Você está na página 1de 31

PLANO DE CONTINGÊNCIA PARA VIGILÂNCIA EM DESASTRES

NATURAIS 2021 - 2022


PLANO DE CONTINGÊNCIA PARA VIGILÂNCIA EM DESASTRES
NATURAIS – 2018 - 2019

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 4

PREVISÃO CLIMÁTICA SAZONAL PARA OS MESES NDJ 2021-2022......................5

ZCAS – ZONA DE CONVERGÊNCIA DO ATLÂNTICO SUL.......................................8

DESASTRES NATURAIS............................................................................................10

COMO OS DESASTRES AFETAM A SAÚDE PÚBLICA?.........................................12

ATUAÇÃO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE...................................................................................13

VIGILÂNCIA EM SAÚDE NUMA SITUAÇÃO DE DESASTRES.................................13

OBJETIVOS DO VIGIDESASTRES............................................................................13

Geral......................................................................................................................................13

Específicos...........................................................................................................................13

DEFINIÇÕES:.............................................................................................................. 14

Fatores de interferência......................................................................................................14

ALAGAMENTOS Água acumulada no leito das ruas e no perímetro urbano por


fortes precipitações pluviométricas, em cidades com sistemas de drenagem
deficiente ou nas situações que excedem a captação normal......................................15

INUNDAÇÕES GRADUAIS OU ENCHENTES...............................................................15

INUNDAÇÕES BRUSCAS OU ENXURRADAS..............................................................15

DESLIZAMENTOS..............................................................................................................16

ESTIAGEM...........................................................................................................................17

DOENÇAS RELACIONADAS.....................................................................................17

LEPTOSPIROSE.................................................................................................................18

FEBRE TIFÓIDE..................................................................................................................18

CÓLERA...............................................................................................................................18

TÉTANO...............................................................................................................................19

2
DENGUE..............................................................................................................................19

CHIKUNGUNYA..................................................................................................................19

ZIKA VÍRUS.........................................................................................................................20

AGRAVOS RELACIONADOS.....................................................................................20

INTOXICAÇÃO EXÓGENA................................................................................................20

ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS..............................................................20

TRAUMA FÍSICO................................................................................................................21

TRAUMA MENTAL..............................................................................................................21

OBJETIVOS................................................................................................................ 22

OBJETIVOS GERAIS..................................................................................................22

OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................................................22

AÇÕES DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE:........................................................................23

Cuidados com a água para o uso doméstico..................................................................24

Cuidados com a água para consumo humano direto.....................................................24

3
INTRODUÇÃO

A planta urbana de Guaratinguetá mostra subjugação às condições


topográficas. O revelo da cidade condicionou uma ocupação alongada e
estreita, acompanhado as margens do Rio Paraíba, ocupando planícies
inundáveis.
Até século XVIII Guaratinguetá, e o Vale do Paraíba apresentaram um
desenvolvimento modesto. Foi durante o século XIX que a eclosão urbana
aconteceu, devido à chegada do café, que proporcionou melhorias urbanas e
crescimento populacional, o que obrigou a ocupação da margem esquerda do
Rio Paraíba, surgindo em 1894 o Bairro do Pedregulho. Na primeira metade do
século XX o desenvolvimento da atividade industrial, que marcou este período,
leva a uma ocupação populacional mais densa, desta forma surge o Bairro
operário da Vila Paraíba e Nova Guará. Foi através do bairro da Vila Paraíba
que Guaratinguetá iniciou sua fase de urbanização moderna, com quarteirões
amplos e casas bem planejadas. A partir deste momento inicia-se também a
ocupação das planícies inundáveis, sem nenhuma preocupação com as áreas
de preservação permanente (APP).
Seu desenvolvimento se deu, como em muitas cidades brasileiras, sem o
planejamento urbano, caracterizado pela ocupação das áreas de planícies
aluviais pela população de baixa renda e mesmo pela destinação destas áreas
a loteamentos para classe média e baixa. A planície aluvionar é a mais instável
das classes geológicas, pois neste tipo de relevo ocorre a acumulação de
sedimentos provenientes do arraste de outras áreas pela ação da água e por si
só já consiste na região de acumulação de água das inundações naturais do
rio.
Com média pluviométrica de 1397,7mm e com a planície formada por
depósitos aluviais do tipo argilo-siltosa e sílitico-arenosa e solo raso com nível
freático variando de 0,60 m a 1,30 m em média, aliados ao processo de
impermeabilização do solo e ausência de vegetação ciliar no curso principal e
afluente do Paraíba do sul. Durante o período de verão, as inundações na
cidade de Guaratinguetá são inevitáveis.
A ocupação urbana junto às áreas de planícies inundáveis, e pode-se observar
que os rios e córregos perderam seus cursos característicos. É notória também

4
a ocupação urbana junto às margens do Rio Paraíba do Sul, que durante o
período de cheia (dezembro a março) tende a invadir casas e deixar muitos
desabrigados. Foram também construídos vários polderes destinados a
produção de arroz.
Guaratinguetá possui uma variabilidade climática que interfere diretamente na
vazão do Rio Paraíba do Sul e, consequentemente, nas inundações das áreas
ribeirinhas. Assim sendo, com base na análise de anos chuvosos, secos e
médio, ele observou que durante os anos úmidos há um excedente hídrico
médios de 697,8 mm e as inundações das áreas ribeirinhas são mais
frequentes.
Dois fenômenos colaboram para o aumento pluviométrico neste período, o El
Niño e a formação da ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul).

PREVISÃO CLIMÁTICA SAZONAL PARA OS MESES DJF 2021-22

A região do Oceano Pacífico equatorial apresentou condições de neutralidade,


embora tenham sido observados resfriamento na porção central e aquecimento
na porção leste, na costa da mérica do Sul. Porém em outubro, o resfriamento
expandiu-se sobre grande parte do Pacífico equatorial. Sobre o Atlântico
Tropical as anomalias positivas de TSM se mantiveram, embora com um leve
enfraquecimento, mas ainda influenciaram a circulação leste-oeste neste setor
e modularam o comportamento da precipitação em parte da faixa norte do
Brasil.

Desta forma, o mês de setembro registrou chuvas acima da média


climatológica em parte da faixa norte do país, entre as Regiões Norte e
Nordeste, assim como nos meses anteriores. Nas demais áreas do país, em
geral, foram observadas chuvas abaixo da média, exceto em parte do Sul do
Brasil e alguns pontos de MT, GO, MG e MS. No Sul do país, as chuvas acima
da média estiveram associadas tanto à passagem de sistemas frontais, como
também de cavados em níveis médios da atmosfera. Já em parte da faixa
central do Brasil, na maior parte do mês de setembro ainda persistiu o sistema
de alta pressão em níveis médios, o que favoreceu chuvas abaixo da média.

5
Entretanto, no final do mês observou-se uma mudança de padrão, com a
organização da convecção nesta faixa, o que gerou pontos com precipitação
acima da média, citados acima. Foram observadas temperaturas acima da
média no mês de setembro em boa parte da faixa central e sul do país,
associadas à atuação do anticiclone na camada média da atmosfera,
circulação em baixos níveis, favorecida pela Alta Subtropical do Atlântico e
consequentemente às chuvas abaixo da média.

Figura 1: Previsão Climática sazonal por tercil (categorias abaixo da faixa normal,
dentro da faixa normal e acima da faixa normal), gerada pelo método objetivo
(CPTEC/INPE, INMET e FUNCEME). As áreas em branco indicam igual probabilidade
para as três categorias.

A Figura 1 mostra a previsão probabilística de precipitação em três categorias


produzida com o método objetivo (cooperação entre CPTEC/INPE, INMET e
FUNCEME), para o trimestre novembrodezembro-janeiro (NDJ) de 2021/2022.

6
A previsão indica maior probabilidade de chuva na categoria acima da faixa
normal em parte do norte, centro e leste do Brasil. Para o sul do PR, grande
parte de SC e RS há maior probabilidade para a categoria abaixo da faixa
normal. As áreas em branco correspondem à previsão de igual probabilidade
para as três categorias. É importante destacar que esta previsão não descarta
a ocorrência de eventos expressivos de chuva no setor sul do Brasil. No
entanto, a alta probabilidade do desenvolvimento e atuação do fenômeno La
Niña (92%) poderá gerar condições de déficit de precipitação no trimestre em
questão em grande parte do Sul do país. Em relação à temperatura do ar, há
maior probabilidade para a categoria acima da faixa normal em grande parte do
centro e norte do Brasil.

A previsão do modelo do INMET para a Região Sudeste, também aponta para


irregularidade das chuvas ao longo do trimestre. As previsões indicam chuvas
próximas a acima da média na maior parte dos quatro estados (Figura 2a).
Desta forma, existe a possibilidade do retorno das chuvas mais regulares, a
partir da segunda quinzena de outubro. Para o sudeste de São Paulo e áreas
pontuais de Minas Gerais, a previsão indica o risco de chuvas ligeiramente
abaixo da média, principalmente em dezembro/2021. Devido ao aumento de
dias chuvosos, as temperaturas devem permanecer próximas e ligeiramente
abaixo da média em toda região (Figura 2b).

7
Figura 2a Figura 2b

PREVISÃO CLIMÁTICA NDJ/2021-22

O La Niña está de volta pelo segundo ano consecutivo.

Segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados


Unidos (NOAA), órgão do governo americano, o fenômeno climático
responsável por invernos rigorosos e grandes secas em todo o mundo chegou
novamente e será sentido por vários meses.
8
Para entender o que é La Niña, é necessário explicar o fenômeno mais geral
em que está inserido: o chamado evento ENOS ou El Niño-Oscilação Sul.

O El Niño é um fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento anormal


das águas superficiais do Oceano Pacífico, principalmente nas zonas
equatoriais.

Ele ocorre normalmente em intervalos médios de quatro anos, geralmente em


dezembro, próximo ao Natal e, por isso, é chamado assim, em referência ao
"Niño Jesus" ("Menino Jesus").

O El Niño causa o enfraquecimento dos chamados ventos alísios


(deslocamentos de massas de ar quente e úmido em direção às áreas de baixa
pressão atmosférica das zonas equatoriais do globo terrestre).

Esses ventos sopram de leste para oeste, acumulando água quente na camada
superior do Oceano Pacífico perto da Austrália e Indonésia.

Assim, quando o El Niño ocorre, a camada de águas superficiais quentes do


Pacífico acaba se deslocando ao longo do Equador em direção à América do
Sul.

Ventos quentes favorecem a evaporação e, por consequência, a formação de


nuvens.

No Brasil, isso normalmente se traduz em mais chuvas na região Sul e menos


chuvas nas regiões Norte e Nordeste.

O La Niña é exatamente o oposto.

Durante esse fenômeno, os ventos alísios se intensificam e as águas


superficiais do Oceano Pacífico Equatorial acabam se resfriando.

No Brasil, ocorrem chuvas mais abundantes na Amazônia, com aumento na


vazão dos rios e enchentes. No Nordeste, isso também significa maior

9
precipitação. No Sul, as temperaturas sobem e há maior ocorrência de secas.
No Sudeste e Centro-Oeste, os efeitos são imprevisíveis.

Geralmente, entre as duas fases, ocorre um período denominado " zona neutra
" (em que estivemos até recentemente) em que nenhum dos dois eventos está
notavelmente ativo e as temperaturas estão acima da média.

Os efeitos do La Niña e do El Niño, que vão de secas a inundações, de fortes


chuvas a furacões, sempre dependem da área de oscilação: podem produzir
secas na América Latina, fortes nevascas no norte dos Estados Unidos ou
secas na Austrália ou nas ilhas do Pacífico.

E embora sigam padrões, isso não significa que cada vez que as condições
são ativadas, elas se manifestam da mesma maneira: nenhum evento La Niña
é igual ao outro.

Embora as previsões mais precisas para a temporada atual sejam conhecidas


no fim deste mês, a NOAA e outras organizações meteorológicas da América
Latina preveem "um La Niña de intensidade moderada".

ZCAS – ZONA DE CONVERGÊNCIA DO ATLÂNTICO SUL

A Zona de Convergência do Atlântico Sul, ZCAS na forma usualmente


abreviada, é o principal sistema meteorológico do verão no Brasil responsável
por um período prolongado de chuva frequente e volumosa sobre parte das
Regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste.
Em muitas áreas do Sudeste e do Centro-Oeste, o elevado volume de chuva
produzido no período de ZCAS, que em média atua por período de 5 a 10 dias,
pode representar grande parte da chuva do trimestre mais chuvoso do ano.
Quando a ZCAS se forma, uma extensa faixa de nuvens carregadas persiste
sobre o Brasil por vários dias consecutivos, cruzando o país do Amazonas ao
Rio de Janeiro.
10
A Zona de Convergência do Atlântico Sul é uma grande e prolongada zona de
convergência de fluxos de umidade sobre o Brasil resultado da interação da
circulação de vários sistemas meteorológicos: frentes frias na costa do
Sudeste, Vórtice Ciclônico de Altos Níveis no Nordeste (VCAN), sistema de
circulação ciclônica que se forma em torno de 10 km de altitude, e a Alta da
Bolívia, grande sistema de alta pressão atmosférica (circulação anticiclônica)
que se estabelecem sobre este país em torno de 10 mil metros de altitude.
Neutralidade prossegue nos próximos meses ANÁLISE: Em boletim atualizado
em 14 de novembro, o Centro Americano de Meteorologia e Oceanografia
(NOAA) manteve a previsão de neutralidade climática, sem El Niño e La Niña
moderada. Isto não quer dizer que a temperatura do oceano Pacífico esteja
dentro da média. Atualmente, observamos uma área mais aquecida no centro e
oeste e fria no setor leste. A tendência, inclusive, é de que toda a porção
equatorial fique mais aquecida que o normal em dezembro, algo considerado
dentro da climatologia pela NOAA (o Pacífico sempre aquece perto do Natal) e
que não está associada com o desenvolvimento de um novo El Niño. De
qualquer forma, estas oscilações provocam variações intrassazonais. A
primavera, por exemplo, foi marcada pelo tempo seco e quente em seu início e,
e já no final de setembro, registramos maior regularidade da precipitação, se
consolidando em outubro. As oscilações prosseguirão nos próximos meses
com períodos secos e quentes e períodos mais chuvosos e com temperatura
amena. A simulação europeia ECMWF atualizada em novembro indica um
padrão próximo à climatologia para dezembro no Brasil. Os maiores
acumulados acontecem sobre as Regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e
interior do Nordeste associada com frentes frias e a umidade da Amazônia. A
maior parte da precipitação acontecerá na segunda metade do mês, mas por
enquanto, não há expectativa de longas invernadas ou ZCAS (Zona de
Convergência do Atlântico Sul). De qualquer forma, a posição da chuva ajuda
na recuperação do nível de reservatórios ao longo das bacias do rio Doce, São
Francisco, Tocantins e Paranaíba. Por outro lado, trabalhos de campo
(agrícolas) avançarão de forma mais lenta na segunda metade de dezembro
em Estados produtores importantes como Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
A Região Sul, em especial o Rio Grande do Sul, que sofreu com o excesso de
chuva em outubro e início de novembro, verá diminuição drástica das

11
precipitações em dezembro. Mesmo assim, não há expectativa de ausência
total de precipitação. No oeste do Rio Grande do Sul, esperam-se pelo menos
dois episódios de chuva com curta duração na primeira quinzena do mês.
Posteriormente, entre o segundo decêndio de dezembro e o primeiro decêndio
de janeiro, o risco de estiagem mais prolongada aumenta. O padrão de
temperatura muda com o fim do ano. Boa parte da primavera foi quente e,
apenas a partir de novembro, registraremos declínio dos termômetros. Com as
frentes frias ainda avançando pelo Brasil, a simulação ECMWF mantém um
mês de dezembro com temperaturas mais amenas no Sudeste e diminuição do
calor no interior do Nordeste e Estados como o Tocantins, Pará e Amapá. Por
outro lado, a amplitude térmica aumentará no Sul. Apesar de noites e
madrugadas mais frias que o normal, a baixa umidade do ar permitirá calor
intenso sobretudo no interior dos três Estados da Região. Um dos poucos
locais onde o calor será acima do normal tanto nas madrugadas como durante
as tardes será o já normalmente quente leste do Nordeste. Salvador promete
ter tardes 2°C mais quentes que a média histórica. Em janeiro, o ECMWF
indica chuva forte sobre o Sudeste, Nordeste e Norte, além de Goiás e Mato
Grosso. Boa parte da precipitação começará ainda no fim de dezembro e
avançará até o fim do primeiro decêndio de janeiro. Por enquanto, este
episódio promete ser o mais intenso do período úmido.

Guaratinguetá

Foi verificado junto a Defesa Civil de Guaratinguetá o registro sobre áreas


inundáveis nas planícies aluviais do Rio Paraíba do Sul, no perímetro urbano,
nos últimos dez anos, em especial em oito áreas de risco:
-Margem direita: Campo do Galvão, Olaria José Benedito, Jardim Primavera e
alguns pontos da Avenida Breno Viana e Rua Martin Cabral, no bairro de Santa
Rita.
-Margem Esquerda: Jardim Esperança, Jardim do Vale e com a influência do
afluente Ribeirão Guaratinguetá os bairros Jardim Rony e Comendador
Rodrigues Alves.

12
Podemos também pontuar as calhas das microbacias dos afluentes, Ribeirão
dos Mottas, São Gonçalo e Guaratinguetá, que também acarretam em
enchentes e alagamentos nos bairros que estão inseridos.
Estudos indicam que a temperatura mínima de Guaratinguetá nas últimas
quatro décadas aumentou 1,7°C e a temperatura máxima em 0,2, portanto,
uma média de 0,9 de aumento na temperatura no perímetro urbano e o índice
pluviométrico em 0,7 mm. Estes dados demonstram que num futuro bem
próximo pode haver um crescimento nas áreas de inundações, devido ao
aumento no índice pluviométrico e, consequentemente, na vazão do Rio
Paraíba do Sul e seus afluentes. É urgente que se faça um estudo em busca
de soluções para as áreas inundáveis, dentro de um plano de drenagem
urbana sustentável, de forma a minimizar os efeitos destas inundações
periódicas.

DESASTRES NATURAIS

As inundações figuram entre as catástrofes naturais que mais danos


ocasionam à saúde pública e ao patrimônio, com elevada morbimortalidade,
em decorrência do efeito direto das enchentes e das doenças infecciosas
secundárias aos transtornos nos sistemas de água e saneamento.
Com a ocorrência de graves inundações envolvendo vários estados de
diferentes regiões, emerge a preocupação sobre o aparecimento de doenças,
sobretudo as transmitidas por água, alimentos, vetores, reservatórios e animais
peçonhentos. Este fato gera a necessidade da intensificação das ações de
vigilância em saúde de forma oportuna, coordenada e articulada com outros
setores (públicos e não governamentais) e com base em dados para a tomada
de decisões.
O presente plano de contingência visa propor diretrizes para a organização da
vigilância em saúde e a elaboração conjunta de estratégias de ação que
orientem medidas de prevenção e controle de situações de risco e agravos de
importância que possam estar associados à ocorrência e eventos desta
natureza.

13
As transformações ambientais e os fenômenos naturais fazem parte do sistema
de evolução natural do nosso planeta. Um desastre ocorre quando condições
de risco, naturais ou motivadas pelo o homem, ameaçam uma comunidade ou
sistema.

Em nosso país, os principais problemas são acarretados por eventos como


secas, estiagens, enchentes, inundações, incêndios florestais, deslizamentos,
escorregamentos, vendavais e granizo.

Os desastres alteraram os serviços nas unidades de saúde, comprometem o


comportamento psicológico e social das comunidades afetadas e pode até
provocar deslocamentos da população, acarretando risco epidemiológico.

O VIGIDESASTRES (Vigilância em desastres de origem natural e acidentes


com produtos perigosos), programa do Ministério da Saúde, tem por objetivo
desenvolver continuadas ações para reduzir a exposição da população aos
riscos de desastres e a redução das doenças decorrentes deles.

As principais atividades a serem desenvolvidas destinam-se ao atendimento de


demandas do município atingido por desastres naturais. Devendo utilizar-se de
estratégias de gestão do risco, como planejamento, gerenciamento,
acompanhamento da evolução do risco, monitoramento e avaliação das ações,
dirigidas à redução dos riscos.

As estratégias têm como objetivo a proteção da saúde da população contra as


consequências dos desastres, considerando o tamanho do risco para a
definição das prioridades, e respeitando as estruturas organizacionais
existentes.

Quando a gravidade dos desastres se configura em situações de emergência


ou estado de calamidade pública a atuação do VIGIDESASTRES ocorre em
parceria com a Diretoria de Defesa Civil e órgãos vinculados. Atualmente, o
programa de Vigilância em desastres de origem natural.

A Vigilância em Saúde Ambiental relacionada aos riscos decorrentes dos


desastres naturais (Vigidesastres) é um programa da Coordenação-Geral de
Vigilância em Saúde Ambiental da Secretaria de Vigilância em Saúde do

14
Ministério da Saúde que tem por objetivo desenvolver um conjunto de ações a
serem adotadas continuamente pelas autoridades de saúde pública para
reduzir a exposição da população e dos profissionais de saúde aos riscos de
desastres e a redução das doenças decorrentes deles. 

A gestão do Vigidesastres deve contemplar ações que integram as estratégias


de gestão do risco com seus componentes de: planejamento, gerenciamento,
acompanhamento da evolução do risco, monitoramento e avaliação das ações,
dirigida à redução do risco, ao gerenciamento de desastres e à recuperação
dos efeitos à saúde humana.
Outros aspectos:
 Aumento da vulnerabilidade humana relacionada ao modelo de
desenvolvimento, com profundas repercussões nas condições de vida e
saúde do homem;
 Processos não sustentáveis de uso e ocupação do território;

 Adoção de matrizes tecnológicas (química e nuclear) sem incorporação


de política eficiente para gestão de riscos de acidentes.

COMO OS DESASTRES AFETAM A SAÚDE PÚBLICA?


 Mortes, ferimentos e doenças
 Recursos humanos de saúde
 Danificam ou destroem infraestrutura local de saúde e equipamentos
 Danificam ou destroem o sistema de saneamento
 Danificam ou destroem moradias, estabelecimentos comerciais, prédios
públicos etc.
 Interrompem os serviços básicos (luz, telefonia, transporte…)

ATUAÇÃO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Educando e orientando: é o poder pedagógico educacional.


Intervindo: quando necessário, e combatendo irregularidades por meio de
inspeções sanitárias: é o “poder de polícia”, exclusivo do poder público, nas

15
fiscalizações, na aplicação de intimações e infrações, interdição de
estabelecimentos, apreensão de produtos e equipamentos etc.

VIGILÂNCIA EM SAÚDE NUMA SITUAÇÃO DE DESASTRES


Setor Regulado:
Comércio de Alimentos e Bebidas.
Comércio de Medicamentos.
Coleta de Resíduos de Serviço de Saúde.
Armazenamento, transbordo e destinação de lixos e entulhos.
Unidades de Saúde da Rede Pública.
Prestadores de Serviço de Saúde.
Escolas.

OBJETIVOS DO VIGIDESASTRES

Geral

Desenvolver um conjunto de ações a serem adotadas continuamente pelas


autoridades de saúde pública para reduzir a exposição da população e do
pessoal de saúde aos riscos de desastres e a redução das doenças e agravos
decorrentes dos mesmos.

Específicos
a) Estruturar e habilitar, em especial a vigilância em saúde ambiental, para a
gestão dos desastres de origem natural no setor saúde;

b) Garantir que os sistemas, procedimentos e recursos físicos, humanos,


financeiros e tecnológicos estejam preparados para proporcionar uma
assistência rápida e efetiva às vítimas de desastres de origem natural,
facilitando assim, as medidas de socorro e o restabelecimento da infraestrutura
dos serviços relacionados com a saúde e o bem-estar da população.

c) Reduzir os danos à infraestrutura sanitária e de saúde.


As estratégias têm como objetivo a proteção da saúde da população contra as
consequências dos desastres, considerando a magnitude do risco para a
definição das prioridades, e respeitar as estruturas organizacionais existentes.

16
Devem estar em consonância com as políticas e programas no âmbito da
vigilância em saúde ambiental e com as ações articuladas pelos órgãos que
integram o Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC.

Cabe enfatizar que as responsabilidades da atuação do Ministério da Saúde


em desastres estão previstas no Sistema Nacional de Defesa Civil, Decreto nº.
5.376 de 17 de fevereiro de 2005.

Em março de 2005 a Instrução Normativa nº 1, regulamenta a Portaria


1.172/2004 no que se refere às competências da União, Estados e Municípios
na área de Vigilância em Saúde Ambiental.

O Vigidesastres integra a Comissão de Desastres do Ministério da Saúde,


regulamentada pela Portaria Nº. 372 de 10 de março de 2005, e tem o objetivo
de desenvolver ações de vigilância ambiental em saúde relacionadas a
enchentes, secas, deslizamentos e incêndios florestais. A prevenção visa a
minimizar os danos à saúde das populações atingidas e alertar as unidades
locais de atendimento.

DEFINIÇÕES:

Fatores de interferência
A ameaça: chuva, vendaval, granizo, escorregamento.
A localização do edifício: topografia e estabilidade do terreno, geologia,
capacidade de absorção e evacuação das águas.
O edifício em si: materiais empregados, tecnologia construtiva aplicada,
estado de conservação etc.

ALAGAMENTOS
Água acumulada no leito das ruas e no perímetro urbano por fortes
precipitações pluviométricas, em cidades com sistemas de drenagem deficiente
ou nas situações que excedem a captação normal.

17
INUNDAÇÕES GRADUAIS OU ENCHENTES
Transbordamento de água da calha normal de rios, mares, lagos e açudes, ou
acumulação de água por drenagem deficiente, em áreas não habitualmente
submersas.

INUNDAÇÕES BRUSCAS OU ENXURRADAS


As enxurradas são provocadas por chuvas intensas e concentradas, em
regiões de relevo acidentado, caracterizando-se por produzirem súbitas e
violentas elevações dos caudais, os quais se escoam de forma rápida e
intensa.
Nessas condições, ocorre um desequilíbrio entre o leito do rio e o conteúdo de
água, provocando transbordamento. O fundo de vale, a inclinação do terreno,
ao favorecer o escoamento, contribui para intensificar a torrente e causar
danos.
Esse fenômeno costuma surpreender por sua violência e menor previsibilidade.
No município de Guaratinguetá destaca-se a ocorrência de perigo de
inundação em uma extensa área na planície do rio Paraíba do Sul,
circunvizinha ou coincidente a mancha urbana onde o perigo varia de alto a
muito alto, intercalando-se a perigo médio. Deve-se evitar a expansão urbana
nestes locais e ao longo das drenagens que atravessam a área urbana atual
deve-se proceder a um monitoramento contínuo do perigo.

18
DESLIZAMENTOS
Um incidente comum em épocas de chuvas fortes são os deslizamentos de
terreno que ocorrem nas encostas dos morros ou nos cortes e aterros feitos
com técnicas inadequadas.
Em Guaratinguetá o perigo de escorregamento em encostas ocorre a maior
parte fora da mancha urbana. Especialmente na Serra da Mantiqueira ao norte
do município, embora exista uma porção na área urbana e em algumas
porções ao sul. Na porção norte do município destaca-se a área denominada
de Gomeral, onde há perigo muito alto de deslizamentos.

19
ESTIAGEM
A estiagem é uma catástrofe natural com propriedades bem características e
distintas. De maneira geral trata-se de uma condição física temporária
caracterizada pela escassez de água e baixa umidade relativa do ar associada
a períodos de reduzida precipitação mais ou menos longos, com repercussões
aos agravos de saúde relacionados a doenças respiratórias, aos ecossistemas
e as atividades socioeconômicas.

DOENÇAS RELACIONADAS
Há vários tipos de doenças causadas por água contaminada, por organismos
ou outros contaminantes dispersos. Em locais com saneamento básico
deficiente quando acometidos por desastres naturais ou antrópicos deve-se
atuar na prevenção das seguintes doenças.
20
LEPTOSPIROSE
Causador: bactéria Leptospira interrogans.
Transmissão: é uma zoonose transmitida principalmente pela urina de ratos. A
bactéria se reproduz na água e em solos úmidos, penetra na pele e nas
mucosas de humanos quando entram em contato com a água ou com a lama
das enchentes.
Sintomas: febre, náuseas, diarréia, dores musculares e de cabeça. A infecção
se torna grave quando atinge os rins, o fígado e o baço, podendo ser fatal em
alguns casos.
Prevenção: evitar contato com água contaminada e lama e nunca consumir
água ou alimentos que tiveram contato com a enchente. Medidas de combate
aos ratos e prevenção contra as inundações.

FEBRE TIFÓIDE
Causador: bactéria Salmonella typhi.
Transmissão: por meio de água e alimentos contaminados ou contato com
pessoas doentes.
Doença exclusiva dos seres humanos, cuja única porta de entrada é o sistema
digestório.
Sintomas: febre, dor de cabeça, cansaço, sono agitado, náusea, vômito,
sangramentos nasais, diarréia. Se não tratada, pode levar à morte por
hemorragia intestinal.
Prevenção: saneamento básico adequado, tratamento da água para consumo,
não acumular lixo e manter as pessoas doentes em isolamento.

CÓLERA
Causador: bactéria Vibrio cholerae.
Transmissão: água e alimentos contaminados.
Sintomas: a bactéria libera uma toxina que causa intensa diarréia.
Prevenção: saneamento básico com tratamento adequado da água e do
esgoto.

21
TÉTANO
Causador: bactéria Clostridium tetani.
Transmissão: o tétano é causado pela contaminação de ferimentos com a
bactéria.
Sintomas: Rigidez a muscular em todo o corpo, mas principalmente no
pescoço, dificuldade para abrir a boca (trismo) e engolir, riso sardônico
produzido por espasmos dos músculos da face. A contratura muscular pode
atingir os músculos respiratórios e pôr em risco a vida da pessoa.
Prevenção: O tétano não é contagioso, porém, mesmo aqueles que já
contraíram a doença, não adquirem anticorpos para evitá-lo novamente. A
vacinação é a única forma de proteção.
Para uma imunização adequada, em caso de ferimento, é preciso ter tomado
três doses de toxóide tetânico.

DENGUE
Causador: vírus da dengue dos tipos 1, 2, 3 e 4.
Transmissão: por meio da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti.
Sintomas: febre alta, dores musculares, nas articulações e de cabeça.
Manchas vermelhas no corpo, inchaço, podendo haver sangramentos. A forma
hemorrágica é a mais grave e pode ser fatal.

CHIKUNGUNYA
A Febre de Chikungunya é uma arbovirose causada pelo vírus Chikungunya,
da família Togaviridae e do gênero Alphavirus. A viremia persiste por até 10
dias após o surgimento das manifestações clínicas. A transmissão se dá
através da picada de fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes
albopictus infectadas pelo CHIKV. Casos de transmissão vertical podem
ocorrer quase que exclusivamente, no intraparto de gestantes virêmicas e,
muitas vezes, provoca infeção neonatal grave (gestante virêmica – bebê
durante o parto), bem como por transfusão sanguínea, mas são raros. Os
sintomas são clinicamente semelhantes aos da dengue – febre de início agudo,
dores articulares e musculares, cefaleia, náusea, fadiga e exantema. A
principal manifestação clínica que a difere da dengue são as fortes dores nas

22
articulações. Além dessa fase inicial pode evoluir em duas etapas
subsequentes: fase subaguda e crônica. Embora a Febre de Chikungunya não
seja uma doença de alta letalidade, tem elevada taxa de morbidade associada
à artralgia persistente, que pode levar à incapacidade e, consequentemente,
redução da produtividade e da qualidade de vida.

Caracterizada a transmissão sustentada de Chikungunya em uma determinada


área, com a confirmação laboratorial dos primeiros casos, o Ministério da
Saúde recomenda que os demais sejam confirmados por critério clínico-
epidemiológico, que leva em conta fatores como: sintomas apresentados e o
vínculo dele com pessoas que já contraíra.

ZIKA VÍRUS
É uma doença viral aguda, transmitida principalmente por mosquitos, tais como
Aedes aegypti, caracterizada por exantema maculopapular pruriginoso, febre
intermitente, hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido, artralgia,
mialgia e dor de cabeça. Apresenta evolução benigna e os sintomas
geralmente desaparecem espontaneamente após 3-7 dias.

O Ministério da Saúde confirmou a circulação do Zika vírus no país desde


meados de 2013.

AGRAVOS RELACIONADOS

INTOXICAÇÃO EXÓGENA
Intoxicação exógena pode ser definida como a consequência clínica e/ou
bioquímicas da exposição às substâncias químicas.

ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS


Situação em que a pessoa é picada por algum animal venenoso como cobras,
aranhas, escorpiões etc.

23
TRAUMA FÍSICO
Situação com danos físicos ocasionados por um fator externo causando
ferimentos graves que pode colocar sua vida em risco ou a morte.

TRAUMA MENTAL
Ocorre quando a pessoa vivencia um trauma, como guerras, catástrofes
naturais, agressão física ou psicológica e acidentes. Na grande maioria as
situações estão relacionadas a uma ameaça real ou iminente.
O presente plano de contingência propõe caminhos para a organização e
atuação da vigilância em saúde na elaboração conjunta de estratégias que
orientem medidas de prevenção e controle de situações de risco e agravos de
saúde publica que possam estar associados vários fatores de risco.

Os desastres podem afetar a saúde pública sob diversos aspectos: 


 Provocam um número inesperado de mortes, ferimentos ou
enfermidades e congestionam os serviços locais de saúde;
 Danificam a infraestrutura local de saúde e alteram a prestação de
serviços de rotina e ações preventivas, com graves consequências a
curto, médio e longo prazo, em termos de morbi-mortalidade;
 Comprometem o comportamento psicológico e social das comunidades;
 Causam escassez de alimentos com graves consequências nutricionais;
 Provocam deslocamentos espontâneos da população, acarretando risco
epidemiológico;
 Aumentam a exposição climática da população desabrigada;
 Destroem ou interrompem os sistemas de produção e distribuição de
água, dos serviços de limpeza urbana e esgotamento sanitário, o que
favorece a proliferação de vetores;
 Aumenta o risco de enfermidades transmissíveis.

OBJETIVOS

24
OBJETIVOS GERAIS
 Executar ações integradas na ocorrência de desastres ambientais
(naturais e tecnológicos).
 Mobilizar de forma integrada as diversas instituições e órgãos, para as
ações de prevenção e resposta aos desastres, para promoção e
prevenção de agravos à saúde da população.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 Formar grupo de trabalho intersetorial e interinstitucional para definir e
implantar as medidas de prevenção e controle dos agravos à saúde
relacionados a desastres naturais,
 Identificar, direcionar e fortalecer ações de atenção integral à saúde da
população atingida por desastres, incluindo ações de atenção
psicossocial;
 Intensificar a articulação e integração intrassetorial;
 Fortalecer a intersetorialidade do setor saúde com outras instituições;
 Restabelecer o atendimento na rede dos serviços de saúde.
 Estabelecer fluxo de comunicação dialógica;
 Fortalecer a participação social e a educação em saúde,
 Georreferenciar áreas de risco para desastres naturais,
 Capacitar os serviços de saúde existentes nessas áreas para atuar em
situações de desastres,
 Elaborar e divulgar material informativo para a rede de serviços de
saúde para a prevenção e mitigação de desastres naturais e agravos
relacionados

FATORES INDUTORES EM GUARATINGUETÁ


 Mudanças climáticas globais;
 Aquecimento global;
 Vulnerabilidade das comunidades

25
AÇÕES DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE:

 Alertar todos os serviços de saúde do município quanto à probabilidade


de ocorrer um aumento no número de acidentes por animais
peçonhentos nos meses quentes e chuvosos.
 Vistoriar os locais atingidos pela inundação, com o objetivo de
determinar as áreas com maior risco de acidentes por animais
peçonhentos, com base na identificação dos animais encontrados.
 Vistoriar constantemente os locais utilizados para alojar os desabrigados
(escolas, ginásios, galpões, igrejas) à procura de animais peçonhentos.
 Informar a população acerca dos locais onde é realizado o tratamento
soroterápico e garantir o atendimento imediato dos casos (soros
antipeçonhentos e sintomáticos) bem como o encaminhamento dos
casos graves para os hospitais de referência.
 Difundir informação e educação em saúde, priorizando as medidas de
prevenção e os primeiros socorros. É de fundamental importância o
envolvimento de todas as instâncias intra e interinstitucionais, visando
atingir todas as parcelas da população em linguagem clara e acessível.
 Promover o controle da população de roedores e baratas, visando
eliminar as condições que propiciam a sobrevivência destes animais:
alimento, água, acesso e abrigo. O manejo adequado do lixo, o correto
armazenamento dos alimentos, a limpeza de terrenos baldios e a
retirada de entulhos são medidas fundamentais e que devem ser
tomadas por toda a população.
 Vistoriar residências nos locais atingidos, visando mitigar os riscos
provenientes de animais sinantrópicos, com a distribuição de adesivos
“veda ralos” e aplicação de larvicidas em potenciais criadouros para
Culicídeos.
 Distribuição de hipoclorito de sódio e orientação para veiculação hídrica
(profilaxia).

26
Cuidados com a água para o uso doméstico

Nas enchentes, o sistema doméstico de armazenamento de água pode ser


contaminado, sendo necessária sua desinfecção. A limpeza dos reservatórios
se faz necessária, mesmo quando os mesmos não são atingidos diretamente
pela água da enchente, pois a rede de distribuição de água, frequentemente,
apresenta vazamentos. Durante a enchente, se faltar água nos canos, os locais
de vazamentos permitem a entrada de água poluída na rede, contaminando os
reservatórios. Para limpar e desinfetar o reservatório (caixa d’água)
recomenda-se:
a) esvaziar a caixa d’água e lavá-la, esfregando bem as paredes e o fundo.
Não esquecer que se deve usar botas de borracha e luvas nesta atividade;
b) esvaziá-la completamente, retirando toda a sujeira, utilizando pá, balde e
panos;
c) após concluída a limpeza, colocar 1 litro de água sanitária para cada 1.000
litros de água do reservatório;
d) abrir a entrada para encher a caixa com água limpa;
e) após 30 minutos, abrir as torneiras por alguns segundos, com vistas à
entrada da água com solução na tubulação doméstica;
f) aguardar 4 horas para a desinfecção do reservatório e canalizações;
g) abrir as torneiras, podendo aproveitar a água para limpeza em geral de chão
e paredes.

Cuidados com a água para consumo humano direto

Se o domicílio for abastecido com água do sistema público e, no ponto de


consumo (torneira, jarra, pote, etc.), não for verificada a presença de cloro na
quantidade recomendada (maior que 0,5 mg/l) ou se a água utilizada for
proveniente de poço, cacimba, fonte, rio, riacho, açude, barreira, etc., deverá
ser procedida a cloração no local utilizado para armazenamento (reservatório,
tanque, tonel, jarra, etc.) utilizando-se o hipoclorito de sódio a 2,5% ou água
sanitária, nas seguintes dosagens, conforme tabela abaixo:

27
Hipoclorito de Sódio a 2,5%
TEMPO DE
VOLUME DE ÁGUA
Medida CONTATO
Dosagem
Prática
2 copinhos de
1.000 Litros 100 mL café
(descartável)
1 colher de
200 Litros 15 mL 30 minutos
sopa
1 colher de
20 Litros 2 mL
chá
1 Litro 0,0045 mL 2 gotas

O Ministério da Saúde, por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária


(ANVISA), define “água sanitária” como: soluções aquosas a base de
hipoclorito de sódio ou cálcio com o teor de cloro ativo entre 2,0% p/p a 2,5%
p/p, durante o prazo de validade (máximo de seis meses). O produto poderá
conter apenas hidróxido de sódio ou cálcio, cloreto de sódio ou cálcio e
carbonato de sódio ou cálcio como estabilizante. Não será permitida a adição
de substâncias corantes, detergentes e aromatizantes nas formulações do
produto.
OBS: Não utilizar alvejantes em desinfecção de água para consumo
humano

Cuidados na limpeza da lama residual das enchentes


A lama das enchentes tem alto poder infectante e nestas ocasiões fica aderida
aos móveis, paredes e chão. Recomenda-se então retirar essa lama (sempre
se protegendo com luvas e botas de borracha) e lavar o local, desinfetando a
seguir com uma solução de água sanitária na seguinte proporção: para um
balde de 20 litros de água, adicionar 4 xícaras de café (copinhos de 50
mL) de água sanitária.

Cuidados com os alimentos


Nas enchentes, é essencial a atenção aos alimentos que entraram em contato
com as águas da enchente, pois poderão ser contaminados. O ideal como

28
prevenção é armazená-los em locais elevados, acima do nível das águas. Se
isto não foi possível, recomenda-se:
a) Manter os alimentos devidamente acondicionados, fora do alcance de
roedores, insetos ou outros animais;
b) Lavar frequentemente as mãos com água tratada antes de manipular os
alimentos;
c) Alimentos em estado natural:
• frutas em geral, verduras, legumes, arroz, feijão, soja, ervilha, etc. devem ser
inutilizados, pois sobrem transformações quando em contato com as águas da
enchente;
• carnes, peixes, leite, ovos, pão, açúcar, café, manteiga, etc., devem ser
inutilizados, pois se contaminam facilmente pelas águas, além da natureza de
suas embalagens, que geralmente são de plástico ou papel; portanto, é
perigosa qualquer tentativa de aproveitamento dos mesmos.
d) Alimentos preparados:
• Linguiça, mortadela, queijos, etc. deverão ser também inutilizados após o
contato com as águas, pois sua contaminação é total, devido ao tipo de
embalagem, geralmente de plástico ou papel;
e) Alimentos enlatados:
• As latas que estiverem amassadas, enferrujadas ou semiabertas deverão ser
inutilizadas, porém as que permanecerem em bom estado e onde se tem
certeza de que não houve o contado das águas com os alimentos nela
contidos, poderão ser lavadas com uma solução de água sanitária na
proporção de 1/100, preparada do seguinte modo:
1 litro de água sanitária para 100 litros de água ou
1/2 litro de água sanitária para 50 litros de água ou
1/4 litro de água sanitária para 25 litros de água

Ações na Fase de Prevenção


Desenvolver ações com objetivo de evitar e/ou reduzir os danos, decorrentes
de Desastres Naturais, causados à Saúde Humana. Tais como:
• Mapeamento e caracterização de áreas de risco, equipamentos e serviços
disponíveis.

29
•Realizar treinamentos nos serviços de vigilância em saúde e de assistência à
saúde.
• Acompanhar e analisar os indicadores dos agravos de saúde.
• Elaborar e desenvolver ações em Educação em Saúde Ambiental.
• Realização de controle de roedores e animais sinantrópicos.

Ações na Fase de Resposta


Atuação de forma integrada com as instituições envolvidas de acordo com as
diretrizes da Defesa Civil Municipal, por exemplo:
• Realizar Vigilância em Saúde de agravos relacionados aos Desastres
Naturais. (Portaria Nº 104, de 25 de Janeiro de 2011 Anexo II - Lista de
Notificação Compulsória Imediata – LNCI)
• Avaliar as condições sanitárias de abrigos temporários seguindo
determinações do Código Sanitário do Estado de São Paulo.
• Providenciar a continuidade do tratamento de pessoas com doenças
crônicas, atingidas pelos desastres.
• Ações de controle animal, de sinantrópicos e encaminhamento
adequado em casos de acidentes com animais peçonhentos, na área do
desastre.
• Acompanhar as condições de saúde da população afetada realizando
encaminhamentos para serviços de saúde, serviços de assistência
social quando necessário.
 Georreferenciamento (em formato digital) das áreas de risco de
deslizamento e solapamento, pontos de alagamento na delimitação do
município, rede hidrográfica e áreas de risco.
Podemos considerar os deslizamentos, as enchentes e inundações como
desastres de maior importância em função da frequência e intensidade com
que ocorrem para o município de Guaratinguetá.
Devido às previsões para esse verão, sugerimos que seja disponibilizada
equipe de Vigilância em Saúde de plantão nos feriados de dezembro para
atender supostas demandas do contexto de Vigilância em Desastres Naturais.
A proposta contará com 6 funcionários da Vigilância em Saúde, em plantão
sobreaviso nos fins de semana correspondentes ao de Natal (23, 24, 25 e
26/12/2020) e Ano Novo (30,31/12, 01 e 02/01/2022).

30
Funcionários disponíveis para plantão Vigilância Epidemiológicas:
José Eduardo B. Marques Jr
Danilo Corrêa de Paula Jr
Joseane Limongi Ferreira Francisco

Funcionários disponíveis para plantão Vigilância Sanitária


Luiz Antonio de Oliveira Andrade
Giuliano dos Santos Nogueira
Adriano Ferreira Ribeiro

_________________________ ___________________________
Dr.José Eduardo B. Marques Jr Danilo Corrêa de Paula Jr
Méd. Veterinário Interlocutor de Vigilância em
CCZ - Vigilância Epidemiológica Desastres Naturais

31

Você também pode gostar