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Memórias Juninas

Rosimere Cecília Silva Cirilo Guenes

Aqui sentada me pego a pensar


nas coisas vividas neste lugar.
Memórias de vida e tradição
chegam a mim, com emoção.

O mês de junho traz recordações


abrem porteiras dos corações.
Séria difícil não retornar
aquele tempo, hora e lugar.

Vejo ao longe tudo que vivi


as coisas mais lindas, nunca esqueci.
O fogo de lenha fumaça produz
trazendo com ela, sabor de emoção
produzidas naquele fogão.

Viajando no tempo vou chegar


nas casas bonitas que tinham por lá.
Povo alegre, roceiro e lutador
colhiam o milho com ajuda do Senhor.

Casas cheias, famílias celebrando


o fogo de lenha a panela a esquentando
pamonhada uma lembrança maior
todas as casas eram uma coisa só.

Tacho bem grande, canjica fazia


pá de madeira a moça mexia
queijo assado na brasa se via.
Milho cozido com palha fervia.

Ah! lembrando agora estou


das fogueiras nos terreiros com todo calor
chamas bem altas, levavam ao céu
recados das moças querendo casar.
Simpatias faziam e tome esperar
logo o santo tinham que roubar.
Banquete matuto teimo em lembrar
bolo de milho não ia faltar.
A velha aguardente todos bebiam
enquanto as comadres nas fogueiras nasciam.

Esquecer não posso, quero sentir.


Das cores das bandeiras a colorir
vestidos rodados de chita e flor
chapéus de palha para o senhor
nas cabeças dos homens lá vão ficar
em reverência, ele tirar.

Sinto alegria só de lembrar


das nossas escolas a festejar.
Meninada gritando a ensaiar
quadrilhas matutas apresentar.

Casamentos encenados,
na carroça chegar
trazendo a família
e a noiva pra casar.

Professores bem trajados


com toda euforia
na Avenida José Lopes
a festa acontecia

Dona Branca de Seu Inácio


um quentão pra esquentar
fazia com todo gosto
para o povo apreciar.

É festa, cultura e tradição.


Vai imaginando o São João
Jataúba da minha infância
estou a visitar.

Ouvindo o fole da sanfona a roncar


Luíz Gonzaga, Trio Nordestino, Azulão
Jorge de Altinho, toda canção
que fala das coisas do nosso sertão.

O povo dançava forró, arrasta pé


xote, xaxado e baião
quadrilhas nas ruas todos iam ver.
Dançam à noite, até ao amanhecer.

Os sons dos fogos estou a ouvir.


Vinham do Jacu direto pra qui.
Seu Curujinha a produzir
estrala-estrala, traque bebéia
peido de véia e de moça
o barulho se ouvia.

Era assim o São João


de Jataúba e região.
Será sonho, magia ou alucinação?
O povo dizia: “Viva o São João”.

Andei pela casa


fotos a olhar
num filme perfeito
na tela projetar

O forró de Nosa
bonito de se ver.
Lindas moças
dançando pra valer.

Ingresso não pagava


a dama para entrar
não era permitido
o cavalheiro cortar

Se isso fizesse
confusão ia dá
porque o cavalheiro
ao dono ia se queixar.

Pedindo que a dama


do salão fosse tirada
porque a regra
não foi respeitada.

Na estrada da vida
caminhando estou
com os passos largos
dançando vou.

As bandas de pífanos
são exemplos, bem secular.
Tem Zé Goteira, do Jundiá
tocava bonito para alegrar
São João Batista, homenagear.
Era bonito escutar.

Seu Amaro Camilo


no pífano dedilhou
e Santo Antônio
sempre exaltou.

Visitei muitos lugares


me lembrei, vou passar
na Passagem do Tó pra registrar
um sanfoneiro de grande valor
era Zé Leotério,
que muito forró tocou.

Meus pensamentos longe vão


o mês inteiro, comemoração
no calendário o povo marcava
a grande atração logo chegava.

Uma casa de show veio inovar


Na Umburanas se instalar
O Palladium, famoso ficou
e seu Noel novelo desenrolou
bandas de nome contratou.

No lombo de um cavalo
de Toyota ou Caminhão
não importava o meio
e sim a emoção.

Chegava em Riacho do Meio


dia 29 para encerrar
o povo rezava forte
pro santo abençoar
porque era São Pedro
o porteiro “celestiá”.

Nas andanças que fiz


pelo tempo de outrora
acordo em Jataúba
nos dias de agora

Depois de tempos difíceis


peço a Deus e nosso Senhor
que livre o nosso povo
das pestes que venham de onde for.

E desta pandemia
que a 2 anos nos assola
dando saúde e força
coragem e fé
pois o povo é guerreiro
e vai ficar de pé.

O presente é o hoje
em Jataúba vamos plantar
a semente da cultura
que existe nesse lugar.

Resgatando toda a essência


dos folguedos de São João
porque sem um passado
presente não há não.

Valorize a cultura
e venha participar
para ter no futuro
memórias para relembrar.

Na data de hoje
em praça pública está
o retorno das festas
bem popular

A prefeitura trabalha
dia e noite sem parar
com Doutora Cátia a frente
progresso vai chegar.

Aproveitem o ritmo para dançar


o forró arrochado vai animar
Cavalheiros do Forró, o tom vai dá
e tudo em paz vai terminar.

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