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Apontamentos e relações entre sociedade em rede e cibercultura

Desde o princípio da civilização, o homem sempre se articulou em grupo para garantir


sua sobrevivência em um espaço hostil, que lhe apresentava desafios impossíveis de
serem superados de forma independente. Na contemporaneidade não seria diferente,
o desenvolvimento das técnicas e da tecnologia possibilitou que criássemos aviões,
calculadoras, embarcações e a internet, que se configura no século XXI como o
sistema de comunicação mais complexo e sofisticado da história, rompendo assim,
com os conceitos de limite, distância e tempo, que hoje flutuam em uma rede
informacional que conecta pessoas, realidades e subjetividades de forma ilimitada.

Dessa forma, segundo (Castells, 2002) a sociedade em rede alicerçada no suporte


digital, se estabelece no nosso cotidiano como intermédio das nossas interações com
o mundo, possibilitando a transcendência do tempo e espaço através do
compartilhamento de informações que não se encontram mais concentradas em um
polo de poder.

Dentro dessa lógica informacional em rede, que surge da interconexão mundial dos
computadores, emerge uma nova organização social e cultural, possibilitando que
diversos grupos possam interagir, se conectar e criar novas relações sociais. Esse
mecanismo é conceituado por (Lévy, 1999) como a cibercultura, que é capaz de
refletir o “universal sem totalidade, pois, ao mesmo tempo em que promove a
interconexão generalizada, comporta a diversidade de sentidos, dissolvendo a
totalidade”.

O conceito de cibercultura se articula com os apontamentos sobre sociedade em rede


trazidos por Castells, fomentando uma organização e articulação social no ambiente
interativo, colaborativo, dinâmico e descentralizado da internet. Nesse sentido, Pierre
Lévy (2011, p.66) considera que a cibercultura possibilita novas práticas no campo
democrático em grande escala. Essas novas práticas, são fomentadas a partir da
redefinição das próprias concepções de política, democracia e ação popular, que
segundo (Gonçalves,2007), possibilitam a criação de novos modos de resistência,
que se mostram imprescindíveis para enfrentar os impasses e problemáticas
decorrentes das mudanças que acontecem na sociedade.

Castells corrobora com esses apontamentos quando identifica que a organização da


sociedade em rede, foi essencial para a ocorrências de diversos levantes sociais
contemporâneos, pois possibilitou uma comunicação livre em que diversos
movimentos sociais que puderam expressar suas reinvindicações e se articular
socialmente para resistir a governos autoritários e centralizadores (Castells, 2013).

Ou seja, o ciberespaço, se configura na contemporaneidade como intermédio que


possibilita a interação e expressão de diversas atividades de articulação e
organização social, que pretendem difundir suas reinvindicações na tentativa de
desmontar mecanismos políticos e ideológicos que são difundidos e endossados pela
indústria cultural.

REFERÊNCIAS:

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede, São Paulo: Paz e Terra, 1999.

CHAMPANGNATTE, Dostoiewski M. O; CAVALCANTE, Marcus A. Pádua.


Cibercultura – perspectivas conceituais, abordagens alternativas de
comunicação e movimentos sociais, Rev. Estud. Comun. Curitiba, v. 16, n. 41, p.
312-326, set. /dez. 2015.

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