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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO NORTE DE MINAS
GERAIS/CAMPUS MONTES CLAROS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA -
MESTRADO PROFISSIONAL

JUSSARA CRUZ NASCIMENTO

TECNOLOGIA DIGITAL E APRENDIZAGEM: USO DE APLICATIVO NA


APRENDIZAGEM DE DESENHO TÉCNICO DO CURSO TÉCNICO EM
EDIFICAÇÕES

MONTES CLAROS/MG
2021
JUSSARA CRUZ NASCIMENTO

TECNOLOGIA DIGITAL E APRENDIZAGEM: USO DE APLICATIVO NA


APRENDIZAGEM DE DESENHO TÉCNICO DO CURSO TÉCNICO EM
EDIFICAÇÕES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Educação Profissional e
Tecnológica (PROFEPT), do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minais
Gerais – Campus Montes Claros, como requisito
parcial para a obtenção do título de Mestre em
Educação Profissional e Tecnológica.

Linha de pesquisa: Práticas Educativas em


Educação Profissional e Tecnológica.

Orientador: Prof. Dr. Admilson Eustáquio Prates.

Coorientadora: Profa. Dra. Rosiney Rocha Almeida.

MONTES CLAROS/MG
2021
Nascimento, Jussara Cruz.
Tecnologia digital e aprendizagem : uso de aplicativo na
aprendizagem de desenho técnico do curso Técnico em
Edificações / Jussara Cruz Nascimento ; orientador, Admilson
Eustáquio Prates ; coorientadora, Rosiney Rocha Almeida, 2021.
126p.

Dissertação (mestrado profissional) – Instituto Federal de


Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais,
Campus Montes Claros, Programa de Pós-Graduação em
Educação Profissional e Tecnológica, Montes Claros, 2021.

Inclui referências.

1. Tecnologia digital. 2. Educação Profissional e Tecnológica. 3.


Desenho Técnico. 4. Aprendizagem. I. Prates, Admilson
Eustáquio. II. Almeida, Rosiney Rocha. III. Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais. II.
IFNMG. III. Programa de Pós-Graduação em Educação
Profissional e Tecnológica. IV. Título.

Ficha catalográfica: Carlos Alexandre de Oliveira CRB: 2762


Núcleo de Biblioteca – IFNMG Campus Montes Claros
JUSSARA CRUZ NASCIMENTO

TECNOLOGIA DIGITAL E APRENDIZAGEM: USO DE APLICATIVO NA


APRENDIZAGEM DE DESENHO TÉCNICO DO CURSO TÉCNICO EM
EDIFICAÇÕES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação


em Educação Profissional e Tecnológica, do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de
Minais Gerais – Campus Montes Claros, como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre em Educação
Profissional e Tecnológica.

Aprovada em 21 de Maio de 2021.

COMISSÃO EXAMINADORA:

__________________________
Prof. Dr. Admilson Eustáquio Prates
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais -
IFNMG
Orientador

__________________________
Profa. Dra. Rosiney Rocha Almeida
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais -
IFNMG
Coorientadora

___________________________
Profa. Dra. Michele Waltz Comarú
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – IFRJ
Programa de Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde do Instituto
Oswaldo Cruz – PGEBS/IOC/Fiocruz
_________________________
Prof. Dr. Leonardo Augusto Couto Finelli
Faculdades Unidas do Norte de Minas – FUNORTE

__________________________
Prof. Dr. Ronaldo Medeiros dos Santos
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais -
IFNMG
JUSSARA CRUZ NASCIMENTO

APLICATIVO “EDIFICA”

Produto Educacional apresentado ao Programa de Pós-


graduação em Educação Profissional e Tecnológica, do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Norte de Minais Gerais– Campus Montes Claros, como
requisito parcial para obtenção do título de Mestre em
Educação Profissional e Tecnológica.

Validado em 21 de Maio de 2021.

COMISSÃO EXAMINADORA:

__________________________
Prof. Dr. Admilson Eustáquio Prates
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais -
IFNMG
Orientador

__________________________
Profa. Dra. Rosiney Rocha Almeida
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais -
IFNMG
Coorientadora

___________________________
Profa. Dra. Michele Waltz Comarú
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – IFRJ
Programa de Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde do Instituto
Oswaldo Cruz – PGEBS/IOC/Fiocruz
_________________________
Prof. Dr. Leonardo Augusto Couto Finelli
Faculdades Unidas do Norte de Minas – FUNORTE

__________________________
Prof. Dr. Ronaldo Medeiros dos Santos
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais -
IFNMG
Dedico este trabalho ao meu pai (in memoriam), que durante o decurso
deste mestrado, partiu para morar junto ao Pai Celestial, mas continua sendo minha
maior força na vida. Sua lembrança me inspira e me faz persistir.
AGRADECIMENTOS

A Deus, pela dádiva da vida, e por permitir mais essa realização em minha vida,
agraciando-me com perseverança e saúde para chegar até o final.
À minha família, que é fonte de amor e proteção. Aos meus pais, Mizael (in
memoriam) e Nice, aos meus irmãos, à minha sobrinha, às minhas cunhadas e a todos
que foram importantes e solidários na minha caminhada.
Aos meus amigos Lara, Karla, Keyla, Tati, Amanda e Felipe, pelo apoio e pelo
incentivo incondicionais. À amiga Luana Matos, que sempre vem me apoiando e por
prontificar-se para realizar a revisão linguística da minha dissertação.
Ao professor Me. Felipe Augusto Oliveira Mota, à estudante Jeanne Rocha e
ao grupo de pesquisa “E2C do IFNMG”, estendo meus agradecimentos especiais pela
colaboração incondicionada para o desenvolvimento do aplicativo.
Ao IFNMG, campus Januária, meu local de trabalho, por viabilizar a unidade
como lócus de pesquisa, e à coordenação do curso Técnico em Edificações, na
pessoa da professora Karla Ulisses Lima, por oportunizar a realização da pesquisa.
Aos estudantes do curso Técnico em Edificações, turma 2019/1, participantes
da pesquisa, que de forma espontânea, contribuíram para a realização deste estudo.
Aos avaliadores, professor Dr. Bergston Luan Santos, professora Dra. Selma
Alves Abrahão e pedagogo Silas Oliveira de Souza, pelas contribuições valorosas
para o aperfeiçoamento do produto educacional.
Aos membros da banca avaliadora, Profa. Dra. Michele Waltz Comarú, Prof.
Dr. Leonardo Augusto Couto Finelli e Prof. Dr. Ronaldo Medeiros dos Santos, pelo
aceite em contribuir com esta pesquisa.
A todos docentes e colegas do ProfEPT, por me possibilitarem construir
conhecimento, contribuindo assim para o meu processo formativo. Agradeço em
especial à Profa. Suzana, pelas contribuições na minha pesquisa na qualificação.
À minha coorientadora, Prof. Dra. Rosiney Rocha Almeida, pessoa querida e
delicada, sempre disponível para me ajudar.
E, por fim, mas não menos importante, e sim, essencial, deixo um
agradecimento especial ao meu orientador, Prof. Dr. Admilson Eustáquio Prates, pelo
incentivo, por sua honrosa contribuição e pela dedicação do seu escasso tempo ao
meu projeto de pesquisa.
“Você, eu, um sem-número de educadores
sabemos todos que a educação não é a chave
das transformações do mundo, mas sabemos
também que as mudanças do mundo são um
que fazer educativo em si mesmas. Sabemos
que a educação não pode tudo, mas pode
alguma coisa. Sua força reside exatamente na
sua fraqueza. Cabe a nós pôr sua força a serviço
de nossos sonhos”.

(FREIRE, 1996, p. 19)


RESUMO

O avanço das tecnologias vem provocando várias mudanças no mundo do trabalho e,


consequentemente, na formação dos estudantes. Dessa forma, a partir das
potencialidades propiciadas pelas tecnologias digitais, surgiu a ideia de utilizar esse
recurso na aprendizagem de conteúdos da disciplina Desenho Técnico. A motivação
para realização deste estudo partiu de um problema real identificado durante a prática
pedagógica da pesquisadora, ao lecionar a disciplina de Desenho Técnico, na qual
puderam ser percebidas as dificuldades na compreensão sobre visão espacial e a
falta de interesse apresentadas pelos estudantes ao estudarem essa disciplina. Nesse
sentido, esta pesquisa buscou responder à seguinte questão: Quais as possíveis
contribuições da tecnologia digital, como instrumento mediador no processo de
aprendizagem de conteúdos para a disciplina de Desenho Técnico na concepção dos
estudantes? Dessa forma, esta pesquisa tem por objetivo principal avaliar essas
possíveis contribuições do uso da tecnologia digital, por meio do aplicativo Edifica, no
processo de aprendizagem dos conteúdos propostos na disciplina de Desenho
Técnico, do Curso Técnico em Edificações, do IFNMG, campus Januária. A pesquisa
tem abordagem qualitativa, constituindo-se em uma pesquisa de campo, a qual
utilizou questionários semiestruturados, como técnicas e instrumentos para a coleta
de dados, a partir de um estudo realizado com os estudantes da turma 2019/1, do 3º
módulo do referido curso. Para o referencial bibliográfico, fez-se uma explanação
sobre os conceitos de técnica e de tecnologia e suas implicações no mundo do
trabalho, tendo como principais autores, Pinto (2005) e Ramos (2008, 2010 e 2017).
Também foi abordada a aprendizagem mediada pela tecnologia digital na autonomia
do estudante, apoiando-se, principalmente, nos teóricos, Vygotsky (1991) e Freire
(1996), e na autora Sonego (2019). Além disso, explanou-se sobre a utilização de
aplicativos como recursos pedagógicos, fundamentando-se em Krimberg et al. (2017).
E, por fim, foi apresentada uma breve reflexão e conceitos pertinentes ao estudo de
Desenho Técnico, a partir das reflexões de Marques e Chisté (2016). Para a análise
qualitativa das respostas dos questionários, empregou-se o método da análise de
conteúdo. Com base nos resultados da fase exploratória desta pesquisa, o produto
educacional desenvolvido resultou em um aplicativo em formato digital o qual objetiva
auxiliar a aprendizagem dos conhecimentos da disciplina. Tal produto foi avaliado
pelos estudantes participantes e por uma equipe técnica. Entretanto, devido à
pandemia ocasionada pela Covid-19, que culminou no isolamento físico, a
disponibilização e a aplicação do aplicativo aconteceram por meio de um correio
eletrônico, o e-mail, e um aplicativo de mensagens, o Whatsapp. Como resultado,
observou-se que a utilização das tecnologias digitais na prática pedagógica pode
contribuir para a mediação do processo de aprendizagem dos estudantes, trazendo
uma alternativa para tornar as atividades educativas significativas e contextualizadas,
estimulando a participação ativa dos estudantes, por meio dos recursos
disponibilizados pelos dispositivos móveis. Ao final da pesquisa, conclui-se que,
devido à possibilidade de dinamizar o processo de aprendizagem, tornam-se
necessários estudos no sentido de inserir essas tecnologias na educação, sobretudo
na Educação Profissional e Tecnológica (EPT).

Palavras-Chave: Tecnologia digital. Educação Profissional e Tecnológica. Desenho


Técnico. Aprendizagem. Aplicativo.
ABSTRACT

The advancement of technologies has been causing several changes in the world of
work and, consequently, in the training of students. Thus, from the potentialities
provided by digital technologies, arose the idea of using this resource to learn the
contents of the subject Technical Drawing. The motivation for carrying out this study
came from a real problem identified during the researcher's pedagogical practice, when
teaching the subject of Technical Drawing, in which could be perceived the difficulties
in understanding about spatial vision and the lack of interest presented by students
when studying this subject. In this sense, this research sought to answer the following
question: What are the possible contributions of digital technology, as a mediating tool
in the process of learning content for the subject of Technical Drawing in the students'
conception? Thus, this research has as main objective to evaluate these possible
contributions of the use of digital technology, through the application Edifica, in the
process of learning the contents proposed in the discipline of Technical Drawing, of the
Technical Course in Buildings, of IFNMG, campus Januária. The research has a
qualitative approach, constituting a field research, which used semi-structured
questionnaires, as techniques and instruments for data collection, from a study carried
out with the students of the class 2019/1, of the 3rd module of the referred course. For
the bibliographic referential, it was made an explanation about the concepts of
technique and technology and their implications in the world of work, having as main
authors, Pinto (2005) and Ramos (2008, 2010 and 2017). It was also addressed
learning mediated by digital technology in student autonomy, based mainly on
theorists, Vygotsky (1991) and Freire (1996) and on author Sonego (2019). In addition,
it was explained about the use of applications as pedagogical resources, based on
Krimberg et al. (2017). And, finally, it was presented a brief reflection and concepts
related to the study of Technical Drawing, based on the reflections of Marques and
Chisté (2016). For the qualitative analysis of the responses to the questionnaires, the
content analysis method was used. Based on the results of the exploratory phase of
this research, the educational product developed resulted in an application in digital
format, which aims to assist in learning the knowledge of the subject. Such product
was evaluated by the participating students and by a technical team. However, due to
the pandemic caused by Covid-19 that culminated in physical isolation, its availability
and application, took place through an electronic mail, e-mail and, and a messaging
application, Whatsapp. As a result, it was observed that the use of digital technologies
in pedagogical practice can contribute to the mediation of the students' learning
process, bringing an alternative to make educational activities meaningful and
contextualized, stimulating the active participation of students through the resources
available by mobile devices. At the end of the research, it is concluded that, due to the
possibility of making the learning process more dynamic, studies are necessary in
order to insert these technologies in education, especially in Professional and
Technological Education (EPT).

Keywords: Digital technology. Professional and Technological Education. Technical


drawing. Learning. Application.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – REPRESENTAÇÃO METODOLÓGICA ................................................ 55


FIGURA 2 - FASES DA ANÁLISE DE CONTEÚDO NA PESQUISA .......................... 62
FIGURA 3 - NUVEM DE PALAVRAS DAS RESPOSTAS ABERTAS DOS
ESTUDANTES PARTICIPANTES ............................................................................. 70
FIGURA 4 - TELA INICIAL DO EDIFICA .................................................................... 82
LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - FAIXA ETÁRIA DOS ESTUDANTES PARTICIPANTES ...................... 65


GRÁFICO 2 - DIFICULDADES NOS CONTEÚDOS DE DESENHO TÉCNICO ......... 68
GRÁFICO 3 - MOTIVOS PARA A CONCORDÂNCIA DAS RESPOSTAS DADAS
PELOS ESTUDANTES PARTICIPANTES ................................................................ 73
GRÁFICO 4 - RAZÕES QUE O USO DE UM APP PODE COLABORAR NA
COMPREENSÃO DE DESENHO TÉCNICO ............................................................. 76
GRÁFICO 5 - PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DO USO DO APLICATIVO EDIFICA
PARA A APRENDIZAGEM DE DESENHO TÉCNICO ............................................. 100
LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - DEFINIÇÃO DAS CATEGORIAS TEMÁTICAS E DA FREQUÊNCIA


QUANTITATIVA ........................................................................................................ 71
QUADRO 2 - RESPOSTAS DA EQUIPE TÉCNICA QUANTO AOS ASPECTOS
PEDAGÓGICOS ....................................................................................................... 89
QUADRO 3 - RESPOSTAS DO GRUPO DE ESTUDANTES QUANTO AOS
ASPECTOS PEDAGÓGICOS ................................................................................... 89
QUADRO 4 - RESPOSTAS DOS PARTICIPANTES AVALIADORES PARA
APERFEIÇOAMENTO DO APLICATIVO EM RELAÇÃO AO ASPECTO
PEDAGÓGICO .......................................................................................................... 90
QUADRO 5 - SUGESTÕES DOS ESTUDANTES PARTICIPANTES AVALIADORES
PARA MELHORIA NO APLICATIVO ......................................................................... 91
QUADRO 6 - RESPOSTAS DA EQUIPE TÉCNICA QUANTO AOS ASPECTOS
TÉCNICOS ................................................................................................................ 92
QUADRO 7 - RESPOSTAS DO GRUPO DE ESTUDANTES QUANTO AOS
ASPECTOS TÉCNICOS ........................................................................................... 92
QUADRO 8 - RESPOSTAS DOS PARTICIPANTES AVALIADORES PARA
APERFEIÇOAMENTO DO APLICATIVO EM RELAÇÃO AO ASPECTO TÉCNICO .. 93
QUADRO 9 - RESPOSTAS DA EQUIPE TÉCNICA QUANTO AOS ASPECTOS
INTERATIVOS .......................................................................................................... 94
QUADRO 10 - RESPOSTAS DO GRUPO DE ESTUDANTES QUANTO AOS
ASPECTOS INTERATIVOS ...................................................................................... 94
QUADRO 11 - RESPOSTAS DOS PARTICIPANTES AVALIADORES PARA
APERFEIÇOAMENTO DO APLICATIVO EM RELAÇÃO AO ASPECTO INTERATIVO
.................................................................................................................................. 95
QUADRO 12 - RESPOSTAS DA EQUIPE TÉCNICA QUANTO AOS ASPECTOS
TÉCNICOS ................................................................................................................ 97
QUADRO 13 - RESPOSTAS DO GRUPO DE ESTUDANTES QUANTO AOS
ASPECTOS TÉCNICOS ........................................................................................... 97
QUADRO 14 - CATEGORIA TEMÁTICA AVALIADA ................................................. 98
QUADRO 15 - CONSIDERAÇÕES DOS PARTICIPANTES AVALIADORES EM
RELAÇÃO AO APLICATIVO ................................................................................... 100
QUADRO 16 - MATRIZ CURRICULAR DO CURSO ................................................ 124
QUADRO 17 - EMENTA DO CURSO ...................................................................... 125
LISTA DE ABREVIATURAS OU SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas


APP - Aplicativo
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CEP - Comitê de Ética em Pesquisa
EPT - Educação Profissional e Tecnológica
EPTNM - Educação Profissional e Tecnológica de Nível Médio
E2C - Engenharia, Eletrônica e Computação
IFNMG - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas
Gerais
INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
ISO - International Organization for Standardization
M-LEARNING – Aprendizagem Móvel
NBR - Norma Brasileira Regulamentadora
OMS - Organização Mundial de Saúde
PDA - Personal Digital Assistants
PROFEPT - Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica
TDIC - Tecnologia Digital da Informação e Comunicação
TIC - Tecnologia da Informação e Comunicação
ZDP - Zona de Desenvolvimento Proximal
3G – Terceira Geração
4G – Quarta Geração
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 21
1.1 TEMA DO TRABALHO E SUA CONTEXTUALIZAÇÃO DENTRO DA
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA .................................................... 24
1.2 PROBLEMA INVESTIGADO E HIPÓTESE......................................................... 30
1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................ 30
1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................... 30
1.3.2 Objetivos específicos........................................................................................ 30
1.4 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 31
2 PERCURSO TEÓRICO-METODOLÓGICO ........................................................... 34
2.1 FUNDAMENTAÇÃO EPISTEMOLÓGICA ........................................................... 34
2.1.1 Conceito de técnica e de tecnologia e suas implicações no mundo do
trabalho... .................................................................................................................. 34
2.1.2 A aprendizagem mediada pela tecnologia digital para a autonomia do
estudante................................................................................................................... 42
2.1.3 Aplicativos na educação ................................................................................... 49
2.1.4 Breve reflexão e conceitos pertinentes no estudo da disciplina de Desenho
Técnico. ..................................................................................................................... 53
2.2 FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA.............................................................. 55
2.2.1 Contexto de estudo .......................................................................................... 55
2.2.1.1 O curso Técnico de Edificações do IFNMG campus Januária ...................... 56
2.2.2 Tipo de Pesquisa .............................................................................................. 57
2.2.3 Amostra ............................................................................................................ 58
2.2.4 Procedimentos Técnicos .................................................................................. 59
2.2.4.1 Coleta de dados ............................................................................................ 59
2.2.5 Análise de dados .............................................................................................. 61
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 64
3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ESTUDANTES PARTICIPANTES DA PESQUISA ... 64
3.2 CONTEÚDOS EM DESENHO TÉCNICO: DIFICULDADE DE
APRENDIZAGEM... ................................................................................................... 66
3.3 CONCEPÇÕES DOS ESTUDANTES ACERCA DO USO DE APLICATIVOS NA
APRENDIZAGEM...................................................................................................... 69
4 PRODUTO EDUCACIONAL .................................................................................. 79
4.1 DESCRIÇÃO E OBJETIVOS DO APLICATIVO EDUCACIONAL EDIFICA ........ 79
4.2 ESTRUTURA DO APLICATIVO EDUCACIONAL EDIFICA ................................ 81
4.3 APLICAÇÃO DO APLICATIVO EDUCACIONAL EDIFICA.................................. 86
4.4 AVALIAÇÃO DO APLICATIVO EDUCACIONAL EDIFICA .................................. 88
4.4 VALIDAÇÃO DO PRODUTO EDUCACIONAL .................................................. 102
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 103
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 107
APÊNDICE A – PRODUTO EDUCACIONAL ......................................................... 113
APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO SOBRE A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES
QUANTO AO USO DE APLICATIVOS NA APRENDIZAGEM............................... 114
APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO AVALIATIVO DO PRODUTO EDUCACIONAL.116
APÊNDICE D - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .......... 118
APÊNDICE E - TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............. 121
ANEXO A - MATRIZ CURRICULAR DO CURSO TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES . 124
ANEXO B - EMENTA DO CURSO TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES......................... 125
21

1 INTRODUÇÃO

A formação do ser humano é adquirida por meio das relações concretas que
foram construídas ao longo da história, mediatizadas pelas relações sociais do
indivíduo com o meio social e pela própria ação do ser humano em transformar a
natureza, de acordo com as suas necessidades. Nas palavras de Vieira Pinto (2005),

[é] a sociedade que, graças à cultura acumulada, inventa, na pessoa de seus


sábios, as técnicas possíveis a cada momento e as aplica. Constitui-se,
portanto em receptáculo da tecnologia, nunca desligada deste fundamento,
sem o qual não existiria (VIEIRA PINTO, 2005, p. 285).

Percebe-se que a tecnologia sempre acompanhou o desenvolvimento humano,


como ferramenta que amplia a ação do ser humano no mundo. Assim, ao passo que
o auxilia na adaptação com meio e na criação de produtos, contribui para o seu
desenvolvimento cognitivo.
Dessa forma, o sentido da tecnologia é considerado como relação entre
trabalho humano, ciência e técnica para produzir artefatos e transformar a natureza e
a sociedade, em conformidade com Vieira Pinto, em ‘O conceito de Tecnologia’
(2005). Consequentemente, essa reflexão leva a constatar que a tecnologia é um
processo eminentemente humano e, por esse motivo, aliada à importância mediadora
das ferramentas e dos instrumentos no contexto da relação entre o sujeito e o objeto
do conhecimento destacada por Vygotsky (1991), pressupõe-se que a utilização das
potencialidades dos recursos das tecnologias digitais, por meio de dispositivos móveis
em ambientes educativos, possa possibilitar a formação de uma consciência crítica e
autônoma dos estudantes, quando selecionadas para uso consciente e planejado em
práticas pedagógicas para a aprendizagem.
Atualmente, a designação de tecnologias digitais compreende os dispositivos
móveis1 como smartphones, tablets, que potencializam a comunicação entre pessoas

1Nesta
pesquisa, o conceito de dispositivo móvel corresponde às tecnologias digitais que permitem o
compartilhamento de informação, a mobilidade e o acesso à internet sem fio,
como tablet, smartphone, conforme adotado por Sonego (2019).
22

em diferentes espaços através de rede móvel, podendo ser wifi2, 3G ou 4G3


(SONEGO, 2019). Isso porque “o que diferencia esses equipamentos de outros é a
capacidade que oferecem quanto à mobilidade, flexibilidade e tamanho, facilitando
deslocamentos e proporcionando autonomia para usuários” (KRIMBERG, et al., 2017,
p. 145). Essas tecnologias digitais favorecem aos seus usuários novas formas de
interagir, de acessar informações e de compartilhar conhecimentos em diferentes
espaços e tempos.
Nessa perspectiva, a premissa que orientou a motivação para realização deste
estudo articula-se com a atividade profissional da pesquisadora. Durante o seu
exercício lecionando disciplinas de desenho no Curso Técnico em Edificações do
IFNMG, no campus Januária, puderam ser percebidas as dificuldades na
compreensão sobre visão espacial e a falta de interesse apresentadas pelos
estudantes ao estudarem a disciplina de Desenho Técnico.
A disciplina de Desenho Técnico constitui-se como meio exato e inequívoco
para comunicar a forma dos objetos, sendo de fundamental importância para a
formação dos acadêmicos dos cursos que ofertam a disciplina. As principais
dificuldades experimentadas pelos discentes nessa área estão relacionadas com o
raciocínio espacial, ou seja, em visualizar e representar o objeto tridimensional em
bidimensional e vice-versa.
Nesse sentido, a partir das potencialidades propiciadas pelas tecnologias
digitais móveis, surgiu a ideia de utilizar-se desse recurso na aprendizagem de
conteúdos de Desenho Técnico. Essa motivação foi partilhada com o orientador inicial,
professor Dr. Luciano Soares de Souza, doutor em Ciência da Computação, o qual,
por motivos de saúde, teve que se afastar do programa de mestrado. A orientadora
conseguinte, professora Dra. Rosinei Rocha Almeida, apreciou e manteve a ideia,
mas, por motivos de dificuldades em estruturar a pesquisa nos moldes do programa,
dentro do prazo para o exame de qualificação, foi necessária uma nova troca de

2Wifi, proveniente de “Wireless Fidelity”, corresponde a um tipo de wireless (ou internet sem fio)
desenvolvido para a criação de redes locais de computadores, smartphones e videogames,
usando roteadores. Disponível em: https://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2015/02/como-um-
wi-fi-funciona-entenda-
tecnologia.html#:~:text=Wi%2DFi%20significa%20%E2%80%9CWireless%20Fidelity,(Wireless%20
Local%20Area%20Network). Acesso em: 20 fev. 2021.
3As siglas 3G e 4G são as denominações mais comuns para diferentes gerações e tecnologias de redes

móveis, responsáveis pelo acesso à internet de celulares, tablets, entre outros dispositivos – até mesmo
computadores. Disponível em: https://www.techtudo.com.br/noticias/2018/10/3g-4g-e-5g-entenda-as-
siglas-da-internet-movel.ghtml. Acesso em: 20 fev. 2021.
23

orientação, o que a colocou na incumbência de coorientadora desta pesquisa. E desde


então, o professor Dr. Admilson Eustáquio Prates assumiu a orientação e prezou pela
ideia, prontificando-se para realização deste estudo.
Nesse sentido, como produto educacional articulado a esta pesquisa foi
construído um aplicativo com propostas de atividades que possam ser explorados de
maneira contextualizada e interativa por meio da tecnologia digital para auxiliar na
aprendizagem de conhecimentos de Desenho Técnico, no qual os conteúdos da
disciplina que compõem o software foram propostos pelos próprios estudantes.
Vale salientar, que inicialmente esta investigação tinha como linha de pesquisa
uma abordagem no ensino de Desenho Técnico, entretanto, após discussões feitas
durante a qualificação com a banca avaliadora, avaliou-se que a aprendizagem da
disciplina com foco nos estudantes é mais influente na pesquisa e para a
pesquisadora. Também é importante mencionar que esta pesquisa teve de ser
reajustada, no que diz respeito aos aspectos metodológicos de aplicação do produto
educacional, para atender as orientações de distanciamento físico, assim como,
necessitou de um prazo maior para a sua realização em decorrência da doença
COVID-19, causada pelo vírus Sars-CoV-2, declarada como pandêmica pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) no dia 11 de março de 2020 4, culminando em
uma comoção mundial, gerando a necessidade de isolamento físico, além de outras
ações preventivas, recomendadas pela OMS.
Esta dissertação está organizada em quatro capítulos. O primeiro capítulo
apresenta a parte introdutória do estudo, o tema investigado e a sua contextualização
com a Educação Profissional e Tecnológica (EPT), assim como, o problema
investigado, os objetivos e a justificativa. No segundo capítulo, é descrito o percurso
teórico-metodológico seguido, expondo a fundamentação epistemológica e a
fundamentação metodológica para o desenvolvimento desta pesquisa. Na
fundamentação epistemológica se faz uma explanação do conceito de técnica e de
tecnologia e suas implicações no mundo do trabalho, como também é abordada a
aprendizagem mediada pela tecnologia digital na autonomia do estudante. Além disso,
explana-se sobre a utilização de aplicativos quanto aos aspectos pedagógicos, e por

4No dia 11 de março de 2020, foi declarada pela Organização Mundial de Saúde a pandemia do COVID-
19, doença causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2). A decisão foi anunciada pelo diretor-geral da
OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em uma coletiva de imprensa. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/geral-51842518. Acesso em: 30 jun. 2020.
24

fim, é apresentada uma breve reflexão e os conceitos pertinentes no estudo de


Desenho Técnico. Na fundamentação metodológica são apresentados os materiais e
métodos utilizados para realização desta pesquisa, que tem abordagem qualitativa,
constituindo-se em uma pesquisa de campo fundamentada. No terceiro capítulo, é
apresentada a análise dos dados, retratando os resultados e as discussões da
investigação realizada. O quarto capítulo discorre sobre a proposta do produto
educacional que foi elaborado neste estudo, bem como sua aplicação e avaliação. E,
ao final, no quinto capítulo, são apresentadas as considerações finais desta pesquisa.

1.1 TEMA DO TRABALHO E SUA CONTEXTUALIZAÇÃO DENTRO DA EDUCAÇÃO


PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

O tema desta pesquisa compreende a utilização de tecnologias digitais para a


mediação da aprendizagem dos conhecimentos da disciplina de Desenho Técnico, do
Curso Técnico em Edificações, modalidade concomitante/subsequente do IFNMG,
campus Januária. Tal tema se baseia na expansão das Tecnologias Digitais da
Informação e Comunicação (TDIC) na contemporaneidade, a qual para o campo da
Educação Profissional e Tecnológica, demandas advindas do redimensionamento do
mundo do trabalho, de forma a implicar em mudanças na formação dos estudantes.
Essas mudanças colocam em questão o desafio de promover uma formação em sua
totalidade, na perspectiva da emancipação humana.
Nessa perspectiva, a atual legislação educacional brasileira, a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional, apresenta a seguinte definição no capítulo III:

Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no cumprimento dos objetivos


da educação nacional, integra-se aos diferentes níveis e modalidades de
educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia (BRASIL,
1996, p.31).

Define-se, ademais, que a Educação Profissional e Tecnológica englobará os


cursos de formação inicial e continuada ou qualificação profissional, como também os
cursos de educação profissional técnica de nível médio e os cursos de educação
profissional tecnológica de graduação e de pós-graduação. Ainda por esses
documentos, entende-se que a educação profissional técnica de nível médio poderá
25

ser ofertada de modo integrado, concomitante ou subsequente ao ensino médio


(BRASIL, 1996).
Conforme apresentado acima, observa-se que a Educação Profissional e
Tecnológica, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à
tecnologia, desenvolve-se em articulação com o ensino regular ou por diferentes
estratégias de educação continuada, que vão desde às ofertas das modalidades de
cursos de formação inicial até os cursos de educação profissional tecnológica e de
pós-graduação. Por meio dessa formulação, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional propõe-se a enfrentar a dimensão que tem estruturado a educação
profissional, ao longo de sua história enquanto oferta pública, a dualidade estrutural,
que caracterizou a existência de percursos formativos profissionalizantes para o
mercado de trabalho de classes sociais menos favorecidas, em oposição ao
propedêutico, destinada às elites para a formação do trabalho intelectual (RAMOS,
2017).
Nesse sentido, percebe-se que a educação profissional correspondia à
formação profissional com intenção de preparar para o exercício do mercado de
trabalho: emprego. Contudo, ao longo dos anos, esse modelo educacional vem
passando por diversas modificações e estruturações. Nesse processo, destacam-se
algumas normativas e ações como: o Decreto nº 5.154/04, de 23 de junho de 2004,
que garantiu o restabelecimento do ensino profissionalizante integrado ao ensino
médio; a publicação da Lei nº 11.741 de 16 de julho de 2018, a qual possibilitou que
a educação profissional técnica de nível médio passasse a ser uma modalidade do
ensino médio; a legitimação da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica e a criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia,
por meio da Lei nº 11.892 de 28 de dezembro de 2008, que desde então, vem se
concebendo como a forma atual da EPT (SCHIEDECK, 2019).
Dessa forma, a Educação Profissional Técnica de Nível Médio (EPTNM),
possui como concepção de ensino, uma integração entre a formação geral e a
educação profissional tecnológica, visando a uma formação humana integral, a qual
deve envolver, como dimensões, o trabalho, a ciência, a tecnologia e a cultura,
conforme suscitado nas Diretrizes Curriculares Nacionais:

Art. 6º. São princípios da Educação Profissional Técnica de Nível Médio: I -


relação e articulação entre a formação desenvolvida no Ensino Médio e a
preparação para o exercício das profissões técnicas, visando à formação
26

integral do estudante; II - respeito aos valores estéticos, políticos e éticos da


educação nacional, na perspectiva do desenvolvimento para a vida social e
profissional; III - trabalho assumido como princípio educativo, tendo sua
integração com a ciência, a tecnologia e a cultura como base da proposta
político-pedagógica e do desenvolvimento curricular [...] (BRASIL, 2012,
p.02).

Destarte, o ensino integrado é mais do que uma oferta da educação profissional


de ensino médio5, compreende um projeto político-pedagógico compromissado com
o desenvolvimento de ações formativas integradoras que seja capaz de propiciar a
autonomia e expandir os horizontes de todos os envolvidos, especialmente de
professores e de estudantes, com vistas à objeção de práticas fragmentadas do
conhecimento (ARAÚJO; FRIGOTTO, 2015).
No caso da educação profissional tecnológica, na qual se situam os cursos
subsequentes e concomitantes, embora o seu conteúdo possa estar relacionado ao
atendimento da formação profissional, deverá ser assegurada a sedimentação das
bases de formação geral (KUENZER, 2009). Desse modo, além do sentido ontológico
do trabalho, é preciso considerar seu sentido histórico. Em outras palavras, deve-se
permitir ao estudante a compreensão sobre como se estabelece a produção de bens
na atualidade, os tipos de relações e profissões que são geradas e quais habilidades
e conhecimentos são necessários para o exercício de dada profissão para a sua
inserção crítica na sociedade, como também nas atividades produtivas (SANTOS;
SUHR, 2020).
Nesse sentido, a ascensão das atuais tecnologias digitais de comunicação e
informação, manifestada nos dispositivos móveis, favorece a condução para novas
aprendizagens. A aplicação de dispositivos móveis no processo de aprendizagem
permite a junção de atividades colaborativas, criativas, ampliando a comunicação na
superação de questões hierárquicas, e, consequentemente, desenvolve um novo
processo de aprendizagem. Além do mais, atividades planejadas com o uso dessas
tecnologias móveis apresentam características próprias, como mobilidade de tempo e
espaço, como também, aspectos relacionados à participação, à colaboração e à
autonomia dos envolvidos (SONEGO, 2019).
A tecnologia é definida como um prolongamento das capacidades humanas,
resultando em força produtiva pela transformação da ciência, conforme o Caderno III,

5Os autores Araújo e Frigotto (2015) utilizam a expressão “educação profissional de ensino médio”
referindo-se à modalidade de educação profissional técnica de nível médio.
27

da coleção ‘O currículo do Ensino Médio: seus sujeitos e o desafio da formação


humana integral’ (BRASIL, 2013). O texto ainda coloca:

[...] não é simplesmente aplicação técnica do conhecimento científico, pois a


transformação deste em tecnologia envolve decisões que, por sua vez,
dependem dos interesses em jogo na sociedade e dos caminhos seguidos
pelo desenvolvimento científico e tecnológico (BRASIL, 2013, p.25).

Nesse sentido, a Educação Profissional e Tecnológica coloca em questão a


reflexão sobre as dimensões da tecnologia e seus impactos na sociedade em
constante transformação. Assim, EPT demanda uma aprendizagem transformadora,
contextualizada, orientada pela utilização dos avanços dos recursos tecnológicos com
todas as dimensões da sociedade, de forma que gere habilidades em resolver
problemas e conduzir projetos nos diversos segmentos produtivos (FREITAS; FILHO,
2018).
Partindo de estratégias que preparam os jovens para lidar com os desafios do
seu contexto de atuação, com este estudo, visualiza-se que as novas tecnologias
digitais aplicadas em processos educativos podem ser ferramentas para contribuir
com a transformação, mediante o estímulo à autonomia e a consciência crítica do
estudante, pois “entende-se que a tecnologia móvel pode auxiliar na formação integral
do indivíduo, uma vez que oportuniza a disseminação da educação a todos de forma
mais isonômica” (FREITAS; FILHO, 2018, p. 53).
A concepção de formação integrada sugere superar a divisão social do
trabalho, estabelecida aos seres humanos, por processos históricos, e que contempla
a separação entre o aspecto operacional de executar e a ação de pensar. Ou seja,
uma formação completa que presume a compreensão das relações sociais ligadas a
todos os fenômenos (CIAVATTA, 2005), passando a ser uma condição social e
historicamente essencial para a travessia em direção à consolidação do ensino médio
unitário com introdução de elementos da educação politécnica (FRIGOTTO;
CIAVATTA; RAMOS, 2005).
Nesse contexto, o uso das tecnologias digitais em práticas educativas dos
cursos da EPT deve estar alinhado a uma concepção de ruptura do modelo tecnicista,
colocando em questão uma formação mais ampla, comprometida com a formação
crítica que estimula a autonomia. Essa mudança de postura coloca-se em busca do
acesso democratizado das inovações tecnológicas que contribuem na aprendizagem
28

de seus estudantes, para uma formação cada vez mais completa (FREITAS; FILHO,
2018).
Com isso, materializa-se o princípio educativo do trabalho no sentido
ontológico, pois, conforme compreende-se que os bens produzidos pela sociedade
para propiciar melhoria na qualidade de vida da população são produtos do trabalho
humano oriundos da produção de conhecimento e modos de vida, consequentemente
entende-se também, que todos são capazes de produzir novos conhecimentos e
internalizar os conhecimentos já manifestos (RAMOS, 2017).
Ainda neste quadro de utilização da TDIC para promover o estímulo à
autonomia e a consciência crítica do estudante, por meio da concepção de formação
integrada, unindo conhecimentos técnicos com conhecimentos propedêuticos, é
importante que haja a articulação constante entre teoria e prática. Conforme, os
autores Morais, Souza e Costa (2017),

[a] teoria e a prática são dimensões basilares na formação humana integral


dos sujeitos, a indissociabilidade dessas duas propostas consiste em um
importante passo para que a formação profissional proporcione
conhecimentos técnicos e teóricos, que junto com a análise crítica da
realidade, desenvolvem a problematização das relações sociais, políticas e
econômicas em que o sujeito trabalhador está inserido, preparando-o para
além da ação do fazer profissional, como também uma maior compreensão e
transformação das relações no mundo do trabalho (MORAIS; SOUZA;
COSTA, 2017, p. 03).

Levando em consideração que os profissionais técnicos em edificações, ao


longo de sua atuação no mundo do trabalho, desenvolverão os projetos por meio de
softwares, é fundamental despertar a autonomia e a consciência crítica do estudante
para o uso desses recursos tecnológicos de forma democrática e racional, garantindo
uma formação não meramente técnica, voltada para a empregabilidade, mas uma
formação em sua totalidade, aliada à junção de conhecimentos técnicos e intelectuais.
Dessa forma, acredita-se que a proposição de um produto educacional em
formato digital, por meio do aplicativo para dispositivos móveis, possa contribuir na
aprendizagem de conhecimentos para a disciplina de Desenho Técnico, pela
promoção da reflexão sobre a utilização de tecnologias em práticas pedagógicas
como uma alternativa para superar o ensino tradicionalista. Isso busca contribuir com
o desenvolvimento da opinião crítica acerca das tecnologias digitais e incentivar a
criatividade e a autonomia dos estudantes, para que eles se tornem protagonistas do
processo de aprendizagem. Além disso, pressupõe-se que a sugestão do aplicativo
29

possa contribuir no potencial de contextualização dos conhecimentos teóricos e


práticos, contribuindo com o desenvolvimento de habilidades cognitivas e atratividade,
além da mobilidade, liberdade de tempo e estudo e a interatividade propiciada pela
tecnologia digital.
Ainda nessa perspectiva convém ressaltar que o período de pandemia -
resultando em inúmeras perdas de vidas pelo Coronavírus (COVID-19) 6 -, trouxe uma
ressignificação para a educação, visto que o ensino presencial está passando por uma
nova organização pedagógica para adaptar-se à crise sanitária. A portaria nº 544,
publicada no Diário Oficial da União, em 16 de junho de 2020, dispõe sobre a
substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais pelo período que durar
a situação de pandemia do COVID – 19. Tal medida se estendeu até 31 de dezembro
de 2020. Conseguinte foi aprovada a Portaria nº 1.030 de 01 de dezembro de 2020
que trata sobre o retorno às aulas presenciais e sobre caráter excepcional de
utilização de recursos educacionais digitais para integralização da carga horária das
atividades pedagógicas enquanto durar a situação de pandemia7 do novo coronavírus
- Covid-19 e logo após, alterada pela Portaria n° 1.038 de 07 de dezembro de 2020.
Diante do ocorrido, as instituições de ensino estão buscando alternativas para
mediar o processo formativo de modo remoto, a fim que se possa dar continuidade às
aulas presenciais. Para tanto, as tecnologias digitais se mostram como recursos
favoráveis para a mediação em condições em que estudantes e professores tenham
acesso à infraestrutura, especialmente, no que diz respeito as diversas possibilidades
que elas permitem de transformar tais ferramentas em salas de aulas virtuais,
propiciando a interação dos envolvidos (SANTOS JUNIOR; MONTEIRO, 2020). É

6Até a data de 26 de janeiro de 2021 foram contabilizadas 2.157.355 mortes acumuladas por
Coronavírus no mundo. No Brasil o total chega a 218.878 e no estado de Minas Gerais, totalizaram
14.328 óbitos. Disponível em: https://news.google.com/covid19/map?hl=pt-
BR&gl=BR&ceid=BR%3Apt-419&mid=%2Fm%2F01gh6z. Acesso em: 27 jan. 2021.
Para esta mesma data, foram registrados 608 óbitos na região norte de Minas Gerais. Disponível em:
https://geesc.cedeplar.ufmg.br/covid-19-mg/#obitos. Acesso em: 27 jan. 2021.
E na cidade de Januária/MG contabilizaram-se 15 mortes até a data de 26/01/2021. Disponível em:
https://saude.mg.gov.br/images/Boletim%20Epidemiologico_26.01.2021_COVID-19.pdf. Acesso em:
27 jan. 2021.
7Devido ao agravamento da situação de pandemia o Conselho Superior do IFNMG decidiu pela

expedição da Resolução CONSUP Nº 147, de 12 de março de 2021, determinando que o início do


ano letivo de 2021, para os campi que iniciarem suas atividades pedagógicas até o dia 31 de julho
do corrente ano, ocorra por meio de Atividades Pedagógicas Não Presenciais (ANPs). Disponível em:
https://www.ifnmg.edu.br/mais-noticias-portal/591-portal-noticias-2021/26175-carta-do-comite-de-
enfrentamento-do-ifnmg-sobre-atividades-nao-presenciais. Acesso em: 15 abr. 2021.
.
30

nesse sentido que se percebe, mais uma vez, a importância do produto educacional
desta pesquisa para contribuir no processo de mediação de aprendizagem.

1.2 PROBLEMA INVESTIGADO E HIPÓTESE

Com esta pesquisa pretende-se responder à seguinte questão: Quais as


possíveis contribuições da tecnologia digital, como instrumento mediador no processo
de aprendizagem de conteúdos para a disciplina de Desenho Técnico na concepção
dos estudantes do curso Técnico em Edificações, modalidade
concomitante/subsequente do IFNMG, campus Januária?
Com base neste questionamento, tem-se como hipótese que a utilização de um
aplicativo desenvolvido com conteúdo de Desenho Técnico possa colaborar na
aprendizagem de conhecimentos da disciplina pelos estudantes. Dessa forma, foi
desenvolvido um produto educacional em formato digital, por meio de um aplicativo
para auxiliar no aprendizado de conteúdos propostos na disciplina Desenho Técnico.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Avaliar as possíveis contribuições do uso da tecnologia digital, por meio de um


aplicativo, no processo de aprendizagem dos conteúdos propostos na disciplina de
Desenho Técnico, do Curso Técnico em Edificações do IFNMG, modalidade
concomitante/subsequente do campus Januária.

1.3.2 Objetivos específicos

 Identificar os conteúdos que os estudantes da turma do 3º módulo Curso


Técnico em Edificações, modalidade concomitante/subsequente do IFNMG,
campus Januária, apontam como sendo de maior dificuldade de aprendizagem
na disciplina de Desenho Técnico.
 Avaliar as concepções dos estudantes do 3º módulo do Curso Técnico em
Edificações, modalidade concomitante/subsequente do IFNMG, campus
Januária, acerca da utilização de aplicativos como instrumentos mediadores
31

para a aprendizagem, visando à construção de um aplicativo educacional para


a disciplina de Desenho Técnico.
 Disponibilizar e avaliar o aplicativo Edifica entre os estudantes do 3º módulo do
Curso Técnico em Edificações, modalidade concomitante/subsequente do
IFNMG, campus Januária, e a equipe técnica formada por um pedagogo, uma
docente da área de desenho e um docente com experiência em jogos digitais.

1.4 JUSTIFICATIVA

A realização desta pesquisa visa a contribuir para a expansão do conhecimento


no contexto do Programa de Mestrado em Educação Profissional e Tecnológica, área
de ensino, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas
Gerais e para o desenvolvimento de práticas educativas de aprendizagem na
disciplina de Desenho Técnico mediadas pelas tecnologias digitais nomeadamente ao
nível do IFNMG.
A motivação para a realização desta pesquisa articula-se com a atividade
profissional da pesquisadora lecionando a disciplina de Desenho Técnico no IFNMG.
A disciplina de Desenho Técnico compõe a matriz curricular do Curso Técnico em
Edificações, ofertado na modalidade concomitante/subsequente do IFNMG, campus
Januária, tendo duração de dois anos, divididos em quatro módulos, contribuindo na
formação de profissionais técnicos para a compreensão e a elaboração de projetos.
Os conhecimentos adquiridos no estudo desta disciplina são essenciais para o
prosseguimento dos discentes no entendimento de conteúdos estudados à frente
A partir da experiência da pesquisadora como docente, foi possível observar a
dificuldade ligada à visão espacial dos estudantes, a qual se define como uma
percepção mental de formas espaciais que possibilita manipular a figura representada,
favorecendo a capacidade de interpretação da representação de projetos. Além disso,
foi percebida a falta de interesse apresentada pelos estudantes em estudar a
disciplina, pelo fato de suas atividades serem realizadas à mão sem a necessidade
de efetuação de cálculos, o que os impedem de perceber a relevância da expressão
gráfica.
Dessa forma, considera-se que o desenvolvimento de práticas pedagógicas
apoiadas na utilização de tecnologias digitais como instrumentos mediadores na
Educação Profissional e Tecnológica sejam propostas que possam contribuir na
32

promoção da aprendizagem e na formação dos estudantes. Isso porque se entende


que a construção do conhecimento pelas vias digitais móveis tende a favorecer um
processo dinâmico, interativo e dialógico, em que os sujeitos convivam e colaborem
com conhecimento entre si.
Nesse sentido, no que se refere à relevância acadêmica, a presente pesquisa
apresenta-se como uma possibilidade contribuir com os estudos em torno do uso de
tecnologias digitais na Educação Profissional e Tecnológica, uma vez que se verificou
a existência de um número reduzido de pesquisas e de experiências com uso
dispositivos móveis na EPT. Esses dados foram obtidos a partir de um estudo 8
realizado durante o percurso formativo desse programa de mestrado, que objetivou
verificar na produção cientifica nacional acerca de experiências de aplicações
didáticas com o uso de dispositivos móveis na EPT.
Quanto à relevância social, este estudo é proposto no sentido de colaborar com
a reflexão sobre o potencial do uso das tecnologias digitais em âmbito escolar,
ampliando as formas de aprendizagem, de maneira a contribuir na formação dos
estudantes, que devem adquirir senso crítico e habilidades para integrar-se ao mundo
do trabalho em constante evolução.
Dessa forma, visualiza-se que práticas pedagógicas, apoiadas na utilização de
tecnologias digitais como instrumentos mediadores, sejam propostas exitosas para
contribuir na promoção da aprendizagem, além de propiciarem a autonomia e a
criticidade. Além disso podem ser capazes de colaborar na formação humana integral
da Educação Profissional e Tecnológica, pois uma educação de cunho técnico
separada da intelectual reduz a capacidade criativa e criadora humana e não se
assegura um contexto em que prevaleça, cada vez mais, o sujeito possuidor de
conhecimentos científicos e tecnológicos para atuar de forma mais ativa e crítica
perante os avanços das tecnologias na sociedade.
Percebe-se também que a nossa sociedade experimenta contradições, pois
nem todos tem acesso à internet e à infraestrutura básica. Em vista disso, na busca
pela democratização do acesso às inovações tecnológicas, durante o período de

8Estudo intitulado ‘Aprendizagem móvel: reflexões sobre sua adoção na formação integral da educação
profissional e tecnológica’, de autoria de Jussara Cruz Nascimento, Lara Fernanda Nunes Dourado,
Felipe Augusto Oliveira Mota e Luciano Soares de Souza, submetido na modalidade Resumo
Expandido - Categoria Pôster, apresentado no evento VIII Seminário de Iniciação Científica do
IFNMG, I Seminário do ProfEPT e VI Prospectar realizado no IFNMG - Campus Pirapora em abril de
2019. Disponível em: https://www.even3.com.br/anais/sicpirapora/. Acesso em: 04 nov. 2020.
33

pandemia, o IFNMG9 está disponibilizando como empréstimo, tablets aos estudantes


da instituição que não possuem equipamentos computacionais para realização de
eventuais atividades não presenciais mediadas por tecnologias, além de conceder um
auxílio inclusão digital para que aqueles estudantes que não tem acesso à internet,
pois se entende-se que o acesso ao saber sem limitações colabora para a formação
integral do estudante.
Nesse sentido, propõe-se como o produto educacional articulado com esta
pesquisa, um aplicativo desenvolvido com propostas de atividades com conteúdos de
desenho técnico, que possam ser explorados de maneira contextualizada e interativa
por meio da tecnologia digital, com o intuito de despertar o interesse dos estudantes
pela disciplina e contribuir na compreensão da habilidade cognitiva, além da
possibilidade de associar conhecimentos técnicos e teóricos, contribuindo para uma
formação ativa e autônoma.
Diante das possibilidades dos recursos das tecnologias digitais, propõe-se aos
profissionais da área da educação uma reflexão acerca da utilização dessas
tecnologias para serem aplicadas de forma proveitosa, crítica e coerente no ambiente
escolar, lidando com as inovações tecnológicas contidas nas atividades cotidianas e
laborais. Além disso, a articulação entre propostas teóricas e aplicações práticas pode
significar a aprendizagem. Assim sendo, ao buscar contribuir com a prática
pedagógica da EPT e despertar o interesse do estudante, torna-se fundamental a
promoção de novas estratégias didáticas que solucionem as dificuldades dos
estudantes.

9OIFNMG publicou na data de 24/07/20 edital de licitação para a compra de mais de 2500 tablets para
disponibilizar aos estudantes que não possuem equipamentos computacionais para auxiliar na
realização de atividades durante o período de pandemia. Disponível em:
https://www.ifnmg.edu.br/mais-noticias-portal/554-portal-noticias-2020/24734-ifnmg-publica-edital-
de-licitacao-para-compra-de-mais-de-2-500-tablets-para-disponibilizar-a-alunos-que-nao-possuem-
equipamentos-computacionais Acesso em: 02 fev. 2021.
34

2 PERCURSO TEÓRICO-METODOLÓGICO

2.1 FUNDAMENTAÇÃO EPISTEMOLÓGICA

Nesta seção é exposto o referencial teórico utilizado para fundamentar a


pesquisa e o produto educacional. Nesse sentido, essa fundamentação está apoiada
nos pressupostos de Vieira Pinto (2005) para apresentar os conceitos de técnica e
tecnologia e de Ramos (2008, 2010 e 2017), para o trabalho como princípio educativo
na perspectiva da formação integral; como também nos estudos dos autores
Schiedeck (2019); Costa e Martins (2019); Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005);
Nascimento e Prates (2020) e Sahb e Almeida (2018). Utilizou-se dos estudos de
Sonego (2019), para embasar a utilização de tecnologias digitais para a aprendizagem
móvel; o autor clássico Vygotsky (1991), na mediação de instrumentos para a
aprendizagem e o autor clássico Freire (1996) para abordar a autonomia na formação
dos estudantes; assim como nos autores Mendes e Mendes (2018); Kenski (2012);
Silva (2018); Moreira (2017); Moura (2010), para reforçar o tema apresentado nesse
tópico. Além disso, utilizou-se dos conceitos das autoras Krimberg et al. (2017) para
tratar dos aplicativos quanto aos aspectos educacionais, como também, de modo
periférico, dos autores, Quintela (2016); Rosa e Roehrs (2020); Lucena e Oliveira
(2017). E, por fim, foram consultados os autores Marques e Chisté (2016); Silva, et al.
(2006) e Ribeiro, Peres e Izidoro (2011), para apresentar uma breve reflexão sobre
Desenho Técnico.

2.1.1 Conceito de técnica e de tecnologia e suas implicações no mundo do trabalho

A formação humana é alcançada por meio das relações concretas, produzidas


historicamente, mediadas pela própria ação do ser humano em transformar a
natureza, conforme as suas necessidades. Tal “ato humano de transformar, dá-se o
nome de trabalho, que evolui e se torna mais complexo pela própria evolução do
homem” (SCHIEDECK, 2019, p. 26).
Assim, à medida que a humanidade vai produzindo condições para a sua
existência na relação com a natureza e com os outros seres humanos, o trabalho,
nesse contexto, assume um sentido ontológico, pois está relacionado com a práxis
humana. Por outro lado, quando a existência está associada a contextos produtivos
35

concretos da prática econômica do modo de produção e com características históricas


- práxis produtiva -, é atribuído ao trabalho um sentido histórico (RAMOS, 2010). Para
melhor entendimento desse processo, é necessário conceituar os termos técnica e
tecnologia os quais são empregados, popularmente, como sinônimos, e ambos
refletem implicações no mundo do trabalho.
Conforme Vieira Pinto (2005), o conceito de técnica se refere à mediação
exercida pelo ser humano que, conscientemente, age, provido de instrumentos ou
não, sobre o ambiente no alcance de seus objetivos existenciais. O autor define a
essência da técnica como a “mediação na obtenção de uma finalidade humana
consciente” (VIEIRA PINTO, 2005, p. 175).
Nessa perspectiva, compartilha-se do entendimento de que a técnica se
manifesta como ato produtivo do homem e sempre esteve presente na história da
humanidade, de forma a permitir a sua existência e sua evolução. A tecnologia,
compreendida como ciência da técnica, não se remete a um produto com uma
dimensão maior que seu criador imobilizado ao tempo presente, sem um contexto
histórico, mas um processo que acompanha o desenvolvimento humano, embasado
de saberes científicos e empíricos que puderam ser socializados e produzidos pelo
trabalho para atender às necessidades da humanidade (VIEIRA PINTO, 2005).
Dessa forma, só é possível compreender o processo histórico de transformação
da ciência em força produtiva, por meio do desenvolvimento tecnológico, pois “a
compreensão da tecnologia só pode ser verídica quando se funda sobre a noção de
historicidade constitutiva do homem, e consequentemente do trabalho” (VIEIRA
PINTO, 2005, p. 243).
Ao contemplar a técnica como resultado da ação humana, percebe-se a função
produtiva do ser humano na natureza pelo trabalho, sendo este um modo exclusivo
do ser humano. Conforme Ramos (2017), o trabalho no sentido ontológico é o que
garante a vida humana:

A humanidade se constituiu como tal porque o ser humano, diante de


necessidades reais, se dispõe a dominar a natureza, a apreender seus
determinantes na forma de conhecimento e, então, transformá-los em
benefício da qualidade de vida humana. Isto é um processo que se iniciou,
primitivamente, pelo simples fato de que o ser humano é um ser capaz de,
com suas mãos e seu pensamento, apreender a natureza para si (RAMOS,
2017, p.25).
36

Percebe-se que essa ação de transformação da natureza é uma ação guiada


por objetivos, o que torna os seres humanos diferentes dos animais. Isso se dá porque
foi por meio da incorporação de técnicas que o ser humano pôde promover um
processo de melhoria e de aperfeiçoamentos contínuos interferindo em seu meio, para
conseguir sua libertação perante os desafios impostos pela natureza, tornando-se um
sujeito autônomo, pensante, que planeja e cria, garantindo, assim, sua sobrevivência
e melhoria humana pela mediação via transformação dos objetos.
Desse entendimento, Costa e Martins (2019) destacam que a necessidade de
sobrevivência só é garantida em razão de um conjunto de ações praticadas,
exclusivamente, pelo ser humano na busca pela adaptação da natureza a fim de
atender a si próprio e a seus interesses, diferentemente dos animais, que apenas
adaptam-se à natureza, sendo esse conjunto de ações designado de trabalho.
Diante o exposto, o trabalho articulado com a técnica se configura como
essencial para garantir a existência humana, ao permitir que, desde a história da
humanidade, o homem produza condições para sua manutenção, ao mesmo tempo
em que utiliza da natureza para criação de artefatos, ferramentas e aplicação de
estratégias para sua sobrevivência em um contexto de acumulação do conhecimento.
Essas reflexões sobre técnica e trabalho permitem assinalar a questão da
dualidade educacional, referida entre a educação técnica e a educação humanística
(COSTA; MARTINS, 2019). Essa dualidade de formação no Brasil está vinculada com
a dualidade de classes, em que a educação técnica é voltada para a formação de
trabalhadores manuais de classes sociais menos favorecidas, enquanto a educação
propedêutica é destinada às elites para a formação do trabalho intelectual (RAMOS,
2017).
Nesse sentido, nota-se a relevância do sentido da ação técnica no âmbito
educacional, como forma de superação de processos formativos que têm foco apenas
na preparação específica ou geral para as atividades produtivas. Disso advém a
importância atribuída ao trabalho na produção da existência humana, a qual,
juntamente com o conhecimento, favorece para essa garantia, pois não faz sentido
que os conhecimentos sejam privados a uma classe ou grupo social.
A proposição de união entre conhecimentos teóricos e práticos “visando à
formação integral do ser humano é, por essas determinações concretas, condição
necessária para a travessia em direção ao ensino médio politécnico e à superação da
dualidade educacional pela superação da dualidade de classes” (FRIGOTTO;
37

CIAVATTA; RAMOS, 2005, p. 45).Por meio dessa visão é possível preparar o cidadão
trabalhador para além de uma atuação profissional, como também permitir uma maior
compreensão e transformação das relações no mundo do trabalho.
Sendo assim, a educação deve assumir o caráter de romper com a ideia de
formação voltada, exclusivamente, para o trabalho em seu sentido prático e reduzido.
Para isso, Ramos (2017) orienta para processos formativos a dimensão do trabalho
como princípio educativo, pois “tomado como princípio educativo, o trabalho orienta
uma educação que reconhece a capacidade de todo ser humano desenvolver-se
produtiva científica e culturalmente, no seu processo de formação. Nesse modelo, a
escola cumpre papel crucial” (RAMOS, 2017, p. 26). Além disso, segundo a autora, a
formação deve ter caráter omnilateral, ou seja, deve favorecer o desenvolvimento dos
indivíduos em sua totalidade.
A educação com viés para uma formação omnilateral tem o comprometimento
com o desenvolvimento do ser humano em todas as dimensões que constituem a
especificidade humana, baseando-se no conceito de formação integrada a qual
prioriza a integração de conhecimentos técnicos com os conhecimentos gerais, a fim
de superar a concepção de um modelo de ser humano simplificado (NASCIMENTO;
PRATES, 2020).
É nesse sentido que Educação Profissional e Tecnológica tem como proposta
a formação do ser humano em sua integralidade. A EPT se baseia em uma educação
que permite um processo de construção social, o qual prepara o estudante no âmbito
da formação omnilateral do ser humano, indo além de uma educação meramente para
empregabilidade. É uma formação em todos os sentidos da vida humana, que possui
como princípio norteador: “I - relação e articulação entre a formação desenvolvida no
Ensino Médio e a preparação para o exercício das profissões técnicas, visando à
formação integral do estudante” (BRASIL, 2012, p. 02).
Assim, a EPT, ao alicerçar a sua formação, tendo o trabalho como fundamento
norteador, permite ao estudante compreender que todos têm o potencial de produzir
novos conhecimentos, assim como apreender os conhecimentos já instaurados,
contribuindo para que ele consiga perceber a totalidade a qual está inserido e as
relações de poder que nele atuam. Além disso, o estudante pode refletir que as
técnicas acumuladas e os produtos produzidos pela humanidade, no decorrer da
história, são frutos do trabalho dos próprios seres humanos. Para Ramos (2017),
38

[i]sso materializa o princípio educativo do trabalho no sentido ontológico, uma


vez que, ao se compreender que os bens produzidos pela sociedade em
benefício da melhoria de sua qualidade de vida são produtos do trabalho
humano (RAMOS, 2017, p. 29).

Por outro lado, as formas históricas geradas, conforme as necessidades do


capitalismo, das relações de produção e dos processos de trabalho em atendimento
de interesses privados, também organizam o princípio educativo do trabalho, porque
definem o modelo de educação necessário a cada época. Disso subentende que a
escola possui uma relação histórica com o mundo da produção, na medida em que, a
cada nova etapa da produção humana, da ciência e da tecnologia, foram se
estabelecendo novas formas de trabalho durante o tempo, e, assim, novas
possibilidades e necessidades educativas foram surgindo (RAMOS, 2017).
Contudo, para perceber o processo histórico do desenvolvimento produtivo, é
necessária uma análise mais detida acerca do conceito de tecnologia, uma vez que
ela está presente nas relações entre os seres humanos, bem como nas relações de
trabalho. Porém, a definição do termo não é tão simples, justamente por sua
importância e abrangência, como afirma Vieira Pinto (2005), ao mencionar que “sua
importância na compreensão dos problemas da realidade atual agiganta-se, em razão
justamente do largo e indiscriminado emprego, que a torna ao mesmo tempo uma
noção essencial e confusa” (VEIRA PINTO, p. 219, 2005).
Para o mesmo autor, há quatro conceitos fundamentais que representam
concepções distintas acerca do vocábulo. No primeiro sentido, ele descreve a
tecnologia como epistemologia da técnica, correspondendo à teoria, à ciência, ao
estudo e à discussão da técnica. Segundo ele, esse último, a discussão da técnica,
compreende, por exemplo, “as artes, as habilidades do fazer, as profissões e,
generalizadamente, os modos de produzir alguma coisa” (VEIRA PINTO, p. 219,
2005).
No segundo significado, a tecnologia é equivalente à técnica, refletindo um
sentido mais popular da palavra, observando apenas a prática. Ou seja, ambas são
usadas como sinônimos na linguagem coloquial, quando não se exige rigor (VIEIRA
PINTO, 2005).
O terceiro sentido corresponde a um conceito histórico, em que a tecnologia é
compreendida como o conjunto de todas as técnicas de que dispõe uma determinada
sociedade, seja qual for a fase histórica do seu desenvolvimento, tendo entendido
39

tecnologia, por exemplo, como mediação ou referência de progresso de uma


sociedade (VIEIRA PINTO, 2005).
E, por fim, no quarto significado, a tecnologia está relacionada com a
ideologização da técnica. Nesse conceito, depreende-se que o termo se manifesta
como ideologia pautada nos interesses de um grupo social dominante, que visa a tirar
vantagem, ao valorizar e exaltar o tempo presente e destituir sua relação com o
passado e o futuro, mediante a sacralização de um presente imobilizado, mostrando-
se superior em relação às outras épocas, por ser permeado de produtos tecnológicos.
Essa concepção apresenta a aquisição de meios para ampliar o conforto que são
exclusivamente acessíveis a esta elite preocupada em manter seus privilégios e
posição superior na hierarquia social por meio das relações de poder (VIEIRA PINTO,
2005).
Nesse último conceito, percebe-se a visão de tecnologia segundo os interesses
econômicos e industriais, reduzindo seu sentido à mercadoria. Em outras palavras,
refere-se ao produto que pode ser comprado e vendido por meio do apelo ao
consumo, ao atribuir um certo endeusamento aos produtos construídos e uma
desvalorização de todo potencial histórico desenvolvido pela capacidade humana,
mediante descobertas científicas que foram acumulando conhecimentos ao longo do
tempo, as quais são resultado do trabalho coletivo do ser humano, a partir de sua
intervenção por meio do trabalho.
Por outro lado, considerando que a tecnologia pode ser classificada como uma
ciência, a ciência da técnica, é possível relacionar a técnica como um ato produtivo e,
consequentemente, a tecnologia se caracteriza como ciência que estuda as
transformações e as produções. Desse entendimento, o autor Vieira Pinto inteira:

[...] Se a técnica configura um dado da realidade objetiva, um produto da


percepção humana que retorna ao mundo em forma de ação, materializado
em instrumentos e máquinas, e entregue à transmissão cultural, compreende-
se tenha obrigatoriamente de haver a ciência que o abrange e explora, dando
em resultado um conjunto de formulações teóricas, recheadas de complexo
e rico conteúdo epistemológico. Tal ciência deve ser chamada de
“tecnologia”, conforme o uso generalizado na composição de denominações
cientificas [...] (VIEIRA PINTO, 2005, p.221).

Nesse sentido, cabe enfatizar a diferença entre os termos, técnica e tecnologia.


Como apresentado, a técnica é representada pelo ato e pelas ferramentas, enquanto
a tecnologia é o resultado da junção entre técnica e ciência, que mediante processos
aprimorados de conhecimentos implicam em descobertas no campo científico.
40

No entanto, nenhum dos termos tem mais importância que o outro, ambos se
complementam. Além disso, é importante destacar que, como uma ciência, a
tecnologia não pode se desenvolver de maneira isolada e neutra; ela detém
influências e conceituações para atendimento de interesse específicos, que podem
ser sociais, políticos ou econômicos (SAHB; ALMEIDA, 2018).
Para Freire (1996), o progresso tecnológico, quando não está relacionado,
essencialmente, aos interesses humanos e às necessidades de sua existência,
infringe questões éticas. Assim,

[a] aplicação de avanços tecnológicos com o sacrifício de milhares de


pessoas é um exemplo a mais de quanto podemos ser transgressores da
ética universal do ser humano e o fazemos em favor de uma ética pequena,
a do mercado, a do lucro (FREIRE, 1996, p. 67).

A delimitação do tempo, presente na ‘era tecnológica’10, visa atender aos


interesses econômicos e políticos de países desenvolvidos e de grupos sociais
dominantes, visto que a produção, o acesso aos conhecimentos e as próprias criações
tecnológicos são percebidos como essenciais para o desenvolvimento econômico no
que se refere à maximização de lucros, mediante a intensificação do consumo, pois
com esse endeusamento do produto, escondem-se os personagens humanos que
fazem parte das distintas dimensões da produção, assim como todos os problemas
de ordem política, econômica que conduzem à precarização do trabalho (VIEIRA
PINTO, 2005).
Diante dessa ideologia da tecnologia incorporada ao tempo presente, que visa,
exclusivamente, a beneficiar os interesses dos grupos sociais dominantes e contribuir
com a manutenção de dominação dos menos favorecidos, Vieira Pinto coloca o
seguinte alerta:

[...] Temos de denunciar o lado secreto, maligno do endeusamento da


tecnologia, aquele que visa unicamente a fortalecer ideologicamente os
interesses dos criadores do saber atual, a fim de conservá-lo no papel de
instrumento de domínio e espoliação econômica da maior parte da
humanidade, levada a trabalhar para as camadas altas dos povos senhoriais
sob a falsa e emoliente impressão de estar participando, na única forma em
que lhe é possível, da promoção do progresso em nosso tempo. [...] (VIEIRA
PINTO, 2005, p.44).

10Para
Vieira Pinto (2005), a expressão ‘era tecnológica’, utilizada para expressar apenas os avanços
conquistados atualmente, encobre os interesses dos que procuram embriagar a consciência das
massas, colocando como se não houvesse avanços tecnológicos em todas as etapas do
desenvolvimento humano (VIEIRA PINTO, 2005).
41

Ao criticar essa ideia de endeusamento da tecnologia, Vieira Pinto (2005),


defende a percepção de que o termo é resultado do processo humano de acumulação
de saberes ao longo do tempo, tanto de cunho científico quanto empírico,
provenientes da junção de técnica e de ciência. O autor destaca, ainda o papel dos
seres humanos como protagonistas do desenvolvimento tecnológico, por serem os
responsáveis pela criação de tecnologias para manutenção da sua existência,
mediante a realização do seu trabalho. Nesse sentido, Vieira Pinto ressalta que

[...] a conveniente via de ingresso na compreensão do significado humano da


tecnologia inicia-se com o exame da máquina, enquanto produção inventiva
da inteligência humana, desde os primórdios de sua evolução. Com efeito, a
máquina compendia, já nas primeiras realizações, o esforço do homem em
descobrir meios de superar as resistências opostas pela realidade física a
seus projetos. A máquina, assim como a técnica, é coetânea ao homem.
Representa uma das manifestações do processo de criação do homem por si
mesmo. [...] (VIEIRA PINTO, 2005, p.54).

A concepção do conceito de tecnologia, defendida por Vieira Pinto (2005), vai


ao encontro do propósito apoiado nesta pesquisa. Nesse sentido, corrobora-se do
entendimento de que a tecnologia é produto do ser humano pela realização do seu
trabalho em um processo constante de aquisição de conhecimentos que são
compartilhados ao longo da história.
O trabalho, no sentido ontológico concebido como realização do ser humano e
no sentido histórico, como prática econômica do modo de produção, é a mediação
fundamental que determina a produção social da existência humana. Assim, é
princípio e organiza a base unitária do ensino médio por ser condição para se superar
um ensino enciclopédico que não permite aos estudantes estabelecer relações
concretas entre a ciência que aprende e a realidade em que vive. É princípio
educativo, ainda, porque leva os estudantes a compreenderem que todos nós somos
seres de trabalho, de conhecimento e de cultura e que o exercício pleno dessas
potencialidades exige superar a exploração de uns pelos outros (RAMOS, 2008).
É diante dessas reflexões que se buscou, neste trabalho, analisar a utilização
de tecnologias digitais para a aprendizagem móvel em práticas pedagógicas na EPT,
a fim de favorecer a autonomia dos estudantes, na perspectiva de uma formação
integral, associando prática e teoria com o objetivo de romper a educação dualista
com base nos eixos estruturantes da Educação Profissional e Tecnológica: ciência,
42

tecnologia, cultura e trabalho. Esse entendimento se baseia em uma concepção de


que não se constrói uma educação, de fato transformadora, quando se está preso a
metodologias que têm por base a reprodução e que não provoquem a criticidade e a
autonomia do discente.

2.1.2 A aprendizagem mediada pela tecnologia digital para a autonomia do


estudante

A escola, no contexto contemporâneo, passa por uma série de transformações


no que diz respeito à sua missão enquanto instituição social formadora de cidadãos.
Delineiam-se numerosos debates, no cenário educacional, em busca de alternativas
que tendam à superação das contradições resultantes de um ensino engessado e
descontextualizado com a realidade. Na perspectiva de Freire (1996), a educação
problematizadora, focada no desenvolvimento do processo emancipatório do
conhecimento do educando, surge como favorecedora para o rompimento com a
educação tradicional.
Nesse sentido, cabe destacar o papel das tecnologias digitais que vêm
provocando mudanças em todas as esferas, desde as formas de organização social
e cultural, aos meios de comunicação e de aprendizagem. Para Mendes e Mendes
(2018), “essas transformações causam impactos sociais na forma como os seres
humanos se comunicam e interagem, sobretudo no contexto da aprendizagem”
(MENDES; MENDES, 2018).
A tecnologia digital surge da convergência da Tecnologia de Informação e
Comunicação (TIC) para a disposição de uma nova tecnologia, a digital, materializada
na Tecnologia Digital da Informação e Comunicação (TDIC), que dentre seus
recursos, permite apresentar e reproduzir qualquer tipo de informação modificando as
relações sociais (KENSKI, 2012). A TDIC ainda incorpora a flexibilização, propiciando
novas possibilidades para que as pessoas se comuniquem, relacionem-se, trabalhem
e entretenham–se, em diferentes contextos de tempo e de espaço, nos quais o fluxo
de informação é intenso e diverso. Em vista disso, revela-se a importância dessas
tecnologias, uma vez que não são apenas ferramentas para a emissão e a recepção
da informação digital, como também passaram a atuar como ferramentas na mediação
de conhecimentos e no comportamento sociocultural da sociedade (SILVA, 2018).
43

As tecnologias digitais, em especial a utilização dos dispositivos móveis,


compreendidos como os smartphones e tablets, estão presentes em diversos campos,
inclusive, educacionais. Para Sonego (2019), “essa perspectiva se deve ao fato que a
realidade dos estudantes nos dias atuais é de indivíduos que convivem e utilizam
diariamente seus aparelhos móveis dentro e fora das escolas” (SONEGO, 2019, p.33).
Entretanto, é importante destacar que essa realidade ainda não é atribuída a todos
estudantes, uma vez nem todos dispõem de dispositivos móveis e acesso à internet.
Essa desigualdade é ainda mais nítida no decurso da pandemia, quando as
aulas presenciais estão suspensas e, para o acesso ao ensino remoto, os estudantes
vêm enfrentando dificuldades para acessar os conteúdos online11.
Além disso, o acesso limitado à internet e a falta de infraestrutura adequada
corroboram para essa desigualdade. Como medida para atenuar as dificuldades
enfrentadas pelos estudantes durante o período de pandemia, o IFNMG, em caráter
excepcional, disponibilizou o empréstimo de equipamentos tecnológicos e a
concessão de pacotes de dados de internet aos estudantes dos cursos presenciais da
instituição para o acompanhamento das atividades de ensino não presencial
(PORTAL IFNMG, 2020).
Desse modo, nota-se que parte dos estudantes se encontra inserida em um
contexto social permeado pelas tecnologias digitais, enquanto outra parte não
experimenta a mesma condição. Isso leva a refletir sobre a busca pela
democratização do acesso às inovações tecnológicas que podem beneficiar a
aprendizagem, pois o acesso ao conhecimento sem limitações colabora para a
formação integral do estudante, à medida que favorece sua autonomia.
Para Freire (1996) “ninguém é sujeito da autonomia de ninguém” (FREIRE,
1996, p. 55). A autonomia é uma construção cultural, que necessita da relação entre
os indivíduos e destes com o conhecimento, não sendo concebida naturalmente, o
que leva a educação a promover contextos formativos na perspectiva da autonomia
do educando. É nesse sentido que as tecnologias digitais podem contribuir no
desenvolvimento dos sujeitos, pois dispõem de diversos recursos para se comunicar
e expressar com os outros sujeitos no compartilhamento e no acesso de informações,

11Uma reportagem publicada no Portal G1 Globo em 09 de julho de 2020, mostra que quase 40% dos
estudantes de escolas públicas não têm computador ou tablet em casa, tornando o ensino a distância
um desafio durante a pandemia. Disponível em:
https://g1.globo.com/educacao/noticia/2020/06/09/quase-40percent-dos-alunos-de-escolas-
publicas-nao-tem-computador-ou-tablet-em-casa-aponta-estudo.ghtml. Acesso em: 03 fev. 2021.
44

favorecendo a condição de interagir e aprender em distintas realidades virtuais.


Contudo, isso remete à necessidade de uma reflexão sobre a tecnologia, conforme
alertado por Vieira Pinto (2005), ao colocá-la em um lugar proeminente na vida do ser
humano, situando-a como solução para todos os problemas da humanidade. Sendo
assim, convém proporcionar ao estudante a consciência necessária para
compreensão do processo histórico dos recursos tecnológicos na sociedade.
Considerando a educação como prática social importante na construção do
desenvolvimento humano, a partir da compreensão do sujeito como sócio-histórico-
cultural, cabe ressaltar as contribuições Vygotsky (1991), que trata sobre a concepção
de aprendizagem contextualizada com meio social e cultural. Para ele, a
aprendizagem é uma experiência social, ou seja, é resultado da relação do indivíduo
com o objeto e dos indivíduos entre si, de forma conjunta.
A influência da cultura e das interações sociais dos indivíduos, assim como as
bases biológicas, têm grande importância no desenvolvimento sócio-cognitivo do ser
humano. Sendo assim, o desenvolvimento cognitivo não pode ser compreendido sem
a observância do contexto social e cultural no qual ele acontece, da mesma maneira
em que os meios que o desenvolvem são de procedência e de natureza sociais,
específicas ao ser humano, os quais se dão por meio da internalização das
informações (MOREIRA, 2017).
O processo de aprendizagem deve estar apoiado em aspectos que envolvem
um sentido para o estudante, ou seja, ser associado a um saber já existente, que foi
adquirido a partir dos contextos e das histórias de vida desses sujeitos. Esse modo de
aprender torna inseparáveis o social, o cultural e o técnico, no processo de formação
e isso só é possível pelo diálogo e pela relação entre estudantes e docentes, que se
desdobra em uma ação para autonomia (FREIRE, 1996).
Nesse caso, o planejamento de atividades pedagógicas, com a utilização de
dispositivos móveis com objetivos educacionais, pode se converter em uma alternativa
promissora, pois o uso desses dispositivos móveis de maneira significativa, é capaz
de potencializar o processo de ensino e de aprendizagem (SONEGO, 2019). Além
disso, a promoção de práticas pedagógicas com a utilização de tecnologias digitais
como instrumentos mediadores, constituem-se como propostas favorecedoras que
podem contribuir no processo de aprendizagem, além de estimular a autonomia e a
criticidade do estudante, colaborando assim, na sua formação humana integral
(NASCIMENTO; PRATES, 2020).
45

Dessa forma, compreende-se que é viável utilizar os recursos das tecnologias


digitais nos ambientes escolares para desenvolver atividades com fins educacionais.
Desse modo, mediar o processo de aprender a uma proposta pedagógica aliada com
o uso de tecnologias digitais, tais como, aplicativos, softwares, ambientes virtuais de
aprendizagem, planilhas eletrônicas, entre outros, exige dos sujeitos novos meios de
considerar o saber humano, de aprender em um novo espaço, o digital, como também,
de buscar outras formas de apreender os conhecimentos científicos.
Para Sonego (2019), a utilização dos dispositivos móveis no processo de
aprendizagem pode viabilizar o desenvolvimento de atividades colaborativas e
criativas, de forma a ampliar a comunicação e superar as questões hierárquicas,
construindo, assim, um novo processo de aprendizagem. Além disso, as atividades
planejadas com o uso de smartphones e de tablets possuem particularidades próprias,
como tempo e local de acesso, e ainda questões relacionadas à participação, à
colaboração e à autonomia dos sujeitos. Sobre esse assunto, Kenski, Medeiros e
Ordéas (2019) ponderam:

O processo de aprendizagem desencadeado nas redes tem suas


especificidades. Intuitivamente somos guiados pela curiosidade e motivação
para buscar informações sobre o que nos interessa. São muitos os casos de
jovens que aprendem sozinhos a se comunicar em outros idiomas, para
avançarem em jogos e desafios internacionais. Essas são as primeiras regras
para a aprendizagem nos meios digitais. Há que estar motivado para
aprender e ir em busca do conhecimento (KENSKI; MEDEIROS; ORDÉAS,
2019, p.143).

A assimilação ativa12 de conhecimentos e de habilidades, por meio do estudo


independente e interativo, possibilita os meios para uma aprendizagem significativa,
destacando os recursos disponibilizados pelo uso dos dispositivos móveis como forma
de favorecer essa prática. Dessa forma, a aprendizagem não se limita à transmissão
de conhecimentos no modelo de transferência mecânica da figura do professor para
o estudante, e, nem somente, no desenvolvimento e exercitação das capacidades e
habilidades. Pelo contrário, “nas condições de verdadeira aprendizagem os
educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução

12Entende-se por assimilação ativa de conhecimentos “[...] o processo de percepção, compreensão,


reflexão e aplicação que se desenvolve com os meios intelectuais, motivacionais e atitudinais do
próprio aluno [...]" (LIBÂNEO, 2013, p. 89). Disponível em: LIBÂNEO, J. C. Didática. 2 ed. São Paulo:
Cortez, 2013.
46

do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo” (FREIRE,


1996, p. 15).
É nessa perspectiva que o surgimento e o aperfeiçoamento dos dispositivos
móveis e das redes de comunicação sem fio conduziram para o surgimento da
modalidade educacional denominada mobile learning, ou simplesmente, m-learning,
traduzida como aprendizagem móvel, compreendida pelo emprego de dispositivos
móveis a fim de criar condições para que aprendizagem ocorra em diversos contextos
de tempo e de espaço (SILVA, 2018).
M-learning, traduzido para o português como aprendizagem móvel, pode ser
definido como o processo de aprendizagem mediado pela utilização de dispositivos
móveis, apresentando como característica principal a portabilidade dos dispositivos e
a mobilidade dos sujeitos, que podem estar, tanto fisicamente quanto
geograficamente, longe uns dos outros, ou em espaços físicos formais de educação,
como a sala de aula (MOURA, 2010).
Desse modo, a aprendizagem móvel possibilita condições para que a
aprendizagem aconteça, em diferentes espaços e lugares, desde que se tenha ao
alcance dispositivos móveis. Sendo assim, é importante refletir sobre a sua aplicação
para realização de atividades de estudo, colaborando para que as informações se
tornem disponíveis e ubíquas. Além disso, com o uso das tecnologias digitais se
agrega a possibilidade de mobilidade, ampliando assim, as formas de comunicação e
de aplicações no contexto educacional.
Para Vygotsky (1991), a aprendizagem ocorre na distância entre o
conhecimento real e o conhecimento potencial, designada de Zona de
Desenvolvimento Proximal (ZPD). Esse intervalo corresponde à diferença que existe
entre o que o sujeito é capaz de fazer, ou seja, aquelas conquistas já consolidadas
pelo sujeito, que lhe facultam realizar tarefas com autonomia, e aquilo que ele tem
potencial de aprender com ajuda de terceiros. Nas palavras do estudioso:

É a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma


determinar através da solução independente de problemas, e o nível de
desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas
sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais
capazes (VYGOTSKY, 1991, p. 58).

Destarte, seria oportuno que a educação atuasse nessa área, a ZDP,


estimulando o alcance do potencial, com base no conhecimento que o aprendiz já
47

detém, para, em seguida, intervir. A partir do momento que o conhecimento potencial


é conquistado, ele se torna o conhecimento real e a ZDP se delinearia para o novo
potencial. Nesse sentido, reforça-se novamente, a ideia de mediação e de interação,
proporcionada pelos dispositivos móveis na construção do conhecimento. Para
Vygotsky (1991), portanto, o desenvolvimento das funções psicológicas superiores,
especificamente humanas, acontecem pela interação dos seres humanos com o
mundo e com outros sujeitos, por meio dos elementos mediadores, que são os
instrumentos e signos.
A utilização de instrumentos e de signos como mediadores expande as
possibilidades do sistema de atividades das funções psíquicas. O instrumento é algo
usado para fazer alguma coisa, ou seja, são ferramentas que permitem fazer a
mediação do ser humano com o trabalho e, simultaneamente, provocam mudanças
no ambiente externo, pois aumentam as chances de intervenção na natureza, como
exemplo, os objetos: martelo, cadeira, etc. Já o signo é alguma coisa que significa
uma outra coisa. Ele tem a finalidade de auxiliar o ser humano nas suas atividades no
campo psicológico, logo, são resultado de um trabalho interno do indivíduo; as
palavras, por exemplo, são signos linguísticos (MOREIRA, 2017).
Por essa razão, na teoria de Vygotsky, os instrumentos, a mediação e o
desenvolvimento da zona proximal são tão importantes e fundamentais para o
processo de aprendizagem, pois

[o] uso de meios artificiais - a transição para a atividade mediada - muda,


fundamentalmente, todas as operações psicológicas, assim como o uso de
instrumentos amplia de forma ilimitada a gama de atividades em cujo interior
as novas funções psicológicas podem operar (VYGOTSKY, 1991, p.40).

Nesse contexto, depreende-se que o estudante, atuando perante um artefato


tecnológico, de modo ativo na construção do seu conhecimento, possibilita estimular
o interesse mais latente pelo que se aprende e desenvolve, de maneira significativa,
sua aprendizagem. Para tal, visualiza-se que os processos educativos, quando
pensados, implementados e mediados com o uso de dispositivos móveis, possam
contribuir na construção do conhecimento de maneira interativa, ou seja,
intercambiando informações entre duas ou mais pessoas, tendo a interação como um
dos elementos essenciais no processo de aprendizagem.
48

Sendo assim, a comunicação ativa com os colegas, com os professores e com


o conteúdo, mediadas pelos dispositivos móveis, especialmente os smartphones,
propiciam a interação com diversas fontes de conhecimento, podendo atuar na Zona
de Desenvolvimento Proximal desses aprendizes, consequentemente, na
aprendizagem. Dessa forma, levar em consideração a importância das relações
sociais no processo de aprendizagem implica em admitir a função mediadora dos
dispositivos móveis como artefatos, defendida pela teoria sócio-histórica. Evidencia-
se a necessidade de levar em conta a importância mediadora desses dispositivos
móveis no contexto da relação entre o sujeito e o objeto do conhecimento. Para
Vygotsky (1991),

[o] efeito do uso de instrumentos sobre os homens é fundamental não apenas


porque os ajuda a se relacionarem mais eficazmente com seu ambiente como
também devido aos importantes efeitos que o uso de instrumentos tem sobre
as relações internas e funcionais no interior do cérebro humano (VYGOTSKY,
1991, p.88).

Ressalta-se que o conhecimento é um processo genuíno humano. Apesar de


que se possa contar com dispositivos digitais para armazenar, organizar, gerenciar e
desenvolver informações, é indispensável a habilidade do ser humano de relacionar,
interpretar em conjunto e atribuir significado às informações, formulando o
conhecimento, pois, na medida que as pessoas se apropriam das informações e as
compartilham socialmente, convertem-nas em conhecimentos.
Ainda nessa perspectiva, sobretudo, salienta-se que não é apenas uma
questão de levar os recursos da tecnologia digital até a escola para que haja melhorias
na qualidade da educação. Freire (1996), ao discutir o poder da televisão, expressa
que “devemos usá-la, sobretudo, discuti-la”, (FREIRE, 1996, p.71). Nesta mesma
abordagem, Kenski (2012) também adverte que:

[...] para que as TICs possam trazer alterações no processo educativo, no


entanto, elas precisam ser compreendidas e incorporadas pedagogicamente.
Isso significa que é preciso respeitar as especificidades do ensino e da
própria tecnologia para garantir que seu uso realmente faça diferença. Não
basta usar a televisão ou o computador, é preciso saber usar de forma
pedagogicamente correta a tecnologia escolhida (KENSKI, 2012, p.58).

Dessa forma, a aplicação de tecnologias digitais em práticas educativas deve


acontecer de modo planejado e orientado. Assim, faz-se necessário que o professor
sistematize cuidadosamente todo o processo da proposta de trabalho junto aos
49

educandos para que se alcancem os objetivos propostos, ampliando o processo de


aprendizagem.
Diante do que foi apresentado, parte-se do entendimento de que a mediação
das tecnologias, sobretudo as digitais, podem contribuir no processo de
aprendizagem, mas desde que sua utilização não seja acrítica e mecânica. Ao
contrário, elas devem estar a serviço dos indivíduos, oportunizando uma formação
democrática de saberes para atuar de forma criativa, crítica e autônoma na sociedade
e no trabalho.
Nesse sentido, é importante fazer uma reflexão sobre a aplicação das
potencialidades dos recursos dos dispositivos móveis, especialmente smartphones,
para a realização de atividades de estudo, com possibilidades para ampliar a
comunicação, a produção de conteúdo e o compartilhamento de informações em
qualquer lugar e a qualquer hora, de modo a possibilitar o domínio e a apropriação
crítica desses recursos por todos os envolvidos. Partindo dessa reflexão, no próximo
tópico, é abordado o uso de aplicativos no contexto educacional.

2.1.3 Aplicativos na educação

Atualmente, o smartphone é a tecnologia que engloba diferentes mídias e


linguagens e está disseminado no Brasil em 234,1 milhões de linhas móveis. Dessas,
destacam-se em Minas Gerais 22,1 milhões e em Januária/MG 45.13813 linhas
(ANATEL, 2021). Isso tem favorecido para que, cada vez mais, as pessoas realizem
suas atividades, utilizando-se desta tecnologia digital, visto que ela permite a
mobilidade, a ubiquidade, o acesso e o compartilhamento de informações.
Os smartphones são dispositivos que permitem efetuar e receber ligações e
mensagens de texto. Além dessas funcionalidades, esses dispositivos oferecem
alguns recursos de uso, dentre eles, destacam-se a interface, a tela touch screen14, a
mobilidade e a portabilidade. Em vista disso, os usuários desses dispositivos estão
fazendo uso desses para diversos fins, como acesso, criação e compartilhamento a

13Esses dados são referentes ao período de dezembro de 2020. Disponível em:


https://www.anatel.gov.br/paineis/acessos/telefonia-movel. Acesso em: 03 mar. 2021.
14Touch screen significa tela sensível ao toque e é uma tecnologia que possibilita a interação e o

comando direto e intuitivo de determinado dispositivo eletrônico pelo toque. Disponível em:
https://www.significados.com.br/touch-screen/. Acesso em: 03 mar. 2021.
50

meios digitais, conteúdos, redes sociais e outras funcionalidades presentes na internet


(SONEGO, 2019).
Os smartphones se diferenciam em relação ao seu sistema operacional15, que
pode ser do tipo Android, iOS, Windows Phone e RIM BlackBerry. Dentre eles, os dois
primeiros tipos operacionais, Android e iOS, respectivamente, são os mais comuns. O
sistema Android é o mais utilizado e popular dentre as marcas de smartphones
comparado aos demais, tendo como empresa responsável pelo desenvolvimento, a
Google. O sistema iOS pertence à empresa Apple, porém, é liberado apenas para os
dispositivos móveis dessa marca (QUINTELA, 2016).
Nesta pesquisa, é abordado o uso do smartphone como exemplo de dispositivo
móvel. Essa escolha está associada ao fato de que os smartphones se fazem
presentes no cotidiano da maioria das pessoas como mostrado e, consequentemente,
podem ser levados para salas de aula, com acesso à rede de internet.
Outro aspecto importante que se deve à disseminação desses dispositivos
móveis é a ampliação do desenvolvimento de aplicativos (apps) para esses aparelhos
(ROSA; ROEHRS, 2020). Os aplicativos, que consistem em softwares construídos
para sistemas operacionais específicos, integrados aos recursos dos aparelhos ao
serem instalados, permitem uma maior gama de funcionalidades, tais como, acesso à
câmera, ao microfone, à geolocalização, entre outros recursos (LUCENA; OLIVEIRA,
2017). Os apps nos dispositivos móveis estão disponíveis em lojas como a do Google
Play16, que oferece em torno de “2,56 milhões de aplicativos, e a loja da Apple Store17,
com 1,85 milhão”18 de apps. Essas são lojas virtuais autorizadas com capacidade para
download grátis e pagos, a partir dos próprios dispositivos móveis.
Diversos são os tipos e finalidades de apps que estão à disposição dos
usuários, tais como, jogos, mídias sociais, livros, revistas, bancos, bem como
aplicativos específicos para educação, gerenciamento e organização de atividades. É

15Sistema operacional consiste em um programa ou um conjunto de programas que possui a função de


gerenciar todos os recursos do dispositivo e disponibilizar uma interface para o usuário. Disponível
em: https://tecnologia.ig.com.br/2018-01-16/sistema-operacional.html Acesso em: 03 mar. 2021.
16Acesso à loja em: https://play.google.com/store?hl=pt-BR
17Acesso à loja em: https://itunes.apple.com/br/genre/ios/id36?mt=8
18No primeiro trimestre de 2020, estavam disponíveis para os usuários do Android, 2,56 milhões de

aplicativos, tornando o Google Play a loja de aplicativos com o maior número de aplicativos e a app
Store, com quase 1,85 milhão de aplicativos disponíveis para iOS, ocupando a segunda posição.
Disponível em: https://www.statista.com/statistics/276623/number-of-apps-available-in-leading-app-
stores/ Acesso em: 07 ago. 2020.
51

nessa perspectiva que se destaca a utilização de aplicativos para auxiliar professores


e estudantes no processo de aprendizagem.
Os aplicativos são exemplos de recursos pedagógicos e tecnológicos, que
detêm uma infinidade de possibilidades para serem aplicadas no âmbito educacional,
na busca para atender as características da geração conectada (SONEGO, 2019).
Para Krimberg, et al. (2017), os aplicativos possibilitam a produção de novos recursos
pedagógicos significativos, com potencial para promover inovação, interatividade,
dinamicidade e elaboração de atividades em várias formas, contribuindo para a
construção do conhecimento dos estudantes dentro e fora da escola.
Nascimento e Prates (2020) realizaram uma pesquisa sobre as concepções
dos docentes sobre a utilização de tecnologias digitais em práticas educativas para
contribuição da aprendizagem dos estudantes, no contexto da Educação Profissional
e Tecnológica, na mesma instituição e curso, investigados nesta pesquisa. No estudo
de 2020, foi apontado que a utilização de aplicativos em atividades didáticas possibilita
integrar os conteúdos teóricos desenvolvidos em sala de aula, da turma do curso
Técnico em Edificações pesquisada, com a prática no campo de trabalho,
promovendo a aprendizagem significativa dos conteúdos trabalhados, além de
despertar o interesse dos estudantes pelo assunto.
Dessa forma, percebe-se que os aplicativos, quando utilizados em contextos
educativos, podem ampliar o processo de aprendizagem no âmbito da aprendizagem
móvel, possibilitando a construção do conhecimento em qualquer tempo e espaço,
facultando a autonomia do estudante. Além disso, os apps têm o potencial de associar
a teoria e a prática, que constitui o núcleo articulador na formação da educação
profissional, contribuindo assim para uma formação mais ampla e não somente para
a atuação profissional.
A junção das propostas teóricas e práticas na formação profissional de
estudantes vai além dos aspectos metodológicos de aprendizagem; constitui-se em
uma posição política que tem como propósito educacional a formação humana
integral, na busca de uma sociedade igualitária, de valorização dos que pensam e dos
que fazem, possibilitando uma formação crítica perante a realidade e a supressão de
propostas educativas dicotômicas, que estão a serviço da continuidade das divisões
de classes sociais (MORAIS; SOUZA; COSTA, 2017).
Entretanto, para potencializar situações de aprendizagem, de maneira positiva,
com uso desses recursos, é importante que o professor elabore um planejamento com
52

conteúdo curricular e utilização de um material didático envolvendo o uso de


aplicativos, pois se deve propor atividades que estimulem o estudante e que
proporcionem sua ação e interação (KRIMBERG, et al. 2017).
Nesse sentido, além dos aplicativos disponíveis19 para serem utilizados como
recursos pedagógicos, os estudantes e professores podem desenvolver os seus
próprios aplicativos educacionais. Porém, quando forem os desenvolvedores,
Krimberg et al. (2017) destacam que é importante se atentar para os aspectos
pedagógicos, técnicos e de interação.
Os aspectos pedagógicos estão relacionados ao planejamento educacional do
aplicativo. Nesse ponto, deve-se atentar para o planejamento pedagógico, a escolha
do conteúdo e a adequação ao público-alvo. O planejamento pedagógico diz respeito
à determinação dos objetivos educacionais visando ao desenvolvimento de atividades
que provoquem a reflexão e a criticidade do estudante, de maneira contínua a fim de
motivar o seu aprendizado. Quanto à escolha do conteúdo, essa questão diz respeito
à definição dos conteúdos a serem trabalhados e à quantidade de informação que
será exibida. E, quanto à adequação ao público-alvo, deve-se ter o cuidado de utilizar
uma linguagem especifica para cada faixa etária, com a intenção de promover o
engajamento dos estudantes (KRIMBERG, et al. 2017).
Os critérios técnicos referem-se à compatibilidade dos dispositivos móveis para
a utilização do aplicativo. Enquadram-se nesse critério o acesso, a compatibilidade e
a usabilidade. O acesso relaciona-se com a facilidade de achar o endereço de
download ou de entrada do app, a fim de que todos possam usá-lo. A compatibilidade
é referente ao uso do aplicativo off-line, permitindo que o estudante possa acessá-lo
em locais sem acesso à internet. E, por fim, a usabilidade está relacionada com a
navegação do aplicativo, apresentando uma interface de fácil operação e
compreensão, sem a necessidade de vários cliques (KRIMBERG, et al. 2017).
Já os aspectos de interação relacionam-se à aplicação de recursos para
interatividade dos estudantes com o conteúdo e a estética da interface da tela do

19Dentre os aplicativos disponíveis e gratuitos na loja Google Play voltados para o conteúdo de
projeções ortogonais, encontram-se os seguintes: Isometrik; Isometric; Isometrics, iSometric e Cube
Tailor. Entretanto, todos eles estão em idioma estrangeiro. Já para o conteúdo de perspectiva, tem-
se os seguintes: Ideias de perspectiva de desenho a lápis; Perspectiva do desenho a lápis e
Perspective views: Isometric Shape Puzzle. Os dois primeiros estão no idioma português, mas só
apresentam ideias de imagens em perspectivas. Disponível em:
https://play.google.com/store/apps/collection/cluster?clp=ggESChBkZXNlbmhvIHTDqWNuaWNv:S:
ANO1ljKXwio&gsr=ChWCARIKEGRlc2VuaG8gdMOpY25pY28%3D:S:ANO1ljKiWlM&hl=pt-BR
Acesso em: 28 mai. 2021.
53

aplicativo. Desse modo, esse aspecto está relacionado com o feedback, a diversidade
de recursos e a estética. Quanto ao feedback, esse diz respeito à disponibilização de
comunicação de resposta automática ao estudante no próprio app durante a
navegação, como também do professor com o estudante, objetivando esclarecer
dúvidas. A diversidade de recursos refere-se à aplicação de elementos visuais,
sonoros, entre outros, para estimular a aprendizagem dos estudantes. Já a estética
se caracteriza pela combinação de cores em consonância com a faixa etária do
público usuário do aplicativo (KRIMBERG, et al. 2017).
Acredita-se que os aplicativos estão presentes no cotidiano dos estudantes.
Dessa forma, entende-se que o desenvolvimento de um aplicativo educacional em
conformidade com os aspectos pedagógicos, técnicos e de interação possa ser um
recurso utilizado na sala de aula para favorecer a correlação entre a teoria e a prática
dos conteúdos da disciplina de Desenho Técnico, contribuindo com o estímulo das
habilidades cognitivas, a interatividade e a autonomia dos estudantes.
Considerando esse cenário, no próximo tópico é apresentada uma breve
reflexão e uma discussão sobre os conceitos relevantes no estudo da disciplina de
Desenho Técnico.

2.1.4 Breve reflexão e conceitos pertinentes no estudo da disciplina de Desenho


Técnico

O desenho técnico é uma ferramenta empregada no desenvolvimento e na


comunicação de ideias, conceitos e projetos. Consiste em uma forma de
representação gráfica que objetiva a descrição detalhada de dado objeto a ser
representado, a partir do dimensionamento, da representação e do posicionamento,
atendendo às necessidades requisitadas pelas várias modalidades das áreas de
Engenharia e de Arquitetura (RIBEIRO; PERES; IZIDORO, 2011).
Por meio da utilização de um conjunto formado por linhas, números, símbolos
e indicações escritas, em conformidade com normalizações internacionais, o desenho
técnico é tido como linguagem gráfica universal das áreas da engenharia e da
arquitetura (MARQUES; CHISTÉ, 2016). Nesse sentido, assim como é necessária a
alfabetização para a leitura, no desenho técnico são fundamentais o conhecimento e
a compreensão, para execução e a interpretação da linguagem gráfica, pois se utiliza
de representações bidimensionais em formatos tridimensionais e vice-versa.
54

O conhecimento obtido do conteúdo da disciplina de Desenho Técnico é


importante, não somente para apresentar resultados, bem como para soluções
gráficas que podem substituir cálculos matemáticos. Ao interpretar um desenho
técnico, é necessário ter a capacidade de visualizar uma forma espacial
bidimensional, a partir de sua projeção no plano tridimensional, como também, ao
contrário: a partir de uma representação bidimensional, conceber a forma
tridimensional de sua representação, isto é, deve-se ter a habilidade de visualização
espacial.
Desse modo, a disciplina de Desenho Técnico é caracterizada pela utilização
dos princípios da geometria descritiva, desenvolvidos no século XVIII pelo matemático
francês, Gaspard Monge, e, ainda, por seguir normas internacionais. No Brasil, as
normas técnicas são estabelecidas e editadas pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) e registradas pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial), como normas brasileiras (NBR) e estão em
conformidade com as normas internacionais aprovadas pela Organização
Internacional de Normalização (International Organization for Standardization – ISO).
Tais normas possibilitam que as informações sejam transmitidas de maneira precisa
e clara, além de favorecer a padronização (SILVA, et al., 2006).
Apesar da evolução tecnológica e dos meios disponíveis pela computação
gráfica, a aprendizagem da disciplina de Desenho Técnico ainda é essencial na
formação dos seus profissionais. A linguagem gráfica viabiliza que as ideias
elaboradas pelo desenhista ou projetista sejam executadas por terceiros, e, assim, “o
ato de desenhar não é só uma questão técnica, é também uma ação cognitiva que
envolve percepção visual; avaliação e raciocínio de dimensões; e relacionamentos
espaciais” (MARQUES, CHISTÉ, 2016, p. 03).
Segundo Marques e Chisté (2016), os recursos da computação gráfica podem
aproximar o desenho técnico e instrumental da realidade do estudante, mas não se
trata de modernizar a disciplina, retirando sua fase instrumental, pois essa é essencial
na aprendizagem e no desenvolvimento da visão espacial, função cognitiva
fundamental para a atuação de profissionais de Arquitetura, de Engenharias e de
áreas afins.
Desse modo, ressalta-se a importância que a disciplina de Desenho Técnico
tem nos cursos das áreas correlacionadas, em especial no curso Técnico em
Edificações, visto que a disciplina, enquanto linguagem da expressão gráfica, é a
55

principal ferramenta de comunicação em muitas áreas do conhecimento. Logo, é


imprescindível na formação dos profissionais, de modo que estes saibam interpretar
e elaborar projetos, possíveis de serem interpretados de forma universal. Assim,
entende-se que a tecnologia digital pode apoiar na construção do conhecimento dos
conteúdos da disciplina de Desenho técnico, de maneira interativa, mas não se deve
desvalorizar o desenvolvimento da visão espacial, proporcionada ao estudante pelo
desenho técnico instrumental e manual.

2.2 FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA

A presente seção expõe as principais abordagens teórico-metodológicas que


foram trabalhadas na pesquisa. Para sintetizar a exposição das subseções que se
seguem, apresenta-se, primeiramente, um diagrama (Figura 1) com a representação
metodológica:

FIGURA 1 – REPRESENTAÇÃO METODOLÓGICA

Aspectos Metodológicos

Contexto do Tipo de Procedimentos Análise de


Amostra
Estudo Pesquisa Técnicos Dados

Coleta de Análise de
dados conteúdo
Pesquisa de
Qualitativa; Campo
Descritiva Questionários

FONTE: Adaptação feita pela pesquisadora, a partir de Gil (2008), Prodanov e Freitas (2013).

2.2.1 Contexto de estudo

O campus Januária, situado na cidade de Januária/MG e fundado em dezembro


de 1960, faz parte da rede dos onze campi do Instituto Federal do Norte de Minas
Gerais – IFNMG. Por conta de mudanças de ordem legal, sua nomenclatura foi
alterada por várias vezes ao longo de sua existência. Denominado inicialmente como
56

“Escola Agrícola de Januária”, depois passou a ser chamado de “Colégio Agrícola de


Januária”, em seguida de “Escola Agrotécnica Federal de Januária” e, posteriormente,
de “Centro Federal de Educação Profissional e Tecnológica”, assim subscrito até o
advento da lei 11.892, que criou os Institutos Federais de Educação, Ciência e
Tecnologia (IFNMG JANUÁRIA, 2014).
Dentre os cursos presenciais ofertados no nível superior pelo campus Januária,
têm-se: Bacharelado em Administração; Licenciatura em Ciências Biológicas;
Bacharelado em Engenharia Agrícola e Ambiental; Bacharelado em Engenharia
Agronômica; Bacharelado em Engenharia Civil; Bacharelado em Sistemas de
Informação; Licenciatura em Física; Licenciatura em Matemática e Tecnologia em
Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Também são oferecidos cursos técnicos de
nível médio na modalidade integrada: Técnico em Agropecuária, Técnico em
Informática para Internet e Técnico em Meio Ambiente. Nas modalidades subsequente
e concomitante, são ofertados os cursos técnicos em Enfermagem, Edificações,
Informática e Manutenção e Suporte em Informática, além do curso Técnico em
Comércio, que é ofertado no Proeja (IFNMG JANUÁRIA, 2014).
O campus também realiza ações voltadas para a extensão e para a pesquisa,
com o objetivo de promover integração entre os três pilares que norteiam as ações
dos Institutos Federais – ensino, pesquisa e extensão – visando à formação de
profissionais para os diversos setores da economia, com destaque no
desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional (IFNMG JANUÁRIA,
2014).

2.2.1.1 O curso Técnico de Edificações do IFNMG campus Januária

O curso Técnico em Edificações, oferecido pelo IFNMG, na cidade de Januária,


foi fundado em 2015, sendo ofertado na modalidade presencial, na forma subsequente
e concomitante ao ensino médio, nos turnos matutino e noturno, tendo duração de 24
meses. O curso compõe o eixo de infraestrutura e sua entrada ocorre por meio e
processo seletivo, realizada semestralmente (IFNMG JANUÁRIA, 2014).
O curso Técnico em Edificações envolve tecnologias relacionadas à construção
civil, contemplando ações de planejamento, operação, manutenção, proposição e
gerenciamento de soluções tecnológicas para infraestrutura, tendo como objetivo:
57

Preparar profissionais de nível médio capacitados para projetar e


acompanhar obras, de acordo com os procedimentos legais, qualificando
para supervisionar a execução de sistemas construtivos, participar do
controle tecnológico de métodos e materiais, propondo alternativas para
planejamento da obra e orçamentos necessários, cumprindo a legislação
específica de saúde e segurança do trabalho visando a melhor solução para
ocupação do solo, tendo por premissa o respeito e a preservação ambiental
(IFNMG JANUÁRIA, 2014, p.16).

A matriz curricular do curso (Anexo A) compreende estudos sobre ética,


empreendedorismo, normas técnicas e de segurança, redação de documentos
técnicos, educação ambiental, raciocínio lógico, formando profissionais técnicos que
trabalhem em equipes com iniciativa, criatividade e sociabilidade (IFNMG JANUÁRIA,
2014).
A disciplina de Desenho Técnico é ofertada no primeiro módulo, ministrada com
a carga horária de 38h/a, com os seguintes conteúdos: Histórico; Formatos de Papel;
Instrumentos para desenho; Caligrafia Técnica; Desenho Geométrico; Desenho
Projetivo; Vistas Ortogonais; Perspectiva de Sólidos, conforme ementa que se
encontra no Anexo B.

2.2.2 Tipo de Pesquisa

Tendo em vista o objetivo desta investigação, fez-se necessária a escolha de


uma abordagem metodológica que possibilitasse um caminho para buscar respostas
para a problemática desta pesquisa: Quais as possíveis contribuições da tecnologia
digital, como instrumento mediador no processo de aprendizagem de conteúdos para
a disciplina de Desenho Técnico na concepção dos estudantes do curso Técnico em
Edificações, modalidade concomitante/subsequente do IFNMG, campus Januária?
Nesse contexto, optou-se por uma pesquisa de abordagem qualitativa, de
caráter descritivo, justificando-se pela possibilidade que ela permite ao pesquisador
de enfocar e descrever particularidades, caracterizando o fenômeno a ser estudado,
conforme pontua Gil (2008) ao argumentar que “as pesquisas descritivas têm como
objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou
fenômeno” (GIL, 2008, p.42).
A abordagem qualitativa “defende uma visão holística dos fenômenos, isto é,
que leve em conta todos os componentes de uma situação em suas interações e
influências recíprocas” (GATTI; ANDRÉ, 2011, p.30). Por isso, justifica-se a escolha
58

da abordagem qualitativa por julgar que seja a forma mais adequada de entender a
natureza de um fenômeno social.

2.2.3 Amostra

Para a primeira fase desta pesquisa, o universo de estudo compreendeu os


sujeitos do curso Técnico em Edificações, na modalidade subsequente/concomitante,
localizado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas
Gerais, na cidade de Januária - Minas Gerais. A amostra limitou-se aos discentes
matriculados no 3º módulo do referido curso, no primeiro semestre de 2020.
O tipo de amostragem empregado foi por acessibilidade ou conveniência, o
qual é descrito por conforme Gil (2008, p. 94) [...] como aquele em que “o pesquisador
seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que estes possam de alguma
forma, representar o universo. Aplica-se este tipo de amostragem em estudos
exploratórios ou qualitativos, onde não é requerido elevado nível de precisão”.
Na época da realização da investigação para esta pesquisa, a turma em
questão era composta por quatorze discentes matriculados. Para entrada no curso,
são ofertadas quarenta vagas, entretanto, no decorrer do curso, os discentes vão
desistindo, o que explica a quantidade reduzida de matriculados.
Apesar da amostra reduzida, entende-se que isso não afeta a pesquisa, pois a
premissa de realização deste estudo partiu-se de um problema pontual percebido pela
pesquisadora ao lecionar a disciplina de Desenho Técnico no curso investigado.
Nesse sentido, justifica-se a escolha dessa turma, devido ao fato de os estudantes já
terem estudado o conteúdo investigado bem como a disciplina de Desenho
Arquitetônico, contribuindo melhor nas questões examinadas. Além disso, destaca-se
o fato de a pesquisadora já ter ministrado a disciplina de Desenho Técnico, num
período anterior, tornando, assim, o ambiente e o assunto abordado parte do seu
cotidiano. Esse primeiro contato com a turma investigada também possibilitou
perceber que todos os estudantes possuíam smartphones, viabilizando a aplicação
da pesquisa.
Sendo assim, como critério de inclusão para participação neste estudo,
garantiu-se que todos os estudantes participantes estão regularmente matriculados
no 3º módulo do curso Técnico em Edificações subsequente/concomitante do IFNMG
– campus Januária, no primeiro semestre do ano de 2020, e possuem smartphone.
59

Considerando esses critérios, foram excluídos os estudantes dos demais módulos,


como também os estudantes de outros cursos, modalidades e institutos. Também
ficaram excluídos deste trabalho os estudantes que não estão de posse de um
smartphone.
Para a fase de avaliação do produto educacional proposto neste estudo, o
público de avaliadores compreendeu a turma de estudantes, participantes na primeira
fase desta pesquisa, e uma equipe técnica, composta por um pedagogo, uma docente
da área de Desenho Técnico e um docente, com experiência em jogos digitais, todos
profissionais habilitados no IFNMG.

2.2.4 Procedimentos Técnicos

Considerando as peculiaridades do objeto de estudo, dentre as possibilidades


procedimentais, elegeu-se para este estudo a pesquisa de campo.
A pesquisa de campo consiste no aprofundamento das questões propostas,
utilizando técnicas de observação, investigando um único grupo ou comunidade (GIL,
2008).
Nesse sentido, na fase de exploração desta pesquisa, foi realizado um
levantamento de informações para embasar a construção do produto educacional. Por
meio de um encontro presencial, em 05 de março de 2020, foi aplicado um
questionário (Apêndice B) para os onze estudantes presentes, do 3º módulo do curso
Técnico em Edificações, na modalidade subsequente/concomitante do IFNMG,
campus Januária.
A partir das informações apuradas do questionário (Apêndice B) após a sua
aplicação, deu-se o início à segunda fase da pesquisa, que consistiu no
desenvolvimento do produto educacional, o aplicativo Edifica.
De posse do aplicativo, devido à pandemia, o mesmo foi disponibilizado e
aplicado ao público de avaliadores por vias digitais. E assim, eles puderam proceder
com as avaliações do produto educacional.

2.2.4.1 Coleta de dados

Para obtenção dos dados necessários para este estudo, utilizou-se, como
técnicas de pesquisa, os questionários semiestruturados.
60

O questionário semiestruturado é definido como uma técnica de investigação


formada por um conjunto de questões que são submetidas aos indivíduos com a
finalidade de obter informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores,
interesses, expectativas, aspirações, temores, comportamento presente ou passado,
etc. (GIL, 2008). De acordo com autor, no que tange à forma das questões, elas
podem ser fechadas ou abertas. Os questionários desta investigação foram
desenvolvidos com o auxílio de um gerador de formulários, o Formulário Google Docs,
em formato de questões fechadas e abertas.
Optou-se por esse formato de questões, porque ele permite respostas
específicas de determinados aspectos investigados, como respostas com mais
profundidade, ou seja, possibilita ao investigado uma maior liberdade de resposta.
O primeiro questionário, que se encontra no Apêndice B, foi aplicado aos onze
estudantes da turma do 3º módulo do curso Técnico de Edificações, com o principal
objetivo de apurar informações para auxiliar na construção do produto educacional.
Esse questionário reúne um total de seis questões. A primeira pergunta foi formulada
visando a conhecer a faixa etária do público investigado, para que, assim, fosse
possível utilizar, no aplicativo, uma linguagem adequada para esses usuários. A
segunda pergunta foi feita para verificar a viabilização do desenvolvimento do
aplicativo.
Já a terceira, a quarta e a sexta perguntas foram elaboradas para averiguar a
aceitação do público-alvo em relação ao produto educacional. Essas questões tinham
como premissa conhecer as concepções dos participantes acerca da utilização de
aplicativos como instrumento de contribuição para a aprendizagem, principalmente,
na disciplina de Desenho Técnico. A quinta pergunta foi formulada para identificar os
conteúdos da disciplina de Desenho Técnico, considerados como os mais difíceis de
entendimento entre os participantes, para, assim, desenvolver o aplicativo com maior
enfoque para esses conteúdos.
O segundo questionário (Apêndice C) foi disponibilizado ao grupo de
avaliadores com o intuito de colher as suas impressões em relação à experiência no
uso do aplicativo construído na contribuição para a aprendizagem de Desenho
Técnico. O instrumento compreende um total de quinze perguntas, elaboradas para
avaliar o produto educacional desenvolvido quanto aos aspectos pedagógicos, aos
aspectos técnicos e aos aspectos interativos, além do grau de satisfação e as
61

principais contribuições que o uso do aplicativo apresenta para a aprendizagem de


Desenho Técnico.
Os aspectos pedagógicos estão relacionados às questões de número um, três,
dez e onze, que foram elaboradas visando a avaliar o planejamento educacional do
aplicativo. Em relação aos aspectos técnicos, foram formuladas as questões de
número dois e quatro, referentes à compatibilidade e à usabilidade do aplicativo.
Quanto aos aspectos interativos, foram pensadas as questões de número cinco, seis
e sete, que dizem respeito à interatividade e à estética do aplicativo. Já para avaliar o
grau de satisfação, foram organizadas as questões de número oito e nove do
questionário. E, para avaliar as principais contribuições que o uso do aplicativo
apresenta para a aprendizagem de Desenho Técnico, foi formulada a questão de
número doze.
A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sendo
aprovada em 19 de dezembro de 2019, por meio do parecer consubstanciado do CEP
número 3.785.381.

2.2.5 Análise de dados

As respostas do questionário (Apêndice B) aplicado aos estudantes


participantes foram analisadas por meio da técnica de análise de conteúdo, proposta
por Bardin (2010), pelo estabelecimento de categorias de análise, sendo iluminados
pelas teorias privilegiadas nesta pesquisa. A análise de conteúdo se organiza de
várias técnicas em que se busca descrever o conteúdo emitido no processo de
comunicação, seja ele por meio de falas ou de textos. Desse modo, a técnica é
estabelecida por procedimentos sistemáticos que proporcionam o levantamento de
indicadores (quantitativos ou não) permitindo a realização de inferência de
conhecimentos (BARDIN, 2010).
Pelo exposto, a análise de conteúdo, realizada nesta pesquisa, procurou a
partir de um agrupamento de técnicas de análises de comunicações, compreender as
significações claras e implícitas do conteúdo exposto e enriquecer a leitura dos dados
coletados. A aplicação da análise de conteúdo, segundo Bardin (2010), consiste em
três fases fundamentais, que são: pré-análise, exploração do material e tratamento
dos resultados – inferência e interpretação.
62

A pré-análise é a fase destinada para a organização e a seleção do material a


ser analisado, com o propósito de torná-lo operacional, sistematizando as ideias
iniciais. A fase de exploração do material constitui na construção das operações de
codificação, considerando-se os recortes dos textos em unidades de registros, a
definição de regras de contagem e a classificação e a agregação das informações em
categorias simbólicas ou temáticas. A terceira e última fase consiste no tratamento
dos resultados, na inferência e na interpretação; compreende em assimilar os
conteúdos manifestos e latentes contidos em todo o material coletado por meio de
interpretações inferenciais, em que a intuição, a análise reflexiva e a crítica são
requeridas (BARDIN, 2010).
Para esta pesquisa, a aplicação das fases propostas por Bardin (2010) ocorreu
conforme detalhado na Figura 2.

FIGURA 2 - FASES DA ANÁLISE DE CONTEÚDO NA PESQUISA

Exploração do Tratamento dos


Pré-análise
material dados

 Cópia das respostas  Instituição das nuvens  Interpretação dos


dos questionários de palavras para relatos.
para o Word. identificação dos termos
mais frequentes.  Inferência com base no
 Leitura flutuante das referencial teórico da
respostas.  Elaboração das pesquisa.
unidades de registro.
 Organização dos
relatos por  Categorização temática
questões. das verbalizações
(agrupamento a partir
das unidades similares).

 Construção do quadro
com as categorias e a
indicação da frequência
das respostas.

FONTE: Adaptação feita pela pesquisadora, a partir de Bardin (2010).

Para auxiliar na categorização das respostas dos participantes das questões


abertas do questionário do Apêndice B, utilizou-se nesta pesquisa, a técnica de gráfico
digital word cloud generator, ou nuvem de palavras, que consiste em um recurso que
63

exibe as palavras em grau de frequência em que aparece no texto variando em


tamanho de acordo essa frequência.
Para a análise dos dados quantitativos, foi empregado o tratamento estatístico
descritivo para a obtenção da frequência absoluta e relativa, retratados por meio de
gráficos, construídos utilizando o excel.
Cabe salientar que, diante da pandemia ocasionada pelo novo coronavírus
(Sars-Cov-2), as aulas presenciais foram suspensas como medida de prevenção. Em
razão disso, para atender aos preceitos de distanciamento físico e proceder à
realização desta pesquisa, o produto educacional foi disponibilizado e aplicado ao
público alvo - estudantes participantes na fase de exploração desta pesquisa e a
equipe técnica -, por meio das tecnologias digitais existentes, via e-mail e por um
aplicativo de mensagens, o Whatsapp.
A metodologia de construção e a análise dos resultados da avaliação referente
à aplicação do produto educacional proposto neste estudo estão descritos no capítulo
4, elaborado especificamente para esse fim.
No próximo capítulo encontram-se os resultados da pesquisa, usados como
base para a construção do produto educacional.
64

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este capítulo apresenta os dados coletados ao longo deste estudo e a análise


dos resultados efetuada em função das questões de investigação e dos objetivos
propostos, interpretados à luz dos teóricos Freire (1996) e Vygotsky (1991), Bardin
(2010), além da autora Sonego (2019). São apresentados os dados obtidos por meio
da caracterização dos estudantes participantes da pesquisa, da identificação dos
conteúdos da disciplina de Desenho Técnico, apontados pelos estudantes
participantes como os mais difíceis de entendimento e a as suas concepções acerca
da utilização de aplicativos como instrumento de contribuição para a aprendizagem,
avaliadas nas categorias: concordância em que o uso de aplicativos pode beneficiar
a aprendizagem; discordância em que o uso de aplicativos pode beneficiar a
aprendizagem; razões de aprendizagem com o uso de um aplicativo em Desenho
Técnico.
Os resultados desta investigação foram obtidos pelo uso de um questionário
semiestruturado (Apêndice B), aplicado na fase exploratória da pesquisa. Aplicou-se
tal questionário, na data de 05 de março de 2020, para a turma do 3º módulo curso
Técnico em Edificações do IFNMG, modalidade concomitante/subsequente, campus
Januária, turno noturno, na época, composta por quatorze estudantes matriculados,
mas, na ocasião, apenas onze estavam presentes. Inicialmente, a pesquisadora
apresentou aos estudantes os objetivos da pesquisa e os convidou a participarem da
investigação. A turma se mostrou interessada e, de imediato, aceitaram, de livre e
espontânea vontade, o convite. Assim, foram orientados para se dirigirem até o
laboratório de informática do referido campus, onde, pelo link disponibilizado pela
pesquisadora, puderam acessar o questionário e participar com suas contribuições.
Essas informações, manifestadas pelos estudantes participantes durante a
fase exploratória dessa investigação, foram usadas como base para a construção do
produto educacional, que consiste no aplicativo Edifica20, desenvolvido para auxiliar
na aprendizagem de conteúdos da disciplina de Desenho Técnico.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ESTUDANTES PARTICIPANTES DA PESQUISA

20O aplicativo Edifica está disponível no link:


https://drive.google.com/drive/folders/1kzqHWjazJ9pIYLreX-04_6ZD6UEJX5ti?usp=sharing
65

Conforme Freire (1996), o exercício da curiosidade permite a ação de


perguntar, conhecer e reconhecer, uma vez que ela desencadeia a imaginação, a
intuição, as emoções, a faculdade de presunção e da comparação, na tentativa de
conhecer o perfil do objeto ou do achado de sua razão de ser.
Nesse sentido, tendo em vista os dados obtidos mediante o questionário do
Apêndice B, foi possível conhecer um pouco sobre os estudantes do 3º módulo, do
curso Técnico em Edificações do IFNMG, modalidade concomitante/subsequente, do
campus Januária. Essas informações possibilitaram identificar o perfil etário do
público-alvo, além de viabilizar a construção da proposta do aplicativo.
O primeiro aspecto analisado foi a faixa etária. No Gráfico 1, é possível
visualizar que um estudante possui a idade de 17 anos, quatro deles têm 18 anos, um
com 19 anos, um estudante com 20 anos, um com 24 anos, um com 25 anos e dois
possuem a idade de 34 anos.

GRÁFICO 1 - FAIXA ETÁRIA DOS ESTUDANTES PARTICIPANTES

34 anos

25 anos

24 anos

20 anos

19 anos

18 anos

17 anos

0 1 2 3 4 5

Participantes

FONTE: Gráfico elaborado pela pesquisadora com base nos dados da pesquisa (2020).

Os dados revelam que a faixa etária dos estudantes compreende entre 17 e 34


anos, indicando uma turma composta por jovens e adultos. Nesse sentido, para
adequação ao público-alvo e promover o engajamento dos estudantes, o aplicativo
contará com uma linguagem compatível ao público.
66

Outra questão analisada na pesquisa questiona se os estudantes participantes


possuem ou não algum dispositivo digital móvel. Dos onze estudantes pesquisados,
todos eram proprietários desses recursos, dado que viabilizou o desenvolvimento do
produto educacional, o aplicativo Edifica, visto que pode indicar uma aceitação
expressiva dos estudantes pesquisados em relação a essas tecnologias.
Além de inteirar sobre o fato de os estudantes serem possuidores de
dispositivos móveis, procurou-se saber também que tipo de dispositivo eles possuíam
na ocasião da pesquisa. Dos estudantes pesquisados, todos os onze eram
proprietários de smartphones, correspondendo a 100% da amostra analisada.
A preferência maior por smartphones foi justificada pelos estudantes, devido ao
seu custo ser menor, se comparado ao Iphone, por exemplo. Outro fator
preponderante para a escolha é o tamanho reduzido, o que facilita o transporte desse
dispositivo, uma vez que são leves e portáteis, e permitem efetuar ligações. Além
disso, a presença de diversas marcas de smartphones no mercado, as inúmeras
ofertas, assim como os diversos tamanhos e modelos, a agilidade para manuseio e a
navegabilidade, conduzem para expansão desses aparelhos (SONEGO, 2019).
Tal dado também leva a pressupor que os dispositivos móveis informados estão
presentes nas relações culturais e sociais dos participantes o que propicia a criação
de possibilidades para a construção do conhecimento, contextualizadas com as
experiências vivenciadas pelos estudantes no uso dessa tecnologia digital. Sobre
esse aspecto, conforme Freire (1996), os seres humanos são seres inacabados que
se fazem e refazem na interação com mundo. Nesse sentido, a incorporação desses
dispositivos móveis no processo de aprendizagem pode agregar para o
desenvolvimento de atividades colaborativas, que consistem em um modelo de
atividade em que os estudantes são apoiados a trabalharem juntos a fim de
construírem o conhecimento de maneira partilhada, ampliando assim, as formas de
comunicação para superar questões hierárquicas (SONEGO, 2019).
Nessa perspectiva, o fato de os estudantes participantes serem possuidores de
smartphones, aparelhos os quais permitem reunir diversas possibilidades para serem
aplicadas em atividades pedagógicas, torna-se favorável ao desenvolvimento do
aplicativo educacional para smartphones.

3.2 CONTEÚDOS EM DESENHO TÉCNICO: DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM


67

Para iniciar o desenvolvimento do app, foi importante elencar os conteúdos da


disciplina de Desenho Técnico em que os estudantes se consideram com maior
dificuldade de entendimento, de acordo com os dados apresentados no Gráfico 2,
para o alcance de um dos objetivos desta pesquisa.
Conforme mostrado no Gráfico 2, o conteúdo apontado com maior grau de
dificuldade foi o de Desenho Projetivo (que compreende projeções ortogonais e vistas
principais), sendo declarado por quatro estudantes, como o conteúdo no qual têm
muita dificuldade, correspondendo a 36,4% da amostra; seguido do conteúdo de
Perspectivas de Sólidos, indicado por três estudantes, representando 27,3% da
amostra. Considerando qualquer que seja o nível de dificuldade, ambos conteúdos
ainda lideram a classificação, como evidenciam os resultados. Dez, (90,6%) dos onze
estudantes, informaram que apresentam alguma dificuldade no conteúdo
Perspectivas de Sólidos e nove, (81,8%) deles, declararam possuir algum tipo de
dificuldade em Desenho Projetivo.
Tal dado confirma a percepção da pesquisadora, a partir da sua experiência
ministrando os conteúdos, pela qual foi possível observar a dificuldade dos estudantes
em relação à visão espacial. Como retratado nesse estudo, o ato de desenhar não é
só uma questão técnica, mas uma ação cognitiva que envolve o desenvolvimento da
percepção visual. Sendo assim, é comum os estudantes apresentarem dificuldades
para compreender a transição de projeções ortográficas em perspectivas e vice-versa,
pois é um conteúdo da disciplina de Desenho Técnico que requer a interpretação
visual de imagens. É nesse sentido que se sugere a inserção de tecnologias digitais
como mediadora para contribuir no desenvolvimento do raciocínio espacial dos
estudantes na disciplina de Desenho Técnico.
68

GRÁFICO 2 - DIFICULDADES NOS CONTEÚDOS DE DESENHO TÉCNICO


Nenhuma dificuldade Pouca dificuldade Muita dificuldade

11
10
9
Número de Estudantes

8
7
6
5
4
3
2
1
0

FONTE: Gráfico elaborado pela pesquisadora com base nos dados da pesquisa (2020).

Conforme Vygotsky (1991), por meio da zona de desenvolvimento proximal, se


consegue alcançar o que ainda não foi amadurecido, ou seja, ainda se encontra em
fase de formação. Dessa maneira, necessita-se de elementos mediadores adequados
para a interação entre sujeito e objeto.
É nessa perspectiva que se percebe, mais uma vez, a viabilidade da construção
do aplicativo educacional com os conteúdos da disciplina de Desenho Técnico eleitos
pelos estudantes para auxiliar na aprendizagem de interpretação visual de imagens,
utilizando-se de propostas de atividades que possam ser exploradas a partir de
situações contextualizadas com a prática de maneira interativa e criativa.
A partir dos dados apresentados, foi possível confirmar que, dentre os
conteúdos da disciplina de Desenho Técnico, os estudantes relataram Desenho
Projetivo e Perspectivas como sendo os conteúdos de maior de dificuldade de
aprendizagem. Isso se deve ao fato de tais conteúdos exigirem uma maior percepção
espacial de imagens. Ao sugerir a proposta do aplicativo como produto educacional,
69

acredita-se que seus recursos possam auxiliar na aprendizagem, estimulando o


alcance do conhecimento potencial.
Para dar prosseguimento à proposta de desenvolvimento do produto
educacional, foi necessário, antes, conhecer as percepções dos estudantes acerca da
utilização de aplicativos como instrumento de contribuição para aprendizagem, em
especial da disciplina de Desenho Técnico, conforme apresentado a seguir.

3.3 CONCEPÇÕES DOS ESTUDANTES ACERCA DO USO DE APLICATIVOS NA


APRENDIZAGEM

Após elencados os conteúdos da disciplina de Desenho Técnico que devem


compor o aplicativo com base naquilo que os estudantes consideram apresentar maior
dificuldade de compreensão, importava saber, também, que concepção eles tinham
sobre o uso desses recursos, os apps, como instrumentos para sua aprendizagem.
Desse modo, para estudo das questões abertas empreendeu-se a técnica de
análise de conteúdo de Bardin (2010), a fim de analisar qualitativamente as respostas
dos entrevistados. Após a pré-análise, procedeu-se a exploração do material, fase na
qual foi definida a seguinte unidade de registro: concepção dos estudantes quanto ao
uso de aplicativos na aprendizagem.
Em seguida, utilizou-se a técnica de gráfico digital word cloud generator ou
nuvem de palavras (Figura 3) para destacar a frequência dos termos nos relatos dos
estudantes investigados, a fim de auxiliar na definição da categorização das respostas
dos participantes.
70

FIGURA 3 - NUVEM DE PALAVRAS DAS RESPOSTAS ABERTAS DOS ESTUDANTES


PARTICIPANTES

FONTE: Figura elaborada pela pesquisadora com base nos dados da pesquisa (2020).

Com base na nuvem de palavras da Figura 3, foram estabelecidas as seguintes


categorias temáticas e a frequência quantitativa de cada uma, a partir da unidade de
contexto e das codificações temáticas das respostas informadas21 pelos estudantes
participantes no questionário, conforme apresentado no Quadro 1:

21As respostas informadas pelos estudantes participantes foram transcritas de modo diplomático.
71

QUADRO 1 - DEFINIÇÃO DAS CATEGORIAS TEMÁTICAS E DA FREQUÊNCIA


QUANTITATIVA
Categoria Unidade de contexto Codificação
Frequência
temática temática
P1: “Sim, por que os aplicativos
ajudam...Auxiliando em alguns Auxílio nos estudos.
trabalhos”
P2: “Proporciona mais rapidez nos
Potencialidades e
trabalhos, é atualiza novas
recursos dos apps.
informações”
Auxílio na
P3: “O uso de aplicativos aumentaria o
aprendizagem /
conhecimento...pois praticamente todas
Acessibilidade aos
as pessoas tem acesso a
smartphones /
tecnologia...Atraves da interação”
Interatividade.
P4: “Despertam o interesse e chamam
Interatividade.
a atenção”
P5: “Porque muitos possuem acesso a Acessibilidade aos
estes meios facilitando o estudo... smartphones /
Concordância
através de aplicativos educativos que Auxílio nos estudos
sobre os
estimulam o aprendizado” e na aprendizagem.
benefícios do
Acessibilidade aos 10
uso de P6: “Facilidade e praticidade de se
smartphones /
aplicativos na possuir um smartfone com um
Potencialidades e
aprendizagem. aplicativo que nos auxilia no dia a dia”
recursos dos apps.
P8: “Os aplicativos facilitariam na Potencialidades e
questão da rapidez... disponibilizam recursos dos apps /
uma maneira mais fácil e simples de Auxílio na
compreender” aprendizagem.
Potencialidades e
P9: “Fornecer conteúdos...ter mais um recursos dos apps /
meio de aprender” Auxílio na
aprendizagem.
P10: “Facilita muito para tira duvidas,
Auxílio nos estudos.
pesquisar”
P11: “O aplicativo ajudaria ao estudante
Auxílio nos estudos
a fazer e praticar
/ Potencialidades e
exercícios...independentemente de sua
recursos dos apps.
localização”
Discordância
sobre os
benefícios do P7: “Passo muito tempo olhando Distração de uso
01
uso de xvideos” pessoal.
aplicativos na
aprendizagem.
Auxílio na
P1: “Auxilia nas atividades” aprendizagem da
disciplina.
Facilidade na
Razões da P2: “Vai saber qual o tipo de figura para
percepção espacial
aprendizagem ser projetada... pode pesquisa
dos sólidos / Auxílio
com o uso de desenhos, para aprofundar mais no seu
na aprendizagem 11
um aplicativo conhecimento”
da disciplina.
em Desenho
Facilidade na
Técnico P3: “Pois ao invés de imaginarmos
percepção espacial
poderiamos ter uma pequena noção de
dos sólidos
como seria o produto... melhor
/Agilidade na
desempenho para realizar os projetos”
execução de
72

desenhos / Auxílio
na realização de
projetos.
Agilidade na
P4: “Erro desfaz com mais rapidez... ter execução de
uma visão mais aproximada do desenhos /
desenho em questão que facilitara a Facilidade na
compreensão” percepção espacial
dos sólidos.
Acessibilidade para
P5: “É acessível a grande parte da a maioria da turma
turma... colaborar na percepção dos / Facilidade na
desenhos” percepção espacial
dos sólidos.
Auxílio na
P6: “Facilitar nos estudos” aprendizagem da
disciplina.
P7: “Sim, nada a declarar” Concordância.
Facilidade na
percepção espacial
P8: “Facilita mais nos desenhos e dos sólidos /
diminui o tempo que seria gasto se Agilidade na
fossem feitos a mão... mais fácil de se execução de
ter acesso” desenhos /
Acessível para a
maioria da turma.
P9: “Aprofunda no conteudo e auxilia Auxílio na
muito o aprendizado... ferramenta de aprendizagem da
estudo” disciplina.
Auxílio na
aprendizagem da
P10: “Tira duvidas... ficaria mais facil na
disciplina / Auxílio
hora da pessoar fazer um projeto”
na realização de
projetos.
Auxílio na
P11: “Método de ensino a mais” aprendizagem da
disciplina.
Auxílio na
P1: “Auxilia nas atividades” aprendizagem da
disciplina.
FONTE: Quadro elaborado pela pesquisadora com base nos dados da pesquisa (2020).

Como apresentado no Quadro 1, a categoria ‘concordância sobre os benefícios


do uso de aplicativos na aprendizagem’ está frequente em dez (91%) das onze
respostas dos participantes da pesquisa. Para essa categoria foram estabelecidas as
codificações temáticas com base nos motivos dados pelos estudantes para justificar
a sua concordância, que foram: auxílio nos estudos e/ou aprendizagem (por sete
participantes), segundo os quais os apps facilitam para sanar dúvidas, realizar
pesquisas, resolver e praticar atividades, constituindo-se como uma ferramenta capaz
de tornar a compreensão mais clara, logo contribuem no aprendizado, como pode ser
observado nas respostas: “aplicativos educativos que estimulam o aprendizado”
(PARTICIPANTE 05, 05/03/2020) e “aplicativo ajudaria ao estudante a fazer e praticar
73

exercícios no qual condiz com a matéria” (PARTICIPANTE 11, 05/03/2020);


potencialidades e recursos dos apps (por cinco participantes), cujos argumentos são
a rapidez no alcance das informações, o auxílio nas atividades cotidianas e a
mobilidade, com acesso a qualquer local; acessibilidade aos smartphones (por três
participantes), justificado por eles com o fato de a maioria das pessoas possuírem
smartphones, por conta da facilidade de aquisição, o que favorece o seu uso em
atividades de estudo e; interatividade (por dois participantes), pois, segundo os
entrevistados, são capazes de motivar interesse e despertar a atenção pela interação
permitida por essa tecnologia digital.
No Gráfico 3, são apresentadas as codificações temáticas embasadas nos
motivos relatados pelos estudantes participantes e a frequência quantitativa de cada
uma:

GRÁFICO 3 - MOTIVOS PARA A CONCORDÂNCIA DAS RESPOSTAS DADAS PELOS


ESTUDANTES PARTICIPANTES

Auxílio nos estudos e/ou aprendizagem

Potencialidades e recursos dos apps

Acessibilidade aos smartphones

Interatividade

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Respostas dos Estudantes

FONTE: Gráfico elaborado pela pesquisadora com base nos dados da pesquisa (2020).

Observa-se que os motivos apontados pelos estudantes vão ao encontro das


discussões levantadas nesta pesquisa, pois se acredita que os processos
pedagógicos mediados pelas tecnologias digitais possam contribuir na construção do
conhecimento de maneira interativa. Além disso, o fato de os smartphones estarem
presentes no cotidiano dos estudantes colabora para sua introdução em contextos
educativos.
Conforme Sonego (2019), os dispositivos móveis dispõem de várias
funcionalidades que agregam potencial para o processo de ensino e de aprendizagem
74

dos estudantes e podem ampliar as possibilidades para a construção do


conhecimento, de modo participativo e dinâmico.
Além disso, a função mediadora dos instrumentos e signos, proposta pela teoria
sócio-histórico-cultural de Vygotsky (1991), já abordada neste estudo, demonstra a
forte influência do meio sobre o desenvolvimento do indivíduo por intermédio desses
elementos, que internalizam conceitos e comportamentos, levando a ideia de que o
desenvolvimento acontece por meio de interações sociais. Correlacionando com a
teoria, observa-se que os processos de mediação a partir da combinação da utilização
de signos e de instrumentos, representados pelo uso de smartphones e seus
aplicativos, favorecem as interações que estão associadas ao desenvolvimento do
indivíduo, pressupondo-se, que possam viabilizar os processos de aprendizagem.
No entanto, esse processo só ocorre se houver uma ação intencional do sujeito
em relação ao objeto do conhecimento mediado pelos instrumentos. Nesse sentido,
entende-se que se deve superar a supervalorização da tecnologia e compreendê-la
como resultado do processo de acumulação de saberes dos seres humanos ao longo
do tempo pela realização do trabalho (VIEIRA PINTO, 2005). Isso porque os aparelhos
que permitem comunicar, informar, compartilhar em grupo são também responsáveis
pela transformação do modo de viver e de aprender dos seres humanos em
sociedade.
Dessa forma, observa-se a relevância da atuação docente em relação ao
planejamento e a realização de atividades com os dispositivos móveis para
potencializar o processo de aprendizagem. Para Freire (1996), a aprendizagem é um
processo de mão dupla, em que o professor e o estudante são envolvidos nesse
processo de constante aprendizagem, superando a concepção de que somente a
figura do professor transmite conhecimento, para o entendimento de que ambos estão
envolvidos no processo de ensinar e de aprender.
No tocante à mobilidade, característica proporcionada pelos smartphones,
destaca-se a aprendizagem móvel permitida por esses dispositivos, a qual não
precisa, necessariamente, de um local definido para sua realização, já que “basta
dispor de um espaço que evidencie situações em que haja o compartilhamento de
informações e o desenvolvimento da aprendizagem” (SONEGO, 2019, p.54). Dessa
maneira, esse recurso possibilita uma certa autonomia ao estudante na construção do
seu conhecimento, pois, conforme Freire (1996), o ser humano é um sujeito
75

inacabado, em constante construção e que precisa incorporar conhecimento para que


possa se tornar um sujeito ativo de sua história e não ser apenas coadjuvante.
A categoria ‘discordância sobre os benefícios do uso de aplicativos na
aprendizagem’ se encontra em apenas uma (9%) das respostas. O estudante
justificou a sua resposta como fato de que utiliza o smartphone para distrações de uso
pessoal, de conteúdo pornográfico, como relatado: “passo muito tempo olhando
xvideos, matematica junto com pornô” (PARTICIPANTE 07, 05/03/2020). Nesse
sentido, chama-se a atenção para que o uso dos dispositivos móveis, quando para
finalidades pedagógicas, aconteça de modo orientado pelo professor a partir do seu
planejamento de aula.
Cabe salientar que a utilização dos dispositivos móveis, de modo isolado e sem
planejamento de aula, não garante o desenvolvimento do processo de aprendizagem.
Para tanto, é necessário que em atividades, de caráter pedagógico, se tenha um
planejamento docente para que elas apontem um objetivo educacional, somando
assim, contribuições na aprendizagem dos estudantes (SONEGO, 2019).
Já a categoria ‘razões da aprendizagem com o uso de um aplicativo em
Desenho Técnico’, aparece em todas as onze (100%) respostas dos estudantes
participantes. Quando questionados, todos concordaram que o uso de um aplicativo
pode colaborar para a compreensão de conteúdos na disciplina de Desenho Técnico.
Dentre as codificações temáticas, estão as seguintes razões informadas pelos sujeitos
investigados: o aplicativo poderia auxiliar na aprendizagem da disciplina (por seis
participantes), facilitar na percepção espacial dos sólidos (por cinco participantes),
agilizar a execução de desenhos (por três participantes), ser acessível para a maioria
da turma (por dois participantes) e ajudar na realização de projetos (por dois
participantes), como representado, a seguir, no Gráfico 4:
76

GRÁFICO 4 - RAZÕES QUE O USO DE UM APP PODE COLABORAR NA COMPREENSÃO


DE DESENHO TÉCNICO

Auxiliar na aprendizagem da disciplina

Facilitar na percepção espacial dos sólidos

Agilizar na execução de desenhos

Acessível para a maioria da turma

Ajudar na realização de projetos

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Respostas dos Estudantes

FONTE: Gráfico elaborado pela pesquisadora com base nos dados da pesquisa (2020).

Mais uma vez, é reforçada pelos estudantes a ideia de que o uso de tecnologias
digitais, como instrumentos mediadores para fins educacionais, nesse caso, um
aplicativo, pode contribuir nos processos de aprendizagem, sobretudo, na disciplina
de Desenho Técnico. Nesse sentido, o uso dos dispositivos móveis pode ser citado
como uma possibilidade de aprendizagem viável de ocorrer a partir do contexto dos
sujeitos, já que, como revelado, todos os estudantes participantes desta pesquisa são
possuidores desses dispositivos
No que se diz respeito ao uso de um aplicativo na disciplina de Desenho
Técnico como facilitador na percepção espacial dos sólidos, percebe-se novamente,
a dificuldade dos estudantes em relação aos conteúdos de projeções ortográficas e
perspectivas. Nesse sentido, viabiliza e ampara a proposta de construção de um
aplicativo com estratégias para a realização de atividades de representação gráfica
mais atrativas e contextualizadas, aproximando da realidade do estudante, por meio
do emprego de objetos/edificações das experiências visuais do ambiente, para que
possa auxiliar na sua compreensão de tais conteúdos.
Em consonância a essa reflexão, as Diretrizes Curriculares Nacionais
explicitam, como princípios da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, dentre
outros, a contextualização, a flexibilização e a interdisciplinaridade, que devem ser
utilizadas em estratégias educacionais para melhor entendimento de significados.
Além disso, destacam que deve haver a articulação entre a teoria e a prática
77

profissional, de forma que esses princípios devam estar contemplados na formulação


e no desenvolvimento do projeto político-pedagógico integrado das instituições de
ensino (BRASIL, 2012). É nessa perspectiva que se infere que a contextualização dos
sólidos trabalhados no app se finde em estratégias favoráveis para a compreensão da
percepção visual, integrando a teoria à vivência da prática profissional, contribuindo
assim, com a formação integral humana.
Quando informado pelos estudantes participantes que o uso de um aplicativo
poderia agilizar na execução de desenhos, nota-se que eles consideram a realização
de desenhos no modelo manual muito demorada, o que pode justificar a falta de
interesse em estudar a disciplina. Entretanto, a proposição do app para essa fase da
pesquisa tem como objetivo que ele seja uma ferramenta de estudo, auxiliando os
estudantes no entendimento da percepção gráfica e não ainda voltado para a
construção de desenhos. Porém, acredita-se que os recursos disponibilizados por
essa tecnologia digital, como a dinamicidade e a interatividade, possam estimular o
interesse pela disciplina.
Em relação ao fato de a utilização de um app na disciplina de Desenho Técnico
tem o potencial de ajudar na realização de projetos, subentende-se a relevância da
disciplina na formação profissional dos técnicos em edificações. Essa discussão vai
ao encontro do pensamento de autores referenciados nesta pesquisa, como Marques
e Chisté (2016), que consideram a disciplina essencial para a formação dos cursos
que a ofertam, conferindo à linguagem da expressão gráfica o posto de principal
ferramenta de comunicação em várias áreas do conhecimento.
Dessa forma é necessário preparar os estudantes da EPT para que sejam
capazes de associar teoria e prática, contribuindo na sua formação para o mundo do
trabalho e rompendo com a dualidade estabelecida, uma vez que precisarão lidar com
as inovações tecnológicas22 na prática laboral (FREITAS; FILHO, 2018). Nesse
sentido, a associação dos conteúdos teóricos de desenho técnico com a prática no
campo de trabalho, por meio da proposta da utilização de tecnologias digitais para a
aprendizagem móvel, objetiva o alcance do núcleo articulador na formação da
educação profissional, a fim de contribuir em uma formação mais ampla e não
unicamente voltada para a empregabilidade.

22Inovaçãotecnológica está associada com a introdução de produtos, processos ou serviços baseados


em novas tecnologias. Disponível em:
http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/422. Acesso em: 22 fev. 2021.
78

Com base nos resultados anteriormente descritos, observou-se que os


estudantes demonstraram um interesse pelo uso de dispositivos móveis, sobretudo
os aplicativos, no apoio à sua aprendizagem. Após reunidas algumas informações que
indicaram o perfil etário, a posse de dispositivos móveis, a identificação dos conteúdos
na disciplina de Desenho Técnico de maior dificuldade de compreensão e as
concepções dos estudantes sobre o uso de aplicativos na aprendizagem, e em
específico na aprendizagem de assuntos da disciplina de Desenho Técnico, foi
possível planejar as propostas de atividades que compõem o aplicativo educacional e
dar início ao seu desenvolvimento, a partir das demandas levantadas na fase
exploratória da pesquisa.
Isso posto, infere-se que os estudantes participantes deste estudo consideram
que o uso de aplicativos educativos podem beneficiar a aprendizagem, revelando-se
como recursos estratégicos para serem aplicados na EPT na promoção da formação
integral do estudante, visto que podem ser desenvolvidos para auxiliar na
contextualização da teoria à prática. Dessa maneira, esses mecanismos podem
colaborar para o rompimento da educação dualista e reforçar a formação apoiada nos
eixos estruturantes da Educação Profissional e Tecnológica: ciência, tecnologia,
cultura e trabalho.
79

4 PRODUTO EDUCACIONAL

De acordo com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível


Superior (CAPES), nos Mestrados Profissionais, além da dissertação da pesquisa, é
preciso desenvolver um produto educacional que possa ser implementado em
condições reais de ensino formal ou informal, visando à solução de um problema
relevante. Sendo assim, o produto educacional desenvolvido, apoiado nesta pesquisa,
consiste em um aplicativo educacional, que compreende os conteúdos da disciplina
de Desenho Técnico para apoiar a aprendizagem dos estudantes. Tal recurso
tecnológico educacional se insere na área de ensino e se enquadra na categoria
desenvolvimento de aplicativos, em consonância com o Documento da Área de
Ensino da CAPES (2019)23.
Neste capítulo, são apresentados a descrição, os objetivos e os procedimentos
para elaboração do aplicativo Edifica, bem como sua aplicação e avaliação feita pelos
estudantes participantes desta investigação e por uma equipe técnica composta pelos
seguintes profissionais na área de ensino do IFNMG: um pedagogo especialista em
supervisão e inspeção escolar, com experiência na área de educação, com ênfase em
gestão, ensino-aprendizagem; uma docente doutora em engenharia agrícola, com
experiência na área de geociências, atuando principalmente em geodésia,
sensoriamento remoto e sistemas de informações geográficas; e um docente com
doutorado em educação e inclusão social com experiência na área de história, em
pesquisas sobre ensino de história e currículo, jogos digitais e aprendizagem histórica,
teoria da tecnologia e da educação, lúdico e ludicidade em contextos educacionais.

4.1 DESCRIÇÃO E OBJETIVOS DO APLICATIVO EDUCACIONAL EDIFICA

A escolha pelo desenvolvimento do aplicativo partiu do entendimento de que


essa tecnologia digital possa contribuir na mediação do processo de aprendizagem
dos estudantes nos conteúdos de Desenho Técnico. Tal concepção advém da
apreensão no decurso da prática docente da pesquisadora em que foi possível

23O documento que orienta a categorização dos produtos educacionais segundo os campos da
Plataforma Sucupira está disponível em: https://www.gov.br/capes/pt-br/centrais-de-
conteudo/ensino1.pdf Acesso em: 11 fev. 2021.
80

observar a dificuldade de entendimento do conceito de visão espacial e o desinteresse


dos discentes ao estudarem a disciplina de Desenho Técnico.
Sendo assim, objetiva-se com esse produto educacional contribuir na formação
dos estudantes, utilizando-se de propostas de atividades de representação gráfica
significativas e contextualizadas para mediar o processo de aprendizagem e provocar
o interesse dos discentes pela disciplina, de maneira dinâmica, a partir da interação
proporcionada por esse recurso tecnológico.
O aplicativo educacional, denominado Edifica, foi construído com base nos
aspectos pedagógicos, técnicos e de interação propostos por Krimberg et al. (2017).
Sua composição compreende os conteúdos da disciplina de Desenho Técnico
escolhidos, a partir da investigação da fase exploratória desta pesquisa, na qual, os
estudantes participantes da turma do 3º módulo do Curso Técnico em Edificações,
modalidade subsequente/concomitante, do IFNMG campus Januária, elencaram os
conteúdos que tinham mais dificuldade, baseando-se na ementa da disciplina do
referido curso, na época desta investigação.
De acordo com os resultados apresentados no capítulo 3 desta pesquisa, os
conteúdos de Desenho Projetivo (que compreende projeções ortogonais e vistas
principais) e Perspectivas foram os apontados com maior dificuldade pelos estudantes
investigados. Já sobre os demais: Histórico do Desenho; Caligrafia; Desenho
Geométrico; Formatos de Papel; Instrumentos para Desenho e Cortes, os estudantes
pesquisados, informaram não terem tanta dificuldade.
Desse modo, considerando o resultado dessa investigação e pensando em
uma extensão do app para outros cursos, o aplicativo foi desenvolvido de forma que
envolvesse todos os conteúdos da disciplina de Desenho Técnico, com maior
destaque para os conteúdos de Desenho Projetivo e Perspectivas, tendo uma seção
de atividades exclusiva para eles.
Portanto, vale salientar que o aplicativo educacional construído não se
concentra apenas ao público do curso supracitado, uma vez que pode ser utilizado
para outros cursos, até mesmo de outras modalidades e instituições. Além disso, o
app foi desenvolvido para ser utilizado em atividades em sala de aula e extraclasse.
O sistema operacional utilizado para construção do aplicativo foi o Android
Studio, baseado na linguagem Java. Essa escolha se deu por se tratar de um sistema
operacional presente na maioria dos celulares populares, conforme apontado por
Sonego (2019) e, também, nos aparelhos dos estudantes pesquisados. Dessa forma,
81

é fundamental destacar que é necessário que o dispositivo móvel - smartphone ou


tablet - possua esse tipo operacional para instalação do aplicativo Edifica. Já para
iPhones e aparelhos com outros sistemas operacionais, será necessário desenvolver
uma versão específica, devido às particularidades de cada plataforma. Vale ressaltar,
também, que depois de instalado, o aplicativo não requer acesso à internet para o seu
funcionamento. O aplicativo foi desenvolvido pela pesquisadora em conjunto com a
estudante Jeanne Rocha Almeida, do curso de Análise e Desenvolvimento de
Sistemas e o professor Me. Felipe Augusto Oliveira Mota, do curso Análise e
Desenvolvimento de Sistemas, ambos integrantes do grupo de pesquisa “Engenharia,
Eletrônica e Computação (E2C)” do IFNMG, campus Januária, com os devidos
créditos informados em uma seção específica no produto educacional.
Para auxiliar na instalação e navegação do aplicativo Edifica, foi elaborado um
material com orientações em formato de e-book (Apêndice A), contando com uma
sequência das principais imagens de tela do aplicativo, para que os usuários possam
se orientar na navegação. O material, além da capa, contempla apresentação,
introdução, informações para instalação do aplicativo Edifica, uma descrição do
aplicativo, um detalhamento dos recursos, as limitações do app em questão, a
indicação de propostas para aplicação e as referências. Quanto à produção desse
material, contou-se com o uso de recursos próprios da pesquisadora, com a edição e
a diagramação feitas por profissional habilitado da área gráfica.
A seguir, é apresentada a estrutura do aplicativo.

4.2 ESTRUTURA DO APLICATIVO EDUCACIONAL EDIFICA

A tela inicial do Edifica (Figura 4) possui uma interface apresentando toda a


matéria que compõe o aplicativo.
82

FIGURA 4 - TELA INICIAL DO EDIFICA

FONTE: Material elaborado pela pesquisadora (2020).

O aplicativo educacional Edifica foi organizado da seguinte forma:

1. Menu Principal:
a. Botão para seção: Conteúdo;
b. Botão para seção: Atividades;
c. Botão para seção: Sobre Nós, com botão para retornar ao início;
d. Botão para seção: Referências, com botão para retornar ao início;
e. Botão para finalizar (sair);
f. Menu lateral.

2. Seção de Conteúdo:
a. Botão para Unidade I: Histórico, subdividida em:
 Botão para a subunidade: O desenho como meio de comunicação;
 Botão para a subunidade: O desenho artístico;
 Botão para a subunidade: O desenho técnico;
 Botão para a subunidade: A geometria descritiva;
 Botão para a subunidade: A normalização;
 Botão para a subunidade: A informática.
b. Botão para Unidade II: Instrumentos para desenho, subdividida em:
 Botão para a subunidade: Lápis, lapiseira e grafite;
 Botão para a subunidade: Borracha;
83

 Botão para a subunidade: Régua;


 Botão para a subunidade: Escalímetro;
 Botão para a subunidade: Esquadros;
 Botão para a subunidade: Papel.
c. Botão para Unidade III: Apresentação em folhas de desenho, subdividida em:
 Botão para a subunidade: Formatos padronizados Série A
 Botão para a subunidade: Margem e quadro;
 Botão para a subunidade: Marcas de centro;
 Botão para a subunidade: Sistema de referência por malhas;
 Botão para a subunidade: Marcas de corte;
 Botão para a subunidade: Legenda;
 Botão para a subunidade: Dobramento dos formatos da série A;
 Botão para a subunidade: Escalas.
d. Botão para Unidade IV: Caligrafia técnica, tipos de linhas e cotagem em
desenho técnico, subdividida em:
 Botão para a subunidade: Caligrafia técnica;
 Botão para a subunidade: Tipos de linhas;
 Botão para a subunidade: Cotagem.
e. Botão para Unidade V: Desenho projetivo, subdividida em:
 Botão para a subunidade: Projeções ortográficas;
 Botão para a subunidade: Cortes.
f. Botão para Unidade VI: Perspectiva de sólidos, subdividida em:
 Botão para a subunidade: Tipos de perspectivas.

3. Seção de Atividades:
a. Botão para: Atividades Objetivas, com botão para iniciar a resolução;
b. Botão para: Atividades Interativas, com botão para iniciar a resolução;
c. Botão para: Atividades Reflexivas, com botão para iniciar a resolução.

4. Menu Lateral:
a. Botão para Home;
b. Botão para seção: Conteúdo;
c. Botão para seção: Atividades;
d. Botão para seção: Sobre Nós;
84

e. Botão para seção: Referências.

Todo o aplicativo foi construído, idealizando interfaces com aparência


agradável, sem excesso de informações visuais ou necessidade de diversos
comandos (touches) em uma única tela. Procurou-se que os elementos gráficos
pudessem ser atrativos e permitissem a interação, para despertar a atenção dos
estudantes. Desse modo, destaca-se que, além dos aspectos pedagógicos, o
aplicativo foi desenvolvido atentando para aos aspectos técnicos e de interação,
propostos por Krimberg et al. (2017), a fim de contemplar as necessidades dos
estudantes e possibilitar a construção do conhecimento.
A seção de conteúdo foi planejada pensando na possibilidade de sempre que
o estudante achar necessário, possa consultar determinado assunto sobre os
requisitos para representação gráfica na folha de desenho ou revisar o seu
conhecimento fora da sala de aula. Os conteúdos foram abordados com base na
ementa do curso Técnico em Edificações do IFNMG, campus Januária (IFNMG
JANUÁRIA, 2014).
Com o intuito de deixar o estudante mais envolvido e interessado com o
assunto, antes de abordar a temática de cada conteúdo, é feita uma apresentação ao
usuário, informando o que ele irá estudar e o objetivo do conteúdo selecionado, como
também é exibido um convite ao estudo, indicando a importância daquele conteúdo.
Essa estratégia é importante porque as informações essenciais devem ser
disponibilizadas inicialmente, priorizando o conteúdo, e as demais, em telas
secundárias, sendo acessadas, conforme o desejo do estudante (KRIMBERG, et al.,
2017).
Além disso, ao longo de toda seção de conteúdo foram inseridos os recursos
Saiba Mais, Para Refletir, Se Liga e Assimilando Melhor, que são quadros com
informações complementares a fim de evitar que assunto fique monótono, e sim,
estimular a interação e o entusiasmo no estudante. No recurso Saiba Mais, são
indicadas referências de onde o estudante pode aprofundar sobre o assunto
mencionado. Já o recurso Para Refletir aborda questões que merecem ser pensadas
em torno do assunto apresentado. O recurso Se Liga alerta para temas que merecem
atenção no conteúdo. E, por fim, o recurso Assimilando Melhor apresenta
exemplificações do assunto exposto.
85

É importante salientar que, em dezembro do ano de 2019, a seção de


conteúdos já estava elaborada. Entretanto, devido à publicação da NBR 16752 em
janeiro de 2020, que trata sobre os requisitos para apresentação em folhas de
desenho, substituindo a NBR 10068:1987, toda essa seção de conteúdo teve que ser
reajustada para seguir às novas orientações apresentadas pela norma vigente. Assim,
ressalta-se a atenção em deixar o conteúdo atualizado para os usuários.
A seção de atividades do aplicativo foi elaborada prezando por estratégias que
estimulem o estudante e possibilitem sua ação e sua interação, além de permitirem a
reflexão e a criticidade do discente, a motivar de modo progressivo, seu aprendizado
(KRIMBERG, et al., 2017). Dessa forma, as atividades estão divididas em questões
objetivas, interativas e reflexivas.
Para a resolução das atividades, foi simulado um cenário em que o usuário faz
parte da equipe de projetistas da construtora Edifica (nome fantasia) e, dentre suas
funções, está a de gerenciar sua equipe e de solucionar situações relacionadas ao
desenho técnico, sempre que o seu supervisor-chefe solicitar. Para todos os tipos de
atividades são apresentadas as respectivas orientações para resolução.
As atividades objetivas foram elaboradas baseadas em situações que
aproximem os conteúdos teóricos da disciplina de Desenho Técnico da prática. Ao
total, foram organizadas doze questões em formato de múltipla escolha e, na medida
em que o usuário vai resolvendo, o aplicativo informa os acertos. A quantidade foi
definida com a intenção de não deixar o aplicativo pesado e estipulando uma
quantidade razoável para que pudessem ser resolvidas sem interrupção, pois, ao sair
do app, não é possível salvar os acertos no banco de dados.
As atividades reflexivas foram formuladas a partir de questões que permitem a
reflexão dos estudantes sobre os desafios relacionados ao desenho técnico e a
utilização de softwares para o desenvolvimento. Foram planejadas cinco questões
discursivas, no entanto, não é possível avaliar as respostas, pois, precisaria ter acesso
à internet para gravar e fazer o upload das resoluções. Para amenizar o problema, ao
final de cada questão, são exibidas algumas considerações, com a intenção de que o
usuário faça uma reflexão.
Já as atividades interativas foram construídas abordando, exclusivamente, os
conteúdos de Desenho Projetivo e Perspectivas. Nelas o usuário precisará interagir
com aplicativo para identificar os tipos e as vistas principais dos desenhos de maneira
86

lúdica. Foram escolhidas imagens contextualizadas com a realidade visual do


ambiente e da disciplina, como edifícios, peças e móveis.
Em todo teor do aplicativo, para as referências provenientes de sites, foram
disponibilizados o recurso de links clicáveis. Assim, quando o usuário estiver
conectado com a internet e clicar sobre o link, será direcionado para a página do site,
proporcionando uma melhor compreensão e interação com os conteúdos abordados.

4.3 APLICAÇÃO DO APLICATIVO EDUCACIONAL EDIFICA

O produto educacional, em formato de aplicativo, foi aplicado seguindo os


preceitos do atual contexto de vivências sociais, que tem como premissa o isolamento
físico. Isso se deve pela situação de emergência em saúde pública de importância
internacional declarada pela Organização Mundial da Saúde, no dia 30 de janeiro de
202024, em decorrência da doença provocada pelo novo coronavírus (COVID – 19), e
pela situação de pandemia, decretada em 11 de março, pela mesma agência. Esse
cenário trouxe a necessidade de repensar o modo de apresentar o aplicativo aos
participantes da pesquisa.
A Lei 13.979, de 06 de fevereiro de 2020, estabeleceu as medidas de
enfrentamento da situação de emergência em saúde pública de importância
internacional, visando à proteção da coletividade. Em 11 de março de 2020, o
Ministério da Saúde regulamentou essas medidas, pela Portaria 356, estabelecendo,
dentre as propostas de operacionalização recomendadas, o isolamento e a
quarentena.
Por conseguinte, em 17 de março de 2020, o Ministério da Educação emitiu a
Portaria 343, autorizando, em caráter excepcional, a substituição das aulas
presenciais por aulas em meios digitais pelo período que durar a situação de
pandemia do Coronavírus. Posteriormente, as portarias 345, de 19 de março de 2020,
e 473, de 12 de maio de 2020, emitidas pelo Ministério da Educação, alteraram a
Portaria 343, e esta última prorrogou por mais trinta dias o prazo previsto para
aplicação das atividades letivas por meio digitais. Por fim, foi promulgada a Portaria
544, de 16 de junho de 2020, revogando essas três portarias citadas anteriormente e

24AOrganização Mundial da Saúde declarou o surto de COVID-19 como Emergência de Saúde Pública
de Âmbito Internacional em 30 de janeiro de 2020 e uma pandemia em 11 de março de 2020.
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cronologia_da_pandemia_de_COVID-19 Acesso em: 05
jul. 2020.
87

estendendo a utilização de meios digitais para substituição de aulas presenciais até


dia 31 de dezembro de 2020.
Em decorrências dessas regulamentações, os calendários letivos dos cursos
presenciais dos onze campi do IFNMG foram suspensos pelo período que perdurar a
situação de emergência por meio da portaria 118/2020, publicada em 25 de março de
2020.
Diante do contexto apresentado, foi necessário um ajuste na forma de
aplicação do produto educacional, pois outrora, havia sido delineada sua aplicação
por meio de encontros presenciais com os estudantes participantes na fase de
exploração desta pesquisa, e com o grupo de colaboradores, composto por
profissionais da área de ensino, mas não foi possível manter esse planejamento frente
ao cenário vivenciado.
Dessa forma, para adequação ao contexto real, optou-se pela disponibilização
do produto educacional, utilizando as tecnologias digitais existentes. Assim, o contato
com o público envolvido e a disponibilização dos materiais ocorrem por meio de um
aplicativo de mensagens, o Whatsapp e via e-mail. A aplicação foi precedida pelo
convite e pela especificação dos objetivos do produto e da pesquisa em questão,
sensibilizando o público supracitado para a importância da apreciação, com vistas a
uma possível melhoria do aplicativo educacional. Acompanhado ao aplicativo Edifica,
foram disponibilizadas as orientações para navegação e um questionário de avalição
(Apêndice C) do produto educacional. Esse questionário, elaborado com o apoio da
ferramenta Google Forms, permitiu ao o público alvo - estudantes e a equipe técnica
- fazer considerações sobre o aplicativo, quanto aos aspectos pedagógicos, técnicos,
interativos. Além disso, os participantes puderam apresentar uma visão em relação à
satisfação geral do produto, e sobre as contribuições para aprendizagem, e ainda,
propor sugestões, caso julgassem necessário.
O produto educacional foi encaminhado para a equipe técnica, na data de 25
de agosto de 2020, e retornado da avaliação no dia 03 de setembro do mesmo ano.
Já para o grupo de estudantes participantes, foi aplicado e avaliado, no período de 03
de setembro a 10 de setembro de 2020.
Também foi realizado com a equipe técnica, no dia 03 de setembro de 2020,
um encontro via Google Meet, para elucidar dúvidas e elencar colocações e
contribuições para pesquisa. Quanto aos estudantes participantes, suas impressões
88

puderam ser colhidas no grupo de Whatsapp formado, bem como pelo questionário
avaliativo.
A seguir, é apresentada a apuração da avaliação do produto educacional, feita
pela equipe técnica e pelo grupo de estudantes participantes.

4.4 AVALIAÇÃO DO APLICATIVO EDUCACIONAL EDIFICA

O mesmo questionário de avaliação foi disponibilizado para ambos os públicos


participantes, estudantes e equipe técnica, respectivamente. Foram elaboradas, ao
total, quinze questões, sendo doze fechadas, estruturadas nas opções de “sim”, “não”
e “parcialmente”, e três questões abertas.
É importante ressaltar que dos onze estudantes participantes desta pesquisa
na fase exploratória, somente cinco opinaram na avaliação do produto educacional.
Nesse sentido, foram levantados alguns questionamentos pela pesquisadora aos
estudantes que participaram e à coordenação do curso Técnico em Edificações
subsequente/concomitante do campus Januária, na tentativa de justificar a não
participação dos demais estudantes. Dentre eles, foi informado que alguns dos
estudantes residem na zona rural e não possuem acesso à internet.
Para análise dos resultados desta seção, as respostas aos questionamentos
foram analisadas e organizadas nas seguintes categorias apresentadas pelas autoras
Krimberg et al. (2017), são elas: aspectos pedagógicos, aspectos técnicos e aspectos
interativos. Além disso, foram elencadas duas outras categorias, a saber: grau de
satisfação e as principais contribuições que o uso do aplicativo Edifica apresenta para
a aprendizagem de Desenho Técnico. Essas duas últimas categorias foram definidas
por entender que sejam importantes para alcance do objetivo proposto nesta
investigação. Destaca-se também que as respostas informadas pelo público
entrevistado nos questionários foram escritas de maneira diplomática. Os resultados
são apresentados, a seguir, analisando individualmente cada categoria.

a) Avaliação quanto aos aspectos pedagógicos

Nesse aspecto foram avaliadas as questões relacionadas ao planejamento


educacional do aplicativo. As perguntas do questionário avaliativo que contemplam
esse aspecto são: 1, 3, 10 e 11. A seguir, são apresentados, no Quadro 2 e no Quadro
89

3, os resultados obtidos pelas avalições feitas, respectivamente, pela equipe técnica


e pelo grupo de estudantes participantes, das referidas questões, nos quais o (S)
corresponde a sim, (N) não e (P) parcialmente:

QUADRO 2 - RESPOSTAS DA EQUIPE TÉCNICA QUANTO AOS ASPECTOS


PEDAGÓGICOS
Perguntas S % N % P %
1. A organização do aplicativo ficou clara e objetiva? 3 100 0 - 0 -

3. O conteúdo geral do aplicativo é relevante para 3 100 0 - 0 -


complementar os seus conhecimentos da disciplina de
Desenho Técnico?

10. A utilização do aplicativo para a disciplina de Desenho 1 33 0 - 0 -


Técnico foi uma experiência satisfatória?

11. O uso do aplicativo colaborou na sua compreensão 3 100 0 - 0 -


de conteúdos da disciplina de Desenho Técnico?

FONTE: Quadro elaborado pela pesquisadora com base nos dados da pesquisa (2020).

Conforme apresentado no Quadro 2, os dados revelam, com ressalva para a


questão de número dez, que houve unanimidade nas respostas, demonstrando,
assim, que os objetivos almejados nesse aspecto foram atingidos. Vale ressaltar que
na questão de número dez, optou-se por deixar a participação facultativa para os
avaliadores desse grupo, pois se entende que esse questionamento poderia não se
aplicar a todos os participantes. Dessa forma, somente a avaliadora com experiência
na disciplina de desenho técnico a respondeu.
Com relação às respostas do grupo de estudantes participantes, os cinco
participantes de um conjunto universo de onze, também responderam com
unanimidade às questões avaliadas, como mostrado o Quadro 3, revelando que para
esse grupo de avaliadores, os objetivos propostos nesse aspecto também foram
alcançados.

QUADRO 3 - RESPOSTAS DO GRUPO DE ESTUDANTES QUANTO AOS ASPECTOS


PEDAGÓGICOS
Perguntas S % N % P %
1. A organização do aplicativo ficou clara e objetiva? 5 100 0 - 0 -
90

3. O conteúdo geral do aplicativo é relevante para 5 100 0 - 0 -


complementar os seus conhecimentos da disciplina de
Desenho Técnico?

10. A utilização do aplicativo para a disciplina de Desenho 5 100 0 - 0 -


Técnico foi uma experiência satisfatória?

11. O uso do aplicativo colaborou na sua compreensão 5 100 0 - 0 -


de conteúdos da disciplina de Desenho Técnico?

FONTE: Quadro elaborado pela pesquisadora com base nos dados da pesquisa (2020).

Além disso, interessava saber se o conteúdo apresentado no aplicativo estava


adequado aos estudantes com idade entre 17 e 34 anos. Assim, durante o encontro
realizado por vídeoconferência esse questionamento foi feito aos avaliadores da
equipe técnica, e todos concordaram que “sim”, mas um dos avaliadores sugeriu
deixar o texto menos formal. Para o grupo de estudantes de avaliadores, esse mesmo
questionamento foi feito pela pesquisadora no grupo de Whatsapp e todos
participantes admitiram que “sim”, sem nenhuma ressalva.
Também foram propostas no questionário outras sugestões pelos avaliadores
técnicos e estudantes, para aperfeiçoamento do aplicativo com relação ao aspecto
pedagógico, quais foram:

QUADRO 4 - RESPOSTAS DOS PARTICIPANTES AVALIADORES PARA


APERFEIÇOAMENTO DO APLICATIVO EM RELAÇÃO AO ASPECTO PEDAGÓGICO

Pergunta Participante Resposta


Nas questões 03 e 04 das Atividades Reflexivas, sugiro
incluir o termo “justifique” ao final do questionamento.
Avaliador Considerando que as referidas questões estão bem
técnico 1 diretivas, o termo poderá contribuir ao usuário no processo
de construção do raciocínio/pensamento mais elaborado
Quais suas em torno do conteúdo e do seu questionamento.
sugestões para
possíveis Reduzir o texto e deixar menos formal. Mais exercícios
melhorias neste sobre escala. Seria interessante nos exercícios sobre
aplicativo Avaliador perspectivas e vistas, colocar primeiro uma imagem de um
educacional? técnico 3 objeto real e depois os desenhos da perspectiva e das
vistas principais. Seria interessante também mostrar o
aluno como determinar a vista frontal de um objeto.

Avaliador Melhoraria na execução das atividades interativas na


estudante 2 parte de designar as vistas e os seus correspondentes.
FONTE: Quadro elaborado pela pesquisadora com base nos dados da pesquisa (2020).
91

As sugestões, apontadas pelos avaliadores participantes, apontam para uma


estruturação mais clara nos enunciados das questões, na seção de atividades, como
proposto pela inserção do termo “justifique” ao final de determinadas questões das
atividades reflexivas, e uma melhoria na elaboração da instrução para execução das
atividades interativas, por exemplo.
Desse modo, procederam-se algumas ações para verificação da melhor forma
de atendimento às sugestões propostas. Em relação ao comentário do Avaliador
Técnico 1, foi incluso o termo “justifique” ao final das frases das questões 03 e 04 das
atividades reflexivas.
Quanto ao apontamento do Avaliador Técnico 3, que sugeriu reduzir o texto e
deixá-lo menos formal, para averiguação do atendimento desse apontamento,
também se levou em conta as manifestações dos estudantes participantes, como as
citadas, a seguir:

QUADRO 5 - SUGESTÕES DOS ESTUDANTES PARTICIPANTES AVALIADORES PARA


MELHORIA NO APLICATIVO

Pergunta Participante Resposta


Avaliador No momento está tudo ok.
estudante 1
Quais suas Avaliador Foi abordados temas importantes de forma clara, leve e
sugestões para estudante 2 objetiva.
possíveis melhorias Avaliador O aplicativo é de fácil compreensão com linguagem clara
neste aplicativo estudante 3 e objetiva ao aluno.
educacional? Avaliador Não tenho nenhuma sugestão a acrescentar, ficou ótimo
estudante 4 do jeito que está.
Avaliador Desse jeito tá bom.
estudante 5
FONTE: Quadro elaborado pela pesquisadora com base nos dados da pesquisa (2020).

Os estudantes participantes, conforme apresentado no Quadro 5, mostraram-


se satisfeitos em relação à apresentação dos conteúdos do aplicativo, não apontando
nenhuma sugestão nesse quesito. Eles alegam que o modo de apresentação dos
conteúdos é claro e objetivo.
Em vista disso, prezou-se pelo atendimento desse apontamento sem impactar
tanto na matéria do aplicativo, levando em consideração as ponderações dos
discentes. Assim, tentou-se reduzir o conteúdo e editar a sua linguagem, sem causar
prejuízo na sua apresentação, pois se pretende que a seção de conteúdo do app
possa ser usada pelo usuário, tanto para consulta de determinado assunto, quanto
para estudo.
92

Em conformidade com o comentário da avaliação feita pelo Avaliador Técnico


3, foi aumentada a quantidade de exercícios sobre escala, na seção de atividades
objetivas, de 05 para 09, totalizando em 12 questões nessa categoria, considerando
os outros assuntos contemplados. Entende-se que essa quantidade seja adequada
para que os usuários possam resolvê-las sem interrupção e tendo o cuidado para não
tornar o aplicativo pesado. Quanto a inserir a imagem de um objeto real nas questões
interativas, isso já é feito; a única inviabilidade é que a imagem deve ser
monocromática, uma vez que, colorida, deixaria o app lento.
E, por fim, em relação à melhoria do enunciado da resolução das questões
interativas, opinião compartilhada também pelo Avaliador Estudante 2, foi melhorado
o texto de orientação da tela de apresentação da seção de atividades interativas e em
cada tela do exercício passa a ser informada a instrução para a sua resolução.

b) Avaliação quanto aos aspectos técnicos

Nessa categoria, as questões foram agrupadas com o objetivo de avaliar os


aspectos técnicos do aplicativo, relacionados à compatibilidade, à acessibilidade e à
usabilidade. As perguntas do questionário que compõem esse aspecto são as
questões de número 2 e 4. Nos Quadros 6 e 7, são apresentados os resultados
provenientes das avalições feitas, respectivamente, pela equipe técnica e pelo grupo
de estudantes participantes:

QUADRO 6 - RESPOSTAS DA EQUIPE TÉCNICA QUANTO AOS ASPECTOS TÉCNICOS


Perguntas S % N % P %
2. O aplicativo apresenta uma navegação simples e fácil? 3 100 0 - 0 -

4. O aplicativo permite boa navegação off-line? 3 100 0 - 0 -

FONTE: Quadro elaborado pela pesquisadora com base nos dados da pesquisa (2020).

QUADRO 7 - RESPOSTAS DO GRUPO DE ESTUDANTES QUANTO AOS ASPECTOS


TÉCNICOS
Perguntas S % N % P %
2. O aplicativo apresenta uma navegação simples e fácil? 5 100 0 - 0 -

4. O aplicativo permite boa navegação off-line? 2 40 1 20 2 40

FONTE: Quadro elaborado pela pesquisadora com base nos dados da pesquisa (2020).
93

Como mostrado no Quadro 06, nas questões avaliadas para essa categoria,
todos os avaliadores da equipe técnica consideraram que, quanto aos aspectos
técnicos, o aplicativo Edifica atende a esse critério.
Em relação à avaliação realizada pelo grupo de estudantes, apresentada no
Quadro 7, a questão de número 2, que trata sobre a usabilidade de navegação do
app, teve todas as respostas afirmativas. Já para a questão 4, relacionada à
compatibilidade, ou seja, com uso do aplicativo off-line, dois estudantes aprovaram,
um estudante reprovou e dois responderam que o app permite boa navegação off-line
parcialmente.
Na tentativa de entender a discordância dos estudantes para essa questão, foi
questionado a eles, no grupo de whatsapp, o motivo da contrariedade, sendo
justificada a falta de alguns recursos. Assim foi perguntado o que poderia ser proposto
no app para permitir uma melhor navegação off-line. Foi relatada, por um dos
estudantes participantes, a introdução de vídeos curtos para assistir off-line. Como
essa proposta está relacionada a um aspecto interativo, será tratada no próximo
tópico.
Também procurou-se saber com os dois grupos, no encontro por
videoconferência e pelo grupo de whatsapp, se os participantes tiveram alguma
dificuldade em instalar o aplicativo usando o link disponibilizado e todos manifestaram
que “não”, o que comprova a funcionalidade da viabilização do link.
Relacionada ao aspecto técnico do aplicativo, foi proposta a seguinte sugestão:

QUADRO 8 - RESPOSTAS DOS PARTICIPANTES AVALIADORES PARA


APERFEIÇOAMENTO DO APLICATIVO EM RELAÇÃO AO ASPECTO TÉCNICO

Pergunta Participante Resposta


Quais suas
sugestões para
possíveis melhorias Avaliador Sugiro a inclusão do link “sair”, no final das referências ou
neste aplicativo técnico 1 na aba “Home”.
educacional?

FONTE: Quadro elaborado pela pesquisadora com base nos dados da pesquisa (2020).

Considera-se que a inclusão pelo botão “sair” otimiza a navegação pelo


aplicativo, facilitando a saída do usuário do app. Assim, julgou-se a sugestão feita
apropriada; logo, foi atendida.
94

c) Avaliação quanto aos aspectos interativos

Para essa categoria, as questões avaliadas relacionam-se com a interatividade


e a estética do aplicativo. As perguntas do questionário que abrangem esse critério
estão enunciadas nas alternativas 5, 6 e 7. Logo abaixo, nos Quadros 9 e 10, é
mostrada a apuração dos resultados das avalições realizadas pela equipe técnica e
pelo grupo de estudantes participantes, respectivamente:

QUADRO 9 - RESPOSTAS DA EQUIPE TÉCNICA QUANTO AOS ASPECTOS


INTERATIVOS
Perguntas S % N % P %
5. Quanto ao feedback das atividades, o aplicativo 2 67 0 - 1 33
permite uma nova chance de resposta quando o usuário
responder “errado” ou informa a resposta correta. Você
considera esse recurso satisfatório?

6. Quanto à estética da interface e à combinação de cores 2 67 0 - 1 33


do aplicativo, você considera que ficou atraente?

7. Os recursos utilizados no aplicativo, como imagens, 2 67 0 - 1 33


hiperlinks, contribuem com a interatividade do aplicativo?

FONTE: Quadro elaborado pela pesquisadora com base nos dados da pesquisa (2020).

QUADRO 10 - RESPOSTAS DO GRUPO DE ESTUDANTES QUANTO AOS ASPECTOS


INTERATIVOS
Perguntas S % N % P %
5. Quanto ao feedback das atividades, o aplicativo 3 60 1 20 1 20
permite uma nova chance de resposta quando o usuário
responder “errado” ou informa a resposta correta. Você
considera esse recurso satisfatório?

6. Quanto à estética da interface e à combinação de cores 5 100 0 - 0 -


do aplicativo, você considera que ficou atraente?

7. Os recursos utilizados no aplicativo, como imagens, 5 100 0 - 0 -


hiperlinks, contribuem com a interatividade do aplicativo?

FONTE: Quadro elaborado pela pesquisadora com base nos dados da pesquisa (2020).

Nas questões avaliadas para essa categoria, os avaliadores da equipe técnica,


em sua maior parte, concordam que aplicativo cumpre sua função quanto aos
aspectos interativos, como apresentado no Quadro 9, indicando que, para as questões
avaliadas nesse quesito, todas tiveram duas respostas positivas e uma parcialmente.
Quanto à avaliação realizada pelo grupo de estudantes, a maior parte das questões,
95

foram respondidas com aprovação, só oscilando nas respostas à questão de número


5, relativa ao feedback das atividades, que obteve três respostas afirmativas, uma
negativa e uma parcialmente.
Para os avaliadores da equipe técnica, as desvantagens do aplicativo em
relação a esse aspecto, dizem respeito ao layout, no tocante ao tamanho da fonte e à
formatação, que deixa as palavras das últimas frases do texto espaçadas, o que pode
desestimular o visual. Entretanto, como foi justificado aos avaliadores desse grupo, o
tamanho da fonte está relacionado com tamanho da tela do aparelho, e, como
apontado por Silva (2018), a tela pequena é uma limitação tecnológica que representa
restrições de uso para a aprendizagem móvel. Para abrandar essa desvantagem, foi
aumentada a fonte.
Quanto à formatação, o aplicativo foi desenvolvido no sistema operacional
Android Studio, plataforma que oferece as possibilidades de formatação de alinhado
à esquerda ou justificado. Mesmo com o inconveniente para esse detalhe na estética,
optou-se pela aparência justificada por considerar que o layout fica mais harmônico.
Esse problema poderá ser resolvido futuramente, quando o aplicativo for atualizado
para a linguagem Google Flutter, que é um sistema operacional mais versátil e
dinâmico, comparado ao Android Studio. Os estudantes participantes não se
manifestaram para essa questão.
Quanto às sugestões para aperfeiçoamento do aspecto interativo, foram feitos
os seguintes comentários:

QUADRO 11 - RESPOSTAS DOS PARTICIPANTES AVALIADORES PARA


APERFEIÇOAMENTO DO APLICATIVO EM RELAÇÃO AO ASPECTO INTERATIVO

Pergunta Participante Resposta


Criar mais interações manuais no aplicativo e tentar
Avaliador premissas mais gamificadas, talvez ajude no
técnico 2 engajamento.
Quais suas
sugestões para Apesar de uma linguagem objetiva, sabemos que nem
possíveis melhorias todos os estudantes tem facilidade em aprendizado
neste aplicativo apenas com a leitura, seria interessante a utilização de
educacional? Avaliador vídeo off-line curto exemplificando conteúdo que dificultam
estudante 3 o entendimento do aluno que nunca teve contato com a
matéria. Apesar de existir hiperlinks, devemos levar em
consideração que nem todos tem acesso a internet.
FONTE: Quadro elaborado pela pesquisadora com base nos dados da pesquisa (2020).
96

Cogita-se que as proposições gamificadas tendem a entusiasmar os


estudantes. O termo gamificação ou gamification, em inglês, pode ser definido como
a aplicação de elementos que existem nos jogos em contextos que não se resumem
a entretenimento, ou seja, não necessariamente a ação de jogar um jogo em si, tendo
a finalidade de engajar determinado público a alcançarem determinado objetivos
(RIBEIRO, et al., 2019).
Sendo assim, os exercícios do aplicativo, foram elaborados a partir de
elementos gamificados, tendo em vista a promoção da interação do estudante com o
aplicativo e com os colegas. A seção de atividades interativas, por exemplo, foi
desenvolvida, exclusivamente, para este fim.
Quanto ao comentário do estudante participante, ao dizer em nem todos têm
acesso à internet, entende-se que o acesso às tecnologias e à internet não se dão de
forma homogênea, o que chama atenção para a reflexão sobre a busca pela
democratização desses recursos.
Dessa forma, considera-se que ambos comentários são relevantes para o
aperfeiçoamento do aplicativo em relação à interatividade, porém, devido à limitação
de espaço de memória, o acréscimo de vídeos off-line e a proposta de mais atividades
gamificadas tornam-se inviáveis para o momento.
Como proposta futura, o aplicativo, por ser produto do grupo de pesquisa
“Engenharia, Eletrônica e Computação do IFNMG”, passará por constantes
atualizações. E, para a primeira atualização, já se tem como planejamento, em vista,
a atualização da proposta do aplicativo Edifica para ser construído na linguagem
Google Flutter, em ambiente híbrido, que poderá funcionar tanto em sistemas Android
quanto IOS e computadores Desktop, além de permitir um maior desempenho para
as aplicações.
Mediante essa possibilidade, os avaliadores da equipe técnica demonstraram
entusiasmo e propuseram as seguintes recomendações para as atualizações futuras,
a saber:
 Fazer um banco de questões para as atividades objetivas. Assim, quando o
usuário for respondê-las, haverá rotatividade nas questões.
 Realizar a próxima atualização do app pelos próprios estudantes.
 Criar uma seção exclusiva para que o próprio app possa calcular as escalas
mais adequadas a serem aplicadas, a partir das informações do tamanho real
do objeto e tamanho da folha de papel para o desenho.
97

Desse modo, considera-se que todas as propostas apresentadas acima são


valorosas para o melhoramento do aplicativo. Assim, serão levadas ao grupo de
pesquisa e estudadas sua viabilidade de aplicação, bem como as demais que não
puderam ser atendidas nesse momento.

d) Avaliação quanto ao grau de satisfação

Nessa categoria foi avaliado o grau de satisfação do público participante para


com o aplicativo Edifica. As questões avaliadas, que compreendem esse aspecto,
estão relacionadas nas perguntas das alternativas 8 e 9 do questionário avaliativo. A
seguir, no Quadro 12 e no Quadro 13, são mostrados os dados das avaliações
realizadas pelo grupo de profissionais técnicos e pelo grupo de estudantes
participantes:

QUADRO 12 - RESPOSTAS DA EQUIPE TÉCNICA QUANTO AOS ASPECTOS TÉCNICOS


Perguntas S % N % P %
8. Você usaria esse aplicativo com frequência no estudo 3 100 0 - 0 -
de Desenho Técnico?

9. Você recomendaria o uso do aplicativo Edifica, para 3 100 0 - 0 -


outros colegas?

FONTE: Quadro elaborado pela pesquisadora com base nos dados da pesquisa (2020).

QUADRO 13 - RESPOSTAS DO GRUPO DE ESTUDANTES QUANTO AOS ASPECTOS


TÉCNICOS
Perguntas S % N % P %
8. Você usaria esse aplicativo com frequência no estudo 5 100 0 - 0 -
de Desenho Técnico?

9. Você recomendaria o uso do aplicativo Edifica, para 5 100 0 - 0 -


outros colegas?

FONTE: Quadro elaborado pela pesquisadora com base nos dados da pesquisa (2020).

Nessa categoria, como mostrado nos resultados acima, todas as questões


foram respondidas com aprovação, por ambos grupos. Todos os avaliadores
informaram que usariam o aplicativo Edifica, com frequência, no estudo de Desenho
Técnico, assim como, o recomendariam para outros colegas. Além disso, é importante
relatar que durante o encontro realizado por videoconferência com a equipe técnica,
98

um dos avaliadores afirmou que irá replicar o aplicativo nas suas aulas da disciplina
de Desenho Técnico, quando o mesmo estiver disponível. Isso demonstra o grau de
relevância do aplicativo para área de ensino, como proposta para contribuir na
formação dos discentes.

e) Principais contribuições que o uso do aplicativo Edifica apresenta para a


aprendizagem de Desenho Técnico

Em relação à categoria que versa sobre as principais contribuições que o uso


do aplicativo Edifica apresenta para a aprendizagem de Desenho Técnico, foi feito
esse questionamento ao público de avaliadores na pergunta de número 12 do
questionário avaliativo. No Quadro 14, é apresentada a categoria temática avaliada, a
partir da unidade de contexto e das codificações temáticas das respostas
manifestadas no questionário pelos avaliadores participantes.

QUADRO 14 - CATEGORIA TEMÁTICA AVALIADA


Categoria
Codificação
temática Unidade de contexto Frequência
temática
avaliada

Avaliação dos técnicos (AT)


“A mobilidade, a possibilidade de utilização
em qualquer lugar, pela condição do
acesso em off-line. Outro aspecto
importante é a “contextualização” bem
Mobilidade /
presente no aplicativo. Especificamente
Contextualização
Principais nos links “se liga, para refletir e convite ao
/ Interatividade /
estudo” trazem uma grande contribuição
contribuições Contribuição na
para melhor compreensão do conteúdo por
aprendizagem
que o uso do meio da contextualização; que é uma
categoria fundamental para aprendizagem
aplicativo significativa” (AT 1, 03/09/2020).
Edifica
“O App tem foco, e foi feito de maneira 08
apresenta para Objetividade do
objetiva, consegue engajar o estudante.”
app /
a aprendizagem (AT 2, 03/09/2020).
Interatividade
de Desenho “A principal contribuição que visualizei foi a
Técnico disponibilidade de mais um meio de estudo
para os alunos. Percebo que os alunos de Contribuição na
hoje quase não usam livros ou cadernos aprendizagem /
para estudarem, o aplicativo é uma forma Acessibilidade
interessante para eles, visto que ficam aos smartphones
mais tempo no celular.” (AT 3, / Interatividade
03/09/2020).

Avaliação dos Estudantes (AE)


99

“Os temas que são estudados na


Objetividade do
disciplina está de fácil entendimento, de
app /
qualquer um que for estudar pelo o
Contribuição na
aplicativo.” (AE 1, 03/09/2020).
aprendizagem
“Foi abordados temas importantes de
forma clara, leve e objetiva.” (AE 2, Objetividade do
06/09/2020). app

“Seguindo as resposta ja apresentadas


no questionário, o aplicativo é de fácil
compreensão com linguagem clara e Objetividade do
objeiva ao aluno que esteja cursando.” app
(AE 3, 07/09/2020).

“Melhoria no entendimento da matéria,e


várias outras utilidades..” (AE 4, Contribuição na
09/09/2020). aprendizagem

“e um meio inovador para gera novas


Contribuição na
formas de aprender”. (AE 5, 10/09/2020).
aprendizagem
FONTE: Quadro elaborado pela pesquisadora com base nos dados da pesquisa (2020).

Conforme apresentado acima, percebe-se, com unanimidade, que o aplicativo


Edifica se apresenta como mais uma possibilidade inovadora para auxiliar a
aprendizagem dos estudantes. De acordo com as respostas, boa parte dos
avaliadores declaram que o aplicativo foi desenvolvido de maneira objetiva com temas
abordados de forma clara. Além disso, a contextualização dos temas junto com a
mobilidade assegurada no aplicativo, segundo um dos avaliadores, propiciam a
compreensão significativa de conteúdos da disciplina de Desenho Técnico.
Desse modo, diante das respostas manifestadas pelos oito avaliadores – três
que integraram a equipe técnica e cinco estudantes que participaram da avaliação de
um universo de onze estudantes - ficou evidente que o aplicativo educacional Edifica
contribui na mediação do processo de aprendizagem na disciplina de Desenho
Técnico. Dentre as contribuições estão a aprendizagem, a objetividade na
organização do app, a interatividade, a mobilidade, a contextualização e o fato de os
estudantes serem possuidores de smartphones; logo, podem ser utilizados para
atividades de estudo, como mostrado no Gráfico 5:
100

GRÁFICO 5 - PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DO USO DO APLICATIVO EDIFICA PARA A


APRENDIZAGEM DE DESENHO TÉCNICO

Aprendizagem

Objetividade

Interatividade

Mobilidade

Contextualização

Acessibilidade aos smartphones

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Respostas dos Avaliadores

FONTE: Gráfico elaborado pela pesquisadora com base nos dados da pesquisa (2020).

As respostas apresentadas também vão ao encontro dos motivos relatados


pelos estudantes na fase exploratória desta pesquisa, para justificar o uso de
aplicativos em benefício da aprendizagem em geral e na aprendizagem de Desenho
Técnico. Na fase anterior foram apontados, o auxílio dos aplicativos na aprendizagem,
a mobilidade destacada nas potencialidades e recursos dos apps, a interatividade e o
acesso aos smartphones, assim como são considerados nesta avaliação.
Para finalizar a avaliação, ao final do questionário, os avaliadores participantes
puderam complementar suas considerações com outras colocações que julgassem
pertinentes para o aplicativo. Seguem os seus comentários:

QUADRO 15 - CONSIDERAÇÕES DOS PARTICIPANTES AVALIADORES EM RELAÇÃO


AO APLICATIVO

Pergunta Participante Resposta


Avaliador técnico 1 Parabenizá-los pelo brilhante trabalho desenvolvido.
Considere as falas anteriores. No mais, parabéns pelo
Avaliador técnico 2 trabalho.
Há alguma
colocação que Parabéns pelo trabalho. Obrigada pela oportunidade de
Avaliador técnico 3
você queira poder contribuir.
acrescentar? Se Avaliador estudante
Não.
sim, descrever 1
sugestões. Avaliador estudante
Não, do jeito que está eu achei bom.
4
Avaliador estudante Não tenho nenhuma colocação acrescentar, ficou ótimo do
5 jeito que está.
FONTE: Quadro elaborado pela pesquisadora com base nos dados da pesquisa (2020).
101

Os comentários acima revelam que a proposta do aplicativo Edifica cumpriu o


objetivo ao qual foi proposto, o que deixa os pesquisadores satisfeitos com o
resultado. Além disso, as colocações dos avaliadores da equipe técnica, evidenciam
a afirmativa da proposta, especialmente quando se é observado a atuação dos
avaliadores para a contribuição do produto educacional.
Nesse sentido, a avaliação favorável do profissional pedagogo está relacionada
com a vertente pedagógica para aprendizagem que está bem presente no aplicativo.
Visto que foi pontuado pelo avaliador que o app traz estratégias metodológicas
contextualizadas, contribuindo no aprimoramento das habilidades cognitivas.
A avaliação do professor com experiência em jogos digitais permitiu visualizar
pontos relevantes que o aplicativo traz de objetividade e engajamento, principalmente
nas seções de atividades, onde o usuário tem uma maior interação manual com app.
Por esse motivo, entende-se o posicionamento favorável para a proposta do
aplicativo.
E por fim, a avaliação da professora que ministra disciplinas de desenho, foi
bastante assertiva no que tange na disponibilidade de mais um recurso de estudo para
estudantes. Isso ficou ainda mais evidente no seu interesse na replicabilidade do
produto educacional nas suas disciplinas.
Já em relação a avaliação do grupo de estudantes, considera-se que a proposta
foi aceita, pelo fato do aplicativo ser uma proposição inovadora, além de conter uma
apresentação clara e objetiva, como relatado por esse público investigado.
Logo, perante a análise da avaliação do produto educacional, pode-se
considerar, de maneira geral, que os avaliadores são favoráveis à organização do
aplicativo construído para a disciplina de Desenho Técnico. Desse modo, entende-se
que o aplicativo educacional Edifica poderá contribuir como instrumento mediador no
processo de aprendizagem de conteúdos da disciplina de Desenho Técnico, e
consequentemente, na formação dos estudantes.
Considera-se também que a avaliação realizada junto com o grupo de
profissionais técnicos da área de ensino foi de suma importância para contribuição e
aperfeiçoamento do produto educacional, pois somente com as considerações dos
estudantes participantes não se atingiria um resultado tão satisfatório.
102

4.4 VALIDAÇÃO DO PRODUTO EDUCACIONAL

A validação desse produto educacional no formato de aplicativo foi feita pela


banca examinadora de defesa do Programa de Pós-Graduação em Educação
Profissional e Tecnológica.
103

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa permitiu avaliar as contribuições do uso da tecnologia


digital por meio do aplicativo no processo de aprendizagem dos conteúdos propostos
na disciplina de Desenho Técnico, do curso Técnico em Edificações do IFNMG,
modalidade concomitante/subsequente do campus Januária.
Foi possível verificar que a utilização das tecnologias digitais na prática
pedagógica pode contribuir para o aprendizado dos estudantes, trazendo uma
alternativa para tornar as atividades significativas. Esse recurso estimula, ainda, a
participação ativa dos estudantes, a partir dos recursos disponibilizados por essa
ferramenta, possibilitando, dessa forma, uma formação no desenvolvimento da
criatividade, do pensamento crítico e autônomo, além da garantia da mobilidade, que
lhe confere o acesso em qualquer tempo e espaço. Entretanto, para ter sua efetiva
aplicação no campo educacional, é necessário, sobretudo, que se tenha um
planejamento docente e disponibilidade de infraestrutura, incluindo o acesso à internet
e aos dispositivos móveis.
A partir do percurso inicial da pesquisa e dos resultados analisados nessa fase,
foi possível mapear a posse de dispositivos móveis e o perfil etário dos estudantes do
3º módulo, turma 2019/1, bem como, identificar que, dentre os conteúdos da ementa
da disciplina de Desenho Técnico, Desenho Projetivo (que compreende projeções
ortogonais e vistas principais) e Perspectivas foram os conteúdos apontados com
maior dificuldade de aprendizagem pelo público investigado.
Ainda, em relação às concepções desses estudantes participantes acerca do
uso de aplicativos na aprendizagem, dos onze estudantes pesquisados, dez
informaram que o seu uso pode beneficiar a aprendizagem, de forma que os auxiliam
nos estudos por meio das potencialidades e dos recursos contidos nos apps, da
acessibilidade aos smartphones e da interatividade. Outra análise realizada se refere
à contribuição do uso de um aplicativo na disciplina de Desenho Técnico na
aprendizagem. Para essa reflexão, dentre as razões levantadas pelos estudantes
participantes, eles consideram que o aplicativo poderia auxiliar em atividades, facilitar
na percepção espacial dos sólidos, agilizar a execução de desenhos e ajudar na
realização de projetos.
Os dados dessa fase inicial demonstraram um interesse dos estudantes pela
utilização de tecnologias digitais em atividades pedagógicas, o que pode ser
104

considerado como um passo importante na direção da consolidação do uso para fins


educativos. Os resultados também viabilizaram o desenvolvimento do aplicativo
educacional, a partir das questões levantadas nessa fase.
Desse modo, o aplicativo Edifica foi construído, utilizando-se de propostas de
atividades de representação gráfica atrativas e contextualizadas com o ambiente do
estudante para mediar o processo de aprendizagem e despertar o interesse dos
discentes pela disciplina, considerando os aspectos pedagógicos, técnicos e de
interação.
As avaliações do aplicativo Edifica realizadas pelo público participante foram
positivas e enriquecedoras, contribuindo para o aperfeiçoamento do produto
educacional. Em vista disso, acredita-se estar na direção certa rumo à construção de
uma proposta de ensino do Desenho Técnico atrativa e autônoma, que colaborará
com o aumento do conhecimento técnico e intelectual, ampliando a formação
profissional e humana dos estudantes.
Embora a situação de pandemia provocada pelo novo coronavírus tenha
ocasionado um ajuste na metodologia de aplicação do produto educacional, por ora
seguindo os preceitos do atual contexto de vivências sociais, entende-se que, apesar
das limitações, ainda assim, conseguiu-se alcançar as finalidades propostas nesta
pesquisa, a partir das adaptações realizadas, revelando a importância das tecnologias
digitais na educação frente ao cenário de pandemia.
Assim, considera-se que a hipótese desta pesquisa foi confirmada, de modo
que o aplicativo educacional desenvolvido, Edifica, contribuiu como instrumento
mediador no processo de aprendizagem de conteúdos da disciplina de Desenho
Técnico na concepção dos estudantes participantes do curso Técnico em Edificações,
modalidade concomitante/subsequente, do IFNMG, campus Januária.
Quanto ao objetivo geral proposto nesta pesquisa, também foi alcançado. Isso
porque, por este estudo, foi possível avaliar as contribuições do uso da tecnologia
digital com o uso do aplicativo no processo de aprendizagem dos conteúdos propostos
na disciplina de Desenho Técnico, do curso Técnico em Edificações do IFNMG,
modalidade concomitante/subsequente, do campus Januária. Nesse sentido, foram
atingidos também os objetivos específicos, que dizem respeito às seguintes ações:
identificação dos conteúdos da disciplina de Desenho Técnico em que os estudantes
consideram com maior dificuldade de aprendizagem; avaliação das concepções dos
estudantes acerca da utilização de aplicativos como instrumentos mediadores para a
105

aprendizagem; disponibilização e avaliação do produto educacional desenvolvido,


aplicativo Edifica, pelos estudantes participantes e pela equipe técnica.
Dessa forma, a conclusão desta pesquisa trouxe um sentimento de dever
realizado para a pesquisadora, de forma a colaborar no processo de aprendizagem
dos estudantes, pois a formação de um técnico em edificações necessita que ele se
aproprie de conhecimentos que não se limitam à preparação para o emprego, sem o
saber crítico e reflexivo, mas a uma formação ampla para a compreensão do mundo
do trabalho.
Destarte, espera-se que o produto educacional, fruto desta pesquisa, possa ser
uma ferramenta mediadora na construção do conhecimento de desenho técnico e na
formação dos estudantes do curso aludido, como também de outros cursos que
ofereçam a disciplina. Também se espera que a socialização dos resultados desta
pesquisa seja importante para incitar reflexões e discussões com outros professores
na busca de incorporar a proposta apresentada na prática docente de Desenho
Técnico, bem como, em outras áreas.
No tocante às possibilidades, a presente pesquisa apresenta-se como uma
proposta para contribuir com os estudos em torno do uso de tecnologias digitais na
Educação Profissional e Tecnológica. Face às limitações do percurso metodológico,
outras turmas, bem como outros cursos que ofertam a disciplina de Desenho técnico
em seu projeto pedagógico, não foram abarcados nesta pesquisa. Quanto ao produto
educacional, o aplicativo apresenta limites tecnológicos que estão relacionados ao tipo
do dispositivo móvel, como tela pequena e incompatibilidade entre os sistemas
operacionais.
Como proposta de continuidade desta pesquisa, ressaltam-se as atualizações
pretendidas no aplicativo a serem realizadas junto com o grupo de pesquisa
“Engenharia, Eletrônica e Computação do IFNMG”, que planeja a atualização do
aplicativo Edifica para linguagem Google Flutter, permitindo ao app operar em
ambiente híbrido. Juntamente para essas atualizações, serão avaliadas as
recomendações propostas pelos avaliadores.
Além disso, coloca-se como continuidade desta pesquisa, o desenvolvimento
de um projeto de ensino no IFNMG, visto que mesmo, não pôde ser desenvolvido em
concomitância com a pesquisa, devido ao fato da pesquisadora ser servidora desta
instituição estar em gozo de afastamento integral para cursar pós-graduação stricto
sensu, o que a impede participar de atividades na referida instituição.
106

Por fim, do ponto de vista de recomendações para novos estudos, a partir da


presente pesquisa e frente ao contexto de pandemia vivenciado nestes anos,
sugerem-se a intensificação de propostas em torno da aplicação de tecnologias
digitais em práticas pedagógicas e os estudos voltados para a capacitação de
usuários do contexto educacional, especialmente os professores, para lidar com essas
tecnologias.
107

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meios digitais, enquanto durar a situação de pandemia do novo coronavírus - Covid-
19, e revoga as Portarias MEC nº 343, de 17 de março de 2020, nº 345, de 19 de
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dezembro de 2020. Dispõe sobre o retorno às aulas presenciais e sobre caráter
excepcional de utilização de recursos educacionais digitais para integralização da
carga horária das atividades pedagógicas enquanto durar a situação de pandemia
108

do novo coronavírus - Covid-19. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 02 dez. 2020.
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https://tecnicadmiwj.files.wordpress.com/2008/09/texto-concepcao-do-ensino-medio-
integrado-marise-ramos1.pdf. Acesso em: 05 ago. 2019.
111

RAMOS, M. N. Ensino médio integrado ciência, trabalho e cultura na relação entre


educação profissional e educação básica. In: MOLL, J. et al. Educação profissional
e tecnológica no Brasil Contemporâneo: desafios, tensões e possibilidades. Porto
Alegre: Artmed, 2010, p. 42-57.

RAMOS, M. N. Ensino médio integrado: lutas históricas e resistências em tempos de


regressão. In: ARAÚJO, A. C.; SILVA, C. N. N. (org). Ensino Médio Integrado no
Brasil: Fundamentos, Práticas e Desafios. Brasília: Editora IFB, 2017. p. 20-43.

RIBEIRO, C. A.; PERES, M. P.; IZIDORO, N. Apostila de desenho técnico


mecânico. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo,
2011.

RIBEIRO, V. G.; ZABADAL, J.; TROMMER, T.; SILVEIRA, A. L. M.; SLVEIRA, S. R.;
BERTOLINI, C.; CUNHA, G. B.; BIGOLIN, N. M. Emprego de Técnicas de
Gamificação na Educação Científica: relato de uma intervenção como apoio à
Estatística. Revista Research, Society and Development, v. 9, n. 1, p. 01-26,
2019. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/1840/1557.
Acesso em: 23 fev. 2021.

ROSA, A. S.; ROEHRS, R. Aplicativos móveis: algumas possibilidades para o ensino


de Química. Revista Research, Society and Development, v. 9, n. 8, p. 01-22,
2020. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/4955. Acesso
em: 20 ago. 2020.

SAHB, W. F.; ALMEIDA, F. J. Tecnologia como direito humano: acesso, liberdade,


usos e criação. Revista Interacções, v. 14, n. 47, p. 01-20, 2018. Disponível em:
https://revistas.rcaap.pt/interaccoes/article/view/3185. Acesso em: 18 mai. 2020.

SANTOS JUNIOR, V. B.; MONTEIRO, J. C. S. Educação e covid-19: as tecnologias


digitais mediando a aprendizagem em tempos de pandemia. Revista Encantar -
Educação, Cultura e Sociedade, Bom Jesus da Lapa, v. 2, p. 01-15, jan./dez.
2020. Disponível em:
https://www.revistas.uneb.br/index.php/encantar/article/view/8583. Acesso em: 13
ago. 2020.

SANTOS, C. V.; SUHR, I. R. F. Educação integral na educação profissional e


tecnológica: análise dos documentos que regem um curso subsequente. Revista
Sítio Novo, Palmas, v. 4, n. 4, p. 141-155, out./dez, 2020. Disponível em:
http://sitionovo.ifto.edu.br/index.php/sitionovo/article/view/728. Acesso em: 10 nov.
2020.

SCHIEDECK, S. Narrativas Memoriais sobre os Institutos Federais: a concepção


de uma nova institucionalidade para a educação profissional e tecnológica. 2019.
Dissertação (Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica) –
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2019.

SILVA, A.; RIBEIRO, C. T.; DIAS, J.; SOUSA, L. Desenho técnico moderno. Rio de
Janeiro: LTC, 2006.
112

SILVA, V. G. Dos Dispositivos Móveis à Aprendizagem Ubíqua – Da Usabilidade


Técnica à Usabilidade Pedagógica. 2018. Tese (Doutorado em Ciências da
Educação) - Universidade do Minho, Braga/Portugal, 2018.

SONEGO, A. H. S. ARQPED-MOBILE: Uma arquitetura pedagógica com foco na


aprendizagem móvel. 2019. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2019.

QUINTELA, J. M. S. UPT Mobile Aplicação Móvel da Universidade Portucalense.


2016. Dissertação (Mestrado em Informática Especialização em Engenharia de
Software) - Universidade Portucalense, PT, 2016. Disponível em:
http://repositorio.uportu.pt/jspui/handle/11328/1694. Acesso em: 08 ago. 2020.

VIEIRA PINTO, A. O Conceito de Tecnologia. Vol. 1. Contraponto: Rio de Janeiro,


2005.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.


113

APÊNDICE A – PRODUTO EDUCACIONAL

O produto educacional desenvolvido consiste no aplicativo para smartphone,


denominado Edifica, fruto desta pesquisa de mestrado, intitulada, “Tecnologia Digital
e Aprendizagem: uso de aplicativo na aprendizagem de desenho técnico do Curso
Técnico em Edificações”, apresentada ao Programa de Pós-graduação em Educação
Profissional e Tecnológica (ProfEPT) do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Norte de Minas Gerais, campus Montes Claros, pertencente à linha de
pesquisa, práticas educativas em Educação Profissional Tecnológica.
O aplicativo educacional foi construído a partir das concepções dos estudantes
participantes desta pesquisa acerca da utilização de apps na mediação para a
aprendizagem de conteúdos da disciplina de Desenho Técnico.
A escolha pelo desenvolvimento do aplicativo educacional partiu do
entendimento, que essa tecnologia digital pode contribuir para a mediação no
processo de aprendizagem dos estudantes nos conteúdos da disciplina de Desenho
Técnico. Isso porque, no decurso da prática docente da pesquisadora lecionando
aulas no IFNMG, campus Januária, foi possível observar a dificuldade de visão
espacial e o desinteresse dos discentes ao estudar a disciplina de Desenho Técnico.
A propósito, o app foi construído para ser utilizado tanto em atividades na sala de aula
monitoradas pelo professor, quanto fora dela.
O aplicativo Edifica tem como objetivo contribuir para a formação dos
estudantes, a partir da aplicação de propostas de atividades de representação gráfica
significativas e contextualizadas para mediar no processo aprendizagem e despertar
o interesse dos discentes pela disciplina de maneira dinâmica, por meio da interação
proporcionada por esse recurso tecnológico.
Desse modo, espera-se que o aplicativo educacional Edifica, possa ser uma
ferramenta mediadora na construção do conhecimento de Desenho Técnico,
colaborando para o aumento do conhecimento técnico e intelectual e possibilitando a
ampliação na formação profissional e humana dos estudantes.
O produto educacional proposto, o aplicativo Edifica, assim como as
orientações para auxiliar a navegação do app, podem ser instaladas e acessados pelo
link, abaixo:
http://educapes.capes.gov.br/handle/capes/601021
114

APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO SOBRE A PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES


QUANTO AO USO DE APLICATIVOS NA APRENDIZAGEM

A sua opinião a respeito do uso de aplicativos na aprendizagem é essencial para este


estudo. Por favor, responda com sinceridade todas as questões a seguir. Não existem
respostas certas ou erradas, o importante é a sua opinião.

1. Qual a sua idade?


____________________________

2. Você possui algum dispositivo móvel? Qual?


( ) Smartphone
( ) Tablet
( ) Outro: ___________________
( ) Nenhum

3. Você acredita que o uso de aplicativos poderá trazer benefícios ao seu estudo?
( ) Sim
( ) Não

Justifique sua resposta:


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

3.1. Caso tenha respondido sim na questão anterior, como você acredita que o uso
de aplicativos poderá trazer benefícios ao seu estudo?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

4. Você concorda com o uso de aplicativo em atividades de ensino na disciplina de


Desenho Técnico?
( ) Concordo
( ) Não Concordo

Justifique sua resposta:


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

5. Qual(is) do(s) conteúdo(s) estudados na disciplina de desenho técnico você teve


mais dificuldade? Marque de acordo com o grau de dificuldade:
0 – nenhuma dificuldade
1 – pouca dificuldade
2 – muita dificuldade
115

( ) Histórico do desenho
( ) Formatos de papel
( ) Instrumentos para desenho
( ) Caligrafia técnica
( ) Desenho geométrico
( ) Desenho projetivo - Projeções ortogonais e vistas principais
( ) Perspectivas de sólidos
( ) Cortes

6. Você acredita que o uso de um aplicativo pode colaborar para sua compreensão de
conteúdos na disciplina de Desenho Técnico?
( ) Acredito
( ) Não acredito

Justifique sua resposta:


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
116

APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO AVALIATIVO DO PRODUTO EDUCACIONAL

Prezado(a) estudante ou colaborador(a):

Este formulário faz parte de um projeto de desenvolvimento de um produto


educacional, denominado “Aplicativo Edifica” o qual está integrado na pesquisa de
Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica, da mestranda Jussara
Cruz Nascimento do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de
Minas Gerais – Campus Montes Claros- MG, tendo a intenção de avaliar a percepção
do público investigado sobre o uso do aplicativo Edifica como um instrumento para
contribuir na aprendizagem de conteúdos da disciplina de desenho Técnico.

Todas as respostas são de caráter confidencial e todos os resultados serão utilizados


exclusivamente para fins acadêmicos, sem identificação dos participantes.

Agradecemos sua colaboração!

1. A organização do aplicativo ficou clara e objetiva?


( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente

2. O aplicativo apresenta uma navegação simples e fácil?


( ) Sim ( ) Não ( )Parcialmente

3. O conteúdo geral do aplicativo é relevante para complementar os seus


conhecimentos da disciplina de Desenho Técnico?
( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente

4. O aplicativo permite boa navegação off-line?


( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente

5. Quanto ao feedback das atividades, o aplicativo permite uma nova chance de


resposta quando o usuário responder “errado” ou informa a resposta correta. Você
considera esse recurso satisfatório?
( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente

6. Quanto à estética da interface e à combinação de cores do aplicativo, você


considera que ficou atraente?
( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente

7. Os recursos utilizados no aplicativo, como imagens, hiperlinks, contribuem com a


interatividade do aplicativo?
( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente

8. Você usaria esse aplicativo com frequência no estudo de Desenho Técnico?


( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente

9. Você recomendaria o uso do aplicativo Edifica, para outros colegas?


( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente
117

10. A utilização do aplicativo para a disciplina de Desenho Técnico foi uma experiência
satisfatória?
( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente

11. O uso do aplicativo colaborou na sua compreensão de conteúdos da disciplina de


Desenho Técnico?
( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente

12. Na sua opinião, quais as principais contribuições que o uso deste aplicativo trouxe
para a aprendizagem de Desenho Técnico?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________

13. Sob sua análise, quais as principais dificuldades ou desvantagens foram


encontradas ao utilizar o aplicativo?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________

14. Quais suas sugestões para possíveis melhorias neste aplicativo educacional?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________

15. Há alguma colocação que você queira acrescentar? Se sim, descrever sugestões.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________
118

APÊNDICE D - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


– PROFEPT
INSTITUIÇÃO ASSOCIADA: INSTITUTO FEDERAL DO NORTE DE MINAS
GERAIS – CAMPUS MONTES CLAROS
___________________________________________________________________

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PARTICIPAÇÃO EM


PESQUISA

Título da pesquisa: TECNOLOGIA DIGITAL: USO DE APLICATIVO NA


APRENDIZAGEM DE DESENHO TÉCNICO DO CURSO TÉCNICO EM
EDIFICAÇÕES
Instituição promotora: Instituto Federal do Norte de Minas Gerais – Campus Montes
Claros
Patrocinador: Financiamento próprio
Coordenador: Admilson Eustáquio Prates

Atenção: Antes de aceitar participar desta pesquisa, é importante que você leia e
compreenda a seguinte explicação sobre os procedimentos propostos. Esta
declaração descreve o objetivo, metodologia/procedimentos, benefícios, riscos,
desconfortos e precauções do estudo. Também descreve os procedimentos
alternativos que estão disponíveis e o seu direito de interromper o estudo a qualquer
momento. Nenhuma garantia ou promessa pode ser feita sobre os resultados do
estudo.

1- Objetivo: Avaliar as possíveis contribuições do uso da tecnologia digital através do


aplicativo no processo de aprendizagem dos conteúdos propostos na disciplina de
Desenho Técnico do Curso Técnico em Edificações do IFNMG, campus Januária.
2- Metodologia/procedimentos: A pesquisa utilizada será de abordagem qualitativa
através da identificação dos conteúdos que os estudantes sentem mais dificuldade na
disciplina de Desenho Técnico, bem como, suas percepções acerca da utilização de
aplicativos como instrumentos de contribuição na aprendizagem da disciplina em
estudo. Serão aplicados questionários semiestruturados para coleta de dados, todos
com o devido termo de consentimento livre e esclarecido. Para análise, os dados
obtidos serão analisados à luz de teóricos como Bardin, Vygotsky e Freire.
3- Justificativa: Acredita-se que a utilização das tecnologias digitais na educação
possa potencializar o aprendizado dos alunos, ao trazer uma inovação no método
119

tradicional de ensino e ao possibilitar a inclusão tecnológica de maneira proveitosa


para fins didático-pedagógicos, tendo em vista para uma formação no
desenvolvimento da criatividade, do pensamento autônomo e crítico do estudante.
Além disso, a escola deve formar indivíduos capazes de associar teoria e prática para
lidar com as inovações tecnológicas contidas no mundo do trabalho. Nesse sentido,
se justifica a utilização do aplicativo na aprendizagem de Desenho Técnico do Curso
Técnico em Edificações.
4- Benefícios: Esta pesquisa possibilitará que a avaliação e discussão em torno dos
resultados obtidos, resultem dados que possam se converter em uma proposta
didática-pedagógica para contribuir na aprendizagem significativa dos conteúdos
propostos de Desenho Técnico da instituição foco dessa pesquisa e ainda ser utilizada
em outras instituições que vivem situações análogas.
5- Desconfortos e riscos: É preciso que a pesquisa se comprometa com o máximo
de benefícios e o mínimo de riscos ou danos é o que reza a Resolução 466/2012 do
Conselho Nacional de Saúde, nesse sentido, segundo o inciso II.22 da mesma é
possível compreender que risco de pesquisa é a “possibilidade de danos à dimensão
física, psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual do ser humano, em
qualquer pesquisa e dela decorrente”. Assim os riscos que essa pesquisa oferece são
ínfimos, uma vez que se tomará todo cuidado para que sejam preservadas as
identidades dos sujeitos que participarão da pesquisa como respondente dos
questionários bem como a imagem da instituição onde se dará todo o processo será
inteiramente respeitada.
6- Danos: Procurou-se reduzir ao máximo os danos que podem ocasionar essa
pesquisa, sendo assim, acredita-se que apenas possíveis desconfortos ao
responderem aos questionamentos podem surgir.
7- Metodologia/procedimentos alternativos disponíveis: O público-alvo será
abordado numa perspectiva de campo, onde o pesquisador irá até os mesmos para
explicar os objetivos do trabalho e sensibilizá-los para responder aos
questionamentos.
8- Confidencialidade das informações: As identidades serão preservadas.
9- Compensação/indenização: A participação na pesquisa é de livre iniciativa, logo
os participantes estarão aptos a decidir pela sua participação ou não, visto que pelo
delineamento optou-se por incluir apenas aqueles maiores de idade. Quanto à
120

indenização, não está prevista nenhuma compensação financeira aos participantes,


sendo sua participação estritamente de forma voluntária.
10- Outras informações pertinentes: Não se aplica.
11- Consentimento: Li e entendi as informações precedentes. Tive oportunidade de
fazer perguntas e todas as minhas dúvidas foram respondidas a contento. Este
formulário está sendo assinado voluntariamente por mim, indicando meu
consentimento para participar nesta pesquisa, até que eu decida o contrário.
Receberei uma cópia assinada deste consentimento.

___________________ _______________________ ____________


Nome do participante Assinatura do participante Data

____________________ ______________________ ____________


Nome da testemunha Assinatura da testemunha Data

___________________________________________ ____________
Admilson Eustáquio Prates Data

ENDEREÇO DO PESQUISADOR: R. Martiliano Santa Rafaela, 710, Montes


Claros/MG.
TELEFONE: (38) 9149-3739
121

APÊNDICE E - TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


– PROFEPT
INSTITUIÇÃO ASSOCIADA: INSTITUTO FEDERAL DO NORTE DE MINAS
GERAIS – CAMPUS MONTES CLAROS
___________________________________________________________________

TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA


PARTICIPAÇÃO EM PESQUISA

Título da pesquisa: TECNOLOGIA DIGITAL: USO DE APLICATIVO NA


APRENDIZAGEM DE DESENHO TÉCNICO DO CURSO TÉCNICO EM
EDIFICAÇÕES
Instituição promotora: Instituto Federal do Norte de Minas Gerais – Campus Montes
Claros
Coordenador: Admilson Eustáquio Prates

Atenção: Antes de aceitar participar desta pesquisa, é importante que você leia e
compreenda a seguinte explicação sobre os procedimentos propostos. Esta
declaração descreve o objetivo, metodologia/procedimentos, benefícios, riscos,
desconfortos e precauções do estudo. Também descreve os procedimentos
alternativos que estão disponíveis e o seu direito de interromper o estudo a qualquer
momento. Nenhuma garantia ou promessa pode ser feita sobre os resultados do
estudo.

1- Objetivo: Avaliar as possíveis contribuições do uso da tecnologia digital através do


aplicativo no processo de aprendizagem dos conteúdos propostos na disciplina de
Desenho Técnico do Curso Técnico em Edificações do IFNMG, campus Januária.
2- Metodologia/procedimentos: A pesquisa utilizada será de abordagem qualitativa
através da identificação dos conteúdos que os estudantes sentem mais dificuldade na
disciplina de Desenho Técnico, bem como, suas percepções acerca da utilização de
aplicativos como instrumentos de contribuição na aprendizagem da disciplina em
estudo. Serão aplicados questionários semiestruturados para coleta de dados, todos
com o devido termo de consentimento livre e esclarecido. Para análise, os dados
obtidos serão analisados à luz de teóricos como Bardin, Vygotsky e Freire.
3- Justificativa: Acredita-se que a utilização das tecnologias digitais na educação
possa potencializar o aprendizado dos alunos, ao trazer uma inovação no método
tradicional de ensino e ao possibilitar a inclusão tecnológica de maneira proveitosa
122

para fins didático-pedagógicos, tendo em vista para uma formação no


desenvolvimento da criatividade, do pensamento autônomo e crítico do estudante.
Além disso, a escola deve formar indivíduos capazes de associar teoria e prática para
lidar com as inovações tecnológicas contidas no mundo do trabalho. Nesse sentido,
se justifica a utilização do aplicativo na aprendizagem de Desenho Técnico do Curso
Técnico em Edificações.
4- Benefícios: Esta pesquisa possibilitará que a avaliação e discussão em torno dos
resultados obtidos, resultem dados que possam se converter em uma proposta
didática-pedagógica para contribuir na aprendizagem significativa dos conteúdos
propostos de Desenho Técnico da instituição foco dessa pesquisa e ainda ser utilizada
em outras instituições que vivem situações análogas.
5- Desconfortos e riscos: É preciso que a pesquisa se comprometa com o máximo
de benefícios e o mínimo de riscos ou danos é o que reza a Resolução 466/2012 do
Conselho Nacional de Saúde, nesse sentido, segundo o inciso II.22 da mesma é
possível compreender que risco de pesquisa é a “possibilidade de danos à dimensão
física, psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual do ser humano, em
qualquer pesquisa e dela decorrente”. Assim os riscos que essa pesquisa oferece são
ínfimos, uma vez que se tomará todo cuidado para que sejam preservadas as
identidades dos sujeitos que participarão da pesquisa como respondente dos
questionários bem como a imagem da instituição onde se dará todo o processo será
inteiramente respeitada.
6- Danos: Procurou-se reduzir ao máximo os danos que podem ocasionar essa
pesquisa, sendo assim, acredita-se que apenas possíveis desconfortos ao
responderem aos questionamentos podem surgir.
7- Metodologia/procedimentos alternativos disponíveis: O público-alvo será
abordado numa perspectiva de campo, onde o pesquisador irá até os mesmos para
explicar os objetivos do trabalho e sensibilizá-los para responder aos
questionamentos.
8- Confidencialidade das informações: As identidades serão preservadas.
9- Compensação/indenização: A participação na pesquisa é de livre iniciativa, logo
os participantes estarão aptos a decidir pela sua participação ou não, visto que pelo
delineamento optou-se por incluir apenas aqueles maiores de idade. Quanto à
indenização, não está prevista nenhuma compensação financeira aos participantes,
sendo sua participação estritamente de forma voluntária.
123

10- Outras informações pertinentes: Não se aplica.


11- Consentimento: Li e entendi as informações precedentes. Tive oportunidade de
fazer perguntas e todas as minhas dúvidas foram respondidas a contento. Este
formulário está sendo assinado voluntariamente por mim, indicando meu
consentimento para participar nesta pesquisa, até que eu decida o contrário.
Receberei uma cópia assinada deste consentimento.

___________________ _______________________ ____________


Nome do participante Assinatura do participante Data

_________________________________________________ ____________
Admilson Eustáquio Prates Data

ENDEREÇO DO PESQUISADOR: R. Martiliano Santa Rafaela, 710, Montes


Claros/MG.
TELEFONE: (38) 9149-3739
124

ANEXO A - MATRIZ CURRICULAR DO CURSO TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES

QUADRO 16 - MATRIZ CURRICULAR DO CURSO


CURSO TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES
CÂMPUS JANUÁRIA
LDB 9.394/96, Art. 24; Resolução n.º 4/99; e Decreto n.º 5.154/2004
Carga horária dimensionada para 19 semanas por módulo
Duração da aula 50Minutos
Totais
SEMESTRE (Hora- Totais
DISCIPLINAS Aula) (Hora-
Relógio)
1.º 2.º 3.º 4.º
Desenho Técnico 2 38 31:40:00
Informática Aplicada 2 38 31:40:00
Tecnologia das Construções I 2 38 31:40:00
Módulo Topografia 4 76 63:20:00
I Materiais de Construção 4 76 63:20:00
Português Instrumental 2 38 31:40:00
Matemática Aplicada 2 38 31:40:00
Física Aplicada 2 38 31:40:00
Total aulas/semana 20 380 316:40:00
Tecnologia das Construções II 2 38 31:40:00
Higiene e Segurança do trabalho 2 38 31:40:00
Resistência dos Materiais 4 76 63:20:00
Desenho Arquitetônico 4 76 63:20:00
Módulo
Mecânica dos Solos 4 76 63:20:00
II
Legislação, Ética e Responsabilidade
2 38 31:40:00
Social
Meio Ambiente e Sustentabilidade na
2 38 31:40:00
Construção Civil
Total aulas/semana 20 380 316:40:00
Estruturas 4 76 63:20:00
Tecnologia das Construções III 4 76 63:20:00
Módulo Planejamento de Obras e Serviços 4 76 63:20:00
III Instalações Elétricas 4 76 63:20:00
Instalações Hidrossanitárias 2 38 31:40:00
Orientações para Estágio e Pesquisa 2 38 31:40:00
Total aulas/semana 20 380 316:40:00
Gerenciamento de Obras e Serviços 4 76 63:20:00
Construções Modulares 4 76 63:20:00
Módulo Desenho Auxiliado por Computador 4 76 63:20:00
IV Tecnologia das Construções IV 4 76 63:20:00
Empreendedorismo 2 38 31:40:00
Gestão do Trabalho 2 38 31:40:00
Total aulas/semana 20 380 316:40:00
N.º Total de Disciplinas no semestre 8 7 6 6
Total da etapa escolar do curso 1520 1.266:40:00
Prática Profissional/Estágio 160:00:00
CARGA HORÁRIA TOTAL DO CURSO 1.426:40:00
FONTE: IFNMG JANUÁRIA, 2014.
125

ANEXO B - EMENTA DO CURSO TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES

QUADRO 17 - EMENTA DO CURSO


DISCIPLINA: Desenho Técnico
MÓDULO: Primeiro PRÉ-REQUISITO: -
CARGA
Hora aula – 38 Hora relógio - 31:40:00
HORÁRIA:
EMENTA:
Histórico. Formatos de Papel. Instrumentos para desenho. Caligrafia Técnica. Desenho
Geométrico. Desenho Projetivo. Vistas Ortogonais. Perspectiva de Sólidos.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
ABBOTT, W. Fundamentos do Desenho Técnico. Editora Ediouro, 1981.
ALBIERO, S. Desenho Técnico Fundamental. São Paulo: EPU, 2006.
BAPTISTA, F. P.; MICELI, M. T. Desenho Técnico Básico. São Paulo: Ao Livro Técnico, 2001.
MAGUIRE, D. E.; SIMMONS, C. H. Desenho Técnico. São Paulo:Hemus, 2004.
PUTINOKI, José Carlos. Elementos de Geométrica e Desenho Geométrico. São Paulo: Editora
Scipione, 1989.
PENTEADO, José de Arruda, Curso de Desenho. São Paulo: Editora São Paulo, 10ª Edição,
1972. VOLLMER, D. Desenho Técnico. São Paulo: Editora Ao Livro Técnico, 1982.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10067 – Princípios gerais de


representação em desenho técnico. Rio de Janeiro: 1995.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8403 – Aplicação de linhas em
desenhos – Tipos de linhas – Largura das linhas. Rio de Janeiro: 1984.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8196 - Emprego de Escalas. Rio de
Janeiro, 1999.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 12298 – Representação de área de
corte por meio de hachuras em desenho técnico . Rio de Janeiro: 1995.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10126 – Cotagem em Desenho
Técnico. Rio de Janeiro: 1987.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8402 – Execução de Caracteres para
Escrita em Desenho Técnico. Rio de Janeiro: 1994.
CADERNOS DO MEC_ Introdução ao Desenho Técnico.
ESTEPHANIO, Carlos. Desenho Técnico: uma Linguagem Básica. Rio de Janeiro: Edição
Independente, 1994.
MARMO, Carlos e MARMO, Nicolau. Desenho Geométrico. Vol. I, II e III. São Paulo: Editora
Scipione, 1995.
OLIVEIRA, Marina S. Marques, CARDOSO, Arnaldo de Souza e CAPOZZI, Delton. Desenho
Técnico. São Paulo: Editora FTD, 1990.
FONTE: IFNMG JANUÁRIA, 2014.

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