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Na minha área, que é a educação, o exercício mais simples que você nos legou é o
mais fundamental: a escuta. O docente deve estar aberto à escutar o que o aluno tem para
dizer, ao que ele está sentindo, o que ele está expressando, pois assim criará a ponte que
permitirá o aprendizado. Mas não serve dizer que está escutando, quando na verdade não
se está. Qualquer pessoa percebe uma falsa atenção, crianças e jovens principalmente, por
isso é impossível enganá-los. Após a leitura que fiz do texto ‘Gaiolas e asas’, de Rubem
Alves, posso dizer que já vivi tanto uma experiência quanto a outra, e que elas estão
relacionadas com essa importância da escuta. Na escola, tanto no ensino médio como no
fundamental, tive professores que só estavam preocupados em passar o conteúdo, mas
indiferentes ao fato de que eu não estava me apropriando daqueles saberes. Eles não
estavam ouvindo senão o próprio eco, e por isso tenho dificuldade em lembrar o que é que
eu aprendi. Olhando para trás, o “passar de ano” e as notas boas, já não me parecem mais
um sinônimo perfeito de aprendizado, pois como Alves comentou, a escola têm
mecanismos – testes e avaliações – e esses também podem ser aprendidos. O aluno
pode aprender a passar na prova e não aprender os conhecimentos que estão contidos
nela, dois aprendizados muito diversos.
Por outro lado, também tive professores que me incentivaram não só a buscar o
conhecimento, mas a gostar do que eu estava buscando e a aproximar aqueles
conhecimentos de mim. Minha professora de artes do ensino médio, Giovana, é uma
educadora que com certeza posso ver como alguém que me deu asas. Apesar de não ter
talento para as artes, sempre gostei de fazer coisas nessa área – invenções, pinturas,
desenhos, etc. –, mas durante os últimos anos do ensino fundamental, essa matéria era
apenas uma obrigação pra mim porque eu não tinha nela muito espaço para criar de
verdade. Já com a professora Giovana, eu sentia que ela realmente se empolgava com as
idéias que eu trazia, mesmo que elas não fossem exatamente o que ela tinha planejado
para a matéria. Ela me dava as ‘ferramentas’, porque mostrava como as referências da arte,
mesmo de épocas distantes, estavam presentes no meu dia-a-dia, e que eu me apropriava
delas mesmo sem saber; e também ‘brinquedos’ porque permitia que eu me expressasse e
conseguisse relacionar o que eu estava sentindo com o que eu estava aprendendo.
Saudações,
Natália