Você está na página 1de 20

Ano XIV

Número 68
Out-Nov-Dez 2014

Releitura da obra “A Redenção de Cam” de Modesto Brocos (1895).

RELAÇÕES RACIAIS E
PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE

Psicologia, Religião Clínica Psicológica


e Espiritualidade: em consultório
como dialogar?
pág. 12 pág. 19
editorial + expediente

O Sistema Conselhos de Psicologia vem há alguns anos trabalhando Publicação trimestral do Conselho
Regional de Psicologia do
a questão da perspectiva de gênero na comunicação, tanto para a catego- Rio Grande do Sul
ria, como para a sociedade. Desde setembro, o CRPRS passou a utilizar
Comissão Editorial: Alessandra Xavier
“/a”, destacando o artigo feminino em posição de igualdade, afinal as Miron, Luciane Engel e Tatiane Baggio.
mulheres representam mais de 90% de nossa categoria. Entendemos que,
Jornalista Responsável:
ao utilizarmos “psicólogo(a)”, com o “a” entre parênteses, a equivalência Aline Victorino – Mtb 11602
entre os gêneros não é respeitada, já que esse sinal de pontuação marca o Estagiário de Jornalismo:
Juliano Zarembski
acréscimo de uma informação acessória, que poderia ser suprimida sem Redação: Aline Victorino
prejuízo. Por isso, optamos pelo uso de “psicólogo/a”. Relações Públicas:
Belisa Giorgis / CONRERP/4–3007
Assim, nesta edição do EntreLinhas, você, psicólogo/a, é Nadia Miola / CONRERP/4–3008
convidado/a a pensar sobre as relações raciais e a produção de subje- Eventos: Adriana Burmann
Comentários e sugestões:
tividade. Como a desigualdade racial pode afetar as diversas áreas da imprensa@crprs.org.br
vida e o cotidiano? Quais os efeitos psicossociais do preconceito racial
Endereços CRPRS:
e do racismo na constituição da subjetividade tanto daquele que co- Sede:
Av. Protásio Alves, 2854/301
mete quanto daquele que recebe essas violências? Essas são algumas Porto Alegre
questões abordadas na reportagem principal desta edição. CEP: 90410-006
Fone/Fax: (51) 3334-6799
No espaço dedicado a entrevistas, abordamos o tema “Psicolo- crprs@crprs.org.br
gia, Religião e Espiritualidade: como dialogar?”, destacando a opi-
Subsede Serra:
nião de quatro psicólogos/as sobre essa polêmica relação. O tema é Rua Coronel Flores, 749/505 – Caxias do Sul
de extrema importância para a profissão, pois, embora o Brasil seja CEP: 95034-060
Fone/Fax: (54) 3223-7848
um país declaradamente laico, algumas religiões tentam interferir caxias@crprs.org.br
no Estado e alterar leis e políticas públicas. Como exemplo, podemos
Subsede Sul:
citar o Projeto da “cura gay” que envolveu diretamente a Psicologia. Rua Félix da Cunha, 772/304 – Pelotas
Além disso, nessa edição apresentamos informações sobre o Contro- CEP: 96010-000
Fone/Fax: (53) 3227-4197
le Social, reflexões sobre o que é ser um/a psicólogo/a das políticas pú- pelotas@crprs.org.br
blicas e orientações aos/às profissionais que atuam na Clínica Psicológica
Subsede Centro-Oeste:
em consultório, atendendo a demandas que chegam da categoria. Rua Mal. Floriano Peixoto, 1709/401
Aproveitamos este espaço para desejar, a todas psicólogas e to- Santa Maria
CEP: 97015-373
dos psicólogos, um 2015 de novas mobilizações e articulações em Fone/Fax: (55) 3219-5299
santamaria@crprs.org.br
defesa da profissão. Venha conosco e participe!
Projeto Gráfico e Diagramação:
Tavane Reichert Machado
Ilustrações: Marcia Guimarães Spies e

Calendário 2015
Liziane Minuzzo
Impressão: Gráfica Pallotti
Tiragem: 15.000 exemplares
Distribuição gratuita
Nesta edição do jornal EntreLinhas você está recebendo um Ca-
www.crprs.org.br
lendário 2015, produzido pelo CRPRS com a participação da catego-
ria. A campanha “Mostre a Pluralidade do Seu Olhar” reuniu fotos de
psicólogos/as sobre o tema diversidade.
twitter.com/crprs
Acesse www.crprs.org.br/calendario2015 e saiba mais facebook.com/conselhopsicologiars
sobre cada uma das fotos selecionadas. youtube.com/crprs

2 entre linhas | out-nov-dez 2014


sumário + comunicados

Sumário
04 FIQUE ATENTO 11 RELATO DE EXPERIÊNCIA 18 CREPOP
Os fazeres (e prazeres) psi em O que é ser um/a psicólogo/a
desvios e contraversos das políticas públicas? O que
05 RELAÇÕES RACIAIS fazer quando se está por lá?

Relações raciais e produção de 12 ENTREVISTA


subjetividade
Psicologia, Religião e 19 ORIENTAÇÃO
Racismo Institucional Espiritualidade: como Orientações aos/às
Psicologia e Relações Raciais dialogar? profissionais que atuam
na Clínica Psicológica em
consultório
16 CONTROLE SOCIAL
09 ARTIGO
Controle Social e a Psicologia 20 AGENDA
Imigração em pauta

Mantenha dados cadastrais atualizados


É obrigação de todo/a tituição. Além disso, esse contato
psicólogo/a manter seus dados é fundamental para a permanente
de cadastro junto ao Conselho Re- atualização dos/as profissionais so-
gional de Psicologia atualizados. bre novas resoluções e orientações
A obrigatoriedade é determinada técnicas para o exercício profissio- Acesse www.crprs.org.br/
pela Resolução do CFP nº 005/2001. nal e para que o Conselho consiga sistemacadastro confira seus
Informações de cadastro dos/ atender às demandas da categoria. dados de cadastro junto ao
as inscritos/as são fundamentais Mudanças de nome (em casos CRPRS e faça as atualizações
necessárias pela internet. Se
para a comunicação entre a entida- de casamento ou divórcio), ende-
preferir, entre em contato com
de e o/a profissional, pois, muitas reço para correspondência, telefo- o setor de Cadastro pelo tele-
vezes, o Conselho precisa inter- ne fixo, celular e e-mail devem ser fone (51) 3334-6799 ou pelo
mediar a relação com alguma ins- sempre informadas ao CRPRS. e-mail cadastro@crprs.org.br.

Pague anuidade com desconto


Psicólogos/as inscritos/as no O pagamento do valor inte- Correios, na segunda quinzena
CRPRS que realizarem o paga- gral (R$ 465,69) também pode ser de dezembro, para garantir o va-
mento integral da anuidade 2015 parcelado em cinco vezes, com lor com desconto.
até 30/01 têm desconto de 10% vencimentos em 30/01 (parcela de
Dúvidas podem ser
sobre o valor de R$ 465,69, totali- R$ 97,25) e 28/02, 31/03, 30/04 e
esclarecidas com o setor
zando R$ 419,12. Para pagamen- 31/05 (parcelas de R$ 92,11). de Cobrança do CRPRS
tos até 28/02, o desconto é de 5%, Fique atento/a às instruções pelo fone (51) 3334-6799 ou pelo
totalizando R$ 442,41. descritas no carnê enviado pelos e-mail fiqueemdia@crprs.org.br.

entre linhas | out-nov-dez 2014 3


fique atento

Assédio Moral
no Trabalho
 Psicólogos/as devem estar aten-
tos/as a situações humilhantes e
constrangedoras, repetitivas e pro-
longadas, que acontecem durante a
jornada de trabalho, desestabilizando
a relação do trabalhador com o am-
biente e a organização. O CRPRS vem
discutindo o tema no GT de Psicologia
do Trabalho na Subsede Serra, em ro-
das de conversa na Sede com psicólo-
gos/as que trabalham com Psicologia
organizacional e do trabalho, além
de acompanhar Projetos de Leis em
diversos municípios e iniciativas do
Ministério Público do Trabalho.
Em 14/11, o Conselho promoveu, em
Redução da Maioridade Penal parceria com o Centro de Referência em

 O Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul vem dis- Saúde do Trabalhador e Sindicato dos
cutindo o tema da redução da maioridade penal, reforçando o posicio- Metalúrgicos de Caxias do Sul, o I Semi-
namento do Conselho Federal de Psicologia, contrário a essa estratégia. nário "Meu Trabalho Está me Enlouque-
É preciso considerar alternativas para o adolescente em conflito com a cendo!" – Intervenções em Saúde Mental
lei, como a Justiça Restaurativa e a responsabilização já prevista pelo do Trabalhador em Caxias do Sul. Acesse
próprio Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). http://bit.ly/ISeminarioTrabalho e saiba
Para o CFP, manifestações favoráveis à redução da maioridade penal mais sobre o que foi discutido no evento.
têm ocorrido de forma simplista e reducionista em nossa sociedade. Por
isso, é fundamental ampliarmos o debate sobre o tema. É preocupante o
desconhecimento ou a distorção dos dados da realidade, a homogenei-
zação dos sujeitos, a patologização e a criminalização das condutas dos Confira o documentário "A dor (in)
adolescentes, tudo isso em nome da “justiça”, que vem sendo apresen- visível – Assédio Moral no Trabalho",
tada como sinônimo de punição e aprisionamento. uma realização do Ministério Público
do Trabalho no RS – Procuradoria do
Trabalho no Município de Caxias do Sul
O Núcleo do Sistema Prisional do CRPRS preparou um texto e do Ministério do Trabalho e Emprego
abordando essa questão. Leia em www.crprs.org.br/entrelinhas68. (MTE) – Superintendência Regional do
O Conselho Federal de Psicologia apresenta seu posicionamento Trabalho e Emprego em Caxias do Sul.
no texto “Redução da idade penal: socioeducação não se faz com http://bit.ly/video_assedio_moral
prisão” do reflexões sobre o tema. Confira: http://bit.ly/CFP_ Legislação sobre o tema pode ser
reducao_idade_penal. acessada em www.assediomoral.org.

4 entre linhas | out-nov-dez 2014


relações raciais

Valter da Mata –
Psicólogo, mestre
em Psicologia Social,
estudioso de Psicologia
e Relações Raciais,
professor da Unime –
Lauro de Freitas e da
Faculdade da Cidade
do Salvador. Membro
da Comissão Nacional
de Direitos Humanos
do Conselho Federal de
Psicologia.

Débora Barbosa
Bauermann – Psicóloga.
Analista de Ação
Social Jr. do Núcleo
de Estudos Afro-

Relações raciais e produção


brasileiros e Indígenas
– Neabi da Unisinos.
Saiba mais sobre o

de subjetividade Neabi em www.crprs.


org.br/entrelinhas68.

A questão racial permeia as relações crença, negros e indígenas brasileiros não so-
interpessoais e subjetivas. Diante disso, de freriam discriminação se tivessem dinheiro e
que forma a Psicologia vem discutindo os vivessem uma vida que ilustrasse essa pos-
efeitos do preconceito racial na constitui- se”. Para o psicólogo, muitas vezes, as práti-
ção da subjetividade de negros e brancos? cas racistas fazem parte do repertório com- SAIBA MAIS:
Como os/as psicólogos/as podem contri- portamental do/a próprio/a psicólogo/a. Leia entrevistas
buir em seu cotidiano de trabalho – seja ele na íntegra em
Débora Barbosa Bauermann acredita
www.crprs.org.br/
em políticas públicas, clínicas privadas ou que o racismo é um problema estrutural
entrelinhas68.
organizações – para combater o racismo? de nosso país, vivenciado pelos sujeitos
Para aqueles que se dedicam ao campo negros, mas com pouca visibilidade devi-
das relações raciais, reconhecer que vive- do à branquitude normativa em que nos
mos em uma sociedade racista é o primei- subjetivamos. “Afinal, o ‘racismo à brasi-
ro passo para enfrentar esse problema e leira’ pode ser considerado como um ‘ra- Conceito utilizado
corrigir desigualdades. cismo sem racistas’, como aponta pesquisa por pesquisadores
Valter da Mata defende a necessidade do Instituto Data Popular”. Dados prelimi- das relações raciais
de superar a crença da existência de uma que diz respeito à
nares dessa pesquisa, divulgados em 2014,
construção sócio-
democracia racial. “Boa parte dos brasilei- apontam que 92% dos brasileiros conside-
história em que ser
ros acredita que não existe racismo no Brasil ram que existe racismo no Brasil, mas so- branco é tido como
e, sim, discriminação social. Segundo essa mente 1,3% se considera racista. norma, essência.

entre linhas | out-nov-dez 2014 5


relações raciais

Glaucia Fontoura – Isso reflete o pensamento de que ser ra- em branco e não branco, elege o branco
Psicóloga. Membro cista é ter uma atitude pontual discrimina- como padrão de normalidade a ser segui-
da Articulação de tória contra negros. “É muito comum escu- do e, com isso, estabelece uma relação hie-
Psicólogas(os) Negras(os) tarmos falas como ‘não sou racista, tenho rárquica de poder entre esses grupos. “O
e Pesquisadoras(es) –
amigos negros’ ou ‘não sou racista, minha preconceito racial, como todos os precon-
ANPSINEP. Saiba mais
bisavó era negra’. O racismo está sempre ceitos, conduz a um tipo de negação das
sobre a ANPSINEP em
www.crprs.org.br/ fora, no outro. Muitos de nós, psicólogos/ diferenças que acaba por ser um apaga-
entrelinhas68. as, ainda dizemos ‘não sou racista, trato to- mento do outro enquanto pessoa que deve
dos usuários/pacientes/clientes, iguais’. ter seus direitos respeitados pelo Estado e
Eliana Xavier –
Precisamos avançar nesse sentido e buscar pela sociedade”.
Psicóloga, mestranda
a equidade”, afirma Débora. Devido a isso, Valter acredita que os
no Programa de
Pós-Graduação em Para Valter, a cultura brasileira, de uma não brancos tendem a se constituir de
Psicologia pela PUCRS. forma geral, é atravessada pelo machismo, forma conflituosa e dolorosa. “Não res-
racismo e a homofobia. “Estar fora desses tando outras formas possíveis de identi-
Taiasmin Ohnmacht
grupos de privilégio significa, em maior ficação, cabe a esses sujeitos a construção
– Psicóloga, pós-
ou menor grau, ser vítima de discrimina- identitária fragilizada e fundamentada
graduada em
Assessoria Linguística. ção. As instituições continuam produzin- no branqueamento”.
do discriminações baseadas na cor da pele, Para os negros, conviver com referên-
dentre outros trações fenotópicos”. cias na cultura que estejam associadas ape-
Além disso, a visão eurocêntrica e detur- nas à escravidão ou a lugares marginaliza-
pada a respeito da contribuição dos negros dos, é uma violência social intrínseca com
SAIBA MAIS: para formação do Brasil não contempla a a qual o negro tem que lidar. ”Não é um
Relações Raciais: diversidade étnico-racial. “Dissemina estere- percurso que se faça sem arranjar algumas
Referências Técnicas ótipos negativos de tudo que se refere ao con- feridas, é preciso reconstruir sua autoesti-
para a Prática do(a) tinente africano. As escolas ainda hoje repro- ma e o significado de sua identidade negra
Psicólogo(a) duzem a história do negro contada somente para si mesmo e ainda sustentá-la perante
http://bit.ly/CREPOP_
a partir da escravidão e de forma distorcida, a comunidade branca”, declara Taiasmin.
Relacoes_Raciais
como se tivessem aceitado passivamente o re- Outro efeito do racismo extremamente
EntreLinhas nº 61 – gime escravocrata”, explica Débora. perverso é a culpabilização dos sujeitos
Reportagem “A questão Surgem, a partir disso, os efeitos do ra- negros pela discriminação sofrida. “Escu-
racial e os Direitos cismo ou do preconceito que incidem, di- tamos muitas falas como ‘o negro que dis-
Humanos”
retamente, na construção da identidade e crimina a si próprio’. Precisamos ampliar
http://bit.ly/
entrelinhas61
formação da autoestima. “Embora a consti- nossa escuta e não sermos reprodutores de
tuição diga que somos todos iguais perante ideais como esse, em que o branco devolve
Debate “Racismo: O que a lei, ações racistas perpetuadas ao longo o problema da discriminação racial para o
a psicologia tem a ver dos anos cristalizaram sentimentos de infe- sujeito negro”, afirma Débora.
com isso?” realizado no
rioridade e de não pertencimento a muitos Os/As psicólogos/as têm importante
CRPRS em 2012.
http://bit.ly/debate_
de nós negros brasileiros”, afirmam as psi- participação na mudança dessa realidade.
racismo2012 cólogas Glaucia Fontoura e Eliana Xavier. É necessário trabalhar na construção de
Taiasmin Ohnmacht destaca que há sentidos positivos centralizados na negri-
um padrão social que divide a população tude que ande na contramão da construção

6 entre linhas | out-nov-dez 2014


ENTRELINHAS
RECOMENDA:

 Blogueiras Negras
http://bit.ly/
blogueiras_negras

 Livro “O espelho
quebrado da
branquidade” de
Adevanir Pinheiro.

 Livro “Minha Família


É Colorida” de Georgina
Martins.

 Documentário
“O Lado Negro do
Chocolate” de Miki
Mistrati.

social do branco como agente central. “A Grande do Sul ganharam visibilidade na-
construção da identidade positiva somen- cional, evidenciando a necessidade de se
te será possível quando estabelecermos ampliar o debate.
uma relação profícua com o nosso corpo, “Os episódios nos mostraram que vive-
mesmo que esse corpo não corresponda ao mos em um estado racista e preconceituo-
SAIBA MAIS:
ideário cultural vigente dessa sociedade so de diversas formas”, destaca Taiasmin.
Conheça o trabalho do GT
racista”, defendem Glaucia e Eliana. Para ela, o apoio aos responsáveis pelos Relações Raciais do CFP
“Precisamos ser sensíveis ao sofrimen- atos discriminatórios, procurando rever- acessando
to psíquico e às exclusões causadas pelo ter a agressão, culpando a própria vítima, www.crprs.org.br/
racismo e que muitas vezes os próprios é preocupante. “Não considero acaso que entrelinhas68.
sujeitos negros não conseguirão nomeá-lo. um deputado com uma fala extremamente
Trazer à tona a suposta neutralidade do agressiva contra as minorias tenha se elegi-
branco, que faz com que uma grande par- do como um dos mais votados no estado”.
cela da sociedade tenha privilégios e não Na opinião de Glaucia e Eliana, esses
os perceba, pois é um lugar naturalizado. episódios representaram uma vitória do
Não podemos ser reprodutores desta ide- movimento negro. “Os recentes eventos
ologia em nossas práticas profissionais. A escancaram uma parte do que a população
branquitude precisa ser desvelada se real- negra vivencia no seu cotidiano nas rela-
mente buscamos contribuir com a luta an- ções com as instituições da saúde, traba-
tirracista”, acredita Débora. lho, educação”.
Em 2014, diversos episódios de ra- Como psicóloga negra, Taiasmin relata
cismo e injúria racial ocorridos no Rio a necessidade que muitos profissionais ne-

entre linhas | out-nov-dez 2014 7


relações raciais

gros têm de comprovar sua competência. feras sociais por meio de políticas afirma-
“O negro não corresponde ao imaginário tivas. “As universidades, antes ocupadas
que as pessoas têm dos psicólogos. Dificil- somente por brancos, começam a ‘enegre-
mente uma pessoa me vê como psicóloga, cer’. Isso incomoda a quem sempre viveu
PARTICIPE DA a menos que eu diga”. no ‘mundo dos brancos’. Alguns muros
DISCUSSÃO:
O debate em torno das relações raciais entre o ‘mundo dos negros’ e o ‘mundo
O CRPRS promove o
debate das relações
se fortalece na medida em que a presença dos brancos’ começam a ser derrubados”,
raciais nas Comissões do negro vai crescendo em diferentes es- destaca Débora.
e Núcleos de Direitos
Humanos e Políticas
Públicas. Participe
dos encontros e
contribua com este
Racismo Institucional
debate. Acompanhe Presente em diversas situações de nos- Comissão de Direitos Humanos da Pro-
agenda de reuniões so cotidiano, o racismo institucional é o curadoria Geral do Estado, esclareceu a
em www.crprs.org. mais difícil de ser enfrentado, por já estar diferença entre o racismo que acontece na
br/comissoesegts.
naturalizado em nossa sociedade. “Esse instituição e o racismo institucional. “Ra-
tipo de racismo está no dia a dia e passa cismo institucional é quando normas ou
Reunião temática indiferente. As pessoas condenam atitudes atitudes da instituição não têm, em princí-
sobre o tema Racismo de injúria racial e não o racismo institucio- pio, a intencionalidade de discriminar, mas
Institucional nal que é menos explícito”, afirma Alisson o resultado é a discriminação. Está ligado,
http://bit.ly/racismo_ Batista, estudante que integra o Coletivo geralmente, a conceitos eurocêntricos do
institucional Negração e que participou de evento no Estado e a privilégios da branquitude”.
CRPRS sobre racismo institucional. O Como exemplo, Gleidson citou o caso de
Coletivo Negração Coletivo Negração surgiu em torno do ra- uma menina negra que foi impedida pela
http:// cismo institucional enfrentado pelos estu- Polícia Federal de tirar seu passaporte,
coletivonegracao. dantes negros dentro da universidade. porque o sistema não permitia fotos com
blogspot.com.br
No evento, Gleidson Dias, assessor da cabelos black power.

Psicologia e Relações Raciais


O estudo das relações raciais começou significa estar ao lado da discriminação”,
a ser favorecido pela Psicologia quando a afirma Taiasmin.
profissão assumiu as discussões pautadas Valter acredita que a Psicologia teve
pelos movimentos sociais como pertinen- uma importância muito grande na conso-
“The Bell Curve:
tes à categoria. “Até então, a profissão não lidação do racismo e racialismo no Brasil,
Intelligence and Class
Structure in American
assumia as repercussões que as questões com estudos enviesados que afirmavam
Life”, de Richard J. raciais implicam no tecido social e, por sua que as raças humanas tinham predispo-
Herrnstein e Charles vez, na subjetividade humana. Não existe sição a determinadas características psi-
Murray. neutralidade nesse debate, ‘neutralidade’ cológicas, como o caráter e a inteligência.

8 entre linhas | out-nov-dez 2014


artigo

Ir. Maria do Carmo


Santos Gonçalves
Coordenadora
do Centro de
Atendimento ao
Migrante (CAM).

Vanessa Perini
Moojen – Assistente
Social do Centro
de Atendimento ao
Migrante (CAM).

Tatiane Baggio,
Psicóloga,
Conselheira do
CRPRS.

Imigração em pauta
Encontrar um bom trabalho, ajudar a Vemos, porém, que a xenofobia e o
família e viver uma vida digna e em paz racismo em nossa sociedade, apresentam-
é a expectativa e o sonho de centenas de -se fortemente, sinalizando que a presen-
imigrantes senegaleses, haitianos, gane- ça de imigrantes, principalmente negros,
ses, entre outros, que vieram para o Bra- é um incômodo para muitos de nós. Com
sil, dirigindo-se, especificamente, para isto, nos deparamos com notícias de pro-
Caxias do Sul e alguns municípios da fissionais de diferentes áreas esquecendo-
Serra gaúcha. Essa expectativa reflete a -se do seu Código de Ética Profissional e
de muitos europeus, brasileiros de outras se negando a atender imigrantes; vemos
regiões do país, fronteiriços e tantos ou- políticos que desconhecem totalmente a
tros que vieram para Caxias em busca de legislação brasileira, a qual protege aquele
melhores condições de vida. que nos pede asilo garantindo o acesso aos

entre linhas | out-nov-dez 2014 9


serviços públicos na qualidade de cidadão; campanha veiculada nacionalmente com
vemos ainda pessoas com medo de que os o título “O preconceito humilha e a humi-
estrangeiros “tirem” seu emprego ou seu lhação social faz sofrer” para discutir as
lugar na fila do médico, e, surpreenden- questões que envolvem as relações raciais.
temente, vemos pessoas que outrora já Por meio dessa iniciativa, afirmamos a ga-
sofreram preconceito por sua condição de rantia de direitos dos imigrantes e reforça-
precariedade social discriminando aqueles mos que, para além do acolhimento da po-
que hoje chegam buscando um lugar de pulação local, sejam também viabilizadas
trabalho e desenvolvimento social. Mas, políticas que contemplem ações efetivas
pensando bem, se as coisas estão difíceis, para uma vida menos precarizada do mi-
será que a culpa é dos imigrantes? Ao con- grante em nosso território.
trário, entendemos que garantir o acesso Com base na garantia de direitos pre-
dos brasileiros aos seus direitos não impli- vista na Declaração Universal dos Direi-
ca a negação do direito de outros. tos Humanos, na Declaração de Durban
Ao mesmo tempo vemos cidadãos, firmada por 173 países na I Conferência
profissionais, políticos e entidades que Mundial contra o Racismo, a Discrimina-
não medem esforços para auxiliar os imi- ção Racial, a Xenofobia e as Formas Cone-
grantes na garantia de seus direitos. Que xas de Intolerância em 2001, na África do
trabalham na perspectiva de melhorias e Sul, reafirmando o principio da igualdade
resolução na situação de vulnerabilidade e da não discriminação entre as pessoas,
que porventura muitos se encontram e, ao e na Constituição Federal de 1988, foi
mesmo tempo, no fortalecimento de uma redigida a lei sobre o racismo no Brasil,
cidadania no mundo, cujos direitos são acrescentando-se o inciso XLII no artigo
invioláveis. Com o aumento contínuo do 5º, declarando que o racismo é um crime
fluxo migratório internacional para o Bra- inafiançável, imprescritível e sujeito a
sil e para Caxias do Sul, mostra-se cada pena de reclusão.
vez mais latente a necessidade de plane- Portanto, seguindo a legislação vi-
jamento e articulação intersetorial entre o gente, e conforme o debate já afiançado
poder público e a sociedade civil. A I Con- nas instâncias internacionais de garantia
ferência Municipal de Migração e Refúgio dos direitos humanos, o CRPRS, além
2014 deliberou a formação de comitês que de convidar a população a refletir sobre
construam estratégias articuladas de in- o tema, convida a categoria a conhecer a
clusão e integração social dos imigrantes, Resolução nº 18/2002 do CFP, que estabe-
de modo que possam continuar a contri- lece normas para atuação das psicólogas e
buir econômica, social e culturalmente dos psicólogos em relação ao preconceito
para o crescimento de Caxias do Sul, terra e à discriminação racial. Para o CRPRS, é
de imigrantes. urgente discutirmos a nossa prática pro-
O CRPRS, juntamente com o Sistema fissional diante desse tema implicado no
Conselhos de Psicologia, desenvolveu a compromisso social de nossa profissão.

10 entre linhas | out-nov-dez 2014


relato de experiência

Os fazeres (e prazeres) psi em


desvios e contraversos
Até o último ano do ensino médio, eu dade como um dispositivo de ação através
sempre achei que queria e iria cursar Direito. do qual a universidade pode exercer de
Em setembro, quando começaram as inscri- forma mais intensa sua função política e
ções da UFRGS, me dei conta de que o que social. Naquele momento, pude me inserir
eu realmente queria é que o tempo daquela no Grupo ESTAÇÃO PSI (Estudo e Ação Paula Goldmeier
juventude não acabasse mais. À época, mi- em Políticas de Subjetivar e Inventar) que Graduada em Psicologia,
nhas duas melhores amigas resolveram fazer prestava assessoria ao projeto de trabalho mestre em Psicologia
vestibular para Psicologia. Assim, o início de educativo com jovens em cumprimento de Social e Institucional pela
meu percurso pelas práticas e saberes psi se medida socioeducativa, implementado na UFRGS. Atua nas áreas
deu pelos disparos da amizade e do desvio. Procuradoria da República do RS. de Direitos Humanos e
Nos idos de março, num ano em que Por esse encontro com as formas de um Saúde Coletiva.
o verão insistia em continuar, foi que, de viver juvenil, entendido e condenado como
maneira assustadoramente solitária, em- desviante, as categorias Direito, Social, Psico-
barquei na errante nau a descobrir o mun- logia, Clínica, Ação Política, se misturavam e
do das teorias e conceitos de uma Psicolo- coreografavam movimentos que escapavam
gia às vezes candidata à ciência, às vezes aos contornos das práticas profissionais e
transversada em arte. Nessa viagem, visi- dos métodos de investigação tradicionais. A
tei uma infinidade de portos – de chegada, angústia gerada pela desconstrução das cer-
de partida, de parada, de encontro! Aos tezas e das fórmulas prontas de ser psicóloga
poucos, a solidão começou a ser povoada logo deu lugar à descoberta da potência da
e a travessia tornou-se tempo e espaço de invenção de novos caminhos, que desviam
constante reinvenção de saberes e práticas. do instituído e tem, aí, justamente a sua força
A aposta na escuta, como instrumento de interrogação do social.
da potência criativa e criadora de sujeitos e Infelizmente, o projeto não mais existe
realidades, somada ao flerte com o mundo na Procuradoria, mas, a inspiração dessa
jus fez com que eu buscasse as veredas so- experiência, permitiu-me a escrita, ne-
ciais da Psicologia em suas tessituras com gociação e implantação do programa de
os territórios dos direitos humanos e a in- trabalho educativo do TRT-RS, que desde
tencionalidade de um fazer clínico-político. 2013 firmou convênio com a FASE-RS.
PARTICIPE!
Dessa maneira, cheguei ao mestrado, Trabalhando com a perspectiva da Psi-
Você também quer
oportunidade para se conhecer e se cons- cologia Clínico-Política em sua interface
compartilhar sua experiência
truir pesquisador, entendendo a trama en- com a temática da Justiça e do Direito, toda como psicólogo/a? Envie
sino-pesquisa-extensão como possibilidade a minha prática é orientada por uma ética um relato para imprensa@
para uma formação em Psicologia que se da ocupância que, na construção de terri- crprs.org.br destacando
propusesse ampliada, com mais ineditis- tórios instituintes, ainda que temporários, sua prática. Os textos serão
mos e menos assepsias. Optei por um cam- aposta na criação de condições de possibi- avaliados pela Comissão
po de pesquisa que fizesse laço com algum lidade para a constante reatualização de Editorial do EntreLinhas e
projeto de extensão e, portanto, problema- formas e forças mais livres e potentes de poderão ser publicados nas
tizasse a inserção acadêmica na comuni- expressão da vida. próximas edições do jornal.

entre linhas| |out-nov-dez


entrelinhas out-nov-dez2014
2014 11
11
entrevista

Psicologia, Religião e
SAIBA MAIS
Nota Técnica do CFP
Espiritualidade: como dialogar?
– Posicionamento do
Sistema Conselhos Em sua opinião, o que é laicidade? pessoal ou coletivamente, mas inclui todas
de Psicologia
 TATIANE – A laicidade opõe-se aos como representações da diversidade reli-
para a questão da
discursos fundamentalistas ligados às vio- giosa ou espiritual do seu povo.
Psicologia, Religião e
Espiritualidade lações de direito. Assim, as leis devem ser  TATIANA – É um dispositivo de pro-
http://bit.ly/ orientadas pelos Direitos Humanos Uni- teção à livre consciência e expressão de
notacfplaicidade versais e pela Constituição Federal e não crenças, de modo a garantir o reconheci-
por dogmas e ideologias religiosas. Isso mento da diversidade social em socieda-
Posicionamento
Sistema Conselhos não significa que o Estado negue à Igreja des democráticas, sem ônus moral para
frente uso o direito de contribuir para o bem da so- grupos minoritários em relação a hegemo-
indiscriminado do ciedade. Um Estado que não respeita um nias religiosas e morais.
discurso religioso na espaço para as igrejas na sociedade, ou que
política
negue o direito de expressão, acabaria com Por que é importante discutir essa ques-
http://bit.ly/
Eleicoes_Laicidade a democracia, caindo no sectarismo e no tão no Sistema Conselhos de Psicologia?
totalitarismo ideológico.  EDUARDO – A Psicologia precisa
Leia entrevistas  LUCIANA – É a não adoção de uma se posicionar frente a projetos de leis que
na íntegra em
religião em particular pelo Estado. Isso não têm uma base fundamentalista, ferindo os
www.crprs.org.br/
quer dizer que desconsidere as múltiplas direitos humanos e as liberdades indivi-
entrelinhas68.
religiões que convivem em seu território ou duais. Além disso, muitos/as psicólogos/
negue a expressão da religiosidade popular, as não têm clareza de como se posicionar

12 entre linhas | out-nov-dez 2014


frente a suas próprias religiões ou crenças gênero, a questão da legalização do aborto Tatiane Baggio
de seus clientes e instituições. e Lei do Nascituro, intolerância religiosa Psicóloga, conselheira
do CRPRS, membro dos
 LUCIANA – É importante discutir as e racismo, além da discussão sobre a pre-
GTs Nacional e Regional
implicações das crenças, religiosidade ou dominância dos discursos religiosos e im- de Laicidade.
espiritualidade do psicólogo na sua práti- posição de práticas religiosas nas propos-
ca profissional. E como sua prática acolhe/ tas de projeto terapêutico da maioria das Eduardo Hoffmann
repudia essas dimensões do público com comunidades terapêuticas. Muitas dessas Psicólogo, conselheiro
do CRPRS, membro dos
quem trabalha. Por exemplo, o que signifi- demandas estão ligadas a um discurso
GTs Nacional e Regional
ca eu me apresentar como psicóloga cristã? preconceituoso que busca se esconder atra- de Laicidade.
Apenas explicito minhas crenças ou impor- vés de argumentos em defesa de valores,
to práticas religiosas para minhas interven- da vida e da família e que, no fundo, im- Luciana Fernandes
Marques
ções laborais? Toda essa discussão eviden- põem suas próprias ideologias contrárias
Psicóloga, Mestre em
cia o quanto reconhecemos essa dimensão às liberdades de expressão e dos direitos Psicologia Social e
na vida humana e como nos organizamos humanos violando as diferentes formas do da Personalidade e
para abordá-la nos espaços profissionais indivíduo ser no mundo. Doutora em Psicologia
em que o psicólogo está inserido e integrá-  TATIANA – O projeto de decreto legis- pela PUCRS, Pós-
Doutorado em
-la às demais dimensões da vida humana. lativo que pretendia incidir sobre a normativa
Psicologia pela UFRGS e
 TATIANA – A Psicologia é uma ciên- da Psicologia no que se refere à homossexu- pelo ISCTE-IUL, Lisboa.
cia laica. A religiosidade e a espiritualidade alidade e aos parâmetros éticos para o exer- Membro do Grupo de
podem ser objeto de estudo da Psicologia, cício profissional é um exemplo. O discurso Trabalho Psicologia e
Religião da Associação
o que não é o mesmo que a Psicologia ado- religioso que incide na desqualificação moral
Nacional de Pesquisa
tar pressuposto religioso em seus modos de demandas de mulheres por direitos repro-
e Pós-Graduação
de significar o mundo, a condição huma- dutivos, novas configurações familiares, uso em Psicologia e
na e as relações sociais. A Psicologia deve de drogas e seu tratamento, todas essas são da International
se manter laica para que não decorra em questões que tangenciam a laicidade da Psi- Association for the
Psychology of Religion.
prejuízo nos modos de significação de dis- cologia. A posição da Psicologia não se pauta
tintas condições de vida e de subjetivação, em uma dada moralidade pressuposta como Tatiana Lionço
considerando especificidades culturais verdadeira, mas leva em consideração a com- Psicóloga, Mestre e
que também podem abranger distintas re- plexidade das determinações sócio-culturais Doutora em Psicologia
ferências a doutrinas religiosas e mesmo a para compreender a situação particular de pela Universidade de
Brasília, conselheira do
recusa à religiosidade ou expressa afirma- vida e escolhas de indivíduos.
CRP-01. Integra o GT
ção da crença de que Deus não existe. Nacional “Psicologia,
Por que devemos pensar em práticas da Religião e Laicidade”
Que situações ou demandas atuais a Psi- Psicologia baseadas na laicidade? do CFP.
cologia tem discutido e que estão ligadas  EDUARDO – O trabalho do/a
diretamente ao tema? psicólogo/a deve estar alicerçado nas ci-
 TATIANE – Podemos citar os atuais ências psicológicas e nos direitos humanos
discursos fundamentalistas contra o ca- ao invés de crenças individuais. Assim, as
samento gay e a diversidade sexual e de práticas psicológicas estarão promovendo

entre linhas | out-nov-dez 2014 13


entrevista

a saúde e a qualidade de vida da popula- De que forma isso se traduz na prática


ção, para que cada sujeito pense e se po- do/a psicólogo/a?
sicione de forma crítica e consciente sobre  EDUARDO – A Psicologia dialoga
SAIBA MAIS
como pretende viver sua crença. As práti- com a espiritualidade e a religião se man-
Caderno de
cas psicológicas devem estar baseadas na tendo laica quando não induz a convicções
Deliberações
VIII CNP, Eixo II – laicidade por um respeito ao ser humano religiosas, conforme está previsto em nosso
Contribuições éticas, e toda diversidade de crenças e formas de Código de Ética, art. 2º, alínea b. Seus cons-
políticas e técnicas expressá-la, apenas sendo laica a Psicolo- tructos e epistemologias se originam e se
nos processos de
gia poderá acolher essa diversidade. orientam na ciência e não na teologia. Isso
trabalho, proposta
2.14 “Orientação:
 LUCIANA – Devemos pensar em se traduz, na prática psicológica, por uma
laicidade”, página 37 práticas baseadas na laicidade para man- postura ética em olhar o ser humano em
http://bit.ly/ ter a afiliação da Psicologia à ciência tra- sua integralidade, e não a partir de um viés
cad8cnp dicional. Mas boa parte da ciência é ino- religioso/espiritual apenas. Também se tra-
var, desbravar novos caminhos, antecipar duz ao/à psicólogo/a quando se utiliza de
Código de Ética
www.crprs.org.br/ problemas e soluções, então a boa ciência intervenções e práticas que são aceitas e re-
codigoetica é provisória, questionável, (auto)reflexi- conhecidas pelas ciências psicológicas.
va e bastante (auto)crítica. Nesse sentido,  LUCIANA – Enquanto categoria pro-
Movimento
a Psicologia também não deve se fechar fissional, a Psicologia é laica, não adota ne-
Estratégico do
demasiadamente em rótulos, mas manter nhuma religião em particular, mas estuda
Estado Laico
www.meel.org.br fóruns de diálogo com a ciência e com a a relação da religiosidade/espiritualidade
comunidade, estando atenta a exageros no com a saúde e sua expressão no compor-
exercício profissional. tamento humano. Por temor da Psicolo-
 TATIANA – A Psicologia reconhe- gia não ser reconhecida como ciência, há
ce a diversidade social e, portanto, tam- excessiva cautela em aplicar esse conhe-
bém reconhece a diversidade religiosa e cimento na atuação profissional do psicó-
a existência de grupos e indivíduos que logo – embora tenha diminuído muito na
não adotam religião. A espiritualidade é última década. Na prática do psicólogo
uma importante dimensão da subjetivi- isso se traduz no reconhecimento de que
dade, embora não dependa, necessaria- a religiosidade/espiritualidade é uma di-
mente, da religiosidade, e a Psicologia mensão humana imbricada com todas as
expressamente se afirma contrária a toda outras dimensões e que pode ser fonte tan-
forma de fundamentalismo religioso, ou to de saúde quanto de adoecimento.
seja, modos de imposição de moralidades  TATIANA – O profissional de Psico-
com base em preceitos religiosos, resguar- logia deve considerar a religiosidade e a
dando o reconhecimento da diversidade espiritualidade, quando forem expressas
social, cultural e subjetiva. pelas pessoas, como significativas em seus
modos de subjetivação e vida. Assim como
A Psicologia pode dialogar com a espiri- é equívoco ético associar a sua própria fé
tualidade e a religião se mantendo laica? religiosa no exercício profissional, o profis-

14 entre linhas | out-nov-dez 2014


sional viola o código de ética ao desconsi- tiva. Desde 2013, a Psicologia tem integra-
derar, inferiorizar ou mesmo patologizar a do o Movimento Estratégico pelo Estado
expressão de fé de pessoas que se coloquem Laico, organização que contou com o CFP
SAIBA MAIS
sob seus cuidados. A importância da manu- em sua articulação e que agora conta com CRPRS participou do
tenção da laicidade no exercício profissio- apoio do Sistema Conselhos. Seminário Nacional
nal é justamente a de garantir o reconheci- do Movimento
Estratégico pelo
mento de subjetividades na perspectiva da Como o/a psicólogo/a pode trabalhar sua
Estado Laico (MEEL),
alteridade, ou seja, considerando o campo própria crença religiosa e sua espirituali-
realizado de 26 a
de significações dos próprios sujeitos em dade sem que isso interfira em sua prática? 28 de agosto em
seus modos de vida e de subjetivação.  EDUARDO – Separando uma da ou- Brasília.
tra, não vinculando em sua prática pro- http://bit.ly/CRPRS_
Meel
De que forma a Psicologia pode contri- fissional e não usando sua própria crença
buir para o fortalecimento do Estado Lai- como um diferencial profissional. Manifesto do
co e, ao mesmo tempo, combater situa-  LUCIANA – Talvez seja interessante Movimento
ções de violações de direito? que sua espiritualidade interfira na prática Estratégico pelo
 TATIANE – A consideração das di- profissional! Não podemos supor que a reli- estado laico
http://bit.ly/
ferenças morais, culturais, religiosas e das gião ou espiritualidade possuem uma inter-
manifesto_MEEL
práticas sociais é fundamental para a cons- ferência negativa tomando exemplos nega-
trução da democracia, sendo o Estado lai- tivos como o caso da cura gay. O problema
co a condição para que as diferenças não não é a religião, é o que as pessoas fazem a
sejam assoladas por projetos políticos de partir dela. O sujeito fanático, fundamenta-
segregação, marginalização e desqualifica- lista e extremista levará essas características
ção. É preciso buscar o diálogo entre a Psi- consigo, mesmo sendo ateu. Se ter crenças
cologia e outras categorias profissionais, e espiritualidade é ter um bom coração, pa-
somar-se às parcerias com grupos sociais, rece urgente que essa interferência ocorra.
falar sobre esses temas junto à sociedade. Não precisamos de mais profissionais tec-
 LUCIANA – A Psicologia pode con- nicistas e pouco humanizados.
tribuir para o Estado Laico adotando uma  TATIANA – Como quaisquer outros
postura de respeito pela diversidade reli- fatores pessoais: reservando para si espa-
giosa/espiritual, de escuta das variadas ço de elaboração de seu próprio campo de
proposições e engajamento em discussões significações sobre o mundo, a vida e si
múltiplas que incluam tanto profissionais, mesmo. Como outras convicções morais,
pesquisadores quanto pessoas da comuni- o profissional deve saber manter distân-
dade e oriundas das variadas tradições. cia entre seus próprios valores pessoais e
 TATIANA – A Psicologia é um im- os valores e modos de vida de outrem, de
portante ator social de enfrentamento do modo a não reduzir o outro a si mesmo.
fundamentalismo religioso, ao reafirmar a Este é um exercício ético que exige análise
necessidade de reconhecimento e respeito pessoal e supervisão-intervisão na condu-
à diversidade social e à diversidade subje- ção dos trabalhos.

entre linhas | out-nov-dez 2014 15


controle social

Controle Social e a Psicologia


Controle Social é aquele que o cidadão, as nas instâncias de controle social por
em um contexto democrático, pode exercer acreditar que o conhecimento técnico dos
sobre o Estado por meio da participação na profissionais da área pode contribuir na
gestão, da fiscalização, do monitoramento construção de políticas públicas. Além
e do controle das ações da administração disso, seus representantes, a partir de suas
pública, o acompanhamento das políticas, regiões de intervenção, tornam-se inter-
sendo, assim, um importante mecanismo locutores e referência para os/as demais
de fortalecimento da cidadania. psicólogos/as locais, ampliando, assim, o
SAIBA MAIS
Acesse www.crprs.org. De forma geral, a participação no Con- debate da Psicologia como protagonista
br/controlesocial para trole Social permite que os cidadãos possam das políticas públicas das diversas regiões.
saber mais sobre Con- intervir na tomada da decisão administrati- Atualmente o CRPRS possui cadeiras
trole Social. Dúvidas va, orientando a administração pública para em diversos conselhos de direito e está
poderão ser escla- que adote medidas que realmente atendam aberto a assumir novas vagas, de acordo
recidas pelo e-mail
ao interesse público e, ao mesmo tempo, com seus posicionamentos. É importan-
crepop@crprs.org.br.
possam exercer controle sobre a ação do Es- te destacar que a representação feita pelo
tado, exigindo que o gestor público preste profissional da Psicologia nos espaços de
contas de sua atuação. Esse envolvimento controle social não possui caráter indivi-
na gestão pública é um direito assegurado dual, deve expressar concepções, orienta-
pela Constituição Federal, permitindo que ções e diretrizes formuladas ou definidas
os cidadãos não só participem da formu- pela categoria. Ao assumir o lugar de re-
lação das políticas públicas, mas, também, presentação na instância de controle so-
fiscalizem de forma permanente a aplicação cial, o/a psicólogo/a compromete-se a
dos recursos públicos. defender, necessariamente, as orientações
O Conselho Regional de Psicologia e posicionamentos do Conselho Regional
do Rio Grande do Sul (CRPRS) e o Con- de Psicologia, assim como os do Conselho
selho Federal de Psicologia (CFP) esti- Federal de Psicologia frente às questões
mulam a participação dos/as psicólogos/ que se encontram em debate.

Os espaços de atuação dos psicólogos no controle social são:

ÁREA ABRANGÊNCIA
Saúde Estadual e Municipal
Assistência Social Estadual e Municipal
Direitos da Criança e do Adolescente Municipal
Políticas sobre Drogas Estadual e Municipal
Direitos da Mulher Municipal

16 entre linhas | out-nov-dez 2014


Municípios onde
CRPRS tem
representações
no Controle
Social

Quer representar o
CRPRS nos Conselhos
de Direito?
Se você é psicólogo/a e tem interesse em re-
presentar o CRPRS em algum conselho de direi-
to, acesse o Cadastro de Interesse de Psicólogo/a
– Representação no Controle Social.
Disponível em www.crprs.org.br/contro-
lesocial. O pedido será avaliado, considerando
os critérios estabelecidos para se constituir a
representação e interesses do CRPRS. Os repre-
sentantes devem participar das atividades pro-
Conselhos de Direitos
movidas pelo CRPRS. O CRPRS recebe pedidos para indicação de
Critérios para candidatar-se à representação: psicólogos/as para assumir vagas em Conselho
• Ser psicóloga/o devidamente inscrito no de Direitos. Após aprovada a participação do
CRPRS; CRPRS na instância e realizada a indicação de ti-
• Preencher cadastro de interesse em www. tular e suplente para a vaga, por meio da Comis-
crprs.org.br/controlesocial são de Políticas Públicas (sede), dos Núcleos de
• Ter conhecimento/aproximação relaciona- Políticas Públicas (nas subsedes) ou dos núcleos
do à temática e ao município do Conselho gestores das subsedes, é feita a comunicação ofi-
de direito; cial à instituição solicitante.
• Estar adimplente com as anuidades do CRPRS; Conselhos de Direito que tenham interesse
• Disponibilizar-se a participar sistematica- em ter o CRPRS compondo seu conjunto de con-
mente das reuniões da Comissão de Políticas selheiros, devem acessar o Cadastro de interesse
Públicas (sede) ou Núcleos de Políticas Públi- de Conselho de Direito – Representação no Con-
cas (subsedes) e dos encontros de discussão trole Social, disponível em www.crprs.org.br/
do controle social promovidos pelo CRPRS. controlesocial.

entre linhas | out-nov-dez 2014 17


crepop

O que é ser um/a


psicólogo/a das políticas
públicas? O que fazer
quando se está por lá?
O que são as políticas públi- cos normativos ações intencio- tradições estruturais e interesses
cas para os/as psicólogos/as? nais do Estado voltadas para as diversos. Ele se constrói marca-
Além de um campo de atuação coletividades. O objeto de traba- do por disputas. É mister analisar
no qual se materializam direitos lho desenhado são as relações, com quais interesses nossas prá-
constitucionais, um mercado de estabelecidas entre o indivíduo e ticas encontram-se alinhadas. A
trabalho em franca expansão. É os coletivos, construídas em seus que forças estamos servindo? Em
possível pensar o trabalho como territórios de vida. O método que direção nossas habilidades e
sendo um ofício. Enquanto fabri- preconizado é o de articulação de competências estão sendo convo-
cam produtos, os homens se pro- diversas ofertas do Estado, e das cadas? Que trabalhos essas con-
duzem.. Pensando sobre o ofício comunidades, para atender as vocações estão produzindo? É na
do/a psicólogo/a, qual o objeto múltiplas necessidades dos sujei- leitura cuidadosa deste campo de
de seu fazer? Que ferramentas tos, dos grupos e dos territórios. tensão e na construção de respos-
ele usa? Qual método orienta sua A produção de autonomia e cons- tas a estas, e outras, questões que
ação? Qual objeto/objetivo a ser trução da cidadania estão postas os/as oficineiros/as psicólogos/
produzido com o seu trabalho? como horizontes aos quais se al- as estão trabalhando na remo-
O contexto que engendrou a meja chegar com as intervenções. delação da Psicologia enquanto
profissão do psicólogo definiu o Ser um/a psicólogo/a das ofício, podendo assim contribuir
indivíduo e suas relações consigo políticas públicas significa re- efetivamente para a consolidação
mesmo como objeto de trabalho; conhecer a mudança da oficina do Estado Democrático de Direi-
a psicoterapia e o aconselhamen- na qual passamos a trabalhar. to no Brasil.
to – seja individuais ou grupal É estar disposto a alinhar nosso
– orientada por um diagnóstico objeto/objetivo de trabalho com André Sales
Assessor Técnico de Políticas Públicas
psicopatológico, como instru- aquele traçados nas diretrizes
mento/método de excelência que orientam a política pública Edson Knevitz Silva e Fernanda Carrion
para a intervenção e a diminui- na qual atuamos. E, ainda, colo- Estagiários

ção do sofrimento daquele que car nossas competências e habi- Alexandra Ximendes
se atende como objetivo a ser lidades na direção da defesa ra- Conselheira de Referência
alcançado com a intervenção. dical da autonomia dos sujeitos e
As demandas oriundas das po- das coletividades e da construção
líticas públicas têm exigido uma de uma cidadania ativa.
releitura tanto no nosso objeto/ Ainda que as intencionalida-
objetivo de trabalho, quanto do des das políticas públicas estejam
nosso instrumento prioritário alinhadas aos marcos constitucio- Acesse www.crprs.org.br/en-
para a intervenção. As políticas nais do Estado brasileiro, o cam- trelinhas68 e leia o texto do
públicas definem em seus mar- po do público é formado por con- Crepop na íntegra.

18 entre linhas | out-nov-dez 2014


orientação

Orientações aos/às profissionais


que atuam na Clínica
Psicológica em consultório
Para atuação na Clínica (atendimento psi- ários ou beneficiários dos serviços, confor-
cológico, avaliação psicológica e psicoterapia), me Artigo 1° alínea "d" do Código de Ética
o/a psicólogo/a deve estar regularmente ins- Profissional do/a Psicólogo/a. Incluindo a
crito no CRPRS, no Instituto Nacional de Se- atenção a outras legislações, como o Códi-
guridade Social (INSS) de sua cidade e junto à go de Proteção e de Defesa do Consumidor.
Prefeitura Municipal para cadastro de ISSQN. Para pautar seus honorários, o/a
O/A profissional deve, também, escolher psicólogo/a poderá utilizar a Tabela Refe-
um espaço físico adequado, considerando si- rencial de Honorários que é disponibilizada
gilo e confidencialidade, além de lugar apro- pelo Sistema Conselhos, sendo sua elabora-
priado para a guarda do material técnico e de ção e atualização feitas pela FENAPSI – Fe-
atendimento. É obrigatório o registro docu- deração Nacional dos Psicólogos e CFP. Os
mental sobre a prestação de serviços psicoló- valores são meramente sugestivos e não há
gicos que não puder ser mantido, prioritaria- obrigatoriedade de adotá-los. Também é pos-
mente, sob a forma de prontuário psicológico, sível disponibilizar atendimentos psicológi-
por razões que envolvam a restrição do com- cos por meio de planos de saúde, devendo
partilhamento de informações com o usuário procurar diretamente a operadora de planos
e/ou beneficiário do serviço prestado. de saúde, para informações sobre a forma de
O registro documental, em papel ou contratação Também, a Agência Nacional de
informatizado, tem caráter sigiloso e reú- Saúde Suplementar (ANS) pelo site www.
ne informações que contemplam, de forma ans.gov.br ou pelo telefone 0800-7019656.
sucinta, o trabalho prestado, a descrição Lembrando que para o exercício profissio-
e a evolução do caso e os procedimentos nal adequado o/a profissional deve pautar-se
técnico-científicos adotados. Deve ser man- na constante atualização, mantendo-se cons-
tido permanentemente atualizado e organi- tantemente atualizado teórica, técnica e etica-
zado pelo/a psicólogo/a que acompanha mente e estar atento às resoluções da profissão
o procedimento. A guarda desses registros e demais legislações que envolvam o atendi-
de atendimento, individual ou de grupo, mento de pacientes. Afinal, o/a psicólogo/a
é de responsabilidade do/a profissional em seu consultório também é um/a profissio-
Recorte e colecione

psicólogo/a e obedece ao disposto no Códi- nal que se ocupa da saúde coletiva.


go de Ética Profissional e à Resolução CFP nº
Área Técnica
07/2003, que institui o Manual de Documen- Lucio Fernando Garcia – Coord. da Área Técnica
tos Escritos, produzidos pelo/a psicólogo/a, Adriana Dal Orsoletta – Psicóloga Fiscal
Flavia Cardozo de Mattos – Psicóloga Fiscal
decorrente de avaliação psicológica. Leticia Giannechini – Psicóloga Fiscal
O/A psicólogo/a ao anunciar seus ser- Lucia Regina Cogo – Psicóloga Fiscal

viços indicará sempre seu nome (pessoa fí-


sica) e o número de inscrição (nº CRP), bem A Área Técnica do CRPRS está à disposição da
como as capacitações que possua e endere- categoria e da sociedade para orientação:
Pelo e-mail orientec@crprs.org.br | Pelo
ço atualizado para contato.
telefone (51) 3334-6799 | Pessoalmente, na sede
Ao estabelecer um contrato de serviços do CRPRS em Porto Alegre, de segunda a quarta das
deverá levar em conta os direitos dos usu- 9h às 17h, e quinta e sexta das 9h às 12h.

entre linhas | out-nov-dez 2014 19


Endereço para Devolução:
Agência de Correios Avenida Protásio Alves - CEP: 90410-970

agenda USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereço insuficiente


[ ] falecido [ ] não existe o número indicado
[ ] recusado [ ] desconhecido
[ ] não procurado [ ] inf.porteiro/síndico
[ ] mudou-se [ ] outros (especificar)
.....................................................................................

____/____/______ _________________________
data rubrica do responsável

_________________________
VISTO

Curso Formação em Psicoterapia Especialização Instituições em


Psicanalítica
 Análise
Psicologia Aplicada à Aviação Início em 10/03/2015
 Início em 13/03/2015
19 a 30/01/2015 Porto Alegre / RS 
 Porto Alegre/RS
Porto Alegre / RS Informações: (51) 33313781 / (51) Informações: (51) 3308.2926
Informações: (51) 3519.8221/ (51) 92497139
 (somente sextas-feiras à tarde)
9551.8221 contato@gaepsi.com.br 
 instemanalise@ufrgs.br
bauer.rosana@gmail.com www.gaepsi.com.br http://bit.ly/1vhZBeB
www.abordofatoreshumanos.com.br
Especialização em Psicoterapia de
Curso de Aperfeiçoamento em Especialização Orientação Analítica
Terapias Cognitivas Início em março de 2015
Início em março de 2015 Especialização na Teoria e Técnica Porto Alegre / RS
Porto Alegre / RS de Intervenção na Relação Pais- Informações: (51) 3330.5655
Informações: (51) 3332.3249 Bebês crsilva@hcpa.ufrgs.br
daniela.lumertz@wainerpsicologia. Inscrições até 12/12/2014 www.celg.org.br
com.br Porto Alegre/RS
www.wainerpsicologia.com.br Informações: (51) 3311.3008 Especialização em Psicoterapia
itipoa@itipoa.com.br Psicanalítica
www.itipoa.com.br Início em 11/03/2015
Extensão Porto Alegre/RS
Programa de atualização em Especialização em Psicoterapia de Informações: (51) 3209.6524
Terapia Cognitiva-comportamental Orientação Psicanalítica – Adultos esipp@esipp.com.br
Inscrições até 15/12/2014 Inscrições até 12/12/2014 www.esipp.com.br
Porto Alegre/RS Porto Alegre / RS
Informações: (51) 9251.4066 Informações: (51) 3311.3008 Especialização em Psicoterapia
f3representacao@gmail.com itipoa@itipoa.com.br Cognitiva
www.itipoa.com.br Início em 01/04/2015
Porto Alegre/RS
Formação Especialização em Psicoterapia Informações: (51) 3273.5224 / (51)
de Orientação Psicanalítica da 8023.4890
Formação em Terapia do Esquema
Adolescência portoalegre1@institutowp.com
Início em março de 2015
Inscrições até 12/12/2014 www.institutowp.com
Porto Alegre / RS
Porto Alegre/RS
Informações: (51) 3332.3249
Informações: (51) 3311.3008
daniela.lumertz@wainerpsicologia.
itipoa@itipoa.com.br Jornada
com.br
www.itipoa.com.br
www.wainerpsicologia.com.br/ XI Jornada CELPCYRO sobre Saúde
ensino Mental
Especialização em Neuropsicologia
Clínica 26/06/2015
Formação em Psicoterapia de Porto Alegre / RS
Orientação Psicanalítica Início em 27/02/2015
Florianópolis/SC Informações: (51) 3388.4944
05/03/2015 a 15/12/2017 atendimento@gweventos.com.br
Porto Alegre/RS Informações: (61) 3226.3002 / (61)
8129.9428 www.celpcyro2015.eventize.com.br
Informações: (51) 3333.4801
iepp@iepp.com.br weber@ibneuro.com.br
www.iepp.com.br www.ibneuro.com.br

20 entre linhas | out-nov-dez 2014

Você também pode gostar