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Número 68
Out-Nov-Dez 2014
RELAÇÕES RACIAIS E
PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE
O Sistema Conselhos de Psicologia vem há alguns anos trabalhando Publicação trimestral do Conselho
Regional de Psicologia do
a questão da perspectiva de gênero na comunicação, tanto para a catego- Rio Grande do Sul
ria, como para a sociedade. Desde setembro, o CRPRS passou a utilizar
Comissão Editorial: Alessandra Xavier
“/a”, destacando o artigo feminino em posição de igualdade, afinal as Miron, Luciane Engel e Tatiane Baggio.
mulheres representam mais de 90% de nossa categoria. Entendemos que,
Jornalista Responsável:
ao utilizarmos “psicólogo(a)”, com o “a” entre parênteses, a equivalência Aline Victorino – Mtb 11602
entre os gêneros não é respeitada, já que esse sinal de pontuação marca o Estagiário de Jornalismo:
Juliano Zarembski
acréscimo de uma informação acessória, que poderia ser suprimida sem Redação: Aline Victorino
prejuízo. Por isso, optamos pelo uso de “psicólogo/a”. Relações Públicas:
Belisa Giorgis / CONRERP/4–3007
Assim, nesta edição do EntreLinhas, você, psicólogo/a, é Nadia Miola / CONRERP/4–3008
convidado/a a pensar sobre as relações raciais e a produção de subje- Eventos: Adriana Burmann
Comentários e sugestões:
tividade. Como a desigualdade racial pode afetar as diversas áreas da imprensa@crprs.org.br
vida e o cotidiano? Quais os efeitos psicossociais do preconceito racial
Endereços CRPRS:
e do racismo na constituição da subjetividade tanto daquele que co- Sede:
Av. Protásio Alves, 2854/301
mete quanto daquele que recebe essas violências? Essas são algumas Porto Alegre
questões abordadas na reportagem principal desta edição. CEP: 90410-006
Fone/Fax: (51) 3334-6799
No espaço dedicado a entrevistas, abordamos o tema “Psicolo- crprs@crprs.org.br
gia, Religião e Espiritualidade: como dialogar?”, destacando a opi-
Subsede Serra:
nião de quatro psicólogos/as sobre essa polêmica relação. O tema é Rua Coronel Flores, 749/505 – Caxias do Sul
de extrema importância para a profissão, pois, embora o Brasil seja CEP: 95034-060
Fone/Fax: (54) 3223-7848
um país declaradamente laico, algumas religiões tentam interferir caxias@crprs.org.br
no Estado e alterar leis e políticas públicas. Como exemplo, podemos
Subsede Sul:
citar o Projeto da “cura gay” que envolveu diretamente a Psicologia. Rua Félix da Cunha, 772/304 – Pelotas
Além disso, nessa edição apresentamos informações sobre o Contro- CEP: 96010-000
Fone/Fax: (53) 3227-4197
le Social, reflexões sobre o que é ser um/a psicólogo/a das políticas pú- pelotas@crprs.org.br
blicas e orientações aos/às profissionais que atuam na Clínica Psicológica
Subsede Centro-Oeste:
em consultório, atendendo a demandas que chegam da categoria. Rua Mal. Floriano Peixoto, 1709/401
Aproveitamos este espaço para desejar, a todas psicólogas e to- Santa Maria
CEP: 97015-373
dos psicólogos, um 2015 de novas mobilizações e articulações em Fone/Fax: (55) 3219-5299
santamaria@crprs.org.br
defesa da profissão. Venha conosco e participe!
Projeto Gráfico e Diagramação:
Tavane Reichert Machado
Ilustrações: Marcia Guimarães Spies e
Calendário 2015
Liziane Minuzzo
Impressão: Gráfica Pallotti
Tiragem: 15.000 exemplares
Distribuição gratuita
Nesta edição do jornal EntreLinhas você está recebendo um Ca-
www.crprs.org.br
lendário 2015, produzido pelo CRPRS com a participação da catego-
ria. A campanha “Mostre a Pluralidade do Seu Olhar” reuniu fotos de
psicólogos/as sobre o tema diversidade.
twitter.com/crprs
Acesse www.crprs.org.br/calendario2015 e saiba mais facebook.com/conselhopsicologiars
sobre cada uma das fotos selecionadas. youtube.com/crprs
Sumário
04 FIQUE ATENTO 11 RELATO DE EXPERIÊNCIA 18 CREPOP
Os fazeres (e prazeres) psi em O que é ser um/a psicólogo/a
desvios e contraversos das políticas públicas? O que
05 RELAÇÕES RACIAIS fazer quando se está por lá?
Assédio Moral
no Trabalho
Psicólogos/as devem estar aten-
tos/as a situações humilhantes e
constrangedoras, repetitivas e pro-
longadas, que acontecem durante a
jornada de trabalho, desestabilizando
a relação do trabalhador com o am-
biente e a organização. O CRPRS vem
discutindo o tema no GT de Psicologia
do Trabalho na Subsede Serra, em ro-
das de conversa na Sede com psicólo-
gos/as que trabalham com Psicologia
organizacional e do trabalho, além
de acompanhar Projetos de Leis em
diversos municípios e iniciativas do
Ministério Público do Trabalho.
Em 14/11, o Conselho promoveu, em
Redução da Maioridade Penal parceria com o Centro de Referência em
O Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul vem dis- Saúde do Trabalhador e Sindicato dos
cutindo o tema da redução da maioridade penal, reforçando o posicio- Metalúrgicos de Caxias do Sul, o I Semi-
namento do Conselho Federal de Psicologia, contrário a essa estratégia. nário "Meu Trabalho Está me Enlouque-
É preciso considerar alternativas para o adolescente em conflito com a cendo!" – Intervenções em Saúde Mental
lei, como a Justiça Restaurativa e a responsabilização já prevista pelo do Trabalhador em Caxias do Sul. Acesse
próprio Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). http://bit.ly/ISeminarioTrabalho e saiba
Para o CFP, manifestações favoráveis à redução da maioridade penal mais sobre o que foi discutido no evento.
têm ocorrido de forma simplista e reducionista em nossa sociedade. Por
isso, é fundamental ampliarmos o debate sobre o tema. É preocupante o
desconhecimento ou a distorção dos dados da realidade, a homogenei-
zação dos sujeitos, a patologização e a criminalização das condutas dos Confira o documentário "A dor (in)
adolescentes, tudo isso em nome da “justiça”, que vem sendo apresen- visível – Assédio Moral no Trabalho",
tada como sinônimo de punição e aprisionamento. uma realização do Ministério Público
do Trabalho no RS – Procuradoria do
Trabalho no Município de Caxias do Sul
O Núcleo do Sistema Prisional do CRPRS preparou um texto e do Ministério do Trabalho e Emprego
abordando essa questão. Leia em www.crprs.org.br/entrelinhas68. (MTE) – Superintendência Regional do
O Conselho Federal de Psicologia apresenta seu posicionamento Trabalho e Emprego em Caxias do Sul.
no texto “Redução da idade penal: socioeducação não se faz com http://bit.ly/video_assedio_moral
prisão” do reflexões sobre o tema. Confira: http://bit.ly/CFP_ Legislação sobre o tema pode ser
reducao_idade_penal. acessada em www.assediomoral.org.
Valter da Mata –
Psicólogo, mestre
em Psicologia Social,
estudioso de Psicologia
e Relações Raciais,
professor da Unime –
Lauro de Freitas e da
Faculdade da Cidade
do Salvador. Membro
da Comissão Nacional
de Direitos Humanos
do Conselho Federal de
Psicologia.
Débora Barbosa
Bauermann – Psicóloga.
Analista de Ação
Social Jr. do Núcleo
de Estudos Afro-
A questão racial permeia as relações crença, negros e indígenas brasileiros não so-
interpessoais e subjetivas. Diante disso, de freriam discriminação se tivessem dinheiro e
que forma a Psicologia vem discutindo os vivessem uma vida que ilustrasse essa pos-
efeitos do preconceito racial na constitui- se”. Para o psicólogo, muitas vezes, as práti-
ção da subjetividade de negros e brancos? cas racistas fazem parte do repertório com- SAIBA MAIS:
Como os/as psicólogos/as podem contri- portamental do/a próprio/a psicólogo/a. Leia entrevistas
buir em seu cotidiano de trabalho – seja ele na íntegra em
Débora Barbosa Bauermann acredita
www.crprs.org.br/
em políticas públicas, clínicas privadas ou que o racismo é um problema estrutural
entrelinhas68.
organizações – para combater o racismo? de nosso país, vivenciado pelos sujeitos
Para aqueles que se dedicam ao campo negros, mas com pouca visibilidade devi-
das relações raciais, reconhecer que vive- do à branquitude normativa em que nos
mos em uma sociedade racista é o primei- subjetivamos. “Afinal, o ‘racismo à brasi-
ro passo para enfrentar esse problema e leira’ pode ser considerado como um ‘ra- Conceito utilizado
corrigir desigualdades. cismo sem racistas’, como aponta pesquisa por pesquisadores
Valter da Mata defende a necessidade do Instituto Data Popular”. Dados prelimi- das relações raciais
de superar a crença da existência de uma que diz respeito à
nares dessa pesquisa, divulgados em 2014,
construção sócio-
democracia racial. “Boa parte dos brasilei- apontam que 92% dos brasileiros conside-
história em que ser
ros acredita que não existe racismo no Brasil ram que existe racismo no Brasil, mas so- branco é tido como
e, sim, discriminação social. Segundo essa mente 1,3% se considera racista. norma, essência.
Glaucia Fontoura – Isso reflete o pensamento de que ser ra- em branco e não branco, elege o branco
Psicóloga. Membro cista é ter uma atitude pontual discrimina- como padrão de normalidade a ser segui-
da Articulação de tória contra negros. “É muito comum escu- do e, com isso, estabelece uma relação hie-
Psicólogas(os) Negras(os) tarmos falas como ‘não sou racista, tenho rárquica de poder entre esses grupos. “O
e Pesquisadoras(es) –
amigos negros’ ou ‘não sou racista, minha preconceito racial, como todos os precon-
ANPSINEP. Saiba mais
bisavó era negra’. O racismo está sempre ceitos, conduz a um tipo de negação das
sobre a ANPSINEP em
www.crprs.org.br/ fora, no outro. Muitos de nós, psicólogos/ diferenças que acaba por ser um apaga-
entrelinhas68. as, ainda dizemos ‘não sou racista, trato to- mento do outro enquanto pessoa que deve
dos usuários/pacientes/clientes, iguais’. ter seus direitos respeitados pelo Estado e
Eliana Xavier –
Precisamos avançar nesse sentido e buscar pela sociedade”.
Psicóloga, mestranda
a equidade”, afirma Débora. Devido a isso, Valter acredita que os
no Programa de
Pós-Graduação em Para Valter, a cultura brasileira, de uma não brancos tendem a se constituir de
Psicologia pela PUCRS. forma geral, é atravessada pelo machismo, forma conflituosa e dolorosa. “Não res-
racismo e a homofobia. “Estar fora desses tando outras formas possíveis de identi-
Taiasmin Ohnmacht
grupos de privilégio significa, em maior ficação, cabe a esses sujeitos a construção
– Psicóloga, pós-
ou menor grau, ser vítima de discrimina- identitária fragilizada e fundamentada
graduada em
Assessoria Linguística. ção. As instituições continuam produzin- no branqueamento”.
do discriminações baseadas na cor da pele, Para os negros, conviver com referên-
dentre outros trações fenotópicos”. cias na cultura que estejam associadas ape-
Além disso, a visão eurocêntrica e detur- nas à escravidão ou a lugares marginaliza-
pada a respeito da contribuição dos negros dos, é uma violência social intrínseca com
SAIBA MAIS: para formação do Brasil não contempla a a qual o negro tem que lidar. ”Não é um
Relações Raciais: diversidade étnico-racial. “Dissemina estere- percurso que se faça sem arranjar algumas
Referências Técnicas ótipos negativos de tudo que se refere ao con- feridas, é preciso reconstruir sua autoesti-
para a Prática do(a) tinente africano. As escolas ainda hoje repro- ma e o significado de sua identidade negra
Psicólogo(a) duzem a história do negro contada somente para si mesmo e ainda sustentá-la perante
http://bit.ly/CREPOP_
a partir da escravidão e de forma distorcida, a comunidade branca”, declara Taiasmin.
Relacoes_Raciais
como se tivessem aceitado passivamente o re- Outro efeito do racismo extremamente
EntreLinhas nº 61 – gime escravocrata”, explica Débora. perverso é a culpabilização dos sujeitos
Reportagem “A questão Surgem, a partir disso, os efeitos do ra- negros pela discriminação sofrida. “Escu-
racial e os Direitos cismo ou do preconceito que incidem, di- tamos muitas falas como ‘o negro que dis-
Humanos”
retamente, na construção da identidade e crimina a si próprio’. Precisamos ampliar
http://bit.ly/
entrelinhas61
formação da autoestima. “Embora a consti- nossa escuta e não sermos reprodutores de
tuição diga que somos todos iguais perante ideais como esse, em que o branco devolve
Debate “Racismo: O que a lei, ações racistas perpetuadas ao longo o problema da discriminação racial para o
a psicologia tem a ver dos anos cristalizaram sentimentos de infe- sujeito negro”, afirma Débora.
com isso?” realizado no
rioridade e de não pertencimento a muitos Os/As psicólogos/as têm importante
CRPRS em 2012.
http://bit.ly/debate_
de nós negros brasileiros”, afirmam as psi- participação na mudança dessa realidade.
racismo2012 cólogas Glaucia Fontoura e Eliana Xavier. É necessário trabalhar na construção de
Taiasmin Ohnmacht destaca que há sentidos positivos centralizados na negri-
um padrão social que divide a população tude que ande na contramão da construção
Blogueiras Negras
http://bit.ly/
blogueiras_negras
Livro “O espelho
quebrado da
branquidade” de
Adevanir Pinheiro.
Documentário
“O Lado Negro do
Chocolate” de Miki
Mistrati.
social do branco como agente central. “A Grande do Sul ganharam visibilidade na-
construção da identidade positiva somen- cional, evidenciando a necessidade de se
te será possível quando estabelecermos ampliar o debate.
uma relação profícua com o nosso corpo, “Os episódios nos mostraram que vive-
mesmo que esse corpo não corresponda ao mos em um estado racista e preconceituo-
SAIBA MAIS:
ideário cultural vigente dessa sociedade so de diversas formas”, destaca Taiasmin.
Conheça o trabalho do GT
racista”, defendem Glaucia e Eliana. Para ela, o apoio aos responsáveis pelos Relações Raciais do CFP
“Precisamos ser sensíveis ao sofrimen- atos discriminatórios, procurando rever- acessando
to psíquico e às exclusões causadas pelo ter a agressão, culpando a própria vítima, www.crprs.org.br/
racismo e que muitas vezes os próprios é preocupante. “Não considero acaso que entrelinhas68.
sujeitos negros não conseguirão nomeá-lo. um deputado com uma fala extremamente
Trazer à tona a suposta neutralidade do agressiva contra as minorias tenha se elegi-
branco, que faz com que uma grande par- do como um dos mais votados no estado”.
cela da sociedade tenha privilégios e não Na opinião de Glaucia e Eliana, esses
os perceba, pois é um lugar naturalizado. episódios representaram uma vitória do
Não podemos ser reprodutores desta ide- movimento negro. “Os recentes eventos
ologia em nossas práticas profissionais. A escancaram uma parte do que a população
branquitude precisa ser desvelada se real- negra vivencia no seu cotidiano nas rela-
mente buscamos contribuir com a luta an- ções com as instituições da saúde, traba-
tirracista”, acredita Débora. lho, educação”.
Em 2014, diversos episódios de ra- Como psicóloga negra, Taiasmin relata
cismo e injúria racial ocorridos no Rio a necessidade que muitos profissionais ne-
gros têm de comprovar sua competência. feras sociais por meio de políticas afirma-
“O negro não corresponde ao imaginário tivas. “As universidades, antes ocupadas
que as pessoas têm dos psicólogos. Dificil- somente por brancos, começam a ‘enegre-
mente uma pessoa me vê como psicóloga, cer’. Isso incomoda a quem sempre viveu
PARTICIPE DA a menos que eu diga”. no ‘mundo dos brancos’. Alguns muros
DISCUSSÃO:
O debate em torno das relações raciais entre o ‘mundo dos negros’ e o ‘mundo
O CRPRS promove o
debate das relações
se fortalece na medida em que a presença dos brancos’ começam a ser derrubados”,
raciais nas Comissões do negro vai crescendo em diferentes es- destaca Débora.
e Núcleos de Direitos
Humanos e Políticas
Públicas. Participe
dos encontros e
contribua com este
Racismo Institucional
debate. Acompanhe Presente em diversas situações de nos- Comissão de Direitos Humanos da Pro-
agenda de reuniões so cotidiano, o racismo institucional é o curadoria Geral do Estado, esclareceu a
em www.crprs.org. mais difícil de ser enfrentado, por já estar diferença entre o racismo que acontece na
br/comissoesegts.
naturalizado em nossa sociedade. “Esse instituição e o racismo institucional. “Ra-
tipo de racismo está no dia a dia e passa cismo institucional é quando normas ou
Reunião temática indiferente. As pessoas condenam atitudes atitudes da instituição não têm, em princí-
sobre o tema Racismo de injúria racial e não o racismo institucio- pio, a intencionalidade de discriminar, mas
Institucional nal que é menos explícito”, afirma Alisson o resultado é a discriminação. Está ligado,
http://bit.ly/racismo_ Batista, estudante que integra o Coletivo geralmente, a conceitos eurocêntricos do
institucional Negração e que participou de evento no Estado e a privilégios da branquitude”.
CRPRS sobre racismo institucional. O Como exemplo, Gleidson citou o caso de
Coletivo Negração Coletivo Negração surgiu em torno do ra- uma menina negra que foi impedida pela
http:// cismo institucional enfrentado pelos estu- Polícia Federal de tirar seu passaporte,
coletivonegracao. dantes negros dentro da universidade. porque o sistema não permitia fotos com
blogspot.com.br
No evento, Gleidson Dias, assessor da cabelos black power.
Vanessa Perini
Moojen – Assistente
Social do Centro
de Atendimento ao
Migrante (CAM).
Tatiane Baggio,
Psicóloga,
Conselheira do
CRPRS.
Imigração em pauta
Encontrar um bom trabalho, ajudar a Vemos, porém, que a xenofobia e o
família e viver uma vida digna e em paz racismo em nossa sociedade, apresentam-
é a expectativa e o sonho de centenas de -se fortemente, sinalizando que a presen-
imigrantes senegaleses, haitianos, gane- ça de imigrantes, principalmente negros,
ses, entre outros, que vieram para o Bra- é um incômodo para muitos de nós. Com
sil, dirigindo-se, especificamente, para isto, nos deparamos com notícias de pro-
Caxias do Sul e alguns municípios da fissionais de diferentes áreas esquecendo-
Serra gaúcha. Essa expectativa reflete a -se do seu Código de Ética Profissional e
de muitos europeus, brasileiros de outras se negando a atender imigrantes; vemos
regiões do país, fronteiriços e tantos ou- políticos que desconhecem totalmente a
tros que vieram para Caxias em busca de legislação brasileira, a qual protege aquele
melhores condições de vida. que nos pede asilo garantindo o acesso aos
Psicologia, Religião e
SAIBA MAIS
Nota Técnica do CFP
Espiritualidade: como dialogar?
– Posicionamento do
Sistema Conselhos Em sua opinião, o que é laicidade? pessoal ou coletivamente, mas inclui todas
de Psicologia
TATIANE – A laicidade opõe-se aos como representações da diversidade reli-
para a questão da
discursos fundamentalistas ligados às vio- giosa ou espiritual do seu povo.
Psicologia, Religião e
Espiritualidade lações de direito. Assim, as leis devem ser TATIANA – É um dispositivo de pro-
http://bit.ly/ orientadas pelos Direitos Humanos Uni- teção à livre consciência e expressão de
notacfplaicidade versais e pela Constituição Federal e não crenças, de modo a garantir o reconheci-
por dogmas e ideologias religiosas. Isso mento da diversidade social em socieda-
Posicionamento
Sistema Conselhos não significa que o Estado negue à Igreja des democráticas, sem ônus moral para
frente uso o direito de contribuir para o bem da so- grupos minoritários em relação a hegemo-
indiscriminado do ciedade. Um Estado que não respeita um nias religiosas e morais.
discurso religioso na espaço para as igrejas na sociedade, ou que
política
negue o direito de expressão, acabaria com Por que é importante discutir essa ques-
http://bit.ly/
Eleicoes_Laicidade a democracia, caindo no sectarismo e no tão no Sistema Conselhos de Psicologia?
totalitarismo ideológico. EDUARDO – A Psicologia precisa
Leia entrevistas LUCIANA – É a não adoção de uma se posicionar frente a projetos de leis que
na íntegra em
religião em particular pelo Estado. Isso não têm uma base fundamentalista, ferindo os
www.crprs.org.br/
quer dizer que desconsidere as múltiplas direitos humanos e as liberdades indivi-
entrelinhas68.
religiões que convivem em seu território ou duais. Além disso, muitos/as psicólogos/
negue a expressão da religiosidade popular, as não têm clareza de como se posicionar
ÁREA ABRANGÊNCIA
Saúde Estadual e Municipal
Assistência Social Estadual e Municipal
Direitos da Criança e do Adolescente Municipal
Políticas sobre Drogas Estadual e Municipal
Direitos da Mulher Municipal
Quer representar o
CRPRS nos Conselhos
de Direito?
Se você é psicólogo/a e tem interesse em re-
presentar o CRPRS em algum conselho de direi-
to, acesse o Cadastro de Interesse de Psicólogo/a
– Representação no Controle Social.
Disponível em www.crprs.org.br/contro-
lesocial. O pedido será avaliado, considerando
os critérios estabelecidos para se constituir a
representação e interesses do CRPRS. Os repre-
sentantes devem participar das atividades pro-
Conselhos de Direitos
movidas pelo CRPRS. O CRPRS recebe pedidos para indicação de
Critérios para candidatar-se à representação: psicólogos/as para assumir vagas em Conselho
• Ser psicóloga/o devidamente inscrito no de Direitos. Após aprovada a participação do
CRPRS; CRPRS na instância e realizada a indicação de ti-
• Preencher cadastro de interesse em www. tular e suplente para a vaga, por meio da Comis-
crprs.org.br/controlesocial são de Políticas Públicas (sede), dos Núcleos de
• Ter conhecimento/aproximação relaciona- Políticas Públicas (nas subsedes) ou dos núcleos
do à temática e ao município do Conselho gestores das subsedes, é feita a comunicação ofi-
de direito; cial à instituição solicitante.
• Estar adimplente com as anuidades do CRPRS; Conselhos de Direito que tenham interesse
• Disponibilizar-se a participar sistematica- em ter o CRPRS compondo seu conjunto de con-
mente das reuniões da Comissão de Políticas selheiros, devem acessar o Cadastro de interesse
Públicas (sede) ou Núcleos de Políticas Públi- de Conselho de Direito – Representação no Con-
cas (subsedes) e dos encontros de discussão trole Social, disponível em www.crprs.org.br/
do controle social promovidos pelo CRPRS. controlesocial.
ção do sofrimento daquele que car nossas competências e habi- Alexandra Ximendes
se atende como objetivo a ser lidades na direção da defesa ra- Conselheira de Referência
alcançado com a intervenção. dical da autonomia dos sujeitos e
As demandas oriundas das po- das coletividades e da construção
líticas públicas têm exigido uma de uma cidadania ativa.
releitura tanto no nosso objeto/ Ainda que as intencionalida-
objetivo de trabalho, quanto do des das políticas públicas estejam
nosso instrumento prioritário alinhadas aos marcos constitucio- Acesse www.crprs.org.br/en-
para a intervenção. As políticas nais do Estado brasileiro, o cam- trelinhas68 e leia o texto do
públicas definem em seus mar- po do público é formado por con- Crepop na íntegra.
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data rubrica do responsável
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VISTO