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Livro Eletrônico

Aula 06

Arquitetura para Concursos - Curso Regular 2018

Moema Machado
Prof. Moema Machado
Aula 06 – Patrimônio Histórico Cultural e Artístico

1 – Introdução ........................................................................................................................... 2
2 - Visão Geral ......................................................................................................................... 10
3 - Constituição Federal .......................................................................................................... 23
4 - Decreto-Lei n.º 25 de 30/11/1937..................................................................................... 24
5 - Carta de Atenas - 1931 ...................................................................................................... 34
6 - Carta de Veneza - 1964 ...................................................................................................... 38
7 - Normas de Quito - 1967 .................................................................................................... 42
8 - Carta do Restauro – 1972 (Itália) ...................................................................................... 43
9 - Carta de Burra – 1980 (Austrália) ...................................................................................... 44
10 - Carta de Florença – 1981 ................................................................................................. 48
11 – Resolução de Questões................................................................................................... 50
12 – Lista de Questões .......................................................................................................... 127
13 – Gabarito ........................................................................................................................ 150
14 – Anexo 1 – Publicações Sobre Brasília ........................................................................... 151
15 – Anexo 2 – Estudo de Caso–Prova TRF 2º Região ......................................................... 153
16 – Anexo 3 – Fluxograma das Etapas de Projeto Básico de Restauração........................ 156
17 – Anexo 4 – Fluxograma das Etapas de Projeto de Intervenção em Espaços Públicos 157
18 – Anexo 5 – Fluxograma das Etapas de Projeto de Intervenção em Espaços Públicos 158
19 - Bibliografia ..................................................................................................................... 159

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1 – INTRODUÇÃO
“A história da arte mostra que a arquitetura sempre foi parte integrante fundamental no
processo da criação artística... É através das coisas belas que nos ficaram do passado,
que podemos refazer, de testemunho em testemunho, os itinerários percorridos nessa
apaixonante caminhada, não na busca do tempo perdido, mas ao encontro do tempo que
ficou vivo para sempre, esta eterna presença na coisa daquela carga de amor e de saber
....” Lucio Costa
Vou introduzir essa aula com um breve resumo da 3ª edição da cartilha “Patrimônio Histórico: como
e por que preservar”, lançada pelo CREA-SP.
• O que é memória?
É a imagem viva de tempos passados ou presentes. Os bens, que constituem os elementos
formadores do patrimônio, são ícones repositórios da memória, permitindo que o passado interaja
com o presente, transmitindo conhecimento e formando a identidade de um povo.
• O que são bens culturais?
É o registro (físico ou não) de elementos da realidade (cultural ou natural), passada ou presente. É
todo elemento, material ou imaterial, capaz de traduzir o momento cultural ou natural de grupos
sociais ou de ecossistemas.
• O que é significado cultural?
São os valores atribuídos por grupos sociais a bens e lugares, em detrimento de outros.
• O que é patrimônio?
São todos os bens, materiais e imateriais, naturais ou construídos, que uma pessoa ou um povo
possui ou consegue acumular.
• O que é patrimônio cultural?
É o conjunto de bens, de natureza material e/ou imaterial, que guarda em si referências à
identidade, a ação e a memória dos diferentes grupos sociais.
Divide-se em:
a) Formas de expressão: literatura, música, danças, rituais, teatro, vestuário, pinturas corporais,
etc.
b) Os modos de criar, fazer e viver: a culinária, o artesanato, as telhas coloniais modeladas pelas
escravas nas próprias coxas, etc.
c) Criações científicas, artísticas, tecnológicas e documentais:
- Científicas: o mapeamento do DNA, a criação de variedades de café brasileiro, etc;
- Artísticas: Pampulha, Brasília, as obras de Aleijadinho, Anita Malfatti, Villa Lobos, o baião, o
forró, os cocares indígenas, as pinturas rupestres, etc;
- Tecnológicas: o biodiesel, o 14 Bis de Santos Dumont, etc;

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- Documentais: a legislação, teses, tratados, compêndios, cartas cartográficas, registros


cartoriais, livros de batismo, óbitos, casamentos, etc.
• O que é patrimônio cultural tangível e intangível?
Tangível: é aquele constituído por bens materiais.
Divide-se em:
- Bens imóveis: monumentos, edifícios, sítios arqueológicos, elementos naturais que tenham
significado cultural;
- Bens móveis: mobiliários, utensílios, obras de arte, documentos, vestuários, etc.
Intangível: é constituído por bens imateriais. Ex.: lendas, rituais, costumes, etc.
• O que é patrimônio natural e edificado?
Patrimônio Natural: é constituído por bens cuja criação não recebeu interferência humana. Ex.:
grutas, montanhas, rios, ecossistemas, jazidas, animais silvestres, etc.
Patrimônio Edificado: edificações isoladas ou conjunto de edificações, que poderão ter tipologias
distintas e não necessariamente antigas, mas que possuam peculiaridades culturais. Ex.: a
arquitetura rural, as fábricas, as casas comuns (Arquitetura Vernacular), as cidades, os
monumentos, etc.
“Arquitetura vernacular compreende as habitações e outras construções dos povos.
Relacionadas aos seus contextos ambientais e recursos disponíveis, são costumeiramente
construídas por seu dono ou pela comunidade utilizando tecnologias tradicionais. Todas as
formas de arquitetura vernacular são construídas para atender a necessidades específicas,
acomodar valores, economias e modos de vida das culturas que as produzem” (fonte:
http://www.arqpop.arq.ufba.br/taxonomy/term/54)
“A Arquitetura Vernacular, que é genuína, correta, pura e isenta de estrangeirismos (Ferreira
1999), ensina muitas técnicas, conceitos e princípios bioclimáticos e sustentáveis que podem
ser empregados em edificações que persigam a alta eficiência energética.” (Lamberts)
“Denomina-se arquitetura vernacular (ou popular, tradicional) a todo o tipo de arquitetura em
que se emprega materiais e recursos do próprio ambiente em que a edificação é construída.
Desse modo, ela apresenta caráter local ou regional.” (fonte: Wikipédia)
• Qual o significado de preservação?
É a manutenção de um bem no estado físico em que se encontra e a desaceleração de sua
degradação, visando prolongar e salvaguardar o patrimônio cultural.
• Por que preservar?
Porque somos partes de um todo e construímos juntos a história da sociedade, devendo deixar para
as gerações futuras o nosso legado e não destruir os bens herdados das gerações passadas.
Atualmente, a importância da preservação ganha novo foco, decorrente da necessária consciência
de diminuirmos o impacto sobre o ambiente, provocado pela produção de bens. A preservação e o

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reuso de edifícios e objetos contribuem para a redução de energia e matéria-prima necessárias para
a produção de novos.
• O que preservar?
Todos os bens de natureza material e imaterial, de interesse cultural ou ambiental, que possuam
significado histórico, cultural ou sentimental, e que sejam capazes, no presente ou no futuro, de
contribuir para a compreensão da identidade cultural da sociedade que o produziu.
• O que é tombamento?
É um conjunto de ações, realizadas pelo poder público e alicerçado por legislação específica, que
visa preservar os bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e afetivo, impedindo a
sua destruição e/ou descaracterização.
• Por que o nome tombamento?
É o ato de tombar, ou seja, inventariar, arquivar, registrar coisas ou fatos relativos a uma
especialidade ou região, para proteger, assegurar, garantir a existência por parte de algum poder.
Este nome tem origem em Portugal, vem da Torre do Tombo, ou do Arquivo (uma das torres do
Castelo de São Jorge), onde eram guardados documentos importantes que hoje fazem parte do
Arquivo Central do Estado Português.
• Preservar é o mesmo que tombar?
Não, a preservação pode existir sem o tombamento. O tombamento é uma imposição legal; porém,
sem ele não há garantia real de preservação. Esta é uma importante ação a ser tomada para garantir
a preservação definitiva do patrimônio, impedindo, por lei, a sua descaracterização/destruição e
propiciando a sua plena utilização.
• Quando o tombamento de bens históricos começou no Brasil?
Começou em 30 de novembro de 1937, com o Decreto-Lei n° 25, criou-se o Sphan - Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que nascia para proteger cidades antigas e monumentos
que corriam risco, devido à especulação imobiliária e as reformas urbanas. Entre os artistas e
intelectuais envolvidos na sua criação estavam Mário de Andrade, Lúcio Costa, Gustavo Capanema
e Rodrigo Melo de Andrade.
Atualmente é denominado Iphan - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e possui
mais de 20.000 edifícios, 83 conjuntos urbanos e sítios arqueológicos tombados, além de objetos,
obras de arte, documentos, etc.

Entre os artistas e intelectuais envolvidos na sua criação estavam Mário de Andrade, Lúcio Costa,
Gustavo Capanema e Rodrigo Melo de Andrade.

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• O que é tombamento de conjunto de bens?


É o tombamento que não abarca apenas um imóvel, mas uma série deles, localizados numa mesma
área, como sítios históricos, arqueológicos e núcleos urbanos. Por exemplo: Ouro Preto, Brasília e
Santana de Parnaíba.
• Deve-se tombar apenas bens das famílias importantes ou edificações oficiais?
Os critérios de tombamento devem ser técnicos. Essa é uma forma errada de tratar o tombamento
de bens imóveis, pois reforça a história dos vultos. Deve-se ter o cuidado de preservar bens de todas
as camadas sociais definidoras da história local. É importante o tombamento de edifícios públicos
relevantes, assim como de qualquer edifício que possua características arquitetônicas e históricas
de fortes significados cultural e afetivo. Por exemplo: deve-se lutar para se preservar o casarão do
antigo coronel, mas também a vila operária, o palacete e a pequena casa de porta e janela, a sede
da câmara municipal, o velho armazém, a casa grande da fazenda, mas, em conjunto, outras
edificações que expressem a vida, o trabalho e os hábitos da comunidade que os criou.
• Os bens a serem tombados precisam ser antigos, com mais de 100 anos?
É uma noção ultrapassada e equivocada sobre preservação e tombamento. A importância de um
bem não tem ligação direta com sua idade. Hoje, existem entidades de preservação da arquitetura
moderna. Bens recentes podem ser indicados para tombamento, pois também estão sujeitos às
descaracterizações ou demolições. Exemplo: Pampulha, Brasília (também listada como Patrimônio
da Humanidade), Masp, Parque do Ibirapuera, jardins de Burle Marx, etc.
• Quais os critérios para se definir os bens a serem tombados?
Deve-se fazer um inventário dos bens observando-se sua integridade (estado de conservação/
possibilidade de restauração), raridade, exemplaridade (bens mais significativos, pois na presença
de diversos com as mesmas características, apenas alguns podem vir a ser elencados) e importância
arquitetônica, cultural, histórica, turística, científica, artística, arqueológica e paisagística, sendo
que o bem pode possuir um desses aspectos ou agregar outros.
• Os bens tombados devem ser transformados em museus e casas de cultura?
Os imóveis preservados devem fazer parte do dia-a-dia das pessoas e não apenas utilizados para
certas funções, ditas culturais. Não importa o uso que se dê ao imóvel, desde que seja compatível
com a sua estrutura física e que permaneçam preservadas as suas características.
• Quais leis amparam o tombamento?
O tombamento é previsto no artigo 216 da Constituição Federal: “O poder público, com a
colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de
inventários, registros, vigilância, tombamento, desapropriação e de outras formas de
acautelamento e preservação”.
Além disso, há as leis que criaram os conselhos em seus diversos níveis e estados: Lei Federal
(Decreto Lei 25/1937), Lei Estadual (Lei 10.247/1968/SP) e Leis Municipais.
• O Ministério Público pode preservar?

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Sim, em alguns casos, particularmente na ausência de lei municipal específica, o Promotor de Justiça
pode evitar destruição iminente e determinar a preservação do patrimônio cultural após ouvir
especialistas na área.
A Constituição Federal, em seu artigo 129, parágrafo 3°, aponta como uma das atribuições do
Ministério Público “promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”.
Tais ações são amparadas pelas Leis Federais n° 4.717/65 e n° 7.347/85, que disciplinam a “ação
popular” e a “ação civil pública”.
• Quais tipos de bens são tombados pelos órgãos e conselhos de defesa do patrimônio:
internacional, federal, estadual e municipal?
Obedecem a uma escala de importância:
Bens de interesse da humanidade, de excepcional valor, inscritos na Lista do Patrimônio
Universal pela Unesco;
Bens de interesse nacional, tombados pelo Iphan - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional;
Bens de interesse estadual, tombados por órgãos de defesa do patrimônio existentes nos
estados.
Bens de interesse local, tombados por órgãos de defesa do patrimônio existentes nas cidades.
• Quem pode solicitar o tombamento?
A solicitação do pedido de tombamento pode advir do proprietário, da sociedade, do conselho de
defesa do patrimônio, de entidades, de toda e qualquer pessoa de direito público ou dos órgãos
municipais/estaduais/federais. O pedido deve ser devidamente descrito mediante justificativas.
• Há interesse de todos na criação de conselhos de defesa do patrimônio?
Para pequena parcela da comunidade o tombamento não interessa, devido ao proveito advindo da
especulação imobiliária, ao conceito errôneo de que o novo é melhor e ao desprezo pela memória
local; entretanto, o patrimônio é importante na formação e fomento da identidade cultural.
• Quais os dispositivos que um proprietário de bem tombado pode se valer para ser
“compensado” pelo tombamento?
O Estatuto da Cidade prevê uma gama de instrumentos que podem ser utilizados para imóvel
tombado, como a Transferência do Direito de Construir, por exemplo, quando é vendido a terceiros
o direito que teria o proprietário de edificar em área tombada; entretanto, este instrumento, de
fundamental importância para a preservação, deverá fazer parte do Plano Diretor Participativo.
• De que forma o proprietário pode adquirir recursos para a conservação ou restauração do
bem tombado?
Através de leis de incentivo cultural, como a Lei Rouanet (federal), leis estaduais e municipais, bem
como convênios internacionais, fundações com fins culturais e iniciativa privada.
• O que é tombamento parcial e integral?

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Integral: tombamento do imóvel de maneira geral, interna e externamente.


Parcial: tombamento apenas da volumetria, fachadas e cobertura, ou de alguns elementos
específicos.
• Bem tombado pode ser alugado ou vendido?
Sim. Como a propriedade do bem não é alterada, o mesmo pode ser alugado ou vendido
normalmente.
• O que é área envoltória, ou entorno de bem tombado?
Quando estabelecido o tombamento, pode ser indicada uma área ao seu redor a ser mantida sob
determinadas características, como forma de valorizar, e não esconder ou descaracterizar, o bem
tombado. Exemplos: gabarito máximo de altura, preservação da volumetria geral, ausência de
fixação de elementos visuais e luminosos, ausência de toldos e marquises, etc.
• Uma praça pode ser tombada?
Sim. O jardim histórico é uma composição paisagística e arquitetônica passível de tombamento,
sendo bastante oportuno o tombamento das antigas praças, impedindo que projetos
“modernizantes” colaborem para a destruição da memória local.
• O tombamento preserva?
Ainda é o melhor instrumento legal para a preservação definitiva, muito embora, caso o imóvel não
seja mantido adequadamente, como qualquer outro, pode vir a se degradar com o tempo.
Na lei de tombamento há dispositivo que obriga a preservação e conservação do imóvel tombado.
• O tombamento congela a cidade e impede seu desenvolvimento?
São raríssimas as cidades que possuem conjuntos amplos a serem tombados; no geral, as cidades
têm apenas bens pontuais para preservação, o que de maneira alguma “congela” o
desenvolvimento urbano - ao contrário, valoriza e dá diversidade à paisagem.
• Quais os benefícios do tombamento para a cidade?
Tem sua história preservada, através de bens importantes. Pode vir a incrementar o turismo local.
Em termos de sustentabilidade, é uma conquista relevante.
• É possível a convivência do novo com o antigo?
Não só é possível como desejável, pois a arquitetura antiga e contemporânea deve conviver
harmoniosamente. Nos países europeus, por exemplo, isto acontece com vantagens até de ordem
econômica.
• Um imóvel tombado pode mudar de uso?
Sim, através de reuso. Uma antiga residência pode se transformar em agência bancária, uma
indústria em mercado ou supermercado, desde que obedeçam às diretrizes do tombamento.
• O que é conservação?

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São processos que visam à manutenção do patrimônio, sem alteração de suas características, de
modo a preservar seu significado cultural.
Conjunto de intervenções e, posteriormente, de controle do estado de equilíbrio das estruturas e
dos materiais, dentro de padrões considerados regulares e compatíveis com as condições presentes
e favoráveis à identidade da edificação ou da obra de arte, não pretendendo retornar o objeto ao
estado original.
• O que é restauração?
A restauração é um conjunto de atividades que visa a restabelecer o estado original ou próximo
deste e anterior aos danos decorrentes da ação do tempo, ou do próprio homem em intervenções
que descaracterizam um bem imóvel ou móvel. A restauração visa a garantir a permanência de um
testemunho físico e real de época passada para gerações futuras. Os processos de restauração são
orientados por posturas consolidadas em cartas patrimoniais.
• O que são cartas patrimoniais?
As diretrizes para a conservação, manutenção e restauro do patrimônio histórico, local, regional,
nacional ou mundial, estão expressas nas cartas patrimoniais. Estas tratam da evolução conceitual
e das formas de ação sobre um patrimônio histórico e arquitetônico. As cartas patrimoniais
refletem o que se pensou e o que se pensa no âmbito da comunidade de especialistas e organismos
nacionais e internacionais que trabalham com a preservação de patrimônios culturais. As cartas
começaram com a Carta de Atenas, em 1931, e hoje somam mais de 40.
• Quem faz a restauração de um imóvel tombado?
O arquiteto com especialização na área, que poderá coordenar uma equipe multidisciplinar. Este
profissional é o responsável pela restauração, como especialista em Patrimônio Histórico
Arquitetônico, e, por meio de seus cursos de especialização nas técnicas de restauração, está apto
a conceituar, propor e conduzir as obras de restauração de um imóvel tombado.
• Como o poder público municipal pode auxiliar na restauração de bens tombados?
Os municípios têm, em geral, dispositivos de auxílio e incentivo para as intervenções de restauração
de um bem tombado. Estes vão desde a renúncia fiscal do IPTU à oferta de equipes especializadas
no trato do patrimônio tombado - cabendo aos munícipes reivindicar a divulgação e a
implementação dessas importantes políticas públicas.

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2 - VISÃO GERAL
Abaixo, sinopse das principais legislações, cartas patrimoniais e cadernos técnicos do IPHAN.

• Constituição Federal/88 – Capítulo III - Seção II: da Cultura


Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à
ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
• Portaria nº 200/2016
Dispõe sobre a regulamentação do Programa Nacional do Patrimônio Imaterial – PNPI.
http://portal.iphan.gov.br/uploads/legislacao/portaria_n_200_de_15_de_maio_de_2016.pdf
• Decreto nº 3.551/2000
Institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem patrimônio
cultural brasileiro, cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial e dá outras
providências.
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3551.htm
• Lei Nº 6.292/1975
Dispõe sobre o tombamento de bens no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN).
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/l6292.htm
• Lei Nº 3.924/1961
Dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-históricos.
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l3924.htm
• Decreto-Lei nº 25/1937
Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional.
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0025.htm
• Portaria Nº 420, de 22 de dezembro de 2010
Dispõe sobre os procedimentos a serem observados para a concessão de autorização
para realização de intervenções em bens edificados tombados e nas respectivas áreas
de entorno.
http://portal.iphan.gov.br/uploads/legislacao/Portaria_n_420_de_22_de_dezembro_de_2010.pdf
• Instrução Normativa Nº 001, de 25 de março de 2015.
Estabelece procedimentos administrativos a serem observados pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional nos processos de licenciamento ambiental dos
quais participe.
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Instrucao_normativa_01_2015.pdf

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Relação das cartas patrimoniais:


Carta de Atenas - Sociedade das Nações - outubro de 1931
Carta de Atenas - CIAM - novembro de 1933
Recomendação de Nova Delhi
Recomendação Paris 1962
Carta de Veneza
Recomendação Paris 1964
Normas de Quito
Recomendação Paris 1968
Compromisso Brasília 1970
Compromisso Salvador
Carta do Restauro
Declaração de Estocolmo
Recomendação Paris 1972
Resolução de São Domingos
Declaração de Amsterdã
Manifesto Amsterdã
Carta do Turismo Cultural
Recomendações de Nairóbi
Carta de Machu Picchu
Carta de Burra
Carta de Florença
Declaração de Nairóbi
Declaração Tlaxcala
Declaração do México
Carta de Washington 1986
Carta Petrópolis
Carta de Washington 1987
Carta de Cabo Frio
Declaração de São Paulo
Recomendação Paris 1989
Carta de Lausanne
Carta do Rio
Conferência de Nara
Carta Brasília 1995
Recomendação Europa de 1995
Declaração de Sofia
Declaração de São Paulo II
Carta de Fortaleza
Carta de Mar del Plata
Cartagenas de Índias - Colômbia
Recomendação Paris 2003

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Cartas Patrimoniais – UNESCO – século XX – QUADRO RESUMO


Período Local Especificação Observações/Conteúdo
Foco para o reconhecimento de
uma ação interdisciplinar na
Carta de Atenas
conservação dos monumentos.
1931 Atenas Escritório Internacional
Responsabilidade dos Estados de
dos Museus
inventariar os seus bens
Anos 30
(documentação internacional).
Carta de Atenas Análise dos problemas e sugestões
CIAM – Congresso para a cidade, baseadas nas 4
1933 Atenas
Internacional de funções do urbanismo: habitar,
Arquitetura Moderna trabalhar, recrear-se e circular.
Responsabiliza o Estado quanto à
proteção do seu patrimônio
Recomendação que
arqueológico, com indicações para
define os princípios
criação de coleções, ações
internacionais a serem
educativas. Quanto à pesquisa: o
Anos 50 1956 Nova Delhi aplicados em matéria de
pesquisador estrangeiro seria
pesquisas arqueológicas
regido pelo mesmo regime que o
Conferência Geral da
pesquisador nacional. Reforça
UNESCO – 9ª sessão
abertura para a colaboração
internacional.
Proteção, salvaguarda e controle
Recomendação relativa à não apenas aos sítios isolados, mas
salvaguarda da beleza e aos territórios aos quais eles
do caráter das paisagens e pertençam. Estímulo à criação pelos
1962 Paris
sítios Estados de órgãos governamentais
Conferência Geral da e apoio a não-governamentais de
UNESCO – 12ª sessão proteção. Enfoque na questão
educativa.
Foco na necessidade de um "plano
internacional" de conservação e
Carta de Veneza
restauração dos monumentos.
Carta internacional sobre
Definição de monumento histórico
conservação e
e sua conservação e restauração
restauração de
como atividade interdisciplinar
Anos 60 1964 Veneza monumentos e sítios
(ciências e técnicas). A conservação
II Congresso internacional
depende de sua "função útil à
de arquitetos e técnicos
sociedade", mas com limites nas
dos monumentos
adaptações. Não se deve deslocar o
históricos
monumento, apenas sob perigo de
perda.
Definição de "bens culturais".
Recomendação sobre
Recomenda o controle sobre as
medidas destinadas a
exportações dos bens. Medidas:
proibir e impedir a
Identificação e inventário dos bens,
1964 Paris exportação, a importação
instituições de proteção, acordos
e a transferência de
bilaterais e multilaterais,
propriedades ilícitas de
colaboração internacional,
bens culturais Conferência
restituição ou repatriação de bens,

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Geral da UNESCO – 13ª publicidade em caso de


sessão desaparecimento de bem, direito
dos adquirentes de boa fé e ação
educativa.
Alerta sobre a situação de urgência
dos bens e responsabilidades dos
governos da América. Ampliação do
conceito de monumento ao espaço.
Exposição do perigo da perda dos
Normas de Quito
monumentos da região Ibero
Reunião sobre
Americana por falta de "política
conservação e utilização
1967 Quito oficial" que alie a valorização do
de monumentos e sítios
patrimônio ao benefício
de interesse histórico e
econômico. Solução: "política de
artístico
planejamento urbano" que valorize
o patrimônio. Apresentação dos
monumentos como recursos
econômicos. "Os monumentos em
função do turismo."
Os "bens culturais" diante da
problemática do crescimento das
Recomendação sobre a
cidades. Medidas de preservação e
conservação dos bens
salvamento: legislação;
culturais ameaçados pela
financiamento; medidas
1968 Paris execução de obras
administrativas; métodos de
públicas ou privadas
preservação e salvamento dos bens
Conferência Geral da
culturais; sanções; reparações;
UNESCO – 15ª sessão
recompensas; assessoramento;
programas educativos.
Ministro Jarbas Passarinho. Resumo
de recomendações expostas em
cartas patrimoniais anteriores.
Enfatizando a responsabilidade de
governos e secretarias (estados e
Compromisso de Brasília
municípios) com a conservação,
1º Encontro dos
preservação, catalogação e políticas
governadores de Estado,
educativas dos bens culturais.
secretários estaduais da
Determina criar órgãos de defesa
1970 Brasília área cultural, prefeitos de
onde ainda não existam, em
municípios interessados,
Anos 70 conformidade com os Conselhos
presidentes e
Estaduais de Cultura. Especificações
representantes de
educativas como inclusão no
instituições culturais
currículo escolar de História da Arte
no Brasil. Encaminhamento para a
criação do Ministério da Cultura.
Carta anexa assinada por Lúcio
Costa.
Compromisso de Salvador Realizado pelo Ministério da
1971 Salvador II Encontro de Educação e Cultura e pelo IPHAN –
governadores para Instituto do Patrimônio Histórico e

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preservação do Artístico Nacional. Recomenda-se a


patrimônio histórico, criação do Ministério da Cultura e
artístico, arqueológico e secretarias ou fundações estaduais.
natural do Brasil Outras recomendações sobre o
plano urbanístico com valorização
dos sítios históricos; solicitada a
parceria entre Estado e
universidades.
Orientações técnicas sobre o
processo de restauro em diferentes
suportes/categorias: objetos
Carta do Restauro
arqueológicos, arquitetônicos,
Ministério da Instrução
1972 Itália pictóricos e escultóricos; instruções
Pública
para a tutela dos centros históricos
Governo da Itália
(reestruturação urbanística,
reordenamento viário e revisão dos
equipamentos urbanos).
Declaração de Estocolmo
Recomendações para a melhoria da
1972 Estocolmo Declaração sobre o
qualidade de vida e meio ambiente.
ambiente humano
Definições do patrimônio cultural e
Convenção sobre a natural e sua proteção nacional e
salvaguarda do internacional. Criação de um comitê
patrimônio mundial, intergovernamental. Criação do
1972 Paris
cultural e natural "Fundo do Patrimônio Mundial".
Conferência Geral da Definição para as condições para
Unesco – 17ª sessão assistência internacional.
Programas educativos.
Resolução de São Recomendações no plano social e
Domingos econômico e proposta operativas:
I Seminário resgate de informações nos
interamericano sobre arquivos; plano educacional;
São experiências na valorização do turismo; criação de
1974
Domingos conservação e uma Associação Interamericana de
restauração do Arquitetos e Especialistas na
patrimônio monumental Proteção do Patrimônio
dos períodos colonial e Monumental; criação de um fundo
republicano de emergência;
Firma o patrimônio arquitetônico
europeu como patrimônio mundial
(construções isoladas, conjuntos,
Declaração de Amsterdã bairros, cidades e aldeias).
1975 Amsterdã Congresso do patrimônio Necessidade de incentivo financeiro
arquitetônico europeu e programas de educação. O
patrimônio como um dos objetivos
do patrimônio urbano. Políticas
para conservação integrada.
Manifesto de Amsterdã Em referência ao "Ano europeu do
1975 Amsterdã Carta européia do patrimônio arquitetônico".
patrimônio arquitetônico Promoção de uma política de

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conservação integrada, passando


pelo planejamento urbano e
regional.
Definição de conjunto histórico ou
tradicional, sua importância como
Recomendação relativa à "patrimônio universal
salvaguarda dos conjuntos insubistituível" e medidas de
históricos e sua função na salvaguarda (jurídicas,
1976 Nairóbi
vida contemporânea administrativas, técnicas,
Conferência Geral da econômicas e sociais).
Unesco – 19ª sessão Recomendações para pesquisa,
ensino, informação e cooperação
internacional.
Revisão da Carta de Atenas, revisão
e ampliação de conceitos e
recomendações: cidade-região,
Carta de Machu Picchu crescimento urbano, conceito de
Machu
1977 Encontro internacional de setor, moradia, transportes na
Picchu
arquitetos cidades, disponibilidade do solo
urbano, recursos naturais,
preservação, tecnologia, projeto
urbanístico e arquitetônico.
Realizado pelo ICOMOS – Conselho
internacional de monumentos e
sítios. Definições do documento:
bem, significado cultural,
substância, conservação,
manutenção, preservação,
1980 Austrália Carta de Burra
restauração, reconstrução,
adaptação, uso compatível.
Recomendações quanto a:
conservação, preservação,
restauração, reconstrução,
adaptação e procedimentos.
Realizado pelo ICOMOS e Comitê
internacional de jardins e sítios
Anos 80
históricos. Definição e objetivos e
recomendações para manutenção,
1981 Florença Carta de Florença
conservação, restauração,
utilização, proteção legal e
administrativa de jardins históricos
e sítios.
Realizado pela UNEP – Organização
das Nações Unidas para o Meio
Declaração de Nairóbi
Ambiente. Revisão da conferência
1982 Nairóbi Assembleia mundial dos
de Estocolmo. Recomendações
Estados
para proteção e melhoramento do
meio ambiente.
Sobre os perigos e ameaças do
1982 México Declaração de Tlaxcala
patrimônio arquitetônico na

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3º Colóquio América. Recomendações:


interamericano sobre a revitalização com pesquisa e prática
conservação do interdisciplinar; responsabilidades
patrimônio monumental do serviço público quanto aos
Revitalização das prejuízos causados; comunicação
pequenas aglomerações - das experiências de preservação;
ICOMOS valorização das soluções
tradicionais; responsabilidade das
escolas de arquitetura em criar
mestrados e doutorados em
restauração.
Conceito de cultura, identidade
cultural e patrimônio cultural.
Discussão sobre a "Dimensão
Declaração do México
cultural do desenvolvimento",
1985 México Conferência mundial
cultura e democracia; relação entre
sobre as políticas culturais
cultura, educação, ciência e
comunicação. Recomendações para
a cooperação cultural internacional.
Definição de cidade histórica.
Princípios e objetivos da
Carta de Washington
salvaguarda de bairros e cidades
Carta internacional para a
1986 Washington históricas. Métodos e instrumentos:
salvaguarda de cidades
estudo multidisciplinar com
históricas
observância à Carta de Veneza e
desta.
Definição de "sítio histórico" e
recomendações para ações de
Carta de Petrópolis 1º preservação. Proteção legal a partir
Seminário brasileiro para instrumentos: tombamento,
1987 Petrópolis preservação e inventário, normas urbanísticas,
revitalização de centros isenções e incentivos, declaração de
históricos interesse cultural e desapropriação.
"Valor social" considerado maior
que o valor de mercadoria.
Encontro em homenagem ao
Carta de Cabo Frio
navegador Américo Vespúcio,
1989 Cabo Frio Vespuciana – Encontro de
apresenta 10 recomendações em
Civilizações nas Américas
defesa da "identidade cultural".
Recomendação sobre a Definição da cultura tradicional e
salvaguarda da cultura popular. Recomendações para
1989 Paris tradicional popular identificação, conservação,
Conferência Geral da salvaguarda, difusão, proteção e
UNESCO – 25ª Reunião cooperação internacional.
Continuação da Carta de Veneza.
Carta de Lausanne
Definição de patrimônio
Carta para a proteção e a
Anos 90 1990 Lausanne arqueológico. Políticas de
gestão do patrimônio
conservação integrada; Legislação e
arqueológico
economia; Inventário; Intervenções

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no sítio; Preservação e conservação;


Qualificações profissionais.
Carta do Rio
Reafirma a Declaração de
Conferência geral das
Rio de Estocolmo, apresenta 27 princípios
1992 Nações Unidas sobre o
Janeiro sobre questões ambientais e
meio ambiente e o
desenvolvimento sustentável.
desenvolvimento
Conferência de Nara
Considera a diversidade cultural e
Conferência sobre
de patrimônio. Discussão sobre
1994 Nara autenticidade em relação
"valores e autenticidade",
a convenção do
amparados na Carta de Veneza.
Patrimônio Mundial
A necessidade de discutir a questão
da "autenticidade", diante da
realidade regional "de uma cultura
sincretista e de uma cultura de
Carta de Brasília
resistência". Autenticidade e
Documento regional do
1995 Brasília identidade; Autenticidade e
Cone Sul sobre
mensagem; Autenticidade e
autenticidade
contexto; Autenticidade e
materialidade; Graduação da
autenticidade; Conservação da
autenticidade.
Adotada pelo comitê de ministros
em 11 de setembro de 1995, por
ocasião do 543º encontro de vice-
Recomendação nº R (95) 9 minsitros. Conselho da Europa –
Sobre a conservação Comitê de Ministros.
integrada das áreas de Faz referência a outros documentos
1995
paisagens culturais como patrimoniais (alguns não listados
integrantes das políticas aqui). Traz em anexo: definição de
paisagísticas paisagem e paisagem cultural.
Recomendações. "Implementação
de políticas de paisagem" incluindo
paisagem cultural.
Recomendações gerais sobre o uso,
Carta internacional do salvaguarda e exploração do
ICOMOS sobre proteção e "patrimônio subaquático"
1996 Sofia
gestão do patrimônio compreendido em "águas
subaquático interiores, costeiras, mares e
oceanos".
Defende o "pluralismo cultural".
"Sejamos convocados a considerar
Declaração de Sofia
o patrimônio cultural em função do
1996 Sofia XI Assembléia Geral do
contexto geral, levando-se em
ICOMOS
conta a diversidade e a
especificidade das culturas".
Mar del Aponta a "integração cultural"
1997 Documento do Mercosul
Plata como prioridade. Recomendações

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Carta do Mar del Plata para o registro, catalogação, estudo


sobre o patrimônio e difusão do patrimônio intangível.
intangível
"Em comemoração aos 60 anos do
Carta de Fortaleza IPHAN." Responsabilidades do
Patrimônio imaterial: IPHAN: "idenficar, documentar,
1997 Fortaleza
estratégias e formas de proteger, fiscalizar, preservar e
proteção promover o patrimônio cultural
brasileiro."
"A presente decisão tem por
objetivo promover políticas e
Decisão 460 normas comuns para a
Sobre proteção e identificação, registro, proteção,
recuperação de bens conservação, vigilância e resituição
culturais do patrimônio dos bens que integram o patrimônio
1999 Colômbia
arqueológico, histórico, cultural dos países da Comunidade
etnológico, paleantológico Andina e também para conceber e
e artístico da comunidade pôr em prática ações que impeçam
Andina sua importação, exportação e
transferência ilícita entre países-
membros e a terceiros."
Fonte: https://pt.slideshare.net/evanynascimento/cartas-patrimoniais

CADERNOS TÉCNICOS – IPHAN PROJETO MONUMENTA


O Manual integra o conjunto de Cadernos
Técnicos do Programa Monumenta,
elaborados para consolidar e transmitir os
conceitos, normas e preceitos que orientam
a preservação do Patrimônio Histórico e
Artístico protegido pela União (Decreto Lei
nº 25). Foi elaborado para atender,
prioritariamente, aos profissionais que
trabalhavam nos projetos desenvolvidos
pelo Monumenta, envolvendo bens imóveis
protegidos por tombamento federal ou
situados nas áreas adjacentes, e projetos de
intervenção em espaços públicos urbanos
integrantes dessas áreas. Apresenta
orientações para elaboração dos projetos
complementares e a compilação com
adaptações de parte das práticas da
Secretaria de Administração Pública
(Sedap), estabelecidas no Decreto nº
92.100, de 10/12/1985, para possibilitar a
sua aplicação nas obras de intervenção do
patrimônio edificado.

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O Caderno de Encargos descreve alguns


processos construtivos utilizados em obras
de restauro, indicando procedimentos
utilizados em várias regiões do Brasil. A
evolução desses processos liga-se
diretamente à disponibilidade de recursos
materiais existentes em seu entorno, e os
materiais utilizados determinam a
expressão formal das ideias construtivas.
Esta publicação apresenta, entre outras
informações, os preceitos, especificações e
procedimentos que deverão ser
rigorosamente obedecidos durante a
execução de obras de preservação das
edificações que compõem o patrimônio
cultural brasileiro.

Pessoal, esse caderno técnico sobre Caderno de Encargos do IPHAN tem 420 páginas,
mas resume assuntos como: especificações de materiais, procedimentos de execução
de obra, fundações, instalações prediais e, no final, contém um Glossário com termos
que algumas bancas gostam de cobrar.
Contém o dossiê completo e o relatório final
do trabalho da comissão que definiu a Lista
de Prioridades e as fichas dos Sítios e
Conjuntos Históricos Urbanos Nacionais
Tombados das Regiões Norte, Nordeste e
Centro Oeste. Essa comissão também
reuniu subsídios para o trabalho da
comissão especial responsável pela
elaboração da Lista de Prioridades de
Conservação do Monumenta. Foram
definidos os 101 Sítios e Conjuntos
Históricos Urbanos Nacionais e coube ao
Monumenta a elaboração do estudo de
classificação tipológica segundo “narrativas
históricas” elaboradas por professores do
Departamento de História da Universidade
de São Paulo (USP).

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Contém o dossiê completo e o relatório final


do trabalho da comissão que definiu a Lista
de Prioridades e as fichas dos Sítios e
Conjuntos Históricos Urbanos Nacionais
Tombados das Regiões Sul e Sudeste. Essa
comissão também reuniu subsídios para o
trabalho da comissão especial responsável
pela elaboração da Lista de Prioridades de
Conservação do Monumenta. Foram
definidos os 101 Sítios e Conjuntos
Históricos Urbanos Nacionais e coube ao
Monumenta a elaboração do estudo de
classificação tipológica segundo “narrativas
históricas” elaboradas por professores do
Departamento de História da Universidade
de São Paulo (USP).

As edificações típicas do período colonial


brasileiro têm características que as tornam
particularmente vulneráveis a incêndios. O
método proposto pelo professor Antônio
Maria Claret induz à reflexão acerca de
novas formas de prevenção de incêndios em
monumentos históricos, que envolvam
amplos compromissos, das leis e fiscalização
do uso do solo à adesão dos moradores e
usuários dos sítios históricos.

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A construção tradicional brasileira tem na


madeira o seu material mais nobre, ao
contrário do que ocorre na Europa, onde se
alcançou o auge da expressividade artística
com trabalhos de cantaria. Seja no trabalho
de talha e escultura presente nos altares,
retábulos, imagens e forração de paredes e
tetos, seja no trabalho de marcenaria de
portas, soalhos, balaustradas e divisórias
treliçadas, seja, finalmente, na carpintaria
complexa de armação dos extensos
telhados.

Transmite aos interessados as técnicas


tradicionais e avançadas da documentação,
além de mostrar sua evolução ao longo do
tempo, o que se poderia classificar como a
memória do registro da memória. A obra
destinada aos que se dedicam à difícil tarefa
da conservação e da restauração. Todas as
instituições, órgãos e programas que se
ocupam do resgate da memória da
humanidade precisam difundir o
conhecimento dessas técnicas, cujo domínio
se torna ainda mais importante, no Brasil,
onde parcela significativa dos monumentos
e bens de relevante valor histórico, artístico
e arquitetônico ainda não se encontra
devidamente documentada.

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Esta obra tem como objetivo revisar critérios e


avanços técnicos que se têm alcançado na área
da conservação de argamassas e revestimentos
à base de cal visando melhorar as práticas de
intervenção no patrimônio edificado. Há um
interesse crescente na investigação de materiais
compatíveis à conservação e restauração de
edificações históricas, com o objetivo de evitar
intervenções radicais, perdas e danos às valiosas
estruturas patrimoniais. A cal foi um dos
materiais mais importantes na construção e
preservação das alvenarias tradicionais ao longo
de centenas de anos. O manual é um
instrumento inovador e pioneiro que permite
aos moradores e usuários de centros históricos
conservarem os edifícios que compõem o
conjunto urbano protegido. Representa a
possibilidade de atuação para além dos
conjuntos protegidos e dos espaços públicos,
atingindo diretamente as comunidades,
melhorando a vida das pessoas que realmente
fazem os centros históricos.

A mobilidade e a acessibilidade refletem as


múltiplas soluções que as pessoas adotam para
se deslocar no espaço da cidade. Pesquisas
demonstram que - entre as formas de
deslocamento - os percursos a pé são cada vez
mais importantes e, em se tratando de cidades
históricas, com grande presença de turistas,
esse modo de locomoção tem ainda maior
destaque. Nos centros históricos brasileiros, são
frequentes os percursos íngremes, passeios
estreitos, degraus, alguns trajetos inseguros e
automóveis disputando espaço com os
pedestres.
Este Caderno Técnico destina-se aos gestores do
IPHAN, das secretarias estaduais das Cidades e
da Cultura, das prefeituras municipais, e aos
demais interessados no tema da mobilidade,
acessibilidade e qualificação dos espaços
urbanos. Aborda tais temas considerando as
especificidades dos conjuntos urbanos
tombados e de interesse para a preservação, e
apresenta conceitos, princípios e diretrizes
gerais sobre mobilidade e acessibilidade em
centros históricos, além de uma metodologia de
elaboração de Planos de Mobilidade e
Acessibilidade, entre outras informações.

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3 - CONSTITUIÇÃO FEDERAL

TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica,
política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma
comunidade latino-americana de nações.
TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor,
salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar
o patrimônio público;
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de
valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

Art. 30. Compete aos Municípios:


IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e
a ação fiscalizadora federal e estadual.
Seção II
DA CULTURA
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às
fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das
manifestações culturais.
I - defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 48, de 2005)

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Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e


imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira,
nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico.
(Presidência da República, 1988)

4 - DECRETO-LEI N.º 25 DE 30/11/1937


https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0025.htm
Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional.

CAPÍTULO I
DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL
Art. 1º Constitue o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e
imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interêsse público, quer por sua
vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor
arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.
§ 1º Os bens a que se refere o presente artigo só serão considerados parte integrante do
patrimônio histórico ou artístico nacional, depois de inscritos separada ou
agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo, de que trata o art. 4º desta lei.
§ 2º Equiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também sujeitos a
tombamento os monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens que importe
conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados pela natureza ou
agenciados pela indústria humana.
Art. 2º A presente lei se aplica às coisas pertencentes às pessôas naturais, bem como às
pessôas jurídicas de direito privado e de direito público interno.

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Importante ressaltar: os bens só são considerados partes do patrimônio Histórico e Artístico


Nacional depois de serem registrados em algum dos Livros do Tombo.
A quem se aplica essa lei? Às pessoas naturais, às pessoas jurídicas de direito público ou privado.

Equiparam-se aos bens citados nesse artigo:


• Monumentos naturais
• Sítios e paisagens de feição notável
Etnografia é o estudo descritivo da cultura dos povos, sua língua, raça, religião, hábitos etc., como
também das manifestações materiais de suas atividades. É a ciência das etnias. Do grego ethos
(cultura) + graphe (escrita).
Fonte: https://www.significados.com.br/etnografia/

O valor etnográfico no IPHAN é um valor de tombamento que se relaciona à apreensão


da cultura pela coisa material. Diz respeito, portanto, a um valor atribuído a bens
materiais classificados como etnográficos e inscritos no Livro do Tombo Arqueológico,
Etnográfico e Paisagístico – LAEP. Esse valor pode fazer referência a um bem cultural
considerado excepcional por sua unicidade, a exemplo do Estádio do Maracanã (IPHAN,
2000), tombado pela “extraordinária monumentalidade do Estádio Mário Filho e seu
valor simbólico para a quase totalidade do povo brasileiro de todas as regiões e não
apenas os habitantes do Rio de Janeiro” (REIS FILHO, 2000, p. 4). Nesse caso, a unicidade
do bem cultural reside na relação, singular, que “a quase totalidade” da população
brasileira estabelece com essa materialidade específica. O valor etnográfico pode ainda
relacionar-se à exemplaridade do bem quando se observa sua representatividade na
categoria de bem cultural em que está inserido. Este é o caso da Casa Presser (IPHAN,
1985), residência acautelada por se tratar de um exemplar que exibe o uso da técnica
construtiva teuto-brasileira.
Fonte: http://portal.iphan.gov.br/dicionarioPatrimonioCultural/detalhes/34/valor-etnografico

E o que é Patrimônio Arqueológico?

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“Reconhecidos como parte integrante do Patrimônio Cultural Brasileiro pela Constituição


Federal de 1988, em seu artigo 216, os bens de natureza material de valor arqueológico
são definidos e protegidos pela Lei nº 3.924, de 26 de julho de 1961, sendo considerados
bens patrimoniais da União. Também são considerados sítios arqueológicos os locais
onde se encontram vestígios positivos de ocupação humana, os sítios identificados como
cemitérios, sepulturas ou locais de pouso prolongado ou de aldeamento, "estações" e
"cerâmicos”, as grutas, lapas e abrigos sob rocha. além das inscrições rupestres ou locais
com sulcos de polimento, os sambaquis e outros vestígios de atividade humana.”
Fonte: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/315

Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 216, ampliou o conceito de patrimônio estabelecido
pelo Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, substituindo a nominação Patrimônio
Histórico e Artístico, por Patrimônio Cultural Brasileiro. Essa alteração incorporou o conceito de
referência cultural e a definição dos bens passíveis de reconhecimento, sobretudo os de caráter
imaterial. A Constituição estabelece ainda a parceria entre o poder público e as comunidades
para a promoção e proteção do Patrimônio Cultural Brasileiro, no entanto mantém a gestão do
patrimônio e da documentação relativa aos bens sob responsabilidade da administração pública.
Enquanto o Decreto de 1937 estabelece como patrimônio “o conjunto de bens móveis e imóveis
existentes no País e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos
memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico,
bibliográfico ou artístico”, o Artigo 216 da Constituição conceitua patrimônio cultural como
sendo os bens “de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto,
portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira”.
Nessa redefinição promovida pela Constituição, estão as formas de expressão; os modos de criar,
fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos,
edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; os conjuntos
urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico
e científico.

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Art. 3º Exclúem-se do patrimônio histórico e artístico nacional as obras de orígem


estrangeira:
1) que pertençam às representações diplomáticas ou consulares acreditadas no país;
2) que adornem quaisquer veiculos pertencentes a emprêsas estrangeiras, que façam
carreira no país;
3) que se incluam entre os bens referidos no art. 10 da Introdução do Código Civíl, e que
continuam sujeitas à lei pessoal do proprietário;
4) que pertençam a casas de comércio de objetos históricos ou artísticos;
5) que sejam trazidas para exposições comemorativas, educativas ou comerciais:
6) que sejam importadas por emprêsas estrangeiras expressamente para adôrno dos
respectivos estabelecimentos.
Parágrafo único. As obras mencionadas nas alíneas 4 e 5 terão guia de licença para livre
trânsito, fornecida pelo Serviço ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

O artigo 3º trata dos casos de exclusão do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional de obras de
origem estrangeira.

CAPÍTULO II
DO TOMBAMENTO
Art. 4º O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional possuirá quatro Livros do
Tombo, nos quais serão inscritas as obras a que se refere o art. 1º desta lei, a saber:
1) no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, as coisas pertencentes às
categorias de arte arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular, e bem assim as
mencionadas no § 2º do citado art. 1º.
2) no Livro do Tombo Histórico, as coisas de interêsse histórico e as obras de arte histórica;
3) no Livro do Tombo das Belas Artes, as coisas de arte erudita, nacional ou estrangeira;
4) no Livro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que se incluírem na categoria das
artes aplicadas, nacionais ou estrangeiras.
§ 1º Cada um dos Livros do Tombo poderá ter vários volumes.

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§ 2º Os bens, que se inclúem nas categorias enumeradas nas alíneas 1, 2, 3 e 4 do


presente artigo, serão definidos e especificados no regulamento que for expedido para
execução da presente lei.

Talvez vocês tenham a mesma dificuldade que eu tive para diferenciar Belas Artes de Artes
Aplicadas. Não acredito que isso seja cobrado em provas, mas, fiz uma pesquisa e achei esse slide
para ajudar na nossa compreensão: (Fonte: Google)

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Fiz o mapa mental acima com as fotografias que foram inseridas para caracterizar cada Livro do
Tombo no site do IPHAN.
1. Mercado.
2. Igreja Matriz de Santo Antônio, construída em Lapa (PR), entre 1769 e 1787. Exemplar da
arquitetura luso-brasileira.
3. Os Profetas, conjunto de estátuas, Congonhas (MG), Santuário do Senhor Bom Jesus de
Matozinhos. Criado por um dos maiores artistas brasileiros - Antônio Francisco Lisboa, o
Aleijadinho.
4. Cristo que compõe o acervo do Museu das Missões, em São Miguel das Missões (RS).

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LIVROS DO TOMBO

Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, onde são inscritos


os bens culturais em função do valor arqueológico, relacionado a vestígios
da ocupação humana pré-histórica ou histórica; de valor etnográfico ou de
referência para determinados grupos sociais; e de valor paisagístico,
englobando tanto áreas naturais, quanto lugares criados pelo homem aos
quais é atribuído valor à sua configuração paisagística, a exemplo de
jardins, mas também cidades ou conjuntos arquitetônicos que se
destaquem por sua relação com o território onde estão implantados.

Livro do Tombo Histórico, onde são inscritos os bens culturais em função


do seu valor histórico. É formado pelo conjunto dos bens móveis e imóveis
existentes no Brasil e cuja conservação seja de interesse público por sua
vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil. Esse Livro, para melhor
condução das ações do Iphan, reúne, especificamente, os bens culturais em
função do seu valor histórico que se dividem em bens imóveis (edificações,
fazendas, marcos, chafarizes, pontes, centros históricos, por exemplo) e
móveis (imagens, mobiliário, quadros e xilogravuras, entre outras peças).

Livro do Tombo das Belas Artes, onde são inscritos os bens culturais em
função do seu valor artístico. O termo belas-artes é aplicado às artes de
caráter não utilitário, opostas às artes aplicadas e às artes decorativas. Para
a História da Arte, as belas artes imitam a beleza natural e são consideradas
diferentes daquelas que combinam beleza e utilidade.

Livro do Tombo das Artes Aplicadas, onde são inscritos os bens culturais em
função do seu valor artístico, associado à sua função utilitária. Essa
denominação (em oposição às belas artes) se refere à produção artística
que se orienta para a criação de objetos, peças e construções utilitárias:
alguns setores da arquitetura, das artes decorativas, design, artes gráficas
e mobiliário, por exemplo. Desde o século XVI, as artes aplicadas estão
presentes em bens de diferentes estilos arquitetônicos.

Fonte: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/608

Art. 5º O tombamento dos bens pertencentes à União, aos Estados e aos Municípios se
fará de ofício, por ordem do diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, mas deverá ser notificado à entidade a quem pertencer, ou sob cuja guarda
estiver a coisa tombada, afim de produzir os necessários efeitos.
Art. 6º O tombamento de coisa pertencente à pessôa natural ou à pessôa jurídica de
direito privado se fará voluntária ou compulsóriamente.
Art. 7º Proceder-se-à ao tombamento voluntário sempre que o proprietário o pedir e a
coisa se revestir dos requisitos necessários para constituir parte integrante do patrimônio

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histórico e artístico nacional, a juízo do Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio


Histórico e Artístico Nacional, ou sempre que o mesmo proprietário anuir, por escrito, à
notificação, que se lhe fizer, para a inscrição da coisa em qualquer dos Livros do Tombo.
Art. 8º Proceder-se-á ao tombamento compulsório quando o proprietário se recusar a
anuir à inscrição da coisa.
Art. 9º O tombamento compulsório se fará de acôrdo com o seguinte processo:
1) o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, por seu órgão competente,
notificará o proprietário para anuir ao tombamento, dentro do prazo de quinze dias, a
contar do recebimento da notificação, ou para, si o quisér impugnar, oferecer dentro do
mesmo prazo as razões de sua impugnação.
2) no caso de não haver impugnação dentro do prazo assinado. que é fatal, o diretor do
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mandará por símples despacho que
se proceda à inscrição da coisa no competente Livro do Tombo.
3) se a impugnação for oferecida dentro do prazo assinado, far-se-á vista da mesma,
dentro de outros quinze dias fatais, ao órgão de que houver emanado a iniciativa do
tombamento, afim de sustentá-la. Em seguida, independentemente de custas, será o
processo remetido ao Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, que proferirá decisão a respeito, dentro do prazo de sessenta dias, a contar do
seu recebimento. Dessa decisão não caberá recurso.
Art. 10. O tombamento dos bens, a que se refere o art. 6º desta lei, será considerado
provisório ou definitivo, conforme esteja o respectivo processo iniciado pela notificação
ou concluído pela inscrição dos referidos bens no competente Livro do Tombo.
Parágrafo único. Para todas os efeitos, salvo a disposição do art. 13 desta lei, o
tombamento provisório se equiparará ao definitivo.

• O tombamento de bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público será feito de


ofício.
• O tombamento de bens pertencentes à pessoa natural ou à pessoa jurídica de direito privado
será feito voluntariamente ou compulsoriamente.
• Voluntariamente: a pedido do proprietário ou com sua anuência por escrito quando
notificado.
• Compulsoriamente: quando o proprietário se recusar a anuir à inscrição da coisa.
• A contar do recebimento da notificação, o proprietário tem 15 dias para anuir ou impugnar,
caso contrário, a inscrição será feita por simples despacho no Livro do Tombo.
• Quanto à decisão do Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional não haverá recurso.
• Tombamento provisório: iniciação do processo pela notificação.
• Tombamento definitivo: inscrição no Livro do Tombo.

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CAPÍTULO III
DOS EFEITOS DO TOMBAMENTO
Art. 11 As coisas tombadas, que pertençam à União, aos Estados ou aos Municípios,
inalienáveis por natureza, só poderão ser transferidas de uma à outra das referidas
entidades.
Parágrafo único. Feita a transferência, dela deve o adquirente dar imediato
conhecimento ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Art. 12. A alienabilidade das obras históricas ou artísticas tombadas, de propriedade de
pessôas naturais ou jurídicas de direito privado sofrerá as restrições constantes da
presente lei.
Art. 13. O tombamento definitivo dos bens de propriedade partcular será, por iniciativa
do órgão competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, transcrito
para os devidos efeitos em livro a cargo dos oficiais do registro de imóveis e averbado ao
lado da transcrição do domínio.
§ 1º No caso de transferência de propriedade dos bens de que trata êste artigo, deverá o
adquirente, dentro do prazo de trinta dias, sob pena de multa de dez por cento sôbre o
respectivo valor, fazê-la constar do registro, ainda que se trate de transmissão judicial
ou causa mortis.
§ 2º Na hipótese de deslocação de tais bens, deverá o proprietário, dentro do mesmo
prazo e sob pena da mesma multa, inscrevê-los no registro do lugar para que tiverem sido
deslocados.
§ 3º A transferência deve ser comunicada pelo adquirente, e a deslocação pelo
proprietário, ao Serviço do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional, dentro do mesmo
prazo e sob a mesma pena.
Art. 14. A. coisa tombada não poderá saír do país, senão por curto prazo, sem
transferência de domínio e para fim de intercâmbio cultural, a juízo do Conselho
Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional.

• O adquirente de bem tombado deverá fazer constar a transferência no registro.


• O deslocamento de bem tombado deverá ser comunicado pelo proprietário.
• A regra é que o bem tombado não saia do país. Exceção: curto espaço de tempo + sem
transferência de domínio + para fins de intercâmbio cultural. E ainda a juízo do Conselho
Consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

CAPÍTULO III
DOS EFEITOS DO TOMBAMENTO
Art. 15 Tentada, a não ser no caso previsto no artigo anterior, a exportação, para fora do
país, da coisa tombada, será esta sequestrada pela União ou pelo Estado em que se
encontrar.
§ 1º Apurada a responsábilidade do proprietário, ser-lhe-á imposta a multa de cincoenta
por cento do valor da coisa, que permanecerá sequestrada em garantia do pagamento,
e até que êste se faça.
§ 2º No caso de reincidência, a multa será elevada ao dôbro.

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§ 3º A pessôa que tentar a exportação de coisa tombada, alem de incidir na multa a que
se referem os parágrafos anteriores, incorrerá, nas penas cominadas no Código Penal
para o crime de contrabando.
Art. 16. No caso de extravio ou furto de qualquer objéto tombado, o respectivo
proprietário deverá dar conhecimento do fáto ao Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional, dentro do prazo de cinco dias, sob pena de multa de dez por cento
sôbre o valor da coisa.
Art. 17. As coisas tombadas não poderão, em caso nenhum ser destruidas, demolidas ou
mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio Histórico e
Artistico Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob pena de multa de
cincoenta por cento do dano causado.
Parágrafo único. Tratando-se de bens pertencentes á União, aos Estados ou aos
municípios, a autoridade responsável pela infração do presente artigo incorrerá
pessoalmente na multa.
Art. 18. Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou
reduza a visibílidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada
destruir a obra ou retirar o objéto, impondo-se nêste caso a multa de cincoenta por cento
do valor do mesmo objéto.
Art. 19. O proprietário de coisa tombada, que não dispuzer de recursos para proceder às
obras de conservação e reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento do
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das mencionadas
obras, sob pena de multa correspondente ao dobro da importância em que fôr avaliado
o dano sofrido pela mesma coisa.
§ 1º Recebida a comunicação, e consideradas necessárias as obras, o diretor do Serviço
do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional mandará executá-las, a expensas da União,
devendo as mesmas ser iniciadas dentro do prazo de seis mezes, ou providenciará para
que seja feita a desapropriação da coisa.
§ 2º À falta de qualquer das providências previstas no parágrafo anterior, poderá o
proprietário requerer que seja cancelado o tombamento da coisa. (Vide Lei nº 6.292,
de 1975)
§ 3º Uma vez que verifique haver urgência na realização de obras e conservação ou
reparação em qualquer coisa tombada, poderá o Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional tomar a iniciativa de projetá-las e executá-las, a expensas da União,
independentemente da comunicação a que alude êste artigo, por parte do proprietário.
Art. 20. As coisas tombadas ficam sujeitas à vigilância permanente do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que poderá inspecioná-los sempre que fôr
julgado conveniente, não podendo os respectivos proprietários ou responsáveis criar
obstáculos à inspeção, sob pena de multa de cem mil réis, elevada ao dôbro em caso de
reincidência.
Art. 21. Os atentados cometidos contra os bens de que trata o art. 1º desta lei são
equiparados aos cometidos contra o patrimônio nacional.
DISPOSIÇÕES GERAIS

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Art. 23. O Poder Executivo providenciará a realização de acôrdos entre a União e os


Estados, para melhor coordenação e desenvolvimento das atividades relativas à proteção
do patrimônio histórico e artistico nacional e para a uniformização da legislação estadual
complementar sôbre o mesmo assunto.
Art. 24. A União manterá, para a conservação e a exposição de obras históricas e
artísticas de sua propriedade, além do Museu Histórico Nacional e do Museu Nacional de
Belas Artes, tantos outros museus nacionais quantos se tornarem necessários, devendo
outrossim providênciar no sentido de favorecer a instituição de museus estaduais e
municipais, com finalidades similares.
Art. 25. O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional procurará entendimentos
com as autoridades eclesiásticas, instituições científicas, históricas ou artísticas e pessôas
naturais o jurídicas, com o objetivo de obter a cooperação das mesmas em benefício do
patrimônio histórico e artístico nacional.
Art. 26. Os negociantes de antiguidades, de obras de arte de qualquer natureza, de
manuscritos e livros antigos ou raros são obrigados a um registro especial no Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, cumprindo-lhes outrossim apresentar
semestralmente ao mesmo, relações completas das coisas históricas e artísticas que
possuírem.
Art. 27. Sempre que os agentes de leilões tiverem de vender objetos de natureza idêntica
à dos mencionados no artigo anterior, deverão apresentar a respectiva relação ao órgão
competente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, sob pena de
incidirem na multa de cincoenta por cento sôbre o valor dos objetos vendidos.

5 - CARTA DE ATENAS - 1931


http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Carta%20de%20Atenas%201931.pdf (SOCIEDADE das Nações,
1931)

Recomendo a leitura da Carta.


A Carta de Atenas (1931) reflete a preocupação internacional para com diretrizes comuns
relacionadas à conservação do patrimônio cultural mundial. Diante da diversidade dos casos,
predominou uma tendência para princípios gerais que dentre eles Cristina Coelho salienta os
seguintes em sua dissertação de mestrado:
- As doutrinas e princípios gerais da restauração, afirmando a particularidade de cada monumento
no que se refere à solução proposta (cada caso merece uma análise [ou ação] específica); a
utilização dos edifícios monumentais de modo a garantir a continuidade de sua vida.
- A administração e legislação dos monumentos históricos, consagrando o direito da coletividade
sobre a propriedade privada e a necessidade de proteger os monumentos de interesse histórico,
artístico ou científico, pertencentes às diferentes nações.

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- A valorização dos monumentos quanto ao entorno, garantindo a ambiência e as perspectivas


principais.
- Os materiais de restauração e a utilização de materiais e técnicas modernas, sem alteração do
aspecto e do caráter do edifício a ser restaurado.
- A deterioração dos monumentos pelos agentes atmosféricos requer aprofundamento das
pesquisas nas áreas das ciências físicas, químicas e naturais.
- A técnica da conservação deve ser definida a partir de análises criteriosas das causas dos degrados.
- A conservação de monumentos e a colaboração internacional, definindo meios de cooperação
técnica e moral; definindo o papel da educação e o respeito aos monumentos, e a utilidade de uma
documentação internacional para a prática preservacionista de cada nação.
- “anastilose” dos monumentos da Acrópole. Recomenda a técnica da anastilose como a
intervenção ideal para a conservação de ruínas.
É o processo de desmonte e remonte, ou apenas de remontagem, de uma edificação (ou parte desta)
a partir da identificação, seleção, classificação e ordenamento de suas partes. Em Arqueologia é,
basicamente, um estudo de “como era e onde estava”. No caso de intervenções de salvamento nesta
era digital é indispensável a utilização de ferramentas de representação em 3D e holográficas antes
de se proceder ações diretas efetivas nos componentes construtivos do monumento.
Fonte: http://gestaoderestauro.blogspot.com.br/

Trago na íntegra, o resumo sobre a Carta de Atenas que consta em “Cartas do Restauro
– Fundamentação Teórica do Restauro”:
https://5cidade.files.wordpress.com/2008/04/fundamentacao-teorica-do-restauro.pdf

A Conferência, convicta de que a conservação do património artístico e arqueológico da


humanidade interessa a todos os Estados tutores da civilização, deseja que os Estados se
prestem reciprocamente uma colaboração, sempre mais completa e concreta, para o
favorecimento da conservação dos monumentos da arte e da história; tem por altamente
desejável que as instituições e os grupos qualificados, sem beliscarem minimamente o
direito internacional, possam manifestar o seu interesse pela salvaguarda das obras-
primas pelas quais a civilização encontrou a sua mais alta expressão e que pareçam
ameaçadas; emite o voto de que os pedidos, para este efeito, sejam propostos à
Organização para a Cooperação Intelectual, após investigação feita pela Organização
Internacional dos Museus e por preocupação voluntária dos próprios Estados. Competirá
à Comissão Internacional para a Cooperação Intelectual, após pedido feito à Organização
Internacional dos Museus, e depois de ter recolhido, dos seus órgãos locais, todas as
informações úteis, pronunciar-se sobre a oportunidade dos passos a serem cumpridos e
sobre os procedimentos a serem seguidos em cada caso particular.
Conferência elaborou os princípios gerais e as doutrinas respeitantes à protecção dos
monumentos. Constatou também que, pela diversidade dos casos especiais a que podem
corresponder soluções particulares, predomina nos vários Estados representados uma
tendência geral para se abandonarem as restituições integrais e para se evitarem os
riscos, mediante a instituição de manutenções regulares e permanentes destinadas à

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garantia da conservação dos edifícios. No caso de ser igualmente indispensável um


restauro, em consequência de uma degradação ou de uma destruição, recomenda que se
respeite a obra histórica e artística do passado, sem se proscrever o estilo de nenhuma
época. A Conferência recomenda que se mantenha, quando tal for possível, a ocupação
dos monumentos que melhor lhes assegure a sua continuidade vital, desde que essa
moderna utilização seja capaz de respeitar o respectivo carácter histórico e artístico.
A Conferência recomendou a divulgação da legislação que tenha por objectivo, nas
diferentes nações, a protecção dos monumentos de interesse histórico, artístico ou
científico; aprovou unanimemente a tendência geral que consagra, desta forma, um
direito da colectividade que se sobrepõe ao interesse privado. E constatou que a diferença
entre essas legislações provém das dificuldades em se conciliar o direito público com o
direito dos privados; e, em consequência, aprovando a tendência geral, estima que essa
legislação deve ser apropriada às circunstâncias locais e ao estado da opinião pública,
por forma a encontrar a menor oposição possível e a ter em conta os sacrifícios que os
proprietários sofrem a favor do interesse geral.
Emitiu o voto de que, em todos os Estados, a autoridade pública seja investida do poder
para tomar medidas conservativas nos casos urgentes. Por fim, desejou que a
Organização Internacional dos Museus Públicos tenha actualizada uma recolha e uma
relação comparada da legislação vigente nos diferentes Estados, sobre este assunto.
A Conferência constata com satisfação que os princípios e as técnicas expostas nas
diferentes comunicações particulares se inspiram numa tendência comum, ou seja :
quando se trata de ruínas, mas se impõe uma conservação escrupulosa, e, quando as
condições o permitem, é trabalho feliz a devolução aos seus lugares dos elementos
originais encontrados (anastilose); e que os materiais novos necessários para este
objectivo devem ser sempre reconhecíveis. Quando, pelo contrário, a conservação de
ruínas, postas à vista por uma escavação, for reconhecidamente impossível, será
aconselhável, em vez de a votar à destruição, enterrá-la novamente, depois, bem certo,
de terem sido tomados registos precisos.
É bem evidente que a técnica das escavações e a conservação dos vestígios impõem a
estreita colaboração entre o arqueólogo e o arquitecto. Quanto aos outros monumentos,
os especialistas, reconhecendo que cada caso se apresenta com um carácter especial,
encontraram-se de acordo em aconselharem, antes de qualquer obra de consolidação ou
de restauro parcial, a realização de uma investigação escrupulosa das patologias a que
compete trazer remédio.
Os especialistas apresentaram várias comunicações relativas ao emprego de materiais
modernos para a consolidação dos edifícios antigos, e aprovaram o emprego judicioso de
todos os recursos da técnica moderna, e mais especialmente do betão armado.
Exprimiram o parecer de que, normalmente, estes meios de reforço devem ser
dissimulados, para não alterarem o aspecto e o carácter do edifício que se vai restaurar;
e recomendaram o seu emprego, especialmente nos casos em que este permita conservar
os elementos in situ, evitando-se os riscos da desmontagem e da reconstrução.

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A Conferência constatou que, nas condições da vida moderna, os monumentos do mundo


inteiro se encontram sempre mais ameaçados pelos agentes exteriores; e, assim, não
podendo formular regras gerais que se adaptem à complexidade dos casos, recomenda:
1) a colaboração, em todos os países, dos conservadores de monumentos e dos
arquitectos com os representantes das ciências física, química e naturais para reunirem
resultados seguros, sempre com maior aplicação;
2) a difusão, pela Organização Internacional dos Museus, desses resultados, por meio de
notícias sobre os trabalhos empreendidos nos diversos Países e a sua regular publicação.
A Conferência, tendo em consideração a salvaguarda da escultura monumental,
considera que a exportação das obras a partir do quadro onde foram criadas é, como
princípio, de ser considerada como inoportuna. Recomendou, a título de precaução, a
conservação dos modelos originais quando ainda existam, e a execução de reproduções
quando aqueles estejam em falta.
A Conferência recomenda que se respeite, na construção dos edifícios, o carácter e a
fisionomia da cidade, especialmente na proximidade dos monumentos antigos, pelo que
o ambiente deve ser objecto de cuidados especiais. Igual respeito deve ser tido pelas
paisagens particularmente pitorescas. Podem, ainda, ser objectos de estudo as
plantações e a ornamentação vegetal anexas a certos monumentos, para lhes
conservarem o seu carácter de antigos. Recomendou, sobretudo, a supressão de qualquer
publicidade, de qualquer sobreposição abusiva de postes e de fios telegráficos, de
qualquer indústria ruidosa e invasiva, na proximidade dos monumentos de arte e de
história.
A Conferência emitiu o voto:
1. de que os vários Estados, que tenham as suas próprias instituições criadas ou
reconhecidas competentes para este fim, publiquem um inventário dos monumentos
históricos nacionais acompanhado de fotografias e notícias;
2. que cada Estado crie um arquivo onde fiquem conservados os documentos relativos
aos seus monumentos históricos;
3. que a Organização Internacional dos Museus dedique, nas suas publicações, alguns
artigos sobre os procedimentos e os métodos de conservação dos monumentos
históricos;
4. que uma Organização apropriada estude a melhor difusão e utilização das indicações
e dos dados arquitectónicos, históricos e técnicos assim centralizados.
Os membros da Conferência, depois de terem visitado, no decurso dos seus trabalhos e
do cruzeiro de estudo realizado, alguns dos principais campos de escavação e dos
monumentos da antiga Grécia, foram unanimes em renderem homenagem ao Governo
helénico, que desde há muitos anos vem garantindo esse mesmo objectivo de realização
de trabalhos consideráveis, e aceitou a colaboração dos arqueólogos e dos especialistas
de todos os países. Viram aqui um exemplo que só pode contribuir para a concretização

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dos objectivos de cooperação intelectual, da qual se mostrou tão viva a necessidade no


decurso dos seus trabalhos.
A Conferência, profundamente convicta de que a melhor garantia para a conservação dos
monumentos e das obras de arte provém do afecto e do respeito do povo, e considerando
que estes sentimentos podem ser bastante favorecidos por uma apropriada acção dos
poderes públicos, emitiu o voto de que os educadores tenham a principal preocupação
em habituarem as crianças e a juventude a absterem-se de quaisquer actos que possam
degradar os monumentos e os eduquem a entenderem o significado e o interesse, mais
gerais, da protecção dos testemunhos de todas as civilizações.

6 - CARTA DE VENEZA - 1964


http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Carta%20de%20Veneza%201964.pdf
A Carta de Veneza começa assim:

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Segundo Márcia Braga, a situação do pós-guerra europeu resultará num consenso explicitado
através da Carta de Veneza (1964), que ratifica e desenvolve conceitos da Carta de Atenas. Dezesseis
artigos compõem as resoluções deste encontro, que resumiremos a seguir:
• O monumento é inseparável do meio onde se encontra. O entorno do monumento também
deve ser mantido.
• A restauração é uma atividade interdisciplinar composta de: análise histórica crítica ou
arqueológica da obra, contextualização museológica, avaliação técnica de materiais que
atuem na nova situação.
• O programa atual da edificação deve adequar-se à sua estrutura sem alterá-la
substancialmente, com uso de técnicas modernas que devem ser reconhecíveis.
• Conservar e revelar os valores estéticos e assim respeitar as contribuições de todas as
épocas, não objetivando uma unidade estilística.
• Todo trabalho de reconstrução deve ser evitado, sendo recomendado somente a anastilose.
• A documentação dos trabalhos deve ser analítica, crítica e com fotografias. Tais relatórios
devem também anteceder a restauração.
Segue a Carta de Veneza na íntegra:

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Definições
Artigo 1º
A noção de monumento histórico compreende a criação arquitetônica isolada, bem como
o sítio urbano ou rural que dá testemunho de uma civilização particular, de uma evolução
significativa ou de um acontecimento histórico. Estende-se não só às grandes criações,
mas também às obras modestas, que tenham adquirido, com o tempo, uma significação
cultural.
Artigo 2º
A conservação e a restauração dos monumentos constituem uma disciplina que reclama
a colaboração de todas as ciências e técnicas que possam contribuir para o estudo e a
salvaguarda do patrimônio monumental.
Finalidade
Artigo 3º
A conservação e a restauração dos monumentos visam a salvaguardar tanto a obra de
arte quanto o testemunho histórico.
Conservação
Artigo 4º
A conservação dos monumentos exige, antes de tudo, manutenção permanente.
Artigo 5º
A conservação dos monumentos é sempre favorecida por sua destinação a uma função
útil à sociedade; tal destinação é, portanto, desejável, mas não pode nem deve alterar a
disposição ou a decoração dos edifícios. É somente dentro destes limites que se devem
conceber e se podem autorizar as modificações exigidas pela evolução dos usos e
costumes.
Artigo 6º
A conservação de um monumento implica a preservação de um esquema em sua escala.
Enquanto subsistir, o esquema tradicional será conservado, e toda construção nova, toda
destruição e toda modificação que poderiam alterar as relações de volumes e de cores
serão proibidas.
Artigo 7°
O monumento é inseparável da história de que é testemunho e do meio em que se situa.
Por isso, o deslocamento de todo o monumento ou de parte dele não pode ser tolerado,
exceto quando a salvaguarda do monumento o exigir ou quando o justificarem razões de
grande interesse nacional ou internacional.
Artigo 8°
Os elementos de escultura, pintura ou decoração que são parte integrante do
monumento não lhes podem ser retirados a não ser que essa medida seja a única capaz
de assegurar sua conservação.
Restauração
Artigo 9º
A restauração é uma operação que deve ter caráter excepcional. Tem por objetivo
conservar e revelar os valores estéticos e históricos do monumento e fundamenta-se no
respeito ao material original e aos documentos autênticos. Termina onde começa a

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hipótese; no plano das reconstituições conjeturais, todo trabalho complementar


reconhecido como indispensável por razões estéticas ou técnicas destacar-se-á da
composição arquitetônica e deverá ostentar a marca do nosso tempo. A restauração será
sempre precedida e acompanhada de um estudo arqueológico e histórico do monumento.
Artigo 10º
Quando as técnicas tradicionais se revelarem inadequadas, a consolidação do
monumento pode ser assegurada com o emprego de todas as técnicas modernas de
conservação e construção cuja eficácia tenha sido demonstrada por dados científicos e
comprovada pela experiência.
Artigo 11º
As contribuições válidas de todas as épocas para a edificação do monumento devem ser
respeitadas, visto que a unidade de estilo não é a finalidade a alcançar no curso de uma
restauração, a exibição de uma etapa subjacente só se justifica em circunstâncias
excepcionais e quando o que se elimina é de pouco interesse e o material que é revelado
é de grande valor histórico, arqueológico, ou estético, e seu estado de conservação é
considerado satisfatório. O julgamento do valor dos elementos em causa e a decisão
quanto ao que pode ser eliminado não podem depender somente do autor do projeto.
Artigo 12º
Os elementos destinados a substituir as partes faltantes devem integrar-se
harmoniosamente ao conjunto, distinguindo-se, todavia, das partes originais a fim de que
a restauração não falsifique o documento de arte e de história.
Artigo 13º
Os acréscimos só poderão ser tolerados na medida em que respeitarem todas as partes
interessantes do edifício, seu esquema tradicional, o equilíbrio de sua composição e suas
relações com o meio ambiente.
Sítios Monumentais
Artigo 14º
Os sítios monumentais devem ser objeto de cuidados especiais que visem a salvaguardar
sua integridade e assegurar seu saneamento, sua manutenção e valorização. Os
trabalhos de conservação e restauração que neles se efetuarem devem inspirar-se nos
princípios enunciados nos artigos precedentes.
Escavações
Artigo 15º
Os trabalhos de escavação devem ser executados em conformidade com padrões
científicos e com a "Recomendação Definidora dos Princípios Internacionais a serem
aplicados em Matéria de Escavações Arqueológicas", adotada pela Unesco em 1956.
Devem ser asseguradas as manutenções das ruínas e as medidas necessárias à
conservação e proteção permanente dos elementos arquitetônicos e dos objetos
descobertos. Além disso, devem ser tomadas todas as iniciativas para facilitar a
compreensão do monumento trazido à luz sem jamais deturpar seu significado.
Todo trabalho de reconstrução deverá, portanto, deve ser excluído a priori, admitindo-se
apenas a anastilose, ou seja, a recomposição de partes existentes, mas desmembradas.
Os elementos de integração deverão ser sempre reconhecíveis e reduzir-se ao mínimo

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necessário para assegurar as condições de conservação do monumento e restabelecer a


continuidade de suas formas.
Documentação e Publicações
Artigo 16º
Os trabalhos de conservação, de restauração e de escavação serão sempre
acompanhados pela elaboração de uma documentação precisa sob a forma de relatórios
analíticos e críticos, ilustrados com desenhos e fotografias. Todas as fases dos trabalhos
de desobstrução, consolidação recomposição e integração, bem como os elementos
técnicos e formais identificados ao longo dos trabalhos serão ali consignados. Essa
documentação será depositada nos arquivos de um órgão público e posta à disposição
dos pesquisadores; recomenda-se sua publicação.

7 - NORMAS DE QUITO - 1967


http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Normas%20de%20Quito%201967.pdf
(Organização dos Estados Americanos, 1967)

Países participantes: Brasil, Equador, Estados Unidos da América, Guatemala, Espanha, México,
Peru, República Dominicana e Venezuela.
Trago direto, um resumo de Marcia Braga, do Livro Conservação e Restauro:
“A Conferência de Quito (1967) procura adequar os princípios da Carta de Veneza às
culturas latino americanas valorizando também o acervo sociológico e o folclore nacional.
Dentre as recomendações propostas salientaremos aquelas que são mais específicas ao
continente sul americano:
- investigação histórica nos arquivos espanhóis e portugueses;
- que seja redigido novo documento substituindo o ‘Tratado Interamericano sobre a
proteção de bens móveis’ (1935), que seja capaz de reduzir os riscos do comércio ilícito;
- que sejam criados cursos com bolsas de estudos para formação de pessoal capacitado
à conservação e preservação;

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- que o turismo seja incentivado de forma a valorizar e desenvolver as localidades;


As funções dos Estados seriam de:
- ter uma legislação adequada à preservação,
- que decisões seriam tomadas por um órgão centralizado que contaria com uma equipe
técnica e com auxílio de especialistas estrangeiros;
- que planos nacionais de ação deveriam ser integrados regionalmente;
- que fomentasse uma consciência pública para preservação e conservação.”
De acordo com Marcia Sant’Anna, as Normas de Quito, da Reunião sobre Conservação e Utilização
de Monumentos e Lugares de Interesse Histórico e Artístico, promovida pelo Departamento de
Assuntos Culturais da Organização dos Estados Americanos (OEA) em 1967, são basilares para o
entendimento da prática instituída em torno dessas noções no Brasil.
No documento de Quito, define-se o patrimônio arquitetônico e urbano como insumo fundamental
das políticas de desenvolvimento do turismo na América Latina – atividade, por sua vez, vista como
a mais adequada para dar uso contemporâneo a essas estruturas e promover a sua conservação em
bases sustentáveis.

8 - CARTA DO RESTAURO – 1972 (ITÁLIA)


http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Carta%20do%20Restauro%201972.pdf
(Governo Itália, 1972)
“Alguns anos mais tarde, acompanhado por uma circular (n.º 117 de 6 de Abril de 1972),
foi publicado o texto da Carta Italiana do Restauro, com uma relação introdutória e
quatro anexos respeitantes à execução dos restauros arqueológicos, arquitectónicos,
pictóricos e escultóricos, bem como sobre a tutela dos centros históricos.
Nos doze artigos dessa Carta, em que reconhece preponderante, senão exclusiva, a mão
de Cesare Brandi, são definidos inicialmente os objectos interessados pela acção de
salvaguarda e restauro: essa acção estende-se desde as simples obras de arte (Art.º 1.º)
aos complexos de edifícios com interesse monumental, histórico ou ambiental, aos
centros históricos, às colecções artísticas, aos mobiliários, aos jardins, aos parques (Art.º
2.º) e aos vestígios antigos descobertos em pesquissa terrestres e subaquáticas (Art.º
3.º).
Pela palavra “salvaguarda” compreende-se o conjunto de intervenções de conservação
não directamente efectuadas sobre a obra; por “restauro” entende-se, pelo contrário,
“qualquer intervenção destinada a manter em estado de eficiência, a facilitar a leitura e
a transmitir ao futuro as obras objecto de tutela” (Art.º 4.º).
Seguem-se, nos Artigos 6.º e 7.º, indicações detalhadas sobre intervenções “proibidas”
em qualquer obra de arte (complementação “ao estilo”, remoções ou recolocações em

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lugares diferentes dos originais, alterações das condições acessórias, alterações ou


remoções da patine) e sobre as “toleradas” (adições por razões estáticas e reintegrações
de pequenas partes historicamente acertadas, limpezas, anastilose, novas
sistematizações de obras, quando estas não existam ou quando tenha sido destruído o
ambiente ou a sistematização original).
É novidade o interesse pelos danos provocados pela poluição atmosférica e pelas
condições termo-higrométricas: as intervenções não devem alterar a matéria nem a cor
das superfícies da obra de arte. Falta, no entanto, uma observação sobre as causas e
sobre as eventuais acções destinadas a se evitarem estes danos.”
Fonte: Cartas do Restauro – Fundamentação Teórica do Restauro
A Carta do Restauro foi elaborada em 1972 pelo Ministério da Instrução Pública da Itália. São 12
artigos que descrevem diretrizes para intervenções de restauração em todos os tipos de obra de
arte, desde monumentos arquitetônicos, pinturas e esculturas a conjunto de edifícios de interesse
monumental, histórico ou ambiental, centros históricos, coleções artísticas e jardins de especial
importância.
Neste documento, a restauração é definida como qualquer intervenção, não necessariamente
direta, a fim de manter em funcionamento, facilitar a leitura e transmitir integralmente as obras
anteriormente citadas. São descritas todas as diretrizes, etapas, responsabilidades, trabalhos,
técnicas e programas para a preservação e restauração de bens históricos, artísticos e culturais
(IPHAN – Carta do Restauro, 1972).

9 - CARTA DE BURRA – 1980 (AUSTRÁLIA)


http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Carta%20de%20Burra%201980.pdf (ICOMOS,
1980)

Não deixe de ler a Carta!


Baseada nos conhecimentos dos membros do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios
(ICOMOS), a Carta de Burra segue linhas de orientação e conservação e gestão dos sítios com
significado cultural. Escrita na Austrália, ela reconhece a necessidade de envolver pessoas nos
processos de formação das decisões.
Com 29 artigos, a Carta aborda questões relacionadas às definições de conceitos, conservação e
preservação por meio de manutenção e restauração, reconstrução (dadas às exceções,
circunstâncias e características de elementos a serem implantados e mantidos) e procedimentos de
intervenção (IPHAN – Carta de Burra, 1980).
A Carta de Burra, de 1980, redefine vários termos de aplicação corrente no campo, sendo
“preservação” definida como “manutenção no estado da substância de um bem” e como
“desaceleração do processo pelo qual ele se degrada”, ou seja, o termo é também reduzido a uma

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intervenção física no bem cultural, localizada entre a restauração e a conservação e limitada à


estabilização da substância existente. (Marcia Sant’Anna)
A Carta de Burra, é uma carta do ICOMOS de 1980, traz várias definições, não utiliza o termo
“patrimônio urbano”, porém o faz indiretamente ao definir o que é um bem: “O termo bem
designará um local, uma zona, um edifício ou outra obra construída, ou um conjunto de edificações
ou outras obras que possuam uma significação cultural, compreendidos, em cada caso, o conteúdo
e o entorno a que pertence.” E acrescenta: “(...) o termo significação cultural designará o valor
estético, histórico, científico ou social de um bem para as gerações passadas, presentes ou futuras.”.
Diferentemente da UNESCO, não se fala nesta carta de “valor excepcional”, mas sim em
“significação cultural”, acredita-se muito mais adequada para abarcar “arquiteturas modestas” e
outros conjuntos, porém por outro lado, contribui-se ainda mais para o alargamento do conceito
de patrimônio. (Inoue, Luciana M.)
CARTA DE BURRA 1980 - DEFINIÇÕES
Local, zona, edifício ou outra obra construída, ou conjunto de
edificações ou outras obras que possuam significação cultural,
Bem
compreendido, em cada caso, o conteúdo e o entorno a que
pertence
Valor estético, histórico, científico ou social de um bem para as
Significação cultural
gerações passadas, presentes ou futuras.
Substância Conjunto de materiais que fisicamente constituem o bem
Cuidados a serem dispensados a um bem para preservar-lhe as
características que apresentem uma significação cultural.
Implicará ou não a preservação ou a restauração, além da
Conservação
manutenção. Poderá compreender obras mínimas de
reconstrução ou adaptação que atendam às necessidades e
exigências práticas
Proteção contínua da substância, do conteúdo e do entorno de
Manutenção um bem. Não deve ser confundido com reparação! A reparação
implica a restauração e a reconstrução.
Manutenção no estado de substância de um bem e a
Preservação
desaceleração do processo pelo qual ele se degrada
Restabelecimento da substância de um bem em um estado
Restauração
anterior conhecido
Restabelecimento, com o máximo de exatidão, de um estado
anterior conhecido. Distingue-se pela introdução na substância
Reconstrução existente de materiais diferentes, sejam novos ou antigos. Não
deve ser confundida com recriação, nem reconstituição
hipotética! (ambas excluídas do domínio dessas orientações)
Agenciamento de um bem a uma nova destinação sem a
Adaptação
destruição de sua significação cultural
Utilização que não implique mudança na significação cultural
Uso compatível da substância, mudanças que sejam substancialmente
reversíveis ou que requeiram impacto mínimo
Quadro resumo elaborado por Moema Machado

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CARTA DE BURRA 1980 - CONCEITOS


Objetivo: preservar a significação cultural do bem. Deve implicar: medidas de
segurança e manutenção e disposições que prevejam sua futura destinação
Base: respeito à substância existente, não deve deturpar o testemunho nela presente
Deve se valer do conjunto de disciplinas capazes de contribuir para o estudo e a
salvaguarda de um bem. Técnicas de caráter tradicional devem ser empregadas, mas
pode-se utilizar técnicas modernas desde que se assentem em bases científicas e que
sua eficácia seja garantida por uma certa experiência acumulada.
Deve ser levado em consideração o conjunto de indicadores de sua significação cultural,
nenhum deles deve ser revestido de uma importância injustificada em detrimento dos
demais
As opções a serem feitas na conservação total ou parcial de um bem deverão ser
previamente definidas com base na compreensão de sua significação cultural e de sua
condição material
Essas opções determinarão as futuras destinações consideradas compatíveis para o
Conservação bem. Destinações compatíveis: ausência de qualquer modificação, modificações
reversíveis ou cujo impacto nas partes da substância que apresentem significação
cultural seja o menor possível
Exige a manutenção de um entorno visual apropriado, no plano das formas, da escala,
das cores, da textura, dos materiais, etc. Não deverão ser permitidas qualquer nova
construção, nem qualquer demolição ou modificação suscetíveis de causar prejuízo ao
entorno. A introdução de elementos estranhos ao meio circundante, que prejudiquem
a apreciação ou fruição do bem, deve ser proibida
Todo o edifício ou qualquer obra devem ser mantidos em sua localização histórica. O
deslocamento de uma edificação ou de qualquer outra obra, integralmente ou em
parte, não pode ser admitido, a não ser que essa solução constitua o único meio de
assegurar sua sobrevivência
A retirada de um conteúdo ao qual o bem deve uma parte de sua significação cultural
não pode ser admitida, a menos que represente o único meio de assegurar a
salvaguarda e a segurança desse conteúdo. Nesse caso, ele deverá ser restituído na
medida em que novas circunstâncias o permitirem
Aplica-se nos casos que a própria substância do bem, no estado em que se encontra,
oferece testemunho de uma significação cultural específica, assim como nos casos em
que há insuficiência de dados que permitam realizar a conservação sob outra forma
Preservação
Limita-se à proteção, à manutenção e à eventual estabilização da substância existente.
Não poderão ser admitidas técnicas de estabilização que destruam a significação
cultural do bem
Só pode ser efetivada se existirem dados suficientes que testemunhem um estado
anterior da substância do bem e se o restabelecimento desse estado conduzir a uma
valorização da significação cultural do referido bem. Não deve começar sem a certeza
de existirem recursos necessários para isso
Deve servir para mostrar novos aspectos em relação à significação cultural do bem.
Restauração Deve respeitar o conjunto de testemunhos disponíveis, sejam materiais, documentais
ou outros e deve parar onde começa a hipótese
Pode implicar a reposição de elementos desmembrados ou a retirada de acréscimos,
nas condições previstas no item abaixo
As contribuições de todas as épocas devem ser respeitadas. Quando a substância do
bem pertencer a várias épocas, o resgate de elementos em detrimento de outros só se

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justifica se a significação cultural do que é retirado for de pouquíssima importância em


relação ao elemento a ser valorizado
Só deve ser efetivada quando constituir condição sine qua non de sobrevivência de um
bem cuja integridade tenha sido comprometida por desgastes ou modificações, ou
quando possibilite restabelecer ao conjunto de um bem uma significação cultural
perdida
Deve se limitar à colocação de elementos destinados a completar uma entidade
desfalcada e não deve significar a construção da maior parte da substância de um bem
Deve se limitar à reprodução de substâncias cujas características são conhecidas graças
aos testemunhos materiais e/ou documentais. As partes reconstruídas devem poder
Reconstrução
ser distinguidas quando examinadas de perto
A adaptação só pode ser tolerada na medida em que represente o único meio de
conservar o bem e não acarrete prejuízo sério a sua significação cultural
As obras de adaptação devem se limitar ao mínimo indispensável à destinação do bem
a um uso compatível
Os elementos dotados de uma significação cultural que não se possa evitar desmontar
durante os trabalhos de adaptação deverão ser conservados em lugar seguro, na
previsão de posterior restauração do bem
Quadro resumo elaborado por Moema Machado
Procedimentos:
• Qualquer intervenção: deve ser precedida de um estudo dos dados disponíveis, sejam
materiais, documentais ou outros.
• Qualquer transformação do aspecto: deve ser precedida da elaboração, por profissionais, de
documentos que perpetuem esse aspecto com exatidão.
• Estudos que implicam remoção de elementos existentes ou escavações arqueológicas só
se forem indispensáveis à tomada de decisões relativas à conservação do bem e/ou à
obtenção de testemunhos materiais fadados a desaparecimento próximo ou a se tornarem
inacessíveis por causa dos trabalhos obrigatórios de conservação ou de qualquer outra
intervenção inevitável.
• Proposta escrita acompanhada de uma exposição de motivos que justifique as decisões
tomadas, com provas documentais de apoio (fotos, desenhos, amostras, etc.)
• As decisões de orientação geral devem proceder de organismos cujos nomes serão
devidamente comunicados, bem como o de seus dirigentes responsáveis, devendo a cada
decisão corresponder uma responsabilidade específica.
• Os trabalhos contratados devem ter acompanhamento apropriado, por profissionais, e
registrado em diário.
• Os documentos serão guardados nos arquivos de um órgão público e mantidos à disposição
do público.
• O conteúdo ao qual o bem deve uma parte de sua significação cultural, que venha a ser
retirado, deve ser catalogado e protegido de acordo com normas profissionais.

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10 - CARTA DE FLORENÇA – 1981

http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Carta%20de%20Florenc%CC%A7a%201981.
pdf (ICOMOS, 1981)

Recomendo a leitura da Carta.


Criada em 1981, pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS), a Carta de
Florença visou o cuidado com os jardins históricos, sendo estes uma composição arquitetônica e
vegetal que apresenta interesse público.
Os jardins históricos possuem características que devem ser preservadas, como o traçado e a
topografia, vegetação, mantendo espécies, volumes, cores, distâncias e alturas, elementos
estruturais e/ou decorativos. Cuidados devem ser tomados para a manutenção, conservação,
restauração e reconstrução dos jardins.
A reestruturação e reconstrução dos jardins devem acontecer depois de estudos através de
documentos para assegurar o caráter científico da intervenção. A sua utilização precisa ser
controlada e o seu acesso para visitação deve ser limitado para conservar a sua substância e sua
mensagem cultural.
O documento ainda defende a importância de identificar, inventariar e proteger os jardins
históricos, criar medidas legais financeiras para manutenção, conservação e restauro (IPHAN – Carta
de Florença, 1981).

Definições e objetivos:
• Um jardim histórico é uma composição arquitetônica e vegetal que, do ponto de vista
da história ou da arte, apresenta um interesse público. Como tal, é considerado um
monumento.
• O jardim histórico é uma composição arquitetônica, cujo material é essencialmente
vegetal e, portanto, vivo, perecível e renovável. O seu aspecto é, pois, o resultado de
um perpétuo equilíbrio entre o movimento cíclico das estações do ano, o crescimento
e a decadência da natureza, e a vontade artística e a mestria humana que tendem a
perpetuar o seu estado.
• Enquanto monumento, o jardim histórico deve ser salvaguardado segundo o espírito
da Carta de Veneza, porém com regras específicas.
• Determinam a composição arquitetônica de um jardim histórico:
- o seu traçado e a sua topografia;
- a sua vegetação: espécies, volumes, jogos de cores, distâncias e respectivas alturas;
- os seus elementos estruturais ou decorativos;

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- a sua água, em movimento ou parada, refletindo o céu.


• Expressão da estreita relação entre a civilização e a natureza, lugar de deleite, propício
à meditação ou à recriação, o jardim adquire assim o sentido cósmico de uma imagem
idealizada do mundo, um “paraíso” no sentido etimológico do termo, mas que é o
testemunho de uma cultura, de um estilo, de uma época, e eventualmente da
originalidade de um criador artístico.
• Tanto os jardins modestos quanto os parques ordenados ou paisagísticos podem ser
considerados um jardim histórico.
• O jardim histórico não pode ser separado de seu meio.
• Sítio histórico paisagem definida de um fato memorável: lugar de um
acontecimento histórico maior, origem de um mito ilustre ou de um combate épico,
assunto de um quadro célebre, etc.
• A proteção dos jardins históricos exige que eles sejam identificados e inventariados.
Impõe intervenções diferenciadas: manutenção, conservação e restauração, além de,
eventualmente, a reconstituição. A “autenticidade” diz respeito tanto ao desenho e ao
volume de partes quanto ao seu decór ou à escolha de vegetais ou de minerais que os
constituem.
Manutenção, conservação, restauração e reconstituição:
• Deve considerar todos os elementos simultaneamente.
• A manutenção é operação primordial, sendo o vegetal o material principal. Dá-se por
substituições pontuais e renovações cíclicas.
• Os elementos de arquitetura, escultura, decoração, fixos ou móveis, não devem ser
retirados, nem deslocados, a não ser que sua conservação ou restauração exija.
• Qualquer modificação do meio físico, que coloque em perigo o equilíbrio ecológico,
deve ser proibida.
• Qualquer restauração ou reconstituição deverá ser precedido de estudo aprofundado.
• Deve respeitar a evolução do respectivo jardim.
• Evocações e criações estão excluídas de qualquer qualificação de jardim histórico.

Uso: moderado de natureza tranquila.

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11 – RESOLUÇÃO DE QUESTÕES

1. (FCC – AL-SE – 2018)


Em Sergipe, o único bem inscrito na lista do Patrimônio Mundial da Unesco é
(A) o Conjunto arquitetônico da Casa de Tejupeba e Capela do Colégio, em Itaporanga d'Ajuda,
que representa uma das primeiras realizações dos jesuítas na Colônia Portuguesa na América.
(B) a Praça São Francisco, na cidade de São Cristóvão, conjunto integrado por edifícios públicos
e privados que representam o testemunho único do período durante o qual as coroas de
Portugal e Espanha estiveram unidas, entre 1580 e 1640.
(C) o Conjunto Praça do Comércio e Antiga Alfândega de Aracaju, importante unidade
aduaneira instalada em prédio com arquitetura eclética.
(D) o Conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico de Laranjeiras, que se destaca pelas
igrejas, estilo barroco da arquitetura, paisagem e grutas.
(E) a Praça da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Nossa Senhora do
Socorro, que reúne influências jesuíticas portuguesas e organização das casas segundo normas
tradicionais espanholas.

Comentários
A Praça São Francisco é uma praça localizada no centro histórico da cidade brasileira de São
Cristóvão, no estado de Sergipe. A Praça foi fundada junto com a cidade em 1607, e seu entorno
possui edificações construídas entre os séculos XVII e XIX. Foi protegida em nível estadual e nacional
e designada Patrimônio da Humanidade em 1º de agosto de 2010 pela UNESCO pelo seu valor como
documento histórico, paisagístico, urbanístico e sociocultural do período da União Ibérica, sendo
um importante representante dos modelos combinados de urbanismo português e espanhol, tendo
em seu redor relevantes prédios históricos.

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https://pt.wikipedia.org/wiki/Pra%C3%A7a_S%C3%A3o_Francisco#/media/File:Pra%C3%A7a_S%C3%A3o_Fra
ncisco.jpg
Gabarito: alternativa B

2. (FCC – AL-SE – 2018)


A deterioração dos edifícios históricos decorre muitas vezes da infiltração de água em seus
interiores. A respeito da restauração de peças de telhados danificados de edifícios históricos,
considere:
I. Podem ser utilizadas novas junções entre as peças de madeira com o auxílio de novas
ferragens ou de vergalhões.
II. Podem ser utilizadas técnicas e materiais tradicionais, empregar a própria matéria-prima ou
materiais utilizados na época.
III. Podem ser empregadas técnicas e materiais contemporâneos com uso de materiais novos
que não eram fabricados ou encontrados na época em que o telhado foi construído.
IV. As técnicas tradicionais são as mais criticadas, muitas vezes consideradas como um falso
histórico, pois reproduzem uma peça antiga e “original”.
Está correto o que se afirma em
(A) I, II, III e IV.
(B) III e IV, apenas.
(C) II e IV, apenas.
(D) I e II, apenas.
(E) I, II e III, apenas.

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Comentários
Todas estão certas!
O trabalho “Técnicas de conservação e restauro das estruturas em madeira de telhados históricos
no Brasil” nos traz o seguinte: (Ferreira, 2010)
http://livros01.livrosgratis.com.br/cp133908.pdf

Dos mais variados casos de restauração, a estrutura de madeira, principalmente as


utilizadas em telhados tradicionais, apresenta diversas formas de recuperação dos seus
elementos pela característica peculiar do material. É importante analisar cada tipo de
intervenção, para elucidar conclusões possíveis quanto ao caso.
Poderíamos dividir em duas vertentes básicas as formas de restauração da madeira de
um telhado: (1) o uso das técnicas e materiais tradicionais e (2) o emprego de técnicas
e materiais contemporâneos. Entre os dois, o mais criticado é o tradicional, por ser
rotulado como um falso histórico e por estar reproduzindo uma peça antiga e
“original”.
(...)
• O uso de técnicas e materiais tradicionais – basicamente são as técnicas de
recuperação da madeira com o uso da própria matéria-prima ou de materiais utilizados
na época (como os encaixes de ferro), tanto na substituição de peças, como no reforço
das peças existentes e até no uso de enxertos ou novos encaixes.
• O uso de técnicas e materiais contemporâneos ou inovadores - estes tipos de
intervenções se baseiam no uso de materiais novos que não eram fabricados ou
encontrados na época em que o telhado foi construído e que atualmente foram alvo
de pesquisas e de estudos que defendem o uso deste tipo de metodologia.
Outra forma de se proceder ao se restaurar peças de telhados danificadas é usando
novas junções entre as peças de madeira com o auxílio de novas ferragens ou até
mesmo com o uso de vergalhões. O reforço estrutural com ferragens pode transmitir
a dúvida quanto à autenticidade deste novo elemento no futuro, já que era muito
comum o uso de tais peças metálicas no auxílio da fixação das estruturas de madeira
dos telhados.

Gabarito: alternativa A

3. (FCC – DPE-RS – 2017)


Observe abaixo desenhos e imagens do Complexo Cultural do Sítio De São Miguel Arcanjo
(2014), em São Miguel das Missões, RS, projeto do escritório Brasil Arquitetura com o
arquiteto Carlos Eduardo Dias Comas.

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Em relação às questões do patrimônio histórico, ambiental e arquitetônico, constata-se que


I. a implantação do complexo, praticamente junto do limite do lote que compreende o sítio
histórico, segue a recomendação do IPHAN de deixar desimpedida a vista a partir das ruínas
da igreja em direção aos campos pampeiros.
II. os novos prédios são afastados do conjunto histórico da antiga igreja e do pavilhão Lucio
Costa para se construir a exceção do novo objeto construído sem peças remanescentes das
ruínas, procurando a originalidade do manifesto.
III. o complexo cultural é constituído por duas áreas de construções que se distribuem por
duas quadras separadas por uma rua, sendo articuladas por uma larga e extensa praça.
IV. o novo projeto proporcionará ao visitante uma experiência de contemplação que merece
ser preservada, reforçando a sabedoria dos jesuítas ao escolher a coxilha da região,
dominante, para ali fundar a redução de São Miguel.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) II e III.

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(B) I, II e III.
(C) I, III e IV.
(D) III e IV.
(E) I e II.

Comentários
O sítio arqueológico de São Miguel das Missões - declarado Patrimônio Mundial, Cultural e Natural,
pela Unesco, em 1983 - é um dos conjuntos históricos mais importantes situados em terras
brasileiras. Em 1937, o arquiteto Lucio Costa foi enviado ao Rio Grande do Sul para analisar os
remanescentes dos Sete Povos das Missões e a visita resultou no tombamento, pelo Iphan, em 1938,
dos remanescentes das Missões. http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/292

MUSEU PARA REVELAR A MEMÓRIA DAS MISSÕES


(...)
Tornar essa história mais conhecida é um dos objetivos do Complexo Cultural do Sítio
de São Miguel Arcanjo, conjunto de edifícios de cujo projeto o Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan) incumbiu o escritório paulistano, com
reconhecida experiência em obras semelhantes.
(...) Além dos prédios dedicados às exposições e ambientes de apoio ao museu, a
equipe incorporou à intervenção construções que serão ocupadas pela Secretaria
Municipal de Turismo, pelo Centro de Tradições Nativistas e por um restaurante.
Os novos prédios serão implantados no flanco noroeste do terreno, praticamente junto
do limite do lote que compreende o sítio histórico. A posição segue a recomendação
do Iphan de deixar desimpedida a vista a partir da igreja (ruínas) em direção aos
campos pampeiros, ao norte.
Esse visual, pondera a equipe, proporciona ao visitante a experiência da transposição
para o tempo passado, sendo uma das maiores riquezas da paisagem do parque: é
“uma experiência de contemplação que merece ser preservada, reforçando a
sabedoria dos jesuítas ao escolher a coxilha da região, dominante, para ali fundar a
redução de São Miguel”. A partir do programa formulado pelo Iphan e pela prefeitura
de São Miguel das Missões, o desenho norteou-se, sobretudo, por conceitos de
acolhimento e estímulo à convivência. Numa descrição simplificada, o complexo
cultural é constituído por duas áreas de construções que se distribuem por duas
quadras (separadas por uma rua), sendo articuladas por uma larga e extensa praça.
Esta, envolta pelos edifícios de tons avermelhados em concreto e pedra, é uma sutil
referência aos claustros e pátios dos colégios jesuítas, segundo os autores. Uma dessas
quadras foi reservada para as edificações que receberão as atividades de convivência
do Centro de Tradições Nativistas, preservando ali o rancho crioulo original, e a futura
sede da Secretaria Municipal de Turismo.

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A outra destinou-se ao novo museu, que contará com um auditório, e abrigará ainda
as sedes locais do Iphan e do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
https://www.arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/brasil-arquitetura-complexo-cultural-sao-
miguel-missoes-rs

Gabarito: alternativa C

4. (FCC – DPE-RS – 2017)


Em seu trabalho Documentação Necessária, publicado em 1937 no primeiro número da revista
do então Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional − SPHAN, Lúcio Costa chama
atenção para o ponto que se refere à relação dos vãos com a parede:
Nas casas mais antigas, presumivelmente nas dos fins do século XVI e durante todo o século
XVII, os cheios teriam predominado, e logo se compreende por quê; à medida, porém, que a
vida se tornava mais fácil e mais policiada, o número de janelas ia aumentando; já no século
XVIII, cheios e vazios se equilibram, e no começo do século XIX, predominam francamente os
vãos; de 1850 em diante as ombreiras quase se tocam, até que a fachada, depois de 1900, se
apresenta praticamente toda aberta, tendo os vãos, muitas vezes, ombreira comum.
A figura que melhor ilustra o primeiro exemplo citado por Lúcio Costa é:

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Comentários
No site do IPHAN, encontramos diversas publicações, inclusive, disponíveis para download.
E lá, encontramos a primeira revista do SPHAN:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/RevPat01_m.pdf
Da qual retiro as figuras a seguir:

Mas, creio que não precisaríamos ir tão longe para respondermos a questão.

Gabarito: alternativa B

5. (FCC – AL-MS – 2016)

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A respeito da defesa dos bens culturais brasileiros respondida pelo Instituto de Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, é correto afirmar:
(A) Os únicos bens arquitetônicos tombados, em nível federal, no Estado de Mato Grosso do
Sul, estão localizados na cidade de Corumbá/MS.
(B) Para ser tombado, um bem passa por um processo administrativo até ser inscrito em, pelo
menos, dois dos quatro Livros do Tombo.
(C) O Livro do Tombo de Belas Artes é aquele em que são inscritos os bens culturais em função
do seu valor artístico, associado à sua função utilitária.
(D) O tombamento é o mais antigo instrumento de proteção em utilização pelo Iphan, tendo
sido instituído em 1937.
(E) O pedido de tombamento de qualquer bem ao Iphan deve ser solicitado apenas por pessoa
jurídica.

Comentários
Vamos comentar todas as alternativas:
(A) Incorreta. Conforme tabela abaixo, temos bens arquitetônicos tombados, em Mato Grosso
do Sul, nas cidades de Jardim, Corumbá, Campo Grande e Ladário.

http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Mato_grosso_sul_bens_tombados_novembro_24.pdf

Patrimônio Material - MS
O Iphan iniciou suas ações em Mato Grosso do Sul com o tombamento do Forte Coimbra,
em 1974. Construído às margens do rio Paraguai, em Corumbá, na fronteira com a Bolívia
e o Paraguai, no século XVIII, a edificação pertencia a uma rede de fortificações de defesa

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das fronteiras e demarcação do território. O núcleo original do forte, o Presídio de Nova


Coimbra, foi construído, em 1775. O conjunto de edificações do Forte reúne a capela, a
casa de pólvora, um alojamento, pátios internos e a muralha com os baluartes. No local,
há alguns canhões da Marinha.
Em 1978, o Iphan realizou o tombamento das grutas de Bonito, compostas pela Gruta do
Lago Azul (aberta à visitação e localizada na Fazenda Anhumas) e a Gruta de Nossa
Senhora Aparecida (na Fazenda Jaraguá), ambas situadas no município de Bonito.
Incrustradas em uma paisagem natural de rios de águas transparentes, as grutas
integram um circuito de turismo ecológico. O Instituto participa de ações para
sustentabilidade e conservação atuando como membro do Conselho Municipal de
Turismo de Bonito (Contur).
O tombamento do conjunto histórico, arquitetônico e paisagístico de Corumbá ocorreu
em 1993. Construída em 1869 sobre o sítio da antiga Vila de Nossa Senhora da Conceição
de Albuquerque, a cidade está ligada às tradições pantaneiras e à definição da atual
fronteira oeste do País. Corumbá tornou-se um importante centro de comércio,
principalmente com a Bolívia, sendo escala obrigatória no trânsito pelos rios Paraguai,
São Lourenço e Cuiabá. O perímetro tombado engloba 119 edificações do conjunto
urbano e três mil na área do entorno.
Em Campo Grande, o complexo ferroviário da antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil
(EFNOB) foi tombado pelo Iphan, em 2009. São 22,3 hectares e 135 edifícios em alvenaria
e madeira, erguidos em datas diferentes a partir da ampliação das atividades da ferrovia,
e ainda mantém parte dos trilhos que não foram retirados da área urbana da capital do
Estado de Mato Grosso do Sul. O complexo ferroviário tem importante papel geopolítico
e de integração nacional, aproximação política e econômica do sul do Estado com São
Paulo, e a urbanização do início da cidade.
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/626

O Iphan no Mato Grosso do Sul


A atuação do Iphan no Mato Grosso do Sul remonta às ações da 14ª Coordenação Regional, que reunia
todos os estados da Região Centro-Oeste, com sede em Goiânia (GO). A partir de 2006, a instituição
passa a funcionar como Superintendência. Mato Grosso do Sul tem características peculiares, e grande
parte do território está inserido no bioma do Complexo de Áreas Protegidas do Pantanal, inscrito pela
Unesco na Lista do Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera em 2000.
O Complexo do Pantanal é o maior sistema inundado contínuo de água doce do mundo, e compreende
o Parque Nacional do Pantanal e as Reservas Particulares de Proteção Natural de Acurizal, Penha e
Dorochê. A área de aproximadamente 200 mil quilômetros quadrados situa-se em Mato Grosso do Sul

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e Mato Grosso, o norte do Paraguai e o leste da Bolívia, formando o chamado Chaco. Esse mar interior
é resultado da separação do oceano há milhões de anos.
O bioma, uma savana estépica, abriga a fauna pantaneira, considerada uma das mais ricas do
planeta, com 650 espécies de aves, do total de 1,8 mil já catalogadas no Brasil. A mais espetacular
delas é a arara-azul-grande, espécie ameaçada de extinção. Há ainda o tuiuiú, ave símbolo do
Pantanal.
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/1079

(B) Incorreta. Deve ser inscrito em, pelo menos, 1 Livro do Tombo.
CAPÍTULO I
DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL
Art. 1º Constitue o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no
país e cuja conservação seja de interêsse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do
Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.
§ 1º Os bens a que se refere o presente artigo só serão considerados parte integrante do patrimônio histórico
ou artístico nacional, depois de inscritos separada ou agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo, de que
trata o art. 4º desta lei.
§ 2º Equiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também sujeitos a tombamento os
monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens que importe conservar e proteger pela feição notável
com que tenham sido dotados pela natureza ou agenciados pela indústria humana.
(Governo Federal, 1937)

(C) Incorreta. O Livro do Tombo das Artes Aplicadas que está associado à função utilitária.

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Livro do Tombo das Artes Aplicadas, onde são inscritos os bens culturais em função do seu valor
artístico, associado à sua função utilitária. Essa denominação (em oposição às belas artes) se refere à
produção artística que se orienta para a criação de objetos, peças e construções utilitárias: alguns
setores da arquitetura, das artes decorativas, design, artes gráficas e mobiliário, por exemplo. Desde
o século XVI, as artes aplicadas estão presentes em bens de diferentes estilos arquitetônicos.
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/608

(D) Correta. O tombamento começou, no Brasil, em 30 de novembro de 1937, com o Decreto-


Lei n° 25.
(E) Incorreta. A solicitação do pedido de tombamento pode advir do proprietário, da sociedade,
do conselho de defesa do patrimônio, de entidades, de toda e qualquer pessoa de direito
público ou dos órgãos municipais/estaduais/federais.

Gabarito: alternativa D

6. (FCC – AL-MS – 2016)


Texto basilar da preservação dos monumentos históricos, a Carta de Veneza (1964) proclama
que
(A) a conservação dos monumentos exige, antes de tudo, manutenção permanente.
(B) a conservação e a restauração dos monumentos visam a salvaguardar tão somente o seu
testemunho histórico.
(C) os elementos de escultura, pintura ou decoração que são parte integrante do monumento
jamais poderão ser retirados para sua conservação.
(D) os elementos destinados a substituir as partes faltantes devem ser cópias fidedignas das
partes originais.
(E) o monumento é inseparável da história de que é testemunho e não deverá nunca ser
deslocado em conjunto ou em parte.

Comentários
Vamos comentar todas as alternativas.
(A) Correta.
Conservação
Artigo 4º
A conservação dos monumentos exige, antes de tudo, manutenção permanente.
(ICOMOS, 1964)

(B) Incorreta.

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Finalidade
Artigo 3º
A conservação e a restauração dos monumentos visam a salvaguardar tanto a obra de arte quanto o
testemunho histórico.
(ICOMOS, 1964)

(C) Incorreta.
Artigo 8°
Os elementos de escultura, pintura ou decoração que são parte integrante do monumento não lhes podem
ser retirados a não ser que essa medida seja a única capaz de assegurar sua conservação.
(ICOMOS, 1964)

(D) Incorreta.
Artigo 12º
Os elementos destinados a substituir as partes faltantes devem integrar-se harmoniosamente ao conjunto,
distinguindo-se, todavia, das partes originais a fim de que a restauração não falsifique o documento de arte
e de história.
(ICOMOS, 1964)

(E) Incorreta.
Artigo 7°
O monumento é inseparável da história de que é testemunho e do meio em que se situa. Por isso, o
deslocamento de todo o monumento ou de parte dele não pode ser tolerado, exceto quando a salvaguarda
do monumento o exigir ou quando o justificarem razões de grande interesse nacional ou internacional.
(ICOMOS, 1964)

Gabarito: alternativa A

7. (FCC – MP-Maranhão – 2013)


Sobre a preservação do patrimônio histórico e cultural nacional, é correto afirmar:
(A) O IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que foi criado pelo
Decreto-Lei no 25, de 30 de novembro de 1937, é uma autarquia privada vinculada ao
Ministério da Cultura, responsável por preservar a diversidade das contribuições dos
diferentes elementos que compõem a sociedade brasileira e seus ecossistemas.
(B) As ações das autoridades nacionais avançam em tornar o patrimônio arquitetônico indutor
de geração de renda, moradia, agregação social e afirmação da identidade das cidades
históricas. Os investimentos contribuem para o desenvolvimento urbano e regional das
localidades.

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(C) A Lei de Incentivo à Cultura (Lei no 8.313/91), se refere ao tombamento, estudos de


impacto ambiental, transferência do direito de construir e a desapropriação, dentre outros.
(D) A principal assistência da UNESCO é na forma de monitoramento, que consiste no
acompanhamento do estado de conservação dos bens inscritos na Lista do Patrimônio. As
análises verificam as condições físicas dos edifícios e também as atividades de turismo,
orientando e recomendando as melhores práticas.
(E) A Lei no 10.257/2001, permite por meio da utilização de instrumentos de renúncia fiscal,
como o mecenato, estimular a maior participação da iniciativa privada e das empresas estatais.

Comentários
(A) Incorreta.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é uma autarquia federal


vinculada ao Ministério da Cultura que responde pela preservação do Patrimônio
Cultural Brasileiro. Cabe ao Iphan proteger e promover os bens culturais do País,
assegurando sua permanência e usufruto para as gerações presentes e futuras.
O Iphan possui 27 Superintendências (uma em cada Unidade Federativa); 27 Escritórios
Técnicos, a maioria deles localizados em cidades que são conjuntos urbanos tombados,
as chamadas Cidades Históricas; e, ainda, cinco Unidades Especiais, sendo quatro delas
no Rio de Janeiro: Centro Lucio Costa, Sítio Roberto Burle Marx, Paço Imperial e Centro
Nacional do Folclore e Cultura Popular; e, uma em Brasília, o Centro Nacional de
Arqueologia
O Iphan também responde pela conservação, salvaguarda e monitoramento dos bens
culturais brasileiros inscritos na Lista do Patrimônio Mundial e na Lista o Patrimônio
Cultural Imaterial da Humanidade, conforme convenções da Unesco, respectivamente, a
Convenção do Patrimônio Mundial de 1972 e a Convenção do Patrimônio Cultural
Imaterial de 2003.
Histórico - Desde a criação do Instituto, em 13 de janeiro de 1937, por meio da Lei nº
378, assinada pelo então presidente Getúlio Vargas, os conceitos que orientam a atuação
do Instituto têm evoluído, mantendo sempre relação com os marcos legais. A
Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo 216, define o patrimônio cultural como
formas de expressão, modos de criar, fazer e viver. Também são assim reconhecidas as
criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações
e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; e, ainda, os conjuntos
urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e científico.
Nos artigos 215 e 216, a Constituição reconhece a existência de bens culturais de
natureza material e imaterial, além de estabelecer as formas de preservação desse
patrimônio: o registro, o inventário e o tombamento.
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/872

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(B) Incorreta.

A preservação do patrimônio cultural no Brasil é prioridade do Ministério da Cultura e


tem agora um novo marco: o PAC Cidades Históricas. Com o programa, a gestão desse
patrimônio ganha uma nova dimensão que vai além da intervenção física nos
monumentos protegidos e reforça o sentimento de pertencimento e de cidadania dos
brasileiros em relação aos símbolos de nossa cultura.
(...)
Os investimentos, somados a outras ações das três esferas de governo, fazem parte de
uma nova estratégia de preservação do patrimônio cultural, articulada às demais
políticas públicas, especialmente àquelas de caráter social e econômico, como a
educação, a saúde, o turismo e a geração de empregos e oportunidades econômicas. Esta
estratégia é, sobretudo, comprometida com o desenvolvimento local e sustentável,
proporcionando incentivos à melhoria da qualidade de vida e da infraestrutura.
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Folder%20PAC2%20Cidades%20Hist%C3%B3ricas
.pdf

Segundo o diretor do PAC Cidades Históricas, a restauração faz parte da ampla gama de
atuação do programa. “Sempre atuamos de forma integrada, nunca é o restauro pelo
restauro. Não fazemos só restauração de igreja, fazemos de bibliotecas públicas,
mercados públicos, teatros… A ideia é fazer requalificações urbanas. Queremos avançar
nisso, na melhoria da qualidade de vida das pessoas que moram nas cidades, não é só
fruição estética”, explica Almeida.
O PAC, iniciado em 2007, é uma iniciativa do governo federal, coordenada pelo Ministério
do Planejamento, que promoveu a retomada do planejamento e a execução de grandes
obras de infraestrutura social, urbana, logística e energética no País. Em 2013, de forma
até então inédita na história das políticas de preservação, o Ministério do Planejamento
autorizou a criação do PAC Cidades Históricas.
Almeida observa que os desafios para a realização do programa são muitos, desde os
desafios técnicos, de formação de mão de obra, até o desafio maior, que é o de trazer o
patrimônio para a vida das pessoas. “Requalificando o espaço, o patrimônio ganha a
dimensão de bônus, e não de ônus. Só de conseguir incluir no PAC um programa de
restauro já é uma inflexão no pensamento das pessoas, mostra que o patrimônio pode
ser parte do desenvolvimento”, completa.
Texto e Fonte: Assessoria de Comunicação/Com informações do Iphan/Ministério da
Cultura
http://pnc.cultura.gov.br/tag/pac-cidades-historicas/

(C) Incorreta. A Lei de Incentivo à Cultura (Lei no 8.313/91) restabelece princípios da Lei n° 7.505,
de 2 de julho de 1986, institui o Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac) e dá outras
providências. O Pronac tem como finalidade captar e canalizar recursos para o setor cultural.

(D) Correta. A UNESCO é a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
tendo nascido em 16 de novembro de 1945.

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A UNESCO está na vanguarda das iniciativas internacionais, no que se refere à


salvaguarda do Patrimônio Material e Imaterial.
Promover a diversidade cultural, ao salvaguardar o patrimônio em todas as suas
dimensões e ao desenvolver as expressões culturais.
Promover a coesão social, ao incentivar o pluralismo, o diálogo intercultural e uma
cultura da paz, além de garantir o papel central da cultura no desenvolvimento
sustentável.
A UNESCO empenha-se em preservar a riqueza insubstituível da humanidade: sua
diversidade e seu patrimônio comum.
Uma série de convenções foi estabelecida para garantir a proteção e a salvaguarda do
Patrimônio Comum da Humanidade, tanto material quanto imaterial.
http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001887/188700por.pdf

O SISTEMA DE MONITORAMENTO
A assistência internacional prestada pelo Comitê do Patrimônio Mundial compreende
também um sistema de monitoramento, ou seja, de acompanhamento do estado de
conservação dos bens culturais inscritos na Lista do Patrimônio Mundial.
Entretanto, o sistema de monitoramento é bem mais do que uma rotineira inspeção
periódica. Trata-se de um processo permanente de cooperação que envolve parceiros
locais num contexto regional, incluindo informações e atividades de pesquisa. Pelo
sistema de monitoramento, o Comitê do Patrimônio Mundial procura assessorar os
Estados na busca de soluções para debelar as causas que ameaçam os bens culturais do
seu patrimônio.
O sistema de monitoramento possibilita a qualquer Estado-parte na Convenção alertar o
Comitê do Patrimônio Mundial sobre os riscos de deterioração de um bem pertencente
ao patrimônio cultural ou sobre uma eventual violação das obrigações previstas na
Convenção.
Mediante o sistema de monitoramento, o Comitê do Patrimônio Mundial poderá,
periodicamente, certificar-se se determinado bem cultural atende ainda aos requisitos
que motivaram a sua inscrição na Lista do Patrimônio Mundial.
(Silva, 2012)

(E) Incorreta. Nada a ver. A Lei 10.257/2001 é o Estatuto da Cidade e trata dos seguintes
instrumentos:
Art. 4º Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e
social;
II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
III – planejamento municipal, em especial:

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a) plano diretor;
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
c) zoneamento ambiental;
d) plano plurianual;
e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
f) gestão orçamentária participativa;
g) planos, programas e projetos setoriais;
h) planos de desenvolvimento econômico e social;
IV – institutos tributários e financeiros:
a) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana - IPTU;
b) contribuição de melhoria;
c) incentivos e benefícios fiscais e financeiros;
V – institutos jurídicos e políticos:
a) desapropriação;
b) servidão administrativa;
c) limitações administrativas;
d) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano;
e) instituição de unidades de conservação;
f) instituição de zonas especiais de interesse social;
g) concessão de direito real de uso;
h) concessão de uso especial para fins de moradia;
i) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;
j) usucapião especial de imóvel urbano;
l) direito de superfície;
m) direito de preempção;
n) outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso;
o) transferência do direito de construir;
p) operações urbanas consorciadas;
q) regularização fundiária;
r) assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades e grupos sociais menos favorecidos;
s) referendo popular e plebiscito;
t) demarcação urbanística para fins de regularização fundiária;

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u) legitimação de posse.
VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV).

Gabarito: alternativa D

8. (FCC – MP-Maranhão – 2013)


Nos Estados Unidos, em localidades onde foi adotado o Programa de Transferable of
Development Rights (TDR) para proteção dos bens históricos, o poder público exerce trabalho
conjunto com a comunidade residente para determinar quais áreas na cidade serão destinadas
ao desenvolvimento e quais serão preservadas. O modo de operar desse instrumento
assemelha-se à ferramenta brasileira Transferência do direito de construir.
A Lei brasileira no 10.257/2001, Seção XI − Da transferência do direito de construir, autoriza o
proprietário de imóvel a exercer em outro local o direito de construir, para a proteção dos
bens históricos e, também, nos casos de:
I. Implementação de unidades de conservação.
II. Implantação de equipamentos urbanos e comunitários.
III. Criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes.
IV. Servir a programas de regularização fundiária, urbanização de áreas ocupadas por
população de baixa renda e habitação de interesse social.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e IV.
(D) III e IV.
(E) II e III.

Comentários
Seção XI
Da transferência do direito de construir
Art. 35. Lei municipal, baseada no plano diretor, poderá autorizar o proprietário de imóvel urbano, privado
ou público, a exercer em outro local, ou alienar, mediante escritura pública, o direito de construir previsto no
plano diretor ou em legislação urbanística dele decorrente, quando o referido imóvel for considerado
necessário para fins de:
I – implantação de equipamentos urbanos e comunitários;

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II – preservação, quando o imóvel for considerado de interesse histórico, ambiental, paisagístico, social ou
cultural;
III – servir a programas de regularização fundiária, urbanização de áreas ocupadas por população de baixa
renda e habitação de interesse social.
§ 1° A mesma faculdade poderá ser concedida ao proprietário que doar ao Poder Público seu imóvel, ou parte
dele, para os fins previstos nos incisos I a III do caput.
§ 2° A lei municipal referida no caput estabelecerá as condições relativas à aplicação da transferência do
direito de construir.

Gabarito: alternativa C

9. (FCC – MP-Maranhão – 2013)


São Luís, MA, foi tombada pela ONU (Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura) como Patrimônio Cultural da Humanidade em 1997. Possui importante
acervo arquitetônico colonial, onde predominam as fachadas revestidas por azulejos
portugueses.
O Brasil possui condições climáticas muito favoráveis ao uso de revestimentos cerâmicos nas
fachadas. O clima, predominantemente, tropical e chuvoso torna esta opção interessante
pelos aspectos de desempenho e durabilidade.
Assinale a alternativa correta.
(A) Segundo a ABNT NBR 13.755/1996, em fachadas devem ser executadas juntas de
movimentação horizontais, espaçadas, no máximo, a cada 2 m ou a cada pé direito, na região
do encunhamento da alvenaria.
(B) A ABNT NBR 13.755/1996 recomenda executar juntas de dessolidarização no perímetro da
área revestida, nos cantos verticais, nas mudanças de direção do plano do revestimento, nas
mudanças dos materiais que compõe a estrutura suporte, no encontro do revestimento com
pisos, forros, colunas, vigas ou com outro tipo de revestimento.
(C) Os revestimentos cerâmicos tradicionais trabalham aderidos sobre bases e substratos e
especialmente travados pelo rejuntamento de base epóxi, e por isso, podem ser denominados
de aderidos estáveis, conforme a ABNT NBR 13.816/1997 e a ABNT NBR 13.755/1996.
(D) O chapisco aumenta a permeabilidade do substrato para absorver água da camada de
regularização, além de piorar a aderência da camada de revestimento e diminuir a ancoragem
do emboço à base. Não é considerado, portanto, uma boa opção para base para aplicação de
revestimento hidráulico, segundo a ABNT NBR 13.755/1996.
(E) A ABNT NBR 13.749/1996 trata das recomendações sobre resistência de aderência. No
ensaio de arrancamento, pelo menos, 2 dos 6 corpos ensaiados devem apresentar resultados
iguais ou superiores a 0,30 MPA.

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Comentários
A NBR 13755 foi atualizada em 11/2017 e trata sobre Revestimentos cerâmicos de fachadas e
paredes externas com utilização de argamassa colante - Projeto, execução, inspeção e aceitação
– Procedimento.

4.3 Juntas
As juntas devem ser executadas para o alívio de tensões dos materiais de
revestimentos de paredes externas. Estas juntas já são objeto de Normas Técnicas
Brasileiras que apresentam procedimentos para a elaboração de projetos de
revestimento até a execução desse revestimento. A necessidade da criação das
juntas, espaço regula r entre duas peças de materiais idênticos ou distintos, é
subdividida pelas normas segundo seus objetivos, como sendo: juntas de
assentamento, juntas de movimentação, juntas de dessolidarização e junta estrutural.
As juntas de assentamento constituem o espaço regular entre duas peças de
revestimentos. As juntas de movimentação são o espaço regular que define divisões
da superfície revestida com placas cerâmicas, cuja função é permitir o alívio de
tensões provocadas pela movimentação da base ou do próprio revestimento. As
juntas de dessolidarização correspondem ao espaço regular a ser feito sempre que
houver mudanças de direção do plano revestido, ou quando ocorrerem encontros
de diferentes tipos de revestimentos. E a junta estrutural é o espaço regular cuja
função é aliviar tensões provocadas pela movimentação da estrutura de concreto.
(...)
A NBR 13.755:1996 recomenda a execução de juntas horizontais de movimentação
e de dessolidarização espaçadas no máximo a cada 3 metros ou a cada pé-
direito, na região do encunhamento da alvenaria, bem como a execução de juntas
verticais de movimentação espaçadas a cada 6 metros. Esta norma também
recomenda a execução de juntas de dessolidarização nos cantos verticais, nas
mudanças de direção do plano de revestimento, no encontro da área revestida
com pisos e forros, colunas e vigas, ou com outros tipos de revestimentos, bem
como onde houver mudança de materiais que compõe a estrutura suporte de
concreto para alvenaria.
(Figueiredo, 2008)

Acessar também:
http://zmdouglas.com.br/2017/08/17/revisao-da-nbr-13755/

Gabarito: alternativa B

10. (FCC – DPE-RS – 2012)


Segundo o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a série de bens,
territorialmente contínua ou descontínua, que compartilha da mesma argumentação para a

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proteção, argumentação está relacionada à totalidade dos bens ou ao espaço onde estão
inseridos, e não aos bens individualmente, é chamado de
(A) poligonal de entorno.
(B) poligonal de tombamento.
(C) conjunto tombado.
(D) zona de amortecimento.
(E) zona de impacto.

Comentários

Conjunto tombado: a série de bens, territorialmente contínua ou descontínua, que


compartilham da mesma argumentação para a proteção, argumentação esta
relacionada à totalidade dos bens ou ao espaço onde estão inseridos, e não aos bens
individualmente.
Poligonal de tombamento: área claramente delimitada com o objetivo de preservar
uma paisagem urbana perceptível e diretamente relacionada com a motivação do
tombamento.
Poligonal de entorno: área claramente definida com o objetivo de resguardar a
ambiência do bem tombado e garantir a qualidade urbana necessária para sua fruição.
(IPHAN, 2010)

Vale a pena baixar:


http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/normatizacao_areas_tombadas_cidades_historicas_2011.pdf

Gabarito: alternativa C

11. (FCC – DPE-RS – 2012)


Acerca das recomendações da Carta de Veneza para conservação e restauração de
monumentos e sítios considere:
I. O monumento é inseparável da história de que é testemunho e do meio em que se situa.
Portanto, o deslocamento de todo o monumento ou de parte dele não pode ser tolerado em
qualquer hipótese.
II. A conservação dos monumentos é sempre favorecida por sua destinação a uma função útil
à sociedade. Tal destinação é desejável, mas não pode nem deve alterar a disposição ou a
decoração dos edifícios.
III. Os elementos de escultura, pintura ou decoração que são parte integrante do monumento
não lhes podem ser retirados a não ser que essa medida seja a única capaz de assegurar sua
conservação.

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Está correto o que consta APENAS em


(A) II.
(B) I e III.
(C) I.
(D) II e III.
(E) III.

Comentários
I. Incorreta.
Artigo 7°
O monumento é inseparável da história de que é testemunho e do meio em que se situa. Por isso, o
deslocamento de todo o monumento ou de parte dele não pode ser tolerado, exceto quando a salvaguarda
do monumento o exigir ou quando o justificarem razões de grande interesse nacional ou internacional.
(ICOMOS, 1964)

II. Correta.
Artigo 5º
A conservação dos monumentos é sempre favorecida por sua destinação a uma função útil à sociedade; tal
destinação é, portanto, desejável, mas não pode nem deve alterar a disposição ou a decoração dos edifícios.
É somente dentro destes limites que se devem conceber e se podem autorizar as modificações exigidas pela
evolução dos usos e costumes
(ICOMOS, 1964)

III. Correta.
Artigo 8°
Os elementos de escultura, pintura ou decoração que são parte integrante do monumento não lhes podem
ser retirados a não ser que essa medida seja a única capaz de assegurar sua conservação.
(ICOMOS, 1964)

Gabarito: alternativa D

12. (FCC – TJ-PI – 2009)


A filial do Museu Rodin em Salvador é um conjunto arquitetônico que contou com a adequação
do Palacete Comendador Catharino, edifício eclético construído em 1912, e a construção de
um bloco novo. Tanto a intervenção no edifício tombado quanto o bloco novo integram um

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único projeto de autoria do escritório Brasil Arquitetura (2002-2006). Observe abaixo esse
conjunto:

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Analisando os princípios de projeto para conservação e restauro de monumentos e sua relação


com a prática contemporânea da atividade, constata-se que
(A) restaurar um edifício é restituí-lo a um estado completo, conforme existia no momento em
que foi criado.
(B) para se afirmar a contemporaneidade do novo bloco foi necessário desrespeitar a escala
do edifício histórico.
(C) o novo projeto é anti-intervencionista e representa a defesa do caráter sagrado dos
edifícios considerados monumentos.
(D) restaurar um edifício significa a mais completa destruição que a construção pode sofrer,
pois os monumentos não nos pertencem.
(E) o resultado pode ser lido como uma situação de confronto e entendimento entre dois
momentos históricos claramente lançados.

Comentários
A única alternativa que faz sentido é a (E), porém, vamos entender um pouco mais sobre essa
obra e os princípios norteadores de projeto do escritório Brasil A.

O Museu Rodin Bahia é o primeiro do mundo fora da França. É uma parceria inédita
entre os dois países, onde a França cede os direitos de uso do nome do Museu Rodin,
sem o pagamento de royalties. Não é um negócio do mundo da arte, mas sim um
acordo de cooperação cultural que prevê por parte da França a cessão 62 peças em
gesso, em regime de comodato, por três anos, podendo ser renovado, o todo ou em
partes, a cada três anos a contar da data de inauguração.
(...)

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Os pontos norteadores da intervenção no edifício antigo foram as questões de


segurança, acessibilidade, instalações necessárias para o museu e criação de espaços
museológicos, ou seja, espaços amplos e contínuos.
(...)
Do ponto de vista estrutural, o segundo pavimento foi o que mais sofreu intervenções.
Para atender as solicitações do programa de museografia, houve a necessidade de
criação de um espaço amplo no interior do palacete. A existência de portas internas
nas paredes divisórias dos dormitórios foi a deixa para que os arquitetos pudessem
eliminá–las, como que se esticassem os batentes dessas portas para as laterais,
deixando apenas as espaletas de referência e aproveitando o próprio batente. Os
desenhos de piso e forro de cada ambiente também foram respeitados, deixando as
marcas para que, mesmo sendo um museu, o usuário pudesse perceber a antiga
configuração do palacete.
O novo uso do palacete e a nova demanda de usuários exigiam que fosse pensado um
novo acesso – a escada e elevador existentes não supririam as condições de segurança
e acessibilidade para o usuário do prédio. Houve então a necessidade da incorporação
de um novo sistema de circulação vertical, composto por escada e elevador, que
resultou em um bloco de concreto encravado na parte posterior do palacete. Esse
bloco de circulação vertical com características formais distintas das do palacete,
anuncia o novo morador do terreno – o prédio novo (figura 11).
A proposta um prédio novo que fosse dedicado às exposições temporárias e outras
atividades tornariam o espaço mais versátil e proporcionaria a renovação constante de
atividades no local.
O novo bloco, com características extremamente contemporâneas –uma grande caixa
de concreto aparente–, foi encravado atrás do palacete, distante uns 20,00m. Sua
aparência é característica da arquitetura do nosso tempo, dialogando como um
contraponto com o prédio antigo. Os prédios são independentes, mas se relacionam
através da passarela de ligação a 3,20 m do chão, que é, simbólica e fisicamente, o elo
entre dois séculos. Cecília Rodrigues dos Santos salienta a importância deste aspecto
do projeto:
O projeto do novo edifício representa o equilíbrio entre as limitações do local e as
principais premissas de trabalho dos arquitetos: não interferir nas árvores do jardim,
respeitar a escala do edifício histórico, afirmar a contemporaneidade do novo bloco e
criar soluções físicas de continuidade e fluidez para o conjunto. O resultado pode ser
lido como uma situação de confronto e entendimento entre dois momentos
históricos claramente lançados (Fanucci, Ferraz, 2005, p. 98).
A postura dos arquitetos em relação ao prédio novo e ao prédio antigo é, nas suas
próprias palavras de coexistência e convivência:
Convivência é a palavra que melhor expressa o ideário–guia do projeto de arquitetura
do Museu Rodin Bahia. Convivência de dois edifícios com diferença de idade de um
século: cada um, ao seu tempo, expressando uma técnica e um modo de construir, de
morar, de usufruir o espaço. Ambos com personalidade própria, envolvidos por um

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jardim tropical que os une sem tirar deles o forte caráter, ou mesmo a interessante
tensão (Fanucci, Ferraz, s. f.) .
É clara a diferença estética entre prédios, duas tipologias com a mesma função –
museu–, mas originárias de épocas distintas. Cada um representando seu tempo e se
relacionando entre si pela passarela que os liga.
(Nahas, 2010)
http://www.redalyc.org/pdf/1251/125117499007.pdf

Gabarito: alternativa E

13. (Consulplan – TRF 2º Região - 2017)


A Portaria IPHAN nº 420, de 22 de dezembro de 2010, “dispõe sobre os procedimentos a serem
observados para a concessão de autorização para realização de intervenções em bens
edificados tombados e nas respectivas áreas de entorno”. Seu Artigo 4º define que “a
realização de intervenção em bem tombado, individualmente ou em conjunto, ou na área de
entorno do bem, deverão ser precedidas de autorização do IPHAN”. O Artigo 5º complementa
que, “para efeito de autorização, são consideradas as seguintes categorias de intervenção: I –
Reforma Simplificada; II – Reforma/Construção nova; III – Restauração; IV – Colocação de
Equipamento Publicitário ou Sinalização; V – Instalações Provisórias” (Capítulo II – Da
Autorização de Intervenção). “Restauração” tem sido uma expressão comumente utilizada
para designar diversos tipos de intervenção sobre bens considerados históricos, gerando,
frequentemente, confusões conceituais. A referida Portaria, contudo, apresenta, em seu
Artigo 3º, a definição de “Restauração” a ser adotada “para os fins e efeitos desta Portaria”
(Capítulo I – Das Definições). Assinale a alternativa que identifica corretamente a definição do
conceito de “Restauração” adotada pela Portaria IPHAN nº 420/2010, apresentada em seu
Artigo 3º.
A) Consiste no conjunto de ações preventivas destinadas a prolongar o tempo de vida de
determinado bem.
B) É o conjunto de operações destinadas a manter, principalmente, a edificação em bom
funcionamento e uso.
C) Objetiva restabelecer a unidade do bem cultural, respeitando sua concepção original, os
valores de tombamento e seu processo histórico de intervenções.
D) Compreende toda e qualquer intervenção que implique na demolição ou construção de
novos elementos tais como ampliação ou supressão de área construída.

Comentários
Vamos analisar as alternativas:
(A) Incorreta. Trata-se de conservação.

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(B) Incorreta. Trata-se de manutenção.


(C) Correta!
(D) Incorreta. Trata-se de reforma ou reparação.
Vamos à Portaria IPHAN nº 420/2010

http://portal.iphan.gov.br/uploads/legislacao/Portaria_n_420_de_22_de_dezembro_de_2010.pdf

CAPÍTULO I
DAS DEFINIÇÕES
Art. 3º Para os fins e efeitos desta Portaria são adotadas as seguintes definições:
II – Conservação: conjunto de ações preventivas destinadas a prolongar o tempo de vida de determinado bem;
III – Manutenção: conjunto de operações destinadas a manter, principalmente, a edificação em bom
funcionamento e uso;
V – Reforma ou Reparação: toda e qualquer intervenção que implique na demolição ou construção de novos
elementos tais como ampliação ou supressão de área construída; modificação da forma do bem em planta,
corte ou elevação; modificação de vãos; aumento de gabarito, e substituição significativa da estrutura ou
alteração na inclinação da cobertura;
VII – Restauração: serviços que tenham por objetivo restabelecer a unidade do bem cultural, respeitando sua
concepção original, os valores de tombamento e seu processo histórico de intervenções;

Gabarito: alternativa C

14. (Consulplan – P.M. Sabará/MG - 2017)


Analise as afirmativas a seguir.
I. Tombamento é o ato administrativo exarado pela autoridade competente que declara ou
reconhece o valor histórico, artístico, paisagístico, bibliográfico, arqueológico, científico ou
cultural do bem que, devido à presença de uma ou mais destas características, passará a ser
preservado.
II. Entre os bens passíveis de tombamento, figuram cidades, praças, ruas, edifícios, obras de
arte, móveis, livros, fotografias, florestas.
III. Cumpre dizer, portanto, que não se protege a edificação em si, mas a referência que o bem
evoca por suas características históricas, artísticas e culturais; o objetivo do tombamento não
é vedar completamente o exercício da propriedade do bem tombado, mas apenas regular o
uso deste, a fim de que as características protegidas não sejam destruídas, o que causaria dano
à coletividade.
IV. Desde a criação do inicialmente chamado patrimônio histórico, artístico e arquitetônico,
até a atual concepção de patrimônio cultural, a atenção do Estado brasileiro aos referidos bens
se efetivara com políticas públicas eficazes de preservação, sendo a mais pungente delas a

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legal, especialmente com a promulgação da Constituição Cidadã de 1988, o maior marco


nacional para defesa dos bens culturais.
V. De acordo com as características do bem, poderá este ser inscrito no Livro do tombo
arqueológico, etnográfico e paisagístico; Livro do Tombo Histórico; Livro do Tombo das Belas
Artes; Livro do Tombo das Artes Aplicadas.
Estão corretas as afirmativas
A) I, II, III, IV e V.
B) I, II e IV, apenas.
C) I, III e V, apenas.
D) II, III e IV, apenas.

Comentários
Vamos comentar cada afirmativa:
I. Correta. Trago mais algumas definições. Segundo Hely Lopes Meirelles, o tombamento se
materializa pelo ato de inscrição ou registro no Livro do Tombo, criado pelo Decreto-lei n. 25 de
1937, que ainda hoje regula o instituto. Já segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, trata-se do
procedimento administrativo pelo qual o Estado impõe restrições aos bens de qualquer natureza
cuja conservação seja de interesse público, por estarem vinculados a fatos memoráveis da história
ou por seu notável valor arqueológico, biográfico ou artístico.
II. Correta. O tombamento pode ser aplicado aos bens móveis e imóveis, públicos ou privados,
de característica cultural ou ambiental. Todos os bens que possuírem referência à identidade, ação
e memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira poderão ser tombados. De
acordo com a Constituição Federal, não apenas os bens dotados de monumentalidade ou
excepcionalidade poderão ser tombados. Entre os bens passíveis de tombamento, figuram cidades,
praças, ruas, edifícios, obras de arte, móveis, livros, fotografias, florestas...
III. Correta. O tombamento visa proteger o Meio Ambiente Cultural por meio de um conjunto
de restrições impostas unilateralmente pelo Estado ao proprietário particular ou público de bem
que possua características que justifiquem o interesse do Poder Público em protegê-lo. Tais
restrições serão de caráter administrativo, visando à preservação de suas características originais.
IV. Correta. A Constituição Federal não é a primeira a tratar sobre a defesa dos bens culturais,
mas, apresentou um novo conceito ao introduzir, no seu caput, a ideia de patrimônio cultural
brasileiro, o qual é constituído de bens de natureza material e imaterial. Apresentando, assim,
interesse especial por incluir avanços antropo-etnológicos. Para exemplificar, esse novo conceito
trazido é bem diferente do introduzido pela Constituição de 1934, a qual se referia à proteção dos
“objetos de interesse histórico e o patrimônio artístico do País”
V. Correta. O tombamento se efetiva quando o bem é inscrito em um dos Livros do Tombo. No
âmbito federal, a competência para realizá-lo cabe ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico

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Nacional – IPHAN, autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura. Já nas esferas estadual e
municipal a competência reside em órgão criado para fazê-lo. São 4 livros do Tombo:
• Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico
• Livro do Tombo Histórico
• Livro do Tombo das Belas Artes
• Livro do Tombo das Artes Aplicadas
O Decreto-lei 25/1937 trata dessa divisão.
Fonte: https://jus.com.br/artigos/36016/o-instituto-do-tombamento-como-meio-de-protecao-do-patrimonio-
cultural-nacional
Vamos ao Decreto-lei 25/1937
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0025.htm
CAPÍTULO I
DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL
Art. 1º Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no
país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do
Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.
§ 1º Os bens a que se refere o presente artigo só serão considerados parte integrante do patrimônio histórico
ou artístico nacional, depois de inscritos separada ou agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo, de que
trata o art. 4º desta lei.
§ 2º Equiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também sujeitos a tombamento os
monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens que importe conservar e proteger pela feição notável
com que tenham sido dotados pela natureza ou agenciados pela indústria humana.
Art. 2º A presente lei se aplica às coisas pertencentes às pessoas naturais, bem como às pessoas jurídicas de
direito privado e de direito público interno.
CAPÍTULO II
DO TOMBAMENTO
Art. 4º O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional possuirá quatro Livros do Tombo, nos quais serão
inscritas as obras a que se refere o art. 1º desta lei, a saber:
1) no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, as coisas pertencentes às categorias de arte
arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular, e bem assim as mencionadas no § 2º do citado art. 1º.
2) no Livro do Tombo Histórico, as coisas de interesse histórico e as obras de arte histórica;
3) no Livro do Tombo das Belas Artes, as coisas de arte erudita, nacional ou estrangeira;
4) no Livro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que se incluírem na categoria das artes aplicadas,
nacionais ou estrangeiras.

Gabarito: alternativa A

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15. (Consulplan – P.M. Venda Nova do Imigrante/ES - 2016)


“As _ para a conservação, manutenção e restauro do patrimônio histórico,
local, regional, nacional ou mundial, estão expressas nas patrimoniais. Estas
tratam da evolução conceitual e das formas de ação sobre um patrimônio histórico e
arquitetônico e traduzem o que se pensa no âmbito da comunidade de especialistas e
organismos nacionais e internacionais que trabalham com a de
patrimônios culturais e surgiram com a Carta de Atenas, em . Os organismos de
preservação do patrimônio histórico, local, regional, nacional, ou mundial são, em geral, os
editores dos documentos, que muitas vezes redundam em leis e decretos locais.” Assinale a
alternativa que completa correta e sequencialmente a afirmativa anterior.
A) diretrizes / cartas / preservação / 1931
B) normas / laudas / reestruturação / 1937
C) disposições / missivas / restauração / 1942
D) determinações / cartilhas / conservação / 1950

Comentários
“As diretrizes para a conservação, manutenção e restauro do patrimônio histórico, local,
regional, nacional ou mundial, estão expressas nas cartas patrimoniais. Estas tratam da
evolução conceitual e das formas de ação sobre um patrimônio histórico e arquitetônico
e traduzem o que se pensa no âmbito da comunidade de especialistas e organismos
nacionais e internacionais que trabalham com a preservação de patrimônios culturais e
surgiram com a Carta de Atenas, em 1931. Os organismos de preservação do patrimônio
histórico, local, regional, nacional, ou mundial são, em geral, os editores dos documentos,
que muitas vezes redundam em leis e decretos locais.”
Vamos à Cartilha do CREA-SP “Patrimônio Histórico: Como e Por que Preservar”
http://www.creasp.org.br/arquivos/publicacoes/patrimonio_historico.pdf
O que são cartas patrimoniais?
As diretrizes para a conservação, manutenção e restauro do patrimônio histórico, local, regional,
nacional ou mundial, estão expressas nas cartas patrimoniais. Estas tratam da evolução conceitual e
das formas de ação sobre um patrimônio histórico e arquitetônico. As cartas patrimoniais refletem o
que se pensou e o que se pensa no âmbito da comunidade de especialistas e organismos nacionais e
internacionais que trabalham com a preservação de patrimônios culturais.
Gabarito: alternativa A

16. (Consulplan – P.M. Venda Nova do Imigrante/ES - 2016)


“A Carta de Burra advoga uma abordagem cautelosa às alterações: fazer tão pouco quanto
seja necessário para cuidar do sítio e torná-lo utilizável, mas por outro lado alterar tão pouco

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quanto seja possível para que o seu significado cultural fique retido.” Em conformidade com a
carta no que diz respeito à “restauração”, analise as afirmativas a seguir.

I. A restauração só pode ser efetivada se existirem dados suficientes que testemunhem um


estado anterior da substância do bem e se o restabelecimento deste estado conduzir a uma
valorização da significação cultural do referido bem.
II. Nenhuma empreitada de restauração deve ser empreendida sem a certeza de existirem
recursos necessários para isto.
III. A restauração deve servir para mostrar novos aspectos em relação à significação cultural
do bem.
IV. A restauração se baseia no princípio do respeito ao conjunto de testemunhos disponíveis,
sejam materiais, documentais ou outros, e deve parar onde começa a hipótese.
V. A restauração pode implicar a reposição de elementos desmembrados ou a retirada de
acréscimos, nas condições previstas no Artigo 16.
VI. Conforme disposto no Artigo 16, as contribuições de todas as épocas deverão ser
respeitadas.
VII. Quando a substância do bem pertencer a várias épocas diferentes, o resgate de elementos
datados de determinada época em detrimento dos de outra só se justifica se a significação
cultural do que é retirado for de pouquíssima importância em relação ao elemento a ser
valorizado.
Estão corretas as afirmativas
A) II, IV e VI, apenas.
B) IV, V e VII, apenas.
C) I, II, III, IV, V, VI e VII.
D) I, II, III, IV e V, apenas.

Comentários
Todas corretas!
A Carta de Burra, 1980, é resultante do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios, realizado
na Austrália, a carta traz as definições de Restauração: o “restabelecimento da substância (conjunto
de materiais que fisicamente constituem o bem) de um bem em um estado anterior conhecido”;
Adaptação – como “o agenciamento de um bem a uma nova destinação sem a destruição de sua
significação cultural”; Uso compatível – “uma utilização que não implique mudança na significação
cultural da substância, modificações que sejam substancialmente reversíveis ou que requeiram um
impacto mínimo”; Significação cultural – “designa o valor estético, histórico, científico ou social de
um bem para as gerações passadas, presentes ou futuras” (CONSELHO INTERNACIONAL..., 1980).

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Vamos à Carta de Burra


http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Carta%20de%20Burra%201980.pdf

Gabarito: alternativa C

17. (FGV – ALERJ/RJ - 2016)


A Carta de Veneza, de maio de 1964, estabelece que a restauração dos monumentos é uma
operação que deve ter caráter excepcional. Um dos aspectos abordados nessa Carta sugere
que a restauração deve:
(A) começar onde se inicia a hipótese sobre os valores do monumento;
(B) destacar-se da composição arquitetônica, ostentando a marca do seu tempo;
(C) ser precedida e acompanhada de um estudo artístico do monumento;
(D) integrar os elementos destinados a substituir as partes faltantes, de modo que pareçam
partes originais do conjunto;
(E) empregar técnicas tradicionais, sendo vetadas as técnicas modernas, mesmo que
fundamentadas em dados científicos.

Comentários
(A) Errada. Terminar onde se inicia a hipótese sobre os valores do monumento;
(B) Correta!
(C) Errada. Ser precedida e acompanhada de um estudo arqueológico e histórico do
monumento;

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(D) Errada. Integrar os elementos destinados a substituir as partes faltantes,


harmoniosamente ao conjunto, porém distinguindo-se das partes originais a fim de que
a restauração não falsifique o documento de arte e de história.
(E) Errada. Quando as técnicas tradicionais se revelarem inadequadas, a consolidação do
monumento pode ser assegurada com o emprego de todas as técnicas modernas de
conservação e construção cuja eficácia tenha sido demonstrada por dados científicos e
comprovada pela experiência.
Vamos à Carta de Veneza, 1964
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Carta%20de%20Veneza%201964.pdf
Documento antigo e não copiável, tive que dar um print na tela. Para uma melhor visualização,
favor, acessar o site acima.

Gabarito: alternativa B

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18. (FGV – ALERJ/RJ - 2016)


A Carta de Petrópolis, originada no 1º Seminário Brasileiro para preservação e revitalização de
centros históricos de 1987, estabelece que o sítio histórico urbano - SHU é parte integrante de
um contexto amplo que comporta as paisagens natural e construída, assim como a vivência
de seus habitantes. Um dos itens apresentado na Carta determina que a preservação do SHU
deve:
(A) ser realizada através de diferentes tipos de instrumentos como normas edilícias e
escrituras;
(B) constituir ação integrada entre os órgãos federais, estaduais e municipais, sem
participações externas;
(C) ser pressuposto do planejamento urbano, alicerçado no conhecimento dos mecanismos de
estruturação do espaço;
(D) considerar a moradia como função complementar ao espaço edificado, haja vista sua
irrelevância para o contexto histórico;
(E) coibir a realização do inventário com a participação da comunidade, por não ser
representativo o conhecimento do valor por ela atribuído ao patrimônio.

Comentários
(A) Errada. Ser realizada através de diferentes tipos de instrumentos como: tombamento,
inventário, normas urbanísticas, isenções e incentivos, declaração de interesse cultural e
desapropriação.
(B) Errada. Constituir ação integrada entre os órgãos federais, estaduais e municipais, bem
como a participação da comunidade interessada nas decisões de planejamento, como
uma das formas de pleno exercício da cidadania.
(C) Certa.
(D) Errada. Primeiro que, logo no início da Carta de Petrópolis é dito que toda a cidade é um
organismo histórico. Todo espaço edificado é resultado de um processo de produção
social, só se justificando sua substituição após demonstrado o esgotamento de seu
potencial sóciocultural. Sendo a polifuncionalidade uma característica do SHU, a sua
preservação deve abrigar os universos de trabalho e do cotidiano, onde se manifestam as
verdadeiras expressões de uma sociedade heterogênea e plural. Guardando essa
heterogeneidade, deve a moradia construir-se na função primordial do espaço edificado.
(E) Errada.
Vamos à Carta de Petrópolis, 1987
(A)

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(B)

(C)

==1 00a 19 ==

(D)

(E)

Gabarito: alternativa C

19. (FGV – Defensoria Pública/MT – 2015)


As cartas patrimoniais são documentos firmados internacionalmente sobre a preservação de
bens culturais. Entre elas encontra-se a Carta de Restauro que estabelece as normas para esse
procedimento. A respeito das cartas do restauro, analise as afirmativas a seguir.

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I. Quando o reboco está irrecuperável ou completamente ausente, deve-se deixar como está
para não se introduzir erros históricos durante a restauração.
II. Quando o reboco está marcado pela passagem do tempo, mas em estado de boa
conservação, deve-se usar do máximo respeito pela preexistência, limitando as operações ao
mínimo indispensável.
III. Quando o reboco apresenta bom estado de conservação, mas apresenta as suas cores
irreversivelmente comprometidas, deve-se evitar a renovação das cores para não se perder as
características originais.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(C) se somente a afirmativa III estiver correta.
(D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
(E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

Comentários
I. Incorreta. Quando o reboco está irrecuperável ou completamente ausente, na proposta de
um novo reboco devem-se evitar quaisquer tentativas de reposição de um inverosímil “estado
original”, ou de procura de efeitos de “traço antigo”, ou de imitações “ao estilo”. Ou seja, deve
haver uma proposta de um novo reboco, porém como uma reinterpretação do edifício, com
rigor filosófico e sentido crítico.
II. Correta. Fiquem sempre atentos! As intervenções devem se ater ao mínimo indispensável.
III. Correta. Nesse caso, torna-se indispensável a renovação da coloração, mas não a renovação
das cores originais. Outro ponto importante, e muito cobrado nas provas, é que na
intervenção, quando as partes estiverem muito comprometidas, não se deve tentar imitar o
original, pois seria uma grave alteração aos valores históricos.
Vamos à “Cartas de Restauro”
(observação: ortografia antiga)
https://5cidade.files.wordpress.com/2008/04/fundamentacao-teorica-do-restauro.pdf

CRITÉRIOS VÁLIDOS PARA TRABALHOS ESPECÍFICOS


Em conformidade com estas indicações metodológicas, as modalidades para se
executarem intervenções correctas sobre as superfícies das fachadas dos edifícios podem
ser exemplificadas pelos casos seguintes:
1) Intervenções sobre materiais pétreos artificiais (rebocos)
- O reboco apresenta-se bem conservado, mas marcado de diferentes formas pela
passagem do tempo. Nestes casos é possível usar-se do máximo respeito pela
preexistência limitando-se as operações ao mínimo indispensável; como se recomenda,

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também, a salvaguarda desse reboco sem se renovarem as cores (N.T – tintas), com o
objectivo de se manterem os vestígios da sua passagem pelo tempo. Recomenda-se,
também, a limpeza e a consolidação das partes mais erodidas ou a retenção e a fixação
dessas cores (N.T – tintas) existentes.
- O reboco apresenta-se bem conservado, mas as suas cores (N.T – tintas) estão
irreversivelmente comprometidas. Nestes casos torna-se indispensável a renovação da
coloração (N.T. – pintura) das fachadas. A intervenção não deve, no entanto, assumir um
carácter excessivamente competitivo ou prevaricante relativamente à figuração em que
se insere, nem deve ser imitativa ou mimética no respeito pela imagem arquitectónica;
se forem profusamente seguidas estas disposições, provoca-se uma grave alteração aos
valores históricos.
As novas cores (N.T – tintas) não devem, no entanto, voltarem a propor as originais ou
uma das que se lhes tenham seguido; a utilização de uma cor nova destina-se a constituir
uma adição crítica, ou seja, uma contribuição que a cultura actual pode legitimamente
trazer à solução do problema.
- O reboco apresenta zonas (mais ou menos amplas) lesionadas e em fase de
destacamento. Nestes casos a demolição é injustificada por existirem técnicas que
permitem a reparação das lesões e a readerência das partes destacadas.
- O reboco apresenta-se bem conservado, mas algumas partes (mais ou menos amplas)
estão ausentes. A presença de lacunas (localizadas frequentemente na base da
construção, por patologias consequentes da humidade ascendente) não justifica (seja em
termos culturais, seja em termos económicos) nem a substituição sistemática de todo o
revestimento nem a pintura das fachadas exteriores.
Neste caso deve-se proceder à reparação das partes em falta, pelo emprego de
argamassas cromaticamente controladas ou pela utilização de técnicas de tipo pictórico
de recuperação em pinturas.
- O reboco está em péssimas condições e irrecuperável, ou completamente ausente. Neste
caso é fútil encararem-se obras de conservação ou de manutenção. Encontramo-nos
perante um problema de reintegração da imagem, a ser conduzido com rigor filológico e
sentido crítico; os edifícios danificados perderam, de facto, a sua imagem assumindo o
aspecto de figuras mutiladas. Na proposta de um novo reboco devem-se evitar, assim,
quaisquer tentativas de reposição de um inverosímil “estado original”, ou de procura de
efeitos de “traço antigo”, ou de imitações “ao estilo”. Devem-se resolver os problemas de
reinterpretação desse edifício, procurando-se o objectivo da definição caso a caso, dentro
dos limites cromáticos, historicamente circunscritos, propostos pelo ambiente.

Gabarito: alternativa E

20. (FGV – Defensoria Pública/MT – 2015)


As construções históricas apresentam variadas patologias em razão da degradação dos
elementos que as compõem. Relacione as manifestações patológicas que ocorrem nas
argamassas às suas respectivas causas.

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1. Manchas de umidade apresentando pó branco acumulado sobre a superfície.


2. Empolamento da pintura apresentando cores diferenciadas no interior das empolas.
3. Superfície do reboco descolada do emboço formando bolhas.

( ) Hidratação retardada do óxido de magnésio da cal.


( ) Presença de pirita ou de matéria orgânica na areia.
( ) Sais solúveis presentes no componente da alvenaria.
Assinale a opção que indica a relação correta, de cima para baixo.
(A) 3 – 2 – 1
(B) 3 – 1 – 2
(C) 2 – 3 – 1
(D) 2 – 1 – 3
(E) 1 – 2 – 3

Comentários
Na prova do TRF 2ª Região de 2017, foi cobrado o conhecimento de um Caderno Técnico publicado
pelo IPHAN, Programa Monumental.
http://portal.iphan.gov.br/publicacoes/lista?categoria=29&busca=
E a questão era discursiva, um estudo de caso. Eu não havia lido o manual, mas coloquei as diretrizes
gerais que havia estudado nas cartas e o que eu havia estudado sobre as patologias das construções.
Minha dica é que você não se desespere e coloque seus conhecimentos a respeito, mesmo não
tendo conhecimento do procedimento específico cobrado pela banca.
Logo, máxima atenção a essa questão que envolve patologia das edificações e preservação do
patrimônio histórico e cultural.
Vamos a alguns conceitos:
Emboço – Camada de regularização da superfície da parede. (massa grossa)
Reboco – Massa fina que se aplica sobre o emboço e prepara a superfície da parede para pintura.
(Fonte: PiniWeb)

Pirita – Mineral comum na natureza, sulfeto de ferro (FeS2).


As rochas que contêm pirita são impróprias para construções porque a pronta oxidação desse mineral
serviria não só para desintegrar a rocha, mas também para manchá-la, com o óxido de ferro produzido.
(Dana, James; 1969)
Fonte: http://entendendoageologiaufba.blogspot.com.br/2012/03/pirita.html

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Eflorescência - As eflorescências são depósitos cristalinos, formados na superfície e no interior de


painéis de alvenaria através de cristalização de soluções salinas. Esse fenômeno surge como resultado
do processo de evaporação ou variação de temperatura, geralmente acompanhando a presença de
umidade (GONÇALVES, 2007).
Segundo Guimarães (2002), as eflorescências são caracterizadas por depósitos brancos,
pulverulentos, normalmente solúveis em água. São compostas por carbonatos (cálcio e magnésio),
hidróxido de cálcio, sulfatos (cálcio ou magnésio ou potássio ou sódio), cloretos (cálcio ou magnésio)
e nitratos (potássio ou sódio ou amônio).
As causas desta patologia são 3 fatores:
1. Teor de sais solúveis nos materiais ou componentes (tijolos, materiais cerâmicos, cimento
Portland, água de assentamento, agregados, materiais provenientes da poluição);
2. Presença de água para dissolver e carrear os sais solúveis até a superfície do
revestimento;
3. Pressão hidrostática para propiciar a migração da solução para a superfície.

Empolamento - De acordo com Bauer (1994) a cal é o material que está diretamente associado a esta
patologia, portanto ela acontece nas camadas com maior proporção deste constituinte das
argamassas. Normalmente o reboco se destaca do emboço, formando bolhas cujo diâmetro aumenta
progressivamente.
As causas prováveis compreendem a infiltração de umidade e a existência de cal parcialmente
hidratada na argamassa que, ao se extinguir depois de aplicada, aumenta de volume e se expande
(CINCOTTO, 1988). Especialmente o óxido de magnésio da cal tem hidratação muito lenta e caso
não tenham sido tomados os devidos cuidados, a expansão e o empolamento podem surgir após
meses da execução do revestimento (BAUER, 1997).

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Vesículas – A presença de materiais dispersos na argamassa que manifestam posterior variação


volumétrica, originam as vesículas nos revestimentos. Bauer (1997) refere que as causas estão
atreladas à presença de: pedras de cal parcialmente extintas; matéria orgânica e torrões de argila na
areia; outras impurezas como pirita e torrões ferruginosos.
Cincotto (1988) relaciona os aspectos observados no interior das vesículas com a anomalia ou tipo
de impureza existente nos agregados. Quando o empolamento da pintura apresenta partes internas
das empolas na cor branca, indica a ocorrência de hidratação retardada de óxido de cálcio da cal.
Quando na cor preta, evidencia a presença de pirita ou de matéria orgânica na areia. Quando na cor
vermelha acastanhada, indica a presença de concreções ferruginosas na areia. E quando as bolhas
contêm umidade no interior, é caracterizada a aplicação prematura de tinta impermeável.

Dito isso... Vamos analisar as alternativas


I. Manchas de umidade apresentando pó branco acumulado sobre a superfície como
vimos acima, são eflorescências e podem ser causadas pela presença de sais solúveis na
alvenaria.
II. Empolamento da pintura apresentando cores diferenciadas no interior das empolas as
cores diferenciadas no interior das empolas estão associadas com o tipo de impureza
existente nos agregados, como pirita ou material orgânico presentes na areia.
III. Superfície do reboco descolada do emboço formando bolhas como vimos, trata-se de
empolamento e uma das causas pode ser a hidratação retardada do óxido de magnésio da
cal.
Vou aproveitar essa questão para trazer alguns esquemas sobre argamassas, suas funções e
processos de deterioração.

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Esquema baseado em Carasek (2007).


Classificação das argamassas de acordo com sua função:

Vamos ao Manual de Conservação e Intervenção em Argamassas e Revestimentos à Base de Cal


(IPHAN/Programa Monumenta)
1.2 – Composição e função das argamassas nas alvenarias tradicionais

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As argamassas são materiais constituídos basicamente de dois componentes: o aglomerante e o agregado.


Ocasionalmente, também se emprega um aditivo. No passado, foram usados diferentes tipos de agregados
(areias) e aditivos.
A areia podia ser natural de rio, de jazida, ou mesmo de conchas, tijolos, pedras (mármores, dolomitos) e outras
fontes. Nas argamassas de cal, o tipo e a granulometria da areia vão influir na cor, textura, resistência,
porosidade e muitos outros aspectos das argamassas. A areia a ser utilizada nas argamassas de reconstituição
deve ser, portanto muito bem escolhida, pois pode influir na aparência do edifício, bem como na porosidade
(microestrutura física), textura, resistência mecânica e, ainda, determinar a qualidade e a durabilidade da
intervenção.
Os aditivos orgânicos podem estar presentes tanto nas argamassas de cal, quanto nas tintas à base de cal. No
passado, foram utilizados compostos orgânicos como, por exemplo, polissacarídeos (mucilagem vegetal),
proteínas (caseína do leite, clara de ovo), óleos animais (peixe etc.), vegetais (linhaça) e gorduras (sebo).
Também era comum adicionar fibras vegetais (palha) e de animais (crina, estrume), as quais contribuem nas
propriedades das argamassas, influindo em sua trabalhabilidade e consistência, no controle das retrações, na
absorção e difusão da umidade e, por fim, na durabilidade e resistência final das argamassas às intempéries.
Ainda se misturavam, como aditivos hidráulicos, materiais pozolânicos que modificavam a pega, a cura e outras
propriedades das argamassas à base de cal (ver adiante).
A cal como aglutinante básico de vários tipos de argamassas foi extensivamente utilizada no passado em uma
variedade de funções que iam desde a proteção até a decoração, mas o progressivo desaparecimento desse
material e da experiência prática de trabalhar com ele tem trazido dificuldades às obras de restauração.
Somam-se, ainda, os problemas de inadequação da maioria dos materiais disponíveis no mercado. Se as
alvenarias tradicionais de pedra, tijolo, taipa ou a vedação de estruturas não forem conservadas com materiais
compatíveis, e se estiverem expostas à ação do tempo, ocorrerá deterioração mais acelerada.
1.3.3 Causas frequentes da deterioração das argamassas e revestimentos
A água (líquida ou sólida) e os sais solúveis podem causar danos às argamassas de cal, mas também os
compostos orgânicos podem gerar deteriorações. Para compreender os mecanismos de desgaste das
argamassas por tais agentes, é preciso determinar sua qualidade e quantidade.
Os minerais de sal solúveis podem ser rapidamente transportados pela água presente nos materiais a uma
grande distância. A cristalização dos sais por evaporação junto às superfícies das alvenarias pode provocar
tensão nas paredes dos poros de uma argamassa ou reboco. Com o tempo, repetidos ciclos de dissolução e
cristalização de sais conduzem a uma falha sucessiva da estrutura de poros e, assim, causam danos visíveis ao
material. A eflorescência e as manchas de umidade podem indicar a presença de sais. Alguns sais têm
capacidade higroscópica, ou seja, são capazes de extrair umidade da atmosfera. Em regiões com alta umidade
relativa do ar, os sais podem, portanto, aparecer como manchas no reboco, pois a umidade exterior é tão alta
que os sais se dissolvem dentro do sistema de poros. Quando a umidade ambiental baixa até certo valor, os sais
se recristalizam (esse valor de umidade é conhecido como umidade deliqüescente e é específico para cada sal).
Portanto, as manchas de umidade em alvenarias nem sempre ocorrem devido a infiltrações, mas podem ter
sua origem na presença de sais higroscópicos.

Gabarito: alternativa A

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21. (CONSULPLAN – P.M.N. Patos de Minas – 2015)


De acordo com as Normas e Procedimentos Complementares em Projetos de Preservação,
analise.
I. Os projetos deverão ser elaborados em observância às prescrições estabelecidas em
Códigos, Leis ou Normas, nas três esferas de governo, pertinentes ao assunto e vigentes, no
local da intervenção.
II. Apesar da hierarquia entre as esferas Municipal, Estadual e Federal, o autor de cada projeto
deverá considerar a prescrição mais exigente, mesmo que não corresponda a do órgão de
hierarquia superior. No entanto, se forem diversas e incompatíveis, prevalecerão as exigências
do órgão Federal.
III. Deverão ser consideradas, ainda, na elaboração dos Projetos, as Normas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT e as disposições vigentes relativas à acessibilidade de
pessoas portadoras de deficiência física (Lei nº 10.098, de 19/12/2000), à arqueologia e ao
meio ambiente, conforme legislação específica para cada caso.
IV. Os projetos de sinalização histórica devem observar as orientações do Guia Brasileiro de
Sinalização Turística elaborado pelo Departamento Nacional de Transito – DENATRAN,
Empresa Brasileira de Turismo – EMBRATUR e IPHAN.
V. As disposições contidas nos Manuais específicos do IPHAN complementam as orientações
e roteiros indicados. São eles: Manual de Conservação Preventiva; Manual de Conservação de
Telhados; Manual de Conservação de Jardins Históricos; Manual de Conservação de Cantarias;
e Manual de Arqueologia Histórica.
Estão corretas as afirmativas
A) I, II, III, IV e V.
B) I e III, apenas.
C) II e IV, apenas.
D) III e V, apenas.

Comentários
Todas as alternativas estão corretas.
Vamos ao Manual de Elaboração de Projetos de Preservação do Patrimônio Cultural, IPHAN,
Projeto Monumenta
3.6. Normas e Procedimentos complementares
3.6.1. Os Projetos deverão ser elaborados em observância às prescrições estabelecidas em Códigos, Leis ou
Normas, nas três esferas de governo, pertinentes ao assunto e vigentes, no local da intervenção.
3.6.2. Apesar da hierarquia entre as esferas Municipal, Estadual e Federal, o autor de cada projeto deverá
considerar a prescrição mais exigente, mesmo que não corresponda a do órgão de hierarquia superior. No
entanto, se forem diversas e incompatíveis, prevalecerão as exigências do órgão Federal.

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3.6.3. Deverão ser consideradas ainda, na elaboração dos Projetos, as Normas da Associação Brasileira de
Normas Técnicas - ABNT e as disposições vigentes relativas à acessibilidade de pessoas portadoras de
deficiência física (Lei nº 10.098, de 19/12/2000), à arqueologia e ao meio ambiente, conforme legislação
específica para cada caso.
3.6.4. Os Projetos de sinalização histórica devem observar as orientações do GUIA BRASILEIRO DE SINALIZAÇÃO
TURÍSTICA elaborado pelo Departamento Nacional de Transito - DENATRAN, Empresa Brasileira de Turismo -
EMBRATUR e IPHAN.
3.6.5. As disposições contidas nos Manuais (em elaboração) específicos do IPHAN complementam as
orientações e roteiros indicados. São eles:
• Manual de Conservação Preventiva;
• Manual de Conservação de Telhados;
• Manual de Conservação de Jardins Históricos;
• Manual de Conservação de Cantarias;
• Manual de Arqueologia Histórica.

Gabarito: alternativa A

22. (CONSULPLAN – P.M.N. Natividade – 2014)


O tombamento consiste na figura jurídica destinada a assegurar a preservação de bens
culturais imóveis e móveis que constituem a Memória Nacional, cuja conservação seja de
interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por
seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico. Por meio de
processos legais próprios, o bem é tombado por inscrição em um ou mais dos 4 Livros do
Tombo (Arqueológico, Histórico, das Belas Artes e das Artes Aplicadas) e os seus efeitos são
disciplinados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. São de nível nacional,
quando decretados pelo IPHAN; ou de nível estadual, quando decretados por órgãos
congêneres do Estado; ou ainda, de proteção municipal, em municípios que possuam
legislação específica. Qual o decreto que legitima o tombamento de bens no Brasil?
A) Decreto‐Lei nº 20, de 10/10/47.
B) Decreto‐Lei nº 22, de 20/10/45.
C) Decreto‐Lei nº 25, de 30/11/37.

D) Decreto‐Lei nº 29, de 10/11/37.


Comentários
O decreto que legitima o tombamento de bens no Brasil é o Decreto-Lei Nº 25, de 30/11/1937.
Vamos ao Decreto-Lei Nº 25, de 30/11/1937: (texto antigo e com ortografia da época)
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0025.htm

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Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional.


CAPÍTULO I
DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL
Art. 1º Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes
no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do
Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.
§ 1º Os bens a que se refere o presente artigo só serão considerados parte integrante do patrimônio
histórico o artístico nacional, depois de inscritos separada ou agrupadamente num dos quatro Livros do Tombo,
de que trata o art. 4º desta lei.
§ 2º Equiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também sujeitos a tombamento os
monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens que importe conservar e proteger pela feição notável
com que tenham sido dotados pela natureza ou agenciados pelo indústria humana.
Art. 2º A presente lei se aplica às coisas pertencentes às pessôas naturais, bem como às pessôas jurídicas
de direito privado e de direito público interno.
Art. 3º Exclúem-se do patrimônio histórico e artístico nacional as obras de orígem estrangeira:
1) que pertençam às representações diplomáticas ou consulares acreditadas no país;
2) que adornem quaisquer veiculos pertencentes a emprêsas estrangeiras, que façam carreira no país;
3) que se incluam entre os bens referidos no art. 10 da Introdução do Código Civíl, e que continuam sujeitas
à lei pessoal do proprietário;
4) que pertençam a casas de comércio de objetos históricos ou artísticos;
5) que sejam trazidas para exposições comemorativas, educativas ou comerciais:
6) que sejam importadas por emprêsas estrangeiras expressamente para adôrno dos respectivos
estabelecimentos.
Parágrafo único. As obras mencionadas nas alíneas 4 e 5 terão guia de licença para livre trânsito, fornecida
pelo Serviço ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
CAPÍTULO II
DO TOMBAMENTO
Art. 4º O Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional possuirá quatro Livros do Tombo, nos quais
serão inscritas as obras a que se refere o art. 1º desta lei, a saber:
1) no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, as coisas pertencentes às categorias de arte
arqueológica, etnográfica, ameríndia e popular, e bem assim as mencionadas no § 2º do citado art. 1º.
2) no Livro do Tombo Histórico, as coisas de interêsse histórico e as obras de arte histórica;
3) no Livro do Tombo das Belas Artes, as coisas de arte erudita, nacional ou estrangeira;
4) no Livro do Tombo das Artes Aplicadas, as obras que se incluírem na categoria das artes aplicadas,
nacionais ou estrangeiras.

Gabarito: alternativa C

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23. (CONSULPLAN – COMPANHIA BRASILERIA DE TRENS URBANOS – CBTU – 2014)


As prefeituras podem e devem proteger a paisagem das cidades planejando e colocando em
prática as estratégias de proteção da natureza, do ambiente construído e do espaço público
de maneira geral, através de algumas ações.
Analise-as.
I. Proteção das áreas verdes e dos corpos hídricos, aplicando restrições para a construção em
terrenos, em encostas e ao longo de cursos d’água.
II. Proteção do patrimônio cultural da cidade, prevalecendo as leis de proteção dos imóveis
tombados sobre os parâmetros definidos no zoneamento urbano.
III. Conservação dos imóveis tombados, reconvertendo-os para novas utilizações, de forma
adequada, pois não existe manutenção sem uso.
IV. Arborização das vias públicas.
V. Liberação irrestrita para a instalação de anúncios, antenas, cadeiras e mesas no espaço
público.
Estão corretas as afirmativas
A) I e V, apenas.
B) I, II, III, IV e V.
C) I, II, III e IV, apenas.
D) II, III, IV e V, apenas.

Comentários
Todas corretas com exceção do item V.
Vale lembrar o artigo 18 do Decreto nº 25/1937:
“Art. 18. Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não se poderá, na
vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibílidade, nem nela colocar
anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o objéto, impondo-se nêste caso a
multa de cincoenta por cento do valor do mesmo objéto.”

Vamos à Cartilha Instrumentos do Plano Diretor do Rio de Janeiro

Minha paisagem, minha vida: protegendo o patrimônio da cidade:


E como a prefeitura protege a nossa paisagem?
Ela faz isso planejando e colocando em prática as estratégias de proteção da natureza,
do ambiente construído e do espaço público de maneira geral, através das seguintes
ações:

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• Proteção das áreas verdes e dos corpos hídricos, aplicando restrições para a
construção em terrenos em encostas e ao longo de cursos d’água.
• Proteção do patrimônio cultural da cidade, prevalecendo as leis de proteção dos
imóveis tombados sobre os parâmetros definidos no Zoneamento Urbano;
• Conservação dos imóveis tombados, reconvertendo-os para novas utilizações, de
forma adequada, pois não existe manutenção sem uso.
• Arborização das vias públicas;
• Criação das restrições para a instalação de anúncios, antenas e cadeiras e mesas no
espaço público.

Gabarito: alternativa C

24. (CONSULPLAN – COMPANHIA BRASILERIA DE TRENS URBANOS – CBTU – 2014)


“Áreas onde a deterioração ambiental já ultrapassa um determinado limite e que necessitam
de ajuda e apoio dos órgãos públicos e da comunidade, sendo que, após passar por um
processo de restauração, poderá transformar-se em área de conservação natural ou área de
uso e ocupação.” A informação se refere às áreas de
A) revitalização.
B) recreação e lazer.
C) restauração ou recuperação.
D) tombamento do patrimônio histórico.

Comentários
Na proposição de zoneamento ambiental para a APA de Osório – Morro da Borússia, RS, ROCHA
(1995) efetuou a seguinte classificação:

· Área de Preservação Permanente (APP)


– são áreas reservadas à manutenção dos ecossistemas intactos, onde são proibidas
visitas, à exceção de expedições científicas pelos órgãos ambientais.
· Área de Conservação Permanente (ACP)
– são áreas onde pode conviver o Homem x Ecossistema, sem grandes impactos ou
traumas ambientais. São áreas destinadas ao Turismo Ecológico. A convivência Homem
x Ecossistema depende do Plano de Controle Ambiental (PCA).
· Área de Restauração (AR)
– são áreas onde a deterioração ultrapassa 10%. Estas áreas necessitam de ajuda e apoio
dos órgãos públicos e da comunidade vizinha. São áreas deterioradas, sendo que, após a
restauração, o órgão ambiental poderá transformar o todo ou parte em ACP e outra parte
ou o todo em AUO.
· Área de Uso e de Ocupação (AUO)

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– são áreas destinadas ao homem. São as áreas sociais existentes nos ecossistemas. Para
qualquer empreendimento ali instalado deverá haver licença do Órgão Ambiental. O
Órgão Ambiental, segundo critérios preconizados na Legislação Ambiental vigente,
poderá ou não exigir EIA – RIMA, PC ou Termo de Referência para
empreendimentos a serem ali instalados.
Fonte: http://www.floram.org/files/v7n%C3%BAnico/v7nunicoa30.pdf

Site do Ministério do Meio Ambiente


http://www.mma.gov.br/informma/item/8705-recupera%C3%A7%C3%A3o-de-%C3%A1reas-degradadas
Recuperação de Áreas Degradadas
DEFINIÇÃO
A recuperação de áreas degradadas está intimamente ligada à ciência da restauração
ecológica. Restauração ecológica é o processo de auxílio ao restabelecimento de um
ecossistema que foi degradado, danificado ou destruído. Um ecossistema é considerado
recuperado – e restaurado – quando contém recursos bióticos e abióticos suficientes para
continuar seu desenvolvimento sem auxílio ou subsídios adicionais.1
A Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, em seu art. 2º, distingue, para seus fins, um ecossistema
“recuperado” de um “restaurado”, da seguinte forma:
Art. 2° Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
[...]
XIII - recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a
uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original;
XIV - restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o
mais próximo possível da sua condição original;

BASE LEGAL
Acima de tudo, a recuperação de áreas degradadas encontra respaldo na Constituição Federal
de 1988, em seu art. 225:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das
espécies e ecossistemas;

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[...]
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma
da lei. (grifo nosso)
Ademais, a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, menciona:
[...]
Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao
desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:
[...]
VIII - recuperação de áreas degradadas
[...]
Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
[...]
VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional
e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico
propício à vida;
[...]
Ainda, a Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, que dispõe sobre a proteção de vegetação
nativa e substitui o Código Florestal, alterada pela Medida Provisória nº 571, de 25 de maio
de 2012, trata em diversos artigos (por exemplo, nos artigos 1º-A, 7º, 17, 41, 44, 46, 51, 54,
58, 61-A, 64, 65 e 66) de ações organizadas entre o setor público e a sociedade civil para
promover a recuperação de áreas degradadas.
Segundo o Decreto nº 3.420, de 20 de abril de 2000, que dispõe sobre a criação do Programa
Nacional de Florestas - PNF, e dá outras providências:
Art. 2º O PNF tem os seguintes objetivos:
[...]
II - fomentar as atividades de reflorestamento, notadamente em pequenas propriedades
rurais;
III - recuperar florestas de preservação permanente, de reserva legal e áreas alteradas;

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AÇÕES DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE


Atualmente, estima-se que o Brasil possua um déficit de cerca de 43 milhões de hectares de
Áreas de Preservação Permanente (APPs) e de 42 milhões de hectares de Reserva Legal (RL).
Nesse contexto, o Ministério do Meio Ambiente objetiva promover a recuperação de áreas
degradadas, com ênfase nas APPs e na RL, por meio de pesquisa e instrumentos de adequação
e regularização ambiental de imóveis rurais, com base na Lei nº 12.651, de 25 de maio de
2012.
Para tanto, destacam-se as seguintes ações:
Implementar novos Centros de Referência em Recuperação de Áreas Degradadas (CRADs) nos
biomas brasileiros;
Estabelecer métodos de recuperação de áreas degradadas para os biomas e instituir plano
nacional de recuperação de áreas degradadas e restauração da paisagem.
O MMA também é parceiro do Programa de Recuperação de Áreas Degradadas na Amazônia
(Pradam), executado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O
Brasil possui cerca de 30 milhões de hectares de áreas de pastagens em algum estágio de
degradação, com baixíssima produtividade para o alimento animal. O Pradam visa a recuperar
5 milhões de hectares dessas áreas em cinco anos, reinserindo-as ao processo produtivo.
Vamos ao Decreto Nº 84.017/1979:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1970-1979/D84017.htm
Aprova o Regulamento dos Parques Nacionais Brasileiros.
Art 6º - Entende-se por Plano de Manejo o projeto dinâmico que, utilizando técnicas de
planejamento ecológico, determine o zoneamento de um Parque Nacional, caracterizando
cada uma das suas zonas e propondo seu desenvolvimento físico, de acordo com suas
finalidades.
Art 7º - O Plano de Manejo indicará detalhadamente o zoneamento de área total do Parque
Nacional que poderá, conforme o caso, conter no todo, ou em parte, as seguintes zonas
características:
VI - Zona de Recuperação - É aquela que contém áreas consideravelmente alteradas pelo
homem. Zona provisória, uma vez restaurada, será incorporada novamente a uma das zonas
permanentes. As espécies exóticas introduzidas deverão ser removidas e a restauração deverá
ser natural ou naturalmente agilizada. O objetivo geral de manejo é deter a degradação dos
recursos ou restaurar a área.

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