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Formação básica de

piloto de ROV
Módulo I: conceitos básicos

2016
Edição XX

Proibido a reprodução sem autorização.


Sumário

Introdução ........................................................................................................................................................... 06
A Sapura ................................................................................................................................................... 06
Nossa Aposta nas Pessoas ................................................................................................................. 10
Nosso Compromisso com a Segurança ........................................................................................ 12
Apresentação .................................................................................................................................................... 14
O Curso ...................................................................................................................................................... 14
Orientações de Uso do Material ....................................................................................................... 14
Dicas de Estudo ...................................................................................................................................... 15

FORMAÇÃO BÁSICA DE PILOTO ROV – MÓDULO I:


CONCEITOS BÁSICOS ...................................................................... 17

01 Introdução ...........................................................................................................................................................
1.1 A História do Petróleo e sua Exploração .......................................................................................
1.2 Estrutura Offshore .................................................................................................................................
18
19
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1.3 O Lançamento de Linhas ................................................................................................................... 21
Pilotando e Aprendendo ............................................................................................................................... 21
Turbinando o Conhecimento ....................................................................................................................... 22

02 Conhecendo o ROV ......................................................................................................................................... 24


2.1 Definição e Histórico ............................................................................................................................. 25
2.2 Tipos de ROV ............................................................................................................................................ 26
2.3 Componentes do Sistema ROV ...................,..................................................................................... 28
Pilotando e Aprendendo ................................................................................................................................ 60
Turbinando o Conhecimento ........................................................................................................................ 61
03 Operando o ROV ...............................................................................................................................................
3.1 Habilidades ...............................................................................................................................................
3.2 Principais Operações ............................................................................................................................
62
63
63
3.3 Condições Climáticas ........................................................................................................................... 65
3.4 Navegação ................................................................................................................................................ 66
3.5 Acoplamento e Desacoplamento no TMS .................................................................................... 66
3.6 Gerenciamento do Tether .................................................................................................................... 67
3.7 Força de arrasto e flutuabilidade ..................................................................................................... 67
3.8 Situações de Emergência .................................................................................................................... 68
Pilotando e Aprendendo ................................................................................................................................ 69
Turbinando o Conhecimento ........................................................................................................................ 69

04 Manutenção Preventiva .................................................................................................................................


4.1 Plano de Manutenção Preventiva ....................................................................................................
4.2 Checklist Pré e Pós-Mergulho ...........................................................................................................
70
71
71
Pilotando e Aprendendo ................................................................................................................................ 72
Turbinando o Conhecimento ........................................................................................................................ 72

05 Comportamento, Comunicação e Segurança ........................................................................................


5.1 Hierarquia ..................................................................................................................................................
5.2 Proatividade, trabalho em equipe e relacionamento interpessoal .......................................
74
75
75
5.3 Rotina para embarque e desembarque – turnos de trabalho ............................................... 76
5.4 Comunicação ........................................................................................................................................... 78
5.5 Limpeza e organização do sistema ................................................................................................. 78
5.6 Segregação e Coleta Seletiva ............................................................................................................ 78
5.7 Uso consciente de recursos e consumíveis ................................................................................ 79
Pilotando e Aprendendo ................................................................................................................................ 79
Turbinando o Conhecimento ........................................................................................................................ 79

Conclusão ............................................................................................................................................................ 80
Gabarito - Pilotando e Aprendendo .......................................................................................................... 81
Glossário .............................................................................................................................................................. 83
Introdução
A Sapura
A Sapura Navegação Marítima (SNM) é uma Empresa Brasileira de Navegação,
joint venture entre dois líderes internacionais nos seus mercados, a Seadrill e a
SapuraKencana.

100%
SapuraKencana Petroleum Berhad (SapuraKencana) é uma das maiores empresas
de serviços e soluções integradas de óleo e gás do mundo. Seus mais de 10.000
empregados estão presentes em mais de 20 países, como Malásia, China, Austrá-
lia, EUA, Brasil, entre outros.

A Seadrill é uma empresa de Perfuração e Completação de Poços de Petróleo


Offshore, possuindo 69 unidades operando de águas rasas a ultraprofundas, com
mais de 7.900 empregados de diversas nacionalidades e presente em 15 países dos
5 continentes.

A Sapura é um dos principais players do mercado brasileiro de serviços submarinos, com


uma frota de seis navios de apoio, instalação e lançamento de dutos flexíveis. Atualmente,
tem quatro unidades em operação (Diamante, Topázio, Ônix e Jade) e duas em constru-
1 ção, com mais de 18 nacionalidades diferentes entre sua força de trabalho.
Dados de
Novembro de 2015.

Graças à nossa larga experiência e

nossa missão
amplo conhecimento sobre Serviços
Submarinos,
é planejar, desenvolver
e executar serviços submarinos com
sucesso e segurança, tornando-nos o
parceiro mais importante
de nossos clientes.

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

Nossa visão é ser a empresa referência em Serviços Submarinos,


tecnicamente competente e confiável aos olhos de nossos clientes, partes interessadas e força
de trabalho. Seremos guiados pela honestidade e respeito. Atingiremos nossos objetivos atu-
ando de forma segura, ágil e profissional, buscando alcançar continuamente as
expectativas das partes interessadas.

Para nós, ser referência significa:

›› Liderar;
›› Ser energético e inspirador;
›› Definir exemplos a serem seguidos;
›› Atingir metas ambiciosas;
›› Ser exigente;
›› Desafiar a nós mesmos e a nossos clientes;
›› Ter orgulho do trabalho que fazemos.

Isso também significa que acreditamos ser possível operar sem lesões em nossas atividades. Nossa visão
define o que pretendemos alcançar.

Nossa cultura corporativa integra seis valores fundamentais para tomada de decisões, essenciais em
nossa operação. Esses valores definem nossa identidade e não podem ser comprometidos.

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Nossos valores definem como vamos atingir

nossa visão.
Possuímos um Código de Conduta que deve ser seguido por todos os nossos empregados. Todos devem
atuar de forma íntegra, correta e eficiente na busca dos resultados. Este Código deve servir de referência
individual e coletiva para cada empregado da Sapura. O Código de Conduta é entregue a cada novo empre-
gado no momento da Indução, e fica disponível no sistema IMS (Integrated Management System).

Cumprimento das Leis, Regras e Regulamentos

É política da Sapura cumprir todas as leis, regras e regulamentos aplicáveis dos países e das autoridades
reguladoras que afetam os negócios da empresa. É responsabilidade pessoal de cada empregado aderir aos
padrões e restrições impostos por tais leis, regras e regulamentos. O levantamento dos requisitos legais no
âmbito federal, estadual e municipal é feito pelo sistema (software) da consultoria contratada pela SNM, atra-
vés de pesquisas em publicações oficiais, em periódicos locais e/ou regionais e de investigações em bancos
de dados relacionados. A avaliação de aplicabilidade de cada um deles é feita de acordo com um questio-
nário preenchido pela SNM. Os itens relacionados à legislação da bandeira, legislações internacionais e de
convenções são controladas através de biblioteca física, nas embarcações e no escritório.

A atualização é feita periodicamente pela consultoria, e consiste na inclusão ou exclusão de requisitos no


Sistema de Gerenciamento de Requisitos e na consolidação de textos, quando da ocorrência de alterações
em seu conteúdo.

Conduta Ética

Os empregados devem se esforçar para tratar, ética e justamente, os clientes, fornecedores, concorrentes
e empregados da Companhia. Nenhum empregado deverá tirar vantagens injustas de qualquer pessoa por
manipulação, ocultação, abuso de informações privilegiadas, engodo de fatos ou qualquer outra prática de
tratamento injusto. A conduta honesta é considerada a conduta livre de fraudes ou embuste. A conduta ética
não é apenas o cumprimento de leis e regulamentos aplicáveis; trata-se de satisfazer os padrões de hones-
tidade e integridade presentes em nosso Código de Conduta, mesmo quando esses padrões vão além dos
requisitos legais.

Nossa Aposta nas Pessoas

Somos uma empresa jovem com enormes desafios. Estabelecemos um equilíbrio entre profissionais extre-
mamente capacitados e experientes, com gente jovem e de muito potencial. Investimos continuamente na
capacitação de nossa força de trabalho e nos comprometemos a ser formadores de bons profissionais.

A Sapura oferece um ambiente de alta performance com investimento constante em capacitação técnica.
Buscamos o reconhecimento pela nossa superação e inovação. Esse ambiente instigante é essencial para
alcançarmos o melhor padrão operacional possível, buscando nos estabelecer como referência no mercado.

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

Para alcançar o padrão operacional desejado, a Sapura possui uma Política de Treinamento e Desenvol-
vimento de Competências.

Nós acreditamos que habilidade e competência são desenvolvidas através da combinação entre edu-
cação, treinamento e experiência.

Conseguiremos isto da seguinte forma:

›› Encorajando a todos os empregados pela busca das habilidades e competências necessárias para a
realização do seu trabalho.
›› Disponibilizando todos os recursos necessários para que os empregados sempre tenham as qualifi-
cações e certificados necessários para a realização do seu trabalho.

Visando atender exigências de mercado e internas, a Sapura lançou o SETA – Sapura Excellence Training
Academy –, que propõe soluções educacionais planejadas e estruturadas que agregam valor, ampliam co-
nhecimentos e aprimoram continuamente as atitudes necessárias ao desenvolvimento de seus empregados
de todos os níveis organizacionais.

As ações de desenvolvimento pretendem potencializar competências para proporcionar uma capacitação, de


modo sustentável e consistente, a fim de atingir a excelência nos serviços prestados.

De forma inovadora, o SETA proporciona aos novos empregados e aos atuais ocupantes dos cargos-alvo des-
te projeto uma vivência realista do seu trabalho. Oferece exercícios práticos, experimentação de atividades
reais em simuladores de sistemas e equipamentos da rotina PLSV, além de estudo dirigido, de instrutores
especialistas e materiais didáticos que ensinam de forma prática, objetiva e lúdica.

O SETA tem como base Trilhas de Desenvolvimento, que representam as trajetórias para o aperfeiçoamento
dos empregados, apontando caminhos que devem ser percorridos pelos ocupantes dos cargos para melhoria
de sua qualificação. As Trilhas são compostas por ações de desenvolvimento necessárias para o adequado
desempenho funcional, considerando tanto as competências técnicas quanto as comportamentais.

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Em janeiro de 2015, a Sapura inaugurou o LTC - Lapidary Training Center. Trata-se de um espaço interno
dedicado a prestar todo o suporte necessário aos nossos empregados no quesito treinamento. Lá, estão
instalados os Simuladores de Lançamento e ROV e são ministradas oficinas de treinamento de Eletrônica/
Mecânica, entre outras ações educacionais.

Além disso, fornecemos curso de idiomas para todos os nossos empregados. A bordo, a Sapura disponibiliza,
como benefício, um curso de idiomas para que seus empregados melhorem ainda mais seu rendimento pro-
fissional e pessoal. Assim que embarca, o empregado deve procurar um instrutor de idiomas e matricular-se
para as aulas de inglês. Para os empregados estrangeiros, são oferecidas aulas de português.

A Sapura também oferece curso de idiomas para os profissionais de terra. As aulas são realizadas normal-
mente na sede em horários combinados entre o empregado e a instituição de ensino.

Nosso Compromisso com a Segurança


O Sistema de Gestão de Qualidade, Saúde, Segurança e Meio Ambiente da SNM permite que não somente
a Empresa opere de acordo com suas políticas corporativas, mas também que avalie sua habilidade de sa-
tisfazer os requisitos do cliente, dos regulamentos e organizacionais. A documentação de QHSE fornece um
sistema de gestão sistemático e transparente, projetado para melhorar continuamente o desempenho e, ao
mesmo tempo, objetivando satisfazer as necessidades de todas as partes interessadas.

A abrangência do sistema de gestão engloba os padrões de qualidade detalhados na ISO 9001, padrões de
segurança e saúde incluídos na OHSAS 18001, padrões de segurança ordenados pelo Código ISM, pa-
drões ambientais especificados na ISO 14001 e os requisitos de trabalho marítimo do MLC 2006.

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

A SNM é uma empresa baseada no desempenho, e considera como nossas mais altas prioridades a qualida-
de, saúde, segurança e a proteção ao meio ambiente. Isso é essencial ao sucesso e ao crescimento de nossa
Empresa. Acreditamos que:

›› Ocorrências são evitáveis;


›› Prejuízo ou dano à propriedade é inaceitável;
›› Nosso objetivo é reduzir o impacto das operações no meio ambiente;
›› Nenhum trabalho nunca é tão urgente ou tão importante que não possa ter tempo para ser feito com
segurança e com o devido cuidado com o meio ambiente.

Para assegurar essas metas, fomentamos uma cultura aberta, confiante e justa, a fim de que os nossos em-
pregados sejam capacitados a se expressarem sobre as questões de QHSE.

Todos têm autoridade de parar o trabalho. Espera-se que usem essa autoridade para evitar ou
reduzir o impacto de uma ocorrência. As equipes de terra e a bordo do navio são cobradas para que
desempenhem um papel de liderança, apoiando as expectativas de QHSE.

A Política de QHSE da Sapura estabelece que:

Qualidade, saúde, segurança e meio ambiente estão incorporados aos valores da Sapura, e constituem
um compromisso institucional com a entrega do mais alto nível de qualidade nos serviços de enge-
nharia e instalação submarina, com a manutenção de uma operação livre de acidentes e com a busca
contínua da minimização do impacto ao meio ambiente.

Conseguiremos isso da seguinte forma:

›› Trabalhando de acordo com as leis, códigos e regulamentos aplicáveis;


›› Aplicando tecnologias de redução do impacto ambiental e assegurando que planos de contingência
estejam prontos;
›› Usando um sistema de gerenciamento eficaz, que possibilite a análise crítica de nossos processos,
conduzindo, desta forma, a um processo de melhoria contínua;
›› Estabelecendo metas de QHSE mensuráveis e claras;
›› Garantindo o emprego de pessoal altamente qualificado em uma organização transparente com li-
nhas de responsabilidades claras;
›› Monitorando a saúde das pessoas em atividades de trabalho que envolvam risco;
›› Responsabilizando-nos por nossa segurança e pela dos outros, através de planejamento e execução
dos trabalhos e dedicando tempo, também, a inspeções necessárias e manutenção;
›› Interrompendo as atividades e reagindo imediatamente a atos e condições inseguras que coloquem
em risco a segurança, respeitando a capacidade e limites operacionais de equipamentos.

Todos os empregados e parceiros da SNM, incluindo subcontratados, fornecedores e visitantes devem estar
totalmente comprometidos em atender aos objetivos desta política.

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Os itens a seguir expressam o comprometimento da empresa com a política de QHSE:

›› Somos todos responsáveis por nós mesmos e pela segurança dos outros no ambiente de trabalho. As
pessoas são os nossos recursos mais importantes e, como tal, a segurança é, sem dúvida, o nosso
valor essencial número um.
›› Provemos treinamento aos nossos empregados para reforçar uma cultura de segurança.
›› A excelência em segurança requer uma liderança proativa e participativa.
›› Todos os empregados e subcontratados são responsáveis por desempenhar as suas atividades diárias
de maneira consistente com a nossa Política de QHSE.
›› Se um dano sério ou um evento ocorrer, investigaremos e determinaremos a sua causa.
›› Vamos nos empenhar para evitar a poluição e preservar o meio ambiente no qual operamos através
da utilização dos recursos, de maneira responsável, e operando de acordo com os requisitos legais e
as melhores práticas.
›› Nosso objetivo será a redução da geração de resíduos e o correto tratamento para aqueles que são
inevitavelmente gerados. Nos lugares em que sejam gerados resíduos, estes serão manipulados de
maneira segura e responsável. Atingiremos ou excederemos a conformidade com regulamentos e leis
aplicáveis.
›› O nosso trabalho com as autoridades públicas e reguladoras será conduzido abertamente, numa at-
mosfera de confiança e cooperação.

Vale Saber

A Sapura dispõe de um Manual de QHSE, material que se


refere aos procedimentos detalhados e às instruções operacio-
nais do sistema de Qualidade, Saúde, Segurança e Meio Am-
biente. Documento autorizado que estabelece as Políticas Cor-
porativas da Sapura Navegação Marítima S.A. (SNM), incluindo
descrições de como os requisitos estatutários e voluntários são
atendidos.

Apresenta a SNM como entidade comercial. Este documen-


to aplica-se a todos os empregados Onshore e Offshore, bem
como aos subcontratados e às partes interessadas da SNM.
Você encontra este Manual no IMS (Integrated Management
System).

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

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Apresentação
O Curso
Bem-vindo ao curso Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos
Básicos!
Este treinamento tem como objetivo apresentar os conceitos básicos e o funcionamento do setor de ROV para
que você possa operar os equipamentos de ROV, as ferramentas e os acessórios, realizando manobras simples,
de forma que as operações ocorram de acordo com o programado e com segurança.

Desenvolvido na modalidade presencial, o curso possibilita a aquisição de conceitos, a realização de exercícios


com exemplos práticos do dia a dia e o esclarecimento de dúvidas em tempo real, além de compartilhar expe-
riências com os outros treinandos.

Possui carga horária de 24 horas e, para a sua realização, é necessário que você tenha feito anteriormente os
cursos CBSP, Indução, Comunicação e Relacionamento Interpessoal.

Orientações de Uso do Material


Este material é sua principal fonte de informação e estudo para este curso. Nele, você encontra os dados de que
precisa para construir conhecimentos, bem como as atividades que o ajudarão a desenvolver habilidades e as
reflexões fundamentais para seu desenvolvimento como um profissional competente em sua área de atuação.

A seção O que você faria? traz casos concretos, relacionados ao negócio Sapura. O
objetivo é que o treinando leia o caso em questão e tente se colocar no lugar do perso-
nagem. “E se fosse você, o que faria? Como resolveria? O que você sente ao entrar em
contato com este caso?” Dessa forma, o treinando mobiliza competências e envolve-se
com os fatos, utilizando sua imaginação.

Pilotando e Aprendendo é o nome da seção que contém atividades de aplicação, nas


quais o treinando pode colocar em prática o que aprendeu. Essas atividades são pro-
postas para que o treinando possa resolver problemas e exercitar o pensamento crítico.

Ao final de cada módulo, há a seção Turbinando o Conhecimento que auxilia o


treinando a reforçar conceitos importantes e competências desenvolvidas, além de
fornecer uma visão global de tudo o que foi estudado.

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

A seção Vale Saber traz sugestões que vão além deste material. São indicações de
sites, livros e leituras adicionais que irão enriquecer o conhecimento.

O conteúdo deste material está organizado de um modo que facilitará seu aprendizado, contando com recur-
sos instrucionais que funcionam como etapas importantes para a sua aprendizagem.

O Glossário tem por objetivo facilitar a compreensão dos termos técnicos ou palavras mais difíceis inseridas
em cada módulo.

Os Anexos são materiais para consulta que estarão destacados ao longo do texto e anexados ao final do material.

Já a seção Atenção, tem por objetivo destacar partes do conteúdo que merecem uma
atenção especial.

As Referências são indicações de documentos ou procedimentos Sapura, que devem ser buscados inter-
namente, nos diretórios ou locais indicados.

Aproveite bem todos esses recursos, pois cada um deles traz informações e conhecimentos importantes para
a sua formação.

Dicas de Estudo
Para aprender e se desenvolver, é preciso autodisciplina, persistência e determinação. Listamos algumas
dicas que podem ser úteis enquanto você estuda:

Faça um resumo dos principais pontos que aprendeu em cada módulo. Isso pode ser um complemento
ao Turbinando o Conhecimento.

Marque na agenda os dias de treinamento e procure não faltar nem se atrasar. O curso segue uma
sequência didática, e é melhor que você não perca nenhum encontro.

Mantenha o material organizado e tenha-o à mão, sempre que necessário, para estudo e consulta.

Se você gosta de estudar em grupo, busque companhia. Num grupo, todos podem se ajudar.

Entenda que estudar é um hábito. Como hábito, precisa ser cultivado. Quanto mais estudar, mais vai
ganhar gosto pelo estudo e pela leitura.

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

Formação básica de
Gestão de Desempenho
e piloto de ROV
Meritocracia
Módulo I: conceitos
básicos

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01 INTRODUção
Neste módulo, vamos conhecer a história do petróleo e sua exploração, além das
estruturas offshore. Por fim, vamos falar sobre o lançamento de linhas, atividade
principal da SNM.
Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

1.1. A história do petróleo e sua exploração


Existem diversas teorias sobre o surgimento do petróleo, no entanto a mais aceita é que ele surgiu a partir de
restos orgânicos de animais e vegetais depositados no fundo de lagos e mares, formando os hidrocarbonetos.
Mas como é realizada a prospecção de petróleo? A partir do levantamento sísmico, é possível saber a pro-
babilidade de haver petróleo em uma determinada região do fundo do mar.

Quando uma área com probabilidade é encontrada,


plataformas de exploração são colocadas na área
para dar início à perfuração no fundo do mar. Caso
seja encontrado óleo ou gás, uma pré-operação de
perfuração é realizada para identificar se a produ-
ção total é viável ou não.

Se for provado que a produção é viável, outros po-


ços são perfurados; e uma plataforma completa é
instalada no campo (locação) com infraestrutura
submarina tais como oleodutos, manifolds e pontos
de carga no mar, caso seja necessário.

1.2. Estrutura offshore


As estruturas offshore são fabricadas a partir de aço ou concreto. As plataformas de aço podem ser empi-
lhadas no fundo do mar, formando uma estrutura permanente ou podem flutuar ancoradas no solo oceânico.

Vale Saber

O termo “estruturas offshore” se refere não apenas aos módu-


los topsides (na superfície) mas também às construções debai-
xo d’água; como manifolds, módulos de bombeio, árvores de
natal e gasodutos.

A perfuração de poços exige uma estrutura complexa, desde navios específicos e plataformas até equipa-
mentos de perfuração, estocagem e instalações necessárias para a produção de poços de petróleo.

Vamos conhecer, a seguir, os principais tipos de plataformas:

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Fixa/jaqueta

Como o próprio nome diz, são plataformas fixas,


formadas por estruturas de aço tridimensionais
(jaqueta). Sua instalação é feita com estacas cra-
vadas no fundo do mar no local da operação e são
utilizadas, preferencialmente, nos campos localiza-
dos em lâminas d’água de até 200 metros.

Autoelevável

São plataformas móveis, constituídas por uma bal-


sa que possui uma estrutura de apoio. Quando
chegam ao local da perfuração, transportadas por
rebocadores ou por propulsão própria, sua estru-
tura de apoio (pernas) são acionadas mecânica ou
hidraulicamente, se movimentando para baixo até
atingir o fundo do mar. Em seguida, a plataforma é
elevada a uma altura acima do nível do mar, segura
e fora da ação das ondas.

São aplicadas na fase de perfuração de poços na


plataforma continental (águas rasas) em lâminas
d’água entre 5 e 130 metros.

Semissubmersível

Sua estrutura é composta de um ou mais conve-


ses, apoiada por colunas em flutuadores submer-
sos. Por esse motivo, ela deve ficar posicionada na
superfície do mar dentro de um círculo com raio
de tolerância ditado pelos equipamentos instala-
dos na superfície.

Para posicionar a unidade flutuante, são utiliza-


dos os sistemas de ancoragem e posicionamento
dinâmico.

No sistema de posicionamento dinâmico, não existe cabo ou estrutura de ligação da plataforma com o fundo
do mar, exceto os equipamentos de perfuração. Sensores acústicos determinam a deriva, e propulsores no
casco acionados por computador restauram a posição da plataforma.

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

Independentemente de terem ou não propulsões próprias, possuem grande mobilidade e, por isso, possuem
preferência na perfuração de poços de petróleo.

Navio-sonda

São navios projetados para a perfuração de po-


ços submarinos. São constituídos por uma coluna
de perfuração localizada no centro do navio que
possui uma abertura no casco para a passagem
da coluna. Os navios-sonda não sofrem ação de
ventos, ondas ou correntes, pois o seu sistema de
posicionamento é formado por sensores acústicos,
propulsores e computadores que anulam essas
ações, não permitindo o deslocamento do navio.

FPSO

Os navios-plataforma tipo FPSOs (Floating Produc-


tion Storage and Offloading) têm capacidade para
processar e armazenar o petróleo, além de realizar
a transferência do petróleo e/ou gás natural. No
convés do navio, os fluidos produzidos pelos poços
são separados e tratados. Depois de separado da
água e do gás, o petróleo é armazenado nos tan-
ques do próprio navio, sendo transferido para um
navio aliviador de tempos em tempos.

1.3. O lançamento de linhas


As linhas são dutos comumente utilizados para o transporte de fluidos de produção, estimulação e/ou controle.

A frota da SNM é composta por navios de apoio, instalação e lançamento de dutos flexíveis, os chamados
PLSVs – Pipe Laying Support Vessels. Essas embarcações são responsáveis por interligarem poços petrolífe-
ros aos manifolds e às unidades de produção de petróleo e gás.

Os navios da SNM são projetados para o lançamento de tipo vertical, e os dois carrosséis permitem um ar-
mazenamento de até 4 mil toneladas de linhas/dutos flexíveis para a operação.

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Vale Saber

O lançamento de linhas/dutos pode ser vertical ou horizontal. O


principal fator que os diferencia é a carga suportada, fazendo
com que haja navios com diferentes layouts e equipamentos.

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

pilotando e Aprendendo

Chegou a hora de verificarmos se você compreendeu os diferentes tipos de plata-


formas e seus usos.

Diga qual o tipo de embarcação utilizado pela SNM, justificando sua resposta.

turbinando o conhecimento

Neste módulo introdutório, vimos um pouco sobre a história do petróleo e como


ele foi explorado durante anos. Conhecemos os tipos de plataformas que podem
ser utilizadas, além do tipo e embarcação utilizado pela SNM e sua finalidade den-
tro da exploração de petróleo.

No próximo módulo, vamos conhecer os tipos de ROVs, sua história, os compo-


nentes que os formam e as operações que podem ser realizadas com esse tipo de
equipamento.

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02 CONHECENDO O ROV
Neste módulo, vamos conhecer o que é um ROV assim como seus tipos ou
classificação. Em seguida, vamos conhecer os equipamentos que compõem um
sistema típico de um ROV.

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2.1. Definição e Histórico
A definição básica do termo ROV (Remoted Operated Vehicle) é a de um veículo não tripulado de operação
remota que permite ao operador/piloto, situado em uma sala de controle segura e confortável, realizar tarefas
em ambientes de difícil acesso e, muitas vezes, inóspitos ao ser humano.

O ROV é conectado à sala de controle por meio de um cabo umbilical, que leva energia elétrica ao veículo e
por onde trafegam os sinais de controle, de sensores e de ferramentas.

Os ROVs mostraram pela primeira vez sua eficiência em 1966 quando a Marinha Norte-Americana usou o
Cable Controlled Underwater Research Vehicle (CURV) para recuperar uma bomba nuclear perdida na costa
de Palomares, na Espanha. Embora primitivo, se comparado aos ROVs atuais, o CURV agarrou o paraquedas
da bomba a uma profundidade de 860 metros e trouxe-a de volta à superfície a salvo. O CURV foi novamente
utilizado em uma operação vital na costa da Irlanda em 1973 quando engatou um cabo ao submersível ava-
riado Pisces off Cork, que estava afundado a uma profundidade de 475 metros com apenas alguns minutos
de ar restantes.

No final da década de 1970, os ROVs passaram a ser usados regularmente em operações costeiras, tor-
nando-se indispensáveis. Empresas comerciais vislumbraram um futuro promissor do ROV na substituição
de mergulhadores em busca de destroços, na pesquisa submarina, na instalação e manutenção de fibras e
cabos óticos e em operações de inspeção, instalação e manutenção de equipamentos responsáveis pela pro-
dução de petróleo em qualquer profundidade, inclusive em profundidades superiores aos limites do mergulho
saturado, impossibilitando a presença do homem em profundidades que ultrapassem aproximadamente 300
metros.

Nesse sentido, a transição de uso do ROV pelo exército para o mundo comercial foi rápida. Avanços tecno-
lógicos estão produzindo veículos de diversas classes de trabalho e cada vez mais poderosos, capazes de
transportar e se comunicar com os mais diversos tipos de sensores e ferramentas. Esses veículos permitem
o trabalho em maior profundidade e na presença de fortes correntes.
2.2. Tipos de ROVs
De acordo com a orientação da IMCA, existem cinco tipos ou classificações de ROVs.

2.2.1. Classe I: veículos somente de observação

São utilizados principalmente em tarefas de inspe-


ção e de observação em águas rasas (costa, portos,
cascos de embarcações etc.). Na maioria dos casos,
sua pequena dimensão também significa uma pe-
quena capacidade operacional e de potência. São
inadequados para operações de construção.

2.2.2. Classe II: veículos para observação e transporte de peque-


nas cargas
Esses veículos foram produzidos para operações mais leves, como inspeção/observação de rota pré-assen-
tamento e pós-assentamento de estruturas e, geralmente, em pequenas intervenções, pois, devido à baixa
potência de seus propulsores de acionamento elétrico e ao pouco alcance de seus manipuladores, não são
utilizados em trabalhos pesados. Embora útéis, eles não têm a mesma capacidade para as tarefas de trabalho
pesado típicas dos ROVs de Classe III.

2.2.3. Classe III: veículos para trabalhos gerais de intervenção


(workclass)
Esta classe de ROV é destinada a operações em águas profundas (faixa de 10.000 pés – 3.000 m). Os veículos
são encontrados em potências entre 100 e 200 hp e com os mais diversos recursos.

26
Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

Com as novas exigências do mercado para a realização de operações submarinas em águas profundas e a
manipulação de elevadas cargas, esses ROVs estão ficando cada vez maiores (do tamanho de uma minivan),
poderosos (câmeras de alta resolução, sensores e ferramentas diversas) e capazes de transportar grandes
cargas (propulsores de alta eficiência e manipuladores robustos).

2.2.4. Classe IV: tratores submarinos (trenchers) ou enterradores


de cabos e linhas
São ROVs utilizados para escavar, instalar e enterrar linhas e cabos elétricos/óticos no leito marinho.

São veículos gigantescos, lentos e de uso específico, o que impossibilita sua utilização em intervenções sub-
marinas e poços de petróleo.

2.2.5. Classe V: protótipos ou veículos em desenvolvimento e sub-


marinos utilizados na área militar
São ROVs de construção própria, em desenvolvimento ou de uso militar.

27
2.3. Componentes do sistema de ROV
A Sapura opera com ROVs de Classe III do modelo Typhoon, fabricados pela Companhia australiana Total
Marine Technology (TMT). A figura a seguir mostra os componentes do sistema de ROV Typhoon.

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

Basicamente, um sistema de ROV é composto pelo Console de Controle, por gabinetes de distribuição de po-
tência elétrica, pelo sistema de lançamento (LARS), pelo sistema de gerenciamento de tether (TMS), quando
presente, e pelo ROV.

O sistema de ROV Typhoon não é diferente. A seguir, será apresentado cada um dos componentes que com-
põe o sistema de ROV Typhoon, suas funções e como são interligados.

2.3.1. Console de Controle


O Console de Controle do Piloto ou Pilot Control Console permite ao operador/piloto o total controle sobre as
funções do ROV, TMS e guincho (subir e descer o TMS).

Nele, estão os joysticks, os monitores de vídeo e todos os comandos das ferramentas e dos acessórios ins-
talados no ROV.

O Console foi projetado para dois operadores, piloto e copiloto, mas, normalmente, temos mais de dois ope-
radores trabalhando no local, devido à necessidade de registros de imagens e descrições das operações no
Dive log. Geralmente, o piloto se posiciona ao lado direito, onde estão o joystick dos comandos dos thrusters
e outros comandos por ele operados. Já o copiloto posiciona-se ao lado esquerdo, onde estão os comandos
do guincho, o TMS, o manipulador Conan e o controle de outros acessórios ou ferramentas.

O Console é fabricado em fibra e permite sua customização. É possível mudar a localização dos módulos de
controle de acordo com a necessidade do sistema ou preferência operacional, colocando alguns controles
próximos ao piloto ou copiloto.

29
nterligado ao Console, o 19” Computer Rack abriga a maioria dos equipamentos de controle e comunicação
de superfície, entre eles:

Computador Auxiliar 1 (Aux 1 Computer);

Computador Auxiliar 2 (Aux 2 Computer);

Painel Led Conexões de Fibra Ótica (Fibre Optics Patch Panel);

Chaveador de Teclado, Monitor e Mouse (KVM Switcher);

Computador do Piloto (Pilot Computer), responsável pelo Graphical User Interface (GUI);

Controle de Superfície do TMS (TMS Surface Control);

Fonte de Alimentação Ininterrupta (UPS – Uninterruptible Power Supply);

Painel de Integração com Embarcação (Vessel Integration Panel);

Computador de Edição de Vídeo (Video Editing Computer);

Isolador de Vídeo e Invólucro do Multiplexador (Video Isolation & MUX Enclosure);

Chaveador de Vídeo (Video Switcher).

O GUI fornece ao piloto uma série de informações importantes do ROV e TMS. O piloto deve estar familiariza-
do com o GUI a fim de pilotar de forma eficiente e monitorar os níveis aceitáveis de isolação, compensadores,
sensores de água e alarmes do sistema; antecipando-se a possíveis falhas que provocariam a paralisação da
operação, trazendo prejuízos (downtime) à Companhia.

2.3.2. Gabinetes de Potência Elétrica


O Electrical Power Cabinets (EPC) ou Gabinetes de Potência Elétrica tem como função controlar, elevar e
distribuir a potência elétrica necessária para alimentar eletricamente o ROV e o TMS.

Consistem em um conjunto de circuitos, disjuntores, transformadores, contatores e sensores (de corrente,


tensão, frequência e isolação) que controlam e monitoram a distribuição elétrica de todo o sistema.

Os Gabinetes de Potência Elétrica dividem-se basi-


camente em quatro gabinetes:

Power Distribuition Unit (PDU) Cabinet;

Low Voltage (LV) ROV /TMS Cabinet;

Medium Voltage (MV) ROV/TMS Cabinet;

ROV HPU Transformer (HPU TX) Cabinet.

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

A PDU é responsável por receber a alimentação elétrica da embarcação e distribuí-la aos demais gabinetes.
O LV Cabinet controla e monitora a potência elétrica a ser enviada ao TMS e ao ROV. Ele abriga uma série de
sensores e um conjunto de contatores comandados pelo console de controle.

Entre os sensores presentes no LV Cabinet, o Monitor de Isolação de Linha (LIMs) ou Ground Fault Monitor
(GFM) é o mais importante. Ele monitora constantemente a resistência de isolamento entre os condutores
de potência e a terra. Se o valor de isolação cair abaixo de um valor seguro, o disjuntor do circuito com baixa
isolação desarma e desliga o circuito. Isso também ocorre se o umbilical se romper e os condutores de po-
tência entrarem em contato com a água do mar.

É importante ressaltar que o monitoramento de isolação acontece mesmo com os circuitos (ROV/TMS HPU
& ROV/TMS Instruments) desligados.

O MV Cabinet abriga um grupo de transformadores elevadores responsáveis por elevar a tensão recebida da
embarcação a fim de compensar as perdas impostas pelo longo caminho percorrido pela corrente elétrica,
além de proporcionar a diminuição da bitola dos condutores do cabo armado e tether.

O ROV HPU Transformer Cabinet tem a função de abrigar o transformador elevador da HPU do ROV que,
devido ao seu grande tamanho, não pode ser acondicionado dentro no MV Cabinet.

Após ser devidamente elevada, toda a potência é entregue ao Deck Cable para que possa ser levada ao
LARS e transferida ao cabo armado.

2.3.3. Deck Cable


O Deck Cable é um cabo formado por condutores elétricos e cabos de fibra ótica, provido das proteções
mecânicas (malha de aço e/ou kevlar) necessárias ao meio onde está instalado, evitando que as vibrações ou
os choques mecânicos na embarcação o danifiquem.

Nos sistemas da SNM, é utilizado um cabo para cada circuito, ou seja, um cabo para o ROV HPU, um para o
ROV Instrument, outro para o TMS HPU e um quarto para o TMS Instruments, além dos cabos óticos.

Os cabos de potência são do modelo SW4 1,9/3,3 kV 3x16, fabricados pela Coleman Cable Inc (CCI) segundo
a norma BS6883, enquanto os cabos óticos utilizados são o QFCI-I/O/RM-JM/-F1, fabricados pela Draka.

O Deck Cable é conectado à Caixa Estacionária do guincho, no LARS, como veremos adiante.

2.3.4. Launch and Recevery System (LARS)


O Launch and Recevery System (LARS) ou Sistema de Lançamento e Recuperação é o conjunto de equipa-
mentos responsáveis pelo lançamento e recolhimento do ROV e TMS ao mar.

Seus principais componentes são o guincho, o A-Frame e uma unidade de potência hidráulica (HPU), respon-
sável por prover potência hidráulica para ambos. O guincho e o A-Frame podem ser operados de modo local
através do comando hidráulico mobil e/ou de modo remoto, através do belly pack ou “baleiro”.

31
2.3.4.1. Guincho

O guincho é responsável por liberar e recolher o cabo armado durante o mergulho, fazendo com que o ROV
e TMS alcancem a profundidade de trabalho. Ele é composto por um carretel (tambor), um sistema de frena-
gem e um motor hidráulico de grande potência que gira o tambor.

O guincho utilizado nas embarcações da SNM é fabricado pela empresa LEBUS e acomoda, aproximadamen-
te, 2.800 metros de cabo armado.

2.3.4.1.1. Caixa Estacionária

Como dito anteriormente, o Deck Cable chega ao guincho pela Caixa Estacionária.

Ela tem a função de fazer a interligação dos condutores do Deck Cable e das fibras através da parte fixa do
guincho com o slip-ring.

É formada basicamente por uma régua de bornes e espaçadores isoladores para a conexão dos condutores
elétricos e de bulkheads para as emendas mecânicas entre os cabos de fibra ótica do Deck Cable e as fibras
do slip-ring.

2.3.4.1.2. Slip-ring e FORJ

O slip-ring é um dispositivo eletromecânico que permite a transmissão de potência e de sinais elétricos por
meio de uma estrutura fixa para uma estrutura rotativa. Foi desenvolvido e patenteado após a Segunda Guer-
ra Mundial, no ano de 1948, pelo inventor Desmond Sprague, que nomeou seu invento de Grooved Slip Ring,
hoje comumente chamado de slip-ring.

Seu funcionamento tem como base um anel metálico rotatório, em que uma ponta fica em contato com uma
bucha de carbono ou material metálico de baixa dureza; e, em outra, com um anel rotatório isolado pelo ar.

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

Acoplada ao slip-ring, encontra-se a Fiber Optic Rotary Joint (FORJ), que tem função similar a do slip-ring,
mas esta utiliza um conjunto de espelhos e prismas para fazer com que o feixe de luz chegue à parte rotativa
da junção a partir da parte fixa (estacionária). A figura a seguir mostra a vista em corte de uma FORJ.

A parte rotativa do slip-ring e da FORJ é conectada à Caixa Rotativa do guincho.

2.3.4.1.3. Caixa Rotativa

A Caixa Rotativa tem como finalidade proporcionar um meio para a conexão da parte móvel (rotativa) do
slip-ring com o cabo armado.

Assim como a Caixa Estacionária, a Caixa Rotativa é formada por uma borneira, espaçadores isoladores para
a conexão dos condutores elétricos e de bulkheads para as emendas mecânicas entre os cabos de fibra ótica
do slip-ring e as fibras do cabo armado.

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Veja, na figura a seguir, a disposição das Caixas Estacionária e Rotativa e do slip-ring.

2.3.4.2. A-Frame

O Pórtico Hidráulico de Lançamento ou A-Frame recebe esse nome devido ao seu formato, que lembra a
letra “A”. Os modelos utilizados nas embarcações da SNM são o XWM-90 (Sapura Diamante, Topázio, Onix,
Jade e Rubi) e o HFM-135 (Sapura Esmeralda), fabricados pela Companhia britânica Subsea Innovation.

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

XWM-90 HFM-135

É responsável pelo içamento de toda a carga do ROV e TMS, com a função de movê-los para a posição de
Mergulho e Retorno ao convés.

Possui capacidade plena para lançar o conjunto ROV e TMS, operando com segurança (Safe Working Load
– SWL) e carga de 15 t. Possui válvulas de controle de carga ou contrabalanço em todos os seus cilindros
hidráulicos, o que lhe confere total segurança durante as operações.

2.3.5. Cabo Armado


O cabo armado é composto por um cabo umbilical envolto em fios de aço temperado, cuja finalidade é resis-
tir aos esforços mecânicos e suportar o peso do TMS e do ROV. O cabo umbilical é formado por uma capa
plástica, geralmente de cor laranja, que protege diversos condutores elétricos, além do tubo de aço inox com
aproximadamente 2.5 mm de diâmetro que abriga um conjunto de fibras óticas monomodo (singlemode –
SM) e multimodo (monomode – MM) conforme configuração a seguir:

Condutores de potência:
- 3 x 16 mm2 (4,5KV) – Para a HPU do ROV;
- 3 x 4 mm2 (3.3KV) – Para a HPU do TMS;
- 2 x 4 mm2 (3.3KV) – Para a Instrumentação do TMS;
- 2 x 4 mm2 (3.3KV) – Para a Instrumentação do ROV.

Fiber In Metal Tube (FIMT):


- 6 x singlemode – Para a telemetria de ROV e TMS;
- 6 x multimode – Não utilizadas.

Cabo coaxial (“Quad”):


- 4 x 0,5 mm2 – Sem função. É normalmente aterrado.

35
O cabo armado possui mais condutores que o tether já que deve levar alimentação elétrica ao ROV e ao TMS.

2.3.6. Sistema de Gerenciamento de Tether (TMS)


O sistema de gerenciamento de tether ou TMS, acrônimo para Tether Management System, possui duas
principais finalidades:

Transportar o ROV até a profundidade de trabalho, oferecendo proteção durante a passagem pelas
diversas zonas no mar;

Dissociar as grandes forças de arrasto exercidas pelo cabo armado no ROV quando se trabalha em
profundidade.

Os TMSs utilizados pela SNM são do Tipo 5, fabricados pelo Grupo Forum Energy Technologies (FET) e pro-
jetados para trabalhar em uma profundidade de até 4.000 m. Podem operar com diversos tipos e bitolas de
tether, mas, no caso da SNM, o tether utilizado possui um diâmetro de 35 mm, permitindo o acondicionamen-
to de aproximadamente 500 m em seu tambor.

Divide-se, basicamente, em dois circuitos: o elétrico/eletrônico e o hidráulico.

2.3.6.1. Circuito Elétrico/Eletrônico

No circuito elétrico/eletrônico, os condutores e as fibras óticas do cabo armado são recebidos na Caixa Es-
tacionária do TMS onde são separados de acordo com o destino.

Os que são referentes ao TMS são direcionados à alimentação do motor elétrico e do circuito de instru-
mentação do TMS. O mesmo ocorre com a fibra ótica, que é levada à parte eletrônica do TMS para que se
comunique com o TMS Surface Controller.

Os condutores e as fibras óticas referentes ao ROV são conectados via bornes e bulkheads ao slip-ring e à
FORJ para que a potência elétrica e os sinais óticos possam ser transferidos ao tether. O TMS está configura-
do com o conjunto de slip-ring e FORJ fabricados pela Focal. Diferenciam-se dos instalados no guincho pelo
número menor de passes (canais) e por serem compensados a óleo, conforme veremos adiante.

36
Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

A instrumentação visa controlar as funções (telemetria) do TMS bem como adquirir os dados dos diversos
sensores (profundímetro, tensão do tether, posição dos latches, entre outros) e das imagens das câmeras, e
enviá-las à superfície.

Vale Saber

Telemetria pode ser entendida como a comunicação e/ou troca


de informações (dados) entre um sistema e outro. Trata-se da
medição, coleta, transmissão, recepção, interpretação e exibi-
ção de dados em ambos os sentidos do sistema.

O sistema de telemetria é necessário para processar os muitos


sinais de entrada dos equipamentos como o joystick, os con-
troles de luminárias, as funções auxiliares e uma variedade de
sensores. Essa informação é transmitida entre o ROV/TMS e o
console de controle, nos dois sentidos, instantaneamente, atra-
vés do link de dados.

O motor elétrico é um motor submersível, trifásico, de 10 hp (7.5 kw), 1.750 rpm e 60 HZ, cuja finalidade é
comandar a bomba hidráulica acoplada a ele, gerando, assim, a potência hidráulica necessária às funções
do TMS.

2.3.6.2. Circuito Hidráulico

O circuito hidráulico do TMS é composto por um HPU impulsionado pelo motor elétrico. Trata-se de uma
bomba de pistões axiais de volume variável por placa deslizante, fabricada pela Bosch Rexroth, modelo A10V-
SO18cc/rev.

A bomba é projetada para operar com 3.000 Psi e é


fornecida com redução da vazão original para gerar
apenas 12cc/rev, em vez dos 18cc originais, para não
haver sobrecarga de potência no motor elétrico.

Um bloco manifold hidráulico de válvulas direcio-


nais e controle de pressão é usado para acionar os
atuadores e dispositivos hidráulicos como o motor
hidráulico do tambor nas funções de tether in/out,
latch e pan & tilt.

37
O tambor tem a mesma função do tambor do guincho, mas, nesse caso, libera (pay out ou pagar) e recolhe
(pay in) o tether. Essa função é completada por outros mecanismos como a Power Sheave, que traciona o te-
ther quando este está sendo pago e promove tensão quando está sendo recolhido; e o Spooling, que organiza
o tether no tambor, camada a camada, permitindo sua correta liberação ou rebobinamento.

Os latches são travas que prendem o ROV ao TMS por uma estrutura chamada bullet, permitindo que este
seja içado quando está fora da água. Divide-se em latch principal (main) e latch de segurança (safe), e ambos
visam promover o acoplamento seguro do ROV ao TMS.

A função pan & tilt dá à câmera a capacidade de se mover panoramicamente e inclinar-se, permitindo a vi-
sualização/monitoramento de diversas estruturas do TMS.

Os circuitos hidráulico e elétrico (Caixas Estacionária e Rotativa, slip-ring/FORJ, motor elétrico e bloco ma-
nifold) são mantidos pressurizados em baixa pressão, através de compensadores, a fim de evitar o ingresso
de água, o colapso ou a implosão e os mergulhos.

A figura a seguir mostra o diagrama de compensação hidráulica do TMS.

2.3.7. Tether
O tether é o cabo umbilical que interliga o TMS ao ROV. Consiste em uma capa de borracha de alta densida-
de (amarela), com função de neutralizar o seu próprio peso na água, assim como o peso dos fios de kevlar.
Ambos fazem a proteção mecânica. Os filamentos de kevlar proporcionam a resistência mecânica em relação
à tração no cabo. O cabo é constituído por:

Condutores de potência:
- 3 x 6 mm2 (3,3 KV) – Para a HPU do ROV;
- 2 x 2,5 mm2 (3.3 KV) – Para a instrumentação do ROV.

Fiber In Metal Tube (FIMT):


- 6 x singlemode – Para a telemetria de ROV;
- 6 x multimode – Não utilizadas.

Cabo coaxial (“Quad”):


- 4 x 0,5 mm2 – Sem função. É normalmente aterrado.

2.3.8. ROV Typhoon


O ROV Typhoon foi desenvolvido e fabricado na Austrália pela Total Marine Technology (TMT). O modelo
utilizado pela SNM é o MK2 150, e é um ROV de Classe III com 150 hp de potência para operação em laminas
d’água de até 3.000 m de profundidade.

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

A seguir, apresentamos, de forma resumida, os conceitos sobre o funcionamento dos circuitos elétricos, ele-
trônicos e hidráulicos do ROV, além de alguns de seus aspectos mecânicos.

2.3.8.1. Circuito Elétrico

A potência elétrica vinda dos Gabinetes de Potência Elétrica assim como as fibras óticas chegam ao ROV pela
Tether Termination Junction Box por meio do tether.

Os condutores do tether são conectados aos bornes


da Tether Termination J-Box e distribuídos entre os
diferentes componentes do ROV.

Os condutores responsáveis pela HPU do ROV são


direcionados ao motor elétrico; e os condutores da
instrumentação, ao ROV Instrument Transformer Box.

Essa caixa abriga um transformador que abaixa a


tensão de alimentação da instrumentação de 2.400
VAC para níveis compatíveis com o sistema subsea
(230 VAC e 115 VAC).

Após a redução da tensão na Instrument Transformer Box, a tensão de trabalho é enviada para a Main Electro-
nics Enclosure (MEE) que controla essa tensão e distribui para os diversos circuitos eletroeletrônicos do ROV.

O motor elétrico do ROV é trifásico, 3000 VAC, de 150 hp, 60 hz, 24.4 A, com eixo passante onde são acopla-
das as duas bombas (principal e auxiliar) do ROV em montagem rígida diretamente nas estrias internas do
eixo do motor elétrico e em cada lado dos extremos do eixo.

39
2.3.8.2. Circuito Eletrônico

A Main Electronics Enclosure (MEE) é uma garrafa atmosférica que abriga a maioria da lógica e dos controles
eletrônicos submarinos do ROV Typhoon. É atmosférica, pois, diferente das demais caixas e manifolds, não é
compensada a óleo, tendo sido construída especificamente para suportar as pressões impostas pela coluna
d’água.

Ela também controla e distribui a alimentação elétrica para os diversos subsistemas do ROV, incluindo câme-
ras, luminárias 24 VCD e ferramentas. Tem em suas extremidades uma tampa (End Cap) e uma estrutura (Bell
Housing) que acomoda 24 conectores submarinos (penetradores, também conhecidos como bulkhead) onde
são conectados os cabos que interligam o MEE aos demais componentes do ROV.

Internamente, é composta de duas unidades (“gavetas” ou slides):

Power Slide (potência) – onde estão instaladas Comms Slide (comunicação) – onde estão
as fontes de alimentação, os sensores de isolação, instalados os componentes responsáveis pela
os contatores, os relés e as placas de comunicação/telemetria.
controle de potência.

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

A fibra ótica chega à MEE vinda da Tether Termination J. Box (onde o tether se conecta ao ROV) e é o meio
físico de comunicação entre a unidade, os multiplexadores/demultiplexadores de superfície e o submarino. A
fibra vai ao Comms Slide onde estão todos os componentes responsáveis pela telemetria e comunicação das
placas do ROV (Hubs, manifolds, luminárias etc.) com o ROV Pilot Console e os computadores na superfície.

Já a alimentação vinda da Instrument Transformer Box é encaminhada à Power Slide onde estão as fontes
de alimentação (PS1 e PS2) e as placas de controle e distribuição (Power Control Board) elétrica do ROV. A
Power Slide conta, ainda, com detectores de fuga para a massa, que monitoram o nível de isolação das fontes
de alimentação, das cargas conectadas a elas e das luminárias de 115 VDC (Light Dimmer Bottle).

2.3.8.3. Circuito Hidráulico

Assim como no TMS, as funções do ROV são comandadas hidraulicamente; e os componentes responsáveis
por prover a potência hidráulica (fluxo) ao ROV são as bombas hidráulicas, principal e auxiliar, que, como dito
anteriormente, estão acopladas ao motor elétrico.

As duas bombas são de pistões axiais de volume variável por placa deslizante, sendo a bomba principal do
modelo A10VSO 140 CC/VER, e a bomba auxiliar um A10VSO 45CC/VER.

Veja, a seguir, o desenho da HPU do sistema hidráulico auxiliar e principal do ROV Typhoon MK2.

2.3.8.3.1. Sistema Hidráulico Principal

O sistema hidráulico principal é responsável, basicamente, por alimentar a propulsão do ROV uma vez que se
conecta aos Thrusters Manifolds de Port e Starboard para controle dos propulsores, que são quatro verticais
SubAtlantic SA300-30 e quatro longitudinais SubAtlantic SA380-41. Consiste em um reservatório, uma bom-
ba, filtros, thrusters manifolds e thrusters.

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O sistema hidráulico principal tem sua vazão controlada pelo Starboard Horizontal Low Flow Manifold.

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

2.3.8.3.2. Sistema Hidráulico Auxiliar

O sistema hidráulico auxiliar é responsável por toda a parte de tooling e pelos componentes auxiliares insta-
lados no ROV.

Podemos entender como componentes auxiliares os atuadores de pan & tilt, de Z Function e os manipulado-
res. Como tooling (ferramentas), temos os cortadores, os esmerilhadores, os instaladores de anéis de veda-
ção e as ferramentas de torque e de injeção de fluidos.

O sistema hidráulico auxiliar consiste, basicamente, no reservatório, na bomba, nos filtros, no distribuition
manifold, parte dos thrusters manifold (uma válvula High Flow Tooling em cada), no Port Auxiliar Low Flow
Manifold, no Starboard Vertical Low Flow Manifold e no Starboard Horizontal Low Flow Manifold.

2.3.8.3.3. Sistema de Compensação Hidráulica

O sistema de compensação hidráulica é um terceiro circuito hidráulico que pode ser encontrado do ROV
Typhoon. Como é sabido, esse sistema visa evitar o colapso e o ingresso de água em algumas caixas e com-
partimentos do ROV. Possibilita, também, a construção de estruturas menores e mais leves já que podem ser
fabricados materiais menos espessos, pois são compensados hidraulicamente.

Veja, a seguir, o diagrama do circuito de compensação.

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Os compensadores, além de armazenar o óleo, aplicam uma pressão extra aos circuitos compensados por
meio de molas em seu corpo, fazendo com que a pressão interna do compensador seja sempre maior do que
a externa. A imagem a seguir mostra o modelo de compensador usado para este fim.

Os compensadores hidráulicos do ROV abastecem de óleo compensado as caixas elétricas, o bearing house
dos thrusters, a base module do manipulador Conan, o motor elétrico e a parte elétrica dos manifolds.

Veja, na tabela abaixo, o detalhamento dos circuitos compensados do ROV.

Compensador Caixas/Compartimentos
Thruster Bearing Case Todos os Thruster Bearing Cases
Transformer Box
Electrical Enclosure Tether Termination J-Box
HPU Housing
Manipulator Conan Manipulator
Starboard Vertical, Low Flow Tooling Manifold
Tooling Pack Starboard Horizontal Low Flow Tooling Manifold
Port Auxiliary Low Flow Tooling Manifold
Port Thruster Manifold
Thruster Pack & Survey Starboard Thruster Manifold
Survey Box

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

2.3.8.4. Sistema Mecânico

O sistema mecânico do ROV Typhoon se resume basicamente à estrutura metálica, que dá forma e resistên-
cia mecânica ao ROV e à flutuação, que visa neutralizar o peso da estrutura metálica e de todos os compo-
nentes instalados nela quando o ROV está submerso.

2.3.8.4.1. Estrutura Metálica

A estrutura metálica do ROV Typhoon é responsável por dar forma e sustentar todos os componentes do
ROV. É fabricada em alumínio e não é revestida ou anodizada, mas jateada a fim de se obter um acabamento
uniforme e adequado à submersão em água salgada.

Foi desenhada, analisada e testada seguindo uma combinação dos requerimentos das normas da DNV e
Lloyds e de forma a permitir o acesso fácil a todos os componentes, sejam eles elétricos, eletrônicos, hidráu-
licos ou mecânicos, durante os procedimentos de manutenção. Sustenta todo o peso do ROV quando este é
içado por uma estrutura chamada lift point.

O lift point pode ser montado de três formas de acordo com a finalidade:

Transporte e Teste de Carga – usado durante o transporte ou teste de carga do lift point do ROV.

Recuperação – utilizada durante manobras de recuperação do ROV, normalmente quando ocorre a


ruptura do tether.

Operacional – utilizada durante a operação normal do ROV. Neste caso, um bullet é acoplado ao lift
point, permitindo que o ROV se acople ao TMS.

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A estrutura é protegida contra a corrosão por anodos de sacrifício, os quais, graças a um processo químico
(pilha galvânica), sofrem corrosão no lugar da estrutura.

2.3.8.4.2.Flutuação

Como dito, a flutuação visa neutralizar o peso da estrutura metálica e de todos os componentes instalados
nela quando o ROV está submerso, sendo fundamental para o bom desempenho do ROV.

Geralmente, os flutuadores são feitos a partir de uma combinação de espuma sintética, de esferas ocas, uma
matriz de resina e outros aditivos. Essas esferas ocas variam tipicamente de 10 a 200 mícrons de diâmetro.
Os componentes formam um material com alta compressão e forças hidrostáticas capazes de suportar altas
pressões hidrostáticas impostas ao ROV em águas profundas.

O ROV Typhoon é entregue pela TMT neutro, ou seja; quando submerso, não afunda ou retorna à superfície.

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

Com a instalação de acessórios e/ou ferramentas, o ROV torna-se negativo, e flutuadores adicionais devem
ser instalados ao ROV a fim de compensar o peso extra.

Como pode ser visto na imagem a seguir, a TMT criou um sistema que facilita a instalação de flutuadores
extras, melhorando a navegação durante as operações.

Caso alguma ferramenta ou acessório seja removido do ROV, o veículo poderá ficar positivo, ou seja, tender
a flutuar. Nesse caso, pesos de chumbo devem ser adicionados ao ROV com o intuito de deixá-lo levemente
negativo já que esta configuração é a padrão para trabalhos na SNM.

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2.3.8.5. Ferramentas, acessórios e sensores subsea

É um ROV de alta potência, capaz de comandar os mais diversos tipos de ferramentas, acessórios e/ou sen-
sores subsea. Vamos conhecer, a seguir, os principais.

2.3.8.5.1. Sonar

Sonar, do inglês Sound Navigation and Ranging ou Navegação e Determinação da Distância pelo Som, é um
instrumento inicialmente utilizado na navegação, na pesca, na pesquisa dos oceanos e nos estudos atmosfé-
ricos. O sonar funciona basicamente como um radar que utiliza pulsos sonoros no lugar das ondas de rádio
que se propagam por alguns metros sob a água.

O sonar consiste em um módulo submarino, conhecido como cabeça do sonar, e um computador de superfí-
cie, ambos em comunicação. A cabeça de sonar (unidade subsea) é o elemento ativo, pois é este componente
que envia o sinal acústico e “recebe” o eco, as ondas de reflexão. O computador, que está na superfície, rece-
be esses dados e os transforma em imagem, mostrada para o operador de ROV que está na sala de controle.

O sonar é um equipamento extremamente importante, pois possibilita uma navegação às escuras, ou seja,
mesmo sem câmeras em ambientes com pouca iluminação ou suspensão. Através do sonar, conseguimos
saber a distância entre objetos, entre os objetos e o ROV bem como medir a dimensão do objeto.

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

O sonar utilizado pela SNM possui duas frequências de operação: 375 kHz e 675 kHz. A utilização da menor
frequência consegue captar alvos até pouco mais 200 m de distância do ROV, porém a imagem do alvo perde
em resolução gráfica (contornos). A frequência de 675 kHz é a ideal para captar alvos mais próximos (até 100
m de distância) com boa resolução gráfica.

2.3.8.5.2. Câmeras

As câmeras são os olhos do piloto no fundo do mar. Elas captam as imagens e as transmitem para a super-
fície, permitindo trabalhos de observação, intervenção e a navegação visual.

As principais câmeras de trabalho do ROV estão localizadas na parte frontal do ROV para voo em geral e
visualizações dos manipuladores durante as operações. As principais câmeras possuem funções de Zoom e
Foco, permitindo uma melhor visualização e são montadas em uma base de inclinação, permitindo os movi-
mentos de pan & tilt. O ROV Typhoon possui, ainda, câmeras que operam com baixa luminosidade (monocro-
mática) e ficam apoiadas em um sistema somente de tilt.

Vale Saber

Devido à sensibilidade à luz das tecnologias das câmeras, a


navegação normalmente é realizada com a câmera monocro-
mática. Em geral, o piloto utiliza a câmera colorida em trabalhos
próximos.

Comumente chamadas de SIT, as câmeras de baixa luminosidade são usadas para voo geral. Elas oferecem
ampla visão da área em frente ao ROV e, geralmente, são a câmera principal do voo (navegação). Essas câ-
meras exigem pouca iluminação e são ideais para os casos em que a pouca iluminação disponível é para ob-
jetos distantes os quais a luz tem dificuldade de alcançar. São adequadas para uma visão de longa distância,
pois proporcionam uma visão geral do local de trabalho.

49
O ROV também conta com câmeras de observação e monitora-
mento, posicionadas de forma estratégica, a fim de possibilitar o
monitoramento da posição do tether, por exemplo, e permitir ins-
peções detalhadas nas estruturas submarinas quando estão insta-
ladas no punho do manipulador.

2.3.8.5.3. Luminárias

As luminárias são essenciais para as operações no fundo no mar, pois permitem que as operações ocorram
à noite ou em dias de pouca luz e em profundidades superiores àquelas que a luz do sol consegue alcançar.
O ROV Typhoon utiliza dois modelos de luminárias: um alimentado por 115 VDC e outro por 24 VDC. Embora
tenham potências diferentes, ambos têm a mesma finalidade.

Luminária de 115 VDC Luminária de 24 VDC

2.3.8.5.4. Togsnav

O Togsnav é o equipamento que engloba uma série de sensores de medidas submarinas em um único siste-
ma, tais como:

Profundímetro – fornece ao piloto a profundidade do ROV


em relação à lamina (coluna) d’água. Ele usa um oscilador
de cristal de quartzo de precisão, que varia de acordo com
a pressão da água e com a profundidade. Os dados de sa-
ída do sensor são fornecidos ao computador de superfície
do ROV e, então, são utilizados para manter o ROV a uma
profundidade definida enquanto estiver no modo de profun-
didade automática. Esse sensor apresenta ótima precisão e
é comumente utilizado na medida de altura de estruturas
submarinas.

50
Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

Altímetro – este sensor fornece ao piloto a altitude do ROV em relação ao leito marinho. Funciona com base
na velocidade de envio/retorno de um sinal ultrassônico emitido pelas cabeças do DVL. Conhecendo a velo-
cidade do som na água e o tempo que este leva para refletir no solo e retornar, calcula-se a altitude do ROV.

Este sensor consegue medir somente altitudes próximas ao solo (aproximadamente 30 m).

Inclinômetros (Pitch & Roll) – tem como função medir a inclinação do ROV. Funciona com base em
inclinômetros instalados no interior do Togsnav.

Gyro – é uma bússola eletrônica cujo funcionamento se baseia em um giroscópio ótico que detecta
mudanças na orientação.

Seu princípio de funcionamento é baseado na interferência sofrida por um sinal luminoso ao passar por
uma bobina de fibra ótica após ter sua orientação geográfica alterada.

Doppler Velocity Log (DVL) – o DVL utiliza várias cabeças (como as de sonar) e outros sensores
integrais para avaliar a altitude, direção e velocidade da corrente de água e a velocidade sobre o fundo
do mar. É consideravelmente mais preciso que um altímetro e é utilizado, principalmente, para o con-
trole automático da posição do ROV em relação ao fundo do mar. Além disso, ele também funciona
como uma ferramenta de metrologia, sujeito a certos controles de qualidade. Seu alcance típico é de
30 m e a precisão da medição de posição é inferior a 1 cm.

2.3.8.5.5. Manipuladores

Os manipuladores dos ROVs são utilizados em diversas tarefas como a abertura e o fechamento de válvulas, a
conexão e desconexão de cabos elétricos e a manipulação de “gatos” (ganchos localizados nas extremidades
dos cabos de aço dos guindastes) e de uma ampla variedade de ferramentas necessárias para o trabalho
submarino.

São constituídos por elementos denominados de juntas ou uniões onde são acoplados os acionadores hi-
dráulicos que realizam movimentos individualmente. Os movimentos percorridos por cada junta ou união são

51
chamados de graus de liberdade ou Degrees of Freedon (DOF). Quanto maior o seu grau de liberdade, maior
será sua capacidade de alcance e flexibilidade para conjugar movimentos complexos.

A soma da quantidade dos graus de liberdade define o número de funções do manipulador, e a SNM utiliza
manipuladores com sete (7) funções, sendo eles o Conan e o Atlas.

O manipulador Conan (Position) fica instalado ao lado direito do ROV. É fabricado em alumínio e é muito hábil
e preciso, mas não tão robusto quanto o manipulador Atlas, que fica instalado ao lado esquerdo. Por esse
motivo, o Conan somente deve ser utilizado em trabalhos leves e delicados, ao passo que o Atlas pode ser
utilizado em trabalhos pesados.

Manipulador Conan e o Master Controller típico para manipulador de 7 funções (Position).

Manipulador Atlas e o Rate Controller para manipuladores rate.

2.3.8.5.6. Beacon

O ROV Typhoon possui dois beacons instalados em sua parte frontal, os quais auxiliam na navegação e nas
operações. Operam respondendo acusticamente a uma interrogação da embarcação, possibilitando deter-
minar a localização aproximada do ROV no fundo.

Os beacons podem trabalhar de duas formas:

52
Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

Responder – como responder, o beacon res-


ponde acusticamente (via água) a uma inter-
rogação feita eletricamente (trigger via cabo)
pela ponte de comando da embarcação. Essa
interrogação chega ao beacon através dos cir-
cuitos do ROV.

Transponder – neste modo, o beacon res-


ponde a uma interrogação acústica (via
água) com uma resposta acústica (via água).

Trabalhando como transponder, os beacons


são utilizados como backups para os respon-
ders.

2.3.8.5.7. Ferramentas (Tooling)

Existe uma infinidade de ferramentas para uso com ROV, porém nem todas são utilizadas a bordo. A seguir,
são apresentadas as ferramentas contratuais.

2.3.8.5.7.1. Ferramentas de limpeza

São utilizadas na limpeza e/ou remoção de organismos marinhos ou outros depósitos que possam estar pre-
sentes sobre hubs, faces de vedação e conexões.

Consistem efetivamente em um sistema de escova rotativa, podendo ser acionadas hidraulicamente ou ope-
radas por manipulador, e, ocasionalmente, haver injeção de líquido (ácido acético).

Na SNM, são utilizadas ferramentas (escovas) operadas diretamente por manipulador (função wrist rotate),
com cabeça tufada, podendo ser encontradas nos tamanhos 3”, 6” e 8” (polegadas), com cerdas em latão e
nylon.

53
2.3.8.5.7.2. Ferramentas de corte

São ferramentas utilizadas para o corte de risers, dutos, estruturas, cabos de aço e cordas (comumente em
polipropileno). Os tipos usados a bordo, por contrato, são a grinder, super grinder, guilhotina (de vários tama-
nhos) e foice.

Grinder ou esmeril

Ideal para cortes de estruturas, olhais, parafusos de um flan-


ge, risers, dutos, cabos etc. Sua precisão de corte está direta-
mente ligada à habilidade do operador do manipulador.

Pode ser equipada com uma vasta gama de acessórios de acor-


do com a operação, tais como limpeza, esmerilhamento, poli-
mento e corte. Trabalha com discos de 230 mm de diâmetro.

Super Grinder

Ferramenta portátil, desenvolvida para cortes/esmerilhamen-


to em risers e dutos de grande diâmetro, podendo também
cortar/esmerilhar partes de estruturas, olhais, parafusos de
um flange, cabos etc. Trabalha com discos de 14 ou 17 pole-
gadas de diâmetro.

Cortador de 75 mm

Pequeno, facilmente manuseado por ambos os manipulado-


res do ROV, acionado hidraulicamente, capaz de cortar cabos
de aço de até 75 milímetros (1060N/mm2).

Fabricado em alumínio pela Webtool, permite o uso em cortes


de cabos na posição vertical e horizontal, operado com pres-
são de 210 bar (3.045 Psi).

54
Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

Cortador de 115 mm

Cortador de maior porte e de manuseio difícil por qualquer


um dos manipuladores do ROV. É acionado hidraulicamente,
sendo capaz de cortar cabos de aço de até 115 milímetros
(1770N/mm2).

Cortador de 155 mm

Cortador de grande porte e de manuseio por meio de guin-


daste, mas guiado por qualquer um dos manipuladores do
ROV até o cabo a ser cortado. É acionado hidraulicamente,
sendo capaz de cortar cabos de aço de até 155 milímetros.

Foice ou sickle

Ferramenta de corte operada por manipulador para cortes


em cabos/cordas de polipropileno, sisal ou similar.

Não requer conexão hidráulica em sua operação e, com a


diferença do material de fabricação, é muito semelhante às
foices usadas na agricultura.

2.3.8.5.7.3. Ferramentas de torque

As ferramentas de torque são muito utilizadas na abertura e fechamento de válvulas em estruturas submari-
nas. Podem ser operadas por manipulador ou hidraulicamente.

55
Ferramentas de torque operadas por manipulador

São ferramentas operadas pelo manipulador para intervenção (abertura e fechamento) de válvulas. Uma ob-
servação importante sobre esse tipo de operação é que o torque da função wrist rotate dos manipuladores
deve ser considerado nessa intervenção, pois a válvula a ser operada pode não resistir sem danos. Os mani-
puladores não têm capacidade para controlar o torque.

Manipulador Torque Manipulador Torque

Atlas 250 Nm Conan 170 Nm

Existem diversos tipos de ferramentas de torque operadas por manipulador, com diversos tamanhos, forma-
tos e para os mais variados tipos de válvulas; porém, trataremos aqui dos dois tipos requeridos em nosso
contrato.

Fork Tool ou Chave Garfo Hex Tool ou Chave Sextavada


Comum em padrão sextavado e nas
Universal.
medidas 1 1/4” e 1 3/8”.

Torque tool ou ferramentas de torque

A função da ferramenta de torque, naturalmente, é aplicar torque em diversas estruturas submarinas. A nor-
ma ISO 13628-8 descreve várias classes de ferramentas de torque com base em sua capacidade de torque.

A Petrobrás Brasil, principal cliente da SNM, possui uma norma específica que define as classes de torque e
o formato para as ferramentas de torque a serem usadas em suas estruturas submarinas.

A SNM utiliza a ferramenta de torque fabricada pela TMT conforme podemos observar a seguir.

56
Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

A TMT Smart Torque Tool modelo MK2 é capaz de trabalhar em todo o range de torque exigido pela Petrobrás.
Possui uma série de sensores embarcados como inclinômetro, contador de voltas e célula eletrônica de torque.

Unidade de verificação/calibragem de torque

As unidades de verificação de torque têm sensores de


torque calibrados de alta precisão que, normalmente, são
usados no convés para confirmar as configurações da
ferramenta de torque. Eles podem ser usados com o ROV
pouco antes do mergulho, confirmando o torque a ser
aplicado. A unidade de verificação tem um visor alimen-
tado por bateria e pode ter uma variedade de conectores
mecânicos para diferentes interfaces da ferramenta.

A unidade de verificação de torque possui um display


para a amostragem do torque aplicado na ferramenta. A
partir dos valores da unidade de verificação, é possível a
torque tool verificar a sua precisão.

Unidade de verificação Subsea

Às vezes, a configuração de torque é tão crucial para o projeto que precisa ser confirmada debaixo d’água, em
profundidade, antes de aplicar a ferramenta para a tarefa. Neste caso, é necessária uma unidade de verificação
de torque submarina. Esta é alimentada por bateria e possui um visor legível debaixo d’água que será montado
em algum lugar conveniente para o ROV (por exemplo, na gaiola do ROV ou em uma cesta de trabalho).

57
2.3.8.5.7.4. Fluid/Tooling Skid

Consiste em uma estrutura instalada sob o ROV Typhoon, que abriga ferramentas, como bomba de baixa
pressão para hidrojateamento leve, bomba de alta pressão para hidrojateamento de alta pressão, unidade
hidráulica para acionamento de hot-stabs e uma gaveta hidráulica para acondicionamento das ferramentas
subsea. Dois reservatórios de fluido (normalmente HW-525) estão disponíveis para uso imediato em opera-
ções de travamento e destravamento de estruturas submarinas.

Tooling skid montado no Typhoon.

Hot-stabs hidráulicos (Petrobras Style)

São utilizados extensivamente como interface para a injeção de fluido, amostragem de fluido e teste de pressão.

O hot-stab padrão Petrobras possui duas portas hidráulicas com pressão operacional de até 10.000 Psi. É
feito em aço inoxidável com handle flexível para auxiliar na inserção da ferramenta.

Os ROVs da SNM possuem dois sistemas de hot-stab, que podem ser atuados independentemente, possibi-
litando uma maior versatilidade nas operações.

O fluido comumente utilizado é o HW-525.

58
Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

Hidrojateador de alta pressão

O jato de água de alta pressão é usado na limpeza de pequenas áreas, para a remoção de incrustações moles
de estruturas submarinas. O bocal de injeção deve ser colocado dentro de 2-3 cm para que tenha qualquer
efeito significativo. Caso o bocal seja posicionado mais afastado, ele cria mais volume e irá lavar as partículas
soltas, como a areia.

Hidrojateador de baixa pressão

O jateamento de água em baixa pressão é ideal para retirar areia e partículas soltas sobre as estruturas, além
de revelar indicadores ou identificações em estruturas submarinas onde o volume é mais importante do que
a pressão. É comumente utilizado com uma mangueira de médio diâmetro (1”), que se conecta a um pedaço
de tubo rígido, servindo de enrijecedor para o manipulador.

2.3.9. Unidade Hidráulica Auxiliar (Deck Pack HPU)


A Unidade Deck Pack HPU da Fórum tem como principal função a substituição temporária das HPUs do ROV
(Principal e Auxiliar) e do TMS, já que estas não podem ser utilizadas por longos períodos devido ao supera-
quecimento. Ela também remove partículas sólidas e água salgada do sistema hidráulico do ROV e TMS, pois
possui integrada uma unidade de remoção de água salgada CJC.

59
É constantemente utilizada por todas as equipes de ROV. Por isso, saber operá-la de forma correta e segura
(comutação de válvulas e regulagem de pressão) é primordial em nossas atividades diárias.

pilotando e Aprendendo

Abaixo, você encontrará algumas afirmativas sobre o conteúdo que vimos neste
módulo. Você deve assinalar C para as afirmativas que considera corretas e E para
aquelas que considera erradas. Nas alternativas erradas, informe o erro e corrija-o.

1 – O tether consiste em uma capa de borracha de baixa densidade, com função


de neutralizar o seu próprio peso na água.

( ) C ( ) E ____________________________________________________________

2 – A Caixa Rotativa tem como finalidade proporcionar um meio para a conexão da


parte móvel (rotativa) do slip-ring com o cabo armado.

( ) C ( ) E ____________________________________________________________

3 – O Console de Controle do Piloto tem como função controlar, elevar e distribuir


a potência elétrica necessária para alimentar eletricamente o ROV e o TMS.

( ) C ( ) E ____________________________________________________________

4 – A potência elétrica vinda dos Gabinetes de Potência Elétrica, assim como as


fibras óticas, chegam ao ROV pela Tether Termination Junction Box, por meio do
tether.

( ) C ( ) E ____________________________________________________________

60
Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

turbinando o conhecimento

Neste módulo, conhecemos a definição e o histórico do ROV, verificando que ele


alcança altas profundidades. Vimos que existem 5 tipos (classes) de ROVs, embora
a Sapura opere apenas com veículos workclass. Vimos, também, os equipamentos
que compõem o ROV, desde o console de controle, o Deck Cable, o LARS, o cabo
armado, até a Unidade Hidráulica Auxiliar.

No próximo módulo, veremos as habilidades que um piloto deve possuir para


operar o ROV. Conheceremos as principais operações realizadas a bordo, as di-
ficuldades causadas pelas condições climáticas, a importância das informações
utilizadas na navegação, as forças de arrasto e flutuabilidade, além das possíveis
situações de emergência.

61
03 Operando o ROV
O piloto de ROV precisa ter algumas habilidades para operar com sucesso um ROV.
Além disso, precisa conhecer a localização do ROV e da embarcação no local de
trabalho, além dos perigos em potencial, compreendendo como as forças de arrasto e
flutuabilidade atuam sobre os objetos no fundo do mar.
Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

3.1. Habilidades
Dizem que pilotar um ROV é uma arte, e o piloto é, portanto, talentoso e competente. Entretanto, para que
um piloto seja bem sucedido, é importante aprender alguns conceitos fundamentais:

Ser capaz de entender a documentação e se comunicar efetivamente com os membros do seu time de
trabalho e outros membros. Comunicar-se com a ponte do navio e entender as informações de nave-
gação para garantir a segurança do veículo, devido a perigos e obstáculos;

Saber navegar em mar aberto e em volta de estruturas, tomando cuidado com correntes, visibilidades
e restrições da umbilical, fazendo uso de instrumentos de navegação adicionais. Deve ser desenvolvido
um senso intuitivo de perigos espaciais;

Entender os efeitos que a geometria do veículo possui sobre sua performance;

Reconhecer os efeitos dos comandos;

Conscientizar-se sobre os momentos dos veículos e as forças de arrasto, estar preparado para contra-
riá-las, iniciando um movimento de controle oposto;

Imaginar-se dentro do veículo quando estiver navegando e estar atento à sua própria orientação;

Ganhar familiaridade com o ROV, com os equipamentos, as operações e os controles do sistema que
ainda não tenha operado antes do “trabalho real”.

3.2. Principais Operações


A seguir, serão apresentadas as principais operações realizadas a bordo.

3.2.1. Survey ou Track Survey


Survey é um termo em inglês usado para definir inspeção. Usualmente, utilizamos a palavra para definir a
inspeção realizada pelo ROV.

Para todo projeto iniciado, deverá ser realizado um survey para que sejam identificados os seguintes pontos:

Obstáculos na rota de lançamento;

Variação de profundidade ao longo da rota;

Possíveis interferências e cruzamentos com outros flexíveis;

Status de equipamentos submarinos;

Coordenadas de estacas torpedo, equipamentos e TDP adjacentes;

Inspeções em dutos e linhas submarinas.

63
3.2.2. Inspeção de Estruturas
As inspeções em estruturas são realizadas a fim de constatar se existe algum problema ou se tudo está em
conformidade.

Durante as inspeções, dois importantes elementos precisam ser considerados:

Iluminação – a falta ou o excesso de luminosidade pode arruinar uma inspeção. Por isso, os ROVs
Typhoon são equipados com luminárias de intensidade regulável, que permitem que o piloto faça ajus-
tes para o nível de cada luz.

Câmeras – a escolha correta da câmera, bem como o correto ajuste das suas funções de zoom e foco,
são primordiais para uma boa inspeção.

3.2.3. Acoplamento e Desacoplamento de Equipamentos Submarinos


Trata-se do monitoramento do assentamento/desassentamento de equipamentos no fundo. Durante o acom-
panhamento de um acoplamento, é necessário que o ROV monitore algumas posições para que sejam ava-
liados a distância entre as estruturas e o risco durante a aproximação final. Devem ser medidas as alturas e
as distâncias em que as estruturas se encontram.

Em seguida, é necessário verificar o heading, ou a direção de uma estrutura a outra. Para isso, é utilizada a
Gyro. Esse mesmo processo de verificação da direção entre estruturas pode ser efetuado através do sonar e
também com o auxílio do Precisenav.

Em todas as operações, o operador deve estar atento aos instrumentos de navegação, sempre conferindo o
status do ROV com relação ao funcionamento de todo o sistema e seus periféricos.

Na maioria dos casos, o ROV faz o travamento e o teste de vedação pressurizando fluido nos selos desses
equipamentos.

3.2.4. CVD e Lançamento de Linha (TDP)


A Conexão Vertical Direta (CVD) é a operação em que o duto flexível ou umbilical é conectado a uma estru-

64
Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

tura submarina. Essa operação começa com a conexão do Módulo de Conexão Vertical (MCV) à extremidade
da linha e termina com o assentamento do equipamento no hub específico da BAP, que está na cabeça do
poço, ou outro equipamento, como um manifold.

Esse tipo de operação é muito comum em embarcações do tipo PLSV, os navios operados pela SNM no Brasil.

Após a conexão do MCV à BAP, começa o lançamento do duto, e, então, a operação passa a se chamar
acompanhamento de TDP (touch down point), sigla em inglês que significa ponto de toque, fazendo referên-
cia ao ponto onde a linha toca o solo marinho.

O ROV segue esse TDP até o ponto de entregar o duto (linha flexível) para outra embarcação, ou até conectar
a extremidade desse duto a outro equipamento submarino, realizando novamente uma CVD ou entregando
a linha a uma unidade flutuante, fazendo um pull-in.

Durante essa operação, a comunicação entre os diversos setores da embarcação deve ser bastante eficaz, já
que o número de pessoas envolvidas é grande e ainda há agravantes, como o heave elevado.

Vale Saber

A CVD pode ser realizada em primeira ou segunda extremida-


de, dependendo do sentido de lançamento da linha.

Primeira extremidade – ocorre quando o lançamento da


linha começa no poço e vai em direção à plataforma.

Segunda extremidade – ocorre quando o lançamento da


linha começa na plataforma e vai em direção ao poço.

3.2.5. Conexão e Desconexão de Gatos


A manobra de conexão e desconexão de gatos é uma operação rotineira do ROV, que tem como objetivo a
conexão das lingadas do guindaste ou guincho às cargas no fundo, como as poitas, ancoragens, amarras,
boias etc.

3.2.6. Limpeza e Jateamento de Estruturas


É uma operação muito comum que consiste na limpeza de estruturas (ou parte delas) com o uso de escovas
e/ou hidrojateadores.

3.3. Condições Climáticas


As condições climáticas são os fatores iniciais a serem considerados na realização de uma operação de ROV.
Tais condições influenciam no lançamento e recolhimento do ROV. Dependendo da intensidade, podem im-

65
pedir o início de uma operação ou abortar uma operação já em curso.

Os principais dados a serem considerados são:

Swell;

Onda;

Heave;

Correnteza;

Vento;

Pitch & Roll da embarcação.

3.4. Navegação
O ROV é equipado com dispositivos que fornecem diferentes informações utilizadas na navegação, entre elas
o aproamento, a altitude, a profundidade, a inclinação, as coordenadas e a posição em relação ao barco e às
estruturas submarinas. A navegação do ROV é toda baseada nesses dados.

O piloto deve conhecer tais equipamentos e entender a informação fornecida por cada um deles.

Uma boa navegação depende da rápida e precisa interpretação dessas informações pelo piloto e, a partir
dela, a tomada de decisão mais acertada de atuação.

3.5. Acoplamento e Desacoplamento no TMS


O acoplamento e desacoplamento do ROV no TMS é uma operação considerada crítica, pois o risco de rom-
pimento do tether é muito grande devido ao impacto do TMS ao ROV, ou pelo estiramento do tether em uma
subida repentina do TMS motivada pelas ondas.

A avaliação do balanço do TMS por causa das ondas deve ser sempre cuidadosa. Espere uma boa janela de
entrada e prossiga com o acoplamento. Durante essa aproximação final, o intuito é inserir o bullet dentro do
latch do TMS para travar o ROV no TMS, através do bullet, e trazer o ROV à superfície ou ficar de stand by
seguro, acoplado no TMS.

Entrar e sair do TMS é uma operação arriscada, principalmente acoplar, e deve ser gerida de forma correta.
Não deve haver o acoplamento e desacoplamento do TMS sem uma real necessidade; por isso, a ordem de
entrada no TMS deve ser bem estudada.

Existem condições meteorológicas contratuais que visam impedir que o ROV acople e desacople do TMS.

66
Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

3.6. Gerenciamento do Tether


O gerenciamento do tether é de grande importância para a segurança da operação, pois, quando mal feito,
pode acarretar em seu rompimento ou aprisionamento.

Muito tether exposto pode fazê-lo prender-se em alguma estrutura ou no próprio ROV. Em contrapartida,
pouco tether pago provoca puxões constantes do TMS, iniciando uma verdadeira luta ao tentar navegar.

A quantidade de tether paga deve ser na medida certa, de acordo com a profundidade e posição do ROV e
do TMS, com a área de trabalho e com as estruturas assentadas no fundo.

É muito importante que o piloto saiba onde seu tether está e qual a quantidade paga, evitando a interrupção
da operação a cada movimento.

Comprimento do tether inferior à Comprimento do tether acima da


profundidade do TMS profundidade do TMS
Risco reduzido de o ROV entrar em contato com O risco de o ROV entrar em contato com a embar-
a embarcação ou ser sugado pelos propulsores. cação ou ser sugado pelos propulsores é maior.

3.7. Força de arrasto e flutuabilidade


Devido às correntezas, às ondas, ao comprimento do umbilical, ao tether, às dimensões do TMS e aos movi-
mentos da embarcação, o ROV está sujeito a diferentes forças que podem dificultar sua navegação.

Apesar de geralmente especificado com potência suficiente para superar as forças que incidem sobre ele, há

67
situações em que o ROV não consegue navegar ou operar por não conseguir vencer a resultante de tais forças.

O piloto deve conhecer a capacidade do ROV e estar atento às condições externas que influenciam sua na-
vegabilidade. Assim, deve-se fazer um julgamento correto e coerente sobre os riscos inerentes, para relatar
ao supervisor a possibilidade de continuar ou a necessidade de abortar uma operação.

É preciso prestar atenção à flutuabilidade do ROV; em como ela vai ser, muitas vezes, um fator crítico no
sucesso de muitas operações. Em suas configurações originais, o ROV tem flutuabilidade neutra (nem flutua
nem afunda), em função dos seus grandes blocos flutuadores. Porém, por padrão, opera com flutuabilidade
levemente “negativa” devido à adição de massa (geralmente, blocos de chumbo) ao seu chassi. Isso é um
fator de segurança, pois, num evento de perda de um veículo (rompimento do umbilical ou do tether), o ROV
tende a afundar e pousar no leito marinho, facilitando, assim, sua localização e seu resgate.

3.8. Situações de Emergência


O procedimento de contingência pode ser entendido como um plano alternativo, geralmente pré-implemen-
tado, em resposta a uma situação ou evento que, apesar de possível, não é previsto, desejado ou esperado.

Uma forma de garantir o conhecimento dos planos é a partir da sua leitura e prática em oportunidades con-
venientes, para que todos possam estar familiarizados. As seguintes situações podem ocorrer, independente
da superfície de montagem, necessitando de procedimentos de contingência:

Falha do fornecimento elétrico da embarcação ou do gerador do ROV;

Falha completa do ROV;

Falha do sistema de navegação do ROV;

Falha do sistema de vídeo do ROV;

Falha do sistema hidráulico do ROV;

Falha do TMS;

Falha do guindaste ou A-frame;

Falha do guincho do umbilical;

Falha do HPR;

Falha do sistema DP;

Emaranhamento do ROV;

Rompimento do umbilical (ou tether com TMS);

Considerações dentro de uma zona de 500 m.

É extremamente importante que as comunicações sejam estabelecidas rapidamente com a sala de controle,

68
Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

ponte e convés em situações de contingência. Além disso, o conjunto stand by de rádios deve sempre estar
disponível no caso de alguma falha no sistema de comunicação primário ou surgimento da necessidade de
posicionar o pessoal em posições incomuns em volta do navio para vigiar as funções.

pilotando e Aprendendo

Diga por que é importante conhecer as condições climáticas ao realizar a navega-


ção, citando um equipamento utilizado para auxílio do piloto.

turbinando o conhecimento

Neste módulo, conhecemos as habilidades que um piloto deve possuir para ope-
rar o ROV, as principais operações realizadas a bordo, as dificuldades causadas
pelas condições climáticas e as diferentes informações utilizadas na navegação.
Entendemos, também, como funciona o acoplamento e desacoplamento no TMS,
o Gerenciamento do Tether, a força de arrasto e flutuabilidade e a importância do
procedimento de contingência.

No próximo módulo, conheceremos o plano de manutenção preventiva e o checklist


antes e depois do mergulho.

69
04 Manutenção Preventiva
As verificações prévias do estado do sistema são essenciais para garantir a qualidade
das operações.

Neste módulo, vamos conhecer o plano de manutenção preventiva e as verificações


que devem ser realizadas no ROV e em seus equipamentos auxiliares para garantir que
operem de modo seguro e eficiente.
Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

4.1. Plano de Manutenção Preventiva

Manutenção é a ação de manter, sustentar, consertar ou conservar alguma coisa. A manutenção é formada
por um conjunto de ações que ajudam no bom e correto funcionamento dos equipamentos. O termo também
pode estar relacionado à conservação periódica, ou seja, aos cuidados e consertos que são feitos em deter-
minados períodos.

A equipe de ROV deve entender plenamente as suas responsabilidades e realizar a manutenção preventiva
em uma base programada e registrada no TM Master. Todos os equipamentos estão inseridos e cadastrados
no TM Master para dar mais transparência e agilidade ao processo.

O TM Master é um sistema de informação totalmente integrado que gerencia o plano de manutenção de


todo o sistema de ROV. Nele estão cadastradas as manutenções de frequência semanal, mensal, trimestral,
semestral e anual.

Contudo, o TM Master, a fim de gerenciar também o tempo das equipes de ROV a bordo e garantir que to-
das as manutenções sejam realizadas, divide as atividades diariamente. Isso garante que a equipe não fique
sobrecarregada e que todos os itens sejam atendidos.

4.2. Checklist Pré e Pós-Mergulho


A checagem pré e pós-mergulho também é considerada manutenção preventiva, já que visa detectar os
problemas antes que ocorram.

É conduzida pelo time de operadores de ROV, a partir uma lista a ser seguida, onde cada componente do
sistema de ROV tem seus itens a serem verificados. O checklist promove uma sequência de inspeções, as
quais devem ser realizadas pelo operador antes do lançamento e depois de sua recuperação. A checagem
após o mergulho deve ser realizada o mais cedo possível, depois que o ROV chega ao convés.pelo time de
operadores de ROV, a partir uma lista a ser seguida, onde cada componente do sistema de ROV tem seus
itens a serem verificados. O checklist promove uma sequência de inspeções, as quais devem ser realizadas
pelo operador antes do lançamento e depois de sua recuperação. A checagem após o mergulho deve ser
realizada o mais cedo possível, depois que o ROV chega ao convés.

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A lista de checagem é composta por uma série de itens a serem verificados, conforme formulário SNM-
-ROV-FO-005-B, e inclui a verificação de:

Todas as flutuabilidades extras (se estão justas e seguras);

Vazamentos de óleo aparente;

Todos os cabos e as mangueiras (se estão seguros e bem contidos);

Possíveis ferramentas e detritos no veículo.

Alguns equipamentos podem ser danificados devido ao uso prolongado no deck e, por isso, devem ser tes-
tados rapidamente.

pilotando e Aprendendo

Explique a importância da realização de verificações antes e após o mergulho do


ROV.

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

turbinando o conhecimento

Neste módulo, conhecemos a importância da manutenção preventiva para garantir


a qualidade das operações. No próximo módulo, veremos algumas ações essenciais
relativas ao comportamento, à comunicação, organização e segurança no trabalho.

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05
Comportamento,
Comunicação e Segurança
O comportamento adequado e a comunicação eficaz são necessários não só para o
bom andamento das operações, mas também para a segurança. O uso correto do
equipamento de comunicação é essencial, e todas as pessoas devem estar familiarizadas
com os procedimentos.

A segurança e o sucesso da operação podem depender das comunicações. Os


equipamentos também devem ser tratados com cuidado e ser constantemente mantidos
em bom estado de funcionamento.
Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

5.1. Hierarquia
Hierarquia pode ser definida como a distribuição em ordem crescente ou decrescente de responsabilidades
e deveres, com subordinação sucessiva de uns aos outros, de forma que a posição inferior é sempre subor-
dinada às posições superiores.

A hierarquia comumente encontrada no setor de ROV a bordo é a seguinte:

ROV Coordinator

ROV Supervisor

ROV Pilot Trainee ROV Pilot Junior ROV Pilot Pleno ROV Pilot Senior

Ela precisa ser respeitada para que o supervisor saiba o que está acontecendo em sua equipe, e o coorde-
nador, por sua vez, saiba o que está acontecendo em seu sistema.

5.2. Proatividade, trabalho em equipe e relacio-


namento interpessoal
A proatividade é o comportamento de antecipação e de responsabilização pelas próprias escolhas e ações
frente às situações impostas pelo ambiente.

Ser proativo significa pensar e agir antecipadamente. Em um sistema de ROV, antecipar-se a um pedido ou
uma ordem de seu superior, além de ser uma forma de ajudá-lo na gestão do sistema, também poderá evitar
danos e/ou quebras de equipamentos, além de evitar acidentes.

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Tão importante quanto a proatividade é o trabalho em equipe. O trabalho em equipe busca valorizar cada
indivíduo e permitir que todos façam parte de uma mesma ação a fim de que juntos alcancem um objetivo.

Outro fator muito importante a bordo é o bom relacionamento interpessoal, pois contribui para um clima
favorável dentro da embarcação e pode resultar em aumento da produtividade. Manter um relacionamento
saudável, respeitando opiniões, crenças e ideologias, é de vital importância.

Sem uma equipe entrosada e tarimbada, nenhum ROV, por melhor que seja, realiza qualquer operação no
fundo do mar. É necessário, portanto, buscar sempre realizar os treinamentos que constam na trilha de trei-
namento para a função.

5.3. Rotina para embarque e desembarque –


turnos de trabalho
As rotinas de embarque dos colaboradores de ROV seguem uma escala de trabalho de 1x1, sendo 14 dias de
embarque e 14 dias de folga.

Para o embarque, o colaborador recebe um comunicado do setor de logística que sinaliza a data, o local e as
demais informações para o seu embarque.

ATENÇÃO!

O colaborador deve manter atualizados os seus dados de telefone,


o endereço e o e-mail, para evitar ruídos nas informações neces-
sárias ao embarque.

Confira alguns dados importantes que impossibilitam o seu embarque:

Bagagem com peso superior a 15 kg e dimensões acima de 0,65 m x 0,35 m x 0,30 m. A SNM disponi-
biliza a cada colaborador um kit embarque (entregue na admissão) que deve ser utilizado;

Porte de armas, explosivos, drogas, bebidas alcoólicas e remédios controlados sem a receita médica.
A proibição também se aplica a quem tentar embarcar sob efeito de drogas ou bebidas alcoólicas;

Os telefones celulares serão devidamente lacrados pelo agente e somente poderão ser deslacrados no
desembarque pelo agente no aeroporto. Não poderá ser utilizado celular a bordo da embarcação. Em
caso de embarque pelo porto, o celular deverá ser lacrado antes do desembarque pelo rádio operador
da embarcação;

Embarque com câmera fotográfica e filmadoras;

Notebooks somente poderão embarcar se o colaborador apresentar uma guia de embarque, fornecida
pelo setor de logística. Essa guia somente é disponibilizada para aqueles que cumprem escala de tra-
balho de 28 x 28 dias, ou que comprovarem matrícula em cursos na modalidade on-line.

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

ATENÇÃO!

A Petrobras e a autoridade portuária reservam-se o direito de soli-


citar o “teste de bafômetro” e impedir o embarque, caso o nível de
álcool esteja acima do permitido.

Portanto, não consuma bebidas alcoólicas antes do embar-


que ou quando a embarcação estiver no porto!

O colaborador, ao chegar ao aeroporto, deve consultar o quadro de avisos e certificar-se da hora do voo,
companhia aérea etc.

Deverá ficar atento à comunicação por áudio, informando a sala do briefing e outras informações acerca do voo.

O comportamento a bordo deve ser condizente com o ambiente profissional. Palavras de baixo calão, ofen-
sas, brincadeiras maldosas (principalmente no turno de trabalho), conversas durante as operações e atrasos
devem ser evitados.

Evite a utilização de camisa sem mangas (camisetas) e, em alguns casos, chinelos tipo flip-flop. Use chinelos
fechados ou tipo Crock.

Os turnos de trabalho a bordo são de 12 horas e devem ser respeitados. Normalmente, o camarote é dividido
com o seu colega; quando voce está descansando, ele está trabalhando, e quando você está trabalhando, ele
descansa. Portanto, evite ir ao camarote durante o seu turno de trabalho.

Mesmo em seu horário de descanso, procure participar dos simulados de abandono e conhecer as rotas de
fuga e a localização de sua baleeira.

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Na véspera de seu desembarque, procure obter informações sobre o seu voo, arrume suas coisas antecipa-
damente e procure liberar o camarote pelo menos uma hora antes do voo, a fim de permitir que o pessoal da
hotelaria o arrume para o colega que está embarcando.

5.4. Comunicação
A comunicação é um ponto crítico para as operações. Se utilizada de forma correta, pode reduzir a possibi-
lidade de problemas e o risco de acidentes.

Comunicar-se bem não é apenas transmitir com êxito a informação, mas saber se ela foi compreendida pelo
receptor. Afinal, comunicação é a troca de entendimento e, por isso, só pode ser considerada eficaz quando
a compreensão do receptor coincide com o significado pretendido pelo emissor.

Alguns termos são usados a bordo a fim de se saber se a informação foi compreendida ou se precisar ser
repetida. Como exemplo, temos o “entendido”, “afirmativo”, “okay” e “okapa” que são comumente utilizados
quando se compreende uma informação.

5.5. Limpeza e organização do sistema


A organização e limpeza das áreas de trabalho estão
diretamente ligadas à segurança dos trabalhadores
e à preservação dos equipamentos e das ferramen-
tas de trabalho.

Um ambiente de trabalho sujo pode gerar escorre-


gões e quedas. Um ambiente de trabalho desorgani-
zado pode gerar tropeções, queda de objetos, além
de desencadear outros inúmeros problemas direta e/
ou indiretamente.

Todo colaborador é responsável por sua área de


trabalho e, assim, por mantê-la limpa e organizada.
Com a ordem e a limpeza do ambiente, o trabalho
será realizado de forma mais segura e ágil.

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

Ferramentas e EPIs devem ser guardados ou descartados em locais corretos;

Equipamentos fora de uso devem ser guardados e desligados;

Materiais e acessórios que não serão utilizados devem ser guardados, deixando a área de trabalho
desobstruída;

Todos os resíduos gerados devem ser jogados fora, assim como os líquidos e a graxa no piso devem
ser limpos.

5.6. Segregação e Coleta Seletiva


A SNM estabeleceu um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) de acordo com a ISO 14001 como um meio de
implementar políticas e objetivos ambientais. Atendendo ao SGA, ficou esta¬belecido que todo lixo deverá
ser administrado rigorosamente de acordo com o Anexo V da MARPOL e dos regulamentos locais.

A empresa pretende obter duplo benefício utilizando medidas que minimizem a geração de lixo, pois, em
excesso, não só contribui para impactos ambientais, mas também afeta a eficiência de custo da empresa.

5.7. Uso consciente de recursos e consumíveis


É de extrema importância que nossos recursos e consumíveis sejam usados de forma consciente.

Embora possam ser comprados novamente, seu processo de compra e sua logística para entrega são longos
e dispendiosos, e eles podem nos fazer falta para uma determinada operação ou manutenção, acarretando
em prejuízos ainda maiores.

pilotando e Aprendendo

Todo colaborador é responsável por sua área de trabalho e, assim, por mantê-la
limpa e organizada. Comente a importância da limpeza no ambiente de trabalho,
citando algumas ações necessárias para garantir a sua segurança e a organização
do sistema.

turbinando o conhecimento

Neste último módulo, vimos que o bom comportamento e a comunicação eficaz são
essenciais para o andamento das operações e a segurança no ambiente de trabalho.
Conhecemos a hierarquia a bordo, a rotina para embarque e desembarque, a impor-
tância da proatividade, do trabalho em equipe, da organização e da limpeza.

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Conclusão
Você acaba de concluir o curso de Formação Básica de Piloto de ROV – Módulo I:
Conceitos Básicos! Agora você já conhece o funcionamento do setor de ROV, sua história,
seus acessórios e ferramentas, as principais operações a bordo e as possíveis dificuldades,
além da manutenção preventiva.

Você conheceu, também, a importância da comunicação, da organização e da limpeza do


sistema para garantir a sua segurança no ambiente de trabalho.

Lembre-se sempre de que segurança é um valor fundamental


para a Sapura e cabe a nós cuidarmos da nossa integridade e
da integridade dos demais empregados.

Este curso é apenas o começo de uma


trajetória, que esperamos que seja de
muito sucesso para você e para a Sapura!
Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

Gabaritos – Pilotando e Aprendendo


Lembre-se de que não há apenas uma resposta certa. As informações dispostas aqui são uma base para as
respostas. Você deve ser o mais fiel possível a estas respostas para considerar o entendimento das questões.

Módulo 1 - Introdução

Chegou a hora de verificarmos se você compreendeu os diferentes tipos de plata-


formas e seus usos.

Diga qual o tipo de plataforma mais utilizada pela Sapura na exploração de poços de
petróleo, justificando sua resposta.

Resposta: A plataforma mais utilizada na exploração de poços de petróleo é a semissubmersível, pois esse
tipo de plataforma não possui ligação com o fundo do mar, exceto os equipamentos de perfuração. Sensores
acústicos determinam a deriva e, propulsores no casco acionados por computador, restauram a posição da
plataforma, garantindo grande mobilidade.

Módulo 2 - Conhecendo o ROV

Abaixo, você encontrará algumas afirmativas sobre o conteúdo que vimos neste
módulo. Você deve assinalar C para as afirmativas que considera corretas e E para
aquelas que considera erradas. Nas alternativas erradas, informe o erro e corrija-o.

1 – O tether consiste em uma capa de borracha de baixa densidade, com função de


neutralizar o seu próprio peso na água.

Resposta: Errada. O tether consiste em uma capa de borracha de alta densidade.

2 – A Caixa Rotativa tem como finalidade proporcionar um meio para a conexão da


parte móvel (rotativa) do slip-ring com o cabo armado.

Resposta: Correta.

3 – O Console de Controle do Piloto tem como função controlar, elevar e distribuir a


potência elétrica necessária para alimentar eletricamente o ROV e o TMS.

Resposta: Errada. O Console de Controle do Piloto permite ao operador/piloto o total controle sobre as fun-
ções do ROV, TMS e guincho (subir e descer o TMS).

4 – A potência elétrica vinda dos Gabinetes de Potência Elétrica, assim como as


fibras óticas, chegam ao ROV pela Tether Termination Junction Box, por meio do
tether.

Resposta: Correta.

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Módulo 3 – Operando o ROV

Diga por que é importante conhecer as condições climáticas ao realizar a navega-


ção, citando um equipamento utilizado para auxílio do piloto.

Resposta: Conhecendo as condições climáticas, é possível prever e/ou evitar situações de emergência que
possam ocorrer com o ROV no fundo do mar durante a navegação. As condições do mar podem dificultar
ou, até mesmo, inviabilizar as operações de resgate que porventura se façam necessárias. O sonar é um dos
equipamentos que podem ser utilizados pelo piloto para calcular a distância do ROV em relação a um obs-
táculo.

Uma boa navegação depende da rápida e precisa interpretação dessas informações pelo piloto e, a partir
dela, a tomada de decisão mais acertada de atuação.

Módulo 4 – Manutenção Preventiva

Explique a importância da realização de verificações antes e após o mergulho do ROV.

Resposta: A realização de manutenção antes e após o mergulho do ROV é importante para garantir e man-
ter o sistema sempre em boas condições operacionais, podendo até prevenir ou diminuir o risco de falhas e
acidentes. Em último caso, as verificações podem reduzir o down time nas operações.

Módulo 5 – Comportamento, Comunicação e Segurança

Todo colaborador é responsável por sua área de trabalho e, assim, por mantê-la
limpa e organizada. Comente a importância da limpeza no ambiente de trabalho,
citando algumas ações necessárias para garantir a sua segurança e a organização
do sistema.

Resposta: A organização e limpeza das áreas de trabalho estão diretamente ligadas à segurança dos tra-
balhadores e à preservação dos equipamentos e das ferramentas de trabalho. Um ambiente de trabalho sujo
pode gerar escorregões e quedas. Um ambiente de trabalho desorganizado pode gerar tropeções, queda de
objetos, além de desencadear outros inúmeros problemas.

Para realizar o trabalho de forma mais segura e ágil, alguns procedimentos são necessários: ferramentas e
EPIs devem ser guardados ou descartados em locais corretos; equipamentos fora de uso devem ser guarda-
dos e desligados; materiais e acessórios que não serão utilizados devem ser guardados, deixando a área de
trabalho desobstruída; todos os resíduos gerados devem ser jogados fora, assim como os líquidos e a graxa
no piso devem ser limpos.

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

Glossário
Termo Definição
Código ISM International Safety Management Code - Código de Gestão da Segurança

Diverless Mainteined Cluster - arquitetura submarina concebida como uma


solução para desenvolvimentos de campo a fim de lidar com os ambientes agres-
DMaC
sivos. Equipamento destacável através do poço de um navio semissubmersível de
perfuração, assim como a plataforma de funcionamento mais estável no campo.

EPI Equipamento de Proteção Individua

Floating Production Storage and Offloading - Unidade flutuante de armazena-


FPSO
mento e transferência

International Marine Contractors Association - Associação Internacional de


IMCA
Contratadas Marítimas

IMS Integrated Management System - Sistema Integrado de Gestão

Norma aplicável a qualquer tipo de organização que tem como propósito obter um
ISO 14001
desempenho ambiental correto.

Norma que tem como objetivo melhorar a gestão de uma empresa. Pode ser
ISO 9001 aplicada em conjunto com outras normas de funcionamento, como as de saúde
ocupacional, meio ambiente e segurança.

É uma expressão de origem inglesa, que significa a união de duas ou mais em­
presas já existentes com o objetivo de iniciar ou realizar uma atividade econômica
Joint Venture
comum, por um determinado período de tempo, visando entre outras motiva­ções,
o lucro.

LIM’s Monitores de Isolação

LTC Lapidary Training Center

Conjunto de válvulas, tubulações e sistemas de medição instaladas em um painel,


Manifolds móvel ou fixo, para controle de diversos equipamentos, como testes de conexões,
por exemplo.

MLC 2006 Maritime Labour Convention

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Define os requisitos mínimos para melhores práticas em gestão de saúde e segu-
OHSAS 18001
rança ocupacional.

PDU Power Distribution Unit – Unidade de Distribuição de Energia

PLSV Pipe Laying Support Vessels - Embarcações de Apoio de Tubulação Horizontal

Quality, Health, Security and Enviroment - Qualidade, Saúde, Segurança e


QHSE
Meio Ambiente

SETA SAPURA Excellence Training Academy

SNM Sapura Navegação Marítima

TMS Tether Management System - Sistema de Gestão Tether

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Formação Básica de Piloto de ROV - Módulo I: Conceitos Básicos

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