descoberto mais tarde) viu um cavalo, que
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estava puxando uma carruagem fortemente carregada, cair no chão. Logo depois
ele ficou cada vez mais ansioso. agarrou-se muito mais a sua mãe, e então
expressou medo de sair para a rua com medo de mordê-lo por um cavalo. Freud aconselhou o
pai para dizer a Hans que ele temia cavalos porque ele estava muito interessado em
seus "pipis" e começar gradualmente a dar-lhe alguma iluminação sexual.
Este foi o início de um processo de quatro meses (janeiro a maio de 1908).
As falas do menino, sonhos, brincadeiras espontâneas, foram gravadas por seu pai
e comunicado a Freud. A fobia se estendeu a girafas, elefantes e
pelicanos, após uma visita ao zoológico de Schonbrunn. Uma manhã, Hans contou sobre o
fantasia de duas girafas no quarto dele. um grande e um amassado; O grande
chorou porque Hans pegou o amassado. Isso foi interpretado pelo pai
como uma transposição de uma pequena cena familiar: Hans tinha o hábito de entrar
quarto de seus pais no início da manhã, seu pai diria que sua mãe deveria
não o leve em sua cama. e ela diria que não importava se ela o levasse
por um curto período, '' o que ela fez. A grande girafa foi interpretada como sendo dele
o pênis grande do pai, o amassado, os órgãos genitais da mãe.
Em 30 de março de 1908, seu pai levou Hans para uma breve visita ao escritório de Freud.
Freud explicou ao menino que temia seu pai porque amava seu
mãe muito. Esta visita foi seguida por uma melhoria substancial, mas o
a fobia logo se expandiu para novos tópicos. ou seja, cavalos grandes e ásperos puxando fortemente
carrinhos carregados. móveis 1 ans. e coisas assim: Hans contou sobre cavalos caindo e
chutando com os pés. Então ele ficou com nojo por calças femininas amarelas e foi
preocupado com excrementos. com banheiras, com carrinhos e caixas carregados, e
em breve. Uma manhã, Hans fantasiou que enquanto estava no banho, o encanador
desenroscou a banheira e espetou-o no estômago com uma broca. Os pais
interpretação foi: estando na cama de sua mãe, seu pai o empurrou com
seu grande pênis. Uma interpretação posterior 11 como no sentido de uma fantasia de geração:
o pai o colocou no ventre da mãe com seu pênis grande. Aversão de Hans por
banhos foi conectado 11 ao desejo de que sua mãe tomasse a mão enquanto
dando banho em sua irmãzinha. para que a criança se afogasse. A fantasia da queda
cavalo foi interpretado como sendo o 11 ish (e ao mesmo tempo o medo) que seu
pai cairia DM1 n e morreria. e também como uma fantasia de sua mãe no processo
de parto. De fato. 11 descobriu que Hans não tinha acreditado na história da cegonha e
tinha entendido muito sobre a gravidez de sua mãe.
Na raiz da fobia de Hans, portanto, parecia que ele queria possuir sua mãe,
e que seu pai e sua irmã estavam mortos; seu complexo de castração; a influência
desde cedo. teorias sexuais infantis: e seu ressentimento contra seus pais por
tendo contado a ele a história falsa sobre a cegonha.
Em 25 de abril de 1908. Hans. que tinha acabado de completar cinco anos, estava respondendo
algumas das perguntas de seu pai. Em um clima de confiança e aceitação, ele
admitiu que gostaria de vê-lo morto e se casar com sua mãe. Este foi o
ponto culminante do processo terapêutico. e a partir daí, os restos
a fobia diminuiu gradualmente: o complexo de Édipo fora superado. 380
A história do pequeno Hans não foi aceita tão facilmente quanto a de Freud
publicações anteriores, mas o significado desse ceticismo foi mal interpretado
ficou. Não é tanto que tenha sido considerado imoral, mas sim que alguns
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leitores descobriram que a criança tinha sido eroticamente precoce a um incomum

extensão antes de sua fobia; eles também se perguntaram se a própria fobia tinha
não desenvolvido como consequência da atitude inquisitiva do pai e
perguntas sugestivas. A psicologia do testemunho, que em 1909 era uma nova e
ramo da moda da psicologia, trouxe inúmeros exemplos de crianças
dando falsos testemunhos, o que provou ser a resposta ao inconsciente
sugestão (crianças com uma habilidade incrível de sentir o que os adultos esperam
para testemunhar). Os psicanalistas saudaram a história do pequeno Hans como o primeiro
confirmação da teoria da sexualidade infantil de Freud obtida por
observação sobre uma criança. Foi também o primeiro exemplo de análise infantil (que,
no entanto, foi desenvolvido mais tarde ao longo de linhas diferentes), e também foi o primeiro
análise de controle no registro.
Rev. Oskar Pfister 3111 comentou sobre as mudanças que ocorreram
em psicanálise. Originalmente. Freud atribuiu sintomas neuróticos ao
repressão de memórias dolorosas, principalmente de natureza sexual (o termo
"sexualidade" sendo tomada em seu sentido usual); a cura foi alcançada através de
ab-reação. Em 1913, a psicanálise falou sobre a repressão de fantasias como
bem como de memórias, e de sintomas neuróticos originados no Édipo
complexo; a cura ocorreu por meio da análise de transferência e resistência:
o conceito de sexualidade foi agora estendido para incluir, sob o nome de
"psicossexualidade", todas as categorias compreendidas pela palavra Liebe (amor).
Isso absolveria a psicanálise da acusação de pansexualismo.
No entanto, alguns críticos sentiram que o conceito de psicossexualidade fez com que o
teoria da libido e especialmente a da sublimação ainda mais difícil de
aperto.
A Obra de Freud-VI-Da Metapsicologia à Psicanálise do Ego

Em 1913, parecia que a teoria psicanalítica tinha
alcançou sua conclusão. No entanto, e para surpresa dos seguidores de Freud,
uma grande metamorfose ainda estava para ocorrer. Desta vez, o ensino mais recente foi
não contido em um único livro (como Interpretação de Sonhos e o
Três ensaios). mas em uma série de artigos e breves monografias espaçadas
durante um período de dez anos.
Em 1914, Freud propôs, na Introdução ao Narcisismo, suas novas visões
como uma hipótese que ele estava disposto a retirar ou alterar, caso os fatos
contradiz. 3 !! 2 Até então, as noções de conflito entre conscientes
e inconsciente. e o dualismo de libido e impulsos do ego, tinha sido
fundamental em psicanálise. Nos Três Ensaios Freud já tinha
falou de um estágio inicial de auto-erotismo precedendo a catexia do
libido no primeiro objeto, a mãe. Nesse ínterim, Jung explicou
que a esquizofrenia resultou de uma "introversão da libido", e Adler
havia enfatizado a importância da auto-estima. Havelock Ellis na Inglaterra,
e Naecke na Alemanha, descreveram o narcisismo como uma forma específica de
desvio em que o indivíduo está apaixonado por si mesmo. A teoria de Freud de
o narcisismo parece ter sido projetado para atender a tudo isso.
Página 29
Essa teoria implicou em uma nova sistematização da teoria da pulsão. Freud's

A distinção anterior de impulsos do ego (não-sexual) e libido (sexual) era modi-
encontrado pelo novo conceito de libido do ego, de modo que agora havia dois tipos de
impulsos do ego, libidinais e não libidinais. Freud manteve o conceito de uma
estágio de auto-erotismo, mas disse que conforme o ego começa a se diferenciar, o
até então, a libido difusa focalizava isso, e isso era narcisismo primário.
No estágio seguinte, uma parte do narcisismo primário é retida, e o
a libido é amplamente catexizada na mãe e, subsequentemente, em outros objetos.
O objeto-libido pode se retrair e ser reinvestido no ego, o que Freud
mais tarde chamado de "narcisismo secundário".
Um resíduo de narcisismo primário será encontrado através da análise do normal
indivíduos, e ainda mais em neuróticos, homossexuais e outros. Retração
da libido objetal explica condições como delírios de grandeza,
hipocondria. esquizofrenia e parafrenia.
Normalmente. sentimento amoroso procede diretamente da libido objetal e esta
é o amor anaclítico. Se toda a libido for catexizada em outra pessoa, e
não o suficiente retido para o ego. É paixão. Amor pelo narcisista
tipo acontece quando o narcisismo primário foi indevidamente prolongado: o
o indivíduo então vê no objeto apenas o que ele mesmo é, foi e
gostaria de ser.
Esta teoria do narcisismo era para ser o prelúdio para uma reestruturação completa
ção do arcabouço da teoria psicanalítica. Em 1915, Freud anunciou
que ele estava trabalhando em um livro intitulado Introdução à Metapsicologia,
consistindo em doze ensaios, mas destes apenas cinco foram publicados.
Freud sentiu a necessidade de reconstruir um quadro conceitual que seria
suficientemente abrangente para abranger todos os fatos e aspectos da psicologia
análise. Ele definiu a metapsicologia como um sistema que descreveria
fatos psicológicos do topográfico, do dinâmico e do econômico
pontos de vista. O topográfico (referindo-se a uma citação bem conhecida
de Fechner) significava a distinção do inconsciente, do pré-consciente,
e o consciente. A dinâmica se refere a forças psíquicas em conflito com
entre si. O econômico significava a regulação das forças mentais por meio
o princípio do prazer-desprazer.
Em Pulsos e suas vicissitudes, Freud definiu os impulsos como "psíquicos
representantes de fontes endo-somáticas e de fluxo contínuo de estimulação, "
em contraste com os estímulos sensoriais que se originam em específicos
excitação. 383 Freud então definiu as características gerais das pulsões, seus
força, seu objetivo. sua fonte. e suas vicissitudes: reversão para o
oposto, voltando-se contra o assunto, repressão. e sublimação. Freud
também mencionou o processo de introjeção (a criança introjeta o prazer
e projetos desprazer). Finalmente. Freud tocou na gênese do amor
e ódio, alegando que, embora formem um par de opostos, o ódio tem
sua raiz em um estágio anterior da vida psíquica do que o amor. O último ponto, que
contradisse a teoria original da libido, foi o precursor de mais
alterar.
Página 30
O artigo sobre repressão surpreendeu os analistas que consideraram repressão

Sion, o único conceito explicativo da patogênese. 384 Repressão (agora colocado
terceiro entre as vicissitudes das pulsões) foi dividido em repressão primária,
em que as representações mentais dos instintos nunca foram permitidas
na consciência, e mais tarde na repressão, na qual as representações conscientes
são arrastados para a inconsciência através de sua associação com um dos
as idéias reprimidas primordiais. Quando ideias carregadas de emoção são reprimidas,
o destino da ideia e da emoção pode ser diferente; ideias reprimidas
se organizam em fantasias, e as emoções são transformadas em
ansiedade.
No terceiro artigo sobre metapsicologia, Freud enfatizou que o inconsciente
contém mais do que material reprimido, e reformulou as principais características do
a mente inconsciente (anteriormente chamada de processo primário). 385 o
inconsciente não tem relação com a realidade, não conhece os princípios
de contradição ou tempo; a energia inconsciente não está ligada. Freud também
enfatizou a importância das fantasias inconscientes, e que inconscientes
as representações devem passar por um estágio de verbalização no pré-consciente
nível antes de se tornar consciente.
Em um quarto ensaio, Freud reafirmou alguns aspectos da teoria dos sonhos de
o ponto de vista da metapsicologia. 38 6 No quinto, Luto e Melancolia,
ele deu uma interpretação da depressão melancólica em termos do novo
metapsicologia. comparando-o com a reação normal de luto
que segue a morte de uma pessoa amada. 387 O trabalho de luto consiste
de uma dissolução lenta e gradual dos laços emocionais com o objeto perdido, e
a incorporação de sua imagem idealizada ao assunto. Na melancolia,
é como se o paciente tivesse perdido inconscientemente um objeto para o qual ele tinha
sentimentos ambivalentes de amor e ódio. Como conseqüência de sua incorporação
ção "a sombra do objeto caiu sobre o ego", daí a
ódio melancólico de si mesmo e tendências suicidas.
Em 1920, Freud surpreendeu muito seus seguidores, mais uma vez com a publicação
de seu livro Beyond the Pleasure Principle, que parecia dar
metapsicologia sua forma final. 388 Se seu título evocava Nietzsche, seu conteúdo
foi definitivamente inspirado por Fechner. Um dos três elementos de meta-
psicologia, o aspecto econômico, até então havia sido equacionado por Freud
com o princípio prazer-desprazer, um conceito emprestado de Fechner.
Antes de Fechner, o princípio do prazer era comumente compreendido
como simplesmente buscar o prazer e evitar o desprazer. Fechner tinha parentesco
ao princípio da estabilidade. e Freud, seguindo Fechner, relacionou
desprazer ao aumento da tensão e prazer ao diminuir
tensão a um nível ótimo. Assim, a regra básica da vida era o regulamento
do quantum de estimulação através do mecanismo do prazer
princípio do desprazer. Freud, no entanto, já havia reconhecido que o
o princípio do prazer-desprazer era limitado, primeiro através do princípio de
realidade, que deve ser levada em consideração ao longo do desenvolvimento humano,
Página 31
e segundo, porque impulsos originalmente prazerosos, uma vez reprimidos, perdem

essa qualidade. Agora. ele argumentou que essas limitações iam "além do
princípio do prazer. ”“ Outro. princípio mais antigo, a "compulsão para
repetição ", ele agora via como a única explicação possível para certos
fatos. Nos sonhos repetitivos de neuroses traumáticas, em ataques histéricos,
em certas formas de brincadeira infantil, vemos eventos desagradáveis repetidos. Trans-
ferência durante a análise é revelada como o renascimento inconsciente da infância
situações. Na neurose, como na vida normal, certos indivíduos se encontram
repetidamente nas mesmas situações, levando a uma crença na predestinação.
Freud diferenciou entre o princípio do prazer-desprazer que é
benéfico para o organismo, e o caráter demoníaco da compulsão de
repetição, e isso o levou a uma excursão pela filosofia.
Depois de várias considerações sobre o Reizschutz (a tendência do
organismo para se proteger da superestimulação), ele propôs uma nova definição
ção das unidades. Os drives não têm um caráter progressivo, eles não
tendem a promover o desenvolvimento do indivíduo e da espécie. O objetivo deles
é conservador. eles tendem a restabelecer condições anteriores. Na verdade fechneriana
estilo, Freud chega a dizer que a evolução dos organismos é o
reflexão da história evolutiva da Terra e sua relação com
o sol. Freud agora sugeria, como hipótese, uma nova classificação dual
dos instintos: Eros (agrupando todas as formas de instintos libidinais),
e o instinto de morte (que os seguidores de Freud logo chamariam de Thanatos).
Nesse sistema dual, Freud parecia postular que o instinto de morte era
o mais fundamental. Como Schopenhauer, Freud agora proclamava que "o
objetivo da vida é a morte ", que o próprio instinto de preservação é um aspecto do
instinto de morte porque protege contra acidentes, causados externamente
morte, a fim de preservar o indivíduo para morte por causas internas.
Eros é agora muito mais do que instinto sexual, ele existe em cada célula viva e
leva a substância viva a constituir seres maiores, é um adiamento
da morte pelo vôo para a frente. O instinto de morte é a tendência para dis-
solução de substância viva e retorno ao estado de matéria inanimada. o
dois instintos são inseparáveis, e a vida é um compromisso entre Eros e
o instinto de morte até que este prevaleça. Freud expressou a esperança de que
o progresso da biologia faria uma formulação dessas especulações
possível em termos científicos. Enquanto isso, ele teve que reformular uma grande parte
de suas concepções clínicas. Por muitos anos, ele proclamou a primazia
da libido, e em 1908. ele rejeitou a ideia de Adler de uma agricultura autônoma
impulso gressivo. Em seu primeiro artigo de metapsicologia em 1915, no entanto, ele teve
atribuiu a origem do ódio a instintos não-libidinais do ego, colocando seu
origem anterior à do amor. Nm \ com suas novas teorias, ele teve que admitir que
havia um masoquismo primário que não era simplesmente sadismo voltado para dentro,
e em seus escritos posteriores ele atribuiu cada vez mais importância ao
papel dos instintos agressivos e destrutivos. Ele parecia colocar tanto
ênfase nesses, como ele havia anteriormente colocado na libido.
Página 32
As teorias contidas em Além do Princípio do Prazer não eram todas

tão novos quanto pareciam para alguns dos seguidores de Freud. Freud estava de volta
devido à tendência para a especulação que ele havia satisfeito em 1895 ao escrever seu
Projeto para uma Psicologia Científica, bem como para Fechner, que o inspirou
seus antigos trabalhos especulativos. No início de Beyond the Pleasure
Princípio Freud conectou o princípio do prazer-desprazer e
Princípio de constância de Fechner. 389 Como Freud observou: "O princípio
de constância é apenas um caso particular do princípio mais geral de Fechner
da tendência à estabilidade. · "Fechner distinguiu três formas de estabilidade:
estabilidade absoluta (implicando em uma imobilidade permanente das partes de um todo),
estabilidade total (as partes do todo são animadas por movimentos, então
regular que cada parte do todo retorna ao mesmo lugar regularmente
intervalos), e "estabilidade aproximada" (uma tendência mais ou menos imperfeita
para voltar ao mesmo lugar em intervalos regulares. como nos movimentos do
coração e outras atividades psicológicas rítmicas). Ele parece que este
a sistematização de Fechner inspirou uma estrutura semelhante para as idéias de Freud.
Ao princípio do prazer-desprazer, ele acrescentou o instinto de morte (um retorno
à estabilidade total de Fechner) e a compulsão à repetição, como intermediária
entre estabilidade aproximada e absoluta.
A noção de compulsão à repetição foi, do ponto de vista clínico de
vista, a contribuição mais original contida em Beyond the Pleasure
Princípio, embora tenha sido expresso por outros autores. Tarde já tinha
descreveu a propensão de um criminoso de reviver seu crime na imaginação,
para voltar à cena do crime. e repetir seu crime, como um particular
exemplo de uma tendência mais geral de repetir, conscientemente ou não, atos
e situações da própria história. 390
O conceito de instinto de morte de Freud também teve muitos precursores. Von
Schubert entre os românticos expressou isso claramente, principalmente como um
desejo, na última parte da vida. morrer. 391 Mais perto da ideia de Freud, Novalis
proclamou que "a vida é pela morte", e que "a característica
da doença é o instinto de autodestruição ". 392 Oposto ao instinto de morte
Novalis colocou o instinto de organização, cuja expressão máxima foi
linguagem, cultura e filosofia humanas. No final do décimo nono
século. o psiquiatra russo Tokarsky escreveu um ensaio filosófico
na morte, na qual, à maneira dos antigos estoicos, ele dissociou o
vários sentimentos e imagens que se associam à ideia de morte, até
restava nada assustador em it.-' 93 Ele citou um centenário, que
disse que em certa idade surgiu a necessidade de morrer tão natural quanto a necessidade
dormir. Outro russo, Metchnikoff, afirmou que existia tal
coisa como um instinto de morrer. 394 Ele acrescentou outras observações, presumindo
que o desejo de morrer deve ser um sentimento particularmente agradável, mas que poucos
as pessoas experimentam isso, seja porque morrem cedo, ou por causa do
doenças da velhice. Esses dois russos. no entanto, viu o instinto de morte
simplesmente como um desejo de morrer, enquanto a ideia de algo destrutivo e autodestrutivo
Página 33
os instintos foram muito mais difundidos ao longo do século XIX. isto

seguiu uma tradição que remonta a Hobbes e popularizada por Darwin e
os darwinistas sociais, de Lombroso e de Nietzsche. Fechner tinha escrito
dez um pequeno ensaio curioso em que ele avançou a ideia de que a destruição foi
um princípio mais fundamental do que a criação. 395 No começo era
destruição; então a destruição começou a se destruir, e isso foi a criação.
Mesmo entre os psicanalistas, o conceito de um instinto de morte foi
ocasionalmente expresso. Sabina Spielrein escreveu sobre "Destruição como
a causa do devir. " 396 A teoria de Rank de que todo homem deseja retornar
o ventre da mãe foi considerado por Moxon como uma antecipação da de Freud
conceito do instinto de morte. - '97
Os pares clássicos de opostos eram Eros-Neikos (Love-Strife), e
Bios-Thanatos (Vida-Morte), mas não Eros-Thanatos, embora um austríaco
escritor, Schaukal, publicou uma série de cinco contos de um
qualidade sombria sob esse título. 39H Freud apresentou pela primeira vez seus conceitos
como hipóteses, mas em escritos posteriores, ele mostrou que acreditava firmemente em
eles. Em cada processo psicológico ele viu a presença dos dois
processos, Eros como uma tendência para formar unidades maiores, e o instinto de morte
Thanatos como a tendência reversa; este último conceito estava muito próximo de
A definição de evolução e dissolução de Spencer. Freud mais uma vez foi
compelido a reinterpretar suas teorias das várias condições clínicas;
melancolia, por exemplo. ele agora visto como uma desintricação da libido e
o instinto de morte.
O conceito de Freud sobre o instinto de morte encontrou resistência, mesmo entre os
psicanalistas mais fiéis. Brun. na Suíça, objetou que lá
não havia suporte biológico para a noção de um instinto de morte; morte, ele disse,
era o finis (término), mas não o telos (objetivo final) da vida. Essa
psicanalistas como Karl Menninger, que utilizam a noção de vida e
instintos de morte, faça-o de uma forma empírica e clínica ao invés de biológica
ponto de vista. 399 Na verdade, como mostrado por Mechler, o conceito de Freud do
o instinto de morte pode ser mais bem compreendido no contexto do preoc-
cupação com a morte compartilhada por vários de seus eminentes contemporâneos:
biólogos, psicólogos e filósofos existenciais. 400
Enquanto as noções em Além do Princípio do Prazer foram recebidas com
sentimentos confusos por psicanalistas, os apresentados três anos depois em
O Ego e o Id tiveram grande sucesso, embora significassem extenso
modificações na teoria psicanalítica. 401 Por muitos anos a psicanálise
tinha sido considerada uma psicologia profunda, principalmente focada na
mente consciente e sua influência na vida consciente. Freud tinha distinguido
três camadas da mente: o consciente, o pré-consciente e o inconsciente.
Neuroses eram manifestações de conflitos entre o consciente e o
inconsciente, sendo o primeiro implicitamente equiparado ao ego. Freud agora
sentiu que sua estrutura conceitual havia se tornado inadequada; ele considerou
vida mental produzida pela interação de três agências psíquicas
Página 34
(Instanzen), o ego, o id e o superego. O ego foi definido como

"a organização coordenada dos processos mentais de uma pessoa." Lá
era uma parte consciente e inconsciente do ego. Para o ego consciente
pertencia a percepção e controle motor, e ao ego inconsciente, o
censura de sonhos e o processo de repressão. A linguagem era uma função do ego;
conteúdos inconscientes tornaram-se pré-conscientes por meio de palavras.
O id não era muito diferente do que Freud havia descrito originalmente
como o inconsciente, a sede do material reprimido e das pulsões,
ao qual foram adicionadas as fantasias inconscientes e a sensação inconsciente
sentimentos, principalmente sentimentos de culpa. A palavra "inconsciente" era agora um adjetivo,
usado para qualificar não apenas o id, mas partes do ego e do superego. O termo
"id" (das Es) pode ser rastreado até Nietzsche, mas Freud admitiu emprestar
do Livro do Id, de George Groddeck, 402 um admirador de
psicanálise. 402
A parte mais nova de O Ego e o Id é aquela dedicada ao terceiro
agência, o superego, embora Freud já tivesse tocado em alguns de seus
aspectos sob o nome de ideal do ego. O superego é o observador, julgador,
agência punitiva no indivíduo, a fonte do social e religioso
sentimentos na humanidade. Sua origem estava na configuração do ego anterior do indivíduo
que haviam sido substituídas e, acima de tudo, na introjeção do
figura paterna como parte da resolução do complexo de Édipo.
A construção do superego em um indivíduo é, portanto, dependente de
a maneira pela qual o complexo de Édipo foi resolvido. No outro
mão, o superego recebe sua energia do id, portanto, frequentemente
qualidade cruel e sádica. Este novo conceito explicou o papel do neurótico
sentimentos de culpa nas obsessões, melancolia, histeria e na criminalidade. o
ideias de autopunição e criminalidade por causa de sentimentos de culpa foram
mais tarde a ser expandido e enfatizado na psicanálise e criminologia.
Freud concluiu que o "Id é bastante amoral, o Ego se esforça para ser moral,
e o Superego pode ser hipermoral e cruel como apenas o Id pode ser. "
Como consequência dessas novas teorias, o ego estava agora no centro das atenções
da psicanálise, especialmente como o local de ansiedade: ansiedade da realidade, isto é,
o medo causado pela realidade, conduz a ansiedade das pressões do id e da culpa
ansiedade resultante das pressões do superego. Freud concluiu
com uma descrição do lamentável estado do ego, sofrendo sob a pressão
certeza de seus três mestres. Ficou claro que a principal preocupação da psicoterapia
seria agora aliviar o ego, reduzindo essas pressões e ajudando
ele adquire alguma força.
Para muitos contemporâneos de Freud, a teoria da psicologia humana
estrutura física consistindo nessas três entidades, o ego, o id e o
superego, parecia desconcertante, embora não houvesse nada de revolucionário
iniciar. Como já mencionado. a noção do id pode ser rastreada até o
Românticos, e a essência do superego originou-se inequivocamente
com Nietzsc): ~ e, especialmente em The Genealogy of Morals. Para definir o ego como
Página 35
Sigqtund Freud e a psicanálise 517
a organização coordenadora dos processos mentais em uma pessoa era

uma reminiscência da função de síntese de Janet, e a força do ego não era muito
diferente da tensão psicológica de Janet. O ego era um velho filosófico
conceito cal em novo vestido psicológico. A definição de Nacht do ego como
"a entidade por meio da qual o indivíduo se torna consciente de si mesmo
existência e da existência do mundo externo "é quase idêntica
com o que Fichte havia dado em termos filosóficos. 403
Em 1936, Freud publicou Inhibition, Symptom and Anxiety, um livro
que alguns analistas acharam o mais difícil entre suas obras. Inibição
foi redefinido como uma limitação das funções do ego; ansiedade como um
condição emocional dolorosa acompanhada por processos de descarga (ambos
dos quais são percebidos pelo indivíduo). A ansiedade não era mais um
sintoma, mas uma condição necessária para a formação de sintomas. Como
já declarado em O Ego e o Id, o ego é o único local de ansiedade;
ansiedade pode ocorrer em duas circunstâncias: ou quando a proteção do ego
barreiras são ultrapassadas, ou como um sinal de alerta contra o perigo das unidades
ao qual o ego reage com várias formas de "defesa" (Abwehr). Repres-
Sion é agora apenas uma das defesas; os outros sendo a formação de reação,
isolamento e desfazendo. A repressão é característica da histeria, o outro
três de neuroses obsessivo-compulsivas. Nesta nova teoria, a repressão é
não é mais a causa da ansiedade; pelo contrário, a ansiedade dá origem a
repressão e outras defesas.
Inibição, sintoma e ansiedade marcaram uma nova fase na transformação
ção das teorias de Freud, da metapsicologia à psicologia do ego. ele faria
parece que este livreto foi, pelo menos em parte, uma refutação da teoria de Rank
que toda ansiedade surge do trauma do nascimento. Com o aumento do IM
importância que Freud atribuiu ao ego, ele se aproximou dos conceitos de Janet
(por exemplo, a ideia do mecanismo de isolamento em neuroses compulsivas),
e de Adler (formação reativa como forma de compensação). tem
também notáveis semelhanças entre as novas teorias da ansiedade de Freud e
aqueles expressos em 1859 por Heinrich Neumann. 404
Como consequência dessas novas teorias, o foco da terapia freudiana
mudou da análise das forças instintivas para a do ego, de
o reprimido para o repressor. Análise de defesas necessariamente
descobrir a ansiedade, e a tarefa do analista agora era dissipar o excesso
de ansiedade e para fortalecer o ego, para que ele pudesse enfrentar a realidade e
controlar a pressão das unidades e do superego.
Mais um passo em direção à psicanálise do ego foi dado por Anna Freud
com seu livro The Ego and the Mechanisms of Defense, descrevendo um
variedade de mecanismos de defesa do ponto de vista teórico e prático-
ponto. 405 O próprio Freud havia redefinido o ego como um sistema de funções
(enfrentando a realidade, controlando as unidades e integrando as três "agências" de
personalidade), um sistema que trabalha com sua própria energia dessexualizada. No dele
últimos trabalhos, ele enfatizou os aspectos biológicos do ego, sugeriu que
Página 36
possuía características herdadas e indicava a autopreservação como uma das

suas principais funções. 40 6
O passo final em direção à moderna psicanálise do ego foi marcado por Heinz
A célebre monografia de Hartmann de 1939, que enfatizava a autonomia
do ego e sua função de adaptação. Esta escrita foi para inspirar um
geração de psicanalistas, mas Freud naquela época havia realizado
O trabalho dele. 407
A Obra de Freud- VII-A Técnica Psicanalítica

A criação de Freud de um novo método psicoterapêutico foi um longo processo
que passou por uma sucessão de metamorfoses desde suas primeiras tentativas
até o fim de sua vida, e que deveria ser continuado por seus discípulos após
sua morte.
Não se sabe ao certo como Freud tratou seus primeiros pacientes neuróticos. Ele pode
usei aquele não sistematizado. abordagem intuitiva, tradicional com aqueles
médicos que entenderam os problemas de seus pacientes e os ajudaram
dando apoio e direção. Ele provavelmente se beneficiou do
ensinamentos de Moritz Benedikt sobre a importância da segunda vida (dia
sonhos, desejos reprimidos e ambições) e do segredo patogênico,
e sabe-se que ele aplicou a técnica de sugestão hipnótica de Bernheim.
A primeira imagem de uma psicoterapia propriamente freudiana apareceu em
1895, na contribuição de Freud para os Estudos da Histeria. Nesta fase,
foi uma adaptação do tratamento catártico de Breuer, e quase idêntico ao
Procedimento de Janet. Provavelmente inspirado pela cura de Weir Mitchell foi o
uso adjuvante de relaxamento físico (que se tornaria o
divã analítica). Tendo em vista a dificuldade que ele teve em hipnotizar seus próprios
pacientes, e lembrando que Bernheim foi capaz, no estado de pós
amnésia hipnótica, para que o sujeito se lembre do que aconteceu sob
hipnose, Freud disse a seus pacientes para fechar os olhos e se concentrar. Enquanto
ele pressionava a mão na testa dos pacientes, ele então os assegurava
que a memória esquecida voltaria. Às vezes, fazia isso diretamente, às
outros, por meio de cadeias de associações. Freud também notou o
intensificação dos sintomas neuróticos quando ele chegou perto do patogênico
núcleo.
Na mesma contribuição os conceitos de "resistência" e "transferência"
são definidos pela primeira vez. Freud percebeu uma desaceleração ou paralisação do
associação em alguns casos; · ele chamou este fenômeno de resistência e at-
tentado a analisá-lo. 408 Ele considerou a resistência como resultado de qualquer um dos
causas internas (do próprio material), ou causas externas relacionadas em alguns
caminho para o terapeuta. Às vezes, o paciente se sentia negligenciado pelo médico,
e uma explicação simples seria suficiente para restaurar o fluxo. As vezes
o paciente estava com medo de ficar muito dependente do médico. As vezes
também, o paciente transferiu memórias dolorosas para o médico; o último
tarefa era conscientizar o paciente da resistência e encontrar sua origem
na história de vida.
Página 37
Cinco anos depois, em 1900, A Interpretação dos Sonhos fez uma prática
método de interpretação de sonhos à disposição da psicoterapia.
Um relato do método psicanalítico de Freud, escrito em 1904 no
pedido de Loewenfeld. mostra as modificações que sofreu no
dez anos anteriores. 40 9 O paciente ainda reclinado no divã, mas o médico
agora estava sentado em uma cadeira atrás de seu campo de visão. O paciente não está mais fechado
olhos, nem Freud colocou a mão na testa do paciente. o
método de associação livre era agora dominado por uma regra básica: o paciente
deveria dizer qualquer coisa que viesse a sua mente, não importa o quão absurdo, imoral,
ou parecia doloroso. Freud explicou como ele analisou a resistência com
as lacunas e distorções no material obtido. Um novo abrangente
técnica de interpretação utilizada como material, não apenas as associações livres
e resistência, mas as parapraxias do paciente, atos sintomáticos e sonhos
também. Freud agora rejeitou o uso da hipnose e argumentou que o
técnica psicanalítica era muito mais fácil do que o leitor poderia supor
de sua descrição escrita.
Um ano depois, em 1905, Freud mostrou no caso Dora como o sonho
a interpretação poderia ser usada para psicoterapia. A transferência foi resgatada-
multado como um renascimento inconsciente de eventos de vida, em que o terapeuta é
visto como se fosse um dos participantes. Transferência, o maior
obstáculo à cura, passou a ser considerado o mais poderoso
ferramenta, se habilmente manuseada pelo médico.
Em 1910, Freud chamou a atenção para a contratransferência, ou seja,
os sentimentos irracionais do terapeuta em relação ao paciente. 4 1 o Em seu panfleto
sobre "Wild Analysis" Freud afastou-se da opinião que sustentava em 1904,
dizendo que era muito difícil aprender psicanálise e que, em vista
do perigo da "análise selvagem", uma organização deve ser criada para ensinar
analisar e qualificar analistas. 411
Em 1912, Freud afirmou que não era necessário interpretar todas as
sonhos de um paciente; muitos não exigiam interpretação completa, e
freqüentemente nenhuma interpretação era necessária. 412 Em um outro artigo Freud distin-
adivinharam transferência positiva e negativa, acrescentando que havia uma mistura
formas (ambivalentes), e que a transferência era um fenômeno geral
na vida humana. 41 3 Em um terceiro artigo, ele introduziu o princípio da liberdade
atenção flutuante: o analista, longe de se concentrar muito intensamente em
as declarações do paciente, devem confiar em sua "memória inconsciente"; ele
não deve tomar notas abundantes, mas se contentar em observar o
datas, fatos importantes e textos de sonhos. 414 Ele não deve especular
sobre as causas e estrutura do caso até que ele estivesse bem avançado:
"Continue sem intenção definida." Freud aconselhou. O analista deve
seguir o modelo do cirurgião no que diz respeito à frieza emocional em relação ao
paciente; sua preocupação deve ser atuar como um espelho, refletindo para o paciente
o que ele mostra ao analista, e o analista deve, portanto, ser opaco para
o paciente. Nem deve o analista exigir tarefas intelectuais do
paciente (como pensar sobre um determinado período de sua vida), nem deve
Página 38
ele procura canalizar o processo de sublimação do paciente. Freud proclamou

que era necessário que um psicanalista tivesse passado por um treinamento
análise. Em 1914, Freud explicou que na situação de transferência todos
os sintomas substituíram seu significado anterior por um novo dentro
a estrutura de uma neurose de transferência, que pode ser curada. 415 Transfer-
neurose cerebral é uma doença artificial, um reino intermediário entre a doença
e a vida real, uma transição da neurose para a saúde. Portanto, não apenas o
as declarações do paciente, mas também o seu comportamento são analisados, e uma vez que tudo é
interpretado para o paciente, espera-se que ele aplique esse novo insight. No
presença de uma paciente manifestando amor transferencial, Freud acrescentou
em 1915, o papel do analista é mostrar a ela que o suposto amor é um
forma de resistência. 41 6
Em 1919, Freud advertiu os analistas contra o uso de caminhos falsos. 417 He
desmentiu a inovação de Ferenczi e o preceito do papel ativo do
analista, e também se levantou contra a ideia de o analista dar
gratificação ao paciente; a análise deve ser conduzida em uma atmosfera
esfera de abstinência. Nem Freud admitiu que uma psicanálise deveria
ser suplementado por psicossíntese, nem que deveria tratar da religião
ou filosofia e se comprometem a educar o paciente. No entanto freud
estava preocupado com a futura aplicação da psicanálise ao sub
privilegiado; nesse caso, ele considerou que a psicanálise teria que
ser complementado pela hipnose.
Em Além do Princípio do Prazer, Freud reinterpretou o significado de
transferência como sendo a manifestação da compulsão à repetição.
O conceito de instinto de morte e as novas teorias que logo
seguir modificações de profundo alcance nas técnicas psicanalíticas,
e outros foram introduzidos pelos promotores da psicanálise do ego.
O foco do trabalho analítico agora não era mais a investigação direta de
o inconsciente, mas a exploração das defesas do ego. O inconsciente
impulsos foram sentidos como ameaças pelo ego, que experimentou ansiedade, e
protegeu-se através de um sistema de defesas. A tarefa do analista era
a descoberta cautelosa dessas defesas e a elaboração de
pelo menos uma parte da ansiedade subjacente (Freud agora admitia que a ansiedade
não pôde ser completamente removido). O terapeuta analisou essas defesas,
se eles eram anacrônicos ou inadequados, e sua relação com
os sintomas neuróticos. Ele ensinou o paciente a usar mais apropriado
defesas, permitindo um melhor ajuste.
Nas últimas publicações de Freud, um tom quase pessimista poderia ser per-
ceived. Ele conjeturou que o futuro atribuiria uma importância muito maior
à psicanálise como uma ciência do inconsciente do que como uma terapia
método. Em Análise Terminável e Interminável Freud admitiu que
certos tratamentos psicanalíticos devem ser retomados após uma série de
anos, enquanto outros devem ser perseguidos, embora de forma intermitente, o todo
vitalício. 418 As perspectivas terapêuticas são limitadas por fatores biológicos,
Página 39
pela força constitucional das pulsões, pela fraqueza do ego,

e particularmente pelo instinto de morte. Menos acessível à psicanálise
são o desejo da mulher por um pênis e a atitude feminina do homem em relação
seu próprio sexo. No esboço póstumo da psicanálise, Freud acrescentou a
esses fatores negativos inércia psíquica, uma espécie de viscosidade da libido, e um
fraca capacidade de sublimação. 419 Ele visualizou o resultado final do
tratamento como dependente do equilíbrio entre as forças que o
analista e o paciente são capazes de se mobilizar a seu favor, e a soma
das forças negativas trabalhando contra eles.
A melhor maneira de avaliar a novidade e originalidade da psicologia de Freud

métodos analíticos é contrastá-los com os pré-existentes, a partir dos quais
ele começou.
Freud não foi o primeiro terapeuta que passou um tempo considerável com seu
pacientes, permitia-lhes falar em uma atmosfera de benevolência, ouvia
a todas as suas queixas, registrou toda a sua história de vida e assimilou
levar em conta as causas emocionais das doenças. Tudo isso foi feito por Janet,
por Bleuler, e muitos outros antes deles, e foi preliminar para o
uso de um método particular. Mas a psicanálise pode ser principalmente sob
ficou como uma modificação das técnicas existentes de
hipnotismo.
O hipnotizador, sentado em uma cadeira, enfrentou seu assunto sentado em outra
cadeira e o instruiu sobre como atingir o sono hipnótico; o paciente mostrou
mais ou menos resistência, mas cedeu em casos favoráveis. Essas sessões
foram repetidos, muitas vezes diariamente, até que o paciente aprendeu a cair rapidamente em
sono hipnótico. A cura hipnótica pode levar semanas ou meses. Un-
capacidades conhecidas e memórias esquecidas foram descobertas em hipnose
dormir, novos papéis foram desempenhados pelo sujeito, e o hipnotizador foi capaz de
induzir a regressão a períodos anteriores na vida do paciente. Mas o paciente
frequentemente se opõe a uma resistência às intervenções do hipnotizador. No curso
do tratamento hipnótico, uma relação singular foi estabelecida entre os
sujeito e o hipnotizador. O forte elemento erótico de rapport, bem como
a possibilidade de dependência infantil do paciente, fazendo com que a rescisão
de tratamento hipnótico um exercício delicado, foram enfatizados por muitos autores.
Na técnica psicanalítica, o paciente reclina-se em um divã, e o
O terapeuta se senta em uma cadeira atrás dele, vendo, mas sem ser visto. O analista explica
a regra básica, que é contar tudo o que vier à mente. Esta regra é,
claro, difícil de seguir, e o paciente tem que superar resistências,
que, na melhor das hipóteses, nunca desapareceria completamente. Depois de alguns
semanas, no entanto, o paciente aprende a superar sua resistência e até mesmo
para ter prazer em falar ao acaso. Um afrouxamento gradual das associações
ocorre, e em vez de seguir uma linha de pensamento, o assunto salta
de uma ideia para outra. Conforme a análise prossegue, mais e mais
memórias de eventos ainda mais remotos da infância aparecem intercaladas
Página 40
com memórias de sonhos e fantasias, e o paciente começa a ter um

imagem estranhamente distorcida do analista. O analista oferece interpreta-
ções, que o paciente aceita ou não. Enquanto com resistência à hipnose
é simplesmente considerado um incômodo, na psicanálise torna-se um relevante
fenômeno a ser analisado. O que o hipnotizador chama de rapport, o analista
transferência de termos, e considera que é um renascimento de atitudes iniciais
para os pais, exigindo análise. É o desenvolvimento lento e subsequente
resolução da neurose de transferência que são consideradas as principais ferramentas de
a técnica psicanalítica.
O contraste pode ser resumido como na tabela a seguir:
HIPNOSE PSICANÁLISE
Ambiente: paciente sentado. De frente para o sujeito Ambiente: paciente deitado. Analista
hipnotizador. sentado atrás do paciente, vendo, mas
despercebidas.
Instruções preliminares: como Instruções preliminares: Psychoana-
ficar hipnotizado. regra básica lítica.
Primeira semana: o assunto aprende a se tornar Primeira semana: o paciente supera a aversão
hipnotizado. à regra básica.
Semanas ou meses seguintes: Emergência Semanas, meses ou anos seguintes:
de capacidades desconhecidas, novos papéis, Afrouxamento do processo de associação,
memórias latentes. memórias fragmentárias e fanta-
sies, imagem distorcida do analista.
Regressão de idade hipnótica. Regressão psicanalítica ao pré-edi
estágios de amigos.
Sugestões hipnóticas (anteriormente "bar- Interpretações oferecidas ao sujeito, que
ganhando ", usado por magnetizadores). é livre para aceitá-los ou não.
Resistência como elemento problemático. Resistência e análise de resistência.
Rapport frequentemente utilizado como terapêutico Transferência utilizada e analisada como
ferramenta ferramenta terapêutica.
O risco de dependência hipnótica torna Tratamento encerrado por meio de resolução
encerramento do tratamento difícil. ção da neurose de transferência.
Certas características da técnica psicanalítica podem ser compreendidas na

contexto do que os neuropatologistas escreveram no final do século XIX
século sobre a "esperteza diabólica" dos histéricos em enganar o
terapeuta e envolvendo-o em seus jogos. É como se cada regra de Freud
técnica foi concebida para derrotar a astúcia desses pacientes. O específico
cenário (o psicanalista vendo sem ser visto) priva o paciente
de uma audiência e da satisfação de assistir às reações do terapeuta.
A regra básica, juntamente com a atitude neutra do analista, evita que o
paciente de distorcer palavras do analista, e coloca esta última no
posição de um pai sensato que ignora as declarações tolas de um pequeno
criança. A regra de que todas as nomeações devem ser pagas, sejam mantidas ou não,
e antecipadamente, impede o paciente de punir o terapeuta com
Página 41
absenteísmo e falta de pagamento. A análise da transferência conforme ela ocorre

derrota o objetivo oculto, mas sempre presente do histérico: a sedução de
o terapeuta. Pelo mesmo motivo, é dada liberdade total à verbalização, mas
qualquer tipo de atuação é proibido, e nenhum contato com o terapeuta é
permitido fora do horário de tratamento. Por causa da tendência do histérico
derrotar o terapeuta por qualquer meio, mesmo ao custo de permanecer doente,
uma cura nunca é prometida, e o paciente é informado de que a cura depende
em seus próprios esforços.
As técnicas psicanalíticas podem, portanto, ser consideradas uma transformação de
as velhas técnicas dos hipnotizadores, especialmente concebidas para derrotar os subalternos
mentirosa maldade dos histéricos e seu esforço constante para enganar o
hipnotizador. No entanto, parece que a resistência sempre presente da psicologia
os sujeitos analisados haviam herdado essa característica histérica.
A psicanálise também incorporou os princípios de outros, anteriormente
técnicas psicoterapêuticas conhecidas. Alívio da dor, patogênica
segredos através da confissão, sem dúvida, desempenham um papel em certos
curas. A exploração da vida interior de desejos e ambições frustrados,
e de fantasias, como ensinado por Benedikt, é parte integrante da psicanálise.
Alívio dos sintomas ao tomar consciência das influências inconscientes
não era desconhecido. Em uma carta a seu amigo Chanut, Descartes falou de seu
propensão a se apaixonar por mulheres com olhos arregalados.420 Ao pensar sobre isso
ele se lembrou de que, quando criança, amava uma jovem que tinha aquele defeito.
Depois que ele reconheceu e entendeu a conexão, sua predileção
desaparecido. Nesta carta encontramos a teoria do complexo (determinação de
um ato consciente por meio de uma memória inconsciente ou semiconsciente), e
a noção de sua terapia, trazendo-o à consciência e à interpretação.
421 A utilização terapêutica da neurose de transferência é comparável
para a evocação de uma possessão latente no exorcismo, ou para Mesmer
técnicas de desencadear crises a fim de controlá-las gradualmente. 422
O próprio conceito de transferência foi apenas a metamorfose tardia do
relacionamento, cuja longa evolução foi descrita nos capítulos anteriores, como
bem como sua utilização terapêutica por Janet.423
Certos escritores ou filósofos recorreram ao pensamento espontâneo, como
uma ajuda para o trabalho criativo. O poeta e físico romântico, Johann
Wilhelm Ritter, costumava anotar quaisquer pensamentos que lhe ocorressem,
às vezes de forma incompleta e pouco clara, mas no meio disso
emaranhe aforismos brilhantes e sugestões para experimentos científicos
poderia emergir.424 Uma técnica um tanto diferente foi a de Ludwig
Borne. Em um ensaio intitulado A arte de se tornar um escritor original em
Three Days, Borne recomendou se fechar por três dias
com um suprimento de papel, para escrever, "sem falsidade e sem hipocrisia",
sobre cada tópico que vem à mente. 425 A ideia de Borne era que os homens são
sufocado pelo fardo das idéias convencionais, e que eles não ousam
pensam por si próprios. Seu objetivo era libertar a mente de adulterados
Página 42
pensando. "Sinceridade é a fonte de qualquer tipo de gênio," Borne pro

reivindicado. 426 Em outro ensaio, Borne disse "o que é perigoso é o
palavra reprimida , o que foi desprezado se vinga, mas o que foi
falado não é em vão. " 427 O trabalho de Borne era tido em grande consideração por
membros da geração de Freud, e pelo próprio Freud.
Outras técnicas de espontaneidade utilizaram automatismo psíquico. De
início do magnetismo, sabia-se que em transe hipnótico um sujeito
poderia ser levado para desenhar, pintar, escrever e assim por diante, dos quais ele se lembraria
não há nada no estado de vigília. Mais tarde, a escrita automática (uma atividade em que
o sujeito estava ciente de que estava escrevendo, mas não do que estava escrevendo)
foi introduzido na psicopatologia por Charles Richet e usado como um
dispositivo psicoterapêutico de Janet. Olhar para o cristal também se tornou o objeto
de estudos sistemáticos: um indivíduo olhou para qualquer superfície refletora e
começaram a ver nuvens que se formaram em projeções visuais de
pensamentos assustadores. O desenho automático também se tornou moda na década de 1880, e
vimos que Janet utilizou a conversa automática com sua paciente, Madame
D., em 1892. Esta foi a abordagem mais próxima da técnica de Freud de
Associação.
Freud teve as associações livres de seus pacientes atendidas pelos analistas flutuantes
atenção, e aqui também ele teve um predecessor. Em sua autobiografia, Galton
disse que em um momento de sua vida ele estava interessado em mesmerismo e magnetismo
ized cerca de oitenta pessoas, no processo do qual ele fez um inesperado
observação:
Tive a certeza de que o sucesso foi o efeito da força de vontade da parte

do magnetizador, então no começo eu exerci toda a força de vontade que possuía, que
era fatigante; Eu então. por meio de experimento. intermitente um pouco, olhando todos os
tempo da mesma forma que antes. e me encontrei igualmente bem-sucedido. Então eu
intermitente mais e mais. e finalmente consegui deixar minha mente divagar
livremente enquanto eu mantive o mesmo comportamento de coruja. Isso funcionou muito bem. 4 2B
Todos esses dispositivos técnicos, e talvez muitos outros, podem ser reconhecidos
dentro do procedimento terapêutico de Freud. Mas isso não leva em conta o seu
características verdadeiramente únicas, isto é, ter se originado no self de Freud
análise. A análise de Freud foi uma aplicação do autotratamento que ele
imaginado por sua neurose criativa para outras pessoas. Isso não impede
o fato de que ele pode ter aplicado anteriormente alguns de seus dispositivos (para
exemplo, associação livre), e que ele simultaneamente analisou seus pacientes
e ele mesmo. A psicanálise difere essencialmente de outros psicoterapêuticos
métodos em que o paciente repete a experiência da própria criatividade de Freud
doença, embora de forma atenuada e sob orientação qualificada. Se submeter
uma psicanálise bem-sucedida, portanto, equivale a uma jornada através da
consciente, uma jornada da qual um homem necessariamente emerge com uma modificação
personalidade. Mas isso, por sua vez, leva a um dilema. Psicanalistas proclamam
Página 43
que seu método é superior a qualquer outro tipo de terapia, sendo o único
alguém capaz de reestruturar a personalidade. Por outro lado, um número crescente
de limitações, contra-indicações, perigos, foram apontados por Freud
e seus sucessores. Será que a psicanálise, como terapia, virá
para ser substituído por outras terapias menos laboriosas e mais eficazes,
Considerando que alguns homens privilegiados irão proporcionar-lhe uma experiência única capaz de
mudar sua visão do mundo, de seus semelhantes e de si mesmos?
Obra de Freud-VIII-Filosofia da Religião, Cultura e Literatura

Logo depois de conceber sua teoria psicanalítica, Freud expandiu
sua reflexão sobre os campos da religião, sociologia, história cultural, arte e
literatura. Os trabalhos que escreveu sobre esses tópicos deram origem a conflitos
opiniões. Certos críticos estavam inclinados a entendê-los como ensaios no
Maneira natural, isto é, à medida que os pensamentos são anotados para esclarecer os outros. pensando
descartando todas as idéias meramente convencionais e eliminando todas
sente sinceramente sobre um tópico. Mas houve freudianos e não
Freudianos que os consideravam uma extensão legítima da psicologia
pesquisa analítica nos domínios da filosofia, cultura, sociologia e
a teoria da arte e da literatura.
Embora Freud afirmasse desprezar a filosofia, ele definitivamente
expressa ideias filosóficas, no sentido de um materialista, ateísta
ideologia. Sua filosofia era uma forma extrema de positivismo, que considerava
religião perigosa e metafísica supérflua. Em 1907, Freud comparou
sintomas obsessivos compulsivos de neuróticos com rituais e credos religiosos,
e concluiu que a religião era uma neurose obsessiva universal, e
obsessão uma religião individualizada. 42 9 Vinte anos depois, em The Future of
uma ilusão, Freud definiu a religião como uma ilusão inspirada por crianças
crença na onipotência do pensamento, uma neurose universal, uma espécie de
narcótico que impede o livre exercício da inteligência, e algo do homem
terá que desistir. 430 psicanalistas de mentalidade religiosa objetaram que
Freud ultrapassou os limites da psicanálise e estava expressando
sua opinião filosófica pessoal; mas Freud sem dúvida acreditava que
a psicanálise poderia desmascarar a religião como faria com qualquer sintoma neurótico.
Com o Totem e o Tabu Freud se comprometeu a reconstituir a origem, não só
da religião, mas da cultura humana, e para encontrar um elo entre o indivíduo
Complexo de Édipo e a pré-história da humanidade. 431 Lendo as obras de
Tylor, Lang, Frazer e outros etnólogos, Freud notaram que no primitivo
populações,
o bem irracional
mesmo caráter como em neuróticos, havia ae mesma
no tabu primitivo aversão
nas fobias ao incesto,
neuróticas,
a mesma onipotência de pensamento em procedimentos mágicos e neuróticos
fantasias. Freud propôs uma teoria abrangente fornecendo um comum
base para explicar os sintomas neuróticos, manifestações sociais e culturais em
povos primitivos e a origem da civilização. O núcleo comum é
demonstrado na história do assassinato do pai primevo, um
Página 44
extensão da noção de complexo de Édipo. Todo menino Freud

disse, tem que superar seu desejo secreto de matar seu pai e se casar com sua mãe.
Se ele for capaz de superar com sucesso esta provação, a criança incorpora o
imagem de seu pai em si mesmo, seu superego é construído, e ele estará pronto
para uma maturidade normal e vida adulta; se ele falhar, estará fadado a ser neurótico.
Esse é o destino de todo homem, mas esse destino individual é o reflexo de um
evento decisivo que ocorreu na pré-história da humanidade. Anos atrás, homens
vivia em hordas sob o despotismo de um velho pai cruel, que mantinha todos
as mulheres para si e exilou seus filhos em crescimento. Os filhos banidos
vivia em uma comunidade unida por sentimentos e comportamentos homossexuais.
Eventualmente, os filhos mataram e comeram o pai, gratificando seu ódio, mas
este foi o início do totemismo. Eles reverenciavam aquele animal como um
ancestral benevolente (como o pai deveria ter sido), mas em
intervalos eles matavam e devoravam. Depois de matar o pai, eles não
ouse levar suas mulheres, como um efeito da obediência retardada; além disso, o
nova organização teria sido ameaçada se os machos tivessem brigado
sobre as mulheres. Essa foi a origem dos dois primeiros comandos da humanidade,
a proibição do patricídio e a proibição do incesto, o início da vida humana
cultura, moral e religião. e ao mesmo tempo o protótipo do
Complexo de Édipo.
A ideia da humanidade primitiva vivendo em hordas sob a liderança de um
homem tirânico era uma suposição hipotética de Darwin. JJ Atkinson
descrição ampliada de Darwin: como resultado do pai exilar seu rival
filhos, havia dois grupos vivendo nas proximidades; um era o "ciclópico
família "compreendendo o chefe masculino. fêmeas capturadas, sua própria fêmea adulta
descendência, e um bando de crianças de ambos os sexos, o outro um bando de exilados
filhos "vivendo muito provavelmente em um estado de poliandria" e em "paz
União. " 432 Quando uma tropa de machos se sentia mais forte do que o pai,
o atacou e matou, e o jovem mais forte o sucedeu.
Esta luta pode ter se perpetuado, mas Atkinson supôs que em
algum tempo, uma esposa conseguiu persuadir o patriarca a manter um de seus
filhos, para que ele pudesse sucedê-lo, com a condição de não tocar no
esposas de homens mais velhos. e este foi o início da proibição do incesto.
Freud também foi inspirado pela teoria da origem de William Robertson Smith
dos cultos semitas: na época em que os homens viviam em pequenos clãs sob o
crença e regra do totemismo, eles costumavam sacrificar um animal totêmico em
intervalos regulares e coma-o em um banquete cerimonial. 4 33
É provável que Metamorfoses e Símbolos da Libido de CG Jung
focava o interesse de Freud na história cultural, mas também havia um grande interesse
no tema do totemismo entre seus etnólogos contemporâneos. Numerosas
teorias, muitas delas esquecidas hoje, surgiram por toda parte. 434
Durkheim afirmou que o totemismo foi a raiz comum de todos os
religiões da humanidade. Frazer enunciou três teorias sucessivas, a terceira
sendo exposta em seu livro, Totem e Exogamia, que foi um dos
Página 45
Principais fontes de Freud. Em 1912, Wundt tentou uma reconstrução do

estágios sucessivos percorridos pela humanidade, sendo um deles o totemismo.
Na verdade, não é impossível que a inspiração para Totem e Tabu
veio menos de uma pré-história insondável do que de eventos contemporâneos.
Naqueles anos, a Turquia, um império anacrônico e vizinho da Áustria,
era governado pelo "Sultão Vermelho", Abdul Hamid II. Este déspota tinha o
poder de vida e morte sobre seus súditos, manteve centenas de esposas em um
harém guardado por eunucos, e de vez em quando massacrando populações inteiras
ções de seu império. Em 1908 "os filhos se uniram contra os cruéis
velho ", os Jovens Turcos se rebelaram e derrubaram o Sultão, para
para começar uma comunidade nacional onde a civilização e as artes pudessem florescer.
Esses eventos foram observados com o maior interesse na Áustria, mais do que
em qualquer outro lugar. O que quer que os etnólogos possam pensar sobre o assassinato do
pai primordial, a história mantém seu valor como um mito filosófico,
sponding ao mito de Hobbes da origem da sociedade. 435 A condição original
da humanidade, de acordo com Hobbes, era "a guerra de todos contra
todos "; então, vários homens se uniram e delegaram seus direitos a um
soberano, e este poder deveria ser usado por ele para o bem comum e
como ele pensou conveniente. Essa foi a origem da monarquia absoluta, que
por muitos séculos foi a forma mais comum de governo, para melhor
ou para pior. Como Hobbes deu um mito filosófico da origem do absoluto
monarquia, Freud deu um de sua dissolução.
Em Psicologia de Grupo e o Ego, em 1921, Freud propôs a
rudimentos de uma sociologia que rejeitava o conceito de um social autônomo
instinto, e foi baseado na teoria da libido. 436 Freud discutiu o
teorias de Le Bon, MacDougall e Trotter. A teoria de multidões de Le Bon,
disse ele, não explicou o segredo do poder do líder, que reside em
"Eros, que une tudo no mundo." A libido liga o
indivíduo ao líder e o induz a desistir de sua individualidade. Além de
as multidões transitórias e desorganizadas, também existem "duráveis e artificiais
multidões ", como a Igreja e o Exército, em que o vínculo do indivíduo
para o líder é um amor, fortalecido pela ilusão de que o líder
ama-o. Os indivíduos se identificam com o líder e estão ligados
juntos por meio de sua identificação comum. Todas essas manifestações de
libido, além disso, cobre algo mais fundamental: o agressivo
unidades. Quando um grupo desmorona, a agressividade é liberada na forma de
explosões de violência, ou a perda de segurança produz ansiedade que leva
a forma de pânico. O que realmente une os indivíduos são os
sentimentos elementares de inveja e agressividade. Quando um cantor popular
atrai um enxame de mulheres jovens, a admiração comum por ele é o
única coisa que os impede de puxar os cabelos um do outro. "Sentimento social
assim, reside na transformação de um sentimento anteriormente hostil em um sentimento positivo
apego na natureza da identificação ... todos os indivíduos gostariam
ser igual, mas também ser governado por uma pessoa "- uma suposição não muito
Página 46
alonge da teoriaentre
semelhança de Hobbes sobre de
esses grupos a origem
iguais da
comsociedade.
seu líder, Freud
e o concluiu apontando
horda primitiva.
A Psicologia de Grupo e o Ego obviamente foi inspirada pelo colapso
do Império Habsburgo no final de 1918, com o pânico e a angústia
que se seguiu. Mas também se inseriu no contexto de uma anterior
tendência da "psicologia de massa", cuja origem e história geralmente não são
conhecido. Conforme mostrado por Dupree !, houve na Europa Ocidental após
a insurreição da Comuna em Paris em 1871, uma "onda de anti
pessimismo democrático ", que foi mantido vivo pela agitação socialista, o
greves e os tumultos sangrentos tão frequentes naquela época. 437 o filósofo
Taine direcionou sua atividade para escrever uma história da Revolução Francesa,
em que atenção especial foi dedicada aos motins e assassinatos coletivos,
com uma análise de suas causas sociais e psicológicas. As descobertas de Taine
foram desenvolvidos e sistematizados por Tarde na França e Sighele na Itália.
Tarde postulou um processo interpsicológico básico, que ele chamou
imitação. 438 A imitação pode ser consciente ou inconsciente, aplica-se a
tanto indivíduos como grupos. Segundo Tarde, o pai é o primeiro
senhor, sacerdote e modelo para seu filho; a imitação do filho do pai é o
fenômeno primordial que está na raiz da sociedade. Esta imitação não
habitam na força ou astúcia, mas no prestígio, um fenômeno que Tarde,
no início, em comparação com o hipnotismo. Mais tarde, ele explicou que prestígio deriva
nem da inteligência nem da força de vontade, mas de "um incompreensível
ação física "que" poderia estar relacionada por meio de algum link invisível
à sexualidade. " 439 Tarde enfatizou o papel do inconsciente na massa
psicologia. Ele descreveu multidões unidas pelo amor e outras pelo ódio. Como
para Sighele, ele enfatizou que nenhum fenômeno de massa poderia ser compreendido
sem uma análise de seu contexto histórico e social e também do
composição específica das multidões dadas. 440
Esses ensinamentos de Tarde, Taine e Sighele foram adotados,
simplificado e popularizado por Le Bon em seu Psychology of Crowds. 441
Qualquer homem em uma multidão, disse Le Bon, perde sua individualidade e adquire
uma parcela da "alma da multidão"; a "alma da multidão" é intelectualmente inferior e
mostra uma espécie de malignidade intrínseca. Isso só pode ser explicado por meio de um
tipo de regressão hipnótica a um estágio mental pré-histórico da humanidade. Le Bon
aplicou esses conceitos da alma da multidão à psicologia de grupos sociais
e as vicissitudes da história. Este livro teve um enorme sucesso. Le
A teoria de Bon foi considerada uma verdade científica indiscutível por muitos. 1
pode se surpreender que Freud tenha tomado isso como ponto de partida para sua própria teoria. Como
mostrado por Reiwald, as teorias de Freud, enquanto contradizem Le Bon, mostram
semelhanças notáveis com as de Tarde. 442 O que Tarde chamou
imitação, Freud chamou de identificação, e em muitos aspectos as idéias de Freud
pareciam ser as de Tarde transpostas para os conceitos psicanalíticos.
Em 1930, em Civilization and Its Discontents, Freud apresentou
Página 47
visões sobre as origens da civilização. 443 Vários homens descobriram que se

eles colocaram limites na gratificação de seus impulsos instintivos, eles foram
capaz de construir uma comunidade forte e unida. Esta situação, no entanto, inevitavelmente
levou a um conflito insolúvel entre os anseios do indivíduo e o
demandas da sociedade. Este último aumentou no curso da civilização
progresso, aprofundando o conflito, e Freud se perguntou se as demandas de
a sociedade civilizada contemporânea não excedeu o poder do homem individual
de reprimir seus instintos, criando assim uma neurose de civilização. o
problema discutido neste ensaio às vezes lembra Hobbes, mas pode ser
distintamentedetraçada
Suplemento Diderotà para
Genealogia da de
a Viagem Moral de Nietzsche
Bougainville. 444
, e através dele a
No mesmo ensaio, Freud propôs uma nova hipótese sobre a domesticação de
fogo. Sempre que o homem primitivo pegava fogo, ele o extinguia por
micção. Devido à forma fálica das chamas, ele experimentou uma
sentimento erótico de uma competição homossexual. O primeiro homem a renunciar a isso
o prazer erótico foi capaz de colocar o fogo em uso prático. “Esta grande cultura
a conquista era, portanto, a recompensa pela renúncia instintiva. "A mulher
foi constituída guardiã da lareira por ser anatomicamente incapaz
de apagar o fogo como um homem faz. Em outro lugar Freud sugeriu que
a mulher foi a inventora das roupas porque queria esconder sua vergonhosa
falta de um pênis; os pelos pubianos inspiraram a invenção da tecelagem. 44S
Considerando que ele achou a religião nociva e a filosofia inútil, Freud considerou
arte benéfica para o homem. Mas qual é a essência da arte? Freud o definiu como
"uma combinação do princípio do prazer e do princípio da realidade"
(por mais que Nietzsche tenha considerado uma fusão do dionisíaco e do
Princípios apolíneos). 446 Como uma criança, o indivíduo vive inteiramente de acordo com
ao princípio do prazer, mas este retrocede gradualmente em favor
do princípio da realidade, que dominará ao longo de sua vida adulta.
O artista mantém o princípio do prazer mais do que os outros, mas
compromete o princípio da realidade, criando obras de arte que irão
gratifique o princípio do prazer em outros homens. Em um outro artigo, referindo-se
mais para o poeta do que para o artista, Freud enfatizou o papel da fantasia:
predominante na criança. ele recua gradualmente, mas o escritor criativo é
capaz de retê-lo e convertê-lo em obra literária por meio de certos dispositivos,
principalmente fornecendo o prazer preliminar nos elementos da forma. 447
Outra das contribuições de Freud para a estética é sua análise do estranho,
o sentimento particular de terror crescente que permeia as obras de um
escritor como ETA Hotfmann. 448 E às vezes aparece no inexplicável
recorrência de eventos, que, por si só, podem ser inofensivos; as vezes
na crença de um duplo ou no pavor de fantasmas ou outros seres malévolos.
Um sentimento de estranho, Freud acreditava, surge em situações onde profundamente
material reprimido ou atitudes animistas da infância são estimuladas.
A única crítica de arte deixada por Freud foi seu artigo sobre o Moisés
de Michelangelo, que a princípio apareceu anonimamente. 449 Binswanger anotado
Página 48
que o método utilizado por Freud neste estudo pertence à psicologia

de expressão, que também é uma das primeiras etapas da psicanálise
metodologia. 4 ASSIM Quanto à crítica literária, Freud dedicou 81 páginas
monografia de um pequeno romance, Gradiva, de Wilhelm Jensen. 4 51 Freud mostrou
que uma interpretação psicanalítica poderia ser dada aos delírios e
sonhos do herói daquela história, mas ele não seguiu suas interpretações
na personalidade do autor.
Sob o nome de "patografias", Moebius publicou uma série de
monografias que pretendem elucidar o pensamento de um escritor por meio de uma avaliação
de sua hereditariedade, constituição e história de vida. Não demorou muito
Os discípulos de Freud escreveram monografias semelhantes com base na psicanálise
conceitos. O próprio Freud deu o modelo clássico desses estudos com seu
ensaio, Uma memória da infância de Leonardo da Vinci.
Leonardo da Vinci é geralmente considerado um gênio universal que foi mis-

compreendido por seus contemporâneos. Em sua personalidade, Freud enfatizou três
características. Primeiro, que sua sede de conhecimento o levou a negligenciar seu notável
dons, e voltar seu interesse cada vez mais para a investigação científica; segundo,
sendo um trabalhador lento, ele deixou numerosos esboços. mas a maioria de suas obras
permaneceu inacabado; terceiro. seu "repúdio legal da sexualidade" que causou um
presunção de sua homossexualidade. Freud traçou a raiz comum desses três
características da sexualidade infantil de Leonardo. Filho ilegítimo, passou o primeiro
três ou quatro anos de sua vida, com sua mãe abandonada até seu pai. até então
casado. o adotou. Uma mãe. em tais circunstâncias, é propenso a transformá-la
libido em seu bebê. determinando assim um apego incestuoso nele, no qual
a psicanálise vê uma possível raiz para a homossexualidade posterior. Na verdade, sem objetivo
registros da primeira infância de Leonardo ainda existem. mas o artista gravou um
memória da primeira infância: onde quando criança ele estava deitado em seu berço, um pássaro
(chamado nibbio em italiano) voou para ele. abriu a boca e inseriu sua cauda.
Essa fantasia pode ter o significado de um tipo passivo de perversão sexual, ou
ser uma reminiscência de sugar o seio de sua mãe. O texto alemão utilizado
por Freud traduzido nibbio como "abutre". e Freud comentou que no antigo
Egito. um abutre \\ 'como o hieróglifo da mãe. que a deusa com cabeça de abutre
Mut (uma reminiscência da mãe alemã Mutter ) tinha uma estrutura andrógina
e um órgão masculino; isso além disso. na idade Média. a espécie de abutre era
considerado inteiramente feminino. ser impregnado pelo vento. Tudo isso disse
Freud. é uma reminiscência de teorias sexuais infantis. Sexual infantil de Leonardo
a curiosidade foi extraordinariamente estimulada por causa de sua situação familiar, e tornou-se
a raiz do seu mais tarde. curiosidade insaciável. Sua fixação inconsciente à imagem
de sua mãe pode ser discernido, de acordo com Freud, em suas obras-primas de arte.
Freud presumiu que o incidente com o abutre era uma memória simbólica do passado
beijos apaixonados que recebeu de sua mãe; que o sorriso da Mona Lisa
evocou uma reminiscência de sorriso enigmático de sua mãe em Da Vinci, de modo que ele
apareceu na Gioconda e em várias outras pinturas. Na pintura do
Madonna e criança com Santa Ana, Anne parece tão jovem quanto Maria, e ambas são
sorridente. Freud viu uma síntese aqui. da infância de Leonardo, dividida entre
sua verdadeira mãe e sua madrasta. Finalmente, a rebelião do artista contra seu
Página 49
pai foi outro determinante na pesquisa científica de Leonardo e não

Crença cristã. 452
O ensaio de Freud sobre Leonardo da Vinci deu origem a opções conflitantes.

O Rev. Oskar Pfister acreditava que se poderia detectar um abutre como um enigma de imagem
na Madona e o Menino de Leonardo com Santa Ana. Meyer Schapiro compilado
críticas feitas por historiadores da arte. 453 A palavra nibbio, erroneamente traduzida
denominado "abutre", na verdade significava uma pipa. A fantasia da pipa inserindo
sua cauda na boca do bebê era (como mostrado por paralelos no folclore) um
presságio de inspiração. Artistas anteriores pintaram Santa Ana e Maria
juntos, parecendo ter a mesma idade; o motivo do rosto sorridente pertencia a
a Escola de Verrocchio, mestre de Leonardo. Não há evidências de que
Leonardo passou seus primeiros anos sozinho com sua mãe; existem razões, em
na verdade, supor que foi levado pelo pai ao nascer. Alguns desses
argumentos foram questionados por KR Eissler. 454 ensaio de Freud sobre
Leonardo da Vinci é geralmente admirado por seu belo estilo e
seu charme indefinível; foi comparado ao sorriso enigmático do
Gioconda. Possivelmente algumas das interpretações de Freud de Leonardo aplicadas a
o que sua auto-análise havia revelado a ele sobre sua própria infância.
Pode-se classificar entre as patografias o estudo de Freud devotado
ao caso de um magistrado alemão, Daniel Paul Schreber. 455 Um homem de
excepcionalmente alta inteligência e habilidade, Schreber passou dez anos em mental
instituições devido a uma doença mental grave. Após sua alta, ele
publicou em 1903 uma longa narrativa de seus delírios, com o texto do
relatórios jurídicos escritos sobre ele pelos especialistas. Apesar de ser ótimo
interesse fenomenológico, este livro foi uma base um tanto estreita para um
patografia; faltavam dados sobre a família de Schreber, sua infância e sua
história
sua de vida
evolução antes de seu
cronológica, compromisso.
mas A própria
apenas na forma doença não
que alcançou apósfoimuito
exposta em
tempo
anos de evolução. 456 Além disso. os editores cortaram de Schreber's
Memórias das partes que teriam sido as mais importantes do
ponto de vista psicanalítico. Restou, no entanto, um inextricável
quantidade de idéias delirantes de todos os tipos. Schreber contou como ele conversou
com o sol, as árvores, os pássaros (que eram fragmentos de mortos
almas das pessoas), como Deus falou com ele em uma digna língua alemã,
como quase todos os órgãos de seu corpo foram alterados, como o fim de
o mundo estava chegando, como Deus o elegeu para salvar a humanidade, e assim
em. Entre todos esses delírios, Freud destacou dois em particular que
ele considerou fundamental: primeiro, Schreber argumentou que estava no
processo de ser mudado de homem para mulher, em segundo lugar, ele reclamou de
tendo sofrido agressões homossexuais por parte de seu primeiro médico,
o neurologista Flechsig. Freud presumiu que a homossexualidade reprimida era
a causa da doença paranóica de Schreber. Objeto de amor homossexual de Schreber
fora seu pai, depois Flechsig, depois Deus ou o sol. Freud explicou
Página 50
que na homossexualidade reprimida a frase "eu o amo" poderia ser negada

de maneiras diferentes, cada uma dando origem a uma variedade de delírios (perseguição
ção, erotomania, delírios de ciúme, de grandeza). Fundamental em
delírios de perseguição era o mecanismo de projeção. O negado
a frase "Eu o amo" foi substituída por "Eu não o amo", "Eu odeio
ele "..." porque ele me odeia e me persegue. "
A teoria de Freud sobre a origem homossexual da paranóia foi adotada por
muitos psicanalistas, enquanto outros achavam que era válido apenas para um certo
forma desta doença. Alguns críticos apontaram que o desvio de Schreber foi
transexualidade, ao invés de homossexualidade, e que sua doença mental era
esquizofrenia e não paranóia. Eles acrescentaram que mesmo que fosse provado
que houvesse homossexualidade reprimida, isso não explicaria o
causa da doença, mas apenas seu quadro sintomático. Macalpine e
Hunter propôs outra interpretação psicanalítica do Schreber
caso: uma regressão profunda a um estágio inicial de libido indiferenciada
provocar a reativação de fantasias de procriação infantil. 457
Freud também analisou o caso de Christoph Haizmann, pintor da
século XVII, que supostamente assinou dois pactos com o Diabo, um
assinado com tinta, e um com seu próprio sangue, mas conseguiu redimir
ele mesmo e receber de volta os dois pactos do diabo. 458 Com base em
documentos disponíveis (incluindo pinturas dele e fragmentos de sua
diário), Freud concluiu que Haizmann, como Schreber, era vítima de um
poderoso complexo de pai. O diabo foi uma projeção de sua hostilidade
contra seu pai, e aqui também havia um conflito sobre a homossexualidade
e ansiedade de castração. Macalpine e Hunter reinterpretaram o Haizmann
história como haviam feito para o caso Schreber, à luz das noções
de confusão sexual e fantasias de procriação. 45 9 Vandendriessche encontrou um novo
documentos sobre Haizmann, mas eles não mudaram substancialmente nosso
conhecimento do caso. 4 6 ° Nenhum crítico, ainda, parece ter se perguntado
se uma parte das ilusões de Schreber e Haizmann não poderia ser
atribuída ao exagero ou mitomania.
Uma avaliação psicanalítica de Dostoievski foi feita por Freud como um
prefácio à publicação de rascunhos até então desconhecidos de Os Irmãos
Karamazov. 461 Freud disse que Dostoievski foi capaz de tornar um inesquecível
narrativa de mesa de um patricida porque ele próprio sofreu de uma devastadora
complexo paterno. Durante esses acessos paroxísticos em que parecia que ele
estavam mortos, Dostoievski se identificou com seu pai como ele desejava
ele fosse (isto é, morto), e ao mesmo tempo era uma punição por
esse desejo. A paixão de Dostoievski pelo jogo originou-se em sua autodestruição
tendências ativas, ligadas ao complexo paterno. "O próprio destino é finalmente
nada além de uma projeção tardia do pai ", concluiu Freud.
Moisés e o monoteísmo, que apareceu em série na Imago em 1937 e
1938, não é uma patografia, nem um livro acadêmico, nem um romance. 462
Página 51
Embora admitisse que muito disso era hipotético, Freud acreditava que era plausível
o suficiente para justificar sua publicação. Em suma:
Freud começou com a alegação de que Moisés não era hebreu, mas um
Egípcio de alta posição e status. O rei egípcio Akhenaton proclamou
uma religião monoteísta, mas após sua morte uma contra-revolução fomentada por
os padres restabeleceram os cultos pagãos. Tendo se recusado a deixar de lado o monoteísmo,
Moisés foi rejeitado pelos egípcios e escolheu os hebreus como seu povo. Com
com a ajuda de seus seguidores, os levitas, Moisés transmitiu o monoteísmo aos judeus
e Jed-los fora do Egito, para a Península do Sinai, onde se uniram com o
Midianitas, uma tribo que adorava um deus mesquinho local chamado Jahweh. UMA
rebelião surgiu contra Moisés e ele foi morto por seu povo. Cerca de sessenta
anos depois, no entanto, as duas populações foram reunidas por um novo chefe, também
chamado Moisés (os dois sendo posteriormente confundidos e considerados como um), que
formou um compromisso de monoteísmo e adoração a Jahweh. Esta estrutura dupla
da nação hebraica e da religião continham os germes das seções políticas posteriores
sões e vicissitudes políticas. A memória do primeiro Moisés foi revivida em
os ensinamentos dos profetas subsequentes, e o desejo pelo retorno do
O assassinato de Moisés resultou na crença do retorno do Messias. o
A história de Jesus Cristo foi uma reconstituição da história do primeiro Moisés.
Moisés e o monoteísmo confundiram muitos dos discípulos de Freud e

provocou protestos indignados de círculos judeus. Historiadores da religião
apontou seus erros e impossibilidades. Também foi lembrado que inúmeras
lendas capazes cresceram em torno de Moisés, de séculos antes. Cristo até aquele
Tempo. A ideia de que Moisés era um egípcio havia sido avançada por muitos
vezes, de Eduard Meyer, entre outros, cujas obras eram bem conhecidas por
Freud.463 Muito do que Freud avançou também pode ser atribuído a Schiller 464
e a Karl Abraham. 46 ~ De acordo com David Bakan, o objetivo de Freud era
afastar o anti-semitismo, separando as características mosaicas (o fardo
do superego histórico) a partir da imagem do judeu, e este apenas um judeu
foi capaz de fazer.466 Assim, Freud iria desempenhar o papel de "um novo Moisés que
vem com uma nova lei dedicada à liberdade psicológica pessoal. "
Outra interpretação, tão plausível quanto qualquer outro, iria ser que Freud identificou
com o primeiro Moisés e seus próprios seguidores fiéis com os levitas,
que ele viu sua partida de Viena como a fuga de Moisés do Egito,
e a psicanálise contemporânea como uma mistura de sua própria doutrina com
ensinamentos pseudoanalíticos "impuros". (Na verdade ele estava preocupado com o tum
levado pelo movimento e temia suas distorções no anglo-saxão
mundo). Ele previu conflito interno prolongado entre os dois elementos em
psicanálise, mas também viriam profetas para restaurá-la ao seu
pureza original.
Apesar de sua rejeição à filosofia e sua falta de interesse pela política,
Freud não pôde deixar de expressar opiniões sobre muitos problemas de ordem geral
Página 52
interesse. Uma breve menção deve ser feita, pelo menos, de sua opinião sobre a guerra
e paz, e sobre fenômenos parapsicológicos.
Em uma carta a Einstein, em setembro de 1932, Freud expressou o sentimento
que o maior obstáculo para a criação de uma organização central para
a paz segura reside na existência de instintos agressivos e destrutivos em
homem. 467 O instinto de morte pode ser voltado para dentro ou para fora. Não infre-
frequentemente é voltado para fora para preservar o indivíduo. Confrontando estes
os instintos são as várias formas de libido que podem ser usadas para neutralizar
instintos destrutivos até certo ponto; no entanto, Eros e o instinto de morte
estão sempre ligados entre si. Outra seria a formação de um
classe superior de intelectuais independentes e destemidos, capazes de orientar o
massas no caminho da razão.
Por muito tempo, Freud permaneceu cético em relação à parapsicologia
fenômenos, mas em 1911 ele se tornou membro da Society for Psychical
Pesquisa. 468 Em setembro de 1913, ele disse a Lou Andreas-Salome 469 de
casos estranhos de transmissão de pensamento que chegaram ao seu conhecimento, mas
ele não os publicou, junto com outros casos semelhantes, até muito mais tarde. 470
Freud afirmou que a situação de transferência psicanalítica abriu um
nova abordagem para a exploração de fenômenos telepáticos e afins.
Sua atitude em relação à parapsicologia permaneceu cautelosa, como mostrado
pela entrevista que concedeu a Tabori em 1935. 471 Freud comparou discus-
sões sobre os chamados fenômenos ocultos com um argumento sobre o
posição do interior da terra. Não sabemos nada com certeza, mas inferimos
que é composto de metais pesados em temperatura muito alta. Uma teoria
que é composto de água saturada com ácido carbônico não aparece
lógico, mas merece alguma discussão. No entanto, se alguém vier
com uma teoria de que o interior da terra é feito de geleia, este
não seria digno de qualquer atenção científica.
Uma nota anotada por Freud em 1938, talvez seu último pensamento, tem o
simplicidade enigmática de um oráculo délfico: "Mysticism-the obscure self-
percepção do reino fora do Ego, o Id. " 472
Fontes de Freud
As fontes da psicanálise de Freud são múltiplas e ainda incom-
completamente conhecido. Um homem de grande cultura científica e literária que se manteve
na encruzilhada das principais correntes culturais de sua época, uma onívora
leitor, capaz de captar rapidamente o interesse de novas ideias para adotá-las
e dar-lhes uma forma original, Freud foi o autor de uma poderosa síntese em
que é uma tarefa quase impossível de discernir o que veio de fora
e qual foi a sua contribuição pessoal. Na verdade, muitas das teorias de Freud
eram conhecidos antes dele ou pertenciam a tendências contemporâneas. Freud desenhou
de seus mestres, seus colegas, seus rivais, seus associados, seus pacientes e
seus discípulos. "Um bom escritor", disse Nietzsche, "não tem apenas sua própria mente,
mas também as mentes de seus amigos. " 473 Grande parte do presente livro
foi dedicado a autores e sistemas de pensamento, que, de acordo com o
Página 53
ponto de vista, poderiam ser chamados de fontes ou precursores de Freud. No seguimento
tentaremos dar uma lista sucinta dessas fontes, na medida em que são
conhecido hoje.
A primeira e principal fonte de qualquer pensador criativo está em sua própria
ity. Freud possuía aquele tipo de ascetismo que torna o científico
pesquisador, e um domínio superior de sua língua nativa, que (juntos
com o grande interesse pela vida secreta das pessoas e pela psicologia
intuição) produz um grande escritor. Ele também era o bom sonhador que sabia
ilustrar A Interpretação dos Sonhos com suas produções oníricas. Acima
tudo é (como acreditamos) de sua doença criativa que os princípios principais de
a psicanálise se originou: as noções de sexualidade infantil, da libido com seus
estágios sucessivos, fixações e transformação em ansiedade, do Édipo
situação, o romance familiar, a teoria dos sonhos, parapraxias e tela
memórias, o conceito de sintomas como realização vicária de desejos, o
noção de que as fantasias desempenham um papel importante nas neuroses e na criação poética,
e que essas primeiras fantasias, bem como as primeiras experiências sexuais genuínas,
desempenham um papel importante no destino do indivíduo. 4 74
Os mestres imediatos de Freud, Briicke, Meynert e Exner, foram os
promotores de uma abordagem positivista e estritamente científica para o estudo da neurologia
fisiologia e neuropsiquiatria. No entanto, como vimos, esses homens
entregou-se à tendência contemporânea da mitologia cerebral. Eles produziram
vastas construções especulativas, que, aparentemente desconhecidas para eles, eram
nada, mas o ressurgimento tardio da filosofia da natureza. Aqui estava o
fonte do "Modelo da Mente" de Freud de 1895, cuja influência pode ser
seguido em suas posteriores construções metapsicológicas. Maria Dorer tem
enfatizou a influência de Meynert nas teorias de Freud. 475 Meynert's
pressuposto básico era que as partes filogeneticamente mais antigas do cérebro
eram o centro dos movimentos involuntários e eram controlados pelo
córtex, que apareceu em um estágio mais recente de evolução, e foi o
local da função de construção do ego. Meynert distinguiu um ego primário que emite
do funcionamento imediato dos centros corticais, e um secundário
ego resultante da atividade dos feixes de associação. Meynert pensou
que quando a atividade dos centros mais recentes foi perturbada, o
a atividade dos filogeneticamente mais velhos ganhou mais importância. Dentro
assim explicou a origem das idéias de grandeza e perseguição.
Ele considerou esses delírios como uma manifestação psicológica de duas
instintos, ataque e defesa que a doença trouxe à tona.
O conceito de regressão de Freud foi construído em um padrão semelhante. Nós vimos
que Meynert e Freud discordavam sobre a hipnose; Meynert foi um dos
aqueles que questionaram fortemente sua eficácia e se opuseram ao seu uso no
fundamentos de sua natureza erótica; Freud não aceitou esses argumentos, mas ele
mais tarde afirmou suas próprias idéias semelhantes. Freud também adotou ideias anteriormente
ensinado por Meynert, sobre a psicogênese da perversão sexual, e
particularmente da homossexualidade. 4 76
Página 54
Entre os mestres imediatos de Freud também estavam Moritz Benedikt e

Josef Breuer. A influência de Breuer foi de tal natureza que ele foi
às vezes considerado o cofundador da psicanálise. Nós vimos como
o caso mal compreendido e a cura fracassada de Anna 0. inspirou Freud a
busca de uma teoria e tratamento das neuroses. Ele parece que Breuer
também inspirou Freud com um pouco de sua mitologia cerebral. O papel de Benedikt em
a origem da psicanálise tem sido geralmente esquecida, embora um
nota
atraiudea rodapé
atenção.na477Comunicação
Vimos como Preliminar
Benedikt 478de Breueraeimportância
ensinou Freud deveria ter
da vida secreta, devaneios, fantasias, desejos e ambições reprimidos,
a importância do elemento sexual na histeria e outras neuroses, e
como ele conseguiu curas psicoterapêuticas brilhantes ao aliviar os pacientes
de seus segredos patogênicos. 479
Maria Dorer mostrou que uma das principais fontes da psicanálise
era a psicologia de Herbart, que era predominante na Áustria no
época da juventude de Freud. 480 Herbart ensinou o conceito dinâmico de um
limiar flutuante entre o consciente e o inconsciente, de conflitos
entre representações que lutam entre si para obter acesso ao
conscientes e reprimidos por outros mais fortes, mas se esforçam para voltar, ou então
produzem um efeito indireto na consciência, e a noção de cadeias de
associações que se cruzam em pontos nodais. mas também de "livre emergente
associações, "a ideia de que os processos mentais como um todo são governados por um
lutando pelo equilíbrio. Tudo isso pode ser encontrado na psicanálise, embora
às vezes em forma modificada. Se Freud leu Herbart não se sabe,
mas é certo que ele foi apresentado à psicologia de Herbart enquanto
o Sperlaum. através do livro de Lindner. 481 A psicologia de Griesinger
e Meynert também era herbartiano em grande medida. Freud também se refere a
A ideia de Griesinger de que em certas psicoses alucinatórias o paciente nega
o evento que provocou a doença mental. 482
Um problema mais obscuro é o da possível influência do Romântico
psiquiatria sobre Freud. 483 Nós vimos aquele Rei! ensinou que muitos
as doenças tinham uma causa psicogênica e podiam ser curadas pela psicoterapia.
Ideler considerou as paixões como a principal causa das psicoses (especialmente
amor sexual frustrado). Ele contou sobre a fuga para a doença, argumentou que o
origem dos delírios pode ser rastreada até a infância, e acreditava em
a psicoterapia das psicoses. Heinroth enfatizou o efeito nocivo
de sentimentos de culpa e utilizou uma psicoterapia diferenciada. Neumann
apontou a relação entre ansiedade e impulsos frustrados; ele
explicou o significado sexual oculto dos vários tipos de delírios e
comportamento psicótico. É questionável até que ponto esses autores tiveram
esquecido na Europa central no final do século XIX.
Provavelmente, durante aquele século, sempre fluiu uma corrente subterrânea de
A psiquiatria romântica, que seria revivida na década de 1890. Muito do que,
em retrospecto, parece-nos novidades surpreendentes nas teorias da psicose de
Página 55
homens como Bleuler, Freud e Jung apareceram para seus contemporâneos

como um retorno às concepções psiquiátricas antiquadas.
A origem da psicanálise não pode ser entendida sem levar em consideração
conta várias tendências científicas das últimas décadas do século XIX.
Três deles foram descritos em capítulos anteriores. Um era o novo
ciência da patologia sexual que recebeu seu ímpeto decisivo por Krafft-
Ebing. 484 O segundo foi o estudo psicológico dos sonhos, 485 e o
terceiro, a exploração do inconsciente. 486
Outra fonte importante do pensamento freudiano, a "tendência de desmascaramento",
merece ser mencionado aqui com mais detalhes, porque tem sido gener-
almente esquecido. É a busca sistemática de engano e autoengano
e a descoberta da verdade subjacente (atualmente conhecida na França como
desmistificação). Esta tendência parece ter começado com os franceses
moralistas do século XVII. La Rochefoucauld em suas Máximas, un-
mascarou atitudes virtuosas e atua como manifestações disfarçadas de amor
propre (na linguagem atual, narcisismo). Schopenhauer descreveu o amor como
uma mistificação
ing que do indivíduo
as qualidades atribuídasatravés do Gênio
ao amado das Espécies,
são ilusões, querde
decorrentes dizer,
a vontade inconsciente da espécie. Karl Marx afirmou que as opiniões de um

indivíduo, desconhecido para ele, é condicionado pela classe social, que é
determinado por fatores econômicos. Guerra e religião são "mistificações", em
que as classes dominantes enganam as classes mais baixas e a si mesmas. Nietzsche,
que era um admirador dos moralistas franceses e de Schopenhauer,
foi outro expoente da tendência de desmascaramento. Ele perseguiu incansavelmente o
manifestações da vontade de poder sob seus muitos disfarces, e aqueles de
ressentimento sob o pretexto de idealismo e amor à humanidade. Ele
enfatizou a necessidade do homem por "ficções". Na literatura contemporânea, "desmascarar
ing "tornou-se um tema exagerado. Nas peças de Ibsen, por exemplo, algumas das
personagens vivem em total inconsciência da realidade feia por trás do
fachadas de suas vidas, até que seja lenta ou brutalmente revelada. A destruição
de suas ilusões, em seguida, traz uma catástrofe como em Rosmersholm, e A
Wild Duel <. Em Ghosts ( 1881), Ibsen dramatizou a ideia de que muitos de nossos
as ações livres e voluntárias são apenas a reconstituição das ações realizadas
por nossos pais - "vivemos em um mundo de fantasmas. '' O conceito de fantasmas de Ibsen era
citado várias vezes por Freud em The Interpretation of Dreams e pode
ser reconhecido em seu conceito de transferência. O ensaísta Max Nordau
escreveu livros denunciando as " convenções da civilização". O ecc, nomist
Vilfredo Pareto enfatizou a importância da auto-ilusão em ...: ial e
fenômenos econômicos. 487 Hanns Gross, o fundador da psicologia judicial,
conduziu inquéritos em parapraxias e nas manifestações de disfarces
ou sentimentos sexuais reprimidos. 4 88
Outra fonte importante da psicanálise foi a dinâmica anterior
psiquiatria, da qual extraiu muito mais do que geralmente se acredita. ele vai
basta referir-se às suas cinco características características. 489 Em primeiro lugar, a hipnose, o principal
Página 56
abordagem, foi praticada por algum tempo por Freud, e psicanalítica

técnica surgiu através da modificação gradual da hipnose. 49 °
Em segundo lugar, a primeira psiquiatria dinâmica dedicou particular interesse a certos
quadros clínicos, particularmente de histeria, e era em pacientes histéricos
que Freud fez suas investigações mais decisivas. Terceiro, a primeira dinâmica
a psiquiatria concebeu dois modelos da mente humana; um baseado no
coexistência de psiques consciente e inconsciente, e a outra na
forma de um agrupamento de subpersonalidades. Freud começou com um modelo de
primeiro tipo e, em seguida, adotou o modelo de tipo de cluster do ego, id e
superego. Quarto, a primeira psiquiatria dinâmica baseou suas teorias do
patogênese da doença nervosa nos conceitos de um fluido indeterminado,
de energia mental, e da atividade autônoma de fragmentos de divisão de
personalidade. Há uma ligação reconhecível entre esses conceitos e aqueles
de libido e complexos inconscientes. Finalmente, o psicoterápico essencial
ferramenta peutica dos magnetizadores e hipnotizadores foi o rapport, e temos
visto que a transferência psicanalítica era uma entre as várias meta-
morfoses de rapport.
Na década de 1880, a primeira psiquiatria dinâmica finalmente recebeu um
selo oficial de aprovação de Charcot, de quem Freud orgulhosamente afirmou ter
foram o discípulo, e por Bernheim, a quem Freud visitou em Nancy.
Não é fácil avaliar a influência de Charcot sobre Freud. Como anteriormente, homens-
citado, esta influência parece ter sido principalmente de natureza pessoal, em
a moda de um encontro existencial. Freud tinha uma imagem idealizada de
o mestre francês e não ficou no Salpetriere tempo suficiente para
perceber que as demonstrações de Charcot com histéricos hipnotizados careciam de qualquer
valor científico. Freud exagerou a importância que Charcot atribuiu
à hereditariedade diferente (degeneração no jargão médico da época) em
a etiologia da histeria; e ele aparentemente não leu o livro de Richer
onde é mostrado que os ataques histéricos foram reencenações de psíquicos
traumas que eram principalmente de natureza sexual (uma ideia que Freud viria a
desenvolver como seu). Tudo isso mostra mais uma vez que a influência de um mestre
muitas vezes se exerce menos em seus ensinamentos factuais do que nas percepções distorcidas
das mentes dos discípulos. Isso também se aplica à influência de Nancy
escola sobre Freud, que assim atribuiu a Liebeault a ideia de que "o
sonho é o guardião do sono ", uma declaração em oposição direta a
Teoria do sono de Liebeault. O fenômeno dos pacientes dando racionais
as explicações para obedecer às sugestões pós-hipnóticas eram bem conhecidas; Freud
não tive que ir a Nancy para aprender com Bernheim. Procedimento de Bernheim
de fazer seus súditos recuperarem a memória do que aconteceu sob
a hipnose não teve o significado a ela atribuído por Freud, pois
na demonstração de Bernheim, isso ocorreu imediatamente após um curto e
estado hipnótico leve. É crédito de Freud que isso lhe deu a ideia de
fazer seus pacientes recuperarem memórias há muito esquecidas em um estado de vigília. este
é outro exemplo de descoberta por meio de uma interpretação errônea dos fatos.
Página 57
A influência de Janet sobre Freud é um problema polêmico que tem

nunca foi estudado objetivamente. Em seus primeiros escritos, Freud reconheceu
A prioridade de Janet no que diz respeito à descoberta do papel do "subconsciente
idéias fixas "(nos termos de Janet) na etiologia dos sintomas histéricos, e
de sua cura subsequente por meio da "catarse" (nas palavras de Breuer e Freud).
Quando Breuer e Freud publicaram sua Comunicação Preliminar em
1893, a prioridade de Janet era de sete anos, e ele publicou seis ou
sete histórias de casos relevantes. 4 91 Para os contemporâneos familiarizados com
literatura psiquiátrica francesa e alemã, a prioridade de Janet e a
semelhanças entre ele e o procedimento de Breuer e Freud eram indiscutíveis. Janet
também antecipou Freud ao mostrar, desde o início, que o mero
a recuperação da memória traumática não foi suficiente e que o "psicológico
sistema "(o" complexo ") teve que ser" dissociado "(" trabalhado ",
em termos freudianos). A influência de Janet sobre Freud é óbvia nos Estudos em
Histeria, mesmo em sua terminologia; Freud usou as palavras de Janet "psicológico
miséria "e" análise psicológica ". Em 1896, Freud chamou seu sistema
"psicanálise" para distingui-la da "análise psicológica" de Janet, e
ele começou a enfatizar as diferenças entre suas idéias e as de Janet.
Ao fazer isso, Freud deu uma imagem distorcida dos conceitos de Janet, afirmando
que a teoria da histeria de Janet se baseava no conceito de "degeneração".
Janet realmente ensinou que a histeria resultou da interação em diferentes
proporções de fatores constitucionais e traumas psíquicos, e isso é
exatamente o que Freud mais tarde chamou de "série complementar". Freud enfatizou
o papel da repressão na patogênese dos sintomas histéricos, mas
negligenciou o "estreitamento do campo da consciência" na teoria de Janet.
Janet afirmou que "Freud chama 'repressão' o que chamei de 'estreitamento de
o campo da consciência, '"' 492 e é digno de nota que os dois podem ser
remontado a Herbart, 493 para quem eram dois aspectos do mesmo
fenômeno. Freud também criticou o conceito de histeria de Janet, resultando
de uma fraqueza da "função de síntese". Um conceito semelhante, no entanto,
foi posteriormente adotado pela psicanálise com o nome de "fraqueza do ego".
Janet está mudando do estudo dos fenômenos "subconscientes" para o de
"tensão psicológica" antecipou a mudança da psicanálise de
"psicologia profunda" para "psicologia do ego". A "função da realidade" de Janet era
transposto para a psicanálise sob o nome de "princípio de realidade". Dentro
no que diz respeito à técnica psicanalítica, há certa analogia entre
a "fala automática" usada por Janet no caso de Madame D. e Freud
método de associação livre. 494 Uma semelhança mais notável é que
entre a transferência psicanalítica e o uso sistemático de Janet daqueles
variedades de relacionamento entre terapeuta e paciente que ele chamou de "algumas
influência nambúlica "e" necessidade de direção ", 495 uma semelhança que tem sido
reconhecido por Jones. 4 96 Na verdade, é difícil estudar os períodos iniciais
da análise psicológica de Janet e da psicanálise de Freud sem
chegando à conclusão, expressa por Regis e Hesnard, "Os métodos
Página 58
e os conceitos de Freud foram modelados a partir dos de Janet, de quem ele

parece ter se inspirado constantemente "- até os caminhos dos dois
divergiu. 497
Freud sempre reconheceu os grandes escritores como seus mestres: o grego
Tragedians, Shakespeare, Goethe e Schiller. Sem dúvida ele recebeu
muita inspiração deles, mas a influência de escritores de menor magnitude
em seu pensamento não deve ser esquecido, particularmente o de Heine,
Bome, 498 e Lichtenberg. 499 A psicanálise mostra uma analogia definitiva
com certas tendências literárias contemporâneas, como a Young Vienna
círculo, neo-romantismo e, como já mencionado, a forma de Ibsen de
desmascarar mentiras convencionais e inconsciência.
As fontes filosóficas de Freud são muitas, mas apesar de muitas
investigações, eles ainda não são bem conhecidos. 500 Embora Freud repetidamente
expressou desprezo pela filosofia, e nunca aceitou a ideia de fazer
uma filosofia da psicanálise, ele tinha uma formação filosófica distinta
que foi revelado em sua weltanschauung, bem como na maneira como ele
psicologizou certos conceitos filosóficos.
Freud foi exposto desde sua juventude ao tipo de pensamento filosófico
prevalente na Europa após 1850, que afirmava rejeitar qualquer tipo de meta
física e estudar o mundo apenas do ponto de vista científico. De fato,
esta rejeição da filosofia equivale a uma filosofia específica: Cientismo,
a doutrina segundo a qual o conhecimento do mundo pode ser adquirido
apenas por meio da ciência. Mas como a ciência tem seus limites, grande parte da realidade
(talvez a maior parte) é incognoscível. Logicamente, o positivismo deveria
implica agnosticismo, uma vez que a existência de Deus não pode ser provada ou refutada
pela ciência. No entanto, Freud, como muitos outros cientistas contemporâneos, foi
um ateu decidido. Esta mistura de positivismo, cientificismo e ateísmo é
revelado em Futuro de uma ilusão de Freud .
Curiosamente, este pensamento positivista extremo levou a um ressurgimento de
a filosofia da natureza de uma forma disfarçada durante a segunda metade do
século dezenove. Os princípios do positivismo, em seu zelo para limpar a ciência
de qualquer vestígio de metafísica, expulsou a alma da psicologia, vitalismo
da biologia e finalidade da evolução. Neurofisiologistas afirmaram que
eles poderiam explicar os processos mentais em termos de existentes ou hipotéticos
estruturas cerebrais (esta foi a mitologia do cérebro já referida), ou mesmo
exclusivamente em termos de processos físicos e químicos. Esses fisiologistas
ignorou o ditado de Bichat de que "a fisiologia não é mais a física dos animais
que a astronomia é a fisiologia das estrelas. " 501 Os princípios da conservação
ção e transformação de energia foram transpostas para a fisiologia e
psicologia como base de construções especulativas que poderiam ser chamadas
Mitologia Energética. A hipótese de Darwin de que a evolução das espécies
é dirigido pela transmissão hereditária de modificações casuais através do
a luta pela vida e a eliminação da unidade tornou-se um dogma científico.
Coube a Haeckel transformar o darwinismo em uma pseudo-religião
Página 59
sob o nome de Monismo. Freud estava imerso nesse tipo de filosofia

pensamento sofisticado. Vimos como a mitologia do cérebro de Meynert, a de Briicke
mitologia energética e combinação de Exner de ambos, levou Freud a construir
seu Outline of a Scientific Psychology de 1895.
A influência de Darwin sobre Freud foi tratada em um capítulo anterior. 5o2
Devemos lembrar que Darwin introduziu uma psicologia centrada em torno do
instintos, com referência especial aos instintos agressivos e amorosos. Entre
As provas de Darwin da teoria da evolução foram fenômenos de "reversão",
que Freud, no campo psicológico, chamou de "regressão". Darwin também
esboçou uma teoria biológica da origem da sociedade e da moral. Freud pegou
dele a imagem de homens primitivos como seres brutos que vivem em bandos
sob a tirania de um velho (o velho cruel Pai do Totem e
Tabu). Lombroso também compartilhava da ideia de que o homem pré-histórico era um
ser brutal e assassino. Lombroso acreditava que o "criminoso nato"
foi um ressurgimento daquele homem primitivo, e a imagem de Freud do
inconsciente do homem civilizado não era muito diferente do de Lombroso
imagem do homem primitivo. À doutrina darwiniana Haeckel acrescentou
sua chamada lei biogenética fundamental, 503 que Freud parece ter
tidas como certas. Também vimos como os padrões de pensamento de Karl Marx
poderia ser reconhecido em certos aspectos da psicanálise. 5 ° 4
O único filósofo cujas palestras Freud assistiu foi o promotor
de uma filosofia bastante diferente, Franz Brentano. Brentano veio de um
família ilustre que incluía o poeta Clemens Brentano, e foi uma
irmão do notável economista Lujo Brentano. Ele se tornou um dominicano
padre e professor de filosofia em Wiirzburg, mas como ele não podia aceitar
o dogma da infalibilidade do Papa, ele deixou a Igreja e veio para
Viena para ensinar filosofia como um Privat Dozent (um exemplo único de
reversão da carreira universitária usual). Brentano ensinou uma nova psicologia
baseado no conceito de intencionalidade, que ele havia revivido da época medieval
filosofia escolar. Rudolf Steiner, que era um de seus auditores, disse
que Brentano era um lógico perfeito para quem todo conceito tinha que ser
perfeitamente claro e tem seu lugar definido em uma argumentação dialética, mas
ele às vezes dava a impressão de que seu pensamento era um mundo em si,
fora da realidade. Brentano foi um orador brilhante e o distinto
senhoras de Viena se aglomeraram em suas palestras. Entre seus auditores estavam homens
de interesses tão variados como Edmund Husser !, Thomas Masaryk, Franz
Kafka, Rudolf Steiner e Sigmund Freud. Brentano foi uma figura notável
na vida social vienense. Dora Stockert-Meynert descreveu-o como semelhante
um Cristo Bizantino, de fala mansa, pontuando sua eloqüência com gestos
de graça inimitável, "a figura de um profeta com o espírito de um homem do
mundo. " 505 Brentano foi dotado de um prodigioso dom linguístico, e em
além de sua fama como filósofo erudito e original, era conhecido
por sua extemporização de elaborados jogos de palavras. Ele imaginou um novo
tipo de enigma que ele chamou de dal-dal-dal que se tornou a moda em vienense
Página 60
salões, foi imitado e muitos dos quais publicou anonimamente. Freud

mencionou-os em uma nota de rodapé em Jokes and the Unconscious; é o único
menção de Brentano em seus escritos. Qualquer evidência de que Freud possa ter
influenciada por Brentano poderia ser produzida apenas estudando cuidadosamente
os escritos de Freud e aí encontrando ideias específicas de Brentano. James
Ralph Barclay o fez e concluiu que vários dos conceitos de Freud poderiam
ser rastreado até Brentano. 506 A noção de intencionalidade aparece em Freud em
a forma modificada de uma energia psíquica canalizada para objetivos instintivos
e realização de desejos. A "existência intencional" de Brentano tornou-se a de Freud
"catexia". Para Freud. quanto a Brentano, a percepção 'não foi um processo passivo
mas uma atividade dotada de energia psíquica. A evolução do primário
processo para processo secundário, conforme descrito por Freud, também é rastreável a
Brentano.
A influência da filosofia romântica sobre Freud não pode ser rastreada
diretamente, embora esteja inequivocamente lá. Dissemos em um anterior
capítulo das semelhanças entre o pensamento romântico, Goethe e Von
Schubert, por um lado, e alguns conceitos de Freud, por outro. 507 o
influência principal, no entanto. exercido sobre Freud pela filosofia da natureza
derivou de seus dois epígonos, Bachofen e Fechner. 508 Um paralelo próximo
pode ser desenhada entre os estágios de evolução de Bachofen da sociedade humana e
os estágios freudianos da libido. Freud, entretanto, nunca menciona Bachofen.
Em relação a Fechner, deve-se lembrar que Freud citou repetidamente
ele e tirou dele o conceito topográfico da mente, o conceito
da energia mental, o princípio do prazer-desprazer, da constância, do
a repetição, e possivelmente a ideia da predominância do destrutivo
instinto sobre Eros. Assim, os principais conceitos da metapsicologia de Freud
derivam de Fechner.
No entanto, a abordagem mais próxima da psicanálise pode ser encontrada no
filósofos do inconsciente, Carus, von Hartmann, e particularmente
Schopenhauer e Nietzsche. Para aqueles familiarizados com os dois últimos
filósofos, não pode haver a menor dúvida de que o pensamento de Freud
ecoou o deles. Thomas Mann 509 disse que os conceitos psicanalíticos eram
As idéias de Schopenhauer "foram traduzidas da metafísica para a psicologia".
FW Foerster 510 chegou a dizer que ninguém deveria lidar com
psicanálise antes de ter estudado profundamente Schopenhauer. Tal
estudo mostraria aos psicanalistas que eles estão ainda mais certos do que
eles próprios acreditam. O mesmo é ainda mais verdadeiro para Nietzsche, cujo
ideias permeiam a psicanálise, e cuja influência é óbvia, mesmo em
O estilo literário de Freud. Isso não escapou da atenção de alguns psicólogos
analistas. Wittels, por exemplo, falou da "divisão de Nietzsche em
Dionisíaco e apolíneo, que é quase completamente idêntico àquele
da função primária e secundária. " 511 Freud em sua célebre
artigo sobre o "Criminosos por um sentimento de culpa" observou que Nietzsche tinha
Página 61
descreveu os mesmos indivíduos sob o nome de "criminosos pálidos". 512

Normalmente nietzschianos são o conceito de autoengano da consciência
pelo inconsciente e pelo pensamento emocional, as vicissitudes dos instintos
(suas combinações, conflitos, deslocamentos, sublimações, regressões e
voltando-se contra si mesmo), a carga de energia das representações, o self
impulsos destrutivos no homem, a origem da consciência e da moral através do
voltando-se para dentro de impulsos agressivos, ressentimento e sentimentos neuróticos de culpa,
a origem da civilização na repressão dos instintos, para não falar do
ataques contra os costumes e a religião contemporâneos. 513
A enumeração das fontes de Freud também deve levar em consideração sua
pacientes e seus discípulos. Exemplos foram dados no precedente
capítulos deste livro, ilustrando o papel desempenhado pelos pacientes na história
de psiquiatria dinâmica. Freud também aprendeu muito com vários de seus
pacientes. Foi uma delas, Elisabeth von R., que lhe sugeriu o
procedimento de associação livre. Quantas outras sugestões ele recebeu
de outros pacientes não é conhecido. Mas um homem, pelo menos, desempenhou um importante
papel de paciente exemplar com quem Freud aprendeu muito (como
Janet de Madeleine). Este paciente ficou famoso com o nome de
o homem-lobo. Segue um resumo:
O homem de 23 anos chegou a Viena no início de 1910 e

iniciou um tratamento analítico com Freud. O filho de um russo rico
proprietário de terras, ele era inteligente, lúcido. bondoso, mas afligido com abulia para um
grau extraordinário, que o tornava incapaz de realizar qualquer coisa na vida.
Na verdade, este caso deve ter parecido menos estranho na Rússia do que no resto
da Europa; era exatamente a imagem daquela condição que em russo é
chamado oblomovshtchina.s 14 uma condição que não era excepcional nos filhos de
ricos proprietários de terras. que levou uma vida totalmente passiva e ociosa. O paciente era
chamou o Homem-Lobo por causa de um sonho terrível com lobos que teve no
idade de 31/1. Por causa de sua atitude excepcionalmente passiva na situação analítica,
como no resto de sua vida. não houve progresso durante quatro anos, até Freud
fixou um prazo para o tratamento e declarou que seria encerrado em junho de 1914.
Esta decisão trouxe uma melhora rápida e o paciente pôde retornar
para Rússia. Seu caso foi de enorme interesse para Freud por causa da quantia
do material que surgiu, alguns dos quais confirmaram as próprias teorias de Freud enquanto
contradizendo os de Adler e Jung. Mas alguns também eram bastante novos e pareciam
quase incrível para ele. Freud publicou, em 1918, um resumo do caso,
ampliado em uma nova edição, mas nunca todo o histórico do caso. 51 s Quando o
O Homem-Lobo fugiu para Viena depois de perder sua fortuna na revolução bolchevique,
Freud o analisou gratuitamente por alguns meses e organizou uma assinatura,
para que o homem pudesse morar em Viena com sua esposa, e posteriormente receber suplementar
tratamento psicanalítico da Sra. Ruth Mack Brunswick 516 O Homem-Lobo
tornou-se uma figura conhecida nos círculos psicanalíticos, e uma espécie de especialista
em problemas psicanalíticos. Sem dúvida, ele desempenhou um papel significativo em Freud
Página 62
evolução para "metapsicologia", e ele também o ajudou a compreender o

fenômeno da contratransferência.
Outro problema que precisa de esclarecimento é a influência da

discípulos sobre o pensamento de seu mestre. É certo que Freud desenhou
muitas ideias de Stekel, Adler, Ferenczi, Abraham, Rank, Silberer, Pfister,
Jung e outros. Psicólogos individuais enfatizam o fato de que em 1908 Adler
propôs o conceito de um impulso agressivo primário, que Freud negou
mas adotado sob outra forma em 1920; ele também assumiu o lugar de Adler
os conceitos de confluência de pulsões (originários de Nietzsche).
Jung introduziu na psicanálise os termos "complexo" e "imago",
enfatizou a ideia da identificação do menino com o pai, estimu-
lateu o interesse de Freud pelo estudo dos mitos, e também encaminhou a instituição
ção da formação obrigatória de análise para o futuro psicanalista. Na realidade,
é praticamente impossível discernir o papel que os discípulos desempenham na
modelagem das idéias de um mestre. Não apenas os discípulos trazem novos avanços, mas
seus interesses particulares, suas perguntas e o desafio trazido por
sua contradição com as opiniões do mestre, tudo está fora do alcance de qualquer
apreciação completa.
É bem possível que, além disso, até esta data não detectado, fontes de Freud
será descoberto. Uma tentativa nessa direção foi feita por David Bakan,
que afirmou ter traçado a conexão entre Freud e o cabalístico
tradição. 517 Todo judeu, disse Bakan, quer aprenda hebraico ou não,
irá inevitavelmente absorver algo da tradição mística judaica, e esta
foi ainda mais para um judeu de origem galega como Freud, cujo
pais e ancestrais há muito tempo estavam imersos nas correntes do hassidismo.
Na história um tanto tempestuosa do misticismo judaico, a psicanálise freudiana
apareceria assim como uma entre suas muitas vicissitudes. O cabalístico
o pensamento é permeado por uma sensação de mistério e poder, visa extrair
significados ocultos das Escrituras, e ensina uma espécie de metafísica de
sexo. De acordo com Bakan, o anti-semitismo reinante fez Freud esconder
sua identidade judaica, de modo que apresentou uma derivação do misticismo judaico em um
maneira velada em seus escritos. Um exame objetivo dos fatos mostra,
no entanto, que Bakan exagerou consideravelmente a intensidade do anti-
Semitismo em Viena na juventude e na maturidade de Freud, e muitos de seus
as interpretações das obras de Freud são discutíveis. Para ter certeza, alguns dos
analogias que ele traça entre os conceitos psicanalíticos (notadamente os de
sexualidade) e os ensinamentos cabalísticos são marcantes, mas a questão é mais
complexo do que isso. Não há evidências de que Freud já teve conhecimento
de escritos místicos judaicos. Por outro lado, a metafísica cabalística de
sexo é apenas um episódio de uma tendência de misticismo sexual cuja história não é
bem conhecido. É um campo amplo, do qual encontramos representantes maiores e menores
tativos antes e contemporâneos de Freud.
Lembremos que a filosofia de Schopenhauer era, em grande medida,
Página 63
uma espécie de misticismo sexual entre vários outros. Dois representantes posteriores
seguidores dessa tendência conheciam Freud-Wilhelm Fliess e Otto
Weininger. Wilhelm Fliess combinou o misticismo sexual com o misticismo de
números. Como vimos, Fliess afirmou ter encontrado uma correlação
entre a mucosa nasal e os órgãos genitais, e que ele tinha doença
cobriu a bissexualidade fundamental dos humanos. 51 8 Em homens e mulheres
havia componentes fisiológicos masculinos e femininos, em cada um
era uma lei de periodicidade baseada na cifra 28 para o sexo feminino
componente e vinte e três para o homem. Usando os dois números em
várias combinações, Fliess foi capaz de calcular, em retrospecto, a ocorrência
rence de qualquer evento biológico. Durante esses anos, Freud e Fliess foram
entusiasmados com as teorias uns dos outros. Fliess mais tarde completou e aperfeiçoou
seu próprio. Houve uma disputa acirrada entre Fliess e Weininger
sobre a prioridade da teoria bissexual fundamental; uma estranha ilusão
em ambos, já que a teoria estava longe de ser nova. Era característico
das vezes em que Fliess foi criticado por sua teoria naso-genital e sua
numerologia, mas não por seu pansexualismo. 519 Quanto a Otto Weininger, seu
célebre livro, Sex and Character, foi o esboço de uma metafísica
sistema centrado em torno do conceito da bissexualidade fundamental do
ser vivo. 520 À luz desse princípio básico, Weininger tentou
para encontrar respostas para problemas filosóficos não resolvidos. O misticismo sexual
que impregnou a atmosfera intelectual em Viena no final dos nove
décimo e início do século vinte até mesmo se expandiram ao longo do
nova ciência da patologia sexual. Vimos que certos autores
perversões sexuais romantizadas, insistindo no sufismo emocional inédito
ferings de desviantes sexuais. 521 Nada está mais distante da verdade do que
a suposição usual de que Freud foi o primeiro a introduzir um romance sexual
teorias numa época em que qualquer coisa sexual era "tabu". É digno de nota que
outros sistemas de misticismo sexual desenvolveram-se contemporâneos de Freud, mas
totalmente independente dele. Na Rússia, Vassili Rozanov, o promotor
do transcendentalismo sexual, ensinou a santidade do sexo, que ele identificou
Com Deus. 522 Para resumir:
O ato sexual, ele disse, é o centro da existência e o momento em que o homem

se torna um deus. Sexo é a fonte metafísica da mente, da alma e
religião. Hebraísmo religioso oriental antigo e primitivo que ele chamou de Sol
religiões, porque eram terrenas e mundanas, exaltavam a procriação e a fertilidade,
a continuidade da família. e a perpetuação da espécie. Antigo
A civilização egípcia \\ como "uma espécie de lirismo fálico". Cristianismo, que ensina
ascetismo, castidade e irgindade. é uma religião de morte. A vida é o lar; a
casa deve estar quente. bom. e redondo como um útero. Os homossexuais criaram o
Civilização grega e foram os maiores gênios. A prostituição é "a mais
fenômeno social. em certa medida, o protótipo da sociabilidade; ... o primeiro
Os estados nasceram dos instintos das mulheres em relação à prostituição. "Rozanov
escritores interpretados através de suas vidas íntimas (suas "roupas íntimas", como ele
Página 64
disse); seu extenso simbolismo sexual o levou a ver o falo em todos os lugares
na natureza. 523
Outro sistema de misticismo sexual muito discutido foi o de Winthuis.
O missionário católico Joseph Winthuis, S2 4 que trabalhou entre os Gunantuna

tribo na Nova Guiné, surpreendeu círculos etnológicos com um livro, The Two-Sexed
Bein} ?. s2s Ele disse que a língua Gunantuna continha um grande número
de palavras e expressões idiomáticas com duplo sentido, que essas pessoas também tinham um sinal
linguagem, cada gesto do qual tinha um significado sexual, e uma linguagem de
símbolos pictóricos baseados em duas linhas fundamentais: reta (o falo) e
curvado (a vagina). Tendo gravado trinta canções aparentemente inofensivas de
o Gunantuna, Winthuis descobriu que vinte e nove deles tinham um significado oculto
tão rudes que se sentiu obrigado a traduzi-los para o latim em vez do alemão.
Winthuis concluiu que a mente primitiva está impregnada de sexualidade. Ele então
desenvolveu uma teoria da religião primitiva como uma adoração a um deus bissexual, uma teoria
que ele gradualmente estendeu a todas as populações primitivas, aos povos pré-históricos,
e para a história da religião como um todo. 26 A essência dessa religião era o
crença e adoração de um deus bissexual. A sexualidade nessa religião é sagrada,
porque o ato sexual é uma repetição do evento primordial pelo qual o
deus bissexual criou o mundo, e é, portanto, uma perpetuação do ato divino
da criação em nome de Deus e por sua ordem. Polêmicas violentas surgiram em torno
essas teorias. que Winthuis defendeu com convicção quase fanática.
Alguém pode se perguntar sobre as semelhanças e possível conexão entre

misticismo cabalístico, metafísica de Sexus de Schopenhauer, Fliess 'e
Os sistemas de Weininger, o transcendentalismo sexual de Rozanov e o de Winthuis
alegada descoberta de uma adoração universal de um deus bissexual. Infelizmente,
o misticismo sexual é uma das tendências menos exploradas na história das ideias,
e seria prematuro tentar avaliar o papel que desempenhou na
atmosfera cultural em que a psicanálise de Freud cresceu.
Nesta enumeração incompleta das fontes de Freud, podemos ver que
eles pertencem a três períodos distintos de duração desigual. No primeiro período
Freud inspirou-se direta ou indiretamente em seus mestres e nas numerosas
autores que
análise, leu.aprendeu
Freud No segundo e relativamente
principalmente curto
com ele período
mesmo. Nodeterceiro
sua auto-
período, que
estendido de 1902 até sua morte, Freud aprendeu principalmente com alguns
pacientes privilegiados e de seus discípulos.
A Influência de Freud
Uma avaliação objetiva da influência de Freud é extremamente difícil.
A história é muito recente, distorcida pela lenda, e todos os fatos ainda não
Venha para a luz.
O consenso é que Freud exerceu poderosa influência, não apenas sobre
psicologia e psiquiatria, mas em todos os campos da cultura e que tem
chegou a mudar nosso modo de vida e nosso conceito de homem. Mais
questão intrincada diz respeito às divergências que surgem assim que um
Página 65
tenta avaliar até que ponto essa influência foi benéfica ou não. Num
lado estão aqueles que incluem Freud entre os libertadores do espírito humano,
e quem ainda pensa que o futuro da humanidade depende se
vai aceitar ou descartar os ensinamentos da psicanálise. sz 7 do outro lado
são aqueles que afirmam que o efeito da psicanálise foi desastroso.
La Piere, por exemplo, afirma que o freudianismo arruinou a ética do índio
individualismo, autodisciplina e responsabilidade que prevalecia entre os
Mundo ocidental. 528
Qualquer tentativa de dar uma resposta objetiva a essas duas questões, ou seja,
da extensão e natureza da influência da psicanálise - tem que enfrentar
três grandes dificuldades.
Primeiro: como no caso de Darwin, a importância histórica de uma teoria
não se restringe ao que originalmente estava na mente de seu autor, mas
também das extensões, complementos, interpretações e distorções desse
teoria. 529 Assim, uma avaliação da influência de Freud deve começar com um
relato histórico da escola freudiana e as várias tendências que surgiram
dele: os freudianos ortodoxos, os sucessores mais originais (por exemplo,
os promotores da psicanálise do ego), as escolas desviantes propriamente ditas, com
seus próprios cismas e ramos desviantes, e aquelas outras escolas (Adler
e Jung), que foram fundados em princípios básicos radicalmente diferentes,
embora como uma resposta à psicanálise. E, por último, mas não menos importante, deve-se
levar em consideração os conceitos distorcidos pseudo-freudianos que foram
amplamente vulgarizado por meio de jornais, revistas e literatura popular
ture.
Segundo: uma dificuldade ainda maior surge do fato de que,
início, a psicanálise cresceu em uma atmosfera de lenda, com o
resultado que uma avaliação objetiva não será possível antes do verdadeiro histórico
fatos calóricos são completamente separados da lenda. Ele seria inestimável
conhecer o ponto de partida da lenda freudiana e os fatores que
trouxe-o ao seu desenvolvimento atual. Infelizmente, o estudo científico
de lendas, de sua estrutura temática, seu crescimento e suas causas, é um
das províncias menos conhecidas da ciência 530 e até hoje nada
foi escrito em relação a Freud que poderia ser comparado ao de Etiemble
estudo da lenda que cresceu em torno do poeta Rim baud. 5 31 Uma corredeira
um olhar para a lenda freudiana revela duas características principais. O primeiro é o
tema do herói solitário lutando contra uma série de inimigos, sofrendo
"as fundas e flechas de uma fortuna ultrajante", mas triunfando no final.
A lenda exagera consideravelmente a extensão e o papel do anti-semitismo,
da hostilidade do mundo acadêmico e de alegados preconceitos vitorianos.
A segunda característica da lenda freudiana é o apagamento das maiores
parte do contexto científico e cultural em que a psicanálise se desenvolveu,
daí o tema da originalidade absoluta das realizações, nas quais
o herói é creditado com as realizações de seus antecessores, associados,
discípulos, rivais e contemporâneos.
A lenda descartada, temos permissão para ver os fatos de uma forma diferente
Página 66
leve. Freud é mostrado como tendo uma carreira média do contemporâneo

homem acadêmico na Europa central, uma carreira cujo início foi apenas
ligeiramente prejudicado pelo anti-semitismo, e sem mais contratempos do que muitos
outras. Ele viveu em uma época em que a polêmica científica tinha um caráter mais veemente
tom do que hoje, e ele nunca sofreu o grau de hostilidade que os homens
como Pasteur e Ehrlich. 532 A lenda atual, por outro lado,
atribui a Freud muito do que pertence, notadamente, a Herbart, Fechner,
Nietzsche, Meynert, Benedikt e Janet, e negligencia o trabalho de
exploradores anteriores do inconsciente, dos sonhos e da patologia sexual.
Muito do que é creditado a Freud era uma tradição difusa da atualidade, e seu papel
foi cristalizar essas ideias e dar-lhes uma forma original.
Chegamos agora à terceira grande dificuldade em avaliar a extensão e
natureza da influência exercida pela psicanálise. Muitos autores têm
tentou fazer um inventário do impacto das idéias de Freud sobre
e psicologia anormal, sociologia, antropologia, criminologia, arte, a
teatro e filmes, bem como filosofia, religião, educação e costumes.
Não devemos tentar reiterar essas indagações, nem mesmo resumir
eles, mas deve apontar um fato que às vezes tem sido esquecido:
a própria psicanálise esteve desde o início ligada a outras preexistentes ou
tendências contemporâneas de natureza mais geral. Por volta de 1895 os profes-
seção de neuropsiquiatra tinha se tornado moda, havia um ativo
busca por novos métodos psicoterapêuticos, e homens como Bleuler e
Moebius estava tentando "re-psicologizar" a psiquiatria - a primeira publicação de Freud
ções surgiram como manifestações desse novo curso. No mesmo período
houve um intenso desenvolvimento da psicopatologia sexual - Freud
a teoria da libido foi uma entre muitas novidades nesse campo. Nós já temos
mencionou as afinidades entre a psicanálise inicial e a literatura
obras de Ibsen, Schnitzler, o grupo Young-Vienna e o grupo neo-romano
ticistas, e a estes devem ser adicionados os movimentos de vanguarda que surgiram
mais tarde, nomeadamente os futuristas, dadaístas e surrealistas. S33 Freud's open
a proclamação do ateísmo estava em sintonia com a atitude de muitos
cientistas temporários e trouxeram-lhe o favor de Monisten de Haeckel
Bund. 534 Seu sistema foi julgado materialista o suficiente para ser adotado por
Psicólogos russos soviéticos antes de ser substituído por Pavlovian
psiquiatria. 535 A Primeira Guerra Mundial deu origem a uma tendência de "declínio do Ocidente" de
que as Reflexões de Freud sobre a guerra e a morte foram apenas uma de muitas
manifestações. 536 Os desastres da Primeira Guerra Mundial e os iminentes
catástrofe da Segunda Guerra Mundial obrigou os pensadores a buscar maneiras de
salvando o mundo. 537 A tarefa da psicoterapia era agora dar o
indivíduo um meio de tolerar tensões e ansiedade, daí a mudança de
psicanálise da psicologia profunda à psicanálise do ego. 538
No entanto, isso não foi tudo, porque, entretanto, o progresso de
a tecnologia inaugurou a sociedade afluente. Para um sistema baseado em
Página 67
Sigmund Freud e PJychoanalysis 549
trabalho árduo e intensa competição que o darwinismo social deu a sua

ideologia sucedeu a um sistema baseado no consumo de massa com um conceito hedonístico
filosofia utilitarista. Esta é a sociedade que adotou com entusiasmo
Psicanálise freudiana, muitas vezes em sua forma mais distorcida. Os fatos
trazido por La Piere em seu livro, The Freudian Ethic, pode ser preciso, mas
não é certo tornar Freud responsável por eles, não mais do que fazer
Darwin é responsável pela forma como os militaristas, colonialistas e outros
grupos predatórios e, finalmente, Hitler e os nazistas, aproveitaram-se de
teorias pseudo-darwinistas. Foi assim que aconteceu a Freud como aconteceu
para Darwin e para outros antes deles, que pareciam lançar uma
impressionante revolução cultural quando na verdade era a revolução enraizada
nas mudanças socioeconômicas que os acarretaram. Voltando a Freud,
certamente levará muito tempo antes que alguém seja capaz de discernir o que pode ser
atribuído ao impacto direto de seu ensino, e em que medida o
tendências sociais, econômicas e culturais difusas prevaleceram de
Conceitos freudianos ou pseudo-freudianos voltados para o seu próprio fim.
Talvez estejamos preparados, agora, para dar uma resposta àquela difícil
questão: O que certamente pertence a Freud e constitui o mais íntimo
originalidade de seu trabalho? Podemos distinguir três grandes contribuições: o
teoria psicanalítica, o método psicanalítico e o método psicanalítico
organização.
Seja qual for o número de suas fontes e as complexidades de seu contexto,
a teoria psicanalítica é universalmente reconhecida como uma poderosa e
síntese original que tem incentivado inúmeros pesquisadores
e descobertas no campo da psicologia normal e anormal. No entanto, o
problema de seu status científico ainda não foi esclarecido. Nesse sentido, o
situação da psicanálise é surpreendentemente semelhante à do magnetismo animal
em 1818, quando o médico Virey se perguntou por que as descobertas feitas em
o campo da física na época de Mesmer agora era dado como certo
considerando que a validade da doutrina de Mesmer ainda era o objeto de
discussões carregadas. 539 Por outro lado, as descobertas feitas no tempo de Freud em
o campo da endocrinologia, bacteriologia e semelhantes, são inequivocamente
integrado na ciência, enquanto a validade dos conceitos psicanalíticos é
ainda questionado por muitos psicólogos experimentais e epistemólogos. 540
Este paradoxo levou muitos freudianos a ver a psicanálise como um
disciplina que está fora do campo da ciência experimental e mais semelhante
à história, filosofia, linguística, 541 ou como uma variedade de hermenêutica. 542
Ainda mais do que o quadro conceitual da psicanálise, o
método psicanalítico é criação de Freud e constitui o mais íntimo
originalidade de seu trabalho. Freud foi o inventor de um novo modo de lidar
com o inconsciente, isto é, a situação psicanalítica com o básico
regra, associação livre e a análise de resistências e transferência. este
é a inovação incontestável de Freud.
Página 68
Mas a novidade mais notável de Freud foi provavelmente a fundação de um

"escola" de acordo com um padrão que não tinha paralelo nos tempos modernos, mas
é um renascimento das velhas escolas filosóficas da antiguidade greco-romana,
como os descrevemos em um capítulo anterior, r. 543 Quase do
no início Freud fez da psicanálise um movimento, com sua própria organização
e editora, suas regras estritas de filiação e seu
doutrina, nomeadamente a teoria psicanalítica. A semelhança entre o
as escolas psicanalíticas e filosóficas greco-romanas foram reforçadas
após a imposição de uma iniciação na forma de análise didática.
Não só a análise de treinamento exige um grande sacrifício financeiro,
mas também uma rendição da privacidade e de todo o eu. Por este meio um
seguidor é integrado à Sociedade de forma mais indissolúvel do que nunca foi um
Pitagórico, estóico ou epicureu em sua própria organização. Exemplo de freud
a esse respeito deveria ser seguido por pulmão e algumas outras dinâmicas
movimentos psiquiátricos. Somos, portanto, levados a ver o mais impressionante
conquista no renascimento do tipo de filosofia greco-romana
escolas, e este é sem dúvida um evento notável na história da modernidade
cultura.
Notas
eu. Seguimos aqui a cronologia fornecida por Alfred Kasamas, Osterreichische Chronik
(Viena: Hollinak, 1948).
2. Gerson Wolf, Die Juden, em Die Volker Oesterreich-Ungarns. Ethnographische und
cu / turhistorische Schilderung (Vienna u.Teschen: Karl Prochaska, 1883), Vol. VII.
3. Hans Tietze, Die Juden Wiens. Geschichte-Wirtschaft-Kultur (Leipzig e
Viena: E. P. Tal, 1933).
4. Adolf Zemlinsky, Geschichte der Tiirkisch-lsraelitischen Gemeinde zu Wien
(Viena: M. Papo, 1888).
5. Sigmund Mayer, Ein Jiidischer Kaufmann, 1831 bis 1911. Lebenserinnerungen von
Sigmund Mayer (Leipzig: Duncker and Hum blot, 1911).
6. M. Vishnitzer, trad. e ed., The Memoirs of Ber of Bolechow (1723-1805)
(Londres: Oxford University Press, 1922).
7. Sigmund Mayer, Ein Jiidischer Kaufmann, 1831 bis 19ll. Lebenserinnerungen von
Sigmund Mayer (Leipzig: Duncker and Hum blot, 1911).
8. Heymann Steinthal, Ueber Juden und Judentum. Vortriige und A ufsiitze, G. Kar-
peles, ed. (Berlim: M. Poppelauer, 1906).
9. Joseph Breuer, Curriculum Vitae em Hans Meyer, Dr. Joseph Breuer, 1842-1925,
Nachruf, 23. Juni 1925 (nd), pp. 9-24.
10. Sigmund Freud, Traumdeutung (Leipzig e Viena: Deuticke, 1900), p. 135
11. Hans Tietze, Die Juden Wiens. Geschichte-Wirtschaft-Kultur (Leipzig e
Viena: E. P. Tal, 1933), p. 231.
12. Max Gruenwald, Viena (Filadélfia: Jewish Publication Society of America,
1936), pp. 518-523.
13. Tais foram, por exemplo, Stefan Zweig, Die Welt von Gestern (1944) (Estocolmo:
Fischer, 1958); e Otto Lubarsch, Ein bewegtes Gelehrtenleben (Berlim: J. Springer,
1931).
14. Carta ao presidente do Kadimah, assinada Joseph Breuer, stirpe Judaeus,
natione Germanus. (Josef Breuer, judeu de origem, alemão de nação.) O autor é
27/01/2021 Alfred Adler e a psicologia individual
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Alfred Adler e
Psicologia Individual
CONTRÁRIO À ASSUNÇÃO COMUM, nem Adler nem Jung

é um "desviante psicanalítico", e seus sistemas não são meramente distorções
da psicanálise. Ambos tinham suas próprias ideias antes de conhecer Freud, col-
trabalharam com ele enquanto mantinham sua independência e, após partirem
ele, desenvolveu sistemas que eram basicamente diferentes da psicanálise,
e também basicamente diferentes um do outro.
A diferença fundamental entre a psicologia individual de Adler e
A psicanálise de Freud pode ser resumida da seguinte forma: O objetivo de Freud é
para incorporar à psicologia científica os reinos ocultos do ser humano
psique que foi apreendida intuitivamente pelos trágicos gregos, Shake-
Spellre, Goethe e outros grandes escritores. Adler se preocupa com o campo
de Menschenkenntnis, isto é, o conhecimento concreto e prático do homem.
O interesse da psicologia individual é que ela seja a primeira registrada, unificada,
sistema completo de Menschenkenntnis, um sistema vasto o suficiente para abranger
também o reino das neuroses, psicoses e comportamento criminoso. Por isso
razão, ao estudar Adler, o leitor deve colocar temporariamente de lado tudo isso
ele aprendeu sobre psicanálise e se ajustou a uma forma bastante diferente de
pensando.
The Life Frame of Alfred Adler

Alfred Adler nasceu em um subúrbio de Viena em 1870 e morreu em
Aberdeen, Escócia, em 1937. Ele passou a maior parte de sua vida em
Viena. Os eventos de sua vida, como os de Freud, devem ser vistos contra
o pano de fundo das vicissitudes da história austríaca, mas tendo quatorze anos
anos mais jovem que Freud, Adler experimentou essas mudanças em um
maneira diferente. Sua infância e juventude foram passadas durante a maior parte
anos prósperos da Monarquia Dual. Quando a Primeira Guerra Mundial estourou,
a quarenta e f ~ ur-year-old Adler foi suficiente ainda jovem para ser mobilizados como um
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médico militar e pôde adquirir conhecimento direto das neuroses de guerra.

A catástrofe de 1918 também afetou Adler, de quarenta e oito anos
diferente do Freud de 62 anos. Assim, o advento do novo
regime político ofereceu-lhe a possibilidade de concretizar seus projetos e
fundando suas instituições. Os anos de 1920 a 1932 foram, apesar da política
convulsões, os anos das maiores realizações de Adler. Mas ele não esperou
para Hitler chegar ao poder e emigrou para os Estados Unidos em 1932.
Nuvens negras estavam se formando sobre a Europa quando ele morreu repentinamente em 1937,
dois anos e meio antes da catástrofe que ele previra.
Freud e Adler eram filhos de mercadores judeus da baixa
classe média com a diferença de que o pai de Adler negociava com grãos e
Freud está em lã. Ambos foram criados nos subúrbios de Viena, foram
completamente vienense, e se tornaram os fundadores de novas escolas e adquiriram
fama mundial. No entanto, eles alcançaram seu sucesso de maneiras diferentes. Freud's
foi uma carreira universitária, com as vicissitudes habituais da época. Ele
morava em uma parte residencial da cidade e tinha uma clientela bem escolhida. Adler's
a carreira universitária foi verificada desde o início. Ele começou como um general
praticante em um bairro não residencial, e lutou pela criação de
medicina social. Após sua associação com Freud, o grupo que ele fundou
teve, mais do que a psicanálise, a característica de um movimento político. Dele
os pacientes pertenciam principalmente à classe baixa ou média, e problemas sociais
sempre foi o foco de seu interesse.
Assim, vemos a carreira de Alfred Adler como um exemplo de ascensão social
de um homem que permaneceu emocionalmente ligado à classe baixa do
população em cujo meio ele havia passado sua infância. A desintegração
do Império Austro-Húngaro favoreceu a transformação de sua
ensinando de sua posição marginal para a de um movimento sócio-ético de
âmbito mundial.
Histórico familiar
Por trás das analogias superficiais entre Freud e Adler havia
diferenças profundas. Vimos isso durante a segunda metade do
o século XIX, a atitude e mentalidade dos judeus austríacos
em grande parte dependia do grupo ao qual seus pais ou avós
pertencia antes da emancipação. 1 Os pais de Freud carregaram consigo o
ressentimento acumulado pelos judeus da Galícia e do sul da Rússia em todo
os séculos. Os pais de Adler vieram de pessoas relativamente privilegiadas
comunidade de Kittsee, na província de Burgenland.
Burgenland é uma pitoresca zona rural com lagos cercados por juncos,
com campos, bosques, vinhas, castelos no topo de colinas, pequenas aldeias de antigos
charme do mundo. É conhecido pela grande variedade de suas aves; quase todo
o telhado da vila tinha seu ninho de cegonha. Burgenland se orgulha de seu histórico
passado e de seus grandes homens, entre os quais estão os compositores Haydn e Liszt.
Ao longo dos séculos, Burgenland foi uma espécie de estado-tampão entre
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Alfred Adler e a psicologia individual 573
Áustria e Hungria. Na verdade, pertencia à Hungria, mas o húngaro

magnatas que possuíam grande parte das terras eram amigos da Áustria
(esta foi uma exceção entre a nobreza húngara). Naquela época o
a população de Burgenland era de cerca de 300.000. A maioria era alemã
falando, mas também havia húngaros, imigrantes croatas, ciganos,
e comunidades judaicas prósperas. Os judeus de Burgenland desfrutaram de um
status mais liberal do que a maioria dos outros judeus do império. Muitos
eles eram comerciantes e, como tal, serviam como intermediários entre
os judeus do gueto de Pressburg e os centros comerciais de Viena.
A diferença de fundo pode explicar certas características
nos judeus que tiveram sua origem em Burgenland. Acima de tudo, eles não
tem a sensação de pertencer a uma minoria perseguida. Moritz Benedikt,
que veio da kille (comunidade judaica) de Eisenstadt, e quem em
sua autobiografia queixava-se de ter sido vítima de inúmeras
injustiças, nunca reclamou de ter sofrido por causa do anti-semitismo.
O mesmo vale para Alfred Adler. em cujos escritos o termo anti-semitismo
nunca é mencionado. Homens dessa origem poderiam manter sua religião
(como fez Benedikt, que permaneceu membro da Sinagoga), mas quando
eles perderam a fé, a tradição judaica não tinha mais qualquer significado para
eles. Não sendo apegados sentimentalmente, eles poderiam facilmente mudar para o protestante
ismo ou catolicismo sem ter a sensação de trair seus ancestrais
ou sendo desleal para com seus companheiros judeus. Assim, Alfred Adler mais tarde se tornou um
Protestante. enquanto dois de seus irmãos (Max e Richard) se converteram a
O catolicismo e o irmão mais velho (Sigmund) deixaram a comunidade judaica
como konfessionslos (sem uma adesão religiosa declarada).
Não sabemos muito sobre a educação de Alfred Adler. Em um curto
relato autobiográfico. 2 ele relata que era o filho favorito de seu pai
mas por muito tempo sentiu-se rejeitado por sua mãe, que uma vez ele machucou outro
menino, que desde pequeno sofreu de raquitismo e ataques de falta de ar,
que ele ficou impressionado com a morte de um irmão mais novo, e por pouco
escapou de morrer de um caso grave de pneumonia. Estes foram os dois
acontecimentos que o inspiraram na sua futura vocação de médico. De outro
memórias de infância registradas por Phyllis Bottome, podemos inferir que
Os ritos judaicos foram realizados em casa e que ele foi para a Sinagoga 3
Com os parentes. Certa vez, aos cinco anos, durante as orações na Sinagoga,
ele puxou um pedaço de vestimenta saindo de um armário, causando o
todo o armário cair com um estrondo. Numa noite de Páscoa em casa, ele rastejou
lá embaixo para substituir os ázimos por pão fermentado, e assisti
o resto da noite em um armário para ver se o anjo notaria
a diferença se veio. Se essas duas primeiras memórias forem verdadeiras, uma
poderia, de acordo com o próprio método de Adler, inferir uma atitude negativa em relação
a religião judaica.
Essa diferença na formação judaica de Adler e Freud também pode
explicar por que, em contraste com a psicanálise freudiana, o indivíduo de Adler
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a psicologia não contém nada que pudesse ser plausivelmente atribuído ao judeu
tradição.
Nosso conhecimento da genealogia e da família de Alfred Adler é fragmentário.
Os dados contidos nas biografias usuais costumam ser errôneos. O único
investigação sistemática conduzida até esta data é a do Dr. Hans Beckh-
Widmanstetter, que estamos seguindo aqui. 4
O avô de Alfred Adler, Simon Adler, era um mestre peleteiro
(Kurschnermeister) em Kittsee. Nada se sabe sobre ele, exceto que seu
o nome da esposa era Katharina Lampl, e que ele não morava mais em
1862 quando seu filho David se casou. Nem se sabe quantas crianças
ele tinha, além de David (tio de Alfred) e Leopold (pai de Alfred).
David tinha trinta e um anos quando se casou em Viena, em 29 de junho
1862. Ele trabalhou como alfaiate no subúrbio judeu de Leopoldstadt.
Leopold Adler (cujo nome judeu era Leb Nathan) nasceu em
Kittsee em 26 de janeiro de 1835. Nada se sabe sobre os primeiros trinta anos de
a vida dele. Quando ele se casou em Viena, em 17 de junho de 1866, o casamento cer-
o certificado dá o seu endereço igual ao do seu sogro em Penzing;
isso indica que por pelo menos algum tempo ele viveu na casa deste último,
e provavelmente trabalhou em sua empresa.
Os ancestrais de Alfred Adler por parte de mãe vieram da pequena cidade
de Trebitsch, na Morávia. Não se sabe há quanto tempo eles viveram lá, mas
quando migraram para Penzing, em 1858 ou 1859, tinham pelo menos cinco
filhos: Ignaz (nascido antes de 1839), Moriz (nascido em abril de 1843), Pauline
(Mãe de Alfred, nascida em janeiro de 1845), Salomon (nascida em julho de 1849),
e Albert (nascido em 1858). Duas outras crianças nasceram em Penzing:
Ludwig (em dezembro de 1859) e Julius (em dezembro de 1861).
O avô de Adler, Hermann Beer, fundou a empresa Hermann Beer
and Sons, lidando com aveia, trigo e farelo. Este foi um comércio próspero
no momento. mas com o desenvolvimento do transporte ferroviário foi
fadado a declinar. Mais tarde. a empresa foi adquirida por seu filho Salomon.
Dois anos depois de se estabelecer em Penzing, em 10 de outubro de 1861, a Hermann Beer
comprou uma casa na Poststrasse 22. É provável que Alfred Adler tenha permanecido
lá várias vezes durante sua infância. Esta casa ainda está de pé e é
agora na Linzerstrasse 20, perto da esquina da Nobilegasse. Apesar de
modernizações dos novos prédios que o cercam, sua estrutura principal tem
Não mudou. No rés-do-chão existe uma loja e no primeiro andar encontra-se
a habitação a que se tem acesso pelo pátio nas traseiras que
é alcançado através do portal de transporte. O pátio é grande o suficiente para
acomodar uma dúzia de carros. À esquerda está a oficina de um automóvel
mecânico, e os estábulos foram convertidos em garagens. Uma pedra larga
escada leva até o apartamento no primeiro andar, onde a família Beer
viveu por muitos anos.
Hermann Beer e sua esposa Elisabeth (também chamada Libussa) Pinsker
teve pelo menos sete filhos, que por sua vez tinham famílias numerosas, de modo que Alfred
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Adler tinha vários parentes por parte de mãe. Um de seus tios,

Julius Beer era apenas oito anos mais velho que ele.
Sabemos muito pouco sobre a vida, ocupação e situação econômica
de Leopold Adler. Durante 1866 a 1877 viveu nas aldeias vizinhas
de Penzing e Rudolfsheim, mudando seu endereço várias vezes e seu
ocupação é registrada como "comerciante". Por razões desconhecidas ele então
mudou-se para Leopoldstadt, o subúrbio judeu no nordeste de Viena,
onde viveu de 1877 a 1881, mas aqui também mudou de endereço
todo ano. Então, por dois anos, ele morou em Hernals (naquela época fora
Viena), onde alugou uma casa na Hauptstrasse 25 com negócio anexo
instalações no No. 23. Estas duas casas eram dependências do
Grossmeierei (uma espécie de fazenda de laticínios atacadista) que pertencia ao conde
Palffy, um dos magnatas húngaros de Burgenland. É muito provável
que Leopold Adler agiu como intermediário na venda dos produtos do conde.
Hermann Beer morreu em 5 de fevereiro de 1881, e sua esposa, em 15 de janeiro,
1882. Sua propriedade foi dividida entre os sete filhos vivos, mas
Pauline vendeu sua parte para um de seus irmãos, e logo depois disso,
em 27 de julho de 1883, ela e Leopold compraram uma propriedade em Wahring,
que na época ainda era uma área pouco povoada fora da cidade
limites de Viena 5 com casas térreas e jardins. Esta propriedade, localizada
na Hauptstrasse 57-59 (hoje Wahringerstrasse 129-131) ainda está de pé.
Era uma típica casa comercial da época; -lo compreendido bu ~ iness
premissas, uma habitação no primeiro andar, com duas grandes e duas menores
quartos, bem como uma cozinha e estábulos abaixo. 6 Esta casa quase dava para
o cemitério em que estavam os túmulos de Beethoven e Schubert (hoje
Parque Schubert). De acordo com Phyllis Bottome, a família não só
manteve cavalos, mas vacas, cabras, galinhas e coelhos também, mas
seria um exagero retratar o jovem Alfred crescendo em uma espécie de miniatura
jardim do Éden, como às vezes tem sido feito. Esta propriedade, que
pertenciam igualmente a Leopold e Pauline, permaneceram em suas mãos desde
Julho de 1883 a julho de 1891. Mas Leopold não teve sucesso, e de acordo
à tradição da família, os Adler foram cada vez mais assediados pela
dificuldades. Isso é confirmado pelo fato de que com o tempo a propriedade se tornou
pesadamente hipotecado e finalmente vendido em 1891, com prejuízo.
A família então voltou para Leopoldstadt, onde viveu sob conside-
tensão material erável, até que Sigmund, o irmão mais velho, se tornou um sucesso
empresário completo e foi capaz de restabelecer todos os seus parentes em um ambiente confortável
condições de vida.
Já que Alfred Adler sempre insistiu tanto quanto Freud na importância
da constelação familiar na formação da personalidade, seria apropriado
priava saber como era no seu caso. Mas aqui também nosso conhecimento é
incompleto. Muito pouco se sabe sobre a personalidade de seu pai, Leopold
Adler, e os dados que temos sobre ele vêm de impressões de pessoas
que o conheceu como um homem velho. Phyllis Bottome escreve que ele teve um despreocupado
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e uma personalidade feliz, era bem-humorado e tremendamente orgulhoso por ele

era um homem bonito que cuidava muito de sua aparência pessoal,
escovou suas roupas meticulosamente, limpou suas botas para que brilhassem
como vidro, e parecia invariavelmente como se estivesse vestido para uma festa. 7 seu neto
Walter Fried, que viveu com ele por vários anos quando ele era criança,
diz:
Ele era um homem de aparência muito imponente, sempre elegante e asseado, e que
tinha o hábito de viver bem. Eu tinha um respeito extraordinário por ele, embora ele
sempre foi especialmente bom para mim. Eu ainda o vejo enquanto ele acaricia minha cabeça e
deu-me novas moedas de cobre das quais eu estava excessivamente orgulhoso. 8
Outro neto, Ferdinand Ray, diz que
O avô Leopold Adler era um cavalheiro bastante elegante e bonito que

manteve-se ereto e foi cuidadoso com seu curativo .... Nos últimos
anos de sua vida, ele almoçou no Rathauskeller , sempre com um copo
de vinho, depois um sanduíche de presunto às 17h e ir para a cama às 18h 21
Ele parece que a relação de Alfred com o seu pai era um bom.
De acordo com Phyllis Bottome, Alfred era o filho favorito de Leopold, e ele
constantemente lhe dava incentivo (sabemos que o incentivo era para
tornar-se um dos leitmotivs do sistema educacional de Adler). O mesmo
o autor também diz que Leopold costumava repetir a Alfred: "Nunca acredite
o que alguém lhe diz, "o que provavelmente significa que se deve julgar
pessoas de acordo com sua conduta ao invés de suas palavras (isso também era para
tornar-se um axioma básico da psicologia individual).
Pauline Adler certamente não gozava de boa saúde como seu marido, que
morreu com quase oitenta e sete anos. De acordo com todos os testemunhos,
quando ela morreu aos 61 anos, estava exausta pela doença e pelo excesso de trabalho.
Phyllis Bottome a descreve como "nervosa e sombria", sem qualquer sentido
de humor. De acordo com a tradição familiar, ela se sacrificou muito para
certos membros da família. Um de seus netos a descreve como sendo
"uma mulher gentil e fina, que dirigia o negócio, e com marido, filhos,
família e cachorro, estava com as mãos ocupadas. "Ela e Alfred não conseguiram entender
um ao outro, e dizem que ela desempenhou o papel em sua vida que ele mais tarde
chamado de Gegenspieler ( contra- folha ), ou seja, a pessoa contra quem
mede e exercita a força.
Enquanto Freud enfatizou principalmente a importância da relação da criança
navio com seus pais, e secundariamente com seus irmãos, Alfred Adler at-
atribuiu mais importância à posição da criança na linha dos irmãos
do que a sua relação com seus pais, e isso nos leva a examinar o
natureza da constelação de irmãos em seu caso.
Alfred era o segundo em uma família de seis filhos, sem contar com dois que
Página 7
morreu na primeira infância. 10 Seu relacionamento com seu irmão mais velho Sigmund é
de interesse particular.
Sigmund Adler (seu nome judeu era Simon) nasceu em 11 de agosto,
1868, em Rudolfsheim. Todos os depoimentos confirmam que ele era muito inteligente
pessoa inteligente e talentosa, de modo que, nas palavras de Phyllis Bottome, "Alfred Adler
sentiu-se colocado na sombra de um irmão mais velho modelo, um verdadeiro 'primogênito',
que sempre pareceu a Alfred estar voando muito além dele em uma esfera
que Alfred - apesar de todos os seus esforços - nunca poderia alcançar. Mesmo no final de
sua vida, Alfred não tinha superado totalmente esse sentimento. "Sigmund é bem-sucedido
sua carreira era ainda mais notável porque a vida tinha sido difícil para ele. Ele
teve que deixar a escola antes de obter seu Matura por causa de sua família
empobrecimento, e foi trabalhar, primeiro no negócio de seu pai e depois
por conta própria. Por algum tempo, ele foi um agente de vendas para moinhos de grãos húngaros,
mas depois ele se estabeleceu no mercado imobiliário. Assim, com o tempo ele se tornou um
empresário de muito sucesso e adquiriu uma fortuna que mais tarde perdeu,
no entanto, na inflação do pós-guerra. Um de seus filhos relata que porque ele
era um cidadão húngaro, ele serviu no exército húngaro por um ano,
que se casou em 1900, teve três filhos e, em vista da situação política
uação, acabou emigrando para os Estados Unidos, onde permaneceu até
sua morte. 11 Outro de seus filhos o descreve da seguinte maneira:
Sigmund era realmente um self-made man. tinha uma grande biblioteca e estava orgulhoso de seu
amigos (melhor classe média. médicos, advogados e assim por diante) .... Nós, crianças
através dele (e da mãe) aprendi a valorizar as coisas superiores da vida, bom
música, bons livros, viagens. e assim por diante. Ele era um bom jogador de xadrez, e nós
as crianças aprenderam o jogo com ele. mas aqui também ele quase sempre estava também
ocupado para jogar.
Quanto à sua relação com Alfred, ele o respeitava muito, tanto como médico
médico e também psicólogo. e frequentemente confiava no julgamento de Alfred
quando um de nós estava doente. Mais tarde. quando a fama de Alfred se espalhou, ele falou sobre
Alfred com admiração e muito respeito sempre. 12
De acordo com todos os testemunhos, Sigmund Adler foi um franco

homem, abnegado em grau raro, que sustentava não apenas sua própria família, mas
também seu pai Leopold em sua velhice, assim como muitos outros de seus parentes.
A rivalidade de Alfred com seu irmão de sucesso Sigmund parece ter jogado
um papel importante em sua vida. Como todos os meninos, eles lutaram entre si, e
de acordo com a tradição familiar, eles eventualmente adquiriram a mesma força.
Ele também foi dito que, se Alfred deixou sua prática geral a se especializar em
neuropsiquiatria, foi porque seguiu o exemplo do irmão, que
deixou de ser um agente de vendas para se tornar um negócio mais lucrativo
Estado. O que quer que tenha sido, eles sempre foram bons amigos, e isso
foi através de Sigmund que Alfred encontrou e comprou seu belo país
casa em Salmannsdorf. Ambos os irmãos emigraram para a América e morreram
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da mesma forma, Alfred de um acidente vascular cerebral em uma rua de Aberdeen em 1937 e Sigmund em
uma rua em Nova York vinte anos depois, em 25 de fevereiro de 1957, no
idade de oitenta
Depois e nove.13
de Sigmund e Alfred, veio o terceiro filho Hermine, uma filha,
nascido em Rudolfsheim em 24 de outubro de 1871. Phyllis Bottome diz que era
A irmã favorita de Alfred, que também o admirava muito. O filho dela escreve
sobre ela:
Hermine, minha mãe, tocava piano muito bem e era uma visão muito boa
leitor de música. Ela tinha uma boa voz para cantar, mas não treinada. Ela costumava jogar
com Alfred, que também tocava piano, música para quatro mãos. Eles tinham um
grande afinidade e todos os seus filhos, quando se casaram, trouxeram seus companheiros
para aprovação de Alfred.I 4
Depois de Hermine veio um irmão mais novo, Rudolf, que nasceu em

Penzing em 12 de maio de 1873 e morreu de difteria em 31 de janeiro de 1874.15
Como veremos, o nascimento e a morte prematura do irmão mais novo foram
eventos significativos na infância de Alfred.
A próxima criança, Irma, nasceu em Penzing em 23 de novembro de 1874. Ela
a vida terminaria tragicamente em um campo de extermínio na Polônia em 1941. Ela
casou-se com o impressor Franz Fried e teve um filho, Walter.
Depois de Irma veio Max, que nasceu em Leopoldstadt em 17 de março de 1877.16
Apesar da situação difícil da família, ele foi capaz de completar seu
escola secundária no Sperlaum, onde recebeu seu Matura em setembro
mês de 1896. Em seguida, ele estudou história e a língua alemã e
literatura por nove semestres na Universidade de Viena. Sua dissertação 1 7
foi aprovado em outubro de 1903, e ele recebeu seu doutorado em phi-
losofia em 23 de junho de 1904.1 8 Max Adler parece ter trabalhado principalmente como um
jornalista, escrevendo sobre tópicos filosóficos, econômicos e políticos. Ele
viveu muitos anos em Dresden, mas depois foi para Roma, onde morreu em
5 de novembro de 1968, aos noventa e um anos. De acordo com Phyllis Bottome,
"ele tinha muita inveja e ciúme do popular Alfred, nem nunca
recupere deste estado de espírito. Adler gostava dele, mas nunca conseguiu
ganhando seu afeto. "Esses detalhes devem ser levados em consideração ao se referir
à imagem que Alfred Adler deu da personalidade do segundo filho em
uma grande família: sempre sob pressão, tentando muito competir com os mais velhos
irmão, e ele mesmo seguido por um irmão mais novo competitivo.
O último filho, Richard, nasceu em Wahring em 21 de outubro de 1884. Dur-
durante sua infância, a situação econômica da família estava no seu pior, e
parece que sua educação foi sacrificada. Por outro lado, ele parece
ter sido o filho favorito de sua mãe. Ele tinha uma grande admiração por
Alfred, que também o ajudou de todas as maneiras possíveis. Como professor de piano, ele
alegou aplicar os princípios da psicologia individual ao ensino de
música. Por algum tempo, ele ficou na casa de campo de Alfred em Salmannsdorf.
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Durante a Segunda Guerra Mundial, ele trabalhou no cultivo do grande jardim de Alfred em
Dobling, que ainda pertencia à família. 19 Ele foi capaz de escapar do
aviso dos nazistas e para sobreviver junto com sua esposa Justine. Ele morreu em
Janeiro de 1954, sem deixar filhos.
A diferença entre as origens sociais e familiares de Alfred
Adler e Sigmund Freud não deixa de ter relevância no que diz respeito à diferença
em seus respectivos sistemas psicológicos. A tradição judaica teve uma
forte impacto sobre os judeus cujas famílias vieram da Galícia, mesmo que eles
tinham perdido sua fé religiosa. Embora Freiberg fosse para ele o paraíso perdido
da primeira infância, Freud era um cidadão austríaco com todos os direitos de um
Austríaco. Mas ele cresceu em Leopoldstadt, um subúrbio densamente povoado de
Viena, onde os judeus mais pobres da parte oriental do império tinham
assentados, e onde havia favelas com inúmeras crianças e mendigos,
de modo que Freud sempre se considerou membro de um grupo minoritário.
Uma vez que Freud sempre permaneceu sob o olhar atento de seus pais e
professores, ele foi levado a enfatizar suas relações de infância com seus pais
mais do que com seus irmãos e grupo de pares. Além disso, Freud foi o
filho primogênito e querido de sua mãe e se sentia antagônico ao seu
pai, o que fez com que a situação edipiana parecesse natural para ele.
No caso de Adler. a situação era bem diferente. A tradição judaica
não era tão importante para os judeus originários das comunidades privilegiadas de
Burgenland. Porque ele nasceu em Viena, Burgenland não tinha o
qualidade de um paraíso perdido para Adler; pelo contrário, foi até um empate
de volta em sua vida. Isso significava que ele não estava registrado como austríaco, mas como um
Húngaro, tornando-se assim sujeito de um país cuja língua ele
não falou e privando-o de muitos privilégios concedidos apenas aos austríacos
em Viena. (Ele adquiriu tardiamente a cidadania austríaca em 1911.)
contraste com Freud. Adler passou a maior parte de sua infância na periferia
( Vororte) de Viena, 20 em lugares como Rudolfsheim, Penzing, Hernals,
e Wahring, que pelo menos em parte manteve seu caráter rural. Eles
não eram tão densamente povoados; uma característica desses "arredores" era a existência
ance de grandes terrenos que foram comprados por especuladores e
deixado em estado de abandono até que os preços subissem o suficiente para que eles fizessem um sub
lucro substancial. Esses lugares eram comumente chamados de Gstii.tten; rua
os moleques iam lá para se divertir. Assim, Adler gastou mais
de sua infância na "periferia" da cidade, brincando ou brigando com
meninos não judeus, muitos dos quais pertenciam às classes mais baixas. Obviamente,
a supervisão dos pais para Adler não era tão rígida quanto para Freud. Todas as contas de
A vida de Adler fala de suas escapadas e brigas com meninos de rua. Isso necessariamente
levou-o a enfatizar, mais do que Freud, o papel do grupo de pares e
irmãos na formação da personalidade. A constelação familiar também foi
bem diferente com esses dois homens. Adler foi o segundo filho que sentiu
rejeitado pela mãe, mas protegido pelo pai, por ter experimentado
situação oposta à de Freud, ele nunca poderia aceitar a ideia do
Página 10
Complexo de Édipo. É digno de nota que Adler, embora fosse um judeu e um

estrangeiro em seu próprio país, nunca se sentiu como se pertencesse a uma minoria; ele
se via como participante da vida popular da cidade, e seu íntimo
o conhecimento do idioma vienense tornou possível para ele divulgar publicamente
discursos como um homem do povo. Pode-se entender, portanto, como o
o conceito de sentimento comunitário se tornaria o ponto central de seu ensino.
Eventos na vida de Alfred Adler

Considerando que a dificuldade em escrever sobre Freud consiste na super-
abundância de material biográfico, tanto para Adler quanto para Janet, exatamente o
oposto é verdade. Temos muito poucas notas autobiográficas curtas de Adler,
além das gravadas por Phyllis Bottome. Houve, ainda,
quatro biografias de Adler: uma de Manes Sperber, 21 outra de Hertha
Ogler, 2 2 o terceiro por Phyllis Bottome, 23 e um quarto por Carl Furtmiiller,
conhecido apenas por sua tradução em inglês. 24 Phyllis Bottome também deu detalhes
sobre Adler em um livro de ensaios psicológicos e no segundo volume de sua
autobiografia. 25 Seja qual for o mérito dessas publicações, a informação
que contêm é baseado principalmente em memórias e boatos, e é prejudicado por
numerosas imprecisões. Pela abundante correspondência de Adler, dificilmente
mais de meia dúzia de cartas foram publicadas. 26 Não houve
Arquivo Adler para coletar documentos e testemunhos sobre Adler, e ali
não há filmes dele ou gravações de sua voz. Uma investigação sistemática baseada em
o material de arquivo foi recentemente conduzido pelo Dr. H. Beckh-Widman-
stetter de Viena, mas apenas uma pequena parte do material reunido por ele
apareceu "ainda. Sua curta narrativa da infância e juventude de Adler ainda é
a ser publicado. 27 O seguinte esboço da vida de Alfred Adler é baseado principalmente
na pesquisa do Dr. H. Beckh-Widmanstetter, complementada por verbais e
informações escritas fornecidas por membros de sua família. 28
Alfred Adler nasceu em Rudolfsheim em 7 de fevereiro de 1870. A casa
onde ele nasceu era na Hauptstrasse na esquina da Zollemsperg-
gasse. Naquela época era uma grande casa dividida em quinze pequenos apartamentos,
e a casa que a substituiu fica no número 208 Mariahilferstrasse. 29
A casa estava voltada para um grande mercado (Central-Markt Platz). Próximo
era um grande espaço de terreno aberto ( Gstatte) (agora o Parque Gustav Jager com
Museu Técnico), onde as crianças do bairro iriam
Toque. Durante os primeiros sete anos da infância de Alfred Adler, a família
morava em vários endereços em Rudolfsheim e na vizinha Penzing.
Naqueles anos, o jovem Alfred frequentemente escapava para brincar com meninos de rua e ia
tanto quanto beliscar as flores nos jardins do castelo imperial de Schon-
Brunn, que não ficava longe de Penzing. Embora Alfred pensasse que ele foi
para a escola pública em Penzing, nem o nome dele nem de seu irmão Sigmund
foram encontrados nos arquivos dessa escola. Possivelmente ele foi a um privado
escola cujos arquivos não foram preservados. Um evento importante disso
período foi o nascimento do irmão mais novo de Alfred, Rudolf, e sua morte alguns
Página 11
dias antes do quarto aniversário de Alfred. Se suas primeiras memórias forem

acreditou, este evento, combinado com uma doença infantil grave algum tempo
mais tarde, inspirou-o com o desejo precoce de se tornar um médico.
Quando Adler tinha sete anos, a família teve que se mudar para o bairro judeu
subúrbio de Leopoldstadt, onde moraram por quatro anos. É característico
que nenhum dos biógrafos de Adler mencionou que ele já viveu em Leopold-
stadt. Provavelmente ele tinha memórias desagradáveis daqueles anos, e não
deseja discuti-los. Durante esse tempo, em 1879 (portanto, quando ele estava com idade
nove), Alfred foi enviado para o Communales Real-und Obergymnasium em
o Sperlgasse, mais conhecido como Sperlgymnasium, ou SperHium, o
o mesmo para o qual o jovem Sigmund Freud fora enviado quatorze anos
mais cedo na mesma idade. Nesse ínterim, no entanto, os regulamentos da escola tinham
alterado, definindo a idade de dez anos como um mínimo para a entrada. Dr. Beckh-
Widmanstetter descobriu que no Klassenbuch (registro de classe) Alfred
A data de nascimento de Adler, 1870, foi corrigida por uma mão desconhecida e
alterado para 1869. Sabemos pelos arquivos da escola que o jovem Alfred
falhou no primeiro ano e teve que repetir.
Em meados de 1881, a família deixou Leopoldstadt e mudou-se para
Hernals, onde Alfred foi ao Hernalser Gymnasium na rua
com o mesmo nome. Ele continuou a frequentar aquela escola quando o
família mudou-se, mais uma vez, para a vizinha Vorort de Wahring, até que ele
tinha dezoito anos e recebeu sua Matura. Infelizmente os arquivos
dessa escola foram destruídas durante a ocupação aliada de Viena após
Segunda Guerra Mundial. Assim, é impossível saber que tipo de aluno Alfred
Adler estava. É certo que recebeu uma excelente educação, estudando
Clássicos latinos, gregos e alemães ensinados naquela época.
Quase nada se sabe sobre a adolescência de Alfred fora da escola.
De acordo com seus biógrafos, ele tinha paixão por música, canção e pela
teatro, e ele próprio era um ótimo ator.
Assim que concluiu o ensino médio, ele se inscreveu na faculdade
de Medicina em Viena, no semestre de inverno de 1888 a 1889. Dr. Hans
Beckh-Widmanstetter encontrou o registro completo do trabalho acadêmico de Adler
conquistas no arquivo da Faculdade de Medicina, das quais extraímos
os seguintes detalhes. Adler completou seus estudos médicos em média
período de tempo, seguiu apenas os cursos obrigatórios necessários para passar no
exames, e passou seus três Rigorosa com a nota geniigend
(suficiente), que foi o mais baixo para passar. Desde então a psiquiatria
não era um curso obrigatório, Adler não recebeu nenhum ensino psiquiátrico;
nem ouviu as palestras do Privat Dozent Sigmund Freud sobre
histeria. No entanto, em seu quinto semestre, ele seguiu o curso de Krafft-Ebing sobre
"as doenças mais importantes do sistema nervoso."
Os registros da Universidade de Alfred Adler mostram que seu quinto, sexto e sétimo
semestres foram particularmente extenuantes. Durante esses três semestres ele
fez, entre outros, um curso semanal de dez horas de cirurgia e um curso de dez horas
Página 12
curso semanal de medicina, este último com o internista Nothnagel (cujo

ensino também incluiu palestras sobre doenças nervosas orgânicas). Depois dele
sétimo semestre, Adler foi aprovado em seu primeiro Rigorosum em 24 de março de 1892,
e então passou para os primeiros seis meses de seu ano de obrigatoriedade
serviço militar no primeiro e quarto Regimento de Tyroler-Kaiserjager
de 1º de abril de 1892 a 1º de outubro de 1892.
Os semestres seguintes também foram árduos. Em seu nono semestre, ele
fez, entre outros, um curso de patologia do sistema nervoso com
Salomon Stricker. No décimo semestre ele tirou apenas dez horas semanais
curso da cirurgia. Em seguida, ele passou seu segundo Rigorosum em maio
22, 1894, e esperou quase um ano e meio antes de apresentar
ele mesmo para o terceiro Rigorosum.
É provável que ele tenha se dedicado a se aperfeiçoar na clínica

remédio. Naquela época, mesmo um jovem médico que não desejava seguir um
carreira acadêmica ou tornar-se um especialista normalmente gastaria dois ou três
anos no Hospital Geral ou no Poliklinik, para adquirir
experiência. Nos arquivos do Hospital Geral, Beckh-Widmanstetter
descobriu que nenhum compromisso foi realizado lá por Alfred Adler. na visão de
fato de que os cargos pagos foram reservados para cidadãos austríacos, e sendo que
Adler era húngaro, ele só poderia ter feito trabalho voluntário e não remunerado
há. Encontramos seu nome, no entanto, na lista daqueles jovens médicos
que trabalhou no Poliklinik em 1895 e 1896. O Poliklinik vienense,
uma instituição benevolente, foi fundada em 1871, principalmente sob a iniciativa
de Moritz Benedikt, para fornecer atendimento médico gratuito às pessoas que trabalham
aula numa época em que não havia previdência social. Os médicos que trabalharam
não foram pagos. Para os jovens médicos, foi uma oportunidade de adquirir
experiência clínica e talvez também para encontrar clientes em potencial. Alfred
Adler trabalhou em 1895 no Departamento de Oftalmologia da
Poliklinik, com o professor von Reuss. É provável que ele conheceu Moritz
Benedikt, que deu tratamento elétrico aos pacientes daquele departamento.
Durante esse período, ele passou seu terceiro Rigorosum em 12 de novembro,
1895, e recebeu seu diploma de médico em 22 de novembro de 1895. Em 1896
ele voltou a trabalhar na Poliklinik, mas não deve ter sido por muito tempo,
desde que ele foi chamado de 1 de abril de 1896, a 30 de setembro de 1896, para
completar seu segundo semestre do serviço militar obrigatório 11 o décimo oitavo
Hospital Militar de Pressburg, em uma unidade húngara, sob seu magiar
nome de Aladar Adler.
Foi afirmado que Adler fez outros estudos de pós-graduação, a saber
em patologia, mas não foi possível encontrar nenhum documentário
evidências. 30 Se ele já trabalhou no Hospital Geral, deve ter sido
voluntariamente, porque não sobrou nenhuma evidência disso.
Os anos de 1896 a 1902 da vida de Adler não estão completamente documentados.
Os relatos dados em suas biografias são curtos, muitas vezes contraditórios e baseados
em boato. Ainda não foi possível descobrir quando ele abriu seu
Página 13
prática. De acordo com Carl Furtmiiller, Adler se interessou profundamente

no socialismo em seus dias de estudante, participou de reuniões políticas socialistas,
sem, no entanto, tomar parte ativa, e encontrar nesses grupos o seu futuro
esposa, Raissa Timofeyevna Epstein, que viera para Viena como estudante,
já que as mulheres não tinham permissão para estudar nas universidades russas naquela época.
Na verdade, a evidência documental mostra que ela estudou três semestres em
a Universidade de Zurique em 1895 e 1896 31, mas nunca se registrou no
Universidade de Viena, embora ela tenha vindo morar naquela cidade em 1897. 32
Em 23 de dezembro de 1897, Alfred Adler casou-se com Raissa Epstein. De acordo
aos registros da comunidade judaica em Viena, ela nascera em
Moscou em 9 de novembro de 1873, filha de um comerciante judeu. o
o casamento foi celebrado na comunidade judaica em Smo1ensk. Depois deles
casamento, eles se estabeleceram no apartamento dos pais de Adler em Eisengasse
22 (hoje Wilhelm-Exnerstrasse), enquanto seus pais se mudaram para outro
Lugar,
Em colocar.
1898, dois eventos são significativos: o nascimento do filho mais velho de Adler, um
filha, Valentine Dina, que nasceu em 5 de agosto de 1898, e a
publicação do primeiro texto de Adler, o Health Book for the Tailoring
Comércio. 33
Em 1899 Adler configurar sua prática na Czerningasse no No. 7. Ele parece
provavelmente, como um jovem praticante, ele teria achado difícil praticar
na Eisengasse, que ficava nas proximidades do bairro onde muitos
especialistas distintos tinham suas práticas. Ele teve melhores oportunidades em
aquela rua popular, não muito longe do Prater.
De 1899 a 1902, não temos dados documentais, exceto do nascimento
de sua filha Alexandra, em 24 de setembro de 1901. A partir de 12 de agosto de 1902,
a 15 de setembro de 1902, Adler passou trinta e cinco dias no serviço militar
com o Décimo Oitavo Regimento de Infantaria do Honved, o Húngaro
exército de reserva. Este regimento era composto principalmente de pessoas de língua alemã
soldados e estava estacionado na cidade de Burgenland de Oedenburg. 34
Naquele mesmo ano, Adler começou sua colaboração com Heinrich Griin, o
editor de uma nova revista médica, a Aerztliche Standeszeitung. Não é
sabia que tipo de acordo havia entre os dois homens, mas um
a leitura desse diário mostra que Heinrich Griin obviamente considerou
Adler, seu principal contribuidor.
Foi naquele ano crucial de 1902 que Adler conheceu Freud.
A história usual é que a Neue Freie Presse publicou um depreciativo
crítica da Interpretação dos Sonhos de Freud, em que Adler escreveu uma carta
de protesto, que também foi publicado por aquele jornal. Isso trouxe Adler para
a atenção de Freud, que lhe agradeceu com um postal, convidando-o a
Visite-o. Na verdade, a Neue Freie Presse nunca publicou uma crítica
de A Interpretação dos Sonhos, nem qualquer artigo contra Freud, e é
não se sabe em que circunstâncias os dois homens se conheceram. 35
Em 1904, Alfred Adler se converteu à fé protestante. De acordo com
Página 14
Phyllis Bottome, ele se ressentia do fato de que a religião judaica era apenas para
um grupo étnico e preferiu "compartilhar uma divindade comum com o universal
fé do homem. "36 Ele foi batizado em 17 de outubro de 1904, junto com seu
filhas Valentine e Alexandra, mas sem Raissa, no protestant
Igreja da Dorotheergasse 37
De 1902 a 1911, Adler pertenceu ao círculo psicanalítico do qual
ele foi um dos primeiros quatro membros e isso cresceu lentamente
Freud. Até 1904, ele buscou sua colaboração com Heinrich Griin's
Diário. Mas a partir de 1905 ele escreveu vários livros de orientação psicanalítica
contribuições para revistas médicas e pedagógicas. Suas atividades em Freud, s
As reuniões de quarta-feira à noite são conhecidas por nós a partir das atas do
Sociedade Psicanalítica de Viena, que resumiu as palestras que ele deu lá
e suas intervenções nas discussões. Ele parece que ele foi o mais
membro ativo do círculo e que Freud o tinha em alta estima durante
aqueles primeiros anos. 38 Em 1907, seu livro, Studies of Organ Inferiority,
apareceu, o que foi considerado um complemento fisiológico da psicologia
teoria analítica e foi bem pensado por Freud. No primeiro internacional
encontro psicanalítico em Salzburgo, em 26 de abril de 1908, Adler leu um jornal

sobre "Sadism in Life and Neurosis". Ele era o presidente e um dos
principais contribuintes para a discussão da Sociedade sobre o suicídio de crianças em abril
1910, que foi publicado posteriormente. Em outubro de 1910, após a Sociedade
mudou-se para suas novas instalações, Adler foi eleito seu presidente e
Stekel como seu vice-presidente.
Enquanto isso, mudanças ocorriam na vida de Adler. Sua família havia crescido,
com o nascimento de Kurt em 25 de fevereiro de 1905, e Cornelia (Nelly) em
18 de outubro de 1909. Ele se mudou da Czerningasse para um local mais residencial
parte da cidade, ocupando um grande apartamento em Dominikanerbastei 10.39
Ele agora se especializou como Nervenarzt, embora pareça que há algum tempo
depois disso, ele ainda era frequentemente chamado como consultor em questões gerais
remédio. Em 1911 ele adquiriu a cidadania austríaca. 40
Ao mesmo tempo, tornou-se cada vez mais evidente que o próprio Adler
as opiniões sobre as neuroses divergiam das de Freud. Contribuições de Adler
não podiam mais ser vistos como complementos da psicanálise, uma vez que
contradisse as suposições básicas de Freud. No entanto, quando a pergunta
surgiu da organização da Sociedade Psicanalítica Vienense, Freud recom-
consertou Adler para presidente e para o recém-fundado Centra / blatt, que
Adler e Stekel se tornaram os editores adjuntos. Mas logo depois o diverg
As relações entre a sua visão e a de Freud tornaram-se tão agudas que foi considerado
necessário dedicar várias sessões ao seu esclarecimento. Em 4 de janeiro,
1911 e 1 de fevereiro de 1911, Adler leu dois artigos, um sobre "Problemas
da Psicanálise "e outra sobre o" Protesto Masculino ". Em 8 de fevereiro
e 22 de fevereiro, discussões animadas, para dizer o mínimo, aconteceram, e
Stekel foi o único a afirmar que não havia contradição entre
Opiniões de Freud e Adler. Mas no final da sessão de fevereiro, Adler
Página 15
e Stekel renunciou aos seus cargos de presidente e vice-presidente da Sociedade.

Depois de tentar em vão uma reconciliação, Adler deixou a Sociedade junto com
seu amigo Furtmiiller e alguns outros.
Com os seis membros que renunciaram a ele e alguns outros, Adler
fundou um novo grupo, a Society for Free Psychoanalysis, que logo
depois foi chamada de Society for Individual Psychology.
Ele parece que durante estas longas discussões com o psicanalítica
grupo, Adler tornou-se mais consciente da originalidade de seus pensamentos.
Justamente nessa época, o célebre livro de Hans Vaihinger, A Filosofia do
As If, apareceu , o que impressionou muito Adler e lhe proporcionou um
nova estrutura conceitual para seu próprio sistema.
Considerando que Freud reuniu seus discípulos ao seu redor em seu apartamento e
mais tarde, nas instalações de uma associação médica, Adler preferiu se reunir com
seus seguidores em alguns dos cafés vienenses. Alguns de seus adversários contra
considerou isso indigno, mesmo que suas discussões fossem mais sérias do que
a conversa usual que acontecia nos cafés vienenses. Durante aquele
tempo Adler estava remodelando seu sistema e organizando sua própria escola. Em 1912
ele publicou seu segundo livro, The Nervous Character, e inaugurou o
publicação de uma série de monografias. Em 1913 e 1914 ele publicou
numerosos artigos sobre neuroses e tópicos afins. Então ele e Carl Furt-
miiller fundou o Zeitschrift fur Individual-Psychologie (Journal for
Psicologia individual). Um volume coletivo, Heilen und Bilden (Healing
e Educação), continha vários de seus documentos mais antigos, juntamente com novos
alguns dele e de seus seguidores, dispostos de forma a constituir um livro-texto de
psicologia individual. Adler agora tinha clientes, não apenas de baixo e
classes médias, mas também da classe alta. Entre seus pacientes estava
o revolucionário russo Yaffe, amigo de Trotzky. (Trotzky viveu em
Viena de 1907 a julho de 1914; sua esposa era amiga de Raissa Adler.) 4 1
Adler, como vimos, havia se inscrito em julho de 1912 para o título de Privat
Dozent na universidade. A resposta foi dada apenas em janeiro de 1915. É
não se sabe por que o atraso foi tão incomumente longo. O relato sobre o dele
candidatura foi escrita por Wagner-Jauregg (que, aliás, tinha
presidiu o terceiro Rigorosum de Adler e a cerimônia em que ele recebeu
seu diploma de médico).
Neste relatório, a seção dedicada às realizações acadêmicas de Adler é surpreendente.

resumidamente: "De acordo com ele, ele foi ativo durante os quatro anos seguintes à sua
licenciatura em medicina no Hospital Geral de Viena e na Poliklinik no
campo da Psiquiatria. Medicina Interna e Oftalmologia, em que institutos e
em que posição não é dito. "Esta maneira um tanto petulante de colocar isso sugere
que Wagner-Jauregg não estava totalmente convencido da realidade das declarações de Adler.
Em seguida, Wagner-Jauregg afirma que os dois livros de Adler e seus numerosos
artigos se destacam contra os trabalhos científicos de todos os outros candidatos sem
exceção, por uma característica importante: todos os outros candidatos trouxeram
encaminhar trabalhos em suas pesquisas em histologia, anatomia ou fisiologia experimental
Página 16
do sistema nervoso, ou investigações clínicas sobre os sintomas e etiologia

de doenças nervosas, enquanto nas obras de Alfred Adler não há nada do
tipo. Ele dá apenas "explicações de natureza puramente especulativa". Adler, quem
pertenceu à escola psicanalítica, permaneceu fiel ao seu método, se
não de seu ensino. É a primeira vez que um seguidor dessa escola se inscreve no
posto de Privat Dozent e por esse motivo é muito importante que os Profes-
sorenkollegium deve tomar posição.
Wagner-Jauregg considera a teoria da inferioridade de órgãos de Adler "interessante e
razoável " (ansprechend und vernunftig), ou seja , que tal condição en-
segue o aumento funcional e talvez a neurose, mas encontra a concepção de Adler do
órgão muito geral, uma vez que inclui sistemas inteiros, o que não permite
para precisão.
Quanto ao personagem nervoso, Wagner-Jauregg critica a ampla
definição de neurose e seu conceito puramente psicogenético de sua etiologia. Dentro
em relação aos seus conceitos de "objetivo fictício" e "protesto masculino", Adler
dá histórias de casos que são explicadas pelas teorias que devem provar. Wagner-
Jauregg não leva o método psicanalítico a sério e critica outras
teorias, algumas das quais ele considera "tão grotescas quanto com Freud".
As obras de Adler podem ser chamadas de científicas? pergunta Wagner-Jauregg. Principal de Adler
ferramenta é a intuição e suas convicções sua única prova. As obras de Adler são "engenhosas"
(geistreich), mas para um cientista é perigoso ser apenas engenhoso. Imaginação
deve ser verificado por crítica. Isso leva à pergunta: "É desejável
ensina na Faculdade de Medicina o que Adler tem a ensinar? "E é para ser assumido
que ele nunca ensinará outra coisa. "Portanto, minha resposta deve ser uma
definitivo não ", conclui Wagner-Jauregg. 4 2
Na sequência deste relatório, o Professorenkollegium rejeitou o cân-

didatura por unanimidade por vinte e cinco vozes de vinte e cinco.
Lendo o relatório de Wagner-Jauregg, não se pode deixar de pensar que seu
crítica de Adler foi principalmente dirigida a Freud, que é mencionado várias
vezes. Para Adler, foi uma grande decepção. Tem sido dito que seu
opiniões socialistas foram a causa desse revés, mas isso é improvável.
A propósito, o panfleto de Adler sobre o comércio de alfaiates e suas primeiras publicações
sobre medicina social não são mencionados em nenhum lugar no relatório de Wagner-Jauregg.
Enquanto isso, a Primeira Guerra Mundial estourou. No meio do mundo
tragédia Adler tinha suas próprias preocupações particulares. Sua esposa tinha ido de férias
para a Rússia com seus quatro filhos, e quando ele lhe enviou um telegrama pedindo
ela a voltar para Viena, ela não percebeu o quão grave era a situação,
adiou seu retorno e foi pego. Demorou vários meses de árduo
negociações para sua libertação da Rússia e seu retorno a Viena via
Suécia e Alemanha. Adler. que tinha quarenta e quatro anos, não tinha sido
mobilizado, já que foi dispensado de novo serviço militar em dezembro
1912. Mas em 1916 a situação militar havia piorado na Áustria-
Hungria e regulamentos foram revisados para que muitos homens fossem mobilizados
quem de outra forma estaria isento. Assim, Adler foi enviado como um exército
médico da seção de neuropsiquiatria do hospital militar de Semmer-
Página 17
ing. Em sua autobiografia, Stekel menciona que trabalhou na mesma seção

deste hospital onde Adler o precedeu e fez um excelente trabalho,
que seus exames foram completos, seus históricos de casos impecáveis e que ele
era um médico modelo. 43 Em seguida, Adler foi transferido para o neuro-
seção psiquiátrica do Hospital Garrison nº 15 em Cracóvia. Esta transferência
de um médico do exército, que não tinha grau militar, para um hospital da guarnição em um
cidade universitária era bastante incomum, e foi sugerido que poderia
só foram possíveis por meio de canais muito altos. 44 O único evento que
é conhecido de sua estada na Cracóvia é a menção de uma palestra sobre neuroses de guerra
entregue antes de uma reunião de médicos do exército em novembro de 1916. 45
Não se sabe exatamente quanto tempo Adler trabalhou lá. Sabe- se que
em novembro de 1917, Adler foi transferido para o hospital militar de
Grinzing e por algum tempo foi responsável pelo atendimento aos pacientes com tifo.
A presença de Adler na Suíça antes do fim da guerra é conhecida por
um cartão postal; presume-se que ele foi lá para acompanhar um comboio
de prisioneiros feridos ou doentes.
A derrota da Áustria-Hungria trouxe um longo período de extrema angústia em
Viena. Houve fome, falta de combustível, ruas escurecidas, epidemias e
medicação insuficiente. A maioria das pessoas estava financeiramente arruinada, fortunas e
poupanças foram perdidas por ricos e pobres, e as famílias foram desorganizadas
porque milhares de homens foram mantidos como prisioneiros em outros países
sem poder corresponder. A propaganda revolucionária era galopante
entre os soldados e trabalhadores que retornavam. A delinquência juvenil estava crescendo
dia a dia. Também foi um pensamento deprimente para os vienenses, que tinham
esteve
de umano centro república
pequena de um poderoso império para ser agora o centro hipertrófico de
sem recursos.
Durante esse estado geral de miséria e depressão, o socialista de Adler
as opiniões voltaram a aparecer, embora de forma original e renovada.
Isso foi mostrado em três publicações que apareceram em 1918 e 1919.
Três meses antes do colapso da Áustria, em julho de 1918, o jornal suíço
A Intemationale Rundschau publicou uma breve nota com o título: "A Psychi-
atrista em War Psychoses "e a assinatura AA, que quase certamente
representava Alfred Adler.
O autor aponta o paradoxo de as pessoas comuns entrarem em guerra com tais

uma demonstração de entusiasmo por suportar tantos sofrimentos por uma causa que não era deles
próprio. A resposta é que eles agiram dessa forma para escapar da angustiante
sentimento de sua impotência 46
Em dezembro de 1918, o mesmo jornal publicou um artigo intitulado

"Bolchevismo e psicologia", desta vez com a assinatura completa de Adler.
.. Perdemos nosso domínio sobre outros povos. e vemos sem

inveja e má vontade dos tchecos. os eslavos do sul, os húngaros, os poloneses, os
Rutenos ganhando força e despertando para uma nova vida independente ... Nós
Página 18
nunca estivemos mais infelizes do que quando estávamos no auge de nosso poder ... Nós
estão mais próximos dessa verdade do que os vencedores. ”O autor acrescenta que os socialistas
até agora foram os únicos a afirmar que a vida pacífica em comum era a mais elevada
apontar para a sociedade. Agora os bolcheviques tomaram o poder e estão proclamando
que eles o usarão para o bem da humanidade. A idealogia comunista parece
idêntico ao do socialismo, mas há uma diferença essencial, a saber que o
o poder do primeiro é baseado e mantido pela violência. Violência provoca
contra-violência: "Outros já estão se preparando para expandir sua ofensiva
contra o bolchevismo sob uma enxurrada de slogans moralistas para a conquista e
sujeição da Europa. " 4 7
Seu terceiro texto foi um panfleto, The Other Side, no qual ele
esboçou brevemente os eventos dos cinco anos anteriores com uma tentativa de
extraia a lição.
Antes da guerra, toda a população estava intoxicada por exercícios militares e

propaganda para que quando a guerra viesse as pessoas se permitissem
conduzido cegamente, sob crescente envenenamento da mente. As esperadas revoltas fizeram
não ocorrer, mas mais e mais homens tentaram escapar do dever de batalha e houve
conflitos entre médicos militares e as comissões cuja função é
era enviar homens de volta para a frente. Tentativas de deserção em massa durante a Rússia
A ofensiva sian foi severamente controlada pela polícia militar. O único meio que resta
à disposição estava a resistência passiva secreta, e quando o colapso veio o povo
alegrou-se por ter conquistado a liberdade, percebendo que seu verdadeiro inimigo, a classe dominante,
foi derrotado. Agora era a hora dos governantes. os aproveitadores, o sádico
juízes e médicos, os jornalistas. os escritores. e até mesmo alguns cientistas para
conta por suas ações. Mas e o entusiasmo em massa no início de
a guerra e os numerosos voluntários? Muitos dos últimos foram para a guerra porque eles
estavam insatisfeitos com sua posição ou vida familiar. Esses costumavam ser os
que foram os mais rapidamente desencantados. Mas as pessoas não devem ser seguradas
responsáveis por sua atitude no início. porque eles não tinham meios de
avaliando a situação, tendo sido completamente enganados por seus líderes. Aqui
também Adler dá sua explicação de que, uma vez que não havia saída, a única possível
a salvação era lutar sob a bandeira do opressor. Aliás, este é
o que vários anos depois os psicanalistas chamariam de "identificação com o
inimigo. " 48
Depois da derrota da Áustria e da convulsão social que se seguiu, o

Os democratas chegaram ao poder em Viena. Apesar da crise econômica,
eles empreenderam um programa de instituições de previdência: construção de baixo custo
habitação para trabalhadores, dispensários médicos e reforma educacional foram
fizeram uma parte importante de seu programa. O novo Ministro da Educação, Otto
Glockel, ex-professora, encaminhou o pedido de um novo
sistema baseado em princípios democráticos e no respeito do indivíduo
necessidades das crianças. 49 Novos métodos audaciosos foram aplicados em vários
de escolas experimentais, de modo que por uma dúzia de anos Viena foi uma espécie de
Meca para pedagogos modernos. 50 Esta situação deu a Adler uma oportunidade de ouro
Página 19
oportunidade de proceder à materialização das suas próprias ideias. Em 1920 ele começou
a fundação e o desenvolvimento gradual dessas instituições (consultas
para professores, consultas médico-pedagógicas, jardins de infância e experiências
escolas mentais), que serão descritos com mais detalhes. s 1
Em seu segundo artigo no Intemationale Rundschau, Adler mencionou
seus ex-amigos agora no poder (uma referência óbvia a Trotsky e Yoffe).
Mas ele se recusou a se envolver em atividades políticas militantes.
De acordo com Furtmiiller, ele só foi a uma reunião comunista uma vez.
Embora ainda escrevesse contribuições ocasionais para o Arbeiter Zeitung, ele
há muito deixou de ser membro do partido social-democrata - para o
irritação de alguns de seus ex-associados - e ele proclamou que a maioria
necessidade urgente da humanidade era a reforma e difusão da educação sob
os pontos de vista da psicologia individual. Em 1920, Adler organizou seu primeiro
consultas para professores. Eles se encontrariam com ele ou seus associados para
discutir problemas relativos aos filhos difíceis que tiveram em seus
Aulas.
Deste ponto em diante, a vida de Adler tornou-se cada vez mais identificada com
o desenvolvimento e a história da psicologia individual.
A publicação do Zeitschrift fur Individualpsychologie, que tinha
parado durante a guerra, foi retomado em 1923 sob o nome de
Intemationale Zeitschrift fur Individualpsychologie (International Jour-
nal de Psicologia Individual), e agora continha relatórios de vários
Grupos Adlerianos em toda a Europa e América do Norte. · No mesmo ano
Adler deu palestras na Inglaterra e leu um artigo no International
Congresso de Psicologia em Oxford. Em 1924 foi nomeado professor da
o Instituto Pedagógico da Cidade de Viena, e seus cursos eram em-
atendidos por muitos professores. Em 1926, um grande livro de 864 páginas apareceu,
em que, sob a direção de Erwin Wexberg, todos os aspectos possíveis de
psicologia individual foi exposta. 5 2
O ano
papers de 1926 foi
e inaugurou de grande atividade,
a publicação no qualdeAdler
de uma coleção publicou muitos
monografias
escrito por alguns de seus seguidores. 53 Uma quantidade cada vez maior de seu tempo era
dedicado a viagens de palestras, que agora se estendiam aos Estados Unidos. Ele
também explicou suas idéias em entrevistas dadas a jornalistas de tempos em
Tempo. 54
A situação social e econômica na Áustria melhorou significativamente, e
Adler recuperou uma medida de prosperidade. Em 9 de setembro de 1927, ele comprou
uma casa de campo em Salmannsdorf, uma vila no extremo noroeste de
a cidade. Era uma casa grande com um lindo jardim e pomar, e um
vista magnífica da floresta vienense. Adler costumava ir lá para gastar
Domingos e feriados durante o verão e receba seus amigos que
veio em grande número. Nos dias 19 a 23 de outubro daquele ano, ele participou
no Simpósio de Wittenberg, realizado no Wittenberg College, Springfield, Ohio,
junto com uma série de eminentes psicólogos americanos e europeus. Dentro
Página 20
no mesmo ano, o terceiro livro de Adler, Menschenkenntnis ( Entenda-

ing Human Nature) apareceu, o que deu uma imagem clara do mais recente
forma assumida por seu ensino.
Gradualmente, Adler passou a passar uma parte maior de seu tempo no
Estados Unidos. Ele passaria o verão com sua família em Viena, onde
ele perseguiu suas atividades já estabelecidas e depois voltou para a América
pelo resto do ano, geralmente depois de dar palestras em outros países europeus
países. Em 1929 foi nomeado Diretor Médico da Mariahilfe
Ambulatorium, em Viena, que era um ambulatório para o tratamento
mento das neuroses. Também foi professor em cursos de extensão universitária
na Universidade de Columbia, Nova York, na sessão da primavera de 1929 e a
sessão de inverno de 1930 a 1931.
Seguindo uma decisão do Conselho Municipal de Viena de 11 de julho de 1930,
Alfred Adler recebeu o título, Cidadão de Viena, "em reconhecimento
dos grandes méritos que adquiriu na ciência e por ocasião de seu
sexagésimo aniversário. " 55 Foi realizada uma cerimônia, sob a direção do
Prefeito, Karl Seitz. 56 Phyllis Bottome relata que o prefeito cumprimentou Adler
como um aluno merecedor de Freud, uma asneira que Adler se ressentia profundamente.
De acordo com o mesmo biógrafo, outro incidente doloroso ocorreu que
ano em Nova York: sem seu conhecimento, um admirador o propôs por
professor titular na Universidade de Columbia, que as autoridades universitárias
considerado prematuro. Adler ouviu sobre o incidente, ficou indignado e renunciou
sua postagem. Em 1932, ele começou a lecionar no Long Island Medical College. Em
desta vez ele tinha outras preocupações, porque alguns de seus seguidores esquerdistas per-
sistematicamente manteve que a psicologia individual era uma emanação de
Marxismo.
Em 1934, o partido social-democrata foi suprimido na Áustria. o
A ameaça nazista tornou-se cada vez mais sinistra. Adler havia previsto a catástrofe
phe que estava prestes a romper a Europa, e ele pensou que o futuro
da psicologia individual dependia de sua implantação na América do Norte.
O Journal for Individual Psychology foi fundado, o primeiro de seu tipo em
a língua inglesa. Adler se estabeleceu nos Estados Unidos e foi derrubado por
uma doença grave. Quando se acreditou que ele estava em seu leito de morte, seu
esposa veio de Viena com sua filha Alexandra para amamentá-lo. Ele
recuperado, no entanto, daquela doença e daquele momento na família
fez da América seu lar.
Após longas negociações, a casa Salmannsdorf foi vendida em 24 de fevereiro,
1937. 57 Um programa de palestras e conferências foi agendado para
Adler na Inglaterra de 24 de maio de 1937 a 2 de agosto de 1937. No entanto, ele
estava profundamente ansioso por sua filha mais velha, Valentine, que tinha doença
apareceu na Rússia. No caminho para a Inglaterra, ele deu uma palestra em Haia,
Holanda, para a Child Study Association. Na mesma noite, seu amigo,
Dr. Joost Meerloo, recebeu um telefonema dele dizendo que estava com dor,
Página 21
muito provavelmente angina de peito. Dr. Meerloo veio com um cardiologista. o

a dor havia desaparecido, no entanto, o cardiologista recomendou uma completa
exame cardiológico e um período de repouso. 58 Mas Adler deixou o seguinte
dia para a Inglaterra. No quarto dia de sua turnê de palestras, ele desmaiou em Aber-
deen, na Union Street, na manhã de sexta-feira, 28 de maio de 1937, e morreu
na ambulância da polícia a caminho do hospital. A convite de
Aberdeen University um serviço memorial foi realizado na capela do King's College
no dia 1º de junho, na presença de alguns membros de sua família, junto com
representantes da Câmara Municipal. universidades e sociedades científicas.
Seus restos mortais foram levados para Edimburgo, onde foram cremados em
Warriston Crematorium. Um serviço religioso foi realizado e um funeral
oração proferida em alemão pelo Dr. Ronge, do indivíduo holandês
Grupo Psicológico. s 9
A Personalidade de Alfred Adler

É difícil fazer uma avaliação da verdadeira personalidade de Alfred Adler,
em vista das declarações contraditórias de seus contemporâneos
e as mudanças pelas quais sua personalidade passou durante o curso de sua
vida.
Nossos oldes ~ dados mostram uma criança doente, inibidas por seu irmão mais velho, mais brilhante
e mais tarde um aluno não particularmente brilhante. Ainda mais tarde, nós o vemos como um
socialista fervoroso e um jovem profissional habilidoso, interessado na medicina social.
As descrições de Adler durante suas associações com Freud o descrevem como um
pessoa ativa, mas hipersensível e queixosa. Dr. Alphonse Maeder,
que o conheceu em Nuremberg em março de 1910, escreve o seguinte:
Depois que eu tinha lido o meu relatório. Adler veio até mim e segurando cada botão do meu
colete. um após o outro. começou a explicar suas idéias para mim. Ele queria
ganhe-me por suas teorias ... Havia algo desagradável em seus modos ...
Ele era bastante peculiar. não era bonito e não tinha nada de vencedor nele. 60
Ele parece que os eventos de guerra trouxe uma metamorfose notável

nele, que Jones caracterizou da seguinte forma:
Minha própria impressão de Adler foi a de uma pessoa taciturna e rabugenta cujo
o comportamento oscilava entre a contenciosidade e o mau humor. Ele era evidentemente

muito ambicioso e constantemente discutindo com os outros sobre pontos de prioridade
em suas idéias. Quando eu o conheci muitos anos mais tarde, no entanto, observei que o sucesso
trouxe-lhe uma certa benignidade da qual havia poucos sinais em seu
primeiros anos. 61
Mais e mais ele se tornou o apóstolo de um ideal, que para ele

foi a única salvação do mundo, e por cuja propagação ele fatalmente
sobrecarregou a si mesmo.
Página 22
Psicólogos individuais muitas vezes tentam entender Adler por meio

de seu próprio método, isto é, interpretando suas primeiras memórias e analisando
seu cenário na constelação familiar.
Uma das minhas primeiras lembranças é de sentar em um banco, enfaixado por causa
de raquitismo, com meu irmão mais velho saudável sentado à minha frente. Ele poderia correr,
pular e mover-se sem esforço, enquanto para mim qualquer tipo de movimento
foi uma tensão e um esforço. Todos fizeram um grande esforço para me ajudar, e meu
a mãe e o pai fizeram tudo o que estava ao seu alcance. Na hora disso
lembrança Eu devia ter cerca de dois anos. 6 2
Essas primeiras memórias são de fato características. O raquitismo representa isso

experiência de inferioridade de órgão, que mais tarde ele colocaria temporariamente
no centro de seu sistema psicológico. A imagem do desamparado, im-
criança mobilizada é uma ilustração do esforço do homem em direção ao movimento, uma
elemento do ensino de Adler. A intensa rivalidade com seu irmão mais velho ap-
peras na primeira formulação do conceito da posição na linha de
irmãos. A foto da criança cercada por outras pessoas tentando ajudá-la
é uma versão inicial de sua descrição do estilo de vida do neurótico.
Outra memória antiga foi o nascimento e morte de um irmão mais novo
que distraiu parte da atenção que ele, como uma criança doente, tinha
recebido de sua mãe. A compreensão precoce do fato da morte
foi reforçado um ano depois, quando quase sucumbiu à pneumonia. este
resultou na decisão de se tornar médico, ou seja, desafiar a morte.
Um incidente escolar de seu oitavo ou décimo ano tornou-se uma história clássica.
Alfred foi um fracasso completo em matemática. Um dia o professor definiu
um problema que ninguém da classe conseguiu resolver. O jovem Alfred sentiu que tinha
a solução certa e tive coragem de ir até o quadro-negro para dar,
para grande surpresa de todos os presentes. Daquele dia em diante ele sentiu que
ele podia ser tão bom quanto qualquer pessoa em matemática e se destacava no assunto.
(Na versão da história de Phyllis Bottome, o próprio professor não poderia
encontrar a solução, e após sua façanha Alfred se tornou um "matemático
prodígio!")
Quanto à constelação familiar, já observamos que Alfred
o relacionamento com os pais era o reverso da "situação edipiana" de Freud.
Sua mãe era a rival contra a qual ele exercia sua força, uma situação
não sem analogia com sua rivalidade posterior com sua esposa. E não era dele
posição de umcompetitivo
o mais jovem segundo menino entre
reviveu umtarde,
mais irmãoquando
mais velho
se viumuito
entre brilhante e um
Sigmund Freud e Carl Gustav Jung?
Alfred Adler era um homem baixo e robusto, que não podia ser chamado de mão
alguns. Ele tinha uma cabeça grande e redonda, uma testa enorme e uma boca larga.
Ele não usava barba, mas deixou crescer um grande bigode preto, que ele aparou
nos últimos anos. Seus olhos têm sido muito admirados por causa de suas
expressões, às vezes veladas e retraídas, às vezes penetrantes. Ele
Página 23
A! Fred Adler e a psicologia individual 593
era um homem de emoções fortes, grande atividade e uma mente rápida. Ele
geralmente domina suas emoções, mas pode ser hipersensível. A rejeição
de seu pedido de Privat Dozent foi uma ferida para toda a vida, como mais tarde foi
o incidente da Universidade de Columbia e a asneira do prefeito de Viena.
Como já mencionado, Adler recebeu uma educação clássica, que
incluiu o estudo de autores gregos, latinos e alemães, e ele também
lia muito, mas desprezava qualquer demonstração desnecessária de erudição. Dele
autores favoritos foram, entre os clássicos, Homer, Shakespeare, Goethe,
Schiller, Heine; os poetas austríacos Grillparzer e Nestroy; e entre
os modernos Dostoievski e outros romancistas russos. 63 Ele foi particularmente
apaixonado pelo romance de Vischer, Auch Einer, cujo humor encantador foi muito
como o seu.
Seus esportes favoritos eram natação, caminhada e escalada em
sua juventude, mas ele teve que abandoná-los mais tarde em sua vida por causa de seu coração
doença. Ele tinha quase sessenta anos quando aprendeu a dirigir um automóvel, mas
nunca poderia se tornar um motorista realmente bom. Adler tinha um grande talento para a música,
música e atuação. Ele cantou muito bem. Durante sua adolescência e
jovem adulto costumava ir a concertos e peças de teatro. Mais tarde, em seu solitário
anos em Nova York, seu único passatempo era frequentar cinemas.
Adler não era um conversador brilhante, mas estava no seu melhor em
conversa familiar intercalada com a narração de piadas das quais ele era muito
afeiçoado. Por outro lado, é geralmente aceito que ele foi um esplêndido
conferencista com um dom para réplicas rápidas e espirituosas. Como escritor, ele carecia de ambos
estilo e organização, nem era um bom linguista. Embora ele fosse
fluente em seu alemão nativo (incluindo o chamado dialeto vienense), ele
teve dificuldade em aprender línguas estrangeiras. Ele nunca poderia aprender francês
e falava apenas algumas palavras em húngaro, russo e outras
línguas continentais. No entanto, ele foi capaz de aprender inglês no final de seu
vida e falou e escreveu muito bem, embora com um pronunciado estrangeiro
sotaque.
Para alguns de seus visitantes, o modo de vida de Adler foi motivo de surpresa.
Ao contrário de Freud, ele não tinha coleção de arte; ele viveu a vida de um pequeno burguês.
Um de seus ex-vizinhos, um homem muito velho que o autor entrevistou
em agosto de 1963, disse-lhe o seguinte:
Não havia nada de notável nele. Ele era modesto e não fez
impressão particular. Você o teria confundido com um alfaiate. Embora ele tivesse
uma casa de campo, ele não parecia ter uma grande renda. Sua esposa era uma
dona de casa normal e decente. Havia apenas uma empregada na casa. Embora ele
viajou muito e recebeu muitos visitantes, eu nunca tinha percebido que ele era um
homem famoso até chegar o dia em que uma grande cerimônia foi organizada em seu
honra.
O Dr. Eugene Minkowski, que o visitou em Viena, o considerou insatisfatório

sofisticado e charmoso. 64 "Ele absolutamente não representou o grande Mestre."
Página 24
Phyllis Bottome conta em sua autobiografia sobre seu desapontamento com ela
primeiro encontro com Adler no verão de 1927:
Eu esperava um gênio socrático, que mergulharia todos nós nas profundezas do

psicologia. Encontrei um convidado muito gentil e atencioso que falou sobre
nada em particular e a todos em geral. os
Aqueles que conheceram Adler concordam que ele possuía o dom de

Menschenkenntnis (compreensão prática intuitiva do homem) para um supremo
grau. Isso foi particularmente notável em seu trabalho clínico. No
presença de um novo paciente, sobre o qual ele nada sabia, ele olhava para
por um momento, faça algumas perguntas e, em seguida, obtenha uma imagem completa do
dificuldades do sujeito, distúrbios clínicos e problemas de vida. Depois de ouvir
um relatório da história do caso de um novo paciente, ele iria adivinhar o que
comportamento do paciente seria e o que ele diria quando
ser apresentado à assembleia de psicólogos. Ele chegou a ser capaz de quase
adivinhe instantaneamente a posição de qualquer pessoa na constelação de irmãos.
Adler também era conhecido por seu dom de estabelecer contato rapidamente com qualquer
pessoa, incluindo crianças rebeldes, psicóticos e criminosos. Ele sentiu
um interesse genuíno por todos os seres humanos e compaixão por seus sofrimentos,
mas, como Janet, ele detectaria imediatamente o papel de encenação e
falsidade por parte de seus pacientes.
Adler possuía a mesma previsão em relação a eventos políticos. Como nós
viram, já em 1918, ele previu que o uso dos bolcheviques de
a violência desencadearia uma contra-violência que tentaria conquistar
Europa. Isso foi muito antes de Hitler fundar seu partido e tentar
seu primeiro golpe, e com o passar dos anos, ele previu claramente a catástrofe
da invasão nazista e da Segunda Guerra Mundial.
Em nítido contraste com sua perspicácia psicológica estava sua falta de prática
qualidades, o que muitas vezes se revelou desastroso para seu movimento. Nos primeiros anos
foi um erro grave ter realizado tantas reuniões informais no
Cafés vienenses e por ter convidado tantos pacientes neuróticos para
essas reuniões. Ele ganhou a reputação de ser superficial. 6 6 com
com o passar dos anos, essa falta de senso prático tornou-se mais evidente.
Muitas dificuldades surgiram de seu horror ao compromisso, que muitas vezes era
visto por outros como falta de flexibilidade e senso diplomático. Quando Adler
emigrou para os Estados Unidos. as dificuldades práticas atingiram seu ápice. Ele
encontrou-se, aos sessenta anos, sozinho, em um novo país e desconhecido
com o idioma e os costumes. Phyllis Bottome acreditava que um bom
secretário teria prolongado sua vida em dez anos, mas sua escolha de secretário
ajuda tarial foi infeliz, de modo que os artigos enviados a ele se perderam,
e cartas importantes permaneceram sem resposta. 67
A história do amor de Alfred Adler por Raissa Epstein e seu casamento

foi contada por Phyllis Bottome. 68 Raissa Epstein recebeu um liberal
Página 25
Educação. Naquela época, muitas alunas iam para as universidades de

Europa central, e alguns deles casados com colegas estudantes ou professores.
Pode-se listar os estudiosos franceses, alemães e austríacos que se casaram
Estudantes russos dessa forma. Seria interessante descobrir o que influencia
uma vez que essas esposas russas se empenharam nos pensamentos e na vida de seus maridos
trabalhos. No caso de Adler, a influência parece ter sido considerável.
Raissa Epstein era uma socialista fervorosa, e Furtmiiller diz que ela e
Adler frequentava reuniões socialistas antes de se tornar sua
esposa. Raissa era extremamente independente e obstinada, e depois do
período inicial de felicidade sem limites, surgiram dificuldades. As Phyllis Bottome
diz: "Lutando pela emancipação das mulheres e vivendo com uma mulher
que se emancipou. são duas coisas totalmente diferentes. " 69 Havia
muitos pontos de discórdia entre eles. Adler pertencia ao austríaco
classe média baixa, em que se esperava que uma mulher, acima de tudo, fosse uma
dona de casa e em conformidade com os padrões de decoro aceitos, enquanto Raissa
veio da intelligentsia, onde tais padrões foram considerados secon-
dário. Outra fonte de contenção foi que Raissa, que sempre permaneceu
um radical convicto, não conseguia entender por que Alfred dera preferência
à sua psicologia individual. E em 1914 suas simpatias foram para seus
respectivos países de origem, que estavam em guerra entre si.
Phyllis Bottome apontou que essas dificuldades conjugais influenciaram
muito do que Adler descreveu em seu livro, The Nervous Character,
especialmente seu conceito de "protesto masculino". Os últimos anos de Alfred Adler foram
passou pacificamente na casa restabelecida na América, onde Raissa tinha
juntou-se a ele durante sua doença grave de 1934.
Os interesses filosóficos de Alfred Adler sofreram algumas modificações em
o curso de sua vida. Em sua juventude, ele foi profundamente atraído pelo marxismo,
e por um tempo ele foi membro do partido social-democrata. Ele
manteve um grande interesse pela política e nunca procurou esconder sua
opiniões. Mas aos poucos ele passou a dar prioridade aos problemas de educação
e da mensagem da psicologia individual.
Não se sabe exatamente quando ele perdeu seus laços com a religião judaica. UMA
atitude cética em relação à própria religião pode ser inferida de suas observações
sobre certos neuróticos que escapam de sua tarefa de vida refugiando-se em
religião. No entanto, nenhum princípio anti-religioso definido pode ser encontrado em seu
escritos. Vale ressaltar que quando ele deixou a Sinagoga em 1904, ingressou
a Igreja Protestante. De acordo com Phyllis Bottome, ele se ressentiu do fato
que a religião judaica se limitava a um grupo étnico, e ele desejava
pertencer a um universal. Ele também achou que vale a pena ter discussões
com um ministro protestante, o reverendo Jahn, sobre o tema da religião e
psicologia individual, em que Adler reconheceu que ambos tinham muito em
comum nos ideais que perseguiam, embora um permanecesse no campo da
a ciência e a outra na fé. 70
A weltanschauung de Adler pode ser adequadamente confrontada com a de Freud. 71
Página 26
Freud, que era um pessimista um pouco à moda de Schopenhauer,

visto o neurótico como a vítima de um auto-engano grandioso e trágico de
humanidade. Adler, um otimista que se inclinou para as idéias de Leibniz, viu
o neurótico como um indivíduo lamentável que fez uso de truques transparentes em
a fim de escapar de seus deveres de vida. Ele passou a acreditar que o caminho para
o auto-aperfeiçoamento era a essência do homem. A diferença entre Adler e
Freud pode ser visto na organização de seus respectivos movimentos.
Considerando que a Sociedade Psicanalítica foi organizada até o último detalhe, em um
forma piramidal com o comitê central no topo e um "anel" secreto
em torno de Freud, a Sociedade de Psicologia Individual de Adler era vagamente constituída
tutido. As sessões foram atendidas por vários pacientes porque Adler esperava
cada um deles para se juntar ao movimento e se tornar seu porta-bandeira
(Bannertrager). Com uma atitude quase messiânica, Adler esperava que seu
movimento para conquistar e transformar o mundo através da educação, ensino,
e psicoterapia.
Alfred Adler's Contemporaries

A evolução de qualquer pensador ou cientista pode ser entendida apenas se for
visto dentro da rede de sua relação pessoal e científica com
vários de seus contemporâneos. Como fizemos com Janet e Freud,
vamos tentar dar um vislumbre dessa complexidade, destacando a
relacionamentos com um de seus contemporâneos, Wilhelm Stekel. 72 Sua vida é
conhecido principalmente pela versão em inglês de sua autobiografia.
Wilhelm Stekel passou sua infância e juventude em Czernowitz no
província de Bucovina. Ele pertencia a uma família de língua alemã
Judeus ortodoxos. Depois de completar seus estudos secundários, ele foi para Viena
para estudar medicina e imediatamente após começou a prática geral de
medicina enquanto continua a aprender e estudar. Ele escreveu com facilidade e
regularidade, contribuiu para jornais, e também enviou artigos para médicos
revistas. Seu artigo sobre as primeiras experiências sexuais em crianças, com três
casos clínicos, chamou a atenção de Freud que o citou. 7 3 Stekel escreveu
uma revisão entusiástica da Interpretação dos Sonhos nas Novas de Freud
Wiener Tagblatt de 29 e 30 de janeiro de 1902. A partir dessa época ele se tornou
um fervoroso seguidor de Freud e, segundo Stekel, foi ele quem sugeriu
a Freud as reuniões noturnas de quarta-feira em sua casa. Ele participou de
todos os eventos do início da história da psicanálise. Em 1908 seu livro
Condições de ansiedade nervosa e seu tratamento apareceram com um
palavra de Freud. 74 Em 1911 apareceu seu livro sobre sonhos, 75 e em 1912
apareceu seu estudo sobre os sonhos dos poetas. 76 Sua produção literária parecia
inesgotável. Gradualmente, suas idéias começaram a divergir das de Freud. Para
por exemplo, ele via a ansiedade como a reação do instinto de vida contra o
instinto de morte; ele insistiu na importância de impulsos agressivos, e
explicou o ataque epiléptico como impulsos criminosos voltados contra si mesmo. Ele
também alegou que a neurose muitas vezes resultou da repressão da religião ou
moral.
Página 27
Quando Adler e seu pequeno grupo se separaram de Freud, Stekel permaneceu

fiel a ele por algum tempo, mas foi atacado por outros membros do
grupo, de modo que ele, por sua vez, deixou a sociedade psicanalítica. Stekel permaneceu um
escritor prolífico em outros campos. Ele não só compôs música e canções para
crianças, mas escreveu peças teatrais em prosa e verso, bem como
coleções de histórias engraçadas, seja em seu próprio nome ou sob o
pseudônimo de Serenus. Alguns dos personagens de suas peças e humor
as histórias parecem mais reais do que as histórias de caso de seu jornal psicanalítico.
íons.
Durante a Primeira Guerra Mundial, Stekel trabalhou como médico militar e teve que
trate muitos casos de choque elétrico. No entanto, ele encontrou tempo para escrever frequentemente para
jornais e revistas médicas. Após a guerra, ele reuniu alunos ao redor
ele. Ele continuou a se chamar psicanalista e a se referir a Freud como
seu grande mestre, mas suas curas foram muito mais breves e incluíram um elemento
de reeducação. Sua atividade literária continuou inabalável.
Com o passar dos anos, sua escola ganhou importância. Ele viajou e
ministrado em países estrangeiros. Sua produção literária assumiu a forma de
grandes monografias repletas de numerosos casos clínicos. Quando os nazistas
invadiu a Áustria, ele escapou no último minuto para a Suíça e foi de
lá para a Inglaterra, onde ele se estabeleceu. Stekel cometeu suicídio durante o
período mais escuro da Segunda Guerra Mundial.
Tanto Adler quanto Stekel eram filhos de mercadores judeus e ambos con
considerou que suas infâncias foram infelizes. Ambos jogaram com rua
meninos e eram muito talentosos em música, canto e encenação. Ambos alcançados
seus estudos médicos em Viena e tornaram-se clínicos gerais. Ambos eram
atraídos por Freud ao mesmo tempo, estavam entre os primeiros quatro membros do
o grupo de quarta-feira à noite, do qual eles se tornaram os participantes mais ativos
calças por vários anos. Cada um publicou sua primeira monografia sobre o
ao mesmo tempo, Adler em 1907 e Stekel em 1908. Eles descreveram o que
chamado Organ Jargon (Adler) e Organ Language (Stekel), uma novidade para
cada qual mais tarde reivindicou prioridade. Quando o movimento psicanalítico
foi organizado, eles se tornaram respectivamente presidente e vice-presidente do
Sociedade Vienense e co-editores do Zentralblatt. Adler e Stekel
em seguida, deixou a sociedade psicanalítica e seguiu seus próprios caminhos. Durante o mundo
Guerra I eles trabalharam por sua vez no mesmo hospital militar e mais tarde ambos ac-
alugou uma casa em Salmannsdorf. 77 Não se sabe por que após um longo
amizade, eles estavam em condições tão ruins que nem mesmo trocaram
palavras nem se cumprimentaram na rua. O destino decretou que ambos os homens
teve que deixar seu país e terminar seus dias nas Ilhas Britânicas.
No início, Stekel era tão psicanalista que alguns de seus
idéias sobre o simbolismo dos sonhos e sobre o significado dos sintomas neuróticos foram
aceito por Freud. Desde o início, Adler permaneceu muito mais independente
das idéias básicas de Freud. Com o passar dos anos, muitas das ideias de Adler foram
silenciosamente assumido por Stekel, cujo ensino tornou-se uma mistura de Freud
e conceitos de Adler, junto com os seus.
Página 28
Em seu livro sobre a inferioridade do órgão em 1907, Adler fala sobre a

significado dos sintomas físicos, que ele denomina "jargão dos órgãos". Em 1908
Condições de ansiedade de Stekel continha uma coleção impressionante de casos
histórias em que os vários sintomas são explicados como uma linguagem de
órgãos que expressam simbolicamente sentimentos inconscientes. Em 1908, Adler confirmou,
ao contrário da opinião de Freud, a existência e importância da agricultura primária
impulsos gressivos; Stekel foi ainda mais longe, sustentando que o criminoso
instinto desempenhou um papel importante na neurose, 78 melancolia, epilepsia e
na escolha de uma profissão. 79 Quando Adler desenvolveu seu conceito de
"protesto masculino." Stekel seguiu com sua descrição da "guerra do
sexos ", e o que Adler chamou de" hermafroditismo psíquico ", Stekel chamou
"bipolaridade sexual".
Onde Freud fala de repressão, tanto Adler quanto Stekel afirmam que
na verdade, o neurótico não quer ver o que está supostamente reprimido. Stekel's
ênfase no ator em cada neurótico não está muito longe do que Adler
diz sobre o estilo de vida de um paciente. O que Stekel chamou de con do neurótico
O conceito de sua grande missão corresponde ao desejo de Adler de ser como Deus. Quando
Freud declarou que a perversão é o negativo da neurose, Stekel e Adler
discordava: para eles, a perversão era apenas outra forma de neurose.
No início da década de 1920, o elemento Adleriano na obra de Stekel tornou-se uniforme
mais aparente. Em seu panfleto sobre sonhos telepáticos, Stekel escreve,
“Os sonhos procuram sempre explorar o futuro, mostram-nos as nossas atitudes
para a vida e os modos e objetivos da vida. " 80 Em suas Cartas a uma Mãe, 81
ele fala sobre o significado das primeiras memórias e que a educação deve
nunca faça uso da força contra a criança, pois provoca um efeito semelhante
contra-tendência na criança. 82 Em outro lugar, Stekel discutiu o
"Metas de vida" (Lebensziele): a criança se propõe uma meta inatingível
e o indivíduo em crescimento renuncia a eles gradualmente. 83 O neurótico
não foi capaz de fazer isso. e a condição é o resultado desse
ambição. O problema central da auto-educação é a "coragem para
self ' (Mut zu sich selbst). Estas são as ideias de Adler expressas quase em
suas próprias palavras.
As semelhanças entre Stekel e Adler não devem nos levar a
veja a grande diferença entre os dois homens e seu trabalho. Stekel era
um dos discípulos de Freud. que mesmo depois de deixá-lo afirmou ter re-
se tornou psicanalista. Na verdade ele manteve o elemento clínico e empírico
da psicanálise, deixando de lado o sistema teórico. O caso de Adler é bastante
diferente. Ele veio a Freud com algumas idéias originais já formadas e
desenvolveu-os lentamente ao longo do período em que trabalhou com Freud. E
quando Adler deixou Freud, ele desenvolveu uma estrutura conceitual, que foi
basicamente diferente da psicanálise.
O ensino de Stekel mostra o aspecto que a psicanálise poderia ter assumido se
tinha sido um método puramente empírico e prático, sem uma base sólida
de uma subestrutura teórica. Ao mesmo tempo, a marca de "desviante" de Stekel
Página 29
a psicanálise mostra exatamente o que a psicologia individual não é; em outro

palavras, mostra o que poderia ter se tornado se Adler não tivesse quebrado radicalmente
seus laços com a psicanálise e não havia construído um quadro conceitual
trabalho próprio.
Trabalho-1-Medicina Social de Adler

Antes de participar do grupo de Freud, Adler concebeu e ex-
pressionou idéias originais no campo da medicina social. Sua elaboração subsequente
da psicologia individual não pode ser devidamente compreendida sem levar em consideração
conta os conceitos que ele formulou em seu período pré-psicanalítico.
Em 1898, o Dr. G. Golebiewski de Berlim, um especialista em ocupações
doenças, aceito para publicar como o quinto de uma série de monografias sobre o
assunto a obra de um autor até então desconhecido, Alfred Adler, com o título
Livro de saúde para alfaiataria. 84 Este livreto de trinta e uma páginas tem
tornou-se tão escasso, que mesmo entre as dúvidas dos psicólogos individuais
foi expressa quanto à sua própria existência. 85 No prefácio, o autor explica
que ele quer mostrar a relação entre situação econômica e doença
em um determinado comércio, e o consequente prejuízo à saúde pública. Isso vai
dar evidências de que a doença pode ser um produto da sociedade, o que contribui para o
causas de doenças comumente aceitas por médicos.
Na primeira parte da monografia, Adler esboça um quadro do social e

condições econômicas do comércio de alfaiates na Áustria e na Alemanha, com as mudanças
sofrera durante as décadas anteriores. Antes, os alfaiates trabalhavam de forma independente
ently para clientes individuais e foram unidos e protegidos por suas Guildas.
Agora. o advento das roupas pré-fabricadas determina um declínio
na condição de pequeno alfaiate. Nas fábricas os trabalhadores desfrutam melhor
condições por causa do controle estatal e é mais fácil para eles se unirem para a defesa
de seus interesses comuns. A fábrica tem a vantagem de usar todos os tipos
de grandes máquinas e de trabalhar para um amplo mercado, tanto nacional como internacionalmente.
Em contraste com as condições de trabalho na grande fábrica, o autor dá um
Imagem bastante sombria da situação do pequeno alfaiate e de seus empregados.
Progresso técnico. que é uma grande vantagem para os fabricantes de roupas,
é muito menos benéfico para ele: ele usa apenas a máquina de costura. ele trabalha apenas para
um pequeno mercado local. e está muito mais exposta às flutuações econômicas.
A pior calamidade é a distribuição desigual do trabalho ao longo do ano: lá
são cinco ou seis meses de excesso de trabalho intensivo. durante o qual o alfaiate trabalha
dezesseis ou dezoito horas. um dia. se não mais, auxiliado por sua esposa e filhos.
E durante o resto do ano quase não há trabalho, forçando
para diminuir o salário de seus assistentes ou demiti-los. Surpreendentemente, apesar
das condições de baixos salários, não há menos de 200.000 pequenos alfaiates na Alemanha
muitos e quase tantos novamente na Áustria-Hungria. O pequeno alfaiate não tem
apenas para aguentar a concorrência das fábricas de roupas, mas também de
o Sitzgeselle, que trabalha em casa e prontamente consente em fazer
ternos completos para clientes individuais. As condições de vida do pequeno alfaiate são
miserável em todos os aspectos. Seu alojamento e espaço de trabalho, que são um e
Página 30
os mesmos e estão situados na parte mais barata e menos saudável da cidade, são
úmido, escuro. sem ar. e overcrO \ vded. que favorece o contágio de doenças infecciosas
atenua. Em caso de epidemias, isso também pode ser perigoso para os clientes.
Preocupações materiais prejudicam sua saúde e ele não está suficientemente protegido pelo trabalho
leis.
A segunda parte da monografia é dedicada à descrição das doenças
comum entre os pequenos alfaiates. As doenças pulmonares assumem a liderança. Não admira
uma vez que trabalham na posição sentada inclinada. respirando a poeira do pano.
A tuberculose pulmonar é duas vezes mais frequente entre eles do que na média de
as outras profissões. Outro resultado da posição inclinada é o distúrbio circulatório
ances tais como 1 · eins varicosos e hcmorroids. bem como estômago frequente e
doenças intestinais, nas quais mais de 30 por cento dos alfaiates sofrem. o
posição sentada peculiar inclinada determina deformações, como escoliose,
cifose. reumatismo. e artrite do braço direito. calosidades dos tornozelos,
e assim por diante. O alfaiate freqüentemente sofre de cãibras nas mãos ou nos braços. Pele
as doenças são frequentes: a sarna pode ser encontrada em 25% dos alfaiates.
Por causa de picadas neddlc. muitas vezes sofrem de abcessos nos dedos e devido
à pressão da tesoura é frequente a luxação do polegar direito. O hábito deles
de colocar fios em suas bocas causa infecções na gengiva e vários
e doenças estomacais. Seu tipo de trabalho próximo determina miopia e
cãibras dos músculos oculares. Eles são as 1 ítimas do envenenamento lento por meio de substâncias tóxicas
tintas e de doenças infecciosas transmitidas por meio de roupas velhas
trazido para reparo. A incidência de acidentes de trabalho não é particularmente alta,
embora mais de uma pessoa possa supor comumente. De acordo com as estatísticas. doença
frequência entre alfaiates é maior do que em qualquer outro comércio e a vida média
a expectativa é a mais baixa de todos os negócios.
Analisando as causas dessa alta morbidade. Adler sublinha a subnutrição
m ~ nt. más condições de alojamento. 01 en1 ork. a ausência de proteção social do
trabalhadores. e o fato de que muitos alfaiates escolhem seu comércio porque são
fisicamente inapto para qualquer outro. resultando em uma "seleção dos inaptos".
Na terceira parte da monografia, o autor sugere um programa para colocar um
fim a esta situação. Antes de mais nada, uma nova legislação trabalhista deve ser promulgada. Existir
os regulamentos devem ser cumpridos (como a caixa de doença). seguro de acidentes, que
só era obrigatório em 11 oficinas de 11 com cerca de 11 funcionários ou mais. Deve se tornar
generalizado. os inspetores devem controlar 11 ou condições reais em qualquer lugar e não
apenas nas fábricas. o seguro-desemprego e a velhice devem ser obrigados a
atory. um número máximo de 11 horas de trabalho deve ser imposto por lei, trabalhando
as instalações devem ser obrigatoriamente separadas dos alojamentos dos trabalhadores, e
o trabalho por peça deve ser proibido. Outra parte do programa torna
, Â · isião para a construção de alojamentos e restaurantes para os trabalhadores.
O fio condutor que percorre a monografia é a denúncia de confronto
medicina acadêmica temporária. que ignora a existência de doenças sociais 1ery.
Como no passado. 11 uando, descobriu-se que as doenças contagiosas podiam ser controladas
apenas com a introdução da higiene pública. doenças ocupacionais, como aquelas
do alfaiate será controlado com sucesso apenas por meio de uma nova mídia social
que a medicina atual desconhece.
As circunstâncias em 11 em que Alfred Adler escreveu esta monografia são des-

conhecido por nós. Como fontes de informação, ele se refere a vários escritos sobre
Página 31
comércio e doenças profissionais e às estatísticas comerciais e de saúde.

O que Adler diz sobre a superioridade da grande fábrica sobre a pequena
workshop parece refletir a então muito discutida teoria de Schulze-

Gaevernitz, que argumentou que as condições da classe trabalhadora poderiam
não pode ser melhorado enquanto não houver um poderoso e expansivo pesado
indústria. 86 A descrição de Adler do comércio de alfaiate sugere que ele tinha mais
do que apenas um conhecimento teórico sobre ele, possivelmente através de seu tio David, o
alfaiate. Aparentemente, Adler era um socialista fervoroso e estava obviamente conduzindo
em direção a uma síntese de socialismo e medicina.
Quatro anos se passaram entre a monografia de Adler e sua próxima
escrita. De acordo com a tradição familiar, durante este tempo Adler contribuiu
artigos sob vários pseudônimos para o Arbeiter-Zeitung, o vienense
Jornal social-democrata. Ainda não foi possível identificar
esses artigos.
Em 15 de julho de 1902, uma nova revista médica, a Aerzt / iche Standeszeitung,
foi lançado por um certo Dr. Heinrich Griin. Era para aparecer duas vezes por
mês com tiragem de 10.000 exemplares. A primeira edição foi enviada gratuitamente
a todos os médicos na Áustria. A parte inferior das três primeiras páginas foram
dedicado a um artigo de Alfred Adler (que obviamente pretendia ser um
manifesto) intitulado "A Penetração das Forças Sociais na Medicina". 87
A medicina sempre esteve aberta à influência de todos os filosóficos possíveis,

tendências científicas e até mesmo pseudo-científicas. A etiologia de muitas doenças tem
foi esclarecido com a ajuda da física. química e etnologia, ... Mas de tudo
ciências que mais contribuíram para o progresso da medicina foi
óptica: o microscópio permitiu a Virchow dar uma nova base científica para
patologia com sua "teoria celular". tornou possível a fundação de bactérias
ologia, que por sua vez tem levado ao controle de doenças contagiosas por meio público
medidas de saúde. Enquanto isso, o estado já reconheceu que a medi-
icine era uma preocupação pública, uma vez que uma população saudável era necessária para fornecer
o país com bons soldados e trabalhadores, e aliviar os fundos públicos
de seu fardo de enfermos destituídos. Até agora, a solução tinha sido que
os médicos prestavam cuidados baratos aos pobres. Agora, a ascensão das classes trabalhadoras
obrigou a uma reconsideração do problema em termos de seguro de caixa de doença e
instituições semelhantes. Assim, a profissão médica atingiu o ponto em que
teve que enfrentar a questão da medicina social e se posicionar. Os médicos têm sido
menos cientes dessa necessidade do que administradores e técnicos, que agora estão acostumados
para resolver problemas de importância médica sem consultar os médicos. Vai
a profissão médica continua a se deixar ser puxada por funcionários, ou será
ocupará seu lugar à frente do movimento? Será que finalmente mudará de sua política
de esforços limitados para um que favoreça a doença consciente e bem-sucedida
prevenção?
Na edição de 15 de outubro de 1902, um artigo apareceu sob o pseudônimo

de Aladdin, que quase certamente foi escrito por Adler (lembramos que seu
O nome húngaro era Aladar). 88 Seu autor disse que o mais urgente
o problema da medicina atual era disponibilizar bons cuidados médicos
Página 32
para os pobres. Qualquer demanda nessa direção recebeu previamente o

resposta: "Não temos dinheiro" das autoridades. Para acabar com isso
aborrecimento que Adler sentiu que era necessária uma instituição que seria rec-
reconhecido pelo estado e possuiria autoridade científica: um ensino
post com um seminário de medicina social onde problemas de higiene social

seriam explorados com o objetivo de encontrar sua solução.
Em setembro e outubro de 1903, um artigo escrito por Adler, intitulado
"Town and Country", questionou a suposição comum de que a vida em
as aldeias e o campo eram notavelmente melhores do que nas cidades. 89
Muito pelo contrário, era verdade. O progresso da higiene aumentou muito
maior nas cidades, que com sua crescente população e número de
os eleitores receberam mais atenção das autoridades públicas. Mesmo assim,
Adler sentiu que essa negligência com a higiene rural acabaria sendo prejudicial
para as cidades também.
Em novembro de 1903, um artigo de Adler intitulado "Ajuda governamental ou
Autoajuda? ", Mais uma vez deplorou a discrepância entre o científico e o
os aspectos sociais da medicina. 90 Adler sentiu que a ciência médica era pró
crescendo rapidamente e poderia avançar ainda mais se não fosse constantemente
desacelerado pelas autoridades. Tendo em vista a importância primordial ou
pesquisa, ele achava que deveria haver adequado, permanente e bem pago
vagas abertas a pesquisadores e professores nas diversas áreas da medicina
(incluindo medicina social).
Em julho e agosto de 1904, um longo artigo apareceu: "The Physician as
Educador ”, no qual revelou uma nova faceta de seu pensamento.
O papel social do médico não se esgota conforme descrito no anterior

artigos e deve ser complementado por sua função de educador. este
papel educativo é mostrado na luta contra o alcoolismo, infecções, venéreas
doenças, tuberculose, mortalidade infantil e quanto à higiene escolar, mas
deve ser mais: o médico deve ser capaz de dar conselhos sobre a educação
de crianças. Na presença de crianças fracas e doentes, não é suficiente
escriba sua dieta, exercícios e outras medidas físicas. Essas crianças perdem facilmente
seu melhor apoio, ou seja, confiança em sua própria força. A primeira preocupação do
médico deve devolver-lhes sua autoconfiança e coragem por meio de um
utilização adequada do exercício. jogos. e esportes.
Essas afirmações de Adler são seguidas por um epítome da educação do
criança. A educação deve começar com a educação dos pais da criança, mesmo
antes do nascimento da criança. O meio mais poderoso de educação é o amor,
desde que seja distribuído uniformemente entre todas as crianças e não seja dado em excesso.
Entre os erros comuns na educação, um dos piores é mimar as crianças,
o que os priva de autoconfiança e coragem, mas é perigoso aplicar
punições severas, como socos, fechamentos e repreensões constantes. Um breve envio-
afastando-se da mesa da família, algumas palavras de advertência, um visual radical
satisfazer. Deve-se ter muito cuidado ao confiar uma criança a empregados. Então Adler
discute certos tipos de crianças difíceis, como a criança teimosa, a jovem
mentiroso, covarde, masturbador. e a criança ansiosa. A melhor prevenção de
Página 33
a falsidade é o desenvolvimento da coragem, sendo o mais perigoso de todos os defeitos

covardia: "Se necessário, arriscaria fazer do menino mais cruel um competidor
açougueiro, caçador, coletor de insetos ou cirurgião. Mas o covarde sempre
permanecem de menor valor cultural. "Adler conclui com a afirmação:"
a confiança da criança e sua coragem pessoal são o seu bem maior. " 91
Este artigo de Adler mostrou que em 1904 ele já havia elaborado
uma teoria completa da educação, e nela encontramos uma declaração inicial de alguns
de suas idéias favoritas: o papel da inferioridade do órgão, a imagem do pam-
criança morta, e o valor terapêutico da autoconfiança e coragem.
Adler referiu-se aos psicólogos infantis contemporâneos, Preyer e Karl
Grooss, e também pela primeira vez a Freud como o homem que havia mostrado o
extrema importância das primeiras impressões da criança e da existência
da sexualidade infantil.
De setembro a outubro de 1904, Adler expôs suas próprias idéias em um
artigo intitulado "Hygiene of Sexual Life," ao revisar um livro de Max
Gruber com o mesmo título.
Adler se opõe às visões de Max Gruber em relação a um tema que foi muito
discutido naquela época. Adler afirma que a abstinência sexual pode causar problemas
veniências para a saúde emocional, com algumas raras exceções. Em relação ao sexo
excessos, Adler acha que Max Gruber exagerou seus efeitos nocivos, e
que não há evidências de que eles possam causar neurastenia. Adler também diz que
os alegados perigos do controle de natalidade foram muito exagerados. (Podemos notar
que a opinião de Adler contradiz a de Freud a esse respeito). Quanto ao homossexual-
qualidade, Adler concorda com o autor que não é uma anomalia congênita, e
que deve ser punido apenas se trouxer prejuízo para outra parte e para
tectar menores. Adler vê os perigos da masturbação de outra perspectiva que não
o autor. Eles não existem tanto em relação à saúde física como existem em
em relação ao desenvolvimento emocional harmonioso 92
Embora a publicação do Aerztliche Standeszeitung tenha continuado por

vários anos, essa seria a contribuição final de Adler. Para ter certeza, quando
ele se juntou ao pequeno grupo de Freud, ele tinha ideias definidas sobre medicina social,
educação, o papel das inferioridades dos órgãos e erros educacionais no
gênese dos distúrbios emocionais. Nos anos seguintes, Adler
era desenvolver suas idéias em uma nova direção dentro do quadro da psicologia
movimento analítico.
Trabalho-II-Teoria da Inferioridade de Órgãos de Alfred Adler

Adler participava assiduamente das noites de quarta-feira de Freud, onde
contribuiu para as discussões e leu seus próprios artigos. 9 3 Assim, no dis-
cussão de um artigo sobre a Genealogia da Moral de Nietzsche , Adler expressou
sua grande admiração pelos insights psicológicos de Nietzsche; em 1909 ele
creditou a Karl Marx importantes descobertas psicológicas. Em abril
Página 34
1910 ele presidiu um simpósio sobre suicídio de crianças em idade escolar; logo
apareceu com um prefácio de Adler e um comentário final de Freud.
Entre os numerosos artigos publicados de Adler na época, dois inclinam fortemente
em direção à psicanálise. Ambos apareceram em 1905, um, no estilo de Freud
Psicopatologia da Vida Cotidiana, tenta elucidar o significado de obses-
sões com números em três pacientes. 94 O outro, sobre problemas sexuais em
educação, discute os problemas da sexualidade infantil de maneira semelhante ao
Três ensaios. 95
A principal conquista de Adler durante seu período psicanalítico foi um curto
livro de noventa e duas páginas sobre inferioridade de órgãos. 96 Esta noção era de não
significa novo. Os médicos falaram de locus minoris resistentiae, que é o órgão
de menor resistência, que corria o risco de ser área de complicações durante um
infecção geral. Adler se referiu a seus predecessores a esse respeito, mas
sua originalidade estava no desenvolvimento de uma teoria sistemática da inferioridade dos órgãos.
Adler começa com o fato de que existem muitas condições das quais nós
conheça os sintomas, mas não as causas. Entre as causas conhecidas estão gerais
aqueles (como infecções ou toxicações), ou locais (que se originam em
o mau funcionamento de um órgão). Mas para muitas outras doenças, não encontramos
explicação satisfatória, e Adler pensa que a teoria da inferência de órgãos
oridade pode ser responsável por muitos desses casos.
A inferioridade de um órgão pode se manifestar de várias maneiras. Na maioria
casos, anormalidades microscópicas não podem ser facilmente detectadas, mas às vezes
eles podem ser detectados por sinais externos, como a chamada degeneração
estigmas ou a existência de um nevo nas proximidades do órgão afetado.
Já que a inferioridade do órgão se origina em uma deficiência no desenvolvimento fetal,
ele se estende por todo um segmento embrionário. Em segundo lugar, pode ser um
questão de inferioridade funcional, por exemplo, uma insuficiência na secreção
do órgão, ou às vezes apenas anormalidades reflexas (um reflexo pode ser
aumentado, diminuído ou ausente). Terceiro, a inferioridade de um órgão pode ser sur-
mizado da história do caso do paciente: a falta de funcionamento adequado do
determinado órgão durante a infância (por exemplo, Adler fala de pacientes que sofrem
devido a distúrbios intestinais iniciais, que muito mais tarde se tornaram diabéticos).
Doenças frequentes de um determinado órgão são outra indicação de sua inferioridade.
A inferioridade de um órgão pode, portanto, ser absoluta ou relativa. Pode ser necessário um favor-
curso capaz por meio de compensação. A compensação pode ocorrer em
vários níveis: dentro do próprio órgão, através de outro órgão, ou através
os centros nervosos. Neste último, a inferioridade do órgão resulta em uma
processo compensatório. A compensação ocorre como resultado da concentração
da atenção do paciente sobre o funcionamento do órgão inferior. este
equivale a um treinamento que leva a um nível satisfatório ou mesmo superior de
ajuste do órgão inferior.
Sem negar que certas doenças específicas podem ser hereditárias, Adler
parece atribuir um papel maior à hereditariedade das inferioridades dos órgãos. Como um
resultado, em certas famílias a mesma inferioridade de órgão é manifestada em var-
Página 35
formulários ious. Em um membro, é uma doença grave de um determinado órgão, em

outro pode ser um mero distúrbio funcional, em um terceiro uma tendência a
doenças transitórias desse órgão, e em outro ainda em uma superioridade através
compensação. Adler cita exemplos de músicos cujos parentes ou que
eles próprios sofriam de doenças de ouvido, pintores cujas famílias
eram doenças oculares ou que sofriam de doenças oculares.
Segundo Adler, o papel desempenhado pelo acaso na localização de
doenças é menos do que comumente se acredita. Assim, um menino de oito anos
recebeu um pequeno golpe no olho quando um colega que estava brincando com um
a caneta o acertou acidentalmente; dois meses depois, ele pegou um carvão no
mesmo olho; três meses depois, o mesmo acidente com a caneta ocorreu no
mesma maneira para o mesmo olho. Esses três acidentes ocorreram por pura
chance? Adler soube que o avô materno do paciente sofria de

irite diabética, a mãe de estrabismo, o irmão mais novo de estrabismo
bem como hipermetropia e visão reduzida. Da mãe dele
irmão também tinha estrabismo e conjuntivite frequente. O jovem paciente
ele próprio mostrou uma total falta de reflexos conjuntivais em ambos os olhos. Esta falta
de reflexos, implicando uma falta de proteção, explicaria a sucessão de
acidentes.
A teoria de Adler da inferioridade dos órgãos e do processo compensatório parece
ser independente da psicanálise e mais complementar do que
oposto a ele. Freud sempre sustentou que a neurose desenvolvida em
a base de uma predisposição. Adler estava se esforçando para oferecer uma plausível
teoria do substrato da neurose. Dois lugares no livro apontam para o
ligação com a psicanálise. Compensação, de acordo com Adler, questões de
concentração da atenção do paciente no órgão inferior, bem como no
a superfície corporal adjacente, e caso esta seja uma zona erógena,
necessariamente resultará em sua superestimulação e no início de um neurótico
processo. Um segundo vínculo com a psicanálise é encontrado na afirmação de Adler
que não há "inferioridade de órgão sem inferioridade sexual", especialmente em
o caso de inferioridades de múltiplos órgãos.
A teoria de Adler de inferioridade de órgãos foi bem aceita pela psicologia
grupo analítico. O próprio Freud parecia considerá-lo uma adição valiosa para
o conhecimento da neurose.
Já em 1908, Adler questionou o conceito básico de Freud de
libido como sendo a principal fonte dinâmica da vida psíquica. Adler afirmou
que há um impulso agressivo que não pode ser explicado como resultado de
libido frustrada e que desempenha um papel não menos importante do que a libido em
vida normal, bem como neurose. 9 7
Em 1910, Adler esboçou uma teoria do hermafroditismo psicológico. 98
A experiência, diz ele, mostrou-lhe a notável frequência do secundário
características sexuais do sexo oposto entre pacientes neuróticos. este
leva o paciente a um sentimento subjetivo de inferioridade e a um esforço
para a compensação na forma de protesto masculino. No caso de um
Página 36
menino, ele vai comparar masculinidade com agressão e feminilidade com

passividade. O exibicionismo e o fetichismo podem ser atribuídos ao protesto masculino.
Este mesmo protesto masculino também o levará a tentar superar seu pai,
e secundariamente dirige suas representações de desejo para sua mãe.
É assim que Adler explica o tema de Édipo ( Oedipusmotiv) .
Trabalho-III-Teoria da Neurose de Alfred Adler

Após sua separação de Freud em 1911, Adler reformulou sua teoria
da neurose. Muito dessa reformulação foi um retorno aos seus conceitos anteriores
da patogênese social e do papel da inferioridade dos órgãos. Embora rejeitando
uma grande quantidade de teorias de Freud, Adler acima de tudo manteve a noção de
a importância das situações da primeira infância, que ele combinou com seu
próprias idéias sobre impulsos agressivos e hermafroditismo psicológico.
A filosofia do As If de Vaihinger apareceu na hora certa para
terminar
O livrouma nova estrutura
de Adler, conceitual.
The Nervous Character, apareceu em 1912 com o lema
de Sêneca: Omnia ex Opinione suspensa sunt ("Todas as coisas dependem de
opinião "), uma alusão ao conceito de" ficções de Vaihinger. " 99 o livro era
dividido em duas partes, uma teórica e outra prática, mas a divisão é
não tão claro como é indicado, e nem sempre é fácil compreender o significado completo
do pensamento de Adler.
O conceito básico é o de "individualidade", um termo que expressa tanto o
singularidade e indivisibilidade do ser humano. Isso é melhor ilustrado
no prefácio por uma citação de Virchow: "O indivíduo representa um
todo unificado do qual todas as partes cooperam para um objetivo comum. "Como um
conseqüência, cada característica psicológica isolada do indivíduo reflete
toda a sua personalidade.
O indivíduo também é visto na dimensão temporal. Em qualquer ponto
com o tempo, qualquer sintoma mostra marcas do passado, do presente e do futuro. Psy-
a vida chique é voltada para o futuro e teleológica, ou seja, tende a um objetivo.
A meta não é definida de uma vez por todas, mas pode ser modificada.
É aqui que Adler utiliza o conceito de "ficção" de Vaihinger. Coisas pro
surgiram como se uma norma ideal fosse definida para a atividade humana, e esta norma ideal
Adler chamou de verdade absoluta, ou lógica absoluta da vida social, que é o mesmo
como conformidade perfeita com as demandas sociais e até cósmicas. Adler chama
anormidade: o grau de desvio de um indivíduo dessa norma fictícia.
As neuroses são concebidas como variedades de tal desvio.
A origem das neuroses é buscada por Adler nos sentimentos decorrentes de
inferioridades dos órgãos, e aqui ele se refere ao seu livro de 1907. Além de
compensação puramente fisiológica. inferioridade do órgão põe em movimento
processo psicológico complexo de auto-afirmação, que se torna um processo permanente
fator de desenvolvimento psíquico. Conforme esboçado no livro sobre inferência de órgãos
realidade, este processo psicológico implica uma constante observação e treino
da função do órgão supostamente inferior. Mas para esses fenômenos, que
Página 37
ele já havia descrito, Adler agora adiciona a noção de que sentimentos de infração
a prioridade também pode ser provocada por fatores puramente sociais, como
competição entre irmãos e a posição da criança no irmão
linha. Mesmo quando há inferioridade de órgão, a reação psicológica
torna-se o elemento principal.
Quaisquer que sejam as variedades de neurose, existe um processo de treinamento comum
a todos eles, o que resulta da maior atenção dispensada pelo
paciente consigo mesmo e seus relacionamentos com os outros, uma redução do
limiar de excitabilidade, e um aprimoramento de seus poderes para prever certas
eventos. Tudo isso é subjetivamente visto pelo paciente como um esforço para
superioridade e medo de ser derrotado. Além disso, os resorts neuróticos
a meios auxiliares, como uma imagem principal a ser cumprida e um neurótico
técnica de vida. Com o tempo, esses vários meios tornam-se um fim para eles -
eus.
O neurótico vive em um mundo fictício que é estruturado em torno de pares de
conceitos opostos. O principal deles é a oposição entre as profundezas
sentimento de inferioridade sentado e sentimento de personalidade exaltada do sujeito. este
oposição é equiparada aos conceitos de "alto" e "baixo", "masculino"

e "feminino", "triunfo" e "derrota". A oposição alta-baixa joga um
grande papel nas fantasias, nos sonhos, nas figuras de linguagem de pessoas normais,
e adquire uma importância cada vez maior para o neurótico que equaciona a ideia
de superioridade com alto e inferioridade com baixo. O mesmo é verdade em
em relação ao triunfo e derrota, e para o indivíduo neurótico, o mais leve
o sucesso ou retrocesso adquire uma importância tremenda. A oposição de
"masculino-feminino" é tratado longamente em The Nervous Character. Adler
parece atribuir menos importância do que antes às marcas biológicas
da intersexualidade. O que realmente importa é a impressão subjetiva persistente
no paciente. Porque a sociedade assume que a mulher é inferior ao homem,
o protesto masculino tende a se desenvolver tanto no homem quanto na mulher. Na mulher,
o protesto masculino é uma reação quase normal ao papel que é imposto
ela no mundo de um homem. No homem, é o resultado de dúvidas sobre seu papel sexual
ou medo de não ser capaz de viver de acordo com isso, e ao mesmo tempo reforça
seus preconceitos contra a mulher. Com base nisso, Adler descreve várias formas
de neuroses no homem e na mulher, e aqui, também, suas idéias divergem amplamente
dos de Freud: longe de ver a libido como a raiz das neuroses e
desvios sexuais, Adler enfatiza o caráter simbólico da sexualidade
comportamento.
Ao contrário de Freud, Adler enfatiza o fator social na origem da neurose e
seus defeitos sociais. Certos neuróticos, por exemplo, refugiam-se da sociedade por
restringindo seu campo social de atividade ao círculo familiar, e às vezes
até preferem a família dos pais à sua.
O progresso da neurose é comparado por Adler à evolução das ficções,
conforme descrito por Vaihinger. Certos cientistas propuseram uma teoria na forma de
um modelo fictício, em cuja realidade eles não acreditavam. O modelo fictício
Página 38
foi então tomada por engano como uma hipótese, e a hipótese transformada
em dogma. Da mesma forma, o neurótico brinca com fantasias, e depois vem
para acreditar neles. Isso é o que Adler chama de comprovação. Uma situação perigosa
surge sempre que a ficção fundamentada tem que enfrentar a realidade. Este general
padrão de evolução com suas fases de ficção, fundamentação e condições críticas
frente à realidade, existe independentemente da variedade de neuroses. Adler faz
afastado com as distinções clássicas de neuroses (histeria, fobia e
obsessões), que havia sido retido por Freud. Ele vai tão longe a ponto de incluir
desvios sexuais no campo das neuroses.
O personagem nervoso carece de estilo e composição, mas o livro
é rico em ideias e fatos clínicos. Uma grande variedade de autores são citados:
médicos, pediatras e psiquiatras universitários, como Kraepelin,
e Wernicke, e entre representantes de escolas mais novas, Janet, Bleuler,
Freud e muitos psicanalistas. Entre os filósofos Nietzsche e
Vaihinger é o mais frequentemente referido, e entre os escritores Goethe,
Schiller, Shakespeare, Tolstoi, Dostoiévski, Gogo! E Ibsen.
Psicologia do Trabalho-IV-Individual de Alfred Adler

Após a Primeira Guerra Mundial, Alfred Adler reconsiderou e reformulou seu
sistema psicológico. A noção de sentimento de comunidade (Gemeinschaftsge-
fohl), que estava implícito em sua teoria anterior da neurose, estava agora
designados por esse termo e colocados em primeiro plano. O novo sistema
foi exposta em 1927 no mais claro e sistemático de seus livros,
Compreendendo a natureza humana. 100 Vamos agora esboçar uma pesquisa geral de
Psicologia individual de Adler, tomando este livro como base e complementando
às vezes com outros escritos desse período.
A psicologia adleriana não pertence à psicologia acadêmica tradicional
psicologia nem com a psicologia experimental, e é radicalmente diferente de Freud-
psicanálise ian. É injusto para Adler avaliar seu sistema com o
parâmetro da psicologia acadêmica, experimental ou freudiana. O termo
Menschenkenntnis designa a tendência psicológica particular para a qual
A psicologia individual de Adler pertence. Este tipo de psicologia pragmática,
às vezes chamada de psicologia concreta, não pretende entrar no assunto
muito profundamente, mas para fornecer princípios e métodos que permitem a alguém ac-
requer um conhecimento prático de si mesmo e dos outros. Isso também foi o que Kant
tentado em sua Antropologia do Ponto de Vista Pragmático . 101 In-
acidentalmente, em seu prefácio deste livro, Kant usa duas vezes o termo Kenntnis
des Menschen (conhecimento do Homem) e uma vez a palavra Menschenkenntniss,
que deveria ser usado por Adler quase como um sinônimo para psiquismo individual
chology. Henri Lefebvre mostrou que um sistema para o conhecimento prático
O limite do homem em geral e da vida cotidiana pode ser deduzido do marxismo. 102
Outro sistema de psicologia pragmática poderia até mesmo mais facilmente ser
extraído das obras de Nietzsche. 103
Menschenkenntnis de Adler , no entanto, é muito mais sistematizado e
Página 39
abrangentes do que as de Kant, Marx ou Nietzsche. O ponto de partida

do sistema de Adler pode ser expresso pela frase: "Tudo ocorre
na vida mental como se. .. certos axiomas básicos eram verdadeiros. "Quais são estes
axiomas?
Primeiro, o princípio da unidade: um ser humano é um e indivisível tanto em
em relação à relação mente-corpo e às várias atividades e funções
ções da mente. A psicologia individual de Adler, portanto, difere da de Freud
ênfase na ambivalência básica do homem e conflitos entre o consciente
e o inconsciente, o ego, o id e o superego.
Em segundo lugar, o princípio do dinamismo; a vida não pode ser concebida sem
movimento. Mas, enquanto Freud dá mais ênfase à causa,
Adler enfatiza o objetivo e a intencionalidade dos processos psíquicos (o que
ele chama de Zielstrebigkeit, o "esforço em direção a uma meta"): "Nenhum homem pode
pensar, sentir, desejar, nem mesmo sonhar, sem que tudo esteja definido, con
dirigido, limitado, dirigido por uma meta que flutua diante dele. "Tal intenção
nacionalismo implica necessariamente a liberdade de escolha. O homem é livre na medida em que
ele pode escolher uma meta ou trocá-la por outra, mas assim que isso for feito
ele está determinado na medida em que obedece à sua lei auto-imposta.
Alexander Neuer considerou o conceito que o homem constantemente encontra
se em situações de inferioridade, e cabe a ele se vai superar
venha ou não tão básico na psicologia individual. 10 4 Para superá-lo, insight
não é o suficiente; ele deve agir e para isso precisa de coragem. (Como na anec-
amor da criança que era um fracasso em matemática até o dia em que ele
foi o único aluno de sua classe a ver a solução para um problema que ele tinha
coragem de ir ao quadro-negro e demonstrar.) Portanto, um ato de coragem
também permitirá que um homem mude seu estilo de vida depois de ter conscientemente
mudou seu objetivo de vida. De acordo com Neuer, Adler chama coragem (Mut) de que
tipo de energia psíquica superior ou thymos, que os antigos gregos con
considerado a essência da alma. Para transmitir thymos a uma criança seria o
preocupação básica do educador, bem como do psicoterapeuta, em relação a
menos se seu paciente é uma criança ou um adulto.
Terceiro, o princípio da influência cósmica: um indivíduo não pode ser con
visto isolado do cosmos que o influencia de mil maneiras.
Mas, além dessas influências universais, cada indivíduo percebe o
cosmos em sua própria maneira específica. O sentimento da comunidade é um reflexo do
interdependência geral do cosmos, que vive dentro de nós, a partir do qual
não podemos nos abstrair completamente, e nos dota com a faculdade de
sentir, ou seja, ter empatia com outros seres. Acima de tudo, é a esponta-
boa aceitação para viver em conformidade com as demandas naturais e legítimas
da comunidade humana.
Talvez não seja supérfluo eliminar alguns mal-entendidos. Com-
sentimento de comunidade não tem nada a ver com a mera capacidade de se misturar com os outros
e é muito mais do que lealdade a um grupo ou a uma causa. Ele também não deve ser
confundido com a abdicação da personalidade de um indivíduo nas mãos de
Página 40
uma comunidade. A noção adleriana de comunidade inclui a estrutura de

laços familiares e sociais, atividades criativas (é a comunidade que cria
lógica, linguagem, provérbios e folclore), e uma função ética (justiça
é uma emanação da comunidade). Assim, o sentimento da comunidade é o
a percepção individual desses princípios que regem as relações dos homens
um com o outro.
O sentimento de comunidade é mais ou menos desenvolvido de acordo com os indivíduos:
às vezes fica restrito à família ou ao grupo de origem, mas pode
estendem-se à nação, à humanidade como um todo e, além dela, aos animais,
plantas, seres inanimados e o universo.
Quarto, o princípio da estruturação espontânea das partes em um
todo: todos os componentes da mente se organizam e equilibram espontaneamente
se auto-estimulem de acordo com a meta individual auto-estabelecida. Sensações, por
percepções, imagens, memórias, fantasias, sonhos - tudo converge
em direção à linha de direção do indivíduo. Da mesma forma, com a humanidade como um
todo, vemos essa estruturação espontânea aparecer na forma de divisão
do trabalho. Para o indivíduo, bem como para a humanidade, esta estrutura espontânea
turação é uma manifestação do princípio do ajuste ao próprio
lei.
Um quinto axioma básico é o princípio de ação e reação entre os
indivíduo e seu ambiente. Por um lado, o indivíduo deve se ajustar e
constantemente reajustar ao seu ambiente. Quando ele está em uma posição inferior
procura superá-la espontaneamente, direta ou indiretamente. Isto é
verdade tanto para o indivíduo quanto para a espécie. Como Marx, Adler vê o homem
capacidade de modificar seu ambiente como sua característica distintiva. Mas aqui, como
na mecânica dos fluidos, cada ação traz uma reação, e isso é particular
amplamente verdadeiro para o indivíduo dentro de seu grupo social: "Ninguém pode suportar
fora do meio da comunidade e estende seu poder sobre os outros
sem imediatamente despertar forças que tenderão a conter sua expansão
sion. "
Como consequência, a psicologia de Adler é essencialmente uma dinâmica de inter
relações pessoais. Ele não considera o indivíduo em uma isolada e
situação estática, mas o vê à luz de suas ações e das reações
de seu ambiente.
Um sexto axioma é o que Adler chamou de lei da verdade absoluta, uma lei fictícia
norma definida para a conduta do indivíduo que consiste em um equilíbrio ideal
entre os requisitos da comunidade e os do indivíduo,
em outras palavras, entre o sentimento comunitário e a legítima auto-afirmação.
O indivíduo que se conforma com esse ideal é uma verdade absoluta, o que significa
que ele está de acordo com a lógica da vida em sociedade e, por assim dizer, com a regra de
o jogo. A ocorrência de infelicidade, fracasso, neuroses, psicoses,
perversões, e a criminalidade dá uma medida do grau de desvio de
esta regra básica.
A partir dessas premissas é possível deduzir uma dialética que definiria
Página 41
as relações da humanidade com a natureza, de grupos sociais dentro da humanidade,

do indivíduo com a comunidade, do indivíduo dentro de pequenos grupos,
e de indivíduos uns com os outros.
A dialética da relação entre a espécie humana e a natureza é apenas
sugerido por Adler. Porque o homem é o mais fraco entre os animais superiores
espécie, ele desenvolveu um órgão psíquico com a faculdade de prever, e
ele imaginou a divisão do trabalho. Desta forma, ele foi capaz de compensar
sacie sua inferioridade natural e conquiste a natureza. Adler poderia ter discutido
o problema dos danos causados à natureza pelo homem e suas desastrosas conseqüências
efeitos sobre o homem, mas ele não seguiu sua dialética nessa direção.
A dialética das relações dos grupos sociais entre si teve
foi abundantemente tratado por Marx e Engels com sua teoria da classe
luta. Adler poderia facilmente ter ampliado este tópico, mas por algum motivo
ele parece ter evitado fazer isso. No entanto, ele comentou sobre o sentimento
da inveja como uma consequência natural da desigualdade social, ao contrário de
inveja patológica resultante de impulsos agressivos. Há, no entanto, um
ponto comum à sociologia e biologia, ao qual Adler dedica muita atenção
ção, ou seja, os respectivos papéis do homem e da mulher. O fisiológico
diferenciação não leva em conta a discrepância em relação ao seu
papéis psicológicos e sociológicos. Todas as nossas instituições públicas e privadas
repousar sobre o preconceito da superioridade do homem. Seguindo Bachofen
e Bebel, Adler assume que essa atitude de superioridade do homem sobre
a mulher foi historicamente uma reação contra um antigo período do matriarcado.
Essa atitude é perpetuada e reforçada tanto no menino quanto na menina
por educação e sugestão sutil e muitas vezes inconsciente. Esse é um dos
as principais raízes da neurose e do fenômeno do protesto masculino,
que Adler descreveu tão detalhadamente em The Nervous Character.
A dialética das inter-relações dos grupos humanos foi abordada
por Adler em outras publicações. Lembramos como em 1918 e 1919 ele
tentou elucidar o fenômeno da guerra e explicado pela criminalidade
atitude irresponsável de quem está no poder e desamparo do povo
quando eles perceberam o engano. 105 Guerra pode ser considerada
como uma das formas de psicose em massa provocada por alguns homens em busca
de poder em seus próprios interesses egoístas. 106 Adler, no entanto, não concordou
considere a luta pelo poder pessoal como um impulso principal, mas como resultado
de um falso ideal orientador que poderia ser substituído por um sentimento de comunidade
ing, daí a importância primordial da educação na prevenção de
guerra.Io7
Esta dialética da inter - relação do indivíduo e da comunidade
ocupa uma grande parte dos Menschenkenntnis de Adler e de seus outros escritos.
O equilíbrio entre o sentimento de comunidade e o impulso para a autoexpansão
pode ser perturbado muito cedo. Como Adler explica a origem do desequilíbrio
quando isso ocorre? Ele vê isso no sentimento de inferioridade, que pode ser adquirido
na mais tenra idade.
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Neste ponto, uma observação linguística é apropriada. O termo "sentimento de

inferioridade ", como usado por Adler, na verdade tem dois significados diferentes.
está relacionado a uma inferioridade natural, como a do tamanho de uma criança quando
em comparação com a de um adulto, ou uma inferioridade factual resultante de uma doença.
Mas psicólogos individuais geralmente usam o termo no sentido de um valor
julgamento, que está implícito na palavra alemã -Minderwertigkeitsge-
fohl - que inclui os radicais minder, "menor", e Wert, "valor".
Portanto , significa um julgamento de "menor valor" pronunciado por um indivíduo
sobre si mesmo. Este mal-entendido semântico foi apontado por
Haberlin. 108 Mas em 1926 Alexander Neuer havia distinguido "posições
de inferioridade, '' que são numerosas e múltiplas, e "sentimentos de inferência
oridade ", que são o resultado das" posições de inferioridade "na medida em que
não são superados com coragem. 109 Este mesmo ponto também foi tratado por
Brachfeld em detalhe. 10 Mais tarde, o próprio Adler faria a distinção
entre o sentimento natural de inferioridade e o complexo subjetivo de
inferioridade. 111
Adler distingue várias causas do sentimento de inferioridade. tem
as inferioridades dos órgãos, conforme descrito em sua monografia de 1907, mas agora Adler
enfatizou a importância da reação do indivíduo à inferência de seu órgão
oridade em vez da própria inferioridade. Outra fonte frequente são os
erros educacionais, como exigir muito da criança, superenfatiza
medindo sua fraqueza, tornando-o um joguete de seu humor, dando-lhe
entender que ele é um fardo, ridicularizando-o e mentindo para ele. Lá
também são causas sociais, como aquelas que podem ser produzidas por fatores econômicos e
inferioridade social entre os filhos dos pobres.
Seja qual for a causa, um sentimento de inferioridade pode se desenvolver ao longo de dois diferentes
linhas, que já são perceptíveis na criança. Ambos se definiram
um objetivo de superioridade, mas seguir um caminho diferente para alcançá-lo.
No primeiro caso, o indivíduo buscará diretamente a superioridade sobre os outros.
Sua linha norteadora será orientada para este objetivo, assim como seu psicológico
funções e seu caráter. Ele vai mostrar ambição, arrogância, ciúme,
e ódio. A vontade de poder de Nietzsche é uma entre outras manifestações de
o complexo de superioridade, e como Nietzsche já havia mostrado, essas agressões
Sive sentimentos podem usar muitas máscaras.
No segundo caso, o indivíduo tentará alcançar seu objetivo de superioridade
por meios indiretos e se retirará para trás de barricadas, como fraqueza,
timidez, ansiedade ou um círculo familiar ou social restrito e esta posição
permite que ele exerça sua tirania e dominação sobre pelo menos alguns outros
pessoas. Aqui também existem inúmeras variedades de padrões de comportamento.
Adler acreditava que, via de regra, um indivíduo escolherá o primeiro
linha, e só vai recorrer ao segundo quando ele se deparou com o fracasso. este
pode acontecer mais cedo ou mais tarde, frequentemente muito cedo na infância. Em todos os casos,
no entanto, a discrepância entre a meta auto-estabelecida de superioridade e sua
o poder de alcançá-lo levará o indivíduo à derrota. Por muito tempo ele vai
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tente evitá-lo usando a distância. 112 O assunto vai de repente

recuar quando deveria estar se aproximando de seu objetivo, ele irá parar um pouco antes
alcançá-lo, adote uma atitude vacilante, ou ele astuciosamente construirá arti-
obstáculos oficiais que impedirão o sucesso. Sempre que o uso inteligente da distância
não é suficiente, o sujeito terá que confrontar seu sonho com
realidade, e para evitar uma catástrofe, ele recorre ao que Adler chama
o arranjo. Pode ser depressão, ansiedade, fobia, amnésia ou
qualquer tipo de neurose; às vezes assume a forma de uma doença física ou
psicose. O objetivo do acordo é esconder para o meio ambiente
e para o próprio sujeito a derrota iminente de sua ambição inatingível
ções.
À luz desses conceitos, os vários tipos de neurose, depressão,
perversão, vício, criminalidade e até psicose são apenas variedades de
perturbações na relação do indivíduo com a comunidade.
As inter-relações dos indivíduos dentro de um pequeno grupo são outra con
cern de psicologia individual. Isso pode ser aplicado a qualquer natural ou
situação de grupo artificial. Professor Biasch, em Zurique, atualmente se inscreve
Princípios de Adler em suas investigações em psicologia industrial e empresarial
ogy. Na verdade, Adler deu sua atenção principalmente à psicologia dentro do
grupo familiar.
Na vida de uma criança, a influência mais forte vem da mãe; ela
é aquele que transmite (ou deveria transmitir) as sementes da comunidade
sentindo-me; o papel do pai é ensinar autoconfiança e coragem. O edipo
situação, que Freud afirma ser uma fase normal e universal de
vida humana, é considerada por Adler o resultado de uma educação deficiente em um
criança. Os relacionamentos com os pais não se limitam aos de amor e
ódio, conforme descrito por Freud, mas qualquer um pode desempenhar o papel de Gegenspieler
(o "jogado contra '' o parceiro contra o qual a criança mede seu
força). Este papel também pode ser desempenhado por um dos irmãos, especialmente o
o mais antigo.
De acordo com Adler, cada um dos filhos de uma família nasce e
cresce com uma perspectiva específica de acordo com sua posição em relação a
os outros irmãos. Desde o início a posição do irmão mais velho é melhor

do que a dos mais jovens. Ele sente que é o mais forte, o
mais sábio, o mais responsável. É por isso que ele valoriza o conceito de autoridade
e tradição, e é conservador em suas opiniões. O irmão mais novo, no
por outro lado, está sempre em perigo de permanecer mimado e covarde
bebê da família. Enquanto o mais velho seguirá a profissão do pai, o jovem
est pode facilmente se tornar um artista, ou então, como resultado de uma sobrecompensação,
ele desenvolverá uma enorme ambição e se esforçará para ser o salvador de todo
família. O segundo filho em uma família está sob pressão perpétua de ambos
lados, se esforçando para superar seu irmão mais velho e temendo ser ultrapassado
pelo mais jovem. Já o filho único está ainda mais exposto a ser
mimado e mimado do que o mais jovem. A preocupação dos pais
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com sua saúde pode torná-lo ansioso e tímido. Tal pat-

os termos estão sujeitos a modificações de acordo com a distância entre os
irmãos e de acordo com a proporção de meninos e meninas e seu respeito-
minha posição na família. Se o irmão mais velho for seguido de perto por um
irmã, chegará um momento em que ele terá medo de ser ultrapassado pela garota
que amadurecerá mais rapidamente do que ele. Entre muitas outras situações possíveis
ções são aquelas da única menina em uma família de meninos, e do único menino entre
uma constelação de meninas (uma situação particularmente desfavorável de acordo com
Adler).
As inter-relações de dois indivíduos também foram abordadas por
Adler. Há obediência normal, guiada pelo sentimento de comunidade; Há sim
desobediência por falta de sentimento comunitário ou vontade de poder; há
é uma obediência cega que é particularmente nociva quando encontrada dentro do delinquente
grupos. Adler considera a hipnose um tipo específico de relação interpessoal
navio que é igualmente degradante para o sujeito e o hipnotizador. Sugestão,
de acordo com Adler, é uma forma de reagir a um determinado estímulo exógeno;
alguns indivíduos estão prontos para superavaliar a opinião dos outros e subestimar
avaliam os seus próprios, outros homens tendem a considerar apenas a sua própria opinião
como corretas e rejeitam indistintamente as dos outros. Implícito, mas em nenhum lugar claramente
descrita nas obras de Adler, é a relação interpessoal imediata
que é espontaneamente estabelecido entre dois homens que se encontram pela primeira
Tempo.
Uma das grandes dificuldades no relacionamento interpessoal é a falta de
compreensão. A maioria dos homens tem pouca percepção a respeito de si mesmos e
outros, e pior, a experiência não os ajudará porque eles avaliarão
à luz de sua perspectiva já distorcida. Além disso, eles não
gostam de ser esclarecidos sobre si mesmos. Mas Adler está convencido de que se
conhecimento do homem eram mais geral, as relações sociais iria ser facil-
itado, porque então as pessoas não poderiam se enganar tão facilmente. Conseqüentemente
a necessidade de uma técnica para o diagnóstico psicológico prático.
A técnica de Adler começa com o princípio axiomático de que a maioria dos indivíduos
uais estão se esforçando para atingir um objetivo oculto, do qual não têm consciência. o
o conhecimento desse objetivo forneceria a chave para a compreensão de um
personalidade do homem e, inversamente, a natureza desse objetivo pode ser deduzida
do exame crítico do comportamento de um indivíduo. Porque o

objetivo oculto determina tanto a linha guia quanto a perspectiva (ou mundo
imagem) do indivíduo, possuímos uma série de pistas que apontam para
o objetivo secreto. O psicólogo individual procederá um pouco como o
astrônomo que deseja determinar a trajetória de uma nova estrela. Ele determinou
extrai uma série de posições sucessivas e a partir daí reconstrói
a linha e a direção seguidas pela estrela. Assim, o psicólogo individual
começará com dois pontos tão distantes um do outro quanto possível; um poderia
bt) uma memória de infância e outra uma ocorrência recente que ilumina
comportamento social do indivíduo. Claro, o psicólogo também levará
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pontos intermediários, e quanto mais houver, mais exata será a

reconstrução da linha. Entre os dados utilizados pelo indivíduo
psicólogo são as primeiras memórias, as atividades lúdicas espontâneas da criança,
os sucessivos desejos da criança e do adolescente para sua futura profissão, e
seus sonhos.
De acordo com Adler, as primeiras memórias têm um grande valor diagnóstico,
sejam ou não historicamente verdadeiros. Eles refletem o objetivo de vida e a vida
estilo do indivíduo, desde que sejam examinados em conexão com
outras indicações psicológicas.
Adler sente que os sonhos mostram algo do estilo de vida do indivíduo,
particularmente aquele aspecto de si mesmo que ele quer esconder de seus semelhantes
(porque a censura do controle social é temporariamente removida).
Eles também têm uma função prospectiva: eles expressam uma solução provisória para
os problemas presentes do sonhador, ou melhor, uma fuga de um verdadeiro racional
solução, e são, portanto, um auto-engano. 11 3
Este tipo de investigação das atitudes presentes, primeiras memórias, infância
atividades, desejos do adolescente e sonhos, simultaneamente revela o
perspectiva do indivíduo, ou seja, sua percepção específica e seletiva do
mundo, e seu estilo de vida. Cada indivíduo utiliza suas táticas particulares
para alcançar seu objetivo, e é isso que Adler chama de estilo de vida (Lebensstil).
Um recorrerá à arrogância, o outro à modéstia fingida, um terceiro despertará
pena nos outros e assim por diante. mas, principalmente, é uma combinação complexa de dispositivos.
Ao diagnosticar um estilo de vida, as ações e o comportamento de um indivíduo estão longe
mais revelador do que suas palavras. Assim, é possível de forma simples e rápida
diagnosticar o objetivo secreto perseguido por aqueles com quem lidamos e ver
como eles tentam nos influenciar. Pode-se, portanto, ver através de sua máscara, e
evitar seus ataques. Nas crianças é fácil descobrir o segredo de sua
dificuldades de caráter e os obstáculos à sua educação.
Para avaliar completamente um personagem, deve-se considerar outros fatos. Cada indi-
a imagem do mundo do indivíduo depende em grande parte se ele é um visual,
auditivo ou tipo motor. Este último precisa de mais movimento. Adler também
passou a atribuir muita importância ao grau de mentalidade e física
energia do indivíduo, independentemente de sua coragem. Assim, vemos que
para a avaliação completa da personalidade de um homem, é necessário descobrir sobre
suas insuficiências de órgãos, seus primeiros relacionamentos interpessoais e familiares
situação, seja ele um tipo sensorial ou motor, seu físico natural e
energia mental,
O curso suas escolhas livres
e desenvolvimento e sua
da vida coragem.
humana é visto por Adler no
luz dos conceitos acima. A individualidade do homem se manifesta muito
cedo. De acordo com Adler é possível avaliar o grau de comunicação
sentimento de felicidade em uma criança após alguns meses de idade, e no segundo ano
pode ser deduzido da maneira como a criança se expressa em palavras.
Conforme a criança cresce, sua forma de brincar torna-se característica. Adler concorda
com Groos que brincar é uma preparação espontânea da criança para o futuro,
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mas ele acrescenta que também é uma expressão de sua atividade criativa, ou sua
sentimento de comunidade e sua vontade de poder. A primeira infância é também o período em que
o homem aprende com seu ambiente de muitas maneiras sutis, junto com o
ideias comumente aceitas sobre os respectivos papéis de homens e mulheres em
sociedade, e também encontra sua identidade. Adler considerou o sucessivo da criança
deseja que sua futura profissão seja importante, e ele pensou que o
a ausência de tal desejo pode ser o sinal de um grave distúrbio subjacente
ance. A idade adulta é o período em que o indivíduo deve cumprir seus três
tarefas de vida: amor e família, profissão e relacionamento com a comunidade.
A maneira como o indivíduo cumpre essas três tarefas de vida dá a
medida de seu ajuste. Novos problemas causados pelo processo posterior
de envelhecimento devem ser vistos sob essa perspectiva.
O livro Menschenkenntnis também contém uma tipologia e um capítulo
que os autores antigos teriam chamado um tratado sobre as paixões. Apesar
enfatizando que cada ser humano é único, Adler oferece uma regra
classificação em que ele distingue duas grandes categorias: o agressivo
e a natureza não agressiva. Entre os agressivos ele coloca não só
aqueles que mostram agressividade aberta, mas também disfarçada. Esta caracterologia é
intimamente relacionado com a descrição de Adler das paixões, que ele divide em
separando e unindo.
A concepção de Adler de psicose, desvios e criminalidade está contida
em vários outros escritos do mesmo período.
A teoria da melancolia de Adler foi publicada em 1920. 114 Em um período depressivo
episódio Adler não vê nada além da exacerbação do caráter do paciente
maneira istica de lidar com as situações da vida. O paciente deprimido, diz Adler, é
um homem que sempre foi afligido por um profundo sentimento de inferioridade
ity. Mas o traço característico é sua maneira pessoal de lidar com isso
sentimento de inferioridade. Desde a infância, ele mostra falta de direção e atenção
produtividade, evitando dificuldades, decisões e responsabilidades. Ele é desconfiado
e crítico dos outros. e vê o mundo como basicamente hostil, a vida como um tre-
empreendimento extremamente difícil, seus semelhantes tão frios e rejeitadores. No
por outro lado, o sujeito sempre alimentou uma ideia secreta de seu próprio superi
oridade e o desejo de obter dos outros as maiores vantagens possíveis.
Para atingir seu objetivo secreto, o sujeito adota táticas bem definidas:
para se tornar o mais pequeno e discreto possível, e para restringir
a um estreito círculo de pessoas que ele pode dominar, principalmente através
queixas, lágrimas e tristeza. A melancolia sempre aparece sob o
impacto de uma crise vital, como uma situação de dificuldade forçada que exige
uma decisão intransigente; ou porque o ambiente do paciente tornou-se
mais crítico e escapou de seu controle; ou talvez o paciente estivesse se tornando
crítico de si mesmo. Neste ponto ocorre a melancolia e um círculo vicioso
surge do fato de que a insônia, a ingestão insuficiente de alimentos e semelhantes
fatores prejudicam o equilíbrio fisiológico do paciente e, conseqüentemente
fazer cumprir sua ficção. O resultado da doença depende, diz Adler, de
Página 47
se a tática do paciente triunfa ou não. No primeiro caso, a doença

retrocede assim que o paciente atinge seu objetivo secreto. Mas se ele falhar, ele
recorre ao seu ultima ratio, o suicídio, que é ao mesmo tempo o único honroso
saída de uma situação desesperadora, e um ato de vingança contra o meio ambiente
ronment.
Paranóia, de acordo com Adler, é o desenvolvimento de outro
forma específica de lidar com as situações da vida. 115 Quando um indivíduo já
mostrou falta de sentimento comunitário quando criança, sempre foi insatisfeito
com vida e crítico e hostil para com os outros, ele se estabelece um segredo
meta de alta ambição e se esforça para alcançá-la com atividades de um beligerante
natureza. Por algum tempo ele progride nessa direção, mas chega um
ponto onde ele é obrigado a parar a alguma distância do ex-
objetivo esperado. Para se justificar aos olhos dos outros e aos seus,
ele agora recorre a dois dispositivos: ele cria obstáculos fictícios e, portanto,
adiante esgota suas energias em sua luta para superá-los, e ele dis-
coloca a batalha em outro campo.
A esquizofrenia, pensa Adler, afeta indivíduos que manifestam medo de
vida muito cedo. O início da doença ocorre quando eles devem enfrentar sua
tarefas da vida. A própria doença é a manifestação de extremo desânimo
ment.
Quanto ao alcoolismo, várias causas foram apontadas por Adler
e seus discípulos. A inferioridade dos órgãos pode desempenhar um papel.l16 A ingestão de
o álcool pode ser uma forma de acalmar os sentimentos de inferioridade, uma manifestação de
protesto masculino, ou uma forma de aumentar uma atitude hostil em relação ao outro
homens. A embriaguez é um meio de se desligar da comunidade. Alcoólico
o vício é uma forma de escapar dos deveres e responsabilidades da vida. 11 7
De um modo geral, Adler considera perversões sexuais como a expressão
de aumento da distância psicológica entre homem e mulher, de uma rebelião
do sujeito contra seu papel sexual normal e de uma atitude depreciativa
e hostilidade em relação a um parceiro sexual.11 8
A homossexualidade foi o assunto da publicação de estudo de 75 páginas de Adler.
lida em 191711 9 e de uma monografia maior em 1930.1 20 Adler rejeita o
teoria da constituição física da homossexualidade. Ele admite que certo
homossexuais podem apresentar algumas características sexuais secundárias do
sexo oposto, mas isso acontece com muitas pessoas que são perfeitamente normais.
Não há determinismo biológico. e tudo depende do assunto-
ive maneira pela qual o paciente assume sua identidade somática, e qual
uso que ele faz disso. A mola mestra é encontrada no medo e na hostilidade
para o outro sexo, porque a distância psicológica é menor com as pessoas
do mesmo sexo do que os do outro. A criança que não foi
adequadamente preparado para assumir seu papel social evita pessoas do outro
sexo e compensa superenfatizando seus relacionamentos com pessoas de
seu próprio sexo. A partir de então, sempre que ele se depara com situações em que deve
lidar com membros do sexo oposto, ele reage com desânimo e
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voar. Em sua monografia posterior sobre homossexualidade, Adler sublinhou o

importância do elemento de treinamento: geralmente está longe de ser fácil se tornar
um pervertido e um homossexual, através de auto-engano, facilmente o convence-
eu que, tanto quanto se lembra, sempre foi atraído por
crianças do mesmo sexo.
Entre os grandes pioneiros da psiquiatria dinâmica, Janet e Adler são
os únicos que tiveram experiência clínica pessoal com criminosos, e
Adler foi o único que escreveu algo sobre o assunto diretamente
experiência. 121 Na raiz da criminalidade, bem como da neurose, a psicologia
irmã e desvio sexual, Adler encontra falta de interesse social. Mas o crime
inal difere na medida em que não se contenta em receber ajuda de
outros e sendo um fardo para eles, mas age como se o mundo inteiro fosse
contra ele. A criança delinquente pode ser detectada porque consegue a sua própria
maneira de ferir os outros. Adler distingue três tipos de criminosos: primeiro
aquelas que foram crianças mimadas, sempre acostumadas a receber e nunca
dando, e que mantiveram seu padrão; então há as crianças negligenciadas
dren que realmente experimentou um mundo hostil; e por último há um
grupo menor formado pelas crianças feias. Mas seja qual for o local original
uação, os criminosos mostram o mesmo esforço intenso em direção à superioridade. Adler
considera o criminoso como sendo essencialmente e sempre um covarde. O crime
inal nunca dá uma luta justa; ele comete suas ofensas apenas quando está em um
posição de vantagem. (Ele vai roubar de um desatento ou indefeso
vítima, matar quando sua vítima não puder se defender, e assim por diante.) Seu sentimento
de superioridade é reforçada pelo fato de que, antes de ser pego, ele
geralmente cometeu vários crimes sem ser descoberto. Adjuvante
fatores de criminalidade são um baixo nível de inteligência e uma falta de treinamento para
uma profissão. De acordo com Phyllis Bottome, Adler descobriu que os ladrões
eram mais fáceis de curar do que outros criminosos porque eles são de maior inteligência
nível de tolerância do que o criminoso médio e porque, sendo "especialistas",
será mais fácil para eles encontrar um comércio honroso e se ajustar a ele.
Ao contrário de Freud, Adler não infringiu muito os campos da arte, lit-
natureza, etnologia e história cultural. Um artigo escrito casualmente para o
Jornal social-democrata vienense mostra como a psicologia individual
pode ser aplicado à interpretação de um evento histórico, a saber, o francês
Revolução de 1789.
O rápido desenvolvimento econômico da França com a urbanização, o crescimento de um

proletariado industrial. exploração dos camponeses. trouxe o país para
caos. A exclusão dos homens mais capazes de muitas funções públicas ir-
rititou-os. Voltaire e Rousseau deram expressão aos sentimentos das massas
e ajudou a criar uma "linha revolucionária". Um ponto crítico surgiu quando o primeiro
as tentativas de introduzir reformas urgentemente necessárias foram verificadas pelo governo.
Isso colocou em movimento a maré revolucionária e abriu o caminho para seus grandes líderes.
Marat. quem era pobre. com fome. perseguidos pela polícia. proclamou a revolta
dos pobres contra os ricos. Ele se ofereceu como vítima, ainda mais porque
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sua saúde estava arruinada. Não sendo eloquente, sua tática foi escrever inflamado
cartas e artigos de jornal. e receber muitos visitantes que ouviriam
suas idéias. Ele era desinteressado e sincero. mas não percebeu que a maior parte
seus adeptos eram compostos de criminosos.
Danton. um homem excessivamente ambicioso. deu uma indicação precoce de h: s
estilo de vida quando. ser um estudante. ele escapou para assistir a cor-
onação. Durante a revolução. ele sabia como sentir os próximos desenvolvimentos,
e sempre esteja no local em ocasiões importantes. Ele era corajoso, decidido,
e um orador brilhante. Sua tática era manter um bom relacionamento com os ricos
e poderoso enquanto aparentemente servia ao povo. e utilizar as pessoas para o
bem de seus próprios interesses egoístas.
Robespierre foi um "aluno modelo". sempre no topo de sua classe. Dele
a paixão predominante era a presunção. Para um povo faminto, ele pregou o ab-
estreito ideal de 'Virtude "e o culto do Ser Supremo (a quem ele concebeu
à sua própria imagem). Sua tática era manter-se o máximo possível no
fundo. para preparar rapidamente e metodicamente ataques esmagadores sobre seu
inimigos. manobrá-los para que se destruam. Mas faltou
em flexibilidade. e quando ele se aproximou de seu último inimigo, desabou de repente. 122
Pode-se perguntar até que ponto essas análises derivam de psi-

chology, ou do conhecimento pessoal de Adler com a revolução russa
cionistas.
Trabalho-V-Psicoterapia e Educação de Alfred Adler

Não se sabe exatamente quando Adler começou a estudar e praticar
psicoterapia. Provavelmente ele aprendeu algo sobre isso com Moritz Benedikt
no Poliklinik. Na última década do século XIX, tornou-se
está na moda ser um Nervenarzt. que é para tratar aqueles numerosos pacientes
cujas doenças não pertencem à neurologia orgânica nem à psiquiatria hospitalar.
Como não havia ensino organizado neste novo ramo da medicina, aqueles
quem o praticava tinha que elaborar empiricamente seu próprio método, que
provavelmente nunca seria transmitido. Parece que durante seus anos como médico
médico, Adler tinha um número cada vez maior de pacientes nervosos,
e é possível questionar até que ponto ele os tratou de acordo com sua
próprios métodos ou aos métodos que aprendeu com Benedikt e, mais tarde, com
Freud e o grupo psicanalítico. É claro a partir dos escritos de Adler que
durante sua associação com Freud, ele se envolveu ativamente no tratamento
da neurose. O caráter nervoso é obviamente o trabalho de um homem que
teve vários anos de experiência psicoterapêutica e que teve
domina totalmente sua técnica.
Infelizmente Adler, ao contrário de Freud, nunca deu um relato detalhado de
sua técnica psicoterapêutica. As referências à sua técnica estão espalhadas
em todos os seus escritos e os de seus discípulos.I23
Uma diferença principal entre Adler e Freud era que Freud concebeu
uma técnica psicoterapêutica apenas para o adulto individual; sua filha
Anna o adaptou primeiro para a análise infantil; Pfister e Aichhorn, para th ~ rapeu-
Página 50
educação tique; e ainda outros para terapia de grupo. Adler configurou uma variedade de
métodos terapêuticos destinados ao adulto, à criança e para fins terapêuticos
Educação.
As diferenças entre os métodos de Freud e Adler são imediatas.
imediatamente aparente. Com Adler, não há dúvida de que o paciente está deitado sobre um
sofá e o médico sentado atrás dele, vendo o paciente sem ser
viu a si mesmo. O terapeuta Adleriano e seu paciente sentam-se frente a frente e
Adler insistiu que suas duas cadeiras fossem semelhantes em relação à altura, forma,
e tamanho. As sessões são menos frequentes e o tratamento muito mais curto do que
na análise freudiana. Normalmente, as entrevistas de uma hora ocorrem três
vezes por semana no início, sua frequência sendo reduzida gradualmente para
duas vezes e depois uma vez por semana. As regras rígidas características do Freudian
a psicanálise costuma ser considerada levianamente pelos adlerianos. O terapeuta vai
não hesite em falar com membros da família ou amigos do paciente no
a presença deste (com o seu consentimento), se o considerar necessário. Individual
psicólogos nunca notaram qualquer diferença entre o resultado de
e terapias pagas, nem acreditam que uma consulta perdida
deve necessariamente ser pago, independentemente da causa.
A psicoterapia individual compreende três estágios de duração desigual.
Durante a primeira fase, o objetivo principal é que o terapeuta compreenda
o paciente e seus problemas. Dependendo da experiência e do
perspicácia psicológica do terapeuta, isso levará de um a dois dias
semanas ou mais. Adler era conhecido pela rapidez de seu diagnóstico. o
paciente relata sua história de vida e fala sobre suas dificuldades, o terapeuta
indagações sobre as primeiras memórias, situações da primeira infância, sonhos e outros
traços característicos de personalidade que o permitem reconstruir a vida
objetivo e estilo de vida de seu paciente. Uma das perguntas favoritas de Adler era:
"Supondo que você não tivesse essa doença, o que você faria?"
A resposta do paciente indicou o que ele realmente queria evitar.
No segundo estágio, o terapeuta deve tornar o paciente gradualmente consciente
de sua meta de vida fictícia e estilo de vida. É claro que não há dúvida de
dizendo isso diretamente para o paciente. Ele tem que ser gradualmente atingido com
discutir o fracasso do paciente na vida ou comportamento neurótico. O paciente é
também mostrou como seu estilo de vida e objetivo estavam em contradição com a realidade
da vida e da lei do interesse social.
Uma vez que o paciente adquiriu e aceitou uma imagem clara e objetiva de
si mesmo, chegou-se ao terceiro estágio, no qual cabe ao paciente
decidir se ele deseja mudar seu estilo e objetivo de vida. Nesse caso, o
paciente deve ser ajudado em seus esforços para se reajustar às novas doenças
realidade coberta, e isso pode durar mais alguns meses. No entanto, o total
duração de uma terapia de psicologia individual raramente se estende por mais de
um ano e enquanto Freud considerou como critérios para uma terapia de sucesso
quando o paciente recuperou a capacidade de desfrutar e trabalhar, Adler assumiu como
critérios a capacidade de cumprir as três tarefas principais da vida: ocupação, amor e
Página 51
família, comunidade. Os fenômenos de resistência e transferência, que

são tão básicos na psicanálise freudiana, tendem a ser considerados pelos adlerianos
como artefatos. Adler equiparou a resistência a uma forma de protesto masculino,
que teve que ser imediatamente apontado ao paciente como indesejável.
A transferência foi considerada por Adler como um desejo neurótico que tinha que ser
erradicado.
Em contraste com Freud, Adler nunca publicou histórias de casos completas comparáveis
à história do homem-lobo ou do pequeno Hans. Mas possuímos dois razoavelmente
longos fragmentos de histórias de casos. São conhecidos como o caso da Srta. R. 12 4
e o caso da Sra. A. 125, embora não sejam histórias de casos no
bom senso. O primeiro é uma curta história de vida escrita pela paciente aqui.
eu, e o segundo é um breve relato escrito pelo médico sobre o
paciente. Cada um foi lido para Adler (que não conhecia os pacientes), e ele
comentou a história, frase por frase. A ideia era mostrar como
qualquer documento clínico pode ser interpretado a fim de reconstruir o paciente
objetivo de vida e estilo de vida.
A técnica de psicoterapia infantil de Adler difere em muitos aspectos de
a técnica que ele usava com adultos. Varia de acordo com a criança, o
a idade da criança e seus problemas. Adler nunca tratou uma criança sem ter
entrevistas com seus pais, e pelo menos parte das sessões terapêuticas
foi administrado na presença de um dos pais ou de uma pessoa qualificada.
O método de psicoterapia de Adler para o paciente individual cobre apenas
um aspecto de sua atividade total como psicoterapeuta. O outro aspecto é
mostrado nas organizações de educação terapêutica que concebeu e
organizado em Viena. 126
Em 1920, Adler sentiu que o principal esforço na educação terapêutica deveria ser
dirigido a professores ao invés de famílias e ele organizou
consultas para professores. Eles se encontrariam com Adler ou seus associados em
intervalos regulares para discutir problemas relativos às crianças difíceis que eles
tiveram em suas aulas. Os professores foram levados a entender esses problemas
à luz da psicologia individual. A necessidade de consultas onde
os pais também podiam participar logo ficou evidente e foram mantidos
gratuitamente, duas vezes por semana, em uma das salas de aula. O professor preparou
um arquivo sobre a criança antes da consulta e Adler, ou seu substituto,
sempre falou primeiro com a mãe, depois com a criança e por último com a
professor. Vários outros professores estavam sempre presentes, e Adler tinha pelo menos
um de seus associados com ele em todos os momentos que gravou a entrevista. Adler
enfatizou o valor de ter vários professores e educadores presentes, não
apenas para que outros professores e psicólogos pudessem aprender seus métodos, mas
também para transmitir à criança a sensação de que ela estava sob os cuidados de um grupo que
estava genuinamente interessado em seu bem-estar. Este foi um dos primeiros exemplos de como
mais tarde seria chamada de terapia múltipla. Adler não recorreu ao psicológico
testes. Um de seus princípios era tratar a criança em casa tendo em vista
ensinando a criança a se ajustar a ambientes difíceis. Foi apenas no extremo
Página 52
casos em que crianças foram encaminhadas para uma instituição. Algumas das crianças
foram enviados para um Hort, uma espécie de abrigo a tempo parcial onde a criança fazia o seu
lição de casa e jogou depois da escola.
Adler nunca tentou impor seus serviços e esperou ser convidado antes
começando a trabalhar em uma nova escola. De acordo com Madelaine Ganz, ele era
já conduzindo trabalhos em vinte e seis escolas em 1929. Viena tornou-se
a primeira cidade do mundo onde todos os alunos puderam desfrutar do ensino gratuito
terapia catacional quando necessário.
A experiência ensinou Adler que a terapia educacional anterior era
iniciado, mais eficaz foi. E isso o levou à criação do kinder-
aulas de jardim conduzidas de acordo com os princípios da psicologia individual
chology. O objetivo era tornar a criança muito pequena independente e ad-
justificável. Madelaine Ganz, que visitou um deles em 1932, percebeu que o
as crianças pareciam menos disciplinadas do que no jardim de infância Montessori.
Eles eram livres para desenvolver suas atividades em pequenos grupos ou sozinhos.
A única regra imposta à criança era que ela deveria conduzir qualquer
tarefa até o fim. O sentimento comunitário foi encorajado não apenas por uma aula
na ginástica rítmica, mas também por uma hora reservada para a conversa
presidido pelo professor. As crianças traziam um lanche às dez
horas em torno de uma mesa comum, e eles viriam espontaneamente para o ex-
mudar e compartilhar sua comida.
Outra conquista educacional foi a escola experimental que foi
inaugurado em setembro de 1931, após dez anos de trabalho preliminar e negociações
com as autoridades escolares. A escola era operada por três dos alunos de Adler
seguidores mais experientes: Oskar Spiel, Birnbaum e Scharmer. Deles
tarefa não foi fácil porque o conselho escolar havia estipulado que a escola
programa e regulamentos gerais sejam exatamente os mesmos que no outro Haupt-
schulen em Viena. A escola ficava em um dos bairros mais pobres de Viena
com turmas de trinta e quarenta crianças. Naquela época, a Grande Depressão
tinha se t em, e muitos dos pais estavam desempregados, então os alunos estavam
1
frequentemente subnutridos. Madelaine Ganz fala de sua admiração pelo

dedicação desses educadores e suas realizações notáveis, apesar
de numerosos obstáculos. As aulas foram divididas em grupos de trabalho de
cinco a sete alunos cada, com um presidente que mantinha contato com o
primeira e segunda pupilas principais. O espírito de comunidade para toda a classe foi
mantido por meio de um "grupo de conversação" em que toda a classe par-
ticiparam uma vez por semana e também compartilharam outras experiências. Ajuda mutua
foi sistematicamente encorajado. Por exemplo, uma criança que era boa em matemática
O matemático seria sentado ao lado de um que não estava, para que ele pudesse auxiliá-lo.
Os professores deram entrevistas individuais aos alunos que mostraram uma necessidade
para eles, e havia uma reunião mensal de pais e professores (este
não era de forma alguma uma coisa normal naquela época).
Essas organizações foram abolidas quando o partido social-democrata
abandonou sua última fortaleza, "Viena vermelha", em 1934. Mas as ideias de Adler
Página 53
permaneceu vivo, e sua inspiração é discernível em criações que não eram

mais seus próprios, mas os de seus discípulos. Dr. Joshua Bierer, que estava per-
treinado e ensinado por Adler e emigrou para a Inglaterra, proclamado
que qualquer psiquiatria que deseja ser chamada de social deve incluir o total
comunidade. Essa era a ideia subjacente quando Bierer 127 fundou o primeiro
Clube Terapêutico Social autogerido para pacientes internos agudos e crônicos em
Runwell Hospital (1938-1939), os primeiros clubes para pacientes que receberam alta e
pacientes externos em East Ham e Southend em 1939, e o Social Psycho-
Centro de terapia (hoje denominado Hospital Dia) em 1946. 128 Terapia de grupo
e a psiquiatria comunitária são claramente descendentes legítimos de Alfred
O pensamento e o trabalho de Adler.
Desenvolvimentos posteriores do trabalho VI de Alfred Adler

Com seu livro Understanding Human Nature em 1927, Adler havia dado
a exposição mais sistematizada de sua doutrina. Nos anos seguintes,
particularmente depois de 1933, ele introduziu certas modificações. Alguns pertenciam
para novos conceitos psicológicos e outros para uma maior ênfase no
lado filosófico de suas idéias. Essas mudanças são perceptíveis em seu livro
O significado da vida 12 9 e em vários de seus artigos posteriores. 130
Nesses escritos posteriores, Adler atribuiu uma importância crescente ao
poder criativo e ao grau de atividade do indivíduo. Ele agora con
considerou o poder criativo como fator essencial na construção do
plano de vida ou estilo de vida. Este último, portanto, não pode mais ser considerado
como um mero reflexo das situações da primeira infância. O mesmo poder é para
ser encontrada na formação de uma neurose pelo neurótico. Outro importante
inovação nos ensinamentos posteriores de Adler é o conceito de "grau de atividade"
em crianças problemáticas: a diferença no grau de atividade determina diferenças
ocorrências no resultado psicopatológico posterior no adulto, e
conseqüentemente, diferentes medidas de educação. Uma terceira inovação é o aumento
ênfase na luta pela superioridade, que ele agora considera essencial
e normal. A busca pela superioridade não é mais vista como antagônica a
sentimento de comunidade. Este último é um ideal normativo que dá direção
para a luta pela superioridade. Adler não considera mais os sentimentos de inferioridade
como primária (com a busca pela superioridade como compensação). No
contrário, ele agora entende os sentimentos de inferioridade como secundários aos
lutando pela superioridade. O oposto do sentimento de comunidade agora é "privado
inteligência."
Em sua descrição da neurose e delinquência, Adler agora usa novos
termos. O neurótico e o delinquente que seguem sua inteligência privada
em vez da lógica da vida comunitária, dedicar sua atividade aos inúteis
lado da vida. Em todos aqueles que se afastam do ideal comunitário existe uma restrição
de campo ocorre necessariamente: O homossexual, por exemplo, se isola
do sexo oposto, ou seja, metade da humanidade. No criminoso habitual
a restrição é muito mais pronunciada. A diferença entre o neurótico
Página 54
e o criminoso
sua resposta àsédemandas
que o primeiro não perdeué seu
da comunidade sentimento
"sim, de comunidade,
mas", enquanto o crime mas
A resposta de inal é "não". Em outro de seus últimos artigos, Adler lida com o
problema da morte: a pessoa mentalmente saudável não deixará o pensamento de
a morte diminui a adaptação ativa aos problemas da vida; o neurótico
arranjará vários tipos de desejos obsessivos de morte ou medos da morte
de acordo com seu estilo de vida.
Adler parece ter hesitado entre vários sistemas de tipologia e
outras propostas, que, no entanto, não são mutuamente exclusivas. Anteriormente
ele distinguiu quatro tipos de indivíduos: aqueles que se conformaram com o
lógica do sentimento comunitário, o diretamente agressivo, o indiretamente agressivo
sive, e aqueles que recuaram para o vício ou psicose. Mais tarde ele enfatizou
dimensionou a importância dos tipos motores e sensoriais: o tipo motor com
sua necessidade de atividade, o tipo visual e o tipo auditivo. Adler até
fala do tipo "gustativo", em que coloca certos alcoólatras. Dentro
O significado da vida Adler distingue três tipos de homens: aqueles
inado pelo intelecto (a eles pertencem os neuróticos obsessivo-compulsivos e
a maioria dos psicóticos); aqueles dominados pela afetividade (a eles pertencem o
maioria dos neuróticos e alcoólatras); aqueles dominados pela atividade
(a estes pertencem os criminosos e os que se suicidam). No entanto, Adler
não atribui muita importância a essas tipologias, e em seu posterior
escritos, ele enfatiza a singularidade do indivíduo, como os românticos
tinha feito antes dele e os existencialistas fariam depois dele.
Ele parece que Adler não se alterou muito na sua técnica de trata-
ment. Em relação ao diagnóstico, Adler acreditava que qualquer pessoa poderia desenvolver o
capacidade de adivinhar, fazendo um diagnóstico à primeira vista e contra-verificação,
assim, treinando a si mesmo. No processo de desvendar o neurótico do paciente
ficções, deve-se tentar conduzi-lo a uma "armadilha" (aliás, esta é a velha
método dialético aplicado por Sócrates em suas discussões com os sofistas) _132
Com o passar do ano, o sistema de Adler assumiu um aspecto cada vez mais filosófico
virar. O sentimento de inferioridade, longe de ser um sintoma neurótico,
tornou-se agora a característica mais essencial do homem. No sentido da vida
Adler enunciou sua frase tão citada: "Ser homem significa sofrer
de um sentimento de inferioridade que constantemente o leva a superá-lo. "133
Adler também enfatizou a tendência do homem de mudar de um estado de inferioridade
para um de superioridade. É o mesmo processo que impulsiona toda a vida
natureza da primeira célula viva à humanidade e ao mundo presente,
um esforço para desafiar e vencer a própria morte. Pode-se notar o similar
semelhanças desse conceito com as de Leibniz e Bergson.
A atitude de Adler, que havia sido hostil ou pelo menos indiferente
à religião, também apresentou uma evolução acentuada. Isso foi manifestado por seu
encontro e discussão com o pastor Jahn em 1932.
Dr. Ernst Jahn, um pastor luterano em Stieglitz, perto de Berlim, tinha sido
profundamente interessado nas novas escolas psicoterapêuticas e na contribuição
Página 55
eles poderiam oferecer à tradicional "cura das almas" religiosa (Seelsorge) .134
Ele havia escrito um livro sobre psicanálise; 13 5 estiveram em correspondência
encontro com Jung, Pfister e Kunkel; e então escreveu uma crítica abrangente
icismo da psicologia individual. 36 Quando Adler veio para Berlim em 1932

os dois homens se conheceram pessoalmente e decidiram escrever juntos
um livro, confrontando cura de almas e psicologia individual. Este livro
foi publicado em 1933, mas quase imediatamente apreendido pelos nazistas e
destruído. 13 7
Na opinião de Adler, o homem está essencialmente ligado à terra; religião é um mani-
manifestação de sentimento comunitário; a cura das almas é uma antecipação da psicologia
terapia, Deus é a materialização da ideia de perfeição e a mais elevada
de todas as idéias pensáveis; o homem não é bom nem mau, depende de
a evolução de seu sentimento comunitário; o mal é um erro no estilo de vida;
graça consiste em perceber e corrigir o estilo de vida errôneo de alguém "dentro
os limites da imanência "(isto é, apenas com ajuda humana). Para o reverendo Jahn,
o homem está em relação concreta não apenas com a terra, mas com Deus; Deus é um
supracósmico, realidade viva; o mal não é apenas um erro, mas é o pecado que
merece a ira de Deus; mas o pecado é perdoado pela graça, que é um
presente de Deus; por todas essas razões a cura das almas, que reconcilia o homem com
Deus, nunca pode ser equiparado a psicoterapia. Jahn, no entanto, reconhece
os méritos da psicoterapia, particularmente da psicologia individual. Ele nota
que Adler redescobriu uma das afirmações essenciais de Lutero, que egocêntrico
o amor é a atitude básica do homem (embora Adler considere este amor-próprio um erro
no estilo hfe. e religião um pecado contra Deus).
Ao longo dessa polêmica. Adler e o reverendo Jahn mostraram-se ótimos
respeito um pelo outro. Em resposta à pergunta do autor, o reverendo Jahn
disse-lhe que achava Adler um homem modesto, um grande empirista e
um psicólogo experiente imbuído de um alto idealismo e convencido
da verdade de suas observações. Talvez ele fosse um positivista, mas ele honestamente
procurou um confronto com o Cristianismo. Reverendo Jahn conclui
com estas palavras: "Hoje estou convencido de que Adler não era ateu."
Fontes de Adler
A fonte primária de qualquer homem criativo é sua própria personalidade. Se nós
referem-se à distinção dos tipos visuais, auditivos e motores, Adler
era bem dotado. já que ele pertencia a todos os três: ele tinha uma grande necessidade de
movimento e atividade. ele era um bom músico e amante da música, e
seu rápido senso de observação permitiu-lhe fazer um diagnóstico rápido. Dele
a teoria da inferioridade dos órgãos não foi tirada apenas da pesquisa clínica; ele
experimentou pessoalmente este estado em sua infância, quando a doença
impediu sua necessidade de movimento. Ele também experimentou pessoalmente o sit-
uação de ser o segundo filho entre e mais velho e um irmão mais novo,
uma daquelas situações entre irmãos que ele iria descrever, e o psicológico
a descrição do filho mais velho e do mais novo foi obviamente desenhada
Página 56
de sua própria família. A acreditar em Phyllis Bottome, as dificuldades com

sua esposa foi uma das fontes de sua teoria do protesto masculino. Dele
reação pessoal à Primeira Guerra Mundial e suas experiências como médico militar
poderia ter inspirado nele o conceito de sentimento comunitário.
Uma fonte frequentemente esquecida de qualquer teoria da neurose é o tipo de
pacientes com os quais um psicoterapeuta tem de lidar. Izydor Wasserman
explica a diferença entre a psicanálise de Freud e a de Adler

psicologia individual pelo fato de que, de acordo com seus cálculos, a maioria
dos pacientes de Freud pertenciam às classes altas mais ricas (74 por cento)
e a maior parte dos pacientes de Adler para as classes média e baixa (74 por
cent). 138 A isso, Ansbacher respondeu que tanto as teorias psicológicas quanto a
escolha de pacientes derivada da personalidade de Freud e Adler. 139
De acordo com Wasserman, Adler tinha 26 por cento dos pacientes de classe alta,
28 por cento da classe média e 36 por cento da classe baixa, o que mostra um
divisão razoavelmente igual de seus pacientes entre as classes sociais. Outro
a diferença era que Freud havia mudado da neurologia para as neuroses, e
Adler da medicina geral às neuroses; o que explica a ênfase de Freud
asis em um modelo conceitual emprestado da fisiologia do cérebro em contraste
ao interesse de Adler nas relações entre mente e corpo. Além disso, Freud's
primeiros estudos de neuroses foram feitos em pacientes histéricos, mas em torno
A histeria de 1900 deixou de estar na moda, e as observações de Adler foram
feito principalmente em neuróticos obsessivo-compulsivos.
É comumente assumido que Adler não sabia nada sobre as neuroses e
psicoterapia antes de seu encontro com Freud. Na verdade, o sit
uação era mais complexa. Em sua autobiografia, Hellpach descreveu como
no ano de 1899 estava na moda ser um "médico dos nervos"
(Nervenarzt), já que estava na moda uma geração antes ser um
oftalmologista. 140 A principal dificuldade era encontrar o lugar certo onde
para aprender esse novo ramo da medicina. Adler provavelmente recebeu algum
rudimentos das palestras de Krafft-Ebing. No entanto, pode ser assumido
que seu primeiro mestre no estudo das neuroses foi Moritz Benedikt no
Poliklinik vienense . A aversão de Benedikt à hipnose, sua descoberta
psicoterapia no nível consciente e sua noção do indivíduo
segunda vida de fantasia secreta são refletidas no método de Adler e em seu
teoria da ficção norteadora. O papel do meio ambiente, e particularmente
educacional, influências na psicogênese das neuroses também pertence a
Período pré-analítico de Adler.
Não é fácil avaliar a extensão da contribuição de Freud para a
psicologia individual. Embora afirmando que ele nunca concordou com
Os conceitos de Freud sobre a libido e o complexo de Édipo, Adler reconhece
afiou que estava em dívida com Freud por vários de seus princípios básicos: o
influência duradoura das primeiras relações interpessoais do bebê, o meio
intensidade de sintomas e parapraxias, e a possibilidade de dar uma
interpretação de sonhos. Ele às vezes é afirmado erroneamente que Adler
Página 57
rejeitou o conceito de inconsciente. Adler acreditava que o início

situações e eventos da infância determinaram inconscientemente o estilo do adulto
da vida; ele falou das ficções inconscientes e objetivos de vida. Nem é ele
verdade que a orientação de Adler é apenas teleológica e a única causal de Freud;
Adler afirmou que as situações da primeira infância eram reais (não as
causas fictícias) de neurose, enquanto Freud também ensinou que neuróticas
os sintomas tinham um propósito.
É certo que Freud influenciou Adler negativamente. Durante a quarta-feira
discussões noturnas. Adler parece ter usado Freud amplamente como um antagonista
que o ajudou a encontrar seu próprio caminho, inspirando-o de maneiras opostas de
pensamento. Algumas dessas oposições podem ser resumidas da seguinte forma:
FREUD ADLER
Pessimismo filosófico Otimismo filosófico

O indivíduo está dividido contra Indivisibilidade essencial do indivíduo.
ele mesmo
Orientação predominantemente causal Orientação predominantemente teleológica .
O ego é oprimido pelo superego O indivíduo tende a agir agressivamente
e ameaçado pela civilização sivamente em relação à comunidade.
Defesas do ego. Atuar pode Estilos de agressão do indivíduo
ocorrem quando as defesas não são contra outros homens.
suficientemente forte "Barricadas" quando agressão ativa
falhou.
O bebê tem uma sensação de onipotência A criança tem um sentimento de inferioridade
(realização de desejo alucinatório) (relação de anão com gigante).
Importância básica da libido, suas fixações Muito no comportamento sexual do homem tem um
e regressões. significado simbólico em relação a
lutando pela superioridade.
Ênfase nas relações de objeto no Conceito de "antagonista"
forma de catexia da libido e ag- (Gegenspieler).
sentimento gressivo.
Ênfase no relacionamento com o pai e Ênfase no relacionamento com os irmãos
mãe e complexo de Édipo. e situação no conjunto de irmãos.
Mulher tem sentimento de inferioridade O homem tem um. sentimento de inferioridade ser-
porque ela não tem pênis ("pênis porque a potência dele é mais limitada
inveja"). do que na mulher.
A neurose é um efeito inevitável de A neurose é um truque do indivíduo para
civilização e quase inerente a escapar de cumprir seus deveres para com o
A condição humana. comunidade.
Após a Primeira Guerra Mundial, Freud desenvolveu Após a Primeira Guerra Mundial, Adler desenvolveu
o conceito de instinto de morte. o conceito de interesse social.
Na terapia psicanalítica, o paciente Durante a psicoterapia de Adler, o
deita-se em um sofá. paciente senta-se na frente do terapeuta.
Em £ meu grupo onde um mestre ensina por meio de discussão livre com
seus discípulos, é impossível discernir o que influencia o mestre exerce
nos discípulos, os discípulos no mestre e os discípulos em cada
Página 58
de outros. Isso também foi verdade para Adler e seu grupo de discípulos. Um exemplo,
a distinção entre o sentimento factual e neurótico de inferioridade (em
outras palavras, o sentimento de inferioridade e o complexo de inferioridade), parece
foram sugeridos por Alexander Neuer. Objeções a uma teoria podem ser
rejeitado por seu autor, mas eles encontram seu caminho em sua mente, talvez no
disfarce de criptomnésia. Isso aconteceu quando Freud, após rejeitar a
conceito de um impulso autônomo agressivo em 1908, adotado posteriormente em
1920. Da mesma forma, Hans Kunz publicou uma crítica impiedosa de
psicologia em 1928, argumentando que a luta pela superioridade não era uma
compensação por sentimentos de inferioridade, mas um impulso autônomo; Esse mesmo
ideia foi introduzida por Adler em suas revisões posteriores de psicologia individual
ogy.t41
Como era verdade em relação à psicanálise, a contribuição de vários
filósofos foi um elemento essencial da psicologia individual. De acordo
a Phyllis Bottome Adler havia estudado Aristóteles e o admirava muito.14 2
No entanto, a influência de Aristóteles não é aparente na obra de Adler, a menos que esteja em
A definição de Aristóteles do homem como um "animal político". Psicologia individual
mostra uma analogia mais próxima com a filosofia do estoicismo, que proclamou o
unidade do universo e do homem, a comunidade da humanidade, essa sabedoria
consiste em se conformar às leis universais, e virtude é fazer uma constante
esforço para alcançar esse objetivo (esta virtude principal é muito semelhante ao que Adler
chamado coragem).
A filosofia que predomina em todo o pensamento de Adler é que
do Iluminismo (embora não tão exclusivamente como com Janet). Enquanto que
A perspectiva filosófica de Freud é semelhante à de Schopenhauer, Adler
segue a linha de Leibniz e Kant. Assim como Leibniz, Adler ensina que
o ser humano é uma entidade indivisível, uma mônada que reflete o uni-
versículo. Cada parte é coordenada com o todo, e o homem, como o outro
mônadas, continuamente se esforça de uma perfeição menor para uma maior.
Adler tem muitas afinidades com Kant. O que Adler chama de verdade absoluta,
ou seja, a regra de que um homem deve ajustar perfeitamente sua vida e ações para
as demandas da comunidade, não é muito diferente do categórico de Kant
imperativo. Em um panfleto irônico sobre Swedenborg, Kant diz que o
grande místico sueco construiu uma espécie de mundo metafísico privado para si mesmo
distinto daquele em que outros homens vivem.14 3 Em sua Antropologia,
Kant observa que "a única característica comum a todos os transtornos mentais é a perda
do senso comum (sensus communis) e do desenvolvimento compensatório
de um sentido único e privado (sensus privatus) de raciocínio. "144 O que
Kant chama de sentido privado é semelhante ao que Adler chamava de inteligência privada
ligence. 145
A psicologia individual de Adler pertence a este tipo de psicologia para
que Kant deu um modelo com sua antropologia pragmática. Kant teve
explicou que para investigar os fundamentos fisiológicos do cérebro da memória
significa especular sobre psicologia teórica, ao passo que indagar sobre o que
Página 59
Alfred Adler e psicologia individual 629
favorece ou prejudica a memória para melhorá-la e desenvolvê-la significa

usar a antropologia pragmática. Kant também defendeu a opinião de que o homem era
capaz de superar muitas doenças emocionais e físicas por meio do poder
da vontade, um exemplo do que Adler chamou de coragem. 146
Adler definitivamente pertence à filosofia do Iluminismo com
sua ênfase de que o homem é um ser racional e social, dotado de liberdade
vontade e capacidade de tomar decisões conscientes. No entanto, vários de seus
os conceitos básicos estão em harmonia com a filosofia romântica: o absoluto
singularidade do indivíduo e de sua visão do mundo (por Adler
spective), a comunidade como um todo orgânico e criativo (uma ideia muito re-
partiu do conceito iluminista de "contrato social"). A-
outro elemento romântico na psicologia individual pode ser rastreado até
Bachofen. 147 Bachofen ensinou que a humanidade viveu um passado
estágio do matriarcado e que a dominação atual do homem sobre a mulher

tinha sido alcançado depois de uma longa luta. Bebel combinou esta teoria com
o do marxismo. 148 Mulher tinha sido escravizada pelo homem, como o proletário
classe tinha sido pela burguesia; o socialismo daria direitos iguais ao homem
e mulher. A teoria de Bebel inspirou o conceito de Adler do "masculino
protesto "(um processo compensatório na mulher contra seu sentimento de ser
uma mulher inferior) e do "medo da mulher" nos homens neuróticos. Adler
presumiu que o homem havia derrubado o matriarcado e substituído por seu
própria dominação como uma compensação contra um sentimento de inferioridade em relação
mulher: a potência do homem é mais limitada do que a da mulher. 149
Adler se desenvolveu em uma atmosfera intelectual permeada por Darwin-
ismo, e particularmente com o darwinismo social. 150 Enfatismo do darwinismo social
dimensionou a luta pela vida (muitas vezes concebida como uma guerra hobbesiana de todos -
um contra todos), a sobrevivência do mais apto e a eliminação do
impróprio. Adler pertence àqueles que responderam ao darwinismo tomando o
posição reversa. Em primeiro lugar, ele vê a inferioridade orgânica, não como uma causa para
derrota e eliminação, mas como resultado da compensação como um estimulante para
alcançar a superioridade. Em segundo lugar, ele vê o impulso mais básico do homem, não na luta
instinto, mas no sentimento de comunidade. UMA·
O interesse apaixonado de Adler por problemas sociais e socialismo em sua juventude
necessariamente o colocou em contato com os ensinamentos de Karl Marx.
Não se sabe se Adler leu os escritos de Marx, mas ele não conseguiu
evite absorver grande parte da doutrina marxista. Embora Adler recusou
ter seu movimento identificado de alguma forma com o socialismo ou comunismo,
a influência do marxismo pode ser reconhecida em vários conceitos básicos de
psicologia individual. Primeiro. lembramos que a primeira escrita de Adler foi
uma cartilha sobre o ofício de alfaiate, mostrando que certas doenças são causadas
não por micróbios ou venenos, mas pela sociedade. Adler sempre enfatizou o
fatores sociais e ambientais na etiologia da neurose. Em segundo lugar, o de Marx
conceito de "mistificações" não é diferente para esses tipos de inconscientes
decepções e auto-ilusões que desempenhariam um papel tão importante na vida de Adler
Página 60
teoria da neurose. 151 Por outro lado, os meios de desvendar mistificações

é marcadamente semelhante no marxismo e na psicologia individual. Uma regra de
A análise marxista exemplifica essa semelhança, "Atrás daquilo que as pessoas
digamos, por trás do que pensam de si mesmos, para descobrir o que eles
são pelo que fazem. " 152
Como todos os homens de sua geração, Adler sentiu a poderosa influência de
NietzscheY; 3 No entanto, a natureza desta influência tem sido muitas vezes errônea
interpretado. Não é verdade que Adler simplesmente "substituiu a libido de Freud por
A vontade de poder de Nietzsche "em seu sistema. No sistema de Adler, a vontade de poder
é apenas uma forma de lutar pela superioridade. e em sua revisão posterior de
psicologia individual. Adler concebeu o próprio esforço de superioridade como
derivado do poder criativo do indivíduo. Muitas semelhanças entre
Adler e Nietzsche foram gravados por Crookshank e muitos outros
provavelmente existem.! 54 No entanto. o conceito de sentimento comunitário é absoluto
totalmente estranho a Nietzsche.
Um filósofo a quem Adler frequentemente se refere é o neo-kantiano Hans

Vaihinger e sua filosofia do como se 155 ficções jurídicas estavam em uso
por muito tempo. Bentham mostrou que existiam ficções em outros campos. 156
Nietzsche insistiu no papel das ficções psicológicas e morais, e
que eles eram essenciais para o homem. Tornou- se moda falar de conven-
mentiras tradicionais da civilização. A originalidade de Vaihinger foi estabelecer o papel
das ficções na ciência e definem a diferença entre ficção e
hipótese.
Ambos são necessários para o progresso da ciência, mas não devem ser confundidos, seus
natureza sendo totalmente diferente. Com a hipótese, o cientista se esforça para alcançar
realidade; ele propõe uma hipótese tão lógica e possível. e então prossegue para
verifique isso. Se for provado ser verdade, doravante torna-se conhecimento científico;
se for refutado, é eliminado. Uma ficção não precisa ser verdadeira nem mesmo para
parecem prováveis. não é submetido a testes de experiência. mas é uma figura de
fala que é mantida enquanto se mostrar útil e é deixada de lado assim que
já não funciona ou quando pode ser substituído por um melhor. Ele nem sempre é
fácil definir se uma proposição é uma ficção ou uma hipótese. e uma proposição
pode ser um ou outro por sua vez. Por exemplo. a ideia do átomo era um
ficção na época de Demócrito porque não havia como verificar
se era verdade ou não. mas tornou-se uma hipótese com o advento de
física moderna. Quando os antigos astrônomos gregos propuseram um modelo do
universo com a terra fixada no centro cercada por uma sucessão de
esferas transparentes concêntricas a cada uma das quais foram anexadas o sol, a lua,
planetas. e estrelas. eles tinham em mente uma ficção que servia bem ao seu propósito,
isso é. para prever os momentos dos corpos celestes. Mas durante o meio
Com o passar do tempo, o caráter fictício do modelo foi esquecido e tornou-se um dogma.
Entre os psicólogos modernos, o inconsciente foi tratado também

como hipótese ou como ficção. Freud implicitamente considerou isso uma hipótese
Página 61
confirmado por sua pesquisa, enquanto Janet chamou de longe; na de parter

(figura de linguagem), obviamente significando que ele a usou como uma ficção científica.
Adler aplicou o conceito de "ficção" de duas maneiras. Primeiro, como um general,
conceito metodológico. Em contraste com a psicanálise, o indivíduo
a psicologia não pretende ser um sistema de hipóteses a serem verificadas, mas
um sistema de ficções. Tudo acontece como se as atividades humanas fossem governadas
por um ideal normativo de adaptação humana à comunidade e ao
cosmos, e como se as variedades de comportamento anormal fossem desvios de
essa norma. Segundo. o termo "ficção" é usado para tornar o comportamento do
neurótico inteligível. É como se o neurótico estivesse se esforçando para chegar a um fictício
objetivo e vivido de acordo.
Sempre que um psiquiatra aplica um conceito filosófico, é provável
que um filósofo surgirá e mostrará a ele que ele entendeu mal sua verdade
significado. Assim, Wandeler objeta que o objetivo fictício de Adler do neurótico
não é uma ficção no sentido de Vaihinger, ou seja, uma ferramenta pragmática para explorar
realidade que é descartada assim que deixa de trazer resultados. 157 O fracasso
do neurótico, longe de dissuadi-lo de seu erro, o enreda até
mais distante. Na verdade, é uma ilusão. De acordo com Wandeler, muito do que
Adler diz que as ficções são delírios desse tipo ou, pelo contrário,
hipóteses, ou mesmo fatos bem estabelecidos (como por exemplo o plano de vida).
Mais tarde do que Vaihinger, provavelmente em 1926, Adler por acaso fez o
conhecimento da filosofia holística de Jan Christiaan Smuts. Ele encontrou em
é uma confirmação de suas idéias e uma base filosófica para o indivíduo
psicologia. Smuts nasceu em uma fazenda isolada na África do Sul em 1870.1 5 8
Ele adquiriu fama mundial como líder militar e estadista, mas também foi
profundamente interessado em ciências naturais e filosofia. Em 1924, após o
derrota de seu partido nas eleições, ele se retirou para sua fazenda e escreveu seu
livro Holism and Evolution
Smuts chama Halos um princípio universal que cria os "todos". Os todos

são fatores ativos na matéria e por meio dela. vida e mente. Smuts vê a evolução
como uma série crescente de todos os elétrons e átomos para os coloides,
as plantas e animais. mentes e personalidades. O todo é maior que seu
partes. influencia suas partes. as partes influenciam o todo. eles influenciam um
o outro e o todo influenciam seu ambiente. Smuts vê no universo
"um impulso para a totalidade que se manifestou em cada indivíduo por um
poder de desenvolvimento, crescimento e evolução de dentro; e, trabalhando em seu
próprio ambiente de si mesmo. "Todos inferiores dão origem a todos superiores e
incorporar-se a eles. Cada todo é um laboratório em que o tempo é
transmutado na eternidade. Smuts considera a psicologia atual insatisfatória.
Há espaço, diz ele. para uma ne \\ ciência da personalidade, que "como o sintético
ciência da natureza humana. formará a coroa de todas as ciências, e, por sua vez,
tornar-se a base da nova Ética. uma nova metafísica. "Como método de abordagem
a esta nova ciência, ele propõe um estudo comparativo de cuidadosamente documentados
biografia ~ que
capacitará o homem a formular as leis da evolução pessoal. 159
Página 62
De acordo com os biógrafos de Smuts e Adler, os dois homens

trocou uma correspondência (da qual nada foi publicado até agora).
Possivelmente Adler identificou sua psicologia individual com aquela ciência futura
de personalidade esboçada por Smuts. A influência do holismo de Smuts é perceber
capaz de compreender a natureza humana de Adler e seus trabalhos posteriores.
Faremos agora um breve levantamento das fontes de alguns conceitos específicos:
sentimento de inferioridade, luta pela superioridade, ficções neuróticas, personagem
o diagnóstico, a lei do interesse social e o sentimento comunitário.
Com relação ao sentimento de inferioridade, Oliver Brachfeld propôs uma longa lista
de autores que anteciparam este conceito. 160 Adler escreveu que "o que eu chamo
sentimento de inferioridade é um desenvolvimento do que Janet chama de sentimento de incom-
plenitude. "161 Dois v.riters são particularmente dignos de menção: Stendhal
na França e Ralph Waldo Emerson nos Estados Unidos.
Stendhal foi um excelente exemplo de uma vida dirigida por uma inferioridade
complexo.162 Ele sofreu muito com sua feiura natural, deselegância,
e falta de jeito, e compensado com arrogância, afetando as maneiras
de um dândi e procurando companhia da moda. Em seu diário ele cuidadosamente
registrou seus encontros sociais e se ele ou o outro teve o
melhor em uma situação. Em seus romances, ele gostava de descrever indivíduos que
compensar porde
Sorel, o herói um sentimento
The profundo
Red and the Black.de inferioridade. Tal é o julien
16 - ' Stendhal's psicológico
muitas vezes as teorias antecipam as de Adler. Stendhal considera admiração como

uma posição de inferioridade e uma humilhação para quem cede.
Em um caso de amor é uma situação intolerável ser deixada pelo outro e que
deve ser conhecido, porque então a pessoa parece inferior. Em uma reunião social
a principal preocupação dos participantes é não parecer inferior. Stendhal's
teoria do cômico poderia ser facilmente incorporada à psicologia individual
ogy.164 O sentimento do cômico surge com a repentina apercepção de
a superioridade de alguém sobre outro homem. Quanto mais devemos respeitar alguém,
mais prontos estaremos para rir dele. O cômico é aumentado pela visão
da derrota daquele de quem se ri. Mas aquele que zomba
a sua vítima fica à mercê do resto da empresa, que julgará o
valor de sua inteligência. O cômico é controlado pela indignação e compaixão
(na linguagem Adleriana, o sentimento de comunidade).
Ralph Waldo Emerson não definiu o sentimento de inferioridade com precisão
como Stendhal, mas o conceito está implícito em seu trabalho, particularmente no
Ensaios e na conduta da vida. 165 No ensaio que leva o título
"Auto-confiança", Emerson descreve o que Adler chamou de coragem e
encorajamento. Espalhados ao longo de seus escritos estão muitos pensamentos e
conselhos que se encaixam admiravelmente na psicologia individual.
A ideia de que o impulso central da natureza humana é o esforço por
superioridade foi expressa com freqüência e de muitas maneiras. Hobbes ensinou
que a condição natural do homem era a guerra de todos contra todos
1. Helvetius considerou que a mola mestra da ação humana era um desejo de ser
Página 63
tão poderoso quanto possível, a fim de controlar os outros e, assim, ser capaz de
gratificar as paixões. 166 Para Nietzsche, a vontade de poder é fundamental,
e o poder um fim em si mesmo. A ideia de Adler sobre a vontade de poder era apenas uma das
os possíveis desvios do esforço mais básico em direção à superioridade, e
aqui, também, ele teve predecessores. Um psicólogo francês, Prosper Despine,
descreveu como a vida social é governada pela ascendência dos indivíduos sobre
outras. 167
A noção de que a luta pela superioridade é inata a todo homem
e é o agente mais potente nas relações interpessoais tornou-se
conhecimento comum com o progresso da psicologia animal. Isso não é conhecido
se Adler conhecia o estudo pioneiro de Schjeldrup-Ebbe sobre o
"ordem de classificação social" entre as galinhas.
Se duas galinhas se encontram pela primeira vez, uma prova de força ocorre através
ameaça ou luta direta. Ambos os animais decidem qual vai dominar o
de outros. Se vários animais estão juntos, a hierarquia de superioridade entre todos
deles serão estabelecidos em um tempo relativamente curto. No topo está o animal alfa,
a quem todos devem se submeter, então o animal beta, que se submete apenas ao alfa
e domina o resto. com todos os intermediários até o último animal que
se submete a todos os outros e não domina nenhum. Quanto mais alto um animal está nessa "
ordem de classificação, "quanto mais privilégios ele tira para si, maior quantidade de comida,
um lugar melhor no abrigo, um número maior de mulheres. Animais jovens são
dominado pelos mais velhos. e em seu jogo eles gradualmente estabelecem seus próprios
ordem de classificação.
vencê-los. Quando
Essa hierarquia socialeles crescem,silenciosamente,
é respeitada eles desafiam osmas
animais mais
assim quevelhos
houvere, eventualmente,
é alguma competição, seja por comida ou não, a bicada começa, e segue-se
a hierarquia, que corresponde à ordem de classificação social: o animal alfa
bica todos os outros e não é bicado por nenhum, o animal beta é bicado apenas por
alfa e bica todos os outros. até o mais baixo, que bica ninguém e é
bicado por todos. Contudo. as coisas podem se tornar mais complexas. Existem triangulares
relacionamentos em que alfa domina um beta que domina uma gama, que,
paradoxalmente, domina o alfa. Ou às vezes pode acontecer que um animal
que está em uma posição inferior na escala irá desafiar um acima e, assim, aumentar seu
posição na ordem de classificação. 168
Estas descobertas de Schjeldrup-Ebbe foram encontradas para se aplicar a uma grande

número de pássaros e mamíferos, e desde o início David Katz
demonstraram que podem ser estendidos para explicar certos fatos em
psicologia humana e sociologia. 1 6 9 Essas coisas que foram
estranhamente esquecido por muito tempo pelos cientistas, foram percebidos
por escritores. Emerson escreveu, por exemplo:
Quando um novo garoto entra na escola, quando um homem viaja e encontra estranhos
todos os dias, ou quando em qualquer clube antigo um recém-chegado é domesticado, isso acontece
que acontece quando um boi estranho é levado para um curral ou pasto onde o gado está
manteve; há ao mesmo tempo uma prova de força entre o melhor par de chifres e o
Página 64
recém-chegado, e é decidido desde então quem é o líder. Então agora, há um

medição de força, muito cortês, mas decisivo, e uma aquiescência daí
avança quando esses dois se encontram. Cada um lê seu destino nos olhos do outro.
Os homens avaliam uns aos outros, quando se encontram pela primeira vez, e a cada
hora em que se encontram. Como eles conseguem esse conhecimento rápido, antes mesmo de falar,
do poder e disposição um do outro? Dir-se-ia que a persuasão de seus
a fala não está no que eles dizem, ou que os homens não convencem com seus argumentos,
mas por sua personalidade, por quem eles são, e o que disseram e fizeram aqui-
fore.l7o
Essas coisas são conhecidas dos escritores há muito tempo. Um clássico

postura pode ser encontrada no romance de Samuel Butler, The Way of All Flesh em
que vemos um jovem casal chegar a um hotel algumas horas depois do
cerimônia de casamento. O marido manda a esposa descer e pedir
o jantar. Ela está cansada e relutante, mas ele insiste, e a partir daquele momento
o domínio do marido é estabelecido de uma vez por todas.
Todos esses fatos correspondem de forma impressionante a alguns dos conceitos básicos
da psicologia individual, mas não deve ser esquecido que as coisas são
mais complexo. Relacionamentos entre dois indivíduos não são apenas motivados por
a força comparativa de sua auto-afirmação, mas também pelos indivíduos '
estilo de vida e ficção norteadora, e pelas relações dos indivíduos com
grupos que os rodeiam ou que se reúnem à sua volta. Essas noções
foram desenvolvidos na França por um autor de quem Adler parece nunca
ouvi, Baron Ernest Seilliere171
Seguindo Nietzsche, Seilliere considera a vontade de poder, que ele
denominado imperialismo, como motor central das ações humanas; pode permanecer
saudável e racional ou tornar-se patológico. Neste último caso, o imperialismo

é freqüentemente sustentado pelo misticismo, que é uma crença irracional. Seilliere dis-
distingue três variedades de imperialismo. Existe imperialismo individual,
que o indivíduo pode gratificar superando a si mesmo ou aqueles ao seu redor
ele. Depois, há o imperialismo coletivo, o que significa que o indivíduo
identifica-se com um grupo do qual se torna o campeão. E
finalmente, existe o imperialismo humano, ou seja, o domínio da natureza pela humanidade.
Seilliere escreveu um longo conjunto de monografias, principalmente sobre Jean-Jacques
Rousseau, os românticos e os neo-românticos e Nietzsche. Cur-
razoavelmente bem, no volume dedicado a Freud e Adler, Seilliere falhou
notar a notável analogia entre seus conceitos de imperialismo e
misticismo, e o esforço de Adler para alcançar a superioridade e orientar a ficção. 172 Em
outros volumes Seilliere foi um passo além de Adler. Ele disse que o
a verdadeira natureza das relações inter-humanas pode ser mais facilmente averiguada em
no campo da vida internacional do que no nível individual, porque inter-
as relações pessoais são mais ou menos controladas pelo controle social.
A ideia de que os homens conduzem suas vidas de acordo com uma ideia fictícia de
si próprios e de outros foi expressa muitas vezes por escritores.
Personagens como Dom Quixote ou Tartarin de Tarascon são um tanto
ilustrações exageradas deste tema. Em relação aos personagens do cotidiano
Página 65
vida, nenhum escritor mostrou com mais perspicácia do que Flaubert a discrepância
entre o que os homens realmente são e o que eles acreditam que são, e como seus
a ficção da vida os engana e às vezes (como no caso de Madame
Bovary) pode causar sua queda. Às vezes, a ficção tem uma proteção
valor, e sua revelação brutal pode trazer uma catástrofe, como na celebração de Ibsen
jogo criado, The Wild Duck. Um autor francês, Jules de Gaultier, sistema-
atizado sob o nome de "bovarysm" (para Madame Bovary em Flaubert's
romance) a ideia de que muitos indivíduos criam uma imagem fictícia de si mesmos
e não atribuem suas ações à sua verdadeira personalidade, mas a esta falsa
image.l73 Mais recentemente, essa noção foi aplicada a biografias. Para
exemplo, NB Fagin tentou mostrar que Edgar Allan Poe feito para
ele mesmo e desempenhou o papel de um distinto melancólico e mal-entendido
era um gênio, um papel em que foi muito bem-sucedido.174 Um pouco
interpretação semelhante da personalidade de Thorstein Veblen foi dada por
Joseph Dorfman. 175
Esses fatos levam necessariamente ao problema de como determinar o verdadeiro
caráter de um homem, e aqui também Adler foi antecipado. Goethe disse,
"É em vão que nos esforçamos para representar o caráter de um homem; se nós
reúna seus feitos e realizações, em seguida, uma imagem de seu personagem
emerge. "1 7 6 A mesma ideia foi expressa de forma mais explícita por FJ
Gall:
Você quer espionar o caráter de uma pessoa sem correr o risco de um

erro mesmo se essa pessoa for informada e em guarda? Então deixe ele falar sobre
sua infância e juventude primordial. fazê-lo relatar suas travessuras de colegial, seu comportamento
iour para com seus pais, irmãos e irmãs e colegas de escola, suas deslealdades,
sua competitividade, o relato de suas amizades com alguns filhos e en-
midades com outros. como ele jogou e assim por diante. Raramente ele vai pensar que é
vale a pena manter essas coisas em segredo. Ele não vai perceber que está lidando com
com um homem que sabe perfeitamente que os traços do personagem principal são permanentes
e que apenas os objetos de interesse mudam com a idade e posição social.
Seria difícil encontrar uma antecipação mais próxima do método de Adler de indi-
diagnóstico psicológico individual. Ele permanece para nós para examinar as fontes
do conceito de comunidade de Adler e do sentimento de comunidade. Seria
ser uma tarefa impossível verificar o quão longe Adler poderia ter sido inspirado
pelos estoicistas, os românticos alemães, os socialistas e muitos outros,
mas pelo menos duas fontes possíveis devem ser apontadas.
É improvável que Adler não tivesse ouvido falar de Josef Popper-Lynkeus
e de seu grandioso esquema para uma solução radical dos problemas sociais.17 B
Popper-Lynkeus propôs a instituição de uma espécie de exército de trabalho em que
todo homem e toda mulher teriam que se inscrever por vários anos. este
garantiria um mínimo aceitável de recursos vitais, materiais e culturais
requisitos para cada membro da sociedade. Porque o homem seria assim, seria
livre do fardo insuportável das preocupações materiais, ele seria restaurado
à sua dignidade original. O projeto de Popper-Lynkeus foi inspirado por um
Página 66
ideal da comunidade humana que não deixa de ter analogia com o de Adler
sentimento de comunidade. E Popper-Lynkeus, assim como Adler, insistiu no
importância da educação que irá transmitir a todas as crianças o mais cedo possível
a verdadeira noção do valor e dignidade de cada ser humano e de seu
deveres para com a humanidade.
Outra fonte muito provável da ideia de Adler de sentimento comunitário deve
tem sido Kropotkin, e a ideologia dos pensadores russos que sustentaram
que a verdadeira fonte da cultura nacional reside nas pessoas. As pessoas
foram os criadores da linguagem, da arte, da poesia épica e lírica do país
tentar, e as classes superiores, ao se erguerem sobre as massas, empobreceram
si mesmos. A verdadeira vocação para os rapazes e moças da classe alta
era ir ao povo, não para ensinar, mas para aprender. Essa ideia era
estranho ao pensamento da Europa Ocidental, com a possível exceção do
Romantics alemães. Essas opiniões foram professadas por certos grupos
dos revolucionários, o Narodniki (populistas); depois permeou o trabalho
de Tolstoi e Dostoiévski. Com Maxim Gorki, vemos essa ideia levando a
forma de um mito filosófico exposta em seu ensaio, The Downfall of Person-
alidade.
No começo era o povo. e as pessoas eram a fonte de todo material

e valor espiritual. O povo criou a linguagem. mito, religião, poesia épica
e também as imagens de heróis. Com o crescimento das comunidades e sua luta
contra outros grupos. líderes e padres tornaram-se uma necessidade. Indivíduos eram
investido com os atributos dos heróis épicos. Este foi o começo do
ego. No início, esses indivíduos privilegiados eram órgãos da comunidade, mas eles
se emanciparam e levaram uma vida independente junto à comunidade e,
mais tarde, acima dela. Ainda assim, participaram com a comunidade na medida em que foram
a encarnação de heróis épicos que eram uma emanação do povo. Mas um dia
viria quando esses homens, tendo adquirido o gosto pelo poder sobre os outros,
desejou por si mesmo. Isso foi seguido por um período de lutas entre
comunidade e aqueles indivíduos que tentaram se elevar acima das massas. Privado
a propriedade foi um dos artifícios introduzidos por esses homens, a fim de ganhar poder,
e a comunidade diminuiu daí em diante. Eles se tornaram mais fortes e mais
agressivo com o passar do tempo. e no final veio a era da luta de todos
um contra todos ", que resultou no declínio do próprio indivíduo. 179
Traduzido em termos adlerianos, encontramos aqui a história do indivíduo

ual que é liderado por sua luta pela superioridade para se levantar contra a comunidade,
em detrimento de seus semelhantes e de sua própria personalidade. Assim Gorki
forneceu o mito central, que é para a psicologia individual o que o mito
do assassinato do pai primevo é para a psicanálise.
Influência de Adler
A fim de verificar a influência exercida por Alfred Adler, deve ser
tenha em mente que sua psicologia individual não é apenas um desvio da psicologia
Página 67
análise, mas radicalmente difere dela. Como teoria psicológica, é um

sistema de psicologia pragmática (ou concreta) que analisa o comportamento humano
ior em relação a duas unidades opostas: sentimento da comunidade versus um desvio
lutando pela superioridade. Neuroses, psicoses e psicopatia são vistas
como variedades de desvio da lei de interesse social. Ele também ensina a
singularidade, autoconsistência e criatividade do indivíduo e sua
estilo de vida, os conceitos de inferioridades orgânicas, sentimentos de inferioridade,
pensão, protesto masculino, objetivo fictício, treinamento neurótico, arranjo,
o significado das primeiras memórias e a influência da posição no
conjunto de irmãos. Como método terapêutico, a psicologia individual se aplica, no
por um lado, técnicas de terapia individual racional por meio da
descobrir objetivos fictícios e estilo de vida, transmitir coragem e
reciclagem para orientação comunitária; e por outro lado, uma variedade
de técnicas de orientação infantil, terapia de grupo e psiquiatria comunitária.
A psicologia individual enfatiza que sua principal preocupação não reside em um
poucos pacientes privilegiados e ricos, mas com uma grande seção transversal do total
população. Como esses recursos são tão característicos, parece que
a psicologia individual não pode ser confundida com as outras escolas dinâmicas,
nem sua influência com a influência das outras escolas. No entanto, o paradoxo
é que é extremamente difícil rastrear a influência exercida pelo trabalho de Adler
e pensamento no mundo contemporâneo.
Quanto ao próprio movimento psicológico individual, sua história pode ser
resumido rapidamente. Ele permaneceu um tanto informal para os primeiros anos,
e mesmo mais tarde a estrutura da organização permaneceu muito menos rígida do que
o da associação psicanalítica. O movimento Adleriano sofreu
comparativamente mais do que a associação freudiana sob o National
Opressão socialista porque não estava tão bem estabelecida fora da Central
Europa. Começou novamente após a Segunda Guerra Mundial e agora tem seus centros de treinamento,
periódicos e congressos internacionais. No entanto, não pode ser com-
em relação ao movimento psicanalítico no que diz respeito à sua adesão, rigidez
de organização e popularidade.
Como acontece em qualquer movimento. também havia membros que se separaram
de Adler e individual
psicologia fundaram suas próprias modificada,
ligeiramente escolas, sob como
a forma de um
Hans Kunkel, ou um novo
ensino, como a análise de existência de Victor Frankl.
No entanto, paradoxalmente, é sobre a psicanálise que a psicanálise individual
chology exerceu seu maior impacto, apesar da diferença fundamental
entre as duas escolas. A influência de Adler afetou até Freud, certo
tendências dentro do movimento (os chamados neo-freudianos), e
a própria análise na forma de uma assimilação quase imperceptível de indi-
conceitos psicológicos individuais.
Durante os anos de sua associação com Freud, algumas idéias propostas por
Adler foi adotado por Freud, imediatamente ou tardiamente. Em 1908
Adler afirmou que havia um impulso agressivo autônomo, mas Freud
Página 68
negou; em 1920, no entanto, ele passou a falar de um destrutivo primário

instinto. 180 No mesmo artigo de 1908, Adler utilizou os conceitos de "con
fluência de drives, "deslocamento de drives, virando de um drive contra outro -
self, deslocamento sobre outro impulso forte e transformação em seu
opostos. Esses conceitos (que aliás se originaram com Nietzsche)
encontraram seu caminho no pensamento freudiano em vários períodos. 181 outro
vicissitude das pulsões é a internalização de demandas externas, que
foi descrito por Furtmiiller e por Adler, que foi assumido
por Freud em 1921 e expandido posteriormente por Anna Freud sob o nome de
identificação com o agressor. A mudança da psicanálise para a psique do ego
chology foi em grande medida uma adaptação dos antigos conceitos de Adler,
de modo que Adler foi saudado por certos psicanalistas como "um precursor do
desenvolvimentos posteriores da psicanálise. ''
Um evento mais marcante foi a adoção por vários psicanalíticos
grupos de uma grande quantidade de conceitos muito semelhantes aos de indi-
psicologia individual, mantendo a terminologia psicanalítica para a maioria
parte. Entre esses neo-psicanalistas encontramos Edward Kempf, Harry
Stack Sullivan, Karen Horney, Erich Fromm e Clara Thompson no
Estados Unidos e Harald Schultz-Hencke na Alemanha.
Os neo-psicanalistas não constituem uma escola. Cada um tem o seu
teoria, mas todos eles rejeitam certas idéias básicas de Freud e as substituem
por outros conceitos muito semelhantes aos de Adler (sem, no entanto,
mencionando seu nome). A maioria dos neo-psicanalistas compartilha as seguintes idéias:
Eles negam o conceito de libido com suas etapas, e quando mantêm
o complexo de Édipo, eles dão outra interpretação dele. O papel de
o instinto inato é minimizado e a ênfase é colocada no papel do en-
ambiente, principalmente nas relações interpessoais. O homem não é mais
concebido como um ser naturalmente ansioso e destrutivo. Em vez de analisar
lidar com os conflitos entre o id, ego e superego, padrões atuais de
o comportamento neurótico é analisado na forma de estilos neuróticos. O papel
atribuída à sexualidade é fortemente reduzida. A sexualidade é considerada um
meios de expressão para outro comportamento. Por outro lado, mais importância é
dado a impulsos auto-afirmativos e competitivos. Há menos espaço para sonhar
e análise de símbolo. A terapia, embora ainda chamada de psicanalítica, em grande parte
afasta-se dos padrões freudianos, na medida em que se concentra no presente ao invés
do que no passado, nas relações interpessoais ao invés das intrapessoais,

e não considera a associação livre, análise de sonhos ou o uso do
sofá como primordial.
Edward J. Kempf foi o autor de um volumoso livro de psiquiatria
numa base psicanalítica, abundantemente ilustrada com reproduções de
obras-primas de arte e fotografias de seus pacientes. 182
Embora o autor afirme ser um psicanalista, a palavra libido aparece

lugar algum. O nome de Adler é citado apenas uma vez nas 762 páginas, mas seu espírito
permeia todo o livro. Muita ênfase é colocada nos conceitos de órgão
Página 69
inferioridade. sentimentos de inferioridade. e as variedades de compensações saudáveis e mórbidas

sação. Entre as defesas contra os sentimentos de inferioridade, Kempf descreve que
de "evitar a competição." cuja forma extrema é: medo geral de todos os aspectos pessoais
contato. "característica do hebefrênico. Mesmo a situação peculiar do
segundo filho em uma família é mencionado.
A teoria interpessoal da psiquiatria de Harry Stack Sullivan mostra

uma abordagem próxima às visões de Adler. embora não haja menção de Adler
ao longo dos quatro volumes das palestras compiladas de Sullivan, que foram
editado postumamente.
Sullivan define psiquiatria como o estudo das relações interpessoais, e vai

além de Adler 11 quando ele afirma que a personalidade não existe à parte
o relacionamento do indivíduo com seus semelhantes. De acordo com Sullivan, personalidade
é um padrão de situações interpessoais recorrentes. Seu sistema próprio é estável
organização de processos interpessoais (muito parecido com o estilo de vida de Adler). Além disso
como Adler. Sullivan considera o autoconceito condicionado por avaliações refletidas,
isto é, por meio de reflexões dos julgamentos de seus pais e parentes próximos sobre
ele na primeira infância. O que Sulli1 an chama de personificações são as distorcidas
imagens que o indivíduo tem de si e dos outros. como as ficções de Adler.
O conceito de perspectiva de Adler com as distorções individuais de percepção,
memória. e lógicas. é encontrado na psicologia de Sulli1Â · an sob um diferente
terminologia. O que Sulli1 an chama de desatenção seletiva é um aspecto daqueles
distorções de percepção que se conformam ao estilo de vida de cada um. E o que Sullivan
chama o modo paratáxico de pensar são. na terminologia Adleriana. Individual
distorções da lógica. Em relação à psicoterapia. Sullivan não usou o sofá
para muitos de seus pacientes. mas os tinha sentado em uma cadeira diante dele; ele fez
uso moderado de associação livre e interpretação de sonhos; ele não hesitou
intervir ativamente (especialmente com seus pacientes obsessivos e esquizóides); ele
procurou principalmente fazer seus pacientes cientes de sua paratáxica e outras distorções
ções. Em suma, parece que Sul! I1Â · an praticou uma espécie de psicoterapia Adleriana
enquanto ainda se autodenomina psicanalista. As principais diferenças são que Sullivan
forneceu descrições elaboradas dos estágios individuais de desenvolvimento e visualizou
a sociedade mais como uma fonte de doença emocional do que Adler. 1M 3
Sem semelhanças menos notáveis com os ensinamentos de Adler são encontradas em Karen
Trabalho de Horney. Depois de ter sido um psicanalista ortodoxo por quinze
anos, ela rompeu com a escola de Freud. e fundou sua própria associação.
Já em 1926, Karen Horney começou a questionar o conceito de Freud
da "inveja do pênis". 1 ~> 4 Em 1927 seu artigo sobre o "Complexo de Masculinidade
de Mulheres" foi fortemente reminiscente de Adler 'protesto masculino.' 185

Alguns anos depois, outro jornal dela teve o título "The Dread of
Mulher, "um termo tipicamente Adleriano . 1 ~> 6 Após sua emigração para os Estados Unidos
Estados Unidos em 1932. ela ficou impressionada com as diferenças entre europeus e
Pacientes americanos. diferenças que ela poderia atribuir apenas a culturais
fatores. Os ensinamentos de Karen Horney estão contidos em quatro livros principais.
Página 70
Karen Horney criticou a ênfase exagerada de Freud na biologia e seu desprezo

fatores culturais. Assim, ela rejeitou definitivamente a teoria da libido com seu
estágios de desenvolvimento e a teoria da neurose de Freud. Na raiz da neurose
Karen Horney viu um esforço para afastar a ansiedade. (Adler teria chamado
falta de coragem). Como Adler, ela também se afastou da classificação tradicional
cação de neuroses ainda adotada por Freud. Ela conhece apenas um general
neurose com vários tipos de desenvolvimentos: o complacente (ou submisso),
o tipo agressivo guiado pela vontade de poder e o tipo retraído. Estes
tipos neuróticos de desenvolvimento remontam a situações específicas da infância.
Quanto ao complexo de Édipo, Karen Horney, exatamente como Adler, admite que
às vezes existe, mas o explica como um tipo de desenvolvimento de um
criança. Ela explica o narcisismo não como amor próprio, como Freud faz, mas como amor próprio
admiração, que é admiração por uma imagem idealizada de si mesmo. Nela depois
trabalhos, Karen Horney passou a considerar o esforço em direção à autorrealização
como o principal impulso do ser humano, um impulso que ela disse ter sido impedido pelo
imagem idealizada do indivíduo de sua pessoa. Aqui, também, reconhecemos a importância
que Adler mais tarde atribuiu ao impulso criativo e ao papel desempenhado pelo
visão fictícia do indivíduo de si mesmo. 187
A teoria de Erich Fromm expressa em vários de seus livros conhecidos

é mais um tipo de neo-psicanálise influenciada pela sociologia e por
ideologia filosófica.
Ele também critica a teoria das pulsões de Freud. mas do ponto de vista do
diferença entre instinto em seres humanos e em animais. Em comparação com
o animal, o desenvolvimento do ser humano assume um aspecto bastante diferente e
forma específica (no valor, incidentalmente, ao que Jung chama de individuação),
que tinha a liberdade como seu fim. Neurosis Fromm considera como um uso indevido ou fuga
da liberdade. Fromm não aceita mais entidades tradicionais de neurose. Ele fala
de vários tipos de mecanismo neurótico: o impulso para a submissão abnegada a
autoridade, o desejo de poder (o caráter autoritário), o impulso para
destruição. e a compulsão para a conformidade do autômato. Fromm atribui o
causas desses mecanismos neuróticos para fatores sociais e culturais, nomeadamente para
o sistema capitalista. Por outro lado. ele fala de um personagem produtivo,
que se assemelha ao que Adler diz sobre o homem governado pelo sentimento social e se posiciona
no lado útil da vida. Fromm não nega a existência do Édipo
complexo, mas explica isso como uma rebelião do jovem contra o patriarcal,
ordem autoritária personificada por seu pai. Vemos que o marxismo influenciou
Fromm ainda mais forte do que Adler. Entre os neo-psicanalistas Fromm
é o único em \\ "hom que encontramos um equivalente próximo do sentimento social de Adler.
O pensamento neo-psicanalítico também pode ser encontrado em escritores como Thomas

Francês, Clara Thompson. Sandor Rad6, Theodore Reik e Abram

Kardiner. Na Europa, o único autor que se autodenominava neo-psychoana-
lyst Was Harald Schultz-Hencke. Suas ideias foram compiladas em
Severa) trabalha, e fundou sua própria escola na Alemanha. Seu ensino
ing é uma mistura original de conceitos freudianos e adlerianos.
Página 71
Na raiz de todas as neuroses e psicoses, ele vê um distúrbio básico: inibição

ção (Hemmung), que desempenha o papel de falta de coragem da psi individual
chology em seu sistema. Schultz-Hencke distingue quatro unidades básicas: O
os impulsos captativos e retentivos correspondem muito bem aos impulsos orais e anal de Freud
tendências. O impulso de agressão e autovalorização tem muito em comum
com o esforço de Adler pela superioridade. O quarto é o impulso sexual, que ele
vê principalmente como uma necessidade de ternura; a palavra libido nunca é usada por Schultz-
Hencke. A inibição pode ser rastreada até a ação do meio ambiente sobre o
infantil; esta ação determina as atitudes permanentes que irão reger o comportamento
do indivíduo ao longo da vida. Schultz-Hencke apresenta uma teoria de
ferioridades de funções psíquicas e suas manifestações em estruturas neuróticas.
Ele usa os termos "compensação" e "compensação excessiva" tão abundantemente quanto
Adler. Em seu sistema, o inconsciente tem importância secundária; o mesmo pode
ser dito para transferência em sua técnica terapêutica.
Depois de ver a influência que a psicologia individual exerceu sobre o

neo-psicanalistas (que seria melhor chamá-los de neo-adlerianos), nós
deve agora mencionar a influência mais sutil e difusa que teve no principal
corpo dos psicanalistas. É difícil de descrever porque pode ser
encontrados em todos os lugares de forma mais ou menos disfarçada. Alguns psicanalistas são
decididamente freudiano em relação às teorias que professam conscientemente,
mas use o pensamento adleriano em questões da vida cotidiana. Um psicanalista suíço
uma vez declarou publicamente que o pensamento de Adler era absurdo e indigno de
atenção; um momento depois, referindo-se a um conhecido comum em um ambiente privado
falar, ele disse: "Este homem sofre de um sentimento de inferioridade doloroso que
ele compensa com maneiras arrogantes. "Oficialmente, Adler é desconsiderado,
mas sem perceber, é um cripto-Adleriano. Este também é o motivo
porque uma leitura de periódicos psicanalíticos mostrará um número surpreendente
de artigos que ilustram uma noção clássica de Adler sem referência a Adler,
ou às vezes com uma breve menção de que o presente estudo não deve ser relacionado
para o seu trabalho. No entanto, essa atitude em relação ao trabalho de Adler não é de forma alguma
limitado a psicanalistas. e encontramos aqui um dos mais paradoxais
características da história da psiquiatria dinâmica.
Joseph Wilder escreveu em 1959: "Eu percebo que a maioria das observações e
idéias de Alfred Adler permearam sutil e silenciosamente a psicologia moderna
pensamento lógico a tal ponto que a questão adequada não é se
um é Adleriano, mas quanto de Adleriano é. "190
Isso pode ser mostrado facilmente, por exemplo, em relação à psiquia existencial.
tente.191 Victor Frankl começou como discípulo de Adler e nunca o negou. Dentro
uma comparação entre Frankl e Adler, Birnbaum afirma que o "para-
atitude religiosa "de Frankl com seus pacientes encontrou seu modelo na" atitude cósmica
sentimento "de Adler em seu desenvolvimento posterior. 192 A influência de Adler sobre
A análise existencial de Binswanger não é menos óbvia, embora Binswanger
nunca cita Adler. Modo dual de Binswanger, modo plural e singular

modo de estar-com-os-outros não são muito diferentes das descrições de Adler
de sentimento comunitário, luta ativa pela superioridade e recuo para trás
Página 72
barricadas. As descrições fenomenológicas de Binswanger da vertical

dimensão parece ser um desenvolvimento do que Adler escreveu sobre a dialética
de acima e abaixo.
Quando Jean-Paul Sartre esboçou sua psicanálise existencial como um
parte de seu existencialismo filosófico, houve uma réplica unânime
dos psicanalistas que isso nada tinha em comum com a psicanálise.
O princípio básico da psicanálise existencial é que o homem é uma totalidade
e, portanto, se expressa mesmo nas formas mais insignificantes e super
oficial de suas ações. O método consiste em decifrar os vários modos
do comportamento dos indivíduos. Para esse fim, serão comparados os vários em-
tendências de pirataria para apurar o projeto fundamental, que subjaz a cada
um desses modos de comportamento. A psicanálise existencial de Sartre rejeita
o conceito de mente inconsciente. Não procura descobrir complexos,
mas para se esforçar para definir a escolha original do indivíduo. Esta escolha está em
primeiro uma decisão livre e consciente do indivíduo e, como tal, é totalmente
vivido por ele, embora ele não esteja necessariamente ciente disso. O objetivo do
terapia é trazer o sujeito à consciência de seu projeto fundamental.
Os modos de comportamento examinados por este método não são apenas (a ~ em freudiano;
análise) sonhos, parapraxias. e neuroses, mas estão acima de todas as contra
pensamento consciente, ações bem-sucedidas e ajustadas e estilo. Sartre conclui
com esta afirmação surpreendente: "Esta psicanálise ainda não encontrou seu
Freud! "Como Sartre não sabia que esse método já existia
e teve Alfred Adler como seu autor?
Aqueles que aprenderam psiquiatria pelo professor Klaesi em Berna podiam
não deixe de notar a notável analogia de muitas de suas idéias com aquelas
de Adler (embora ele nunca tenha se referido a ele). A interpretação de Klaesi do
O complexo de Édipo era idêntico ao de Adler. Klaesi afirmou que neu-
rosis resultou de um conflito entre instintos cratóforos, isto é
os instintos de dominação egoísta e instintos aristóforos, ou seja, sociais
instintos. 1 94
O aspecto holístico da psicologia individual foi desenvolvido sob
o nome de autoconsistência de Prescott Lecky, um psicólogo americano
gist que estudou com Adler em Viena durante 1927 e 1928.
A necessidade primária de um organismo. Lecky diz. é manter seu órgão mental

ização como um todo unificado. Personalidade é uma organização de valores que são sentidos
para ser consistente um com o outro. O comportamento expressa o esforço de ser consistente
e unificado em organização e ação. O indivíduo é um sistema unificado com dois
conjuntos de problemas. um o problema de manter a harmonia interior dentro de si,
e o outro o problema de manter a harmonia com o meio ambiente, es-
especialmente o meio social. Percepção, memória e esquecimento, sentimento,
pensamento, imaginação e assim por diante. deve ser constantemente ajustado pelo indivíduo
a fim de manter sua autoconsistência. O núcleo do sistema é o indi-
a avaliação que o indivíduo tem de si mesmo. Qualquer valor que seja consistente com esta autoavaliação
é assimilado e vice-versa. qualquer valor que seja inconsistente com ele encontra
resistência. Em seguida, ele é rejeitado, a menos que ocorra uma reorganização geral. Como um
Página 73
psicoterapeuta, Lecky disse que os sintomas são as expressões de atitudes,

e ele elaborou um inventário de atitudes. Em seguida, ele demonstrou ao paciente
a irrelevância e o caráter obsoleto de suas atitudes presentes, levando assim a
substitua-o por outros melhores. A resistência não era mais perseverança neurótica para
Lecky, mas um dispositivo natural para ajudar no esforço de reorganização 195
A noção de que o homem possui uma tendência básica para o autoaperfeiçoamento, um

noção que Adler enfatizou particularmente em seu último período, foi
desenvolvido por vários autores, particularmente por Wilhelm Keller.196 Accord-
Para Keller, no homem há um esforço básico para a auto-estima, e esse esforço
se expressa de muitas maneiras. Embora Adler seja mencionado apenas de passagem,
este livro é manifestamente uma elaboração de suas idéias.
Os estudos de Adler sobre o papel da posição do indivíduo na linha de
irmãos encontraram desenvolvimentos originais e inesperados. Walter Toman
enunciou uma teoria baseada na observação de várias centenas de índios
indivíduos cujas posições na linha de irmãos foram cuidadosamente registradas.19 7 Em sua
análise das constelações familiares, Toman leva em consideração o número
de crianças, a distribuição de meninos e meninas, o intervalo entre o
filhos, e as ocorrências de morte entre os irmãos. A análise
é estendida à constelação familiar de pais, filhos e cônjuges.
Para cada uma das inúmeras combinações possíveis, Toman dá um breve
descrição das principais características de personalidade esperadas.
A análise da constelação familiar de Martensen-Larsen foi conduzida
de uma abordagem diferente .19 H Martensen-Larsen, trabalhando com alcoólatras,
conduziu uma pesquisa genealógica que o levou a descobrir que a posição
na constelação familiar estendida à geração dos avós
e não a hereditariedade foi o fator determinante na etiologia do alcoolismo.
Mais tarde, essa pesquisa foi estendida para a homossexualidade masculina.
No que diz respeito ao estilo de vida. vimos que muitos autores têm
escrito sobre este assunto com ou sem referência a Adler. Mas nem Adler
nem seus discípulos parecem ter investigado muito as variedades de interação
de dois estilos de vida diferentes. Pelo menos uma tentativa foi feita pelo Dr.
Eric Berne, cujo best-seller Games People Play mostra como isso é recompensador
seria fazer uma exploração sistemática e científica dessa pequena
campo conhecido. 1 99
A noção de sentimento de inferioridade foi tão rapidamente aceita pelo
público, que um homem como Paul Haberlin poderia escrever um livro sobre isso
tópico, descrevendo as inúmeras formas, variedades, compensações e causas
de sentimentos de inferioridade, sem sequer mencionar o nome de Adler.
Para dar um outro exemplo entre muitos, um psicanalista publicou o
história de um neurótico cuja fobia foi refletida em sua memória mais antiga (sendo
assustado por um rato); quando menino, brincava com uma boneca. 201 como seu
o sentimento de inferioridade piorou, ele buscou compensação por meio de
devaneios grandiosos em que se visualizava como um super-homem. este
paciente foi curado por um método que o autor chama de psicanálise.
Página 74
Numerosos outros exemplos poderiam ser dados do lento e contínuo

penetração de percepções de Adler no pensamento psicológico contemporâneo
ing. Entre eles estão os conceitos de sentimento de inferioridade, estilo de vida, o
papel da inferioridade do órgão, a aplicação de Vaihinger como se à teoria
da neurose, o papel do protesto masculino e do pavor da mulher
na etiologia da homossexualidade e outros desvios sexuais. Poderíamos
dê uma lista de pelo menos uma dúzia de autores que recentemente redescobriram o símbolo
significado bolico das primeiras memórias. Partindo do tradicional
vista que as turbulências da adolescência resultam da intensificação da
libido, alguns psicanalistas agora admitem que o ego adolescente é conduzido
por energias poderosas que não dependem nem direta nem exclusivamente do
libido. Semelhanças foram apontadas entre trechos de Margaret
Livro de Mead, Family, e trechos de What Life Should Mean to de Adler
Vocês. 202 A teoria dos imperativos sociais de Walter Goldschmidt mostra uma
alogias com os conceitos de Adler de sentimento comunitário: o homem está comprometido
à vida social, e cada indivíduo, à medida que cresce, deve subordinar sua
fins pessoais para as necessidades da sociedade; "a sociedade deve ser organizada para
equilibrar a atração da busca pessoal individual contra as demandas da
harmonia. " 203 Certos recursos da terapia psicológica individual
também pode ser reconhecido em métodos recentes, como a terapia racional de Ellis
e terapia de realidade de Glasser.
/
É provável que a influência da psicologia individual venha a provar mais

fecundo em criminologia e educação terapêutica. A utilização de plástico
cirurgia no tratamento de um grupo limitado de infratores feios é uma aplicação
de uma das idéias de Adler. 204 Uma técnica correcional, restituição criativa,
embora desenvolvido independentemente da psicologia individual, está relacionado
à teoria de Adler, como mostrado por Ernst Papanek. 205 Father Noel Mail-
loux, o conhecido psicólogo de Montreal, afirma que o habitual
teorias psicanalíticas da delinquência juvenil (falta ou distorção do
superego, complexo de Édipo não resolvido e identificação com um criminoso
modelo) não são confirmados pela experiência. 206 Ele é levado a explicar juvenil
delinquência como resultante de um processo específico de dissocialização, que
é, uma distorção de um processo normal de socialização. Socialização padre
Mailloux diz que segue sua própria linha de evolução paralela à da sexualidade,
com suas próprias vicissitudes e pontos críticos, e um conflito inicial com
parábola do conflito de Édipo (embora de forma alguma idêntico a ele).
Atitudes defeituosas e excessivamente críticas dos pais levam a criança a se ver
como uma espécie de pária, condenado ao ostracismo pela família e pela comunidade. Já que ele acredita
ele é mau, a criança sente-se condenada a cometer más ações. Este comportamento
ior, por sua vez, provoca a reprovação daqueles ao seu redor. Ele então considera
ele mesmo uma vítima do ódio e se esforçará para vingar-se, portanto, cometer
ofensas mais graves e procuram refúgio na gangue. O tratamento de
delinquentes juvenis implica um encontro com educadores terapêuticos e
um tratamento coletivo no quadro de um grupo delinquente. Podemos notar
Página 75
quão facilmente essas teorias e métodos podem ser formulados em indivíduos

termos psicológicos: porque a criança moralmente menosprezada se encontra em um
posição de inferioridade ele adere a um estilo de vida que se encaixa em sua depreciada
auto-imagem, daí uma reação punitiva do meio ambiente (pressão en-
contrapressão de gênero); o tratamento visa despertar e re-
armazenar o sentimento comunitário distorcido.
Qualquer tentativa de avaliar a influência do trabalho de Adler traz um para-

dox. O impacto da psicologia individual na psicologia contemporânea
está além de qualquer dúvida. Hans Hoff, declarou que Adler inaugurou
medicina psicossomática moderna, foi a precursora da psicologia social
e a abordagem social da higiene mental, um dos fundadores do grupo psicológico
terapia, que sua concepção do eu criativo sendo direcionado a um objetivo,
responsável pelo estilo de vida o torna o pai da psicologia do ego.2o1
A isso ele poderia ter acrescentado que Adler foi o fundador da primeira
sistema de psicologia concreta registrado.
No entanto, existe o fenômeno intrigante de uma negação coletiva de
Trabalho de Adler e a atribuição sistemática de qualquer coisa cunhada por ele para
outros autores. Temos numerosos casos de psicanalistas pegando
algumas das descobertas mais originais de Adler e afirmando que elas estavam implícitas
contidos nos escritos de Freud, ou aspectos negligenciados do pensamento de Freud,
e se Adler for mencionado, é com a condição de que, apesar de ap-
semelhanças dos pais com as ideias de Adler, são basicamente diferentes. o
mesma atitude é encontrada entre psicólogos não freudianos, às vezes com
uma rejeição ainda mais nítida de Adler. Típico é seu tom de justiça
indignação em negar a influência de Adler. Mesmo aqueles psicólogos
que admitem que por acaso se encontraram com Adler pessoalmente e leram
algo de seu trabalho, sustentar energicamente que suas ideias não têm
qualquer coisa a ver com os de Adler.
Não seria fácil encontrar outro autor de quem tanto
foi emprestado de todos os lados sem o reconhecimento de Alfred Adler.
Seu ensino se tornou, para usar uma expressão francesa, uma "pedreira aberta" (une
carriere publique), isto é. um lugar onde todos podem vir e
desenhe qualquer coisa sem remorso. Um autor irá citar meticulosamente
a fonte de qualquer frase que ele tira de outro lugar, mas isso não ocorre
a ele fazer o mesmo sempre que a fonte for psicologia individual; isto é
como se nada de original pudesse vir de Adler. Essa atitude até
se estende ao público em geral. É irônico que o The Times of London em
seu obituário de Freud escreveu: "Alguns de seus termos tornaram-se parte de
linguagem cotidiana, o complexo de inferioridade, por exemplo. "208 Vinte e dois
anos depois, quando Jung morreu, o New York Times publicou esta manchete:
"Dr. Karl Jung está morto ... cunhado Introvert, Extrovert and Inferiority Com-
plex. "209
Para esta questão desconcertante da discrepância entre a grandeza de
Página 76
realização, rejeição massiva de pessoa e trabalho, e em larga escala, tranquila

plágio, várias respostas poderiam ser trazidas.
Em primeiro lugar, é preciso concordar sobre quais critérios um homem pode ser chamado
um gênio ou negou essa qualidade. Teorias conflitantes foram propostas
sobre a essência do gênio. De acordo com Lange-Eichbaum, o problema
é psicossociológico, ou seja, para definir quais características devem estar presentes
em uma obra para que seja chamada de gênio.201 A associação de um
conteúdo um tanto psicótico com uma forma perfeita ofereceria o máximo
chance de ser rotulado como "obra de gênio". (Por "psicótico" o autor atua
aliado significa estranho, paradoxal, desconcertante.) Se as coisas são assim, então
O pensamento de Adler é muito racional, seu estilo muito imperfeito para permitir que ele seja
chamado de gênio.
Uma teoria oposta é a de Bernard Grasset, que afirma que
gênio é a capacidade de criar uma nova obviedade.211 Isso significa que
gênio é a capacidade de descobrir e formular algo que sempre foi
ali, que ninguém havia notado. Assim que o gênio o formula, aquela coisa
parece tão óbvio que é rapidamente assimilado ao conhecimento comum e
esquece-se que foi descoberto recentemente. (Em um algo semelhante
forma, é relatado que Franz Schubert uma vez ouviu lavadeiras cantando
seu próprio Lieder: quando ele perguntou onde eles os haviam aprendido, eles
respondeu que essas eram canções antigas que sempre haviam sido cantadas no
país.) A teoria de Bernard Grasset pode ser aplicada a Adler e ao rápido
assimilação de seus conceitos, notadamente o de sentimento de inferioridade.
Uma terceira teoria afirma que o gênio é um fenômeno microsociológico
e uma construção voluntária. Nenhum homem isolado jamais poderia adquirir o dis-
tintura de ser chamado de gênio. É imperativo que ele seja cercado
por um grupo de seguidores que não apenas proclamam seus ensinamentos, mas criam
uma reputação (se não uma lenda positiva) para seu mestre. Seu sucesso de-
depende muito da organização e do método. Nesse sentido, Freud foi
muito mais favorecido do que Adler; ele tinha seguidores maiores e mais bem organizados.
Adler tinha menos discípulos, nunca foi um bom organizador, nem estava interessado
em manter registros de sua vida e obra. Seguidores de Freud propagado por
ele a imagem positiva do gênio arquetípico: trabalho de novidade inédita
elty realizado apesar da rejeição universal, dificuldades terríveis e
perseguição. Quanto a Adler, alguns de seus discípulos o chamaram de Confúcio
do Ocidente e um salvador da humanidade, mas não conseguiu produzir
uma imagem positiva convincente nem para evitar que uma imagem negativa prevaleça:
um pequeno burguês, discípulo invejoso de um grande mestre, o traiu, ensinou
uma caricatura da psicanálise, uma psicologia para professores e um
apêndice psicológico tedioso à doutrina socialista.
O problema agora é: por que essa imagem negativa prevaleceu?
Uma possível explicação poderia ser encontrada na vitimologia, que recém-fundada
ramo da criminologia que analisa a personalidade de vítimas potenciais
de crimes.212 Os mesmos fatores psicológicos encontrados nessas personalidades
Página 77
também pode ser encontrado naqueles que são persistentemente vítimas de má sorte ou
fracasso. Na personalidade de Adler, reconhecemos as características de um par-
um tipo específico de vítima potencial, a chamada síndrome de Abel. Isto é o
caso do homem cuja superioridade em um determinado campo pode atrair a inveja,
mas que não é capaz ou não deseja se defender. Esta é uma ocorrência generalizada
rence que pode ser encontrada em cada caminhada de vida. Em um estudo de Jean-Jacques
Rousseau, Cocteau explicou os infortúnios e perseguições persistentes
que se abateu sobre o grande escritor da seguinte forma: "Quando certos homens receberam uma bofetada
na cara, será dito em todos os lugares que eles deram, quando alguns outros
dar um tapa será dito que eles receberam "213 (significando que Rousseau
pertenciam ao último grupo). Sem ir tão longe, quantas vezes
não ocorre em um grupo social que um homem que goza de certo prestígio possa
dizer qualquer banalidade e ainda chamar a atenção do público, enquanto
outro pode dizer a coisa mais judiciosa e espirituosa e passar despercebido
(ou então o que ele disse será discretamente recolhido e recontado em outro lugar com
grande sucesso)?
Até que ponto isso se aplica a Adler pode ser verificado comparando seu
personalidade à de Freud.
FREUD ADLER
Bonito, imponente, com um poço Não é particularmente bonito, despretensioso

barba bem cuidada. ing, com um pequeno bigode, e
pince-nez.
Morava no melhor bairro residencial, Morava em um residencial mais burguês
tinha uma coleção de arte e manteve sete área, em uma área normalmente mobiliada
servos comuns. apartamento, com apenas um servo.
Títulos universitários adquiridos. Foi recusado um título universitário.
Deu palestras acadêmicas e teve seu Ministrou cursos principalmente para professores de escolas.
círculo de discípulos entusiasmados. ers, e realizou reuniões informais em
cafés.
Foi um mestre da prosa alemã e um Trabalhos escritos em estilo comum e
escritor superior que sabia como mal organizado, sem marcante
use imagens impressionantes. imagens.
Fundador da psicologia profunda, uma ciência Promotor de um bom senso racional
empenhado em descobrir os mistérios de psicologia com prática imediata
a alma. inscrição.
A comparação poderia ser levada adiante e mais paralelos encontrados

em outras partes da história da ciência, por exemplo, a de Champollion e
Grotefend.2 14 A vida de Freud. como embelezado pela lenda, mostra romântico
características; O modo de vida de Freud era o de um aristocrata da mente que
identificou-se com Charcot e Goethe; Adler viveu como um mesquinho
burguês que identificou sua causa com a do povo. Quando Freud
ouviu falar da morte de Adler, ele escreveu a Arnold Zweig: "Para um menino judeu de
um subúrbio vienense para morrer em Aberdeen é uma carreira inédita em si
Página 78
e uma prova de quão longe ele havia progredido. "215 Freud poderia ter esquecido isso
ele próprio fora "um menino judeu saído de um subúrbio vienense"?
Ainda
de um há outra
homem explicação
depende possível
em grande partepara o paradoxo.
se ele O sucesso
é o porta-voz do desprezo
tendências culturais e sociais porárias. Se Schopenhauer não teve sucesso por três
décadas e gozou de fama tardia, não é por causa de uma conspiração de
silêncio, mas porque sua filosofia era incompatível com o zeitgeist de
o período entre 1820 e 1840, mas poderia ser melhor
apoiou a nova geração após 1848.216
As próprias tendências contemporâneas são frequentemente o renascimento do movimento anterior
mentos. Na oposição da psicologia individual e da psicanálise, nós
veja um renascimento da velha oposição do Iluminismo contra o Romantismo.
Vimos em um capítulo anterior como as vicissitudes da dinâmica
a psiquiatria durante o século XIX pode ser considerada uma manifestação
ções da luta entre o Iluminismo e o Romantismo, com
Janet e, em menor grau, Adler como epígonos tardios do Iluminismo, Freud
e ainda mais Jung como epígonos tardios do Romantismo.217 Voltando
ainda mais, descobrimos que os mundos helenístico e romano foram divididos
entre as filosofias do estoicismo e epicurismo, e notamos que
O estoicismo mostra características que podem ser encontradas hoje no Adleriano e existem
escolas sociais, enquanto a filosofia de Epicuro tem sido apropriadamente com-
comparada por De Saussure à psicanálise de Freud.218 E, finalmente, desde o tempo
imemoriais, houve duas abordagens para a cura: uma pelo uso de
meios racionais e outro pela mobilização de forças irracionais. Então, o
paralelo entre Adler e Freud é apenas uma das muitas ilustrações
de uma lei fundamental da história da cultura, a saber, o balanço
e adiante entre duas atitudes básicas da mente humana.
Notas
1. Veja o cap. 7, pág. 424.
2. Alfred Adler, "Something About Myself", Childhood and Character, VII (abril
1930), 6-8.
3. Phyllis Bottome, Alfred Adler, Apostle of Freedom (Londres: Faber and Faber,
1939), pp. 34-35.
4. Os dados relativos aos ancestrais e família de Alfred Adler foram fornecidos por
as diligentes investigações do Dr. Hans Beckh-Widmanstetter nos arquivos do judeu
Comunidade e outras fontes oficiais de arquivos em Viena. O autor é muito obrigado a
Dr. Hans Beckh-Widmanstetter por sua assistência em sua pesquisa.
5. Esses dados foram obtidos por meio das pesquisas do Dr. H. Beckh-Wid-
manstetter no registro cadastral e outros arquivos em Viena.
6. HA Beckh-Widmanstetter, "Alfred Adler und Wiihring," Unser Wiihring, I
(1966), 38-42 (com duas fotos da casa).
7. Phyllis Bottome, Alfred Adler, Apostle of Freedom (Londres: Faber and Faber,
1939). pp. 28-30.
27/01/2021 Carl Gustav Jung e a psicologia analítica
Página 1
Carl Gustav Jung e

Psicologia Analítica
CARL GusTAV JuNG, não mais do que Alfred Adler, é um desviante
da psicanálise de Freud, e sua psicologia analítica não deve ser
medido com o padrão da psicanálise freudiana mais do que
a psicanálise deve ser medida com o critério da psicanálise analítica
chology. Ambos devem ser entendidos em termos de sua própria filosofia.
As diferenças fundamentais entre os sistemas de Jung e Freud podem
ser resumido da seguinte forma:
Primeiro, a base filosófica é outra completamente diferente. Analítico de Jung
psicologia, como a psicanálise de Freud, é um desdobramento tardio do Romantismo,
mas a psicanálise também é herdeira do positivismo, cientificismo e darwinismo,
enquanto a psicologia analítica rejeita essa herança e retorna ao
fontes conhecidas de romantismo psiquiátrico e filosofia da natureza.
Em segundo lugar, enquanto o objetivo de Freud é explorar essa parte da mente humana
que era conhecido intuitivamente pelos grandes escritores, Jung afirma ter
abordou objetivamente e anexou à ciência um reino da alma humana
intermediário entre religião e psicologia.
O quadro de vida de Carl Gustav Jung

Carl Gustav Jung nasceu em uma pequena vila de Thurgovia, na Suíça
terra, em 1875, e morreu em Kiisnacht, às margens do Lago de Zurique, em
1961. Ele passou toda a sua vida em sua Suíça natal, além de vários
de viagens à França, Inglaterra, Itália, América do Norte, África e Índia.
Quando ele nasceu, Freud tinha dezenove anos, Janet dezesseis e Adler
cinco. Jung foi, portanto, o mais jovem dos grandes pioneiros da nova dinâmica
psiquiatria, e ele também sobreviveu a todos eles. E desde que ele viveu em neutro
Suíça, ele não sofreu as vicissitudes que afligiram a vida de Freud
e Adler.
A primeira metade da vida de Jung, de 1875 a 1914, ou seja, os anos de sua
juventude, sua carreira psiquiátrica, sua associação com Freud e seus subse-
657
Página 2
separação recente, evoluiu durante o período de "paz armada" europeia.

Após a Primeira Guerra Mundial, ele fundou sua escola e expôs suas idéias em
numerosos livros. Durante a Segunda Guerra Mundial e depois, ele afrouxou seu
laços com sua escola e expressou seus pensamentos de uma forma cada vez mais pessoal
caminho. Seus pacientes eram, a princípio, psicóticos institucionalizados de baixo
estratos sociais, e mais tarde eles eram principalmente neuróticos das classes altas.
A vida de Carl Gustav Jung pode ser vista como um exemplo de
ascensão. Nascido em uma família empobrecida de classe média, ele era um
estudante pobre, começou sua carreira como médico de hospital psiquiátrico e
psiquiatra universitário, e depois se tornou um psicoterapeuta mundial
renome e fundador e diretor de uma escola. Perto do fim de sua vida
ele personificou a figura quase lendária do "velho sábio de
Kiisnacht ", que pessoas de todas as partes do mundo vinham visitar.
Histórico familiar
É impossível compreender a personalidade e obra de Carl Gustav

Jung sem considerar sua origem suíça e sua família.
A Suíça é um estado multinacional, assim como a Áustria-Hungria, com o
diferença é que na Suíça existem apenas três grandes grupos étnicos
grupos e línguas, e que a unidade política havia sido alcançada antes
a ascensão do nacionalismo feroz. Esses problemas para os quais o austríaco
A monarquia húngara buscava desesperadamente uma solução já havia sido resolvida
na Suíça, por meio do federalismo. Embora os três principais grupos étnicos
falam as línguas dos países vizinhos - Alemanha, França,
Itália - a identidade nacional suíça é muito forte porque a
instituições políticas diferem consideravelmente das outras instituições europeias
países.
Para os suíços, federalismo e democracia são quase sinônimos.
Todo suíço exerce seus direitos políticos em três níveis: comunidade, cantão,
e federação. Cada comunidade goza de grande autonomia, e todos os homens
os cidadãos estão constante e ativamente envolvidos nos assuntos da comunidade. Cada
O suíço pertence a uma comunidade de origem, e este privilégio é transmitido
aos seus descendentes, independentemente do local de residência real. UMA
estrangeiro que se candidata à cidadania suíça deve primeiro buscar a aceitação de um determinado
comunidade, após o que ele se torna um cidadão do cantão e conseqüentemente
quase sempre da Federação Suíça. Autogoverno na Suíça desenvolvido dentro
a comunidade e o cantão ao limite compatível com o nacional
unidade. Nada pareceria mais abominável, mais antidemocrático para um suíço
do que a ideia de impor uma linguagem comum · a todo o país.
Alemão, francês e italiano são considerados as três línguas nacionais,
e cada um se torna o idioma oficial naquela parte do país
onde é falado. Além disso, na Suíça de língua alemã, uma variedade
de dialetos são usados como línguas faladas, em contraste com o Schriftdeutsch
(alemão escrito), a língua oficial administrativa e acadêmica.
Página 3
Carl Gustav Pulmão e Psicologia Analítica 659
Outra característica que diferencia a Suíça de outros países é

a organização do exército. Cada homem suíço, enquanto ele estiver na ativa
serviço militar, mantém seu uniforme militar e armas em casa, permanece sob o
ordens do chefe de seção de sua comunidade, e tem seu equipamento
inspecionados regularmente. Em contraste com os outros exércitos europeus, que impõem
um período de um, dois ou mais anos de serviço militar, os jovens recrutas
passar por algumas semanas de treinamento e instrução militar intensiva. Então
eles voltam a cada ano para um curto período de treinamento. Aqueles que desejam se tornar
os oficiais estão sujeitos a treinamento periódico semelhante. Assim, cada homem suíço é
simultaneamente um soldado ou oficial e um civil. O militar permanente
o pessoal é reduzido ao mínimo.
O suíço está fortemente integrado na vida de sua comunidade, cantão e
país. Ele está profundamente preocupado com a política local e a vida militar, e ele está
muitas vezes profundamente interessado nas genealogias e na história de sua família, e
(de maneira verdadeiramente democrática) não apenas os aristocratas, mas quase todas as famílias
tem seu brasão. Um resultado do sistema de comunidade de origem é
que é muito fácil para um suíço reconstruir sua genealogia por meio de
a comunidade registra.
Isso explica a estabilidade geral da população suíça e sua
adesão à tradição, por seu respeito ao uso e dialetos locais, e
daí também as grandes diferenças que existem entre as localidades. Switzer-
a terra chegou a esta situação após uma longa e difícil evolução histórica,
incluindo muita guerra civil. As vicissitudes da história causaram Switzer-
terra gradualmente para se tornar um estado federativo composto por vinte e dois
cantões, três dos quais divididos em semicantões, formando assim vinte
cinco unidades políticas autônomas. Durante a segunda metade do século XIX
século, a Suíça tornou-se uma espécie de laboratório experimental para dem-
instituições ocráticas. Embora a Suíça seja um dos últimos países a não
aceitar o voto feminino, goza do benefício de instituições que não são
conhecido em outros lugares, como o direito de iniciativa dos cidadãos e o referendo.
A Suíça é comumente identificada hoje com a imagem de um país
que desfrutou de um período prolongado de paz durante a turbulência da Europa
história. Na verdade, quando Carl Gustav Jung nasceu em 1875, seus pais e
os avós certamente não teriam essa opinião. Os avós dele
viveram sua juventude durante o período em que a Suíça estava enredada
na Revolução Francesa e nas guerras napoleônicas. Então, entre 1815
e 1830, o país sofreu uma grande quantidade de conflitos civis, notadamente
quando os partidos de agricultores em vários cantões tentaram abolir o privilégio
ileges do patriciado da cidade. No cantão de Basel veio a guerra armada-
travessia entre campo e cidade, que terminou em 1833 com a separação
do cantão em duas unidades políticas: Basel-City e Basel-Land. Em 1838
A Suíça se mobilizou e estava à beira de uma guerra com a França. Em 1845
os sete cantões católicos constituíam uma liga separada, o Sonderbund,
causando uma guerra civil que terminou com a vitória da Federação e da
Página 4
reunificação da Suíça em 1847. Em 1857, a Suíça se mobilizou novamente,

desta vez contra a Prússia, mas o conflito foi resolvido por meio de negociação
ação. Também houve muitas lutas em questões religiosas.
A personalidade de Carl Gustav Jung refletiu em alto grau não
apenas as características da mentalidade suíça, mas também o espírito de sua casa
cidade, Basel, seus ancestrais e sua família. Basel não é apenas uma cidade, mas um
exemplo quase único de uma unidade política independente, com seu governo
mento, suas assembléias, seus departamentos ministeriais e sua administração.
Um centro industrial e comercial internacional localizado na encruzilhada
da Suíça, França e Alemanha. Basel era naquela época pequena o suficiente
para que seus cidadãos pudessem se conhecer. Em 1875, ano do nascimento do pulmão,
Basel tinha 50.000 habitantes. Desde a Renascença, Basileia permaneceu
um dos lares da cultura europeia. Em sua infância Jung, quando andava
andando nas ruas, pude ver o eminente historiador-filósofo Jacob Burck-
hardt, ou velho Bachofen; ele ouviu falar sobre Nietzsche em todos os lugares, a quem
tantas pessoas sabiam; e ele foi infalivelmente identificado como "o neto
do famoso Carl Gustav Jung ...
Seu avô, Carl Gustav Jung ( 1794-1864), 2 foi uma figura lendária
in BaseJ.3 O filho de um médico alemão. ele tinha estudado medicina em
Heidelberg e conheceu os poetas românticos e teve
escreveu poemas e canções de estudantes. 4 Ele havia sido convertido a Prot-
estantismo pelo célebre Schleiermacher. Um grupo de universidade
os fessores organizaram uma festa religiosa e patriótica em Wartburg, na Saxônia,
em 17 de outubro de 1817, com a permissão do governo. Embora eles se importem
totalmente abstido de quaisquer manifestações políticas, as autoridades tomaram ad-
vantagem de um incidente fútil, a fim de intervir e, posteriormente, esmagar
as organizações estudantis em toda a Alemanha. Carl Gustav Jung, um
entre muitos outros jovens, foi lançado na prisão sem julgamento.
Após sua libertação, treze meses depois. ele encontrou sua carreira quebrada e
emigrou para a França. Em Paris ele conheceu Alexander von Humboldt que, sabe-
a Universidade de Basel estava procurando um jovem enérgico para
reorganizar sua escola de medicina, recomendou-o, e assim Carl Gustav Jung
o mais velho tornou-se cidadão suíço e uma das principais personalidades da
Basel. De acordo com todos os relatos da época, ele era um homem de irresistíveis
encantar e conquistou o coração de todos aqueles com quem entrou em contato.
Contudo. um de seus filhos o descreveu como um pai despótico, embora ele fosse
às vezes participa das diversões e travessuras de seus filhos. 5 depois
a morte de sua primeira esposa. com quem teve três filhos, foi para o
Prefeito de Basel pedindo sua filha em casamento. O prefeito recusou o seu
solicitação. então Carl Gustav Jung foi diretamente a uma taverna e perguntou
a garçonete lá se ela consentiria em se casar com ele. Ela imediatamente
aceito, e o casamento foi celebrado para consternação de todos
Cidade. Ela morreu três anos depois, dando-lhe dois filhos. Ele decidiu
casar novamente, e desta vez o prefeito consentiu em lhe dar sua filha,
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Carl Gustav Jung e a psicologia analítica 661
Sophie Frey. Ao todo ele teve treze filhos, vários dos quais o causaram
grande tristeza durante o último período de sua vida. Em 1857 ele fundou uma casa
para crianças retardadas, às quais ele passou a devotar a maior parte de seu tempo.
Carl Gustav Jung, o mais velho, teve uma carreira de sucesso incomum,
foi um dos médicos mais requisitados em Basel, foi eleito reitor da
a Universidade, tornou-se Grande Mestre dos Maçons Suíços, e
escreveu tratados científicos, bem como peças teatrais sob vários pseu
dônimos. Segundo o boato, ele era filho ilegítimo de Goethe. Não
dúvida, havia certa semelhança física entre os dois homens. Carl
Gustav Jung, o ancião, nunca se referiu a este tópico, mas talvez seja importante
digno de que em uma página de seu diário ele fez um julgamento severo sobre
A falta de senso moral de Goethe em duas de suas peças, e na anatômica
tratado sobre ossos supranumerários, ele não se referiu ao estudo clássico de Goethe
no osso intermaxilar. 6 Esta história de uma suposta ligação com Goethe con
homenageado para tornar o velho Carl Gustav Jung uma figura lendária durante sua
tempo de vida. Esse era o homem fascinante que o psiquiatra Carl Gustav
Jung nunca soube, mas de quem foi o nome que lhe foi dado e de quem
a imagem, sem dúvida, exerceu uma grande influência em seu destino. 7
Os avós maternos de Carl Gustav Jung não eram menos notáveis do que
os paternos. Samuel Preiswerk (1799-1871), um teólogo distinto
gian e Hebraist, sofreram muitas vicissitudes em sua vida, até se tornar
antistes da Igreja de Basel. aquele é o presidente da companhia de pastores.
Ele deixou a reputação de um homem piedoso e erudito que compôs inúmeras
poemas e hinos de igreja e escreveu uma gramática hebraica. Ele estava contra
convencido de que a Palestina deveria ser devolvida aos judeus e ativamente defendida
essa ideia, de modo que hoje ele é considerado um precursor do sionismo. Ele
casado duas vezes: de sua primeira esposa teve apenas um filho, e da segunda
Augusta Faber, treze. De acordo com a tradição familiar, ele teve visões e
conversou com o mundo dos espíritos. e em seu escritório uma cadeira especial era
reservado para o espírito de sua primeira esposa. que o visitava todas as semanas para o
grande tristeza de sua segunda esposa. Também é dito quando ele escreveu seus sermões
ele teria sua filha Emilie sentada atrás dele para que os espíritos pudessem
não lido por cima do ombro. Sua segunda esposa ( avó de C. G. Jung) foi
disse possuir o dom da segunda visão. e vários membros de sua família
ter habilidades parapsicológicas. 8
Ambos os pais de C. G. Jung eram os últimos filhos de famílias numerosas,
e pertenciam à "geração sacrificada", por assim dizer, desde que nasceram
quando seus respectivos pais empobreceram. Paulo Aquiles
Jung (1842-1896) estava muito interessado em línguas clássicas e hebraico,
mas tornou-se um modesto pastor do interior. Ele se casou com Emilie Preiswerk, a
filho mais novo de seu professor de hebraico. Jung teve a impressão de que
seu casamento não foi feliz. Acrescentemos, no entanto, que o
o autor uma vez conheceu uma senhora que conhecia bem o reverendo
Paul Jung em sua juventude. Ela o descreveu como um quieto, despretensioso, gentil
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homem de coração que admiravelmente sabia pregar aos camponeses e era uni
versamente amado e respeitado por seus paroquianos. De acordo com outro
fonte confiável, o reverendo Paul Jung foi considerado por seus colegas como um
homem um tanto chato.
Depois de completar seus estudos teológicos, o reverendo Paul Jung estava as-
assinado para a paróquia de Kesswil nas margens do Lago Constança, e então
por três anos ao de Laufen, perto de Schaffhausen. Em 1879 ele recebeu
sua nomeação final em Klein-Hiiningen, uma pequena aldeia que pertencia a
Basel-City. Ele se tornou o capelão protestante do Friedmatt Mental
Hospital em Basel. 9 Não sabemos o suficiente sobre a personalidade de
Reverendo Paul Jung para entender a razão do forte ressentimento que
seu filho sentiu por ele durante toda a sua vida. Ele certamente não o acusou
de ser tirânico. É mais a alegada imaturidade de seu pai que ele re-
enviado. o fato de ele ser um estudioso e não ter se desenvolvido intelectualmente,
mas espalhou sua atividade em atividades amáveis, mas fúteis. C. G. Jung também será
acreditava que seu pai tinha dúvidas religiosas de que ele não iria admitir para ele-
auto.
Estamos ainda menos informados sobre a personalidade de Carl Gustav lung
mãe. Emilie Preiswerk. A mesma pessoa idosa que contou ao autor sobre
A infância de Jung e seu pai descreveram a Sra. Paul Jung como sendo gorda, feia,
autoritário e arrogante. Seu filho se refere a ela como um pouco difícil
personagem. e como dupla personalidade. Às vezes. ele disse, ela estava altamente sen-
sensível a ponto de mostrar habilidades parapsicológicas, e em outras ela
era bastante realista e comum.
O reverendo e a Sra. Paul Jung tiveram três filhos. O mais velho, Paul, nasceu
em agosto de 1873, viveu apenas alguns dias. Então veio Carl Gustav, o futuro
psiquiatra. e após um intervalo de nove anos. Johanna Gertrud, nascida em
17 de julho de 1884. Ela nunca se casou. não parece ter tido um profissional
ocupação, permaneceu na sombra de seu irmão, a quem ela muito
admirado e morreu em Zurique em 30 de maio de 1935.
Este ambiente familiar pode explicar certos aspectos do pensamento do pulmão CG
e suas divergências com Freud. Freud tinha sido o filho primogênito amado
de uma bela jovem mãe, enquanto Jung manteve a imagem de uma caseira,
mãe ambivalente. A ideia de todo menino estar apaixonado pela mãe
e ciúme do pai parecia absurdo para ele. Por outro lado, Jung
enfatizou não tanto a hostilidade do filho para com o pai, mas a
identificação consciente com ele e com os ancestrais do lado do pai. Não
a dúvida de que pulmão se identificava menos com seu pai do que com seu brilhante
avô romântico e bem-sucedido. Jung costumava sorrir ao negar o
rumores de que este último era filho ilegítimo de Goethe. Esta lenda pode
têm sido um dos incentivos que o levaram a personificar a figura de
o velho sábio no fim da vida.
Jung viveu sua infância e juventude na casa de um pastor rural. o
presbitério (Pfarrhaus) foi chamado de "uma das células germinativas de
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Cultura alemã. "10 Em uma casa espaçosa e tranquila com um grande jardim, o
ministro cumpria seus deveres eclesiásticos, praticava cura de almas, dava
o exemplo das virtudes domésticas. criou sua família e reservou algum tempo para
contemplação e estudo. Muitos filhos de pastores se tornaram homens proeminentes,
embora alguns se rebelaram contra a ortodoxia religiosa de seu pai (se não
contra a própria religião. como Nietzsche). No caso de lung, parece que sua religião
interesses religiosos e filosóficos foram despertados. mas porque ele não podia
receber uma resposta que o satisfaria de seu pai, ele transformou seu
investigação de outros problemas além do âmbito da religião tradicional.
Eventos na vida de Carl Gustav Jung

Nosso conhecimento da vida de Carl Gustav lung ainda é imperfeito. Biográfico
relatos são vagos e revelam grandes lacunas.11 Algumas memórias de seu filho
capuz e juventude foram relatados por seu amigo de longa data, Alfred Oeri.12 Não
estudo documental da vida do pulmão. semelhantes aos dos Bernfelds e do
Gicklhoms para Freud e de Beckh-Widmanstetter para Adler, foi
conduzido até agora, com a única exceção do estudo de Gustav Steiner de
atividade na associação de seus alunos com base nos arquivos dessa associação
ação.13 Jung sempre recusou a sugestão de seus amigos de escrever a história
de sua vida. No final de 1957, quando Jung tinha oitenta e dois anos, ele mudou
sua mente e escreveu o que se tornou os primeiros capítulos de seu auto-
biografia; o restante ele narrou a sua secretária, que mais tarde editou e
publicou-o.14 No entanto. aqui também existem grandes lacunas e contradições
entre algumas das afirmações de lung e a versão fornecida por outras fontes.
Alguém também pode se perguntar como o homem de 82 anos poderia se lembrar
suas primeiras memórias com tanta precisão. Uma pequena parte do extenso pulmão
correspondência foi publicada, e muitos de seus escritos não estão disponíveis
capaz em forma impressa. 1 6
De acordo com os dados civis da Basiléia. Jung nasceu em 26 de julho de 1875 em Kesswil,
Cantão de Thurgovia, às margens do Lago de Constança.l 7 Seis meses depois
sua família mudou-se para Laufen. perto de Schaffhausen, onde permaneceram por
três anos. O presbitério estava situado nas proximidades do Reno
Quedas. Era um local muito pitoresco, mas um tanto assustador para o
criança, se nos referirmos às primeiras memórias de Jung, conforme registradas em seu auto
biografia.
Em 1879, quando Carl ainda não tinha completado quatro anos, a família mudou-se para
Klein-Hiiningen, que na época era uma pequena aldeia de camponeses e
pescadores localizados nas margens do Reno.18 Hoje, Klein-Hiiningen
é um subúrbio industrializado de Basel (ao qual foi incorporado em 1908).
A população rural original foi substituída por trabalhadores recrutados em
outras regiões para as fábricas de produtos químicos e o porto de Basel. Mas nesse re-
mote tempo, Klein-Hiiningen ainda era uma aldeia patriarcal, e Carl Gustav
foi à escola com os filhos de famílias camponesas. O presbitério era um
grande casa velha com jardim e estábulos, que fora o país
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casa da família Iselin, uma rica família patrícia cujo brasão de armas
com três rosas ainda pode ser vista sobre uma das portas. Houve uma dis-
crepitação entre o estilo aristocrático da casa e os meios de um

pastor rural naquela época.
Não sabemos muito sobre a infância de Carl Gustav. Albert Oeri apenas
relata algumas partidas que ele pregou em outras crianças. Em sua autobiografia,
Jung enfatiza as fantasias, sonhos e ansiedade da infância. Ele foi para
escola da aldeia com os filhos de agricultores locais, e sentiu que ele estava
diferente deles. Jung relata que quando tinha seis anos de idade, seu pai
começou a lhe ensinar latim. Posteriormente, ele adquiriu um bom conhecimento de
a linguagem, embora aparentemente ele nunca pudesse se igualar ao domínio de seu pai
disso.
Na primavera de 1886, aos onze anos, Jung começou seu curso secundário
estuda no Gymnasium de Basel. De acordo com sua autobiografia, foi
o início de um período difícil para ele no qual ele não se relacionava facilmente
para seus colegas de escola. Ele era bom em latim, mas pobre em matemática. A
episódio que ocorreu envolvendo Jung é curiosamente semelhante a um em Andre
A vida de Gide. Um colega de escola o jogou traiçoeiramente no chão;
Carl Gustav desmaiou por um curto período, mas simulou um longo período de
inconsciência para assustar o culpado. A partir daí ele perdeu a consciência
sempre que ele queria fugir de ir para a escola ou mesmo de fazer o dever de casa.
Por seis meses, ele fugiu da escola e passou a vaguear e sonhar acordado
pelo campo. Os médicos ficaram perplexos; um deles falou de
epilepsia. Então, um dia Carl Gustav ouviu seu pai expressando seu
preocupação com o futuro de seu filho a um amigo visitante. O menino de repente
percebeu que a vida era um assunto sério e que ele teria que se preparar
para ganhar a vida. Daquele dia em diante, ele se esforçou para reprimir seu
desmaios e retomou os trabalhos escolares. Este episódio revela, não só
como uma neurose infantil pode começar, mas também como pode ser espontaneamente
curado em contraste com Andre Gide, cuja infância foi estragada por um
neurose semelhante. 19 Encontramos também prefigurado aqui um dos principais prin-
princípios da psicoterapia junguiana, ou seja, trazer o paciente de volta para
realidade.
Ele parece que a partir de então tudo correu razoavelmente bem com de pulmão secundário
estudos. No entanto, Jung diz em sua autobiografia quase nada sobre seu
estudos e seus mestres, mas enfatiza os acontecimentos de sua vida interior:
sonhos. devaneios, fantasias. e intuições. Depois de ter visto um antigo
Carruagem do século XVIII, ele de repente sentiu que tinha vivido naqueles
dias e passou a ter lembranças dessa vida anterior. Ele parecia-lhe
que ele tinha duas personalidades: a do menino nervoso e difícil como ele
apareceu ao seu ambiente, e também. desconhecido para todos, o de um proeminente
homem do século XVIII. 20 Além disso, o jovem Carl Gustav leu
extensivamente. Ele ficou impressionado com Schopenhauer, cujo phi- pessimista
a losofia estava então no auge de sua popularidade, e por Goethe em cujo
Página 9
Fausto viu uma interpretação do problema do mal. Ele também passou por
uma crise religiosa entre seus quinze e dezoito anos, uma época que,
como claramente indicado em sua autobiografia, foi marcado por longo, tedioso e
discussões estéreis com seu pai. Desta forma, ele assumiu a atitude
em relação à religião que ele mais tarde expressou em uma declaração favorita: "Eu não posso
acredito no que não sei e no que sei não preciso acreditar.2 1

Carl Gustav Jung passou em seus exames finais, o Matura, no
primavera de 1895.22 De acordo com Oeri, foi uma sorte para ele que o regulamento
da época permitia que um candidato passasse na nota média, de modo que
ele poderia compensar sua grande fraqueza em matemática. Quando for a hora
veio para selecionar uma vocação. ele escolheu a medicina. Seu pai havia garantido um
bolsa de estudos na Universidade de Basel para ele. (Deve-se notar que
bolsas de estudo naquela época eram escassas e dadas apenas a alunos de muito
meios modestos). Seu pai já estava gravemente doente e morreria um ano
mais tarde. Carl Gustav Jung registrado na Faculdade de Medicina da Basel Uni-
versidade em 18 de abril de 1895, e estudou medicina lá desde o verão
semestre de 1895 ao semestre de inverno de 1900-1901.23 Seu pai morreu
em 28 de janeiro de 1896, quando era estudante do primeiro ano de medicina. Jung agora
morava com sua mãe e irmã, e desde então estava na cabeça do
família. Eles se mudaram para uma pequena casa na vila de Binningen, de
que ele iria caminhar para a escola de medicina todos os dias. Ele completou o seu
estudos em cinco anos. que era um tempo relativamente curto, mesmo naqueles dias
e isso nos permite supor que ele trabalhou muito.
Mesmo assim, ele dedicou algum tempo às atividades estudantis. Em 18 de maio,
1895, ele foi admitido na seção de Basileia da Zofingia, um estudante suíço
sociedade. Gustav Steiner relata que a seção de Basileia tinha naquela época
cerca de 120 membros, de quatro faculdades (teologia, filosofia, direito e
medicina), e que havia uma média de 80 membros nas
reuniões.2 4 Albert Oeri, que pertencia à mesma sociedade, escreve que
Jung não estava interessado nos bailes sociais, nem nas festanças de seus membros
bers, mas principalmente nas noites de discussão em que ele participou ativamente,
particularmente quando o tópico era sobre questões de filosofia, psicologia ou
ocultismo. Gustav Steiner descreve como Jung cativou as mentes de seus
público. Ele estava apaixonadamente interessado em autores como Swedenborg,
Mesmer, Stilling de pulmão. Justinus Kerner, Lombroso e, acima de tudo Schopen-
hauer. Como veremos mais tarde, os discursos de Jung e sua participação no
discussões foram registradas nos arquivos da Sociedade, o que nos permite
traçar a origem de vários dos conceitos básicos da psicologia analítica para
neste período inicial. Gustav Steiner também fala da ascendência de Jung sobre sua
companheiros estudantes e relata como Jung uma vez se gabou de ser um descendente
de Goethe. "Não foi a lenda que me deixou perplexo", acrescenta Steiner, "mas
o fato de que ele nos contou sobre isso. "
Em sua autobiografia, Jung relata que considera sua descoberta de
O Zaratustra de Nietzsche como um grande evento deste período, um livro que exerceu
Página 10
uma fascinação extraordinária nele, assim como em muitos dos jovens

de sua geração. Ele também fala de um dia de verão, enquanto ele estava trabalhando
em seu quarto e sua mãe estava tricotando perto da sala de jantar ao lado do
janela. Eles ouviram um barulho violento, como o de uma explosão. De Jung
mãe estava assustada; uma mesa redonda de nogueira quase se dividiu em duas.
Duas semanas depois, outra explosão ressoou, desta vez dentro de um armário.
A lâmina de uma faca de pão "explodiu" em quatro pedaços como se tivesse
foi cortado direto. Pouco depois, Carl Gustav soube que um

uma prima materna de quinze anos, Helene Preiswerk, era ativa
em experiências espíritas e estava sujeito a ataques de sonambu -
lism. Esse foi o início de um episódio importante na vida de Jung.
Carl Gustav, então com vinte e três anos, juntou-se ao grupo
que realizou experimentos com a jovem médium, Helene Preiswerk. 25
As notas recolhidas por Jung sobre esses experimentos deveriam ser o
base para sua dissertação médica subsequente. Enquanto isso ele devorou
tudo o que ele conseguiu encontrar que havia sido escrito sobre espiritismo e parapsicologia
ecologia, e discutiu esses assuntos nas reuniões de Zofingia, defendendo
a causa do espiritismo, e falando de Zollner e Crookes como sendo mártires
da Ciência.
No final dos estudos médicos de Jung, seu interesse mudou para
psiquiatria. De acordo com sua autobiografia, isso foi o resultado de uma repentina
impulso que sentiu ao ler Lehrbuch der Psychiatrie de Krafft-Ebing .
Mas a psiquiatria era tão nova para ele quanto sugeria? De acordo com o arquivo
da Universidade de Basel, ele fez um curso de psiquiatria com o Professor
Wille durante o semestre de inverno de 1898 a 1899 e o semestre de verão
de 1900, sem falar no fato de que seu avô Carl Gustav 1 ung
estava profundamente interessado em crianças retardadas, e seu pai tinha sido
o capelão do Hospital Psiquiátrico de Friedmatt. Naquela época, na Suíça
terra, o único meio de se tornar um psiquiatra era ingressar na equipe de
um hospital psiquiátrico universitário como assistente (residente) e gradualmente
ascender os graus da hierarquia médica. Jung desejava deixar Basel,
onde ele sentiu que estava intimamente identificado com as famílias de seus pais, e ele
candidatou-se a um cargo no famoso Hospital Psiquiátrico Burgholzli em Zurique.
Enquanto isso, Jung havia passado no exame final, provavelmente em outubro
1899 e havia completado seu primeiro período de serviço militar (o chamado
Escola de Recrutas) como soldado de infantaria em Aarau. 26 Ele então começou seu novo
atividade no Burgholzli em 11 de dezembro de 1900. 2 7
O residente recém-nomeado que chegou ao Burgholzli foi apresentado
conduzido pelo porteiro para uma sala de espera, onde, um momento depois,
O professor Eugen Bleuler veio saudá-lo com algumas palavras de boas-vindas.
Então, apesar dos protestos do jovem médico, o professor levaria
sua mala e levá-la pessoalmente ao quarto do residente. A partir deste momento
em diante, o jovem viveria em uma espécie de mosteiro psiquiátrico. Eugen
Bleuler era a personificação do trabalho e do dever. 28 Ele era exigente para-
Página 11
guarda a si mesmo e em direção a sua equipe. Ele exigiu uma quantidade extenuante de
trabalho e devoção ilimitada aos pacientes. Os residentes tiveram que fazer o
primeiras rodadas em suas alas antes da reunião diária da equipe que ocorreu em
8:30 AM, onde eles tiveram que relatar sobre seus pacientes. Duas ou três vezes
uma semana às 10:00 AM houve uma reunião chamada de Gemeinsame (a
discussão comum entre a equipe sobre as histórias de casos de novos pacientes),
sob a direção de Bleuler. Rondas noturnas tiveram que ser feitas entre
17h e 19h Não havia secretárias e os residentes tinham
para digitar seus próprios históricos de caso, muitas vezes trabalhando até 10:00 ou 11:00
PM portas
tinham do hospital
a chave foram fechadas
e se quisessem a 10:00 das
voltar depois PM residentes júnior não
22h, estavam
obrigado a pedir um emprestado a um residente mais velho. Bleuler mostrou o máximo
devoção aos pacientes; ele costumava fazer visitas curtas nas enfermarias até
quatro ou seis vezes ao dia. Dr. Alphonse Maeder que estava no Burgholzli
a equipe naquele tempo heroico relata o seguinte:
O paciente era o foco de interesse. O aluno aprendeu a conversar com ele.

Burgholzli era naquela época uma espécie de fábrica onde você trabalhava muito e
foram mal pagos. Todos, desde o professor até o jovem residente, estavam totalmente
absorvido por seu trabalho. A abstinência de bebidas alcoólicas foi imposta a todos
1. Bleuler era gentil com todos e nunca desempenhou o papel de chefe. 29
O professor Jakob Wyrsch adiciona o seguinte:
Bleuler nunca culpou um residente. Se algo não tivesse sido feito, ele apenas
indague sobre os motivos da omissão. Não havia nada de ditatorial nele.
Ele costumava ir ao quarto dos residentes depois do almoço e tomar café com eles.
Então ele perguntava sobre novos desenvolvimentos na medicina ou cirurgia, não para testar
o conhecimento dos residentes. mas apenas para se manter informado 30
pulmão relata que passou os primeiros seis meses ali, isolado do

mundo exterior e sem ser capaz de estabelecer muito contato com seu
colegas, e que leu os cinquenta volumes do Allgemeine Zeitschrift
fiir Psychiatrie nas horas vagas. É extraordinário que em seu autobi-
ografia o nome de Bleuler não é mencionado nenhuma vez, e que Jung afirma
que quando ele chegou ao Burgholzli, os psiquiatras haviam apenas
interessado em descrever os sintomas e rotular os pacientes, e "a psicologia
do paciente mental não desempenhou papel algum. "Esta afirmação é unânime
amplamente contradito por todos aqueles que trabalharam com Bleuler. Naquele primeiro
ano Jung também concluiu seu curso de treinamento de oficial em Basel e recebeu
o grau de tenente no exército suíço. Sua dissertação médica, dedicada
à história de seu jovem primo médium, apareceu em 1902.
Ele então tirou uma licença para estudar com Janet em Paris durante o
semestre de inverno de 1902 a 1903. Curiosamente, este período de sua vida
Página 12
também não é mencionado em sua autobiografia. De acordo com fontes informadas

nos círculos junguianos, ele não era um estudante particularmente assíduo e passou
muito tempo visitando os pontos de interesse da capital francesa.
Ao retornar de Paris, Jung retomou seu trabalho no Burgholzli
e se casou em 14 de fevereiro de 1903 com Emma Rauschenbach, a filha
de um rico industrial de Schaffhausen. Bleuler, que tinha acabado de
introduziu o uso de testes psicológicos, tal como existiam naquela época
a Burgholzli, pediu a Jung que experimentasse o Teste de Associação de Palavras,
pesquisa na qual ele posteriormente se mostrou muito bem-sucedido.
Quem conhecia Jung naquela época teve a impressão
que ele estava começando uma carreira excepcionalmente brilhante como psiquiatra universitário.
O ano de 1905 foi feliz para ele. Primeiro, ele foi nomeado Primeiro Oberarzt,
um título que é equivalente ao de diretor clínico em uma instituição americana

ção; isso significa que ele veio logo depois de Bleuler na hierarquia do hospital.
Em segundo lugar, ele foi nomeado chefe do serviço ambulatorial, no qual a hipnose
estava então sendo gradualmente substituído por outras formas de psicoterapia. Terceiro,
ele adquiriu o invejado título de Privat Dozent na universidade. Ele inaugurou
ensinou no semestre de inverno de 1905 a 1906 com um curso sobre
psiquiatria com demonstrações. Isso ele seguiu, durante o verão
semestre de 1906, com curso de psicoterapia, também com manifestações.
Por vários anos, ele alternou um curso de histeria durante o inverno
semestre e um em psicoterapia no semestre de verão. 31
Em 1906, Jung publicou o primeiro volume dos estudos que ele tinha
realizado com vários colaboradores no Teste de Associação de Palavras. Ele ex-
mudou suas primeiras cartas com Freud, e a partir dessa época ele foi totalmente dedicado
citado à causa da psicanálise. Em novembro de 1906, ele publicou um
réplica afiada a uma crítica moderada que Aschaffenburg havia feito de Freud
teoria da histeria. Em fevereiro de 1907, ele foi visitar Freud em Viena. Dentro
Setembro de 1907, ele participou do Congresso Psiquiátrico Internacional em
Amsterdam como porta-voz de Freud na discussão da histeria. Em
26 de novembro do mesmo ano, ele deu uma palestra sobre psicanálise em um
reunião da Sociedade Médica de Zurique, que trouxe à tona uma animada discussão
cussão em que foi apoiado por Bleuler. 32 Também naquele ano, J ung's Psy-
chology of Dementia Praecox apareceu, a primeira monografia dedicada ao
investigação "psicológica profunda" de um paciente psicótico. Enquanto isso, o
toda a equipe do Burgholzli ficou fascinada com as idéias de Freud e procurou
para elucidar em que medida eles podem ser aplicados para a compreensão de
doença mental.
Em 1908, Jung mandou construir uma grande e bela casa de acordo com a sua
projeto em Kiisnacht, na margem do lago perto de Zurique. Ele adquiriu
reconhecimento internacional, e em 1909 foi convidado a participar do
cerimônias para o vigésimo aniversário da fundação da Clark Uni-
versidade em Worcester, Massachusetts. Freud, como vimos, também foi um
dos convidados, e ambos deram palestras em setembro de 1909.
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Mais ou menos na mesma época, Jung deixou o Burgholzli e mudou-se para sua casa
em Kiisnacht, onde passaria o resto da vida. Este ponto de viragem
em sua vida foi explicado de várias maneiras, mas sem dúvida um conflito agudo
tinha se desenvolvido entre ele e Bleuler. Parecia que Jung estava tão intrigado
envolveu-se com a psicanálise que negligenciou seus deveres hospitalares, e os dois
os homens tiveram frequentes choques de opinião. 33 Jung agora se dedicava ao seu
crescente prática privada, e desempenhou um papel eminente na psicanálise
movimento durante 1909 a 1913. Ele foi o primeiro presidente do Inter
National Psychoanalytic Association e o editor-chefe do Jahr-
buch, o primeiro periódico psicanalítico. A partir de 1910, durante cada
semestre de verão Jung deu um curso de palestras na Universidade de Zurique
intitulado "Introdução à Psicanálise".
A história da relação entre Freud e Jung por muito tempo
era conhecido apenas por meio dos relatos de Freud e seus discípulos.
A versão de Jung da história foi apresentada por ele em 1925 em um seminário para
um grupo limitado de alunos e, em 1962, para um público maior em seu automóvel

biografia. Jung nunca escondeu sua admiração por Freud e sua dis-
coveries. Mas Freud também representou para ele a figura paterna que ele havia falhado
descobrir em Flournoy e em Janet. Freud estava procurando um discípulo
digno de sucedê-lo, e ele acreditava tê-lo encontrado em Jung.
Houve, portanto, um período de entusiasmo mútuo, que foi intensificado por
o fato de que não foi apenas Jung, mas seu mestre Bleuler, que publicou
a defesa de Freud. Mas desde o início também houve uma
mal-entendido mental. Freud queria discípulos que aceitassem sua
doutrina sem reservas. Bleuler e Jung viram seu relacionamento como um
colaboração que deixou ambos os lados livres. No começo, a relação era
facilitado por boa vontade mútua. Jung teve o mesmo vencedor e flexível
a natureza como seu avô paterno; Freud estava disposto a ser paciente e a
fazer certas concessões. embora ele tenha permanecido inflexível em relação ao seu
teoria do complexo de Édipo e da libido. Mas essas eram as ideias que
Jung nunca aceitou, e por isso era inevitável que Freud viesse
reprovar Jung por seu oportunismo, e Jung por rejeitar Freud por seu autor
dogmatismo italiano. A verdadeira história de seu relacionamento provavelmente será
conhecido apenas quando sua correspondência é publicada.
A psicanálise ainda não era a doutrina unificada que mais tarde se tornaria.
Conforme explicado por Maeder. os membros do grupo psicanalítico de Zurique
não foram submetidos ao estrito controle de Freud, como os de Viena. 34
Eles se sentiram livres para desenvolver suas ideias à sua maneira, de modo que logo
as divergências podem permanecer sem controle por mais tempo. Os primeiros sérios apareceram
em 1911 em Metamorphosis and Symbols of the Libido de Jung . Então, de
De dezembro de 1911 a fevereiro de 1912, em Zurique ocorreu um animado
polêmica em que Jung interveio como campeão de Freud. 35 em novembro
1912 Jung foi convidado a dar palestras sobre psicanálise em Nova York,
onde ele deu sua própria versão da psicanálise como sendo mais uma
Página 14
desenvolvimento das idéias básicas de Freud. Freud ficou cada vez mais desconfiado de
essas divergências. No entanto, ele confiou a Jung a missão de de-
defendendo a psicanálise contra Janet no Congresso Internacional de Med-
icine realizada em Londres em agosto de 1913. Mas o relatório de Jung sobre a psicanálise
continha principalmente suas próprias opiniões sobre o assunto. 36 Quando o Internacional
Associação Psicanalítica se reuniu no mês seguinte em Munique, o conflito
entre Jung e o grupo psicanalítico assumiu um caráter mais agudo. 37
Em outubro de 1913, Jung demitiu-se da Associação Psicanalítica e
a editoria do Jahrbuch. Jung também renunciou ao cargo de Privat Dozent;
ele deu seu último curso de palestras no semestre de inverno do acadêmico
ano de 1913 a 1914, após o qual ele rompeu seus laços com a Universidade de Zurique
como ele os havia quebrado com Burgholzli em 1909 e com o Psychoana-
Associação lítica em 1913. 38 Esses eventos marcaram o início de uma
período intermediário de seis anos (do final de 1913 a 1919), que teve longa
permaneceu o mais obscuro da vida de Jung e cujo significado completo tem sido
revelado por sua autobiografia.
Era sabido que após sua ruptura com Freud e sua renúncia ao
na Universidade de Zurique, Jung dedicou-se à sua prática privada. Durante
Primeira Guerra Mundial, ele foi mobilizado de forma intermitente por períodos que totalizaram um
alguns meses todos os anos. e de 1914 a 1919 publicou muito pouco. Dentro
um seminário realizado em 1925. Jung expôs os estágios de seu confronto
com o inconsciente que ele assumiu durante aqueles anos. 39 estes
fatos, que eram conhecidos apenas por um pequeno círculo de adeptos, agora
foi divulgado ao público através de sua autobiografia. Eles nos dão o
chave para a compreensão da doutrina de Jung e a explicação de sua
origem.
Jung, que trabalhava no Burgholzli com psicose severa
pacientes, ficaram impressionados com a ocorrência frequente de símbolos universais.
(que ele mais tarde chamou de arquétipos) em seus delírios e alucinações.
Isso o levou a supor que existia outro reino do inconsciente
scious. além daquela das representações reprimidas, que foi objeto de
A investigação de Freud. Jung tinha agora atingido a idade que, de acordo com seu
próprias teorias marcam a "virada da vida", que é o período entre trinta e
cinco e trinta e oito. Ele empreendeu um cruzeiro de quatro dias no Lago de Zurique com
Albert Oeri e três amigos mais novos. Albert Oeri leria em voz alta para o
outros, o episódio de Nekyia da Odisséia de Homero (a Jornada de Ulisses para
a jornada dos mortos) na tradução clássica alemã de Voss. 40 era
um agradável prelúdio para a jornada através do inconsciente que J ung deveria
realizar e o que ele freqüentemente se refere como sua própria Nekyia. Parece que
entre 1910 e 1913 Jung fez algumas tentativas para compreender aquele desconhecido
reino, permitindo que material inconsciente surja em sonhos e fantasias.
Então chegou o momento em que ele deu o passo decisivo e o lançou -
para o empreendimento solitário e perigoso.
Este novo experimento foi análogo à "autoanálise" de Freud, que foi
provavelmente desconhecido para Jung. embora o método fosse bem diferente.
Página 15
Enquanto Freud havia usado a associação livre, Jung recorreu à técnica

de provocar o surgimento de imagens inconscientes e seu transbordamento para
consciência por dois meios: primeiro, escrevendo e desenhando seus sonhos
todas as manhãs, e em segundo lugar, contando histórias para si mesmo e se forçando a
prolongá-los escrevendo tudo o que sua imaginação livre
poderia ditar. Foi , de acordo com Jung, em 12 de dezembro de 1913, que ele
começou esses exercícios. No início, ele dirigiu seus devaneios, imaginando que
ele estava cavando na terra e em galerias e cavernas subterrâneas, onde
ele encontrou todos os tipos de figuras estranhas. Em 18 de dezembro, os arquétipos
começaram a se manifestar mais diretamente. Jung sonhou que ele era
com um jovem selvagem em uma montanha do deserto onde mataram o velho alemão
herói maníaco, Siegfried. Jung interpretou este sonho como significando que ele tinha
para matar uma identificação secreta em si mesmo com uma figura heróica que tinha que ser
superar. 41 No mundo subterrâneo para onde suas fantasias agora o levavam, ele
conheceu a figura de um velho, Elias com uma jovem cega, Salomé, e
mais tarde, um homem sábio e culto, Filemom. Ao conversar com Philemon, Jung
aprendeu que o homem pode ensinar a si mesmo coisas das quais não tem consciência.
Mas o mundo dos arquétipos ameaçou submergí-lo, e Jung foi
ciente de que esse tipo de exercício era muito perigoso. Ele então impôs
ele mesmo várias

Felizmente regras.
para ele, Primeiro,
ele tinha ele teve
uma casa, umaque manteruma
família, umprofissão
forte vínculo com
e uma a realidade.
clientela,
e ele se obrigou escrupulosamente a cumprir seus deveres para com todos
eles.
Em segundo lugar, ele teve que examinar cuidadosamente cada imagem do inconsciente e
traduzi-lo, na medida do possível, para a linguagem da consciência.
Terceiro, ele tinha que verificar até que ponto as revelações do inconsciente
¢ poderia ser traduzido em ações e incorporado na vida cotidiana. Como um resultado
dessas regras, Jung diz, ele foi capaz de alcançar essa descida ao Hades
e emergir vitoriosamente de uma experiência perigosa. Jung considerou que Nietzsche
teve uma experiência semelhante. Seu Zaratustra foi uma erupção formidável de
material arquetípico, mas porque ele não estava firmemente ancorado na realidade,
morando sozinho, sem família e sem ocupação, Nietzsche estava acabado.
whelmed.
Um dos episódios mais singulares do experimento de Jung ocorreu quando
um dia, enquanto escrevia sob o comando do inconsciente, ele perguntou
a si mesmo: "Isso é realmente ciência o que estou fazendo?" e ouvi uma mulher
a voz responde-lhe: "É arte!" Ele negou, mas a voz insistiu que
era arte e conversaram um pouco. Ele então percebeu que tinha
ele mesmo uma subpersonalidade feminina autônoma a quem ele chamou de
anima. A anima falava com a voz de uma senhora que nessa época tinha um
certa influência sobre ele. Jung estava ciente de que o que a anima lhe disse era
não é verdade, e ele aprendeu após um longo confronto com a anima que ela
influência pode ser benéfica ou prejudicial; o assunto era estabelecer
lish com ela o relacionamento apropriado.
Outro passo foi dado quando Jung sentiu a necessidade de elaborar
Página 16
nessas mensagens do inconsciente. De acordo com sua autobiografia,

em certo domingo de 1916 ele ouviu a campainha da porta principal do
anel da casa, embora ninguém estivesse à vista. Ele então teve a impressão de que
uma multidão de fantasmas estava invadindo a casa. Jung exclamou dentro dele-
self: "Qual é o significado de tudo isso?" e era como se um refrão
respondeu: "Nós somos as almas dos mortos que voltaram de Jerusalém
sem ter encontrado o que procuravam. "Esta resposta forneceu a
primeira frase de seu Septem Sermones ad Mortuos (Sete Sermões para o
Dead), que ele escreveu em três noites e publicou em uma edição privada,
atribuindo-os a Basilides de Alexandria. 42 Posteriormente, ele escreveu dois
outras obras, provavelmente na mesma linha neognóstica, o Livro Negro e o
Livro Vermelho, que permaneceram inéditos.
Gradualmente, Jung teve a impressão de que estava emergindo de um longo
noite, e ele fez outra descoberta notável: o processo em que ele teve
sido contratado tinha um objetivo; levou o indivíduo à descoberta de mais
elementos íntimos de sua personalidade, o self. 43 Esta progressão do
inconsciente para o consciente e do ego para o eu, J ung chamou o
individuação. Perto do final da Primeira Guerra Mundial, Jung descobriu que um
avanço decisivo na individuação foi muitas vezes marcado pela ocorrência de um
figura quadrática específica em seus sonhos, mais ou menos semelhante às mandalas
da Índia e do Tibete. No início de 1919, Jung encerrou sua experiência
mento, do qual ele emergiu como um novo homem com um novo ensinamento. Ele era
agora para devotar o resto de sua vida à aplicação e propagação de sua

descobertas.
Vemos, portanto, que o período intermediário de 1913 a 1919 foi aquele
de uma doença criativa. Ele tinha os mesmos recursos que já selecionamos
na doença de Freud. As doenças criativas de ambos os homens conseguiram um
período de intensa preocupação com os mistérios da alma humana.
Freud e Jung cortaram ou restringiram ao mínimo seus laços com o
universidades e organizações profissionais ou científicas. Ambos sofreram sintomas
tomos de doença emocional: Freud falou de sua "neurastenia" ou de sua "histeria";
Jung passou longos períodos meditando à beira do lago ou empilhando pedras em pequenas
castelos. Ambos os homens foram submetidos a exercícios psíquicos autoimpostos, cada um de acordo
seguindo seu próprio método: Freud por associação livre, esforçando-se para recuperar o
memórias perdidas de sua primeira infância; Jung pela imaginação forçada e o
desenho de seus sonhos. Em ambos os homens, esses exercícios funcionaram como uma
terapia, embora no início aumentassem seus sofrimentos. Estes
experimentos certamente não eram isentos de perigo. O amigo paradoxal de Freud
navio com Fliess pode ser melhor entendido como um meio de manter um vínculo
com a realidade. Quanto a Jung, não sabemos em que parte as relações humanas
pode ter jogado durante aqueles anos. mas ele deliberadamente se agarrou a seus deveres
para com sua família, profissão e país.
jornada do pulmão através do inconsciente é conhecida por nós apenas a partir do de-
scripts que deu em seus seminários de 1925 e, mais tarde, em sua autobiografia.
Página 17
Infelizmente, não existem documentos contemporâneos sobre isso comparáveis

às cartas de Freud para Fliess, e muito poucos relatos sobre sua
atividade durante esse período. Jung diz que durante esse tempo ele estava
completamente isolado e abandonado por todos os seus amigos. Sem dúvida
exagerado, uma vez que manteve alguns discípulos e um pequeno grupo junguiano
foi fundada em 1916 em Zurique com o nome de Psychologischer Club. 44
O término de uma doença criativa geralmente ocorre rapidamente e é seguido
por uma curta fase de euforia. uma sensação de alegria e uma necessidade de
atividade. Em seus seminários, Jung às vezes fazia alusão aos sentimentos dos índios
indivíduo que superou a introversão extrema e progride em direção
extroversão, e à "sensação de alívio e liberdade" do homem que não
mais sente o peso das convenções sociais.
Quando o resultado de tal experimento é bem-sucedido, ele se manifesta em
uma mudança permanente na personalidade. Jung, como Freud, agora era capaz de ser
o fundador e líder de sua própria escola. Mas, em contraste com Freud, Jung
também emergiu de sua doença criativa com uma maior propensão a
intuições. experiências psíquicas. e sonhos significativos. É outra
característica daqueles que viveram tal aventura espiritual para
atribuem um valor universal à sua experiência pessoal. Quem tem
Jung conhecido lembra o tom de absoluta convicção com que falou
da anima. o eu. os arquétipos e o inconsciente coletivo. Para
ele eram realidades psicológicas que existiam tão certamente quanto
mundo material ao seu redor.
No período seguinte à Primeira Guerra Mundial, Jung emergiu de seu psicológico
experiência como um homem que passou por uma meta interior de profundo alcance
morfose. Ele agora era o chefe de uma escola de psicologia e uma

psicoterapeuta procurado que atraiu muitos pacientes da Inglaterra
e América. Ele morava em sua bela casa patrícia de Kiisnacht com
sua família, que agora incluía cinco filhos: Agathe (nascida em 26 de dezembro,
1904), Anna (nascida em 8 de fevereiro de 1906), Franz (nascida em 28 de novembro de 1908),
Marianne (nascida em 20 de setembro de 1910) e Emma (nascida em 18 de março de 1914).
Sua esposa era uma mulher excepcional, uma mãe extremamente capaz e
dona de casa, com interesses vivos, que se tornou sua colaboradora e se candidatou
seus métodos psicoterapêuticos. De sua "Viagem pelo Inconsciente"
Jung trouxe de volta tal abundância de arquétipos e símbolos que
ele agora poderia passar cerca de vinte anos elaborando este material, usando-o
na terapia e em toda uma série de seminários datilografados e volumes impressos.
Alguns dos discípulos de Jung descrevem sua vida durante os vinte anos que
seguido como sendo exclusivamente dedicado à psicoterapia, ensino e o
escrever seus livros. O próprio Jung afirmou que sua vida tinha sido "singularmente
pobre em acontecimentos exteriores. "Esta é, sem dúvida, uma simplificação exagerada, uma vez que
ele viajou muito e teve encontros com personalidades notáveis.
Em 1919, Jung foi à Inglaterra para dar uma palestra sobre a crença em espíritos no
Society for Psychical Research: em sua opinião, "espíritos" não eram mais do que
Página 18
as projeções das partes divididas do inconsciente. No entanto, no seguinte

ano ele voltou para a Inglaterra, desta vez para uma estadia mais longa, durante a qual
de acordo com seu próprio relato, ele teve uma experiência curiosa que culminou
em uma breve visão de um fantasma; ele posteriormente soube que aquela casa era
considerado assombrado. 45 Em 1920 ele também fez uma viagem para Argel,
Tunis, e para algumas partes do Saara, observando a vida e mentalidade em
civilizações não europeias com grande interesse.
Em 1921, uma das obras mais conhecidas de Jung, The Psychological Types, ap-
peared.46 Um livro substancial de 700 páginas, que contém não apenas sua teoria de
introversão, extroversão e o sistema tipológico, mas também uma visão geral
de suas novas teorias do inconsciente. Muitos de seus trabalhos posteriores são apenas
elaborações dos pensamentos que ele esboçou neste livro.
No início da década de 1920, Jung conheceu o sinologista de renome,
Richard Wilhelm. Em 1923, Jung o convidou para dar palestras no Psy-
Clube ecológico em Zurique. Mas mesmo antes de Wilhelm publicar seu alemão
tradução do I Ching, Jung estava apaixonadamente interessado naquele
método de oráculos e experimentou-o, aparentemente com algum sucesso.
Mas ele cuidadosamente se absteve de comentar sobre suas experiências para muitos
anos depois. Nos mesmos anos, Jung participou de atividades mediúnicas
experimentos em Zurique com Eugen Bleuler e Von Schrenck-Notzing. Eles
trabalhou com o então famoso médium austríaco, Rudi Schneider. Jung,
no entanto, se recusou a tirar quaisquer conclusões após esses experimentos e fez
nem mesmo mencioná-los no momento. Em 1923, Jung comprou um pedaço de propriedade
em Bollingen, na margem do outro lado do Lago de Zurique, onde ele
posteriormente construiu uma torre, onde deveria passar seus fins de semana e feriados
dias.
Neste ponto, parece que, a fim de aumentar seu conhecimento do
inconsciente, Jung sentiu que seria mais lucrativo se ele tivesse contato
com homens de sociedades primitivas. Assim, quando ele foi para os Estados Unidos em
1924 e 1925 ele se juntou a um grupo de amigos americanos e foi com eles
para visitar os índios Pueblo do Novo México. Jung ficou impressionado com o
atmosfera de extremo sigilo que reinava entre os índios Pueblo, e
pela imagem nada lisonjeira do branco dada a ele por um Taos inteligente
homem. Um ano depois, Jung foi morar por vários meses entre um africano
tribo no Monte Elgon em Tanganica. Jung, dizem, vivia em uma pequena cabana
fora da aldeia para que pudesse observar o dia a dia e conversar com o
pessoas sem se intrometer em suas vidas. Ele teve conversas interessantes
com alguns dos homens, especialmente com o curandeiro, e manteve um diário
de suas observações. 4 7
Na década de 1930, a fama de Jung estava crescendo. Em 1930 ele foi nomeado
presidente honorário da Sociedade Alemã de Psicoterapia. Em novembro
25 de novembro de 1932, a Câmara Municipal de Zurique decidiu conceder-lhe o Prêmio por
Literatura da cidade de Zurique, no valor de 8.000 francos suíços.4s
A cerimônia aconteceu na Prefeitura de Zurique no dia 18 de dezembro.
Página 19
Jung foi elogiado porque, graças a ele, a "psicologia sem alma"

do século XIX foi superado, bem como o unilateral
concepções de Freud, pois suas idéias exerceram notável influência sobre
literatura, e ele próprio fez comentários sobre obras literárias. 49
Jung retomou seu interesse por experimentos mediúnicos durante a década de 1930.
Ele agora se sentia convencido da realidade desses fenômenos, que pareciam
inexplicável para ele. Mas ele cuidadosamente se absteve de se referir publicamente a
eles. Ele também teve grande interesse nos escritos dos alquimistas, a quem
ele viu como os precursores da psicologia do inconsciente.
Em janeiro de 1933, Hitler assumiu o poder na Alemanha. O alemão
A Sociedade de Psicoterapia foi reorganizada de acordo com o Nacional Socialista
princípios e seu presidente Ernst Kretschmer renunciou ao cargo. Um Inter-
A sociedade nacional foi organizada com Jung como seu presidente, mas esta sociedade
era uma chamada Dachorganisation, "organização do telhado", consistindo na
sociedades nacionais (entre as quais a alemã) e de indivíduos
membros ual. Como Jung explicou mais tarde, isso foi um subterfúgio para permitir
Psicoterapeutas judeus expulsos da sociedade alemã para permanecer dentro
a organização.
De outubro de 1933 a fevereiro de 1934, na Escola Politécnica Suíça
em Zurique, Jung ministrou um curso de História da Psicologia, no qual
pesquisou o pensamento psicológico dos filósofos desde Descartes, com
ênfase particular em Fechner. CG Carus e Schopenhauer. Mas o
grande parte do curso foi dedicada a Justinus Kerner e a Vidente
de Prevorst. Flournoy também foi reconhecido por sua pesquisa sobre
Helene Smith.
Em fevereiro de 1934, Gustav Bally expressou surpresa que Jung deveria
continuar suas funções dentro da Sociedade de Psicoterapia e que ele
tornou-se o editor-chefe da Zentralblatt fur Psychotherapie. 50
Jung respondeu que Bally estava errado. Ele teria sido fácil para ele
desistir de todo o assunto, mas ele preferiu ajudar seus colegas alemães
correndo o risco de ser mal interpretado. 51 Ele explicou que não havia tomado
o lugar de Kretschmer na antiga Sociedade Alemã de Psicoterapia,
mas foi eleito presidente da recém-constituída Sociedade Internacional
para psicoterapia. Ele protestou contra a acusação de apoiar o
Nazis e do anti-semitismo. Bally não respondeu, mas alguns anos depois ele
publicou uma apreciação da psicologia junguiana de rara imparcialidade,
mostrando muita simpatia por Jung. s2
Em 1935, Jung foi nomeado Professor Titular de Psicologia no
Escola Politécnica Suíça de Zurique. No mesmo ano ele fundou a Swiss
Society for Practical Psychology. Em setembro de 1936 ele foi um dos
participantes da celebração do tricentenário na Universidade de Harvard; ele leu
um artigo e foi conferido o grau honorário de Doutor em Ciências.
No final de 1937, Jung foi convidado a participar da celebração do
25º aniversário da Universidade de Calcutá, que lhe deu uma oportunidade
Página 20
oportunidade de viajar pela Índia e Ceilão. 53 No entanto, de acordo com seu

autobiografia, Jung estava mais preocupado em encontrar sua própria verdade do que
recebendo ensinamentos dos sábios da Índia. No entanto, ele experimentou
uma jornada profundamente estimulante. 54 Jung também recebeu um doutorado honorário
na Universidade de Oxford em 1938, e eleito um membro honorário do
Royal Society of Medicine em Londres em 15 de maio de 1939.
À medida que a situação internacional piorava, Jung, que nunca
mostrou um interesse excessivo pela política mundial, tornou-se cada vez mais preocupado
com eles. Pelas entrevistas que deu a várias revistas, vemos que ele
tentou analisar a psicologia dos chefes de estado e, particularmente, de dita-
tor. Em 28 de setembro de 1937, ele estava em Berlim durante a histórica visita de
Mussolini com Hitler e os observou de perto por três quartos de um
hora durante o desfile. Daí em diante problemas de psicoses de massa
e os perigos que ameaçam a existência da humanidade gradualmente se tornaram o
foco das preocupações de Jung.
Em 15 de outubro de 1943, Jung recebeu o título de Professor de Medicina
Psicologia com especial atenção à psicoterapia, pela Universidade de Basel.
Ele deu apenas duas ou três palestras e renunciou por conta de sua
saúde. Ele tinha, portanto, tardiamente recebido de sua cidade natal o acadêmico
reconhecimento que ele perdera vinte anos antes em Zurique.
Uma nova virada ocorreu na vida de Jung no final da Segunda Guerra Mundial.
Sua autobiografia lançou uma nova luz sobre os aspectos até então desconhecidos da
esta evolução adicional. No início de 1944, relata Jung, ele quebrou seu
pé e depois sofreu um enfarte do coração durante o qual perdeu
consciência e se sentia como se estivesse morrendo. Ele teve uma visão cósmica, percebendo
nosso planeta a uma distância imensa, e sua personalidade parecia não
mais do que a soma total do que ele disse e fez durante sua vida.
Então, no momento em que ia entrar numa espécie de templo, viu
seu médico vindo em sua direção; ele tinha assumido as feições de um rei de
a ilha de Cos (a pátria de Hipócrates) para trazê-lo de volta à terra,
e Jung teve a impressão de que a vida do médico estava em perigo
enquanto o seu próprio foi salvo (na verdade, o médico morreu inesperadamente alguns
semanas depois). Jung declarou que primeiro sentiu uma decepção amarga quando
ele voltou à vida. Na verdade, algo havia mudado nele, seu pensamento
tinha assumido uma nova direção, conforme mostrado pelas obras que escreveu a partir daquele
tempo ligado. Ele agora era o "velho sábio de Kusnacht". Para o restante de
sua vida, ele deveria escrever livros que assustariam seus discípulos (tal era o seu
Answer to Job), conceda entrevistas a visitantes de todo o mundo e
recebeu muitas honras, mas também sofreu muitas indignidades.
No final da Segunda Guerra Mundial, Jung foi objeto de uma campanha instigada
por pessoas que o acusaram de ter exibido uma atitude pró-Hitleriana e anti-
Atitude semítica durante o período de 1933 a 1940. 55 J ung foi acusado
de ter se tornado presidente da Nazified German Association of Psycho-
terapia depois que os membros judeus foram expulsos e Kretschmer
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resignado. A acusação de anti-semitismo residia em algumas citações de

um artigo no qual Jung falou de uma psicoterapia judia e uma ariana. 56 para
os amigos deste Jung responderam: Primeiro, que Jung nunca tinha feito a sucessão de
Kretschmer na Associação Alemã, mas aceitou a presidência da
Associação Internacional, a fim de ajudar o que poderia ser dado ao
Membros judeus. 57 Naquela época, ou seja, em 1934, as pessoas ainda acreditavam que aquele
podia negociar com os nazistas, e até 1936 o próprio Jones conversou em
Basel com o Dr. Goering e outros representantes do movimento nazista. 58
Os amigos de Jung responderam, em segundo lugar, que as sentenças incriminatórias não tinham
anti-semita significa que os acusadores de Jung encontraram neles. Jung sustentou a opinião
íon que não havia um método universal em psicoterapia e que o Zen ou
Yoga, que poderia ser eficaz no Japão ou na Índia, não era necessariamente assim no
Europa; de forma semelhante, os suíços que estavam profundamente enraizados por gerações
ções nas estruturas de sua cultura específica (família, comunidade, cantão,
e Federação) precisaria de um tipo diferente de psicoterapia do que o
Judeu que foi desenraizado e assimilou a cultura de um adotado
país. 5 9 Na verdade, o que Jung disse sobre a falta de uma identidade cultural judaica
não era muito diferente do que Theodor Herzl e os sionistas tinham
proclamado. Ele é que Jung, como muitos de seus contemporâneos, tinha
inicialmente subestimou a difusão do mal nazista. Possivelmente ele era
influenciado pelas memórias da participação de seu avô no alemão
movimento nacionalista e democrático que foi esmagado após a Revolução
em 1848. Jung pode ter identificado inconscientemente o incipiente movimento nazista
com o surto patriótico e criativo da juventude alemã em 1848, e
o artigo que ele escreveu em 1945 mostra como ele se sentiu quando percebeu
a terrível verdade. 60
Enquanto isso, Jung e seu trabalho também estavam recebendo o reconhecimento de muitos
lados. A Universidade de Genebra conferiu-lhe o título de Doutor honoris
causa em 26 de julho de 1945. A Journal of Analytical Psychology foi fundada em
Inglaterra. Nos Estados Unidos, Paul e Mary Mellon, que haviam sido
familiarizado com Jung, fundou a Fundação Bollingen, que
patrocinou a publicação de uma tradução em inglês do livro Completo de Jung
Obras e outros escritos acadêmicos.
Em 24 de abril de 1948, o Instituto C. G. J ung foi inaugurado em Zurique através de
a iniciativa de um comitê de personalidades suíças, inglesas e americanas.
Este Instituto é principalmente dedicado ao ensino das teorias de Jung e

métodos de psicologia analítica. O Instituto dá palestras em alemão e
Inglês e fornece análise de treinamento. Tem uma biblioteca bem mobilada
contendo seminários e palestras não publicados do lung. Também se esforça para
estimular a pesquisa inspirada nas teorias junguianas e fornecer para a publicação
ção dos resultados desta pesquisa.
Durante toda a sua vida, Jung se interessou intensamente pelo gnosticismo,
e em 1945 ele ficou comovido com a notícia de que uma coleção de livros gnósticos
manuscritos foram descobertos na vila de Khenoboskion em Upper
Página 22
Egito. Ele mal poderia suspeitar que seria apresentado a um desses

manuscritos de um amigo influente que conseguiu comprá-lo. Jung
foi apresentado com ele em novembro de 1953 em Zurique, e recebeu o
nome do Codex Jung. Jung providenciou a publicação deste manuscrito
por estudiosos. 61
Ao longo de 1955, seu octogésimo ano, Jung foi muito honrado e festejado.
Um Congresso Internacional de Psiquiatria foi realizado em Zurique sob o
presidência do Professor Manfred B1euler, filho de Eugen Bleuler
(com quem Jung iniciou sua carreira psiquiátrica no Burgholzli).
Jung foi convidado a falar sobre a psicologia da esquizofrenia, um tópico que ele
começou a investigar já em 1901. Mas o octogésimo aniversário de lung
também foi marcado por uma renovação da campanha que tentou estigmatizar
por sua suposta colaboração com os nazistas. Jung, dizia-se, tinha
escondeu cuidadosamente seus sentimentos anti-semitas e os revelou no
momento em que ele acreditou que Hitler iria prevalecer na Europa. Ele tinha
supostamente traiu Freud em 1913 e tentou esmagar a psicanálise em
1933. 62 Um grupo de discípulos judeus de lung publicou um protesto no
/ sraelitisches Wochenblatt. 6 3 amigos do pulmão afirmaram que a acusação
ções contra ele residiam em algumas sentenças que haviam sido retiradas de seu
contexto, mal interpretado, e às vezes mal traduzido, que Jung havia abertamente
contra o anti-semitismo, que deu uma ajuda discreta e eficiente
aos refugiados judeus na Suíça, que seu nome havia sido colocado no
"lista negra" dos nazistas, e que suas obras foram suprimidas pelos nazistas
na Alemanha e países ocupados. No entanto, a campanha contra Jung
deveria seguir seu curso, mesmo após sua morte.
Em seu octogésimo quinto aniversário, Jung recebeu a cidadania honorária de
pequena cidade de Kiisnacht, onde em 1908 ele comprou o terreno em
onde construiu sua casa e onde viveu desde junho de 1909. O prefeito
entregou-lhe a "carta e o selo" em uma pequena cerimônia, e Jung respondeu
com um endereço para "prefeito e vereadores" em seu dialeto nativo de Basel. 6 4 para
Jung, que era muito apegado aos costumes e tradições suíças, isso significava
muito, ainda mais porque essa honra muito raramente é concedida em
Suíça. Mas durante os últimos anos de sua vida a solidão cresceu ao seu redor.
Ele havia perdido sua esposa em 27 de novembro de 1955, e muitos de seus velhos amigos
também tinha morrido. Ele se tornou o alvo favorito dos entrevistadores que eventualmente
preparou livros inteiros dessas conversas. 65 Após um longo período de
relutância, ele escreveu os três primeiros capítulos de sua autobiografia e ditou
o resto para
convite parasua secretária
escrever, juntoparticular,
com alguns Sra.deAniela Jaffe. Ele também
seus discípulos, um livroaceitou um ilustrado,
ricamente
qual seria sua última obra, Man and His Symbols. 6 6
Carl Gustav Jung morreu em sua casa em Kiisnacht em 6 de junho de 1961. O
cerimônia fúnebre ocorreu na igreja protestante em Kiisnacht e
foi assistida por uma vasta assembleia. Reverendo Werner Meyer, pastor de
Kiisnacht, celebrou-o como um profeta que permaneceu durante o
irresistível fluxo de racionalismo e deu ao homem a coragem de ter uma alma
Página 23
novamente. Dois outros discípulos de lung, o teólogo Hans Schar e o

economista nacional Eugen Bohler, celebrou o científico e humano
méritos de seu mestre. O corpo foi cremado e as cinzas foram depositadas
no cemitério de Kiisnacht, no túmulo da família que o pulmão havia projetado
ele mesmo e decorado com inscrições em latim e o brasão de suas
família, e onde já estavam os restos mortais de seu pai, mãe,
irmã e esposa.
A Personalidade de Carl Gustav Jung

Carl Gustav Jung costumava falar da vida como sendo uma sucessão de psíquicos
metamorfoses. Sua própria vida não foi exceção a esse respeito, e isso pode
explicar os julgamentos contraditórios que foram feitos sobre ele. Dentro
sua autobiografia, ele diz que desde seus primeiros anos teve um rico interior
vida da qual ninguém sabia, e que ele apareceu para seus pais e
professores como uma criança nervosa. Ex-colegas de escola de Jung disseram a Gustav Steiner
que no Gymnasium Jung era hipersensível e irascível, não buscava
a companhia de seus colegas de escola e não confiava em seus professores. 6 7
Durante seus anos de estudante, Steiner conheceu diretamente o pulmão, e ele
fala de sua vitalidade, sua impetuosidade, sua eloqüência e seu eu inabalável
confiança. Jung deu a impressão de que se sentia superior ao
outros, precisavam de companheiros que o escutassem e soubessem como
cative suas mentes. Ele ainda era hipersensível às críticas dos outros,
embora ele próprio nem sempre tivesse tato. Ninguém naquela época teria
imaginou que poderia se sentir isolado pela maneira como relata em seu
autobiografia.
Durante seu período de Burgholzli, Jung é descrito como um extraordinariamente brilhante
psiquiatra que exerceu fascínio sobre os membros mais jovens do
funcionários, mesmo que às vezes se ressentissem de seu autoritário e egocêntrico
maneiras. Quando Freud veio para Zurique a caminho da América em 1909, Jung
o recebeu como seu convidado e não o apresentou ao resto do
Funcionários do Burgholzli, o que os antagonizou consideravelmente. 68 Jean-Martin
Freud, em seu relato da primeira visita de Jung a seu pai em Viena, disse que
Jung fez toda a conversa, falando apenas com Freud, e nunca tentou
para ter uma conversa educada com a Sra. Freud ou com as crianças. 69 existem
afirmações contraditórias sobre a atitude de Jung durante seu período psicanalítico
período de 1909 a 1913. Acima de tudo, carecemos de informações sobre o
anos intermediários de 1914 a 1919. De acordo com Maeder, o pulmão era
extremamente reservado e um tanto desconfiado, mesmo com seus mais fiéis
discípulos. 70 Nenhum deles suspeitou da experiência interior que ele tinha então
passando.
Quase todas as pessoas que descreveram a personalidade de lung referem-se ao

período após 1920, quando ele adquiriu total domínio de seu psicológico
sistema e seu método terapêutico, e era o chefe de uma escola. É isso
imagem que doravante teremos em mente.
Carl Gustav Jung era um homem alto, de ombros largos e dominador
Página 24
aparência. Ele tinha olhos azuis, maçãs do rosto salientes, uma mandíbula firme, um corpo aquilino
nariz e usava um pequeno bigode. Todos aqueles que o conheceram foram atingidos por um
impressão de força física e moral emanando dele, e por isso
olhar particular de estabilidade e firmeza daqueles que estão bem enraizados em seus
meio Ambiente. Algumas pessoas acreditavam reconhecer nele uma ascendência camponesa,
embora ele realmente fosse descendente de famílias extremamente intelectuais.
Ele gostava de trabalhar com terra, pedra e madeira, e tinha um prazer especial
na construção e construção. Ele gostava de navegar no Lago de Zurique, e
ele continuou este esporte até o final de sua vida.
Jung deu a impressão de ser um homem prático firmemente ancorado
na realidade, e assim alguns visitantes ficaram surpresos com a convicção absoluta
com o qual ele falou da anima, o self, os arquétipos e outros
intangivel. No entanto, esse forte senso de realidade também se manifestou em seu
psicoterapia, cuja primeira fase era trazer o paciente de volta para
consciência.
Jung era tudo, menos um erudito livresco. Ele gostava de contatos humanos
e os pequenos incidentes da vida diária. Quando ele viajava, ele não apenas visitava
monumentos e museus, mas gostou de tudo o que viu. Jean-
Martin Freud relata que um dia, quando sua irmã Mathilde estava em Viena
com Jung e sua família e estavam todos fazendo compras, o imperador aconteceu
passar. 7 1 Jung pediu licença e correu para se juntar à multidão "tão entusiasmado
como qualquer menino. "Jung também era muito sociável. Ernst Kretschmer conta como no
encontros sociais na sequência das reuniões da Associação Médica para
Psicoterapia Jung tirava a jaqueta, gritava e dançava até tarde
à noite e geralmente contribuem para a atmosfera alegre. 72 Ele tinha um forte
senso de humor e era conhecido pela variedade de suas risadas, que
vão desde uma baixa e sutil até uma gargalhada homérica.
Quem teve contato pessoal com Jung, mesmo que breve, concorda em
o brilho e o fascínio de sua conversa. O mais sutil, pro
encontrados, e às vezes visões paradoxais se sucediam com incom-
velocidade e facilidade de parábola. Em seus seminários não publicados, alguns dos únicos
qualidades que caracterizam suas conversas ainda devem ser encontradas, em contraste
ao estilo muitas vezes pesado e laborioso de seus livros.
Muito se disse sobre a vasta erudição de Jung. Seus primeiros interesses eram
em psicologia e arqueologia. Mais tarde, quando ele começou a investigar o
símbolos, ele adquiriu um amplo conhecimento da história dos mitos e
religiões. Entre seus interesses particulares estavam o gnosticismo e a alquimia, e
mais tarde, as filosofias da Índia, Tibete e China. Ao longo de sua vida ele
estava muito interessado em etnologia. Essa variedade de interesses foi refletida
em sua biblioteca. Embora ele não colecionasse livros por sua raridade, ele chegou a
possui uma biblioteca única de obras antigas sobre alquimia.
Jung tinha boas aptidões linguísticas. Além do alemão clássico, e de
oEle
dialeto de Basel
aprendeu que
inglês umele usavamais
pouco em seu
tardediscurso diário,
e passou ele falava
a dominá-lo um bem,
muito francês excelente.
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embora não tenha conseguido perder seu sotaque suíço-alemão. Ele era
proficiente em latim e tinha um conhecimento bastante bom de grego, mas, ao contrário de seu
pai, ele não sabia hebraico. Antes de ir para a África oriental, ele teve aulas
em suaíli em Zurique, mas ele confiou principalmente em um intérprete em sua conversa
ções com os nativos.
Muitos admiraram o talento particular de Jung para falar com as pessoas em
todas as esferas da vida; ele estava igualmente à vontade com camponeses simples e com homens
nas posições mais altas (sem dúvida um presente precioso para um psicoterapeuta).
Jung também defendeu a opinião de que quem deseja ser um bom psiquiatra
deve deixar o escritório de consultoria e ir ao exterior para visitar as prisões e
as casas de pobres, as casas de jogo, os bordéis e tavernas, os distintos
salões, a bolsa de valores, as reuniões socialistas, as igrejas e as seitas.
Depois de adquirir essa experiência, ele poderia retornar aos seus pacientes com um
maior compreensão. Deixando de lado a parte do exagero, Jung apropriadamente
apontou a necessidade do psicoterapeuta complementar o aprendizado profissional
com um conhecimento prático da vida. O ditado circula nos círculos junguianos
que Jung fora rude e intolerante com certos pacientes. Contraditório
contas foram dadas a respeito de sua atitude para com o dinheiro; de acordo
a fontes confiáveis, ele exigiu 50 francos suíços por hora para psicoterapia
no início dos anos 20 (uma taxa muito alta para aqueles dias na Suíça), mas
há outros relatos de que muitos anos depois as pessoas ficaram surpresas com o
ele cobrava taxas baixas de seus pacientes. O consenso é que Jung foi
um psicoterapeuta excepcionalmente habilidoso que adotou uma abordagem diferente com
cada um de seus pacientes de acordo com sua personalidade e necessidades.
Jung defendia a opinião de que não se pode ser um homem normal sem companhia
cumprindo todos os seus deveres como cidadão. Ele fez questão de participar de todas
votos públicos, sejam eles da comunidade, do cantão ou do Con-
federação. Uma testemunha confiável disse que quando Jung estava doente, ele pediu para ser
transportados para as urnas. Como muitos suíços, Jung teve um profundo interesse em seu
genealogia, seu brasão e a história de seus ancestrais. Ele estava orgulhoso
de seu serviço no exército suíço e de sua patente de capitão. Ele gostava de lembrar
eventos de seu serviço militar e para contar sobre a vida difícil do soldado no
montanhas que conhecera durante seus períodos de serviço. Com seus filhos
ele gostava de jogar jogos militares de sua invenção que envolviam a construção,
atacando e defendendo fortes de pedra. 73
Já falamos da esposa de Jung, que é lembrada por todos aqueles que
a conhecia como uma mulher notável. De todos os grandes pioneiros da dinâmica
psiquiatria, Jung é o único cuja esposa se tornou sua discípula, adotou
seus ensinamentos e aplicou seu método psicoterapêutico.
Talvez a característica mais marcante da personalidade de Jung seja o contraste
entre sua percepção aguda da realidade de um lado, e sua vida secreta de
meditação, sonhos e experiências parapsicológicas, por outro lado. Ele
era um homem muito sociável, mas exemplificou de todas as maneiras possíveis a vida de Goethe
aforismo: "O maior bem possível dos filhos do homem é a personalidade." Ele
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chegou a dizer que "a sociedade não existe, existem apenas indivíduos."
Mas ele também afirmou que o indivíduo não poderia se desenvolver a menos que ele
gozava de certa estabilidade material, daí o valor para o bem da mente
saúde de possuir uma casa e um jardim.
Jung aplicou esses princípios construindo uma casa para si mesmo em
Kiisnacht e participando da vida cívica e política de sua comunidade
comunidade. Era uma casa grande e esplêndida, um tanto no estilo de um patrício
mansão do século XVIII, com inscrições em latim gravadas acima
a porta principal, incluindo o dispositivo:
Vocatus atque non vocatus, Deus aderit

(Chamado ou não chamado, Deus \ Viii esteja lá)
A casa estava situada no meio de um lindo jardim. Havia um

casa de barco para seus veleiros e um pavilhão de observação dando um magnífico
vista do lago (ele costumava usá-lo no verão para psicoterapia). Como
mencionado acima, Jung adquiriu em 1923 algumas terras em Bollingen, no
outra extremidade do Lago de Zurique, e por volta de 1928 ele mandou construir uma torre
há. Com o passar dos anos. ele gradualmente ampliou o edifício original,
adicionando vários quartos. uma segunda torre e um quintal. Ele iria lá para
passar seus dias livres, e naquela casa ele poderia aplicar outro de seus favoritos
princípios, a saber, que se deve viver o mais simples possível. O Bollingen
a casa não tinha telefone, nem luz elétrica, nem aquecimento central.
A água foi buscada do poço, e a comida foi cozida em um fogão a lenha que
Jung se acendeu. Havia um cômodo na casa onde ninguém nunca estava
admitido e onde ele poderia meditar sem ser perturbado. É como se a transição
do Kiisnacht à casa Bollingen, simbolizado para Jung, a transição
do ego para o self, ou seja, o caminho da individuação.
Em seus últimos anos, Jung tornou-se fisicamente fraco, mas sua mente permaneceu
alerta. Ele fascinou seus visitantes com suas reflexões sobre os mistérios do
alma humana ou o futuro da humanidade. Ele agora personificava o quase legen-
figura dária do "velho sábio de Kiisnacht".
Contemporâneos de Carl Gustav Jung

Para definir com mais precisão a posição da psicologia analítica
entre as ciências do espírito, pode ser útil contrastar Jung com
três de seus contemporâneos: o teólogo Karl Barth, o filósofo Paulo
Haberlin e o antroposofista Rudolf Steiner.
Denis de Rougemont disse que: "Possivelmente o maior teólogo e o
maior psicólogo do nosso século são dois suíços: Karl Barth (1886-1968)
e CG Jung. " 74 Esses dois homens, explicou De Rougemont, devotaram
para a cura de almas e para a edificação de um vasto sistema. Ambos
homens eram filhos de pastores da Basiléia, eles eram altos e fortes, eram
fumantes de cachimbo, tinham um bom senso de humor e nenhum era "erudito" em seu
modo de vida e sua abordagem às pessoas. Barth também tinha em comum com Jung
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seu orgulho de ser cidadão suíço e seu gosto pela vida militar. Na maioria
outros aspectos, no entanto, diferiam amplamente entre si. Como um pequeno
pastor da vila, Barth publicou um comentário sobre a Epístola aos Romanos,
que revolucionou o pensamento teológico. Ele foi chamado para ser professor de
teologia nas universidades alemãs. Quando Hitler chegou ao poder, Barth tornou-se
o grande líder da resistência da Igreja Protestante contra os nazistas.
Por isso foi julgado e expulso da Alemanha. Em seu retorno a
Na Suíça, ele foi nomeado professor de teologia na Universidade de Basel.
Barth, que havia escrito inúmeros livros e artigos, agora concentrava
sobre um vasto e abrangente tratado de teologia, o Kirchliche Dogmatik,
que foi comparada à Summa de Tomás de Aquino por seu magnífico
tude e profundidade. Barth é unanimemente considerado o maior protestante
teólogo desde Lutero e Calvino, e desfruta de uma audiência universal que não
apenas entre os protestantes, mas também entre os católicos.
Se Jung também é amplamente lido entre protestantes, católicos e ortodoxos
teólogos, é por outras razões. Considerando que Barth chama o homem de volta para
uma obediência incondicional ao Deus transcendente da revelação bíblica,
Jung decifra valores religiosos velados no homem, principalmente na análise de
símbolos e ritos. Tanto Barth quanto Jung exibem imenso conhecimento e
bolsa de estudos, mas enquanto o primeiro tira suas conclusões do canônico
interpretação da Bíblia, a última mostra uma predileção pelo apócrio
falsos evangelhos, os gnósticos e os livros sagrados do Oriente. Cachorro de Barth
a matemática está resolutamente fora da psicologia; seu Deus é o "inteiramente outro"
que fala ao homem por intermédio da sua Palavra e da Igreja.
Jung, pelo contrário. nunca sai do reino da psicologia. O que ele chama
Deus é uma espécie de realidade psíquica cuja fonte permanece misteriosa. A syn-
tese entre os pensamentos daqueles dois homens é dificilmente concebível, mas em
vezes que eles compartilham algumas idéias, por exemplo, a noção de que o
a essência do homem é sua relação complementar com a mulher e o vício
versa. 75
Paul Haberlin (1878-1960). quem geralmente é considerado o maior
filósofo suíço moderno. tem alguns recursos em comum com Jung, como
o fato de que ele também nasceu na pequena cidade de Kesswil. O filho da
professor, sentiu-se destinado ao ministério da Igreja, estudou teologia em
Basel, onde ele teve discussões com Jung no Zo.fingia, e foi aprovado no
exame em 1900. Ele então mudou para a filosofia, fez seu doutorado. em Basel
em 1903, e a partir de então passou a exercer cargos de professor, dedicando-se ao
educação de crianças problemáticas. Por anos ele sempre teve dois ou três difíceis
filhos que vivem com sua própria família. De 1914 a 1922 ele foi Titular
Professor de Filosofia em Berna. Suas palestras atraíram um público considerável
e seu sucesso foi comparado ao desfrutado por Bergson no College
de France. Ele ocupou este cargo na Universidade de Basel de 1922 até
sua aposentadoria em 1944. Os escritos de Haber lin são notáveis por sua extraordinária
abundância de comida, a clareza de seu estilo, suas qualidades didáticas, sua perfeição
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organização. e sua meticulosidade que cobre todos os detalhes possíveis. Dele

A Antropologia Filosófica é considerada excelente. 76 trabalho de Haber lin
abrange os reinos da metafísica, lógica, filosofia da natureza, religião,
estética, moral. caracterologia. psicologia do casamento e educação. 77
Algumas pessoas expressaram sua surpresa que, apesar de seu brilhante acadêmico
carreira. a popularidade de suas palestras, sua versatilidade. e o número dele
escritos, Haberlin não gozava de fama comparável à de Jung. o
A razão pode ser que não havia uma aura romântica em torno de sua vida e trabalho.
Dois dos escritos de Haberlin contrastam fortemente com o resto de sua obra:
seu esboço autobiográfico 7 H e um livrinho relatando suas experiências
ao caçar nas montanhas suíças, em que relata informalmente seu
pensamentos sobre a vida e os homens. 79 Haberlin considera a depressão como o efeito
de uma arrogância para com a vida e uma falta de humor. e ansiedade tão frequentemente devida
aos sentimentos de culpa. Quanto à ansiedade do homem moderno. "Ele não viu nada nisso
mas uma moda comparável à "doença do século" dos românticos.
Analisando as variedades de se gabar dos caçadores. Haberlin
estende essa noção aos "hraggings" de filósofos e psicólogos.
Haberlin garante que Jung uma vez admitiu a ele que realmente havia
tal elemento em seu trabalho. adicionando aquele mundus vult decipi (o mundo
pede para ser enganado).
O contraste entre Haberlin e Jung é mostrado em seus respectivos
atitudes em relação a Freud. Jung foi de interesse apaixonado e entusiasmo
no início, seguido por uma atitude cada vez mais crítica culminando em
uma pausa, após a qual rejeitou quase tudo o que Freud havia ensinado
ele. A atitude de Haberlin. embora uma curiosidade aguda. sempre foi crítico;
entretanto, ele nunca poderia ser chamado de anti-freudiano. Nestes dois pequenos
livros Haberlin conta sobre seus encontros com Freud. assim Por mais que ele
respeitava o homem. ele não ficou impressionado com suas idéias. No freudiano
teoria das pulsões Haberlin viu apenas um reflexo dos acontecimentos da vida de Freud.
A psicanálise não é uma teoria psicológica abrangente, Haberlin
disse, uma vez que o próprio Freud admitiu que não poderia explicar o mistério
de gênio artístico e poético. Freud não conseguiu explicar a Hiiberlin como
as unidades podem ser verificadas por um censor originado nas próprias unidades
(isso foi antes da introdução do conceito de superego). Durante este
conversa Freud defendeu essa religião. filosofia. e a ciência eram
formas de sexualidade sublimada. Haberlin objetou que a psicologia deve então
também ser uma forma de sexualidade sublimada, à qual Freud respondeu evasivamente:
"Mas é socialmente útil." Haberlin tirou da psicanálise tudo o que ap-
pereou fiel a ele. As idéias que ele não aceitava, ele ocasionalmente usava como um
ponto de partida para sua própria pesquisa e, portanto, a teoria dos sonhos de Freud,
que Haberlin rejeitou, levou-o a edificar sua própria teoria dos sonhos. 1
Carl Gustav Jung foi frequentemente comparado com Rudolf Steiner (1861-
1925) o fundador da antroposofia. Os ensinamentos de ambos os homens,
foi alegado. são \ 'ariedades de Weltanschauung que ficam de fora da experiência
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ciência mental. A vida de Rudolf Steiner é conhecida por nós principalmente através de sua
autobiografia. qual. em contraste com o do pulmão, trata principalmente do
eventos exteriores de sua vida. mas não muito com seu desenvolvimento espiritual mais íntimo
ment.82 Filho de um pequeno funcionário das ferrovias austríacas, ele mani-
demonstrou desde cedo um notável dom para a matemática e as ciências naturais. Ele
recebeu sua educação secundária e técnica em Viena. onde ele ouviu
as palestras do filósofo Franz Brentano. Desconhecido para sua família, de
aos sete anos em diante, ele teve experiências parapsicológicas. Ele
também encontrou homens que. enquanto vivia de forma muito simples, pertencia a um misterioso
nosso mundo espiritual. Dos vinte e três aos vinte e nove anos, ele estava
o serviço de uma distinta família austríaca como educador para uma difícil
criança, com quem obteve notável sucesso. Ele tinha conhecidos
entre a elite intelectual em Viena. por exemplo, com Josef Breuer. Steiner
depois trabalhou durante sete anos no Goethe-Schiller-Archiv, em Weimar, e
\\ como encarregado da edição das obras científicas de Goethe. Foi então
geralmente assumido que esta parte da obra do grande escritor pertencia a um
variedade obsoleta da filosofia da natureza. Steiner manteve, no entanto,
que a abordagem de Goethe constituiu a base para uma abordagem verdadeiramente científica
para o estudo da natureza. Foi um momento de profunda introversão para Steiner. No dele
autobiografia, ele afirma que percebeu o mundo ao seu redor como em um
sonho e que o mundo espiritual interior era a única realidade para ele. Não
dúvida, foi durante esses anos que Steiner experimentou aquela
aventura que ele infelizmente apenas aludiu em seus escritos. Em 1896,
na idade de trinta e um, uma metamorfose psicológica de profundo alcance
ocorreu nele. Ele imagina o mundo material de maneira nítida e precisa;
seu relacionamento com as pessoas tornou-se "aberto". Portanto, ele viveu por vários
anos no mundo literário meio boêmio de Berlim. De 1902 em diante ele
foi um membro influente da Sociedade Teosófica, mas ele gradualmente
desenvolveu suas próprias ideias em uma direção que o levou a fundar
um movimento próprio em fevereiro de 1913. a Sociedade Antroposófica.
No mesmo ano foi construída a construção do grande centro antroposófico
realizado em Dornach. Suíça. não muito longe de Basel. Era chamado de
Goetheanum em homenagem ao homem que Steiner considerou ter alcançado o
grau mais alto possível de \ visdom humano. A partir de então, a vida de Steiner
foi identificada com o desenvolvimento do movimento antroposófico e
sua aplicação aos vários campos da atividade humana.
A palavra "Antroposofia" foi cunhada pelo filósofo romântico suíço
Ignaz Troxler (1780-1866) para designar um método cognitivo, que, tomando
como ponto de partida a natureza espiritual do homem, investiga o espiritual
natureza do mundo (como órgãos sensoriais exploram sua natureza física e intel-
ligência seu abstrato la \\ S) .H- ' Rudolf Steiner argumentou que todo homem é
capaz. com a ajuda de um sistema de treinamento psíquico, para se tornar ciente de
certas faculdades psíquicas latentes. por meio do qual ele pode adquirir um direto
conhecimento de superior. mundos puramente espirituais. Seu método de treinamento psíquico
Página 30
foi compilado em um pequeno livro. 84 O candidato a discípulo deve ser preenchido

com uma profunda reverência pela verdade e viver discretamente, voltando sua atenção
orientação para a vida interior, esforçando-se para aprender o que pode ser útil para o homem
e o mundo, em vez de satisfazer sua própria curiosidade, faça uma clara distinção
relação entre o essencial e o não essencial, e dar algum tempo a cada
dia para meditação. Um exercício básico consiste em observar cada ser em seu
dimensão temporal, ou seja, em imaginar como era antes e como será
depois. Outra é imediatamente distinguir as percepções sensoriais ema-
nascendo do animado e do inanimado. Quando essas formas de perceber
tornaram-se uma segunda natureza, o indivíduo é capaz de sentir certas qualidades
de coisas que escapam aos outros. Um estágio posterior confere a faculdade de dominar não
apenas seus sentimentos e pensamentos, mas seu sono e sonhos, e adquirir
a continuidade da consciência. Eventualmente, o discípulo tem que suportar muito
ensaios espirituais, e Steiner fala de encontros com misteriosas
seres. Mas, em contraste com Jung, Steiner não os considera meros projetos
ções de conteúdos cindidos do inconsciente.
Embora muitas pessoas tentassem aplicar o método de Rudolf Steiner,
parece que ninguém jamais alcançou o ponto alcançado pelo mestre. Ele con
tendeu que, como resultado de seu conhecimento do mundo espiritual, ele foi capaz
para declarar muitas verdades sobre a estrutura do homem, seu etéreo e astral
corpo, reencarnação e assim por diante. Gradualmente, as revelações de Steiner se estenderam
em muitos campos da ciência, arte e vida política e econômica. Ele ensinou
um novo estilo arquitetônico, novos princípios de pintura, declamação e
drama. Seus novos princípios na educação do normal e do anormal
criança tem despertado amplo interesse, muito além dos círculos antroposóficos.
Semelhanças entre Jung e Steiner foram repetidamente apontadas. Ambos
homens tiveram experiências parapsicológicas, ambos imaginaram um método de auto-
treinamento que os levou a explorar os abismos da mente inconsciente, e
ambos emergiram de suas respectivas jornadas espirituais com uma nova pessoa
alidade. Não é de admirar que ambos vejam a vida como uma sucessão de metamorfoses,
a principal sendo "a virada da vida", por volta dos trinta e cinco anos. 85
O conceito de Jung da sombra e das subpersonalidades projetadas de
o homem às vezes encontra seu paralelo em Steiner. Em seu comentário sobre o de Goethe
Faust, Steiner explica que Wagner e Mephisto são diferentes aspectos de
a personalidade de Fausto. H 6 Curiosamente, exatamente o mesmo exemplo é
frequentemente usado para ilustrar o ensino junguiano, que, neste ponto, é idêntico
com Steiner. No entanto, na maioria dos casos, quando Jung vê o conteúdo projetado
do inconsciente, Steiner está inclinado a ver seres espirituais independentes.8 7
A diferença essencial entre Jung e Steiner é mostrada no uso
cada um fez sua jornada para o inconsciente. Ambos os homens, como vimos,
sofreu o que pode ser chamado de doença criativa no meio de sua
vidas (assim como Fechner e Freud), e desenhou os conceitos básicos de suas
ensinando a partir dessa experiência. No entanto, Steiner afirmou que havia alcançado
Página 31
uma fonte espiritual de conhecimento, que o capacitou a fazer revelações,

enquanto Jung (e Freud) se manteve estritamente no trabalho prático oferecido por
sua prática psicoterapêutica.

Essas considerações podem nos ajudar a definir com mais precisão a po-
posição. Jung foi taxado de ser um místico, um metafísico, um neo
Gnóstico e assim por diante. Jung sempre afirmou que não era um filósofo
mas um empirista, que apenas descreveu todas as observações que fez
no curso de sua atividade psicoterapêutica. No entanto, a principal fonte de
Os conceitos de Jung podem ser encontrados em sua Nekyia, que é sua jornada através do
inconsciente. Essa experiência pertence à mesma categoria que a de Freud
auto-análise, ou seja, uma doença criativa, que foi canalizada para o fundo
dação de um sistema de psicologia dinâmica. Embora o conceito de Jung
quadro difere radicalmente daquele de Freud, Jung permanece infinitamente
mais perto de Freud do que de um teólogo como Barth, um filósofo como
Haberlin ou um antroposofista como Rudolf Steiner.
Trabalho-1-A noção de realidade psicológica de CG Jung

A célula germinal da psicologia analítica de Jung pode ser encontrada em sua doença.
cussões da Associação de Estudantes de Zofingia e em seus experimentos com seu
jovem prima média, Helene Preiswerk.
Era sabido pelas reminiscências de Albert Oeri que Jung frequentemente se envolvia
estimulando discussões com seus colegas. Como afirmado anteriormente, Jung
foi um membro da seção Basel da Zofingia e um participante ativo
em suas reuniões semanais. Desde um relato das conversas e do argumento principal
os comentários avançados pelos debatedores foram registrados e mantidos na
arquivo, Gustav Steiner foi capaz de complementar suas lembranças pessoais
com uma investigação documental e reconstruir os lineamentos do pensamento de Jung
nesses anos de formação. 88 Como Steiner aponta, "o Zofingia forneceu
ele a oportunidade inestimável de mudar dos monólogos de seu
sonhos e ponderações para discussões apaixonadas e para testar os orgulhosos
rigidez de suas idéias por meio de lutas intelectuais com empresas inteligentes
panions. "
Durante os primeiros três semestres de seus estudos médicos, Jung não levantou
sua voz nas discussões, nem mesmo quando um estudante de teologia, Altherr,
deu uma palestra sobre espiritismo. No quarto semestre, em 28 de novembro de 1896,
Jung deu sua primeira palestra: "Nos limites das Ciências Exatas". Foi um
ataque veemente contra a ciência materialista contemporânea e um apelo em
favor do estudo objetivo do hipnotismo e do espiritismo. Durante a discussão
Jung enfatizou que a pesquisa exata pode ser conduzida de forma metafísica
campo. Esta palestra teve tanto sucesso que a assembleia decidiu por unanimidade
recomendar a palestra de Jung para publicação no jornal central da associação
ção. Não se sabe por que não foi aceito pelo comitê editorial
em Berna. Gustav Steiner aponta que o grande sucesso desta palestra contra
Página 32
faz dieta o que Jung escreveu em sua autobiografia, ou seja, que sempre que ele
disse a seus colegas estudantes sobre o espiritismo, eles reagiram com escárnio, incrédulos
lidade ou abstinência ansiosa. 8 9
No semestre de verão de 1897, Jung deu uma palestra intitulada: "Alguns
Reflexões sobre psicologia. "Jung lamentou a atual falta de interesse
em metafísica. “Quando o homem normal imagina que nada metafísico

sempre ocorre em sua vida, ele se esquece de um acontecimento metafísico: sua morte. "
A morte sempre foi o ponto de partida para esperanças transcendentais, e essas
as esperanças postulam a existência da alma. A tarefa de uma psicologia racional
é demonstrar a existência de uma alma. A alma pode ser concebida como um
inteligência independente de tempo e espaço. Sonambulismo foi invocado
como um argumento contra os preconceitos do materialismo. O debate foi ex-
traordinariamente animado, o número de debatedores é muito grande.
No semestre de inverno de 1897 a 1898, Jung foi eleito presidente da
o Basel Zofingia. Em seu discurso de abertura, ele declarou que um homem educado
não deve tomar parte ativa na vida política. (Esta era uma atitude comum
realizada por intelectuais antes de 1914.)
Em janeiro de 1899 Jung - para surpresa dos estudantes de teologia do
grupo deu uma palestra sobre a teologia de Albrecht RitschL a quem criticou
por sua negação de um elemento místico na religião. Naquele ano Jung era muito
ativo nas discussões. Quando um estudante de medicina deu uma palestra sobre o assunto
do sono, Jung o criticou por ter deixado de lado o fenômeno dos sonhos,
acrescentando que: "Nos sonhos somos nosso próprio desejo e ao mesmo tempo var-
seus atores. "
A última intervenção de Jung na Zofingia ocorreu após uma palestra de um teólogo
aluna. Lichtenhan, em 'Teologia e Religião ". Jung criticou a ideia
que Deus poderia ser experimentado. Quanto a ele. Jung disse, ele nunca teve tal
uma experiência. Experiências religiosas. Jung acrescentou. são frequentemente acompanhados
por emoções eróticas. A psiquiatria moderna estava inclinada a admitir a existência
de uma conexão interior entre a religião e o instinto sexual. 90 o
objeção a experiências religiosas que ocorrem em homens normais não era evidência
contra a natureza mórbida dos impulsos religiosos, porque tudo isso poderia
originam-se do inconsciente. Para um argumento apresentado por Paul Haber-
lin, Jung respondeu que o conceito de um "bom Deus" era contraditório.
A discussão foi mais acirrada do que o normal, mas Lichtenhan ganhou a vantagem
mão.
Ao longo do artigo de Steiner, observamos que Jung já manteve o
relação ambígua com os alunos de teologia que ele teria mais tarde
com muitos ministros religiosos. Nomeadamente. eles temiam sua crítica à tradição
religião tradicional, mas aprovou seus ataques contra o materialismo contemporâneo.
Vários outros pontos são observados. Um é a preocupação inicial de Jung com
o problema do mal. um problema ao qual ele deveria dedicar um de seus últimos
funciona, o Aryswer to Job. Embora ele não fosse de forma alguma um ateu, Jung
atacou várias formas de religiosidade: fé religiosa tradicional, racionalismo
(como ele viu na teologia de Ritschl), e o interesse na "experiência religiosa
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ciências "(no estilo de William James). Notável foi o tom do

convicção absoluta \\ falando da alma (um termo que tinha desaparecido
da psicologia) e a forma como ele a definiu como imaterial, transcendente,
fora do tempo e do espaço - e ainda a ser abordado cientificamente. Entre
o meio de obter o conhecimento da alma era o estudo do somnam-
bulismo, hipnose e manifestações espíritas. Assim, para Jung o espiritismo era
não é uma questão de ocultismo. mas de fenômenos psíquicos desconhecidos que precisavam
para ser investigado com métodos científicos adequados.
Antes de sua entrada no Burghi: ilzli Jung também tinha feito o observador
que viriam a ser o objeto de sua dissertação em 1902. 91
Lá, também, encontramos várias das idéias mais básicas de Jung em seus embrionários
Estado. As observações foram feitas em uma jovem médium, Helene Preis-
\\ erk.
De acordo com o relato de Jung. a jovem senhora experimentou pela primeira vez com
mesas giratórias. em julho de 1899. e no início de agosto ela começou a
manifestar sonambulismo mediúnico. Ela primeiro encarnou o espírito de
seu avô Samuel Preis \\ erk. e \\ itnesses admirado quão precisamente
ela reproduziu seu tom pastoral. embora ela nunca o tivesse conhecido. De
depois, em Jung assíduo!) frequentava as sessões. Helene também personificou um
número de membros falecidos de sua família e conhecidos, e doenças
desempenhou um notável talento para atuar. Foi surpreendente como durante essas
sessões ela falava alto alemão perfeito em vez de sua Basiléia habitual
dialeto. Não está claro até que ponto ela se lembrou do que disse
durante seu estado de sonolência '' quando as sessões acabavam, mas ela sempre
afirmou que \\ como verdadeiramente os espíritos dos mortos que falaram através dela
boca. Ela atraiu respeito e admiração de vários parentes e
amigos que viriam pedir conselhos a ela. Cerca de um mês depois ela
caiu em estados de semi-sonambulismo. em \\ qual ela permaneceu \\ fora dela
arredores, mas manteve uma comunicação estreita com os espíritos. Naquele con
dição ela disse seu nome \\ como lvenes. falou em um silêncio. tom digno, e
não mostrou nenhum traço de seu caráter instável e tonto habitual.
Em setembro, o jovem médium \\ mostrou o livro de Justinus Kerner, O
A vidente de Prevorst e suas manifestações mudaram. 92 Seguindo o exemplo
de Friedericke Hauffe. ela se magnetizou no final da sessão
e falava em uma língua desconhecida, que vagamente lembrava uma mistura de
Italiano e francês.
henes disse que ela viajou para o planeta Marte, viu seus canais e
máquinas voadoras e visitou os habitantes das estrelas e do mundo espiritual.
Ela foi instruída b) espíritos claros e ela mesma instruiu espíritos negros.
O espírito controlador permaneceu o de seu avô, o reverendo Samuel
Preiswerk, com seus discursos edificantes. Outros espíritos podem ser classificados em
dois grupos. Alguns eram bastante severos e outros exuberantes. Jung percebeu
que essas características correspondiam aos dois aspectos dos jovens
personalidade do meio. entre \\ qual ela constantemente oscilava. Estes por-
as sonificações são graduais!) substituídas por revelações. O meio derramado
Página 34
uma extraordinária abundância de detalhes sobre suas vidas anteriores.

Ela tinha sido a vidente de Prevorst, e antes disso uma jovem
seduzida por Goethe - e isso supostamente a tornaria a bisavó de Jung.
No século XV, ela havia sido condessa de Thierfelsenburg, em
no século XIII ela tinha sido Madame de Valours, que tinha sido
queimado como uma bruxa. e ainda antes, um mártir cristão sob Nero em
Roma. No decorrer de cada uma de suas vidas anteriores, ela deu à luz
filhos com numerosos descendentes. No espaço de algumas semanas ela teve
teceu uma imensa rede de genealogias fantasiosas e descobriu-se a
ancestral da maioria das pessoas que ela conhecia. Qualquer nova pessoa que ela conhecesse era imediata
totalmente integrado nesse sistema. Ela garantiu a Jung que uma conhecida
ança dele tinha sido um envenenador famoso em Paris no século XVIII
e havia cometido todos os tipos de crimes secretos em sua vida presente.
Em março de 1900, ela começou a descrever a estrutura do mundo místico
com a ajuda de sete círculos: a força primária no círculo central, a matéria
no segundo. luz e trevas no terceiro, e assim por diante. Uma vez que essas revelações
ções estavam exaustos, parecia que a inspiração do médium declinou.
Jung disse que deixou as sessões neste momento e que seis meses depois ela
mostrou a sua audiência "apports". isto é, objetos supostamente trazidos para o
sessões por espíritos. Mas aqui ela foi pega em flagrante e isso marcou o
fim de sua carreira mediúnica.
Na discussão deste caso, Jung definiu e classificou os vários
fenômenos mediúnicos apresentados pelo sujeito: sonambulismo, semi-
sonambulismo. escrita automática. e alucinações. Ele também tentou
identificar as fontes de seus romances mediúnicos. Um deles era
Seeress of Pre \ orst. outra as conversas que ela tinha ouvido
sobre a cosmogonia de Kant. Mas Jung não mencionou o verbal e escrito
tradições sobre as antigas famílias de Basel. Somente em tal ambiente um paciente poderia
construíram um sistema de delírios genealógicos de tais fantásticos pro-
porções.
Duas características na história da médium impressionaram Jung. Primeiro, sua habilidade, quando
em um estado mediúnico, para realizar desempenhos muito superiores
para aqueles que ela era capaz em seu estado consciente. Em segundo lugar, o contraste será
entre a personalidade de Ivenes. que estava sério, equilibrado e pensativo,
e a personalidade habitual desequilibrada do médium. Jung concluiu que
lvenes não era outro senão a personalidade adulta do médium que foi
em processo de elaboração em seu inconsciente. O psíquico do paciente
o crescimento foi impedido por obstáculos psicológicos e sociais, e o meio
carreira istica foi apenas um meio utilizado pelo inconsciente para superar
esses obstáculos. Encontramos aqui o germe do que se tornaria a teoria de Jung
de individuação. Os romances do médium abundavam em histórias sobre
ou casos de amor secretos e nascimentos ilegítimos, e Jung pensou que ela
desejo de uma imensa família \\ como a manifestação de um sonho de sexo
gratificação. Ele parece que só muito mais tarde fez Jung perceber que sua jovem
Página 35
prima havia se apaixonado por ele e multiplicado sua mediunidade

revelações para agradá-lo.
O restante da história \\ conforme divulgado por Jung em um seminário dado em
1925. 93 Helene Preiswerk deixou Basileia e foi aprender costura em
Montpellier e Paris. Em 1903. Jung a visitou em Paris e ficou surpreso
ver que ela supostamente havia esquecido tudo relacionado à mediunidade
sessões. Mais tarde, ela voltou para Basel, onde tinha uma loja de costura com
uma de suas irmãs, e Jung afirmou que ela criou extremamente elegantes
vestidos. 94 Infelizmente, ela morreu prematuramente de tuberculose em 1911.
A dissertação de Jung obteve uma revisão entusiástica de Theodore
Flournoy. 9 5 Um epílogo curioso foi a história do pintor francês Cornil-
lier, que em 1910 descobriu que sua modelo Reine, de dezenove anos, era um
médio, e por um período de dois anos ela teve sessões com ele durante as quais
ela fez revelações sobre suas vidas anteriores qnd as vidas dos falecidos
pessoas. e explicou a ele as complexidades do outro mundo com
suas leis. moral. e costumes. bem como a hierarquia dos espíritos. 96 o
O dramaturgo francês Lenormand. entendeu que todo o processo tinha sido
provocado pela paixão secreta do meio pelo pintor, e
citou Jung a esse respeito. 97 Esta história foi a inspiração para sua peça
L 'Amour Magicien. 9R
Quando Jung entrou no Burgholzli em dezembro de 1900, ele tinha bastante
idéias definidas sobre o que a psicologia deveria ser. Ele o definiu como científico
estudo da alma humana, tomando manifestações que chamou de psicológicas
realidade como ponto de partida. Ele tinha aprendido por experiência que a separação
o conteúdo do inconsciente pode assumir a aparência de uma personalidade humana,
se são projetados do lado de fora na forma de alucinações
ou assumir o controle da mente consciente como nas sessões mediúnicas. Segue
o exemplo de Myers, Janet, Binet e Flournoy, o interesse de Jung foi direcionado
para a exploração dessas realidades psicológicas.
Trabalho-II-O Período Burgholzli de Carl Gustav Jung
Os nove anos que Jung passou no Burgholzli foram um período de intenções

trabalho intenso e concentrado. Depois de escrever sua dissertação e alguns artigos
principalmente em casos clínicos. ele concentrou seu trabalho na pesquisa com a palavra
teste de associação. Este teste consistia em enunciar a um sujeito um sucesso
sion de palavras cuidadosamente escolhidas; a cada um deles o sujeito teve que responder
com a primeira palavra que lhe ocorreu; o tempo de reação foi exatamente medido
ured.
Jung certa vez fez um relato completo da história do teste. 99 Ele foi inventado
por Galton, que mostrou como poderia ser usado para explorar os recessos escondidos
da mente. Foi assumido e aperfeiçoado por Wundt, que tentou
estabelecer experimentalmente as leis da associação de idéias. Então Aschaffen-
burg e Kraepelin introduziram a distinção de associações internas e externas;
Página 36
as primeiras são associações de acordo com o significado, as últimas de acordo com

formas de fala e som; eles também podem ser chamados de semânticos e verbais
associações. Kraepelin mostrou que a fadiga causou uma mudança gradual em direção a um
maior proporção de associações verbais. Efeitos semelhantes foram observados em
febre e intoxicação alcoólica. Os mesmos autores compararam os resultados de
o teste de associação de palavras nas várias condições mentais. Então um novo caminho
foi aberto por Ziehen, que descobriu que o tempo de reação foi maior quando o
palavra-estímulo foi relacionada a algo desagradável ao sujeito. Alguns-
vezes, ao escolher várias respostas atrasadas, pode-se relacioná-las a um
representação subjacente comum que Ziehen chamou de gefuhlsbetonter
Vorstellungskomplex (complexo de representações emocionalmente carregado), ou
simplesmente um complexo. Ziehen descobriu que, ao dar essas respostas, o assunto era
geralmente inconsciente da conexão entre suas respostas e o complexo.
Neste ponto, Bleuler introduziu o método de teste no Burgholzli
a fim de complementar a exploração clínica dos pacientes. Desde Bleuler
acreditava que o sintoma básico na esquizofrenia era o afrouxamento da

tensão de associações. também era lógico verificar essa hipótese por meio
do teste de associação de palavras. e ele confiou a Jung essa pesquisa. Jung
lançou-se em experiências em larga escala com o teste, juntamente com um
poucos dos outros residentes de Burgholzli. Essas pesquisas realizadas ao longo de
vários anos foram coletados em forma de livro. 100 Jung aperfeiçoou a técnica
do teste. Comparando os resultados do teste em pessoas com e sem educação
pessoas, ele encontrou uma porcentagem maior de associações semânticas entre as
sem instrução. Um de seus colaboradores descobriu que, estatisticamente, havia
mais semelhanças em testes de pessoas pertencentes à mesma família, em particular
mentir entre pai e filho e mãe e filha.
Mas o objetivo principal de Jung era a detecção e análise dos complexos
(no significado original dado a este termo por Ziehen). Jung distinto
entre complexos normais de acidentes e permanentes. Ele comparou o
complexos normais em homens e mulheres. Nas mulheres, complexos eróticos
estavam em primeiro plano com complexos relacionados à família e à habitação, preg-
nância, filhos e situação conjugal; em mulheres mais velhas ele detectou com
plexos mostrando pesar sobre ex-amantes. Nos homens, complexos de ambição,
o dinheiro e o esforço para ter sucesso vieram antes dos complexos eróticos. Acidental
complexos relacionados a eventos específicos que aconteceram na vida do
paciente. Complexos permanentes eram de particular interesse em pacientes que sofriam
de histeria e demência precoce.
Na histeria, Jung descobriu que as associações foram submersas por um
grande complexo tenaz relacionado a uma velha ferida secreta, mas o indivíduo
poderia ser curado se alguém pudesse levá-lo a conquistar e assimilar seu complexo.
Na demência praecox. Jung encontrou um ou mais complexos fixos não
para ser conquistado.
Uma nova abordagem foi aberta para o problema da demência precoce,
complementando a pesquisa em que Bleuler esteve envolvido durante
Página 37
nos quinze anos anteriores. Jung compilou suas primeiras descobertas em um volume:
Psychology of Dementia Praecox. 101 Neste livro, Jung ainda está muito sob
a influência de Janet e Flournoy. Ele dá crédito a Bleuler, e
expressa sérias reservas em relação às teorias de Freud. O termo "com
plex "agora estava sendo usado além de seu escopo original, de modo que Jung teve que
distinguir variedades de complexos: se eles estavam relacionados a um único
evento ou a uma situação contínua. se eles estavam conscientes, em parte
consciente. ou totalmente inconsciente, e se estavam fortemente ou menos
fortemente carregado emocionalmente. Para demonstrar seu método, Jung dá uma ideia
análise detalhada de um caso de uma paciente de sessenta anos de idade que teve
passou quase vinte anos no Burgholzli, e teve alucina abundante
ções e idéias delirantes que pareciam quase incoerentes. Jung a testou
repetidamente com o teste de associação de palavras e deixe-a dar associações gratuitas
pelo que pareciam ser as palavras-chave para seus delírios. Desta forma ele encontrou
ele mesmo foi capaz de identificar um grande número de complexos que classificou em
três grupos: sonhos de felicidade, queixas de sofrer injustiças e
complexos sexuais. As declarações aparentemente incoerentes do paciente, portanto
expressou a realização sistemática de um desejo para compensar uma vida de labuta e

privação. Jung apontou a analogia de suas descobertas com as de
Flournoy em seu trabalho com Helene Smith: seus "romances do subliminar
imaginação "foram uma compensação pela mediocridade de sua vida. Jung ele-
self teve as mesmas experiências em seu trabalho com o jovem médium Basel,
exceto que ele descobriu que seus romances subliminares eram uma tentativa de
forçar os obstáculos que impediam seu desenvolvimento. O paciente Burgholzli,
em contraste, estava aprisionada em seus delírios.
Mas por que os complexos poderiam ser conquistados na histeria e não no demen-
tia praecox? Jung apresentou a hipótese de que os complexos deste último
produzir uma toxina que exerce uma ação nociva no cérebro, tornando assim o
doença irreversível. Esta teoria entrava em conflito com a própria teoria de Bleuler de
demência precoce, ou seja, que a principal causa da doença foi o
ação de uma hipotética toxina sobre o cérebro e que os complexos fizeram
não causou os sintomas, mas deu-lhes sua forma. Em uma declaração conjunta
Bleuler e Jung definiram suas divergências a esse respeito.
mesmo ano, Jung enunciou a suposição de que as idéias delirantes de um
psicóticos foram a expressão de seus esforços para criar uma nova visão do
mundo. 103
Enquanto isso, Jung havia redirecionado a aplicação da palavra associação
teste. Em 1905, um senhor idoso veio até ele porque o dinheiro tinha sido
roubado dele e ele suspeitava de sua pupila, um menino de dezoito anos. Jung
deu ao jovem um teste de associação de palavras que foi adaptado para o
caso. O jovem respondeu de tal forma que Jung teve certeza de que
apenas tinha que dizer "você roubou" a ele para obter uma confissão, e esta
realmente aconteceu.104 Havia também a história de um roubo de dinheiro em um
hospital que só poderia ter sido internado por uma das três enfermeiras. Jung
Página 38
deu-lhes o teste e encontrou o culpado, que aliás não era a enfermeira

quem havia sido mais suspeito. 1 os
Por um tempo, Jung acreditou que havia descoberto um novo método para des
criminosos fervilhando, mas ele logo percebeu que as coisas não eram tão simples. Frend
apontou que o sujeito não reagiu ao teste de acordo com seu objetivo
culpa, mas de acordo com seus sentimentos de culpa subjetiva e ansiedades. 106
Após vários anos de aplicação intensiva do teste, Jung parou de usá-lo
completamente. Ele nunca o rejeitou, e sua prática foi mantida no CG Jung
Instituto por seu valor disciplinar. Mas Jung proclamou que "quem quer que
deseja saber sobre a mente humana não aprenderá nada, ou quase nada,
da psicologia experimental. " '07
Trabalho de C. G. Jung-III-O período psicanalítico

O conhecimento de Jung com a psicanálise remonta ao início de
sua estada no Burgholzli. Em uma entrevista concedida em 1957, 108 Jung afirmou
que já em 1900 109 Bleuler havia pedido que ele fizesse um relatório sobre a
Interpretação de sonhos durante uma das noites de discussão dos médicos.ll 0
Freud é citado quatro vezes ao longo da dissertação de Jung sobre
1902, algumas vezes em seus artigos escritos de 1902 a 1905, e em seus escritos
Respostas no teste de associação de palavras Jung se refere a Freud como uma autoridade. De Jung
o interesse foi primeiro direcionado para o conteúdo cindido do inconsciente

(As idéias fixas do subconsciente de Janet), então ele as assimilou às de Ziehen
complexos de representação emocionalmente carregados, e agora ele encontrou
-los novamente nas reminiscências traumáticas de Freud. 111 A partir de então Jung
estudou o trabalho de Freud com interesse apaixonado. Nele ele encontrou a confirmação
mação de suas próprias descobertas com o teste de associação de palavras, mas suas próprias descobertas
também adquiriu um novo significado à luz das idéias de Freud. Escritos de Jung
desse período expressam entusiasmo por Freud, uma atitude agressiva
para os adversários da psicanálise, mas também uma declaração tranquila de sua
divergências com Freud. No prefácio de Psychology of Dementia Praecox,
datado de julho de 1906, Jung escreve que não concorda com as idéias de Freud sobre
a importância do trauma sexual infantil, que ele não coloca sexo-
l) 'alidade tanto em primeiro plano quanto Freud, e que ele considera
A psicoterapia de Freud como "na melhor das hipóteses uma possível."
O período psicanalítico de Jung se estende desde 1909 (quando ele deixou o
Burgholzli), até 1913 (quando deixou a Associação Psicanalítica). Dur-
durante esse período, uma mudança gradual ocorreu em seus próprios conceitos: no início ele
não mais do que propor alternativas para algumas das idéias de Freud, mas logo seu
divergências tornaram-se inaceitáveis para Freud.
Jung nunca aceitou o conceito do complexo de Édipo. Em um artigo
publicado em 1909, intitulado · 'O Significado do Pai para o Destino
do indivíduo ", Jung lembra que foi atingido pelo caminho em
em que o teste de associação de palavras trouxe respostas semelhantes entre os pais
e filhos e mães e filhas. 112 Meninos e meninas, diz ele,
Página 39
inconscientemente conformar-se com as atitudes familiares como se houvesse uma espécie de psíquica
contágio. Uma vez que essas atitudes sejam fixadas, elas persistirão por toda a vida.
Jung ilustrou com vários casos impressionantes como essas atitudes
dirigiu inconscientemente a vida dos indivíduos e constitui o que se denomina
destino. Em resumo. Jung atribuiu a essa assimilação precoce da família
atitudes ("identificação" na terminologia posterior) todos os efeitos que Freud
atribuída à resolução do complexo de Édipo. Em uma nota de rodapé Jung con
tendia a que libido é o que os psiquiatras chamam de vontade e esforço.
No ano seguinte, Freud publicou seu caso clínico do Pequeno Hans.
Pouco depois, no mesmo jornal, Jung publicou um artigo intitulado
"Conflitos psíquicos em uma criança", uma história um tanto paralela à de
Pequeno Hans. 113 Assim como as fobias deste menino de cinco anos começaram depois
o nascimento de uma irmãzinha. Anna de quatro anos de Jung teve problemas para seguir
o nascimento de um irmão mais novo. Este evento suscitou inúmeras preocupações
e fantasias na mente da menina, não apenas em relação à origem de
filhos, mas também sobre a vida após a morte e antes do nascimento. A criança tinha
até mesmo imaginou espontaneamente a teoria da reencarnação. O pai dela tinha
decidiu que era melhor responder a todas as perguntas tão simples e francamente quanto
possível. O esclarecimento incluiu uma explicação do papel do
pai. e Anna ficou totalmente tranquila. Em uma edição posterior
do mesmo jornal, Jung mencionou que a criança posteriormente separou
a explicação "esclarecedora" e voltou a uma teoria infantil.
Uma das primeiras aplicações da psicanálise à psicologia social foi a

artigo sobre "Psicologia dos Rumores": uma estudante de treze anos contou
seus colegas de escola de um sonho que ela teve com seu professor. A história despertou
um escândalo, e a menina foi suspensa da escola. No entanto, o
o conselho escolar estava pronto para readmiti-la sob aprovação psiquiátrica. Jung,
quem foi convidado a fazer o relato, dá o sonho contado pelo sujeito
bem como a versão de como foi relatado por oito testemunhas. O sonho
em si não continha nada de escandaloso, mas as testemunhas elaboraram um
número de detalhes escabrosos. Jung concluiu que o sonho de fato representa
ressentiu-se dos desejos inconscientes da menina e que as testemunhas haviam suprido
dobraram novas versões, como se tivessem interpretado o sonho em um psicanalítico
moda. 114
Enquanto isso, Jung havia se lançado na preparação de uma obra de
grande alcance. Com o incentivo de Freud, vários psicanalistas foram
engajado no estudo de mitos. particularmente Abraham, Rank e Silberer,
bem como Riklin em Zurique. Jung, que se interessou por muito tempo
na história da religião, retomou seus antigos estudos. Como ele afirma em seu auto-
biografia, leu as obras de Creuzer com particular interesse. 115
Mas ele não deu apenas uma interpretação psicanalítica dos mitos, ele também
usou seu conhecimento de mitos como um meio de compreender seus pacientes
sonhos e fantasias. Jung dedicou mais de quatrocentas páginas a um
interpretação mitológica de alguns devaneios e fantasias de uma pessoa que ele
Página 40
nunca tinha conhecido. Este trabalho foi publicado em duas partes no Jahrbuch, em
1 9 1 1 e 1 91 2. 1 1 6
Em 1906, Flournoy publicou algumas notas que recebeu de um
jovem estudante americana, Srta. Frank Miller. 117 Esta jovem era
muito sujeito a experiências de sugestão e auto-sugestão. Enquanto dia-
sonhando durante um cruzeiro no Mediterrâneo, ela ouviu um poema de três
estrofes, "Glória a Deus". Durante uma noite, quando ela estava em um trem, ela
criou um poema hipnagógico de dez versos chamado "A mariposa e o sol".
Algum tempo depois, após uma noite de problemas e ansiedade, ela imaginou um
drama hipnagógico centrado na figura de um herói asteca ou inca,
Chiwantopel. Enquanto registrava essas fantasias, a Srta. Miller tentou rastrear
sua fonte. seja para eventos anteriores em sua vida ou para suas leituras. Está ligado
este material escasso que Jung \\ Orked para encontrar uma interpretação baseada em
mitologia e história da religião.
A obra de Jung não é uma leitura fácil. Em sua versão original em alemão
está repleto de citações não traduzidas em latim, grego, inglês e francês,
e longas etimologias copiadas de dicionários. O leitor está submerso
sob uma avalanche de referências eruditas à Bíblia, os Upanishads
e outros livros sagrados; ao épico de Gilgamesh e à Odisséia; para poetas
e filósofos (particularmente Goethe e Nietzsche); para os arqueólogos,
linguistas. e historiadores da religião; para Creuzer, Steinthal e outros
estudantes de mitologia. para não falar dos psicólogos contemporâneos de Jung,
psiquiatras. e psicanalistas. Em meio a essa riqueza de material, o leitor
está constantemente com medo de perder o fio, mas de vez em quando ele está
trazido
ele de volta
próprio de umpara Miss de
excesso Miller. Ele parece
material comoao
acumulado selongo
o autor quisesse
dos libertar
anos. Até um hino
composta por seu avô Samuel Preiswerk é citado. Mas ainda há
são poucas referências às obras de etnólogos (além de Frobenius),
e quase nada dos gnósticos e alquimistas.
Apesar da leitura árdua, a obra de Jung despertou muito interesse. isto
trouxe três novidades para o mundo psicanalítico. O primeiro foi um depar-
tura do conceito original de libido de Freud: Jung acha impossível explicar
o fenômeno da psicose pela retirada da libido do
mundo exterior. Isso só seria possível se a libido fosse mais do que
instinto sexual. e por essa razão Jung agora identifica libido com psíquica
energia. Segundo. Jung afirma que a libido em seu novo significado naturalmente
se expressa apenas por meio de símbolos. Como Jung disse mais tarde em um de seus semi-
nars. a libido sempre aparece na forma cristalizada, ou seja, na forma de
símbolos universais. como nós os conhecemos do estudo da mitologia comparativa
ogy. Vê-se aqui o início do que logo se tornaria o conceito de pulmão
do inconsciente coletivo e dos arquétipos. Terceiro, entre todos os mitos
discutido neste livro. um surge como particularmente importante: o mito de
o herói. Rank já havia tratado do mito do nascimento do herói. Jung
agora fala da batalha do herói pela libertação da mãe e de sua
luta com uma besta monstruosa.
Página 41
O livro, em sua versão original em alemão, terminou com um

observação ambígua que poderia se aplicar tanto aos adversários de Freud quanto a Freud
ele próprio: "Não considero que seja função da ciência competir pelo último
palavra. mas sim para trabalhar para o aumento e aprofundamento de
conhecimento. " IIH
Em setembro de 1912, Jung deu uma série de nove palestras sobre psicanálise
Em Nova Iórque. Eles foram compilados e publicados em 1913. 119 pontos Jung
fora que a teoria psicanalítica mudou ao longo dos anos e que
Freud abandonou sua teoria inicial de que todas as neuroses poderiam ser rastreadas
de volta a um trauma sexual na infância. Da mesma forma, Jung pretende desenvolver
a teoria psicanalítica ainda mais longe, e particularmente para revisar o
teoria da libido. Primeiro, a equação da libido com o impulso sexual
parece-lhe insustentável. Por que deveria o prazer experimentado pelo bebê
na amamentação ser de natureza sexual, em vez da gratificação dos nutrientes
instinto ativo? O conceito de Freud deveria implicar que a fome é uma manifestação de
o impulso sexual; mas alguém poderia \ ery \\ ell, e sem menos razão, descrever
as manifestações sexuais próprias como desenvolvimentos do instinto nutritivo!
Infelizmente Freud usou o termo "libido" como "desejo sexual", mas mais tarde
estendeu seu significado a tal ponto que Claparede observou que o usou em
o sentido de "interesse". Todas as dificuldades. de acordo com Jung, seria resolvido
dando à palavra "libido" o significado de "energia psíquica". É a energia
que se manifesta no processo de vida e é percebido subjetivamente como um esforço
e desejo. Isso introduziria uma revolução na psicologia semelhante a essa
produzido em física por Robert Mayer quando ele propôs a teoria do
transformação de energia. Essa readaptação iria, além disso, privar o
adversários da psicanálise de um argumento justificado, a saber, que "libido"
é um conceito místico. Tomado neste novo sentido, o termo "libido" seria
tornar-se um conceito abstrato (como é o conceito de energia na física), e um

hipótese pura. 120 À luz desses novos princípios, a evolução do
a libido deve ser entendida de uma maneira diferente. Jung distingue três estágios:
O primeiro é o presciente de até três ou cinco anos; aqui o
libido. aliás, energia psíquica). está a serviço do crescimento e da nutrição. Lá
não é uma sexualidade infantil adequada. e Jung critica fortemente o termo "poli-
metamorfose perversa "atribuída por Freud à criança. A segunda fase estende-se
dessa época até o início da puberdade. Freud chama de "latente
período. "mas Jung. pelo contrário. afirma que os germes do instinto sexual
aparecer durante este tempo. para decolar no terceiro estágio quando o indivíduo
alcançará a maturidade sexual. Depois de analisar as implicações desta revisão
teoria da libido em relação a penersões e psicose. Jung se concentra no
implicações em relação à neurose. Ele não aceita o princípio de que o
as raízes da neurose estão na infância remota. mas sim nas situações presentes.
(É . Jung diz. Como se as dificuldades políticas da Alemanha do século XIX
foram atribuídos às antigas conquistas romanas.) Então, como são os "pais
complexos "a serem explicados? Jung sustenta que a evolução natural do
libido é interrompido por causa das dificuldades atuais que causam uma reativação de
Página 42
conflitos passados. Além disso. Jung não aceita a noção de Freud do Édipo
complexo. Ele admite que o menino ou a menina são mais ou menos intensos
apegado à mãe. o que pode trazer certa rivalidade com o pai,
mas a mãe é vista como uma figura protetora e nutridora, não como o
objeto de desejos incestuosos. Uma verdadeira neurose infantil tem mais probabilidade de
aparecem quando a criança começa a escola e, mais tarde, pode surgir uma neurose quando
o indivíduo deve enfrentar o casamento ou ganhar a vida. Na presença de um
neurose, a verdadeira questão é: "Qual tarefa o paciente deseja evitar?"
"De que dificuldade da vida ele está tentando escapar?" (Podemos notar neste ponto
o conceito de neurose daquele pulmão é uma reminiscência de Janet e Adler
Visualizações.)
Em relação à psicoterapia, Jung lembra que a confissão de um fardo
algum segredo pode ter um efeito extremamente benéfico. Isso é conhecido
por séculos e ainda é válido. embora o processo de cura seja bem diferente
da psicanálise. Quanto à própria técnica psicanalítica,
Jung enfatiza o papel da interpretação dos sonhos, reconhecendo que Maeder
função teleológica dos sonhos e insistindo na ajuda trazida por
mitologia comparativa. Jung também destaca uma ideia que na época era bastante
novo: o psicanalista deveria ter feito uma análise ele mesmo. Auto-
análise ele considera uma impossibilidade. Ele conclui que a psicanálise irá
ser capaz de elaborar uma filogênese do espírito.
Uma ilustração dessas visões pode ser encontrada em uma palestra que Jung deu em
Londres em agosto de 1913. 121 Havia a história de um jovem neurótico
homem que relatou o seguinte sonho: "Eu estava subindo um lance de escada com
minha mãe e irmã. Quando chegamos ao topo, disseram-me que minha irmã
estava prestes a ter um filho. "Na visão psicanalítica ortodoxa, isso era
um sonho tipicamente incestuoso. Jung objetou: "Se eu disser que as escadas são um
símbolo do ato sexual. de onde obtenho o direito de respeitar a mãe,
a irmã e a criança como concretas; isto é, não tão simbólico? "Uma investigação
na situação
porque presente
ele havia mostrouseus
terminado queestudos
o jovemvários
tinha meses
sentimentos
antes edenão
culpa
podia
trazer-se a exercer sua profissão. Àquela luz, o sonho do paciente era
não tanto a realização de desejos incestuosos infantis, mas o chamado para cumprir
os deveres que ele havia negligenciado até então.
Trabalho de Carl Gustav Jung-IV-O período intermediário

No final de 1913, Jung rompeu com Freud e logo depois renunciou
seu posto na Universidade de Zurique. Em 1921, seus Tipos psicológicos ofereceram
um novo sistema totalmente desenvolvido de psiquiatria dinâmica .1 22 Durante o período intermediário
período (1914-1920) não publicou muito, mas alcançou três grandes
tarefas. Intimamente conectado um com o outro estava sua jornada através do
inconsciente. sua preocupação com tipos psicológicos, e seu estudo de
Gnosticirm.
Vimos que em dezembro de 1913 Jung iniciou sua Nekyia, aplicando
Página 43
para si mesmo um método de imaginação ativa com análise do emergente

símbolos. Ele agora aplicava às suas próprias fantasias à medida que surgiam da mesma
elucidação de símbolos com a ajuda da mitologia comparativa que ele tinha
praticado com as fantasias da Srta. Miller. Este experimento foi a fonte de
vários dos conceitos mais básicos da psicologia de Jung: a anima, o self,
a função transcendente e o processo de individuação. Todos estes foram
realidades psíquicas que ele experimentou pessoalmente. Em um artigo publicado em
Dezembro de 1916, Jung delineou seus novos conceitos do inconsciente, afirmando
que existem várias maneiras de lidar com o inconsciente. 123 Pode-se tentar
reprimi-lo, ou esgotá-lo por meio de análise redutiva, mas estes são impos-
tentativas possíveis porque o inconsciente nunca pode ser reduzido à inatividade.
Também se pode estar submerso pelo inconsciente, como acontece com esquizo
frênica. Pode-se tentar se identificar de forma mística com o coletivo
psique. Uma solução preferível é empreender uma perigosa, mas gratificante
luta contra os conteúdos do inconsciente para subjugá-los. este
é o significado simbólico dos mitos que falam da luta de um herói contra
um monstro e da vitória que garantirá um tesouro, um invencível
arma, ou um talismã mágico. '' É na conquista da vitória sobre o
psique coletiva que os verdadeiros valores residem. "Esta frase, que muito provavelmente
refere-se à sua própria experiência, parece indicar que antes do final de 1916
Jung sentiu que já havia conquistado a principal vitória em sua experiência pessoal.
O autoexperimento de Jung permitiu-lhe atribuir um significado mais amplo à sua
conceitos anteriores dos tipos psicológicos. Ele apresentou um primeiro briefing
esboço de sua tipologia no Encontro Psicanalítico de Munique em 7 de setembro
e 8 de 1913, e publicou-o no diário de Flournoy em dezembro de
mesmo ano. 1 24 No contraste entre as síndromes psicológicas de
histeria e esquizofrenia ele viu o grau extremo de um contraste
entre duas atitudes que também existem em indivíduos normais, extroversão
e introversão. Essas duas atitudes podem sofrer modificações no
mesmo indivíduo. Cada um implica uma visão diferente do mundo, e esta
também pode explicar os mal-entendidos entre introvertidos e extrovertidos
(como aqueles entre Freud e Adler). Agora a jornada de Jung através
o inconsciente o levou a entender que extroversão e introversão

não eram apenas duas atitudes opostas, mas duas psicológicas complementares
funções. Ele experimentou o estado de introversão gradualmente crescente
a si mesmo quando a percepção do mundo exterior desaparece enquanto as visões interiores
e as fantasias se tornaram a realidade principal, e mais tarde ele experimentou o gradual
retorno da extrema introversão à extroversão aberta com sua aguçada
percepção do mundo e de outros homens, e sua necessidade de atividade e
prazer.
Durante esses anos, Jung, que era muito versado na história da religião,
foi tomado com grande interesse pelos gnósticos. Esses hereges, que floresceram
em meados do segundo século DC, alegou substituir a fé pura por
conhecimento. Eles consideraram suas visões realidades e sistematizadas
Página 44
eles em sistemas cosmogônicos. Jung saudou os gnósticos como os precursores

da psicologia do inconsciente. Obviamente, Jung presumiu que estes
os homens tiraram sua "Gnose" da mesma fonte de onde ele tirou
seu conhecimento do inconsciente.
Se compararmos o material utilizado em Metamorfoses e Símbolos de
Libido ( 1911-1912) e The Psychological Types (1921) , podemos
medir o quanto Jung havia ampliado seu conhecimento: além dos gnósticos
ele agora cita os Padres da Igreja. teólogos medievais, clássicos
poemas da Índia antiga. Filósofos chineses e uma série de etnológicos
trabalho. Esta variedade de fontes explica por que os tipos psicológicos é um
livro um tanto intrigante. O leitor que abre aquele volume de sete
cem páginas esperando que comece com uma descrição psicológica clara de
os tipos psicológicos logo ficam desapontados. A descrição clínica de
os tipos ocupam apenas o último terço do livro, após uma longa pesquisa
abrangendo as obras de teólogos, filósofos, psicólogos, poetas,
e historiadores da ciência. Mas seria um erro ver nesta pesquisa
uma mera demonstração de erudição. A noção de que existe um introvertido e um
visão extrovertida do mundo pode nos ajudar a entender as divergências
e conflitos de opinião entre certos filósofos ou teólogos. o
disputas entre Tertuliano e Orígenes, Santo Agostinho e Pelágio, o
partidários e adversários do dogma da transubstanciação, o medieval
realistas e nominalistas. e Lutero e Zwínglio, estavam enraizados no mergulhador
entre uma visão altamente introvertida e uma visão altamente extrovertida de
o mundo. Assim como a distinção de Schiller entre sentimental e ingênuo
poesia. (Na verdade, Schiller descreveu a diferença que observou entre ele-
self, o poeta introvertido sentimental, e Goethe, o extrovertido ingênuo
poeta.) Essa também era a distinção de Nietzsche entre o apolíneo e
as atitudes dionisíacas e o contraste nas personagens de Prometeu
e Epimeteu no poema de Spitteler, Olympic Spring. Wilhelm Ostwald teve
recentemente distinguiu dois tipos de cientistas. o clássico e o romântico;
Jung os equiparou aos tipos introvertidos e extrovertidos. 125
A maioria dos relatos dos tipos psicológicos de Jung são simplificados demais. Alcançar
A teoria de Jung em toda a sua complexidade. nada pode substituir a leitura do árduo
Capítulo X dos Tipos psicológicos. A contribuição de Jung no Jestschrift
para Mortonsão
extroversão Prince seria espontâneos
atitudes. uma boa introdução. 126 Introversão e
ou voluntários, que estão presentes em
cada indivíduo em vários graus. A introversão é a atitude daqueles
indivíduos que derivam suas motivações principalmente de dentro de si mesmos,
isto é, de fatores internos ou subjetivos. e extroversão é a atitude
daquelas pessoas que derivam suas motivações principalmente de fora, isto é
de fatores externos. O mesmo indivíduo pode ser mais ou menos introvertido
ou extrovertido ou pode mudar de uma atitude para outra no decorrer de
a vida dele. Mas uma dessas atitudes pode ser fixada em indivíduos e então uma
fala de tipos introvertidos ou extrovertidos. Nem sempre é fácil classificar
Página 45
um indivíduo porque existem tipos intermediários e, como disse Jung,

"todo indivíduo é uma exceção à regra." Um alto grau de introversão
ou a extroversão tende a despertar um processo compensatório do subjugado
atitude no inconsciente. Essa extroversão do introvertido (ou vice-versa)
é uma espécie de retorno do reprimido. Introversão e extroversão acarretam um
visão específica do mundo. No entanto, um indivíduo introvertido pode ter
uma visão extrovertida do mundo e vice-versa. Para indivíduos que são
fortemente introvertido ou extrovertido. é difícil entender um indivíduo
do outro tipo. pelo menos intelectualmente. Mas porque introvertidos e extrovertidos
verts são complementares entre si. casamentos entre eles são
freqüente e freqüentemente feliz.
Às noções de introversão e extroversão, Jung adicionou o sistema
das quatro funções fundamentais da psique consciente. Eles compreendem
dois pares de funções opostas: as duas funções racionais de pensamento e
sentimento, e as duas funções irracionais de sensação e intuição. Pensando
é o oposto de sentir. e a sensação é o oposto da intuição. (O
palavra "irracional" não significa que essas funções sejam anti-racionais, mas
em vez disso, estão fora do campo da racionalidade.) As quatro funções existem em cada
individual, mas em cada uma predomina uma função que coloca o oposto
funcionar em uma posição de inferioridade. Por exemplo. quando pensar é
predominante. o sentimento está em uma posição inferior. Mas aqui também se pode ver como
ocorre uma espécie de retorno do reprimido. Em um indivíduo fortemente intelectual
pode assumir a forma de explosões de sentimentalismo grotesco e de uma forma altamente
indivíduo sentimental que de opiniões intelectuais tolas. A questão é,
Contudo. ainda mais complexo. porque muitas vezes existe um auxiliar
função. ao lado do principal.
A noção de introversão e extroversão e das quatro funções
permitiu a Jung estabelecer um sistema de oito tipos psicológicos, dos quais
quatro são extrovertidos e quatro são introvertidos.
O tipo extrovertido pensante dirige sua vida e a de seus dependentes de acordo com
aderir a regras fixas; seu pensamento é positivo. sintético. dogmático. O sentimento-
o tipo extrovertido mantém os valores que lhe foram ensinados. respeita as condições sociais
ventões. faz \ 1 chapéu é adequado. e é muito emocional. A sensação, extrovertida
tipo é amante do prazer. sociável. e se ajusta facilmente às pessoas e
circunstâncias. O tipo intuição extrovertido mostra percepções em situações de vida.
detecta e é atraído b) ne \ 1 possibilidades. é talentoso para os negócios. especulação.
ecomprimento
política. Então
por'' Jung,
ele tem o tipo
que introvertido
parece ter tomado pensante
Nietzscheque é descrito
como em para ele: um homem
seu modelo
a quem falta senso prático. ele se isola após experiências desagradáveis com
seus companheiros. deseja ir ao fundo das coisas. e mostra muita ousadia
em suas idéias. mas muitas vezes é impedido por hesitações e escrúpulos. O sentimento-
o tipo introvertido é despretensioso. 4uiet. indivíduo hipersensível. difícil de
entender por seus semelhantes; no caso da mulher. ela exerce um misterioso
poder sobre os homens extremos. O tipo introvertido por sensações também é um quieto
Página 46
pessoa que olha para o mundo com uma mistura de benevolência e diversão,
e é particularmente sensível à qualidade estética das coisas. O intuitivo
o tipo introvertido é um sonhador que atribui o maior valor à sua tendência interior
de pensamento e que é facilmente considerado estranho ou excêntrico pelos outros.
Como um dispositivo mnemotécnico, Ania Teillard 127 imaginou a história do jantar
dos tipos psicológicos: A anfitriã perfeita (se sentindo extrovertida) recebe
os convidados com seu marido. um cavalheiro tranquilo que é um colecionador de arte e especialista
em pinturas antigas (sensação-intrm · ert). O primeiro convidado a chegar é um talentoso
advogado (pensativo). Em seguida, vem um empresário notável (sensação-
extrovertido) com seu \\ if e. um taciturno. algum \\ músico enigmático (sentindo-
introvertido). Eles são seguidos por um estudioso eminente (introvertido e pensante)
que veio sem sua esposa. um ex-cozinheiro (se sentindo extrovertido), e um distinto
engenheiro (intuitivo-extrovertido). Espera-se em vão pelo último convidado, um poeta
(intuitivo). mas o pobre feiiO \\ esqueceu o convite.
As fontes da tipologia de Jung são múltiplas. Um era o atual

preocupação psiquiátrica em encontrar correlações entre direitos clínicos
e tipos psicológicos. Janet. Bleuler, Kretschmer e Rorschach utilizaram
esta abordagem em momentos diferentes. 12 H básico para a concepção de Jung era seu
experiência pessoal e real do processo de crescente introversão e
o retorno à extroversão no curso de sua doença criativa. E finalmente
houve extensa pesquisa de Jung ao longo da história da filosofia,
teologia e literatura. Mas outras antecipações da tipologia de Jung poderiam
ser encontrados, além daqueles indicados em seu levantamento histórico.
O escritor místico Swedenborg (cujas obras Jung devorou em
sua juventude) afirmou ter visitado o céu e o inferno_l 29 Ele havia encontrado dois
separar reinos celestiais e duas categorias de anjos. Anjos celestiais
receba a verdade divina diretamente do Senhor, perceba-a interiormente e
imediatamente reconhecê-lo como tal. Os anjos espirituais recebem a verdade indiretamente
através de sua inteligência. e examine se é assim antes de aceitar
isto. É suficiente para ler poeta em vez de anjo. e inspiração poética em vez de
verdade divina, para ter a distinção de Schiller de poetas ingênuos e sentimentais
e poesia.uo
Oliver Brachfeld 131 apontou a similaridade entre os tipos de Jung de
introversão e extroversão e os dois tipos de atitudes intelectuais
descrito por Binet. t J2
Por três anos, Binet conduziu investigações sobre suas duas filhas,
Armande e Marguerite. por meio de vários testes psicológicos de seu
invenção. Armande ele chamou de subjetivista e Marguerite de objetivista.
Pedindo a cada criança para \\ ritar um gim: n número de palavras ao acaso, Binet descobriu
que Armande deu palavras mais abstratas e mais relacionadas a fantasias e
memórias antigas; Marguerite escolheu palavras mais concretas e palavras associadas

com objetos presentes e memórias recentes. Em Armande havia mais esponta-
imaginação. Aqui, Marguerite foi capaz de controlar o curso de sua
Página 47
imaginação. Armande também descreveu um objeto menos metodicamente do que

Marguerite. que afirmou exatamente a situação do objeto no espaço. Espontâneo
atenção dominada em Armande. atenção ativa, voluntária, em Marguerite.
Armande poderia medir intervalos de tempo com mais precisão. e Marguerite aquelas
do espaço. Binet concluiu que existem duas atitudes e qualidades diferentes
da mente. que ele chama de introspecção e externa. Introspecção, como
ilustrado por Armande. é "o conhecimento que temos de nosso mundo interior, nosso
pensamentos, nossos sentimentos. "A externospecção é '' a orientação do nosso conhecimento
em direção ao mundo exterior em oposição ao conhecimento de nós mesmos. "
Armande descreveu melhor seus estados de consciência, mas foi menos preciso
em suas descrições do exterior \\ Orld. e o inverso foi verdadeiro para Marguerite.
Binet enfatizou que a sociabilidade e a aptidão para se misturar com os outros não são necessárias.
necessariamente vinculado a uma ou outra atitude. No entanto, o "tipo de introspecção" é
mais dotado para a arte. poesia. e misticismo. e o "tipo de inspeção externa" é
mais dotado para a ciência. 133 Binet concluiu que esses dois tipos mentais jogavam
um grande papel na história da filosofia e isso explicaria, entre outras
coisas a disputa medieval entre os realistas e os nominalistas.
Como o livro de Binet apareceu aproximadamente na época em que Jung estudou

em Paris com Janet, Jung pode ter lido e depois esquecido, e este
seríamos mais um exemplo dessas criptomnésias, tão frequentes no
história da psiquiatria dinâmica.
Psicologia Analítica do Trabalho V de Carl Gustav Jung

Depois que Jung deixou o movimento psicanalítico, ele não se chamava mais
psicanalista, nem os freudianos o reconheciam como tal. De
desde o início, ele apresentou uma série de conceitos não freudianos
e agora ele estava livre para seguir suas próprias idéias e desenvolver seu sistema, que
ele chamou psicologia analítica ou psicologia complexa. Seus novos conceitos
foram definidos em 1922 no último capítulo de Os Tipos Psicológicos. este
é o material que ele deveria desenvolver pelo resto de sua vida em pelo menos vinte
livros e vários artigos. A seguir, devemos nos esforçar para dar
um esboço muito sucinto da psicologia analítica de Jung. Uma pesquisa completa
desse amplo sistema exigiria um livro de quinhentas páginas, que
infelizmente Jung nunca escreveu a si mesmo. Devemos nos contentar com um breve
esboço dos principais pontos da psicologia analítica: a energética psíquica, a
inconsciente e os arquétipos, a estrutura da psique humana, o
individuação, os sonhos e os conceitos junguianos de psicose e neurose.
Energética Psíquica
Assim como muitos de seus contemporâneos, Jung desenvolveu um sistema psíquico
energética. Suas idéias sobre o assunto podem ser encontradas em suas Metamorfoses
e Símbolos da Libido e em um livro sobre energia psíquica. 34 No final
do século XIX, a palavra "libido" era frequentemente usada para indicar
"desejo sexual" ou "instinto sexual", Moll deu a conotação de
Página 48
estágios de evolução do instinto sexual, e Freud estendeu seu significado

à soma total dos estágios de evolução e possíveis transformações do
instinto sexual. O que Freud fez por MolL Jung fez por Freud; ele estendeu
o significado adicional - ou seja, para a energia psíquica como um todo. Mais tarde Jung
deixou de usar a palavra libido totalmente e falava apenas de energia psíquica.
Assim, a questão da relação da energia psíquica com a física
a energia surge necessariamente. Como Janet. Jung assume que tal relacionamento
existe, mas não pode ser demonstrado. e que em contraste com o físico
energia. a energia psíquica não pode ser medida. Nenhum equivalente pode ser
estabelecido entre a energia física e psíquica. Caso contrário, J ung assume
que os princípios regentes da energia física são paralelos à energia psíquica,
a saber, os princípios de conservação. transformação e degradação de
energia. Mas para a diferença de energia física. energia psíquica não
apenas uma causa, mas um objetivo.
A energia psíquica tem sua fonte nos instintos e também pode ser trans-
transferido de um instinto para o outro (a sublimação é apenas um entre outros
vários processos). Ao longo dessas transformações, a quantidade de energia
permanece constante; “A energia da galinha aparentemente desaparece. simplesmente significa que
ele foi armazenado no inconsciente. de onde pode ser novamente mobilizado.
Embora não tenhamos meios de medir a energia psíquica, é possível
estimar diferenças quantitativas de energia. Existem indicadores a fazer
uma estimativa aproximada da quantidade de energia que carrega um complexo. Tal
são o número de palavras consteladas e a intensidade da perturbação
elementos no teste de associação de palavras.
Existem também níveis de energia psíquica. Jung. seguindo o exemplo de
Janet, fala de energia psíquica superior e inferior. Até mesmo o princípio de
entropia pode ser aplicada à psicologia na medida em que existam sistemas fechados
de natureza psicológica. O velho paciente esquizofrênico que perdeu contato
com o exterior \\ orld e permanece imóvel e mutista manifesta-se
extrema degradação da energia psíquica e aumento da entropia.
Jung assume que a energia psíquica é dirigida na forma de progresso

são ou regressão. A progressão é um processo contínuo de ajuste ao
demandas do mundo externo. Deixar de fazer isso produz fenômenos de
estagnação ou regressão. que resulta na reativação do inconsciente
conteúdos e antigos conflitos interiores. Mesmo assim. progressão não deve ser
confundido com evolução: um indivíduo pode permanecer bem ajustado ao
demandas do exterior, mas perdem contato com seu psíquico interior
realidade. e, em tal caso, uma regressão temporária pode ser útil na medida em que
pois isso permitiria que ele se ajustasse às demandas do inconsciente.
Nessa mesma perspectiva. os símbolos se tornam transformadores de energia. Quando
um símbolo é assimilado. uma certa quantidade de energia psíquica é liberada
e pode ser usado no nível consciente. Ritos religiosos e mágicos. tal como
aqueles dos povos primitivos antes da caça ou da guerra. são meios de mobilizar
energia para propósitos definidos. nos
Página 49
O Inconsciente Coletivo e os Arquétipos

Por vários anos, Jung se preocupou principalmente com as questões pessoais
consciente. embora desde o início ele não atribuiu um puramente
caráter regressivo ao inconsciente pessoal. (Lembramos a história de
o jovem médium em uma de cujas personalidades inconscientes Jung viu
a personalidade futura tentando romper.) Então, em seus experimentos
com o teste de associação de palavras, Jung teve que lidar com complexos, e ele
encontraram todas as variedades possíveis deles a partir de pequenos grupos de inconscientes
representações para as personalidades duais desenvolvidas. Duas características pareciam
notável: o desenvolvimento autônomo dos complexos e sua tendência
assumir a forma de uma personalidade (como pode ser visto nos sonhos, espiritismo,
mediunidade, possessão e personalidade múltipla).
O próximo passo foi a noção de imago. Freud havia enfatizado o
importância e influência duradoura das relações dos filhos com seus
pais; o que importava não era como o pai e a mãe realmente eram,
mas como a criança os viu subjetivamente. Jung propôs chamar este sub-
representação objetiva da imago. um termo inspirado no título de Carl Spit-
romance de teler. 1311 Freud apontou que a imago inconscientemente dirige
a escolha do objeto de amor. Jung se perguntou sobre as discrepâncias entre
a mãe verdadeira e a imago mãe. Ele assumiu que o principal
fato foi a preexistência no homem de uma imagem inconsciente de mulher. o
conceito de imago. que foi um dos mais populares entre os psicopatas
analistas por volta de 1907. gradualmente perdeu sua importância, embora nunca tenha sido
negado formalmente. Na psicologia de Jung, era uma fase de transição entre
a noção de complexo e a de arquétipo. o último sendo estreitamente ligado
ao conceito junguiano de inconsciente coletivo.
O conceito de inconsciente de Jung difere daquele de Freud em três
pontos principais: (I) É tem um campo autônomo de desenvolvimento. (2) Ele é
complementar à consciência. ( 3) É a sede do primordial universal
imagens. os arquétipos. Jung diz que uma das primeiras experiências que
o levou à ideia de arquétipos foi o caso de um velho esquizofrênico
paciente do Burgholzli que alucinava abundantemente, dia e noite. este
paciente uma vez declarou ao médico responsável, Dr. Honegger, que ele
viu que o sol tinha um falo cujos movimentos produziam o vento. o
origem daquela estranha ilusão parecia inexplicável, até que os olhos de Jung caíram
em um livro recente de um historiador da religião, Dieterich, 13 R sobre a liturgia
da religião mitraica, como revelado por um grego até então não publicado
papiro. Este texto continha a menção do vento originado em um tubo
pendurado no sol. A possibilidade de que o paciente tenha lido aquele VI "com eficiência
o texto descoberto foi descartado. Para Jung 139, a única explicação parecia
ser que existem símbolos universais que podem aparecer em mitos religiosos
bem como em delírios psicóticos. 14 ° Coincidências deste tipo provaram
não seja muito raro. mesmo que não tão notável como o caso anterior.
Página 50
A teoria dos arquétipos de Jung sempre foi mal interpretada. A dis-

a tintura deve ser feita entre os "arquétipos próprios" que normalmente são
latente e inconsciente e as "imagens arquetípicas" que são o mani
manifestações deste último à consciência. Arquétipos não são fruto de
experiência individual, eles são "universais". Essa universalidade foi
interpretado pelos junguianos como emanando da estrutura do ser humano
cérebro ou como a expressão de uma espécie de alma-mundo neopitônica. Sem
negando a possibilidade de qualquer explicação, Jung, que afirmou ser um
empirista, disse que tinha que reconhecer os arquétipos sem saber
sua natureza íntima. As imagens arquetípicas de Jung nos lembram de Von
A ideia de Schubert de uma linguagem universal de símbolos comuns à humanidade.
manifestado em sonhos tanto quanto nos mitos de todos os povos. No entanto, em
A concepção de Jung. arquétipos são mais do que isso: eles são os centros de
energia psíquica; eles têm uma qualidade de vida "numinosa"; e eles são
susceptível de se manifestar em circunstâncias críticas, seja através de um exterior
evento ou por causa de alguma mudança interna.
Como exemplo de uma imagem arquetípica liberada por um evento exterior, nós
pode citar a experiência de William James do terremoto de São Francisco em
1906.141 Enquanto estava acordado em sua cama, uma manhã cedo, ele reconheceu
imediatamente o que estava acontecendo, não sentiu medo, mas "puro deleite e bem-
venha. "Nos vvords de James:
Eu personifiquei o earthyuake como uma entidade individual permanente ele veio,

além disso. diretamente para mim. Ele entrou nas minhas costas. e uma vez dentro da sala,
tinha-me só para si. e poderia se manifestar de forma convincente. Animus e intenção
nunca estiveram mais presentes em qualquer ação humana. nem qualquer atividade humana
mais definitivamente aponte para um agente vivo como sua fonte e origem.
James descobriu que outras pessoas sentiram uma intenção no terremoto, e

chamou de vicioso. inclinadas à destruição. enquanto outros falaram de sua vaga
poder demoníaco. Ainda outros pensaram no fim do mundo e no final
julgamento. Para James, ao contrário, tinha a qualidade de um ser individual.
William James concluiu:
Eu percebo agora melhor do que nunca como eram inevitáveis os primeiros mitológicos dos homens
1ersões de tais catástrofes. e quão artificial e contra a natureza de nosso
percepção espontânea são os hábitos posteriores nos quais a ciência nos educa. isto
era simplesmente impossível para homens não treinados levarem yuakes da Terra em suas mentes
como qualquer coisa, exceto 11 avisos ou retribuições sobrenaturais.
Esta é uma imagem maravilhosa de como um homem experimenta o surgimento de

uma imagem arquetípica. No caso de William James, o arquétipo foi projetado
sob o impacto de um evento exterior. Mais frequentemente, os arquétipos são
manifestado em conjunção com os eventos da vida mais íntima de uma pessoa. Arquétipos
pode aparecer em sonhos; eles também podem ser provocados pelo uso de
imaginação ou desenhos espontâneos. Existe uma variedade quase infinita de
Página 51
arquétipos. Alguns parecem estar muito distantes da consciência, outros são

mox: e imediato, e deve ser descrito em conexão com a estrutura de
a psique humana.
A Estrutura da Psique Humana

Jung vê o ego consciente como estando situado na junção de dois mundos:
o mundo exterior ou espacial e o mundo objetivo interior ou psíquico.
Como afirma Baudouin: "Que o inconsciente se estende muito além de
consciência é simplesmente a contrapartida do fato de que o mundo exterior se estende
muito além do nosso campo visual. " 142 Em torno de nosso ego gravitam uma série de
subpersonalidades cuja relação com o ego é modificada ao longo do
curso da vida. Tais são a persona, a sombra, a anima ou animus, o
arquétipo do espírito e do self. Para o exterior, o indivíduo
apresenta uma espécie de fachada ou máscara social, a persona, uma palavra que em
Latim significa máscara de teatro. A persona é a soma total do convencional
atitudes que um indivíduo adota porque pertence a certos grupos:
ocupação, classe social, casta, partido político ou nação. Alguns indivíduos
vai se identificar muito fortemente com essas atitudes de modo que eles percam contato com
sua verdadeira personalidade. Os aspectos mais graves da persona são manifestados
no preconceito racial, social e nacional.
A sombra é a soma dessas características pessoais que o indivíduo
deseja se esconder dos outros e de si mesmo. Mas quanto mais o indivíduo
tenta esconder de si mesmo, mais a sombra pode se tornar ativa e
malfeitor. Um exemplo da literatura foi "The Dark Monk", que ac-
acompanhou o monge Medardus no romance de E. T. H. Hoffman, The Devil's
Elixires. Este foi um exemplo literário da "sombra" emancipando-se
do controle da personalidade consciente para cometer ações más por trás
está de volta. Mas a sombra também pode ser projetada; então o indivíduo vê seu
próprios traços escuros refletidos em outra pessoa a quem ele pode escolher como um
bode expiatório. Às vezes também. devido à influência do álcool ou algum outro
causa, a sombra pode temporariamente tomar conta de um indivíduo, que mais tarde
pode ficar bastante surpreso que ele seja capaz de tal comportamento maligno.
O conceito junguiano de sombra não deve ser confundido com o
Conceito freudiano do reprimido; está relacionado ao fenômeno de
inconsciência, em oposição à inconsciência. 143 Para a inconsciência pertencer
aqueles aspectos do mundo e de si mesmo que um indivíduo não vê,
embora ele pudesse se ele honestamente quisesse. Um homem pode se visualizar
como um bom marido e pai, que é querido por seus subordinados e re-
spected por seus concidadãos; e ainda este homem ignora o fato de que ele é
um marido egoísta, um pai tirânico, que é odiado por seus subordinados,
e mais temido do que respeitado por seus semelhantes. Este lado negativo de
que este homem não sabe, é precisamente o que Jung chama de sombra.
Considerando que a persona e a sombra são os aspectos mais exteriores de um
individual, outras subpersonalidades estão relacionadas à realidade psíquica interna
Página 52
do inconsciente coletivo. Esses são os arquétipos da alma (anima ou

animus), o arquétipo do espírito (o velho sábio, o magna mater),
e o mais central de todos os arquétipos, o self
Como todos os arquétipos, o da alma é conhecido por suas manifestações quando
é projetado, a saber, como uma personificação característica do outro sexo.
Assim, no homem, assume a forma de uma figura feminina, a anima, e na mulher
o de uma figura masculina, o animus. Vimos como Jung descobriu
a anima durante sua auto-análise; mais tarde ele descobriu isso também em seus pacientes
sonhos e fantasias e, posteriormente, sob muitas formas em religiões, mitos,
e literatura. 144
O arquétipo da alma assume a forma de uma figura feminina ideal
no homem, a anima, e na mulher a forma de um masculino, o animus,
devido à natureza complementar do homem e da mulher, que ambos mantêm
seu inconsciente é uma representação ideal do outro. A existência do
anima se manifesta na maneira como um homem distorce a representação
das mulheres reais em sua vida: sua mãe, irmãs, amigos, objetos de amor e
cônjuge. A anima também é personificada em sonhos, visões e fantasias, em
muitos mitos de todas as populações e tem sido uma rica fonte de inspiração
para romancistas e poetas. Às vezes, a anima é projetada do
consciente de uma forma dramática como amor à primeira vista, ou incompreensível
paixão, com resultados desastrosos. Mas a anima não tem apenas esses
efeitos negativos. O indivíduo pode lidar com seu relacionamento com a anima
de tal forma que se torna uma fonte de sabedoria, inspiração e criatividade
para ele.
O conceito de anima de Jung abrange várias idéias que eram as sub
jeto de discussões animadas no final do século XIX. Primeiro foi
o conceito de amor narcisista, que é a projeção de um amor mais ou menos
amor próprio inconsciente por outra pessoa. Em segundo lugar estava o conceito de
mãe imago. Nietzsche já havia dito: "Todo homem guarda em si uma
imagem da mulher derivada daquela de sua mãe, e de acordo com esta
imagem ele estará sujeito a respeitar ou desprezar as mulheres. "Um não muito diferente
Uma ideia diferente foi desenvolvida por Karl Neisser: Para um homem amar uma mulher
ela deve se parecer com as mulheres de sua linhagem. 145 Poema de Verlaine "Meu
Sonho Familiar ", fala de uma foto de mulher ideal, amorosa e muito amada,
mudando embora sempre seja o mesmo. e parecido com as mulheres que partiram
de sua família. O terceiro foi o tema de um amor precoce sendo transferido de
uma mulher para outra. Um exemplo literário é o romance de Thomas Hardy
O Bem-Amado. onde no curso de sua vida um homem cai sucessivamente
apaixonado por três mulheres, em sua juventude, em sua maturidade, e quando ele começa
envelhecer. 146 Ele ama cada um em vão, eles se casam com outros homens, e o
a primeira será a mãe do segundo e a segunda do terceiro. Dentro
no final ele percebe que sempre amou a mesma mulher.
Quarto, o conceito de anima também inclui a atração resultante de
a bissexualidade fisiológica do ser humano. Porque existe no homem um
Página 53
feminino e na mulher um componente masculino, homem e mulher são

atraídos também pelo elemento de personalidade complementar que encontram em cada
de outros. Pertence à natureza da anima que um homem possa projetá-la
imagem sobre a mulher por quem ele está apaixonado, e ele então a vê
diferente do que ela realmente é. Tal homem atribui a sua amada
qualidades que são totalmente estranhas para ela. Mas isso não é tudo. Jung chama Anima-
Gestalt (figura da anima) um tipo específico de mulher que parece atrair
a projeção da anima dos homens. Jung frequentemente se referia a Rider Haggard's
romance Ela. 14 7
Um jovem inglês de ascendência grega descobre no centro da África Oriental um desconhecido

cidade que pertence a uma '' rainha hite: Ayesha. que apenas se mostra velada. este
enigmático. fascinante. mulher diabólica tem dois mil anos e a mantém
juventude pela arte mágica. Ela ainda está de luto pelo único homem que amou, a saber, o
Kallikrates grego. Quando ela descobre que o presente visitante é um descendente
desse Kallikrates. ela se apaixona por ele e deseja torná-lo imortal.
Para isso, ele deve passar por uma coluna de fogo. e quando ele hesita, ela mesma
passa por ele para shO \\ hm \ está feito. Mas isso faz com que ela perca seu im-
mortalidade e ela cai no pó. Este romance foi um best-seller no final do
século XIX e dizem que foi escrita sob uma inspiração repentina.
em uma espécie de transe . I 4 ~
Alguém poderia fazer uma longa lista de figuras semelhantes da anima na literatura, a partir de
A Circe na Odisséia de Homero à Antinéia de Pierre Benoit em seu romance
L 'Atlantide (ao qual Jung também se referia com frequência).
Na mulher, o arquétipo da alma é o animus. Foi descrito
menos extensivamente do que a anima de Jung e seus seguidores. 149 Considerando que o
anima geralmente é apenas uma figura \\ Omã, o animus é muitas vezes uma pluralidade de
figuras masculinas. Em uma mulher muito jovem, isso parecerá uma paixão por
um homem mais velho ou uma figura paterna; em uma mulher madura, o objeto poderia ser
um campeão de esportes ou. em casos negativos, um playboy ou mesmo um criminoso; e
com uma mulher mais velha, mais provavelmente uma médica, uma eclesiástica ou uma sup-
gênio supostamente incompreendido. A projeção do animus em um verdadeiro
o homem pode ter efeitos tão desastrosos quanto os da projeção de um homem do
anima em uma "figura da anima". Mais comumente, o animus pode se manifestar
se na percepção distorcida de uma mulher de seu marido ou de outras figuras masculinas
Na vida dela. Também pode dar origem a ideias fixas e teimosas e irracionais
opiniões que são fonte de discussões irritantes. (Muitas vezes tem o
impressão de que muito do que Adler chamou de protesto masculino é considerado
por Jung como sendo manifestações do animus.) Mas quando uma mulher encontra
a verdadeira relação com seu animus, deixará de ser uma perturbadora
elemento, e se tornará uma fonte de equilíbrio e equilíbrio intelectual.
Mas parece que o animus não inspirou romancistas com tanta freqüência como o
anima. 150
O arquétipo do espírito é o próximo em importância ao arquétipo do
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alma (anima e animus). Um indivíduo geralmente é confrontado com isso em

situações críticas da vida em que ele deve tomar decisões difíceis. Ele aparece em
sonhos sob múltiplas formas simbólicas: vento, figuras ancestrais, ajudando

animais, divindades e outros. Este arquétipo tende a aparecer como
a figura do velho sábio: tal é o curandeiro dos povos primitivos
ple, os padres e monges de todas as religiões, ou qualquer homem de bom conselho um
tem conhecido. Como é o caso de todos os arquétipos, o velho sábio também pode
aparecem como uma figura maléfica, como um mago. Este arquétipo pode ser
projetada em um ser humano real, como pode acontecer no processo de psico-
terapia. O paciente então visualizará seu terapeuta como um mágico onisciente.
Identificar-se com este arquétipo seria um exemplo perigoso de
O que Jung chama de inflação psíquica. Na literatura, a personificação por excelência
A palavra do velho sábio é encontrada no Zaratustra de Nietzsche . De acordo
para Jung, Nietzsche se identificou com a figura de Zaratustra, ou seja,
com o arquétipo do velho sábio. Isso explicaria porque Nietzsche
desenvolveu tais delírios de grandeza quando se tornou psicótico.
Por muito tempo Jung pareceu considerar o arquétipo do velho sábio
homem como uma característica da psicologia masculina, mas mais tarde ele também encontrou
nas mulheres. Por outro lado, o arquétipo da magna mater (ou grande
mãe), que Jung considerou inicialmente como uma mulher típica, também pode ser
encontrado no homem. Jung parece vê-lo como uma forma particular de
arquétipo da mãe. e como é verdade para todos os outros arquétipos, pode levar
muitas formas. 151 Ele pode ser projetada sobre a mãe de um, avó, ou
babá. Ele pode aparecer como um ancestral feminino, um santo, a Virgem Santa, a
sabedoria divina, a Igreja, a universidade (a alma mater) ou a mãe
país. Entre os aspectos negativos deste arquétipo estão aquelas divindades
que regulam os destinos humanos. as bruxas, dragões e assim por diante.
O self é o mais central de todos os arquétipos. A palavra inglesa self, que
recebeu tantos significados conflitantes, dificilmente é capaz de expressar o que
Jung queria dizer com a palavra alemã Selbst (literalmente, o "si"). Ele está no
ao mesmo tempo, o centro invisível, inconsciente e mais íntimo da personalidade, e
uma totalidade psíquica, pois resulta da unificação do consciente e do
inconsciente. Acima de tudo, não deve ser confundido com o ego consciente.
Tal como acontece com os outros arquétipos, o self é normalmente inconsciente, mas se manifesta
em forma projetada ou através do surgimento de figuras arquetípicas em
sonhos ou fantasias. A descrição de si mesmo não pode ser separada de
o do processo de individuação.
Individuação
Estamos, portanto, nos aproximando da noção mais central da psicologia de Jung
sistema e terapia. Jung chama de individuação o processo que normalmente leva
um ser humano para a unificação de sua personalidade. O termo individuação
foi usado por teólogos medievais, mas com outro significado.1s2 O indivíduo
uação é um processo que se estende por todo o curso da vida humana.
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Freud deu uma nova concepção do curso da vida humana: uma série
de estágios de desenvolvimento libidinal culminando com a situação de Édipo,
em seguida, uma fase de latência. seguido por um segundo despertar do sexual
instinto na puberdade levando à maturidade e, a partir de então, um período de não
mudança substancial.
a vida como uma sérieAdeconcepção de Jung
metamorfoses. é bem
Desde diferente. Jung
o surgimento vê humanos
da criança fora de
do inconsciente coletivo para a conclusão do self, há uma vida inteira
processo.
O ser humano entra na vida com um inconsciente não diferenciado; ele
então lentamente emerge como um ego consciente. Jung insistiu no psicológico
simbiose em que a criança vive, não só com a mãe, mas também com
a família como um todo. Existem exemplos de sonhos paralelos na mãe e
criança e uma semelhança nas respostas dos pais e das crianças na palavra
teste de associação. Por esse motivo, as neuroses infantis devem chamar a atenção para
atitudes dos pais. Quanto ao complexo de Édipo, Jung nunca o considerou um
característica universal e necessária na natureza humana, mas um possível sintoma
de atitudes errôneas das mentes dos pais para com os filhos.
Gradualmente, a individualidade da criança emerge daquela da família.
O início da escola é um evento importante e um dos primeiros passos do indivíduo.
ação. Além disso, o adolescente deve deixar para trás traços infantis, e
os jovens, os da adolescência. Jung observou na África Oriental como isso
a transição da infância para a idade adulta foi facilitada pelos ritos de iniciação.
Os jovens, assim, escaparam dos perigos da adolescência prolongada.
freqüente no mundo ocidental. A idade adulta traz novas preocupações ligadas a
responsabilidades sociais e novos problemas relacionados com a anima e a
animus.
Uma das principais metamorfoses da vida humana é a "virada da vida"
(Lebenswende). Entre as idades de trinta e dois e trinta e oito anos um profundo
a mudança está fadada a ocorrer em uma pessoa; acontece gradualmente ou de repente,
e às vezes é anunciado por um sonho impressionante de qualidade arquetípica.
Problemas, deveres. ou necessidades. que foram negligenciados durante o primeiro semestre
da vida, agora se manifestam. Às vezes, um homem que sempre reprimiu
sua necessidade de amor será vítima do que os franceses chamam de le demon de midi
(o "demônio do meio-dia"), conforme ilustrado em um dos mais conhecidos
romances 153 e discutido do ponto de vista psicanalítico por
Repond. 154 Às vezes, as questões de neurose de intelectuais há muito reprimidos
ou necessidades espirituais. 155 Tal neurose deve ser vista como um aviso do
inconsciente, e o sujeito deve mudar seu modo de vida, ou ele pode
desperdiçar a segunda metade de sua vida. Assim como é importante deixar para trás
o que pertence à infância e à adolescência ao atingir a maturidade, então o
indivíduo deve deixar para trás o que pertence à primeira metade da vida quando ele
começa no último. A segunda metade da vida é um período de confronto com
o arquétipo do espírito e do eu. Jung comparou o deplorável
pseudo-juventude de pessoas idosas na civilização ocidental com a dignidade do
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anciãos entre os Elgoni na África Oriental e o respeito que inspiraram em

seus companheiros tribais.
Quando a individuação é alcançada, o ego não é mais o centro do
personalidade, mas é como um planeta girando em torno de um sol invisível, o eu.
O indivíduo adquiriu equanimidade e não tem mais medo da morte, e como
ele se encontrou, ele também encontrou o verdadeiro vínculo com outros homens. Jung
não hesita em usar a palavra quase obsoleta "sabedoria" (para a qual o
termo mais moderno "maturidade" é um substituto insatisfatório), e ele

declara: "O fim natural da vida não é senilidade, mas sabedoria." 156
A individuação pode ser interrompida, e a tarefa do psicoterapeuta é
para ajudar o paciente a remover os obstáculos que impedem o contínuo
desenvolvimento da personalidade. Voltaremos a este ponto quando discutirmos
Psicoterapia de Jung.
Um progresso na individuação é freqüentemente manifestado à consciência pelo
emergência de uma imagem arquetípica de si mesmo. Entre essas imagens, três
parecem aparecer com frequência particular: a quatemidade, a mandala e
a criança divina. A quaternidade pode aparecer como uma figura geométrica quadrada
ou às vezes forma retangular. ou terá alguma relação com o número
quatro: quatro pessoas, quatro árvores e assim por diante. Freqüentemente, é uma questão de completar
uma figura triádica com um quarto mandato, tornando-se assim uma quaternidade. Em um
série de quatrocentos sonhos publicada por Jung, este símbolo não apareceu
menos de setenta e uma vezes. 1 ~ 7 Jung não foi o primeiro a lidar com o
símbolos de quaternidade. Na França, Fabre d'Oiivet já havia escrito
sobre o mesmo assunto no século XIX. 158 No entanto, Jung foi
certamente o primeiro a relacioná-lo tão intimamente com o processo de individuação. o
mandala é uma figura circular ornamentada com símbolos que geralmente é
dividido em quatro seções. É bem conhecido na Índia e no Tibete, onde
foi usado durante séculos por ascetas e místicos para ajudar na contemplação. 159
Não se deve confundir o processo de individuação com o mais
processos temporários de regressão e progressão. O que Jung chama de regres-
A ação é um movimento interno. ou seja, um aumento gradual de introversão ou
movimento em direção ao inconsciente. Pelo contrário, a progressão é um retorno
do inconsciente para o consciente, uma diminuição da introversão e um
aumento da extroversão com o indivíduo tendo um controle cada vez mais firme sobre
realidade. Sempre que a individuação é interrompida, a regressão seguida por
a progressão lhe dará um novo impulso. Este é exatamente o princípio da terapia
individuação peutica. Por meio da análise de sonhos, imaginação ativa ou pintura
ing ou desenho de fantasias inconscientes, o paciente será capaz de regredir
e iniciar sua jornada através do inconsciente. Este tipo de jornada, que
Jung experimentou de 1913 a 1918, também é o modelo de sua
terapia hermenêutica. De acordo com Jung, experiências semelhantes proporcionaram a
modelo para os antigos relatos de viagens na terra dos mortos. Uma longa tradição,
provavelmente originando-se com as jornadas dos xamãs pela terra do
espíritos, foi expresso no épico de Gilgamesh, Odisséia de Homero, Virgílio
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Aeneis e a Divina Comédia de Dante , 160 e poderiam ser seguidas em novos

formas nos tempos modernos. 1 61
Uma característica de qualquer jornada através do inconsciente é a
ocorrência do que Jung chamou de enantiodromia. Este termo, originado com
Heráclito, significa o "retorno ao oposto". Certos processos mentais são
transformados em um determinado ponto em seus opostos como se por meio de uma espécie de auto-regulação
ção. Essa noção também foi ilustrada simbolicamente por poetas. No
Divina Comédia vemos Dante e Virgílio chegando ao ponto mais profundo do inferno
e então dando o primeiro passo para cima em um curso reverso em direção ao purgatório
e o céu. Este misterioso fenômeno da reversão espontânea de
regressão foi experimentada por todos aqueles que passaram com sucesso por
uma doença criativa e se tornou uma característica da sin-
terapia tético-hermenêutica.
Trabalho-VI-Psicoterapia de Carl Gustav Jung

A psicoterapia junguiana compreende várias etapas das quais cada uma pode
constituem um método por si só. Temos que considerar separadamente
terapia de trazer à consciência. o tratamento do segredo patogênico,
o método redutivo-analítico. o encaminhamento da individuação, e o
reeducação.
De acordo com Jung. o primeiro passo em qualquer psicoterapia deve trazer
o paciente de volta à realidade. e particularmente para a consciência de seu presente
situação. Alguns pacientes precisam ser despertados para certos aspectos de seus
problemas. outros vivem em um estado geral de inconsciência. Jung gostava de lembrar
a história de Tartarin. o herói do romance de Alphonse Daudet, que havia acreditado
uma piada contada a ele por um fanfarrão, ou seja, que os Alpes suíços haviam sido
equipado com túneis e galerias cheias de funcionários para que todo perigo
de alpinismo foi removido. 162 Tartarin então empreendeu sem um
medo da perigosa escalada do Jungfrau, mas foi capturado por um mortal
pânico quando ele percebeu a verdade. Da mesma forma, Jung diz que muitas pessoas
viver uma vida provisória; alguns deles acordam cedo, alguns no meio de
sua existência. outros muito tarde, ou mesmo em seu leito de morte. Às vezes o
o indivíduo precisa ter os olhos abertos para algum perigo material ao qual
ele é cego. 1 63 Mais frequentemente, ele deve perceber as implicações morais do que ele
está fazendo. Como um exemplo do último. pulmão fala de um jovem neurótico que
realizaram tratamento psicoterápico. 164 Ele estava vivendo às custas
de uma pobre professora idosa, que era muito ligada a ele. O primeiro
passo na terapia foi fazê-lo perceber que seu modo de vida era imoral
e para ele mudar isso. Essa preocupação com a situação real e
a realidade permanece em primeiro plano durante toda a psicoterapia junguiana. Como
veremos, mesmo ao analisar os símbolos mais obscuros no tratamento
com arquétipos. o paciente é sempre confrontado com a questão de como
ele deve aplicar esses insights à sua vida prática e presente.
Um segundo estágio na psicoterapia junguiana é o tratamento de doenças patogênicas
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segredos. Vimos em um capítulo anterior que o discreto e habilidoso

o manuseio do segredo patogênico tornou-se um dispositivo terapêutico eficaz
na cura de almas praticada por certos ministros protestantes. 165
também viu como a terapia do segredo patogênico foi gradualmente laicizada
até ser apresentado à psiquiatria por Moritz Benedikt. É um aberto
questionar se Jung ouviu falar sobre a terapia do segredo patogênico ou
redescobriu por si mesmo. Em sua autobiografia, Jung fala de sua primeira clínica
experiência com este tipo de terapia.
Como um jovem residente no Burghi: ilzli Jung foi dado aos cuidados de uma mulher
cuja depressão era tão séria que se presumia ser um caso de demência
praecox. Suas descobertas com o teste de associação \\ ord e os sonhos do paciente
levou
Ela Jung
ficou a suspeitar
chocada de um
ao saber quesegredo trágico.
o homem com que posteriormente
quem o paciente
ela desejava se disse
casar e que nãoa tinha
ele.
parecia estar interessado nela tinha realmente estado apaixonado por ela. Mas havia
nenhum remédio possível porque ela havia se casado com outra pessoa e tinha dois filhos.
Em seguida, ela deixou sua filha chupar uma esponja embebida com água poluída, e
até deu a seu filho um copo da mesma bebida. Quando a menina
morreu de febre tifóide. sua mãe ficou tão perturbada que ela teve que ser com-
mitted. Jung explicou a ela como se fosse seu segredo que a estava deixando doente, e
quinze dias depois, ela poderia deixar o hospital. curado. Mas Jung decidiu que ele
teve que manter o assunto em segredo de seus colegas. Ele teve a oportunidade de
reitera tais curas e conclui que a possibilidade de um segredo patogênico era
a ser sistematicamente considerado em todos os casos. 1 ""
Não é supérfluo enfatizar que esta terapia exige do

terapeuta respeito absoluto pelo segredo do paciente. Não há dúvida de
compartilhando as informações com colegas ou supervisores, gravando-as em um
história do caso. e menos ainda de usar magnetofones ou salas de visão unilateral.
É , por assim dizer. a terapia · 'do segredo pelo segredo. "
Antes de prosseguir na terapia. o problema religioso deve ser
considerado. Jung afirma que, entre todos os seus pacientes que estavam no segundo
metade da vida não há ninguém cujo principal problema não esteja relacionado à sua atitude
em relação à religião.167 Escusado será dizer que não é para o psicoterapeuta
interferir nesses assuntos. mas ele pode apontar para seu paciente que se ele tivesse
uma crença religiosa que ele poderia ser curado de sua neurose simplesmente retomando seriamente
ing a prática de sua religião. Isso é especialmente verdadeiro para os católicos; parece
mais difícil no caso dos protestantes. No entanto, Jung conta como alguns dos
seus pacientes protestantes foram libertados de sua neurose após ingressar no Oxford
Grupo ou algum movimento semelhante.
A maioria dos pacientes, no entanto, não está aberta a uma cura tão simples e radical
e precisam de um tratamento psicoterapêutico completo. Um pré-requisito é
obter um relato detalhado de sua vida e a história de sua doença a partir do
paciente. O terapeuta deve então decidir se dará aos seus pacientes
uma terapia analítico-redutiva (ou seja, uma terapia baseada em Freud ou Adler
princípios básicos), ou sintético-hermenêutico.
Página 59
Existem, diz Jung. pacientes cuja principal característica é uma espécie de

hedonismo infantil e desejo de gratificação instintiva; enquanto outros
são possuídos pelo impulso de poder e superioridade. O primeiro grupo deve
ser tratado por uma terapia de orientação psicanalítica e o segundo grupo
de acordo com os princípios de Adler: seria um erro crasso, por exemplo, tratar uma
homem de sucesso com uma necessidade infantil de superioridade com o método freudiano,
e não menos para tratar um homem de sucesso com uma psicologia fortemente hedonista
com o método Adleriano. O exame preliminar geralmente é suficiente para
indique qual das duas terapias é a mais apropriada; às vezes Jung
deu a seus pacientes mais educados escritos de Freud e Adler para ler, e como
uma regra que eles logo descobriram por si mesmos qual era mais adequada para
eles. Os métodos redutivo-analíticos costumam trazer bons resultados, mas
muitas vezes eles não são inteiramente satisfatórios e o progresso é interrompido, ou o
o paciente terá sonhos de caráter arquetípico. Tudo isso aponta para a necessidade
para mudar o procedimento, ou seja, trabalhar com o sintético-hermenêutico
método. Este último é prescrito desde o início para esses pacientes, principalmente
na segunda metade da vida, que se preocupam com questões morais, filosóficas ou
problemas religiosos.
O método sintético-hermenêutico. comumente conhecida como terapia junguiana,
difere em muitos aspectos da psicanálise freudiana. Como em Adlerian ther-
apia, o paciente não se deita em um sofá, mas se senta em uma cadeira de frente para a psiquê.
coterapeuta. As sessões de uma hora são agendadas duas vezes por semana para começar
com e depois uma vez por semana o mais rápido possível. O paciente é solicitado a carregar
tarefas específicas e muitas vezes é atribuído material de leitura. Em suma, ele deve
colaborar ativamente com seu terapeuta. As vantagens deste método, Jung
diz. são que o analisando é impedido de cair no regres-
ção, ele não está alienado do ambiente, o tratamento é mais barato,
e o psicoterapeuta tem tempo para tratar mais pacientes. A ênfase é colocada em
a situação de vida presente e a utilização imediata e concreta de qualquer
visão que o paciente pode ter adquirido no processo terapêutico. Jung con
concebe a transferência de maneira bem diferente de Freud. Jung considera essas con
desenvolvimentos picantes, positivos ou negativos da transferência que ocorrem
na psicanálise como meros artefatos que prolongam desnecessariamente o tratamento
mento ou pode arruiná-lo. O que Freud chama de neurose de transferência é para Jung a
tentativa desesperada do paciente de compensar suas atitudes erradas em relação
realidade e resultado da falta de habilidade do terapeuta. Esse tipo de transferência
é uma escravidão degradante para o paciente, e é um perigo para ele e
ao terapeuta que corre o risco de ser infectado pela neurose de seu paciente.
A transferência não consiste apenas em sentimentos eróticos, mas em uma mistura de posses
impulsos sive e poder, e medo. 16H De acordo com Jung, o único aceitável
a transferência deve ser leve e quase imperceptível. Ele deve ser um processo
de colaboração do paciente e terapeuta, e um confronto de suas mútuas
descobertas. Só desta forma o processo psicoterapêutico pode evoluir através
a ação do que Jung chama de função transcendente. 169
A função transcendente é a síntese progressiva de consciência e
Página 60
716 A DESCOBERTA DO -UNCONSCIOUS
dados inconscientes que levam à individuação. Vida consciente e inconsciente

raramente correm paralelos entre si, e é perigoso para o paciente quando um
lacuna ocorre entre os dois, porque leva à formação de fortes
contraposições do inconsciente resultando em graves distúrbios. o
o terapeuta deve ajudar o paciente a confrontar o consciente e o inconsciente
para que a síntese desejada possa ocorrer. Sempre que o conteúdo do
inconscientes estão muito fracos ou inibidos, o terapeuta ajudará o paciente
estimulá-los e fazê-los emergir; ele então o ajudará a enfrentar
eles com o ego consciente e a situação da vida diária.
Como fazer emergir o conteúdo do inconsciente? ele é
uma questão de treinamento específico que compreende principalmente o uso de sonhos,
fantasias instantâneas e desenhos ou pinturas livres. Alunos de sonhos como
Hervey de Saint-Denis sabia provocar sonhos frequentes e abundantes:
começa-se escrevendo-os ao acordar e ilustrando-os com
desenhos em preto e branco ou em cores. 170 O mesmo método pode ser aplicado a
fantasias espontâneas no estado de vigília, ou então pode-se desenhar ou pintar
sem determinar o assunto de antemão. Modelagem de argila e automática
a escrita também pode ser usada.

Na terapia junguiana, o sonho, no entanto, continua sendo o mais importante
abordagem do inconsciente. Considerando que muitos psicanalistas freudianos hoje
nunca analisar os sonhos de seus pacientes, isso seria totalmente impossível em
Terapia junguiana. ideias do pulmão relativas aos sonhos e sua terapêutica
a utilização diverge da teoria de Freud em quase todos os pontos. Enquanto que
Freud afirma que todo sonho é uma realização vicária de um desejo reprimido,
geralmente relacionado à sexualidade infantil, o pulmão afirma que as funções de
os sonhos são múltiplos. Eles podem expressar medos tanto quanto desejos; eles podem
dê uma imagem espelhada da situação real do sonhador; existem potenciais
sonhos (conforme descritos por Adler e Maeder); outros são criativos, advertindo,
ou parapsicológico. pulmão não aceita a distinção de Freud do mani-
conteúdo festivo e latente dos sonhos, mas afirma que o manifesto é o sonho
em si. As associações, obtidas com a técnica freudiana, conduzirão
aos complexos atuais que também podem ser descobertos através da associação
com qualquer outro texto. Os símbolos dos sonhos podem ser entendidos sem as noções
de repressão e censura. Os sonhos não podem ser interpretados se o intérprete
não conhece bem a vida e a situação real do sonhador, e se ele
não tem um bom conhecimento de símbolos e, portanto, de mitologia
e a história das religiões. Uma característica básica da interpretação dos sonhos de pulmão
é sua ênfase na série de sonhos: um determinado sonho só pode ser compreendido em
o contexto daqueles que o precedem ou seguem e às vezes de todo o
conjunto. Onde Freud analisa os sonhos com o método da associação livre,
o pulmão recorre ao da amplificação. Isso significa o exame de todos
possíveis conotações de uma determinada imagem, entre as quais muitas podem estar relacionadas
às experiências passadas ou presentes do paciente, enquanto outros talvez elucidarão
datar o significado de um sonho arquetípico. Grande importância é atribuída
Página 61
aos sonhos arquetípicos; eles devem ser estudados cuidadosamente e em sequência como
marcos que marcam o caminho da individuação.
Um método semelhante de interpretação pode ser aplicado aos outros dados
obtidos do inconsciente, especialmente para fantasias espontâneas, desenhar-
pinturas e pinturas. Na apreciação de desenhos e pinturas, nem
o conteúdo nem o aspecto formal devem ser superestimados. (Por exemplo,
o paciente nunca deve chegar a pensar que é um artista.) O desenho
e o método de pintura não é usado apenas para obter o conteúdo do
assustador, mas também para controlá-los. Quando um paciente está obcecado por um certo
representação, Jung o faria desenhar ou pintar de modo a torná-lo
gradualmente com menos medo e, eventualmente, obter controle total sobre ele.
Faremos agora um breve esboço dos estágios sucessivos da média sintética
psicoterapia hermenêutica.
Vamos primeiro lembrar que Jung recorre à análise do inconsciente apenas
quando todos os outros métodos falharam e somente depois que ele obteve um
anamnese completa. O primeiro sonho é muitas vezes muito claro e às vezes aponta
o prognóstico do tratamento. Na primeira fase, trata-se do
persona e acima de tudo com a sombra. O paciente sonha com um repulsivo
indivíduo que é sempre diferente, mas mantém certas características ao longo,
e também mostra certos traços semelhantes aos do sonhador. Eventualmente, o
chega a hora de o paciente entender que esse indivíduo não é outro

do que ele mesmo, ou melhor, sua sombra, e isso permite que ele se torne consciente
desses aspectos de sua personalidade que ele se recusou a ver. Uma vez que ele é
plenamente consciente de sua sombra, o indivíduo deve assimilá-la. O indivíduo
não pode se separar de sua sombra, mas Jung certamente não quer dizer
que ele deveria agora fazer abertamente e conscientemente o que a sombra tinha para ele
faça em um estado de inconsciência o tempo todo. Deve-se, é claro, aceitar o
sombra, mas ao mesmo tempo deve-se torná-la inofensiva. Para ilustrar isso
procedimento, a história de São Francisco de Assis e o lobo de Gubbio
é freqüentemente contada nos círculos junguianos. 1 71 Os habitantes de Gubbio foram atormentados
por um lobo e chamou São Francisco para ajudá-los. Ele foi para o lobo, não para
mate-o, mas para falar com ele. O lobo seguiu voluntariamente São Francisco para
a cidade, onde recebeu abrigo e permaneceu como um hóspede inócuo
para o resto de sua vida.
Em uma segunda etapa do processo terapêutico, os problemas da anima
e o animus se manifestam espontaneamente. No caso de um homem, ele começa
ter sonhos frequentes em que uma mulher aparece em vários aspectos e
humores. Ela pode ser doce e charmosa, estranha e fascinante, e
vezes ameaçador. O sujeito vê que todas essas figuras têm algo em
comum, e eventualmente ele percebe que ela não é outra senão sua anima.
As discussões terapêuticas agora se concentram no problema da anima. O assunto deve
perceber que ao lidar com mulheres, ele sempre mais ou menos projetou seu
anima sobre eles. Sua tarefa prática agora é se obrigar a ver mulheres
tal como são, sem a interferência da projeção da anima. No caso de
Página 62
paciente mulher, os problemas do animus são tratados de maneira semelhante. Uma vez
os problemas da anima e do animus estão resolvidos, eles não são mais
elementos perturbadores na vida emocional e nas relações sociais; no pulmão
os termos anima e animus tornam-se "funções psicológicas".
No terceiro estágio da terapia, os arquétipos do velho sábio e
a magna mater vem para o primeiro plano. Aqui também imagens arquetípicas
aparecem tanto em sonhos como em fantasias e desenhos. Os perigos também são
a ser evitado: o paciente pode projetar o arquétipo do velho sábio
em seu terapeuta, ou ele pode identificar-se com ele, o que ser psíquica
inflação.
Assim, na terapia junguiana, existem três estágios principais, respectivamente,
preocupava-se com a sombra, a anima e o animus, o velho sábio e o
magna mater. No entanto, as coisas são muitas vezes mais complexas, uma vez que uma grande variedade
de outros arquétipos podem aparecer em vários estágios da terapia e devem ser
tratadas, cada uma à sua maneira. A tarefa do terapeuta é tanto
facilitar o surgimento de arquétipos e evitar que transbordem.
Cada novo arquétipo deve ser interpretado e assimilado pelo consciente
mente, e o que o paciente aprendeu deve ser aplicado em sua prática
vida. Maeder enfatizou que, em alguns casos, a cura é acelerada quando
surge o arquétipo t: j1e do salvador, que pode ser considerado uma variedade
do arquétipo do velho sábio. 1 72
Como regra, a terapia junguiana média dura três anos. Experiência
mostrou que o número e a frequência das sessões podem ser reduzidos,
mas não a duração total do tratamento. Como já mencionado, o progresso

na individuação pode ser marcada pelo aparecimento de arquê-
imagens típicas, especialmente a mandala ou figuras da quaternidade, às vezes
também o arquétipo da criança divina. O objetivo do tratamento é o
promoção e conclusão da individuação, o que significa que uma pessoa
seguiu o antigo preceito: Torne-se o que você é, que às vezes é
atribuída a Nietzsche, mas na verdade é uma citação do poeta grego
Píndaro.
A terapia hermenêutica sintética do pulmão certamente não é uma tarefa fácil.
Às vezes, o sujeito fica sobrecarregado com o material emergente
do inconsciente, e o confronto com os arquétipos pode
os tempos provam ser assustadores. Um esforço incessante é necessário para manter uma empresa
segure a realidade. Essa também é a razão pela qual uma auto-análise junguiana iria
ser um empreendimento perigoso contra o qual devemos ser advertidos.
Entre os métodos terapêuticos utilizados por Jung, encontramos também a reeducação.
ção. Considerando que Freud declara que o psicanalista não deve se esforçar para
reeducar seu paciente, Jung insiste que o paciente deve ser ajudado
no início e ao longo dos estágios de qualquer terapia usada. Qualquer insight
adquirido pelo paciente deve ser imediatamente traduzido por ele em um mais
comportamento racional na vida cotidiana. Um ponto essencial nessa reeducação
é ensinar o paciente a parar de projetar seus problemas nas pessoas de sua
Página 63
ambiente, Jung define a neurose como um "sistema doente de relações sociais",

uma definição que está de acordo com os conceitos de Janet, bem como
Adler. 173 Por causa dessa projeção, o neurótico manipula inconscientemente
as pessoas ao seu redor (cônjuge, pais, filhos e amigos) e brinca
eles um contra o outro de modo que ele logo se enreda em uma teia de intrigas
da qual ele e os outros são as vítimas. O assentamento e
o esclarecimento dessas dificuldades é um dos objetivos finais da psicoterapia.
Uma das principais características da terapia pulmonar é a grande ênfase que ele dá
desde o início o que agora é chamado de contratransferência. Jung afirma
que ninguém é capaz de levar alguém mais longe do que ele mesmo. ele é
geralmente reconhecido que o princípio da análise de treinamento foi introduzido
por Jung e que é uma de suas contribuições duradouras para a análise freudiana.
Mas após sua análise de treinamento, o terapeuta deve estar sempre em guarda
e observar seu próprio inconsciente, por exemplo, analisando seus sonhos.
Trabalho de Carl Gustav Jung - VII - Sabedoria Oriental e Ocidental

Até agora, traçamos um quadro muito superficial da psicologia do pulmão
e psicoterapia. Mas o escopo de seu trabalho é consideravelmente mais amplo. De
a reflexão do pulmão inicial estendeu-se à história da humanidade, o
psicologia das nações, problemas contemporâneos, arte e literatura. Mais tarde
anos ele tornou-se cada vez mais preocupado com um confronto de tradicionais
ensinamentos e livros sagrados do Oriente e do Ocidente, com o princípio de
"sincronicidade" e com problemas religiosos.
Vimos durante 1914-1920 como o pulmão estava profundamente interessado em
Gnosticismo. Ele saudou os gnósticos como pessoas que não apenas acreditam, mas
sabiam e aprenderam com a exploração do inconsciente. Como Jung,

eles estavam preocupados com o problema do mal. Mais tarde, em 1937, Jung inter-
fingiu, de acordo com sua teoria dos arquétipos, as visões de Zósimo de
Panopolis. um gnóstico do século III DC, que também marcou a transição
entre o gnosticismo e a alquimia. 74
A alquimia sempre foi um quebra-cabeça para os historiadores da cultura. Desde então
Antiguidade grega e romana e até o século XVIII, uma grande
vários homens eruditos devotaram suas vidas à prática de pseudo-
operações químicas que implicam nas metamorfoses de substâncias de acordo
a regras definidas. Marcelino Berthelot, historiador da ciência, considerou
alquimia uma "ciência semirracional, semimística" baseada em falsas interpretações
de fatos objetivos. 1 75 Silberer parece ter sido o primeiro a ver uma sequência
de operações simbólicas em alquimia que poderiam ser decifradas psicologicamente.
Em um tratado alquímico do século XVIII, Silberer encontrou o
representação simbólica do assassinato do pai, de caráter sexual infantil
teorias e outros. 1 76 Jung, por sua vez, vê uma projeção do processo de
individuação na série de operações realizadas pelos alquimistas. Assim como
Os pacientes de Jung materializaram seus sonhos e fantasias na forma de desenho
pinturas e pinturas, os alquimistas materializaram seus próprios processos de indivíduos
Página 64
ação na forma de operações pseudoquímicas. É também a razão, pulmão

acrescenta, por que relatos de visões são freqüentemente encontrados nos escritos de
alquimistas. Com o passar dos anos. o interesse do pulmão na alquimia aumentou e ele
dedicou uma quantidade considerável de tempo e esforço para decifrar e
interpretação psicológica dos símbolos em antigos tratados alquímicos. 177
o interesse de lung também se voltou para a astrologia e os símbolos astrológicos. Ele fez
não acredito em uma influência causal das estrelas sobre o destino do indivíduo, mas
como veremos, ele não rejeitou a possibilidade de relacionamentos na forma
de sincronicidade.
Durante a Segunda Guerra Mundial, houve um interesse renovado na Suíça no
célebre médico e filósofo místico, Paracelso. pulmão considerado
ele um pioneiro da psicologia do inconsciente e da psicoterapia,
mas, aparentemente, o pulmão estava mais interessado em sua personalidade do que em seu
escritos obscuros. "Nada tem uma influência mais poderosa sobre as crianças
do que a vida que seus pais não viveram ", observou lung. Ele também encontrou nele
um bom exemplo da "virada da vida": a filosofia de Paracelso foi trans-
formado após o trigésimo oitavo ano de sua vida. 178
o interesse inicial de lung pela história das religiões o trouxe para o estudo
dos livros sagrados do Oriente. Um deles, o Livro Tibetano dos Mortos,
foi traduzido para o inglês em 1927. 179 lung teve um interesse especial por isso
trabalho e escreveu uma introdução para a tradução alemã.
O Livro Tibetano dos Mortos é uma descrição de como a alma experimentará

entre o momento da morte e o da próxima reencarnação. e também diz
a alma como pode alcançar a iluminação final e assim escapar da reencarnação. o
viagem pelo Bardo Thodol. essa é a morada dos mortos. é dividido
em três períodos. Em um primeiro. curto a alma está em um sono ou transe. inconsciente
de morte. Então vem o despertar com as primeiras visões. Neste ponto, o
alma iluminada pode passar diretamente para o reino do paraíso. mas se a alma perde
neste momento continuará a ter visões e alucinações; ou seja, o
ilusão de ter um corpo de carne e osso. Vai acreditar ver outro humano
seres, bem como todos os tipos de deuses e criaturas fantásticas. Mas a alma deveria
sempre permanece a dúvida de que todas essas coisas são apenas produções de sua própria mente.
Essas visões mudam incessantemente, mas aos poucos se exaurem conforme a alma
retrocede passo a passo para cada nível de consciência. Quando a alma alcança
a terceira etapa. percebe machos e fêmeas em união. Está prestes a nascer como um
masculino. a alma se sentirá como sendo um homem e será animada com intensas
ódio contra o pai e ciúme e atração pela mãe. e vai
ficar entre eles e assim reencarnar: e se é para nascer como uma mulher,
os sentimentos são invertidos e eu odiarei a mãe e amará o pai.
pulmão maravilhou-se com o conhecimento psicológico dos autores desconhecidos

do Livro Tibetano dos Mortos e sua compreensão do fenômeno
de projeção. Ele ficou impressionado com o fato de que a jornada pelo Bardo
Thodol parecia ser como o curso da individuação ao contrário.
Página 65
Carl Gustav .lung e Psicologia Analítica 721
Em 1929, o lung publicou um comentário psicológico como introdução

à tradução alemã de seu amigo, o sinologista Richard Wilhelm,
de um velho anzol chinês. O segredo da flor dourada. 181 neste livro
Jung viu o equivalente de sua descrição do self e uma analogia entre
os símbolos chineses e aqueles que apareceram espontaneamente em seus pacientes,
bem como analogias entre esses símbolos e os de certos símbolos cristãos
místicos e dos alquimistas.
Richard Wilhelm traduziu outro antigo livro chinês para o alemão, o
I Ching, ou "Livro das Mutações". Este livro descreve um método para obter
fazer oráculos com a ajuda de varetas ou uma moeda; tal oráculo é dito
ter uma relevância pessoal para o homem que o usa e no momento ele
usa. Richard Wilhelm havia aprendido a prática desse oráculo com um
Mestre chinês. pulmão \\ como interessado no caráter simbólico da magia
fórmulas e acima de tudo no princípio do I Chin ;;: o último é baseado
na suposição de que tudo o que acontece em um determinado momento é necessariamente
dotado da qualidade específica daquele momento. 182 Este foi um dos
pontos de partida do conceito de sincronicidade do lung.
Em relação ao Zen Budismo. Jung apontou alguns paralelos com certos
experiências de místicos ocidentais. embora o método seja muito diferente de
qualquer coisa que tenha sido concebida no mundo ocidental. 1 1l 3 Tanto quanto o pulmão
advertiu contra subestimar a sabedoria de tais ensinamentos, ele desencorajou
Ocidentais de praticar esses métodos.
pulmão também dedicou muito interesse à ioga e convidou repetidamente o
Indianistas alemães, 1. W. Hauer e Heinrich Zimmer, para dar seminários
sobre isso em Zurique durante 1931 a 1933.1 84 Embora permaneça avesso ao
prática de ioga por ocidentais, o pulmão sentiu que muito poderia ser ganho
de uma comparação da ioga com certos ensinamentos ocidentais. O rico
o simbolismo da ioga tântrica trouxe muito material comparativo para o estudo
dos símbolos do inconsciente coletivo. Vistos como sistemas de treinamento,
certas variedades de ioga podem encontrar paralelos nos exercícios de Inácio de
Loyola, com o treino autogênico de Schultz, e com Freud e pulmão
métodos de psicoterapia dinâmica.
Em vários comentários sobre os ensinamentos orientais, e principalmente em seu estudo
no I Ching, o pulmão anuncia um novo conceito que ele desenvolveria apenas
em 195 2 com o nome de sincronicidade . 185 Ele o descreve como um princípio de
uma conexão causal e ficou impressionado com a importância deste princípio em
Pensamento chinês. Mas também havia algo disso no conceito de Leibniz de
"harmonia preestabelecida ... em certas observações de Schopenhauer, e na
ocorrência bastante comum da chamada lei das séries. atenção do pulmão
foi atraído para ocorrências de "coincidências significativas". Uma ilustração
era a história de uma paciente cuja análise não estava progredindo
por causa de seu animus hiper-racional. Ela tinha sonhado que um besouro dourado
\\ conforme apresentado a ela. e pulmão \\ discutindo o sonho com ela quando um
besouro vivo atingiu o painel do vento. Jung o pegou e deu a ela. Ela
Página 66
ficou tão impressionado que seu muro de racionalidade foi derrubado. Jung trouxe
junto esses fenômenos com os dados experimentais oferecidos por Rhine
sobre a percepção extra-sensorial. Considerando que Rhine havia apontado o papel de
o fator emocional nas ocorrências de percepção extra-sensorial, J ung
descobriu que um elemento arquetípico estava implícito em sua "moeda significativa
cidências. "Finalmente. Jung começou a se perguntar se a física moderna, tomando
suas distâncias do princípio do determinismo causal rigoroso, não levou
um passo mais perto do princípio da sincronicidade.
De todos os filósofos que Jung havia lido em sua juventude, Nietzsche
manteve sua atenção particular ao longo dos anos. Jung considerou Nietzsche
um homem que lentamente desenvolveu uma dupla personalidade inconsciente que emergiu
de repente, causando uma espécie de erupção vulcânica e trazendo à luz um
enorme quantidade de material arquetípico. Isso explicaria por que
Zaratustra exerce tal fascínio sobre tantos leitores. Da primavera
de 1934 ao inverno de 1939 Jung dedicou um seminário a cada semestre para
Zaratustra. A coleção desses seminários realizados em seu Instituto compreende
dez volumes datilografados e certamente constitui o comp mais completo
mentário que já foi dado sobre a obra-prima de Nietzsche. 186
Parte dos múltiplos interesses de Jung foi para arte contemporânea e literatura,
embora não se encontre muito disso em suas obras publicadas. Quando um
exposição de pinturas de Picasso foi organizada em Zurique, Jung examinou
em sua sequência cronológica e encontraram uma característica psicológica
evolução. 18 7 O período azul de Picasso marcou o início de uma Nekyia,
isso é. uma "jornada pela terra dos mortos", com uma série de "regres-
"(no sentido da psicologia junguiana), e ele se perguntou o que
ser o resultado da aventura espiritual do pintor.
Estranhamente. quando Jung foi convidado a escrever uma introdução para o
terceira edição da tradução alemã do Ulisses de Joyce , ele não conseguiu
reconhecer que este trabalho era uma contrapartida moderna da Odisséia, mesmo
incluindo seu Nekyia. Jung ficou intrigado com o aparente absurdo do
livro. Ele parecia ser uma espécie de interminável "tênia", e ele sentiu
que o romance podia ser lido tão facilmente para trás quanto para a frente. Esses comentários
foram publicados
para Jung que esteem um foi
artigo jornal, 88 e irritou Joyce. 189 Ele é lamentável
a única crítica literária que ele já
Publicados. Ele sempre se referia em seus seminários ao inglês, francês ou alemão
romances em que encontrou ilustrações inesperadas de suas teorias.
Nos artigos de Jung, e particularmente em seus seminários, pode-se encontrar o
elementos dispersos de uma filosofia da história centrada em torno da ideia de que
a humanidade vem passando por um lento processo de individuação coletiva.
Jung considerou as epidemias psíquicas o efeito de reviver um arquétipo
em escala de massa. Jung viu no hitlerismo o ressurgimento do arquétipo de
Wotan. o velho deus germânico da tempestade. batalha, inspiração profética e
scienoes secretos. 190 Ele distinguiu dois tipos de ditadores: o "chefe"
tipo (como Mussolini e Stalin) e o tipo "vidente" (como Hitler). o
Página 67
último tipo é capaz de perceber forças obscuras no inconsciente de seu

seguidores e liderá-los como um Messias. 91 Em um pequeno livro dedicado a
"discos voadores", disse Jung que, se essas manifestações têm um aspecto físico
realidade ou não, eles são "realidades psíquicas" para aqueles que acreditam em seus
existência; eles são símbolos arquetípicos de uma mediação entre dois incom-
mundos mensuráveis; eles são um mito originado no medo de um coletivo
destruição da humanidade. 1 92 O maior perigo que ameaça a humanidade, ac-
de acordo com Jung, foi a substituição de uma mentalidade de massa por uma verdadeira demonstração
mentalidade crática baseada na educação e no aperfeiçoamento do indivíduo.
Aqueles que visitaram Jung durante a última parte de sua vida lembram de sua
conversa como uma mistura única de conceitos psicológicos elevados e
sabedoria prática. Ele enfatizou o significado da consciência, não apenas como um
dispositivo terapêutico, mas como princípio ético. "Desconhecimento é o maior
pecado "era uma de suas máximas. 193 Muitas neuroses, disse Jung, têm origem em
inconsciência, muitos outros em fuga das tarefas de sua vida. Esse é o caso
da criança que foge de ir à escola, do adolescente atrasado,
o estudante perene, o homem que não cumpre seus deveres de cidadão,
o idoso que deseja viver como um jovem. O casamento é um fator de
saúde emocional na medida em que marido e mulher não projetam seus respectivos
anima e animus um no outro. Uma função do casamento é encaminhar
a individuação de ambos os cônjuges. Outro fator de estabilidade emocional
é a integração social do indivíduo: cada um deve possuir sua casa
e jardim, seja um membro ativo de sua comunidade, viva na continuidade
de sua tradição familiar e de sua cultura, obedecer aos mandamentos de sua religião
se ele acredita em um. Embora o caminho da individuação possa ser diferente de
Leste para oeste, tende para o mesmo objetivo: quanto mais um indivíduo tem
"tornar-se o que é", mais ele é um homem verdadeiramente social.
Trabalho de Carl Gustav Jung-VIII-The Psychology of Religion

Desde a época de sua crise religiosa na adolescência, Jung nunca parou
estar profundamente preocupado com a religião, mesmo que, em seus escritos anteriores, nós
encontrar intercaladas aqui e ali comentários céticos em relação ao estabelecido
religião. Parece que sua atitude mudou como resultado de sua "Viagem
através do Inconsciente "no período de 1913 a 1918. Ele veio a
atribuir um caráter "numinoso" aos arquétipos, e falar do
"função natural da religião."

Como tantas vezes acontece na história da psiquiatria dinâmica, foi um
publicação contemporânea que instigou uma nova direção no desenvolvimento
mento das idéias de lung. O livro de Rudolf Otto, A Idéia do Santo, apareceu em
1917 e foi saudado como uma contribuição substancial para a psicologia da
religião. 194 Tentando identificar uma experiência fundamental comum a todos
religiões, Otto descreveu o "numinoso" como um bem definido, complexo e
experiência rigorosamente específica. O "numinoso" inspira imediatamente um
"sentimento de criação", isto é, um sentimento não apenas de dependência, mas de
Página 68
o nada da criatura diante de seu Criador. A presença do

O criador é experimentado como um mysterium tremendum, ou seja, com um sentimento
de espanto e estremecimento diante de um Ser inacessível que é um vivente
energia e "totalmente diferente". Mas, em contraste com o tremendum, o "numi-
nous "é simultaneamente experimentado como um Fascinano, isto é, como algo
que atrai e se enche de exaltação bem-aventurada. O numinoso também é sentido como um
confronto com um valor insuperável, ao qual respeito e absoluto
a obediência se deve a um sentimento de obrigação interior.
Jung adotou o termo numinoso, mas estendeu seu significado. Otto viu no
numinoso uma experiência excepcional vivida por profetas, místicos e fundadores
das religiões. Jung confere uma "qualidade numinosa" à experiência do
arquétipo, mas isso também significa que apenas certas características da experiência total
presença do numinoso (como descrito por Otto) acompanha a manifestação
do arquétipo. Jung colocou os arquétipos na origem daqueles religiosos
experiências das quais derivam os ritos e dogmas religiosos. Ac-
de acordo com Jung. muito dessa experiência religiosa elementar não é mudada
neled em religiões estabelecidas.
Isso explica uma das afirmações favoritas de Jung: o homem é naturalmente religioso.
A "função religiosa" no homem é tão poderosa, diz Jung, quanto o instinto
de sexo ou agressão. É também por isso que certos indivíduos são libertados de seus
neurose simplesmente por um retorno à prática da religião na qual
acredite, e por quê. Jung acrescenta, a saúde mental das pessoas que envelhecem é melhor
entre aqueles que têm fé religiosa. Aliás, o neopsicanalista,
Schultz-Hencke, aparentemente bastante independente de Jung, afirmou que ele
encontrou sentimentos e atitudes religiosas entre não crentes. 195
Jung foi ainda mais longe e afirmou que "entre todos os meus pacientes que
estão na segunda metade da vida, não há ninguém cujo problema principal não seja
religioso. " Não é bem certo, porém, que amplitude Jung deu a
a palavra religião. Portanto. entre as pessoas que Jung chama de "religiosas"
alguns são crentes, quer pratiquem sua religião ou não, outros são
pessoas de mentalidade religiosa sem saber, e por último há aqueles
que no nível consciente são anti-religiosos, mas que sob certas circunstâncias
posturas são o assunto de uma experiência religiosa arquetípica.
Às vezes, arquétipos religiosos explodem na forma de ''
experiência religiosa "que muda a vida de um indivíduo e, portanto,
pode afetar o curso da história. Essa foi a visão de Saul no caminho para
Damasco que o levou a se tornar um cristão e o grande apóstolo
São
foi aPaulo. Outrasuíço
do místico experiência religiosa
Nicholas von derimediata
Fli.ie. 196dificilmente
Um rico e menos impressionante
cidadão de honra, ele deixou sua família e interesses mundanos para se tornar um
eremita em Stans. Seu conselho era freqüentemente procurado pela população. Uma vez que ele teve
uma visão da Santíssima Trindade que era tão assustadora e inspiradora que seu
a aparência física mudou e ele mesmo parecia assustador.
Por muito tempo ele meditou sobre essa visão, pintando-a de diferentes formas,
até que ele pudesse assimilar. Neste ponto. em 1481. os cantões suíços eram
Página 69
à beira da guerra civil, mas a Confederação foi salva por meio do

intervenção oportuna do irmão Nicholas von der Fliie na Dieta de Stans.
No entanto, deve ser lembrado que o surgimento de tais arquétipos
não é apenas uma experiência assustadora, mas também perigosa. O mesmo arqui-
tipos cujas formas cristalizadas estão na origem da experiência religiosa na
indivíduo normal também pode se manifestar nas ilusões religiosas de
esquizofrênicos.
Entre os arquétipos, o mais relacionado com a religião é o do eu.
Jung às vezes parece considerar este arquétipo como um elo intermediário
à experiência religiosa de Deus, a ponto até mesmo de chamá-la de arche-
tipo de Deus. No entanto, Jung sempre proclamou que ele era um empirista:
que o homem é "naturalmente religioso" não prova necessariamente a verdade de
religião, nem a existência do arquétipo de Deus prova a existência
de Deus.
A atitude evasiva de Jung foi considerada por alguns como ambígua. este
sentimento aumentou quando Jung publicou Aion em 1951. 197 Em Aion, ele parece
identificar Cristo com o arquétipo do eu e sugerir que a humanidade
como um todo, está passando por um processo de individuação coletiva; Cristo era
manifestado em um momento pré-determinado, ou seja, quando o ponto de primavera
entrou no signo zodiacal dos peixes. Em 1952 apareceu o mais
livro controverso, Answer to Job. 198 Aqui ele retorna ao problema que
o preocupou em sua juventude, ou seja, o mal. Como milhares antes dele,
Jung ponderou sobre a questão de como um Deus perfeitamente bom e todo-poderoso
poderia ter permitido o mal, particularmente o sofrimento dos inocentes e dos
somente. Será que Deus é bom e mau? Jung examina criticamente
as respostas dadas no Livro de Jó. Ele está revoltado com a conduta de Deus que
fez com que Adão caísse em uma armadilha no Jardim do Éden, exigido de
Abraão sacrificou seu filho e permitiu que Satanás atormentasse Jó.
Porque Jó tem uma concepção de justiça mais elevada do que o próprio Deus, Deus
enfrenta o desafio pela encarnação de Seu filho. O sacrifício de Cristo assim
aparece como uma reparação de Deus por uma injustiça que cometeu contra o homem.
Deus se aperfeiçoou por meio de Sua união com a Sabedoria Divina, a
"Sophia", a contraparte feminina do Espírito Santo que reaparece sob
a imagem da Virgem Maria. Por esse motivo Jung considera que o
a proclamação em 1950 do dogma da Assunção é "a mais im-
importante evento religioso desde a Reforma. "
A Resposta de Jung a Jó escandalizou alguns de seus discípulos e desencadeou
controvérsias animadas. Alguns deram uma interpretação psicológica, como-
supondo que Jung pretendia apenas descrever a evolução da imagem do homem
criado para si mesmo sobre Deus. Outros pensaram que o pulmão havia forjado espéculos
ções sobre as metamorfoses de Deus de uma forma neo-gnóstica. O livro

também pode ser entendido como um grito de angústia existencial de um homem des-
buscando constantemente a solução do maior de todos os enigmas filosóficos,
o problema do mal.
Questionado sobre se acreditava ou não na existência de Deus, Jung
Página 70
nunca deu uma resposta direta. Às vezes ele se referia cripticamente ao "Antigo
Homem ", como se quisesse dizer um ser humano coletivo com o qual cada indivíduo
está conectado através do inconsciente coletivo e dos arquétipos. 199
Eventualmente, ele passou a tomar uma posição mais direta: ele viu a mão de Deus
naqueles eventos estranhos, inesperados, mas significativos que são forçados
cada indivíduo durante sua vida. Em uma das últimas entrevistas que ele concedeu
a um jornalista, ele afirmou que Deus era ao mesmo tempo a voz de
consciência falando dentro de nós e os eventos fatais inexplicáveis: "Todos
o que aprendi me levou, passo a passo, a uma convicção inabalável de
a existência de Deus ... Eu não considero Sua existência por fé! conhecer
que Ele existe. " 200
Uma discrição ainda maior foi observada por Jung em relação ao problema
de vida após a morte. Suas opiniões sobre o assunto foram divulgadas apenas em seu auto
biografia. Jung disse que era tão difícil para um pensador divulgar o
caminhos íntimos de suas cogitações como era para uma mulher respeitável falar
sobre sua vida erótica. Quantos pensadores tiveram seus manuscritos não publicados
queimado antes de sua morte ou. como Bergson, proibiu sua publicação póstuma
ção. Jung, é claro, não pretende dar uma resposta definitiva; Contudo,
ele tem certeza de que a busca por uma solução é característica do indivíduo normal
vidual. Mas como encontrar o caminho em um assunto tão complexo? Jung
considera várias hipóteses. A ideia de um mundo de espíritos bem-aventurados sem
de todo sofrimento parece improvável para ele por causa da unidade fundamental,
Do universo; deve haver muita angústia e sofrimento no outro
mundo; deve ser um mundo "grandioso e terrível", mas lá também, como
terra, deve haver algum tipo de evolução. Jung não encontra muitos
argumentos a favor da reencarnação. No entanto, nossa vida individual deve
ser apenas um elo em uma cadeia mais extensa, talvez em relação às vidas de
Nossos ancestrais. Ele pode ser que a vida que vivemos na terra é destinada a ser a
responder a perguntas feitas por eles ou para realizar um conjunto de tarefas
de fora. Ou talvez uma vida não seja mais do que a encarnação de
um arquétipo (em outras palavras, uma projeção temporária de um self permanente).
Jung considera provável que exista comunicação entre os vivos e
o morto. Uma opinião uma vez enunciada por Fechner e defendida com
argumentos interessantes de Frederik van Eeden 201 é que, quando em certos
sonha que uma pessoa falecida nos aparece e nos dá a sensação de
realidade absoluta, isso corresponde a uma aparição real dessa pessoa.
Mas, ao analisar sonhos desse tipo que ele teve no decorrer de
sua vida, Jung observa uma característica comum a todos eles: longe de nunca revelar
ou nos ensinando qualquer coisa. os mortos precisam de nós e nos fazem perguntas. Desde que eles
vivem fora do tempo e do espaço, devem recorrer à ajuda de quem ainda
participar da vida espaço-temporal. Mas tudo isso não pode ser mais do que supor
ção. O principal problema é ver se se leva em consideração o
infinito. 202 Quem atingiu este estágio e alcançou sua individuação
é libertado do medo da morte; ainda menos ele será afetado por muitos
preocupações terrenas.
Página 71
Fontes de Carl Gustav Jung

As fontes mais imediatas de Jung foram sua própria personalidade, sua família,
sua origem étnica. Ele era um homem prático, bem ajustado ao material
realidade, mas também exibiu uma aguda percepção psíquica. Este contraste
é expresso em seu ensino e sua terapia. Sua formação suíça tinha
dado a ele aquela inclinação prática que o incitou, primeiro, a trazer seus pacientes
de volta à consciência e. então. para ajudá-los a se reajustar tanto quanto
possível ao seu ambiente social e tradicional. Por outro lado, Jung's
dom raro para a intuição psicológica e sua aptidão para a parapsicologia
experiências explicam aquele outro lado de seu ensino e terapia: o explorador
ção do inconsciente coletivo e do mundo dos arquétipos.
Por ser filho de um ministro protestante e ter vários parentes em
o clero, Jung estava familiarizado com os problemas religiosos e os religiosos
crise de sua adolescência marcou-o para o resto de sua vida. Ele devia ao seu
fundo uma certa familiaridade com o pensamento dos teólogos protestantes
(já mencionamos Albrecht Ritschl e Rudolf Otto), e provavelmente
com o princípio da "cura das almas". Interesse em medicina, clássico
as línguas e a história da religião voltaram a fazer parte da tradição familiar.
Também havia a tradição humanística de Basel, a cidade natal dos estudiosos
que combinou erudição com imaginação (como Bachofen, com quem
Jung tem mais de um ponto em comum).
Como todos os intelectuais de sua geração, Jung estava familiarizado com o grego
e clássicos latinos. de modo que, quando ele empreendeu sua jornada do inconsciente,
era natural que ele comparasse com as viagens de Ulisses e Enéias
através da Terra dos Mortos. Também era natural que ele conhecesse Goethe, e,
como Freud. citado de Fausto em quase todas as ocasiões. Nós vimos
já como Schiller foi uma das principais fontes do livro psicológico de Jung
Tipos.
Jung recebeu seu treinamento psiquiátrico numa época em que a psiquiatria estava
passando por mudanças fundamentais. Seus mestres foram Bleuler, Janet, Binet,
e Flournoy. A principal preocupação de Bleuler era entender o paciente e
estabelecer uma relação afetiva com ele; ele era o primeiro entre aqueles que
durante aqueles anos, tentaram "re-psicologizar" a psiquiatria. 203
Quanto a Pierre Janet, com quem Jung estudou por um semestre em Paris, seu
a influência sobre Jung foi considerável. Com ele, Jung aprendeu sobre "psico-
automatismo lógico, "dupla personalidade, força psicológica e fraqueza,
a "função de síntese". o abaissement du niveau mental, e "sub-
idéias fixas conscientes "(que Jung mais tarde identificou com o" comp de Ziehen
plexos "e as" reminiscências traumáticas "de Freud). Jung aprendeu as dis-
tição das duas neuroses básicas: histeria e psicastenia (para a qual
ele substituiu a distinção de histeria extrovertida e esquizo introvertido
frenia). Jung refere-se ao livro de Binet sobre as alterações da personalidade, e,
embora ele não cite o livro de Binet sobre os dois tipos de inteligência, 204
dificilmente é possível que ele não soubesse disso e fosse inspirado por
Página 72
em sua descrição dos tipos introvertidos e extrovertidos. Jung deu o devido

crédito à ajuda e inspiração que ele recebeu de Theodore Flournoy.
Jung não poderia ter entendido seu jovem médium Basel tão bem, se
não foi pela pesquisa de Flournoy sobre Helene Smith. Também era de
Flournoy que Jung se interessou pelo fenômeno da criptomnésia.
Da psicanálise, Jung aceitou com entusiasmo o novo método de Freud
de explorar o inconsciente através da associação livre, a afirmação de Freud
que os sonhos podem ser interpretados e, portanto, utilizados para psicoterapia, e
A ênfase de Freud na influência duradoura da infância e das primeiras relações
navios com figuras parentais. Para ter certeza, Jung mais tarde substituiu o seu
métodos e ideias a essas três grandes inovações de Freud, mas foi
deste último que ele recebeu o impulso decisivo. No outro
lado, Jung nunca aceitou as idéias de Freud sobre o papel da sexualidade em
neurose, simbolismo sexual e o complexo de Édipo.
Jung repetidamente reconheceu a importância de Adler; ele admitiu
que o impulso para a superioridade pode ser encontrado na raiz de certas neuroses,
e que a teoria dos sonhos de Adler pode dar pistas para a interpretação de
certos sonhos. também que os neuróticos tendem a manipular seu ambiente,
e, como Adler, Jung sentou seu paciente em uma cadeira de frente para a sua. o que
Jung ensinou sobre a "idade social" do indivíduo e seus deveres sociais
muito em comum com o conceito de Adler das "três grandes tarefas da vida"; e
Jung fez da "reeducação terapêutica" parte de sua própria psicoterapia.
Jung aceitou as teorias de Alphonse Maeder sobre a função teleológica
de sonhos; ele os incorporou em seu sistema. dando a Maeder o devido crédito
para eles.2 ° 5 Herbert Silberer também chegou à conclusão de que certos
as imagens dos sonhos são auto-representações simbólicas do sonhador, e
ele foi o primeiro psicanalista a se preocupar com o significado simbólico de
alquimia. 20 6
A "Viagem ao Inconsciente" de Jung foi a grande fonte de
que originou seu sistema. Sabemos por sua autobiografia que Jung
adquiriu a partir deste autoexperimento suas primeiras noções de anima, o self e
individuação, com seus símbolos. O inconsciente coletivo e a arquitectura
tipos que ele conhecia de seu trabalho com pacientes e de
literatura que ele agora experimentava pessoalmente. Os métodos que ele aplicou em
sua auto-experiência. ou seja, imaginação ativa. amplificação de sonhos, e
desenhando e pintando do inconsciente, ele agora sistematizado como um
método terapêutico para seus pacientes.
As leituras extensas de Jung cobriram as obras de filósofos, teólogos,
místicos, orientalistas. etnólogos, romancistas e poetas. Talvez o mais
importante de suas fontes podem ser encontradas na filosofia romântica e na
a filosofia da natureza. De acordo com o sistema de Leibbrand Jung não pode
ser concebido sem a filosofia de Schelling.207 Rose Mehlich encontrou paralelos
entre os conceitos de alma de Fichte e algumas das afirmações básicas de Jung
ções. 208 Outros paralelos podem ser traçados entre a psicologia de Jung e o
filosofia de GH von Schubert, 2 ° 9 e o que este último explicou em
Página 73
termos filosóficos que ETH Hoffmann utilizou como pano de fundo filosófico
para seu noveJ.210 Como Von Schubert, Hoffmann retratou a coexistência
em cada indivíduo de uma alma individual (o ego) e de outro psíquico
princípio relacionado à atividade da Alma do Mundo (o eu). O indivíduo
pode às vezes tornar-se consciente da Alma do Mundo; esses momentos são
chamados de "momentos cósmicos" por Von Schubert e "estados exaltados" (erhohte
Zustiinde) por Hoffmann. Tais são certos sonhos, visões, sonâmbulos
crises e alucinações psicóticas.
É costume designar esses grandes filósofos do inconsciente
Carl Gustav Carus, Arthur Schopenhauer e Eduard von Hartmann-as
Antecessores de Jung. Ele faria. no entanto, convém chamar a atenção para
outro filósofo romântico. Ignaz Paul Vital Troxler, que recentemente
foi redescoberto após um século de esquecimento.211 Troxler viu o curso
da vida humana como uma série de metamorfoses psíquicas. O centro do
personalidade não é o ego no sentido comum, mas o que Troxler chama de
Gemut ou o Ich selbst. isto é, exatamente o que Jung chama de eu. Troxler
vê isso como uma meta a ser alcançada nesta vida e um ponto de partida para a vida após a morte
e para comunicação com Deus. A vida dos sonhos é uma revelação da essência
do homem para o próprio homem e é um meio de progressão. O conceito de Jung de
a individuação também pode ser encontrada em Schleiermacher. 212 Schleiermacher
enfatizou a absoluta unicidade do indivíduo, a ideia de que cada
indivíduo é chamado a trazer à existência sua autoimagem primordial, e que
a verdadeira liberdade é a realização dessa auto-realização.
Entre os outros românticos. Friedrich Creuzer merece homens especiais
213 O próprio Jung lembra que devorou suas obras com paixão
interest.214 Nas obras de Creuzer, Jung encontrou uma rica mina de mitos e
símbolos com suas interpretações. e também uma concepção específica de mitos
e símbolos. Não são materiais históricos nem literários, mas específicos
realidades intermediárias entre abstração e vida. Existe no humano
preste atenção a uma dupla função simbólica; povos primitivos traduzem certos ex-
experiências e conhecimentos em mitos. e pessoas dotadas são capazes de
apreenda seu significado e interprete-o.
Não se sabe se Jung conhecia aqueles românticos
psiquiatras como Reil. Heinroth. Ideler e Neumann, que enfatizou
a psicogênese da doença mental. o significado simbólico de certos
sintomas. e a possibilidade da psicoterapia da psicose.21s Mas,
certamente, ele estava bem familiarizado com Justinus Kerner e a história de seu
a famosa "vidente", Friedericke Hauff e. que em certos aspectos serviu de modelo
às atividades mediúnicas de Helene Preiswerk. 21 6
Embora Jung quase nunca cite Bachofen, é improvável que ele não fosse
familiarizado com seu trabalho. Bachofen estava entre os poucos que, como Creuzer,
ensinou como decifrar o significado dos símbolos. 217 Ele ensinou que o matriarcado
foi derrubado e suplantado pelo patriarcado e como sua memória
se expressa de forma simbólica. Traduzido em termos psicológicos,
daria a imagem de Jung do indivíduo masculino com sua reprimida
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alma feminina e seus símbolos de anima. Quanto a Nietzsche, Jung o citou

livremente e possivelmente emprestado os conceitos da sombra e do Velho Sábio
Homem dele.
É possível questionar até que ponto os místicos e ocultistas
foram atribuídos ao pensamento de Jung ou foram apenas objetos de estudo para ele. Essa
Filósofos românticos que foram as fontes mais diretas de Jung tiveram
uma longa série de antecessores, dos gnósticos e alquimistas a Paracelso,
Boehme, Swedenborg, Saint-Martin, Von Baader e Fabre d'Olivet. Alguns
desses homens foram saudados por Jung como os pioneiros da psicologia do
inconsciente.
Jung parece ter sido influenciado pelo trabalho do etnólogo alemão
Adolf Bastian, um escritor erudito, viajado e prolífico que desenvolveu
uma teoria de "pensamentos elementares". 218 Bastian afirmou que a teoria de
a difusão não foi suficiente para explicar a ocorrência dos mesmos ritos, mitos,
e pensamentos em todo o mundo, e que isso só poderia ser explicado por
uma teoria da estrutura universal da mente humana. Essas ideias trouxeram
um famoso psiquiatra italiano, Tanzi, para traçar um paralelo entre os
lucinações e delírios de seus pacientes paranóicos e os ritos e crenças
de muitos povos primitivos. 219 Outro etnólogo alemão, Leo Frobenius,
desenvolveu uma teoria de que a humanidade passou por três visões sucessivas
do mundo: o mais antigo era o animal em que os homens adoravam
animais. Com o início da agricultura, surgiu uma nova visão do mundo
centrado no problema da morte e no culto aos mortos. Entao veio
a "época do deus-sol", dominada pelo culto ao sol. Homens acreditaram
que as almas dos mortos seguem o Sol no submundo, e esta crença
deu origem a inúmeras histórias de heróis míticos que foram engolidos
por um monstro e viajou por seu interior antes de emergir e começar-
criando uma nova vida.220 Jung reconheceu este mito básico no subconsciente
fantasias da Srta. Miller, e por algum tempo ele e seus alunos encontraram em
pacientes do Burgholzli.221 Pode-se perguntar até que ponto este mito
inspirou certas características da própria "Viagem pelo Inconsciente" de Jung.
O trabalho de Albrecht Dieterich, Mãe Terra 222, parece ter inspirado parcialmente
Os conceitos de Jung sobre a Magna Mater e seu simbolismo.
É difícil determinar o que na literatura asiática serviu como fonte ou
estímulo para o pensamento de Jung. O efeito de conversas com homens como
Richard Wilhelm ou Heinrich Zimmer foi provavelmente mais decisivo do que o
leituras mais amplas.
Já mencionamos o estímulo que Jung recebeu dos romances
como Imago de Spitteler , Tartarin sur / es Alpes de Alphonse Daudet , Rider
Ela, de Haggard , e L 'At / antide de Pierre Benoit . Outro romancista, Leon
Daudet, idéias enunciadas que mostram paralelos notáveis com a psicologia de Jung
teorias ecológicas.223
Leon Daudet afirma que o principal impulso do homem é sua tendência de se realizar
contra influências hereditárias nocivas e assim adquirir liberdade interior. Humano
Página 75
personalidade, Daudet diz. consiste em duas entidades, o. ego e eu (o moi

e o soi) e o drama da vida de cada homem está na luta entre os dois.
O ego não consiste apenas na personalidade consciente com suas percepções,
recordações. humores. e, · aspirações de febre. mas também de uma personalidade inconsciente
com um '"instinto de geração. ·· automatismos psíquicos, e restos dispersos de
influências hereditárias. O eu. por outro lado, é a essência do ser humano
personalidade. um verdadeiro. original e novo ser. Impulsos criativos, decisões importantes,
atos de razão e de fé emanam de si mesmo.
Quando o ego predomina, a personalidade perde sua unidade e dá lugar a um
número de "personagens" em luta que nada mais são do que os vestígios de nosso
ancestrais. Às vezes, a personalidade pode ser destruída pelo surgimento repentino de
um ou vários ancestrais .. '' eles tomam posse do indivíduo através de
a influência de uma circunstância exterior ou espontaneamente através de uma espécie de
autofecundação. No início, o indivíduo pode sentir isso como uma influência útil
mas, a longo prazo, torna-se prejudicial para ele. Tal "dominado por ancestrais"
o Daudet individual chama um heredo; ele é inquieto, impulsivo e temperamental. o
homem que é dominado por si mesmo. está preparado. bem equilibrado. e mostra uma visão
e coragem moral. É a verdadeira posse de si mesmo que permite ao homem ser
um herói ou um gênio criativo. Assim, o principal objetivo na vida humana é superar o
ego com os impulsos ancestrais descontrolados. e para descobrir e atualizar seu
auto. Este deve ser o objeto de uma nova ciência que Daudet chama de "metapsia-
chology. "
Muitas pessoas vivem suas vidas na ignorância de si mesmas, descobrindo isso muito tarde ou
apenas no momento da morte. Existem momentos propícios na vida para o surgimento
de si mesmo; nomeadamente. entre as idades de sete anos e a puberdade, então por um
momento que está passando em torno do décimo ano. e particularmente entre as idades de
trinta e cinco e quarenta. quando o indivíduo é definido antes da escolha de permanecer
um ele? fazer para o resto de sua vida ou alcançar a si mesmo. Daudet considera que
a longevidade depende da "tonificação metódica" do eu. O sucesso de um
relação matrimonial está ligada a quão longe os dois cônjuges alcançaram
eles próprios. O self é a parte eminentemente sociável da personalidade, enquanto o ego
a dominação é a fonte de perturbações nas relações humanas.
Daudet chama de "imaginação" uma função do self por meio da qual um homem
torna-se ciente de seus ·· heredismos ... para que ele possa descartar os nocivos e
retêm como modelos as imagens "apenas de nossos ancestrais. Doenças mentais, acrescenta,
é o efeito dos cataclismos pelos quais certos ancestrais tomam posse de um
Individual. Portanto. '' o homem vive e morre por suas imagens '. e Daudet conclui que
sua ·· metapsicologia '"\\ ould fa \ ou aplicações imprevistas.
Ao ler L'Heredo e sua sequência, O Mundo das Imagens, 22 4

tem-se a sensação de ler o epítome de um sistema completo de dinâmica
psiquiatria que carece apenas de comprovação no trabalho psicoterapêutico. Para
não se sabe até que ponto inspirou Jung, mas ele certamente leu, uma vez que
referido a L'Heredo em pelo menos uma ocasião. 225
A influência de Carl Gustav Jung

A influência de Jung foi exercida por meio de sua personalidade, sua doutrina,
seus discípulos. seus ex-pacientes e sua escola. No início, estava limitado a
Página 76
psiquiatria e psicoterapia, mas depois de 1920 estendeu-se aos círculos

da religião e da história da cultura. Mais tarde, ele também atraiu a atenção
de sociólogos, economistas e estudantes de ciência política.
O nome de Jung se tornou conhecido pela primeira vez por meio de seu trabalho com a palavra associa
teste de formação, um método já existente do qual ele fez o primeiro
test.22 6 Tornou-se parte da rotina diária em hospitais psiquiátricos suíços, e
também serviu de incentivo para o teste de Rorschach e outros. Apesar
As tentativas de Jung de usar o teste para fins criminológicos falharam, a pesquisa
nessa direção foi assumido por outros cientistas e culminou com o
invenção do detector de mentiras.
Em seguida, vieram os estudos de Jung sobre esquizofrenia, que estavam de acordo com o de Bleuler
esforços para compreender esses pacientes e estabelecer um relacionamento com eles. Nós
vi como Jung primeiro encontrou "complexos" e, em seguida, "arquétipos" no
raiz dos sintomas esquizofrênicos. Jung fez muito para promover a psicologia
terapia da esquizofrenia. e ele antecipou a pesquisa de contemporâneos
analistas existenciais em suas tentativas de compreender e tornar inteligível
a experiência subjetiva de esquizofrênicos. Vários junguianos e
psiquiatras não junguianos apontaram a semelhança dos mitos universais e
experiências esquizofrênicas subjetivas. 22 7
As contribuições de C. G. Jung para a psicanálise foram devidamente reconhecidas
por Freudians.221! Ele introduziu os termos "complexo" e "imago", e ele
foi o promotor da análise didática. De acordo com Jung, foi ele quem
chamou a atenção de Freud para as Memórias de Schreber . do pulmão c ~ iticism de Freud
interpretação do caso Schreber levou Freud a revisar sua teoria da libido
e apresentar o conceito de narcisismo. A preocupação de Jung com mitos
e suas Metamorfoses e Símbolos da Libido estimularam Freud a escrever
seu Totem e Tabu. Analistas infantis adotaram as técnicas de terapia de Jung
através do desenho e da pintura. Recentemente, vários analistas têm dis-
idéias discretamente enunciadas que oferecem certas semelhanças com os ensinamentos de Jung.
Erikson, por exemplo, descreve o desenvolvimento do indivíduo em
oito estágios, os primeiros cinco dos quais são análogos aos estágios de Freud de
desenvolvimento libidinal. e os outros três parecem ter sido inspirados
pelo conceito de individuação de Jung.22 9
O método de imaginação ativa de Jung inspirou o devaneio de Desoille
terapia. 230 Desoille faz o paciente deitar em um sofá imaginando que está sendo levantado
no ar e mais e mais no céu, dizendo ao terapeuta tudo
as imagens que se apresentaram a ele. permitindo assim ao terapeuta
explore seu inconsciente.
Numerosos terapeutas adotaram o método de pintura de Jung desde o
consciente sob várias formas; psicanalistas também o usaram na psicologia
terapia de crianças e psicóticos. Um dos discípulos de Jung, Hans Triib,
pensei que o único fator de cura em psicoterapia era o encontro
entre o terapeuta e o paciente.231 Ao desenvolver esta teoria, ele se separou
de Jung, com quem permaneceu em fiel antagonismo, como Triib
Página 77
descreveu. O tratamento junguiano de doenças mentais foi sistematizado por

H. K. Fierz. 232 Jung abordou a medicina psicossomática por volta de 1909
e uma abordagem junguiana foi desenvolvida por CA Meier.233 Uma variedade de

terapia de grupo baseada nos princípios do pulmão foi introduzida por Hans
Illing234
Também deve ser mencionado que os Alcoólicos Anônimos indiretamente devem
sua origem para Jung.
Essa história pouco conhecida foi esclarecida pela recente publicação de um intercâmbio
de cartas entre um dos cofundadores de AA e Jung. 2 3S Por volta de 1931 e
Paciente alcoólatra americano. Roland H. veio até CG Jung que lhe deu
psicoterapia por talvez um ano. mas ele teve uma recaída logo depois. Ele
voltou para Jung, que disse francamente que não havia mais esperança para ele em
qualquer outro tratamento médico ou psiquiátrico. Roland H. perguntou se havia
qualquer outra esperança e Jung respondeu que poderia haver, desde que ele pudesse se tornar
o assunto de uma experiência espiritual ou religiosa. o que pode remotivá-lo
inteiramente. Roland H. juntou-se ao Grupo Oxford, onde encontrou uma conversão
experiência. foi deliYed de sua compulsão para beber. e se dedicou a
ajudando outros alcoólatras. Um deles. Eddy. seguiu seu exemplo, juntou-se ao
Oxford Group. e foi libertado de sua compulsão por beber. Em novembro de 1934
Eddy visitou seu amigo Bill. \\ caso de mangueira foi considerado sem esperança. e disse a ele
de sua experiência. Posteriormente, Bill teve uma experiência religiosa e uma visão de
uma sociedade de alcoólatras transmitindo suas experiências de um para o outro.
Eddy e Bill fundaram então a Sociedade de Alcoólicos Anônimos, cujo sub-
o desenvolvimento sequente é knm \ n. Faz
a tipologia de lung com sua distinção de extroversão e introversão e a

quatro funções psicológicas foram criticadas por estudantes de caracterologia.
Mesmo assim. Eysenck adotou a dicotomia extroversão-introversão como
uma de suas dimensões de personalidade.23 7 Um conselheiro matrimonial suíço,
Plattner afirma que a maioria dos indivíduos tende a escolher como parceiro um
pessoa que pertence ao tipo e função oposta à sua; para
exemplo, um extrovertido racional escolherá um introvertido afetivo, portanto
a existência de certos tipos de casamento, cada um com suas próprias dificuldades e
possibilidades de conflito. VIi O historiador Toynbee descobriu que o mundo
grandes religiões podem ser classificadas em termos de tipos psicológicos de pulmão.239
De um modo geral. os conceitos de extroversão e introversão de pulmão apreciados
tamanha popularidade que agora são usados na linguagem coloquial (embora
nem sempre de acordo com seu significado original). o conceito original do pulmão é
às vezes para ser reconhecido sob outra terminologia. Tal é o David
A distinção de Riesman entre pessoas dirigidas por dentro e por outras pessoas.
A intensa preocupação com símbolos, mitos e arquétipos é um
principal característica da psicologia do pulmão. No início era uma questão de aplicar profundidade
psicologia para o estudo dos mitos. Em um segundo período, Jung usou mitos para
compreender fenômenos psicológicos, aplicando seu método de amplificação
ção, um método que requer um conhecimento profundo por parte do
Página 78
terapeuta da mitologia e dos múltiplos significados possíveis dos símbolos.

Por exemplo, para um analista freudiano, a cobra é apenas um símbolo fálico; para um
Pode ser junguiano, mas também pode ter dez outros significados. Em um terço
período. estudos comparativos dos mesmos mitos foram realizados por mitos
ologistas de comparativos
tais estudos um lado e psicólogos junguianos
são fornecidos pelo do outro.
livro Um protótipo
publicado de por Karl
em conjunto
Kerenyi, uma estudante húngara de mitologia que vive em Zurique, e C. G.
Jung.241 O mito da criança divina e da donzela divina é analisado
por Kerenyi e Jung em termos de suas disciplinas particulares. De outros
estudos comparativos foram apresentados nas conferências anuais de Eranos
em Ascona e posteriormente publicado nos Anuários Eranos.
O conceito de inconsciente coletivo de Jung foi aplicado ao
psicologia de insights filosóficos e descobertas científicas. Tal era
A interpretação de Jung sobre a descoberta da lei da conservação da energia
por Robert Mayer. O físico Pauli deu uma interpretação um tanto semelhante
ção das descobertas de Kepler. 242 Referindo-se à ideia de Anaximandro de
matéria primordial de um universo sem limites sem começo ou fim, FM
Cornford observa que tal ideia não poderia ter resultado de observação
ção ou de uma hipótese científica. 243 Portanto, a ideia surgiu "de um
nível da mente inconsciente tão profundo que não o reconhecemos como parte de
nós mesmos ", isto é, do inconsciente coletivo de Jung. Isso explicaria
a semelhança do conceito de Anaximandro com a imagem primitiva do
Mana polinésio. De fato. Cornford assume que "o desenvolvimento de
filosofia e ciência consiste centralmente na diferenciação, sob o
ação de crítica intelectual consciente. dessas imagens primordiais que
teve, por um processo diferente. anteriormente dado à luz a todas as formas de religião
representação. "Nessa perspectiva. filosofia, ciência e mitologia
derivam através de diferentes canais do inconsciente coletivo.
Os conceitos de Jung sobre a função natural da religião e a existência de
arquétipos religiosos no homem provocaram discussões animadas nos círculos religiosos.
Vários teólogos pensaram ter encontrado em Jung um aliado contra
ateísmo, outros culparam seu psicologismo. Disseram que enquanto Freud estava
abertamente ateísta, considerando a religião uma ilusão e o resultado de um desejo
pensando. Jung viu na religião a projeção de arquétipos religiosos sobre
que não se sabe a que realidade transcendente eles correspondem.
O teólogo Frischknecht de Basel designa o sistema de Jung como um "tipo
e compreensão da "variedade de ateísmo. 244 Outro teólogo, Hans Schar,
em Berna, afirma que ninguém preocupado com a religião hoje poderia dispensar
com o estudo da obra de Jung.245 Com base nos conceitos de Jung, Hans Schar
produziu seu tratado de setecentas páginas sobre a psicologia da religião.24 6
Outro teólogo. Rochedieu, desenvolvendo a ideia de Jung de que o homem é
naturalmente religioso. afirma isso. desconhecido para a maioria dos terapeutas, transferência
é em parte uma manifestação religiosa. 24 7 Outro teólogo conhecido, Paulo
Página 79
Tillich afirma que a doutrina dos arquétipos de lung é de grande ajuda para os protestantes
teologia, especialmente no que diz respeito à teoria da symbols.24 religiosa S do pulmão
as idéias também despertaram muito interesse entre os teólogos católicos. 249 pelo menos
três deles escreveram um estudo abrangente: Padre White, 250 Padre
Hostie, 251 e o padre Goldbrunner. 252 Entre os teólogos ortodoxos russos,
O Reverendo Evdokimov utilizou os conceitos de lung dos arquétipos e do
anima e o animus. em um estudo antropológico filosófico de
mulher. 253
Em seu livro de psicologia coletiva, Reiwald dedicou um capítulo a
pulmão, enfatizando a grande importância de seus conceitos para o entendimento
tratamento de psicoses em massa. 254 lung enfatizou a "inflação psíquica" do indivíduo
ual em uma multidão. Enquanto Freud viu a massa identificando-se com o
líder, Jung (como Janet) sublinhou que o líder também depende do
massa. Jung explica as psicoses em massa como sendo o repentino ressurgimento entre
uma coletividade de arquétipos latentes.
Entre os discípulos mais próximos de lung estava o economista suíço Eugen Bohler, 2ss
que chamou a atenção dos círculos de negócios para a psicologia de Jung e
tentou em várias publicações aplicar os conceitos de economia
ciência, 256 especialmente a dos mitos em relação à psicologia de massa.2S 7
Vida economica. de acordo com Bohler. não é tão dominado por objetivos nacionais
poses que por impulsos coletivos originários da fantasia e do mito. Ou mais
precisamente. enquanto a produção é o resultado de um processo racional, consumindo
depende do impulso irracional semelhante ao impulso erótico. Fantasia é a verdade
incentivo ao progresso econômico: o progresso da ciência e da técnica teve
resultou em um enorme aumento da parte atribuída à fantasia na vida humana.
Literatura. arte. nev.spapers. cinemas moYie. rádio. televisão, são "fábricas de sonho"
e também os hotéis modernos e os negócios turísticos: "A economia moderna é
uma fábrica de sonhos tanto quanto Holly \\ ood. ·· É baseado em uma pequena parte nas necessidades reais,
em grande parte, fantasia e mito. Daí o papel central na moderna
economia do negócio de publicidade. A própria ciência agora está cercada de
um halo mítico. Embora gratificante a ciência da imaginação humana também cria novos
necessidades entre os consumidores, bem como os meios para satisfazê-los artificialmente
necessidades criadas. A moda significa para a mulher · · libertação dionisíaca da racionalidade "
e o aprimoramento de sua personalidade. E é muito imprevisível que
confere a ela o mistério de um oráculo que deve ser sondado. A Bolsa de Valores
em si mesma tem uma função mítica; não é o "cérebro". mas sim o "coração" de
vida economica. compensando as pressões sofridas pelo homo economicus
em seu esforço implacável, organização racional, ordem e economia, e
a exatidão da contabilidade. computação e o estabelecimento de equilíbrio
folhas. A Bolsa de Valores é a única janela através da qual os devaneios podem
entrar na vida de tal homem. Ao mesmo tempo, as crenças, expectativas e
desejos de numerosos homens são projetados e convergem na Bolsa de Valores.
Longe de governar a vida econômica. a Bolsa de Valores está ela própria à mercê do
marés de fantasias coletivas; depressões surgem quando de repente
Página 80
perda do mito econômico. Bohler estendeu sua crítica a outros mitos econômicos,
passado ou presente. como o comércio livre. o Grossraum. e outros.
A aplicação dos conceitos junguianos à filosofia política foi inaugurada

em 1931 por Schindler com seu estudo sobre direito constitucional e social
estrutura. 258 Em 1954, Hans F ehr aplicou o conceito de arquétipos ao
filosofia do direito. 25 9 Então Hans Marti propôs uma interpretação junguiana de
a Constituição Suíça. 2 não As tentativas mais consistentes nessa direção,
no entanto, foram os de Erich Fechner em 1956 261 e Max Imboden em
1959. 262
Em um levantamento crítico de todas as teorias possíveis relativas à origem da noção de

lei (biológica econômica. política sociológica filosófica teológica
teorias). Erich Fechner chega a propor uma teoria psicológica baseada em
os conceitos junguianos de arquétipos. Instinto social. de acordo com Erich Fechner,
não pode explicar a origem de uma comunidade jurídica e do Estado. O com
mandamento .. Não matarás .. ou a instituição da monogamia. por exemplo,
devem ter sido representações inconscientes muito antes de se tornarem legais
instituições e, portanto, devem ter sido imagens primordiais. ou arquétipos.
Max Imboden afirma que a estrutura do Estado é um reflexo do psíquico
realidade. As três formas clássicas de Estado: monarquia. aristocracia e democracia,
correspondem a diferentes níveis de desenvolvimento da consciência coletiva. Monarquia
(ou autocracia) é o Estado em que um indivíduo assume o potencial do ego e
atualiza o conteúdo inconsciente de todos os outros. O dominador e o dominado
estão fortemente ligados uns aos outros por um fenômeno de transferência. o que impede
o desenvolvimento de indivíduos. Aristocracia. que é dominação por um grupo
de homens escolhidos. allm \ s para uma certa quantidade de grm \ th nos indivíduos dominados.
Mas isso implica uma rede complexa de relações entre a elite e os
massas. Existe uma variedade de tais sistemas, dependendo se o empate é mais
uma transferência inconsciente ou um mandato consciente. A democracia deve ser o
Forma de Estado dos cidadãos \\ quando todos ou a maioria entre eles alcançaram um
grau suficiente de indicação. de modo que eles estejam claramente cientes de suas mútuas
relação. e ser capaz de criar uma comunidade autêntica. Referindo-se a
Teoria de Montesquieu dos três poderes (legislativo. Executivo e judiciário),
Imboden aponta certas analogias com o dogma da Trindade, e ele pensa
que realmente saiu desse dogma. graças a um aumento no coletivo
consciência no início dos tempos modernos.
É destino de todos os inovadores que o desenvolvimento de seu trabalho seja

previsível, porque não depende tanto de seu valor intrínseco quanto de
fatores materiais. circunstâncias históricas. e as flutuações da cor
mente letiva.
Há uma semelhança básica entre o sistema de Freud e Jung, cada um
um derivado de uma "doença criativa" canalizada para um tratamento psicoterapêutico
método. Ambos oferecem a possibilidade de uma viagem ao inconsciente, no
forma de treinamento ou análise terapêutica. Mas é uma jornada muito diferente.
Página 81
Aqueles que empreendem uma análise freudiana em breve desenvolverão uma intensa
neurose de transferência, ter sonhos freudianos e descobrir seu Édipo
complexo, sexualidade infantil e ansiedade de castração. Aqueles que empreendem um
A análise junguiana terá sonhos junguianos, confrontará sua sombra, sua
anima, seus arquétipos. e buscar sua individuação. Um psicólogo freudiano
analista que passasse por uma análise junguiana se sentiria tão desorientado
como Mefisto na segunda parte de Fausto, quando ele chega ao Clássico
Walpurgis Night e descobre com espanto que "existe outro Inferno
com suas próprias leis. "(Na verdade, o contraste entre o freudiano e o
O inconsciente junguiano pode ser adequadamente ilustrado pelo contraste entre o
Walpurgis Night of the Blocksberg, com seus demônios e bruxas, e o
Noite clássica de Walpurgis, com suas figuras mitológicas.)
É também por isso que muitas pessoas reagem a Freud e Jung mais de acordo
às suas tendências pessoais do que a um escrutínio objetivo dos fatos. Alguns
pessoas acham que Freud se baseia em fatos científicos, enquanto
Jung está perdido em um misticismo nebuloso. Outros pensam que Freud priva o
alma humana de sua aura de mistério, 26 - ' e que Jung salva seus valores espirituais.
O próprio Freud (dirão) não escolheu para a epígrafe de seu
Interpretação dos sonhos do verso de Virgílio:
Flectere si nequeo Superos, Acheronta movebo

(Se eu não conseguir mover os do Céu, irei reunir os do Inferno)
Em contraste com isso, o lema de lung poderia ser outro verso de Virgílio: 264
Carmina vel coelo possunt deducere lunam

(Canções podem até a lua descer do céu)
Assim, as mesmas pessoas que veem em Freud o feiticeiro que reduziu o homem a
seus instintos diabólicos. são propensos a visualizar o pulmão como o mago que foi
capaz de balançar a lua.
É de se esperar que, com o passar do tempo, o trabalho do pulmão sofrerá
certas transformações. Uma razão para isso é de natureza geral: é o
destino de qualquer ideologia que cada geração sucessiva tende a ver em uma nova
perspectiva. No caso de Jung, há algo mais. Seu trabalho é essencialmente
conhecido hoje através dos livros. artigos e contribuições publicadas
durante sua vida e reunidos em suas Obras Coletadas. Quando a coleção
de seus seminários datilografados é disponibilizado na forma impressa,
personalidade e trabalho serão mostrados em uma nova perspectiva e será mesmo
mais ainda quando suas cartas são publicadas. Não é impossível que mesmo seu
Livro Vermelho e Livro Negro, talvez até seus diários, aparecerão algum dia
e mostrá-lo em outra luz insuspeitada. Não só a vida de um homem,
mas também sua imagem e influência póstuma podem sofrer uma sucessão imprevisível
cessão de metamorfoses.
27/01/2021 O alvorecer e a ascensão da nova psiquiatria dinâmica
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O alvorecer e a ascensão do
Nova Psiquiatria Dinâmica
UMA DAS DIFICULDADES na história do wntmg é que nós somos

sempre propenso a descrever eventos passados em termos do significado que eles têm
adquirido em nosso tempo. Mas os homens do passado viram eventos contemporâneos
em sua própria perspectiva. Eles prestaram muita atenção aos fatos que hoje
são esquecidos ou considerados insignificantes, eles se engajaram em con-
polêmicas sobre assuntos que são dificilmente inteligíveis hoje, enquanto muitos
eventos que parecem cruciais para nós atraíram pouca atenção quando ocorreram.
Os historiadores devem descrever os eventos em sua perspectiva do passado e
foco naqueles que agora consideramos cruciais.
É por isso que, depois de descrever os aspectos sociais, políticos, culturais e médicos
fundo da nova psiquiatria dinâmica e tentando resumir
as doutrinas de seus quatro grandes representantes, Janet, Freud, Adler e
Jung, resta-nos esboçar a complexa inter-relação dessas
grandes sistemas uns com os outros e com os menores, bem como com o
antecedentes gerais de eventos contemporâneos. Vamos tomar como nosso ponto de partida
apontam o memorável artigo de Charcot sobre hipnose em fevereiro de 1882, que
abriu a nova era e terminou no final da Segunda Guerra Mundial porque
após essa data, não temos perspectiva suficiente para uma visão sintética.
Rivalidade das Escolas Salpetriere e Nancy: 1882-1893

Os onze anos entre 1882 e 1893 viram a ressurreição de
magnetismo animal em uma forma modificada sob o nome de hipnose e
sugestão. A sanção científica foi dada a essas práticas por dois aca-
centros democráticos: aquele em torno de Charcot, no Salpetriere, e o outro
em torno de Bernheim em Nancy. O trabalho dessas duas escolas, e suas
rivalidades dominavam a cena. Este período pode ser dividido em três

subperíodos.
749
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Nascimento e crescimento das escolas Salpetriere e Nancy: 1882-1885

Em 13 de fevereiro de 1882, o célebre neurologista Jean-Martin Charcot
subiu à tribuna da Academia de Ciências de Paris para ler um
artigo "Sobre os vários estados nervosos determinados pela hipnotização em
Hysterics. " 1 Este artigo pretendia fornecer um quadro rigorosamente objetivo
dos estados hipnóticos em termos puramente neurológicos. Em seu pleno desenvolvimento
imagem, como pode ser observado em mulheres histéricas, Charcot disse:
O hipnotismo compreende três condições que podem se suceder em qualquer

combinação, ou existem independentemente um do outro. No estado cataléptico, o
paciente mantém seus membros em qualquer posição em que foram colocados, tendão
os reflexos estão abolidos ou muito fracos; existem longas pausas respiratórias e
vários impulsos automáticos podem ser provocados. No estado letárgico, os músculos estão
flácida, a respiração é profunda e rápida. os reflexos do tendão são extremamente exagerados,
e o paciente mostra "hiperexcitabilidade neuromuscular", isto é, uma aptidão de
os músculos se contraiam fortemente se o tendão, músculo ou nervo correspondente estiver
tocado. No terceiro estado de sonambulismo, os reflexos tendinosos são normais, não há
excitabilidade neuromuscular, embora certa estimulação leve cause um estado de
rigidez no membro; geralmente há uma exaltação de certas variedades pouco conhecidas
laços de sensibilidade cutânea, sentido muscular e de certos sentidos especiais ", e isso
geralmente é fácil de realizar. sob demanda, os atos automáticos mais complicados.
Pode-se levar um paciente do estado cataléptico ao letárgico e ao sonambúlico
estado por fricção suave no vértice. A pressão sobre os olhos traz o paciente
do sonambulismo à letargia.
Em retrospecto, parece que este artigo de Charcot significou uma repentina

revolução. "Foi um tour de force", de acordo com Janet, "trazer o
Academia de Ciências para reconhecer o hipnotismo, que durante o século passado
tury foi três vezes condenado sob o nome de magnetismo. " 2 Na verdade,
os médicos da época não tinham uma mentalidade muito histórica. É duvidoso
se muitos membros da Academia de Ciências leram as obras
dos antigos magnetistas, e se algum deles (incluindo Charcot
ele mesmo) tinha um pressentimento de que algo antigo estava sendo revivido. Estes homens
compartilhou uma ilusão, que de forma alguma desapareceu hoje, que
tudo o que eles trouxeram era novo.
É um exagero dizer que naquela época o hipnotismo era considerado
ser nada além de charlatanismo. Um número crescente de médicos trabalhou com
sozinho ou em pequenas sociedades, embora o tema tenha sido considerado
obscuro e controverso. No entanto, é duvidoso se Charcot
autoridade teria bastado para trazer um renascimento do hipnotismo se o
terreno não havia sido preparado de forma inesperada, ou seja, por estágio
hipnotizadores. 3 Hansen (na Alemanha e Áustria) e Donato (na Bélgica,
França, Suíça e Itália) foram de cidade em cidade organizando
apresentações teatrais hipnóticas, atraindo grandes multidões e frequentemente saindo
Página 3
O alvorecer e a ascensão da nova psiquiatria dinâmica 751
trilhas de epidemias psíquicas. Muitos neurologistas e psiquiatras assistiram

essas performances, e alguns concluíram que "deve haver algo
nele. "O fisiologista Charles Richet foi um dos primeiros que ousou
experimente neste campo aparentemente novo e publique os resultados em um
Jornal cientifico. 4 Isso provavelmente estimulou Charcot a assumir seu próprio
experimentos, e conforme ele progredia em suas investigações, outros homens
foram encorajados a usar a hipnose.
Antes do artigo de Charcot, o neurologista Heidenhain de Breslau tinha
ficou impressionado com o desempenho de Hansen, adotou o método,
e publicou um livro sobre hipnose em 1880. 5 Na Áustria, Moritz Benedikt
já havia tentado por algum tempo, e seu exemplo foi seguido por Josef Breuer.
A hipnose também tinha apoiadores na Bélgica, e em Nancy muito era
contou sobre as curas de Liebeault que a Sociedade Médica daquela cidade devotou
uma reunião em 1882 para experiências com hipnotismo. Bernheim pagou
Liebeault uma visita, ficou favoravelmente impressionado e decidiu adotar e
aperfeiçoe o método. 6 A atenção do público também foi chamada para
hipnotismo, e se tornou um assunto corrente nos jornais. 7
Daquele momento em diante, seja porque Charcot deu sua sanção para
isso ou não, "os portões estavam abertos" (nas palavras de Janet), e o público
foi submerso por uma enxurrada de publicações sobre hipnose. Não demorou muito
antes que grandes divergências surgissem entre os autores. Em 1883 Bernheim
li um artigo na Sociedade Médica de Nancy, definindo a hipnose como
"apenas um sono, produzido por sugestão, com implicações terapêuticas."
Isso foi equivalente a uma declaração de guerra contra a doutrina de Charcot,
porque para Charcot a hipnose era uma condição fisiológica muito diferente
do sono, uma condição que poderia ocorrer apenas em indivíduos predispostos
à histeria, e não poderia ser usado para fins terapêuticos.
No ano seguinte, 1884. a "guerra" entre as duas escolas mudou
em um novo terreno. Um advogado de Nancy, Liegeois, havia experimentado
com indivíduos hipnotizados, sugerindo que eles cometem crimes por
que forneceu armas inofensivas. 8 Ele induziu os sujeitos a se comprometerem
pseudo-assassinatos. Contudo. a Escola Salpetriere se opôs à contra
clusões desenhadas por Liegeois e o panfleto de Bernheim sobre sugestão
foi recebido em Paris com críticas. 9
Em 1885, quando a atenção de todos estava voltada para a hipnose e a histeria,
Charcot deu suas palestras sobre paralisias traumáticas, bem como demonstrações clínicas
de como ele reproduziu paralisias análogas por hipnose em indivíduos predispostos
indivíduos. Charcot e muitos de seus auditores consideraram que essas demonstrações
ções forneceram provas científicas da psicogênese das paralisias traumáticas. Nós
vi que esses experimentos de Charcot tiveram implicações mais amplas. 10 Be-
acreditando que o mecanismo dessas paralisias traumáticas era idêntico ao
o de paralisias histéricas, Charcot agora incluía paralisias traumáticas no
campo da histeria. Esta nova terminologia despertou oposição marcada, especialmente
na Alemanha, e reavivou as controvérsias sobre a incidência relativa de
Página 4
etiologia orgânica e funcional nas paralisias traumáticas. A oposição a

Os novos conceitos de histeria de Charcot geralmente cresciam entre os neurologistas.
É neste ponto, no final de 1885, que Sigmund Freud recebeu
uma bolsa que lhe permitiu passar quatro meses em Paris. Encontramos aqui um
exemplo típico desses eventos que são cruciais em retrospecto, mas pareciam
insignificante na época. Isso aparecerá mais claramente se compararmos este
evento no contexto da vida em Paris e na Salpetriere durante
esses quatro meses.
Uma leitura dos jornais de Paris de outubro de 1885 a fevereiro
1886 indica que foi um período de turbulência em todo o mundo. Muito de
foi relatado sobre rivalidade anglo-russa na Ásia central, franco-inglês
rivalidade na África e rivalidade hispano-alemã nas ilhas do Mar do Sul;
os ingleses estavam invadindo a Birmânia; em Londres houve um escândalo causado
pela revelação da Pall Mall Gazette sobre a prostituição de
menores. Os italianos estavam invadindo a Eritreia; os franceses estavam lutando em
Indochina; os canadenses franceses em Montreal ficaram agitados com o
execução do líder de uma rebelião indiana, Louis Riel. Guerra civil
assolou o Peru; As tropas dos Estados Unidos estavam deslocando os mórmons em Salt Lake
Cidade; houve agitação socialista, greves e motins sangrentos em vários
cidades na França, Bélgica e Estados Unidos. A guerra estourou
entre a Bulgária e a Sérvia, trazendo a rivalidade entre a Rússia e
Áustria-Hungria a um pico dangero.us. A Estátua da Liberdade tinha acabado de
foi erguido em Nova York. Na França, o general Boulanger, o ídolo do
nacionalistas, foi nomeado Ministro da Guerra em janeiro de 1886, que en-
encorajou aqueles que buscavam vingança pela derrota de 1870 a 1871.
Houve muitos protestos sobre a enxurrada de literatura pornográfica e
teatrais e um escândalo sobre os exames competitivos em Paris
hospitais, onde certos candidatos teriam sido informados de
as questões previamente feitas por um dos examinadores. A opinião pública era
entusiasmado com o primeiro tratamento espetacular da raiva por Pasteur,
e pessoas que foram mordidas por cães raivosos correram para Paris de todos
sobre a Europa. O principal interesse do público, no entanto, parecia estar em
as novas peças como Sapho de Daudet , em uma visita incógnita a Paris de
o excêntrico Rei da Baviera, Ludwig II, e na exposição de um grupo
de aborígenes australianos em um parque zoológico. Aprendemos com o diário
dos irmãos Goncourt que Charcot havia se mudado, um ano antes, para
o esplêndido palácio que ele construiu para si mesmo no Faubourg Saint-
Germain, e de acordo com a fofoca, sua filha Jeanne estava apaixonada por
O filho de Alphonse Daudet, Leon, cuja relutância despertou o descontentamento de Charcot
prazer. Revistas médicas relataram fielmente as palestras ministradas por
<Zharcot, que estava então no auge da fama.
Sem dúvida, a visita de um jovem neurologista austríaco na época em que
muitos homens ilustres fizeram uma peregrinação à Salpêtrière, a "Meca
da neurologia ", apareceu como um incidente de menor importância. E ainda,
Página 5
Em retrospecto. encontramos aqui uma das ligações históricas entre os mais antigos
e a psiquiatria dinâmica mais recente.
Sigmund Freud. que acabara de ganhar seu título de Privat Dozent no
Universidade de Viena, foi o autor de vários artigos apreciados sobre
neuroanatomia, mas sofreu decepções em sua pesquisa de cocaína.
Ele chegou a Paris em outubro de 1885, após visitar sua noiva em Wandsbek,
perto de Hamburgo. De acordo com Jones, Freud viu Charcot pela primeira vez
em 20 de outubro de 1885, e despediu-se dele em 23 de fevereiro de 1886. Durante
neste curto período, devemos incluir a duração da doença de Charcot e de
As férias de Natal de Freud em Wandsbek, mas o período restante de
seu contato com Charcot foi suficiente para causar uma impressão indelével em Freud.
Sem dúvida, Freud não foi um daqueles que, como Delboeuf, foi para o
Salpetriere para assistir com olhos críticos a forma como Charcot experimentou
seus assuntos histéricos. Freud ficou fascinado com a personalidade do grande
homem. O que Freud viu em Charcot não foi apenas a fama mundial dos grandes
neurologista, os dons artísticos. a eloqüência e a maneira do
homem do mundo, mas também sua maneira de ver as pessoas e as coisas sem
ideias preconcebidas. Mas o tempo era muito curto para Freud adquirir um
conhecimento real do trabalho de Charcot. Freud ficou impressionado com a de Charcot
experimentos com paralisias histéricas, que aconteceram não muito antes,
e a ideia de que uma representação inconsciente pode ser a causa de
distúrbios motores. 11 Mas Freud construiu para si mesmo um pouco impreciso e
imagem idealizada do trabalho de Charcot. Assim, como pode ser visto claramente a partir do
obituário que ele escreveu mais tarde, Freud atribuiu a Charcot o que realmente era
A contribuição de Briquet sobre a histeria. 12 Ele exagerou a importância
atribuída por Charcot à hereditariedade diferente ("degeneração" na medicina
jargão da época); e ele não parecia ter conhecimento de Richer's
descrição da grande hysterie em que o ataque histérico foi destruído
descrito como sendo frequentemente uma reconstituição de um trauma psíquico, muitas vezes sexual. 13
Se ele tivesse lido, Freud não teria ficado tão surpreso quando soube
Charcot mencionando o papel da sexualidade nos distúrbios neuróticos como um
é claro. Podemos chegar à conclusão de que a relação de Freud
para Charcot não era realmente o de um discípulo de um mestre; foi mais em
o disfarce de um "encontro" existencial. Charcot forneceu a Freud um
modelo de identificação e com a ideia germinativa do inconsciente
dinamismo psíquico.
Há alguma dúvida se Freud conheceu Janet durante sua visita a
o Salpetriere. Freud protestou contra o boato de que ele havia seguido
Janet está ensinando no Salpetriere, acrescentando que "durante minha estada no
Salpetriere, o nome de Janet nem foi pronunciado. " 14 É certo
\ que Janet na época vivia em Le Havre, onde em fevereiro de 1883, ele
fora nomeado professor de filosofia do Liceu. 15 mas ele
às vezes ia a Paris passar férias e depois visitava o Salpetriere. 16
Em 30 de novembro, enquanto Freud estava em Paris, um jornal de Pierre Janet
Página 6
sobre suas primeiras experiências com Leonie foi lido por seu tio Paul Janet
em reunião da Societe de Psychologie Physiologique, no âmbito do
presidência de Charcot. 17 Este artigo despertou muito interesse e vivacidade
discussão, e é improvável que o nome de Janet não tivesse
foi pronunciado no Salpetriere naquela ocasião. 18 Mas não há
evidências para mostrar se Freud e Janet conheceram ou ouviram falar de cada um
outro naquela época.
Entre as pessoas que Freud viu em Paris estava Leon Daudet (filho do
escritor Alphonse Daudet), com quem conheceu pelo menos uma vez na época de Charcot
casa. 19 Embora ainda fosse estudante de medicina, o jovem talentoso era um
leão social, e um futuro brilhante foi previsto para ele, seja na política,
literatura ou medicina. Leon Daudet, que era um observador atento e tinha
uma boa memória para as pessoas que conheceu, aparentemente não percebeu o
Neurologista vienense, porque nunca mencionou tê-lo conhecido, enquanto
Freud manteve uma memória duradoura do jovem Daudet. 20 quem teria
pensei na época que o hóspede austríaco se tornaria mundialmente famoso
e que Leon Daudet não terminasse seus estudos médicos, teria um
carreira política sem esperança como líder do movimento monárquico, e em
apesar de um talento literário notável, nunca conseguiria escrever
uma obra-prima? Curiosas semelhanças podem ser encontradas entre Freud e
Leon Daudet, dois homens que foram profundamente influenciados pela
personalidade. Alguns dos romances de Leon Daudet são sobre incesto e outros
desvios sexuais, vício em morfina e hereditariedade psicopática. Ele
também escreveu não-ficção sobre devaneios e personalidade humana, principalmente sobre
o ego e o Self, e ele chamou seu próprio sistema psicológico de
metapsicologia. 21 As concepções de Daudet, no entanto, diferem notavelmente de
as de Freud e mostram mais semelhanças com as de Jung. 22
A guerra das escolas e a estreia de Pierre Janet: 1886-1889

De 1886 a 1889, a história da psiquiatria dinâmica foi ofuscada
pela polêmica entre a Salpetriere e a Escola Nancy. Durante
naqueles anos, a literatura sobre hipnose e sugestão aumentou a partir do ano
para o ano.
Para o povo da época, 1886 parecia um ano de tensão política
e tragédia. Após o triunfo do general Boulanger, a França foi a presa
de febre chauvinista que agravou a tensão com a Alemanha. Apesar de
seu sucesso com a vacinação contra a raiva, Pasteur foi objeto de
ataques hediondos de Peter na Academia de Medicina, de uma campanha em
jornais médicos, e insultos da imprensa diária, de modo que ele quebrou
e foi para a Itália para se recuperar. Em 13 de junho, o jovem e extravagante
Rei da Baviera, Ludwig II, que acabara de ser declarado psicótico por um
comissão médica e restrito ao seu castelo de Berg, foi encontrado
se afogou em um lago junto com seu psiquiatra assistente, Professor
Página 7
Gudden. Nos Estados Unidos, houve violenta agitação socialista,

culminando no caso Haymarket em que quatro líderes sindicais, vítimas
de uma conspiração de gestão, foram condenados à morte e enforcados em Chicago
em 1º de maio, data que desde então tem sido comemorada todos os anos por
socialistas em todo o mundo.
Enquanto isso, se a estrela de Charcot estava no auge, seu trabalho estava sendo
seriamente questionado em círculos competentes, e sua equiparação de não orgânico
paralisias traumáticas com histeria masculina eram geralmente rejeitadas em alemão.
países falantes. A fria recepção do artigo de Freud na Sociedade
de médicos em Viena, em 15 de outubro, foi apenas um entre muitos outros
sinais dessa atitude. 23 Na Bélgica, Delboeuf explicou suas dúvidas sobre
Experimentos de Charcot. 24 Em Clermont-Ferrand, uma jovem filosofia
o fessor, Henri Bergson (cuja fama ainda está longe no futuro), publicou um
artigo sobre "Simulação Inconsciente no Estado Hipnótico", que foi um
advertência discreta para as muitas pessoas envolvidas neste campo. 25
Outro jovem professor de filosofia, Pierre Janet em Le Havre, após
testemunhando as experiências realizadas em Leonie pela Comissão,
tornou-se cauteloso e decidiu abster-se de qualquer tipo de procedimento parapsicológico
experimentação. Ele se limitou a pacientes novos e métodos comprovados,
e neste ano de 1886 publicou o resultado de seu trabalho com o
paciente Lucie, que em retrospecto é considerada a primeira cura catártica
no registro. 26
Em Nancy, Bernheim publicou uma edição ampliada, na forma de livro didático,
de seu primeiro panfleto sobre sugestão. 27 Este livro fez dele o cabeça de um
escola, e estudantes de hipnotismo começaram a se aglomerar em Nancy para visitá-lo
e Liebeault. Este último, que passou sua vida na obscuridade, o viu-
eu subitamente no centro das atenções; Bernheim se autoproclamou de Liebeault
discípulo, nunca perdi uma oportunidade de dar crédito a ele, e as pessoas
maravilhou-se com o fato de um professor universitário ter se tornado discípulo de um
médico do país. Mas algo ainda mais extraordinário estava acontecendo em
Itália. Enrico Morselli. que foi professor de psiquiatria na universidade
de Torino e considerado um homem sensível e distinto, participou de um
performance teatral de hipnotismo ministrada por Donato, deixou-se hipnotizar
por aquele homem grosseiro e vulgar, teve longas conversas com ele, e então
publicou um livro sobre hipnose em que trinta páginas foram dedicadas a um
elogios a Donato e ataques a quem supostamente o plagiou. 28
Na Inglaterra, o interesse pela hipnose estava ligado a problemas de para-
psicologia. Myers, que em 1882 foi um dos fundadores da
Society for Psychical Research, fez um estudo cuidadoso da hipnose e
o que ele chamou de eu subliminar como um estágio preliminar no parapsicolo-
estudos científicos adequados. Em 1886, Myers enfatizou a analogia do
estado hipnótico para o gênio, bem como para a histeria, e previu que o
prossecução desta pesquisa levaria a descobertas imprevisíveis no
Página 8
reino da natureza humana.2 9 No mesmo ano, Edmund Gurney e Frederic

Myers publicou Phantasms of the Living, que permaneceu um clássico
da parapsicologia. 30
Na Áustria, o principal evento de 1886 foi provavelmente a publicação de

Psychopathia Sexualis de Krafft-Ebing .
Em seu prefácio, Krafft-Ebing enfatizou a "poderosa influência da sexualidade

vida na existência individual e social, nas áreas de sentimento, pensamento e
ação. "Nesse sentido, ele se referiu à filosofia de Schopenhauer
e Von Hartmann e as afirmações de Schiller e Michelet. Ele citou
A teoria de Maudsley de que a sexualidade é a base para o desenvolvimento da vida social
sentimentos, e acrescentou que dá ímpeto ao uso da energia física, para o
impulso para aquisições, para a ética e para boa parte da estética e da religião.
A sexualidade é a fonte das virtudes mais elevadas, bem como dos vícios. "O que
seriam as belas-artes sem fundamento sexual! ... Em toda a sensualidade ética
permanece a raiz. "O capítulo seguinte é dedicado à fisiologia da" libido
sexualis. "A maior parte do livro é uma descrição de" patologia sexual geral ",
em que Krafft-Ebing segue a classificação neurológica usada pelos franceses
autores, distinguindo neuroses sexuais de "periférico", "espinhal" e "cerebral"
origem. A isso ele adiciona uma série de anormalidades não classificadas. O livro
encerrado com dois capítulos sobre formas psicóticas e criminais de desvios sexuais.
Ela continha 45 histórias de casos (dos quais onze pacientes foram de Krafft-Ebing). 31
Na Rússia, Tarnowsky também publicou um volume sobre desvios sexuais

que teve muito sucesso. 32 No entanto, foi o trabalho de Krafft-Ebing, com seu
âmbito mais filosófico, talvez também seu título marcante, que produziu em
o campo da patologia sexual tem o mesmo efeito do artigo de Charcot de 1882 sobre
o campo do hipnotismo. "Os portões estavam abertos", e a partir de então
o número de publicações sobre patologia sexual aumentou de ano para ano.
Embora Krafft-Ebing tenha tido o cuidado de escrever certas partes de seu livro
em latim, círculos mais amplos do que apenas a classe médica mostraram interesse.
Não há evidências de críticas causadas pelo conteúdo do livro, mas
apenas para não limitar sua circulação ao mundo profissional. O primeiro
edição com apenas 110 páginas foi rapidamente seguida por edições ampliadas
enriquecido com muitos históricos de caso e uma classificação bastante modificada.
Em 1887, o interesse do público em geral era em incidentes diplomáticos entre
Alemanha e França e escândalos políticos na França. Ataques incessantes
em Pasteur finalmente trouxe a intervenção de Charcot e Vulpian no
Academie de Medecine, reduzindo os agressores ao silêncio. Entre o
eventos médicos daquele ano, alguns nos parecem mais importantes em retrospecto
do que aos contemporâneos. Em 1887, Victor Horsley se apresentou
pela primeira vez, uma operação em um tumor que estava comprimindo o
medula e, assim, curou seu paciente. Neurologistas continentais, no entanto,
permaneceu cético. Na Áustria, Wagner-Jauregg, que notou o
efeito favorável de uma febre na condição mental de pacientes psicóticos,
Página 9
iniciou aquela longa série de experimentos que o conduziriam, muitos anos

mais tarde, à descoberta da terapia da malária da parética geral. 33
Na Europa, um grande interesse foi amplamente manifestado nos problemas de
doença mental, neurose e hipnose. Em Zurique, em agosto! deu ótimo
prestígio ao BurghOlzli (Hospital Psiquiátrico da Universidade de Zurique). Um jovem
O escritor alemão Gehrart Hauptmann acompanhou a demonstração clínica de Forel

com interesse apaixonado e, mais tarde, utilizou esse conhecimento para sua obra literária
trabalhos. 34 Na Holanda, Van Renterghem e Van Eeden, no retorno de
Nancy, abriu uma clínica para tratamento hipnótico em Amsterdã em agosto
15 de 1887. Em Berlim, Albert Moll deu uma palestra sobre terapia hipnótica para um
audiência médica. 35 Foi recebido, disse ele, com relutância, nunca
menos uma segunda palestra foi melhor compreendida. Em Estocolmo Wetterstrand
abriu uma clínica dedicada ao tratamento hipnótico, que estava destinada a
sucesso fabuloso. Em Paris, Berillon, que adotou as idéias de Bernheim,
foi autorizada a ministrar uma série de palestras sobre a aplicação terapêutica de
hipnose na própria Faculdade de Medicina, ou seja, no que foi considerado
Fortaleza de Charcot. 36
Na época, acreditava-se que o ano de 1888 seria um abalo mundial. Na Alemanha
muitos foi chamado de ano fatídico: o imperador William I morreu em março
na idade de noventa e um; mas seu sucessor, o liberal Frederick
III, que deveria reverter as políticas autoritárias de seu pai, morreu
três meses depois, para ser sucedido pelo errático William II. Na França,
a febre Boulangista estava aumentando, e os nacionalistas viam Boulanger como o
homem para reconquistar a Alsácia-Lorena. Os franceses, agora pensando em uma aliança
com a Rússia, subscreveu entusiasticamente empréstimos russos. Potências européias
estavam competindo duramente pelas últimas colônias restantes; colonização foi
vista como uma missão civilizadora pelos europeus. Quando o Brasil aboliu a escravidão
em 1888, o resto do mundo ficou chocado ao saber que ela existia
até então.
Essa era a atmosfera geral em que o conhecimento e a prática
da hipnose cresceu e se desenvolveu. Naquele ano, Max Dessoir publicou um
Bibliografia do hipnotismo moderno, que continha 801 títulos recentes, mas
não incluiu artigos sobre hipnotismo em revistas populares e notícias-
papéis, nem quaisquer romances, contos ou peças baseadas em hipnose ou dupla
personalidade. 37 A hipnose estava recrutando novos adeptos. Na Suíça,
August Fore! fui para Nancy, voltou para Zurique entusiasmado com o hipno-
ismo, e publicou um livro no qual expressou sua crença no possi-
bilidade do crime sob hipnose, e também discutiu o fenômeno da
resistência consciente e inconsciente sob hipnose. 38 Em Berlim, Preyer
deu uma série de palestras sobre hipnose. Na Bélgica, Masoin provocou um
discussão sobre hipnose na Academia Belga de Medicina. Na França
uma pesquisa original e independente sobre hipnose foi realizada em Paris por Binet
e em Le Havre, de Janet.
A hipnose também foi tema de controvérsias judiciais. Desde a nancy
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escola admitia a possibilidade de crime sob hipnose, e o Salpetriere

negado, havia motivos válidos para batalhas de palavras por especialistas. Tal
foi o famoso julgamento de Chambige. 39 Em janeiro de 1888, em uma pequena cidade em
Argélia, o corpo nu de Madame Grille foi encontrado em uma cama em uma villa,
e perto de seu corpo estava um estudante de direito de 22 anos, Henri Chambige,
que levou um tiro no rosto. O marido da vítima preferiu acreditar
que a sedução de sua esposa ocorrera sob hipnose. Chambige disse
houve
que elauma paixão
desejava violentao entre
encerrar Madame
caso com Grille eduplo,
um suicídio ele, e que
a seu pedido, ele a matou e depois se matou. A acusação
afirmou que Chambige a havia hipnotizado ou talvez usado algum
droga sutil para deixá-la inconsciente. Chambige negou isso, mas nunca-
todavia, foi condenado a sete anos de trabalhos forçados.
Em toda parte também havia muito interesse pela histeria. Seguindo Charcot
e Stri.impell, Moebius na Alemanha definiu a histeria como "mudanças mórbidas
no corpo que são causados por representações. " 40
O ano de 1889 começou trazendo duas sensações. Em janeiro
30 o príncipe herdeiro Rodolfo, herdeiro do trono do austríaco-húngaro
monarquia, foi encontrado morto a tiros no pavilhão de caça de Mayerling em
o bosque vienense com sua amante, a jovem baronesa Maria Vetsera.
O mistério em torno dessa dupla morte nunca foi esclarecido. o
a morte foi um duro golpe para o Imperador Francisco José I, e criou
problemas de sucessão. Outra sensação foi o triunfal
sucesso de Boulanger nas eleições gerais na França. Entusiasmo por
Boulanger havia alcançado um pico e era esperado que tomasse o poder, mas
no momento da verdade, ele se esquivou do gesto decisivo e fugiu
para a Bélgica, causando o colapso do movimento. Tensão política agora aliviada
na França, criando um ambiente mais favorável para a Expo Universal
posição. O governo francês havia organizado para comemorar o centenário
da Revolução, e para mostrar que, apesar de sua derrota para a Alemanha em
1870-1871, a França ainda era uma grande potência.
Uma terceira sensação foi a notícia de que Friedrich Nietzsche foi apreendido por
distúrbios psicóticos agudos em Torino e teve que ser comprometido com um
instituição mental, onde passou o resto de sua vida perdido na escuridão mental.
Esta tragédia ajudou a chamar a atenção para a obra de Nietzsche, e por cerca de
durante duas décadas, a juventude europeia era excessivamente fascinada por ele.
A Exposição Universal atraiu enormes multidões a Paris, que foram
ansioso para visitar a Torre Eiffel, o Moulin Rouge e outras atrações.
Houve também uma sequência ininterrupta de congressos internacionais,
às vezes cinco ou seis sendo segurados simultaneamente. Os visitantes tiveram a impressão
crença de que a atividade intelectual nunca foi tão alta na França. Entre
os mais vendidos daquele ano foram La Bete Humaine de Zola, Thai de
Anatole France, Un Homme Libre de Barres e Le Disciple de Paul
Bourget (inspirado na caixa Chambige). A tese de Henri Bergson O
Página 11
Dados imediatos de consciência valeram-lhe status entre os filosóficos

phers. 41 Seu colega, Pierre Janet, que defendeu brilhantemente seu
própria tese Automatismo Psicológico, também, alcançou fama na área filosófica
e círculos psicológicos. 42 Outro evento falado foi o Brown-
Artigo de Sequard lido em 1º de junho na Societe de Biologie, sobre
efeitos rejuvenescedores em homens de injeções de extrato testicular. 4 3 ele tinha
usou a si mesmo como sujeito e seus colegas pensaram que ele parecia considerado
incrivelmente mais jovem. Esta foi uma das primeiras aplicações conhecidas de
endocrinologia.
Entre os congressos que aconteceram durante a Mostra, três são
de interesse para o nosso propósito, aqueles da psicologia fisiológica, hipnotismo,

e magnetismo. O Congresso Internacional de Psicologia Fisiológica
ocorreu de 6 a 10 de agosto. 44 Este título foi escolhido para indicar que
a psicologia era agora uma ciência em si mesma e não mais apenas uma
ramo da filosofia. Charcot foi designado presidente da
Congresso, mas ele se desculpou, para que o Congresso fosse aberto por um
dos vice-presidentes, Ribot. Havia quatro seções no Congresso,
o primeiro, sob a presidência de William James, discutiu o tema da
sensibilidade muscular. O segundo discutiu a hereditariedade psicológica, com
Galton como principal debatedor. O terceiro discutiu alucinações, e
particularmente sua incidência em indivíduos não psicóticos, e isso ofereceu
uma oportunidade para Frederic Myers e William James falarem de certas
fenômenos parapsicológicos. Na quarta seção, dedicada ao hipnotismo,
três teorias foram confrontadas. Bernheim defendeu a posição de Nancy,
ou seja, que qualquer um poderia ser hipnotizado, admitindo, no entanto, que um
certa impressionabilidade era um pré-requisito; Janet afirmou que apenas
indivíduos histéricos e exaustos podem ser hipnotizados; e Ochorowicz
sustentou que a hipnotizabilidade é uma condição individual que pode ser
encontrados em indivíduos normais e doentes.
O Congresso Internacional de Hipnotismo aconteceu no Hotel-Dieu
em Paris, de 8 a 12 de agosto. 45 Foi amplamente divulgado e
de acordo com os procedimentos. contou com a presença de jornalistas de 31 notícias
jornais (uma característica incomum na época), incluindo a Esfinge de Munique
e o Sol de Nova York. Os delegados eram tão numerosos que o auditório
era muito pequeno para contê-los. Entre os presidentes honorários estava
Charcot, que se desculpou. Entre os participantes estavam Azam,
Babinski, Binet, Delboeuf. Dessoir, Sigmund Freud, William James,
Ladame, Lombroso, Myers. Coronel de Rochas, Van Eeden e Van
Renterghem, uma estranha mistura de filósofos, neurologistas, psiquiatras,
e praticantes de hipnotismo. O Congresso foi aberto por Dumontpal-
lier, ele mesmo um pioneiro no estudo da hipnose, que invocou a memória
de uma longa lista de outros pioneiros e concluiu que "o hipnotismo é um
ciência experimental; sua marcha para a frente é inevitável. "Então Ladame, de
Genebra, leu um jornal atacando Delboeuf e defendeu a proibição
Página 12
de apresentações de hipnose no palco. Este artigo despertou uma discussão animada.

Van Renterghem e Van Eeden deram uma descrição da Clínica de
Psicoterapia sugestiva que abriram em Amsterdã dois anos
mais cedo. (Esta pode ter sido a primeira vez que a palavra "psicoterapia" foi
usado em um congresso.)
No dia seguinte, 9 de agosto, começou com Bernheim relatando sobre o
valores comparativos das várias técnicas usadas para produzir hipnose
e aumentar a sugestionabilidade, do ponto de vista terapêutico. Ele pro
alegou: "Você não é um hipnotizador quando hipnotizou dois ou
três indivíduos que se hipnotizaram. Você é um quando em um
serviço hospitalar onde você tem autoridade sobre os pacientes que influencia
oito ou nove assuntos em dez. "O artigo de Bernheim provocou um animado
discussão; Pierre Janet declarou que as afirmações de Bernheim eram perigosas porque
eles acarretaram a eliminação de qualquer tipo de determinismo, e antipsico-
lógico porque a psicologia, como a fisiologia, também tem suas leis. Bernheim
respondeu que há uma lei básica: que qualquer célula cerebral ativada por um
ideia tende a trazer a ideia à existência.
O terceiro dia, 10 de agosto, foi dedicado à utilização clínica do hipno-
com histórias de casos. Marcel Briand contou a história de um de seus
pacientes do sexo feminino que costumavam chorar na mesma hora todas as noites. 46 o
sugestão "Você não deve chorar" não ajudou. Briand sugeriu a ela
marido que ele perguntou a ela durante uma crise do que se tratava, e ele relatou
que ela estava se vendo enterrada viva. Então, a Dra. Briand teve sua revisão,
sob hipnose, toda a cena do enterro e disse a ela que ele
resgatá-la a tempo, e isso seria o fim dos pesadelos. o
paciente foi curado, mas Briand preferiu reforçar o efeito repetindo
a sessão após cinco dias e novamente após um mês. Então Bourru e
Burot relatou o caso de uma mulher de quarenta e cinco anos que, após vários
provações em sua vida, tornou-se sujeito a graves distúrbios histéricos. 47
Ela pediu hipnose, certa de que recriaria um ambiente agradável
evento ocorrido dois anos antes. Sob hipnose, ela reviveu o
tempo feliz, e os sintomas desapareceram temporariamente. Ela então
relembrou sua vida e o tempo agradável em um estado de vigília; a partir de então
o paciente tornou-se uma personalidade dupla, alternando entre doença e
felicidade. A partir desse histórico de caso, pareceria que o autor tinha
alcançou sucesso limitado. transformando o paciente de um doente permanente
pessoa em outra que estava intermitentemente bem; mas o papel contém um
afirmação digna de nota:
Não basta combater os fenômenos mórbidos um por um por meio de sugestões.

ção. O fenômeno pode desaparecer enquanto a doença persiste. Este é apenas um
terapêutica dos sintomas. nada além de um expediente. Um real e duradouro im-
comprovação foi alcançada apenas quando observação cuidadosa e lógica nos levou ao
própria origem da doença ... É como a constatação dessas crises alucinatórias
que inspirou a ideia de trazer a paciente de volta àquele período de sua vida
provocando uma mudança em sua personalidade.
Página 13
Os autores atribuíram o efeito terapêutico dessas crises aos seus

sendo uma espécie de descarga ou explosão.
Em agosto II. os participantes visitaram o hospital de Villejuif, e
O dia 12 de agosto, último dia do Congresso, foi dedicado a uma visita ao
Salpetriere. Bastante característico. os delegados não viram Char-
serviço de berço. mas a de August Voisin. um psiquiatra que afirmava ser
capaz de hipnotizar um em cada dez psicóticos, melhorando muitos deles
com esse método. Em uma das sessões, um artigo de Liegeois sobre "Criminal
A sugestão "despertou discussão acirrada, e houve uma veemente
resposta de Delboeuf às críticas de Ladame a ele em 8 de agosto.
É um fato notável que este Congresso foi dominado por Bernheim
e a Escola Nancy. e quase ninguém da Escola Salpetriere
participou das discussões com exceção de Georges Gilles de la
Tourette e Pierre Janet.
O Congresso Internacional de Magnetismo, que aconteceu a partir de
21 a 26 de outubro de 1889. sob a presidência do Conde de Con-
Stantin. confirmou que, apesar da popularidade recente e generalizada
de hipnotismo. o magnetismo não estava morto. 48 O Congresso contou com a presença
não apenas por muitos dos leigos que praticavam magnetismo na sombra
da medicina oficial. mas também por médicos, e se gabava de desfrutar do
simpatia de personalidades ilustres. Camille Flammarion escreveu para desculpar
sua ausência, dizendo que estava "no planeta Marte", isto é, completando
um estudo geográfico desse planeta. Os debatedores enfatizaram que seus
mestre era Mesmer. que magnetismo não deve ser confundido com hipno-
tismo, e que o sono magnético não era necessariamente uma parte do
tratamento de doenças. Comentários acerbos foram feitos sobre o trabalho de Charcot. o
foi recomendada a fundação de uma escola de magnetismo curativo, onde
futuros magnetizadores receberiam seu treinamento.
O ano de 1889 foi feliz para a psicologia dinâmica. Médico
periódicos em Paris estavam cheios de artigos de Charcot e relatórios de sua
palestras. Obviamente, ele estava se tornando mais cauteloso com o hipnotismo e
caracteristicamente, ele deu uma palestra sobre acidentes causados pela hipnose. 49
Estudos recentes sobre hipnose e histeria por Alfred Binet, bem como
A tese recém-publicada de Janet sobre Automatismo Psicológico, foi a prova
ao público que os ensinamentos de Charcot estavam progredindo em novas direções.
Charcot criou um Laboratório Psicológico em suas alas na Salpetriere,
a ser dirigido por Pierre Janet. \ vho começou seus estudos médicos investigando
e tratamento de pacientes histéricos. enquanto ensinava filosofia no Lycee
Lou is-le-Grand.
No entanto, vimos que a Escola de Nancy estava ganhando constantemente
terra. Liebeault aproveitou sua fama tardia para publicar uma revista
edição de seu livro. 5 ° à frente !. em Zurique. abriu um serviço ambulatorial
onde ele deu tratamento hipnótico. Em Berlim. Moll agora é receptivo
público e publicou um livro sobre hipnotismo. 51 Em Montpellier, Gras-
set deu uma série de palestras sobre hipnotismo e começou a desenvolver uma teoria de
Página 14
seu próprio. Mas Meynert, em Viena, enfatizou o elemento erótico em

hipnose e um de seus alunos, Anton, publicou exemplos impressionantes de
os perigos do método. 52 Entre os partidários do hipnotismo estava
Sigmund Freud que, em sua viagem a Paris, fez um desvio por meio de
Nancy, para aprender com Bernheim e Liebeault.
Dessoir5 3 na Alemanha e Hericourt54 na França tentaram fazer um
inventário do conhecimento adquirido na mente inconsciente. Moritz
Benedikt publicou histórias de casos ilustrando suas observações sobre o segredo
vida de devaneios e emoções reprimidas (especialmente do lado sexual
tipo) e seu papel na patogênese da histeria e neuroses. 55
A psicopatologia sexual foi outro campo que atraiu cada vez mais
interesse. Os médicos não apenas descreveram e classificaram variedades de
desvios, mas também estudou os efeitos mascarados dos distúrbios sexuais sobre
vida emocional e física. Tais foram as publicações, em Zurique, de
Alexander Peyer sobre os efeitos nocivos do coito interrompido e particulado
geralmente suas manifestações como "asma sexual". 5 6
O Declínio da Escola Salpetri'ere: 1890-1893

O Congresso de Hipnose deu o primeiro indício de que a estrela de Charcot

estava em declínio enquanto a Escola Nancy estava em pleno desenvolvimento.
De 1890 a 1893, ou seja, até a morte de Charcot, o
A Salpetriere School perdeu força. Os inimigos de Charcot disseram que ele ignorou
qualquer trabalho feito em hipnose fora do Salpetriere; mais provavelmente ele era
alarmado com o fluxo cada vez maior de publicações de valor duvidoso
sobre hipnotismo.
O ano de 1890 pareceu aos contemporâneos um de grande
e tensões sociais e de lançamento de bombas por anarquistas, mas nos anais
do mundo médico, permaneceu famoso como o ano da tuberculina.
Robert Koch que havia descoberto o bacilo da tuberculose e era conhecido
pelo cuidado com que seus experimentos foram realizados, preparou tuberculina
de uma cultura do bacilo. Os primeiros experimentos levaram os médicos a
acreditam que a tuberculina pode ter uma ação curativa na tuberculose. este
as notícias provocaram uma sensação sem paralelo entre os pacientes tuberculosos e
seus médicos. Os médicos correram para Berlim para obter suprimentos de tuberculina,
e seus pacientes esperançosos sentiram uma melhora temporária, de modo que o
relatórios publicados às pressas aumentaram ainda mais a esperança. Ele levou alguns meses
para a terrível verdade emergir, ou seja, que os pacientes tratados com o novo
método estava morrendo às centenas e milhares. 5 7
No campo da psicologia, o evento importante foi a publicação de
Princípios de psicologia de William James . 58 O conhecido Harvard
psicólogo havia trabalhado por doze anos no livro, que foi
a primeira grande obra desse tipo a aparecer nos Estados Unidos, e teve
um sucesso imediato e duradouro em ambos os lados do Atlântico. Esse texto-
Página 15
livro tratou não apenas de vários aspectos da psicologia experimental, mas

problemas de hipnose, dupla personalidade e pesquisa psíquica também.
Enquanto isso, as publicações sobre hipnose tornaram-se tão numerosas que foi
impossível acompanhá-los. Max Dessoir adicionou um suplemento
com 382 novos títulos para os 801 títulos de sua bibliografia do hipno moderno
de 1888. Entre estes, um bom número lidou com o problema de
crime sob hipnose. Esse problema não era meramente acadêmico; isso causou
batalhas de especialistas nos tribunais e discussões apaixonadas em público e em
Os Jornais.
Um julgamento memorável no ano de 1890 foi o de Gabrielle Bompard. 59 dentro

Julho de 1889, o oficial de justiça Gouffe em Paris foi morto. Alguns meses depois, um
mulher jovem. Gabrielle Bompard. veio a Paris e se denunciou e
seu cúmplice. Michel Eyraud. como os assassinos. Ela afirmou ter sido
hipnotizada por seu amante Eyraud para atrair Gouffe para um apartamento onde
ela colocou uma corda em volta do pescoço dele. então Eyraud o estrangulou e o roubou.
Após a denúncia. Eyraud foi preso em Havana e extraditado,
mas ele negou ter hipnotizado Gabrielle. Eyraud foi condenado à morte
e seu cúmplice a vinte anos de prisão. A opinião pública era altamente
inflamado sobre este caso de crime sob hipnose e sobre os argumentos de
especialistas em tribunal. Argumentando pela possibilidade de crime sob hipnose, Liegeois
foi o porta-voz da Escola Nancy. Em oposição a ele estavam os notáveis especialistas
Brouardel. Moteto. e Ballet. que invocou a autoridade de Charcot em negar
tal possibilidade. Mesmo anos depois. Bernheim afirmou que Gabrielle
Bompard agiu sob sugestão. acrescentando, no entanto, que ela era inatamente
falta de senso moral. 60
Outras causas tendiam a desacreditar a teoria do crime sob hipnose.

Grasset falou de uma mulher histérica de dezenove anos, que, ao ser
encontrada grávida, alegou ter sido hipnotizada por um mascate. 61 Ex-
perts a hipnotizou por sua vez e assim obteve detalhes sobre o alegado estupro.
Apesar de suas negativas, o mascate foi preso. Aconteceu que um
bebê a termo nasceu dois meses antes da data prevista. O novo
mãe então confessou que suas acusações contra o mascate não eram
verdade, e que suas sessões hipnóticas com os especialistas foram completamente
simulado.
Em 1891. Charcot defendeu valentemente suas posições contra os ataques
da Escola Nancy. Seu discípulo Georges Gilles de Ia Tourette publicou
seu grande Tratado sobre a Histeria, uma síntese da doutrina de Charcot e um
refutação de seus adversários. 62 Enquanto isso, Pierre Janet, a nova estrela
no Salpetriere, estava desenvolvendo sua análise psicológica; ele publicou
naquele ano a história de Marcelle, na qual a relação entre os
sintomas, as ideias fixas subconscientes e o pano de fundo constitucional
foram analisados em detalhes. 6 - '
Página 16
A cerimônia ocorreu em Nancy, no dia 25 de maio, em homenagem a Liebeault,

que estava se aposentando, com o banquete, discursos e presentes habituais. este
forneceu a oportunidade de ver quantos adeptos da Escola Nancy
ganhou em todo o mundo. 64 Um Prêmio Liebeault foi fundado para
recompensa pesquisas no campo do hipnotismo.
Em Viena, Moritz Benedikt reafirmou sua teoria da histeria, dizendo que
base consistia em uma vulnerabilidade inata e adquirida do sistema nervoso
sistema, mas sua causa real foi um trauma psíquico (em homens ou em
mulheres), ou um distúrbio funcional do sistema genital ou sexual
vida, que uma mulher manterá em segredo. até mesmo de seu parente mais próximo e
seu médico de família. 05 Benedikt proclamou a futilidade do tratamento hipnótico-
a histeria e a necessidade de psicoterapia no nível consciente.
O criminologista Hans Gross. de Graz, publicado em 1891 seu Handbook
do Investigador Criminal, que continha observações perspicazes sobre o
efeitos deletérios de e as várias máscaras tomadas por sexual frustrado
instinto. 06 Naquela época. Sigmund Freud ainda estava principalmente preocupado
com neurologia; ele publicou contribuições sobre paralisia cerebral infantil
e seu livro sobre afasia.
O ano de 1892 deu a impressão de ser particularmente violento,
com suas inúmeras tentativas criminosas por anarquistas na Europa e
América.
Em Paris, a estrela de Charcot estava definitivamente em declínio, e pela primeira
vez que ele sofreu um sério revés. Charcot queria ter Babinski
elevado ao posto de professor (provavelmente ele o via como seu
sucessor); mas Bouchard foi capaz de se opor à vontade de Charcot, e como um
resultado, Babinski nunca recebeu o posto de professor e sua universidade
carreira foi quebrada. Charcot obviamente estava procurando novos caminhos. Ele tinha
ficou impressionado ao ver alguns de seus pacientes voltando de Lourdes gratuitamente
de seus sintomas (não apenas de paralisias histéricas, mas também de tumores e
úlceras), e chegou à conclusão de que uma cura desconhecida e poderosa
existiam fatores que a medicina do futuro deveria aprender a controlar. 67
Charcot também estava tentando estender a distinção que havia feito entre
paralisa orgânica e dinâmica para outros campos. Um paciente famoso, conhecido
como Madame D., serviu como um protótipo para demonstrar a distinção entre
entre amnésia orgânica e dinâmica. 68 Esse mesmo paciente foi confiado
a Janet para psicoterapia e se tornou um de seus casos mais conhecidos de
tratamento por análise psicológica. 69
No Salpetriere, Janet perseguiu ativamente sua pesquisa de forma bastante independente
da equipe neurológica. Suas palestras sobre amnésia histérica e anes-
thesia. seu artigo sobre espiritismo no qual ele dá uma dinâmica psicológica
interpretação dos fenômenos mediúnicos, chamou a atenção. 70 His
análises psicológicas de alguns pacientes escolhidos estavam estabelecendo um modelo
para posterior investigação e tratamento. Ele tinha publicado na época um
volume com as histórias de caso de Lucie, Marie, Marcelle, Madame D. e
Página 17
os outros que ele já tratou com sucesso, ninguém jamais teria

questionou sua prioridade em relação à descoberta do que mais tarde foi denominado
terapia catártica. Janet também estava se tornando uma fonte de inspiração para outros
trabalhadores. como mostra a tese médica de Laurent sobre a patologia
variações do campo de consciência. 7 1
Enquanto isso. a influência da Escola Nancy estava se espalhando por
fora da Europa. Isso ficou óbvio no Segundo Congresso Internacional de
Psicologia, que aconteceu de 1 a 4 de agosto em Londres. 72 o primeiro
Congresso, três anos antes. tinha sido chamado de Congresso de Fisiologia
psicologia ica, mas segundo certos membros, estava resolvido
que a palavra "fisiológica" deveria ser mudada para "experimental". o
o presidente do segundo Congresso foi Sidgwick, e o secretário geral
FWH Myers. Um dos primeiros artigos foi o de Pierre Janet sobre
"Amnésia contínua." com três observações clínicas. O mais longo foi
a história de Madame D. Janet mostrou como essa paciente, que parecia
incapaz de adquirir novas memórias e imediatamente esquecer as coisas, teve um
memória subconscientemente preservada por trás dessa amnésia aparente. Janet
usou três meios. hipnose. escrita automática e fala automática (a
nova técnica que consistia em fazer o paciente falar ao acaso). Ele
assim, foi capaz não apenas de alcançar as idéias fixas do subconsciente e o
sonhos subconscientes. mas também modificá-los e retribuir ao paciente
a maior parte de suas memórias quando ela retomou seu estado de consciência.
Frederick van Eeden. o jovem médico e poeta holandês que juntos
com Van Renterghem abriu uma clínica de terapia sugestiva em
Amsterdam. discutiu "a Teoria da Psicoterapia". O termo
"Psicoterapêutica." introduzido por Hack Tuke, foi definido como "a cura
do corpo por meio das funções psíquicas dos sofredores. "Van.
Eeden agora definia "Psicoterapia" como "a cura do corpo pela
mente, auxiliado pelo impulso de uma mente para outra. "" Centralização de
as funções psíquicas devem ser a máxima principal da psicoterapia ", disse
Van Eeden, "o centrum sendo intelecto e volição consciente." Psicopata-
A terapia deve orientar e instruir. não comandar, e os melhores meios para
esse objetivo é treinar. A observação "A psicoterapia não cura totalmente
e duradouro "é ridículo. E \ en mais do que no Primeiro Congresso, o
A Nancy School ganhou o dia. Janet foi a única que interveio
para afirmar que existe uma coisa chamada hipnose.
A demanda por uma nova psicologia. mais amplo do que apenas hipnotismo e
sugestão. foi manifestado em toda a Europa. Uma outra instância foi
A palestra inaugural de Striimpell "Sobre a Origem e Cura das Doenças
Através das Representações Mentais. "Que foi lida em 4 de novembro de 1892,
quando foi eleito Vice-Reitor da Universidade de Erlangen.
Striimpell lembrou que a influência de fatores psicológicos na etiologia da

as doenças corporais eram conhecidas desde tempos imemoriais. embora algumas pessoas
Página 18
são mais sensíveis do que outros a essas influências. Se fatores psicológicos podem
produzem doenças. eles também podem curar. Muitas curas são devidas menos à medicação
agentes próprios do que à fé dos pacientes em sua eficácia. A moda
hoje exige hipnotismo e sugestão. Na verdade, a hipnose é eficaz na medida em que
pois o paciente acredita em seu poder e não percebe sua verdadeira natureza. UMA
homem normal que sabe exatamente o que é hipnose dificilmente será hipnotizado,
para não falar do fato de que a hipnose é uma forma grave de histeria artificial. Não
a cura ocorre através da hipnose que não poderia ter sido causada por outro
significa. O hipnotismo não teria se tornado tão difundido se jovens médicos
recebeu uma melhor educação psicológica. Striimpell concluiu seu discurso
ao expressar a esperança de que a psicologia se tornasse obrigatória na área médica
escolas. assim como a fisiologia. 73
O interesse geral em novas formas de psicoterapia foi expresso em

o romance de Marcel Prevost, O outono de uma mulher, que apareceu
no final de 1892, tendo como data de publicação 1893, e como sua
lema um verso de Alfred de Vigny: Il revera partout ii Ia chaleur du sein.
("Ele vai sonhar em toda parte com o calor do peito").
Um jovem, Maurice. que tinha sido incomumente mimado e apegado a

sua mãe em sua infância. procura mulheres com naturezas maternas. Ele tem um amor
caso com uma mulher frustrada que sente que está envelhecendo, e esse amor
tem uma qualidade trágica por causa da imaturidade de Maurice e porque sua amante,
Madame Surgere. uma mulher religiosa. está dilacerado por sentimentos de culpa. No outro
mão. sua filha adotiva Claire está profundamente apaixonada por ele e depois de um
flerte superficial com ela. Maurice pensa nela como uma futura esposa quando
vai estar cansado de sua aventura. Enquanto isso. a família arranjou um noivado
relacionamento entre Claire e um homem mais velho que ela respeita, mas não ama.
Claire cai em uma depressão profunda causada por seu segredo que ela não ousa
revelar a qualquer um. Sua condição piora e ela está morrendo, quando
alguém adivinha seu segredo e o obtém dela. a saber, Dr. Daumier, um
jovem neurologista da Salpetriere. Um psicoterapeuta excepcionalmente habilidoso, Dr.
Daumier lida com toda a situação de maneira brilhante e faz com que cada um dos
personagens cientes da causa profunda de seus problemas. Ele mostra a Maurice o que
a situação é real. e apela com sucesso para o seu senso de responsabilidade.
Maurice termina seu romance com Madame Surgere e decide se casar com Claire,
quem. como um resultado. recupera rapidamente. Quanto a Madame Surgere, Dr. Daumier
a ajuda a superar o choque de romper com Maurice. e ele se refere a ela
para seu padre. quem vai reconciliá-la com a religião. Quanto àquele cavalheiro sério
com quem Claire estava noiva. Dr. Daumier o ajuda a reconhecer seu verdadeiro
vocação. que é o sacerdócio. 74
O interesse deste romance é duplo. É uma análise psicológica de

vários personagens: Maurice. que carecia da autoridade de um pai e
tinha sido estragado por sua mãe. é um jovem imaturo e irresponsável,
que busca aventuras transitórias ou o amor de mulheres mais velhas e maternais.
Claire \ doença começa na forma de uma depressão comum que gradualmente
Página 19
atinge proporções alarmantes. e então ela tem uma hemorragia que traz
ela perto da morte. Ela é curada rapidamente quando seu segredo patogênico é
descoberta, e um meio é encontrado para realizar seu desejo. (Hoje ela
condição seria chamada de doença psicossomática.) A outra interessante
característica desse romance é a foto do psicoterapeuta, Dr. Daumier,
com seu agudo senso de percepção, sua habilidade em desembaraçar uma situação,
e o tato que usa para falar com cada um dos personagens. Para aqueles
familiarizado com a personalidade e a psicoterapia de Pierre Janet lá
não há dúvida de que o escritor o usou como modelo para seu personagem.
Os procedimentos psicoterapêuticos deste Dr. Daumier também se assemelhavam
aqueles usados por Benedikt em Viena com a sondagem do segredo do paciente
problemas enquanto em um estado consciente, e então a cura sendo alcançada
ajudando-o a resolver esses problemas.
Assim, podemos ver que em 1892 houve uma escolha de psicoterapias
variando de sugestão hipnótica e catarse à combinação de
terapia de suporte, expressiva e diretiva. Essa era a situação em
o início do ano crucial de 1893.
O ano de 1893 foi mais um ano de tensão política e social em torno
o mundo. Uma flotilha da frota russa visitou Toulon e recebeu um
recepção triunfante da população francesa. Esta foi a preliminar
para a Aliança Militar Franco-Russa. Os franceses sentiram isso como um alívio
da ameaça do poder da Alemanha, o equilíbrio de poder agora sendo
restabelecido (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália de um lado, França
e a Rússia por outro). Os franceses, entretanto, estavam empenhados
ampliando seu já vasto império colonial. Nunca existiu
muita atividade anarquista e em 9 de dezembro o anarquista Vaillant lançou
uma bomba na Chambre des Deputes. Este incidente foi seguido pelo
frase célebre do presidente: "Senhores, continuem a sessão."
("Senhores, a reunião vai continuar.").
Após a descoberta de Pasteur de um tratamento preventivo da raiva, o
descoberta por seu discípulo Roux de um soro contra a difteria foi cele-
criado na França como um triunfo do gênio francês.
Na Salpetriere, novas tendências emergiam lentamente. Considerando que Janet
estava perseguindo sua análise psicológica da histeria, Babinski estava procurando
critérios neurológicos precisos para definir os sintomas histéricos e distinguir
eles de sintomas orgânicos (isso o levaria à descoberta do
reflexo cutâneo-plantar ou "reflexo de Babinski").
Em Viena, a batalha a favor e contra a hipnose estava acontecendo mais do que
sempre. Krafft-Ebing publicou uma série de investigações sobre hipnose que
encontrou violentas críticas de Benedikt, não apenas em assembleias médicas, mas em
a imprensa diária. 75 Sigmund Freud, cuja reputação como neurologista era
já bem estabelecido, começou a se dar a conhecer no campo da
neuropsiquiatria. Vimos que em 1893 Freud ainda tratava de pacientes
com o método de Bernheim, mas também prestou homenagem a Charcot com um
Página 20
artigo sobre a diferença entre paralisias orgânicas e histéricas. 76 Freud

aparentemente não percebeu os desenvolvimentos que estavam ocorrendo em
Paris; seu artigo estaria de acordo com a doutrina de Salpêtrière
1886, mas tendo em vista a nova direção aberta por Babinski, parecia
ligeiramente antiquado em 1893. No entanto, Freud também escreveu um artigo conjunto
com Breuer: "On the Psychic Mechanism of Hysterical Phenomena,"
propondo uma nova teoria, uma combinação dos conceitos de Janet e
Benedikt. Este artigo foi recebido favoravelmente. Dentro de um mês um
revisão objetiva apareceu na Revue Neurologique e havia
também resenhas em revistas alemãs. 77 Obersteiner mencionou o papel
em seu livro sobre hipnose como sendo ·· uma aplicação muito interessante de hipnose
sugestão. " 7H Na Inglaterra, Myers considerou uma confirmação de suas opiniões sobre
o eu subliminar. 79 Michell Clarke em Brain deu uma extensa e
comentário simpático. Ho Na Bélgica, Dallemagne fez um bom resumo
da teoria de Breuer-Freud e expressou algumas reservas. 81 Janet
escreveu: "Estou feliz em ver que os resultados de minhas descobertas já antigas
foi recentemente confirmado por dois autores alemães, Breuer e Freud. " 82
Benedikt que, como Janet, foi mencionado em uma nota de rodapé, criticou
o jornal e disse que Breuer e Freud devem realmente ter tido sorte
para encontrar um conjunto tão bom de casos clínicos. H3
A morte repentina de Charcot. em 16 de agosto de 1893, foi um choque em
França e em todo o mundo científico. Charcot, como mencionado em outra coisa-
onde, foi cercado por uma série de inimigos ansiosos para explorar cada incidente
contra ele. H4 Ele foi criticado por sua atitude no caso Valroff em
que um servo doméstico. Valroff. depois de tentar matar a senhora do
casa e sua empregada pessoal. declarou que havia agido em sonambulismo
Estado. O acusado sustentou que agiu de forma totalmente inconsciente.
consciência. O conselho de HS Charcot foi solicitado. Ele foi evasivo, dando uma
descrição do estado de sonambulismo, mas não soube dizer se se aplicava
à condição recente de Valroff. Enquanto isso, a campanha para o general
as eleições começaram com uma amargura incomum. A opinião pública ficou chateada com
escândalos financeiros. Em junho, na Câmara dos Deputados, diversos políticos
homens foram acusados de terem sido subornados pelos ingleses, através do
intermediário do financista Cornelius Hertz. Os documentos trazidos como
as evidências provaram ser falsas. mas Hertz. acusado de peculato, fugiu
para Inglaterra. Os ingleses se recusaram a entregá-lo às autoridades francesas,
porque ele estava gravemente doente. Os franceses enviaram Charcot com outro médico
perito para a Inglaterra para relatar o estado de Hertz. Charcot foi criticado
por ter previsto que o homem morreria dentro de duas semanas (na verdade,
foi Hertz que sobreviveu a Charcot). O mês de julho começou com
manifestações estudantis em Paris, e um jovem foi morto acidentalmente
em uma cafeteria. Este foi o sinal para violentos distúrbios estudantis, que foram apoiados
pelos trabalhadores. Por um período de quatro dias, o Quartier Latin foi coberto
com barricadas. O tempo estava insuportavelmente abafado, tornando o habitual
Página 21
pressões da Faculdade de Medicina para terminar dissertações mais insuportáveis.

Em 29 de julho, Janet defendeu brilhantemente sua tese médica, sob o
presidência de Charcot. Os preparativos para as eleições gerais foram os
ocasião de polêmicas enraivecidas que degeneraram, em mais de um
exemplo, em atos de violência.
Nessas circunstâncias difíceis, Charcot deixou Paris pouco antes de agosto
15, para um período de férias no distrito de Morvan, acompanhado por dois de seus
discípulos favoritos, Debove e Strauss. O médico russo Lyubimov
contou sobre ir buscar Charcot em sua casa e como, sem saber de seu
partida iminente. ficou impressionado com a expressão de sofrimento de Charcot. 8 6
Charcot, no entanto. atendeu ao pedido de Lyubimov e, portanto, Charcot
viu seu último paciente no caminho de sua casa para a estação ferroviária. Em
no dia seguinte parecia que Charcot estava se recuperando, mas no final
à noite ele se sentiu mal e chamou seus companheiros. Eles deram-lhe uma injeção
de morfina e o deixou dormir. Na manhã seguinte, em 16 de agosto,
eles o encontraram morto. 87 Charcot foi enterrado com todas as honras nacionais. A
cerimônia imponente foi realizada na Capela da Salpêtrière, com
representantes do governo. administração pública, órgãos científicos,
e várias personalidades presentes. Diversas revistas médicas ap-
perolados com suas capas bordadas em preto, e jornais estavam cheios
com detalhes - precisos e imprecisos - da carreira e morte de Charcot. isto
foi dito que na manhã de sua morte uma delegação de perturbados histéricos
os pacientes foram ao diretor do hospital e perguntaram se algo
aconteceu com Charcot. porque sonharam que ele estava morto. Alguns
os obituários tinham um tom ambíguo, enfatizou o Figaro de 17 de agosto
O gênio de Charcot e grandes realizações científicas, mas também exumou o
velhas acusações de orgulho exagerado. absorvendo o egoísmo e engrandecendo-se
ment que beira o histriônico. Dr. Antoine Emile Blanche, que morreu em
o mesmo dia. foi elogiado como um médico da velha escola capaz de escrever
relatórios inteligíveis. quem era humano. compassivo, e por quem
os pacientes eram seres humanos, e não histórias de casos.
Muitos obituários de Charcot apareceram em revistas médicas na França e
em outro lugar. Um dos primeiros apareceu no Wiener Medizinische Wochen-
schrift de 9 de setembro de 1893. sob a assinatura do Dr. Sigmund Freud. 88
O autor. que se orgulhava de contar reminiscências pessoais, comparou
Charcot com Adam. que havia nomeado os animais no Éden, e com

Pinel. que libertou o louco de suas correntes; da mesma maneira
Charcot tinha dado nomes a doenças desconhecidas no Salpetriere e
havia libertado os histéricos das correntes do preconceito. Para o neuro-
trabalho lógico. Freud deu total reconhecimento; ao seu trabalho sobre a histeria, Freud
creditou sua abordagem pioneira para sua compreensão. Quanto à hipnose,
Freud reconheceu as investigações sérias, embora restritas, de Charcot.
Aos olhos de seus contemporâneos, o obituário de Charcot por Freud foi apenas
um entre muitos escritos em toda a Europa. Na França, após laudatório
Página 22
obituários dos alunos de Charcot, veio um estudo perspicaz de Janet discretamente

indicando os pontos fracos da metodologia de Charcot. 89 O primeiro livro sobre
Charcot, curiosamente, foi de um médico russo, Lyubimov,
que conhecia Charcot há vinte anos e registrou
informações sobre Charcot que não podem ser encontradas em nenhum outro lugar. O general
impressão era que seria muito difícil substituir Charcot, e
que com sua morte uma era na história da neuropsiquiatria havia chegado a
um fim.
Predominância e declínio da Escola de Nancy: 1894-1900

Com a morte de Charcot, o reinado do Salpêtrière parecia encerrado.
Charcot vinha perdendo terreno para a Nancy School durante os últimos
anos, e uma reação contra as idéias de Charcot também veio de dentro do
Salpetriere. Havia tantos elementos duvidosos nos experimentos
em pacientes histéricos que uma base mais sólida para investigações era desejada.
Havia dois tipos de reação; havia aqueles como Janet, que
eram a favor de buscar estudos psicológicos com objetivos e críticos
métodos, mas a maioria dos alunos de Charcot rejeitou o psicológico
a favor do método neurológico. O sucessor de Charcot, Professor Fulgence
Raymond, escolheu o meio termo. Ele se inclinou fortemente para o neurológico
abordagem, mas encorajou a busca de Janet do psicológico. The Nancy
A escola agora parecia dominar a cena e estava se expandindo, mas em
fazendo isso, seu ensino foi diluído. Bernheim começou com hipnótico
sono e, subsequentemente, concentrado na "sugestão". A palavra "sugere
ção "estava se tornando cada vez mais vaga em seu significado e gradualmente
substituído pelo novo termo da moda, "psicoterapia".
The Search for New Psychotherapies: 1894-1896

No ano de 1894, a supremacia política da Europa ainda era indiscutível,
mas dois eventos deveriam ter servido como avisos. Japão, por iniciativa própria,
declarou guerra à China, e após uma rápida vitória fez da Coréia seu "protetor
taxa. "O sultão turco, Abdul Hamid II, escolheu os armênios para sua
últimos bodes expiatórios e massacrou sistematicamente 80.000 deles. Até então
era costume dos países europeus intervir declarando
guerra ou ameaçando fazê-lo assim que os turcos iniciarem um massacre de
Cristãos. Mas desta vez, apesar da indignação entre os cristãos
nações, o Sultão Vermelho não se opôs efetivamente, e isso significava
outra derrota moral para a Europa. A atividade anarquista, entretanto, continuou
na Europa, e o presidente francês Sadi Carnot foi assassinado. Czar

Alexandre III morreu, e o tipo de política que seu sucessor Nicolau II
que viria a seguir foi um assunto de ansiedade para o resto da Europa.
Em Paris, a reação contra Charcot não demorou a vir tanto dentro
e sem o Salpetriere. No entanto, Janet, favorecida por Raymond
lJO
atitude de neutralidade benevolente, publicou dois de seus célebres casos seu
Página 23
tórias, as de Justine e Aquiles. 91 Mas Bernheim agora considera

ele mesmo o grande líder da psicoterapia e sua influência se expandiu
constantemente.
No mundo de língua alemã, a Comunicação Preliminar por
Breuer e Freud haviam despertado algum interesse; aqueles que leram Janet,
entretanto, não pude ver muito de novo nele. Mas Freud agora insistia
sobre as diferenças entre suas teorias e as de Janet, e em 1894
publicou um artigo sobre as "neuroses de defesa" em que se posicionou
contra o de Janet.
Os eventos do ano de 1895 pareceram aos que viviam na época como sendo
desastroso para o prestígio do mundo ocidental. O massacre do
Os armênios continuaram apesar dos protestos de potências cristãs, e lá
foi um novo despertar do anti-semitismo na Europa. O líder anti-semita,
Karl Lueger, foi eleito prefeito de Viena, mas o imperador cancelou
O compromisso. Houve alguma agitação durante a campanha eleitoral,
embora praticamente nenhuma violência contra judeus ou propriedade oc-
curado. Na França, o anti-semitismo girou em torno do caso Dreyfus. Capitão
Alfred Dreyfus foi acusado de traição, destituído de seu posto e condenado
para trabalhos forçados na Ilha do Diabo. No mesmo ano, dois grandes cientistas
foram feitas descobertas, a dos raios X de Roentgen e da cinematografia
raphy de Lumiere. Pasteur, que morreu em 28 de setembro, foi sepultado com
homenagens nacionais como um dos maiores cientistas de todos os tempos; e os franceses
sentiu que a história da medicina agora poderia ser dividida em dois períodos:
antes e depois de Pasteur.
Em Paris, Janet publicou uma série de artigos ilustrando o papel de
idéias subconscientes na etiologia dos sintomas histéricos, fugas e
até mesmo espasmos musculares. 92 Mas o favor do público educado foi para
Psychology of Crowds, de Gustave Le Bon . que se acreditava fornecer
uma nova chave para a compreensão da sociologia, história e política
Ciência. 93
Em Viena, Sigmund Freud, como um estudante de neuroses, estava emergindo como
o rival de Pierre Janet. Isso foi demonstrado por seus artigos sobre psicoterapia
de histeria, neurose de ansiedade, por outro em francês sobre obsessões e
fobias (com sua teoria dos quatro tipos de neuroses e seus
etiologia sexual), e acima de tudo por sua publicação conjunta com Breuer sobre
os Estudos na Histeria. 94 Este livro, como vimos, contém o relato
de Anna 0. de Breuer e quatro histórias de caso de Freud. A evolução de
o tempo da "Comunicação Preliminar" é digno de nota: destes quatro
pacientes, apenas dois foram tratados sob hipnose; os outros dois foram tratados
por tratamento direto de seus problemas em um estado de vigília, muito no
maneira de Benedikt.
A crença tradicional de que Studies in Hysteria não teve sucesso é definitivamente
contradita pelos fatos. Umpfenbach escreveu que os cinco históricos de caso
eram de extremo interesse e que os dois autores haviam chegado ao
Página 24
conceitos de Janet e Binet. 45 Bleuler deu um relato objetivo da

livro e expressou algumas reservas (não foi descartada, disse ele,
que o sucesso terapêutico do método catártico foi simplesmente o resultado
de sugestão); ele considerou o livro como uma das publicações mais importantes
lidos durante os anos anteriores. 96 De acordo com Jones, o livro atendeu
crítica incompreensível e depreciativa de Striimpell, mas recebeu uma
avaliação extremamente gentil de J. Michell Clarke. Na verdade, Striimpell e
Clarke deu o mesmo elogio e as mesmas críticas, embora de forma diferente
fraseado. Striimpell disse que "'ambos os autores tentaram nos dar, com
muita habilidade e penetração psicológica, uma visão mais profunda do
condição mental de histérica. e suas declarações oferecem muito do que é
interessante e estimulante. " 97 Ele não duvidou do sucesso terapêutico
de Breuer e Freud, mas ele questionou até que ponto alguém tinha o direito de
investigar os segredos mais íntimos de seus pacientes, e se o que
o paciente disse que sob hipnose realmente correspondia à verdade, be-
Porque muitos histéricos são capazes de inventar romances quando estão sob hipnose.
As mesmas objeções (que Jones considera depreciativas quando vem de
Striimpell) foram expressos por Michell Clarke, que escreveu: "Into the
questão da conveniência de penetrar tão intimamente no máximo
pensamentos privados e preocupações de um paciente, eu não entro "e: "
pareceria provável que os pacientes, em muitos casos, pelo menos,
fortemente se ressente disso. A necessidade de ter em mente, no estudo histérico
pacientes, a grande prontidão com que respondem às sugestões, pode
ser reiterado, pois o ponto fraco no método de investigação pode talvez
ser encontrado aqui. '' 9 H O perigo. ele acrescenta, seria que os pacientes iriam
"fazer declarações de acordo com a mais leve sugestão dada a
eles ", mesmo que inconscientemente, pelo investigador. Na Inglaterra, também,
Myers elogiou o livro, no qual viu uma confirmação de suas próprias opiniões
e da pesquisa de Binet e Janet na França. 99 Havelock Ellis
fez comentários entusiasmados. e disse que Breuer e Freud tinham "aberto
uma porta, "acrescentando:" Parece provável que avanços futuros na explicação
da histeria deve residir em uma análise psíquica posterior. " 100 A história de Anna 0.
foi utilizado por Bressler 101 em um estudo sobre o paciente de Blumhardt e seu
cura por exorcismo; 102 A teoria da histeria de Breuer e Freud, Bressler
disse, poderia nos ajudar a obter uma compreensão científica desse caso. Em Buda-
praga, Ranschburg e Hajos deram um levantamento comparativo das teorias de
histeria de Janet e de Breuer e Freud reconhecendo os méritos de
ambos, embora não aceitassem a crítica de Breuer aos conceitos de Janet.
O comentário mais preocupante veio de Krafft-Ebing, que afirmou que
ele havia tentado o método de Breuer-Freud em alguns pacientes histéricos e
descobriram que trazer o trauma causal à luz não foi suficiente para curar o
sintoma. 104 Krafft-Ebing também enfatizou que a memória do re-
trauma pressionado pode emergir na consciência de uma forma fantástica e

forma distorcida. 1 os
Página 25
Studies in Hysteria também teve sucesso nos círculos literários. O escritor

Alfred Berger, conhecido por um ensaio filosófico sobre Descartes, psicopata
romances lógicos, e também como crítico literário, escreveu uma resenha com o título
Cirurgia da Alma no Morgenpresse. 106 Ele elogiou o emocional
profundidade, a sagacidade psicológica e a bondade de coração manifestada
na obra dos dois autores; ele comparou suas curas catárticas com
A cura de Orestes na peça de Goethe, Ifigênia em Tauris. Acima de tudo, ele aclamou
como "um pedaço da psicologia de escritores antigos". Os escritores, disse ele, são tão
os grandes vikings que estiveram na América muito antes de Colombo; agora em
os últimos médicos os estavam alcançando. Nós também sabemos de
A correspondência de Hofmannsthal de que estava interessado nos Estudos em
A histeria como fonte de material durante a preparação de sua peça Elektra. 101 ele
queria sua heroína. em contraste com Goethe, ser uma espécie de histérica
fúria. 108 Hermann Bahr, que emprestou seu exemplar do livro de Breuer-Freud
a Hofmannsthal, utilizou seu método catártico para sua interpretação de
obras dramáticas. 10 9
O ano de 1896 foi marcado por outro golpe severo na própria Europa.
estima. Os italianos, que haviam empreendido a conquista da Etiópia, suf-
sofreu uma derrota esmagadora para o imperador Menelik em Adua. Mas entre os
eventos daquele ano, talvez nenhum tenha sido tão terrível quanto a catástrofe que
acompanhou a coroação do czar Nicolau II e da imperatriz Alexan-
dra, em 29 de maio. Durante as festividades, a multidão entrou em pânico e vários
mil homens, mulheres. e crianças foram pisoteadas até a morte. Este foi
seguido por protestos entre os liberais e motins estudantis, todos os quais
teve que ser reprimido. Os supersticiosos viam esses eventos como um mau presságio para
o reinado do novo Czar. A aliança entre a França e a Rússia,
no entanto, estava tomando forma, e quando o czar Nicolau visitou Paris, ele
teve uma recepção triunfal. Tudo isso só poderia aumentar a tensão
entre os dois blocos políticos da Europa.
O anti-semitismo estava se tornando uma preocupação crescente na Europa. Na França,
um grupo estava começando a fazer campanha em favor de Dreyfus, e dois opostos
campos formados. Na Austria. um jornalista e dramaturgo judeu, Theodor
Herzl publicou seu livro que marcou época, O Estado Judeu. 11 ° Como jornal
ist a serviço da Neue Freie Presse, ele testemunhou a agitação
em torno da eleição de Lueger e da agitação Dreyfus na França. o
única alternativa que ele poderia ver ao anti-semitismo era a criação de um judeu
estado nacional na Palestina. Ele não foi o primeiro a sugerir tal solução,
mas em seu livro ele ofereceu planos completos, e trabalhou para sua
realização.
Em 1896, o Terceiro Congresso Internacional de Psicologia ocorreu em
Munique, de 4 a 7 de agosto. 111 O Congresso foi preparado com
caracteristicamente alemão Grilndlichkeit, e reuniu cerca de 500 participantes
calças, que foi considerado um número muito grande. Cento e
setenta e seis artigos foram lidos em quatro línguas (alemão, espanhol, inglês,
Página 26
e italiano). Entre os participantes estavam os filósofos mais conhecidos,

psiquiatras e psicólogos da época. Muitos dos jornais eram de
alta qualidade, e alguns deles permanecem de particular interesse em retrospecto.
Theodor Lipps leu um artigo impressionante sobre o conceito de
consciente. 112 O inconsciente, disse ele, é "a" questão da psicologia.
O inconsciente, a base geral da vida psíquica, é como uma cadeia de sub-
montanhas do mar, em que apenas os picos emergem, este último representando o
consciente. Nossa vida consciente é. em grande medida, dominado por inconscientes
representações: 'Assim, as representações do passado estão agora ativas em mim, sem
minha consciência de sua presença e atividade. "O inconsciente não pode ser
totalmente explicado em termos fisiológicos, é uma realidade psíquica em si. Dentro
uma direção um tanto semelhante foi um artigo de Georg Hirth sobre o Merk-
systeme, isso é. as associações duradouras de percepções que, abaixo do
limiar de consciência, estão ativamente em conflito um com o outro. 11 3
Esses Merksysteme podem tomar posse de um indivíduo sem que ele seja
ciente disso. Nos piores casos, sua tirania pode ser tal que acarreta uma
indivíduo para sua ruína. Merksysteme pode se unir na forma de sombra
sistemas que estão na raiz de antipatias, suspeitas, perversões e
assim por diante, e muitas vezes são traídos por sistemas de sonho. "O caminho de vida do
histérica e o melancólico é pavimentada com sistemas de sombra." No
discussão após a conferência, o Reitor Ufer comentou que
Merksysteme eram Vorstellungsmassen de Herbart , e Truper disse que eles
eram idênticos às condensações de Lázaro.
Em um artigo sobre 'The Difference Between Suggestibility and Hysteria, "
Fore! tentou dar uma resposta à velha pergunta: "O que é histeria?"
Ele definiu a histeria como · um complexo patológico de sintomas "que podem ser
constitucional ou adquirido, ou ambos, embora via de regra o constitucional
elemento predomina. Isso é verdade, Fore! disse, embora houvesse provas,
trazido "por Charcot, Freud, Breuer, Vogt e muitos outros antes deles",
que sintomas aparentemente graves podem ser produzidos por sintomas mentais inconscientes
representações e curado pela remoção do último. Otto Wetterstrand
leia um artigo sobre seu novo método de tratamento hipnótico e hipnose prolongada
sono notic. Ele re-hipnotizou os pacientes para mantê-los em sono hipnótico por seis,
oito, ou dez dias ou mais, e afirmava ser capaz de curar pacientes histéricos
nesse caminho.
Em seu artigo sobre "A influência sonâmbula e a necessidade de direção",
Janet deu uma descrição clara da relação específica entre o terapeuta
e paciente. Com base em sua própria experiência clínica, Janet distinguiu
dois tipos de relacionamento: influência sonâmbula ocorrendo em pacientes histéricos,
e necessidade de orientação em psicastênicos. 114
Os papéis descritos aqui são apenas uma pequena amostra dos lidos
neste Congresso. O número, variedade e originalidade das contribuições
deve ter dado aos participantes a sensação de que a psicologia estava no
à beira de um avanço.
Página 27
O Secretário-Geral do Congresso, Von Schrenck-Notzing, no

mesmo ano publicou um estudo sobre dupla personalidade. 115 Ele argumentou que
A dupla personalidade foi um renascimento inconsciente de memórias esquecidas. Ele
apoiou este ponto de vista com uma revisão cuidadosa de conhecidos
casos (Felida de Azam, Blanche Wittmann de Charcot e vários
pacientes) e com pesquisas recentes de autores franceses, bem como de Breuer
e Freud.
O Período Fin de Siècle: 1897-1900

Os anos de 1897 a 1900 foram o culminar do fin de siècle
espírito na Europa. 116 Uma de suas características, como vimos, era um
extremo interesse por parte do público em psicologia e psicologia
problemas patológicos e a procura de novos sistemas de psicoterapia.
Bernheim ainda se considerava o líder inconteste da psicologia
medicina, mas a Escola Nancy tornou-se um conceito cada vez mais nebuloso. Dentro
Paris, a reação contra Charcot foi tão longe que muitos consideraram psicologia
desnecessário no tratamento de pacientes mentais. Janet, sem negar
sua pesquisa anterior sobre idéias fixas subconscientes, deu mais atenção a
descrições minuciosas de psicastenia. Poucos, é claro, saberiam que
Flournoy, em Genebra. tinha se envolvido em uma investigação de longo prazo com o
médium Helene Smith, e quem teria adivinhado que Sigmund Freud,
em Viena, estava conduzindo uma auto-análise, juntamente com uma investigação
dos sonhos?
O ano de 1897 deu a impressão de ser, como os anteriores,
fortemente repleto de tensões políticas e sociais. A população de Creta
rebelou-se contra o domínio turco e foi apoiado por tropas de
Grécia, mas os turcos reconquistaram a ilha, provocando a intervenção
de outras potências europeias. A aliança franco-russa foi fortalecida
pela visita do presidente francês Félix Faure ao czar Nicolau II. Dentro
Viena, Karl Lueger. o líder anti-semita, foi eleito para o terceiro
vez como prefeito de Viena, depois que o imperador cancelou duas vezes seu
nomeação, e desta vez sua eleição foi ratificada. O primeiro sionista
O Congresso foi realizado em Basel sob a presidência de Theodor Herzl.
Mas o evento que provavelmente causou a impressão mais dramática naquele ano
foi o incêndio no Bazar de Ia Charite, em Paris, no dia 4 de maio. Os organizadores
e os participantes do Bazar pertenciam à elite da aristocracia francesa.
Uma das vítimas do desastre foi a irmã da Imperatriz Elisabeth
da Áustria. Entre os cento e vinte e cinco que morreram no incêndio
apenas cinco eram homens (três velhos, um menino de doze anos e um
médico). Foi revelado que os jovens aristocratas presentes chutaram
sua saída. e este comportamento vergonhoso foi o golpe mortal para o que
manteve o respeito pela aristocracia.
Entre as inúmeras publicações daquele ano estava Frederic Myers '
pesquisa da relação entre sintomas histéricos e ideias fixas.11 7
Página 28
Os sintomas histéricos, disse ele, têm características infantis e "sugerem-me

irresistivelmente o fantástico jogo onírico do eu subliminar. "Ele acrescentou:
Todos os sintomas histéricos, então. Eu digo com ousadia, são equivalentes a idees fixe! ;; e um
acesso histérico é a explosão de uma ideia fixa ... noções como essas, sugeridas
para mim em grande parte pelos experimentos do Dr. Janet, encontre (como me parece) um estranho
confirmação no mais recente Studien iiber Hysterie of Drs. Breuer e
Freud. Esses médicos tiveram que lidar. acima de tudo. no caso do Dr. Breuer de
Anna 0. com histeria de um calibre intelectual muito maior do que os pacientes
do Salpetriere. [Myers comparou o mecanismo pelo qual os sintomas histéricos
são produzidos para que a criatividade do gênio) .... O gênio consiste amplamente em
elevações subliminares que expressam simbolicamente o resultado de observações e
inferência da qual o eu subliminar não está ciente.
No geral, porém, tudo o que se referia à histeria, hipnose e

sugestão estava se tornando cada vez mais suspeita, e a palavra "psicoterapia"
era agora o termo aceito para todos os métodos de cura pela mente.
Um exemplo típico dessa nova atitude é encontrado no livro de Li: iwenfeld
de psicoterapia. 1111 Após um levantamento histórico da psicoterapia e da
princípios gerais da psicologia médica, Li: iwenfeld dá instruções em
respeito à relação médico-paciente. Entre os principais psicólogos
métodos terapêuticos, Li: iwenfeld expõe ginástica psíquica, hipnótica e
tratamento sugestivo, método de Breuer-Freud, terapia emocional e fé
cura.
O ano de 1898 levou a Europa à beira da guerra. O incidente de gatilho
fazia parte da competição pela posse colonial na África. O francês
já possuía um grande império do Oceano Atlântico ao Lago Tchad.
Uma expedição sob o comando do Coronel Marchand chegou a Fashoda,
onde foi interrompido pelos ingleses. Isso despertou muita indignação na França,
e a guerra entre a França e a Inglaterra parecia inevitável, mas os franceses
finalmente cedeu às demandas inglesas (esta sendo uma concessão oportunista
devido a uma possível guerra futura com a Alemanha). Um novo e sério
golpe para o narcisismo europeu foi dado pela Guerra Hispano-Americana. UMA
rebelião contra os espanhóis ocorreu em Cuba, e os rebeldes foram
apoiado por voluntários dos Estados Unidos. Como resultado de um
incidente não esclarecido relativo à explosão do navio americano Maine
perto de Havana, os americanos declararam guerra. A frota espanhola sofreu um
derrota esmagadora, com a qual os americanos ocuparam Cuba, Porto Rico,
Guam e as Filipinas. Na Espanha, a derrota deu início ao que se chamou
marasmo. A geração jovem, mais tarde chamada de geração de 1898, profundamente
sentiu o impacto da derrota, mas no longo prazo muitos deles trouxeram
sobre uma vida intelectual renovada em seu país. O conflito Dreyfus
atingiu seu auge na França quando o romancista Zola publicou uma difamação,
J'Accuse, e um dos acusados, o coronel Henry, pego em falsificação, com
suicídio cometido. E quando a Imperatriz Elisabeth da Áustria foi assassinada
Página 29
por um anarquista em Gene \ · a, parecia a muitos que a mão do destino foi

trabalhando contra o infeliz imperador Francisco José I.
Também em 1898, Pierre Janet publicou Nevroses et Idees Fixes, o primeiro
de suas grandes obras a aparecer sob os auspícios dos laboratórios psicológicos
história do Salpetriere. 119 Grande parte já havia sido divulgada
sob a forma de artigos separados. Seguindo o costume francês da época,
O patrocínio de Raymond foi reconhecido juntando seu nome com o
do autor. embora tudo tenha sido escrito por Janet. Nevroses et Idees
Fixes contém vários dos casos mais conhecidos de Janet, os de Marcelle,
Justine, Marcelline. Madame D. e Achilles, bem como contribuições de
uma natureza mais teórica. Seguindo o Automatisme Psychologique, e
a tese médica sobre a histeria, este último livro garantiu a fama de Janet como
O maior especialista da França em neuroses. Ainda mais porque, em
o mesmo ano. Janet fez uma contribuição substancial em "The Psychological
Tratamento da Histeria "para o livro enciclopédico de terapia de Albert Robin
peutics.
Janet sintetizou ali suas concepções sobre ideias fixas subconscientes, suas
natureza. detecção. e gestão. sua relação com os sintomas (incluindo
o caráter simbólico dos sintomas em certos casos); ele enfatizou que
não foi o suficiente para trazê-los de volta à consciência. que eles tinham que ser disso-
ciado apesar de considerável resistência (frequentemente na forma de sintomas somáticos).
Janet também insistiu no papel capital da influência sonâmbula, e como ela
para ele utilizado para o tratamento. embora mantido no mínimo compatível
com efeito terapêutico. Não menos essencial, disse Janet. era para complementar o
tratamento hipnótico com programa de reeducação. 120
A Escola Nancy cresceu rapidamente, e um de seus adeptos, o holandês

homem Van Renterghem, publicou uma pesquisa da escola, primeiro descrevendo
os membros do grupo Nancy. Liebeault e Bernheim, e o
adeptos da escola em todas as partes da Europa, como Polônia, Suécia e
Alemanha. 121 Breuer e Freud representaram a filial austríaca.
O médico de 1898. lendo revistas médicas de nomeação de universidade-
mentos. pode ter ficado surpreso ao notar que o famoso professor August
Fore! deixou sua cadeira de psiquiatria na Universidade de Zurique para ser substituída
por um recém-chegado quase desconhecido, Eugen Bleuler, em reconhecimento ao
o notável trabalho clínico deste último durante os dez anos anteriores no
Hospital Psiquiátrico Rheinau. 122
Em meio à grande produção literária daquele ano estava Albert
Moll's Investigations on Libido Sexualis. 123 Ele desenvolveu a ideia sugerir
gestado por Dessoir em 1894, que houve uma evolução do
instinto, que normalmente havia um estágio indiferenciado transitório na juventude
adolescentes, e que em alguns casos um distúrbio no desenvolvimento pode
ser a explicação para a homossexualidade em adultos. A palavra "libido", que
tinha sido usado por Benedikt, Krafft-Ebing e outros no sentido sexual
Página 30
desejo. recebeu um novo significado no sentido do instinto sexual em seu

fases de evolução. Em Viena. Freud publicou seu artigo sobre o
"Mecanismo Psíquico de Esquecimento" e sobre "Sexualidade na Etiologia de
Neuroses. "
O ano de 1899 trouxe a Guerra dos Bôeres. O público esperava
que os ingleses alcançariam uma vitória rápida, mas os ingleses sofreram
reverte no início e teve que enviar reforços. Os Boers gostaram
ampla simpatia na França e na Alemanha. Na França, a agitação Dreyfus
diminuiu gradualmente. A sentença de Dreyfus foi suspensa e ele foi devolvido
da Ilha do Diabo.
O progresso da Escola Nancy foi notável na Holanda. o
clínica psicoterapêutica de Van Renterghem, situada em um bairro residencial
de Amsterdã, foi solenemente transformado em Instituto Liebeault. isto
compreendia um hall de entrada, salas de espera e exame, escritórios, uma biblioteca,
e vinte e seis quartos para pacientes. No corredor havia uma placa com a inscrição:
Ambrosio Augusto Liebeault

Ex Favereis oriundo (Lotharingia)
Dedicatum
(lembrando aos visitantes que Liebeault nasceu na vila de Favieres, em

Lorraine). A clínica foi decorada com retratos de Liebeault, Bernheim,
e Liegeois.
O interesse pela patologia sexual, que tinha sido muito forte desde a
publicação da primeira edição da Psychopathia sexualis de Krafft-Ebing , foi
manifestada pela fundação do Jahrbuch de Magnus Hirschfeld . 124 Este
publicação ofereceu contribuições originais e uma revisão da literatura atual
na patologia sexual. Também assumiu uma posição ativa, defendendo uma reforma
das leis relativas à homossexualidade. Entre as muitas publicações desse
ano foi o livro de Fere: Sexual Instinct: Evolution and Dissolution, no qual
o autor tentou introduzir um conceito evolutivo no campo da sexualidade
desvios. 125 E com base nas evidências de muitas observações clínicas ele
tinha feito, ele enfatizou a influência das primeiras experiências sexuais no
futuro desenvolvimento sexual dos indivíduos.
Naquele ano. Freud publicou seu artigo sobre "Screen Memories", que
foi comentado favoravelmente na Revue Neurologique e em vários
revistas psiquiátricas e psicológicas.
O ano de 1900 parecia um dos mais sangrentos que alguém já tinha visto.
A guerra grassava na África do Sul, os ingleses pareciam colados lá e apesar de
sucessos locais pareciam incapazes de alcançar qualquer vitória decisiva. Transvaal's
O presidente Kruger viajou pela Europa, mas recebeu apenas boas palavras e
simpatia. Na China, uma insurreição foi lançada por uma sociedade secreta, a
Boxers. Em junho. Os europeus foram sitiados em suas embaixadas em Pequim e
foram resgatados em agosto por uma expedição internacional comandada por um
Página 31
Alemão. Fala-se muito na Europa sobre "o perigo amarelo" e um

pesadelo era o medo de que os chineses se unissem para constituir um poderoso
exército que iria submergir e despojar a Europa. O rei Umberto da Itália era
assassinado por um anarquista.
No entanto, 1900 parecia ser um ano produtivo em muitos aspectos. Dentro
Alemanha, Planck leu seu primeiro artigo sobre a teoria quanta, que foi
revolucionar a física. Ellen Key publicou The Century of the Child, em
que ela proclamou que o século vinte traria a libertação
da criança; ela defendeu reformas revolucionárias na educação. Em arte nova
tendências que cresceram lentamente durante os anos anteriores chegaram ao
primeiro plano. "Estilo moderno" triunfou na França, Jugendstil na Alemanha
e Áustria. Em Viena, Gustav Klimt foi encarregado do mosaico
decoração do novo prédio da universidade, mas os projetos levantaram a indignação
ção dos professores. A notícia da morte de Nietzsche após dez anos de
a demência reforçou o interesse por sua filosofia em toda a Europa. Outro
O alemão Edmund Husserl publicou um livro que atraiu pouca atenção
fora de um círculo estreito de filósofos profissionais. 126 quem poderia
imaginei que cinquenta anos depois, teria se tornado uma fonte de inspiração
para uma nova tendência psiquiátrica. análise existencial?
Muitos esperavam que o novo século fosse o século da psicologia.
Talvez não seja por acaso que em 1900 o Instituto Internacional de
A psicologia foi fundada em Paris com Janet como sua animadora.l 27 Na mesma
ano, Janet foi chamada para substituir Ribot em seu curso de psicologia em
o College de France. Janet deu sua primeira série de palestras sobre "Sono e
Estados hipnóides ", em que ele discutiu o sono, sonhos, distúrbios do sono,
e sonambulismo.
Um dos eventos mais comentados de 1900 foi o grande Universal
Exposição em Paris. Ainda mais do que em 1889, foi um ano de internacional
congressos. O Congresso Internacional de Medicina reuniu 8.000 participantes
calças divididas em 23 seções, um número muito grande de participantes para isso
Tempo. A seção de Neurologia. com Raymond como seu presidente, cuidou de
permanecer no terreno sólido da neurologia, e não invadir o
campo do hipnotismo.
O Segundo Congresso Internacional de Hipnotismo ocorreu em agosto
12 a 16. 128 O discurso de abertura, dado por Raymond, ilustra como o
as idéias sobre hipnotismo haviam mudado no Salpetriere desde a morte de Charcot.
Ele disse que Charcot fez do hipnotismo um assunto para pesquisa com o
mesmos métodos que ele aplicou a doenças neurológicas, enquanto a Escola Nancy
enfatizou os aspectos psicológicos do mesmo fenômeno. Na realidade,
Raymond continuou, ambas as tendências tinham origens antigas; Pierre Janet teve
mostrado que os magnetizadores descreveram os três estágios do hipnotismo como
já em 1840, e a disputa entre as escolas não passava de um
reviver a velha disputa entre os fluidistas e os animistas. Único
fato realmente novo. Raymond acrescentou, é que agora todos nós acreditamos em
Página 32
determinismo psicológico, e estão se esforçando para descobrir as leis do

mente. Esta palestra foi seguida por uma longa e detalhada pesquisa sobre o
história do hipnotismo de Berillon, começando com Braid e levando até
seu próprio dia.
Oscar Vogt falou sobre o valor da hipnose como uma ferramenta psicológica
investigação. Ele havia elaborado um método para que o sujeito hipnotizado
concentrar-se em uma certa ideia, imagem, memória ou sentimento, que produziu
aumentou a consciência como se o conteúdo e o pano de fundo do fenômeno
sob investigação estavam sob uma lupa. 129 Os participantes de
o Congresso visitou a Salpetriere em 13 de agosto, sob a orientação de
Drs. Cestan, Philippe e Janet. Os jornalistas que compareceram provavelmente sentiram
a falta daquele elemento de mistério ligado ao Salpetriere em Charcot's
tempo, então eles ficaram felizes em espalhar a notícia de um paciente extraordinário
chamada Madeleine, que carregou os estigmas da paixão de Cristo.
O Quarto Congresso Internacional de Psicologia aconteceu em agosto
20 a 25 de agosto, com Theodule Ribot como Presidente, Charles Richet como
Vice-presidente e Pierre Janet como secretário-geral. 130 entre os
os participantes eram um número impressionante de filósofos, psicólogos, psicólogos
quiatras e até escritores. Todos os tópicos possíveis de interesse psicológico
foram discutidos. A terceira sessão geral foi dedicada ao fenômeno
de sonambulismo. Theodore Flournoy, cujo livro From India to Planet Mars
tinha aparecido alguns meses antes, contado sobre Helene Smith e seu somnambu
declarações lic; a infantilidade e a inépcia do que ela disse mostraram que
esses fenômenos se originam em camadas primitivas e infantis do indivíduo
mente. Eles são uma espécie de emergência transitória de estágios psicológicos
desenvolvimento há muito deixado para trás. Outra característica do desempenho sonâmbulo -
ances é a audácia com que o sujeito tenta impor sua baboseira como
fato indiscutível. Aqui, também, Flournoy viu uma característica infantil como um
reconstituição da franqueza com que a criança vive suas ficções e jogos.
Tudo isso deve ser visto como um fenômeno de regressão.
FWH Myers, em um artigo "On the Trance Phenomena of Mrs. Thomp-
filho ", citou Pierre Janet. Binet, Breuer e Freud como autoridades em
histeria. Imediatamente seguindo-o, Frederik van Eeden contou sua experiência
mentos com a mesma Sra. Thompson (uma médium clarividente). Enquanto ele
estava na Holanda e a Sra. Thompson na Inglaterra, ele a chamou de três
momentos ao sonhar, e mais tarde ela foi capaz de confirmar os tempos e
datas. Nas duas primeiras vezes que ele a chamou de Nellie, na terceira vez, por engano
ele a chamava de Elsie. Dois dias depois, ele recebeu uma carta da Sra. Thompson
informando-o de que ela o tinha ouvido chamá-la de Elsie, mas essa foi a
nome de um espírito conhecido dela. Van Eeden também disse que não há
diferença essencial entre um transe mediúnico e um sonho, e que
uma pessoa pode treinar para dirigir seus sonhos à vontade. 13 1
Outros artigos foram lidos por Morton Prince sobre as múltiplas personalidades
de Miss Beauchamp; por Hartenberg sobre neurose de ansiedade, negando a de Freud
Página 33
teoria de sua origem sexual (embora em discussão ele admitisse que poderia
ser assim em certos casos); e por Durand (de Gros) em sua teoria de
polipsiquismo. Seguindo um artigo de Jovic, defendendo o uso de experi-
métodos mentais em psicologia. um jovem vienense, Otto Weininger, vivazmente
respondeu que, à medida que métodos experimentais em psicologia estavam sendo aperfeiçoados,
a introspecção alcançaria um grau de refinamento impossível de imaginar
ainda.
Também houve artigos sobre casos clínicos. Paul Farez, um discípulo de
Durand (de Gros) distinguiu dois tipos de tratamento hipnótico, aquele
onde um comando dado seria suficiente para curar um paciente, e o outro
em que a exploração do inconsciente foi necessária para encontrar a causa
a fim de tratá-lo. 132 A causa pode ser um pesadelo ou uma impressão vívida
do qual o paciente não guardou nenhuma memória consciente. Farez também disse ao
história de uma escritora que se tornou o joguete de uma atriz e reclamava
de lacunas em sua memória. Sob hipnose, ele pode se lembrar que a atriz
poderia hipnotizá-lo e fazê-lo fazer o que ela queria e depois esquecer
tudo. Farez foi então capaz de neutralizar a influência nociva do
mulher.
Reportando sobre o Congresso, o Figaro escreveu:
Nunca mentes mais variadas disputaram questões mais diversas. Havia

há professores de filosofia. homens de letras. padres. Jesuítas, Dominicanos, fisiologistas
essência. mágicos. Brahmins hindus. criminologistas. Veterinários. Príncipes russos,
e algumas mulheres. dos quais alguns vieram discutir o espiritismo ... _133
Dois livros que se tornaram clássicos da psiquiatria dinâmica apareceram em 1900:

Da Índia ao Planeta Marte de Flournoy e a Interpretação de Freud de
Sonhos. (Ambos realmente apareceram no final de 1899, mas levaram o título
data 1900.)
Já falamos sobre a investigação de cinco anos de Theodore Flournoy em
Genebra da médium Catherine Muller, que afirmava ter o dom de
a clarividência e a capacidade de reencarnar, em seus transes mediúnicos,
fases de suas vidas anteriores. Ela tinha sido a Rainha Simandini no décimo quinto
século Índia, a rainha Maria Antonieta em Versalhes, e viveu
Marte, cuja língua ela falava e escrevia fluentemente. 134 Flournoy descrito
esses três ciclos. chamando-os de romances da imaginação subliminar. este
livro, tão divertido quanto um romance de Júlio Verne ou HG Wells, é um
análise profunda de alguns dos processos sutis do subconsciente
mente. Ele traz evidências de imagem subliminar como um criativo e contínua
atividade. Ao longo das várias subpersonalidades de seu médium, Flournoy
enfatizou a unidade fundamental de sua personalidade. Ele também mostrou o
importância da criptomnésia. os romances subliminares consistindo principalmente de
memórias de infância esquecidas, especialmente de livros. A realização do desejo era
dado reinado livre; sonhos de superioridade, de ser rainha, de dar conselhos,
Página 34
ou informação sobre outros mundos, expressa os desejos de grandeza do paciente,

embora misturado com expressões simbólicas de realidade monótona. Flournoy
traçou a regressão expressa por cada ciclo para uma idade específica. Um elemento
que parece pouco enfatizado para o leitor moderno é o papel do relacionamento
ou transferência, mas como apontado por Claparede, Flournoy estava bem ciente
deste fenômeno, mas tratou-o discretamente.
O livro de Flournoy enfureceu alguns que acreditaram nas declarações do médium
foram verdadeiras revelações de outros mundos. Outros, porém, trouxeram som
crítica. Dr. Metzger apontou o efeito perturbador que os recém-chegados tiveram
exercido durante as sessões de Helene, dificultando a espontaneidade do médium

com suas distrações desajeitadas e influenciando-a. 135 comentários de
Genebra costumava ser menos entusiasta do que os de outros lugares. Lá-
o patrocinador Journal de Geneve, em uma longa resenha de 15 de janeiro, deu
devido crédito ao esforço e perspicácia psicológica de Flournoy. o
um crítico anônimo com humor comentou como era estranho que o próprio
mesmo grupo de indivíduos aventureiros reunidos em torno de Helene Smith
de uma encarnação para outra eram agora burgueses pacíficos de Genebra,
e que Da Índia ao Planeta Marte realmente era um romance com um
chave para o Genevese. O crítico chegou a sugerir que o conhecimento do meio
de sânscrito pode ter se originado em uma piada de um dos
amigos aprendidos. Ele também enfatizou as fantásticas conquistas dos jovens
mulher que foi capaz de criar simultaneamente várias caracterizações e
trama, e ler e falar várias línguas, uma das quais era sua
criação. Ele lamentou que tanto talento fosse desperdiçado, e
concluiu que a médium era, acima de tudo, uma atriz admirável que interpretou
seus papéis com tanta paixão que enfeitiçou seu círculo íntimo. Estes
alegações foram protestadas por Flournoy em uma carta ao Journal
de Geneve, que apareceu na edição de 19 de janeiro.
O livro de Flournoy foi um grande sucesso. Uma tradução em inglês apareceu
no mesmo ano que o original em francês (traduções para italiano e alemão
apareceu mais tarde). Segundo Claparede, foi revisado em inúmeras
jornais, revistas e jornais, e o New York World adicionou um
retrato colorido de Flournoy. 136 Foi comentado com humor
periódicos como o London Punch de 14 de março de 1900 e foi satirizado
por alunos em shows de final de ano. O Casino Theatre, em Genebra, teve
uma peça, En avant, Marte! ("Avante, Marte!"); Flournoy recebeu cartas
de todas as partes do mundo. William James escreveu: "Eu acho que seu
volume provavelmente deu o passo decisivo na conversão psíquica
pesquisa em uma ciência respeitável. "Myers disse que o livro era" um modelo de
justiça em toda a sua extensão "e também a considerou um passo decisivo para
a exploração da mente subliminar, uma opinião compartilhada por Morselli,
Dessoir, Oesterreich. e outros.
O segundo grande livro de 1900 foi a Interpretação dos Sonhos de Freud,
com o qual já tratamos. 137 Nosso interesse aqui é apenas como o
Página 35
livro foi recebido na sua publicação. Entre as muitas obras publicadas

a cada ano sobre sonhos, o título Traumdeutung chamava atenção porque
tão pouco foi publicado sobre a interpretação de sonhos desde a época
de Schemer. Além disso, a palavra Traumdeutung era uma reminiscência de Sterndeutung
(astrologia). Apesar deste título um tanto ambíguo, o livro de Freud trouxe
muito para o leitor. primeiro uma pesquisa histórica da psicologia dos sonhos, depois um
explicação do próprio método de Freud de interpretação dos sonhos, então seu
teoria do sonho. e, finalmente, sua teoria da mente em geral. O livro
foi bem escrito e continha ilustrações dos próprios sonhos do autor,
bem como detalhes intrigantes da vida em Viena no final do século XIX
século. Ele prometia ser a pedra angular de uma nova ciência do
mente.
A recepção dada a The Interpretation of Dreams deu origem a um
lenda tenaz. "Raramente um livro importante não produziu eco
seja o que for ", disse Jones; e de acordo com Freud, dezoito meses após o
publicação do livro nenhum jornal psiquiátrico o havia revisado. lise Bry
e Alfred Rifkin mostraram que era, de fato, completamente diferente:
A Interpretação dos Sonhos foi inicialmente revisada em pelo menos onze

revistas e jornais temáticos. incluindo sete nas áreas de filosofia e
teologia. psicologia. neuropsiquiatria. pesquisa psíquica e antro-
desculpa. Os comentários são apresentações individualizadas e idualizadas, não apenas avisos de rotina,
e juntos somam mais de 7.500 palavras. O intervalo entre a publicação
e avaliar as médias · cerca de um ano. o que não era nada mau. ... Parece
que os ganchos de Freud sobre os sonhos foram ampla e prontamente revistos em
revistas. que incluíam os mais destacados em seus respectivos campos.
Além disso. os editores de bibliografias anuais internacionais em psicologia
e a filosofia selecionou os livros de Freud sobre sonhos para inclusão. Neste país
o Índice Psicológico listou A Interpretação dos Sonhos em quatro meses
de publicação. Aproximadamente. no final de 1901, a publicação de Freud havia sido
trazido à atenção de médicos psiquiátricos, psicológicos e em geral
círculos educados em escala internacional.
. . . Algumas das análises são completas e altamente competentes, várias são
Escritos por autores de pesquisas importantes sobre o assunto, todos são respeitosos. Crítica
aparece após um breve resumo do conteúdo principal do livro .... 138
Para substanciar essa declaração, Bry e Rifkin deram um trecho de um

revisão de William Stern. mostrando o quão longe de "aniquilar" estava (para
usar a palavra de Jones). 139 Stern reconhece o fato de que Freud investigou
sonhos de um novo ponto de vista, e que "muitas novas perspectivas são
aberto, "aquele Freud" teve o mérito de buscar uma nova explicação para
sonhos na esfera pouco conhecida da vida emocional ", que o livro contém
"muitos detalhes de valor altamente estimulante, observações finas e teóricas
perspectivas. e, acima de tudo, um material extraordinariamente rico de muita precisão
sonhos registrados. "Naecke fez uma crítica extremamente favorável do livro de Freud
Página 36
"excelente livro" (vortre.ffliches Buch), em que diz que "o livro é

psicologicamente o mais profundo que a psicologia dos sonhos tem pro-
produzida até agora ", e ele acrescenta que" a obra é lançada como um todo unificado,
e pensado com gênio. " 140
Weygandt escreveu que "o livro oferece um rico material bem observado e
vai mais longe no esforço de análise de sonhos do que qualquer pessoa
até então tentado. " 141 Flournoy deu uma crítica muito favorável na qual ele
diz que "seu livro nos traz inúmeros exemplos (de análise de sonhos)
que são obras-primas puras de penetração sagaz e engenhosidade sutil
nuity. " 142
Em Paris, Henri Bergson o citou em uma palestra sobre sonhos proferida na
Institut Psychologique em 26 de março de 1901. 143 Carl Gustav Jung, que era
na época, um jovem residente no Burgholzli em Zurique, mencionou isso em
sua dissertação em 1902. Emil Raimann escreveu em um livro sobre histeria, "Freud
mostrou de uma forma bastante convincente que no sonho, a vida mental

se expressa, que desejos e pensamentos inconscientes tornam-se o conteúdo
de sonhos em disfarces quase irreconhecíveis. " 144 Raimann, no entanto, ob-
ligou-se à teoria sexual de Freud e suspeitou que "porque a teoria de Freud
é conhecido aqui nos círculos mais amplos ", os pacientes que foram para Freud eram
influenciados por ele com antecedência. Raimann enfatizou que essas objeções
não diminuiu o mérito do ensino de Freud. Não há depreciação
menção de Freud em todo o livro. 14 5
A Interpretação dos Sonhos também foi resenhado em uma série de notícias
jornais e periódicos destinados a um grande público. O livro dificilmente era
da imprensa antes de ser resenhado no jornal vienense Die Zeit de
6 e 13 de janeiro de 1900. por nada menos que seu editor-chefe, Max
Burckhardt. 146 Foi um extenso e erudito, embora um tanto superficial,
Reveja. Na verdade, não foi de forma alguma negativo; Burckhardt obviamente
leia o Traumdeutung exaustivamente. Ele resumiu de forma clara e precisa
ou seja, dando muitas citações. Ele pensou que o autor havia superestimado
o elemento infantil, e lamentou não ter explicado os sonhos de
aqueles do tipo verbal (aqueles que pensam em palavras ao invés de imagens),
nem a divisão da personalidade nos sonhos. Menos de três meses após o
publicação do Traumdeutung, uma revista de Berlim, Die Umschau, pub-
terminou uma revisão do Dr. C. Oppenheimer, que o chamou de "um altamente interessante
embora livro estranho. " 14 7 Na mesma data, um jornal diário vienense,
o Fremden-B / att. fez uma avaliação igualmente positiva do que eles chamaram de
"livro extremamente engenhoso e interessante", elogiando particularmente a obra de Freud
observações sobre o mundo das crianças, que preencheria todos os amigos de
crianças com entusiasmo. 14 ~ A Interpretação dos Sonhos também foi dada
uma crítica muito favorável no jornal socialista vienense Arbeiter-
Zeitung149 e um extenso e entusiástico no Neues Wiener
Tagblatt 150 por um homem que logo se tornaria um dos primeiros
discípulos, Wilhelm Stekel. 15 1
Página 37
Análise psicológica versus psicanálise: 1901-1914

A entrada no século XX foi sentida pelos contemporâneos como o
amanhecer de uma nova era. A decadência e a atmosfera do fin de siècle tinham
tornar-se intolerável. A morte da Rainha Vitória marcou a conclusão de
tempos antiquados e o reinado de Eduardo VII foi caracterizado por um
combinação de "graça aristocrática e conforto moderno." Este período, o
Belle Epoque, parece, em retrospecto, uma paz, segurança e alegria
vivre, mas para os contemporâneos era de "paz armada" com guerra
pairando continuamente no futuro próximo. Isso se refletiu em obras de ficção
como The War in the Air , de HG Wells . e nos romances do Coronel Danrit,
cada um dos quais retratou uma guerra terrível. Houve uma política geral
tendência para a esquerda. e muitos esperavam que um triunfo dos partidos socialistas
garantiria a paz internacional. Uma queda insidiosa da Europa foi
manifestado no crescimento e desafio mostrado por potências não europeias.
Havia um desejo geral de virar as costas ao século XIX
e buscar novos caminhos. Os novos esportes de automobilismo e esqui tornaram-se

elegante. Os intelectuais saudaram novos pensadores: o filósofo Henri Berg-
filho, o economista Vilfredo Pareto. e o pensador político Georges Sorel,
que introduziu uma nova ideologia antidemocrática. Na psiquiatria dinâmica, o
mesma atitude foi manifestada pela rejeição da primeira psiquiatria dinâmica,
desinteresse pela histeria e hipnose. e a busca por novas psicoterapias,
como o de Dubois. Dois nomes. no entanto, parecia polarizar o novo
psiquiatria dinâmica: Pierre Janet em Paris. e Sigmund Freud em Viena.
O início de uma nova era: 1901-1905

O ano de 90 fui marcado por um acontecimento que foi fortemente sentido por
temporários, a saber. a morte da Rainha Vitória, a Rainha Eterna, e
Avó da Europa. Seu nome foi associado à expansão
e dominação mundial do Império Britânico. e também com um conjunto de moral
e valores sociais. o espírito vitoriano. 152 Rei Edward VII tinha sido
ciosamente mantido longe dos negócios do Império por sua mãe, mas ele tinha
sua própria filosofia política e havia iniciado um curso político próprio.
Após sua sucessão. sua primeira preocupação era terminar a Guerra dos Bôeres e
estabelecer boas relações com a França. Outros grandes eventos daquele ano
foram a imposição de um tratado de paz pelas potências europeias à China
e o assassinato do presidente McKinley nos Estados Unidos.
Naquele ano. Joseph Babinski. que tinha sido o aluno querido de Charcot,
desferiu o golpe mortal no que restava dos ensinamentos de seu mestre sobre a histeria.
Em uma reunião memorável da Sociedade Neurológica de Paris, ele leu um
papel intitulado. "Definição de Histeria", propondo um método puramente pragmático
definição de histeria. 153 A histeria, disse ele, é a soma total dos sintomas
que pode ser evocado por sugestão e dissipado por contra-sugestão
(que ele chamou de persuasão). Assim, certos sintomas, como o alegado
Página 38
febre histérica, hemorragias e assim por diante, não eram mais considerados como
referente à histeria. De acordo com Babinski, não havia nada mais nisso
do que uma propensão peculiar para responder positivamente à sugestão. Babinski
recomendou que o termo "histeria" fosse substituído por "pitiatismo". o
maioria dos neurologistas franceses, que tiveram sua cota de apresentações por
pacientes histéricos no Salpetriere, no Charite ou no Hétel-Dieu,
aceitou prontamente as idéias de Babinski. Muitos não perceberam a admissão de Babinski
que certos indivíduos estavam predispostos à sugestionabilidade; eles meramente
concluiu que a histeria era uma entidade inexistente. O número de histéricos
os pacientes diminuíram rápida e continuamente; os franceses tendiam a atribuir o
diminuir às novas concepções de Babinski, mas desde o mesmo fenômeno
ocorreram em outras partes da Europa, é questionável se
fatores culturais não estavam em ação.
Freud escreveu uma versão condensada do Traumdeutung; este pequeno livro,
On Dreams, apareceu no início de 1901 como um de uma série de panfletos médicos,
de modo que alcançou mais profundamente no mundo médico do que o Traumdeutung
had.154 As críticas foram ainda mais favoráveis do que as do Traum-
deutung. Bry e Rifkin escreveram: "Para o ensaio On Dreams, encontramos
dezenove resenhas, todas publicadas em revistas médicas e psiquiátricas
com um total de cerca de 9.500 palavras e um intervalo de tempo médio de oito

meses. "155 Entre essas análises, as de Kornfeld, 156 Ziehen, IS 7
Liepmann, 15 '~
Moebius, 15 8
°
Giessler, 16 Kohnstamm, 161 Pick, 162 e
Voss163 deve ser notado por seu teor objetivo e pelo fato de que seu
os autores eram especialistas bem conhecidos.
No mesmo ano, Freud publicou os primeiros resultados de seus estudos sobre
parapraxias em forma de série em um jornal psiquiátrico. 164 Estes artigos foram
bem recebido. Ziehen, no entanto, argumentou que o que Freud chamou de representa
seção que ele mesmo já havia descrito como Vorstellungshemmung (inibição
de representação) .165 Ele concluiu que o estudo de Freud "merecia muitos
mas leitores críticos. "
Desde a publicação de Psychopathia Sexualis de Krafft-Ebing em 1886,
o número de publicações sobre patologia sexual aumentava constantemente. Sexo-
A patologia ual agora atraiu tanta atenção quanto as teorias de Lombroso haviam
nas últimas duas décadas. Em um tratado sobre patologia sexual, Rohleder
enfatizou a frequência da masturbação no bebê, e que "o
a libido sexualis pode se manifestar na primeira infância, mesmo na infância
idade. "166
O ano de 1902 foi comparativamente mais pacífico do que os anteriores.
A erupção do Mont-Pe1ee, na Martinica, que varreu a capital
da ilha foi considerada por alguns contemporâneos um sinal da ira de Deus
contra o governo anticlerical francês. A nova ciência do sexual
a patologia se expandiu rapidamente. Entre as inúmeras publicações sobre esse
campo foi o alerta de Albert Moll contra castigos corporais, por causa de
os perigos de produzir prazer sexual vicário no punidor, o
Página 39
punidos, e os invisíveis. 167 O etnólogo Heinrich Schurtz propôs

a teoria de que a sociedade não se originou na família (como um dado adquirido
até então), mas em associações de homens - uma teoria que seria assumida por
Hans Bliiher e outros. 1 6 H
Naquele ano, Janet foi nomeada professora de psicologia experimental
no College de France e começou a dar palestras sobre tensão psicológica
e emoções, enquanto Freud foi nomeado Professor Extraordinário na
Universidade de Viena e começou a reunir seu círculo de quarta-feira à noite.
A literatura psiquiátrica atual mostrou um interesse crescente nas novas e incipientes
psiquiatria dinâmica. Um médico de Varsóvia, Theodor Dunin, comparou o
teorias e terapias da histeria de Janet e Freud, dando sua preferência
a Janet, acrescentando, no entanto, que outros tratamentos poderiam ser igualmente bem-sucedidos-
FuL 169 Em um congresso psiquiátrico em Grenoble, os conceitos de ansiedade de Freud
neurose foram objeto de discussões animadas, mas objetivas_I70
Em Zurique, Eugen Bleuler, o novo professor de psiquiatria, após re-
organizando o Hospital Psiquiátrico da Universidade Burgholzli, estava perseguindo seu
pesquisa sobre demência precoce e ensinando seus novos conceitos da doença
para seus estagiários. Um jovem homem. Carl Gustav Jung, que se juntou à equipe
no final de 1900, publicou sua dissertação Sobre a Psicopatologia da
Os chamados fenômenos ocultos, após o que ele foi a Paris para seguir o de Janet
ensino.1 71 Esta dissertação foi revisada de forma muito favorável por Theodore
Flournoy, que deu no mesmo ano um acompanhamento de sua história com a médium,
Helene Smith. 1 72 Este acompanhamento continha o que quase totalizou

a um mea culpa:
Não considero bom que um médium seja investigado por muito tempo pelo mesmo investigador,
porque o último, apesar de sua cautela. acaba inevitavelmente por moldar o
subconsciente de seu assunto. v. que é tão sugestionável, e imprimindo mais e
distorções mais persistentes que impedem qualquer possível expansão da esfera de
onde flui o automatismo do sujeito (p. 116).
O ano de 1903 foi marcado por tensões em todo o mundo. Na sérvia

O rei Alexandre e a rainha Draga foram assassinados, após um complô
organizado por uma sociedade secreta. O novo rei Pedro I abriu uma nova política
curso. Seu governo era ferozmente nacionalista, oposto à Áustria-Hungria,
e apoiado pela Rússia. O que parecia ser apenas mais um palácio rev! Jiu-
em um país dos Balcãs, na verdade, causou um terrível agravamento das tensões
entre os países europeus. Na França, o governo decretou a expulsão
de todas as congregações religiosas; o tu, rmoil que se seguiu foi tal que foi
chamou uma guerra religiosa sem derramamento de sangue. No continente americano, o
Estados Unidos, que conseguiram construir o Canal do Panamá, onde
os franceses falharam, conseguiram a concessão territorial da Zona do Canal. Em
o Congresso Internacional de Medicina de Madrid, em abril de 1903, Pavlov
leia um relatório sobre "Psicologia Experimental e Psicopatologia da
Página 40
Animals ", que continha suas primeiras definições de condicionados e incondicionais

reflexos identificados. 1 7 3
Entre as publicações daquele ano, três tiveram relevância direta para
psiquiatria dinâmica. Janet publicou seus dois grandes volumes, The Obsessions
e Psychasthenia, uma descrição completa e precisa de obsessões e
distúrbios psicastênicos afins, com muitos relatos de casos e um elabora-
ção de seus novos conceitos de força psicológica e tensão. 1 74
A segunda foi a obra póstuma de Frederic Myers, Human Person-
alidade.1 75 Este livro não apenas compilou uma coleção incomparável de fontes
material sobre os tópicos de sonambulismo, hipnose, histeria, dupla personalidade,
e fenômenos parapsicológicos, mas também continha uma teoria completa
da mente inconsciente, com sua regressiva, criativa e mitopoética
funções. 1 7 6
Na literatura psicológica daquele ano, no entanto, nada poderia
igualar o sucesso do livro de Weininger, Sex and Character.
Weininger pretendia criar uma nova metafísica dos sexos: a diferença seja
entre homem e mulher é tomado como ponto de partida para a elucidação do numemus
psicológico, sociológico. problemas morais e filosóficos. Seu princípio básico é
a bissexualidade fundamental do ser humano. Nos primeiros capítulos de seu livro,
Weininger compila todos os dados anatômicos, fisiológicos e psicológicos disponíveis
dados sobre a bissexualidade dos seres vivos. Ele se refere a um zoólogo dinamarquês, JJ
Steenstrup, que já em 1846 proclamou que a sexualidade é característica, não
apenas do corpo como um todo, mas de todos os órgãos e células. Weininger con
considera cada homem ou mulher uma combinação em várias proporções de dois
"substâncias", uma masculina (o arrenoplasma) e uma feminina (a thely-
plasma). Não só a proporção difere em cada célula e órgão de cada
individual, mas oscila no mesmo indivíduo e pode mudar no curso
de sua vida. A lei básica da atração sexual é que qualquer indivíduo é atraído por
outro de proporção complementar (assim, um homem ·% M. + 1/4 F.
uma mulher de 3/4 F. + 1/4 M.). Homossexuais são seres intersexuais cujos objetos de amor
também cumprem esta lei da complementaridade, embora pertencendo ao mesmo sexo.
De acordo com Weininger. todo o indivíduo está presente em cada um de seus
atos. enunciados. sentimentos ou pensamentos. em cada momento de sua vida. Isso fornece
uma base para uma ciência da Caracterologia. Desde a bissexualidade e a oposição do
o tipo masculino e o feminino são fatos permanentes, eles se refletirão em cada
possível setor da vida psíquica. Weininger esboça uma tipologia do intermediário
tipos: o homem feminino. a mulher masculina (a esta última pertencem aquelas mulheres
que lutam pela emancipação; mulheres superiores são seres nos quais um elemento masculino
é predominante). Acima de tudo, Weininger descreve dois tipos ideais opostos, o
'· Macho absoluto "e a" fêmea absoluta ". Não deve ser confundido com a média
homem e a mulher média. A diferença essencial entre homem e mulher
é que na mulher a esfera sexual se estende a toda a personalidade: "Mulher é
nada além de sexualidade, o homem é sexualidade mais outra coisa .... Mulher é apenas
sexual, o homem também é sexual. "O homem tem algumas zonas erógenas bem localizadas, em
mulher eles se estendem por todo o corpo. "A mulher está continuamente, o homem inter-
ligeiramente sexual. ... O homem tem um pênis. a vagina tem a mulher .... toda a mulher
Página 41
corpo é uma dependência de seus genitais. ·· O homem é mais objetivamente consciente de seu
sexualidade. à diferença de \\ oman; ele pode se separar dele, seja para
aceitá-lo ou rejeitá-lo.
Outra diferença básica entre o "masculino absoluto" e o "absoluto
feminino "está em seu respectivo nível de consciência. A mulher ainda está no nível
da galinha ide (isto é, percepção e sentimento são indiferenciados); em um homem
percepção e sentimento são distintos. daí uma maior clareza de pensamento. a capacidade
para expressar pensamentos em "ordens" e atingir a objetividade. "O homem vive conscientemente,
mulher inconscientemente. ·· A função do homem típico é levar a mulher para
consciência. Genius é a habilidade de maior clareza de pensamento com uma con mais ampla
consciência; assim, resulta em um maior grau de masculinidade ao qual uma mulher
não pode atingir. A vida psíquica da mulher e sua memória não têm continuidade;
a memória do homem é contínua. A continuidade é a base do pensamento lógico. de ético
vida. e da personalidade como um todo. Portanto, a "mulher abstrata" é alógica,
amoral. não tem ego. e deve ser mantido fora dos assuntos públicos.
Weininger distingue os tipos opostos de mulheres ideais: o "absoluto
prostituta "e a" mãe absoluta. .. O tipo mãe existe apenas para o presente
preservação da raça humana: seu único objetivo é a criança. ela se tornaria uma mãe
por qualquer homem; ela é corajosa e econômica. O tipo de prostituta existe apenas para o
por causa da relação sexual; ela é CO \\ ardly e pródiga. O tipo "prostituta" por
recebe e é estimulada b) a masculinidade do filho: e uma vez que nenhuma mulher é inteiramente
do tipo · · mãe ... a relação mãe e bebê sempre tem um certo
afinidade com a de '' omã e homem. como evidenciado no prazer sensual de
mulheres ao amamentar no peito. No homem. Weininger distingue sexualidade e
erotismo. O amor é uma ilusão criada pelo desejo do homem. A relação do homem e
a mulher é de sujeito e objeto; em termos aristotélicos. mulher é o "assunto"
sobre o qual a "forma" masculina atua. Os princípios masculino e feminino não são
igualmente distribuídos. não apenas entre os indivíduos humanos, mas também entre as nações: o
Chinês. e particularmente os judeus. são mais "femininos". 17 7
As 4 72 páginas do livro de Weininger foram complementadas com 133-

apêndice da página, com citações de clássicos gregos, latinos e alemães,
Shakespeare. Dante. filósofos antigos e modernos, Padres da
Igreja e psiquiatras contemporâneos. incluindo Janet, Breuer, Freud,
Fliess, Krafft-Ebing e os sexólogos e outros. Sexo e caráter eram
amplamente revisado, despertou uma tempestade de controvérsias, foi saudado como um mestre
peça. e obteve um sucesso fabuloso, especialmente na língua alemã
países, Itália, Rússia. e Dinamarca. Na Suécia, conquistou o entusiasta
admiração de Strindberg. Em Viena, foi o assunto da cidade durante meses.
Seu sucesso foi reforçado pelo fato de que o autor, que tinha apenas 20 anos,
três anos de idade. cometeu suicídio antes do fim do ano. 178
O conceito da bissexualidade fundamental do ser humano, junto
com o da libido, foi a base de uma classificação e teoria aperfeiçoadas
das anormalidades sexuais expostas por G. Herman em Libido and Mania. !? 9
Este pequeno livro não atraiu muita atenção na época, mas parece
para nós, em retrospecto, como um precursor dos Três Ensaios de Freud .
Entre a produção literária de 1903, dois outros livros foram destinados
Página 42
para adquirir fama mais tarde através dos comentários de Freud. Um foi uma apologia
por um magistrado com distúrbios mentais, o presidente Daniel Paul Schreber. 18 0
O outro era um romance de Wilhelm Jensen, Gradiva.
Norbert Hanold. um jovem arqueólogo. viveu apenas para a antiguidade greco-romana,

e era indiferente aos seus contemporâneos. e especialmente para mulheres. Quando criança. ele
tinha sido amigo da pequena Zoe Bertgang. filha de um professor de zoologia. Ele
esqueci dela. ao ponto \\ aqui ele não a reconheceu. embora ela vivesse no
a mesma rua. Uma vez. em Roma. Norbert viu um baixo-relevo de uma jovem levantando-a.
hemline e caminhada. seu \\ oito em seu pé direito e o esquerdo flexionado para o próximo
degrau. Hanold se apaixonou pelo alívio. e mandou fazer um gesso para pendurar em seu
quarto. Ele construiu uma fantasia em torno da jovem. a chamou de Gradiva. a
"walking one" (sem perceber que esta era uma tradução de Bertgang); e
imaginava que ela \\ como a filha de um sacerdote de Pompeia que morreu no
catástrofe de 79 DC . Uma vez ele sonhou que estava em Pompeia no dia do
catástrofe. que ele sa \\ Gradiva caminhando sob uma queda de cinzas. então deitado
transformado em pedra. Este sonho inspirou um desejo repentino de ir para a Itália. mas em
Roma e Nápoles, ele foi repelido por casais em lua de mel da Alemanha. e
partiu para Pompeia. Lá. ele sonhou que estava sob uma queda de cinzas e viu
Apolo carregando Vênus nos braços para uma carruagem. No dia seguinte. sentado
em meio à ruína ao meio-dia. ele Sa \\ a verdadeira Zoe. quem ele acreditava ser Gradiva.
Como ele reprimiu o pensamento de Zoe e o transferiu para a Gradiva de sua
fantasia. ele agora transferiu a fantasia para a Zoe real. O autor descreveu
bem, o sentimento de Norbert de que Zoe \\ ao mesmo tempo uma estranha e ainda familiar.
Zoe aos poucos compreendeu sua ilusão e entrou nela. No dia seguinte.
ele conheceu o pai de Zoe caçando lagartos. e soube que ele estava hospedado no
Sun Hotel. Na noite seguinte, ele sonhou que viu Gradiva sentada no
sol pegando um lagarto. e dizendo "Fique quieto. o colega está certo - ela tem
aplicou o aparelho com sucesso ... No terceiro dia. Zoe facilmente o livrou de seu
ilusão. eles ficaram noivos. e decidiu passar a lua de mel em Pompeia. 181
Para os contemporâneos, Gradiva foi apenas um desses romances neo-romano
estilo tic que ilustrou o tema atual da paixão de um homem por uma mulher
"fantasma." 1 Hl A história de um jovem em busca do objeto de sua visão
na vida real e encontrá-lo na pessoa de um companheiro de infância tinha sido
contada por Navalis em The Disciples in Sais. 18 3 condição de Norbert teria
familiar aos psiquiatras do século anterior como um exemplo de
"visão extática": Prichard a descreveu em 1835 como uma condição transitória
onde um vívido devaneio e eventos da vida normal estão perfeitamente combinados. 184
Quem poderia imaginar em 1903 que Gradiva seria resgatada do esquecimento
quatro anos depois, graças ao comentário psicanalítico de Freud? ele faria
tornou-se moda para os psicanalistas ter um elenco do relevo Gradiva
em seus consultórios, e aqueles que viveram em Paris em 1936 ou 1937 maio
lembre-se de uma pequena galeria de arte na rue de Seine sob o signo de "Gradiva".
O ano de 1904 trouxe um golpe mais severo para o prestígio europeu do que
sempre soube. Um grande poder. Rússia. foi atacado por um não europeu
Página 43
poder, o Japão, que esteve aberto à civilização ocidental por dificilmente

mais de meio século. Pior, talvez, foi o fato de nenhum outro poder
protestou contra a traição do ataque do Japão à frota russa sem um
declaração de guerra. Tendo assim obtido uma vantagem estratégica desde o início,
os japoneses venceram constantemente os russos. Foi uma compensação insuficiente
que pela primeira vez um russo, Pavlov, ganhou o Prêmio Nobel.
Enquanto isso, uma exposição universal foi organizada nos Estados Unidos,
em St. Louis, Missouri. Seguindo o exemplo das exposições francesas,
incluiu um Congresso de Artes e Ciências. Havia várias seções
dedicado às várias ciências. Na divisão de Ciências Mentais, Depart-
mento XV foi dedicado à psicologia e incluiu uma seção sobre anormal
psicologia, cujo secretário era o Dr. Adolf Meyer, e os dois convidados
palestrantes, Pierre Janet e Morton Prince. Pierre Janet foi para a America
pela primeira vez, para ler um jornal em St. Louis em 24 de setembro de 1904, en-
intitulado "The Relations of Abnormal Psychology" 185 Seguindo o artigo de Janet,
Morton Prince falou sobre "Alguns dos problemas atuais do anormal
Psicologia ", no decorrer do qual ele disse que" certos problemas em sub-
o automatismo consciente estará sempre associado aos nomes de Breuer
e Freud na Alemanha, Janet e Alfred Binet na França. "Uma lista de obras
de referência em psicologia anormal que foi preparada por Morton
Prince incluiu obras de Bernheim, Flournoy, Fore! E outros, os Estudos
em Hysteria de Breuer e Freud, bem como quatro livros de Janet, três de
Binet e dois de Freud.18 6
A fama de Janet já estava bem estabelecida nos Estados Unidos, e depois
no Congresso ele deu palestras em Boston e em outros lugares. Entre o pub de Janet
licitações daquele ano a história de Irene foi notável naquela histérica
sintomas foram rastreados e explicados por eventos traumáticos, exatamente como em
Histórias de casos anteriores de Janet de Marie e Justine, mas com esta diferença:
Janet agora admitia que a memória do trauma tinha sido um pouco
alterado (em contraste com Freud, que sustentava que o inconsciente
memórias permaneceram inalteradas).
Dois neuropsiquiatras franceses, Camus e Pagniez, traçaram uma história de
psicoterapia, com ênfase nos métodos de isolamento, sugestão, per-

persuasão e treinamento.l 87 Uma estrela nevada, entretanto, apareceu no firma-
tratamento de psicoterapia. Um médico suíço, Paul Dubois, ensinou que neurótico
distúrbios e muitas doenças físicas eram produtos da imaginação
e poderia ser curado pela vontade por meio da autoeducação. 188 Em 1904, Dubois deu
palestras na Universidade de Berna sobre os métodos psicoterapêuticos que ele
empregado em sua prática e sanatório. De acordo com todas as contas, Dubois
foi um terapeuta de muito sucesso; pacientes vinham até ele de todo o
mundo, e o professor Dejerine, da Salpêtrière aprendeu seu método
dele. As razões para o sucesso terapêutico de Dubois não são aparentes
de seus escritos e parecia misterioso para seus contemporâneos.
Em Viena, Psychopathology of Daily Life, de Sigmund Freud , agora publicado
Página 44
lished em forma de livro, foi avaliado favoravelmente. 189 Quando Lowenfeld pub-
Lido um volume sobre obsessões. ele pediu a Freud para contribuir com uma pesquisa
de seu método psicanalítico. 1 90
Na Alemanha, Hellpach enfatizou o papel da classe social na
etiologia da histeria, mas no que diz respeito à psicogênese ele adotou a de Freud
teorias. 191 Emil Raimann (que mais tarde se tornaria um amargo adversário
de Freud) revisou as várias teorias da histeria, dando um objetivo
relato da "teoria de Breuer-Freud", embora ele fosse crítico de sua teoria
implicações apeêuticas. 1 92
O ano de 1905 trouxe o fim da guerra Russo-Japonesa. o
Os russos sofreram derrota após derrota. A frota do Báltico, que alcançou
o Oceano Pacífico depois de navegar meio mundo, foi afundado em
algumas horas pelos japoneses. Um exército russo sitiado em Port Arthur foi
compelido a capitular. O presidente Theodore Roosevelt ofereceu-se como
mediador do tratado de paz assinado em Portsmouth, New Hampshire.
Seguindo aquela humilhação nacional. uma revolução estourou na Rússia, mas
foi esmagado. O Czar então concedeu algumas reformas e a criação de um
órgão representativo. a Duma. Enquanto isso, os alemães adotaram mais
atitude agressiva em assuntos políticos e surgiu um conflito com a França sobre
Marrocos.
Naquele ano, Albert Einstein lançou sua primeira publicação sobre a teoria da
relatividade. Em Genebra, Claparede publicou sua Psicologia da Criança,
que foi considerado por muitos um marco na história da criança
psicologia e educação. 1 93 Em Paris. Alfred Binet, com Theodore Simon,
publicou seu método para a medição da inteligência da criança. 194
Os dois autores provavelmente não previram em que medida e com que
velocidade seu método seria adotado e aplicado. O livro de Forel sobre o
questão sexual teve um sucesso imediato, foi traduzida em muitos idiomas
indicadores e deveria aparecer em muitas edições revisadas. 1 9S
O ano de 1905 foi fecundo para Sigmund Freud. quem publicou três
de suas principais contribuições: Os Três Ensaios sobre a Teoria Sexual, Piadas
e o Inconsciente, e o caso clínico da paciente Dora. Os tres
Costuma-se dizer que os ensaios foram uma "" novidade revolucionária "que" despertou
uma tempestade de indignação e abuso ". Essas duas contenções são, para dizer o
pelo
desdemenos, exagerado.
a publicação Durante as três
de Psychopathia décadas
Sexualis de anteriores,
Krafft-Ebinge particularmente
. Havia
houve uma enxurrada de literatura sobre psicologia e patologia sexual, e
dificilmente há algo nos Três Ensaios que não tenha sido antecipado em um
de um jeito ou de outro. Uma pesquisa objetiva da literatura contemporânea, além disso
mais, indiscutivelmente mostra que as idéias de Freud encontraram muitos simpáticos
interesse. Bry e Rifkin 1 96 forneceram trechos das críticas favoráveis
escrito por Eulenburg, 1 n Nacke. 198 Rosa Mayreder, 199 Adolf Meyer, zoológico
e, particularmente. por Magnus Hirschfeld. 201 Outros exemplos poderiam ser
adicionado. No jornal Die Fackel de Karl Kraus . Otto Soyka comparou a de Freud
Página 45
Três ensaios com a questão sexual de Forel . Soyka escreveu comentários sarcásticos
no último, mas concedeu o maior elogio ao conteúdo, novidade e
estilo do livro de Freud e o equiparou à Metafísica de Schopenhauer
Love.202
O florescimento da psicanálise: 1906-1910

Característica deste período foi o contraste entre o lento desenvolvimento
o trabalho de Janet em sua estrutura acadêmica e o rápido crescimento de
A psicanálise de Freud. que adquiriu a qualidade de um movimento.
Foi o ano de 1906. novamente, cheio de tensões e rumores de guerra. Conflitos
sobre o Marrocos e a distribuição das colônias novamente trouxe os europeus
poderes à beira da guerra, mas a paz foi mantida graças ao
Conferência de Algeciras. que manteve a soberania de Marrocos embora
sob controle administrativo francês e espanhol. Os alemães sentiram que eles
foram enganados por esses arranjos. São Francisco foi destruída por um
terremoto e incêndio subsequente. 20 3
Em Genebra, Claparede organizou um seminário de psicologia aplicada à
educação, mas foi forçada a fechá-la como consequência de uma intriga.
Um homem de amplos interesses, ele também havia iniciado experiências com seus alunos
sobre a psicologia do testemunho. enquanto Binet. em Paris, conduziu pesquisas sobre
o testemunho de crianças.
Em Paris, Janet enfrentou a oposição crescente de Babinski e Dejerine.
Babinski, como vimos, era o líder de uma tendência que poderia ser chamada
antipsicológico. Dejerine era a favor da psicoterapia, mas o método
ele apresentou a Salpetriere foi inspirado por Dubois. A reputação de Janet
ção era muito grande nos Estados Unidos; ele foi convidado para a abertura
cerimônias para os novos edifícios da Harvard Medical School e deu
uma série de palestras em Harvard de 15 de outubro ao final de novembro.
Sob a orientação de Eugen Bleuler, a Burgholzli University Mental
Hospital em Zurique se tornou um centro muito ativo e progressivo e
O próprio Bleuler publicou um estudo notável sobre a paranóia. 204 Ele conheceu Freud
dois anos antes e adotou várias de suas idéias. Ele reconheceu que
Os princípios de Freud podem ajudar na compreensão do significado da
delírios de certos pacientes psicóticos. 205 Bleuler confiou em Carl Gustav
Jung com uma investigação de "demência precoce" por meio da palavra
teste de associação. Como vimos, essa pesquisa logo rendeu
descobertas. 206 Jung descobriu que o teste de associação de palavras poderia ser usado como
um detector de complexos. Foi a primeira vez que um teste psicológico foi

aplicado para a investigação da mente subconsciente.
Conforme as idéias de Freud se espalharam. mais críticas foram expressas. Aschaffenburg
escreveu que, enquanto Freud ficou sozinho com suas afirmações sobre o
papel da sexualidade nas neuroses. alguém poderia se contentar em verificar seu interessante
ideias em casos individuais; mas agora que autores notáveis como Lowenfeld,
Hellpach, Bleuler e Jung estavam abertamente do lado de Freud, era necessário
Página 46
para assumir uma posição pública. Aschaffenburg não tinha dúvidas de que havia um
elemento de verdade nas afirmações de Freud sobre os papéis das reminiscências
e sexualidade na histeria, mas ele tinha reservas sobre a maneira como Freud
explorou as mentes de seus pacientes e a qualidade duradoura de suas curas.
Freud não deu indicações precisas quanto ao número de seus casos e
a proporção de tratamentos bem-sucedidos. Qualquer psiquiatra, Aschaffenburg
disse, com qualquer método, dedicando tanto tempo quanto Freud dedicou a um paciente,
seria bem sucedido. Jung logo respondeu a esta crítica no mesmo jornal,
dizendo que tinha usado o método de Freud e que tinha encontrado a confirmação
para seu uso em todos os aspectos.2 ° 7
Nos Estados Unidos, um psiquiatra suíço, Adolf Meyer, começou a
ensinam um novo conceito de demência precoce, ainda mais revolucionário do que
o de Bleuler. 208 Cada indivíduo, disse Meyer, é capaz de reagir a
uma grande variedade de situações por um número limitado de tipos de reação. Alguns
estes são saudáveis e conduzem a um ajuste satisfatório, outros são
diversas reações substitutivas. Ainda outros são prejudiciais e perigosos (chocalho
atrapalhado, acessos de raiva, ataques histéricos, falsas atitudes prolongadas e assim por diante).
Em pacientes que tendem a apresentar demência precoce confirmada, certos tipos de
reações inadequadas ocorrem com tal frequência que esta deterioração de
hábitos devem ser considerados o principal processo patológico, e isso seria
fornecer uma nova abordagem terapêutica.
Um romance, Imago , do poeta suíço (e futuro vencedor do Prêmio Nobel) Carl
Spitteler, apareceu em 1906 e teve um sucesso inesperado entre os psicopatas
analistas. 20 9
Um poeta de 34 anos. Yiktor. volta para uma breve visita ao pequeno

cidade de seu nascimento e juventude. Anos atrás. ele tinha conhecido casualmente uma jovem,
Theuda Neukomm; nenhum senhor de amor foi trocado. Theuda nunca soube de
seus sentimentos por ela. mas Viktor recebeu deste breve encontro uma "parusia",
isso é. um tipo de visão espiritual ou revelação. Ele fez de Theuda um ideal
imagem e fonte de inspiração sob o nome de Imago. Agora, ele aprendeu
que Theuda se casou com um certo Diretor Wyss e teve um filho. Ele decidiu
infligir uma punição simbólica ao "infiel" a quem ele chama de Pseuda, em
a fim de restabelecer a imagem original da Imago. Logo após sua chegada, Yiktor
é convidado para as reuniões da ldealia. um entretenimento local e benevolência
sociedade. Embora ele cometa erro após erro, ele é convidado para o círculo familiar
do Diretor Wyss. Este último pede que ele escreva um poema para a festa anual de
Idealia. Uma espécie de conto de fadas encenado é representado por membros disfarçados do grupo.
Quando o homem que quiser fazer o papel do urso for chamado para um assunto urgente
Yiktor é convidado a substituí-lo e ele resmunga para a satisfação do público.
O ponto alto vem quando Frau Wyss canta um poema para uma grande "Crisálida", a
véus caem e a "borboleta" sai: uma jovem órfã a idéia / tipo (ideal
criança). protegido pela ldealia. e que agora, por sua vez, recita um poema para ela
benfeitores. A partir daquele momento. Yiktor percebe que está desesperadamente apaixonado
com Theuda. mas ele comete novos erros. Mesmo assim. ele é convidado pelo
Wysses para o aniversário de seu filho pequeno. Theuda. em um vestido branco como uma fada
Página 47
rainha. com 111 o asas e uma coroa na cabeça. recita um poema; o extasiado
Yik tor a vê como uma deusa. 11 dias depois, ele se joga de joelhos
diante dela e confessa seu lme. Para ajudá-lo a sair dessa situação, ela
permite que ele venha todos os dias e converse com ela. Suas conversas gradualmente se tornam
mais impessoal até que uma vez ela perguntou quando ele deixaria a cidade. Com um
após uma visita. Theuda não está em casa. Yiktor é recebida por seu marido gentilmente,
mas com sugestões inconfundíveis. Na mesma noite. Senhoria de Yiktor,
Frau Steinbach. um jovem 11 ido11. pergunta a ele com raiva quando ele vai parar de fazer
um tolo de si mesmo. Yiktor descobre que o terrível 11ord que ele disse a Theuda foi repetido
por ela, não apenas para o marido, mas para Frau Steinbach. Yiktor se sente como se ele
estavam "babando de vergonha como um rato em um penico". No dia seguinte ele
sai da cidade. 11 eu nunca tinha notado que Frau Steinbach estava apaixonada
com ele desde o início. Mas no11 ele desvencilhou a verdadeira Imago de
o real Theuda e a espúria Pseuda. A Imago purificada será para
ele uma fonte brilhante de inspiração para o resto de sua vida.
Tanto o enredo quanto o estilo desse romance parecem curiosamente anacrônicos

hoje, mas a Imago de Spitteler deve ser entendida à luz do pensamento
no momento. Vimos que a noção de uma imagem imaginária projetada
em uma pessoa real era um tema comum na filosofia e ficção romântica
e que se tornou novamente um tópico atual para discussão no final do
século dezenove. 210 Muito foi escrito sobre as inspiratrizes femmes
e os efeitos destrutivos de confundir a pessoa real com o fantasma.
O romance de Jensen, Gradiva, em 1903, havia renovado o tema, em que a mulher
quem foi o objeto da projeção ajudou o herói da história a sair
ilusão por meio de uma espécie de psicoterapia. Isso também é o que Spitteler relatou
em seu romance com maior perspicácia psicológica. Encontramos aqui um dos
ligações entre a tradição romântica e a nova psiquiatria dinâmica.
O romance de Spitteler foi muito admirado pelos psicanalistas; eles adotaram o
termo imago para designar a imagem que um indivíduo constrói inconscientemente de sua
pai ou mãe independentemente de como realmente sejam. Esta noção
mais tarde desenvolveu-se no conceito junguiano de anima. O título Imago também foi
para ser entregue a um jornal psicanalítico, uma coleção de livros psicanalíticos,
e finalmente à casa que publicou as obras completas de Freud.
Em 1907, as tropas de ocupação francesas desembarcaram no Marrocos e o presidente
Theodore Roosevelt enviou a Grande Frota Branca ao redor do mundo para mostrar
o poder americano. Houve crises agrícolas e motins no sul de
França, novos cardumes de arte são muito discutidos e jovens artistas audaciosos
como Picasso veio para o centro das atenções.
Em Berna, Dubois foi imensamente bem-sucedido com suas teorias do
influência da mente sobre o corpo; seus livros eram constantemente reeditados
e traduzido. Zurique, por sua vez. surgiu como um grande centro de psicoterapia.
Em fevereiro de 1907. Jung 11 foi a Viena para visitar Freud, acompanhado por um
jovem colega. Ludwig Binswanger. Freud, que apesar do crescimento da
seu grupo. não ficou satisfeito com a recepção dada às suas ideias em Viena
Página 48
e ficou feliz em saber que haviam sido aceitos em uma universidade.

Freud ficou muito impressionado com a personalidade de Jung e o viu como um potencial
sucessor. Jung pensou que agora havia encontrado o mestre por quem ele tanto
vinha pesquisando e estava ansioso para propagar os conceitos freudianos no
Burgholzli. Daquele dia em diante, parece que a psicanálise teve dois
centros, Viena e Zurique. e toda a equipe do Burgholzli era
tomado por um interesse apaixonado pelas idéias de Freud. Um jovem médico,
O Dr. AA BrilL, que veio trabalhar no BurghO! Zli naquela época, mais tarde lembrou
suas impressões daqueles dias:
Em 1990, todos no Burgholzli estavam ativamente engajados em dominar a

psicanálise. Professor Eugen Bleuler. o diretor que foi o primeiro ortodoxo
psiquiatra a reconhecer o valor da contribuição de Freud, exortou seus assistentes
dominar essas ne \\ teorias e utilizar as técnicas de Freud em suas
trabalhos. Chefiado por pulmão. todos os assistentes da Clínica trabalharam com a Associação
experimentos; por horas diárias, eles examinaram pessoas de teste a fim de descobrir,
experimentalmente, se as opiniões de Freud estavam corretas. ... É completamente impossível
descreva hm \ eu me senti quando fui aceito nas fileiras desses ardentes e
trabalhadores entusiasmados. Tenho certeza de que nenhum grupo de trabalhadores psiquiátricos jamais
existia antes ou desde então. Não foram apenas os princípios freudianos aplicados ao
pacientes, mas a psicanálise parecia obcecar a todos na clínica.
Em Viena, Freud reunia mais discípulos a cada ano e recebia

visitantes estrangeiros. Seus alunos publicaram contribuições originais, como Alfred
Adler's Study of Organ lnferiority. 212 Um jovem de 20 anos, Otto
Rank impressionou o grupo psicanalítico com sua monografia, The
Artista. 213
Quanto mais a psicanálise assume o caráter de um movimento, mais
polêmica surgiu em torno disso. Como exemplo, tomaremos a Primeira Internacional
Congresso de Psiquiatria e Neurologia, realizado em Amsterdã
de 2 a 7 de setembro de 1907. e apresentou aos participantes uma oportunidade
oportunidade para expor as tendências rivais da psiquiatria dinâmica. 214 Um dos
grandes discussões. em 4 de setembro, foi dedicado a teorias modernas da
gênese da histeria, e o relatório principal foi confiado a Janet. Janet
reafirmou sua teoria das idéias fixas subconscientes e o estreitamento do
campo de consciência resultante da dissociação mental, e concluiu que
a histeria pertencia a um grupo mais amplo de depressões mentais. Seguindo Janet,
Aschaffenburg apresentou uma crítica à teoria da histeria de Freud. Freud's
teoria, disse ele, não explica por que certos indivíduos ficaram histéricos e
outros não, depois de sofrer trauma semelhante; a predisposição deve desempenhar um papel.
Freud e Jung, acrescentou. colocam tanta ênfase na sexualidade que eles
promoveu o aparecimento de representações sexuais nos pacientes.
O terceiro palestrante foi Carl Gustav Jung, que começou com um histórico
pesquisa. e declarou que "os pressupostos teóricos para o pensamento
trabalho de investigação freudiana reside, acima de tudo, nas descobertas de Janet
Página 49
experimentos. "Jung deu um esboço extenso da técnica psicanalítica, e

afirmou que sua própria experiência confirmava cada um dos pontos de Freud.
De acordo com Jones, que estava presente na reunião, Jung "cometeu o erro
de não cronometrar seu trabalho e também de se recusar a obedecer às repetidas
sinais para terminar. Em última análise, ele foi compelido a, ao que, com um rubor,
cara zangada, ele saiu da sala. "2 15
No dia seguinte, 5 de setembro, houve uma animada discussão sobre a natureza
de histeria, e várias opiniões foram ao ar. 216 Dupre, Auguste Marie e
Sollier defendeu suas respectivas teorias. Joire afirmou que a histeria
resultou de modificações no potencial nervoso e que ele tinha
inventou um aparelho, o "estenômetro", que poderia demonstrar esses
modificações. Bezzola disse que aceitava a velha teoria de Breuer-Freud, mas
não a teoria psicanalítica mais recente de Freud. Otto Gross e Ludwig Frank
defendeu a teoria da histeria de Freud, com o que Konrad Alt e Heilbronner
atacou. Alt declarou: "Se as concepções de Freud sobre a gênese da histeria
prevalecesse, os pobres histéricos seriam desprezados, rejeitados como antes. Isso seria
significa um grande passo para trás, em grande detrimento do infeliz
pacientes. "Janet declarou:" O primeiro trabalho dos Srs. Breuer e Freud sobre
histeria em 1895 é, na minha opinião, uma contribuição interessante para o trabalho de
Médicos franceses que sim. por quinze anos, analisou o estado mental
dos histéricos por meio da hipnose ou da escrita automática. "Breuer e Freud
encontraram casos semelhantes aos dos autores franceses, acrescentou Janet, mas
Freud generalizou indevidamente a partir deles. Todos nós sabemos, concluiu ele, que
na histeria, às vezes encontramos ideias sexuais fixas, mas não se deve fundamentar
uma teoria geral para a histeria nesses casos.
Dubois falou sobre seu método de tratamento de fobias. Emoções, ele disse, sempre
seguir idéias, então o tratamento deve ir à raiz, ou seja, o erro
ideia que o paciente permitiu que se infiltrasse em sua mente. Van Renterghem deu
uma classificação dos métodos psicoterapêuticos em três grupos: aqueles dirigidos
à afetividade do paciente (por exemplo, para dissipar a ansiedade ou para en-
coragem); aqueles dirigidos à sua inteligência (explicações quanto às causas
da doença, treinamento. e reeducação); e aqueles voltados para a imaginação
(variedades de tratamento sugestivo).
Foi interessante ver o quão grande foi o prestígio de Janet neste
Congresso. Ele havia sido acusado do relatório principal sobre histeria; Jung
creditado a ele as idéias básicas de que se originou a psicanálise, e
um jovem médico inglês, Ernest Jones, em um artigo sobre allochiria, referiu
ao "ensaio notável da Professora Janet. que não recebeu a atenção
merece. "Outra característica saliente neste congresso foi o marcado anima-
ção das discussões assim que tocaram na psicanálise. Em um
relatório sobre o congresso. Conrad Alt afirmou que as teorias freudianas
encontraram pouco apoio entre os numerosos neurologistas e psicólogos alemães
quiatras que estavam lá. 217 Foi dito que Janet chamou a hipótese freudiana
esis na histeria uma piada (une plaisanterie) .2 1 8
Página 50
As discussões sobre psicanálise no Congresso de Amsterdã foram

uma parte de uma controvérsia mais ampla, cujo significado muitas vezes foi obscurecido
pela lenda. Um artigo de Friedlander foi citado por Jones como tendo
esteve "cheio de mal-entendidos grosseiros". 219 Na verdade, Friedlander deu o devido
crédito ao método de Freud e disse: "Eu considero os estudos de Breuer-Freud como
°
uma das obras mais valiosas sobre a histeria. " 22 Friedlander, porém,
não aceitar o argumento de Jung de que apenas aqueles que usaram o método psicanalítico
método tinha qualquer direito de questionar Freud; uma maneira de refutar Freud era
curar a histeria por métodos não analíticos. Friedlander falou de sete gravemente
pacientes histéricos que ele tratou por um método não analítico e que tiveram
permaneceu curado por até duas décadas. O mesmo poderia ser dito sobre
Os alegados ataques violentos de Weygandt à psicanálise. 221 Weygandt objetou
à maneira como os discípulos de Freud compararam seu mestre a Galileu
e se recusou a ouvir qualquer opinião que não correspondesse à de Freud
teorias. Weygandt também se opôs ao argumento de que "apenas aqueles que
tinha usado o método psicanalítico tenho o direito de discutir "porque
métodos defeituosos dão descobertas erradas, e repetir o método defeituoso
necessariamente produzem o mesmo erro continuamente. "Weygandt também
considerados certos termos psicanalíticos não científicos, por exemplo, "desejo realizado
preenchimento. "Em uma resenha do livro The Psychology of Dementia Praecox de Jung ,
Isserlin se perguntou se havia uma conexão causal entre o
palavra de teste e a resposta. e se a resposta realmente revelou dissociação
complexos. 222 Esta crítica metodológica foi denominada por Jones "violenta
polêmica."
Em 1908, o Império Turco. "o homem doente da Europa", mostrou que
ainda não estava morto. Ocorreu um evento que alguns consideraram a morte final
agonia, outros o primeiro sinal de recuperação. Um grupo de revolucionários, os
Jovens turcos. cansado do despotismo sangrento do Sultão Abdul Hamid II,
realizou um golpe de estado, após o que o sultão ofereceu-lhes uma parte na
governo. As minorias oprimidas do Império Turco começaram a se reunir
esperança. Os búlgaros proclamaram sua independência, e a agi-
tação surgiu entre os armênios. que sonhava em emancipá-los
eus como os gregos. Sérvios. e os búlgaros o fizeram. O austríaco
O governo húngaro aproveitou a oportunidade para proclamar a anexação
das províncias da Bósnia e Herzegovina, que por três décadas teve
nominalmente estava sob a soberania do sultão, embora na prática eles
tinha sido administrado pela Áustria-Hungria. Esta anexação aumentou
tensão política entre a Áustria-Hungria de um lado e a Sérvia
e a Rússia do outro. As tensões entre a Alemanha e a França não
diminuído. A reaproximação entre França e Inglaterra. inaugurado
pelo rei Eduardo VII. estava tomando forma, para que a Alemanha se sentisse mais e
mais a vítima de um cerco.
As pessoas tinham a sensação de estarem vivendo em um clima geral de violência e
destrutividade. Os anarquistas continuaram sua atividade e o rei Carlos de
Página 51
Portugal foi assassinado. Novas tendências surgiram entre os europeus

intelectuais nas formas de antidemocratismo, antiintelectualismo e fu-
turismo. O economista Georges Sorel publicou suas Reflexões sobre a violência,
uma negação da fé liberal na razão e no progresso.223 O público era
chocado com exposições de pinturas cubísticas. Muitas pessoas vieram a pensar em
guerras terríveis como o resultado inevitável da política internacional
situação. Karl Kraus previu que o advento da aviação desencadearia o
colapso do mundo. 224
Nunca tinha havido mais conversa sobre psicoterapia, tanto no que diz respeito
para hospitais psiquiátricos e prática privada. Dois americanos, E. Ryan, 22 S e
R. C. Clarke, 226 que visitou instituições alemãs e suíças, ficou maravilhado
nas realizações terapêuticas nos hospitais psiquiátricos que visitaram em
Berlim, Munique, Tubingen e Zurique. Oberndorf, que estudou na Alemanha
no mesmo ano, fala de um sanatório perto de Berlim, Haus Schonow, onde
esportes, jardinagem e arte-terapia estavam em pleno funcionamento.227
Os pacientes tinham animais de estimação (incluindo um burro) à sua disposição. Em Paris, Pierre
Janet fez um levantamento de todos os métodos de psicoterapia no College de
França, começando com curas religiosas milagrosas, e ampliando
hipnose, sugestão, reeducação e treinamento.
Freud era agora um psicoterapeuta de renome mundial com uma ampla prática,
e novos discípulos continuaram a vir até ele, como Ferenczi e Brill.
Uma reunião informal de pessoas interessadas em psicanálise foi realizada em
Salzburg em 26 de abril, com quarenta e dois participantes, sendo a maioria
Austríacos. Dentre os seis trabalhos, um de Freud, apresentando trechos
de um histórico de caso de um paciente famoso, "o homem com os ratos". Mais tarde
anos este encontro veio a ser conhecido como o Primeiro Congresso Internacional
da Psicanálise.
Alguns dos críticos de Freud expressaram ceticismo benevolente e perplexidade.
Essa foi a revisão de Gruhle do artigo de Freud sobre "Moral Sexual Cultural
e Nervosismo Moderno. "228 Depois de um resumo detalhado e objetivo de
o papel, Gruhle acrescentou que cabia a cada um traçar seu próprio
clusions: "Talvez às vezes seja agradável vagar sem ser pisado,
caminhos fantásticos que levam você para longe no reino dos estranhos devaneios. "
A oposição mais decidida contra a psicanálise veio de pessoas que
já o havia recebido com entusiasmo. O célebre diário de Karl Kraus,
Die Fackel, que travou uma luta veemente contra o sexo convencional
moralidade e glorificou o Marquês de Sade e Weininger, elogiou
Os Três Ensaios de Freud . Agora Karl Kraus ridicularizou um psicanalista que
alegou detectar fantasias de masturbação no poema de Goethe, O Aprendiz
Feiticeiro. 22 9 Kraus negou o poder de cura da psicanálise e com
pareado psicanalistas a meteorologistas que pretendem não apenas pré-
dite o tempo, mas para controlá-lo.
Nos círculos psiquiátricos, a polêmica continuou. Em 9 de novembro de 1908,
Abraham leu um artigo na Associação Psiquiátrica de Berlim sobre o
Página 52
significado neurótico do casamento entre parentes próximos. 230 Na tradição

relato internacional, foi uma reunião quase tumultuada que levou a "explosões furiosas"
de Oppenheim contra "essas idéias monstruosas". de Ziehen contra
"tais declarações frívolas" e "absurdos .., e de Braatz que gritou
que "os ideais alemães estavam em jogo. e algo drástico deveria ser
feito para protegê-los. " 231 De acordo com o registro oficial, no entanto, o
a reunião foi muito menos tempestuosa. Oppenheim. embora rejeitando o Édipo
complexo, disse ter visto casos semelhantes ao de Abraão e concordou com
suas interpretações. Ziehen realmente disse que os conceitos de Freud eram
"absurdo" ( Unsinn). mas achou as observações de Abraão interessantes e
geralmente verdade. Rathmann acreditava que os casamentos consanguíneos eram comuns
entre os judeus porque viveram em comunidades isoladas. Em uma conclusão
palavra Abraham afirmou que concordava com Oppenheim. não em relação ao
interpretação, mas quanto aos próprios fatos.
O ano de 1909 trouxe um agravamento das tensões em toda a Europa.
Na Turquia. elementos conservadores se rebelaram contra os Jovens Turcos, cujo
líderes foram assassinados em 31 de março, mas um destacamento do exército com
comandado por Jovens Turcos foi capaz de tomar o poder e depor Abdul
Hamid II, substituindo-o por seu irmão Mohammed V. O novo turco
governo decidiu reorganizar e modernizar a Turquia. O exército era
colocado sob conselheiros militares alemães. Um movimento ferozmente nacionalista
mento surgiu. a consequência disso foi o massacre de armênios em
Cilícia e Constantinopla. O novo governo se esforçou para revitalizar turco
literatura e cultura. Em todo o mundo, o público ficou fascinado por
a conquista do Pólo Norte por Perry. pela exploração de Shackleton do
Regiões polares sul. e pelo primeiro vôo de avião através do Canal da Mancha
por Bleriot.
O Sexto Congresso Internacional de Psicologia foi realizado em Genebra
de 2 a 7 de agosto sob a presidência de Claparede. 232 o principal
O tema do congresso foi O Subconsciente, e o relatório principal foi entregue
pelo homem que cunhou o termo. Pierre Janet. A preocupação de Janet era
distinguir o subconsciente. que era um conceito clínico. do un-
consciente. um conceito filosófico. O primeiro termo foi criado para
resumir as características singulares apresentadas por certos distúrbios de personalidade
em uma neurose particular. histeria. Não havia psicanalistas presentes
para oferecer uma réplica, mas em publicações subsequentes eles interpretaram mal Janet
como tendo rejeitado seus pontos de vista anteriores e negado a existência de
consciente.
Em vista do interesse cada vez maior pela psicoterapia, as tentativas foram
feito para avaliar e comparar o valor dos métodos existentes. Na América,
um trabalho coletivo. editado por WB Parker. continha contribuições sobre o
filosofia e história da psicoterapia. e uma pesquisa de vários métodos:
terapia religiosa do movimento Emmanuel, cura moral de Dubois, De-
método de isolamento de jerine. \\ terapia ork. análise e modificação do
Página 53

ambiente e o procedimento de "asserção criativa" da Cabot.233 O capítulo sobre

a psicanálise foi contribuída por BrilJ.23 4 Em um capítulo final, RC
Cabot criticou a moda atual de considerar a obra de Freud como a mais
parte científica da psicoterapia; em sua opinião, apenas o trabalho de Janet merecia
a este respeito, embora todos os métodos possam ser úteis; J.235
Enquanto isso, o movimento psicanalítico estava fazendo grande avanço
passos largos. Freud e Jung, entre outros cientistas, receberam um convite para
participar das cerimônias pelo vigésimo aniversário da fundação
da Clark University em Worcester, Massachusetts. Uma narrativa animada de Freud
e a visita de Jung à América foi escrita por Jones.23 6 relatos do
sessões são encontradas nos Anais, e interessantes luzes laterais foram
descrito nos jornais de Nova York e Boston.23 7
Nos primeiros dias de setembro de 1909, o New York Times anunciou
que Cook afirmou ter alcançado o Pólo Norte, que a Coroa
O Príncipe da Abissínia ofereceu um elefante branco ao presidente Roosevelt, que
a primeira reunião nacional da aviação registrada foi realizada em Rheims, França,
e que o vapor George Washington havia chegado de Bremen em
30 de agosto. Curiosamente. a lista de passageiros notados não incluiu
Freud e Jung; o psicólogo William Stern, entretanto, foi mencionado.
O Boston Evening Transcript ofereceu relatos detalhados da celebra
ções e palestras. Na segunda-feira. 6 de setembro, William Stern falou sobre o
psicologia de testemunhas. um novo ramo da psicologia aplicada em que ele
tinha sido pioneiro, e no dia seguinte ele falou sobre o assunto da escola
problemas. Entre outros estudiosos eminentes que falaram na terça-feira, setembro
ber 7, foram Franz Boas e Sigmund Freud. The Boston Evening Transcript
relatado em 8 de setembro:
Os alunos do livro do Dr. Freud sobre Análise Psíquica, sem dúvida, imaginaram que ele era
uma pessoa fria e triste. mas essa presunção desaparece quando alguém confessa
enfrenta o homem. dobrado e cinza. mas usar o rosto gentil que a idade nunca poderia
endurece ... e ouve suas próprias histórias de seus pacientes. Dr. Freud é modesto,
e dá o Dr. Breuer. seu colega. mais crédito do que. talvez, seja devido a um homem
que estava disposto a deixar uma discoteca dormir por dez anos ou mais. A característica
apareceu mais uma vez quando o Dr. Freud falava em alemão. mas, como Dr. Stern,
com estudada clareza, falou de um caso próprio. Dr. Franz Boas ... que teve
generosamente cedeu seu lugar no programa da manhã, estava entusiasmado com
o sacrifício. e embora os amigos do Dr. Boas se consolassem que ele estava
Vale a pena esperar. eles ficaram felizes com uma introdução precoce aos vienenses, que
parecia bastante merecedor da honra de uma descoberta que marcou época.
Houve também palestras aprendidas sobre biologia, matemática e a

O médico italiano Volterra relatou em francês as teorias de Maxwell
e Lorentz.
Na quinta-feira, 9 de setembro, uma ampla gama de tópicos científicos foi dis-
cussed nas várias seções. Titchener falou sobre psicologia experimental,
Página 54
C. G. Jung falou sobre o teste de associação de palavras e Leo Biirgerstein de
Vienna ("queAdolf
coeducação. já se tornou
Meyeradeu
favorita do público
um "ensaio de Clark"), em
impressionante" sobre os fatores dinâmicos
na demência precoce, e as palestras de Freud encontraram ouvintes entusiasmados.
Na sexta-feira, 10 de setembro, a miscelânea de palestras sobre temas acadêmicos
contínuo. Freud enfatizou que sua teoria era "dinâmica",
contraste com a teoria "hereditária" da Escola Janet. Jung manteve seu público
fascinado por contar como ele usou seu teste de associação de palavras com sucesso em
detectar crimes e revelar causas ocultas de doenças. O erudito
a atmosfera foi interrompida à tarde quando, em uma conferência sobre educação
ção, a anarquista Emma Goldman, acompanhada por Ben Reitman, "a
King of the Hoboes ", interrompeu a discussão.
No sábado, 11 de setembro, o Boston Evening Transcript foi publicado
uma longa entrevista com Sigmund Freud por Adelbert Albrecht.2 38 Segundo
para o jornalista, Freud previu que o então muito discutido Emmanuel
movimento nos Estados Unidos morreria. Como pioneiros da psicoterapia,
Freud mencionou Liebeault, Bernheim e Moebius. Ele chamou de hipnose
"uma falha e um método de valor ético duvidoso." Em relação ao
cura psicanalítica, Freud disse que "tenho sido capaz de aplicar meu método
apenas para casos graves e considerados desesperadores por outros médicos.
É mais adequado para casos graves. "
Durante sua estada na Clark University, Freud e Jung foram pessoais
convidados de seu presidente, Stanley Hall. Freud declarou, em seu discurso de abertura,
que este convite para a América foi o primeiro reconhecimento oficial de seus esforços,
uma afirmação bastante surpreendente em vista de seu reconhecimento estabelecido por
Bleuler e a equipe do Burgholzli.
Nessa época, Jung havia acabado de renunciar ao cargo de diretor associado
no Burgholzli. Ele agora se dedicava à sua prática privada, ao
direção da recém-fundada International Psychoanalytic Association,
e ao cargo de redator do Jahrbuch. Ele parece que ele tinha totalmente
identificou-se com o destino do movimento psicanalítico.
A literatura psicanalítica aumentava de ano para ano. Freud
publicou muitos artigos, entre os quais dois de seus casos mais famosos
histórias, a história do Pequeno Hans e a do homem com os ratos. Freud's
discípulos foram escritores prolíficos, especialmente Stekel, Rank e Abraham; e
houve muitos outros que são menos lembrados hoje. Além disso,
havia abundante literatura sobre psicanálise, seja na forma
de pesquisas imparciais, ou como controvérsias a favor ou contra ela.
Interessante a esse respeito é um artigo lido por Friedlander no Inter-
Congresso Nacional de Medicina de Budapeste, porque mostra o que exatamente
objeções contra a psicanálise foram:
Primeiro. em vez das demonstrações silenciosas usuais com cientistas em suas discussões,
psicanalistas fazem afirmações dogmáticas pontuadas por explosões emocionais;
psicanalistas são os únicos a igualar Freud a homens como Kepler, Newton,
Página 55
e Semmelweis, e pelo vigor de seus ataques aos adversários. Segundo,

em vez de provar suas afirmações de forma científica, o conteúdo dos psicanalistas
com declarações inverificáveis. Eles dizem: "Nós sabemos da psicologia
experiência analítica que ...,. e colocar o ônus da prova sobre os outros. Terceiro,
os psicanalistas não aceitam nenhuma crítica nem mesmo a expressão das mais
justificado de dúvidas. denominando-os de "resistência neurótica". Friedlander citado
de Sadger: "O pudor dos médicos em suas discussões sobre questões sexuais
é devido menos ao princípio do que ao fundo psicológico .... Em vez de aceitar
como histéricos, eles preferem ser neurastênicos. Mesmo se eles não forem,
eles podem ter que admitir que têm uma esposa, mãe ou irmã histérica. ele vai
contra a natureza admitir tais coisas sobre seus parentes próximos ou sobre si mesmo, então
eles preferem declarar toda a teoria inválida e condená-la a priori. " 239
Friedlander concordou com Aschaffenburg que tal argumentação era inaceitável-
capaz entre os cientistas. Quarto. psicanalistas ignoram o que foi feito antes
por eles ou por outros, afirmando-se assim inovadores. É como se, antes de Freud,
nenhum paciente histérico foi curado e nenhuma psicoterapia jamais foi praticada.
Quinto, as teorias sexuais da psicanálise são apresentadas como fatos científicos, embora
não comprovado. como quando Wulffen diz: "Todos os poderes éticos no interior do homem, seu
sentimento de vergonha, sua moralidade. sua autoridade de Deus. sua estética, seus sentimentos sociais,
originam-se da sexualidade reprimida. "Wulff en lembra Weininger quando ele
disse: "A mulher é uma criminosa sexual nata; sua forte sexualidade quando é bem-sucedida
reprimida facilmente a leva à doença e à histeria, e quando é insuficiente
reprimido, para a criminalidade; frequentemente isso a levará a ambos. "Sexto, Friedlander
se opôs à prática dos psicanalistas de se dirigirem diretamente a
um amplo público leigo, como se suas teorias já tivessem sido comprovadas cientificamente; de
fazendo isso, eles fazem aqueles que não aceitam as teorias parecerem ignorantes e
para trás. 240
Os argumentos de Friedlander foram complementados com outros por

psiquiatras portuários. Uma reclamação comum era a falta de estatísticas em
psicanálise. Outra era que as ideias psicanalíticas eram "engenhosas"
(geistreich), mas não propriamente "científico". Um terceiro estava longe de ser
novas ideias psicanalíticas eram muitas vezes um retorno a conceitos mais antigos e obsoletos
(isso é o que Rieger quis dizer quando falou sobre a psiquiatria das velhas, isto é,
a psiquiatria como era antes da introdução da nosologia moderna; Freud's
teoria sexual da histeria foi vista como um retorno a uma teoria já rejeitada).
Por fim, havia o argumento dos genius loci. Aschaffenburg, LOwenfeld,
e Friedlander explicou o sucesso das teorias sexuais de Freud pelo fato
que caíram em terreno fértil em Viena. Psicopatia de Krafft-Ebing
Sexualis em 1886 teve um sucesso extraordinário em Viena com os leigos
público, e interesse específico em questões sexuais aumentou desde então, como
demonstrado pelo fabuloso sucesso do livro de Weininger, para não mencionar
Schnitzler e as obras de outros escritores. Os pacientes de Freud eram assim
receptivo ao seu tipo específico de perguntas. Este argumento do "gênio
loci, "mais tarde citado por Ladame, e dele por Janet, foi
entendido como se referindo à imoralidade geral dos vienenses
meio.
Página 56
O primeiro período pré-guerra: 1910-1914

Até 1910 a Europa viveu sob o sistema de paz armada, mas
apesar do aumento das tensões políticas, esperava-se que a paz pudesse
ser mantida. Agora, tornou-se evidente que uma conflagração geral foi
inevitável. As Guerras Balcânicas foram vistas por muitos como um prelúdio para a guerra
entre as grandes potências europeias. França, Inglaterra e Alemanha foram

a presa de uma neurose de massa nacionalista, e os esforços desesperados de um
um punhado de pacifistas era totalmente inadequado para neutralizá-lo. 241 A expectativa
ção da guerra foi refletida na literatura da época e no geral
visão da mentalidade das pessoas.
Outro sinal sinistro foi o aparecimento de tendências niilistas, como
o movimento futurista. Um poeta italiano, Filippo Tommaso Marinetti,
pregou a derrubada da moralidade e dos valores tradicionais, a destruição
de academias, bibliotecas e museus; ele exaltou a beleza da velocidade, de
máquinas modernas, perigo e guerra. 242 Marinetti e seus seguidores procuraram
para revolucionar a pintura, escultura, música e literatura; eles organizaram
espetáculos teatrais concebidos para chocar e indignar o público que terminaram em
brigas. Eles promoveram um nacionalismo italiano agressivo; depois eles foram
para fazer uma campanha em favor da intervenção da Itália na Primeira Guerra Mundial
e a causa do fascismo. Marinetti encontrou imitadores em toda a Europa,
particularmente na Rússia.
Esta tensão geral, ao que parece, foi refletida na história da
psiquiatria dinâmica também. Foi um período de polêmicas e crises internas
para o movimento psicanalítico.
O grande acontecimento de 1910 foi a morte do rei Eduardo VII, que foi
sucedido por George V. Durante os dez anos de seu reinado, Edward teve
trouxe uma reaproximação com a França, mas os alemães o acusaram
de ser o autor do cerco político de seu país, então o
situação foi consideravelmente mais explosiva quando ele morreu do que na época
de sua ascensão ao trono. No mesmo ano, um grande apóstolo da paz,
o patriarca de letras europeias de 82 anos, o conde Leo Tolstoi,
morreu. Sua doutrina de não violência seria aplicada mais tarde por seus principais
discípulo, Gandhi.
Durante a primeira década do século XX, houve muitos
mudanças na psiquiatria dinâmica. Quando o jubileu de Bernheim foi celebrado
criado, ele parecia ser uma figura do passado e o endereço que deu foi
cheio de amargura. 243 Tudo o que ele havia escrito durante os últimos vinte
oito anos foram esquecidos, disse ele. Um suíço, Dubois, era agora considerado
o fundador da psicoterapia e a "anexou" (este era um símile para
"Anexação" da Alemanha da Alsácia-Lorena da França). Pelo visto,
Bernheim não percebeu o que estava acontecendo em Viena e Zurique.
Os psicanalistas estavam cada vez mais ativos, principalmente no campo da
interpretação de mitos, literatura e antropologia. Freud publicou seu
Página 57
célebre ensaio sobre Leonardo da Vinci. 244 Jones publicou sua interpretação
ção de Hamlet. 245 O folclorista Friedrich Krauss, cujo periódico
A Anthropophyteia dedicava-se à coleta de piadas obscenas de todos
povos e países, pediu a Freud para dar uma avaliação psicanalítica de
esse material. 24 6
Um segundo encontro internacional ocorreu em Nuremberg em 30 de março
e 31. Ele foi decidiram formar uma Associação Psicanalítica Internacional.
Freud preferia ter um gentio à frente da organização. 247 dentro
apesar de muita oposição dos membros vienenses, Jung foi eleito
Presidente. Em compensação, um novo periódico, o Zentralblatt Fur

Psychoanalyse foi colocada sob a co-redação de Adler e Stekel.
Grande parte do antagonismo sentido naquela época em relação à psicanálise
foi devido aos chamados "analistas selvagens", isto é, pessoas que sem qualquer
preparação para essa tarefa começou a "analisar" de maneiras que muitas vezes provaram
prejudicial para seus pacientes. Hans Bliiher que pertenceu ao Freudian
grupo em Berlim deu uma imagem da situação:
Em Berlim, [Bliiher relata], bem como em Viena e em Zurique, um psicanalítico

grupo consistia em dois círculos: um pequeno médico usando um termo estritamente médico
nologia, e cujo objetivo era o tratamento de neuróticos; e uma configuração muito maior
círculo cuja tarefa era atrair a atenção do público para as neuroses e a psicanálise.
De acordo com Bliiher. este círculo laico foi a principal força motriz da psicologia
movimento analítico; seus adeptos escreveram uma enxurrada de pretensos psicanalíticos
literatura. Em sua maneira desenfreada. eles proclamaram que a psicanálise poderia
fornecem uma chave para todos os problemas possíveis da humanidade, desde a cura do indivíduo
neuroses para a abolição da guerra. Portanto, embora atraíssem pacientes para psicologia
tratamento analítico, eles trouxeram descrédito ao movimento2 46
Foi isso que fez Freud escrever seu conhecido artigo sobre "Wild
Análise. " 24 9 Freud enfatizou que ninguém deveria analisar se ele não tivesse
recebeu treinamento adequado. Freud agora usa o termo psicossexualidade para
a primeira vez. Ele explicou que seu conceito de libido não incluía apenas
os impulsos sexuais instintivos, mas também englobava o significado total de
a palavra alemã lieben (amar). "Quanta raiva e rancor teria
sido salvo se esse esclarecimento tivesse sido dado anteriormente, "Oskar Pfister
comentou. 250
O Congresso Internacional de Psicologia Médica e Psicoterapia,
que aconteceu em Bruxelas de 7 a 8 de agosto, mostrou como a relação
relacionamento entre as escolas de psicoterapia havia mudado. 251 Janet, quem
tinha desempenhado um papel moderador nos congressos anteriores, não compareceu (o seu
relatório sobre a sugestão foi lido à revelia). As discussões muitas vezes levaram a
aparecimento de um conflito de gerações entre os velhos (Fore !, Bern-
heim e Vogt) e os jovens (Seif, Jones e Muthmann). Às vezes
era como se o jovem fosse responder com um ataque massivo a qualquer coisa
o velho diria. Um exemplo foi o artigo de Ernst Tromner sobre "O
Página 58
Processo de cair no sono '' e fenômenos hipnagógicos. Em primeiro lugar no

discussão neste artigo foi Seif, que discordou do autor
porque ele não havia citado Freud e Silberer, acrescentando que "o material era
maduro para uma elaboração psicanalítica. "Fore! levantou-se para protestar, ao que
Muthmann, Jones e Graeter apoiaram energicamente Seif. De Montet
comprometeu-se a contradizer a teoria de Freud, e então Tromner lembrou o
público que seu artigo tinha sido sobre o assunto de adormecer, ao invés
do que em sonhos. Na discussão de um dos próximos artigos, Vogt protestou
contra a pretensão de Seifs em proibi-lo de falar sobre sonhos e o
inconsciente: "Oponho-me que um homem como eu, que recolheu os seus próprios
sonhos desde os dezesseis anos de idade e investigou os problemas de dis-
discussão aqui desde

do que qualquer um de 1894,
seusisto é. quasedeve
discípulos. tantoser
quanto Freud
recusado fez e mais
o direito de discutir essas questões
por qualquer freudiano! "
O Congresso de Bruxelas é típico do tipo de discussão que surgiu em
quase todos os congressos daquela época nas áreas de língua alemã. O tom
às vezes era dominado pelos psicanalistas, como em Bruxelas, às vezes
por seus adversários. Em uma reunião de psiquiatras e neurologistas de
sudoeste da Alemanha em Baden-Baden. em 8 de maio, o Dr. Hoche fez um
discurso memorável sobre "A Psychic Epidemic Between Physicians".
Uma epidemia psíquica. ele disse. é "a transmissão de representações específicas de um
poder convincente em um grande número de cabeças. resultando na perda de julgamento
e lucidez. "Os seguidores de Freud, disse ele, não pertenciam a uma" escola "no
sentido científico, mas uma espécie de seita. que não traz fatos verificáveis, mas
artigos de fé. A psicanálise mostra todas as características de uma seita: o fanático
convicção de ser superior aos outros. seu jargão. a aguda intolerância de e
tendência a difamar aqueles de outra crença. sua alta veneração pelo Mestre, é
tendência para fazer proselitismo. sua prontidão para aceitar as mais monstruosas improbabilidades.
e a fantástica avaliação do que já foi realizado e pode
ser realizado por adeptos da seita. Como uma explicação para esses videntes
epidemias. Hoc he ga1 ea falta de senso histórico e educação filosófica em
em suas vítimas e na ingrata de curar doenças nervosas. O terapêutico
sucessos resultaram. ele disse. da atenção incansável dada pelos médicos a
os pacientes. Hoche concluiu que o movimento freudiano foi o "retorno, em
uma forma modernizada de um medicamento mágico. uma espécie de ensino secreto ... "e
traria para a história) da medicina outro exemplo de epidemias psíquicas 252
Em Zurique, Ludwig Frank aplicou uma modificação do Breuer- original

Método catártico de Freud. 253 Ele fez seus pacientes deitarem em um divã e concentrar-se
tratar sobre os sentimentos que ocorreram neles. O paciente iria reviver as emoções
do passado, muitas vezes de episódios esquecidos de sua vida, após o que o
a memória dos eventos ocorreria por sua vez e seria discutida com o terapeuta.
Às vezes, as emoções passadas foram ab-reagidas sem o pleno conhecimento do
fatos, e isso bastou para trazer a cura. Fore! proclamou que este
método era a única psicanálise verdadeira e original de Breuer, que Freud
desde então distorceu.
Página 59
O ano de 1911 trouxe as tensões europeias quase ao ponto de ruptura,

e o objeto de discórdia foi novamente o Marrocos. Em virtude de um acordo
com a Inglaterra, a França desistiu de suas reivindicações no Egito em troca de um
mão em Marrocos. Alemães. embora, também tivesse interesses no Marrocos, e para
enfatizá-lo, enviou um navio de guerra a Agadir. Após difíceis negociações, a guerra foi
evitada, e a Alemanha desistiu de seus "direitos" no Marrocos em troca de um
pedaço do Congo francês, mas a França e a Alemanha sentiram que tinham
foi enganado, e a tensão dificilmente foi diminuída. A Itália se opôs a ser
deixado de lado na divisão da África, e vendo que o Império Turco
estava passando por uma grave crise interna, a Itália declarou guerra à Turquia e
invadiu Trípoli para adquirir uma nova colônia e, assim, vingar sua derrota em Adua.
Parecia que nunca existiram tantas escolas psicoterapêuticas.
Janet em Paris e Dubois em Berna ainda gozavam de grande prestígio. Outro
terapeuta que adquiriu grande fama na época foi Roger Vittoz que viveu
em Lausanne, às margens do Lago Genebra. 254 Ele submeteu seus pacientes a

um sistema engenhoso de treinamento mental que consistia em exercícios graduados
de relaxamento e concentração. Vittoz ensinou seus assuntos consciência plena
de todas as sensações, e como se concentrar em uma representação ou ideia,
como a ideia de "descanso", "controle", "o infinito" e assim por diante. Vittoz
afirmou que, colocando a mão na testa do sujeito, ele poderia
verifique o grau de controle. Ele também ensinou uma filosofia de vida. 255 pacientes
veio para Vittoz de todas as partes do mundo, mas ele não ensinou seu método,
e poucos o praticaram após sua morte.
Para as pessoas daquela época, o grande evento psiquiátrico do ano de 1911 foi
provavelmente o aparecimento do livro de Bleuler sobre demência precoce, para o qual
ele cunhou o novo termo "Esquizofrenia":
Este livro, fruto de vinte anos de trabalho, trouxe quatro novidades.

Primeiro. abrangia sob o conceito mais amplo de "esquizofrenia" não apenas o antigo
demência praecox. mas uma série de condições, especialmente as transitórias agudas,
que foram consideradas como entidades separadas. Em segundo lugar, ele trouxe uma dinâmica
conceito da doença. que parecia ter sido inspirado pelo conceito de Janet de
psicastenia. essa é a distinção dos sintomas primários diretamente relacionados ao
processo de doença. e sintomas secundários derivados dos primários. Terceiro,
Bleuler propôs uma interpretação do conteúdo da alucinação esquizofrênica
e ilusão, na qual ele seguiu Freud. Quarto, em contraste com a visão de que
a demência precoce era incurável. Bleuler trouxe o conceito otimista de que
esquizofrenia era uma doença que poderia ser interrompida ou reduzida a qualquer
ponto de seu curso. A intensa preocupação dos médicos do Burgholzli com
seus pacientes e o uso de terapia ocupacional e outros dispositivos resultaram em
um aumento notável no número de sucessos terapêuticos. 256
O ano de 1911 foi de grande expansão para o movimento psicanalítico.

com o muito bem sucedido Congresso Internacional em Weimar em setembro
ber. Mas também foi um período de conflito interno. Mesmo após a renúncia de Adler
em julho, a Sociedade Vienense foi (nas palavras de Jones) "dilacerada por ciúmes e
dissensões. "
Página 60
Em 1911 apareceu um romance de Grete Meisel-Hess, que é o primeiro conhecido

obra de ficção dando a imagem de um psicanalista como o público poderia imaginar
um naquele momento.
Os personagens desse romance são um grupo de intelectuais sofisticados que

gastam seu tempo com casos de amor fúteis e longas discussões sobre qualquer
tema. Uma senhora neurótica de quarenta anos que viveu seus melhores anos nesse círculo
percebe que precisa da ajuda de um médico. Ela ouve que é um novo método,
psicanálise. é capaz de curar pacientes, trazendo a vida inconsciente para o
consciência. Cheio de intensos sentimentos de curiosidade e esperança. ela entra no
casa do psicanalista. A empregada. uma velha magra vestida de preto,
leva-a através de uma longa suíte de quartos elegantemente decorados até a porta do
escritório de grande homem.
O médico. quem se senta em sua mesa. olha para ela penetrantemente por um tempo e silenciosamente
acaricia seu ouvido. Então ele a manda se sentar. e com um gesto encorajador,
a convida a contar sua história. A partir de agora, a consulta evolui em quatro fases.
A paciente conta toda a sua história enquanto o psicanalista ouve em silêncio e toma
notas. Em seguida, vem a segunda fase: o analista explica à paciente que ela
reprimiu memórias sexuais dolorosas; então ele se esforça para arrastar esses
memórias reprimidas "por meio de uma técnica especial". Ele pergunta entre outros
sobre seus sonhos. Na terceira fase, o psicanalista se transforma em ginecologista:
já que as causas sexuais estão na raiz da neurose. um ginecológico completo
exame é necessário. Felizmente. as descobertas são satisfatórias. Para que possamos
prossiga para a quarta fase em que o psicanalista se transforma em hipnotizador. Ele
faz o paciente sentar em uma poltrona confortável e a técnica é descrita em
comprimento. Uma vez que a senhora está em sono hipnótico. o analista continua acariciando sua testa
cabeça e dá sugestões no sentido de que ela perderá todos os seus complexos.
Quando a sessão é 0 \ cr as folhas paciente o analista com um sentimento de exhilara-
ção. Nenhuma menção é feita à taxa. O tratamento psicanalítico é encerrado
com esta sessão. e até o final do romance o ex-paciente está livre
de qualquer sintoma neurótico 257
O ano de 1912 foi marcado, sobretudo, pelas Guerras Balcânicas. Grécia,

Sérvia e Bulgária. os novos Estados dos Bálcãs, atacaram a Turquia, alegando
libertar seus nacionais ainda sob o jugo turco. Foi o tema do
dia, e muito foi dito sobre "atrocidades macedônias." Esta guerra causou
mais tensão entre as outras potências europeias, particularmente entre
Rússia e Áustria-Hungria.
Outro evento sensacional foi o naufrágio do Titanic em sua inauguração
viagem em 14 de abril, com a perda de mais de 1.500 vidas.
O navio foi considerado o mais moderno e aperfeiçoado já construído e teve
foi anunciado como impossível de afundar, mas as medidas de segurança foram inadequadas
e botes salva-vidas insuficientes. Os preconceitos sociais foram espelhados na maneira
passageiros da primeira e segunda classe foram resgatados antes dos da
terceiro. Assim, um grande número de imigrantes pobres e seus filhos foram
sacrificado. 258 Os supersticiosos viram este desastre como um mau presságio para o
futuro da civilização europeia. Muito foi escrito sobre a iminência de
Página 61
guerra. Um alemão, Von Bernhardi, explicou em seu livro, Germany and the
Próxima Guerra, que seu país teria que enfrentar uma série de inimigos; vitória
seriam obtidos apenas ao preço de esforços e sacrifícios inéditos.2 59 A
grupo de estudiosos fundou uma Gesellschaft fur positivistische Philosophic
(Society for Positivist Philosophy), com sede em Berlim, com a
objetivo de chegar a uma concepção científica unificada do universo, e assim
para resolver os problemas da humanidade. Entre os membros da sociedade estavam Ernst
Mach, Josef Popper, Albert Einstein, August Fore! E Sigmund Freud.
Foi um período de agitação febril entre os jovens europeus. Novo literário,
grupos artísticos, culturais e políticos floresciam em todos os lugares, reivindicando
romper com o passado, introduzir novos valores e polemizar com cada
de outros. A polêmica em torno e dentro do movimento psicanalítico deve
ser compreendido nesse contexto.
Josef Breuer agora era completamente ignorado pela nova geração. Quando
seu septuagésimo aniversário foi celebrado em 15 de janeiro de 1912, Sigmund
Exner leu um endereço e apresentou-lhe os documentos do
Breuer-Stiftung, uma fundação cujo objetivo era conceder prêmios para a pesquisa
trabalhar e capacitar cientistas proeminentes para dar palestras em Viena. Uma assinatura
totalizou um montante inicial de 58.125 coroas.260 A lista de assinantes incluiu
os nomes dos mais importantes cientistas, escritores e artistas vienenses. O nome

de Freud, no entanto, não se encontra nesta lista.26 I
Houve uma grande atividade entre os psicanalistas. Um novo periódico,
Imago, foi lançado pela Rank e Sachs. Em sua primeira edição estava a inicial de Freud
contribuição para o que viria a ser o seu Totem e Tabu. O interesse de Freud
na etnologia foi aparentemente estimulado pelas metamorfoses do pulmão e
Símbolos da Libido. Durante os anos anteriores, houve muito
interesse no problema do totemismo. Frazer publicou seu Totemismo
e Exogamia. 262 Durkheim263 afirmou que o totemismo foi o original
forma de religião, e Thurnwald a descreveu como uma forma primitiva de
pensamento. 2 64 Wundt esboçou um vasto quadro da evolução da humanidade,
que ele disse compreender quatro períodos: um período primitivo de vida selvagem, um
período totêmico com organização tribal e exogamia, um "período dos heróis
e os deuses ", e o período moderno (com religiões mundiais, potências mundiais,
cultura mundial e história mundial) . 2 "5 Parece, além disso, do que quando
ele escreveu Totem e Taboo Freud também foi inspirado por eventos recentes: o
revolta dos Jovens Turcos (os filhos contrariados) contra o Sultão Abdul Hamid
II (o velho pai cruel), que mantinha um grande harém guardado por eunucos,
fornecido um modelo. Após a revolução, a organização social poderia ser moderna
ized e a literatura começou a florescer na Turquia, assim como no modelo de Freud na
qual cultura humana floresceu após o assassinato do velho pai. Como um
complemento ao Totem e ao Tabu, Otto Rank publicou uma vasta compilação
do motivo do incesto na poesia e na lenda. 266
As controvérsias em torno da psicanálise cresceram mais do que nunca. Para sub-
manter seu verdadeiro significado requer um conhecimento profundo da cultura
Página 62
pano de fundo da época. Isso é bem ilustrado por um exemplo de uma

polêmica ocorrida em Zurique no início de 1912. 267
Nenhuma menção à psicanálise pode ser encontrada na Neue Zurcher
Zeitung antes de 8 de fevereiro de 1911, quando o Dr. Karl Oetker publicou uma revisão de
um livreto Die Psychanalyse de Ludwig Frank. 268 Esta revisão, em que o
o nome de Freud nem sequer é citado, deixa o leitor com a impressão
que "Psicanálise" (sic) foi uma descoberta suíça; e continha um
profissão de fé materialista, incluindo a afirmação de que na morte o
alma pereceu para sempre. Dez meses depois, em 7 de dezembro, um certo "Dr.
E. A. " fez o relato de uma palestra do Dr. F. Riklin em uma reunião recente de um
Sociedade filológica de Zurique, a Gesellschaft fiir deutsche Sprache. Riklin
disse que a psicanálise provou ser capaz de curar neuróticos, trazendo
imagens reprimidas de volta à consciência e sonhos interpretativos. Riklin
acrescentou que foi demonstrado que os símbolos do sonho e da ilusão eram
idênticos aos mitos universais da humanidade, de modo que o significado de
símbolos e mitos universais foram decifrados. O sol, por exemplo,
era um símbolo da energia sexual masculina, a serpente e o pé eram
símbolos fálicos, e ouro era um símbolo de excremento. Tudo isso foi
apresentados na revisão não como hipóteses, mas como descobertas de
certeza. Ele parece que foi essa palestra e talvez outros da
mesmo tipo que fez o Kepler-Bund dedicar uma noite ao assunto
da psicanálise. O significado dessa reunião seria perdido sem

uma explicação.
Naqueles anos, a cultura europeia estava impregnada de cientificismo, que
é, a crença de que somente a ciência poderia dar respostas aos grandes enigmas da
o mundo. A ciência dominante naquela época era a ciência natural (como
a física atômica é a de nossos dias). com a teoria da evolução em primeiro lugar
terra. Sob esse nome, quatro conceitos diferentes foram misturados:
o do transformismo (em oposição ao criacionismo ou fixismo), o original de Darwin
teoria de que a evolução das espécies foi alcançada através da seleção natural
sob o impacto da luta pela existência, uma série de pseudo-darwinistas
doutrinas chamadas darwinismo social. e finalmente a doutrina de Haeckel. Ninguém
posso imaginar hoje que papel esmagador as ideias de Haeckel desempenharam na
a vida cultural de seu tempo. Haeckel começou sua carreira como um brilhante
naturalista, desenvolvido em um filósofo da natureza. e agora estava se tornando
cada vez mais um inimigo da religião. Aos seus olhos, a ciência era igualada
com materialismo. ateísmo. e a marca Haeckeliana de transformismo.
A religião foi equiparada à tradição, superstição e atitude anticientífica
titudes. Haeckel era o ídolo de muitos jovens que passaram por
uma conversão à sua doutrina. Houve, por exemplo, a história do
conversão dramática do jovem Goldschmidt: tendo lido a história de Haeckel
da criação, ele acreditava ter encontrado a chave para todos os aspectos filosóficos e
problemas científicos e começou a propagar essas visões com o zelo de um
missionário. 269
Página 63
Haeckel tinha agora fundado uma associação, o Monisten-Bund, que

afirmava absorver a religião na ciência e ser a religião do futuro.
Não é surpreendente que sua atividade encontrou considerável resistência da
várias igrejas. Foi fácil para seus inimigos demonstrar que ele
constantemente apresentava hipóteses como certezas, e foi acusado de
tendo falsificado uma série de ilustrações em seus livros, a fim de torná-los
conformar-se à sua doutrina. A luta contra Haeckel foi conduzida a partir de dois
quartos. O teólogo Wasmann fundou o Thomas-Bund para refutar
Haeckel em nome da religião, e o naturalista Dennert fundaram o
Kepler-Bund, cujo objetivo oficial era derrotar especulações pseudocientíficas
ções em nome da ciência. Ele incluiu vários cientistas famosos entre seus
membros e tinha filiais nas principais cidades de língua alemã.
A filial de Zurique do Kepler-Bund organizou uma reunião sobre psicologia
análise. Com base em um relato de Oetker sobre o livro de Frank, que por "EA"
na palestra de Riklin. o Kepler Bund, aparentemente estava com a impressão de
que a psicanálise era uma doutrina materialista e ateísta que ensinava
especulações fantásticas como se fossem verdades científicas. Em 2 de janeiro de 1912,
o Neue Zurcher Zeitung relatou a reunião do Kepler-Bund.
Dr. Max Kesserling, especialista em doenças nervosas em Zurique, havia falado
"Sobre a teoria e prática do psicólogo vienense Freud." o
orador começou expressando seu pesar pelo ensino de Freud ter encontrado
tanto sucesso em Zurique entre educadores e pastores. Kesselring teve
assistiu a um curso de palestras de Freud em Viena, e ele disse que Freud foi
imbuído da convicção de que seu ensino era verdadeiro, que em suas palestras ele
encorajou os alunos a fazer perguntas, mas deu-lhes vagas e não convincentes

respostas. Depois de fazer um levantamento histórico da psicanálise, Kesselring
declarou-se definitivamente contrário a isso. Ele leu citações de Freud que
causou risos em sua audiência. O revisor lamentou que Kesselring
não fazia justiça ao cerne da verdade contido nos ensinamentos de Freud. Em
no dia seguinte, 3 de janeiro de 1912, o Neue Zurcher Zeitung publicou um breve
declaração de Kesselring, declarando que não era membro do Kepler-
Bund, e que sua rejeição da psicanálise não foi baseada em princípios filosóficos
opinião, mas foi o resultado de seus estudos sem preconceitos. Em 5 de janeiro, um
membro do Kepler-Bund confirmou que o Dr. Kesselring não era um membro
e explicou que o Kepler-Bund tinha uma atitude "neutra" em relação ao sub
jeto em discussão. A única preocupação do Kepler-Bund era distinguir
supor a hipótese de fatos confirmados na literatura científica.
Em sua edição de 10 de janeiro. o Neue Zurcher Zeitung publicou duas cartas;
um assinado "JM" afirmou que o Kepler-Bund era na verdade um combate
organização contra o monismo e o ateísmo. Obviamente, o ensino de Freud foi
oposta às idéias defendidas pelo Kepler-Bund, e quando o Kepler-Bund
convidou o Dr. Kesselring para falar sobre Freud, eles sabiam de antemão qual o seu
atitude seria. A segunda carta, assinada "Dr. J.", dizia que era de mau gosto
conduzir tal discussão perante uma audiência leiga; por que não, então, gineco-
Página 64
exames lógicos? Mesmo o público mais educado não poderia formar um

opinião objetiva sobre tais assuntos. Além disso, ele disse que faltou palestra
objetividade e continha um grande número de afirmações falsas.
Em 13 de janeiro, emitir um certo "F." respondeu ao "Dr. J." que o mais
Raschers Jahrbuch recentes continha um longo artigo de C. G. J ung sobre
As ideias de Freud, que foi uma obra-prima de vulgarização. Ele encontrou
extremamente precipitado que segredos pessoais que antes eram confidenciais apenas aos
O padre agora não deve ser confiado a nenhuma proteção ao psicanalista.
Ele acrescentou que estava sendo dominado por extravagantes métodos psicanalíticos
literatura, que acabava de receber uma obra de Johann Michelsen na qual
Cristo foi interpretado como um símbolo do ato sexual, o boi no estábulo como um
símbolo de castração. e todos os outros itens pertencentes ao Presépio
explicado de forma semelhante. 270 "FM" então citou alguns exemplos de
simbolismo sexual do próprio Freud, como, por exemplo: se alguém sonha com um
paisagem que se tem certeza de ter visitado antes, a cena é um símbolo de
genitais da mãe, porque é o único lugar onde um homem pode estar
certeza que ele já foi. "FM" concluiu apontando o perigo do
psicanalista acreditando que ele tem um segredo infalível, e que aqueles que
sofrer de sofrimento sexual não pode realmente ser ajudado pela psicanálise porque
a causa do distúrbio é muitas vezes social e econômica e, em outros casos, a
a cura exigiria uma rejeição dos conceitos morais. No seguinte problema
de 15 de janeiro. Dr. Kesselring protestou contra a acusação de pulmão de que ele tinha
trouxe a psicanálise para um público leigo. Em Zurique, educadores e pastores
fez isso constantemente. como mostrado pelos muitos artigos na Evangelische Freiheit,
Berner Seminarbliitter, e em qualquer caso, os próprios psicanalistas tiveram
começou a prática.
Nadisse
Jung, edição
quede"o17conceito
de janeiro, havia novamente
de sexualidade usado duas cartas.e O
por Freud primeiro,
por C. G.
mim temdeum
significado muito mais amplo do que o vulgar .... Isso pode ser lido no de Freud
e meus próprios escritos ... "e também que era injusto colocar o de Michelsen
livro no mesmo nível das valiosas obras de Riklin. A segunda carta era
Resposta de "FM" a Jung. Teoricamente. ele disse, Freud tinha um conceito amplo
da sexualidade, mas na prática ele usou a palavra em seu sentido estrito. "FM"
protestou contra aqueles que o criticaram por falar sobre psicologia
análise sem ser médico; não era preciso, de fato, ser um
médico para julgar o imenso perigo da psicanálise, uma pseudociência
que encontrou tantos adeptos fanáticos em Zurique do que em qualquer lugar
outra coisa e havia desencadeado uma epidemia psíquica.
Em 25 de janeiro, agosto Fore !. em aposentadoria perto do Lago Genebra. ingressou
a troca. Ele se opôs a uma crítica da "FM" sobre
hipnose. e com a afirmação de Kesselring de que os pacientes neuróticos tornam-se
psicótico após tratamento psicanalítico. Ele lamentou que Breuer
o ensino da terapia catártica deveria ter sido distorcido por Freud. Uns
a preocupação não deve ser polemizar sobre a psicanálise, mas estudar
Página 65
a sério, como fez o Dr. Frank em Zurique. Esta carta foi seguida por
Resposta de Kesselring: os psicanalistas falavam constantemente de seus sucessos e
nunca de suas falhas. Ele deu dois exemplos de pacientes neuróticos que,
após a análise, tornou-se psicótico. Finalmente "F .M." respondeu a Fore!
que foram os psicanalistas que se dirigiram a um amplo leigo
publicou e escreveu propaganda por meio de vários panfletos e notícias
artigos de papel.
A edição de 27 de janeiro continha um protesto de psicanalistas em algo
termos veementes:
O Presidente da International e das Associações Psicanalíticas de Zurique

vê-se obrigado a rejeitar energicamente o insulto e severamente depreciativo
acusações formuladas por um leigo contra especialistas médicos. Os artigos
assinado pela FM dá uma imagem completamente distorcida do tratamento psicanalítico
devido à ignorância de seu autor. Nenhum homem razoável se submeteria
a um método de tratamento tão nojento, conforme descrito por FM. O tom desses
as acusações tornam impossível qualquer discussão posterior.
Pela International Psychoanalytic Association: C. G. Jung, MD, Presidente,
F. Riklin. MD .. Secretário.
Pela Associação Psicanalítica de Zurique. Alph. Maeder, MD, Presidente,
JHW van Ophuijsen. Médico. Secretário.
Este protesto foi acompanhado, na mesma edição, pela resposta de "FM". "O
Mrss. Psicanalistas.,. ele disse. "se identificam tanto com seus
ciência que consideram qualquer crítica a isso um insulto pessoal. "
o tom completamente arrogante do Dr. Jung, ao chamá-lo de repórter
e um leigo. e que havia médicos também que se opunham a
psicanálise. Embora Freud tenha feito muitas observações interessantes
em neuroses. seu método era defeituoso e não científico. (O fato dele
as observações feitas na Viena semi-eslava não eram irrelevantes.)
analistas agora analisavam não apenas os vivos, mas também os mortos: todo o espiritual
vida da humanidade, religião. arte. literatura e folclore. Eles não podem aceitar
críticas de leigos. mas eles não hesitam em invadir campos onde
eles próprios são leigos.
Em 28 de janeiro, FM continuou seu ataque à psicanálise, chamando-a
um método positivamente perigoso. Mesmo no melhor dos casos, é quando é
praticado por um médico extremamente capaz e consciencioso, reduz
o indivíduo a uma fórmula sexual e pretende curá-lo com base nisso.
Que criança não sofreria desespero depois de ser ensinado que tinha incestuosa
desejos para sua mãe? Quanto ao adulto, se sua neurose teve origem em
desejos sexuais reprimidos. qual seria a catarse? FM mencionou o
caso de um amigo a quem ele havia encaminhado para um especialista em nervos eminente, e
quem, apesar dos avisos. fui a um psicanalista. Incapaz de seguir o
conselho do psicanalista em sua cidade natal, ele desapareceu e nunca foi
ouvi de novo. Se a psicanálise é um instrumento tão perigoso no
Página 66
mãos de um médico consciencioso, que desastres isso poderia causar no

mãos dos inescrupulosos. Popularização de conceitos psicanalíticos,
além disso, significaria a rejeição da moralidade sexual com base no
de justificação científica.
Em 31 de janeiro, o Neue Zurcher Zeitung publicou o livro de Kesselring
responda a Fore !. Ele afirmou que a psicanálise pode ser perigosa,
e que ele não foi o único a ter observado seus efeitos desastrosos sobre
pacientes. Era uma atitude insustentável, acrescentou, que os psicanalistas
deve falar apenas de seus sucessos em seus tratamentos, proibindo
outros para mencionar suas falhas. O fato de que os psicanalistas eram tão sensíveis
traiu sua falta de objetividade e fez qualquer discussão construtiva
impossível.
Na edição de 1 de fevereiro, a resposta de Forel a Fritz Marti (designada por
seu nome completo pela primeira vez), em que Fore! culpou Marti
para juntar hipnose, psicanálise freudiana e o novo
psicoterapias (significando o aperfeiçoamento de Ludwig Frank do antigo Breuer-
Cura catártica de Freud). "Devo definitivamente declarar que os pesquisadores lúcidos totalmente
concordar com o Sr. FM com sua condenação da unilateralidade do
A escola freudiana, sua igreja sexual santificadora, sua sexualidade infantil, sua
Interpretações talmúdico-exegéticas-teológicas. "Foram Freud e Jung que
envolveu leigos nestes assuntos. Felizmente havia alguns homens
preocupado em utilizar o núcleo da verdade contido no Breuer-Freud
pesquisa. Seguindo esta carta, algumas linhas da FM, agradecendo a Fore!
e declarando que a discussão terminou.
A partir do exemplo desta controvérsia de Zurique de 1912, pode-se supor
que a verdadeira natureza da oposição à psicanálise naqueles anos era
muito diferente da imagem que geralmente é dada dele hoje. O atual
o estereótipo é que "as descobertas de Freud encontraram resistência feroz e fanática
daqueles que não podiam aceitar seu conceito de sexualidade, tendo em vista o
Preconceitos 'vitorianos' da época e da repressão neurótica. "Na verdade,
o exame objetivo dos fatos mostra que a situação era bem diferente.
Nas controvérsias em torno da psicanálise, pelo menos cinco elementos devem ser
distinto.
Primeiro, os conceitos psicanalíticos foram apresentados ao público de uma maneira
isso estava fadado a produzir dois tipos opostos de reações; um grupo era
fadado a ficar chocado e achar esses conceitos desagradáveis e perigosos;
e outro grupo deveria aceitá-los entusiasticamente como revelações. Witt-
genstein apontou isso com bastante clareza. 271 confrontos entre estes dois
grupos eram inevitáveis. e muitas vezes assumia a forma de um conflito de gerações.
A meio caminho entre essas atitudes extremas estava a daqueles homens lúcidos que
tentaram pensar por si mesmos, a fim de selecionar o que era científico nestes
teorias. Homens como Oppenheim, Friedlander, Isserlin, que geralmente são
considerados hoje como os primeiros oponentes da psicanálise, na verdade pertenciam
para o grupo que tentou fazer uma avaliação objetiva. A crítica deles
Página 67
desde então foi consideravelmente ampliado e "o cerne da verdade" eles ac-
cepted foi esquecido.
Em segundo lugar, sob o título psicanálise, um grande número de tendências
estavam confusos: havia muitas gradações possíveis entre os escritos
de Freud, de seu círculo imediato, do círculo mais amplo de analistas leigos, e de
excêntricos, como Michelsen, que se dizia psicanalista. Quão
poderia o público reconhecer o que pertencia à psicanálise genuína? o
o mesmo era verdade em relação à terapia psicanalítica, que poderia ser dada por
analistas do grupo de Freud ou por indivíduos irresponsáveis. Eram esses mesmos
abusos que causaram crítica e oposição à psicanálise, o que levou
Freud para escrever seu ensaio sobre "Análise Selvagem"
Terceiro, a psicanálise foi recebida de duas maneiras diferentes. Em Viena,
homens como Krafft-Ebing, Weininger e Schnitzler haviam condicionado o
público a aceitar as teorias sexuais de Freud. Em Zurique, outro tipo de gênio
loci fez com que a psicanálise fosse aceita como uma chave para a religião e a educação
problemas profissionais e à compreensão de mitos e psicose. isso foi
inevitável que confrontos ocorram entre esses dois grupos divergentes
espectadores.
Quarto, a psicanálise era comumente identificada com materialista
filosofia e monismo haeckeliano. Para ter certeza, a psicanálise poderia
igualmente bem ser usado como um argumento contra o ateísmo como a favor dele. Rank e
Sachs sugeriu que o ateísmo era a expressão extrema da superação
do pai.2 72 O conhecimento de que Freud era um ateu declarado que
denominado religião uma neurose coletiva contribuiu para o mal-entendido
ing. Hans Bliiher relata em suas Memórias como a casa do Dr. em Berlim
Heinrich Koerber, chefe do Monisten-Bund local, também foi o encontro
lugar para jovens artistas e escritores "modernos" e freudianos. 273 para alguns
até que ponto a oposição à psicanálise fazia parte da crescente oposição
para Haeckel e seu Monisten-Bund.
Finalmente, a razão mais importante para o antagonismo em relação à psicologia
a análise foi provavelmente a maneira pela qual foi promovida. Psicanalistas,
particularmente os jovens discípulos, proclamaram suas descobertas sem respaldo
com provas ou estatísticas. Eles deixaram o ônus da prova para seus
adversários, eram intolerantes a qualquer tipo de crítica e usavam ad hominem
argumentos, dizendo que seus adversários eram neuróticos, por exemplo. Psicopata-
a análise às vezes era usada por homens como Michelsen para escrever coisas que
parecia planejado apenas para escandalizar o leitor devoto, muito na moda de
os futuristas. 2 74
O quadro dessas controvérsias seria incompleto sem menção-
percebendo que eram igualmente veementes entre os psicanalistas. Alphonse
Maeder relata que uma vez, durante uma discussão sobre sonhos em uma psicologia
congresso analítico, ele mencionou seu próprio conceito de "prospectivo"
função dos sonhos. Isso trouxe "uma tempestade de oposição contra mim como se eu
havia tocado em algo sagrado. "Ele não contradisse nenhuma das palavras de Freud
Página 68
teorias, mas apenas propôs complementá-las. 275 No mesmo período,

conflitos ocorreram entre a Sociedade Vienense e Stekel. Pior de todos,
Jung havia começado a evolução que o separaria de Freud.
Em fevereiro de 1912, o Zentralblatt publicou um trecho condensado de um
livro do historiador da arte francês Sartiaux com assinatura de Freud: 276
Vinte séculos atrás. na cidade de Éfeso, o templo de Diana atraiu

numerosos peregrinos. como Lourdes faz hoje. Em 54 DC o Apóstolo São Paulo
pregou e converteu lá por vários anos. Sendo perseguido, ele
fundou sua própria comunidade. Isso provou ser prejudicial para os ourives '
comércio. e eles organizaram um levante contra São Paulo com o grito "Grande
é a Diana dos Efésios! "A comunidade de São Paulo não permaneceu leal
para ele, caiu sob a influência de um homem chamado John, que veio com
Maria, e promoveu o culto à Mãe de Deus. Mais uma vez os peregrinos se reuniram,
e os ourives encontraram v. ork novamente. Dezenove séculos depois, o mesmo local
foi o objeto das visões de Katharina Emmerich. 277
Por que Freud publicou essa anedota arqueológica? Não é preciso ser
bem versado em hermenêutica para adivinhar seu significado alegórico. Freud (Santo
Paulo) promoveu um novo ensino, e por causa da oposição a ele, reuniu
um grupo de discípulos fiéis que se tornou objeto de violentas perseguições
porque seus ensinamentos ameaçavam certos interesses. Um discípulo John (Jung)
veio a ele, que no início era seu aliado, mas depois introduziu tendências místicas,
tirou seus discípulos dele e organizou uma comunidade dissidente,
que gratificou novamente os "Mercadores do Templo".
O ano de 1913 trouxe uma exacerbação dos conflitos políticos na Europa
a tal ponto que, às vezes, uma guerra geral parecia iminente. O centro do
conflito foi nos Bálcãs. Depois que a Grécia, Bulgária e Sérvia venceram
vitórias sobre a Turquia, eles começaram a se despedaçar em um segundo
Guerra dos Bálcãs, com Grécia, Sérvia e Romênia aliadas contra a Bulgária. Estes
convulsões abalaram a Áustria-Hungria e a Rússia. Na Rússia havia um
mobilização parcial, e a guerra foi evitada apenas por uma conferência de
embaixadores. A tensão entre a França e a Alemanha aumentou
por frequentes incidentes de fronteira. e o Parlamento francês alongou o
período de serviço militar obrigatório de dois a três anos. Personagem-
isticamente, Leon Daudet publicou um livro com o título L 'A vant-Guerre
(a véspera da guerra).
Naquele ano, os conflitos eram cada vez mais frequentes entre as várias dinâmicas
escolas psiquiátricas. Em Paris. Janet estava compilando seu vasto trabalho em
cura psicológica. Em Nancy. A renúncia de Bernheim foi seguida por
uma reação antipsicológica. muito como havia ocorrido em Paris após a morte de Charcot
morte. Em Berna. Dubois ainda era um luminar da psicoterapia, como era
Vittoz em Lausanne. mas ambos estavam isolados. Em Zurique, Ludwig Frank
estava lutando muito para promover sua própria marca de tratamento catártico, e em
naquele ano ele publicou um livro sobre seu método.27 8 Em Viena, o psicólogo
Página 69
movimento analítico estava passando pela crise mais severa de todos os tempos
conhecido. Já havia perdido Alfred Adler, que agora, como chefe de um novo
escola. publicou um livro sobre seu método. 279 Stekel, que havia deixado o
movimento no ano anterior, estava promovendo seu próprio método de breve
tratamento analítico. E agora foi Jung quem cortou relações com Freud
depois de publicar suas próprias visões não freudianas como uma descrição de psicologia
análise. Naquele ano, a guerra de escolas psiquiátricas dinâmicas foi travada em
dois campos de batalha principais: o Décimo Sétimo Congresso Internacional de Medicina
em Londres e o Quarto Congresso Psicanalítico em Munique.
O Décimo Sétimo Congresso Internacional de Medicina foi realizado em Londres
de 7 a 12 de agosto. A psicanálise foi um dos temas discutidos em
Seção XII. Os relatórios e as discussões que se seguiram são conhecidos, não
apenas por meio de procedimentos oficiais, mas por meio de relatos detalhados publicados
no The Times. 2 H0 Quinta. 7 de agosto, Adolf Meyer deu um relatório sobre
a Clínica Psiquiátrica Phipps. que tinha acabado de abrir em Baltimore sob
sua direção. A discussão mostrou o espanto de seu colega inglês
léguas com sua proporção de dez médicos para noventa pacientes. Sir Thomas
Clouston exclamou: "'Sentimos que nossos pagadores e nossos comitês
precisarão de muita educação antes de fornecerem os fundos para
realizando esquemas beneficentes como esse! "
Na sexta-feira, 8 de agosto, Pierre Janet leu seu relatório sobre a psicanálise.
O ponto de partida da psicanálise. Janet disse que reside nas observações de Charcot
em neuroses traumáticas. que ele (o próprio Janet) estendeu a outras neuroses,
adicionando a eles os conceitos de estreitamento do campo de consciência e
a fraqueza da tensão psicológica. Assim, desde o início, Janet teve
viu uma confirmação de suas próprias observações na obra de Freud. Freud afirmou como
novidade a enorme quantidade de tempo que ele dedicou a cada paciente. o completo
investigação de sua história de vida. a observação minuciosa de palavras, gestos e
em breve. mas Janet disse que ele sempre fizera a mesma coisa. O método de
a livre associação que Janet chamou nai \ e. porque o terapeuta estava inconscientemente
sugerindo o curso das associações. Quanto à interpretação dos sonhos, Freud
não tinha um método preciso de registro de sonhos. e seus métodos de interpretação
eles eram arbitrários; Freud chamou de complexo o que Janet chamou de subconsciente
idéias fixas. Muitas das chamadas novas idéias da psicanálise foram apenas
renomeados conceitos existentes. como repressão. que foi o estreitamento de Janet de
o campo da consciência. E1en o 11ord ·· psicanálise "foi outro para
A "análise psicológica" de Janet. Acima de tudo, Janet não admitia o conceito de Freud
que a sexualidade 11 como causa essencial e única das neuroses; na casa de Janet
experiência. os distúrbios sexuais são mais o resultado do que a causa das neuroses.
Freud deu ao 11ord ·· libido ·· um significado incomensuravelmente amplo e vago.
A psicanálise pode alcançar sucessos terapêuticos tão bem quanto qualquer outro método.
De passagem. Janet mencionou (sem tomar posição) a curiosa opinião expressa
por alguns autores sobre o papel dos genius loci em Viena 281 Janet concluiu,
em um conciliador 11 ay. que os escritos de Freud continham "... um grande número de
estudos preciosos sobre neuroses. a evolução da mente na infância, o
Página 70
várias formas de sensações sexuais. . . . "Nos últimos anos, disse ele, o atual
exageros da psicanálise seriam esquecidos e só seriam lembrados
disse que "a psicanálise prestou grandes serviços à análise psicológica".
Obviamente, Janet baseou seu conhecimento dos ensinamentos de Freud no existente

literatura psicanalítica em francês e inglês. Ele tinha lido o Inter-
interpretação de Dreams in Brill's translation, os resumos da literatura freudiana
publicado por Brill e Acher, e certas publicações de Maeder, Ferenczi,
Sadger, Jung, Jones e Putnam. Assim, a crítica de Janet foi dirigida
contra a psicanálise inicial, em vez de contra seu desenvolvimento mais recente
mentos.
A defesa da psicanálise de Jung, que se seguiu, foi dada em inglês
e começou com uma observação cáustica contra Janet: "Infelizmente, muitas vezes
o caso em que as pessoas acreditam ter o direito de julgar a psicanálise
quando não conseguem nem mesmo ler alemão. "Uma vez que a teoria de Freud era
ainda não, de modo geral, muito claro nem facilmente acessível, Jung ofereceu um
versão condensada da psicanálise, com críticas ainda mais severas do que
os de Janet: "Portanto, proponho libertar a teoria psicanalítica
do ponto de vista puramente sexual. Em seu lugar, gostaria de apresentar
um ponto de vista energético da psicologia das neuroses. "Jung equiparou o
libido e o élan vital de Bergson . A neurose é um ato de adaptação que tem
falhou, causando um represamento de energia e a substituição de partes inferiores
de uma função para suas partes superiores. (Aliás, embora Janet não fosse
citado, este era quase exatamente o seu conceito de neurose.)
Na discussão que se seguiu, ninguém respondeu a Jung. Nove pessoas
participaram da discussão, dos quais cinco foram favoráveis a Freud, três
contra e um neutro. Jones disse que a conta de Janet continha um longo
série de equívocos, distorções e declarações incorretas, e que ele tinha
não entendeu nada de psicanálise. Corriat disse que tinha sido um adversário
da psicanálise, mas agora tinha vindo a compreender a validade completa da
sua teoria e seu valor máximo do ponto de vista terapêutico. Forsyth
disse que Freud deu uma "visão única sobre os atributos afetivos de
crianças. "Eder se perguntou como Janet poderia afirmar que a psicanálise era
absurdo e ao mesmo tempo alegar que ele era o seu verdadeiro autor. Selvagem
disse que não se deve ficar impressionado com a eloqüência de Janet, e deve
perceber a importância do subconsciente infantil. Frankl-Hochwart de
Viena objetou que houve numerosos casos em que
tratamento analítico falhou, que muitas vezes é perigoso incitar o
problemas em pacientes, que analistas leigos eram perigosos, e que, acima de tudo,
deve-se configurar estatísticas de casos de sucesso e de falha. Walsh também enfatizou
o perigo de uma ênfase exagerada na sexualidade, e disse que não havia
método terapêutico que não teve seus sucessos. Berillon deu seis
critérios para psicoterapia aceitável, e descobriu que nenhum dos seis foi
atendidos pela psicanálise. Uma opinião dividida foi expressa por TA Williams,
"A pesquisa psicanalítica para a origem das doenças é um grande avanço sobre
Página 71
mera descrição. "No entanto, ele disse que tinha dúvidas se o

complexos perturbadores eram realmente inconscientes, que a psicanálise não
curar hábitos psíquicos defeituosos. e essa reorientação era preferível sempre que
foi efetuado de forma consciente e racional. Ele concluiu que a terapia
o critério peutico era duvidoso.
Todos os relatos dessa discussão confirmam que foi um tanto tempestuoso. Dentro
sua autobiografia, Jones disse que o relatório de Janet foi "um corte e satírico
ataque a Freud e sua obra. . . entregue com seu inimitável teatral
habilidade, "acrescentando que" foi fácil para mim demonstrar ao público que não
apenas a profunda ignorância de Janet sobre a psicanálise, mas também sua falta de escrúpulos
em inventar, da maneira mais injusta, homens de palha para seu ridículo brincar
em. "282 Jones atribuiu a oposição de Janet à psicanálise ao ciúme,
porque se sentiu superado por Freud. Em sua biografia de Freud,
Jones disse simplesmente: "Na primeira semana de agosto, houve um duelo entre
Janet e eu no Congresso Internacional de Medicina, que colocou um
fim de suas pretensões de ter fundado a psicanálise e depois vê-la
estragado por Freud "; em seguida veio a carta de parabéns de Freud. 283
Relatos contemporâneos não confirmam a história do "duelo". No
procedimentos oficiais do congresso, a intervenção de Jones é muito curta e
não se destaca dos outros oito participantes. A londres
Times em seus relatos detalhados de todas as reuniões e discussões resumidas
apenas a intervenção enérgica do Dr. Coriat em favor da psicanálise, e o Dr.
A afirmação de Walsh de que a psicanálise foi a última de uma série de
epidemias. Nenhuma menção foi feita a Jones. Possivelmente Jones confundiu seu
intervenção verbal no congresso com sua réplica a Janet, que foi
posteriormente publicado no Journal for Abnormal Psychology.
Uma apreciação completa dos eventos desse congresso deve necessariamente
considere a atmosfera política do dia. Por vários anos na Inglaterra
houve uma campanha contra tudo o que foi "feito na Alemanha".
Wollenberg, um dos psiquiatras alemães que participou do con
gress, mais tarde lembrou que a evidência para este sentimento anti-alemão no
congresso foi que nenhum alemão foi convidado para oferecer um brinde no encerramento
banquete. 284
Três semanas após o Congresso Médico Internacional em Londres, o
psicanalistas se reuniram para seu Quarto Congresso Internacional em Munique,
em 7 de Setembro e 8. Ele parece que os participantes que o Congresso
estavam preocupados não tanto com artigos científicos, mas com conflitos dentro
a Associação. Freud e seus colaboradores próximos estavam preocupados com o
nova virada que Jung e seus seguidores estavam dando à psicanálise. No dele
na qualidade de presidente da Associação Internacional, Jung estava na presidência,
mas seu mandato estava prestes a expirar. Apesar da forte oposição
contra ele, Jung foi reeleito por trinta dos cinquenta e dois votos.
Lou Andreas-Salome que veio como convidado acompanhado do poeta Rilke,
anotou suas impressões em seu diário. 285 Ela sentiu que a atitude de Jung em relação
Página 72
Freud era indevidamente agressivo e dogmático; Freud ficou na defensiva e

conteve com dificuldade sua profunda emoção ao enfrentar o rompimento com o
"filho" que ele amou tanto.
Pode-se supor que o conflito foi marcado por elementos emocionais.
A relação de Jung e Freud não lembra o que tinha sido de
Freud e Breuer dezoito anos antes? Quanto a Jung, ele estava reencenando
o conflito que ele teve com Bleuler em 1909, se não seu conflito ainda anterior
com seu pai. Mas a razão mais profunda do conflito foi a diferença básica
em perspectiva entre o grupo Zurique e Freud. Bleuler e Jung tiveram
viam seu relacionamento com Freud como uma colaboração entre
cientistas que trabalham no mesmo campo. Eles aceitaram da psicanálise
o que eles consideraram ser verdade e declararam suas diferenças. Nesse mesmo
maneira que Breuer e Freud afirmaram as diferenças em seus respectivos
teorias nos Estudos da Histeria. Em 1908, Bleuler e Jung explicaram
suas teorias conflitantes sobre a esquizofrenia em um artigo conjunto. 286 Mas Freud
desejava discípulos que aceitassem seu ensino em bloco ou o desenvolvessem sob
seu controle, então o conflito era inevitável, e esta é também a razão pela qual
Bleuler sempre recusou ser membro da International Psychoanalytic
Associação.
A verdadeira história deste episódio nunca foi escrita ainda, nem
a verdadeira história das polêmicas em torno da psicanálise. A versão atual
que Freud e seus discípulos foram vítimas de ataques massivos por parte de pessoas desonestas
inimigos não está diante de um exame objetivo do disponível
fatos, nem a história de supostas perseguições. Eram animados, às vezes
veemente, discussões em sociedades médicas e congressos, mas não há
registre que alguém já questionou a sinceridade ou integridade de Freud. Quanto a
A afirmação de Jones de que um pastor australiano, o reverendo Donald Fraser, era
forçado a renunciar por conta de seu interesse pela psicanálise e que o
Lingüista sueco. Hans Sperber, teve sua carreira interrompida pelo mesmo motivo,
ambos definitivamente pertencem à lenda: o reverendo Donald Fraser saiu voluntariamente
o ministério de estudar medicina com o apoio de sua comunidade, 288 e
Sperber foi recusado o Privat Dozentship por razões que nada tinham
a ver com seu artigo sobre a origem sexual da língua. 289 Característica
da lenda é a maneira pela qual piadas inofensivas foram transformadas em
ofensas hediondas. Jones. que conhecia melhor o humor britânico do que
com o vienense Witz, dá como exemplo de insultos anti-freudianos desavergonhados
gracejos que ligavam o nome de Freud à palavra Freudenmadchen (prostituta). 290
Na verdade, a piada era: "Por que certas mulheres vão para Freud, outras para Jung?
As primeiras são Freudenmadchen (prostitutas), as últimas Jungfrauen (virgens). "
O ano de 1914 começou sob nuvens negras. A Europa estava cheia de aberturas e
conflitos encobertos. Na Áustria-Hungria, a crescente agitação nacionalista tcheca
ti (\ n trouxe um forte protesto dos grupos de língua alemã contra
o que eles consideravam invasão eslava. As relações eram tensas entre
Áustria e Sérvia sobre a Albânia. que os sérvios desejaram anexar,
Página 73
enquanto a Áustria-Hungria garantiu a independência da Albânia. O inglês

estavam preocupados com o aumento da agitação nacionalista na Irlanda. O novo
Presidente da França. Poincaré. foi para a Rússia em junho e em um oficial
O banquete assegurou aos russos o apoio da França em caso de conflito.
Foram também meses de crise aguda no movimento psicanalítico.
Jung achou sua posição insustentável e renunciou à Internacional
Associação em março. Bleuler publicou uma crítica às teorias de Freud, mas
não rompeu suas relações pessoais com Freud. The Swiss Psycho-
associação analítica foi dissolvida.
A grande crise levou Freud a escrever uma história da psicanálise
movimento como apologia pro domo. trazido com as imprecisões usuais
de memória e conotações polêmicas sobre seu relacionamento com Adler
e Jung. Naqueles meses, o jornal Imago publicou um anônimo
contribuição "Sobre o Moisés de Michelangelo." 291 O anônimo con
tributor analisou a pose e expressão daquela estátua famosa, e con-
concluiu que longe de mostrar a raiva do Profeta prestes a quebrar o
comprimidos de pedra. expressou o esforço supremo feito pelo grande líder para
controlar sua raiva justa. Anos depois, foi revelado que o autor tinha
sido ninguém menos que Freud. O consenso era que Freud havia sido
projetando seus próprios sentimentos. Esses meses também trouxeram um dos principais
novidades na teoria psicanalítica: a introdução de Freud ao narcisismo. 292
Apesar da crise do movimento psicanalítico, as teorias de Freud
estavam adquirindo um público cada vez maior em todo o mundo. Psicopata-
a análise estava se tornando popular na Rússia. onde as principais obras de Freud tiveram
foi traduzido e havia grupos psicanalíticos em várias grandes cidades.
Ele também foi ganhando terreno na Inglaterra e nos Estados Unidos. Na França,
As idéias de Freud eram conhecidas por um número limitado de pessoas, mas no
em meio ao forte chauvinismo que permeava o país ele era o objeto
de ataques veementes, como antes da Sociedade de Psicoterapia de Paris em 16 de junho,
onde Janet veio em sua defesa.
Janet protestou contra o fato em uma sessão dedicada à obra de Freud, uma
não tinha ouvido nada além de críticas; isso não era cortês nem justo. o
a pesquisa de Freud e sua escola adquiriu um desenvolvimento considerável, não
apenas na Áustria e na Alemanha. mas em outros países, incluindo os Estados Unidos
Estados; este v. Auld ele impossível se esses estudos eram desprovidas de valor. Admitindo
a parte dos erros e exageros. a teoria geral serviu de base para
estudos valiosos. A psicanálise contribuiu com numerosos dados para o conhecimento
das neuroses. de psicologia sexual e psicopatologia. "Vamos reconhecer estes
méritos; nossas críticas inevitáveis não devem nos prejudicar para mostrar nossos cumprimentos
pelo excelente trabalho e as importantes observações de nossos colegas vienenses. " 29 3
Mas os sentimentos nacionalistas chegaram a tal ponto que os cientistas

objetividade seria impossível nos próximos anos. Foi naquela atmosfera tensa
Página 74
que a notícia do assassinato em Sarajevo ressoou doze dias depois

como a sentença de morte da Europa.
Primeira Guerra Mundial: julho de 1914 a novembro de 1918

Henri Bergson relata que quando em 4 de agosto de 1914, ele desdobrou um
jornal e seus olhos caíram em uma manchete: Alemanha declara guerra
na França, ele teve a repentina percepção de uma presença invisível, como se um
figura mítica escapou de um livro e silenciosamente ocupou um lugar em
seu quarto.29 4 Como todos aqueles que foram crianças durante o período franco-prussiano
Guerra de 1870-1871, ele viveu os doze ou quinze anos seguintes àquela
guerra com a ideia de que uma nova guerra era iminente, e depois com um
sentimento complexo de que uma nova guerra era provável e impossível. Bergson
agora percebeu que este evento, cuja expectativa havia preenchido seus últimos quarenta
três anos com inquietação, agora havia chegado, e apesar de seu horror antes
a catástrofe, ele não podia deixar de se maravilhar com a facilidade com que o abstrato
ideia da guerra tornou-se uma presença viva. Esta guerra, que vemos em
retrospecto como um raio do nada e como uma interrupção dramática
da marcha da Europa em direção à felicidade e prosperidade, pareceu a muitos
contemporâneos como o resultado inevitável de uma longa série de conflitos,
ameaças, guerras locais e rumores de guerra, se não como uma libertação do intolerável
tensões.
Em 1914 a civilização europeia, em sua expansão, foi confrontada com o
último posto avançado remanescente da barbárie, o Império Turco. Só as rivalidades
entre as potências europeias impediram que o golpe mortal fosse desferido
ao doente, como era comumente chamada a Turquia. Mas do dragão
sementes surgiram os novos países dos Balcãs. Mal foram libertados,
eles começaram a oprimir suas próprias minorias e a lutar entre si.
Organizações terroristas secretas, anteriormente engajadas na luta contra os turcos, foram
agora empregado como armas políticas gerais. Jovens que os chamavam
patriotas foram treinados como terroristas para serem usados por políticos nefastos
interesses.
O princípio das nacionalidades, agora estendendo-se aos países dos Balcãs,
governou mais do que nunca a Europa, e cada país tinha sua
forma de resolver este problema. A França já havia assimilado suas minorias
no passado, mas a Grã-Bretanha teve dificuldades com os irlandeses, a Espanha com os
Catalães e Alemanha com suas minorias alsaciana, dinamarquesa e polonesa.
A Turquia recorreu a massacres periódicos, dos quais os búlgaros e os
Os armênios foram as últimas vítimas. A Rússia, que sempre foi liberal,
estava agora tentando "russificar" suas minorias. Situação da Áustria-Hungria
foi o mais difícil, pois foi o único grande estado multinacional em um período
do nacionalismo universal. Foi exposto à agitação de dentro, e a
intrigas da Rússia e da Sérvia. Os problemas do austríaco-húngaro
monarquia dificilmente poderia ser entendida em uma época em que os conceitos de
"descolonização", "estados-satélite" e "estado supranacional" ainda não
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foi formulado. Os países dos Balcãs, recentemente descolonizados da

Domínio turco, foi vítima de nacionalismo fanático e lutas internas. Sérvia
era um satélite da Rússia. que praticamente direcionou sua política e usou
-los contra a Áustria-Hungria. Este último seria hoje chamado de supra
estado nacional, mas em vista das dissensões internas, precisava de uma análise política completa
reforma. 295 A monarquia era a única força obrigatória do Império, e
o príncipe herdeiro Francis Ferdinand foi considerado o único homem que
possuía a vontade e a habilidade para conduzir a reforma necessária.
O público europeu estava tão acostumado a assassinatos de reis e cabeças
de estado por anarquistas isolados ou paranóicos que entenderam mal o verdadeiro
significado do assassinato de Sarajevo, que na verdade foi um complô organizado
pelo serviço secreto sérvio. 2 96 Já vimos que em 1903 o
Rei pró-austríaco da Sérvia, Alexandre III, e sua esposa, a rainha Draga, como
bem como alguns de seus apoiadores, foram assassinados. O novo rei, Peter,
que foi apoiado pela Rússia. iniciou uma política anti-austríaca apoiada pela
terroristas que o levaram ao poder. A anexação da Bósnia-
Herzegovina pela Áustria-Hungria e a criação de uma Dieta Bósnia enfurecida
os nacionalistas sérvios, que perpetraram uma série de atos terroristas contra
Funcionários públicos austríacos e em 1912 até mesmo contra o governador da Croácia.
Em 28 de junho de 1914, um grupo de jovens conspiradores bósnios, que haviam sido
treinados em escolas de terroristas sérvios, equipados com armas dos sérvios
Exército, e ajudado através da fronteira por agentes sérvios, assassinou o
O arquiduque Francis Ferdinand e sua esposa em visita a Sarajevo. Se alguma vez houver
era um crime que poderia ser chamado de maquiavélico, este foi um: já que o
O arquiduque decidiu resolver os problemas do Império dando igualdade
status aos grupos eslavos do sul, a fim de controlar os nacionalistas sérvios,
seu assassinato pôs fim a qualquer esperança de tal reajuste, deixando um cansado
velho imperador e um jovem despreparado como herdeiro presuntivo. o
O governo austro-húngaro agora enfrentava um dilema trágico:
deixar sem punição as atividades de um perigoso ninho de terroristas que tinham
jurou destruir o Império, ou recorrer a uma intervenção armada com o
risco de uma guerra geral. tendo em vista o apoio da Rússia à Sérvia. 297 de acordo
para Somary:
A Europa Ocidental não entendia nada do que se tratava. ... Eles erroneamente
presumiu que uma pequena nação foi atacada pela malícia imperialista, e eles
instintivamente assumiu o papel de David. considerando que era um caso de sistemática
minar um império civilizado por meio de um satélite russo e o assassinato
em Sarajevo foi um típico ato partidário. 2 9b
A guerra era um risco mortal, ainda mais porque apenas um ano antes havia sido
descobriu que o coronel Alfred Redl, chefe da contra-espionagem
seção do Exército Imperial. tinha sido chantageado para entregar vitais
informações militares aos russos. Além disso, a Itália estava se afastando
de seu aliado austro-húngaro. O problema de saber se a guerra iria
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permanecem localizados ou não dependem do que a Rússia faria. Por causa de

seu rápido crescimento econômico. conflitos sociais. e atividades revolucionárias
grupos, a Rússia estava mal preparada para a guerra. Mas um partido militarista conseguiu
na obtenção de uma mobilização geral. o que também significava uma ameaça para a Alemanha.
A Alemanha estava preparada para uma guerra que seus líderes militares e políticos tiveram
há muito considerado inevitável. Uma vez que o resultado foi considerado dependente
na rapidez dos primeiros movimentos. e para garantir a estratégia inicial
vantagem, a Alemanha declarou guerra à Rússia e à França. e violado
Neutralidade da Bélgica; então a Itália saiu de sua aliança com o
Impérios centrais. e a Inglaterra declarou guerra à Alemanha. Assim, em alguns
semanas, a máquina infernal foi colocada em movimento.
A maioria dos povos da Europa há muito foi condicionada a esta guerra,
que eles começaram com uma demonstração de entusiasmo patriótico extraordinário.
Austríacos e húngaros viram a luta como o único meio de sobrevivência para
a Monarquia Dual. Os alemães procuraram se libertar da
cercando o torno das nações vizinhas e a invasão da barbárie russa
ismo. Os franceses viram isso como uma cruzada pela liberdade do mundo e da
libertação da Alsácia-Lorena. A guerra significou a falência do espiritual
poderes. Igrejas de todas as denominações tomaram partido de seus países, e
o Papa simplesmente recomendou os combatentes a Deus. Os socialistas, quem
havia repetidamente proclamado sua oposição à guerra. juntou-se ao general
movimento dentro de seus respectivos países com pouco menos entusiasmo do que
os outros. Pacifistas eram minoria em todos os lugares, e aqueles que se recusavam a
luta foram silenciosamente baleados. Intelectuais participaram com entusiasmo febril
no que desde então se chamou de mobilização das consciências, isto é,
aquele nacionalismo fanático que era intolerante ao menor desvio de
opinião. Um pequeno número de pensadores permaneceu capaz de contemplar o
catástrofe com lucidez. O filósofo francês Alain predisse que este
a guerra seria uma hecatombe da elite. deixando o país à mercê de
os astutos, os tiranos e os escravos.299 Anatole França. quem em um
protesto escrito contra o bombardeio da Catedral de Rheims. expresso
a esperança de que após o fim da guerra o povo francês voltasse
admitir o inimigo derrotado em sua amizade. foi copiosamente insultado e seu
casa foi apedrejada pela multidão. Romain Rolland. outro escritor francês
que residia em Genebra, lançou um manifesto elogiando o heroísmo de
Juventude europeia e seus sacrifícios a um ideal patriótico, mas castigando o
estadistas que haviam desencadeado a guerra e nada estavam fazendo para impedi-la.
e condenando os escritores que estavam atiçando a chama. 3 ° 0 no mesmo
veia o romancista alemão Hermann Hesse. enquanto elogia os combatentes, dec
pronunciou aqueles que permaneceram na segurança de suas casas para escreverem ardente
incitações contra o inimigo. - ' 0 1
Durante a agitação inicial, cada psiquiatra reagiu de acordo com sua
próprio personagem e experiência. Breuer previu que a Áustria também
queimar ou ressurgir da conflagração como um jovem e forte Phoenix.3 ° 2
Página 77
O alvorecer e a ascensão da nova psiquiatria dinâmica 825 '
Freud expressou
surpresa sentimentos
a esse respeito. patrióticos austríacos, e alguém se pergunta se Jones
30 J Mais incomum foi a atitude de Janet, uma das
os poucos que não participaram da febre chauvinista. 304 um curioso

O episódio é relatado por Moll em sua autobiografia. 305 Um agente secreto veio
a ele e pediu que Moll o instruísse para que ele pudesse de forma convincente
assumir a identidade de um médico. Moll disse ao homem que isso era impos-
sível, mas que ele poderia mostrar a ele como se passar por um psicanalista. Ele
assim, ensinou-lhe os rudimentos e o jargão da profissão em poucos dias,
e o homem realmente serviu seu país durante a guerra, "exercitando"
sua nova habilidade. Na Suíça. August Fore! estava tão angustiado com o
catástrofe que ele deixou sua campanha anti-alcoólica e se envolveu
em atividades intensivas pacifistas. Jo 6
Aqueles milhares de homens que lutaram com tanto entusiasmo
esperava uma guerra de curta duração. assumindo que armas modernas seriam necessárias
necessariamente levá-lo a uma conclusão rápida. Muito poucos previram que a luta
duraria mais de quatro anos. A guerra começou com um período de fogo
entusiasmo e ataques assassinos. Nunca, talvez, na história do homem
amáveis foram tais feitos de heroísmo exigidos de tantos homens, e nunca
vidas humanas foram desperdiçadas com tamanha prodigalidade.
Este período inicial foi seguido por uma paralisação dos exércitos no
Frentes ocidentais, onde chegaram a uma espécie de impasse. Esta guerra de atrito
foi intercalado com tentativas infrutíferas de ambos os lados para romper
as linhas inimigas. Como em uma espécie de potlatch gigante, os beligerantes competiam
uns com os outros para ver quem jogaria mais riquezas e mais homens no
braseiro e adquirir novos aliados. Naquela época, o primeiro genocídio em grande escala
dos tempos modernos aconteceu. Os armênios, que foram incitados por
Agentes aliados para se livrar do jugo turco com a promessa de
pendência. foi vítima de um massacre organizado e sistemático; quase dois
milhões deles foram assassinados de maneira horrível. 307
O entusiasmo patriótico espontâneo exibido pelas nações beligerantes
no início foi gradualmente substituído por um sempre presente, bem
propaganda organizada e insidiosa. Por volta de 1917, as populações eram
mostrando sinais de cansaço. e houve motins no exército francês.
O Império Russo foi o primeiro a desmoronar por meio da democracia
revolução de Kerenski em março de 1917 e através da Revolução Bolchevique
de novembro de 1917, seguido por uma paz separada com os Impérios Centrais.
A Alemanha tentou forçar a questão intensificando sua guerra de submarinos,
o que, por sua vez, provocou a intervenção dos Estados Unidos ao lado da
os aliados.
Após a morte do Imperador Francisco José, seu sucessor, o jovem
Charles fez vãs tentativas de obter uma paz separada. Alemanha tentou
desesperadamente para alcançar a vitória antes que o Exército dos Estados Unidos pudesse intervir
eficazmente. Mas mais uma vez a decisão foi forçada no Oriente Próximo, com o
colapso da Turquia, seguido pelo da Bulgária, Áustria-Hungria e
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finalmente a Alemanha, com o armistício de 11 de novembro de 1918. Para os ingleses

e, particularmente para os franceses, foi uma vitória de Pirro adquirida apenas
através da intervenção americana. No final de 1918, todas as pessoas de
A Europa depositou suas esperanças ilimitadas no presidente Wilson. Os aliados viram

nele o poderoso defensor que apoiaria suas reivindicações pela paz
conferência; os alemães e austríacos estavam convencidos de que ele
realizar uma paz de justiça e reconciliação.
Durante esses quatro anos e meio, a vida do mundo ocidental
foi lançado em confusão. O político, econômico, social e intelectual
a vida das nações beligerantes foi absorvida pela guerra. A esse respeito
os psiquiatras não foram exceção. Sua preocupação mais imediata era a
tratamento das neuroses de guerra. e eles foram colocados antes de problemas que eles
estavam mal preparados para um encontro. Tratamento por estimulação elétrica, frequentemente
sucesso com paralisia funcional. era frequentemente usado de uma forma drástica
forma, que lhe rendeu na França o nome de torpilha ("torpedeamento").
Babinski, que havia derrubado o conceito de histeria de Charcot, foi confrontado
com distúrbios clínicos muito semelhantes à velha histeria que, no entanto,
resistiu à ação terapêutica da sugestão. 308 Ele os chamou de fisiopatas
perturbações. Wagner-Jauregg distinguiu, em relação ao choque de bomba, o
ação de fatores físicos (ruído, luz intensa, vibrações e pressão do ar)
e de duas categorias de fatores psicogênicos: os precipitantes e os
determinantes. Jo 9 Ele apontou que havia muito poucos alemães,
Austríacos, Húngaros. e eslavos do sul entre os pacientes com a guerra
neuroses, mas em contraste havia muitos tchecos e os piores casos de
neuroses de guerra ocorreram entre soldados da Itália e da Romênia
grupos étnicos. (Em outras palavras, a incidência de neuroses de guerra foi pro
repartir com a falta de lealdade à Monarquia Dual.) Psicanalistas,
para quem as neuroses de guerra também eram um novo campo, tiveram que revisar e estender sua
teorias.
Enquanto isso, a psiquiatria estava fazendo grandes progressos. Em 1917 Wagner-
Jauregg publicou os primeiros resultados de sua pesquisa sobre o tratamento de doenças gerais
paresia com terapia da malária. Von Economo deu a primeira descrição de
encefalite epidêmica e suas lesões. A mobilização do americano
O Exército tornou possível, pela primeira vez, simultaneamente, a aplicação de psicologia
testes físicos para cerca de dois milhões de indivíduos e, a partir de então, psicológicos
o teste tornou-se um procedimento comum.
Durante os anos de guerra, os grandes sistemas de psiquiatria dinâmica foram
reformuladas por seus autores. Janet foi absorvida pela elaboração de
sua nova psicologia das tendências. Em 1916, Freud publicou seu Introdutório
Palestras de Psicanálise. que foi a primeira pesquisa sistemática de seu
teorias. Ao mesmo tempo, ele deu um novo desenvolvimento à psicanálise
com seus artigos sobre metapsicologia. Ele pensava-se que o aumento da
importância atribuída por Freud aos impulsos agressivos foi devido à guerra
eventos. Alfred Adler. que, como todos os outros, a princípio mostraram ardente
Página 79
patriotismo, gradualmente passou a ver a guerra com horror e a considerar

comunidade sentindo um componente básico da natureza humana. Para Jung a guerra
anos foram o período de sua neurose criativa; ele publicou quase nada
durante este tempo, mas manteve um grupo de discípulos ao seu redor.
Dos quatro grandes sistemas dinâmicos, o único que tornou tangível
o progresso durante a guerra foi a psicanálise. Em 1918 um psicanalítico
editora (Verlag) foi fundada em Viena graças à generosa

presente de Anton von Freund, um húngaro saudável, que tinha sido paciente de
Freud. Este foi o poderoso instrumento pelo qual a propagação do
movimento foi assegurado. Na Inglaterra, a psicanálise tornou-se cada vez mais
popular, principalmente por meio do trabalho de Rivers. Na América, Frink publicou
seu livro outrora famoso sobre medos mórbidos e compulsões. 310 Contri-
butions desenvolvidos à margem da psicanálise, como Silberer
escritos sobre o simbolismo do renascimento. 311 Hans Bliiher afirmou que
o que mantinha as associações dos jovens unidas era um aspecto mais ou menos inconsciente
vínculo homossexual; esta foi uma das primeiras aplicações da psicanálise à massa
psicologia. 312
As circunstâncias obrigaram muitos homens a pensar sobre as causas e as
significado da guerra. Quando Freud publicou seus Pensamentos para os tempos de
Guerra e morte em 1915, ele estava seguindo uma corrente em que muitos dis-
pensadores distintos estavam engajados. Um importante cardiologista alemão, GF
Nicolai, que foi preso por suas idéias pacifistas, escreveu sua Biologia de
Guerra. 313 Outros, como Arthur Schnitzler em Viena, ou o filósofo
Alain, na França, fez anotações que seriam posteriormente montadas em forma de livro.
Durante a guerra, Zurique, a maior cidade da Suíça neutra, manteve seu
cosmopolita character.-' 14 Um grupo de jovens artistas, poetas, e musi-
cians, que se reuniram em torno do romeno Tristan Tzara, em 1916 abriu
o "Cabaret Voltaire" em uma das ruas mais antigas e estreitas de
Zurique, a Spiegelgasse (a mesma rua, aliás, onde Lenin morava).
Lá, esses jovens, que se autodenominavam Dadaístas, recitavam
poemas de absurdos calculados e expressos de todas as maneiras possíveis, seus
desprezo pelo estabelecimento. que tinha sido incapaz de prevenir o
massacre. Vários desses homens escaparam de suas obrigações militares
em seus respectivos países. 315 Alguns dadaístas, como Hans Arp, Hugo
Ball e Marcel Janco se tornariam conhecidos posteriormente como escritores ou
artistas. Friedrich Glauser se tornou o principal autor suíço de detetive
histórias, e outro dadaísta. Richard Hiilsenbeck, estava para encerrar sua carreira
como psicanalista em Nova York.
Em Viena, os acontecimentos da guerra deram origem a tendências divergentes de pensamento.
O entusiasmo inicial foi rapidamente reduzido pelas primeiras derrotas. o
O Exército sérvio, bem treinado como resultado das Guerras dos Balcãs, provou ser mais resistente
do que o esperado. A invasão russa da Galícia causou multidões de refugiados,
compreendendo muitos judeus das classes mais pobres, para despejar em Viena. Itália e
mais tarde, a Romênia declarou guerra à Áustria. Propaganda habilidosa provocou massa
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deserções entre os tchecos e outras minorias menos leais. Comida e

o combustível estava se tornando escasso, enquanto o custo de vida aumentava constantemente.
A morte do imperador Francisco José foi considerada por muitos como a morte do
Império. Durante os últimos meses da guerra, a oposição às hostilidades foi
expressado abertamente. Um jovem médico que participou ativamente do trabalho literário
vida, Jakob Moreno Levy, lançou um novo jornal, Daimon, cujo primeiro número
abriu em um manifesto lírico: "Convite para um encontro", um disfarçado
apelo pela paz que mais tarde foi considerado um marco no existencialismo
literatura. 316 Todas as esperanças da população estavam centradas no Presidente

dent Wilson, que em 8 de janeiro de 1918, havia proclamado seus Quatorze Pontos
pela paz mundial. Mas a derrota e o deslocamento dos centenários
O Império Habsburgo foi experimentado pela maioria dos austríacos como uma intransponível
catástrofe. Isso foi bem expresso por Ernst Lothar em suas Memórias:
O dia da ruína da Áustria-Hungria atingiu-me e a incontáveis outros no coração. Nós

sabia com clareza dolorosa que algo insubstituível estava morto, como
que nunca mais voltaria .... O Império foi reduzido a um oitavo de seus
Tamanho. Nele havia espaço para um pequeno universo: O mar e as estepes,
as geleiras e os campos de trigo, o Sul, o Oeste e o Leste. o germânico,
o romano e o múltiplo eslavo. o Magyar e até mesmo o Turk-the United
Estados da Europa já existiam aqui há gerações quando em nenhum outro lugar
foi possível trazê-los para viver juntos. E este Império cêntuplo,
com suas línguas. culturas. e temperamentos. aquela mistura brilhante de con
cor de prova. existia apenas aqui ... 317
Lothar, que conhecia Freud, sentiu a necessidade de consultá-lo em

sua angústia e de acordo com seu relato perguntou a Freud como alguém poderia existir
sem o país para o qual vivemos. Freud, que sabia que Lothar havia perdido
sua mãe cinco meses antes, disse a ele:
Fiquei comovido ao saber da morte de sua mãe, mas você mesmo continua
viver. A mãe é a pátria de alguém. Aquele que sobrevive a ela é biológico
fato, porque a mãe morre antes dos filhos .... A hora sempre chega
quando um adulto fica órfão. "'O país não existe mais", você diz. Por-
talvez o país que você quer dizer nunca existiu e você e eu estivemos
enganando a nós mesmos. A necessidade de autoengano também é um fato biológico. ele pode
acontece que você percebe em certo ponto que uma pessoa que está perto de você não é
o que você acreditava que ele era ....
Lothar insistiu que a Áustria era a única terra onde ele poderia viver, para
ao qual Freud respondeu:
Em quantos países você já morou? ... Assim como você, eu venho de

Morávia. e. gosto de voce. Tenho uma afeição indomável por Viena e
Áustria, embora talvez. ao contrário de você. Eu conheço seu lado sórdido. 318
Página 81
Em seguida, Freud pegou um pedaço de papel no qual havia escrito:
Áustria-Hungria não existe mais. Eu não poderia morar em outro lugar. A emigração acabou
da questão para mim. Vou continuar a conviver com o tronco e imaginar que ele
é o todo.
Freud concluiu que era um país que poderia fazer alguém morrer de raiva,
mas onde alguém terminaria alegremente seus dias.
Em Viena, no meio do desastre, também havia alguns homens que
tentou tirar o melhor proveito de uma situação desastrosa; sua preocupação imediata
era salvar a juventude e conceber novos métodos para a educação do
pessoas.
Entre as duas guerras mundiais: novembro de 1918 a setembro de 1939

A guerra deixou a França e a Inglaterra arruinadas e exauridas por seus
Vitória de Pirro, a Rússia presa da revolução e da guerra civil, e
Europa afligida pela fome e pelo desespero. Milhões de homens lutaram com
a convicção, instilada por uma propaganda astuta, de que estavam lutando
a última guerra, uma guerra que supostamente estava sendo travada para garantir a paz e
democracia para sempre. Mas os políticos que não conseguiram impedir
a guerra ou pará-la quando ela começou se mostraram também incapazes
de garantir uma paz duradoura, de modo que vinte anos após o fim do mundo
Guerra I, Segunda Guerra Mundial estourou. O intervalo entre as guerras foi marcado
por inúmeras vicissitudes que também marcaram a evolução da dinâmica
psiquiatria.
O ano da paz fracassada: 1919

O mundo esperava ansiosamente a paz prometida que traria
uma nova ordem sob a égide da Liga das Nações. Mas os tratados de paz
foram elaborados de uma maneira que diferia radicalmente da tradição de
o mundo ocidental. O Congresso de Viena, onde uma paz duradoura
foi assinado em 1815 após as Guerras Napoleônicas, deu à França derrotada
igualdade durante as negociações. Os tratados de 1919 não admitiam
os poderes derrotados às negociações; além disso, a Alemanha foi forçada a
se declarar culpado, uma exigência que nunca se ouviu falar na história da diplomacia. Não
admira que os povos da Europa Central que depositaram a sua confiança na
O presidente Wilson ficou furioso, e se Freud manteve uma aversão inveterada
do Presidente Wilson, ele estava apenas compartilhando um sentimento amplamente defendido
na Áustria e na Europa Central.
O Tratado de Versalhes. assinado em 01 de junho de 1919, retornou à Alsácia-
Lorena para a França e a Silésia polonesa para o estado ressuscitado da Polônia.
Após a fuga vergonhosa do Kaiser para a Holanda, e uma tentativa de curta duração
em uma revolução comunista. o governo democrático de Weimar foi
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estabelecido em terreno incerto. A Alemanha não era mais uma potência mundial, ela
tinha perdido sua marinha, suas colônias na África e no Pacífico, e seu estabelecimento
mentos na China. Proprietários de terras alemães nos países bálticos foram expropriados
priada, os imigrantes alemães nos Estados Unidos aceleraram sua
e o alemão, até agora a grande língua cultural do mundo, era
substituído pelo inglês. Sob a pressão da miséria material e espiritual,
muitos alemães se rebelaram contra a situação e aceitaram a lenda de que
a derrota foi devido à "facada nas costas" (Dolchstoss) do social
ists, e começou a pensar em vingança.
A população que formou o Império Austro-Húngaro era
agora dividido em três grupos. Os do primeiro grupo foram atribuídos a
os chamados estados sucessores que ficaram do lado dos vencedores: a Iugoslávia,
Romênia, Polônia e Tchecoslováquia. No segundo grupo estava a Áustria,
privados dos povos de língua alemã dos Sudetos que receberam

para a Tchecoslováquia, e do sul do Tirol que foi para a Itália; e Hungria,
privado de um terço de sua população de língua húngara. No terceiro
grupo eram os eslovenos, os eslovacos e os rutenos que foram para
o sucessor afirma. Os tratados que devolveram a Alsácia-Lorena a
A França já havia criado uma dúzia de novos Alsácia-Lorraines na região central
Europa e ódio imorredouro gerado. "Os criadores do Tratado de Paz
não tinha percebido que a dissolução do Império Habsburgo
corridas lançadas cujas rivalidades tinham mil anos, e que haviam sido
mantida unida apenas pelas tradições da Monarquia. " 319 Áustria agora
se tornou um país de seis milhões e meio de habitantes com um
capital hipertrófico de dois milhões e meio. Foi um período de aguda
angústia na Áustria. Não havia comida, nem combustível, nem transporte, e havia
estava saqueando, tumultos, o mercado negro e a dissolução moral em toda parte.
Na Rússia, o novo governo soviético se mostrou mais forte do que o
Aliados esperavam, e a Europa começou a tremer diante do espectro de
Bolchevismo. Até então, o niilismo tinha sido muito abstrato
conceito, ou algo que dizia respeito apenas aos russos, mas agora de repente
apareceu como uma ameaça terrível para o mundo. 320
O Império Turco também foi desmembrado, principalmente com a
dos novos Estados Árabes. Os armênios haviam recebido a promessa de uma independência
estado atual, mas verificou-se que não havia mais armênios após o
massacres. Os judeus haviam recebido a promessa de fundar uma "casa nacional"
na Palestina pela Declaração Balfour de 2 de novembro de 1917, mas este
promessa foi cumprida sem entusiasmo pelo Mandato Britânico na Palestina.
O clima geral foi dominado pelo impacto da guerra e os grandes
destruição de escala. Romances de guerra começaram a aparecer às dúzias, e as obras
foram escritos sobre a decadência da Europa, civilização ocidental, a raça branca,
e a humanidade como um todo. O Declínio do Oeste de Oswald Spengler gostou
sucesso prodigioso em alemão.
Página 83
Como Nietzsche. Spengler vê o homem como um animal predador. embora um predador criativo,
quem inventou a ciência, a tecnologia. e arte, a fim de se separar de
Natureza e se tornar semelhante a Deus. De acordo com Spengler, grandes culturas são
formas biológicas de vida que nascem, crescem. decair e morrer, seguindo um
padrão inelutável. Houve oito dessas culturas, e a oitava ou
o presente. ou seja, a cultura ocidental. já está morrendo, logo será substituído por
as culturas das raças de cor. A única coisa que resta ao homem ocidental é morrer e
morte honrosa em seu último posto. -'21
Spengler foi criticado por biólogos e historiadores pelas inúmeras

erros contidos em suas obras. Alguns o compararam a Freud por causa de seu
o pessimismo cultural e a importância que dava aos impulsos agressivos.
A comparação é um tanto falha porque, ao contrário de Spengler, Freud
acreditava que impulsos libidinais neutralizam impulsos agressivos até certo ponto.
O clima catastrófico do período é refletido no drama de Karl
Kraus: os últimos
escrito durante os dias
anos da
de humanidade.
guerra, embora Comoaparecido
322 tenha o livro demais
Spengler,
tarde.foi
É um vasto, apocalíptico
visão retratando não apenas o fim da Áustria, mas a destruição de humanos
valores, a derrota da humanidade. e a desintegração do nosso planeta visto como
um pecado contra a harmonia cósmica.
Vários psiquiatras dinâmicos tentaram interpretar os contemporâneos
eventos. Como já visto. Alfred Adler publicou um panfleto, The Other Side,
em que ele tentou explicar por que o trabalhador comum lutou
com tanta coragem e suportou tanta miséria por uma causa que foi
não o seu. 3D Ele concluiu isso. além da pressão militar e decepção
através da propaganda, seu completo isolamento o levou a fazer o
causa de seu verdadeiro inimigo (ou seja, seus superiores) a sua própria.
O psicanalista Paul Federn distinguiu entre as consequências
da revolução austríaca, negativos (como greves) e positivos
(como os conselhos de trabalhadores). 324 Ele explicou ambos à luz
dos conceitos de Freud sobre a horda primitiva e a rebelião dos filhos.
O velho imperador Francis Josef fora a figura paterna do país. Depois de
sua queda. uma sociedade sem pai apareceu; alguns órfãos rejeitaram qualquer
espécie de substituto, daí as greves e revoltas; outros procuraram criar um
nova organização e uma Sociedade de Irmãos.
No meio do desastre. esforços heróicos foram feitos para salvar o emocional
saúde da juventude. Entre essas tentativas estava o célebre Aichhorn
experimento de educação terapêutica em Oberhollabrunn, perto de Viena. Un-
felizmente, é um dos episódios menos documentados da história da
Educação. Não está claro até que ponto o experimento foi imposto por
condições atuais e em que medida foi planejado por Aichhorn. Nós
não tem conta contemporânea. sem estatísticas, sem acompanhamento; nós nem mesmo
sabe quanto tempo durou. Os colaboradores de Aichhorn permaneceram anônimos,
Página 84
e os escassos dados que todos nós temos do livro de Aichhorn publicaram seis
anos depois. Aichhorn foi professor de uma escola pública em Viena. Durante
a guerra ele tinha sido ativo na organização de centros juvenis para meninos
onde foram treinados de forma militar e instilados com um sentimento patriótico -
informações, como pode ser visto no boletim informativo Aichhorn editado em conexão
com essas atividades. 325 Quando a Monarquia Austro-Húngara entrou em colapso,
Aichhorn foi encarregado de um grupo de meninos difíceis. (De acordo com
Segundo o próprio Aichhorn, ele tinha sob seus cuidados diretos um grupo de doze
meninos delinquentes ou agressivos. principalmente de lares desfeitos.) Eles eram
alojado em antigos quartéis militares. Numa época em que Viena era vítima de
agitação revolucionária e motins, não é surpreendente que esses meninos também
revoltou-se, demolindo os móveis, arrombando portas e janelas, e
batendo um no outro. Aichhorn instruiu seus colaboradores a interferir apenas
quando havia perigo real. E, assim como em Viena, o revolucionário
manifestações, embora ruidosas, estavam se tornando menos perigosas, então os meninos
agressividade foi substituída por uma espécie de pseudoaggressividade, seguida
por explosões emocionais. E então, assim como houve um período de melhoria
em toda a Áustria, apesar da instabilidade prolongada, então esses meninos
permaneceu instável por um longo tempo e se recuperou apenas gradualmente. as evidências

deste experimento receberam mais tarde uma interpretação psicanalítica. 326
Apesar da extrema dureza dos tempos, o movimento psicanalítico
mento foi reorganizado e o contato foi restabelecido com alguns países estrangeiros.
Três psicanalistas americanos foram a Viena para uma análise de treinamento com
Freud. 327 Os discípulos de Freud continuaram a ser escritores prolíficos. Eles publicaram entre
outros, uma coleção de estudos sobre neuroses de guerra. 32H
Na França. Janet estava construindo lentamente um novo sistema de comportamento
psicologia, mas ele tinha uma audiência comparativamente pequena. Em 1919 ele era
capaz de publicar seu livro há muito adiado sobre cura mental, - ' 2 9, mas é
aparência tardia deixou a impressão errônea de que seus ensinamentos tinham
estagnou desde os anos anteriores à guerra.
Quanto a Jung, ninguém sabia de sua autoexperimentação e ele ainda estava trabalhando
em seus Tipos psicológicos. Curiosamente, o primeiro indício de seu novo
psicologia analítica foi ministrada pelo escritor Hermann Hesse, em um romance,
Demian.
Emil Sinclair foi criado em um ambiente religioso. Em seus tempos de escola,

ele uma vez vangloriou-se de ser o autor de alguma maldade cometida por outros,
e isso o levou a ser humilhado e chantageado por um camarada perverso. Ele
então conhece um menino mais velho. Max Demian. a quem ele confia seu segredo, que
resulta na liberação imediata de uma situação intolerável. Uma grande amizade
com Demian incita Sinclair a modificar sua 'visão do mundo. aceitar o
existência e necessidade de e \ il. Mas Sinclair vai longe demais e lidera uma dissoluta
vida de estudante. até um breve encontro com uma jovem. Beatrice, o inspira
com um novo ideal (embora nenhuma palavra tenha sido trocada entre eles).
Mais tarde ele conhece uma aprendido e 11 músico ise que lhe ensina como interpretar
Página 85
seus sonhos e dra11 ings espontâneos. Ambos os homens concordam com a noção de que Deus
é idêntico ao demônio (ou melhor, Deus e o diabo são dois aspectos de um
ser supremo. Ahraxas). Ainda mais tarde. Sinclair conhece a mãe de Demian, Eva,
e reconhece nela a imagem v. omã que ele viu em uma visão e pintou. Neste
ponto. a Guerra Mundial começa. Demian aparece para Sinclair e explica
ele isso de agora em diante. 11 uando ele 11 precisar de ajuda e conselho, ele encontrará dentro de si
seu próprio eu mais profundo. · 11 "
É fácil reconhecer nas aventuras espirituais do herói as fases

da terapia junguiana: confissão do segredo patogênico, assimilação de
a sombra. confronto com a anima. o velho sábio e o Self. 331
O primeiro período pós-guerra: 1920-1925

A Grande Guerra (como os contemporâneos a chamavam) causou cerca de trinta
milhões de mortes. e inúmeras outras vítimas (para não mencionar as da fome
e epidemias). mas o maior desastre residiu no "massacre do
elites ", isto é, dos jovens vigorosos entre as idades de vinte e
quarenta. Os líderes do mundo do pós-guerra pertenciam à geração mais velha
que muitas vezes era incapaz de compreender e enfrentar os novos problemas. o
geração mais nova (isto é, aqueles que atingiram a maioridade logo após a guerra) sentiram
que não tinham nada em comum com os mais velhos, estavam cheios de desprezo por
eles.
formamas se mostraram
estruturada. mais capazes
Os jovens de protestar
de 11 anos e os maisdo que de
velhos agir confrontados
foram de uma formacom uma ascensão geral
heaval em todas as esferas da vida. A supremacia da raça branca, e par-
particularmente da Europa. 11 como questionado. Na Europa, os franceses viveram com os
ilusão de que eles haviam substituído a Alemanha em sua hegemonia. O democrático
li hera! forma de governo \\ em declínio e um novo tipo de estado
apareceu. com base no poder absoluto de um partido reforçado pelo
poder da polícia política. Tortura. que tinha desaparecido durante as nove
século X, voltou e se tornou uma instituição permanente em um
número crescente de estados. 3 - '2 Revolucionário e contra-revolucionário
movimentos estavam ameaçando em toda parte. e tentativas desesperadas foram
feito para encontrar novas soluções. Pelo menos houve um certo progresso em relação
à legislação social. como a redução do número de horas de trabalho.
O mais impressionante para os contemporâneos foi talvez a transformação no
costumes. que alguns viram como uma dissolução desastrosa de valores, e outros como
uma simplificação bem-vinda do estilo de vida. 333 Estas mudanças foram mani-
festado na maneira de se vestir. discurso. na escrita de cartas, nas relações sociais
navios. e até nos gestos e tom de voz. A educação tornou-se menos
rigoroso. As distâncias entre as classes sociais foram reduzidas e as pessoas de
diferentes origens começaram a se misturar mais livremente. Relações entre o
os sexos tornaram-se menos formais. Mulheres jovens podiam sair sem
um acompanhante, mesmo à noite. casamentos de razão eram desfavoráveis, "românticos"
o amor foi aceito como norma. casamentos muitas vezes eram concluídos após um
namoro curto. a incidência de divórcio cresceu, e mulheres divorciadas não
Página 86
mais sofreu reprovação social. Esportes e viagens se tornaram populares,

principalmente com o crescimento da indústria automobilística. O teatro era
gradualmente deslocado pelo cinema, que alcançou um público muito maior,
para o qual trouxe as novas figuras ideais das estrelas de cinema. Música jazz
tornou-se imensamente popular não apenas na América, mas também na Europa. o
mundo foi tomado por um desejo febril de dinheiro e prazer, milhares
especulado na Bolsa de Valores, obras de arte e edições especiais de livros
foram usados como objetos de especulação. Na Europa estava na moda imitar
tudo anglo-saxão. Considerando que antes da guerra, beber
o álcool era considerado um vício das classes trabalhadoras, agora se tornou um
hábito elegante das classes altas. 334
Houve uma tendência iconoclasta geral e uma busca por novas formas de
expressão. Foi o apogeu do expressionismo e do cubismo, e do cinema
foi proclamada a sétima arte. A jovem geração literária estava cheia
com sarcasmo e desprezo pelos antigos mestres. Quando Anatole France morreu
em 1924, um grupo de jovens escritores compôs e difundiu uma veemente
diatribe com o título: Un Cadavre (um cadáver). 335 A nova geração
s, earched no passado por precursores e profetas do novo espírito do
vezes. Assim na França. o poeta Lautreamont, que morreu jovem e
cujos escritos foram considerados contaminados com doença mental, era
afirmou o maior poeta francês do século XIX. O marquês
de Sade foi saudado como um gênio poderoso, um profundo filósofo e escritor,
e o verdadeiro fundador da patologia sexual.
Essas características do período pós-guerra, como o desprezo pelos mais velhos

geração, antiintelectualismo, e a afetação para nunca se chocar com
qualquer coisa favoreceu o sucesso de um movimento que desempenhou um grande papel na
a vida cultural da época. especialmente na França - o movimento surrealista -
ment. 33 6 O surrealismo costuma ser visto como uma farsa inventada por artistas e
encorajado pelo esnobismo intelectual. No entanto, havia mais do que isso, e
satisfez uma necessidade intelectual da época. Tudo começou quando Tristan
Tzara e alguns outros dadaístas deixaram Zurique e vieram para Paris para continuar
suas atividades. Eles se juntaram a outros, mas logo se separaram em diferentes
grupos. Um deles levou o. nome dos surrealistas e reunidos em torno
Andre Breton, Philippe Soupault, Paul Eluard e Louis Aragon. o
história de seu movimento é um tanto tempestuosa com os membros
constantemente lutando entre si. No entanto, Andre Breton conseguiu
mantendo-se como líder do movimento por duas décadas e
se mostrou o mais criativo.
Os surrealistas mantiveram a atitude negativa e a rejeição de
valores aceitos do Dadaísmo: família, país, religião, trabalho e até
honra. Muitos deles aderiram, pelo menos temporariamente, ao Partido Comunista.
Contudo. sua grande preocupação era a exploração dos reinos ocultos de
a mente, que os românticos chamavam de lado noturno da Natureza, isto é,
o inconsciente. sonhos. doença mental. o fantástico e o maravilhoso.
Página 87
Como estudante de medicina, Andre Breton foi mobilizado para trabalhar nas forças armadas
unidade psiquiátrica. Entre seus pacientes havia um homem que subiu em um
aterro da trincheira durante a batalha e, como um policial direcionando o tráfego,
havia "dirigido" o vôo das bombas ao seu redor. O homem estava convencido
que era uma guerra simulada, com armas falsas e feridos e
morto; uma prova é que ele sempre escapou de uma lesão. Bretão ficou impressionado
para ver como uma pessoa jovem e bem-educada, que parecia lúcida, poderia viver em
um mundo fantástico a tal ponto. Breton interessou-se pelo trabalho de
Myers, Flournoy, Janet e Freud, mas depois da guerra ele desistiu de seu
estudos médicos, juntou-se aos dadaístas, e mais tarde fundou seu próprio
movimento. Seu objetivo era o rejuvenescimento da poesia e da arte, recorrendo a
fontes inexploradas de criatividade. Seu primeiro interesse foi no intermediário
estado entre o sonho e a vigília, ou seja, esse estado hipnagógico
onde palavras e imagens dispersas ocorrem à mente. Uma vez que ele ouviu o
palavras: "Há um homem cortado em dois pela janela", e ele viu o cor-
imagem de resposta. Breton parece não saber que este tipo de
sonho foi exaustivamente investigado por Herbert Silberer, que mostrou
que a imagem hipnagógica era uma representação simbólica do estado de
o sonhador que estava a meio caminho entre os estados de vigília e sonho
ing. 337 A atenção de Breton foi atraída para essas frases misteriosas nas quais
ele viu a própria essência da poesia. Ele distinguiu este automatismo verbal
das imagens visuais, afirmando que embora possam ser misturados às vezes,
eles são dois conjuntos distintos de fenômenos. No entanto, o automatismo verbal
era de mais valor para o poeta do que para os outros.
Breton então notou que existe no homem, não apenas na hipnagogia
estado, mas permanentemente, um "discurso interior" (discours interieur), que pode
ser percebido a qualquer momento se for dada atenção suficiente. Esta voz interior
é bem diferente do que poetas como James Joyce chamam de interior
monólogo, que é mais uma imitação da linguagem comum. Interior de bretão
o discurso é intermitente e aparece em frases curtas e grupos de
palavras que estão desconectadas umas das outras. Além disso, pode haver
vários fluxos verbais simultâneos, cada um carregando um fluxo de imagens que
competir pela supremacia.
O problema agora era como explorar esse discurso interno para fins criativos
poses. Por algum tempo, Breton trabalhando com Desnos tentou falar automaticamente,
isto é, tudo o que veio à mente ao acaso (um método que,
aliás, tinha sido usado por Janet com seus pacientes (Madame D.). 338
Mas eles logo descobriram que o método era perigoso, e Breton recorreu a
escrita automática. Esse método, conforme usado pelos surrealistas, era diferente
do tipo utilizado pelos espíritas, ou seja, um automatismo puramente motor, o
sujeito inconsciente do conteúdo do que está colocando no papel.
Como era usada pelos surrealistas, a escrita automática era um ditado interior
(die tee interieure), ou seja, o poeta teve que se colocar em um onírico
clima para poder ouvir o seu discurso interior, que gravou
Página 88
sem mudar uma palavra. De acordo com Breton, consciência clara e

as imagens visuais impediam o ditado interior. Para isso, é necessário treinamento
e não há garantia de que produzirá obras-primas. Na verdade, apenas
algumas entre as obras literárias dos surrealistas originaram-se de
escrita. 339
Breton chegou à conclusão de que existe um reino misterioso no
mente humana, uma espécie de ponto central que liga o indivíduo consciente
com seu eu mais íntimo e, ao mesmo tempo, com forças desconhecidas no
universo. O objetivo do surrealismo é reconquistar esse ponto central para que
o indivíduo pode recuperar a totalidade de sua energia psíquica e a
riquezas conhecidas dentro dele. Deste centro emanam todas as formas de arte artística
criatividade: poesia, pinturas. e escultura, bem como novas formas de arte.
Durante os primeiros dois anos, os surrealistas fizeram uso liberal de automóveis
escrita matemática e hipnose, mas logo perceberam os perigos de
essas práticas. Breton conta como um uso imoderado da escrita automática
o enviou a estados alucinatórios. 340 Um de seus associados, Desnos, caiu mais
e mais facilmente em estados sonâmbulos profundos em que ficava agitado
e perigoso a tal ponto que uma vez perseguiu o poeta Eluard com um
faca para matá-lo. Outra noite, em uma festa surrealista, dez de
cerca de trinta pessoas caíram em sonambulismo hipnótico, e vários destes
foram descobertos tentando se enforcar em uma antecâmara escura (um
deles realmente cometeram suicídio mais tarde). Isso causou uma parada temporária em
as atividades do movimento, que foi reorganizado por Breton em 1924.
Gradualmente, o campo de interesse do surrealismo estendeu-se à pintura, escultura
tura, fotografia e cinema, e afirmava enriquecer a humanidade com
uma nova forma de estética. Os surrealistas procuraram ancestrais e aliados e listaram
Freud. Sade. e Lautreamont entre as figuras paternas. (Eles omitiram
em sua longa lista de precursores, os únicos diretos, a saber, os futuristas.)
Os surrealistas estavam interessados em todas as manifestações do maravilhoso, o

fantástico, o estranho. e coincidências inexplicáveis; Bretão suspeita
que estranhos seres invisíveis desempenharam um papel na vida humana. Eles estavam atentos
voltado para aquelas ironias que de repente traem o caráter trágico da vida (este
é o que eles chamam de humor negro ou humor nair) . Outro de seus grandes
preocupações foi o hasard off, ou aquelas estranhas coincidências que parecem
ter sido combinado com uma intenção irônica.
Os surrealistas promoveram e inventaram novas formas de arte e organizaram
exposições de objetos surrealistas: incluindo muito precisos e engenhosos
máquinas sem uso prático; coisas que foram vistas em sonhos
ou resultante da combinação de inspiração criativa, chance e auto-
matismo. 341 Entre os muitos outros artifícios dos surrealistas, devemos
mencionar sua imitação consciente de doença mental. pelo menos por escrito. Bretão
e Eluard uma vez publicou uma série de cinco ensaios em que imitaram
as manifestações verbais de fraqueza mental, mania aguda, geral
paresia, delírios de interpretação e "demência precoce". 342
Página 89
O movimento surrealista está relacionado à história da psiquiatria dinâmica

em várias formas. É claro que seu líder, André Breton, levou muito
desde a primeira psiquiatria dinâmica, embora sua técnica de automação
a escrita nada tinha em comum com a dos espíritas, William James,
ou Janet. Nem seu ditado do inconsciente era idêntico ao de Freud
método de associação livre. Breton tinha se formado em medicina e
permaneceu ativo na psiquiatria, ele poderia muito bem, com esses novos métodos,
tornaram-se o fundador de uma nova tendência de psiquiatria dinâmica. Isso também
explica sua admiração por Freud e interesse pela psicanálise. Ele visitou
Freud em Viena e trocou algumas cartas com ele. 34 3 Pelo menos dois de
Os artigos de Freud apareceram na tradução francesa pela primeira vez na Surrealista
revistas. 344 Freud, porém, parecia estar intrigado e envergonhado com o
interesse demonstrado nele por estes homens cujas idéias e escritos ele falhou
Compreendo. 345 Como era de se esperar, o surrealismo também se tornou um objeto
de estudo para psiquiatras. Henry Ey afirma que ambos psicopatológicos
a arte e a arte surrealista originam-se da mesma fonte criativa inconsciente;
no entanto, o surrealista vai conscientemente a esta fonte e canaliza seu
inspiração, enquanto o paciente mental é dominado por ela. 346 em outro
palavras, como conclui Ey. o surrealista "torna o maravilhoso", enquanto o
artista psicótico "é maravilhoso".
Em 1920, quando a Europa Ocidental e a América estavam a caminho de
prosperidade renovada, a Alemanha, e particularmente a Áustria, ainda estava em eco-
dificuldades econômicas e econômicas. O pior de tudo foi a atitude depreciativa de
os austríacos em direção a seu próprio país e sua cultura tradicional. Eles
não tinha nada além de sarcasmo e desprezo pelos dias da Monarquia Dual.
Nos círculos socialistas, houve ataques ferozes contra os militares
cirurgiões que fizeram uso de estimulação elétrica no tratamento da guerra
neuroses. O Parlamento austríaco nomeou uma comissão de inquérito sob
a presidência do Professor LatHer, um advogado notável. Reclamações
foram recebidos de uma série de ex-pacientes militares, contra metade de um
uma dúzia de neuropsiquiatras, incluindo Wagner-Jauregg. 347 As audiências levaram
lugar de 15 a 7 de outubro de 1920, na presença de muitos neuropsias

quiatras e jornalistas. J 4 H A comissão nomeou Sigmund Freud e
Emil Raimann fará laudo pericial sobre o tratamento elétrico da guerra
neuróticos.
Wagner-Jauregg declarou que o tenente Kauders (seu principal acusador)
tinha sido um simulador, e não foi nenhum prazer para ele fazer tal
diagnóstico. Wagner-Jauregg mencionou que se ofereceu para servir como um
neuropsiquiatra durante todo o período de guerra, sem uniforme,
nem patente militar, nem salário, nem reconhecimento oficial. Ele tinha examinado e
tratou muitos milhares de soldados e oficiais afligidos com todos os tipos de guerra
neuroses. Apenas uma fração dessas neuroses teve origem na batalha
linha. Nenhum foi observado entre prisioneiros de guerra. A maioria dos casos foram contra
tratadas na retaguarda e muitas vezes na forma de epidemias, principalmente entre
Página 90
certos grupos étnicos. "Entre os checos, os corajosos resistiram

mãos e se renderam ao inimigo, embora soubessem que iriam
tem que lutar pelo inimigo; os menos corajosos fugiram para a doença. Quando
veio o colapso, um grande número de neuróticos fugiu do hospital.
De repente, eles adquiriram a capacidade de se mover. "Muitos tchecos abertamente
admitiu que simularam, e que até escolas para
simuladores. Wagner-Jauregg acrescentou que primeiro tratou neuróticos de guerra com
isolamento e dieta láctea e depois aplicou o tratamento farádico ", um tratamento
de condições histéricas que eram conhecidas há muito tempo ", com brilhante
resultados, muitas vezes após apenas uma sessão.
Freud foi chamado a seguir para ler seu relatório. 349 Ele fez exceção com
Wagner-Jauregg por ter visto muita simulação, e apontou que
o termo "fuga para a doença" foi introduzido por ele e aceito por
Ciência médica. 3 ~ 0 O número de simuladores deve ter sido pequeno. (Aqui
Wagner-Jauregg interrompeu: '' E as confissões! "). O papel de
os médicos não devem ser metralhadoras dirigidas contra fugitivos
soldados; eles devem ser os defensores dos pacientes, e não de ninguém
outro. O paciente Kauders havia sido ferido (Wagner-Jauregg exclamou:
"Não!"), E Wagner-Jauregg o enganou chamando-o de fingidor.
"Eu, portanto, acredito que as causas residem parcialmente no Conselheiro Wagner.
Isso porque ele não fez uso da minha terapia. Eu não exijo dele
que ele é capaz de fazer isso, eu não posso pedir isso a ele quando mesmo meus alunos não podem
faça isso. "Freud acrescentou que na Alemanha o tratamento psicanalítico teve
sucesso dinâmico com o Dr. Schnee e o Dr. Siegel.
Wagner-Jauregg respondeu: '· Em relação à simulação, talvez eu possa dizer
sem falta de modéstia que sou um pouco mais competente. Sem simuladores
vir ao professor Freud para tratamento. Considerando que na minha profissão tenho
muitas oportunidades para tratar simuladores. Além disso, tive uma rica experiência
durante a guerra. que faltou ao Professor Freud. "Wagner-Jauregg
acrescentou que a psicanálise não poderia ser usada durante a guerra, e Freud
o próprio admitiu o obstáculo da linguagem. JST No entanto, Freud disse: "Psycho-
a análise pode ser conduzida também na guerra. "Wagner-Jauregg respondeu:" Mas apenas
em casos isolados ". Freud declarou então:" Em massa, mas abreviado pela hipnose.
Ele tem dado muito problema, mas em casos particularmente difíceis que teria
tem sido gratificante. "
No dia seguinte, 16 de outubro, o outro perito, Raimann, leu seu
relatório que - como poderia ser esperado de um discípulo fiel de
Wagner-Jauregg - estava inteiramente a seu favor. Freud também foi duramente criticado
por Fuchs. Freud respondeu que a opinião de Wagner-Jauregg "prova que ele é um
psicólogo pobre e inclinado a ver fingidores em todos os lugares "... " Se
esses pacientes também foram examinados psicanaliticamente, haveria
não houve tais reclamações. "
Raimann então se opôs ao que Freud havia dito (a saber: "Eu
\\ Ould fez diferente "):" Por que no subjuntivo? Por que ele não
Página 91
fazer de outra forma e mostrar como curar as neuroses de guerra psicanaliticamente?

Ele teria recebido imediatamente uma ala ... Ele nunca viu guerra
neuroses, e é preciso alguma coragem para fazer um relatório de especialista sobre essas
importa sem saber nada sobre eles. "Raimann acrescentou que no
Congresso psicanalítico em 1918, dois dos alunos mais próximos de Freud admitiram
que a psicanálise não poderia ser aplicada nestes casos, para não mencionar o
questão de dinheiro. Pacientes destituídos não podem ser analisados ... "Quando alguns-
não se pode pagar, ele admite ser saudável. "
Otto Potzl apoiou Freud e declarou que do ponto de vista teórico
de vista, ele era definitivamente um adepto da psicanálise, embora fosse de
outra opinião quanto à sua aplicação prática.
Fuchs testemunhou que havia estudado e aplicado a psicanálise, mas que
ele nunca teve os menores resultados com esse método. Ele havia referido guerra
neuróticos para psicanalistas e todos eles foram enviados de volta para ele
sem ser curado. "Quando o professor Freud diz que seus alunos não eram
à altura da tarefa, por que ele mesmo não desceu para a arena? "
concluiu sarcasticamente.
É óbvio que o que havia começado como uma comissão de inquérito logo levou
o caráter de uma justa verbal entre os partidários e os adversários de
psicanálise. com o último tendo a vantagem. A Comissão
concluiu que não havia motivos para julgamento. No meio do general
turbulência contemporânea, o incidente foi logo esquecido. Mais tarde, quando Freud
relatório do especialista foi publicado. psicanalistas tiveram a impressão de que ele teve
foi extremamente justo com Wagner-Jauregg, que, no entanto, pensava bem diferente
sensato. 352 Em sua autobiografia, ele afirmou que a investigação deu a Freud uma
ocasião inesperada para expressar sua raiva contra ele. 353
Tais polêmicas, no entanto, não impediram o crescimento da psicanálise
movimento. Estava se tornando moda para ingleses e americanos
vá a Viena para análises didáticas ou terapêuticas. Em Berlim, o primeiro Psycho-
Policlinic analítico foi aberto por Max Eitingon. Freud estava em uma nova criação
fase inicial e publicou seu ensaio Beyond the Pleasure Principle.
O ano de 1921 mostrou mais uma vez como era difícil para a Europa se recuperar
dos efeitos da guerra. Alemanha foi solicitada pela comissão de
reparações para pagar 132 bilhões de marcos de ouro, resultando em insolvência econômica
e problemas financeiros. A rebelião irlandesa forçou a Grã-Bretanha a permitir
a fundação da República da Irlanda (Eire). Itália tornou-se presa de esquerdistas
movimentos subversivos. enquanto Mussolini estava construindo seu movimento fascista-

ment. Na Rússia, o governo bolchevique teve grandes dificuldades em organizar
uma economia puramente comunista, de modo que Lenin decretou uma "Nova Economia
Policy "(NEP) com um retorno parcial aos métodos tradicionais. A Áustria foi
lutando desesperadamente com uma situação aparentemente sem esperança, a ponto de
movimentos sáratistas surgiram em certas províncias.
Na psiquiatria, alguns dos mestres da geração anterior estavam se movendo
para outros interesses. Eugen Bleuler publicou sua História Natural da
Página 92
Souf3 54 no qual trabalhou por muitos anos e no qual algumas pessoas

chamado seu Segundo Fausto. 355 Para muitos foi uma surpresa ver o positivista
cientista adota alguns dos conceitos especulativos de Driesch e descreve o
desenvolvimento da consciência a partir do psicoide, um hipotético elemento elementar
forma de atividade psíquica (algo que lembra o inconsciente orgânico
dos românticos alemães.) Fore !, que além de sua vocação neuropsiquiátrica
ção. tinha sido um lutador apaixonado pela reforma social durante toda a sua vida, e foi
também considerada uma autoridade mundial na classificação de formigas, agora publicado
uma vasta obra retratando a ordem social supostamente perfeita das formigas, que
ele propôs como um modelo para a humanidade. 35 6
No ano letivo de 1920 a 1921, Janet deu um curso sobre o
psicologia da religião que atraiu ouvintes entusiasmados, incluindo o
Clérigo americano. Reverendo Horton, que publicou suas notas sobre sua
voltar para os Estados Unidos. 357 Mas Janet foi consistentemente ignorada pelo
nova geração, que na França e em outros lugares estava começando a se voltar para
Viena.
Um evento psiquiátrico daquele ano foi a reentrada de Jung, com o
publicação de seus Tipos psicológicos. Este livro foi fruto de anos de
trabalho silencioso realizado durante a guerra e (como sabemos hoje) da própria Jung
experimentar. Ele explicou os princípios básicos de seu sistema, que ele era
a desenvolver nas próximas duas ou três décadas. Ao mesmo tempo, este livro
tratou de um tópico que passou a ser de grande interesse entre os mais jovens
geração psiquiátrica. nomeadamente. o estudo dos tipos psicológicos e seus
correlações com vários tipos de doença mental.
Caracteristicamente. três psiquiatras, Jung. Kretschmer e Rorschach,
Publicados. quase simultaneamente. descrições de sistemas centrados em torno
a distinção de dois tipos. A tipologia de Jung foi descrita na pré-
capítulo cedente. 358 Para Kretschmer, doença maníaco-depressiva e esquizo-
frenia são os graus extremos de duas atitudes que ele chamou de ciclotimia
e esquizotimia. 35 9 Os indivíduos ciclotímicos são sintônicos, o que significa
que toda a sua personalidade vibra em sintonia com o ambiente, enquanto
os esquizotímicos são esquizóides, ou seja, existe uma espécie de dis-
coerência em suas reações ao meio ambiente. Kretschmer também fez um
correlação entre ciclotimia e indivíduos do tipo pyknic,
esquizofrenia e indivíduos do tipo astênico; em outras palavras, existe
uma correlação entre o tipo psicológico. predisposição para doenças mentais,
e biótipo constitucional.
Hermann Rorschach. um jovem psiquiatra suíço que havia seguido o
desenvolvimento da tipologia de Jung com grande interesse, integrando as noções
de introversão e extratensão no quadro de um psicológico
teoria ligada à invenção de um novo e original teste projetivo. 360
Um homem de dons artísticos e interesses multifacetados. Rorschach tinha sido
Aluno de Bleuler (embora nunca tenha feito parte da equipe do Burgholzli) e
publicou estudos sobre a psicopatologia das seitas suíças e vários psicólogos
Página 93
tópicos analíticos. 3 61 Ele havia testado crianças em idade escolar com manchas de tinta e comparou
os achados com os do teste de associação de palavras. Ele estava preocupado
com o problema da tradução de imagens sensoriais de um campo de
percepção para outro; por exemplo, percepções visuais em cinestésicas.
Mourly Void mostrou que a inibição dos movimentos estimula o
aparecimento de sonhos cinestésicos. Esta observação trouxe Rorschach
para conceber a introversão como a volta em direção a um mundo interno de cinestésica
imagens e atividade criativa. Por outro lado, a extratensão foi a virada
em direção a um mundo de cores, emoções e adaptação à realidade. Rorschach
combinou essas duas funções no conceito mais abrangente de Erlebnisty: _
pus (isto é, a extensão da introversão, extratensão e sua proporção
entre si). Além disso, ele concebeu Erlebnistypus como sendo o mais íntimo,
capacidade íntima de ressonância às experiências de vida, e ao mesmo tempo uma
elaboração contínua dessas novas experiências de vida. No mesmo indivíduo,
Erlebnistypus está sujeito a flutuações diárias, mas também a uma lenta e contínua
processo autônomo de evolução. O conhecimento de Erlebnistypus poderia
ser investigado com o teste do borrão. Em comparação com testes anteriores semelhantes
(notadamente o de Galinhas), o principal elemento diagnóstico não era o conteúdo de
as respostas, mas os elementos formais: número e proporção do todo e
respostas detalhadas, de respostas cinéticas e coloridas, e assim por diante. Livro de Rorschach
em seu "Psicodiagnóstico" foi publicado, apesar das circunstâncias difíceis
em meados de 1921 e encontrou aceitação entre um pequeno grupo de
amigos e colegas. 362
A principal conquista de Freud naquele ano foi sua psicologia de grupo e
Análise do ego. 363 Freud, de sessenta e cinco anos, estava agora analisando
tempo, e neste ano ele tinha nada menos que quatro novos analisandos americanos,
entre os quais estavam Abraham Kardiner e Clarence Oberndorf. 364 o
A atmosfera psicanalítica em Viena era bastante tempestuosa naquela época. Dentro
visão do fluxo cada vez maior de estrangeiros que vêm a Viena para análise,
faltava analistas sérios e a situação era favorável para
pessoas incompetentes e com formação insuficiente. Houve rumores sobre
americanos ricos indo para Viena apenas para cair nas mãos de perigosas
charlatães que cobravam altas taxas e só pioravam as coisas. 365 o
A Editora Psicanalítica (a Verlag) também teve seus bons e maus
períodos. Quando publicou um "romance psicanalítico" de Groddeck, afiado
críticas foram desencadeadas; alguns analistas acharam de mau gosto, pornográfico,
e indigno de uma editora científica. 36 6
Outra obra publicada pela Verlag em 1918 e reeditada na época
desencadeou uma polêmica vivaz. Foi um diário escrito por um anônimo
adolescente entre seus onze e quatorze anos, e apresentou
porconsiderado
foi Hermine vonuma
Hug-Helmuth comcerteza,
farsa. Para ter um prefácio de Freud.
Cyril Burt 367 Este trabalho
368 na Inglaterra havia apontado
a improbabilidade de que tal documento poderia ser o diário literal

de um adolescente sem acréscimos, omissões ou outras mudanças. 369
Página 94
Na Rússia, o movimento que parou durante a guerra

e a revolução, foi reorganizada; um grupo florescente foi encontrado em
Moscou, e o interesse pela psicanálise estava despertando até mesmo nos Balcãs
países. Assim, um búlgaro, Ivan Kinkel, publicou um estudo psicanalítico
dos fundamentos da religião. 370
Ainda havia muita turbulência no mundo ocidental em 1922, com
flitos entre os alemães e os aliados, e entre os aliados eles-
eus. Na Ásia Menor, os gregos foram derrotados pelos turcos. Mas lá
foram sinais definitivos de recuperação econômica. Na Áustria, Prelado Seippel
tornou-se primeiro-ministro e gradualmente libertou o país de um ap-
situação aparentemente sem esperança.
Novas tendências se manifestaram na psiquiatria. Tratamento de Wagner-Jauregg
de paresia geral por malária tornou-se amplamente conhecido e aplicado. ele é
difícil perceber hoje a sensação que esta descoberta despertou: geral
paresia era o arquétipo da doença mental incurável e fatal, e
método fisiológico foi introduzido na psiquiatria: Klaesi, na Suíça,
elaborou um novo tipo de terapia prolongada do sono usando Somnifain, que
foi mais eficaz do que a cura Trional de Otto Wolff. 371 psiquiatras gradualmente
chegou a admitir que doenças mentais graves podem ser tratadas por fisiologia
métodos.
A psicanálise estava emergindo cada vez mais como a principal psicoterapia
escola peutic. Hipnose. sugestão e os ensinamentos da primeira dinâmica
a psiquiatria foi novamente considerada obsoleta, como havia sido entre 1860
e 1880. Havia, no entanto, uma chamada Segunda Escola Nancy. Um far-
macista daquela cidade, Emile Coue, havia elaborado um método de tratamento de
distúrbios nervosos por meio de um treinamento do subconsciente. 3 72 pacientes
veio a ele de muitos países e ele os tratou em grupos e gratuitamente
de cobrança. 37 3
O primeiro sinal de uma abordagem nova e bastante diferente foi dado quando
Ludwig Binswanger leu um artigo "On Phenomenology" na Swiss Society
for Neurology and Psychiatry. 374 Um psiquiatra com uma base filosófica
solo, que foi discípulo de Bleuler e foi influenciado por Freud,
Binswanger apontou o interesse da fenomenologia de Husserl como um
método que poderia ser aplicado à psiquiatria clínica. Esta contribuição fez
não atraem muita atenção no momento, mas quando Rorschach deu seu
última comunicação à Sociedade Psicanalítica S \\ iss em 18 de fevereiro
1922, estava claro que ele estava desenvolvendo seu método de interpretação de teste
na direção da fenomenologia. Logo depois, no entanto, Rorschach
morreu em 2 de abril de 1922, aos trinta e sete anos, e sua perda foi tragicamente
sentido por seus colegas.
O ano de 1923 trouxe um agravamento dos conflitos na Europa Ocidental.
Por causa do fracasso da Alemanha em pagar as reparações, os franceses ocuparam
os ricos centros industriais do Ruhr. Isso causou muita agitação política
Página 95
na Alemanha e conflitos entre a França e a Inglaterra. Governo ditatorial

mentos apreenderam po'.ver em um número crescente de países. Pouco depois do
estabelecimento da ditadura fascista de Mussolini na Itália, Primo de Rivera
tomou o poder na Espanha.
A psicologia estava se desenvolvendo rapidamente e invadindo todos os campos da vida em que
passou a ser chamada de revolução psicológica. Isso foi particularmente evidente
na Suíça. Em Gene \ a os alunos de Theodore Flournoy e
Claparede estava desenvolvendo a psicologia infantil e a ciência da educação.
Jean Piaget publicou sua linguagem e pensamento na criança, o primeiro de
uma longa série de monografias que iriam renovar nosso conhecimento sobre a criança
psicologia e desenvolvimento. 37 S Em Zurique, um grupo de engenheiros se reuniu
em torno de Alfred Carrard e fundou o "Instituto de Psicologia Aplicada"
(Jnstitut fur angewandte Psychologie), fazendo uso prático de
desenvolvimentos da psicologia nas áreas de orientação profissional, industrial
psicologia e aconselhamento. Uma ênfase particular foi dada ao psicológico
testes e grafologia.
O primeiro artigo sobre fenomenologia clínica apareceu naquele ano. Eugene
Minkowski contou a história de um esquizofrênico deprimido que anunciou
diariamente que ele seria executado à noite. 376 Mas quando Minkowski
apontou para ele que embora ele tivesse feito esta declaração tantas vezes
isso nunca aconteceu. o paciente simplesmente rejeitou o argumento e
alegou que ele seria executado naquela mesma noite. Minkowski con
concluiu que este paciente experimentou o tempo de uma maneira bastante diferente de
pessoas normais. A suposição usual teria sido que a percepção
do tempo foi distorcido por causa dos delírios. mas Minkowski avançou
a ideia de que era o contrário:
Não é o transtorno relativo ao futuro uma consequência natural do delírio

crença de que a execução é iminente '? . Não poderíamos: pelo contrário, supor
quanto mais transtorno de hash é a atitude distorcida em relação ao futuro, enquanto
o delírio é apenas uma de suas manifestações?
Este artigo de Minkm \ ski · s foi para marcar o início de uma nova tendência em
fenomenologia psiquiátrica. Nesse mesmo ano, Buber publicou um pouco
livro, eu e tu. que viria a ser um dos clássicos do existencialismo. 377
Buber enfatizou a diferença entre as relações com uma coisa que eu
observar e a uma pessoa que se dirige a mim e a cujo endereço eu respondo.
Mas embora minha relação com uma pessoa possa ser de "eu e você", muitas vezes
torna-se uma relação de "eu e isso".
O mm emento psicanalítico estava em plena expansão e, ao mesmo tempo
o tempo estava passando por novas mudanças. Sua editora publicou Freud's
tratado. O Ego e o ld, no qual ele explicou sua nova teoria do
três "agentes" da personalidade humana: o ego, o id e o sup-
erego. 3 78
Página 96
O termo das Es (o Id) foi emprestado por Freud de Groddeck,

cujo Livro do / d acabara de aparecer e atraiu a atenção. 379
Era uma coleção de cartas supostamente escritas por um certo Patrick Troll para
uma mulher, a respeito da influência do inconsciente em nossa vida consciente
e o organismo. A descrição de Groddeck do id refletiu, ao extremo
grau, o antigo conceito romântico de um inconsciente irracional. Ele concebeu
do id como impessoal e cheio de impulsos agressivos e assassinos, e
acreditava que cada impulso tinha seu anverso. Por exemplo, a jovem mãe que
ama seu bebê também odeia inconscientemente. A náusea da grávida,
vômitos e dores de dente eram manifestações simbólicas de seu desejo de
se livrar da criança. Um verdadeiro epígono de Navalis, Carus e Von Hartmann,
Groddeck proclamou que o id poderia moldar processos fisiológicos e
causar doenças.
A psicanálise também estava se espalhando na Rússia. No prefácio do terceiro
volume de uma nova coleção de traduções de Freud, Ivan Ermakov
reconheceu o conceito de sexualidade infantil de Freud como um dos grandes
descobertas psicológicas de nossos tempos, cujo conhecimento foi
absolutamente indispensável para todo educador. 380
Em 1924, muitos observadores sentiram que o mundo ocidental estava bem encaminhado
à recuperação, apesar da turbulência política na Alemanha. Na Itália, depois
o assassinato do líder socialista, Matteotti, os fascistas foram fortalecidos-
em sua ditadura. Na Áustria, as condições estavam lentamente voltando ao normal.
Na psiquiatria dinâmica, a psicanálise foi definitivamente o dominante
tendência e foi discutida em toda a Europa Ocidental, nos Estados Unidos
Estados, e até na Rússia. Na Bulgária, Ivan Kinkel escreveu um psicanalítico
estudo dos movimentos revolucionários (com particular ênfase no francês
Revolução de 1789 a 1799) .381
Muita controvérsia se desenvolveu em torno de novas tendências e discussões
foram considerados como desviantes ou não. Bem no início de
o ano, um livro conjunto de Ferenczi e Rank apontou para novos caminhos na psicologia
terapia analítica e teoria. 382 No decorrer do mesmo ano, cada um
deles trouxe uma contribuição separada, ambas as publicações sendo
notavelmente ousado.
O livro de Otto Rank, O Trauma do Nascimento, foi nada menos que um
tentativa de reformulação da teoria e prática psicanalítica,
baseado na teoria de que todo ser humano sofre ao nascer o maior
trauma de sua vida, tenta em vão superar esse trauma de todas as maneiras possíveis,
e está inconscientemente desejando retornar ao útero de sua mãe. 383 o livro
foi dedicado a Freud e pretendia ser um desenvolvimento posterior de
psicanálise, com base no trabalho analítico de Rank com seus pacientes. Freud
uma vez expressou a opinião de que a ansiedade do bebê durante o processo
do nascimento foi o protótipo de toda ansiedade posterior. Rank desenvolveu a ideia
que não apenas a ansiedade, mas a totalidade da vida psíquica do indivíduo pode
estar relacionado ao trauma do nascimento. Nos sonhos e fantasias dele
Página 97
pacientes, disse ele. o processo de cura era representado por símbolos de nascimento,
transferência provou ser uma reconstituição da fixação mais antiga no
mãe, e ao final da análise, a libertação da representação do analista
enviou a separação da mãe no nascimento. Uma análise bem-sucedida foi
portanto, uma ab-reação relacionada ao trauma do nascimento. Esta teoria implicava um novo
sistema de interpretação de sonhos. um novo código de símbolos universais, um
reformulação do princípio do prazer como o desejo de retornar ao útero,
e uma nova interpretação da vida sexual normal e anormal, neurose,
psicose. e a vida cultural como um todo.
O trabalho de Rank foi uma surpresa para os psicanalistas. O próprio Freud parece
ter ficado impressionado com a teoria, mas também muito perplexo; ele hesitou
por vários meses. mas finalmente rejeitou a teoria de Rank e se separou
dele com pesar. De acordo com Edward Glover, alguns analistas rapidamente
descobriram traumas de nascimento em todos os seus pacientes após a publicação de Rank's
livro, mas isso cessou depois que a teoria de Rank foi oficialmente explodida. 384
A teoria de Ferenczi era ainda mais ousada do que a de Rank, mas despertou
menos controvérsia. 3H5 Vida intrauterina. Ferenczi afirmou, é uma reconstituição
da existência das primeiras formas de vida no oceano. Quando um animal
espécies emergiram. ha muito tempo atras. do mar para prosseguir sua evolução em terra firme,
experimentou um trauma do qual o trauma do nascimento é apenas uma repetição.
O homem se aflige com a saudade, não apenas de voltar ao ventre de sua mãe
(como afirmou Rank). mas para retornar à sua existência primitiva nas profundezas de
o mar. · '86
No ano de 1925, o mundo ocidental pode ter a impressão de que
tinha finalmente superado a turbulência que se seguiu à Grande Guerra. Dentro
Outubro, o Pacto de Locarno. \\ que visa a prevenção de agressões futuras
sion, foi assinada pelas grandes potências e foi considerada "o fim do
período pós-guerra. · •
Foi também um período de prosperidade para a psiquiatria, psicologia e psicologia
terapia, particularmente nas duas cidades de Zurique e Viena, que disputavam
o título, Capital da Psicologia.
Zurique não foi apenas a sede do famoso Burgholzli, mas também da
Instituto de Psicologia Aplicada. onde psicólogos práticos foram treinados,
e do Seminário Hans Hanselmann de Educação Terapêutica para o
formação de professores terapêuticos especializados. Psicólogos e psicólogos
terapeutas abundavam a tal ponto em Zurique e seu ambiente que
seu lago veio a ser conhecido como Lago da Psicologia. Eugen Bleuler, o
grande velho da psiquiatria suíça. estava perseguindo seu interesse naquele elemento
atividade mental inconsciente, ele chamou de psicóide. 387 Seu sucessor
no Burgholzli. Hans Maier. que em 1920 fundou o primeiro Child
Centro de Observação, definiu o protótipo de muitas instituições semelhantes em
Suíça e outros lugares. Max Bircher-Benner, um excelente nutricionista
e psicoterapeuta talentoso. ministrou aulas de discussão sobre problemas físicos
e saúde mental em seu sanatório. A Sociedade Psicanalítica Suíça teve
Página 98
foi revivido em 1920 e sua figura principal foi o reverendo Oskar Pfister, um
persuasão combativa e escritor prolífico que publicou um fluxo de livros e
artigos sobre a aplicação da psicanálise à educação de
e crianças anormais, para a cura de almas (Seelsorge), e problemas de
arte e filosofia. Jung, em Kiisnacht, estava desfrutando de uma fama crescente e
reuniu discípulos ao seu redor no Psychologischer Club. Em 1925 ele
empreendeu suas viagens ao Monte Elgon no Quênia. Não muito longe de Zurique, em
Kilchberg, às margens do lago, vivia o filósofo e psicólogo alemão
Ludwig Klages, um dos fundadores da caracterologia e da grafologia.
A outra cidade que alegou ser a capital da psicologia foi Viena,
da qual uma visitante americana, a Sra. Stratton Parker, deu uma vívida descrição
ção. 388 Freud, disse ela, era agora um homem idoso e doente que limitava sua
trabalhar para analisar algumas pessoas importantes e escrever artigos, e quem
quase nunca foi visto nem mesmo por seus discípulos vienenses. A cabeça-
os bairros da Sociedade Psicanalítica na Pelikangasse eram um lugar movimentado
com as sessões da Sociedade Psicanalítica todas as quartas-feiras, e
palestras nas outras noites. A Sra. Parker também fala do extraordinário
atividade exibida por Alfred Adler. suas palestras para grandes públicos,
principalmente das classes trabalhadoras, as clínicas que realizava nas escolas públicas
dedicado a lidar com casos de crianças difíceis, e sua discussão
noites para professores. funcionários da instituição e médicos. Também havia
As palestras do Dr. Schilder sobre psiquiatria nas noites de sábado com a presença de
centenas de ouvintes, as clínicas do Dr. Lazar para crianças difíceis e as
atividade do grupo Stekel.
A atividade do grupo freudiano em Viena é demonstrada pelo fato de que
no ano de 1925 surgiram duas obras que ainda são consideradas clássicas
da psicanálise. Um foi Compulsion to Confessing e de Theodor Reik
Need for PunishmenC!> H " Advogado e analista leigo, Reik levantou um problema
que intrigou criminologistas como Anselm Feuerbach e Hans
Bruto: por que certos criminosos confessam inesperadamente quando
poderia salvar suas vidas, mantendo o silêncio, e como é que um criminoso vai
esquecer ~ n objeto no site de seu crime, que servirá como prova contra
ele? Como explicação. Reik deu a necessidade de punição emitida a partir do
Complexo de Édipo. Desde o início, as unidades criminosas estiveram em conflito
com as pulsões do superego; uma vez que os impulsos criminosos foram
gratificado pelo crime, a necessidade de punição torna-se relativamente mais forte
e pode se manifestar através da auto-traição inconsciente (daí o objeto
esquecido no local do crime), ou a confissão "desnecessária".
Reik enfatizou a importância da necessidade de punição e da
impulso autopunitivo na vida do indivíduo e na sociedade. Ele concluiu
que muitos dos males que afligem a humanidade podem ser compreendidos neste
leve. Após a publicação do livro de Reik, o conceito de autopunição
mento se tornou um dos mais populares da psicanálise.
O segundo clássico da psicanálise que apareceu em 1925 foi Aich-
Página 99
Tlte Dawn and Rise of the New Dynamic Psychiatry 847
o livro de Horn, Wayward Youth, com um prefácio de Freud.390 Não é

sabe por que Aichhorn esperou até aquele ano para publicar a história do ex-
experimento em educação terapêutica que ele havia realizado em 1918-1919 em
Oberhollabrunn. 3 " 1 Nesse ínterim, Aichhorn foi submetido a análises
treinamento, e seu livro estava menos preocupado em dar conta de sua
experimento do que propor uma interpretação psicanalítica.
Na Rússia soviética. As primeiras obras de Freud foram reeditadas e novas obras
foram traduzidos. Um proeminente psicólogo russo, Alexander Luria,
publicou livros e artigos entusiasmados sobre psicanálise que ele con
considerado um "sistema de psicologia monística" e "o material fundamental
base para a construção de uma psicologia verdadeiramente marxista ", incluindo a
campos da pedagogia e criminologia ("'o estudo do crime sem psicologia
análise é apenas o título de um capítulo sem conteúdo "). 39 2 De acordo
para Morselli, a psicanálise havia se tornado um dos grandes tópicos de discussão
sion entre os intelectuais na Rússia. 3 "3
Na França, a psicanálise encontrou muita oposição, e a intervenção de Freud
no caso de Philippe Daudet foi duramente criticado. O quatorze anos
meu velho, filho do escritor e líder monarquista, Leon Daudet, e grand-
filho de Alphonse Daudet. tinha desaparecido de casa em 20 de novembro ,
1923. e foi encontrado morto em 23 de novembro, após um tiro de bola no crânio.
Presumiu-se que ele havia cometido suicídio, mas uma investigação judicial
mostrou que o menino tinha uma ligação estreita com um grupo anarquista.
Leon Daudet estava convencido de que seu filho havia sido assassinado pelo
polícia secreta, e conduziu uma violenta campanha de imprensa contra aqueles que
ele acusou de ter prendido e assassinado seu filho. 394 Algum tempo depois, o
anarquista. Andre Gaucher. conhecido por seus ataques veementes contra Leon
Daudet, disse que pouco antes da misteriosa morte de Philippe ele teve
recebeu a visita de um adolescente desconhecido que queria saber se
era verdade que Leon Daudet era um escritor pornográfico, e que ele,
Gaucher. tinha mostrado a ele alguns trechos significativos do livro de Leon Daudet
romances. Gaucher deu a entender que esse menino era Philippe Daudet, que, chateado com
as revelações sobre seu pai, poderia ter cometido suicídio. Gaucher
utilizou a sensação causada por aquela história para lançar um livro contra Leon
Daudet, e tentou inscrever Pierre Janet e Sigmund Freud em seu
campanha. 3 "5 Para Janet ele enviou. Por meio de um intermediário, um incompleto
caso clínico de Philippe Daudet. sem dar nomes, mas ele recebeu
apenas uma resposta curta e evasiva. Para Freud ele enviou parte do manuscrito
do livro que ele estava escrevendo sobre Leon Daudet e recebeu duas cartas.
Freud disse que conheceu Leon Daudet várias vezes em Paris em 1885
e I 886. mas que ele nunca tinha lido nada sobre ele. Alphonse Daudet
tinha sido sifilítico, disse Freud, acrescentando que havia encontrado sífilis para J:> e um
das principais causas de predisposição à neurose. Freud declarou que "seu
Daudet talvez tivesse sido sufocado por sua neurose se não tivesse
possuía um talento grande o suficiente para capacitá-lo a descarregar suas perversões
Página 100
em sua produção literária. "Freud concluiu que o caso de Philippe Daudet,

bem como qualquer outro. poderia ser explicado pela psicanálise. Obviamente
Freud não sabia que Andre Gaucher era um notório anarquista
que se apressaria a utilizar essas duas cartas para sua própria busca questionável
poses. O poeta e jornalista alemão Tucholsky, relatando essa história,
lamentou que Sigmund Freud pudesse ter "dado sua bênção papal àquela
ação maligna . " 3 '~ 6
Os anos de reconstrução fracassada: 1926-1929

A assinatura do Pacto de Locarno em outubro de 1925 deu milhões de
Para os europeus, a impressão de que a paz agora estava assegurada. Prosperidade económica
tinha retornado em vários graus nos países europeus, e tinha alcançado
alturas sem precedentes nos Estados Unidos. Mas os jovens que tiveram
viveu durante a guerra estavam mais desorientados do que nunca. Havia, para
exemplo, aqueles americanos que viveram como expatriados voluntários em Paris, o
geração perdida, conforme descrito por Hemingway, ou os ingleses que
apareceu nos romances de Aldous Huxley. Nos países onde as ditaduras
já estavam estabelecidas ou apenas emergentes, a mesma geração proporcionou o
líderes e adeptos das organizações fascistas. Imaturidade emocional,
irresponsabilidade, desesperança. cinismo e rebeldia eram as chaves
notas desta nova doença. freqüentemente como uma cobertura para sofrimentos reais, mas não confessados.
A rejeição de antigos padrões morais e a busca generalizada por
o prazer levou os franceses a chamarem esse período de les annees folies (o
anos loucos). Eles chegaram ao fim abruptamente com o colapso do Novo
Bolsa de Valores de York em outubro de 1929.
Para alguns contemporâneos. a admissão da Alemanha à Liga de
Nações em setembro de 1926 apareceu como um passo para a reconstrução do
Europa, para os outros, como um sinal inquietante de sua reconquista do poder perdido. Político
observadores perceberam que a democracia estava perdendo terreno, como quando o general
Pilsudski tomou o poder na Polônia em maio de 1926. Na França, a esquerda
governo, que chegou ao poder em 1924 , trouxe o país para
à beira de uma catástrofe monetária e em julho de 1926 o Parlamento foi
obrigado a chamar Poincaré em seu socorro.
Pierre Janet. que nos últimos 12 anos foi absorvido
com a construção de sua grande síntese psicológica, fez um brilhante
retorno em 1926 com a publicação de From Anguish to Ecstasy, um volume
que continha a história de sua paciente Madeleine e a primeira substancial
conta de seu novo sistema. 3 'J7 O curso que Janet deu no College de
França em 1925-1926 também foi publicada, 3 '~ 8 e, finalmente, as palestras que ele
entregue como professor convidado no México, sobre a psicologia dos sentimentos,
apareceu na tradução espanhola. 3 '~' ~ Mas esses trabalhos não atraíram muito
atenção além dos círculos acadêmicos franceses.
Em Zurique. Jung, que não publicou quase nada desde o Psychological
Tipos em 1921, trouxe uma coleção de artigos anteriores que representavam
Página 101
uma visão geral de seu sistema 400 Uma característica de Zurique foi
o número e variedade de escolas psicoterapêuticas independentes existentes
lado a lado.
O septuagésimo aniversário de Freud foi celebrado em toda a civilização
mundo. Naquele ano, Freud publicou Inibição, Sintoma e Ansiedade,
e o problema da análise de leigos. O movimento psicanalítico foi
confrontado com o mesmo problema que o magnetismo enfrentou um século
mais cedo, a saber. se o direito de praticar o método deve ser restrito
a médicos ou estendido a leigos treinados. 401 Freud foi definitivamente
em favor da análise leiga. A psicanálise estava se desenvolvendo de forma constante em muitos
instruções. Ernst Simmel abriu um sanatório psicanalítico, Schloss Tegel,
perto de Berlim. Na Rússia, o movimento psicanalítico atingiu seu auge, mas
por causa da falta de comunicação com a Rússia Soviética, estes desenvolvem
rações quase não foram suspeitadas no mundo ocidental. Em Paris, psico-
a análise sempre foi um modismo entre os surrealistas e escritores de vanguarda ;
agora também atraiu a atenção de psiquiatras e psicólogos, e
uma Sociedade Psicanalítica foi fundada em Paris em novembro de 1926. 402
Outro evento saliente de 1926 foi o grande Congresso Internacional da
Sexual Research in Berlin. de 11 a 16 de outubro, organizado por Albert Moll.
Seu objetivo era dar uma olhada completa no conhecimento atual da sexologia,
e foi dividido em várias seções, como biologia, psicologia,
sociologia. e criminologia. e cada seção foi representada por um brilhante
conjunto de especialistas eminentes. Freud se recusou a comparecer, e seus discípulos
seguiu seu exemplo. Alfred Adler estava entre os palestrantes. Moll ele-
self deu uma palestra muito comentada sobre a tendência de alguns homo
sexuados para apresentar seu Eros como algo acima da sexualidade comum.
O ano de 1927 foi marcado pelo fim do controle militar da
Aliados na Alemanha e em muitos outros eventos políticos, mas para contemporâneos
seu grande momento \\ como o vôo de Charles A. Lindbergh através do Atlântico em
o Espírito de St. Louis. de 20 a 22 de maio. Agora, europeus e americanos
poderia dizer que seus respectivos continentes foram aproximados.
A principal contribuição de Freud naquele ano foi seu ensaio The Future of an
Ilusão, na qual ele declarou que a religião era o equivalente a uma criança
bem como uma neurose compulsiva. uma negação da realidade e uma defesa cultural
que em grande parte falhou em atingir seu objetivo. 40 - ' Reverendo Oskar Pfister, que tinha um
laço de amizade mútua e respeito com Freud, respondeu que com um papel: O
Ilusão de um futuro. em que ele com tato, mas com firmeza indicou os fracos
diferenças na argumentação de Freud e em seu otimismo cientificista. 404 para este
Freud não respondeu. e ambos os homens mantiveram suas posições, bem como suas
sentimentos de respeito e amizade um pelo outro.
Dois discípulos de Freud. Federn e Meng, tiveram a ideia de publicar
um livro que ilustra a influência e relevância da psicanálise no
vários ramos da ciência e da atividade humana. 405 Outro de Freud
seguidores, Heinz Hartmann. escreveu uma sistemática. relato básico da psicologia
Página 102
doutrina analítica. 40 6 Em Berlim, Franz Alexander empreendeu uma reformulação

da teoria da neurose. referindo-se às últimas obras de Freud (O Ego e a
Eu iria; Inibição, sintoma e ansiedade). 407 Este foi o primeiro passo para
o que viria a ser a teoria psicanalítica do ego. Um bem diferente
inovação foi encontrada

onde ele alegou no livro
estabelecer de Wilhelm
conexões Reich, The ansiedade
entre sexualidade, Function of
e Orgasm,
o sistema vegetativo. 408
Otto Rank, depois de modificar a teoria psicanalítica, agora elaborou sua própria
método terapêutico. 409 Ele estabeleceu antecipadamente um prazo para a duração do
tratamento. A resistência agora era considerada uma manifestação da
vontade de independência. e, portanto, um fator positivo. A ênfase foi colocada
na situação analítica imediata e não no passado, na "experiência
"em vez de aprender, ao se tornar consciente dos padrões de reação
em vez de analisar experiências individuais. Rank enfatizou a vontade de
autodeterminação do paciente, os aspectos criativos de seu comportamento e
os aspectos sociais da análise. Esta terapia pode ser considerada uma mistura
de Freudian. Princípios Adlerianos e Junguianos.
Em Viena, Adler lançou seu livro Understanding Human
Natureza. que geralmente era considerado o mais organizado e mais claro
pesquisa que ele havia feito até então de seu sistema. 410 Em Zurique, Ludwig Frank
estava tendo grande sucesso terapêutico com os antigos de Breuer e Freud
método catártico que ele aperfeiçoou. 411 Bircher-Benner também era
começando a publicar o resultado de sua rica experiência psicoterapêutica. 4 12
Em Paris, Eugene Minkowski liderava a nova tendência da fenomenologia
psiquiatria. 4 L1 Seu livro. Esquizofrenia, inaugurou uma nova abordagem para
aquela doença mental tão explorada; Minkowski apontou a prevalência
da experiência do espaço sobre a experiência do tempo no universo interior
do paciente e seu "mórbido geométricoismo".
Entre as manifestações internacionais está o Simpósio Wittenberg,
realizada em Springfield, Ohio. de 19 a 23 de outubro, na inauguração do
novo laboratório psicológico do Wittenberg College. 414 Os convidados eram um
impressionante conjunto dos psicólogos mais ilustres do \\ orld. Rússia,
que nunca enviou delegados a congressos internacionais. foi representado por
o idoso Bechterev de Leningrado. Graus honorários foram conferidos
Pierre Janet e Alfred Adler.
Na Rússia, o famoso fisiologista. Ivan Petrovitch Pavlov, que teve
começou a estudar neuroses experimentais por volta de 1921, foi gradualmente se tornando
ing mais interessado em psiquiatria clínica. Parece que esta evolução foi
precipitado por um evento pessoal. Em 1927 Pavlov foi submetido a uma operação
para cálculos biliares. e durante sua convalescença ele sofreu de um coração
neurose, que ele mais tarde descreveu em um artigo pouco conhecido. 4 1S
Um relato do ano de 1927 não estaria completo sem mencionar
O livro Sein und Zeit (Ser e Tempo) de Heidegger, um livro totalmente novo e
análise original da estrutura da existência humana. 416 como aconteceu
com a Logische Untersuchungen de H ~ sserl em 1900, esta obra filosófica
Página 103
passou quase despercebido nos círculos psiquiátricos. No entanto, anos depois, Heideg-
o trabalho de ger foi o ponto de partida de uma nova tendência psiquiátrica, existencial
análise.
Um dos principais eventos de 1928, o Pacto Briand-Kellogg para o
denúncia de guerra, foi solenemente assinada em Paris em 27 de agosto pelo representante
sentativos de quinze estados. Alguns viram isso como um passo definitivo em direção à paz,
outros como um cerimonial sem sentido.
Freud, cuja saúde estava gravemente prejudicada, publicou um ensaio,
Dostoiévski e o Assassinato do Pai. que é uma de suas poucas contribuições
à criminologia. 417 Ele presumiu que o Édipo não resolvido de Dostoiévski
complexo resultou em tendências parricidas exageradas nele que eram
desviado em várias formas e dirigido contra si mesmo.
Em Paris. Janet estava cada vez mais ativa. Ele publicou o segundo volume
de From Anguish to Ecstasy, com um levantamento mais extenso de sua vasta
síntese psicológica. Além disso, desde 1926 suas palestras no Colégio
de France foram estenografados e publicados todos os anos. Mas ele encontrou
pouca audiência entre a geração mais jovem.
Durante o mesmo ano, em Zurique. Jung publicou dois de seus principais livros em
Alemão 418 e um volume de ensaios coletados traduzidos para o inglês. 4 19
Havia um interesse ativo em novas abordagens psicológicas. Von
Gebsattel publicou um estudo fenomenológico sobre a melancolia que
confirmou algumas das descobertas de Minkowski. 420 Entre os novos psicoterapêuticos
métodos foi a técnica de relaxamento progressivo de Jacobson, em Chicago, e
Terapia de Morita no Japão. 421
O ano de 1929 começou com o banimento de Trotsky da Rússia e com
O rei Alexandre está tomando poder na Iugoslávia. O Acordo de Latrão,
assinado pelo Papa Pio XI e Mussolini em fevereiro, encerrou um longo conflito
entre o papado e o governo italiano. e criou o Vaticano
Estado. As eleições gerais na Inglaterra trouxeram o Partido Trabalhista ao poder,
enquanto na Alemanha a agitação dos partidos extremistas tornou-se ameaçadora.
Nos Estados Unidos, o boom econômico sem precedentes veio de repente
terminar com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em outubro.
Em Viena, Freud publicou Civilization and Its Discontents, expressando o
opinião pessimista de que a civilização havia sido adquirida à custa da humanidade
neurose do tipo resultante da repressão do instinto. Esta teoria, que
não era ne \\. se encaixava no clima da época. 422 Uma contribuição significativa
à criminologia psicanalítica \\ como o livro de Alexander e Staub: O
Criminoso e seus juízes. 423 Os autores enfatizaram a velha ideia de que
impulsos criminosos existem em cada ser humano. Na psicologia da punição
não há apenas uma demanda interna para que uma violação da lei seja expiada
para, mas também o desejo de regozijo. Além disso, o espectador reprimido
impulsos criminosos são <! \\ acompanhados pelo exemplo do criminoso e ameaçam
para aumentar a expressão. daí a necessidade de reforço das próprias
repressão e a seriedade de penalla \\.
Havia uma certa tensão no movimento psicanalítico porque o
Página 104
A American Association não estava inclinada a aceitar o princípio da análise leiga

que Freud considerou essencial. Outro, talvez ainda mais abrangente
evento, foi o rápido desaparecimento da psicanálise na Rússia no período
de um ou dois anos. A história da psicanálise russa nunca
foi escrita, nem sabemos exatamente por que a teoria freudiana, que tinha
considerado materialista, monista e compatível com o marxismo, foi
repentinamente descartado pela ideologia comunista. Um dos últimos estados russos
mentos a favor da psicanálise foram encontrados na História de Kannabikh
of Psychiatry. 424 Ele considerava Freud um representante principal da
rebelião progressista contra a psicologia "formal, estática e impessoal" de Kraepelin

quiatria, e afirmou que "graças a ele, progredimos consideravelmente
em nosso conhecimento de muitos mecanismos do comportamento humano. "Por outro lado
Por outro lado, a psicanálise estava progredindo em outras partes do mundo. No Japão,
onde alguns dos escritos de Freud foram adaptados de traduções para o inglês,
Dr. Kenji Ohtsuki realizou uma tradução das Obras Completas de Freud de
o texto original em alemão.
Entre os novos métodos psicoterapêuticos, alguns foram o renascimento e
aperfeiçoamento dos mais velhos. Assim, Krestnikoff, um psiquiatra búlgaro, concebeu
uma nova técnica de terapia catártica; ele disse ter obtido brilhante
sucesso terapêutico, mas porque ele estava muito distante da grande universidade
centra seu método não atraiu muita atenção. 4 25
A 426 "terapia mais ativa" de Hermann Simon em hospitais psiquiátricos foi um
aperfeiçoamento dos métodos que foram aplicados na Alemanha antes
Primeira Guerra Mundial 427 O princípio de Simon era que nenhum paciente mental deveria
ser considerado "irresponsável" ou dispensado do trabalho. Simon tinha origi-
elaborou um sistema elaborado de trabalho e terapia ocupacional na área mental
hospital de Giitersloh, Westphalia. Numa época em que não havia nem
insulina, terapia de choque elétrico, nem tranquilizantes, Simon causava sintomas de
agitação, agressividade, regressão emocional e deterioração inteiramente para
desaparecer de sua instituição. O método de Hermann Simon foi muito
admirado, mas foi adotado em apenas um pequeno número de outros hospitais psiquiátricos.
Outro psiquiatra alemão, Hans Berger, publicou no mesmo ano
suas primeiras descobertas com um novo método de investigação fisiológica do cérebro,
eletroencefalografia, que na época despertava pouco interesse. 42B
O segundo período pré-guerra: 1930-1939

O colapso da Bolsa de Valores de Nova York em outubro de 1929,
desencadeou uma reação em cadeia que afetou gradualmente toda a América e Europa,
trazendo em seu rastro inúmeras falências de empresas e bancos,
desemprego geral e inúmeras tragédias individuais. Este foi o
pano de fundo contra o qual Hitler montou a propaganda que o levou a
aparecer como um salvador aos olhos de milhões de alemães desesperados. Depois dele
tomou o poder em 1933, parecia que as nações caminharam para a catástrofe
troféus com os olhos abertos sem poder evitá-lo.
Página 105
Em 1930, a grande depressão econômica dominou a América e estendeu

para a Europa. As eleições gerais de setembro na Alemanha foram marcadas
pelo grande avanço do partido nazista. A conferência imperial britânica
ocorreu de 1º de outubro a 14 de novembro e resultou na adoção de
o Estatuto de Westminster, garantindo a cada um dos domínios sua independência
dentro da Comunidade Britânica.
Parece ter havido poucos eventos na crônica de
psiquiatria dinâmica, além do fato de que Freud foi agraciado com o Goethe
Prêmio da Prefeitura de Frankfurt. Seus amigos fizeram tentativas de tê-lo
receber o Prêmio Nobel, mas esses esforços foram em vão.
Em 1931, nuvens de tempestade estavam definitivamente se formando na Europa. Da Áustria
o banco mais importante, o Kreditanstalt de Viena, declarou falência em
Maio, e dois meses depois os bancos fecharam na Alemanha, após o que o

Os alemães declararam que estavam suspendendo seus pagamentos internacionais.
A República Espanhola foi proclamada em abril, e a Manchúria foi ocupada
pied pelos japoneses em setembro. Ludwig Bauer, um pensador político, escreveu
uma análise da situação e chegou à conclusão de que um novo mundo
a guerra, mais terrível que a primeira, era inevitável, exceto no improvável
evento da criação de um estado supranacional universal. 429
Esta deterioração da situação política influenciou o mundo da
psiquiatria dinâmica. Vários analistas bem estabelecidos emigraram para a América.
Alfred Adler sentiu que o futuro da psicologia individual não estava mais em
Europa, mas nos Estados Unidos, e permanentemente estabelecido em Nova York.
A psicanálise era então a tendência dominante na psiquiatria dinâmica.
Isso se tornou bastante óbvio pelas numerosas celebrações na igreja de Freud
septuagésimo quinto aniversário e as honras que foram concedidas a ele, também
como os endereços de parabéns que ele recebeu de celebridades em todos os lugares.
No entanto, outras escolas não permaneceram inativas e as novas tendências foram
emergindo gradualmente. Ludwig Binswanger, que havia sido aluno de Bleuler,
em seguida, um adepto da psicanálise e, mais tarde, um promotor da psiquiatria
fenomenologia, agora se esforçou para reconstruir o mundo interno da experiência
presença de pacientes mentais. 430 Em 1931 ele começou a publicar um fenômeno sutil
análise nomenológica de pacientes maníacos, com particular ênfase na
manifestação de fuga de idéias.
O ano de 1932 foi marcado por um agravamento da depressão e
pontuado por agressões políticas e ameaças de agressão. O japonês
criou o estado fantoche de Manchukuo. Na Alemanha, Hindenburg era
presidente reeleito e parecia ser a última barreira ao acesso de Hitler à
poder. Salazar tornou-se ditador em Portugal e na América do Sul o
A assassina Guerra do Chaco estourou entre o Paraguai e a Bolívia. Roosevelt
foi eleito presidente dos Estados Unidos, e a França se recusou a pagar a ela
dívidas aos Estados Unidos.
Na turbulência geral, milhares de destinos individuais foram abalados.
A Editora Psicanalítica (a Verlag), que foi a
Página 106
estrutura de suporte do movimento psicanalítico, agora estava enfrentando

falência e foi salvo com dificuldade. Alguns psicoterapeutas emigraram
para America; muitos perderam seus pacientes. Mas tudo isso não impediu o aparecimento
ance de novas tendências e ideias. Melanie Klein, uma psicanalista infantil que teve
mudou-se para Londres, introduziu novos conceitos sobre as primeiras formas do
ego e o complexo de Édipo, a prevalência dos mecanismos de projeção
e introjeção na primeira infância.4- ' 1 Essas idéias assustaram alguns de seus
colegas, enquanto outros os consideraram o desenvolvimento mais brilhante
da teoria psicanalítica após Freud · semear contribuições.
Um psiquiatra alemão, JH Schultz. publicou um livro de texto autógeno
treinamento, um método inspirado nas velhas técnicas de auto-hipismo de Oskar Vogf
nosis.432 O treinamento autógeno consiste em uma série de exercícios graduados de
relaxamento e concentração sob supervisão competente; o objetivo deles é
aumentar o controle do indivíduo sobre suas funções neuro-vegetativas.
O ano de 1932 permaneceu famoso nos anais da psiquiatria como o
ano em que o termo "" psicoterapia de grupo "foi introduzido por J. L.
Moreno.433 Houve muitos médicos e leigos que se reuniram
pacientes e deu-lhes palestras seguidas de discussões sobre problemas de
saúde e doença. Essas foram as aulas de JH Pratt para tuberculose
pacientes em Boston. Na Europa, experimentos semelhantes foram realizados em
O sanatório de Bircher-Benner, entre organizações anti-alcoólicas e outras
Onde. Mas a nova psicoterapia de grupo foi baseada em algo bem diferente
princípios, ou seja, sobre a dinâmica das relações interpessoais dentro
a situação do grupo. Moreno \\ a desenvolver seus conceitos nas três vertentes
direção da sociometria. psicodrama. e terapia de grupo adequada.
O fatídico ano de 1933 trouxe o advento de Hitler ao poder. Em janeiro
30 seu governo assumiu o cargo. e em 27 de fevereiro um incêndio misterioso
que os comunistas foram acusados de ter acendido a destruição do
Edifício Reichstag. Em 24 de março, Hitler exigiu e obteve total
poderes. O Partido Comunista foi banido. O slogan: "Os judeus devem
licença "foi lançada. e um boicote nacional ao comércio judaico foi
proclamado. Milhares de judeus aterrorizados tentaram cruzar as fronteiras,
mas praticamente nada havia sido preparado para sua emigração e reassentamento
mento, de modo que muitos voltaram. Uma última tentativa de salvar a paz foi o Pacto
de Roma assinado em 15 de julho entre os quatro grandes estados ocidentais (Alemanha,
Itália, França. e Inglaterra). Mas a situação continuou a piorar
constantemente.
Esses eventos políticos tiveram consequências de longo alcance para
psiquiatria. Uma vez que tudo o que era judeu foi sistematicamente proibido, o de Freud
a psicanálise e a psicologia individual de Adler foram proibidas na Alemanha
muitos. junto com suas instituições. organizações e periódicos. o
A Sociedade Alemã de Psicoterapia deveria ser reorganizada. e seu presidente,
Ernst Kretschmer. renunciou ao cargo. Foram feitas tentativas de todos os lados para
salve o que poderia ser salvo. na psicanálise, bem como na psicanálise mais ampla
círculos terapêuticos e psiquiátricos. Essas tentativas de compromisso foram feitas
Página 107
em boa fé. já que naquele momento ninguém poderia imaginar o que viraria o
eventos iriam acontecer posteriormente. Em um capítulo anterior, temos
visto o papel que Jung desempenhou neste assunto. Ele não foi o único que
acreditou por algum tempo que se podia "falar com os nazistas". 434
Nessa turbulência, dificilmente se poderia esperar que os psicanalistas fizessem muitos
contribuições originais. Isso foi. no entanto, naquele ano que Wilhelm Reich
publicou sua análise de caráter. 4 - '5 Ele afirmou que no decurso de
tratamento psicanalítico. resistência expressa-se não apenas através do
vários dispositivos psicológicos bem conhecidos dos analistas, mas através de
tipos específicos de tensão muscular. A dissolução da resistência psíquica é paralela
à da "armadura muscular". Reich também deu uma tipologia de vários tipos
de neuróticos. particularmente o masoquista.
A abordagem fenomenológica foi ampliada quando Eugene Minkowski
publicou seu livro, Experienced Time, um estudo das variedades do
experiência subjetiva de tempo encontrada em muitos psicopatológicos
condições. 4 - '6
Em 1934, Hitler não só consolidou seu poder na Alemanha, mas tentou
formar uma aliança com a Itália fascista. Este foi o objetivo do encontro de
os dois ditadores em Veneza em 14 e 15 de junho. Na França, o Stavisky
O escândalo causou protestos tumultuados contra a corrupção no governo. ele foi
pior na Áustria, onde os levantes socialistas de 1 a 16 de fevereiro foram
reprimido sem misericórdia e o partido socialista foi dissolvido. Em julho
25, Chanceler Dollfuss. "ho só recentemente escapou de uma tentativa
assassinato, foi assassinado por um grupo de nazistas. O assassinato estava aumentando
isoladamente se tornando uma arma política. Em 9 de outubro, o rei Alexandre de
A Iugoslávia e o ministro francês Barthou foram assassinados em março
seilles por um grupo de conspiradores Ustachi.
Em vista da catástrofe iminente, as melhores mentes buscaram desesperadamente
para uma solução. Einstein deplorou o fato de que cientistas e intelectuais, que
no século XVII havia formado uma comunidade espiritual, agora
meramente representantes de suas várias tradições nacionalistas. Eles tinham
abandonou a responsabilidade de pensar em escala internacional para o
políticos. o. ~ .n Ele exortou os cientistas a reconstituir uma comunidade espiritual que
assumiria a liderança de todos os esforços contra a guerra.
Freud. \ vho agora era um homem muito velho e doente, foi pressionado por seu
amigos para deixar a Áustria. Mas, como muitos de seus contemporâneos, ele foi
estranhamente cego para a difusão do perigo nazista. Ele publicou
complementos e revisões de seu ensino na forma de palestras imaginárias
sob o título Novas palestras introdutórias à psicanálise. 4 3B
Jung estava obviamente com um humor criativo e publicou, entre outros, um
livro com o título característico. Realidade da Alma. 439 Um de seus discípulos,
Gehrard Adler, esboçou a história da psicoterapia moderna, apresentando
Freud e Adler como os precursores de Jung. 440 Nos Estados Unidos, Moreno
publicou uma de suas obras mais conhecidas, Who Shall Survive? 441
O ano de 1935 deixou uma memória assustadora em quem vivia na Europa.
Página 108
Indivíduos, bem como nações, se sentiam impotentes como se estivessem hipnotizados em

a face do desastre iminente que eles foram incapazes de evitar. Hitler
estava desfrutando de imensa popularidade entre um grande segmento da população
população, como sendo o homem \\ ho tinha acabado com a vergonha do Versail-
les Tratado e resolveu o problema do desemprego. De fato. Alemanha
estava se rearmando febrilmente e se preparando para a guerra. Em 16 de março, Hitler de-
anunciou as restrições militares do Tratado de Versalhes. Em 15 de setembro,
as Leis de Nuremberg foram proclamadas ·· para a proteção do sangue alemão
e honra alemã. "Os judeus alemães perceberam que a emigração era sua
apenas esperança de sobrevivência, mas estava ligada a imensas dificuldades:
proibição de exportação de capital e, sobretudo, as severas restrições a vistos
para quase qualquer país. Enquanto isso, as tropas italianas invadiram a Etiópia
em 3 de outubro, quando o Conselho da Liga das Nações declarou a Itália como um
agressor e decidiu aplicar sanções econômicas.
Em meio a todas essas ocorrências opressivas, parece quase irônico
que a psiquiatria deve ter feito um progresso significativo apenas durante este
período. Vimos que em 1929 Hans Berger encontrou um meio de
registrar o eletroencefalograma do homem. No entanto, o verdadeiro valor disso
a descoberta seria apreciada apenas alguns anos depois. Em 1935, Gibbs,
Davis e Lennox registraram e descreveram o eletroencefalograma
durante um ataque epiléptico. e Gray Walter foi capaz de localizar o cérebro
tumores por meio do EEC1. Os pesquisadores começaram a aplicar com entusiasmo
este novo método que deveria revolucionar nosso conhecimento do cérebro
fisiologia. neuropsiquiatria. e criminologia. Além disso. Manfred Sake!
em Viena publicou o resultado da pesquisa que vinha conduzindo
vários anos em um novo tratamento fisiológico da esquizofrenia com insulina
terapia de choque. 442 Foi a primeira vez que a esquizofrenia pôde ser tratada
com sucesso com métodos puramente fisiológicos. e apareceu como um vin-
dicação da velha psiquiatria organicista contra as novas tendências dinâmicas.
O ano de 1936 \\ vivido pelos contemporâneos como mais um passo
em direção ao desastre inevitável. Hitler denunciou o Acordo de Locarno
e passou a remilitarizar a Renânia. França e Grã-Bretanha não
atreva-se a intervir. Na França, as eleições trouxeram vitória para o '' Popular
Front. "E Leon Blum, o líder do Partido Socialista. Organizaram um
novo governo. A Bélgica reafirmou sua neutralidade. As tropas italianas entraram
Adis Abeba em 5 de maio. \\ então Mussolini proclamou a fundação da
o Império Italiano com o Rei da Itália como Imperador da Etiópia. Em 17 de julho,
O general Franco instigou uma insurreição militar no Marrocos espanhol,
marcando o início da Guerra Civil Espanhola. O mundo ocidental foi
intrigado e chocado com os julgamentos de Moscou. onde os antigos líderes bolcheviques
acusaram-se publicamente de traição e pediram punição. Quão-
sempre, uma sensação talvez maior foi causada pelo rei da Grã-Bretanha, Eduardo VIII,
quem. depois de ter sucedido seu pai. George V. em 20 de janeiro, abdicou
em 10 de dezembro para se casar com a divorciada Sra. Simpson.
Página 109
O sucesso do tratamento fisiológico de doenças mentais levou psiquiatras

para ser cada vez mais ousado. Egaz Moniz tentou tratar condições psicóticas
ções com lobotomia. e este foi o começo do que alguns anos
mais tarde seria chamada de psicocirurgia. 44 3
No último livro de Janet naquele ano. Inteligência antes da linguagem, apareceu,
um estudo das formas não-verbais de inteligência, comparando o animal, o
criança e o idiota. 444 Anna Freud publicou The Ego and the Defense
Mecanismos um passo decisivo para a nova psicanálise do ego. 445 ela
recapitulou os tipos já conhecidos de defesas do ego (repressão, reação
formação, isolamento. desfazendo. introjeção e projeção), descreveu vários
variedades de deniaL e acrescentou dois novos mecanismos de defesa, identificação
com o agressor e cedência altruísta.
O ano de 1937 começou com a segunda fase dos julgamentos espetaculares de Moscou.
As relações políticas tornaram-se mais estreitas entre a França e a Inglaterra no
por um lado e Alemanha e Itália por outro, enquanto a Rússia soviética
atitude permaneceu inescrutável. A guerra civil grassou na Espanha e especialistas
analisou-o como um ensaio para a Segunda Guerra Mundial.
Outro novo tratamento fisiológico da doença mental foi introduzido
por Von Meduna. 44 (, Por meio de injeções de metrazol, ele produziu epilepsia
ataques em pacientes esquizofrênicos. e muitos sucessos foram registrados.
Sigmund Freud. \\ ele tinha apenas oitenta e um anos e estava muito doente, obstinadamente
recusou seus amigos · insistindo em convites para deixar a Áustria. Aparentemente ele
ainda acreditava que o chanceler Schuschnigg salvaria a Áustria do

Nazistas. Para espanto da maioria de seus amigos e discípulos, Freud
publicou naquele já trágico momento os primeiros capítulos de seu ensaio sobre
Moisés.
Além da vasta quantidade de literatura contemporânea, uma monografia
passou quase despercebido. nomeadamente. Análise dos casamentos de Szondi . 447 A
Genético húngaro versado em psicanálise, Szondi comparou
hereditariedade do marido e da esposa em vários casamentos, e
tendeu que a escolha matrimonial é inconscientemente determinada por semelhantes
características no fundo genético-hereditário. Este fenômeno biológico ele
chamado genotropismo.
Em 1938, a situação política deteriorou-se a ponto de até
a mais cega da Segunda Guerra Mundial parecia impossível de evitar. Na presença de
a agitação nazista em direção à anexação (Anschluss) da Áustria à
Alemanha. O chanceler Schuschnigg ordenou um plebiscito que provavelmente
deram a maioria aos partidários da independência. Em 12 de março,
um dia antes do plebiscito. As tropas alemãs ocuparam a Áustria, no
no dia seguinte, a legislação nazista legalizou o ato. e em 14 de março, Hitler
fez uma aparição triunfal em Viena. Alemanha e Áustria estavam cheias
de judeus que tentaram desesperadamente obter vistos e autorizações de emigração para
países estrangeiros. Os regulamentos legais em quase todos os países tornaram-se mais
e mais restritivo. S \\ indlers venderam documentos falsos e inescrupulosos
Página 110
companhias de navegação embarcaram judeus em "navios errantes" que foram repelidos

de uma terra para outra (eles foram até recebidos na Palestina com
tiroteio). Seguindo a iniciativa do presidente Roosevelt, houve um confronto
ferência para resolver o problema dos refugiados em Evian, de 6 a 15 de julho,
mas o único resultado foi a criação de um ineficiente "Intergovernamental
Comissão para Refugiados. " 44 H
Enquanto isso, a agitação nazista havia se apoderado das províncias de língua alemã de
Bohemia. Esta foi uma ocasião para novas ameaças, e da Conferência de Munique
ference. Em setembro de 1938, Chamberlain e Daladier, os representantes
da Grã-Bretanha e da França, aceitou a cessão da Sudetenland de
Tchecoslováquia para a Alemanha. A fuga dos judeus tomou proporções de pânico
depois de 7 de novembro, quando um jovem judeu polonês, Herszel Grynszpan, matou um
funcionário da embaixada alemã em Paris. Isso foi usado como um pretexto para
pogroms em todo o país na Alemanha; além disso, uma multa coletiva de um bilhão
Reichsmarks foi imposto aos judeus.
A história da psiquiatria dinâmica daqueles anos é em grande parte uma parte da
os trágicos acontecimentos políticos. Depois que os nazistas ocuparam Viena, eles reprimiram
as sociedades psicanalíticas e psicológicas individuais e destruíram todas
Livros freudianos e adlerianos. como já haviam feito na Alemanha. Essa
Psicoterapeutas judeus que haviam ficado para trás agora tentavam ir embora. o
atmosfera sombria de Viena em 1938, com as terríveis dificuldades en-
contra-atacadas por aqueles que tentaram fugir, foram vividamente descritos em
um romance de Leopold Ehrlich-Hichler. 44 9 Para aqueles que leram, o
tribulações enfrentadas por Freud antes que ele pudesse deixar Viena não
parece excepcional, além disso, ele se beneficiou de proteção incomum af-

atravessou-o pela princesa Maria Bonaparte, pela embaixada americana,
e por associações britânicas e americanas. Os detalhes do êxodo de Freud
de Viena e da recepção triunfante que recebeu na Inglaterra
foram amplamente divulgados, como se fosse para desviar a atenção do público de certos
questões dolorosas.
Os nazistas não apenas suprimiram as teorias e instituições judaicas, eles
também atacou a religião e a ética cristãs e promoveu uma
Doutrina socialista. que foi uma combinação de vários extracientíficos
teorias. Havia as teorias racistas elaboradas no século XIX
por dois franceses, o conde de Gobineau e Vacher de Lapouge, e um
Inglês, Houston Stewart Chamberlain. 450 Essas teorias eram agora
associado a representações pseudo-históricas da vida e da cultura de
os antigos alemães. Havia também as teorias pseudobiológicas do
luta pela vida e pelo "espaço vital " (Lebensraum), com alguns vestígios de
Monismo Haeckeliano. De acordo com Jochen Besser, a ideologia nazista foi fortemente
influenciado por teorias de círculos ocultistas e teosóficos do início
século vinte. 451 Nota \\ Orthy foi o favor concedido pelos nazistas aos
Glazial-Kosmogonie de Horbiger. também conhecido por Welt-Eis-Lehre (Cosmic Ice Theory).
Horbiger, um engenheiro austríaco, ensinou um complicado estudo astronômico e
Página 111
sistema cosmogônico. Incluído neste sistema estava a ideia de que o gelo era o
substância principal que constitui o universo. 452 Seu sistema teve prodigioso
sucesso entre os nazistas45- 'e até encontrou adeptos na Inglaterra.454
Os nazistas também favoreciam a chamada medicina germânica, que era uma combinação
da dietética de Bircher-Benner. princípios naturistas, uso tradicional de medicamentos
ervas. e medicina popular.
Apesar das nuvens escuras se acumularem continuamente sobre o mundo e o
disseminação do obscurantismo pela Europa, a psiquiatria científica perseguiu seu
progresso. Dois italianos. Cerlctti e Bini, anunciaram sua descoberta de um
poderoso agente terapêutico: terapia de eletrochoque. Este método, que tinha
foi concebido para tratar a esquizofrenia, mais tarde provou ser mais eficaz
no tratamento da depressão severa.455
Um dos novos métodos psicoterapêuticos foi o dia dirigido por Desoille
Dream.456 O paciente deitado em um sofá é convidado a imaginar que está
ascender no ar e contar ao psiquiatra tudo o que ele sente e
fantasias estão acontecendo com ele. Os sentimentos emergentes e as produções do
imaginação subliminar são então discutidas entre o paciente e o
terapeuta. De fato. esta terapia é uma variação do método de Jung de forçar
imaginação. Nos Estados Unidos, Sullivan definiu a psiquiatria como o estudo
das relações interpessoais e passou a publicar os princípios básicos de sua
sistema. 457
Essas poucas pessoas otimistas que esperavam que a paz ainda pudesse ser
salvo teve que perder essa ilusão em março de 1939. Nesses novos idos de março
os alemães ocuparam a Boêmia e a Morávia, e Hitler fez um espetáculo
lar entrada em Praga. No mesmo mês, a Guerra Civil Espanhola chegou a um
terminar com a capitulação de Madrid e a fuga de milhares de Republi-
latas para a França.
três campos: Comoocidentais
as potências Toynbee descreveu, o mundo
(compreendendo agora estava
a Inglaterra e a dividido em
Comunidade
riqueza, França e os relutantes Estados Unidos), o anti-Comintern
Poderes (Alemanha, Itália e Japão) e Rússia Soviética.458 O problema
era saber para qual dos t \\ 0 outros grupos a Rússia Soviética se tornaria
um aliado. Esforços foram feitos de ambos os lados para obter o apoio da Rússia. o
anúncio. em 23 de agosto que um tratado de não agressão havia sido
assinado entre a Alemanha nazista e a Rússia soviética foi o último sinal de que
precedeu o ultimato alemão à Polônia, logo seguido pelo Grande
Declaração de guerra da Grã-Bretanha e da França à Alemanha.
Enquanto os franceses temiam a guerra iminente e o possível
destruição de Paris. um grupo da Sorbonne organizou uma festa para
o centenário de Teódulo Ribot, que coincidiu com o quinquagésimo ano
da célebre tese de Janet, L 'Automatisme Psychologique. Foi o ultimo
reconhecimento público que Janet, de oitenta anos, receberia antes de sua morte.
As circunstâncias eram tão sombrias que o evento passou despercebido e o
livro memorial tornou-se uma raridade bibliográfica. 45 9
23 de setembro de 1939. foi marcado pela morte de dois homens que cordialmente
Página 112
se detestavam: Sigmund Freud em Londres e Albert Moll em Berlim.

Embora um tenha morrido mundialmente famoso e o outro na total obscuridade, curioso
paralelos podem ser encontrados em suas biografias. Ambos eram filhos de judeus
comerciantes. Como jovens médicos, ambos estavam interessados em hipnotismo e o
exploração da mente inconsciente. Ambos então voltaram seus interesses
para a patologia sexual. particularmente para os estágios evolutivos do
instinto sexual, denominado por Moll libido sexualis e por Freud (referindo-se a
Moll) libido. No momento de sua morte, Moll vivia discretamente
depois que os nazistas destruíram seus livros, incluindo seu auto publicado recentemente
biografia. Freud. em contraste, foi colocado no centro das atenções como um símbolo de
a luta entre democracia e fascismo.
Antes de sua morte, Freud expressou preocupação com o futuro da psicologia
análise. Ele viu isso como um caminho para a repressão na Europa e
distorção na América. Ele percebeu que chegara a hora em que o
a criação se emancipou do criador e tomou seu
curso da vida.
Na verdade, escolas desviantes já haviam surgido e outras viriam a seguir.
Otto Rank teve algum sucesso com as escolas de serviço social e agora estava
movendo-se em direção a uma espécie de psicoterapia religiosa. Wilhelm Reich chegou
nos Estados Unidos em maio de 1939. onde fundou o Orgone
Instituto, com teorias muito distantes da psicanálise freudiana ortodoxa.
Nesse mesmo ano. Karen Horney publicou seu New Ways in Psycho-
análise, o manifesto e primeiro livro de uma escola desviante que combinou
Ensinamentos adlerianos com terminologia freudiana. 460
Nesse mesmo ano de 1939. Heinz Hartmann publicou um muito notável
artigo sobre psicologia do ego. que marcou uma nova metamorfose da psicologia
análise.461 Completando a evolução que tinha começado com a Missa de Freud
Psicologia e Análise do Ego. ampliado pela Psicanálise de Alexander de
a Personalidade Total e os Mecanismos de Ego e Defesa de Anna Freud ,
Hartmann definitivamente colocou o ego no foco do interesse do psicanalista

e trabalhar. A ênfase da técnica mudou a partir da análise do
conteúdo do inconsciente à natureza dos mecanismos de defesa, quanto a
se eram adequados à idade do paciente. e para o externo e
conflitos internos ele tinha que entender. Sem dúvida, essa nova técnica foi
apropriado à condição do homem contemporâneo em uma mudança e angustiante
mundo.
Segunda Guerra Mundial: 1939-1945

De 1939 a 1945, o destino do mundo estava em jogo. No geral
turbulência, a psiquiatria dinâmica passou por novas vicissitudes.
A Segunda Guerra Mundial diferiu da Primeira Guerra Mundial em vários aspectos. o
surto ocorreu sem o entusiasmo popular que marcou o
início da Primeira Guerra Mundial . Havia um sentimento amargo de impotência,
semelhante ao de algumas populações na Áustria-Hungria em agosto de 1914.
Página 113
Novas estratégias, novas táticas e novas armas foram concebidas, todas

culminou na explosão da bomba atômica. Não foi tanto uma guerra
entre nações como entre ideologias: racismo hitleriano, russo soviético
Comunismo e o conceito anglo-saxão de democracia. Segunda Guerra Mundial
trouxe terrível devastação, a destruição completa de cidades de
Coventry para Dresden. migrações extensas, massacres de militares e
populações civis e genocídio (após os dois milhões de armênios em
1915-1916, havia agora seis milhões de judeus). Isso agravou o declínio de
Ocidente e foi seguido por processos muitas vezes dolorosos de descolonização.
No entanto, a Liga das Nações foi reconstruída em uma base mais sólida sob
o nome da Organização das Nações Unidas, e pela primeira vez na história,
um tribunal foi criado para julgar criminosos de guerra. Esta guerra acelerou a mudança
nos costumes e modos de vida que acompanharam e seguiram o mundo
Primeira Guerra A geração que surgiu em 1945 era tão diferente da
anterior, pois a geração de 1919 tinha sido daquela de Belle
Epoque.
Assim que a guerra se tornou um fato, era óbvio que seria incomum
cruel e impiedoso. Hitler havia declarado seus objetivos em sua declaração de
22 de agosto de 1939:
... Nossa força está na nossa rapidez e na nossa brutalidade. Ghengis Khan tinha milhões
de mulheres e crianças mortas b) sua própria vontade e com um coração alegre. A história vê
nele apenas um grande construtor de Estado. O que pensa a fraca civilização europeia
sobre mim não importa .... Assim. por enquanto, enviei para o Oriente
apenas minhas unidades da Cabeça ·· oeath. \ dth a ordem de matar sem piedade ou misericórdia todos
homens. mulheres e crianças de raça ou língua polonesa. Quem ainda fala hoje em dia
do extermínio dos armênios? 4 "2
As tropas alemãs começaram sua blitzkrieg na Polônia, no primeiro dia de setembro

ber 1939. Em 7 de setembro, os russos invadiram o país pelo leste
para levar sua parte do saque. de modo que em menos de três semanas a Polônia teve
desapareceu do mapa. Na frente ocidental foi um drole de guerre
(uma guerra maluca): dois exércitos gigantescos ficaram cara a cara por oito meses
engajando-se em nada além de escaramuças insignificantes. Em novembro os russos
atacou a Finlândia; em abril de 1940, os alemães ocuparam rapidamente a Dinamarca
e na Noruega. Em 10 de maio de 1940, os alemães lançaram uma blitzkrieg em Hol-
terra, Bélgica e França, com impacto tão inesperado que os franceses
foram obrigados a assinar um armistício em 16 de junho. Mas de agosto a outubro
os alemães perderam a batalha pela Inglaterra, e isso salvou o mundo ocidental.
Após uma nova pausa, os alemães invadiram a Iugoslávia e a Grécia em abril
1941. e em 22 de junho atacaram a Rússia. Depois de muitos sucessos iniciais e
Com um rápido avanço, o Exército Alemão foi detido fora de Moscou. este
campanha foi travada com ferocidade sem precedentes no rigoroso país
inverno.
A guerra tomou uma nova guinada em 7 de dezembro de 1941. Os japoneses renovaram
Página 114
um movimento estratégico que lhes trouxe a vitória em sua guerra com a Rússia:
como aconteceu com a frota russa em 1904, eles atacaram a frota americana em Pearl
Harbour antes de declarar guerra aos Estados Unidos. Declaração do Japão de
guerra nos Estados Unidos e Inglaterra foi seguida por uma rápida invasão de
Malásia, Indonésia, Filipinas. e as Ilhas do Mar do Sul. Os americanos
o colossal esforço de guerra de latas permitiu-lhes conduzir a guerra simultaneamente em
Pacífico e na Europa. Os territórios ocupados pelos japoneses foram recon-
questionado um a um pelo general americano MacArthur, enquanto o general
Eisenhower preparou a invasão dos Aliados na Europa. Em novembro
1942 os Aliados desembarcaram na Argélia, em julho de 1943 na Sicília, e em 6 de junho,
1944. na Normandia. Seguindo as vitórias anglo-americanas no oeste
As vitórias da Europa e da Rússia no Oriente, os exércitos alemães capitan-
encerrado em 8 de maio de 1945. enquanto o Japão continuou a resistir. Mas em 6 de julho, depois
um breve vôo de um esquadrão americano sobre Hiroshima, o mundo chocado
soube da bomba atômica. A guerra acabou. e uma nova era começou
para a humanidade.
O destino da psiquiatria dinâmica foi profundamente afetado por esses eventos.
Entre os quatro grandes pioneiros, dois. Freud e Adler morreram no exílio;
outro. Janet. estava trabalhando em um livro, The Psychology of Belief (que
permaneceu incompleto). enquanto o último, Jung. parecia se concentrar
seu interesse em mitologia e alquimia. O principal fato, no entanto, foi o
emigração massiva de psicoterapeutas da Europa central para a Inglaterra e
ainda mais para os Estados Unidos. Como um resultado. o centro do psicanalítico
e as associações psicológicas individuais foram transferidas para a América;
O inglês suplantou o alemão como língua oficial. Depois da destruição
da Psychoanalytic Verlag de Viena, uma nova, a Imago Publishing
Casa. foi fundada em Londres e iniciou a publicação do livro de Freud
Samtliche W erke, para substituir as coleções destruídas do Gesammelte
Werke. V.orks mais recentes. mesmo aqueles de terapeutas alemães e austríacos,
agora estavam sendo publicados diretamente em inglês. Esta transferência do alemão
para a língua inglesa não ocorreu sem algumas flutuações semânticas.
Certas nuances de significado na terminologia alemã foram perdidas, enquanto
um termo como "frustração" gozava de uma popularidade que não possuía em
Alemão.
A crônica psiquiátrica daqueles anos é relativamente curta.

Em 1940, o esboço póstumo de psicanálise de Freud apareceu. Dele
livro sobre Moisés provocou muita controvérsia e protesto nos círculos judaicos.
Ele parecia extraordinário que num momento em que a existência física de
o povo de Israel '' como ameaçado, um judeu deveria publicar um livro contendendo
que Moisés era egípcio e fora morto pelos hebreus. Freud's
atitude foi contrastada com a de Bergson. quem através de con pessoal
vicção tornou-se católica, mas se recusou a ser batizada, a fim de expressar
solidariedade com seu povo. Bergson de fato se recusou a ser dispensado de qualquer
das indiginidades impostas aos judeus; no entanto, ele morreu em 3 de janeiro,
1941. antes da deportação dos judeus franceses.
Página 115
Em 1941, a psicanálise floresceu mais do que nunca na América, mas o

as chamadas tendências neofreudianas ganharam importância. Karen Horney saiu
a American Psychoanalytic Association e fundou a .. American
Instituto de Psicanálise. para a propagação de seus próprios ensinamentos e
terapia. Eric Fromm publicou seu Escape from Freedom, inspirando mais
por eventos contemporâneos do que pela teoria psicanalítica. 463
Em 1942, Binswanger. na Suíça, publicou seus Formulários Básicos e
Conhecimento da existência humana. um livro formidável de 726 páginas em que ele
compilou e discutiu seu novo sistema de Daseinsanalyse (existencial
análise). 464 Este sistema foi inspirado no Daseinsanalytik de Heidegger ,
mas enquanto o último é uma análise filosófica da estrutura do ser humano
existência em geral o propósito de Binswanger é analisar o "Ser no
Mundo "de indivíduos. Por meio de um sistema de coordenadas fenomenológicas
derivado de Heidegger. Binswanger tenta reconstruir o universo
da experiência interior, mesmo de pacientes gravemente psicóticos, e torná-la
inteligível.
A busca por novas psicoterapias continuava tão ativamente como sempre.
Carl R. Rogers nos Estados Unidos publicou o primeiro relato de seu método
de aconselhamento psicoterapêutico.465 "Aconselhamento eficaz", disse ele, "con
temas de uma relação definitivamente estruturada e permissiva que permite a
cliente para obter uma compreensão de si mesmo em um grau que o capacite a
dar passos positivos à luz de sua nova orientação. "Na Suíça, Marc
Guillerey relatou à Associação Psiquiátrica sobre o tratamento psicoterapêutico
método que ele vinha aplicando nos últimos quinze anos.466 Era um original
combinação da técnica de Vittoz de relaxamento, concentração e corpo
consciência com a técnica de imaginação forçada de Jung.
Em 1943, uma nova tendência dinâmica veio ao primeiro plano - psicossomática
remédio. Duas obras clássicas foram publicadas naquele ano, as de Weiss
e inglês, 467 e de Flanders Dunbar, 468 Para ter certeza, psicossomático
a medicina já tinha uma longa história: a cura primitiva era em grande parte
psicossomática, assim como as curas realizadas por Gassner e Mesmer,
por gerações de magnetizadores e hipnotizadores, por homens como Liebeault,
Bernheim, Fore! E seus seguidores. A medicina romântica não estava sozinha em
proclamando que a doença física pode ter origem em causas emocionais. o
mesmo foi ensinado pelos grandes representantes da medicina científica e por
certos fisiologistas (Krehl na Alemanha, Cannon nos Estados Unidos).
Adolf Meyer tentou correlacionar certas condições clínicas com certas

emoções conscientemente experimentadas dos pacientes. Os novos pioneiros de
medicina psicossomática agora se comprometeu a delinear o perfil de personalidade
dos pacientes em várias doenças: hipertensão, oclusão coronariana,
reumatismo, diabetes e semelhantes. Este era para ser o ponto de partida para novos
pesquisa e novas teorias que deveriam ter um desenvolvimento inesperado
nas décadas seguintes.
Podemos acrescentar que no mesmo ano, nos laboratórios da indústria farmacêutica
empresa Sandoz, em Basel, o químico Albert Hofmann descoberto por
Página 116
acaso uma substância que produziu alucinações vívidas no infinitesimal

dosesY '' ~ Esta descoberta não atraiu muita atenção na época, mas
o produto se tornaria famoso posteriormente sob a designação de LSD 25.

Na França, Sartre publicou O ser e o nada. Este elaborado e
trabalho original inspirado em Heidegger continha, como vimos anteriormente, um
capítulo dedicado à "psicanálise existencial", um método psicoterapêutico
mostrando grandes semelhanças com a abordagem adleriana. 470 Na Espanha, JJ LOpez
Ibor trouxe o primeiro relato de sua nova e original teoria da ansiedade vital,
um conceito com implicações profundas para a psicoterapia. 471
O ano de 1944 foi marcado pelo desenvolvimento da existência de Binswanger
análise comercial e da análise de destino de Szondi.
A análise existencial era conhecida até então como uma forma bastante abstrata
sistema teórico. Com a publicação do caso de Ellen West entrou
no campo da psiquiatria clínica e psicopatologia. 472 Este modelo
caso era para Binswanger o que o de Madeleine fora para Janet, e
a do Homem-Lobo para Freud. Como Binswanger observou, o caso de
Ellen West se parecia muito com a de Nadia de Janet. 473 Ambos foram
encaminhados a um psiquiatra porque estavam obcecados pelo medo de se tornarem
ingordura; ambos se privavam de comida, mas às vezes devoravam avidamente
em segredo. Janet logo reconheceu que a doença de Nadia não era uma anorexia comum
nervosa: sua recusa em comer \\ como parte de uma obsessão em relação ao seu corpo
e suas funções. e esta obsessão, por sua vez, estava conectada com seu medo
que as pessoas a rejeitariam ou desprezariam. Em relação a Ellen West, Binswanger
começa sua análise onde Janet havia interrompido o estudo de Nadia, que é o
tenta elucidar e reconstruir a evolução do Dasein do paciente
com seu universo de experiência subjetiva. Nessa tarefa, Binswanger foi
favorecido porque Ellen West, uma pessoa bem-educada, tinha talento para a auto-
expressão em prosa e em verso.
Ao lidar com um caso clínico, o procedimento tradicional consiste em um
redução dupla: da história de vida do paciente à história de sua doença,
e do quadro clínico ao seu substrato biológico (verificando, para
exemplo, se Nadia ou Ellen tinham distúrbios endócrinos). Psicopata-
a análise complementaria com uma redução das vicissitudes do paciente de
impulsos e relações de objeto. Binswanger mantém a estrutura do Kraepelinian
nosologia e ocasionalmente recorre a conceitos psicanalíticos, mas seu principal
preocupação é o desdobramento do "estar no mundo" do paciente com sua
metamorfoses desde a infância.
Ellen West veio de uma família Je11 saudável de 11 para 11 que pertenciam distintos
pessoas, e em que houve alguns casos de doença mental e suicídio.
Aos nove meses ela recusou leite e todos os dias apresentava dificuldades em
no que diz respeito à ingestão de alimentos. Ela também sabia. criança infantil. extremamente teimoso e
ambiciosa e gostava de ler. Desde a adolescência, ela manteve um diário, escreveu
poesia. e expressou uma espécie de entusiasmo panteísta pela vida e pela natureza. Ela
Página 117
sentiu-se chamado a grandes conquistas. para ganhar fama eterna. e ansiava pelo
amor de um homem perfeito. Ela levou a vida de uma jovem rica e cosmopolita com
equitação. tra1eling. e estudos irregulares. mas eu estava preocupado com problemas sociais,
11 a ideia .. ir ao povo. ·· e a esperança de uma grande revolução social.
(Na verdade, Ellen West tinha muito em comum com Marie Bashkirtsetf ou Lou
Andreas-Salomé: seu comportamento parece menos errático se assumirmos que ela
11 como um aristocrata russo da época czarista.)
; com a idade de 1 em t1 ela começou a ter medo de ficar gorda, e gradualmente
tornou-se uma obsessão que dominou toda a sua vida. Ela se impôs
dietas drásticas e 11 oito curas redutoras. mas às vezes ela se jogava
em comida e engolir grandes quantidades para sua vergonha.
Com a idade de cerca de 111 en ty-se1 en. ela se casou com um primo que parece ter
foi um marido extremamente depravado: ela permaneceu ativa no bem-estar social, mas
sua condição física mudou. Aos trinta e dez anos, ela foi submetida a tratamento com um
psicanalista 11 ho trouxe a ela a percepção de que seu objetivo era .. a subjugação de
todas as outras pessoas ... Um 1 carro latt.:r. uma segunda análise foi aparentemente menos bem-sucedida;
o analista o perseguiu apesar de toda a era! tentativas de suicídio. e a condição dela
11 orsencd ao ponto que seu médico interveio. interromper o tratamento.
Ellen West então entrou no sanatório da raiva Hins11 em Kreuzlingen. onde ela
ficou dois meses e meio. 011 ing a seus impulsos suicidas. Binswanger sabia
não assumir a responsabilidade de mantê-la na parte aberta do sanatório.
Dois psiquiatras proeminentes chamados em consulta concordaram com Binswanger que
o paciente parecia incurável. O marido. informado desta condição e do
perigo. preferiu tal-; c sua casa. Os sofrimentos do paciente imediatamente sub-
lados. De mau humor. ela comeu o quanto quisesse pela primeira vez em treze
anos. Leia poesia. 11 letras rotc. e então tomou veneno e morreu no
manhã seguinte.
A análise longa e sutil da raiva de Bins11 de "Being in the
Mundo .. não pode ser resumido e deve ser lido no original ou no inglês
tradução. O medo de Ellen West de ser gorda e da gula eram apenas mais
manifestações conspícuas de um processo slm1 de empobrecimento existencial e
esvaziamento. Ela havia perdido o equilíbrio no mundo da ação prática; ela social
11 atividades de arco elfo tinham um meio de preencher o vazio de sua vida. O paciente
constantemente oscilou hct11 een t11 o mundos cada vez mais divergentes do subjetivo
experiência. Um 11 como ideal. etéreo. espaçoso. leve. caloroso. colorida. brilhando
orld de voar sem esforço em 11 no qual não se precisa comer. O outro mundo, de
11
cuja gula era a expressão. 11 como dominado pelo processo pelo qual o
a espontaneidade e a liberdade de ação do indivíduo cedem ao controle do ambiente
mundo ing. Era um mundo de névoa úmida. nuvens escuras. de peso, lentidão,
11 ithering e decadência. um 11 orld da tumba. Do ponto de vista da temporalidade,
Ellen West. que não foi capaz de construir tempo. não tinha futuro, ou melhor, o
futuro 11 como substituído pelo etéreo 11 mundo do devaneio que não tinha raízes no
presente ou passado do paciente. Nem ela tinha um passado sobre o qual construí-la
ações presentes e seu futuro: o passado 11 como substituído por aquele mundo de escuridão,
peso. e decadência. 11 Mangueira expressão total 11 como morte. O presente foi reduzido
para o instantâneo. A continuidade do tempo foi substituída por uma sucessão de
instantes. O conflito e a crescente discrepância entre os dois mundos permitiram
sem compromisso. e assim chegou um ponto em que o único ato de liberdade e
autenticidade deixada para Ellen West como suicídio.
Página 118
O ano de 1944 também viu a publicação da Análise do Destino de Szondi ,

contendo uma teoria que muitas vezes foi mal compreendida. 4 74 Análise de
Destino (Schicksalsanalyse) pode ser melhor definido como uma síntese de psiquiatria
genética e psicanálise. A abordagem genética originada no estudo
de doença mental hereditária. A escola alemã de geneticistas psiquiátricos
primeiro se dedicou ao estudo de doenças hereditárias (epilepsia, esquizofrenia,
e doença maníaco-depressiva) e mais tarde chegou à noção de "hereditária
círculos. "Um" círculo hereditário ·· (Erbkreis) compreende não apenas negativos
manifestações (tipos específicos de psicose e anormalidades de caráter),
mas também os positivos (dotações e talentos específicos), de modo que, no
mesma família, certos indivíduos podem sofrer de psicose, outros
favorecido com um talento particular. e outros exibem apenas caracteres específicos
características dentro dos limites da normalidade. Isso leva à suposição de que em
cada círculo hereditário é um denominador comum que foi chamado de
fator raiz, ou radical biológico. O que Szondi chama de fatores de impulso é um sistema
de oito desses radicais biológicos derivados de pesquisas genéticas psiquiátricas.
Quanto à psicanálise. sempre admitiu a existência de um biológico
substrato da vida inconsciente. Freud chamou a predisposição de mistura
de biológica anlage e influências ambientais precoces. Alguns analistas
chegou a suspeitar que havia vários tipos de predisposições. Abraham
alegou que um desenvolvimento marcado de baracterísticas orais e anais poderia
1.
estar relacionado a fatores predisponentes específicos. 4 75 Outros psicanalistas falaram

de pacientes com ego forte ou fraco. implicando assim a existência de outro
tipo de predisposição específica.
É precisamente este reino obscuro das predisposições biológicas sob
a vida inconsciente do homem mentiroso que se torna o foco da Análise de Szondi
do destino. Aqui ele encontra novamente os oito radicais biológicos ou fatores que
resultou de genética psiquiátrica.
Vemos como as duas linhas de pesquisa, a saber, da genética psiquiátrica e
da psicanálise. cruzaram-se. O ponto de intersecção encontra-se em um
reino até então quase inexplorado do ser humano que Szondi chama
a família inconsciente. Para os geneticistas, pertence ao genótipo, que
é para o oculto. latente. anlágeno hereditário . Para o psicólogo é, de acordo
para Szondi, uma camada recém-descoberta do inconsciente, um campo do destino
de onde procedem as escolhas vitais (escolha no amor, amizade, profissão,
doença, e até mesmo a forma de morte), cuja soma constitui o nosso
destino. A hipótese fundamental de Szondi é que todo homem chega ao
mundo com um pacote de possibilidades de destino. que são determinados pelo
fórmula de seu genótipo. Como Freud havia analisado os mecanismos do sonho
formação (deslocamento e condensação). a fim de interpretar o
sonho para o sonhador. Szondi analisa os mecanismos do destino-forma-
ção para reconstruir a estrutura genética latente do indivíduo.
Entre os principais mecanismos de destino descritos por Szondi está o genotropismo:
ou seja, que a escolha do amor é inconscientemente dirigida por semelhanças latentes
Página 119
à fórmula do gene. Outro mecanismo é o operotropismo, que é o

tendência consciente de um indivíduo de escolher uma ocupação através da qual
o fator hereditário positivo confere uma superioridade sobre ele. Szondi encontrado
uma lista de ocupações características para cada um de seus oito fatores. Porque
da origem dual da Análise do Destino, as mesmas manifestações podem
receber uma interpretação biológica e psicológica. Para que
geneticista são "manifestações positivas de um radical biológico" pode ser
"sublimação" para o psicanalista. Szondi distinguiu três graus de
sublimação: "socialização", isto é, a canalização de impulsos em um ambiente
cupação, "sublimação adequada" \\ eu afino o caráter do indivíduo, e
“humanização”. uma forma superior de sublimação estendida para o benefício de
humanidade.
O método básico na análise do destino consiste em estabelecer um
genealogia extremamente completa) do indivíduo. Para a diferença do comum
genética psiquiátrica, não se registrará apenas ocorrências de psicose,
neurose. psicopata). ou criminalidade. mas também a estrutura de caráter e
a ocupação de todas as pessoas incluídas nessa genealogia. Além disso, o
genealogia estabelecida em que \\ ay \\ será confrontada com a das pessoas
Com quem o indivíduo está intimamente ligado ao destino (este é o método
Szondi aplicou em sua Análise de Casamentos).
Visto que este método claramente \\ é muito longo e demorado, Szondi
pensei em uma maneira mais curta de explorar o inconsciente da família para encontrar o
fórmula genética de seus assuntos. Em 1944, Szondi já havia planejado e
aplicou durante anos o teste que mais tarde publicaria. O material de teste consiste
de uma série de fotos de assassinos. homossexuais, epilépticos e
outros pacientes representativos das manifestações negativas extremas em cada
um dos oito fatores de Szondi. O testado vê esses conjuntos em sucessão
e é convidado a mostrar as fotos que considere mais simpáticas
e quais são os mais repulsivos para ele. Um método complexo de avaliação
é usado para elucidar a fórmula genética do sujeito e sua estrutura de personalidade
de suas reações.
Do começo. A análise do destino de Szondi foi recebida com entusiasmo
admiração e crítica severa. Suas suposições genéticas foram questionadas,
particularmente seu sistema de oito fatores agrupados em quatro vetores. Na verdade,
parece que na cabeça de Szondi este sistema é mais um modelo fictício, comparável
aos ressonadores concebidos por Helmholtz com os quais os físicos analisam o
elementos constitutivos de um tom. A escolha dos ressonadores é necessariamente
arbitrário. mas nenhum físico negará sua utilidade na análise de um som.
Com o passar dos anos. Szondi \\ como para enfatizar seu teste. e ainda mais tarde o seu
método psicoterapêutico original.
Quando a guerra chegou ao fim em 1945, um fluxo de novas publicações foi
o sinal claro de que o espírito criativo ainda estava vivo. Na França, o philos-
opher Merleau-Ponty publicou sua Phenomenology of Perception, que
logo se tornou um dos clássicos da fenomenologia. 476 The French Psychia-
Página 120
trist, Henri Baruk, um judeu que viveu os últimos anos em grande perigo
e que escapou quase milagrosamente, publicou Moral Psychiatry,
um livro no qual ele enfatizou a persistência da "personalidade moral"
nos pacientes mentais mais regredidos e dementes. Ele apontou como
nesses pacientes, o senso de justiça foi até aumentado e mostrou que um
melhoria perceptível pode ser obtida levando-se em consideração o
sentimento de dignidade e necessidade de justiça do paciente. Essa preocupação com o interior
a maior parte da personalidade do paciente foi considerada uma reação contra o organicista
e o espírito materialista que dominou a psiquiatria desde meados do
século dezenove. 477 Outro aspecto dessa reação foi o sucesso de
existencialismo em psiquiatria, assim como em filosofia na Europa Ocidental.
Outra inovação foi o método de psicoterapia breve de Maeder, um
método que postulou do paciente um desejo real e genuíno de recuperação
e do terapeuta um desejo genuíno de ajudar seu paciente. 4 78 O terapeuta
apela às tendências de autocura do paciente, e o paciente
projeta no terapeuta o arquétipo da imagem do Curador. Método de Maeder
foi parcialmente inspirado por conceitos junguianos, mas sua ênfase principal está no self
processos de regulação e autocura. (Essas noções que ele aprendeu
o biólogo Hans Driesch e de Theodore Flournoy.)
Na América, a principal característica foi o crescente desenvolvimento do grupo
terapia. Moreno teve muitos seguidores e imitadores e inúmeras técnicas
de terapia de grupo foram concebidos e aplicados. 479
A guerra deixou o mundo com duas grandes potências se enfrentando com
suspeita crescente. os Estados Unidos e a Rússia Soviética, cada um com sua
aliados, satélites e zonas de influência. Entre estes dois colossos os destroços
do que tinha sido, os países europeus estavam lutando para recuperar seus
identidades. Essa situação se refletiu na psiquiatria. Na Rússia soviética,
A psiquiatria pavloviana "agora é uma doutrina oficial, enquanto a psicanálise
e ensinamentos semelhantes foram proibidos. Nos Estados Unidos liberdade igual
foi concedida a todas as escolas psiquiátricas (tanto para o Pavloviano como para qualquer
outro), mas a psicanálise era factualmente prevalente; o número de psico-
análises aumentaram continuamente, eles ocuparam cargos de liderança na área psiquiátrica
departamentos de universidades. e ideologia freudiana ou pseudo-freudiana
permeou a vida cultural.
A oposição entre as duas grandes potências mundiais também se refletiu em
as controvérsias entre psiquiatras russos e americanos. Apesar
ninguém questionou as conquistas de Pavlov como fisiologista, eles foram
considerado insuficiente para formar a base de uma psiquiatria. Conhecimento adquirido
em experimentos com animais em um ambiente experimental artificial não poderia
ser aplicado imediatamente a seres humanos; nunca poderia fornecer uma compreensão
da condição subjetiva do paciente mental. A psiquiatria pavloviana era
portanto, considerada uma psiquiatria para robôs ao invés de humanos e os
técnica de lavagem cerebral é sua realização mais original. Psiquia russa
tristas, por sua vez, classificou a psicanálise como idealista (com o pejorativo
Página 121
conotação dessa palavra na terminologia marxista), como uma manifestação lamentável

do capitalismo decadente, como uma terapia plutocrática restrita aos ricos
parasitas. enquanto os pobres foram privados da possibilidade de tratamento.
Como um reflexo posterior da situação política, a psiquiatria pavloviana
estendido pela Europa Oriental e os países dos Balcãs. No oeste e
Europa central (onde poucos psicanalistas antes da guerra permaneceram) Freudianismo
às vezes parecia uma importação cultural da América. isto
tornou-se comum os franceses lerem Freud em inglês, e mesmo os jovens
Os alemães falavam do ego, do id. o superego, em vez de usar o original
termos Ich. Es. Ueberich. Por outro lado, a influência do existencial
filosofia e psiquiatria estavam se espalhando, e a Europa continuou a ser a
berço de novos métodos psicoterapêuticos. O futuro da psiquiatria dinâmica
parecia promissor e cheio de possibilidades, mas tão imprevisível quanto
futuro da humanidade.
Notas
1. JM Charcot, '"Sur les divers etats angryux determina par l'hynotisation
chez les hysteriques, " Comptes-Rendus hebdomadaires des seances de l'Academie des
Sciences, XCIV (1882) (1), 403-405.
2. Pierre Janet, Les Medications psyclw / ogiques (Paris: Alcan, 1919), I, 155.
3. A. Jaquet, Ein halbes Jahrhundert Medizin (Basel: Benno Schwabe, 1929), pp.
169-171.
4. Charles Richet, "Du Somnambulisme provoque," Journal de l'Anatomie et de Ia
Physio / ogie normale et pathologique de / 'hom me et des animaux, II (1875), 348-377.
5. Rudolf Heidenhain, Der sag thierische magnetismus; Physio / ogische Beobach-
tungen (Leipzig: Breitkopf e Hartel, 1880).
6. Veja o cap. 2, pág. 86
7. Robert G. Hillman, "A Scientific Study of Mystery: The Role of the Medical
e a Popular Press na Nancy-Salpetriere Controversy on Hypnotism, " Bulletin of
the History of Medicine, XXXIX (1965), 163-182.
8. Jules Liegeois, "De Ia Suggestion hypnotique dans ses rapports avec le droit civil
et le droit criminel, " Seances et travaux de / 'Acadbnie des sciences morales et politiques,
CXXII (1884), 155.
9. H. Bernheim, De Ia Suggestion dans / 'etat hynotique et dans /' hat de veil / e
(Paris: Doin, 1884).
10. Veja o cap. 2, pp. 90-91; Indivíduo. 7, 437-442.
11. Veja o cap. 2, pp. 90-91.
12. Sigmund Freud, "Charcot, '' Wiener medizinische Wochenschrift, XLIII (1893),
1.513-1.520. Edição Padrão, III, 11-23.
13. Paul Richer, Etudes cliniques sur / 'hysterie-epi / epsie ou grande hysterie (De1a-
haye et Lecrosnier, 1881).
14. Sigmund Freud, Selbstdarstellung, em Grote, Die Medizin der Gegenwart (1925),
IV, 1-52 (citação da pág. 4). Standard Edition, XX, 7-74.
15. Veja o cap. 6, pp. 336-337.
16. Comunicação pessoal da sra. Helene Pichon-Janet.
18. Ernst Freud, que teve a gentileza de examinar, a pedido do autor, o
cartas de Freud para sua noiva, disseram-lhe que ele não encontrou nenhuma menção a esse encontro.
27/01/2021 Conclusão
Página 1
II
Conclusão
AO LONGO DESTA PESQUISA do ongm e desenvolvimento de

psiquiatria dinâmica. permanecemos tanto quanto possível no terreno de
factos históricos. Devemos agora tentar analisar os fatores que causaram e
direcionou essa evolução, a fim de encontrar uma resposta para o problema que foi
o ponto de partida de nossa investigação (conforme declarado na Introdução).
Esses fatores podem ser agrupados em várias categorias pertencentes ao
contexto socioeconômico e político. as tendências culturais. a personalidade
dos pioneiros. o papel dos pacientes. e a ocorrência de uma variedade de
eventos.
Em primeiro lugar. vamos competir \\ a evolução da psiquiatria dinâmica contra
o contexto socioeconômico e político. notavelmente o econômico
história e luta de classes. A vitória de Mesmer sobre Gassner foi a do
aristocracia sobre o clero. 1 Societe de! 'Harmonie de Mesmer foi principalmente
composto por membros da nobreza francesa, pouco antes de sua queda.
As "crises" provocadas em torno do baquet de Mesmer eram idênticas às dos vapeurs,
a doença da moda das senhoras da sociedade. A mudança de Mesmer
a Puységur significava uma mudança de "magnetismo para os aristocratas" para um
"magnetismo para o povo ... com mudanças correspondentes na doutrina e
práticas terapêuticas 2 Mas o poder crescente da nova classe dominante,
burguesia. \\ como seguido pela mudança do magnetismo para o hipnotismo. Onde-
como o relacionamento entre o magnetizador e seu paciente refletiu o
relação paternalista e simbiótica entre o nobre e seu
sujeito. o relacionamento entre o hipnotizador e o hipnotizado refletia o
atitude autoritária do senhor burguês para com seus dependentes; a
terapia de barganha dos antigos magnetizadores e seu manejo dos pacientes
segredos patogênicos foram então substituídos pela transmissão de comunicação hipnótica
mands.- 'Por falar em Bleuler. notamos que a origem de seu trabalho em
esquizofrenia pode ser rastreada até as lutas políticas entre os
886
Página 2
Conclusão 887
fazendeiros e a aristocracia da cidade de Zurique. Nessa perspectiva, a gênese

do conceito de esquizofrenia de Bleuler apareceria como um subproduto, pois
foram, da vitória do partido dos fazendeiros sobre os patrícios da cidade.
Revolução fracassada de 1848. cujas implicações para a psiquiatria dinâmica nós
notaram, trouxeram à tona um reforço da dominação da burguesia
classe. 5 Enquanto isso. a Revolução Industrial levou à constituição de
uma poderosa classe industrial e comercial superior de um lado, e de um
proletariado numeroso e indigente do outro lado. Teorias de Darwin
foram distorcidos a fim de fornecer à alta burguesia uma ideologia
da competição cega e implacável, enquanto Marx forneceu uma ideologia
para a classe trabalhadora e seus aliados. 6 A tentativa revolucionária fracassada de
a Comuna de Paris em 1871 desencadeou uma onda de sentimento antidemocrático.
Dupree! mostrou que a teoria de Gustave Le Bon da "psicologia da
multidões "foi uma expressão dessa tendência, mas foi considerada indisp ~
tabela a verdade científica e utilizada como tal por muitos autores, incluindo Freud. \ 7
Ao mesmo tempo. isso é. no final do século XIX, o superior
classes não podiam mais se contentar com o método existente de hipnose e
terapia sugestiva e exigiu uma nova psicoterapia não autoritária
isso explicaria ao paciente o que se passava em sua mente. 8 nós
vi também como as grandes convulsões sociais e políticas causadas por
A Primeira Guerra Mundial levou a mudanças de longo alcance dentro do novo psiquismo dinâmico
sistemas ricos. 9 conceitos freudianos foram distorcidos de modo a fornecer uma ideologia
para o mundo hedonístico-utilitarista de consumo em massa nascido da
revolução tecnológica do século XX, da mesma forma que
conceitos darwinianos distorcidos forneceram uma ideologia para o mundo de
competição feroz criada pela Revolução Industrial.
A estrutura socioeconômica é a base sobre a qual as tendências culturais
originar e desenvolver. No Capítulo 4 , revisamos esses movimentos culturais
que se sucederam no mundo ocidental após a Renascença,
nomeadamente os do barroco. Iluminismo, Romantismo e Positivismo.
A vitória de Mesmer sobre Gassner não foi apenas a vitória da aristocracia
sobre o clero, mas também o do Iluminismo sobre o barroco em declínio,
e é irônico que os ensinamentos de Mesmer tenham sido assumidos e desenvolvidos por
os românticos. 11 O Iluminismo inspirou o trabalho psiquiátrico de Pinel
e EsquiroL e Mesmer se consideravam um representante do mesmo
tendência. Mas o Romantismo se apropriou e reinterpretou o magnetismo, e
estendeu sua influência sobre a medicina e a psiquiatria; nós vimos isso
muitos dos conceitos que são considerados característicos da psicologia de Freud
análise e psicologia analítica de Jung permearam o trabalho do Romântico
psiquiatras.12 Então, por volta de 1850, o Romantismo foi controlado pelo Positivismo,
a tendência cultural que encaminhou a psiquiatria organicista e prevaleceu por meio de
na segunda metade do século XIX. L ~ No final do século XIX
século e início do século XX, um renascimento do Romantismo exercido
uma influência inconfundível nas novas escolas dinâmicas incipientes.14 Não é
Página 3
admiro que muitas das ideias de Freud e Jung sejam semelhantes aos ensinamentos
dos velhos psiquiatras românticos. Janet, em contraste, é definitivamente uma tarde
representante do Iluminismo, assim como Adler em menor grau. Dentro
que iluminam as rivalidades entre Janet, Freud, Adler, Jung e seus discípulos
pode ser entendido como ondas tardias das lutas do Iluminismo
e o Romantismo no final do século XVIII e início do
século dezenove.
Como o artista e o escritor. o psiquiatra dinâmico principalmente desenha
de seus talentos e sensibilidades específicas para determinar sua maneira de perceber
o mundo. Cada psiquiatra dinâmico tem seu próprio sentimento específico para psiquiatra
realidade. e suas teorias também são influenciadas pelos eventos de sua vida. Janet
era um homem ativo e não emocional, daí seu interesse em fundar um
tipo de psicologia comportamental. 15 Seu desapego, levemente bem-humorado e
a atitude benevolente se reflete em sua psicoterapia racional; o laborioso
e os costumes econômicos de seus ancestrais se refletem em sua teoria do "orçamento
de forças psicológicas. "Como Janet não se lembrava de seus sonhos, ele poderia
possivelmente não escreveu uma Interpretação dos Sonhos, como fez Freud, que
foi um bom sonhador. A crise religiosa não resolvida de sua adolescência causou
ele a voltar repetidamente à psicologia da religião. Freud, como nós
viram, compartilharam com os grandes escritores um profundo interesse nos aspectos secretos
da vida e da personalidade das pessoas e um domínio superior da linguagem. 16
A noção do complexo de Édipo e de seu lugar central no destino humano
foi obviamente derivado de sua própria história de vida. e é também a razão pela qual
nem Adler nem Jung puderam aceitar, uma vez que haviam experimentado bastante
diferentes situações familiares na primeira infância. Quanto a Adler, seu principal
talento era aquele senso rápido de observação exata que torna o grande
clínico. o que os alemães chamam de olhar clínico ( der klinische Blick) . 17
Transposta para o campo da psicologia, foi a capacidade de fazer
primeira vista, uma avaliação precisa do estilo de um indivíduo normal ou doente de
vida e, conseqüentemente, para se tornar o fundador de um sistema de pragmática
psicologia. Eventos de sua infância levaram Adler a atribuir uma importância fundamental
à situação do indivíduo na fila dos irmãos. ainda mais do que para o
relacionamentos iniciais com figuras parentais. No caso de Jung, a característica marcante
é o contraste entre as habilidades práticas de um homem bem ajustado para
realidade material e um raro dom para psicológico (se não parapsicológico)
intuição. 18 Este contraste se reflete no sistema tipológico de Jung, e seu
psicoterapia. que inclui trazer os pacientes de volta à consciência
e o método sintético-hermenêutico para a promoção da individuação.
Como no caso de Janet. a crise religiosa não resolvida da adolescência de Jung exercida
uma influência duradoura no desenvolvimento de seu sistema psicológico.
Além disso. um estudante da mente pode ser confrontado com o seu próprio
neurose ou elementos neuróticos em sua personalidade. Uma distinção básica deve ser
feito. Contudo. entre aqueles psiquiatras que simplesmente tomaram suas próprias
neurose como objeto de estudo e aqueles cujo trabalho de vida foi o resultado
de uma doença criativa.
Página 4
Conclusão 889
Não seria difícil encontrar muitos exemplos para o primeiro grupo. Robert
Burton descreveu sua própria condição em sua descrição triste, mas vigorosa de
a "melancolia do estudioso". 1 '~ George Cheyne deu uma descrição clássica
de hipocondria com base em vários históricos de casos, dos quais o mais longo
e o mais interessante é o seu. 20 Benedict-Augustin Morel realçado
sua descrição do delire emotif (mais tarde chamado de fobia) com o vívido
história de seu próprio caso. 21 Quanto a Janet, há alguma razão para supor que
certas características de sua descrição da psicastenia foram retiradas de seu
experiência pessoal. De acordo com Phyllis Bottome, Adler sofria de
uma idade precoce com raquitismo. e isso explicaria suas teorias de órgão
inferioridade, complexo de inferioridade. e compensação. O próprio Pavlov deu um
breve, mas significativo relato da neurose cardíaca que ele sofreu após ser
operado em 1927. e parece que seu interesse pela psiquiatria era muito
estimulado por este evento.22
A neurose comum que fornece a um psiquiatra um tópico para
flexão e talvez o incite a esforços de autocura não deve ser
confundido com a manifestação da doença criativa. É a nossa hipótese
que os sistemas de Freud e pulmão originaram-se principalmente de seus respectivos
doença criativa (da qual sua auto-análise foi apenas um aspecto). O principal
características da doença criativa já foram descritas nos capítulos anteriores.2 3
Vamos relembrá-los brevemente.
Esta rara condição começa após um longo período de trabalho intelectual inquieto
e preocupação. Os principais sintomas são depressão, exaustão, irritação
ritabilidade. insônia. e dores de cabeça. Em suma, apresenta a imagem de
uma neurose severa, às vezes de uma psicose. Pode haver oscilações no
intensidade dos sintomas, mas durante todo o paciente permanece obcecado por
uma ideia prevalecente ou a busca de algum objetivo difícil. Ele vive em absoluto
isolamento espiritual e tem a sensação de que ninguém pode ajudá-lo, daí o seu
tentativas de autocura. Mas geralmente ele sentirá que essas tentativas se intensificam
seus sofrimentos. A doença pode durar três ou mais anos. A recuperação ocorre
espontânea e rapidamente; é marcado por sentimentos de euforia, e é
seguido por uma transformação da personalidade. O sujeito está convencido
que ele ganhou acesso a um novo mundo espiritual, ou que atingiu
uma nova verdade espiritual que ele revelará ao mundo. Exemplos disso
doença pode ser encontrada entre os xamãs da Sibéria e do Alasca, entre os místicos
de todas as religiões. e entre certos escritores e filósofos criativos. UMA
Um exemplo bem documentado é o de Fechner. e parece provável que
Nietzsche. também concebeu suas idéias mais originais durante a agonia de um
doença criativa. 2 4
O aspecto clínico de uma doença criativa difere de um indivíduo para o
de outros. Acima de tudo, uma linha nítida de distinção deve ser traçada entre dois
categorias. a doença do desbravador e do seguidor. O primeiro
xamã, que talvez há milhares de anos encontrou um meio de enviar
em transe para explorar o mundo dos espíritos, foi um modelo para
gerações de xamãs depois dele. Ele era o pioneiro, e eles eram o
Página 5
seguidores. Muitos indivíduos sofreram uma neurose criativa que ninguém

repetido depois deles. Porque. como Fechner. eles nunca pensaram em encorajar
outros a fazê-lo. Contudo. não é suficiente descrever o caminho e
encoraje outros a segui-lo. Assim, Rudolf Steiner escreveu um relato preciso
de seu método para obter o conhecimento dos mundos espirituais superiores, mas
parece que nenhum dos que o tentaram conseguiu. 25 Para ter
seguidores. o pioneiro não deve apenas ensinar a teoria, mas fornecer uma
guia prático para outros seguirem essa teoria. Assim, o xamã-aprendiz
deve ver um velho xamã, em intervalos regulares, cujas instruções ele colocará
na prática, passo a passo, ao longo de sua doença iniciática. Con similar
siderações se aplicam aos místicos da maioria das religiões. Aqui também, a necessidade de um
guia espiritual é universalmente enfatizado. Ainda mais, o seguidor deve
encontre o guia apropriado. Místicos como Santa Teresa de Ávila e Santa
João da Cruz insistiu na importância de encontrar o diretor certo
de consciência para evitar experiências prejudiciais.
Em relação à psiquiatria dinâmica, presumimos que Mesmer passou por um
neurose criativa da qual emergiu com a convicção de ter
fez a descoberta que marcou época do magnetismo animal. No entanto, ele
só foi capaz de comunicá-lo teoricamente aos seus discípulos, mas não
inicie-os em seu próprio caminho secreto. E isto. em contraste, revela o completo
originalidade de Freud e Jung. Ambos sofreram uma doença criativa em
uma forma espontânea e original. e ambos fizeram disso um modelo para ser
seguido por seus discípulos sob o nome de análise didática. Jung pro
motivou a análise de treinamento. e os freudianos o aceitaram por seu valor didático, mas
a escola junguiana mais tarde passou a considerá-lo como uma espécie de iniciação
doença comparável à do xamã.
Não precisamos relatar a história da doença criativa de Freud 26
e Jung. 27 Entre as características da doença criativa,
Contudo. é a convicção do sujeito. após sua recuperação, seja o que for que ele
descobriu é uma verdade universal. Foi assim que Mesmer proclamou
a verdade do magnetismo animal, Fechner o princípio do prazer, Nietzsche
o eterno retorno. Freud, o complexo de Édipo e a sexualidade infantil
raiz da neurose e Jung a anima e o processo de individuação. Essa
que conheceram Freud relatam que ele falou do complexo de Édipo e do
libido como verdades absolutas que não podiam sofrer nenhuma dúvida. Mas Jung também falou
do inconsciente coletivo. a anima. e o eu com a certeza silenciosa
do homem que sabe.
Somos, portanto, levados a fazer uma distinção entre dois grupos de
sistemas. Ao primeiro grupo pertencem os de Janet e Adler. Mesmo se Janet
fez uso de sua própria experiência de psicastenia. e Adler de seu pessoal
experiência de inferioridade de órgãos, suas principais descobertas foram obtidas por
meios de pesquisa clínica objetiva. No segundo grupo estão os sistemas
de Freud e Jung. Aqui, os princípios básicos originaram-se de dentro, que IS,
da experiência de uma doença criativa.
Página 6
Conclusão 891
Essa distinção, por sua vez, traz uma questão difícil: Qual é a heurística
valor de uma doença criativa? É a certeza de ter descoberto um universal
verdade prova suficiente da validade dessa descoberta? Esta questão pertence
ao problema mais geral da validade da dinâmica psicológica
experiências. Um de seus aspectos é o caráter específico da doença criativa:
é uma experiência estritamente pessoal para seu pioneiro, mas estabelece um modelo para
o seguidor, e esta conformidade de padrão tenderá a ser transmitida
de um iniciado para outro dentro da mesma escola. O xamã ap-
aprendiz nunca chegará à experiência do Nirvana de um monge tibetano, nem
o iogue viajará na terra dos espíritos como o xamã. O mesmo tipo
de especificidade foi observada em relação às várias escolas de hipnotismo,
e também é válido para as escolas ne \\ dinâmicas. 28 pessoas analisadas por um
psicanalista terá sonhos "freudianos" e se tornará consciente de seus
Complexo de Édipo. enquanto aqueles analisados por junguianos terão arquétipos
sonhos e ser confrontado com sua anima. Involuntariamente, alguém é lembrado
da máxima de Tarde de que "gênio é a capacidade de engendrar o próprio
progênie. " 2 9
Além de suas próprias personalidades. a fonte mais importante de
conquista para psiquiatras dinâmicos reside em seu relacionamento com seus
pacientes, sendo o papel deste último manifestado de duas maneiras diferentes. o
o primeiro é a relação entre as teorias psiquiátricas e a classe de
pacientes aos quais o psiquiatra tem acesso. Como mencionado em outro lugar,
I. Wassermann sustentou que a diferença entre a psicanálise de Freud e
A psicologia individual de Adler derivou da diferença nos conceitos
comunicado a eles por seus pacientes; no grupo rico para o qual
Os pacientes de Freud pertenciam, a preocupação prevalecente girava em torno do amoroso
problemas; para os pacientes de Adler, os problemas da existência material e seus
°
o impulso para o sucesso era muito mais inspirador. 3 As longas pesquisas de Freud
no campo da neuroanatomia também explicaria sua ênfase em conceitos
modelos inspirados na fisiologia do cérebro. As grandes divergências entre as de Freud
e os conceitos de inconsciente de Jung podem estar relacionados ao fato de que eles
não lidou com o mesmo tipo de pacientes. Freud, que trabalhava com neuróticos,
e não tinha muita experiência com psicoses, deparei com o inconsciente
de pulsões e memórias reprimidas; Jung, que trabalhou por nove anos com
esquizofrênicos graves. estava fadado a encontrar o inconsciente coletivo e o
arquétipos.
Tem outro. aspecto provavelmente mais importante das relações de
o psiquiatra dinâmico com seus pacientes. Às vezes, um psicoterapeuta,
que tem um paciente como objeto especial de estudo, encontra-se engajado
em um prolongado. difícil. e relação ambígua. Este paciente é
geralmente um \\ oman histérico. O que o psiquiatra vem aprender com o
paciente às vezes é bastante diferente do que ele esperava, e o
as verdadeiras descobertas podem ser melhor compreendidas por um de seus sucessores do que por
ele mesmo. 31 Desde o papel dos pacientes na história da psiquiatria dinâmica
Página 7
foi negligenciado demais, é apropriado relembrar brevemente alguns exemplos típicos

episódios.
Enquanto tratava de sua jovem paciente, Fraulein Oesterlin, Mesmer adquiriu
a convicção de que um efeito terapêutico não se originou dos ímãs,
mas de um fluido magnético que emana de sua própria pessoa. 32 então ele
que se acredita ter curado Maria Theresia Paradis de sua cegueira e
ela mesma acreditou por um curto período de tempo que poderia ver novamente; hoje vemos
nessa história, um exemplo típico de sugestão, transferência e contra
transferência, mas Mesmer entendeu mal o caso, suspeitou de um complô
contra ele, e deixou Viena. 33 Puységur teve muito mais sorte. Não
ele apenas observou em Victor Race o primeiro exemplo de uma crise perfeita, mas
ele aprendeu com ele como o sono magnético pode ser usado para fins terapêuticos
propósitos, que a teoria do fluido de Mesmer era falaciosa, e que um magnetizador
não deve usar um paciente para demonstrações como se ele fosse um instrumento inerte
ment. 34 Aparentemente, esses ensinamentos não foram perdidos. Ao ler a história
de Despine e Estelle, percebe-se quanta experiência Despine
precisava se tornar ciente dos truques de seu paciente e utilizar o relacionamento
para tirá-la habilmente de sua doença. 35 Quanto a Justin us Kerner, ele não
cair tão cegamente nas armadilhas de Friedericke Hauffe, como costuma ser dito. Ele
em vez disso, olhou para ela com uma mistura de admiração e crítica. Ele não fez
encorajar seus supostos talentos terapêuticos; ele estava orgulhoso de mostrá-la a
celebridades da filosofia e da teologia, e se ele tornou sua vidente famosa,
a publicação de sua história trouxe fama para Kerner. 36 A mais extraor-
exemplo rápido de envolvimento entre terapeuta e paciente pode ser
encontrado na luta do pastor Blumhardt com seu paroquiano possuído,
Gottliebin Dittus. Por dois anos, Blumhardt lutou uma luta desesperada contra
os poderes das trevas; quanto mais ele lutava, mais severo se tornava
Sintomas de Gottliebin. Depois de alcançar sua vitória final, a per-
a sonalidade havia sofrido uma grande mudança. 37
É uma pena que os ensinamentos de Puységur e os antigos magnetizadores
tinha sido completamente esquecido nas últimas décadas do século XIX
século, como mostrado pelos exemplos de Charcot e Breuer. Nós vimos
como Charcot utilizou Blanche Wittman e outras mulheres histéricas para
o que ele acreditava serem estudos experimentais. 38 O caso de Breuer
a célebre paciente Anna 0. (Bertha Pappenheim) na verdade pertencia a
aquelas grandes doenças magnéticas que eram tão procuradas pelos primeiros
magnetizadores. Ela tinha sintomas únicos, dirigiu sua cura, explicou para
o médico, e profetizou a data de seu término. Porque ela escolheu
para sua terapia autodirigida, o procedimento de catarse (que um recente
livro estava na moda), Breuer acreditava que havia descoberto o
chave para a psicogênese e tratamento da histeria. Foi um teórico
construção errada e falha terapêutica, o que, no entanto, estimulou Freud
em direção ao início da psicanálise. 39 Mas foi dado a Janet para re-
descobrir as descobertas dos antigos magnetizadores, notadamente o terapêutico
Página 8
Conclusão 893
utilização do relacionamento. Janet aprendeu com Leonie que outra pessoa

sonalidade, que emergiu sob hipnose profunda, foi apenas a reconstituição de
experimentos hipnóticos anteriores realizados com ela. Ele foi assim capaz de
compreender o erro dos três estágios da hipnose de Charcot. 40 Leonie's
capacidade de ser hipnotizado à distância impregnou Janet de um invencível
desconfiança em relação à parapsicologia. Isso, por sua vez, pode explicar a
extrema cautela quando mais tarde teve que lidar com Madeleine, aquela paciente
\ Vho em intervalos mostrou os estigmas da Paixão e oscilou entre
angústia e êxtase. 41
As descobertas de Flournoy com "Helene Smith" foram ricas e múltiplas. Ele
demonstrou a importância das memórias de infância esquecidas, a reversão
a vários estágios da infância nas fantasias do paciente, e que esses
eram a expressão de desejos secretos. Mas embora ele entendesse a natureza
dos sentimentos da médium em relação a ele, ele não foi cauteloso o suficiente. o
a publicação de seu livro a antagonizou, ela restringiu suas atividades a um
vida autista estéril, e Flournoy veio a entender o perigo de carregar
em estudos prolongados desse tipo sobre um assunto. 42 médium de Jung, Helene
Preiswerk, combinou certas características da Vidente de Prevorst e de
Helene Smith. Jung se beneficiou da experiência de Kerner e
Flournoy, embora só tenha entendido mais tarde o papel desempenhado pelos sentimentos
do paciente para consigo mesmo. A descoberta de Jung foi que a mediunidade
a farsa foi uma tentativa desesperada da jovem de superar os obstáculos
que atrapalhou o desenvolvimento de sua personalidade, e esta foi a primeira
germe de seu conceito posterior de individuação. 43 Na verdade, é digno de nota que
A ex-paciente de Mesmer, Maria Theresia Paradis, embora cega, era para
alcançar uma carreira brilhante como músico, que Gottliebin Dittus entrou
Família de Blumhardt e tornou-se seu assistente, que Blanche Wittman
tornou-se assistente de radiologista e morreu mártir da ciência, que Bertha
Pappenheim se tornou um pioneiro no bem-estar social, e que Helene Preiswerk
operou com sucesso uma loja de costura em Basel.
Quanto a Freud. deve-se lembrar que o método de associação livre foi
parcialmente sugerido a ele por uma de suas pacientes, Elisabeth von R., e que
seu Homem-Lobo desempenhou um papel histórico no desenvolvimento da psicologia
análise. 44 Freud aprendeu muito com ele e era muito grato por ele
mais tarde, tratou-o gratuitamente e coletou dinheiro para sustentá-lo por vários anos.
Mas o Homem-Lobo concebeu uma ligação intensa com Freud, com paranóia
delírios, que exigiam um tratamento adicional e prolongado. 45 Nós assim
ver que a história da psiquiatria dinâmica é inseparável da contribuição
ções de uma galeria de pacientes eminentes cujo papel foi estranhamente superado
olhou.
Ao longo do presente livro, encontramos uma variedade de outros
fontes das realizações de psiquiatras dinâmicos. "Nenhum homem é uma ilha,"
nem mesmo o pioneiro passando por uma doença criativa com a sensação de
isolamento máximo. Mentes criativas estão indissoluvelmente ligadas a seus
Página 9
ambiente, e também a um contexto humano específico mais restrito que

compreende seus mestres, colegas, amigos, alunos, críticos e até mesmo anúncios
versários. É impossível distinguir no pensamento de um homem o que é verdadeiramente
seu e o que foi sugerido por aqueles ao seu redor ou o que ele leu.
O poder da criptomnésia
a estimulação nuncaeventos
produzida pelos deve sercontemporâneos.
subestimado, nem o de
Nós nos referimos em
que diz respeito à revolução dos Jovens Turcos de 1908 a 1909 e a
forma como isso se reflete no Totem e no Tabu de Freud . 46 Às vezes o
psicólogo em busca de um novo caminho encontrará o caminho para uma solução em um
livro recente. Freud foi inspirado pelo livro de Frazer sobre totemismo, 47 Jung
foi inspirado pela Época do Deus Sol de Frobenius , 48 e Adler foi inspirado
pela Filosofia de Vaihinger do as If 49 A publicação de Schreber's
As memórias incitaram Jung a se afastar da teoria da libido de Freud, mas
inspirou a teoria da paranóia de Freud. 50 Até um romance pode ser pensado
provocando, assim como Gradiva 51 de Jensen e Imago de Spitteler . 52
Outro aspecto, muitas vezes esquecido, do processo em 'psiquiatria dinâmica
é a adoção de ideias que já existiam em outro ramo do conhecimento.
Uma vez transferido para o campo psiquiátrico e formulado em outro ter-
minologia, apresentam o surgimento de novas descobertas. A possibilidade
de despertar o instinto sexual na criança, e a atração amorosa
do menino em relação à mãe, eram bem conhecidos dos educadores católicos,
e essas noções foram popularizadas por Michelet, mas quando proclamadas
por Freud, eles apareceram como novidades surpreendentes. 53 A noção de que homo-
a sexualidade foi na maioria dos casos devido a causas psicológicas e não físicas
constituição era bem conhecida dos educadores antes de se impor à
psiquiatras. Da mesma forma, a teoria psicossexual da histeria era atual
entre os ginecologistas antes de prevalecer entre os neuropsiquiatras. Criminoso
os investigadores sabiam o significado das parapraxias e as utilizavam antes disso
tornou-se uma parte estabelecida da psicanálise. 54 Muito antes de Moreno ter
introduziu o psicodrama como um procedimento terapêutico, reconstruções de
crimes estava na prática. que não raramente resultou em uma confissão de
os assassinos.
O progresso, às vezes, é apenas pegar um velho e abandonado
idéia. Certos conceitos da nova psiquiatria dinâmica, longe de ser um choque -
ing em sua novidade, parecia antiquado. Esse era o conceito de
fuga para a doença. que tinha sido proclamado pelo antigo Romântico
psiquiatras e ainda estava vivo na mente popular, assim como a ideia de que
os movimentos estereotipados de um psicótico podem ter um efeito psicológico
significado. Em um romance de Edmond de Goncourt, uma infeliz mulher
passa por tantos sofrimentos que ela foge para uma psicose severa. 55 nós
vê-la sentada em um canto do hospício, fazendo movimentos circulares sem parar
mentos com a mão. A autora explica que em seus delírios ela imagina
ela mesma colhendo flores caindo de uma cerejeira, como ela fez em seu feliz
anos de infância. Os psiquiatras que leram esse romance devem ter sorrido sobre
Página 10
Conclusão 895
aquela fantasia romântica obsoleta, mas quando Bleuler e Jung vieram ensinar
idéias semelhantes, apareceu como uma novidade esclarecedora.
Qualquer que seja sua novidade e originalidade, um trabalho criativo é quase sempre um
parte de uma tendência contemporânea; cristaliza um grande número de percepções que
estava espalhado ao redor. A Interpretação dos Sonhos de Freud apareceu em um momento
quando o interesse público foi despertado por um fluxo de literatura sobre sonhos;
seus Três Ensaios sobre a Teoria Sexual foram publicados em 1905 no meio
de uma enxurrada de escritos sobre patologia sexual que começou por volta de 1880; Totem
e Taboo também apareceu durante uma tendência contemporânea que trouxe
historiadores, etnólogos e psicólogos para ver o totemismo como um fator decisivo
fase de uma reconstrução hipotética da história da humanidade. ele é
extremamente difícil determinar até que ponto um trabalho que marcou época realmente
inaugura uma revolução cultural, ou não é antes a personificação de um
tendência já existente.
Somos, portanto, trazidos de volta ao paradoxo que foi o ponto de partida do
nossa investigação, ou seja, o fato de que a psiquiatria dinâmica passou por um aparentemente
sucessão incoerente de vicissitudes com fases de rejeição e renascimento,
em contraste com o curso consistente de evolução das ciências físicas. Em
neste ponto, devemos notar que outras diferenças básicas distinguem
psiquiatria das outras ciências.
A ciência moderna é um corpo unificado de conhecimento em que cada um
a ciência tem sua autonomia e é definida por seu objeto e por suas especificidades
metodologia; o campo da psiquiatria dinâmica, em contraste, não é claramente
delineada, ela tende a invadir o campo das demais ciências, senão a revolucionar
eles. Freud insistiu que "o fundador da psicanálise deve ser a pessoa
melhor qualificado para julgar o que era psicanálise e o que não era. " 56
Esse ponto de vista é estranho à ciência moderna; ninguém iria imaginar
Pasteur, por exemplo, declarando que era ele quem decidia o que era
e o que não era bacteriologia, ao passo que seria perfeitamente normal se
Heidegger afirmaria que é ele quem define o que é e o que não é
Filosofia heideggeriana.
Dentro de uma ciência unificada, o termo "escola" apenas designa o temporário
agrupamento de alguns alunos em torno de um mestre que trabalha com uma nova tendência, não
ainda totalmente incorporado ao corpo geral de conhecimento. Assim foi, para
exemplo, a "escola" de Pasteur antes de suas descobertas se tornarem de conhecimento comum
Beira. Entre os fundadores da psiquiatria dinâmica moderna, Wi; p, observe que
apenas uma, Janet, permaneceu fiel à tradição da ciência unificada. Apesar
ele foi cofundador de uma sociedade psicológica e de um jornal psicológico
e embora ele tenha criado uma síntese psicológica poderosa, nunca ocorreu
Curvou-se a ele para fundar um "movimento" ou uma "escola". Ele esperava o seu
ensinamentos a serem integrados na disciplina de psicologia, como Pasteur
esperava que suas descobertas fossem integradas à medicina. Falando de Freud,
Adler e Jung notamos. em contraste, que com eles a palavra "escola" tem
assumiu o significado que tinha em conexão com as "escolas filosóficas"
Página 11
da antiguidade greco-romana. 57 Esse retorno do conceito de unificado

ciência para a de "escolas" independentes é uma novidade extraordinária que
não parece ter atraído a atenção que merece.
Todos esses paradoxos cobrem outro mais profundo, a saber, o contraste
entre os compromissos da psiquiatria dinâmica e da experimental
psicologia. A ciência moderna é baseada na experimentação, quantificação,
e medição, não apenas na física, mas no reino total do ser humano
alma. Nessa perspectiva, a psiquiatria dinâmica está, sem dúvida, aberta a críticas.
Quem já foi capaz de medir a libido, a força do ego, o superego,
a anima,
nunca foiindividuação
demonstrado.e Mas
coisas do os
para gênero? A própria
psiquiatras existência
que os dedicam-dessas entidades
e exclusivamente para lidar com seus pacientes na psicologia imediata
situação terapêutica, esses termos não são conceituações abstratas; eles
são realidades vivas cuja existência é muito mais tangível do que as estatísticas
e cálculos de pesquisadores experimentais. Jung, que passou anos
desenvolvendo o teste de associação de palavras, posteriormente declarou: "Quem quiser
saber sobre a alma humana não aprenderá nada, ou quase nada, com
psicologia experimental. " 58 Hans Kunz explicou por que os freudianos
não aceitam as objeções dos epistemólogos: "Porque os psicanalistas
experimentaram a verdade da psicanálise de uma forma que amplamente
transcende em força e convicção a evidência usual de logicamente
idéias formuladas ..., eles dificilmente poderiam desistir de suas convicções sobre o
fundamentos da evidência incomparavelmente menor da formalologia. " 59
Na verdade, temos que lidar com duas concepções de realidade diante de cada
outro, e parece que o reino da vida psíquica pode ser abordado
de dois lados, ambos legítimos: seja com a técnica precisa de
medição, quantificação e experimentação do especialista em pesquisa,
ou com a abordagem imediata e não quantificável da dinâmica psicológica
terapeuta.
O psicoterapeuta dinâmico está, portanto, lidando com o que Jung chama de psíquico
existências ou realidades psíquicas. Mas o que exatamente são realidades psíquicas? Nós
estão preocupados aqui apenas com aqueles que são descobertos no processo de
doença criativa e no trabalho diário de psicólogos profundos. Mesmo assim, lá
são muitos tipos de realidades psíquicas, e muitas vezes são contraditórias e
incompatíveis entre si, embora dotados do mesmo caráter de
certeza para aqueles que estão trabalhando com eles. Seria em vão, por exemplo,
para tentar uma redução da psicologia analítica de lung à psicologia de Freud
análise ou vice-versa, não menos do que tentar reduzir qualquer um desses dois
na estrutura conceitual da psicologia experimental. E muitos
outros sistemas dinâmicos são concebíveis. 60
A coexistência de duas abordagens mutuamente incompatíveis para a engrenagem
A definição da psique humana choca o anseio de unidade do cientista. Deve
mantemos o princípio da unidade da ciência, sacrificando a autonomia
dos novos sistemas dinâmicos, ou manter esses sistemas (e possivelmente mais
Página 12
Conclusão 897
aqueles que irão surgir em seu rastro) e considerar o ideal da ciência unificada
como um sonho nobre? Uma saída para este dilema poderia ser fornecida pelo
esforço combinado de psicólogos e filósofos. Em nossa pesquisa sobre
exploração do inconsciente. notamos que psicólogos têm sido
principalmente interessado em seu conservador. aspectos dissolutivos e criativos,
enquanto pouca atenção foi devotada após Flournoy ao mitopoético
inconsciente. 61 Uma investigação renovada de que ainda em grande parte inexplorado
campo poderia lançar uma nova luz sobre muitos problemas obscuros. Por outro lado,
seria desejável que os filósofos estendessem suas reflexões sobre a noção
da realidade psíquica e definir sua estrutura (como Heidegger fez para a estrutura
da existência humana em contraste com a de objetos materiais e manufaturados).
Podemos, então, esperar alcançar uma síntese mais elevada e conceber um conceito
quadro que faria justiça às demandas rigorosas de experimentais
psicologia e às realidades psíquicas vivenciadas pelos exploradores do
inconsciente.
Notas
I. Veja o cap. 2, pp. 55-57.
2. Veja o cap. 4, pp. 188-191.
3. Veja o cap. 4, pp. 191-192.
4. Veja o cap. 5, pp. 286-287.
5. Veja o cap. 4, pp. 223-226; Indivíduo. 2, pp. 83-85.
6. Veja o cap. 4, pp. 228-240.
9. Ver cap. I 0, pp. 826-827.
10. Veja o cap. 7, pp. 548-549.
II. Veja o cap. 2, pp. 77-88.
12. Veja o cap. 4, pp. 210-215.
13. Veja o cap. 4, pp. 225-228.
14. Veja o cap. 5, pp. 278-284.
15. Veja o cap. 6, pp. 400-401.
16. Veja o cap. 7, pág. 535.
17. Veja o cap. 8, pág. 625.
18. Veja o cap. 9, pág. 727.
19. Robert Burton, The Anatomy of Melancholy (Oxford: John Lichfield, 1621).
20. George Cheyne, The English Malady (Londres: Strahan, 1735).
21. BA Morel, "Du De lire emotif," Archives gbzerales de medecine, 6ª série,
VII (1866). 385-402, 530-551, 700-707.
22. Veja o cap. I 0, pág. 850.
23. Veja o cap. 7, pp. 447-448.
25. Veja o cap. 9, pág. 684-686.
26. Ver cap. 7, pp. 448-450.
27. Veja o cap. 9, pp. 670-673.
29. Gabriel Tarde, La Philosophic phza / e (Lyon: Storck, 1890), pp. 165-166.
30. Veja o cap. 8, pág. 626.

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27/01/2021 Descoberta Inconsciente

Publicado pela Fontana Press 1994

Publicado pela primeira vez nos EUA por

Copyright © Henri F. Ellenberger 1970

Henri F. Ellenberger afirma o direito moral de

Impresso nos Estados Unidos da América

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser

Este livro é vendido sob a condição de que não,

ESTE LIVRO DESTINA-SE A SER uma história da psiquiatria dinâmica

testemunhas. As fontes secundárias foram avaliadas quanto à sua confiabilidade.

O presente livro começa com um levantamento da ancestralidade da dinâmica

O Capítulo 2 conta a história do nascimento, evolução e vicissitudes de

viii A DESCOBERTA DO INCONSCIENTE

desses eventos paradoxais por meio de uma investigação socioeconômica

doença. O episódio da viagem de Freud à América em 1909 é ilustrado

descrição precisa dos métodos de Adler de psicologia individual e coletiva

nossa literatura psicológica individual é reunida aqui e apresentada em

ao contrário de uma suposição atual, polêmicas em torno da psicanálise dificilmente

historiadores até agora); mostra-se que o significado dessas polêmicas para

A PESQUISA QUE CONSTITUI a substância do presente

xiv A DESCOBERTA DO INCONSCIENTE

mentos foram recebidos principalmente do falecido reverendo Oskar Pfister e do Dr.

Reminiscências sobre Alfred Adler foram fornecidas pela Dra. Alexandra

Os ancestrais da psicoterapia dinâmica 3

2 O Surgimento da Psiquiatria Dinâmica 53

3 A Primeira Psiquiatria Dinâmica (1775-1900) 110

4 O Histórico da Psiquiatria Dinâmica 182

S no limiar de uma nova psiquiatria dinâmica 254

6 Pierre Janet e a análise psicológica 331

7 Sigmund Freud e a psicanálise 418

8 Alfred Adler e a psicologia individual 571

9 Carl Gustav Jung e a psicologia analítica 657

10 O alvorecer e a ascensão da nova psiquiatria dinâmica 749

SEGUINTE A PÁGINA 330 SEGUINTE A PÁGINA 656

Franz Anton Mesmer Família de Pierre Janet

net, Marquês de Puysegur Pierre Janet no auge da fama

EMBORA A INVESTIGAÇÃO SISTEMÁTICA do inconsciente

precursores. Certos ensinamentos médicos ou filosóficos do passado, também

Neste capítulo, vamos primeiro discutir a descoberta da psicologia primitiva

A descoberta da psicoterapia primitiva

Os ancestrais da psicoterapia dinâmica 5

Uma grande quantidade de dados dispersos relacionados à medicina primitiva tinha, de

conhecimento bastante preciso das principais características da medicina primitiva, como

TEORIA DA DOENÇA TERAPIA

1. Intrusão de objeto de doença Extração de objeto-doença

Essas formas de terapia são altamente diferenciadas, e é claro que muitos

teorias. Por exemplo, dada a teoria de que a doença resulta da

Perda e restauração da alma

Os ancestrais da psicoterapia dinâmica 7

quem dorme vê formas humanas que diferem daquelas de seu consciente

Os ancestrais da psicoterapia dinâmica 9

não estava dormindo quando deveria, ou por algum outro defeito no

Intrusão e extração do objeto-doença

Esta teoria sustenta que a doença é causada pela presença no corpo

The Ancestry of Dynamic P:, ychotherapy II

fingir passar a noite entre os túmulos e como os xamãs utilizam

Separando o possível elemento da mitomania no narrador, o

alguma semelhança com o processo de materialização da doença. o

Os ancestrais da psicoterapia dinâmica 13

A teologia católica, aliás, reservou a palavra posse para o

Os ancestrais da psicoterapia dinâmica 15

uma infinita variedade de aspectos existe de um país para outro e de

Este é um exemplo de possessão espontânea, lúcida e aberta por um animal