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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CARGO 2: AUDITOR FISCAL DE CONTROLE EXTERNO


ÁREA: CIÊNCIAS CONTÁBEIS
PROVA DISCURSIVA
APLICAÇÃO: 06/03/2022

PADRÃO DE RESPOSTA DEFINITIVO


1) Descrição sucinta do objeto de auditoria e dos fatos observados
Este relatório refere-se aos trabalhos de auditoria do ativo imobilizado da Secretaria Estadual XYZ, realizados entre 4
e 25 de janeiro de 2022. Foram observados dois fatos relevantes relativos ao bem n.º 10.459 e ao edifício da Secretaria. (O
candidato deve apresentar, de forma sucinta, os fatos apurados na situação narrada)

2) Evidências de auditoria e critério de avaliação dos fatos observados


Conforme o MCASP 8.ª edição, “Os itens do ativo imobilizado estão sujeitos à depreciação ou exaustão, cuja apuração
deve ser feita mensalmente, quando o item do ativo estiver em condições de uso”.
É de se observar que o procedimento de reconhecimento da perda de valor econômico dos bens do ativo imobilizado,
por meio da prática da depreciação, foi introduzido apenas em 2017, pelo MCASP 7.ª edição, não sendo praticado no setor
público antes dessa data. Os procedimentos para realizar a transição do modelo antigo, sem depreciação, para o modelo de
imobilizado depreciado, foram previstos no subitem 7.6 do referido MCASP.
O MCASP ressalta que “O método de depreciação deve refletir o padrão em que os benefícios econômicos futuros ou
potencial de serviços do ativo são consumidos pela entidade”. Nesse sentido, conforme o manual: “Vários métodos de
depreciação podem ser utilizados para alocar de forma sistemática o valor depreciável de um ativo ao longo da sua vida útil. Não
é exigido que todos os bens sejam depreciados pelo mesmo método. Dentre os métodos, destaca-se o da linha reta (ou cotas
constantes), o da soma dos dígitos e o de unidades produzidas”.
Observe-se que nem todo o valor de custo do bem deve ser submetido à depreciação, sendo recomendável que, quando
for o caso, parte desse custo seja classificada como valor residual, isto é, valor de mercado do bem depois de efetuada toda a
depreciação. Tal prática é recomendável, segundo o Manual, “para que a depreciação não seja incidente em cem por cento do
valor do bem, e desta forma não sejam registradas variações patrimoniais diminutivas além das realmente incorridas”.
Além da prática da depreciação, o MCASP 8.ª edição prevê a necessidade de verificar-se, periodicamente, o valor
recuperável dos itens que integram o imobilizado.
Entende-se por valor recuperável, conforme tal manual, o maior montante entre o valor justo líquido de despesas de
venda do ativo (ou da unidade geradora de caixa) e o seu valor em uso. Quando o valor contábil líquido for maior que o maior
desses dois valores, verifica-se uma perda de recuperabilidade por parte do ativo. Em caso de perda de recuperabilidade, ou seja,
perda dos futuros benefícios econômicos ou do potencial de serviços de um ativo, acima do que é reconhecido por meio da
depreciação, o valor líquido contábil deverá ser ajustado, para refletir o valor recuperável do bem. Observe-se que o objetivo da
redução de ativos ao valor recuperável é adequar o valor contábil líquido à real capacidade de geração de retornos econômicos
desses ativos.
Passa-se, agora, aos fatos observados.
O bem n.º 10.459 foi adquirido por R$ 35 mil, tem vida útil estimada em 120 meses e já foi utilizado por 24 meses. O
valor residual é de 20% do custo contábil. Na data da auditoria, o bem estava registrado pelo valor contábil líquido de
R$ 29,4 mil.
Conferindo-se a aplicação do método do custo depreciado, chega-se à conclusão de que ele foi adequadamente aplicado
ao bem da seguinte maneira.

 valor de custo: R$ 35 mil


 valor depreciável: R$ 28 mil (R$ 35 mil − 20% de valor residual)
 cota mensal de depreciação: R$ 233,33
 depreciação aplicada até o momento da auditoria: R$ 5,6 mil
 valor contábil líquido: R$ 29,4 mil (R$ 35 mil − R$ 5,6 mil)

Contudo, esse valor contábil líquido supera o valor recuperável do bem, que é seu valor em uso, ou seja, R$ 27 mil.
Percebe-se, portanto, a perda de recuperabilidade do bem em questão.
No caso do prédio da Secretaria, tal bem foi reavaliado em 2018, conforme orientação do MCASP 7.ª edição. O valor
de reavaliação foi de R$ 15,625 milhões. O bem tem vida útil estimada em 300 meses e já foi utilizado por 42 meses desde a
reavaliação. O valor residual é de 20% do custo contábil. Na data da auditoria, o bem estava registrado pelo valor contábil líquido
de R$ 13,437 milhões. Havia imóvel similar com valor de mercado de R$ 15 milhões.
Conferindo-se a aplicação do método do custo depreciado, verificou-se uma ligeira discrepância, conforme mostrado a
seguir.

 valor de reavaliação: R$ 15,625 milhões


 valor depreciável: R$ 12,5 milhões (R$ 15,625 milhões − 20% de valor residual)
 cota mensal de depreciação: R$ 416,667 mil R$ 41,667 mil
 valor que deveria ter sido aplicado até o momento da auditoria: R$ 1,75 milhão
 valor da depreciação efetivamente aplicada: R$ 2,188 milhões (R$ 15,625 milhões − 13,437 milhões)

Observe-se que o valor da depreciação efetivamente aplicada corresponde a 42/300 do valor de reavaliação, ou seja, o
valor residual não foi abatido no momento do cálculo da depreciação.

3) Recomendações de auditoria

Em face do apresentado neste relatório, recomenda-se ao TCE/SC que oriente a Secretaria XYZ a:

1) realizar o teste de recuperabilidade previsto no MCASP 8.ª edição e, caso essa prática ainda não seja usual no referido
órgão, passar a adotá-la para seus bens, conforme orientações do Manual;
2) revisar os cálculos da depreciação aplicada ao prédio da Secretaria e orientar a todos os seus órgãos que tenham cautela
na aplicação dessa metodologia.

Sem mais, era o que se tinha a relatar.

QUESITOS AVALIADOS

2.1
0 – Não descreveu o objeto de auditoria nem relatou os fatos observados.
1 – Mencionou o objeto de autoria, mas não relatou, de forma sucinta, os fatos observados ou apenas copiou os fatos da forma
como apresentados na situação hipotética.
2 – Relatou, de forma sucinta, os fatos observados na auditoria, mas não identificou, explicitamente, o objeto de auditoria do
relatório; ou identificou corretamente o objeto da auditoria, mas relatou corretamente apenas um dos fatos observados.
3 – Descreveu, de forma sucinta, o objeto de auditoria e os fatos observados.

2.2.1
0 – Não abordou o método do custo depreciado para o cálculo da depreciação do bem n.º 10.459.
1 – Limitou-se a mencionar o método do custo depreciado, sem desenvolver o cálculo da depreciação do bem n.º 10.459.
2 – Detalhou, de forma parcialmente correta, o cálculo da depreciação do bem n.º 10.459 pelo método do custo depreciado, sem
constatar, contudo, a perda de recuperabilidade desse bem.
3 – Detalhou, corretamente, o cálculo da depreciação do bem n.º 10.459 pelo método do custo depreciado, porém não indicou a
perda de recuperabilidade desse bem.
4 – Detalhou, corretamente, o cálculo da depreciação do bem n.º 10.459 pelo método do custo depreciado e indicou a perda de
recuperabilidade desse bem, mas não a justificou corretamente.
5 – Detalhou, corretamente, o cálculo da depreciação do bem n.º 10.459 pelo método do custo depreciado e indicou, com a
correta justificativa, a perda de recuperabilidade desse bem.

2.2.2
0 – Não abordou o método do custo depreciado para o cálculo da depreciação do prédio da Secretaria.
1 – Limitou-se a mencionar o método do custo depreciado, sem desenvolver o cálculo da depreciação do prédio da Secretaria.
2 – Detalhou, de forma parcialmente correta, o cálculo da depreciação do prédio da secretaria pelo método do custo depreciado,
sem constatar, contudo, nenhuma discrepância.
3 – Detalhou, corretamente, o cálculo da depreciação do prédio da Secretaria pelo método do custo depreciado, porém não
identificou que o valor residual não foi abatido no momento do cálculo da depreciação.
4 – Detalhou, corretamente, o cálculo da depreciação do prédio da Secretaria pelo método do custo depreciado e identificou, com
o correto fundamento, a perda de recuperabilidade desse bem.

2.3
0 – Não apresentou nenhuma recomendação ou apresentou recomendação(ões) totalmente desconectada(s) das evidências de
auditoria apresentadas.
1 – Emitiu recomendação correta, porém insuficiente, sobre apenas um dos fatos observados.
2 – Emitiu recomendações corretas e suficientes sobre apenas um dos fatos observados.
3 – Emitiu recomendações corretas, porém insuficientes, sobre os dois fatos observados.
4 – Emitiu recomendações corretas e suficientes sobre os dois fatos observados.

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