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Um pouco sobre minha história de sofrimento (e como isso mudou minha vida)

Vários anos atrás, passei por uma crise afetiva que eu nunca havia experimentado. Um
ex-namorado havia terminado o namoro e eu ainda me sentia perdidamente apaixonada
por ele. Nesse tempo, tudo o que eu sentia era sofrimento e dor.

Eu havia caído numa tristeza tão profunda que me levantar novamente parecia
improvável. E eu nem sabia se queria me levantar. Eu apenas definhava. Como ainda
era bem jovem, meus pais decidiram me levar a uma terapeuta. Naquela época, terapia
ainda era vista como coisa de louco. Mas eu me sentia tão frágil, que me agarrei à essa
oportunidade com unhas e dentes. Eu não enxergava em mim habilidades para superar
aquela dor sozinha.

Essa decisão pela terapia foi o começo de uma reviravolta que se apresentou na minha
vida anos depois cujo desfecho eu nunca poderia ter imaginado naquela época.

O fantasma da rejeição

Tudo o que eu conseguia sentir era o fantasma da rejeição. Eu havia perdido meu
namorado e toda a felicidade que sentia junto dele. Durante muito tempo me senti fraca
e ferida, muito ferida. Eu me perguntava: “Será que não sou bonita o suficiente?”, “Será
que não fui boa o suficiente?”, “Será que um dia conseguirei voltar para ele?” Esses
pensamentos recorrentes me aterrorizavam e me empurravam mais e mais para um
estado de ansiedade e depressão.

Certo dia, resolvi sair da cama e saí com uns amigos para um barzinho. Qual não foi
minha surpresa quando encontrei cara a cara o dito cujo que partira meu coração. Pior,
não o encontrei sozinho. Ele estava muito bem acompanhado com a nova namorada.
Meu coração ficou dilacerado.

Senti um misto de decepção e vergonha. Realmente eu o havia perdido de uma vez por
todas. Além disso, estava profundamente envergonhada por estar passando por aquela
situação perante meus amigos. Como me senti mal... Eu era ali um lixo.

Permaneci no local, firme e forte (aliás, não tão forte), mas não consegui tirar os olhos
dos dois. E percebi que ele estava vivendo a vida dele normalmente. Eu não existia
mais. Percebi também que o verdadeiro problema ali era eu. Para ele, não havia
problema algum.

Ao chegar em casa, chorei, chorei, chorei. Até minhas lágrimas secarem.

Eu havia me perguntado por meses se haveria possibilidade de retorno. Eu precisava


dessa aceitação. Em nenhum momento me questionei por que havíamos terminado, o
que eu desejava a partir dali, quais eram minhas feridas emocionais que eu gostaria de
curar. Não. Eu não me importei com nada disso. Só me importava com ele, com voltar
para ele. Eu estava ignorando a mim mesma, aos meus próprios interesses.

Dias de dor
O que eu não sabia era que, durante esses meses de choro constante, alguma coisa
estava acontecendo. Uma mudança. E era uma mudança de dentro para fora. Com a
ajuda da terapia, eu estava entrando num processo de cura, embora essa cura estivesse
misturada com uma tempestade de dor.

Essa dor estava acontecendo por uma razão muito clara: o fim do relacionamento. Mas
eu estava começando a me movimentar para fora dessa posição terrível de vítima. Pouco
a pouco eu não aguentava mais a sensação de impotência e fui me tornando mais forte.
Eu estava cansada de endeusar alguém que já não me tinha mais em seus pensamentos.

Comecei a pensar em como a terapia estava me ajudando. Em como aquela hora mágica
em que eu dava vazão aos meus sentimentos, colocando todos os fantasmas para fora,
eram fundamentais para a minha sanidade mental. Eu percebia que ali eu podia ser que
eu queria ser. Ali não havia julgamento, ali não havia certo nem errado. Ali havia eu e
minha dor. Eu e minha vontade de me livrar dessa dor.

Percebi que comecei a me apaixonar por essa arte de ouvir, de compreender, de


confortar. Certamente ali foi plantada uma sementinha. Havia ali algo mais profundo,
mais significativo. Eu precisei mergulhar fundo na terapia para conseguir sair do outro
lado. E isso durou dois anos.

Hoje, sei que minha escolha profissional foi plantada a partir de um fim traumático de
um relacionamento. Mas tanto quanto foi traumático, foi iluminador. Porque eu precisei
mergulhar na escuridão para nadar ferozmente em direção à luz. E hoje, além de uma
consciência trabalha em mais longos anos de terapia (por outros diversos motivos), sinto
que também consegui descobrir uma paixão por ouvir o outro.

Por isso, no meu trabalho, dedico toda a minha energia em ajudar outras pessoas a:

 Enxergar uma outra perspectiva

 Compreender a própria dor e o sentimento de rejeição

 Perceber a necessidade de seguir em frente

 Parar de sentir medo

 Desenvolver a capacidade de sorrir de novo e parar de chorar todos os dias

 Vislumbrar o merecimento próprio de ser feliz

Talvez essa pessoa tenha sido colocada em minha vida para segurar esse espelho na
minha frente e me fazer enxergar, a duras penas, o que estava reservado para mim. Por
meio da terapia, eu parei de me esconder no papel de vítima e passei a ser responsável
por minhas escolhas.

Eu vejo isso claramente agora. Mas enquanto sofria e sofria, não enxergava nada além
de dor.
Por alguns meses, ele havia sido um problema para mim. Mas depois percebi que ter me
envolvido com ele, e ele ter acabado o namoro comigo, havia sido uma solução. E eu
agarrei essa oportunidade com todas as minhas forças.

E foi preciso muito equilíbrio advindo do processo terapêutico para fazer essa nova
leitura do problema. Foi preciso assumir a responsabilidade pelos meus erros do
passado naquele relacionamento e, mais importante, foi preciso desejar seguir em frente
com novos pensamentos e novos comportamentos.

A lição que aprendi

Vou contar para você, as lições que aprendi e que coloquei em prática em minha vida.

A primeira lição é que me sinto mais apaixonada por mim mesma do jeito que sou. Sei
que sempre há espaço para o desenvolvimento, mas agora sei que sou a melhor pessoa
que consigo ser hoje.

Aprendi também que as expectativas perante uma pessoa são ilusões que criamos. E que
somos os únicos que sofrem com tais expectativas. Não temos controle sobre os outros e
nunca teremos. No dia que descobri isso, tirei quilos e quilos de peso das minhas costas.

Compreendi também que não posso julgá-lo pela decisão que tomou. Acredito que ele
enxergou antes de mim que não havia conexão entre nós dois. Ele caminhava para um
caminho e eu caminhava para outro. Não importa quem estava tomando o melhor
caminho, pois essa análise é puramente relativa. O que mais importa aqui é que aprendi
a não julgar mais ninguém, pois cada um apresenta a capacidade que possui naquele
momento.

Aprendi tantas lições mais, mas a última que quero listar aqui é que esse episódio
ocorrido há anos atrás me ajudou a experimentar uma enorme empatia pelo ser humano
e que isso se mostra na minha escolha profissional. Hoje, mais do que tudo, desejo:

 Entender o coração das pessoas

 Dar-lhes ferramentas para serem quem realmente são

 Ajudar as pessoas a abrirem seus corações para verem o bem dentro deles

 Proferir palavras que ajudem a curar seu nível físico e sutil através do meu
trabalho de Coaching

 Ajudar as pessoas a resolverem seus conflitos e direcionarem sua energia na


busca pela plenitude

Essas coisas todas estão dentro de mim, fazem parte de mim. E eu comecei a enxergá-
las a partir de um sofrimento. Foi preciso anos de amadurecimento e muito esforço para
internalizar tudo até que decidi por fazer meu curso de formação em Psicanálise e a
formação em Coaching.
Certamente, há lições mais poderosas que essas. Mas para mim, essa experiência foi
fundamental para minha cura e para a descoberta de minha missão aqui. Se eu pudesse
voltar atrás e passar por tudo novamente, eu voltaria. Sem dúvida.

Não importa por qual sofrimento você está passando agora. Existe um porquê aí. E para
descobrir, você terá de fazer uma viagem interior. Será esse olhar interno, essa busca
pelo autoconhecimento que revelará o plano que o fará chegar aonde você deve chegar.

Quanto mais energia e desejo você colocar nessa busca, mais gratificante será essa
jornada. Assim como foi para mim. Os desafios que se colocam à nossa frente estão
aqui por uma razão. Eles são para nos ajudar a entender quem realmente somos e o que
é mais importante para nós.

Por algum tempo, você pode definhar e não entender o motivo do sofrimento. Dói, você
fica chateado e talvez isso dure por um bom tempo. Mas quando você está no chão, o
único movimento que você pode fazer é levantar-se. E será a partir daí que as coisas
começarão a fazer sentido para você. E talvez seja neste momento, quando você se
levantar, que você vai começar a perceber um pouco mais quem você é.

Eu descobri que sou a Alenne.

Que sou puro amor.

Que mereço amor.

Que sou capaz de me colocar no lugar do outro.

Que amo ouvir.

Que não tenho de viver confinada.

Que em alguns momentos tive sim de lutar.

Mas, mais do que tudo, que mereço ser feliz.

A sua luta despertará quem você é.

E aí entra meu desafio para você: e você, merece ser feliz?

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