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186  REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS SOCIAIS - VOL.

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CORRÊA, M. (1999), “O sexo da dominação”. Por uma teoria alternativa do


Novos Estudos Cebrap, 54: 43-53. campesinato nas fronteiras do
DAVIDA (GRUPO). (2005), “Prostitutas, ‘trafica- capitalismo
das’ e pânicos morais: uma análise da produção
de fatos em pesquisas sobre o ‘tráfico de seres Francisco de Assis Costa. Economia camponesa nas
humanos’”. Cadernos Pagu, 25: 153-184. fronteiras do capitalismo: teoria e prática nos EUA e
DWORKIN, G. (1998 2008), The theory and prac- na Amazônia brasileira. Belém, Naea/UFPA, 2012.
310 páginas.
tice of autonomy. Nova York, Cambridge Uni-
versity Press. Luiz Cláudio Moreira Melo Jr.
FARIA, N. (2014). “A quem serve a regulamenta-
ção da prostituição?”. Disponível em http:// Francisco de Assis Costa (nascido em 1948) é
br.boell.org/pt-br/2014/05/10/quem-serve- professor do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos
-regulamentacao-da-prostituicao, consultado da Universidade Federal do Pará (Naea/UFPA) des-
em 30 jun. 2014. de 1989. Doutorou-se em 1988 em economia pela
MACKENZIE, C. & STOLJAR, N. (2000), “Au- Freie Universität Berlin, Alemanha. Coordena o
tonomy refigured”, in C. Mackenzie e N. Stol- grupo de pesquisa Dinâmica Agrária e Desenvolvi-
jar (eds.), Relational autonomy: feminist pers- mento Sustentável na Amazônia, que há anos vem
pectives on autonomy, agency, and the social self, desenvolvendo estudos que compõem uma ampla
Nova York/Oxford, Oxford University Press. abordagem interdisciplinar da Amazônia. É autor
MARQUES, D. & MONTEZUMA, I. (2014), de diversas obras de referência sobre dinâmica agrá-
“Desigualdades de gênero e democracia: como ria e campesinato na Amazônia, entre elas: Ecolo-
as ciências sociais brasileiras (não) trabalham gismo e questão agrária na Amazônia (Naea/UFPA,
com o tema”. Trabalho apresentado no 38º En- 1992), Grande capital e agricultura na Amazônia: a
contro Anual da Anpocs, Caxambu. experiência Ford no Tapajós (Naea/UFPA, 1993) e
MOI, T. (1991), “Appropriating Bourdieu”. New Formação agropecuária da Amazônia: os desafios do
Literary History, 22: 1017-1049. desenvolvimento sustentável (Naea/UFPA, 2000).
PISCITELLI, A. (2012), “Revisiting notions of sex Recentemente, a produção do seu grupo de pesqui-
trafficking and victims”. Vibrant, 9: 275-310. sa tem sido organizada e divulgada em cinco séries
YOUNG, I. (2011), Responsibility for justice. temáticas, contando com o lançamento de títulos
Oxford, Oxford University Press. inéditos, como é o caso da obra aqui resenhada,
além de reedições de obras anteriores. A obra Eco-
JOSÉ SZWAKO é professor do Instituto de nomia camponesa nas fronteiras do capitalismo é o
Estudos Sociais e Políticos da Universidade volume 1 da série II, denominada Fundamentos
do Estado do Rio de Janeiro (Iesp-Uerj). Teóricos e Metodológicos.
E-mail: zeszwako@iesp.uerj.br. Eu sintetizaria assim a temática desse novo li-
DOI: http//dx.doi.org/10.17666/3089182-186/2015 vro de Francisco de Assis Costa: trata-se da cons-
trução das bases teórico-metodológicas da teoria do
investimento camponês como uma proposta alter-
nativa ao entendimento do campesinato nas fron-
teiras do capitalismo. A teoria é defendida tanto
para a fronteira mais intensiva do sistema (campe-
sinato americano), como para a sua fronteira mais
extensiva (campesinato amazônico), mostrando a
eficiência reprodutiva e a capacidade de permanên-
cia da economia em bases camponesas.
O autor fundamenta as suas análises utilizando
dados secundários dos Censos dos Estados Unidos
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e do Brasil e dados primários como resultados de balho que possui enquanto família; e b) as forças
décadas de pesquisas sobre sociedades camponesas que emergem das tensões contrárias, originadas,
na região amazônica brasileira. Apresenta ainda por um lado, das necessidades reprodutivas e, por
alguns modelos matemáticos e exemplos numéri- outro, das tensões ligadas ao próprio exercício do
cos. Destaco a consistência e a densidade teórica e trabalho, estabelecem um hábito de consumo ajus-
metodológica da obra, que dialoga com diferentes tado a uma rotina de trabalho entendida como ade-
tradições de estudos sobre campesinato, como a quada. Tal discussão se insere no debate entre ação
marxista, a neoclássica, a chayanoviana, e os seus x estrutura no contexto das ciências sociais, no qual
desdobramentos nas ciências sociais brasileiras existiria uma dicotomia entre a tradição marxista,
em autores como José Eli da Veiga, José de Souza de um lado, e a tradição chayanoviana, de outro,
Martins, José Graziano da Silva, Maria Wanderley, esta mais próxima da tradição neoclássica.
Octávio Ianni, Otávio Velho e Ricardo Abramovay, Francisco de Assis Costa defende que a socio-
como destacarei no decorrer desta resenha. logia ou a economia política de Marx oferece uma
O livro, ao longo dos seus doze capítulos, visão que destaca a dimensão macrossistêmica, im-
aborda três teses principais: i) a não separação entre portante para o entendimento do todo em intera-
as esferas da produção e do consumo como uma ção com as suas partes. Porém, esse entendimen-
especificidade das estruturas sociais camponesas; ii) to do todo finda produzindo reduções criticáveis,
a eficiência reprodutiva, a mobilização ao investi- como o entendimento da agricultura e do campe-
mento e a capacidade de permanência como carac- sinato na sociedade capitalista. Na visão marxista,
terísticas importantes do campesinato nas frontei- politicamente, por exemplo, o camponês nunca
ras do capitalismo; e iii) a centralidade do elemento iria exercer um papel transformador na sociedade,
camponês ou da realidade camponesa para a com- pois cada unidade familiar é uma unidade particu-
preensão do contexto agrário amazônico. lar, diferentemente dos trabalhadores da indústria,
Quanto ao primeiro ponto, vale destacar que o que mais facilmente podem se identificar na con-
autor entende como camponesas “aquelas famílias dição de classe para si, ou seja, como um conjunto
que, tendo acesso à terra e aos recursos naturais que de pessoas que tem o mesmo interesse e que se or-
ela suporta, resolvem seus problemas reprodutivos a ganizam politicamente para colocá-lo na pauta da
partir da produção rural – extrativa, agrícola e não sociedade. Isso não acontecia com os camponeses
agrícola – desenvolvida de tal modo que não se dife- que poderiam ser, no máximo, como saco de bata-
rencia o universo dos que decidem sobre a alocação tas, pois em determinados momentos eles podem
do trabalho, dos que sobrevivem com o resultado até se unir, quando algo poderia ameaçar os seus
dessa alocação” (pp. 117-118). Tal definição herda do interesses mais gerais, mas, quando o saco se rom-
economista russo Alexander von Chayanov a ênfase pesse, cada um iria para o seu lado, voltando à sua
na centralidade das necessidades reprodutivas da fa- condição de isolamento.
mília no processo decisório da “empresa camponesa”, Dessa forma, Marx também pensava numa es-
constituindo, assim, uma unidade indissociável entre pecificidade da economia camponesa, que é o fato
as esferas da produção e do consumo. Trata-se de uma de o camponês “entregar de graça” parte de seu ex-
lógica de produção que se orienta não por critérios cedente para a sociedade. Isso acontecia devido ao
de eficiência do capital, mas por critérios de eficiên- grande poder de subsunção do capital mercantil.
cia reprodutiva da família enquanto unidade de pro- Por outro lado, se a taxa de lucro cai, ainda assim o
dução, diferentemente do que ocorre em estruturas camponês continua produzindo. Para Marx, por não
capitalistas. ter uma atitude de empresário, o camponês não iria
Assumir de forma integral essa perspectiva im- sobreviver por muito tempo dentro do contexto de
plica assumir, também integralmente, as suas con- concorrência. Desde Marx, portanto, que a gestão
sequências lógicas e teóricas, a saber: a) a unidade da agricultura sustentada por uma economia mo-
camponesa tende a ser regulada em seu tamanho e ral baseada na lógica familiar não é vista como algo
em sua capacidade de mudar pela potência de tra- compatível com o capitalismo, que traz consigo uma
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necessidade constante de inovar. Lênin teria incor- salariado. E isso não é uma anomalia, mas uma for-
porado essa perspectiva para o estudo do campesi- ma diferente de gerir o processo de trabalho. Essa
nato na Rússia, chegando aos mesmos resultados de diferença, por seu turno, não resulta em incompa-
Marx, assim como Kautsky na Alemanha. tibilidades entre o campesinato e outros modos de
Também na União Soviética vigorava a ideia produção, visto que formas camponesas convive-
de que os camponeses eram incapazes de incorpo- ram com o escravismo romano, com o feudalismo,
rar as inovações tecnológicas no processo produti- com o socialismo e com o capitalismo.
vo, o que não levaria ao desenvolvimento das forças Chayanov teve a vantagem de viver e pesqui-
produtivas, daí a destruição dos camponeses por sar no final do século XIX e início do século XX,
Stálin podendo ser vista como as consequências da observando que a economia camponesa continua-
perspectiva marxista sobre o campesinato. No Bra- va sobrevivendo junto com a economia capitalista
sil, nos anos de 1960, com o surgimento da figura em vários países da Europa. Isso o teria feito levar
do boia-fria, tal movimento acabou sendo interpre- a sério o desafio de explicar a presença empirica-
tado pela sociologia e economia política brasileiras, mente demonstrada dos camponeses em vários paí-
nessa época, como um processo de proletarização ses. Segundo o autor, a grande vantagem da teoria
dos trabalhadores rurais, processo esse que acabou chayanoviana é a explicação do ponto de equilíbrio
sendo visto como sinônimo de eliminação dos cam- entre as condições internas da unidade de produção
poneses. Defendiam essa perspectiva autores como camponesa, o chamado equilíbrio chayanoviano.
Octávio Ianni, Maria Wanderley e José Graziano da Esse equilíbrio pode variar apenas em função das
Silva, por exemplo. condições internas da família, como o nascimento
Nesse sentido, no Brasil, até bem pouco tem- de mais um filho, por exemplo.
po atrás, partidos políticos e intelectuais defendiam O legado de Chayanov estaria, portanto, na
essa ideia de extermínio dos camponeses como algo construção de uma visão de grande importância
inevitável. O Estado brasileiro, por exemplo, agia para o entendimento da especificidade camponesa,
como se o campesinato não existisse, refletindo na ainda que a sua abordagem se aproxime, em algu-
completa ausência, até poucas décadas atrás, de po- ma medida, da tradição neoclássica, especialmente
líticas de crédito, dentre outras, orientadas para os pela utilização do pressuposto do individualismo
camponeses. José Eli da Veiga e Ricardo Abramo- metodológico. Entretanto, tal abordagem se ressen-
vay, por sua vez, vão mostrar que os camponeses te de uma visão ou de um panorama mais geral,
são importantes para o país e que a agricultura de mais global, da economia camponesa.
base familiar existe por toda parte no mundo. A Assim, esta é a lacuna, no campo teórico-me-
contribuição desses autores teria sido mostrar como todológico, que a obra de Francisco de Assis Costa
a agricultura que se modernizou e se inovou, no busca preencher: a construção de uma leitura que
caso de países como Inglaterra, França e Estados supere a dicotomia entre a tradição marxista, que
Unidos, foi em base camponesa e não patronal. destaca as determinações do sistema envolvente, e
Se, por um lado, a teoria de Marx se revela de a tradição chayanoviana, que realça as condições
grande importância na explicação da lei do valor, internas da unidade de produção camponesa. Para
por exemplo, os problemas surgem quando essa teo- tanto, o autor propõe uma teoria alternativa e uni-
ria busca explicar outras realidades nas quais nem ficada da economia camponesa.
todos os elementos da teoria da lei do valor estão Nessa teoria, a noção de eficiência reprodutiva
presentes para que ela possa funcionar, como é o é central, pois explicita o essencial nas relações en-
caso da economia camponesa. A análise de Chaya- tre as especificidades da razão camponesa e as leis
nov representa um contraponto às interpretações gerais de reprodução capitalista. Uma vez que os
marxistas, em primeiro lugar, por ressaltar que a camponeses se sintam ameaçados em seu processo
variável salário não está presente na lógica cam- de reprodução enquanto ser social, eles tendem a
ponesa, uma vez que o trabalho do camponês não mudar, tomando decisões que garantam a sua re-
entra na lógica produtiva na forma de trabalho as- produção social, entrando num processo muito
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intenso de inovações (investimento), não obstante da agricultura, é uma realidade peculiar ao Brasil,
parecer que eles estejam parados. pois, em outros países onde isso acontecia, refor-
Dessa forma, a tensão reprodutiva provoca uma mas foram feitas no sentido de impedir esse do-
mobilização ou uma disposição a mudar, que tende mínio dos grandes latifúndios. Assim, países ditos
a guardar uma relação estreita com uma mudança desenvolvidos, como os Estados Unidos, possuem
real, com um investimento de fato. No que parece agricultura fundamentalmente de base camponesa,
ficar claro que o horizonte da mudança é algo ine- diferentemente do Brasil, onde o grande latifúndio
rentemente interiorizado na lógica camponesa, evi- é que está à frente do processo de modernização da
denciando que o camponês não é resistente às mu- agricultura.
danças, porém ele não pode sucumbir a qualquer Também no caso amazônico, a presença cam-
mudança, pois o que está em jogo é a eficiência re- ponesa não pode ser vista como um dado irrelevan-
produtiva da família enquanto unidade de produção. te. É o que evidencia o caso dos camponeses dos
Os camponeses só não mudam quando suas condi- municípios paraenses de Capitão Poço e Irituia. Em
ções de reprodução estão sendo plenamente aten- Capitão Poço, por exemplo, o autor mostrou que a
didas ou quando as possibilidades de mudança são lógica de investimento se fez por meio da transição
bloqueadas, como é o caso das mediações institucio- de culturas temporárias para sistemas mais comple-
nais expressas nas políticas de crédito, de assistência xos, de maior diferenciação produtiva, reduzindo
técnica e de extensão rural, por exemplo. Não se tra- os riscos e aumentando a capacidade de assimilar
ta, portanto, de um sistema estável, mas dinâmico, renda média por trabalhador. Tal resultado aponta,
pois, na proporção em que a tensão reprodutiva se mais uma vez, para a importância da mobilização
eleva, aumenta a propensão ou a mobilização ao in- ao investimento entre as estruturas sociais campo-
vestimento. É isso que o autor procura mostrar nos nesas.
casos dos agricultores norte-americanos (capítulos 7, Francisco de Assis Costa destaca ainda a cen-
8 e 9) e dos municípios paraenses de Capitão Poço e tralidade do elemento camponês ou da realidade
Irituia (capítulos 11 e 12). camponesa para a compreensão da realidade agrária
No caso dos Estados Unidos, por exemplo, a amazônica. Aqui, o autor contribui para descons-
agricultura é predominantemente de base familiar. truir abordagens que colocam a Amazônia apenas
O crescimento em tamanho das unidades produ- como uma extensão da agricultura ou da fronteira
tivas se dá por uma necessidade familiar e não por agrícola no Brasil. Ou, ainda, aquelas perspectivas
uma negação dessa base familiar. Neste ponto, é de análise que tratam as estruturas sociais campo-
importante ter em mente a diferença entre forma nesas amazônicas como uma realidade invisível,
e natureza, haja vista que algumas perspectivas de como uma economia miserável ou até mesmo au-
análise afirmam que, por terem encontrado formas sência de economia. Na visão do autor, essas abor-
camponesas diferentes, não se tratam mais de cam- dagens são equivocadas, pois deixam de considerar
poneses. Este é o caso dos camponeses norte-ame- e discutir o que é mais fundamental no processo de
ricanos, que, por terem atingido um elevado nível desenvolvimento histórico da região, que é a pre-
tecnológico no processo produtivo, alguns autores sença das estruturas camponesas. Trata-se de uma
consideram que não se tratam mais de camponeses. importante valorização dos camponeses como ato-
A tese de Francisco de Assis Costa é a de que, en- res econômicos e políticos para uma estratégia de
tre os camponeses americanos, a essência, o funda- desenvolvimento sustentável.
mento chayanoviano ou a natureza de camponês de Ao final, a principal mensagem do autor para
articulação entre as esferas da produção e do consu- o entendimento da realidade amazônica parece re-
mo, se faz presente. sidir no fato de que os camponeses devem ser con-
Nesse ponto, o autor introduz o importante siderados atores capazes de ser protagonistas de um
entendimento de que o agrário sendo dominado processo de desenvolvimento que se quer em bases
pelas grandes propriedades, com os grandes lati- sustentáveis, ecológica, econômica e socialmente.
fúndios comandando o processo de modernização Nas palavras do próprio autor, “o Brasil será um
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país equânime, no sentido da qualidade de vida das


grandes massas e do seu acesso aos bens públicos,
na razão direta do sucesso dos camponeses em cria-
rem ou aproveitarem oportunidades para ampliar e
fortalecer, econômica e politicamente, sua presença
na sociedade” (p. 298).
Por fim, ressalto que a leitura do livro é alta-
mente recomendável para todos os que se dedicam
ao estudo das sociedades rurais, iniciados ou não
nos aspectos teóricos, empíricos e metodológicos
que envolvem as questões ligadas ao campesinato
na Amazônia, no Brasil e no mundo. Trata-se de
obra relevante, teoricamente densa e metodologica-
mente inovadora, de significativa contribuição para
as ciências sociais no Brasil.

LUIZ CLÁUDIO MOREIRA MELO


JÚNIOR é professor assistente da
Universidade Federal Rural da Amazônia e
doutorando em desenvolvimento sustentável
pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável
da Universidade de Brasília (CDS/UnB).
E-mail: luiz.mmelo@hotmail.com.
DOI: http//dx.doi.org/10.17666/3089186-190/2015

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