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Anatomorfofisiologia do

Sistema respiratório

Anatomorfofisiologia do
Dentro da anatomorfofisiologia do sistema
sistema respiratório respiratório compreende-se várias estruturas para que o
O sistema cardiovascular e respiratório são mesmo funcione da maneira correta, tal como o tecido
quase que indissociáveis frisa-se que, o respiratório ósseo (arcabouço torácico/gradil costal. Protege o
depende da função cardíaca e que patologias cardíacas pulmão e o coração de agentes externos e agem como
afeta o sistema respiratório e contrário também é estruturas que permitem a cinesia torácica); tecido
verídico. muscular (sem a co-contração da musculatura não tem

. O sistema respiratório garante o transporte de a troca gasosa e as outras funções respiratórias) e as vias

oxigênio (O2), da atmosfera para os pulmões, e o dióxido de comunicações entre o meio externo e interno. Com

de carbono (CO2), que é produzido no metabolismo das o exposto é evidente que o pulmão sozinho não

células, dos pulmões para o ar atmosférico. O O2 consegue executar as trocas gasosas e as outras

apresenta-se numa concentração/[] de 21% no meio funcionalidades, ele depende de outras estruturas,

ambiente, ou seja, ao respirar, 21% do ar é O2 e o sistemas e mecanismos em conjunto (gradil costal,

restante é de outros gases. Outrossim, o sistema músculos respiratórios, vias áreas [porção condutora:

respiratório também garante a nutrição dos tecidos, nariz, boca, faringe, laringe, traqueia, brônquios e

adjunto com o sistema cardiovascular; atua no sistema brônquios terminais. Porção respiratória: bronquíolos

hídrico do corpo/o pulmão é um reservatório de líquidos; respiratórios (transição), ductos alveolares e sacos

age no quesito metabólico do indivíduo; no âmbito alveolares]; pulmões e pleura).

vascular e outras funções. O sistema respiratório é constituído pelo nariz,


faringe, traqueia, pelos brônquios e pulmões. Suas partes
podem ser classificadas de acordo com sua estrutura ou
função – anatomia do trato respiratório.
patologia ou alteração de estrutura (desvio de septo,
hipertrofia de cornetos e/ou adenoide) – frisa-se que, é
respiração mais correta é a nasal.

A função dessa via superior é a passagem para


o fluxo de gás, o laminar (fluxo lento de ar – sucede com
a respiração nasal) e o turbulento (fluxo rápido de ar –
sucede com respiração oral); filtração (permite que
ESTRUTURALMENTE/anatomicamente, o
microrganismos não entre na via respiratória e acometa
aparelho respiratório é constituído de duas partes:
o organismo); aquecimento (conseguinte da mucosa
1) SISTEMA/VIA RESPIRATÓRIO SUPERIOR = nasal, na qual é muito vascularizada); umidificação
engloba o nariz (função de umidificação, (conseguinte da mucosa nasal, na qual é muito hidratada);
filtração, aquecimento e olfato), a cavidade olfato e gustação; fonação (laringe) e proteção das vias
nasal, conchas nasais, cornetos, a faringe aéreas inferiores.
(canal de comunicação sistema digestório
Dentro da via aérea superior ainda se encontra
e respiratório) e a laringe (respiração,
três regiões que compreendem a união do trato
fonação) - (esôfago faz parto do trato
respiratório e digestório, tais são elas: nasofaringe (região
digestório e a epiglote é a estrutura que
final da cavidade nasal adjunto com o início da faringe);
divide o trato digestório das vias aéreas
orofaringe (abaixo da nasofaringe, comunicação da via
respiratórias, a mesma também permite a
aérea e a cavidade digestiva/oral);
entrada de ar nos pulmões e evita que
hipofaringe/laringofaringe (região inferior da orofaringe,
aconteça broncoaspiração e
comunicação da via aérea e trato digestivo).
consequentemente patologias inflamatórias
e infecciosas no mesmo devido a entrada
de conteúdo digestivo para dentro dos
pulmões [com entrada do ar a epiglote
abre e com a deglutição ela fecha]) -.

A via aérea superior está aberta para o


ambiente externo através das narinas para o nariz e da
boca (parte do trato digestivo) para a cavidade oral. A
maior parte do ar movido por meio dessa via durante a
2) SISTEMA/VIA RESPIRATÓRIO INFERIOR =
respiração de repouso entra através das narinas e
inclui a traqueia (conduz ar aos pulmões),
cavidade nasal. A respiração pela boca tende a ser
os brônquios fonte esquerdo e direito,
utilizada durante o exercício para reduzir a resistência ao
brônquios lombares (divisão brônquica para
fluxo de gás em altas frequências respiratórias e a
os lobos/subdivisão dos brônquios fonte
mesma se enquadra como uma respiração adaptativa,
[via aérea inferior e via aérea superior]),
até mesmo quando também se apresenta alguma
bronquíolos terminais e os pulmões direito 2) ZONA RESPIRATÓRIA/TROCA GASOSA (realiza
e esquerdo. a troca de gases no pulmão. É uma zona mais
periférica do pulmão) = consiste em tubos e
As vias aéreas correspondentes à árvore
tecidos nos pulmões onde ocorrem as trocas
traqueobrônquica se estendem da laringe para baixo até
gasosas. Estes compreendem os bronquíolos
às vias que participam na troca gasosa. Essa não
respiratórios, os ductos alveolares, os sacos
apresenta comunicação com nenhum outro sistema, é
alveolares e os alvéolos e são os principais locais
uma região estéril, livre de microrganismos, exceto a flora
de trocas gasosas entre o ar e o sangue – os
respiratória.
bronquíolos respiratórios, os ductos alveolares e
Dentro da via aérea inferior ainda há uma os sacos alveolares formam a estrutura funcional
divisão denominada carina, essa é a primeira divisão da do pulmão, o ácino, local onde sucede a trocada
traqueia, na qual divide o bronco fonte direito do gasosa -.
esquerdo.
- OBSTRUÇÕES/OVACE (por líquidos ou corpo
estranho e parcial ou completa) QUE
TRANSCORREM TANTO NA VIA AÉREA SUPERIOR
QUANTO NA INFERIOR, PODEM ACARRETAR
PREJUÍZOS NA FUNCIONALIDADE RESPIRATÓRIA.

- De maneira primária, o ar sai do meio


externo, entra nas vias de condução e posteriormente
vai para a zona de troca gasosa. Além dessa ventilação
FUNCIONALMENTE (o pulmão exibe como
principal que acontece por meio das estruturas
principal função a troca gasosa, como também de a de
anatômicas e funcionais, também há ventilações que
conduzir o ar da atmosfera para dentro do corpo/pulmão
transcorrem de maneira colateral, ou seja, sucede por
e do pulmão para atmosfera), o sistema respiratório
vias que não são as principais do processo ventilatório.
também é formado por duas partes:
Essa ventilação colateral apresenta-se de um brônquio
1) ZONA CONDUTORA (permite que o ar da para o outro, em que são ventilações brônquio-
atmosfera chegue aos pulmões – não realiza a brônquio/comunicação interbrônquicas (canais de Martin,
troca gasosa -) = consiste em várias cavidades e esses permitem a comunicação de um brônquio com o
tubos interconectados (intrapulmonares e outro), conseguinte de ductos que desviam a ventilação
extrapulmonares). Estes incluem o nariz, a de um brônquio para o outro. Também tem a ventilação
cavidade nasal, nasofaringe, orofaringe, de um alvéolo para um alvéolo, na qual são comunicações
hipofaringe, laringe, traqueia, os brônquios fonte interalveolares (nos poros de Kohn – comunicação
direito e esquerdo, brônquios lombares direito e interalveolar na ventilação colateral). E existem
esquerdo, brônquios segmentares e os comunicações brônquio-alveolar (canais de Lambert) -
bronquíolos terminais. A função é filtrar, aquecer Caso eventualmente aconteça uma obstrução, as
e umedecer o ar e conduzi-lo para os pulmões. vias/canais/poros (Martin, Kohn e Lambert) ajudaram o
ar a chegar em seu destino final, isto é, permite que uma que formam o nariz externo. As asas do nariz
unidade alveolar, mesmo com sua comunicação principal confinam uma cavidade em cada lado denominado de
ocluída/obstruída, sofra a penetração do ar e vestíbulo do nariz. Os vestíbulos do nariz possuem
consequentemente a troca gasosa -. Em outras palavras, vibrissas que agem como um filtro rudimentar.
a ventilação colateral sugere que o fluxo aéreo pode ser Localizadas posteriormente aos vestíbulos do nariz
distribuído entre os segmentos pulmonares adjacentes estão as aberturas internas do nariz, ou os limiares do
através dos canais de Martin, Lambert e dos poros de nariz. As cavidades nasais esquerda e direita são
Kohn. formadas por cartilagem e numerosos ossos do crânio.
O teto é formado pelos ossos nasal, frontal, esfenoide
e etmoide. O septo separando as duas cavidades é
formado por cartilagem e pelos ossos etmoide e
vômer. As paredes laterais são criadas pelos ossos da
maxila, lacrimais e palatinos. O soalho da cavidade, ou
palato, é principalmente formado pela maxila. Três
ossos parecidos entre si salientam-se dentro da
O pulmão exibe como estrutura anatômica,
cavidade a partir das paredes laterais. Esses ossos
numa vista anterior, desde da laringe até a parte mais
ressaltados são denominados conchas nasais superior,
parenquimatosa do pulmão a laringe, traqueia, ápice,
média e inferior. As conchas funcionam para aumentar
brônquio fonte, carina, lobos superiores, lobos médios e
a área de superfície e complexidade da cavidade nasal.
lobo inferior, superfície costal, impressão cardíaca, base,
Isso permite que sirva a cavidade nasal como via aérea
cissuras (as cissuras/cissuras interlobares, nas quais
de passagem, filtro, umidificador e aquecedor de ar
dividem os lobos e que podem acometer de processos
inalado. As aberturas posteriores da cavidade nasal são
inflamatórios/inflamações e acúmulos de líquidos entre as
chamadas de coanas e são formadas, em parte, pelo
cissuras/cisurite. Ademais, há duas cissuras no pulmão
palato mole. A superfície da cavidade nasal é revestida
direito e uma no esquerdo, essas denominam-se cissura
com epitélio. A porção anterior é revestida por células
horizontal [primeira cissura no pulmão direito. Essa divide
escamosas estratificadas e possui folículos pilosos e
o lobo superior do médio] e cissuras obliquas [segunda
vibrissas. Esse é o mesmo tipo de tecido que forma a
cissura no pulmão direto - divide o lobo médio do inferior
epiderme da pele. A porção média da cavidade nasal
- e a única no esquerdo - divide o lobo superior do
é revestida por uma membrana mucosa composta de
inferior -]. e mediastino na qual toda essa localidade
epitélio pseudoestratificado ciliado e células
apresenta todas as estruturas que compõe a via área).
caliciformes. A membrana mucosa funciona para
As divisões topográficas do pulmão são as regiões
secretar muco, umidificar o ar inalado e apanhar
superior/ápice (localidade apical do pulmão); região do
partículas inaladas. Logo abaixo da membrana mucosa
terço médio e a região inferior/base.
está uma extensa rede de veias que formam um
CAVIDADE NASAL E OS SEIOS PARANASAIS – há plexo venoso. Esses vasos proveem água e aquecem
duas aberturas encurvadas chamadas asas do nariz o gás dentro da cavidade nasal. Inflamação dessa
membrana mucosa é decorrente de irritação ou tenham um impacto na mucosa nasal. A ação ciliar ou
infecção. Isso é produzido por meio de vasodilatação o assoar o nariz, então, limpam essas partículas. Após
e escoamento venoso aumentado. A consequência da o nariz externo, a área seccional transversa aumenta;
inflamação da cavidade nasal é um bloqueio parcial ou isso resulta em uma diminuição da velocidade do ar. A
completo da passagem de ar. Os vasos do plexo turbulência aumenta por causa das convoluções
venoso podem romper como resultado da respiração estreitas das passagens. A baixa velocidade e
de ar seco ou a passagem de corpos estranhos turbulência se associam para remover qualquer
através do nariz. A ruptura desses vasos pode causar partícula restante. A filtração é baseada em impacto,
considerável sangramento nasal. A porção posterior sedimentação e difusão de partículas de vários
da cavidade nasal é revestida com tecido escamoso tamanhos.
estratificado semelhante ao que reveste a cavidade Os fluidos de superfície se originam das células
oral próxima. caliciformes e glândulas submucosas. Esse
Dentro dos ossos do crânio e ao redor da cavidade revestimento fluido possui moderadas propriedades
nasal estão os seios paranasais. Esses espaços ocos antibacterianas. O fluido mucoso também remove
são nomeados pelos ossos onde são encontrados. Os gases irritantes solúveis em água, como o dióxido de
seios paranasais são revestidos por membrana enxofre. A atividade ciliar nas membranas mucosas
mucosa e drenam para a cavidade nasal através de nasais ajuda a transportar o muco produzido, de forma
numerosos ductos. Eles funcionam para reduzir o peso que ele possa ser limpo. Substâncias estranhas são
do crânio, reforçar o crânio e modificar a voz durante tipicamente limpas da cavidade nasal por aspiração e
a fonação. deglutição. Durante a expiração, o ar expirado
A cavidade nasal funciona como parte condutora de aquecido e úmido passa por cima das conchas nasais
ar da via respiratória, condiciona o gás inalado, agindo e é resfriado, e o excesso de umidade se deposita
como uma região para onde os seios paranasais e os sobre as conchas nasais como condensação para
olhos drenam fluidos, e contém sensores olfatórios ajudar a reter e reciclar a água. Esses mecanismos de
para a percepção de odores. O condicionamento do defesa e condicionamento ajudam a assegurar que o
gás inalado ajuda na defesa da via respiratória e ar inspirado esteja livre de partículas e contaminação
envolve filtragem, aquecimento e umidificação do ar. bacteriana e que ele seja aquecido e umidificado a 37°
A filtração do ar inalado é realizada pelas vibrissas na C e 100% de umidade relativa até que alcance a
porção anterior da cavidade nasal e pela membrana traqueia. Além disso, a membrana mucosa contém
mucosa que recobre a superfície complexa da quimiorreceptores que enviam sinais para o nervo
cavidade nasal. A filtração é aumentada pelo padrão olfatório (I) para a percepção do odor na porção
do fluxo através da cavidade nasal. O gás inspirado é superior da cavidade nasal logo acima de cada uma
acelerado a uma alta velocidade através das narinas. das conchas nasais superiores.
Ele então muda de direção nitidamente à medida que CAVIDADE ORAL – ar também pode entrar e sair da
entra no interior da cavidade nasal. Esse padrão faz via respiratória através da cavidade oral. O teto anterior
com que partículas com mais de 10 μm de diâmetro da cavidade oral é o denominado palato duro e é
formado pela maxila. A porção posterior é conhecida comprometidas durante anestesia ou inconsciência. A
como o palato mole por causa de sua composição de perda ou o comprometimento desses importantes
tecido macio e habilidade de mover-se para cima para reflexos pode resultar em aspiração de saliva ou
fechar a cavidade nasal. O final do palato mole se inclina alimento colonizados por bactérias e pode causar
para baixo para dentro da porção posterior da infecção pulmonar e asfixia em casos severos.
cavidade oral. Essa parte do palato mole é denominada FARINGE – a faringe é uma porção posterior das
úvula palatina. As paredes da cavidade oral são cavidades nasal e oral. Essa é revestida inteira por
formadas pelas bochechas, e o assoalho é ocupado epitélio escamoso estratificado. A faringe é subdividida
pela língua. em parte nasal, parte oral e parte laríngea da faringe.
A úvula palatina e as paredes ao redor controlam o A parte nasal fica na extremidade posterior da
fluxo de ar, de fluido e de comida durante o comer, cavidade nasal e se estende até a extremidade da
beber, espirrar, tossir e vomitar. A língua está úvula palatina. Numerosas partículas estranhas se
envolvida na deglutição, gustação e fonação. A chocam na superfície da parte nasal da faringe.
superfície posterior da língua é suprida com muitas Localizadas nessa região estão duas tonsilas faríngeas
terminações nervosas sensitivas. Esses nervos dispostas de cada lado das paredes lateral e posterior
produzem um reflexo vagal de obstrução quando da faringe. Elas funcionam monitorando e interagindo
estimulados, que protege os pulmões de aspiração. com as partículas inaladas por meio das ações das
Esse reflexo deve ser considerado ao passar tubos ou células linfáticas localizadas ali. Na mesma região, há
instrumentos pela boca em pacientes conscientes ou duas aberturas à direita e à esquerda: os óstios
semiconscientes. As tonsilas linguais ficam localizadas faríngeos da tuba auditiva que ligam as vias aéreas
na base da língua. A superfície mucosa da cavidade superiores com a orelha média. Os óstios faríngeos da
oral também provê umidificação e aquecimento do ar tuba auditiva drenam para a faringe fluidos da orelha
inspirado. Essas superfícies são muito menos eficientes média e permitem que gás se mova para dentro e
que as do nariz. A saliva é produzida pelas glândulas para fora dessa região, igualando a pressão em ambos
salivares maiores e menores. A saliva funciona os lados da membrana timpânica.
principalmente como um agente umidificador e A parte oral da faringe é localizada na região posterior
digestivo para a comida, mas provê alguma da cavidade oral que atravessa o espaço entre a úvula
umidificação do gás inspirado. A cavidade oral termina palatina e a margem superior da epiglote. Essa região
em uma dupla membrana de cada lado, denominadas também é equipada com um par de tonsilas palatinas,
pregas palatinas. As tonsilas palatinas situam-se entre que estão localizadas nas paredes laterais da parte oral
essas pregas de cada lado. As tonsilas palatinas são da faringe. Essas tonsilas podem se tornar
tecidos linfoides vascularizados que desempenham um cronicamente edemaciadas e causar obstrução parcial
papel imunológico, especialmente na infância. da via aérea. Se o edema é excessivo e o indivíduo
Os reflexos da boca, faringe e laringe ajudam a tem numerosas e repetidas dores de garganta e
proteger a via respiratória inferior durante a deglutição. infecções de orelha, essas tonsilas podem ser
Essas funções protetoras podem ser severamente removidas por um procedimento cirúrgico conhecido
como tonsilectomia. A região abaixo da parte oral da A epiglote, cartilagem em formato de folha, situa-se
faringe é conhecida como parte laríngea da faringe. posteriormente à língua e está fixada à cartilagem
Ela se estende da margem superior da epiglote até a tireóidea por um ligamento flexível. Em adultos, mede
abertura entre as pregas vocais. Os tecidos da parte de 2 a 4 cm de comprimento, 2 a 3 cm de largura e
nasal e da parte laríngea da faringe podem se mover 2 a 5 mm de profundidade. Não é facilmente
e sofrer grandes alterações de formato durante a fala visualizada em adultos, mas pode ser vista em crianças
e a deglutição. Imediatamente abaixo da parte laríngea pequenas e bebês chorando devido à sua posição
da faringe, os tratos respiratório e digestório se mais alta. Enquanto respiramos, a cartilagem tireóidea
separam. Durante inconsciência, os músculos da língua desliza para baixo e permanece separada da epiglote,
e da parte laríngea podem relaxar e permitir que a permitindo que o ar se mova para dentro e para fora
língua e outros tecidos moles colapsem e fechem a da via respiratória. A epiglote funciona para prevenir
abertura da parte laríngea da faringe. Essa condição que líquidos e alimentos entrem na via respiratória pela
pode resultar em bloqueio parcial ou completo da via formação de um selo firme com a cartilagem tireóidea
aérea superior e limitar o movimento de ar pela via durante a deglutição. O ato de deglutir é uma série
respiratória. Essa é a causa principal da apneia complexa de contrações musculares que traciona a
obstrutiva do sono. cartilagem tireóidea para cima e a epiglote para baixo,
LARINGE – a laringe situa-se abaixo da parte laríngea formando um selo firme conforme o alimento é
da faringe e é formada por um arranjo complexo de propulsionado para a região posterior da boca e em
nove cartilagens e numerosos músculos. Geralmente, direção ao esôfago (pessoas que engasgam
funciona como proteção da via respiratória durante o frequentemente possivelmente apresentam alteração
comer, o beber e a fonação. A cartilagem tireóidea de epiglote. Outrossim, quando mais idoso o indivíduo
forma a maior parte superior da laringe e é fica, maior é a incoordenação da epiglote).
comumente denominada de pomo de Adão. Essa A abertura da laringe situa-se abaixo e atrás da base
cartilagem é nomeada pela glândula tireoide que se da língua. A base da língua está fixada à epiglote por
situa sobre sua superfície externa. Logo abaixo da três pregas. Essas pregas formam um espaço entre a
cartilagem tireóidea está a cartilagem cricóidea, que é língua e a epiglote denominado valécula epiglótica, que
a única estrutura laríngea que forma um completo é um ponto de referência essencial na intubação
anel de cartilagem ao redor da via aérea e é a região orotraqueal.
mais estreita da via aérea superior em crianças. Uma Dentro da cartilagem tireóidea, logo acima da
membrana de tecido conectivo chamada de ligamento cartilagem cricóidea, estão as cartilagens aritenóideas.
cricotireóideo atravessa o espaço entre as cartilagens Os ligamentos vocais ou pregas vocais verdadeiras
tireóidea e cricóidea. Essa membrana é atravessam a abertura da laringe ligando-se às
ocasionalmente usada como local para a colocação de cartilagens tireóidea para mover as aritenóideas que
uma prótese de via aérea de emergência naqueles se situam posteriormente. Exatamente acima e
que têm um bloqueio das vias aéreas superiores que lateralmente estão as pregas vestibulares ou pregas
ameaça a vida. vocais falsas. As pregas vocais verdadeiras são
compostas por tecido conectivo e muscular e diâmetro interno de cerca de 2 cm. A camada mais
cobertas por uma membrana mucosa. Elas têm uma externa é um delgado revestimento de tecido
drenagem linfática pobre e são suscetíveis a conectivo. Abaixo desse revestimento, estão várias
inflamação, que pode resultar em obstrução da via cartilagens traqueais em forma de C que proveem
aérea. Na mesma região estão as cartilagens suporte e mantêm a traqueia como um tubo aberto.
corniculada e cuneiforme que têm função de suporte A traqueia adulta típica tem entre 16 e 20 dessas
do tecido mole de cada lado das pregas vocais. A cartilagens. A superfície interna da traqueia é coberta
abertura formada entre as pregas vocais é chamada por uma membrana mucosa. Na sua parede posterior,
de glote. Durante a deglutição, as pregas vocais se há uma delgada faixa de tecido, denominado músculo
fecham para ajudar a proteger as vias aéreas traqueal, que apoia as aberturas finais das cartilagens
inferiores. Danos à articulação cricoaritenóidea, a qual traqueais. O esôfago está situado logo atrás da
permite às cartilagens aritenóideas fazerem rotação, traqueia.
podem resultar na incapacidade de abrir as pregas Enfatiza-se que, a traquéia é um tubo membranoso,
vocais apropriadamente e causar dificuldades para falar (tecido/cartilagem hialina, anteriormente.
e respirar. O espasmo laríngeo, e o fechamento da via Posteriormente há o músculo traqueal – músculo fica
aérea temporário resultante parcial ou total, é em contato direito com o esôfago) cercado por anéis
ocasionado pela estimulação laríngea e espasmo cartilaginosos incompletos. Tem em média de 10-11 em
reflexo de vários músculos laríngeos que causam um adulto (tende acompanhar a região de C6-T5. 2
fechamento das pregas vocais falsas e verdadeiras. Os cm de diâmetro no homem e 1,5 na mulher)
músculos da laringe são inervados pelo nervo laríngeo A traqueia normalmente se move. As cartilagens
inferior, que também é denominado nervo laríngeo traqueais armam a traqueia de modo que ela não
recorrente. É um nervo motor que é um ramo do colapse durante a expiração. Um pouco de
nervo vago. Os impulsos levados por esse nervo são compressão ocorre quando a pressão ao redor da
importantes na fonação e na deglutição. Danos a esse traqueia fica positiva. Durante uma tosse vigorosa, por
nervo podem causar paralisa parcial ou completa das exemplo, a traqueia é capaz de alguma compressão
pregas vocais e incapacidade para deglutir e até mesmo colapsar. A pressão negativa gerada ao
corretamente. Isso resulta em dificuldade em falar e redor da traqueia durante a inspiração faz ela se
pode, em casos graves, causar obstrução da via aérea expandir e alongar ligeiramente.
como resultado do fechamento das pregas vocais. A traqueia situa-se na linha mediana no mediastino e
TRAQUÉIA – a traqueia se estende de sua conexão se ramifica em brônquios principais direito e esquerdo.
com a cartilagem cricóidea para baixo através do Na base da traqueia, a última cartilagem traqueal que
pescoço e dentro do tórax para o ponto de forma a bifurcação da traqueia para os dois brônquios
articulação entre o manúbrio e o corpo do esterno principais é denominada carina da traqueia. A carina da
(ângulos do esterno). Nesse ponto, divide-se em dois traqueia é um importante ponto de referência usado
brônquios principais. A traqueia de um adulto tem para identificar o nível em que os dois brônquios
aproximadamente 12 cm de comprimento e um principais se ramificam fora da traqueia. Normalmente,
isso está na base do arco da aorta. O brônquio principal hialina, após essa localidade os brônquios são somente
direito se ramifica a partir da traqueia a um ângulo de músculo.
cerca de 20 a 30 graus, e o brônquio principal - BRÔNQUIO DIREITO: 3 brônquios secundários, 1 para
esquerdo se ramifica com um ângulo de cada lobo. 10 terciários, 3 para o lobo superior, 2 para
aproximadamente 45 a 55 graus. O ângulo de o médio, 5 para o inferior. 10 Segmentos
ramificação mais baixo do brônquio fonte direito broncopulmonares.
resulta em maior frequência de passagem de corpos - BRÔNQUIO ESQUERDO: 2 brônquios secundários, 1
estranhos para dentro do pulmão direito, devido a um para cada lobo. 8 segmentares, 4 para lobo superior
caminho mais direto, o mesmo também apresenta e 4 para inferior. 8 segmentos broncopulmonares.
uma resistência menor. Ademais, em casos de PULMÃO – os pulmões possuem um ápice e uma
intubação orotraqueal, se o tubo for colocado muito base e são subdivididos por fissuras em lobos. Os lobos
fundo poderá suceder uma seletividade para o são subdivididos mais adiante em segmentos
brônquio fonte direito, devido a menor angulação broncopulmonares. Cada segmento é suprido com
(tubo precisa ficar 2 cm acima da carina|). gás de um único brônquio segmentar. O
Cada um dos brônquios conduz gás para um pulmão. conhecimento da anatomia segmentar é importante
Entra no pulmão com os vasos pulmonares, vasos no exame físico de um paciente para identificar a
linfáticos e nervos através do hilo do pulmão. Os localização de uma deficiência como, por exemplo, um
brônquios se ramificam repetidamente dentro de cada local de infecção ou uma massa tumoral nos pulmões.
pulmão para prover gás às distintas regiões de cada As vias aéreas continuam a se dividir à medida que
pulmão. penetram mais profundamente nos pulmões. Os
BRÔNQUIOS – abaixo da região da carina há os brônquios segmentares se bifurcam em cerca de 40
brônquios fontes/primários/principais, nos quais se brônquios intrassegmentares, e estes se dividem em
dividem em direito e esquerdo, a função desses é centenas de brônquios menores. Milhares de
permitir que o ar seja conduzido para o pulmão da bronquíolos se ramificam de um brônquio menor. Os
lateralidade. Ademais, a extensão da traqueia também bronquíolos não possuem cartilagem em suas paredes.
forma os brônquios secundário/lobares, em que é Dezenas de milhares de bronquíolos terminais
onde a traqueia leva os brônquios para cada lobo do originam-se desses bronquíolos. Os bronquíolos
pulmão (pulmão direito 3 lobos [lobo superior, médio terminais são as menores nas vias aéreas de
e inferior] e esquerdo 2 [lobo superior e inferior]). condução e funcionam provendo gás para a zona
Também existe os brônquios segmentares/terciários, respiratória dos pulmões.
nos quais divide seus ramos da traqueia, em vários, Com divisões adicionais, o número de vias aéreas
para ambos os lobos dos pulmões. Peças cartilaginosas aumenta tremendamente. A área de secção
são encontradas nessa região também, tal como a transversal do sistema de condução aumenta
membrana hialina, com isso, até os bronquíolos exponencialmente. No nível dos bronquíolos terminais,
terciários ainda se encontra a presença da cartilagem a área de secção transversal é aproximadamente 20
vezes maior do que a da traqueia. O fluxo de gás
nessas vias aéreas obedece às leis físicas dos fluidos. as células pneumócitos I (células de estratificação, na
A área de secção transversal aumentada reduz a qual as mesmas já estão presente no bronquíolo
velocidade do fluxo de gás durante a inspiração. respiratório e continuam presente na estrutura ácinar,
Quando o gás inspirado alcança o nível dos em que essas participam da estrutura/formato da
bronquíolos terminais, sua velocidade média diminui parede do alvéolo) e II. (células que estão dentro da
para aproximadamente do mesmo valor da velocidade unidade alveolar, essas produzem o líquido surfactante,
de difusão de moléculas de gás. A baixa velocidade de em que sua competência é revestir a unidade alveolar
movimentação de gás no nível dos bronquíolos e mantêm a abertura do alvéolo. A abertura é
terminais, e mais adiante, é fisiologicamente conseguinte da atenuação da atração das paredes
importante por duas razões. Primeira, o fluxo laminar alveolares [caso as mesmas se aproximem formam o
se desenvolve, o que minimiza a resistência nas vias colabamento]).
aéreas menores e diminui o trabalho associado à ALVÉOLOS – o número de alvéolos aumenta com a
inspiração. Segunda, a baixa velocidade do gás facilita altura do indivíduo. O tamanho do alvéolo varia com o
a rápida mistura de gases alveolares. Isso propicia uma volume pulmonar e tem em média cerca de 0,2 mm
pressão parcial estável de O2 e CO2 no ambiente de diâmetro quando os pulmões estão insuflados a seu
alveolar que sustenta difusão estável e troca gasosa. volume residual funcional.
BRONQUÍOLOS – os bronquíolos encontram-se na Quando insuflado ao volume residual funcional e além
periferia do coração, após os brônquios terciários, os dele, os alvéolos têm uma forma poliédrica que resulta
mesmos apresentam fibras musculares em sua em numerosas paredes planas ao invés de uma
composição, isto é, não exibem peças cartilaginosas estrutura esférica curvada. Os alvéolos encontrados
(possuem fibras elásticas e reticulares) e também não nas regiões apicais de pulmões na vertical têm
tem glândulas mucosas. Há os bronquíolos, os diâmetro maior que aqueles nas regiões de base
bronquíolos terminais e os bronquíolos respiratórios como resultado dos efeitos gravitacionais. Aqueles nas
(esses são zona de troca gasosa). Enfatiza-se que, regiões de base estão parcialmente colapsados como
quanto menor for o calibre da via aérea, maior será a resultado do peso do órgão.
resistência a passagem do ar e o contrário também é As paredes alveolares ou septos são formados por
verdadeiro. uma variedade de tipos de células que são organizadas
DUCTOS E SACOS ALVEOLARES – evidencia-se para fornecer uma superfície delgada para troca
que, os bronquíolos respiratórios, os ductos e sacos gasosa e resistência.
alveolares, dão origem ao ácino, no qual compreende Os septos alveolares são cobertos por epitélio
as estruturas funcionais da via aérea, o mesmo escamoso extremamente plano denominado
executa a troca gasosa efetiva do sistema respiratório. pneumócitos tipo I. Enquanto eles representam apenas
Outrossim, os ductos e sacos alveolares, é o local cerca de 8% de todas as células encontradas na
principal onde sucede a troca gasosa. Os adultos região alveolar, as células tipo I cobrem cerca de 93%
tendem a apresentar 300 milhões desses. A aérea de da superfície alveolar. Essas células formam uma
troca gasosa é 70m2. Nesses também é encontrado superfície semelhante a uma “colcha de retalhos” que
cobre os capilares alveolares e formam a superfície que podem proliferar e se diferenciar em células tipo
de troca gasosa dos alvéolos. Na extremidade delas, I para repovoar e reparar a superfície alveolar após
quando se encontram umas com as outras, formam lesões. Elas também estão envolvidas na defesa
junções aderidas que ajudam a limitar o movimento alveolar através da produção de surfactante, assim
de materiais para dentro do espaço aéreo alveolar como a liberação de algumas citocinas que
provenientes do espaço intersticial logo abaixo. Elas desencadeiam inflamação. Os macrófagos são outras
são organizadas no lugar e sustentadas abaixo por células comumente encontradas na região alveolar.
uma rede de fibras de colágeno. São suscetíveis a Podem passar da circulação capilar pulmonar por
lesões e apoptose (morte celular programada) a partir penetração através das aberturas no septo alveolar e
de partículas inaladas (por exemplo., fumaça de então se mover sobre a superfície alveolar. Eles são
cigarro), infecção bacteriana e concentrações células de defesa que patrulham a região alveolar e
excessivas de O2 inalado. fagocitam partículas estranhas e células (por exemplo.,
Intercalado na superfície alveolar e concentrado nos bactérias). Podem apresentar porções das partículas
cantos do septo alveolar estão os pneumócitos tipo II, estranhas e bactérias para os linfócitos como parte da
os quais são epitélio cuboide com microvilosidades resposta imunológica e contêm uma variedade de
apicais. Essas células são duas vezes mais numerosas enzimas digestivas (por exemplo, tripsina) que
que as células tipo I apesar de ocuparem apenas 7% decompõem o material por eles ingerido. Dentro do
da superfície alveolar. As células tipo II não funcionam septo interalveolar está um espaço intersticial que
como membranas de troca gasosa como as células contém material de matriz e capilares pulmonares.
tipo I. Elas fabricam surfactante, armazenando-o em Também encontradas no espaço intersticial estão
vesículas denominadas corpos lamelares, e o secretam faixas de fibras de elastina e uma matriz de fibras de
sobre a superfície alveolar. O surfactante é composto colágeno. Essas fibras sustentam as células alveolares
principalmente de fosfolipídeos e a forma dos alvéolos. Pequenas aberturas estão
(dipalmitoilfosfatidilcolina) e proteínas (proteínas localizadas no septo alveolar. Algumas das aberturas
surfactantes A a D). Sua função é reduzir a tensão de permitem que o gás se movimente de um alvéolo
superfície dos alvéolos, o que resulta na retirada da para o outro. São denominadas de poros de Kohn.
água da superfície alveolar; ajuda a prevenir um Outras aberturas conectam alvéolos com bronquíolos
colapso induzido por tensão da superfície alveolar; respiratórios secundários. Essas passagens são
melhora a complacência pulmonar; e reduz o trabalho denominadas de canais de Lambert. Todas essas
respiratório. Normalmente, o surfactante é aberturas e passagens alveolares facilitam o
continuamente removido do espaço alveolar pelas movimento colateral de gás e ajudam na manutenção
células tipo I e macrófagos. As células tipo II irão reciclar do volume alveolar.
aproximadamente 50% dele, enquanto os macrófagos Dentro do alvéolo também se encontra os capilares e
removem principalmente por meio do catabolismo. a membrana alvéolo-capilar (divide o sistema
As células tipo II são agora consideradas as células- circulatório capilar do sistema respiratório unidade
“tronco” da região alveolar desde que se descobriu alveolar. É nela que transcorre a troca gasosa).
Dentro da estrutura epitelial respiratória há superficial, local em que as partículas ficam aderidas
regiões importantes das quais os pulmões se dividem, em (grande função de proteção das vias aéreas. Carreia
que existe a primeira camada, camada mucosa, local que partículas que não fazem parte do trato respiratório para
se tem a produção de parte do muco que reveste o fora da árvore brônquica). Há uma produção diária média
trato respiratório, como também apresenta células de 100 mL de muco, acima disso o mesmo se acúmulo
caliciformes, nas quais produzem secreção e muco, e e pode causar acometimento.
células ciliares, que atua na manutenção de higiene
Além do mais, o muco pode apresentar a
fisiológica do pulmão; é a camada mais interna do trato
capacidade da formação de secreção, em que nesses
respiratório. A segunda, caracteriza-se pela camada
casos pode ser usado a nebulização, mediante o soro
submucosa, na qual é uma camada de estruturação e
fisiológico, que fluidificará a via área e corroborará para
uma região que está presente glândulas submucosas,
com a retirada do mesmo. Porém, as partículas de água
que promovem muco e corrobora para a proteção do
que são ofertadas na via área, quando encontram o
trato respiratório. A terceira camada é a de adventícia,
muco elas normalmente se deparam com uma camada
na qual trabalha no processo de estruturação do trato
hidrofóbica, que consequentemente não permitirá que
respiratório; classifica-se pela camada mais externa –
esse líquido entre no muco para que ele seja fluidificado,
essas três camadas corresponde a constituição da
desta maneira parte desse líquido da nebulização ficará
parede do trato respiratório, de maneira que tanto o
aderida na camada mais externa, que exibirá um
epitélio, as laminas próprias, glândulas e cartilagens irão
processo hidrofóbico. Conseguinte disso, a propriedade
compor a parede do meio mais interno para o mais
tixotrópica do muco será presente, na qual o muco em
externo -.
contato com moléculas de água e vibração mecânica
O trato respiratório trabalha em harmonia com permitirá que as moléculas adentrem no muco,
a produção de muco, com o sistema de proteção e viabilizando fluidez e hidratação do mesmo, facilitando sua
também permite que ocorra o processo de ventilação retirada. De uma maneira diferente, a capacidade
pulmonar adequada. Para mais, até os bronquíolos tixotrópica do muco traduz a possibilidade de fluidificação
apresentam essas estruturas, como as células ciliares; os dele, através da presença de partículas de água e de
brônquios exibem as células caliciformes, ciliares e vibração mecânica (pode ser subsequente de técnicas
glândulas mucosas (todas irão produzir muco); já os fisioterapêuticas, como a higiene brônquica, manobras
alvéolos (compreende os pneumócitos do tipo I e II dento desobstrutivas e mais) - é uma prática muito executada
de sua cavidade) não se constitui dessas camadas. na fisioterapia respiratória com paciente hipersecretivos -
. Enfatiza-se que, há uma intervenção da retirada do
O muco brônquico é um material
muco quando o mesmo não é retirado fisiologicamente
polissacarídeo, no qual recobre a árvore brônquica. Exibe
pelos cílios adjuntos com as células ciliares.
como função proteger, hidratar, lubrificar o epitélio
brônquico e facilitar a aderência das partículas inaladas. A célula ciliar exibe a presença dos
Esse apresenta duas camadas, sol e gel. Sol é a camada cílios/conjunto de cílios, nos quais exibem a funcionalidade
profunda, onde batem os cílios (o batimento ciliar viabiliza de se bateram e consequentemente executar a retirada
que o muco seja eliminado da via área). Gel é a camada do muco da árvore brônquica. Em outras palavras, a
função da célula ciliar é a manutenção da higiene De um modo diferente e complementando,
fisiológica do pulmão. Enaltece que, a eliminação do muco todas as vias aéreas de condução da traqueia até os
da árvore brônquica tende a ir especialmente para a bronquíolos têm paredes que são construídas por três
faringe, que em seguida sucederá por expectoração camadas: uma interna que forma uma membrana
(cavidade oral) ou pela deglutição no trato gastrointestinal. mucosa denominada muco, que é composta
As células ciliares funcionam mediante prolongamentos basicamente de epitélio; uma submucosa composta de
citoplasmáticos no trato respiratório, nos quais são tecido conectivo, glândulas brônquicas e fibras lisas que
delimitados pela membrana celular. Outrossim, cada célula se enrolam ao redor das vias aéreas, e um revestimento
possui em média 200 cílios, totalizando uma média de 1/2 externo de tecido conectivo denominado adventícia. As
bilhões de cílios por cm2. Esses exibem um comprimento cartilagens traqueais e placas encontradas nas vias aéreas
média em cerca de 6/7 μm. O sentido da cinesia maiores são localizadas na adventícia.
ciliar/batimento ciliar é primeiro no sentido do nariz para
A mucosa é composta de muitos tipos
faringe e posteriormente, dos bronquíolos para a faringe
diferentes de células epiteliais especializadas, que
(tosse ou deglutição), é um batimento ântero-posterior.
repousam em cima de uma membrana basal. O tipo mais
Ademais, os cílios poderão sofrer alteração da sua
comum de epitélio são os numerosos epitélios
funcionalidade, tal como os casos dos tabagistas (lesionam
pseudoestratificado, ciliado e colunar. As células do epitélio
as células ciliares), subsequente do uso de alguns
pseudoestratificado são organizadas juntas em direção à
medicamentos, pessoas acamadas (o batimento ciliar é
sua superfície ou ápice e por meio de três tipos de
dependente do próprio organismo, ou seja, é
junções — junções aderentes apicais, junções zônula
dependente de estímulos das próprias atividades do
oclusiva e junções tipo desmossomos —, e elas se
corpo. Mediante a isso, enquanto se estimula o corpo, a
ancoram no lugar da membrana basal. As junções,
funcionalidade do batimento ciliar também sucede. Caso
especialmente as aderentes, desempenham um
contrário, como a situações de indivíduos acamados, a
importante papel na manutenção de fluidos e eletrólitos
atividade dos estímulos corporais é quase que nenhuma
(por exemplo, Cl−) transportados através da membrana
e existe alteração da mecânica ventilatória do pulmão,
mucosa. Essas junções impedem o movimento de fluidos
consequentemente a função dessa célula ciliar se
e eletrólitos entre a superfície apical e as superfícies
acomete, subsequente de uma inatividade) e outras
basais da via aérea. Perturbações nesse transporte (por
ocorrências, em que os cílios terão uma
exemplo, o transporte de Cl− não funcionante de
hipoatividade/inativação do mesmo, desta maneira ele
maneira correta na fibrose cística no transporte pelo
não será eliminado e com isso reterá muco/higiene
receptor dos canais de membrana) pode levar a
brônquica fisiológica estará comprometida – secreções
anormalidades no muco e no transporte de muco.
mantidas dentro da árvore brônquica tende a causar
infecções, alterações da função .respiratória, sobrecarga Abaixo das células pseudoestratificadas está

e desequilíbrio da mesma, isso devido ao aumento da uma camada de células basais que amadurecem em

resistência da passagem do ar pela presença do muco; células pseudoestratificadas, e acredita-se que

da inviabilidade da troca gasosa e mais fatores -. desempenhem um papel importante no reparo da


membrana mucosa após patologias e lesões. Dispersadas
entre o epitélio pseudoestratificado estão as células vasoativas e broncoativas, como, por exemplo, a
caliciformes produtoras de muco e células serosas e a histamina. A histamina causa vasodilatação e
abertura das glândulas brônquicas submucosas. As broncoconstrição, agindo diretamente no músculo liso. A
glândulas brônquicas são glândulas exócrinas formadas ativação dos mastócitos libera suas várias substâncias, e
por células epiteliais secretoras que repousam na as consequentes inflamação e broncoespasmo das vias
membrana basal, que se estende para baixo na lâmina aéreas são características das mudanças patológicas da
própria e na submucosa. As glândulas brônquicas são asma.
envolvidas com células semelhantes a músculo liso
As várias células secretoras (caliciformes,
denominadas células em cesto (basket cells). As células
serosas e células de Clara) da mucosa e glândulas
em cesto contraem e apertam as glândulas brônquicas
brônquicas da submucosa contribuem para a produção
quando recebem sinais das fibras nervosas
de muco. Normalmente, a via respiratória produz cerca
parassimpáticas. Nessa região, estão células
de 100 mL de muco por dia. A maioria do muco formado
neuroendócrinas (também conhecidas como células de
nas vias aéreas maiores é produzida pelas glândulas
Kultschitsky) que participam em uma variedade de
brônquicas. Células caliciformes e serosas contribuem
tarefas, incluindo a secreção de vários hormônios (por
mais nas vias aéreas menores. A quantidade de muco
exemplo, hormônio adrenocorticotrópico, calcitonina e
produzida pode mais que dobrar ou triplicar com a
gastrina) e a sinalização do sistema imunológico. Células
irritação da via aérea e patologias, como, por exemplo,
basais são também encontradas dentro e na membrana
bronquite crônica e asma. O muco está espalhado sobre
basal debaixo desses tipos de células primárias. Acredita-
a superfície da membrana mucosa na profundidade de
se que células basais substituam epitélio
cerca de 10 μm e é propulsionado pelo epitélio ciliar em
pseudoestratificado lesado ou morto.
direção à faringe. A camada mais externa de muco é
Abaixo do epitélio e da membrana basal da mais gelatinosa e é denominada camada gel. A camada
mucosa está a lâmina própria. Composta de tecido mais interna é muito mais fluida e é como a camada sol.
conectivo fibroelástico frouxo, tecido linfático e uma O muco normalmente produzido é um fluido quase claro
densa camada de fibras elásticas. Abaixo da lâmina própria com maior viscosidade do que a água. É uma mistura de
situa-se a submucosa. A submucosa das vias aéreas 95% de água e 5% de soluto. A porção de soluto é
maiores contém glândulas brônquicas, uma rede de produzida principalmente pelas células caliciformes e
capilares, músculo liso, algum tecido elástico, e cartilagem glândulas brônquicas; é denominado mucina e é
nas vias aéreas maiores. composto de proteína (predominantemente
glicoproteínas), lipídeos (principalmente fosfolipídeos) e
As glândulas brônquicas variam no tamanho até
minerais (sobretudo eletrólitos inorgânicos). As
um milímetro de comprimento e se conectam à
glicoproteínas e água contidas no muco dão a ele sua
superfície do brônquio através de ductos longos e
natureza de gel viscoelástico. Isso se refere à habilidade
estreitos. O número dessas glândulas aumenta
do muco de se deformar e esparramar quando uma
significativamente em patologias como as bronquites
força é aplicada nele.
crônicas. Os mastócitos também são encontrados na
submucosa e liberam numerosas e potentes substâncias
O muco funciona protegendo os tecidos deslizarem ao longo dos microtúbulos externos e
subjacentes. Ajuda a prevenir que quantidades excessivas internos, muito parecido com a ação da actina e miosina.
de água se movam para dentro e para fora do epitélio. Essa ação resulta em uma rápida curvatura do cílio que
Defende o epitélio de um contato direto com materiais se assemelha a um movimento de chicoteamento.
potencialmente tóxicos e micro-organismos. Atua como
Os cílios “chicoteiam” a uma velocidade de
um papel mata-moscas pegajoso para apanhar partículas
cerca de 15 vezes por segundo, o que produz um
que entram em contato com ele. Isso torna o muco um
movimento consecutivo dos cílios denominado uma onda
importante parte da defesa pulmonar. A produção de
metacronal. O “comprimento de onda” metacronal é de
muco é estimulada por irritação local mecânica e química,
aproximadamente 20 μm e propulsiona o material da
liberação de mediadores pró-inflamatórios (por exemplo,
superfície em uma direção específica. No nariz, esse
citocinas) e estimulação parassimpática.
movimento propulsiona o material de volta à faringe. Dos
O epitélio pseudoestratificado ciliado bronquíolos até a laringe, o material se movimenta em
desempenha um papel crucial na defesa da via direção à faringe. A ação de chicoteamento de milhões
respiratória por propulsionar o muco em direção à de cílios propulsionam o muco ao redor a uma velocidade
faringe. Células ciliadas são encontradas na cavidade nasal de cerca de 2 cm por minuto. Essa ação é geralmente
assim como nas vias aéreas da laringe até os bronquíolos chamada de transporte mucociliar. Em pulmões
terminais. Cada uma das células pseudoestratificadas saudáveis, esse mecanismo permite que partículas
possui cerca de 200 cílios em sua superfície luminal. Sob inaladas sejam removidas dentro de 24 horas. O controle
o microscópio eletrônico, a superfície da membrana e a coordenação da movimentação ciliar não são
mucosa parece com um “tapete de pelúcia” de cílios com totalmente compreendidos e representam algumas das
cerca de 1 a 2 bilhões de cílios por centímetro quadrado. mais fascinantes propriedades dos tecidos pulmonares.
Cada cílio é uma extensão da célula com um
A produção de muco e a velocidade de
comprimento médio de cerca de 6 μm e diâmetro de
batimento ciliar são sensíveis a uma variedade de
cerca de 0,2 μm. Uma vista da secção transversal através
condições e substâncias químicas. A produção de muco
do cílio revela que é constituído de um interno e nove
aumenta quando o trato respiratório é irritado por
externos, par de microtúbulos que são encaixados na
partículas e por várias substâncias químicas e durante
membrana celular. Os pares externos de microtúbulos
estimulação nervosa parassimpática aumentada. O
são interligados por um filamento de proteína
batimento ciliar pode ser efetivamente diminuído ou até
denominada nexina. De cada um dos outros pares de
mesmo parar se a viscosidade da camada sol estiver
microtúbulos, filamentos de proteína denominados
aumentada por exposição a gás seco. A movimentação
dineína se estendem em direção aos pares de
ciliar é também paralisada após exposição ao fumo, altas
microtúbulos adjacentes. Cada um dos outros pares
concentrações de O2 inalado e drogas como atropina.
também estende um raio de proteína em direção aos
pares de microtúbulos centrais. A presença de Mg2+ e Os músculos lisos das vias aéreas variam em

de trifosfato de adenosina (ATP) dentro dos cílios induz localização e estrutura. Nas vias aéreas maiores (por

os braços e raios de dineína a se prenderem e exemplo, traqueia), o músculo liso é empacotado em


lâminas. Nas vias aéreas menores, o músculo liso forma caliciformes. Nessa região, grande número de células de
um padrão helicoidal que cobre a via aérea em feixes Clara, células cuboides não ciliadas com grânulos apicais,
em quantidades decrescentes à medida que as vias são encontradas. Acredita-se que elas desempenhem
aéreas se ramificam e tornam-se menores. As fibras uma função na degradação de vários xenobióticos
musculares se entrelaçam e espiralam ao redor das oxidantes por meio do citocromo P-450, doando
paredes da via aérea. Essa localização reduz o diâmetro proteínas para a produção de surfactante, síntese de
da via aérea e a encurta quando os músculos contraem. vários lipídeos, e desempenham uma função no reparo
Esse padrão de músculo liso continua, mas diminui ao pulmonar estando aptas a diferenciarem-se em outras
alcançar os bronquíolos menores, que têm cerca de 0,3 células epiteliais importantes na mucosa após o dano.
mm de diâmetro. O tônus do músculo liso é aumentado
e resulta em broncoespasmo pela atividade do sistema
nervoso parassimpático (liberação de acetilcolina) e
liberação de mediador pró-inflamatório dos mastócitos,
células inflamatórias e células neuroendócrinas.

A adventícia é um revestimento de tecido


conectivo que circunda as vias aéreas. É entremeada por
artérias, veias e nervos brônquicos, vasos linfáticos e
tecido adiposo. Entre a submucosa e a adventícia das vias
aéreas maiores estão anéis ou placas incompletos de
cartilagem hialina, que proveem suporte estrutural para
as vias aéreas maiores. As vias aéreas menores
dependem de gradiente de pressão transmural e da
“tração” dos tecidos elásticos circundantes para
permanecerem abertas. Durante a expiração forçada, a
pressão através das paredes das vias aéreas menores
excede as forças de suporte dos tecidos elásticos. Como
resultado, as vias aéreas menores podem colapsar. A
cartilagem nas vias aéreas maiores previne seu colapso
durante tais manobras.

As células da mucosa respiratória mudam


conforme progridem para as vias aéreas menores.
Enfatiza-se que, as principais funções do
Conforme a espessura das paredes das vias aéreas
sistema respiratório é possibilitar as trocas gasosas:
diminui, as glândulas brônquicas se tornam menores em
ingestão de O2 para entregá-lo às células corporais e
número. No nível bronquiolar, o número de células ciliadas
remoção de CO2 produzido pelas células do corpo.
atenua. Células colunares simples e epiteliais cuboides
Outrossim, também auxilia a regulação do pH do sangue,
começam a predominar e são interpostas com células
bem como a conter as repostas para o sentido do olfato, delgado espaço pleural cheio de fluido se forma entre as
filtrar o ar inspirado, produzir sons vocais (fonação) e pleuras parietal e visceral.
eliminar água e calor.

A cavidade torácica é formada pelos tecidos do


tórax, parte superior da coluna vertebral e diafragma. É
uma cavidade em forma de cone que abriga os pulmões
e o conteúdo do mediastino. Funciona para proteger os
órgãos vitais em seu interior e tem a capacidade de
mudar sua forma para capacitar o ar a ser movido para
dentro e para fora dos pulmões. A cavidade torácica é
formada por tecido epitelial, conectivo e muscular. Para
mais, a caixa torácica permite mobilidade através das
articulações e movimentos costais. A rigidez do tórax é fornecida pelo tecido
ósseo do arcabouço costal. As partes ósseas do
arcabouço costal incluem o esterno, costelas, vértebras
torácicas, escápulas e clavículas. O esterno é um osso
plano, verticalmente longo, encontrado na região
anterior, que é composto por três partes: o manúbrio do
esterno, o corpo do esterno e o processo xifoide. A
extremidade superior do manúbrio forma uma
O revestimento exterior do tórax é formado depressão rasa, que é conhecida como incisura jugular.
pelo sistema tegumentar, que inclui pele, pelos, tecido A conexão fundida entre o manúbrio e o corpo é
celular subcutâneo e tecidos mamários. A pele é uma conhecida como ângulo do esterno também conhecido
combinação da epiderme externamente e de uma como ângulo de Louis. O ângulo do esterno é um
camada interna de tecido conectivo chamada de derme. marcador externo do ponto onde a traqueia se divide
Abaixo da derme está uma camada de tecido celular em brônquios principais esquerdo e direito. Na margem
subcutâneo. A musculatura esquelética, envolta em uma lateral do manúbrio e do corpo do esterno, está uma
camada de tecido conectivo chamada fáscia, é articulação cartilaginosa chamada de cartilagem costal que
encontrada abaixo do tecido celular subcutâneo. O tecido forma a junção entre as costelas e o esterno. Essa
muscular esquelética forma os vários músculos do tórax articulação permite ao arcabouço costal se curvar e o
e do dorso e situa-se sobre e entre as costelas. As tórax aumentar e diminuir em tamanho.
costelas do arcabouço costal situam-se na porção interna
da parede torácica. A camada interna da parede torácica
é revestida por uma membrana serosa chamada de
pleura parietal. É justaposta por outra membrana serosa
chamada de pleura visceral, que recobre o pulmão. Um
As várias costelas se movem em diferentes
direções, e algumas podem se mover mais que outras
em tempos diferentes. A primeira costela se move
ligeiramente, elevando e abaixando o esterno. O seu
pequeno movimento aumenta o diâmetro
anteroposterior do tórax. Essa ação não é usada durante
a respiração calma e se torna ativada somente em

O tórax, no qual é a região que faz parte do condições que requeiram ventilação aumentada ou

sistema respiratório, abrange as costelas, nas quais respiração profunda. As costelas II à VII se movem

compreendem-se em 12 pares no total. 1-7, verdadeiras simultaneamente sobre dois eixos. Como cada costela

(são fixadas diretamente no esterno). 8-10, falsas (são roda sobre o eixo do seu colo, a sua extremidade

fixadas indiretamente ao esterno). 2 últimas, flutuantes esternal sobe e desce. Esse movimento aumenta o

(são fixadas indiretamente ao esterno através de uma diâmetro torácico anteroposterior no que é comumente

faixa de cartilagem comum). Qualquer alteração nas denominado de movimento de “braço de bomba”. Ao

funções (mobilidades, expansibilidade) dos arcos costais mesmo tempo, a costela se move sobre seu eixo longo

irá afetar diretamente o sistema respiratório. a partir do seu ângulo no esterno. Essa cinesia faz com
que a parte média da costela se mova para cima e para
baixo, o que é normalmente descrito como “alça de
balde”. A ação conjunta das costelas II à VII modifica
ambos os diâmetros anteroposterior e transverso em
uma movimentação superior e lateral. As costelas VIII a X
rodam em um padrão similar ao das costelas II a VII.
Entretanto, a elevação da extremidade anterior dessas
Outrossim, é no tórax que sucede os dois costelas produz um pequeno movimento para trás da
principais movimento cinesiologias da respiração, alça extremidade inferior do esterno, que reduz ligeiramente
balde e braço bomba (biomecânica respiratória). o diâmetro torácico anteroposterior. A rotação externa
da porção média dessas costelas aumenta o diâmetro
transverso do tórax. As costelas XI a XII participam na
modificação do contorno do tórax de modo secundário
conforme elas são puxadas para cima e lateralmente em são os músculos acessórios predominantes. Outros
uma mobilidade semelhante à “calibração”. músculos abdominais e de parede torácica também
podem funcionar como acessórios.
Em outras palavras, as cinesias de alça balde e
braço bomba são para que a área interna do tórax Os músculos respiratórios compreendem-se
acresça e permita que o ar entre nos pulmões por pelos da inspiração e expiração. Os músculos da
completo e ocupe-os. Na cinesia alça balde, os arcos inspiração/fase ativa (aumento consumo de ATP) são:
costais elevam latero-lateral, no instante da inspiração e PRINCÍPAIS – diafragma (comumente responsável por
o contrário sucede na expiração, abaixam-se latero- 70% do processo respiratório. Respiração diafragmática:
lateral. Já o movimento braço de bomba acontece inspiração + expansão do abdômen e expiração +
ântero-posterior, anterior na inspiração e posterior na contrair o abdômen – RESPIRAÇÃO CORRETA.
expiração. Frisa-se que esse mecanismo de mobilidade Respiração diafragmática consome menos ATP no
só transcorre decorrente da musculatura respiratória. processamento do ciclo respiratório. Essa precisa ser
treinada e conscientizada) e intercostais externos
1° costela: eleva/abaixa esterno. Aumenta o
(responsável pela abertura latero-lateral/alça de balde).
diâmetro ântero-posterior do tórax. Ação somente na
Atuam na respiração tranquila. ACESSÓRIOS (atuam com
respiração forçada. 2-7° costela: extremidade esternal é
o aumento da demanda respiratória, para potencializar
igual. Eleva/abaixa o esterno. Aumenta o diâmetro
essa função e acrescê-la. Gasta muito mais ATP/energia
ântero-posterior do tórax. Braço de bomba. Eixo
basal no ciclo respiratório, do que a musculatura principal)
costovertebral igual. Costela se move para cima e para
– escaleno (principal), trapézio, peitorais maior e menor,
baixo. Aumenta o diâmetro transverso do tórax. Alça de
esternocleidomaistoideo (principal), romboides e outros.
braço 8-10° costela: elevação da extremidade anterior
Da expiração/fase passiva (não apresenta consumo de
igual. Depressão do esterno (inferior), porção média igual
ATP): expiração forçada (apresenta consumo de ATP),
2-7. 11-12° costela: não participam da modificação.
já que a expiração normal é passiva – abdominais (reto,
Contorno do tórax.
obliquo externo e interno e transverso) e intercostais
Mudanças no diâmetro da cavidade torácica internos.
durante a respiração são o resultado da tensão
desenvolvida por vários músculos esqueléticos. O diafragma é uma estrutura musculotendinosa

Coletivamente, esses músculos são conhecidos como delgada em forma de cúpula que separa as cavidades

músculos respiratórios. O diafragma e os músculos torácica e abdominal. Origina-se no tórax e na parede

intercostais são os músculos principais da ventilação. Eles abdominal e converge em um tendão central no topo

são ativados tanto em repouso como quando o indivíduo de sua cúpula. A parte lombar do diafragma surge das

exibe aumento respiratório induzido por estresse. Os três primeiras vértebras lombares. A parte costal do

músculos acessórios da ventilação auxiliam o diafragma e diafragma surge da superfície interna das costelas VII a

os músculos intercostais quando se aumenta a demanda XII e músculos transversos do abdome em cada lado. A

ventilatória. Os músculos escalenos, parte esternal do diafragma surge da superfície interna

esternocleidomastoideo, peitorais e da parede abdominal do processo xifoide do esterno.


Outrossim, o diafragma é o principal músculo torácica. Durante a respiração tranquila, o diafragma é
da respiração. Esse exibe uma cúpula para baixo e para responsável por aproximadamente 75% das alterações
frente. Hemicúpulas direita e esquerda, sendo que a nos volumes torácicos.
direita é maior decorrente do posicionamento do fígado.
Quando as fibras musculares do diafragma são
Para mais, o diafragma separa o tórax do abdômen. Esse
tencionadas durante a inspiração, a cúpula diafragmática
também apresenta um centro tendinoso, que é na
é tracionada para baixo de 1 a 2 cm. Isso resulta em
posição mais medial, próximo ao processo xifoide,
ampliação da cavidade torácica e compressão do
também é perto da região da aponeurose, denominada
conteúdo abdominal. Durante a inspiração máxima, o
de centro frênico, em que é um centro nervado por C3,
diafragma pode ser tracionado para baixo
C4 e C5. Frisa-se que, as inserções das fibras do
aproximadamente 10 cm. A expiração resulta da
diafragma são no processo xifoide, nas costelas e
diminuição da tensão diafragmática, e este retorna à sua
vértebras torácicas e as composições das mesmas é
posição relaxada.
55% das fibras tipo I (vermelha/tônica, lenta e
oxidativa/suportam mais a fadiga, ou seja, demoram mais O volume pulmonar aumentado faz o
para entrar. Exibem maior quantidade de mitocôndria e diafragma achatar-se. A contração de um diafragma
pelo processo de fosforilação oxidativa/metabolismo achatado pode resultar em tensão nas costelas inferiores,
aeróbio, mecanismo que faz uso do oxigênio para o que faz com que elas sejam tracionadas para dentro,
conquistar ATP), 20% tipo II A (fibras de contração resultando em compressão da cavidade torácica. Essa
rápida, de força, porém fadigam rápida e produzem condição pode ocorrer em indivíduos com severa
lactato. Do tipo branca. Conquista energia pela via retenção gasosa como resultado de enfisema ou de
glicolítica/metabolismo anaeróbico) e 25% tipo II B (fibras asma. Para compensar isso, esses indivíduos precisam
de contração rápida, de força, porém fadigam rápida e recrutar outros músculos para aumentar o diâmetro do
produzem lactato. Do tipo branca. Conquista energia pela tórax. Isso resulta em uma respiração menos eficiente e
via glicolítica/metabolismo anaeróbico). trabalho muscular excessivo. Doenças não pulmonares
podem também afetar a função do diafragma. A tensão
Em uma posição vertical e com o diafragma
dos músculos da parede abdominal (imobilização) devido
relaxado, o fígado força a cúpula hemidiafragmática
à dor, à distensão abdominal por fluido (ascite) ou outras
direita para cima aproximadamente 1 cm mais alta que a
causas de rigidez da parede abdominal podem interferir
esquerda ao final de uma expiração tranquila. A porção
na descida diafragmática durante a inspiração.
mais alta da cúpula direita assenta-se próxima à TVIII e
TIX posteriormente, e próxima à 5° costela
anteriormente. A cúpula diafragmática esquerda assenta-
se próxima às TIX e TX posteriormente e à 6° costela
anteriormente. Os movimentos dos hemidiafragmas são
sincrônicos em indivíduos saudáveis. Ao deitar-se em
posição supina, o peso do conteúdo abdominal força o
diafragma superiormente para dentro da cavidade
abaixo do diafragma paralisado tendem a fazer com que
ele se eleve durante a inspiração.

O diafragma não participa ativamente da


expiração. Durante a expiração, ele retorna à sua posição
de repouso durante a retração passiva dos pulmões e
do tórax. Durante a expiração forçada, os músculos da
parede abdominal comprimem a cavidade abdominal
aumentando sua pressão. Isso força o diafragma para
cima e comprime os pulmões favorecendo a exalação
do gás. O diafragma executa importantes funções
diferentes da ventilação; auxilia em produzir pressão
intraabdominal elevada permanecendo fixo enquanto os
músculos abdominais se contraem. Isso facilita o vômito,
Funcionalmente, o diafragma é dividido em
a tosse, o espirro, a defecação e a parturição.
hemidiafragma direito e esquerdo. Cada hemidiafragma é
inervado por um nervo frênico que surge de ramos dos Durante a respiração calma, o diafragma realiza
nervos espinais C3, C4 e C5. Danos na medula espinal a maior parte do trabalho. Outros músculos estão
ao nível ou acima CIII resulta em paralisia do diafragma. ligeiramente ativados durante a respiração calma e
Nessa situação, o indivíduo perde todo o controle tornam-se mais ativos com a respiração forçada. Esses
nervoso dos músculos respiratórios e é incapaz de outros músculos são geralmente conhecidos como os
respirar. Lesão no nervo frênico unilateral ou doença em músculos acessórios da respiração.
um lado pode poupar o outro nervo e permite ventilação
unilateral. Os músculos acessórios da inspiração incluem
uma variedade de músculos do pescoço, do tórax e da
Embora o diafragma seja um músculo primário parte superior do dorso. Onze pares de músculos
da respiração, ele não é essencial para sobrevivência. intercostais são encontrados entre as costelas. Os
Limitada, a ventilação em curto prazo é possível usando músculos intercostais externos se originam nas costelas
os músculos acessórios, mesmo quando o diafragma está superiores e se inserem nas inferiores. As fibras desses
paralisado. Se qualquer um ou ambos os hemidiafragmas músculos correm em um ângulo oblíquo entre as
são paralisados, o(s) componente(s) afetado(s) costelas. Quando eles geram tensão, eles erguem as
permanece(m) em sua posição de repouso. Durante costelas para cima e levam a cavidade torácica a
inspiração profunda, o diafragma paralisado eleva-se aumentar o diâmetro do tórax (mecanismo de
conforme os outros músculos respiratórios reduzem a Hamberger). Eles recebem estímulos nervosos dos
pressão intratorácica. Durante respiração calma, o nervos intercostais que surgem dos nervos espinais
diafragma paralisado pode permanecer imóvel ou poderá torácicos (T1-12). Eles estão mais ativos durante a fase
se mover em qualquer direção. As pressões acima e inspiratória da respiração forçada e acredita-se que
desempenhem um papel na estabilização da
movimentação excessiva das costelas durante a que esteja em angústia respiratória. Esse movimento
respiração forçada. aumenta o diâmetro anteroposterior do tórax.

Três pares de músculos escalenos (escaleno Os músculos peitorais maior e menor são
anterior, escaleno médio e escaleno posterior) surgem músculos largos em forma de leque localizados na região
das vértebras cervicais baixas cinco e seis (CV e CVI) e ântero-superior do tórax. O músculo peitoral maior se
se inserem na clavícula e nas duas primeiras costelas. origina no úmero e se insere sobre a clavícula e o
Quando ativados eles erguem a parte superior do tórax. esterno. O músculo peitoral menor origina-se na escápula
Os músculos escalenos estão ligeiramente ativos durante e se insere na porção anterior das costelas III. Quando
a inspiração em repouso e tornam-se mais ativos com a esses músculos recebem impulsos dos nervos peitorais,
inspiração forçada, especialmente quando se aumentam eles normalmente funcionam aduzindo os braços em um
as demandas ventilatórias. Tais exemplos podem ocorrer movimento de abraço. Eles também são capazes de
em indivíduos saudáveis durante o exercício ou em gerar alguma elevação torácica anterior quando os
pacientes que apresentem patologia pulmonar. Em braços são suportados em uma superfície na frente do
indivíduos saudáveis, os esforços inspiratórios contra uma indivíduo. Pessoas que apresentam uma respiração curta
glote fechada ou via aérea obstruída ativa os músculos crônica geralmente usam esses músculos sentando em
escalenos. Quando a pressão alveolar cai a –10 cmH2O, uma posição de “tripé”; isto é, executado sentando-se
os músculos escalenos são ativados em todos os em posição vertical e inclinada com ambos os membros
indivíduos. Estão amplamente inativos durante esforços superiores apoiados em uma mesa ou outro objeto fixo.
expiratórios, mas podem se tornar ativos para fixar as
Os músculos trapézios são músculos
costelas conforme os músculos abdominais se contraem
triangulares planos que estão localizados na parte
durante uma expiração forçada, como na tosse.
superior do dorso e pescoço. Eles se originam do osso
Os músculos esternocleidomastoideo se occipital, CVII e de todas as vértebras torácicas, TI a TXII.
originam no manúbrio do esterno e na clavícula e se Eles se inserem sobre a escápula e o terço lateral da
inserem no processo mastoide do osso temporal. clavícula. Sua ação é rotação da escápula, elevação do
Normalmente, esse músculo flexiona e roda a cabeça e ombro e flexão da cabeça para cima e para trás. Eles
está ativo durante a elevação do ombro. Quando a ficam ativos durante a inspiração forçada ajudando a
cabeça é segurada em uma posição vertical por suportar a cabeça e permitindo que o músculo
tensionamento do músculo trapézio da parte superior do esternocleidomaistoideo eleve o tórax.
dorso e pescoço, os músculos esternocleidomastoideo
Os músculos acessórios da expiração se
podem funcionar para elevar a parte superior do tórax.
tornam ativos durante a respiração forçada. Geralmente,
Eles recebem impulsos nervosos de ramos dos nervos
esses músculos agem comprimindo a cavidade torácica
acessórios (XI nervo craniano) e nervos cervicais C1 e C2.
e facilitando a expiração. Os músculos intercostais
Esses músculos estão ativos durante a inspiração forçada
internos situam-se entre as costelas e logo atrás dos
e se tornam visíveis como faixas grossas em cada lado
músculos intercostais externos. Eles se originam ao longo
do pescoço durante a fase inspiratória em um indivíduo
da borda inferior das costelas superiores e se inserem na
borda superior das costelas inferiores. As fibras ilíacas e ligamentos inguinais, e se inserem na linha alba.
musculares do músculo intercostal interno dirigem-se Os músculos retos do abdome são um par de faixas
para baixo e menos obliquamente do que as fibras do musculares que correm verticalmente na face anterior
músculo intercostal externo. Essa orientação faz com que do abdome. Essas faixas musculares se originam no púbis,
esses músculos tracionem as costelas juntas, o que dirigem-se superiormente acima da cavidade abdominal
resulta em compressão da cavidade torácica. Eles são e se inserem na região costal nas costelas V, VI e VII e
estimulados por ramos dos nervos intercostais e são mais no processo xifoide do esterno. Os músculos da parede
ativos durante a expiração forçada. Eles também se abdominal recebem impulsos nervosos dos ramos dos
tornam ativos no final da inspiração profunda e agem nervos intercostais inferiores e ílio-hipogástrico. Quando
antagonizando o efeito levantador dos músculos ocorre uma contração forte do grupo dos músculos da
intercostais externos, que efetivamente estabilizam o parede abdominal, isso resulta em aumento da pressão
movimento das costelas durante a expiração forçada. intraabdominal, o que força o diafragma para cima e
comprime o tórax.
Quando os músculos da parede abdominal se
contraem, comprimem a cavidade abdominal, isso força Cada um dos diferentes músculos da parede
o diafragma para cima e comprime a cavidade torácica. abdominal está ativo durante a expiração em repouso e
Os músculos abdominais incluem pares de músculo forçada. Eles ficam mais ativos quando a retração elástica
oblíquo externo do abdome, músculo oblíquo interno do dos pulmões e do tórax não pode prover o fluxo
abdome, músculo transverso do abdome, e músculo reto expiratório necessário durante uma expiração forçada
do abdome. Os músculos oblíquos externos são a como tossindo, espirrando, falando ruidosamente e
camada mais externa de músculos da parede abdominal tocando instrumentos musicais de sopro. Os músculos
e situam-se acima da vista lateral da cavidade abdominal. mais ativos desse grupo durante o repouso, como
Eles se originam na superfície anterior das oito últimas também na expiração forçada na maioria das posições
costelas e da aponeurose abdominal e se inserem na corporais, são os músculos transversos do abdome, e os
linha alba (uma faixa de tecido conectivo na linha mediana menos ativos são os músculos retos do abdome.
anterior da superfície do abdome), crista ilíaca e
Os abdominais também podem contribuir para
ligamento inguinal. Os músculos oblíquos internos situam-
a inspiração pela contração ao final da expiração. Isso
se logo abaixo dos músculos oblíquos externos. Eles se
reduz o volume pulmonar ao final da expiração, assim a
originam nas vértebras lombares, cristas ilíacas e
parede do tórax pode recuar externamente, auxiliando o
ligamentos inguinais, e se inserem no púbis e região
próximo esforço inspiratório. A elevação da pressão
costal das costelas inferiores. Isso resulta em uma
abdominal aumenta o comprimento e o raio de curvatura
orientação de fibras que está em ângulo reto em relação
do diafragma. Esses efeitos resultam em uma pressão
aos músculos oblíquos externos. Os músculos
transdiafragmática elevada para uma determinada tensão
transversos do abdome situam-se abaixo dos músculos
contrátil. Em pacientes com patologias de obstrução
oblíquos internos. As fibras musculares do músculo
crônica de vias aéreas, qualquer aumento na demanda
transverso do abdome correm ao redor da parede lateral
ventilatória aumenta significativamente o uso dos
do abdome, originando-se nas seis últimas costelas, cristas
músculos abdominais. Perda do uso efetivo dos músculos mediante o nervo vago e a acetilcolina, nas quais são
da parede abdominal resulta em uma inabilidade notável respostas abundantes.
para expiração forçada e tossir efetivamente.
De uma maneira diferente, todas as principais

Enfatiza-se que, a face pulmonar do diagrama estruturas do sistema respiratório são inervadas por

é convexa e a face abdominal é côncava, isso é essencial ramos do sistema nervoso periférico: os ramos

pelo fato de que a contração do diafragma é no sentido autônomos e somáticos. O sistema somático provê

crânio-caudal. Outrossim, ele também apresenta uma controle motor voluntário, automático e inervação

zona de aposição diafragmática, na qual é o espaço de sensitiva para a parede torácica e os músculos

contração do mesmo, em outras palavras, é o espaço respiratórios. A maioria dos nervos motores principais que

que o diafragma percorre do seu relaxamento até sua levam sinais nervosos para os músculos respiratórios. A

contração máxima (quando o diafragma está em sinalização do sistema nervoso autônomo para e a partir

repouso/com a concavidade abdominal e contraí crânio- dos pulmões é levada através das vias eferentes e

caudal, visto que ele irá percorrer essa área/zona) – aferentes, respectivamente. Essas vias levam sinais

quando maior a zona e a contração, melhor será o inconscientes do sistema nervoso autônomo motor para

processo ventilatório do indivíduo (contração é a causa e músculos lisos e glândulas, e vários sinais sensitivos voltam

o efeito é a melhora do processo ventilatório/estrada de para o cérebro.

ar nos pulmões). A inervação autônoma dos pulmões é levada


do tronco encefálico através de ramos dos nervos vagos
direito e esquerdo (X nervo craniano) e da medula espinal
para quatro ou cinco gânglios torácicos simpáticos que
se situam logo ao lado da medula espinal. Ambos
contribuem com fibras para os plexos pulmonares
anterior e posterior para a raiz de cada pulmão. Deste
plexo, fibras simpáticas e parassimpáticas entram no
pulmão através do hilo e inervam várias estruturas.
A inervação pulmonar transcorre conseguinte
VIA EFERENTE = as fibras nervosas pré-
do Sistema Nervoso Autônomo (SNA), em que há um
ganglionares parassimpáticas saem do tronco encefálico
controle nervoso do pulmão. Ademais, o pulmão não
através dos dois nervos vagos. Ao entrar no tórax, o
exibe inervação dolorosa (apenas brônquica). Outrossim,
nervo vago se ramifica para a laringe. Esse ramo é
o SNA atua de maneira motora. Nesses irá suceder
denominado de nervo laríngeo recorrente. Cada nervo
broncodilatação (aumento do calibre do vaso),
vago também desenvolve um ramo denominado nervo
decorrente da liberação de norepinefrina e epinefrina,
laríngeo superior. O ramo externo desse nervo supre o
pelo Sistema Nervoso Simpático (SNS), em que são
músculo cricotireóideo. O ramo interno provê fibras
respostas escassas e também acontecerá a
sensitivas para a laringe. Os nervos laríngeos recorrentes
broncoconstrição (atenuação do lúmen do brônquio),
proveem inervação motora principal para a laringe. Danos
subsequente do Sistema Nervoso Parassimpático (SNP),
aos nervos laríngeos podem causar paralisia das pregas músculos lisos da via aérea, dilatação dos vasos
vocais unilateral ou bilateral, dependendo de quais ramos sanguíneos e secreção glandular. As fibras nervosas pós-
estão envolvidos. Isso pode resultar em rouquidão, perda ganglionares simpáticas são em comparação muito
de voz e uma tosse ineficaz. menos desenvolvidas. As fibras nervosas pós-
ganglionares simpáticas no pulmão secretam
Após formar gânglios e fibras nervosas pós-
principalmente norepinefrina, e as glândulas suprarrenais
ganglionares, as fibras nervosas parassimpáticas e
liberam epinefrina na circulação quando recebem sinais
simpáticas entram no pulmão através do hilo e seguem
simpáticos da medula espinal. A epinefrina e a
paralelamente às vias aéreas conforme elas se ramificam.
norepinefrina ligam-se aos receptores alfa-adrenérgicos
As fibras parassimpáticas formam seus gânglios muito
dos vasos sanguíneos, provocando constrição, e aos
próximos aos tecidos- alvo (por exemplo, bronquíolos,
receptores beta-adrenérgicos das vias aéreas brônquicas
glândulas e vasos sanguíneos) e possuem muitas fibras
e músculos lisos dos vasos, provocando relaxamento e
nervosas pós-ganglionares curtas. A maioria das fibras
dilatação das vias aéreas e vasos sanguíneos.
nervosas simpáticas forma seus gânglios ao longo da
medula espinal, depois fibras pós-ganglionares longas que As vias aéreas são também providas de uma
penetram nos pulmões e terminam nas glândulas e no terceira via autônoma que não é parassimpática nem
músculo liso das vias aéreas. A maior parte dos ramos simpática em ação. As fibras nervosas do sistema não
acompanha os brônquios. As fibras nervosas menores adrenérgico não colinérgico (NANC) viajam por dentro
são paralelas às veias pulmonares. Ambas as vias do nervo vago para cada pulmão. Quando ativas, as
eferentes pós-ganglionares simpáticos e parassimpáticos terminações nervosas NANC liberam um
inervam músculos lisos e glândulas das vias aéreas e neurotransmissor que promove a produção de óxido
músculos lisos das arteríolas pulmonares. Elas influenciam nítrico, isso provoca o relaxamento dos músculos lisos
o diâmetro das vias aéreas por causarem maior ou das vias aéreas e dilatação. Também se acredita que o
menor tensão nos músculos lisos que envolvem as vias sistema NANC seja capaz de causar broncoconstrição
aéreas e influenciam a secreção glandular. Os músculos por meio de liberação reflexa local de substância P e
lisos na parede média das arteríolas pulmonares causam neuroquinina A.
constrição quando tensionados, e dilatação quando
VIA AFERENTE = a maioria das fibras
relaxados. Os efeitos combinados da atividade nervosa
aferentes segue caminhos dos pulmões para o Sistema
parassimpática e simpática, que geralmente se opõem à
Nervoso Central (SNC) pelo nervo vago. As vias
ação uma da outra, resultam em um controle balanceado
aferentes do nervo vago são ativadas por uma variedade
do diâmetro das vias aéreas, dos vasos e da secreção
de receptores diferentes dentro do pulmão, que são
glandular.
sensíveis a inflação, deflação e estimulação química. Os
As fibras nervosas pós-ganglionares receptores de estiramento de ajuste lento (SARs) estão
parassimpáticas geralmente secretam acetilcolina como concentrados nas vias aéreas de tamanhos pequeno e
seu neurotransmissor principal quando recebem sinais do médio, e estão intimamente associados aos músculos
tronco encefálico. A acetilcolina liga-se aos receptores lisos das vias aéreas. A inflação pulmonar e o estiramento
colinérgicos muscarínicos M3 e causa constrição dos das vias aéreas estimulam os SARs, e eles continuam
sinalizando e não se adaptam e diminuem sua taxa de recém-nascidas à medida que elas insuflam
sinalização, por isso seu nome. Na camada mucosa das progressivamente seus pulmões.
vias aéreas, receptores de adaptação rápida (RARs)
Os receptores RARs irritantes ou mecânicos
percebem mudanças no volume corrente, frequência
são encontrados principalmente na parede posterior da
respiratória e mudanças na complacência pulmonar, e
traqueia e na bifurcação dos brônquios principais. Esses
respondem a uma grande variedade de irritantes
receptores respondem a uma variedade de estímulos
mecânicos e químicos. Além disso, aparentemente há
mecânicos, químicos e fisiológicos e se comportam
uma variedade de outros sensores químicos e de
como receptores irritantes. Os estímulos incluem
congestão que, quando ativos, modificam a sensação de
manipulação ou irritação física, inalação de gases nocivos,
respiração e o padrão respiratório (por exemplo, reflexo
broncoconstrição induzida pela histamina, asfixia e
de tosse e resposta à congestão alveolar). Receptores
microembolia das artérias pulmonares. A estimulação dos
adicionais estão localizados fora dos pulmões; eles
receptores RARs irritantes pode resultar em
incluem proprioceptores dos músculos respiratórios que
broncoconstrição, hiperpneia, fechamento da glote, tosse
percebem o estado de estiramento dos músculos e os
e espirro. A estimulação desses receptores pode causar
quimiorreceptores periféricos que percebem a condição
também um reflexo de diminuição da frequência cardíaca
química do sangue (por exemplo, concentração de O2,
(bradicardia). Essa resposta é denominada de reflexo
CO2 e H+), que estão envolvidos no controle da
vagal. Ele pode ocorrer durante a aspiração
ventilação.
traqueobrônquica, intubação da via aérea ou
Os receptores SARs e RARs no estiramento broncoscopia. Esses procedimentos podem causar uma
pulmonar progressivamente despolarizam durante irritação mecânica significativa da via aérea.
insuflação pulmonar e estão ligados à inibição de
As terminações das fibras C de condução lenta
insuflações posteriores. Esse é um tipo de feedback
amielinizadas (também conhecidas como justacapilares
negativo conhecido como reflexo de insuflação. O reflexo
ou receptores J), que estão presentes nas paredes da
de insuflação é provavelmente muito fraco ou ausente
região terminal da via aérea, têm sido vinculadas a um
durante respirações calmas em adultos saudáveis, mas
padrão reflexo respiratório associado à congestão
parece haver evidência de sua atividade em crianças
pulmonar. É através dela quando a pressão de capilar
recém-nascidas.
pulmonar aumenta, como na insuficiência cardíaca
Outro reflexo que é associado com a atividade congestiva, que as fibras C se tornam ativadas e sinais
dos receptores SAR e RAR é o reflexo paradoxal de são enviados de volta ao tronco encefálico através do
Head. Esse reflexo estimula uma respiração mais nervo vago. Isso então causa uma respiração rápida e
profunda no lugar de inibir uma inspiração adicional. Ele superficial. A ativação das fibras C também tem
pode ser a base para uma respiração profunda ocasional demonstrado causar bradicardia, hipotensão,
ou ofegante. Respirações profundas ou suspiros ocorrem broncoconstrição, produção de muco e apneia em
com a respiração normal, presumivelmente prevenindo animais experimentais. A estimulação desses receptores
colapso alveolar. O reflexo de Head pode também ser pode contribuir para a sensação de dispneia e, em casos
responsável por respirações ofegantes em crianças
graves, o reflexo vagal, como complicação do edema ventrículo esquerdo para toda a circulação sistêmica.
pulmonar, embolia pulmonar e pneumonia. Porém, todo esse processo não ocorre se não tiver
nutrientes nos pulmões, com isso a nutrição do mesmo
Referente a vascularização pulmonar, ela se
será conseguinte da vascularização nutricional do tecido,
divide em duas vascularizações principais: vascularização
pela artéria brônquica.
funcional e nutricional.
A vascularização pulmonar nutricional
A vascularização funcional permite que a troca
transcorre por meio das artérias brônquicas, que se
gasosa suceda, como também a ejeção de sangue
originam de maneira direta da aorta descendente torácica
oxigenado para a circulação sistêmica/corpo. Outrossim,
e também das primeiras artérias intercostais. Mediante a
essa é a relação entre as estruturas pulmonares, em
isso e da ramificação da aorta e do processo de carrear
especial as alveolares, e o sistema circulatório. Ainda
o sangue pelas artérias brônquicas, acontecerá a
dentro dessa, há a divisão das estruturas, nas quais irão
irrigação de todas as estruturas/tecidos pulmonares, bem
transcorrer através de ramificações das artérias
como também da parede e as glândulas dos tubos
pulmonares em vasos cada vez menores, em que essas
brônquicos (até os bronquíolos respiratórios). Por fim,
ramificações acompanhará do ventrículo direito, para a
cerca da maioria do processo de vascularização,
artéria pulmonar, as arteríolas, os capilares pulmonares,
retornará para a circulação sistema subsequente das
capilares venosos, vênulas, veias pulmonares e para o
veias pulmonares; enaltece-se que o sangue agora é rico
átrio esquerdo, todos esses provem da artéria pulmonar
em CO2. Melhor discorrendo, a quantidade de sangue
e acompanha a divisão das vias áreas até a unidade
que é utilizada para as vascularizações pulmonar
alveolar, que leva sangue rico em CO2 para os sacos
(funcional e nutricional, entretanto, a vascularização
alveolares, localidade que se unirá com as redes de
funcional corresponde ao volume maior de sangue a ser
capilares e irão perfazer a hematose/troca gasosa. Após
desembocando na circulação sistêmica, enquanto a
a hematose, o sangue, agora oxigenado, pegará um
nutricional um volume menor) acontecerem é menos de
caminho inverso, pela via venosa, na qual atingirá as
2% do Débito Cardíaco (DC), como é uma quantidade
vênulas, que são pequenos vasos venosos e esses se
relativamente pequena, o impacto dentro da
juntaram formando vasos maiores até chegar a união
concentração do O2 e do CO2 é pouca, não afetará a
com as veias pulmonares, essas levarão o sangue rico
circulação que tem o sangue oxigenado, portanto é
em O2 para o átrio esquerdo, que passará para o
devido a isso que o sangue desembocará nas veias
ventrículo esquerdo e por fim será ejetado para os
pulmonares mesmo que desoxigenado. De uma maneira
sistemas/corpo. Em outras palavras, a vascularização
diferente, a nutrição das estruturas pulmonares emerge
funcional leva sangue venoso de todas as partes do
da aorta torácica e são realizadas pelas artérias
corpo para os capilares alveolares, onde ganha O2 e
brônquicas. Estas geram a nutrição para o próprio tecido
perde CO2. A artéria pulmonar, que recebe sangue do
pulmonar e desembocam nas veias pulmonares.
ventrículo direito, e seus ramos arteriais levam sangue
para os capilares alveolares, onde ocorrem as trocas Outrossim, a vascularização pulmonar sofre
gasosas, e então, as veias pulmonares devolvem o influência de um processo de relação V/Q, na qual
sangue para o átrio esquerdo, para ser bombeado pelo compreende a ventilação pulmonar e a perfusão
pulmonar. Desta maneira, quanto melhor for essa relação, alveolar (alvéolos tendem a ficar diminuídos devido ao
melhor será o funcionamento do sistema acréscimo de pressão da artéria, subsequente disso é
respiratório/vascularização pulmonar. Ademais, ventilação menor a ventilação e maior a perfusão. Maior passagem
pulmonar é o processo de entrada e saída do ar dos do sangue). Já na zona II, a pressão da arteríola é maior
pulmões. Já a perfusão pulmonar é a efetiva troca que a pressão alveolar, na qual é maior que a pressão da
gasosa/o ato de os gases se difundirem na membrana vênula. Na zona I, a pressão alveolar é maior que a
alvéolo-capilar. Para explicar o processo de relação pressão da arteríola, que é maior do que da pressão da
ventilação-perfusão, West, um fisiologista, estudou essa vênula. (maior ventilação, menor perfusão e atenuação
relação a nível pulmonar, em um indivíduo posicionado da quantidade de sangue que perpassa)
em ortostatismo, com isso o mesmo entendeu que
existem zonas nos pulmões e que essas apresentam
diferentes relações ventilação-perfusão. As zonas
denominam-se zonas de West e compreende-se em
três, a zona I apresenta uma localidade mais apical dos
pulmões; a II encontra-se nos terços médios pulmonares
e a zona IIII, está numa região de bases pulmonares. Para
mais, West também discorreu que com relação ao
processo de perfusão pulmonar, o mesmo acresce de
As três zonas, mesmo apresentando suas
baixo para cima, na qual as bases pulmonares (há mais
dessemelhanças, constituem o equilíbrio pulmonar, que
vasos sanguíneos preenchidos por sangue) são mais
como consequência mantêm a boa função pulmonar.
perfundidas do que os ápices pulmonares (ápices mais
Ademais, essa questão é fisiológica e só sucede pelo fato
maior presença de ar). Em contrapartida, a ventilação
de que os humanos são bípedes. Caso o indivíduo ficasse
pulmonar está mais concentrada nos ápices pulmonares.
de ponta cabeça as zonas de West se inverteriam, a I se
A zona II caracteriza-se por ser um local de maior
tornaria a III, e vice-versa, isso decorrente da ação da
equilíbrio entre a ventilação e a perfusão/zona de
força da gravidade. As alterações das regiões das zonas
transição da relação ventilação-perfusão. Frisa-se que,
acontecem mediante cada posicionamento mantido por
não quer dizer que as outras zonas não façam ventilação
uma pessoa – a posição prona de um indivíduo exibe
e perfusão, perfazem, porém em uma concentração
grande relação com as zonas de West, visto que essa
menor, visto que essa relação está ligada com a ação da
transcorre com a pessoa em decúbito ventral. A
força da gravidade, conseguinte do indivíduo estar em
aplicação da posição prona sucede para os paciente que
pé, e também com as diferenças de pressão alveolar,
comumente estão acamados/numa cama por algum
arteriolar/arterial e da vênula/venosa – isso tudo em
tempo, principalmente se o mesmo ainda apresentar
indivíduos numa posição ortostática -.
algum acometimento no pulmão que alterará a perfusão
Além do mais, a zona III também demonstra um do mesmo (Covid-19 é um exemplo), pois pelo fato de
aumento da pressão da arteríola, que é maior que a estar muito tempo deitado, as zonas de West do
pressão da vênula, que também é maior que a pressão indivíduo se modificará, em que a zona III será a que está
em contanto com a cama/maca (mais perfundida e consequentemente perde-se a área de troca gasosa.
manos ventilada), a zona I na localidade do tórax superior Várias são as causas que podem acarretar esse derrame)
(menos perfundida e mais ventilada) e a II entre elas entre as mesmas, exibe-se em média 1-20 ml de líquido
(equilíbrio entre a relação ventilação-perfusão); com isso pleural nela (esse líquido permite que as pleuras se
o limite do paciente será a força da gravidade agindo hidratem/lubrifiquem e movimentem-se entre si) – há
posteriormente ao mesmo, na zona III. O intento da sacos pleurais direito e esquerdo -.
utilização do posicionamento prono é para que leve a
Em outras palavras, a cavidade torácica é
área menor ventilada para uma região mais ventilada e o
subdividida em mediastino e cavidades pleurais esquerda
mesmo com o quesito da perfusão, pois assim será
e direita. O mediastino, localizado centralmente, contém a
melhorado a troca gasosa do indivíduo e a relação V/Q.
traqueia, o esôfago, o coração, os grandes vasos e outros
A posição de choque também demonstra relação -.
órgãos. As cavidades pleurais esquerda e direita contêm
- A respiração diafragmática em ortostatismo os pulmões. A superfície da parede torácica interna,
tende a direcionar o ar para a área (zona III) de maior mediastino e pulmões são cobertos por membranas
perfusão e menor ventilação., ou seja, é importante serosas chamadas de membranas pleurais. A pleura
trabalhar isso com os pacientes no âmbito parietal cobre a parede do tórax e mediastino,
respiratório/terapia respiratória. A posição prona também considerando que os pulmões são cobertos pela pleura
é muito interessante para a utilização, principalmente nas visceral. Ambas as pleuras são construídas por uma
terapias intensivas. camada superficial delgada de células mesoteliais, e abaixo
dela está uma camada de tecido conectivo que abriga
Outro componente do sistema respiratória são
vasos sanguíneos, vasos linfáticos e fibras nervosas.
as pleuras, na qual é uma membrana serosa em forma
Numerosas aberturas microscópicas, chamadas estomas,
de saco invaginado, que envolve cada pulmão. Além do
são encontradas na superfície da pleura e rodeadas por
mais, há a pleura visceral, que recobre a superfície do
células mesoteliais. Os estomas se abrem dentro do
pulmão e reveste as cissuras pulmonares/interlobares,
sistema de drenagem linfática das membranas pleurais. A
bem como existe a pleura parietal, em que é a mais
pleura parietal contém fibras sensitivas que são
externa, mantem contato com o diafragma, o mediastino
responsáveis pela sensação dolorosa que é associada à
e a caixa torácica. Ademais, ainda encontrasse uma
inflamação da pleura — uma condição chamada pleurisia.
cavidade pleural, que é um espaço virtual (espaço muito
pequeno. Para mais, existe uma pressão negativa dentro O espaço entre as pleuras é denominado de
da cavidade pleural, para que as pleuras se mantenham espaço pleural e está cheio com aproximadamente 10
juntas durante a inspiração, mesmo tendo o líquido mL de fluido pleural. O fluido pleural é claro, com poucas
pleural; quando a alteração e as pleuras não ficam juntas, células, alguma proteína e eletrólitos em concentrações
caracteriza um pneumotórax, em que é a presença de que se aproximam às do plasma. O pequeno volume de
ar entre as pleuras e a pressão se torna positiva. É nessa fluido pleural é esparramado sobre toda a superfície de
localidade que pode suceder um derrame pleural, na qual ambos os pulmões e funciona como um lubrificante que
é um acúmulo de líquido que sucede entre as pleuras e reduz a fricção quando os pulmões se movem dentro
que preenche parte ou todo o tecido pulmonar,
do tórax e como um selo hermético que mantêm
aderidas as duas membranas pleurais.

Os ângulos onde a parte costal da pleura


parietal se une à parte diafragmática da pleura parietal
são conhecidos como recesso costodiafragmático. Ele
está localizado nas regiões laterais direita e esquerda e
inferiores das cavidades torácicas. Esse ângulo é
claramente visível e é um marco importante na
O mecanismo do sistema respiratório
radiografia torácica normal. Normalmente, é um ângulo
transcorre principalmente conseguinte de dois
agudo de cerca de 30 a 45 graus. Excesso de fluidos
momentos, em que é o ar da atmosfera saindo do meio
entre a pleura visceral e parietal tende a se agrupar
externo e entrando no meio interno (com uma
nesse local em um indivíduo ereto. Isso faz o ângulo
concentração de 20,98/21% de O2 e o restante de outros
pareça embotado ou achatado a 90° quando visto em
gases) e o ar saindo do meio interno para o externo (ar
uma radiografia do tórax.
saindo concentração de CO2). Enfatiza-se que, para o ar
O fluido pleural é excretado e reabsorvido pelas chegar até os pulmões, e assim o mesmo sofrer a troca
duas pleuras. Um pouco mais que a metade do fluido gasosa, ele depende de pressões do sistema respiratório,
pleural é produzido pela pleura parietal e reabsorvido por como também da ação mecânica das estruturas, dos
ambas as pleuras. Para mais, esse é formado pelo fluxo músculos, do controle do SNC e mais. Outrossim, tudo
sanguíneo sistêmico de cada pleura. O fluxo sanguíneo isso irá corporificar a ventilação mecânica, na qual
que supre a pleura parietal vem das artérias intercostais, caracteriza-se por ser a entrada e saída de ar dos
e a circulação brônquica dos pulmões supre a maior pulmões/alvéolos, decorrente do inspiração e da
parte do fluxo sanguíneo da pleura visceral. Estima-se que expiração (essa é um dos fatores fundamentais para que
as duas pleuras produzam cerca de 100 ml de fluido o mecanismo respiratório aconteça); e a
pleural por hora. Acredita-se que a maior quantidade do respiração/difusão, em que é a ação da troca gasosa na
fluido pleural seja absorvida pelos estomas linfáticos da membrana dos alvéolos capilares – a ventilação não
pleura visceral e levados pelos vasos linfáticos necessariamente sempre está acompanhada da
pulmonares para a região hilar, onde passam para vasos respiração, pois o ar pode entrar e sair dos pulmões sem
linfáticos maiores que drenam para as veias subclávias e que haja a troca gasosas nos alvéolos ou mesmo essa
lado direito do coração. difusão pode estar deficitária. Comumente quando a
ventilação pulmonar não é capaz de manter o processo
de influxo do O2 e do CO2, como o da difusão também,
os pacientes tendem a utilizar o dispositivo de ECMO,
esse é um aparelho que promove uma oxigenação
extracorpórea, conseguinte de uma membra (o CO2 é
retirado do meio interno e o O2 é acrescentado no
sangue por meio da membrana). Já o ventilador
pulmonar viabilizará apenas a entrada e saída de ar do está suspenso no hilo a partir do mediastino, região
sistema respiratório, caso o paciente tenha a dificuldade situada no meio da caixa torácica. Em vez disso, o pulmão
desse quesito -. “flutua” na cavidade torácica, cercado por fina camada de
líquido pleural que lubrifica o movimento dos pulmões
Para mais, a fisiologia da respiração pode ser
dentro da cavidade. Além disso, a sucção contínua do
dividida em quatro grandes eventos funcionais: a
excesso de líquido para os canais linfáticos mantém leve
ventilação pulmonar, que é o processo de
tração entre a superfície visceral da pleura pulmonar e a
movimentação do ar para dentro e para fora dos
superfície parietal da pleura da cavidade torácica.
pulmões; a difusão, em que é decorrente do O2 e do
Portanto, os pulmões são presos à parede torácica,
CO2 entre os álveos e o sangue; o transporte, no sangue
como se estivessem colados; no entanto, eles estão bem
e nos líquidos corporais de O2 e do CO2; e do controle
lubrificados e podem deslizar livremente quando o tórax
da ventilação, subsequente de outros aspectos da
se expande e contrai.
respiração (alterações em qualquer um desses eventos
modificam a mecânica respiratória, o que Numa mecânica normal da ventilação, de um
consequentemente leva a uma sobrecarga do sistema, indivíduo em repouso, frisa-se que o ar irá se
bem como disfunções celulares, teciduais, dos orgânicas movimentar/fluxo de ar de um ponto com maior pressão
e sistêmicas.). Em outras palavras, as funções principais da para um com menor pressão (sentido do fluxo, por meio
respiração são prover oxigênio aos tecidos e remover o de um gradiente pressórico/diferença de pressão); isso
dióxido de carbono. A fim de alcançar tais objetivos, a será o inverso se for induzido ao contrário o fluxo de ar.
respiração pode ser dividida em quatro componentes Ademais, no instante que o ar termina de ser expirado
principais: (1) ventilação pulmonar, que significa o influxo e do pulmão até o momento de início de uma inspiração
o efluxo de ar entre a atmosfera e os alvéolos do mesmo, sucede um momento de repouso, no qual
pulmonares; (2) difusão de oxigênio e dióxido de carbono não terá a cinesia do ar/fluxo de ar; nesse hora a pressão
entre os alvéolos e o sangue; (3) transporte de oxigênio que se dará é a bucal e ocorrerá uma pressão de 0/1
e dióxido de carbono no sangue e nos líquidos corporais ATM, em que equivale a 760 mmHg (quanto maior a
e suas trocas com as células de todos os tecidos do altitude da região, maior será a pressão). Também existe
corpo; e (4) regulação da ventilação e outros aspectos a pressão intrapulmonar (alveolar. Pressão dentro do
da respiração. alvéolo), na qual quando a pessoa está em repouso e é
de 0 mmHg. A pressão intrapleural, com o indivíduo em
Ainda dentro do processo do sistema
repousou, é de – 5 mmHg; é uma pressão negativa
respiratório, ocorre a mecânica ventilatória, na qual é
devido a ela ser uma das condições/componentes que
mediante de pressões (bucal, intrapulmonar, intrapleural
mantém a abertura alveolar, ajunto com o surfactante e
e transpulmonar) e do fluxo de ar. De uma outra maneira
as pregas vocais, em que mantem uma pressão na via
e complementando, os pulmões são estruturas elásticas
área no final de uma expiração. Além do mais, para que
que colapsam, como um balão, e expelem todo o ar pela
suceda o gradiente pressórico/o fluxo de ar devido a
traqueia, toda vez que não existe força para mantê-lo
diferença de pressão (ar se deslocará de um lugar de
inflado. Também não existem conexões entre os
maior pressão para um de menor), é necessário a
pulmões e as paredes da caixa torácica, exceto onde ele
pressão transpulmonar, que é mediante a diferença de A pressão transpulmonar é a diferença de
pressão da pressão alveolar e intrapleural (uma lesão na pressão entre os alvéolos e as superfícies externas dos
pleura parietal provocará a entrada de ar nessa localidade, pulmões (pressão pleural), sendo medida das forças
o que consequentemente gera uma positividade da elásticas nos pulmões que tendem a colapsá-los a cada
pressão intrapleural e assim poderá acontecer um instante da respiração, a chamada pressão de retração.
colabamento alveolar/as paredes alveolares se
Outrossim, conseguinte ainda da mecânica da
aproximam) – toda essa mecânica norteia o processo
ventilação e da questão do fluxo de ar, subsequente do
ventilatório -.
gradiente pressórico, também transcorre as mudanças
Acrescendo, a pressão pleural é a pressão do volumétricas e pressóricas, na qual acontecerá
líquido no estreito espaço entre a pleura visceral e a subsequente a própria cinesia dos gases e dos líquidos.
pleura parietal. Essa pressão é normalmente uma sucção Decorrente disso, em um espaço fechado há uma
ligeira, o que significa discreta pressão negativa. A quantidade de gás numa determinada área; quando
pressão pleural normal no início da inspiração é cerca de acresce a área, ocorre o aumento do volume e a
−5 centímetros de água, que é a quantidade de sucção diminuição da pressão do gás nesse espaço (reduz a
necessária para manter os pulmões abertos no seu nível pressão desde que o gás se mantenha estável. Mudança
de repouso. Durante a inspiração normal, a expansão da volumétrica) e o contrário quando existe uma área
caixa torácica traciona os pulmões para diante com força menor, o volume atenua-se e a pressão acresce
maior e cria mais pressão negativa, que chega a cerca (aumenta a pressão desde que o gás se mantenha
de −7,5 centímetros de água. Depois, na expiração, os estável. Mudança pressórica). A mudança volumétrica e
eventos são essencialmente revertidos. pressórica é o que explica o movimento de gás na via
área/pulmões (entrada e saída de ar), que será
Quando a glote está aberta e não existe fluxo
subsequente das inspirações e expirações.
de ar para dentro ou para fora dos pulmões, as pressões
em todas as partes da árvore respiratória, até os alvéolos, Para mais, no instante do início da inspiração, o
são iguais à pressão atmosférica, que é considerada a diafragma fará o movimento craniocaudal/rebaixamento.
pressão de referência zero nas vias aéreas — isto é, 0 Esse por sua vez tomará uma posição de retificação,
cm de pressão de água. Para causar o influxo de ar para quando o alvéolo sair da sua posição de repouso para
os alvéolos, durante a inspiração a pressão nos alvéolos uma de contração final, e na área do mesmo será
deve cair para um valor ligeiramente abaixo da pressão caracterizado pela zona de aposição diafragmática; será
atmosférica (abaixo de 0). Essa pressão ligeiramente um espaço de ganho de volume pulmonar, isto é,
negativa é suficiente para puxar 0,5 litro de ar para o acontecerá o acréscimo do volume dos pulmões (quando
interior dos pulmões, nos 2 segundos necessários para executa-se a respiração diafragmática/correta transcorre
uma inspiração normal e tranquila. Durante a expiração, o volume pulmonar necessário/potencialização para o
a pressão alveolar sobe para cerca de +1 centímetro de enchimento de ar do mesmo) e a atenuação da pressão
água e força o 0,5 litro de ar inspirado para fora dos intrapulmonar (saí de uma pressão 0 alveolar e vai para
pulmões, durante os 2 a 3 segundos de expiração -. uma pressão negativa e a pressão atmosférica altera-se
para uma positiva); consequentemente haverá o fluxo
inspiratório (o mesmo é melhor com a respiração recuou elástico). Também existe na expiração as costelas
diafragmática/contração diafragmática e intercostal). se movendo para baixo e para dentro e também o
Enfatiza-se que, nesse processamento as costelas relaxamento do diafragma.
movem-se para cima e para fora (cinesias biomecânicas
Resumindo, a pressão alveolar menor (essa
do tórax de alça balde e braço de bomba) e ocorre a
pressão menor é causada em partes pela pressão
contração do diafragma (essa é quem aumenta o volume
negativa intratorácica) que a atmosférica faz com que o
pulmonar e diminuí a pressão intrapulmonar/alveolar). O
ar entre nos pulmões/alvéolos, visto que o volume do
contrário sucede com a expiração, o diafragma mais
mesmo estará maior; o ar sairá de um local com maior
retificado, conseguinte da inspiração ainda, retornará em
pressão e vai para um de menor. O contrário faz com
sua conformidade inicial, mediante o processo de
ele saía, pressão alveolar maior (devido a uma força de
relaxamento do mesmo, ou seja, o relaxamento
retração da parede do parênquima pulmonar e da caixa
diafragmático ocorre na expiração. Elucida que, o
torácica, o que comprimi o alvéolo) que a atmosférica e
relaxamento do diafragma não tem ação na expiração,
o volume pulmonar atenuado; o ar sai de um local com
ele só acontece nesse momento. Outrossim, a expiração
menor pressão e vai para um de maior. Decorrente disso,
é subsequente da capacidade do recuo elásticos do
a pressão atmosférica – a pressão alveolar ;/. pelo
parênquima pulmonar e da caixa torácica e não porque
raio/tamanho, dará o fluxo.
sucede alguma contração do mesmo (só acontece
contração na expiração quando ela é forçada. Para mais, F = Patm – Palv

a caixa torácica permite mobilidade através das R


articulações e movimentos costais. As fibras elásticas e
De uma outra maneira, na inspiração, o ar
de colágeno estão presentes no parênquima pulmonar
presente no meio move-se para o interior do corpo. Para
e, por estarem intimamente ligadas a face interna da
que isso ocorra é necessário que o diafragma e os
caixa torácica pelos folhetos pleurais, conferem o recuo
músculos intercostais contraiam-se, levando ao
elástico observado na fase exploratória passiva.). O recuou
abaixamento do diafragma, alongamento da caixa torácica
elásticos do parênquima pulmonar e da caixa torácica é
e elevação das costelas. Esse processo faz com que o
explicado pela Lei de Hooke, a mesma discorre que um
volume do tórax aumente e a pressão no interior dos
tecido elástico quando é submetido a uma força de
pulmões diminua abaixo da pressão ATM. A diminuição
deformação ele conserva energia para que quando
da pressão intrapulmonar causa a entrada de ar nos
cessada essa força ele retorne a sua conformidade inicial.
pulmões. Já a expiração, por sua vez, ocorre a eliminação
Em outras palavras, afirma-se que a distensão de um
de ar pelas vias respiratórias. Nesse processo, tanto o
objeto elástico é diretamente proporcional à força
diafragma como os músculos intercostais relaxam
aplicada sobre ele. Ademais, o recuo elástico do pulmão
(conseguinte do recuou elástico pulmonar e da caixa
reduz o volume pulmonar e acresce a pressão
torácica), fazendo com que a caixa torácica retorne ao
intrapulmonar, desta maneira ocorre o fluxo expiratório
seu tamanho normal. Nesse momento, ocorre a retração
(numa respiração forçada a pressão ficará maior dentro
dos pulmões e o consequente aumento da pressão
do que fora, decorrente disso a expiração acontecerá
primeiro por essa diferença do gradiente e depois pelo
pulmonar. O aumento da pressão força a saída do ar para que elevam a caixa torácica são classificados como
o meio. músculos da inspiração, e os que deprimem a caixa
torácica são classificados como músculos da expiração.
Adicionando, os pulmões podem ser
expandidos e contraídos por duas maneiras: (1) por Os músculos mais importantes que elevam a
movimentos de subida e descida do diafragma para caixa torácica são os intercostais externos, mas outros
aumentar ou diminuir a cavidade torácica; e (2) por que auxiliam são (1) músculos esternocleidomastoideo,
elevação e depressão das costelas para elevar e reduzir que elevam o esterno; (2) serráteis anteriores, que
o diâmetro anteroposterior da cavidade torácica. elevam muitas costelas; e (3) escalenos, que elevam as
duas primeiras costelas.
A respiração tranquila e normal é realizada
quase inteiramente pelo primeiro método, isto é, pelos Os músculos que puxam a caixa torácica para
movimentos do diafragma. Durante a inspiração, a baixo, durante a expiração, são principalmente o (1) reto
contração diafragmática puxa as superfícies inferiores abdominal, que exerce o efeito poderoso de puxar para
dos pulmões para baixo. Depois, na expiração, o baixo as costelas inferiores, ao mesmo tempo em que,
diafragma simplesmente relaxa, e a retração elástica dos em conjunto com outros músculos abdominais, também
pulmões, da parede torácica e das estruturas abdominais comprime o conteúdo abdominal para cima contra o
comprime os pulmões e expele o ar. Durante a diafragma; e (2) os intercostais internos.
respiração vigorosa, no entanto, as forças elásticas não
As costelas durante a expiração estão
são poderosas o suficiente para produzir a rápida
anguladas para baixo, e os intercostais externos estão
expiração necessária; assim, força extra é obtida,
alongados anterior e inferiormente. Conforme eles se
principalmente, pela contração da musculatura abdominal,
contraem, puxam as costelas superiores para frente com
que empurra o conteúdo abdominal para cima, contra a
relação às inferiores, o que causa mecanismo de alavanca
parte inferior do diafragma, comprimindo, dessa maneira,
nas costelas, para levantá-las, produzindo inspiração. Os
os pulmões.
intercostais internos funcionam exatamente de modo
O segundo método para expansão dos oposto, atuando como músculos expiratórios, porque se
pulmões é elevar a caixa torácica. Ao ser elevada angulam entre as costelas, na direção contrária, e
expandem-se os pulmões porque, na posição de produzem a alavanca oposta.
repouso natural, as costelas se inclinam para baixo,
possibilitando, dessa forma, que o esterno recue em
direção à coluna vertebral. Quando a caixa torácica é
elevada, no entanto, as costelas se projetam quase
diretamente para frente, fazendo com que o esterno
também se mova anteriormente para longe da coluna,
aumentando o diâmetro anteroposterior do tórax por
cerca de 20% durante a inspiração máxima, em
comparação à expiração. Portanto, todos os músculos
A mecânica da ventilação pulmonar pressão atmosférica, consequentemente a pressão
acontecerá tanto pela contração da musculatura intrapleural e a transpulmonar começará a voltar em seu
respiratória, quanto pela mobilidade da caixa estado normal de pré-inspiração (volta para seu valor
torácica/movimentação que o tórax perfaz, em que negativo) e o ar será eliminado/fluxo de ar para fora dos
sucederá pelo aumento laterolateral, anteroposterior e pulmões.
pelas cinesias biomecânicas (alça balde e braço de
Para que suceda um influxo de ar para dentro
bomba).
dos pulmões/insuflação pulmonar há questões que
Na inspiração transcorrerá a contração do corroboram, como também existe outras que se
diafragma adjunto com o aumento do volume da caixa opõe/dificultam. Conseguinte disso, se tem forças que
torácica e esse acréscimo promoverá o aumento do auxiliam a insuflação pulmonar, tais como: os músculos
volume pulmonar, que como consequência atenuará a respiratórios e a biomecânica/mobilidade da caixa
pressão dento do tórax/intrapulmonar (pressão torácica (a limitação do funcionamento desses gera
atmosférica menor que 1). Mediante isso entrará ar nos haverá uma redução da insuflação pulmonar). Também
pulmões, por meio da saída do mesmo de um lugar de exibe as forças de oposição a insuflação pulmonar
maior pressão para um de menor, até ocorrer o (forças que vão de encontro com a entrada de ar nos
gradiente pressórico, na qual a pressão intrapulmonar pulmões. Caso qualquer uma dessas forças estiverem
será igual a zero/pressão atmosférica e nesse instante comprometidas sucederá dificuldade na entrada do ar
interromperá o processo da inspiração. Outrossim, ainda para os pulmões e preencha os alvéolos), na qual
na inspiração, a expansão torácica ocorre através da compreende: as forças elásticas (pode comprometer a
contração do diafragma e dos intercostais externos, na insuflação de ar no pulmão e consequentemente reduz
qual fará com que a pressão pleural/intrapleural torna-se a ventilação pulmonar e as trocas gasosas), em que
subatmosférica (pressão passará de negativa para abrange os tecidos pulmonares (componente de
positiva), mediante a isso a pressão transpulmonar restrição a entrada do ar) e tensão superficial dos
aumentará, os pulmões irão se expandir, em que haverá alvéolos (relacionada com a abertura do alvéolo, bem
a entrada de ar nos alvéolos/fluxo de ar, decorrente da como com o surfactante, pressão intrapleural negativa e
pressão dentro do alvéolo diminuir/subatmosférica e a a pregas vocais. Quando acrescida o ar encontra maior
pressão pleural se tornar positiva. A pressão pleural e a dificuldade para entrar no alvéolo); e as forças de atrito,
alveolar são as essenciais para a entrada de ar nos consiste na resistência viscosa tecidual (nos brônquios,
alvéolos. O contrário acontece com o processo de bronquíolos encontra-se a produção de muco e esses
expiração, na qual se tem a interrupção/cessamento da são produzidos pelas células caliciformes e glândulas
contração do diafragma e dos intercostais externos, mucosas, na qual tem o objetivos hidratar, lubrificar e
subsequente do recuo elástico que trará o pulmão para proteger a via área, porém os mesmos também podem
sua conformação normal e fará com que o ar saí dos ocasionar uma resistência viscosa tecidual/na passagem
alvéolos/da localidade de maior pressão para a de menor. do ar e se opõe a insuflação pulmonar) e a resistência
No instante do recuo elástico a pressão alveolar/da caixa das vias áreas (resistência causada pelo próprio calibre
torácica sofrerá um acréscimo/sucederá acima da das vias aéreas).
As forças elásticas, que é um componente das a pressão do ar durante a expiração irá cair e o fluxo
forças de oposição à insuflação pulmonar, é umas das respiratório não vencerá as pregas vocais,
forças que restringem a entrada de ar nos pulmões, essa consequentemente elas se fecharão e manterão o ar
está presente no parênquima pulmonar. Outrossim, as aprisionado nos pulmões fazendo com que uma
forças elásticas estão correlacionadas com os tecidos quantidade de ar fique retida dentro da unidade alveolar,
pulmonares, em que se interliga com a Lei de Hooke, na o que equivale a um volume residual] são os principais
qual um tecido elástico quando é submetido a uma força componentes que atuam na abertura do alvéolo no
de deformação ele conserva energia para que quando transcorrer na expiração/pequenos alvéolos) e na
cessada essa força ele retorne a sua conformidade inicial, hiperinsuflação em altos volumes da inspiração - quando
isso é decorrente de que o parênquima pulmonar maior for a proximidades/atração das molécula de água,
demonstra fibras elásticas e de colágeno, que viabiliza a maior e a tensão superficial das mesmas e o contrário é
elasticidade e consequentemente uma tendência física de verdadeiro -. Enfatiza-se que, o surfactante é que um
resistir – este processo de oposição sucede no conjunto fosfolipídeos, proteínas e íons
transcorrer da inspiração -. Além do mais, as forças (dipalmitoilfosfatotidilcolina), sua produção se dá no início
elásticas também apresentam a força de tensão da 25° semana de gestação, porém seu pico é da 32°,
superficial, em que os alvéolos são revestidos por uma quando os níveis estarão adequados para o nascimento
fina película de líquido associado a uma interface de gás- do feto. O surfactante apresenta uma camada hidrofílica
líquido, essa gerará a formação de uma tensão superficial (permite que ele se misture no meio) e uma hidrofóbica
que tem uma forte atração entre as moléculas de água. (proporciona a diminuição da tensão superficial/atração
Além do mais, dento do alvéolo existe os pneumócitos II entre as moléculas de água)/uma porção de cada
(no endotélio alveolar), no qual, conseguinte da ventilação fosfolipídeo é hidrofílica e se dissolve na água, enquanto
alveolar/distensão alveolar, produz o surfactante (baixa a porção lipídica é hidrofóbica, e portanto .se orienta em
ventilação alveolar causa uma produção diminuída de direção ao ar.
surfactante, isso tendência a atelectasia/colabamento dos
O surfactante em relação com a tensão
alvéolos, ou seja, quanto melhor a ventilação alveolar
superficial é decorrente de Lei de Laplace, na qual é uma
suceder, melhor será para manutenção da abertura
expressão da força, ou pressão, criada por um fluído
alveolar) que tem a funcionalidade de atenuar a tensão
esférico ou em forma de bolha. De uma outra maneira,
superficial/atração de moléculas de água, atuando na
um gás no interior de bolhas, uma maior (volume maior
interface gás-líquido, mediante a abertura das paredes do
e pressão interior menor) e outra menor (volume menor
alvéolo, mesmo depois de uma exalação do ar, também
e pressão interna maior), a tendência é que o gás que
atua evitando/prevenindo o colabamento/colapso dos
está na bolha menor migre para dentro da maior e
alvéolos em pequenos volumes de expiração
consequentemente a bolha menor fechará; isso é o que
(surfactante, pressão intrapleural negativa e a resistência
sucede com os alvéolos que não apresentam
das pregas vocais [as pregas vocais são uns dos
surfactante, pois quando não há o mesmo transcorre o
componentes visto que, durante a expiração e a fala o
colabamento do alvéolo. Subsequente disso se faz a
ar sai dos alvéolos, logo passa pelas pregas vocais, nas
relação do surfactante com a tensão superficial, visto
quais elas vibrarão e emitirão o som. Caso o ar não saía,
que, sem o surfactante haverá o colabamento dos as paredes internas dos alvéolos e outros espaços aéreos
alvéolos decorrente do aumento da tensão pulmonares.
superficial/atração das moléculas de água, enquanto a
As forças elásticas do tecido pulmonar são
presença do surfactante viabiliza, mesmo que apesar dos
determinadas, em grande parte, pelas fibras de elastina e
alvéolos apresentarem diferentes tamanhos, uma
de colágeno, entrelaçadas no parênquima pulmonar. Nos
pressão igual, evitando assim o colapso dos alvéolos
pulmões vazios, essas fibras estão no estado
menores/atenua a tensão superficial, pois as pressões
elasticamente contraído e dobrado; então, quando os
iguais se anulam e não fornecem a mobilidade dos gases
pulmões se expandem, as fibras são estiradas e
– na lei de Laplace, a presença do surfactante promove
desdobradas e, assim, se alongam e exercem até mesmo
o não movimentos dos gases. Essa lei com a exibição do
força elástica maior.
surfactante é o contrário da definição de entrada de ar
nos pulmões, em que para entrar é preciso ter a As forças elásticas causadas pela tensão

diferença de pressão, para que o ar sai do ponto de superficial são muito mais complexas. Quando os pulmões

maior pressão para o de menor -. Para mais, a pressão são cheios com ar, existe uma interface entre o líquido

dentro do alvéolo é igual a duas vezes a tensão alveolar e o ar no interior do alvéolo. Nos pulmões cheios

superficial, divido pelo raio – P= 2 X T ;/. r. por solução salina, não existe interface ar-líquido;
portanto, o efeito da tensão superficial não está presente
— apenas as forças elásticas dos tecidos estão operando
neste caso.

Nota-se que as pressões transpleurais,


necessárias para expandir os pulmões cheios de ar, são
cerca de três vezes maiores que as necessárias para
expandir os pulmões cheios de solução salina. Assim,
pode-se concluir que as forças elásticas teciduais, que
tendem a provocar o colapso do pulmão cheio de ar
representam, apenas cerca de um terço da elasticidade
total pulmonar, enquanto as forças de tensão superficial
líquido-ar nos alvéolos representam cerca de dois terços.

As forças elásticas pulmonares de tensão


superficial líquido-ar também aumentam,
tremendamente, quando a substância chamada
Em outras palavras e complementando, as
surfactante não está no líquido alveolar.
características do diagrama de complacência são
determinadas pelas forças elásticas dos pulmões, que O princípio de tensão superficial pode suceder
podem ser divididas em duas partes: (1) força elástica do da seguinte maneira: quando a água forma uma
tecido pulmonar propriamente dito; e (2) forças elásticas superfície de contato com o ar, as moléculas da água na
causadas pela tensão superficial do líquido que reveste superfície têm atração especialmente forte umas pelas
outras. Como resultado, a superfície da água está seguinte: água pura, 72 dinas/cm; líquidos normais que
sempre tentando se contrair. Isto é o que mantém as revestem os alvéolos, mas sem surfactante, 50 dinas/cm;
gotas de chuva unidas — isto é, existe firme membrana líquidos normais que revestem os alvéolos e com
contrátil, constituída por moléculas de água, por toda a quantidades normais de surfactante incluídas, entre 5 e
superfície da gota. Agora, revertendo esses princípios e 30 dinas/cm.
ver o que acontece nas superfícies internas do alvéolo.
Caso as vias aéreas que levam aos alvéolos
Aí, a superfície da água também está tentando se
pulmonares estejam bloqueadas, a tensão superficial, no
contrair, o que tende a forçar o ar para fora do alvéolo,
alvéolo, tende a colapsá-lo. Esse colapso cria pressão
pelo brônquio, e, ao fazer isso, induz o colapso do alvéolo.
positiva alveolar, tentando empurrar o ar para fora. A
O efeito global é o de causar força contrátil elástica de
quantidade de pressão, gerada dessa maneira, no alvéolo.
todo o pulmão que é referida como força elástica da
Outrossim, a pressão, gerada como resultado da tensão
tensão superficial.
superficial alveolar, é inversamente afetada pelo raio do
O surfactante e seus efeitos na tensão alvéolo, o que significa que quanto menor o alvéolo, maior
superficial são decorrentes de que o surfactante é um a pressão alveolar ocasionada pela tensão superficial.
agente ativo da superfície da água, significando que ele
A complacência pulmonar é uma outra
reduz bastante a tensão superficial da água. É secretado
característica do parênquima pulmonar e da caixa
por células epiteliais especiais secretoras de surfactante
torácica, na qual atua diretamente favorecendo ou
chamadas células epiteliais alveolares tipos II, que
restringindo a insuflação, visto que a mesma é a
constituem cerca de 10% da área de superfície alveolar.
capacidade do pulmão de se distender decorrente de
Essas células são granulares, contêm inclusões lipídicas
uma determinada pressão/força de distensão, com isso
que são secretadas no surfactante dentro dos alvéolos.
altera-se a forma; porém caso a estrutura seja
O surfactante é mistura complexa de vários elástica/apresente força elástica ao sessar a força de
fosfolipídeos, proteínas e íons. Os componentes mais distensão a mesma voltará a sua conformidade inicial.
importantes são o fosfolipídeo dipalmitoilfosfatidilcolina, as Frisa-se que, para a estrutura distender/gerar
apoproteínas surfactantes e os íons cálcio. A complacência a pressão de distensão precisa sofrer a
dipalmitoilfosfatidilcolina e vários fosfolipídeos menos variação do volume de inspiração, em que aumentará o
importantes são responsáveis pela redução da tensão volume pulmonar e consequentemente será maior do
superficial. Eles desempenham essa função porque não que a força elástica, o que equivale a uma variação do
se dissolvem, uniformemente, no líquido que recobre a volume de inspiração e da pressão de distensão
superfície alveolar. Parte das moléculas se dissolve, vencendo a força do gradiente transpulmonar e sendo
enquanto o restante se espalha sobre a superfície da maior do que a força elástica, mediante a isso a
água no alvéolo. Essa superfície tem entre 1/12 e 1/2 da complacência pulmonar transcorre; o contrário acontece
tensão superficial da superfície de água pura. para a estrutura voltar em sua conformação inicial. Todo
esse processamento equivale a estrutura do parênquima
Em termos quantitativos, a tensão superficial
pulmonar e da caixa torácica.
dos diferentes líquidos aquosos é aproximadamente a
A complacência pulmonar será influenciada Além do mais, a complacência pulmonar
para agir por meio da variação do volume inspiratório apresenta o recuo elástico, na qual no instante da
(pressão de distensão dentro do pulmão, em que distensão a pressão que a estrutura exerce contra é
aumenta o volume pulmonar/∆Vd) dividido pela variação opositora ao processo de insuflação pulmonar, portanto
se não houver condições musculares/boa estrutura da
da pressão transpulmonar (pressão alveolar menos a
caixa torácica que auxiliam no processamento de
pressão intrapleural/∆Ptranspulmonar; essa precisa estar
insuflação a complacência ficará limitada associada a uma
positiva decorrente do volume de distensão/caixa modificação da capacidade/função pulmonar, com isso
torácica [quando a pressão transpulmonar estiver tem-se a complacência da parede torácica..
negativa o pulmão não insufla]), isto é, C = VARIAÇÃO
Na complacência da parede torácica, em
VOL (∆Vd, volume de inspiração) ;/. VARIAÇÃO P
especifico no instante que os pulmões estão no processo
TRANSPULMONAR (pressão alveolar – pressão da expiração ou no final da mesma, ele sofre a influência
intrapleural, ∆Ptranspulmonar). De uma outra forma, para da retração pulmonar/recuo elástico, bem como da

a complacência pulmonar suceder é preciso o ar resistência a expansão/distensão da caixa

entrando na unidade alveolar (pressão de distensão, torácica/musculatura, na qual ambas estão em equilíbrio

associado a variação do volume de inspiração e o volume com a pressão intrapleural negativa e acarreta a

pulmonar/do alvéolo), bem como da expansibilidade capacidade residual funcional (CRF), na qual é a

(pressão transpulmonar positiva). quantidade de ar mantida dentro dos pulmões após uma
expiração passiva/tranquila; essa também compreende
A complacência pulmonar adequada em
volumes pulmonares (além da amplitude da caixa
indivíduos sem alterações e patologias pulmonares é em
torácica, quanto maior a zona de aposição e o
média de 200 ml/cm de água/H2O, ou seja, é 200 ml
rebaixamento/força do diafragma, maior é o
(variação do volume) por cm de água (pressão
volume/expansão pulmonar e maior pode ser a CRF, o
transpulmonar) do pulmão, isso influência muito para
contrário é verídico também), tal como o volume de
movimentar/promover uma expansibilidade pulmonar.
reserva inspiratório mais o expiratório. Todo esse
Quanto maior a complacência do pulmão, maio será sua
equilíbrio viabilizado no processamento da complacência
variação de volume e quando sua força elástica se
da parede torácica mantém os pulmões distendidos e a
apresentar integra, melhor a função pulmonar; o
perca/desequilíbrio da força elástica e da distensão faz
contrário é verdadeiro.
com que os pulmões retraíam, pois, a CRF fica excedida
Outrossim, há estruturas que são ou reduz acentuadamente mesmo na respiração
complacentes, mas não são elásticas, outras que são tranquila. A Lei de Hooke nesse contexto, em que é a
elásticas e não complacentes, isso mediante a alterações energia conservada durante o recuo elástico/distensão
fisiologias/patologias que como consequência causará para que aconteça o retorno do tecido elástico, atua no
intercorrências na função pulmonar. Comumente as âmbito da retração pulmonar, corroborando para a volta
estruturas são complacentes e elásticas no mesmo da conformação inicial dos pulmões.
instante.
Ademais, na complacência da parede torácica dos pulmões e do tórax constituem a carga contra a qual
pode ser visualizado o movimento biomecânico os músculos respiratórios devem trabalhar para ventilar
cinesiológico do tórax no instante da respiração, na qual os pulmões. Em pulmões saudáveis, esse trabalho é
é a cinesia de alça de balde e braço de bomba mínimo e executado durante a fase inspiratória. A
(mobilidade latero-lateral e ântero-posterior), em que são expiração normalmente é uma manobra passiva.
geradas mediante as articulações esternocostais
A ventilação ocorre devido aos gradientes de
(articulações anteriores) e costovertebrais (articulações
pressão criados pela expansão e contração do tórax.
posteriores), como também por meio da ação muscular,
Essas pressões são normalmente medidas em
conseguinte dos principais músculos respiratórios
centímetros de água (cm H2O). As pressões respiratórias
intercostais externos e o diafragma, esses favorecem no
são frequentemente expressas em relação à pressão
transcorrer da inspiração a entrada de ar nos pulmões,
atmosférica. A pressão positiva é aquela maior do que a
ou seja, a expansão da caixa torácica tende a favorecer
pressão atmosférica.
a inspiração. Enfatiza-se que, há um limite em que a caixa
torácica irá inibir a expansibilidade/movimento A pressão na boca, na abertura da via aérea, é

subsequente de ocorrências mecânicas das articulações a pressão Patmosférica. A menos que uma pressão

e musculatura, o limite é somente acima de 70% da positiva ou negativa seja aplicada na via aérea, a

capacidade vital, na qual é a capacidade de ar que cabe Patmosférica é sempre zero. A pressão na superfície do

nos pulmões partindo de uma expiração passiva até uma corpo, igual à pressão atmosférica, também é

inspiração máxima., como consequência haverá geralmente zero. A pressão alveolar, frequentemente

dificuldade da expansão pulmonar mediante a caixa mencionada como pressão intrapulmonar, varia durante

torácica, o que não favorecerá a inspiração, isso o ciclo respiratório. A pressão pleural é geralmente

decorrente do pulmão se restringir – quanto mais acima negativa (subatmosférica) durante a respiração tranquila.

a capacidade vital maior a limitação -. A Ppleural também varia durante o ciclo respiratório.

Em outras palavras e complementando, a A diferença entre duas pressões é chamada

ventilação normal é uma atividade cíclica que possui duas gradiente de pressão. Três importantes gradientes de

fases: inspiração e expiração. Durante cada ciclo, um pressão estão envolvidos na ventilação: (1)

volume de gás move-se para dentro e para fora do trato transrespiratório; (2) transpulmonar e (3) transtorácico. O

respiratório. Este volume, medido durante cada inspiração gradiente de pressão transrespiratório representa a

ou expiração, é chamado de volume corrente. O volume diferença de pressão entre a atmosfera (superfície

corrente normal renova o gás presente no pulmão, corporal) e os alvéolos.

removendo CO2 e fornecendo O2 para suprir as Em um indivíduo respirando espontaneamente,


necessidades metabólicas. O volume corrente deve ser a pressão na superfície corporal e na abertura da via
capaz de aumentar para suprir a demanda ventilatória, tal aérea (boca) igualam-se à pressão atmosférica. O
como ocorre durante o exercício. A capacidade vital e gradiente de pressão transrespiratório induz o fluxo
suas subdivisões proveem a reserva necessária para o aéreo a fluir para dentro e para fora dos alvéolos durante
aumento da ventilação. A complacência e a resistência a respiração. O gradiente de pressão transpulmonar
iguala a diferença de pressão entre os alvéolos e o até o final da inspiração. O enchimento alveolar lentifica-
espaço pleural. A pressão transpulmonar é a diferença se quando a pressão alveolar se aproxima do equilíbrio
de pressão que mantém a insuflação alveolar, essa em relação à atmosfera, e o fluxo inspiratório diminui
resulta da oposição à retração elástica do tórax e dos para zero. Nesse momento, chamado final da inspiração,
pulmões. Variações na pressão transpulmonar durante a a pressão alveolar retornou a zero e o gradiente de
respiração resultam em variações correspondentes no pressão transpulmonar alcança seu valor máximo (para
volume alveolar. O gradiente de pressão transtorácico uma respiração normal) de aproximadamente –10 cm
representa a diferença de pressão entre o espaço H2O. À medida que a expiração começa, o tórax recua
pleural e a superfície corporal. A pressão transtorácico é e a Ppleural começa a subir. Conforme a pressão pleural
a pressão através da parede torácica. Ela representa a sobe, a pressão alveolar também aumenta. O gradiente
pressão total necessária para expandir ou contrair os de pressão transpulmonar se reduz e os alvéolos
pulmões e a parede torácica juntos. começam a esvaziar-se. À medida que os alvéolos se
tornam menores, a pressão alveolar excede àquela da
Durante um ciclo respiratório normal, a glote
abertura da via aérea. Esse gradiente de pressão
permanece aberta. A pressão na superfície do corpo e
transrespiratório positivo induz o ar a fluir do alvéolo em
a pressão atmosférica permanecem em zero, durante o
direção à abertura da via aérea. Quando a pressão
ciclo; sendo assim, apenas mudanças na Palveolar e na
alveolar cai de volta à pressão atmosférica, o fluxo cessa
Ppleural são de interesse. Antes da inspiração, a pressão
e o ciclo de inspiração–expiração torna-se completo.
pleural é aproximadamente –5 cm H2O (5 cm H2O
abaixo da pressão atmosférica), e a pressão alveolar é 0 Esses eventos ocorrem durante excursões de
cm H2O. O gradiente de pressão transpulmonar é volume corrente normais. Variações semelhantes de
também aproximadamente –5 cm H2O no repouso. Esse pressão acompanham a inspiração e a expiração
gradiente de pressão mantém o pulmão no seu volume profundas. A magnitude das variações de pressão é
residual. As pressões alveolar e de abertura da via aérea maior com a respiração profunda. Durante uma
são ambas zero, assim o gradiente de pressão expiração forçada, a pressão pleural pode, de fato,
transrespiratório também é zero. Nenhum fluxo move-se aumentar acima da pressão atmosférica, fazendo a
para dentro ou para fora do trato respiratório. A pressão transrespiratória alcançar níveis máximos. Essas
inspiração começa quando o esforço muscular expande pressões altas durante uma expiração forçada causam
o tórax. A expansão torácica causa uma diminuição na aumento do fluxo aéreo para fora do pulmão.
pressão pleural. À medida que a pressão pleural diminui,
Para gerar os gradientes de pressão, os
o gradiente de pressão transpulmonar aumenta,
pulmões devem ser distendidos. Essa distensão exige que
induzindo os alvéolos a expandirem-se. À medida que os
várias forças de oposição sejam superadas para a
alvéolos se expandem, sua pressão cai abaixo da pressão
inspiração ocorrer. A expiração normal é passiva, usando
na abertura da via aérea. Esse gradiente de pressão
a energia guardada durante a inspiração. As forças de
transrespiratório “negativo” (subatmosférico) induz o ar a
oposição à insuflação pulmonar podem ser agrupadas
fluir da abertura da via aérea para os alvéolos,
em duas categorias: forças elásticas e forças resistivas.
aumentando seu volume. A Ppleural continua a diminuir
As forças elásticas envolvem os tecidos dos pulmões e
tórax, junto com a tensão superficial nos alvéolos. As pulmonar é, então, uma combinação da elasticidade
forças resistivas incluem a resistência causada pelo fluxo tecidual com essas forças de tensão superficial nos
aéreo e movimento dos tecidos durante a respiração. alvéolos. Durante a insuflação, pressão adicional é
necessária para superar as forças de tensão superficial.
Fibras elásticas e de colágeno são encontradas
Durante a desinsuflação, as forças de tensão superficial
no parênquima pulmonar. Esses tecidos dão ao pulmão a
estão reduzidas, resultando em características pressão-
propriedade de elasticidade. Elasticidade é a tendência
volume alteradas (o deslocamento à esquerda visto na).
física de um objeto retornar ao estado inicial após
No pulmão intacto (dentro do tórax), a história do volume
deformação. Quando esticado, um corpo elástico tende
também afeta o grau de histerese que ocorre. Fatores,
a retornar ao seu estado original. A tensão desenvolvida
tais como o volume inicial, excursão corrente e se os
quando uma estrutura elástica é esticada é proporcional
pulmões foram previamente insuflados ou esvaziados,
ao grau de deformação produzido. Um exemplo é uma
ajudam a determinar a história do volume e, portanto, o
mola simples. Quando a tensão sobre uma mola é
formato das curvas pressão-volume pulmonares.
aumentada, a mola alonga-se de forma linear. Porém, a
habilidade da mola se esticar é limitada. Uma vez que o Um fosfolipídeo chamado surfactante pulmonar
ponto de estiramento máximo é alcançado, uma tensão diminui a tensão superficial no pulmão. Os pneumócitos
adicional produz pouco ou nenhum aumento no tamanho. tipo II provavelmente produzem surfactante pulmonar.
A tensão adicional pode, na verdade, quebrar a mola. No Diferente dos típicos agentes ativos de superfície, o
pulmão, a insuflação é equivalente ao estiramento. As surfactante pulmonar muda a tensão superficial de
forças elásticas do pulmão se opõem à insuflação. Para acordo com sua área. A capacidade do surfactante
aumentar o volume pulmonar, pressão deve ser aplicada. pulmonar poder diminuir a tensão superficial diminui
A desinsuflação pulmonar não segue exatamente a conforme a área da superfície (volume pulmonar)
curva de insuflação. Durante a desinsuflação, o volume aumenta. Inversamente, quando a área da superfície
pulmonar em qualquer pressão determinada é um pouco diminui, a capacidade do surfactante pulmonar diminuir a
maior do que durante a insuflação. Essa diferença entre tensão superficial aumenta. Essa propriedade de mudar a
as curvas de insuflação e desinsuflação é chamada tensão superficial para se equilibrar o volume pulmonar
histerese. Essa histerese indica que outros fatores além ajuda a estabilizar os alvéolos. Qualquer desordem que
das forças elásticas do tecido estão presentes. altere ou destrua o surfactante pulmonar pode causar
mudança significativa no trabalho de distensão pulmonar.
Parte da histerese exibida pelo pulmão é
resultado das forças de tensão superficial nos alvéolos. Se As forças elásticas teciduais e a tensão
um pulmão está cheio de líquido, como solução salina, as superficial opõem-se à insuflação pulmonar. A
curvas pressão-volume parecem muito diferentes do complacência mede a distensibilidade pulmonar, enquanto
que as de um pulmão cheio de ar. Menor pressão é a elastância é a propriedade de resistir à deformação. A
necessária para insuflar um pulmão cheio de líquido em complacência é o inverso da elastância. A complacência
um determinado volume. Esse fenômeno indica que uma pulmonar é definida como a variação de volume por
interface ar-líquido no pulmão cheio de ar muda suas unidade de variação de pressão. Ela é normalmente
características de insuflação-desinsuflação. A retração medida em litros por centímetro de água, C = ∆Vd
dividido por ∆P. O volume (ΔV) nessa equação é O sistema pulmão-parede torácica pode ser
simplesmente medido como o volume inspirado a uma comparado a duas molas que se empurram uma contra
pressão de insuflação conhecida. A pressão de insuflação a outra. A mola parede torácica tende a se expandir,
(ΔP) é a diferença entre as pressões alveolar e pleural (o enquanto que a mola pulmão tende a se contrair. No
gradiente de pressão transpulmonar). A complacência de repouso, as forças da parede torácica e pulmão se
um pulmão adulto saudável varia 0,2 L/ cm H2O ou 200 equilibram. A tendência da parece torácica em se
mL/ cm H2O. A complacência é geralmente medida sob expandir é compensada pela força contrátil dos pulmões.
condições estáticas (sem fluxo de ar). Quando não há Esse balanço de forças determina o volume de repouso
fluxo de ar, a pressão alveolar iguala a zero. Sob pulmonar, ou CRF. As forças opostas entre a parede
condições estáticas, o gradiente de pressão torácica e os pulmões são parcialmente responsáveis
transpulmonar iguala a pressão intrapleural. De uma forma pela pressão subatmosférica no espaço intrapleural. As
dessemelhante, o grau de extensão dos pulmões por doenças que alteram a complacência, quer da parede
cada unidade de aumento da pressão transpulmonar (se torácica quer dos pulmões, frequentemente rompem o
tempo suficiente for permitido para atingir o equilíbrio) é ponto de equilíbrio, geralmente com uma variação no
chamado complacência pulmonar. A complacência total volume pulmonar. A inspiração ocorre quando o equilíbrio
de ambos os pulmões no adulto normal é, em média, de entre os pulmões e a parede torácica se desloca. A
200 mililitros de ar por centímetro de pressão de água energia dos músculos respiratórios (primariamente do
transpulmonar. Isto é, sempre que a pressão diafragma) supera a força contrátil dos pulmões. No
transpulmonar aumentar 1 centímetro de água, o volume começo da respiração, a tendência da parede torácica
pulmonar, após 10 a 20 segundos, se expandirá 200 para expandir facilita a expansão do pulmão. Quando o
mililitros. volume pulmonar se aproxima de 70% da capacidade
vital, a parede torácica alcança seu nível de repouso
A insuflação e desinsuflação do pulmão
natural. Para inspirar a um volume pulmonar maior do que
ocorrem com mudanças nas dimensões da parede
cerca de 70% da CPT, os músculos inspiratórios devem
torácica. A relação entre os pulmões e a parede torácica
superar a retração elástica de ambos os pulmões e da
pode ser ilustrada pelo gráfico das curvas de pressão e
parede torácica. Para a expiração, a energia potencial
relaxamento separadas e combinadas. No tórax intacto,
“armazenada” no pulmão distendido (e na parede
os pulmões e a parede torácica recuam um contra o
torácica em volumes altos) durante a inspiração
outro. O ponto no qual essas forças opostas se equilibram
precedente causa desinsuflação passiva. Para exalar
determina o volume de repouso dos pulmões, ou a CRF.
abaixo do nível de repouso (CRF), esforço muscular é
Este é também o ponto em que a pressão alveolar se
requerido para superar a tendência da parede torácica
iguala à pressão atmosférica. A CRF normal é
em se expandir. Os músculos expiratórios fornecem essa
aproximadamente 40% da capacidade pulmonar total
energia. A complacência da parede torácica, assim como
(CPT). Se a relação normal de pulmão-parede torácica é
a complacência pulmonar, é uma medida de
interrompida, os pulmões tendem a colabar a um volume
distensibilidade. A complacência da parede torácica
menor do que a CRF e o tórax se expande para um
normal é semelhante à dos pulmões (0,2 L/ cm H2O).
volume maior do que a CRF.
Obesidade, cifoescoliose e espondilite anquilosante, assim
como muitas outras anomalias, podem reduzir a Ademais, existe uma disposição da distribuição
complacência da parede torácica e o volume pulmonar. da resistência das vias áreas, em que 80% sucede pela
boca (não faz parte do sistema respiratório mas faz
As forças de atrito é outra força de oposição
comunicação com o mesmo), nariz, traqueia, brônquios,
à insuflação pulmonar, essa é a resistência encontrada
ou seja, nas vias áreas mais superiores, com maior
durante a passagem de ar nas vias áreas, em que
diâmetro e numa pequena área transversal (estruturas
existem as vias áreas superiores e inferiores. As
que não são paralelas e não movimenta o ar
estruturas que compõem as vias áreas dos pulmões são:
paralelamente, as mesmas conduzem o ar verticalizado
boca, nariz traqueia, brônquios fonte, bronco primário,
com o auxílio da força da gravidade); apresenta um fluxo
secundário e terciário, bronquíolos, bronquíolos terminais
turbulento/rápido nas vias áreas de maior calibre e
e bronquíolos respiratórios; dessas estruturas existem
consequente maior resistência, visto que o fluxo
calibres variados no mesmo sistema respiratório, umas
turbulento dificulta a passagem do ar, principalmente nas
com maior diâmetros e consequente menor resistência
regiões mais distais/periféricas. Os outros 20% da
da passagem do ar, fluxo de ar turbulento/rápido (vias
resistência das vias áreas é em localidades menores que
áreas extrapulmonares), e outras menor diâmetro e
2 milímetros, isso na área transversa, na velocidade
maior resistência da passagem do ar, fluxo de ar
gasosa baixa, num fluxo laminar e com a disposição das
laminar/lento (vias áreas periféricas). Para mais, todo esse
vias áreas em paralelo/horizontalizadas; aqui as vias
processamento discorre da Lei de Poiseulle, em que fala
aéreas tem um calibre menor e consequente uma
sobre a cinesia de gás e fluídos dentro de um tubo, na
menor resistência devido ao fluxo laminar ser mais lento.
qual quanto mais fora do centro o gás/líquido estiver/na
periferia (isso para o sistema respiratório e cardiovascular) De uma outra forma e acrescendo, as forças
maior é a resistência ao seu fluxo, ou seja, no centro do resistivas também se opõem à ventilação. A oposição
brônquio/vaso a resistência a condução de ar/líquido é resistiva difere das propriedades elásticas dos pulmões e
menor do que nas periferias, pois a parede do tórax. Isso ocorre somente quando o sistema está em
brônquio/vaso oferta resistência a passagem de ar movimento. A oposição resistiva à ventilação possui os
acarretando com que o fluxo de ar no seu interior seja dois componentes seguintes: resistência viscosa tecidual
maior do que próximo as paredes. e resistência da via aérea.

Enfatiza-se que, a resistência das vias áreas irão A resistência viscosa tecidual é a impedância
depender do tamanho do sistema, bem como da do movimento causado pelo deslocamento dos tecidos
viscosidade da substância que atravessa o sistema e dos durante a ventilação. Os tecidos deslocados incluem os
raios/calibres dos tubos do sistema, portanto o principal pulmões, gradil costal, diafragma e órgãos abdominais. A
fator determinante da resistência da via área é o energia para deslocar essas estruturas é comparável à
tamanho/calibre dos brônquios, visto que o sistema impedância causada pela fricção em um sistema
respiratório não acresce seu tamanho e nem a dinâmico. A resistência dos tecidos contribui para
viscosidade do ar, a não ser em condições extremas, somente aproximadamente 20% da resistência total à
ambos mantem-se constantes. insuflação pulmonar. Obesidade, fibrose e ascite podem
alterar a resistência viscosa tecidual, aumentando a em que o fluxo é principalmente turbilhonar. Somente
impedância total à ventilação. cerca de 20% da resistência total do fluxo é atribuída às
vias aéreas menores do que 2 milímetros de diâmetro,
O fluxo de gás pela via aérea também causa
nas quais o fluxo é principalmente laminar. Isso parece
resistência friccional. A impedância à ventilação pelo
contradizer o fato de que a resistência é inversamente
movimento de gás através da via aérea é chamada de
proporcional ao raio do tubo de condução.
resistência da via aérea. A resistência da via aérea conta
para aproximadamente 80% da resistência à ventilação. A ramificação da árvore traqueobrônquica
aumenta a área de secção transversa a cada geração
A resistência da via aérea é a taxa de pressão
de via aérea. À medida que o gás se move da boca para
propulsora responsável pelo movimento gasoso sobre o
os alvéolos, a combinação da área de secção transversa
fluxo aéreo. A pressão propulsora (ΔP) é a diferença de
das vias aéreas aumenta exponencialmente. De acordo
pressão entre os alvéolos e a abertura da via aérea
com as leis da dinâmica dos fluidos, esse aumento da
(gradiente de pressão transrespiratório, ou Palveolares –
área de secção transversa causa uma diminuição na
Patmoférica). A pressão propulsora é medida em
velocidade gasosa. Essa diminuição na velocidade gasosa
centímetros de água (cm H2O) e o fluxo é medido em
promove um padrão de fluxo laminar, particularmente
litros por segundo (L/s). A resistência da via aérea é
nas vias aéreas periféricas (menor do que 2 milímetros).
registrada em cm H2O /L/s. A resistência da via aérea
em adultos saudáveis varia de aproximadamente 0,5 a O fluxo turbilhonar predomina na boca, traqueia
2,5 cmH2O/L/s. Para ocasionar fluxo de gás para dentro e brônquios principais. A velocidade gasosa é alta nas vias
e para fora dos pulmões a 1 L/s, um indivíduo saudável aéreas maiores, favorecendo padrões de fluxo
somente precisa diminuir sua pressão alveolar 0,5 a 2,5 turbilhonar. No nível dos bronquíolos terminais, a área de
cm H2O abaixo da pressão atmosférica. secção transversa aumenta mais do que 30 vezes. A
velocidade gasosa é muita baixa ali. Em vias aéreas
Dois padrões caracterizam o fluxo aéreo no
periféricas normais, o fluxo é laminar. A pressão
trato respiratório: fluxo laminar e fluxo
propulsora através dessas vias aéreas é menor do que
turbilhonar/turbulento. Um terceiro padrão, chamado
1% do total da pressão propulsora para o sistema.
fluxo transicional, é uma combinação do fluxo laminar e
do turbilhonar. Quando o fluxo é laminar, o gás se move O diâmetro das vias aéreas não é constante.
em camadas discretas ou aerodinâmicas. As camadas Durante a inspiração, o estiramento dos tecidos que
próximas ao centro da via aérea se movem mais envolvem o pulmão e a ampliação do gradiente de
rapidamente do que as próximas da parede da via aérea. pressão transpulmonar aumentam o diâmetro das vias
Isso é resultado da fricção entre as moléculas de gás e aéreas. Quanto maior o volume pulmonar, mais esses
a parede. A lei de Poiseuille define fluxo laminar através fatores influenciam o calibre da via aérea. O aumento no
de um tubo reto, não ramificado, de dimensões fixas diâmetro da via aérea com o aumento no volume
(comprimento e raio). pulmonar diminui a resistência na via aérea. À medida que
o volume pulmonar diminui em direção ao volume
Aproximadamente 80% da resistência no fluxo
residual, os diâmetros das vias aéreas também diminuem.
aéreo ocorre no nariz, na boca e nas grandes vias aéreas,
Isso explica por que a sibilância é mais frequentemente prejudica a difusão/troca de gases). Já quando
ouvida na expiração. A resistência da via aérea aumenta inversamente proporcional, tem conexão com a
dramaticamente a baixos volumes pulmonares. espessura do tecido/membrana alvéolo-capilar; quanto
maior for a espessura menor gás passa por ela e melhor
A difusão é outra ocorrência do sistema
é a taxa de difusão, o contrário é verídico.
respiratório, essa caracteriza-se pela troca de gases (O2
e CO2) através do alvéolo e do capilar, mediante a Complementando, o movimento de gases
membrana alvéolo-capilar e também depende de alguns entre os pulmões e os tecidos ocorre por meio de
fatores, tal como da propriedade físico-química dos difusão. Para o oxigênio existe uma “cascata”
gases, em que é conseguinte da quantidade de gás gradativamente descendente de pressões parciais a
presente no ar. Para mais, a composição de uma mistura partir da pressão parcial de oxigênio (PIO2) atmosférico
gasosa pode ser descrita pela porcentagem de cada normalmente inspirado de 159 mmHg para um ponto de
constituinte, na qual no ar ambiente pode se ter 20,93% 40 mmHg ou menos nos capilares. A PO2 intracelular
de O2, 0,04% de CO2 e N2, 79,03%. A pressão parcial (aproximadamente de 5 mmHg) fornece o gradiente final
de um gás depende de sua concentração e o mesmo para a difusão do oxigênio para dentro da célula. O
será igual a pressão exercida pelo gás (sozinho) na gradiente de difusão para o dióxido de carbono é o
mistura total Outro fator que a difusão depende é a Lei oposto daquele do oxigênio. A pressão parcial de dióxido
de Fick, essa é subsequente de discorrer que existe de carbono (PCO2) é mais alta nas células
componentes que auxiliam na difusão por meio de (aproximadamente 60 mmHg) e mais baixa no ar
relações diretamente proporcionais; em que se as ambiente (1 mmHg). Esta cascata inversa causa o
variáveis estiverem aumentadas a difusão pode elevar ou movimento do dióxido de carbono dos tecidos para o
atenuar; de uma maneira dessemelhante, a Lei de Fick sangue venoso, o qual é transportado para os pulmões
está correlacionada com a velocidade e transferência de e, com o auxílio da ventilação, eliminado para a atmosfera.
um gás, em que pode estar diretamente proporcional ou
A difusão é o processo por meio do qual
inversamente proporcional. Quando diretamente
moléculas de gases se movem de uma área de alta
proporcional, a área de transecção é transversa (é a área
pressão parcial para uma de baixa pressão parcial. Para
da unidade alveolar que tem contato com a rede capilar,
se difundir para dentro e para fora dos pulmões e dos
essa quanto mais acrescida, maior é a difusão) ao
tecidos, o oxigênio e o dióxido de carbono devem se
gradiente pressórico (movimento do gás mediante uma
mover por meio de barreiras significativas. A barreira à
diferença de pressão, visto que o gás se desloca de um
difusão de gases no pulmão é a membrana alvéolo-
local de maior pressão para um de menor. Quanto maior
capilar. Para o dióxido de carbono ou para o oxigênio se
o gradiente pressórico, maior é o processo de difusão)
movimentarem entre os alvéolos e o sangue dos
e a uma constante de difusão (solubilidade e peso
capilares pulmonares, as três seguintes barreiras devem
molecular do gás. Exemplo: O CO2 se difunde 20 vezes
ser ultrapassadas: (1) o epitélio alveolar; (2) o espaço
mais rápido nos tecidos que o O2, isso porque embora
intersticial e (3) o endotélio capilar. Além disso, para passar
seu peso seja um pouco mais, ele possui uma enorme
para dentro e para fora das hemácias (ou eritrócitos),
solubilidade; enfatiza-se que, o CO2 prevalente no corpo
esses gases também devem atravessar a membrana dióxido de carbono tem pouca dificuldade em se difundir
plasmática do eritrócito. através da membrana alveolocapilar. O dióxido de
carbono se difunde aproximadamente 20 vezes mais
A maior parte do movimento de um gás
rapidamente do que o oxigênio através da membrana
através de uma membrana biológica é descrito pela
alveolocapilar, por causa de sua solubilidade muito mais
primeira lei de difusão de Fick. De acordo com a lei de
alta no plasma. Por outro lado, distúrbios que prejudicam
Fick, quanto maiores forem a área de superfície, a
a capacidade de difusão do pulmão podem afetar o
constante de difusão e o gradiente de pressão, mais
movimento do oxigênio para dentro do sangue. Isso é
difusão irá ocorrer. De modo inverso, quanto maior for a
especialmente verdadeiro quando o fluxo sanguíneo
distância através da membrana, menos difusão ocorrerá.
através do pulmão é rápido, reduzindo o tempo em que
Dado que a área e a distância através da membrana
os eritrócitos estão em contato com os alvéolos.
alvéolo-capilar são relativamente constantes em
indivíduos saudáveis, a difusão no pulmão normal Outrossim, a quantidade de ar que entra e sai
depende principalmente dos gradientes de pressão dos do pulmão no processo de respiração e no instante de
gases. um minuto é denominada de ventilação minuto. Desta
maneira, se o volume corrente é a quantidade de ar que
Para que as trocas gasosas ocorram entre os
entre ou saí dos pulmões a cada respiração, o volume
alvéolos e os capilares pulmonares, uma diferença nas
corrente será multiplicado pela frequência respiratória
pressões parciais (P1 − P2) deve existir. No pulmão
(variável de tempo), o que resultará no volume minuto
normal, a PO2 alveolar é, em média, aproximadamente
(variável de quantidade) – VM = FR x VC -. Em outras
de 100 mmHg, enquanto a PCO2 média é de
palavras, a ventilação é geralmente avaliada em litros por
aproximadamente 40 mmHg. O sangue venoso que
minuto. O volume total movendo-se para dentro e para
retorna para os pulmões tem uma PO2 mais baixa (40
fora dos pulmões por minuto é chamado ventilação
mmHg) do que o gás alveolar. Consequentemente, o
minuto. Exemplo:
gradiente de pressão para a difusão do oxigênio para
dentro do sangue é de aproximadamente 60 mmHg (100 Frequência respiratória = 12
mmHg – 40 mmHg). À medida que o sangue flui ao longo
Volume corrente = 50 ml (0,5l)
do alvéolo, ele capta oxigênio e se move para o átrio
esquerdo com uma PO2 próxima a 100 mmHg em Volume por minuto = 12 X 0,5 = 6l/m.

indivíduos saudáveis. Como o sangue venoso tem uma O volume minuto normal de um indivíduo
PCO2 mais alta que o gás alveolar (46 mmHg versus 40 varia entre 4/6 l/m (normoventilação). Menor que 4 l/m
mmHg), o gradiente de pressão para o dióxido de sucede uma hipoventilação (diminuição da ventilação
carbono faz com que ele se difunda na direção oposta, pulmonar) e maior que que 6 l/m transcorre uma
do sangue para dentro do alvéolo. Isso continua até que hiperventilação (acréscimo da ventilação pulmonar).
a PCO2 no capilar se equilibre com o nível alveolar, a
Além do mais, também há a ventilação
aproximadamente 40 mmHg. Embora o gradiente de
alveolar, essa é a quantidade de ar que entra e saí de
pressão para o dióxido de carbono seja
dentro do alvéolo/ácino, a mesma é depende do volume
aproximadamente um décimo daquele do oxigênio, o
de gás novo alcançando os alvéolos. Sua mensuração é 1 mL por unidade do peso corporal ideal (2,2 mL/kg).
subsequente do volume corrente, do espaço morte da Ademais, o mesmo não participa na troca gasosa porque
frequência respiratória, em que a frequência cardíaca é é reinalado. Por exemplo, durante a expiração de um
multiplica pelo valor da subtração do volume corrente volume corrente de 500 mL, os primeiros 150 mL do
menos a volume do espaço morto (visto que não gás expirado vêm do espaço morto anatômico. Os 350
compreende o que perpassa/está na zona de condução, mL restantes são gás alveolar. Ao final da expiração, as
visto que nessa localidade não existe troca gasosa) – VA vias aéreas contêm 150 mL de gás alveolar. Durante a
= FR x (VC - VEM) -. Exemplo: inspiração seguinte, esse volume de 150 mL é reinalado.
Somente aproximadamente 350 mL de ar novo alcança
Frequência respiratória = 12
os alvéolos por respiração.
Volume corrente = 500 (0,5l)
Já o espaço morto alveolar, esse é
Volume do espaço morto = 150 ml subsequente de que além da ventilação desperdiçada nas
Volume alveolar = 12 X (0,5 – 0,15) = 4,2 l/m vias aéreas de condução, alguns alvéolos podem não
participar na troca gasosa. Esses alvéolos são ventilados,
A cada inspirada entram 450 ml de volume
mas não perfundidos com sangue venoso misto. Sem
corrente, os primeiros 150 ml provém do espaço morto
perfusão, a troca gasosa não pode ocorrer. Qualquer gás
e possuem comprimento de aproximação. Igual sucede
que ventila alvéolos não-perfundidos também é
para o gás alveolar, porque já participaram do ciclo
desperdiçado (espaço morto). Alguns alvéolos têm
respiratório anterior. Seguidamente sucede a excreção e
ventilação desproporcional à sua perfusão. Esses alvéolos
todo o processamento novamente.
contribuem para a ineficiência da ventilação porque
Também compreende no âmbito respiratório pouca troca gasosa ocorre. O volume de gás ventilando
o espaço morto de ventilação, no qual engloba o espaço alvéolos não-perfundidos é chamado de espaço morto
morto anatômico, esse consiste no ar aprisionado nas vias alveolar. Quantidades significantes de espaço morto
áreas de condução; o espaço morto alveolar ou efeito alveolar são patológicas. O espaço morto alveolar está
espaço morto, é os alvéolos que estão ventilados, porém geralmente relacionado a defeitos na circulação
não perfundidos, com nenhuma presença de sangue ou pulmonar. Um exemplo clínico comum de tal defeito é a
pouca (exemplo tromboembolismo pulmonar) e o embolia pulmonar. Um êmbolo pulmonar bloqueia uma
espaço morto fisiológico, em que é a soma do espaço porção da circulação pulmonar. Isso obstrui a perfusão
morto anatômico e o espaço morto alveolar, esse é o dos alvéolos ventilados, criando o espaço morto alveolar.
volume total da ventilação desperdiçada, ou espaço O espaço morto alveolar ocorre em adição ao espaço
morto fisiológico, é igual à soma das vias aéreas de morto anatômico. Em um indivíduo normal ereto em
condução e dos alvéolos que são ventilados, mas não repouso, os alvéolos dos ápices dos pulmões têm mínima
são perfundidos. ou nenhuma perfusão, e, então, contribuem para o
volume total da ventilação do espaço morto.
Complementando, o espaço morto anatômico
é o volume das vias aéreas de condução (incluindo a Também existe o efeito Shunt no
nasofaringe e a orofaringe). Esse varia aproximadamente processamento respiratório, caracteriza-se pelos
capilares que são perfundidos, porém os alvéolos não
são ventilados, ou são hipoventilados (exemplo:
atelectasia - colabamento dos alvéolos).

Para que a difusão suceda de uma melhor


forma é essencial o equilíbrio entre a quantidade de ar
dentro do alvéolo e quantidade de sangue que está
perfundindo o mesmo, a alteração gera alteração desse
sistema, bem como da perfusão dos tecidos.
Semiologia Respiratória
 A semiologia respiratória compreende-se DOENÇA/FISIOPATOLOGIA: entender e
por um processo, na qual aborda etapas e quando feitas estudar a patologia, como também entender como a
corretamente uma boa avaliação sucede, sem que mesma acometeu a função do paciente e o quanto
nenhum detalhe específico das alterações/dos sinais e através do impacto da função respiratória gerou
sintomas do paciente sejam passados despercebidos, limitações nas ações do dia-a-dia da pessoa;
uma vez que a semiologia permite que o examinador
CIRCUNSTÂNCIAS: analisar as circunstâncias,
usufrua de todas as informações que o paciente pode
em que o paciente se encontra, nas quais poderão estar
perpassar a ele, a fim de transcorrer um diagnóstico e o
influenciando positivamente no seu quadro/evolução,
melhor conceito terapêutico respiratório de seu quadro
bem como negativamente.
clínico. Enfatiza-se que, a semiologia e suas etapas
viabilizam diversos caminhos para o tratamento com o - A avaliação obtida pela observação realizada
paciente, com o intento de não se seguir um protocolo, por meio de fatos de interesse relativos à vida de um
mas sim entender o indivíduo, seu quadro, a fase determinado paciente será de grande mérito para o
fisiopatológica do mesmo (compreende o processo do reconhecimento das três dimensões do espaço
paciente) e posteriormente intervir com o conceito diagnóstico (o paciente, a doença e as circunstâncias). Isso
terapêutico. Mediante a semiologia entender/buscar as porque a anamnese pretende não somente identificar os
demandas do paciente mesmo que as mesmas não sintomas de significados clínicos que acometem o
estejam explícitas. paciente, mas também detalhes sobre sua vida, seus
sentimentos e aspectos psicológicos, hábitos de vida e
SEMIOLOGIA RESPIRATÓRIA – PONTOS
vícios, condições socioambientais, antecedentes
RELEVANTES
familiares, pessoas e nutricionais, além da história da
 PONTOS RELEVANTES = doença atual e da pregressa. Esses dados não podem

HISTÓRIA CLÍNICA – ser obtidos por outros métodos diagnósticos, e com

EXAME FÍSICO – frequência, são indispensáveis para auxiliar na


interpretação e complementar as informações adquiridas
PACIENTE: buscar identificar possíveis
com o exame físico ou métodos complementares de
alterações base que o indivíduo já exibe, bem como
diagnóstico.
limitações funcionais que o mesmo já tinha antes da
patologia base e as que ele desenvolveu a partir delas; DADOS PESSOAIS – viabiliza uma
relação, profissional, com o paciente o que
consequentemente corrobora para com o paciente e
sua evolução. Os dados pessoas geram uma visão além
do alcance/visão de thurdercats para com o indivíduo e além do alcance conseguinte do paciente e de suas
seu caso. A identificação é o início do relacionamento ocorrências.
com o paciente. Adquire-se o nome, idade, sexo, etnia,
ANAMNESE – do grego ana, trazer de
estado civil, grau de escolaridade, profissão, ocupação
novo e mnesis, memória, é uma entrevista realizada pelo
atual, naturalidade, procedência, resistência, nome da
profissional de saúde ao seu paciente, que tem a
mãe, nome do cuidador, religião e plano de saúde (a
intenção de ser um ponto inicial no diagnóstico de uma
partir disso, poderá ser criado um perfil epidemiológico
patologia, ou uma resposta humana aos processos vitais,
do paciente também).
no caso do profissional de saúde – lembrança do
NOME: integra uma parte importantíssima de paciente em relação ao início da doença -. O processo
relação humana, o que coadjuva para a aproximação de construção da anamnese vem do processo histórico,
com o paciente e estabelece um vínculo profissional com da queixa principal, dos principais incômodos e dentre
o mesmo, que gera uma maior aderência ao processo outras coisas, que acometem ou atrapalha o indivíduo. Isto
terapêutico por parte do indivíduo. é, na anamnese será correlacionado o processo histórico
da patologia, com os principais sintomas físicos,
IDADE: conhecer a idade do paciente pode
apresentados pelo paciente, em um posterior exame
desvendar grandes saberes, tal como muitas patologias
físico.
podem estar correlacionadas com a idade
A anamnese é essencial para o processo de
cronológica/faixas etárias da pessoa;
construção do diagnóstico fisioterapêutico, como
PESO também auxilia no processamento de entendimento do
ALTURA paciente.

IMC QUEIXA PRINCIPAL: em poucas palavras o


profissional registra a queixa principal, o motivo que levou
SEXO: entender se o paciente é do sexo
o paciente a procurar ajuda.
feminino ou masculino, a fim de que algumas patologias
são mais predominantes em um sexo do que no outro; HISTÓRIA DA MOLÉSTIA ATUAL: é
registrado tudo que se relaciona quanto à doença atual,
RAÇA: compreender qual a raça do paciente,
na qual inflige o paciente, sintomatologia, época de início,
com o intento de que algumas patologias são mais
história da evolução da patologia, entre outros. A clássica
predominantes em uma ração do que na outra;
tríade, em que é quando, como e onde, isto é, quando
PROCEDÊNCIA começou, onde começou e como começou. Em caso
de dor, deve-se caracterizá-la por completo;
PROFISSÃO: a profissão pode ser um
determinante para o surgimento/desenvolvimento de HISTÓRIA DA MOLÉSTIA PREGRESSA: é a
uma patologia/doenças respiratórias; história de saúde do paciente, em que se adquire
informações sobre a história de como a patologia
- Os dados pessoais promovem uma linha de
raciocínio para o examinador, como também uma visão começou a surgir, mediante os
primeiros/desenvolvimento sinais e sintomas do paciente,
também discorrer se existia ocorrências antes mesmo comprometimentos -; enfatizando que nem todo DPOC
da patologia base ou se há doenças associadas; é tabagista e nem todo tabagista é um DPOC, porém
grande parte dos fumantes exibem DPOC), etilista ou faz
ANTECEDENTES PESSOAIS: adquire-se
uso de drogas. Se viajou recentemente, se possui animais
informações sobre toda a história médica do paciente,
de estimação (para se determinar a exposição a agentes
mesmo das condições que não estejam relacionadas
patogênicos ambientais). Se se faz uso de algum tipo de
com a doença atual; relacionada as questões do sistema
medicamento (inclusive os da medicina alternativa),
respiratório, doenças prévias cardíacas, pulmonares,
discorre se há prática de atividade física, suas atividades
sistêmicas, fatores de riscos para cardiopatas e mais;
recreativas, condições de saneamento básico e outras,
ANTECEDENTES FAMILIARES: é perguntado subsequente de que essas informações são muito
ao paciente sobre sua família, suas condições de trabalho valiosas para o médico levantar hipóteses de diagnósticos.
e vida. Procura-se alguma relação de hereditariedade das
DIAGNÓSTICO CLÍNICO: o diagnóstico clínico é
patologias, principalmente em familiares de primeiro grau;
consequente do médico e viabiliza como base de
ANTECEDENTES CIRÚRGICOS: cirurgias fundamentação todo o processo fisiopatológico, ou seja,
podem impactar na função respiratória, como as cirurgias permite um conhecimento da patologia base. O
cardíacas, abdominais e outras; diagnóstico clínico pode suceder adjunto com o paciente
HÁBITOS SOCIAIS E VÍCIOS: procura-se a no instante da necessidade fisioterapêutica ou mesmo
informação sobre a ocupação do paciente, como: onde advir posteriormente. O diagnóstico clínico coadjuva para
trabalhou, onde reside, se é tabagista (no quesito com o fisioterapêutico.

respiratório o tabagismo é um dos grandes fatores que DIAGNÓSTICO FISIOTERAPÊUTICO: exibe


causam alterações e consequente problemas na grande importância para com o paciente, o mesmo é a
funcionalidade pulmonar. Caso o paciente seja tabagista base de todo entendimento do paciente e de seu quadro
perguntar ao mesmo referente a quantidade de clínico, bem como viabiliza o tratamento do paciente, sua
cigarros/dia que ele fuma e/ou tempo de tabagista. evolução e prognóstico.
Indivíduos ex. tabagistas indagar quanto tempo parou e
EXAMES COMPLEMENTARES: são exames
por quanto tempo fumou. Para compreender/calcular a
que contribuem tanto para o diagnóstico clínico como
carga tabágica do paciente o número de cigarros
também o fisioterapêutico e para o
fumados por dia é dividido por 20 [o número de cigarros
tratamento/evolução/prognóstico do paciente. O mesmo
em um maço] e o resultado é multiplicado pelo número
é um indicativo das disfunções apresentadas; há diversos
de anos de uso de tabaco [anos/maço] ou multiplicar o
tipos de exames (imagens e funcionais) e esses irão
tempo de tabagista pelo número de maço/dia. Frisa-se
suceder consequente da necessidade de cada indivíduo.
que, deve ser considerado os tabagistas passivos
também. A inalação do tabaco e os agentes nocivos do MEDICAMENTOS: é de extrema importância
cigarro corroboram para o desenvolvimento das ter conhecimento sobre os medicamentos do paciente,
Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas [DPOC] – seus efeitos, visto que esses podem influenciar na
quando maior o tempo de exposição, maiores são os
conduta do mesmo e determinar a resposta terapêutica Deve ser instruído a não conversar durante a medição.
do indivíduo. Possíveis dúvidas devem ser esclarecidas antes ou depois
do procedimento.
EXAME FÍSICO – um exame físico
cuidadoso do paciente é essencial para avaliar possíveis 2. Certificar-se de que o paciente NÃO: está
patologias do paciente e determinar os efeitos da terapia. com a bexiga cheia; praticou exercícios físicos há pelo
DADOS VITAIS – pressão arterial, menos 60 minutos; ingeriu bebidas alcoólicas, café ou
temperatura, frequência cardíaca e pulso. alimentos e fumou nos 30 minutos anteriores.

PRESSÃO ARTERIAL (PA) - A PA deve ser 3. Posicionamento: o paciente deve estar


medida em toda avaliação por quaisquer profissionais das sentado, com pernas descruzadas, pés apoiados no chão,
saúdes devidamente capacitadas. A medição da PA pode dorso recostado na cadeira e relaxado. Caso o paciente
ser feita com esfigmomanômetros manuais, semi- esteja em decúbito dorsal a PAS pode ter uma variação
automáticos ou automáticos. Esses equipamentos devem para a posição de sedestação de 5 mmHg. O braço deve
ser validados e sua calibração deve ser verificada estar na altura cardíaca/dos ventrículos e átrios, apoiado,
anualmente, de acordo com as orientações do INMETRO. com a palma da mão voltada para cima e as roupas não
A PA deve ser medida no braço, devendo-se utilizar devem garrotear o membro/braço desnudo – caso de
manguito adequado à sua circunferência. Na suspeita de pessoas amputas ou de ocorrências que impeça a
hipertensão arterial secundária à coartação da aorta, a mensuração no braço ir para o segmento inferior ou
medição deverá ser realizada nos membros inferiores, outros métodos de mensuração -. O braço a ser avaliado
utilizando-se manguitos apropriados. Hipotensão independe, porém no primeiro contato com o paciente
ortostática deve ser suspeitada em pacientes idosos, será mensurado a PA em ambos (uma diferença de PA
diabéticos, disautonômicos e naqueles em uso de de um braço para o outro de 10 mmHg na PAS para
medicação anti-hipertensiva. Assim, particularmente PAD é normal – maior que 10 mmHg pode ser indicativo
nessas condições, deve-se medir a PA com o paciente de doenças vasculares; coarctação da aorta e obstrução
de pé, após 3 minutos, sendo a hipotensão ortostática das artérias braquiais é um exemplo, há outros) e o braço
definida como a redução da PAS > 20 mmHg ou da PAD que exibir uma maior pressão, mensurar outras vezes
> 10 mmHg. Recomenda-se a realização de várias para certificar-se, e é no mesmo que sempre
medições, com o paciente sentado em ambiente calmo transcorrerá a avaliação.
e confortável para melhorar a reprodutibilidade e
4. Medir a PA na posição de pé, após 3
aproximar os valores da PA obtidos no consultório
minutos, nos diabéticos, idosos e em outras situações em
àqueles fornecidos pela monitorização ambulatorial da
que a hipotensão ortostática possa ser frequente ou
pressão arterial (MAPA) na vigília.
suspeitada.
RECOMENDAÇÃO PARA A MEDIÇÃO DA PA
MENSURAÇÃO DA PA –

SERÁ USADO PARA A MENSURAÇÃO O


1. Explicar o procedimento ao paciente e deixá-
ESTETOSCÓPIO (viabiliza a ausculta dos sons no instante
lo em repouso de 3 a 5 minutos em ambiente calmo.
da avaliação) E O ESFIGMOMÂNOMETRO ANARÓIDE (é e sequente) e, após, aumentar ligeiramente a velocidade
o dispositivo de insuflação/mensurador da PA). de deflação;

1. Determinar a circunferência do braço no 10. Determinar a PAD no desaparecimento dos


ponto médio entre acrômio e olécrano; sons (fase V de Korotkoff – ausência da ausculta do
pulso);
2. Selecionar o manguito de tamanho adequado
ao braço – manguitos pequenos subestimam a PA e o 11. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do
contrário é verdadeiro; último som para confirmar seu desaparecimento e depois
proceder à deflação rápida e completa;
3. Colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3
cm acima da fossa cubital/troclear, no centro do úmero; 12. Se os batimentos persistirem até o nível
zero, determinar a PAD no abafamento dos sons (fase
4. Centralizar o meio da parte compressiva do
IV de Korotkoff) e anotar valores da PAS/PAD/zero;
manguito sobre a artéria braquial – a flecha no manguito
indicando artéria precisa ficar no sentido da artéria 13. Realizar pelo menos duas medições, com
braquial, na fossa/pulso cubital, visto que é um local que intervalo em torno de um minuto. Medições adicionais
será gerado maior pressão no manguito -; deverão ser realizadas se as duas primeiras forem muito
diferentes. Caso julgue adequado, considere a média das
5. Estimar o nível da PAS/POA (ponto de
medidas;
obliteração arterial) pela palpação do pulso radial,
conseguinte se insufla o manguito até a artéria cessar a 14. Medir a pressão em ambos os braços na
pulsação, o valor que der adiciona-se 20/30 mmHg para primeira consulta e usar o valor do braço onde foi obtida
a nova insuflação que averiguará a PA – a pressão de a maior pressão como referência;
verificação de insuflação do manguito para a mensuração
15. Informar o valor de PA obtido para o
PA será sempre 20/30 mmHg à mais do que a POA -;
paciente;
6. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e
16. Anotar os valores exatos sem
colocar a campânula ou o diafragma do estetoscópio sem
“arredondamentos” e o braço em que a PA foi medida.
compressão excessiva;
* Itens realizados exclusivamente na técnica
7. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30
auscultatória. Reforça-se a necessidade do uso de
mmHg o nível estimado da PAS/POA obtido pela
equipamento validado e periodicamente calibrado.
palpação;
Resumidamente, a mensuração da PA se dá
8. Proceder à desinsuflação lentamente
pela localização das pulsações da artéria braquial por meio
(velocidade de 2 mmHg por segundo);
da palpação; seguidamente sucede a colocação do
9. Determinar a PAS pela ausculta do primeiro manguito, no qual envolverá todo o braço e sem deixar
som (fase I de Korotkoff – início da ausculta do pulso. O folgas, 2 a 3 cm acima da fossa cubital – centralizar o
mesmo realmente sucede quando o segundo pulso/som meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria
braquial -. Palpar o pulso radial. Fechar a válvula de escape à deflação rápida e completa. Se os batimentos
de ar e insuflar o manguito até que a pressão exercida persistirem até o nível zero, determinar a pressão
sobre o braço seja suficiente para interromper o fluxo diastólica no abafamento dos sons (IV som de Korotkoff)
sobre a artéria radial. Neste momento, o pulso radial e anotar valores da sistólica/diastólica/zero. e anotar
desaparece (POA). Abrir a válvula e desinsuflar o valores da sistólica/diastólica/zero.
manguito lentamente. O reaparecimento do pulso radial
Os cuidados para com a averiguação da PA
corresponderá à PA sistólica/POA. Após determinar a PA
são: o manguito do esfigmomanômetro deve ter o
sistólica pelo método palpatório, feche a válvula, palpe a
tamanho adequado. Uma regra prática para a escolha do
artéria braquial na fossa cubital e coloque o diafragma do
manguito é a seguinte: tamanho do manguito = 2/3 do
estetoscópio sem compressão excessiva. Inflar
comprimento do braço (80% do comprimento e 40%
rapidamente o manguito até ultrapassar em 20 a 30
da circunferência). Se durante a aferição da PA houver
mmHg o nível estimado da pressão sistólica, obtido pela
algum erro técnico ou em caso de dúvida quanto aos
palpação. Abrir levemente a válvula e liberar o ar
valores obtidos, deve-se desinsuflar completamente o
lentamente, de maneira contínua, com velocidade de
manguito, aguardar 1 a 3 minutos e somente depois
2mmHg por segundo, até o completo esvaziamento da
repetir a aferição. Cuidado com o hiato auscultatório; o
bolsa. Inicialmente, nenhum som será auscultado, pois o
hiato auscultatório consiste no desaparecimento dos sons
manguito exerce uma pressão acima da pressão arterial
na ausculta durante a deflação do manguito, geralmente
sistólica, interrompendo o fluxo de sangue pela artéria
entre o final da fase I e o início da fase II dos sons de
braquial. Quando o valor da pressão do manguito for igual
Korotkoff. Tal achado pode subestimar a verdadeira
ao valor da pressão arterial sistólica do paciente, o sangue
pressão sistólica ou superestimar a pressão diastólica. Em
começará a fluir pela artéria, porém de forma conturbada
idosos, lembrar de pesquisar o sinal de Osler por meio da
porque a parede da artéria está comprimida. Este fluxo
manobra de Osler; a manobra de Osler consiste na
de sangue anormal é chamado de fluxo turbulento e
insuflação do manguito no braço até o desaparecimento
determina um ruído que pode ser auscultado. O primeiro
do pulso radial. Se a artéria radial permanecer palpável
ruído auscultado denomina-se I som de Korotkoff e
após esse procedimento, sugerindo enrijecimento, o
corresponde à PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA. Em
paciente é considerado Osler-positivo. Esse sinal pode
seguida, auscultam-se batidas regulares. Quando a
sugerir a presença de pseudo-hipertensão, caracterizada
pressão do manguito for igual à pressão arterial diastólica,
por nível de pressão arterial falsamente elevado em
a pressão sobre a artéria deixará de existir e o fluxo de
decorrência do enrijecimento da parede da artéria. A
sangue voltará ao seu estado normal, que é laminar. Este
medida da pressão arterial geralmente é realizada no
tipo de fluxo não gera ruído. Será auscultado, então, um
braço, porém, em circunstâncias especiais, pode ser feita
abafamento do ruído – correspondendo ao IV som de
no antebraço ou na perna. Na perna será usada a artéria
Korotkoff –, seguido pelo completo desaparecimento do
pediosa ou a tibial posterior. Na primeira avaliação, as
ruído – V som de Korotkoff. O V som de Korotkoff
medidas devem ser obtidas em ambos os braços. Em
corresponde à PRESSÃO ARTERIAL DIASTÓLICA.
caso de diferença, sempre utilizar como referência o
Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som
braço com o maior valor para as medidas subsequentes.
para confirmar seu desaparecimento e depois proceder
Na primeira consulta, a pressão arterial deve ser medida - Fase V (desaparecimento de sons):
na posição deitada, sentada e em pé. Nas consultas restabelece-se o calibre normal da artéria e o sangue
posteriores, a necessidade será determinada pelo não mais provoca ruídos perceptíveis à ausculta da
profissional. artéria radial.

- TEMPO DE AFERIÇÃO DA PA NO MESMO TEMPERATURA: de extrema importância


BRAÇO NUMA SEGUNDA VEZ É DE NO MINÍMO 2 analisar a temperatura corporal do paciente. A
MINUTOS. temperatura corporal pode variar consequente do local
da mediação e decorrente da hora do dia. Na boca está
Fases de Korotkoff (método auscultatório).
entre 36 e 37°C; no reto é 0,6°C maior. A temperatura
À medida que se desinsufla o manguito, volta a axilar varia entre 36,6 e 37,2°C. Normalmente, é
ocorrer passagem do sangue pela artéria antes colabada, observada variação diurna, sendo que os níveis mais
surgindo ruídos chamados sons de Korotkoff, baixos ocorrem no início da manhã e os mais elevados
classificados em 5 fases. Esses sons determinam a PAS entre 16 e 20 horas. A diferença entre as temperaturas
e a PAD. matinas e vespertinas podem chegar a 1,0-1,5°C, sendo
constante para cada pessoa. Outrossim, vários processos
- Fase I (aparecimento de sons): o primeiro
fisiológicos e fisiopatológicos também podem influenciar
som é claro como uma pancada. A força da onda sistólica
na temperatura corporal. A temperatura corporal é
é maior que a resistência oferecida pelo manguito e o
mantida normal através do equilíbrio entre a produção
sangue volta a passar pela artéria. A clareza do batimento
de calor e perda de calor. Se o corpo não fosse capaz
depende de força, velocidade e quantidade de sangue. O
de remover o calor gerado pelo metabolismo, a
pulso arterial não se manifesta inicialmente, pois
temperatura corporal subiria aproximadamente 1° C por
quantidade de sangue na porção distal do manguito ainda
hora. O hipotálamo tem um papel importante na
é insuficiente.
regulação de perda de calor e pode iniciar a vasodilatação
- Fase II (batimentos com murmúrio): com a periférica e sudorese (diaforese) para dissipar o calor
dilatação da artéria pressionada, a contracorrente corporal. A manutenção da temperatura corporal é
reverbera e cria murmúrios na parede dos vasos consequente do termostato hipotálamo, em que mantém
sanguíneos. sua própria temperatura entre 31 e 37,1°C. Existe
receptores térmicos tanto nas vísceras, quanto na pele,
- Fase III (murmúrio desaparece): os batimentos
nos quais informam ao centro termorregulador
passam a ser mais audíveis e mais acentuados. A artéria
hipotalâmico as variações existentes. O termostato atuará
que sofreu constrição continua a se dilatar com a
tanto na produção de calor quando nos mecanismos que
redução da pressão do manguito.
interferem na perda do mesmo. O sistema respiratório
- Fase IV (abafamento dos sons): os batimentos também ajuda a remover o excesso de calor por meio
repentinamente tornam-se menos acentuados. Há, da ventilação pelo aquecimento do ar inspirado, que é
portanto, abafamento dos son. subsequentemente exalado. Uma temperatura corporal
elevada (hipertermia, ou hiperpirexia) pode ser resultante
de doença ou de atividades normais como exercício é aceitável para crianças ou crianças pequenas que não
físico. A elevação da temperatura causada por uma toleram termômetro retal, mas este local pode
doença é chamada de febre e o paciente é dito febril. A subestimar a temperatura central em 1° a 2° C. Mais
febre aumenta a taxa do metabolismo corporal, dessa recentemente, a temperatura do corpo tem sido
forma aumentando o consumo de oxigênio e a produção avaliada, com exatidão, pelo uso de um dispositivo portátil
de dióxido de carbono. Esse aumento no metabolismo para medir a temperatura do tímpano (membrana
tem de ser igualado por um aumento tanto da circulação timpânica). Contudo, a temperatura retal é a que mais se
sanguínea quanto da ventilação para manter a aproxima da temperatura central do corpo.
homeostase. Por isso, pacientes febris, frequentemente,
Frisando, as alterações de temperatura
têm frequência cardíaca e respiratória aumentadas.
corporal influenciam no quesito perfusão tecidual, ou seja,
Contudo, nem todos os pacientes podem facilmente
na afinidade do O2 com a hemoglobina, em que a
adaptar a necessidade na circulação sanguínea e na
nutrição dos tecidos será comprometida. As hipertermias
ventilação pulmonar, podendo resultar em insuficiência
atenuam a afinidade do O2 com a hemoglobina, de
respiratória. A temperatura corporal abaixo do normal é
maneira que é diminuído a taxa de ligação do O2 na
chamada de hipotermia. A causa mais comum de
hemácia e consequentemente corrobora para a ligação
hipotermia é a exposição prolongada ao frio, na qual o
do CO2 na hemoglobina e maior concentração dessas
hipotálamo responde com início de tremores (para gerar
ligações no organismo; na hipertermia os indivíduos
calor) e vasoconstrição (para conservar calor). Outras
apresenta uma taxa metabólica maior/maior consumo de
causas menos comuns de hipotermia incluem trauma de
energia. Nas hipotermias sucede ao contrário, em que se
crânio ou ataque cardíaco, causando disfunção do
acresce a afinidade da hemoglobina com o O2 dificultando
hipotálamo; diminuição na atividade da tireoide e
a soltura das mesmas, o que acarreta a não perfusão
infecções graves, como a septicemia. Pelo fato de a
dos tecidos devido ao O2 e a hemoglobina não se
hipotermia reduzir o consumo de oxigênio e a produção
desligarem; caracteriza pessoas com uma taxa
de dióxido de carbono, pacientes com hipotermia podem
metabólica menor.
exibir respiração lenta, superficial e pulsação diminuída.
Ventiladores mecânicos no modo controlado podem FREQUÊNCIA CARDÍACA: a frequência

necessitar de ajustes apropriados nos parâmetros de cardíaca é obtida através do próprio coração. O

volume corrente administrada à medida que a eletrocardiograma (paramétrico/estacionário ou

temperatura do corpo do paciente varia acima e abaixo contínuo) e a ausculta cardíaca são maneiras de se avaliar

do normal. A temperatura corporal é medida mais a frequência cardíaca. Bradicardia é uma frequência

frequentemente em um dos três locais a seguir: boca, cardíaca anormalmente lenta, inferior a 60 batimentos

axila ou reto. A aferição oral é a mais aceitável para o por minuto. Taquicardia é uma frequência anormalmente

paciente adulto, alerta, mas não deve ser usada em alta, superior a 100 batidas por minuto. Normocardia,

crianças, pacientes comatosos ou pacientes intubados. Se frequência cardíaca normal, entre 60 a 100 batimentos

um paciente ingere líquido quente ou frio ou tiver por minuto.

fumado, para aferir a temperatura oral, deve-se esperar


um período de 10 a 15 minutos por cautela. Aferição axilar
Enfatiza-se que a frequência cardíaca e o pulso de sangue circulante por minuto (débito cardíaco) é uma
são semelhantes, visto que um depende do outro e resultante da frequência cardíaca e do volume sistólico.
ambos representam a mesma coisa; isso em situações Quando o oxigênio do sangue arterial cai abaixo do
normais, na qual o pulso representará a frequência normal, normalmente por causa da doença pulmonar, ou
cardíaca e vice-versa. O mesmo pode não acontecer em o consumo de oxigênio aumenta, o coração tenta
situações de alterações fisiológicas de um indivíduo, na manter adequada oferta de oxigênio para os tecidos,
qual os valores podem exibir-se com uma aumentando o débito cardíaco. O débito cardíaco
dessemelhança importante. Na frequência cardíaca é aumenta, principalmente, pela elevação da frequência
avaliado a quantidade e o ritmo e no pulso identifica-se a cardíaca. A artéria radial é o ponto comum mais usado
qualidade e a quantidade do mesmo. A forma de avaliação para palpar o pulso. As falanges distais do segundo e
da frequência e do pulso transcorre dissemelhantemente. terceiro dedos (não usar o polegar) são usadas para
palpar o pulso radial. O ideal é que a pulsação seja contada
PULSO: na avaliação do pulso segura-se a mão
por um minuto, principalmente se o pulso é irregular. A
do paciente, palpando algum pulso do mesmo (carotídeo,
ventilação espontânea pode influenciar a magnitude do
femoral, braquial, cubital/troclear, radial, poplíteo, tibial
pulso ou amplitude. Normalmente, uma ligeira queda na
posterior e pedioso) simultaneamente e contando o
pressão do pulso está presente em cada esforço
número de pulsação sentidas durante um minuto; o
inspiratório. A ligeira queda na pressão de pulso com a
contato inicial com o paciente permite que se detecte o
inspiração pode ou não ser notada com palpação. Uma
ritmo como regular ou irregular. Na contagem de pulsos
diminuição significante na amplitude do pulso durante
o mesmo também pode ser contato mediante a
inspiração espontânea é chamada de pulso paradoxal. O
quantidade de pulsos no transcorrer de quinze segundos
pulso paradoxal pode ser quantificado com a pressão
e posteriormente multiplicar por quatro.
sanguínea e é comum em pacientes com doença
Deve-se avaliar o pulso periférico para aferir pulmonar obstrutiva crônica, especialmente naqueles que
frequência, ritmo e amplitude. A pulsação normal no tenham crises de asma. O pulso paradoxal também pode
adulto é de 60 a 100 batimentos/min, com ritmo indicar uma restrição mecânica da atividade de
regular/normosfigmia. Uma condição na qual a pulsação bombeamento do coração, como pode ocorrer na
excede 100 batimentos/min é chamada de taquisfigmia pericardite constritiva ou no tamponamento cardíaco.
Causas comuns de taquisfigmia são exercícios, anemia, Pulso alternante é uma sucessão de pulsos fracos e
febre, níveis de oxigênio arterial reduzido e determinados fortes. Pulsos alternantes sugerem insuficiência cardíaca
medicamentos. Uma condição na qual a pulsação é do lado esquerdo e usualmente não estão relacionados
menor do que 60 batimentos/min é chamada de à doença respiratória. O pulso também pode ser avaliado
bradisfigmia. A bradisfigmia não é tão frequente como pela palpação do pulso carotídeo, braquial, temporal,
taquisfigmia, mas pode ocorrer com hipotermia, como poplíteo, tibial posterior e pedioso. Os pulsos mais centrais
efeito colateral de certos medicamentos ou com (como carotídeo e femoral) devem ser usados quando a
determinadas arritmias cardíacas. A quantidade de pressão sanguínea está anormalmente baixa. Se a região
oxigênio ofertada aos tecidos depende da capacidade do carotídea é usada, muito cuidado deve ser tomado para
coração em bombear sangue oxigenado. A quantidade evitar a área dos seios carotídeos. A pressão na área do
seio carotídeo pode provocar uma forte resposta ambos representam a mesma coisa; isso em situações
parassimpática e causar bradisfigmia ou mesmo assistolia. normais, na qual o pulso representará a frequência
cardíaca e vice-versa. O mesmo pode não acontecer em
O ritmo do pulso designa o padrão de pulsação
situações de alterações fisiológicas de um indivíduo, na
e os intervalos entre elas. Em um indivíduo saudável, o
qual os valores podem exibir-se com uma
ritmo é regular e indica que os intervalos de tempo entre
dessemelhança importante. Na frequência cardíaca é
os batimentos de pulso são basicamente iguais Arritmia
avaliado a quantidade e o ritmo e no pulso identifica-se a
ou disritmia designa o ritmo irregular, no qual os pulsos
qualidade e a quantidade do mesmo. A forma de avaliação
não apresentam intervalos uniformes. A
do pulso e da frequência cardíaca transcorre
qualidade/volume/amplitude do pulso designa a
dissemelhantemente.
quantidade de força gerada pelo sangue ejetado contra
a parede arterial durante cada contração ventricular. Ao FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA: a frequência
examinar a qualidade do pulso, o fisioterapeuta determina respiratória normal em repouso para um adulto é de 12
a sensação que o sangue causa ao passar por um vaso. a 18 respirações/min. Taquipneia é uma frequência
A quantidade (volume) de sangue dentro do vaso produz respiratória anormalmente alta. Frequência respiratória
a força do pulso. Normalmente, o volume de pulso é igual rápida está associada a esforço, febre, hipoxemia arterial,
em todos os batimentos. A força do pulso é maior acidose metabólica, ansiedade, atelectasia e dor. Uma
quando o volume de sangue é mais alto, e menor quando frequência respiratória lenta é chamada de
este é mais baixo. Examina-se o volume avaliando a bradipneia/hipopneia. Embora incomum, a bradipneia
facilidade com a qual o pulso pode ser obliterado. Pulso pode ocorrer em pacientes que sofreram trauma de
normal é descrito como forte ou cheio e pode ser crânio ou hipotermia, como efeito colateral a certos
palpado com uma pressão moderada dos dedos sobre medicamentos, tais como narcóticos, com infarto grave
um ponto de referência ósseo. Pulso fino possui um do miocárdio e nos casos de overdose por drogas.
volume mais baixo, tem um pulso mais fino, e é obliterado Juntamente com a frequência respiratória, o padrão
facilmente. Pulso palpitante possui um volume maio, tem respiratório é avaliado. dispneia é a sensação subjetiva de
o pulso grosso, é difícil de obliterar e tem a sensação de falta de ar, é consequente de um aumento do trabalho
alta tensão. Além de frequência, ritmo e qualidade, deve- respiratório. A frequência respiratória é contada
se verificar a sensação causada pela parede arterial nos observando-se o abdome ou a parede torácica mover
dedos do examinador. Normalmente, os vasos são lisos, para dentro e para fora/avalia-se com a observação do
elásticos, macios, flexíveis e relativamente retos. paciente, decorrente se analisar o ritmo respiratório, a
Conforme a idade avança, os vasos podem apresentar frequência respiratória será mediante a quantidade de
alterações escleróticas. Frequentemente, essas incursões torácicas e ou abdominais e um minuto. Com
alterações fazem os vasos ficarem torcidos, duros ou prática, até mesmo os movimentos respiratórios súbitos
semelhantes a uma corda, com diminuição da elasticidade dos indivíduos saudáveis em repouso podem ser
e da lisura. identificados facilmente. Em alguns casos, você pode
posicionar sua mão sobre o abdome do paciente para
Enfatiza-se que a frequência cardíaca e o pulso
confirmar a frequência respiratória. O ideal é que o
são semelhantes, visto que um depende do outro e
paciente não tenha consciência de que a frequência Na inspeção estática do tórax analisa-se a
respiratória esteja sendo contada. Um método bem- região torácica como um todo/suas características, sem
sucedido com este objetivo é contar a frequência considerar a biomecânica, avaliando os aspectos gerais
respiratória imediatamente após avaliar o pulso do do paciente; bem como a pele, cicatrizes, presença de
paciente, enquanto mantém os dedos no pulso dele, retrações/abaulamentos; músculos respiratórios, se a
dando a impressão que o pulso é que está sendo avaliado. musculatura acessória está em uso, ou mesmo encurtada
e/ou hipertrófica; coloração da pele; cianose (centrais ou
EXAME FÍSICO TORÁCICO – um
periféricas. Palidez e icterícia também podem ser
exame físico cuidadoso do paciente é essencial para
visualizadas na coloração da pele) e outras ocorrências
avaliar possíveis patologias do paciente e determinar os
que possa ser de relevância para o quadro do paciente.
efeitos da terapia. O exame físico torácico consiste em
Na prática de inspecionar é de grande importância que
quatro passos gerais: (1) inspeção (exame visual –
o tórax esteja desnudo ou com o mínimo de roupa.
estática/analisa sem cinesia do tórax e dinâmica/avalia
com movimento biomecânico), (2) palpação (toque), (3) Algumas anormalidades/deformidades da
percussão, (4) ausculta (auscultar com estetoscópio). configuração torácica que podem ser visualizas na
Ademais, também abrange. inspeção incluem: tórax cariniforme (pectus carinatum) -
protusão anormal do esterno -. Pectus excavatum –
INSPEÇÃO: é preciso inspecionar o tórax
depressão de todo o esterno que pode produzir defeito
visualmente para avaliar a configuração torácica, padrão
restritivo no pulmão -. Tórax infundibuliforme - depressão
e o esforço respiratório. Para uma inspeção adequada, o
de parte do esterno, que pode produzir defeito restritivo
ambiente precisa estar bem iluminado e o paciente deve
no pulmão -. Tórax em tonel. Tórax em sino. Tórax em
estar sentado e ereto. Quando o paciente está
cifoescoliose - combinação de cifose e escoliose, que
impossibilitado para se sentar, cuidadosamente pode girar
pode produzir um defeito restritivo no pulmão como
o paciente para um lado, a fim de examinar o tórax
resultado de pobre expansão pulmonar -. Cifose -
posterior. A inspeção, palpação, percussão e ausculta do
deformidade na qual a coluna tem uma curvatura ântero-
tórax do paciente requerem que o paciente esteja
posterior anormalmente aumentada -. Escoliose -
despido, consequentemente, deve-se fazer todo esforço
deformidade espinhal na qual a coluna tem uma curvatura
para respeitar o pudor do paciente (especialmente as
lateral -.
mulheres) e cobrir o tórax quando possível. O diâmetro
ântero-posterior da média do tórax de adultos é menor Tórax pectus carinatum/peito de pombo – é
que o diâmetro transverso. uma deformidade torácica em que há uma extrusão do
osso esterno/tórax, ou seja, o esterno encontra-se
A inspeção do tórax pode suceder
exteriorizado. Esse demonstra um desequilíbrio no
estaticamente, em que analisa o tórax sem considerar os
processo de formação/desenvolvimento da estrutura
processamentos dos movimentos; também acontece
óssea - o osso comumente cresce no sentido da tração
dinamicamente, em que leva em consideração a
e isso se altera nas deformidades do tórax, como na do
biomecânica do tórax.
pectus carinatum - ou mesmo na musculatura inspiratória
e/ou expiratória, no pectus carinatum a musculatura
inspiratória é mais forte em relação a expiratória -. (o ritmo respiratório é a relação da inspiração com a
Normalmente sucede no perpassar do desenvolvimento expiração. O ritmo normal é um ritmo inspiratório para
do indivíduo. dois expiratório/1:2. 1:1; 1,3; 1,4; 1,5 e etc é ritmos alterados);
a expansibilidade torácica (analisasse quantitativamente e
Tórax pectus escavatum/tórax de sapateiro –
qualitativamente); o padrão respiratório normal; padrão
caracteriza por uma intrusão de todo o osso
respiratório patológico e a tiragem.
esterno/tórax, consequentemente acarreta uma
limitação da expansibilidade torácica; nesses casos há um O padrão respiratório é determinado pelo
predomínio da musculatura expiratória em relação a segmento do tronco que predomina no perpassar dos
inspiratória. Normalmente sucede no perpassar do movimentos respiratórios/incursões por minuto. Há a
desenvolvimento do indivíduo. respiração torácica/costal, abdominal/diafragmática e
misto toracoabdominal. Em condições patológicas o tipo
Tórax em infundibiliforme – compreende a
ou padrão respiratório se altera ou inverte. Ademais, o
intrusão do terço final/inferior do esterno adjunto com
mesmo, frequentemente, fornece indícios confiáveis a
uma anteriorização do processo xifoide. Normalmente
respeito do distúrbio pulmonar presente. Uma redução
sucede no perpassar do desenvolvimento do indivíduo.
significante no volume pulmonar, tal como ocorre na
Tórax em tonel/barril – é o acréscimo do atelectasia, usualmente resulta em respiração rápida e
diâmetro ântero-posterior e latero-lateral do tórax. superficial. Em geral, quanto maior a perda do volume
Normalmente sucede no perpassar do desenvolvimento pulmonar, maior será a frequência respiratória do
do indivíduo. paciente. A obstrução das vias aéreas inferiores (como
Tórax em sino – compreende o formato do ocorre na asma) resulta em tempo de expiração
tórax em sino, na qual sucede uma lateralização dos prolongado porque as vias aéreas inferiores tendem a se
últimos arcos costais e um anteriorização do terço final estreitarem mais na expiração. Isso altera a relação
do esterno; isso decorrente de um predomínio de força normal de tempo inspiratório e expiratório de 1:1 para 1:3
das musculaturas costais e fraqueza diafragmática. ou 1:4 ou maior. A obstrução das vias aéreas superiores
Normalmente acontece no perpassar do (como na epiglotite ou crupe) comumente resulta em
desenvolvimento do indivíduo. tempo inspiratório prolongado porque as vias aéreas
superiores tendem a se estreitarem mais na inspiração.
Tórax cifoescoliótico – é subsequente de uma
Pacientes com cetoacidose diabética frequentemente
alteração considerável da coluna vertebral em escoliose
respiram com padrão respiratório profundo e rápido, que
e cifoescoliose. Normalmente surge no perpassar do
é chamado de respiração de Kussmaul. Outrossim, o
desenvolvimento do indivíduo.
diafragma pode ser disfuncional nos pacientes com
- Outros tipos de deformidades do tórax lesões medulares ou doença neuromuscular e pode estar
existem -. gravemente limitado nos pacientes com DPOC. Quando

Na inspeção dinâmica do tórax analisa-se a isso ocorre, os músculos acessórios da respiração se


tornam ativos para manter a troca gasosa adequada. O
frequência respiratória (no adulto o valor normal é de 12-
uso forçado dos músculos acessórios é uma evidência
20 incursões por minuto); bem como o ritmo respiratório
clara de doença cardiopulmonar relevante. Nos pacientes Em repouso, o adulto saudável tem um ritmo
com enfisema, os pulmões perdem o recuo elástico e e uma frequência respiratória consistente (1:2). O esforço
se tornam hiperinsuflados. Com o tempo, o diafragma respiratório é mínimo na inspiração e passivo na
assume uma posição rebaixada e retificada porque o expiração. Os padrões respiratórios normais são: costal
estado contrátil natural do diafragma não é mais efetuado (sucede mais expansão do tórax do que o abdômen);
pelo recuo normal do pulmão. A contração de um diafragmático (a maior expansibilidade abdominal do que
diafragma retificado tende a retrair as margens costais costal) e misto com ou sem predomínio (misto sem
laterais, ao invés de expandi-las (sinal de Hoover) e pouco predomínio expande tórax e abdômen junto; e com
auxilia na mobilização do ar para dentro dos pulmões. A predomínio transcorre maior expansão em ambos,
ventilação, eventualmente, precisa ser compensada por porém costal ou diafragmática expande ainda mais).
outros meios e envolve o uso forçado dos músculos
A frequência respiratória normal em repouso
acessórios. Os músculos acessórios então precisam
para um adulto é de 12 a 20 respirações/min
auxiliar a respiração elevando o tórax anteriormente em
(normopneia). Taquipneia é uma frequência respiratória
uma tentativa de aumentar o volume pulmonar. A
anormalmente alta. Frequência respiratória
gravidade da doença pulmonar nesta situação,
rápida/taquipneia (acima de 20 incursões respiratórias por
frequentemente, é refletida pela magnitude da atividade
minuto) está associada a esforço, febre, hipoxemia
dos músculos acessórios. Em alguns pacientes com
arterial, acidose metabólica, ansiedade, atelectasia e dor.
DPOC, o diafragma trabalha exaustivamente e pode se
Uma frequência respiratória lenta é chamada de
encontrar desnutrido. Assim, o diafragma está propenso
bradipneia (abaixo de 12 incursões respiratórias por
à fadiga grave. A fadiga diafragmática usualmente resulta
minuto). Embora incomum, a bradipneia pode ocorrer em
em um padrão respiratório diferenciado. A fadiga
pacientes que sofreram trauma de crânio ou hipotermia,
diafragmática é flácida e recua para cima e para dentro
como efeito colateral a certos medicamentos, tais como
da cavidade torácica, com cada esforço inspiratório dos
narcóticos, com infarto grave do miocárdio e nos casos
músculos acessórios. Quando identificado como um
de overdose por drogas. Juntamente com a frequência
movimento para dentro da parede abdominal anterior,
respiratória, o padrão respiratório é avaliado. A frequência
durante os esforços inspiratórios, sendo observado
respiratória é contada observando-se o abdome ou a
melhor com o paciente na posição supina, esse sinal é
parede torácica move para dentro e para fora. Com
chamado de respiração paradoxal. Além disso, pacientes
prática, até mesmo os movimentos respiratórios súbitos
com fadiga diafragmática podem assumir um padrão
dos indivíduos saudáveis em repouso podem ser
respiratório no qual alternam entre o uso dos músculos
identificados facilmente. Em alguns casos, o examinador
acessórios, dominantemente por certo período (poucos
pode posicionar sua mão sobre o abdome do paciente
minutos), e um período no qual os músculos acessórios
para confirmar a frequência respiratória. O ideal é que o
descansam e o diafragma assume o controle. Esse
paciente não tenha consciência de que a frequência
padrão respiratório é conhecido como alternância
respiratória esteja sendo contada. Um método bem-
respiratória.
sucedido com este objetivo é contar a frequência
respiratória imediatamente após avaliar o pulso do
paciente, enquanto mantém os dedos no pulso dele, (intercostais internos, externos e diafragma) -. Respiração
dando a impressão que o pulso é que está sendo avaliado. asmática, caracteriza-se por expiração prolongada.
Respiração apnêustica é por meio de uma fase
Algumas anormalidades comuns nos padrões
inspiratória prolongada. Outros padrões respiratórios
respiratórios/padrões respiratórias patológicos são:
patológicos existem.
apneia, em que se caracteriza por não respirar.
Respiração de Biot, na qual é uma respiração irregular Quaisquer anormalidades respiratórias que
com longos períodos de apneia, também compreende aumentem o trabalho da respiração podem causar
hipoventilação e hiperventilação. Normalmente ocorre ativação dos músculos acessórios da respiração, até
movimentações irregulares de frequência e mesmo em repouso nos casos mais graves. As causas
amplitude/intensidade do ciclo da respiração; presença de comuns de aumento no trabalho respiratório incluem vias
períodos de apneia; pode acarretar sofrimento grave aéreas estreitadas, como na asma, e pulmões rígidos,
cerebral/anóxia do sistema respiratório. A respiração de como na pneumonia grave. O trabalho respiratório
Cheyne-Stoke, é do tipo irregular de respiração, porém aumentado também pode resultar em tiragens. A
definido, respiração aumenta e diminui em profundidade tiragem é um afundamento intermitente da pele que
e frequência com períodos de apneia. Acontece apneia, reveste a parede torácica durante a inspiração, ou seja,
seguidamente uma hipoventilação, posteriormente é a aspiração das partes moles durante a inspiração; a
ocorre uma hiperventilação, hipoventilação, apneia e mesma caracteriza-se de pacientes que tem falência,
assim sucessivamente; tende a acontecer em paciente fraqueza e/ou fadiga da musculatura respiratória. Ela
com insuficiente cardíaca congestiva grave, doenças ocorre quando os músculos respiratórios contraem com
neurológicas que levam ao comprometimento do centro força suficiente para causar uma grande queda na
respiratório e mais. A respiração de Kussmaul são pressão intratorácica. Outrossim, as tiragens dificultam a
respirações profundas, rápidas e regulares. É mediante ventilação pulmonar. Na avaliação da tiragem sucede o
uma apneia, cinesia respiratória rápida, profunda e local da mesma e se ela é simetria ou assimétrica
continua, apneia e assim continuadamente. Geralmente (comumente simétrica). Essas retrações podem ser vistas
transcorre por meio de acidose metabólica (diabetes entre as costelas, acima das clavículas/região mais
mellitus). Respiração paradoxal/sinal de hoover pulmonar superior de fúrcula/ângulo do esterno ou abaixo do gradil
positivo, essa é conseguinte de uma parte ou toda a costal. São chamadas de retração ou tiragem intercostal,
parede torácica movendo-se para dentro com a supraclavicular/fúrcula ou subcostal, respectivamente. As
inspiração e para fora com a expiração, ou seja, se tem retrações são difíceis de serem vistas em pacientes
a inversão da cinesia torácica, na qual tem a depressão obesos.
(mediante a pressão negativa dentro do tórax – devido
PALPAÇÃO: a palpação é a arte de tocar a
essa depressão é o que diferencia de uma respiração
parede torácica para avaliar as estruturas presentes e
diafragmática) dos arcos costais durante a inspiração e o
função. É usada em determinados pacientes para
abdômen exibe-se protuso/ intrusão torácica associado a
confirmar ou eliminar possíveis distúrbios sugeridos pela
uma protusão abdominal; o contrário acontece na
história do paciente e achados do exame inicial. A
expiração - há fadiga/falência da musculatura respiratória
palpação é realizada para avaliar frêmito toracovocal
(FTV), estimar expansão torácica (qualitativamente e em bases, visto que quando a mesma se dissipa paras as
quantitativamente) e avaliar a pele e tecido subcutâneo bases ela tende a atenuar/perde a intensidade e a energia
do tórax, bem como tipo de tórax, força da parede -. Anteriormente as regiões dos ápices são nas
torácica e dos músculos respiratórios e mais ocorrências. referências do 2° espaço intercostal (abaixo da clavícula);
o 4° espaço caracteriza o terço médio e o 6° a base
A avaliação do FTV caracteriza-se pela
pulmonar. Posteriormente os ápices localizam-se na área
identificação das alterações que mudam a densidade do
interescapular, entre as bordas mediais da escápula; o
parênquima pulmonar, no qual origina-se do tecido
terço médio é um pouco mais abaixo e a base a mão
pulmonar e o ar. A averiguação é mediante da palpação
posicionada lateralmente nos últimos arcos costais.
torácica e da voz/vibração do parênquima pulmonar.
Quanto maior for a densidade pulmonar (ocorrências de De uma outra forma e complementando, o
presença de líquido no pulmão, bem como secreções, FTV refere-se às vibrações criadas pelas cordas vocais
massas neoplásicas e outras acrescem a densidade do durante a fala. Essas vibrações são transmitidas em
parênquima pulmonar), maior é o FTV, ou seja, a direção à árvore traqueobrônquica e através do pulmão
vibração propaga-se mais rápido. Quanto menor for a para a parede torácica. Quando essas vibrações são
densidade (hiperventilação/retenção de ar no pulmão sentidas na parede torácica, isso é chamado de frêmito
gera diminuição da densidade pulmonar, DPOC pode tátil. Avaliar o frêmito toracovocal requer consciência e
corroborar para com a retenção do ar e mais situações), cooperação por parte do paciente. Para analisar o frêmito
menor é o FTV e mais lento propaga-se a vibração. tátil, solicitar ao paciente para repetir as palavras “trinta e
Densidade normal/anatômica/parênquima normal três” enquanto sistematicamente palpa-se o tórax. A face
consequentemente FTV também e a propagação da palmar dos dedos ou a borda ulnar da mão pode ser
vibração transcorre normalmente (FTV normal usada na palpação. Se a mão é usada, ela deve ser
representa uma densidade parenquimatosa, na qual é movimentada de um lado do tórax para a área
uma mistura de tecido, sangue e ar. Decorre das zonas correspondente do outro lado. As paredes anterior, lateral
de West, a densidade é maior nas ápices do que nas e posterior do tórax também são avaliadas. As vibrações
bases, pois nos ápices há mais ar) – FTV pode suceder do frêmito tátil podem estar aumentadas, diminuídas ou
aletrado simétrico e assimetricamente -. A palpação do ausentes. O frêmito tátil aumentado é causado pela
FTV é por meio de palpar o tórax anterior e transmissão de vibrações através de um meio mais sólido.
posteriormente e sentir a vibração quando o paciente Outrossim, o FTV menos intenso caracteriza mulheres e
pronuncia palavras tônicas, como trinta e três; a região a pessoas com paredes torácica espessa e mais intenso
ser palpada é o ápice, terço médio (mulheres é acima da tende a ocorrer em ápice direito e região
mama e não sobre ela) e a base pulmonar, bilateral e interesescapulovertebral direito.
individualmente cada lado do pulmão, direito e esquerdo,
A estrutura pulmonar normal é uma
examinador fará uma pressão com uma mão (pode ser
combinação de tecido sólido e tecido preenchido por ar.
com as duas mas pode acontecer da sensibilidade ficar
Qualquer condição que aumente a densidade do pulmão,
atenuada) nessas localidades e solicitará a palavra trinta e
tal como na consolidação (ou preenchimento alveolar),
três ao paciente – a vibração/som em ápice é maior que
que ocorre na pneumonia, aumenta a intensidade do
frêmito. Contudo, se uma área de consolidação não está qualitativa da expansibilidade acontece por meio da
em comunicação com uma via aérea aberta, a fala não palpação, em que o examinador posicionará suas mãos
pode ser transmitida para aquela área, e o frêmito estará espalmadas lateralmente no paciente, na região dos
ausente ou diminuído. O frêmito tátil está reduzido mais últimos arcos costais, na qual os polegares ficarão
frequentemente nos pacientes que são obesos ou alinhados sobre as espinhas vertebrais, seguidamente
excessivamente musculosos. Da mesma forma, quando o solicita-se que o paciente expire todo o ar dos pulmões
espaço pleural que envolve o pulmão se torna cheio de e inspire bem forte, os polegares tendem a se distanciar,
ar (pneumotórax) ou fluido (derrame pleural), o frêmito isso indica a expansibilidade torácica; o ideal é que haja
é significantemente reduzido ou ausente. Em pacientes uma distância média de 5 cm (menor que 5 cm
com enfisema, os pulmões se tornam hiperinsuflados, o expansibilidade reduzida) dos dedos. De um modo
que reduz a densidade do tecido pulmonar. Por causa da diferente, para avaliar a expansão torácica anterior,
densidade baixa, as vibrações da fala são transmitidas posicione as mãos sobre a face anterolateral do tórax,
precariamente por meio do pulmão, resultando em com os polegares estendidos ao longo da margem costal
redução bilateral no frêmito. em direção ao processo xifoide. Para avaliar
posteriormente, posicione suas mãos sobre o tórax
posterolateral, com os polegares se encontrando na
vértebra T8. Instrua o paciente a expirar devagar e
completamente. Quando o paciente tiver expirado o
máximo, suavemente mantenha as pontas dos seus
dedos contra os lados do tórax do paciente e estenda os
polegares em direção à linha média, até que as pontas
de cada polegar se encontrem na linha média. Depois,
A avaliação da expansibilidade torácica é uma
instrua o paciente a fazer uma inspiração completa,
análise biomecânica do tórax e pode suceder
profunda, e note a distância que a ponta de cada um dos
qualitativamente e quantificamente. Os movimentos
polegares se distancia da linha média. Normalmente, cada
ventilatórios podem ser analisados por meio da inspeção,
polegar se move a uma distância igual, de
mas é na palpação que esse movimento são melhor
aproximadamente 3 a 5 cm. Quantitativamente avalia-se
avaliados. Pesquisam-se, separadamente, as regiões
a expansibilidade decorrente de uma fita
superiores e inferiores do tórax, nas faces anterior e
métrica/cirtometria torácica, na qual a mesma será
posterior. Quando a mesma sucede com uma redução
consecutiva de três medidas, na região da linha axilar, linha
da expansibilidade pulmonar consequentemente
xifoideana e na linha dos últimos arcos costais
transcorre uma menor entrada de ar na inspiração,
(expansibilidade pode suceder igual ou com pouco
atenua-se a ventilação pulmonar/hipoventilação e reduz
diferença entre as mensurações da expiração e
a troca gasosa; o contrário se dá a hiperventilação,
inspiração, visto que o tórax superior irá expandir mais
quando a uma expansibilidade acrescida. Alterações da
que região de abdômen/tórax inferior e isso predomina
expansibilidade pulmonar modifica a ventilação pulmonar
em respirações costais ao invés de
o que interfere na função respiratória. A avaliação
diafragmáticas/alteração de padrão ventilatório); em cada
linha ocorrerá duas mensurações, no final da expiração pescoço, tórax, membros e estatura mediada), brevilíneo
e na da inspiração. O valor da expansibilidade de cada (tende a corresponder fenótipos de pessoas mais baixas
linha é o resultado do maior valor menos o menor e corpulento, isto é, pescoço curto, tórax largo,
(exemplo inspiração 70 cm e expiração 64; membros curtos e baixa estatura) e longilíneo (tendem
expansibilidade pulmonar de 6 cm. Frisa-se que, quando a corresponder a fenótipos de pessoas altas e magras,
o valor da inspiração é menor que da expiração indica- isto é, pescoço longo, tórax longo, membros cumpridos
se que a respiração não ocorre diafragmática e sim e estatura alta). A avaliação do tipo de tórax é
costal). Valor maior do que 4, expansibilidade normal; subsequente da palpação, na qual o examinador estará
entre 2 e 3 reduzida e valor menor que 2, rigidez anteriormente com o paciente e o mesmo palpará com
torácica. as duas mãos espalmadas os últimos arcos costais, com
o 2,3,4 e 5° dedo, e com os polegares na região do
Doenças que afetam a expansão de ambos os
processo xifoide; esse posicionamento da origem ao
pulmões causam redução bilateral na expansão torácica.
ângulo de sharpey. Seguidamente analisa o ângulo de
A expansão reduzida comumente é vista nas doenças
sharpey, o mesmo maior que 90°, tórax brevilíneo,
neuromusculares e DPOC. A redução unilateral na
menor que 90°, tórax longilíneo e igual a 90°, tórax
expansão torácica ocorre com doenças respiratórias que
normolíneo.
reduzem a expansão de um pulmão ou da maior parte
de um pulmão. Isso pode ocorrer na consolidação lobar, A averiguação da força das musculaturas do
atelectasia, derrame pleural ou pneumotórax. tórax sucede por meio de avaliar os músculos que
participam do processo respiratório através de uma
A averiguação da pele e dos tecidos
examinação qualitativa (também pode ser avaliada
subcutâneos a parede torácica pode ser palpada para se
quantificamente através de instrumentos, um exemplo é
determinar a temperatura geral e condução da pele.
a manovacuometria), decorrente de uma palpação
Quando o ar extravasa do pulmão para os tecidos
associada ao processo de respiração, na qual discorrerá
subcutâneos, finas bolhas de ar produzem um som e
se a musculatura é grau 0, 1 ,2, ou 3. O grau 0 o músculo
uma sensação crepitante quando palpado. Essa condição
não exibe tônus e não vence a gravidade/sem força.
é referida como enfisema subcutâneo. A sensação
Grau 1, apresenta-se tônus muscular. Grau 2 há tônus e
produzida na palpação é chamada de crepitação. A
é vencido a força da gravidade. Grau 3 encontra-se tônus
crepitação é mais facilmente percebida sobre o tórax do
e é vencido uma resistência imposta/gerada pelo
paciente que recebe ventilação mecânica com alta
examinador. Na avaliação da musculatura diafragmática
pressão.
transcorre a palpação, na qual o paciente estará em
O tipo do tórax do indivíduo também pode ser decúbito dorsal e o examinador palpará com as duas
avaliado conseguinte da palpação, decorrente de que mãos espalmadas os últimos arcos costais, com o 2,3,4
existem três tipos morfológicos, ou seja, da própria e 5° dedo, e com os polegares na região do processo
característica do genótipo do paciente, em que são tórax xifóide (ângulo de sharpey). Seguidamente solicitará uma
normolíneo (tende a corresponder fenótipos de pessoas inspiração para o indivíduo, apenas com as mãos
com estatura mediana e um peso balanceado, isto é, apoiadas, com isso analisa se existe cinesia do diafragma,
caso tenha e o mesmo vença a força da gravidade exemplo, pneumotórax). A técnica mais frequentemente
caracteriza um grau 2 de força muscular respiratória. usada na percussão da parede torácica é chamada de
Posteriormente é inserido uma resistência com as mãos percussão mediada ou indireta. Em situações de
e requer para o paciente uma nova inspiração, se vencer examinadores destro, posicionar o dedo médio da mão
a resistência compreende um grau 3 de força. Grau 1 esquerda firmemente contra a parede torácica do
demonstra apenas o tônus e 0 sem tônus e força de paciente, paralelamente às costelas, com a palma da mão
vencer a gravidade. Já para avaliar a força da musculatura sem tocar o tórax. Usar a ponta do dedo médio da mão
de intercostais externos acontece a palpação, em que o direita ou a borda lateral do polegar direito para percutir
examinador posiciona as mãos/dedos nos espaços seu dedo contra o tórax perto da base da falange distal,
intercostais, logo solicita uma inspiração e analisa se existe com um movimento rápido e preciso. O movimento da
cinesia do músculo/mobilidade de alça de balde, caso mão percutindo o tórax é gerado no punho, e não no
tenha e o mesmo vença a força da gravidade caracteriza cotovelo ou no ombro. A observação da percussão é
um grau 2 de força muscular respiratória. Posteriormente mais clara quando se mentem os dedos no tórax do
é inserido uma resistência com as mãos e requer para o paciente firmemente contra a parede torácica e ao
paciente uma nova inspiração, se vencer a resistência percutir o dedo imediatamente soltar o memso. Os dois
compreende um grau 3 de força. Grau 1 demonstra dedos devem estar em contato por apenas um instante.
apenas o tônus e 0 sem tônus e força de vencer a À medida que se ganha experiência com a percussão, a
gravidade. A musculatura de abdominais na avaliação é sensação de vibração se torna tão importante quanto o
por meio do paciente executar três mobilidades ativas de som na avaliação das estruturas pulmonares.
flexão completa de tronco em decúbito dorsal, na qual
A percussão sobre a área pulmonar é feita
no primeiro movimento os membros superiores do
sistematicamente, de forma consecutiva, testando áreas
indivíduo estarão ao lado do corpo, caracteriza um grau
comparáveis de ambos os lados do tórax. A percussão
1 se realizar, seguidamente mãos cruzadas atrás do
sobre as estruturas ósseas e sobre os seios nas mulheres
pescoço, grau 2, e por fim os membros superiores
não tem valor diagnóstico e não deve ser feita. Solicitar
estarão sobre o tórax, de maneira cruzada, grau de força
aos pacientes para elevarem seus braços acima dos
muscular 3. Grau 0 não executa flexão de tronco.
ombros ajuda a mover a escápula lateralmente e
PERCUSSÃO: a percussão é a arte de se minimiza a interferência com percussão na parede
aplicar batidas leves na superfície para avaliar a estrutura torácica posterior. Os sons gerados durante a percussão
subjacente. A percussão da parede torácica produz um do tórax são avaliados em relação à intensidade (volume)
som e uma vibração palpável útil para avaliar o tecido e ao tom. A percussão sobre as áreas dos pulmões
pulmonar subjacente. A vibração criada pela percussão normais produz um som de tom baixo que pode ser
penetra o pulmão em uma profundidade de 5 a 7 cm ouvido facilmente. Esse som é mais bem descrito como
abaixo da parede torácica. Essa técnica de avaliação não ressonância normal. Quando a percussão é mais alta e o
é executada rotineiramente em todos os pacientes, mas tom mais baixo (grave) que o normal, diz-se que a
é reservada para aqueles com condições suspeitas para ressonância está aumentada. A percussão pode produzir
a qual a percussão poderia ser de grande ajuda (por
um som com características opostas à da ressonância, e a ponta do dedo médio da mão esquerda/direita é o
referida como ressonância reduzida. plexo – se é o dedo direito ou esquerdo dependerá se
o examinador é destro ou canhoto), quando feita na
Isoladamente, a percussão do tórax é de pouco
região torácica uma das funções é avaliar a densidade do
valor para se fazer um diagnóstico. Contudo, quando
pulmão e a análise é conseguinte do som gerado ao
considerada associada a outros achados, a percussão
percutir. A percussão é subsequente do paciente
pode fornecer informação essencial. Qualquer
sedestado ou em decúbito, na qual o examinador
anormalidade que aumente a densidade do tecido
posicionará um dedo médio nos espaços intercostais e
pulmonar, como pneumonia, tumor ou atelectasia, resulta
seguidamente percutirá com o outro dedo médio; as
em perda de ressonância para percussão sobre a área
localidades de percussão acontece em todo tórax, bem
afetada. Espaços pleurais preenchidos por fluidos, como
como anterior, na qual referencia-se pela linha
sangue ou água, também produzem ressonância
hemiclavicular, em perfil, mediante a linha axilar média, e
diminuída à percussão. A ressonância aumentada pode
posterior, toma-se como base a linha paravertebral. Os
ser detectada em pacientes com os pulmões
sons gerados serão decorrentes do parênquima
hiperinsuflados. A hiperinflação pode resultar da
pulmonar estar mais ou menos denso, uma densidade
obstrução bronquial aguda ou crônica, como asma ou
parenquimatosa normal apresenta um som claro
enfisema. A percussão também pode aumentar a
pulmonar. Som macicez, exibe-se numa densidade
ressonância quando o espaço pleural contém grande
acrescida (casos de derrame pleural, hemotórax ou
quantidade de ar (pneumotórax). Problemas unilaterais
neoplasias pulmonares e mais – som menos intenso, mais
são mais fáceis de se detectar do que problemas
opaco. O fígado é um exemplo de percussão em órgão
bilaterais, porque o lado normal fornece um padrão
com som maciço). Som submacicez, esse é um
normal para comparação imediata. A redução unilateral
intermediário de um som claro pulmonar e um som
na ressonância ouvida quando percute a área de
macicez, visto que há um aumento da densidade do
consolidação é mais fácil de detectar do que um
parênquima, mas o mesmo não é denso totalmente
aumento bilateral súbito da ressonância ouvida com
(casos de atelectasias alveolares ou infiltrados/líquidos
hiperinflação bilateral. A percussão do tórax tem
dentro do alvéolo e outras ocorrências). Som timpânico,
limitações clinicamente importantes. Anormalidades que
é um som ulterior de uma densidade parenquimatosa
são pequenas ou profundas abaixo da superfície
atenuada/com mais ar na região do pulmão (casos de
provavelmente não são detectadas durante a percussão
pneumotórax, DPOC, asma e outros).
do tórax. Isso pode explicar por que muitos clínicos não
usam a percussão torácica rotineiramente para avaliar a AUSCULTA - auscultar é o processo de
ressonância pulmonar. escutar os sons corporais. Ausculta do tórax é realizada
para identificar tanto sons pulmonares normais quanto
De outra maneira e complementando, a
sons anormais. É utilizada para avaliar a condição do
percussão digitodigital, que é uma percussão de um dedo
paciente e subsequentemente avaliar os efeitos da
sobre outro/um dedo é percutido/plexor e outro
terapia. Para a avaliação deve ser usado o estetoscópio
percussor/pleximetro numa área do corpo (dedo médio
durante a ausculta para garantir a transmissão do som
da mão esquerda/direita no tórax equivale ao plexímetro
dos pulmões do paciente aos ouvidos do examinador. pulmões decorrente das vias aéreas superior e inferior.
Garantir sempre que o ambiente esteja tão silencioso A ausculta pulmonar se origina dos diferentes caibres dos
quanto possível no momento da ausculta. brônquios que existem na via aérea. Para sua realização
exige-se, além de máximo silêncio, posição cômoda do
Um estetoscópio tem quatro partes básicas: (1)
paciente e do examinador. De início, quem irá auscultar
um sino, (2) um diafragma, (3) haste biaurilular em Y e
coloca-se atrás ou de frente com o paciente, o mesmo
(4) olivas auriculares. O sino detecta uma ampla variedade
não deve forçar a cabeça nem dobrar excessivamente
de sons e é particularmente útil para escutar sons de
o tronco. O paciente deve estar com o tórax despido e
baixo tom. No transcorrer de uma avaliação pressionar a
respirar pausada e profundamente, com a boca aberta,
campânula levemente contra o tórax enquanto se atenta
sem fazer ruído.
para ouvir os sons de baixa frequência e fortemente a
campânula para sons de alta frequência, visto que quando A ausculta transcorre subsequente de uma
pressionada com muita força, a pele do paciente pode respiração oral devido a menor resistência que a mesma
ser esticada embaixo da campânula, o que pode agir gera. Ademais é preciso analisar no perpassar da mesma
como um diafragma, filtrando muitos sons de alta a intensidade (mais ou menos intenso) e a característica
frequência. do som (mais externo ou interno). A avaliação acontece
nos planos anterior, em perfil e posterior, bilateralmente
O diafragma é preferencialmente utilizado para
conseguinte aos pulmões e nos pontos de referência da
a ausculta dos pulmões, porque a maioria dos sons
ventilação, ou seja, na base pulmonar, no terço médio e
pulmonares é de alta frequência. O diafragma também é
na ventilação apical. É de extrema importância não
útil para escutar sons de alta frequência do coração e
auscultar na região muito baixa do tórax, visto que há a
deve ser pressionado de maneira firme contra o tórax,
divisão tórax e abdômen, em que sucede no diafragma
para minimizar interferência dos ruídos externos do
e o limite do diafragma é os últimos arcos costais, se
ambiente. O tubo ideal deve ser espesso o suficiente para
acontecer a ausculta ali será auscultado o abdômen (som
excluir barulhos externos e ter comprimento de
hidroaéreo, som gerado pelo peristaltismo do intestino) e
aproximadamente 25 a 35 cm. Tubo mais longo pode
não o tórax (em torno de dois dedos abaixo do ângulo
prejudicar a transmissão do som e tubo mais curto torna
inferior da escápula/linha da 6° articulação esternocondral
o alcance do tórax do paciente mais difícil. Verifique
do tórax). Também há a ausculta traqueal, em que é
regularmente a presença de rachaduras no diafragma do
decorrente da região de palpar a região da cartilagem
estetoscópio, cera ou sujeira nas olivas auriculares e
cricóidea e o músculo esternocleidomastoideo e
outros defeitos que possam interferir na transmissão do
seguidamente auscultar a região/fossa entre e cartilagem
som. Limpar com álcool, regularmente, para prevenir o
cricóidea e o músculo esternocleidomastóideo.
crescimento de micro-organismos.
A ausculta dos pulmões é realizada com auxílio
A ausculta é o método semiológico mais
do diafragma do estetoscópio, de maneira simétrica nas
importante no exame físico dos pulmões. É funcional por
faces posterior, laterais e anterior do tórax. Deve-se ter
excelência, uma vez que possibilita analisar o
em mente que os limites dos pulmões estão
funcionamento pulmonar/a cinesia de ar dentro dos
aproximadamente a quatro dedos transversos abaixo da Topograficamente ao tórax a ausculta é
ponta da escápula. subsequente da região apical, terço médio e base
pulmonar.
A ausculta pulmonar ainda exibe algumas
referências de localidade/ausculta guiada, anteriormente Quando possível, o paciente deve estar
se tem o início do 2° espaço intercostal até o 6°, em sentado com tronco ereto em posição relaxada. Instruir
que o 2° caracteriza-se pelo ausculta apical (abaixo da o paciente a respirar um pouco mais profundamente do
clavícula), o 4° espaço a ausculta do terço médio e o 6° que o normal com a boca aberta. A inspiração deve ser
ausculta de base pulmonar; auscultas bilaterais. Outro ativa, com a expiração passiva. Posicione a campânula ou
ponto e referência para a prática da ausculta é a linha o diafragma diretamente contra a parede torácica,
paraesternal, na qual é uma linha que cruza a articulação quando possível, uma vez que a vestimenta pode
esternocostal, essa está na articulação esternoclavicular, produzir distorção. O tubo não deve ser atritado contra
descendo caudalmente e bilateralmente - exemplo: o nenhum objeto, porque isso pode produzir sons
ponto de ausculta do ápice pulmonar fica na altura do 2° estranhos, que poderiam ser confundidos com os sons
espaço intercostal na linha paraesternal. Ausculta do terço adventícios do pulmão. Isso será discutido mais adiante
media é na altura do 4° espaço intercostal na linha neste capítulo. A ausculta dos pulmões é sistemática,
paraesternal. Ausculta de base pulmonar é na altura do incluindo todos os lobos do tórax anterior, lateral e
6° espaço externa na linha paresternal -. A ausculta posterior. Inicia-se na base, comparando lado a lado, em
traqueal acontece lateralmente a traqueia, entre a direção ao ápice dos pulmões. É importante iniciar na
traqueia/borda da cartilagem cricóidea e a borda medial base porque certos sons anormais que ocorrem apenas
do músculo esternocleidomastoideo, a ausculta não nos lobos inferiores podem ser alterados por várias
necessariamente precisa ser bilateral. A ausculta anterior respirações profundas. Avaliar pelo menos um ciclo
se dará primordialmente o som broncovesicular/som ventilatório completo a cada posição do estetoscópio.
mais central e vesicular (som mais periférico), bem como Caso sons anormais estejam presentes, ouvir várias
o traqueal (som seco/extraparenquimatoso). De perfil em respirações para confirmar as características.
relação aos espaços intercostais esse sucederá em um
Outrossim, ouvir e distinguir entre os fatores
y invertido, mediante a linha axilar, essa é subdivida em
determinantes dos sons respiratórios. Identificar o tom
linha axilar anterior, média e posterior, consequente de
(frequência da vibração), a amplitude ou intensidade
ápice pulmonar, terço médio e base pulmonar. O som da
(sonoridade) e a duração do som inspiratório e
ausculta de perfil tende a ser o som do murmúrio
expiratório. As características acústicas dos sons
vesicular/som periférico. A ausculta posterior se dará
respiratórios podem ser ilustradas em diagramas de sons
primordialmente o som broncovesicular/som mais central
respiratórios. É preciso estar familiarizado com os sons
e vesicular (som mais periférico), as localidades são na
respiratórios normais antes de identificar mudanças
região supraescapular, interescapulovertebral e na
súbitas que podem significar distúrbios respiratórios.
localidade infraescapular.
Em indivíduos saudáveis, os sons ouvidos na
traqueia apresentam uma qualidade tubular. São
chamados de sons respiratórios traqueal. Os sons tipo descontínuo de SPA como crepitante. O termo
respiratórios traqueais são altos, sons de alto tom com ronco é controverso e não é recomendado pelos
um componente expiratório igual ou ligeiramente mais autores para uso na prática clínica. Outro tipo contínuo
longo que o componente inspiratório. A variação no som de SPA ouvido em certas situações, primariamente sobre
respiratório traqueal pode ser ouvida ao redor da metade a laringe e a traqueia durante a inspiração, é estridor. O
superior do esterno no tórax anterior e entre a escápula estridor é um som alto, de alto tom, que algumas vezes
e o tórax posterior. Esses sons não são tão altos quanto pode ser ouvido sem o estetoscópio. Mais comum em
os sons respiratórios traqueais (sons brônquicos), têm o bebês e crianças pequenas, o estridor é um sinal de
tom ligeiramente menor e igual componente inspiratório obstrução na traqueia ou na laringe. Estridor é mais
e expiratório. São chamados de som respiratório frequentemente ouvido durante a inspiração. Quando os
broncovesicular. Quando se ausculta sobre o parênquima sons pulmonares são ouvidos, suas localizações e seus
pulmonar de um indivíduo saudável são ouvidos sons fatores específicos devem ser relatados. Os sons
suaves e surdos. Esses sons respiratórios normais, pulmonares anormais podem ser de alto ou baixo tom,
conhecidos como sons respiratórios vesiculares, são forte ou fraco, reduzido ou profuso, e inspiratório ou
menores em tom e intensidade do que os sons expiratório (ou ambos). Crepitação de alto tom
respiratórios broncovesiculares. Sons vesiculares são frequentemente é descrita como crepitação “fina”, e
ouvidos primariamente durante a inspiração, com um crepitação de baixo tom, como crepitação “grossa”.
componente expiratório mínimo.
Os mecanismos exatos que produzem o som
A doença respiratória pode alterar a pulmonar normal e anormal não são completamente
intensidade dos sons respiratórios normais ouvidos sobre entendidos. Contudo, há consenso entre os
a área pulmonar. Uma ligeira variação na intensidade é investigadores para permitir uma descrição geral.
difícil de se detectar, até mesmo para médicos
Os sons pleuropulmonares podem ser assim
experientes. Sons respiratórios são ditos diminuídos
classificados:
quando a intensidade reduz e quando está ausente em
casos extremos. São descritos como rudes quando a ■ Sons normais =

intensidade aumenta. Quando o componente expiratório • Som traqueal;


dos sons respiratórios rudes iguala o componente
• Som brônquico;
inspiratório, eles são descritos como sons respiratórios
bronquiais. Os sons ou vibrações produzidas pelo • Murmúrio vesicular;
movimento do ar através das vias aéreas anormais são • Som/murmúrio broncovesicular.
chamados de Sons Pulmonares Adventícios (SPA). A
■ Sons anormais =
maioria dos SPA pode ser classificada como contínuo ou
descontínuo. SPA contínuos têm duração maior que 25 • Descontínuos: estertores finos e grossos;
milissegundos. Os SPA descontínuos são intermitentes,
• Contínuos: roncos, sibilos e estridor;
crepitantes ou bolhosos de curta duração. O tipo
contínuo de SPA é descrito com o termo chiado, e o • Sopros;
• Atrito pleural. sons de transição, esses não são de origem
parenquimatosa e sim extraparenquimatosa.
■ Sons vocais =
O murmúrio vesicular é o som escutado na
• Broncofonia, egofonia, pectorilóquia fônica e
região mais periférica dos pulmões. Tende estar nas
afônica.
bases pulmonares. Subsequente da ausculta dos
As principais características dos sons bronquíolos, bronquíolos terminais e alvéolos – assino -.
respiratórios normais são: Exibe um som com menor intensidade/sútil
Som traqueal e som brônquico. No som (suave/suspiros). Via aérea de menor calibre e
traqueal, bem como nos outros sons pulmonares, consequentemente com um fluxo menos
reconhecem-se dois componentes – o inspiratório e o turbulento/laminar/menor resistência, porém menos
expiratório –, cujas características estetoacústicas são intensos que o broncovesicular. Cumpre ressaltar que o
específicas para cada som -. O som brônquico murmúrio vesicular não tem intensidade homogênea em
corresponde ao som traqueal/som extraparenquimatoso todo o tórax. A expiração é praticamente inaudível, mais
(som fora do parênquima pulmonar) audível na zona de audível na inspiração. É mais forte na parte
projeção dos brônquios de maior calibre, na face anterior anterossuperior, nas axilas e nas regiões infraescapulares.
do tórax, nas proximidades do esterno. O som brônquico Além disso, sofre variações em sua intensidade na
assemelha-se ao som traqueal, dele se diferenciando dependência da amplitude dos movimentos respiratórios
apenas por ter o componente expiratório menos intenso. e da espessura da parede torácica, sendo mais débil nas
Nas aéreas que correspondem a uma condensação pessoas musculosas ou obesas. A diminuição do
pulmonar, atelectasia ou nas regiões próximas de murmúrio vesicular pode resultar de numerosas causas,
cavernas superficiais a respiração brônquica substitui o entre as quais se destacam: presença de ar
murmúrio vesicular. O som traqueal caracteriza a entrada (pneumotórax), líquido (hidrotórax) ou tecido sólido
e a saída do ar da traqueia/via superior do processo de (espessamento pleural) na cavidade pleural; enfisema
respiração, componente expiratório igual ou pulmonar, dor torácica de qualquer etiologia que impeça
discretamente mais longo que o inspiratório ou diminua a movimentação do tórax, obstrução das vias
(normalmente há um tempo maior de expiração da respiratórias superiores (espasmo ou edema da glote,
inspiração). Via aérea de maior calibre e obstrução da traqueia), oclusão parcial ou total de
consequentemente com um fluxo menos brônquios ou bronquíolos. Constitui importante alteração
turbulento/laminar/menor resistência. Som mais seco, do murmúrio vesicular o prolongamento da fase
audível e de maior intensidade e vibração (alto diapasão). expiratória, que, em condições normais, é mais curta e
Ademais, encontra-se sons de transmissão da traqueia, mais suave que a fase inspiratória. Este prolongamento
nos quais são gerados nela e transmitidos para os da expiração aparece na asma brônquica em crise e na
pulmões e ouvidos no mesmo. Ausculta é por meio da DPOC (Doenças Pulmonares Crônicas Obstrutivas)
região cervical. Ressalta-se que, há sons gerados a nível avançada, traduzindo de modo objetivo a dificuldade de
traqueal que são audíveis no pulmão, isso caracteriza saída do ar.
O murmúrio broncovesicular é o som essencialmente, são atenuados por sons respiratórios
auscultado na região mais média/central dos pulmões. normais traqueais.
Tende estar nos ápices pulmonares (se abrir um pouco
 A DESCEMELHANÇA DOS SONS
mais para a lateral dos ápices pode se escutar murmúrios
SUCEDE POR MEIO DAS RESISTÊNCIAS IMPOSTAS AO
vesiculares). Conseguinte da passagem do ar na traqueia
FLUXO DE AR DOS PULMÕES E ISSO CARACTERIZA
e nas ramificações principais, brônquios fonte direito e
O ACHADO PATOLÓGICO NO INDIVÍDUO (ruídos
esquerdo e brônquios primário, secundário e terciário. É
adventícios, subsequente de alterações patológicas das
um som mais audível na região medial do tórax. Via aérea
estruturas respiratórias). De um modo diferente, frisa-se
de menor calibre e consequentemente com um fluxo
que se tem vias áreas de maior, médio e pequeno
menos turbulento/laminar/menor resistência, porém mais
calibre, com isso cada via área viabiliza uma resistência
intensos que os vesiculares. Caracteriza um som
diferente para a passagem do ar e consequente gera o
parenquimatoso menos intenso (rude) que o som
som audível da ausculta pulmonar normal. Quando sucede
traqueal, exibe um diapasão menor. O tempo de
uma alteração da resistência (comumente aumento da
inspiração na ausculta normalmente é igual ao tempo de
resistência) da passagem do ar pelos calibres das vias
expiração.
áreas ou o ar chegando na região periférica dos
Sons respiratórios normais são os sons pulmões/alvéolos transcorre os ruídos adventícios dos
pulmonares ouvidos sobre o tórax de um indivíduo pulmões/sons anormais.
saudável são gerados primariamente por fluxo de ar
Descontínuos/úmidos = os sons anormais
turbulento nas grandes vias aéreas. O fluxo de ar
descontínuos são representados pelos estertores.
turbulento produz vibrações audíveis nas vias aéreas,
Estertores crepitantes e bolhosos. Os sons descontínuos
gerando sons que são transmitidos por meio dos
são explosivos e de curta duração, inferiores a 20
pulmões e da parede torácica. À medida que o som se
milissegundos (som mais rápido), normalmente eles
desloca para a periferia pulmonar e da parede torácica,
sucedem apenas numa fase do ciclo respiratório, na
é alterado pelas propriedades de filtragem do tecido
inspiração, visto que na expiração é difícil o surgimento
pulmonar normal. O tecido pulmonar normal age como
do mesmo. Os estertores são ruídos audíveis na
um filtro que atenua, permitindo que preferencialmente
inspiração ou na expiração, superpondo-se aos sons
passe sons de baixa frequência. Se posicionar o diafragma
respiratórios normais. Podem ser finos ou grossos. Os
do seu estetoscópio sobre a parede torácica, de um
estertores finos ou crepitantes ocorrem no final da
amigo, e ouvir enquanto fala, esse efeito de filtragem
inspiração, têm frequência alta, isto é, são agudos, e têm
(atenuação) será evidente. Os sons da voz serão
curta duração. Não se modificam com a tosse. Podem
silenciados e de difícil compreensão por causa da
ser comparados ao ruído produzido pelo atrito de um
atenuação. Isso explica as diferenças características entre
punhado de cabelos junto à orelha ou ao som percebido
os sons respiratórios traqueal, ouvidos diretamente sobre
ao se fechar ou abrir um fecho tipo velcro. São ouvidos
a traqueia e o som vesicular, ouvidos sobre a periferia
principalmente nas zonas pulmonares influenciadas pela
dos pulmões. Os sons pulmonares vesiculares normais,
força da gravidade quando originados por congestão
pulmonar. Os estertores finos são produzidos pela
abertura sequencial de vias respiratórias anteriormente como pelo afrouxamento da estrutura de suporte das
fechadas, devido à pressão exercida pela presença de paredes brônquicas. São comuns na bronquite crônica e
líquido ou exsudato no parênquima pulmonar ou por nas bronquiectasias. Outrossim, os estertores bolhosos
alteração no tecido de suporte das paredes brônquicas. tem uma característica de estourar de bolhas e
O primeiro mecanismo explicaria a presença de acontecem mediante presença de secreção fluída nas
estertores finos na pneumonia e na congestão pulmonar vias áreas. Os sons podem suceder mediante grossas
da insuficiência ventricular esquerda, enquanto o segundo bolhas (secreção em vias áreas de maior calibre), médias
seria observado nas doenças intersticiais pulmonares. Os bolhas (secreção em vias áreas de médio calibre) e finas
estertores crepitantes se caracterizam-se pela abertura bolhas (secreção em vias áreas de pequeno calibre).
súbita das unidades alveolares que estão colabadas,
As crepitações podem ocorrer quando o fluxo
mediante a origem de infiltrados dentro dos alvéolos, visto
aéreo causa movimento de excessiva secreção ou fluido
que a presença de líquido acrescida dentro do alvéolo irá
nas vias aéreas. Nessa situação, crepitações são
lavar/diminuir a quantidade de surfactante, no qual o
usualmente grosseiras (baixo tom) e ouvidas durante a
mesmo tem a função de atenuar a atração/afinidade das
inspiração e expiração. Essas crepitações
moléculas de água dentro dos alvéolos e isso promove
frequentemente desobstruem quando o paciente tosse
a abertura da parede dos mesmos. Com o surfactante
ou quando a via aérea é aspirada. As crepitações também
reduzidos as moléculas de água irão se aproximar e
podem ser ouvidas em pacientes pouco secretivos. Essas
consequentemente as paredes dos alvéolos irão colabar
secreções ocorrem quando as vias aéreas colapsadas
no final de expiração, porém devido os alvéolos estarem
abrem-se durante a inspiração. O colapso da via aérea ou
preenchido de infiltrados ao inspirar sucede o som de
fechamento pode ocorrer nos bronquíolos periféricos ou
estertor crepitante decorrente de uma abertura subida
mais calibrosos e nos brônquios mais proximais. Os
do alvéolo. O estertor crepitante é mais audível na
brônquios proximais mais calibrosos podem fechar
inspiração. Outro ruído adventício encontrado nas
durante a expiração quando ocorre um aumento
doenças intersticiais pulmonares são os grasnidos,
anormal na complacência do brônquio ou quando as
semelhante aos sons emitidos pelas gaivotas e audíveis
pressões retráteis ao redor do brônquio são menores.
ao final da inspiração, esses são raros e ocorrem pela
Nessa situação, as crepitações usualmente ocorrem no
abertura súbita das vias áreas de menor calibre e tem
início da fase inspiratória e são chamadas de crepitações
uma etiologia de doenças intersticiais pulmonares e
do início da inspiração. As crepitações no início da fase
bronquiolites. Os estertores grossos ou bolhosos têm
inspiratória usualmente são reduzidas, mas podem ser
frequência menor e maior duração que os finos. Sofrem
altas ou leves. Elas são frequentemente transmitidas para
nítida alteração com a tosse e podem ser ouvidos em
a boca e não são silenciadas pela tosse ou uma mudança
todas as regiões do tórax. Diferentemente dos estertores
de posição. Elas ocorrem mais frequentemente nos
finos, que só ocorrem do meio para o final da inspiração,
pacientes com DPOC, tais como na bronquite crônica,
os estertores grossos são audíveis no início da inspiração
enfisema ou asma, e usualmente indica uma obstrução
e durante toda a expiração. Os estertores grossos
grave das vias aéreas. As vias aéreas periféricas podem
parecem ter origem na abertura e fechamento de vias
fechar durante a expiração quando a pressão
respiratórias contendo secreção viscosa e espessa, bem
intratorácica aumenta e quando o surfactante não está nesta última. São fugazes, mutáveis, surgindo e
presente na quantidade normal. As crepitações desaparecendo em curto período de tempo. Os roncos
produzidas pela abertura repentina das vias aéreas são ruídos adventícios contínuos e secos, decorrente da
periféricas usualmente ocorrem ao final da fase presença de secreção mais consistente/espessa nas vias
inspiratória. Elas têm alto tom e são chamadas de áreas mais centrais, ou seja, de maior calibre, que
crepitações finas, que ocorrem ao final da inspiração. São consequente provoca maior resistência da passagem de
mais comuns nas regiões pulmonares dependentes, onde ar nas vias áreas de maior calibre. Compreende-se por
as vias aéreas periféricas são mais propensas ao colapso ser um som mais grave/grosso, pois a secreção mais
durante a expiração. Elas geralmente são identificadas em consistente gera uma vibração do som com menor
vários ciclos respiratórios consecutivos, produzindo um frequência. O som sucede na inspiração e na expiração
ritmo recorrente. Elas podem desobstruir com mudanças e o mesmo se modifica ou melhora com a tosse quando
na postura ou se o paciente realizar várias inspirações efetiva e eficaz. Os sibilos também se originam de
profundas. A tosse ou a expiração máxima pelo paciente vibrações das paredes bronquiolares e de seu conteúdo
pode causar reaparecimento de crepitações no final da gasoso, aparecendo na inspiração e na expiração. Em
fase de inspiração. As crepitações ao final da fase geral são múltiplos e disseminados por todo o tórax,
inspiratória são mais comuns nos pacientes com quando provocados por enfermidades que
desordens respiratórias, que reduzem o volume comprometem a árvore brônquica, como acontece na
pulmonar. Essas desordens incluem atelectasia, asma e na bronquite. Quando bem localizados em uma
pneumonia, edema pulmonar e fibrose pulmonar. determinada região, indicam semiobstrução por neoplasia
ou corpo estranho. Os sibilos são sons mais finos/agudos
Contínuos/secos = os sons anormais contínuos
do tipo chiado - sibilos compreende a analogia de um
são representados pelos roncos, sibilos e estridor. Os
gatinho no pulmão -, são conseguintes de uma
sons contínuos duram certa de 950 milissegundos ou
resistência aumentada da passagem do ar nas vias áreas
mais dentro de um ciclo respiratório, os mesmos podem
de menores calibre. O som do sibilo é audível na
suceder tanto na inspiração como na expiração, sendo
inspiração, subsequente normalmente de presença de
também um som localizado ou difuso e a etiologia dos
secreção, e na expiração, mediante broncoespasmo
compreende uma obstrução da via área. Roncos (mais
(músculo brônquico, que envolve o brônquio, sofre
grave) e sibilos (mais agudo). Os roncos são constituídos
espasmo, como consequência acarreta redução da via
por sons graves, portanto, de baixa frequência, e os
área e resistência a passagem de ar pela mesma.
sibilos por sons agudos, formados por ondas de alta
Ressalta-se que, na inspiração comumente não se
frequência. Originam-se nas vibrações das paredes
ausculta o sibilo por broncoespasmos devido à pressão
brônquicas e do conteúdo gasoso quando há
dentro do brônquio nessa fase apresentar-se acrescida e
estreitamento destes ductos, seja por espasmo ou
fora ser reduzida, pois a pressão aumentada dentro do
edema da parede ou achado de secreção aderida a ela,
brônquio faz com que ele se mantenha aberto e assim
como ocorre na asma brônquica, nas bronquites, nas
ocorra a passagem de ar dentro da via área [pressão
bronquiectasias e nas obstruções localizadas. Aparecem
intratorácica nesse instante é positiva]; o contrário
tanto na inspiração como na expiração, mas predominam
acontece na expiração, a pressão dentro do brônquio é
menor e fora é grande, com isso o brônquio tende a por segundo, fazendo com que as paredes laterais
diminuir seu calibre e consequente é provocado uma vibrem e produzam um tipo de SPA semelhante a um
resistência maior para a passagem de ar na via área instrumento musical (por exemplo, clarinete). Deve-se
[gênese do sibilo expiratório. Nessa ocorrência pressão monitorar o tom e a duração do sibilo. A melhora do
intratorácica nesse instante é positiva e maior e a fluxo expiratório está associada à diminuição no tom e
intraabdominal também se encontra aumentada] - na duração do sibilo. Por exemplo, se há um sibilo em
espasmos severos pode auscultar sibilos na inspiração alto tom durante todo o tempo expiratório, antes do
também -. Para saber se o sibilo na expiração é por conta tratamento, mas se torna de baixo tom e ocorre apenas
de secreção ou broncoespasmo, solicita-se ao paciente no final da expiração, após a terapia, o tom e a duração
uma tosse, podendo a mesma ser espontânea, solicitada, do sibilo diminuíram. Isso sugere que o grau de obstrução
assistida, estimulado ou feito uma aspiração [paciente da via aérea diminuiu. O sibilo pode ser monofônico ou
sedado em ventilação mecânica estimular reflexo de polifônico. O sibilo monofônico indica que uma única via
tosse ou realizar aspiração], se o som da ausculta se aérea está parcialmente obstruída. O sibilo monofônico
modificar/atenuar ou sumir o sibilo caracteriza um sibilo pode ser ouvido durante a inspiração e expiração ou
de expiração por secreção e caso contrário um sibilo na apenas durante a expiração. O sibilo polifônico sugere
expiração decorrente de broncoespasmos) ou secreção. que diversas vias aéreas estão obstruídas, como na asma,
O estridor é um som produzido pela semiobstrução da e é ouvido apenas durante a expiração. A bronquite e
laringe ou da traqueia, fato que pode ser provocado por ICC também podem causar sibilo polifônico.
difteria, laringites agudas, câncer da laringe e estenose da
O estridor é um importante som adventício do
traqueia. Quando a respiração é calma e pouco profunda,
pulmão que indica comprometimento da via aérea
sua intensidade é pequena, mas, na respiração forçada,
superior. Pode ocorrer em pacientes de qualquer idade,
o aumento do fluxo de ar provoca significativa
mas frequentemente é auscultado na via aérea superior
intensificação deste som.
de crianças. Nas crianças, a laringomalacia é a causa mais
Para mais, o sibilo (chiado) e estridor comum de estridor crônico, enquanto a crupe é a causa
representam vibrações das paredes das vias aéreas mais comum de estridor agudo. Em geral, estridor
causadas quando o ar flui em alta velocidade através da inspiratório é consistente com estreitamento acima da
via aérea estreitada. O diâmetro da via aérea pode ser glote, enquanto o estridor expiratório indica
reduzido por broncoespasmo, edema de mucosa, estreitamento da traqueia inferior. A falta do estridor
inflamação, tumores e corpos estranhos. Esse nunca deve ser interpretada como indicação privilegiada
estreitamento, inicialmente, causa um aumento na da via aérea superior em pacientes com esforço
velocidade do fluxo de ar, que provoca uma queda da respiratório e uma história que sugere um problema
pressão da parede lateral. Isso, por sua vez, faz com que potencial nas vias aéreas.
as paredes laterais da via aérea estreitada se aproximem,
Sopro = quando auscultamos certas regiões do
interrompendo o fluxo de ar. Quando o fluxo de ar é
tórax (7° vértebra cervical no dorso, traqueia, região
interrompido, a pressão nas paredes laterais aumenta e
interescapular), podemos perceber um sopro brando,
a via aérea se abre. Esse ciclo se repete muitas vezes
mais longo na expiração que na inspiração. Essa é uma
verificação normal. Todavia, ocorre também em algumas principal é a pleurite seca. A instalação de derrame pleural
condições clínicas, quando o pulmão perde sua textura determina seu desaparecimento.
normal, como nas pneumonias bacterianas (hepatização),
O atrito pleural é um som de crepitação ou de
nas grandes cavernas (brônquio de drenagem
fricção que ocorre quando a superfície pleural se torna
permeável) e no pneumotórax hipertensivo. Tais sopros
inflamada e as bordas rugosas friccionam durante a
são chamados, respectivamente, de tubários, cavitários e
respiração, como na pleurisia (ou pleurite). Pode ser
anfóricos.
auscultado apenas durante a inspiração, mas
Atrito pleural = há duas pleuras e essas são a frequentemente é identificado durante ambas as fases da
parietal e visceral. Processos inflamatórios na respiração. A fricção usualmente está localizada em certo
pleura/pleurite acarretam atenuação do líquido no lado da parede torácica e assemelha-se a crepitações
espaço pleural e consequentemente as pleuras irão ficar grossas, mas não é afetada pela tosse. A intensidade da
mais rugosas e isso gerará atrito entre elas e também fricção pleural pode aumentar com inspiração profunda.
originará o ruído adventício de atrito pleural audível na
Sons da voz = ausculta-se a voz nitidamente
inspiração e expiração. O som extraparenquimatoso
pronunciada e a voz cochichada. Para isso, o paciente vai
comumente auscultado em situações de atrito pleural e
pronunciando as palavras “trinta e três” enquanto o
decorrente de uma fricção dos folhetos pleurais.
examinador percorre o tórax com o estetoscópio,
Caracteriza por um som extraparenquimatoso e tem
comparando regiões homólogas. Os sons produzidos pela
ralação com a funcionalidade da pleura pulmonar. Em
voz e ouvidos na parede torácica constituem o que se
condições normais, os folhetos visceral e parietal da
chama ressonância vocal. Em condições normais, tanto
pleura deslizam um sobre o outro, durante os
na voz falada como na cochichada, a ressonância vocal
movimentos respiratórios, sem produzir qualquer ruído.
constitui-se de sons incompreensíveis, isto é, não se
Nos casos de pleurite, por estarem recobertas de
distinguem as sílabas que formam as palavras. Isto porque
exsudato, passam a produzir um ruído irregular,
o parênquima pulmonar normal absorve muitos
descontínuo, mais intenso na inspiração, com frequência
componentes sonoros. Todavia, quando está consolidado
comparado ao ranger de couro atritado, o qual recebe a
(pneumonia, infarto pulmonar), a transmissão é facilitada.
denominação de atrito pleural. Representa um som de
A ressonância vocal é mais intensa nas regiões
duração maior e frequência baixa, de tonalidade grave e
interescapulovertebral superior e esternal superior, ou
produz vibração palpável, o que torna fácil distingui-lo dos
seja, exatamente nas mesmas áreas onde se ausculta
estertores. Para reconhece-lo, pode-se imitá-lo colocando
respiração broncovesicular. A ressonância vocal costuma
uma das mãos de encontro à própria orelha e atritando-
ser mais forte em homens do que em mulheres e
a com a outra mão, com forte pressão. A sede mais
crianças, em decorrência do timbre da voz. Toda vez
comum do atrito pleural são as regiões axilares inferiores,
que houver condensação pulmonar – inflamatória,
onde os pulmões realizam movimentação mais ampla. O
neoplásica ou pericavitária –, há aumento da ressonância
aumento da pressão do receptor do estetoscópio sobre
vocal ou broncofonia. Ao contrário, na atelectasia, no
a parede torácica pode torna-lo mais intenso. Sua causa
espessamento pleural e nos derrames, ocorre diminuição
da ressonância vocal. Observar que o aumento e a
diminuição da ressonância vocal coincidem com as da intensidade e clareza. Anormalidades patológicas no
mesmas modificações do frêmito toracovocal/densidade tecido pulmonar alteram a transmissão dos sons da voz,
do parênquima pulmonar. A explicação é a mesma, isto produzindo tanto aumento ou redução da ressonância
é, facilitação da chegada das vibrações à parede torácica, vocal. A ressonância vocal aumentada ocorre com a
percebidas pelo tato (frêmito toracovocal) ou pela orelha consolidação pulmonar, enquanto diminuição da
(ressonância vocal). Por esse motivo, a ausculta da voz é ressonância vocal é ouvida quando os pulmões estão
pouco utilizada na prática, já que as informações clínicas hiperinflados ou com pneumotórax.
são as mesmas obtidas na palpação do frêmito
Broncofonia é um aumento na intensidade e
toracovocal. Quando se ouve com nitidez a voz falada,
clareza da ressonância vocal produzida pela transmissão
chama-se pectorilóquia fônica. Quando o mesmo
de vibrações vocais é chamado de broncofonia. A
acontece com a voz cochichada, denomina-se
broncofonia indica aumento na densidade do tecido
pectorilóquia afônica, a qual representa a expressão
pulmonar, como ocorre na fase de consolidação da
estetoacústica mais clara da facilitação da transmissão das
pneumonia. A broncofonia é mais fácil de ser detectada
ondas sonoras. Na ausculta da voz podem-se observar:
quando é unilateral. Frequentemente acompanha sons
ressonância vocal normal. Ressonância vocal diminuída.
respiratórios bronquiais, uma indicação de percussão
Ressonância vocal aumentada: broncofonia – ausculta-se
abafada e frêmito vocal aumentado. A ressonância vocal
a voz sem nitidez. Pectorilóquia fônica – ausculta-se a voz
é reduzida quando a transmissão dos sons de voz através
nitidamente. Pectorilóquia afônica – ausculta-se a voz
dos pulmões ou da parede torácica é limitada. A
mesmo se cochichada. Egofonia. É uma forma especial
hiperinflação, pneumotórax, obstrução bronquial e o
de broncofonia, ou seja, é uma broncofonia de qualidade
derrame pleural impedem a transmissão dos sons da voz
nasalada e metálica, comparada ao balido de cabra.
e a ressonância vocal diminui. A ressonância vocal
Aparece na parte superior dos derrames pleurais. Pode
diminuída, usualmente, ocorre junto com sons
ser observada, também, na condensação pulmonar.
respiratórios reduzidos e frêmito tátil diminuído.
Se a inspeção do tórax, palpação, percussão
Frisa-se que, a ausculta da voz/ressonância
ou ausculta sugere uma anormalidade pulmonar, a
vocal é por meio das vibrações das cordas vocais, nas
avaliação da ressonância vocal pode ser útil em uma
quais são transmitidas para as vidas áreas. O tecido
próxima avaliação. A ressonância vocal é produzida pelo
pulmonar normal filtra os sons gerados e reduz a
mesmo mecanismo que o frêmito vocal. Vibrações
intensidade e nitidez normal da voz. Numa ausculta volca
criadas pelas cordas vocais durante a fala direcionam para
normal/densidade parenquimatosa normal a voz tende a
baixo nas vias aéreas e através da periferia pulmonar para
ser abafada/diminuída e com sons que não são
a parede torácica. O paciente é instruído a repetir as
compreensíveis, a intensidade da voz é menor.
palavras “um”, “dois”, “três”), ou “trinta e três” enquanto o
Alterações de densidade pulmonar podem promover
examinador faz a ausculta por meio do estetoscópio
redução do som e rigidez da voz, comumente densidade
sobre a parede torácica, comparando um lado com o
reduzida; densidade do parênquima pulmonar aumentada,
outro. É normal quando o tecido pulmonar cheio de ar
som da voz fica mais nítida e audível. Doenças
filtra o som da voz, produzindo uma redução significante
pulmonares podem produzir redução (hiperinsuflação
pulmonar, derrame pleural, pneumotórax – ressonância  Resumidamente, frisa-se que se tem vias
vocal aumentada/maior densidade do parênquima -) ou áreas de maior, médio e pequeno calibre, com isso cada
aumento (consolidação pulmonar – ressonância vocal via área viabiliza uma resistência diferente para a
reduzida/menor densidade do parênquima -) da passagem do ar e consequente gera o som audível da
ressonância vocal. ausculta pulmonar normal. Quando sucede uma alteração
da resistência (comumente aumento da resistência) da
Sons Respiratórios Bronquiais = são
passagem do ar pelos calibres das vias áreas ou o ar
considerados anormais quando eles são ouvidos sobre
chegando na região periférica dos pulmões/alvéolos
regiões periféricas do pulmão. Eles podem substituir o
transcorre os ruídos adventícios dos pulmões/sons
som vesicular normal quando o tecido pulmonar aumenta
anormais, no quais compreendem os sons
a densidade, como na atelectasia e na pneumonia.
contínuos/secos e descontínuos/úmidos, bem como o
Quando o tecido pulmonar normal cheio de ar se torna
atrito pleural também. Os sons contínuos caracterizam
consolidado, a atenuação é reduzida e sons similares são
um som que dura 950 milissegundos ou mais dentro do
ouvidos sobre as grandes vias aéreas superiores e o
ciclo respiratório, abrangem sons de roncos (mais grave)
pulmão consolidado.
ou sibilos (mais agudos), os mesmos podem ocorrer na
Sons Respiratórios Diminuídos = ocorrem inspiração ou na expiração, são localizados ou difusos e
quando a intensidade do som e o local de origem a etiologia é decorrente de obstrução da via área. Os
(grandes vias aéreas) são reduzidos ou quando a sons descontínuos são explosivos e de curta duração,
transmissão do som por meio do pulmão ou da parede tem um tempo inferior a 20 milissegundos e consistem
torácica é reduzida. A intensidade do som é reduzida com em sons estertores crepitantes e estertores bolhosos. O
padrão de respiração superficial ou lento. Esse tipo de atrito pleural não tem relação subsequente de uma
respiração causa menos turbulência nas grandes vias alteração por aumento da resistência da via área e sim
aéreas e resulta em sons respiratórios diminuídos em com um atrito das pleuras – mais sons e características
todo o tórax. As vias aéreas obstruídas por muco e tecido há -.
pulmonar hiperinflado atenua os sons por meio dos
pulmões. Ar ou fluido no espaço pleural e obesidade
também reduz a transmissão de som por meio da SOM LOCAL INTENSID INTENSID SOM
parede torácica. Em pacientes com obstrução crônica DA ADE - ADE - +
das vias aéreas, intensidade normal do som respiratório AUSCULT INSPIRAÇ EXPIRAÇ INTES
geralmente está reduzida, significantemente, em todos A ÃO ÃO IDADE
os campos pulmonares. Esse é o resultado da baixa Som Área de +++ ++++ Som
transmissão sonora através dos tecidos pulmonares traque projeção de
hiperinflados, como ocorre no quadro de enfisema. al da tonalid
Padrão respiratório superficial também contribui para a traqueia/c ade
redução dos sons respiratórios nos pacientes com DPOC. ervical alta e
intensi
dade media/bas
eleva e anterior
da e linha
Som Áreas de +++ +++ média
brônqu projeção axilar
ico dos posterior/
brônquios base
principais posterior
Som Regiões ++ +++ Som (Y
bronco esternal e de invertido)
vesicul interescap tonalid
ar ulovertebr ade
Som traqueal, local da ausculta é nas áreas de
al superior mode
projeção da traqueia/cervical (alto tom, intenso). Som
– som rada e
brônquico, nas áreas de projeção dos brônquios
mais intensi
principais. Som broncovesicular, ausculta-se nas regiões
central/me dade
esternal Regiões esternal e interescapulovertebral
dial do mode
superior/ao redor da parte superior do tronco – som
tórax em rada
mais central/medial do tórax em relação aos pulmões
relação
(tom moderado e intensidade moderada) -. Murmúrios
aos
vesicular, local da ausculta é na periferia dos pulmões –
pulmões
som mais lateral ao tórax em relação aos pulmões (som
Murm Periferia +++ ++ Som
baixo e com uma intensidade suave). Em perfil, na linha
úrio dos com
média axilar; linha media axilar anterior/base anterior e
vesicul pulmões – tonalid
linha média axilar posterior/base posterior (Y invertido).
ar som mais ade
A ausculta anterior se dará primordialmente o som
lateral ao baixa
broncovesicular/som mais central e vesicular (som mais
tórax em e
periférico), as localidades são na região infraclavicular,
relação intensi
esternal, mamária e na localidade inframamária. A
aos dade
ausculta posterior se dará primordialmente o som
pulmões. baixa
broncovesicular/som mais central e vesicular (som mais
Em perfil,
periférico), as localidades são na região supraescapular,
na linha
interescapulovertebral e na localidade infraescapular.
média
axilar; linha  Uma ausculta pulmonar normal é descrita da

media seguinte maneira: murmúrio traqueal presente, murmúrio

axilar broncovesicular presente, murmúrio vesicular presente,


ambos bilaterais, sem presença de ruídos adventícios
(AP: MT+, MB+ MV+ S/RA). Frisa-se que, para que o ar a posição deitada, neste caso, refere-se à ortopneia. A
chegar no murmúrio vesicular, o mesmo precisar ortopneia é comum em pacientes com insuficiência
perpassar pelos murmúrios traqueal e broncovesicular, cardíaca congestiva (ICC) e parece ter sua causa no
desta maneira se há o murmúrio vesicular, entende-se aumento repentino no retorno venoso que ocorre ao se
que o traqueal e o broncovesicular também se exibem, deitar. O ventrículo esquerdo afetado é incapaz de se
com isso pode se dizer que uma ausculta pulmonar adaptar ao retorno venoso aumentado, resultando em
apresenta murmúrio vesicular presente bilateralmente, congestão vascular pulmonar e dispneia. A ortopneia
sem a presença de ruídos adventícios (AP: MV+ bilat. também é um sintoma causado pela paralisia
S/RA) diafragmática bilateral. A dispneia na posição ereta é
conhecida como platipneia. Esse sintoma raro pode
SINAIS E SINTOMAS
acompanhar malformações arteriovenosas no pulmão, tal
CARACTERÍSTICOS DO PORTADOR DE DOENÇA
como ocorre na doença crônica do fígado (síndrome
PULMONAR – há diversos sintomas que um indivíduo
hepatopulmonar) ou em algumas condições hereditárias.
pode apresentar subsequente de patologias pulmonares,
A platipneia pode ser acompanhada por ortodeoxia, que
como dispneia, tosse, hemoptise, desconforto/dor
é dessaturação do oxigênio ao se assumir a posição
torácica, cianose e outros mais, nos quais dependeram
ereta. É importante identificar e documentar o grau de
de cada pessoa, de sua (s) doença (s) e clínica.
dispneia, porque ajuda a determinar a gravidade do
DISPNEIA: a dispneia é definida como um problema. Quanto mais grave a doença, maior a dispneia
encurtamento da respiração relatada pelo paciente. do paciente se torna, a pequeno esforço, na maioria dos
Trata-se de um sintoma complexo que ocorre em uma casos. Também é importante identificar em que nível de
variedade de padrões. O mecanismo exato responsável esforço o paciente tem de parar para recuperar seu
pela dispneia não é bem compreendido, mas ocorre mais fôlego. O paciente precisa parar depois de subir um lance
frequentemente quando os pacientes percebem que seu de escadas ou após caminhar metade de um quarteirão
trabalho respiratório é excessivo para seu nível de em superfície plana? Obviamente, o paciente cuja
atividade. Em geral, a dispneia se torna uma preocupação respiração se torna curta após subir vários lances de
quando o drive respiratório é excessivo ou o trabalho escada, de certo modo não está tão acometido quanto
respiratório aumenta. O aumento no drive respiratório o paciente cuja respiração é curta em repouso. No último
ocorre com a hipoxemia, acidose, febre, exercício ou caso, o exame inicial deve ser breve e o problema
ansiedade. Um aumento no trabalho respiratório ocorre tratado tão rápido quanto possível. Nem todos os
quando as vias aéreas se tornam estreitadas (por pacientes com dispneia usam termos similares ou frases
exemplo, com asma ou bronquite) ou quando o pulmão para descrever sua dispneia. Por exemplo, pacientes com
tem dificuldade de se expandir (por exemplo, com asma tendem a usar a frase “estou com aperto no peito”,
pneumonia, edema pulmonar ou anormalidade da parede pacientes com doença pulmonar intersticial tendem a
torácica). Em alguns pacientes, tanto um aumento no dizer “minha respiração está muito rápida”, e pacientes
trabalho respiratório como no drive respiratório podem com ICC frequentemente qualificam sua dispneia com a
estar presentes, resultando em dispneia grave. A dispneia frase “sinto que estou sufocando”. Os clínicos deveriam
pode estar presente apenas quando o paciente assume fazer perguntas específicas sobre a qualidade e a
característica da dispneia do paciente para avaliarem TOSSE: a tosse é um dos sintomas mais
melhor a causa e encontrarem o tratamento apropriado. comuns observado nos pacientes com doença pulmonar.
O grau de dispneia em repouso dever ser documentado Tossir é uma manobra expiratória forçada que expele
usando intensidade numérica ou escala de analogia visual. muco e corpo estranho das vias aéreas. Isso usualmente
Tais escalas são importantes porque fornecem uma ocorre quando os receptores da tosse são estimulados
tendência da resposta do paciente ao tratamento no por inflamação, muco, corpo estranho ou gases nocivos.
decorrer do tempo. Além disso, elas são necessárias Os receptores da tosse estão localizados primariamente
porque as medidas fisiológicas da função pulmonar (por na laringe, traqueia e brônquios principais. A eficácia da
exemplo, testes de função pulmonar, PaO2) não se tosse depende da habilidade do indivíduo de fazer uma
correlacionam com o grau de dispneia em muitos dos inspiração profunda, da retração do seu pulmão, a força
pacientes. Por exemplo, pacientes que parecem dos músculos expiratórios e o nível de resistência das
saudáveis, com valores normais de PaO2 normal ou vias aéreas. A habilidade de inspirar profundamente ou
volume expiratório forçado em um segundo (VEF1), exalar forçosamente frequentemente está prejudicada
podem apresentar dispneia significante, que é incômoda nos pacientes com doença neuromuscular. O fluxo
para a qualidade de vida em geral. Os pacientes em expiratório frequentemente é limitado por fatores como
ventilação mecânica, e que estão alertas e orientados, broncoespasmo (por exemplo, asma) e retração
podem ser avaliados para a presença e o grau de pulmonar reduzida (como no enfisema). Pacientes com
dispneia, embora estejam intubados, pelo uso de escalas eficácia inadequada para tossir, devido à incapacidade
acima mencionadas. Pelo fato de a dispneia ser comum desses fatores, frequentemente têm problemas com
nos pacientes com ventilação mecânica, é importante retenção de secreção e, por isso, são mais propensos a
que os terapeutas rotineiramente avaliem o nível de desenvolverem pneumonia. As características
dispneia nesses pacientes. Os terapeutas podem importantes para identificação da tosse do paciente
colaborar com o médico do paciente e definir os ajustes incluem se é seca ou fraca, produtiva ou não-produtiva
do ventilador (por exemplo, aumento da pressão de e aguda ou crônica, como também seu período de
suporte) quando os pacientes comunicam a presença de ocorrência durante o dia ou à noite. Conhecimento de
dispneia moderada ou grave durante a ventilação tais detalhes pode ajudar a determinar a causa da tosse.
mecânica. Por exemplo, uma tosse seca e não produtiva é típica
das doenças pulmonares restritivas como ICC ou fibrose
A dispneia é a sensação subjetiva de falta de
pulmonar. Uma tosse fraca é mais frequentemente
ar, a mesma possui uma classificação em relação ao
associada a doenças inflamatórias obstrutivas como
esforço, podendo a sensação de falta de ar estar
bronquite e asma. A causa mais comum da tosse aguda,
presente em situações de grande (correr, tomar banho
autolimitante, é uma infecção viral das vias aéreas
e outras ocorrências), médio (subir uma rampa, escadas
superiores. Causas comuns de tosse crônica incluem
e mais situações) e pequeno esforço (levantar da cama,
asma, corrimento nasal, bronquite crônica e refluxo
escovar os dentes e etc) e podendo suceder até mesmo
gastroesofágico, embora frequentemente exista
em repouso.
combinação dessas causas. A tosse também está
associada ao uso de determinados medicamentos usados
para hipertensão (por exemplo, inibidores de enzima seios paranasais, o palato mole, a pleura e o mediastino.
conversores de angiotensina). Inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA)
podem ser causa de tosse. Corpo estranho nas vias
Complementando, a tosse é resultado de
respiratórias provoca tosse seca, quase contínua, rebelde
estimulação dos receptores da mucosa das vias
ao tratamento. Em uma fase mais tardia, torna-se mais
respiratórias. Os estímulos podem ser de natureza
branda, passando a produtiva, desde que ocorra
inflamatória (hiperemia, edema, secreções e ulcerações),
inflamação, com ou sem infecção. Tosse seca, que não
mecânica (poeira, corpo estranho, aumento ou
cede à medicação comum, pode ser um equivalente da
diminuição da pressão pleural como ocorre nos
asma e como tal deve ser tratada. Nos enfisematosos
derrames e nas atelectasias), química (gases irritantes) e
(tipo PP, pinker puf er [magro]), a tosse é mais seca. Nos
térmica (frio ou calor excessivo). A tosse é um
bronquíticos (tipo BB, blue bloater [gordo]) é produtiva.
mecanismo de defesa das vias respiratórias, as quais
Pode ser um sinal precoce de doença pulmonar
reagem aos irritantes ou procuram eliminar secreções
intersticial, como alveolite alérgica, sarcoidose, fibrose
anormais, sempre com o objetivo de se manterem
idiopática, condições em que sempre compromete a
permeáveis. Contudo, ela pode tornar-se nociva ao
qualidade de vida. No tromboembolismo costuma ser
sistema respiratório, em virtude do aumento da pressão
improdutiva, mas pode acompanhar-se de expectoração
na árvore brônquica, que culmina na distensão dos septos
com traços de sangue. O mesmo acontece na
alveolares. A tosse pode provocar hemorragias
insuficiência ventricular esquerda, na estenose mitral e no
conjuntivais, fratura de arcos costais, hérnias inguinais em
edema pulmonar agudo, quando, então, costuma
pessoas idosas e grande desconforto nos pacientes
acompanhar-se de secreção espumosa, às vezes de
recém-operados. Há uma tendência entre os pacientes
coloração rósea. Após intubação traqueal, traqueostomia
tabagistas crônicos de considerá-la como manifestação
e nos indivíduos portadores de hérnia hiatal ou
“normal”, principalmente quando ocorre pela manhã. Sua
acometidos de acidente vascular cerebral pode ocorrer
investigação clínica inclui as seguintes características:
tosse produtiva provocada por aspiração de resíduos
frequência, intensidade, tonalidade, existência ou não de
gástricos. A sinusite crônica e a rinite são outras causas
expectoração, relações com o decúbito, período do dia
de tosse, devido ao gotejamento de secreção para a
em que é maior sua intensidade. A tosse pode ser
faringe. Denomina-se tossesíncope aquela que, após crise
produtiva ou úmida, quando se acompanhada de
intensa, resulta na perda de consciência. A tosse bitonal
secreção, não devendo nesses casos ser combatida; ou
deve-se a paresia ou paralisia de uma das cordas vocais,
seca, quando é inútil, causando apenas irritação das vias
que pode significar comprometimento do nervo laríngeo
respiratórias. A tosse quintosa caracteriza-se por surgir
inferior (recorrente), situado à esquerda no mediastino
em acessos, geralmente pela madrugada, com intervalos
médio inferior. A tosse rouca é própria da laringite
curtos de acalmia, acompanhada de vômitos e sensação
crônica, comum nos tabagistas. Antes do aparecimento
de asfixia. Embora seja característica da coqueluche,
dos fármacos antituberculose, era frequente a laringite
ocorre também em outras afecções broncopulmonares.
específica. Um grande número de laringites é causado
A tosse seca pode ter origem em áreas fora da árvore
pelo Paracoccidioides brasiliensis, fungo responsável pela
brônquica, como o canal auditivo externo, a faringe, os
paracoccidioidomicose. Tosse reprimida é aquela que o
paciente evita, em razão da dor torácica ou abdominal, bronquiectasias, principalmente nas reagudizações,
como acontece no início das pleuropneumopatias, no costumam eliminar, pela manhã, grande quantidade de
pneumotórax espontâneo, nas neuralgias intercostais, secreção, acumulada durante a noite, ocasião em que
nos traumatismos toracoabdominais e nas fraturas de fazem sua “toalete” brônquica.
costela. Tosse associada a beber ou comer está
As vias aéreas saudáveis produzem muco
relacionada com doença do esôfago superior (divertículo,
diariamente. Contudo, normalmente a quantidade desse
doença neuromuscular). Há pacientes que apresentam
muco é mínima, e certamente não é suficiente para
tosse ou seu equivalente, o pigarro, em situações que
estimular os receptores da tosse. O muco é
implicam tensão emocional (tosse psicogênica), como
gradualmente movido para a hipofaringe pelo movimento
reuniões e falar em público. A tosse psicogênica é um
mucociliar, onde é deglutido e/ou expectorado. Doença
diagnóstico de exclusão. Expectoração. A confirmação da
das vias aéreas pode fazer com que as glândulas
presença de escarro é o primeiro passo para diferenciar
mucosas, que ficam nas vias aéreas, produzam uma
uma síndrome brônquica de uma síndrome pleural. Suas
quantidade anormalmente aumentada de muco, que de
características semiológicas compreendem volume, cor,
modo usual estimula os receptores da tosse e ajuda o
odor, transparência e consistência. Não se deve esquecer
paciente a expectorar, produzindo uma tosse produtiva.
que as mulheres e as crianças têm o costume de deglutir
Isso é observado na bronquite aguda ou crise asmática
a expectoração. As características do escarro dependem
devido à infecção das vias aéreas. Os terapeutas
de sua composição: o seroso contém água, eletrólitos,
precisam estar cientes da terminologia relacionada ao
proteínas e é pobre em células; o mucoide, embora
escarro. Tecnicamente, o muco da árvore
contenha muita água, proteínas, inclusive mucoproteínas,
traqueobronquial que não tenha sido contaminado por
eletrólitos, apresenta celularidade baixa; o purulento é
secreções orais é chamado de catarro. O muco
rico em piócitos e tem celularidade alta; no hemoptoico,
proveniente do pulmão, mas que passa pela boca ao ser
observamse “rajas de sangue”. A expectoração no
expectorado é escarro. Por ser dessa forma que mais
edema pulmonar agudo é bem característica, tendo
amostras de muco do pulmão são obtidas, o termo
aspecto seroso espumoso. Ocasionalmente apresenta
escarro é usado neste capítulo. O escarro que contém
coloração rósea. A expectoração do asmático é
células de pus é chamado de purulento, sugerindo
mucoide, com alta viscosidade, aderindo às paredes do
infecção bacteriana. O escarro purulento tem aspecto
recipiente que a contém, lembrando a clara de ovo;
denso, cor específica e é viscoso. O escarro que tem
marca o término da crise asmática. Sua riqueza em
cheiro irritante é chamado de fétido. O escarro claro e
eosinófilos é bem característica. O paciente com DPOC
espesso é mucoide e comumente é observado nos
costuma produzir pequena quantidade de escarro
pacientes com doença nas vias aéreas (por exemplo,
diariamente, mas quando em exacerbação, apresenta
asma). Recentes mudanças na cor, viscosidade ou
pelo menos 2 dos 3 seguintes critérios: mudança da cor
quantidade de escarro produzido são geralmente sinais
do escarro, passando, por exemplo, de mucoide para
de infecção e tem de ser documentadas e registradas
mucopurulento ou purulento, aumento de volume e
pelo médico.
piora da dispneia. São sinais de infecção brônquica. Os
bronquíticos crônicos, quando portadores de
A tosse é um dos sintomas mais comuns em Causas comuns de hemoptise maciça incluem
doenças cardiorrespiratórias, caracteriza-se podendo ser bronquiectasias, abscessos pulmonares e tuberculose
seca (sem a presença de secreção), úmida (pode ser aguda ou crônica.
produtiva/com secreção ou improdutiva/sem secreção)
A hemoptise é a eliminação de sangue pela
e exibe uma eficácia (força da musculatura que promove
boca, passando através da glote. Está entre as mais
a tosse – eficaz, pouco eficaz e ineficaz). A tosse gera
dramáticas manifestações clínicas com que o médico se
uma higiene pulmonar. A secreção tem grande
defronta. O primeiro problema que se impõe é transmitir
correlação com a tosse bem como com processos
serenidade ao paciente e à família. As hemoptises podem
patológicos que podem advir num indivíduo, essa pode
ser devidas a hemorragias brônquicas ou alveolares. Nas
apresentar particularidades em seu aspecto (fluída, semi-
hemoptises de origem brônquica, o mecanismo é a
espessa/semi-consistentente e espessa/consistência,
ruptura de vasos previamente sãos, como ocorre no
espumosa e mais ocorrências), cor (esbranquiçada,
carcinoma brônquico, ou de vasos anormais, dilatados,
esverdeada, amarelada, sanguinolenta/hemoptise,
neoformados, como sucede nas bronquiectasias e na
acastanhada, borra de café e mais), odor (secreções
tuberculose. Nas hemorragias de origem alveolar, a causa
fétidas ou sem odor) e quantidade (pouco média ou
é a ruptura de capilares ou transudação de sangue, sem
grande de secreção).
que haja solução de continuidade no endotélio. Quando
HEMOPTISE: tossir sangue ou escarro com há um processo infeccioso que evolui para necrose
traços de sangue dos pulmões é chamado de (tuberculose), surgem cavidades que, ao abscederem,
hemoptise/secreção sanguinolenta. A hemoptise é podem abrigar aneurismas de Rasmüssen. O diagnóstico
caracterizada como maciça (mais de 300 mL de sangue etiológico é a próxima etapa, embora se saiba que 10 a
em 24 horas), o que é uma emergência médica, ou não 20% das hemoptises ficam sem diagnóstico quanto à sua
maciça. A hemoptise deve ser distinguida de causa. Atualmente, a causa mais frequente são as
hematêmese, que é vomitar sangue do trato bronquiectasias. Contudo, a tuberculose ainda é
gastrointestinal. O sangue dos pulmões frequentemente responsável por um grande número de casos,
é observado em pacientes com história de doença juntamente com a aspergilose oportunística que se
pulmonar e pode ser misturado com escarro. Sangue do instala nas cavernas saneadas (fungus ball). As hemoptises
estômago pode ser misturado com partículas de alimento podem ocorrer com ou sem ruptura vascular. O aspecto
e ocorre mais frequentemente em pacientes com arejado do sangue, elemento diagnóstico importante,
história de doença gastrointestinal. A hemoptise não nem sempre é verificável devido à secreção
maciça é causada, mais frequentemente, por infecção mucopurulenta. O prognóstico de uma hemoptise não é
das vias aéreas, mas também é observada em câncer definido pelo volume de sangue eliminado. Pequenas
de pulmão, tuberculose, trauma e embolia pulmonar. A hemoptises podem levar a broncospasmo grave. As
hemoptise associada à infecção normalmente é hemoptises maciças (acima de 600 mℓ/24 h) levam
observada como traço de sangue e escarro purulento. A comumente ao choque, embora a maior causa de morte
hemoptise de carcinoma broncogênico frequentemente seja a asfixia provocada pelo tamponamento da traqueia
é crônica e pode estar associada à disfonia e tosse. por coágulos. Em pacientes que alcançam a idade adulta,
periodicamente acometidos de hemoptises, o diagnóstico de hemácias nos alvéolos; necrose e hemorragia (infarto
pode ser facilitado, uma vez que se encontre em sua pulmonar), ulceração mucosa brônquica (tuberculose),
história relato de doença anteriormente diagnosticada. Isto entre outros fatores causais. A secreção com sangue
ocorre, com frequência, nas fibroses residuais dos pode suceder mediante salvadora (secreções
tuberculosos curados, portadores de cavernas saneadas constantes) ou de aviso (secreção n]ao é sempre).
habitadas por Aspergillus, e nos bronquíticos crônicos diferencia
com bronquiectasias. Na hemoptise que surge pela
DESCONFORTO/DOR TORÁCICA: a maioria
primeira vez em paciente adulto do sexo masculino,
das dores torácicas pode ser categorizada tanto como
fumante durante muitos anos, aventa-se logo a hipótese
pleurítica ou não pleurítica. Dor torácica pleurítica
de lesão brônquica maligna. Em contraposição, um
usualmente está localizada lateralmente ou
primeiro episódio hemoptoico em um jovem, em
posteriormente. Piora quando o paciente faz inspiração
aparente bom estado de saúde, não tem o mesmo
profunda, e é descrita como tipo de dor pontiaguda,
significado. Com razão, tal fato era chamado de
punhalada. É associada a doenças do tórax que causam
“hemoptise providencial”, por possibilitar o diagnóstico
acometimento da pleura pulmonar e inflamação da
precoce da tuberculose. Na infância, as causas mais
mesma, como na pneumonia ou embolia pulmonar. A dor
frequentes de hemoptise ou de expectoração
torácica não pleurítica está localizada tipicamente no
hemoptoica são as pneumonias bacterianas e os corpos
centro do tórax anterior e pode irradiar para os ombros
estranhos. Nos jovens, a tuberculose e a estenose mitral.
ou as costas. Não é afetada pela respiração, e é descrita
Em nosso meio, a paracoccidioidomicose é causa comum
como uma dor tipo pressão. Uma causa comum de dor
de hemoptise, sobretudo pela sua possível associação à
torácica não pleurítica do tórax é a angina, que
tuberculose. As hemoptises devidas ao adenoma
classicamente é uma sensação opressiva e resulta de
brônquico e ao tumor carcinoide são, em geral, de certo
oclusão arterial coronariana. Outras causas comuns de
volume, sendo o primeiro mais comum na mulher. Os
dor torácica não pleurítica incluem refluxo
bronquíticos raramente apresentam hemoptise, embora
gastrointestinal, espasmo esofágico, dor na parede
com frequência tenham estrias de sangue no escarro.
torácica (por exemplo, costocondrite) e doença da
Hemoptise em paciente submetido a intervenção
vesícula biliar.
cirúrgica recente faz pensar em embolia pulmonar. A
ausculta muitas vezes possibilita determinar o local de O desconforto/dor torácica tem grande

origem do sangramento. A radiografia do tórax deve ser importância em correlação com a anamnese, vista que a

feita logo que as condições do paciente a viabilizem. O mesma corrobora para a diferenciação da causa da dor,

exame broncoscópico é obrigatório mesmo durante o por meio de abordá-la em relação ao seu tipo, localização

episódio de sangramento. e extensão da algia, condições que


desencadeiam/agarravam situação do paciente, duração
A hemoptise é uma expectoração
da dor, condições de alívio e outras coisas mais,
sanguinolenta, principalmente em vias áreas
decorrente de que cada paciente transcorrer de uma
infraglóticas/abaixo da glote. As causas que podem ser
maneira -. Ademais, há a dor pleurítica, essa pode
consideradas para a secreção de hemoptise são entradas
acontecer em várias regiões do tórax, tal como localidade
anterior, posterior e lateral, e pode ou não ser carregam dióxido de carbono e liberam quando
ventilatório-dependente, isto é, no instante de inspirar e necessário/ligação instável e as desoxihemoglobinas, na
expirar gerar mais algia, caso contrário caracteriza uma qual consiste em hemoglobinas que carreiam o dióxido
dor contínua. Ressalta-se que, parênquima pulmonar não de carbono porém o mesmo não se desliga/ligação
exibe inervação dolorosa, as pleuras sim. estável), porém sem oxigênio, que perfundem a pele e
mucosas, ou seja, é uma alteração de perfusão
CIANOSE: o exame dos dedos para avaliar a
sanguínea na periferia ou localidade central, na qual
presença de cianose é parte da avaliação inicial e é feita
comumente pela diminuição da concentração de
sempre que se suspeita de hipoxemia. A cianose pode
oxigênio. A cianose central (região esternal, boca, nariz e
ser detectada facilmente por causa da transparência das
orelha) apresenta como principais causas modificações
unhas e da pele. A cianose se torna visível quando a
cardíaca, pulmonar (shunt-fistulas). Já a cianose periférica
quantidade de hemoglobina dessaturada no capilar
(mãos e pés) tem como etiologia que o volume de
sanguíneo excede de 5 para 6 g/dL. Isso pode ser
sangue é atenuado, é preciso uma higiene regional e para
causado por redução tanto do conteúdo arterial ou
acompanhar pode transcorrer junto obstrução venosa.
venoso de oxigênio, ou ambos. A cianose dos dedos é
Comumente, se tem até 5 mg/dl de tecido sangue por
conhecida como cianose periférica e é principalmente o
de desoxihemoglobina, um valor acima disso promove
resultado do pobre fluxo sanguíneo, os tecidos extraem
uma cianose. Os sinais e sintomas de uma cianose são:
mais oxigênio, baixando o conteúdo venoso de oxigênio
e elevando a quantidade de hemoglobina reduzida. As ESPIROMETRIA –
extremidades ficam frias ao toque quando a cianose
Uma avaliação completa do sistema respiratório
periférica é um sinal de perfusão precária. Outra questão
inclui a história, o exame físico, o exame de raios X de
que pode ser avaliada relacionada a cianose é o
tórax, a análise de gases sanguíneos arteriais e testes de
enchimento capilar pode ser avaliado pressionando-se
função pulmonar de um paciente. Os resultados dos
firme e rapidamente a unha do paciente e observando-
testes se tornam mais significativos quando considerados
se a velocidade na qual o fluxo de sangue retorna.
no contexto de uma avaliação completa. Embora o teste
Quando o débito cardíaco está reduzido e a perfusão
diagnóstico da função pulmonar seja realizado em um
digital é precária, o enchimento capilar é lento, levando
setor de laboratório e usualmente apenas em pacientes
vários segundos para se completar. Em indivíduos
em uma condição estável, os terapeutas também
saudáveis com bom débito cardíaco e perfusão digital, o
realizam muitos desses testes em pacientes que estão
tempo do enchimento capilar é menor que três
agudamente doentes ao leito. Existem três categorias de
segundos. O enchimento anormal também pode indicar
testes da função pulmonar, que medem (1) as taxas de
precário suprimento vascular.
fluxo dinâmico dos gases através das vias aéreas, (2) os
A cianose caracteriza por um aumento da volumes e as capacidades pulmonares, e (3) a capacidade
concentração de hemoglobinas/acréscimo da dos pulmões em difundir os gases. Uma combinação
desoxihemoglobina (há as oxihemoglobinas, em que dessas medições fornece um quadro quantitativo da
apresentam ligações/carrega com o oxigênio e as função pulmonar. Embora os testes de função pulmonar
carboxihemoglobinas, essas são hemoglobinas que não diagnostiquem doenças pulmonares específicas,
esses testes identificam a presença e o tipo de anormalidades pulmonares causadas por fatores
comprometimentos pulmonares, assim como também o patológicos ou ambientais em populações comuns,
grau da doença pulmonar presente. Alguns testes setores ocupacionais, fumantes ou outros grupos de alto
básicos da função pulmonar são frequentemente risco. Além do mais, os pesquisadores têm determinado
realizados ao leito para fornecer informações imediatas que a função pulmonar normal seja obtida por meio da
sobre a necessidade de uma terapia respiratória e sua medição da função pulmonar da população saudável.
efetividade. Em geral, os propósitos primários do teste da
• Avaliar pacientes para o risco de complicações
função pulmonar são identificar o dano pulmonar e
pulmonares pós-operatórias. O teste pré-operatório pode
quantificar a severidade do dano pulmonar, se presente.
identificar aqueles pacientes que podem ter um risco
Os testes de função pulmonar têm papéis diagnóstico e
aumentado de complicações pulmonares após uma
terapêutico e auxiliam os clínicos a responderem a
cirurgia. Às vezes, o risco de complicações pode ser
algumas questões gerais sobre pacientes com doença
reduzido pelo cuidado respiratório pré-operatório, e, às
pulmonar.
vezes, o risco pode ser tão significativo a ponto de
As indicações para o teste de função pulmonar excluir a possibilidade de cirurgia.
são as seguintes:
• Determinar a incapacidade pulmonar. Os testes de
• Identificar e quantificar as alterações na função função pulmonar também podem determinar o grau de
pulmonar. Os propósitos mais comuns dos testes de incapacidade causada pelas doenças pulmonares,
função pulmonar são detectar a presença ou a ausência incluindo doenças ocupacionais, tais como a
de uma doença pulmonar, classificar o tipo de doença pneumoconiose dos trabalhadores de minas de carvão.
quanto a ser obstrutiva ou restritiva e quantificar a Alguns programas de âmbito federal e políticas de
severidade do comprometimento pulmonar como leve, segurança confiam nos testes de função pulmonar para
moderada, severa ou muito severa. Ao longo do tempo, confirmar as reivindicações por compensação financeira.
os testes de função pulmonar ajudam a quantificar o
Existem também algumas contraindicações
progresso ou a reversibilidade da doença.
aos testes da função pulmonar. Pacientes com problemas
• Avaliar a necessidade e quantificar a efetividade cardiopulmonares instáveis agudos, tais como hemoptise,
terapêutica. Os testes de função pulmonar podem ajudar pneumotórax, infarto do miocárdio e embolismo
os clínicos a selecionar ou modificar um regime ou pulmonar, e pacientes com dor abdominal ou torácica
técnica terapêutico(a) específico(a) (por exemplo, aguda não devem ser testados. O teste poderia ser
medicação broncodilatadora, terapia de limpeza das vias perigoso, se o tratamento necessário fosse adiado.
aéreas, protocolo de exercício de reabilitação). Os clínicos Pacientes que têm náusea e estão vomitando não
e os pesquisadores utilizam os testes de função devem ser testados; existe um risco de aspiração. O
pulmonar para medir objetivamente alterações na função teste de pacientes que tenham tido uma recente
pulmonar antes e depois do tratamento. remoção cirúrgica de catarata deve ser adiado; as
alterações na pressão ocular podem ser perigosas para
• Realizar a vigilância epidemiológica para a doença
o olho. Os testes de função pulmonar requerem esforço
pulmonar. Os programas de seleção podem detectar
e cooperação do paciente. Os pacientes com demência volumes e capacidades pulmonares se encontrarão
ou confusão podem não atingir resultados adequados ou prejudicados e consequentemente alterará a
reproduzíveis. O teste de função pulmonar não deve ser funcionalidade do sistema respiratório e da homeostase
realizado se resultados válidos e confiáveis não puderem orgânica -.
ser previstos. A medição da capacidade vital forçada
Espirometria vem do Latin spiare (ventilação
(CVF) em pacientes que estão doentes em estado
do pulmão que viabiliza a troca gasosa) e metrum
agudo ou que tenham fumado um cigarro recentemente
(mensuração), na qual tem como definição que a
pode impedir a validade do teste.
espirometria é a medida/quantificação do ar que entra e
A espirometria é um exame funcional que saí dos pulmões. A espirometria analisa os volumes e
busca analisar as capacidades e funcionalidades capacidades pulmonares, que consequente discorre
respiratória/pulmonar, em que investiga se há alterações, sobre a função pulmonar. Complementando, a
para que assim seja tratado. Outrossim essa analisa os espirometria inclui os testes de mecânica pulmonar. A
volumes e as capacidades respiratórias, de maneira a avaliação da mecânica pulmonar é a análise da
permitir que alterações dentro dos volumes e capacidade que os pulmões têm em movimentar
capacidades sejam identificados e quando isso gerar um grandes volumes de ar rapidamente através das vias
estado patológico possa ser tratado. Várias são as aéreas para identificar alguma obstrução das mesmas.
doenças que podem causas as alterações, patologias Algumas avaliações visam às grandes vias aéreas
oriundas do sistema respiratório e dos demais sistemas intratorácicas, algumas visam às pequenas vias aéreas, e
também. A espirometria também serve para a outras buscam compreender se há obstrução por todo
monitorização da função respiratória. Frisa-se que, a o pulmão. A avaliação das taxas de fluxo é um substituto
capacidade pulmonar é a condição do pulmão de para a avaliação da resistência das vias aéreas. Uma
receber uma quantidade ar suficiente para manter a redução na taxa de fluxo significa um aumento na
homeostasia de todo o organismo, para troca gasosa a resistência das vias aéreas e a presença de obstrução
capacidade depende de músculos respiratórios íntegros, nas vias aéreas quando o esforço do paciente que cria a
essencialmente da musculatura inspiratória/músculos diferença entre a pressão da boca e a pressão do
ativos no instante do processo respiratório; necessita da pulmão for constante. A espirometria consiste na
permeabilidade e higiene das vias áreas, visto que as vias medição do ar que entra e saí dos pulmões que, em
áreas precisam estar livres, pois a presença de secreção, conjunto com a variável tempo, viabiliza também
atenuação do lúmens dos brônquios, obstrução por informações sobre os fluxos respiratórios.
corpos estranhos e mais, aumentam a resistência à
Os volumes pulmonares, de uma maneira geral,
passagem do ar nas vias áreas; é preciso integridade do
correspondem aos volumes e capacidades pulmonares.
sistema cardiovascular e é fundamental a perfusão de O2
Os volumes pulmonares compreendem por volume de
e CO2 (barreira hematoaérea/membrana alvéolo-capilar
ar corrente (VAC/VC – quantidade total de ar que entra
que permite a difusão) – modificações nessas
e saí do pulmão numa respiração tranquila/normal, nas
ocorrências (restrição [ar não entra no pulmão] ou
fases inspiratórias e expiratórias, respectivamente);
obstrução [ar não sai do pulmão] de ar no pulmão) os
volume inspiratório de reserva (VIR - é a quantidade de
ar que entra no pulmão a partir de uma respiração do
VAC/uma inspiração forçada. De uma oura forma, é a
diferença de volume de ar entre uma inspiração tranquila
e uma inspiração máxima); volume expiratório de reserva
(VER – partindo de uma respiração do VAC é o máximo
de ar expirado/expiração forçada, ou seja, é o volume
máximo de ar que poderá ser expirado, além de uma
expiração normal, é o volume adicional de ar que pode
ser expirado a partir da CRF) e volume residual (VR –
caracteriza-se por ser quantidade de ar que se mantêm
Complementando, o VC é a quantidade de ar
no pulmão até mesmo seguinte de uma expiração
que entra e sai dos pulmões durante a respiração normal,
forçada/VER, isto é, caracteriza o volume de ar que
nas fases inspiratória e expiratória, respectivamente. Ao
permanece nos pulmões no final de uma expiração
final da fase expiratória, nos ciclos respiratórios tranquilos,
máxima. O VR promove o não colabamento dos alvéolos).
uma determinada quantidade de ar permanece nos
Já as capacidades pulmonares são a capacidade vital (CV
pulmões, sendo referida como CRF. Esta capacidade
– é a quantidade de ar máxima de inspirar e expirar, ou
representa o ponto de equilíbrio do sistema respiratório,
seja, é o maior volume de ar expirado a partir de uma
cujo volume é mantido pelas forças de recolhimento
inspiração máxima); a capacidade residual funcional (CRF
elástico dos pulmões e pela caixa torácica, que atuam em
– caracteriza por ser a quantidade de ar que se mantem
sentidos opostos enquanto não há contração dos
nos pulmões, após uma expiração forçada/VRI/soma de
músculos respiratórios. A CRF corresponde à soma de
VER e VR/ciclo respiratórios tranquilos, e viabiliza uma
dois volumes, sendo: VRE, que é o volume adicional de
respiração adequada); capacidade inspiratória (CI – é a
ar que pode ser expirado a partir da CRF e VR, ou seja,
capacidade que o pulmão tem de reservar o ar após
o volume de ar que permanece nos pulmões ao final da
uma expiração tranquila até uma inspiração máxima, isto
expiração máxima. O VRI é a diferença entre o final da
é, a CI = VC + VRI) e a capacidade pulmonar total (CPT
inspiração tranquila e o final da inspiração máxima. Como
– é a quantidade de ar encontrada nos pulmões ao final
o término das fases inspiratórias em respirações
da inspiração máxima e consiste na soma da CV com o
tranquilas é muito variável, a CI é uma medida mais
VR. CPT = VRI + VRE + VC + VR [resumidamente CPT
fidedigna, pois corresponde à soma do volume corrente
= VC + VR]).
com o VRI. A CV é o maior volume de ar expirado a
partir de uma inspiração máxima. A CPT é a quantidade
de ar encontrada nos pulmões ao final dessa inspiração
e consiste na soma da CV com o VR. As subdivisões dos
volumes pulmonares podem ser determinadas por meio
de espirômetros. Esses equipamentos são divididos em
dois tipos: os de volume, que compreendem os modelos
se lados em água, tipo fole e pistão, nos quais os volumes
e fluxos são determinados a partir de um sinal primário insuficiência cardíaca descompensada e crise hipertensiva
de volume. Os de fluxo, constituídos por – outras contraindicações podem transcorrer -.
pneumolacômetros, termistores e turbinômetros, nos
No instante do teste para um resultado
quais os volumes e escoamentos são determinados a
fidedigno é essencial compreensão/colaboração do
partir de um sinal primário de fluxo. Independentemente
paciente; conhecimento técnico de quem realiza o teste;
do tipo de espirômetro utilizado, deve-se observar os
voz de comando; equipamentos de boa qualidade,
seguintes pontos: que sua capacidade de detecção seja
calibrados, revisado e em boas condições de uso e
conhecida (fluxo ou volume e tempo); que apresente
armazenamento e controle do ambiente em relação a
exatidão, ou seja, que os valores mensurados
temperatura, umidade e pressões barométricas.
correspondam aos valores verdadeiros; que ofereça
precisão e que suas mensurações possam ser Enfatiza-se que alguns fatores podem

reproduzidas; que tenha linearidade, isto é, acurácia nas influenciar nos parâmetros/valores de normalidade, isto é,

amplas faixas de medições, tanto nos fluxos baixos como valores preditos da espirometria, tal como idade (quanto

nos altos; e que apresente recursos para expressar os menor a idade cronológica, menor tende a ser as

resultados de forma numérica e gráfica. Portanto, antes capacidades e volumes pulmonares), sexo, estatura, raça,

de se realizar o teste espirométrico e de interpretar seus tabagismo e peso (o peso pode ser um influência nos

resultados, é fundamental o controle de qualidade do parâmetros de espirometria, como nos casos obesos e

equipamento. caquéticos, porém não é tão relevante). A espirometria


compreende testes adequados, na qual o sistema de
A espirometria tem indicações para
espirometria é exato, preciso, validade e calibrado, as
ocorrências de diagnóstico de dispneia; qualificação e
curvas obtidas precisam suceder aceitáveis e
quantificação dos distúrbios respiratórios (distúrbios que
reprodutíveis, os valores de referência necessitam ser
restringe ou obstrui a passagem de ar); avaliação da
adequados para a população e seguidamente transcorrer
eficácia dos broncodiladores (os broncodilatadores tem a
a interpretação do teste de espirometria – erros nesses
função de melhorar a permeabilidade das vias áreas,
processos causam influência nos parâmetros dos valores
conseguinte de dilatar os brônquios/lúmens brônquicos e
viabilizados pelo teste -.
subsequente diminui a resistência da passagem do ar nas
vias áreas); aplicação na medicina do trabalho; reabilitação A espirometria pode suceder em um circuito

cardiopulmonar (essencialmente no que diz respeito a aberto ou fechado. Circuito aberto inspiração e expiração

prescrição de exercícios); avaliação do risco cirúrgico e é fora do aparelho e a análise dos resultados é dentro

análise em atletas – outras indicações podem suceder -. do instrumento (resultados menos fidedignos que os de

Em contrapartida, as contraindicações para o teste de circuito fechado). Circuito fechado, paciente inspira a

espirometria são crise de asma ou DPOC expira dentro do aparelho e o resultado sucede mediante

descompensado; insuficiência respiratória aguda; angina um turbinômetro, que é adjunto com o aparelho.

pectoris (dor no peito de origem cardiovascular); infarto Ademais, a espirometria pode ter uma classificação

agudo do miocárdio recente (2 meses no mínimo); simples ou convencional e pode transcorrer completa,
em que abrange a análise de gases (espirometria para que não haja vazamentos e mordedura do tubete
simples/convencional associada com a gasometria). ou bocal. Além disso, é fundamental que o paciente seja
estimulado a realizar um esforço "explosivo" no início da
A espirometria pode ter uma classificação
expiração e a manter o esforço expiratório pelo o tempo
simples ou convencional é decorrente de três provas, na
necessário, ou seja, até que um platô seja observado na
qual avalia todos os volumes (exceto VR e CPT),
curva volume-tempo, o que é um critério para o término
capacidades e fluxos respiratórios. As três provas são a
da manobra. Previamente à realização do exame
capacidade vital forçada (CVF), capacidade vital lenta
espirométrico, o paciente deverá ter sua estatura e peso
(CVL) e ventilação voluntária máxima (VMM). Dentro de
aferidos, pois essas variáveis são utilizadas para a
todo esse âmbito ainda se avalia os conceitos estáticos e
determinação dos valores previstos. Para se determinar
dinâmicos.
a estatura, deve-se utilizar, preferencialmente, o
Para a realização da prova o indivíduo precisa antropômetro, e o paciente deve permanecer descalço.
estar alimentado (refeições leves e evitar refeições Na aferição do peso, recomenda-se que o paciente retire
volumosas uma hora antes do exame. Não ingerir chá ou as roupas pesadas e os calçados.
café 6 horas antes do exame, em decorrência do efeito
Os parâmetros avaliados na CVF
broncodilatador dessas substâncias); sem infecção
compreendem os diretos (CVF [L], o VEF1 [Volume
respiratória (no mínimo 3 semanas antes); dependendo
expiratório forçado no 1° segundo, l/s – dado importante
do medicamento não utilizar o mesmo (qualquer
nas ocorrências de doenças obstrutivas -] e o PEF [pico
medicamento broncodilatador deve ser suspenso de 4 à
de fluxo expiratório, l/s]) e indiretos (VEF1/CVF [Índice de
12 horas antes do exame); estar com vestimenta leve/de
Tiffeneau – relação entre volume forçada inspirado em
exercícios; em repouso (5/10 minutos antes); não fumar
um segundo e a capacidade funcional forçada -. Dado
(até 2 horas antes do teste, o cigarro aumento a
importante no que está relacionado a patologias
resistência ao fluxo de ar aéreo) e não ingerir bebida
restritivas] e FEF 25/75% [fluxo expiratório – 25 à 75%
alcoólica (até 2 horas antes do teste). Para os testes
da curva de CVF] – parâmetros indireto comumente
paciente sedestado e com o menor apoio da região
direitos). A avaliação da CVF consiste numa espirometria
dorsal (isso para não inibir a expansibilidade torácica), de
dinâmica, que análise o pico de fluxo expiratório, bem
maneira confortável. Outrossim, o espirômetro deve ser
como a cinesia, o volume, velocidade do ar no interior da
calibrado antes do exame. A espirometria é, geralmente,
via aérea, o fluxo expiratório forçado no primeiro
realizada com o paciente na posição sentada, com a
segundo. Frisa-se que, toda avaliação voltada para
cabeça mantida em posição neutra durante os esforços
entender o ar dentro da via aérea. A prova de CVF é
inspiratórios e expiratórios. Recomenda-se o uso de clipe
mediante uma pinça nasal e é realizado o teste bucal
nasal. A inspiração profunda, que é solicitada antes da
(lábios precisar estão bem posicionados no bucal, a fim
expiração forçada, não deve ser muito rápida. Após a
de não promover escapes), em que solicita de 2/3
inspiração profunda, a pausa pós-inspiratória não deve
respirações orais (VC), até a capacidade pulmonar
exceder 3 segundos, pois broncodilatação e alterações
máxima, e seguidamente pedi uma inspiração máxima e
na retração elástica dos pulmões podem ocorrer.
seguidamente uma expiração máxima, de no mínimo 6
Durante todo o teste, é importante monitorar o paciente
segundos, até o VR. Para a avaliação paciente sedestado provocação brônquica. A CVF pode ser medida em um
e com o menor apoio da região dorsal (isso para não espirômetro que meça volumes ou fluxos, que apresente
inibir a expansibilidade torácica), de maneira confortável, um gráfico de volume e tempo, ou de fluxo e volume,
a cabeça mantida em posição neutra durante os que seja mecânico ou eletrônico, e que tenha uma
esforços inspiratórios e expiratórios e os pés apoiados. calculadora ou um computador. A CV expiratória forçada
Com intento de um resultado fidedigno é realizado pelos às vezes é seguida por uma CV inspiratória forçada para
menos 3 vezes o teste, com isso para capturar os produzir uma imagem completa da respiração forçada
melhores parâmetros referente ao CVF escolhe-se o chamada de alça fluxo-volume. A CVF é uma manobra
maior valor. O VEF1 determina o maior valor dentro das dependente de esforço que necessita de uma cuidadosa
curvas aceitáveis de PEF. PEF os melhores valores não instrução, entendimento, coordenação e cooperação
podem demonstrar diferença de pelo menos maior que pelo paciente. Os padrões de espirometria para a CVF
10% ou 0,5L/500ml. VEF1 (VEF no primeiro especificam que os pacientes devem ser instruídos na
segundo)/CVF, compreende a divisão entre os melhores manobra da CVF, que a técnica apropriada seja
VEF1 e CVF. FEF 25-75%, é escolhido da maior soma demonstrada e que ocorra um treinamento entusiástico.
de CVF e VEF1, isso de curvas aceitáveis – aparelhos Quando da medição da CVF, o terapeuta precisa treinar
mais novos já viabiliza os resultados -. a capacidade inspiratória precedente (CI) tão
entusiasticamente como a CVF. De acordo com os
Complementando, a CVF é o teste de
padrões, clips nasais são encorajados, mas não são
mecânica pulmonar mais comumente realizado, e muitas
necessários, e os pacientes podem ser testados em
avaliações são feitas enquanto o paciente está realizando
posição sentada ou de pé. Embora a posição de pé
a manobra da CVF. A avaliação da CVF frequentemente
normalmente produza uma CVF maior comparada à
ocorre sob condições clínicas ou não tratadas. Para o
obtida na posição sentada, esta última posição é
teste clínico, os pacientes devem temporariamente se
considerada mais segura no caso de tontura. É
abster de medicamentos broncodilatadores. Os
recomendado que a posição seja consistente para um
broncodilatadores de curta duração (por exemplo., o
teste repetido do mesmo paciente. A CVF deve ser
salbutamol, um β-agonista, ou o brometo de ipatrópio,
convertida a condições de temperatura corporal e
um agente anticolinérgico) não devem ser usados por
relatada como litros sob condições BTPS (temperatura e
quatro horas antes da espirometria clínica, enquanto os
pressão corporal, saturada). Para assegurar a validade,
broncodilatadores β-agonistas de longa duração e a
cada paciente deve realizar um mínimo de três manobras
terapia oral com aminofilina devem ser interrompidos por
de CVF aceitáveis. Para assegurar a confiabilidade, a
12 horas. Quando os resultados clínicos de um paciente
maior CVF e a segunda maior CVF das tentativas
mostram uma obstrução das vias aéreas, a realização da
aceitáveis não devem variar mais do que 0,150 L. Para
CVF após o tratamento, tal como um aerossol ou inalador
realizar uma tentativa de CFV, o paciente deve inspirar
com medição de dose com salbutamol, um
rapidamente e completamente até a CPT do nível da
broncodilatador, pode ajudar a determinar se o
CRF de repouso. A expiração forçada de uma tentativa
tratamento é eficaz. A manobra da CVF também é
aceitável de CVF deve começar abruptamente e sem
realizada de forma repetida durante o teste de
hesitação. Um início satisfatório de expiração é definido
como um volume extrapolado no ponto zero do tempo pela maior CV do paciente e convertendo-a a uma
menor que 5% da CVF ou 0,150 L, seja qual for o maior. percentagem (pela multiplicação por 100). Os dois valores
O volume expirado antes do ponto zero do tempo é não têm de vir necessariamente da mesma tentativa; a
chamado de volume extrapolado. Para ser válido, não CV deve ser a maior CV medida, mesmo se medida
mais que 5% da CV, ou 0,150 L, é permitido ser expirado como uma CV lenta ou durante a inspiração. Exceto pela
antes do ponto zero de tempo. Uma tentativa aceitável taxa de pico de fluxo expiratório de pico (PFE), todas as
de CVF também é uniforme, contínua e completa. Uma outras avaliações que se originam da CVF vêm da
tosse, uma inspiração, uma manobra de Valsalva, um “melhor curva” – estas incluem o fluxo expiratório
vazamento ou uma peça bucal obstruída durante uma forçado entre 200 mL e 1.200 mL da CVF (FEF200-
manobra de CVF que estiver sendo realizada desqualifica 1.200), o fluxo expiratório forçado entre 25% e 75% da
a tentativa. A CVF deve ser completamente expirada, ou CVF (FEF25%-75%), o fluxo expiratório forçado entre
tempo de expiração de pelo menos seis segundos deve 75% e 85% da CVF (FEF75%-85%), e/ou os FEF25%,
ocorrer para adultos e crianças maiores de 10 anos FEF50%, FEF75% instantâneos. A melhor curva de
(tempos maiores são comumente necessários para teste é definida como a tentativa que atinge os critérios
pacientes com obstrução das vias aéreas). Uma de aceitabilidade e dá o maior somatório da CVF mais o
expiração de três segundos é aceitável para crianças VEF1. A validade e a confiabilidade destas outras avaliações
menores de 10 anos. Um platô expiratório final deve ser da mecânica pulmonar são baseadas em sua origem a
óbvio na curva volume-tempo; o padrão objetivo é partir de uma CVF válida e confiável. O FEF200-1200 e
menor que 0,025 L expirados durante o segundo final o FEF25%75% representam as taxas de fluxo médias
da expiração. Consistente com sua definição, a maior que ocorrem durante intervalos específicos da CVF.
CVF aceitável (BTPS) medida do conjunto das três Ambas as avaliações podem ser feitas em um
tentativas aceitáveis é a CVF do paciente. Durante o espirograma volume-tempo como a inclinação de uma
teste da CVF, várias outras avaliações também são feitas. linha que conecta os dois pontos em seus pontos. Para o
O VEF1 é uma avaliação do volume expirado no primeiro FEF200-1.200, o ponto de 200 mL e o ponto de 1.200
segundo da CVF. Para assegurar a validade do VEF1, a mL são identificados. O volume de ar medido entre as
avaliação deve se originar de um conjunto de três duas linhas de tempo é o FEF200-1.200 em litros por
tentativas aceitáveis de CVF. O primeiro segundo de segundo. O volume medido deve ser corrigido para
expiração forçada começa no ponto zero de tempo. BTPS. O FEF25%-75% é uma medida do fluxo durante
Para assegurar a confiabilidade do VEF1, o maior VEF1 e a porção média da CVF, ou o tempo necessário para
o segundo maior VEF1 das tentativas aceitáveis não expirar os 50% médios. Para o FEF25%-75%, a CV da
devem variar mais de 0,150 L. Consistente com sua melhor curva é multiplicada por 25% e 75%, e os pontos
definição, o maior VEF1 (BTPS) medido é o VEF1 do são identificados no traçado. Uma linha reta é desenhada
paciente. O maior VEF1 às vezes advém de uma tentativa conectando esses pontos, e a linha é estendida para
diferente da maior CVF. A % VEF1/CVF, também cruzar duas linhas verticais do tempo separadas por um
chamada de relação entre o volume expiratório forçado segundo no gráfico. O volume de ar medido entre as
no segundo 1 e a capacidade vital forçada (VEF1/CVF), é duas linhas do tempo é o FEF25%-75% em litros por
calculada por meio da divisão do maior VEF1 do paciente segundo. O volume medido deve ser corrigido para
BTPS. pico de fluxo expiratório (PFE) é difícil de ser um padrão estático, essa ainda exige esforço do
identificado em um gráfico volumetempo da CVF. O pico indivíduo no instante da execução. O teste da CVL é por
de fluxo é a inclinação da tangente até a porção mais meio de uma pinça nasal e sucede uma prova bucal
íngreme da curva da CVF. O PFE é fácil de se identificar (lábios precisar estão bem posicionados no bucal, a fim
em um gráfico fluxo-volume. O PFE é às vezes medido de não promover escapes). Será solicitado 2/3
independentemente da CVF com um fluxômetro de pico. respirações orais a nível de VC, uma inspiração máxima,
Esses aparelhos são projetados para indicar apenas a como também uma expiração máxima até VR e com
maior frequência de fluxo expiratório. A validade do PFE um tempo de no mínimo 6 segundos e outra inspiração
é baseada em uma inspiração precedente à CPT e a um máxima até a CPT partindo do VR. Os resultados da
esforço máximo. Os princípios da CVF de assegurar a prova CVL quando normal é decorrente do CVL igual a
confiabilidade deve se aplicar às medições do PFE. As CVF ou diferente mediante um valor menor que
duas maiores medições repetidas devem variar até 5%. 0,2L/200 ml. Em ocorrências de distúrbios ventilatórios
Além do PFE, as outras taxas de fluxo instantâneas, tais obstrutivos (DVO) a CVL será maior que a CVF.
como o fluxo expiratório forçado a 25% (FEF25%) da
A prova de VVM avalia a quantidade de ar que
CVF, o fluxo expiratório forçado a 50% (FEF50%) da
entre e sai dos pulmões durante um período de tempo,
CVF, e o fluxo expiratório forçado a 75% (FEF75%) da
no qual será 1 minuto, porém o teste é feito no
CVF, durante uma CVF são marcadas em uma curva
transcorrer de 12/15 segundos. O teste sucede por meio
fluxo-volume. Quando a CVF é seguida por uma CV
de uma pinça nasal e sucede uma prova bucal (lábios
inspiratória forçada, uma alça fluxo-volume é produzida.
precisar estão bem posicionados no bucal, a fim de não
Na alça fluxo-volume, a taxa de fluxo inspiratório forçado
promover escapes). Solicita-se ao indivíduo que respire
máximo a 50% (FIF50%) da CV pode ser medida e
(inspiração e expiração profundas) profundamente,
comparada à FEF50%.
várias vezes, e isso ulterior de comandos verbais do
A prova da CVL, também denominada de examinador, toda a prova com um tempo de 12/15
espirometria estática, avalia parametricamente os valores segundos. No processar do teste devido a uma
dos volumes pulmonares, em que consiste a análise do hiperventilação pulmonar que acontece o paciente pode
VC (quantidade de ar que entrou saiu do pulmão no apresentar sintomatologia de tonturas e até mesmo
instante da respiração), VRI (quantidade de ar possível de sincopes. O resultado da prova VVM quando normal é
se entrar no pulmão após o VC) e o VRE (quantidade de subsequente do VVM igual 37,5 multiplicado pelo VEF1
ar possível de sair do pulmão após o VC). Também avalia mais 15,8 (VVM = 37,5 X VEF1 + 15,8). O limite inferior é
as capacidades pulmonares, que abrange a CI (quanto de igual o previsto (com base na idade, altura, nos hábitos
ar possível de entrar no pulmão, compreende-se por ser de vida e mais circunstâncias) menos 26. Os valores
VC associado ao VRI) e CV (capacidade pulmonar do ar anormais para DVO é mais comum e os distúrbios
entrar nos pulmões a partir de uma inspiração máxima ventilatórios restritivos (DVR) são significativos.
até uma expiração). A CRF e CPT não são possíveis de
Acrescendo, a VVM é um outro teste
serem analisadas da CVL/espirometria estática. Enaltece
dependente de esforço para o qual se pede que o
que, mesmo a prova de CVL demonstra-se lenta e ter
paciente respire o mais profundamente e mais
rapidamente possível por pelo menos 12 segundos. A provocação brônquica usa um agente para estimular uma
VVM é um teste que reflete a cooperação e o esforço resposta hiperreativa das vias aéreas e para criar uma
do paciente, a capacidade do diafragma e dos músculos obstrução nas vias aéreas. Embora vários tipos de
torácico de expandir o tórax e os pulmões, e a provocações sejam possíveis, tais como histamina
permeabilidade das vias aéreas. Por causa do esforço inalatória, ou ar frio, ou exercício, a provocação de uma
para a hiperventilação aguda do desmaio ou tosse, o resposta hiperreativa das vias aéreas por meio da
paciente deve estar sentado. Os sistemas de avaliação inalação de metacolina é a técnica mais popular com os
que incorporam o rebreathing podem minimizar a resultados mais previsíveis. O procedimento
hiperventilação. Após uma demonstração do padrão de normalmente começa com o paciente inalando um
respiração esperada ter sido realizada, o paciente deve aerossol de salina normal, e, em seguida, repete-se a
ser instruído a respirar o mais profundamente e manobra de CVF. Alguns pacientes muito sensíveis
rapidamente possível por pelo menos 12 segundos. A demonstrarão vias aéreas hiperreativas com salina
respiração do paciente é medida em um espirograma ou sozinha; uma resposta positiva à salina é definida como
eletronicamente para o número específico de segundos uma diminuição no VEF1 de 10% ou mais. O protocolo de
(t) e o volume (V) respirado quando a VVM é convertida provocação com metacolina expõe sistematicamente o
a litros por minuto. Conforme com todos os volumes paciente a dosagens progressivas de metacolina.
medidos em um espirômetro, os valores registrados Normalmente começando com uma dose baixa de 0,03
devem estar em condições BTPS. A validade da VVM é mg/mL, os pacientes inalam metacolina em aerossol e,
dependente da duração da manobra, a qual deve ser de em seguida, repetem a manobra da CVF. Uma resposta
pelo menos 12 segundos; da frequência respiratória, a qual positiva à metacolina é definida como uma diminuição no
deve ser pelo menos de 90/minuto, e do volume médio, VEF1 de 20% ou mais (um outro exemplo de alteração
o qual deve ser de pelo menos 50% da CVF. Os de percentual). Se uma resposta positiva não ocorrer, a
pacientes devem realizar pelo menos duas tentativas de dosagem de metacolina é dobrada para 0,06 mg/mL, e
VVM quando a primeira tentativa não exceder 80% do em seguida a manobra de CVF é repetida. O processo
VEF1 × 40 dos indivíduos, o que pode indicar menos que de “dosagem dobrada” e a realização das manobras de
o esforço máximo, ou 80% do valor normal previsto, o CVF continuam até que haja uma resposta positiva ou
que pode indicar doença. A confiabilidade é demonstrada até que a dose total, 16 mg/mL, seja administrada. Se uma
quando houver menos que 20% da variabilidade entre as resposta positiva ocorrer, o tratamento com um
duas maiores tentativas. A maior VVM (BTPS) deve ser broncodilatador de ação rápida é indicado, e, às vezes, a
registrada. administração de O2 é útil. O relato final do teste deve
incluir a concentração de metacolina que causou o
- Quando a história do paciente sugere
decréscimo de 20% no VEF1 na forma de PD%VEF1. Por
sintomas episódicos de vias aéreas hiperreativas e
exemplo, PD22VEF1 = 4 mg/mL indica que a dose de
obstrução das vias aéreas, tais como dispneia sazonal ou
provocação de 4 mg/mL resultou em um decréscimo
induzida por exercício, e os resultados da espirometria
de 22% no VEF1 -. Para uma avaliação funcional dos
clínica estão normais, a realização de um teste de
pulmões no âmbito da fisioterapia não se avalia a
provocação brônquica pode ser indicada. O teste de
espirometria mediante broncodiladores, pois conseguinte
deles o resultado sucederá por influência química gerado medido durante três minutos de respiração silenciosa
nas vias aéreas. enquanto o espirômetro registra volumes e faz um
gráfico volume-tempo. Ao leito, um volume corrente
Acrescendo, existem quatro volumes
médio usualmente é medido durante um minuto; o
pulmonares e quatro capacidades pulmonares. Uma
paciente respira normalmente em um espirômetro que
capacidade pulmonar consiste em dois ou mais volumes
armazena na memória cada volume expirado por um
pulmonares. Os volumes pulmonares são VC, VRI, VRE e
minuto e calcula uma média. Uma abordagem alternativa
o VR. As quatro capacidades pulmonares são a CPT, a
é medir o volume total de ar expirado por um minuto e
CI, a CRF e a CV. Os volumes pulmonares que podem
em seguida dividir pela frequência respiratória contada
ser medidos diretamente com um espirômetro ou
durante o mesmo período. A CI também é medida
pneumotacômetro incluem o VC, a CI, o VRI, o VRE e a
diretamente a partir de um espirograma. Pede-se para o
CV Como o VR não pode ser expirado, o VR, a CRF e a
paciente inspirar ao máximo a partir da CRF de repouso
CPT devem ser medidos por meio de métodos indiretos.
ao final de uma expiração normal sem esforço. Para
Conhecer a CPT é necessário para identificar pacientes
assegurar a validade, um nível expiratório de repouso
com um padrão restritivo de lesão pulmonar. A avaliação
consistente deve estar óbvio no espirograma antes da
da CRF é necessária para quantificar a hiperinsuflação, a
inspiração. Para assegurar a confiabilidade, a CI deve ser
qual pode estar associada a uma lesão obstrutiva, e o
medida pelo menos duas vezes, e as duas maiores
cálculo do VR é necessário para calibrar qualquer
avaliações devem variar menos de 5%. Como a definição
retenção de ar presente. As avaliações de VC, CI, VRE,
de CI é o máximo volume inalado, a maior medida é a CI
VRI e CV podem ser usadas nos cálculos da CPT ou ser
do paciente. O VRE é medido diretamente a partir do
úteis para clínicos que consideram parâmetros de
espirograma. Pede-se ao paciente para respirar
desmame tais como o índice de respiração rápida e
normalmente durante um breve tempo e em seguida
superficial (f/VC) ou metas de inspiração da terapia de
expirar o máximo que pode. O VRE é aquele volume de
hiperinsuflação. Após a avaliação da CRF, as avaliações do
ar expirado entre o nível expiratório de repouso e o nível
VRE e da CV permitem o cálculo da CPT. O VC é medido
de expiração máxima no espirograma. Para assegurar a
diretamente a partir de um espirograma. Para os
validade, um consistente nível expiratório de repouso
propósitos de garantia da validade e padronização do
deve estar evidente no espirograma antes da expiração
teste, o paciente deve estar em uma posição sentada
máxima. Para assegurar a confiabilidade, o VRE deve ser
ou reclinada e usar um clip nasal. Às vezes, o paciente
medido pelo menos duas vezes, e as duas maiores
leva de um a dois minutos para descansar e se tornar
medições devem variar menos de 5%. Como a definição
acostumado ao clip nasal e à peça bucal. O paciente
de VRE é o máximo volume expirado, o maior valor é o
respira através de uma peça bucal de ajuste firme, até
VRE do paciente. A CV é o volume pulmonar mais
que um padrão de respiração rítmico normal seja
comumente medido. Existem vários métodos de
estabelecido. Como o volume corrente vai variar
medição da CV. A CV pode ser medida durante a
normalmente de respiração para respiração, um volume
inspiração ou durante uma lenta expiração prolongada
corrente médio é uma medida mais confiável. No
quando o aprisionamento de ar for preocupante. Para
laboratório, um volume corrente médio às vezes é
medir a CV durante a inspiração, o paciente expira de
modo máximo e em seguida inspira o mais profundo e o VRE. A CPT também pode ser calculada pela adição
possível. O volume da inspiração máxima é a CV do VR à CV.
inspiratória. Para medir a CV durante a expiração, o
Os valores normais para as avaliações
paciente inspira de modo máximo e em seguida expira
espirométricas da mecânica pulmonar são
de modo máximo, levando todo o tempo necessário para
fundamentados na altura (centímetros), idade (em anos),
expirar completamente. O volume expirado é a CV lenta.
sexo e etnia. Uma correlação positiva existe entre
Um método alternativo é medir a CI e o VRE e adicionar
avaliações da mecânica pulmonar e altura, e uma
estes volumes juntos para uma CV “combinada”, mas
correlação negativa existe entre avaliações da mecânica
este método deve ser reservado apenas para pacientes
pulmonar e a idade para pacientes mais velhos que 20
que, de outro modo, não possam executar a CV A CV
anos. Os valores para homens são maiores que os valores
também é medida quando ela é expirada forçadamente
para mulheres quando a altura e a idade são iguais. As
e do modo mais rápido possível. Essa técnica é chamada
populações que foram estudadas para determinar os
de CVF, e é usada para avaliar a mecânica pulmonar na
valores normais da mecânica pulmonar foram
seção sobre espirometria. Como o VR não pode ser
predominantemente caucasianas. Considerando as
expirado, nem o VR ou a CRF, tampouco a CPT podem
diferenças étnicas de não caucasianos, os valores normais
ser medidos diretamente com um espirômetro ou um
previstos para caucasianos comumente estão reduzidos
pneumotacômetro. Existem três técnicas indiretas para
de 12% a 15% quando aplicados a não caucasianos.
medir esses volumes pulmonares: diluição em hélio,
Equações específicas sob o ponto de vista étnico para
lavagem de nitrogênio e pletismografia corporal. As
populações especiais, tais como afro-americanos e
técnicas de diluição em hélio e lavagem de nitrogênio
mexicano-americanos, também foram desenvolvidas.
medem qualquer que seja o ar que esteja nos pulmões
Embora livros-texto tradicionais sugiram que a típica CV
ao início do teste, se o ar está em contato com vias
normal seja 4,80 L, a CVF normal prevista para um
aéreas desobstruídas. A técnica de pletismografia
homem de 20 anos de idade e de 1,80 m de altura se
corporal mede todo o ar no tórax ao volume expiratório
aproxima de 5,60 L. Uma CVF reduzida pode ocorrer
de repouso. Como a técnica pletismográfica mede todo
com comprometimentos obstrutivos ou restritivos. Os
o ar no tórax, incluindo o ar que estiver represado
valores da CVF nas curvas de obstrução e restrição são
distalmente às vias aéreas obstruídas ou o ar no espaço
mostrados como volumes reduzidos comparados ao
pleural, o volume pulmonar medido por essa técnica é
normal. A diferença principal entre a curva no paciente
chamado de volume de ar torácico (VAT ou CRFPlet).
com doença restritiva comparada à curva do paciente
Em pacientes com doença pulmonar obstrutiva com
com doença obstrutiva é a inclinação do traçado;
aprisionamento de ar, o VAT é frequentemente maior
doenças obstrutivas produzem inclinações achatadas e
que a CRF medida pela diluição em hélio ou por lavagem
VEF1 menores. Em doenças pulmonares obstrutivas
de nitrogênio. Em indivíduos saudáveis, o VAT é idêntico
moderadas e severas, a CVF estará reduzida se
à CRF medida por técnicas tanto por diluição como por
bronquíolos sem tônus colapsarem e reterem o ar nos
lavagem de gases. Uma vez que a CRF seja conhecida,
pulmões, criando um aumento no VR. Alguns laboratórios
o VR pode ser calculado como a diferença entre a CRF
comparam os volumes da CVL (capacidade vital lenta) e
da CVF para identificar a retenção de ar. A CV está o FEF200-1.200 e o FEF25% ocorrem próximo ao início
reduzida nas doenças pulmonares restritivas porque o da CVF. Os valores normais típicos são similares; o PFE
volume inalado do paciente está reduzido. O volume é de 9,5 L/s; FEF200-1.200 é de 8,5 L/s; e o FEF25% é
expiratório forçado na metade de um segundo (VEF0,5) de 9,0 L/s. FFEP, FEF200-1.200 ou FEF25% reduzidos
é um indicador do esforço do paciente durante a fase podem ocorrer como resultado de uma grande
inicial da manobra da CVF. Com um bom esforço, um obstrução das vias aéreas, assim como também da
paciente deve exalar pelo menos 50% de sua CV na ausência de um esforço suficiente para inspirar de forma
metade inicial de um segundo. Embora o VEF1 seja máxima e expirar de modo forçado. A FEF25%-75% e
medido como um volume, o VEF1 é considerado uma a FEF50% ocorrem no meio da CVF. Como a FEF25%-
taxa de fluxo. O VEF1 normal previsto para um homem 75% é uma medida na metade da CV e a FEF50% é
de 20 anos de idade e 1,80 m de altura se aproxima de um fluxo instantâneo, os típicos valores normais são
4,70 L. O VEF1 pode estar reduzido em menos similares; a FEF25%-75% é de 4,5 L/s e a
comprometimentos obstrutivos ou restritivos. Para FEF50% é de 6,5 L/s. Uma FEF25%-75% ou uma
pacientes com obstrução das vias aéreas, o VEF1 mede FEF50% reduzidas podem ocorrer por causa da
a severidade geral da obstrução das vias aéreas. Para obstrução das pequenas vias aéreas, assim como
pacientes com comprometimentos restritivo, o VEF1 também da ausência de esforço para sustentar uma
pode estar reduzido quando a CV do paciente é menor expiração máxima. A FEF75% e a FEF75%-85%
que o VEF1 previsto. A relação VEF1/CVF separa os ocorrem tardiamente na CVF e se refletem sobre as
pacientes com obstrução das vias aéreas daqueles com vias aéreas menores. Os valores típicos são de 3,5 L/s
função pulmonar normal e daqueles com lesão restritiva. para a FEF75% e de 1,5 L/s para a FEF75%-85%. Às
O LAN (limite abaixo do normal) pode ser determinado vezes, os pacientes que são assintomáticos para tosse,
ou a %VEF1/CVF normal prevista pode ser calculada por produção de catarro ou dispneia podem ter o fluxo
meio da divisão do VEF1 normal previsto pela CV normal reduzido nas pequenas vias aéreas. Uma redução simples
prevista. Em geral, os indivíduos sem obstrução nas vias no fluxo das pequenas vias aéreas pode não indicar
aéreas serão capazes de expirar pelo menos 70% de absolutamente nada ou pode ser um indicador precoce
sua CV no primeiro segundo, e indivíduos com obstrução de obstrução. O formato da alça fluxo-volume e a relação
das vias aéreas expirarão menos que 70% de sua CV no FEF50%/FIF50% fornecem informações adicionais
primeiro segundo. Para interpretar outras taxas de fluxo, sobre a obstrução nas vias aéreas superiores. Comparada
uma regra geral pode ser útil. O ar expirado durante a à alça fluxo-volume normal, uma obstrução fixa das vias
porção inicial da CVF reflete a resistência nas vias aéreas aéreas superiores produz uma curva que aparece em
maiores, e o ar expirado durante a porção final da CVF formato de caixa. Obstruções variáveis das vias aéreas
reflete a resistência nas vias aéreas menores. À medida superiores produzem dois diferentes formatos
que a expiração da CVF continua, o fluxo diminui e as dependendo do local de obstrução. Como a pressão
vias aéreas refletidas nas avaliações se tornam menores. dentro das vias aéreas durante uma inspiração forçada é
Qualquer fluxo medido na primeira metade da CVF se menor que a pressão atmosférica fora do tórax, uma
reflete sobre os brônquios; qualquer fluxo medido além obstrução das vias aéreas superiores extratorácicas limita
de 50% da CV se reflete sobre os bronquíolos. O PFE, o fluxo inspiratório, e a relação FEF50%/FIF50% é maior
que 1,0. Como a pressão do interior das vias aéreas Os DVO são característicos de uma limitação
durante uma inspiração forçada é maior que a pressão de fluxo expiratório, ou seja, existe uma dificuldade do ar
atmosférica dentro do tórax, uma obstrução variável das em sair dos pulmões. Outrossim, tudo que está
vias aéreas superiores intratorácicas limita o fluxo relacionado com a expiração se apresentará reduzido, tal
expiratório, e a relação FEF50%/FIF50% é menor que como o Índice de Tiffeneau (VEF1/CVF), esse é o
1,0. De modo similar a outras avaliações espirométricas da principal parâmetro para identificar a DVO e o mesmo
mecânica pulmonar, os valores normais da VVM estão não pode transcorrer com um valor predito menor que
fundamentados no sexo, na idade e na altura. A VVM 80%. O VEF1 também se demonstrará diminuído, na qual
está reduzida em pacientes com obstrução moderada e esse parâmetro quantifica e classifica, em leve (60-79%
severa das vias aéreas. Um valor medido menor que 75% LI [limite inferior] do valor predito), moderado (LI 41-59%
do previsto é significativo. O normal para homens é de do valor predito) ou grave (igual ou menor que 40% do
aproximadamente 160 a 180 L/minuto; este é ligeiramente valor predito), a obstrução da DV. A CVF estará normal
mais baixo em mulheres. Na doença pulmonar restritiva, ou levemente atenuada., o PEF se encontrará reduzido,
o valor da VVM pode ser normal ou apenas ligeiramente bem como o FEE em 25-75%, diminuído também,
reduzido. A força dos músculos respiratórios é um ambos minimizados consequente de um valor predito.
determinante primário da VVM em pacientes com Enaltece que, os principais critérios para discorrer um
doença intersticial pulmonar e um importante DVO são os Índice de Tiffeneau, determina a obstrução,
determinante em pacientes com DPOC. Pacientes e o VEF1, classifica por meio da quantificação a obstrução
subnutridos também podem ter uma VVM reduzida. do DV.

Entende-se que algumas patologias impactam O DVR é ulterior de exibir um impacto da


e interferem na entrada e saída de ar dos pulmões, isto CPT, subsequente de uma atenuação da mesma.
é, alterações na condição de ventilação pulmonar, tal Outrossim, os volumes expiratórios nessa situação estão
como os distúrbios ventilatórios (DV), em que normais ou levemente acrescidos. Já os que levam em
compreendem os DVO e DVR. Os DVO, na qual há uma consideração a CPT estarão reduzidos. Desta maneira, o
obstrução ao fluxo expiratório, consistem principalmente Índice de Tiffeneau estará normal ou aumentado, o VEF1
na asma e o DPOC. Já os DVR, que é uma dificuldade do normal ou levemente diminuído (quantifica e classifica, em
fluxo inspiratório, abrangem a pneumonia (causa leve, moderado ou grave, o DVR), a CVF desmontara-se
parenquimatosa), EAP (edema agudo de pulmão. Causa atenuada (principal parâmetro que identifica um DVR. Não
parenquimatosa), doenças neuromusculares (causa pode estar menor que 80% do valor predito), a PEF se
funcional devido a musculatura), obesidade (causa encontra normal ou reduzida e a FEE em 25-75%
estrutural), cifoescoliose (causa estrutural) e mais. normal ou levemente diminuído. Enaltece que, os
Ademais também há os DV misto (DVO adjunto com principais critérios para discorrer um DVR são os CVF,
DVR, e demonstra características de ambos), DVO com determina a obstrução, e o VEF1, classifica por meio da
atenuação da CVF e o DVO com diminuição da CVF quantificação a obstrução do DV, leve o valor predito
associado a hiperinsuflação (situação comum em estará em 60-79%, moderado (LI) 51-59% e grave igual
paciente com DPCO). ou menor que 50%.
De um modo geral, o primeiro parâmetro a doença pulmonar obstrutiva é uma resistência
se avaliar no resultado de uma espirometria é o Índice aumentada das vias aéreas. A resistência das vias aéreas
de Tiffeneau (VEF1/CVF), se o mesmo está maior que é a diferença na pressão entre as extremidades das vias
80% ou se demonstra-se menor que 80%, isso do valor aéreas dividida pela taxa de fluxo de gás que se move
predito. Um valor menor que 80% do Índice de Tiffeneau através da via aérea (Rva = ΔP/v). Existe uma relação
caracteriza uma DVO e em seguida disso é preciso inversa entre a resistência das vias aéreas e as taxas de
analisar o VEF1, para que assim seja classificado a fluxo. Se a diferença de pressão é constante, uma taxa
obstrução, mediante a quantificação da mesma, que será de fluxo reduzida indica um aumento na resistência das
leve 60-79%/LI do valor predito, moderado 41-59%/LI ou vias aéreas. Como o raio das vias aéreas normalmente
grave igual ou menor que 40%/LI do valor predito. Já se diminui ligeiramente durante a expiração, as taxas de
o Índice de Tiffeneau suceder maior que 80% fluxo são normalmente medidas durante a expiração. Por
compreende-se por não haver um DVO, a partir disso meio do rearranjo dos símbolos na lei de Poiseuille a
analisa-se se a espiro é normal, consequente de avaliar resistência das vias aéreas é inversamente proporcional
se há um DVR, em que é mediante a CVF, se essa está ao raio das vias aéreas (Rav = ΔP/ = η8l/r4). Quando o
maior ou menor que 80%, visto que transcorrerá um raio das vias aéreas diminui, a resistência das vias aéreas
DVR se estiver menor que 80% do valor predito. Frisa- aumenta, enquanto a taxa de fluxo de gás através das
se que, se a CVF e VEF1 estiverem atenuados é vias aéreas diminui. O raio das vias aéreas pode ser
necessário realizar um cálculo de %CVF - %VEF1, pois reduzido pela contração excessiva dos músculos
assim será identificado se é um DV misto, DVO com bronquiais e bronquiolares (broncoespasmo), pelas
redução da CVF ou se há um DVO com diminuição da secreções excessivas nas vias aéreas, pelo edema da
CVF por uma hiperinsuflação pulmonar. Se a diferença mucosa das vias aéreas, por tumores das vias aéreas,
do %CVF e do %VEF1 predito for igual ou menor que pelo colapso dos bronquíolos e por outras causas. A partir
12%, encontra-se uma DV mista. Um valor de 13-24%, da avaliação das taxas de fluxo, os testes de função
caracteriza uma VVO com CVF reduzida. Valor da pulmonar medem indiretamente o calibre das vias aéreas,
dessemelhando do %CVF e %VEF1 predito igual ou a resistência das vias aéreas e a presença de uma
maior que 25%, refere-se a um DVO com diminuição da doença obstrutiva. O problema principal na doença
CVF por uma hiperinsuflação pulmonar – esses só se pulmonar restritiva é a complacência pulmonar reduzida,
avaliam se houver CVF e VEF1 diminuídos -. complacência torácica reduzida ou ambas as
complacências pulmonar e torácica diminuídas. A
Os testes de função pulmonar fornecem a
complacência é a relação do volume de gás inspirado
base para a classificação das doenças pulmonares em
pela quantidade de esforço respiratório; o esforço é
duas categorias principais, doenças pulmonares
medido como a quantidade de pressão criada no pulmão
obstrutivas e doenças pulmonares restritivas. Esses dois
ou no espaço pleural quando os músculos inspiratórios se
tipos de doenças pulmonares às vezes ocorrem juntos
contraem. – (C = ΔV/ΔP) -. Existe uma relação direta
como um comprometimento misto. Os tipos obstrutivo
entre a complacência e o volume. Se a diferença de
e restritivo de doenças pulmonares são diferentes de
pressão é constante, um volume inspiratório reduzido
várias importantes maneiras. O principal problema na
indica uma redução na complacência. A complacência
pulmonar reduzida é normalmente o resultado de uma A manovacuometria é um recurso dentro da
inflamação alveolar, uma fibrose pulmonar ou neoplasias fisioterapia respiratória, em que antecede a prescrição de
nos alvéolos; uma complacência torácica reduzida pode exercícios para a melhora da função dos músculos
ser o resultado de anormalidades da parede torácica, tais respiratórios, visto que esse exame avalia a força
como a cifoescoliose. Doenças neuromusculares também muscular respiratória. O mesmo pode ser utilizado tanto
podem resultar em volumes pulmonares reduzidos e ambulatorialmente, no desporto e também em indivíduos
danos pulmonares do tipo restritivo, principalmente pelo nas Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Enfatiza-se que, o
comprometimento da função dos músculos inspiratórios. início dos estudos dos músculos respiratórios sucedeu na
Nessas circunstâncias, as complacências pulmonar e década de 60/70 e atualmente é amplamente usado em
torácica podem estar normais, mas o paciente é incapaz laboratórios, ulterior da função pulmonar, e até nas UTI.
de gerar uma pressão subatmosférica suficiente para A força muscular respiratória pode ser mensurada por
realizar uma inspiração completa e profunda. Algumas manobras involuntárias, decorrente da estimulação do
doenças obstrutivas e algumas restritivas também nervo frênico (o nervo frênico liga o diafragma com o
podem afetar a capacidade do pulmão em permitir a sistema nervoso central, no centro respiratório, e a
difusão dos gases. Em algumas doenças, existe avaliação dele análise a ação e a efetivada da capacidade
comprometimento da membrana alveolocapilar ou respiratória por meio da funcionalidade do diafragma), ou
menor área de superfície alveolar está acessível para a consequente de manobras voluntárias, por intermédio da
difusão. A avaliação da relação entre a capacidade de manovacuometria (transcorre por meio de comandos
difusão do pulmão e a capacidade pulmonar efetiva total verbais que o examinador fará e das respostas do
pode identificar a destruição do tecido alveolar ou a perda paciente). A manovacuometria avalia, indiretamente, a
da área de superfície alveolar funcionante. Para cada força dos músculos respiratórios, primordialmente
medida da função pulmonar, existe um valor normal e sequente de identificar as diferenças de pressões
um limite inferior do normal. A ocorrência de valores inspiratórias e expiratórias, nas quais dependem da
menores que o limite inferior do normal indica a presença contração muscular inspiratória e que
de uma anormalidade. A severidade do consequentemente gera um acréscimo da pressão
comprometimento pulmonar é baseada em uma negativa intrapulmonar e faz com que haja uma cinesia
comparação dos valores de cada paciente com o valor do ar, em que o mesmo sai de um lugar de menor
normal previsto para o paciente. Vários métodos são pressão para um de maior. Já, para que aconteça a
utilizados para comparação com o valor normal. expiração é necessário um aumento da pressão positiva
Determinar se o valor do paciente está dentro de um ou dentro do tórax, de maneira que essa fique maior do que
dois desvios-padrão do valor normal previsto é um a pressão atmosférica, e assim o ar saia dos pulmões, é
método alternativo usado em alguns laboratórios. A o processo inverso na inspiração. De uma outra forma,
percentagem prevista do número de desvios-padrão do A maior pressão capaz de ser gerada durante esforços
valor normal previsto pode ser usada para quantificar a de inspiração (pressão inspiratória máxima - Plmáx) ou
severidade do comprometimento. expiração (pressão expiratória máxima - PEmáx), contra
uma via aérea completamente ocluída, é considerada
MANOVACUOMETRIA –
como índice de força dos músculos respiratórios. Frisa-
se que, uma musculatura respiratória enfraquecida do sistema pulmonar, da musculatura respiratória
promove menor diferença de pressão durante a propriamente dita, das instruções fornecidas e da
inspiração e na expiração também, mediante a isso os colaboração do indivíduo ao realizar as manobras.
músculos tornam-se ineficaz. As musculaturas poderão
As indicações da realização da
se encontrar com uma força elevada também. A
manovacuometria é para situações em que se precisa
manovacuometria tem vantagens devido ser de fácil
avaliar a força muscular respiratória e isso em condições
realização, é um procedimento não invasivo, o
que existe uma atenuação da capacidade da função
equipamento é de baixo custo (há instrumentos com um
respiratória, como também analisa a capacidade
custo mais elevado, essencialmente os digitas e
ventilatória e o desenvolvimento de insuficiência
analógicos) e demonstra uma fácil compreensão. O teste
respiratória, utiliza-se para prever a retirada do suporte
exige a compreensão, coordenação e motivação do
ventilatório, avalia na verificação do grau de anormalidade
indivíduo que está sendo avaliado, bem como a correta
e na monitorização a progressão de doenças dos
explicação da prova e o comando verbal do
músculos respiratórios, na investigação da necessidade
examinador/fisioterapeuta são fundamentais.
de utilização de ventilação mecânica invasiva ou não-
A manovacuometria, também conhecida invasiva, na comparação a função dos músculos
como pressões respiratórias máximas, consiste na respiratórios no pré- e pós-operatório, no
mensuração das pressões respiratórias estáticas acompanhamento da resposta à reabilitação muscular
máximas por meio de um equipamento clássico e respiratória e para analisar a tosse. Complementando, os
confiável, denominado manovacuômetro. Trata-se de um músculos respiratórios são responsáveis diretos pelo
teste simples, rápido, não invasivo, voluntário e esforço- adequado funcionamento do sistema respiratório. Em
dependente, por meio do qual a pressão PImáx e a diferentes situações patológicas, podem ocorrer
PEmáx são obtidas. Estes são índices de força dos alterações da força contrátil desses músculos que,
músculos inspiratórios e expiratórios, respectivamente, dependendo da intensidade e quantificação, podem ser
cujos valores representam a força gerada pelo conjunto classificadas em fraqueza, fadiga, ou falência muscular
dos músculos inspiratórios e expiratórios, obtidos ao nível respiratória. A mensuração da força dos músculos
da boca. Sua aplicabilidade é ampla e visa identificar respiratórios permite o diagnóstico de insuficiência
alterações clínicas como fraqueza muscular, habilidade de respiratória por falência muscular e possibilita o
tossir e expectorar (refletida pela PEmáx) e, dessa forma, diagnóstico precoce de fraqueza dos músculos
auxiliar no diagnóstico de doenças neuromusculares e respiratórios, contribuindo para o profissional estabelecer
progressivas, na prescrição de programas de o protocolo de treinamento físico geral e em particular
treinamento muscular respiratório, no desmame da da musculatura respiratória. Em UTI, auxilia na avaliação
ventilação mecânica e na avaliação da responsividade às da mecânica respiratória e na indicação de ventilação
intervenções. As PImáx e PEmáx são geradas, mecânica invasiva ou não-invasiva, desmame do
respectivamente, durante a inspiração e expiração respirador e extubação do paciente. Na prática clínica, a
máximas contra uma via aérea ocluída, e os valores medida de Plmáx é mais importante porque é indicativa
obtidos são dependentes da força de retração elástica da capacidade ventilatória, do desenvolvimento da
insuficiência respiratória e determinante do VC. A Plmáx (inspiração) intratorácica e que determinará a força da
torna-se comprometida nas desordens neuromusculares, musculatura respiratória, ulterior da diferença das
lesões da musculatura respiratória (diafragma e músculos pressões. Ademais, a classificação do teste é
acessórios), hiperinsuflação pronunciada e em má subsequente de ser digital (viabiliza uma análise mais
formação torácica grave. A PEmáx não é tão significativa específica) ou analógico (conseguinte de um teste
para a capacidade ventilatória como Plmáx. Entretanto, mecânico) e as medidas fornecidas são as PImáx
ela é importante para o diagnóstico de desordens (pressão negativa) e PEmáx (pressão positiva).
neuromusculares. Uma redução da PEmáx pode
PImáx é uma pressão mais negativa gerada
aumentar o volume residual e reduzir o pico de fluxo
na boca durante um esforço inspiratório máximo, contra
expiratório, interpretado erroneamente como obstrução
uma via aérea ocluída, que é devido a uma válvula
de vias aéreas. A PEmáx é fundamental para a avaliação
unidirecional, na qual no processar do teste a mesma é
da tosse eficaz e consequentemente da capacidade de
ocluída e o aparelho mensura a pressão executado por
eliminar secreções de vias aéreas. As contraindicações
meio da inspiração que realiza um vácuo na caixa
sucedem nas ocorrências de
torácica (a válvula unidirecional permite a expiração e
vigências/patologias/descompensações respiratórias
assegura que os esforços inspiratórios ocorrem em
agudas, crise de broncoespasmo, descompensações
volumes pulmonares cada vez menores, ou seja, a
cardíacas agudas, angina pectoris, crise hipertensiva,
volume residual), sustentada por 1-2 segundos. Já a
quando se há DPOC descompensado, pneumotórax,
PEmáx é uma máxima pressão positiva oriunda da boca
aneurisma de aorta e cerebral, infarto agudo do
no transcorrer de um esforço expiratório máximo,
miocárdio, fistulas pleurocutâneas ou pulmonares, hérnias
contra uma via aérea ocluída, isso devido a válvula
abdominais, glaucoma ou deslocamento de retina e em
unidirecional, em que no transcorrer do teste ela é
qualquer circunstância que o esforço seja prejudicial (as
ocluída e o aparelho mensura a pressão executado por
contraindicações tem grande relação pois o teste
meio da expiração e consequente de uma manobra de
provoca a manobra de valsava, ou seja, aumenta-se a
valsava que é efetuada (a válvula unidirecional permite a
pressão intratorácica e mediante a isso pode elevar a
expiração e assegura que os esforços inspiratórios
pressão arterial). Consecutivo ao exposto é essencial ser
ocorrem em volumes pulmonares cada vez menores, ou
realizado uma avaliação e coleta dos sinais vitais ante a
seja, a volume residual), sustentada por 1-2 segundos.
execução do teste de manovacuometria e assim
compreender o paciente. A medida das pressões respiratórias
máximas, geradas durante o esforço de inspiração
Para a realização da manovacuometria é
(Plmáx) e expiração (PEmáx) contra a via aérea ocluída,
preciso o equipamento manovacuômetro (comumente
representa um procedimento importante para a
compreende o manovacuômetro, as válvulas
avaliação funcional dos músculos respiratórios. A Plmáx,
unidirecionais inspiratória e expiratória, pinça nasal e o
método simples, reprodutível e não-invasivo, é
bucal [individual/descartável] – algumas situações adjunto
influenciada pelo sexo, idade, volume pulmonar e
utiliza-se um filtro de barreira -), no qual é um
comprimento de repouso dos músculos inspiratórios
mensurador de pressão positiva (expiração) e negativa
(antes da medida), posição e cooperação do indivíduo e
variação da técnica empregada. Entretanto, a dificuldade Para a realização do teste de
do uso de uma técnica padronizada torna difícil a manovacuometria, mediante um PImáx, o indivíduo parte
comparação entre vários estudos realizados. As principais de um VC, ulterior perfaz uma manobra expiração
indicações da medida de Plmáx são: (1) quantificar, através máxima e alcança um VR (não se mensura o VR, porém
de medidas sequenciais, a progressão da fraqueza dos contabiliza-se o mesmo, pois essa é uma quantidade de
músculos inspiratórios em pacientes portadores de ar que está dentro do pulmão após uma expiração
doenças neuromusculares; (2) avaliar, juntamente com máxima. O indivíduo só atinge o VRE). Posteriormente,
outros parâmetros fisiológicos, o desmame da ventilação realiza-se uma inspiração máxima e volta a nível de VC,
mecânica; (3) estabelecer carga para treinamento perpassando pela CI e CV, bem como conquista a CRF
específico dos músculos inspiratórios; (4) avaliar a e a CPT também – tudo mediante uma via área ocluída
sobrecarga dos músculos inspiratórios através da relação -. Na PEmáx sucede da mesma maneira, sendo que o
entre PI (pressão inspiratória gerada durante a inspiração indivíduo parte de um VC, ulterior perfaz uma manobra
basal) e a Plmáx. O produto das relações PI/Plmáx e o inspiração máxima e alcança um CPT. Posteriormente,
tempo inspiratório (TI)/ duração total do ciclo respiratório realiza-se uma expiração máxima até o VRE e volta a
(TTOT) estima a fadiga dos músculos respiratórios nível de VC, perpassando pela CI e CV, bem como
através do índice tempo/ pressão (ITP = PI/Plmáx X conquista a CRF e a CPT também – tudo mediante uma
Tr/TTor). Até recentemente, a maior limitação da via área ocluída -. Resumidamente, a PImáx inicia-se de
técnica era sua utilização em pacientes pouco uma expiração total partindo no sentido de um VR no
cooperativos e inconscientes. Foi padronizado o método sentido da CRF e a PEmáx o indivíduo parte da CPT até
para a determinação da Plmáx em pacientes críticos, o VRE/CRF. Enaltece que, alteração do VR e da CRF
através da conexão de uma válvula de sentido modificam a PImáx e consequente a musculatura
unidirecional no tubo endotraqueal que permite a inspiratória e a comprometimento da CPT e do CRF
expiração e assegura que os esforços respiratórios interferem na PEmáx e nos músculos expiratórios.
ocorram a volumes pulmonares cada vez menores, ou
Complementando, a forma mais simples de
seja, a volume residual. Aproximadamente vinte segundos
avaliar a força dos músculos respiratórios é medir as
ou dez esforços inspiratórios são requeridos para obter
pressões geradas na boca quando o indivíduo realiza
a pressão máxima de pacientes não-cooperativos. A
esforços máximos contra uma via aérea ocluída. Os
PEmáx avalia a força dos músculos expiratórios. Sua
indivíduos precisam ser conscientizados da forma exata
redução pode aumentar o volume residual, diminuir o
de realização do teste. Para a avaliação da PEmáx, o
pico de fluxo expiratório e, consequentemente, a tosse.
paciente é orientado a inspirar, até a CPT, e a realizar
Nesse caso, os resultados podem ser erroneamente
um esforço expiratório sustentado até o VR. Na medida
interpretados como obstrução das vias aéreas. Estudos
de PImáx, o indivíduo terá que expirar até o VR e, a
recentes utilizam essa medida para estabelecer carga de
seguir, realizar um breve e poderoso esforço inspiratório
treinamento específico dos músculos expiratórios. Várias
até a CPT. Nesse método a pressão em nível de boca é
equações de referência da normalidade encontram-se
igual à pressão alveolar, pois o fluxo gasoso é
disponíveis na literatura para o cálculo dos valores
essencialmente igual a zero, e a glote permanece aberta
previstos da Plmáx e PEmáx.
durante o procedimento. A análise das curvas entre vestes, essas precisam ser confortáveis, é preferível
volume pulmonar e pressão alveolar durante esforços roupas leves/de prática de atividade física, em que não
inspiratórios e expiratórios em condições estáticas, isto é, limitam a expansibilidade torácica; alimentação, não é
com fluxo igual a zero, demonstrou que as pressões interessante se executar o teste em jejum e não comer
inspiratórias são maiores em volumes próximos do VR, e pouco tempo antes da realização. Perfazer uma refeição
as pressões expiratórias maiores em volumes próximos leve umas 2 horas antes da manovacuometria; a
da CPT. Em volumes pulmonares próximos dos avaliação das pressões respiratórias máximas é
extremos (VR ou CPT), as variações das pressões dependente da vontade e motivação do paciente, nesse
máximas são menores, em consequência das pequenas sentido, uma melhor compreensão do procedimento
variações do volume gasoso pulmonar que podem pode tornar o paciente mais motivado, os pacientes
ocorrer em medidas repetidas, aumentando, assim, a poderão aprender melhor, se forem instruídos a realizar
reprodutibilidade dos resultados. A medida da Plmáx, seu esforço inicial forte e suficiente para ver como a
realizada à CRF, apresenta a vantagem de não sofrer agulha do manômetro se move; a realização de
interferências do recolhimento elástico do sistema exercícios prévios, com a utilização de expressões de
respiratório (pressão de recolhimento elástico dos incentivo, poderá ajudar o paciente na aquisição do ritmo
pulmões e da parede torácica-PSR). A CRF, essa pressão da manobra; após o exercício, o paciente poderá iniciar
de recolhimento elástico corresponde a zero. Abaixo da seus esforços máximos; e é necessário que as
CRF essa pressão é negativa, e acima, é positiva. expressões de incentivo sejam padronizadas para
Portanto, a PImáx, medida a partir do VR ultrapassa 30% minimizar sua interferência nos resultados. Os
da pressão dos músculos respiratórios, e a PEmáx equipamentos utilizados serão o manovacuômetro e a
medida à CPT superestima a pressão dos músculos pinça nasal.
respiratórios. Caso haja necessidade da obtenção da
No teste de PImáx é solicitado que o paciente
verdadeira pressão muscular (Pmus.), a pressão de
respire via oral de 2/3 vezes, ao nível de VC. A seguir
recolhimento deverá ser subtraída da Plmáx e PEmáx,
realize uma expiração forçada (isso para que elimine
respectivamente. A Pmus. expiratória e a PEmáx são
qualquer quantidade de ar dentro dos pulmões e seja
positivas em relação à pressão atmosférica. A Plmáx e a
viabilizado uma maior amplitude de contração muscular
Pmus. inspiratória são negativas em relação à pressão
inspiratória, essencialmente o diafragma e os intercostais
atmosférica, e seu registro é feito precedido de sinal
externos), até VR. Ulterior introduz o bucal na cavidade
negativo.
oral e executa-se um esforço inspiratório máximo,
Ademais, no teste o paciente precisa estar mediante uma oclusão da via aérea que gerará um vácuo
posicionado em sedestação à 90°, com o dorso, as mãos e o equipamento mensurará a PImáx. Frisa-se que, alguns
e os pés apoiados, visto que a posição no instante da instrumentos demonstram um orifício entre o bucal e o
avaliação influência nos resultados. Examinador sempre aparelho, desta maneira a expiração forçada já sucede
ao lado do indivíduo e em contato visual com o mesmo. com o mesmo, em que na inspiração é ocluído o orifício
O ambiente necessita agradável. É preciso discorrer e consequentemente transcorre a inspiração forçada
orientações ao paciente, essencialmente em relação as numa via aérea ocluída, num tempo de 2 segundos. É
feito no mínimo 3 testes de PImáx, porém pode chegar autores relaciona as pressões respiratórias máximas com
à execução de até 5 vezes – em cada vez o paciente o sexo e a idade. Uma abordagem mais ampla deveria
descansa 2 minutos -. Na PEmáx (avalia musculatura necessariamente incluir outros fatores, tais como a força
expiratório, principalmente abdominais e intercostais de diferentes grupos musculares, propriedades
internos) solicita-se ao indivíduo que respira via oral 2/3 mecânicas do aparelho respiratório, dimensões do
vezes, ao nível de VC. A seguir perfaça uma inspiração aparelho respiratório, e diversas outras medidas
máxima, até CPT. Posteriormente introduz o bucal na antropométricas. Mesmo com as limitações apontadas, os
cavidade oral e realiza um esforço expiratório máximo. resultados apresentados são úteis para o conhecimento
Promover um apoio, com o dedo indicador e o polegar, das pressões respiratórias máximas visando à aplicação
na região perilabial/bochecha, para que se evite o clínica do método na avaliação e seguimento de
paciente encher de ar a cavidade oral, pois alteraria o pacientes em situações diversas. Os valores de referência
teste. É feito no mínimo 3 testes de PEmáx, porém pode mais frequentemente citados na literatura são os de
chegar à execução de até 5 vezes – em cada vez o Black e Hyatt (1969). Esses autores estudaram 120 adultos
paciente descansa 2 minutos -. saudáveis (homens e mulheres de 20 a 86 anos de idade).
Excluíram aqueles com sintomas respiratórios,
O teste da manovacuometria é feito no
anormalidades torácicas ao exame físico e evidência de
mínimo 3 vezes e no máximo 5, na qual será escolhido
disfunção neuromuscular. Não foram separados os
o melhor valor da PImáx e da PEmáx, sendo o maior,
fumantes dos não-fumantes. Não foi observada
desde que este não seja o último, e que não haja uma
regressão da PImáx nem da PEmáx em pacientes com
diferença maior que 10% entre os dois maiores valores.
idade inferior a 55 anos. Por outro lado, a PEmáx no
Comumente se faz 3 vezes o teste e se preciso realiza-
grupo masculino e a PImáx no grupo feminino diminuíram
se 5 (mais dois testes) para se conseguir o resultado da
com a idade. Wilson e cols. avaliaram adultos saudáveis e
manovacuometria.
verificaram que as pressões respiratórias máximas eram
Os valores de normalidade para o teste de relacionadas com a idade somente nos homens. Nas
manovacuometria quando o instrumento não é digital mulheres, só foi observada correlação significativa entre
sucede mediante a equação de referência elaborados pressões máximas e peso corpóreo. Os baixos valores
por Black e Hyatt e consequente das variáveis que são obtidos por esses autores podem estar relacionados a
o sexo e a idade. Complementando, vários autores detalhes metodológicos. Esses autores não utilizaram
mediram as pressões respiratórias máximas em pessoas pinça nasal durante as medidas, o que pode ter
saudáveis pertencentes a diferentes faixas etárias, e provocado vazamento de ar em indivíduos não-treinados.
publicaram seus achados sob forma de tabelas ou Em 1999, Neder e cols. avaliaram em estudo randomizado
equações de regressão para o cálculo dos valores de da população brasileira as pressões respiratórias máximas
referência. Existe, entretanto, grande discrepância entre e a ventilação voluntária máxima (VVM) de 100 pacientes.
essas tabelas e equações. Tal fato pode ser atribuído aos
distintos procedimentos utilizados para seleção das
amostras, ao pequeno tamanho de algumas amostras e
às diferenças de equipamentos e técnicas. A maioria dos
volume pulmonar como índice de comprimento do
músculo respiratório, e a pressão medida em nível da
boca como tensão.

A força desenvolvida por um músculo varia


em função do comprimento muscular. Quanto mais
alongada estiver a fibra muscular, maior será sua
capacidade de gerar pressão. A força necessária é então
desenvolvida quando o músculo está na sua posição de
repouso, ou seja, quando não há estiramento ativo. Essa
força pode ser ainda maior quando o músculo for
alongado acima de seu comprimento de repouso. O
comprimento dos músculos respiratórios e
consequentemente sua força de contração variam com
o volume pulmonar. A força contrátil, portanto, é máxima
na CPT para os músculos expiratórios e no VR para os
músculos inspiratórios. Os músculos expiratórios estão
próximos de seu comprimento ótimo de repouso em
altos volumes pulmonares. Inversamente, os músculos
inspiratórios apresentam seu comprimento Ótimo de
repouso em baixos volumes pulmonares.
Frequentemente, a PImáx e a PEmáx são medidas em
pacientes cujo volume pulmonar é alterado. O aumento
do volume pulmonar (síndromes obstrutivas com
hiperinsuflação pulmonar) desloca o diafragma
A força desenvolvida por um músculo e caudalmente, reduzindo seu comprimento de repouso e
consequentemente sua capacidade de gerar pressão consequentemente sua capacidade de gerar pressão.
dependem de seu comprimento de repouso antes da Geralmente a hiperinsuflação acarreta o encurtamento
contração (relação tensão/ comprimento), de sua de todos os músculos respiratórios, sendo o diafragma e
contratilidade intrínseca (relação força/velocidade) e sua os intercostais os músculos mais comprometidos. Por
vantagem mecânica (no caso dos músculos respiratórios, outro lado, nas síndromes restritivas (redução do volume
depende do adequado acoplamento entre ele e a caixa pulmonar) uma PEmáx reduzida pode ser devida ao fato
torácica). Para as medidas das pressões respiratórias de os músculos expiratórios não se encontrarem em seu
máximas, somam-se a esses fatores a integridade da comprimento ótimo. Nesses casos é conveniente
caixa torácica, o volume pulmonar, o drive respiratório, e expressar todos os volumes pulmonares como
a massa muscular (relacionada à idade e ao sexo). Em percentagem da CPT predita, e as pressões respiratórias
relação ao sistema respiratório, podem-se considerar o como percentagem de seus valores máximos.
A magnitude da resposta pressórica Foi avaliado os efeitos da adição de um
respiratória a um esforço voluntário depende do estímulo espaço morto sobre a medida da Plmáx (pelo método
(drive) neural gerado por esse esforço. Em esforços de oclusão da via aérea) em pacientes intubados, com e
estáticos voluntários, esse drive é máximo. Pacientes sem treinamento prévio da técnica. O treinamento
cooperativos podem realizar as manobras de pressões constituiu-se da explicação do procedimento. Observou-
respiratórias máximas de forma reprodutível nos se que a adição do espaço morto melhorou a
laboratórios de função pulmonar, realizando-as no volume performance da Plmáx, mas não de forma significativa.
máximo absoluto (igual ou menor que a CRF para Plmáx Entretanto, quando os pacientes foram subdivididos em
ou próximo da CPT para a PEmáx). Entretanto, algumas relação à P0, 1, foi observado que aqueles que
situações podem reduzir o drive neural, e as medidas de apresentavam P0,1 < 2 cmH2O obtiveram maiores
Plmáx e PEmáx podem aproximar-se de valores valores de Plmáx após o treinamento. Esses resultados
submáximos. Nas cirurgias abdominais altas, o drive neural indicam que a adição do espaço morto em pacientes que
para o diafragma pode ser submáximo devido a impulsos apresentam drive respiratório reduzido (P0,1 < 2 cmH2O)
inibitórios transmitidos ao sistema central das vias aéreas pode melhorar a medida de Plmáx. Diferentemente, os
pelas fibras aferentes do nervo frênico. Na presença de pacientes com P0,1 > 2 cmH2O tiveram drive suficiente
dor ou dispnéia, os pacientes podem não ativar de forma para determinação da Plmáx pelo método de oclusão,
máxima seus músculos respiratórios. Em unidades de ou seja, com utilização da válvula unidirecional, refletindo
terapia intensiva, a medida de Plmáx tem valor preditivo a medida de Plmáx convencional.
útil para o desmame de ventilação mecânica. Apesar de
O processo de envelhecimento está
esse índice isolado não ser suficiente para predizer
associado à redução da massa muscular do diafragma e
acuradamente o sucesso do desmame (devido à sua
dos músculos acessórios da respiração, bem como ao
capacidade de determinar a potência da bomba muscular
declínio da força de trabalho para uma mesma
e não a demanda à qual essa bomba está exposta), esse
estimulação neural. O aumento da complacência do
índice é chave na avaliação da endurance e é
compartimento abdominal em pessoas idosas pode
incorporado a várias equações que podem predizer o
dissipar a pressão gerada notadamente na expiração
sucesso do desmame. Pacientes criticamente enfermos
forçada, reduzindo as pressões estáticas máximas. Além
e pouco cooperativos, ventilados mecanicamente,
disso, há uma redução na CPT e um aumento marcado
podem realizar esforços inspiratórios máximos através da
no VR com a idade. Os valores das pressões respiratórias
intensificação do drive respiratório com a utilização da
máximas no sexo masculino têm sido maiores que no
sustentação da oclusão da via aérea por vinte segundos
feminino, na maioria dos trabalhos realizados. Essa relação
(válvula unidirecional). Sugere-se que a avaliação do drive
pode estar ligada à maior proximidade da relação entre
respiratório seja feita previamente à utilização da válvula
a massa muscular total e o índice de massa corpórea em
para determinar o momento ótimo para a medida de
homens que em mulheres, e à estreita relação entre
Plmáx e PEmáx. Essa medida consiste na avaliação da
Plmáx e o índice de massa corpórea. O sexo e a idade
P0,1.
são os fatores que mais afetam as pressões respiratórias
máximas. Entretanto, a altura, o peso, a capacidade de
trabalho muscular ou preparação física, os fatores 30 minutos, dependendo das condições do paciente, de
genéticos e ambientais, o tabagismo, os hábitos 4 a 8 semanas, sempre avaliando a PImáx. O fabricante
alimentares também podem afetar a força desses orienta o tempo de treino inicial de 10 a 15 minutos por
músculos. dia, aumentando gradualmente até 30 minutos por dia. A
carga a ser ajustada está relacionada de 30 a 50% de
Enaltece que, considera-se redução da força
PImáx, e deve ser sempre medida para alteração da
dos músculos respiratórios se PImáx e/ou PEmáx forem
carga oferecida a pessoa. A carga disponível é de 9 a 41
menores que 70% dos valores preditos – o valor de
cmH2O com incrementos de 2 em 20 cmH2O. Para o
normalidade corresponde a 100% -. Para transcorrer uma
treinamento de força é preciso maior carga e menor
fraqueza da musculatura inspiratória a PImáx precisa se
número de repetições. Treinos moderados para intenso
encontrar entre 70-41 cmH2O.Nas situações de fadiga,
se utiliza 60-80% da PImáx e um treino leve 50-60%.
PImáx entre 40-25 cmH2O. Falências dos músculos
Perfazer de 15/30 repetições ou 10 minutos de atividades.
inspiratórios, PImáx menor que 20 cmH2O.
Já para um treinamento de resistência/condicionamento
A manovacuometria é o principal fator de é interessante uma menor carga com um número
prescrição para treinamento da musculatura respiratória, elevado de repetições, usando 30-40% da PImáx. Realizar
em que esses demonstram-se com uma carga linear, 10/30 minutos de atividade. Para ambos os treinamentos
mensurável pela manovacuometria. Umas das maneiras é preciso conscientização da musculatura/respiração do
de se promover esse treinamento é o por meio do diafragma. O treino de força antecede o de
aparelho threshold, esse dispositivo apresenta um condicionamento. Outro equipamento que pode ser
diafragma que será movido através de uma mola, usado para o treino da musculatura inspiratória é o
liberando o fluxo aéreo de acordo com a pressão que o powerbreath, no qual utiliza-se muito em indivíduos com
paciente exerça (inspiratória/threshold IMT [inspiratory comorbidades respiratórias, como paciente que
muscle trainer] ou expiratório/threshold PEP [positive apresentam treino com alta nível. Alguns instrumentos
expiratory pressure]) e fluxo aéreo independente. demonstram uma carga fixa e outras modificáveis.

O theshold IMT é um equipamento que O threshold para trabalhos expiratórios


permite uma pressão específica e consistente para (músculos intercostais internos essencialmente) PEP,
melhorar a força e o endurence da musculatura permite uma pressão específica e consistente para
inspiratória (diafragma essencialmente), independente do melhora da força e endurence da musculatura
fluxo inspiratório que o indivíduo realize durante a expiratória, independente do fluxo expiratório que o
inspiração, lento ou rápido, além de ter válvula paciente perfaz, além de ter uma válvula unidirecional,
unidirecional, que permite apenas o fluxo inspiratório. É que permite apenas o fluxo expiratório. O treinamento
indicado em situações de DPOC, insuficiência cardíaca deve ser realizado de 3 a 5 vezes por semana, de 15 a
congestiva, patologias neuromusculares ou qualquer 20 minutos, dependendo das condições do indivíduo, em
ocorrência que apresente perda da força ou de torno de 5 semanas, sempre ajustando a carga de 50%
endurence da musculatura inspiratória. O treinamento de PEmáx. O fabricante orienta o tempo de treino inicial
deve ser realizado diariamente, 2 vezes ao dia, de 5 a de 10 a 15 minutos por dia, aumentando gradualmente até
30 minutos por dia. A carga disponível é de 5 a 20
cmH2O, com incremento de 2 em 2 cmH2O. O treino
muscular expiratório através da cinesioterapia auxilia
grandemente na fraqueza muscular expiratória, trabalha-
se primordialmente músculos abdominais (reto, oblíquos
e transverso do abdômen). Enaltece que, é muito
importante manter a musculatura expiratória forte, pois
essas corroboram para com a higiene
brônquica/pulmonar fisiológica.

A utilização do threshold é por meio de


primeiramente ajustar a carga com o pino de controle
de pressão. Ulterior adaptar o bocal no equipamento.
Seguidamente posicionar adequadamente o paciente, de
preferência em sedestação. Colocar o clipe nasal (evita
compensações pela região nasal). Orientar o paciente
realizar inspirações e expirações através do bocal sem
retirá-lo da boca. O equipamento threshold precisa estar
posicionando o mais perpendicular possível para o treino.

Outras questões que compreende o exame


físico são os dados vitais.
Ausculta pulmonar semiologia

 O sistema respiratório é dividido em trato verdadeiras e estão conectados com o esterno por
respiratório superior (compartimento barras de cartilagem hialina, as cartilagens costais. Os cinco
nasofaringolaríngeo) e trato respiratório inferior pares remanescentes são chamados costelas falsas,
(compartimentos traqueobrônquico e alveolar). As vias sendo que a oitava, a nona e a décima são conectadas
respiratórias superiores são formadas pelas fossas nasais, por meio de sua cartilagem costal com a cartilagem costal
nasofaringe, orofaringe, laringofaringe e laringe. Essas vias, imediatamente acima, e a décima primeira e a décima
além de servirem como conduto respiratório, segunda são livres, por isso chamadas flutuantes. As
desempenham papel de condicionador do ar inspirado, cartilagens costais no adulto jovem são elásticas, capazes
fazendo com que ele chegue aos locais das trocas de resistir a considerável torção, conferindo elasticidade
gasosas em uma temperatura de aproximadamente à parede torácica. Com o envelhecimento, podem se
37°C. Cabe-lhes, também, umidificar e filtrar o ar na sua tornar calcificadas ou ossificadas, perdendo a elasticidade,
passagem. sendo facilmente identificadas em uma radiografia de

O tórax consiste em um arcabouço tórax. O espaço entre cada costela está preenchido por

osteomuscular externo que aloja o coração, os pulmões, músculos dispostos em três camadas, vasos e nervos. A

as pleuras e as estruturas do mediastino. No adulto, tem camada mais externa é formada pelos intercostais

forma elíptica, sendo mais amplo no sentido latero-lateral externos, que estão inseridos nas bordas inferiores de

do que no ântero-posterior. O arcabouço esquelético do cada uma das 11 primeiras costelas. Suas fibras se dirigem

tórax (12 vértebras torácicas, discos intervertebrais, 12 inferior e anteriormente, de modo que, ao se contrair,

costelas, cartilagens costais e esterno), além de proteger levantam as costelas. A camada média é formada pelos

as estruturas da cavidade torácica, proporciona proteção intercostais internos, também inseridos na borda inferior

para algumas vísceras abdominais, pois a maior parte do das costelas, mas suas fibras se dirigem inferior e

fígado se encontra sob a cúpula diafragmática direita, posteriormente, de modo que, quando se contraem,

enquanto parte do estômago e todo o baço se abaixam as costelas. A camada interna é formada pelos

encontram sob a cúpula diafragmática esquerda. As faces músculos intercostais íntimos, os subcostais e o

posteriores dos polos superiores dos rins repousam no transverso do tórax. As camadas interna e média estão

diafragma. Como na expiração forçada o diafragma vai separadas por vasos e nervos intercostais que correm

até o quarto espaço intercostal, anteriormente, sexto junto à borda inferior de cada costela. Diante da

espaço intercostal, lateralmente, e oitavo espaço necessidade de uma toracotomia ou de uma

intercostal, posteriormente, ferimentos penetrantes no toracocentese, para “fugir” dos vasos e nervos, esses

tórax inferiormente a esses espaços costumam estar procedimentos devem ser realizados na borda superior

associados a lesão de órgãos abdominais. Os primeiros da costela. O esterno consta de três partes em sentido

sete pares de costelas são chamados costelas craniocaudal: manúbrio, corpo e processo xifoide. O
manúbrio é a mais larga e espessa das três partes. ser dividida em três zonas, cada uma com características
Apresenta uma incisura na sua borda superior, funcionais e estruturais diferentes. A zona condutora é
denominada jugular, que é facilmente palpada e composta por vias respiratórias que apresentam paredes
corresponde à borda inferior do corpo da segunda espessas o bastante para não possibilitar difusão de gases
vértebra torácica ou à borda superior da terceira para o parênquima pulmonar adjacente. Elas incluem a
vértebra torácica (o nível do esterno é geralmente mais traqueia, os brônquios e os bronquíolos membranosos,
alto nas mulheres). Um dedo colocado sobre a incisura que recebem essa denominação por não conterem
jugular percebe a traqueia em sua posição mediana cartilagem. Essas vias respiratórias, associadas a artérias e
normal ou um desvio da traqueia em uma situação veias pulmonares, vasos linfáticos, nervos, tecido
patológica. A borda inferior do manúbrio se articula com conjuntivo dos espaços peribrônquicos e perivasculares,
o corpo do esterno formando um pequeno ângulo, septos interlobulares e pleura constituem a porção não
chamado ângulo esternal ou ângulo de Louis. Uma crista parenquimatosa do pulmão. A zona de transição realiza
que marca a localização do ângulo pode ser palpada a funções condutoras e respiratórias e consiste em
aproximadamente 5 cm da incisura jugular. O ângulo bronquíolos respiratórios e ductos alveolares. A zona
esternal marca a posição da segunda cartilagem costal, respiratória é composta somente de alvéolos e tem
sendo um ponto de referência para a contagem das função exclusivamente respiratória. A zona de transição
costelas e dos espaços intercostais. em conjunto com a zona respiratória constitui o
parênquima pulmonar. Do ponto de vista histológico, a
menor unidade fundamental do parênquima pulmonar é
o lóbulo pulmonar primário que consiste em todos os
ductos alveolares, sacos alveolares e alvéolos em
conjunto com seus vasos sanguíneos, nervos e tecido
conjuntivo distal ao último bronquíolo respiratório. Em
contrapartida, como essa unidade é muito pequena para
ser identificada do ponto de vista radiológico, utiliza-se o
lóbulo pulmonar secundário (menor porção de pulmão
envolvido por septo de tecido conjuntivo), visto na
tomografia de tórax de alta resolução, para avaliar
padrões de distribuição (no centro do lóbulo, na sua
periferia ou distribuição aleatória) como auxílio no

O trato respiratório inferior se estende da diagnóstico diferencial das doenças pulmonares. A

traqueia às porções mais distais do parênquima pulmonar. traqueia, ao penetrar o tórax, considerando-se o paciente

A função primária das vias respiratórias é conduzir o ar em pé, direciona-se de cima para baixo, um pouco para

para a superfície alveolar, local em que ocorre a trás e ligeiramente para a direita. Na altura da 4° a

transferência gasosa entre o gás inspirado e o sangue vértebra dorsal, nível que corresponde ao ângulo de

dos capilares alveolares. A via respiratória inferior pode Louis, ela se bifurca. O esporão formado por esse ângulo
é chamado de carina. A árvore brônquica, após a
bifurcação da traqueia, não mantém o mesmo padrão (basal, anteromedial), um para o lado (basal lateral) e um
divisório à direita e à esquerda -. O brônquio principal para trás e para baixo (basal posterior).
direito é mais vertical, mais calibroso e mais curto. O
esquerdo é mais horizontal, de menor calibre e mais
longo. Do brônquio principal direito, a 2 cm da traqueia,
emerge o brônquio do lobo superior que se dirige para
cima e para trás, trifurcando-se, para originar um ramo
para a frente (anterior), um para cima (apical) e um para
trás (posterior). Após a saída do brônquio do lobo
superior, a porção que se segue, chamada brônquio
intermediário, dirige-se para baixo, ligeiramente para fora,
logo se trifurcando. Para a frente e para dentro, dá
origem ao brônquio do lobo médio; para baixo, ao
brônquio que forma a pirâmide basal, e, para trás, ao
ramo apical do lobo inferior. O brônquio do lobo médio,
por sua vez, bifurca-se, indo um ramo para frente
(medial) e um para o lado (lateral). Continuando seu
trajeto para baixo e para trás, o brônquio da pirâmide
basal vai dar em um ramo para frente (basal anterior), A pleura é uma membrana serosa única e

um para o lado (basal lateral), um para trás (basal contínua, constituída de dois folhetos. O folheto parietal

posterior) e um para dentro (basal medial). À esquerda, o reveste a face interna da parede torácica, aderindo aos

brônquio principal dirige-se para fora, para baixo e um arcos costais, graças a um tecido musculoligamentoso

pouco para trás. Após um trajeto de 5 cm, bifurca-se, (fáscia endotorácica). Chegando ao hilo, reflete-se sobre

originando o brônquio do lobo superior e o brônquio do si mesma (pleura mediastínica), fixando-se ao pulmão,

lobo inferior. O primeiro, por sua vez, divide-se em um quando recebe, então, o nome de pleura ou folheto

ramo ascendente e um descendente. O ascendente visceral. Este folheto insinua-se entre os lobos, formando

dirige-se para cima e para fora. Nova bifurcação ocorre: as cissuras. Na reflexão mediastínica resulta um espaço

um ramo vai para frente (anterior) e outro para cima e livre triangular de base superior (ligamento triangular do

para trás (apical posterior). O ramo descendente que pulmão) que possibilita a entrada dos vários elementos

resultou como o ascendente da segunda bifurcação que vão formar os hilos pulmonares. Ao recobrir o

dirige-se para baixo, para frente e um pouco para o lado, diafragma, o folheto parietal recebe o nome de pleura

constituindo o brônquio da língula, que se divide em dois diafragmática. O espaço entre os dois folhetos pleurais é

ramos, um superior e outro inferior. O brônquio do lobo virtual e é banhado por uma serosidade em um ambiente

inferior, continuação do brônquio principal, neste lado, de pressão negativa. Durante os movimentos

perfeitamente individualizado, dirige-se para baixo e para respiratórios, os dois folhetos deslizam entre si com

trás, originando, logo em seguida, um ramo que se dirige facilidade, como duas lâminas de vidro molhadas. Em

para trás (apical) ou apical do lobo inferior, um para frente virtude de fenômenos de capilaridade, torna-se difícil
separá-los. A vascularização do folheto parietal se dá mmHg, a diastólica de 8 mmHg e a média de 15 mmHg.
pelos ramos das artérias intercostais; no nível do A estimativa da pressão sistólica da artéria pulmonar pode
mediastino e do diafragma, pelas artérias ser feita por ecocardiografia, mas a confirmação de
pericardiofrênicas. Os linfáticos da pleura parietal drenam hipertensão pulmonar requer medidas invasivas (pressão
para os linfonodos da região correspondente, enquanto média de artéria pulmonar ≥ 25 mmHg). A pressão
os da pleura diafragmática, para os linfonodos média da artéria pulmonar diminui à medida que o vaso
mediastínicos. A inervação do folheto parietal é feita pelos se ramifica no parênquima pulmonar até atingir os
nervos espinais. A da pleura diafragmática, na parte capilares, que têm pressão média de 7 mmHg. Essa
central, pelo frênico, e na periferia, pelos nervos pressão capilar pode ser maior ou menor que a pressão
intercostais. alveolar, dependendo de diversos fatores (fase do ciclo
cardíaco – sístole ou diástole; estados patológicos –
A circulação pulmonar compõe-se de dois
hipovolemia; posição do corpo – deitado ou em pé), de
sistemas: a grande e a pequena circulação, isto é, a
modo que podem ocorrer três situações de fluxo
circulação geral e a própria, a da artéria pulmonar e a das
sanguíneo pulmonar:
artérias brônquicas. A artéria pulmonar conduz sangue
venoso do ventrículo direito aos capilares alveolares. Em ■ Zona 1: ausência de fluxo (pressão alveolar sempre
seu início, ela se bifurca, originando um ramo para o maior que capilar).
pulmão esquerdo e outro para o direito. O ramo
■ Zona 2: fluxo intermitente; só há fluxo na sístole
esquerdo cavalga o brônquio do lobo superior,
(pressão capilar maior que a alveolar na sístole, mas
fornecendo diretamente os ramos que se dirigem para
menor na diástole).
os segmentos do lobo superior. O ramo direito logo se
subdivide, acompanhando o trajeto dos brônquios ■ Zona 3: fluxo contínuo (pressão capilar sempre maior

segmentares do lobo superior. Os ramos mais periféricos que a alveolar).

da artéria pulmonar ramificam-se cada vez mais, até Em indivíduos saudáveis ocorrem somente
atingirem os septos alveolares, nos quais os capilares fluxos de zonas 2 e 3. Na posição ortostática, o primeiro
arteriais anastomosam-se com os venosos. Estes, por sua nas porções superiores do pulmão e o segundo nas
vez, dirigem-se para a periferia dos lóbulos até as vênulas bases (o fluxo de sangue inclusive na diástole é explicado
pulmonares. As vênulas localizadas entre os lóbulos pela pressão hidrostática – o peso da coluna de sangue
reúnem-se, dando origem às veias pulmonares principais, mantém a pressão capilar maior que a alveolar). Como
que, juntas, formam as quatro veias pulmonares, duas na zona 3 o fluxo de sangue é contínuo, mas a ventilação
direitas e duas esquerdas, as quais desembocam no átrio nas bases não ocorre todo o tempo, essa aérea fica
esquerdo. As artérias brônquicas são ramos diretos da perfundida, mas não ventilada; portanto, uma área de
aorta torácica e responsáveis pela nutrição dos pulmões, shunt (circulação sem ventilação) fisiológico. As veias
especialmente em suas porções mais centrais. A pressão pulmonares não acompanham os brônquios. Iniciam nos
no território da artéria pulmonar é bem menor que a septos interlobulares e continuam no tecido conjuntivo
pressão na circulação arterial sistêmica. A pressão entre os segmentos pulmonares até alcançar o hilo.
sistólica no ventrículo direito é de aproximadamente 25 Como não contêm válvulas, um aumento da pressão do
átrio esquerdo é seguido de aumento na pressão do Ventilação. É o processo pelo qual o ar chega
sistema venoso pulmonar e, consequentemente, na rede até os alvéolos, distribuindo-se adequadamente, para que
capilar, ocasionando edema pulmonar e dispneia. Os possa entrar em contato com os capilares pulmonares,
tecidos não respiratórios do pulmão recebem irrigação onde vão ocorrer as trocas gasosas. A ventilação ocorre
das artérias brônquicas, que são ramos da aorta e, pela ação dos músculos respiratórios, que, para isso,
portanto, têm pressões mais elevadas em relação ao contraem-se de maneira coordenada, de modo a
território das artérias pulmonares. Por essa razão, a aumentar ou reduzir o volume da cavidade torácica. São
maioria das hemoptises (95% dos casos) origina-se das músculos esqueléticos, divididos em inspiratórios e
artérias brônquicas. expiratórios. Em uma ventilação tranquila, no volume
corrente, o principal músculo em atividade é o diafragma,
A respiração compreende quatro processos
com os intercostais em atividade somente para
cuja finalidade é a transferência de O2 do exterior até o
estabilização do espaço intercostal, evitando que ocorra
nível celular e a eliminação de CO2, transportado no
abaulamento ou retração dos espaços intercostais devido
sentido inverso). Respiração:
a mudanças da pressão intratorácica. A expiração nessa
■ Ventilação pulmonar. Seu objetivo é levar o ar até os mesma situação ocorre passivamente, através do
alvéolos, distribuindo-o adequadamente, de tal maneira relaxamento do diafragma e da retração elástica dos
que, ao entrar em contato com o sangue dos capilares pulmões e parede torácica. Em uma inspiração forçada,
pulmonares, possa processar-se a etapa seguinte - as além do diafragma, os intercostais externos contraem
trocas gasosas. mais intensamente, os escalenos e o
■ Trocas gasosas. Por diferença da pressão parcial dos esternocleidomastóideo. Na expiração forçada, entram
gases envolvidos (O2 e CO2), no alvéolo e no sangue, em ação os músculos abdominais e intercostais internos.
ocorre a passagem dos mesmos através da membrana A ventilação normal é mantida sob controle dos centros
alveolocapilar. respiratórios, situados no bulbo. Diferentes doenças
podem afetar a ventilação à medida que aumentam a
■ Transporte sanguíneo dos gases. Tanto na etapa
carga de trabalho dos músculos respiratórios
anterior quanto nesta, é importante a interação dos
repentinamente (por exemplo, crise de asma) e elevam
processos respiratórios com o sistema circulatório. A
o trabalho da respiração pela obstrução ao fluxo de ar
circulação sistêmica promove a distribuição periférica do
(por exemplo, doença pulmonar obstrutiva crônica). Nas
oxigênio e a extração do CO2, com a participação de
doenças neuromusculares, a função dos principais
múltiplos mecanismos, tais como captação de O2 pela
músculos da inspiração também pode ser afetada (por
hemoglobina e sistemas tampões.
exemplo, síndrome de Guillain Barré e miastenia grave,
■ Respiração celular. É a etapa terminal de todo o em que a fraqueza dos músculos respiratórios pode levar
processo e sua principal finalidade. Por meio da respiração à insuficiência respiratória aguda). Do ponto de vista
celular, consubstancia-se a utilização celular do oxigênio funcional, as vias respiratórias podem ser divididas em:
por meio das cadeias enzimáticas mitocondriais.
■ Zona condutora: constituída por vias respiratórias que
apenas conduzem os gases entre a periferia pulmonar e
a boca, englobando as 15 ou 17 primeiras gerações de que desce verticalmente do ponto médio da clavícula. Em
vias respiratórias. uma situação equidistante entre a linha hemiclavicular e a
linha esternal lateral encontra-se a linha paraesternal.
■ Zona respiratória: na qual são encontrados os alvéolos
que participam das trocas. Difusão. É um mecanismo pelo Na face lateral do tórax, identificam-se a linha
qual um gás se movimenta de uma região para outra. É axilar anterior, que desce verticalmente a partir da prega
um processo passivo, pois os gases difundem-se de axilar anterior, formada pela margem inferior do músculo
regiões de pressões mais altas para regiões com peitoral maior; a linha axilar posterior, que desce
pressões mais baixas. Por meio da difusão ocorre o verticalmente a partir da prega axilar posterior, a qual é
transporte de gases das vias respiratórias distais para a formada pelo músculo grande dorsal; já a linha axilar
membrana alveolocapilar e desta membrana para o média, que se encontra equidistante às linhas axilares,
sangue que circula no capilar pulmonar. Uma vez nos anterior e posterior, desce do ápice da axila em direção
capilares sistêmicos, a difusão será responsável pelo ao tubérculo da crista ilíaca.
deslocamento do oxigênio do sangue para as células,
Na face posterior do tórax identificam-se a linha
onde será consumido pelas mitocôndrias e seguido pela
vertebral, que passa sobre os processos espinhosos das
saída de dióxido de carbono produzido no tecido. A
vértebras torácicas, e a linha escapular, que passa através
difusão é deficiente em pulmões enfermos. Na fibrose
do ângulo inferior da escápula na posição anatômica.
intersticial, há espessamento da membrana alveolocapilar;
Destacam-se dois pontos para procedimentos invasivos
outro exemplo é o enfisema, no qual ocorre marcada
em relação às linhas torácicas verticais: a linha
redução na área de trocas resultante de destruição das
hemiclavicular no segundo espaço intercostal para
paredes dos septos alveolares.
descompressão de pneumotórax hipertensivo com
agulha de grosso calibre, e a linha escapular
imediatamente inferior ao ângulo da escápula para
toracocentese, pois, na posição anatômica, corresponde
à sétima costela ou ao sétimo espaço intercostal.

Linhas torácicas horizontais: na face anterior do tórax são


identificadas as linhas das terceira e sexta articulações
esternocondrais que passam horizontalmente sobre as
referidas articulações, e as linhas claviculares que passam
sobre as clavículas direita e esquerda. Na face lateral do
 Linhas e regiões torácicas.:
tórax é necessário identificar somente a linha da sexta
Linhas torácicas verticais: na face anterior do tórax
articulação esternocondral. Na face posterior do tórax são
identifica-se a linha medioesternal que coincide com o
identificadas as linhas escapular superior, que tangenciam
plano mediano e divide o tórax em hemitórax direito e
a borda superior da escápula, e a escapular inferior, que
esquerdo. A partir dessa linha, para a direita ou para a
tangencia a borda inferior da escápula.
esquerda, encontram-se a linha esternal lateral, ao longo
da margem lateral do esterno, e a linha hemiclavicular,
Regiões da face anterior do tórax: a região esternal
corresponde à superfície do esterno, podendo ser
dividida em superior e inferior pela linha da terceira
articulação esternocondral. Cada região infraclavicular
(direita e esquerda) é limitada lateralmente pela borda
anterior do músculo deltoide, medialmente pela linha
esternal lateral, superiormente pela linha clavicular e
inferiormente pela linha da terceira articulação
esternocondral. A região mamária (direita e esquerda) é
limitada superiormente pela linha da terceira articulação
esternocondral, medialmente pela linha esternal lateral,
lateralmente pela linha axilar anterior e inferiormente pela
linha da sexta articulação esternocondral. A região
inframamária ou hipocondríaca (esquerda e direita) é
limitada superiormente pela linha da sexta articulação
esternocondral, inferomedialmente pela margem costal e
lateralmente pela linha axilar anterior.

Região da face posterior do tórax: a região


supraescapular é limitada medialmente pela linha
vertebral, superolateralmente pela borda superior do
músculo trapézio e inferiormente pela linha escapular
superior. As regiões supraespinal e infraespinal
correspondem, respectivamente, à projeção da escápula
superiormente e inferiormente à sua espinha. A região
interescapulovertebral é limitada medialmente pela linha  Projeção dos pulmões na parede torácica.

vertebral, superiormente pela linha escapular superior, Para desenhar a projeção dos pulmões na parede

lateralmente pela borda medial da escápula e torácica, traça-se uma linha que se inicia

inferiormente pela linha escapular inferior. A região aproximadamente 3 cm superiormente às clavículas,

infraescapular é limitada superiormente pela linha marca o ápice de cada pulmão e desce medialmente,

escapular inferior, medialmente pela linha vertebral, passando pela articulação esternoclavicular e o manúbrio

lateralmente pela linha axilar posterior e inferiormente do esterno até a articulação entre o manúbrio e o corpo

pela borda inferior do tórax. do esterno, próximo ao plano mediano. A partir desse
ponto, as duas linhas seguem direção inferior,
praticamente paralelas à linha medioesternal até o nível
das quartas articulações costocondrais. A linha que marca
a projeção do pulmão direito continua verticalmente até
a sexta articulação costocondral. A linha que marca a o paciente está em decúbito lateral, devido à possibilidade
projeção do pulmão esquerdo desce lateralmente até de erro, uma vez que esta costela pode estar ausente
alcançar a linha paraesternal aproximadamente no nível ou ser tão curta que sua saliência não ultrapasse o limite
da quinta articulação costocondral. A partir desse ponto, lateral do músculo eretor da espinha.
desce medialmente até em torno da sexta articulação
costocondral. Na posição em expiração, uma linha
levemente curva de convexidade inferior que vai da
sexta articulação costocondral até a articulação
costovertebral no nível do processo espinhoso da décima
vértebra torácica marca a borda inferior de ambos os
pulmões na caixa torácica. Essa linha cruza a linha
hemiclavicular na sexta costela e a medioaxilar na oitava
costela. A partir da articulação costovertebral, no nível da
décima vértebra torácica, as linhas sobem de cada lado
da coluna vertebral, cruzando as articulações
costovertebrais até o nível do processo espinhoso da
sétima vértebra cervical. Durante a inspiração esses
níveis descem no mínimo dois espaços intercostais.

Cada fissura oblíqua inicia-se no nível da


terceira vértebra torácica; curvando-se inferiormente,
segue a linha da sexta costela, terminando pouco abaixo
do nível da sexta articulação costocondral, onde se
encontra com a borda inferior do pulmão. Quando o
membro superior está em abdução e a mão posicionada
na parte posterior da cabeça, a borda medial da escápula,
aproximadamente, indica a fissura oblíqua. A fissura
horizontal inicia-se na fissura oblíqua sobre a sexta costela
aproximadamente na linha medioaxilar e dirige-se para a
borda anterior do pulmão, terminando aproximadamente
no nível da quarta cartilagem costal. Para localizar esses
pontos é necessária a contagem de costelas, que deve
ser feita sempre a partir do ângulo esternal, que indica a
segunda costela. É útil também saber que a parte visível
mais superior do músculo serrátil anterior marca a sexta
costela. Não é recomendada a contagem de costelas a
partir da décima segunda, em direção superior, quando
não o tórax (em torno de dois dedos abaixo do ângulo
inferior da escápula/linha da 6° articulação esternocondral
do tórax). Também há a ausculta traqueal, em que é
decorrente da região de palpar a região da cartilagem
cricóidea e o músculo esternocleidomastoideo e
seguidamente auscultar a região/fossa entre e cartilagem
cricóidea e o músculo esternocleidomastóideo.

A ausculta dos pulmões é realizada com auxílio


 AUSCULTA – a ausculta é o método do diafragma do estetoscópio, de maneira simétrica nas
semiológico mais importante no exame físico dos faces posterior, laterais e anterior do tórax. Deve-se ter
pulmões. É funcional por excelência, uma vez que em mente que os limites dos pulmões estão
possibilita analisar o funcionamento pulmonar/a cinesia de aproximadamente a quatro dedos transversos abaixo da
ar dentro dos pulmões decorrente das vias aéreas ponta da escápula.
superior e inferior. A ausculta pulmonar se origina dos
A ausculta pulmonar ainda exibe algumas
diferentes caibres dos brônquios que existem na via
referências de localidade/ausculta guiada, anteriormente
aérea. Para sua realização exige-se, além de máximo
se tem o início do 2° espaço intercostal até o 6°, em
silêncio, posição cômoda do paciente e do examinador.
que o 2° caracteriza-se pelo ausculta apical (abaixo da
De início, quem irá auscultar coloca-se atrás ou de frente
clavícula), o 4° espaço a ausculta do terço médio e o 6°
com o paciente, o mesmo não deve forçar a cabeça
ausculta de base pulmonar; auscultas bilaterais. Outro
nem dobrar excessivamente o tronco. O paciente deve
ponto e referência para a prática da ausculta é a linha
estar com o tórax despido e respirar pausada e
paraesternal, na qual é uma linha que cruza a articulação
profundamente, com a boca aberta, sem fazer ruído.
esternocostal, essa está na articulação esternoclavicular,
A ausculta transcorre subsequente de uma descendo caudalmente e bilateralmente - exemplo: o
respiração oral devido a menor resistência que a mesma ponto de ausculta do ápice pulmonar fica na altura do 2°
gera. Ademais é preciso analisar no perpassar da mesma espaço intercostal na linha paraesternal. Ausculta do terço
a intensidade (mais ou menos intenso) e a característica media é na altura do 4° espaço intercostal na linha
do som (mais externo ou interno). A avaliação acontece paraesternal. Ausculta de base pulmonar é na altura do
nos planos anterior, em perfil e posterior, bilateralmente 6° espaço externa na linha paresternal -. A ausculta
conseguinte aos pulmões e nos pontos de referência da traqueal acontece lateralmente a traqueia, entre a
ventilação, ou seja, na base pulmonar, no terço médio e traqueia/borda da cartilagem cricóidea e a borda medial
na ventilação apical. É de extrema importância não do músculo esternocleidomastoideo, a ausculta não
auscultar na região muito baixa do tórax, visto que há a necessariamente precisa ser bilateral. A ausculta anterior
divisão tórax e abdômen, em que sucede no diafragma se dará primordialmente o som broncovesicular/som
e o limite do diafragma é os últimos arcos costais, se mais central e vesicular (som mais periférico), bem como
acontecer a ausculta ali será auscultado o abdômen (som o traqueal (som seco/extraparenquimatoso). De perfil em
hidroaéreo, som gerado pelo peristaltismo do intestino) e relação aos espaços intercostais esse sucederá em um
y invertido, mediante a linha axilar, essa é subdivida em reconhecem-se dois componentes – o inspiratório e o
linha axilar anterior, média e posterior, consequente de expiratório –, cujas características estetoacústicas são
ápice pulmonar, terço médio e base pulmonar. O som da específicas para cada som -. O som brônquico
ausculta de perfil tende a ser o som do murmúrio corresponde ao som traqueal/som extraparenquimatoso
vesicular/som periférico. A ausculta posterior se dará (som fora do parênquima pulmonar) audível na zona de
primordialmente o som broncovesicular/som mais central projeção dos brônquios de maior calibre, na face anterior
e vesicular (som mais periférico), as localidades são na do tórax, nas proximidades do esterno. O som brônquico
região supraescapular, interescapulovertebral e na assemelha-se ao som traqueal, dele se diferenciando
localidade infraescapular. apenas por ter o componente expiratório menos intenso.
Nas aéreas que correspondem a uma condensação
Topograficamente ao tórax a ausculta é
pulmonar, atelectasia ou nas regiões próximas de
subsequente da região apical, terço médio e base
cavernas superficiais a respiração brônquica substitui o
pulmonar.
murmúrio vesicular. O som traqueal caracteriza a entrada
Os sons pleuropulmonares podem ser assim e a saída do ar da traqueia/via superior do processo de
classificados: respiração. Via aérea de maior calibre e
■ Sons normais = consequentemente com um fluxo menos
turbulento/laminar/menor resistência. Som mais seco,
• Som traqueal;
audível e de maior intensidade. Ademais, encontra-se
• Som brônquico; sons de transmissão da traqueia, nos quais são gerados

• Murmúrio vesicular; nela e transmitidos para os pulmões e ouvidos no mesmo.


Ausculta é por meio da região cervical.
• Som/murmúrio broncovesicular.
O murmúrio vesicular é o som escutado na
■ Sons anormais =
região mais periférica dos pulmões. Tende estar nas
• Descontínuos: estertores finos e grossos; bases pulmonares. Subsequente da ausculta dos
bronquíolos, bronquíolos terminais e alvéolos – assino -.
• Contínuos: roncos, sibilos e estridor;
Exibe um som com menor intensidade/sútil. Via aérea de
• Sopros; menor calibre e consequentemente com um fluxo

• Atrito pleural. menos turbulento/laminar/menor resistência, porém


menos intensos que o broncovesicular. Cumpre ressaltar
■ Sons vocais =
que o murmúrio vesicular não tem intensidade
• Broncofonia, egofonia, pectorilóquia fônica e afônica. homogênea em todo o tórax. É mais forte na parte
anterossuperior, nas axilas e nas regiões infraescapulares.
As principais características dos sons
Além disso, sofre variações em sua intensidade na
respiratórios normais são:
dependência da amplitude dos movimentos respiratórios
Som traqueal e som brônquico. No som e da espessura da parede torácica, sendo mais débil nas
traqueal, bem como nos outros sons pulmonares, pessoas musculosas ou obesas. A diminuição do
murmúrio vesicular pode resultar de numerosas causas, Descontínuos = os sons anormais
entre as quais se destacam: presença de ar descontínuos são representados pelos estertores.
(pneumotórax), líquido (hidrotórax) ou tecido sólido Estertores. Os estertores são ruídos audíveis na
(espessamento pleural) na cavidade pleural; enfisema inspiração ou na expiração, superpondo-se aos sons
pulmonar, dor torácica de qualquer etiologia que impeça respiratórios normais. Podem ser finos ou grossos. Os
ou diminua a movimentação do tórax, obstrução das vias estertores finos ou crepitantes ocorrem no final da
respiratórias superiores (espasmo ou edema da glote, inspiração, têm frequência alta, isto é, são agudos, e têm
obstrução da traqueia), oclusão parcial ou total de curta duração. Não se modificam com a tosse. Podem
brônquios ou bronquíolos. Constitui importante alteração ser comparados ao ruído produzido pelo atrito de um
do murmúrio vesicular o prolongamento da fase punhado de cabelos junto à orelha ou ao som percebido
expiratória, que, em condições normais, é mais curta e ao se fechar ou abrir um fecho tipo velcro. São ouvidos
mais suave que a fase inspiratória. Este prolongamento principalmente nas zonas pulmonares influenciadas pela
da expiração aparece na asma brônquica em crise e na força da gravidade quando originados por congestão
DPOC (Doenças Pulmonares Crônicas Obstrutivas) pulmonar. Os estertores finos são produzidos pela
avançada, traduzindo de modo objetivo a dificuldade de abertura sequencial de vias respiratórias anteriormente
saída do ar. fechadas, devido à pressão exercida pela presença de
líquido ou exsudato no parênquima pulmonar ou por
O murmúrio broncovesicular é o som
alteração no tecido de suporte das paredes brônquicas.
auscultado na região mais média/central dos pulmões.
O primeiro mecanismo explicaria a presença de
Tende estar nos ápices pulmonares (se abrir um pouco
estertores finos na pneumonia e na congestão pulmonar
mais para a lateral dos ápices pode se escutar murmúrios
da insuficiência ventricular esquerda, enquanto o segundo
vesiculares). Conseguinte da passagem do ar na traqueia
seria observado nas doenças intersticiais pulmonares.
e nas ramificações principais, brônquios fonte direito e
Outro ruído adventício encontrado nas doenças
esquerdo e brônquios primário, secundário e terciário. É
intersticiais pulmonares são os grasnidos, semelhante aos
um som mais audível na região medial do tórax. Via aérea
sons emitidos pelas gaivotas e audíveis ao final da
de menor calibre e consequentemente com um fluxo
inspiração. Os estertores grossos ou bolhosos têm
menos turbulento/laminar/menor resistência, porém mais
frequência menor e maior duração que os finos. Sofrem
intensos que os vesiculares.
nítida alteração com a tosse e podem ser ouvidos em
 A DESCEMELHANÇA DOS SONS SUCEDE POR todas as regiões do tórax. Diferentemente dos estertores
MEIO DAS RESISTÊNCIAS IMPOSTAS AO finos, que só ocorrem do meio para o final da inspiração,
FLUXO DE AR DOS PULMÕES E ISSO os estertores grossos são audíveis no início da inspiração
CARACTERIZA O ACHADO PATOLÓGICO NO e durante toda a expiração. Os estertores grossos
INDIVÍDUO (ruídos adventícios, subsequente de parecem ter origem na abertura e fechamento de vias
alterações patológicas das estruturas respiratórias contendo secreção viscosa e espessa, bem
respiratórias). como pelo afrouxamento da estrutura de suporte das

Sons e ruídos anormais: paredes brônquicas. São comuns na bronquite crônica e


nas bronquiectasias.
Contínuos = os sons anormais contínuos são permeável) e no pneumotórax hipertensivo. Tais sopros
representados pelos roncos, sibilos e estridor. Roncos e são chamados, respectivamente, de tubários, cavitários e
sibilos. Os roncos são constituídos por sons graves, anfóricos.
portanto, de baixa frequência, e os sibilos por sons
Atrito pleural = em condições normais, os
agudos, formados por ondas de alta frequência.
folhetos visceral e parietal da pleura deslizam um sobre
Originam-se nas vibrações das paredes brônquicas e do
o outro, durante os movimentos respiratórios, sem
conteúdo gasoso quando há estreitamento destes
produzir qualquer ruído. Nos casos de pleurite, por
ductos, seja por espasmo ou edema da parede ou
estarem recobertas de exsudato, passam a produzir um
achado de secreção aderida a ela, como ocorre na asma
ruído irregular, descontínuo, mais intenso na inspiração,
brônquica, nas bronquites, nas bronquiectasias e nas
com frequência comparado ao ranger de couro atritado,
obstruções localizadas. Aparecem tanto na inspiração
o qual recebe a denominação de atrito pleural.
como na expiração, mas predominam nesta última. São
Representa um som de duração maior e frequência
fugazes, mutáveis, surgindo e desaparecendo em curto
baixa, de tonalidade grave e produz vibração palpável, o
período de tempo. Os sibilos também se originam de
que torna fácil distingui-lo dos estertores. Para
vibrações das paredes bronquiolares e de seu conteúdo
reconhece-lo, pode-se imitá-lo colocando uma das mãos
gasoso, aparecendo na inspiração e na expiração. Em
de encontro à própria orelha e atritando-a com a outra
geral são múltiplos e disseminados por todo o tórax,
mão, com forte pressão. A sede mais comum do atrito
quando provocados por enfermidades que
pleural são as regiões axilares inferiores, onde os pulmões
comprometem a árvore brônquica, como acontece na
realizam movimentação mais ampla. O aumento da
asma e na bronquite. Quando bem localizados em uma
pressão do receptor do estetoscópio sobre a parede
determinada região, indicam semiobstrução por neoplasia
torácica pode torna-lo mais intenso. Sua causa principal é
ou corpo estranho. Estridor. O estridor é um som
a pleurite seca. A instalação de derrame pleural determina
produzido pela semiobstrução da laringe ou da traqueia,
seu desaparecimento.
fato que pode ser provocado por difteria, laringites
agudas, câncer da laringe e estenose da traqueia. Quando Sons da voz = ausculta-se a voz nitidamente

a respiração é calma e pouco profunda, sua intensidade pronunciada e a voz cochichada. Para isso, o paciente vai

é pequena, mas, na respiração forçada, o aumento do pronunciando as palavras “trinta e três” enquanto o

fluxo de ar provoca significativa intensificação deste som. examinador percorre o tórax com o estetoscópio,
comparando regiões homólogas. Os sons produzidos pela
Sopro = quando auscultamos certas regiões do
voz e ouvidos na parede torácica constituem o que se
tórax (7° vértebra cervical no dorso, traqueia, região
chama ressonância vocal. Em condições normais, tanto
interescapular), podemos perceber um sopro brando,
na voz falada como na cochichada, a ressonância vocal
mais longo na expiração que na inspiração. Essa é uma
constitui-se de sons incompreensíveis, isto é, não se
verificação normal. Todavia, ocorre também em algumas
distinguem as sílabas que formam as palavras. Isto porque
condições clínicas, quando o pulmão perde sua textura
o parênquima pulmonar normal absorve muitos
normal, como nas pneumonias bacterianas (hepatização),
componentes sonoros. Todavia, quando está consolidado
nas grandes cavernas (brônquio de drenagem
(pneumonia, infarto pulmonar), a transmissão é facilitada.
A ressonância vocal é mais intensa nas regiões SOM LOCAL DA INTENSID INTENSID
interescapulovertebral superior e esternal superior, ou AUSCULTA ADE - ADE -
seja, exatamente nas mesmas áreas onde se ausculta INSPIRAÇ EXPIRAÇ
respiração broncovesicular. A ressonância vocal costuma ÃO ÃO
ser mais forte em homens do que em mulheres e Som Área de +++ ++++
crianças, em decorrência do timbre da voz. Toda vez traqueal projeção da
que houver condensação pulmonar – inflamatória, traqueia/cervica
neoplásica ou pericavitária –, há aumento da ressonância l
vocal ou broncofonia. Ao contrário, na atelectasia, no Som Áreas de +++ +++
espessamento pleural e nos derrames, ocorre diminuição brônquico projeção dos
da ressonância vocal. Observar que o aumento e a brônquios
diminuição da ressonância vocal coincidem com as principais
mesmas modificações do frêmito toracovocal/densidade Som Regiões ++ +++
do parênquima pulmonar. A explicação é a mesma, isto broncovesi esternal e
é, facilitação da chegada das vibrações à parede torácica, cular interescapulove
percebidas pelo tato (frêmito toracovocal) ou pela orelha rtebral superior
(ressonância vocal). Por esse motivo, a ausculta da voz é – som mais
pouco utilizada na prática, já que as informações clínicas central/medial
são as mesmas obtidas na palpação do frêmito do tórax em
toracovocal. Quando se ouve com nitidez a voz falada, relação aos
chamase pectorilóquia fônica. Quando o mesmo acontece pulmões
com a voz cochichada, denomina-se pectorilóquia afônica, Murmúrio Periferia dos +++ ++
a qual representa a expressão estetoacústica mais clara vesicular pulmões – som
da facilitação da transmissão das ondas sonoras. Na mais lateral ao
ausculta da voz podem-se observar: ressonância vocal tórax em
normal. Ressonância vocal diminuída. Ressonância vocal relação aos
aumentada: broncofonia – ausculta-se a voz sem nitidez. pulmões. Em
Pectorilóquia fônica – ausculta-se a voz nitidamente. perfil, na linha
Pectorilóquia afônica – ausculta-se a voz mesmo se média axilar;
cochichada. Egofonia. É uma forma especial de linha media
broncofonia, ou seja, é uma broncofonia de qualidade axilar
nasalada e metálica, comparada ao balido de cabra. media/base
Aparece na parte superior dos derrames pleurais. Pode anterior e linha
ser observada, também, na condensação pulmonar. média axilar

 PRÁTICA DA AUSCULTA – posterior/base


posterior (Y excluir barulhos externos e ter comprimento de
invertido) aproximadamente 25 a 35 cm. Tubo mais longo pode
prejudicar a transmissão do som e tubo mais curto torna
o alcance do tórax do paciente mais difícil. Verifique
- Complementando a auscultar é o processo
regularmente a presença de rachaduras no diafragma do
de escutar os sons corporais. Ausculta do tórax é
estetoscópio, cera ou sujeira nas olivas auriculares e
realizada para identificar tanto sons pulmonares normais
outros defeitos que possam interferir na transmissão do
quanto sons anormais. É utilizada para avaliar a condição
som. Limpar com álcool, regularmente, para prevenir o
do paciente e subsequentemente avaliar os efeitos da
crescimento de micro-organismos.
terapia. Pelo fato de a ausculta poder ser efetuada de
forma rápida e sem custo, e apresentar baixo risco para Quando possível, o paciente deve estar
o paciente, pode ser usada em muitas situações clínicas. sentado com tronco ereto em posição relaxada. Instruir
Deve ser usado o estetoscópio durante a ausculta para o paciente a respirar um pouco mais profundamente do
garantir a transmissão do som dos pulmões do paciente que o normal com a boca aberta. A inspiração deve ser
aos seus ouvidos. Garantir sempre que o ambiente esteja ativa, com a expiração passiva. Posicione a campânula ou
tão silencioso quanto possível no momento da ausculta. o diafragma diretamente contra a parede torácica,
quando possível, uma vez que a vestimenta pode
Um estetoscópio tem quatro partes básicas: (1)
produzir distorção. O tubo não deve ser atritado contra
um sino, (2) um diafragma, (3) haste biaurilular em Y e
nenhum objeto, porque isso pode produzir sons
(4) olivas auriculares. O sino detecta uma ampla variedade
estranhos, que poderiam ser confundidos com os sons
de sons e é particularmente útil para escutar sons de
adventícios do pulmão. Isso será discutido mais adiante
baixo tom, como os produzidos pelo coração. Também
neste capítulo. A ausculta dos pulmões é sistemática,
pode ser usada para auscultar os pulmões em certas
incluindo todos os lobos do tórax anterior, lateral e
situações, tal como na desnutrição quando causa
posterior. Inicia-se na base, comparando lado a lado, em
protrusão das costelas, que impede o posicionamento do
direção ao ápice dos pulmões. É importante iniciar na
diafragma plano contra o tórax. Pressione a campânula
base porque certos sons anormais que ocorrem apenas
levemente contra o tórax enquanto se atenta para ouvir
nos lobos inferiores podem ser alterados por várias
os sons de baixa frequência. Se a campânula é
respirações profundas. Avaliar pelo menos um ciclo
pressionada com muita força, a pele do paciente pode
ventilatório completo a cada posição do estetoscópio.
ser esticada embaixo da campânula, o que pode agir
Caso sons anormais estejam presentes, ouvir várias
como um diafragma, filtrando muitos sons de alta
respirações para confirmar as características.
frequência. O diafragma é preferencialmente utilizado
para a ausculta dos pulmões, porque a maioria dos sons Ouvir e distinguir entre os fatores
pulmonares é de alta frequência. O diafragma também é determinantes dos sons respiratórios. Identificar o tom
útil para escutar sons de alta frequência do coração e (frequência da vibração), a amplitude ou intensidade
deve ser pressionado de maneira firme contra o tórax, (sonoridade) e a duração do som inspiratório e
para minimizar interferência dos ruídos externos do expiratório. As características acústicas dos sons
ambiente. O tubo ideal deve ser espesso o suficiente para respiratórios podem ser ilustradas em diagramas de sons
respiratórios. É preciso estar familiarizado com os sons maioria dos SPA pode ser classificada como contínuo ou
respiratórios normais antes de identificar mudanças descontínuo. SPA contínuos têm duração maior que 25
súbitas que podem significar distúrbios respiratórios. milissegundos. Os SPA descontínuos são intermitentes,
crepitantes ou bolhosos de curta duração. O tipo
Em indivíduos saudáveis, os sons ouvidos na
contínuo de SPA é descrito com o termo chiado, e o
traqueia apresentam uma qualidade tubular. São
tipo descontínuo de SPA como crepitante. O termo
chamados de sons respiratórios traqueal. Os sons
ronco é controverso e não é recomendado pelos
respiratórios traqueais são altos, sons de alto tom com
autores para uso na prática clínica. Outro tipo contínuo
um componente expiratório igual ou ligeiramente mais
de SPA ouvido em certas situações, primariamente sobre
longo que o componente inspiratório. A variação no som
a laringe e a traqueia durante a inspiração, é estridor. O
respiratório traqueal pode ser ouvida ao redor da metade
estridor é um som alto, de alto tom, que algumas vezes
superior do esterno no tórax anterior e entre a escápula
pode ser ouvido sem o estetoscópio. Mais comum em
e o tórax posterior. Esses sons não são tão altos quanto
bebês e crianças pequenas, o estridor é um sinal de
os sons respiratórios traqueais (sons brônquicos), têm o
obstrução na traqueia ou na laringe. Estridor é mais
tom ligeiramente menor e igual componente inspiratório
frequentemente ouvido durante a inspiração. Quando os
e expiratório. São chamados de som respiratório
sons pulmonares são ouvidos, suas localizações e seus
broncovesicular. Quando se ausculta sobre o parênquima
fatores específicos devem ser relatados. Os sons
pulmonar de um indivíduo saudável são ouvidos sons
pulmonares anormais podem ser de alto ou baixo tom,
suaves e surdos. Esses sons respiratórios normais,
forte ou fraco, reduzido ou profuso, e inspiratório ou
conhecidos como sons respiratórios vesiculares, são
expiratório (ou ambos). Crepitação de alto tom
menores em tom e intensidade do que os sons
frequentemente é descrita como crepitação “fina”, e
respiratórios broncovesiculares. Sons vesiculares são
crepitação de baixo tom, como crepitação “grossa”.
ouvidos primariamente durante a inspiração, com um
componente expiratório mínimo. Os mecanismos exatos que produzem o som
pulmonar normal e anormal não são completamente
A doença respiratória pode alterar a
entendidos. Contudo, há consenso entre os
intensidade dos sons respiratórios normais ouvidos sobre
investigadores para permitir uma descrição geral.
a áerea pulmonar. Uma ligeira variação na intensidade é
difícil de se detectar, até mesmo para médicos Sons Respiratórios Normais. Sons pulmonares
experientes. Sons respiratórios são ditos diminuídos ouvidos sobre o tórax de um indivíduo saudável são
quando a intensidade reduz e quando está ausente em gerados primariamente por fluxo de ar turbulento nas
casos extremos. São descritos como rudes quando a grandes vias aéreas. O fluxo de ar turbulento produz
intensidade aumenta. Quando o componente expiratório vibrações audíveis nas vias aéreas, gerando sons que são
dos sons respiratórios rudes iguala o componente transmitidos por meio dos pulmões e da parede torácica.
inspiratório, eles são descritos como sons respiratórios À medida que o som se desloca para a periferia pulmonar
bronquiais. Os sons ou vibrações produzidas pelo e da parede torácica, é alterado pelas propriedades de
movimento do ar através das vias aéreas anormais são filtragem do tecido pulmonar normal. O tecido pulmonar
chamados de sons pulmonares adventícios (SPA). A normal age como um filtro que atenua, permitindo que
preferencialmente passe sons de baixa frequência. Se é o resultado da baixa transmissão sonora através dos
posicionar o diafragma do seu estetoscópio sobre a tecidos pulmonares hiperinflados, como ocorre no quadro
parede torácica, de um amigo, e ouvir enquanto fala, esse de enfisema. Padrão respiratório superficial também
efeito de filtragem (atenuação) será evidente. Os sons da contribui para a redução dos sons respiratórios nos
voz serão silenciados e de difícil compreensão por causa pacientes com DPOC.
da atenuação. Isso explica as diferenças características
Sibilo e Estridor. Sibilo (chiado) e estridor
entre os sons respiratórios traqueal, ouvidos diretamente
representam vibrações das paredes das vias aéreas
sobre a traqueia e o som vesicular, ouvidos sobre a
causadas quando o ar flui em alta velocidade através da
periferia dos pulmões. Os sons pulmonares vesiculares
via aérea estreitada. O diâmetro da via aérea pode ser
normais, essencialmente, são atenuados por sons
reduzido por broncoespasmo, edema de mucosa,
respiratórios normais traqueais.
inflamação, tumores e corpos estranhos. Esse
Sons Respiratórios Bronquiais. Os sons estreitamento, inicialmente, causa um aumento na
respiratórios bronquiais são considerados anormais velocidade do fluxo de ar, que provoca uma queda da
quando eles são ouvidos sobre regiões periféricas do pressão da parede lateral. Isso, por sua vez, faz com que
pulmão. Eles podem substituir o som vesicular normal as paredes laterais da via aérea estreitada se aproximem,
quando o tecido pulmonar aumenta a densidade, como interrompendo o fluxo de ar. Quando o fluxo de ar é
na atelectasia e na pneumonia. Quando o tecido pulmonar interrompido, a pressão nas paredes laterais aumenta e
normal cheio de ar se torna consolidado, a atenuação é a via aérea se abre. Esse ciclo se repete muitas vezes
reduzida e sons similares são ouvidos sobre as grandes por segundo, fazendo com que as paredes laterais
vias aéreas superiores e o pulmão consolidado. vibrem e produzam um tipo de SPA semelhante a um
instrumento musical (por exemplo, clarinete). Deve-se
Sons Respiratórios Diminuídos. Sons
monitorar o tom e a duração do sibilo. A melhora do
respiratórios diminuídos ocorrem quando a intensidade
fluxo expiratório está associada à diminuição no tom e
do som e o local de origem (grandes vias aéreas) são
na duração do sibilo. Por exemplo, se há um sibilo em
reduzidos ou quando a transmissão do som por meio do
alto tom durante todo o tempo expiratório, antes do
pulmão ou da parede torácica é reduzida. A intensidade
tratamento, mas se torna de baixo tom e ocorre apenas
do som é reduzida com padrão de respiração superficial
no final da expiração, após a terapia, o tom e a duração
ou lento. Esse tipo de respiração causa menos
do sibilo diminuíram. Isso sugere que o grau de obstrução
turbulência nas grandes vias aéreas e resulta em sons
da via aérea diminuiu. O sibilo pode ser monofônico ou
respiratórios diminuídos em todo o tórax. As vias aéreas
polifônico. O sibilo monofônico indica que uma única via
obstruídas por muco e tecido pulmonar hiperinflado
aérea está parcialmente obstruída. O sibilo monofônico
atenua os sons por meio dos pulmões. Ar ou fluido no
pode ser ouvido durante a inspiração e expiração ou
espaço pleural e obesidade também reduz a transmissão
apenas durante a expiração. O sibilo polifônico sugere
de som por meio da parede torácica. Em pacientes com
que diversas vias aéreas estão obstruídas, como na asma,
obstrução crônica das vias aéreas, intensidade normal do
e é ouvido apenas durante a expiração. A bronquite e
som respiratório geralmente está reduzida,
ICC (Insuficiência Cardíaca Congestiva) também podem
significantemente, em todos os campos pulmonares. Esse
causar sibilo polifônico. O estridor é um importante som silenciadas pela tosse ou uma mudança de posição. Elas
adventício do pulmão que indica comprometimento da ocorrem mais frequentemente nos pacientes com
via aérea superior. Pode ocorrer em pacientes de DPOC, tais como na bronquite crônica, enfisema ou asma,
qualquer idade, mas frequentemente é auscultado na via e usualmente indica uma obstrução grave das vias aéreas.
aérea superior de crianças. Nas crianças, a laringomalacia As vias aéreas periféricas podem fechar durante a
é a causa mais comum de estridor crônico, enquanto a expiração quando a pressão intratorácica aumenta e
crupe é a causa mais comum de estridor agudo. Em quando o surfactante não está presente na quantidade
geral, estridor inspiratório é consistente com normal. As crepitações produzidas pela abertura
estreitamento acima da glote, enquanto o estridor repentina das vias aéreas periféricas usualmente
expiratório indica estreitamento da traqueia inferior. A ocorrem ao final da fase inspiratória. Elas têm alto tom e
falta do estridor nunca deve ser interpretada como são chamadas de crepitações finas, que ocorrem ao final
indicação privilegiada da via aérea superior em pacientes da inspiração. São mais comuns nas regiões pulmonares
com esforço respiratório e uma história que sugere um dependentes, onde as vias aéreas periféricas são mais
problema potencial nas vias aéreas. propensas ao colapso durante a expiração. Elas
geralmente são identificadas em vários ciclos
Crepitações. Crepitações podem ocorrer
respiratórios consecutivos, produzindo um ritmo
quando o fluxo aéreo causa movimento de excessiva
recorrente. Elas podem desobstruir com mudanças na
secreção ou fluido nas vias aéreas. Nessa situação,
postura ou se o paciente realizar várias inspirações
crepitações são usualmente grosseiras (baixo tom) e
profundas. A tosse ou a expiração máxima pelo paciente
ouvidas durante a inspiração e expiração. Essas
pode causar reaparecimento de crepitações no final da
crepitações frequentemente desobstruem quando o
fase de inspiração. As crepitações ao final da fase
paciente tosse ou quando a via aérea é aspirada. As
inspiratória são mais comuns nos pacientes com
crepitações também podem ser ouvidas em pacientes
desordens respiratórias, que reduzem o volume
pouco secretivos. Essas secreções ocorrem quando as
pulmonar. Essas desordens incluem atelectasia,
vias aéreas colapsadas abrem-se durante a inspiração. O
pneumonia, edema pulmonar e fibrose pulmonar.
colapso da via aérea ou fechamento pode ocorrer nos
bronquíolos periféricos ou mais calibrosos e nos Atrito Pleural. O atrito pleural é um som de
brônquios mais proximais. Os brônquios proximais mais crepitação ou de fricção que ocorre quando a superfície
calibrosos podem fechar durante a expiração quando pleural se torna inflamada e as bordas rugosas friccionam
ocorre um aumento anormal na complacência do durante a respiração, como na pleurisia (ou pleurite).
brônquio ou quando as pressões retráteis ao redor do Pode ser auscultado apenas durante a inspiração, mas
brônquio são menores. Nessa situação, as crepitações frequentemente é identificado durante ambas as fases da
usualmente ocorrem no início da fase inspiratória e são respiração. A fricção usualmente está localizada em certo
chamadas de crepitações do início da inspiração. As lado da parede torácica e assemelha-se a crepitações
crepitações no início da fase inspiratória usualmente são grossas, mas não é afetada pela tosse. A intensidade da
reduzidas, mas podem ser altas ou leves. Elas são fricção pleural pode aumentar com inspiração profunda.
frequentemente transmitidas para a boca e não são
Sons da Voz. Se a inspeção do tórax, palpação, diminuída, usualmente, ocorre junto com sons
percussão ou ausculta sugere uma anormalidade respiratórios reduzidos e frêmito tátil diminuído.
pulmonar, a avaliação da ressonância vocal pode ser útil
em uma próxima avaliação. A ressonância vocal é
produzida pelo mesmo mecanismo que o frêmito vocal.
Vibrações criadas pelas cordas vocais durante a fala
direcionam para baixo nas vias aéreas e através da
periferia pulmonar para a parede torácica. O paciente é
instruído a repetir as palavras “one” (“um”), “two” (“dois”),
“three” (“três”), ou “trinta e três” enquanto o médico faz
a ausculta por meio do estetoscópio sobre a parede
torácica, comparando um lado com o outro. É normal
quando o tecido pulmonar cheio de ar filtra o som da
voz, produzindo uma redução significante da intensidade
e clareza. Anormalidades patológicas no tecido pulmonar
alteram a transmissão dos sons da voz, produzindo tanto
aumento ou redução da ressonância vocal. A ressonância
vocal aumentada ocorre com a consolidação pulmonar,
enquanto diminuição da ressonância vocal é ouvida
quando os pulmões estão hiperinflados ou com
pneumotórax.

Broncofonia. Um aumento na intensidade e


clareza da ressonância vocal produzida pela transmissão
de vibrações vocais é chamado de broncofonia. A
broncofonia indica aumento na densidade do tecido
pulmonar, como ocorre na fase de consolidação da
pneumonia. A broncofonia é mais fácil de ser detectada
quando é unilateral. Frequentemente acompanha sons  Uma ausculta pulmonar normal é descrita da

respiratórios bronquiais, uma indicação de percussão seguinte maneira: murmúrio traqueal presente, murmúrio

abafada e frêmito vocal aumentado. A ressonância vocal broncovesicular presente, murmúrio vesicular presente,

é reduzida quando a transmissão dos sons de voz através ambos bilaterais, sem presença de ruídos adventícios

dos pulmões ou da parede torácica é limitada. A (AP: MT+, MB+ MV+ S/RA). Frisa-se que, para que o ar

hiperinflação, pneumotórax, obstrução bronquial e o chegar no murmúrio vesicular, o mesmo precisar

derrame pleural impedem a transmissão dos sons da voz perpassar pelos murmúrios traqueal e broncovesicular,

e a ressonância vocal diminui. A ressonância vocal desta maneira se há o murmúrio vesicular, entende-se
que o traqueal e o broncovesicular também se exibem,
com isso pode se dizer que uma ausculta pulmonar
apresenta murmúrio vesicular presente bilateralmente,
sem a presença de ruídos adventícios (AP: MV+ bilat.
S/RA).

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