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infi – Instituto FEBRABAN de Educação

FORMAÇÃO DE CORRESPONDENTES

MÓDULO III

FINANCIAMENTO DE VEÍCULOS

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SIGILO E CONFIDENCIALIDADE

“Todos os direitos autorais relativos a este material são reservados ao seu autor, sendo proibida
qualquer forma de reprodução, transcrição, impressão e/ou divulgação, total ou parcial, sem a
autorização prévia e por escrito do autor. A violação de direitos autorais constitui crime previsto no
Artigo 184 do Código Penal e sujeita-se ao disposto na Lei nº 9.610/98.”

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Sumário

Conhecimentos Específicos Para Financiamento e Crédito de Veículos................................................................. 4


1. Operações de Leasing Financeiro .......................................................................................................................... 4
2. Operações de Financiamento de Veículos............................................................................................................ 6
3. Arrendamento Mercantil e seus Aspectos Tributários. ........................................................................................ 9
4. Arrendamento Mercantil de Veículos Automotivos. ........................................................................................... 12
5. Disciplina e Consolida as Normas de Arrendamento Mercantil. ...................................................................... 13
6. Prazos Mínimos para a Quitação Antecipada de Arrendamento Mercantil ................................................... 15
7. Padronização dos documentos no Financiamento e Leasing de Veículos .................................................... 16

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Conhecimentos Específicos Para Financiamento e Crédito de Veículos
1. Operações de Leasing Financeiro
Os contratos de Arrendamento Mercantil (contratos de leasing) devem ser formalizados por
instrumento público ou particular, devendo conter, no mínimo, as especificações a seguir
relacionadas:
a) a descrição dos bens que constituem o objeto do contrato, com todas as características que
permitam sua perfeita identificação;
b) o prazo de arrendamento;
c) o valor das contraprestações ou a fórmula de cálculo das contraprestações, bem como o critério
para seu reajuste;
d) a forma de pagamento das contraprestações por períodos determinados, não superiores a 1 (um)
semestre, salvo no caso de operações que beneficiem atividades rurais, quando o pagamento
pode ser fixado por períodos não superiores a 1 (um) ano;
e) condições para o exercício por parte do arrendatário do direito de optar pela renovação do
contrato, pela devolução dos bens ou pela aquisição dos bens arrendados;
f) a concessão ao arrendatário de opção de compra dos bens arrendados, devendo ser estabelecido
o preço para seu exercício ou critério utilizável na sua fixação;
g) as despesas e os encargos adicionais, inclusive despesas de assistência técnica, manutenção e
serviços inerentes à operacionalidade dos bens arrendados, admitindo-se, ainda, para o
arrendamento mercantil financeiro:
h) a previsão de o arrendatário pagar valor residual garantido em qualquer momento durante a
vigência do contrato, não caracterizando o pagamento do valor residual garantido (VRG) o
exercício da opção de compra;
i) o reajuste do preço estabelecido para a opção de compra e o valor residual garantido (VRG);
j) as condições para eventual substituição dos bens arrendados, inclusive na ocorrência de sinistro,
por outros da mesma natureza, que melhor atendam às conveniências do arrendatário, devendo
a substituição ser formalizada por intermédio de aditivo contratual;
k) as demais responsabilidades que vierem a ser convencionadas, em decorrência de:
l) uso indevido ou impróprio dos bens arrendados;
m) seguro previsto para cobertura de risco dos bens arrendados;
n) danos causados a terceiros pelo uso dos bens;
o) ônus advindos de vícios dos bens arrendados;
p) a faculdade de a arrendadora vistoriar os bens objeto de arrendamento e de exigir do arrendatário
a adoção de providências indispensáveis à preservação da integridade dos referidos bens;
q) as obrigações do arrendatário, nas hipóteses de inadimplemento, destruição, perecimento ou
desaparecimento dos bens arrendados;
r) a faculdade de o arrendatário transferir a terceiros no País, desde que haja anuência expressa
da entidade arrendadora, os seus direitos e obrigações decorrentes do contrato, com ou sem
corresponsabilidade solidária.

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Pergunta: Você sabe quais são as principais modalidades de financiamento de veículos,
oferecidas pelo mercado às pessoas físicas?
Resposta: As principais modalidades de operações de crédito para veículos são: Financiamento
(mais conhecido como CDC – Veículo), que pode ser realizado, na grande maioria das vezes, pelos
Bancos Comerciais, Bancos Múltiplos e Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento
(Sociedades Financeiras); e, Arrendamento Mercantil (Leasing), que é realizado pelas Sociedades
de Arrendamento Mercantil (Empresas de Leasing).
Pergunta: Você sabe se o Arrendamento Mercantil (leasing) é exclusivo para pessoas físicas?
Resposta: É permitida a realização de operações de arrendamento mercantil (leasing) com pessoas
físicas (PF) e pessoas jurídicas (PJ), na qualidade de arrendatárias.
Fluxo dos Documentos da Estrutura do Arrendamento Mercantil (Leasing)

Legenda das etapas:


1) Contrato de arrendamento mercantil assinado entre a Arrendadora e o Arrendatário, nos termos
estabelecidos na negociação;
2) Pagamento das contraprestações (mensalidades) de acordo com o contrato de leasing, por meio
de boletos (ficha de compensação bancária), que poderá ter a opção de débito automático em
conta corrente do arrendatário;
3) Venda do veículo à vista pelo Lojista (concessionária), para a arrendadora (empresa de leasing),
com a emissão da respectiva nota fiscal em nome da Arrendadora (Empresa de Leasing);
4) Pagamento à vista pela arrendadora (empresa de leasing), para o Lojista (concessionária de
veículo) que é o fornecedor do veículo e termo de recebimento à vista (Lojista) e termo de
aceitação e recebimento da 1ª. Via da Nota Fiscal por parte da Arrendadora (Empresa de
Leasing); e
5) Lojista (concessionária de veículo), após receber autorização da arrendadora (empresa de
leasing), entrega o veículo ao arrendatário, mediante entrega da 2ª. via da Nota Fiscal, para que
possa ser realizado o licenciamento e emplacamento do veículo, junto ao Departamento de
Trânsito (DETRAN).

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2. Operações de Financiamento de Veículos
O financiamento de veículos é uma modalidade de crédito direcionada à aquisição de bens de origem
nacional ou estrangeira, que possam ser alienados fiduciariamente, sendo que tais operações são
geralmente denominadas de Crédito Direto ao Consumidor (CDC-Veículos, no nosso caso).
O Crédito Direto ao Consumidor (CDC) é uma modalidade de financiamento destinada para pessoas
físicas ou jurídicas, onde os recursos são utilizados, geralmente, para a aquisição de bens duráveis
novos ou usados, os quais, geralmente, serão alienados fiduciariamente em nome da instituição
financeira até a liquidação da dívida.
Na alienação fiduciária, o devedor transfere a propriedade do bem à instituição financeira para
garantir a operação. Essa instituição passa a ter a propriedade resolúvel do bem, ou seja, após a
quitação da operação, o bem volta a ser de propriedade de quem contratou o financiamento. Caso o
tomador do financiamento não quite suas obrigações ou se torne inadimplente, a instituição credora
torna-se proprietária definitiva do bem. Nesse último caso, geralmente o bem é vendido para a
quitação do saldo devedor da dívida.
Os financiamentos de veículos para pessoas físicas, podem ser realizados independentemente de o
financiado ser previamente cliente (correntista quando se tratar de banco) da instituição credora. No
caso de veículos, geralmente as operações de financiamento são encaminhadas por lojas, revendas
e concessionárias de veículos para as instituições financeiras. Assim, se os potenciais consumidores,
encaminhados pelos vendedores acima informados, enquadrarem-se nos padrões de crédito do
credor (instituição financeira), o financiamento, poderá realizar-se, ou também, o consumidor,
interessado na compra a prazo de um bem, poderá solicitar o financiamento diretamente ao Banco
no qual mantém conta corrente, pois já é cliente.
Para a realização do financiamento de veículos, o cliente precisa preencher a Ficha Cadastral, e
apresentar as cópias dos seguintes documentos pessoais: RG ou carteira de habilitação (CNH), CPF,
comprovante de residência e comprovante de rendimentos também conhecido como holerite (caso
seja registrado no regime de CLT), documentos esses, necessários à aprovação do crédito e
conferência da assinatura no contrato.
Após a aprovação do crédito, por parte da Instituição Financeira (Bancos ou Financeiras), será
solicitado, quando veículo novo (0 Km), a nota fiscal de venda ou cópia autenticada, o decalque do
chassi (numeração que consta no chassi do veículo).
Quando o veículo financiado for usado, será solicitado o Certificado de Registro do Veículo (CRV)
preenchido e com a firma (assinatura) do vendedor do veículo, reconhecida em Cartório de Títulos e
Documentos, cópia simples do IPVA do ano vigente e anterior e decalque do chassi (numeração que
consta no chassi do veículo).
No Financiamento, o veículo ficará em nome do financiado, porém no Certificado de Registro do
Veículo (CRV), constará uma observação que o veículo está alienado, ou seja, trata-se de alienação
fiduciária, que é o financiamento com a garantia do veículo até a liquidação da dívida.
As condições para concessão desse tipo de financiamento (% de entrada, taxas, prazos e outros)
variam de acordo com a política de crédito de cada instituição financeira, tipos de bens e condições
da conjuntura econômica à época da concessão de crédito.
Nas operações de financiamento de veículos (CDC-Veículo), normalmente, as taxas de juros são
prefixadas e a dívida é liquidada por meio do pagamento de prestações mensais e sucessivas, sendo
que cada uma contém uma parcela de amortização do principal e outra de juros pactuados (Tabela
Sistema Price).

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As operações de CDC-Veículo permitem, de acordo com as condições legais, a liquidação total ou
parcial antecipada do débito, mediante redução proporcional dos juros. Atualmente é proibida a
cobrança de tarifa de liquidação antecipada nos contratos de CDC.
Note bem que a operação de leasing financeiro difere do Crédito Direto ao Consumidor (CDC), uma
vez que no leasing, o bem é de propriedade da companhia de arrendamento mercantil e no CDC,
por meio da alienação fiduciária, o devedor transfere a propriedade do bem à instituição financeira
para garantir a operação, ou seja, até que a dívida do financiamento não seja liquidada, o banco fica
como proprietário do bem, mas o cliente tem a posse.
No leasing quando se configurar a efetiva inadimplência do arrendatário a empresa de arrendamento
mercantil iniciará o processo jurídico com a finalidade de reintegração de posse, ao passo que no
CDC é realizada a busca e apreensão do bem dado em garantia.

Fluxo da Estrutura do Financiamento de Veículos para pessoas físicas via Concessionárias

Legenda das etapas:


1) Cliente consumidor (PF) solicita ao Lojista (concessionária de veículo) o orçamento para o
Financiamento do veículo. O Lojista solicita ao cliente o preenchimento da Proposta de
Financiamento e cópia dos documentos pessoais.
2) O Lojista (concessionária de veículo) encaminha a Financeira (SCFI) a Proposta de
Financiamento (padrão estabelecido pela financeira) e cópia dos documentos: RG e CPF ou CNH
– Comprovante de residência - Comprovante de renda ou patrimônio: cópia do holerite, cópia da
declaração anual do imposto de renda ou cópia da certidão pro labore. Essa proposta e
documentos são encaminhados a Financeira, para a análise do crédito.
3) Após a análise do crédito por meio da Proposta de Financiamento e documentos, a Financeira
(SCFI) aprova o crédito para o Financiamento do veículo.

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4) O Lojista (concessionária de veículo) encaminha para a Financeira (SCFI) os documentos do
veículo para a liberação do crédito: DUT para veículos usados – Nota Fiscal ou Declaração de
Faturamento (emitido pela fabricante ou montadora do veículo), no caso de veículos novos. A
partir dessa documentação a Financeira (SCFI) realiza a liberação do crédito, pagando ao Lojista
(concessionária de veículo), o valor que foi financiado de acordo com a Proposta de
Financiamento.
5) O Lojista (concessionária de veículo) formaliza com o Cliente Consumidor (PF) a assinatura do
Contrato de Financiamento e libera o veículo (novo ou usado) para o respectivo cliente (PF). O
cliente consumidor (PF) receberá posteriormente (geralmente via correio), o carnê (ficha de
compensação ou boleto) para o pagamento das parcelas mensais, de acordo com o prazo de
financiamento negociado e estabelecido no Contrato de Financiamento.
Pergunta: Você sabe o significado de CNH?
Resposta: CNH é a sigla de Carteira Nacional de Habilitação, que é um documento emitido pelos
órgãos de trânsito (Detran-Departamento Estadual de Trânsito), de cada Estado Brasileiro.
Pergunta: Você sabe o significado de DUT?
Resposta: DUT é a sigla de Documento Único de Transferência, que é um documento utilizado no
Brasil para efetuar a venda de um veículo. Assim, o DUT deve ficar em poder do proprietário e ser
entregue ao comprador no ato da venda.

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3. Arrendamento Mercantil e seus Aspectos Tributários.
Lei No. 6.099 de setembro de 1974 (e alterações posteriores) estabeleceu que:
Todas as operações de arrendamento mercantil subordinam-se ao controle e fiscalização do Banco
Central do Brasil (BACEN), segundo normas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional
(CMN).
A constituição e o funcionamento das pessoas jurídicas que tenham como objeto principal de sua
atividade a prática de operações de Arrendamento Mercantil, denominadas Sociedades de
Arrendamento Mercantil, dependem de autorização do Banco Central do Brasil.
Assim, as Sociedades de Arrendamento Mercantil devem adotar a forma jurídica de Sociedades
Anônimas (S.A), e a elas se aplicam, no que couber, as mesmas condições estabelecidas para o
funcionamento de instituições financeiras na Lei nº 4.595, de 31.12.64, e legislação posterior relativa
ao Sistema Financeiro Nacional (SFN), devendo constar obrigatoriamente de sua denominação
social a expressão "Arrendamento Mercantil".
Portanto, a expressão "Arrendamento Mercantil" na denominação ou razão social é privativa das
Empresas de Leasing.
Considera-se arrendamento mercantil, também conhecido como leasing, o negócio jurídico realizado
entre pessoa jurídica (Empresa de Leasing), na qualidade de arrendadora, e pessoa física (PF) ou
jurídica (PJ), na qualidade de arrendatária, e que tenha por objeto o arrendamento de bens adquiridos
pela arrendadora, segundo especificações da arrendatária e para uso próprio desta.
Nesse sentido o leasing nada mais é que o aluguel de um bem por determinado período, após o qual
a pessoa física usuária poderá ou não adquirir a propriedade desse bem, por preço para o exercício
da opção de compra livremente pactuado, podendo ser, inclusive, o valor de mercado do bem
arrendado.
Portanto o Arrendamento Mercantil ou Leasing é a cessão de uso de um bem móvel (automóvel,
máquinas ou equipamentos), ou bem imóvel (prédio ou instalações que serão utilizados pelo
arrendatário), por um determinado prazo, estabelecida mediante contrato. Assim, os intervenientes
participantes do arrendamento mercantil são:
a) ARRENDADORA: Empresa de Leasing
b) ARRENDATÁRIO: Pessoa Física (PF) ou Pessoa Jurídica (PF)
c) FORNECEDOR: Fabricante dos Veículos Automotivos ou Máquinas e Equipamentos
De acordo com o fluxo da estrutura apresentada, verifica-se que a pessoa física (que será a
arrendatária no contrato de leasing), visita o lojista (concessionária de veículo) e acerta todos os
detalhes comerciais de compra e venda do veículo. A seguir o lojista (concessionária de veículo),
apresenta o orçamento do leasing, que contém todas as informações sobre o contrato de
arrendamento mercantil (leasing), que deverá ser analisado e assinado pela pessoa física
(arrendatária).
As operações de arrendamento mercantil, de acordo com a Lei nº 6.099 de setembro de 1974 (e
alterações posteriores), somente podem ser realizadas por pessoas jurídicas que tenham como
objeto principal de sua atividade a prática de operações de arrendamento mercantil, que será
denominada sociedades de arrendamento mercantil e pelos bancos múltiplos com carteira de
arrendamento mercantil. As operações de arrendamento mercantil (leasing) podem ser dos tipos: o
Leasing Financeiro e o Leasing Operacional.

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Vejamos o que o diz o manual da Secretaria da Receita Federal com relação a declaração do
contrato de leasing de bens móveis para efeitos da Declaração de Ajuste Anual do Imposto de
Renda da Pessoa Física - Exercício de 2021
Ano-calendário de 2020:
Para leasing realizado:
a) com opção de compra exercida no final do contrato, ocorrida em 2020, utilize o código relativo
ao bem, e:
• no campo “Discriminação”, informe os dados do bem e do contratante;
• no campo ”Situação em 31/12/2019 (R$)”, informe os valores pagos até 31/12/2019, no
caso de leasing contratado em 2020, deixe este campo “em branco”;
• no campo ”Situação em 31/12/2020 (R$)”, informe o valor constante no campo ”Situação
em 31/12/2019 (R$)”, se for o caso, acrescido dos valores pagos em 2020, inclusive o
valor residual;
b) em 2020, com opção de compra a ser exercida no final do contrato, após 2020, utilize o código
96 - Leasing, e:
• no campo “Discriminação”, informe os dados do bem, do contratante e o total dos
pagamentos efetuados;
• não preencha os campos “Situação em 31/12/2019 (R$)” e ”Situação em 31/12/2020
(R$)”;
c) até 2019, com opção de compra exercida no ato do contrato, utilize o código relativo ao bem, e:
• no campo “Discriminação”, informe os dados do bem e do contratante;
• nos campos ”Situação em 31/12/2019 (R$)” e ”Situação em 31/12/2020 (R$)”, informe o
valor do bem;
• em Dívidas e Ônus Reais, informe nos campos ”Situação em 31/12/2019 (R$)” e
”Situação em 31/12/2020 (R$)”, respectivamente, o saldo remanescente da dívida em
31/12/2019 e em 31/12/2020.
d) em 2020, com opção de compra exercida no ato do contrato, utilize o código relativo ao bem, e:
• no campo “Discriminação”, informe os dados do bem e do contratante;
• não preencha o campo ”Situação em 31/12/2019 (R$)”;
• no campo ”Situação em 31/12/2020 (R$)”, informe o valor do bem;
• em Dívidas e Ônus Reais, informe o valor da dívida no campo ”Situação em 31/12/2020
(R$)”.
As operações de arrendamento mercantil fazem parte da lista de serviços prestados, assim o tributo
incidente será o Imposto Sobre Serviços (ISS), que é de competência dos municípios e, portanto,
incide sobre serviços de qualquer natureza. Assim, nas operações de arrendamento mercantil
(leasing), não haverá incidência do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), que é aplicado aos
financiamentos, crédito direto ao consumidor e empréstimos bancários.
Pergunta: Você sabe o significado geral do Arrendamento Mercantil (leasing)?

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Resposta: O Arrendamento Mercantil (leasing) possui como objetivo geral, a compra a prazo do
bem, por parte do consumidor (pessoa física ou jurídica), equiparando-se operação com
características similares a de um financiamento.
Por sua vez, a Sociedade de arrendamento mercantil (SAM) realiza arrendamento de bens móveis e
imóveis adquiridos por ela, segundo as especificações da arrendatária (cliente), para fins de uso
próprio desta. Assim, os contratantes deste serviço podem usufruir de determinado bem sem serem
proprietários dele.
Pergunta: Você sabe quando surgiu o Leasing?
Resposta: Com base em relatos históricos, esse tipo contratual nasceu há séculos, especificamente
em Atenas em sua fase antiga. Nessa época era usado esse tipo contratual em minas (prata e ouro),
que eram de propriedade do Estado e que eram exploradas pelos arrendatários, mediante o
pagamento de determinada quantia, em dinheiro, e, também um percentual dos lucros (renda anual),
obtidos pelos arrendatários (exploradores das minas) ao Estado.
O conceito de leasing surgiu somente no século 20, durante a Segunda Guerra Mundial. Nesse
período, os Estados Unidos (EUA), emprestavam equipamentos bélicos aos países aliados com a
condição de que, ao final da guerra, os mesmos equipamentos fossem devolvidos aos Estados
Unidos (EUA), ou comprados pelos países aliados. Posteriormente esse conceito foi ampliado e
divulgado e passou a ser utilizado entre empresas e pessoas físicas como alternativa de
financiamentos de bens, tanto nos Estados Unidos (EUA) quanto na Europa (EUR).

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4. Arrendamento Mercantil de Veículos Automotivos.
A Lei nº 11.649/2008 dispõe sobre os procedimentos que devem ser adotados na operação de
arrendamento mercantil de veículo automotivo após sua quitação.
Nesse sentido, nos contratos de arrendamento mercantil de veículos automotivos (novos ou usados),
após a quitação de todas as parcelas vencidas e vincendas, das obrigações pecuniárias previstas
em contrato (contraprestações e valor residual garantido), e, do envio ao arrendador de comprovante
de pagamento de IPVA ’s e DPVAT’s, bem como das multas (se houver), pagas nas esferas Federal,
Estaduais e Municipais, documentos esses acompanhados de carta na qual o arrendatário (PF),
manifesta formalmente sua opção pela compra do bem, exigida pela Lei no 6.099, de 12 de setembro
de 1974, a Sociedade de Arrendamento Mercantil (empresa de leasing), na qualidade de
arrendadora, deverá, no prazo de até trinta dias úteis, após recebimento destes documentos, remeter
ao arrendatário:
a) O documento único de transferência (DUT) do veículo devidamente assinado pela arrendadora
(empresa de leasing), a fim de possibilitar que o arrendatário (PF), providencie a respectiva
transferência de propriedade do veículo junto ao departamento de trânsito do Estado, a partir da
quitação do contrato de leasing;
b) A nota promissória (NP) vinculada ao contrato e emitida pelo arrendatário (PF), se houver, com o
devido carimbo de "liquidada" ou "sem efeito", bem como o termo de quitação do respectivo
contrato de arrendamento mercantil (leasing).
Pergunta: Você sabe o significado de IPVA?
Resposta: IPVA é a sigla de Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, que é um
imposto estadual com o objetivo de arrecadar recursos sobre os automóveis das pessoas, independe
de qual tipo de veículo, sendo que a alíquota do IPVA varia em cada Estado, e é determinado por
cada governo.
Pergunta: Você sabe o significado de DPVAT?
Resposta: DPVAT é a sigla de Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de
Vias Terrestres, também conhecido, como "Seguro Obrigatório" que é pago anualmente junto com a
primeira parcela do IPVA, ou na Cota Única.
Pergunta: Você sabe o significado de DUT?
Resposta: DUT é a sigla de Documento Único de Transferência, que é um documento utilizado no
Brasil para efetuar a venda de um veículo. Assim, o DUT deve ficar em poder do proprietário e ser
entregue ao comprador no ato da venda.
Pergunta: Você sabe o significado de NP?
Resposta: NP é a sigla de Nota Promissória que é uma promessa de pagamento, toda vez que duas
partes estabelecerem uma operação de crédito, por exemplo: o emitente da NP ou subscritor
(devedor) certifica que possui a dívida (obrigação), e o beneficiário (emprestador), que é o credor do
título.

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5. Disciplina e Consolida as Normas de Arrendamento Mercantil.
A referida resolução disciplinou a modalidade de arrendamento mercantil operacional e autorizou a
prática de operações de arrendamento mercantil com pessoas físicas em geral, bem como
consolidou as normas a respeito de arrendamento mercantil financeiro.
Considera-se Arrendamento Mercantil Financeiro (Leasing Financeiro) a modalidade que:
a) As contraprestações (parcelas mensais) e demais pagamentos previstos no contrato, por
exemplo o valor residual garantido (VRG), devidos pelo arrendatário (PF ou PJ), sejam
normalmente suficientes para que a arrendadora (empresa de leasing) recupere o custo do bem
arrendado durante o prazo contratual da operação e, adicionalmente, obtenha um retorno (lucro)
sobre os recursos investidos;
b) As despesas de manutenção, assistência técnica e serviços correlatos à operacionalidade do
bem arrendado (veículo), sejam de responsabilidade do arrendatário (PF ou PJ); e
c) O preço para o exercício da opção de compra seja livremente pactuado, podendo ser, inclusive,
o valor de mercado do bem arrendado.
d) É regra geral nas operações de Leasing Financeiro, a determinação do Valor Residual Garantido
(VRG), como obrigação de pagamento por parte do arrendatário (PF ou PJ), e assim a
arrendadora (empresa de leasing), vai recuperar o custo total (valor total) do ativo arrendado (por
exemplo, veículo).
Entende-se, que o Leasing Financeiro é a operação de arrendamento mercantil que transfere ao
arrendatário, integralmente todos os riscos inerentes ao uso do bem arrendado, pois o mesmo terá
sua posse. Também, considera-se Leasing Financeiro a modalidade de arrendamento que não for
classificada como Arrendamento Mercantil Operacional (Leasing Operacional).
Nesse sentido, o Leasing Financeiro, é a operação na qual o arrendatário, tem a intenção de ficar
com o bem ao término do contrato, exercendo a opção de compra pelo valor previsto em cláusula
contratual.
Portanto, o leasing financeiro é uma modalidade de financiamento de longo prazo, uma vez que, nas
contraprestações pagas durante o período contratual do leasing, está embutida a amortização total
ou parcial do custo de aquisição do bem, acrescida dos encargos financeiros, e que os valores, pagos
como contraprestações, acrescidos do pagamento do valor residual, atribuem ao arrendatário, o
direito de exercer a opção de compra do bem sem outros desembolsos. Logo as contraprestações
(mensalidades) pagas durante o prazo contratual do leasing, acrescidas do pagamento do valor
residual, valor da opção de compra, transfere ao arrendatário, a propriedade do bem após o término
do contrato.
Pergunta: Você sabe o significado do VRG?
Resposta: VRG é a sigla que significa Valor Residual Garantido e trata-se de valor, contratualmente
garantido pela arrendatária, como mínimo que será recebido pela arrendadora na venda a terceiros
do bem arrendado, na hipótese da devolução do bem. O VRG será utilizado para liquidar o valor da
opção de compra do bem arrendado, conforme pactuado no contrato de arrendamento mercantil.
Nas operações de leasing o Valor Residual Garantido (VRG), geralmente, é representado como um
percentual em relação ao valor do bem objeto do contrato de arrendamento.
O Valor Residual Garantido (VRG) pode ser pago no final do prazo contratual do leasing,
antecipadamente, ou diluído durante o prazo de duração do contrato de leasing, situação em que é
pago juntamente com as contraprestações (mensalidades) do leasing financeiro. Quando o
arrendatário optar pelo Valor Residual Garantido (VRG) diluído, ao exercer a opção de compra do
bem, no final do contrato de leasing, não terá qualquer desembolso adicional a fazer.

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Assim, geralmente os contratos de leasing financeiro para veículos, estabelece que o Valor Residual
Garantido (VRG) será diluído durante a vida (tempo) do contrato.
Considera-se Arrendamento Mercantil Operacional (Leasing Operacional) a modalidade que:
a) Não haja contratualmente, previsão de pagamento do Valor Residual Garantido (VRG);
b) As contraprestações a serem pagas pelo arrendatário (PF ou PJ), contemplem o custo de
arrendamento do bem (veículo, por exemplo) e os serviços inerentes à sua colocação à
disposição do arrendatário, não podendo o total dos pagamentos da espécie ultrapassar 90%
(noventa por cento) do custo do bem arrendado;
c) As despesas de manutenção, assistência técnica e serviços correlatos à operacionalidade do
bem arrendado, sejam de responsabilidade da arrendadora (empresa de leasing) ou do
arrendatário;
d) O arrendatário possa renová-lo no vencimento, por mais um período, de acordo com sua
necessidade;
e) O arrendatário possa devolver o bem arrendado ao arrendador ;
f) O preço para o exercício da opção de compra, por parte do arrendatário, seja o valor de mercado
do bem arrendado;
g) O prazo efetivo do Leasing Operacional seja inferior a 75% (setenta e cinco por cento) do prazo
de vida útil econômica do bem arrendado;
h) O preço para o exercício da opção de compra seja o valor de mercado do bem arrendado; e
i) O bem arrendado seja suficientemente genérico, de modo a possibilitar seu arrendamento
subsequente a outra arrendatária sem modificações significativas.

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6. Prazos Mínimos para a Quitação Antecipada de Arrendamento Mercantil
A CARTA-CIRCULAR N° 3.248 de novembro de 2006 esclarece que no processo de quitação
antecipada dos contratos de arrendamento mercantil deve ser levada em conta a necessidade de
observância dos prazos mínimos estabelecidos na regulamentação em vigor para que a operação
não seja considerada como de compra e venda a prestação. Tais prazos são:
a) Arrendamento Mercantil Financeiro:
• Prazo mínimo de 2 (dois) anos ou 24 meses, compreendidos entre a data da entrega do
bem (veículo, por exemplo) ao arrendatário (PF ou PJ), porém será necessário possuir a
documentação que comprova o termo de aceitação e recebimento do bem, e a data de
vencimento da última contraprestação, quando se tratar de arrendamento de bens com
vida útil econômica igual ou inferior a 5 (cinco) anos.
• Prazo mínimo de 3 (três) anos ou 36 meses, para o arrendamento de outros bens
(máquinas e equipamentos, por exemplo) com vida útil econômica superior a 5 (cinco)
anos.
b) Arrendamento Mercantil Operacional:
• Prazo mínimo de 90 (noventa) dias.
Pergunta: Você sabe o significado de Vida Útil Econômica?
Resposta: Entende-se por vida útil econômica do bem, o prazo durante o qual se possa esperar a
sua efetiva utilização econômica. A vida útil também é denominada de depreciação fiscal, ou seja, é
o desgaste que o automóvel sofrerá pela sua utilização, ao longo da sua vida útil.
A Resolução CMN 3.516 de dezembro de 2007, alterada pela Resolução CMN 4.320 de março de
2014, veda a cobrança de tarifa em decorrência de liquidação antecipada de contratos de concessão
de crédito e de arrendamento mercantil financeiro e estabelece critérios para o cálculo do valor
presente para amortização ou liquidação desses contratos.
O valor presente dos pagamentos previstos para fins de amortização ou de liquidação antecipada
das operações de arrendamento mercantil financeiro contratadas a taxas prefixadas deve ser
calculado com a utilização da taxa de juros pactuada no contrato.
A utilização da taxa de juros pactuada no contrato para apuração do valor presente mencionado
acima deve estar prevista em cláusula contratual específica.
Nas situações em que as despesas associadas à contratação de operação de arrendamento
mercantil financeiro sejam financiadas pela instituição deve ser adotada a mesma taxa de juros
contratada para o principal.

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7. Padronização dos documentos no Financiamento e Leasing de Veículos
Normativo SARB 005/2019 (e deliberações de alterações posteriores)
O Sistema de Autorregulação Bancária da Federação Brasileira de Bancos - FEBRABAN instituiu o
“Normativo de Oferta e Contratação de Financiamento e Arrendamento Mercantil Financeiro”,
ambos para a aquisição de veículos, e estabeleceu diretrizes e procedimentos a serem adotados por
suas Instituições Financeiras Signatárias e Instituições associadas às entidades conveniadas ao
Sistema de Autorregulação Bancária (as “Conveniadas”), nos relacionamentos com os
consumidores, pessoa física ou jurídica nos termos da regulação vigente.
Este normativo tem por objetivos promover a concorrência saudável e ética no mercado e assegurar
uma atuação livre, esclarecida e consciente do consumidor.
Vejamos a seguir quais são as regras e orientações desse normativo.
De modo a assegurar a correta e integral operacionalização dos procedimentos mínimos de oferta
de operações de crédito, os profissionais envolvidos nas atividades de preenchimento das cotações,
simulações e propostas, bem como aqueles que atuem nos procedimentos de formalização das
contratações de operações de crédito por meio do Financiamento e de Arrendamento Mercantil
Financeiro (leasing financeiro), no mercado de veículos, deverão submeter-se a exame de
certificação, a ser elaborado e realizado pela FEBRABAN, que conferirá Certificação Profissional aos
aprovados nesse processo e manterá cadastro dos profissionais certificados, assinalando a data e o
prazo de validade de sua certificação profissional.
Além disso, as instituições financeiras participantes da oferta de operações de crédito, no mercado
de veículos, deverão atentar-se relativamente a padronização dos documentos a serem utilizados
nos procedimentos de oferta e contratação de operações de crédito direto ao consumidor e
arrendamento mercantil financeiro.
Nesse sentido, as Instituições Financeiras (IF) deverão informar ao cliente consumidor, após a
respectiva análise e aprovação de crédito e previamente a contratação da operação de crédito, por
meio físico ou eletrônico, os custos principais da operação envolvida, com as seguintes informações
mínimas:
c) Valor do veículo;
d) Valor de entrada;
e) Tarifas bancárias, Registro do Contrato, Tributos ou outras despesas cobradas do cliente
consumidor;
f) Valor total financiado;
g) Número de parcelas e valor;
h) Taxa de juros anual e mensal;
i) Soma total a pagar; e
j) CET (Custo Efetivo Total) anual e mensal.
Também deverá ser apresentada a planilha padronizada previamente à contratação da operação de
crédito. Na hipótese de a operação ser contratada, a planilha deverá ser assinada pelo cliente
consumidor e anexada ao respectivo contrato, podendo ser enviada por meio físico ou eletrônico.
A tarifa de cadastro nas operações de financiamento de veículos e arrendamento mercantil será
cobrada do consumidor de acordo com o fato gerador definido na Resolução CMN n° 3.919 de 2010
e suas alterações posteriores.
Pergunta: Você sabe o significado de Tarifa de Cadastro?
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Resposta: Entende-se como Tarifa de Cadastro a remuneração pelos custos de serviço de
cadastro, que compreende a realização de pesquisa em serviços de proteção ao crédito, base de
dados e informações cadastrais, bem como, o tratamento de dados e informações necessárias ao
início de relacionamento com o cliente consumidor, interessado no financiamento ou arrendamento
mercantil do veículo.
Ficará dispensado do pagamento da tarifa de cadastro para início de relacionamento nas operações
de financiamento e arrendamento mercantil de veículos, o cliente consumidor que entregar à
Instituição Financeira, cópias autenticadas ou apresentar os originais dos seguintes documentos:
a) Documento de identidade com foto - RG ou CNH;
b) Número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF);
c) Comprovante de residência;
d) Comprovante de renda (cópia do holerite) ou de patrimônio (declaração anual de imposto de
renda ou da certidão pró-labore);
e) Pesquisa em bancos de dados e de proteção ao crédito, sendo aceitas, a escolha do cliente
consumidor, as realizadas na Serasa Experian, Boavista Equifax ou outra equivalente, aprovada
pela Instituição Financeira.
f) Certidões de cartórios de protesto do local do domicílio do cliente consumidor; e
g) Certidão de regularidade do CPF do cliente consumidor expedida pela Receita Federal do Brasil.
O pagamento do Registro do Contrato para a constituição da garantia é responsabilidade do
consumidor e pode compor o valor da operação de financiamento de veículos ou de arrendamento
mercantil, desde que expressamente solicitado e discriminado no CET.
Pergunta: Você sabe o significado do Registro do contrato?
Resposta: Entende-se como Registro do contrato a remuneração pelos custos de registro nas
operações de Financiamento de veículos, que basicamente representam as despesas relacionadas
à constituição da alienação fiduciária sobre o bem (veículo) que o consumidor deu em garantia. Nas
operações de arrendamento mercantil (leasing), representam as despesas relacionadas à
constituição do leasing.
Pergunta: Você sabe o significado de alienação fiduciária:
Resposta: Na garantia de alienação fiduciária, o devedor transfere a propriedade do bem à
instituição financeira para garantir a operação. Essa instituição passa a ter a propriedade resolúvel
do bem, ou seja, após a quitação da operação, o bem volta a ser de propriedade de quem contratou
o financiamento. Caso o tomador do financiamento não quite suas obrigações ou se torne
inadimplente, a instituição credora torna-se proprietária definitiva do bem. Nesse último caso,
geralmente o bem é vendido para a quitação do saldo devedor da dívida (fonte: www.bcb.gov.br).
A operação de leasing financeiro difere do Crédito Direto ao Consumidor (CDC), uma vez que no
leasing, o bem é de propriedade da companhia de arrendamento mercantil e no CDC, por meio da
alienação fiduciária, o devedor transfere a propriedade do bem à instituição financeira para garantir
a operação, ou seja, até que a dívida do financiamento não seja liquidada, o banco fica como
proprietário do bem, mas o cliente tem a posse.
No leasing financeiro, quando se configurar a efetiva inadimplência do arrendatário, a empresa de
arrendamento mercantil iniciará processo jurídico a fim de reintegrar a posse do bem arrendado.

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