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ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
JONATAS BREIER
Porto Alegre
2019
JONATAS BREIER
Porto Alegre
2019
1
RESUMO
Introdução: a taxa de mortalidade infantil (TMI) é um dos indicadores básicos de saúde que
reflete o desenvolvimento socioeconômico da população, além da eficácia das políticas
públicas para áreas de saúde, educação, saneamento, entre outros. A Atenção Básica de Saúde
(AB) é reconhecida como estratégia capaz de influenciar nos indicadores da TMI. Objetivo:
realizar uma análise de série histórica sobre a influência da cobertura populacional de Atenção
Básica nos índices de mortalidade infantil nas macrorregiões e regiões de saúde no estado do
RS. Método: a presente pesquisa trata de um estudo observacional longitudinal retrospectivo
analítico, tendo como objetivo analisar a relação existente entre o aumento da cobertura
populacional pela AB e a redução dos índices de mortalidade infantil nas macrorregiões e
regiões de saúde no estado do Rio Grande do Sul (RS) na série histórica entre 2007 e 2016.
Os dados sobre a cobertura populacional da AB no estado do RS foram coletados no banco de
dados do Departamento de Atenção Básica (DAB), mais especificamente no Sistema de
Informação e Gestão da Atenção Básica (e-Gestor). Já o levantamento de dados sobre os
índices de mortalidade infantil no estado do RS foram coletados no módulo Tabnet Datasus
do Ministério da Saúde e no Departamento de Gestão da Tecnologia da Informação (DGTI)
da Secretaria Estadual de Saúde (SES) do RS. Resultados: observou-se que no estado do RS
ocorreu o aumento acentuado na cobertura populacional pela AB e, paralelamente, a redução
consistente na mortalidade infantil para menores de 1 ano de idade no período de 2007 a
2016. Como condicionantes que fazem parte da política de cobertura da AB e,
consequentemente, contribuem para redução da TMI, destacam-se a diminuição das
internações por condições sensíveis à AB (ICSAB), diminuição dos recém-nascidos com peso
inferior a 2,5 kg e o aumento do número de consultas pré-natais. Conclusão: dessa forma, a
pesquisa em questão, através dos dados apresentados e do consenso que há na literatura,
permite sugerir que há relação entre a ampliação do acesso a AB com a redução da
mortalidade infantil no estado do RS.
2
ABSTRACT
Introduction: the infant mortality rate (IMR) is a health indicator that reflects the
socioeconomic development of the population, in addition to the requirements for health,
education, sanitation, among others. The Primary Health Care (PHC) is recognized as strategy
capable to influence the indicators of TMI. Objective: to carry out a historical series analysis
on the influence of the population coverage of Basic Attention on infant mortality rates in
macro regions and health regions in the state of RS. Method: the present research is an
analytical retrospective longitudinal study, aiming to analyze the relationship between the
increase in population coverage by PHC and the reduction of infant mortality rates in health
macroregions and regions in the state of Rio Grande do Sul (RS) in the historical series
between 2007 and 2016. Data on the population coverage of PHC in the RS state were
collected in the database of the Department of Primary Care (DPC), more specifically in the
Information and Management System of Primary Care (e-Gestor). On the other hand, data
collection on IMR in the RS state was collected in the Tabnet Datasus module of the Ministry
of Health and in the Department of Information Technology Management (DITM) of the State
Department of Health (SDH). Results: it was observed that in the RS state there was a sharp
increase in the population coverage by PHC and, in parallel, a consistent reduction in infant
mortality for children under 1 year of age from 2007 to 2016. As conditioning factors that are
part of the PHC coverage policy and, consequently, contribute to the reduction of IMR, we
highlight the reduction of hospitalizations for sensitive conditions to primary health care
(HSCPHC), a decrease in newborns weighing less than 2.5 kg and the increase in the number
of prenatal consultations. Conclusion: thus, the research in question, through the data
presented and the consensus in the literature, suggests that there is a relationship between the
expansion of access to PHC and the reduction of infant mortality in the State of RS.
Keywords: Primary Health Care. Population coverage. Health Management. Health Status
Indicators. Infant Mortality.
3
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 11
2. JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 14
3. OBJETIVOS ................................................................................................................. 15
3.1. Objetivo Geral .............................................................................................................. 15
3.2. Objetivos Específicos ................................................................................................... 15
4. REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 16
4.1. Hierarquização e Atuação dos Níveis de Atenção em Saúde ....................................... 16
4.2. Redes de Atenção à Saúde (RAS) ................................................................................ 17
4.3. O Conceito de Atenção Básica de Saúde ...................................................................... 18
4.4. Atenção Básica de Saúde no Brasil .............................................................................. 19
4.5. Etapas do Desenvolvimento da Atenção Básica de Saúde no Brasil ............................ 20
4.6. Contexto Histórico dos Indicadores de Saúde .............................................................. 22
4.7. Indicadores de Saúde no Brasil ..................................................................................... 23
4.8. Mortalidade Infantil ...................................................................................................... 24
4.8.1. Método para Calcular a TMI ........................................................................................ 24
4.9. Organização da Saúde no Território Gaúcho ................................................................ 25
4.10. Capacidade Instalada dos Serviços de AB no RS ......................................................... 26
5. METODOLOGIA ......................................................................................................... 28
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 29
6.1. População Coberta pela AB e ESF no RS .................................................................... 29
6.1.1. População Coberta pela AB e ESF na Macrorregião de Saúde Centro-Oeste .............. 31
6.1.2. População Coberta pela AB e ESF na Macrorregião de Saúde Metropolitana ............ 33
6.1.3. População Coberta pela AB e ESF na Macrorregião de Saúde Missioneira ................ 35
6.1.4. População Coberta pela AB e ESF na Macrorregião de Saúde Norte .......................... 37
6.1.5. População Coberta pela AB e ESF na Macrorregião de Saúde Sul .............................. 38
6.1.6. População Coberta pela AB e ESF na Macrorregião de Saúde Serra ........................... 40
6.1.7. População Coberta pela AB e ESF na Macrorregião de Saúde Vales .......................... 42
6.2. Mortalidade Infantil no RS ........................................................................................... 44
6.2.1. Óbitos por Região de Saúde entre os anos 2000 e 2018 ............................................... 44
6.2.2. TMI na Macrorregião de Saúde Centro-Oeste .............................................................. 45
6.2.3. TMI na Macrorregião de Saúde Metropolitana ............................................................ 46
4
6.2.4. TMI na Macrorregião de Saúde Missioneira ................................................................ 48
6.2.5. TMI na Macrorregião de Saúde Norte .......................................................................... 50
6.2.6. TMI na Macrorregião de Saúde Sul .............................................................................. 52
6.2.7. TMI na Macrorregião de Saúde Serra........................................................................... 53
6.2.8. TMI na Macrorregião de Saúde Vales .......................................................................... 55
6.3. Comparação entre a Cobertura Populacional pela AB e as TMI no RS ....................... 56
7. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 62
5
LISTA DE FIGURAS
7
LISTA DE TABELAS
8
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
10
1. INTRODUÇÃO
12
A expansão da AB no país vem se dando, prioritariamente, por meio da implantação
de equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF), que atuam com ações de promoção,
prevenção, recuperação, reabilitação e na manutenção da saúde da comunidade, sendo cada
equipe responsável pelo acompanhamento de um número definido de famílias em
determinado território (CAMPOS et al., 2014). O indicador que reflete a cobertura da ESF
está diretamente ligado a TMI. Esse indicador é usado como variável em análises a respeito
dos efeitos da AB nas condições de saúde nos municípios (NOVAES et al., 2004).
Os autores Sousa e Leite Filho (2008) concluíram que a mortalidade infantil pode ser
reduzida com investimentos na área de saneamento, educação e saúde por meio de programas
de planejamento familiar e acesso a serviços de saúde. Enquanto Zanini e colaboradores
(2009) avaliaram a evolução das TMI nas microrregiões do estado do Rio Grande do Sul
(RS), entre os anos de 1994 a 2004, e constataram que o acréscimo de 10% na cobertura de
políticas de saúde da família está associado à redução de 1% na TMI.
Conforme observado, existe consenso na literatura sobre a importância da AB na
melhora dos indicadores de saúde de uma determinada população. O aprimoramento da AB
reflete diversas melhorias no sistema de saúde, dentre elas se destacam uma maior eficiência
no fluxo dos usuários dentro do sistema, tratamentos mais efetivos de condições crônicas,
maior eficiência do cuidado continuado, maior utilização de práticas preventivas, maior
satisfação dos usuários e diminuição das iniquidades sobre o acesso aos serviços e o estado
geral de saúde (OLIVEIRA; PEREIRA, 2013).
Considerando a importância dos indicadores de saúde, este trabalho buscará responder
a seguinte questão de pesquisa: Qual a influência do aumento da cobertura populacional pela
AB nos indicadores de mortalidade infantil nas macrorregiões e regiões de saúde do RS? Para
isso, o presente estudo utilizará a modalidade de avaliação de impacto em sua análise,
procurando estabelecer uma relação entre a queda da mortalidade infantil com a evolução da
cobertura populacional da AB ao longo dos anos.
13
2. JUSTIFICATIVA
14
3. OBJETIVOS
15
4. REFERENCIAL TEÓRICO
Para ofertar uma atenção em saúde mais específica e adequada, a saúde foi
descentralizada para melhorar a triagem dos casos e desafogar centros especializados de alta
complexidade, de menor urgência ou de fácil resolução. Dessa forma, a oferta de saúde
passou a ser classificada como nível primário, secundário e terciário (DE SOUSA, 2018).
As Unidades Básicas de Saúde (UBS) representam o nível primário, onde se configura
a porta de entrada do cidadão no SUS. Esse nível de atenção cobre aproximadamente 80% de
todo o atendimento em saúde, atuando especificamente em grupos populacionais situados em
uma área de abrangência delimitada, ou seja, diretamente nos municípios. De modo geral,
nesse nível de atenção são marcados exames e consultas, além da realização de procedimentos
básicos (DE SOUSA, 2018).
No nível secundário, aparecem clínicas, unidades de pronto atendimento e hospitais
gerais, cobrindo aproximadamente 15% do atendimento em saúde. Nesses locais são
realizados serviços ambulatoriais com especialidades clínicas e cirúrgicas, serviço de apoio
diagnóstico e terapêutico, serviços de atendimento de urgência e emergência, procedimentos
de intervenção e tratamentos a casos crônicos e agudos de doenças (DE SOUSA, 2018).
No nível terciário, os hospitais de grande porte são responsáveis por aproximadamente
5% do atendimento em saúde. Nesse contexto inserem-se hospitais mantidos pelo estado ou
hospitais da rede privada. Nesse nível são realizados procedimentos mais invasivos e de maior
risco à vida, assim como condutas de manutenção dos sinais vitais, como suporte básico à
vida. Nos hospitais também podem funcionar serviços quaternários de transplante de tecidos e
órgãos como pulmão, coração, fígado, rins, dentre outros (DE SOUSA, 2018). A figura 1
16
esquematiza os três níveis das Redes de Atenção à Saúde, apresentando a demanda de
atendimento, nível de complexidade, atuação e serviço.
Figura 1 - Organograma das Redes de Atenção à Saúde.
18
humano (OMS/UNICEF, 1979). Na figura 2, o organograma representa os atributos essenciais
e derivados da AB.
Figura 2 - Atributos essenciais e derivados da AB.
19
A AB é desenvolvida pelas equipes de Atenção Básica (eAB), divididas em equipes de
Saúde da Família (eSF), equipes de Atenção Básica para populações específicas (consultórios
na rua, equipes multiprofissionais de saúde prisional, equipes de saúde da família quilombola,
dentre outras) e pelos Núcleos de Apoio às equipes de Saúde da Família (NASF). Todas
realizam a atenção de uma população específica que está em um território definido,
assumindo, portanto, a responsabilidade sanitária e o cuidado destas pessoas, trabalhando de
acordo com a dinamicidade existente no território em que vivem essas populações (RIO
GRANDE DO SUL, 2016).
As equipes utilizam tecnologias de cuidado complexas e de baixa densidade, numa
abordagem que engloba mais conhecimento e pouco equipamento. Elas auxiliam no manejo
das demandas e necessidades de saúde de maior frequência e relevância em seu território,
observam critérios de risco, vulnerabilidades, resiliência e o imperativo ético de que se deve
acolher toda e qualquer demanda, necessidade de saúde ou sofrimento (BRASIL, 2018b).
As UBS são os locais prioritários de atuação das eAB, sendo instaladas perto de onde
as pessoas moram, trabalham, estudam e vivem, desempenhando papel central para
população, garantindo acesso e qualidade na atenção à saúde (BRASIL, 2012).
20
Na década de 1970 ocorreu a expansão do setor privado no país, no âmbito da
Previdência Social, promovida pelo próprio Estado, que financiou sua expansão através do
antigo Fundo de Assistência à Saúde (FAS) (BRASIL, 2012).
Na década de 80, houve o enfrentamento da crise do sistema de atenção médica
previdenciária, uma forte herança deixada no cumprimento da dívida social. Em 1986, na VIII
Conferência Nacional de Saúde, foi aprovada a criação do SUS. Dois anos depois, em 1988,
concluiu-se e foi promulgada a Nova Constituição Federal do Brasil, considerada um marco
fundamental na redefinição das prioridades da política do Estado na área de Saúde Pública.
Nesta nova constituição estava previsto um Sistema de Saúde suplementar ao SUS (planos e
seguros de saúde privados), que permanece até hoje (BRASIL, 2012).
Na década de 90, na tentativa de implementar as ações de saúde, o SUS foi conduzido
por Normas Operacionais Básicas (NOBs), conhecidas como instrumentos jurídico-
institucionais editados pelo MS. A NOB de maior destaque foi a de 1996, que impulsionou o
processo de descentralização do SUS e oportunizou aos Municípios maior grau de autonomia.
Esta mesma NOB trouxe a definição de um novo modelo de financiamento para a Atenção
Básica de Saúde, com vistas à sustentabilidade financeira desse nível de atenção, através do
Piso de Atenção Básica (PAB) fixo e variável (BRASIL, 2012).
Ainda na década de 90 ocorreu a criação do Programa Saúde da Família (PSF), que se
tornou responsável pelo extenso avanço da AB no que se refere ao número de eSF, de
Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e de população assistida nesse nível de complexidade
(SOUSA; HAMANN, 2009). Esse Programa teve influência direta na sustentação financeira e
política da AB, uma vez que o MS passou a transferir recursos na forma de incentivo - PAB
variável - para os municípios (MARQUES; MENDES, 2003), fator que fortaleceu a
regionalização e a descentralização da gestão e financiamento do SUS. E, na sequência, com
os municípios se tornando responsáveis por todas as ações desse nível de complexidade
(PAIZ, 2016).
No início dos anos 2000 foi instituída a Norma Operacional de Assistência à Saúde
(NOAS). Essa norma veio substituir as NOBs e previa a organização qualificada da AB e de
melhor resolubilidade. Nessa norma definiram-se algumas áreas estratégicas essenciais,
relacionadas aos problemas de saúde de abrangência nacional, tais como: saúde da mulher,
saúde da criança, saúde bucal, controle da hipertensão, controle do diabetes, controle da
tuberculose e hanseníase (SIMÃO et al., 2007).
21
Outra estratégia para a consolidação e expansão planejadas da AB foi o Projeto de
Expansão e Consolidação da Saúde da Família (PROESF), convênio articulado e negociado
no final de 2002, com financiamento internacional. Nos anos subsequentes foram aprovadas
diversas portarias que ajudaram na expansão e organização da saúde como um todo,
principalmente da AB (SIMÃO et al., 2007). Segue abaixo a relação de algumas portarias
aprovadas:
Portaria GM/ MS nº 399, de 22 de fevereiro de 2006, que estabeleceu uma nova
forma de relação entre os gestores, promovendo mudanças articuladas em três
dimensões, que englobam o Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e o Pacto de
Gestão;
Portaria GM nº 648 de 28 de março de 2006, aprova a Política Nacional de
Atenção Básica;
Portaria nº 687, de 30 de março de 2006, aprova a Política de Promoção da
Saúde;
Portaria GM nº 699, de 30 de março de 2006, que definiu recursos para a
estruturação de unidades básicas de saúde em municípios;
Portaria no 3.252/GM/MS, de 22 de dezembro de 2009, que trata do processo de
integração das ações de vigilância em saúde e AB.
Do ponto de vista histórico, estes foram alguns dos principais acontecimentos que
representam a evolução do sistema de saúde no Brasil, principalmente no que se refere à AB.
23
4.8. Mortalidade Infantil
Esse cálculo pode ser aplicado aos estados localizados nas regiões Sul e Sudeste, pois
apresentam sistemas de informações confiáveis (NOVAES et al., 2004).
24
4.9. Organização da Saúde no Território Gaúcho
A organização das RAS exige a definição das chamadas Regiões de Saúde, que
implica na definição dos seus limites geográficos, na sua população e no estabelecimento do
rol de ações e serviços ofertados neste território (RIO GRANDE DO SUL, 2016a).
Nesse contexto, o RS está dividido em 7 Macrorregiões de Saúde, que são compostas
por 19 Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS). Tais coordenadorias são responsáveis em
realizar o planejamento, acompanhamento e gerenciamento das ações e serviços de saúde das
30 Regiões de Saúde que compõem o estado do RS (RIO GRANDE DO SUL, 2016a).
O Decreto Presidencial nº 7.508/2011 define Regiões de Saúde como um espaço
geográfico contínuo constituído por agrupamentos de municípios limítrofes, delimitadas a
partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunicação e
infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a organização, o
planejamento e a execução de ações e serviços de saúde (RIO GRANDE DO SUL, 2013).
Cada Região de Saúde contempla diversas ações e serviços de saúde, tais como: AB,
atendimentos de urgência e emergência, atenção psicossocial, atenção ambulatorial
especializada e hospitalar e vigilância em saúde. Cada região conta com uma Comissão
Intergestores Regional (CIR), que tem a responsabilidade de realizar o planejamento e a
pactuação regional em seu território (RIO GRANDE DO SUL, 2013). A figura 3 apresenta a
divisão das macrorregiões, CRS e as regiões de saúde do estado do RS.
Figura 3 - Macrorregiões de Saúde, CRS e Regiões de Saúde do RS.
25
A Tabela 1 informa a relação nominal completa das regiões de saúde do estado do RS:
Tabela 1 - Divisão de Macrorregiões de Saúde, CRS e Regiões de Saúde.
MACRORREGIÃO DE SAÚDE CRS REGIÃO DE SAÚDE (CIR)
01 - Verdes Campos
4º CRS
CENTRO-OESTE 02 - Entre Rios
10º CRS 03 - Fronteira Oeste
04 - Belas Praias
18º CRS
05 - Bons Ventos
06 - Vale Paranhana / Costa Serra
METROPOLITANA 1º CRS 07 - Vale dos Sinos
08 - Vale Caí / Metropolitana
09 - Carbonífera / Costa Doce
2º CRS
10 - Capital / Vale Gravataí
12º CRS 11 - Sete Povos Missões
9º CRS 12 - Portal das Missões
MISSIONEIRA
14º CRS 13 - Diversidade
17º CRS 14 - Fronteira Noroeste
19º CRS 15 - Caminho das Águas
11º CRS 16 - Alto Uruguai Gaúcho
17 - Planalto
NORTE
6º CRS 18 - Araucárias
19 - Botucaraí
15º CRS 20 - Rota da Produção
3º CRS 21 - Sul
SUL
7º CRS 22 - Pampa
23 - Caxias e Hortênsias
24 - Campos de Cima da Serra
SERRA 5º CRS
25 - Vinhedos e Basalto
26 - Uva Vale
8º CRS 27 - Jacuí Centro
13º CRS 28 - Vinte e Oito
VALES
29 - Vales e Montanhas
16º CRS
30 - Vale da Luz
Fonte: Adaptado de ASSTEPLAN/SES/RS (RIO GRANDE DO SUL, 2016a).
26
Tabela 2 - Capacidade instalada dos estabelecimentos, programas e serviços de AB no RS.
Nº DE MUNICÍPIOS
SERVIÇOS / EQUIPES Nº ABSOLUTO
ATENDIDOS
Equipes de Saúde da Família 2.110 473
Agentes Comunitários de Saúde 10.657 478
Equipes de Saúde Bucal 903 371
Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) 128 119
Equipes de Consultório de Rua 6 5
Famílias Atendidas pela Primeira Infância Melhor (PIM) 36.852 269
Visitadores do PIM 1.563 244
Agentes de Combate às Endemias (ACE) 1.281 168
Programa Academia da Saúde 163 96
Núcleos de Apoio à AB 119 119
Oficinas Terapêuticas 300 217
Equipes de Redução de Danos 33 16
Médicos - Programa Mais Médicos 1.200 348
Pontos de Telessaúde / RS 1.690 485
Equipes de AB Prisional (EABp) 34 -
Equipes de Saúde da Família Quilombola 50 41
Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) 30 -
Fonte: Adaptado de MS, DAB /MS; SISPIM/SES/RS; Telessaúde RS/UFRGS (RIO GRANDE DO SUL,
2016a).
27
5. METODOLOGIA
28
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
12.000.000
10.000.000
POPULAÇÃO
8.000.000
6.000.000
4.000.000
2.000.000
0
dez-2015
dez-2017
dez-2007
dez-2008
dez-2009
dez-2010
dez-2011
dez-2012
dez-2013
dez-2014
dez-2016
dez-2018
PERÍODO ANALISADO
29
Figura 5 - Estimativa populacional coberta pela AB no RS.
100,00%
74,55%
74,43%
72,86%
71,99%
68,58%
63,76%
62,18%
60,23%
57,19%
56,68%
80,00%
55,96%
51,48%
TAXA DE COBERTURA
60,00%
40,00%
20,00%
0,00%
dez-2016
dez-2007
dez-2008
dez-2009
dez-2010
dez-2011
dez-2012
dez-2013
dez-2014
dez-2015
dez-2017
dez-2018
PERÍODO ANALISADO
100,00%
60,08%
58,88%
56,91%
56,01%
80,00%
51,05%
TAXA DE COBERTURA
42,37%
40,18%
37,97%
36,29%
35,78%
35,62%
60,00%
31,61%
40,00%
20,00%
0,00%
dez-2007
dez-2008
dez-2009
dez-2010
dez-2011
dez-2012
dez-2013
dez-2014
dez-2015
dez-2016
dez-2017
dez-2018
PERÍODO ANALISADO
30
decorrer da série histórica de 2008 a 2014, que correspondeu a uma variação de 7,89%. Assim
como os dados apresentados neste estudo, é possível observar uma tendência de aumento da
cobertura populacional pelas equipes de AB nos períodos avaliados.
No estudo de Canto (2017), que aborda a cobertura populacional pela ESF no sul do
Brasil, entre os anos de 2011 a 2015, o RS registrou o maior aumento na cobertura
populacional pela ESF, sendo equivalente a 19,9%, enquanto o Paraná registrou 12,4% e o
estado de Santa Catarina registrou 9,66%.
Inúmeras evidências indicam que através da ampliação da rede de AB, ocorre o
aumento do acesso da população aos serviços de saúde e, consequentemente, maior equidade
na oferta desses serviços e melhora de alguns indicadores de saúde como, por exemplo, a
mortalidade infantil, as internações por condições sensíveis à AB e o acompanhamento pré-
natal. O modelo de atenção da ESF se destaca, provavelmente por ser uma estratégia com o
propósito de qualificar o processo de trabalho, aprofundar princípios e diretrizes da AB e
ampliar a resolutividade de suas ações (NEVES et al., 2018).
Enquanto Macinko e Mendonça (2018) evidenciaram que a expansão da ESF teve um
impacto muito importante na saúde da população brasileira. Dentre alguns dos benefícios
destacam-se: reduções importantes na mortalidade infantil e mortalidade adulta para algumas
condições de saúde sensíveis à atenção primária; melhor acesso e utilização dos serviços de
saúde para população; expansão do acesso a tratamentos; controle de algumas doenças
infecciosas; equidade do acesso aos serviços de saúde e diminuição de desigualdades na saúde
dos indivíduos; melhor eficiência do SUS devido à redução de hospitalizações desnecessárias,
entre outros.
31
Figura 7 - Mapa da macrorregião Centro-Oeste, subdividindo as CRS e Regiões de Saúde.
32
Portanto, é evidente que a região 1 representa o fator limitante do crescimento da cobertura
populacional da AB nessa macrorregião, apresentando o índice de 57,22% (Figura 9).
Figura 9 - Índice de cobertura populacional pela AB na macrorregião Centro-Oeste no ano de 2018.
Os dados descritos nesse estudo estão de acordo com o plano estadual de saúde
apresentado no ano de 2016, que demonstra o mesmo padrão de baixa cobertura populacional
pela ESF, o que se justifica pelo fato da macrorregião possuir municípios de grande porte e
elevada densidade populacional, dificultando o aumento desse índice (RIO GRANDE DO
SUL, 2016a).
Em relação à cobertura populacional pela AB, a média da macrorregião Metropolitana
é de 74,33%, sendo similar à média do estado (74,43%). Nesse cenário, apenas as regiões 08,
06 e 04 superam a média da macrorregião, equivalendo a 78,04%, 82,49% e 90,07%
respectivamente. Cabe destacar que as demais regiões apresentam o índice de cobertura
populacional próximo à média da macrorregião, não sendo observadas grandes oscilações
entre elas (Figura 12).
34
Figura 12 - Índice de cobertura populacional pela AB na macrorregião Metropolitana no ano de 2018.
A Macrorregião de Saúde Missioneira é composta pelas 9ª, 12ª, 14ª e 17ª CRS e pelas
seguintes Regiões de Saúde: 11, 12, 13 e 14 (Figura 13).
Figura 13 - Mapa da macrorregião Missioneira, subdividindo as CRS e Regiões de Saúde.
A Macrorregião de Saúde Norte é composta pela 6ª, 11ª, 15ª e 19ª CRS e pelas
seguintes Regiões de Saúde: 15, 16, 17, 18, 19 e 20 (Figura 16).
Figura 16 - Mapa da macrorregião Norte, subdividindo as CRS e Regiões de Saúde.
Cabe salientar que esta macrorregião sempre apresentou boa cobertura populacional
por ESF, com índices muito superiores à média do estado. Em estudo apresentado por Canto
(2017), a macrorregião Norte registrou no ano de 2011 um índice de 64,93%, sendo inclusive
37
superior a atual média do RS. Já nos dados relatados no ano de 2015 (RIO GRANDE DO
SUL, 2016b), a macrorregião alcançou um índice de 72,84%, sendo superior a média do
estado daquela época em 16,42%.
Em relação à cobertura populacional pela AB, nota-se um padrão similar à cobertura
pelas ESF, em que a macrorregião Norte supera em 14,28% a média do estado, além de ser a
maior média de cobertura dentre as 7 macrorregiões do RS (88,71%). Outro aspecto relevante
é que 3 das suas regiões apresentaram índice de cobertura superior a 90%, sendo elas região
20 (Rota da Produção) com 91,14%, região 19 (Botucaraí) com 96,30% e região 15 (Caminho
das Águas) com 99,14%. Esta última demonstrando grande efetividade de cobertura pela AB,
uma vez que assistiu 188.823 pessoas de um total de 190.460 (Figura 18).
Figura 18 - Índice de cobertura populacional pela AB na macrorregião Norte no ano de 2018.
39
a cobertura populacional pela ESF, sendo um indicativo da participação de outros serviços de
AB nessa região (Figura 21).
Figura 21 - Índice de cobertura populacional pela AB na macrorregião Sul no ano de 2018.
40
O índice de cobertura populacional pela ESF da macrorregião Serra no ano de 2018 foi
de 57,65%, sendo inferior à média do RS (60,08%). Destacando-se negativamente a região 23
(Caxias e Hortênsias) com 38,98% de cobertura populacional, ou seja, 359.648 pessoas não
possuem atendimento pela ESF, sendo 21,10% menor que o estado. Por outro lado, a região
24 (Campos de Cima da Serra) superou a média da macrorregião em 20,15%. Cabe salientar
que essa região possui uma população pequena de 99.978 indivíduos, facilitando a cobertura
populacional (Figura 23).
Figura 23 - Índice de cobertura populacional pela ESF na macrorregião Serra no ano de 2018.
Segundo Canto (2017), na série histórica de 2011 a 2015, a macrorregião Serra foi a
que menos expandiu sua cobertura populacional pela ESF. Esse fato está atrelado ao número
de municípios de grande porte e à elevada densidade populacional, assim como observado na
macrorregião Metropolitana (RIO GRANDE DO SUL, 2016a).
Em relação ao índice de cobertura populacional pela AB nota-se um considerável
aumento em comparação com a cobertura pela ESF, refletindo o investimento de outros
serviços de AB na macrorregião Serra, a qual possui a média de cobertura de 76,67%, muito
similar à média do estado (74,43%). A região 24 novamente se destaca, apresentando um
índice de cobertura de 92,98%, sendo 16,31% superior à média do RS. Assim como foi
possível notar um aumento considerável do índice de cobertura populacional pela AB na
região 23 (65,28%) quando comparado à cobertura pela ESF (38,98%), apesar de apresentar a
média inferior à da macrorregião (Figura 24).
41
Figura 24 - Índice de cobertura populacional pela AB na macrorregião Serra no ano de 2018.
A Macrorregião de Saúde Vales é composta pela 8ª, 13ª e 16ª CRS e pelas seguintes
Regiões de Saúde: 27, 28, 29 e 30 (Figura 25).
Figura 25 - Mapa da macrorregião Vales, subdividindo as CRS e Regiões de Saúde.
42
cobertura dentre as 7 macrorregiões, apresentando apenas 168 equipes de saúde da família
para um total de 904.525 indivíduos, que corresponde ao menor número de habitantes por
macrorregião. Dentre as 4 regiões que a compõe, apenas a região 29 (Vales e Montanhas)
possui maior índice de cobertura, ultrapassando a média da macrorregião em 15,96% (Figura
26).
Figura 26 - Índice de cobertura populacional pela ESF na macrorregião Vales no ano de 2018.
43
Figura 27 - Índice de cobertura populacional pela AB na macrorregião Vales no ano de 2018.
44
Figura 28 - Número absoluto de óbitos e percentual por macrorregião de saúde no estado do RS.
5,72%
10,39% CENTRO-OESTE = 3602 ÓBITOS
8,43%
METROPOLITANA = 16190 ÓBITOS
1200
1000
800
600
400 340
285 302 269 248
226 203
171 172 145 167 162 144 135 128
200 106 119 134 146
0
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
PERÍODO ANALISADO
Nº DE ÓBITOS DE RESIDENTES COM MENOS DE 1 ANO DE IDADE
50
A CADA 1000 NASCIDOS VIVOS
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
PERÍODO ANALISADO
46
permanecer elevado no ano de 2018, decaiu consideravelmente, tendo 654 óbitos a menos que
o ano de 2000.
Figura 31 - Número absoluto de óbitos de 2000 a 2018 na macrorregião Metropolitana.
1400
1232
Nº DE ÓBITOS OCORRIDOS
1200 1149
1058 1049
1004
1000 912 878
839 845
800 744 732 751 732 740 768 795 746
638
578
600
400
200
0
2007
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
PERÍODO ANALISADO
Nº DE ÓBITOS DE RESIDENTES COM MENOS DE 1 ANO DE IDADE
47
Tabela 4 - Resumo sobre a mortalidade na macrorregião Metropolitana.
Ano 2000 Ano 2016
Mudança
Região de Saúde (CIR) Nº Taxa/1000 Nº Taxa/1000 Percentual
Óbitos NV Óbitos NV
Região 04 - Belas Praias 8 3,64 9 3,90 6,95%
Região 05 - Bons Ventos 36 11,90 27 9,08 -23,76%
Região 06 - Vale do Paranhana e
36 10,18 11 3,81 -62,60%
Costa Serra
Região 07 - Vale dos Sinos 132 10,32 75 7,22 -30,06%
Região 08 - Vale do Caí e
74 5,95 72 6,64 11,58%
Metropolitana
Região 09 - Carbonífera/Costa Doce 42 6,29 11 2,23 -64,59%
Região 10 - Capital e Vale do
904 23,05 541 17,48 -24,16%
Gravataí
TOTAL 1232 15,42 746 11,43 -25,93%
Fonte: Elaborado pelo autor.
50
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL
45
A CADA 1000 NASCIDOS VIVOS
40
35
30
25
20
15
10
5
0
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
PERÍODO ANALISADO
Região 05 - Bons Ventos Região 06 - Vale do Paranhana e Costa Serra
Região 07 - Vale dos Sinos Região 08 - Vale do Caí e Metropolitana
Região 09 - Carbonífera/Costa Doce Região 10 - Capital e Vale do Gravataí
Região 04 - Belas Praias
1200
1000
800
600
400
179 178 174 159
200 142 125 97
91 115 107
103 80 96 89 87 87 82 110 99
0
2010
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
PERÍODO ANALISADO
49
Figura 34 - Variação da TMI de 2000 a 2016 na macrorregião Missioneira.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL
50
45
A CADA 1000 NASCIDOS VIVOS
40
35
30
25
20
15
10
5
0
2005
2000
2001
2002
2003
2004
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
PERÍODO ANALISADO
Região 11 - Sete Povos das Missões Região 12 - Portal das Missões
Região 13 - Diversidade Região 14 - Fronteira Noroeste
1200
1000
800
600
400 293 290 293 304 321
216 181 177 194
200 147 137 161 148 165 155 142 126 146 140
0
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
PERÍODO ANALISADO
45
A CADA 1000 NASCIDOS VIVOS
40
35
30
25
20
15
10
5
0
2002
2000
2001
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
PERÍODO ANALISADO
Região 15 - Caminho das Águas Região 16 - Alto Uruguai Gaúcho
Região 17 - Planalto Região 18 - Araucárias
Região 19 - Botucaraí Região 20 - Rota da Produção
51
6.2.6. TMI na Macrorregião de Saúde Sul
A Macrorregião Sul registrou 334 óbitos em 2001, sendo o maior número registrado
nos últimos 18 anos. Nos anos subsequentes, o número de óbitos decaiu, registrando 162
óbitos no ano de 2018 (Figura 37).
Figura 37 - Número absoluto de óbitos de 2000 a 2018 na macrorregião Sul.
1400
Nº DE ÓBITOS OCORRIDOS
1200
1000
800
600
400 314 334 308 298 296
236 220
200 180 192 184 159 180 195 151 152 168 171 147 162
2012
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2013
2014
2015
2016
2017
2018
PERÍODO ANALISADO
Nº ABSOLUTO DE ÓBITOS OCORRIDOS ATÉ 1 ANO DE IDADE
52
Figura 38 - Variação da TMI de 2000 a 2016 na macrorregião Sul.
50
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL
45
A CADA 1000 NASCIDOS VIVOS
40
35
30
25
20
15
10
5
0 2005
2011
2000
2001
2002
2003
2004
2006
2007
2008
2009
2010
2012
2013
2014
2015
2016
PERÍODO DE ANÁLISE
A Macrorregião Serra teve pouca redução no número de óbitos ao longo dos últimos
18 anos, alterando de 176 óbitos no ano de 2000 para 143 no ano de 2018. Nota-se uma
acentuada queda no número absoluto de óbitos em 2016, equivalente a 115, entretanto esse
número aumentou consideravelmente nos anos seguintes (Figura 39).
Figura 39 - Número absoluto de óbitos de 2000 a 2018 na macrorregião Serra.
1400
Nº DE ÓBITOS OCORRIDOS
1200
1000
800
600
400
200 176 171 154 171 188 181 155 140 149 159 156 157 136 146 152 135
115 138 143
0
2009
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
PERÍODO ANALISADO
Nº ABSOLUTO DE ÓBITOS OCORRIDOS ATÉ 1 ANO DE IDADE
50
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL
45
A CADA 1000 NASCIDOS VIVOS
40
35
30
25
20
15
10
5
0
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
PERÍODO ANALISADO
54
6.2.8. TMI na Macrorregião de Saúde Vales
1200
1000
800
600
400
200 148 133 137 136 126 123 121 99
96 86 69 103 65 87 77 80 94 101 102
0
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
PERÍODO ANALISADO
Nº ABSOLUTO DE ÓBITOS OCORRIDOS ATÉ 1 ANO DE IDADE
Em relação à TMI a macrorregião Vales se destaca pelo aumento em duas das regiões
que a compõe, sendo elas as regiões 27 (Jacuí Centro) e 30 (Vale da Luz), cuja mudança
percentual foi equivalente a 14,98% e 35,40%, respectivamente. Em relação às demais
regiões, observa-se que a região 29 (Vales e Montanhas) teve a maior mudança percentual,
reduzindo a TMI em 58,68% (Tabela 9). Outra característica marcante dessa macrorregião é o
fato de todas as regiões apresentarem menos de 20 óbitos a cada 1000 nascidos vivos, sendo
consideradas regiões de baixa TMI (Figura 42).
Tabela 9 - Resumo sobre a mortalidade na macrorregião Vales.
Ano 2000 Ano 2016 Mudança
Região de Saúde (CIR)
Nº Óbitos Taxa/1000 NV Nº Óbitos Taxa/1000 NV Percentual
Região 27 - Jacuí Centro 25 7,32 19 8,42 14,98%
Região 28 - Vinte e Oito 80 16,03 47 11,69 -27,04%
Região 29 - Vales e Montanhas 33 12,96 14 5,35 -58,68%
Região 30 - Vale da Luz 10 6,93 14 9,39 35,40%
TOTAL 148 11,94 94 9,06 -24,18%
Fonte: Elaborado pelo autor.
55
Figura 42 - Variação da TMI de 2000 a 2016 na macrorregião Vales.
50
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL
45
A CADA 1000 NASCIDOS VIVOS
40
35
30
25
20
15
10
5
0
2001
2014
2000
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2015
2016
PERÍODO ANALISADO
Região 27 - Jacuí Centro Região 28 - Vinte e Oito
Região 29 - Vales e Montanhas Região 30 - Vale da Luz
56
Figura 43 - Avaliação da TMI em relação à Cobertura populacional pela AB no RS.
100
72,86 %
71,99 %
68,58 %
90
63,76 %
62,18 %
60,23 %
57,19 %
56,68 %
80
55,96 %
51,48 %
70
60
50
40
30
12,81
12,79
11,68
11,63
11,33
10,85
10,76
10,65
10,34
10,28
20
10
0
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
PERÍODO ANALISADO
Tal tendência também pode ser observada no estudo realizado por Serra (2004), que
avalia o impacto positivo da cobertura das ESF sobre a mortalidade infantil no Estado de São
Paulo, embora relativamente modesto. Em outro estudo, Peixoto e Rocha (2008) avaliaram
que a política de atenção básica de saúde influenciou sobre diferentes indicadores de saúde na
região Sudeste, evidenciando a redução de forma significativa na TMI. Neste mesmo sentido,
Mendes (2013) explica que a AB brasileira tem contribuído significativamente para a
melhoria dos níveis de saúde, baixando em 10 anos (entre 2000 e 2010) a taxa de mortalidade
infantil em 40%.
Dentre alguns dos indicadores que integram o serviço de AB e, consequentemente,
refletem nessa redução da TMI destacam-se a redução de internações por condições sensíveis
à AB (Tabela 10), desnutrição infantil (Tabela 11) e acompanhamento pré-natal (Tabela 12).
O número de internações por condições sensíveis à AB (ICSAB) reduziu em todas as
macrorregiões que compõe o estado do RS. Apesar da mudança percentual não ser tão
expressiva, em números absolutos houve uma redução notável em todas as macrorregiões,
assim como no RS, no qual havia 104.740 ICSAB em 2010 alterando para 80.647 em 2018
(Tabela 10). A redução desse índice, mesmo que pequena, se mostra extremamente
importante para o sistema de saúde, uma vez que altas taxas de internações podem estar
57
relacionadas com a deficiência na cobertura dos serviços e/ou desempenho da AB
(FANTINEL, 2015).
Tabela 10 - Avaliação das internações por condições sensíveis à AB em 2010 e 2018.
ANO DE 2010 ANO DE 2018
MUDANÇA
MACRORREGIÃO
ICSAB TI PROPORÇÃO ICDAB TI PROPORÇÃO PERCENTUAL
58
Tabela 11 - Avaliação da desnutrição infantil a partir dos nascidos vivos de baixo peso em 2010 e 2018.
ANO DE 2010 ANO DE 2018
MUDANÇA
MACRORREGIÃO NVBP NVBP
TN PROPORÇÃO TN PROPORÇÃO PERCENTUAL
(<2,5kg) (<2,5kg)
59
Tabela 12 - Avaliação das consultas pré-natais em 2010 e 2018.
ANO DE 2010 ANO DE 2018
De modo geral, segundo estudo realizado por França e colaboradores (2017), o Brasil
avançou na cobertura de atenção pré-natal. Sendo assim, o desafio atual é a qualificação do
cuidado de forma a promover a saúde da gestante e do feto, além de assegurar o diagnóstico e
a intervenção oportunos para prevenção da prematuridade e das infecções durante a gestação.
Pizzo e colaboradores (2014) ainda enfatizam que a redução da mortalidade infantil encontra-
se na qualificação da atenção pré-natal, na redução da gravidez na adolescência, na prevenção
da prematuridade e na melhoria da qualidade da atenção hospitalar ao recém-nascido
prematuro, bem como ao financiamento do sistema público.
Outro critério relevante das políticas públicas refere-se ao avanço no acesso e na
qualidade da atenção ao recém-nascido de risco, o qual demanda cuidado intensivo e
especializado, particularmente o prematuro. Uma estratégia efetiva para reduzir a mortalidade
neonatal é a capacitação dos profissionais da assistência hospitalar ao neonato, especialmente
na reanimação neonatal (FRANÇA, 2017).
É consenso na literatura que o acesso ao serviço de AB é um elemento indispensável
para a redução da TMI. Nesse sentido, os autores sugerem que as ESF contribuem
significativamente para a redução da mortalidade infantil. Além disso, os cuidados
preventivos como monitoramento do crescimento e desenvolvimento, a atenção às
enfermidades infantis, alimentação, vacinação e a identificação precoce do vínculo que a mãe
estabelece com a criança são atribuições da ESF que fomentam a saúde infantil (PAIZ, 2016).
De acordo com o estudo desenvolvido, é perceptível que a AB no RS vem, ao longo
dos anos, se fortalecendo a fim de efetivar as premissas do SUS e consolidar esse modelo de
60
atenção, uma vez que o maior acesso às políticas de atenção básica em saúde está associado à
diminuição da TMI. Essa relação ficou evidente ao se analisar as variáveis relacionadas à
assistência de saúde infantil, mostrando-se determinante na diminuição da TMI. Dessa forma,
a expansão da AB é inversamente proporcional à TMI (SOUZA et al., 2013).
61
7. CONCLUSÃO
62
REFERÊNCIAS
63
CAMPOS, R. T. O.; FERRER, A. L.; GAMA, C. A. P.; CAMPOS, G. W. S.; TRAPÉ, T. L.;
DANTAS, D. V. Avaliação da qualidade do acesso na atenção primária de uma grande cidade
brasileira na perspectiva dos usuários. Saúde Debate, v.38, p. 252-264, 2014.
64
JANNUZZI, Paulo de Martino. Indicadores socioeconômicos na gestão pública. 3.ed.
Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/UFSC; Brasília: CAPES/UAB,
2014. 110p.
NEVES, R. G.; FLORES, T. R.; DURO, S. M. S.; NUNES, B. P.; TOMASI, E. Tendência
temporal da cobertura da Estratégia Saúde da Família no Brasil, regiões e Unidades da
Federação, 2006-2016. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v.27, n.3, p.1-8, 2018.
OMS. Relatório Mundial de Saúde 2008: Atenção Primária em Saúde. 2008. 154p.
65
OMS/UNICEF. Cuidados primários de saúde. Relatório da Conferência Internacional sobre
Cuidados Primários de Saúde, Alma-Ata, Rússia. Brasília: Unicef, 1979.
66
RIPSA/REDE INTERAGENCIAL DE INFORMAÇÃO PARA A SAÚDE. Indicadores
básicos para a saúde no Brasil: conceitos e aplicações. 2.ed. Brasília: Organização Pan-
Americana da Saúde, 2008. 349 p.
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