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Campus Petrolina – PE

QUÍMICA GERAL E INORGÂNICA


ROTEIRO DE AULA PRÁTICA
Prof. Arlan de Assis Gonsalves

N° da Aula Prática: 04
Tema da Aula: Preparação de Soluções
Tópicos Teóricos Relacionados: Soluções e tipos de concentração de soluções
Curso: Ciências Farmacêuticas Data: _____/_____/_____
Dupla: ________________________________________________________________

1. Introdução

A preparação de soluções é um dos procedimentos mais executados durante as


atividades rotineiras em laboratórios, sendo praticamente independente do tipo de
trabalho experimental realizado nestes ambientes, uma vez que, a maioria das reações
químicas é realizada em solução. Desta forma, é indispensável que o aluno adquira as
habilidades necessárias para o bom desempenho deste procedimento.
Soluções são misturas homogêneas (ou seja, de uma única fase) de dois ou mais
compostos, onde o diâmetro médio de suas partículas constituintes é inferior a 1 nm
(Figura 1).

Figura 1. Relação entre o tamanho das partículas e o tipo de mistura soluto/solvente.

Nestas misturas, a substância presente em menor quantidade é chamada de


soluto, já a que se encontra na maior proporção, chama-se solvente. Quanto ao estado de
agregação da matéria, as soluções podem ser sólidas (ex.: latão = zinco mais cobre),
líquidas (ex.: soro fisiológico = água mais cloreto de sódio) ou gasosas (ex.: ar
atmosférico = oxigênio mais gás carbônico mais nitrogênio ...). Esta aula será
direcionada para as soluções em fase líquida por serem as mais importantes na química.
As soluções líquidas podem ser aquosas, quando o solvente é a água, ou,
orgânicas, quando o solvente é algum composto orgânico líquido de baixa volatilidade
(metanol, etanol, acetona etc.). As soluções ainda podem ser classificas em:
insaturadas, quando a solubilidade do soluto não foi alcançada, o que torna possível a
dissolução de mais soluto para o mesmo volume de solvente; saturada, quando a
solubilidade foi atingida ou ultrapassada, fato verificado com a formação de corpo de
fundo que não solubiliza mais, mesmo após agitação manual durante algum tempo,
estando as moléculas do soluto em solução em equilíbrio com o excesso de moléculas
de soluto não dissolvidas; e, supersaturada, onde o soluto em solução está em maior
proporção que na solução saturada nas mesmas condições de temperatura e pressão,
sendo preparada a partir da dissolução do excesso de soluto de uma solução saturada
através de processos físicos drásticos (aquecimento, agitação mecânica intensa e
prolongada, ou, uso de ultra-som). Esta última solução é instável e o soluto facilmente
sofre recristalização. Outra classificação das soluções é se elas são iônicas ou
moleculares. As soluções iônicas apresentam íons solvatados e, conseqüentemente,
conduzem corrente elétrica (ex.: solução de cloreto de sódio). Já as soluções
moleculares apresentam moléculas neutras solvatadas e, portanto, não exibem
condutividade elétrica (ex.: solução glicosada).
O armazenamento de soluções deve ser observado quanto ao tipo de solução que
será guardada e o material do frasco. Assim, soluções ácidas e de solventes orgânicos
devem ser armazenados em frascos de vidro. Já as soluções alcalinas devem ser
estocadas em frascos de plástico resistente. Soluções de agentes químicos fotossensíveis
devem ser armazenadas em frascos de vidro âmbar, ou, na ausência destes, os
recipientes utilizados devem ser totalmente cobertos com papel alumínio. Todas as
soluções não devem ser irradiadas diretamente pela luz solar. Algumas soluções
(agentes químicos instáveis ou de fácil decomposição) devem ser armazenadas sob
refrigeração. Os frascos devem ser devidamente rotulados, contendo o nome, fórmula, a
concentração da solução, data de preparação, nome do preparador e qualquer outro dado
útil (cuidados específicos).
A preparação da solução consiste em uma série de etapas. Após selecionar o
soluto e sua concentração, bem como o solvente utilizado e o volume final, a próxima
etapa consistirá na realização dos cálculos necessários para descobrir a massa do
reagente sólido ou volume do reagente líquido que será empregado. A fase seguinte será
a dissolução ou mistura do soluto em uma pequena porção do solvente. Em seguida
tem-se a transferência da solução para um balão volumétrico cujo volume corresponde
exatamente ao volume final da solução a ser preparada. No final do procedimento dar-se
o ajuste do menisco da solução à marca de calibração da vidraria com o solvente
utilizado.
A concentração é uma forma de descrever as quantidades relativas de soluto e
solvente em uma solução, sendo também uma forma quantitativa de indicar a
composição da solução. Existem diversos tipos de concentração, sendo as mais
rotineiras em atividades de laboratório as seguintes: concentração comum, molaridade,
normalidade, percentagem massa-volume e percentagem em volume e partes por
milhão. As fórmulas ou relações referentes a cada tipo de concentração encontram-se na
Tabela 1.

Tabela 1. Tipos de concentração de soluções.


Concentração Fórmula Unidade
Comum g/L ou g . L-1

Molar (Molaridade) mol/L ou mol . L-1 ou M

Normal (Normalidade) eq-g/L ou eq-g . L-1 ou N


Percentagem Massa- %(m/v)
Volume %(m/v)
Percentagem em Volume %(v/v)
%(v/v)
Partes por Milhão ppm

2. Objetivos

2.1. Geral

Desenvolver habilidades para a preparação de soluções aquosas e orgânicas


utilizando diferentes tipos de concentração.

2.2. Específicos

- Praticar cálculos de concentração;


- Preparar soluções aquosas de sais, ácidos e bases;
- Preparar solução hidroalcoólica.

3. Reagentes

- Álcool etílico absoluto (H3CCH2OH; MM = 46,07 g/mol)


- Cloreto de sódio (NaCl; MM = 58,44 g/mol)
- Hidróxido de sódio (NaOH; MM = 40,00 g/mol)
- Nitrato de sódio (NaNO3; MM = 85,00 g/mol)
4. Equipamentos e Vidrarias

- Balão volumétrico: 2 de 25 mL; 2 de 50 mL; 1 de 100 mL e 1 de 250 mL


- Proveta: 1 de 50 mL
- Béquer: 3 de 50 mL
- Bastão de vidro: 1
- Pisseta com água destilada: 1
- Espátula: 1
- Balança analítica

5. Roteiro Experimental

Experimento 1: Aumento brusco do teor do íon cloreto (Cl-) é uma indicação de


contaminação da água, seja com águas residuárias de efluentes industriais ou com águas
do mar. Altos teores de cloretos causam corrosão nas canalizações metálicas. Diante
disto, prepare 25,00 mL de uma solução 10,00 g/L de cloreto de sódio e 25,00 mL de
uma solução 10,00 g/L de íons cloreto (MM NaCl = 58,44 g/mol; MA Cl = 35,45
g/mol).

1. Efetuar os cálculos para obter a massa de NaCl que será pesada considerando o
volume final de cada solução a ser preparada;
2. Pesar em balança analítica, utilizando béqueres distintos e espátula, as massas de sal
calculadas;
3. Dissolver o sal, em um pouco de água destilada, sob agitação com bastão de vidro;
4. Transferir a solução de cada béquer para balões volumétricos distintos de 25 mL;
5. Completar o volume de cada balão enchendo-o até a marca com água destilada;
6. Homogeneizar a solução virando os balões, devidamente tampados com rolha, de
cabeça para baixo algumas vezes.

Experimento 2: A quitina é um polissacarídeo componente de exoesqueletos de


crustáceos (camarão, carangueijo etc.), insetos (formigas, grilos etc.) e de paredes
celulares de alguns fungos, sendo também um precursor da quitosana, a qual é obtida
por desacetilação da quitina empregando-se uma solução concentrada de soda cáustica
(hidróxido de sódio). Diante disto, prepare 100,00 mL de uma solução 0,25 M de
hidróxido de sódio (MM = 40,00 g/mol).

1. Efetuar os cálculos para obter a massa de NaOH que será pesada considerando o
volume final de solução;
2. Pesar em balança analítica, utilizando béquer e espátula, a massa de base calculada;
3. Dissolver a base, em um pouco de água destilada, sob agitação com bastão de vidro;
4. Esperar a solução esfriar sob temperatura ambiente;
5. Transferir a solução do béquer à temperatura ambiente para o balão volumétrico de
100 mL;
6. Completar o volume do balão enchendo-o até a marca com água destilada;
7. Homogeneizar a solução virando o balão, devidamente tampado com rolha, de cabeça
para baixo algumas vezes.
Experimento 3: O soro fisiológico é uma solução isotônica aos líquidos corporais que
contem 0,90%, em massa, de cloreto de sódio (NaCl) em água destilada. Diante destas
informações, prepare 50,00 mL de soro fisiológico.

1. Efetuar os cálculos para obter a massa de NaCl que será pesada considerando o
volume final de solução;
2. Pesar em balança analítica, utilizando béquer e espátula, a massa de sal calculada;
3. Dissolver o sal, em um pouco de água destilada, sob agitação com bastão de vidro;
4. Transferir a solução do béquer para o balão volumétrico de 50 mL;
5. Completar o volume do balão enchendo-o até a marca com água destilada;
6. Homogeneizar a solução virando o balão, devidamente tampado com rolha, de cabeça
para baixo algumas vezes.

Experimento 4: O uso do álcool a 70° GL vem sendo utilizado na área da saúde a


muitos anos, devido ao seu alto poder de desinfecção (bactericida e virucida). A
graduação alcoólica no Brasil é medida em graus Gay-Lussac (° GL) devido aos
trabalhos científicos deste pesquisador relacionados com misturas álcool-água, mas que
representa na prática, a percentagem em volume de etanol numa mistura de água e
álcool etílico. Desta forma, prepare 50,00 mL da solução de desinfecção hidroalcoólica.

1. Efetuar os cálculos para obter o volume de etanol que será medido considerando o
volume final de solução;
2. Medir em proveta a alíquota de etanol calculada e transferi-la para um balão de
50 mL;
3. Completar o volume do balão enchendo-o até a marca com água destilada;
7. Homogeneizar a solução virando o balão, devidamente tampado com rolha, de cabeça
para baixo algumas vezes.

Experimento 5: A concentração em partes por milhão é bastante empregada para


expressar o teor de analitos em análises químicas quantitativas. Em rótulos de água
mineral pode-se observar o emprego deste tipo de concentração para expressar os teores
das espécies químicas presentes na água. O nitrato (NO3-) encontrado em águas minerais
é associado ao risco de duas doenças graves: a metemoglobinemia, conhecida como
Síndrome do Bebê Azul e o câncer gástrico. O site do Instituto do Câncer
(www.inca.gov.br) e estudos da literatura médica alertam qua a ingestão de água
proveniente de poços que contêm uma alta concentração de nitrato (> 10,00 ppm) está
relacionada com a incidência de câncer de estômago. Diante disto, prepare 250,00 mL
de uma solução 1500,00 ppm de íons nitrato (MM NaNO3 = 85,00 g/mol; MA Na =
23,00 g/mol).

1. Efetuar os cálculos para obter a massa de NaNO 3 que será pesada considerando o
volume final de solução;
2. Pesar em balança analítica, utilizando béquer e espátula, a massa de sal calculada;
3. Dissolver o sal, em um pouco de água destilada, sob agitação com bastão de vidro;
4. Transferir a solução do béquer à temperatura ambiente para o balão volumétrico de
250 mL;
5. Completar o volume do balão enchendo-o até a marca com água destilada;
6. Homogeneizar a solução virando o balão, devidamente tampado com rolha, de cabeça
para baixo algumas vezes.
6. Questionário

1. Uma solução hidroalcoólica foi obtida misturando-se 23,00 g de etanol e 500 mL de


água (dH2O = 1,000 g mL-1). Sabendo que a densidade da solução final foi de
0,992 g mL-1. Calcule: (Dado: MM C2H5OH = 46,07 g mol-1; MM H2O = 18,02 g mol-1)
a) A concentração molar de etanol na solução;
b) A concentração percentual massa-volume (% m/v) de etanol.

2. Um aluno preparou uma solução de concentração conhecida de NaCl e a esqueceu na


bancada com o frasco volumétrico aberto. Passado uma semana, o aluno foi utilizar a
solução de NaCl que havia preparado. Pode-se dizer que a concentração da solução é a
mesma? Comente a respeito.

3. Escreva a relação matemática entre concentração comum e concentração molar.

4. Que tipo de erro é necessário evitar quando se está preparando soluções com vidrarias
volumétricas? Comente.

Lembretes:
- Trazer sem falta todos os EPI’s (jaleco, luvas, óculos e máscara);
- Trazer caneta para escrever nas vidrarias (caneta para retroprojetor);
- Trazer calculadora (pode ser a do celular);
- Anotar todos os experimentos no caderno de laboratório;
- Se possível trazer frascos limpos de plástico ou vidro para guardar as soluções
preparadas (Dica: frascos de água mineral de 500 mL; frascos de vidro de sucos,
maionese, nescafé etc.);

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