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Cheptulin
Categorias e leis
da dialética
A DIALÉTICA
MATERIALISTA
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A DIALÉTICA MA-
TERIALISTA — Categorias e leis da
e de
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Alexandre Cheptulin
A DIALÉTICA
MATERIALISTA
Categorias e leis da dialética
j
A DIALÉTICA MATERIALISTA
Categorias e Leis da Dialética
Coleção
FILOSOFIA
ALEXANDRE CHEPTULIN
A DIALÉTICA MATERIALISTA
Categorias e Leis da Dialética
Tradução
Leda Rita Cintra Ferraz
EDITORA ALFA-OMEGA
São Paulo
1982
Capa
Jayme Leão
Revisão
Eunice Aparecida de Jesus
Composto/Impresso
Gráfica A Tribuna - Santos/SP.
Direitos Reservados
EDITO RA ALFA -OMEGA, LTD A.
05413 — Rua Lisboa, 500 — Tel.: 280-
01000 — São Paulo — SP
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
SOBRE O AUTOR
V
INTRODUÇÃO
1
2
3
1851, p. 153.
5
6
tóteles acreditava que a forma era ideal, que ela podia ter uma
existência autô noma , indepen dente das coisas mater iais. Isso
não significa que todo o geral, próprio ao mundo objetivo,
seja material e que exista apenas por meio das coisas indivi-
duais, singulares. Uma part e do geral possui uma nature za
ideal e existe independentemente e fora das coisas sensíveis.
Isso é uma concessão séria feita a Platão e ao mesmo tempo
à visão idealista do problema.
Na Id ade Médi a, a concepção da na tu re za das cat egorias,
assim como a solução encontrada para outros problemas filo-
sóficos, adquiriu uma coloração teológica. Os filósofos que
representavam a tendência realista retomavam, sob uma forma
ou outra, o ponto de vista platônico sobre as categorias, que
eles consi derav am como essências ideais autô noma s, existindo
independ entemente dos homens e das coisas. Os nominalistas
repudiavam essa concepção das categorias, negando-lhes uma
existência independente não apenas na realidade objetiva, mas
também na consciência.
Johannes Scotus Erigena, por exemplo, filósofo realista
da Idade Média, afirmava que os conceitos gerais eram criados
po r De us e constituíam a natureza pr im ei ra . Deus, inter vindo
no princípio enquanto universal indeterminado, criou um mundo
ideai que constitui o princípio primeiro e a essência das coisas.
Esse mundo ideal divide-se em noções de gênero e espécie que,
reun idas uma s às outras , for mam as coisas singulares. Assim,
pa ra Erigen a, as cat egorias sendo eleme ntos do mu nd o ideal,
não podiam ser reflexos de formações materiais e de coisas
sensíveis, e sim suas criadoras, existindo anterior e indepen-
dentemente das últimas. O nominalista Roscelin, pelo contrá-
rio, partiu essencialmente da solução aristotélica do problema,
mas, estabelecendo como absoluta sua negação da existência
independente do geral na realidade, ele terminou por negar
completamente a existência do geral, isto é, negou sua exis-
tência na realidade, não apenas sob a forma de uma existência
ideal independente, mas também sob a forma de qualidades,
de prop ried ades das coisas singulares. Esse filó sofo considerou
que os gêneros e as espécies (as noções de gênero e de espécie)
não existiam realmente, eram apenas nomes dados pelos homens
para coisas par ticul ares, coisas que eram absoluta mente singu-
lares e que não tinham nada de geral.
7
8
2
T. Hobbes, Leviathan or the Matter, Form and Power of a Com-
monwealth Ecclesiasticall and Civil, Londres, 1928, p. 19-20.
3
J. Locke, Essai philosophique concernant I'entendement humain,
Paris, 1975, t. 1, p. 290-8; t. 2, p. 257-61; t. 3, p. 58-71 e 176-80.
9
p. 85-9 1.
10
5
Hegel, op. cit., p. 91.
11
p. 73- 4.
K. Marx, F. Hengels, op. cit. p, 74,
7
;
12
13
agiu exatame nte da mesma forma que Moo re. Segundo ele, os
objetos do terceiro mundo — as idéias objetivas — são fre-
qüentemente tomados por idéias subjèfivãs7 p"õr objetos perten-
centes ao segundo mundo, embora isso seja totalmente falso.
As_essênçias ideais universais, são ..objetivas,..elas existem for a
e independentemente do espírito humano e formam um mundo
à parte.
Essas reflexões de Popper são uma transposição da con-
cep ção pla tôn ica da natureza das categorias. O autor, aliás,
14
13
S. Chase, The Tyranny of Words, New York, 1938, p. 9.
15
16
17
18
II. O PROBLEMA
DA CORRELACÃO
DAS CATEGORIAS
DA DIALÉTICA
19
1. RESOLUÇÃO DO PROBLEMA
DA CORRELAÇÃO DAS CATEGORIAS
NA FIL OS OF IA PR É- MA RX IS TA
20
"nada"3.
Sendo idêntico ao "nada", o "ser puro" de Hegel não é
fixo, não se encontra eternamente no mesmo estado e, agindo
com o "nada", transforma-se em um "vir-a-ser" que, sendo o
resultado da unidade do ser puro com o "nada", chega à abstra-
ção absoluta, ao vazio, e adquire um certo conteúdo, trazendo
à luz uma nova categoria — o "ser-aqui".
É evidente que nem na realidade objetiva nem no conhe-
cimento é possível que algum vir-a-ser possa transformar o
"nada" em um ser concreto determinado, e a correlação das
categorias do ser puro, do vir-a-ser e do ser-aqui, que nos é
apres entad a por Hegel, é absolut amente artificial. Mas há algo
racional, e isso se dá quando Hegel coloca na qualidade de
pri ncípi o de pa rt ida da passagem de uma catego ria pa ra a outra
o movimento condicionado pela unidade dos contrários — o
2
G. W. F. Hegel, Wissenschaft der Logik, in Sämtliche Werke,
Stuttgart, 1928, v. 4, p. 87-8.
3
Hegel, Werke. Vollständige Ausgabe, v. 6, p. 169.
21
22
determina seu limite que, por sua vez, não lhe é exterior (ao
"alguma coisa"), mas "penetra todo ser-aqui" . 4
categoria do infinito.
Apresentando a categoria do infinito enquanto progresso,
Hegel nã o pá ra aí. E ainda mais, ele não consid era o conceito
do infinito verdadeiro, porque, como ele mesmo declara: "aqui
nós não temos nada mais do que uma mudança superficial que
não sai jamais do domínio do finito"®. o verd adeir o infinito,
segundo Hegel, não é um movimento eterno e uniforme indo
de alguma coisa para outra sempre nova, mas um movimento
graças ao qual alguma coisa original, no decorrer do processo
da passagem de uma para a outra, não se perde, não desaparece
na série infinita de outras coisas, mas, pelo contrário, volta
para si mesma, "em sua outra, regressa pa ra si mesma'" . 7
23
8
Hegel, Werke cit., p. 192.
24
25
26
27
28
29
2
°Cf. Hegel, Werke cit., p. 258.
21
Ver Hegel, Wissenschaft cit., in Sämtliche Werke, p. 562.
22
Hegel, Wissenschaft cit., in Sämtliche Werke, p. 566.
30
23
Hegel, Wissenschaft cit., in Sämtliche Werke, p. 590.
24
Hegel, Wissenschaft cit., in Sämtliche Werke, p. 594.
31
25
Hegel, Werke cit., p. 260.
28
Hegel, Werke cit., p. 260.
32
27
Hegel, Werke cit., p. 281.
28
Hegel, Werke cit., p. 284.
29
Hegel, Werke cit., p. 288.
30
Hegel, Werke cit., p. 299-300.
31
Hegel, Werke cit., p. 307.
33
32
Hegel, Werke cit., p. 311.
33
Hegel, Werke cit., p. 312.
34
Hegel, Werke cit., p. 320.
35
Hegel, Werke cit., p. 387-8
34
36
Hegel, Werke cit., p. 409.
35
37
W. Windelband, Vom System der Kategorien, Tübingen, 1924.
36
37
38
39
40
41
E. Hartmann, Kategorienlehre, Leipzig, 1923, t. 1-3.
4 2
0. Spann, Kategorienlehre, Jena, 1939, p. 45.
41
43
E. Lysinski, Die Kategoriensysteme cit., p. 75.
42
43
44
H. Cohen, Logik der reinen Erkenntnis, Berlin, 1902.
43
Lysinski, Die Kategoriensysteme cit.. p. 83.
46
Lysinski, Die Kategoriensysteme cit.. p. 84.
44
45
46
47
E. Lysinski, Die Kategoriensysteme cit., p. 109.
47
48
A. Riehl, Der philosophische Kriticismus und seine Bedeutung
für dis positive Wissenschaft, Leipzig, 1876/1877, p. 1-2.
49
N , Hart mann , Der Aufbau der realen Welt. Grundriss der allge-
meinen Kategorienlehre, Berlin, 1940.
48
49
50
par tir dos pri ncípios idealistas e metafísicos. Ele rej eit a todas
as teorias tradicionais sobre as categorias, considerando-as fal-
sas, e propõe sua solução, dita ontológica sobre o problema:
"Nós não reproduzimos nada, escreve ele, nem as filosofias tra-
dicionais, nem os conceitos estruturais e categoriais científicos,
mas, sim, mediante uma análise profunda, procuramos compre-
ender as categorias apresentadas e autenticamente ontoló-
gicas"^.
Fechner, além da existência das coisas e da consciência
dos indivíduos, reconhece a existência objetiva das ditas "obje-
ções", idéias, e das "formações gerais", que não dependem do
homem nem de sua consciência, residem em diferentes esferas,
Hildesheim, 1961.
0. Fechner, Das Syistem cit., p. 5.
5 3
51
5 6
0. Fechner, Das System cit., p. S.
5 7
0. Fechner, Das System cit., p. 20.
5 8
0. Fechner, Das System cit., p. 37.
52
59
Lewis E. Hahn, Of shoes and ships and sealing-wax, and cabbages
and kings, The Journal of Philosophy , Lancaster, 55(2): 55-6, 1958.
60
Cf. W. Cramer, Aufgaben und Methoden einer Kategorienlehre.
Kant-Studien, in Philosophische Zeitschrift, 1960/1961, t. 3, v. 52, p.
351-68.
"Bela von Brandestein, Der Aufbau des Seins. System der Philo-
sophie, Tübingen, 1950.
53
6 2
0. Spann, op. cit., p. 42.
54
.55
1952, p. 233.
.56
.57
64
V. Lenin, op. cit., p. 142.
M
Lenin, op. cit., p. 144.
G6
Lenin, op. cit., p. 149.
67
V. Lenin, op. cit., p. 188.
.58
68
Lenm, op. cit., p. 138-
69
Lenin, op. cit., p. 167.
* Texto em francês no original russo — "Uma história do pensa-
ment o, do ponto de vista do desenvolviment o e da aplicação dos
conceitos e categorias gerais da lógica, se faz necessária!".
70
K. Marx e F. Engels, Oeuvres choisies en trois volumes, Moscou,
Editions du Progrès, 1976, t. 1, p. 535.
.59
.60
.61
1. A MAT ÉRI A
1
V. Lenin, Oeuvres, t. 14, p. 24.
.62
.63
.64
2
V. Lenin, op. cit., p. 295.
.65
3
Lenin, op. cit., p. 272.
4
Lenin, op. cit., p. 363.
.66
.67
5
V. Lenin, op. cit., p. 169
.68
6
C f. Mysl Filozoficzna, (1 6) 1955, 2.
"H. Klotz, "Ist die Energie Materie? Bemerkungen zu einem alten
Problem' in Deutsche Zeitschrift für Philosophie, 1959, v. 2, p. 307.
.69
.70
10
H. Klotz, op. cit, p. 308.
.71
.72
2. MATÉRIA
E FORMAÇÃO MATERIAL.
ASPECTOS DA MATÉRIA
.73
12
F. Engels, La dialectique de la nature, p. 276.
.74
75
Savério ^mko
.: ^ .
•Sposito
3. DA SUBSTANCI ALIDADE
DA MATÉRIA
13
V. Lenin, op. cit., p. 152-255.
.76
14
F. Engels escreveu sobre isso que: "A matéri a permanece eter-
namente a mesma... nenhum de seus atributos pode jamais perder-se
e . . . em conseqüência disso, se ela tiver um dia de exterminar, c om uma
necessidade imperiosa, sua floração suprema, o espírito pensante, é
prec is o co m a me sm a nece ssidade que em ou tr a pa rt e qu al qu er e em
outra hora ela o reproduza" op. cit., p. 46.
.77
4. O REF LEX O
.78
17
V. S. Tioukhtine, Sobre a natureza da imagem, Moscou, 1963,
p. 112. Ori ginal em russo.
.79
18
V. Lenin, op. cit., p. 68-9.
.80
.81
.82
19
S. L. Rubinstein, op. cit., p. 13.
20
F. Engels, op. cit., p. 179.
.83
.84
5. O PSÍQUI CO
E O FISIOLÓGICO
22
I. P. Pavlov. Obras completas cit., p. 196.
.85
.86
25
I. P. Pavlov, Obras completas cit., t. 4, p. 17.
.87
6. A CONSCI ÊNCIA
.88
.89
.90
.91
1964, v. 2, p. 112.
.92
3J
J. de Vries, op. cit., p. 169-70.
.93
35
K. Marx, Le Capital, Paris, Editions Sociales, v. 1, p. 21.
.94
.95
como ideal, repres enta uma imagem ideal, uma fotograf ia,
uma cópia de objetos e de fenômenos do mundo exterior; e
quando a examinamos sobre o plano ontológico, como pro-
priedade ou pr od ut o da atividade do cérebro, a consciência
manifesta-se como fenômeno material . 37
.96
S. L. Rubinstein,
30
op. cit., p. 41.
40
K-H Oberländer, Einige Bemerkungen zum Verhältnis von Materie
und Bewusstsein, in Wissenschaftliche Zeitschrift der Universität, Ros-
tock, 1962, t. 3, v. 11, p. 204-5.
.97
41
K. Marx e F. Engels, L'idéologie, cit., p. 51.
.98
42
K. Marx e F. Engels, L'Ideologie cit., p. 59.
4 3
K. Marx e F. Engels, Das primeiras obras, p. 633. Origi nal em
russo.
.99
em russo.
.100
45
E. Schrödinger, Geist und Materie, Braunschweig, Yieweg, 1961,
v. 2, p. 6.
.101
consciência" . 49
46
E. Schrodinger, op. cit.
47
E. Schrodinger, op. cit.
48
E. Schrodinger, op. cit.
49
E. Schrodinger, op. cit.
.102
50
K. Marx, op. cit., p. 136.
.103
.104
53
M. Markovic, Humanizam i díjalektika, Belgrado, 1967, p. 129.
54
G. Petrovic, Mladost, in Filozofija i marksizam, Zagreb, 1965,
p. 252.
.105
.106
.107
.108
.109
61
G. Petrovic, op. cit., p. 254.
.110
62
G. Petrovic, op. cit., p. 254.
111
.112
não seria apenas o sujeito que seria uma ficção, mas também
todas essas leis econômicas, históricas e sociais, que conside-
ramos ilusões não objetivas, ineficazes e vazias e que opõem-se
à realidade" 64.
Assim, o reconheci mento da consciência como imagem
subjetiva da realidade objetiva deve, segundo Grlic, necessa-
riamente transformar o sujeito em alguma coisa de ilusório,
não efetivo, ou, em outras palavras, em uma ficção.
Mas de onde vem tudo isso? Por que então a faculdade
do sujeito de refletir, na consciência, sob uma forma subjetiva,
a realidade objetiva deve excluir o sujeito dessa realidade?
Por que essa faculdade deve transformá-lo em alguma coisa de
irreal? Pelo contrário, é precisam ente esse fato, isto é, a
presença no sujeito da capac idade de um reflexo subjetivo da
realidade objetiva, do seu conhecimento, que o transforma em
um sujeito real, capaz de agir sobre o mundo ambiente e de
transformá-lo de forma criativa, porque, como já dissemos,
uma transformação que tende a uma meta da realidade pres-
supõe o conhecimento de suas propriedades e ligações necessá-
rias, das leis do seu funcionamento, do desenvolvimento e das
possibilidades que disso dep endem. O suj eit o pri vado da
faculdade de refletir a situação real das coisas, de conhecer as
leis do movimento e do desenvolvimento do mundo ambiente
não está em estado de agir de maneira racional, de transformar
praticamente a rea lid ade, de criar o novo. Sem isso, ele não
pode ser um sujeito real, válido. Isso significa que nã o é a
presença, no sujeito, da faculdade do reflexo subjetivo da rea-
lidade objetiva, mas sua ausência, que transforma o sujeito em
ficção, em alguma coisa de irreal.
Um outro argumento é apresentado contra a concepção
de que a consciência é o reflexo da realidade: se a consciência
representa o reflexo da realidade, seu desenvolvimento deve
necessariamente conduzir ao conhecimento definitivo da natu-
reza e da sociedade. Mas, nesse caso, o mund o inteiro teria
de ser contido em nossa consciência e, então, esta, como cons-
ciência humana, teria, a nosso ver, de desaparecer, perder sua
atividade e transformar-se em um espelho-refletor u n i v e r s a l .
Esse raciocínio, assim como o seu precedente, não tem
.113
66
A. James Gregor, Lenin on the nature of sensations, in Studies
on the left, 1963, v. 3, n. 2, p. 35.
.114
87
A. B. Acton, The illusion of the epoch. Marxism-leninism as a
Philosophical creed, Londres, 1955, p. 40.
e8
A. James Gregor, op. cit., p. 35.
69
V. Lenin, op. cit., p. 121.
.115
70
A. James Gregor, op. cit., p. 38.
71
A. James Gregor, op. cit., p. 38.
.116
72
A. James Gregor, op. cit., p. 38.
73
V. Lenin, op. cit., p. 125.
.117
propriedades das quais tomamos con sciên cia por meio das
sensações. É por isso, e não po r acaso, que ele nega a existên-
cia no mundo ambiente de todas as propriedades colocadas em
evidência pelos homens no proce sso do conhecimento. E ainda
mais, ele faz a imputação dessa negação a Lenin. " ( . . . ) Ago-
ra, com o aparecimento da relatividade e da física nuclear, ele
declara, não há mais qualidade única das 'coisas' que, em um
certo sentido, não seja 'ref utad a'. Ne m o comprimento, nem
a extensão, nem a cor, nem o gosto, nem a forma, nem a
estrutura, nem a impenetrabilidade podem apresentar-se como
qualid ades objetivas no sentid o ontológ ico. Sob a pressão
dessas considerações, Lenin foi obrigado a afirmar que a 'filo-
sofia do materialismo' não deve designar qualidades definitivas
do objeto percebido, com exceção da propriedade 'de existência
incondicional fora da c o n s c i ê n c i a ' . Depo is de ter feito de
7 4
No que concerne a Gregor, ele deve ter, é cla ro, liber dade
para ter a representação que ele qui ser pa ra essa ou aquela
pr op ri edad e da realidade ambiente. Ma s, pelo fa to de que ele
confere a Lenin seu próprio ponto de vista, devemos deter-nos
nesse particular e examiná-lo mais detalhadamente.
Em primeiro lugar, nem a teoria da relatividade, nem a
física nuclear refutaram a objetividade da existência das pro-
priedades da matéria como o espaç o, o te mpo, a fo rm a, a estru-
tur a etc. Nã o é sua objeti vidade , sua existência fora e indepen -
dente mente da consciência que é ref uta da, mas seu caráter
absoluto, sua imutabilidade, sua independência com relação às
formas concretas de existência da matéria.
Em segundo lugar, falando da objetividade da existência,
como propriedade única da matéria, em cujo reconhecimento
está ligado o materialismo filosófico, Lenin não negava a exis-
tência, na matéria, de outras propriedades universais e especí-
ficas; como por exemplo, ele salientava especialmente que esta
74
A. James Gregor, op. cit., p. 38-9.
75
A. James Gregor, op. cit., p. 39.
.118
76
H. B. Acton, op. cit., p. 37.
.119
.120
.121
83
H. B. Mayo, Introduction of marxist theory, New York, 1960, p. 44.
.122
.123
IV. AS CATEGORIAS
COMO GRAUS
DO DESENVOLVIMENTO
DO CONHECIMENTO
SOCIAL E DA PRÁTICA
.124
.125
.126
.127
.128
corpos . A primeir a coisa que foi obser vada nesse fenô meno
foi a ligação existente entre a faculdade do âmbar de atrair
outros corpos e a fricção, e a ligação do âmbar, pela atração,
com outros corpos, assim como as modificações condicionadas
por essas ligações (i nter ações), isto é, o movimento. Tudo
isso no começo não passou de observações isoladas, concernin-
do certos casos de polime nto do âmbar. Em seguida, à medida
que esse fenômeno se reproduzia, os homens conceberam a
idéia de que o âmbar era uma substância capaz de manifestar,
po r meio da fricção, propriedades elétricas. O des envolvime nto
ulterior do conhecimento da eletricidade prosseguiu com a des-
coberta de novos corpos capazes de manifestar, por meio da
fricção, propriedades elétricas e da formação, assim, de uma
repre sent ação sempre mais geral da eletricidade. Na Grécia do
século IV, antes de nossa era, por exemplo, a propriedade de
atrair corpos leves por fricção foi observada em uma pedra
preciosa chamada lynkurion. No fim do século XVI , o sábio
inglês William Gilbert descobriu essa mesma propriedade no
diamante, na safira, na ametista, no cristal de rocha, no enxo-
fre , na resina e em outras substâncias. Em seguida, ficou
estabelecido que a faculdade de uma substância de atrair por
fricção outros corpos (mais. leves) pertencia a todos os corpos
maus condu tores de eletricidade. Fina lmen te, no começo do
século XVIII (1729), o físico inglês Stephen Gray descobriu
essa faculdade em corpos que eram também bons condutores
de eletricidade . Ele estabeleceu, então, que se esses corpos
fossem colocados sobre um suporte isolante, eles poderiam ser
eletrizados por fricção.
No dec orrer dessas pesquisas, as caract erísticas qualitativas
e quantita tivas dos fenômenos elétricos for am colocadas em
evidência. Depois de haver descoberto a prop ried ade do
âmbar de, friccionado, atrair outros corpos, os homens esfor-
çaram-se, naturalmente, para compreender o que representava
esse fenômeno, isto é, esforçaram-se para elucidar seu aspecto
qualita tivo. E par a conseguir isso, eles com para ram esse a
outros fenômenos. Comparand o os fenômenos elétricos com
os fenômenos eletromagnéticos, Gilbert (1600) observou, por
exemplo, que a força elétrica surge graças à fricção, que desa-
parece no momento do contato com alguns corpos , que atrai
os mais diferentes corpos etc. Mais tarde, Guericke (16 72)
estabeleceu que ao lado da atração elétrica existe também a
.129
.130
.131
.132
2
Aristóteles, Phisique, Paris, I-IV t. 1, v. 1-4, p. 150.
.133
3
Aristóteles, op. cit., p. 153-4.
.134
4
F. Bacon, Oeuvres de Bacon: Nouvel Organon, Essais de morale
et de politique de la sagesse des anciens, Paris, 1945, p. 86.
F. Bacon, op. cit., p. 85-6.
5
6
F. Bacon, op. cit., p. 150.
.135
.136
.137
.138
.139
8
K. Marx e F. Engels, Correspondance, Moscou, Ed. Progresso,
1971, p. 202.
V. Lenin, Oeuvres, t. 38, p. 89.
9
10
Lenin, op. cit., p. 86.
.140
.141
.142
.143
.144
.145
.146
.148
.149
.150
.151
.152
.153
.154
.155
.156
V. O PARTICULAR,
O MOVIMENTO, A RELAÇÃO
1. O PARTI CULAR
2. O MOVI MENT O
a) O CONCEITO DE MOVIMENTO
.157
.158
X
F. Engels, Anti-Diihring, Paris, Editions Sociales, 1950, p. 52.
2
Y. Battistini, Trois présocratiques, Paris, 1969, p. 113.
.159
.160
5
Aristóteles, Organon, I. Catégories, II, Paris, 1946, p. 72.
«Aristóteles, Physique, Paris, 1931, t. 2, v. 5-8, p. 138.
'Aristóteles, Physique cit., Paris, 1926, t. 1, v. 1-2, p. 88.
8
Aristóteles, Physique cit., p. 90.
9
P. Holbach, Systéme de la nature ou des lois du monde physique
et du monde moral, Londres, 1769, p. 13.
.161
.162
13
F. Engels, Anti-Dühring cit., p. 92.
.163
.164
.165
L.15
Vaciliev, Espaço, tempo e movimento, Petrogrado, 1923, p. 7.
Original em russo.
16
J. Jeans, The stars in their courses, Cambridge University Press,
1948, p. 152.
.166
.167
.168
.169
Original em russo.
.170
22
K. Marx e F. Engels, Etudes phylosophiques, Paris, Editions So-
ciales, 1961, p. 45.
.171
.172
26
V. Koziutinsky, Sobre o sentido de desenvolvimento dos objetos
cósmicos, in Ciências filosóficas, 1961, v. 4, p. 91-2. Original em russo.
.173
.174
.175
3. A REL AÇÃ O
.176
.177
.178
28
G. W. F. Hegel, Werke, Vollständige Ausgabe, Berlin, 1843, t.
6, p. 267.
.179
29
F. Engels, Dialectique cit., p. 76.
.180
4. O ESPA ÇO E O TE MP O
30
V. Lenin, Oeuvres t. 38, p. 210.
.181
.182
.183
.184
35
Spinoza, Ethique, Paris, 1908, p. 64.
.185
.186
36
E. Mach, Erhaltung der Arbeit, Praga, 1872, p. 54-5.
.187
.188
37
V. Ambartsumian, Alguns problemas metodológicos da cosmo-
gonia, 1957, p. 6. Ori gina l em russ o.
.189
.190
VI. O SINGULAR,
O PARTICULAR
E O GERAL
1. CRITICA
DAS CONCEPÇÕES IDEALISTAS
E METAFISICAS DO SINGULAR
E DO GERAL
.191
.192
que os conceitos gerais são ficções que não refletem nada, mas
que confundem os homens, introduzindo entre eles mal-enten-
didos e confli tos. Segundo ele, apenas as coisas singulares
existem na realidade, e é por isso que apenas os conceitos sin-
gulares e individuais têm um verdadeiro valor.
Dec ret and o que apenas o singular existe realmente, os
nominalistas resolvem de diferentes maneiras a questão da
for ma de sua existência. Alguns dentre eles (Willi am Occam
e Richard Midlton) consideram que o singular existe sob a
form a de objetos materiais isolados, outros (Berkeley) afirmam
que ele existe sob a forma de sensações, e outros, ainda (Lei-
bn iz ), sob a fo rm a de "mônad as", átomos espiri tuais úni cos
em seu gênero.
Houve na história da Filosofia tentativas de ultrapassar
os defeitos e a estreiteza das concepções realistas e nominalistas
do singular e do geral (Aristóteles, Duns, Scotus, Bacon, Locke
e Feu erb ach ). Entreta nto, eles também não conseguiram che-
gar a nenhuma solução científica-do problema, porque partiam
do fato de que apenas o singular tem uma existência verdadeira,
enquanto que o geral existe somente sob a forma de um aspecto,
de um momento do singular.
Erigindo o singular em absoluto, esse ponto de vista
aproximava-se do nominalista e impedia a elucidação do
pr oblema.
Apenas a filosofia marxista conseguiu definitivamente
ultrapassar os defeitos próprios aos nominalistas e aos realistas
e dar uma solução justa e científica para essa questão.
4
S. Chase, The tyranny of words, New York, 1938.
5
W. Hugh, Semantics. The nature of words and their meaning,
Ne w Yo rk , 1941.
6
J. K. Cassius, The rational and the superrational, New York , 1952.
.193
2. A REL AÇÃ O
DO SINGULAR E DO GERAL
.194
7
V. Lenin, Oeuvres, t. 38, p. 345.
8
Lenin, op. cit.
.196
.197
.198
.199
.200
9
F. Engels, La dialectique de la nature, p. 235.
.201
.202
VII. A QUALIDADE
E A QUANTIDADE
1. OS CONC EITO S
DE QUALIDADE E DE QUANTIDADE
Como já observamos, cada coisa representa a unidade do
geral e do particular, o que indica sua semelhança com outras
coisas e o que as distingue. Mas, o que distingue uma coisa
das outras, ou o que indica sua semelhança, é uma propriedade.
Assim, a coisa caracteriza-se por uma quantidade infinita de
prop riedades dif ere nte s. Algumas dentre elas indicam o que
ela representa , ou tras indicam, suas dimensões, sua grandeza.
Por exemplo, as propriedades da água, assim como sua facul-
dade de dissolver algumas substâncias, de matar a sede e o
fato de que ela seja constituída pelo oxigênio e o hidrogênio
etc. indicam o que ela repre senta e o que ela é. As proprie-
dades que testemunham o volume da água e seu peso caracteri-
zam-na do ponto de vista de sua grandeza.
O conjunto das propriedades que indicam o que uma coisa
dada representa e o que ela é constitui sua qualidade.
Na literatura filos ófica, en contra mos definições as mais
variadas de categorias de qualidade e de quantidade.
Numero sos aut ores consideram que a qua lid ade é o con-
ju nt o de propriedades que con stitui det erm ini smo interno da
coisa e a distingue das outras coisas.
A definição da qualidade como determinismo interno da
coisa é insuficiente, já que não coloca em evidência o conteúdo
da categoria considerada, não permite que seja distinguida, não
apenas de toda a série de outras categorias da dialética, mas
também da categoria de "quantidade", que lhe é organicamente
ligada.
.203
.204
.205
.206
.207
Tíiseu Savério Sposito
Maria Incarnação "Bétrão Sposito
2. O PROB LEMA
DA MULTIPLICIDADE
DAS QUALIDADES DAS COISAS
.208
3
Materialismo dialético cit., Caderno 1, p. 48.
4
B. P. Rojin, A dialética marxista-leninista como ciência filosófica,
1957, Ed. da Unive rsida de Estatal de Lenin grado, p. 66-7; Original em
russo; I. B. Andreev, Passagem das mudanças quantitativas às qualitati-
vas — o principal elem ento "da dialé tica" , in Problemas do materia-
lismo dialético, 1960, Ed. da Academia de Ciências da URSS, p. 90-1;
Original em russo. Uemov, op. cit., p. 34-42.
.209
.210
.211
3. LE I DA PASSAG EM
DAS MUDANÇAS QUANTITATIVAS
ÀS MUDANÇAS QUALITATIVAS
E VICE-VERSA
1
Prime irame nte, tem-s e a impre ssão de que a quali dade e
• a quantidade comportam-se uma para com a outra de maneira
independente. Por exemplo, as mudanças quantitativas não
são acompa nhada s por mudan ças qualitativas. Entre tanto, as
mudanças quantitativas não acarretam mudanças qualitativas
apenas até um certo limite e em um quadro deter minad o. Os
limites nos quais as mud ança s quantita tivas não acarretam
' mudanças qualitativas exprimem a medida. Assim, as mudan-
ças qualitativas aparecem apenas no momento em que as mu-
danças quantitativas saem dos limites de uma medid a dada . A
destruição de uma medida, em decorrência da ultrapassagem,
pela quantidade, dos limites rigorosamente determinados em
cada caso preciso, não significa, entretanto, que uma coisa dada
(ou um fenômeno dado) tenha entrado em um estado incomen-
surável. A quan tidade e a qualid ade, for a dos limites de uma
medida, não se comportam de forma caótica, mas, pelo con-
trário, mostram-se ligadas uma à outra, interdependentes, e
constituem uma nova medida. Por exemplo, quando a tempe-
ratura do gelo atinge 0°C, isso acarreta a mudança de quali-
dade desse gelo: ela tran sfor ma-s e em água. Mas a água não
é um caos de quantidade e de qualidade, ela possui uma me-
dida, notadamente uma escala de temperaturas bem definida:
de 0° C a 100°C . A ultr apass agem desses limites implica, por
sua vez, transformações da qualidade da água, destruição de
sua medida e a entrada no quadro de uma nova medida.
Em outros termos, a transformação de um estado quali-
tativo em outro é a passagem de uma medida a uma outra.
O momento da realização dessa passagem, segundo Hegel, pode
ser classificado de nó, e uma série de tais momentos ou nós, de
linha nodal . Assim, a matéria desenvolve-se pelo desenlaçar
inint errupt o de alguns nós e a criação de outros. Um exemplo
dessa linha nodal é fornecido pelo quadro de classificação pe-
riódica dos elementos de Mende lev, em que cada elemento
representa um nó natural, formado pelo crescimento de uma
unid ade da carga do núcleo (carga do núcleo de hidrogênio —
.212
5
F. Engels, La dialectique de la nature, p. 70.
.213
6
H. de Vries, Die Mutationen und die Mutationsperioden bei der
Entstehung der Arten, Leipzig, 1901, p. 38.
7
S. Hook, Dialectical materialism and scientific method, Manchester,
1955, p. 20.
.214
8
S. Hook, Dialectical cit.
.215
.216
.217
.218
9
L. V. Vorobiov, V. M. Kagarov, A. E. Furman, As categorias e
leis fundamentais da dialética materialista, Ed. da Universidade Estatal
de Moscou , 1961, p. 220-39. Original em russo.
N . I. Bo ri n, A lei de passagem das mudanças quantitativas às
10
.219
.220
.221
.222
.223
1
Aristóteles, Métaphysique d'Aristote, Paris, 1879, p. 43-4.
.224
2
F. Bacon, Oeuvres de Bacon, Nouvel Organum, Paris, 1845, p. 138.
.225
.226
6
P. Holbach, Systeme de la nature ou des loix du monde physique
et du monde moral, Londres, 1769, p. 13.
P. Laplace, Essai philosophique sur les probabilites, Paris, 1920, p. 8.
7
.227
.228
.229
9
L. B. Vorobiov, V. M. Kaganov, A. E. Furman, As categorias e
leis fundamentais da dialética materialista, Mos cou , 1962, p. 60. Ori-
ginal em russo.
10
J. S. Mill, System of logic, 6? ed., Londres, 1865, v. 1, p. 372.
.230
U
F . Engels, La dialectique de la nature, p. 234.
As categorias da dialética materialista, Mosc ou,
1!í
1957, p. 93.
Original em russo.
.231
13
F. Engels, op. cit., p. 87.
14
F. Engels, op. cit., p. 87.
.232
13
D. Bohm, Causality and chance in modem physics, Londres,
Routle dge and Kegan Pau l Ltd., 1957, p. 2.
Problemas de causalidade na física contemporânea, Mosc ou, 1960,
16
.233
18
M. Bunge, Causality, Harvard Unrversity Press, p. 14-7.
234
Original em russo.
Hörz, Zum Verhältnis von Kausalität und Determinismus, DZFPh,
20
n. 2, p. 155-7, 1963.
.236
21
G. Hennemann, Das Verhältnis der Quantenmechanik zur Klassis-
chen Physik, Bonn, 1947, p. 16-7.
22
A. Lukowsky, Uber die Entwicklung des Kausalbegriffes, in Kant-
Studien, 1955/1956, vol. 47, p. 362.
.237
1955, p. 28.
24
P. Fevrier, Determinisme et indeterminisme, Paris, 1955, p. 9.
.238
23
R. Havemann, Dialektik ohne Dogma? Naturwissenschaft und
Weltanschauung , Reinbeck, Hamburgo, 1964, p. 99-100.
2S
R. Havemann, op. cit., p. 86.
.239
.240
.241
IX. O NECESSÁRIO
E O CONTINGENTE
1. OS CONCE ITOS
DE NECESSIDADE E DE CONTINGÊNCIA
1
R. Havermann: Dialekik ohne Dogma? Naturwissenschaft und
Weltanschauung , p. 90.
.242
2
F. Engels, La dialectique de la nature, p. 236.
.243
3
F. Engels, La dialectique cit., p. 232.
4
R. Havemann, op. cit., p. 100.
.244
.245
2. A CRÍ TIC A
DAS CONCEPÇÕES IDEALISTAS
E METAFÍSICAS
DA CORRELAÇÃO DA NECESSIDADE
E DA CONTINGÊNCIA
6
G. Satayana, The realm of matter, New York-Londres, 1930.
.246
7
W. Theimer, Der Marxismus. Lehre-Wirkung-Kritik, Berna, 1957,
p. 49- 51.
s
Bruno, Baron von Freitag-Löringhoff, Zum Problem des Zufalls,
in Philosophia Naturalis, t. 2, v. 7, p. 163.
9
J. Hessen, Das Kausalprinzip, Augsburg, 1928, p. 228.
.247
10
Oeuvres de Spinoza, Ethique, Paris, 1872; t. 3, p. 187.
"H. Berr La synthèse en histoire, Paris, Ed. Albin Michel, 1951,
p. 57.
1 2
H. Berr, op. cit., p. 57.
.248
.249
.250
.251
.252
X. A LEI
1. O CON CEI TO DE LE I
253
.254
.255
3. AS LEIS GERAI S
E AS ESPECIFICAS, SUA RELAÇÃO
.256
.257
.258
.259
.260
.261
nã o <se mani fes tam por meio dessas últi mas. Mas esse método
é sempre aplicável, por exemplo, ao conhecimento das leis
específicas da interação da base e da superestrutura na socie-
dade socialista, ou ao das leis específicas da correspondência
das relações de produção socialistas com as forças produtivas,
que existem na sociedade socialista, e que se manifestam, é
claro, por meio das leis específicas dessa formação.
.262
1. OS CONCE ITOS
DE CONTEÚDO E DE FORMA
.263
.264
2 CRITICA
DAS CONCEPÇÕES IDEALISTAS
E METAFÍSICAS
DE CONTEÜDO E DE FORMA
.265
S
E. Schrõdinger, Science and humanism. Physics in our time, Cam-
brid ge, 1952, p. 21.
.266
4
W. Grõbner, Scientia, ano 51, 1957, n. 1, série 6, p. 4.
.267
.268
.269
4. PAR TE E TODO,
ELEMENTO E ESTRUTURA
Quando analisamos a coisa do ponto de vista de seu
conteúdo, este aparece como um todo, como o conju nto de
todos os processos que lhe são próprios e que incluem um
sistema relativamente estável de ligações, no quadro do qual
esses proces sos se desenvol vem. É exat amen te nessa for ma
global, nessa totalidade, que o conteúdo se relaciona com a
forma. Mas, à medida que se dá o desenvolvimento do conhe-
cimento do obje to, a característica global de seu cont eúdo
torna-se insuficiente e um estudo mais detalhado dos diferentes
momentos do conteúdo, assim como dos processos e relações
que o constituem, torna-se necessário. O conteúdo decompõe-
se em partes qualitativamente isoladas, e a análise dessas partes
conduz à necessidade de colocar em evidência as leis de sua
correlação m útu a com o todo. Essas leis da correlação das
partes iso ladas, com o to do que as contém, refletem-se nas
categorias de "todo" e de "parte"; as leis da correlação das
partes ent re elas, no qu ad ro do todo, refletem-se na s cat egorias
de "elementos" e de "estrutura".
A parte é o objeto (processo, fenômen o, relaç ão) que
entra na composição de um outro objeto (processo, fenômeno,
relação) e que se manifesta na qualidade de momento de seu
conteúdo. O tod o represent a o objeto (processo e fen ôme no) ,
incluindo em si, na qualidade de parte constitutiva, outros obje-
tos organicamente ligados entre eles (fenômenos, processos,
.270
.271
autores não indicam toda a diferença real que existe entre esses
conceit os. L. Valt, por exemplo, vê essa dife rença no fato de
que o conceito de "parte" designa os objetos, os fenômenos,
os processos que constituem esse ou aquele todo, seja quando
eles se encontram unidos, seja quando estão em um estágio
anter ior a essa união . O conceito de "el eme nto " designa,
segundo ele, apenas os objetos, fenômenos e processos que se
encontram em correlação correspondente, formando um todo,
isto é no qua dro de uma estrutu ra dada . Essa ou aquela
5
I. Hrusovsky, Die Kategori e der Strukt ur, in Wissenschaft-liche
Zeitschrift der Martin-Luther Universität, 1960, t. 9, v. 2, p. 165.
6
G. A. Yugai, A dialética da parte e do todo, Alma-Ata, 1965,
p. 93-4. Or ig in al em russo. L. O. Va lh t, Co rr el aç ão en tr e a es trut ura
e os elementos, in Problemas de filosofia, 1963, v. 5, p. 45-6. Origina]
em russo.
7
G. A. Yugai, A dialética da parte e do todo, p. 93. Original em
russo.
.273
2.74
8
V. A. Zveguintsev, Ensaios de linguística geral, Moscou, 1962,
p. 66. Or ig in al em russ o.
.275
1. OS CONCEI TOS
DE ESSÊNCIA E DE FENÔMENO
.276
1
0 . M. Chem anin , Possibilidade e realidade . Essência e fenôm eno,
in Materialismo dialético, Moscou, 1960, (Col.) Cad. 2, p. 46. Original
em russo.
2
S. T. Sebastianov, Conteúdo e forma, essência e fenômeno, in
Problemas do materialismo dialético, Voronej, 1958, (Col.) p. 138. Ori-
ginal em russo.
3
Coletânea de artigos sobre o materialismo dialético, Moscou, 1959,
p. 203 . Origin al em russ o.
.277
.278
N . K. Va kh to mi n, op . cit.
6
7
V. Lenin, Oeuvres, t. 38, p. 124. Origi nal em russo .
.279
.280
fund amen tado . É por isso que o funda ment o forma l é, de fato,
tautológico, porque exprime-se aqui sob a forma de fundamento,
quando, em regra geral, ele é o que foi exprimido sob a forma
de fund amen tado . Por exemplo, na qualidade de funda mento
dos fenômenos elétricos, ele intervém como a "força elétrica",
como fundamento dos vegetais, como a "força vegetal", como
fun dam ent o do calor, como o "flogisto " etc. Por isso, seu
valor gnoseológico é medíocre, sua evidenciação não traz ne-
nhum novo conhecimento ao objeto estudado. E o que é
enunciado aqui sob a forma de fundamento é o que ele foi sob
a forma de fundamentado.
O caráter limitado e tautológico do fundamento desse tipo
foi bem demonstrado por Hegel: "Uma tal indicação dos fun-
damentos, escrevia ele, analisando o tipo de fundamento con-
siderado, é acompanhado. . . pelo mesmo vazio que os enun-
ciados conformados à proposição sobre sua identidade . São 8
discursos tautoló gicos vazios. Com efeito, pross egue ele, de-
clarar fundamento de uma forma de cristalização, uma dispo-
sição part icul ar das moléculas, não é uma tautologia. Mas "a
cristalização em questão é precisamente essa mesma disposição
que chamamos de fundamento" . Uma coisa análog a se pro-
9
8
G. W. F. Hegel, Wissenschaft der Logik, in Sämtliche Werke,
Sttutgart, 1928, v. 4, p. 570.
9
G. W. F. Hegel, Werke, Vollständige Ausgabe, v. 6, p. 244-5.
10
G. W. F. Hegel, Werke cit., p. 246,
U
G . W. F. Hegel, Wissenschaf t der Logik, in Sämtliche Werke, cit.,
p. 570.
.281
.282
1 2
G. W. F. Hegel, Wissenschaft der Logik, in Sämtliche Werke, cit.,
p . 5 7 7 .
.283
.284
.285
XIII. A CONTRADICÃO.
A LEI DA UNIDADE
E DA LUTA
DOS CONTRÁRIOS
.286
287
2
V. Lenin, Oeuvres, t. 9, p. 429.
3
V. Lenin, op. cit., p. 464.
.288
4
V. Lenin, op. cit., t. 38, p. 107.
.289
5
V. Lenin, op. cit., t. 38, p. 344.
6
B, D, Morozov, As contradições internas e seu papel no desenvol-
vimento, in O Caráter contraditório do desenvolvimento, Minsk, 1961,
(Col.) p. 18-41. Original em russo.
7
Ai Sy-Tsi, Lições de materialismo dialético, Moscou, 1959, p. 175.
Original em russo.
.290
e
E. B. Chur, Problemas de filosofia, 1956, v. 4, p. 71. Original em
russo.
9
V. P. Rojin, A dialética marxista-leninista como ciência filosófica,
Leningrado , 1957, p. 52-3. Original em russo. B. C. Ucraint sev, A. C.
Kovalhtchik, V. P. Tchertkov, A dialética da transformação do socialis-
mo em comunismo, p. 26-7. Original em russo.
.291
.292
.293
.294
10
M. Hartmann, Die philosophischen Grundlagen der Naturwissen-
schaften, Jena, 1948, p. 36.
.295
.296
.297
15
J. Fischl, Die Weltanschauung des sowjetrussischen Materialismus,
Vort rag im Katho lis chen Bildungswerk in Linz a. d. Don au, 1953.
18
K. Ajdukiewicz, Uber Fragen der Logik, in Deutsche Zeitschrift
für Philosophie, 1956, v. 3, p. 318-38.
K. Ajdukiewicz, op. cit.
17
298
18
A. Schaff, Über Fragen der Logik, in Deutsche Zeitschrift f HI-
Philosophie, 1956, v, 3, p, 338-52.
19
Studie Philozoficzne, 1957, v. 1, p. 210.
299
.300
G.
2 0
W. F. Hegel, Werke, Vollständige Ausgabe, v. 6, p. 242.
21
G. W. F. Hegel, Wissenschaft der Logik, in Sämtliche Werke, v. 4,
p. 546.
22
K. Marx, Misere de la philosophie, Paris, Editions Sociales, 1961,
p, 122.
F.
2 3
Engels, La dialectique de la nature, p. 213.
24
V. Lenin, op. cit., t. 38, p. 344.
.301
.302
.303
.304
.305
.306
20
B. M. Kedrov, A unidade da dialética, da lógica e da teoria do
conhecimento, Mosco u, 1963. Original em russo.
.307
.308
.309
.310
.311
.312
XIV. A NEGAÇÃO
DA NEGAÇÃO
.313
.314
.315
.316
.317
.318
1
G. W. F. Hegel, Wissenschaft der Logik, in Sämtliche We'ke, v. 5,
p. 5-6.
2
G. W. F. Hegel, Wissenschaft der Logik, in Sämtliche Werke, cit.,
p. 349.
.319
3
G. W. F. Hegel, System der Philosophie. 2 Teil. Die Naturphiloso-
phi e, in Sämtliche Werke, Stuttgart, 1929, v. 9, p. 58.
.320
4
K. Marx e F. Engels, Werke.
.321
5
D. I. Mendelev, Obras escolhidas. Leningrado, 1934, t. 2, p. 222.
Original em russo.
.322
.323
.324
.325
.326
3. A LE I DA NEG AÇÃ O
DA NEGAÇÃO
6
V. Lenin, Oeuvres, t. 38, p. 210.
7
V. Lenin, op. cit., t. 22, p. 332.
8
G. Plekhanov, Ensaio sobre o desenvolvimento da concepção
monista da história, Paris-Moscou, Editions Sociales, Ed. Progresso,
1973, p. 81-82. Origin al em russo .
.328
9
V. Lenin, op. cit., t. 21, p. 49.
329
Tfiseu Savérío Sposito
10
G. M. Domratchiov, S. F. Efimov, A. V. Tmoíeev, A lei da
negação, Mos cou , 1961, p. 116. Orig inal em russo.
"V. Baguirov, A lei da negação da negação, p. 151. Original em
russo.
.331
12
M. Vorobiov, Sobre o conteúdo e as formas da lei da negação da
negação, Boletim da Universidade de Leningrado, n. 23, 1956, Caderno 4,
p. 60 (Sé rie Ec on om ia, Fi lo so fi a e Di re it o) . Orig inal em rus so.
.332
.333
XV. A POSSIBILIDADE
E A REALIDADE
.334
.335
.336
4
L. Feuerbach, Geschichte der Neuer. Philosophie. Ansbach, 1837,
p. 208 -9.
SKant's Werke, v. 5, p. 402.
G. W. F. Hegel, Werke. Vollständige Ausgabe, v. 6, p. 292.
6
.337
7
A. K. Sukhotin, Sobre o problema do conteúdo da categoria da
realidade e sua relação com a necessidade, in Ciências filosóficas, 1960,
v. 4, p. 49.
.338
8
K. Marx, F. Hengels, Etudes philosophiques, Paris, Editions So-
ciales, 1961, p. 16.
9
G. W. F. Hegel, Werke cit., p. 281.
10
G. W. F. Hegel, Werke cit., p. 287.
.339
da realidade" . 12
.340
3. TIPOS DE POSSIBILIDADE
E SEU ALCANCE NA PRÁTICA
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desses aspectos entre si, que são, segundo esses autores, fixados
pel as leis correspondentes. Entretan to , a realid ade está muito
longe de ser assim. Esses autores confu nde m o cont eúdo das
determinações dessas ou daquelas categorias com o conteúdo
das própr ias categorias. As determinaç ões das categor ias não
contêm, efetivamente, leis da correlação dos aspectos ou dos
momentos da realidade que são refletidos por essas categorias.
Elas fixam somente o específico e o essencial, que permitem
distinguir as categorias uma da outr a e das outras . Mas a'
determinação das categorias, como de qualquer outro conceito,
não esgota, nem pod e esgotar, tod o seu cont eúdo. Ele é mais
diversificado e mais rico do que as propriedades e os traços
englobados pela determinação. E encerra não somente os
aspectos, as propriedades correspondentes, mas igualmente a
correlação entre eles e os outros aspectos de formações ma-
teriais.
Em particular, o conteúdo da categoria de quantidade
está longe de ser esgotado pelo conjunto das propriedades que
tradu zem o volu me e as dimensões da coisa que figuram
habitualme nte nas determinações dessa categoria. Ele encerra
igualmente o fato de que a categoria está organicamente ligada
à qualidade, e de que em um estágio determinado de sua mu-
dança produz-se uma mudança de qualidade e que suas caracte-
rísticas depen dem das características qualita tivas. Em outros
termos, a categoria de quantidade inclui em seu conteúdo, ao
mesmo tempo, as propriedades que caracterizam a qualidade
e as leis da correlação da quantidade e da qualidade.
O mesmo ocorre com o que concerne à categoria de qua-
lidade, que tem por conteúdo não somente as propriedades que
indicam o que é a qualidade, mas ainda as propriedades que
traduzem sua correlação com a quantidade e, em particular, o
fato de que suas diferenças sejam determinadas pelas mudanças
quantitativas, que ela modifica sob a influência das mudanças
quantitativas etc.
Podemos observar a mesma coisa na análise da relação
entre o conteúdo da lei da unidade e da "luta" dos contrários
e o conteúdo de uma categoria como a de "cont radiç ão". A
lei da unidade e da "luta" dos contrários reflete e fixa o fato de
que há luta entre os contrários (contrários característicos dessa
ou daquela formação material) que se excluem e, ao mesmo
tempo, estão unidos, e que essa luta, em última análise, leva
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ÍNDICE DE ASSUNTOS
Sobre o Auto r V
Introduçã o - 1
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X. A LEI 253
1. O conceito de lei 252
2. As leis dinâmica s e estatísticas 254
3. As leis gerais e as específicas, sua relação 256
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