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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

2ª AULA PRÁTICA – PARTE 1: SOLUÇÕES

1. OBJETIVOS
- Definir e classificar as soluções.
- Definir os tipos mais comuns de unidade de concentração de soluções e realizar cálculos
envolvendo estas unidades.
- Preparar soluções e determinar a concentração de uma dada solução.

2. INTRODUÇÃO
Uma solução pode ser definida como uma mistura homogênea de duas ou mais substâncias.
Na verdade, as soluções verdadeiras se constituem uma das três grandes classes das dispersões
juntamente com as suspensões e os sistemas coloidais. Um dos critérios de distinção entre essas
classes é o tamanho das partículas; as partículas de uma suspensão têm tamanho grosseiro, de
modo que podem ser vistas a olho nu. Uma solução verdadeira tem partículas com tamanho da
ordem de íons ou moléculas e um sistema coloidal possui partículas com dimensões intermediárias
entre as suspensões e as soluções verdadeiras. Desse modo, cada uma dessas classes apresenta
fenômenos próprios que as particularizam. Nas soluções verdadeiras não ocorre deposição de
partículas como nas suspensões, nem dispersão da luz (efeito Tyndall) como nos sistemas coloidais.
Os maiores e melhores exemplos de soluções são a águas do mar (isenta de partículas), o
ar (livre de fuligem e outros poluentes) e os fluídos biológicos como o plasma sanguíneo. Desta
forma, há a necessidade, pela utilidade e importância de se estudar as soluções verdadeiras.
Quaisquer associações dos três tipos de estado da matéria podem constituir uma solução verdadeira.
Para melhor compreensão do sistema, costuma-se dividir uma solução em soluto e solvente;
entretanto, não existe rigor na designação de qual substância é o soluto e qual é o solvente, uma
vez que ambos estão dispersos entre si. É comum aceitar que o componente de maior quantidade é
o solvente. O quadro a seguir mostra o exemplo de cada um dos nove tipos possíveis de soluções
binárias (2 componentes):

TIPOS DE SOLUÇÕES EXEMPLOS


1. Soluções Gasosas:
Gás dissolvido em gás Oxigênio dissolvido em nitrogênio
Líquido dissolvido em gás Clorofórmio dissolvido em nitrogênio
Sólido dissolvido em gás Gelo seco dissolvido em nitrogênio
2. Soluções Líquidas:
Gás dissolvido em líquido Dióxido de carbono em água
Líquido dissolvido em líquido Álcool dissolvido em água
Sólido dissolvido em líquido Açúcar dissolvido em água
3. Soluções Sólidas:
Gás dissolvido em sólido Nitrogênio dissolvido em paládio
Líquido dissolvido em sólido Mercúrio dissolvido em ouro
Sólido dissolvido em sólido Cobre dissolvido em níquel

Como o preparo de uma solução envolve sempre a dissolução de uma substância em outra,
é conveniente compreender alguns aspectos do processo e das forças que nele ocorrem. A dispersão
(mistura) de uma substância em outra altera a organização dos íons ou das moléculas que constituem
o soluto e o solvente porque modifica as forças que mantém coesas as partículas. A dissolução é um
fenômeno que resulta do equilíbrio de forças soluto-solvente comparativamente às forças soluto-
solvente e solvente-soluto. Disso resulta a regra geral “semelhante dissolve semelhante”, isto é, um
solvente dissolverá um soluto se eles tiverem estruturas que apresentem o mesmo tipo de interação
entre os íons ou moléculas. Solventes polares dissolvem solutos polares, enquanto que solventes
não polares dissolvem solutos não polares. Como em toda regra, observam-se exceções a essa
afirmação, o que demonstra que durante a dissolução outros fatores interferem decisivamente, tais
como forças intermoleculares resultantes de pontes de hidrogênio, momento dipolar, constante
dielétrica entre outras.
A solubilidade de um soluto em um certo solvente é definida como a concentração daquele
soluto em sua solução saturada. Uma solução é dita saturada quando está em equilíbrio com excesso
de soluto, ou seja, não é possível dissolver mais soluto naquela quantidade de solvente sem mudar
as condições de temperatura e pressão. A partir da solução saturada é possível definir solução não
saturada que é aquela que tem concentração do soluto menor que uma solução saturada; solução
supersaturada é aquela que tem concentração do soluto maior que uma solução saturada.
As proporções relativas em que às substâncias se dissolvem uma nas outras são abordados
de diversos modos chamados “unidades de concentrações” e as mais comuns são:
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DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

2.1. Percentagem: É a relação que expressa uma certa quantidade de soluto para 100 partes de
uma solução. Existem 3 tipos de percentagem:
a) Percentagem peso/volume: É o número de gramas do soluto existentes em 100mL de solução.
Por exemplo: uma solução aquosa de NaOH a 10% p/v contém 10g de soluto (NaOH) para cada
100mL de solução (NaOH + H2O).
b) Percentagem peso/peso: É o número de gramas de soluto existentes em 100g da solução. Por
exemplo: para preparar uma solução aquosa de glicose a 5% p/p é necessário 5g de soluto para
95g de H2O.
c) Percentagem volume/volume: É a quantidade de mililitros do soluto existente em 100mL de
solução. Por exemplo: o álcool a 96% é uma solução que contém 96mL de álcool para cada
100mL de solução ou 96mL de álcool em 4mL de H2O.

2.2. Título: Entende-se que “solução titular” é toda solução de concentração conhecida.
Entretanto, existe o hábito de chamar “título”, a concentração quando expressa em gramas do
soluto por litro de solução, assim:
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜 (𝑒𝑚 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎𝑠)
𝑇í𝑡𝑢𝑙𝑜 =
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑎 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 (𝑒𝑚 𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜𝑠)

Obs. A percentagem e o título são chamados “unidades físicas” porque independem da natureza do
soluto.

2.3. Fração Molar: É a relação entre o número de moles de um componente pelo número de
moles total da mistura. O valor de um mol é o peso molecular da substância expresso em
gramas e o número de moles é obtido dividindo-se a massa da substância em questão pelo
valor de seu respectivo mol. Por exemplo: seja uma solução formada por 500g de benzeno e
500g de tolueno; neste caso, 1mol de C6H6 (benzeno) é 78g e 1mol de C7H8 (tolueno) é 92g,
logo existem na solução:
500
𝑛º 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑏𝑒𝑛𝑧𝑒𝑛𝑜 = = 6,41 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑠
78
500
𝑛º 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑡𝑜𝑙𝑢𝑒𝑛𝑜 = = 5,43 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑠
92

Pela definição, podemos afirmar:

6,41
𝐹𝑟𝑎çã𝑜 𝑚𝑜𝑙𝑎𝑟 𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑛𝑧𝑒𝑛𝑜 = 𝑋 = = 0,541
6,41 + 5,43
5,43
𝐹𝑟𝑎çã𝑜 𝑚𝑜𝑙𝑎𝑟 𝑑𝑜 𝑡𝑜𝑙𝑢𝑒𝑛𝑜 = 𝑋 = = 0,459
6,41 + 5,43

2.4. Molaridade: É a relação que expressa o número de moles do soluto existente em 1 litro de
solução.

𝑛° 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜


𝑀= , 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑛° 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑠 =
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑎 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 (𝐿) 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟

2.5. Normalidade: É a relação entre o número de equivalente-grama do soluto existente em 1


litro de solução.

𝑛º 𝑑𝑒 𝑒𝑞𝑢𝑖𝑣𝑎𝑙𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 − 𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎 𝑑𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜


𝑁=
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑎 𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 (𝐿)
Equivalente-grama de uma substância é o equivalente químico expresso em gramas. Essa
definição está fundamentada na equivalência entre a massa da substância e 8g de oxigênio.
Costuma-se utilizar algumas regras práticas para o cálculo do equivalente-grama, as quais serão
apresentadas pelo professor na parte teórica sobre este assunto.

2.6. Molalidade: É o número de moles do soluto dissolvido em 1Kg de solvente puro.

𝑛° 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜
𝑚=
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑣𝑒𝑛𝑡𝑒 (𝐾𝑔)
Após conhecer as principais características das soluções e as unidades de concentrações, é
necessário que o aluno saiba prepará-las. Por isso, a parte experimental será a oportunidade de
manusear as fórmulas aqui apresentadas e os passos que levam ao preparo de algumas soluções.
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As soluções selecionadas deverão ser utilizadas posteriormente pelos alunos, mostrando


assim, a continuidade do processo e forçando o cuidado no seu preparo, visto que serão matérias-
primas para outro trabalho.

2ª AULA PRÁTICA – PARTE 2: SOLUÇÕES

3. PARTE EXPERIMENTAL
O preparo de soluções constitui uma das etapas preliminares do trabalho em laboratório,
dele dependem as evoluções de umas análises e as precisões dos resultados, sendo assim, é
necessário atentar para as pesagens e aferições sem negligenciar sobre a simplicidade do processo.

3.1. Preparo de 100 mL de solução de HCl 1N

1. Com auxílio de uma pipeta graduada medir 8,3 mL da solução P.A. (d=1,19 e P=37%) e
transferir para um Becker de 100 mL contendo 50 mL de água destilada. Em seguida transferir o
volume do Becker para um balão volumétrico de 100 mL e completar até a marca com água destilada.
2. Proceda a diluição atentando para os cuidados necessários: transferir, com auxílio do funil,
o volume de ácido sobre certo volume de água até a marca de aferição. Homogeneizar a solução.

3.2. Preparo de 100mL de solução de CuSO4.5H2O 0,5 N


1. Com auxilio de uma balança pesar 6,3g de CuSO4.5H2O em um Becker de 200mL e
adicionar 50 mL de água destilada com auxílio de uma proveta, dissolver a massa do soluto utilizando
um bastão de vidro. Em seguida transferir para um balão volumétrico de 100 mL e completar com
água destilada até a marca.
2. Transfira para um frasco de armazenamento, rotule (e guarde para a etapa de
padronização a ser efetuada na próxima aula) e lave a vidraria utilizada.
3. Em um vidro de relógio pese a massa de 20g de Na2CO3, em seguida leve para a estufa a
105°C por 10 (dez) minutos, em seguida desligue a estufa. Acomode o material em um saco de papel
contendo sílica para a próxima aula. (esse cuidado evita a retirada de água da atmosfera pelo Na2CO3.

3.3. Preparo de 100 mL de solução de H2SO4 1M


1. Com auxílio de uma pipeta graduada medir 5,5 mL da solução P.A. (d=1,84 e P=96%) e
transferir para um Becker de 100 mL contendo 50 mL de água destilada. Em seguida transferir o
volume do Becker para um balão volumétrico de 100 mL e completar até a marca com água destilada.
2. Proceda a diluição atentando para os cuidados necessários: transferir, com auxílio do funil,
o volume de ácido sobre certo volume de água até a marca de aferição. Homogeneizar a solução.

3.4. Preparo de 100 mL de solução de NAOH 1M

1. Com auxilio de uma balança pesar 4g de NAOH em um Becker de 200mL e adicionar 50 mL de


água destilada com auxílio de uma proveta, dissolver a massa do soluto utilizando um bastão de
vidro. Em seguida transferir para um balão volumétrico de 100 mL e completar com água destilada
até a marca.
2. Transfira para um frasco de armazenamento, rotule (e guarde para a etapa de
padronização a ser efetuada na próxima aula) e lave a vidraria utilizada.

2ª AULA PRÁTICA – PARTE 3: PADRONIZAÇÃO

3.1. Padronização de solução de HCl 1 N (preparada na aula anterior) com Na2CO3.


a) Você recebe do professor um recipiente que contém Na2CO3 dessecado e frio; efetue então
a pesagem de exatamente 0,6 a 0,7g desse material em erlenmeyer de 125 mL e dilua em 25mL de
água destilada. Anote precisamente a massa de Na2CO3 utilizada.
b) Prepare uma bureta, conforme foi ensinado, usando a solução de HCl que vai ser
padronizada.
c) Adicione 2 a 3 gotas de alaranjado de metila na solução de erlenmeyer, ajuste sob a
bureta, adapte em fundo branco e proceda a titulação conforme pode ser visto na figura 1. Feche a
torneira da bureta à primeira mudança de coloração que a solução do erlenmeyer apresentar.
d) Aqueça levemente a solução, observe se há mudança de coloração, caso positivo,
complete a titulação.
e) Repita as etapas a, b, c e d mais de uma vez.
f) Encontre o volume médio do HCl e efetue os cálculos para a determinação do “fator
volumétrico” que corrige a concentração aproximada do HCl. O professor vai auxiliar nesta tarefa
mostrando como proceder ao cálculo e esclarecendo as passagens que você observou.
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Obs. Armazenar em um frasco adequado a solução de HCl preparada e lavar a vidraria utilizada.

FIGURA 1. Esquema de uma titulação.

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