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Psicologia Geral - Clara Palma
Psicologia Geral - Clara Palma
Bibliografia: Pinto, Amâncio da Costa (2001). Psicologia Geral. Lisboa: Universidade Aberta.
Nota:
Este documento é um texto de apoio gentilmente disponibilizado pelo seu autor, para que possa auxiliar ao estudo dos colegas. O
autor não pode de forma alguma ser responsabilizado por eventuais erros ou lacunas existentes. Este documento não pretende
substituir o estudo dos manuais adoptados para a disciplina em questão.
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Copyright: O conteúdo deste documento é propriedade do seu autor, não podendo ser publicado e distribuído fora do site da
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Psicologia Geral
DEFINIÇÃO DE PSICOLOGIA
Psicologia: Estudo científico do comportamento e da mente em termos de organização e diversidade, que
tem por objectivo descobrir leis e regularidades entre fenómenos (à semelhança das ciências físicas e bioló- gicas)
formulando modelos e teorias consistentes para compreender, explicar e prever fenómenos humanos. Ao contrário
da Psicologia enquanto ciência, a psicologia popular ou de senso comum apresenta um corpo de saberes
praticamente imutável ao longo dos tempos.
MÉTODOS PSICOLÓGICOS
Método: procedimento ou técnica específica para recolha e análise de dados.
Os métodos psicológicos de recolha de dados mais comuns são: Observação naturalista; Estudo de Casos;
Questionários; Método correlacional; Método dos testes; Método diferencial; Método experimental.
Observação Naturalista: Recolha atenta e cuidada de dados de animais e pessoas no seu ambiente natural.
A observação é realizada de modo flexível e sem qualquer restrição. Margaret Mead (Antropóloga 1901- 1978),
foi uma das primeiras investigadoras a utilizar este método num trabalho desenvolvido com uma tribo asiática. Os
métodos naturalísticos têm sido usados em psicologia para estudar, entre outros, o comportamento social das
crianças na escola; manifestações de violência em locais desportivos; comportamento dos condutores na estrada e
em situações de engarrafamento, etc.
Estudo de Casos: Refere-se à descrição detalhada de um único indivíduo em termos de passado ou história
usando-se, por vezes, a entrevista, fazendo avaliações ou aplicando testes e discutindo os resultados.
O estudo de casos tem sido considerado como o menos científico dos métodos empíricos usados em psicolo-
gia por: envolver o caso específico de uma pessoa não podendo ser reproduzido; interpretar o comportamen- to sob
uma perspectiva teórica; implicar (na maioria dos casos) uma relação do tipo terapêutico que, pela sua natureza de
ajuda dificilmente pode ser objectiva em termos de análise.
Questionários: São formados por um conjunto de perguntas planeadas sobre um certo tema para serem
administradas a um grande número de pessoas com o objectivo de se obter informação sobre atitudes, opi- niões e
comportamentos. Um exemplo deste método é o questionário da metamemória de Zelinski, que estu- da a
frequência do esquecimento e a qualidade de recordação em situações do dia a dia , como a memória para nomes,
datas, tarefas, moradas e números de telefone, entre outros. Os questionários têm como vanta- gem o permitir a
recolha de muita informação em pouco tempo e, como limitações a questão da fiabilidade das respostas, do
contexto em que é aplicado e a capacidade do entrevistador em conseguir colabora- ção/cooperação dos
entrevistados.
Método Correlacional: Tem por objectivo determinar uma relação entre duas ou mais variáveis, podendo
esta ser positiva, negativa ou inexistente. O tipo de relação é determinado a partir de uma analise estatística: o teste
de correlação. Os valores de correlação variam entre -1 e +1. Quando as variáveis estão relacionadas entre si o
coeficiente aproxima-se de -1 ou +1. se a relação for nula o coeficiente é 0.
O coeficiente de correlação descreve de forma precisa e quantitativa o grau de relação, ao dar sinais positi-
vos a variáveis positivamente relacionadas e vice versa.
Método dos Testes: Os testes sã métodos objectivos de observação e medida de variáveis. Sã constituídos
por tarefas uniformes administradas individualmente ou em grupo com o objectivo de medir uma ou mais
variáveis ou construtos teóricos. Em psicologia há centena de testes, escalas e medidas que podem ser divi- dir-se
em vários grupos: testes de aptidão e inteligência; testes de realização; medidas de personalidade e escalas de
valores e atitudes.
Método Diferencial: O método diferencial tem por objectivo investigar o desempenho de dois ou mais
grupos que se distinguem na base de uma variável pré-existente (idade, habilitações, género, etc).
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Psicologia Geral
Método Experimental: É considerado o único método científico em que é possível estabelecer-se uma
relação de casualidade entre variáveis ou fenómenos. Em termos gerais, uma experiência é uma arranjo de
condições, procedimentos e equipamento com o objectivo de se avaliar uma hipótese e mantendo sobre controlo
todos os restantes factores. Em termos específicos, uma experiência é a observação objectiva de um fenómeno que
é forçado a ocorrer numa situação rigorosamente controlada, e em que um ou mais factores são manipulados
enquanto que os restantes são controlados. As variáveis manipuladas designam-se por
experimentais, independentes ou de tratamento e os resultados da experiência a variável dependente.
Tipos de Aprendizagem
A investigação sobre a aprendizagem organiza-se segundo cinco tipos diferentes, consoante o grau de com-
plexidade:
Habituação - Tendência para ignorar um estímulo que se tornou familiar e cujo aparecimento não representa
consequências de maior.
Condicionamento Clássico (Pavlov) - Envolve a aquisição de uma nova resposta face a um estímulo que
inicialmente não a produzia.
Condicionamento Operante (Thorndike e Skinner) - Abrange um tipo de resposta voluntária, seleccionada
em função dos efeitos ou consequências produzidas e observadas.
Aprendizagem Observacional - Consiste na observação e imitação posterior do comportamento de um
modelo.
Aprendizagem Verbal - Refere-se à aquisição e recordação de itens verbais.
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CONDICIONAMENTO CLÁSSICO
Procedimento Experimental
O que revelou crucial a investigação de Pavlov foi o facto do cão aprender uma associação entre alimento e
um sinal causal que precedia imediatamente o alimento.
Reflexo condicionado: o cão saliva ao ouvir o som da campainha. EI -
Estímulo incondicionado: apresentação do alimento.
RI - Reflexo incondicionado: salivação provocada pela apresentação do alimento. EN -
Estímulos neutros: estímulos como o cheiro a cânfora; a luz, clic´s, etc.
EC - Estímulo condicionado: som da campainha
RC - Resposta condicionada: saliva ao ouvir a campainha
Ver pág. 56/67
Generalizações e discriminação
A generalização condicionada é o processo pelo qual uma resposta condicionada a um estímulo tende a ser
emitida com outros estímulos similares (ex. cão ouve uma campainha idêntica e saliva).
A discriminação, ou diferenciação, é uma processo complementar da generalização. Enquanto a generaliza-
ção é uma resposta a similaridades, a discriminação é uma resposta a diferenças (ex. Pavlov descobriu que podia
utilizar praticamente qualquer estímulo como EC). No entanto, a discriminação é o processo que leva a responder a
estímulos que são reforçados e a não responder a estímulos similares que não foram reforçados.
Neurose experimental: Quando a discriminação exigida se torna excessivamente subtil o cão parecia sofrer
de uma "perturbação ou colapso nervoso", passando a reagir ao acaso, mesmo face às discriminações iniciais mais
diferenciadas.
Relação Temporal entre EC e o EI
O EC (campainha) precede normalmente o EI (alimento). Este é considerado o procedimento padrão, embora
tenham sido investigadas outras sequências temporais. Nas experiências realizadas com animais verificou-se que o
intervalo óptimo é de 0,5 segundos. Com intervalos maiores a resposta condicionada é mais fraca. Se o som aparece
depois do alimento a resposta condicionada não se estabelece.
Condicionamento de respostas emocionais
O procedimento do condicionamento usado por Pavlov também se aplica ao Homem, tendo-se efectuado
estudos relacionados com os reflexos palpebrar e rotular, salivação, náusea e aversão ao álcool e tabaco. Os
resultados obtidos permitiram que hoje sejam adoptados em psicologia clínica com o objectivo de modificar
comportamentos.
O primeiro estudo de aplicação do paradigma do condicionamento de Pavlov a seres humanos foi realizado
por Watson e Raynor (1920). Tentaram condicionar uma criança de 9 meses (Albert) a ter medo de ratos brancos.
Dessensibilização sistemática (Wolpe)
Técnica utilizada no tratamento de estados fortes de ansiedade associados a situações ou estímulos fóbicos.
Esta técnica envolve a associação de um estado agradável de relaxamento com uma série gradual de estímu- los que
desencadeiam o comportamento a modificar.
CONDICIONAMENTO OPERANTE
Expressão introduzida por Skinner (1938) envolve a aprendizagem entre uma resposta e as suas consequên-
cias.
O condicionamento operante relaciona-se com os estudos de psicologia animal realizados por Thorndike
(1874-1949) que ficaram conhecidos por condicionamento experimental, com diferenças subtis a ponto dos
investigadores incluírem os dois tipos de condicionamento no âmbito do condicionamento operante.
Thorndike: procedimento experimental
Os seus estudos sobre aprendizagem relacionaram-se com a inteligência animal, tendo estudado o modo
como cães, gatos e maca os aprendiam a sair de uma caixa-problema para obter alimento, através da manipu- lação
de dispositivos mecânicos, como roldanas, fechos e pedais.
Com a repetição da experiência os animais diminuem progressivamente o tempo para conseguirem sair e
comer.
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Características de aprendizagem
Os estudos desenvolvidos por Thorndike em situações de controlo laboratorial, mediam, em cada ensaio, o
tempo entre o momento em que os animais entram na caixa e a altura em que apoderam do alimento.
Thorndike ressaltou três aspectos deste procedimento experimental que estariam relacionados com situações
de aprendizagem:
a aprendizagem efectua-se por ensaios e erros (ou ensaios e êxitos e por tentativas)
a aprendizagem é gradual: o tempo necessário para sair vai sendo progressivamente menor
a aprendizagem é motivada: a necessidade de alimento gera um impulso ou motivação para sair
Leis da aprendizagem (ver pág. 70/71)
Para Thorndike a aprendizagem é o resultado de ensaios e erros seguidos por um sucesso acidental. Trata-se
de um processo simples de conexionismo, ou seja, da conexão de uma resposta com uma situação ou estímu-
lo. Neste sentido, Thorndike formulou duas leis de aprendizagem:
a lei do exercício: quanto maior for o n.º de ensaios, maior é a força da conexão
a lei do efeito: se um estímulo for seguido por uma resposta e o resultado for satisfatório, a conexão
entre o estímulo e a resposta será fortalecida.
Skinner: procedimento experimental
Elaborou e desenvolveu um procedimento de investigação de aprendizagem em animais (ratos e pombos),
usando uma gaiola que ficou conhecida como a gaiola de Skinner. Nesta gaiola Skinner coloca um meca- nismo
(alavanca) que ao ser pressionado liberta alimento. Após o rato pressionar a alavanca uma vez por acaso, o n.º de
pressões vai aumentando progressivamente por unidades de tempo.
Skinner distinguiu este tipo de condicionamento, a que chamou operante, do condicionamento de Pavlov, a
que chamou respondente ou reflexo, ou seja na experiência de Skinner é o próprio animal que obtêm o ali- mento
(ao pressionar a barra), enquanto que com Pavlov o animal responde por uma actividade reflexa de salivação ao
alimento que lhe é apresentado.
O papel do reforço
A frequência de uma resposta pode aumentar ou diminuir se for ou não reforçada, sendo um conceito centra
no condicionamento operante. O reforço pode ser positivo ou negativo e, ainda, contínuo (quando toda as
respostas são reforçadas) ou intermitente/parcial (nas situações em que apenas algumas respostas são refor-
çadas)
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Moldagem do comportamento
Trata-se de uma técnica do condicionamento operante que consiste na recompensa de respostas ocasionais
que se aproximam do comportamento final desejado.
Para modificar o comportamento de animais e crianças, Skinner propôs um método de três etapas:
Definir o objectivo ou habilidade a adquirir
Definir o comportamento inicia a reforçar
Reforçar positivamente as respostas dadas em cada uma das etapas para atingir o objectivo desejado.
Limitações biológicas do condicionamento
Existem limitações biológicas que restringem o processo de condicionamento e moldagem.
Biofeedback: técnica ou procedimento que permite às pessoas aprender a controlar certas respostas fisiológi-
cas observando o seu estado por meio de aparelhos (ritmo cardíaco; pressão sanguínea; ondas cerebrais alfa, etc.).
Ver pág. 84/85
Condicionamento e cognição
Tolman (décadas de 30 e 40) desenvolveu uma interpretação cognitiva do condicionamento, segundo a qual,
em vez de um mecanismo automático, os animais têm expectativas, aprendem relações causais e previsíveis entre
acontecimentos e o que leva a quê.
Em experiências desenvolvidas, Tolman, demonstrou que o rato adquire uma espécie de representação men-
tal do labirinto, ou mapa cognitivo, que lhe permite encontrar um caminho alternativo quando um caminho
previamente usado e preferido estiver bloqueado.
Esta perspectiva foi igualmente defendida por Rescorla (1967).
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Observação e imitação
Os estudos desenvolvidos por Bandura provaram que as crianças (3/5 anos) imitam espontaneamente o com-
portamento de um modelo mesmo sem qualquer reforço manifesto. No entanto, o factor mais relevante para o
comportamento imitativo das crianças é a observação do modelo a ser reforçado ou punido pelo compor- tamento
expresso, bem como o grau de simpatia que o modelo inspira. Estudos realizados em laboratório indicam que a
visão de filmes ou vídeos têm um forte impacto no comportamento da crianças. A observação influencia as
emoções. A maioria das pessoas tem medo de cobras apesar de nunca ter presenciado nenhuma directamente. Este
medo é resultado da observação do medo expresso por terceiros. É um medo por substi- tuição ou delegação de
outrem, designado por condicionamento vicariante.
Aprendizagem verbal
A aprendizagem verbal refere-se à capacidade humana para adquirir e recorda itens verbais. Ebbinghaus
(1885)desenvolveu os primeiros estudos sobre a aprendizagem verbal que publicou no livro Sobre Memória. Neste
livro o autor procurou explica o modo como se formam as associações entre estímulos verbais e o tempo que
permanecem na memória.
Aprendizagem e cognição
Na segunda metade do séc. XX as investigações sobre a aprendizagem começaram a debruçar-se sobre a
estrutura cognitiva do aprendiz humano, tendo surgido áreas diferenciadas como o psicologia da linguagem, da
aprendizagem e da memória.
Numa perspectiva cognitiva, em que a informação é processada ao longo das fases de aquisição, retenção e
recuperação, pode-se afirmar que a aprendizagem e a memória estão interligadas. A aprendizagem será res-
ponsável pelos processos de aquisição e organização do conhecimento, enquanto a memória será responsável pelos
processos de retenção e recuperação ou recordação.
Distinções de memória
A memória humana tem sido dividida em função de critérios temporais (memória imediata, MCP, MLP), em
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função do conteúdo (memórias episódica, semântica e procedimental), em função estudo de consciência
envolvido ( memórias explicita e implícita), em função dos processos envolvidos ( memórias declarativa
procedimental).
As provas de apoio à distinção entre MCP e MLP baseiam-se em dois critérios: (1) a presença de duas com-
ponentes na curva de posição serial - natureza cognitiva e comportamental; (2) estados de amnésia ou de tipos
diferentes de desordem de memória - natureza neurológica.
Estados de amnésia
Há pacientes com desordens de memória (síndroma de Korsakoff) que apresentam um desempenho normal
em tarefas de MCP e nulo nas de MLP - os danos cerebrais situam-se nos lobos temporais e nas zonas mais
profundas como o hipocampo e o sistema límbico.
Há um segundo tipo de amnésia em que os pacientes têm o desempenho oposto - as zonas afectadas são os
lobos pré frontais do córtex cerebral e a zona do hemisfério esquerdo na região de Silvius, região também
associada a afasias e problemas da fala.
MCP
MCP: construto teórico proposto a partir dos resultados das experiências realizadas por Brown (1958) e
Peterson e Peterson (1959): verificaram um grau de esquecimento considerável quando a repetição era difi-
cultada ou bloqueada por outra tarefa.
Estes resultados foram usados para apoiar a concepção de um tipo de memória com características de arma-
zenamento diferentes de outro que armazena a informação durante intervalos de dias, semanas ou mesmo anos.
A capacidade da MCP
É limitada no n.º de itens armazenados, em termos da duração dos itens e da disponibilidade de recursos
mentais para executar operações da MCP, ou seja, há limites no que respeita à quantidade de informação que se
pode reter num dado momento, bem como na rapidez com que se podem usar as funções cognitivas para processar
a informação recebida.
Estes limites são fáceis de demonstrar a partir de uma prova de memória de n.ºs. (amplitude média de 7 para
dígitos e a variar entre 2 e 8 para consoantes, palavras cores e sílabas sem significado). No entanto, o treino pode
aumentar o valor de amplitude de memória.
A codificação na MCP
A codificação refere-se ao modo como a informação está representada na memória.
Segundo experiências realizadas na década de 60 (Conrad e Baddeley) o tipo de representação na MCP tem
uma componente predominantemente acústica ou fonológica, que é, igualmente, responsável pelos erros de
identificação. Quando se apresentam similaridades acústicas (ex. M-N; P;B); quando se apresentam figuras
parecidas (F-T; Q-G).
No que se refere à MLP as investigações revelaram que a reprodução da informação é de natureza predomi-
nantemente semântica. (ex. se se apresentar uma lista com as palavras "fogo", "saia", "estrada" verificam-se erros de
evocação em termos de significado parecido tais como fogo-incêndio; saia-vestido e estrada- avenida). Nesta
tarefa podem ainda ocorrer erros de tipo acústico-perceptivo (ex. pombo-bombo).
A codificação é ainda caracterizada por códigos sensorialmente dependentes, como o visual, o auditivo ou o
olfactivo.
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Memória operatória
Na MCP as limitações em termos de armazenamento designam-se por memória primária. Quando as limita-
ções resultam do conjunto de armazenamento e processamento designa-se por memória operatória.
Baddeley (1986) definiu a memória operatória como "um sistema de armazenamento e manipulação tempo-
rária da informação durante a realização de um conjunto de tarefas cognitivas como a compreensão,
aprendizagem e raciocínio". (ex. ao somarem-se as parcelas de uma operação aritmética - 5+50=10 - e vai 1).
MLP
Armazena o conhecimento que possuímos do mundo que nos rodeia durante longos períodos de tempo e
esses conhecimentos são bastante diversificados:
Tipo episódico: referenciada pelo tempo e pelo espaço (ex. onde passámos férias; o que fizemos de manhã)
Tipo geral e enciclopédico ou semântico: como a sintaxe da língua materna, significados das palavras ou a
localização de mares e continentes.
Tipo motor e procedimental: como andar de bicicleta, escrever à máquina ou tocar piano.
Segundo o modelo mono-hierarquico e piramidal de Tulving (1985), a memória episódica situa-se no topo, a
semântica na posição intermédia e a procedimental na base da pirâmide. Tulving e Schacter (1990) acrescen- taram
o sistema de representação preceptiva, que pressupõe que um sistema superior não pode manter-se incólume com
um sistema inferior deteriorado (ex. não pode haver um sistema episódico incólume em pes- soas com o sistema
semântico danificado).
Codificação na MLP
Um dos procedimentos de investigação mais usados para se analisar a codificação na MLP foi o dos níveis
de processamento de Craik e Lockhart (1972) e Craik e Tulving (1975).
Modelo de níveis de processamento
Considera que a informação é codificada e processada a diferentes níveis. A duração da informação na
memória é produto de séries sucessivas de análises efectuadas nos estímulos percebidos.
O nível mais básico e ligeiro incluí a análise sensorial e física envolvendo o processo de características dos
estímulos coo sejam palavras em maiúsculas ou minúsculas, apresentadas numa voz masculina ou feminina.
O nível intermédio envolve uma análise de tipo fonológico ou acústico, sendo a análise de natureza semânti-
ca a considerada a mais profunda.
De acordo com as experiências realizadas o processamento semântico produz um melhor desempenho de
memória do que os processamentos do tipo fonológico ou clássico.
Objecção: Morris (1977) argumentou que o nível de processamento está dependente da prova de memória
aplicada. Se o processamento inicial for semântico e a prova de memória for uma selecção de palavras que rimam
o desempenho é pior do que se o processamento inicial tiver sido fonológico. Esta hipótese pôs em causa a teoria
de que o processamento semântico é mais memorável do que o fonológico.
Há assim uma transferência de um nível de processamento para um tipo apropriado de prova de memória,
que se designa por transferência apropriada de processamento.
Retenção na MLP
Quando a aquisição de novas informações se processa, o sistema cognitivo estabelece uma espécie de orga-
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nização automática e implícita, nomeadamente em termos espaciais e temporais e, provavelmente em termos
de agrado, ameaça e dor.
No topo da organização implícita, as pessoas são capazes de organizar activamente a informação através de
processos voluntários como a categorizarão, hierarquização e formação de imagens.
Codificação e hierarquização
A organização da informação-a-ser-evocada é fundamental para uma boa recordação futura. A organização
da informação pode ser interna (elaborada pela pessoa no acto da aprendizagem) e externa (imposta pela meio de
transmissão da informação (ex. sumário de uma aula).
Uma das primeiras investigações sobre os efeitos da organização da memória foi o estudo clássico realizado
por Bousfield (1953) - lista de 60 palavras que incluíam 15 exemplares de 4 categorias diferentes: vegetais,
animais, profissões e nomes. A sua apresentação era aleatória. Os indivíduos recordavam-nas por categorias.
Bower et al defendeu que a forma como a informação está hierarquizada tem um efeito bastante positivo.
Ver pág. 139
Formação de imagens
A formação de imagens (imagery) é uma variável bastante eficaz para facilitar a retenção de informação na
memória de forma mais permanente.
As palavras têm um grau de criação e produção de imagens inferior ao dos objectos (ex. é fácil e rápido for-
mar uma imagem mental de um cão, o mesmo não se pode dizer de inflação ou liberdade).
As pessoas que revelam capacidades excepcionais de memória (mnemonistas) normalmente conseguem criar
imagens visuais de n.ºs, cores, sons, etc.
A eficácia das imagens em termos de memória é tanto maior quanto mais bizarras, interactivas e cómicas
forem as imagens associadas. A este fenómeno chama-se BIC.
Uma técnica de memorização que explora intensamente a formação de imagens BIC é a mnemónica dos
lugares, uma das melhores técnicas de apoio à memória humana até hoje inventadas. Esta técnica consiste na
associação de lugares ao longo de um percurso com a formação de uma imagem mental entre o lugar seleccionado
e a palavra, ideia ou acontecimento a memorizar.
Provas de memória
Evocação: consiste na reprodução consciente e activa de uma lista de itens.
Tipos de evocação: livre: sem obrigatoriedade de ordem; seriada: obrigatoriedade de respeitar a ordem apre-
sentada; auxiliada: com apresentação da 1ª sílaba ou 1º elemento de um par de palavras.
Reconhecimento: é uma tomada de decisão sobre se um item apresentado se identifica e compara com uma
representação na memória (decisão pessoal). Numa prova de reconhecimento o maior ou menor grau de difi-
culdade depende do n.º de alternativas e do grau de similaridade com a resposta correcta. Às vezes pode ser mais
difícil do que a evocação.
Reaprendizagem: consiste em voltar a aprender algo aprendido antes (normalmente mais rápido do que a 1ª
vez) - ex. matérias escolares, cujos conteúdos apenas estão acessíveis na altura dos exames.
Reconstrução (ou complementação): inicialmente usado com pessoas com desordens de memória, que se
revelou bastante popular nas 2 últimas décadas quer com amnésicos quer com pessoas sem qualquer pertur-
bação. Consiste na recordação de palavras com iniciais iguais, revelando a presença do passado no desempe-
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Psicologia Geral
nho presente, o que se classificou de memória implícita.
O resultados das experiências com os referidos métodos, permitem concluir que as dificuldades de memória
se prendem fundamentalmente com problemas de recordação e não de aquisição.
Schater (1987) propôs a classificação das provas de memória em duas categorias: métodos explícitos: consti-
tuídos pelas provas de evocação e reconhecimento requerendo uma recordação consciente da experiências
passadas; métodos implícitos: constituídos por diversas provas que não envolvem uma recordação conscien- te.
O problema do esquecimento
O esquecimento é a prova diária de que a nossa memória é falível.
O esquecimento é a dificuldade de recordar a informação no momento mais adequado. Pode ser definitivo:
deterioração completa do traço da memória - falando-se neste caso de esquecimento dependente do traço;
temporário: devido à ausência de uma pista ou indicador de informação que possa conduzir ao traço de memória
retido - neste caso fala-se de esquecimento dependente do indicador ou pista, já que a informação existe mas não
está imediatamente acessível.
As teorias mais importantes sobre a natureza do esquecimento são: teoria do desuso; da interferência; incon-
gruência contextual e recalcamento.
Teoria do desuso: também conhecida como teoria do declínio temporal do traço de memória, afirma que o
esquecimento está dependente da falta de uso durante o período de tempo de permanência da informação na
memória. Esta teoria não conseguiu obter a confirmação ou rejeição experimental.
Teoria da interferência: afirma que o esquecimento é o resultado da competição entre diferentes memórias.
Conforme aumenta a quantidade de informação retida na memória, diminui a capacidade de identificar e localizar
um determinado item. É uma das teorias mais importantes. Divide-se entre a forma retroactiva (McGeoch 1932) e
proactiva (Greenberg e Underwood 1950) Ver pág. 151.
Incongruência contextual: apoia-se e 3 pilares: o modo como os itens são percebidos afecta o modo como
são retidos ou armazenados; os indicadores seleccionados na altura da codificação determinam o tipo de
indicadores que facilitarão o acesso à memória; quanto maior for a concordância entre os indicadores usados nas
fases de codificação e de recuperação, melhores serão os resultados.
Recalcamento (ou memórias orgânicas): Freud sugeriu que o esquecimento era motivado, ou seja uma for-
ma do próprio indivíduo se preservar de recordações negativas, que eram transferidas para o inconsciente. Assim,
o inconsciente constituía-se essencialmente de memórias recalcadas, que exerciam os seus efeitos de forma
indirecta através de tiques e aversões. Para Freud (Psicopatologia da Vida Quotidiana) o acesso a esta memória
apenas era possível através da psicanálise.
Esquecer é recordar
O esquecimento também é benéfico. Numa perspectiva clínica, é um mecanismo cognitivo com grande
poder terapêutico e curativo, quando consegue apagr da mente memórias penosas e traumáticas.
Ao esquecer-se a mente liberta-se de futilidades diariamente adquiridas e reserva espaço para guardar o que
realmente importa recordar. Há casos de indivíduos, como memórias excepcionais, que não conseguem esquecer e
pagam um preço alto por essa capacidade. A memória fica sobrecarregada de pormenores que se torna impossível
ler livros e pensar em termos abstractos.
Jorge Luís Borges (1942/98) tinha razão ao afirmar "Pensar é esquecer diferenças, é generalizar, abstair".
Recordação e reconstrução
A recordação nem sempre é imediata e directa.
Em psicologia cognitiva há uma distinção entre processamentos ascendente e descendente.
Processamento ascendente: começa na análise da informação captada pelos órgãos sensoriais e sobe pro-
gressivamente até níveis mais complexos. A percepção é directa. A informação é extraída da matriz sensorial sem
recursos a esquemas e representações intermédias.
Processamento descendente: parte do conhecimento e expectativas que se tem sobre o modo como os ob-
jectos se parecem, influenciando a sua identificação. O conhecimento de que somos portadores influencia o
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Psicologia Geral
o modo como interpretamos os estímulos sensoriais recebidos.
Loftus e Palmer (1974) desenvolveram estudos sobre a tendência para reconstruir os acontecimentos passa-
dos presenciados. A investigação desenvolvida ajudou a provar que a memória não se limita a um registo fiel dos
factos. Os estudos do português Silvio Lima (1928) revelaram que perguntas tendenciosas deformam o conteúdo
representativo e primitivo da imagem pela adição de pormenores, transferências cromáticas e
transposições topográficas
A memória é uma reconstrução de acontecimentos passados tanto mais distorcida quanto maior for o interva-
lo de retenção, o tempo reduzido de aquisição, o elemento emocional envolvido e as reproduções efectuadas.
Kant afirmou que nós vemos as coisas, não como elas são, mas como nós somos.
O significado do QI
É um conceito estatístico que tenta representar o conceito psicológico de inteligência. O QI psicométrico
estabelecido por um teste não é a inteligência real de uma pessoa, mas pretende representa-la. O QI obtido
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nos testes de é uma medida relativa, uma vez que o valor real obtido é comparado com uma amostra repre-
sentativa de indivíduos no mesmo grupo etário.
Fidelidade e validade
São as duas principais características de um teste.
Fidelidade: consistência interna dos dados obtidos. Pode ser medida através do teste-reteste (cada metade do
grupo amostra em diferentes tempos); formas equivalentes (2 versões semelhantes do mesmo teste aplicadas ao
mesmo grupo9. Um teste é considerado fiel quando o coeficiente de correlação é elevado.
Validade: relação dos dados com a característica psicológica (variável ou constructo) que o teste é suposto
medir. Procedimentos para medir a validade de um teste: validade de rosto (análise inicial do teste por peri- tos);
validade do constructo (grau de ligação dos itens entre si e em relação ao objectivo e, entre testes simi- lares).
Validade de critério (compara os resultados de um teste com o comportamento da pessoa no mundo real, quer em
termos de previsão do desempenho futuro da pessoa, quer em termos de comparação concor- rente com o
desempenho actual do indivíduo numa área específica.
O efeito Flynn
No mundo industrializado (em especial nos EUA) os resultados dos testes de aptidão escolar têm baixado.
Em contraste, nos testes de inteligência têm aumentado. Este aumento é conhecido por efeito Flynn (investi- gador
que primeiro o identificou).
Existe diversas explicações para este fenómeno: Naisser considera a situação ficção ou artefacto associado
ao conhecimento e aplicação dos testes; Greenfield considera-o real e potenciado pela sociedade actual da
informação e tecnologia.
Teorias contextuais
A inteligência envolve factores universais comuns a todas as pessoas, havendo aspectos que são valorizados
por umas culturas e considerados menos relevantes por outras. Também as características de personalidade de
cada pessoa são capazes de potenciar ou limitar o desempenho intelectual.
Sternberg - Teoria Triárquica de Inteligência: concebe a inteligência como uma interacção complexa de
capacidades de processamento de informação, experiências específicas e influências contextuais ou culturais, ou
seja, a inteligência é um conjunto de actividades mentais que tem por objectivo a adaptação, a regulação e a selecção
de situações ambientais relevantes para a vida de cada um. Para Sternberg a inteligência inclui três tipos de
habilidades principais, que orientam a pessoa em relação ao mundo interno (analítica), ao mun- do externo (prática)
e ao mundo interno/externo (criativa).
Habilidade Analítica: capacidade para realizar tarefas que envolvam diferentes passos ou componentes, tam-
bém designada como inteligência académica ou componencial (séries númericas, resolução analogias)
Habilidade Prática: capacidade para fazer face ao dia-a-dia. Componente adaptativa do comportamento ao
meio ambiente, por forma a entender situações, resolver problemas práticos e conseguir um relacionamento
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Psicologia Geral
adequado com os outros.
Habilidade Criativa: habilidade para perceber soluções criativas e inovadoras face a novos problemas.
Baseia-se na experiência passada e pode designar-se também por inteligência experiencial.
Gardner - Teoria das Inteligências Múltiplas: concebe a inteligência de forma modular, ou seja, o cérebro
está organizado em módulos diferenciados, cada um dos quais responsáveis por um tipo de inteligência.
Gardner propôs sete inteligências:
Linguística: habilidades verbais usadas na fala, na leitura, escrita e audição.
Lógico-Matemática: raciocínio lógico e resolução de problemas de tipo matemático.
Espacial: formar imagens espaciais (ler um mapa, encontrar o menor caminho entre dois locais, arrumar os
pratos na máquina, etc.)
Musical: criação de melodias e ritmos (tocar instrumentos e fazer apreciação musical)
Corporal e Quinestésica: expressa através da dança, ginástica e ilusionismo.
Intrapessoal: conhecer-se a si próprio, descobrir os pontos fracos e desenvolver o sentido de identidade.
Interpessoal: compreender os outros e saber interagir.
Esta teoria é consoladora e reconfortante para a maioria das pessoas que se consideram melhores numa área do
que noutra, mas há investigadores que julgam que Gardner foi longe demais ao incluir no conceito de inteligência
certo tipo de talentos ou aptidões.
Inteligência Emocional: conceito proposto por Salovey e Mayer (1990) foi desenvolvido por Goleman (1997). É
a habilidade para identificar e controlar os próprios sentimentos e emoções, usando a informação obtida para guiar
o pensamento e a acção. As habilidades envolvidas incluem a identificação e compreensão das emoções no próprio
e nos outros, a expressão e a regulação das emoções e o uso das expressões emocio- nais de forma adaptativa.
O Problema da Hereditariedade-Meio
A que se devem as diferenças de inteligência? A razões hereditárias ou genéticas ou devido à influência do
meio sociocultural?
Factores Genéticos: os gémeos são estudados nas investigações sobre a influência da hereditariedade nas
diferenças individuais de inteligência. A hipótese genética defende que quanto maior for a similaridade genética
entre duas crianças, maior será o coeficiente de correlação de QI.
Adopção de Crianças: diversos estudos (Fulker, Horn) apontam que as crianças adoptadas têm uma maior
similaridade em termos de QI com as mães biológicas.
Factores Ambientais e Socioculturais: há vários estudos que demonstram o importante papel destes facto-
res nas diferenças individuais de inteligência.
Interacção Hereditariedade-Meio: a hereditariedade e o meio contam no desenvolvimento intelectual
humano. O problema é conseguir determinar qual a estimativa aproximada da influência específica de cada uma
delas.
MOTIVAÇÃO (definição)
Segundo Nuttin a motivação é "uma força que age sobre um sujeito e o põe em movimento; uma energia
que ao libertar-se põe a máquina a funcionar". Nuttin considera ainda a motivação como uma tensão afecti- va,
todo o sentimento susceptível de desencadear e sustentar uma acção em direcção a um objectivo. A motivação
confere três características a todo o comportamento: força, direcção e persistência, consoante o valor atribuído ao
objectivo.
Conceitos Motivacionais:
Necessidade - estado interno do organismo que está privado ou carente de alguma coisa - biológica, psicoló-
gica ou social;
Impulso - tensão e urgência na realização de um comportamento, tornando-o mais energético. Impulsos
primários, derivam de estados fisiológicos. Impulsos secundários, resultam de aprendizagens. Os impulsos podem
ter várias funções: homeostática (tendência para reduzir fome, sede, etc.); aversiva (tendência para evitar a dor e
mal estar); exploratória (tensão para experimentar novos comportamentos ou avaliar novos estímulos no
ambiente); anticipatória (planear a satisfação de necessidades futuras; pausa (refere-se a situa- ções de lazer).
Incentivo - estímulo externo que atrae ou repele um comportamento. Incentivo primário (alimento); Incenti-
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Psicologia Geral
vo secundário (salário, prémios, posse de objectos).
Motivo - impulso para a acção substituindo progressivamente o conceito de impulso. Envolve uma compo-
nente psicológica acentuada e elementos emocionais (realização pessoal, auto-estima, afiliação)
Teorias Cognitivas
Bandura afirmou que o que leva uma pessoa a agir tem a sua raiz nas actividades cognitivas. A motivação é
um processo cognitivo e envolve a maior parte das vezes uma tomada de decisão consciente. As teorias cog- nitivas
defendem que as pessoas agem não por motivos externos ou condições ambientais (reforços e incen- tivos) ou até
mesmo fisiológicas (fome), mas antes em função das percepções e interpretações que dão aos acontecimentos,
assim como em função dos objectivos, planos e expectativas que formam. As pessoas são activas e curiosas,
buscam informação e procuram atingir nível de compreensão da realidade cada vez maio- res.
Teoria da Dissonância Cognitiva de Festinger: as pessoas sentem tensão e desconforto quando são induzi-
das a dizer ou a tomar uma posição contrária às crenças e valores em que acreditam (dissonância cognitiva). Esta
tensão motiva a pessoa a reinterpretar a situação e a minimizar as inconsistências a fim de restaurar um estado de
consistência cognitiva (p. 230). Resumidamente, a consciência de uma atitude contrária às nossas crenças leva-nos
a justificar essa atitude (o fumador conhece os malefícios do tabaco mas inventa desculpas para o seu vício). A
teoria sustenta que uma pessoa processa a informação de forma activa sempre que en- contra discordâncias ou
incongruências em termos de conhecimentos e saber, faz um esforço para mudar de opinião e atitude de forma a
conseguir um estado de coerência e consistência cognitiva.
Modelos de Atribuição Causal: descrições das justificações, desculpas e porquês que as pessoas dão para
explicar os sucessos e fracassos no comportamento do dia a dia.
O modelo do locus de controlo de Rotter, tenta situar a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso no interior
ou no exterior das pessoas. As pessoas com um locus de controlo interno assumem a responsabilidade pelo seu
comportamento e pelo seu destino. As pessoas com um locus de controlo externo acreditam que as for- ças que
determinam as suas vidas situam-se no exterior e fora do seu controlo, sendo a sorte ou a falta dela uma das causas
frequentemente referidas.
O modelo de Weiner diz que as causas dos sucessos ou fracassos podem ser caracterizados em função de três
dimensões: Locus (causa situa-se no exterior ou no interior da pessoa); Estabilidade (a causa é estável ou
instável); Responsabilidade (a causa está sob a responsabilidade da pessoa - esforço ou é incontrolável - saúde,
sorte, dificuldade da tarefa).
Weiner descreveu quatro atribuições (duas internas e duas externas) que as pessoas referem para justificar os
seus sucessos e insucessos numa tarefa.
- Habilidade (tiveram sucesso porque são espertos e habilidosos; falharam porque não o são); é uma
atribuição interna e estável.
- Esforço (tiveram sucesso porque se esforçaram e trabalharam muito; falharam porque não trabalha-
ram o suficiente); é uma atribuição interna e instável.
- Dificuldade (tiveram sucesso, porque a tarefa tinha uma dificuldade aceitável e razoável; falharam
porque a tarefa era muito difícil); é uma atribuição externa e estável.
- Sorte (tiveram sucesso ou fracasso por motivos de sorte ou por razões externas desconhecidas); atri-
buição externa e instável.
A dimensão de locus interno e externo estaria relacionada com sentimentos de auto-estima. Se o sucesso ou
fracasso fosse atribuído a factores internos, a pessoa sentiria orgulho e uma motivação crescente no caso de
sucesso; ou uma redução na auto-estima no caso de fracasso. A dimensão estabilidade está relacionada com
expectativas sobre o futuro. Se o sucesso ou fracasso fosse atribuído a factores estáveis como a dificuldade da
tarefa, no caso de sucesso criava-se a expectativa de o mesmo vir a acontecer no futuro com tarefas de dificuldade
semelhante ou maior. A dimensão de responsabilidade estaria relacionada com as emoções de orgulho e
reconhecimento ou de ira e vergonha. Se a pessoa é bem sucedida numa tarefa que sente como estando ao seu
alcance, a pessoa sentirá orgulho e satisfação; se falha sentirá vergonha. Ma se percebe que a tarefa está fora do seu
alcance, o sucesso será atribuído à sorte e o fracasso originará estados de ira contra o responsável pela tarefa.
A necessidade de ter uma imagem positiva de si próprias, leva as pessoas a atribuir os sucessos a factores
internos e os fracassos a factores externos.
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viorista reflecte-se na importância dada aos determinantes externos do comportamento e a influência cogni-
tiva ressalta o papel dos determinantes internos do comportamento.
Teoria da Expectativa x Valor (Atkinson): a Motivação é resultado da multiplicação da Probabilidade de
sucesso vezes o valor do Incentivo ao sucesso (M = Ps x Is). Uma das características desta teoria é o facto da
fórmula ser multiplicativa, o que implica que se um dos elementos for igual a zero, o resultado final será
também zero.
Teoria de Nuttin: sublinha a abordagem interaccionista da motivação humana, baseada nas interacções
dinâmicas e preferenciais que se estabelecem entre pessoa e meio (eu-mundo). Há interacções que são prefe- ridas
a outras e é no âmbito deste relacionamento e desta valorização selectiva que a personalidade humana se constitui
e desenvolve.
Modelo de Bandura: desenvolveu o conceito de auto-eficácia (crenças que uma pessoa tem sobre a sua
competência pessoal na realização de uma tarefa e no controlo de uma situação). As pessoas têm tendência a
trabalhar mais e a persistir durante mais tempo numa tarefa quando têm um sentimento elevado de auto- eficácia
(nada fará um futuro bem sucedido como um passado bem sucedido). Bandura fala ainda do estabe- lecimento
activo de objectivos; os objectivos estabelecidos determinam o critério para uma pessoa avaliar o seu próprio
desempenho.
EMOÇÃO
Comportamento observável através do rosto, voz, gestos e posição corporal. A emoção inclui uma compo-
nente de excitação fisiológica, ao nível do sistema nervoso autónomo (o medo, a alegria, a tristeza, são tra-
duzidos fisicamente de diferentes formas e acarretam diferentes reacções químicas). A emoção é também uma
interpretação cognitiva conjunta do estado fisiológico e da situação que desencadeou a reacção (o mes- mo estado
fisiológico pode ou não dar origem a uma emoção). A emoção é uma experiência subjectiva (uma situação
desencadeia diferentes emoções; as emoções podem ser agradáveis ou desagradáveis; podem ser mais ou menos
controladas, etc.
Funções da Emoção
Função Adaptativa: ajudam os organismos a enfrentar questões chave de sobrevivência postas pelo
ambiente. Darwin defendeu que a comunicação é o aspecto mais importante da emoção em termos de sobre-
vivência. Diz ele que as emoções são um sistema básico da espécie, gravado no sistema nervoso para efeitos de
comunicação, permitindo a adaptação a diferentes situações. Nos homens quando o papel adaptativo da emoção é
desempenhado satisfatoriamente a emoção torna-se num estado racional, porque está adaptada à percepção que a
pessoa faz da situação.
Função Motivacional: as emoções mobilizam a pessoa para responder a situações urgentes sem perda de
tempo ou a ponderar qual a melhor reacção ou resposta. A rapidez com que as emoções surgem e nos domi- nam, é
essencial para mobilizar o organismo para reagir.
Função Perturbadora: estados contínuos e frequentes de tristeza e depressão perturbam a acção, enviesam
a maneira de pensar e revelam-se desmobilizadores da acção.
Conceitos Emocionais
Desordem emocional: reacções emocionais não apropriadas a uma dada situação. Estados de ansiedade e
fobias são desordens emocionais.
Traço emocional: estado consistente e estável no comportamento da pessoa.
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Psicologia Geral
Outros conceitos como sentimento, afecto podem ser considerados sinónimos de emoção sendo que descri-
minam variações ao longo da escala de intensidade emocional. A emoção é mais breve e intensa do que o
sentimento, por exemplo.
Teorias da Emoção
Teoria de James-Lange: William James (EUA) e Lange (Dinamarca) propuseram uma teoria de emoções
bastante semelhante entre si e quase ao mesmo tempo. A descrição feita por James é a mais referida. Defen- de que
as emoções que sentimos são o resultado de informações que recebemos do nosso corpo quando rea- ge a estímulos
do meio ambiente. A emoção é a percepção da agitação e alterações fisiológicas desencadea- das por seres e
acontecimentos do nosso meio ambiente. A teoria de James diz que os estados mentais estão associados aos
processos fisiológicos. Por isso o controlo das emoções passa pelo controlo do físico. Esta tese foi muito
contestada porque contraria em muito aquilo que nos diz o senso comum. Por exemplo: nor- malmente uma
pessoa vê um cão, tem medo e depois foge. James diz que o que acontece é precisamente o oposto: a pessoa vê o
cão, foge e só depois é que tem medo. Ele diz ainda que é possível a pessoa rir para ficar feliz; chorar para ficar
triste, etc.
Teoria de Cannon-Bard: recusaram a ênfase posta na percepção da actividade fisiológica, afirmando que as
mesmas alterações viscerais ocorrem em estados emocionais diferentes - as pessoas choram de alegria e de tristeza
- ou até mesmo em estados não emocionais como febre ou hipoglicemia. Esta teoria defendeu que os estímulos
externos activam a região do tálamo, que por sua vez envia dois tipos de sinais em simultâneo (um sinal neuronal
para o córtex que leva a pessoa a sentir a emoção e outro sinal para sistema nervo autónomo e músculos que
desencadeiam as mudanças fisiológicas e corporais associadas à emoção). Cannon-Bard con- sideraram a região
do tálamo como o centro da emoção. A teoria de Cannon-Bard justifica a versão do senso comum sobre o
aparecimento da emoção: a pessoa vê o cão, depois sente medo e em seguida foge.
Teoria de Schachter e Singer: as emoções resultam do modo como avaliamos e interpretamos os nossos
estados de excitação. Os factores determinantes dessa avaliação são, por um lado, a excitação fisiológica e
visceral e por outro, a avaliação cognitiva efectuada. No entanto, esta teoria privilegia a fase de avaliação
cognitiva, afirmando que um único estado de excitação fisiológica pode produzir emoções diferentes depen- dendo
do modo como o indivíduo interpreta e avalia a situação.
Teoria Cognitiva de Lazarus: enquanto a anterior ressaltava a interdependência dos factores fisiológicos e
da avaliação cognitiva, a teoria de Lazarus defende que as emoções são o resultado directo da nossa avalia- ção da
situação, não da excitação. Ressaltar demasiado os elementos fisiológicos poderia ser considerado uma forma de
reducionismo da experiência humana ao comportamento animal, prejudicando a compreensão do processo
emocional. Lazarus não rejeita os elementos fisiológicos associados à emoção, nem os factores culturais que
considera indispensáveis na forma como a emoção é expressa, no entanto, refere que há uma pessoa com um
desenvolvimento e uma memória que, na sua relação com as pessoas e o ambiente avalia cada situação em termos
de relevância pessoal e significado, tentando ajustar-se da forma considerada mais favorável. A avaliação
cognitiva e a adaptação (ou ajustamento) são os dois conceitos centrais da teoria emocional de Lazarus. Os pontos
principais da teoria são os seguintes: 1. para que uma emoção se verifique é necessário um processamento
cognitivo prévio do estímulo ou da situação. A situação é avaliada. 2. Uma situação considerada ameaçadora
desencadeia uma resposta de ataque, fuga ou fixidez de movimentos jun- tamente com respostas de ordem
fisiológica. A emoção incluiria assim uma tendência inata para a acção, sempre que fosse percebida alguma
ameaça ou benefício pessoal. 3. Quando uma resposta directa não pode ser dada, a pessoa desenvolve estratégias
de adaptação à nova situação, tentando ajustar-se.
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Psicologia Geral
Emoção e Cognição
A emoção é um tipo de cognição ou um sistema independente? Se os sistemas são independentes a questão
que se coloca a seguir é saber qual dos sistemas é que responde em primeiro lugar a um estímulo. Os inves-
tigadores ligados à psicologia cognitiva apoiam a perspectiva de que os estados emocionais são secundários em
relação à actividade cognitiva. Os psicólogos sociais e clínicos e especialmente os que estão voltados para a
terapia e as interacções humanas, acreditam que as reacções emocionais são primárias e que precedem ou pelo
menos acompanham o processamento cognitivo.
Emoção e Terapia
A controvérsia sobre emoção-cognição não é meramente teórica, mas tem implicações práticas a nível do
controlo do comportamento numa situação terapêutica. Na terapia cognitiva o terapeuta tenta modificar as
respostas emocionais alterando o modo como uma pessoa processa a informação em termos cognitivos, isto é,
tenta ajudar as pessoas a mudar o modo de pensar a respeito de si próprias. A terapia cognitiva tenta ainda sugerir
hipóteses alternativas prováveis para a origem das desordens comportamentais de forma a desfocar a causa
obcessiva da desordem comportamental e sugerir cursos de acção mais consequentes.
Os psicólogos que dão primazia às emoções sobre a cognição, defendem que as reacções emocionais são
respostas condicionadas, cuja aquisição foi efectuada independentemente da influência cognitiva. Para serem
modificadas estas respostas precisam primeiro de ser extintas no âmbito do condicionamento.
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Psicologia Geral
humor e emoção por um lado, e os processos cognitivos de aprendizagem, memória e pensamento por outro,
não parecem oferecer grandes dúvidas à partida. Os investigadores defenderam e provaram que o estado
emocional tem de facto um efeito significativo na aprendizagem, memória e pensamento. Pessoas com desordens
emocionais revelam enviesamentos cognitivos ao nível da atenção, aprendizagem, memória e pensamento para a
informação que é consistente com o seu estado emocional e estes enviesamentos cogniti- vos vão exarcerbar as
desordens emocionais. Deficiências cognitivas ao nível da aprendizagem podem pro- duzir emoções negativas e
as emoções negativas podem prejudicar a aprendizagem. Em contraste, emoções positivas podem contribuir para
uma aprendizagem bem sucedida.
PERSONALIDADE
A personalidade refere-se ao padrão de comportamentos, modos de pensar e de sentir que permite distinguir
uma pessoa de outra e que apresenta uma certa estabilidade ao longo do tempo. As teorias da personalidade
tentam explicar porque é que uma pessoa é única, porque é diferente, de que modo é semelhante a outras, em que
circunstâncias o comportamento é ou não estável.
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Erikson (Teoria do
Fases Características
Desenv. Dialéctico)
Confiança versus Boca como meio relacional
1ª. Infância (0-2 anos)
desconfiança básica Desenvolvi/ psicomotor
Autonomia versus dúvida Especialização cerebral
2ª. Infância (2-4 anos)
ou vergonha Controlo esfincteriano
Descoberta do corpo
Idade do Jogo (4-7 anos) Iniciativa versus culpa O Insight (compreensão)
Édipo e Electra
Operacionalidade versus Tomada fôlego emocional
Idade da Escola (7-12)
inferioridade Treino aprendiz. Anteriores
Identidade versus Mudança diversificada (física, emocional, social)
Adolescência (12-20)
autodifusão Ritmo (como a música pop)
Mudança de estado
Idade Jovem Adulto (20-30/35 anos) Intimidade/distanciamento Entrada na vida activa
versus isolamento Integração cognitiva e emocional
Adaptação criativa ou instalação
Geratividade versus
Idade Adulta (30/35-60/65 anos) estagnação Menopausa e andropausa
Integridade versus Decadência física
Idade Madura (60/65 ...) desespero "Valeu a pena" ou "Quero desaparecer"
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cia nunca se provou).
Kretschemer propôs na déc. de 20 três tipos básicos de personalidade relacionando diferentes tipos corporais
com a propensão para o surgimento de doenças psiquiátricas: o Pícnico era fisicamente atarracado, baixo, forte e
propenso à doença maníaco-depressiva; o Asténico era magro, esguio e propenso à esquizofrenia; o Atlético era
muscular e propenso à saúde mental. Kretschemer baseou esta classificação em observações de doentes
psiquiátricos, mas não referiu provas para apoiar a teoria.
Sheldon propôs em 1940 uma teoria da personalidade baseada em atributos físicos e atributos temperamen-
tais. Os atributos físicos ou morfológicos definiam três tipos: o Endomorfo era gordo com músculos e ossos pouco
desenvolvidos; o Mesomorfo era forte com músculos e ossos bem desenvolvidos; o Ectomorfo era magro com
músculos e ossos medianamente desenvolvidos. Por sua vez, os atributos temperamentais des- creviam três tipos:
o Visceral era sociável e amoroso; o Somático era vigoroso e empreendedor; o Cerebral era consciencioso e
contido. Sheldon tentou estabelecer correlações entre os três tipos corporais e os três tipos de temperamento mas
não foi muito bem sucedido.
Teorias dos Traços de Personalidade: têm por objectivo determinar o perfil ou a matriz dos traços caracte-
rísticos de uma pessoa, o que a diferencia de outra e o que a torna única. Inicialmente estas teorias eram
constituídas por listas de adjectivos e pouco mais, sendo a personalidade definida pela sua enumeração e
frequência. Um dos primeiros proponentes da teoria dos traços foi Gordon Allport que consideou o traço como a
unidade básica da personalidade. Para Allport, um traço era uma disposição geral da personalidade que contribuía
para as regularidades do comportamento da pessoa em diferentes alturas e situações.
Modelo de Hans Eysenck: defendeu que a personalidade era basicamente constituída por dois grandes tipos
ou dimensões: a extroversão-introversão e o neuroticismo-estabilidade. Classificou o comportamento usando os
conceitos de traço e de tipo. Um traço refere-se às consistências de comportamento. Um tipo ou dimensão inclui
um grupo de traços que apresentavam uma correlação mútua significativa. Assim, por exemplo, um introvertido
era um tipo ou dimensão de personalidade que revelava os seguintes traços específicos: reserva- do, persistente e
rígido. Eysenck considerou posteriormente uma terceira dimensão, o psicoticismo, um tipo de personalidade que
caracterizaria aquelas pessoas com um carácter hostil, mais solitário e insensíveis aos sentimentos dos outros.
Eysenck propôs um modelo hierárquico da personalidade baseado em cada uma destas três dimensões. No topo da
hierarquia estaria o tipo de personalidade, mais abaixo estaria o traço de sociabilidade ou tomada de riscos, mais
abaixo ainda estaria o nível das respostas habituais dadas numa situ- ação e finalmente na base as respostas
específicas. Eysenck e Eysenck construíram um instrumento de avaliação das três dimensões da personalidade,
designado actualmente por "Questionário de Personalidade de Eysenck - Revisto" (EPQ-R).
Modelo de Cattell: Cattell realizou vários estudos com o objectivo de estabelecer uma teoria geral dos traços
da personalidade humana, incluindo aspectos não considerados por outros investigadores, como a motivação, a
emoção, o afecto e a aprendizagem. Procurou analisar o comportamento humano de acordo com várias medidas a
fim de determinar de forma sistemática a estrutura da personalidade, recorrendo para o efeito a três tipos de
dados: (1) a observação sistemática durante vários meses de um grupo de pessoas; (2) a passa- gem de
questionários de auto-avaliação; (3) a obtenção de dados em testes objectivos, especialmente planea- dos para
medir a personalidade, como a resposta dermal e cuja finalidade era ocultada aos sujeitos. No âmbi- to dos estudos
de personalidade, Cattell elaborou o questionário "16PF" (16 factores da personalidade) capaz de medir 16 factores
primários que constituiriam a estrutura básica da personalidade humana. Cattell consi- derou que os traços
profundos que constituíam a personalidade estavam presentes em cada pessoa em graus diferentes. O objectivo
seria determinar a matriz de traços individuais de forma a conseguir-se formular pre- visões sobre o comportamento
de cada pessoa.
Modelo dos Cinco Grandes Factores: é uma alternativa aos dois anteriores e foi desenvolvido no início da
década de 60 por Tupes e Christal, Norman e Borgatta. Este modelo defende que a estrutura básica da perso-
nalidade de uma pessoa seria caracterizada por cinco grandes factores: Extroversão vs Introversão (E) - grau de
interacção social, nível de actividade e estimulação; Amabilidade (A) - orientação interpessoal ao longo de um
contínuo que vai da compaixão ao antagonismo expresso; Consciencioso (C) - identifica pessoas organizadas,
persistentes, com uma motivação dirigida para objectivos; Neuroticismo vs Estabilidade Emo- cional (N) - avalia
os indivíduos ansiosos e instáveis, propensos a pensamentos irrealistas e dificuldades de ajustamento;
Cultura/Abertura à Experiência (O) - pessoas tolerantes, abertas à exploração do desconhecido e da experiência em
si.
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