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Universidade de São Paulo

Ana Aizar Geromel


Professora Paula Martins

Fichamento Sintético

DOUZA, Paulo Chagas de; SANTOS, Raquel Santana. (2003) "Fonologia". In: José
Luiz FIORIN (Org.) Introdução à Linguística II. São Paulo: Editora Contexto, p. 33 -
58.

o Problema enfrentado pelo texto: os autores buscam delimitar e estabelecer o


objeto de estudo da fonologia.

o Tese proposta pelos autores: os autores defendem que a fonologia busca


estudar os sons em seu funcionamento dentro do sistema linguístico, ou seja, a
rede de relações que se estabelece entre os fonemas (que eles determinam como
a unidade linear, segmentável e não dotada de significado), levando sempre em
consideração que a língua é um sistema de signos, logo, a fonologia abrange a
função semiótica ao trabalhar essas relações.

o Argumentação apresentada pelos autores para defender a tese: para


evidenciar essas relações entre fonemas dentro dos sistemas das línguas, os
autores descrevem uma série de fenômenos exemplificando cada um deles.
Souza e Santos iniciam sua argumentação explicando que os fones e suas
realizações podem se dar de maneira diferente em diferentes línguas, trazendo o
exemplo dos pares: [p, b], [t, d], [k, g], que, se trocados, causam alteração de
significado no Português, logo, nesse sistema são fonemas, enquanto em Campa
(língua do Peru), se trocados, não geram distinção de significado, portanto, nesse
sistema, não são fonemas. Aqui, os autores associam esse funcionamento
divergente ao conceito de valor proposto por Saussure, visto que cada sistema
possui um conceito de valor relativo, e retomam o caráter negativo, ou seja, o
valor é também aquilo que ele não é.

A seguir, os autores caracterizam os alofones como as diversas formas de


realizar um fonema. Para observar se o som em questão é um fonema ou um
alofone, é preciso notar se a troca de um pelo outro ocasionará mudança de
significado. Por exemplo: o fone [a] apresenta diversas realizações, como em pá
e casa, em final de palavra como em gata e casa, e nasalizado como em cama.
Caso haja troca do primeiro [a] de cama pelo primeiro [a] de casa, não haveria
mudança de significado, logo, no português, essas variadas realizações não
causam mudança de significado e, portando, caracterizam alofones e não
fonemas. Porém, é importante ressaltar que, em outras línguas, essa alteração
poderia causar uma mudança de significado, o que classificaria fonemas
distintos.
Depois, Souza e Santos passam pela diferenciação de par suspeito, par análogo e
par mínimo. O primeiro é um par de signos com 1 par de fones diferentes em
suspeita para observar se são fonemas ou alofones. Por exemplo: faca e vaca. O
segundo é quando há em um par de signos parecidos mais de um par de fones
diferentes. E o par mínimo é quando há uma ocorrência significativa de pares
suspeitos comprovando que aqueles fones diferentes são fonemas. Esse processo
de observar a alteração de significado de acordo a alteração dos fones é chamado
de teste de comutação.
Voltando aos alofones, os autores nomeiam duas organizações que podem
tomar: a distribuição complementar e a variação livre. A primeira se dá em
ambientes linguísticos específicos, ou seja, apenas sob determinadas
condições/contextos, enquanto a segunda organização ocorre em todos os outros
contextos linguísticos.
Após essa discussão, os autores destacam o processo de neutralização, que se dá
quando a forma de pronunciar determinado som não resultará em distinção de
significado, é o que ocorre entre as vogais [e] e [i] em posição átona final, no
português. Com a neutralização, origina-se o arquifonema, ou seja, um novo e
único som que surge em determinado ambiente fônico, no caso do exemplo dado
acima surge o fone [I].
Por último, Souza e Santos destacam alguns processos pelos quais estabelecem-
se as relações entre os sons nos sistemas linguísticos, tal como sugerem em sua
tese. Primeiro abordam a assimilação, processo em que um som adquire traços
dos sons ao seu redor. Pode ser total quando o som faz uma cópia exata de outro.
Além disso, é caracterizada de acordo com a direção em que essa assimilação se
dá, podendo ser progressiva quando adquire traços do som que o antecede e
regressiva quando adquire traços do som que o sucede. Após a assimilação,
notam a nasalização (assimilação regressiva) que é obrigatória, no português,
quando a vogal que precede a nasal está na sílaba tônica (como ocorre em
‘cama’), porém pode incidir sobre vogais pré tônicas (como em banana). Em
seguida, os autores abordam a harmonização vocálica, um processo que se dá
quando há concordância de traços entre sons não idênticos, ou seja, quando
determinados sons apresentam características semelhantes. Em contrapartida, há
a dissimilação, que ocorre quando há a assimilação de traços opostos aos sons
que o rodeiam. Seguindo, Souza e Santos incluem nesses processos a redução
vocálica, a elisão (em determinado contexto, ocorre o apagamento de um som) e
a degeminação (sequência de vogais pronunciadas como uma única).
Para concluir o texto, os autores acrescentam a notação das regras fonológicas
que devem seguir a ordem: o foco da regra (o que muda), em que ele se
transforma (mudança estrutural) e qual o contexto/situação que essa regra
ocorre. Exemplo:

A  B / C ___ D
Aqui, “A” é o foco da regra, “B” é a mudança estrutural, “/” representa “se” e
“C ___ D” representa o contexto, a situação que essa regra se dá. Traduzindo: A
pode ocorrer como B se estiver no contexto C ___ D.

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