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Coimbra, 2022
Licenciatura em estudos musicais aplicados
RESUMO: Neste Trabalho pretende-se abordar a forma como a música coral no contexto
amador tem interferência na integração de determinado tipo de pessoas com diferentes
idades, e de que forma é que este tipo de atividade pode trazer benefícios aos seus
participantes, ao nível da socialização e integração. Visa-se também falar sobre a
importância que próprio maestro do coro pode ter interferência na forma como os
participantes se relacionam entre si. O foco deste trabalho é dedicado a este tema de
pesquisa que irá abordar sobre os pontos referidos acima, onde os inquéritos e resultados
serão obtidos em alguns coros amadores do concelho de Oliveira do Bairro.
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ÍNDICE
ÍNDICE----------------------------------------------------------------------------------------------------------II
LISTA DE FIGURAS-------------------------------------------------------------------------------------------III
INTRODUÇÃO-------------------------------------------------------------------------------------------------1
I. INTRODUÇÃO---------------------------------------------------------------------------------1
II. QUESTÕES PROBLEMÁTICAS--------------------------------------------------------------2
III. OBJETIVOS -------------------------------------------------------------------------------------2
IV. FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA---------------------------------------------------3
CONCLUSÃO-------------------------------------------------------------------------------------------------24
BIBLIOGRAFIA-----------------------------------------------------------------------------------------------25
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Lista de Figuras
Figura 13- GRÁFICO REPRESENTATIVO DA INFLUÊNCIA QUE A MÚSICA CORAL TEM NAS
RELAÇÕES ENTRE OS INDIVDUOS DOS COROS……………………………………………………………….20
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INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO AO TEMA
A prática da música coral é uma das formas que permite a integração social. Na história
o conta em grupo foi uma prática que esteve ligada com a socialização e em que vários
aspetos se manifesta e está presente na grande maioria das culturas Mundiais, o que
demonstra um tipo de ação especificamente social. A música coral é uma atividade que
proporciona alguns benefícios ao nível do desenvolvimento pessoal interpessoal e
comunitário, onde se confirma que a prática coral é rica de possibilidades formadoras de
humanização e socialização. Este tipo de atividade exige que o maestro tenha uma série
de habilidades que não somente o preparo musical técnico, mas também a gestão de
um conjunto de pessoas que necessitam de motivação, aprendizagens e convivência em
grupo.
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QUESTÕES PROBLEMÁTICAS
Que benefícios existem na prática da música coral e contribuições isso traz para a sua
vida?
Até que ponto é que a música coral tem interferência na integração dos seus
participantes no concelho de Oliveira do Bairro?
Qual é o papel do maestro do coro e de que forma é que isso ajuda na integração dos
coristas?
OBJETIVOS
Encontrar e refletir sobre de que forma a música coral pode motivar, integrar, incluir e
desenvolver as capacidades dos seus participantes.
Obter informações ao nível dos participantes e de que forma é esta prática musical
interfere na sua vida.
Perceber de que medida é que os coristas dos coros do concelho de Oliveira do Bairro se
identificam e demonstram com os pontos abordados, de forma a ajudar na confirmação
dos pontos acima.
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FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA
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A Música Coral é uma ferramenta importante para a socialização interpessoal que age
como facilitador destas mesmas relações. Na questão da integração Amato e Neto
(2009) referem que para ao nos incluirmos num grupo passamos a ter e a manter um
relacionamento estável com outras pessoas. O facto de se cantar em conjunto faz um
individuo aprender a lidar com o coletivo da Música coral, apercebendo-se da função de
grupo em si neste tipo de trabalho. Amato utiliza o termo “Carisma Grupal” para esta
questão da coletividade:
“Ao cumprir com as normas do coro, dedicar-se ao aprendizado da música nos ensaios e
em horas extras, o indivíduo se integra ao grupo na busca de metas comuns,
configurando um carisma grupal, por meio do qual todos os sentimentos e obstáculos
são transpostos (ELIAS; SCOTSON, 2000), para que todos os indivíduos contribuam para
o cumprimento dos objetivos comuns a todos os coralistas. Essa prática musical
desenvolve um senso de união grupal em torno de metas e objetivos comuns,
canalizando as ações e sentimentos individuais para uma produção artística coletiva, na
qual se conjuga a disciplina rigorosa, o estudo com afinco e dedicação de cada um dos
agentes, culminando na constituição do carisma grupal.” (AMATO, 2010, p.444)
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Muitas vezes algumas crianças e adolescentes nalguma fase da sua vida acabam por
sobre alguns problemas relacionados à autoestima e não só como também de diversos
assuntos a cerca da sua personalidade laços patológicos e sexualidade que provem
muitas vezes do ambiente desfavorável das condições consideradas desfavoráveis de
onde vivem. É aqui onde Música Coral entra como um caminho ou até mesmo uma
solução que poderá ajudar neste tipo de medos e complexos. Segundo Zanini (2003, p.
284) “o cantar é meio para autoexpressão e autorrealização; as canções revelam a
subjetividade /existencialidade interna do ser; e a autoconfiança do ser participante do
coro faz com que ele tenha expectativas para o futuro.”
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agir, pensar e sentir”. Com esta afirmação podemos concluir que a inclusão social
existente neste tipo de música acaba por melhorar a qualidade de vida dos seus
participantes.
As pessoas com mais de sessenta anos atualmente passaram a tentar obter mais
conhecimento e aprendizagem em diversos temas ou em diversas atividades, uma delas,
sendo o tema abordado é a música.
Devido a esta idade ser uma fase da vida onde algumas das capacidades precisam de ser
motivadas como o prazer estético e a criatividade. Na nossa sociedade o conceito
“velhice” é considerado perda de capacidades e muitos idosos acabam por sofrer neste
período um processo de afastamento e reclusão social que provêm geralmente das
limitações físicas da idade e também das barreiras sociais impostas pela sociedade.
Segundo Rodrigues e Pederiva “Ao atingir a terceira idade, as pessoas passam por
modificações fisiológicas. Isso abrange tanto o biológico quanto o psicológico,
interferindo nas questões emocionais, afetivas e sociais (JOÃO et al.2005, p. 03). Em
decorrência desses factos, somando-se o afastamento causado pela aposentadoria ou
redução de suas capacidades laborais, o idoso tende a manter um grande isolamento
social, que pode gerar sérios comprometimentos psicológicos, atingindo de maneira
direta a sua qualidade de vida.” (RODRIGUES; PEDERIVA, 2006, P.230)
A música coral pode ser uma das soluções que poderá ajudar estes idosos a voltar a ter
uma maior integração social e também assegura o direito à educação e à cultura que está
presente no estatuto idoso. A música coral inclui um cenário de qualidade de vida e
equilíbrio social que segundo Neto e Amato, “após o cumprimento das necessidades
básicas e de segurança de dada população, a participação em atividades que promovam
o aumento da autoestima e do senso de autorrealização constitui significativo aspeto da
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Com base nisto considera-se que a música coral pode ter o papel de ajudar os indivíduos
com estas necessidades a resolver os seus problemas com interação social que em
conjunto com os membros se acaba por melhorar significativamente para além das outras
vantagens ao nível da aprendizagem como por exemplo a criatividade, autoestima,
memoria e concentração.
Com isto conclui-se, que o idoso enquanto ser humano tem direito de uma melhor
qualidade de vida o que faz com que seja necessário haver alguns projetos que englobem
saúde, lazer, cultura e aprendizado. A música Coral é uma dessas soluções que segundo
Reis e Oliveira, “o trabalho de música coral para a terceira idade torna-se importante por
propiciar experiência musical incomum, que ajuda no desenvolvimento musical, cultural
e individual/grupal porque as pessoas que cantam em conjunto estão juntas, cantam
juntas, vivem uma parte do tempo juntas, e por isso, tem de praticar um viver no aspeto
de respeitabilidade, responsabilidade, compromisso, paciência, ajuda mútua entre
outros.” (REIS; OLIVEIRA, 2004, p.121)
Com uma sociedade cada vez mais conturbada onde a prática e apreciação musical são
cada vez menores existe uma grande ausência de estímulos para que as pessoas tenham
acesso à cultura e se possam desenvolver musicalmente desde a infância.
Muitas vezes os indivíduos não têm conhecimento dos benefícios que a música pode
trazer às suas vidas o que se deve ao facto de há uns anos este tipo de educação musical
não ser obrigatório.
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Um maestro do coro tem o papel de o unir o grupo para que todos os participantes
possam seguir de forma coesa o tempo, a dinâmica e o andamento indicado na regência
porque sem ele muito provavelmente os coralistas iriam perder a noção do tempo em
relação aos outros, principalmente nos coros amadores. Mas mais do que isso o maestro
coral pode assumir diferentes funções neste tipo de Coros. Como já abordado a música
coral pode ter o papal motivacional que traz diversos benefícios aos seus participantes. O
coro acaba por se tornar um local onde diferentes num espaço de convivência onde
vínculos e amizades poderão ser criados. Tendo isso em consideração é importante
realçar o papel do maestro neste processo de maneira geral e de que forma ele pode
contribuir para que estes tipos de relações possam acontecer. Para isso, o Maestro tem
de ter determinadas habilidades que o permitam gerir e conduzir as pessoas e também
estar preparado para poder lidar com situações que vão alem da atividade musical em si.
Segundo Amato:
“Os trabalhos com grupos vocais nas mais diversas comunidades, empresas, instituições
e centros comunitários pode, por meio de uma prática vocal bem conduzida e orientada,
realizar a integração entre os mais diversos profissionais, pertencentes a diversas classes
socioeconômicas e culturais, em uma construção de conhecimento de si e da realização
da produção vocal em conjunto, culminando no prazer estético e na alegria de cada
execução com qualidade e reconhecimento mútuos (enquanto fazedores de arte e
apreciados por tal, por exemplo, em apresentações públicas). Além disso, os
conhecimentos adquiridos pelos participantes do coral influenciam na apreciação artística
e na motivação pessoal de cada um, independentemente de sua faixa etária ou de seu
capital cultural, escolar ou social.” (AMATO, 2007, p.77).
Tendo em conta este tipo de situação é bastante importante ficar-se atento à convivência
e motivação do grupo, onde o regente precisa de priorizar o grupo nas suas ações e ao
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“Essa liderança pode ser traduzida em bases de autoridade, que podem ser aplicadas ao
regente coral em três níveis: carisma, autoridade técnica (competência musical e
educacional do regente) e autoridade política (condução do grupo com o estabelecimento
de metas e bom nível de relacionamento do regente com o coro). [...] [...] Assim, um
regente inovador é facilitador, considera-se parte integrante do coro, cobra resultados
dentro de metas estabelecidas, divulga o conhecimento, valoriza a educação, patrocina
as boas ideias e sempre busca o consenso do grupo [...]” (AMATO, 2007, p.78 e 79).
O Repertório escolhido também é muito importante para que haja mais entusiamo dentro
do coro, o que varia consoante a idade e condições técnicas de execução das peças
escolhidas.
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Figura 2-perguntas 3,4 e 5 do inquérito
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Verificou -se que os participantes dos coros inquiridos têm uma diversidade de interesses
e motivos pelos quais as pessoas procuram uma atividade coral. A partir das respostas aos
inquéritos é possível verificar-se alguns elementos pertencentes às motivações,
integração dos coralistas e também o papel do maestro no ponto de vistas dos coralistas.
Nos resultados é notável que as respostas mais comuns em relação às motivações da
participação neste tipo de coros, devido a maior taxa de população idosa, acabem por ser
mais ligadas à falta de convivência e necessidade de não se sentir sós. Este tipo de situação
é bastante comum pois neste tipo de idades, para além do começo da perda da
mobilidade, o fator psicológico tende a decair também um pouco o que leva à
desmotivação dos próprios indivíduos.
Verificou-se também que a maioria dos participantes tem interesse na participação deste
tipo de coros pelo interesse, pelo lazer, pela necessidade interna sem obter uma
recompensa monetária que está mais ligada à felicidade e realização pessoal.
Notou-se entre os coristas que cerca de 16 de 21 dos inquiridos são respeitados pelos
outros membros o que permite uma facilidade de integração entre os mesmos. Estas
respostas estão diretamente ligadas à pergunta 4 do inquérito, onde cerca de 14 de 21
dos inquiridos consideram que têm uma boa relação entre si.
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Verificou-se também que maior parte dos inquiridos consideram que o facto do
participarem neste tipo de coros e praticarem música coral tem influência nas suas
relações com os outros membros do grupo. Para alem de estarem todos no coro para
cantar existem outros fatores para alem da prática coral que permitem a criação de
relações entre os membros. O seguinte gráfico representa que cerca de 15 de 21
participantes consideram que a pratica e participação de música coral tem influência nas
relações com outros indivíduos do coro.
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Com estes resultados apresentados conclui-se que nestes dois coros existem uma análise
positiva por maior parte dos coristas relativamente aos às questões da integração,
interesse, motivação; papel do maestro na integração dos coristas, escolha de repertório
e na condução do trabalho.
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CONCLUSÃO
Cantar em coro é uma forma de se manter saudável o nosso corpo em vários aspetos e
que aos mesmo acaba por trazer a sensações de lazer, integração e motivação.
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BIBLIOGRAFIA
AMATO, F. R. (2007). O canto coral como prática sociocultural e educativo musical. Opus
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ARROYO, António. 1909 O canto coral e a sua função social. Coimbra: França. Amato
Editor.
FIGUEIREDO, Sérgio Luiz Ferreira de. (1990) O ensaio coral como momento de
aprendizagem: a prática coral numa perspetiva de educação musical: Porto Alegre,
FUCCI AMATO, Rita de Cássia. (2005) Educação musical: o canto coral como processo de
aprendizagem e desenvolvimento de múltiplas competências. In: ENCONTRO ANUAL DA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL (ABEM), 14., Belo Horizonte.
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