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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

ANÁLISE DA COBERTURA POPULACIONAL DA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE


NO RIO GRANDE DO SUL E SEU IMPACTO SOBRE A MORTALIDADE
INFANTIL

JONATAS BREIER

Porto Alegre
2019
JONATAS BREIER

ANÁLISE DA COBERTURA POPULACIONAL DA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE


NO RIO GRANDE DO SUL E SEU IMPACTO SOBRE A MORTALIDADE
INFANTIL

Trabalho de conclusão de curso de


especialização em Gestão em Saúde
apresentado ao Departamento de Ciências
Administrativas da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, como requisito parcial para
a obtenção do grau de Especialista em Gestão
em Saúde.

Orientadora: Andréa Gonçalves Bandeira


Tutora de Orientação: Camila Guaranha

Porto Alegre
2019
1
RESUMO

Introdução: a taxa de mortalidade infantil (TMI) é um dos indicadores básicos de saúde que
reflete o desenvolvimento socioeconômico da população, além da eficácia das políticas
públicas para áreas de saúde, educação, saneamento, entre outros. A Atenção Básica de Saúde
(AB) é reconhecida como estratégia capaz de influenciar nos indicadores da TMI. Objetivo:
realizar uma análise de série histórica sobre a influência da cobertura populacional de Atenção
Básica nos índices de mortalidade infantil nas macrorregiões e regiões de saúde no estado do
RS. Método: a presente pesquisa trata de um estudo observacional longitudinal retrospectivo
analítico, tendo como objetivo analisar a relação existente entre o aumento da cobertura
populacional pela AB e a redução dos índices de mortalidade infantil nas macrorregiões e
regiões de saúde no estado do Rio Grande do Sul (RS) na série histórica entre 2007 e 2016.
Os dados sobre a cobertura populacional da AB no estado do RS foram coletados no banco de
dados do Departamento de Atenção Básica (DAB), mais especificamente no Sistema de
Informação e Gestão da Atenção Básica (e-Gestor). Já o levantamento de dados sobre os
índices de mortalidade infantil no estado do RS foram coletados no módulo Tabnet Datasus
do Ministério da Saúde e no Departamento de Gestão da Tecnologia da Informação (DGTI)
da Secretaria Estadual de Saúde (SES) do RS. Resultados: observou-se que no estado do RS
ocorreu o aumento acentuado na cobertura populacional pela AB e, paralelamente, a redução
consistente na mortalidade infantil para menores de 1 ano de idade no período de 2007 a
2016. Como condicionantes que fazem parte da política de cobertura da AB e,
consequentemente, contribuem para redução da TMI, destacam-se a diminuição das
internações por condições sensíveis à AB (ICSAB), diminuição dos recém-nascidos com peso
inferior a 2,5 kg e o aumento do número de consultas pré-natais. Conclusão: dessa forma, a
pesquisa em questão, através dos dados apresentados e do consenso que há na literatura,
permite sugerir que há relação entre a ampliação do acesso a AB com a redução da
mortalidade infantil no estado do RS.

Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde. Cobertura populacional. Gestão em Saúde.


Indicadores Básicos de Saúde. Mortalidade Infantil.

2
ABSTRACT

Introduction: the infant mortality rate (IMR) is a health indicator that reflects the
socioeconomic development of the population, in addition to the requirements for health,
education, sanitation, among others. The Primary Health Care (PHC) is recognized as strategy
capable to influence the indicators of TMI. Objective: to carry out a historical series analysis
on the influence of the population coverage of Basic Attention on infant mortality rates in
macro regions and health regions in the state of RS. Method: the present research is an
analytical retrospective longitudinal study, aiming to analyze the relationship between the
increase in population coverage by PHC and the reduction of infant mortality rates in health
macroregions and regions in the state of Rio Grande do Sul (RS) in the historical series
between 2007 and 2016. Data on the population coverage of PHC in the RS state were
collected in the database of the Department of Primary Care (DPC), more specifically in the
Information and Management System of Primary Care (e-Gestor). On the other hand, data
collection on IMR in the RS state was collected in the Tabnet Datasus module of the Ministry
of Health and in the Department of Information Technology Management (DITM) of the State
Department of Health (SDH). Results: it was observed that in the RS state there was a sharp
increase in the population coverage by PHC and, in parallel, a consistent reduction in infant
mortality for children under 1 year of age from 2007 to 2016. As conditioning factors that are
part of the PHC coverage policy and, consequently, contribute to the reduction of IMR, we
highlight the reduction of hospitalizations for sensitive conditions to primary health care
(HSCPHC), a decrease in newborns weighing less than 2.5 kg and the increase in the number
of prenatal consultations. Conclusion: thus, the research in question, through the data
presented and the consensus in the literature, suggests that there is a relationship between the
expansion of access to PHC and the reduction of infant mortality in the State of RS.

Keywords: Primary Health Care. Population coverage. Health Management. Health Status
Indicators. Infant Mortality.

3
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 11
2. JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 14
3. OBJETIVOS ................................................................................................................. 15
3.1. Objetivo Geral .............................................................................................................. 15
3.2. Objetivos Específicos ................................................................................................... 15
4. REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 16
4.1. Hierarquização e Atuação dos Níveis de Atenção em Saúde ....................................... 16
4.2. Redes de Atenção à Saúde (RAS) ................................................................................ 17
4.3. O Conceito de Atenção Básica de Saúde ...................................................................... 18
4.4. Atenção Básica de Saúde no Brasil .............................................................................. 19
4.5. Etapas do Desenvolvimento da Atenção Básica de Saúde no Brasil ............................ 20
4.6. Contexto Histórico dos Indicadores de Saúde .............................................................. 22
4.7. Indicadores de Saúde no Brasil ..................................................................................... 23
4.8. Mortalidade Infantil ...................................................................................................... 24
4.8.1. Método para Calcular a TMI ........................................................................................ 24
4.9. Organização da Saúde no Território Gaúcho ................................................................ 25
4.10. Capacidade Instalada dos Serviços de AB no RS ......................................................... 26
5. METODOLOGIA ......................................................................................................... 28
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 29
6.1. População Coberta pela AB e ESF no RS .................................................................... 29
6.1.1. População Coberta pela AB e ESF na Macrorregião de Saúde Centro-Oeste .............. 31
6.1.2. População Coberta pela AB e ESF na Macrorregião de Saúde Metropolitana ............ 33
6.1.3. População Coberta pela AB e ESF na Macrorregião de Saúde Missioneira ................ 35
6.1.4. População Coberta pela AB e ESF na Macrorregião de Saúde Norte .......................... 37
6.1.5. População Coberta pela AB e ESF na Macrorregião de Saúde Sul .............................. 38
6.1.6. População Coberta pela AB e ESF na Macrorregião de Saúde Serra ........................... 40
6.1.7. População Coberta pela AB e ESF na Macrorregião de Saúde Vales .......................... 42
6.2. Mortalidade Infantil no RS ........................................................................................... 44
6.2.1. Óbitos por Região de Saúde entre os anos 2000 e 2018 ............................................... 44
6.2.2. TMI na Macrorregião de Saúde Centro-Oeste .............................................................. 45
6.2.3. TMI na Macrorregião de Saúde Metropolitana ............................................................ 46
4
6.2.4. TMI na Macrorregião de Saúde Missioneira ................................................................ 48
6.2.5. TMI na Macrorregião de Saúde Norte .......................................................................... 50
6.2.6. TMI na Macrorregião de Saúde Sul .............................................................................. 52
6.2.7. TMI na Macrorregião de Saúde Serra........................................................................... 53
6.2.8. TMI na Macrorregião de Saúde Vales .......................................................................... 55
6.3. Comparação entre a Cobertura Populacional pela AB e as TMI no RS ....................... 56
7. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 62

5
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Organograma das Redes de Atenção à Saúde. ......................................................... 17


Figura 2 - Atributos essenciais e derivados da AB................................................................... 19
Figura 3 - Macrorregiões de Saúde, CRS e Regiões de Saúde do RS. ..................................... 25
Figura 4 - População Total × Cobertura Populacional pela AB e ESF no RS. ........................ 29
Figura 5 - Estimativa populacional coberta pela AB no RS. .................................................... 30
Figura 6 - Estimativa Populacional coberta pela ESF no RS. .................................................. 30
Figura 7 - Mapa da macrorregião Centro-Oeste, subdividindo as CRS e Regiões de Saúde. .. 32
Figura 8 - Índice de cobertura populacional pela ESF na macrorregião Centro-Oeste no ano de
2018. ......................................................................................................................................... 32
Figura 9 - Índice de cobertura populacional pela AB na macrorregião Centro-Oeste no ano de
2018. ......................................................................................................................................... 33
Figura 10 - Mapa da macrorregião Metropolitana, subdividindo as CRS e Regiões de Saúde.
.................................................................................................................................................. 33
Figura 11 - Índice de cobertura populacional pela ESF na macrorregião Metropolitana no ano
de 2018. .................................................................................................................................... 34
Figura 12 - Índice de cobertura populacional pela AB na macrorregião Metropolitana no ano
de 2018. .................................................................................................................................... 35
Figura 13 - Mapa da macrorregião Missioneira, subdividindo as CRS e Regiões de Saúde. .. 35
Figura 14 - Índice de cobertura populacional pela ESF na macrorregião Missioneira no ano de
2018. ......................................................................................................................................... 36
Figura 15 - Índice de cobertura populacional pela AB na macrorregião Missioneira no ano de
2018. ......................................................................................................................................... 36
Figura 16 - Mapa da macrorregião Norte, subdividindo as CRS e Regiões de Saúde. ............ 37
Figura 17 - Índice de cobertura populacional pela ESF na macrorregião Norte no ano de 2018.
.................................................................................................................................................. 37
Figura 18 - Índice de cobertura populacional pela AB na macrorregião Norte no ano de 2018.
.................................................................................................................................................. 38
Figura 19 - Mapa da macrorregião Sul, subdividindo as CRS e Regiões de Saúde. ................ 39
Figura 20 - Índice de cobertura populacional pela ESF na macrorregião Sul no ano de 2018. 39
Figura 21 - Índice de cobertura populacional pela AB na macrorregião Sul no ano de 2018. . 40
Figura 22 - Mapa da macrorregião Serra, subdividindo as CRS e Regiões de Saúde. ............. 40
6
Figura 23 - Índice de cobertura populacional pela ESF na macrorregião Serra no ano de 2018.
.................................................................................................................................................. 41
Figura 24 - Índice de cobertura populacional pela AB na macrorregião Serra no ano de 2018.
.................................................................................................................................................. 42
Figura 25 - Mapa da macrorregião Vales, subdividindo as CRS e Regiões de Saúde. ............ 42
Figura 26 - Índice de cobertura populacional pela ESF na macrorregião Vales no ano de 2018.
.................................................................................................................................................. 43
Figura 27 - Índice de cobertura populacional pela AB na macrorregião Vales no ano de 2018.
.................................................................................................................................................. 44
Figura 28 - Número absoluto de óbitos e percentual por macrorregião de saúde no estado do
RS. ............................................................................................................................................ 45
Figura 29 - Número absoluto de óbitos de 2000 a 2018 na macrorregião Centro-Oeste. ........ 45
Figura 30 - Variação da TMI de 2000 a 2016 na macrorregião Centro-Oeste. ........................ 46
Figura 31 - Número absoluto de óbitos de 2000 a 2018 na macrorregião Metropolitana. ....... 47
Figura 32 - Variação da TMI de 2000 a 2016 na macrorregião Metropolitana. ...................... 48
Figura 33 - Número absoluto de óbitos de 2000 a 2018 na macrorregião Missioneira. ........... 49
Figura 34 - Variação da TMI de 2000 a 2016 na macrorregião Missioneira. .......................... 50
Figura 35 - Número absoluto de óbitos de 2000 a 2016 na macrorregião Norte. .................... 50
Figura 36 - Variação da TMI de 2000 a 2016 na macrorregião Norte. .................................... 51
Figura 37 - Número absoluto de óbitos de 2000 a 2018 na macrorregião Sul. ........................ 52
Figura 38 - Variação da TMI de 2000 a 2016 na macrorregião Sul. ........................................ 53
Figura 39 - Número absoluto de óbitos de 2000 a 2018 na macrorregião Serra. ..................... 53
Figura 40 - Variação da TMI de 2000 a 2016 na macrorregião Serra. ..................................... 54
Figura 41 - Número absoluto de óbitos de 2000 a 2018 na macrorregião Vales. .................... 55
Figura 42 - Variação da TMI de 2000 a 2016 na macrorregião Vales. .................................... 56
Figura 43 - Avaliação da TMI em relação à Cobertura populacional pela AB no RS. ............ 57

7
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Divisão de Macrorregiões de Saúde, CRS e Regiões de Saúde. ............................. 26


Tabela 2 - Capacidade instalada dos estabelecimentos, programas e serviços de AB no RS. . 27
Tabela 3 - Resumo sobre a mortalidade na macrorregião Centro-Oeste. ................................. 46
Tabela 4 - Resumo sobre a mortalidade na macrorregião Metropolitana................................. 48
Tabela 5 - Resumo sobre a mortalidade na macrorregião Missioneira. ................................... 49
Tabela 6 - Resumo sobre a mortalidade na macrorregião Norte. ............................................. 51
Tabela 7 - Resumo sobre a mortalidade na macrorregião Sul. ................................................. 52
Tabela 8 - Resumo sobre a mortalidade na macrorregião Serra. .............................................. 54
Tabela 9 - Resumo sobre a mortalidade na macrorregião Vales. ............................................. 55
Tabela 10 - Avaliação das internações por condições sensíveis à AB em 2010 e 2018. ......... 58
Tabela 11 - Avaliação da desnutrição infantil a partir dos nascidos vivos de baixo peso em
2010 e 2018. ............................................................................................................................. 59
Tabela 12 - Avaliação das consultas pré-natais em 2010 e 2018. ............................................ 60

8
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AB - Atenção Básica de Saúde


APS - Atenção Primária de Saúde
ASSTEPLAN - Assessoria Técnica e de Planejamento
CIR - Comissão Intergestores Regional
CPN - Consultas Pré-Natais
TN - Total de Nascimentos
CRS - Coordenadorias Regionais de Saúde
DAB - Departamento de Atenção Básica
DGTI - Departamento de Gestão da Tecnologia da Informação
eAB - Equipes de Atenção Básica
eSF - Equipes de Saúde da Família
ESF - Estratégia de Saúde da Família
FAS - Fundo de Assistência à Saúde
ICSAB - Internações por Condições Sensíveis à AB
MS - Ministério da Saúde
NASF - Núcleos de Apoio às equipes de Saúde da Família
NHS - National Health Service
NOB - Normas Operacionais Básicas
NVBP - Nascidos Vivos de Baixo Peso (<2,5kg)
OMS - Organização Mundial da Saúde
OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde
PAB - Piso de Atenção Básica
PNAB - Política Nacional de Atenção Básica
PROESF - Projeto de Expansão e Consolidação da Estratégia Saúde da Família
RAS - Redes de Atenção à Saúde
RS - Rio Grande do Sul
SES - Secretaria Estadual de Saúde
SINASC - Sistema de Informação de Nascidos Vivos
SISPIM - Sistema de Informação da Primeira Infância Melhor
SUS - Sistema Único de Saúde
TI - Total de Internações
9
TMI - Taxa de Mortalidade Infantil
UBS - Unidades Básicas de Saúde
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UNICEF - United Nations International Children's Emergency Fund

10
1. INTRODUÇÃO

A taxa de mortalidade infantil (TMI) e a necessidade de sua redução são temas


importantes, que refletem o nível da saúde e o desenvolvimento socioeconômico da
população, além da eficácia das políticas públicas para áreas de saúde, educação, saneamento,
bem como geração e distribuição de renda (SOUSA; LEITE FILHO, 2008). Os fatores
determinantes da mortalidade infantil são múltiplos, compreendendo desde as condições
gerais de vida até fatores muito específicos.
A TMI é um dos indicadores de saúde mais tradicionais, que representa o risco de um
indivíduo nascido vivo, em determinada localidade, falecer durante seu primeiro ano de vida
(LAURENTI et al., 1987). Nesse contexto, a mobilização social em torno de taxas elevadas
de mortalidade infantil tem sido um fator importante no fortalecimento das ações de saúde
pública (NOVAES et al., 2004).
A redução da mortalidade infantil não depende necessariamente da atuação dos
sistemas de saúde ou do desenvolvimento de novos conhecimentos científicos, como ocorre
em relação a outros problemas de saúde, mas sim da garantia da acessibilidade e equidade,
levando a saúde para mais perto da família (NOVAES et al., 2004). Essa prática tende a
garantir um atendimento de bom nível, prevenindo doenças e evitando internações
desnecessárias, além de melhorar, consequentemente, a qualidade de vida da população. Neste
cenário de atuação, a Atenção Básica de Saúde (AB) passa a ser reconhecida como a
estratégia capaz de suprir essa demanda de atendimento (GOMES et al., 2016).
A AB é capaz de reduzir indicadores que compõem e influenciam na TMI, tais como:
redução de doenças infecciosas e parasitárias, que são prevenidas com uma melhor
higienização; redução de doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, que podem ser
evitadas com um acompanhamento nutricional; redução de doenças do aparelho respiratório,
que devem reduzir com uma maior atenção à saúde infantil; redução das malformações
congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas, que podem ser evitadas quando existe
um acompanhamento durante a gravidez; e redução dos sintomas, sinais e afecções mal
definidas, como as mortes por falta de assistência médica (GOMES et al., 2016).
A Conferência de Alma-Ata, realizada em 1978, foi um marco na valorização da AB e
a considerou como função fundamental dos sistemas nacionais de saúde e como parte do
processo mais central de desenvolvimento social e econômico das comunidades
(GIOVANELLA, 2008).
11
A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde
(OMS) afirmam que a AB é muito relevante para a sustentabilidade de sistemas universais de
saúde e, no caso do Brasil, do Sistema Único de Saúde (SUS). O diretor-geral da OMS Tedros
Adhanom Ghebreyesus reafirmou, em sua visita ao Brasil no ano de 2018, a mensagem para
que os países invistam na AB a fim de atingir a cobertura universal em saúde (PORTAL DA
INOVAÇÃO NA GESTÃO DO SUS, 2018).
O National Health Service (NHS) demonstra que o caminho não é retirar o dinheiro da
AB para aplicar em serviços hospitalares ou de emergência, mas pelo contrário, deve servir
para atender o aumento da demanda, a crescente complexidade do cuidado e a necessidade de
qualificação da estrutura de saúde. Tendo em vista que uma das principais ações é o aumento
de recursos financeiros na AB (STÜRMER; HARZHEIM, 2016).
A partir de um enfoque familiar e comunitário, baseado num contexto de
descentralização e controle social de gestão, os serviços de AB cobrem a maior parte das
necessidades em saúde de uma determinada população, conduzindo ações de caráter
individual e coletivo, situadas no primeiro nível de atenção do sistema de saúde. A AB é
reconhecidamente um componente chave dos sistemas de saúde. Essa característica
fundamenta-se nas evidências de seu impacto na saúde e no desenvolvimento da população
nos países que a adotam como base para seus sistemas de saúde (OLIVEIRA; PEREIRA,
2013).
No Brasil, a política recentemente implementada, a Rede de Atenção à Saúde (RAS), é
considerada a organização do conjunto de serviços de saúde que visa garantir a oferta de
atenção contínua e integral a uma determinada população. Na RAS espera-se que a AB se
constitua como porta de entrada preferencial do cidadão ao SUS e principal provedora da
atenção e coordenadora do cuidado. A constituição de redes de saúde com estas características
tem sido associada a ações e serviços de melhor qualidade e custo efetivo, além de maior
satisfação dos usuários e melhores indicadores globais de saúde em diversas realidades
(BOUSQUAT et al., 2017).
Partindo da premissa de que a AB é um dos condicionantes da dinâmica regional da
saúde e, consequentemente, fundamental para a configuração das RAS, o Brasil vem
aumentando consideravelmente os investimentos na AB nos últimos anos. Tal investimento
tem o intuito de atingir maior cobertura populacional da AB e buscar melhores resultados para
a saúde da população (CAMPOS et al., 2014).

12
A expansão da AB no país vem se dando, prioritariamente, por meio da implantação
de equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF), que atuam com ações de promoção,
prevenção, recuperação, reabilitação e na manutenção da saúde da comunidade, sendo cada
equipe responsável pelo acompanhamento de um número definido de famílias em
determinado território (CAMPOS et al., 2014). O indicador que reflete a cobertura da ESF
está diretamente ligado a TMI. Esse indicador é usado como variável em análises a respeito
dos efeitos da AB nas condições de saúde nos municípios (NOVAES et al., 2004).
Os autores Sousa e Leite Filho (2008) concluíram que a mortalidade infantil pode ser
reduzida com investimentos na área de saneamento, educação e saúde por meio de programas
de planejamento familiar e acesso a serviços de saúde. Enquanto Zanini e colaboradores
(2009) avaliaram a evolução das TMI nas microrregiões do estado do Rio Grande do Sul
(RS), entre os anos de 1994 a 2004, e constataram que o acréscimo de 10% na cobertura de
políticas de saúde da família está associado à redução de 1% na TMI.
Conforme observado, existe consenso na literatura sobre a importância da AB na
melhora dos indicadores de saúde de uma determinada população. O aprimoramento da AB
reflete diversas melhorias no sistema de saúde, dentre elas se destacam uma maior eficiência
no fluxo dos usuários dentro do sistema, tratamentos mais efetivos de condições crônicas,
maior eficiência do cuidado continuado, maior utilização de práticas preventivas, maior
satisfação dos usuários e diminuição das iniquidades sobre o acesso aos serviços e o estado
geral de saúde (OLIVEIRA; PEREIRA, 2013).
Considerando a importância dos indicadores de saúde, este trabalho buscará responder
a seguinte questão de pesquisa: Qual a influência do aumento da cobertura populacional pela
AB nos indicadores de mortalidade infantil nas macrorregiões e regiões de saúde do RS? Para
isso, o presente estudo utilizará a modalidade de avaliação de impacto em sua análise,
procurando estabelecer uma relação entre a queda da mortalidade infantil com a evolução da
cobertura populacional da AB ao longo dos anos.

13
2. JUSTIFICATIVA

Se os sistemas de saúde têm por objetivo reduzir as iniquidades em saúde, é condição


fundamental tornar os serviços de saúde acessíveis a todos. Com base nesse conceito, o Brasil
vem formulando estratégias de reestruturação da assistência no intuito de garantir equidade e
acesso universal aos cuidados básicos de saúde.
Estudos apontam que a AB tem capacidade para resolver 80% dos problemas de saúde
de uma determinada população e deve conciliar ações de assistência com prevenção e
promoção da saúde, além de coordenar a atenção prestada nos outros níveis do sistema,
agindo como a base para o trabalho dos níveis secundário e terciário (OPAS, 1978;
STARFIELD, 2002).
Dessa forma, no presente trabalho, a análise da série histórica de cobertura da AB se
justifica pela relevante evolução desse nível assistencial e por seus potenciais efeitos sobre o
restante do sistema público de saúde, onde, neste caso, será correlacionado com os
indicadores que refletem a TMI.

14
3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

 Realizar uma análise de série histórica sobre a influência da cobertura


populacional de Atenção Básica nos índices de mortalidade infantil nas
macrorregiões e regiões de saúde no estado do RS.

3.2. Objetivos Específicos

 Apresentar a evolução da cobertura populacional da Atenção Básica nos últimos


11 anos no RS;
 Apresentar os índices da mortalidade infantil nos últimos 16 anos no RS.

15
4. REFERENCIAL TEÓRICO

Primeiramente será contextualizada a hierarquia e a atuação dos níveis de atenção em


saúde dentro da Rede de Atenção à Saúde (RAS). A etapa seguinte consiste em apresentar a
história e a definição da AB no mundo e no Brasil baseada em leis, decretos e
regulamentações. Além disso, será abordada a importância dos indicadores de saúde, com
especial ênfase sobre o indicador que reflete a TMI. Por fim, serão apresentadas as
características, a composição e atuação da saúde no estado do RS.

4.1. Hierarquização e Atuação dos Níveis de Atenção em Saúde

Para ofertar uma atenção em saúde mais específica e adequada, a saúde foi
descentralizada para melhorar a triagem dos casos e desafogar centros especializados de alta
complexidade, de menor urgência ou de fácil resolução. Dessa forma, a oferta de saúde
passou a ser classificada como nível primário, secundário e terciário (DE SOUSA, 2018).
As Unidades Básicas de Saúde (UBS) representam o nível primário, onde se configura
a porta de entrada do cidadão no SUS. Esse nível de atenção cobre aproximadamente 80% de
todo o atendimento em saúde, atuando especificamente em grupos populacionais situados em
uma área de abrangência delimitada, ou seja, diretamente nos municípios. De modo geral,
nesse nível de atenção são marcados exames e consultas, além da realização de procedimentos
básicos (DE SOUSA, 2018).
No nível secundário, aparecem clínicas, unidades de pronto atendimento e hospitais
gerais, cobrindo aproximadamente 15% do atendimento em saúde. Nesses locais são
realizados serviços ambulatoriais com especialidades clínicas e cirúrgicas, serviço de apoio
diagnóstico e terapêutico, serviços de atendimento de urgência e emergência, procedimentos
de intervenção e tratamentos a casos crônicos e agudos de doenças (DE SOUSA, 2018).
No nível terciário, os hospitais de grande porte são responsáveis por aproximadamente
5% do atendimento em saúde. Nesse contexto inserem-se hospitais mantidos pelo estado ou
hospitais da rede privada. Nesse nível são realizados procedimentos mais invasivos e de maior
risco à vida, assim como condutas de manutenção dos sinais vitais, como suporte básico à
vida. Nos hospitais também podem funcionar serviços quaternários de transplante de tecidos e
órgãos como pulmão, coração, fígado, rins, dentre outros (DE SOUSA, 2018). A figura 1
16
esquematiza os três níveis das Redes de Atenção à Saúde, apresentando a demanda de
atendimento, nível de complexidade, atuação e serviço.
Figura 1 - Organograma das Redes de Atenção à Saúde.

Fonte: Adaptado de Mendes (2011).

4.2. Redes de Atenção à Saúde (RAS)

De acordo com a portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010, as RAS são arranjos


organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas que,
integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a
integralidade do cuidado (BRASIL, 2018a). As normativas que regem as RAS seguem o Art.
198 da Constituição Federal de 1988, a qual expressa que as ações e serviços públicos de
saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada, constituindo um sistema único,
organizado de acordo com as seguintes diretrizes (BRASIL, 1988):
I. Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II. Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo
dos serviços assistenciais;
III. Participação da comunidade.
O objetivo da RAS é prestar uma atenção integral, de qualidade, resolutiva, de forma
regionalizada, com integração entre os diversos pontos de atenção (locais que prestam atenção
singular) que, de fato, atenda às necessidades da população. Essa definição traz a ideia de
construção de outra forma de assistir a população, considerando que os resultados esperados
não são alcançados, não são suficientes ou estão em desacordo com alguns aspectos sociais,
demográficos e epidemiológicos que ocorreram na sociedade brasileira (BRASIL, 2015).
17
As RAS, organizada de forma hierarquizada e regionalizada, permite um
conhecimento maior dos problemas de saúde da população da área delimitada, favorecendo
ações de vigilância epidemiológica, sanitária, controle de vetores, educação em saúde, além
das ações de atenção ambulatorial e hospitalar em todos os níveis de complexidade (BRASIL,
1990).
As implementações das RAS apontam para uma maior eficácia na produção de saúde,
melhor eficiência da gestão do sistema de saúde no espaço regional, e contribuem para o
avanço do processo de efetivação do SUS. A transição entre a idealização de um sistema
integrado de saúde organizado em redes e a sua concretização passa pela construção
permanente nos territórios, permitindo conhecer o real valor de uma proposta de inovação na
organização e na gestão do sistema de saúde (BRASIL, 2018a).
Em geral, os serviços de menor densidade tecnológica, como os de AB, devem ser
dispersos (MENDES, 2011). Já os serviços de maior densidade tecnológica, como hospitais,
unidades de processamento de exames de patologia clínica, equipamentos de imagem, dentre
outros, tendem a ser concentrados (SANTOS, 2017).

4.3. O Conceito de Atenção Básica de Saúde

A Conferência que culminou com a Declaração de Alma-Ata, organizada pela OMS


em 1978, na antiga União Soviética, definiu a AB como sendo:
Cuidados essenciais baseados em métodos de trabalho e tecnologias de natureza
prática, cientificamente críveis e socialmente aceitáveis, universalmente acessíveis
na comunidade aos indivíduos e às famílias, com a sua total participação e a um
custo suportável para as comunidades e para os países, à medida que se
desenvolvem num espírito de autonomia e autodeterminação. (OMS/UNICEF, 1979,
p. 1).
Desse conceito emergiram, naquele momento, elementos essenciais que definiram a
AB sendo eles: a educação em saúde; o saneamento básico; o programa materno-infantil,
incluindo imunização e planejamento familiar; a prevenção de endemias; o tratamento
apropriado das doenças e danos mais comuns; a provisão de medicamentos essenciais; a
promoção de alimentação saudável e de micronutrientes; e a valorização das práticas
complementares. A AB principalmente aponta para a saúde como expressão de direito

18
humano (OMS/UNICEF, 1979). Na figura 2, o organograma representa os atributos essenciais
e derivados da AB.
Figura 2 - Atributos essenciais e derivados da AB.

Fonte: Adaptado de Starfield (1998; 2005).

4.4. Atenção Básica de Saúde no Brasil

No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) define a AB como um conjunto de ações de


promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e
manutenção da saúde, desenvolvida no âmbito individual e no coletivo, por meio de práticas
gerenciais e sanitárias democráticas e participativas (SIMÃO et al., 2007).
Em território nacional a AB é desenvolvida com o mais alto grau de descentralização e
capilaridade, ocorrendo no local mais próximo do cotidiano das pessoas. Ela é considerada a
principal porta de entrada do cidadão no SUS, além de ser o centro de comunicação com toda
a Rede de Atenção à Saúde. Orienta-se pelos princípios do SUS da universalidade, equidade,
integralidade, controle social, hierarquização, bem como pelos princípios próprios da
acessibilidade, vínculo, coordenação, continuidade do cuidado, territorialização,
responsabilização e humanização. A AB também tem capacidade de organizar os serviços, a
rede de atenção e a prestação de serviços, assim como avaliar o desempenho clínico e os
resultados da atenção (SIMÃO et al., 2007).
A nova Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) avançou na afirmação de uma
AB acolhedora, resolutiva e que avança na gestão e coordenação do cuidado do usuário nas
demais redes de atenção. Avançou, ainda, no reconhecimento de um leque maior de
modelagens de equipes para as diferentes populações e realidades do Brasil (BRASIL, 2012).

19
A AB é desenvolvida pelas equipes de Atenção Básica (eAB), divididas em equipes de
Saúde da Família (eSF), equipes de Atenção Básica para populações específicas (consultórios
na rua, equipes multiprofissionais de saúde prisional, equipes de saúde da família quilombola,
dentre outras) e pelos Núcleos de Apoio às equipes de Saúde da Família (NASF). Todas
realizam a atenção de uma população específica que está em um território definido,
assumindo, portanto, a responsabilidade sanitária e o cuidado destas pessoas, trabalhando de
acordo com a dinamicidade existente no território em que vivem essas populações (RIO
GRANDE DO SUL, 2016).
As equipes utilizam tecnologias de cuidado complexas e de baixa densidade, numa
abordagem que engloba mais conhecimento e pouco equipamento. Elas auxiliam no manejo
das demandas e necessidades de saúde de maior frequência e relevância em seu território,
observam critérios de risco, vulnerabilidades, resiliência e o imperativo ético de que se deve
acolher toda e qualquer demanda, necessidade de saúde ou sofrimento (BRASIL, 2018b).
As UBS são os locais prioritários de atuação das eAB, sendo instaladas perto de onde
as pessoas moram, trabalham, estudam e vivem, desempenhando papel central para
população, garantindo acesso e qualidade na atenção à saúde (BRASIL, 2012).

4.5. Etapas do Desenvolvimento da Atenção Básica de Saúde no Brasil

Para traçar uma linha histórica do desenvolvimento da AB no Brasil, elucidando as


etapas e os principais fatos que a compõem, é importante salientar que em 1979, a Assembleia
Mundial da Saúde, da OMS, solicitou a todos os países membros a definir e pôr em prática
estratégias nacionais, regionais e globais, com o objetivo de alcançar a meta de “saúde para
todos no ano 2000” (OMS, 2008).
Entretanto, quando a OMS propôs sua agenda para operacionalização das metas
acordadas em Alma-Ata, os países industrializados já as haviam alcançado em grande parte,
enquanto a maioria dos países em desenvolvimento ainda estava longe de atingi-las (VUORI,
1984).
Considerando esse atraso na operacionalização das metas de saúde, a seguir
encontram-se os principais fatos ao longo do tempo que contribuíram para o desenvolvimento
da saúde no Brasil, mais especificamente na AB (BRASIL, 2012).

20
Na década de 1970 ocorreu a expansão do setor privado no país, no âmbito da
Previdência Social, promovida pelo próprio Estado, que financiou sua expansão através do
antigo Fundo de Assistência à Saúde (FAS) (BRASIL, 2012).
Na década de 80, houve o enfrentamento da crise do sistema de atenção médica
previdenciária, uma forte herança deixada no cumprimento da dívida social. Em 1986, na VIII
Conferência Nacional de Saúde, foi aprovada a criação do SUS. Dois anos depois, em 1988,
concluiu-se e foi promulgada a Nova Constituição Federal do Brasil, considerada um marco
fundamental na redefinição das prioridades da política do Estado na área de Saúde Pública.
Nesta nova constituição estava previsto um Sistema de Saúde suplementar ao SUS (planos e
seguros de saúde privados), que permanece até hoje (BRASIL, 2012).
Na década de 90, na tentativa de implementar as ações de saúde, o SUS foi conduzido
por Normas Operacionais Básicas (NOBs), conhecidas como instrumentos jurídico-
institucionais editados pelo MS. A NOB de maior destaque foi a de 1996, que impulsionou o
processo de descentralização do SUS e oportunizou aos Municípios maior grau de autonomia.
Esta mesma NOB trouxe a definição de um novo modelo de financiamento para a Atenção
Básica de Saúde, com vistas à sustentabilidade financeira desse nível de atenção, através do
Piso de Atenção Básica (PAB) fixo e variável (BRASIL, 2012).
Ainda na década de 90 ocorreu a criação do Programa Saúde da Família (PSF), que se
tornou responsável pelo extenso avanço da AB no que se refere ao número de eSF, de
Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e de população assistida nesse nível de complexidade
(SOUSA; HAMANN, 2009). Esse Programa teve influência direta na sustentação financeira e
política da AB, uma vez que o MS passou a transferir recursos na forma de incentivo - PAB
variável - para os municípios (MARQUES; MENDES, 2003), fator que fortaleceu a
regionalização e a descentralização da gestão e financiamento do SUS. E, na sequência, com
os municípios se tornando responsáveis por todas as ações desse nível de complexidade
(PAIZ, 2016).
No início dos anos 2000 foi instituída a Norma Operacional de Assistência à Saúde
(NOAS). Essa norma veio substituir as NOBs e previa a organização qualificada da AB e de
melhor resolubilidade. Nessa norma definiram-se algumas áreas estratégicas essenciais,
relacionadas aos problemas de saúde de abrangência nacional, tais como: saúde da mulher,
saúde da criança, saúde bucal, controle da hipertensão, controle do diabetes, controle da
tuberculose e hanseníase (SIMÃO et al., 2007).

21
Outra estratégia para a consolidação e expansão planejadas da AB foi o Projeto de
Expansão e Consolidação da Saúde da Família (PROESF), convênio articulado e negociado
no final de 2002, com financiamento internacional. Nos anos subsequentes foram aprovadas
diversas portarias que ajudaram na expansão e organização da saúde como um todo,
principalmente da AB (SIMÃO et al., 2007). Segue abaixo a relação de algumas portarias
aprovadas:
 Portaria GM/ MS nº 399, de 22 de fevereiro de 2006, que estabeleceu uma nova
forma de relação entre os gestores, promovendo mudanças articuladas em três
dimensões, que englobam o Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e o Pacto de
Gestão;
 Portaria GM nº 648 de 28 de março de 2006, aprova a Política Nacional de
Atenção Básica;
 Portaria nº 687, de 30 de março de 2006, aprova a Política de Promoção da
Saúde;
 Portaria GM nº 699, de 30 de março de 2006, que definiu recursos para a
estruturação de unidades básicas de saúde em municípios;
 Portaria no 3.252/GM/MS, de 22 de dezembro de 2009, que trata do processo de
integração das ações de vigilância em saúde e AB.
Do ponto de vista histórico, estes foram alguns dos principais acontecimentos que
representam a evolução do sistema de saúde no Brasil, principalmente no que se refere à AB.

4.6. Contexto Histórico dos Indicadores de Saúde

O aparecimento e o desenvolvimento dos indicadores sociais estão intrinsicamente


ligados ao surgimento do Estado de Bem-Estar Social e à consolidação das atividades de
planejamento do setor público ao longo do século XX (JANNUZZI, 2014).
Em termos gerais, os indicadores de saúde são medidas síntese que contêm informação
relevante sobre determinados atributos e dimensões do estado de saúde, bem como do
desempenho do sistema de saúde. Vistos em conjunto devem refletir a situação sanitária de
uma população e servir para a vigilância das condições de saúde (RIPSA, 2008).
A construção de um indicador é um processo cuja complexidade pode variar desde a
simples contagem direta de casos de determinada doença, até o cálculo de proporções, razões,
22
taxas ou índices mais sofisticados. A qualidade de um indicador depende das propriedades
dos componentes utilizados em sua formulação (frequência de casos, tamanho da população
em risco) e da precisão dos sistemas de informação empregados, tais como: coleta, registros,
armazenamentos e transmissão dos dados (RIPSA, 2008).
Os indicadores de saúde permitem reconstituir um retrato aproximado de determinadas
dimensões da realidade social vivenciada. Assim como em filmagens, indicadores coletados
de forma periódica podem permitir o monitoramento da mudança social na comunidade
(RIPSA, 2008).

4.7. Indicadores de Saúde no Brasil

No Brasil, a produção e a utilização de informações sobre saúde se processam em um


contexto complexo de relações institucionais, compreendendo variados mecanismos de gestão
e financiamento. Além das estruturas governamentais nos três níveis de gestão do SUS, estão
envolvidos outros setores de governo que produzem informações relativas à saúde,
instituições de ensino e pesquisa, associações técnico-científicas, agências não
governamentais, organismos internacionais e instâncias de controle social (RIPSA, 2008).
Nas últimas décadas, o MS desenvolveu sistemas nacionais de informação sobre
nascimentos, óbitos, doenças de notificação, atenção hospitalar, ambulatorial e básica,
orçamento público em saúde e outros. Há ampla disponibilidade eletrônica desses dados, cada
vez mais utilizados no ensino de saúde pública (RIPSA, 2008).
Os indicadores de saúde são classificados em seis subconjuntos temáticos:
demográficos, socioeconômicos, mortalidade, morbidade e fatores de risco, recursos e
cobertura. Cada indicador é caracterizado pela sua denominação, conceituação, método de
cálculo, categorias de análise e fontes de dados. A produção de cada indicador é de
responsabilidade da instituição-fonte que melhor se identifica com o tema abordado, a qual
fornece anualmente os dados brutos utilizados no cálculo, em planilha eletrônica padronizada,
preparada pelo DATASUS ou obtida diretamente das bases de dados dos sistemas nacionais
de informações de saúde (RIPSA, 2008).

23
4.8. Mortalidade Infantil

A mortalidade infantil consiste em um indicador sensível a condição social e de saúde


de uma população (PAIZ et al., 2016). De acordo com o MS, através do Sistema de
Informações sobre Mortalidade (SIM) e Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos
(SINASC), as TMI são geralmente classificadas em altas (50 ou mais), médias (20-49) e
baixas (menos de 20), em função da proximidade ou distância de valores já alcançados em
sociedades mais desenvolvidas. Tais parâmetros devem ser periodicamente ajustados às
mudanças verificadas no perfil epidemiológico (RIPSA, 2012).
De modo geral, altas taxas de mortalidade infantil refletem baixos níveis de saúde, de
desenvolvimento socioeconômico e de condições de vida. Além disso, taxas reduzidas
também podem encobrir más condições de vida em segmentos sociais específicos (RIPSA,
2012). A TMI representa, sem dúvida, um importante indicador associado às condições
sociais e de saúde da população. Através dele é possível orientar a conjectura de políticas
públicas, instalação de serviços de AB, assim como a disponibilidade de recursos humanos
(PAIZ et al., 2016).

4.8.1. Método para Calcular a TMI

O cálculo da TMI consiste em relacionar o número de óbitos de menores de um ano de


idade, por mil nascidos vivos, na população residente em determinado espaço geográfico no
ano considerado. A equação abaixo representa o método direto para calcular a TMI
(NOVAES et al., 2004).

Nº DE ÓBITOS DE RESIDENTES COM MENOS DE 1 ANO DE IDADE


TMI = × 1000
Nº TOTAL DE NASCIDOS VIVOS DE MÃES RESIDENTES

Esse cálculo pode ser aplicado aos estados localizados nas regiões Sul e Sudeste, pois
apresentam sistemas de informações confiáveis (NOVAES et al., 2004).

24
4.9. Organização da Saúde no Território Gaúcho

A organização das RAS exige a definição das chamadas Regiões de Saúde, que
implica na definição dos seus limites geográficos, na sua população e no estabelecimento do
rol de ações e serviços ofertados neste território (RIO GRANDE DO SUL, 2016a).
Nesse contexto, o RS está dividido em 7 Macrorregiões de Saúde, que são compostas
por 19 Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS). Tais coordenadorias são responsáveis em
realizar o planejamento, acompanhamento e gerenciamento das ações e serviços de saúde das
30 Regiões de Saúde que compõem o estado do RS (RIO GRANDE DO SUL, 2016a).
O Decreto Presidencial nº 7.508/2011 define Regiões de Saúde como um espaço
geográfico contínuo constituído por agrupamentos de municípios limítrofes, delimitadas a
partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunicação e
infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a organização, o
planejamento e a execução de ações e serviços de saúde (RIO GRANDE DO SUL, 2013).
Cada Região de Saúde contempla diversas ações e serviços de saúde, tais como: AB,
atendimentos de urgência e emergência, atenção psicossocial, atenção ambulatorial
especializada e hospitalar e vigilância em saúde. Cada região conta com uma Comissão
Intergestores Regional (CIR), que tem a responsabilidade de realizar o planejamento e a
pactuação regional em seu território (RIO GRANDE DO SUL, 2013). A figura 3 apresenta a
divisão das macrorregiões, CRS e as regiões de saúde do estado do RS.
Figura 3 - Macrorregiões de Saúde, CRS e Regiões de Saúde do RS.

Fonte: Adaptado de ASSTEPLAN/SES/RS (RIO GRANDE DO SUL, 2013).

25
A Tabela 1 informa a relação nominal completa das regiões de saúde do estado do RS:
Tabela 1 - Divisão de Macrorregiões de Saúde, CRS e Regiões de Saúde.
MACRORREGIÃO DE SAÚDE CRS REGIÃO DE SAÚDE (CIR)
01 - Verdes Campos
4º CRS
CENTRO-OESTE 02 - Entre Rios
10º CRS 03 - Fronteira Oeste
04 - Belas Praias
18º CRS
05 - Bons Ventos
06 - Vale Paranhana / Costa Serra
METROPOLITANA 1º CRS 07 - Vale dos Sinos
08 - Vale Caí / Metropolitana
09 - Carbonífera / Costa Doce
2º CRS
10 - Capital / Vale Gravataí
12º CRS 11 - Sete Povos Missões
9º CRS 12 - Portal das Missões
MISSIONEIRA
14º CRS 13 - Diversidade
17º CRS 14 - Fronteira Noroeste
19º CRS 15 - Caminho das Águas
11º CRS 16 - Alto Uruguai Gaúcho
17 - Planalto
NORTE
6º CRS 18 - Araucárias
19 - Botucaraí
15º CRS 20 - Rota da Produção
3º CRS 21 - Sul
SUL
7º CRS 22 - Pampa
23 - Caxias e Hortênsias
24 - Campos de Cima da Serra
SERRA 5º CRS
25 - Vinhedos e Basalto
26 - Uva Vale
8º CRS 27 - Jacuí Centro
13º CRS 28 - Vinte e Oito
VALES
29 - Vales e Montanhas
16º CRS
30 - Vale da Luz
Fonte: Adaptado de ASSTEPLAN/SES/RS (RIO GRANDE DO SUL, 2016a).

4.10. Capacidade Instalada dos Serviços de AB no RS

Conforme já visto anteriormente, a AB caracteriza-se por um conjunto de ações que


abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos e diminuição de fator de
risco, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde
(RIO GRANDE DO SUL, 2016b). Com foco nessas ações, a Tabela 2 representa os
estabelecimentos, programas e serviços que compõe a AB instalados no RS, assim como o
número de municípios atendidos por essas instalações (RIO GRANDE DO SUL, 2016b).

26
Tabela 2 - Capacidade instalada dos estabelecimentos, programas e serviços de AB no RS.
Nº DE MUNICÍPIOS
SERVIÇOS / EQUIPES Nº ABSOLUTO
ATENDIDOS
Equipes de Saúde da Família 2.110 473
Agentes Comunitários de Saúde 10.657 478
Equipes de Saúde Bucal 903 371
Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) 128 119
Equipes de Consultório de Rua 6 5
Famílias Atendidas pela Primeira Infância Melhor (PIM) 36.852 269
Visitadores do PIM 1.563 244
Agentes de Combate às Endemias (ACE) 1.281 168
Programa Academia da Saúde 163 96
Núcleos de Apoio à AB 119 119
Oficinas Terapêuticas 300 217
Equipes de Redução de Danos 33 16
Médicos - Programa Mais Médicos 1.200 348
Pontos de Telessaúde / RS 1.690 485
Equipes de AB Prisional (EABp) 34 -
Equipes de Saúde da Família Quilombola 50 41
Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) 30 -

Fonte: Adaptado de MS, DAB /MS; SISPIM/SES/RS; Telessaúde RS/UFRGS (RIO GRANDE DO SUL,
2016a).

27
5. METODOLOGIA

O presente trabalho tem por finalidade desenvolver um estudo observacional


longitudinal retrospectivo analítico (BORDALO, 2006; LIMA-COSTA; BARRETO, 2003),
tendo como objeto de análise os dados de uma série histórica que reflete os índices de
cobertura populacional pela AB e a taxa de mortalidade infantil nas macrorregiões e regiões
de saúde do estado do RS.
Nesse sentido, o trabalho será dividido em duas etapas: a primeira consiste em coletar
dados estatísticos sobre a cobertura populacional da AB e os índices de mortalidade infantil
no estado do RS. Já a segunda etapa consiste em correlacionar os dados coletados e analisá-
los sobre uma perspectiva quantitativa, a fim de mensurar o impacto que uma maior cobertura
populacional da AB pode exercer sobre os indicadores de mortalidade infantil no estado do
RS.
Para a coleta de dados foram utilizadas como bases de pesquisas as plataformas
governamentais específicas para os assuntos em estudo. Os dados sobre a cobertura
populacional da AB no estado do RS foram coletados no banco de dados do Departamento de
Atenção Básica (DAB), mais especificamente no Sistema de Informação e Gestão da Atenção
Básica (e-Gestor). Já o levantamento de dados sobre os índices de mortalidade infantil no
estado do RS foi coletado no módulo Tabnet Datasus do MS e no Departamento de Gestão da
Tecnologia da Informação (DGTI) da Secretaria Estadual de Saúde (SES) do RS.
Os dados quantitativos serão apresentados em um determinado período de tempo, a
fim de refletir a evolução da cobertura populacional da AB (últimos 11 anos), assim como os
índices da mortalidade infantil no estado do RS (últimos 16 anos). A organização e
apresentação se darão através de uma linha temporal representada por gráficos, para facilitar a
compreensão e análise dos resultados. Essa análise consistirá em correlacionar os dados a
cada ano, a fim de verificar o real impacto que uma maior cobertura populacional da AB
exerce sobre os indicadores de saúde, particularmente em relação à TMI.

28
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1. População Coberta pela AB e ESF no RS

Nesta parte inicial, serão apresentados os dados sobre a cobertura populacional da AB


no estado do RS e em cada macrorregião de saúde nos últimos 11 anos, a fim de elucidar a
evolução da AB. Segundo os registros do MS, ao longo dos últimos 11 anos a cobertura
populacional pela AB no estado do RS aumentou gradativamente. No ano de 2007, é possível
observar que aproximadamente 5.644.095 pessoas tinham cobertura na saúde, esse valor
representa metade da população do estado, a qual totaliza 10.963.219 pessoas (Figura 4). Ao
confrontar os dados de 2018, notamos a evolução da AB a qual atingiu 8.428.129 indivíduos
do total de 11.322.895 (Figura 4). Esse crescimento da AB representa um aumento de 22,95%
da cobertura populacional (Figura 5).
Dentro da AB, a ESF merece especial destaque demonstrando um crescimento
equivalente de cobertura das famílias. Em 2007, a cobertura da ESF representava 3.466.254
pessoas, o equivalente a 31,61% da população total. Enquanto em 2018, foi possível constatar
o aumento considerável da cobertura atingindo 6.803.736 pessoas, totalizando 60,08%
(Figuras 4 e 6). É possível observar que do índice atingido de 74,43% da cobertura
populacional pela AB no estado do RS, 60,08% equivale à atuação da ESF (Figuras 5 e 6).

Figura 4 - População Total × Cobertura Populacional pela AB e ESF no RS.

12.000.000
10.000.000
POPULAÇÃO

8.000.000
6.000.000
4.000.000
2.000.000
0
dez-2015

dez-2017
dez-2007

dez-2008

dez-2009

dez-2010

dez-2011

dez-2012

dez-2013

dez-2014

dez-2016

dez-2018

PERÍODO ANALISADO

População Total População Coberta pela AB População Coberta pela ESF

Fonte: Elaborado pelo autor.

29
Figura 5 - Estimativa populacional coberta pela AB no RS.
100,00%

74,55%

74,43%
72,86%
71,99%
68,58%
63,76%
62,18%
60,23%
57,19%
56,68%
80,00%

55,96%
51,48%
TAXA DE COBERTURA

60,00%

40,00%

20,00%

0,00%

dez-2016
dez-2007

dez-2008

dez-2009

dez-2010

dez-2011

dez-2012

dez-2013

dez-2014

dez-2015

dez-2017

dez-2018
PERÍODO ANALISADO

Estimativa Populacional Coberta pela AB

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 6 - Estimativa Populacional coberta pela ESF no RS.

100,00%

60,08%
58,88%
56,91%
56,01%

80,00%
51,05%
TAXA DE COBERTURA

42,37%
40,18%
37,97%
36,29%
35,78%
35,62%

60,00%
31,61%

40,00%

20,00%

0,00%
dez-2007

dez-2008

dez-2009

dez-2010

dez-2011

dez-2012

dez-2013

dez-2014

dez-2015

dez-2016

dez-2017

dez-2018

PERÍODO ANALISADO

Estimativa Populacional Coberta pela ESF

Fonte: Elaborado pelo autor.

Segundo Fantinel (2015), no estado do RS a taxa média do indicador referente à


cobertura populacional pelas equipes de AB apresentou aumento de 62,96% para 70,85%, no

30
decorrer da série histórica de 2008 a 2014, que correspondeu a uma variação de 7,89%. Assim
como os dados apresentados neste estudo, é possível observar uma tendência de aumento da
cobertura populacional pelas equipes de AB nos períodos avaliados.
No estudo de Canto (2017), que aborda a cobertura populacional pela ESF no sul do
Brasil, entre os anos de 2011 a 2015, o RS registrou o maior aumento na cobertura
populacional pela ESF, sendo equivalente a 19,9%, enquanto o Paraná registrou 12,4% e o
estado de Santa Catarina registrou 9,66%.
Inúmeras evidências indicam que através da ampliação da rede de AB, ocorre o
aumento do acesso da população aos serviços de saúde e, consequentemente, maior equidade
na oferta desses serviços e melhora de alguns indicadores de saúde como, por exemplo, a
mortalidade infantil, as internações por condições sensíveis à AB e o acompanhamento pré-
natal. O modelo de atenção da ESF se destaca, provavelmente por ser uma estratégia com o
propósito de qualificar o processo de trabalho, aprofundar princípios e diretrizes da AB e
ampliar a resolutividade de suas ações (NEVES et al., 2018).
Enquanto Macinko e Mendonça (2018) evidenciaram que a expansão da ESF teve um
impacto muito importante na saúde da população brasileira. Dentre alguns dos benefícios
destacam-se: reduções importantes na mortalidade infantil e mortalidade adulta para algumas
condições de saúde sensíveis à atenção primária; melhor acesso e utilização dos serviços de
saúde para população; expansão do acesso a tratamentos; controle de algumas doenças
infecciosas; equidade do acesso aos serviços de saúde e diminuição de desigualdades na saúde
dos indivíduos; melhor eficiência do SUS devido à redução de hospitalizações desnecessárias,
entre outros.

6.1.1. População Coberta pela AB e ESF na Macrorregião de Saúde Centro-Oeste

O estado do RS, conforme abordado anteriormente, é composto por 7 macrorregiões.


A Macrorregião de Saúde Centro-Oeste é composta pela 4ª e 10ª CRS e pelas Regiões de
Saúde 01, 02, e 03 (Figura 7).

31
Figura 7 - Mapa da macrorregião Centro-Oeste, subdividindo as CRS e Regiões de Saúde.

Fonte: SES/RS (RIO GRANDE DO SUL, 2013).

A cobertura populacional pela ESF na macrorregião Centro-Oeste equivale a 63,71%,


sendo superior à média de cobertura do estado (60,08%). Cabe salientar que a região 1
(Verdes Campos) encontra-se abaixo (45,05%) da média da macrorregião assim como do
estado. Por outro lado, a região 2 (Entre Rios) destaca-se superando o índice de cobertura
populacional, representando 84,07% e consequentemente 23,99% acima da média do RS
(Figura 8).
Figura 8 - Índice de cobertura populacional pela ESF na macrorregião Centro-Oeste no ano de 2018.

Média Rio Grande do Sul 60,08%

Média Macrorregião Centro Oeste 63,71%

Região 03 - Fronteira Oeste 62,01%

Região 02 - Entre Rios 84,07%

Região 01 - Verdes Campos 45,05%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Segundo Canto (2017), essa macrorregião apresentava índice de cobertura


populacional por ESF inferior à média do estado do RS, enquanto na atual pequisa, observa-se
um sutil progresso nessa macrorregião, uma vez que ultrapassou a média do estado em 3,63%.
Em relação à cobertura populacional pela AB, a média da macrorregião Centro-Oeste
equivalente a 73,92%, encontra-se abaixo da média do estado (74,43%). As regiões 3 e 2
apresentam média superior à cobertura no RS, sendo elas 78,64% e 85,90%, respectivamente.

32
Portanto, é evidente que a região 1 representa o fator limitante do crescimento da cobertura
populacional da AB nessa macrorregião, apresentando o índice de 57,22% (Figura 9).
Figura 9 - Índice de cobertura populacional pela AB na macrorregião Centro-Oeste no ano de 2018.

Média Rio Grande do Sul 74,43%

Média Macrorregião Centro Oeste 73,92%

Região 03 - Fronteira Oeste 78,64%

Região 02 - Entre Rios 85,90%

Região 01 - Verdes Campos 57,22%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Em 2015, essa macrorregião apresentava índice de cobertura populacional pela AB de


73,41%, ligeiramente superior à média do estado, que registrava um índice de 72,08% (RIO
GRANDE DO SUL, 2016b). De acordo com o levantamento de dados realizados no presente
estudo, ocorreu uma inversão de papéis, onde a macrorregião Centro-Oeste passou a
apresentar índice inferior à média do estado.

6.1.2. População Coberta pela AB e ESF na Macrorregião de Saúde Metropolitana

A Macrorregião de Saúde Metropolitana é composta pela 1ª, 2ª e 18ª CRS e por 7


Regiões de Saúde, sendo elas 04, 05, 06, 07, 08, 09 e 10 (Figura 10).
Figura 10 - Mapa da macrorregião Metropolitana, subdividindo as CRS e Regiões de Saúde.

Fonte: SES/RS (RIO GRANDE DO SUL, 2013).


33
A média da cobertura populacional pela ESF na macrorregião Metropolitana equivale
a 59,11%, encontrando-se abaixo da média do estado (60,08%). Ao analisar as regiões que a
compõe, nota-se que as regiões 10, 09 e 07 estão abaixo da média da macrorregião,
totalizando 50,87%, 50,57% e 44,59%, respectivamente. Por outro lado, as regiões 08, 06, 05
e 04 apresentam valores de cobertura populacional pela ESF superiores ao estado, com
especial destaque para as regiões 06 e 04, que atingem respectivamente os índices de 71,25%
e 74,49% (Figura 11).
Figura 11 - Índice de cobertura populacional pela ESF na macrorregião Metropolitana no ano de 2018.

Média Rio Grande do Sul 60,08%


Média Macrorregião Metropolitana 59,11%
Região 10 - Capital e Vale do Gravataí 50,87%
Região 09 - Carbonífera/Costa Doce 50,57%
Região 08 - Vale do Caí e Metropolitana 61,57%
Região 07 - Vale dos Sinos 44,59%
Região 06 - Vale do Paranhana e Costa Serra 71,25%
Região 05 - Bons Ventos 60,43%
Região 04 - Belas Praias 74,49%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Fonte: Elaborado pelo autor.

Os dados descritos nesse estudo estão de acordo com o plano estadual de saúde
apresentado no ano de 2016, que demonstra o mesmo padrão de baixa cobertura populacional
pela ESF, o que se justifica pelo fato da macrorregião possuir municípios de grande porte e
elevada densidade populacional, dificultando o aumento desse índice (RIO GRANDE DO
SUL, 2016a).
Em relação à cobertura populacional pela AB, a média da macrorregião Metropolitana
é de 74,33%, sendo similar à média do estado (74,43%). Nesse cenário, apenas as regiões 08,
06 e 04 superam a média da macrorregião, equivalendo a 78,04%, 82,49% e 90,07%
respectivamente. Cabe destacar que as demais regiões apresentam o índice de cobertura
populacional próximo à média da macrorregião, não sendo observadas grandes oscilações
entre elas (Figura 12).

34
Figura 12 - Índice de cobertura populacional pela AB na macrorregião Metropolitana no ano de 2018.

Média Rio Grande do Sul 74,43%


Média Macrorregião Metropolitana 74,33%
Região 10 - Capital e Vale do Gravataí 63,34%
Região 09 - Carbonífera/Costa Doce 65,64%
Região 08 - Vale do Caí e Metropolitana 78,04%
Região 07 - Vale dos Sinos 68,63%
Região 06 - Vale do Paranhana e Costa Serra 82,49%
Região 05 - Bons Ventos 72,11%
Região 04 - Belas Praias 90,07%
0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Em relação aos dados levantados em 2015 (RIO GRANDE DO SUL, 2016b), a


macrorregião Metropolitana registrou 64,14% no índice de cobertura populacional pela AB,
sendo inferior à média do estado do RS em 7,94%. Atualmente, essa macrorregião teve mérito
por se equiparar com a média do estado, evoluindo 10,19% no índice de cobertura.

6.1.3. População Coberta pela AB e ESF na Macrorregião de Saúde Missioneira

A Macrorregião de Saúde Missioneira é composta pelas 9ª, 12ª, 14ª e 17ª CRS e pelas
seguintes Regiões de Saúde: 11, 12, 13 e 14 (Figura 13).
Figura 13 - Mapa da macrorregião Missioneira, subdividindo as CRS e Regiões de Saúde.

Fonte: SES/RS (RIO GRANDE DO SUL, 2013).

A macrorregião Missioneira se destaca em relação às demais macrorregiões superando


a média do estado em todas as suas regiões, apresentando um índice de cobertura
35
populacional pela ESF equivalente a 83,19%, ou seja, 23,11% acima da média do RS. Dentre
as regiões a que apresenta melhor cobertura é a região 14 (Fronteira Noroeste) com o índice
de 93,46% (Figura 14).
Figura 14 - Índice de cobertura populacional pela ESF na macrorregião Missioneira no ano de 2018.

Média Rio Grande do Sul 60,08%


Média Macrorregião Missioneira 83,19%
Região 14 - Fronteira Noroeste 93,46%
Região 13 - Diversidade 77,93%
Região 12 - Portal das Missões 84,79%
Região 11 - Sete Povos das Missões 76,58%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Historicamente esta é a macrorregião que apresenta os melhores índices de cobertura


populacional pela ESF. Na série histórica apresentada por Canto (2017), o autor destaca o
crescimento constante entre os anos 2011 e 2014 em todas as regiões de saúde que compõem
essa macrorregião e o fato de todas apresentarem índice superior ao do estado do RS.
Em relação ao índice de cobertura populacional pela AB observa-se similar padrão à
cobertura pela ESF, em que a média da macrorregião Missioneira superou em 12,29% o
estado, atingindo o índice de 86,72%. Cabe salientar que as 4 regiões que compõe a
macrorregião Missioneira apresentaram índice superior a 80%. Outro aspecto relevante é o
índice de cobertura populacional da região 14 a qual possui o mesmo valor tanto na análise da
ESF quanto da AB, indicando que essa região não possui outro serviço de AB, além da ESF
(Figura 15).
Figura 15 - Índice de cobertura populacional pela AB na macrorregião Missioneira no ano de 2018.

Média Rio Grande do Sul 74,43%


Média Macrorregião Missioneira 86,72%
Região 14 - Fronteira Noroeste 93,46%
Região 13 - Diversidade 82,77%
Região 12 - Portal das Missões 84,79%
Região 11 - Sete Povos das Missões 85,87%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaborado pelo autor.


36
6.1.4. População Coberta pela AB e ESF na Macrorregião de Saúde Norte

A Macrorregião de Saúde Norte é composta pela 6ª, 11ª, 15ª e 19ª CRS e pelas
seguintes Regiões de Saúde: 15, 16, 17, 18, 19 e 20 (Figura 16).
Figura 16 - Mapa da macrorregião Norte, subdividindo as CRS e Regiões de Saúde.

Fonte: SES/RS (RIO GRANDE DO SUL, 2013).

A média de cobertura populacional pela ESF na macrorregião Norte no ano de 2018


foi de 80,24%, superando a média do RS (60,08%). Dentre as 6 regiões que a compõe, a única
que apresentou índice consideravelmente inferior à média da macrorregião foi a região 17
(Planalto), com apenas 54,75% de cobertura populacional, representando uma diferença de
22,49% (Figura 17).
Figura 17 - Índice de cobertura populacional pela ESF na macrorregião Norte no ano de 2018.

Média Rio Grande do Sul 60,08%


Média Macrorregião Norte 80,24%
Região 20 - Rota da Produção 87,26%
Região 19 - Botucaraí 84,90%
Região 18 - Araucárias 80,44%
Região 17 - Planalto 54,75%
Região 16 - Alto Uruguai Gaúcho 80,37%
Região 15 - Caminho das Águas 93,71%
0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Cabe salientar que esta macrorregião sempre apresentou boa cobertura populacional
por ESF, com índices muito superiores à média do estado. Em estudo apresentado por Canto
(2017), a macrorregião Norte registrou no ano de 2011 um índice de 64,93%, sendo inclusive

37
superior a atual média do RS. Já nos dados relatados no ano de 2015 (RIO GRANDE DO
SUL, 2016b), a macrorregião alcançou um índice de 72,84%, sendo superior a média do
estado daquela época em 16,42%.
Em relação à cobertura populacional pela AB, nota-se um padrão similar à cobertura
pelas ESF, em que a macrorregião Norte supera em 14,28% a média do estado, além de ser a
maior média de cobertura dentre as 7 macrorregiões do RS (88,71%). Outro aspecto relevante
é que 3 das suas regiões apresentaram índice de cobertura superior a 90%, sendo elas região
20 (Rota da Produção) com 91,14%, região 19 (Botucaraí) com 96,30% e região 15 (Caminho
das Águas) com 99,14%. Esta última demonstrando grande efetividade de cobertura pela AB,
uma vez que assistiu 188.823 pessoas de um total de 190.460 (Figura 18).
Figura 18 - Índice de cobertura populacional pela AB na macrorregião Norte no ano de 2018.

Média Rio Grande do Sul 74,43%


Média Macrorregião Norte 88,71%
Região 20 - Rota da Produção 91,14%
Região 19 - Botucaraí 96,30%
Região 18 - Araucárias 89,86%
Região 17 - Planalto 68,60%
Região 16 - Alto Uruguai Gaúcho 87,24%
Região 15 - Caminho das Águas 99,14%
0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os dados apresentados no plano estadual de saúde de 2016 (RIO GRANDE DO SUL


2016a) indicam que 21 regiões de saúde possuem proporção de cobertura acima da média
estadual (72,08%). A maioria dessas regiões está situada na macrorregião Norte, a qual possui
municípios de pequeno porte, facilitando a ação de cobertura (RIO GRANDE DO SUL,
2016a). Neste mesmo ano, a Região 15 (Caminho das Águas) apresentou o maior índice de
cobertura dentre todas as regiões (97,74%) (RIO GRANDE DO SUL, 2016b), similar ao
índice encontrado no presente estudo.

6.1.5. População Coberta pela AB e ESF na Macrorregião de Saúde Sul

A Macrorregião de Saúde Sul é composta pela 3ª e 7ª CRS e pelas seguintes Regiões


de Saúde: 21 e 22 (Figura 19).
38
Figura 19 - Mapa da macrorregião Sul, subdividindo as CRS e Regiões de Saúde.

Fonte: SES/RS (RIO GRANDE DO SUL, 2013).

A macrorregião Sul apresenta a média de cobertura populacional pela ESF de 68,61%,


superando o índice do estado (60,08%). As regiões 22 (Pampa) e 21 (Sul) apresentam valores
homogêneos de cobertura o que se reflete na média da macrorregião. Cabe salientar que a
região 21 é a segunda região do RS com maior número de equipes de saúde da família
atuantes, o equivalente a 190 (Figura 20).
Figura 20 - Índice de cobertura populacional pela ESF na macrorregião Sul no ano de 2018.

Média Rio Grande do Sul 60,08%

Média Macrorregião Sul 68,61%

Região 22 - Pampa 68,59%

Região 21 - Sul 68,63%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaborado pelo autor.

No estudo produzido por Canto (2017), a macrorregião Sul apresentou um aumento de


30,06% no índice de cobertura populacional pela ESF no período de 2011 a 2015. De acordo
com os dados registrados no presente estudo, a macrorregião Sul aumentou 33,69% em
comparação ao ano de 2011. Desse modo, a região Sul teve um aumento no índice de
cobertura populacional pela ESF de aproximadamente 4,81% ao ano.
Em relação à cobertura populacional pela AB, a média da macrorregião atinge
81,44%, sendo superior em 7,01% à média do estado. É possível observar um considerável
aumento da cobertura pela AB na região 21, com índice de 87,19%, superando em quase 20%

39
a cobertura populacional pela ESF, sendo um indicativo da participação de outros serviços de
AB nessa região (Figura 21).
Figura 21 - Índice de cobertura populacional pela AB na macrorregião Sul no ano de 2018.

Média Rio Grande do Sul 74,43%

Média Macrorregião Sul 81,44%

Região 22 - Pampa 75,68%

Região 21 - Sul 87,19%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Segundo Fantinel (2015), a média da macrorregião Sul no ano de 2014 apresentava um


índice de cobertura populacional pela AB igual a 68,27%. Já em dados apresentados em 2015
houve uma melhora no índice de cobertura populacional pela AB, atingindo 75,49% (RIO
GRANDE DO SUL, 2016b). Ao comparar esses dados com o presente estudo, nota-se que a
macrorregião Sul apresentou um aumento de 13,17% neste índice, mostrando uma tendência
similar ao do estado do RS.

6.1.6. População Coberta pela AB e ESF na Macrorregião de Saúde Serra

A Macrorregião de Saúde Serra é composta pela 5ª CRS e pelas seguintes Regiões de


Saúde: 23, 24, 25 e 26 (Figura 22).
Figura 22 - Mapa da macrorregião Serra, subdividindo as CRS e Regiões de Saúde.

Fonte: SES/RS (RIO GRANDE DO SUL, 2013).

40
O índice de cobertura populacional pela ESF da macrorregião Serra no ano de 2018 foi
de 57,65%, sendo inferior à média do RS (60,08%). Destacando-se negativamente a região 23
(Caxias e Hortênsias) com 38,98% de cobertura populacional, ou seja, 359.648 pessoas não
possuem atendimento pela ESF, sendo 21,10% menor que o estado. Por outro lado, a região
24 (Campos de Cima da Serra) superou a média da macrorregião em 20,15%. Cabe salientar
que essa região possui uma população pequena de 99.978 indivíduos, facilitando a cobertura
populacional (Figura 23).
Figura 23 - Índice de cobertura populacional pela ESF na macrorregião Serra no ano de 2018.

Média Rio Grande do Sul 60,08%


Média Macrorregião Serra 57,65%
Região 26 - Uva Vale 61,32%
Região 25 - Vinhedos e Basalto 52,50%
Região 24 - Campos de Cima da Serra 77,80%
Região 23 - Caxias e Hortênsias 38,98%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Segundo Canto (2017), na série histórica de 2011 a 2015, a macrorregião Serra foi a
que menos expandiu sua cobertura populacional pela ESF. Esse fato está atrelado ao número
de municípios de grande porte e à elevada densidade populacional, assim como observado na
macrorregião Metropolitana (RIO GRANDE DO SUL, 2016a).
Em relação ao índice de cobertura populacional pela AB nota-se um considerável
aumento em comparação com a cobertura pela ESF, refletindo o investimento de outros
serviços de AB na macrorregião Serra, a qual possui a média de cobertura de 76,67%, muito
similar à média do estado (74,43%). A região 24 novamente se destaca, apresentando um
índice de cobertura de 92,98%, sendo 16,31% superior à média do RS. Assim como foi
possível notar um aumento considerável do índice de cobertura populacional pela AB na
região 23 (65,28%) quando comparado à cobertura pela ESF (38,98%), apesar de apresentar a
média inferior à da macrorregião (Figura 24).

41
Figura 24 - Índice de cobertura populacional pela AB na macrorregião Serra no ano de 2018.

Média Rio Grande do Sul 74,43%


Média Macrorregião Serra 76,67%
Região 26 - Uva Vale 77,77%
Região 25 - Vinhedos e Basalto 70,66%
Região 24 - Campos de Cima da Serra 92,98%
Região 23 - Caxias e Hortênsias 65,28%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Em 2015, a macrorregião Serra registrava índice de cobertura populacional pela AB


inferior à média do estado do RS, assim como a macrorregião Metropolitana (RIO GRANDE
DO SUL, 2016b). Porém, no presente estudo, nota-se que ela foi capaz de superar a média do
estado do RS em 2,24%.

6.1.7. População Coberta pela AB e ESF na Macrorregião de Saúde Vales

A Macrorregião de Saúde Vales é composta pela 8ª, 13ª e 16ª CRS e pelas seguintes
Regiões de Saúde: 27, 28, 29 e 30 (Figura 25).
Figura 25 - Mapa da macrorregião Vales, subdividindo as CRS e Regiões de Saúde.

Fonte: SES/RS (RIO GRANDE DO SUL, 2013).

A macrorregião Vales apresenta a média de cobertura populacional pela ESF inferior à


do estado, equivalente a 57,37%. Além disso, essa macrorregião possui o pior índice de

42
cobertura dentre as 7 macrorregiões, apresentando apenas 168 equipes de saúde da família
para um total de 904.525 indivíduos, que corresponde ao menor número de habitantes por
macrorregião. Dentre as 4 regiões que a compõe, apenas a região 29 (Vales e Montanhas)
possui maior índice de cobertura, ultrapassando a média da macrorregião em 15,96% (Figura
26).
Figura 26 - Índice de cobertura populacional pela ESF na macrorregião Vales no ano de 2018.

Média Rio Grande do Sul 60,08%


Média Macrorregião Vales 57,37%
Região 30 - Vale da Luz 47,11%
Região 29 - Vales e Montanhas 73,33%
Região 28 - Vinte e Oito 56,89%
Região 27 - Jacuí Centro 52,15%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaborado pelo autor.

Em análise realizada no período de 2011 a 2015 (CANTO, 2017), a região 29 já vinha


se destacando, apresentando esse mesmo perfil de maior cobertura populacional pela ESF,
como observado no ano de 2018 (Figura 26), aumentando de 53,05% para 73,75%. Além
disso, esta região tem importante papel, sendo responsável por aumentar a média da
macrorregião Vales.
Em relação ao índice de cobertura populacional pela AB, observamos que a média da
macrorregião Vales (74,64%) é similar à média do RS (74,43%). Outra importante
característica dessa macrorregião foi o aumento da cobertura populacional pela AB nas
regiões 30 (Vale da Luz) e 28 (Vinte e Oito) quando comparada a cobertura pela ESF, sendo
equivalente a um crescimento de 34,39% e 22,80% respectivamente. Esses índices expressam
a atuação de outros serviços de AB, capaz de suprir a demanda populacional nessas regiões.
Entretanto, a região 27 (Jacuí Centro) apresenta índice de cobertura bem inferior à média da
macrorregião, sendo 17,20% abaixo (Figura 27).

43
Figura 27 - Índice de cobertura populacional pela AB na macrorregião Vales no ano de 2018.

Média Rio Grande do Sul 74,43%


Média Macrorregião Vales 74,64%
Região 30 - Vale da Luz 81,50%
Região 29 - Vales e Montanhas 79,92%
Região 28 - Vinte e Oito 79,69%
Região 27 - Jacuí Centro 57,44%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Fonte: Elaborado pelo autor.

6.2. Mortalidade Infantil no RS

Os dados sobre a mortalidade infantil nas macrorregiões geográficas do estado do RS


serão abordados, apresentando o número absoluto de óbitos e a taxa de mortalidade a cada
1000 nascidos vivos.

6.2.1. Óbitos por Região de Saúde entre os anos 2000 e 2018

Nos últimos 18 anos no estado do RS foram registrados 34.680 óbitos de crianças


menores de 1 ano de idade. Nota-se que a macrorregião Metropolitana apresenta o maior
percentual de óbitos comparada às demais macrorregiões, correspondendo a 46,68%, o que
totaliza 16.190 óbitos. Enquanto a macrorregião Vales apresentou a menor taxa percentual de
óbitos, equivalente a 5,72%, ou seja, 1.983 casos registrados de óbitos infantis para menores
de 1 ano de idade (Figura 28).

44
Figura 28 - Número absoluto de óbitos e percentual por macrorregião de saúde no estado do RS.

5,72%
10,39% CENTRO-OESTE = 3602 ÓBITOS
8,43%
METROPOLITANA = 16190 ÓBITOS

11,67% MISSIONEIRA = 2200 ÓBITOS

NORTE = 3736 ÓBITOS

46,68% SUL = 4047 ÓBITOS


10,77%
SERRA = 2922 ÓBITOS
6,34%
VALES = 1983 ÓBITOS

Fonte: Elaborado pelo autor.

6.2.2. TMI na Macrorregião de Saúde Centro-Oeste

A Macrorregião Centro-Oeste apresentou um considerável declínio no número de


óbitos entre os anos de 2000 e 2018. No ano 2000 foi registrado o maior número de óbitos
(340), enquanto em 2015 obteve-se o menor número de óbitos, equivalente a 106. Cabe
salientar, que nos 3 últimos anos, apesar do número de óbitos estar menor que os anos
anteriores, registrou-se um pequeno aumento relativo (Figura 29).
Figura 29 - Número absoluto de óbitos de 2000 a 2018 na macrorregião Centro-Oeste.
1400
Nº DE ÓBITOS OCORRIDOS

1200
1000
800
600
400 340
285 302 269 248
226 203
171 172 145 167 162 144 135 128
200 106 119 134 146
0
2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

PERÍODO ANALISADO
Nº DE ÓBITOS DE RESIDENTES COM MENOS DE 1 ANO DE IDADE

Fonte: Elaborado pelo autor.


45
Em relação à TMI da macrorregião Centro-Oeste, houve uma mudança percentual
considerável entre os anos de 2000 e 2016. A região 2 se destaca pelo fato de ter anulado a
taxa de óbitos em 2016. Enquanto a região 3 teve uma redução de aproximadamente 50% da
TMI (Tabela 3). Ao analisar a TMI das 3 regiões que compõe a macrorregião Centro-Oeste,
nota-se que ela se manteve abaixo de 20 óbitos por 1.000 nascidos vivos, sendo classificada
segundo o MS como uma macrorregião com baixa TMI (Figura 30).
Tabela 3 - Resumo sobre a mortalidade na macrorregião Centro-Oeste.
Ano 2000 Ano 2016 Mudança
Região de Saúde (CIR)
Nº Óbitos Taxa/1000 NV Nº Óbitos Taxa/1000 NV Percentual
Região 01 - Verdes Campos 110,00 16,68 53,00 10,47 -37,23%
Região 02 - Entre Rios 30,00 15,06 0,00 0,00 -100,00%
Região 03 - Fronteira Oeste 200,00 21,27 66,00 10,78 -49,31%
TOTAL 340,00 18,90 119,00 9,53 -49,60%
Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 30 - Variação da TMI de 2000 a 2016 na macrorregião Centro-Oeste.


TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL

50
A CADA 1000 NASCIDOS VIVOS

45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

PERÍODO ANALISADO

Região 01 - Verdes Campos Região 02 - Entre Rios Região 03 - Fronteira Oeste

Fonte: Elaborado pelo autor.

6.2.3. TMI na Macrorregião de Saúde Metropolitana

A Macrorregião Metropolitana, conforme observado na figura 31, apresenta o maior


número de óbitos de residentes com menos de 1 ano de idade. Esse valor, apesar de

46
permanecer elevado no ano de 2018, decaiu consideravelmente, tendo 654 óbitos a menos que
o ano de 2000.
Figura 31 - Número absoluto de óbitos de 2000 a 2018 na macrorregião Metropolitana.
1400
1232
Nº DE ÓBITOS OCORRIDOS

1200 1149
1058 1049
1004
1000 912 878
839 845
800 744 732 751 732 740 768 795 746
638
578
600
400
200
0
2007
2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018
PERÍODO ANALISADO
Nº DE ÓBITOS DE RESIDENTES COM MENOS DE 1 ANO DE IDADE

Fonte: Elaborado pelo autor.

Em relação à TMI na macrorregião Metropolitana, duas regiões apresentaram


mudanças percentuais consideráveis, sendo elas a região 06 (Vale do Paranhana e Costa
Serra) e a região 09 (Carbonífera/Costa Doce) as quais reduziram 62,60% e 64,59%,
respectivamente. No entanto, as regiões 04 (Belas Praias) e 08 (Vale do Caí e Metropolitana)
aumentaram a TMI, entre os anos de 2000 e 2016, para 6,95% e 11,58%, respectivamente.
Cabe salientar que esse aumento em números absolutos não foi tão expressivo, uma vez que a
região 04 possui baixo índice populacional (152.711 habitantes) e o aumento foi de apenas um
óbito. Enquanto a região 08 diminuiu o número absoluto de óbitos, porém a TMI aumentou
em virtude da redução do número de nascidos vivos (Tabela 4).
Na figura 32 é possível observar a variação da TMI em todas as regiões que compõe a
macrorregião Metropolitana. Entre os anos de 2000 e 2016, com exceção da região 10
(Capital e Vale do Gravataí), as demais regiões apresentaram menos de 20 óbitos por 1.000
nascidos vivos, sendo classificada segundo o MS como uma macrorregião com baixa TMI. A
região 10, no ano de 2008, alterou sua classificação de média para baixa TMI, permanecendo
assim até o ano de 2016.

47
Tabela 4 - Resumo sobre a mortalidade na macrorregião Metropolitana.
Ano 2000 Ano 2016
Mudança
Região de Saúde (CIR) Nº Taxa/1000 Nº Taxa/1000 Percentual
Óbitos NV Óbitos NV
Região 04 - Belas Praias 8 3,64 9 3,90 6,95%
Região 05 - Bons Ventos 36 11,90 27 9,08 -23,76%
Região 06 - Vale do Paranhana e
36 10,18 11 3,81 -62,60%
Costa Serra
Região 07 - Vale dos Sinos 132 10,32 75 7,22 -30,06%
Região 08 - Vale do Caí e
74 5,95 72 6,64 11,58%
Metropolitana
Região 09 - Carbonífera/Costa Doce 42 6,29 11 2,23 -64,59%
Região 10 - Capital e Vale do
904 23,05 541 17,48 -24,16%
Gravataí
TOTAL 1232 15,42 746 11,43 -25,93%
Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 32 - Variação da TMI de 2000 a 2016 na macrorregião Metropolitana.

50
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL

45
A CADA 1000 NASCIDOS VIVOS

40
35
30
25
20
15
10
5
0
2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

PERÍODO ANALISADO
Região 05 - Bons Ventos Região 06 - Vale do Paranhana e Costa Serra
Região 07 - Vale dos Sinos Região 08 - Vale do Caí e Metropolitana
Região 09 - Carbonífera/Costa Doce Região 10 - Capital e Vale do Gravataí
Região 04 - Belas Praias

Fonte: Elaborado pelo autor.

6.2.4. TMI na Macrorregião de Saúde Missioneira

A Macrorregião Missioneira ao longo de todo o período analisado (2000 a 2018)


sempre apresentou baixo número de óbitos, registrando o maior número no ano de 2000 (179
48
óbitos) e o menor em 2008 (80 óbitos). No decorrer dos últimos 18 anos, apesar de haver
poucas variações em números absolutos, essa macrorregião registrou uma redução no número
de óbitos (Figura 33).
Figura 33 - Número absoluto de óbitos de 2000 a 2018 na macrorregião Missioneira.
1400
Nº DE ÓBITOS OCORRIDOS

1200
1000
800
600
400
179 178 174 159
200 142 125 97
91 115 107
103 80 96 89 87 87 82 110 99
0

2010
2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018
PERÍODO ANALISADO

Nº DE ÓBITOS DE RESIDENTES COM MENOS DE 1 ANO DE IDADE

Fonte: Elaborado pelo autor.

Em relação à TMI a região 12 (Portal das Missões) se destaca na macrorregião


Missioneira por apresentar uma redução de 77,67%. Por outro lado, a região 13 (Diversidade),
apesar de reduzir o número absoluto de óbitos, aumentou a TMI em 16,89% devido à redução
do número de nascidos vivos (Tabela 5). Entre os anos de 2001 e 2002, a região 12 apresentou
maior TMI, entretanto todas as regiões sempre registraram o número de óbitos abaixo de 20
por 1.000 nascidos vivos, sendo consideradas regiões de baixa TMI (Figura 34).
Tabela 5 - Resumo sobre a mortalidade na macrorregião Missioneira.
Ano 2000 Ano 2016
Mudança
REGIÃO DE SAÚDE (CIR) Nº Taxa/1000 Nº Taxa/1000 Percentual
Óbitos NV Óbitos NV
Região 11 - Sete Povos das Missões 62 12,29 33 9,74 -20,78%
Região 12 - Portal das Missões 37 14,54 6 3,25 -77,67%
Região 13 - Diversidade 30 8,25 29 9,64 16,89%
Região 14 - Fronteira Noroeste 50 14,47 23 9,03 -37,63%
TOTAL 179 12,19 91 8,43 -30,85%
Fonte: Elaborado pelo autor.

49
Figura 34 - Variação da TMI de 2000 a 2016 na macrorregião Missioneira.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL
50
45
A CADA 1000 NASCIDOS VIVOS

40
35
30
25
20
15
10
5
0
2005
2000

2001

2002

2003

2004

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016
PERÍODO ANALISADO
Região 11 - Sete Povos das Missões Região 12 - Portal das Missões
Região 13 - Diversidade Região 14 - Fronteira Noroeste

Fonte: Elaborado pelo autor.

6.2.5. TMI na Macrorregião de Saúde Norte

A Macrorregião Norte durante os 5 primeiros anos de análise (2000-2004) registrou


elevados números absolutos de óbitos, tendo em 2004 o seu ápice (321 óbitos). A partir de
2005, o número de óbitos teve um declínio considerável, permanecendo assim até 2018,
quando registrou 181 óbitos a menos que em 2004 (Figura 35).
Figura 35 - Número absoluto de óbitos de 2000 a 2016 na macrorregião Norte.
1400
Nº DE ÓBITOS OCORRIDOS

1200
1000
800
600
400 293 290 293 304 321
216 181 177 194
200 147 137 161 148 165 155 142 126 146 140

0
2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

PERÍODO ANALISADO

Nº ABSOLUTO DE ÓBITOS OCORRIDOS ATÉ 1 ANO DE IDADE

Fonte: Elaborado pelo autor.


50
Em relação à TMI todas as regiões que compõe a macrorregião Norte se destacam
positivamente, apresentando redução no percentual de óbitos. Dentre elas, as regiões 19
(Botucaraí) e 20 (Rota da Produção) obtiveram as melhores mudanças percentuais, reduzindo
a TMI em 76% (Tabela 6). A região 17 (Planalto) registrou 34,88 óbitos por 1.000 nascidos
vivos no ano de 2004, sendo classificada como uma região de média TMI. Cabe salientar que
ao final do período analisado (2000-2016), todas as regiões se enquadravam como regiões de
baixa TMI (Figura 36).
Tabela 6 - Resumo sobre a mortalidade na macrorregião Norte.
Ano 2000 Ano 2016
Mudança
Região de Saúde (CIR) Nº Taxa/1000 Nº Taxa/1000 Percentual
Óbitos NV Óbitos NV
Região 15 - Caminho das Águas 42 11,73 11 5,06 -56,83%
Região 16 - Alto Uruguai Gaúcho 37 9,69 17 6,43 -33,60%
Região 17 - Planalto 143 23,93 80 14,85 -37,96%
Região 18 - Araucárias 21 10,98 10 6,92 -37,03%
Região 19 - Botucaraí 19 9,74 3 2,31 -76,26%
Região 20 - Rota da Produção 31 11,10 5 2,57 -76,87%
TOTAL 293 14,63 126 8,46 -42,17%
Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 36 - Variação da TMI de 2000 a 2016 na macrorregião Norte.


50
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL

45
A CADA 1000 NASCIDOS VIVOS

40
35
30
25
20
15
10
5
0
2002
2000

2001

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

PERÍODO ANALISADO
Região 15 - Caminho das Águas Região 16 - Alto Uruguai Gaúcho
Região 17 - Planalto Região 18 - Araucárias
Região 19 - Botucaraí Região 20 - Rota da Produção

Fonte: Elaborado pelo autor.

51
6.2.6. TMI na Macrorregião de Saúde Sul

A Macrorregião Sul registrou 334 óbitos em 2001, sendo o maior número registrado
nos últimos 18 anos. Nos anos subsequentes, o número de óbitos decaiu, registrando 162
óbitos no ano de 2018 (Figura 37).
Figura 37 - Número absoluto de óbitos de 2000 a 2018 na macrorregião Sul.
1400
Nº DE ÓBITOS OCORRIDOS

1200
1000
800
600
400 314 334 308 298 296
236 220
200 180 192 184 159 180 195 151 152 168 171 147 162

2012
2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2013

2014

2015

2016

2017

2018
PERÍODO ANALISADO
Nº ABSOLUTO DE ÓBITOS OCORRIDOS ATÉ 1 ANO DE IDADE

Fonte: Elaborado pelo autor.

A Macrorregião Sul dentre as demais do estado do RS foi a que apresentou maior


TMI, equivalente a 13,23 no ano de 2016. A região 21 (Sul), apesar de apresentar uma
mudança percentual de 21,78%, conseguiu reduzir o número de óbitos de 233 no ano de 2000
para 137 no ano de 2016 (Tabela 7). Enquanto a região 22 (Pampa), a qual era classificada
como região de média TMI até 2008, teve uma notável redução na TMI mudando de 24,61
óbitos a cada 1000 nascidos vivos para uma taxa de 14,21, passando a ser considerada uma
região de baixa TMI (Figura 38).
Tabela 7 - Resumo sobre a mortalidade na macrorregião Sul.
2000 2016
Mudança
Região de Saúde (CIR) Nº Nº
Taxa/1000 NV Taxa/1000 NV Percentual
Óbitos Óbitos
Região 21 - Sul 233 16,63 137 13,01 -21,78%
Região 22 - Pampa 81 24,61 34 14,21 -42,26%
TOTAL 314 18,14 171 13,23 -27,09%
Fonte: Elaborado pelo autor.

52
Figura 38 - Variação da TMI de 2000 a 2016 na macrorregião Sul.

50
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL

45
A CADA 1000 NASCIDOS VIVOS

40
35
30
25
20
15
10
5
0 2005

2011
2000

2001

2002

2003

2004

2006

2007

2008

2009

2010

2012

2013

2014

2015

2016
PERÍODO DE ANÁLISE

Região 21 - Sul Região 22 - Pampa

Fonte: Elaborado pelo autor.

6.2.7. TMI na Macrorregião de Saúde Serra

A Macrorregião Serra teve pouca redução no número de óbitos ao longo dos últimos
18 anos, alterando de 176 óbitos no ano de 2000 para 143 no ano de 2018. Nota-se uma
acentuada queda no número absoluto de óbitos em 2016, equivalente a 115, entretanto esse
número aumentou consideravelmente nos anos seguintes (Figura 39).
Figura 39 - Número absoluto de óbitos de 2000 a 2018 na macrorregião Serra.
1400
Nº DE ÓBITOS OCORRIDOS

1200
1000
800
600
400
200 176 171 154 171 188 181 155 140 149 159 156 157 136 146 152 135
115 138 143
0
2009
2000
2001
2002

2003
2004
2005
2006
2007

2008

2010
2011
2012

2013
2014
2015
2016

2017
2018

PERÍODO ANALISADO
Nº ABSOLUTO DE ÓBITOS OCORRIDOS ATÉ 1 ANO DE IDADE

Fonte: Elaborado pelo autor.


53
Em relação à TMI a região 26 (Uva Vale) é a que apresenta maior mudança
percentual, equivalente a 85,11% (Tabela 8). Cabe salientar que essa região já apresentava a
menor TMI comparada às demais regiões que compõe a macrorregião Serra (Figura 40).
Enquanto a região 23 (Caxias e Hortênsias) teve a menor mudança percentual (22,61%),
embora em números absolutos tenha apresentado a maior redução ao longo de 16 anos,
variando de 122 óbitos para 96. Outro aspecto relevante é o fato de todas as regiões da
macrorregião Serra registrarem o número de óbitos abaixo de 20 por 1.000 nascidos vivos,
sendo consideradas regiões de baixa TMI (Figura 40).
Tabela 8 - Resumo sobre a mortalidade na macrorregião Serra.
2000 2016
Mudança
Região de Saúde (CIR) Nº Nº
Taxa/1000 NV Taxa/1000 NV Percentual
Óbitos Óbitos
Região 23 - Caxias e Hortênsias 122 16,41 96 12,70 -22,61%
Região 24 - Campos de Cima da
20 11,22 6 4,35 -61,21%
Serra
Região 25 - Vinhedos e Basalto 27 8,74 12 3,30 -62,30%
Região 26 - Uva Vale 7 3,27 1 0,49 -85,11%
TOTAL 176 12,18 115 7,86 -35,49%
Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 40 - Variação da TMI de 2000 a 2016 na macrorregião Serra.

50
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL

45
A CADA 1000 NASCIDOS VIVOS

40
35
30
25
20
15
10
5
0
2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

PERÍODO ANALISADO

Região 23 - Caxias e Hortênsias Região 24 - Campos de Cima da Serra


Região 25 - Vinhedos e Basalto Região 26 - Uva Vale

Fonte: Elaborado pelo autor.

54
6.2.8. TMI na Macrorregião de Saúde Vales

A Macrorregião Vales apresentou grandes oscilações no número de óbitos no período


analisado (2000 a 2018). Entre os anos de 2007 e 2012, com exceção do ano de 2011,
observa-se um decaimento no número absoluto de óbitos ocorridos até 1 ano de idade,
chegando até 65 óbitos no ano de 2012. Entretanto, a partir de 2013 o número absoluto de
óbitos está aumentando, passando a registrar 102 óbitos no ano de 2018 (Figura 41).
Figura 41 - Número absoluto de óbitos de 2000 a 2018 na macrorregião Vales.
1400
Nº DE ÓBITOS OCORRIDOS

1200
1000
800
600
400
200 148 133 137 136 126 123 121 99
96 86 69 103 65 87 77 80 94 101 102
0
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
PERÍODO ANALISADO
Nº ABSOLUTO DE ÓBITOS OCORRIDOS ATÉ 1 ANO DE IDADE

Fonte: Elaborado pelo autor.

Em relação à TMI a macrorregião Vales se destaca pelo aumento em duas das regiões
que a compõe, sendo elas as regiões 27 (Jacuí Centro) e 30 (Vale da Luz), cuja mudança
percentual foi equivalente a 14,98% e 35,40%, respectivamente. Em relação às demais
regiões, observa-se que a região 29 (Vales e Montanhas) teve a maior mudança percentual,
reduzindo a TMI em 58,68% (Tabela 9). Outra característica marcante dessa macrorregião é o
fato de todas as regiões apresentarem menos de 20 óbitos a cada 1000 nascidos vivos, sendo
consideradas regiões de baixa TMI (Figura 42).
Tabela 9 - Resumo sobre a mortalidade na macrorregião Vales.
Ano 2000 Ano 2016 Mudança
Região de Saúde (CIR)
Nº Óbitos Taxa/1000 NV Nº Óbitos Taxa/1000 NV Percentual
Região 27 - Jacuí Centro 25 7,32 19 8,42 14,98%
Região 28 - Vinte e Oito 80 16,03 47 11,69 -27,04%
Região 29 - Vales e Montanhas 33 12,96 14 5,35 -58,68%
Região 30 - Vale da Luz 10 6,93 14 9,39 35,40%
TOTAL 148 11,94 94 9,06 -24,18%
Fonte: Elaborado pelo autor.
55
Figura 42 - Variação da TMI de 2000 a 2016 na macrorregião Vales.
50
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL

45
A CADA 1000 NASCIDOS VIVOS

40
35
30
25
20
15
10
5
0
2001

2014
2000

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2015

2016
PERÍODO ANALISADO
Região 27 - Jacuí Centro Região 28 - Vinte e Oito
Região 29 - Vales e Montanhas Região 30 - Vale da Luz

Fonte: Elaborado pelo autor.

6.3. Comparação entre a Cobertura Populacional pela AB e as TMI no RS

Os dados sobre a cobertura populacional pela AB serão comparados com as taxas de


mortalidade infantil, com o intuito de apresentar o real impacto que uma maior cobertura
populacional pela AB exerce sobre a TMI no estado do RS e nas suas macrorregiões.
A figura 43 representa a síntese de todo o estudo abordado anteriormente, refletindo a
cobertura populacional pela AB e a TMI no estado do RS entre os anos de 2007 e 2016.
Conforme observado, a cobertura populacional pela AB aumentou exorbitantemente desde o
seu início em 2007, em que atendia 51,48% da população, até o ano de 2016, no qual atingiu
o patamar de 72,86% de cobertura. Esse aumento na AB se reflete na redução da TMI no
estado do RS, a qual decaiu no mesmo período de 12,81 para 10,34.

56
Figura 43 - Avaliação da TMI em relação à Cobertura populacional pela AB no RS.

100

72,86 %
71,99 %
68,58 %
90

63,76 %
62,18 %
60,23 %
57,19 %
56,68 %
80

55,96 %
51,48 %

70
60
50
40
30
12,81

12,79

11,68

11,63
11,33

10,85

10,76
10,65

10,34
10,28
20
10
0
2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016
PERÍODO ANALISADO

TMI POPULAÇÃO COBERTA AB

Fonte: Elaborado pelo autor.

Tal tendência também pode ser observada no estudo realizado por Serra (2004), que
avalia o impacto positivo da cobertura das ESF sobre a mortalidade infantil no Estado de São
Paulo, embora relativamente modesto. Em outro estudo, Peixoto e Rocha (2008) avaliaram
que a política de atenção básica de saúde influenciou sobre diferentes indicadores de saúde na
região Sudeste, evidenciando a redução de forma significativa na TMI. Neste mesmo sentido,
Mendes (2013) explica que a AB brasileira tem contribuído significativamente para a
melhoria dos níveis de saúde, baixando em 10 anos (entre 2000 e 2010) a taxa de mortalidade
infantil em 40%.
Dentre alguns dos indicadores que integram o serviço de AB e, consequentemente,
refletem nessa redução da TMI destacam-se a redução de internações por condições sensíveis
à AB (Tabela 10), desnutrição infantil (Tabela 11) e acompanhamento pré-natal (Tabela 12).
O número de internações por condições sensíveis à AB (ICSAB) reduziu em todas as
macrorregiões que compõe o estado do RS. Apesar da mudança percentual não ser tão
expressiva, em números absolutos houve uma redução notável em todas as macrorregiões,
assim como no RS, no qual havia 104.740 ICSAB em 2010 alterando para 80.647 em 2018
(Tabela 10). A redução desse índice, mesmo que pequena, se mostra extremamente
importante para o sistema de saúde, uma vez que altas taxas de internações podem estar
57
relacionadas com a deficiência na cobertura dos serviços e/ou desempenho da AB
(FANTINEL, 2015).
Tabela 10 - Avaliação das internações por condições sensíveis à AB em 2010 e 2018.
ANO DE 2010 ANO DE 2018
MUDANÇA
MACRORREGIÃO
ICSAB TI PROPORÇÃO ICDAB TI PROPORÇÃO PERCENTUAL

CENTRO-OESTE 10043 34510 29,10% 6955 27039 25,72% -3,38%


METROPOLITANA 40331 140049 28,80% 33029 123666 26,71% -2,09%
MISSIONEIRA 11273 36094 31,23% 8311 32640 25,46% -5,77%
NORTE 12849 43049 29,85% 12008 43726 27,46% -2,39%
SUL 11288 33127 34,07% 7283 26858 27,12% -6,96%
SERRA 8732 30221 28,89% 5926 23684 25,02% -3,87%
VALES 10224 33888 30,17% 7135 29626 24,08% -6,09%
RS 104740 350938 29,85% 80647 307239 26,25% -3,60%
ICSAB = Internações por Condições Sensíveis à AB; TI = Total de Internações.
Fonte: Elaborado pelo autor.

Outros estudos encontraram correlação entre a cobertura populacional pela AB e a


redução do ICSAB, como o estudo realizado por Fantinel (2015). No estudo apresentado pelo
autor, a taxa média do indicador de cobertura populacional pela AB no RS, no decorrer da
série histórica (2008-2014), aumentou de 62,96% para 70,85%, correspondendo a uma
variação de 11,14%. Paralelamente, a taxa de ICSAB apresentou perfil descendente no
mesmo período, de 30,83% para 27,38%, respectivamente, obtendo variação de -3,45% no
período. O autor ainda afirma que das 30 regiões de saúde que compõem o RS, 80%
apresentam aumento da cobertura populacional pela AB, e 90% reduziram o número de
ICSAB.
O baixo peso ao nascer se refere aos recém-nascidos com peso inferior a 2,5 kg e é
considerado um fator prognóstico da sobrevivência infantil, pois quanto menor o peso, maior
a possibilidade de morte precoce (RIO GRANDE DO SUL, 2016a). A avaliação da
desnutrição infantil pode ser realizada de acordo com o número de nascidos vivos com baixo
peso (<2,5 kg), o qual teve uma pequena redução no estado do RS no ano de 2018,
representada por 0,08%. Entretanto, as macrorregiões Missioneira, Sul e Vales registraram
aumento nesse indicador, sendo ele de 0,03%, 0,23% e 0,85%, respectivamente (Tabela 11).
Nota-se que esse parâmetro contribui de modo sutil na redução da TMI observada ao longo
desses anos no estado do RS.

58
Tabela 11 - Avaliação da desnutrição infantil a partir dos nascidos vivos de baixo peso em 2010 e 2018.
ANO DE 2010 ANO DE 2018
MUDANÇA
MACRORREGIÃO NVBP NVBP
TN PROPORÇÃO TN PROPORÇÃO PERCENTUAL
(<2,5kg) (<2,5kg)

CENTRO-OESTE 1197 12582 9,51% 1109 12426 8,92% -0,59%


METROPOLITANA 5614 61102 9,19% 5651 62773 9,00% -0,19%
MISSIONEIRA 884 10265 8,61% 940 10880 8,64% 0,03%
NORTE 1461 14118 10,35% 1565 15506 10,09% -0,26%
SUL 1180 12351 9,55% 1247 12745 9,78% 0,23%
SERRA 1408 13369 10,53% 1541 14787 10,42% -0,11%
VALES 813 9356 8,69% 1016 10645 9,54% 0,85%
RS 12557 133143 9,43% 13069 139762 9,35% -0,08%
NVBP = Nascidos Vivos de Baixo Peso (<2,5 kg); TN = Total de Nascimentos.
Fonte: Elaborado pelo autor.

Ao se avaliar a mortalidade infantil nos grupos de recém-nascidos com baixo peso e


muito baixo peso, observa-se valores mais elevados na TMI. Essa constatação indica que a
redução da mortalidade infantil ocorre de maneira mais lenta, quando comparada com recém-
nascidos com peso superior a 2,5 kg. Isto demonstra a necessidade de qualificar o pré-natal
para diminuir o número de nascimentos com baixo peso e muito baixo peso e,
consequentemente, impactar na redução da mortalidade infantil (RIO GRANDE DO SUL,
2016a). Segundo Zanini e colaboradores (2009), a mortalidade infantil está diretamente
associada com a proporção de recém-nascidos com baixo peso e ao número de leitos
hospitalares por mil habitantes.
O número de consultas pré-natais é outro fator de grande relevância na TMI, o
percentual de nascidos vivos de mães com sete ou mais consultas pré-natais é o indicador
pactuado nacionalmente para avaliar o acesso das gestantes à assistência pré-natal (RIO
GRANDE DO SUL, 2016a). É possível observar que em todas as macrorregiões que compõe
o estado do RS houve um notável aumento percentual na realização das consultas pré-natais, a
qual se preconiza pela OMS de ser no mínimo sete que a gestante deve ter com um
profissional de saúde ao longo da sua gestação, a fim de reduzir as mortes perinatais. A
macrorregião Centro-Oeste teve grande destaque nesse indicador, registrando um aumento de
14,40% no acompanhamento pré-natal; enquanto o estado do RS teve um aumento percentual
de 5,90% nesse indicador (Tabela 12).

59
Tabela 12 - Avaliação das consultas pré-natais em 2010 e 2018.
ANO DE 2010 ANO DE 2018

SETE OU SETE OU MUDANÇA


MACRORREGIÃO
MAIS TN PROPORÇÃO MAIS TN PROPORÇÃO PERCENTUAL
CPN CPN

CENTRO-OESTE 8216 12582 65,30% 9904 12426 79,70% 14,40%


METROPOLITANA 42983 61102 70,35% 47905 62773 76,31% 5,97%
MISSIONEIRA 8011 10265 78,04% 8746 10880 80,39% 2,34%
NORTE 10886 14118 77,11% 12637 15506 81,50% 4,39%
SUL 8492 12351 68,76% 9402 12745 73,77% 5,01%
SERRA 10935 13369 81,79% 12512 14787 84,61% 2,82%
VALES 7413 9356 79,23% 8898 10645 83,59% 4,36%
RS 96936 133143 72,81% 110004 139762 78,71% 5,90%
CPN = Consultas Pré-Natais; TN = Total de Nascimentos.
Fonte: Elaborado pelo autor.

De modo geral, segundo estudo realizado por França e colaboradores (2017), o Brasil
avançou na cobertura de atenção pré-natal. Sendo assim, o desafio atual é a qualificação do
cuidado de forma a promover a saúde da gestante e do feto, além de assegurar o diagnóstico e
a intervenção oportunos para prevenção da prematuridade e das infecções durante a gestação.
Pizzo e colaboradores (2014) ainda enfatizam que a redução da mortalidade infantil encontra-
se na qualificação da atenção pré-natal, na redução da gravidez na adolescência, na prevenção
da prematuridade e na melhoria da qualidade da atenção hospitalar ao recém-nascido
prematuro, bem como ao financiamento do sistema público.
Outro critério relevante das políticas públicas refere-se ao avanço no acesso e na
qualidade da atenção ao recém-nascido de risco, o qual demanda cuidado intensivo e
especializado, particularmente o prematuro. Uma estratégia efetiva para reduzir a mortalidade
neonatal é a capacitação dos profissionais da assistência hospitalar ao neonato, especialmente
na reanimação neonatal (FRANÇA, 2017).
É consenso na literatura que o acesso ao serviço de AB é um elemento indispensável
para a redução da TMI. Nesse sentido, os autores sugerem que as ESF contribuem
significativamente para a redução da mortalidade infantil. Além disso, os cuidados
preventivos como monitoramento do crescimento e desenvolvimento, a atenção às
enfermidades infantis, alimentação, vacinação e a identificação precoce do vínculo que a mãe
estabelece com a criança são atribuições da ESF que fomentam a saúde infantil (PAIZ, 2016).
De acordo com o estudo desenvolvido, é perceptível que a AB no RS vem, ao longo
dos anos, se fortalecendo a fim de efetivar as premissas do SUS e consolidar esse modelo de
60
atenção, uma vez que o maior acesso às políticas de atenção básica em saúde está associado à
diminuição da TMI. Essa relação ficou evidente ao se analisar as variáveis relacionadas à
assistência de saúde infantil, mostrando-se determinante na diminuição da TMI. Dessa forma,
a expansão da AB é inversamente proporcional à TMI (SOUZA et al., 2013).

61
7. CONCLUSÃO

Os resultados apresentados na série histórica desse estudo, baseados nos dados do


DATASUS e-Gestor e no Painel BI da SES/RS, confirmam que houve aumento acentuado na
cobertura populacional pela AB e redução consistente na mortalidade infantil para menores de
1 ano de idade no estado do RS no período de 2007 a 2016. Como fator que contribuiu para a
melhoria desses índices, destaca-se a Estratégia de Saúde da Família, que ampliou o acesso à
assistência básica à saúde em todas as macrorregiões do estado.
Em linhas gerais, as limitações encontradas para o desenvolvimento desse estudo
dizem respeito aos procedimentos de coleta e compilação dos dados. Para avaliação da TMI
foi necessário utilizar dois sistemas diferentes para compor os dados da série histórica
analisada. Outro ponto de dificuldade durante a pesquisa foi a divergência de informações em
bancos de dados distintos, como por exemplo, o número de habitantes nas macrorregiões e
regiões de saúde do estado do RS.
Como fator enriquecedor adquirido durante o desenvolvimento do trabalho, destaca-se
a compreensão de diferentes condicionantes e determinantes que envolvem os índices de
mortalidade infantil, tais como, o aumento no cuidado em saúde na gestação, a diminuição de
internações por condições sensíveis à AB, assim como a redução de nascidos vivos de baixo
peso (<2,5 kg).
Por fim, a revisão da literatura desenvolvida e a compilação dos dados nos sistemas de
informação disponibilizados pelo MS, permitiu criar uma perspectiva teórica que associa a
cobertura populacional pela AB com a TMI. Nesse sentido, sugere-se que o uso dos dados
apresentados em conjunto com outros indicadores pode contribuir para uma avaliação do
funcionamento e eficácia do sistema de saúde pela ótica da AB.

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