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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIENCIA E TECNOLOGIA BAIANO-IF
BAIANO
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA COMPUTAÇÃO

EMERSON PEREIRA SILVA, KELLY SABRINA DE SOUZA SILVA E LEANDRO DOS


SANTOS DANIEL

O USO DE TDIC NA EDUCAÇÃO TÉCNICO-PROFISSIONALIZANTE: A


CONCEPÇÃO DOS GESTORES DO CENTRO TERRITORIAL DE EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL DO PIEMONTE NORTE DO ITAPICURU DO MUNICÍPIO DE
JAGUARARI-BA

Senhor do Bonfim-BA
Novembro de 2019
EMERSON PEREIRA SILVA, KELLY SABRINA DE SOUZA SILVA E LEANDRO DOS
SANTOS DANIEL

O USO DE TDIC NA EDUCAÇÃO TÉCNICO-PROFISSIONALIZANTE: A


CONCEPÇÃO DOS GESTORES DO CENTRO TERRITORIAL DE EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL DO PIEMONTE NORTE DO ITAPICURU DO MUNICÍPIO DE
JAGUARARI-BA

Atividade solicitada pela disciplina Pesquisa e Prática


Pedagógica II do curso de Licenciatura em Ciências da
Computação. Professora: Draª. Lilian Teixeira.

Senhor do Bonfim-BA
Novembro, 2019
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 4
2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 6
3 OBJETIVOS .......................................................................................................... 7
3.1 Gerais............................................................................................................. 7
3.2 Específicos ..................................................................................................... 7
4 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 8
4.1 Características das Tecnologias Digitais e a nova realidade da sociedade 8
4.2 Formação de Professores e TDIC .................................................................. 9
4.3 Gestão Democrática na Inserção das TDIC nas nstituições de ensino ........ 11
4.4 As TDIC e o Ensino Profissionalizante ......................................................... 14
5 METODOLOGIA ................................................................................................. 17
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 19
ANEXOS ................................................................................................................... 21
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1. INTRODUÇÃO

A construção do conhecimento e sua disseminação em larga escala e em


curto espaço temporal nos últimos anos em nível mundial passaram a ser viáveis
após o uso massivo consolidado das Tecnologias Digitais da Informação e da
Comunicação (TDIC), as quais possuem características como a simulação, a
virtualidade, a acessibilidade, além da interação, instantaneidade e viabilidade de
ruptura da linearidade (RAMPELOTTO ET AL, 2015).
Especificamente no contexto da educação básica no Brasil, Souza-Neto e
Lunardi-Mendes (2017) afirmam que ainda há resistência por parte de alguns
profissionais em usufruir do aparato tecnológico seja em função da ausência de
formação para lidar com as ferramentas, por insegurança e comodismo atribuídos à
falta de tempo, ou mesmo porque as instituições de ensino pouco trabalham a
imersão e apropriação dos educadores a esses recursos.
É fundamental também discutir de forma ampla, numa perspectiva de
participação de órgãos de Estado todo o processo das TDIC em sala de aula, desde
a disponibilização de recursos tecnológicos, aplicação de conteúdos por meio delas,
perpassando inclusive por currículo, baseado Lopes (2016) e Teixeira (2018).
De fato, até que se chegue à eficácia de um processo mais denso e com a
participação de vários atores sociais, neste primeiro momento há um sujeito
essencial que pode contribuir na mudança desta conjuntura, isto é, o gestor escolar,
tomando como referência os estudos de Rampelotto et al (2015). O papel deste
profissional não se reflete somente à administração em si de uma escola, mas ao de
articular aspectos como inserção e democratização das tecnologias digitais no
universo escolar, tanto para a formação dos estudantes, como principalmente para
implementação das práticas docentes.
No território de identidade Piemonte Norte do Itapicuru estão instaladas
instituições com cursos técnicos e profissionalizantes gratuitos e que
consequentemente requerem uso de tecnologias digitais. E neste sentido, visando
melhor compreender a realidade e os supostos empecilhos sobre a aplicabilidade
delas apresenta-se o seguinte questionamento: qual é a concepção dos gestores de
tais estabelecimentos de ensino profissionalizante sobre a importância da inserção
de uma disciplina na área de informática nos cursos técnicos profissionalizantes?
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Nossa investigação será feita no Centro Territorial de Educação Profissional


do Piemonte Norte do Itapicuru (CETEP), situado na Rua da Quadra, S/N, centro da
cidade de Jaguarari, o qual é mantido pelo Governo do Estado da Bahia, oferece
cursos técnicos em Administração, Agropecuária, Nutrição, Enfermagem e
Contabilidade, mas que pouco dispõe de estrutura adequada é o caso de
laboratórios de informática.
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2. JUSTIFICATIVA

Este estudo é considerado pertinente porque poderá permitir que tenhamos


informações concisas sobre as principais dificuldades enfrentadas por gestores na
inserção de componentes curriculares voltadas para a informática na região.
É viável dizer também que a pesquisa tende a trazer detalhes sobre a
dialogicidade entre gestores, educadores e comunidade no processo de implantação
de tecnologias na educação profissionalizante, com perspectiva na preparação
eficiente do sujeito para o mercado de trabalho.
Outra relevância deste estudo é que ele pode instigar outras instituições de
ensino no Piemonte Norte do Itapicuru a criarem novos projetos com foco no tema.
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3. OBJETIVOS
3.1 Geral

Compreender como os gestores pensam sobre a inserção de disciplinas de


informática em cursos profissionalizantes do Centro Territorial de Educação
Profissional do Piemonte Norte do Itapicuru (CETEP) da cidade de Jaguarari-Bahia.

3.2 Específicos

Avaliar a existência ou não de componentes curriculares voltados às


Tecnologias Digitais nas grades curriculares dos cursos
profissionalizantes do CETEP;
Analisar a disponibilização de recursos tecnológicos na instituição;
Entender os posicionamentos dos gestores sobre a introdução de
disciplinas direcionadas à informática/computação.
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4. QUADRO TEÓRICO

4.1 Características das Tecnologias Digitais e a nova realidade da


sociedade

A tecnologia sempre foi essencial ao desenvolvimento da sociedade em todos


os contextos e em todos os setores, seja no campo da medicina, das engenharias,
no comércio ou nas telecomunicações (CASTELSS, 1999). Especificamente no
segmento da educação não é diferente, apesar de existir um ritmo muito lento em
comparação às demais áreas Rocha, Rangel e Souza (2017).
Em função de suas características técnicas como interatividade,
instantaneidade, hipertextualidade e multimidialidade, conforme Lemos (2004), além
da possibilidade de simulação, virtualidade, baseado em Rampelotto et al (2015), as
Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação (TDIC) desempenham função
essencial na mediação e construção do conhecimento.
Segundo Rocha, Rangel e Souza (2017), as TDIC além de darem
contribuições tecnicistas em si, agilizando tarefas diárias dos profissionais da
educação e educando, viabilizam o despertar para a autonomia do sujeito e a leitura
sobre a sociedade em que ele está inserido.

Na sociedade atual, exige-se do professor e do(a) estudante novas atitudes,


novos modos de comunicação e de pensamento em consonância com o
tempo histórico que estamos vivendo. (...) Essa convivência pode contribuir
com a construção do sentimento de pertencimento e potencializar a
autonomia do(a) educando(a) no seu processo de aprendizagem e
emancipação, estimulando-o(a) a ser construtor(a) do seu conhecimento.
(ROCHA; RANGEL, SOUZA, 2017, p.32).

De forma geral, as Tecnologias da Informação e da Comunicação que


passaram a ser empregadas no sistema educacional no Brasil partir da década de
1990 (CASTELLS,1999), principalmente no ensino superior, e que hoje se efetivam
na educação básica, só serão decisivas e efetivas na construção do saber pelo
sujeito se houver, por exemplo, uma política que prime pela inserção tecnológica
com maior intensidade a partir da aplicação de um planejamento que se adeque à
realidade de cada contexto escolar, ou seja, indo da visão gestão democrática da
instituição à aquisição e disponibilização de tais recursos para todos em tempo
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integral, baseado em Rampelotto et al (2015).

O gestor deve favorecer a democratização das tecnologias a comunidade


escolar (...). Assim, usufruir destes recursos possibilitando a utilização
destas ferramentas de forma significativa, através de articulações que
possibilitem a comunicação e a interação. (...) Através da inserção das TICs
à escola estas permitem um novo paradigma de educação, intensificando a
comunicação compartilhada e a troca de conhecimentos em diferentes
espaços. Provocando alterações no processo de ensino, aprendizagem,
gestão participativa e democrática, e nos setores externos e internos da
comunidade escolar. (p. 03)

Ainda neste sentido, é valido dizer que não basta apenas pensar em inserção
tecnológica na escola e promover a discussão entre gestores, professores,
estudantes e família sobre seus efeitos e apropriação, mas é fundamental também
perceber a necessidade de impregnar a formação dos profissionais que irão lidar
diretamente com o aparato. Todavia, reforça-se que este processo formativo não
deve atender apenas o domínio da tecnicidade para o uso, e sim à construção e
consolidação de referencias que estimulem profissionais a entenderem o quanto
estes recursos vão fortalecer a prática docente, a autonomia dos educandos ou
mesmo novas formas de tecer e disseminar conhecimento.

4.2 Formação de Professores e TDIC

As tecnologias digitais chegaram às escolas ou ao menos estão próximas a


elas, e partir deste novo quadro, é viável afirmar que os profissionais têm a
oportunidade de tornar as aulas mais atrativas, motivadoras, que estimulem o
aprendizado dos estudantes ao aplicar tais recursos, como por exemplo, a lousa
touch Screen e Datashow, notebooks, anseio antigo de alguns educadores (SOUZA-
NETO, LUNARDI-MENDES, 2017).
No entanto, mesmo com a oferta do aparato tecnológico digital, muitos são os
profissionais da educação básica que desconhecem a importância conceitual e
tecnicista no contexto escolar, ou seja, alguns utilizam as tecnologias apenas para
interagir, “há aqueles que usam de modo mais simples, limitado e instrumental;
existem aqueles que pouco usam e com muito receio e insegurança e; por fim, uma
minoria que desusa” (SOUZA-NETO, LUNARDI-MENDES, 2017, p.15). E isso está
relacionado a elementos como falta de conhecimento técnico em si, medo e
desconforto, passando a nutrir a ideia de que os professores são estranhos em
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comparação à utilização dessas ferramentas pelos alunos, os quais são ágeis em


usufruir.

[...] Desmotivação, desinteresse e, principalmente, insegurança profissional


para lidar com as TDIC. Além destes, percebemos nos discursos que
emergiam, também, questões relacionadas à falta de entusiasmo,
curiosidade, atitude e de consciência para pensar outras possibilidades de
aprendizagem com tecnologias diferentes do quadro, giz, caderno, etc.
Mesmo assim, insistimos em caracterizar esse sentimento mais pelas
nossas subjetividades, afecções, impressões e percepções. (SOUZA-NETO
E LUNARDI-MENDES, 2017, pp.07 e 08)

É evidente afirmar ainda que o momento atual é o um caminho sem voltas,


ninguém irá conseguir deter o avanço das TDIC, ou seria mesmo controlar a própria
evolução, algo impossível. Sendo assim, é preciso transformar o pensamento no
tocante à apropriação do manuseio aquedado de máquinas, computadores, e outros
dispositivos tecnológicos para fins educacionais (SOUZA-NETO; LUNARDI-
MENDES, 2017). Em outras palavras, uma consciência coletiva deve ser formada
entre os próprios educadores.
Nesta discussão, há outro elemento que não pode ser esquecido, a presença
de mecanismos que instiguem e viabilizem o debate e a efetivação do aprendizado
dos educadores quanto às tecnologias digitais. Em outras palavras, aqui entra o
papel do Estado ou de mecanismos responsáveis por pensar de forma vertical a
qualificação dos profissionais que já estão inseridos no mercado de trabalho há
anos. Segundo Lopes (2016), é também fundamental debater a elaboração de um
currículo em que inclua TIDC para futuros estudantes que vão ingressar em alguma
licenciatura.

A formação do futuro professor para o uso de tecnologias na escola básica


está prevista na legislação educacional, cabendo destaque à Resolução do
Conselho Nacional de Educação/Conselho Pleno (CNE/CP) 1/2002, que,
em seu Artigo 2°, Inciso VI, institui, “o uso de tecnologias da informação e
da comunicação e de metodologias, estratégias e materiais de apoio
inovadores” como uma das formas de orientação inerentes à formação para
a atividade docente. (LOPES, 2016, p.277)

Em sentido similar, Teixeira (2019) aponta que


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O Plano Nacional de Educação 2014-2024 no que se refere à área de


Computação apresenta somente indicativos para maior informatização das
escolas da Educação Básica, assim como propõe que se triplique a relação
aluno/computador nas escolas. (p.41)

A autora defende também que é imprescindível, por exemplo, promover a


ampliação da oferta de cursos direcionados à formação de docentes em computação
ou tecnologias, embora os números indiquem crescimento a partir do ano de 2008,
incluindo a região Nordeste do Brasil. Afinal, é área que “proporciona a formação de
um profissional que tem flexibilidade para dialogar com as demais áreas do currículo
escolar" (TEIXEIRA, 2019, p. 158).
A partir do exposto, reforça-se que, mesmo em longo prazo, a apropriação
das TDIC pelos docentes da educação básica irá contribuir eficazmente na
qualidade do ensino e aprendizagem dos alunos e, por conseguinte melhor
relacionamento entre os sujeitos e o universo que os cerca, conforme Lopes (2016).

A apropriação das TDIC pelos futuros professores já na formação inicial é


uma possibilidade que poderia fazer a diferença na construção de sua
relação com essas tecnologias, com reflexos em sua prática futura na
escola. (...) A formação para uso das TDIC é concebida como aquela que
não é meramente instrumental e prevê a aquisição de conhecimentos
dissociados do contexto educacional, nos moldes da racionalidade técnica
(...).Sem pretender diminuir a importância da técnica, pressupõe a
necessidade de o professor ir além dela, refletindo criticamente sobre a sua
atuação em um dado contexto social tendo como modelos professores
formadores que utilizem mais do que uma pedagogia transmissão ou
promovam a virtualização do ensino ao usar TDIC em sala de aula. (pp. 276
e 277)

É evidente que neste contexto entra em cena também a função dos gestores
escolares, tanto na perspectiva administrativa ou de monitoramento dos recursos
tecnológicos disponíveis em determinados espaços, quanto da discussão bilateral e
democrática do emprego das TDIC no recinto escolar, inclusive com a participação
da família, conforme será tratado no próximo item.

4.3 Gestão democrática na inserção das TDIC nas instituições de ensino

A aplicação correta das Tecnologias Digitais da Informação e da


Comunicação no universo escolar proporciona o acesso à informação, além disso,
torna-se útil para a dialogicidade entre os sujeitos envolvidos, isto é, passa a surgir a
ideia de comunidades colaborativas, em que o por meio da troca de mensagens, os
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participantes tecem o conhecimento. É válido reforçar que as TDIC estão atreladas


ao uso de aparelhos tecnológicos ou sistemas modernos como smartphone, rede wi-
fi e redes sociais, entre outras palavras dinâmicas.
E dentro deste contexto, o envolvimento dos gestores escolares é crucial para
efetivar a articulação da inserção das TDIC, o monitoramento dos impactos desta
política educacional, a relação tecnológica entre estudantes, escola e família, além
das atribuições e responsabilidades administrativas em si, na visão de Almeida,
Rubim (2004).

Juntos, gestores e demais profissionais da escola podem criar situações,


que permitam experimentar o uso das tecnologias no cotidiano das suas
funções e que lhes dê a oportunidade de participar de redes colaborativas
de aprendizagem, apoiadas em ambientes virtuais, para encontrar,
coletivamente, um caminho mais promissor, condizente com a identidade da
escola e o contexto em que ela se encontra inserida. (p.14)

Na mesma perspectiva, Rampelotto et al (2015) vai dizer que o gestor escolar


é aquele que se preocupa não somente com o acesso aos dispositivos digitais, mas
com a formação do educador e questões pedagógicas, com a compreensão dos
efeitos internos e sociais em função dessa apropriação das TDIC, inclusive
mantendo contato com familiares dos alunos para medir os impactos deste uso fora
dos muros da escola, etc.

A gestão democrática busca a formação de uma equipe de trabalho


engajada em que o gestor não apenas articule a formação de professores,
mas passe a perceber as contribuições da formação para o ensino. Dentro
destas novas perspectivas insere se a importância da utilização das TIC
como ferramentas que colaboram para um ensino significativo, que estimule
a criticidade e a criatividade dos alunos. (RAMPELOTTO ET AL., 2015,
p.05)

Ainda de acordo com o autor, o que se constitui como gestão democrática


está estabelecida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Brasil
de 1996). E nela, é importante destacar que o gestor escolar possui autonomia para
decidir sobre a resolução de quaisquer demandas.
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Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: [...]
VIII- gestão democrática do ensino público na forma desta Lei e da
legislação dos sistemas de ensino [...] Artigo 14 - Os sistemas de ensino
definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação
básica, de acordo com suas peculiaridades e conforme os seguintes
princípios:
I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto
pedagógico da escola;
I – participação da comunidade escolar e local em conselhos escolares ou
equivalentes;[...]
Art. 15- Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas
de educação básica que integram progressivos graus de autonomia
pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas
gerais do direito financeiro público (BRASIL, 1996).

Almeida, Rubim (2004) demonstram que os gestores escolares tecnologias


têm enorme relevância na transformação educacional quando buscam efetuar um
planejamento incorporando às TDIC, prova disso são os vários exemplos de
instituições de ensino espalhados em todo o território brasileiro que desenvolvem
projetos sociais ou firmam parcerias com empresas privadas visando fortalecer a
aplicabilidade das tecnologias digitais. Dessa forma, intensifica a ideia de integração
entre a comunidade escolar e a família, amplia as possibilidades de construção do
conhecimento coletivamente.

[...] O envolvimento dos gestores escolares tem contribuído para práticas


que demonstram os primeiros passos rumo às mudanças no espaço
escolar, embora a incorporação das TIC continue em andamento e em
contínua transformação. Por outro lado, tendo em vista possíveis espaços
para a ampliação do ambiente escolar, são apresentadas algumas opções
de redes colaborativas de aprendizagem, [...], que dispõem de informações
e recursos que possibilitam a realização de atividades colaborativas e
criação de comunidades virtuais de aprendizagem, potencializando a
aglutinação de recursos tecnológicos e de pessoas, em direção a caminhos
que busquem a transformação da escola num espaço aberto e dinâmico.
(ALMEIDA, RUBIM, 2004, p.03).

Sendo assim, a dimensão do papel dos gestores escolares deve ser


sempre refletida e reforçada por agentes internos ou externos ao recinto escolar, o
que logicamente irá tonificar, não somente a expansão da infraestrutura tecnológica,
mas também a uma pedagogia que facilite o acesso ao conhecimento e ao
compartilhamento dele em larga escala pelo público estudantil.
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4.4 As TDIC e o Ensino Profissionalizante

A Educação Profissional é aquela que proporciona a formação do sujeito


para o mercado de trabalho no período correspondente ao ensino médio
(CARVALHO, 2011). Na verdade, esta ideia da preparação para a realização das
atividades técnicas surgiu na antiguidade quando as tribos desenvolviam métodos
de produção, consequentemente estes processos passaram a ser úteis às gerações
futuras, e a partir da Revolução Industrial no século XVIII o ensino técnico começa a
se consolidar, de acordo com Oliveira e Cóssio (2013).
Desde o início da industrialização da produção de bens de consumo as
famílias menos abastadas eram as que mais buscavam formação técnica para atuar
nas fábricas, algo comum hoje.
No Brasil, a procura por qualificação técnica passou ser constante desde
meados do século passado e este crescimento ocorreu primordialmente após o
governo do presidente Nilo Peçanha autorizar a transformação das Escolas de
Aprendizes e Artífices em Escolas Industriais e Técnicas em 1909, de acordo com
Oliveira e Cóssio (2013).

Analisando as principais alterações no modelo educacional brasileiro entre


os anos de 1930/45, se pode perceber que este período foi de extrema
importância para educação profissional industrial do país. Os registros
evidenciam uma elevação do número de matrículas e de instituições
dedicadas a esta modalidade de ensino. Em 1935 as instituições de ensino
industrial representavam 5,8% do total de unidades do ensino médio e em
1945, este percentual alcançou a taxa de 26,9%; o número de matrículas
que, em 1935, era de 7,4% do total de alunos do ensino médio saltou para
14% em 1945. (OLIVEIRA, CÓSSIO, 2013, p.14)

Atualmente, as políticas públicas criadas na esfera nacional, teoricamente


contemplam o fortalecimento da formação técnica, gratuita e com qualidade,
primando pelo alinhamento com as Tecnologias Digitais da Informação e da
Comunicação em todo o processo, o que tende a atingir maior número de pessoas.
Um exemplo destas políticas consolidadas que promoveram a democratização
no ensino profissionalizante é a Rede e-TEC Brasil, instituída, inicialmente, através
do decreto nº 6.301, de 12 de dezembro de 2007, no governo de Luís Inácio Lula da
Silva. E para o funcionamento dos cursos, a União quase sempre firma parceria com
os estados da federação, baseado no manual do Ministério da Educação (2014).
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A Rede e­Tec Brasil, além da oferta regular de cursos técnicos


exclusivamente na modalidade a distância, são desenvolvidas as seguintes
atividades:
­ oferta de cursos técnicos destinados aos servidores das escolas públicas
para atender ao PROFUNCIONARIO;
­ oferta de cursos superiores de tecnologia (CST);
­ oferta de cursos de formação inicial e continuada (FIC);
­ oferta de cursos de especialização relacionadas à educação profissional e
tecnológica;
­ oferta de especialização em inovação tecnológica, com objetivo de
melhorar a gestão da política de inovação das organizações, orientar as
ações de
proteção intelectual e auxiliar no processo transferência de tecnologias;
­ oferta de cursos de idiomas, no âmbito do e­Tec Idiomas;
­ produção de material didático pedagógico para educação profissional a
distância;
­ desenvolvimento de pesquisas para subsidiar as instituições na gestão
administrativa e pedagógica para a oferta dos cursos no âmbito da Rede.
(pp. 05 e 06)

É válido dizer também que a rede privada de ensino investe bastante na


oferta de cursos profissionalizantes, seja totalmente a distância, semipresencial ou
presencial.
Carvalho (2011) ao citar Paulo Freire (1996) e Castells (1999) destaca que os
agentes da educação profissional precisam prementemente pensar na qualidade do
ensino, devendo entender melhor que ela não é somente um mero instrumento de
preparação para o mercado, mas que evidentemente serve de estratégia na geração
tanto de competitividade, quanto de desenvolvimento humano em si, tornando o
estudante reflexivo, crítico, autônomo, neste complexo cenário econômico mundial
(CARVALHO, 2011). E para isso, frisa-se que é imprescindível a apropriação das
TDIC por todos os atores da escola.

[...] É evidente a pertinência de metodologias que sejam capazes de


transformar a sala de aula em um ambiente desejoso, exitoso e prazeroso
para o aluno, de possibilitar que a aula possa ser desenvolvida como uma
experiência lúdica, desafiadora, libertadora, transformadora, que o professor
possa deixar de ser o repassador de informações e conhecimentos
limitados à sua sapiência e passar a ser o facilitador de um conhecimento
empírico e ilimitado. Para isso, a tecnologia digital oferece um mundo sem
limites de possibilidades e oportunidades. (CARVALHO, 2011, p.11)

Nesta mesma linha, Custódio et al (2016) amplia a discussão ao afirmar que o


ambiente de trabalho contemporâneo exige a constante utilização de ferramentas
digitais, porém, nem sempre a escola consegue acompanhar o ritmo do cenário
mercadológico justamente por inexistir a disponibilização ou o emprego adequado
das Tecnologias Digitais.
16

Embora o mundo do trabalho tenha se transformado com o emprego das


Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC), o método
educacional adotado ainda corresponde, muitas vezes, ao do início do
processo de industrialização. (CUSTÓDIO ET AL, 2016, p.80)

Portanto, discutir a formação profissionalizante é também pensar na oferta de


vagas, situação do mercado, e principalmente na inserção das Tecnologias Digitais
para professores, estudantes e também gestores alinhadas com o contexto e as
demandas locais.
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5. METODOLOGIA
5.1 Tipo de Pesquisa
A abordagem metodológica a ser empregada neste estudo será qualitativa,
isso porque ela “não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o
aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc.”
(GERHARDT ORG., 2009, p.31).

5.2 Instrumentos
Para esta coleta de dados vão ser feitas entrevistas semiestruturadas, além
de uma análise documental com foco na intepretação das grades curriculares dos
quatro cursos investigados e a relação do Centro Territorial de Educação Profissional
do Piemonte Norte do Itapicuru (CETEP) com as Tecnologias Digitais.
O roteiro de entrevista é composto por nove questionamentos, mantendo
profunda relação com o tema proposto.

5.3 Lócus/Sujeitos
Nesta perspectiva de melhor compreender a relevância e os impactos da
atuação de gestores escolares no contexto regional, tendo uma abordagem a partir
do contato pessoal, a presente pesquisa busca entender como se dá o emprego das
Tecnologias Digitais em cursos profissionalizantes, levando em conta a estruturação
tecnológica.
Portanto, o levantamento vai acontecer no Centro Territorial de Educação
Profissional do Piemonte Norte do Itapicuru (CETEP), existente desde novembro de
2000, tendo sede própria localizada na Rua da Quadra, S/N, centro da cidade de
Jaguarari, na microrregião de Senhor do Bonfim, ao norte do estado da Bahia.
Serão entrevistados os cinco gestores da instituição, são eles o diretor, dois
vice-diretores, um coordenador pedagógico e uma secretaria escolar. É válido
afirmar que o CETEP tem atualmente 705 estudantes matriculados, mais de 50
profissionais e cada curso técnico é composto de até 12 disciplinas.
A instituição é tida como de enorme relevância para a capacitação de
profissionais do próprio município e de cidade vizinhas, entre elas Campo Formoso,
Senhor do Bonfim e Andorinha, por ofertar quatro cursos técnicos em Administração,
Enfermagem, Nutrição e Agropecuária.
18

5.4 Cronograma

2019
AÇÃO
Nov Dez
Levantamento de dados/ visita à escola X
Aplicação de questionário X
Avaliação dos resultados X
Escrita e entrega do artigo X
Apresentação da pesquisa X
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REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de; RUBIM, Lígia Cristina Bada. O papel do
gestor escolar na incorporação das TIC na escola: experiências em construção e
redes colaborativas de aprendizagem. São Paulo: PUC-SP, 2004.

BRASIL. Lei n. 9394, de 20/12/96, estabelece as diretrizes e bases da educação


nacional, Diário Oficial da União, n. 248, 1996.

CARVALHO, Artemis Barreto de. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NA


CONTEMPORANEIDADE: Uma análise sobre a utilização das TIC no curso técnico
em guia de turismo do ifs. 2016.Disponível
em:<https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/10374/4/39.pdf>; Acesso em: 30 nov. 2019.

CASTELLS, Emanuel. A sociedade em rede. Tradução Roneide Venancio Majer;


atualização para 6ª Edição: Jussara Simões. (a era da informação: economia,
sociedade e cultura, v1) São Paulo: Paz e Terra, 1999.

CUSTÓDIO, Tiago Veja, et al. Tecnologia digital como recurso didático para
potencializar o processo de aprendizagem em desenho técnico na educação
profissional.2016. Disponível em: <periodicos.ifsul.edu.br › index.php › thema ›
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GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de Pesquisa. 2009.


Disponível em:< http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie/derad005.pdf >;
Acesso em: 20 nov. 2019.

LOPES, Rosemara Perpetua. Formação inicial de professores em tempos de


TDIC: uma questão em aberto.2016. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-46982016000400269>;
Acesso em: 27 nov. 2019.

MARQUES,C.L.; SOUZA,A. M..O uso das TIC na formação para o trabalho: um


estudo de caso numa instituição de educação profissional e tecnológica. 2014.
Disponível em:<https://www.oei.es › historico › congreso2014 › memoriactei>; Acesso
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO.MANUAL DE GESTÃO DA REDE E­TEC BRASIL.


2014. Disponível em:
<https://portal.ifsuldeminas.edu.br/images/PDFs/proen/CEPE/Consulta_Documentac
ao/7._EaD_-_Manual_Rede_e-Tec_-_Bolsa_formao.pdf>; Acesso em: 29 nov. 2019

OLIVEIRA, Antônio Cardoso; CÓSSIO, Maria de Fátima. O ATUAL CENÁRIO DA


EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL. 2013. Disponível em:
<https://educere.bruc.com.br/CD2013/pdf/8126_4720.pdf> Acesso em: 30 nov. 2019.

RAMPELOTTO, Elisane Maria et al. Gestão escolar: o uso das tecnologias de


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20

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2019.

ROCHA, Maria do Carmo; RANGEL, Marcia Tereza; SOUZA, Lanara Guimarães;


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SOUZA-NETO, Alaim; LUNARDI-MENDES, Geovana Mendonça. Os usos das


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segurança docente. 2017. Disponível em:< https://revistas.pucsp.br › curriculum ›
article › download>; Acesso em: 25 nov. 2019.

TEIXEIRA, Lilina Pereira da Silva Teixeira. DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL


DO EGRESSO DA LICENCIATURA EM COMPUTAÇÃO NO BRASIL: identidade,
desafios e potencialidades. 2019. Disponível em:<http://www.cdi.uneb.br/site/wp-
content/uploads/2019/06/VERS%C3%83O-FINAL-ENTREGA-TESE-
ABRIL_2019_Lilian_Teixeira.pdf>; Acesso em: 27 nov. 2019.
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ANEXO

Roteiro de entrevista

1. Quais recursos tecnológicos estão disponíveis no Centro Territorial de


Educação Profissional do Piemonte Norte do Itapicuru (CETEP)?

2. De que forma o CETEP trabalha a oferta ou estimula a apropriação das


tecnologias digitais entre os docentes?

3. A grade curricular de cada curso contempla disciplinas com na área de


informática ou áreas similares?

4. Mesmo que não haja um componente curricular específico em cada grade,


geralmente como são trabalhados conteúdos direcionados para o
aprendizado técnico ou dos cursos oferecidos pela instituição?

5. Quais as principais dificuldades ou resistências enfrentadas por quem gere


esta comunidade escolar em relação à inserção dessas tecnologias digitais
diante de professores e estudantes?

6. Quais os impactos proporcionados pela inserção dessas tecnologias digitais


no âmbito escolar? E se de fato houve, cite algumas mudanças nesse
contexto?

7. Há alguma articulação da gestão para favorecer a democratização das


tecnologias na comunidade escolar? Como se dá esta articulação?

8. Em sua opinião, os docentes dos cursos técnicos necessitam de uma


formação continuada para os docentes na utilização dessas tecnologias?

9. O Centro Territorial de Educação Profissional do Piemonte Norte do Itapicuru


já desenvolve alguma ação com a família dos estudantes no que se refere ao
acesso de tecnologias da informação e da comunicação e segurança da
informação?

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